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Biologia Das Plantas Vasculares 107 120
Biologia Das Plantas Vasculares 107 120
sem sementes
tidade da biomassa que formou a maior parte dos depósitos de carvão exis-
tentes em todo o mundo. Hoje possuem uma menor representatividade
nos biomas do planeta devido à dominância das plantas com sementes.
Figura 3
Ciclo de vida geral de uma planta
vascular, mostrando uma alternância de
gerações heteromórfica.
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No ciclo de vida das plantas vasculares, existe um indivíduo produtor
de esporos, ou seja, que se reproduz assexuadamente, e recebe o nome de
esporófito. Esse indivíduo é diploide, ou seja, possui número cromossô-
mico 2n, e produz, por meio da meiose, os esporos haploides (número
cromossômico n). A produção desses esporos no esporófito ocorre em
uma câmara chamada esporângio.
Os esporos, quando germinam, se dividem por mitose, dando origem
a outra geração, com indivíduos denominados gametófitos, que são ha-
ploides como os esporos e se reproduzem sexuadamente por gametas.
Esses gametas são células produzidas por mitose, por isso, possuem a
mesma quantidade de cromossomos, ou seja, também são haploides.
Nas plantas vasculares sem sementes, o gameta feminino recebe o
nome de oosfera e é produzido e armazenado por uma estrutura cha-
mada arquegônio. Já os gametas masculinos são os anterozoides, que são
produzidos e liberados na água por estruturas chamadas anterídios. Os
anterozoides são flagelados e utilizam a água para chegar até o arquegô-
nio onde acontecerá a fecundação.
Na fecundação, ocorre a mistura dos cromossomos dos gametas mas-
culino e feminino, gerando uma célula diploide, o zigoto, que se divide
por mitose e dá origem ao esporófito diploide, reiniciando, assim, todo o
ciclo de vida.
As plantas avasculares e a maioria das plantas vasculares sem semen-
tes são chamadas de homosporadas (Figura 4), pois produzem um único
tipo de esporo. Nessa condição mais basal da reprodução das plantas ter-
restres, chamada homosporia, os esporos produzidos pelos esporófitos
dão origem a um único tipo de gametófito bissexuado, ou seja, esse ga-
metófito possui arquegônios que produzem a oosfera, e também anterí-
dios que produzem o anterozoide.
A homosporia é nitidamente a condição basal da qual evoluiu a hete-
rosporia, produção de dois tipos de esporos, micrósporos e megásporos,
em dois tipos diferentes de esporângios. Algumas licófitas, poucas mo-
nilófitas e todas as espermatófitas são heterosporadas. Nessas plantas,
os esporângios que produzem os micrósporos, esporos que dão origem
ao microgametófito (gametófito masculino), são denominados micros-
porângios. Por sua vez, os esporângios que produzem os megásporos,
esporos que dão origem ao megagametófito (gametófito feminino), são
chamados megasporângios.
O fato de a heterosporia ter evoluído repetidas vezes sugere que ela
proporciona vantagens seletivas, provavelmente por favorecer a reprodu-
ção cruzada, o que garante variabilidade genética para os descendentes.
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• Filo Lycophyta ou Lycopodiophyta
As licófitas foram componentes dominantes da vegetação durante o perí-
odo Carbonífero, com diversas espécies arborescentes, mas, atualmente,
possuem cerca de 1.000 espécies, pertencentes a apenas três famílias:
Lycopodiaceae P. Beauv. ex Mirb. (Figura 5), Selaginellaceae Willk. e Isoe-
taceae Rchb. F. No Brasil, ocorrem cerca de 140 espécies de licófitas.
As licófitas são plantas de pequeno porte, atingindo até 30 centíme-
tros de altura. Suas folhas são micrófilos e seu caule se ramifica dicotomi-
camente. Quando férteis, produzem folhas que portam esporângios,
denominadas esporófilos, que, frequentemente, agregam-se ao ápice das
ramificações do caule e formam uma estrutura com aspecto de cone, cha-
mada estróbilo. Os licopódios são homosporados, enquanto as selagine-
las e os isoetes são heterosporados.
Figura 5
Representante de Lycophyta.
Fotografia: Valquíria Dutra.
Plantas do Carbonífero
Exemplos de licófitas
Lepidodendrales: vegetais que viveram do Devoniano ao Triássico. Mas sua
Reconstituição de
maior representatividade foi alcançada durante o Carbonífero, quando ti- Lepidodendron sp.
veram grande importância na flora euro-americana. Atingiram alturas de
25 até 40 metros. Boa parte dos carvões dessa época formaram-se às cus-
tas desses vegetais. Os cannel coal (carvões betuminosos) constituem-se
quase exclusivamente de esporos de Lepidodendrales. Dois gêneros desta
ordem são apresentados abaixo.
