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PONTOGOR

2022
COMO VER UM FANTASMA? é uma espécie de vídeo/ensaio
desenvolvido durante 1o Ciclo de pesquisa na Coleção Moraes-
Barbosa.
Aqui estão algumas imagens do vídeo que relaciona trabalhos de
Manon de Boer, Antonio Dias, Guy Debord, René Daumal, Roberto
Bolaño e outrxs.

Sobre o programa de pesquisa:


Durante 6 meses, Antônio Ewbank, Bruno Baptistelli, Erica Ferrari,
Pontogor e Tom Nóbrega receberam uma bolsa para desenvolver
suas pesquisas em intersecção com o arquivo da Coleção Moraes-
Barbosa.

Iniciado no primeiro semestre de 2021, o programa de bolsas


O vídeo completo encontra-es em:
da Coleção Moraes-Barbosa é um apoio concedido para artistas,
https://moraes-barbosa.com/Pontogor
curadorxs, pesquisadorxs e demais agentes das artes. Com
duração de seis meses, o programa tem ênfase na investigação
autoral e oferece o material de arquivo da Coleção como base
de dados e disparador das pesquisas. Os dois principais objetivos
da bolsa são financiar investigações experimentais e criar um
ambiente vivo de pesquisa para o arquivo da Coleção.
COMO VER UM FANTASMA?
Vídeo/ensaio
O link para o vídeo COMO VER UM FANTASMA está na bio.
27min 50
Para mais informações acessar o perfil da Coleção
2021
Exposição Ver Como Anda o Mundo Sem os Olhos
Para além das tensões e contradições perceptíveis e mensuráveis –
apresentadas aos olhos dos espectadores sob a forma de pôsteres,
esculturas, vídeos, instalações e objetos –, o trabalho de Pontogor
mira agudamente tensões outras: aquelas invisíveis, suprassensíveis
ou que ao menos exigem observação metódica, interessada ou
científica para serem notadas. Derivadas de dinâmicas tanto
físicas como sociais, essas tensões são encenadas materialmente
em obras que impõem um parâmetro específico de aferição e
medição: o corpo humano.

Na exposição Ver como anda o mundo sem os olhos, que ocupa


a Sé Galeria, a exigência de uma percepção corporal (visual,
sonora, tátil e mesmo olfativa) rigorosa e detida aparece fundida
à mobilização do campo verbal, ou seja, implica uma concepção
do observador de arte como um leitor – de imagens, sons, texturas
(e mesmo odores) mas também de palavras. Como se destinadas
ao toque e ao manuseio, ao uso prático e ao jogo, as palavras
escritas – inscritas em frases lapidares – operam de modo análogo
ao uso saturado e extremado da cor preta. Esse uso do preto
opaco e matérico tem também valor de negação – emanando,
como ato abertamente antipictórico, da matéria-prima industrial
(da cera escura usada na réplica escultórica de um braço; do piso
emborrachado que constitui uma peça de “tapeçaria”; do tecido de
um casaco pendurado na parede, tal um antiparangolé; do papel
de uma série de gravuras).
Em conjunto, postos sob uma dinâmica de contrastes de pretos
saturados e brancos sujos, palavras e objetos, frases e imagens
mobilizam um estado de reflexão constante, crítico, em que Virgílio,
Freud, Thomas Mann, René Daumal, Pauline Oliveros e Davi
Kopenawa releem o noticiário político e são relidos de volta.

O enunciado ver como anda o mundo sem os olhos – que remete


ao título do vídeo apresentado na exposição – resume esse uso
das palavras escritas, com seus ecos cegos mas audíveis, que
atuam como forças físicas – e que informam, tateantes, sobre o
andamento do mundo.
Gustavo Motta
Excerto do texto do poster da exposição

Se Não Alcanço Os Céus, Me Volto Para O Inferno


Borracha gravada em baixo relevo
2021

Biometria
Réplica de braço direito
Cera de abelha, cera de carnaúba e pigmento preto
2021
Mais informações em:
https://www.segaleria.com.br/exposicao/ver-como-anda-o-mundo-
sem-os-olhos/
https://bf3fcfad-5ae0-4e90-aa5a-688cae981371.filesusr.com/
ugd/4467db_7a0751dc4ab14244b440b314839b5cb2.pdf

