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Dada importância do gerenciamento de riscos trole e gerenciamento dos custos, métodos mo-
no ambiente organizacional atual, a norma ABNT dernos, sistemas informativos, aparelhos digitais,
ISO 9001/2015 incluiu a gestão de riscos em suas internet, aplicativos, maquinário automatizado,
disposições, objetivando estabelecer um enfoque mão de obra especializada, entre outros, persis-
metódico ao risco, a fim de fazer a empresa mais tem os índices elevados de acidentes de trabalho
proativa e não somente reativa aos problemas e (SILVEIRA, 2011; SALLES, 2015).
dificuldades (OST; SILVEIRA, 2018). Esse cenário passou a exigir uma intensa ne-
O procedimento metodológico adotado nes- cessidade de estratégias empresariais de gestão,
se estudo recaiu sobre a revisão e literatura, por processos, manutenção, controle e segurança no
intermédio de um levantamento bibliográfico em trabalho, visando à qualidade e eficiência dos ser-
estudos nacionais e internacionais que abordam viços, como também, a organização das informa-
o tema, visando verificar as contribuições teóricas ções para o melhor gerenciamento dos riscos e a
de alguns estudos sobre gerenciamento de risco, tomada das decisões (CRUZ, 2014). Por isso, o ge-
com ênfase em bancos de dados digitais. renciamento de risco precisa ser executado com
qualidade e segurança, por meio de ferramentas
que garantam a redução de acidentes e melhoria
2 FERRAMENTAS DE dos processos organizacionais.
GERENCIAMENTO DE É importante conceituar risco, como sendo um
RISCOS NA ENGENHARIA DE evento ou condição incerta que, ao ocorrer, gerará
efeitos positivos (oportunidades) ou efeitos nega-
SEGURANÇA DO TRABALHO tivos (ameaças) aos objetivos de um projeto orga-
nizacional. Por isso, o valor de se gerenciar riscos
As características do atual modelo globalizado nas empresas, na medida em que todo e qualquer
exigem melhoria do gerenciamento dos proces- trabalho a ser executado está sujeito a perigos ou
sos produtivos. Na prática, isso significa que, hoje, adversidades que ao ocorrerem podem gerar se-
para ser competitivo no mercado, qualquer negó- quelas desastrosas ou efeitos que são de difícil
cio, de qualquer porte, necessita rever concepções conserto (MORAES, 2015).
e adotar nova gestão de riscos, já que parte consi- Diversos autores vêm analisando o risco e os fa-
derável das empresas não cresce em decorrência tores de risco associado aos acidentes de trabalho,
da deficiência nesta área, uma vez que a conse- Minayo (2005, p. 708) caracteriza o risco como uma
cução dos procedimentos operacionais necessita “consequência da livre e consciente decisão de se
de sistemas e estratégias de controle de riscos expor a uma situação na qual se busca a realização
eficientes (SALLES, 2015). de um bem ou a realização de uma atividade, em
Apesar de ter conquistando maior produ- cujo percurso se inclui a possibilidade de perda ou
tividade, o processo produtivo atual é ainda ferimento físico, material ou psicológico”. Por sua
tradicional, conservador, reacionário no ciclo vez, Pereira (2015) define risco como sendo:
de aquisição-uso-reaquisição e mão-de-obra,
com reduzida capacitação dos seus trabalha- O grau de probabilidade de ocorrência de um
dores e elevado nível de acidentes de traba- determinado evento. O cálculo do Coeficiente
lho, aspecto que demonstra a necessidade de de Risco (CR) pode estimar a probabilidade de o
avançar na qualidade dos serviços, bem como dano vir a ocorrer em futuro imediato ou remoto,
na segurança dos seus trabalhadores (DUARTE, bem como levantar um fator de risco isolado ou
2014; BARBOSA, 2010). vários fatores simultâneos. São formas possíveis
Mesmo com a ruptura do ambiente empresa- de apresentação dos resultados, com grande uti-
rial originada pelos mercados globais, tecnologia lidade e facilidade de interpretação, bem como
da informação, obsessão pela qualidade, fusões e quantificar a probabilidade de que estes eventos
aquisições de empresas, ferramentas tecnológi- ocorram. (PEREIRA, 2015, p. 596).
cas para melhoria dos processos produtivos, con-
A partir desses conceitos, entende-se o ser hu- ça e saúde específicas aos riscos existentes no
mano como alguém que possui a capacidade de ambiente laboral (BARBOSA, 2010; DUARTE,2014;
expõe-se ao perigo da morte por um bem, ou seja, MORAES, 2015; SILVA, 2018).
