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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos

Marcelo Santos Vieira

GERENCIAMENTO DE RISCOS: UM ESTUDO APLICADO DO


PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS EM UM PROJETO
INDUSTRIAL

Conselheiro Lafaiete
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 2
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 3
2.1 Gerenciamento de Projetos ................................................................................ 3
2.2 Gestão de risco ................................................................................................... 3
2.3 Processo de identificação dos riscos ............................................................... 4
2.4 Técnica estruturada "E se" (SWIFT) .................................................................. 5
2.5 Sistema de Recuperação de Gás de Aciaria ..................................................... 7
3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 7
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS E RESULTADOS ......................... 8
4.1 Apresentação do Caso........................................................................................ 8
4.2 Identificação dos riscos...................................................................................... 9
4.3 Resultados obtidos ........................................................................................... 11
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 12
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RESUMO

As empresas siderúrgicas atualmente buscam eliminar os acidentes, pois estes geram


perda de lucros devido à baixa produtividade, indisponibilidade da planta por danos a
equipamentos e possibilidade de interdição pelas agências regulatórias. Além disso,
como resultado destes acidentes, tem-se o impacto negativo à reputação da empresa,
pressão da comunidade e dos funcionários e estresse organizacional. Uma das
estratégias empregadas para reduzir este risco é a implantação de sistemas de gestão
de riscos voltados para eliminar as falhas de alta consequência. Este estudo avalia o
processo de identificação de riscos de um projeto, um dos processos do
gerenciamento de riscos, através da aplicação da técnica estrutura "E se" (SWIFT),
realizado durante o planejamento do projeto.

Palavras-chave: Identificação de riscos. SWIFT. Riscos industriais.

1 INTRODUÇÃO

No ambiente industrial, o processo de gerenciamento de riscos de projetos


deve, além de tratar os riscos ligados ao ciclo de vida do projeto, tratar também os
riscos ligados ao ciclo de operação do produto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2012). Neste momento, a planta ou equipamento pode estar
sujeito a falhas com impacto à segurança da instalação e pessoas, impactos
ambientais e operacionais que, caso ocorram, poderão gerar impactos financeiros
negativos à empresa, à sua reputação e à sociedade. Com relação a isto, o processo
de avaliação de riscos do projeto deve identificar os riscos com potencial de impacto
aos seus objetivos, como a qualidade e operacionalidade do produto, a fim de tratá-
los para otimizar as chances de sucesso, durante todo o ciclo de vida do produto (PMI,
2017).
Para identificação de riscos em projetos, são indicadas ferramentas e técnicas
consolidadas como, opinião especializada, coleta de dados através de Brainstorming,
Checklists ou Entrevistas, mas não limitando-se a estas. Para isto, pode-se utilizar
como entrada documentos do projeto, fatores ambientais da empresa e ativos de
processo organizacionais, exemplificando cada um destes, a documentação de
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requisitos, resultados de benchmarking e dados de projetos semelhantes anteriores,


(PMI, 2017).
Diante disto, o presente artigo busca avaliar a aplicação da técnica estruturada
"E se" (SWIFT) na identificação dos riscos de projetos industriais, verificar se a
complexidade da técnica é adequada para o processo de avaliação de risco em
projetos e as vantagens de utilizá-la, caso existam. Nesta perspectiva, foi realizado
uma observação da aplicação da ferramenta durante reuniões de avaliação de risco
de um projeto aplicável a um sistema de recuperação de gás de aciaria, em uma usina
siderúrgica localizada em Minas Gerais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Gerenciamento de Projetos

Segundo PMI (2017), projeto é um empreendimento com início e término


definidos, realizado com o objetivo de criar um produto, serviço ou resultado único.
Apesar dos projetos serem temporários, suas entregas podem existir após o
encerramento do projeto. Estas entregas podem ser de natureza material, social,
econômica ou ambiental.
O projeto permite criar valor para o negócio, podendo este ser um benefício
tangível, como ativos monetários, intangível, como reputação, ou ambos. Um dos
fatores que levam os líderes organizacionais a iniciar projetos, em resposta a fatores
que afetam as organizações, é criar, melhorar ou corrigir produtos, processos ou
serviços.
De acordo com Maschio (2007, p 119), a definição de sucesso de um projeto
engloba, além do atendimento dos requisitos referentes a cronograma, custo e
qualidade, também os aspectos referentes a performance, segurança,
regulamentações ambientais e satisfação do cliente.