Vista do primeiro andar da exposição


Ver Como Anda o Mundo Sem os Olhos

Meme
Bengala sobre o livro Doutor Fausto, de Thomas Mann
2020

Naufrágio
Tecido, manga de casaco, régua de latão e régua de aço gravadas
2021

Folhas Negras
7 capdas da Folha de São Paulo serigrafadas em preto sobre preto,
descrevendo a gênese dos processos que levaram
o Bolsonaro ao poder
2021
Acabo de ter um sonho singular. Era bem nítido, bem real... Pouco
antes de despertar eu me sentia tonto e tentava centrar minha visão
em alguma coisa, mas agora não consigo dizer que tipo de coisa.

No sonho eu esticava minha mão esquerda para frente. Eu


projetava meu corpo desde as pernas, a cintura, o ombro, o braço,
a mão, os dedos da mão esquerda... E com o braço direito eu
tentava me equilibrar para não cair. Eu projetava meu corpo e
esticava meu braço para frente para me segurar em alguém (ou
segurar alguém), mas não havia ninguém na minha frente. O lugar
estava completamente vazio.

Lembro-me da sensação do braço bem esticado. A incômoda


sensação dos músculos tensionados, da pele esticada...
Vídeo completo em:
https://youtu.be/5nulItwbxnY
O filme tem narração de Tom Nóbrega.

A Woman Sees How the World Goes With No Eyes


Vídeo
16 min 10
2021
Um grande círculo de metal construído dentro de uma sala de
exposição. O círculo envolve uma pilastra, como um desses
quebra-cabeças que devemos separar duas peças, mas a ação
parece impossível já que o círculo, completamente fechado,
atrapalha tal movimento.

Seu tamanho e posição nos impedem de vê-lo como uma


“representação” meramente gráfica ou figura geométrica simples
e, portanto, apenas acreditamos em sua forma. Nossa experiência
desse círculo é fragmentada e se dá a partir de seções curvas que
nos sugerem a ideia de uma “forma ideal”.

Compreender um texto é, antes de mais nada, poder ser por ele


interpretado. E o processo de compreensão distingue-se de outros
processos intelectivos, pois procede segundo um movimento
circular que vai da pré-compreensão do todo à compreensão das
partes e da compreensão destas até o sentido do todo.

O observador/leitor entra no espaço e cai em um labirinto circular


de entendimento da própria forma que o aprisiona, e que é pelo
espaço/contexto aprisionada. Seu conhecimento prévio o leva
a interpretar, que o leva a certo entendimento, que por sua vez Labirinto de Hermes
modifica a realidade, modificando assim seu “novo” conhecimento Instalação
prévio da situação, que o leva uma nova interpretação, que o leva Circulo de ferro calandrado com 6 m de diâmetro
a… 2015
Uma comunidade dos sem comunidade, para uma comunidade
por vir. Uma vídeo-colagem esquizo-cênica da perturbadora
‘normalidade’ de Moby Dick. Realizada pela Cia. Ueinzz de Teatro.

Em Mobedique Hors Acvè - filme feito de sobreposições, cortes,


e pedaços de diferentes situações do processo criativo da peça
de mesmo nome - passados remotos encontram futuros remotos.
Robôs dançantes acenam para o viajante solitário. A queima
da gordura de baleias alimenta o processo de zumbificação
do cidadão-consumidor. Agora tudo queima! Inquilinos
precários ficaremos no escuro, náufragos de um mundo que
não nos pertence. Terranos, na companhia das águas vivas,
acompanhamos a caça, a fuga, a astrologia e os hologramas da
Vídeo completo em:
baleia Mobedique.
https://youtu.be/ljmCS7Tb4Is
Ueinzz é: Adélia Faustino, Aécio Cardoso, Ana Carmem del
Collado, Ailton Faria de Carvalho, Ana Goldenstein, Arthur
Amador, Carlos Balpa, Carolina Audjemian, Eduardo Lettiere,
Erika Inforsato, Jayme Menezes, Laiza Meegassi, Leonardo Lui ,
Marco Antônio Machado, Marcos Marabelli, Onés Cervelin, Paula
Mobedique Hors Acvé
Francisquetti, Pedro França, Pontogor, Rodrigo Calazans, Simone
Em parceria com a Cia Ueinzz de Teatro
Mina, Valéria Manzalli e Amélia Monteiro de Melo.
Vídeo
45 min 25
2019
As estrelas estão sempre em movimento na esfera celeste.
As 27 estrelas da bandeira nacional brasileira representam um
instante do céu do Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de
1889, dia da proclamação da República.

