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PROTOCOLO RELACIONADO COM O MECANISMO DE PREVENÇÃO DE

CONFLITOS, ADMINISTRAÇÃO, RESOLUÇÃO, MANUTENÇÃO DA PAZ E


SEGURANÇA
NÓS, OS CHEFES DE ESTADO E GOVERNO DOS ESTADOS MEMBROS DA
COMUNIDADE ECONÓMICA DOS ESTADOS DA ÁFRICA OCIDENTAL (CEDEAO);
ATENDENDO ao Tratado Revisto da CEDEAO assinado em Cotonou em 23 de Julho de 1993,
nomeadamente ao Artigo 58;
ATENDENDO às disposições pertinentes do Capítulo da Organização da Unidade Africana
(OUA);
ATENDENDO ao Capítulo das Nações Unidas, com particular referência para os Capítulos VI,
VII e VIII;
ATENDENDO às disposições dos Protocolos A/P1/5/79, A/SP/2/7/85, A/SP1/786, A/SP1/6/88.
A/SP2/5/90 relacionados com o livre movimento de pessoas, o direito de residência e
estabelecimento;
RELEMBRANDO o Protocolo de Não-Agressão assinado em Lagos em 22 de Abril de 1978 e
o Protocolo de Assistência Mútua na Defesa, assinado em Freetown em 29 de Maio de 1981,
nomeadamente a nossa decisão em prestar ajuda e assistência mútua na defesa contra
qualquer ameaça armada ou agressão contra um Estado Membro;
CONSIDERANDO o acordo-quadro do Protocolo de Não-Agressão e Assistência na Defesa
(ANAD) assinado em Abidjan em 9 de Junho de 1977;
CONSIDERANDO, TAMBÉM, o Protocolo sobre a execução do Acordo-quadro acima referido
assinado em Dakar em 14 de Dezembro de 1981, assim como os Protocolos subsequentes;
REAFIRMANDO o nosso compromisso com a Declaração de Princípios Políticos da CEDEAO,
sobre liberdade, direito das pessoas e democratização, adoptada em Abuja em 6 de Julho de
1991;
RELEMBRANDO as disposições pertinentes das Convenções sobre Assistência Mútua em
Assuntos Criminais e sobre Extradição, assinado em Dacar em 29 de Julho de 1992 e em
Abuja em 6 de Agosto de 1994, respectivamente;
RELEMBRANDO, TAMBÉM, a Declaração de Cairo de 29 de Junho de 1993 sobre o
estabelecimento do Mecanismo de Prevenção de Conflitos, Administração e Resolução em
África adoptada na 29ª Sessão da Conferência dos Chefes de Estado e Governo da OUA;
PREOCUPADOS com a proliferação de conflitos que constituam uma ameaça à paz e
segurança no Continente Africano, e mine os nossos esforços em melhorar o nível de vida do
nosso povo;
CONVENCIDOS QUE a necessidade de desenvolver polícias eficazes que irão aliviar o
sofrimento da população civil, especialmente das mulheres e crianças, e, recuperar a
normalidade quotidiana após conflitos ou desastres naturais, e desejosos de fazer mais
esforços a nível humanitário;
CIENTES DO FACTO que boa governança, o estado de direito e desenvolvimento sustentável
são essenciais para a paz e prevenção de conflitos;
RELEMBRANDO a Declaração da moratória sobre a Importação, a Exportação e a
Manufactura de Armas Ligeiras, adoptada na 21ª Sessão da Autoridade dos Chefes de Estado
e Governo da CEDEAO, levada a cabo em Abuja em 30 e 31 de Outubro de 1998;
RELEMBRANDO também as conclusões da reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros
da CEDEAO sobre a implementação efectiva do PCASED, levada a cabo em Bamaco em 24
de Março de 1999;
CONVENCIDOS que a criminalidade transfronteiras, a proliferação de armas ligeiras e todo o
tráfico ilícito contribuem para o desenvolvimento da insegurança e instabilidade põem em risco
o desenvolvimento económico e social da sub-região;
SABENDO que estes fenómenos representam sérios problemas sociais e económicos que
podem apenas ser resolvidos dentro de um quadro de cooperação multilateral reforçada e bem
coordenada;
RECONHECENDO a necessidade em criar tratados e protocolos pertinentes mais adequados,
eficazes e pragmáticos;
DESEJANDO consolidar os nossos êxitos na resolução de conflitos através do Grupo de
Monitorização de Cessar-Fogo (ECOMOG) da CEDEAO;
RELEMBRANDO a nossa decisão A/DEC.11/10/98 adoptada em Abuja em 31 de Outubro de
1998, relacionada com o Mecanismo de Prevenção de Conflitos, Administração, Resolução,
Manutenção da Paz e Segurança;
DESEJANDO estabelecer uma estrutura operacional para a implementação da dita Decisão;
ACORDAM NO SEGUINTE:

