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Análise dos riscos ambientais em uma oficina têxtil no interior do Rio

Grande do Norte

Andressa Germana de Souza1 e Valéria Gomes Álvares Pereira1*.

1Faculdade Estácio do Rio Grande do Norte, Pós Graduação em Engenharia de


Segurança do Trabalho, Coordenação de Pós Graduação, Natal RN.
*valeriagapereira@gmail.com

RESUMO
A indústria têxtil vem crescendo desde o tempo da revolução industrial e o número de
mão de obras tem aumentado, devido à necessidade de manusear as máquinas. Este
estudo objetivou analisar os riscos ambientais presente em uma oficina têxtil, setor de
costura, no interior do Rio Grande do Norte, e propor uma reflexão-melhoria para os
trabalhadores. Para realização do estudo foi utilizado como instrumento de coleta um
questionário, onde os colaboradores foram convidados a participarem, totalizando 21
pessoas, a maioria 80% na categoria de operador de máquina (costureiros). Os
funcionários relataram sobre os riscos que estavam expostos sendo foi ruído (81,1%),
Calor (71,6%), Má postura (62,1%) e Iluminação Inadequada (57,4%), além de falar
sobre as melhorias que o ambiente de trabalho precisa para um local confortável,
diminuindo e/ou eliminando os riscos para a segurança e saúde do trabalhador. Além
disso, também foi abordado que a saúde de alguns trabalhadores já está sendo
comprometidos, devido alguns sintomas que sentem, enquanto exercem suas atividades
laborais, o estresse (81,2%), dor na coluna (81,2%) e dor nas pernas (62,1%). Portanto,
são necessárias medidas corretivas e preventivas para melhorar as condições ambientais,
sendo um local mais seguro e saudável para os colaboradores.

ABSTRACT
The textile industry has been growing since the time of the industrial revolution and the
number of laborers has increased due to the need to handle the machines. This study
aimed to analyze the environmental risks present in a textile workshop, sewing sector,
in the interior of Rio Grande do Norte, and propose a reflection-improvement for
workers. To carry out the study, a questionnaire was used as a collection tool, where the
employees were invited to participate, totaling 21 people, most of them 80% in the
category of machine operator (dressmakers). The employees reported on the risks they
were exposed to, being noise (81.1%), Heat (71.6%), Poor posture (62.1%) and
Inadequate Lighting (57.4%). improvements that the work environment needs to a
comfortable location, decreasing and / or eliminating risks to worker safety and health.
In addition, it was also approached that the health of some workers is already being
compromised, due to some symptoms that they feel, while working, stress (81.2%), pain
in the spine (81.2%) and pain in the legs (62.1%). Therefore, corrective and preventive
measures are necessary to improve environmental conditions, being a safer and healthier
place for employees.

Palavras-chave: Indústria têxtil; Riscos Ambientais; Trabalho.


