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Livro Morfologia Da Lingua Portuguesa
Livro Morfologia Da Lingua Portuguesa
Língua
Portuguesa
Indaial – 2021
3a Edição
Elaboração:
Profª. Rosangela Marçolla
M321m
Marçolla, Rosangela
ISBN 978-65-5663-685-6
ISBN Digital 978-65-5663-684-9
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico! Estamos iniciando os estudos de Morfologia da Língua
Portuguesa, na modalidade de ensino a distância, em nível de graduação. É uma ótima
oportunidade para você ter uma formação acadêmica de alta qualidade, dominando os
conteúdos necessários para o seu campo de aprendizagem.
Temos a certeza de que vamos caminhar muito bem, lado a lado. Aproveite a leitura!
Bons estudos!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 62
UNIDADE 2 — CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO,
VERBO E ADVÉRBIO..............................................................................................................67
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................138
UNIDADE 3 — CLASSES DE PALAVRAS: NUMERAL, ARTIGO, PRONOME,
PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO................................................................... 141
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 211
UNIDADE 1 -
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
ESTUDOS DE MORFOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITOS DE MORFOLOGIA
FIGURA 1 – ESCRITA ANTIGA
3
A língua portuguesa é dinâmica e se modifica de tempos em tempos. A lín-
gua falada tem uma evolução mais rápida, atualiza-se por meio de expressões novas
com o intuito de comunicar-se com seu público determinado, ao passo que a língua
escrita permanece mais arraigada às suas origens, apesar de também sofrer algumas
mudanças.
4
NOTA
Para entender o estruturalismo: O Estruturalismo surge nas primeiras décadas do século
XX como uma teoria que interpreta os elementos da cultura humana como unidades que
se relacionam entre si em uma estrutura sistêmica. Uma característica que distingue o
estruturalismo de outras propostas teóricas está em ter sido utilizado em vários campos
das ciências humanas, tais como a antropologia e a sociologia, além, naturalmente, da
linguística. Ademais, a concepção estruturalista do mundo e dos fenômenos atinentes à
vida humana deu oportunidade para que suas teses também fossem agasalhadas
nas artes visuais, de tal sorte que hoje se pode entender o estruturalismo como
um efetivo movimento filosófico que integra a episteme do século XX. Embora
as bases do estruturalismo linguístico tenham-se fundado nas primeiras
décadas do século, sobretudo com as teses de Ferdinand de Saussure (1857-
1913) e os trabalhos subsequentes da Escola de Praga – notadamente
Roman Jakobson (1896- 1982) e Nikolai Trubetzkoy (1890-1938) –, o
estruturalismo somente chegou ao Brasil nos últimos anos da década
de 1930, mais especificamente em 1938, quando Joaquim Mattoso
Câmara Júnior (1904-1970) ministra o primeiro curso de linguística
geral na universidade brasileira – Universidade do Distrito Federal.
Com a publicação do volume Princípios de linguística geral (1941),
Mattoso Câmara consolida em órbita bibliográfica a inserção das teses
estruturalistas no cenário acadêmico brasileiro, inspirado, sobretudo,
em Roman Jakobson e em Leonard Blomfield (1887-1949). A partir desse
momento, os estudos linguísticos brasileiros cingem-se em uma bifurcação que
põe em caminhos distintos, de um lado, os estudos histórico-comparativos, de
base diacrônica e caráter empírico, que vinham predominando na descrição
do português desde as últimas décadas do século XIX, e, de outro, os estudos
estruturalistas, de base sincrônica e caráter formal, pautados na concepção
sistêmica da língua. Ao longo de pelo menos três décadas, vários textos
sobre linguística geral e descrição do português, inspirados nas teses
estruturalistas, multiplicaram-se de maneira tão avassaladora que muitos
linguistas contemporâneos chegam a afirmar equivocadamente que se
deve a Joaquim Mattoso Câmara Jr. a introdução da ciência linguística no
Brasil (CAVALIERE, 2018, p. 1-2).
5
No campo da morfologia, as classes de palavras são estudadas e utilizadas
para fins didáticos para facilitar a classificação dos vocábulos. Hoje, sabe-se que essa
classificação não é mais tão hermética assim, verificando-se termos em deslocamento:
verbos, adjetivos que ocupam o lugar de substantivos, por exemplo.
Essa ideia mostra que há abertura para entendermos as palavras não apenas
a partir de classificações como se dá em outras áreas de estudos. As ciências naturais
definem as classificações de animais, vegetais e minerais, por exemplo.
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saber gramática normativa não garante que se saiba trabalhar a
gramática funcionando no texto em sala de aula. É preciso mais. É
preciso conhecimento de mundo, de análise de textos, de análise de
discursos etc. É preciso conhecimento de Literatura, Artes em geral,
História, Antropologia, Sociologia etc. É preciso ter um letramento
profissional realmente amplo, elástico, com circuito em várias áreas.
A perspectiva da gramática funcionando no texto também se aplica
para a produção de textos, pelos mesmos motivos que abordamos
quanto à interpretação textual.
Os estudos de gramática têm sido direcionados para uma nova visão dos
termos que compõem uma frase. Trata-se de análise e de reflexão das palavras para a
compreensão das mensagens. Assim, autores se debruçam em pesquisas que tentam
explanar conceitos, principalmente para os profissionais que se encaminham para a
docência da língua portuguesa.
Uma ideia para quem ensina língua portuguesa é trabalhar todos os conceitos
utilizando textos próprios para cada faixa etária, principalmente estabelecendo
comunicação com os alunos a partir do grau de interesse que se pode oferecer a eles.
7
Os textos eleitos para o trabalho em sala de aula devem ser textos
autênticos, falados ou escritos. Textos produzidos para uma dada
finalidade. Textos funcionais. Textos facilmente encontrados em
diversificados suportes porque “toda manifestação real da língua se
dá na forma de textos” (BAGNO, 2012, p. 78), que se apresentam de
diferentes formas e estilos e que passamos a tomar consciência deles
na educação básica como gêneros textuais, uns mais monitorados
que outros porque assim exige o gênero. São esses textos que devem
servir de base para as reflexões, levantadas pelo professor nas aulas
de português (GOMES, 2019, p. 48).
A ideia é fazer com que não nos apeguemos exclusivamente ao ensino das
classes de palavras, percebendo a sua fruição livre dentro do texto. E que você possa
conhecer a língua portuguesa e transformar os seus ensinamentos em atividades
dinâmicas e interessantes para seus alunos.
DICAS
Como sugestão, indicamos o texto Como as palavras se organizam
em classes, de Maria Helena de Moura Neves, resultado de palestra
proferida no Museu da Língua Portuguesa. Acesse em: <https://bit.
ly/3zIbi1r>.
Sugerimos, também, assistir à entrevista com a pesquisadora Maria
Helena de Moura Neves sobre sua atuação nos estudos linguísticos do
Brasil, incluindo seu papel como funcionalista e suas contribuições para
o ensino e a pesquisa. Acesse em: <https://www.youtube.com/watch?v=_
O9CW7fSmDk>.
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1 LING. Unidade mínima com som e significado que, sozinha, pode
constituir um enunciado; vocábulo.
2 Unidade da língua composta de um ou mais fonemas que, em
língua escrita, se transcreve entre dois espaços em branco, ou entre
um espaço em branco e o sinal de pontuação.
3 GRAM. Unidade que pertence a uma das grandes classes
gramaticais, como substantivo (quando expressa um objeto), verbo
(quando expressa uma ação), adjetivo (quando expressa uma
qualidade), preposição (quando expressa relação) etc. Considerando
apenas seu significado, sem levar em conta as modificações que nela
ocorrem com as marcações flexionais; vocábulo.
A palavra serve para expressar uma ideia. Pensamos em uma mesa. Aí vem a
imagem desse objeto imediatamente.
FIGURA 2 – MESA
9
O vocábulo é a palavra usada para demonstrar objetos, pessoas, sentimentos.
O ato de atribuir um nome é o que significa etimologicamente um vocábulo. Vem do
latim vocare e quer dizer chamar ou dar um nome. Melhor dizendo, o vocábulo equivale
a uma palavra.
O vocábulo é uma palavra que pode ser nome ou verbo. Quando acrescentamos
uma desinência, nem que seja apenas “s” formador de plural, criamos uma nova palavra,
mas não um novo vocábulo.
IMPORTANTE
Quando consultamos o dicionário não o fazemos por palavras, e sim por
vocábulos. Não procuramos a palavra “cantassem” e sim o vocábulo "cantar”.
Vocabulário seria, então, o conjunto de vocábulos. E dizemos que conhecer
uma quantidade razoável de vocábulos facilita a dinâmica da comunicação
entre as pessoas, enriquecendo o diálogo.
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Outro ponto importante diz respeito à fonologia. Ao dizer detergente (produto) e
deter gente (prender gente), molho (de tomate), molho (de molhar), os sons ou as grafias
podem ser iguais ou parecidos restando entender o contexto em que se inserem para
que percebam a diferenças entre elas.
• Normativa: tem como regra algo que deve ser seguido como norma geral. Não se
admite variações linguísticas, pois serão consideradas como erros gramaticais.
São regras ensinadas nas escolas de uma forma geral e encontradas nos textos
acadêmicos, científicos e etc.
• Descritiva: a sua utilização deve corresponder à fala dentro de um grupo específico.
A forma como as pessoas se expressam são variáveis, específicas que devem
ser respeitadas dentro desses limites, pois o que não faz parte do vocabulário da
comunidade transforma-se em erro. Aqui podemos realçar os regionalismos, a
forma de expressão e as palavras utilizadas em locais diferentes, como mandioca,
macaxeira, aipim, que são conhecidas por seus nomes em cada região determinada.
• Internalizada: considerada a forma nata de linguagem, a forma inicial de expressão
que se aprende e se consolida com o passar do tempo. É a forma como o indivíduo,
principalmente a criança, se comunica com as pessoas em seu entorno apenas
pelo conhecimento básico de sua língua materna. Exemplo: eu cabo no carrinho, eu
sabo... Esse tipo de conhecimento deve ser ampliado por meio da aprendizagem de
outros vocábulos, sua construção dentro de um pensamento lógico e o domínio da
expressão de seu próprio idioma.
11
FONTE: <https://bit.ly/3td8abo>. Acesso em: 14 jun. 2021.
Dentro dessa linha de raciocínio, tudo o que foge das regras da gramática
normativa se considera forma errada. Sabemos hoje que evoluímos nossa maneira
de ver a comunicação entre pessoas e passamos a aceitar formas diferentes de fala,
expressões regionais, neologismos. A escrita é mais inflexível, pois exige de quem
escreve certos conhecimentos da norma tradicional, mesmo que informal. Essas
concepções relacionam-se aos estudos do que denominamos de gramática funcional,
a que tem por finalidade facilitar o intercâmbio de ideias entre os interlocutores.
Com o avanço dos estudos nessa linha, podemos observar que a simples
classificação das palavras de maneira definida perde o sentido para as novas descobertas
nessa área de conhecimento. Temos, então, as gramáticas descritivas que surgiram,
principalmente, pela limitação da gramática normativa em descrever a realidade de
um idioma, uma vez que as pessoas se comunicam de forma diferente da tradicional,
da normativa e, ainda, a internalizada, que nasce com o indivíduo como forma de
comunicação natural de sua língua materna.
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E, assim, as pesquisas evoluem e se direcionam para outros caminhos. Os es-
tudos linguísticos ditos tradicionais realizados até o século XVIII mantêm o foco na gra-
mática tradicional. Já no século XIX, a novidade passa a ser com a fonologia, por conta
da similaridade entre as línguas e isso terá continuidade com os estudos estruturalistas
(da primeira metade deste século).
13
Isso significa que, para ele, o termo gramática é usado de forma dupla:
é o sistema de regras possuído pelo falante e, ao mesmo tempo, é o
artefato que o linguista constrói para caracterizar esse sistema. As-
sim, a gramática é ao mesmo tempo, um modelo psicológico da ativi-
dade do falante e uma máquina de produzir frases (SILVA, 2020, p. 37).
Nada mais interessante que saber do próprio pesquisador o que realmente ele
pensa em relação à morfologia gerativa e à teoria gerativa transformacional. Com você,
Noam Chomsky, em texto compilado de entrevista e publicado por Adriano e Corôa
(2010, s.p.) no blog #Linguística:
DICA
Indicamos a leitura de textos para ampliar o conhecimento a respeito
do assunto: Gramática normativa: movimentos e funcionamentos do
“diferente” e “do mesmo”, de autoria de Márcia Ione Surdi. Acesse em:
<https://bit.ly/38G9Px0 e Gramática normativa: ensino, consciência
e liberdade, artigo das pesquisadoras Neusa Maria Oliveira Barbosa
Bastos e Regina Pires de Brito, publicado em 2018. Acesse em:
<file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/274-931-1-PB%20(1).
pdf>. Além desses, temos A gramática gerativa na escola: o pensar
linguisticamente, de Ronald Taveira da Cruz, publicado em 2017. Acesse
em: file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/51981-Texto%20do%20
Artigo-184235-1-10-20180109%20(1).pdf.
Vamos aos neologismos; criação de palavras novas ou nova roupagem para pala-
vras antigas, com alteração de sentido. O dinamismo da língua traz novidades a todo ins-
tante, principalmente, nos dias de hoje, com o vocabulário próprio das tecnologias digitais.
4 NEOLOGISMO
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora (BANDEIRA, 2002)
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Você se lembra de termos falado sobre a língua ser dinâmica? Principalmente
a língua falada? Agora, nós veremos isso mais a fundo conhecendo os estudos sobre o
neologismo.
Para começar, neologismo pode ser uma palavra nova, criada ou uma palavra
que já existe com significado diferente, adaptado. E aí vem a pergunta: por que usamos
neologismos durante as nossas conversas? Principalmente para melhorar o nível de
diálogo, para simplificar ideias etc. Um primeiro exemplo: vossa mercê – vosmeçê – você
– cê – vc...
Na figura a seguir, você pode ver um exemplo de neologismo, quer por meio de
palavras ou por interpretação de símbolos, que percebemos como a nossa língua vai se
alterando a todo instante.
FIGURA 3 – NEOLOGISMO
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• A palavra serve para expressar uma ideia; nomeia os objetos e as pessoas. É uma
forma de facilitar o entendimento das conversas e a comunicação entre as pessoas.
E, mais importante que isso, permite o reconhecimento dos objetos, das pessoas e
assim por diante.
• O vocábulo é neutro e a palavra pode ser flexionada; é a palavra usada para demons-
trar objetos, pessoas, sentimentos. O ato de atribuir um nome é o que significa eti-
mologicamente um vocábulo.
• A gramática normativa tem como regra algo que deve ser seguido como norma geral.
Não se admite variações linguísticas, pois serão consideradas como erros gramaticais.
17
• A gramática universal compreende o funcionamento das estruturas linguísticas da
aquisição e a capacidade de uso da língua através do estudo das faculdades mentais.
18
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2010) Para preservar a língua, é preciso o cuidado de falar de acordo com
a norma padrão. Uma dica para o bom desempenho linguístico é seguir o modelo
de escrita dos clássicos. Isso não significa negar o papel da gramática normativa;
trata-se apenas de ilustrar o modelo dado por ela. A escola é um lugar privilegiado
de limpeza dos vícios de fala, pois oferece inúmeros recursos para o domínio da
norma padrão e consequente distância da não-padrão. Esse domínio é o que levará
o sujeito a desempenhar competentemente as práticas sociais; trata-se do legado
mais importante da humanidade.
PORQUE
[...] Mas D. Pequitibota bancava milionários trens de vida ante a crise começada para
fazendeiros comprometidos [...] Enquanto nos casarões ramazevedos das avenidas,
despeitadas solitárias metiam ronca nas de morfino viver que parisiavam aventuras com
velhos meninos domésticos e outros. [...]
19
O autor utilizou a palavra “parisiavam” no texto. Essa palavra corresponde a um(a):
Tom Zé
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Se segura milord aí que o mulato baião
(tá se blacktaiando)
Smoka-se todo na estética do arrastão
[...]
Com base no trecho da letra da música, faça o que se pede nos itens a seguir.
5 Leia o texto a seguir, explique a evolução dos estudos de morfologia, a partir dos
estudos do estruturalismo em face das novas abordagens sobre a morfologia gerativa.
“No início do século XX, surge uma nova corrente linguística – o estruturalismo. As
bases sistemáticas e objetivas dessa nova corrente foram fornecidas por Saussure
(1916), que rejeita a precedência da língua escrita sobre a língua falada e a relação
língua/pensamento, distingue a gramática normativa da gramática descritiva e
assume a primazia da Linguística sincrônica sobre a diacrônica. Apesar da ampla
aceitação desses princípios defendidos no âmbito da obra saussuriana, surgem
várias escolas estruturalistas (ou, como tem sido referido na literatura mais recente,
vários estruturalismos), entre as quais se destaca o descritivismo americano – a
escola contra a qual surge, então, na década de 50, a Gramática Gerativa” (NICOLAU;
LEE, 2004, p. 122-123).
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22
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
APORTES TEÓRICOS DE MORFOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Vimos, no Tópico 1, os conceitos básicos de morfologia, sua evolução de pen-
samentos críticos, até chegar aos estudos de morfologia gerativa e, por fim, o uso de
neologismo na nossa língua.