DEFINIÇÕES
Para os objectivos do presente Protocolo;
"Tratado" significa o Tratado revisto da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) assinado em Cotonou em 24 de Julho de 1993;
"Comunidade" significa a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental referida no
Artigo 2 do Tratado;
"Autoridade" significa a Autoridade dos Chefes de Estado e Governo da Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental estabelecida pelo Artigo 7 do Tratado;
"Conselho de Mediação e Segurança" significa o Conselho de Mediação e Segurança como
definido no Artigo 8 do presente Protocolo;
"Comissão de Defesa e Segurança" significa a Comissão de Defesa e Segurança como
definido no Artigo 18 do presente Protocolo;
"Secretariado Executivo" significa o Secretariado Executivo da CEDEAO designado de
acordo com o Artigo 18 do Tratado;
"Grande Assembleia" significa a Grande Assembleia como definida no Artigo 20 do presente
Protocolo;
"Reunião de Embaixadores" significa a reunião de Embaixadores como definido pelo Artigo14
do presente Protocolo;
"Representante Especial" significa o Representante Especial definido pelo Artigo 32 do
presente Protocolo;
"Secretário Executivo Adjunto" significa o Secretário Executivo Adjunto encarregue dos
Assuntos Políticos, Defesa e Segurança como referido no Artigo 16 do presente Protocolo;
"Instituição" significa qualquer uma das estruturas previstas sob o Artigo 4 do presente
Protocolo;
"Órgão" significa qualquer uma das estruturas previstas sob o Artigo 17 do presente Protocolo;
"Centro de Observação e Monitorização" significa o Centro Regional de Monitorização da
Paz e Segurança como previsto sob o Artigo 58 do Tratado e referido no Artigo 23 do presente
Protocolo;
"ECOMOG" significa o Grupo de Monitorização de Cessar-Fogo da CEDEAO que constitui a
força de intervenção da Comunidade como definido no Artigo 21 do presente Protocolo;
"Comandante da Força" significa o Comandante da Força designado de acordo com as
disposições do Artigo 33 do presente Protocolo;
"Criminalidade Transfronteiras" remete para todos os crimes organizados ou perpetrados por
particulares, organizações ou redes de criminalidade locais e/ou de estrangeiros operacionais
para lá das fronteiras nacionais de um Estado Membro, ou actuando em cumplicidade com
associados baseados em um ou mais Estados contíguos do país no qual os crimes estão
realmente a ser cometidos ou que tenha alguma ligação com qualquer Estado Membro;
"Estado Membro em crise" remete tanto para um Estado Membro afectado por um conflito
armado, como um Estado Membro que esteja a enfrentar problemas sérios e persistentes ou
situações de extrema tensão que, caso deixados por resolver, podem acarretar graves
desastres humanitários ou ameaçar a paz e a segurança em uma sub-região ou em qualquer
Estado Membro afectado pelo derrubamento ou pela tentativa de derrubar um governo eleito
democraticamente.
CAPÍTULO I
ESTABELECIMENTO, PRINCÍPIOS E OBJECTIVOS
DO MECANISMO
Artigo 1: Estabelecimento
Fica, assim, estabelecido dentro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO) um mecanismo para a segurança e paz colectiva a ser conhecido como
“Mecanismo de Prevenção de Conflitos, Administração, Resolução, Manutenção da Paz e
Segurança”.
Artigo 2: Princípios
Os Estados Membros reafirmam o seu compromisso com os princípios contidos nas Cartas da
Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização da Unidade Africana (OAU) e com a
Declaração Universal dos Direitos do Homem, assim como com a Carta Africana dos Direitos
do Homem e dos Povos, principalmente com os seguintes princípios fundamentais:
Que o desenvolvimento económico e social e a segurança das pessoas e Estados estejam
inevitavelmente ligados;
Promoção e reforço da livre circulação de pessoas, o direito de residência e do
estabelecimento que contribuem para o reforço de boa vizinhança;
Promoção e consolidação de um governo democrático assim como de instituições
democráticas em cada Estado Membro;
Protecção dos direitos e liberdades do Homem e das normas dos direitos humanos
internacionais;
Igualdade de Estados soberanos;
Integridade territorial e independência política dos Estados Membros;
Artigo 3: Objectivos do Mecanismo
Os objectivos do Mecanismo devem ser os seguintes:
Prevenir, administrar e resolver conflitos internos e Interestados sob as condições fornecidas
no Parágrafo 46 do Quadro do Mecanismo ratificado conforme a Decisão A/DEC.11/10/98 de
31 de Outubro de 1998;
Implementar as disposições relevantes do Artigo 58 do Tratado Revisto;
Implementar as disposições relevantes dos Protocolos sobre Não-Agressão, Assistência Mútua
na Defesa, Livre Circulação de Pessoas. O Direito de Residência e do Estabelecimento;
Fortalecer a cooperação no âmbito da prevenção de conflitos, do alerta precoce, das
operações de manutenção da paz, do controlo da criminalidade transfronteiras, do terrorismo
internacional e da proliferação de armas ligeiras e minas anti-pessoais;
Manter e consolidar a paz, a segurança e a estabilidade dentro da Comunidade;
Estabelecer instituições e formular políticas que possam permitir a organização e coordenação
de missões de ajuda humanitária;
Promover uma estreita colaboração entre Estados Membros no âmbito de diplomacia
preventiva e manutenção da paz;
Constituir e implementar uma força militar e civil para manter ou restaurar a paz dentro
de uma sub-região, sempre que surja a necessidade;
Criar um quadro apropriado para uma administração racional e equitativa de recursos naturais,
partilhados por Estados Membros vizinhos, que podem ser a causa de frequentes conflitos
Interestados;
Proteger o ambiente e dar passos para restaurar o ambiente degradado ao seu estado natural;
Salvaguardar a herança cultural dos Estados Membros;
Formular e implementar políticas sobre anti-corrupção, branqueamento de capitais e circulação
ilegal de armas ligeiras.
CAPÍTULO II
INSTITUIÇÕES DO MECANISMO
Artigo 4 : Instituições
As Instituições do Mecanismo devem ser:
A Autoridade;
O Conselho de Segurança e Mediação;
O Secretariado Executivo;
Qualquer outra instituição que possa ser estabelecida pela Autoridade.
Artigo 5: Composição e Reuniões da Autoridade
A Autoridade é composta pelos Chefes de Estado e Governo dos Estados Membros como
estipulado no Parágrafo 1, Artigo 7 do Tratado Revisto.
A Autoridade deve reunir com a frequência necessária.
Artigo 6: Funções
A Autoridade deve ser o órgão supremo na tomada de decisões do Mecanismo.
Este órgão deve ter o poder para agir em todos os assuntos referentes à prevenção de
conflitos, administração e resolução, manutenção da paz, segurança, ajuda humanitária,
consolidação da paz, controlo da criminalidade transfronteiras, proliferação de armas ligeiras,
assim como todos os outros assuntos cobertos pelas disposições deste Mecanismo.
Artigo 7: Delegação de Poderes
Sem prejudicar os seus vastos poderes, como previsto sob o Artigo 9 do Tratado e no Artigo 6
acima mencionados, a Autoridade atribui ao Conselho de Mediação e Segurança o poder de
tomar, a seu pedido, as decisões apropriadas para a implementação das disposições deste
Mecanismo.
Artigo 8: Composição do Conselho de Mediação e Segurança
O Conselho de Mediação e Segurança deve ser composto por nove (9) Estados Membros, dos
quais sete (7) devem ser eleitos pela Autoridade. Os outros dois (2) membros devem ser o
actual presidente e o presidente cessante da Autoridade, cada um dos quais deve ter um
direito automático à associação no Conselho de Mediação e Segurança.
Os membros eleitos do Conselho de Mediação e Segurança devem exercer funções durante
dois (2) anos renováveis.
Artigo 9: Quórum e Decisões
As reuniões do Conselho de Mediação e Segurança devem estar apropriadamente constituídas
quando pelo menos dois terços dos seus membros estiverem presentes.
As Decisões do Conselho de Mediação e Segurança devem ser tomadas por uma maioria de
dois terços dos votos dos Membros presentes.
Artigo 10: Funções
O Conselho de Mediação e Segurança deve tomar decisões sobre assuntos de paz e
segurança na sub-região a pedido da Autoridade. Deve, também, implementar todas as
disposições deste Protocolo.
De acordo com as disposições do Artigo 7 deste Protocolo e do Parágrafo 1 acima, o Conselho
de Mediação e Segurança deve:
Decidir sobre todos os assuntos relacionados com paz e segurança;
Decidir e implementar todas as políticas para prevenção de conflitos, administração e
resolução, manutenção da paz e segurança;
Autorizar todas as formas de intervenção e decidir em particular sobre a implementação de
missões políticas e militares;
Aprovar mandatos e termos de referência para tais missões;
Rever os mandatos e termos de referência periodicamente, na base do desenvolvimento das
situações;
Sob recomendação do Secretariado Executivo, designar o Representante Especial do
Secretariado Executivo e o Comandante da Força.
Artigo 11: Reuniões do Conselho de Mediação e Segurança
As deliberações do Conselho de Mediação e Segurança devem ser tidas a três (3) níveis; a
nível dos Chefes de Estado e Governo, a nível dos Ministros e a nível dos Embaixadores.
Todas as reuniões do Conselho de Mediação e Segurança devem ser presididas pelo Estado
Membro eleito como actual Presidente da Autoridade.
Artigo 12: Reunião a nível dos Chefes de Estado e Governo
Os Chefes de Estado e Governo do Conselho de Mediação e Segurança devem reunir pelo
menos duas vezes ao ano em sessões ordinárias. As Sessões Extraordinárias podem ser
convocadas pelo Presidente quando necessário ou a pedido da maioria simples dos Membros
do Conselho.
Os Chefes de Estado e Governo do Conselho de Mediação e Segurança devem tomar
decisões finais sobre todos os assuntos sob a sua autoridade e competência, incluindo
missões no terreno e aprovar os termos de referência para tais missões.
Artigo 13: Reunião a nível de Ministros
Os Ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, dos Assuntos Internos e da Segurança do
Conselho de Mediação e Segurança devem reunir pelo menos uma vez a cada de três (3)
meses para rever a situação geral e política da sub-região. Podem, também, reunir quando
necessário.
As recomendações emanadas das reuniões de Ministros devem ser submetidas ao membro
dos Chefes de Estado e Governo do Conselho de Mediação e Segurança.
Artigo 14: Reunião a nível dos Embaixadores
Os Estados Membros da CEDEAO devem acreditar Embaixadores como representantes
permanentes para o Secretariado Executivo. Estes Embaixadores podem ser os que foram
acreditados para a República Federal da Nigéria.
Os Embaixadores dos Estados Membros do Conselho de Mediação e Segurança devem reunir
uma vez por mês para rever os assuntos relacionados com paz e segurança sub-regional.
Podem, também, reunir quando necessário.
Todos os relatórios e recomendações das reuniões dos Embaixadores devem ser reenviadas
pelo Secretariado Executivo para todos os Estados Membros do Conselho de Mediação e
Segurança e para os Estados Membros em questão. Os relatórios devem, também, ser
submetidos para consideração na reunião de Ministros do Conselho de Mediação e Segurança.
Artigo 15: Papel e Funções do Secretariado Executivo