Em outra data a configuração dessas mesmas estrelas seria


diferente. E muitas diferenças podem ser explicitadas com essa
variação. Escolhi uma data, e uma posição geográfica, que
reivindica a necessidade de ser lembrada. Um evento da nossa
história recente que ainda pede atenção e reflexão.

Na bandeira intitulada:
14 de março de 2018, 21:30 | 22°54’52.2”S 43°12’27.2”W
temos o último céus possivel do momento e localização
aproximados do assasinato da Vereadora Marielle Franco.

14 de março de 2018, 21:30 | 22°54’52.2”S 43°12’27.2”W


Bandeira
Sublimação em tecido de microfibra 100 x 150 cm
2020
Uma piscina como vazio. A imersão como contraponto a
contemplação da paisagem. A intervenção crua que aponta
para o estado cru do lugar, sem o levante da memória, apenas o
preenchimento do espaço pelo som invisível.Três composições. O
órgão indica o Homem racional, a teoria, a matemática. O Diabo
é a guitarra em trítonos, som banido. Deus, o acaso, o intengível,
variações vocais...

Trecho do trabalho:
https://soundcloud.com/pontogor/deus-diabo-homem-3-equalizado

Deus Diabo Homem


Com colaboração de Tom Nóbrega
Instalação sonora
3 caixas de som, 3 horas 30 min
2015
Não olha, nem pensa mais no inseto. Levanta-se, vai em direção
a janela. Sente o calor do sol em sua pele (há algo como um calor
do som que penetra). Talvez tudo possa mudar... até outra parede,
até outra queda.

Vídeo realizado para o projeto BRONTE, de Erick Araujo e Gustavo


Torres.

Para acessar o trabalho completo


https://brontebronte.com/

Um Organismo Ainda Mais Baixo


Em parceria com Bronte
Vídeo
21min 36
2020
Em um mundo de inversões, onde tudo se transforma em
seu contrário e assim sucessivamente, é necessário rever
a cada minuto o sentido que as coisas adquirem, quais
inversões estão sendo realizadas e por quem. Ou talvez
fosse melhor dizer: em um tempo de inversões, um tempo
em que se apagou a própria idéia de tempo para se
instaurar o pós-tudo da pós-modernidade pós-rancor, é
necessário, a cada minuto, olhar os sentidos da dinâmica
social e suas inversões constantes.

Quando o tal do gigante acordou, o sentido de uma força


que tomava conta das ruas se inverteu. Ficou forte, daí, o
grito positivista do nacionalismo. O hino nacional tornou
inaudível os gritos anti-capitalistas, sufocou qualquer
possibilidade de crítica radical. As pautas se tornaram
apelos cívicos, já não questionavam as condições materiais
violentas do capitalismo brasileiro em seu momento de
ápice e colapso, mas buscavam “endireitar” os rumos da
pátria.

A operação de inverter a polaridade de uma vitrola,


fazendo com que o disco de hinos nacionais toque ao
contrário, inverte – de cara – todo o discurso positivista,
recusa seu conteúdo e o torna inaudível. Mas é pela
desconfiguração sonora que se explicita qual é o
movimento do nacional em relação ao indivíduo – se
escutado na forma positiva, a agulha caminha para
o centro (para uma centralização?), para um ápice
determinado, alcançado através da progressão do
movimento do aparelho. Já em seu espelhamento
negativo, a agulha caminha no sentido de sua própria
expulsão da unidade do disco: em movimentos sutis ela
está programada para sua própria falência, seu colapso,
já que despenca do equipamento quando a musica acaba.
Estes movimentos não se excluem, mas se completam.