2.2 Gestão de risco

Segundo a norma ISO 31000 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2018, p 1), risco é o efeito da incerteza nos objetivos, sendo expresso
pelas fontes de risco, eventos potenciais, suas probabilidades e consequências. As
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atividades coordenadas para controlar e dirigir uma organização em relação a estes


riscos são chamadas de gestão de riscos.
O gerenciamento dos riscos no projeto tem por objetivo otimizar as chances de
sucesso do projeto, através dos processos de condução de um plano, identificação,
análise e planejamento das respostas aos riscos, implementação das respostas e
monitoramento dos riscos (PMI, 2017).
Entre os principais benefícios do gerenciamento dos riscos estão, redução da
incerteza associada a investimentos, preservação de vidas e de recursos naturais,
além de redução no custo com seguro. Um programa de gerenciamento de riscos que
atinja estes objetivos irá conseguir atrair investidores em potencial para o projeto, pois
estes perceberão que existem cuidados sendo tomados para que a sua lucratividade
não seja comprometida, assim como irá eliminar gastos desnecessários com seguro
para riscos não controlados. Um bom gerenciamento de riscos também tende a evitar
danos à sociedade, funcionários e meio-ambiente, preservando a reputação da
empresa.

2.3 Processo de identificação dos riscos

A identificação de risco é a responsabilidade mais importante do gerente de


riscos. É através deste processo que, de forma contínua e sistemática, identificam-se
as situações de risco de acidentes que podem afetar a organização, ou seja, as perdas
potenciais a pessoas e à propriedade (CICCO; FANTAZZINI, 2003).
O processo de identificação de riscos é composto pelas etapas de encontrar,
reconhecer e registrar os riscos. Este processo pode ser realizado pela aplicação de
diferentes ferramentas e técnicas, podendo requerer também uma abordagem
multidisciplinar, de acordo com o tipo do projeto, para que possa rastrear uma ampla
gama de causas e efeitos. O propósito deste processo é identificar situações que
podem afetar o alcance dos objetivos da organização. Após ser identificado, faz-se
necessário identificar também quais os controles existentes especificamente para este
risco (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2012).
O PMBOK (2017, p 395) define identificação de risco como o processo de
identificação de riscos individuais do projeto, bem como das fontes de risco geral do
projeto e a documentação destas características. Pode estar envolvido na atividade
de identificação dos riscos o gerente do projeto, especialista em riscos de projeto,
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gerentes de operação, outros gerentes de projeto, especialistas no assunto externo à


equipe, partes interessadas, clientes e usuários finais.
Kerzner (2001 apud FORTES, 2011) relata que os métodos para identificação
dos riscos são numerosos, podendo ser objetivos ou subjetivos. Métodos objetivos
são baseados em registros de informações, dentre os quais destacam-se revisão de
documentação de projetos anteriores, análise da lista de verificação e análise de
premissas.
Pritchard (2001 apud FORTES, 2011) indica que os métodos subjetivos se
baseiam em conhecimentos e experiências de pessoas, especialistas em projeto, com
destaque para brainstorming, entrevistas e análise SWOT.
Ao selecionar a técnica a ser utilizada para este processo, os recursos e
capacidades disponíveis devem ser avaliados, para certificar que a técnica escolhida
será aplicada com eficácia. Deve-se avaliar questões como se as habilidades,
experiência, capacidade e competência da equipe envolvida no processo atende aos
requisitos do método escolhido, se o tempo necessário para aplicar a técnica se
enquadra no cronograma do projeto, assim como se existe orçamento disponível, caso
necessite de recurso externo à equipe. Caso alguma destas questões não possa ser
atendida, a técnica não dará o retorno esperado e uma identificação falha dos riscos,
pode permitir que vulnerabilidades com impacto negativo a um dos objetivos dentro
do ciclo de vida do projeto não sejam tratadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2012).