O Secretariado Executivo deve ter o poder para iniciar acções para a prevenção de conflitos,
gestão, resolução, manutenção da paz e segurança na sub-região. Essas acções podem incluir
descoberta de factos, mediação, facilitação, negociação e reconciliação das partes em conflito.
O papel do Secretariado Executivo deve incluir o seguinte:
Recomendar a nomeação do Representante Especial e do Comandante da Força para a
aprovação pelo Conselho de Segurança e Controlo
Nomear membros do Conselho Tribal;
Ter responsabilidade para actividades políticas, administrativas e operacionais, e dar apoio
logístico para a missão;
Preparar relatórios periódicos sobre actividades do Mecanismo para o Controlo, para o
Conselho de Segurança e Estados Membros;
Posicionar missões de averiguação e mediação, tendo como base a avaliação de cada um da
situação existente;
Convocar, consultando o Presidente da Autoridade, todas as reuniões do Conselho de
Mediação e Segurança, do Conselho Tribal e Comissão de Defesa e Segurança;
Implementar todas as decisões do Conselho de Mediação e Segurança.
O Secretariado da CEDEAO deve servir o Conselho de Mediação e Segurança e a Comissão
de Defesa e Segurança.
Ao Implementar as disposições deste Mecanismo, o Secretariado Executivo deve ser assistido
pelo Secretário Executivo-adjunto responsável pelos Assuntos Políticos, pela Defesa e
Segurança.
Artigo 16: O Secretário Executivo-adjunto
1. Sob a direcção do Secretariado Executivo, o Secretário Executivo-adjunto responsável pelos
Assuntos Políticos, pela Defesa e pela Segurança deve iniciar e encarregar-se de todas as
actividades relacionadas com a implementação do Mecanismo.

2. O escritório do Secretário Executivo-adjunto dos Assuntos Políticos, da Defesa e Segurança


deve ser comandado por um oficial estatutário de acordo com o Parágrafo 4 (a), Artigo 18 do
Tratado. Este deve ter sob sua supervisão departamentos, divisões e secções apropriadas,
enquanto for necessário incluindo:
O Departamento de Assuntos Políticos;
O Departamento de Assuntos Humanitários;
O Departamento de Defesa e Segurança;
O Centro de Observação e Vigilância e outros departamentos como poderá ser instituído pelo
Conselho de Ministros na recomendação do Conselho de Mediação e Segurança.
Enquanto for estabelecido pelo Conselho de Ministros na recomendação do Conselho de
Controlo e Segurança.
CAPÍTULO III
APOIAR ÓRGÃOS DAS INSTITUIÇÕES DO MECANISMO

Na execução das missões, as Instituições estipuladas no Artigo 4 devem ser assistidas pelos
órgãos enumerados no Artigo 17 deste Protocolo.
Artigo 17: Órgãos