um risco. Logo, o local de trabalho, traz consigo a Comungando desse mesmo entendimento Mi-
possibilidade de risco de acidente, que pode gerar nayo (2005) relata que existem ocupações profissio-
consequências prejudiciais à saúde do trabalha- nais com expressiva existência de fatores de risco,
dor. Logo, o conceito de risco diz respeito à iden- sendo estas condições ou variáveis associadas à
tificação dos possíveis agentes capazes de inter- possibilidade de ocorrência de resultados negativos
ferir na condição física do trabalhador, trazendo para a saúde, o bem-estar e o desempenho profis-
sérios prejuízos para a qualidade de vida. sional. Além disso, considera a autora, que os fatores
Na área de Engenharia de Segurança do Tra- de risco podem estar combinados com situações so-
balho, os riscos de acidentes, passaram a receber ciais, intrapsíquicas e biológicas do trabalhador.
atenção, em virtude do aumento dos acidentes e Barbosa (2010) discorrendo sobre o tema, destaca
as consequências adversas que eles trazem para a importância do gerenciamento da segurança nos
o trabalhador, empresa e a sociedade. processos de trabalho, de maneira especial, na identi-
Nesse cenário, diversos segmentos do mer- ficação dos riscos de acidentes, haja vista à dificuldade
cado organizacional vêm sendo responsáveis por das empresas em utilizar abordagens mais modernas
muitas mortes nas realizações das atividades la- de ferramentas de apoio a gestão, a fim de ultrapas-
borais. Pesquisadores chamam a atenção para o sar a cultura de negação do risco amplamente difun-
fato de que, pelas as características e particula- dida entre trabalhadores. Nesse sentido, a prevenção
ridades de algumas áreas profissionais, elas ofe- de acidentes de trabalho deve ser uma preocupação
recem riscos potenciais a saúde e segurança no em todas as etapas de execução dos processos pro-
trabalho, sobretudo, aquelas cujas estruturações dutivos, e não somente no que diz respeito aos servi-
e mudanças tecnológicas tem sido lenta, com am- ços, a fim de identificar os riscos ambientais, físicos e
pla demora na aplicação de políticas de seguran- químicos, como destacado no Quadro 1:
Pelo exposto, observam-se que as situações sobre pessoas, equipamentos, instalações, meio
potenciadoras de riscos de acidentes demandam ambiente, patrimônios ou processos.
medidas preventivas de forma coletiva, visando à Uma pesquisa realizada por Sella (2014) traz
proteção do trabalhador, já que os riscos podem uma análise sobre várias ferramentas de geren-
ser associados a ameaças e a oportunidades, e ciamento de riscos, das quais, destacam-se nes-
quando não identificados se comportam como in- se estudo, a Análise Preliminar de Riscos (APR), o
certezas para qualquer tipo de função desenvol- Hazard and Operability Studies (HAZOP), por suas
vida ou que estar em desenvolvimento (PEREIRA, contribuições na orientação no gerenciamento de
2015). Por essa razão, o desenvolvimento dos pro- riscos e perigos nos postos de trabalho, prevenin-
cessos de trabalhos podem vir associado a perigos do, identificando e analisando os riscos que pode-
e riscos operacionais e, quando estes não são bem rão ocorrer em um projeto, visando extingui-los,
gerenciados, são capazes de exercer impactos sig- diminui-los ou controlá-los.
nificativos à segurança e a saúde do trabalhador. Outros pesquisadores trazem as contribuições
Em virtude do exposto, pesquisadores des- da metodologia Fail Mode & Effect Analysis (FMEA)
tacam a relevância da utilização de programas ou em português Análise de Modos de Falha e Efei-
e ferramentas de prevenção de riscos no campo tos (AMFE), como uma das principais técnicas para a
da Engenharia de Segurança do Trabalho, como identificação e gerenciamento dos perigos nos pro-
destaca Cruz (2014) que essas ferramentas tem cessos de trabalho, por atuar com eficácia na detec-
a finalidade de ajudar as empresas na tomada ção de potenciais riscos de processos e minimizar os
de decisões sobre a frequência e severidade dos resultados adversos associados com riscos de aci-
riscos, objetivando evitar ou reduzir seu impacto dentes, como os apresentados na Figura 1.
