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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MIGUEL MOFARREJ

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES INTEGRADAS DE


OURINHOS – UNIFIO

PSICOLOGIA

PROJETO INTEGRADOR: PODSERPSICO

4º TERMO A*

OURINHOS
2022
Amanda Ferrari Jaime Ana Beatriz Bruzarosco

Ana Clara Consoni Mossini Laura Elisa Lima da Silva

Ana Clara Dourado Landgraf Letícia Marcílio do Amaral Borges da


Silva
Ana Isabeli dos Santos
Leticia Maria Carriel Batista
Ana Paula Perez Ignocente
Lívia Isabel dos Santos
Ana Paula Moraes do Amaral
Lívia Maria Saqueti Biazoti
Andressa Vilella
Maria Carolina Bortolotti Fabe
Beatriz Batista Carneiro
Maria Eduarda de Oliveira Silva
Caroline Corsini Ramos
Maria Eduarda Henrique Hespanhol
Debora Heloisa de Souza Godinho
Maria Gabriela Giacon
Gabriela Ramos Marcusse
Maria Júlia Baccon
Gabrieli Vitória Corrêa Silva
Maria Luiza Leite Silva
Gabrielly Qualia Cardoso
Mariana do Nascimento Luiz
Giovana Gabriela Anastacio
Millena Chahine da Silva Gil
Guilherme dos Santos
Nadine da Silva Santos
Iris Gabrielly Honório Melo
Naydia Cristina Costa Ribeiro
Isadora Hretsiuk Rosa
Paula Narumy Morizono
Julia Bordim de Souza
Sabrina Pereira da Silva
Julia Bordinhon Sabino da Silva
Ubirajara de Freitas Langrafe
Lais Cristina Gonçalves do
Nascimento Victor Hugo Jouiche Ferreira

Larissa de Fátima Alves Ysadora Cunha Casimiro

Larissa Emyli Zeferino


4º TERMO A

PROJETO INTEGRADOR:

PODSERPSICO

Projeto desenvolvido e descrito pelo 4º termo A do curso


de Psicologia do Centro Universitário de Ourinhos, na
disciplina de Técnicas de Entrevistas – Projeto Integrador
como critério avaliativo.

Orientador (a): Professora Ana Elisa Vilas Boas

OURINHOS

2022
Sumário

INTRODUÇÃO..............................................................................................................6
MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................7
REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................10
1. ENTREVISTA CLÍNICA.......................................................................................10
1.1. O conceito de entrevista clinica.................................................................10
1.2. A estrutura da entrevista clínica..........................................................11
1.3. As competências da entrevista clínica...............................................12
2. PODCAST............................................................................................................13
2.1. O que é o PODCAST....................................................................................13
2.2. Projeto PodSerPsico.............................................................................14
2.2.1. Medicalização em excesso/ TDAH no ambiente acadêmico............14
2.2.2. Assédio moral no ambiente de trabalho.............................................16
2.2.3. Procedimentos estéticos e saúde emocional....................................17
2.2.4. Transtornos alimentares......................................................................18
3. Semelhanças e diferenças entre entrevista clínica e entrevista no contexto
do podcast.................................................................................................................19
RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................20
CONCLUSÃO.............................................................................................................24
REFERÊNCIAS...........................................................................................................25
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INTRODUÇÃO

O homem desde sua concepção é sedento pelo saber, movido pela


curiosidade, esta que o conduziu a descobertas que mudaram os rumos da
humanidade. “A necessidade do indivíduo de mudar o ambiente em que vive,
imprimir suas marcas e seus pensamentos, tem por escopo a tentativa de melhorar
suas condições de sobrevivência, de dominar a informação e, também, de se
imortalizar com suas descobertas.” (LIRA; CÂNDIDO; ARAÚJO; BARROS, 2008) Ao
longo da história a necessidade pelo saber e pela luz se intensificou, a busca pela
informação, pelo conhecimento real das coisas, um saber científico, pautado em
métodos e pesquisas validades e justificadas, assim como WERNECK (2006)
afirma:

A chamada "construção do conhecimento" não é então


totalmente livre e aleatória levando ao solipsismo e à
incomunicabilidade. Ela deve corresponder a uma unidade de
pensamento, a uma concordância, a um consenso universal. Não se
pode imaginar que possa, cada um, "construir" o seu conhecimento
de modo totalmente pessoal e independente sem vínculo com a
comunidade científica e com o saber universal. (WERNECK, Vera
Rudge, 2006)

Há em cada campo de conhecimento uma maneira e um estatuto próprio de


se construir conhecimento, edificado sob uma extensa literatura ou sob um caráter
investigativo e pesquisador profundo, dentro logicamente, do processo metodológico
científico. (WERNEC, 2006)

Mas de nada adianta a existência de um saber sem um conhecedor a


recebê-lo, e é neste sentido que os meios de comunicação assumem um papel
fundamental, aliado a difusão e propagação da ciência. Muitas revistas, jornais e
blogs surgiram com o caráter de publicar artigos, pesquisas, hipóteses empíricas
validades pelo processo metodológico confiável e sob supervisão de profissionais
competentes e críticos diante da construção do conhecimento.

No entanto, essas publicações acabam se tornando restritas a uma pequena


fatia da população, que se encontra em grande parte dentro de um ambiente
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acadêmico e laboratorial. O público leigo acaba por se beneficiar apenas de maneira


indireta, através dos produtos oriundos de tais conhecimentos, sejam eles físicos,
artísticos ou culturais.

Se tratando especialmente da área da Psicologia se torna cada vez mais


difícil o acesso a um saber verdadeiro. Por se tratar de uma ciência social e humana
muitos “leigos”, sem formação acadêmica adequada, se sentem no direito de tomar
parte de tal espaço e acabam por distorcer aquilo que a ciência a muito custo
construiu. O conhecimento é considerado como fator essencial, e por sua vez é
adquirido através de um processo de aprendizado mútuo que requer treinamento
contínuo, dentro das organizações responsáveis. (LIRA; CÂNDIDO; ARAÚJO;
BARROS, 2008)

Como seria possível então difundir tais informações a essa parte da


população? Como podemos trazer as reflexões pertinentes as pautas sociais, às
crises e as reflexões acerca do sofrimento humano e psíquico? Como combater a
difusão de uma psicologia rasa e mentirosa?

