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Parham Salehyan
Sumário
Teorema de Sylow 2
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Ação de um Grupo em um Conjunto . . . . . . . . . . . . . . 3
Teorema de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Teorema de Sylow . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
p-Sylows de Subgrupos e Quocientes . . . . . . . . . . . . . . 9
Aplicações 11
Grupos de ordem pq . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Grupos de ordem p2 q não são simples . . . . . . . . . . . . . 12
Grupos de ordem 30 não são simples . . . . . . . . . . . . . . 12
Teorema de Wilson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Critérios para um grupo ser cı́clico . . . . . . . . . . . . . . . 13
1
Teorema de Sylow
Introdução
Seja H um subgrupo de um grupo finito G. Pelo teorema de Lagrange1
sabemos que |H|||G|. Naturalmente podemos perguntar se a recı́proca desse
teorema vale, ou seja,
Sejam G é um grupo finito, k ∈ N e k||G|. Existe H 6 G tal que |H| = k?
A resposta no caso de grupos cı́clicos é positiva: se G = hgi é de ordem n
n n
e k|n, então a ordem de g k é k, logo H = hg k i é de ordem k. No caso de
grupos abelianos finitamente gerados, aplicando o teorema de classificação
desses grupos, podemos concluir que a resposta é positiva. Mas em geral
a resposta é negativa. Por exemplo, o grupo das permutações pares de um
conjunto de 4 elementos, A4 , é de ordem 12 e não possui nenhum subgrupo
de ordem 6. Na verdade, esse é o menor exemplo em termos de número
dos elementos do grupo, i.e., se |G| ≤ 11, então vale a recı́proca do teorema
de Lagrange.
O objetivo é estudar alguns resultados que fornecem respostas parciais
à pergunta acima. Todos tratam o caso em que k = pm , onde p é um número
primo: primeiro o teorema de Cauchy2 para m = 1 e depois o teorema de
Sylow3 para todo m. O teorema de Sylow, além de garantir a existência de
subgrupo, fornece informações sobre o número dos subgrupos de ordem
pm e a relação entre eles. Para finalizar faremos alguns exemplos que
mostram como esses resultados podem ser usados para estudar e classi-
ficar grupos finitos. Além disso, apresentaremos uma prova do teorema de
Wilson4 : p é número primo, se, e somente se p|(p − 1)! + 1. É curioso que
1 Joseph Louis Lagrange (Giuseppe Lodovico Lagrangia), matemático italiano, 1736-
1813
2 Augustin-Louis Cauchy, matemático francês, 1789-1857
3 PeterLudwig Mejdell Sylow, matemático norueguês, 1832-1918
4 John Wilson, matemático inglês, 1741-1793
2
esse teorema apesar de ser atribuı́do a Wilson tinha sido usado há séculos
atrás por ibn al-Haytham5 para resolver alguns problemas da teoria dos
números que envolvem congruências.
A maioria das demonstrações utiliza o conceito de ação de um grupo
num conjunto e suas propriedades. Por isso primeiro faremos uma breve
revisão desse conceito.
O(x) := {g · x|g ∈ G} ⊆ X.
5 Abu
Ali al-Hasan ibn al-Haytham, latinizado Alhacen ou Alhazen, 965-1040
http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Al-Haytham.
html
3
Pela definição de ação, e · x = x, portanto x ∈ O(x), ou, O(x) 6= 0.
/ Além disso,
de x ∈ O(x) concluı́mos X = ∪x∈X O(x). A órbita de x é de fato a classe de x
na seguinte relação de equivalência definida em X:
x1 ∼ x2 ⇐⇒ ∃g ∈ G tal que g · x1 = x2 .
˙ x∈X O(x). Se
Então, a coleção {O(x)}x∈X define uma partição de X, i.e., X = ∪
X for finito,
|X| = ∑ |O(x)|. (1)
x∈X
Dado x ∈ X, o estabilizador de x é definido por
Stab(x) := {g ∈ G|g · x = x} ⊆ G.
G/Stab(x) −→ O(x)
g 7−→ g · x
|G|
|X| = ∑ |Stab(x)| . (3)
x∈X
4
Por outro lado, o estabilizador de h ∈ G nessa ação é
=|X G | + ∑ |O(x)|.
x∈X,|O(x)|>1
Teorema de Cauchy
O teorema de Cauchy é um caso particular do teorema de Sylow. Primeiro
veremos o caso abeliano e o caso geral será reduzido ao caso abeliano.
5
Prova. Seja |G| = pm. A prova é feita por indução sobre m. Se m = 1, então
G é cı́clico de ordem p e não há nada a provar. Se m > 1, dado x ∈ G \ {e} seja
r := o(x) sua ordem. Então, pelo teorema de Lagrange r||G| = pm. Se p|r,
então o(xr/p ) = p, i.e., xr/p é o elemento que procuramos. Senão, (r, p) = 1
logo r|m. Como G é abeliano, hxi E G e G/hxi é um grupo de ordem
pm m
= p < pm = |G|.
r r
Então, pela hipótese da indução G/hxi possui um elemento de ordem p.
Seja y ∈ G/hxi de ordem p, então y p ∈ hxi. De o(x) = r, concluı́mos
e = (y p )r = y pr = (yr ) p .
Prova. Seja |G| = pm. A prova é feita por indução sobre m. Se m = 1, então
G é cı́clico de ordem p e não há nada a provar. Se m > 1, pela equação de
classe de conjugação
Se para todo h 6∈ Z(G), p|[G : C(h)], então p||Z(G)|. Como Z(G) é abeliano
o lema anterior garante a existência de um elemento de ordem p. Senão,
existe h 6∈ Z(G) tal que p - [G : C(h)]. De |G| = |C(h)|[G : C(h)] e p||G| con-
cluı́mos p||C(h)|. Observem que C(h) 6 G e |C(h)| < |G|. Então, pela hipótese
da indução, C(h) possui um elemento de ordem p.
