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PRECONCEITO RACIAL – Lei 7.716/89.

MATERIAL COM QUESTÕES DE CONCURSO e ALGUMAS REFERÊNCIAS À SÚMULAS E


JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.

Última atualização legislativa: nenhuma

Última atualização jurisprudencial: 31/07/19 - Info 915 do STF (art. 20); Info 944 (art. 1º)

Última atualização questões de concurso: 29/12/2020.

Observações quanto à compreensão do material:


1) Cores utilizadas:
 EM VERDE: destaque aos títulos, capítulos, bem como outras informações relevantes, etc.
 EM ROXO: artigos que já foram cobrados em provas de concurso.
 EM AZUL: Parte importante do dispositivo (ex.: questão cobrou exatamente a informação,
especialmente quando a afirmação da questão dizia respeito à situação contrária ao que dispõe
na Lei 7.716/89).
 EM AMARELO: destaques importantes (ex.: critério pessoal)

2) Siglas utilizadas:
 MP (concursos do Ministério Público); M ou TJPR (concursos da Magistratura); BL (base
legal), etc.

LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.

Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono


a seguinte Lei:

Art. 1º SERÃO PUNIDOS, na forma desta Lei, os crimes resultantes de DISCRIMINAÇÃO


ou PRECONCEITO de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº
9.459, de 15/05/97) (MPSP-2006) (TJPR-2011) (MPF-2012)

##Atenção ##STF ##DOD: A Lei nº 7.716/89 pode ser aplicada para punir as condutas
homofóbicas e transfóbicas:
1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os
mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da
República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão
odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de
racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e
mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716,
de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o
qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);
2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o
exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a
cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes
ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de
divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento
e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos
sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo
buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia,
independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva,
desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas
exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em
razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;
3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de
aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder,
de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a
desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à
negação da alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo
vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em
uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de
marginais do ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de
perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de
proteção do direito.
STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j.
13/6/19 (Info 944).

Art. 2º (Vetado).

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da


Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos. (TJPB-
2011)

Parágrafo único. INCORRE na mesma pena quem, POR MOTIVO DE DISCRIMINAÇÃO de


raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, OBSTAR a promoção funcional. (Incluído pela
Lei nº 12.288, de 2010)

(TJSC-2017-FCC): Configura crime de preconceito de raça ou cor obstar promoção funcional em


razão de procedência nacional. BL: art. 3º, § único, Lei 7716.

Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.

§ 1o INCORRE na mesma pena quem, POR MOTIVO de discriminação de raça ou de cor ou


práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela
Lei nº 12.288, de 2010) (TJPB-2011) (MPPI-2012)

I - DEIXAR DE CONCEDER os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de


condições com os demais trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (PCPR-2013)

II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional;


(Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho,


especialmente quanto ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo


atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de
recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
cujas atividades não justifiquem essas exigências.

Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Art. 5º RECUSAR ou IMPEDIR ACESSO A ESTABELECIMENTO COMERCIAL,


NEGANDO-SE a servir, atender ou receber cliente ou comprador. (TRF1-2013)

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 6º Recusar, negar ou IMPEDIR a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de


ensino público ou privado de qualquer grau. (TJRS-2016)

Pena: reclusão de três a cinco anos.

Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de
1/3 (um terço).

Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer


estabelecimento similar. (TJPR-2011)
Pena: reclusão de três a cinco anos.

Art. 8º IMPEDIR O ACESSO ou RECUSAR ATENDIMENTO em restaurantes, bares,


confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. (TRF1-2013)

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de


diversões, ou clubes sociais abertos ao público.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas
ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores
ou escada de acesso aos mesmos: (DPEMS-2008)

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos,
ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças
Armadas.

Pena: reclusão de dois a quatro anos.

Art. 14. IMPEDIR ou OBSTAR, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência
familiar e social.

Pena: reclusão de dois a quatro anos.

(TJSC-2017-FCC): Configura crime de preconceito de raça ou cor impedir a convivência familiar.


BL: art. 14, Lei 7716.

Art. 15. (Vetado).

Art. 16. CONSTITUI EFEITO DA CONDENAÇÃO a perda do cargo ou função pública, para o
servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não
superior a três meses. (TJAL-2008) (MPPE-2008) (TJDFT-2015) (TJSC-2019)

Art. 17. (Vetado).