2.4 Técnica estruturada "E se" (SWIFT)

A técnica "E se", ou "What If", é um estudo sistemático, baseado em trabalho


de equipe, que utiliza frases padrão do tipo "e se" combinadas com situações
possíveis de desvios no sistema a ser investigado, a fim de identificar o efeito destes
desvios na instalação ou organização. Esta técnica foi originalmente concebida para
estudos de perigos de instalações químicas, mas atualmente é aplicada a sistemas,
procedimentos e organizações em geral (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2012).
As entradas necessárias à aplicação deste método são os documentos do
projeto do sistema, que devem ser estudos pela equipe envolvida na análise antes da
primeira reunião, e equipe formada por pessoas com experiência e conhecimento
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especializado nas áreas a serem avaliadas, além de um facilitador com experiência


na aplicação da técnica de avaliação.
O processo geral consiste em uma preparação de uma lista específica pelo
facilitador com instruções adequadas, que direcione a discussão para a análise crítica
dos perigos e riscos do sistema. Antes de iniciar a reunião, define-se os limites de
contexto interno e externo que o estudo deve abordar. Após isto, o facilitador pede
aos participantes para levantar os riscos conhecidos, incidentes anteriores em
sistemas similares, os controles existentes, os requisitos regulatórios e restrições. A
equipe discute cada um dos itens listados, seguindo a estrutura "e se...", "o que
aconteceria se...", "há algo que nunca...". A intenção é estimular a equipe explorar
cenários potenciais, suas causas e efeitos. Concluída a lista, os riscos são resumidos,
mesclando os similares e a equipe associa os controles existentes para cada um
destes. A liste de riscos, com suas causas, efeitos e controles é confirmada pela
equipe e registrada (SOUZA, 2000).
Após a avaliação do risco residual, considerando o controle existente e sua
eficácia, a técnica tem como saída um registro dos riscos, que pode passar para a
etapa de avaliação qualitativa.
De acordo com a norma ISO 31010 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2012, p 40), seguem alguns pontos fortes da técnica SWIFT:
• É amplamente aplicável na detecção de riscos em qualquer situação, seja
operacional ou não. Sua utilidade não se limita às empresas de processo;
• É relativamente rápida, evidencia os principais perigos e risco rapidamente
durante as reuniões;
• Pode ser utilizada para identificar oportunidades de melhoria no sistema, assim
como identificar as ações que conduzem suas probabilidades de sucesso.
Em contrapartida, algumas limitações à sua aplicação são:
• Necessita de um facilitar com experiência na utilização da técnica para que a
reunião seja eficiente;
• É necessário preparação antes da primeira reunião, com estudo do sistema a
ser avaliado, pois do contrário, provavelmente desperdiçará o tempo da equipe
envolvida na reunião;
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• Se a equipe envolvida na reunião não tiver conhecimento específico ou


experiência no processo a ser avaliado, alguns riscos podem não ser
identificados.

2.5 Sistema de Recuperação de Gás de Aciaria

O sistema de recuperação de gás tem objetivo de armazenar em um


reservatório, denominado gasômetro, o gás rico em CO gerado no convertedor LD. O
processo de conversão do ferro-gusa em aço é realizado pela redução do teor de
carbono, reação que ocorre através do sopro de oxigênio puro sobre o gusa líquido.
Neste processo ocorre a geração de gases CO e CO2 e, quando este gás gerado está
com alto teor de CO e baixo teor de O2, é iniciado o processo de recuperação
(FERRAZ; ZORZANELLI, 2004).
Este gás recuperável é extremamente tóxico e explosivo, com poder calorífico
na faixa de 2000 Kcal/Nm³. Quando o sistema não tem condições de recuperar o gás,
este deve ser enviado à chaminé, para ser queimado e liberado à atmosfera na forma
de CO2. O correto funcionamento dos equipamentos do sistema de recuperação,
como válvulas, analisadores de gás, exaustor e queimadores é a única barreira de
controle para anular os riscos nocivos deste gás tóxico.

