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Meu pai veio de Sergipe, minha avó, sua mãe, acabou morrendo
e meu avô se afundou no álcool, foi por isso que ele morreu segundo meu
pai, que já jovem trabalhava pra se sustentar, ele tinha mais irmãos só
que cada um foi para um canto e não se falaram mais, e meu pai veio pra
Sampa, da onde estamos indo embora, se tornou um policial, e acabou
conhecendo minha mãe que estudava na capital do estado, então se apai-
xonaram , namoraram, noivaram, casaram e tiveram filhos, uma sur-
presa, pois esperavam um, mas vieram nós dois, eu e meu irmão, o Leo-
nardo. Minha mãe estava em Sampa por estudos e moraria por lá até
concluir a faculdade, mas o seu romance com meu pai estendeu esse
tempo e ela começou a dar aula para o ensino médio. Minha mãe veio de
Santa Bárbara d’Oeste, uma cidade do interior de SP, a qual estamos nos
mudando.
Tia Marcela e a minha avó mora lá, nós iremos morar junto com
a minha avó, já que ela mora sozinha e minha tia ia muitas vezes para
dar companhia e auxiliar no que era preciso, bom fazia um tempinho que
não via elas, só via nas férias quando eu e meu irmão vinha pra cá, agora
irei ver quase sempre, daqui uma hora mais ou menos, bom deixa eu
continuar olhando a paisagem. Não tinha muito o que olhar, aparecias
uns florestamentos as vezes, algumas casas, não era a beleza do mundo,
mas distraia minha mente, das coisas que eu deixei para trás, meus ami-
gos, a casa onde cresci. Tudo ficou lá mais a saudade está aqui, espero
que aconteça o melhor daqui em diante.
— Lucas, também vou sentir falta — diz Leonardo que estava ao
meu lado — mas talvez seja hora de começar algo novo em nossas vidas.
Nossa mãe tinha ido de carro, sozinha, ela nos deixou na rodovi-
ária, comprou as passagens. Nós não levamos muitas coisas embora de
São Paulo, algumas coisas minha mãe doou ou vendeu. Ela colocou al-
gumas coisas no carro e não ia dar pra levar nós, ela não ia chamar um
caminhão de mudança só pra algumas coisinhas não é mesmo? Bom, já
tínhamos idade suficiente para viajarmos sozinhos, me senti mais res-
ponsável por conta disso.
Era nossa tia Marcela, irmã de nossa mãe, ela era digamos, um
pouco fora das ideias, mas era isso que a fazia tão especial para nós, era
aquela tia “jovial” que curtia as coisas de heróis, filmes, enfim coisas que
nós curtíamos fazer, ela nos levava para todo canto quando víamos aqui
nas férias, ela não tinha filhos por isso nos tratava dessa maneira, enfim
velha e doce infância,
Chegamos, aonde agora seria nosso novo lar, a casa da minha vó,
aquela casa que te traz várias memórias sabe? Lembro dos dias de
quando eu era mais pequeno e vivia correndo por volta da casa, do Tho-
mas, era um cachorro que minha vó tinha, joelho ralado, cheirinho do
bolo assando, bom, velhos tempos...
— Nem a mãe faz desse jeito — ri Leo — quer dar uma volta? Tem
uma praça aqui por perto, queria conhecer um pouco mais.
Pego meu celular e vou para rua, apesar de ter prédios, não era
aquilo que víamos em São Paulo, era bastante casas, morávamos pró-
ximo ao centro da cidade e dava pra ver alguns prédios que tinham. A
cidade era grandinha, o ar era leve, muitas árvores e área verde também,
não tinha comtemplado muito dessa cidade até então.
— Aqui tem paz, mas talvez não seja o lugar, talvez nosso coração
esteja assim — respondo — Ter vindo pra cá nesse momento mais com-
plicado, ver a vó novamente, tá me ajudando, tenho sentindo todo esse
aconchego
Leonardo estava pensativo, como se soubesse de algo e não que-
ria contar
— Bom cara, fazem quase dois anos que não nos vemos — diz Ti-
ago — Cês nem vieram aqui ano passado, e minha vida mudou, e agora
tou apenas vivendo o que importa pra mim, foi bom em ver vocês, mas
tenho que ir agora, os manos do skate me esperam — Tiago nos abraça
— amo vocês, gêmeos mais feios de SBO
Tiago segue seu caminho, e por mais que mascarasse seu rosto
com seu sorriso, nós sabíamos que ele não estava muito bem.
Andamos mais um pouco pela praça, Leonardo ainda parecia
preocupado
— O Tiago, acho que não está muito bem — digo — ele tava chei-
rando a álcool e acho que também andou fumando umas
— Hum — meu irmão suspira — deve ser o que importa pra ele,
como ele disse, por isso foi embora tão rápido
— Sabe Lucas, tou tentando ficar bem ainda, é tudo novo, mas
ainda dói aqui, e também escutei a tia Ma conversando com a mãe, eu
apenas não sei o que sentir...