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OFÍCIO Nº 39/2020/SECPROGRAD/PROGRAD/REITO-UFU
Ao
Ilustre Professor Armindo Quillici Neto
Pró-Reitor de Graduação da Universidade Federal de Uberlândia / PROGRAD
Prezado Professor,
1. Breve exposição
Ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus: “Onde a lei
não distingue, não pode o intérprete distinguir.” Quando o texto
dispõe de modo amplo, sem limitações evidentes, é dever do
3
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro:
IBGE, 2016, v. 76, p. 152. Dispoível em
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/20/aeb_2016.pdf . Acesso em 18 de junho de 2020 .
interprete aplicá-lo a todos os casos particulares que se
possam enquadrar na hipótese geral prevista explicitamente;
não tente distinguir entre as circunstâncias da questão e
as outras; cumpra a norma tal qual e, sem acrescentar
condições novas, nem dispensar nenhuma das expressas.
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(grifo nosso)
Nesse sentido:
Com efeito, é princípio geral de direito que a lei não contém palavras
inúteis (verba cum effectu sunt accipienda), pelo que bem a propósito é o
esclarecimento de Brett M. Kavanaugh:
4
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 201.
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No original: “If possible, every word and every provision is to be given effect (verba cum effectu sunt
accipienda). None should be ignored. None should be needlessly be given an interpretation that
causes it to duplicate another provision or to have no consequence”. In KAVANAUGH, Brett M. Fixing
Statutory Interpretation. Harvard Law Review, Harvard, v. 129, n. 8, jun. 2016, p. 2.163.
Fica evidente pela definição do manual do recenseador do IBGE que
pardo não é “marrom”, “trigueiro”, “escurinho” ou uma outra
tonalidade de cor entre o branco e o preto. Pardo, na definição do
manual é uma mistura de cor, ou seja, é uma pessoa gerada a
partir de alguma miscigenação, seja ela “mulata, cabocla, cafuza,
mameluca ou mestiça”. Sem dúvida são pardos os filhos de
indivíduos brancos (ou indígenas) com pretos – afrodescendentes. 6
(grifo nosso)
E no caso em tela, a aluna prova por meio da prova anexa, que tem em
sua ancestralidade a aludida “mistura de cor”, na medida em que fora gerada a partir
de uma miscigenação entre seus ascendentes, bem como, antes disso, entre os
ascendentes destes.
E mais: resta claro, pela análise de suas fotos pessoais, que a aluna
possui traços fenotípicos que a caracterizam como parda.
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Disponível em https://www.ecodebate.com.br/2010/06/28/a-definicao-de-corracado-ibge-artigo-de-jose-
eustaquio-diniz-alves/ . Consultado em 18 de junho de 2020.
AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO
PÚBLICO PARA CARGO DE ANALISTA AMBIENTAL. COTAS
RACIAIS. COMPROVAÇÃO DO FENÓTIPO. DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEFERIU A LIMINAR PLEITEADA.
PRESENÇA DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA
LIMINAR. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO
INTERNO IMPROVIDO. UNANIMIDADE. I. No caso em análise,
presente o fumus boni iuris, especialmente porque a impetrante
demonstrou por meio de resultados de avaliação de outros
concursos, além de cópias de fotos dela e de seus familiares,
possuir fenótipo com característica de afrodescendência e, o
periculum in mora, uma vez que a agravada logrou aprovação em 1º
lugar na cota racial e em 3º lugar na ampla concorrência do certame
e podendo perfeitamente prosseguir nas demais etapas. II. Restou
devidamente comprovados os requisitos autorizadores da concessão
da liminar, ou seja, a relevância do direito invocado e a possibilidade
de lesão irreparável ou de difícil reparação, devendo ser mantida a
decisão ora agravada. III. O agravante não apresentou nenhum
argumento que contrarie os fundamentos da decisão atacada. IV.
Agravo interno improvido. Unanimidade. (TJMA, Primeiras Câmaras
Reunidas, Agravo Interno nº 030881/2017, Rel. Des. Raimundo
Barros, julgado em 17/11/2017, publicado em 23/11/2017, grifo
nosso)
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Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm Consulta em 25/06/2020.
previsão de quesitos objetivos para a confirmação da autodeclaração.
Nesse sentido:
5. Considerações finais