É buscando responder essas perguntas, ou pelo menos tentando de alguma


forma agregar a vida das pessoas, que o projeto PodSerPsico nasce, sob a luz de
se levar de uma maneira clara e de uma linguagem popular os conhecimentos
ligados ao campo da psicologia ao público geral, por meio do gênero de
comunicação podcast. Em um cenário onde a vida corre tão depressa e a
informação é lançada aos olhos a cada minuto torna-se necessário inovar e buscar
meios práticos e acessíveis a todos para se alcançar a diferença na vida de alguém.

O presente artigo descreve a construção, desenvolvimento e resultados do


projeto PodSerPsico pelo 4º termo A de Psicologia do Centro Universitário de
Ourinhos.

MATERIAIS E MÉTODOS

No 2° semestre de 2022 foi executado o Projeto Integrador do 4° termo do


curso de Psicologia do Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos,
no caso, o Podcast "PodSerPsico". Partindo desse conhecimento, o podcast teve
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como principal objetivo levar conhecimento científico da Psicologia e outras diversas


áreas por intermédio de uma entrevista em formato de áudio disponibilizada em
várias plataformas digitais.

Ao longo do semestre, foram realizadas diversas atividades para a conclusão


do podcast, dessa forma, no dia 15 de agosto de 2022 ocorreu o levantamento e a
discussão de temas para o Podcast, onde primeiramente ocorreu a separação dos
grupos. Eles foram criados pelos próprios alunos com o auxílio da professora, cada
um com aproximadamente 8 pessoas, logo após foi discutido entre os integrantes
dos grupos sobre possíveis temas que seriam interessantes serem abordados nas
entrevistas e que preferencialmente conversassem com outras áreas de trabalho.
Logo em seguida, os temas foram analisados pela professora, a qual, em conjunto
com a classe, escolheu os temas definitivos.

Já no dia 29 de agosto de 2022, ocorreu a elaboração de um roteiro prévio


para o podcast, dessa forma, os alunos planejaram e discutiram perguntas que
poderiam ser utilizadas pelos entrevistadores mediante ao tema específico, sendo
assim, os grupos idealizaram as perguntas e, no caso, foi proposto que para cada
tema deveriam ser criadas 2 questões por grupo, por fim essas perguntas foram
repassadas para a professora, que cuidadosamente analisou as possibilidades.

Dando continuidade ao projeto, no dia 05 de setembro de 2022 foi realizada


em sala de aula uma simulação de entrevista, com o objetivo de desenvolver e
também aprimorar habilidades comunicativas dos alunos para os dias das gravações
do podcast; de forma dinâmica, em círculo, os alunos observaram outros colegas de
classe simulando serem entrevistadores e entrevistados. Toda dinâmica foi feita e
supervisionada pela professora Ana Elisa. Além da simulação de entrevista, para
auxiliar o entendimento e encaminhamento da realização do podcast, realizou-se um
trabalho teórico, que foi entregue no dia 12 de setembro de 2022, objetivando
compreender as divergências e aproximações da entrevista clínica em psicologia e
da entrevista no contexto de podcast (tema do trabalho). O que propiciou a ligação
da psicologia, área de formação e maior entendimento, com o projeto de extensão, o
podcast.

Já no dia 19 de setembro de 2022 foi proposto um sorteio para decidir a data


em que os grupos do 4° termo A de psicologia realizariam as gravações, esse
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sorteio determinou também os temas e profissionais que participariam das


entrevistas do PodCast, para isso foram anotados em um papel números de 1 à 6
referentes aos grupos e entrevistadoras que participariam da gravação, a professora
Ana Elisa fez a retirada dos números e de acordo com a ordem sorteada ficou
estabelecido um cronograma para as gravações. No dia 26/09 (segunda-feira) a
primeira gravação com o tema “Medicalização em excesso/ TDAH no ambiente
acadêmico”, com início às 19:30 horas e, ainda nesse dia, às 21:00 horas outro
grupo gravou a entrevista referente ao tema “Assédio moral no ambiente de
trabalho”. Outra data para as gravações foi dia 24/10 (segunda-feira), com o primeiro
tema a ser abordado “Transtornos Alimentares” às 19:30 horas, seguindo para
última entrevista nesse mesmo dia às 21:00 horas com o tema “Procedimentos
estéticos e saúde emocional”.

Por fim, nos dias 26 de setembro de 2022 e 24 de outubro de 2022 ocorreram


as gravações oficiais do Podcast “PodSerPsico”, os 4 temas de responsabilidade do
4º termo A foram divididos para serem gravados em ambos os dias. Ao que diz
respeito ao dia 26/09/2022 gravou-se as 19:30h o podcast com o tema: a
medicalização em excesso/TDAH no ambiente acadêmico, contando como
entrevistadoras as alunas: Larissa Alves, Livia Biazoti e Maria Luiza Leite, já os
entrevistados foram os professores do NAAP: Mayara Ap. Bora Freire, Narda Helena
Jorosky e Gilson Aparecido Castadelli. No horário das 21:00h do mesmo dia,
ocorreu a segunda gravação; as entrevistadoras foram as alunas Amanda Jaime e
Ana Clara Consoni, já os entrevistados foram o professor Thiago Mafra Tancredo, e
as alunas do 4°termo de Direito Mayara Yumi de Souza Adachi e Sarah Damasceno
Dias Pedrozo; a equipe discutiu sobre o tema: assédio moral no ambiente de
trabalho. Já no dia 24 de outubro de 2022, às 19:30h foi gravado o podcast sobre
transtornos alimentares, ele contou com a participação das convidadas professora
Mara Corsini e Psicóloga Carolina Vargas Netto, já, as entrevistadoras foram as
alunas Giovana Anastácio, Livia Santos e Laura Eliza. O último podcast gravado
abordou o tema: procedimentos estéticos e saúde emocional, ele foi gravado as
21:00h e contou com a participação das psicólogas Carolina Vargas Netto e Joice
Eluane da Silva dos Santos possuindo como entrevistadoras as alunas Mariana
Nascimento, Ana Clara Landgraf e Letícia Marcílio.
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Além disso, é importante enfatizar que a escolha dos convidados ficou a