Os seguintes órgãos são estabelecidos por este meio para dar assistência ao Conselho de
Mediação e Segurança.
A Comissão de Defesa e Segurança;
O Conselho Tribal;
Grupo de Monitorização de Cessar-fogo da CEDEAO (ECOMOG).
Artigo 18: Composição da Comissão da Defesa e Segurança
Os seguintes representantes dos Estados Membros devem constituir a Comissão de Defesa e
Segurança:
Chefes de Estado-Maior General ou equivalentes;
Oficiais responsáveis por Assuntos Internos e Segurança;
Peritos do Ministério dos Negócios Estrangeiros;
Dependendo da ordem de trabalhos, podem ser convidados os Chefes de qualquer dos
serviços que se seguem:
Imigração;
Alfândega;
Comissão de Drogas e Narcóticos;
Guardas de Fronteira; e
Força de Protecção Civil
Artigo 19: Funções
A Comissão de Defesa e Segurança deve examinar todas as questões técnicas e
administrativas e estabelecer requisitos logísticos para operações de manutenção da paz.
Deve assistir o Conselho de Mediação e Segurança na:

Formulação do mandato das Forças de Manutenção da Paz;


Definição dos termos de referência para a Força;
Nomeação do Comandante da Força;
Determinação da Composição dos Contingentes.
A Comissão de Defesa e Segurança deve reunir-se de três em três meses e sempre que
necessário. A Comissão deve examinar relatórios dos Centros de Observação e Controlo e
elaborar recomendações para o Conselho de Mediação e Segurança.
Artigo 20: Composição e Mandato do Conselho Tribal
O Secretariado Executivo deve compilar anualmente uma lista de personalidades eminentes
que, por conta da CEDEAO, podem usar os seus bons gabinetes e experiência para realizar a
função de mediadores, conciliadores e facilitadores. A lista deve constar de pessoas eminentes
de vários segmentos da sociedade, incluindo mulheres e líderes políticos, tradicionais e
religiosos. A lista deve ser aprovada pelo Conselho de Mediação e Segurança ao nível dos
Chefes de Estado e Governo.
Estas personalidades devem solicitadas pelo Secretariado Executivo ou pelo Conselho de
Mediação e Segurança, sempre que for necessário, para tratar com dada situação de conflito.
Sempre que pedido pelas circunstâncias, o Secretariado Executivo deve reunir personalidades
eminentes da lista aprovada que deverão agora constituir o Conselho Tribal.
A Composição e Mandato do Conselho Tribal deve ser definido pelo Secretariado Executivo
tendo como base as missões a ser cumpridas.
Os Membros do Conselho Tribal escolhidos para tratar com determinada situação devem
depender do Secretariado Executivo.
O Secretariado Executivo deve depender do Conselho de Mediação e Segurança nas
iniciativas tomadas em conformidade com as disposições dos Parágrafos 2 e 3 deste Artigo.
Os Membros do Conselho Tribal devem ser neutrais, imparciais e objectivos na realização da
sua missão.
Artigo 21: Composição do ECOMOG
O Grupo de Monitorização de Cessar-fogo da CEDEAO é uma estrutura composta por
diversos módulos de espera multifuncionais (civil e militar) nos seus países de origem,
aptos para colocação imediata.
Artigo 22: Papel do ECOMOG
O ECOMOG está encarregado, entre outras, das seguintes missões:
Observação e Controlo;
Manutenção e restauração da paz;
Intervenção humanitária no apoio a catástrofes humanitárias;
Execução de sanções, incluindo o embargo;
Força Preventiva;
Consolidação da paz, desarmamento e desmobilização;
Actividades policiais, incluindo o controlo de fraude e crime organizado;
Quaisquer outras operações que podem ser ordenadas pelo Conselho de Segurança e
Controlo.
CAPÍTULO IV
PAZ SUB-REGIONAL DE SISTEMA DE OBSERVAÇÃO E SEGURANÇA
(ALERTA RÁPIDO)

Um sistema de observação e segurança conhecido como o Sistema de Alerta Rápido ou “ O


Sistema” é estabelecido por este meio para os objectivos da prevenção de conflitos e de
acordo com o Artigo 58 do Tratado previsto. O Sistema deve consistir:
Num Centro de Observação e Controlo localizado no Secretariado;
b. Em Zonas de Observação e Controlo na sub-região.
Artigo 23: Centro de Observação e Controlo

O Centro de Observação e Controlo deve ser responsável pela recolha de dados, pela análise
e preparação de relatórios para uso do Secretariado Executivo.
O Centro deve colaborar com a Organização das Nações Unidas, a Organização da Unidade
Africana, centros de investigação e com todas as outras organizações internacionais, regionais
e sub-regionais relevantes.
Artigo 24: Zonas de Observação e Controlo
Os Estados Membros devem estar divididos em zonas com base na proximidade, facilidade de
comunicação e eficiência. Cada zona deve ser identificada por um número e deve ter uma sede
local. As quatro (4) seguintes Zonas de Observação e Controlo são criadas do seguinte modo:
Nº DE ZONA DOS CAPITAIS REGIONAIS DOS PAÌSES

Cabo Verde - Banjul


A Gâmbia
Guiné-Bissau
Mauritânia
Senegal
Burkina Faso - Ouagadougou
Cote d’Ivoire
Mali
Nigéria
Gana – Monróvia
Guiné
Libéria
Serra Leoa
Benim - Cotonou
Nigéria
Togo.
A demarcação de zonas prevista no Parágrafo 1 acima referido deve ser alterado, se
necessário, pela Autoridade dos Chefes de Estado e Governo
Cada sede local deve providenciar um gabinete e deve ser colocada sob a autoridade do
Secretariado Executivo, através do gabinete do Secretário Executivo Adjunto.
Assim, os Estados Membros encarregam-se de garantir a liberdade de operações das sedes
locais de acordo com os privilégios, imunidades e segurança de propriedade, bens e pessoal
dos gabinetes tal como a Convenção Geral sobre Privilégios e Imunidades da CEDEAO e o
Acordo de sede aprovisionam.
O gabinete regional deve manter relações de trabalho com o país de acolhimento e com
instituições locais e internacionais.
O gabinete regional deve, dia a dia, recolher dados sobre os indicadores que causam impacto
na paz e na segurança da zona e da sub-região, tendo como base cada um dos estados.
As sedes locais devem processar os dados recolhidos e preparar um relatório que devem
enviar para o Centro de Observação e Segurança. Por conseguinte, cada uma das sedes
locais deve estar directamente ligada ao Centro de Observação e Controlo através de meios de
comunicação apropriados.
CAPÍTULO V
APLICAÇÃO DO MECANISMO
Artigo 25: Condições para a Aplicação
O Mecanismo deve ser aplicado em qualquer das seguintes circunstâncias:
Em caso de agressão ou conflito em qualquer Estado Membro ou ameaça do mesmo;
Em caso de conflito entre dois ou vários Estados Membros;
Em caso de conflito interno;
Que ameace ser a causa de uma catástrofe humanitária, ou
Que apresente uma séria ameaça para a paz e segurança na sub-região;
(d) Em caso de violação séria ou massiva dos direitos humanos e do estado de direito.
No caso the conspiração ou tentativa de conspiração de um governo democraticamente
eleito;
Qualquer outra situação como poderá ser decidido pelo Conselho de Controlo e
Segurança.
Artigo 26 Autoridade de iniciação
O mecanismo deve entrar em vigor através de qualquer das seguintes formas:
Mediante a decisão da Autoridade;
Mediante a decisão do Conselho de Controlo e Segurança;
A pedido de um Estado Membro;
Por iniciativa do Secretariado Executivo;
A pedido da Organização de Unidade Africana ou das Nações Unidas
Artigo 27: Procedimento

