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Departamento de Engenharia de Produção
Trabalho de Conclusão de Curso – Ano 2017

GERENCIAMENTO DE RISCO NO SETOR PRODUTIVO DE UMA


METALÚRGICA – UM ESTUDO DE CASO

RISK MANAGEMENT IN THE PRODUCTION SECTOR OF A


METALLURGY – A CASE STUDY

Autor: Vinícius Alves Rodrigues

Orientador (a): Prof.ª Dra. Maria de Lourdes Santiago Luz

Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar as condições de higiene e segurança do trabalho,
considerando fatores de riscos ambientais, de acidentes e ergonômicos inseridos nas
atividades e processos do setor industrial de uma metalúrgica. Para a realização do
propósito, foram identificados os riscos existentes no ambiente através da percepção ocular e
interação com os funcionários, fazendo uso da ferramenta de análise preliminar de risco.
Como forma de mensuração dos riscos físicos, foi necessária a medição dos níveis de ruídos
nos setores mais críticos da produção, a fim de caracterizar o ambiente qualitativamente e
garantir o respaldo legal perante as normas regulamentadoras. No campo da ergonomia,
além do questionário de percepção, foram mostradas as atividades que mais impactam na
saúde do trabalhador, sendo usados os subsídios das ferramentas OWAS e NIOSH. Foi
elaborado, no local, um mapa de risco, a fim de prover informações de modo visual sobre os
riscos presentes e alertar os funcionários e demais pessoas sobre a necessidade de uso dos
equipamentos de segurança individual. Por fim, foram propostas ações de melhorias para
segurança e saúde dos colaboradores, de modo que não exigisse grandes investimentos e que
contribuísse de uma forma satisfatória.
Palavras-chave: higiene e segurança do trabalho; análise preliminar de risco; ergonomia;
mapa de risco.

Abstract
The goal of this study was to analyze the occupational hygiene and safety conditions of the
job, considering factors of environmental, accident and ergonomic risks inserted in the
activities and processes of the industrial sector of a metallurgical industry. To accomplish the
purpose, the risks in the environment were identified through eye perception and interaction
with employees, making use of the preliminary risk analysis tool. As a way of measuring
physical risks, it was necessary to measure noise levels in the most critical sectors of
production, in order to characterize the surroundings qualitatively and ensure legal backing
before regulatory standards. In the field of ergonomics, besides the perception questionnaire,
the activities that most impacted workers’ health were shown, using the OWAS and NIOSH
tools subsidies. A risk map was prepared on the spot to provide visual information about the
risks involved and to alert staff members and others about the need to use individual safety
equipment. Finally, actions were proposed to improve employees’ safety and health, so that it
did not require large investments and that it contributed in a satisfactory way.

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Key-words: hygiene and work safety; preliminary risk analysis; ergonomics; risk map.

1. Introdução

Segundo Mattos (2011), estudos em diversas áreas do conhecimento contribuem para


o entendimento das condições de trabalho e assim auxiliam na prevenção de ocorrências de
acidentes e doenças ocupacionais. Conforme Dias (2001, apud Korf et. al. 2011), a existência
de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos ou de acidentes, podem
elevar o potencial de danos em instalações industriais e à saúde do trabalhador, levando a
sérias consequências resultantes de acidentes de trabalho.

Em síntese, é papel da Higiene e Segurança do Trabalho (HST), em cooperação com


outras áreas de conhecimento tais como ergonomia, saúde ocupacional e saúde do
trabalhador, identificar os fatores de riscos que geram acidentes e doenças ocupacionais,
analisar seus efeitos na saúde do colaborador e propor medidas cabíveis de intervenção
técnica a serem implantadas no ambiente de trabalho (MATTOS, 2011).

O presente trabalho foi desenvolvido em uma empresa do ramo metalúrgico no setor


de produção de autoclaves em alumínio, pois é a área que contempla o maior número de
funcionários que estão expostos aos riscos.

A finalidade do estudo foi compreender as condições de trabalho, como são realizados


os processos de produção e realizar um mapeamento de risco no setor produtivo, para propor
melhorias e ações que contribuam para evitar que o trabalhador fique exposto a tais riscos e
tenha melhores condições de trabalho.

Para isto, foram realizadas algumas análises no ambiente de trabalho com auxílio de
um instrumento de aferição de ruídos, ferramentas de análise da postura e movimentação dos
trabalhadores e a aplicação de questionários para avaliação e interpretação das ponderações
dos colaboradores em relação às atividades exercidas.

2. Referencial bibliográfico

Este capítulo descreve os conceitos nos quais esse trabalho se baseia, sendo eles:
Segurança do Trabalho, Acidente de Trabalho, Equipamento de Proteção Individual,
Ergonomia e Gerenciamento de Riscos.

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2.1 Segurança do trabalho

A Segurança do Trabalho trata do conjunto de normas previamente analisadas


destinadas à melhoria dos ambientes de trabalho. Tem como objetivos principais evitar
acidentes dos trabalhadores, minimizar as condições de insegurança no trabalho, preparar o
trabalhador para a prevenção dos desastres ocupacionais, estabelecer melhores condições
físicas e psíquicas no trabalho e assim melhores condições de eficiência e produtividade
(DELWING, 2002).

De acordo com o Ministério do Trabalho (2017), as normas regulamentadoras (NR)


complementam o capítulo V da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), tendo como
embasamento as obrigações, direitos e deveres a serem efetuados por empregadores e
colaboradores com o intuito de garantir o ofício do trabalho seguro e saudável, prevenindo a
ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.

2.2 Acidente de trabalho

O Acidente de Trabalho (AT) pode ser considerado uma das possíveis perdas dos
ativos intangíveis de um processo de trabalho, podendo acarretar em grandes danos à saúde e
bem estar do trabalhador, cujo acontecimento pode ser causa de falhas de concepção e de
funcionamento da gestão de produção (MATTOS, 2011).

Dentro deste contexto, existem outras definições para o evento acidente de trabalho,
cuja definição a seguir tem respaldo na legislação trabalhista em vigor. A Lei de Benefícios
da Previdência Social, nº 8.213 de 21/07/1991, sobre Acidente de Trabalho, em seu artigo 19,
traz a seguinte consideração: “Aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa (...), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda,
ou redução, permanentemente ou temporária da capacidade para o trabalho”.

2.3 Equipamento de proteção individual

Segundo a Norma Regulamentadora (NR) 6, que trata de Equipamento de Proteção


Individual (EPI), define-se tais equipamentos como todo dispositivo ou produto, de uso
individual, para uso do trabalhador, que destina-se à proteção de riscos suscetíveis a
segurança e saúde no trabalho.