critério da professora orientanda do projeto, que os selecionou e realizou o convite
de acordo com os temas abordados no podcast. Os convidados escolhidos para
debater o tema abordado na primeira gravação do dia 26/09, referente a
medicalização em excesso/TDAH no ambiente acadêmico foram os professores do
NAAP: Mayara Ap. Bora Freire, Narda Helena Jorosky e Gilson Aparecido
Castadelli. Em relação a segunda gravação, também realizada no dia 26/09,
abordando o tema de assédio moral no ambiente de trabalho, foi debatido pelos
convidados: professor Thiago Mafra Tancredo, alunas do 4°termo de Direito Mayara
Yumi de Souza Adachi e Sarah Damasceno Dias Pedrozo. O segundo dia de
gravação, que ocorreu na data de 24/10, tivemos a presença da Prof. Mara e
Psicóloga Carolina para compor o debate do tema de transtornos alimentares, a
segunda gravação do dia foi composta pelas convidadas, psicóloga Joice para
debater o tema de procedimentos estéticos e saúde emocional.

REVISÃO DA LITERATURA

1. ENTREVISTA CLÍNICA
1.1. O conceito de entrevista clinica
A entrevista constitui-se enquanto um diálogo entre duas ou mais pessoas,
sendo ele(s) entrevistador(es) e entrevistado(s); o entrevistador, neste sentido,
dispõe de uma série de perguntas voltadas ao entrevistado, sobre determinada
temática. Concernindo a dinâmica, tem-se que há como características: Textos
informativos e/ou opinativos; Presença do entrevistador e do entrevistado; Dialogo
com perguntas e respostas; Marca do discurso direto e da subjetividade; mescla da
linguagem formal e informal; etc. Logo, a partir desta conjuntura, a entrevista
estabelece-se em contextos diversos, tais como: empregatício, jornalístico, social,
psicológico, entre outros.
Tangendo a entrevista no âmbito clinico, concebe-se que a mesma
compreende um conjunto de técnicas investigativas, empreendidas por um
profissional, durante um período de tempo determinado. O entrevistador, dispondo
de conhecimentos psicológicos, tenciona descrever e avaliar aspectos pessoais do
paciente, relacionando ao contexto em que se vive, para que uma intervenção
adequada possa ser proposta.
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Em face dessa proposição, o avaliador responsabiliza-se por estabelecer os


objetivos; determinar os métodos e técnicas, com os quais irá conduzir o processo;
aplicar seus conhecimentos psicológicos para auxiliar o paciente e, para além de
dominar as técnicas, voltar-se a suas atualizações constantemente. Ao entrevistado,
reciprocamente, cabe colaborar com o processo, para que a sessão flua; visto que,
como conceptualiza Cunha (2007, p.46) “a entrevista pressupõe pelo menos uma
pessoa que esteja em condições de ser um participante colaborativo, e o sucesso
da entrevista depende do seu modo de participação”.

1.2. A estrutura da entrevista clínica


Referindo-se a estruturação, isto é, a dinâmica correlata a construção da
entrevista, tem-se que os processos estruturados, semiestruturados e de livre
estruturação retratam perspectivas divergentes quanto à disposição do percurso. As
entrevistas estruturadas, no entanto, se constituem enquanto procedimentos pouco
viáveis para a conjuntura clínica; dado que são utilizadas para levantamento de
informações já definidas, com questões e respostas especificas, as quais são
aplicadas para todos igualmente; avalia-se, portanto, deforma criteriosa e justa.
A entrevista semiestruturada, por sua vez, consiste em um modelo mais
flexível, isto é, não há um roteiro concreto a ser seguido. Não obstante, objetivando
atender aos objetivos pré-estabelecidos, o processo se estrutura a partir de algumas
perguntas padronizadas, as quais podem sofrer alterações ao longo da sessão. A
construção semiestruturada, além de estabelecer um procedimento que garante a
obtenção da informação necessária de modo padronizado, aumenta a confiabilidade
ou fidedignidade da informação obtida e permite a criação de um registro
permanente e de um banco de dados útil à pesquisa, ao estabelecimento da eficácia
terapêutica e ao planejamento de ações de saúde (CUNHA, 2007, pg. 47). Assim
sendo, são bastante utilizadas em clinicas sociais, na saúde pública, na psicologia
hospitalar, etc.
Ao fim, concernindo as entrevistas de livre estruturação ou não estruturadas,
as quais constituem a última modalidade supramencionada, tem-se que não há um
roteiro base a seguir, ou seja, o processo não inclui perguntas padronizadas. São
entrevistas mais abertas, como um bate papo e, deste modo, configuram uma
disposição que propicia mais liberdade para as duas partes; posto que, o percurso
se constitui, primordialmente, a partir da demanda do paciente. Contudo, é
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necessário que o entrevistador conheça suas metas e qual o melhor tipo de


procedimento para atingir seus objetivos, para não se perder dentro da entrevista e,
consequentemente, não conseguir atingir o objetivo proposto.
Logo, compreende-se que, como citado anteriormente, as modalidades
correlatas a construção do processo de entrevista versa sobre uma conformação
especifica. No entanto, apesar de compreenderem aspectos discrepantes, há
algumas sugestões imprescindíveis para o processo que independem do tipo de
estruturação; tais como:
 A relação entre o avaliador e o paciente; uma vez que, para que a
entrevista decorra de forma significativa, a confiança estipulada pelo vinculo
terapêutico é de extrema importância.
 O domínio de técnicas, por parte do avaliador; o mesmo, enquanto
responsável pelo direcionamento do processo, deve atentar-se as conceituações
do paciente e, quando necessário, orientá-lo no delineamento de sua fala.
 A sensibilidade frente as disposições empreendidas pelo paciente.