O Mecanismo deve ser aplicado de acordo com qualquer dos seguintes procedimentos:
O Secretariado Executivo deve informar aos Estados Membros do Conselho de Controlo e
Segurança, e de acordo com o Presidente, tomar todas as medidas necessárias e urgentes;
O Conselho de Controlo e Segurança deve ter em conta várias opções e decidir qual o campo
de acção mais apropriado em termos de intervenção. Tais opções devem incluir o recurso ao
Conselho Tribal, expedição de missões de averiguação, missões políticas e de controlo ou
intervenção através do ECOMOG;
O Conselho de Controlo e Segurança deve emitir um mandato que autorize o Secretariado
Executivo a iniciar uma missão e definir os seus termos de referência;
Sempre que for necessário, o Conselho de Controlo e Segurança deve nomear os oficias
principais, tais como o Representante Especial do Secretariado Executivo e o Comandante da
Força do ECOMOG.
O Presidente do Conselho de Controlo e Segurança deve apresentar à Organização de
Unidade Africana e às Nações Unidas um relatório sobre a situação;
O Secretariado Executivo deve mobilizar todos os recursos requeridos para as operações.
CAPÍTULO VI
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITO
Artigo 28: Unidades Compostas em Stand-by
Por este meio, os Estados Membros concordam em tornar disponíveis para as unidades
do ECOMOG, recursos adequados para o exército, força aérea, marinha, gendarmerie,
polícia e outras formações militares, paramilitares ou civis necessárias para o
cumprimento da missão.
Cada Estado Membro deve fornecer ao ECOMOG uma unidade, cujo tamanho deve ser
determinado após consultar cada Estado Membro.
As forças militares destas unidades deve ser revista de acordo com a situação no
terreno.
Artigo 29: Mandatos da Força e Missões das Unidades de Desdobramento
Sempre que a Força é desdobrada, as forças militares, os mandatos e as missões das
unidades devem variar de acordo com a situação de desenvolvimento no terreno.
Artigo 30: Formação e Preparação das Unidades Compostas em Stand-by
O Secretariado Executivo, através dos departamentos em causa e de acordo com os Estados
Membros, deve contribuir para a formação de pessoal civil e militar que devem fazer parte das
unidades em stand-by em vários campos, especialmente no direito internacional humanitário e
direitos humanos.
Neste aspecto, deve:
Apoiar o desenvolvimento de programas comuns de formação e manuais de instrução para
escolas nacionais e centros de formação;
Organizar cursos de formação e de aperfeiçoamento para pessoal das unidades nos centros
regionais em Côte d’Ivoire e Gana;
Trabalhar para a integração destes centros em centros sub-regionais para a implementação
deste Mecanismo.
Tomar as medidas necessárias para a organização de exercícios periódicos para pessoal,
comandantes e operações conjuntas.
Artigo 31: Missões de Observação

Os civis e militares desarmados, nomeados pelos Estados Membros poderão ser colocados
individual ou juntamente com o pessoal armado. Devem, entre outras coisas, supervisionar e
controlar cessar-fogos, desarmamento, desmobilização, eleições, o respeito pelos direitos
humanos, actividades humanitárias e investigar qualquer objecção ou reclamação da qual
tenham tido conhecimento. Devem encarregar-se de outras actividades nos termos de
referência como determinado pelo Conselho de Controlo e Segurança.
As missões de Observação devem informar ao Secretariado Executivo sobre as actividades
realizadas e resultados obtidos.
Artigo 32: Nomeação e funções do Representante Especial
Na recomendação do Secretariado Executivo, o Conselho de Controlo e Segurança deve
nomear um Representante Especial para cada Operação levada a cabo pelo ECOMOG.
O papel principal e as funções do Representante Especial deve incluir o seguinte:
Servir como chefe da Missão e responsabilizar-se pela orientação política da missão;
Dirigir actividades de manutenção da paz e iniciar negociações políticas e diplomáticas com as
partes, Estados vizinhos e com outros Governos envolvidos em resolução de conflito;
Informar os Estados contribuintes de força e outros Estados sobre a situação e sobre as
operações da missão como e quando requerido;
Coordenar actividades das organizações sub-regionais e internacionais, incluindo as ONGs
envolvidas em actividades de ajuda humanitária e de consolidação da paz na área da missão.
Deve ser assistido por um Adjunto responsável pelos assuntos humanitários onde for
necessário;
Manter contacto constante e regularmente apresentar relatórios ao Secretariado Executivo.
Artigo 33: Nomeação e Funções do Comandante da Força do ECOMOG.
Na recomendação do Secretariado Executivo, um Comandante da Força do ECOMOG
deve ser nomeado pelo Conselho de Controlo e Segurança e estar de acordo com a
Comissão da Defesa e Segurança para cada operação.
O papel e as funções do Comandante da Força do ECOMOG devem incluir o seguinte:
Ser responsável pela eficiência dos planos operacionais, administrativos e logísticos da
missão;
Dar instruções aos comandantes contingentes para todas as actividades operacionais
Garantir a segurança do pessoal e do material das organizações humanitárias na área da
missão.
O Comandante da Força do ECOMOG é responsável perante o Secretariado Executivo,
através do Representante Especial.
Artigo 34: A cadeia de Comando
O Representante Especial deve apresentar-se directamente ao Secretariado Executivo.
O Comandante da Força deve apresentar-se ao Secretariado Executivo através do seu
Representante Especial.
Todos os Comandantes de Contingente devem apresentar-se directamente ao Comandante da
Força.
Todas as Unidades Civis devem apresentar-se directamente ao Representante Especial.