De acordo com De Cicco e Fantazzini (2003, p. Trata-se de uma análise onde se identifi-
35), a técnica APR tem sua origem na área militar, cam eventos indesejáveis, suas causas, conse-
conforme descreve os autores: que seu surgimen- quências, modos de detecção e salvaguardas.
to ocorreu quando “foi requerida a análise de risco A análise é centrada na identificação dos riscos
como uma revisão a ser feita nos novos sistemas existentes para as pessoas, o meio ambiente,
de mísseis projetados para uso de combustíveis o patrimônio, a continuidade operacional e a
líquidos, para evitar uso desnecessário de mate- imagem da empresa. Para isso são considera-
riais, projetos e procedimentos de alto risco”. das possíveis falhas de sistemas, equipamen-
tos, operações e seus respectivos impactos. primeira técnica aplicada durante a análise de riscos
(SELLA, 2014, p. 21). de projetos em fase de concepção, sobretudo, nos
projetos de inovação tecnológica”, a fim de identifi-
A APR visa eliminar ou controlar os riscos de pro- car perigo, causas, efeitos e traçar recomendações,
cesso durante toda a vida útil de um projeto. Loewe como pode ser observado na Fig. 2, os principais pas-
e Kariuki (2007) explicam que ela é, geralmente, “a sos a serem seguidos durante a aplicação da APR.
Pesquisadores assinalam que trata-se de uma fornece “uma indicação qualitativa da frequência
metodologia bem estruturada que tem a finalida- esperada de ocorrência para cada cenário identifi-
de de identificar os riscos conexos à ocorrência de cado” (ELETRONUCLEAR, 2014, p. 56), sendo suas
eventos indesejáveis, visando à redução dos ris- principais categorias de frequência, as dispostas
cos e de custos elevados. Para tanto, essa técnica no Quadro 2:
Observado os Quadros 2 e 3 nota-se que o concei- cia de um evento indesejado e dos seus res-
to de risco está associado a teoria das probabilidades, pectivosdanos”. Logo, é alcançado por meio da
implicando na estimativa de eventos relacionados a junção das classes de frequência e de severi-
perdas e suas consequências. Este entendimento le- dade, pois sugere a adoção ou não de medidas
vou a maioria dos profissionais a adotar o termo risco ou controles adicionais (SELLA, 2014). Sendo
como sinônimo de ameaça (MORAES, 2015). assim, há várias categorias de análise, como
Nesse sentido, conforme Brown (2008, p. 67) apresentadas no Quadro 4 e Figura 3 (Modelo
o risco é função da probabilidade de “ocorrên- de Matriz de Risco).
Moderado Controles adicionais devem ser avaliados com o objetivo de reduzir riscos.
(M) Aqueles considerados praticáveis devem ser implementados.
Controles insuficientes.
Métodos alternativos devem ser considerados a fim de reduzir a probabilidade
Não Tolerável (NT)
de ocorrência ou a severidade das consequências, de forma a
trazer os riscos para regiões de menor magnitude.
Fonte: Moraes (2015).
A Análise Preliminar de Perigo (APP) é uma De acordo com Cruz (2014), essa ferramen-
ferramenta de prevenção cuja relevância se so- ta baseou-se no preenchimento de tabela. Logo,
bressai quando o objeto de estudo não tem seme- a classificação dos riscos é realizada com base
lhança com os já existentes, isso ocorre por possui nos critérios da Norma Militar Americana MIL-
um perfil inovador e avançado. Por essa razão, é -STD-882 (System Safety Program Requirements),
recomendada quando aos riscos dos processos de adotada como padrão em inúmeras situações.
trabalho é deficitário (SILVA, 2018).
Explica Amorim (2010) que um dos itens obri- Diante do exposto, Cardella (2013) sinaliza que
gatórios da APP é o cenário acidental, sendo este a APP pode ser enricada por outras técnicas au-
apontado como cenário de acidente, o agrupa- xiliares e complementares: Análise por Árvore de
mento do perigo detectado, suas origens e cada Falhas, Análise por Árvore de Eventos, Lista de Ve-
um dos seus fins. Para Cruz (2014), esse cenário rificação, Registro e Análise de Ocorrências Anor-
de acidente refere-se aos campos iniciais da pla- mais e Inspeção Planejada.
nilha, contendo, cinco colunas onde serão inclusos No tocante à técnica de HAZOP, explica No-
o número identificador do risco, os perigos identi- lan (2004) que ela foi utilizada inicialmente, na
ficados, as causas, o modo de detecção e o efeito. década de 1960 pela indústria britânica Imperial
Chemical Industries, Ltd. (ICI), com a finalidade A metodologia utilizada por essa técnica é o
de “desenvolver um método para analisar peri- uso de “fluxogramas de processo (PFDs) e todos
gos no processo a partir das condições básicas os fluxogramas de linhas e instrumentos (P&IDs),
de operação, efetuando modificações nos parâ- dividindo o projeto em seções gerenciáveis, de for-
metros e observando as consequências dessas ma a assegurar a análise de todos os equipamen-
mudanças” (NOLAN, 2004, p.98). tos da unidade” (DUNJÓ et al., 2010, p. 57).
