Você está na página 1de 88

1

Sumário
1º ano A
Adoradores do Dragão................................................3
As aventuras de Marie e Anny....................................4
Ecos do triunfo............................................................6
Navio de mistérios......................................................9
O assassinato na sala 15..........................................20
O lendário Detetive Caveira......................................22
O roubo da coroa......................................................25
Paris, a cidade dos Sonhos......................................28
Perdidas em Nova York............................................34
Recompensa de 10.000.000.....................................39
Reflorescer...............................................................44

1º ano B
Conto de uma princesa cruel..................................50
Ira-Z7.......................................................................61
Mundo Invertido......................................................63
Vida: O trem bala que não consegue parar............67
Visita Fantasma......................................................69

1º ano C
Desconhecido........................................................74
O sumiço...............................................................78
Separação familiar.................................................81
Uma campanha sorrateira.....................................84
Um amor no Brooklin.............................................85

2
Adoradores do Dragão

...
Uma Crise Mundial

O cenário deste mundo é, de fato, apocalíptico. Afinal, há um vírus pandêmico que assola todas as
nações. Seria de se imaginar que governos do mundo inteiro declarassem incisivamente suas posições
frente a uma crise tão grave. Porém, o Dragão é paciente e astuto. Não é de seu interesse que as
pessoas tenham consciência da guerra que está sendo travada. Pelo contrário, faz de tudo para que o
mundo pense que está tudo normal. Aqueles que o apoiam abertamente são apenas uma minoria do
seu exército que muitas vezes age nas sombras. A maior força do Dragão vem da multidão que
espalha e fortalece o vírus sem perceber. Mas por que parece que só eu vejo isso? Será que eu sou
uma espécie de iluminado? Bem... de certa forma, sim. Ou talvez não. A verdade é que eu não sei
quem eu sou. Sei, decerto, que não sou deste mundo, porém não sei de que mundo eu venho. Não sei
o que fazia, o que gostava ou quem amava. Tudo o que posso dizer sobre isso com certeza é que era
um lugar bom. O resto são memórias confusas das quais eu já não consigo mais discernir com
precisão o que é real do que é apenas imaginação. E, com relação a este mundo, há tantos temas sobre
os quais eu tenho conhecimentos profundos, tantos temas que tenho conhecimentos parciais. E não
lembro como aprendi nenhum deles. De alguma forma, sei que
Errh... Acho que vale a pena eu explicar melhor como.

"Precisamos de uma fortaleza". Era o pensamento que me afligia constantemente. Afinal, o Dragão
não descansa, ele sobrevive em qualquer ambiente e raras vezes se manifesta claramente, é como uma
doença contagiosa que só se percebe quando já é tarde demais e, portanto, que é extremamente
perigosa. Há, entretanto, aqueles indivíduos sem pudor que se afeiçoam a sua doença e a veneram: os
adoradores do Dragão. Apesar de todos eles serem servos do mesmo senhor e constituírem a chamada
"Máquina de Fogo", não há qualquer unidade entre eles. Existem várias facções que vivem em
constante conflito. Facções maiores se dividem em facções menores e facções menores vez ou outra
se rebelam contra a facção maior que as contêm. Em suma, nenhuma aliança entre dois adoradores do
Dragão é sólida, são todas mero fruto da conveniência da ocasião. A desunião dos seus servos é a
maior fraqueza do Dragão. Eis aí o objetivo dos Eruditos, os mais ambiciosos integrantes da Máquina
de Fogo: encontrar uma forma de gerar unidade. A Máquina de Fogo desunida é avassaladora. E
unida será invencível. Eu sempre tenho a sensação de que a qualquer momento os Eruditos vão
encontrar a união e despertar o verdadeiro poder do Dragão, mesmo que séculos já tenham se passado
sem que eles obtivessem nenhum progresso. É, talvez seja só neurose minha, mas realmente sinto que
o fim está próximo. Definitivamente precisamos de uma fortaleza.

- Henrique Figueiredo, Jean Carlos e Helton.

3
As aventuras de Mary e Anny

Mary é uma adolescente de 18 anos, solteira (não acreditava nessa “bobeira” de amor), com a mãe e os
avós maternos, está cursando medicina e atualmente mora em Goiânia, ela trabalha como modelo e ama
o grupo de k-pop BTS. Anny é uma adolescente de 17 anos que está no último ano do ensino médio e
pretende ser professora e ama estudar, ela está solteira e quer se casar e ter filhos. Ela mora com sua
mãe e sua avó na Inglaterra e gosta de músicas calmas.
Mary depois de um tempo de aula na faculdade entrou de férias e depois de pensar um pouco resolveu
passar um mês na Inglaterra para conhecer um pouco mais do país, ela resolveu que passaria esse mês
em Londres. Ela viajou e no dia seguinte, um dia bem ensolarado ela resolveu ir até uma cafeteria que
fica perto do seu hotel que estava hospedada em Londres para tomar um café antes que começar sua
aventura pela cidade, mas no caminho da cafeteria ela acabou esbarrando em uma moça que estava
passando lá por perto que se chamava Anny, que também estava indo tomar um café, elas se
desculparam e resolveram tomar café juntas e começaram a conversar e em questão de minutos as duas
meninas viraram muito amigas.
Depois de muita conversa entre as duas Anny foi apresentar a cidade para a Mary e no meio do passeio
Anny resolveu que apresentaria seu grupo de amigos para a Mary se enturmar e ter companhia para essa
grande aventura. Quando as meninas chegaram para a Anny apresentar o pessoal a Mary, Mary se
deparou com um dos amigos de Anny que se chamava João, mas não demonstrou nada achando que era
algo “normal”, Anny apresentou o grupo para a Mary e aos poucos se enturmou com todo mundo e já
fez parte do grupo. Se passaram alguns dias e Mary percebeu que o João não saia de sua cabeça e
resolveu conversar com Anny, mas a Anny também gostava de um dos seus amigos que se chamava
Gilbert, quando a Mary chegou para conversar com ela, Mary desabafou com Anny e chegou à
conclusão que realmente gostava de João, ela estava bem apaixonada, mas deixou isso em segredo entre
as duas.
Umas semanas depois estava indo tudo bem com todos, até que João também gostava muito da Mary,
mas tinha medo de se declarar para ela, Gilbert gostava muito de Anny, mas por medo de acabar a
amizade não demonstrava nada. Os dois eram melhores amigos e conversaram sobre isso e eles
resolveram chamar as duas para ir ao cinema como “encontro de casais”. O grupo das meninas estavam
conversando no quarto de hotel onde Mary estava hospedada até que os meninos chegaram e chamaram
as duas para ir ao cinema e elas aceitaram super felizes.
Alguns dias depois, chegou o dia deles ir ao cinema, as meninas estavam se arrumando para sair e
depois de um tempo os meninos chegaram, buscaram elas e foram ao cinema juntos. Quando chegaram,
escolheram um filme de romance e entraram na sala do cinema e esperaram o filme começar. No meio
do filme eles trocavam olhares, aproveitaram bastante, até que rolou o primeiro beijo das meninas, elas
ficaram muito felizes e surpresas com o que tinha acabado de acontecer, continuaram a ver o filme e
depois foram embora. Alguns dias depois as meninas já estavam namorando os meninos, mas chegou
o dia em que Mary precisava voltar para Goiânia para continuar sua faculdade de medicina e João não
podia ir junto com ela porque para ele precisava terminar a escola em Londres, mas planejava fazer
faculdade no Brasil para ficar junto de Mary. Todos foram até ao aeroporto para se despedir dela, depois
de se despedirem ela voltou para Goiânia e o resto do grupo continuou em Londres terminando os
estudos, Anny e Gilbert estavam namorando e Mary e João continuam namorando, mas a distância até
ele terminar a escola.
No final do ano, Anny, Gilbert e João terminaram o ensino médio e estavam se formando para entrar
na faculdade e começarem uma nova etapa na vida deles, Anny e Gilbert continuaram em Londres e
João foi para o Brasil para continuar a vida dele ao lado de Mary e continuar o relacionamento deles.

4
Sempre que tinha uma oportunidade eles viajavam até o país um do outro e ficavam dias colocando o
papo em dia e comemorando juntos cada vitória um do outro. Uns anos depois Anny e Gilbert
continuaram juntos, tinham uma casa própria e Annie conseguiu conquistar seu sonho de ser professora
e trabalha na escola onde ela estudou a vida inteira e Gilbert fez também faculdade de medicina e é um
dos médicos mais conhecidos do país onde eles moravam, o relacionamento deles estava ótimo, eles se
amavam muito e estão planejando na possibilidade de realizarem o sonho de terem filhos.
Com Mary e João está tudo perfeito também, eles se formaram na faculdade, tem uma casa própria para
os dois e eles fazem de tudo para conquistarem todos os sonhos que eles têm juntos, Mary trabalha em
um dos hospitais mais famosos de Goiânia e está muito feliz. A amizade das duas segue muito bem,
elas são melhores amigas e a amizade das duas mudou a vida delas para sempre e também durará para
todo o sempre.

- Anônimo

5
Ecos do Triunfo

Minha vida é dividida em duas partes: antes da minha estreia na categoria sénior de patinação artística,
e o depois. Quando olho para o antes, tudo o que vejo é um garoto mimado e arrogante, ignorante das
consequências de suas ações, e agora, no depois, tudo o que resta é uma pessoa amargurada, lutando
todos os dias para combater o inevitável.
Passei minha vida inteira treinando para aquele momento, minha estreia na categoria sénior. Após
dominar a categoria júnior por cinco anos, havia chegado a hora da prova real, competir no mesmo gelo
que meus ídolos. As competições de patinação artística são divididas em duas partes: o programa curto
e o programa livre; quem conseguisse a maior pontuação na junção dos pontos obtidos nas duas,
ganharia. Eu tinha quebrado o recorde mundial no programa curto, terminando em primeiro lugar, e
agora só me restava o livre.
As expectativas haviam aumentado, agora que meus adversários me enxergavam como uma ameaça, e
decepcioná-los não era uma opção. Aos 18 anos de idade, pensei ser invencível. A tolice que enxergo
agora quando olho para mim mesmo naquele momento nunca deixará de me assombrar, mas não há
remédio para arrependimento. No meu desespero para me provar, fiz algo que me perseguirá pelo resto
de minha vida: tentei saltar um quad axel.
O quad axel é um salto considerado impossível devido ao seu grau de dificuldade insano. É necessário
decolar para frente na borda externa da lâmina de meus patins e girar quatro vezes e meia, somente
alguém extremamente pretensioso e maluco tentaria realizá-lo em uma competição, e para o meu azar,
não me faltava nenhuma dessas características.
Eu o havia treinado em segredo, longe do meu treinador, é claro, pois ele me mataria se soubesse a
loucura que eu planejava fazer. Depois de anos sendo chamado de prodígio, passei a acreditar que eu
era um mesmo. Minha lógica foi que se alguém pudesse fazer isto, certamente seria eu. Essa
mentalidade foi minha destruição.
No dia do meu programa livre, eu patinava por último, pois estava em primeiro lugar. Meu treinador,
que também era meu pai, estava ainda mais nervoso do que eu, andando de um lado para o outro
enquanto eu me aquecia. Arrependo-me de não ter conversado com ele, ele certamente teria tentado me
impedir, mas talvez o resultado permaneceria o mesmo, o meu eu de 18 anos não o daria ouvidos.
– Nikolai Baranovskyre, da Rússia. – Chamou o locutor.
O anúncio de que eu seria o próximo competidor foi o suficiente para levar a plateia à loucura, aplausos
e gritos ensurdecedores encheram o estádio, ficando impossivelmente mais altos ao retirar minha
jaqueta oficial e revelar meu figurino pela primeira vez. Pisei no gelo escutando as palavras de
encorajamento do meu pai sendo abafadas pelo barulho da multidão. Lembro da ansiedade que senti,
ciente das expectativas dos meus fãs e do meu país. Eu era o favorito para ganhar, sendo considerado
um novo desafiante na competição pelo topo do pódio. Essa era minha chance de provar meu valor e
sair da sombra de meus antecessores, mas o que deveria ter sido meu triunfo, tornou-se minha ruína.
Patinei até o centro do ringue e entrei em minha posição inicial, com minhas mãos estendidas para o
céu. Ao som das primeiras notas de Chopin, eu comecei. Sempre fui enaltecido como um patinador
completo, capaz de equilibrar os aspectos artísticos com os físicos. O som da música e dos aplausos da
plateia após cada elemento bem-sucedido ficaram em segundo plano em minha mente, a expectativa do
que estava por vir me dominando, até que, para a surpresa dos espectadores, em vez de um triple axel,
como era o programado, eu tentei o quad axel. No ar, tudo parecia mais lento, contei as rotações em
minha cabeça, uma, duas, três, quatro e meio. A euforia que senti ao pensar ter realizado um feito

6
histórico não durou muito, pois esse salto foi o mais alto que já pulei, e a queda mais dolorida que já
tive.
O momento em si da minha queda é apenas um borrão em minha memória, lembro apenas do frio que
senti no contato com o gelo, o cheiro forte de sangue que eu sabia vir de mim, e o barulho aterrorizado
da audiência, que parecia distante, como se eu estivesse embaixo d’água e eles na superfície. Antes que
pudesse processar a dor em meu tornozelo, minha visão escureceu e eu apaguei.
Acordei horas depois numa cama de hospital, confuso e entupido de analgésicos. Meu pai estava sentado
em uma cadeira ao meu lado, seus olhos suspeitosamente vermelhos e inchados. Ao me ver acordado,
levantou-se em um pulo e exclamou:
– Como você ousa fazer isso? Tem alguma ideia do que você fez? Acabou, Nikolai, tudo acabou! – Ele
voltou a se sentar, enterrando seu rosto em suas mãos. Levou um momento para que suas palavras
fossem processadas, mas quando foram, o pânico tomou conta de mim.
– Pai, isso não é engraçado, o que você quer dizer com isso?
– Exatamente o que você está pensando, Nikolai. Sua carreira mal começou e agora você jogou tudo
fora, todo nosso trabalho duro. Tem ideia do que as pessoas estão dizendo? ‘’Tal pai, tal filho’’, ‘’a
história se repete’’. Todos esses anos em que fiz de tudo para que você não se tornasse como eu, tudo
jogado no lixo. Satisfeito?
Meus olhos ardiam com lágrimas não derramadas. Sabia exatamente o que ele estava se referindo
quando dizia isso. Antes de se tornar meu treinador, meu pai era um patinador prestigiado também, mas
sua carreira acabou devido a um ferimento no joelho, se tornar treinador foi a maneira que ele achou de
permanecer próximo do esporte que tanto amava. Quando eu nasci, ele enxergou isso como sua chance
de redenção, e agora tudo havia desabado.
– Eu vou conseguir, pai. Confia em mim. Esse não é o fim, vou me recuperar, tenho certeza disso!
– Minha voz estava embargada, mas tentei transmitir confiança para ele. Ele olhou para mim, seus olhos
exaustos, e me disse com uma voz resignada:
– O seu quad axel foi ratificado, você completou todas as rotações. Vai entrar para a história, Kolya.
Não foi em vão. É melhor se aposentar agora, conseguiu o que queria.
Não pude segurar as lágrimas com a notícia. Pelo menos algo de bom saiu de minha tragédia. Mas logo
me recompus ao processar tudo o que meu pai disse e a raiva se apoderou de mim, pois como ele poderia
fazer uma sugestão como essa?
– Absolutamente não. – Eu exclamei firmemente – Não me importo com a probabilidade de não me
recuperar. Vou mostrar para o senhor e para todos do que eu sou capaz, eu não vou permitir que minha
história termine aqui, meu nome será mais do que apenas uma nota de rodapé nos futuros livros. Não
importa quanto tempo leve, vou superar isso.
E foi essa decisão que me levou até onde estou agora, a caminho de minha primeira competição em dois
anos. Tais dois anos foram cheios de fisioterapia, esforço, frustração e lágrimas. Se eu estivesse sozinho,
certamente não teria conseguido, mas com o apoio do meu pai, dos meus colegas de equipe e dos fãs
que nunca me abandonaram. Meu objetivo desta vez não é a vitória, é agradecer a todos ao meu redor
que me ajudaram.
A pressão das expectativas de repente perdeu seu peso, pois agora não estava aqui para me provar, sei
que independente do resultado, a opinião das pessoas que realmente importam para mim não mudaria,
eu os orgulharia de qualquer jeito.

7
Foi com essa mentalidade que cheguei ao dia do programa livre do Grand Prix. A mesma competição,
em um lugar diferente, dois anos depois. A mão de meu pai apertou levemente meu ombro, sua forma
de me tranquilizar. Eu patinaria por último, como da última vez, por estar em primeiro lugar, embora
dessa vez a diferença entre os meus pontos e os do segundo lugar fosse mínima.
Quando o penúltimo patinador terminou de patinar, chegou a minha vez. Meu pai olhou em meus olhos
e disse:
– Estou orgulhoso de você. Não esqueça disso por nenhum momento, não importa o que aconteça no
gelo, você sempre será meu orgulho.
Era hora de finalmente patinar por amor, não apenas pela vitória. Entrei na pista sorrindo, com o coração
leve, patinei até o centro e entrei na minha pose inicial, com minhas mãos em cima de meu coração.
Encomendei uma música para este programa pela primeira vez, pois é especial, uma forma de transmitir
toda a gratidão que sinto por ter chegado até aqui.
A coreografia fluiu como nunca havia antes, completa pela primeira vez. Senti o suor escorrendo em
minha testa e meus músculos protestando o esforço, mas continuei até chegar na parte mais importante,
o salto que quase arruinou minha carreira: o quad axel. Desta vez, ele havia sido planejado, por dois
anos eu treinei dia e noite. Nunca o usei antes, mas ao chegar na hora de pular, não estava nervoso, tudo
o que estava em minha mente era a felicidade que eu sentia por estar ali, mesmo se falhasse, não
importaria, pois minha mera presença ali era prova de minha força, mas eu não falhei. Ao som dos
aplausos histéricos da plateia, eu consegui. Terminei meu programa com um sorriso no rosto e lágrimas
nos olhos, desabando ali mesmo no gelo. Olhei para meu pai e vi seu sorriso, e finalmente minha ficha
caiu: eu venci. Não somente a competição, mas também meus próprios demónios.
Tanto a minha derrota quanto a minha vitória não foram meu fim, foram apenas o começo de minha
história.

- Thais Antonella

8
Navio de mistérios

Capítulo 1
A festa no navio

Era uma noite fria no velho porto de Londres e o navio balançava calmo sob o céu estrelado. A
fragrância de toranjas se mesclava com cheiro de água salgada. As risadas durante o jantar encobriram
o ódio de Violet, enquanto fitava seu pai, o capitão Jones, em sua conversa com os nobres ingleses:
- Esse preço é absurdo! Mal posso pagar meus homens!

- É o melhor que vai conseguir, meu caro- O fidalgo riu com escárnio às custas do capitão.
- Os senhores gostariam de um refresco de toranja? - Ofereceu uma das criadas, acidentalmente
derrubando um dos copos no terno do pirata.
- Bando de incompetentes! - Gritou ele, empurrando a mesa e saindo enfurecido.
Violet resolveu segui-lo até seus aposentos, junto de seu médico e um de seus escravos.
- Aqueles aristocratas ignorantes, - esbravejava seu pai, enquanto o médico tentava acalmá-lo.
- Meu senhor, você precisa tomar seus remédios - disse o doutor abrindo um frasco de comprimidos
que estava na mesa.
- Saiam, quero ficar a sós. - pediu o pai de Violet após o escravo oferecer um copo de água.
Violet se retirava do lugar, próxima ao convés, a menina observava a lua, preocupada com os negócios
de seu pai e as discussões com os investidores, embora ele não a permitisse interferir. O que ela poderia
fazer? Como convencer aqueles nobres a pagarem um preço digno do trabalho que seu pai fazia? Se é
que aquilo poderia ser chamado de trabalho. A única coisa que sobrava a fazer era admirar a visão
daquele céu. A garota, que se encontrava hipnotizada pela luz lunar, teve seus pensamentos
interrompidos por gritos e passos apressados pelo navio, e foi verificar o que houve:
- Ele está morto! O capitão está morto!
- Mataram o capitão!
À medida que andava, podia ouvir os sussurros e olhares amedrontados da tripulação, mas
quando o viu, tudo isso desapareceu, as roupas eram as mesmas do jantar, mas estavam
cheias de brotoejas. A pele ia empalidecendo, e os batimentos não estavam mais lá. Ele
estava morto, oh céus ele estava morto. Ela queria chorar, queria debulhar-se em lágrimas
até que a dor parecesse menor, mas não podia. Jamais demonstraria fraqueza perante a
tripulação. Ela encontraria o culpado, e este lhe pagaria com a vida, não importava o que
acontecesse, ela vingaria seu pai.
Violet respirou fundo, conteve as lágrimas e voltou ao salão, ela devia explicações. Todos discutiam,
acusando uns aos outros, até que uma das criadas tomou a frente, revelando o distintivo de detetive
particular, para a surpresa de todos:
- Boa noite a todos, certamente vocês estão se perguntando quem sou, meu nome é Agatha Conway,
sou detetive criminal, fui convidada a investigar as operações suspeitas do capitão Jones, mas queria
averiguar o ambiente primeiro, por isso estive disfarçada, mas consequentemente houve um grande

9
espetáculo imprevisto por aqui. Acredito que me resta encontrar o culpado pelo assassinato de seu
capitão falecido.
Suas palavras renderam cochichos por toda a sala, os nobres acusavam uns aos outros, até que a filha
da vítima se fez ouvir:
- Silêncio a todos vocês! Como sabem, meu pai faleceu e isso me faz capitã deste navio, e para as
investigações, decreto que a partir de agora ninguém pode mais entrar ou sair deste navio, sob pena de
morte. - Sua fala calou a multidão, que ansiava por respostas e ela saiu do cômodo, puxando o braço de
Agatha. -Você pode mesmo encontrar o culpado? - Perguntou Violet.
A investigadora parou para pensar e balançou a cabeça afirmativamente:
- Tenho minhas suspeitas sobre o assassino, mas preciso verificar o corpo primeiro. Em troca, quero
livre acesso às informações sobre as negociações de seu pai.
- Tem minha autorização, mas irei supervisionar- Afirmou a nova capitã, firmando o frágil acordo entre
as duas.
E assim, Violet conduziu a suposta aliada para dentro dos aposentos de seu pai falecido.

10
Capítulo 2
A criada detetive.

O quarto era excessivamente luxuoso, e o cheiro de ópio preenchia o ar. Agatha observava a mesa do
capitão e pegou o remédio que ali se encontrava:
- Essa foi a última substância ingerida pela vítima? - Perguntou ao médico
- Sim senhorita, -falou ajeitando os óculos- esse era seu medicamento para hipertensão, Nifedipino,
geralmente ele o toma pela manhã, mas em ocasiões de alto estresse ele acaba o tomando em outros
horários.
Agatha reflete por alguns minutos, poderia ser envenenamento? Não, não havia sangue e nem outro
sinal de que a vítima pudesse ter sido envenenada, mesmo assim, achou importante perguntar:
- Senhor Lincoln, acha que o medicamento foi envenenado?
- Impossível! Tudo que papai ingeria tinha a segurança extremamente verificada. - Violet interrompeu.
-Sim, tudo que era ingerido pela capitã e seu pai passava por um rigoroso processo de verificação -
afirma o médico, um pouco incerto.
Era quase como se fosse uma morte de causas naturais, mas algo dentro dela lhe dizia que era um caso
muito além de uma simples atitude cruel da mãe natureza.
- Se não foi envenenamento, então…
A detetive olhava ao redor da sala em busca de uma pista que levasse até a resposta. Seus olhos se
encontraram com os do escravo sentado no chão, que parcialmente se recuperava do choque:
- Sei que não é um bom momento, - diz Agatha gentilmente - mas poderia dizer-me como estava o
capitão Jones na hora da morte e seus sintomas?
- N-não me recordo muito, mas ele estava com falta de ar e seu rosto estava azulado.
- Obrigada senhor, acredito que estará livre desse navio após o fim deste caso.
Após a resposta do escravo, o médico levantou as sobrancelhas e seus olhos se arregalaram, a detetive
sem olhar para trás a pergunta:
- Com isso, doutor Lincoln, tem alguma suspeita sobre a causa da morte de seu paciente?
Ele balança a cabeça afirmativamente, e vira com delicadeza o rosto do falecido capitão, sua surpresa
era notável:
-Como? Não, não é possível.
-O que, doutor? - pergunta a investigadora
-Eu não havia pensado nessa possibilidade, faria mais sentido um envenenamento, mas devido ao seu
estado atual, digo que ele morreu de uma possível overdose.
-Acha que alguém alterou os medicamentos? - Questiona Violet.

11
-Mmm, tenho minhas suspeitas de que não, mas vou levar isso comigo- Diz Agatha ao pegar o frasco-
Se quer ser útil, pode acompanhar-me nos interrogatórios.
A conversa é interrompida por uma batida na porta, Violet abre a porta, lá estava um nobre e seu
mordomo:
- Bem na hora, meu caro amigo. – diz Agatha em um tom cínico - Conseguiu preparar o que pedi?
- Em menos de uma hora. - O nobre entrega uma lista com um olhar confiante.
- O que seria essa lista? – pergunta Violet um pouco confusa.
- Havia pedido que vossa alteza providenciasse uma lista com todas as pessoas que se encontram no
navio e as organizasse por ordem de suspeição.
- Permita-me apresentar me, capitã Violet, sou o Duque de Allsbrook, o nobre que ajudou a nossa
detetive a se infiltrar neste na-
- Aha! - Agatha corta a fala de seu amigo com uma expressão de animação -Já podemos começar as
entrevistas, vamos Violet!
E, com um sorriso esperançoso, saiu da sala seguida por Violet e o Mordomo.