Marilia Furman
(excerto de comentários sobre os trabalhos expostos
na Residência Phosphorus

Áudio:
https://pontogor.bandcamp.com/album/contraponto

Contraponto
Vitrola modificada e disco com hinos do Brasil
2013
“To the Bone” é baseado em uma transmissão multicanal de cinco
diferentes loops de som, divididos em dois grupos específicos de diferentes
comprimentos. O primeiro grupo tem uma duração total de 60 minutos,
o outro, uma duração de 70 minutos. Como os dois grupos são jogados
simultaneamente em paralelo, eles mudam com o tempo e voltam em
sincronia após 7 horas. A ideia era que a cada iteração ocorressem
pequenas variações e, progressivamente, essas mutações se transformariam
em mudanças e evoluções reais. O material musical consistia em uma
mistura de material sonoro abstrato (sintetizado e processado), vozes e sons
concretos relacionados ao patrimônio cultural brasileiro, incluindo discursos,
filmes, entrevistas e trabalhos de outros artistas com laços mais ou menos Vídeos sobre o trabalho.
políticos com o Brasil, o estado federal e o passado colonial do país. https://youtu.be/so0Bge-4KuY
https://youtu.be/c9mufxHNc8U?t=352
Graças a uma espacialização precisa e ao posicionamento dos 12
altofalantes no espaço expositivo (usando as características acústicas
específicas do espaço, o teto convexo e o espaço especial de transição entre
o interior e o exterior), o objetivo da dupla era fazer com que os visitantes
sentissem fisicamente a arquitetura do espaço através do som. Permitir To The Bone
que os visitantes sintam o ponto de tensão entre o exterior e o interior, Em parceria com Nicolas Field
permitindo-lhes ouvir no interior (o espaço da exposição algo santificado) Pilotis do MAM Rio
e no exterior (espaço público) ao mesmo tempo. Idealmente criando um Festival Novas Frequências
espaço em evolução, intimamente relacionado com o local de exposição Dimensões variáveis
e até mesmo interferindo nele. A paisagem sonora foi reforçada por uma Instalação multi canal
instalação visual, utilizando materiais como terra, sisal, carvão, cal, desenhos com 14 caixas de som, terra, cal, carvão, fumação
de giz e fumaça. 2017
Eu estava na varanda pensando em nada quando um helicóptero foi se aproximando de um enorme
prédio do outro lado da rua. Por aqui os helicópteros nunca param. Povoam minhas noites e sonhos
como os grilos fariam se eu estivesse em outro lugar. Ele deu algumas voltas no céu, como quem procura
alguma coisa ou apenas figurando como um mobile que balança pendurado no teto do quarto.
Mas o tempo vira e, numa estranha mudança do vento**, a aeronave, que mais parecia um brinquedo,
gira sem controle e termina batendo na lateral do edifício. Suas hélices voam pelos ares e o impacto cria
um enorme buraco, revelando os restos burocráticos de escritórios que tinham funcionado ali***.

O sol já clareava o céu com um azul vivo e ele acordou chorando de um sonho que não se lembrava.
Chorando alto e soluçando, voltou a dormir. Depois foi surpreendido pelos raios de sol esquentando seu
rosto. Teve que se levantar para fechar a pesada persiana.

É muito cedo, mas não temos como esquentar a água para o café.

No quarto, além da cama, está um armário vermelho levemente inclinado para frente com a porta aberta
em noventa graus. A porta é pesada e faria com que o armário tombasse, mas a mesma porta que o puxa
para frente, serve de apoio para que ele não caia.
Ele colocou a calça jeans pendurada pela cintura na quina superior da porta. Pendendo e quase tocando
o chão. Como se estivesse em pé sem um corpo.
Nada além de poeira e restos de temperos nas prateleiras do armário.

Os dias passam.

