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AO DOUTO JUÍZO DA VARA DE XXXXX DA COMARCA DE XXXX

PROCESSO: xxxxxxxx
REQUERENTE: xxxxxxxxxxxxxx
REQUERIDO: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
NATUREZA: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

EDILSON GONÇALVES DE AGUIAIS, brasileiro, casado, economista,


Perito Judicial, regularmente inscrito no Conselho Regional de Economia 18º Região –
CORECON/GO, seção Goiás, sob o número 2.337/D, inscrito no CPF/MF sob o número
013.933.451-31, com o endereço profissional indicado no rodapé desta, na condição de
PERITO JUDICIAL nomeado nos autos em epígrafe, em que litigam as partes acima já
identificadas, vem, mui respeitosamente, nos termos do Art. 464, 465 e seguintes do
CPC, e, tendo em vista, ainda, os artigos 299, 342 e 347 do Código Penal, vem, mui
respeitosamente, submeter à apreciação de V. Exa., a presente:

CONTESTAÇÃO À IMPUGNAÇÃO DE
NOMEAÇÃO DO PERITO

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A REQUERENTE, por meio de seu bastante advogado apresenta
IMPUGNAÇÃO à nomeação desse expert às fls. 930-932, alegando que o Exmo. Juiz
deferiu a realização de perícia CONTÁBIL nas contas do requerido e, por óbice, a
nomeação de um economista para tal encargo não encontraria amparo em face da
existência de uma classe profissional exclusiva para tal feito, conforme art. 26 do Decreto-
lei n. 9.265 de 27 de maio de 1946.

Sobre esse ponto, anexo à presente CONTESTAÇÃO um Parecer emitido


pelo Dr. Candido Rangel Dinamarco sobre a controvérsia desse caso. Leciona o mestre
que a prova pericial é adequada sempre que se trate de exames fora do alcance do
homem dotado de cultura comum, não especializado em temas técnicos ou científicos,
como são as partes, os advogados e o juiz. Assim, “onde termina o campo acessível ao
homem de cultura comum ou propício às presunções judiciais, ali começa o das
perícias.” (Dinamarco, C. R. Parecer sobre perícia contábil. São Paulo, 2004 p. 6)

“Por isso, é sempre indispensável, ainda independentemente de


qualquer regulamentação legal a respeito, que o encargo da
perícia recaia sobre pessoa que seja e se revele conhecedor da
matéria em pauta, sob pena de nada valer o seu serviço. Não é à
toa ou por acaso que em língua francesa o perito é designado
como expert e, em inglês, expert witness. (op. Cit., p. 7)

A PERÍCIA CONTÁBIL muitas vezes vem sendo confundida como perícia de


contador, de contabilista. A lógica, que vem de uma certa tradição dos cartórios, é que se
o trabalho trata de números, então é perícia de contas e, sendo de contas, é contábil,
sendo contábil, é de contabilista. Excetuando-se as Perícias Médicas e de Engenharia,
qualquer outra é denominada Perícia Contábil.

Por sua vez, a PERÍCIA FINANCEIRA abrange a imensa maioria dos casos
das antigamente chamadas como perícias contábeis. Exige, por exemplo, capacitação
técnica para realizar estudos comparativos de índices e formação de indicadores
econômicos, ao tratar da análise da correção monetária de contratos, de mercados e de
setores econômicos nas avaliações de empresas, de custos e formação de preços, ao
avaliar hipóteses de superfaturamento em contratos entre partes. Estes são alguns dos
múltiplos conceitos necessários em economia e finanças, que ao final parecem resumir-
se em simples cálculos financeiros, porém complexos e de atribuição do profissional
economista.

O perito é o profissional que, em função da matéria abordada nos autos,


socorre aos magistrados, bem como os advogados, para esclarecer aspectos técnicos
inerentes à sua profissão. Tais aspectos podem ser pertinentes a diversas áreas do
conhecimento, e muitos deles são atribuições dos economistas. É um trabalho técnico e
normalmente realizado através de pareceres ou laudos periciais. Ao se valer deste
procedimento, os magistrados determinam sua realização denominando tais peças

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rotineiramente de perícias contábeis, mesmo quando se trata de assuntos não
identificados com a Ciência Contábil, como é o caso em tela.

Melhor delimitando a competência das diferentes carreiras e graduações


universitárias, o Professor Dinamarco (op. Cit.), com grande clareza, define a distinção
entre a perícia contábil e a perícia financeira. Segundo seu ensinamento, uma perícia é
contábil quando tem por objetivo examinar os registros de fatos econômicos, sem
ingressar na análise destes, pois se forem além de verificações de registros contábeis e
da análise de sua exatidão, os trabalhos que ultrapassem estes limites, não são
tecnicamente perícias contábeis. Deixa claro o eminente jurista: “ao contabilista cabe o
registro dos fatos, representados por balanços, ou seja, as escritas contábeis dos
fenômenos e dos fatos econômicos”[...] “O contabilista trabalha com registros; e os
fenômenos que estão atrás dos atos registrados pertencem à seara de
conhecimentos do economista, não do contabilista” (grifo nosso).