Art. 18. Os EFEITOS de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei NÃO SÃO AUTOMÁTICOS,
DEVENDO SER motivadamente declarados na sentença. (TJAL-2008) (TJPR-2011) (TJDFT-2012)
(TJSC-2019)

(TJPB-2015-CESPE): A perda do cargo ou função pública pelo servidor público está prevista como
efeito da condenação por crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, no entanto, para que
isso ocorra, deve o juiz declará-lo motivadamente na sentença. BL: arts. 16 e 18, Lei 7716.

Art. 19. (Vetado).


Art. 20. PRATICAR, INDUZIR ou INCITAR a DISCRIMINAÇÃO ou PRECONCEITO de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
(MPPE-2008) (MPRO-2008) (MPPI-2012) (MPF-2012) (PCPR-2013) (TJDFT-2015)

Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

##Atenção ##STF ##DOD: O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no
auditório de determinado clube e ali fez críticas e comentários negativos a respeito dos
quilombolas e também de povos estrangeiros. No trecho mais questionado de sua palestra, ele
afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava
sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de
reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais material em implementos agrícolas. Você vai em
El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxada, pá, picareta por metade do preço
vendido em outra cidade vizinha. Por que? Porque eles revendem tudo baratinho lá. Não querem nada com
nada.” O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime de racismo (art. 20
da Lei nº 7.716/89). As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão
prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de também estarem cobertas pela imunidade parlamentar
(art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação, supressão ou
eliminação dos quilombolas ou dos estrangeiros. O pronunciamento do parlamentar estava
vinculado ao contexto de demarcação e proveito econômico das terras e configuram
manifestação política que não extrapola os limites da liberdade de expressão. Além disso, as
manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a sua função de parlamentar. Inclusive, o
convite para a palestra se deu em razão do exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a
sua visão geopolítica e econômica do País. Assim, havia uma vinculação das manifestações
apresentadas na palestra com os pronunciamentos do parlamentar na Câmara dos Deputados,
de sorte que incide a imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, j. 11/9/18 (Info 915).

(TJSC-2017-FCC): Configura crime de preconceito de raça ou cor incitar a discriminação por


procedência nacional. BL: art. 20, Lei 7716.

(TJPR-2011): É considerada criminosa a conduta de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou


preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. BL: art. 20, Lei 7716.

§ 1º FABRICAR, COMERCIALIZAR, DISTRIBUIR ou VEICULAR símbolos, emblemas,


ornamentos, distintivos ou propaganda que UTILIZEM a cruz suástica ou gamada, PARA FINS
DE DIVULGAÇÃO DO NAZISMO. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) (MPPE-2008)
(TJSC-2009)

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

(TJSC-2017-FCC): Configura crime de preconceito de raça ou cor veicular símbolos que utilizem a
cruz suástica para fins de divulgação do nazismo. BL: art. 20, §1º, Lei 7716.

(TJAM-2016-CESPE): Assinale a opção correta em relação a tipos penais diversos: Distribuir


símbolos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada para fins de divulgação do
nazismo é uma conduta típica prevista em lei. BL: art. 20, §1º, Lei 7716.

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de
comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de
15/05/97)

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

(TJSC-2015-FCC): Considere a seguinte conduta descrita: Publicar ilustração de recém-nascidos


afrodescendentes em fuga de sala do parto, associado aos dizeres de um personagem
(supostamente médico) de cor branca "Segurança! É uma fuga em massa!". Tal conduta amolda-se
à seguinte tipificação legal: Crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89. BL: art. 20, §2º da Lei.

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz PODERÁ DETERMINAR, ouvido o Ministério


Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da


publicação por qualquer meio; (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012)

III - a INTERDIÇÃO das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial


de computadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

(PCPR-2013): Quantos aos crimes de racismo definidos na Lei 7.716/89, assinale a alternativa
correta: No caso de incitação ou induzimento ao preconceito racial praticado através da rede
mundial de computadores, poderá o juiz determinar a interdição da mensagem ou página de
informação. BL: art. 20, §3º, III da Lei 7716.

§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a


destruição do material apreendido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de
21.9.1990)

Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)

Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º da República.

JOSÉ SARNEY
Paulo Brossard

Este texto não substitui o publicado no DOU de 6.1.1989 e retificada em 9.1.1989

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