1.0 INTRODUÇÃO

O trabalho faz parte da vida das pessoas, sendo indispensável, levando em


consideração que a maioria dos colaboradores passa oito horas em seu ambiente laboral,
seja em um escritório, fábrica, plantação, etc. Sendo assim, esse local deve ter condições
boas, confortáveis e seguro, porém, muitos trabalhadores não tem um ambiente de
trabalho assim e estão expostos a vários riscos para a saúde, comprometendo seu bem
estar, tais como: ruídos, vibrações, temperaturas elevadas, etc (BUREAU
INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2009).
As fontes de perigo no ambiente de trabalho podem ser vulneráveis para o
empregado deixando-o insatisfeito, cansado e doente, causando até a morte desse
individuo (QUEIROZ, MTA, 2017; QUEIROZ, CA, 2017; QUEIROZ, FA, 2017).
Esses fatores de riscos são classificados como: físicos, químicos e biológicos, podem
está presente em ambientes de trabalho, causando danos à saúde do colaborador em
função da natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição (BRASIL, 2018).
Além desses três riscos há também os ergonômicos e de acidentes.
A indústria têxtil surgiu a partir do processo de industrialização, esse setor de
produção evoluiu ao longo do tempo necessitando de mão-de-obra para manusear os
maquinários, com o objetivo de aumentar a quantidade de produção, mantendo-se
competitivo no mercado, os empresários investem na modernização de seus
equipamentos e máquinas (BARCELOS; ATAÍDE, 2014).
O autor ainda fala que as etapas de produção da indústria têxtil são
diversificadas, tais como: corte, costura, lavanderia, passadoria, acabamento,
embalagem, entre outros, esses setores geram interesse na população que precisa de um
serviço remunerado. Essa linha de produção no mercado vem crescendo
consideravelmente, mas é pouco explorado nas pesquisas cientificas em relação a
segurança e saúde do trabalhador, incluindo seu ambiente de trabalho, condições
adequadas para não comprometer a qualidade de vida do colaborador.
Devido esse contexto, essa pesquisa tem o objetivo de analisar os riscos
ambientais presentes no setor de costura de uma oficina têxtil, identificando a
problemática que atinge os trabalhadores e sugerindo medidas mitigadoras que melhore
o ambiente e a saúde do trabalhador.
2.0 REFERENCIAL TEÓRICO

O trabalho representa para o ser humano uma atividade que resulta em um


conjunto de esforços, seja ele físico, intelectual, social, psicológico entre outros
(LONGHI; SANTOS, 2016). A integridade física de qualquer colaborador deve ser
resguardada enquanto está exercendo suas atividades laborais, pois esses esforços,
braçais ou intelectuais, resultam em mudanças sobre a saúde do trabalhador (GUÉRIN
et al, 2001).
A indústria têxtil se desenvolveu desde a Revolução Industrial, em meados do
século XVIII, fundamentada em dois pilares – a crescente evolução das máquinas e a
mão de obra mais barata e abundante (LONGHI; SANTOS, 2016). Nessa época, eram
precárias as condições de trabalho e consequentemente a saúde do colaborador estava
comprometida. No decorrer dos anos a preocupação com a classe do trabalhador foi
ganhando espaço e algumas leis e decretos foram criados para melhorar as condições
ambientais, a segurança e saúde dos trabalhadores.
A legislação brasileira considera acidente do trabalho os eventos ocorridos
durante a execução das atividades laborais, que causam lesão corporal, perturbação
funcional, morte e perda ou redução da capacidade de trabalho. Sob o ponto de vista de
especialistas em segurança as deficiências e irregularidades técnicas existentes no
ambiente de trabalho, que constituem risco à integridade física e à saúde do trabalhador,
como também os materiais, equipamentos, da empresa, proporciona um ambiente com
maior probabilidade para acontecerem os acidentes (SAVAREGO; LIMA, 2013).
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estabelece várias técnicas de
segurança e saúde para o trabalhador através das Normas Regulamentadoras (NR´s),
nesse estudo será destacado a NR – 9, que estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implantação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), tendo como
finalidade a preservação da saúde e integridade dos empregados por meio da
antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientes presentes em
locais de trabalho. Os riscos são classificados como físicos, químicos e biológicos.
Além destes, há os riscos ergonômicos e os de acidentes (BRASIL, 2018).
Os fatores de riscos existentes durante as atividades laborais e no próprio local
de trabalho podem comprometer a segurança, saúde das pessoas e a produtividade da
empresa (SESI, 2003). Segundo Oliveira (2013) esses riscos podem varias em função
de sua natureza, concentração, intensidade, tempo de exposição, tais como:
Riscos Físicos: são considerados riscos físicos – ruídos, calor, vibrações,
pressões anormais, radiações e umidade.
Riscos Químicos: encontram-se na forma sólida, líquida e gasosa e
classificam-se em: poeiras, fumos, névoas, gases, vapores, neblinas,
substâncias compostas e produtos químicos em geral.
Riscos Biológicos: são considerados os vírus, bactérias, parasitas,
protozoários, fungos e bacilos.
Riscos Ergonômicos: são considerados os esforços físicos, levantamento de
peso, má postura, controle da produtividade, situações estressantes, trabalhos
em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e
repetitividade.
Riscos de Acidentes: consideram-se riscos causadores de acidentes: arranjo
físico deficiente, máquinas e equipamentos desprotegidos, ferramentas
inadequadas ou defeituosas, eletricidade, incêndio ou explosão, animais
peçonhentos e armazenamento inadequado (OLIVEIRA, 2013, p. 32-44).