Dunjó et al (2010) explicam todo processo de exe- tentes e, caso essas sejam insuficientes para
cução desse método, que consiste na utilização de pa- garantir a segurança do sistema, demais re-
lavras-guia compatíveis a parâmetros de processos comendações devem ser feitas. A participação
com a finalidade de identificar os possíveis desvios de representantes de todas as equipes envol-
das intenções de operabilidade. Esse método requer vidas no projeto e/ou operação da instalação
“a divisão da planta em pontos de estudo (nós) entre é imprescindível para que a planilha. (DUNJÓ
os quais existem componentes como bombas, vasos et al., 2010, p. 87).
e trocadores de calor, entre outros” (CETESB, 2003, p.
12). E, após determinar os desvios, analisam-se as Portanto, esta técnica refere-se a um instru-
suas possíveis causas e consequências, ou seja: mento controle de risco que tem a finalidade de
seguir a variabilidade de um processo, a fim de
Para cada par de “causa-consequência”, de- identificar suas causas e suas consequências, a
vem ser identificadas as salvaguardas exis- fim de propor recomendações (FIGURA 6).
Frente ao exposto, é possível compreender que problemática e não somente os seus sintomas.
o risco é uma condição incerta que, ao ocorrer, ge- Para tanto, faz- se necessário, seguir algumas
rará efeitos aos objetivos de um projeto. Por isso, etapas: discussão do problema a ser analisado,
a necessidade de se gerenciar riscos em empre- verificação de sua ocorrência, onde e quando, áre-
endimentos, na medida em que todo e qualquer as envolvidas e escopo (DE CICCO, 2009).
trabalho a ser executado está sujeito a perigos ou Portanto, a utilização dessa técnica é o pleno
adversidades que ao ocorrerem podem gerar im- resultado de uma investigação profunda sobre as
plicações desastrosas (MORAES, 2015). causas e os efeitos de problemas que ocorrem nos
E, quanto, a técnica AMFE, considerada a mais processos de trabalho, como foco identificação
aplicável às “indústrias de processo, sobretudo, dos riscos e sua ocorrência.
quando possui instrumentos de controle, levan- A AMFE pode ser aplicada de forma qualitativa
tando necessidades adicionais e defeitos de pro- ou quantitativa, a saber:
jeto, para obter configurações seguras e evitar ou
corrigir as falhas de um empreendimento” (ROCHA, Primeiramente de forma qualitativa, quer na re-
2010, p. 3). Sua finalidade é auxiliar na determina- visão sistemática dos modos de falha do com-
ção e encadeamento dos riscos, “quando o sistema ponente, na determinação de seus efeitos em
é colocado em risco e a probabilidade de erro devi- outros componentes e ainda na determinação
do às ações não estruturada é alta, dependendo da dos componentes cujas falhas têm efeito críti-
ação correta dos operadores” (ROCHA, 2010, p. 3). co na operação do sistema, sempre procurando
Na execução da AMFE é preciso observar cui- garantir danos mínimos ao sistema como um
dadosamente a determinação das causas de uma todo. Posteriormente, pode-se proceder à análise
Sinteticamente a AMFE representa o percur- al., 2007). Ainda conforme os autores, o gerencia-
so ou caminho percorrido por um elemento para mento de riscos tem por finalidade:
chegar a um determinado fim, descrevendo todas
as etapas percorridas, bem como o tratamento • Alinhar o apetite a risco com a estratégia adota-
que cada um vai lhe dando, visando encontrar as da – os administradores avaliam o apetite a risco
causas, as consequências e elaboração das ações da organização ao analisar as estratégias, defi-
estratégias para reversão dos riscos encontrados. nindo os objetivos a elas relacionados e desen-
Na análise empreendida percebe-se que as volvendo mecanismos para gerenciar esses riscos;
ferramentas de gerenciamento de riscos possi- • Fortalecer as decisões em resposta aos riscos
bilitam aos administradores e/ou gestores tratar – o gerenciamento de riscos corporativos possi-
com eficácia as incertezas, bem como os riscos e bilita o rigor na identificação e na seleção de al-
as oportunidades a elas associadas, a fim de me- ternativas de respostas aos riscos – como evitar,
lhorar a capacidade de gerar valor (STEINBERG et reduzir, compartilhar e aceitar os riscos;
DUNJÓ, J. et al. Hazard and operability (HAZOP) ROCHA, Rodrigo. Segurança e auditoria. Análise
analysis. A literature review. de riscos. 2010. Disponível em:
/www.cin.ufpe.br. Acesso em: jun. 2019. edificações na cidade de Aracaju/SE. 2018. 107f
SALLES, Á. Gestão financeira. São Paulo: (Trabalho de Conclusão de Curso) – Faculdade Pio
Malheiros, 2015. Décimo, Aracaju, 2018.