3 METODOLOGIA

Para a análise da eficácia da identificação de riscos pela utilização da técnica


estruturada "What If", foi realizado um estudo de caso envolvendo um projeto de
modernização de um sistema de recuperação de gás industrial, durante o ano de
2019.
Este trabalho pode ser classificado em relação aos seus fins como exploratório,
uma vez que este tipo de pesquisa tem como característica ser desenvolvida com
objetivo de obter-se visão geral acerca de determinado fato (GIL, 2008).
Este trabalho tem como unidade de análise uma usina siderúrgica, no interior
do estado de Minas Gerais. Os dados da pesquisa foram coletados durante as
reuniões para identificação dos riscos, por meio da observação participante. Neste
tipo de coleta, o pesquisador está engajado com as atividades do grupo, participando
ativamente das atividades (VERGARA, 1998).
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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS E RESULTADOS

4.1 Apresentação do Caso

A identificação dos eventos riscos foi realizada utilizando-se a técnica SWIFT,


onde inicialmente formou-se uma equipe de trabalho com 8 pessoas, composta por:
um especialista do processo, um supervisor da operação, um operador experiente,
um supervisor da manutenção, um inspetor de manutenção mecânica experiente, um
engenheiro mecânico e um engenheiro eletricista (especialistas do projeto), além do
coordenador do projeto (denominação do gerente do projeto nesta empresa).
No primeiro encontro, realizado no dia 16/01/2019, com duração de uma hora,
foram definidos: o planejamento das atividades, com programação das reuniões
futuras, explicação prévia da técnica, o procedimento a ser seguido e as metas da
etapa de identificação de riscos. O cronograma definido neste encontro é apresentado
na Tabela 1.
Apenas pessoas familiarizadas ao processo estavam na equipe inicialmente
formada, de modo que não foi realizada a reunião de revisão do processo,
normalmente feita para uma apresentação aprofundada do processo a ser avaliado,
com revisão de toda documentação do projeto e visitas a campo, quando aplicável.

Tabela 1 - Cronograma original da identificação de riscos do projeto

Entregável:
Identificação de Riscos Críticos (What If)
Etapas Data Duração
1ª reunião de formulação de questões para identificação
07/02/2019 2 horas
dos riscos
2ª reunião de formulação de questões para identificação
08/02/2019 2 horas
dos riscos
Reunião de respostas às questões e identificação de
07/03/2019 2 horas
controles - parte 01/06
Reunião de respostas às questões e identificação de
14/03/2019 2 horas
controles - parte 02/06
Reunião de respostas às questões e identificação de
21/03/2019 2 horas
controles - parte 03/06
Reunião de respostas às questões e identificação de
28/03/2019 2 horas
controles - parte 04/06
Reunião de respostas às questões e identificação de
04/04/2019 2 horas
controles - parte 05/06
Reunião de respostas às questões e identificação de
11/04/2019 2 horas
controles - parte 06/06
Fonte: Elaborado pelo autor.
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4.2 Identificação dos riscos

Os dois primeiros encontros para formulação de questões e identificação dos


riscos foram realizados com a participação das 8 pessoas da equipe. Nenhuma das
pessoas envolvidas no processo tinham experiência na utilização da técnica, apenas
o coordenador do projeto e o especialista do processo haviam anteriormente
participado de análises por este método. O especialista do processo em análise foi o
facilitador das reuniões. Iniciou-se avaliando o processo existente, formulando e
registrando as questões (e se...), não sendo permitido respondê-las de imediato, para
não inibir a geração destas. Após finalizar o processo existente, iniciou-se a
formulação de questões sobre os documentos do projeto com as modificações a
serem realizadas, avaliando até o momento do sistema pronto para entrar em
operação. Como saída desta etapa, foram registradas 245 questões a serem
respondidas na próxima etapa do processo. A Tabela 2 mostra exemplos das
identificações realizadas nesta etapa.