Agora, você vai conhecer um pouco mais sobre a palavra, sua formação, os
conceitos de morfema, como unidade mínima da palavra, seus tipos e classificações,
além das definições de morfe, alomorfe e as formas livres, presas e dependentes.
2 FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Para Evanildo Bechara (2000, p. 333), “toda palavra deve ser classificada:
a) pelo seu aspecto material, fônico; b) pela sua significação gramatical; c) pela sua
significação lexical”.
Entendemos palavras primitivas como aquelas que não vêm de outra palavra.
Ex.: flor, dor, pedra.
Palavras derivadas são as que vêm de outra palavra. Ex.: floricultura, dolorido,
pedreiro.
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A palavra não pode ser observada apenas pela sua constituição formal, melhor
dizendo, somente as letras ou os fonemas que a formam. Faz-se necessário entender
as unidades mínimas significativas para o estudo do vocábulo. Essas unidades são
denominadas de morfemas. Isso significa que ele é a menor unidade de sentido que
constitui a estrutura de uma palavra.
3 MORFEMA
Radical é o elemento comum às palavras da mesma família, as palavras
cognatas. É o radical a parte que dá o significado básico da palavra. O radical é a parte
fixa, para fins de conjugação, de um verbo, ou seja, não há radical em formas nominais:
substantivo, adjetivos etc.
A vogal temática é uma das partes que formam as palavras e tem a função de
ligar o radical às desinências, constituindo o tema. A vogal temática é um morfema que
liga o radical às desinências que formam as palavras. Essa união constitui o tema (radical
+ vogal temática), ao qual são acrescentadas as desinências.
Exemplos:
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Os morfemas se organizam e cumprem papel importante no processo de
formação de um vocábulo. Assim, a palavra, aqui com a ideia de vocábulo:
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o verbo beber apresenta o morfema lexical (beb-): beb-er, beb-ida, beb-errão. Todas as
derivações do vocábulo recorrem a um mesmo morfema lexical, e diz-se então que o
radical da palavra beber é sua parte invariável (beb-).
26
3.1 TIPOS DE MORFEMAS
Há duas unidades distintas que compõem o centro de interesse dos estudos da
Morfologia: o morfema ou a palavra. A noção de morfema relaciona-se com o estudo das
técnicas de apresentação de palavras em unidades constitutivas mínimas, enquanto os
estudos que destacam a conceituação da palavra preocupam-se com o modo pelo qual
a forma das palavras reflete suas interações com outras palavras dentro de contextos
mais complexos. Os morfemas são as unidades de significação que formam as palavras.
Podemos entender os morfemas sob dois modos: os gramaticais que só apresentam
significação no universo da língua ao passo que os lexicais apresentam significação no
contexto objetivo e subjetivo, que envolve ações, estados, qualidades etc. São eles:
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3.2 MORFEMA, MORFE E ALOMORFE
Vamos ver agora os três conceitos básicos e fundamentais em Morfologia:
morfema, morfe e alomorfe.
Alomorfe seria, então, a ocorrência de dois morfes que indicam um único mor-
fema – duas formas para um único significado. Define-se alomorfia como a alteração na
forma de um morfema, conservando-se o seu significado. Alomorfes seriam, então, as di-
ferentes formas que um morfema pode apresentar quando sofre o processo de alomorfia.
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Alomorfia na desinência de gênero. Em avô ≠ avó, os traços distintivos / ô / e / ó
/ podem ser considerados alomorfes das desinências: masculino e feminino.
A ideia de forma diretamente nos leva à ideia de estrutura das palavras, isto é,
um leque de interações que fornece a cada elemento sua função e sentido. Nos estudos
de Morfologia, temos as formas livres, presas e dependentes.
FIGURA 4 – FORMAS
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• Formas livres são vocábulos formais que podem ser pronunciados isoladamente
e mesmo assim expressam ideias são considerados palavras. Elas têm autonomia
semântica. Podem ser utilizadas de forma isolada, pois mesmo assim estabelecem
comunicação entre as pessoas. Podemos dizer, ainda, que se encaixam nessa
classificação os substantivos, adjetivos, verbos, advérbios e numerais. Exemplos: Se
alguém disser em voz alta a palavra bala, as pessoas entenderão a palavra por si só,
apesar de seus significados. Ou ainda, a palavra fogo, que sabemos o que significa:
incêndio, tiroteio, e assim por diante.
• Formas presas só têm valor quando combinadas com outras formas livres ou
presas. Não têm sentido sozinhas. Formas que se apresentam fixas a um vocábulo,
pois não existem isoladamente em enunciados. São também chamadas de não-
vocábulo. São os afixos, os radicais, as desinências, as vogais temáticas. Exemplo: O
prefixo “re”, que precisa de palavras como: fazer, criar, agir para adquirir sentido e criar
outras palavras como: refazer, recriar, reagir, que traz um sentido de repetição.
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Podemos constatar na música Refazenda o recorrente prefixo [re] classificado
como formas presas. Vamos ver esses exemplos: [re]colhimento – "colher novamente",
pois se refere ao pé de abacate; [re]fazenda "fazenda nova" covas propostas, novo tipo
de vida; [re]fazendo – fazer novamente.
• Formas dependentes são definidas por aquelas que não são livres, porque não podem
funcionar isoladamente como comunicação autônoma, mas não são presas, uma vez
que entre ela e a forma livre com a qual ela constitui o vocábulo fonológico podem-se
intercalar novas formas. E, ainda, são relativas ao vocábulo com os quais se relacio-
nam dentro do contexto sintático. Exemplos: Artigos, preposições, algumas conjun-
ções e pronomes oblíquos átonos que, por si só, não podem constituir um enunciado.
IMPORTANTE
Destacamos que não se deve confundir morfema com palavra, uma vez
que pode haver coincidência entre essas duas noções. Vamos deixar
mais claro:
As palavras: sol, lei, pé, lua, rei são formadas por um único morfema,
mas quando utilizamos os seus plurais verificamos a existência de dois
morfemas, sendo um deles o “s”. Nota-se, então, que nem sempre o “s”
é um morfema, pois há casos em que já se encontra junto ao morfema,
sem alguma significação. Na palavra lápis, outro exemplo, o “s” não
representa plural, uma vez que não existe a palavra “lápi”.
31
5 ELEMENTOS MORFOLÓGICOS
Dando sequência aos nossos estudos, passamos agora para os radicais gregos
e latinos, com as listas de apoio para que você possa conhecer a origem das palavras. E
daremos início a essa parte lembrando as definições de raiz e de radical e suas diferenças
para que as possíveis dúvidas sejam dissipadas. Sendo assim, vamos aprender mais
sobre os radicais.
Raiz é a parte básica, a origem de uma palavra. Essa palavra tanto pode ser um
verbo, como um substantivo, adjetivo etc. É um elemento irredutível comum a todos
os vocábulos da mesma família. É o morfema que contém a significação lexical básica.
Também é conhecido por radical primário, ou forma primitiva. Em cas-a-s, por exemplo,
observamos três morfemas: raiz, vogal temática, desinência de número. Um exemplo
de um conjunto de palavras que partem de uma mesma raiz: terra, terreno, terrestre,
aterrar, aterrissagem, aterramento, terrário, enterrar.
É importante observar que um radical pode ser primário e ser confundido com
a raiz da palavra, por não conter nenhum elemento mórfico unido a ele. Exemplos: sol,
lua, paz.
Radicais gregos:
aero (aér = ar): aeroporto;
astro (áster = estrela): astronomia;
biblio (bibl-íon = livro): biblioteca;
bio (bi-os = vida): biografia;
cardio (kard-ia = coração): cardíaco;
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crono (chron-os = tempo): cronômetro;
deca (deka = dez): década;
derme (derm-a = pele): dermatologista;
di (dis = dois): dissílabo;
etno (ethn-os = raça): etnia;
gastro (gáster = estômago): gástrico;
hetero (héter-os = diferente): heterogêneo;
hidro (hyd-ro = água): hidrografia;
macro (makr-ós = grande): macróbio;
micro (mikrós = pequeno): micróbio;
mono (mónos = um): monólogo;
neo (né-os = novo): neologismo;
oftalmo (ophthálmos = olho): oftalmologia;
poli (polys = muito): poligamia;
pseudo (pseudos = falsidade): pseudônimo;
psico (psiqué = alma): psicologia;
tele (têle = longe): telefone;
termo (termós = calor): termômetro;
tri (triás = três): tríade;
zoo (zô-on = animal): zoológico.
Radicais latinos:
agri (agri = campo): agricultura;
alter (alter = outro): alternativa;
ambi (ambi = ambos): ambidestro;
audio (audire = ouvir): auditório;
beli (bellum = guerra): bélico;
bi (bis = duas vezes): bisavó;
cídio (cidio = matar): suicídio;
clar (clarus = claro): claridade;
cruci (crux = cruz): crucificar;
curv (curvus = curvo): curvilíneo:
duo (duo = dois): dueto;
equi (aequus = igual): equilátero;
escri (scríbere = escrever): escrita;
lac (lactis = leite): lácteo;
loco (locus = lugar): locomover;
loquo (lóquor = fala): ventríloquo;
ludo (ludis = jogo): lúdico;
mort (mortis = morte): mortandade;
oni (omni = todo): onipresente;
ped (pedis = pé): pedal;
pisci (piscis = peixe): piscicultura;
quadru (quattuor = quatro): quádruplo;
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tri (tres = três): tripé;
uni (unus = um): uniforme;
verm (vermis = merme): vermicida.
Os vocábulos com vogal temática são temáticos; os que não contêm vogal
temática são atemáticos. Em geral, são atemáticos os nomes que têm na posição final
uma vogal tônica ou uma consoante.
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QUADRO 4 – VOGAL TEMÁTICA
Vimos, por meio desses conceitos, que nos vocábulos primitivos, raiz e radical
podem se confundir. É bom lembrar que muitas vezes o radical (primário ou derivado)
vem acompanhado de uma vogal átona, que se denomina vogal temática. E o tema é
constituído por esse conjunto formado por radical e vogal temática.
5.3 DESINÊNCIAS
São os morfemas colocados no final das palavras com a função de indicar as fle-
xões nominais ou verbais. Observe que é diferente da vogal temática por marcar flexões.
35
• Verbais quando indicam o número, pessoa, tempo e modo dos verbos.
• Modo temporal: indica em que modo e em que tempo ocorre a ação verbal.
◦ Exemplos:
-va: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do indicativo (1ª
conjugação): eu cantava, tu cantavas, ele cantava;
-ia: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do indicativo (2ª e
3ª conjugações): eu bebia, tu bebias, ele bebia;
-ra: desinência modo temporal indicativa do pretérito mais-que-perfeito do
indicativo: eu dançara, tu dançaras, ele dançara;
-ria: desinência modo temporal indicativa do futuro do pretérito do indicativo: eu
sairia, tu sairias, ele sairia;
-sse: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do subjuntivo:
se eu falasse, se tu falasses, se ele falasse.
◦ Exemplos:
-r: desinência verbo nominal indicativa do infinitivo: cantar.
-ndo: desinência verbo nominal indicativa do gerúndio: cantando.
-do: desinência verbo nominal indicativa do particípio: cantado.
36
pe-z-inho. O Tópico 2 abordou os conteúdos referentes à conceituação de palavra e
suas classificações. Em seguida, aprendemos o significado de morfema, de morfe, de
alomorfe, apresentando suas características.
DICA
Para fins de ampliar os conhecimentos sobre os tipos de morfemas,
vamos apresentar um texto que mostra essas várias modalidades,
com base nos conceitos de Mattoso Câmara Jr., em seu Dicionário
de Linguística e Gramática (verbete morfema). Segundo o autor, os
morfemas, do ponto de vista do significante, podem ser: aditivos,
subtrativos, alternativos, reduplicativos, de posição e zero. O texto Tipos
de morfemas, de Priscila Brügger de Mattos, pode ser encontrado no
seguinte endereço: https://bit.ly/3bS9QTL.
37
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Formas livres são vocábulos formais que podem ser pronunciados isoladamente e
mesmo assim expressam ideias.
• Formas presas só têm valor quando combinadas com outras formas livres ou presas.
Não têm sentido sozinhas e se apresentam fixas a um vocábulo.
• Formas dependentes são definidas por aquelas que não são livres, porque não podem
funcionar isoladamente como comunicação autônoma, mas não são presas.
38
• Vogais temáticas são vogais que se juntam ao radical com a função de receber outros
elementos localizando-se, então, entre dois morfemas. Há vogais temáticas tanto em
verbos quanto em nomes.
• Desinências são os morfemas colocados no final das palavras com a função de indicar
as flexões nominais ou verbais.
39
AUTOATIVIDADE
1 A morfologia, antes de se debruçar sobre o estudo das dez classes gramaticais,
dedica-se sobretudo ao estudo das menores unidades de sentido, que vão gerar as
palavras e as classes gramaticais. A partir dessa reflexão, é correto afirmar que:
I- Desdobravam decompõe em:
des + dobr + a + va + m.
II- Esses elementos mórficos são:
prefixo + radical + vogal temática + desinência modo-temporal + desinência número-
pessoal.
III- É, pois, um verbo da primeira conjugação, flexionado no pretérito imperfeito do
indicativo, terceira pessoa do plural.
a) ( ) pareciam: parec-: radical; -ia: vogal temática; parecia-: tema; -m: desinência
modo-temporal.
b) ( ) sopravam: sopr-: radical; -a: vogal temática; sopra-: tema; -va-: desinência
modo-temporal; -m: desinência número-pessoal.
c) ( ) mergulhando: mergulha-: radical; -n-: consoante de ligação; -do: desinência
modo-temporal.
d) ( ) caía: caí-: radical; -a: vogal temática; caía: tema.
e) ( ) estava: est-: radical; -a: vogal de ligação; -va: desinência modo-temporal.
40
4 Há elementos da Morfologia da língua portuguesa que estudamos para o conheci-
mento e a compreensão das palavras. Defina esses termos:
a) Radical:
b) Afixos:
c) Vogal temática:
41
42
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
1 INTRODUÇÃO
Lembrando mais uma vez que se faz necessária para a fixação do conteúdo,
a leitura de todo o material apresentado, o que facilitará a sua vivência com os termos
utilizados e a análise de cada um em um contexto gramatical.
43
2 COMPOSIÇÃO
A composição ocorre quando duas ou mais palavras formam uma nova. No
entanto, as palavras originais já são dotadas de significados e funções próprias na
língua. A formação de palavras por composição pode se dar por:
2.1.1 Hibridismo
A língua portuguesa é formada por palavras deixadas por outras línguas mais
antigas. Às vezes, pensamos que somente o latim nos deixou um legado, mas o grego e
algumas outras línguas também o fizeram.
44
Exemplos de hibridismos mais comuns:
Grego e latim
Astronauta (estrela + navegante)
Automóvel (por si mesmo + móvel)
Monóculo (um + olho)
Televisão (longe + visão)
Latim e grego
Altímetro (alto + medida)
Decímetro (dez + medida)
Árabe e grego
Alcaloide (soda + forma)
2.1.2 Onomatopeias
São palavras que reproduzem os sons existentes, como os barulhos das
máquinas e objetos, os ruídos dos animais, os sons produzidos pelo ser humano e os
ruídos da natureza. São muito utilizadas nas histórias em quadrinhos. E, ainda, em
poesias e peças publicitárias.
45
triiimm (telefone);
biii biii (buzina);
vroooom (motor de veículos);
ploft (objeto caindo);
toc toc (batida na porta);
bum (explosão);
bang bang (tiros).
2.1.3 Sigla
Representa, na escrita, parte da palavra como equivalente de um todo, reduzindo
determinados vocábulos. Denomina-se sigla o conjunto de letras iniciais dos vocábulos
que compõem o nome de uma organização, uma instituição, um programa, um tratado.
Exemplos: USP, Unesp, CPF etc.
46
Inserimos as regras de utilização das siglas com o objetivo de facilitar o entendi-
mento e a consequente prática na hora de usar algumas delas. Essas formas de apresenta-
ção de siglas devem ser respeitadas, principalmente em redação de documentos, por isso
são amplamente divulgadas por órgãos responsáveis pelas normas técnicas brasileiras.
3 DERIVAÇÃO
A derivação é um processo de formação de novas palavras pelo acréscimo de
afixos (prefixos e sufixos) ao radical da palavra primitiva para originar outras palavras na
língua portuguesa.
47
Chuva, Chuvisco, Chuvarada
Cocoricó – Composição: Hélio Ziskind
Chove, mas como chove
Chuva, chuvisco, chuvarada
Por que é que chove tanto assim?
Quando chove
A terra fica molinha
A planta fica verdinha
E eu fico todo molhado
Com o pé na lama e nariz tapado
Minha vó me chama:
"Menino vem cá, vem tomar chá
Vem comer bolo de cenoura
Com cobertura de chocolate quente"
Bom muito bom, muito mais do que bom
É excelente
48
Na música Chuva, Chuvisco, Chuvarada há várias palavras com o mesmo radical
chuv-, mas com sufixos diferentes. Isso acarreta em mudança de ideia, de sentido, entre
outras observações. Denominamos, então, derivação o processo de formação de uma
palavra pelo acréscimo de afixos (que pode ser prefixo ou sufixo).
O som de ch, como você pôde observar na letra de música acima, aparece em
vários momentos, principalmente no refrão, o que permite uma interpretação rítmica,
com a repetição de palavras derivadas de chuva.
