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Medidas disciplinares: O que são, o

que diz a lei, e como aplicar?


Por Redator PontoTel de fevereiro de 2022
Toda empresa tem um conjunto de regras e valores a serem seguidos.
Tratam-se de combinados, acordos pré-estabelecidos para o bom
funcionamento do trabalho e a manutenção do espírito corporativo. 

No entanto, como é inerente às relações humanas, muitas vezes


esses acordos são rompidos. Seja de forma leve ou através de
infrações mais graves, o empregador precisa saber como lidar com os
deslizes de seus colaboradores. 

É nesse aspecto que entram as medidas disciplinares. Neste artigo,


será explicado seu conceito, quais os tipos permitidos por lei e como
devem ser aplicadas. Continue lendo para tirar suas dúvidas sobre o
assunto! 

 O que é uma medida disciplinar?


 O que a CLT diz sobre medidas disciplinares?
 Como funciona uma medida disciplinar?
 Tipos de medidas disciplinares
 Como aplicar uma medida disciplinar?
 O empregado pode se recusar a assinar uma medida disciplinar?

O que é uma medida disciplinar?

Uma medida disciplinar é uma atitude tomada pela empresa para


advertir ou punir o funcionário em caso de transgressão. Tais punições
existem em caráter preventivo e pedagógico. 

Diz-se preventivo porque o interesse da empresa ao sancionar uma


medida disciplinar é incentivar o funcionário a não cometer a infração
novamente. 

O teor pedagógico, por sua vez, vem do aprendizado extraído disso


coletivamente. Ou seja, o funcionário punido acaba servindo de
exemplo para seus pares em razão de quais comportamentos não se
devem reproduzir. 
Mas punir o funcionário está dentro da lei? Observe o que diz a
Consolidação das Leis do Trabalho. 

O que a CLT diz sobre medidas disciplinares?


No que diz respeito às medidas disciplinares, a CLT institui um acordo
mútuo entre o empregador e o funcionário, que se estabelece através
da assinatura do contrato de trabalho. 
No contrato, devem constar as normas de conduta, direitos e deveres
de cada uma das partes envolvidas. Isso significa, em termos práticos,
um manual de instruções e expectativas a serem seguidas. 

Além disso, a CLT apresenta com clareza as formas de se advertir um


funcionário para que o empregador não haja com arbitrariedade,
evitando abuso de poder ou perseguições motivadas por questões
pessoais. 

Essas formas de punição podem ser: 

 Leves;
 Intermediárias;
 Graves. 
Para que se possa entender a origem das medidas disciplinares mais
profundamente, observe o que diz a CLT: 

“Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,


que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviço”. 
De acordo com a definição de empregador acima, ao assumir os
riscos da direção de uma empresa, adquire poder disciplinar para
cobrar o funcionário de seus deveres. 

A CLT descreve o funcionário como aquele que “presta serviços de


natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e
mediante salário” (artigo 3). 
Essa dependência está atrelada às relações hierárquicas dentro da
empresa e ao cumprimento do que está disposto no contrato de
trabalho.  

Mais adiante, cada medida disciplinar será abordada em um tópico


dedicado. Porém, primeiro é necessário entender quais são as
características principais das medidas disciplinares. 
Como funciona uma medida disciplinar?
Uma medida disciplinar funciona através de uma série de critérios que
devem ser seguidos por quem as aplica. Esses critérios servem como
forma de transparência e justiça na tomada de decisões por parte da
empresa. 

São eles:  

 Embasamento: o aplicador precisa agir com certeza e,


preferencialmente, ter provas concretas da infração antes de
acionar a medida disciplinar;
 Imediatez: é preciso agir com rapidez na aplicação da punição,
pois a vagarosidade pode abrir margem para o perdão tácito (ou
seja, quando o empregador deixa passar a transgressão); 
 Unicidade: cada transgressão deve ser punida com uma única
medida. Não é permitido uma mesma infração receber duas
punições distintas, pois corre-se o risco de uma invalidar a outra;
 Igualdade: dois funcionários não podem ter punições distintas
pela mesma transgressão. Faz-se necessário manter o
tratamento igualitário de forma justa para todos os
colaboradores da empresa;
 Proporcionalidade: a punição deve ser promovida na mesma
medida da infração. Por exemplo, uma falha leve não deve ser
exageradamente condenada, especialmente se for a primeira
vez do funcionário. 
Cada um dos critérios apresentados serve como filtro para reduzir ao
mínimo possível as chances de se aplicar uma penalidade
tendenciosa ou descabida. 

Agora que as características principais e o funcionamento das


medidas disciplinares ficaram claras, observe como elas se
materializam. 

Tipos de medidas disciplinares

Existem três tipos de medidas disciplinares disponíveis: a advertência,


a suspensão e a dispensa por justa causa. 
Conforme visto anteriormente, elas se apresentam de acordo com a
intensidade da infração: leves, intermediárias e graves. Cada uma
delas têm suas próprias características e estão amparadas pela lei
trabalhista. 
Para entender melhor sua configuração, é preciso separá-las em
tópicos. 