SP22032012 - 00H26 __________________________________________


* Uma vez um conhecido me falou sobre o que lhe acontecia quando estava diante de edifícios aparentemente vazios.
“...mientras el hombre caía sobre el piso, y las piedras que recibieron su cuerpo Durante o almoço, que durou das três às seis da tarde, dedicou-se a remoer o tema: os edifícios aparentemente
comenzaran a vestirse de um rojo púrpura.” vazios, isto é, os edifícios que a gente crê que estão vazios, e a gente crê por não ouvir nenhum ruído, mas que
na realidade não estão vazios, e isso a gente também sabe, apesar de os sentidos, o ouvido, a vista, dizerem
Víctor Hugo Viscarra, Avisos Necrológicos
que está vazio. E então a angústia, o medo, não obedecem ao que a gente crê que obedecem, isto é, ao fato de
se encontrar dentro de um edifício vazio, nem ao fato, nada fantástico, de se crer pego ou trancado dentro de um
edifício vazio, mas a gente sabe, bem no fundo a gente sabe que não existem edifícios vazios, que nas porras dos
Muitas vezes uma pedra é um caderno melhor do que folhas de papel agrupadas. edifícios vazios sempre há alguém que se furta ao nosso olhar e que não faz barulho, e tudo se reduz a isso, a que
E não estamos sozinhos quando tudo racionalmente nos indica que estamos.
As coisas nem sempre são o que parecem ser ou logo depois de serem vistas deixam de ser o que eram. Depois disse: sabe quando ficamos sozinhos de verdade? Nas multidões, eu respondi pensando que assim remava
conforme a sua corrente, mas não, não era nas multidões, isso eu devo ter imaginado, mas depois da morte. A
Olho pela janela e vejo o mesmo prédio de ontem, de anteontem, de sexta-feira passada, de amanhã. única solidão verdadeira.
Não tem ninguém lá, ou ao menos eu não vejo ninguém*. Compulsivamente, fico olhando para esse ** De lá para cá os ventos começaram a soprar na outra direção. O que parecia ser um movimento da direita para
prédio. Esperando alguma coisa acontecer, procurando uma resposta. a esquerda, agora voltava a soprar claramente da esquerda para a direita.
Ele está lá, na minha frente, abandonado, silencioso... Ele se cala e ignora o barulho dos carros e ônibus *** Ouroboros. Serpente mítica, pertencente às antigas culturas do Egito e da Grécia. É representada com a cauda
na boca, devorando-se continuamente e renascendo a partir de si mesma.
que atravessam as ruas. Ignora os transeuntes, as lojas, a polícia, os mendigos. Ele está lá.
De uma das janelas saem paletas de uma persiana que balançam com o vento. É o único movimento
perceptível, ao menos desde onde estou. Fico um bom tempo olhando essa janela. Às vezes parece que
as paletas vão parar, movem-se lentamente, encostam-se ao parapeito e voltam a acenar do lado de fora. Devaneio Desadaptativo
Com colaboração de Marilia Furman
Minha mente é um enorme vazio, ou pequeno. Não importa. Duas fotografias 90 x 60 cada + vídeo 5min
Fotografia (e texto) impressa e emoldurada + vídeo em
Remembering is not the opposite of forgetting monitor
2018
Vídeos:
https://youtu.be/mjTuN6DtzXg
https://youtu.be/8RgkKb0alHU

180° ou Empederniam
Performance
60 min
2016

Não Faço Ideia de Quantos Dedos Tenho


Performance
60 min
2016
Dois campos de futebol por minuto foi a velocidade recorde
do desmatamento da Amazônia registrada em maio de 2019,
numa fórmula matemática cujas cifras só tendem a subir. No
dia 7 de setembro de 2019, o áudio operístico de Fitzcarraldo,
empreitada alucinada de Werner Herzog que contou com um
barco de madeira em tamanho real empurrado montanha acima
em plena selva, se encontra às cegas com ruídos editados ao vivo,
vitrolas amplificadas e projeções em larga escala de vídeos de
baixa resolução do youtube, invocando os muitos curtos-circuitos
de tempo, espaço e narrativa em que nos deparamos em tempos
cataclísmicos.

dois campos de futebol por minuto ou o conquistador do inútil


Pontogor e Hospício para peregrinos
Trecho do vídeo em:
https://youtu.be/w-F6_g3HHyw

Dois Campos de Futebol Por Minuto


Em parceria com Hospício para Peregrinos
Vídeo
2 horas 38 min
2019
Movimentavam-se, todos, em absoluto silêncio.
Ouvia-se o roçar dos braços nas coxas, ou em
outros braços.
Aquilo tudo que arrastavam, a casa, a vida, inteira,
já não podia fazer barulho.
Ruínas sem ruídos.