Por disposição constitucional expressa, na ordem jurídica brasileira é à lei


que compete a fixação de regras gerais sobre o exercício das profissões segundo as
qualificações de cada um (art. 5o, inc. XIII), não sendo admissíveis eventuais restrições
estabelecidas por outro meio senão a lei. Nesse ponto, a profissão do Economista é
regida pela Lei n. 1.411/1951 c/c Dec. n. 31.794/1952 que dispõe, in verbis:

“Art. 3º A atividade profissional privativa do economista exercita-se,


liberalmente ou não por estudos, pesquisas, análises. relatórios, pareceres,
perícias, arbitragens, laudos, esquemas ou certificados sobre os
assuntos compreendidos no seu campo profissional, inclusive por meio
de planejamento, implantação, orientação, supervisão ou assistência dos
trabalhos relativos As atividades econômicas ou financeiras, em
empreendimentos públicos privados ou mistos. ou por quaisquer outros
meios que objetivem, técnica ou cientificamente, o aumento ou a
conservação do rendimento econômico.” (grifo nosso).

É jurisdicional a medida com que cada juiz exerce seu poder de escolher o
perito com a qualificação mais adequada diante dos fatos a descobrir e interpretar. Essa
escolha do juiz só poderá ser considerada nula se, além de contrariar a lei, for portadora
de prejuízo a uma das partes ou ainda, em última análise, ao bom exercício da jurisdição.
Só haverá algum vício processual em caso de escolha equivocada de profissional da área
da economia quando a matéria em lide pertencesse nitidamente ao campo de atuação
dos contadores ou quando, depois da perícia feita, se verificasse que foi mal feita por falta
de conhecimentos especializados. Nesses casos extremos, a solução será a repetição da
perícia, expressamente autorizada pelo Código de Processo Civil (art. 480), o que
ocorrerá se, por ser de má qualidade ou seja por qual motivo for, a perícia feita não for
capaz de esclarecer ao juízo os pontos suscitados pelas partes.

Outrossim, leciona o Dr. Dinamarco que dificilmente ocorrerão casos em que


um economista não seja capaz de realizar perícias puramente contábeis, ou seja, perícias
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referentes à própria contabilidade de empresas, entes estatais ou pessoas físicas,
simplesmente porque o curriculum dos cursos de economia inclui a contabilidade e
análise de balanços (tal é uma exigência do Conselho Federal de Educação, contida em
sua Res. n. 11/84). O que não acontece é o oposto, ou seja, o contabilista não recebe de
seus cursos acadêmicos uma formação de economista.

Essa realidade foi sentida pelo Col. Superior Tribunal de Justiça, em julgado
no qual se reconheceu expressamente que: “mostra-se perfeitamente habilitado um
economista, com formação superior que, demais disso, tem conhecimentos de
contabilidade na condição de técnico dessa área” (Min. Menezes Direito) - STJ, 3a T.,
REsp n. 440.115, j. 4.2.03, rel. Menezes Direito, v.u., DJU 10.3.03, p. 195..

No caso concreto, o objeto da perícia deferida pelo Douto Juízo não é a


conferência dos registros contábeis mas sim a verificação dos efeitos econômicos
gerados por tais atos. Nesse caso, os conhecimentos em contabilidade adquiridos pelo
expert ao longo de sua formação servirão apenas como ciência auxiliar. Nas palavras do
Dr. Dinamarco (op. Cit.) “assim como o médico precisa ter conhecimentos suficientes de
química, que é auxiliar da farmacologia; assim como o engenheiro e o próprio contabilista
precisam da matemática; assim como o juiz se vale de conceitos e técnicas inerentes à
lógica ou à filosofia jurídica etc. − assim também o economista emprega com frequência
conhecimentos que em si mesmos pertencem à contabilidade, sem que com isso se
mascare de contabilista, do mesmo modo que o médico não se transmuda em químico,
ou o engenheiro em matemático, ou o juiz em um lógico ou filósofo”.

Tendo tudo isso em conta, SOLICITA-SE que sejam acatadas as


justificativas acima aludidas e seja mantida a nomeação do expert e solicitado às partes
que apresentem os quesitos que deverão ser respondidos por esse perito.

Antecipadamente, colocamo-nos ao inteiro dispor de V. Sª. para quaisquer


esclarecimentos, podendo nos contatar no endereço e telefones encontrados no rodapé
do presente expediente.

N. Termos.
P. Deferimento.

Goiânia (GO), 26 de abril de 2016

Edilson Gonçalves de Aguiais


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