Artigo 35: Papel dos Estados Membros

Somando às suas responsabilidades estipuladas no Tratado e neste Protocolo:


Cada Estado Membro deverá, imediatamente após requerimento, libertar Unidades de Reserva
com o equipamento e material necessários;
Os Estados Membros encetam assim cooperar totalmente com a CEDEAO no cumprimento
dos termos deste Protocolo, incluindo todas as formas de assistência e apoio requeridos para o
Mecanismo, especialmente no que diz respeito ao movimento livre da ECOMOG dentro dos
seus territórios.
CAPÍTULO VII
FINANCIAMENTO DO MECANISMO
Artigo 36: Financiamento
O Secretariado Executivo deverá implementar uma disposição no seu orçamento anual para
fundos para financiar actividades do Mecanismo. Assim que o Protocolo relativo às condições
da aplicação das Colectas da Comunidade entrar em vigor, uma percentagem dessas Colectas
deverão ser destinadas para estas actividades.
Pedidos especiais para fundos deverão ser feitos às Nações Unidas e a outras agências
internacionais.
Fundos para operações também poderão ser angariados pela OUA, contribuições voluntárias e
subsídios de fontes bilaterais e multilaterais.
Artigo 37: Pré-Financiamento
Os contingentes contribuidores dos Estados podem ser convidados a acarretar os encargos
das operações durante os primeiros três (3) meses.
A CEDEAO deverá reembolsar as despesas verificadas pelos Estados dentro de um limite de
seis (6) meses e depois proceder ao financiamento das operações.
Artigo 38: Apoio Logístico

A organização de logística, incluindo o transporte de tropas, deverá ser determinado pelo


Secretariado Executivo em consulta com o país anfitrião e os Estados que contribuam com as
tropas.
Artigo 39: Remuneração e Condições de Trabalho
A remuneração e as condições de trabalho do pessoal deverão ser determinadas pelo
Conselho de Ministros sob recomendação do Conselho de Mediação e Segurança.
CAPÍTULO VIII
AJUDA HUMANITÁRIA
A CEDEAO deverá tomar parte na coordenação e condução de ajuda humanitária.
Artigo 40: Responsabilidades da CEDEAO
A CEDEAO deverá intervir para aliviar o sofrimento das populações e fazer com que a
vida volte à normalidade no caso de crises, conflitos e desastres.
Assim sendo, a CEDEAO deverá desenvolver capacidade própria para encetar
intervenções humanitárias com o propósito de prevenção e gestão de conflitos.
Quando o ambiente de um Estado Membro é gravemente devastado, deverão ser
tomados passos apropriados para o reabilitar.
A CEDEAO deverá reconhecer, encorajar e apoiar o papel das mulheres nas suas
iniciativas para a prevenção de conflitos, administração, resolução, manutenção da paz e
segurança.
Artigo 41: Cooperação com outras Organizações

A CEDEAO deverá cooperar com as seguintes instituições e organizações:


Organizações não governamentais nacionais e regionais e organizações religiosas;
Organização da Unidade Africana, Nações Unidas e as suas agências;
Outras organizações internacionais que intervenham no sector humanitário.
A unidade ECOMOG deverá ser equipada de forma adequada para encetar actividades
humanitárias na sua área de missão sob o controlo do Representante Especial do Secretário
Executivo.
A ECOMOG deverá prestar assistência a todas as agências nacionais, regionais e
internacionais, especialmente em assuntos de segurança.
Quando necessário, a ECOMOG deverá coordenar as actividades de agências
humanitárias no campo.
CAPÍTULO IX
CONSOLIDAÇÃO DA PAZ

A Comunidade adopta assim uma estratégia graduada para consolidar a paz, que deverá ser
implementada como um contínuo.
Artigo 42: Capacidade Institucional da CEDEAO para Consolidação da Paz
Para deter convulsões sociais e políticas, a CEDEAO deverá envolver-se na preparação,
organização e supervisão de eleições nos Estados Membros. A CEDEAO deverá também
monitorizar e apoiar de forma activa o desenvolvimento de instituições democráticas
dos Estados Membros.
A CEDEAO deverá procurar assistir os Estados Membros que emerjam de conflitos em
aumentar a sua capacidade para reconstrução nacional, social, económica e cultural.
Neste aspecto, todas as instituições financeiras da CEDEAO deverão desenvolver
políticas para facilitar o financiamento de programas de reintegração e reconstrução.
Artigo 43: Consolidação da Paz Durante Hostilidades

Em zonas de paz relativa, deverá ser concedida prioridade à implementação de políticas


concebidas para reduzir a degradação de condições sociais e económicas decorrentes de
conflitos.
Artigo 44: Consolidação da Paz no Final das Hostilidades