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De acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), pelo Art.


388, do Decreto 4032/2001, a empresa é responsável pela disponibilização e conscientização
de medidas coletivas e individuais de proteção à segurança e saúde do trabalhador sujeito aos
riscos ocupacionais pelas atividades executadas.

2.4 Ergonomia

Para a Associação Internacional de Ergonomia (2009 apud Soares et. al. 2011) há três
âmbitos de alcance da ergonomia tais como: físico, cognitivo e organizacional. O primeiro
está associado às atividades físicas do corpo humano, como os aspectos antropométricos,
anatômicos, biomecânicos e fisiológicos, estudando a postura, movimentos repetitivos,
distúrbios musculoesqueléticos, bem como a perspectiva do ambiente no qual o trabalhador
exerce suas atividades. Os agentes cognitivos estão enfatizados na capacidade da mente
humana que envolve a percepção, memória, raciocínio e resposta motora. E, por fim, os
aspectos organizacionais são pertinentes à estrutura de gerenciamento organizacional, com
embasamento em políticas e seus processos.

O item 17.1 da norma regulamentadora 17 que trata sobre ergonomia, define que o seu
objetivo é estipular padrões que visam à adequação das condições de trabalho às
características físicas e mentais dos trabalhadores, de modo a garantir a máxima segurança,
conforto e desempenho.

2.4.1 Biomecânica ocupacional

Entende-se por biomecânica ocupacional, o estudo dos movimentos realizados pelo


corpo e as forças aplicadas no decorrer da atividade laboral. Desde modo, preocupa-se com as
interações físicas do trabalhador, com o seu posto de trabalho, ferramentas, máquinas e
matérias, tendo em vista reduzir os riscos de distúrbio musculoesqueléticos (IIDA , 2005).

Segundo Dul e Weerdmesster (2004), a biomecânica é um desdobramento da


ergonomia que sugere recomendações sobre a postura e o movimento considerando a natureza
das pessoas. Sendo a biomecânica o estudo das leis físicas da mecânica corporal, podem-se
estimar as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante uma postura ou um
movimento no ambiente de trabalho. Os princípios mais relevantes da biomecânica para a
ergonomia podem ser descritos conforme o Quadro 1.

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Quadro 1 - Princípios biomecânicos para ergonomia

Fonte: Adaptado de Dul e Weerdmeester (2004)

Segundo Iida (2005) a biomecânica relacionada ao levantamento de cargas é uma


atividade que deve ser realizada com a coluna na posição vertical, fazendo uso da musculatura
das pernas para auxiliar no levantamento. A Figura 1 mostra um exemplo entre a execução
errada e correta do movimento.

Figura 1 - Levantamento manual de cargas

Fonte: Iida (2005)

Já o transporte manual de cargas é uma forma muito típica na movimentação das


atividades industriais, sendo responsável pela ocorrência de acidentes de trabalho e lesões
corporais, afetando, na maioria dos casos, a coluna vertebral. A Figura 2 exemplifica a
comparação entre procedimento a ser seguido e o errado para realizar a movimentação com as
respectivas forças resultantes exercidas sobre o dorso.

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Figura 2 - Transporte manual de cargas com as forças resultantes sobre o dorso

Fonte: Adaptado de Iida (2005)

2.4.2 Postura corporal

No estudo ergonômico, a postura corporal está relacionada ao posicionamento das


partes do corpo, como cabeça, tronco e membros. A análise dos postos de trabalho serve para
adequar a postura do trabalhador à atividade na qual se realiza diariamente, em muitos casos,
promovendo redução de fadiga, dores no corpo, afastamentos do trabalho e doenças
ocupacionais (IIDA, 2005).

A relação da postura corporal, considerada inadequada para o cumprimento das tarefas


no trabalho e seus respectivos riscos, é exemplificada no Quadro 2.

Quadro 2 - Localização das dores corporais relacionadas à postura inadequada

Fonte: Adaptado de Iida (2005)

2.4.3 Diagrama das áreas dolorosas

O diagrama das áreas dolorosas é uma ferramenta instrutiva elaborada por Corlett e
Manenica, sendo usada para entrevistar os trabalhadores para que eles possam indicar quais as
áreas do corpo que mais doem ou sofrem desgaste. Sua classificação é de acordo com o tipo
de desconforto e o grau de intensidade nas regiões pré-determinadas do corpo humano. De

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acordo com o relatório baseado nas respostas do questionário, pode-se intervir nas máquinas,
equipamentos ou postos de trabalho que apresentam maior nível de gravidade, reclamações
dos trabalhadores e que necessitem de intervenção imediata (IIDA, 2005).

A Figura 3 apresenta um esboço do diagrama das áreas dolorosas de acordo com a


região do corpo afetada, o tipo de desconforto e sua intensidade.

Figura 3 - Diagrama das áreas dolorosas

Fonte: Adaptado de Corlett, et. al. (1976)

2.4.4 Método OWAS

Guimarães e Portich (2002 apud Silva et. al. 2010), definem o método OWAS (Ovako
Working Posture Analysing System) como um programa de amostra que facilita catalogar as
várias combinações de posturas entre costas, pernas e braços levando em consideração as
forças exercidas, determinando o efeito resultante sobre o corpo e a movimentação do
trabalhador, possibilitando analisar as atividades mais prejudiciais para cada região corporal.

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Segundo o Manual WinOWAS (2009 apud Silva et. al. 2010), este método possibilita
o estudo e a avaliação da postura corporal e seu posto de trabalho, tendo uma visão ampla das
dificuldades de execução dos movimentos pelo trabalhador, podendo assim planejar e
desenvolver novas instruções de trabalho ou postos de trabalho adequados, contribuindo para
estudos ergonômicos e de saúde ocupacional.

A análise da movimentação e execução dos trabalhadores pode ser registrada por meio
fotográfico e de acordo com as combinações observadas, foram catalogadas 72 posturas
diferentes, que provem de combinações relacionadas ao dorso, braços e pernas (IIDA, 2005).

A Figura 4 retrata as posturas típicas do método OWAS.