12
Capítulo 3
Depoimento do Cozinheiro.

O mordomo cita o primeiro elemento da lista para Agatha enquanto a mesma lê:
- O primeiro candidato é o senhor George Dock, um cozinheiro que recentemente havia sido descoberto
de um pequeno furto de ópio pelo falecido capitão. Não há informações de como esse ocorrido foi
resolvido, por isso, ele se encontra como o principal suspeito.
- É um motivo bobo para colocá-lo como principal suspeito enquanto há pouco houve um
grande desentendimento entre a vítima e seus negociantes, mas compreendo que os nobres
querem se esconder de tal interrogatório. - A detetive direciona seu olhar para a capitã. -
Podemos prosseguir?
Violet balança a cabeça e elas entram na sala:
- Olá senhor Dock, acho que afundamos o barco, certo? - diz Agatha enquanto se senta em uma cadeira
que foi separada para ela.
- Não fui eu!! Eu juro que não fui eu! - O cozinheiro falou desesperado.
- Ah, mas em nenhum momento eu o acusei de tal crime.
- Eu sei que sou o principal suspeito, mas mesmo que eu quisesse encobrir um roubo eu nunca usaria
algo tão vil como um assassinato! Acredite em mim, por favor.

- É uma bela defesa, porém não sou juíza, meu trabalho é apenas recolher os fatos para
mostrar uma possível verdade. Se quer provar-se inocente colabore com este interrogatório.
Agora, diga-me sua história.
O Cozinheiro parou um pouco para pensar
- Como podem notar, a vida nesse navio é bastante difícil, por mais que o pagamento do meu capitão
fosse uma quantia generosa. Eu só queria... por apenas um momento, fugir desta realidade cruel.
- E então roubou pequenas quantias de ópio de seu chefe?
- Tenho vergonha dessa atitude, mas sim, pretendia pegar uma quantia insignificante só uma vez, mas
acabou que perdi o controle de mim, e roubei por vários dias.
A capitã revira os olhos, não é a primeira vez que um dos empregados rouba quantias de ópio, o fato se
tornou comum, era só não deixar que seu pai descobrisse.
- E como o capitão anterior reagiu a essa descoberta?
- Ele estava extremamente furioso por ter um traidor nesse navio, eu teria sido morto se não fosse aquela
mulher incrível.
Por alguns segundos Violet notou os olhos da detetive perderem a postura intensa e revelarem um brilho
de surpresa.
- Mulher? - Exclamou a detetive

13
- Sim, ela apareceu bem na hora de minha morte ao apresentar um novo projeto de uma certa bebida
alcoólica de toranja, acabou que ele adiou minha punição.
- Ah, aquela vodca estranha de toranja! - Disse a capitã, entediada com a situação
- Uma ideia bem exótica, não acham? - cozinheiro
- Claro, senhor Dock, mas peço que não desvie o assunto do interrogatório, ou você tem essa intenção?
- Não, não mesmo!
Violet não acreditava muito nessas palavras, pareciam mais artimanhas para distrai-las. Agatha
continuava com seu interrogatório, mas a capitã notou que ela não parecia muito interessada nas
informações do cozinheiro. Suspeito por suspeito, mesmo que não houvesse passado muitas pessoas,
Violet já estava perdendo a conta de quantos haviam sido interrogados.

14
Capítulo 4
Depoimento de Kalina.

Muitas horas, alguns suspeitos e nenhuma pista, a investigação continuava no mesmo lugar.
- Quem é o próximo? Pergunta Agatha, a expressão entediada.
-Kalina Erklare, Uma funcionária de meu pai - Diz Violet, lendo a planilha - Uma caçadora de
recompensas que foi contratada há alguns meses. Desde o momento que entrou para a tripulação
mostrou um desempenho inacreditável, além de ser boa em seu serviço entende bastante de botânica e
química.
- Faz até questionar por que um empregado tão bom está nessa lista - Agatha fica surpresa, mas depois
sorri de canto e mira o olhar à porta. - Não acha… Kalina Erklare?.
Kalina adentra a sala com sua postura despreocupada, andando calmamente, sem demonstrar sua real
atenção às expressões das duas mulheres e a cada canto do cômodo analisando-o, procurando qualquer
vestígio de algo que não deveria estar lá. O puro reflexo da indiferença por fora, enquanto a tempestade
reinava cada pensamento seu, ela sabe que precisa livrar-se dessa situação irritante.
- Boa madrugada, senhorita Erklare, aproveitou bem a festa? - diz Agatha sentindo o leve cheiro de
vodca da caçadora.
- Se vai me interrogar, então comece. Não gosto do cheiro de peixe desse barco- disparou Kalina.
- Certo, não vamos perder tempo, peço que colabore comigo. Soube que é uma herbalista, é difícil não
ser suspeita quando trabalha com venenos.
-É difícil ser suspeita quando eu obviamente estava no convés discutindo meus negócios
junto aos outros- rebate Kalina com a cabeça inclinada para o lado com um ar de prepotência.
- Não é necessário se ausentar da festa para envenenar um frasco de remédio - Agatha ri - mas a nossa
vítima não morreu por envenenamento e sim uma overdose.
-Considerando a maneira super saudável com que ele lidava com o ópio ao qual tinha acesso não acho
que seja uma surpresa- debocha Kalina com seu ar irônico costumeiro
-Você não ouse falar assim do meu pai!!- gritou a capitã, se exaltando, ao que Agatha calmamente
segurou seu braço, o olhar tranquilizador.

- É um palpite considerável, mas o médico acredita ter sido causado pelo remédio que o
próprio aplicava, um caso bem curioso, não acha?
-Então se resolva com esse médico antes de sair acusando qualquer um. Afinal, até onde sabemos ele
pode ter errado a dosagem do medicamento e isso é tudo somente uma tempestade em um copo d'água
- afirmou a suspeita com os braços cruzados.
- Pelo visto a senhorita Erklare tem um humor bem instável, por que está acusando os outros tão
desesperadamente? Por acaso está tentando se livrar de alguma culpa? -Agatha sorri de forma sugestiva.

15
A sala ficou em silêncio, as duas mulheres mantiveram seus olhares intensamente fixos um no outro,
em uma luta silenciosa para descobrir as verdadeiras intenções da outra.
- Certo, então vamos analisar os motivos pelo qual eu gostaria de me livrar do antigo capitão. Ah, não
tem nenhum, talvez porque nossas alianças me favoreciam cada vez mais, a morte dele é um grande
prejuízo para os meus negócios. Afirmou Kalina, o ar de superioridade em seus olhos. Agatha abre um
sorriso divertido, e começa a sorrir abertamente, os olhos ainda fixos na suspeita.
- Já consegui as respostas de que precisava, obrigada por sua participação, senhorita Erklare. - Afirma
a investigadora.
Kalina levanta revirando os olhos, estava obviamente de saco cheio da situação toda. Andava em direção
à porta que finalmente a levaria para fora daquele cômodo, precisava dar o fora, a herbalista sabe muito
bem quando vai perder uma briga.
- Afinal, estava um cheiro agradável de toranjas esta noite, Não? - Diz a detetive, um sorriso malicioso
nos lábios.
A caçadora arregalou levemente seus olhos e volta a cabeça para trás, enquanto Agatha a encarava como
se pudesse ver todos os pecados muito entalhados em sua alma, o que é de fato admirável considerando
a numerosidade de feitos nada honrosos que já são rotina na vida de Kalina.
- Com sua licença, já acabamos por aqui- diz Kalina, tentando disfarçar o tremor em sua voz antes de
se retirar da sala e sem conseguir tirar da cabeça o comentário aparentemente inofensivo da detetive,
mas que na verdade é uma prova certeira para que todas as acusações revelam os seus atos. Kalina anda
apressada pelos corredores do navio com a mente trabalhando em um plano para se livrar dos problemas
em que havia se metido. Ela precisava fugir, e rápido, seus planos deram errado.

16
Capítulo 5
A fuga que saiu pela culatra.

Kalina sabia que tinha sido pega, ela vira o modo como a detetive a olhara. Bons detetives são
facilmente reconhecíveis, eles têm uma aura de sagacidade, Agatha tem essa aura. No momento, sua
fuga não seria nada mais que uma confirmação do assassinato, mas era melhor dar um jeito de sair do
barco e esconder-se por Londres do que ficar ser pega e sabe-se lá o que lhe fariam depois, nada de
bom, com certeza.
Fazia um tempo desde o depoimento, estava amanhecendo, e nada da detetive, estava tudo pronto, A
caçadora entra em seu quarto para organizar seus pertences e encontra uma mensagem com o remetente
A.W., Athya Waancog, uma mulher desconhecida cujas transações são muito sigilosas, deve ter muito
dinheiro, afinal, ofereceu uma boa quantia à caçadora Erklare para que ela eliminasse o capitão Jones.
Se ela estava aqui, só precisa ir até ela receber seu pagamento e sumir pelo país.
Kalina vai até o último quarto, no fim do corredor, onde os funcionários dos nobres estavam
hospedados. A escuridão abarrotava a sala, os olhos da caçadora lentamente acostumaram-se com a
escuridão, enxergando apenas a silhueta de um homem:
- Sou o representante de A.W.
-Já fiz o que fui contratada para fazer, provoquei a overdose do remédio por causa daquela vodca de
toranja, o que deu muito trabalho por sinal. O ex-capitão está morto como você já percebeu. -diz Kalina
com seu típico ar de arrogância- Quero meu pagamento, essa detetive está no meu pé, tenho que sair
daqui, então agilize, meu trabalho já está feito
- Você realmente matou o Capitão Jones? - pergunta a silhueta do homem que se aproximava.
- Sim, seu imbecil, e agora eu quero meu pagamento. - Kalina diz contendo sua raiva e ansiedade.
- Agatha ficará contente em saber disso - o homem sorri.
-O que!? - Kalina estava petrificada tentando entender a grande besteira que tinha feito.
O representante aproveitou o estupor da caçadora para rapidamente imobilizá-la entre o chão e seu
corpo, e mesmo com dificuldade o homem consegue imprensar Kalina que se debatia em desespero.
- Ora, ora! Parece que é o fim da linha, Kalina Erklare. - Agatha adentra a sala segurando uma luminária,
junto do duque e Violet.
- Como?! O que diabos?
- Talvez você devesse investir na carreira de ator do seu mordomo. - diz Agatha sarcasticamente ao
nobre.
- Talvez você deva-
- Ei! Alguém pode me explicar que raios está acontecendo?! - Kalina grita cortando a fala do duque

17
-Não foi tão difícil chegar até você, desde o início eu sabia que a arma havia sido a bebida de toranja,
mas até este momento não tinha nenhuma certeza de que era você. - Violet e Kalina têm uma reação
confusa diante da resposta de Agatha.
- Se você não tinha certeza, por que fez algo tão arriscado? - A capitã questionava a detetive.
- Vamos aos fatos, acredito que a maior pista que eu recebi foi do senhor Dock, que inconscientemente
me deu ao falar que a mente por trás da vodca era uma mulher, temos bastantes homens trabalhando
neste navio, quando é uma mulher não é tão comum. - Todos escutavam atentamente Agatha falando. -
A solução mais fácil para isso foi mencionar as toranjas para todas a pessoas que prestaram depoimento,
e adivinhe, você foi a única que reagiu nervosa ao saber das toranjas!
- Isso não explica como você sabia do meu contrato!
-Calma, já estamos chegando nessa parte, a maior dificuldade foi pensar em como provar. E não tem
forma mais espetacular do que fazer a estrela principal desta peça tropeçar em si – A mulher sorri
levemente - que motivos levariam a uma caçadora de recompensas a trair seu empregador de anos?
Kalina lançava um olhar embebido em ódio à detetive, enquanto Agatha apenas a encarava com ar de
triunfo:
-Um conflito? sabemos que ele não era muito discreto com essas coisas. Uma vingança? Não parece
seu perfil trair a razão por sentimentos... então, que tal um contratante maior? Se havia um contratante,
no momento de desespero você iria até ele, por que não trazer ele até aqui? De resto você já sabe como
se desenrolou essa história. Confesso que seu plano foi muito bom, mas deveria ter contado com o
máximo de imprevistos antes de colocá-lo em prática.
Kalina perdeu, ela havia perdido, não tinha volta.

18
Capítulo 6
O final verdadeiro

Como não podiam levar Kalina para a polícia sem apontar o navio de ópio, Violet concordou em abrir
as investigações para a polícia, afinal, mesmo que amasse seu pai, não concordava com seu trabalho. A
caçadora foi levada com Agatha e o duque para ajudar nas investigações sobre seu contratante. Talvez
não fosse tão ruim, desde que isso diminuísse a pena dela.
A futura presidiaria refletia sobre o que havia ocorrido nesse amanhecer, pensando bem, como Agatha
sabia o nome de seu contratante? Foi apenas uma leve impressão ter lido naquela mensagem?
- Ei, tenho uma pergunta. – Kalina pergunta desconfiada
- Claro.
- Como sabia que meu contratante era Athya Waancog?
- Hã? não sei do que está falando – A investigadora responde inexpressiva.
Kalina observa o caminho pela janela, aquele era mesmo um trajeto para uma casa de um duque? Os
nomes passavam em sua mente Agatha Conway... Athya Waancog.
Era um anagrama...
A investigação era uma farsa, tinha sido ela o tempo todo.
O soar da carruagem se misturava ao arranhar do vento sob as árvores, enquanto as engrenagens do
cérebro de Kalina encontravam a resposta que sempre esteve debaixo de seu nariz.
-Você... realmente é um detetive? - Kalina observava a expressão de Agatha mudar de séria para um
sorriso despreocupado.
- Opa, parece que me descobriram.

- Maria Clara H., Letícia Nicolai, Geovanna Lacerda

19
O assassinato na sala 15
Terça feira, 08/02/2022
Sofie
Lá estava eu feliz da vida saindo da aula de filosofia, achando que ia para casa tomar um banho
geladinho, quando vejo o zelador na porta da sala e lembro que tinha detenção. O motivo da
detenção? Fui pega pintando as unhas no meio da aula de inglês. Em minha defesa as minhas unhas
estavam deprimentes e a aula muito chata.
Eric
Sair de uma aula de filosofia insuportável e ter que ir direto pra detenção no segundo dia de aula do
ano é o auge. A única parte boa é que a menina gata da minha sala também vai pra detenção.
Antony
Hoje cheguei na escola à pressa e esqueci de desligar meu celular. Pra minha sorte (só que não) ele
tocou justamente na aula da professora mais rígida de todas, e agora estou indo pra detenção com
mais três alunos, sendo que um deles eu tenho certeza de que faz coisas ilícitas.
Cat
Eu com certeza era a mais estilosa dos quatro. Fala sério, essas pessoas não sabem se vestir bem,
ainda mais aquele nerd da minha sala que parece que tá preso em 2016. Mas esse não é o ponto.
Quando chegamos na sala da detenção nosso professor de matemática, Roberto, estava caído no chão.
Sofie
Foi a pior cena que já presenciei em toda minha vida. Eu não conseguia parar de olhar. O professor
estava com a lateral da cabeça cortada, caído no chão com uma pocinha de sangue. A única coisa que
lembro antes de começar a me desesperar é o menino estranho do 3º A ligando pra ambulância.
Eric
Depois do acidente com o professor eu fui direto pra casa e caí na cama. Se eu consegui descansar?
Não mesmo. Passei a tarde toda pensando no que aconteceu. Não comentei com ninguém e nem acho
que tenham percebido, mas notei que as câmeras do corredor e da sala da detenção estavam cobertas
com panos pretos além das janelas, que estavam todas fechadas.
9/02/2022, quarta-feira
Antony
Não vai ter aula hoje. A escola está de luto. O professor Roberto faleceu. Todos receberam o
comunicado ontem à noite, às 23:00h. A causa da morte foi traumatismo craniano. Ele bateu a cabeça
com muita força na quina da mesa, provavelmente escorregou em papéis ou água.
Sofie
Não consegui dormir nadica de nada e precisava falar com alguém que me entendesse. O único
número que tinha era do Eric, o babaca misterioso da minha sala. Agora estamos sentados na calçada
da minha casa.
- Eu acho que foi aquele zelador - Fala ele a voltar seus olhos verdes para mim.
Eric
Ela me olha com cara de confusão
- Do que você está falando? - Diz Sofie
Começo a brincar com os pingentes de sua pulseira.

20
-Eu acho que foi o zelador que matou o Roberto - digo.
-Mas... que? - Fala Sofie mais confusa ainda - foi um acidente. Ele bateu a cabeça na quina da mesa.
Você não viu o comunicado?
-Vi, mas eu acho que não foi um acidente - digo ainda me entretendo com sua pulseira – foi algo
planejado.
-Por que você acha isso? Por que o zelador mataria o professor? - pergunta ela cada vez mais confusa.
- Traição ou sei lá. Não tenho certeza de que foi o zelador, mas com certeza não foi acidente - não falo
sobre as câmeras e janelas que percebi.
- Acho que você está vendo muita série ultimamente - diz Sofie depois de alguns segundos de
silêncio. Tenho quase certeza de que ela estava paralisada olhando minha boca.
Segunda-feira, 14/02/2022
Cat
Hoje as aulas voltaram. Sábado ocorreu o velório do professor Roberto. Nunca fiquei com a
maquiagem tão borrada na minha vida, me arrependo de não ter usado rímel à prova d’água. A
verdade é que ultimamente não tenho tido ânimo para nada, nem mesmo me arrumar como de
costume.
Quinta-feira, 17/02/2022
Antony
Os médicos descobriram que Roberto morreu envenenado. Eu nunca pensei que ficaria conhecido na
escola por ser suspeito de assassinar um professor. Desde a descoberta (dia 15/02, terça-feira), eu,
zelador e outros três alunos não tivemos mais um segundo de paz. Toda hora um celular ou microfone
na nossa cara. Preferia quando eu era invisível.
Sexta-feira, 18/02/2022
Sofie
É estranho pensar que eu e o Eric nos aproximamos devido a tudo isso. E o mais estranho ainda é
achar que a gente se gosta. Nesse exato momento estou indo buscar ele pra aula. É um revezamento,
um dia ele, outro dia eu. Está tudo normal, até eu chegar na casa dele e me deparar com no mínimo
três viaturas. Meu coração nunca bateu tão rápido.
Eric
Foi meu pai. Meu pai envenenou o professor de Matemática. Isso nem é o mais surpreendente de
tudo. Meu querido pai Sérgio, mais conhecido como um urubu, é um dos maiores agiotas do país. O
Roberto se envolveu com ele ano passado e ficou devendo bastante, além de ter ameaçado meu pai. O
Urubu ficou extremamente irritado e fez um plano. Ele pagou o caminhoneiro responsável por
entregar os materiais didáticos na escola para colocar veneno no café do meu professor. Ele era
viciado em café e meu pai sabia disso.
Sexta-feira, 21/02/2022
Sofie
O pai do Eric foi preso no sábado. A escola está dividida entre amar e ter pena dele, odiar e achar que
ele é um assassino agiota que nem o pai. Na minha opinião, o Eric nunca foi tão atraente como agora.
Essa é a própria fic. Poderia se chamar “o filho do agiota”. Pena que eu não sou a mocinha da história.
- Wanderley, Ana Laura, Giulia e Sarah Reis

21
O lendário Detetive Caveira

Era uma noite quente de verão na capital paulista, e a equipe Alpha, comandada pelo detetive
Francisco Alves, mais conhecido como “Detetive Caveira”, estava à espreita de uma residência, onde
havia informações de que lá havia uma quadrilha de bandidos mantendo uma empresária de refém. As
negociações em torno do resgate estavam avançadas, mas caberia à equipe tentar prender os
criminosos e salvar a vítima daquele crime.
Passaram-se dois dias que se havia montado a vigilância naquele endereço onde ninguém entrava ou
saía daquela casa. Enquanto os policiais demonstravam impaciência e já cogitando desistir da
campana, um dos sequestradores abriu o portão da garagem do imóvel e saiu dirigindo um veículo.
Rapidamente “Caveira” abordou o condutor e o prende, já obtendo a informação de que a vítima e
outros quatro bandidos ainda estavam dentro daquele imóvel.
Não havia mais tempo, então, ordena a invasão da casa. Foram minutos de gritaria e pânico, pois os
bandidos apontavam as armas contra a cabeça da vítima e diziam que iriam matá-la. Em dado
momento, o detetive, muito conhecido e temido pelos criminosos disse:
- Se a vítima morrer, todos vocês vão ser enterrados junto com ela.
Houve um breve silêncio, que somente foi interrompido com a voz do chefe do bando, que disse:
- O senhor garante a nossa integridade física?
Caveira acenou que sim e lhes garantiu que ninguém sairia machucado, bem como entraria em contato
com seus parentes para acompanhá-los até a delegacia. Desse modo, o chefe do bando ordenou que
seus comparsas jogassem as armas no chão e se entregassem. A vítima foi então desamarrada e levada
para uma ambulância, onde passou a receber os cuidados médicos, enquanto a equipe Alpha levava os
bandidos para a delegacia.
Foi assim, mais um dos casos bem resolvido, sem que ninguém morresse ou saísse ferido, sendo que a
equipe Alpha foi recebida com aplausos pela população que estava aguardando na entrada da
Delegacia. Era assim a rotina do detetive Francisco “Caveira” Alves. Nasceu em uma pequena vila no
interior paulista onde teve uma infância difícil, por ter que lidar com o trauma do assassinato de seu
pai, e humilde, por sua mãe ser faxineira e essa ter que trabalhar de domingo a domingo recebendo
um salário-mínimo.
No entanto, mesmo com todas as dificuldades, conseguiu ultrapassar as barreiras e se tornar o detetive
mais experiente e respeitado do estado de São Paulo. Tinha a característica de ser sério e não era fã de
modernidades, por isso nunca havia comprado um aparelho celular. Tratava-se de um policial típico
da “velha guarda”, cujos métodos de investigação o acompanhavam até então. Quase no final de sua
carreira, “Caveira” estava a investigar um crime de homicídio pelas ruas quando um malfeitor
apareceu de surpresa e atirou em suas costas, por duas vezes, porém, conseguiu se refugir em um bar
até o socorro chegar.
Ficou a pensar que a morte ou a invalidez iriam impedir de prosseguir na carreira que tanto amava,
mas a cirurgia foi bem-sucedida e precisou de apenas alguns meses em casa, em recuperação,
aproveitando este tempo para se dedicar um pouco mais com a sua esposa e seus filhos.
Próximo de retornar à atividade policial, um fato grave ocorreu na cidade. Alguém havia saqueado 20
barras de ouro no banco Real, o mais famoso e seguro de São Paulo. A única coisa que se sabia sobre
o malfeitor era seu codinome “V”, porque deixou um bilhete na cena do crime com sua assinatura. As
investigações não evoluíam e a polícia estava em descrédito e sendo cobrada dia e noite.
O Delegado de Polícia, percebendo a complexidade do problema, foi até a residência de “Caveira” na
esperança de poder contar com sua ajuda, mesmo sabendo que ainda não estava recuperado. Durante

22
uma longa conversa, o detetive falou que poderia voltar a trabalhar, mas que teria muita dificuldade
neste caso, pois não gostava e nem entendia de “internet”.
Foi nesse momento que o Delegado engoliu a saliva e, com uma tosse, disse:
- Nós já providenciamos um auxiliar para você.
O detetive, concordando com a ideia, respondeu:
- Tudo bem, estarei no trabalho amanhã.
No dia seguinte, bem cedo, como lhe era de costume, “Caveira” chegava à Delegacia, andando um
pouco pausado. Tempos depois, lá chega o Delegado na companhia de um jovem, com brincos nas
orelhas, piercing no nariz e cabelos de várias cores. “Caveira”, rindo, perguntou:
- Prendeu este rapaz fazendo o quê?
E o Delegado retrucou:
- Este é o seu auxiliar. Trata-se de um dos melhores gênios da informativa
neste país.
“Caveira” fez um gesto de espanto e balançou a cabeça, como se não concordasse, porém o Delegado
expôs a situação e a necessidade de uma rápida solução, convencendo-o de trabalharem juntos. Sem
outra escolha, foi até o rapaz e disse:
- Faça apenas seu trabalho e não me perturbe com bobagens! -no que consentiu o rapaz, que abriu a
boca apenas para dizer que seu nome era Thiago, mas o detetive já havia virado as costas, como se
não quisesse saber.
Após reorganizar sua equipe, “Caveira” rumou até o banco, na companhia de seu auxiliar,
determinado que este checasse os sistemas de vigilância, enquanto o detetive e sua equipe faziam uma
varredura minuciosa no prédio. Os policiais procuraram em todos os lugares onde se podia ter acesso
ao cofre ou até mesmo buracos feitos na parede ou no chão, mas tudo estava em ordem. Então
especulou:
- Se não tem resquícios de invasão, ele só pode ter entrado pela porta da frente.
Em seguida, foi atrás do seu auxiliar, para ver se havia algo de suspeito nas câmeras de segurança,
porém Thiago disse que estava tudo normal, até descobrir que o ladrão havia manipulado as imagens,
a fim de não deixar pistas. Com isso, Caveira especulou novamente:
- Após o malfeitor ter entrado no banco, deve ter se escondido em algum lugar até o encerramento do
expediente.
Em seguida, teve acesso à sala de segurança de alguma forma, conectou-se ao sistema e manipulou as
gravações por algum tempo. Uma hora depois, resolveu averiguar o cofre saqueado. Analisou cada
detalhe da porta a fim de encontrar buracos, marcas de explosões ou até arranhões, mas não encontrou
nada. Entrando lá, percebeu que o local estava quente, mas intacto. Caminhando mais para dentro,
pisou no local onde as barras de ouro deveriam estar e sentiu algo de estranho e olhando mais de
perto, percebeu minuciosas linhas que formavam um quadrado no chão, logo, com auxílio de uma
britadeira, abriu um grande buraco. Além disso, notou que o mesmo estava ligado a um túnel
subterrâneo.
- Isso explica por que o banco está em ordem. Ele teve acesso direto ao cofre por esse túnel, abriu esse
grande buraco, derreteu todas as barras e fugiu. – Concluiu o detetive.
Assim, os policiais desceram e depois percorreram o túnel até chegarem ao piso de uma casa de
alvenaria que ficava a dois quarteirões do banco. Imediatamente tentaram descobrir tudo a respeito
daquele imóvel, onde o proprietário, senhor João, um aposentado, que vivia da renda daquele imóvel,
disse que possuía apenas alguns detalhes da locação, mas que os policiais poderiam pedir para os