• Prefixos
49
para-: proximidade, semelhança, intensidade
peri-: movimento ou posição em torno de
pro-: posição em frente, anterioridade
pros-: adjunção, em adição a
proto-: início, começo, anterioridade
poli-: multiplicidade
sin-, sim-: simultaneidade, companhia
tele-: distância, afastamento
50
◦ Correspondência entre Prefixos Gregos e Latinos
• Sufixos
-eiro(a) -or
51
◦ Sufixos que formam nomes com significado de abundância, aglomeração, coleção:
-ada -edo
-agem -eria
-ismo
3.1.2 Parassíntese
Trata-se uma forma de derivação, que ocorre pela junção de afixos a uma
palavra simples ou radical, formando uma nova palavra com significação própria. Na
derivação parassintética ocorre a junção simultânea de um prefixo e de um sufixo a
um adjetivo ou substantivo para a formação de um verbo. Agora veremos exemplos de
palavras formadas por parassíntese:
52
É importante saber que a derivação parassintética ocorre com prefixo e sufixo
ao mesmo tempo para ter sentido próprio, ao contrário da prefixação ou da sufixação
que se pode tirar um dos afixos e continua a palavra tendo significado. Exemplo: in – feliz
– mente; des-leal-mente.
53
Observam-se vários casos de derivação imprópria. Vamos aqui mostrar alguns:
Mama África
Chico César
54
Mama África Deve ser legal
A minha mãe Ser negão, Senegal...(3x)
É mãe solteira
E tem que Mama África
Fazer mamadeira A minha mãe
Todo dia É mãe solteira
Além de trabalhar E tem que
Como empacotadeira Fazer mamadeira
Nas Casas Bahia... Todo o dia
Além de trabalhar
Quando Mama sai de casa Como empacotadeira
Seus filhos de olodunzam Nas Casas Bahia...(2x)
Rola o maior jazz
Mama tem calo nos pés Mama África
Mama precisa de paz... A minha mãe
Mama África
Mama não quer brincar mais A minha mãe
Mama África...
Os professores devem ficar atentos a essas atividades com textos, pois ajudam
na compreensão da língua e incentivam a buscar o sentido das palavras e a intenção
do comunicador. Para quem o autor/compositor dirige a mensagem? Há palavras que
poderiam ser substituídas por outras? Por que ele escolheu determinadas palavras?
Lembre-se da música Cálice, de Chico Buarque, que dá duplo sentido à palavra (cálice/
cale-se).
55
DICA
Como sugestão de leitura e de ideias para atividades em sala de aula, indicamos o trabalho
de Helena Pacheco de Amorim, com o título Morfologimusicalizar: uma análise da criação
de novas palavras na música brasileira, apresentado à Universidade de Brasília, em 2018.
Acesse em: https://bit.ly/3l5ddHp.
56
LEITURA
COMPLEMENTAR
Sugerimos como leitura complementar o texto, cujo resumo está a seguir. Ele
reflete os princípios da gramática normativa, explicitando o caso dos sujeitos e suas
questões de adequação aos estudos atuais. Essa pesquisa foi publicada em 20 de ja-
neiro de 2020, na Revista Gestão Universitária.
57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Sigla é o conjunto de letras iniciais dos vocábulos que compõem o nome de uma
organização, uma instituição, um programa, um tratado etc.
• Os afixos são divididos em prefixos e sufixos. Prefixos: quando vêm antes do radical.
Sufixos: quando vêm depois do radical.
58
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2011) Quero pedir permissão à língua portuguesa para usar duas palavras
que, na verdade, são inexistentes oficialmente, quais sejam: crackudo e vacilão.
Crackudo é originário do termo crack.
A palavra foi recentemente criada para identificar o indivíduo que é usuário dessa
droga, ou seja, crackudo nada mais é do que o consumidor do crack. Quanto a vacilão,
tal palavra é originada do verbo vacilar, que significa não estar firme, cambalear,
enfraquecer, oscilar. Vacilão, na linguagem popular, nada mais é do que o indivíduo
que não mede as consequências dos seus atos e sempre ingressa em algo que não
é bom para si e que só lhe traz malefícios ou aborrecimentos. E, em assim sendo, o
crackudo é um vacilão!
59
I. O conceito de belo é objeto de estudo da história da arte.
II. O Museu de Paris é muito belo.
III. O jantar de ontem estava ótimo.
IV. Quero jantar em um restaurante italiano.
V. Mário é o mais alto dos alunos.
VI. Minha vizinha falava muito alto.
Prefixal:
Sufixal:
Parassintética:
60
Prefixal e sufixal:
Regressiva:
Imprópria:
61
REFERÊNCIAS
ADRIANO, P. Â. A; CORÔA W. Noam Chomsky e o funcionamento da linguagem: menos é
mais! Blog #Linguística. [S.l.], 10 jan. 2020. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.
br/linguistica/2020/01/10/noam-chomsky-e-o-funcionamento-da-linguagem-
menos-e-mais/. Acesso em: 2 fev. 2021.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2000.
62
CONEGLIAN, A. V. L. O tratamento conferido à classe das conjunções em gramáti-
cas antigas de língua portuguesa. Revista Domínios de Linguagem, [s.l.], v. 14, 1,
2020. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/
view/47667. Acesso em: 23 jul. 2021.
PALAVRA. In: DICIONÁRIO Michaelis. São Paulo: Ed. Melhoramentos, c2021. Disponível
em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/pa-
lavra/. Acesso em: 1 jan. 2021.
63
SILVA, S. R. C. A atualidade da teoria da linguagem chomskiana e o aprendizado
linguístico de crianças de 2 a 5 anos. 2020, 43f. Monografia (Bacharelado em Curso de
Filosofia) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO, 2020. Disponível em: https://
bit.ly/3c1UJHj. Acesso em: 14 jun. 2021.
VOCÁBULO. In: DICIO, Dicionário on-line de Português. Porto: 7 Graus, 2021. Disponível
em: https://www.dicio.com.br/vocabulo/. Acesso em: 24 ago. 2021.
64
ANOTAÇÕES
65
66
UNIDADE 2 —
CLASSES DE PALAVRAS:
SUBSTANTIVO, ADJETIVO,
VERBO E ADVÉRBIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
67
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
68
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
SUBSTANTIVO E ADJETIVO
1 INTRODUÇÃO
Estudaremos, a partir de agora, os substantivos e os adjetivos como parte dos
estudos da morfologia da língua portuguesa. Pretendemos levar aos acadêmicos o
conhecimento de regras e, por conseguinte, as classificações para fins didáticos, pois é
uma forma de compreendermos a dinâmica das palavras e suas posições gramaticais.
2 FLEXÃO NOMINAL
Segundo Basílio (2009, p. 21), as classes de palavras são muito importantes
na descrição de uma língua porque expressam propriedades gerais das palavras: “é
impossível descrever os mecanismos gramaticais mais óbvios, como a concordância
de gênero e número do artigo com o substantivo, se não determinarmos o que é
substantivo e artigo”.
69
Na gramática tradicional ou normativa, compreende-se que as classes se
definem fora de qualquer contexto, entendidas como imutáveis na maioria das vezes.
Mais recentemente, porém, vários estudos abrem-se para o entendimento de uma
gramática funcional, ou seja, aquela que objetiva analisar a língua em uso. Dessa
forma, é possível perceber que uma mesma palavra pode exercer diferentes funções
gramaticais, conforme o contexto.
Vamos a outro caso: temos a palavra eles, que pode ser pronome ou substantivo
de acordo com a relação que tem com outras formas na mesma frase. Quando se trata
de pronome, devemos observar ainda o tipo em que se enquadra, pois pode ser prono-
me pessoal do caso reto ou pronome pessoal do caso oblíquo. Sendo assim, a classifica-
ção da palavra eles se altera por causa da função que ocupa na frase. Exemplos:
70
(substantivo), canto (de parede, de mesa) e canto (verbo cantar), jantar (substantivo) e
jantar (verbo), saia (substantivo) e saia (verbo), colar (substantivo) e colar (verbo), bom
(adjetivo) e bom (substantivo) e assim por diante.
De acordo com Monteiro (2002, p. 235), temos uma noção geral dos estudos de
Morfologia, onde as palavras não se limitam apenas às suas classificações determinadas:
71
FIGURA 1 – CLASSES DE PALAVRAS
72
Morfologicamente, as pessoas podem modificar as palavras, inserindo prefixos e
sufixos, criando novos vocábulos. A liberdade de se lidar com a língua é maior enquanto
que o esquema sintático é mais previsível. Exemplo: Os alunos terminaram a prova de
matemática. Os termos devem concordar em todos os tipos: gênero, número etc.
História de um olhar
73
Imundo, meio abilolado, malcheiroso, Israel vivia atirado num canto ou
noutro da vila. Filho de pai pedreiro e de mãe morta, vivendo em uma casa cheia de
fome com a madrasta e uma irmã doente. Desregulado das ideias, segundo o senso
comum. Nascido prematuro, mas sem dinheiro para diagnóstico. Escorraçado como
um cão, torturado pelos garotos maus. Amarrado, quase violado. Israel era cuspido.
Era apedrejado. Israel era a escória da escória.
Um dia Israel se aproximou de um menino. De nove anos, chamado Lucas.
Olhos de amêndoa, rosto de esconderijo. Bom de bola. Bom de rua. De tanto gostar
do menino que lhe sorriu, Israel o seguiu até a escola. Até a porta onde Lucas
desaparecia todas as tardes, tragado sabe-se lá por qual magia. Até a porta onde as
crianças recebiam cucas e leite. Israel chegou até lá por fome. De comida, de afago,
de lápis de cor. Fome de olhar.
[...]
FONTE: BRUM, E. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2012, p. 10.
Esse texto pode servir para vários exemplos e exercícios. Uma sugestão para
quem leciona a língua portuguesa seria retirar todos os adjetivos do texto para perceber
a importância de cada um deles no contexto. Outra ideia; reescrever o texto de forma
que a construção das frases não ficasse solta. O estilo da autora, a jornalista Eliane
Brum, é muito claro. Ela trabalha com nomes e expressões livres, sem seguir por várias
vezes o esquema sintático e mesmo assim há sentido e compreensão do texto.
74
3 SUBSTANTIVO
O substantivo faz parte do grupo das dez classes de palavras que vamos estudar
a partir desse Tópico. Por meio dele aprendemos a nomear as coisas e as pessoas, de
um modo geral. É a primeira classe de palavras que aprendemos a falar, por isso tem
uma importância fundamental na nossa língua.
75
• Derivados: são palavras que provêm de outras, sendo que o termo original pode ser um:
◦ substantivo: bruxa, que origina bruxaria;
◦ adjetivo (classe gramatical cuja função é caracterizar, evidenciar qualidades ou
estados dos seres): célebre, que cria celebridade;
◦ verbo (exprime uma ação, um estado ou um fenômeno situado no tempo): casar,
que gera casamento.
• Simples: são constituídos por apenas um radical (parte da palavra que carrega o
sentido principal dela). Exemplos: flor, chuva, mar.
• Compostos: apresentam mais de um radical em sua estrutura. Formam-se por
justaposição ou por aglutinação. Em vista disso, formalmente, eles podem aparecer
como uma palavra. Exemplos: cachorro-quente, passatempo, guarda-chuva.
• Próprios: dão nomes específicos às pessoas, seres, sobrenomes, países, rios,
oceanos, cidades etc. Exemplos: Maria, Eduardo, Silva, Brasil, Amazonas.
• Comuns: nomeiam um ser, porém de forma generalizada. Representam o maior
número de substantivos. Exemplos: mesa, sol, árvore, menino, professora, estudante,
cachorro, flor.
• Concretos: denominam as pessoas, lugares, objetos, reais ou imaginários. Definiam-
se como um nome de objetos palpáveis, que podemos ver ou tocar, mas com o
tempo, a definição passou a denominar tudo o que podemos ver, tocar ou imaginar.
Exemplos: casa, janela, duende, saci.
• Abstratos: nomeiam qualidades, defeitos, ações, sentimentos. Dependem de outros
seres para existirem, pois não têm sentido independente. Exemplos: felicidade,
tristeza, pensamento, frio, calor, sede, solidão.
• Coletivos: nomeiam um conjunto de seres, objetos, coisas de uma mesma espécie.
Exemplos: arquipélago = coletivo de ilhas, atlas= conjunto de mapas, fauna = animais
de determinada região, orquestra = coletivo de instrumentistas, buquê ou ramalhete
= coletivo de flores, ninhada = coletivo de filhotes.
• Flexão em gênero
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Cabe uma ressalva: nem todos os substantivos masculinos terminam em “o”
(líder, telefonema, amor, sol, trator). Podemos definir, então, o substantivo como do
gênero masculino se vier precedido pelo artigo “o”: o sol, o homem, o trator, o amor, o
líder, o telefonema.
• Flexão em número
◦ singular: palavra que designa uma única coisa, pessoa ou um grupo. Por exemplo:
mesa, homem, bola.
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◦ plural: palavra que designa várias coisas, pessoas ou grupos. Por exemplo: mesas,
homens, bolas.
NOTA
Há algumas particularidades no que diz respeito ao plural dos substantivos. Vamos
conhecer alguns casos:
a) Nos substantivos terminados em al, el, ol, ul, altera-se o “l” por “is”. Exemplos: jornal -
jornais; papel - papéis.
b) Os substantivos terminados em “r” e “z” são acrescidos de “es” para o plural. Exemplos:
amor - amores; luz - luzes.
c) Caso o substantivo terminado em “s” for paroxítono, o plural será
invariável e se for oxítono, acrescenta-se “es”. Exemplos: país - países.
d) Os substantivos terminados em “n” formam o plural em “es” ou “s”.
Exemplos: abdômen - abdomens; pólen - polens.
e) Os substantivos terminados em “m” formam o plural em “ens”.
Exemplos: homem - homens; viagem - viagens.
f) Os substantivos terminados em “x” são invariáveis no plural. Exemplos:
tórax - tórax; xérox - xérox.
g) Para os substantivos terminados em “ão” há três variações para o
plural: “ões”, “ães” e “ãos”. Exemplos: mansão – mansões; pão – pães;
cidadão –cidadãos.
78
◦ Analítico: substantivo acompanhado de um adjetivo que indica pequenez, por
exemplo: casa pequena.
◦ Sintético: substantivo com acréscimo de um sufixo indicador de diminuição, por
exemplo: casinha.
4 ADJETIVO
Vamos conhecer as peculiaridades de mais um elemento que compõe a lista de
classes de palavras: o adjetivo, e entender a diferença dessa classe e o substantivo, pois
pertencem ao mesmo grupo, formas nominais.
79
4.1 CONCEITO DE ADJETIVO
Sabemos que a característica do adjetivo é dar qualidade, defeito, condição,
estado ou modo de ser ao substantivo. Os adjetivos acompanham os nomes, com o
objetivo de modificar o seu sentido. São utilizados para dar uma ideia precisa do que
quer falar, especificando ou realçando características.
Exemplo:
Exemplos: A arte mostra o belo e não o feio. Belo e feio são substantivos,
precedidos de artigo definido o. “Gosto de comprar frutas maduras e não frutas verdes.
Maduras e verdes são adjetivos”.
80
Vamos ver mais esse exemplo: “Conheço um jovem argentino que gosta do
Brasil”. E, ainda: “Conheço um argentino jovem que gosta do Brasil”. No primeiro caso,
temos jovem como substantivo e argentino como adjetivo e no segundo caso, argentino
como substantivo e jovem como adjetivo.
81
• Adjetivos biformes e uniformes: os adjetivos biformes apresentam duas formas,
uma para o gênero masculino e outra para o gênero feminino. Exemplos de adjetivos
biformes:
Joana é uma mulher bonita. O mar está calmo.
Os adjetivos uniformes, também chamados de adjetivos comuns de dois gêneros, apre-
sentam sempre a mesma forma, quer no gênero feminino, quer no gênero masculino.
Exemplos de adjetivos uniformes: A minha calça é verde. O casaco dele é verde. Lúcia
está triste. Paulo está triste.
Plural dos adjetivos compostos: a regra indica que apenas o último elemento
varia em número, indo para o plural. Contudo, o adjetivo composto se mantém invariável
se for formado por um substantivo no último elemento.
Exemplos com flexão do último elemento:
82
Exemplos com adjetivos compostos invariáveis:
O tapete é amarelo-canário.
Os tapetes são amarelo-canário.
O vestido é azul-piscina.
Os tecidos são azul-piscina.
• Sintético: feita pelo acréscimo de sufixos aos adjetivos. Exemplo: Paula é belíssima.
• Analítico: feita pelo acréscimo de alguma palavra que modifique o adjetivo. Exemplo:
Paula é muito bela.
• Grau comparativo
• Grau superlativo
◦ Absoluto: quando o adjetivo atribui uma característica sem fazer relação com
outros elementos. Geralmente, o grau superlativo absoluto analítico é feito pelo
acréscimo dos sufixos -íssimo, -ílimo ou -érrimo. Exemplo: Cláudia ficou muito triste
com sua nota (superlativo absoluto analítico). Cláudia ficou tristíssima com sua
nota. (superlativo absoluto sintético).
◦ Relativo: o adjetivo atribui características em relação a outros elementos. O
superlativo relativo pode ser feito com os graus comparativos de igualdade,
superioridade e inferioridade. Exemplo: Esta prova é a mais difícil do ano (superlativo
relativo de superioridade).