O setor de costura trabalha com máquinas e equipamentos que pode representar


riscos de acidentes para os trabalhadores. Conforme Amaden-Crawford (2014) as
máquinas de costura utilizam uma agulha e um gancho giratório para entrelaçar linhas
em cima e em baixo de uma peça de tecido para produzir um ponto. O autor ainda fala
que as máquinas industriais são mais projetadas para uso prolongado e contínuo a uma
alta velocidade, diferentes das máquinas domésticas, que são utilizadas para reparos,
construção de roupas, acolchoados e artesanato, tendo uma velocidade bem menor,
gerando varias funções (AMADEN-CRAWFORD, 2014).
Os riscos existentes em um ambiente de trabalho devem ser analisados para
identificar os problemas e procurar medidas mitigadoras. Os objetivos dessa análise de
risco devem seguir procedimentos que ajudam a diminuir e/ou eliminar danos maiores
para o empregado e empregador, como estudar toda a sequência da atividade que o
funcionário executará; desmembrar a atividade em quantas etapas forem necessárias,
estudá-la e conhecer os riscos para cada uma delas; antecipar e reconhecer de maneira
clara os riscos potenciais que essa atividade contemplará; em alinhamento com a NR-9,
antecipar e reconhecer os riscos para poder eliminá-los, se possível, ou neutralizá-los;
avaliar os riscos e reduzi-los ao ponto de serem eliminados sempre que possível;
implementar a maneira correta para execução de cada etapa do trabalho com segurança
e buscar oportunidade de melhorias; após estudar e entender a tarefa, propor, junto ao
operacional, procedimentos para executá-la de modo seguro.
3.0 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva e quantitativa, e para a


coleta de dados foi aplicado um questionário como instrumento de apoio para a
construção dos resultados e posteriormente fazer as devidas discussões sobre os riscos
ambientais presentes. O local estudado foi uma oficina têxtil, setor de costura, que
funciona desde julho de 2011, com parceria da prefeitura do Município onde fica
localizada a empresa.
O quadro de funcionários consta de 22 pessoas contando com o administrador,
que é o próprio dono da oficina. Os cargos estão divididos nas funções de operador de
máquinas, revisador, pranchador e mecânico. A pesquisa foi feito no mês de julho de
2018. Vale salientar que durante a aplicação do questionário (Apêndice B) algumas
observações foram feitas, como por exemplo, as condições ambientais, sinalização,
organização, entre outros. Para tabulação dos dados foram utilizados os instrumentos
computacionais, que serviu como apoio para fazer a estatística simples, identificando os
dados através de gráficos e tabelas.

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os funcionários entrevistados forma 21, sendo 57% mulheres e 43% homens,


distribuídos nas funções de operador de máquinas, revisador, pranchador e mecânico.
Os mesmos trabalham 8 horas diariamente, de segunda a sexta feira, com chega às 7:00
da manhã e 11:00 horas, pausa para almoço, voltando as atividades as 13:00 até as
17:00 horas. Todos os colaboradores são assalariados, conforme a legislação trabalhista,
tendo seus deveres e direitos no ambiente de trabalho.
Após a aplicação do questionário com os trabalhadores, foi notificado que todos
tem conhecimento sobre segurança do trabalho e saúde, além de usarem os EPI´s que
são máscaras, sapato fechado e protetor auricular. Conforme o gráfico 1, 43% utilizam
todos os EPI´s. Esse resultado é devido à função que exercem, alguns trabalhadores
falaram que usam máscaras devido à poeira que alguns tecidos soltam e poeira do chão
quando estão fazendo a limpeza.
Gráfico 1 – Distribuição dos entrevistados por porcentagem, segundo o uso de
Equipamentos de Proteção Individual.

