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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO


FACULDADE DE LETRAS

RESENHA DE “MORFOLOGIA: ESTUDOS LEXICAIS EM PERSPECTIVA


SINCRÔNICA”, DE CLAUDIO CEZAR HENRIQUES

Salatiel Ferreira de Sousa

Belém
2022
SALATIEL FERREIRA DE SOUSA

RESENHA DE “MORFOLOGIA: ESTUDOS LEXICAIS EM PERSPECTIVA


SINCRÔNICA”, DE CLAUDIO CEZAR HENRIQUES

Trabalho apresentado no curso de graduação de


Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa na
Universidade Federal do Pará como uma das formas de
avaliação referente à disciplina de Morfologia do
Português.

Docente: Profª. Drª. Marcia Goretti Pereira de Carvalho

Belém
2022

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RESENHA DE “MORFOLOGIA: ESTUDOS LEXICAIS EM PERSPECTIVA
SINCRÔNICA”, DE CLAUDIO CEZAR HENRIQUES
Salatiel Ferreira de Sousa1
Em seu livro “Morfologia: estudos lexicais em perspectiva síncrona”, publicado pela
Editora Campus em 2007, Claudio Cezar Henriques apresenta uma perspectiva formal sobre a
morfologia da língua portuguesa, dividida em capítulos que abrangem aspectos flexionais e
derivados da pesquisa morfológica atual. O trabalho está dividido em três partes, primeiro
apresentando os conceitos básicos que demonstram as posições teóricas assumidas pelo autor
e lançando as bases para a discussão que se segue; em seguida, por meio de uma
problematização do estudo dos morfemas do português e de um dicionário de partes do
discurso. Discute-se a organização da estrutura das palavras e, por fim, os processos gerais e
especiais de formação de palavras em português. Seguindo uma organização pedagógica
clara, que inclui exercícios de complexidade variável no final de cada capítulo, este trabalho
pretende integrar uma bibliografia complementar sobre a morfologia dos cursos de Letras, e
também adequada aos leitores iniciantes que desejem principiar seus estudos sobre os
fenômenos morfológicos.
Henriques defende duas posições já bastante evidentes na literatura linguística e em
partes da tradição gramatical subjacente ao estruturalismo: raiz e radical podem ser
considerados sinônimos, e constituem a sequência de fragmentos responsável pela
identificação das famílias lexicais; vogais temáticas são adicionadas aos radicais para formar
temas, ao contrário das vogais contínuas na maioria dos livros didáticos, ocorre em verbos
(passar, comer, dormir) e substantivos (mesa, lebre, livro e os atemáticos papelØ, cipóØ). O
autor distingue as desinências dos afixos (prefixos e sufixos), argumentando que o primeiro é
um marcador de formas flexionais, enquanto o último é um marcador de formas derivacionais.
Na obra, acredita-se que verbos e terminações de substantivos possuem formas gramaticais
diferentes para a mesma palavra, e que os afixos adicionam significado externo ao elemento
ao qual se conectam, os prefixos têm significados externos mais óbvios do que sufixos e
sufixos e, de modo geral, eles alteraram as categorias gramaticais dos termos aos quais estão
ligados.
Elementos de ligação (ou interfixos), consoantes e vogais de ligação são apresentados
ao final do capítulo, seguido de uma breve discussão sobre sua função em português, a

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Salatiel Ferreira de Sousa é discente do curso de graduação de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa da
Universidade Federal do Pará (UFPA), sob o número de matrícula: 202009140013. O trabalho foi elaborado
como instrumento avaliativo no quadro da disciplina de Morfologia do Português ministrada pela Profª. Dra.
Marcia Goretti Pereira de Carvalho, no período letivo 2022.4.
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diferença entre esses elementos e os chamados infixos (elementos que são intercalados na
raiz) e uma lista detalhada de consoantes e vogais de ligação retiradas principalmente dos
casos listados na gramática normativa.
É importante enfatizar que, nesse ponto de seu texto, Henriques traz um
posicionamento polêmico quanto ao valor da atitude linguística dos falantes. De acordo com o
autor: “[...] não é o ‘povo’ ou o ‘leigo’ quem deve prestar depoimento sobre um fato
linguístico a ser tomado como base para qualquer análise, mas um indivíduo que se enquadre
como ‘falante culto’.” (p. 20). Se apenas pessoas que fizeram um curso superior
consideradas ‘falantes cultos’, o que muitas vezes acontece nos estudos linguísticos, então
apenas uma parcela ínfima dos brasileiros teria intuição suficiente sobre sua língua nativa?
Essa consideração é obviamente absurda, afinal, cultura ou não, qualquer falante dita as
condições sintáticas, morfológicas, lexicais, semânticas, fonológicas e pragmáticas de sua
língua nativa.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

HENRIQUES, Cláudio Cezar. Morfologia: Estudo Lexicais em perspectiva Síncrona. São


Paulo: Campus, 2007.

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