1.3. As competências da entrevista clínica


As competências pessoais instituem aspectos essenciais para a condução da
entrevista. Para além de uma orientação teórica ou um objetivo específico, a fluidez
do processo está atrelada a qualidade do vínculo estabelecido entre profissional e
paciente. Assim, compreende-se que o desempenho do profissional é interpelado,
essencialmente, por habilidades interpessoais.
Voltando-se a essas habilidades, de modo a conceituá-las, tem-se que há dez
atribuições imprescindíveis para a edificação de um processo que seja consistente
e, por conseguinte, benéfico ao paciente; são elas:
 Ciência frente as questões individuais; desta forma, coloca-se que o
avaliador, fundamentalmente, deve diligenciar-se para propiciar uma escuta
presente, que exclua interferências pessoais.
 Colocar-se de forma acolhedora; isto é, o avaliador, atento ao conteúdo
exposto pelo paciente, deve conter as informações passadas para que o mesmo
se sinta à vontade e possa construir uma relação significativa para o processo.
 Facilitar o processo de exteriorização; ou seja, propiciar que o paciente
se sinta seguro para verbalizar sobre questões expressivas.
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 Buscar esclarecimento para algumas colocações incompletas.


 Gentilmente, confrontar esquivas e contradições.
 Falar abertamente, desenvolver uma tolerância e confiança sobre
temas difíceis, passar para o paciente uma experiência sem ser pressionado e
evitá-la a falar sobre temas difíceis.
 Reconhecer defesas e modos de estruturação do paciente.
 Compreender os processos transferenciais e contratransferências.
 Assumir a iniciativa, perante momentos de impasse.
 Dominar as técnicas que utiliza; a partir desta atribuição, o avaliador irá
voltar-se, de fato, a demanda do paciente e a sua relação com ele, com mais
propriedade e segurança.

2. PODCAST
2.1. O que é o PODCAST
O termo podcast tem se tornado popular nas últimas décadas, especialmente
pela facilidade de acesso ao conteúdo; o mesmo engendra uma nova conjuntura,
dado que, em tempos precedentes, o rádio estabelecia o principal formato de
veiculação.

Em 1961, segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública


e Estatística (Ibope), havia 530.964 receptores de rádio e apenas 14.302
aparelhos de televisão no Rio Grande do Sul. Ou seja, 52% dos mais de um
milhão de domicílios recebiam transmissões sonoras das cerca de 90
emissoras instaladas no Estado. Este panorama mudaria radicalmente dez
anos depois, quando o Ibope aferiu, em 1971, que havia 350 mil televisores,
65% deles na capital, ligados, sobretudo, das 20 horas às 22 horas
(Ferraretto, 2007). Como os números apontam ao longo da década de 60 o
rádio perdeu seu protagonismo na sala de visitas (LOPEZ, 2020).

A palavra podcast vem de iPod (dispositivo de áudio criado pela Apple) e


broadcast (transmissão) e, referindo-se a essa plataforma enquanto algo incipiente,
tem-se que uma das primeiras alusões ao termo intercorreu no ano de 2004, pelo
jornal The Guardian (Hammersley, 2004), em uma publicação que versava sobre a
elaboração de um conteúdo em áudio, empreendida por pessoas comuns, a baixo
custo.
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O veículo, nos primórdios, requeria que o usuário dispusesse de uma


assinatura, para poder ouvir o programa em tempo real pela internet; logo, a partir
dessa subscrição, o mesmo seria capaz de acessar o áudio através do computador
ou pelo iPod - por isso o nome podcast. À vista disso, durante este período inicial,
este processo não era considerado totalmente radiofônico, em decorrência de sua
estrutura; dado que, constituía-se enquanto uma transmissão por demanda e não
por tempo real, como os outros formatos radiofônicos.
Voltando-se ao processo de difusão do podcast, institui-se que o mesmo
decorreu do fácil acesso a informação e, igualmente, pela compreensão de fatos que
interessam ao público, os quais podem variar do âmbito interativo à conhecimentos
gerais. Os áudios são disponibilizados em dispositivos com acesso à internet e
transmitidos através de plataformas, sendo o Youtube e o Spotify os mais populares.
Abarcando conteúdos de curta duração, com episódios de vinte a trinta minutos, o
podcast tornou-se um veículo de sucesso no Brasil; os áudios são acessados de
modo a preencher o tempo livre das pessoas ou, até mesmo, durante outras
atividades como locomoção ao trabalho; lavar a louca; arrumar a casa; praticar
exercícios; entre outros.
Evidencia-se, ademais, que a tendência é que este meio de veiculação se
fortaleça ainda mais, devido a sua evolução para “videocast”; este formato que, para
além do áudio, dispõe do conteúdo visual, ganhou destaque através de
influenciadores, que viram a oportunidade de trazer convidados que estão engajados
na internet e, nesta conjuntura, propiciarem uma abertura para que o público
pudesse conhecer melhor e interagir com o entrevistado.

2.2. Projeto PodSerPsico


O projeto PodSerPsico conceitua-se enquanto uma proposta empreendida
pelo 4º termo, do curso de Psicologia, das Faculdades Integradas de Ourinhos –
UNIFIO, a partir da disciplina de projeto integrador. O mesmo, designando um
repertório de gravações em formato de podcast, processou-se durante os meses de
setembro e outubro, contando com a participação de profissionais de diferentes
áreas, os quais foram designados a partir da temática abordada. Esses temas foram
delegados às turmas por meio de um sorteio e, referindo-se ao 4º termo A, pontua-
se que os tópicos conscritos foram:
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2.2.1. Medicalização em excesso/ TDAH no ambiente acadêmico


Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH é um
transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e muitas
vezes acompanha o indivíduo por toda a sua vida; os sintomas, basicamente,
incluem desatenção, inquietude e impulsividade.
Progressivamente, o tema do baixo rendimento escolar é elencado por
educadores e, por conseguinte, buscam-se maneiras de influir nessa questão; Face
a essa proposição, a medicalização tem sido classificada enquanto um recurso
viável para a dissolução deste fenômeno e, desta forma, uma quantidade de
fármacos, muitas vezes excessiva, é prescrita para crianças do mundo todo. Esta
orientação, todavia, independe dos diagnósticos; dado que, até mesmo em
decorrência de suspeitas, provenientes de características como: agitação, falta de
atenção ou dificuldade em compreender as matérias, preceitua-se um processo
medicamentoso. A título de exemplo, é possível citar a questão da agitação, para
qual cada mais utiliza-se o metilfenidato, popularmente conhecido como Ritalina.
Outrossim, voltando-se ainda aos pretextos que aportam essa medicalização
exacerbada, tem-se que a generalização dos diagnósticos de TDAH constituem um
cenário expressivo; uma vez que, a partir desta conjectura, verificou-se um aumento
vertiginoso de crianças utilizando o metilfenidato. Segundo dados, o Brasil esteve,
no ano de 2020, em segundo lugar como maior consumidor deste fármaco; afinal, o
mesmo é considerado como primeira linha para o tratamento do transtorno.
No entanto, é de extrema importância reiterar que, a partir desta difusão dos
diagnósticos correlatos ao TDAH, amplia-se o consumo de um psicoestimulante
(Metilfenidato), substância que, impreterivelmente, demanda uma regulamentação;
dado que, a mesma dispõe de profusos efeitos colaterais, como: insônia; perda de
apetite e irritabilidade. O uso constante e abusivo, além disto, apresenta perigo por
conta do risco de alucinações e de dependência e, por conta disso, essa questão
deve ser tratada com o máximo de cautela e atenção.
O TDAH, reiteradamente, é circunscrito a definição de uma doença que
demanda uma intervenção medicamentosa e, em diversos casos, essa não é a
principal questão; além de que, determinadas circunstâncias sequer referem-se ao
transtorno, de fato. À vista disso, depreende-se que associá-lo à problemas de
aprendizado durante a fase acadêmica, de modo a abdicar de um diagnóstico
criterioso e, por conseguinte, descartar outras hipóteses, é inviável.
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A partir das colocações supracitadas, então, coloca-se que o processo


interventivo tem de estar associado a uma abordagem multimodal, isto é, o mesmo
deve incluir, para além da medicação, psicoterapia comportamental e orientação de
pais e professores, tudo em conjunto para ajudar a criança a entender o que está
acontecendo e tentar auxiliá-la, para que possa passar por isso de uma maneira
mais saudável.

2.2.2. Assédio moral no ambiente de trabalho


Para incorporar a fala sobre o assédio moral no ambiente de trabalho, é
preciso, incialmente, entender a que se refere essa conceituação. Assédio moral é
quando uma ou mais pessoas acabam expondo outra a situações insultuosas e
constrangedoras, propiciando, de maneira recorrente e prolongada, uma sensação
de desconforto. O mesmo, nesta conjuntura, pode ser dividido em quatro vertentes,
sendo elas: 1. Assédio Moral Vertical Descendente; 2. Assédio Moral
Organizacional; 3. Assédio Moral Horizontal; e, por fim, 4. Assédio Moral Vertical
Ascendente.
O assédio moral vertical descendente no trabalho refere-se a uma conjunção
em que o assediador é alguém hierarquicamente superior, por exemplo, quando um
patrão assedia um funcionário. O assédio moral organizacional, por sua vez,
concerne à violência psicológica empreendida pela própria empresa, a qual opera
para que os funcionários estejam sempre competindo entre si. Tangendo a questão
do assédio moral horizontal, tem-se que o mesmo se refere a uma dinâmica entre
funcionários com a mesma colocação dentro da empresa; assim, o assédio é
cometido pelo próprio companheiro, por exemplo, quando um funcionário debocha
de outro por ter conseguido um número maior de vendas para suprir as metas. Por
fim, concernindo ao assédio moral vertical ascendente, concebe-se que este ocorre
quando alguém considerado subordinado assedia um superior hierárquico; no
entanto, esse tipo de assédio é mais raro de ocorrer.
Destarte, referindo-se a relutância dessa conduta, pontua-se que o assédio
pode causar muitos danos a dinâmica institucional, tais como: necessidade de troca
constante de funcionários dentro da empresa; aumento nas ações trabalhistas por
danos morais e acidentes no trabalho. Ademais, inclinando-se ao aspecto subjetivo,
tem-se que o mesmo pode ocasionar o baixo desempenho do sujeito assediado;
danos psicológicos, capazes de afetar não somente o âmbito profissional, mas,
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igualmente, o pessoal; estresse pós-traumático; perda de autoestima; ansiedade;


depressão; apatia; irritabilidade; perturbações da memória; perturbações do sono e
problemas digestivos, podendo até levar ao suicídio.

2.2.3. Procedimentos estéticos e saúde emocional


A busca por um padrão de beleza acontece desde a antiguidade e a mesma
permanece incessantemente nos tempos contemporâneos; mesmo que em
constante mudança e com interações sociais, o homem modifica e avalia seu corpo
diversas vezes no decorrer de sua vida, construindo assim sua autoimagem.
Os padrões decorrem dos costumes de cada época e de uma cultura
narcisista, onde o culto ao corpo é caracterizado pela preocupação excessiva do
homem com o mesmo. Os resultados de estar inserido dentro dessa cultura é o
sentimento de coesão a uma idealização corporal intitulada pela mesma, onde os
parâmetros sociais são maiores do que os individuais, fator que propicia uma
insatisfação corporal.
Na contemporaneidade, a impressão física adquiriu extrema importância, o
que afeta as relações sociais, uma vez que se torna um fator de julgamento. A
cultura contemporânea salienta uma boa forma e imagem, fazendo com que os
indivíduos que estão dentro dos parâmetros corporais sintam-se fora, deixando de
lado fatores genéticos, seu biotipo e fatores psicológicos. A beleza, desta forma,
ganhou um novo significado e, a partir deste, tornou-se algo que determina se o
indivíduo será aceito ou não na sociedade.
A mídia é um instrumento de transmissão cultural que incentiva a insatisfação
corporal e, para mais, estimula o desejo pela mudança; nessa busca excessiva,
entretanto, os indivíduos se tornam prisioneiros do padrão de beleza convencional.
Além disso, ela é caracterizada como um dos meios que propagam os padrões de
beleza impostos, o que causa no indivíduo uma pressão de estar incluso, buscando
sempre a comparação entre seus corpos e a busca por estar inserido naquilo e na
satisfação de chegar a um resultado final, afetando assim sua autoestima,
ocasionando em angústias e restrições para um alcance de padrão estético.
As formas para chegar nesse padrão de beleza pré-estabelecido são
diversos, como procedimentos invasivos e não invasivos que ficam a par do
indivíduo. Outro fator que impulsiona a busca estética é a negação do
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envelhecimento, que incentiva o indivíduo a buscar o domínio de seu corpo através