23
vizinhos as imagens das câmeras de vigilância, a fim de poder identificar a pessoa, pois a locação se
dera quinze dias antes daquele crime.
Toda a equipe Alpha, juntamente com Thiago, foram batendo de porta em porta, buscando as imagens
das câmeras de vigilâncias que ficam próximas ao imóvel. Depois de uma longa busca, notaram que
em uma loja de confecções, a proprietária, que já havia sido vítima de roubos e furtos, sempre
mantinha as imagens das câmeras posicionadas em sua loja guardadas, para posterior utilização. Com
isso, o auxiliar triangulou todos os dados e chegou até o dia em que uma pessoa teria ido até o imóvel
do senhor João para locá-lo. Para a surpresa de todos, viu-se uma pessoa jovem e bem trajada, pele
clara e bem elegante.
“Caveira” colocou a mão no queixo e disse:
- Parece que nós conhecemos esta pessoa, não é?
Toda a equipe deu um breve sorriso e voltaram ao banco. Neste momento, o detetive pediu a seu
auxiliar para averiguar toda a vida financeira e pessoal de uma certa pessoa, e se era possível invadir
seus dados
bancários, quando Thiago, de imediato, disse:
- É o que eu mais gosto de fazer!
“Caveira” olhou para ele e disse:
- Se falar ou fizer isto em outra ocasião, vai apodrecer na cadeia!
Thiago ficou horrorizado e não tinha se dado conta do que falara. Já no interior do banco, uma pessoa
parecia estar bastante nervosa com a presença dos policiais e isto já havia sido notado pelo detetive,
mas, no primeiro momento, pensou que se tratava de algo comum, diante do que havia sido levado do
banco. “Caveira” e sua equipe se aproximaram do gerente do banco, Victor, que parecia suar pelas
entranhas, e em um tom sombrio perguntou:
- A nossa conversa será civilizada ou não?
Victor gaguejava e parecia não entender o que estava acontecendo, mas o detetive mostrou-lhe as
imagens do dia em que ele foi alugar a casa do senhor João, bem como descreveu toda a sua situação
financeira e pessoal, fazendo com que o indivíduo quase tivesse um infarto. A cada minuto que
passava o detetive ficava ainda mais sombrio e imponente, o que tornava a vida daquele gerente um
verdadeiro inferno, sendo que, ao final, não tendo mais nenhuma justificativa, confessou o roubo das
barras de ouro e levou os policiais até sua casa, onde havia construído um compartimento secreto e lá
guardado o fruto do seu crime. O gerente também indicou para quem iria vender as barras de ouro,
bem como o nome de todos os que lhe ajudaram, os quais foram identificados e presos.
Já, na Delegacia, o detetive olhou para o seu auxiliar e perguntou:
- Você gostaria de trabalhar com a nossa equipe?
Thiago não sabia o que dizer, mas o Delegado se aproximou e disse:
- Meu filho se sentirá muito honrado!
E, então, todos saíram para comemorar a elucidação de mais um caso complexo.
- Vinícius Pedroza

24
O roubo da coroa

Eu sou Roxanna Avitti, porém a maioria das pessoas do “grandioso” império Azuris me conhecem
popularmente como Lince, a maior e melhor assassina de aluguel que você pode encontrar nessas
terras. Eu sou, mas ninguém sabe além de mim, meu “pai” e o meu mestre, cujo nome é Argos, de que
sou a filha bastarda do conde, todavia essa parte da minha história é chata. Quando eu tinha 11 anos
passei a morar com Argos na guilda dos assassinos, fui treinada das maneiras mais dolorosas
imagináveis para que eu chegasse no meu nível atual. Hoje em dia, tenho 21 anos, sou extremamente
bem paga para cometer atos ilícitos como roubos, subornos e até matar pessoas. É aí que a história
fica interessante.
Muitas pessoas não sabem minha aparência porque eu uso o conjunto completo de uniforme, capuz e
máscara, às vezes até acham que eu sou um homem na casa dos 30 pelos meus grandes feitos. A
verdade é que sou uma baixinha de 1,60m, com cabelos de um ruivo-metálico natural e um corte
muito mal feito da minha parte que é curto de frente e longo atrás, olhos verdes da cor de florestas,
algumas tatuagens escondidas pelo corpo, além de dois piercings discretos na orelha direita. Não se
assuste se ver que possuo muitas cicatrizes, no meu ramo isso é inevitável, adicionando alguns calos
nas mãos para acompanhá-las. Agora acho que já falei o suficiente de mim (e de como sou
obviamente glamourosa e linda) para que possamos começar com um pequeno conto de um dos meus
maiores trabalhos.
Em um belo dia muito quente, meu mestre repassou-me um trabalho de um dos seus maiores clientes
para que eu executasse, se conseguisse, ficaria com toda a comissão sem ter que dar uma parte para
ele pelo uso do nome da guilda, e o pagamento era gigantesco. Obviamente, eu aceitei de imediato,
sem nem querer ouvir qual era o trabalho, como queria faz tempo mais grana para comprar um vestido
lindo de musselina violeta que vi no centro outro dia. A noite quando fui ler fiquei chocada, pensei
“quem era o doido que teria a ousadia de pedir o roubo da coroa real usada pelo rei do império
somente nas ocasiões de Estado ou de festividades?”. Agora, não tinha nem como negar o pedido, já
que eu o aceitei e era de um cliente importante, só que para mim não será tão difícil executá-lo, só vai
dar um trabalho a mais.
Escolhi um dia nublado para analisar o entorno do castelo, o número de guardas; quando trocam de
turno, os locais que se encontram janelas, portas, espaços que possuem uma segurança mais pesada,
onde é claro que devem ser importantes como, por exemplo, a sala do tesouro real, o lugar que guarda
as riquezas do império, junto deles a preciosa coroa real. Comprei alguns guardas para dar um reforço,
consegui que me arrumassem um mapa do interior do castelo para analisar as várias rotas, os quartos,
corredores, até algumas passagens secretas, assim, consigo entrar e sair sem ser vista. Por fim,
consegui que o meu informante, com quem trabalho normalmente (que não irei falar por motivos de
segurança), me dissesse o local exato da sala. Agora, só estava faltando botar a mão na massa.
Fiquei uma semana analisando tudo, conferindo se não tinha nenhuma falha no meu plano e hoje,
finalmente, irei conseguir completar o trabalho. Há três dias, descobri que a governanta do palácio
estava contratando novas empregadas, me candidatei e fui contratada no mesmo dia, desde então
venho me misturando com os empregados para melhorar meu disfarce. Neste momento, estou
escondida num almoxarifado, em plena madrugada, tirando o uniforme de empregada, permanecendo
só com o meu traje; o local onde estou não fica muito longe da sala, será fácil passar despercebida.
Abro a porta sorrateiramente, esgueiro-me entre as sombras até que dou de cara com o grupo de
guardas que estão vigiando a porta onde quero entrar; começo a sorrir mentalmente, porque ninguém
esperava que eu tivesse colocado sonífero no jantar desses guardas especificamente e vindo aqui mais
cedo como uma simples empregada tímida, apreciadora do esforço desses incríveis soldados. Meu

25
Deus, essa segurança é uma piada! Passo por entre eles, abro a porta o mais silenciosamente possível
e... tadam! A gloriosa sala do tesouro do império Azuris, nada bem guardada aparentemente.
Agora, caminho silenciosamente entre as pilhas de ouro e pedras preciosas que aparentam ter sido
apenas jogadas dentro de uma sala como se fossem entulho, enquanto o povo lá fora passa fome nas
ruas. Por isso odeio esse lugar e as pessoas que o governam. Como se fosse para mostrar para as
pessoas, a coroa está postada em cima de um pedestal de ouro encrustado das maiores joias, da pureza
mais incrível que já vi na vida, chequei para ver se tinham armadilhas e parecia que não havia
nenhuma. Então, peguei a coroa rapidamente, mas algo que eu não estava pronta para acontecer
aconteceu. Caiu uma grade, de não sei onde, bem em cima de mim, me prendendo no meio do crime,
não estava entendendo como isso tinha acontecido, até que ouvi uma risada rouca vindo de trás de
mim, da porta por onde havia me esgueirado, e lá estava o homem mais bonito que eu já vi na minha
vida, para combinar com as joias do lugar.
Ele começou a andar na minha direção com um olhar afiado e cauteloso, um andar imponente,
silencioso como um gato, motivo de não o ouvir entrar, logo estava na minha frente, porém, entre
mim e ele tinha a maldita grade que foi claramente a sua obra que desarmou do sistema de segurança,
de propósito. Era um homem alto, 1,90 m mais ou menos, cabelos escuros e sedosos com um corte
curto que destacava as linhas afiadas do seu rosto, os olhos eram de um dourado quase da cor do ouro,
brilhantes como estrelas cadentes, além do mais, por baixo do traje preto, podia-se notar que possuía
um torso bem definido, seus músculos esculpidos até a perfeição, era notável a dedicação para com
seu treino físico, porém, o mais chamativo de sua aparência eram as orelhas pontudas e as presas que
apareceram quando sorriu. Claramente não era um homem, mas sim da raça dos feéricos. Eu achava
que eles já estavam extintos nesse país, já que nunca se teve notícias de um perambulando por essas
bandas. Parece que não foram, afinal. Ele me olhou de cima, com um sorriso de canto debochado,
falou:
- Olá, princesa.
Fiquei em choque com a ousadia dele, então me preparei para começar a discutir alguns pontos com
esse palhaço;
- Primeiramente, não venha com “oi princesa” pra cima de mim. Segundo qual é a sua, por que você
desarmou a armadilha? E você por acaso não é um feérico?
- Calma, princesa, não precisa ficar de cabeça quente com isso. Respondendo as suas perguntas,
porque eu sou um macho muito bondoso, eu desarmei porque eu preciso da coroa que está em suas
mãos e sou sim um feérico.
- Mas a sua raça não tinha sido extinta?
- Neste império sim, mas não onde eu pertenço.
- E como você vai pegar esta coroa se ela está comigo e eu estou presa?
- Bom, eu posso te tirar daí, em troca da coroa, ou eu simplesmente abro essa gaiola, te imobilizo e
tomo a força. O que acha da ideia?
Nesse momento, eu fiquei muito brava por ele achar que é melhor do que eu sem nem ter lutado
comigo, então cheguei o mais próximo que consegui, encostando na grade e falei num tom
debochado:
- Por que você não tenta tirar ela de mim, paspalho?
No instante seguinte que eu falei isso, ele começou a cheirar... O ar? Não, espera, ... Ele estava me
cheirando!? Ele é maluco? Daí ele começou a rir de novo com aquela risada rouca e falou:

26
- Que mundo pequeno, não? Quem poderia acreditar que ainda tinha uma aqui, não pura, obviamente.
Mas a pergunta é: Como você ficou esse tempo todo? Ou melhor ainda, quem é você, princesa?
- Eu não estou entendendo nada. E quem eu sou não é importante.
- Você não sabe então?
- Não sei o quê?
- Pelos deuses! Você não sabe mesmo.
Ele começou a rir de novo e eu queria muito bater na cara dele até ele falar logo.
- O que que eu não sei!?
- Que você é uma feérica também princesa, uma semi-feérica para ser mais exato.
Eu não estava entendendo mais nada. Eu? Uma feérica? Impossível. Então, de repente, enquanto
estava surtando, comecei a cair do nada e quando notei estava no chão, não estava conseguindo mais
deixar minhas pálpebras abertas. Estava apagando. Foi logo antes de eu apagar que ouvi o motivo de
ter sido imobilizada:
- Desculpe princesa, mas eu preciso dessa coroa e estou sem tempo a perder.
Acordei do nada, estava jogada num beco a algumas ruas do castelo e sem coroa. A última coisa que
me lembro foi da voz dele se desculpando, depois apareço aqui. Não tenho reação, porque eu
simplesmente não consegui roubá-la, tenho umas contas a acertar com aquele paspalho, além de
investigar esse negócio de meia-feérica. Então, me levanto calmamente, pois meu corpo dói por
inteiro, parece até que ele me trouxe aqui e me largou no chão em cima desse lixo num beco, o que
provavelmente é o que aconteceu. Começo a organizar meus pensamentos: Eu vou achá-lo; ele não
perde por esperar.
- Bianca Pietra Esteves Guaitolini

27
Paris, a cidade dos Sonhos

Capítulo 1
Em uma manhã ensolarada em Paris, a astrônoma brasileira que faz muito sucesso em todo o mundo,
Claudineia Oliveira Da Silva, acaba de chegar de sua longa viagem e vai descansar. Ela conta com
uma equipe que organizará tudo o que precisa para seu buffet na noite de domingo, onde ela dará uma
palestra. Entretanto, com diferentes classes de trabalhadores assistindo, incluindo médicos e Cientistas
que julgam os poderes de um céu estrelado, Hayle, uma estudante de Harvard, irá estudar as mesmas
causas pautadas na palestra em seu projeto principal da faculdade, o que a fará ir até paris ver sua
ídola Claudineia Silva.
Depois de cinco horas de sono com viagens interestelares ocorrentes em seus sonhos, Claudineia
acorda e vai passar para o seu computador tudo que precisa falar para o seu grande dia de
apresentação. No outro lado da cidade, está Pierre Class bebendo no restaurante de Paris J'adore que
pertence a seu irmão, Allan, é um dos cozinheiros mais renomados da França. Ambos cresceram em
Bordeaux, o centro de uma famosa região agrícola. Mas quando crescidos se mudaram para Paris em
busca do caminho mais próximo de realizar os seus sonhos. Há seis meses atrás Pierre estava lutando
contra o câncer, e precisava de uma quantia mínima de dinheiro para pagar todos os seus gastos.
Então seu irmão reservou uma quantia de dinheiro vinda do restaurante para pagar o tratamento e o
que mais precisasse. Hoje em dia, eles doam constantemente quantias consideráveis de dinheiro para
essa causa beneficente e única.
Por mais bobo que pareça, os vídeos sobre astronomia de Claudineia no YouTube fizeram uma grande
diferença no processo de cura de Pierre que os maratonava enquanto passava horas e horas no
hospital. Quando ele soube pelo Instagram que ela viria para a cidade em que ele morava, saltou da
cama e mandou uma mensagem para seu irmão que não podia perder de jeito nenhum pois também
era um amante do universo, logo foi se arrumar para comprar o ingresso. Assim que ele chegou para
comprar, uma moça mais nova, de vinte e poucos anos, o perguntou se ele trabalhava com astronomia
ou se entendia o que ela iria comentar nas suas palestras. Ele não entendeu esse comentário, e pediu
pra menina explicar melhor e ela sugeriu que ele comprasse um ingresso para o show do Justin Bieber
ao invés de uma palestra que renderia horas de estudo. No mesmo instante, ele se apresentou como
médico e ela retirou tudo o que havia falado.
- É tão difícil respeitar a opinião de alguém? Qual a sua finalidade aqui? Ofender-me com seu
intelectualismo? Eu amo os vídeos da Claudineia. Por mim, ela faria parte de todos os meus dias -
falou Pierre emburrecido.
- Já que você gosta tanto dela, me diz, o que ela fala todo final de vídeo?
- Se você não tomar as rédeas da sua vida, os astros vão guiá-los.
- Você acredita nisso? - perguntou a moça
- Por quê? Quem é você afinal? - indagou Pierre
- Eu sou a Hayle Salvatore, estudante de Astrofísica em Harvard. E você? Pierre compreendeu os
comentários sobre se realmente ‘’merecia’’ estar ali, era muito difícil um estudante de Harvard
conseguir uma ‘’folga’’ para assistir palestras em outros países.
- Eu sou Pierre, mas me chamam de Class porque já existem muitos por aí. Como você passou em
Harvard? Achei que só robôs entravam lá!

28
- Então Class - Hayle falou de uma forma debochada, porém fofa na visão de Pierre. Eu estudei
incansavelmente nos últimos anos para conseguir uma bolsa e quando quase desisti de astrofísica,
passei em Harvard e minha vida mudou.
- Parabéns, espero ser assim quando crescer.
Hayle riu e logo se despediu:
- A gente se vê domingo então!
- Au revoir!
Essa conversa de alguns minutos rendeu vários pensamentos a Pierre, que mal sabia quem essa
menina era de verdade.
No domingo de manhã, o banquete mais variado, frutas, bolo, croissants,e petit Gâteaux chegaram à
mesa do restaurante J’adore. As pessoas começaram a chegar, com seus maços de cigarro às oito da
manhã. Isso incluía a Claudineia, que usava salto e batom vermelho preparada para o melhor dos
mundos, entrevistas com os repórteres da revista Le Monde e várias fotos com os fotógrafos da cidade
parisiense. Quando chegou o croissant recheado com queijo de búfala e tomate, a youtuber logo pediu
para chamar o chefe pois estava salgado e não iria pagar por aquilo.
- Posso ajudar?
- Sim, querido. Eu pedi um croissant e ele veio super salgado.
- Salgado? Nossa especialidade são os queijos, com toda certeza eles serão salgados.
- O senhor conseguiria trocar por favor?
- Claro. Por acaso, a senhora já provou o queijo de búfala sozinho?
- Não, por quê?
- Ele é um dos queijos mais salgados daqui.
- Então, vou pensar em algo menos salgado.
- Nós temos o Brie, ele é um dos melhores e um dos que mais saem.
- Pode ser então. - Claudineia olhou para o avental do garçom. - Allan, certo?
-Isso.
Logo depois, o pedido chegou.
- Galera do Insta, isso é o paraíso. Se vierem a Paris, vocês precisam provar esse croissant no
restaurante J’adore. É como estar no céu! - falou Claudineia
Allan escutou e foi perguntar a ela quem ela era:
- Qual o seu insta?
- Pode seguir com o @claudinéiabrazil
- Você é brasileira?
- Eu sou.
Ela riu e se sentou para beber mais do seu café e Allan a serviu mais.

29
- Que incrível, eu já fiz um curso no Brasil e lá tem uma das melhores culinárias do mundo. Arroz e
feijão é um dos meus pratos favoritos. - Citou Alan
- Com certeza, faz toda diferença nos dias que passo no Brasil!
- Dias... - balbuciou Alan. Então você não mora lá?
- Atualmente estou rodando o mundo pois faço palestras voltadas há como o universo pode afetar a
vida dos seres humanos. Todos os astros, meteoros... influenciam em tanta coisa. Allan logo lembrou
que seu irmão havia falado de uma astrônoma que chegou em Paris e iria fazer uma palestra.
- Você é incrível, meu irmão comentou sobre você. Vou te seguir e espero te ver novamente.
- Igualmente rapaz. - Claudineia pagou sua conta com o garçom e foi embora.
Horas depois, Hayle estava passando seu vestido de cetim preto. Ela estava tão animada que quase
esqueceu de comer naquele dia. Depois que ela colocou o vestido, pensou:
- A superlua é incrivelmente admirável, mas um vestido preto é perfeito para as noites estreladas.
Ela pegou sua echarpe pois estava 15o graus e saiu do hotel. Como as mulheres sozinhas, ela ligou
pro Uber para buscá-la. A viagem foi tranquila e quando ela chegou, seu nervosismo fez-a pegar uma
taça de vinho para tranquilizá-la enquanto procurava sua ídola master. O evento estava lindo e era rico
em detalhes, incluindo o Pierre, que estava usando um terno preto. Ele logo a olhou de cima a baixo,
porém ela não o reconheceu de primeira com todas aquelas luzes.
- Você está perfeita. Pierre estava com um sorriso bobo.
Ela riu e deu dois beijos, pois os franceses costumavam se cumprimentar assim.
- Oi, tudo bem? Pierre, né?
Pierre concordou com a cabeça.
- Oi, Tudo sim, prazer vê-la de novo. A Claudineia ainda não apareceu.
- Sério? Será que aconteceu alguma coisa?
Assim que ela perguntou, uma música típica brasileira começou a tocar e Claudineia chegou descendo
as escadas. A cada passo que ela dava, astros que enfeitavam o teto do evento se acendiam e todos no
evento gritavam:
- Deusa!
- Obrigada a todos pela presença nessa noite tão perfeita. Primeiramente, gostaria de falar sobre o
fenômeno da lua cheia que acontecerá amanhã. Como a maioria sabe, estou escrevendo um livro de
como os astros impactam cada um que está aqui.
Ela pegou a mão de sua filha Marlene e pediu para todos aplaudirem. Claudineia entregou o
microfone a Marlene e ela começou a falar:
- Boa noite a todos. Minha mãe está fazendo algo que muitos têm vontade, mas nunca souberam como
chegar lá. Falar à frente de centenas de pessoas que têm sonhos e se sentem únicos quando veem o
céu à noite.
- Gente, minha filha é minha réplica. Obrigada pelas belas palavras minha lua. Ela pediu para as
pessoas se servissem e bebessem, pois, a palestra iria começar em alguns instantes.

30
Hayle não esperou dois segundos e foi atrás de Claudineia que estava cumprimentando todos à sua
volta. Quando chegou sua vez, ela disse:
- Olá, Claudineia, sou Hayle Salvatore, estudante de Astrofísica em Harvard que é imensamente grata
a todos os seus livros e vídeos do YouTube.
- Jura? Muito prazer, querida. O que você estuda dentro da astrofísica?
- Então, eu estudo sobre a vida em Marte e os fatores que podem fazer ter vida a um lugar como
aquele.
- Eu entendo e acho superinteressante. Passa o seu número para minha assistente e assim marcamos
um café para conversar melhor sobre minha querida.
Uma mulher alta e ruiva chamou Claudineia para discutir sobre seu novo livro. Hayle foi parada pela
assistente que marcou o café para mais ou menos duas semanas depois. Depois de resolver tudo com a
assistente Hayle viu que Pierre estava por perto e foi falar com ele.
- Pierre, Pierre, Pierre. - Fala Hayle com um tom triunfante
- Já disse pra me chamar de Class.
- Que seja, você não tem ideia com quem eu acabei de falar.
- Claudineia?
- Sim. Eu literalmente estou vivendo meu sonho em Paris. Ela pediu pra marcarmos um café.
- Jura? Eu posso ir também? Eu entendo tudo que ela fala e sou super gente boa. - Hayley começou a
rir e, sem querer, derramou um pouco de vinho que tinha em mãos no terno de Class.
- Foi mal. Talvez eu tenha exagerado no vinho.
Dessa vez, ele começou a rir:
- E é por isso que eu vou com você no encontro da Claudineia. Se por acaso, você derramar água na
mesa...
Ela pegou o guardanapo e pediu para ele tirar o paletó, mas não adiantou muito.
- Eu conheço seu tipo. Você acha que realmente consegue me deixar interessada né?
- Acho não, tenho certeza. - Pierre riu.
A música baixou e todos se sentaram. Quando a orquestra começou a tocar La vie em rose, a cortina
caiu da grande janela que tinha no local do evento e ali estava a vista mais bonita da cidade. A Torre
Eiffel, estava brilhando e todos puderam registrar esse momento mágico. Claudineia se propôs a falar.
- Felizmente, eu sou brasileira, cresci em um bairro do Rio de Janeiro que era muito simples e quase
todos os domingos vendia frutas na feira com a minha vó. Ela me dizia uma frase que carrego comigo
até hoje “o céu é o limite”. E todas as noites em que passava em sua casa, nós podíamos conversar
sobre os planetas e minhas superstições dela ser um alienígena por conhecer tanto do universo.
- Todos começaram a rir.