Com o intuito de prestar assistência a Estados Membros que tenham sido adversamente
afectados por conflitos violentos, a CEDEAO deverá encetar as seguintes actividades:
Consolidação da paz que tenha sido negociada;
estabelecimento de condições para a reconstrução política, social e económica da sociedade e
das instituições governamentais;
implementação programas de desarmamento, desmobilização e reintegração, incluindo
aqueles para crianças-soldado;
Reinstalação e reintegração de refugiados e pessoas internamente deslocadas;
Assistência a pessoas vulneráveis, incluindo crianças, os idosos, mulheres e outros grupos
traumatizados na sociedade.
Artigo 45: Restauração da Autoridade Política
Em situações onde a autoridade do governo esteja ausente ou tenha sido seriamente minada,
a CEDEAO deverá apoiar processos com vista à restauração da autoridade política. Esses
apoios podem incluir a preparação, organização, monitorização e gestão do processo
eleitoral, com a cooperação das organizações regionais e internacionais relevantes. A
restauração da autoridade política deverá ser encetada ao mesmo tempo que o
desenvolvimento do respeito dos direitos humanos, da valorização do estado de direito e do
corpo judicial.
CAPÍTULO X
SEGURANÇA SUB-REGIONAL
Artigo 46: Controlo do Crime Transfronteiras
Com o intuito de facilitar o controlo do crime transfronteiras, a CEDEAO deverá promover uma
colaboração estreita entre os serviços de segurança dos Estados Membros.
Os serviços de segurança dos Estados Membros deverão prestar assistência mútua e garantir
coordenação correcta para a apreensão de criminosos.
Os Estados Membros deverão estabelecer departamentos especializados dentro dos seus
Ministérios de Justiça, Defesa e Segurança com pessoal treinado e equipamento de
comunicação para a coordenação e centralização de assuntos de colaboração em particular,
assistência mútua em assuntos criminais, e pedidos de extradição.
Os Estados Membros deverão fornecer documentos a estabelecer os detalhes de processos
penais nos seus países ao Secretariado Executivo. A informação providenciada pelos Estados
Membros deverá incluir um sumário do processo penal, do início ao fim, e deverá conter um
esboço do que será necessário para cada Estado conceder um pedido de assistência mútua,
extradição ou a limitação ou caducidade de produtos do crime. Os Estados Membros deverão
também fornecer todas as especificidades contratuais para as suas unidades nacionais e trocar
informação relativa a quaisquer outras autoridades relevantes e fornecer listas actualizadas
dessas mesmas unidades. A informação deverá ser traduzida e divulgada pelo Secretariado da
CEDEAO para todas as unidades especializadas (autoridades Centrais) estabelecidas para
lidar com pedidos e outros assuntos relacionados que possam surgir no decorrer da
implementação.
Tendo em vista fortalecer os instrumentos jurídicos nacionais sobre auxílio jurídico mútuo e
extradição e torná-los mais funcionais e eficientes, todos os Estados Membros deverão
harmonizar os seus direitos internos de acordo com as Convenções relativas ao Auxílio
Judiciário Mútuo em Matéria Penal e de Extradição relevantes da CEDEAO. Os Estados
Membros encetam adoptar uma convenção para incriminar e punir os crimes cometidos mais
vulgarmente na sub-região.
Os Estados Membros deverão manter estatísticas, particularmente sobre o número de pedidos
de auxílio jurídico mútuo e de extradição recebidos e enviados, assim como dos resultados
obtidos. Deverão haver também reuniões periódicas dos departamentos especializados dos
Ministérios de Justiça, Defesa e Segurança e dos Gabinetes Central e Nacional da Interpol com
o objectivo de trocar informações sobre casos passados ou a decorrer e sobre medidas
destinadas a melhorar a cooperação.
Os Estados Membros deverão desenvolver procedimentos de restituição de veículos e outros
objectos roubados apreendidos pelo Estado requerido.
As autoridades jurídica e policial dos Estados Membros da CEDEAO deverão considerar as
circulares vermelhas publicadas pela OIPC-Interpol a pedido de um Estado Membro da
CEDEAO como pedidos válidos para detenções provisórias para o objectivo do Artigo 22º da
Convenção sobre a Extradição da CEDEAO.
Os Estados Membros deverão estabelecer um fundo especial para produtos provenientes do
crime detectados. Este fundo poderá ser utilizado para uma resposta preventiva e de justiça
penal a, entre outras coisas, criminalidade transfronteiras e tráfico de droga. Os Estados
Membros deverão também considerar o estabelecimento de departamentos de gestão de bens
confiscados, onde necessário.
A legislação sobre caducidade de produtos provenientes do crime num Estado Membro deverá
ser aplicada a todos os crimes.
A CEDEAO deverá estabelecer um Centro de Prevenção do Crime e da Justiça Penal
(CPCJP) para servir de ponto central no auxílio jurídico mútuo. O Centro deverá fazer
parte do Departamento Jurídico dentro da CEDEAO. Este CPCJP deverá auxiliar na
ligação de Estados Membros da CEDEAO a Estados Não-Membros da CEDEAO em
Assuntos de Auxílio Mútuo. Deverá também servir como controlo supervisor para
assegurar que os países implementam as convenções que assinam.
Artigo 47: Coordenação de Políticas
O Secretariado Executivo deverá ser responsável pela coordenação e implementação de todas
as decisões relativas à segurança sub-regional.
Artigo 48: Medidas Anti-Corrupção

Com o objectivo de erradicar a corrupção dentro dos seus territórios e na sub-região, a


CEDEAO e os seus Estados Membros deverão promover a transparência, responsabilidade e
boa governança.
Artigo 49: Medidas contra o Branqueamento de Dinheiro

O Secretariado da CEDEAO e os Estados Membros deverão adoptar estratégias para


combater o problema do branqueamento de dinheiro, ao aumentar o âmbito das infracções,
permitindo a confiscação de fundos branqueados e fundos ilícitos e a menor restrição de leis do
segredo bancário dentro e fora da sub-região.
Artigo 50: Controlo da Proliferação de Armas Ligeiras
Tendo em conta as necessidades de defesa nacional e de segurança legítimas, e das
operações de manutenção da paz internacionais, a CEDEAO deverá estabelecer medidas
eficazes para:
Controlar a importação, exportação, manufactura e erradicar o fluxo de armas ligeiras;
Registar e controlar o movimento e utilização do armazenamento de armas legítimas;
Detector, recolher e destruir todas as armas traficadas;
Encorajar os Estados Membros a recolher e destruir todas as armas excedentes.
Artigo 51: Medidas Preventivas Contra a Circulação Ilegal de Armas Ligeiras

A CEDEAO deverá tomar as medidas necessárias para combater o tráfico ilícito e a circulação
de armas ligeiras. Estas medidas deverão incluir:
Desenvolver uma cultura de paz;
Treino de forças militares, de segurança e policiais
Aumentar o controlo do armamento em postos de fronteira;
Estabelecimento de uma base de dados e registo de armas regional;
Recolha e destruição de armas excedentes e ilegais;
Facilitar o diálogo com produtores e fornecedores;
Rever e harmonizar a legislação nacional e procedimentos administrativos;
Mobilizar recursos.
A CEDEAO deverá fortalecer as suas capacidades institucionais e operacionais, juntamente
com as dos seus Estados Membros, para a implementação eficaz das medidas acima referidas.
O Departamento de Assuntos Políticos, Defesa e Segurança do Secretariado Executivo deverá
coordenar e monitorizar a implementação de todos os programas e actividades e deverá
analisar informação do Quartel-General regional.
Para promover e assegurar a coordenação de medidas concretas a um nível nacional, os
Estados Membros deverão, de acordo com as directrizes adoptadas pela CEDEAO,
estabelecer comissões nacionais constituídas por representantes das autoridades relevantes e
da sociedade civil.
No começo de quaisquer operações de manutenção da paz da ECOMOG, todas as armas
ligeiras e munições especializadas deverão ser declaradas ao Secretariado Executivo para
assegurar o seu controlo eficaz assim como a remoção aquando da realização das operações.
Todas as armas recolhidas durante qualquer exercício de desarmamento deverão ser
destruídas.
CAPÍTULO XI
COOPERAÇÃO COM A ORGANIZAÇÃO DA
UNIDADE AFRICANA, NAÇÕES UNIDAS E OUTRAS
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Artigo 52: Cooperação
No seguimento dos seus objectivos, a CEDEAO deve cooperar com a Organização da
Unidade Africana (OUA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e outras organizações
internacionais relevantes.
A CEDEAO deve cooperar plenamente com o Mecanismo para a Prevenção de Conflitos,
Administração e Resolução da OUA, na implementação deste Mecanismo.
De acordo com os Capítulos VII e VIII da Carta das Nações Unidas, a CEDEAO deve
informar as Nações Unidas de qualquer intervenção militar levada a cabo no seguimento
dos objectivos deste Mecanismo.
CAPÍTULO XII
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Artigo 53: Revogação
As disposições deste Protocolo devem substituir todas as disposições do Protocolo da
CEDEAO relacionado com a Assistência Mútua na Defesa, assinado em 29 de Maio de 1981,
que entrem em conflito com o espírito deste Protocolo.
As disposições do Protocolo sobre Não-Agressão, assinado em 22 de Abril de 1978, que sejam
incompatíveis com o presente Protocolo são desta forma declaradas nulas e sem efeito.
Compromissos delegados das provisões deste Protocolo não devem ser interpretados como
sendo contra o espírito das Convenções ou Acordos entre um Estado Membro e um terceiro
Estado;
Desde que tais Convenções e Acordos sejam consistentes com o espírito deste Protocolo, de
outra forma, tais disposições são nulas e sem efeito.
Artigo 54: Racionalização de Instituições Sub-regionais