83
FIGURA 2 – FLEXÃO DOS ADJETIVOS
84
DICA
Sugerimos a leitura da dissertação de mestrado de Heliene Arantes
Carvalho com o título Expressão da gradação aumentativa na fala
manauara, apresentada à Universidade federal de Santa Catarina,
em 2020. A autora discute a questão do grau nas formas nominais,
contrapondo a visão de renomados pesquisadores. O texto está
disponível em: https://bit.ly/3PvM3Xi.
• Locução adjetiva
85
Há, também, outros tipos de adjetivos que merecem ser mencionados:
86
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Substantivo: uma classe de palavras que nomeia seres, objetos, fenômenos, lugares,
qualidades, ações, sentimentos. E serve para nomear pessoas também.
• Locução adjetiva: um conjunto de duas ou mais palavras que atuam como um adjetivo,
caracterizando um substantivo. As locuções adjetivas são formadas maioritariamente
pela preposição “de” mais um substantivo.
87
AUTOATIVIDADE
1 Observe as frases e assinale a alternativa correta em relação à análise morfológica e
sintática da palavra doce, quanto à classificação e função que exercem:
a) ( ) I e II erradas.
b) ( ) II e IV erradas.
c) ( ) III correta e IV errada.
d) ( ) I correta e II errada.
e) ( ) Todas estão corretas.
2 Leia as frases e assinale a alternativa que aponta o que ocorre com os termos subli-
nhados, no que diz respeito ao sentido que expressam e suas respectivas funções.
Maria chegou rápido, foi direto à reunião e falou macio com todos. Foram comemorar
em um bar e pediram Skol, “a cerveja que desce redondo”.
a) ( ) Adjetivo substantivado.
b) ( ) Adjetivo adverbializado.
c) ( ) Substantivo adjetivado.
d) ( ) Advérbio substantivado.
e) ( ) Substantivo adverbializado.
Excerto I
Atividade com trecho do poema O operário em construção, de Vinícius de Moraes.
Proposta:
[...]
2. Aponte todos os substantivos presentes no texto.
3. Aponte um substantivo abstrato presente no texto.
4. Aponte um substantivo concreto presente no texto.
5. Qual é o único substantivo presente no texto que admite uma forma para o masculino
e outra para o feminino?
6. Há, no texto, algum substantivo próprio? Em caso afirmativo, aponte-o.
88
Excerto II
Atividade com o poema Os dias felizes, de Cecília Meireles.
Proposta:
1. Reescreva os versos substituindo as palavras destacadas por suas formas plurais.
a) “A doçura maior da vida/flui na luz do sol” b) “formigas ávidas devoram/ a albumina
do pássaro frustrado”.
As atividades em I e II:
Era um velho que estava na família há noventa e nove anos, há mais tempo que os
velhos móveis, há mais tempo que o velho relógio de pêndulo (Mário Quintana).
89
90
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
VERBO: ESTRUTURA, FLEXÃO E
CONJUGAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos o Tópico 2 com os estudos sobre os verbos: aspecto, flexão e estrutura
e, por fim, a conjugação verbal. Os verbos são uma classe de palavras de muito destaque,
pois dão vida à frase, por meio da indicação de ação, estado ou fenômeno da natureza.
É por meio do verbo que podemos analisar a relação com os termos de uma
frase, pois ele concentra a informação de todo o texto. Importante sempre reconhecer o
verbo para que se consiga compreender o sentido da mensagem que se quer transmitir.
2 ASPECTO VERBAL
O estudo dos verbos é primordial para a compreensão do processo sintático,
porque eles centralizam as funções dos termos nas orações. Todos os termos,
numa perspectiva sintática, giram em torno do verbo, identificando o sujeito e os
complementos. Segundo Bagno (2012, p. 508), o verbo é “o núcleo de todo e qualquer
enunciado significativo”.
91
(voz ativa), mas que tem o sentido de sujeito paciente (voz passiva). Então, temos: leite
como sujeito paciente, ferveu (verbo em 3 ª pessoa do singular, pretérito perfeito do
indicativo, na voz ativa).
O verbo traz a força de uma ação ou a reação sofrida por essa. Importante notar,
por meio de exemplos diferentes, a presença do verbo:
O cio da terra
Chico Buarque
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação
E fecundar o chão...
92
Brigadeiro
Ingredientes
1 lata de leite condensado
½ medida de lata de leite
1 colher (sopa) de manteiga
3 colheres (sopa) de chocolate em pó
2 xícaras (chá) de chocolate granulado
Modo de preparo
Você vai precisar de 30 forminhas de brigadeiro
Com um pincel, unte um prato com um pouco de manteiga. Reserve.
Separe as forminhas umas das outras com cuidado e disponha numa travessa pequena.
Reserve.
Numa panela, misture o leite e o chocolate em pó. Leve ao fogo baixo e mexa bem, até
dissolver o chocolate.
Junte o leite condensado, a manteiga e, quando ferver, calcule 15 minutos cozinhando,
sem parar de mexer, ou até aparecer o fundo da panela. Retire a panela do fogo e
transfira o brigadeiro para o prato untado. Deixe esfriar.
Numa tigela, coloque o chocolate granulado e deixe ao lado do prato com a massa de
brigadeiro.
Espalhe um pouco de manteiga na palma das mãos e, com a ajuda de 1 colher de chá,
faça bolinhas E passe-as pela tigela com o chocolate granulado.
Em seguida, coloque as bolinhas nas forminhas. Sirva a seguir.
FONTE: A autora
Exemplos não faltam para podermos analisar os termos das frases. Textos
literários são fartos. Até bula de remédio traz muitas palavras. É importante saber que
as palavras são flexíveis quanto às suas funções. Sabemos que o verbo pode ter o valor
de um adjetivo também, como por exemplo: O documento foi anexo ao requerimento.
Anexo = verbo no particípio passado com o valor de adjetivo, pois se refere a documento.
Ou, ainda: Ela foi a mulher escolhida para representar a cidade. Nesse caso, escolhida
(verbo no particípio passado) está relacionada ao substantivo mulher.
93
3 ESTRUTURA VERBAL
Define-se verbo como um indicador de uma ação, um estado, um processo ou
um fenômeno. O verbo é uma palavra variável e flexiona-se em número, pessoa, modo,
tempo, aspecto e voz. É um termo muito importante dentro das classes de palavras,
fazendo com que as orações e os períodos se desenvolvam em torno dele. Aqui podemos
elencar alguns itens que indicam o verbo em uma frase:
FIGURA 3 – VERBOS
94
Os verbos apresentam muitas possibilidades de flexão, e estudamos os tempos
verbais, nos modos indicativo e subjuntivo e formas nominais, e, entre categorias de
número e pessoa, referem-se a três pessoas no singular e três pessoas no plural.
TEMA DESINÊNCIAS
Observe que nos verbos, a vogal temática é geralmente tônica, ao contrário dos
nomes, nos quais é átona e tem a função de distribuir os verbos em conjugações:
95
FIGURA 4 – ESTRUTURA VERBAL
Mais uma vez, as desinências verbais são morfemas que indicam nas conju-
gações verbais, o modo, que pode ser: indicativo ou subjuntivo, o tempo – presente,
passado, futuro –, o número (singular ou plural) e a pessoa (o sujeito da ação acompa-
nhado dos pronomes pessoais do caso reto: eu, tu, ele, nós, vós, eles).
• Desinência modo temporal: indica o modo e o tempo em que a ação ocorre, por
exemplo: "estuda-vas" (pretérito imperfeito do modo indicativo).
• Desinência número pessoal: indica o número e a pessoa do verbo, por exemplo:
“estud-o" (primeira pessoa do singular “eu”).
Vamos passar para as flexões verbais, momento em que aprenderemos a ver que
o verbo é a classe que mais oferece flexões: de pessoa, de número, voz, tempo e modo.
4 FLEXÃO VERBAL
Agora vamos estudar as formas flexionadas dos verbos, que se apresentam em
pessoa, número, tempo, modo e voz. É muito importante conhecer a maneira como
ocorrem as flexões para entendermos o sentido da frase e estabelecer as relações do
verbo com os termos com os outros termos.
96
FIGURA 5 – FLEXÃO VERBAL
a. Flexão em número: singular (um sujeito) e plural (vários sujeitos). O verbo pode se
referir a uma pessoa ou mais e deve concordar, formando o singular ou o plural.
b. Flexão em pessoa: refere-se às três pessoas relacionadas ao discurso, represen-
tadas tanto no modo singular, quanto no plural. São elas:
1ª (quem fala: eu e nós);
2ª (com quem se fala: tu e vós);
3ª (de quem se fala: ele e eles).
Vamos fazer uma observação importante: usamos você e vocês na nossa fala e
escrita cotidiana no lugar de tu e de vós na maior parte do país. E, ainda, usamos a gente
para dizer nós. Assim, devemos considerar essas pessoas na hora de conjugar os verbos
da seguinte forma: Eu falo, tu falas/você fala, ele/ela fala/ a gente fala, nós falamos,
vós falais (aqui, como já dissemos, é uma maneira utilizada em textos sacros, arcaicos,
literários)/vocês falam e eles/elas/falam.
97
A questão é que se trata dos ensinamentos de gramática baseados nas normas
e que não é uma realidade em todas as escolas e cursos, pois sabemos que a exigência
da chamada norma culta existe em muitos segmentos da sociedade e, como toda
mudança, tem que ser gradual. Ainda utilizamos princípios da gramática normativa e, a
partir de noções já adquiridas podemos avançar para outras discussões.
DICA
Sugerimos a leitura do texto de Marlison Soares Gomes, publicado em
2019, com o título A gramática pedagógica do português brasileiro
(BAGNO, 2012) e o Ensino de Gramática, que faz uma análise da
gramática a que se refere o título, de autoria do linguista Marcos Bagno.
Acesse em: https://bit.ly/3QDeuEc.
O modo infinitivo expressa ação direta. A pessoa que fala (o emissor) mostra
uma ideia de certeza e segurança, exprimindo a ação com precisão. Utiliza os tempos
verbais: presente, passado ou pretérito e futuro.
Exemplos:
Eu estudo todos dias.
Comprarei um celular amanhã.
Ontem fiz um bolo de cenoura.
O modo subjuntivo expressa uma ação possível, mas incerta, que ainda não foi
realizada e que depende de outra ação. A pessoa que fala (o emissor) apresenta uma
ideia de dúvida, expondo a ação com imprecisão ou uma possibilidade. Exemplos: Se
você chegasse na hora certa, começaríamos a aula. Quando você sair, feche a porta. Os
tempos verbais do modo subjuntivo são constantes nas orações subordinadas, pois são
ações não concluídas e necessitam de ações complementares.
98
autênticos. Cabe dar ênfase sobretudo aos verbos irregulares – ser,
ter, fazer, dizer, saber, haver, ver, ir, vir, dar, querer, poder, estar –, que
são irregulares justamente por serem os mais empregados da língua
(BAGNO, 2012, p. 566).
→ Presente.
→ Pretérito perfeito.
→ Pretérito imperfeito.
→ Pretérito mais-que-perfeito.
→ Futuro do presente.
→ Futuro do pretérito.
→ Presente.
→ Pretérito imperfeito.
→ Futuro.
→ Imperativo afirmativo.
→ Imperativo negativo.
e. Flexão em voz: ativa (sujeito gramatical é o agente da ação); passiva (sujeito gra-
matical é o paciente da ação); reflexiva (sujeito gramatical é agente e paciente da ação).
A voz verbal está relacionada com o ser a que o verbo se refere e o processo que
esse verbo exprime. Temos três tipos de vozes verbais:
• voz ativa: o ser a que o verbo se refere é o agente verbal, ou agente da ação. Exemplo:
Maria comprou um vestido de festa. Nesse caso, o verbo comprou refere-se à ação
de Maria, pois é o agente da ação.
99
• voz passiva: o ser a que o verbo se refere é o paciente da ação, aquele que recebe a
ação. Exemplo: A menina foi sequestrada. Observamos, aqui, que a menina sofreu a
ação, sendo, portanto, paciente da ação verbal.
Conforme o seu processo de formação, a voz passiva pode ser classificada em voz
passiva analítica e voz passiva sintética. Voz passiva analítica: as frases apresentam
a seguinte estrutura: sujeito paciente + verbo auxiliar + particípio + preposição +
agente da passiva. Exemplos: O doce foi comido pela minha neta. Os móveis foram
consertados pelo marceneiro.
Na voz passiva sintética as frases apresentam a seguinte estrutura:
verbo transitivo + pronome se + sujeito paciente. Exemplos: Comeu-se o doce.
Consertaram-se os móveis.
• voz reflexiva: o ser a que o verbo se refere é o agente e o paciente ao mesmo tempo,
pois age sobre si mesmo. Exemplo: João se cortou durante o almoço. Nesse caso,
o verbo cortar indica que João praticou e sofreu a ação ao mesmo tempo, sendo
agente e paciente da ação verbal, processo que leva o nome de ação reflexiva.
NOTA
Conversão da voz ativa na voz passiva
Podemos observar que na passagem da voz ativa para a voz passiva ocorrem algumas
mudanças:
Na voz passiva analítica fica assim: O livro de poesias foi lido pelo aluno.
100
Na voz ativa temos: O aluno leu o livro de poesias.
101
Os verbos classificam-se em:
e) Verbos Abundantes: são aqueles que apresentam duas formas de mesmo valor.
Observações:
Ocorrem geralmente no particípio: particípio regular, terminado em -ado ou -ido,
usado na voz ativa, com o auxiliar ter ou haver; particípio irregular, com outra
terminação diferente, usado na voz passiva, com o auxiliar ser ou estar.
Os verbos abrir, cobrir, dizer, escrever, fazer, pôr, ver e vir só possuem o particí-
pio irregular: aberto, coberto, dito, escrito, feito, posto, visto e vindo.
102
6 FORMAS NOMINAIS DOS VERBOS
As formas nominais do verbo são representadas pelo infinitivo, pelo particípio
e pelo gerúndio. Não fazem parte de nenhum tempo ou modo verbal. São chamadas de
formas nominais porque desempenham tanto função de verbo, como função de nome.
É isso que veremos agora.
Formas primitivas referem-se aos verbos cujos radicais ou temas são usados
na formação de outros tempos. Os tempos (ou formas) primitivos são: presente do
indicativo, pretérito perfeito do indicativo e infinitivo impessoal. Formas derivadas são
aquelas cujos radicais ou temas verbais são obtidos de um dos tempos primitivos ou do
infinitivo impessoal. São eles:
103
Explicando melhor, os verbos podem ainda se apresentar em suas formas no-
minais. Isso se deve ao fato de assumirem a função de substantivos, adjetivos ou ainda
advérbios. As formas nominais são classificadas em infinitivo (pessoal ou impessoal) –
terminação -r, gerúndio – terminação –ndo, ou particípio – terminação –do.
a) Infinitivo
Exemplos:
Infinitivo como substantivo: Lutar é sofrer!
Particípio como adjetivo: O aluno é dedicado aos estudos.
Particípio como adjetivo: Saindo, bata a porta.
b) Particípio
104
O particípio regular é usado preferencialmente na voz ativa, com os verbos
auxiliares ter e haver. O particípio irregular é usado preferencialmente na voz passiva,
com os verbos auxiliares ser e estar. Exemplo: Ele pensou que tivesse imprimido o
documento (voz passiva) e você prefere o documento impresso? (voz ativa).
c) Gerúndio
Mostra o estado de uma ação prolongada, que ainda está acontecendo, com
uma noção de continuidade de ação verbal. Os verbos da 1ª conjugação terminam
em -ando, os da 2ª conjugação terminam em -endo e os da 3ª conjugação terminam
em -indo. Exemplos de gerúndios: estudar: estudando; comprar: comprando, sentir:
sentindo; fazer: fazendo. Os alunos estão saindo da aula mais cedo.
7 CONJUGAÇÃO VERBAL
As conjugações são agrupadas com base nas suas três terminações, de acordo
com as vogais temáticas: -a, -e/o e -i. Para cada uma dessas conjugações há um
modelo que indica as formas verbais.
105
Quanto à classificação, os verbos podem ser regulares e irregulares. Os verbos
regulares são aqueles verbos que seguem o modelo de sua conjugação de acordo com
os modelos de 1ª, 2ª e 3ª. Então, vamos saber as peculiaridades desses verbos.
do presente
futuro
do pretérito
106
MODO SUBJUNTIVO Presente
Pretérito imperfeito
Exprime uma ação incerta, duvidosa, um
fato que pode não acontecer. Futuro
MODO IMPERATIVO
afirmativo
Presente
Exprime uma ordem, um convite, negativo
um conselho ou um pedido.
FONTE: A autora
107
QUADRO 2 – CONJUGAÇÃO VERBAL
FONTE: A autora
Lembrando que radical é a parte da palavra que se mantém igual nas diferentes
conjugações do verbo, porque é a raiz da palavra (ou seja, a base dela). Desinência é
a parte da palavra que se altera de acordo com a conjugação. E, ainda, os verbos têm
uma vogal temática, que define a conjugação da qual o verbo pertence.
Os verbos regulares, de forma simples, configuram-se seguindo o mesmo
modelo. Vamos conjugar os verbos regulares, em suas três terminações (-ar, -er, -ir),
nos modos indicativo e subjuntivo, nos tempos presente, passado ou pretérito e futuro
e as pessoas do singular e do plural.