Capítulo 2
No dia seguinte, Hayley acordou e colocou sua melhor roupa para sair e fazer algumas compras.
Como ela não conhecia ninguém, mandou uma mensagem para Class, que ela havia pedido o telefone
na noite passada para marcarem alguma coisa qualquer dia, perguntou se ele poderia fazer alguma

31
coisa na cidade com ela. Ele topou e disse que iria levá-la para um lugar surpresa. Com todo seu jeito
roqueiro, Class a pegou no hotel com uma moto.
- Você tá brincando né? Eu amo pilotar em Boston.
- Mas hoje quem vai te dar carona sou eu. - Ele disse e colocou-a um capacete.
- Deve ser incrível morar em Paris e poder rodar a cidade toda com uma moto. Isso sim que é vida.
- Você precisa se soltar, passar tanto tempo estudando pode acabar perdendo o sabor de ser livre.
Quando eles chegaram no restaurante J ́ adore, uma música tranquila soava da pequena orquestra em
que lá estava. Allan arrumava as mesas, ele gostava de ser garçom e cozinheiro, mesmo sendo dono
do local, deu um sorriso quando viu seu irmão chegando.
- Não acredito. Você, por aqui? Eles se abraçaram.
- É Allan, resolvi trazer a Hayle para comer aqui hoje. Ela é americana e veio para ver a palestra da
Claudineia.
- Você também gosta dela? Ela veio aqui esses dias dizendo que o queijo estava salgado. Falando isso,
Allan se virou para atender outros clientes que o chamavam.
- Como assim? Que loucura. - falou Hayle rindo.
- Sim... meu irmão não me contou isso, mas não fico surpreso. Class pareceu irritado. Hayley riu pela
forma como Pierre ficou fofo quando bravo.
Eles se sentaram e Allan trouxe um prato típico do restaurante. Ratatouille, sim a ideia veio do filme
que Allan amava quando criança.
- Class, me conta mais sobre você. Eu só sei que você ama astrofísica e é médico. O que te fez querer
medicina?
- Quando eu tive câncer...
- Você o que?
- É, muita gente não acredita, mas isso mudou completamente o valor da vida para mim.
- Que bom que você se curou. Esse tipo de coisa quando acontece é muito desafiador.
- Verdade. Eu escuto muitas coisas sobre isso, mas ninguém nunca quis saber o que me fez sonhar
alto para atingir a cura.
Hayle ficou chocada com o que acabara de ouvir.
- Você foi o responsável por descobrir a cura? - Hayle falou tão alto que as pessoas em sua volta no
restaurante a olharam como se fosse uma doida.
Class começou a rir da lerdeza dela por não o reconhecer, não porque era orgulhoso e esperava que
todos o conhecessem, mas porque ele estava em literalmente todas as revistas, sites e jornais de todo o
mundo. Hayle sentiu-se envergonhada, abaixou a cabeça em direção ao prato imaginando o que ele
pensava sobre uma estudante de Astrofísica em Harvard que não o conhecia, a pessoa responsável
pela descoberta de algo estudado por anos e aguardado por muitos, a pessoa responsável pela
esperança de muitas famílias que acharam que tudo estava acabado.

32
Hayle pediu desculpas pela falta de atenção da parte dela, mas Pierre só conseguia pensar que ela
falava com ele por ter gostado dele e não pela ‘’fama’’ o que estava acostumado a passar com
algumas mulheres que saía.
Ao longo da noite eles conversaram, riram e citaram pontos que Claudineia abordou na palestra.
Quando o restaurante estava prestes a fechar, Allan foi até eles entregar a conta, mas como não eram
clientes comuns, mas sim o irmãozinho dele Pierre e uma moça muito atraente, ele não podia deixar
de soltar um comentário, que certamente o irmão dele o mataria depois por tê-lo feito.
- Desculpe atrapalhar os pombinhos, mas já estamos quase fechando. Desejam que eu embale a
comida para terminarem depois, a sós?
Pierre o olhou com um olhar mortífero. Hayle ficou sem graça pela situação, vendo isso Class pagou a
conta e saiu do restaurante com ela.
- Perdão pelo comentário ridículo de meu irmão, ele fez isso para me provocar, certeza.
- Está tudo bem, até achei engraçado ele achar que fossemos passar a noite juntos.
- É... o que será que se passou na cabeça dele pra falar isso? - Class falou o que era mais convincente,
apesar de pensar o contrário sobre passarem a noite juntos.
- Então acho que já vou indo Pierre Class, - Hayle gostava de falar aquele nome em voz alta.
- Tudo Bem Hayle Salvatore, já está na hora do seu sono de beleza não é mesmo?
- Não preciso disso. - Hayle parecia ter levado a sério o comentário.
- Opa Oopa, não precisava ter levado tão a sério, é que pra ser tão linda assim, pra mim só seria
possível com boas noites de sono, mas pelo visto você não precisa disso. Hayle sorri e dá dois beijos
na bochecha de Class, o encara de uma forma que o deixa sem se lembrar de como respirar.
- Até mais senhor ou melhor, Doutor.
- Au revoir Mademoiselle! - grita Pierre quando Hayle saiu de costas para ele.
Meses se passaram, Hayle já havia tido o encontro com Claudineia, foi maravilhoso, elas conversaram
muito, na mesma tarde recebeu uma proposta de emprego por Email, uma nova pesquisa sobre Marte
que Claudineia iria iniciar, ela aceitou, o que a ajudou demais a ter visibilidade no mundo da
Astrofísica. Pierre Class. e Hayle Salvatore tinham tido outros encontros nas últimas semanas de
Hayle antes de voltar para Boston, se apaixonaram um pelo outro nesse pouco tempo, gostavam da
companhia, das conversas e da reciprocidade um do outro, mas o relacionamento deles não podia
acontecer. Como uma recém-formada em Astrofísica em Harvard e um médico muito ocupado à
procura do aperfeiçoamento do tratamento do câncer, eles não iriam poder viajar para ver um ao
outro.
Mesmo anos depois eles não acharam alguém capaz de preencher o buraco que tinham nos seus
corações, o buraco que pertencia a Hayle Salvatore... o buraco que pertencia a Pierre Class... Foi uma
decisão dolorosa e difícil, mas talvez no futuro quem sabe, Paris resolva dar uma chance aos
‘’pombinhos’’, que possam se encontrar de novo e finalmente preencher esse vazio que foi instalado
depois daquela viagem a Paris, depois de Paris. Depois da cidade dos Sonhos.
- Bárbara Ralha, Luiza Souza, Enzo Rossi e Camille Oliveira.

33
Perdidas em Nova York

Capítulo 1
Meu nome é Blair e aqui estou eu, uma Italiana passando um ano sabático não tão sabático com minha
melhor amiga, Catarina. Ela é o mais próximo que eu tive de uma irmã, nós crescemos juntas, e a mãe
dela cuidou de mim como uma filha. A mãe dela era melhor amiga da minha mãe, elas estudaram
juntas, engravidaram juntas e criaram as filhas juntas. Os pais da Catarina apoiaram muito meu pai e
eu quando minha mãe morreu, o que nos uniu ainda mais. Mas vamos falar sobre o que importa, a
viagem que foi realmente inesquecível, e quando digo inesquecível, você não vai acreditar.

Capítulo 2
Tudo começou quando eu e a Catarina resolvemos curtir um ano sabático em Nova York antes da
faculdade, e foi isso que fizemos. Para começar o ano com chave de ouro resolvemos dar uma festa
incrível no iate do meu pai:
- Senhoritas, não recomendo irmos a alto mar, o Iate está com alguns problemas técnicos.
- Não se preocupa com isso não, nada vai acontecer, festa é festa.
Bem, acredita que realmente aconteceu algo, o iate afundou, não sei se você entendeu O IATE DO
MEU PAI AFUNDOU!
(...)
- Filha, eu e os pais da Catarina conversamos, achamos que hora de vocês crescerem e se virarem.
- Pai, por favor, não faça isso!
- Eu tenho que fazer é pro seu bem, vamos deserdar vocês, estou cansado de suas confusões.
Eu não acredito que isso está acontecendo comigo, estou completamente perdida, eu pensava que o
único lugar que eu iria trabalhar seria a empresa do meu pai, e eu nem teria que fazer muita coisa, só
ser um rosto bonito.

Capítulo 3
-Não sei se vou aguentar ficar muito tempo neste emprego.
-Nem me fala, esse uniforme é ridículo, acho que vou me jogar da janela.
-Sabe, não acho que precisamos ficar muito tempo aqui, e se pegarmos dinheiro “emprestado” de
alguém, nossos amigos já têm demais, mas de quem?
A ideia dela foi realmente tentadora. Mas o que me deixou mais convencida, não foi o argumento
dela, e sim um daqueles sinais que só o universo manda.
-Oi, meninas, não sabia que vocês estavam aqui!
-Viccenzo!- Nos cumprimentamos com beijinhos

34
Capítulo 4
-Pai, posso ir à sorveteria com a Catarina e o Viccenzo?
-Filha, já disse que não gosto da sua amizade com esse menino, a família dele mexe com coisa errada.
-Pai, ele é meu melhor amigo, e tem um ótimo coração.

Capítulo 5
Fazia anos que não víamos o Viccenzo, e nossa, ele está um gato!
-De todas as pessoas que eu imagino trabalhando em uma cafeteria, vocês são as últimas da lista. O
que aconteceu?
-É uma longa história...
-Bom, devíamos marcar de nos ver qualquer dia, um dia que não estejam atendendo...
-Pelo visto você não mudou muito, né?
-Quero um café puro, por favor.
Ao sair, ele deixou um cartão com o número dele.

Capítulo 6
Quando eu, Catarina e Viccenzo éramos pequenos, ele era apaixonado nela e pelo jeito que eles
se encararam, isso veio à tona.
-Eu vi como olhou pra ele, Catarina.
-Como?
-Você sabe, ou vai me dizer que tudo, o passado, não passou pela sua cabeça?
-Para de ser tola Blair... Mas agora pensando bem você me deu uma ideia.
-Qual?
-Você viu o carro que ele saiu?
-Vi, o papai tem um igual
-Então, Viccenzo é um idiota e vai rir da nossa cara se pedirmos dinheiro emprestado, porém uma de
nós pode ficar com ele e tirar informações para conseguirmos um pouco de dinheiro.
-Catarina? isso é muito arriscado, nós não o vemos a anos, vai que a gente se meta em problema?
-Você conhece o Viccenzo, lembra de como ele chorava se matássemos uma barata?
-Se você quiser, fique você com ele, não quero morrer agora.
-Você vai mudar de ideia quando as coisas apertarem ainda mais.

Capítulo 7

35
Tanto tempo trabalhando nessa espelunca, meu pai e o da Cat não atendem, não sabemos se estão
vivos ainda. Enfim, hoje o dia está péssimo, mas preciso trabalhar.
-Bom dia, o que o senhor vai querer beber?
-Um café gelado com dois cubos de gelo.
-Ok.
Pedi para o Jorge fazer um café gelado e assim que ele terminou, levei a mesa.
-Aqui está, senhor.
-Eu pedi com dois cubos de gelo, e não três.
-Qual é a diferença?
-Garota, você é tão linda, pena que é inútil.
Juro que foi involuntário, mas quando eu o vi já estava coberto do café gelado que joguei e sim, eu fui
demitida e claro que a Catarina me defendeu, sendo demitida também.

Capítulo 8
Não tínhamos escolha, tivemos que colocar o plano da Catarina em prática. Marcamos de nos
encontrarmos com Viccenzo em uma das baladas mais chiques da cidade que inclusive pertence a ele.
Chegamos lá e o garçom mandou subirmos para a área VIP e lá estava o nosso velho amigo nos
esperando. Passamos a noite rindo e conversando, Catarina claro estava bem mais próxima dele. Nós
fizemos um cheque de 15 milhões de dólares e estávamos esperando ele estar convencido o suficiente,
para agirmos.
-Então, o nosso chefe está à procura de patrocinadores para um evento beneficente, não está
interessado?
-Claro, ajudo com quanto precisar.
-Eu trouxe um papel pra você assinar.
-Sempre preparada, né Blair?
-Claro, Vicc.
Ele estava muito doido, e assinou o cheque. Depois um motorista nos deixou em casa.

Capítulo 9
Compramos passagens para o primeiro voo pela manhã, íamos voltar para Itália para nos resolvermos
com nossos pais, mas foi nesse momento que a viagem se tornou "inesquecível". O voo foi ótimo,
chegamos em Roma e pegamos um Uber direto para casa dos nossos pais.
-Para onde vamos senhoritas?
-Para Garbatella.
Até que o motorista começou a acelerar e comecei a suspeitar, fiz um sinal para Catarina no 3 saímos
do carro em movimento, quando abri a porta caí no acostamento e apaguei.

36
Capítulo 8
Antes de qualquer coisa preciso dizer que se você pensa em seguir meu exemplo, e roubar alguém,
cheque antes se essa pessoa faz parte da máfia italiana (experiência própria). Porque aqui estou eu, em
um cativeiro porque me meti com a galera errada (até parece que estou vivendo uma fanfic ruim de
mafioso rs).
-Não acredito que cai na de vocês, meninas
- A gente também não acredita que você é da máfia, pra mim você não machucaria nem um mosquito!
-Eu não machuco mosquitos, a não ser que um deles me roubem.
-Não foi bem assim, você deu seu dinheiro pra uma restaurante meia boca sem nem questionar.
-Essa não é a questão, vocês vão me devolver o dinheiro agora
- E o que vai acontecer se não devolvermos?
- Aqui é a máfia, meu amor, não tem esse negócio de não devolver.
-Preciso ligar pro meu pai.
*
-Como assim minha filha foi sequestrada, ela está em NY não em Roma.
-Pai, não é golpe.
-Vou chamar a polícia agora!
-Pai, não chama, eu peguei uma grana deles.
-Não acredito.
- Só dá o dinheiro pra eles.
- Acontece que não temos o dinheiro.
-Como assim não temos dinheiro, pai? - Tomaram o celular da minha mão.
Eu não acredito que isso está acontecendo com a minha família, como assim estamos sem dinheiro?
Meu pai só soltou a bomba e foi, como que eu vou sair daqui? Isso deve ser dívida de jogo só pode.
-Blair, olha aqui! - Vejo Catarina rasgando a corda que está prendendo os pulsos dela.
-Como você tá fazendo isso?
- Fala baixo! - ela diz cochichando- Tô raspando a corda na coluna.
Eu comecei a fazer e depois de um tempo a corda quebrou. Tinha um guarda na frente da cela,
esperamos ele cair no sono no meio da noite e pegamos a chave do bolso dele. Saímos da cela e
subimos umas escadas, pelo visto estávamos em uma espécie de porão. Quando subimos estávamos
em uma lanchonete, daquelas que você passa só pra lanchar rapidinho e lá estava outro guarda,
dormindo (acho que alguém tá precisando de guardas novos). Saímos da loja e corremos o mais
rápido possível, nós nem sabíamos onde estávamos, até que vimos uma loira na rua pedimos seu
celular emprestado.
-Pai, vem me buscar AGORA!

37
Um ano depois. Agora está tudo bem, a relação com meu pai ainda está um pouco estremecida, mas
estou fazendo de tudo para sermos como antes. Meu pai ainda está com problemas financeiros,
acontece que houve uma desvalorização em algumas ações, mas vai ficar tudo bem. Comecei a fazer
faculdade de administração no Brasil, ainda estou fugindo da máfia então não posso arriscar. A
Catarina foi para Paris tentar moda, pelo que ela falou está dando certo. Espero que esse seja o final
de uma fase conturbada e começo de uma vida normal.
- Ana Cecília e Manuela

38
Recompensa de 10.000.000

Um Dia ensolarado e em época de verão, onde subitamente tudo muda para um tom escuro, nuvens
escuras surgem no céu e do nada, o barulho de uma explosão gigante acontece ao horizonte! “Beep,
beep!” Com o barulho “explosivo” do despertador, o protagonista chamado Kaleb acorda de seu
sonho, assustado, se perguntando o que aconteceu, olha para suas mãos e vê que estão extremamente
suadas, como se ele estivesse muito tenso. Ele levanta e se prepara para ir à padaria.
No caminho, encontra uma pessoa no chão largada com alguns hematomas e cortes. Essa pessoa
acorda ainda um pouco desnorteada e vê Kaleb comendo um hambúrguer:
- Quem é tu? - A pessoa misteriosa pergunta.
- Me chamo Kaleb, e você?
- Me chamo Rafael.
- Então, quer um hambúrguer?
Depois dessa pergunta Rafael fica em dúvida, mas logo decide comer hambúrguer. Em uma conversa
descontraída. Kaleb pergunta algumas coisas:
- O que aconteceu com você?
- Fui para uma festa, fiquei muito doido depois de algumas, aí eu parei na rua. E você, por que me
ajudou?
- Nem eu sei.
O tempo passa e alguém bate na porta. Kaleb vai lá abrir e se depara com um homem com um chapéu
e um paletó. Ele pergunta para Kaleb:
- Tem alguém aqui chamado Rafael?
- Não...
Em seguida de Kaleb responder à pergunta do homem, ele já vai entrando na casa e vê Rafael sentado
no sofá vendo algo na TV.
- RAFAEL!!!! COMO É BOM TE VER, ok pessoal, já sabem o que fazer. - O homem faz um sinal e
os capangas dele começam a prender os dois. - Olha Rafael, você é um grande amigo meu, mas
quando eu vi que sua cabeça estava valendo 10 milhões, eu não resisti, tive que vir aqui para pegar
minha recompensa.
- O QUE?!?! QUEM BOTOU UMA RECOMPENSA DE 10 MILHÕES PELA MINHA
CABEÇA?!? - Rafael exclama indignado.
- Não sei, só sei que estou muito agradecido por isso, obrigado por tudo Rafael.
No momento que o homem iria atirar em Rafael, ele o interrompe falando:
- Calma, posso ter um último pedido?
- Ok, qual?
- Posso uma última?
- Ok, acende pra ele aí.

39
Rafael subitamente engole o cigarro e começa a sair fumaça de sua boca. O homem de paletó e seus
capangas entram em desespero.
- Que diabos é isso?!?! - Diz o homem apontando a arma em direção à Rafael.
- Engoli.
Quando o homem ia atirar, a arma se desmantela e ele também começa a se desmantelar. Contudo,
isso não passava de uma ilusão e na verdade o homem ainda estava parado apontando a arma para o
Rafael.
Rafael desamarrou ele e Kaleb, e assim, amarrou os capangas e o homem de paletó. Eles decidem sair,
mas quando olham para a porta, eles vêm um homem escorado lá:
- Então, você também veio pela minha cabeça?
- Claro, mas antes, vamos para um lugar mais aberto. - Depois do outro homem falar isso, eles
aparecem no centro da cidade e a pessoa começa a se apresentar - Olá, me chamo João, pode me
chamar de Juca.
- O que?! Como viemos parar aqui? - Kaleb questiona.
- Essa foi minha habilidade, pessoas escolhidas nascem com esse poder, irei fazer uma demonstração.
Está vendo aquele carro ali? - Em sequência dessa fala, o carro teletransporta para a mão do João, bate
com tudo no prédio e explode. - Então? O que acharam? Interessante, não? Pois é, vai ser dessa
maneira que você irá morrer.
O homem começa a correr rapidamente na direção de Rafael e quando se aproxima, João fica lento se
perguntando como ficou desse modo de um momento ao outro.
- Se estiver confuso, eu te ajudo com isso!! - Rafael dá um soco na cara do João.
- Como ficou tão rápido do nada? - Pergunta João.
- Na verdade, você ficou lento... - Revela Kaleb impulsivamente.
- NÃO REVELA A TÁTICA, CARAMBA!!!
- Agora eu mato vocês!!! - João diz muito irritado, e ele puxa um prédio inteiro para sua mão e joga
na frente deles.
Rafael e Kaleb começam a correr desesperadamente para se salvarem e no segundo que o prédio ia
atingir eles, o prédio congela no ar!! Nesse momento de adrenalina, Kaleb desperta seu poder que é
controlar a gravidade de coisas ou objetos de acordo com a vontade dele:
- O que aconteceu?!?! - Diz Kaleb surpreso.
- Não sei, só sei que a gente tá vivo.
Kaleb involuntariamente se sente ligado a isso e decide tentar uma coisa. Ele aponta na direção do
João e o prédio começa a voar na direção dele, na hora que ia esmagá-lo, ele segurou o prédio com
sua força de vontade usando seu poder. No fim, o prédio explode em pedaços em cima de João, o
matando.
Depois dessa disputa, eles começaram a pesquisar em um lugar escondido e descobriram que existia
um spa com uma temática japonesa, que aparentemente tinha relação com uma certa gangue chamada
Víbora Vermelha. Ao chegarem perto do tal spa, eles notam que está tudo desligado e com isso se
aproximam da porta com mais cuidado. Chegando na frente do lugar, a porta se abre sozinha e eles
entram. Assim que entraram, as portas se fecharam e uma voz feminina os chama para continuarem,

40
Kaleb e Rafael abrem a porta e adentraram um jardim de temática asiática coberto por uma nevoa
extremamente densa, eles andam até o meio do jardim, quando se dão conta, a outra porta se fecha e
eles são trancados, em seguida um corte aparece na perna de Rafael e vê de relance a autora do corte,
uma mulher com um longo vestido branco uma maquiagem preta escorrendo de seus olhos e portando
dois sais, (arma japonesa que tem formato de tridente com uma empunhadura,) um em cada mão.
Rafael grita:
- Kaleb, foco, estamos sendo atacados!
- OK onde está o inimig- antes de Kaleb poder terminar a frase, surgia rapidamente um corte em seu
peito e novamente a figura sumia na névoa.
E isso se seguiu por diversas vezes, mas com o tempo eles aprenderam o padrão e conseguiram
desviar. Todavia, repentinamente um sai (arma) foi arremessado na perna de Kaleb, a perfurando.
- Droga, nunca vamos derrotá-la se não sabermos onde ela está! - Gritava Kaleb.
- Eu tenho um plano. - Rafael falou após pensar por alguns segundos.
A mulher segue pela névoa, porém falhava em encontrá-los, e repentinamente os vê parados próximos
a um pequeno lago aparentemente totalmente distraídos. Ela aproveita a oportunidade e pula na
direção dos dois com um sai em cada mão com a intenção de perfurá-los, ao fazer isso ambos se
dissipam no vento.
- Mas o quê? - A moça questiona.
A mulher se vê flutuando e percebe Rafael sair do lago em alta velocidade segurando uma katana e a
corta em cheio, a derrotando. Depois dessa luta eles saem e decidem ficar um tempo em um bar
próximo. Kaleb e Rafael estavam sentados no bar discutindo como continuariam sua jornada a partir
daquele ponto, quando um cara alto, forte e careca manda todos embora, menos eles. Então quando
todos saem, o careca se vira pra eles e fala:
- Não vamos perder tempo, vocês a essa altura já devem saber exatamente o que eu vou fazer aqui.
- Levando em conta essa sua abordagem, imagino que fomos localizados pelo seu chefe e você foi
enviado para nos matar. - Após essa fala de Rafael o homem ri.
- Bom é exatamente...- ele diz agarrando uma bola de sinuca - isso! - Arremessa em Rafael que
desvia, porém algo inesperado acontece, a bola atravessa as paredes do local chegando à cozinha do
estabelecimento e parando depois de atravessar uma panela que ficou presa na geladeira.
- Kaleb, cuidado!
Eles se espalham usando mesas como cobertura.
- Vocês não podem se esconder de mim!
O homem pega um taco de sinuca e o arremessa girando cortando a mesa em que Kaleb estava
escondido em dois, ferindo o Kaleb de raspão, mas, mesmo sendo de raspão deixa um corte
considerável na região do abdômen de Kaleb. Uma garrafa arremessada por Rafael acerta a parte de
trás da cabeça do homem o distraindo por um tempo, ele então cria ilusões de Kaleb e de si mesmo
para lhes dar tempo e chama Kaleb para atrás do balcão do barman e cochicha:
- O poder dele provavelmente vai além de uma espécie de super força, eu acho que de alguma forma
ele acumula massa em um objeto fazendo com que ao arremessá-los eles tenham muita mais força.
Ambos são agarrados pelo homem e jogados para fora do balcão. O homem pega duas bolas de sinuca
e joga uma em Rafael que desvia, entretanto, logo em seguida outra é arremessada acertando a bola

41
que foi atirada inicialmente, transferindo a massa acumulada para outra bola fazendo com que ela
‘’exploda’’ em direção a Rafael que é atingido na cabeça e desmaia. Kaleb olha bravo para o homem,
levanta e fica frente a frente com ele. O homem agarra uma parte da mesa e a atira em Kaleb que usa
seus poderes para arremessar de volta com mais força ainda. O homem foi derrotado.
Se passando uma semana após o ocorrido, eles pesquisaram sobre a gangue e encontraram coisas
sobre o chefe dessa gangue. Nesse dossiê de informações, fala sobre algumas coisas que está
relacionado a família do Kaleb, ao ver isso, lembra de seu passado e que seus pais desapareceram por
causa do líder e também descobrem onde é a base dele. Com isso toda a fúria de Kaleb desperta e ele
fala:
- Vamos atrás dele agora.
Rafael e Kaleb estavam em direção ao seu desafio final finalmente tudo ia acabar, porém no meio do
caminho eles são abordados por um homem de cabelo brancos vestindo um terno:
- Vocês não vão chegar ao chefe sem passar por mim antes - ele some no ar, um movimento rápido
subitamente acontece e ele reaparece atrás de Kaleb com uma espada.
Nesse momento Rafael cria uma ilusão de um muro nas costas de Kaleb parando o corte feito por ele.
Novamente ele some no ar e reaparece na frente de Rafael e se prepara pra cortar, mas é arremessado
pelos poderes de Kaleb, e quando ia se chocar no carro ele se dissolve como se fosse vento.
Rafael e Kaleb entendem tudo e se preparam. Para surpresa dos dois, ele sai com tudo pela tampa do
bueiro, arremessando ambos pelos ares, parando em cima de Kaleb, que foi perfurado um pouco em
sua barriga. Confiante, Kaleb arremessa novamente o inimigo que mais uma vez se torna vento, mas
dessa vez, ele é preso em uma caixa ilusória e é fixa no chão pelos poderes de Kaleb sem poder se
mover. O homem se vê forçado a voltar a sua forma humana pois como vento ele não pode respirar e
ao voltar a sua forma humana Rafael o golpeia com uma arma ilusória e o derrota.
Caminhando para o destino final enfurecido, Kaleb chega na frente da mansão do chefe dessa gangue
após saírem vitoriosos de todas as batalhas, ele abre a porta com tudo e todos olham para ele, e usando
todo seu poder, destrói todos os seus inimigos os esmagando contra a parede. Depois disso os dois
sobem a escada em direção ao chefe, eles se deparam com mais inimigos e com isso vão destruindo
tudo e todos. E chegam na porta do chefe, e antes abrirem a porta o Rafael pergunta:
- Você está pronto pra isso?
- Claro, sempre.
Os companheiros abrem a porta e veem um homem sentado na cadeira o esperando:
- Seja muito bem-vindo Kaleb... - Diz o homem da cadeira.
- Cala a boca! E quero ver você falar desse jeito quando eu te encher de porrada.
Kaleb usa seu poder de gravidade para se lançar em direção ao homem e Rafael vai logo atrás dele. O
homem sorri e acontece uma grande explosão, quando a fumaça se dissipa, Kaleb vê o céu e nota que
está da mesma maneira de seu sonho... aquele sonho, o que ele viu no dia que conheceu Rafael. Ele
percebe que algo muito ruim estava para acontecer. Enquanto Kaleb está em choque, Rafael decide
atacá-lo com um arco ilusório, mas quando a flecha iria atingi-lo ele fala:
- A flecha não irá me atingir. - Subitamente a flecha muda de direção.
-Como fez isso? - Rafael pergunta.