Máscara, Protetor Auricular e Sapato Fechado


Protetor Auricular e Sapato Fechado

43%

57%

Conforme a NR-6 da Portaria 3.214, de 08/06/1978, é responsabilidade de o


empregador fornecer EPI gratuitamente para os funcionários em perfeito estado de
conservação e funcionamento e é responsabilidade do colaborador conservar e usar
corretamente o equipamento, avisando também quando apresentar algum defeito.
De acordo com a Norma Regulamentadora 6 (NR-6) da Portaria 3.214, de
8/06/1978, cabe ao empregador fornecer EPI gratuitamente ao empregado em perfeito
estado de conservação e funcionamento e cabe ao trabalhador conservar e usar
adequadamente o equipamento, e avisar quando apresentar algum defeito. É importante
que todos contribuam para uma proteção e cuidado a saúde do trabalhador.
Outro ponto analisado nessa pesquisa que gerou resultados significativos foi
sobre a exposição dos riscos que os funcionários falaram, entre eles estão o ruído, calor,
má postura, jornada de trabalho excessiva e iluminação inadequada. De acordo com a
tabela 1, o risco que mais parece é o ruído.
Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados por número e porcentagem sobre os riscos
presentes no ambiente de trabalho.
Risco Nº %
- Calor 1 4,8
- Ruído 1 4,8
- Má postura 1 4,8
- Ruído e Calor 2 9,5
- Ruído e Má postura 2 9,5
- Iluminação Inadequada e Calor 1 4,8
- Ruído, Calor e Má postura 3 14,3
- Ruído, Calor e Iluminação Inadequada 2 9,5
- Ruído, Má postura e Iluminação Inadequada 1 4,8
- Calor, Má postura e Iluminação Inadequada 1 4,8
- Ruído, Calor, Má postura, Iluminação Inadequada e Jornada de 1 4,8
Trabalho excessiva
- Ruído, Calor, Má postura e Iluminação Inadequada 3 14,3
- Ruído, Calor, Iluminação Inadequada e Jornada de Trabalho 1 4,8
Excessiva
- Ruído, Má postura, Iluminação Inadequada e Jornada de 1 4,8
Trabalho Excessiva
Total 21 100