Retrato
Cecília Meireles
108
Exemplos de emprego de verbos no modo subjuntivo:
8 MODO INDICATIVO
O modo indicativo dos verbos indica certezas, fatos, algo que acontece
realmente.
Presente: indica um fato que está acontecendo no momento.
Pretérito perfeito: indica um fato encerrado no passado, algo que aconteceu.
Pretérito imperfeito: indica fatos que já ocorreram, mas que se repetiam no passado.
Pretérito mais-que-perfeito: indica um fato que terminado antes que outro no passado.
Futuro do presente: indica um fato futuro em relação ao tempo que se fala.
Futuro do pretérito: indica um fato futuro em relação a outro fato ocorrido no passado.
109
Desde que a humanidade descobriu o fogo e as especiarias, não olhamos
mais para trás: continuamos inventando novas maneiras de desconstruir os alimentos
para depois reformulá-los.
Temos exemplos de verbos nesse texto, mas observe que o que predomina são
os verbos no pretérito perfeito para mostrar algo que aconteceu. O jornalismo trabalha
essencialmente com fatos, o que já houve (com exceção de agendas culturais que
trazem eventos que se realizarão ainda), portanto sempre usa verbos no passado.
IMPORTANTE
Para se trabalhar em sala de aula é interessante apresentar
textos aos alunos que estejam próximos de sua realidade para
que eles percebam a presença dos termos de uma frase, os
verbos em especial nesse momento, e entendam os tempos em
que inserem.
Matérias jornalísticas, anúncios publicitários, histórias em
quadrinhos trazem muitos elementos para serem trabalhados
e que permitem análise e reflexão, sem ter a necessidade de
apenas decorar conjugação de verbos sem entender o sentido
da mensagem que o texto quer passar para seus receptores.
9 MODO SUBJUNTIVO
O modo subjuntivo indica incertezas, hipóteses, dúvidas e possibilidades.
Presente: indica uma possibilidade ou uma vontade que algo aconteça no presente ou
no futuro.
Pretérito imperfeito: indica uma ação condicionante a outra ideia ou oração.
Futuro: indica expectativa de ação que pode acontecer.
110
FIGURA 9 – PAINEL
111
Radical Vogal temática Desinência da 1ª conjugação
Eu and- ------- -o
Tu and- -a- -s
Vogal
Radical Desinência da 3ª conjugação
temática
112
A Conjugação dos verbos regulares, no modo indicativo e no modo subjuntivo,
segue a mesma estrutura nas três terminações: -ar, -er, e –ir.
Lembrando mais uma vez que há variações de pessoas: você, a gente e vocês.
No caso de você e a gente, conjugamos o verbo em terceira pessoa do singular, mas
vocês acompanham a conjugação de terceira pessoa do plural.
NOTA
Verbos foneticamente regulares
Há alguns verbos que são foneticamente regulares, mas que apresentam pequenas
irregularidades na sua estrutura formal, para preservar a pronúncia.
Nos verbos terminados em -gir e -ger, como agir, dirigir, fingir, eleger e ranger, acontece a
alteração da consoante g para a consoante j antes da vogal a e da vogal o: eu ajo, eu dirijo,
que eu finja, que nós elejamos, que ele ranja, ...
Nos verbos terminados em -guir e -guer, como distinguir, prosseguir e erguer, há a alteração
do dígrafo gu para a consoante g antes da vogal a e da vogal o: eu
distingo, que eu prossiga, que ele erga, ...
Nos verbos terminados em -gar, como desligar, apagar e carregar,
ocorre a alteração da consoante g para o dígrafo gu antes da vogal e:
eu desliguei, que eles apaguem, que eu carregue, ...
Nos verbos terminados em -cer e -cir, como nascer, descer e ressarcir,
ocorre a alteração da consoante c para a consoante ç antes da vogal a
e da vogal o: eu desço, que ele nasça, que eles ressarçam, ...
Nos verbos terminados em -çar, como dançar, caçar e atiçar, ocorre
a alteração da consoante ç para a consoante c antes da vogal e: eu
dancei, que eles cacem, que eu atice, ...
Nos verbos terminados em -car, como brincar, ficar e pescar, ocorre
a alteração da consoante c para o dígrafo qu antes da vogal e: eu
brinquei, que eu fique, que eles pesquem...
10 VERBOS IRREGULARES
Os verbos são formados por um radical mais uma terminação, porém as
terminações são diferentes, de acordo com as flexões em número, pessoa, modo e
tempo verbal que apresentam. Há três estruturas definidas de conjugação verbal:
113
Entretanto, há verbos que não se enquadram nesses modelos fixos de conjuga-
ção verbal. Apresentam alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados.
São chamados de verbos irregulares. Exemplos de alguns verbos irregulares: ser, estar,
haver, por, saber, poder, medir, fazer, vir, trazer, dizer, ouvir, caber, pedir.
a) Modo indicativo
Vamos conhecer o modo indicativo dos verbos, tempo composto. Observe suas
formações e os exemplos decorrentes do verbo falar.
114
Tempo composto Formação Exemplo
115
Futuro composto (Quando eu) tiver falado
Verbo auxiliar ter:
do subjuntivo: (Quando tu) tiveres falado
futuro simples do
indica uma ação que (Quando ele) tiver falado
subjuntivo
estará terminada no futuro, (Quando nós) tivermos falado
Verbo principal:
antes de outra ação que (Quando vós) tiverdes falado
particípio.
ocorrerá também no futuro. (Quando eles) tiverem falado
12 MODO IMPERATIVO
E, por fim, veremos o modo imperativo. A ideia é de ordem, conselho, pedido e
centraliza-se no interlocutor ou emissor da mensagem para que seu receptor execute
a ação. O imperativo se divide em imperativo afirmativo e imperativo negativo, sendo
conjugados de forma diferente.
• Imperativo afirmativo
Vamos ver esses exemplos com verbos bem conhecidos e utilizados no modo
imperativo. Os verbos são parar (1ª conjugação), trazer (2ª conjugação) e sair (3ª
conjugação):
116
verbo parar verbo trazer verbo sair
Tu falas Fala tu
Agora, veremos que a 3.ª pessoa do singular (ele), a 1.ª pessoa do plural (nós) e
a 3.ª pessoa do plural (eles) derivam do presente do subjuntivo, sendo conjugadas da
mesma forma.
• Imperativo negativo
Vamos ver a letra da música, a seguir, para perceber a presença dos verbos no
modo imperativo:
Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez
Beba (beba)
Pois a água viva ainda 'tá na fonte (tente outra vez)
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não
Oh oh oh oh tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça aguenta se você parar
Não não não não não não
Há uma voz que canta, uma voz que dança
Uma voz que gira (gira)
Bailando no ar
Oh queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez
Tente (tente)
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez
Quando se lida com alunos é mais fácil explicar por meio de textos. Nesse caso,
usamos a letra de uma música que traz diretamente a ideia de mandar, de ordenar, de
clamar para que se realize uma ação. O importante é entender para que serve o verbo no
imperativo e sugerir uma pesquisa com o objetivo de elencar outros exemplos.
118
IMPORTANTE
Alguns verbos possuem um imperativo abundante, ou seja, há mais de
uma forma correta de conjugar o verbo no imperativo:
Terminados em –zer/-zir. Exemplo: Faze tu ou Faz tu; Conduze ou
Conduz tu.
Com o verbo ser temos: Sê tu/Sede vós.
Obs.: Para todas as pessoas: Exemplo: Faz o que você quiser! Essa
forma está gramaticalmente errada, pois, faz está conjugado na 2ª
pessoa do singular, então a pessoa usada deveria ser o “tu”, e não
o “você” (3ª pessoa do singular).
DICA
Sugerimos a leitura do texto: Verbo: uma abordagem morfossintática,
Anderson Alves Pereira, Joyce Sthephany Fonseca Moreira e outros, que
aborda os estudos dos verbos, sob uma visão funcional da gramática.
Acesse em: https://bit.ly/3T5G4M3.
119
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Flexão em pessoa: 1ª (quem fala: eu e nós); 2ª (com quem se fala: tu e vós); 3ª (de
quem se fala: ele e eles).
• Flexão em voz: ativa (sujeito gramatical é o agente da ação); passiva (sujeito grama-
tical é o paciente da ação); reflexiva (sujeito gramatical é agente e paciente da ação).
• Padrão geral de flexão dos verbos – a) Regular: quando segue o modelo da con-
jugação, ou seja, radical igual em todas as pessoas. b) Irregular: quando se afas-
ta do modelo da conjugação, ou seja, radical, terminações diferentes em todas as
conjugações. c) Verbos anômalos: são aqueles que sofrem grandes alterações no
radical. d) Verbos Defectivos: são aqueles que não possuem conjugação completa.
e) Verbos Abundantes: são aqueles que apresentam duas formas de mesmo valor.
Auxiliar: quando se junta a um outro verbo, denominado principal, com o sentido de
ampliar ou legitimar uma ideia.
• Formas nominais dos verbos – a) Infinitivo: forma original do verbo. Pode ser
classificado como infinitivo pessoal e infinitivo impessoal. Terminação em –r. b)
Particípio: indica o estado da ação depois de finalizada, transmitindo assim uma
noção de conclusão de ação verbal. O particípio é usado na formação de tempos
verbais compostos. Terminação em -ado, -edo, -ido. Gerúndio: mostra o estado de
uma ação prolongada, que ainda está acontecendo, com uma noção de continuidade
de ação verbal. Os verbos da 1ª conjugação terminam em -ando, os da 2ª conjugação
terminam em -endo e os da 3.ª conjugação terminam em -indo.
120
• Conjugação dos verbos – os verbos são formados por um radical mais uma termi-
nação. As terminações são variáveis, de acordo com as flexões em número, pessoa,
modo e tempo verbal.
• Imperativo negativo: temos ordem, pedido, convite, conselho feitos através de uma
negação. A formação do imperativo negativo se dá a partir da conjugação do presente
do subjuntivo.
121
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE 2011) No meio do meu descanso, toca o telefone: “Boa tarde, senhor. Aqui
é da Mega Plus International, que, por sua boa relação como cliente, vai estar
disponibilizando, totalmente grátis, sem nenhum custo adicional, o Ultra Mega Plus
Card, com todas as vantagens do programa especial Mega Plus Services. Vai estar
também oferecendo...” Pronto, já me perdi no gerúndio desnecessário dela. Respondo:
“Obrigado pela oferta, mas não vou estar querendo, já tenho outro” “Mas, senhor...”,
insiste a atendente, “que vantagens o seu cartão já oferece?” Respondo: “Não oferece
vantagem nenhuma, mas o que rola entre a gente é uma relação sem interesse, é só
amor mesmo...sabe aquele não querer mais que bem querer de Camões. A atendente
de telemarketing se despede, mas não sem antes rir do outro lado da linha.
Em casos como o do texto citado, o uso do gerúndio constitui mais o que a descrição
tradicional chamaria de vício de linguagem do que propriamente uso incorreto do
ponto de vista da norma padrão. Dessa forma, esse uso fere mais aspectos estilísticos
que estruturais da norma. Nessa perspectiva, assinale a opção em que o enunciado
apresenta o mesmo tipo de inadequação linguística.
2 (ENADE 2011) Atendente: Vou passar seu pedido ao gerente. Assim que ele dispuser
de tempo e poder tratar do seu caso, faremos contato com o senhor. Nessa fala:
122
3 Leia a letra da música com atenção:
Super Homem
Um dia
Vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada
Minha porção mulher, que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É que me faz viver
Quem dera
Pudesse todo homem compreender, oh mãe, quem dera
Ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser
Quem sabe
O super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher
123
124
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
ADVÉRBIO: VALORES MORFOLÓGICOS E
SEMÂNTICOS
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITO DE ADVÉRBIO
Advérbios são palavras invariáveis que se unem aos verbos, indicando as
circunstâncias da ação verbal e, também, são considerados modificadores dos verbos.
Segundo Castilho e Elias (2012), a etimologia da palavra advérbio (lat. ad + verbium,
sendo que verbium deriva de verbum = palavra) não teve a compreensão adequada em
relação a sua definição.
125
Há, também, a referência à palavra circunstância, que explicaria a atuação do
advérbio em uma frase, mas poderia causar mais problemas, pois definir circunstância
traria embates em relação ao seu real significado.
Vamos ver o advérbio na música Sutilmente, cantada pelo grupo Skank. Uma
letra que traz advérbios diferentes, mas que terminam em –mente.
Sutilmente
Skank
126
Subitamente se afaste
E quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
Ah, ahn
Note que é o advérbio que dá o tom dessa letra. Ele indica um movimento,
ideia de modo, mas também poderia ser de tempo (subitamente), de intensidade
(sutilmente)? Estamos falando em sentido, em nível semântico. E se substituirmos por
outros advérbios? Uma sugestão para uma discussão em sala de aula.
Contudo, no meio do caminho tinha uma pedra... Nem sempre é tão fácil assim
classificar os advérbios. Podemos dizer que são termos invariáveis, não flexionam em
gênero, número ou grau, porém há algumas pedrinhas no caminho que temos que
esclarecer nesse momento. Estudar a classe dos advérbios é, segundo Bagno (2012),
um território visado por processos de gramaticalização pela amplitude de seu campo
semântico, que seria o mais amplo que existe.
127
NOTA
Gramatização é um processo linguístico, que ocorre com a mu-
dança de termos dentro de uma frase, podendo ser mudança de
posição gramatical ou de categoria sintática. Ás vezes, apresentam
mudanças fonológicas, semânticas entre outras.
Segundo Sousa e Alvares (2015, p. 1), “a gramatização diz respeito
à abrangência da relação entre a escrita e a oralidade. Isso se dá
na elaboração de uma gramática a partir de um corpus específico,
definindo a própria regularização de uso da língua”.
Esse processo ocorre mais explicitamente na língua falada. Por
exemplo: troca-se o verbo por um substantivo durante uma fala,
sem que essa seja a nova regra. Pode ser situação momentânea
apenas, uma vez que a nossa língua é dinâmica.
DICA
Sugerimos a leitura do texto: A gramatização do português no Brasil:
a posição sujeito-gramático e a questão da língua nacional, de
Joelma Aparecida Bressanin e Amilton Flávio Coleta Leal, publicado em
2017. Acesse em: http://www.revistalinguas.com/edicao39/artigo1.pdf.
128
Isso prova que é difícil classificar a palavra por si só sem saber em que contexto
se insere.
Advérbios de lugar são usados para demarcar lugares no espaço. São eles:
aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima,
onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, embaixo, externamente, a distância, à distância de, de longe, de perto,
em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta.
129
Observe que a maior parte dos que terminam em "-mente": calmamente, triste-
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosa-
mente, bondosamente, generosamente são advérbios de modo. Quando ocorrem dois
ou mais advérbios em -mente, em geral sufixamos apenas o último: Exemplo: O aluno
respondeu calma e respeitosamente.
Há, também, os advérbios interrogativos que são aqueles que propõem a ideia
de questionamento, de pergunta, de um modo geral. São eles: onde? aonde? don-
de? quando? como? por quê?
130
DICA
Para quem pretende se aprofundar em advérbios, sua utilização em
frases ou buscar subsídios para trabalhar em sala de aula sugerimos
o texto O ensino do advérbio no livro didático de língua
portuguesa “diálogo”: algumas reflexões, de autoria dos
pesquisadores Andréa Cavalcante Monteiro Alves e Juarez
Nogueira Lins, apresentado no Conedu e publicado em 2017.
Acesse em:
https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/37700.
IMPORTANTE
Distinção entre advérbio e pronome indefinido
Há palavras como muito, bastante etc. que podem aparecer como
advérbio e como pronome indefinido.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro advérbio e não sofre
flexões. Por exemplo: Ele come muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e sofre flexões. Por
exemplo: Ele come muitos doces.
4 O GRAU DO ADVÉRBIO
Advérbios são as palavras que exprimem circunstância de um fato ou
intensificam, exprimem a qualidade de um adjetivo e, até mesmo, de um advérbio. Os
advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apresentam variação em gênero e número,
apenas de grau. Os advérbios flexionam em dois graus: o comparativo e o superlativo.
• Grau Comparativo
131
O comparativo de igualdade é formado com o uso da palavra "tão" antes do ad-
vérbio e "como" ou quanto "depois". Então, lembre-se: tão + advérbio + quanto (como).
Exemplo: João fala tão bem quanto Antônio.
- Analítico: mais + advérbio + que (do que). Exemplo: João fala mais que (do que)
Antônio.
- Sintético: melhor ou pior que (do que). Exemplo: João fala melhor que (do que)
Antônio.
Cabe aqui uma observação sobre o bem e mal. Esses advérbios recebem o
grau comparativo de superioridade irregular quando é expresso respectivamente pelas
formas melhor e pior. Exemplo: Os resultados dos seus exames são melhores que os
meus. Quando antecedem um verbo no particípio, o uso dos advérbios bem e mal, no
grau comparativo, altera-se para “mais bem” e “mais mal”. Exemplo: Minha casa está
mais bem construída que a dele.
• Grau Superlativo
- Analítico: acompanhado de outro advérbio. Exemplo: João fala muito alto. Temos
nesse exemplo: muito = advérbio de intensidade e alto = advérbio de modo.
- Sintético: formado com sufixos. Exemplo: João fala altíssimo.
5 LOCUÇÃO ADVERBIAL
Denominamos locução adverbial o encontro de duas ou mais palavras que
exercem função de advérbio, que pode expressar as mesmas noções dos advérbios.