42
- Simples, meu poder é mudar o destino de qualquer coisa ou pessoa, se eu quiser que você morra
agora eu posso falar e você morrerá, ou se eu falar para você se matar sem definir um tempo
específico uma hora, não importa quando ou como, você irá se matar.
- Rafael! Vai pra longe dele! - Kaleb fala ao retornar do choque.
- Kaleb irá matar Rafael. – Diz o Homem.
Kaleb inconscientemente usa a gravidade de Rafael e faz ele bater na parede com tudo. Rafael fica
inconsciente e Kaleb caminha na direção do amigo, ficando de frente para ele. Kaleb cego pelo
controle do homem mata brutalmente Rafael, após isso Kaleb volta a si vendo o que fez e tomado pelo
ódio e quando ele nota que Kaleb iria atacá-lo:
-Você irá pular do prédio.
Kaleb começa a andar em direção a ponta do prédio, mas no último momento ele recobra a
consciência:
- Isso não irá mais funcionar em mim, porque agora eu controlo meu próprio destino!! - ele diz
enquanto libera uma grande rajada de poder gravitacional e cria uma órbita em torno de si e começa a
fazer paredes do prédio orbitarem ele, o vilão fica desesperado e surpreso e se pergunta como ele pode
ter ficado tão poderoso do nada. - Você não merece perdão, nunca vai merecer, nem que passe 1.000
anos. Por isso irei decretar sua sentença. Que será a MORTE!”
O grande vilão é pressionado contra o chão porque Kaleb usou seu poder de gravidade. O vilão tenta
competir, entretanto, é inútil. Depois ele levanta o vilão e o começa a o esmagar usando a gravidade e
após alguns segundos transforma ele em um bloco de carne, ele desativa a órbita e começa a se
lamentar pela morte de seu amigo e o enterra, assim finalizando essa incrível história.

- Artur Bruno, Caio Miguel, Miguel.

43
Reflorescer
Era tarde da noite, tarde demais para uma bela moça estar andando sozinha pelas ruas de Nova York.
Essa bela moça tinha motivos, bons motivos para a caminhada noturna até a delegacia. Só o que a
recepcionista viu ao ouvir a garota ruiva entrar, juntamente da forte chuva, foi uma sombra esverdeada
embaixo do capuz. Os olhos de Delilah Harrison eram conhecidos não só pela cor vibrante, mas também
por serem iguais aos de Daren Harrison, o político e empresário mais ambicioso e visionário que Nove
York já conheceu.
— Onde está? – os olhos curiosos da jovem percorriam o local, desesperada e confusa. Afinal, uma
garota de 20 anos deveria estar em qualquer festa com os amigos da faculdade, não em uma delegacia.
— Desculpe, senhorita. Como posso ajudá-la? – a recepcionista levanta uma sobrancelha desconfiada.
— Olhe, meu nome é Delilah Harrison, meu pai é prefeito dessa cidade e está sumido há três dias! – a
garota suspira e seca as mãos suadas na calça, totalmente nervosa. — Liguei para ele, os seguranças, os
assessores e até os acionistas que entraram em reunião com ele nas últimas 74 horas e não... Não obtive
respostas. – Sua expressão era dura apesar de ter chorado o que nunca chorou a vida inteira durante sua
ida até a delegacia.
— Ok, me dê seus documentos e chamarei o delegado para esse caso. Tem certeza de que ninguém
delatou o desaparecimento do Sr. Harrison ainda? – pergunta a recepcionista enquanto digitava algo em
seu computador ao receber os documentos da ruiva.
— Sim, tenho certeza! – essa era a única certeza que Delilah tinha no momento, o pai nunca esqueceria
de ligar para ela por 3 dias.
Os próximos minutos que se passaram até a chegada do delegado sucederam-se de memórias e
conversas, tudo repassando na cabeça de Delilah enquanto esperava sentada na recepção.
— Seu pai está bem, Delilah! Você deveria parar com esse show, ele é um homem ocupado demais
para ficar ligando para a filhinha maior de idade! — sua mãe reclamava enquanto observava a filha
andar de um lado para o outro em sua frente.
— Você não consegue ser menos egoísta nem por alguns segundos? É do meu pai que estamos falando,
Nadine Harrison! — Delilah para em frente da mãe, que até o momento permanecia sentada com uma
revista de fofoca em mãos, até a ruiva pronunciar seu nome completo, na verdade.
— Papai te ama, minha Margarida! — as lembranças da voz de seu pai eram doces em sua mente.
— Perdeu o juízo, Delilah? Sou sua mãe, exijo respeito! — Nadine fecha a revista e se levanta para
confrontar a filha, que não moveu um músculo sequer, não sentia mais remorso em ser “uma filha
ruim” desde os 15 anos, quando parou de tentar ser a “boa filha”.
— Quer que eu recobre o juízo, mamãe? Então mande seus lacaios me deixarem sair dessa casa! — o
rancor que a garota sentia pela mãe estava estampado em seu rosto, desafiando a paciência da mãe
com os braços cruzados. Nada deteria uma Delilah em busca do pai, ele era a única pessoa com quem
ela realmente se importava dentro de casa, realidade cruel para qualquer família.
Nadine sentia sua paciência se esvair, respirando fundo enquanto pensava se realmente deixaria a filha
sair totalmente histérica como estava. Pela primeira vez em anos, Nadine refletiu como uma mãe que
se importa de verdade com a filha, diferente da forma que vinha agindo desde a infância de Delilah.
“Essa garota não me dará paz.”, foi o que a mulher de meia idade pensou em seus segundos de reflexão.

44
— Seu silêncio é uma linda afirmação para mim... — Delilah atravessa a sala, sendo barrada pelos
seguranças antes da mãe autorizar sua saída, pensando nos próximos minutos de paz que teria com a
saída da filha.
Estava com tanta raiva da mãe que nem mesmo lembrou de pegar as chaves do carro antes de sair de
casa, decidindo que enfrentar o caminho a pé seria melhor do que voltar e encarar o egocentrismo em
pessoa.
Confusão. Uma confusão que eu gostaria de ter entendido logo neste dia. Naquele instante, o que
parecia ser um sequestro em busca da fortuna da família Harrison transformaria a vida de Delilah para
sempre. Uma flor criando espinhos. O grande jogo havia começado.

(...)

— Sim, Clarck, quase tudo certo! Já achei o desgraçado, os outros iram levar ele para algum lugar
afastado. Agora são só alguns detalhes. — Afirma certeiramente o policial renegado com frieza, ódio e
orgulho em suas palavras.
— Você precisa conseguir essas informações, chefe! Se fizer isso, Daren vai ficar sem saída, precisará
pedir ajuda ao seu fiel funcionário... — respondia o parceiro de olhos cruéis.
— Então, em uma noite chuvosa, ele infelizmente sofre um acidente de carro, tendo o corpo
misteriosamente desaparecido... — Por breves segundos, o único ruído audível era a risada sádica de
almas corrompidas com objetivos definidos.
— Assim minha vingança estará completa. E não só isso, Daren possui contatos, armamentos,
privilégios muito úteis.
— E a garota? — Questiona, lembrando o pequeno empecilho.
— Delilah não será um problema, na verdade até será útil, me dá um disfarce. Porém, caso ela passe a
atrapalhar, vou levar menos de três segundos para resolver. É como arrancar uma flor de um jardim.
— Conclui ele simplista, mesmo que estivesse entrando em conflito em seu interior.
— Você deveria se livrar da garota logo, Adam. — Expressa sua inconformação com o fato de alguém
fechado sujeitar-se a lidar com aquela garota por tanto tempo. Entretanto, voltou a ver tal essência rígida
com apenas uma frase.
— Isso já é problema meu, Clarck. — De apavorar o espírito, o olhar do homem fez o silêncio reinar,
pondo fim na conversa que já havia se estendido o suficiente.
Estratégia. Dizem que é uma das maiores virtudes para que possa jogar. Quem tem estratégia joga
bem. Da mesma forma que a matemática, a estratégia deveria ser exata, sem curvas, nem
modificações. Acho que esse é o motivo pelo qual não jogo. Não tenho uma estratégia. Não poderia
jogar bem. Talvez por não ter objetivos neste jogo, o perderia.
Adam tinha uma estratégia. Poderia jogar bem. Ele tinha grandes objetivos neste jogo, poderia ganhá-
lo. Entretanto, preferia biologia a matemática, há um tempo ele cativou-se a estudar margaridas. Não
era exato, mesmo assim, ele continuava a jogar.

45
(...)

— Sim Delilah. — Repetia mais uma vez — Achamos o seu papai, eu vou resgatá-lo daqui a pouco.
Prometo para você que irei fazer o possível para garantir a segurança dele. — Remendava na tentativa
de privar a fala da outra.
— Daqui a pouco? Você só pode estar de sacanagem com a minha cara! — Delilah explode. Não
conseguia nem acreditar nos cabelos brancos que achou em sua cabeça só nas últimas semanas,
desesperada e preocupada. A imagem de Daren morto não saia de seus pensamentos, ser criativa e
imaginativa demais custou caro para a ruiva.
Adam assistia a garota surtar pelo sumiço de seu pai com pena. Como mentir? Como mentir bem? Era
o que ele se perguntava, a maneira que Daren fez, pois, no momento, precisaria mentir também.
— Precisamos planejar bastante a fim de nada dar errado. Seu pai chegará são e salvo, você verá. —
Cada palavra excitava a faísca de esperança nas írises esmeraldas. Fatídicas facadas em quem já
sonhou em ver sua família bem. Pensamentos que cortavam sua alma sendo cortados pela fala de
outro alguém que teria seu amor fraterno destruído.
— Irei com você. — Afirma, decidida após secar as lágrimas que ela recusava que qualquer um visse.
Havia passado tempo demais no escuro, impedida de crescer. Aceitava. Não aceitaria mais. Tanto
pelo pai, quanto por ela. A vida dele poderia acabar, mas era a felicidade dela que estava em jogo. Era
hora de lutar, se impor. Iria buscar sua própria liberdade. A margarida precisava florescer.
— Como?! — Adam sai de seus devaneios melancólicos tentando assimilar a fala da ruiva.
— Eu vou com você. — Delilah repetia calmamente. Julgando as expressões confusas e reprovadoras
do policial, proferiu:
— E você não vai me impedir. — Ela levanta uma sobrancelha, observando-o na tentativa de decifrar
qualquer expressão negativa em seu rosto. Em seguida, sorriu vitoriosa enquanto uma fachada
emburrada se instalava na face do homem em sua frente.
Perto. Mais perto. Cada vez mais perto do segredo. Máscaras caídas, um homem morto, flores
pisadas, e vários homens de uniforme azul em um cerco fortemente armado. Sem nada mais a
esconder. Tudo revelado. Mentir bem não seria mais o suficiente, estratégias não seriam mais exatas,
a verdade seria descoberta. Não haveria trapaças.

(...)

Passadas largas. Passos lentos. Ele andava pacientemente até o local em que Daren estava amarrado.
Esperava por este momento, mas nada que o faria ficar sem dormir. Ele sabia que ainda não era o
momento final. Entretanto, o faria feliz, por hora.

46
Ao abrir a velha porta de madeira do antigo hotel abandonado em algum gueto do Brooklyn, Adam via
em frente às paredes de desgastados tijolos vermelhos o homem. O homem. Aquele que estava
procurando. Aquele que precisava salvar. Aquele que o fez sofrer. Aquele que achou. Aquele que iria
matar. Aquele que lhe deu uma flor.
As gotas brilhantes de suor eram visíveis sobre sua calvície de poucos pelos ruivos. Os olhos azulados
estavam meio arregalados desde o momento que o policial atravessou a porta, e aumentavam de
tamanho ao passo que ele se aproximava. Após de tirar a mordaça da boca de seu prisioneiro, o detetive
disse:
-Faz tempo, não? Desde a última vez que nos vimos… - Cínico. Imagina Daren vendo sua imagem
deplorável refletida nos orbes escuros.
- Não lembro quando foi a última vez. - Jones jogava. Harrison sabia que iria morrer. Então, mesmo
que sua voz saísse com dificuldade, ele iria participar desta partida.
- Você precisa de um incentivo para sua memória? - Ele ficava com raiva quando precisava reviver o
acontecimento, todos sabiam. Depois de encaixar o soco inglês entre seus dedos direitos, ele usa a mão
esquerda a fim de levantar o queixo do ruivo para, bem, o fazê-lo ver melhor.
- Não precisa, acabei de me lembrar. - A partida progredia, junto a ela o cinismo. - A última vez eu
ajudei a matar sua família. - Então, próximo do distintivo, onde a cabeça tinha rebatido com o impacto,
a camisa do policial havia se sujado de sangue vindo do homem à sua frente.
- Quer saber? Chega de brincadeira, vamos terminar logo com isso. - Empunhando o revólver, ele
mirava no centro da testa. Tensão. As respirações pesadas de alguém que ia morrer e alguém que ia
matar. A partida parecia já ter um vencedor.
- Eu devo dizer o porquê não deve me matar? - Replicava com tédio.
- Caso queira prolongar seus minutos de vida antes de morrer. - Apertava a cavidade de metal frio entre
as sobrancelhas do ricaço.
- Eu sou um homem horrível, desonrado, vendo armas para as máfias, cometi massacres, ajudei a matar
sua família, mas… - Chantagem emocional não funcionaria, era visível.
- Você é um rato! Um verme! - Urrava tendo a veia de seu pescoço saltando pela fúria de ter que encarar
outra alma estilhaçada. - Você não matou só a minha família, matou várias! Mesmo sua própria estando
na sua mansão gigante implorando por um mísero segundo de sua atenção! - Daqui a pouco, não seria
necessária uma bala para perfurar o crânio. Era o ápice da partida.
- Você sabe?! Sabe o tanto de vezes que ela foi aquela delegacia?! O tanto de vezes que ela chorou em
um canto?! O tantas vezes que ela arriscou a própria vida atrás de você?! - A voz se apaziguava
conforme refletia sobre a garota ruiva. - Você é péssimo. Não merece nada dela, nem mesmo ódio. É
impossível para mim imaginar como ela ainda pode amar você.
- Talvez seja porque ela não saiba. Eu sei de todas as coisas que acabou de mencionar. Presumo que,
assim como eu, também saiba que ela fará de tudo pra me ter são e salvo ao lado dela. - Em poucas
frases todos os dentes de ouro foram expostos na boca de Daren.
- Eu já fiz. - Na soleira da velha porta de madeira do antigo hotel abandonado em algum gueto do
Brooklyn, uma garota de olhos verdes não acreditava no que via. Não era pelo fato do seu progenitor
ter perdido alguns quilos, estar amarrado, com o supercílio cortado, ou cada vez mais careca. Era
irreconhecível a forma que não conseguia mais chamá-lo de pai. Mais uma vez em sua vida, o jardim
estava vazio.

47
- Foi por isso? - Perguntava à procura de uma explicação. - Por isso não foi nas minhas apresentações
da escola? Nos meus aniversários? Não atendia o telefone? Foi por isso que me abandonou? - Depois
de muito tempo, a poeira do carpete carmim foi molhada. Pode parecer pouco, mas o barulho da pequena
gota vinda do olho esmeralda soou como um trovão para os presentes naquele quarto.
- Estava ocupado demais cometendo crimes? Matando pessoas? Destruindo famílias? - Desta vez,
dirigiu seu olhar para o estranho que dizia ser policial. Este, ainda estava processando como após ter
sido trancada em uma sala, ter seu carro sabotado e não saber onde eles estavam, a menina conseguiu
chegar até eles.
- Foi por isso, papai? - De uma hora para a outra, o título tinha um gosto amargo na saliva da Harrison
mais nova. - Precisava gastar muito tempo para me mandar mensagens vazias? Um boa noite? Talvez
um bom dia? Foi muito esforço para você garantir um plano de fuga em mim?
Antes que pudesse expor mais suas dores, o som de sirenes se fez presente na audição daqueles no alto
do prédio.
-Estamos cercados. - Declarou o de cabelos escuros quando se aproximou das largas janelas.
- Como? - Uma risada debochada sentada na cadeira em frente a cama de casal responde essa pergunta.
- O que você fez, seu velho maluco? - Rosnava virando novamente de frente aos dois.
- Seu rastreador. - Apontou a de madeixas ruivas. Fazia cerca de seis meses desde que o dispositivo
havia sido implantado. Era ótimo para uma situação de real risco. Caso o agente estivesse em perigo,
era só quebrar a bolinha ao lado de seu distintivo que reforços viriam lhe buscar.
- Viu só, margarida. É só pensar um pouquinho. - Dois pares de olhos voltavam a se focar no calvo
ruivo. - Não era necessário você ter vindo até aqui. Não precisava de você. Para ser honesto, nunca
precisei de você. - O grave som dessas palavras ecoando na cabeça de Delilah poderia ser facilmente
comparado com o som do disparo que fez escorrer uma linha de sangue pelo nariz de Daren. A partida
terminou.
- Desculpe-me por fazer isso na sua frente, eu não aguentava mais ouvir ele falar. - O detetive guardava
a arma do crime em seu sobretudo, de cabeça baixa, com medo de uma reação terrivelmente negativa.
- Iria acontecer em algum momento. - Concluía enquanto enxugava as lágrimas. O homem sentia que
ela era mais forte do que aparentava ser dado os acontecimentos recentes, não esperava que a mesma
pudesse lidar tão bem. Já a garota, não sabia mais se conseguia sentir alguma coisa.
Deveria ficar triste pela morte do pai, porém talvez tivesse acabado de perceber que o pai de sua
imaginação havia morrido há muito tempo. Em um pensamento que ela recusava tomar como verdade,
talvez, aquele que ela idealizava não passasse apenas de um sonho que ela gostaria de ter vivido.
- Precisa de um abraço? - De qualquer jeito, ele gostaria de dar alguma espécie de suporte emocional,
embora não fizesse isso a muito tempo.
- Preciso. - Teve de segurar os braços desesperados que vinham em sua direção para fechar a linha de
raciocínio. - E você precisa fugir daqui.
- Eu não fujo, florzinha. - Provocava ele com um sorriso ladino.
- Tudo bem. - Procurava a chave no bolso de sua calça. - Eu vou sozinha, então.
- Que chave é essa? Seu carro está quebrado. - Questionava confuso largando seu distintivo próximo
ao corpo, dirigindo-se ao lado da menina até a porta do corredor mal iluminado repleto de teias de

48
aranhas no teto, do qual dava acesso às escadas de emergência que os levariam até o outro lado do
quarteirão.
- Você fez isso?! - Grunhiu a ruiva criando rugas entre as sardas de seu nariz. - É a chave de uma
viatura.
- Você roubou? Que coisa feia, tão nova e já vai ser presa. - Lamentava ele ironizando a situação inteira.
- Para início de conversa, eu apenas peguei emprestado. - Ficava cada vez mais irritada pela expressão
sarcástica na face dele. - E também, não deve ser nada pior do que as coisas que você já fez.
- Fato. - Desta vez, ele precisou focar sua atenção em algo que não fosse deixar a garota mais
enfurecida. Um rítmico barulho alguns metros abaixo deles. A polícia tentava arrombar a porta
principal.
- Escuta, eu não conheço você, Adam. Nem sei se esse é seu nome verdadeiro. Mas você precisa fugir
daqui, e eu também. Até agora, parece que você foi a única pessoa a prezar pela minha saúde e bem-
estar mental, então, não me é uma má ideia te trazer comigo. Para proteção, você sabe… - Junto do
barulho da tranca sendo forçada e da súplica fraca fluindo pelo escuro corredor do décimo segundo
andar do antigo hotel abandonado em algum gueto do Brooklyn, o policial conseguiu rir.
- Já disse que não fujo, Delilah. - Ela parou no primeiro degrau da escada de emergência girando seu
corpo para vê-lo.
- Prefere esperar aqui? - Pergunta ela assim que a madeira maciça chocou-se com o carpete do saguão.
-Estou bem atrás de você. - Antes de correr pelas escadas, entrar naquela viatura e disparar para bem
longe dali essa foi a primeira das muitas vezes que Adam disse que estaria atrás da ruivinha.
Porém, este não é o fim. Daren era só uma parte do plano de vingança, ainda teria mais. Não seria um
par de olhos verdes que faria o detetive Jones parar com sua busca por derrame de sangue. Por outro
lado, Delilah tinha de encarar que seu pai traidor morreu e sua mãe não moveria um dedo para saber se
ela estava bem ou não. Acabou o jogo? Não. Menti. Menti muito bem, do meu ponto de vista. Na
verdade, acho que o verdadeiro jogo acabou de começar.

- Giovanna Camacho de Paula e Elisa Barbosa do Santos

49
Conto de uma princesa cruel

Eu sou feia.
Mamãe me dizia desde cedo que era melhor aceitar os problemas e lidar com eles. Precisava me
esforçar mais do que as outras porque infelizmente, não nasci com traços graciosos e harmoniosos.
Mesmo que eu estudasse etiqueta, me comportasse perfeitamente, a verdade não mudaria. Sempre seria
comum, aceitável. Até mesmo com maquiagens e as melhores jóias que o dinheiro pudesse pagar,
nunca chegaria ao nível delas, eu nunca seria linda como ela. Linda como a minha irmã, Scarlet.
Portanto, esta era uma chance enviada pelos céus. O único jeito de alguém como eu, se é que me
entendem, conseguir casar com um príncipe. Porém, não conseguia fazer o que ela pedia.

— Não posso. — Sussurro, entrando em pânico. — Não consigo.

Neste instante, minha mãe me segura pelos ombros e me balança bruscamente, pelo seu olhar pude
perceber que ela gostaria que eu me controlasse.

— Você é feia, Kallíope, desinteressante. Nunca conseguiria se casar com um príncipe e agora, quer
desperdiçar uma oportunidade como esta? — Há uma mistura de descrença e urgência em sua voz.
— Tudo o que precisa fazer é cortar um pedacinho do calcanhar, apenas isso. E quando for nomeada
a rainha, não precisará andar a pé.

Mordo o lábio inferior fortemente, absorvendo cada palavra dita. Se eu me tornar rainha, não nos
preocuparemos com as dívidas, deixaria de ser a sombra da Scarlet. Não seria mais a feia irmã da
família, certo?

Não importa o quanto eu me esforce para brilhar, sempre serei a sombra dela. Sempre.
A única pessoa que me notou antes, foi ele. Príncipe Cardan. Desde o dia em que nos encontramos
quando estava perdida na floresta, foi o típico amor à primeira vista. Quando pude sentir seus lábios
nos meus, percebi que finalmente pertencia à algum lugar.

E então, o baile aconteceu. Ele prometeu se casar com a dona do sapatinho de cristal, que obviamente
não era eu. Mas posso ser. Basta um corte e tudo irá mudar.
Estico minha mão trêmula e seguro a faca quente. Minha progenitora encara-me com aprovação,
sorrindo, para me encorajar. Inspiro e expiro devagar enquanto olho para o calcanhar claro. Tento me
acalmar de todas as maneiras, mas nada funciona.

Não consigo, não posso fazer isto.

— Me desculpe, mas… não posso. — Choramingo, quase soltando o objeto da mão.


Lançando um olhar furioso, ela ordena morder qualquer pedaço de pano velho, tomando a faca de
mim. Assim que sinto o calor próximo a minha pele, mordo o tecido em minha boca, soltando um
grunhido doloroso. Como sabia que não conseguiria, mamãe fez por mim.

50
[...]

Controlo minha respiração errante, enquanto coloco uma faixa em volta do meu pé, agora,
machucado. Estava zonza, sinto que irei vomitar a qualquer momento, principalmente pela dor
excruciante que parece aumentar cada vez mais.

Com o sapatinho em meus pés caminhei para a sala, meu corpo estava tensionado. A cada passo que
dava a sensação de desmaio era maior, mas tentei aguentar, sorrindo minimamente, caminhando até
o príncipe. Seus olhos azuis se arregalaram ao ver o sapato servindo "perfeitamente". Por um
momento ele parecia surpreso, mas logo um sorriso se instalou em seu rosto. Os olhos brilhantes
analisaram meus pés uma última vez, antes de anunciar que havia encontrado a dona.