de procedimentos estéticos.
É importante ressaltar que nem tudo assistido na mídia é real; hoje os
programas de computador são utilizados com mais frequência, eles modificam ainda
mais as imagens corporais, distanciando do que é real, propagando assim um corpo
fictício. Por conta das mídias, a ideia de ter um corpo perfeito é relacionada com a
satisfação pessoal, aumentando a vitalidade e a juventude, anunciando formas e
técnicas de chegar ao sucesso do resultado esperado; dessa forma, quando o
indivíduo chega nesse resultado ele acredita chegar ao sucesso, provendo também
o bem estar e o prazer.
A procura por estar dentre de padrões estabelecidos acontece tanto em
homens como em mulheres, a faixa etária está em constante mudança, isso
acontece em parte por procedimentos preventivos. Essa busca excessiva por estar
inserido em um padrão estético ocasiona em diversos distúrbios psicológicos e
alimentares, além de não se importar com o caminho a ser seguido para conquistar
um resultado esperado.
A autoestima é um indicador mental que tem como base estar sempre melhor
e quando isso não acontece, desperta sentimentos negativos, como desânimo e
inferioridade, que reflete em transtornos psicológicos como a ansiedade e a
depressão. A satisfação com a aparência está relacionada à forma como o indivíduo
se enxerga, sua percepção de autoimagem, o que gera qualidade de vida. Mas caso
haja o contrário, ou seja, uma insatisfação com sua imagem, acontece uma busca
aos recursos estéticos para alcançar esses parâmetros.
A satisfação por estar dentro dos padrões ultrapassa os limites da realidade
de cada corpo, desrespeitando seus biotipos, genéticas e alimentando inseguranças
e baixa autoestima. Mas a busca por estética pode ocorrer de forma positiva, isso
porque pode beneficiar a saúde, exaltando a vida, mas também limitando sua
essência.

2.2.4. Transtornos alimentares


Os transtornos alimentares acompanham vários problemas clínicos
relacionados ao comprometimento do estado nutricional; as práticas compensatórias
inadequadas, para controle e perca de peso, iniciam-se na infância ou na
adolescência, começando com uma preocupação excessiva com seu peso ou sua
18

forma corporal, interferindo em seu desenvolvimento infantil. Logo, concebe-se que


muitos sintomas não são devido a uma condição médica geral, e sim decorrência de
algum transtorno psiquiátrico.
Concernindo a esses transtornos que acontecem, precocemente, na infância
identifica-se a alotriofagia (pica) e o Transtorno de Ruminação. A pica, mais
conhecida como alotriofagia, correfere-se ao desejo que o sujeito tem de ingerir
coisas ou substâncias sem valor nutricional, que podem, até mesmo, ser prejudiciais
à saúde. O transtorno de ruminação, por sua vez, define uma condição em que
pessoa regurgita o que comeu repetida vezes; o alimento retorna a boca fazendo
com que o paciente cuspa ou muita das vezes ingira novamente.
A anorexia e a bulimia, em contrapartida, podem ter o seu aparecimento mais
tardio e constituem-se também pela forma que a criança lidava com a sua
alimentação e com seu corpo quando mais nova. A anorexia é a variação no apetite
e a preocupação exagerada em perder peso, provocando problemas físicos graves;
muitos desses pacientes têm uma visão distorcida de seu corpo, mostrando a maior
taxa de mortalidade por ano. Bulimia é um transtorno alimentar possivelmente fatal,
os pacientes com esse tipo de transtorno têm compulsão por comer; os mesmos,
todavia, tomam medidas drásticas para evitar o ganho de peso, como a indução do
vomito ou a ingestão de medicamentos que provoquem diarreia. Pessoas com
bulimia, normalmente, sofrem de baixa autoestima e tem altos níveis de ansiedade.

As compulsões apresentam-se associadas a estados de humor


disfóricos, como depressão, situações negativas ou provocadoras de stress.
Também são observados sentimentos relacionados à perda ou à rejeição,
baixa autoestima, insegurança, restrição alimentar devido a dietas,
sentimentos relacionados ao peso e a forma do corpo (BEHAR, 1994; DE
CONTI, MORENO & CORDAS, 1995).

O assunto abordado nos mostra, deste modo, a extrema importância de


cuidar da alimentação de crianças e adolescentes, bem como de sua autoestima;
para que, subsecutivamente, a probabilidade de esses desenvolverem algum
transtorno alimentar seja menor.