Iniciam ordinariamente por uma preposição. São locuções adverbias de:
- lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro, por aqui etc.
- afirmação: por certo, sem dúvida etc.
- modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral, frente a frente etc.
- tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em dia, nunca mais etc.
132
É importante ressaltar que tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio. Exemplos: Ana chegou muito cedo para a aula.
Luiz é muito inteligente.
133
LEITURA
COMPLEMENTAR
OS VERDADEIROS ADVÉRBIOS: MODO, TEMPO E LUGAR
Solange Nascimento
Deixamos aqui apenas uma parte do artigo, mas é importante que você leia
o texto na íntegra, que está disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.
php/cadernoseminal/article/view/12695>. Acesso em 12 mar. 2021.
134
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Advérbios são palavras invariáveis que se unem aos verbos, indicando as circuns-
tâncias da ação verbal. Em alguns casos, os advérbios associam-se aos adjetivos,
especificando as suas qualidades e a outros advérbios intensificando seu sentido.
lugar dúvida
tempo intensidade
modo exclusão
afirmação inclusão
negação ordem
• Quanto à flexão, os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apresentam variação
em gênero e número, apenas de grau.
135
AUTOATIVIDADE
1 A palavra meio pode ter vários sentidos e isso depende do contexto em que se
apresenta. Assinale a alternativa em que o termo destacado tem valor de advérbio.
2 Leia a frase: “Mais de cem anos depois, graças aos avanços nas pesquisas
arqueológicas, foram encontradas múmias no Egito”.
A vírgula que vem depois de “Mais de cem anos depois...” justifica-se por que é:
136
5 Explique: “Estudar a classe dos advérbios é, segundo Bagno (2012), um território
visado por processos de gramaticalização pela amplitude de seu campo semântico,
que seria o mais amplo que existe”.
137
REFERÊNCIAS
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo:
Publifolha, 2014.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira
& Lucerna, 2009.
138
MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. Campinas: Pontes, 2002.
SOUZA, A. B. P. Flexão verbal: um novo olhar para o estudo dos verbos irregulares.
2016, 22f. TCC (Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Revisão de Texto) – Centro
Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD), Brasília, 2016.
139
140
UNIDADE 3 —
CLASSES DE PALAVRAS:
NUMERAL, ARTIGO,
PRONOME, PREPOSIÇÃO,
CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer o estudo dos vocábulos a partir das classes e funções das palavras;
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
141
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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142
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
NUMERAL E ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
O Tópico 1 aborda os numerais e os artigos, seus conceitos e classificações.
Apresentaremos as formas corretas dos numerais por extenso, com a intenção de
facilitar no momento de escrevê-los. E quanto aos artigos, a proposta é entender o seu
sentido nas frases, sabendo diferenciá-los dos numerais.
A gramática normativa traz os princípios dos termos, mas não podemos nos ater
só a essa visão. Sabemos, hoje, que o trabalho de ensinar a gramática aos alunos deve
despertar neles o interesse pela língua e não conhecimento hermético encerrado nas
classes de palavras.
Bons estudos!
2 NUMERAL
Estudos recentes apresentados pela NGB (Nomenclatura da Gramática Bra-
sileira) têm questionado a presença dos numerais como elementos pertencentes às
classes de palavras, uma vez que têm concepção semântica e servem como quanti-
ficadores. Seriam os numerais elementos que permeiam as classes dos nomes, dos
pronomes, com funções atribuídas ao substantivo, ao adjetivo e ao advérbio?
143
Comi só a metade da maçã.
Tivemos o dobro de prejuízo com essa compra.
Essa é a segunda vez que venho a Paris.
Para fins pedagógicos, utilizamos os numerais como um dos termos das classes
de palavras e é importante conhecê-los dessa forma para poder entender sua função
dentro de um contexto e sua importância como indicadores de quantidades.
O que significa saber que 15% da população brasileira foi vacinada? Qual é a
população brasileira? O que esse valor corresponde em relação aos outros países? Os
números sugerem uma infinidade de interpretações possíveis em todas as áreas. Isso
apenas para exemplificar. Aqui uma mensagem enviada por Twitter: Secretaria da Saúde
SP #VacinaParaTodos.
Mais de 500 mil doses da vacina contra a COVID-19 foram aplicadas em SP.
Batemos mais um recorde, nas últimas 24 horas, desde o início da imunização no
estado. Isso significa que foi o dia que protegemos mais vidas com mais de cinco vacinas
aplicadas por segundo.
144
FIGURA 1 – ANÚNCIO
Veja outro exemplo de utilização dos numerais. Aqui cabe uma sugestão para
se trabalhar com os alunos: um estudo dos quantificadores resultando em análise dos
fatos. A partir desses dados é possível redigir um texto mostrando a situação retratada.
145
QUADRO 1 – UTILIZAÇÃO DE NUMERAIS
146
A classificação dos numerais em cardinais, ordinais, multiplicativos e fracioná-
rios está relacionada ao significado e não às características mórficas apenas, pois os
números ordinais são essencialmente adjetivos, enquanto os fracionários são substan-
tivos. E ainda resta a dúvida para se definir se milhão, dezena, dúzia, entre outros, estão
mais para substantivos ou para numerais.
147
c) Flexão dos numerais multiplicativos
Exemplos: Fiz uma terça parte da lição. Tomamos meio litro de vinho.
148
• Não devemos empregar o cardinal “um” antes de “mil”. Exemplo: As contas do mês
somaram mil reais.
• Ao nos referirmos aos termos “milhão” e “milhar”, empregamos o artigo masculino, de
modo a adequá-lo ao gênero de ambos (masculino). Exemplo:
• Os nove milhões foram pagos ao ganhador.
• O numeral cardinal representado por “um” e o artigo indefinido “um” geram dúvidas.
Então utilizamos o “um” quando ele representar quantidade exata, obtendo como
plural o numeral dois. O uso do artigo refere-se à indicação de um ser indeterminado,
cujo plural é uns.
• Exemplos:
- Só um aluno fez a lição (numeral).
- Encontraram um menino perdido na rua (artigo indefinido).
NOTA
Ambos/ambas são considerados numerais e significam "um
e outro", "os dois" (ou "uma e outra", "as duas") e são sempre
empregados para referenciar pares de seres aos quais já foram
citados. Por exemplo: Maria e João parecem ter se entendido
melhor. Ambos agora estão convivendo bem.
Para Bagno (2011), a criação de uma classe gramatical para palavras que têm
simplesmente função de substantivo ou adjetivo é uma incoerência. Por isso, o ensino
de língua...
149
antes centrado no domínio das regras em atividades de reconheci-
mento e de classificação, agora se direciona para o uso social que
dela fazemos e nos faz atentar também para o caráter reflexivo do
qual a linguagem se reveste. [...] Sendo assim, não há mais espaço
para o ensino de língua que priorize o estudo dos aspectos norma-
tivos, mas para o estudo da língua que passa a ser tomada como
um fenômeno social de interação (BASTOS; LIMA; SANTOS, 2012,
p. 113-114).
Por isso, esperamos que, ao longo desta unidade você possa compreender que
precisamos tecer um estudo a partir de nomenclaturas de classes ou funções gramaticais,
mas que esses conceitos não são estáveis/imutáveis, tampouco inquestionáveis. Há a
necessidade de analisarmos os contextos comunicativos, observando que ao falarmos
de funções em detrimento do termo “classes de palavras” é justamente por entender
que uma mesma palavra pode assumir diferentes funções na interação social.
Dito isso, vamos agora passar para o estudo da função dos artigos, que são
tradicionalmente identificados como definidos e indefinidos, buscando compreender
sua finalidade dentro dos textos.
3 ARTIGOS
Artigos são palavras que acompanham os substantivos, indicando o seu
número (singular ou plural) e o seu gênero (masculino ou feminino). São classificados em
artigos definidos, que determinam os substantivos, como exemplo: o menino e artigos
indefinidos que indeterminam os substantivos, exemplo: um menino.
Canção Mínima
No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta.
FONTE: MEIRELES, Cecília. Obra poética. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983, p. 163.
150
Observe que, anteriormente, ao falarmos de numerais, comentamos que as
mesmas palavras podem assumir diferentes funções gramaticais, conforme o contexto.
Nesse sentido as palavras: um, uma, uns, umas, identificadas aqui como artigos
indefinidos, foram antes analisadas como numerais. Por isso, no ensino da língua
portuguesa deve-se atentar à semântica das palavras dentro dos textos. O estudo da
gramática, mais que reconhecer regras é um exercício de observação, análise e reflexão
sobre o funcionamento da língua.
O artigo definido e indefinido precisa ser estudado considerando-se a sua
significação na frase, pois é muito comum confundir, por exemplo, um artigo indefinido
com numeral ou um artigo definido com pronome, A partir da explicação de Bechara
(2009), fica mais fácil entender o papel de cada um dentro do contexto que se quer dizer.
151
• Em alguns nomes de cidades, estados, países: a Inglaterra, o Brasil.
• Em nomes de estações do ano: o inverno, o verão, a primavera e o outono.
• Em nomes de pontos cardeais: o norte, o sul, o leste, o oeste, o sudeste.
• Em nomes de feriados e datas comemorativas: o carnaval, o Natal, a Páscoa.
• Em cognomes e títulos: o senhor, a doutora.
• Em nomes próprios, transmitindo conhecimento e familiaridade: a Luísa, o Gabriel.
Seguem, aqui, alguns casos em que o uso do artigo, neste caso, é opcional:
NOTA
As mesmas palavras (o, a, os, as) que são identificadas como artigos
definidos, conforme a situação de uso, podem funcionar como pronome.
Enquanto os artigos têm a função de determinar os substantivos,
individualizando seres ou coisas; como pronomes, essas palavras fazem
retomada anafórica, ou seja, retomam palavras já ditas, evitando sua
repetição. Veja o exemplo:
Prendi o teu cachorro, mas não o maltratei.
Na primeira vez que aparece na frase, o é um artigo, mas da segunda
vez funciona como pronome, retomando a palavra cachorro.
152
Listamos aqui as formas de utilização dos pronomes indefinidos:
Veja o que tem a dizer a pesquisadora Maria Helena de Moura Neves (2017, p. 19)
sobre os artigos:
Na verdade, o artigo não tem valor significativo nas determinações por classes
gramaticais. Nem sempre o que pensamos ser um artigo realmente é. Por exemplo,
quando falamos: “A casa de Maria é boa, mas a de Alice é melhor”. O primeiro a é um
artigo definido, pois aponta que a casa é determinada, não se trata de qualquer casa,
mas o segundo a é um pronome demonstrativo, uma vez que substitui a palavra casa.
Agora, se disséssemos: “A casa de Maria é boa, mas a casa de Alice é melhor”, seriam os
dois “as” artigos definidos. Portanto, é importante que se dê atenção ao contexto.
NOTA
Para saber se um é artigo, coloque após o substantivo que ele
acompanha a palavra qualquer. Exemplo: Eu quero comprar um celular
(qualquer).
Para saber se um é numeral, coloque antes dele somente ou apenas.
Exemplo: Eu quero comprar (apenas) um celular, porque está muito
caro. Outra dica é substituir um por dois, para verificar se “um” expressa
ideia de quantidade. Exemplo: Eu quero comprar um (dois) celular (es).
Outro ponto importante ao que se refere ao emprego dos artigos são as formas
como se contraem as preposições a, em, de e por.
153
Artigos definidos contraídos com preposições:
Preposição a Preposição de
ao (a + o) do (de + o)
à (a + a) da (de + a)
aos (a + os) dos (de + os)
às (a + as) das (de + a
Preposição em Preposição de
• Função de distinção entre homônimos: é por meio do artigo que se faz a distinção
entre o feminino e o masculino da palavra e a distinção entre seus significados, como:
o cabeça, a cabeça, o praça, a praça etc.
Exemplos: Lima é a capital do Peru (a capital).
A nossa empresa está com problemas de capital financeiro (o capital).
No meio do caminho
154
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
No meio do meu caminho tinha uma pedra qualquer. Fica bem claro no texto o
sentido do que está definido (o caminho) e o que é indiferente (uma pedra).
Reconhecemos de imediato que são todos artigos pela aparência, mas não é
isso que ocorre. Observe os seguintes versos: “Há muitas maneiras sérias de não dizer
nada, mas só a poesia é verdadeira”. Temos, nesse verso, artigo definido, pois o a se
relaciona à palavra poesia, identificando-a.
“Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário”, aí é artigo.
155
“Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada
do ser que a revelou”, temos pronome. Veja que aqui podemos entender sintaticamente
a função do a (revelou quem? = ela).
Uma ideia para quem leciona língua portuguesa é pedir para os alunos
reescreverem o poema substituindo esses termos comentados anteriormente, para
que eles percebam a diferença que há entre os elementos e só é possível reconhecer
analisando-os sintaticamente.
DICA
Sugerimos a leitura da dissertação de mestrado de Heitor da Silva
Campos Júnior, intitulada A variação morfossintática do artigo
definido na capital capixaba, com várias discussões acerca do papel
do artigo na fala e na escrita.
Acesse em: https://bit.ly/3AGNsGA.
156
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Os numerais podem ser classificados quanto ao seu critério: funcional – palavra que
atua como elemento específico de um núcleo ou de uma expressão ou como substituto
desse mesmo núcleo (substantivo, adjetivo); mórfico – palavra formada unicamente
por um morfema gramatical e semântico – palavra que indica a quantidade dos seres,
sua ordenação ou proporção (cardinal, ordinal, múltiplo, fracionário, coletivo).
• Ordinais são os numerais que indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada.
157
AUTOATIVIDADE
1 Em qual das frases a seguir o artigo está substantivando uma palavra, em função do
sentido dessas palavras consideradas nominais?
Abro o jogo!
Só não conto os fatos de minha vida:
sou secreta por natureza.
Há verdades que nem a Deus eu
contei. E nem a mim mesma. Sou
um segredo fechado a sete chaves.
Por favor me poupem.
No poema há palavras com o sentido de artigo definido, em qual das frases abaixo é
possível reconhecê-lo?
158
a) ( ) Os dois estavam estudando na sala (sujeito).
b) ( ) Encontramos os três na rua (objeto direto).
c) ( ) Éramos seis (predicativo do sujeito).
d) ( ) O carro foi empurrado pelos quatro (agente da passiva).
e) ( ) Os dois alunos estavam jogando bola na quadra (adjunto adnominal).
5 Leia os exemplos a seguir e justifique a diferença que entre as frases: uma frase com
a presença do artigo definido e a outra com a ausência do artigo.
159
160
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
PRONOMES
1 INTRODUÇÃO
Este tópico está inteiramente voltado ao estudo dos pronomes. Cabe aqui
mostrar importância do uso dos pronomes na língua portuguesa. Vamos ver os tipos de
pronomes e qual a sua função para a compreensão das frases e facilitação no processo
comunicativo.
161
Para Ulisses Infante (2012, p. 241), o pronome:
Para Bagno (2012, p. 737), os pronomes não são considerados como uma classe
de palavras, “mas sim como uma função que palavras de diferentes classes podem
exercer: a função anafórica, isto é, de retomada/substituição de algum elemento
anteriormente mencionado”. Lembrando que função anafórica é aquela que se refere
a um pronome demonstrativo usado para lembrar um termo já mencionado no texto.
Trata-se de um recurso para não deixar um texto muito repetitivo. Ainda, para Bagno
(2012, p. 462), “Outra razão para tratar os pronomes como uma função é o fato de que
muitas palavras tradicionalmente chamadas de ‘pronomes’ não só empreendem a
retomada anafórica, mas também funcionam como determinantes”.
162
GRAMÁTICA DO AMOR
Quando um texto se refere a ele mesmo, usaremos este, esta (Ex.: Esta
pesquisa objetiva.../ Este texto tem o objetivo de...). Quando um texto se refere a outro
texto, usa-se esse, essa (Ex.: Marcos Bagno, em Gramática Pedagógica do Português
Brasileiro, contrasta os termos classe e função. Nesse texto, o autor...)
163
Compreender a função dos pronomes é um recurso poderoso para o ensino
não apenas da gramática, mas principalmente para o ensino da escrita e da compreen-
são de textos. Compreendendo a função dos pronomes, somos capazes produzir textos
mais coesos e fluentes, evitando a repetição desnecessária de elementos no texto.
Quando o verbo não exige preposição para transitar para o complemento, temos
um objeto direto.
Quando o verbo exige uma preposição para transitar para o complemento, te-
mos um objeto indireto.
Assim, na frase: “Comprei um pão e dei a ele”, temos objeto direto e indireto.
“Comprei” algo (pão = objeto direto) para alguém (ele = objeto indireto).
164
No exemplo dessa imagem, o verbo pagar é transitivo direto e indireto (VTDI),
pois entre o verbo paguei e o objeto pão não se exige preposição, logo pão é um objeto
direto (OD), mas entre o verbo paguei e o objeto padeiro exige-se preposição (ao padeiro/
para o padeiro), logo padeiro é um objeto indireto. Mas qual é a relação disso com o uso
dos pronomes? Pois bem, observe a próxima imagem:
Quando quisermos retomar no texto uma palavra que funciona como objeto
direto, usaremos os pronomes oblíquos: o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos nas.
Contudo, quando quisermos retomar uma palavra que funciona como objeto indireto,
usaremos os pronomes oblíquos lhe ou lhes.