Teorema de Sylow
Nesta seção, provaremos o teorema de Sylow, que é mais geral do que o
teorema de Cauchy. Sejam G um grupo finito e p um número primo tal que
p||G|. Escreva |G| = pb m, onde (p, m) = 1 e b ≥ 1. Mostraremos que para
todo a ≤ b existe H 6 G tal que |H| = pa . Portanto, existem subgrupos de
ordem pb . Esses são chamados de subgrupos de Sylow de G, ou, p-Sylows de
G. Veremos a relação entre os subgrupos de ordem pa e os de Sylow e por
último uma condição sobre o número de subgrupos de Sylow que ajudará
a contar a quantidade desses subgrupos.
6
Teorema 5 (Sylow, 1872) Sejam G um grupo finito, p um número primo e
|G| = pb m, onde p - m e b ≥ 1. Então:
Prova.
pb m pb m(pb m − 1) · · · (pb m − pa + 1) b b a
b−a (p m − 1) · · · (p m − p + 1)
|X| = = = p .
pa pa (pa − 1) · · · 2 · 1 (pa − 1) · · · 2 · 1
|G|
pb−a+1 - |O j | = .
|Stab(L j )|
pa ≤ |Stab(L j )| (7)
Seja l ∈ L j . A aplicação
Stab(L j ) −→ L j
g 7−→ g · l
(h, g) 7→ hgS.
7
Observem que |G/S| = m. O número dos elementos das órbitas, Hg,
dessa ação é
|H|
|Hg| = = pc , para algum c ∈ N.
Stab(g)
Por outro lado,
m = |G/S| = ∑ |Hg|.
g
Como p - m, existe alguma órbita trivial, ou seja, existe Hg0 tal que
|Hg0 | = 1. Então
Hg0 S = g0 S ⇒ ∀h ∈ H ∃s ∈ S tal que hg0 = g0 s,
ou, h = g0 sg−1 −1 −1
0 ∈ g0 Sg0 . Portanto H ⊆ g0 Sg0 .
8
ou,
|N(S)| |N(S)|
rp = (n p − 1) =⇒ p|(n p − 1) .
|S| |S|
|N(S)|
Como |S| = pb e b é a maior potência de p em |G|, p - |S| , portanto
p|n p − 1, i.e., n p ≡ 1 (mod p).
Observações
Teorema 6 Seja H 6 G. Então, para todo S ∈ Syl p (G) existe g ∈ G tal que
gSg−1 ∩ H ∈ Syl p (H).
9
Teorema 8 Seja H 6 G. Então n p (H) ≤ n p (G).
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Aplicações
Grupos de ordem pq
Sejam G um grupo de ordem pq tal que p - q − 1. Então, G é cı́clico.
Sabemos n p = pk + 1|q. Então n p = 1 ou q. O segundo caso é impossı́vel,
pois implicaria p|q − 1. Portanto, há apenas um p-Sylow H e claramente é
normal. Por outro lado, nq = ql + 1|p. Como q > p, a única possibilidade é
nq = 1. Então, também há apenas um q-Sylow K e logo é normal. Como p
e q são primos H e K são cı́clicos, então existem a, b ∈ G tais que H = hai e
K = hbi. Pela normalidade de K (resp. H), aba−1 ∈ K (resp. ba−1 b−1 ∈ H),
logo
aba−1 b−1 ∈ K ∩ H.
Pelo teorema de Lagrange, |K ∩ H|||K| = q e |K ∩ H|||H| = p. Como p e q são
primos distintos, |K ∩ H| = 1, ou, K ∩ H = {e}, onde e é o elemento neutro
de G. Então ab = ba. Consequentemente, a ordem de ab é pq = |G|, isto é G
é gerado por ab, logo é cı́clico.
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é abeliano. Nesse caso, pelo teorema de classificação de grupos abelianos
finitamente gerados há duas possibilidades: Z p2 e Z p × Z p ; o segundo não
é cı́clico. No caso em que p|q − 1 há grupos não abelianos. Por exemplo, se
|G| = 6 então G ∼ = Z6 ou S3 . Para a classificação geral nesse caso veja [2].
φ : G −→ S4
G∼
= φ (G) 6 S4 .
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normal, então S1 S2 é subgrupo e possui ordem 15. Senão, pelo teorema de
Sylow, n5 = 6 e n3 = 10. Então, G terá 6(5 − 1) = 24 elementos de ordem 5 e
10(3 − 1) = 20 elementos de ordem 3. Logo |G| = 30 > 24 + 20 = 44, o que é
absurdo. Isto é, realmente G possui 5-Sylow ou 3-Sylow normal, portanto
o subgrupo de 15 elementos.
Teorema de Wilson
Segundo esse teorema, se p um número primo, então (p−1)! ≡ −1 (mod p).
Considere S p . Como p é primo, p2 - p!, portanto os p-Sylows de S p são
grupos cı́clicos. O número de p-ciclos de S p é exatamente (p − 1)!. Cada p-
Sylow contém exatamente p−1 desses ciclos, portanto n p = (p−1)!
p−1 = (p−2)!.
Pelo teorema de Sylow n p ≡ 1(mod p), então
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Referências Bibliográficas
[2] Dummit, D. S., Foote, R. M., Abstract Algebra, John Wiley & Sons,
Inc. Third Edition, 2004.
[3] Herstein, I. N., Abstract Algebra, John Wiley & Sons, Inc. Third Edi-
tion, 1996.
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