Por um instante, tudo valeu a pena. Tudo parecia estar funcionando. Eu me casaria com ele e teria o
privilégio de observar seu belo rosto todos os dias. Não teríamos mais com o que nos preocupar, certo?

Errado.

51
Capítulo 1

Minha gargalhada ecoa pela floresta. Isso tornou um dia de trabalho comum bem divertido. Mamãe
diz que seria abusar demais da hospitalidade do príncipe, pedindo mais do que a pouca mesada que
ela me manda, mas sei que é mentira. Ela usa a maior parte em vestidos e jóias para Elizabeth. Por
isso, tive que dar um jeito para sobreviver. E agora, trabalho para uma das senhoras no mercado,
coletando ervas, raízes e fazendo armadilhas para animais pequenos. Tudo ensinado por ela. Chega a
ser patético o modo como eu e Scarlet trocamos de lugar.Normalmente, odeio meu trabalho. Na
verdade, odeio trabalhar. Porém, a visita de Elizabeth e a revelação do seu segredinho tornaram meu
dia melhor. Imaginar a cara da mamãe é o suficiente para que eu volte a gargalhar. Mamãe que me
abandonou aqui pensando no grande casamento que poderia fazer para Elizabeth, vai ficar furiosa ao
ouvir sobre a paixão da minha irmãzinha: o padeiro do vilarejo. Solto outra gargalhada em alto e bom
som. Nem me importo em estar provavelmente afastando qualquer animal das armadilhas.
- Bom, pelo menos vou ter sempre pão quentinho - digo e volto a rir.
Com uma careta e de braços cruzados Elizabeth e encara. O cabelo ruivo herança de Família balança
com o vento frio que perpassa por ela. O céu está nublado, com nuvens pesadas e escuras, deixando a
floresta ainda mais sombria.
- Não é engraçado, Kalliope- decreta.
- É sim - rebato e me sento ao seu lado no tronco de madeira caído -, mesmo sendo cortejada por
vários nobres, você se apaixona pelo padeiro? - Volto a rir. - Sempre soube que você gostava dos
pães dele, mas isso não é demais?
Elizabeth franziu as sobrancelhas e sua careta irritada me diverte.
- É por isso que as pessoas preferem a Scarlet. Você tem que ser tão má?

Meu riso morre.


A observo de cima a baixo. Claro que aquela idiota não descansaria até tirar tudo de mim. Meu
príncipe, minha reputação e agora minha irmã. A única que ainda se importa comigo. Ou melhor, se
importava. Bom, em alguns dias isso não vai importar.

Não estou sendo má, estou sendo realista.

- Você acha que mamãe te deixaria casar com aquele miserável? Nunca! - dou ênfase para ver se ela
acorda desse sonho. - Você deveria se casar logo com o melhor nobre que conseguir. Pelo menos ele
terá dinheiro e título. Se casar com o padeiro você não vai ter nada que te faça aturá-lo quando ele
começar a se deitar com uma daquelas meninas ridículas do mercado.
Elizabeth me encara com seus enormes olhos castanhos arregalados. A única coisa boa que temos em
comum. Não vai ser difícil para ela arranjar um bom marido. Sem dizer nada ela se levanta e segue o
caminho para fora da floresta. Não a sigo, mesmo que quisesse não a alcançaria na velocidade em que
ela está andando. Me levanto e limpo as mãos no vestido bege puído. Pego minha cesta e manco mais
adentro da floresta onde achei ter visto algumas raízes ontem, durante a volta. Infelizmente, não fico
muito tempo sozinha.
Ouço um farfalhar e segundos depois Charles está ao meu lado. Charles é um ferreiro da vila que
tenho o desprazer de encontrar diariamente. Seu cabelo castanho claro e olhos verdes que parecem
sempre esconder algo, tornam sua aparência aceitável. Sei que não deveria ser exigente sobre minhas

52
amizades ou interesses românticos, no patamar que me encontro. Mas eu sou uma mulher com um
objetivo e se você não tiver um título não me fará desviar dele.
- Ouvi uma gargalhada parecida com a de um anjo e soube que era você.
- Você já viu um anjo?
- Não. - Ele me dá um meio sorriso, curioso com a minha pergunta.
- Então, sugiro que vá embora. Senão conhecerá um pessoalmente. - Charles solta uma gargalhada e
diminui a velocidade para me acompanhar.
- Não sei qual é a graça, não foi brincadeira.
-Ah Kalliope, cada dia me encanta mais. Por que não aceita meu coração?
- Porque não posso comprar joias com ele.
Sua gargalhada preenche a floresta outra vez. Ele insiste que se apaixonou por mim à primeira vista.
Não acredito mais nisso e mesmo se acreditasse, não mudaria nada. Sei bem como amores à primeira
vista terminam. Charles diz sobre as coisas que gosta em mim, mas sou categórica ao dizer:
- Se você não tiver um título, não estou interessada.
Tento me afastar, mas ele me impede segurando a curva do meu braço. Olho para a sua mão e Charles
se afasta pedindo desculpas. Volto a andar e ele caminha de costas para ficar de frente pra mim.
- Um título não vale nada. Existem coisas mais valiosas. - Dou risada.
- Que inocente. Você não sabe o que diz.
Charles para e me dá um sorriso confiante.
- Você está errada. Sei de muitas coisas.
- Claro. Continue pensando assim e a vida vai te derrubar.
Passo direto por ele, mas paro quando diz baixo atrás de mim:
- Te vi no mercado na madrugada passada.
A floresta inteira parece ter ficado em silêncio. Uma lembrança da noite anterior me volta a memória.
Mesmo com o perigo marquei o encontro no lugar mais remoto do mercado para não ser vista. Como
ele me viu? Minha mente pula de um pensamento para outro enquanto tento descobrir como agir e
responder. O melhor é agir como se não soubesse de nada.
- Não sei do que você está falando. - Charles ri.
- Por favor, você é bem mais inteligente que isso. - Me viro e nossos olhos se encontram. - Não se
preocupe, aprovo totalmente sua atitude. Só acho que você está meio confusa com o alvo. E com o
desfecho do plano. - Penso um pouco. Não tem como ele saber qual é meu plano. Deve estar blefando
e se eu admitir vou estar entregando tudo em uma bandeja de prata. Não vou ser vencida tão
facilmente.
- Quem está confuso é você. Não sei do que está falando.
Meu coração martela contra o peito e tento me acalmar. Meu pé está latejando depois de um dia
inteiro de trabalho e isso prejudica minha concentração. O importante agora é parecer calma e
despreocupada e ir embora o mais rápido possível.
Dou três passos antes de ouvir sua voz atrás de mim:
- Você pretende matar a princesa, mesmo que tenha que morrer junto. Vi você comprando veneno de
forma ilegal e meu contato disse que comprou duas doses. Pelo que sei de você, não acredito que uma
dessas seja para o príncipe.
- Não, não é. Mas também não é pra mim.

53
Me viro e estreito os olhos. Tento pensar em qualquer coisa que me responda como ele pode saber de
tudo? Ele está me seguindo por aí? Bom, isso não é o importante. Se quisesse me denunciar já teria
feito, o ponto aqui é o que ele quer em troca do seu silêncio. E quando pergunto isso, Charles ri.

- Quero você.

Arqueio as sobrancelhas e lhe respondo com uma careta entediada.


-Kalliope, você é uma mulher bem inteligente.
- Sabe que muitos não são a favor do reinado atual, certo? - Assinto.
Depois que o rei aumentou o valor dos impostos a insatisfação do povo cresceu. Está difícil até
mesmo conseguir comer. Por isso, esses grupos rebeldes dos quais todos estão falando tem ganhado
cada vez mais força. Houve, até mesmo um comunicado real alertando que qualquer pessoa envolvida
com tais grupos seria preso e condenado à morte.

Só não entendi por que ele.

- Você é um rebelde?! - pergunto baixo com descrença e ele sorri.


Não sei o que me deixa mais surpresa. Estar falando com um rebelde ou ele não ter problema nenhum
em admitir isso. Apesar de tudo, sou meia-irmã da futura rainha.
- Sabia que posso te denunciar para os guardas?
- Sei, mas não vai.
- Jura? Por que, não? - Solto um risinho debochado.
Ele dá alguns passos na minha direção. Ficando a centímetros de distância um do outro, tão perto que
consigo sentir o cheiro de lenha queimada que vem dele. Inclino a cabeça para trás e olho dentro dos
seus olhos. Verdes como o prado. E agora sei que tipos de segredos escondem.
- Porque posso te dar o que você mais quer. Duvido muito.
- O que mais quero é acabar com Scarlet.
Como esperado, quando digo isso ele diz que não me ajudará. Outra risada debochada escapa dos
meus lábios. Fiz bem em não acreditar nesse ferreiro miserável. Lhe dou as costas, mas ele é rápido
em segurar minha mão. Seus dedos ásperos apertam os meus e eu o olho outra vez.
- Não posso te ajudar, porque você vai se arrepender depois.
- Não vou.
- Vai sim - diz com confiança -, está tão apaixonada que não consegue ver quem é o inimigo aqui.
Sua irmã é uma vítima como você. Só um peão.
Não sei que parte me chocou mais: ele saber que estou apaixonada ou achar que sou uma vítima. Já
fui chamada de muitas coisas nos últimos meses, mas a vítima não foi uma delas.
- Não estou apaixonada e não sou uma vítima. Pergunte para qualquer um e você vai ouvir muitas
coisas, mas não que sou uma vítima.
Ele encolhe os ombros.
- O que os outros dizem não importa. A vítima é um vilão pra quem não sabe toda a história.
- E que história é essa que você acha que conhece tão bem?
- A sua história com o príncipe. - Dou passos para trás, mas ele me puxa para mais perto. Como sei

54
disso? Bom, procuro saber tudo sobre o meu alvo e você estava envolvida com ele.
O alvo dele?
- Chega disso, vou denunciar você. - Me solto, mas ele passa o braço ao redor da minha cintura e me
puxa de volta. Não tem mais nenhum sorriso no seu rosto.
- Não vai, porque se fizer também te denuncio.
- Não posso deixar ele ir atrás de Cardan, mas não quero desistir do meu plano. Preciso pensar em
uma saída, mas primeiro preciso me livrar desse estúpido. Por isso, vou direto ao ponto:
Diz logo o que quer e porque tá me contando tudo isso. Ele arqueia as sobrancelhas como se fosse
óbvio.
- Quero você do meu lado da guerra. Tento me soltar novamente. Sem sucesso.
Não sei se notou, mas não sou a pessoa mais apta para a batalha aqui.
- Se ganha a batalha com força, mas quero ganhar a guerra - decreta com um enorme sorriso no
rosto - e a guerra se ganha com inteligência. Por isso, quero você.
- Obrigada, mas não estou interessada. Tenho outros planos. Ele sustenta meu olhar por longos
segundos.
- Você sabe o que faz de uma pessoa um soberano? Arrisco qualquer resposta para me livrar dele.
- Poder? - Ele nega e então muda completamente de assunto. Com um meio sorriso me diz baixo
como se contasse um segredo:
- Quando conseguir arrancar essa venda dos seus olhos. Vai aceitar
minha proposta. Solto uma risada amarga:
- Por que não vai atrás do que fazer?
-Kallíope!
Olho pro lado e vejo Elizabeth parada no meio da floresta. Alternando seu olhar entre mim e
Charles. Me afasto tão rápido que parece que ele está contagiado com a peste. Charles dá risada e
para o meu lado, de costas para Elizabeth. Ele dá uma olhada nela por cima do ombro e então me
diz:
- Deveria cuidar mais da sua irmãzinha. Ou o lobo mal vai devorar ela. - Lhe dou um olhar sério.
- Isso é uma ameaça?
- Isso é um alerta amigável. Ela está morando na toca do lobo. - E com isso, vai embora.

55
Capítulo 2
Faz alguns dias que não vejo Charles. Depois daquele dia na floresta o vi algumas vezes pela cidade,
mas já faz um tempo que não cruzamos um com o outro. Não que eu tenha dado muita atenção a isso,
tenho muito o que fazer.
O dia da coroação está chegando. Já mandei uma carta para Scarlet marcando um encontro e recebi
sua resposta. Ela obviamente aceitou, estúpida como é.
Por isso, tenho que colocar algumas coisas em ordem já que provavelmente não sairei viva daquele
castelo. Sendo sincera, passaria os dias que me restam em casa lendo, mas tenho que falar com
algumas pessoas. Por isso, coloco meus livros e algumas flores dentro da cesta e visto minha capa
antes de sair.
Quando chego ao centro, puxo o capuz, mas não adianta muito. Agora chamo atenção por onde
passo, mas de um jeito ruim. Por isso, assim que me veem começam a cochichar:
“Aquela não é irmã mais velha da…”
“Não foi ela que cortou o…’
“Ela é tão feia, coitadinha…’
Entro na livraria e os sussurros são abafados. O Sr. Gilbert sorri para mim de trás do balcão. Seu
cabelo grisalho está bagunçado e pelo olhar confuso, sei que está atrás dos seus óculos... que estão na
cabeça dele. Me estico e tiros eles dali entregando nas suas mãos.
- Obrigado - agradece e coloca - Veio pegar algum livro novo? Recebi um ótimo essa semana. Você
vai adorar. Nego, tiro os últimos dois que peguei da cesta e os coloco sobre o balcão. Sentirei saudade
desse lugar. Do cheiro de livros e da tranquilidade que sinto aqui. Também sentirei falta do Sr. Gilbert
que sempre foi gentil comigo.
- Vim apenas devolver esses aqui.
- Estranho - diz e me analisa enquanto puxa os livros - Está indo para algum lugar? Nunca vi você sair
daqui sem um livro.
- Estou indo visitar minhas irmãs.
-Digo isso e dou o assunto por encerrado. Me despeço dele e coloco o capuz novamente antes de sair.
O clima está péssimo nos últimos dias isso torna o caminho ainda mais difícil, tanto que chego lá ao
entardecer e meu pé está latejando. Mesmo assim me abaixo e deixo as flores sobre seu túmulo.
A única coisa boa que o casamento de mamãe trouxe foi o pai de Scarlett. Apesar da filha ser
insuportável, irritante e invejosa, eu gostava dele. Era gentil e enquanto vivo sempre me tratou como
sua filha legítima. Sempre o considerei como meu pai.
Estou tão distraída que dou um pulo de susto quando Charles diz:
- O que você está fazendo?!
O encaro confusa. Está vestido dos pés à cabeça com tecidos escuros e tem um pano amarrado na
nuca que cobre a maior parte do seu rosto.
- O que você está fazendo? Está me seguindo?
Ele puxa o pano para baixo e sua voz sai mais clara e irritada quando diz:
- Não te dei um conselho amigável? Lembro dele falando sobre Elizabeth.
- Me pareceu mais uma ameaça.
- Isso é porque você não confia em ninguém me acusa.
- E por que deveria? Todos em quem confiei me viraram as costas! Charles está sério ao dizer:

56
Porque se me escutasse, sua irmã não estaria em perigo.
- Fico paralisada no lugar. Meu estômago enrijece e meu coração pesa.
- O que você fez com a minha irmã?
- Nada. Estou tentando evitar que algo aconteça. Mas pra isso você tem que confiar em mim e vir
comigo. Agora.
Ele estende a mão e eu a seguro.
Isso pode ser uma armadilha, mas não vou esperar para descobrir se isso arrisca a segurança de
Elizabeth. Ele me ajuda a subir no cavalo e partimos. Estamos indo rápido e ele não diz nada no
caminho. Estou com a cabeça tão cheia que só noto onde estamos quando ele me ajuda a descer.
A cabana de Cardan está alguns metros à frente.
- Isso é algum tipo de piada? – pergunto irritada e ganhou um olhar sério.
- Seu principezinho está trazendo sua irmã pra cá. E você sabe muito bem que quando vem aqui ele
não usa a boca para falar.
Rio dele.
- Elizabeth não viria aqui. Está apaixonada por outro homem.
- Isso mesmo. Acho que ela não sabe o que acontece aqui e a única que pode ajudá-la é você - diz em
um tom baixo - Porque só você conseguiria passar por todos aqueles guardas sem um arranhão.
Algo na minha cabeça grita pedindo que eu o mande para o inferno e vá embora. Mas desta vez o
ignoro e sigo em frente.
- Não tenho dificuldade alguma para passar pelos guardas escondidos em meio às árvores porque eles
já me conhecem. Já me viram aqui. Dou a volta e vou pela parte de trás da cabana. Fico embaixo de
uma das janelas onde posso ouvi-los bem.
- O que você queria conversar? -Elizabeth pergunta.
Ouço alguns passos e então ele diz:
-Elizabeth. Preciso te dizer isso, senão acho que vou enlouquecer...- sua voz falha – Estou apaixonado
por você.
- Meu coração aperta no peito. Charles estava certo.
- Você é marido da minha irmã.
- Vocês nem são irmãs de verdade.
- Somos sim! - Ouço barulho de algo caindo e começo a me mover.
- Sei que você sente o mesmo.
Invado pela porta do fundo e o pego agarrando Elizabeth que tenta se livrar dele. A maldita venda está
finalmente caindo e não gosto do que vejo. E não importa o quanto eu o ame, ele errou se acha que
vou deixar que encoste em Elizabeth.
Nossos olhos se encontram e medimos um ao outro. Digo para Elizabeth em olhá-la:
- Elizabeth. Espere lá fora. Ela obedece.
Cardan continua lindo como sempre. Seus brilhantes olhos azuis são intensos e está com um aspecto
selvagem com a roupa e cabelos desgrenhados. Ele abre um enorme sorriso pra mim e meu coração
dói.
- Kallí- diz com carinho - Como tem estado?
- Não tão bem quanto você.

57
Ele solta um risinho debochado.
- Mesmo? E o pé? É muito difícil viver sem um pedaço dele? Ignoro a provocação.
- Você perdeu a cabeça?
Ele arqueia as sobrancelhas se fazendo de inocente.
- Ela queria isso tanto quanto eu.
- Não, ela não queria.
- Queria tanto quanto você quis. Você só foi mais. - Ele tenta encontrar a palavra. - Fácil.
- Eu amava você
A risada que ele solta faz com que eu me encolha. Minhas bochechas esquentam e sinto meus olhos
arderem, mas mordo o interior da bochecha, me obrigando a segurar as lágrimas.
- Você acha que eu poderia mesmo te amar? Kalliope você? - ele faz uma careta. – Mesmo agora é
difícil olhar diretamente para o seu rosto. Por Deus. Não sabe o medo que tive quando vi você com
aquele sapatinho, ele ri. - Meu pai queria me casar com alguém porque para ele eu não me
comportava como um rei, por isso soltou esse comunicado ridículo. Se eu quisesse o trono teria que
casar-se com a dona do sapatinho.
- E a coroa sempre foi algo tão importante para você, não é? Cardan me dá um sorriso e uma
piscadela.
- Tão importante, que me casaria com você e passaria a vida inteira olhando para esse rosto. Não sabe
como fiquei aliviado quando me disseram que tinha sangue no sapatinho.
- Isso é demais.
Saio de lá sem dizer uma palavra. Puxo Elizabeth comigo e me obrigo a seguir mesmo com meu pé
gritando de dor. Mordo meu lábio com força até sentir o gosto ferroso na minha língua. Não vou
derramar mais nenhuma lágrima por Cardan Nunca mais.
- Mas vou fazê-lo pagar por cada palavra e ofensa que me disse.
Admito que em parte estava errada. Sobre Scarlet. Sobre Cardan. E mesmo o amando tanto o odeio na
mesma medida. Porque sem aquela venda posso ver que minha vida começou a desabar quando
Cardan entrou nela. Pode ter sido horrível viver na sombra de Scarlett todos esses anos, mas nada se
compara ao caos que Cardan criou.
Que ele e minha mãe criaram.
Então, por que dar a ela um dos vidros de veneno se posso fazer algo muito pior? Posso tirar desses
dois aquilo que mais amam.
Descemos do cavalo com a ajuda de Charles. O centro da cidade está quase vazio, mas mesmo assim
eles me seguem pelos becos escuros.
Aonde vamos? - Elizabeth pergunta.
-Tirar você daqui.
Assim que chegamos esmurro a porta. Demorou um pouco para chegar aqui porque fiz uma parada
em casa, mas não está tão tarde assim para ele estar em um sono profundo. Estou prestes a esmurrar
outra vez quando a porta se abre.
Bruce, o padeiro, está com um pijama verde e o cabelo castanho desgrenhado. Seus olhos castanhos se
alternam entre nós três em uma mistura de surpresa e descrença. O empurro. para o lado e entro. Sua
casa é humilde, mas pelo menos é limpa e cheirosa.
Ele fecha a porta e nos encara.
- O que está acontecendo?

58
Sou direta porque não temos muito tempo:
- Se você ama minha irmã e quer ficar com ela. Vai ter que largar tudo e ir embora. Você faria isso?
-Kalliope? - Elizabeth se intromete vindo até mim. - O que você está dizendo?
- Mamãe nunca vai deixar vocês ficarem juntos e ele não lida bem com rejeição - digo mais baixo a
última parte - Você tem que ir embora, é o mais seguro no momento. E se ele quiser ficar com você
vai ter que ir também.
Ela solta uma risada descrente.
- Mas eu não posso...
- Eu vou - Bruce diz, chamando nossa atenção - Vou com você.
Os dois se olham e sorriem um para o outro. Seria lindo se não estivéssemos sem tempo. Espero que
mamãe não tenha mandado ninguém atrás dela ainda. Pego minhas economias e entrego para
Elizabeth enquanto Bruce junta algumas coisas.
- Não é muito, mas vai ajudar por um tempo.
Elizabeth pega o saco da minha mão e me dá um forte abraço.
- Obrigada, eu amo você.
- Também amo você.
Quando se afasta para falar com Bruce, Charles se aproxima.
- Vou levar eles. Tenho alguns contatos e posso conseguir que saiam do reino essa noite. Concordo
um aceno e o seguro pelo pulso quando faz menção de se afastar.
-Povo - digo - O povo é que faz de uma pessoa um soberano.
Ele sorri, entendendo o que quero dizer. Charles sussurra antes de se afastar:
-Bem-vinda.
Me despeço de Elizabeth observo eles se afastarem. Se for embora vai estar segura e ao mesmo tempo
vou dar o primeiro golpe em mamãe. Porque a coisa que ela mais ama é poder. E fica mais difícil de
conseguir quando sua filha foge com o padeiro.
Capítulo 3
Vesti meu melhor vestido. Aquele que queria usar no baile, mas mamãe disse que me deixava mais
feia. Ele é da minha cor favorita: vermelho.
Com ele fui visitar Scarlet.
Mamãe fez questão de me interceptar na entrada porque tem certeza de que ajudei Elizabeth a fugir. O
que agora é o maior escândalo da nossa sociedade. Todos estão falando sobre Elizabeth Tremaine e
que ela fugiu com o padeiro no meio da noite.
Scarlet me mostrou o castelo e confessei para ela em segredo que fui responsável pela fuga de
Elizabeth e contava com apoio dela. Tola e romântica do jeito que é, se derreteu toda.
Consegui conquistar mais da sua confiança só com isso. Quando nos sentamos para tomar chá, falo
sobre quão arrependida estou e o quanto quero ela por perto porque somos família e blá blá blá.
-Espero que você possa me perdoar, Scarlet. Com toda essa situação da Elizabeth, temos que nos unir
– ela prontamente concorda.
Pelo jeito que me olha sei que acreditou em cada palavra. Os olhos azuis mostram toda a compaixão e
empatia que está sentindo. Sinto o olhar de Cardan em mim o tempo todo. Sei que está nervoso e
ansioso, e é bom que fique mesmo.
- Eu te perdoo, Kalliope – Scarlet diz e sorrio.

59
Me levanto e ela me encontra na metade do caminho para um abraço. Enquanto a aperto forte olho
diretamente para Cardan e lhe dói um meio sorriso. Ele estreita seus brilhantes olhos azuis.
Se não tem o povo do seu lado, não conseguirá manter a coroa que tanto ama por muito tempo. E ele
que se prepare porque é atrás dela que eu vou.
Ao invés de ir atrás da princesa, vou atrás da coroa.
- Valletine, Valentina e Yasmin

60
Ira-Z7

Alemanha, 2024… 2 anos desde a primeira


contaminação.

- EU NÃO VOU ESPERAR MAIS! ESTOU AQUI A DUAS HORAS, DUAS!


- Senhor, por favor se acalme.
- NÃO! Eu, eu…
O dispositivo implantado no pescoço do homem emite uma luz vermelha, juntamente com um som
irritante, fazendo com que todos que aguardavam na fila do banco se afastassem.
Em questão de segundos, o indivíduo, como um animal, passou a atacar as pessoas ao seu redor,
nada muito longe do comum.
***

Düsseldorf, Maio de 2022… 3 meses antes do surto.


Laboratório Central de Pesquisa

- Dr. Benjamin! É uma honra conhecê-lo.


- O prazer é meu, senhor Goes. Então, o que o traz aqui?
- Bem… podemos conversar à sós?
***

- Me alegra que o senhor confie tanto na minha capacidade, mas acho que não posso fazer isso.
- Ora, como não? Você está entre os 5 maiores gênios da atualidade! Entre os 13 maiores da
história… Por favor, Benjamin. É pela minha filha.
- …. Certo.
***

- Cara, você é cientista, não psicólogo!