Conforme a tabela acima os riscos mais presentes nessa pesquisa, calculando


todas as porcentagens e vezes que apareceu foi ruído (81,1%), Calor (71,6%), Má
postura (62,1%) e Iluminação Inadequada (57,4%). Esses resultados representam os
riscos que os trabalhadores estão expostos, a curto ou logo prazo, causando danos à
saúde dos colaboradores, ocasionando doenças ocupacionais.
A exposição ao ruído elevado pode apresentar perda auditiva temporária ou
permanente ao trabalhador, além disso, outras consequências podem ocorrer como
irritabilidade, falta de sociabilidade, tensão psicológica, alteração mental, precisão dos
movimentos (FERREIRA, 2003). Na indústria têxtil, no setor de produção possui
máquinas e equipamentos que produzem ruídos durante as atividades laborais. Os níveis
de ruídos encontrados nem sempre ultrapassam o limite de tolerância individual,
conforme a NR-15 de dB(A) para uma jornada de 8 horas de trabalho (SESI, 2003).
Mesmo usando protetor auricular, os trabalhadores apresentaram como maior risco o
ruído.
Os trabalhadores relataram que sentem muito calor, que o local precisa de
ventilação e/ou refrigeração adequada. O desconforto térmico do ambiente pode causar
alterações no organismo do trabalhador, como vasodilatação periférica e sudorese,
diminuindo o rendimento nas atividades, como também, a concentração, fadiga,
cefaleias, sonolência e irritabilidade (NECKEL; FERRETO, 2006). As condições
térmicas anormais podem ser nocivas à saúde dos colaboradores, causando mal-estar,
cãibras, desidratação, distúrbios cardiovasculares e problemas na pele. Na indústria
têxtil uma das fontes de calor é o ferro de passar roupa (SESI, 2003).
Além dos riscos físicos já apresentados (ruído e calor) foi descrito pelos
trabalhadores os riscos ergonômicos, especificamente, a má postura, porém deixaram
explícito que a mobília de trabalho é adequada, porém eles que não utilizam
corretamente. De acordo com Pereira Filho, Oliveira e Cardoso (2006) os riscos
ergonômicos causar desconforto ao trabalhador ou afetando até a saúde, alterando suas
características psicofisiológicas. As atividades laborais repetitivas e as posturas
inadequadas podem ocasionar distúrbios osteomusculares, que contribui para o
aparecimento de lesões, afetando a segurança e a produtividade do colaborador.
Outro fator de risco levado em consideração como uma aleta para melhorar as
condições no ambiente de trabalho foi a iluminação inadequada, o local é fechado, não
há janelas para iluminação natural, como é um trabalho que requer uma visão ótica boa
para fazer as costuras, a iluminação acaba forçando a vista e causando problemas a
saúde do trabalhador, ocasionando futuramente maiores danos a saúde. Segundo Sesi
(2003, p. 54) “o nível de iluminação abaixo do limite mínimo exigido pela NBR 5413
de abril de 1992, pode ocasionar fadiga visual, acidentes, baixa produtividade e
sobrecarga devido ao esforço visual que será dispensado na execução das atividades”.
Diante dos riscos expostos, outro fator determinante para essa análise na oficina
têxtil foi sobre os sintomas que os funcionários sentem que é consequência da exposição
aos riscos existentes, e já está afetando a saúde dos colaboradores. Dentre eles estão o
estresse, dor na coluna, mãos, pernas, braços, cabeça, ardência nos olhos, zumbido,
como é apresentado na tabela 2 abaixo.
Tabela 2 – Distribuição dos entrevistados por número e porcentagem sobre os sintomas
presentes no ambiente do trabalho.
Sintomas Nº
%
- Dor de pernas 1 4,8
- Dor nas pernas e mãos 1 4,8
- Dor nas pernas e coluna 1 4,8
- Dor na coluna e estresse 1 4,8
- Dor na coluna, pernas e estresse 3 14.3
- Dor na coluna, ardência nos olhos e estresse 2 9,5
- Ardência nos olhos, zumbido e estresse 1 4,8
- Dor na coluna, braços, pernas e estresse 2 9,5
- Dor na coluna, cabeça, pernas e estresse 2 9,5
- Dor na coluna, braços, mãos e estresse 1 4,8
- Dor na coluna, cabeça, ardência nos olhos, zumbido e estresse 1 4,8
- Dor na coluna, cabeça, mãos, braços, pernas e estresse 1 4,8
- Dor na coluna, mãos, ardência nos olhos e estresse 1 4,8
- Dor na coluna, cabeça, mãos, pernas, ardência nos olhos, zumbido e 1 4,8
estresse
- Dor na coluna, cabeça, mãos, pernas, braços, ardência nos olhos e 1 4,8
estresse
- Não sente nada 1 4,8
Total 21 100