Lepidodendron: vegetal caracterizado por troncos cilíndricos, sempre pro-
vidos de ramificações dicotômicas. Atingiam por vezes grandes dimensões,
entre 25 e 40 metros de altura. Esses caules eram cobertos por cicatrizes
Reconstituição de de forma losangular, que eram locais de inserção de folhas, chamadas al-
Sigillaria sp.
mofadas foliares.
Sigillaria: licófita de grande tamanho, com mais de 30 metros de altura e
diâmetro de até 1 metro. Caracterizava-se por troncos colunares, apresen-
tando escassa ramificação. Os ramos terminavam em tufos de folhas alon-
gadas, entre 30 e 60 centímetros de comprimento. As almofadas foliares
eram usualmente hexagonais.
Exemplos de esfenófitas
Os representantes mais antigos deste grupo de vegetais pteridofíticos da-
Reconstituição de tam do Devoniano. Apresentam o caule articulado, isto é, dotado de nós
Calamites sp.
e entrenós. O único sobrevivente recente é o gênero Equisetum, popular-
mente conhecido como “cavalinha”. Dois gêneros desse grupo são apre-
sentados abaixo.
Calamites: esfenófitas arborescentes, que chegavam a atingir entre 20 e
30 metros de altura, em média. Entretanto, era mais comum alcançarem
apenas cerca de 6 metros. Eram rizomáticas, além de dotadas de raízes ad-
ventícias. Calamites distribuem-se do Neo-Carbonífero ao Neo-Permiano.
Sphenophyllum: pequeno vegetal esfenofítico que, provavelmente, for-
mava densos tapetes no assoalho das florestas paludais do Carbonífero,
Reconstituição de pois algumas de suas espécies parecem ter tido hábito rastejante. Esse
Sphenophyllum.
hábito é justificado pela presença de raízes adventícias, situadas nos nós.
As folhas eram pequenas e dispostas em verticilos de 6 ou 9 elementos, às
vezes mais. Os bordos eram denteados.
Filicíneas
Caracterizaram-se pelo grande desenvolvimento das frondes em relação ao
caule e por esporângios localizados sob estas folhas.
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• Filo Monilophyta – Classe Psilotopsida
A classe Psilotopsida é constituída por duas ordens: a Ophioglossales e
a Psilotales.
A ordem Ophioglossales é constituída por quatro gêneros e por 70 a
90 espécies, que ocorrem nos trópicos e em regiões temperadas, espe-
cialmente em áreas com eventos de distúrbios. As plantas dessa ordem
possuem uma única folha, dividida em uma porção fotossintetizante e
em uma porção portadora de esporos, produzida a partir de um rizoma.
São plantas homosporadas.
A ordem Psilotales inclui 15 espécies atuais pertencentes a uma única
família, Psilotaceae, e a dois gêneros: Psilotum Sw. (Figura 6) e Tmesipteris
Bernh. No Brasil, ocorre apenas uma espécie, a Psilotum nudum (L.) P. Beauv.
As psilófitas não apresentam raízes e possuem folhas reduzidas. O es-
porófito consiste em uma porção aérea simples ou ramificada dicotomi-
camente. As folhas são em formato de escamas, em Psilotum, e maiores,
em Tmesipteris. A ancoragem dessas plantas no substrato se dá por meio
de um sistema de caules subterrâneos que produzem gemas. No caso do
gênero Psilotum, as folhas são tão reduzidas que a fotossíntese é realizada
pelo caule. Devido a essas características, por muito tempo se pensou que
as psilófitas eram uma linhagem das plantas vasculares basais. Entre-
tanto, os dados moleculares mostraram que as psilófitas compartilham
um ancestral comum mais recente, e que pertencem ao clado das moniló-
fitas. As psilófitas são, também, plantas homosporadas.
Figura 6
Psilotum nudum (L.) P. Beauv. Fonte: www.flickr.
com/photos/dracophyllum/3658697417/in/
photostream/. Fotografia: Gordon K. A. Dickson.
Figura 7
Equisetum bogotense Kunth. Fonte: Tropicos®.
Fotografia: Rodolfo Vásquez.
112 Botânica 2
35 famílias, 320 gêneros e 14.000 espécies, o que representa menos de 5%
das plantas vasculares atuais. Mas, assim como as licófitas, as Polipo-
diopsida foram muito abundantes no período Carbonífero, há cerca de
360 milhões de anos. No Brasil, há cerca de 1.000 espécies dessas plantas
e as famílias com maior diversidade são: Pteridaceae (Figura 8a, b), Dryop-
teridaceae, Polypodiaceae (Figura 8c), Thelypteridaceae, Hymenophylla-
ceae, Aspleniaceae, Anemiaceae, Selaginellaceae, Lycopodiaceae e
Cyatheaceae. Essas famílias, juntas, são responsáveis por cerca de 80%
das espécies e por 87% do endemismo registrados no Brasil.
Figura 8b
Figura 8a Figura 8c
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