- Eu sei, acha que não disse isso a ele, Jennie?
- E como pretende curar a depressão da menina, Sabichão?
- Existe uma série de parasitas que controlam seus hospedeiros, já ouviu falar?
- QUER USAR UM PARASITA NA GAROTA?
-Vai ser um parasita modificado! Vou fazer com que ele evite o desencadeamento de
humores negativos e aumente a produção de hormônios que causam a felicidade.
-Não acho uma boa ideia, Benjamin.
-Vai dar tudo certo, depois que ela voltar ao normal, retiramos ele dela, simples assim.

Bem, não era simples como ele imaginava. Nas primeiras semanas estava tudo bem, o parasita
batizado Ira- Z7 exercia sua função com êxito, porém, assim como antidepressivos desempenham
a função contrária após um longo tempo de uso, o parasita passou a deixá-la irritada e agressiva,
em 8 semanas já havia dominado 97% de seu cérebro, sendo praticamente impossível retirá-lo.
Não era de se espantar, esse tipo de praga só tem 2 objetivos, sobreviver e se reproduzir, e dessa
maneira foi. Benjamin fora acusado de criar uma bio-arma, portanto estava preso, atormentado
diariamente pela culpa, que crescia tanto quanto o número de infectados.
***

Se passaram 2 anos desde o começo desse caos.


Nesse meio tempo os portadores do Ira-Z7 conseguiram sua liberdade de volta, revogando a lei que
mandava apreendê-los contanto que os indivíduos, além de tomarem as devidas medidas de

61
proteção, comprassem o sensor desenvolvido pelo Laboratório Central de Pesquisa, que detectava a
produção repentina de adrenalina, alertando as pessoas ao seu redor sobre um possível ataque vindo
do infectado (detalhe: o sensor não é distribuído gratuitamente, ou o sujeito comprava, ou
continuava detento).
Mas nem tudo está perdido, Adrya, uma militar russa, tem alexitimia, uma condição
psicológica que a impede de identificar emoções. Por conta disso, ao ver que não tem poder
sobre a vítima, o parasita desprende-se do cérebro e procura a saída mais próxima, o nariz.
***

- Não acha que estamos escondendo isso a tempo demais? As pessoas já deveriam estar curadas a
essa altura do campeonato.
-Não. Precisamos recuperar o dinheiro que investimos nisso.
- Mas… E se a cura não tiver mais efeito até lá?
- Que tipo de cientista você é? A reprodução dele é assexuada, não tem variação genética.
- Mesmo assim, faz mais de um ano que temos a cura, não deveríamos informar
os chefes de pesquisa?
- E DEIXAR QUE LEVEM TODO CRÉDITO?! Nem pensar!
- …
- Olha, vamos dar um jeito, tá? Logo todos serão curados e nós seremos os heróis da história.
Não muito longe de onde estavam, Adrya e Jennie ouviam sua conversa, horrorizadas.
***

- Tem que acreditar em mim! Eles têm a cura e-


- EU SEI, JENNIE!
- … O quê?
- Metade deste laboratório está com eles.
- Como?... Isso é um absurdo! Eu tenho que-
- Querida, Jennie! Eu gosto muito de você…, mas para o seu próprio bem… é melhor
manter o bico fechado.
***

O laboratório estava iluminado por luzes vermelhas e os alto-falantes ecoavam um som


semelhante ao de uma sirene.
“Atenção, duas mulheres não identificadas invadiram o laboratório e roubaram um produto
pertencente à sala 9, repito, duas mulheres não identificadas[...]”.
Bom, eu não preciso explicar o que aconteceu aqui, preciso?
***

- Por favor, Benjamin! Precisa nos ajudar.


- Não posso, e mesmo se pudesse, estou preso.
- Só me diz como eu posso reproduzir isso aqui.
Ela pôs sobre a mesa um líquido meio esverdeado, meio amarelado. E antes que ele pudesse lhe
responder, a sala de visitas foi aberta, sendo rapidamente preenchida por policiais, junto a eles, um
homem de jaleco encarava-os, logo ele disse:
- Foram elas, elas roubaram a cura! Planejavam entregá-la ao cientista louco, prendam-nas!
Sem tempo de reagir, as moças foram arrastadas para fora. Ao passar ao lado de Félix, um dos
pesquisadores que fazia parte da falcatrua, ele murmurou:
- Eu falei para ficar quieta.
E as duas foram levadas para bem longe dali.
- Lana, Maria Alice, Nádia
e Rayssa

62
63
Mundo Invertido

Pela primeira vez em muito tempo consegui fazer o que eu realmente queria. Desejava estar aqui.
Finalmente estou fazendo moda em uma das academias mais renomadas do mundo e isso é
simplesmente incrível pra uma menina como eu que veio do interior de um país estrangeiro. Tudo aqui
esbanja inspiração, seja pela arquitetura genial, a fonte de água cristalina ou os jardins perfeitos, é
realmente impressionante.
Assisto às aulas empolgadíssima, é tudo tão genial. Porém quando chega a hora do intervalo eu sempre
fico meio desanimada talvez? Acho que é por que eu não conheço ninguém daqui. Todos aqui já criaram
vínculos fortes com outras pessoas enquanto eu estou apenas existindo aqui.
- Tendo pensamentos que te deixam moralmente abalada de novo Lauren? - Escuto uma voz conhecida
falando e me viro rapidamente. Lá está a Si-Woo, ou apenas Sisi pra mim.
- Sisi! - Abraço ela feliz. - Como vai? Ou melhor, por que se atrasou? - Dou um tapa no ombro dela
brincando.
- Tive problemas no caminho. - Sorri, retribuindo com um soquinho leve no meu ombro.
- Quer fazer compras depois que acabarmos de ter aulas?
- Claro que sim, né. - Respondo extremamente animada - Estamos fazendo uma academia de moda, em
Paris, no berço da moda, e a gente nem explorou nada ainda.
- Calma lá sua nerdola. - Fala rindo. - Vamos tentar sobreviver ao primeiro dia antes.
- Mas isso é justamente a parte mais simples ué, o que é difícil acordar pro dia seguinte.
- Você tem um bom ponto. - Ela sorri calmamente – Enfim, me encontra nesse bar aqui às 18:30. Não
vai se atrasar viu?
Recebo as informações do local e concordo com a cabeça. Ela se despede e depois vai em direção a sua
sala alegremente.
Faço o mesmo. Entro na minha sala, converso com algumas pessoas pra passar o tempo até o professor
chegar. Às vezes a solidão não é apenas ficar sozinho. É se sentir sozinho.
Enfim, eu saio da academia e vou pro ap. que eu divido com uma garota. Ela é estranha, meio peculiar,
não que seja ruim claro. Ela tem vários livros de exorcismo e seres sobrenaturais, deve fazer alguma
faculdade literária e é totalmente obcecada por eles. Seu nome é Annie, fez uma breve apresentação
sobre e disse que metade do apartamento era dela por direito.
Vejo ela na sala e falo um boa tarde. Ela por sua vez parecia fazer algumas anotações furiosamente no
papel e me ignora completamente.
Vou para o meu quarto, tomei um banho e me troco em mais ou menos uns 40 minutos. Quando estou
quase saindo eu percebo que perdi minha bolsa. E se eu perguntar a Annie? Ela sempre parece estar
ocupada, mas acho que isso não vai ser ruim a ponto de ela ficar irritada, né? Acho que vou decidir na
sorte mesmo.
- Hum, Annie? Por acaso você viu alguma coisa perdida por aí? - Pergunto levemente tímida
- Como assim? – Fala ela sem desgrudar os olhos do papel, já é um avanço
- Tipo sabe, uma bolsa jogada por aí, eu não encontro a minha.

64
- Aquela que o poltergeist pegou para brincar? Acho que deve estar na sacada do prédio. –Falou ela
sem nem olhar pra mim
- Que?
Ela se toca do que falou e me encara. Depois começa a rir.
- Eu estava brincando. Acho que eu devo ter confundido com umas das minhas bolsas e levado pra
lavanderia, – fala rindo – mas pode pegar uma bolsa minha se precisar muito mesmo.
Ela nem deixa eu falar alguma coisa, já se levanta e vai para o seu quarto. Depois ela volta com uma
bolsa em mãos.
- Se precisar de algo é só pedir. – Fala sorrindo, mas seu tom de voz a denunciava minimamente, ela
deve estar com raiva de mim por ter atrapalhado ela.
- Eu devolvo sua bolsa antes da meia-noite e desculpe se eu atrapalhei algo importante. – Falo colocando
algumas coisas minhas na bolsa.
- Ah não imagina, eu só tenho que lidar com algumas coisas importantes mesmo, mas é bom descontrair.
– Seu tom foi extremamente sincero, tenho duas hipóteses: ou ela percebeu que estava falando em um
tom grosseiro e corrigiu isso rapidamente, ou ela realmente está estressada com outra coisa que não seja
eu.
- Compreensível, te entendo totalmente. – Falo sorrindo e saio acenando pra ela.
Demoro alguns minutos para chegar até o local que Sisi tinha me falado. Logo observo ela sentada em
uma mesa e bebendo. Aí aí, a noite vai ser longa.
*horas depois*
- Uau, Laurie, não sabia que você bebia tanto assim! – Fala Sisi virando mais um copo de tequila.
- Vamos embora, Sisi. Acho que já deu por hoje né? – Falo rindo.
- Nem terminamos a garrafa, não seja tão maldosa! – Fala rindo - Fez a atividade que a Madame Janete
passou?
Minha alegria some em um segundo e eu encaro Sisi extremamente séria.
- Que atividade?
- Aquela de produzir uma roupa autêntica com materiais da sua casa. – Fala tomando mais um gole –
Hum, você não fez né?
- Não. – Falo recolhendo minhas coisas –Você paga Sisi, te amo! – Beijo a nuca dela e saio dali pedindo
um táxi. Chego no AP, com muita dificuldade em subir as escadas. Entro da forma mais discreta
possível no ap. sem fazer algum barulho.
- Sério, por que você desperdiça tanto tempo da sua vida nisso? É irritante. Você nunca terá A visão que
os homens da nossa família têm. Não é por que você consegue ver alguns borrões que a torna no direito
de ser um de nós. – Ouço uma voz masculina.
- O exorcismo é um dever sagrado, e eu não posso realizá-lo apenas pelo fato de ser mulher? Me poupe!
– Fala minha colega de quarto.
- Você não foi abençoada, você foi amaldiçoada. Vai ficar vendo vestígios de encarnações do mal e não
vai poder fazer nada como sempre, é inútil.

65
- Tá, se veio aqui só falar o que eu já sei pode ir embora. – Escuto um tom irônico por parte de Annie.
- Na verdade não foi só por isso, Lucy disse que queria criar uma possível ‘’cópia’’ para conseguir
enxergar os espíritos. Achei que ela estava brincando, mas... –não consigo escutar muito bem o que ele
fala depois só escuto uma risada rancorosa.
- Deu pra acreditar até nela? Me odeia tanto assim? Nossa valeu pelo apoio viu, agora com licença. –
Escuto os passos dela se aproximando da porta.
- Mas nós ainda não terminamos...
Vou até a caminho da sala e tropeço no corredor. Annie me segura.
- Quando você voltou?
- Humm, oi Lauren, Harry como pode ver minha colega de apartamento voltou um pouquinho exaltada
então é melhor você ir embora. -Ela fala séria e logo ele se retira falando uma boa noite.
- Oh, até que enfim ele foi embora. – Falo tirando meus saltos e sentando no sofá.
- Pera aí você estava escutando tudo? – Pergunta Annie não conseguindo conter o riso.
- Nem tudo. Meu Deus, o trabalho da Madame Jannete! Depois conversamos. -Falo isso e começo a
pegar meus lençóis e medi-los de acordo com o manequim do meu quarto.
- Hum, tá bom né, vou dormir. – Fala indo pro quarto dela.
- Vou beber alguns energéticos da geladeira se não se importa. – Falo alto pra ela escutar.
- Por mim tudo bem. – Grita do quarto dela em resposta.
Vou até a geladeira e pego uma garrafa com um líquido avermelhado e bebo. Não é ruim, mas também
não é bom. Pego uma latinha de energético e volto a usar a máquina de costura.
Acordo no dia seguinte meio desorientada. Olho pro meu vestido com acabamento mal feito e suspiro.
Pelo menos vou levar alguma coisa. Coloco o vestido em um plástico e vou tomar um banho bem
gelado. Sinto que a ressaca está pior do que ontem, que sensação de cansaço horrível...
Annie ainda deve estar dormindo, não escutei nenhum barulho. Termino de me arrumar e pego minhas
coisas. O sol está particularmente quente hoje, como se quisesse me fazer sofrer. Peço um táxi e logo
chego na universidade. Entro na sala e logo vejo Sisi, ela parece totalmente recuperada.
- Laurie, como vai? –ela pergunta pra mim enquanto eu tiro minhas coisas da mochila
- Vou bem e você? Como não está de ressaca? – Perguntei rindo, mas logo encaro seu ombro, jurava
ter visto uma mini criatura em seu ombro, nem que fosse por uma fração de segundos...
- Laurie? Você tá bem? – Fala Sisi percebendo minha cara.
- Sim eu só preciso de água –digo e vou até um filtro e quando observo a água dentro do galão vejo
uma criatura nadando com uma cauda, esfrego os olhos e não vejo nada novamente.
- Ta, nada aconteceu, simplesmente nada aconteceu. Eu apenas estou tendo ilusões por causa da luz do
sol e do calor, só isso.
- Vem cá. – Escuto uma voz ameaçadora e de repente me arrastam pelo pulso até o banheiro feminino.
- Annie? O que faz aqui?

66
- Você bebeu aquele líquido meio avermelhado? Ou derramou ele sem querer e limpou? Pelo amor de
Deus. - Fala nervosa
- Hum, acho que eu bebi, não tenho certeza.
- Ah tá, era tudo o que faltava. Você teve um dia estranho hoje?
- Bom, o dia mal começou e você já tá me perguntando isso?
- Alguma coisa fora do normal, só isso que eu quero saber. – Ela me encara.
- Acho que só umas alucinações de uns monstrinhos, mas deve ser só a ressaca. Ela para por alguns
minutos e me observa. Sorri, mas depois volta a ficar pensativa. Por fim ela fala:
- Vou arrancar seus olhos.
- O que? Você tá brincando né?
- Talvez. Você não quer ficar vendo assombrações do mundo inferior pra sempre né?
- Como assim mundo inferior? Do que você tá falando? – Pergunto encarando ela.
- Bom talvez eu te conte um dia. Mas basicamente o que está acontecendo com você agora é que você
conseguiu ganhar A visão, que te dá o poder de ver o mundo inferior, ou o mundo invertido. Como se
olhar no espelho. Tá vendo? Aquela se parece com você, mas não é você.
- Você só me confundiu mais.
- Ah, quem sabe um dia eu te conte a história toda né, você parece ser uma pessoa legal até.

- Isadora Amélia

67
Vida: O trem bala que não consegue parar

Havia amanhecido um dia triste, Bruno e Luna estavam passando muitas dificuldades recentemente,
afinal era difícil ser imigrante mexicano sem os pais em São Paulo.
Estava a caminho da escola quando encontrou sua única amiga, Estela. Conheceu-a em um grupo de
apoio a imigrantes e desde então conversam todo dia. Estela era a coisa mais próxima que tinha de uma
família, onde se identificava muito, pois Bruno havia perdido seus pais e Estela perdeu a mãe em um
acidente de carro.
O pai de Estela, Marcos, tentava exaustivamente suprir a ausência da mãe dando presentes e festas
absurdas, mas trabalhava exaustivamente para isso por ser dono de uma empresa nacional, além de
sempre estar em reuniões ou viagens.

////////////////////////////////////////////////////////////////////

Depois de alguns meses, logo no final das aulas, Marcos foi diagnosticado com câncer terminal,
decidindo ficar apenas em casa aproveitando o tempo que ainda lhe restava com a filha. Bruno, ao
descobrir tal notícia, não conteve sua tristeza e frustração, ele via o quão infeliz Estela era por não ter a
mãe presente e agora iria perder o pai também? Sabia exatamente como era aquela sensação, e que não
era nada boa.
Marcos conversou muito com sua filha sobre o que estava prestes a vir em algumas semanas para tentar
melhorar a ida dele, obviamente, de qualquer jeito vai doer e machucar, mas ainda dava tempo de
reduzir a ferida. Por outro lado, a cabeça de Estela estava a 200km/h, pensando onde errou, o que poderia
ter feito melhor, como poderia ter aproveitado mais, e sabe a resposta para tudo isso? Nada, e isso era
o que mais a magoava.
Passou um dia na casa de Bruno para fugir um pouco daquele ambiente mórbido. Refletiu muito sobre
o tempo e a morte:
“Porque não aproveitamos o tempo? A maioria das pessoas tem um pavor enorme da morte, e só de
pensar já querem chorar e ficam nervosas, afinal de contas por que isso? seria pelo medo do fim? a
não aceitação de que tudo tem um fim? não aceitamos até mesmo o final de um livro ou série imagina
o da VIDA, é algo realmente louco.
Pensando nisso, e se todos nós fôssemos imortais? você teria literalmente TODO o tempo do mundo
para fazer TUDO que quisesse, qual seria a finalidade? qual seria o motivo? qual seria a graça?
exatamente, nenhuma.
O que nos motiva a continuar caminhando e correndo atrás dos nossos objetivos é saber que um dia
iremos perdê-los, então como iríamos aproveitar algo se nunca vamos perdê-lo?
A vida é baseada toda nela mesma e independe do final dela. Nós vivemos apenas esperando o final,
mas o que acontece é que muitos de nós não percebemos isso. A morte pode ser ao mesmo tempo a
coisa mais linda na Terra, e ser ao mesmo tempo a coisa mais triste e vazia.
Algo tão lindo e libertador, ao mesmo tempo, tão horrendo e abominável.

68
Acho que nosso cérebro realmente nos livra do estresse fazendo a gente ignorar o fato de que qualquer
dia pode ser o nosso fim, e por isso não vivemos cada dia intensamente como se fosse o último, mas eu
quero colocar isso em outra visão.
Não temos que nos forçar a “viver”, não temos que estar sempre “ativos”, se não, tudo vai virar algo
fútil e tosco, como se fosse uma obrigação. A morte, o fim, o desfecho, não devem ser temidos, mas sim
respeitados.
Estou aproveitando a minha vida ou só esperando o tempo acabar e o relógio parar de girar?” - ela
pensou

////////////////////////////////////////////////////////////////////

Bruno nunca se importou tanto com alguém que nem com a Estela neste momento, ela o ensinou a amar
novamente mesmo quando estava perdendo esperanças, o mostrou que dava de rir mesmo nos dias mais
sombrios, que dava de sorrir nos dias mais felizes, será que isso era só amizade? Nem mesmo ele sabia
dizer. Existem pessoas as quais entram em nossas vidas como se tivessem apenas um objetivo para
cumprir para ir embora depois. Estela conseguiu salvar Bruno no seu ponto mais baixo e ele sabia que
mesmo se ela fosse embora, nunca se esqueceria da importância que teve em sua vida, a maioria das
amizades verdadeiras são feitas disso, de momentos que você guarda e lições que aprende.

Foi em uma quinta-feira. Bruno acordou com Estela ligando para informar que seu pai havia morrido.
Ele só queria protegê-la, agarrá-la e fazer esquecer tudo isso que estava acontecendo, mas era inevitável.
Incrivelmente, o método de Marcos funcionou mais do que deveria, Estela estava sabendo lidar muito
bem com aquilo, no fundo doía, mas o amor por seu pai conseguia superar essa barreira.
No fim, Bruno e Estela acabaram se tornando um casal, formaram-se na escola e fizeram Direito na
UFMG. Todo dia Estela tirava um momento para conversar com seus pais e contava como foi o
cotidiano, sempre tinha aquele sentimento de saudade que se dissipava em memórias boas.

O intuito deste conto foi mostrar para os leitores que a vida é feita de momentos e vivências, nem tudo
é para sempre, nem tudo é perfeito, nem tudo é constante e este é um fato que, infelizmente, temos que
aceitar para conseguir ir bem na longa aventura a qual chamamos de vida.
Lembre-se: a vida às vezes é como um passarinho, sempre voando na sua própria vontade, indo de altos
para baixos ou de baixos para altos.

- Luiz Guilherme, Maria Vittória


e Rebeca

69
Visita Fantasma
- Certo, vamos lá - Diz Meiri, em frente a um grupo de cães encharcados após um banho. Ela separa
cada cão, um por um, para secá-los e finalmente terminar seu turno no veterinário., mal podia ver a hora
de se jogar em sua cama e dormir até o próximo dia. De repente, sentiu uma mão em seu ombro, virou-
se abruptamente, ainda com o pente para cachorro em mãos. Era Gwen, sua melhor amiga desde a
infância.
- O que veio fazer aqui? - indaga Meiri, voltando a arrumar o cão sobre a mesa - Achei que estaria na
entrevista de emprego.
- Ah, você sabe como é, Meimei, a vida é muito curta pra trabalhar igual condenada - Responde, é
notável seu sorriso cínico no rosto. Meiri suspira em frustração.
- Diga isso para suas contas atrasadas, Gwen - Rebate, alinhando os cachorros para prendê-los nas guias
para aguardarem seus donos. - Você veio me dar uma carona pra casa ou apenas perturbar minha paz?
- Um pouco dos dois - Solta uma risada - Vamos rápido, Meimei! Você demora demais. - Após sua fala,
Gwen se apoia na bancada da veterinária.
- Ainda vai levar um tempo, por que você não passa em algum restaurante aqui perto e compra nosso
almoço? Eu posso pagar mais tarde e até lá meu turno já teria acabado.
- Fechado. Me espera na calçada quando sair. - Disse pegando as chaves do carro e se dirigindo a saída.
- Claro. - Meiri volta ao trabalho, agora escovando os cachorros que sobraram.
Após uma hora, seu turno já havia chegado ao fim, Meiri esperava Gwen na calçada como combinado.
Esperou por dez minutos, que se tornaram vinte e logo trinta, a esse ponto Meiri estava impaciente.
"Isso é alguma brincadeira de mal gosto, Gwen?", pensou, retirando seu celular do bolso, discando o
número de sua amiga, porém sem sucesso. Todas caiam na caixa postal.
Frustrada, Meiri olhou ao seu redor, a rua estava pouco movimentada, desistiu de esperar Gwen e
começou a caminhar torcendo para que sua colega de quarto tivesse feito almoço de sobra. Após andar
por quinze minutos, deparou-se com uma grande multidão de pessoas, até mesmo policiais e uma
ambulância. Sentiu angústia apenas de olhar a situação, o que a fez acelerar o passo.
Ao chegar na rua de casa, Meiri retira seu celular do bolso para checar se Gwen retornou alguma de
suas ligações. Nada. Discou uma última vez o número de sua amiga, mas dessa vez, a chamada foi
atendida.
- Gwen?! O que aconteceu? Por que você demorou tanto? Eu já estou na porta da minha casa. - Meiri
questiona, definitivamente preocupada, porém não recebe nenhuma resposta.
- Ei? Isso não é engraçado, Gwen. Me responda! - Apenas o silêncio do outro lado era notável - Por
favor... - Foram as últimas palavras de Meiri antes da ligação cair.
Tentou ligar novamente, porém apenas caia na caixa postal novamente. Sentiu um peso nos ombros,
mas imaginou ser apenas o cansaço e frustração a afetando. Finalmente chegou em casa, sendo recebida
por Lucy, sua colega de quarto, com uma feição assustada no rosto enquanto assistia algo na televisão.
Meiri não tinha a visão completa do que ela estava assistindo.
- Lucy? Que cara é essa? Parece que viu um fantasma.
- Meiri... - Ela mal conseguia falar, parecia estar em choque.
Estranhou. Pensou ser um filme de terror, mas conhecia Lucy o suficiente para saber que ela não teria
tanto medo. Andou alguns passos e se virou pra televisão, agora tendo total visão. Meiri paralisou no
lugar no mesmo instante, não conseguia acreditar no que estava vendo. Na televisão, estava sendo
noticiado um acidente de carro, perto de sua casa e o mesmo que ela passou vindo para a residência, só
que dessa vez com detalhes: Uma jovem em seus 23 anos que morreu instantaneamente ao sofrer um

70
acidente de carro, e logo abaixo o nome da vítima: Gwen Jones Smith. Sem dúvidas, era sua amiga, sua
melhor amiga, aquela com quem Meiri cresceu junto.
- Não, não, não - Ela olha para Lucy, que evita o olhar, estava tão em choque quanto. - Isso só pode ser
um engano! Ela atendeu minha ligação a menos de 15 minutos! Isso não faz sentido... - Desaba, sua
visão embaçando de lágrimas.
- Eu sinto muito, Meiri. - Lucy a abraça em uma tentativa de consolo. - Ela não merecia isso. - Meiri
continuava a chorar, recusava acreditar no noticiário.
Dias após o ocorrido, não tinha forças e muito menos vontade para sair do quarto. Seu celular estava
cheio de ligações de sua mãe querendo saber se ela estava bem. Lucy acabava respondendo por ela,
visto que a garota estava visivelmente abalada.
- Meiri? - Lentamente, Lucy abre a porta do quarto - Eu preciso passar no mercado, você quer algo de
lá?
- Não. - Respondeu monotonamente, sem ao menos levantar os olhos.
- Tem certeza? Eu estou preocupada com você, Meiri...
- Tenho.
Após a resposta, Lucy fecha a porta dando uma última olhada antes de ir. Precisava dar um jeito para
animá-la. Depois de alguns minutos, Meiri pensou estar sozinha em casa, entretanto, continuava a
escutar passos. Imaginou que Lucy havia esquecido alguma coisa então não se importou, mas a cada
segundo, os passos se tornavam um incômodo. Decidiu finalmente levantar e checar o que estava
acontecendo.
No momento em que abriu a porta do quarto, não havia nada de errado, mas ao chegar no corredor
sentiu um forte arrepio. O cômodo estava frio.
Continuou andando pela casa até chegar na cozinha. Algumas coisas estavam fora do lugar. "A Lucy
não deixaria as coisas assim, muito perfeccionista para isso." Pensou. Desesperou-se ao cogitar que
alguém havia invadido sua casa, correu para a porta de entrada a fim de confirmar que ela estava
trancada, e estava. Meiri continuava a escutar os passos, dessa vez mais altos, como se estivessem
estranhamente perto dela.
- Quem está aí? Independentemente de quem é, isso não é engraçado. - Aumentou o tom de voz. Não
obteve nenhuma resposta, mas sentiu um arrepio novamente, junto de uma voz "Meiri..." foi a única
coisa que ela conseguiu entender.
Sua primeira ação foi sair do lugar o mais rápido possível, mas sentiu um peso sobre seus ombros, o
que a fez se virar, se deparando com sua melhor amiga… Morta?
Meiri ficou perplexa, não havia palavras que descrevessem sua visão. Deixou sair uma risada
perturbada.
- Não... Isso só pode ser uma alucinação, isso, uma alucinação. Você não está realmente aqui, eu só
preciso de um bom descanso e mais tarde eu vou rir disso, quem sabe? - Conversava sozinha, a figura
de Gwen em sua frente sem esboçar nenhum tipo de emoção.
- Você consegue me ver? - Gwen, que até então não expressava nada, obteve uma expressão surpresa -
Meiri, você consegue me ver?! Eu não entendo o que está acontecendo, todo mundo está triste e todos
agem como se eu não estivesse com eles! - Gwen diz, botando suas mãos sobre os ombros de Meiri,
que continuava perplexa e plena que era apenas um pesadelo - Me responde!
- Você tá morta, Gwen! Não tem como isso ser real. - Exclama, o fantasma dá um passo para trás,
confusa com a sentença dita por sua amiga.