Conforme mostra a tabela acima, os sintomas que os funcionários sentem são


comuns entre sim, alguns aparecem com frequência como o estresse (81,2%), dor na
coluna (81,2%), dor nas pernas (62,1%). Esses dados estão relacionados com os riscos
em que os trabalhadores estão expostos, como foi mencionado na tabela 1.
De acordo com Carvalho e Gomes (2001), no ambiente de trabalho pode-se
levar em considerar que os principais causadores do estresse no trabalhador são:
instabilidade no trabalho, problemas financeiros, carga excessiva de tarefas e pressões
psicológicas. Nos estudos de MTA Queiroz, CA Queiroz e FA Queiroz (2017) sobre os
riscos ocupacionais entre trabalhadores de uma indústria têxtil em Minas Gerais ele
aponta que 50% tem estresse. Segundo Couto, Vieira e Lima (2007) quando em excesso
o estresse pode causar danos fisicamente e mentalmente para o indivíduo,
consequentemente compromete sua produtividade na empresa. Além disso, as empresas
também sofrem impactos devido o estresse dos colaboradores como: diminuição na
produção, riscos a acidentes de trabalho, qualidade dos produtos cai, absenteísmo,
afastamento por doenças, entre outros (FRANÇA; RODRIGUES, 2011).
Outros dois sintomas que mais estão presentes na vida dos trabalhadores em seu
ambiente de trabalho são dores na coluna e pernas. A execução das tarefas dos
operadores de máquinas (costureiros) é sentada, e a má postura que eles ficam para
fazerem suas atividades laborais faz com que sentem dores nessas regiões do corpo,
fazem parte da classificação dos riscos ergonômicos. Conforme Oliveira (2013) esses
riscos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à
saúde do trabalhador, pois produzem alterações orgânicas e emocionais,
comprometendo sua produtividade, saúde e segurança.
Segundo Barbosa, Santos e Trezza (2007) é necessário a mudança de posturas
para evitar longos períodos em pé e sentado. Essas alterações de posturas ajudam a
diminuir as pressões sobre os discos vertebrais e as tensões dos músculos dorsais de
sustentação, reduzindo assim o cansaço. Dessa forma, a postura adequada é aquela em
que o individuo trabalha tanto em pé quanto sentado. Além disso, a empresa deve
adaptar o ambiente de trabalho para acomodar melhor o colaborador com conforto e
segurança para efetuar suas atividades laborais (SILVA; GUIMARÃES, 2005).
Sobre os acidentes de trabalho, 24% dos entrevistados sofreram acidentes no
trabalho, dois trabalhadores relatou que foi afastada por 15 dias, devido um corte no
dedo, causado no manuseio da tesoura na hora da execução da atividade laboral e três
foram cortes leves, com tesoura e agulha, sem afastamento. No estudo de MTA
Queiroz, CA Queiroz e FA Queiroz (2017) apenas 25% dos entrevistados sofreram
algum tipo de acidente, foram cortes provenientes de máquinas ou ferramentas de
trabalho, uma fratura, um caso de arranhões e um caso de luxação no membro inferior.
Entre todos os pontos que foram relatados no questionário, perguntado aos
trabalhadores quais melhorias eles acham que poderia ser feito para contribuir em um
ambiente mais confortável, seguro para a saúde de todos. No gráfico 2 está ilustrado as
duas mais citadas melhorias, a ventilação (86,4%) e iluminação (52,8%).
Gráfico 2 – Distribuição por porcentagem dos entrevistados segundo as melhorias que o
ambiente de trabalho precisa.

Nenhuma 2

Ventilação, Maquinário novo e Espaçamento entre as máquinas 1

Ventilação e piso 1

Ventilação e Aulas laborais 1

Ventilação e Iluminação 10

Iluminação 1

Ventilação 5

Avaliando todos os fatores de riscos apresentados pelos trabalhadores após


responderem o questionário, notou-se que os riscos mais comuns são os físicos (ruído e
calor), psicológico (estresse), ergonômico (má postura) e os de acidentes (máquinas,
equipamentos e iluminação inadequada). Em um estudo sobre a percepção de
trabalhadores de uma indústria têxtil sobre os riscos de seu ambiente de trabalho, Santo,
Paula e Pereira (2009) constataram que os riscos existentes no local das atividades
laborais dos colaboradores mais presentes foram os risco físico (ruído e calor), químico
(poeira), psicológico (estresse), ergonômico (posturas incorretas e movimentos
repetitivos) mecânicos (acidentes com máquinas).
A importância de elaborar uma Análise de Risco de Trabalho é indispensável
para que a empresa possa evoluir com segurança operacional, focar o desenvolvimento
sustentável, alinhando claramente as questões relacionadas a saúde, segurança, ambiente
e produtividade e priorizar, assim, maior patrimônio, que são seus funcionários
(SAVAREGO; LIMA, 2013).
5.0 CONCLUSÕES