Figura 4 - Classificação das posturas pelo método OWAS

Fonte: Iida (2005)

Para Iida (2005), as avaliações das posições são mensuradas de acordo com o padrão
de gravidade encontrada. Esses padrões avaliados são divididos em quatro classes,

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dependendo do grau de esforço físico exigido em cada atividade específica. A classificação


segue a seguinte ordem:

a) Classe 1: Não há necessidade de intervenção corretiva, tendo uma postura adequada;

b) Classe 2: Haverá necessidade de ações de melhoria, havendo movimentos levemente


prejudiciais;

c) Classe 3: Tem-se a necessidade de ações corretivas a curto prazo, com atividades que
geram desconforto ao serem executadas;

d) Classe 4: Necessidade de ações de correção imediatas, com carga física prejudicial ao


trabalhador.

2.4.5 Método NIOSH

O método NIOSH auxilia no cálculo do limite de peso recomendável (LPR) para


tarefas de levantamento de cargas tendo como objetivo a prevenção ou redução da ocorrência
de dores causadas por tais tarefas. Sua funcionalidade refere-se ao transporte de carga de um
local para o outro, utilizando-se das duas mãos (IIDA, 2005).

O limite de carga máxima aceitável é obtido através de uma equação que possui
varáveis como: manipulação assimétrica de cargas, duração da tarefa, a frequência dos
levantamentos e a qualidade da pega. As variáveis são apresentadas no Quadro 3.

Quadro 3 - Variáveis do equação de LPR do método NIOSH

Fonte: Adaptado de Iida (2005)

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A equação disponibiliza o resultado do LPR. Deste modo, o peso carregado pelo


colaborador não deve ultrapassar o LPR, para se ter uma análise mais eficiente do
levantamento de carga. O resultado é apresentado conforme a Equação 1.

LPR = 23 * (25/H) * (1-0,003/[V-75]) * (0,82+4,5/D) * (1-0,0032*A) * F * C (Eq. 1)

O modelo para o cálculo do LPR segue alguns fatores pré-estabelecidos pela Clínica
do Trabalho de Milão. As Tabelas de 1 a 5 mostram as referências adotadas.

Tabela 1 - Distância das mãos ao chão na origem do levantamento

Fonte: Adaptado de Couto (1995)

Tabela 2 - Distância vertical do peso entre a origem e o destino

Fonte: Adaptado de Couto (1995)

Tabela 3 - Distância máxima do peso ao corpo durante o levantamento

Fonte: Adaptado de Couto (1995)

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Tabela 4 - Frequência do levantamento (levantamento por minuto)

Fonte: Adaptado de Couto (1995)

Tabela 5 - Qualidade da pega da carga

Fonte: Adaptado de Couto (1995)

Obtido o LPR, e mensurada a carga real levantada, obtêm-se o Índice de


Levantamento (IL). O Quadro 4 informa as referências a respeito da interpretação dos
resultados.

Quadro 4 - Parâmetros do índice de levantamento de peso

Fonte: Adaptado de Waters et. al. (1993)

O resultado referente ao IL é obtido pela Equação 2:

IL = Massa da carga levantada ÷ LPR (Eq. 2)

2.5 Gerenciamento de risco

O gerenciamento de risco retrata o fornecimento das técnicas de engenharia, levando


em consideração aquilo que não se pode prever, do subjetivo e imponderável na ocorrência
dos acidentes, motivados através de causas naturais, falha de projetos, falta de manutenção em
equipamentos, erros de operação, falhas de gestão ou erro humano. Para obter sucesso, o
gerenciamento não deve envolver apenas engenharia, porém é necessário cada vez mais
incorporar a multidisciplinariedade, compreendendo conhecimentos de saúde, fatores
humanos, gestão tecnológica, qualidade, biologia e várias outras (PORTELA, 2014).

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Segundo Caponi (2004, apud Korf et. al. 2011), os estudos de gerenciamento de risco
fundamentam procedimentos de prevenção de acidentes, que se baseia em um estudo
minucioso de um objeto, com o desígnio de identificar perigos e avaliar os riscos associados.

De acordo com o pensamento de Reis (2006, apud Korf et. al. 2011), um plano de
análise de risco é uma ferramenta que carece ser implementada em atividades de instalações
industriais que sejam suscetíveis a acidentes ao longo de suas atividades operacionais.

2.5.1 Análise preliminar de risco

Para Portela (2014), uma técnica primária e com grande aplicabilidade quando se trata
de estudos específicos de engenharia de segurança é a Análise Preliminar de Risco (APR).
Através dela é possível identificar os riscos existentes no local de trabalho com a participação
de pessoas que possuem experiência na área, tendo como objetivo uma lista com os potenciais
perigos e planos de ação para tomadas de decisão.

A APR constitui-se de uma mensuração qualitativa, auxiliando na prevenção de riscos


durante a concepção ou desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema. Sua
requisição é de suma importância nas operações em que há desconhecimento ou carência de
informações quanto às evidências de riscos reais (LIMA, 2011).

O objetivo da análise preliminar de risco (APR) é discernir potenciais perigos


recorrentes das atividades relacionadas à produção metalúrgica que opera com máquinas e
presença de agentes nocivos à saúde do colaborador. A análise preliminar de risco poderá
auxiliar também nas normas e procedimentos de segurança interna da instalação em operação.

Para se realizar um estudo desta análise, é necessário o preenchimento de uma tabela


de APR para cada atividade do processo, as quais devem ser preenchidas seguindo alguns
critérios de classificação (AMORIM, 2010).

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A Figura 5 apresenta um modelo para uma APR.

Figura 5 - Exemplo de Análise preliminar de risco

Fonte: Amorim (2010)

Segundo Amorim (2010), os critérios que devem ser considerados na identificação e


análise de uma APR são:

a) Perigo: Identificam-se os perigos de acordo com a atividade do processo. Em geral, os


perigos são eventos acidentais que podem causar danos às instalações, aos
colaboradores e o meio ambiente;

b) Causa: Especificar-se as causas para cada perigo. Elas podem compreender tanto as
falhas de equipamentos, bem como erros humanos de operação e manutenção;

c) Modo de detecção: A detecção da ocorrência de perigo pode ser efetuada através da


instrumentação (alarmes de pressão, temperatura) e percepção humana (pelos
sentidos);

d) Efeito: Listar os possíveis efeitos prejudiciais para cada perigo identificado;

e) Categorias de frequência: Classificar cada cenário de acidente em uma categoria de


frequência, a fim de fornecer uma indicação qualitativa da frequência esperada de
ocorrência para cada cenário identificado;

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O Quadro 5 atribui à ocorrência dos cenários de acidentes de uma APR.