As coisas caem.
Querem cair.
Um ator tomba à minha frente, porque deseja
fazer-se chão. “
Uma cusparada na calçada”.
O tônus e a pose cedem à horizontal.
Corpo então é massa, Música vira murmúrio, o dito
é só soprado, os conceitos são poeira vaga.

As coisas querem cair. Andar, para frente ou para


trás, é cair, e frear a queda.
Vertigem:

Came down from my


Ivory Tower
And found no world
(Kerouac)

Cai, sem calço: uma cadeira;


uma pedra,
um parque de ruínas
de estátuas poderosas tombadas,
deitadas,
sonolentas
Um dia eretas,
rastejantes no entardecer.
Colombo, o descobridor de horizontes,
cata formigas no chão
de boa...
é esse o urbanismo dos meus sonhos,
é de murmúrio e poeira.

a razão dos monstros produz sonhos.

Pedro França
(texto do poster da exposição)

Vistas da exposição Apenas uma Pedra


Sé Galeria
2018
Em um sonho eu nadava em uma praia que não tinha areia e as
ondas quebravam em um enorme muro, como a encosta de uma
montanha, mas a sensação era bem diferente.
Todos aproveitavam a situação com normalidade, todos estavam
tranquilos.
Ondas enormes se formavam e diversas pessoas se aventuravam
em um mar de absurda força.
Eu estava na água quando vi algo muito grande surgir.
Sua pele era negra e não aparentava ter olhos.
Não me lembro se tinha boca, mas aquilo me causava medo e
curiosidade.
Todos nadamos para a encosta em um ritmo desesperado e de lá
observamos a criatura que se movia calma e lentamente.

Tudo que eu via da ponte era como um fóssil daquela visão


Vídeo completeo em:
Estático
https://youtu.be/X4492Lp9C8M
Negro
Com a aparência de um prédio
Algo que não pertencia à realidade

Mas é tudo ferro


MARAHOPE
Vídeo
E por toda parte os restos de um outro tempo
21 min 25
Um outro mundo
2019
O processo de Pontogor é a materialização
continuada de uma ação: “por em duvida”. Se os
pensamentos, imagens, histórias ou teorias que
chamam nossa atenção pudessem ser guardados
em uma caixa, ele viveria cercado por milhares
delas, totalmente cheias. Elas iriam se acumulando
conscientemente desordenadas e esquecidas,
enquanto outras novas surgiriam em uma prática
contínua de pensamento. Ao mesmo tempo poderia
resgatar um desses desenhos guardados o um texto
do qual não se lembra a origem ou referencia e os
observaria investigando os possíveis significados
existentes agora para ele. E neste “fazer é pensar
/ pensar é fazer”, como ele mesmo descreve seu
processo, uma imagem antiga encontra uma
cadeira esquecida ou um conceito matemático
contamina uma barra de metal que alguém já
não precisava. São uniões de referências que
perderam o sentido com objetos encontrados,
em uma tentativa de que o acaso seja o que irá
dar estrutura às obras, livre de pensamentos pré-
estabelecidos ou racionalizações impostas por uma
lógica fenomenológica.

Há muitas pistas possíveis e perguntas que


surgem ao redor de cada um dos elementos
reunidos nestas obras. Está implícito no processo
de Pontogor deixar as ideias em aberto, num
pensamento que é ao mesmo tempo filosófico
- Adorno e a natureza ambígua das obras - e
científico - Heisenberg e seu Princípio da Incerteza -
onde nos é dada a oportunidade da leitura própria
de cada espectador, e, portanto, os trabalhos se
refazem constantemente. Talvez seja porque a arte
é o único campo de atuação independente que
resta à essa filosofia primitiva.