Tabela 2 - Exemplo de formulação de questões e identificação dos riscos


What If?
Item Equipamento Risco Identificado
Se acontecer?
Ruptura do tubo de gás do
1 Analisador de gás Vazamento de gás
resfriador da amostra
Aumento de vibração do
2 Carcaça do exaustor Quebrar tirante de fixação
rotor
Purga entre as Purga ineficiente ou
3 Erro na medição da vazão
válvulas consumo excessivo
Fonte: Elaborado pelo autor.

Na realização desta primeira etapa, a inexperiência dos participantes na


utilização da técnica não gerou impacto negativo, pois a reunião teve similaridade com
um brainstorming, sendo facilmente assimilada pelos envolvidos.
Nos encontros seguintes, o objetivo foi responder as questões registradas.
Nesta etapa, iniciou-se os problemas na aplicação da técnica. O primeiro agravante
foi a mudança da equipe envolvida no projeto. O coordenador do projeto saiu da
empresa, o que fez com que o especialista do processo assumisse a responsabilidade
pelo projeto. Como a equipe multidisciplinar envolvida não é exclusiva de projeto, não
se contou com todos os participantes nas reuniões seguintes, devido estarem
envolvidos com as demandas da rotina da empresa. Dos 8 envolvidos, chegou-se a
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ter apenas 4 participantes em alguns encontros, o que impactou na qualidade da


avaliação, assim como aumentou o tempo para avaliar cada questão, uma vez que
não havia o especialista em alguma das áreas. A falta de um facilitador experiente
também prejudicou a produtividade das reuniões, pois por diversas vezes perdeu-se
muito tempo em questões insignificantes e em dúvidas na aplicação da técnica. Com
estas interferências, no final das seis reuniões pré-agendadas para esta etapa,
respondeu-se apenas 120 das 245 questões registradas, alcançando menos de 50%
do resultado esperado.
Para corrigir o andamento do processo de identificação de riscos, fez-se
necessário convidar um facilitador experiente para integrar a equipe, assim como
garantir que os representantes principais participassem dos encontros. A equipe foi
reduzida para 6 pessoas, sendo formada a partir de então pelo facilitador convidado,
o supervisor de operação, o supervisor de manutenção, o engenheiro eletricista, o
engenheiro mecânico e o especialista no processo (também coordenador do projeto).
Após esta alteração na equipe, planejou-se realizar mais 4 encontros, com 4
horas de duração cada, para responder as questões e identificar os controles. Na
primeira reunião ou novo facilitador optou por iniciar o processo realizando uma
reavaliação das questões já respondidas, para garantir que todos as questões seriam
abordadas da mesma maneira. Com a orientação do novo facilitador, questões que
demandavam muito tempo para serem respondidas, foram definidas no mesmo tempo
de outras, pois não se buscou uma apresentação de evidências e entrar em longas
discussões para obtenção de consenso na questão.
Concluindo-se os quatro encontros, obteve-se um respostas para todas as
questões levantadas, assim como a identificação dos controles existentes para cada
um dos itens avaliados. Respostas consistentes foram obtidas para todos as
questões, com os especialistas entrando em acordo sobre as causas e efeitos de cada
uma delas. A saída deste processo de identificação dos riscos posteriormente foi
direcionada para uma etapa de avaliação qualitativa dos riscos, porém não é objetivo
deste estudo tratar esta etapa do gerenciamento dos riscos. A Tabela 3 indica
exemplos de questões formuladas, assim como o risco identificado, com sua causa e
efeito, além do controle existente no processo atual ou no projeto de modernização.
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Tabela 3 - Exemplo de respostas às questões e identificação de controles


Pergunta Risco Controles
Causas Efeito
Original Identificado Existentes
Se o tubo do
Vazamento de Desagaste do Intoxicação de Rotina de inspeção
resfriador de
gás tubo; pessoas visual;
gás romper-se
Montagem Necessidade
Se o tirante incorreta; de parar o
de fixação da Aumento de Instalação de equipamento Padrão para
carcaça do vibração do componente com montagem do
exaustor rotor com resistência consequente componente;
quebrar diferente da perda de
especificada; produção
Purga Falha no Rotina de inspeção
ineficiente se instrumento de e calibração
vazão real medição; periódica nos
Se houver Formação de
abaixo do Obstrução nos instrumentos de
erro na mistura
medido; tubos de medição;
medição de explosiva
Consumo amostragem Calibração
vazão na dentro do
excessivo de para realizada por
purga entre as sistema;
gás inerte se transmissor; pessoas treinadas
válvulas
vazão real Erro na no padrão
acima do calibração específico do
medido; instrumento; instrumento;
Fonte: Elaborado pelo autor.