Quadro 5 - Categoria de frequências de ocorrências dos cenários

Fonte: Adaptado de Amorim (2010)

f) Categorias de severidade: Classifica-se a cada cenário de acidente em categoria de


severidade, a qual gera uma indicação qualitativa do grau de severidade das
consequências de cada um dos cenários identificados;

As categorias de severidade estão exemplificadas de acordo com o Quadro 6.

Quadro 6: Categoria de Severidade dos Perigos Encontrados

Fonte: Adaptado de Amorim (2010)

g) Categoria de risco: Combinam-se as categorias de frequência com as de severidade


obtendo a Matriz de Riscos, conforme a Figura 6. Na matriz, há uma indicação
qualitativa do nível de cada cenário identificado na análise. O resultado permite
visualizar os cenários de acidente de maior impacto para a segurança do processo;

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Figura 6 - Matriz de classificação de risco

Fonte: Adaptado de Amorim (2010)

h) Planos de ação: Nesta etapa, contém as medidas a serem tomadas para reduzir a
frequência ou severidade do acidente ou quaisquer observações pertinentes ao cenário
de acidente em estudo.

2.5.2 Mapa de risco

Pode-se atribuir a seguinte definição a respeito do entendimento da finalidade de um


mapa de risco, como se descreve abaixo:

É uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de


trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores. Tais fatores se
originam nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais, equipamentos,
instalações, suprimentos, e nos espaços de trabalho, onde ocorrem as
transformações) e da forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de
trabalho, método de trabalho, turnos de trabalho, postura de trabalho, treinamento
etc.) (MATTOS; FREITAS, 1994, p. 251).

O Mapa de Risco pode ser elaborado por modelos gráficos através da avaliação
qualitativa dos riscos no local de trabalho e suas respectivas intensidades, elaboradas por
círculos de diferentes formas e cores (SESI, 2008).

De acordo com SESI (2008), compreendem-se dois tipos de representação gráfica para
os riscos através de formas e cores distintas (Figura 7).

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Figura 7 – Intensidade e tipos de risco

Fonte: Adaptado de Sesi (2008)

Para Delwing (2002), os riscos ambientais dos agentes físicos, químicos e biológicos
presentes nos ambientes de trabalho produzem danos à saúde, quando ultrapassam os
respectivos índices de normalidade. Estes índices são fixados em razão da natureza,
concentração ou intensidade do agente e tempo de exposição. Porém, não se podem adotar
estes limites como condição segura ou não para se gerar alguma doença, e sim apenas como
valores de referências, pois cada um possui uma suscetibilidade individual.

De acordo com Delwing (2002), os riscos ambientais são da seguinte ordem:

a) Riscos físicos: compreende o ruído, vibração, temperaturas extremas, pressões


anormais, radiações ionizante e não ionizante.

b) Riscos químicos: englobam, entre outros, névoas, neblinas, poeiras, fumos, gases e
vapores.

c) Riscos biológicos: caracterizam-se por compreender bactérias, fungos, helmintos,


protozoários e vírus no ambiente em si.

d) Riscos ergonômicos: exemplos de riscos ergonômicos podem ser: esforço físico


excessivo, excesso de levantamento, transporte manual de pesos, postura inadequada
entre outros. Os riscos ergonômicos estão ligados também a fatores externos, como o
ambiente e a fatores internos no âmbito emocional.

e) Riscos de acidentes: acontece em função das condições de trabalho, do ambiente


físico e do processo de trabalho que podem provocar lesões a integridade física do
colaborador.

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Para os riscos físicos, Rodrigues (2011) salienta que eles possuem a capacidade de
modificar as características físicas do ambiente em que se atua e causam agressões aos
indivíduos que permanecem neste local. De modo geral, os riscos físicos se caracterizam por
necessitar de um meio de transmissão de propagação, como por exemplo, o ar, agir sobre
pessoas sem contato direto com a fonte de risco e ocasionar lesões crônicas.

No ambiente de trabalho em estudo, o ruído é um exemplo de risco físico bastante


frequente, sendo um dos principais causadores de doença do trabalho na indústria metalúrgica
e metal-mecânica (GOLDMAN, 2000).

Segundo Araújo (2007), o ruído é caracterizado como um tipo de som que provoca
danos irreparáveis com o tempo, causando lesões desde as vias auditivas até a região do
sistema nervoso central.

A Norma Regulamentadora 15 referente a Atividades e Operações Insalubres, Portaria


MTb nº 3214, de 08 de junho de 1978, define os limites de tolerância máxima dos níveis de
decibéis para ruído contínuo ou intermitente em um dia de trabalho de 8 horas (MTE, 1978),
conforme apresentado na Figura 8.

Figura 8 - Limites de tolerância para ruídos

Fonte: Guia do Trabalho (2017)

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3. Metodologia

Segundo GIL (1999, p.42 apud Silva, 2005), a pesquisa possui uma natureza prática,
através de um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico,
possuindo como objetivo central a elaboração de respostas para problemas mediante a
aplicação de procedimentos científicos.

O estudo teve por natureza realizar uma pesquisa aplicada, ou seja, gerar
conhecimentos para aplicação em um cenário real, envolvendo questões técnicas e interesses
reais. Quanto à abordagem, a pesquisa caracterizou-se primeiramente como qualitativa, pois
houve uma relação entre o ser humano e seu ambiente de trabalho, com questões técnicas e
procedimentos pré-estabelecidos por normas e leis vigentes. O trabalho foi realizado por meio
de análises e interpretações dos padrões de higiene e segurança, tendo nas atividades
realizadas os principais focos do objetivo de estudo para o gerenciamento de riscos.

Do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa comportou-se como exploratória, pois


envolveu levantamento bibliográfico e entrevistas com os trabalhadores de forma a obter
dados qualitativos. Caracterizou-se também como descritiva, pois ressaltou as características
dos programas e procedimentos de análise de riscos e acidentes, que envolveu técnicas de
coleta e análise de dados e os planos de ação.

Durante o trabalho de campo, foi aplicado aos funcionários do setor de produção, um


questionário de percepção, para uma análise ergonômica mais próxima do ambiente de
trabalho (Apêndice). Como ferramenta de análise dos esforços e movimentação biomecânica,
foi usado o software Ergolândia versão 6.0, da FBF Sistemas, que contém em seu escopo o
método OWAS e a avaliação NIOSH, onde foi possível classificar o nível de esforço nas
atividades que mais geram desconforto descrito pelos funcionários no questionário de
percepção e o peso máximo recomendável para tarefas de levantamento de cargas,
respectivamente.

Quanto aos procedimentos técnicos, tratou-se de um estudo de caso, pois abordou um


estudo mais aprofundado e detalhado em uma empresa específica.