Como você pode ver, o conhecimento gramatical é crucial para uma boa escri-
ta. Com essa perspectiva, podemos buscar um ensino da gramática aplicada a textos,
ou seja, deixa-se de ensinar a gramática pela gramática e passa-se a esclarecer aos
estudantes que aprender a gramática é descascar a língua, visualizar suas engrena-
gens e aprender a colocá-las em funcionamento. Dessa forma, dá-se sentido àquilo
que se estuda.
165
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
No entanto, é importante que tenhamos claro que, em textos com maior grau
de formalidade, exige-se o cumprimento da norma padrão da língua portuguesa, que
considera inadequado iniciar frases com pronomes oblíquos. Para uma boa escrita,
convém fazer um bom estudo acerca de colocação pronominal.
166
A tirinha brinca justamente com a problemática levantada por Oswald de
Andrade no poema Pronominais, destacando o distanciamento entre as regras da
gramática normativa e o uso coloquial da língua.
alguém mais
tudo ninguém
outrem nada
algo menos
cada demais
167
• o pronome qualquer, posposto ao substantivo mostra sentido pejorativo. Exemplo:
Tenho uma vida qualquer.
• o pronome nada se equivale a alguma coisa, quando empregado em frases
interrogativas. Exemplo: Não tenho nada para receber?
• o pronome cada, quando não vem antes de um substantivo deve ser precedido de um
ou qual. Exemplo: Foram muitos candidatos, cada qual mais preparado que o outro.
3ª pessoa (plural) eles/elas se, os, as, lhes si, consigo, eles, elas
Cabe mais uma vez ressaltar que as pessoas do discurso sofrem alteração nos
dias de hoje. Na maior parte do país não se fala ou se escreve tu, pois você é o mais
utilizado. Conjugamos o verbo na 3ª pessoa do singular. Exemplos: Você será o campeão.
Você comprou um carro novo?
Assim como o pronome vós que apenas são utilizados em textos sacros,
literários, arcaicos. Usamos, sim, vocês, mas conjugamos o verbo igual à 3ª pessoa do
plural, ficando assim: Vocês contaram uma bonita história. Vocês são inteligentes.
Sem contar o uso de a gente no lugar de nós. Aqui se deve conjugar na 3ª pessoa
do singular, apesar de dar a ideia de plural. Exemplo: A gente aprova a sua decisão.
168
A respeito dos pronomes pessoais, o linguista Marcos Bagno (2011) traz uma dis-
cussão interessante, propondo uma nova lista de pronomes que deveria ser estudada na
escola no lugar daquela que conhecemos, composta por: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Veja:
DICA
Para ilustrar o uso do pronome tu no Rio Grande do Sul, sugerimos que
você ouça música do Guri de Uruguaiana, intitulada Eu quero falar tu.
Acesse em:
https://www.youtube.com/watch?v=e_ozwPd6EUA.
169
Podemos utilizar, sintaticamente, os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu/
você, ele/ela, nós, vós/vocês/a gente, eles/elas) em algumas situações:
• Objeto direto: me, te, o, a, nos, vos, os, as. Exemplo: Aceite-me como sou.
• Objeto indireto: me, te, lhe, nos, vos, lhes. Exemplo: Entregou-me bombons.
• Adjunto adnominal: me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando indicarem posse (algo de
alguém). Exemplo: Roubaram-me os anéis.
• Complemento nominal: me, te, lhe, nos, vos, lhes, como complemento de adjetivos,
advérbios ou substantivos abstratos. Exemplo: Tenho-vos respeito.
• Sujeito acusativo: me, te, o, a, nos, vos, os, as, quando estiverem em um período
composto formado pelos verbos fazer, mandar, ver, deixar, sentir ou ouvir e um verbo
no infinitivo ou no gerúndio. Exemplo: Deixem-nos sair!
170
NOTA
- Se o verbo terminar em: m, ão ou õe, os pronomes oblíquos átonos
o, a, os, as assumirão as formas no, na, nos, nas.
- Se o verbo terminar em r, s ou z, as terminações são retiradas e os
pronomes o, a, os, as assumirão as formas lo, la, los, las. Mas, quando
seguidos de verbos que terminam em som nasal, os pronomes
assumem as formas no, na, nos, nas.
- Se o verbo terminar em mos e for seguido de nos ou de vos,
independente da predicação verbal, a terminação -s será retirada.
- Se o verbo for transitivo indireto terminado em s e seguido de lhe,
lhes, a terminação -s não é retirada.
São pronomes possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, seu,
sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas, seu, sua,
seus, suas.
171
1ª pessoa (plural) nosso, nossa, nossos, nossas
172
3ª pessoa (plural) aqueles, aquelas
• Os pronomes este, esta, isto se referem à pessoa próxima de quem fala (eu). Exemplo:
Este caderno é meu.
• Os pronomes esse, essa, isso se referem à pessoa próxima da pessoa a quem se fala
(você). Exemplo: Esse livro foi escrito por Jorge Amado.
173
Esse/essa/nesse/nessa é utilizado para se referir a tempo passado. Exemplo:
No dia 13 de outubro, José saíra mais cedo do trabalho, pois nesse dia iria comemorar
o aniversário da filha.
Entretanto, se por um lado, por vezes, não se identifica a diferença entre este/
esta e esse/essa, por outro devemos considerar que há sim uma distinção semântica
e desconsiderá-la pode nos induzir a entendimento equivocado da mensagem.
Na oralidade e na linguagem coloquial, esses pronomes podem ser tomados como
sinônimos, mas é preciso estarmos atentos, pois em textos acadêmicos ou com maior
grau de formalidade, a distinção semântica é importante. Aí está uma boa discussão
para a sala de aula.
174
DICA
Para provocar algumas discussões e levantar questões sobre o assunto,
sugerimos a leitura de Professor de português x preconceito
linguístico, publicado em 2019.
Acesse em: https://bit.ly/3z19UpE.
Exemplos:
Você dirigiu seu carro novo?
Vossa Excelência comprou um carro novo?
175
pessoas com prestígio, usamos
Vossa Senhoria V. Sª V. Sªs em textos escritos como cor-
respondências oficiais.
Vossa
V Mag ª V Mag ªs reitores de universidades
Magnificência
DICA
A respeito do uso do tu, leia o seguinte texto: Formalidade e pronomes
de segunda pessoa do singular no português gaúcho: dados de
interpretação, de Ronan Pereira, publicado na Revista de Estudos da
Linguagem. Lisboa, v. 29, n. 3, 2021. Acesse em:
http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/17957.
176
Passaremos agora para outro tipo de pronomes, os interrogativos.
singular plural
quanto, quanta quantos, quantas
qual quais
quem
o quê
onde
• Que: pode ser um pronome substantivo quando tem o sentido de: que coisa.
Exemplos: Que aconteceu? Não entendi que falou Luiz com seu pai. E, ainda, pode
ser um pronome adjetivo, quando tem o sentido de: que espécie de. Exemplos: Que
dor é essa? Não sei que animal pode ter fugido.
177
• Quem: pode ser um pronome substantivo. Exemplos: Quem será aquele mascarado?
Não queira saber quem eu encontrei. Pode, também, ser empregado como predicativo
do sujeito (de um sujeito que esteja no plural) em orações que contenham o verbo
ser. Exemplos: Quem eram as médicas desse hospital? Você sabe quem são os
astronautas?
• Qual: geralmente é usado como pronome adjetivo. Exemplos: Qual é o objetivo desse
trabalho? Diga-me qual desses meninos pegou a caneta.
• Quanto: pode ser tanto um pronome substantivo como um pronome adjetivo.
Exemplos: Quantos anos você tem? Veja quantas cadeiras estão faltando.
São pronomes relativos: que, quem, onde, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo,
cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Com a função de ligar duas frases, geralmente é utilizado no início daquela que
liga à outra. Exemplos: Essa é a casa onde vivi durante a infância. Esse é o professor
de quem você falou?
178
• Que, o qual e suas formas variáveis: quando possuem função de pronome relativo,
podem referir-se a pessoas ou a coisas, exercendo o papel de referente do antecedente.
Quando a regência verbal exigir, os pronomes relativos podem vir antecedidos por
uma preposição. Exemplo: Não encontrei o documento que você perdeu.
• Quem: quando possui função de pronome relativo, refere-se apenas a pessoas
ou a coisas personificadas. Esse pronome normalmente será antecedido por uma
preposição. Exemplos: Os amigos de quem você se perdeu no passeio voltaram para
casa. / Gostei do filme a que assisti hoje.
• Cujo e suas formas variáveis: exigem antecedente e consequente na frase, pois
indicam relação de posse (o antecedente possui o consequente). A variação de
gênero e de número precisa ocorrer quando houver necessidade de concordância
com o consequente, pois não se usa artigo após esse pronome: Exemplos: Esse é o
documento cujo proprietário assinou. / Aquele é o dono do carro cujo pneu estourou.
É importante observar que cujo e suas formas variáveis: cuja, cujos e cujas, não
são utilizados no cotidiano ou quando são, muitas vezes, de maneira estranha. Vamos
ver o que diz Bagno sobre esse assunto.
• Quanto: trata-se de pronome relativo que virá antecedido por um pronome
indefinido (tudo, todo, toda, todos, todas, tanto). Exemplos: O médico fez tudo quanto
podia. / Todos quantos puderam contribuíram com a nossa causa social.
• Onde: equivale a em que e sempre fará referência a um lugar: Exemplos: Essa é
cidade onde vivi. / Ali é a floresta onde os meninos se perderam.
• Quem e onde: geralmente aparecem sem fazer referência a antecedentes. Exemplos:
Quem nunca come melado, quando come se lambuza. / Fico onde eu quiser.
179
Os pronomes substantivos, por sua vez, substituem o substantivo numa frase.
São utilizados de forma a tornar o discurso menos repetitivo, com um vocabulário
mais variado. Eles variam em gênero (masculino e feminino), número (plural e singular)
e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso), assim como os substantivos que estão
substituindo na frase. Podem assumir a função de sujeito da oração. Exemplos: Aquilo é
seu. / Marina gostou do livro e o comprou.
Exemplos:
Eles gostaram da aula. (pronome pessoal substantivo)
Aquela casa é a minha. (pronome possessivo substantivo)
O meu carro é aquele. (pronome demonstrativo substantivo)
Exemplos:
Minha casa é amarela.
(O pronome adjetivo minha qualifica o substantivo comum casa).
Reformei a casa, mas não a pintei.
(O a é um pronome substantivo, pois substitui o substantivo casa: Reformei a
casa, mas não pintei a casa).
180
NOTA
Segundo Bechara (2009), o pronome substantivo e pronome adjetivo podem
aparecer em referência a substantivo claro ou oculto:
Meu livro é melhor que o teu.
Meu e teu são pronomes porque dão ideia de posse em relação à pessoa do
discurso: meu (1ª pessoa, a que fala), teu (2ª pessoa, a com que se fala). Ambos
os pronomes estão em referência ao substantivo livro que vem expresso no
início, mas se cala no fim por estar perfeitamente claro ao falante e ouvinte.
Essa referência a substantivo caracteriza a função adjetiva ou de adjunto de
certos pronomes. Muitas vezes, sem que tenha vindo expresso anteriormente,
dispensa-se o substantivo, como em: Quero o meu e não o seu livro (onde
ambos os pronomes possessivos são adjetivos).
Já em: Isto é melhor que aquilo, os pronomes isto e aquilo não
se referem a nenhum substantivo determinado, mas fazem as
vezes dele. São, por isso, pronomes absolutos ou substantivos.
Há pronomes que são apenas absolutos ou adjuntos, enquanto
outros podem aparecer nas duas funções.
DICA
Sugerimos a leitura do texto de Paulo Roberto Gonçalves-Segundo,
publicado em 2017, que trata do estudo de pronomes na língua portuguesa
com o título Caminhos para um ensino funcional de gramática
orientado ao texto: pronomes pessoais e adjetivos em perspectiva
intersubjetiva. Acesse em: https://bit.ly/3EOCgaX.
Fechamos aqui o Tópico 2. Esperamos que você tenha conseguido tecer uma
boa reflexão sobre o uso dos pronomes e sua aplicabilidade na construção textual.
Vamos agora ao resumo do tópico!
181
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Pronomes possessivos indicam uma relação de posse, ou seja, mostram que alguma
coisa pertence a uma das pessoas do discurso.
182
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE – 2011) Comecei a fazer um tratamento com um medicamento muito forte à
base de corticoide. Para quem nunca tomou medicamento mais forte que uma Aspiri-
na ou um Tilenol, vocês podem imaginar como foi difícil para mim tomar esta medida.
Considerando o texto apresentado e as restrições naturais ao emprego do pronome
oblíquo “mim” em português, avalie as asserções que se seguem.
Neste texto, o pronome oblíquo está colocado antes do verbo e empregado de acordo
com a norma culta.
PORQUE
FONTE: <https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/
Ebooks//Pdf/978-85-397-0301-2.pdf>.
Acesso em: 10 set. 2021.
183
Grupo A
1a. Quem viu o mundo como eu vi viu as gentes como eram.
2a. E sua gente foi com ele.
3a. Esta gente anda não se sabe para onde.
4a. Todas as gentes da aldeia ficaram arrasadas.
Grupo B
1b. E hoje a gente mora junto, por assim dizer.
2b. A gente pegou a estrada.
3b. A gente vai mudar as nossas coisas para outro lugar.
4b. O que a gente comia muito lá é sanduíche e sopa.
FONTE: <https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/
Ebooks//Pdf/978-85-397-0301-2.pdf>.
Acesso em: 10 set. 2021.
3 Observe a frase “Vi-o, assim chorando e gritando de dor”. O termo (o) destacado nessa
frase pode ser classificado, morfológica e sintaticamente, como:
4 Na frase “Ninguém gosta de frio intenso, nem mesmo os que têm bons agasalhos
consideram tal situação confortável”, como se classificam, morfologicamente, os
termos em destaque? Observe o sentido que expressam na frase.
184
5 Observe as frases abaixo e explique a presença dos pronomes substantivos e dos
pronomes adjetivos em destaque.
185
186
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO
1 INTRODUÇÃO
187
As preposições relacionam um termo anterior (antecedente) e um termo
posterior (consequente). Para Bagno (2012) o termo “preposição” ocorre, principalmente,
nas línguas da família indo-europeia. “Em outras línguas o que ocorre é “posposição”.
Por conta disso, os pesquisadores contemporâneos preferem o termo “aposição”, pois
podem ser “pré-” ou “pós-”: cheguei no Rio ontem; a proposta do Alfredo eu votei
contra” (BAGNO, 2012, p. 854).
Maria comeu pão com manteiga. Nesse caso, o termo antecedente seria pão,
a preposição com e o termo consequente seria manteiga. Justamente por se usar a
preposição, o segundo termo (termo consequente) explica o sentido do primeiro termo
(termo antecedente), o que faz fluir o entendimento da mensagem. Na frase: Ela é uma
mulher de coragem. O uso da preposição de liga os termos antecedente e consequente,
explicando o termo anterior e dando sentido à frase.
Preposições essenciais:
a de perante
após em sob
contra por
Exemplos:
Comprei um bolo de cenoura com chocolate.
Trouxe um convite de aniversário a todos.
Preposições acidentais:
188
afora mediante
como menos
conforme salvo
consoante segundo
durante senão
exceto tirante
feito visto
fora
Exemplos:
Durante a reunião, todos choraram.
Só entrego a mercadoria mediante pagamento.
Do Dos da Das
Outros casos:
em + a = na
em + aquilo = naquilo
de + aquela = daquela
de + onde = donde
189
Preposição de
do = de + o dela = de + ela
da = de + a deste = de + este
dum = de + um dessa = de + essa
duma = de + uma daquilo = de + aquilo
dele = de + ele dali = de + ali
Preposição em
no = em + o nela = em + ela
na = em + a neste = em + este
num = em + um nessa = em + essa
numa = em + uma naquilo = em + aquilo
nele = em + ele
Preposição a
à=a+a aos = a + os
às = a + as àquele = a + aquele
ao = a + o àquilo = a + aquilo
190
NOTA
As preposições são utilizadas, geralmente, na introdução de complementos nominais
e verbais, de locuções adjetivas, de locuções adverbiais e de orações reduzidas. Elas são
importantes para a compreensão dos textos. Algumas preposições transmitem a noção de
movimento, sendo dinâmicas, outras de situação, sendo estáticas.
Preposições de movimento: Eu vou a Portugal.
Preposições de situação: Tenho medo de cobras e de sapos. Estou sem emprego.
As preposições podem estabelecer várias relações e são importantes para o entendimento
delas. Veja:
Assunto: A prova será sobre a pandemia no Brasil.
Autoria: Este livro de Machado de Assis é ótimo.
Causa: Minha barriga dói de fome.
Companhia: Gosto de viajar com meus filhos.
Conteúdo: Gosto de usar a caneta com tinta azul brilhante.
Destino: Os alunos estão voltando para a escola.
Distância: São Paulo fica a 450 km daqui.
Especialidade: Ele é bom em matemática.
Finalidade: Comprei cadernos e lápis para ensinar as crianças.
Instrumento: João cortou-se com uma faca.
Lugar: A conferência mundial foi em Londres.
Matéria: Meu estojo é de plástico.
Meio: Iremos para o Peru de avião.
Modo: A eleição será decidida por votos dos brasileiros.
Oposição: Os pais são contra a volta das aulas presenciais.