Ao analisar os riscos ambientais na oficina têxtil estudada, observou-se que os


colaboradores conseguiram perceber e identificar os riscos presentes no local de
trabalho. Além disso, tanto o empregador como os trabalhadores tem essa consciência e
utilizam alguns recursos preventivos para não ocorrer acidentes ou doenças
ocupacionais.
Diante dos resultados que foram coletados e analisados, recomendam-se
algumas medidas mitigadoras que irão melhorar as condições ambientais para os
trabalhadores e diminuir e/ou eliminar os riscos ambientais presentes. Dois problemas
que mais os funcionários relataram foram a iluminação inadequada e a falta de
refrigeração no local, além disso o espaçamento entre as máquinas de costuras é muito
pequena, dificultando o acesso dos trabalhadores.
Uma das estratégias para melhorar o ambiente de trabalho é intensificar as
palestras, treinamentos, cursos de qualificação na área de segurança e saúde no trabalho.
Em se tratando da infraestrutura era para ser mais arejada, iluminação natural, precisa
de uma melhor organização das máquinas, mais sinalizações, avisos sobre os riscos
ambientais.
Vale salientar que a empresa faz o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
– PPRA anualmente, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO,
esses documentos são feitos por serviços terceirizados, assim como as palestras e
treinamentos. O melhor era ter um profissional da área de Segurança e saúde do
trabalho para acompanhar diariamente os colaboradores, as condições ambientais e
propor melhorias para a proteção, promoção e prevenção para manter um ambiente mais
seguro para os trabalhadores, evitando maiores danos à saúde de todos.
AGRADECIMENTOS

À Deus, pela dádiva da vida e por manter minha fé firmada diante dos
obstáculos que enfrento para realizar meus sonhos. Um amor imenso, incondicional. Pai
Celeste Obrigada pela sua infinita misericórdia.
Aos meus pais, Luzineide Germano e João Maria, por acreditarem nessa jornada
da minha vida profissional, pelo apoio e sacrifícios para me proporcionar uma boa
educação na busca de um caminho de realizações.
Ao meu querido amigo e namorado Ítalo Silva, pelo carinho, amor e cuidado,
por me ajudar a me manter sonhadora e pela paciência em dias difíceis. Obrigada meu
amor por me fazer tão bem.
Aos meus amigos da Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho,
pela parceria e compartilhamento de conhecimento, principalmente a Nidian e Lucíola.
Obrigada por tudo, admiro muito vocês.
Aos professores, durante todo o curso, pelo conhecimento repassado,
principalmente a professora e orientadora Valéria Gomes Álvares Pereira, pela
disponibilidade de orientação, pelo suporte em tirar todas as dúvidas e ajudar na
construção desse trabalho científico.
A toda a equipe da Oficina Têxtil, onde foi realizada a pesquisa, para coleta de
dados desse trabalho, ao Dono da empresa e também administrador, por dar espaço para
compartilhar dados e informações para construção dos resultados da pesquisa.
Em fim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção
desse trabalho e por me ajudar a se especializar em Engenharia de Segurança do
Trabalho.
REFERÊNCIAS

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<http://www.portalbvsenf.eerp.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
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QUEIROZ, M. T. A.; QUEIROZ, C. A.; QUEIROZ, F. A. Análise da percepção dos
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Gerais, Brasil. Revista Eletrônica Sistema e Gestão, v. 12, n. 2, p. 221-227, 2017.
SANTO, A. F. E.; PAULA, J. A.; PEREIRA, O. A. V. Percepção de trabalhadores de
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Intigrada- Ipatinga: Unileste-MG, 2009. v.2, n. 1, jul/ago, p. 188-199.
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SESI, Serviço Social da Indústria. Manual de Segurança e Saúde no
Trabalho./Gerência de Segurança e Saúde no Trabalho. São Paulo: SESI, 2003. 244p.
SILVA, S.A.; GUIMARÃES, L.D.M. Postura e assentos de trabalho: um estudo do
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2005. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2005_Ene gep0
402_1843.pdf. Acesso em: 04 ago. 2018.
APÊNDICE A – AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DOS DADOS