Para o cumprimento da avaliação de ruído na pesquisa de campo, foi realizado um


monitoramento dos níveis de ruído de cada setor da produção de forma isolada, pois no
momento da aferição não havia ocorrência de trabalho ou máquina ligada simultaneamente. O

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estudo foi feito com o auxílio do aparelho Termo-Higro Decibelímetro Luxímetro Modelo
THDL-400 da Instrutherm, medidos em decibéis (dB). O instrumento estava regulado para
operar captar o nível de pressão sonora na curva de compensação “A” e na categoria de
resposta “SLOW” (baixa) de acordo com a adoção feita pelo Ministério do Trabalho e
Emprego e as normas internacionais. No setor de polimento, foi aferida à intensidade com a
curva “A” e circuito de resposta HIGH (alta), pois os níveis ultrapassaram a escala máxima do
circuito de resposta SLOW.

Devido a pesquisa ter abordado a medição da intensidade de níveis de ruído com o


trabalhador circulando em sua jornada diária de trabalho em setores diferentes e com
proporções de exposição distintas entre si, foi necessário considerar o efeito combinado para
se obter uma precisão de resultado mais apurada. De acordo com Saliba (2008), o efeito
combinado ou dose equivalente é calculado por meio da Equação 3.

(C1/ T1) + (C2/T2) + ... + (Cn/Tn) ≤ 1 (Eq. 3)

Onde,
Cn = tempo total de exposição a um nível específico.
Tn = a duração total permitida nesse nível, conforme os limites estabelecidos pela NR
15.

O resultado do efeito combinado deve ser menor que um para um laudo satisfatório.

4. Desenvolvimento

Este capítulo do trabalho compreende a parte prática do estudo de caso realizado na


empresa em questão. Foram coletados dados e realizadas análises no setor estudado em busca
de uma visão mais ampla da caracterização do setor, dos EPI’s utilizados, dos processos e a
problemática em foco.

4.1 Caracterização da Empresa

A empresa atua no segmento metalúrgico, produzindo e comercializando autoclaves


culinárias. Seu portfólio contempla as linhas comerciais de panelas industriais e panelas
residenciais atendendo o mercado interno.

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O organograma da empresa está exemplificado na Figura 9.

Figura 9 - Organograma da empresa

Fonte: Autoria própria (2017)

O diretor executivo junto com seus associados forma a alta direção empresarial, tendo
como função todo o gerenciamento e planejamento estratégico corporativo e as tomadas de
decisões que norteiam o rumo da organização.

No Quadro 7 é mostrado um resumo dos cargos dos funcionários relacionados às suas


atividades dentro da empresa.

Quadro 7 - Matriz de cargos e responsabilidades

Fonte: Autoria própria (2017)

4.2 Descrição do processo produtivo

O processo de produção é todo realizado nas instalações da fábrica. O método adotado


para o planejamento e controle da produção é o Just in time (JIT), ou seja, a produção inicia-
se a partir de um pedido. Porém, alguns produtos com o histórico de demanda constante
possuem um estoque de segurança.

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A Figura 10 apresenta esquematicamente o sequenciamento de processos para a


produção de uma panela industrial.

Figura 10 - Processo produtivo de uma panela industrial

Fonte: Autoria própria (2017)

O processo inicia-se com a retirada da matéria-prima do estoque (chapa de alumínio).


Para cada peça do kit do produto, ou seja, a base, a tampa, a peça da intermediária, o prato da
base e o prato da intermediária, tem-se uma medida diferente do diâmetro e espessura da
chapa de alumínio, entretanto as formas de produção seguem o mesmo roteiro. A Figura 11
retrata o a árvore do produto manufaturado.

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Figura 11 - Árvore do produto

Fonte: Autoria própria (2017)

Posteriormente, o encarregado pela produção introduz a chapa na matriz do torno


de repuxo para dar forma às partes da panela. O repuxo pode ser compreendido como um
processo pelo qual uma chapa de metal adquire uma forma oca e volumétrica definida pelo
tamanho da matriz em uso.

Finalizado o repuxo da chapa, a peça segue para o setor de polimento a fim de


uniformizar a textura do material e corrigir imperfeições deixadas pelas ferramentas em
contato com o utensílio. Depois da etapa de polimento, a peça em alumínio segue para o
lixamento na parte externa e na parte interna, também para corrigir riscos e imperfeições no
material. Em seguida, a peça é polida novamente em um período de tempo menor em relação
ao primeiro polimento, para dar um acabamento melhor ao produto retirando o excesso de
sebo deixado no lixamento e realçando o brilho.

A próxima etapa consiste na máquina de furo e rebite, no qual é necessário para


fixação das alças nas peças que compõem as panelas. Para as panelas industriais, o core
business da empresa, as alças são metálicas, porém em panelas residenciais usa-se a alça
baquelite. Os pratos não passam pela máquina de rebite.

A peça da intermediária e o prato intermediário seguem as mesmas etapas de


produção, entretanto é necessário que se faça furos sincronizados na chapa de alumínio antes
de se iniciar o repuxo no torno, para facilitar a passagem do vapor entre a base e a tampa da
panela, o que faz aperfeiçoar e potencializar o cozimento a vapor dos alimentos. O processo
descrito é realizado na máquina de furo que foi projetada artesanalmente para esta atividade
(Figura 12).

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Figura 12 - Máquina de furo das chapas

Fonte: Empresa concedente (2017)

A Figura 13 apresenta o produto manufaturado.

Figura 13 - Kit de uma panela industrial (esq.) e kit segmentado por peças (dir.)

Fonte: Empresa concedente (2017)

4.2.1 Layout do fluxo do processo produtivo

O fluxo do processo produtivo, mapeado na Figura 14, mostra por onde percorre a
matéria-prima, desde seu início até o produto acabado, através das setas pontilhadas,
enumerado de 1 a 8 etapas.

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Figura 14 - Fluxo do processo produtivo para fabricação de uma base/tampa do kit industrial

Fonte: Autoria própria (2017)

Todo o mix de produtos segue o mesmo sequenciamento de atividades, conforme


ilustrado na Figura 15.

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Figura 15 - Sequenciamento das etapas do processo de produção de uma base da panela do kit industrial

Fonte: Empresa concedente (2017)

4.3 Identificação dos riscos

Através de um acompanhamento diário das atividades da empresa, foi possível realizar


um levantamento das exigências e situações as quais os funcionários estavam submetidos no
trabalho. O estudo fez um levantamento nos setores que proporcionaram maiores riscos aos
trabalhadores.