4.3 Resultados obtidos

Com a aplicação da técnica SWIFT, encontrou-se vulnerabilidades no projeto


durante sua etapa de planejamento, o que permitiu realizar as correções necessárias
sem impacto ao orçamento. Além de vulnerabilidades, identificou-se também
oportunidades de redução no escopo, pois alguns instrumentos presentes na
documentação do projeto, não agregavam valor o processo, uma vez que o
monitoramento realizado por eles não era aplicado em nenhum dos controles
necessários.
Outro resultado da aplicação da técnica foi a obtenção de uma documentação
sobre os riscos da planta, que poderá ser utilizada para estudo do sistema por novas
pessoas que entrem no projeto e, futuramente, para treinamento dos operadores do
processo. Esta documentação é aplicável também na revisão dos procedimentos de
manutenção e nas análises de modificações que sejam necessárias realizar no
sistema durante sua vida útil.
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5 CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo analisar as vantagens que a utilização de uma
técnica de identificação de riscos, com eficácia comprovada em processos em
operação, traz para a gestão de riscos em projetos industriais.
Conclui-se pelo estudo que a técnica SWIFT é aplicável a projetos e traz
resultados com impacto positivo, se aplicada durante a etapa de planejamento do
projeto. Esta técnica é de fácil aplicação, mas necessita ter um facilitador com vasto
conhecimento em sua aplicação, para que direcione a equipe de maneira eficiente
pelas suas etapas até a conclusão da análise. A equipe precisa ser formada por
pessoas com experiência no processo a ser avaliado, assim como especialistas
técnicos nas áreas envolvidas.
Para ter sucesso na aplicação da técnica, faz-se necessário ter uma disciplina
em relação ao planejamento das atividades definido no início do processo de análise.
Em empresas onde as pessoas envolvidas não são exclusivas do projeto, tendo uma
outra rotina a cumprir, isto torna-se um fator que pode impactar nas entregas da
análise.
O resultado desta análise possibilita eliminar desperdícios no planejamento do
projeto e identificar vulnerabilidades críticas que podem levar a impactos negativos na
entrega do produto ou em sua operação. Também gera um documento do projeto que
pode ser utilizado durante todo o ciclo de vida do projeto, além de atender umas das
recomendações da ISO 31000, que trata sobre gestão de riscos nas organizações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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riscos - Diretrizes. Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/IEC 31010: Gestão


de riscos - Técnicas para o processo de avaliação de riscos. Rio de Janeiro, 2012.

CICCO, Francesco De; FANTAZZINI, Mario Luiz. Tecnologias Consagradas de


Gestão de Riscos. 2ª Edição. São Paulo: Risk Tecnologia, 2003.

FERRAZ, Leonardo Tutanko Souza; ZORZANELLI, Thiago Luciano Pires. Análise da


Falha nos Prolongamentos das Hastes dos Cilindros Hidráulicos da Saia Móvel
13

do Convertedor. Vitória: Universidade Estadual do Espírito Santo, 2004. 150 p.


Disponível em:
<http://mecanica.ufes.br/sites/engenhariamecanica.ufes.br/files/field/anexo/leonardo
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<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3135/tde-13072011-
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GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Edição. São


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MASCHIO, Adriana. Gerenciamento de Riscos e Segurança: Aplicabilidade e


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Edição. EUA: Project Management Institute, 2017.

SOUZA, Carlos Roberto Coutinho. Análise e Gerenciamento de Riscos em


Processos Industriais. Apostila do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho. Universidade Federal Fluminense. 2000.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em


Administração. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 1998.

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