Não por acaso, ao entrar em seu estúdio, encontrei


o “O Livro do desassossego” de Fernando Pessoa,
uma acumulação de fragmentos e cogitações
filosóficas sobre o cotidiano, sem nenhuma ordem,
dotado de uma lógica desconhecida e uma
linguagem intraduzível. Ante estas incertezas e a
demanda incessante por respostas sobre o tempo e
a razão, Pontogor sublinha uma frase: “A razão é a
fé no que se pode compreender sem fé; mas é uma
fé ainda”.
Marta Ramos-Yzquierdo

Vistas da exposição Razão


Galeria Emma Thomas
2014
Vídeos:
https://youtu.be/6eGADKfrfww
https://youtu.be/vFXqXDXEV8g
https://youtu.be/AmzPJ5WfKRg

Díptico
Vídeo
3 min 14
2010

Chairs
Em parceria com Jialu Pombo
Vídeo
9 min 14
2011

Pintura Branca
Vídeo
2 min 22
2008
Pontogor
Rio de Janeiro, 1981. Vive e trabalha em São Paulo.
55 11 9 9917 2489
pontogor@gmail.com
http://pontogor.tumblr.com

Sua pesquisa tem foco em meios como: vídeo, fotografia, instalação, performance e música.
Interessando-se pelo ruído e o desgaste nas imagens e sons, atento ao erro e ao acaso como
ferramentas. Seu processo criativo se planifica desde o pensamento hermenêutico na procura
de soluções sensoriais para plasmar problemáticas filosóficas sobre espaço, tempo e sonho.
Pontogor é integrante da Cia. UEINZZ de Teatro.

Residências e Prêmios
2021 - 1o Ciclo de Pesquisa na Coleção Moraes-Barbosa, São Paulo;
2014 - Urra, Buenos Aires, Argentina;
2013 - Phosphorus. São Paulo, Brasil;
2011 - Air Antwerpen. Antuérpia, Bélgica;
2011 - Encontro V.E.R. Terra UNA, Liberdade, Minas Gerais;
2009 - Batiscafo em La Habana, Cuba;
2008 - 4Territórios em Brasília;
2007 - Ganhou o Prêmio Prodem na Bienal Internacional Siart em La Paz, Bolívia.

Dentre as principais exposições individuais estão:


Ver Como Anda o Mundo Sem os Olhos, Sé Galeria, São Paulo 2021;
Apenas Uma Pedra, Sé Galeria, São Paulo 2018;
Frente à Realidade, Desisto, Paço das Artes no MIS, São Paulo, 2017;
Criatura, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, 2016;
Labirinto de Hermes, Pivô, São Paulo, 2015;
Perdendo a Fé, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2014;
Ação, Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza 2010.

E mais relevantes exposições coletivas:


Four Flags 2020, Galeria Jaqueline Martins, São Paulo, 2020
O Disco De Vinil Na Arte Contemporânea Brasileira, SESC Belenzinho, 2019
AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar, Instituto Tomie Ohtake, 2018
Festival Novas Frequências, Pilotis do MAM RJ, 2017
Mostra Verbo, Galeria Vermelho, 2017
Nós Entre os Extremos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2016
Rumos Artes Visuais, São Paulo, Goiânia e Joinville, 2012;
Performance Arte Brasil, MAM-RJ, 2011;
SUVENIR # Brasilien, Kunst im Kulturflur , Hildesheim , Alemanha, 2011
29a Bienal de São Paulo, no Terreiro: A Pele do Invisível, 2010;
Latidos Urbanos, em Santiago, Chile, 2010;
Jogos de Guerra, Fundação Memorial da América Latina, São Paulo, 2010
Live Cinema, Oi Futuro (Ipanema), Rio de Janeiro, 2010
Zoation Painting, Museu Nacional de Arte. La Paz, Bolívia, 2008.
Banda d’Alén, SESC Niteroi, Rio de Janeiro, 2008
Textos: 2007 Uma Odisséia, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, 2007
https://pontogor.tumblr.com/textos

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