Em relação à segurança dos funcionários, a empresa oferece o equipamento de


proteção individual para a realização das atividades, entretanto não há um responsável pela
averiguação do uso correto do EPI devido ao número muito reduzido de colaboradores na
empresa e também pela falta de cultura da organização. No Quadro 8 é apresentada a relação
do EPI que deve ser utilizado pelos funcionários, de acordo com o setor.

Quadro 8 - EPI's fornecidos aos funcionários

Fonte: Autoria própria (2017)

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4.3.1 Setor de estoque de matéria-prima

O setor de estoque das chapas de alumínio possui duas estantes para armazenamento
das chapas. Entretanto, a colocação e retirada dos discos se torna um trabalho bastante árduo
devido ao tamanho das chapas e o seu peso, sendo uma atividade manual, que pode acarretar
em risco ergonômico devido aos esforços biomecânicos, tendo que se a baixar ou se esticar
para alcançar a base para alocação e retirada da matéria-prima e risco mecânico, pois é um
material que pode cortar e esmagar membros, caso não manuseado com cuidado e protegido
pelo equipamento de proteção individual.

A Figura 16 mostra o setor de estoque das chapas de alumínio.

Figura 16 - Estoque das chapas de alumínio

Fonte: Empresa concedente (2017)

4.3.2 Setor de furo das chapas de alumínio

No setor de furo das chapas, o colaborador está exposto ao risco ergonômico elevado
devido às repetições de movimento para realizar a operação. Tais repetições podem provocar
lesões por esforço repetitivo (LER), causando desconforto e perda de rendimento. O ruído
gerado pelos setores de polimento e lixamento pode contribuir para a presença de riscos
físicos.

4.3.3 Setor de repuxo

O setor de repuxo possui três tornos mecânicos, porém como há um número reduzido
de funcionários, apenas um torno é utilizado por vez, podendo variar de torno dependendo da
peça a ser produzida.

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No processo de modelagem da peça são gerados resíduos metálicos que podem


provocar cortes ou perfurações na pele (Figura 17). No ajuste do torno, também é necessário
um grande esforço físico e torção do dorso para o ajuste das matrizes ao torno, bem como
toda a operação de trabalhar com o alumínio, o que acarreta em uma exposição a distensões
musculares e fadiga, sendo um ambiente propício a risco ergonômico.

Figura 17 - Setor de repuxo (esq.) e retalhos de alumínio (dir.)

Fonte: Empresa concedente (2017)

O ruído excessivo proveniente desta etapa do processo também gera risco físico ao
trabalhador.

4.3.4 Setor de polimento

O setor de polimento (Figura 18) conta com duas politrizes, sendo que somente uma
foi usada durante o período em estudo. Nele foram identificados os riscos físicos, devido ao
elevado ruído gerados pelo funcionamento da máquina em contato com o utensílio de
alumínio; o risco químico grande, pela poeira suspensa no ar que podem causar doenças
respiratórias e o risco ergonômico, devido à má postura decorrente do posto de trabalho
inadequado.

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Figura 18 - Setor de polimento

Fonte: Empresa concedente (2017)

4.3.5 Setor de lixamento

O setor de lixamento é caracterizado pela presença de riscos físicos e químicos, devido


às atividades provenientes do processo. Além disto, também há riscos de acidentes perante o
funcionamento do motor que rotaciona as matrizes no momento da operação.

4.3.6 Setor de rebite

No setor de rebite, foi evidenciada a presença de riscos mecânicos e ergonômicos,


devido ao manuseio das rebitadeiras, onde se executa as etapas de furo e rebite.

5. Resultados

Esta etapa descreve os aspectos de atendimento as normas regulamentadoras, as


análises dos riscos ergonômicos e físicos suscetíveis aos funcionários, as análises preliminares
de risco e a elaboração do mapa de risco do setor de produção com propostas de melhorias.

5.1 Análise ergonômica

A análise ergonômica foi iniciada com o questionário de percepção, em que os


funcionários puderam responder de forma objetiva e simplificada, as atividades que realizam
durante a jornada de trabalho, o tempo aproximado de cada atividade e a posição como
executam tais atividades.

Também foi abordado se os funcionários realizam pausas durante o período de


trabalho e o tempo médio dessas interrupções. Ao final do questionário, obteve-se o

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mapeamento das regiões do corpo que mais são afetadas durante a execução das atividades, o
tipo de desconforto sentido e a intensidade sobre a região afetada.

No Quadro 9 é apresentado um resumo do questionário, no qual foi levado em


consideração as duas atividades principais que geram desconforto na sequência estipulada de
acordo com o grau de intensidade.

Quadro 9 - Síntese do questionário de percepção das dores corporais

Fonte: Autoria própria (2017)

5.1.2 Método OWAS

• Troca de matrizes

Quanto ao supervisor de produção, a primeira atividade analisada foi à troca de


matrizes (Figura 19), relatada como a principal causa das dores na coluna baixa, braços e
ombros. Apesar de o funcionário fazer uso de um guincho para auxiliar no transporte das
matrizes, a dificuldade encontrada é no momento de encaixe, pois o tamanho e peso das
matrizes acabam forçando o funcionário a ficar em uma má posição para ajeitá-las, o que
acarreta nas dores e o desgaste físico. No momento da atividade de troca das matrizes, a
postura do tronco fica inclinada, com grande movimentação dos braços e de pé com ambas as
pernas esticadas. A categoria de ação a ser tomada é que são necessárias correções tão logo
quanto possível.

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Figura 19 - Movimentação da troca de matriz analisada pelo método OWAS

Fonte: Autoria própria (2017)

• Repuxo nos tornos

Já a segunda atividade abordada foi o repuxo das peças de alumínio no torno,


responsável pelas dores na coluna baixa, pernas e ombros. Para a realização da tarefa (Figura
20), que ocorre após a colocação da matriz no torno, o funcionário mantém a postura do
tronco inclinada e torcida, com os braços abaixo da linha dos ombros, e as pernas esticadas ou
flexionadas dependendo do movimento. A atividade em si requer bastante movimentação e os
braços e ombros são muito exigidos para controlar a força aplicada na peça a ser modelada. A

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categoria de ação de análise do software alertou que serão necessárias correções em um futuro
próximo.