3. Semelhanças e diferenças entre entrevista clínica e entrevista no


contexto do podcast.
19

A rádio, sendo uma fonte de auxílio na relação entre pessoas desde as


vivências na guerra até o contexto atual, estabeleceu-se enquanto meio de
comunicação principal, tornando a distância um obstáculo menor na transmissão de
informações pelo mundo. A partir desta defluência, frente a um novo cenário da
mídia comunicativa, uma plataforma contemporânea (o podcast) revelou-se,
dispondo de uma dinâmica similar.
Concernindo as correspondências correlatas ao podcast e a entrevista clínica,
aponta-se que ambas se constituem enquanto processos semiestruturados, o qual
aporta um roteiro mais flexível e, desta forma, propicia que o entrevistador possa
delinear o percurso a partir da demanda do entrevistado, empreendo as adequações
necessárias. Ademais, objetivando elencar tal proporção, tem-se que ambos os
processos inquerem a determinação de um intervalo de tempo específico e uma
delineação assertiva, a partir de objetivos pré-estabelecidos; estas disposições
facultam a concretização de um percurso consistente e proveitoso.
Esta correlação, que identifica a construção da entrevista nos referidos
contextos respalda-se, sobretudo, na metodologia que aporta o processo. A mesma,
enquanto constituinte do percurso de entrevista, assegura que os propósitos iniciais
sejam desenvolvidos. A partir de uma construção sólida, relativa ao método da
entrevista, o processo torna-se mais consistente e, no âmbito clinico, auxilia na
avaliação do paciente/cliente; visto que, frente a essas conceituações quanto a
condução da entrevista, o profissional é capaz de construir um percurso condizente
com a demanda do paciente e com os desígnios do processo.
No entanto, apesar de expressivas conformidades quanto a execução da
entrevista, os processos que se constroem nestes espaços apresentam, igualmente,
pontos discrepantes. Referindo-se aos distanciamentos correlatos a disposição da
entrevista no âmbito clinico e no processo de podcast, é possível citar: a
disponibilidade de acesso a entrevista; a temática levantada e a forma de alcançar o
público. A entrevista, disposta em um veículo midiático como o podcast, empreende-
se de modo a atingir as pessoas, em ambientes diversos, a partir de um tema
especifico; em contrapartida, quando elaborada no contexto clinico, processa-se de
forma reservada, abrangendo tópicos voltados a uma experiência subjetiva.
Logo, a partir das conceituações anteriores, depreende-se que as disposições
correlatas a entrevista no âmbito clinico e no podcast constitui-se a partir de
similaridades e divergências. Os propósitos, em consonância com as
20

especificidades, pertencentes a dinâmica em ambos os contextos, engendram a


construção de um processo de caráter individual.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em 23 de setembro de 2022, foi-se realizado o primeiro dia da gravação do
Podcast- PodSerPsico, e foram produzidas duas entrevistas. As quais trouxeram os
seguintes assuntos: primeiro tema “Medicalização em Excesso/TDAH no Ambiente
Acadêmico”, os participantes convidados foram os psicólogos e também auxiliares
do NAAP: Narda Jorosky, Gilson G. e Mayara Bonora.

A entrevista teve início com o questionamento acerca do que se trata o NAAP,


que é o Núcleo de Acessibilidade e Apoio Psicopedagógico, que tem como objetivo
principal trazer mais alunos para as universidades, trabalhando com os
atendimentos de pessoas com algum tipo de deficiência (intelectual ou físico), aonde
envolve a comunicação/infraestrutura, e também algumas ações como interprete de
libras, áudio descrição e outros. É um espaço de acolhimento que busca levar
conteúdo para todos. Eles ajudam a adequar o conteúdo, na intenção de ofertar ao
aluno os recursos da universidade, e adequar o modelo de ensino.

O segundo assunto abordado foi a diferença de “Medicação” e


“Medicalização”. Medicação é algo direcionado, que não esteja ocupando a vida
desse indivíduo. Já a medicalização é usada em casos em que, com algumas
descrições de sintomas evidência no uso da medicação, quando usado em
exagero/fora de contexto, a causa da medicalização pode ser outra além dos
sintomas, como por exemplo, o ambiente onde este sujeito encontra-se inserido.

Posteriormente, foi citado o que seria TDAH- Transtorno de Déficit de Atenção


com Hiperatividade, que é uma dificuldade neuronal crescente, onde, geralmente
tem início na infância e percorre a vida adulta. E ao tratarmos os ambientes onde
essas crianças e jovens estão inseridos, ao pensarmos nas escolas, o aluno tem o
direito a uma mudança no modelo educacional, adaptando-o as suas necessidades,
como por exemplo, espaços coletivos, tempo de prova, forma auditiva e outros.
Sempre realizando o diálogo e não o distanciando do restante da turma. É definido
por lei que o aluno tenha direito a um professor auxiliar, em casos de crianças
pequenas. Existem três tipos de TDAH, o auditivo (audição), visual (visão) e o
21

cinestésico (dinâmica do sujeito). Devemos tomar cuidado com os diagnósticos


precoces que, por muitas vezes, acabam problematizando situações que são
cotidianas.

A segunda entrevista possuía a temática “Assédio Moral no Ambiente de


Trabalho”, e os entrevistados foram: o advogado Thiago Mafra e as alunas de direito
Sarah Pedroso e Mayara.

O início da entrevista foi marcado pela caracterização do assédio no ambiente


de trabalho, onde a violência pode ocorrer de forma física (agressão) e psíquica
(violência verbal), de modo constante. E isso pode acontecer entre a relação patrão
funcionário, como também do funcionário para com o patrão. Com base no que foi
conversado pudemos perceber que a mulher é um dos principais alvos, nesse tipo
de situação, como tantos casos que nos deparamos como o de omissão e a
exclusão do indivíduo por ter sofrido uma violência que pode ser considerada
assédio.

Perante essa problemática, foi-se apontado que não existe lei, apenas o
projeto para a mesma, sendo assim necessário melhorar as leis trabalhistas. No
entanto, é por meio de ordem jurídica, que são realizadas quando necessário a
intervenção de médicos e psicólogos nas empresas. E deste modo conclui-se o
assunto sobre a importância de que haja o respeito mútuo no ambiente de trabalho,
tanto horizontal (entre funcionários) quanto vertical (patrão e funcionário).

No dia 24 de outubro de 2022, tivemos o segundo dia de gravações do


PodCast- PodSerPsico, onde foram-se discutidos sobre Transtornos alimentares e
Procedimentos Estéticos e Saúde Emocional.

A entrevista teve início sobre o que se trata o Transtorno Alimentar. É um


desvio de padrão alimentar no indivíduo, cujo vem através do transtorno psicológico,
que decorre da insatisfação corporal e acarreta outras demais causas. Os sintomas
vão variar de acordo com o tipo de transtorno, alguns podem resultar da depressão.