Advertência verbal ou escrita

A advertência verbal ou escrita é a forma mais branda de medida


disciplinar. Ela existe como uma forma de alerta para desestimular
condutas erradas dentro da empresa. 
Um exemplo de infração considerada passível de advertência verbal
ou escrita são as faltas injustificadas. O funcionário que não apresenta
fundamentação para as suas ausências pode ser advertido para que se
torne mais assíduo. 
Suspensão 

De acordo com o artigo 474 da CLT, um funcionário infrator pode ser


suspenso em razão de suas transgressões. Essa é uma forma de
medida disciplinar moderada e deve ser aplicada com sabedoria por
parte da gestão. 

A suspensão geralmente acompanha a interrupção do pagamento do


colaborador e pode ter a duração máxima de 30 dias. Após esse
prazo, o contrato fica automaticamente rescindido sem justa causa. 
Dispensa por justa causa

A última forma de medida disciplinar é a dispensa por justa causa. Essa


punição está prevista no artigo 482 da CLT e serve como ferramenta
para lidar com as formas mais graves de transgressões profissionais. 
Entenda a seguir alguns exemplos de condutas que podem levar à
dispensa por justa causa, conforme encontradas no corpo da lei: 

 Ato de improbidade (furto, roubo, desvio de valores etc);


 Incontinência de conduta ou mau procedimento;
 Embriaguez habitual ou em serviço;
 Violação de segredo da empresa;
 Ato de indisciplina ou de insubordinação ;
 Abandono de emprego. 
É importante salientar a existência de um último critério para aplicação
das medidas disciplinares: a gradação. Isso significa que, na maioria
das vezes, as punições são escaláveis: 

Advertência oral ou escrita – Suspensão – Dispensa por justa causa 


No entanto, em caso de infrações graves, um funcionário pode ser
demitido por justa causa mesmo sendo sua primeira infração se
houver evidências materiais do ocorrido. 
Para finalizar, não basta ter conhecimento das leis e das propriedades
das medidas disciplinares. É preciso saber como aplicá-las. 

Como aplicar uma medida disciplinar?


A aplicação de uma medida disciplinar, antes de mais nada, passa por
um filtro de subjetividade. Isso significa que, o aplicador da punição
acaba fazendo uso de seu próprio juízo de valor e ponto de vista no
momento de acionar a medida disciplinar. 

O mesmo pode acontecer a um funcionário que não considerar justa


ou cabível sua punição. Por isso, recomenda-se sempre manter
registros escritos de todas as medidas disciplinares aplicadas, mesmo
que sejam advertências orais. 

A fim de evitar mal-entendidos, é importante levar em consideração


alguns fatores antes de tomar uma decisão final. 

Esses fatores podem servir de guia para tornar as medidas


disciplinares um artifício mais humano dentro da empresa. São eles: 

 Observar o grau de instrução e as condições pessoais do


infrator: muitas vezes, a infração é praticada por ausência de
conhecimento ou oportunidades de agir dentro das
expectativas; 
 Analisar a vida pregressa do funcionário: o histórico de um
funcionário dentro da empresa pode ser um bom álibi para
amenizar sua punição;
 Investigar as circunstâncias do ato faltoso: podem haver
elementos agravantes que conduziram o colaborador ao erro. 
Se, ainda assim, for necessária a punição, é importante sempre ter em
mente a preservação da integridade do colaborador. Ou seja, a
medida disciplinar deve ser sempre aplicada de forma reservada, sem
exposição do funcionário. 
Contudo, ainda assim, o trabalhador pode se recusar a assinar a
medida disciplinar. Entenda a seguir o que fazer em casos como
esse. 

O empregado pode se recusar a assinar uma


medida disciplinar?
Sim, o empregado pode se recusar a assinar. No entanto, isso não
significa que a empresa deva aceitar sem promover nenhuma ação.
Em primeiro lugar, recomenda-se o diálogo. 

Se, ainda assim, o funcionário mantiver a negativa, a lei diz que


devem ser convocadas duas testemunhas para comprovar a recusa
do recebimento da medida disciplinar. 

É preferível que os colaboradores convocados ocupem níveis


hierárquicos mais altos que o do funcionário punido de modo a
legitimar seu testemunho. 

Conclusão

O ato de punir é, muitas vezes, evitado para que se possa manter um


bom relacionamento com os colaboradores dentro do ambiente
corporativo. 
Porém, é importante compreender sua serventia. Manter a ordem, o
respeito e a harmonia no convívio do trabalho é imperativo para que
se possa ter produtividade e evitar males como o estresse e a síndrome
de burnout. 
Por isso, as medidas disciplinares entram como um antídoto para esse
mal estar, mas devem ser utilizadas com bom senso, responsabilidade
e justiça. 

Dessa forma, quando se estabelece um acordo mútuo de


comportamento entre empregador e funcionário, as medidas
permanecerão no local onde serão mais úteis: na gaveta. 

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