Figura 20 - Operação de repuxo analisada pelo método OWAS

Fonte: Autoria própria (2017)

• Atividade de Furo das Chapas

De acordo com a opinião do auxiliar de produção, a atividade que mais causa


desconforto e dores nos ombros e no pescoço, é o furo das chapas de alumínio. O movimento
é realizado de forma ereta, com um dos braços acima do nível dos ombros e o outro
segurando a chapa a ser furada, sendo de forma parada com ambas as pernas esticadas. O
resultado da avaliação pelo método OWAS ressaltou que não será necessária intervenção
ergonômica, entretanto, com a percepção da maneira de como é realizado o movimento e a
quantidade excessiva de repetições (podendo alcançar até 500 furos em uma única chapa,
aproximadamente), tem-se a probabilidade de ocorrer uma lesão por esforço repetitivo,

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principalmente nas articulações dos ombros e cotovelos. A Figura 21 ilustra a atividade


analisada.

Figura 21 - Atividade de furo das chapas analisada pelo método OWAS

Fonte: Autoria própria (2017)

• Transporte e armazenamento manuais

Em relação ao transporte manual e o armazenamento das chapas, é demandada um


esforço que afeta a coluna alta, braços e pernas muito grande para cumprir com tais tarefas,
sendo realizadas as atividades forma inclinada, andando e movimentando as chapas, com os
dois braços abaixo do nível dos ombros, e as pernas esticadas, em determinada operação,
ultrapassando a carga dos 20 quilogramas. A avaliação qualitativa do método OWAS é que

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serão necessárias intervenções em um futuro próximo. A atividade é demonstrada na Figura


22.

Figura 22 - Atividade de transporte manual e armazenamento das chapas analisada pelo método OWAS

Fonte: Autoria própria (2017)

É possível observar que o auxiliar de produção faz uma movimentação de inclinar o


dorso para pegar as chapas que estão armazenadas no pallet. Esta curvatura é prejudicial para
a saúde, podendo gerar lesões na coluna, devido à força gravitacional resultante que age sobre
o dorso, esquematizada com o diagrama de flechas.

O Quadro 10 apresenta os resultados de acordo com as classificações do método


OWAS.

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Quadro 10 - Resultado do método OWAS

Fonte: Autoria própria (2017)

5.1.3 Método NIOSH

Para completar a análise referente aos esforços biomecânicos, foi realizada também
uma avaliação pelo método NIOSH. As chapas que chegam pela transportadora são
armazenadas e retiradas dos pallets de madeira na expedição a uma distância de 13 cm do
chão e transportado para o estoque, em que a base superior da prateleira está a 125 cm de
altura do chão. A quantidade total de chapa transportada, no dia analisado, foi de 30 unidades,
possuindo 650 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura, com um peso de 2,150 quilogramas.
A frequência foi de 3 levantamentos por minuto com 10 unidades para transportar as chapas
na prateleira. A distância do peso em relação ao corpo durante o levantamento é de 40 cm,
aproximadamente, e a distância vertical considerada da retirada da chapa do pallet até a
estocagem na prateleira é de 112 cm. A qualidade da pega foi classificada como ruim pela
opinião do colaborador, devido ao tamanho do material e risco de cortes.

Assim, foi possível realizar os cálculos do limite de peso recomendado e o índice de


levantamento. O resultado é mostrado na Figura 23.

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Figura 23 - Resultado do LPR e do IL para a atividade de transporte e armazenamento de chapas

Fonte: Autoria própria (2017)

Deste modo, o resultado encontrado do IL maior que 2 evidenciou que há risco de o


colaborador vir a ter alguma lesão na coluna de forma considerável, pois o peso real levantado
é superior ao resultado do limite de peso recomendável nestas circunstâncias.

5.2 Análise de ruído

A coleta dos dados ocorreu no período matutino. Foram aferidos os níveis de


intensidade sonora para três produtos diferentes para averiguar se há variabilidade entre eles,
com tempos de produção distintos. No início do período foi aferido a intensidade sonora do
ambiente, ao centro do chão de fábrica, sem ocorrência de atividade, obtendo-se uma variação
de 52,6 dB a 65,7 dB.

A Tabela 6 mostra o resultado das aferições dos produtos em análise do setor de


repuxo próximo ao torno com uma amostra de três produtos diferentes.

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Tabela 6 - Níveis de ruído do setor de repuxo

Fonte: Autoria própria (2017)

O setor de repuxo apresentou um nível médio de 84,2 dB com um tempo total de


exposição ao ruído de 57 minutos e 10 segundos, estando abaixo do índice estipulado pela NR
15 para uma exposição diária de 8 horas de trabalho.

A Tabela 7 apresenta o resultado das aferições no setor de polimento medido próximo


à politriz.

Tabela 7 - Níveis de ruído do setor de polimento

Fonte: Autoria própria (2017)

No setor de polimento foi aferido uma média de intensidade sonora de 105,2 dB com
um tempo de exposição de 15 minutos e 25 segundos, estando abaixo do limite máximo
permitido pela legislação de 30 minutos para a faixa de 105 dB. Ficou evidente a necessidade
do uso do equipamento de proteção individual para atenuar o ruído, sendo que no momento da
aferição, o funcionário usou corretamente o protetor auricular tipo concha. Apesar de as
medições mostrarem que o trabalhador opera dentro das normas estipuladas, há risco físico
que foi mapeado para alertar sobre o uso do EPI a qualquer pessoa que ingressar no local no
momento de produção.

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A Tabela 8 informa o resultado das aferições no setor de lixamento, próximo à


máquina de lixar.

Tabela 8 - Níveis de ruído do setor de lixamento

Fonte: Autoria própria (2017)

As medições apresentaram que o nível médio de intensidade sonora no setor de


lixamento para a amostra coletada foi de 78,7 dB, totalizando 28 minutos e 45 segundos de
exposição ao ruído, estando de acordo com a norma vigente.

Os tempos de exposição apresentados nos diferentes setores podem sofrer variação


devido a fatores como cansaço físico do operador, qualidade da matéria-prima, estado de
manutenção de máquinas e ferramentas, entre outros.

Na avaliação, houve mais de um período de exposição a ruídos de diferentes níveis,


sendo necessário considerar seus efeitos de forma combinada, onde para o cálculo foi usada à
equação 4, conforme os níveis estipulados pela NR15 (Tabela 9).

Tabela 9 - Efeito combinado da exposição dos ruídos

Fonte: Autoria própria (2017)

(Eq.4)

O resultado da dose de ruído foi de 0,7, medida inferior ao limite máximo estipulado
de um (1). A análise da dose de ruído ao qual o funcionário foi submetido no período da
aferição mostra que não há insalubridade por meio de riscos físicos gerados pelo ruído, e

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ressalta as análises feitas individualmente de cada setor. Entretanto, isso não significa que o
funcionário não deva utilizar o protetor auricular, pelo contrário, foram detectados picos
máximos de ruído que podem provocar danos ao organismo com o passar do tempo,
evidenciando assim, um ambiente de trabalho capaz de gerar risco físico pelo ruído através
das atividades desempenhadas.