Origem: Lúcia veio de Lisboa.
Posse: Este carro é do meu avô.
Preço: As blusas ficam por R$ 300,00.
Tempo: O avião chegará em uma hora.
191
acerca de através de em frente de
Vamos ler a seguinte crônica, escrita pelo jornalista João Trindade, que discute
o uso de para e a, mostrando a colocação correta de cada um como forma equivalente
do sentido que quer expressar no texto.
João Trindade
Certa vez, um “jornalista”, de cujo nome confesso que esqueci, pediu, por meio de um
irmão meu, um poema para publicação na página dele.
Fiquei feliz, porque sempre fico satisfeito quando alguém lembra que sou poeta e de
minha poesia.
Naquela época, página em internet era uma novidade; eram raras e ainda não
tinham esse nome de “Portal”.
Selecionei, com todo o cuidado, um poema meu que considero muito bom e é dedica-
do a Sérgio de Castro Pinto, por ser claramente inspirado no estilo dos poemas dele.
Fiquei, no entanto, triste, quando vi o texto publicado. O cara mudou, sem me
consultar, a dedicatória.
Minha dedicatória era:
Para Sérgio de Castro Pinto.
O sujeito mudou para:
“A Sérgio de Castro Pinto”.
Realmente, não fiquei satisfeito e mandei um “e-mail”, questionando.
A justificativa dele:
– Mudei sim; você conhece Sérgio de Castro Pinto? Porque você só poderia usar
“para Sérgio de Castro Pinto” se você conhecesse ele (sic). Sérgio de Castro Pinto é
um poeta muito famoso… Então, tem que ser a Sérgio de Castro Pinto.'
192
Quer dizer:
De uma “lapada” só, o cara quis me dar uma lição sobre o emprego das preposições
e, ainda por cima, duvidou de uma das mais caras amizades (da qual tenho muito
orgulho) que tenho, há décadas.
Como já foi dito, a preposição liga os termos de uma oração, dando sentido
ao texto falado ou escrito, inclusive estreitando o significado decorrente do conectivo
utilizado.
193
se usa à/às diante de palavras femininas”. Segundo Bagno (2012, p. 875), “essa regra
simples resolve a maior parte dos problemas e das dúvidas quanto ao uso do acento
indicador de crase”.
NOTA
Por falar em crase, vamos elencar casos de sua utilização:
– Antes de palavras femininas com substantivos e adjetivos que pedem a preposição a e
com verbos cuja regência é feita com a preposição a, indicando a quem algo se refere, como:
agradecer a, pedir a, dedicar a, assistir a etc. Exemplo: Assisti ao filme no cinema.
– Em diversas expressões adverbiais, locuções prepositivas e locuções conjuntivas: à noite,
à direita, à toa, às vezes, à deriva, às avessas, à parte, à luz, à vista, à moda de, à maneira de,
à exceção de, à frente de, à custa de, à semelhança de, à medida que, à proporção que…
Exemplo: Quero que faça a pesquisa à luz do cientificismo.
– Observação: pode ocorrer crase antes de um substantivo masculino desde que haja uma
palavra feminina que se encontre subentendida, como no caso das locuções à moda de e à
maneira de. Exemplo: Uso sapato à Luiz XV.
– Antes da indicação exata e determinada de horas:
Exemplo: Sairemos às seis horas.
* Nota: Com as preposições para, desde, após e entre, não ocorre
crase. Exemplos: Estou esperando vocês desde as três horas.
–Em diversas expressões de modo ou circunstância, atuando como
fator de transmissão de clareza na leitura: Eu faço a lição à mão.
Para indicar locais, deve-se observar a localidade.
Exemplo: Eu irei a Paris. Sem crase, pois não exige artigo. Confira:
Eu volto de Paris (preposição de). Outro exemplo: Eu vou à França.
Com crase, pois exige artigo. Veja: Eu volto da França (preposição
de + artigo a).
FONTE: Adaptado de <file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/
leia-algumas-paginas-da-obra-gramatica-moderna.pdf>. Acesso em:
11 set. 2021.
194
Agora passaremos para outro conectivo, as conjunções. Elas, por sua vez, unem
orações coordenadas ou subordinadas, que dependem de seu sentido para estabelecer
a mensagem.
3 CONJUNÇÕES
Estudar as conjunções permite que se tenha conhecimento da forma como os
termos de uma oração se relacionam. Para Cegalla (2008, p. 289), conjunção “é uma
palavra invariável que liga orações ou palavras da mesma oração”.
[...]
“As grandes mudanças que a Realidade fez foram a forma de tratar a pauta,
o assunto e as condições de trabalho do repórter”, diz José Hamilton. “As pautas
eram voltadas para a vivência pessoal. Como se tratava de uma revista mensal, eram
feitas grandes reportagens, com profundidade ambiciosa. Só escrevíamos depois de
ter vivenciado uma situação pessoal. Às vezes, o repórter trabalhava três ou quatro
meses numa pauta, algo que nunca tinha sido feito no Brasil. A empresa oferecia
as condições para o repórter trabalhar todo aquele tempo”. Para fazer uma matéria
sobre preconceito racial no Brasil, José Hamilton foi orientado a ficar preto. Bem que
tentou. Tomou remédio para estimular a produção de melanina, sob a supervisão de
um professor de dermatologia e banhos de imersão com permanganato de potássio,
mas continuou branco. Quando sugeriram maquiagem, desistiu: não queria passar
pelo vexame de ser descoberto na rua como falso negro, nem ir contra a orientação
da revista.
195
Se a matéria do preconceito quase vira farsa, a tentativa de cobrir a guerra
do Vietnã se transformou em tragédia: com 20 dias de Vietnã, José Hamilton pisou
numa mina e teve a perna esquerda estraçalhada. Mas não perdeu a matéria. Uma
foto dele ferido no campo de batalha foi para a capa da Realidade e entrou para a
história. Em 1969, escreveu um livro sobre a cobertura, O Gosto da Guerra, e ganhou
outro Prêmio Esso. Ficou na Realidade por sete anos, chegou a ser editor-chefe e
por três vezes ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1967, 1968 e 1973. De 1973 a
1975, foi repórter da revista Veja.
FONTE: RIBEIRO, J. A. José Hamilton Ribeiro. [entrevista concedida ao] Memória Globo – Perfil
completo, 14 nov. 2006. Disponível em: https://memoriaglobo.globo.com/perfil/jose-hamilton-ribeiro/
perfil-completo/. Acesso em: 10 set. 2021.
É importante conhecer o sentido que cada conjunção pode expressar para tirar
proveito de seu uso nos textos. Bagno (2012, p. 881) ressalta que as conjunções “são
palavras que, tal como os advérbios e as preposições, constituem o que os linguistas
vêm chamando de classe heterogênea, isto é, uma classe formada por indivíduos muito
diferentes entre si na forma e na função”.
196
Segundo Cunha e Cintra (2008, p. 593), “conjunções são os vocábulos
gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da
mesma oração. E classificam-se em coordenativas e subordinativas”.
Exemplos:
Gosto de acordar cedo e tomar café com leite todos os dias.
A conjunção e liga as orações de forma independente. As ações podem ser
entendidas separadamente, portanto trata-se de conjunção coordenativa (e).
a) Conjunções coordenativas
197
• Conjunções aditivas expressam soma: e, mas ainda, mas também, nem.
Exemplo: Os meninos não só estudam, mas também se divertem.
Observe que a conjunção mas, que mais comumente é tida como adversativa, aqui
tem sentido aditivo. Por isso, ressaltamos a necessidade de um estudo não mecânico,
pautado na análise de textos reais.
• Conjunções alternativas exprimem alternância: já…, já…, ou, ou… ou…, ora… ora…, quer…
quer. Exemplo: Ou você estuda ou trabalha.
b) Conjunções subordinativas
198
Não fui à escola porque choveu muito.
Não comprei carro ainda porque não tenho dinheiro.
• Conjunções concessivas iniciam uma oração em que ocorre um fato contrário à ação
principal, mas sem conseguir impedir que esse fato aconteça. São elas: embora,
conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, apesar de que,
nem que, que. Exemplos:
Ainda que não possamos sair de casa, temos que ir à escola.
Embora estivesse muito nervosa, teve que apresentar a pesquisa.
199
• Conjunções comparativas iniciam uma oração que expressa ideia de comparação
com referência à oração principal. Essas comparações podem ser feitas da seguinte
forma: como parâmetro de igualdade, que se apresenta com os termos como ou
quanto em correlação com o advérbio tanto ou tão da oração principal; superioridade,
utilizando os termos que ou do que em correlação com o advérbio mais da oração
principal e inferioridade, termos que ou do que em correlação com o advérbio menos
da oração principal.
São conjunções comparativas: que, do que (usado depois de mais, menos, maior,
menor, melhor, pior), qual (usado depois de tal). Exemplos:
A vida é tão boa hoje como era nos tempos de infância.
A prova de hoje será mais difícil que a de ontem.
• Conjunções integrantes são utilizadas para introduzir a oração substantiva, que atua
como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou
aposto de outra oração. São elas: que e se. Exemplos:
É mentira que ele não comprou o presente.
Não sei se você viu o meu celular novo.
• Conjunções temporais indicam uma oração subordinada que mostra uma circuns-
tância de tempo. São elas: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre
que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que (des-
de que). Exemplos:
Saiu correndo, assim que soube do resultado do exame.
Todos ficaram muito tristes quando ele partiu.
As conjunções devem ser vistas como conectivos que ligam termos ou orações,
de forma que as deixem dependentes ou independentes, de acordo com o sentido que
elas expressam.
200
Veremos agora as interjeições e a forma como se apresentam no texto. São
fáceis de serem reconhecidas pelo seu sinal gráfico, mas importante entender o seu
significado em contextos diversos.
4 INTERJEIÇÕES
As interjeições são estudadas como um dos elementos que compõem as
classes de palavras, mas antes de tudo expressam uma forma viva da linguagem,
principalmente falada. Usamos cada vez mais nas conversas, inclusive gesticulando
ao mesmo tempo, e nos “bate-papos” nas redes sociais, às vezes acompanhadas de
figuras ou memes (ilustrações de referência).
4.1 CONCEITO
A interjeição é uma palavra invariável (não sofre variação em gênero, número
e grau) que representa um recurso da linguagem afetiva. E por ser considerada uma
linguagem afetiva consideramos a interjeição uma forma de expressão, como um
grito, um suspiro, uma expressão de espanto, um jeito de demonstrar um estado de
espírito etc. Ela expressa sentimentos, sensações, estados de espírito, sendo sempre
acompanhadas de um ponto de exclamação (!).
201
O fenômeno interjetivo, por sua natureza espontânea, emotiva,
discursiva e léxico-gramatical, deixa, muitas vezes, entender que
se trata de um recurso comunicativo simples seja do ponto de
vista da forma, seja de seu aspecto funcional/discursivo. Estudos
linguísticos mais atuais têm demonstrado que a interjeição apresenta
propriedades complexas tanto na forma quanto no conteúdo/função
discursiva. Dentre as propriedades formais, destacam-se: natureza
lexical primária ou secundária (neste caso, quando derivadas de outras
formas da língua: nossa!), podem ser simples ou compostas (como
ocorre com as locuções: meu deus!), de modo geral, são invariáveis
e, quanto ao aspecto sintático, as interjeições têm autonomia
semântica e podem ocorrer em diferentes posições na sentença:
início, meio ou fim. No plano funcional, são comunicativamente
autônomas, desempenhando várias funções discursivas (conativa,
fática, cognitiva, interacional), além de explicitarem afetividade e
conteúdo semântico equivalente a orações [...] (BATISTA; RAMOS,
2015, p. 16-17).
Algumas interjeições sofrem variação em grau. Como ocorre isso? Não se trata
de um processo natural da interjeição, apenas uma variação justamente por ser uma
linguagem afetiva. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho, tchauzinho etc.
• Advertência: Cuidado!, Olhe!, Atenção!, Fogo!, Olha lá!, Alto lá!, Calma!, Devagar!,
Sentido!, Alerta!, Vê bem!, Volta aqui!
• Afugentamento: Fora!, Toca!, Xô!, Xô pra lá!, Passa!, Sai!, Roda!, Arreda!, Rua!, Cai fora!,
Vaza!
• Agradecimento: Graças a Deus!, Obrigado!, Agradecido!, Muito obrigada!, Valeu!, Valeu
a pena!
• Alegria: Ah!, Eh!, Oh!, Oba!, Eba!, Viva!, Olá!, Olé! Eta!, Eita!, Eia!, Uhu!, Que bom!
• Alívio: Ufa!, Uf!, Arre!, Ah!, Eh!, Puxa!, Ainda bem!, Nossa senhora!
• Ânimo: Coragem!, Força!, Ânimo!, Avante!, Eia!, Vamos!, Firme!, Inteirinho!, Bora!
• Apelo: Socorro!, Ei!, Ô!, Oh!, Alô!, Psiu!, Olá!, Eh!, Psit!, Misericórdia!
• Aplauso: Muito bem!, Bem!, Bravo!, Bis!, É isso aí!, Isso!, Parabéns!, Boa!, Apoiado!,
Ótimo!, Viva!, Fiufiu!, Hup!, Hurra!
• Chamamento: Alô!, Olá!, Hei!, Psiu!, ô!, oi!, psiu!, psit!, ó!
• Concordância: Claro!, Certo!, Sem dúvida!, Ótimo!, Então!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
• Contrariedade: Droga!, Porcaria!, Credo!
• Desculpa: Perdão!, Opa!, Desculpa!, Desculpe!, Foi mal!
• Desejo: Oxalá!, Tomara!, Quisera!, Queira Deus!, Quem me dera!
• Despedida: Adeus!, Até logo!, Tchau!, Até amanhã!
202
• Dor: Ai!, Ui!, Ah!, Oh!, Meu Deus!, Ai de mim!
• Dúvida: Hum?, hem?, hã?, Ué!, Epa!
• Espanto: Oh!, Puxa!, Quê!, Nossa!, Nossa mãe!, Virgem!, Caramba!, Xi!, Meu Deus!,
Senhor Jesus!, Ui!, Crê em Deus pai!
• Estímulo: Ânimo!, Coragem!, Adiante!, Avante!, Vamos!, Eia!, Firme!, Força!, Toca!, Upa!,
Vai nessa!
• Medo: Oh!, Credo!, Cruzes!, Ui!, Ai!, Uh!, Barbaridade!, Socorro!, Francamente!, Que
medo!, Jesus!, Jesus Maria e José!
• Satisfação: Viva!, Oba!, Boa!, Bem!, Bom!, Upa!, Ah!
• Saudação: Alô!, Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau!, Salve!, Ave!, Viva!
• Silêncio: Psiu!, Shh!, Silêncio!, Basta!, Chega!, Calado!, Quieto!, Bico fechado!
É importante falar, também, das locuções interjetivas. São formadas por uma
ou mais palavras que desempenham o papel da interjeição. Tanto a interjeição como a
locução interjetiva expressa uma ideia, um sentimento, emoção, etc. Exemplos: Valha-
me Deus! Ai de mim! Puxa vida! Virgem Santa! Cruz Credo! Quem me dera!
Via-Láctea
FONTE: BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1964.
203
O objetivo do poeta é justamente mostrar seu estado de paixão por uma pessoa
e a consequente conversa com as estrelas, como forma de expressão de seu sentimen-
to. A ideia do oh! está em todo o poema, com o objetivo de reforçar a exaltação do amor
e a magia e o encantamento de quem passou a noite em conversa com as estrelas.
Vimos aqui o que são interjeições e qual a sua função nos textos. Vamos agora
entendê-las como marcadores orais, como reforço na fala e retrato da contemporanei-
dade da nossa língua.
204
simples imitação de sons onomatopeicos, ela se situa no contexto da
língua de tal modo que os fonemas que constituem as interjeições
são os mais comuns da língua portuguesa. Interjeições como “ah!”,
“ih!”, “pô!”, não obedecem ao princípio de dupla articulação e se arti-
culam fonologicamente, permanecendo dessa maneira isoladas do
ponto de vista morfossintático (TOMAZETTO; BORSTEL, 2012, p. 5).
205
LEITURA
COMPLEMENTAR
O FENÔMENO INTERJEIÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Deixamos aqui apenas uma parte do artigo, mas é importante que você leia
o texto na íntegra, que está disponível em: <https://www.editorarealize.com.br/index.
php/artigo/visualizar/39642>. Acesso em: 24 jul. 2021.
206
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Preposições são palavras utilizadas para promover as relações gramaticais que
substantivos, adjetivos, verbos e advérbios estabelecem no discurso e, ainda, não
aparecem sozinhas no discurso e são necessárias para a ligação entre dois termos.
• Conjunções são como conectivos invariáveis que servem para unir os termos de uma
frase, oração ou período dando-lhe sentido.
• Conjunções coordenativas servem para unir elementos dentro de uma frase, oração
ou período. São elas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
• Locuções interjetivas são formadas por uma ou mais palavras que desempenham o
papel da interjeição.
207
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE – 2011)
Sinal fechado
4 O termo “de” é classificado como preposição e serve para estabelecer relações entre
os elementos de um texto. Determine essas relações que os pronomes indicam nas
frases a seguir:
209
a) João viajou de navio.
b) Clara morreu de tuberculose.
c) A casa de Maria é confortável.
210
REFERÊNCIAS
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo:
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ANOTAÇÕES
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