A CEDEAO deve tomar medidas necessárias para racionalizar todos os mecanismos,


instituições e órgão da sub-região, tendo finalidades e objectivos semelhantes com este
Mecanismo.
Para este efeito, a ANAD (Acordo de Não-agressão e Auxílio na Defesa) pode ser
transformada numa agência especializada da CEDEAO.
CAPÍTULO XIII
DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
Artigo 55: Correcções
Qualquer Membro pode submeter propostas para correcção ou revisão deste Protocolo.
Qualquer uma dessas propostas deve ser submetida ao Secretariado Executivo que deve
notificar outros Estados Membros até trinta dias após a recepção de tais propostas. As
correcções e revisões não devem ser consideradas peça Autoridade excepto se os Estados
Membros foram notificados com pelo menos um mês de antecedência.
As correcções e revisões devem ser adoptadas pela Autoridade.
Artigo 56: Afastamento
Qualquer Estado Membro que se deseje afastar deste Protocolo deve apresentar uma
notificação por escrito ao Secretariado Executivo que deve informar os Estados Membros do
sucedido. Ao fim desse período de um ano, se tal notificação não for retirada, esse Estado
deve deixar de ser uma parte deste Protocolo.
Durante o período de um ano referido no parágrafo precedente, esse Estado Membro deve, no
entanto, continuar a observar as disposições deste Protocolo e terminar as suas obrigações.
Artigo 57: Entrada em vigor

Este Protocolo deve entrar em vigor provisoriamente após a assinatura de Chefes de Estado e
Governo. Por consequência, os Estados Membros signatários e o Secretariado Executivo
comprometem-se a iniciar a implementação de todas as disposições deste Mecanismo após a
assinatura.
Este Protocolo deve definitivamente entrar em vigor após a ratificação de pelo menos nove (9)
Estados signatários de acordo com os procedimentos constitucionais de cada Estado Membro.
Artigo 58: Autoridade Depositária
Este Protocolo e todos os instrumentos de ratificação devem ser depositados com o
Secretariado Executivo que deve transmitir cópias verdadeiras certificadas a todos os Estados
Membros e notificá-los das datas de depósito dos instrumentos de ratificação pelos Estados
Membros e deve registá-lo com a Organização da Unidade Africana (OUA), assim como com
as Nações Unidas (NU) e qualquer outra Organização como pode ser decidido pelo Conselho.
EM FÉ DE ONDE,
NÓS, OS CHEFES DE ESTADO E GOVERNO DOS ESTADOS MEMBROS DA
COMUNIDADE ECONÓMICA DOS ESTADOS DA ÁFRICA OCIDENTAL (CEDEAO)
ASSINÁMOS ESTE PROTOCOLO.
EFECTUADO EM LOMÉ, NESTE 10º DIA DE DEZEMBRO DE 1999
EM EXEMPLAR ÚNICO NAS LÍNGUAS INGLESA, FRANCESA E PORTUGUESA, TODOS
OS TEXTOS IGUALMENTE AUTÊNTICOS.

.........................................................
H.E. Mathieu KEREKOU H.E. Blaise COMPAORE
Presidente da Republica do Benim Presidente de Faso
Presidente do Conselho de Ministros
de Burquina Faso
..........................................................
Hon. Alexandre Dias MONTEIRO H.E. Henri Konan BEDIE
Ministro do Comércio, da Indústria Presidente da República da
e Energia Costa do Marfim
Para e a favor do
Presidente de Cabo Verde
.......................................................
H.E. Mrs Isatou NJIE-SAIDY H.E. Flt.-Lt. Jerry John RAWLINGS
Vice-Presidente, Presidente da República
Secretária de Estado para a Saúde, Trabalho, do Gana
Assistência Social e Assuntos de Mulheres,
Para e a favor do Presidente
da República da Gâmbia
........................................................
Hon. Zaïnoul Abidine SANOUSSI Hon. José Pereira BATISTA
Ministro dos Negócios Estrangeiros Ministros dos Negócios Estrangeiros
Gabinete do Presidente e Cooperação Internacional
Para e a favor do presidente Para e a favor do Presidente
da República da Guiné da República da Guiné-Bissau
...........................................................
Hon. Enoch DOGOLEAH H.E. Alpha Oumar Konare
Vice-Presidente Presidente da República de
Para e a favor do Presidente da Libéria Mali
................................. ...........................
Hon. Sidi Mohamed Ould BOUBACAR H.E. Squadron Leader Daouda
Ministro, Secretário-Geral da Presidência Malam WANKE
Para e a favor do Presidente da Presidente do Conselho para a Reconciliação
República Islâmica da Mauritânia Nacional, Chefe de Estado da
República do Níger
............................................................
H.E. Olusegun OBASANJO H.E. Abdou DIOUF
Presidente Comandante-Chefe Presidente da República
das Forças Armadas da República Federal da do Senegal
Nigéria
.......................................................................
H.E. Ahmad Tejan KABBAH H.E. Gnassingbé EYADEMA
Presidente da República Presidente da República Togolesa
Da Serra Leoa

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