5.3 Análise preliminar de risco

Com a identificação dos riscos ambientais, tornou-se necessário uma avaliação mais
qualitativa dos tipos de riscos existentes. Para isto, foi usada a técnica da análise preliminar de
risco.

Na avaliação, foram considerados os perigos eminentes para se desenvolver a prática


do trabalho, as prováveis causas desses perigos e suas consequências ou efeitos para o
trabalhador. Após esta etapa, foi necessária uma avaliação qualitativa dos riscos segmentada
pelas categorias de Frequência, Severidade e Risco. Para complementar, traçaram-se planos
de ação para os perigos abordados como estratégia de prevenção e a nomeação de um
responsável legal pela averiguação de tais medidas. Por fim, abordaram-se os equipamentos
de proteção individual que são indispensáveis para a segurança do colaborador, os
equipamentos e ferramentas utilizadas para realização das atividades no posto de trabalho e as
normas regulamentadoras que regem as leis às quais a empresa deve cumprir.

Os Quadros de 11 a 16 apresentam as análises preliminares de risco realizada nos


setores de estoque de matéria-prima, repuxo, chapas, polimento, lixamento e rebite,
respectivamente.

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Quadro 11 - APR do setor de estoque de matéria-prima

Fonte: Autoria própria (2017)

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Quadro 12 - APR do setor de repuxo

Fonte: Autoria própria (2017)

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Quadro 13 - APR do setor de furo das chapas

Fonte: Autoria própria (2017)

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Quadro 14 - APR do setor de polimento

Fonte: Autoria própria (2017)

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Quadro 15 - APR do setor de lixamento

Fonte: Autoria própria (2017)

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Quadro 16 - APR do setor de rebite

Fonte: Autoria própria (2017)

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5.4 Propostas dos planos de ação

Como medida de segurança e uso obrigatório por lei, para se evitar a ocorrência de
doenças ocupacionais e lesões corporais, o uso dos EPI’s é fundamental para a segurança do
colaborador. Assim, é sugerida a criação de uma ficha técnica de controle de EPI para fins de
comprovação e controle, assinada pelo colaborador diariamente antes do início da jornada de
trabalho. Deste modo, facilitará a supervisão do uso efetivo e também o controle de estoque
de EPI.

Outra medida paliativa seria o incentivo à prática ao programa de qualidade de vida no


trabalho (QVT), que entre as diretrizes há a saúde física e dessa forma indica-se realizar
alongamentos e pausas curtas para o descanso e evitar o acúmulo de fadiga, renovando a
capacidade física e mental do colaborador durante a jornada de trabalho.

No caso específico da demanda de esforço físico pelo transporte manual de cargas,


recomenda-se o uso de um carrinho de mão com regulagem de altura para transporte das
chapas de alumínio de acordo com a Figura 24.

Figura 24 - Carrinho para auxílio no transporte manual de chapas de alumínio

Fonte: Anhanguera Ferramentas (2017)

Conforme simulado na Figura 25, recomenda-se a altura da pega em 75 cm, o


deslocamento vertical seria cerca de 50 cm, evitar rotacionar o tronco com a carga e adequar a
quantidade de chapas a serem posicionadas nas prateleiras de no máximo 5 por vez
(aproximadamente 10,750 kg). Dessa forma o IL seria próximo a 1, conforme o limite de peso
recomendado (LPR).

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Figura 25 - Resultado do LPR e do IL como sugestão de melhoria das atividades de transporte manual e
armazenamento das chapas

Fonte: Autoria própria (2017)

Em relação aos riscos de acidentes, eles ocorrem muitas vezes pela falta de
manutenção das máquinas ou ausência de sistemas de proteção eficientes para evitá-los. Deste
modo, indica-se que se faça um plano de manutenção das máquinas e matrizes, bem como
haja uma orientação no manuseio das mesmas, com treinamentos e supervisão, necessária
principalmente para os novos colaboradores.

5.5 Mapa de risco

Após acompanhar, descrever e analisar o processo produtivo foi possível identificar os


riscos ocupacionais presentes no chão de fábrica e realizar o mapa de risco do setor produtivo
da empresa.

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No Quadro 17 são apresentados os tipos de riscos ambientais existentes por cada setor.

Quadro 17 - Tipos de riscos por setor

Fonte: Autoria própria (2017)

O resultado do mapeamento é mostrado na Figura 26. Os números exibidos dentro de


cada círculo representa a quantidade de trabalhadores que estão expostos aos riscos nos
respectivos setores.

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Figura 26 - Mapa de risco

Fonte: Autoria própria (2017)

6. Considerações finais

O trabalho realizado caracterizou o ambiente laboral com o levantamento e o


mapeamento de risco dos setores, contribuiu com as análises preliminares de riscos e também
as avaliações específicas de análise de ruído e ergonômica que afetam não só a saúde como o
rendimento funcional do trabalhador. Foram esclarecidas também questões a respeito das
condições de higiene e segurança no trabalho, das normas vigentes e a adoção de novas
práticas para a execução das atividades que foram consideradas de maior risco.

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As dificuldades encontradas para uma análise mais precisa dos riscos ergonômicos,
foram quanto à mensuração das forças aplicadas nas atividades estudadas, devido ausência de
um dinamômetro, instrumento próprio para a medição. Já em relação aos riscos ambientais,
também foi levantada a presença de riscos químicos, especialmente a grande quantidade de
poeira gerada nos processos de polimento e lixamento, porém não se concretizou a medição
de tais níveis devido à falta de equipamento adequado.

Como proposta, espera-se que a empresa adote os planos de ações elencados nas
avaliações das análises preliminares de risco e que mantenha a orientação correta para o uso
contínuo dos equipamentos de proteção individual, pois, em certos momentos, o uso deles
ainda é deixado de lado. Contudo, para se adotar novas práticas e ações é de suma
importância que todos na organização trabalhem para um ambiente mais seguro e produtivo.

Referências

AMORIM, E. Análise Preliminar de Risco. Apostila de Ferramentas de Análise de Risco. UFAL, Maceió,
2010. Disponível em <
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:keMNdRG26roJ:www.ctec.ufal.br/professor/elca/Apost
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