Em seguida, foi abordado a Bulimia, que é comer exagerado e fazer com que
ocorra a evacuação ou vomito, gerando um ciclo contínuo e o indivíduo começa com
dietas drásticas e restritivas que acaba gerando uma compulsão. A compulsão pode
acontecer de forma isolada, e tem pessoas que ingere de fato coisas que não são
22

comestíveis, como por exemplo: linha, botão etc. É preciso ficar atento, pois a
compulsão pode levar a obesidade que é uma doença.

O psicólogo tem o encargo de ajudar o paciente a entender os sintomas e as


emoções que são manifestadas, e buscar o que o paciente está tentando suprir.
Quando não se trata de alimentos e sim de objetos, é preciso entender o que o
indivíduo está sentindo e dar nome a isso, e por fim auxiliar e acolher.

Posteriormente foi abordado a Anorexia, que é um distúrbio alimentar que


leva a pessoa a ter uma visão distorcida do seu corpo, que se torna uma obsessão
por seu peso e aquilo que come. Ambas as doenças (obesidade e anorexia) podem
estar com transtorno psicológico e insatisfação do corpo, tentando se enquadrar em
algum padrão de beleza. A questão da influência nas redes sociais atinge mais a
população feminina, e o transtorno não tem corpo e nem idade para ser
desenvolvido.

De acordo com a psicóloga clínica Caroline Vargas Netto, ser gordo é um tipo
de corpo, assim como ser magro, e ambos não significam ser saudável ou não. A
junção da nutricionista ao caso tem que ser multiprofissional e é um conjunto que
cada um vai tratar uma parte. A parte psicológica e a parte de aprender a olhar os
alimentos de outra forma.

Para a nutricionista Mara Corsini, a busca é sempre a qualidade de vida e o


peso ideal para cada pessoa. Não podemos romantizar a obesidade, pois, se achar
obeso é uma coisa e estar é outra, é preciso não se adequar a padrão de beleza e
sim a saúde. Saúde não é estar magro e nem obeso!

Independente da patologia, se existe algum transtorno, precisa ser tratado em


conjunto e a mudança tem que ser leve e com orientação. Foi discutido também a
questão da pandemia COVID-19 que ocorreu uma mudança de rotina e uma
necessidade de ficar em casa, que afetou de várias formas, e a ansiedade foi o que
mais avançou afetando vários problemas psicológicos. A pandemia deixou mais
evidentes problemas que já existiam.

A segunda entrevista teve como convidadas a psicóloga Carolina Vargas


Netto, que é psicóloga clínica, realiza estudos de gêneros e violência, e tem enfoque
suas pesquisas acerca de assuntos sobre o corpo, as influências das mídias sociais
23

e a gordofobia. E também, Joice Eluane da Silva dos Santos, psicóloga clínica e


atuante na APAE de Siqueira Campos, a qual trabalha com atendimentos voltados
para adolescentes e adultos.

Ao iniciar a entrevistas foi levantada a forte influência de que viemos tendo


das mídias sociais, e como somos transformados em produtos. Pela busca em que
nos adequemos aos padrões impostos pela sociedade. E como há uma banalização
sobre os procedimentos estéticos, como se estes, fossem algo meramente fácil e
acessível a todos. Enquanto muito se fala e é divulgado sobre a necessidade da
realização desses procedimentos, em contrapartida, pouco é dito, sobre as
dificuldades de se lidar com essa constante cobrança de atingir um corpo/
aparência, para que nos sintamos incluída nesse meio social.

Muitos depositam a ideia de felicidade atrelada a esses procedimentos. Por


isso as psicólogas levantaram a seguinte reflexão, se esse desejo de mudança
estética, é algo genuíno, ou é um resultado de cobranças imposta pelos outros?!
Pois, sabemos que é difícil lidar com a frustração das expectativas que são geradas
perante esses processos pois é literalmente vendido a ideia de que esse é um meio
“fácil” de solucionar seus problemas. Por isso se torna de extrema importância
entender o contexto desse sujeito, se a demanda dessa procura é por conta de uma
melhora na qualidade de vida, se é uma tentativa de estabelecer uma melhor
autoestima e segurança de si. Mas ainda mais, se antes de dar esse passo, se
estamos dispostas a passar primeiramente por um processo de autoconhecimento,
em tentativa de estabelecer uma boa relação com seu corpo, sua imagem, ser capaz
de se identificar e se reconhecer, antes de buscar se encaixar em um padrão que
não nos pertence. E que ao invés de nos trazer uma satisfação, acaba nos
transformando dependentes desses procedimentos. Numa busca incessante por
uma perfeição inalcançável.

Sendo assim, se faz importante a construção de uma relação afetiva,


cuidadosa e acolhedora consigo mesma. Por isso, a necessidade de um
fortalecimento psíquico, ao invés de um estímulo desenfreado de buscas por
alcançar corpos artificialmente perfeitos e por realidades de vidas completamente
diferentes muitas vezes, da nossa experiência.
24

CONCLUSÃO

De acordo com o presente trabalho desenvolvido, há de se concluir que,


apesar de semelhanças no processo de formatação das entrevistas e o âmbito
investigativo, por finalidade e objetivo, há um abismo entre uma e outra. Dado que
uma entrevista de podcast é algo informativo e informal, com o objetivo de entreter e
informar seu público, enquanto uma entrevista psicológica deve seguir à risca,
principalmente, seu pressuposto ético. É de suma importância também que, o
profissional da psicologia domine a teoria para que seja possível traçar objetivos
acerca dos conteúdos apresentados pelo entrevistado.

Os temas abordados enriqueceram a turma e principalmente os


entrevistadores, que conseguiram perguntar e tirar suas dúvidas, através da
entrevista com os profissionais. As gravações estão disponíveis ao público, na
plataforma de streaming “Spotify”, por isso, concluímos que a experiência vivida
pelos alunos 4º termo, através do projeto PodSerPsico aproximou-os da dinâmica de
uma entrevista que, apesar das divergências de uma psicológica, pôde aproximar os
entrevistadores da experiência investigativa e também permitiu a integração do
curso de psicologia com os demais cursos da UNIFIO.
25

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