De: Andressa Germana de Souza (Aluna da Estácio-Natal)


Para: Oficina Têxtil
Prezados Senhores,

Venho por meio desta, na qualidade de aluna do curso de Pós Graduação em


Engenharia de Segurança do Trabalho da Faculdade Estácio de Natal, matrícula
201507592281, solicitar autorização para que sejam realizadas pesquisas científicas
nesta oficina têxtil de 2018. Trata-se de um trabalho de conclusão de curso para
obtenção do título de Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da
Estácio/Natal. O meu objetivo é proporcionar a mim mesma, a oportunidade única de
colocar em prática o conhecimento passado em sala de aula pelos professores. Durante a
pesquisa, serão aplicados questionários e entrevistas nos funcionários deste galpão, a
pesquisa coletará dados sobre os riscos ambientais que os colaboradores estão expostos,
fazer uma análise e propor melhorias para esse ambiente. A equipe é composta por eu,
Andressa Germana de Souza, RG n° 002.478.147, e minha orientadora Valéria Gomes
Alves Pereira, Coordenadora da Estácio/Natal. Na certeza de contar com o apoio
solicitado, coloco-me a disposição para maiores esclarecimentos no telefone (84)
99801-3922 ou e-mail: andressagermano2018@outlook.com.

________________________________________________
Andressa Germana de Souza
Aluna Estácio – Natal

________________________________________________
Valéria Gomes Alves Pereira
Orientadora Estácio - Natal

________________________________________________
Responsável pela Oficina Têxtil
Ciente e Pesquisa Autorizada

Natal, 11 de Julho de 2018.


APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS FUNCIONÁRIOS

_______________________________________
_______________________________________
____
10. Marque a seguir os riscos que você acha que
ESTÁCIO FATERN – FACULDADE ESTÁCIO está exposto.
DO RIO GRANDE DO NORTE
( ) Iluminação Inadequada ( ) Ruído
PÓS – GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
SEGURANÇA DO TRABALHO ( ) Calor ( ) Frio ( ) Produtos Químicos
( ) Má postura ( ) Jornada de trabalho
QUESTIONÁRIO
excessiva
Este questionário deve ser respondido de
Outros__________________________________
maneira verídica e com responsabilidade de
cada um que respondê-lo, pois a obtenção dos 11. Você tem orientações sobre os riscos que
resultados será apresentada e notificada para estão expostos e os cuidados que deve ter para
o uso de análise de pesquisa. diminuir essesriscos?
_______________________________________
1. Qual o cargo que você exerce?
_________________________________
_________________________________
12. Dentre os sintomas abaixo marque os que
2. Sexo?
você sente no seu ambiente de trabalho.
Feminino ( ) Masculino ( )
( ) dor de cabeça ( ) dor na coluna
3. Idade?______anos
( ) dor nos braços ( ) dor nas mãos
4.Setor que trabalha?
( ) dor nas pernas ( ) ardência nos olhos
___________________________
( ) Zumbido ( ) Estresse
5. Turno de trabalho?
Outros__________________________________
Manhã ( ) Tarde ( ) Noite ( )
13. Já sofreu algum acidente no trabalho? Foi
Outro:__________________________________
afastado?
6. Quantas horas você trabalha por dia?
_______________________________________
____________________________________
__
7. Tem outro(s) trabalho(s)?
14. Quais as melhorias que você acha que devem
Sim ( ) Não ( ) ser feitas no seu ambiente de trabalho?

8. Quais os tipos de materiais ou equipamentos _______________________________________


que você utiliza para trabalhar? _______________________________________
____
_______________________________________
_______________________________________ 15. Você é satisfeito com o seu trabalho?

9. Usa EPI’s (Equipamento de Proteção Parcialmente satisfeito ( )


Individual)? Quais?
Muito satisfeito ( )
Satisfeito ( )
Não sou satisfeito ( )

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