71
- Eu não estou morta... Eu estou aqui! Você mesmo está me vendo! Olha só. - Após responder Meiri,
Gwen tenta pegar um objeto para provar que estava viva, este que apenas atravessa sua mão a deixando
sem palavras. - Eu não...
Meiri observa tudo, ainda em choque, seus olhos enchem de lágrimas e Gwen apenas retorna o olhar.
- Eu não posso estar morta... Não tem como! Eu estava no carro indo comprar nosso almoço! Eu lembro.
- Você se envolveu em um acidente e morreu na mesma hora, como você não se lembra? - Diz limpando
suas lágrimas, a esse ponto não conseguia distinguir o que era real ou não.
Pegou o celular que ainda estava em seu bolso e reproduziu o noticiário do dia do acidente. Escutando
tudo atentamente, Gwen continua em silêncio, um silêncio ensurdecedor entre ambas. De repente,
escuta-se a tranca da porta, indicando que Lucy havia chegado, a fantasma não se mexeu, mas Meiri
escondeu seu celular. A porta se abre.
- Oh? O que a fez sair do quarto? - Lucy entra, com sacolas de mercado nas mãos. - O que diabos
aconteceu aqui? - Pergunta, olhando a bagunça da cozinha.
- Um rato. - Meiri responde sem pensar.
- Um... rato?
- Um rato.
- Certo, eu acho que você precisa de um pouco mais de descanso. E por que aqui está tão frio?
- Lucy se direciona a Meiri levando-a de volta ao quarto. Gwen continuava estática no lugar,
provavelmente digerindo a informação de que está morta.
- Lucy... Você a viu? - Meiri pergunta enquanto ia em direção ao quarto.
- O rato?
- A Gwen.
Lucy olha estranho para sua colega, talvez ela realmente precise de um descanso ou até mesmo um
psiquiatra.
- Eu não sei exatamente o que você está falando, mas eu não vi a Gwen. - Respondeu, chegando no
quarto o e abrindo a porta para Meiri entrar. - Eu comprei uns salgadinhos, você quer algum?
- Não precisa, obrigada. - Lucy fecha a porta, ainda preocupada com o estado de Meiri.
"Era uma alucinação, Gwen não está realmente aqui. Fantasmas não são reais, ao menos era o que minha
mãe me dizia." Meiri pensava. Deitou-se em sua cama ainda tentando lentamente entender o que acaba
de acontecer.
- Eu estou morta. - Gwen aparece, sentada em cima de sua escrivaninha, encarando o chão, sem
nenhuma emoção novamente. Meiri deixa escapar um grito o que alerta Lucy que vem correndo.
- MEIRI! - Entra no quarto, pronta para lutar com qualquer pessoa que estivesse ali. - Está tudo bem?!
Por que gritou?!
- O rato... - Novamente, responde sem pensar. - Eu pensei ter visto ele outra vez.
- Meiri... Você tem certeza de que está bem?
- Tenho, Lucy. Obrigada pela preocupação, eu só estou estressada, ok? - Responde, intercalando o olhar
entre a garota, que estava na porta e Gwen que continuava sentada olhando para o chão. Lucy olha para
onde a fantasma estaria sentada, mas apenas consegue ver uma escrivaninha normal como qualquer
outra.
- Certo, qualquer coisa eu vou estar na cozinha. - Lucy fecha a porta novamente. Os sons dos passos se
afastaram. - Mas que diabos, Gwen?!

72
- A quanto tempo eu estou morta? - Pergunta. Sua expressão monótona era visível.
- Uma semana. - Meiri responde enquanto assiste Gwen levantar-se da escrivaninha e lentamente sumir,
Meiri só podia estar ficando insana.
O que estava acontecendo? Gwen realmente estava aqui? Meiri não conseguia parar de pensar. Decidiu
finalmente descansar. Talvez ela precisasse mesmo de um descanso, como Lucy falou. Assim que
acordou, a única coisa que viu foi uma silhueta familiar tentando mexer em suas coisas. Perguntou por
Lucy, achando que seria ela, mas era apenas Gwen, ainda não conformada que estava morta.
- Eu não consigo segurar nada, Meiri! Você tem noção disso? Nada, nadica de nada, NADA! - Gwen
estava claramente em estágio de negação, tudo que ela segurava, passava entre suas mãos, um
verdadeiro pesadelo na visão de Meiri.
- Você disse que ninguém conseguia te ver. - Meiri fala sua primeira sentença desde que acordou, Gwen
vira o olhar para ela. - Por que eu consigo te ver? Por que eu consigo me comunicar com você? Você
está morta! Isso não deveria ser possível.
- Você foi a última pessoa que eu vi, Meimei. - Ouvir seu apelido típico vindo de Gwen, era
reconfortante, mas ainda inacreditável. - Sabe, tirando o fato de ninguém me ver e eu não poder segurar
nada, é legal estar morta. - Ri, Meiri olha pra ela de modo frustrado, ainda torcendo que estivesse
sonhando ou fosse algum tipo de piada.
- Eu só espero que isso passe logo, Gwen. Não me entenda mal, mas ter a alma de alguém morto que
eu considerava não é nem um pouco legal.
- Não me importo. - Gwen disse, antes de sumir novamente. "Vai tudo ficar bem." Meiri pensou, pena
que não esperava pelo que viria.
Passaram-se meses desde o surgimento do "espírito" de Gwen, e Meiri já estava a um passo da
insanidade. Todo lugar que ela fosse, Gwen estava lá, como uma praga, ela ama a amiga, mas nunca
imaginou que uma situação dessas aconteceria.
Já estava mais que claro que Gwen estava morta, mas por que Meiri continuava a ver ela? Com as
mesmas características, a mesma personalidade e até mesmo a mesma roupa durante meses? Ela não
tinha a resposta para nenhuma dessas perguntas. Lucy estranhou Meiri por todo esse tempo, mas nunca
perguntou nada, pensou que seria algum trauma de perder a melhor amiga.
Meiri, além de suportar um espírito ao seu lado, pesquisou muito durante o assunto, infelizmente sem
resposta, então resolveu se adaptar: "Se não pode com seu inimigo, junte-se a ele", era o que Meiri
pensava.
Aos poucos, Gwen tornou-se uma companhia conveniente, até mesmo a ajudava com problemas que
não conseguia encontrar a resposta, até o dia que a fantasma apresentou estar desconfortável com algo,
mas Meiri não conseguia identificar o quê.
- Meiri. - Gwen surge atrás dela que estava concentrada em um projeto para o veterinário.
- O que você quer dessa vez? - Meiri para o que estava fazendo para olhar a figura encolhida no canto.
- Eu preciso te contar algo. - Gwen estava séria, nunca havia visto ela assim desde o dia o qual descobriu
que estava morta. - Eu tenho escondido isso de você, eu achei que era algo pequeno, sabe?
- Não vai me dizer que está morrendo novamente. - Meiri brinca.
- Eu acho que é pior. - Gwen não esboça nada, apenas levanta seu braço que estava... sumindo?
- O que é isso?
- Eu estou sumindo, Meiri. Eu não te contei porque achei que se resolveria com o tempo! - Gwen levanta
o outro braço, que estava na mesma situação.

73
- Por que você não me contou?! Gwen, isso não pode ser bom. - Meiri cai na realidade, sua melhor
amiga estava sumindo e dessa vez, de forma definitiva. - Talvez seja algo momentâneo, certo?
- Não é momentâneo, já venho observando isso faz um tempo. Eu te disse, achei que se resolveria com
o tempo. - Meiri se manteve em silêncio, encarando os olhos do espírito, era como se tudo estivesse se
repetindo.
- Me desculpe. - Gwen diz, Meiri fica confusa ao escutar, e, de repente, ela vai para longe.
- Gwen? Gwen?! - Raciocina o que aconteceu, e começa a procurar por sua amiga, que já havia ido
embora - Eu sei que você está aí, Gwen! Você não sumiu ainda! - Meiri deixa seu projeto por um tempo,
abandonando seu turno no veterinário.
Acelerando o passo cada vez mais até chegar em casa, por sorte, Lucy não estava presente. Meiri
começa a procurá-la pela casa, chamando pelo seu nome.
- Gwen, por favor. Eu não posso te perder de novo. - seus olhos enchem de lágrimas, de novo. Ao
chegar no quarto, o cômodo que Gwen surgia com frequência, encontra apenas sua escrivaninha e sua
cama, como sempre foi. - Eu sei que você ainda não sumiu, Gwen. Fale comigo...
- Me supera. - Gwen finalmente surge, sentada na borda da cama. - Você precisa me superar, Meimei.
Eu já estou morta mesmo.
- Eu não consigo. - Meiri suspira de alívio por ver sua amiga, mas logo se torna tensa ao escutar o que
ela tem a dizer.
- Consegue sim, você sempre conseguiu. - Gwen se levanta, ficando cara a cara com Meiri.
- Eu vou seguir em frente, como eu deveria desde o início, e você também deve.
- Mas... Você vai sumir. Pra sempre - Já não conseguia segurar suas lágrimas.
- Eu vou, é o meu destino, eu estou apenas adiando ele. Você tem toda uma vida para viver. - Gwen
sorri, um sorriso reconfortante. - Vamos cada uma seguir nosso caminho, certo?

Meiri, ainda abalada com o que acaba de ouvir, concorda, mesmo que contra a vontade. Gwen continua
sorrindo até sumir novamente, agora não sabia se era definitivo ou se ela ainda estaria por aí. A única
coisa que sentia era como se tivesse perdido sua outra metade. Meiri desaba no chão: "Você ainda vai
estar do meu lado, Gwen. Você precisa estar." Foi seu último pensamento.
- Anônimo.

74
Desconhecido

Eu me lembro daquele dia como se fosse ontem, eu tinha apenas nove anos na época, e nunca poderia
esperar por esse dia, era noite e estávamos voltando da nossa viagem em família, estava eu, meu irmão
mais velho, meu pai e minha mãe, estavamos falando sobre como a viagem foi divertida, quando um
caminhão em alta velocidade acertou o nosso carro, o impacto jogou o nosso carro para longe, o virando
de cabeça para baixo. Me lembro de gritar, da minha mãe desesperada, do meu irmão do meu lado que
não respirava e do meu pai que também não se mexia. Demorou, mas o resgate veio, minha mãe e eu
fomos socorridos a tempo, mas meu pai e meu irmão não sobreviveram.
Já faz sete desde esse acidente, meu nome é Ethan, tenho 16 anos e estou no 2 ano do ensino médio.
Está frio hoje, como normalmente é na Finlândia. Hoje é um dia qualquer evitando as outras pessoas,
ouvindo as aulas dos professores esperando o intervalo, quando chegou o intervalo eu fui ao lugar de
sempre, atrás da escola, tinha terminado de comer meu lanche, quando um garoto de cabelo vermelho
se aproximou, acompanhado de mais três pessoas: Um garoto com um bom porte físico com uma
bandana na cabeça, um garoto mais sério e uma garota. O garoto de cabelo vermelho estendeu a mão e
disse:
- Olá, Ethan.Venha jogar futebol com a gente.
Eu simplesmente não sabia o que se passava na cabeça dele, estava muito frio para jogar futebol.
Ele continuou a falar:
- Meu nome é Red, aquele com a bandana é Nate, o outro do lado dele é Hilbert e a Manuela, vamos lá!
Eu ainda estava muito confuso, mas mesmo assim peguei na mão dele, e ele me levou junto de seus
amigos até o campo de futebol, que estava vazio.
-Beleza a Manuela vai ficar no gol, vai ser eu e o Ethan contará o Hilbert e o Nate.
E então ficamos chutando a bola, pra lá e pra lá e pra cá, o ar gelado entrando nos nossos pulmões, mas
eu não conseguia parar, estava sentindo alguma coisa que não sentia a muito tempo, porém o sinal tocou
e nós tivemos que parar.
Voltei para a sala de aula, cansado e com os pulmões doendo, mas de alguma forma, meio que feliz.
Quando a aula acabou, encontrei eles na saída da escola, Red veio até mim e disse que estavam me
esperando, e me convidou para sair com eles, por algum motivo eu aceitei. Fomos até o parque onde
ficamos conversando sobre o jogo de hoje, por alguma razão eu estava estranhamente bem na conversa,
mas no fim anoiteceu e tivemos que ir para nossas casas, voltei para casa e minha mãe ficou surpresa
de me ver com uma expressão menos depressiva, depois de jantar e tomar banho, fui pra cama e pela
primeira vez estava ansioso para o próximo dia.
Acordei bem mais cedo do que costumo, me arrumei, tomei café da manhã e fui pra escola mais cedo
do que de costume, chegando até a escola fui ao campo de futebol onde encontrei a Manuela, depois de
cumprimentá-la, perguntei dos outros, mas ela respondeu que outros só chegam depois, fiquei
conversando sobre o que íamos fazer e combinamos que todos nós íamos lanchar atrás da escola, onde
costumava ficar.
A aula começou e de novo não teve nada de diferente, exceto que alguns alunos faltaram e que íamos
ter uma excursão escolar semana que vem. Finalmente veio o intervalo, mas, dessa vez estavam Red,
Nate, Hilbert e Manuela, comemos nossos lanches felizes, e quando terminamos decidimos que íamos
jogar vôlei, dessa vez Red seria o juiz, e seria eu e Manuela contra Hilbert e Nate (ao que parece esses
dois eram grandes amigos), no fim perdemos para a dupla, mas pouco me importei, estava me divertindo

75
muito. O resto do dia foi igual, voltei para a sala de aula, ouvi às aulas dos professores até a aula acabar,
voltei para casa e de novo fiz as mesmas coisas, animado para os próximos dias.
Nesse outro dia, mais pessoas faltaram, mas não liguei muito, pois queria passar mais tempo com essas
pessoas que podia chamar de amigos. Os dias foram passando e ficamos brincando de jogos diferentes
com o Nate e seu jeito bobalhão de ficar exibindo seu corpo, o Hilbert e seu jeito sério de sempre, a
Manuela nos acompanhando em tudo, e quando me dei conta era eu que estava liderando o grupo,
escolhendo o que fazer, liderando nos jogos, porém mal sabia eu que esses tempos felizes iam acabar.
Faltava apenas um dia para a excursão, era segunda, porém dessa vez não tinha ninguém na escola
mesmo sendo horário de aula. De alguma forma pensei que o mundo estava apenas me dando tempo
para poder brincar, então decidi que iríamos jogar futebol, o jogo que Red escolheu quando me chamou
para jogar. Como no naquele dia, ficamos chutando a bola um para outro, tentando acertar o gol, até
que eu acidentalmente acertei a bola na cara de Nate com um chute.
-Ah, me desculpe!
Mas ele apenas riu.
-Isso foi divertido, mas agora é hora de eu ir embora.
-Hein?
-Obrigado por ter passado tanto tempo com um idiota como eu.
Ele chuta a bola para mim.
-Adeus, Ethan.
E ele simplesmente desapareceu.
-Nate!
O campo ao nosso redor estava se começando a desaparecer, eu me virei para os outros e gritei. O que
estava acontecendo?!
-Por que está tão desesperado Ethan? Esse é o lugar que você alcançou com sua força.
-Eu não entendo o que está acontecendo!
-Ethan, está na hora de você saber a verdade. - Disse Manuela.
-Verdade?
-Me escute com atenção. - Disse Red.
-Você sabe da excursão que íamos ter?
-Sim.
-Ela aconteceu no mundo real, mas seu ônibus sofreu um acidente.
-O que?
-E para não entrar em colapso mais do que já estava, sua mente criou esse mundo, que repete os eventos
do mundo real, com apenas uma diferença para nós.
De repente eu quase tive um colapso, quer dizer que esse era um mundo falso? Eles não eram reais? Eu
sofri mais um acidente?
Então Red continuou:

76
-Para superar o trauma que você tinha e para seguir em frente, sua mente nos criou para que pudesse
ficar mais forte.
-Então quer dizer que vocês não são reais? Que existem apenas para eu superar minhas dificuldades?
Então me virei para Hilbert, que estava de cabeça baixa
-Ei, Hilbert, diga alguma coisa! Quer dizer que você só age assim por que eu inconscientemente te criei
assim?
-Você quer que eu diga que eu sou apenas um robô sem sentimentos?
Hilbert levantou seu rosto, porém estava chorando.
-Como se eu pudesse dizer isso! Sendo que eu passei esses momentos tão divertidos com vocês, mesmo
não sendo reais!
-Hilbert...
Então ele enxugou as lágrimas e disse: ``Ethan, você irá seguir em frente, ou vai continuar agindo como
uma criança? ́ ́ Eu respondi que iria seguir em frente.
-Então está tudo bem, saiba que o motivo desse mundo está desaparecendo é porque você não precisa
mais permanecer nesse mundo, agora adeus.
E então Hilbert desapareceu deste mundo, deixando apenas eu, Manuela e Red. Num ato de frustração,
eu chutei a bola com toda força que foi parar a uma distância incrível. Manuela então se aproximou de
mim e disse:
-Antigamente você não conseguiria chutar a bola tão forte assim, essa é a força que você conquistou,
não importa se somos reais ou não, se fazer amigos trate da mesma forma como nos tratou. - Disse
Manuela em lágrimas.
-Adeus, Ethan.
Manuela também sumiu desse mundo, deixando apenas eu e Red. Red se virou e disse:
-Você precisa deixar esse mundo, saia pelo portão da escola.
-Não quero! Quero ficar nesse mundo para sempre! Quero ficar com você, brincar todos os dias, me
divertir não me importo com mais nada!
-Francamente...
E então, ele se virou com os olhos cheios de lágrimas
-Eu odeio isso mais do que você! Por que essa tinha que ser a realidade? Eu queria ficar do seu lado
mais do que qualquer um! Por quê?!
-Red...
-Vá, Ethan, vai!
O mundo estava começando a desaparecer, e então eu comecei a correr em direção ao portão, dei uma
última olhada para trás, onde pude ver Red desaparecer, sorrindo para mim, quando passei pelo portão,
onde o resto da cidade estava desaparecendo, deu um grito, enquanto continuava a correr. Por quê? Por
que essa tinha que ser a realidade? Estava correndo e chorando, parecia uma eternidade, até que eu senti
uma sonolência e desmaiei.

77
Quando acordei, percebi que estava numa cama de hospital, não consegui me mexer e pude ver aqueles
saquinhos de soro, ligados por um tubo no meu braço. O médico entrou no meu quarto e começou a
fazer alguns exames, perguntei sobre os outros alunos, mas descobri que fui o único sobrevivente.
Passaram alguns meses e finalmente pude receber alta, minha mãe ficou surpresa ao descobrirem que
eu não entrei em choque depois de tudo que eu passei. Quando fui para a escola, todos ficaram me
olhando, perplexos por eu não estar em colapso, perguntei para um professor sobre como estavam Red,
Nate, Hilbert e Manuela onde ele respondeu que não existiam nenhum aluno com esse nome. Chegando
a hora do intervalo para trás da escola, o lugar que os conheci, onde eu os agradeci em lágrimas por
tudo que eles fizeram por mim, e então me virei, e decidi seguir em frente.

- Eduardo Eiji

78
O sumiço

Em São Paulo, durante o ensino médio Raquel e Ágatha viraram melhores amigas. Com o passar do
tempo, sua amizade se fortaleceu, tanto que quando descobriram que passaram na mesma faculdade de
moda decidiram morar juntas, a relação delas era agradável até certo ponto.
Por outro lado, em Florianópolis, Maya e Giulia, amigas desde a infância, acabaram se separando pela
aprovação de Giulia em uma faculdade na Europa, porém a amizade delas nunca deixou de existir.
Já no Rio de Janeiro, Hanna e Heitor têm um caso de amor antigo separados pela distância, após Heitor
se mudar para Lisboa.

Ágatha
Após um dia cansativo na faculdade, lá vem Raquel tentar me convencer para irmos para mais um
festival, mais uma festa para ela gastar todo o dinheiro do pai.
- Thata, por favor imagina como vai ser divertido, um festival europeu, não podemos perder essa
oportunidade.
Reclamei:
- Mais uma vez Raquel, já disse que não gosto desse apelido e muito menos de festivais, principalmente
em outro país, pior ainda.
Logo pensei em uma oportunidade de fazer algo que seria muito vantajoso pra mim, e resolvi aceitar o
convite de Raquel. Ela implora mais uma vez:
- Ah Ágatha, por favor, não quero ir sozinha, com você será divertido.
- Raquel... pensando bem, posso dar uma chance a esse festival.
Resolvo aceitar o convite.

Giulia
Conversando mais uma vez com Maya por ligação, falando as novidades da faculdade nova, acabo
comentando sobre um festival aqui na Europa, uma ótima oportunidade para nos revermos e Maya logo
concorda:
- Nossa, com certeza, Giulia! Não vamos perder essa oportunidade.
Eu disse:
- Ótimo, vou ver os ingressos, e você já vai olhando as passagens.

Hanna
Olhando as redes sociais vejo um anúncio a respeito de um festival na Europa, onde um amor antigo
meu mora, logo pensei na possibilidade de reencontrá-lo e resolvo entrar em contato com ele. Resolvo
mandar uma ‘mensagem’:
- Oi Heitor, como andam as coisas aí na Europa? Eu sei que faz tempo que não conversamos, mas fiquei
sabendo sobre um festival que terá aí, onde o DJ Marshmallow vai tocar.
Respondeu Heitor:

79
-Oi Hanna, está tudo bem sim, e por aí? Muito calor ainda? Fiquei sabendo sobre esse festival sim,
quando vi o anúncio logo lembrei de você, porque não vem passar uns dias por aqui e poderíamos ir ao
festival juntos.
Hanna respondeu empolgada:
-Ah muito obrigada pelo convite, estava pensando exatamente nisso, vou olhar só as passagens já que
vou ter meu hotel 5 estrelas de volta, hahaha.

Ágatha
Enfim eu e Raquel chegamos no hotel em Lisboa, depois de muito estresse no aeroporto, encontramos
duas simpáticas garotas brasileiras, Maya e Giulia que acabaram tendo os mesmos imprevistos que a
gente, acabamos virando amigas e descobrimos que elas também iriam ao mesmo festival.
-Meninas, já que vocês também vão ao mesmo festival, o que vocês acham de irmos juntas? -Propõe
Raquel.
-Por mim tudo bem, e por você, Giulia?
-Por mim também, acho uma ótima ideia! - Giulia afirma.

Hanna
Quando chego ao aeroporto de Lisboa, fico passando meus olhos nas pessoas em busca de Heitor. Logo
o avisto e aperto o passo ao seu encontro, ele me recebe com um forte abraço e sinto aquele mesmo
cheiro de anos atrás.
-Nossa quanto tempo... Senti sua falta. - Heitor fala.
-Também senti falta desse abraço.
No caminho para seu apartamento, não paramos de conversar, senti a mesma química de antes e percebi
que nada mudou entre nós.

Ágatha
Enfim chegou à noite tão esperada do festival, estou ansiosa para ver o que irá acontecer nessa noite
tão esperada por mim. Na entrada do festival eu, Raquel, Maya e Giulia encontramos um casal de
brasileiros, Hanna e Heitor, e acabamos criando uma amizade involuntariamente, entramos todos juntos
no festival, estávamos curtindo ao som do DJ Marshmallow, até que depois de certo tempo sentimos
falta de Raquel.
-Você sabe da Raquel? Tem tempo que não há vejo. - Giulia me questiona.
-Nossa nem percebi, vamos procurá-la, chame o resto do pessoal. - Respondo surpresa.
Procuraram Raquel por todo festival, mas mal sabem eles onde ela está. Após horas de procura sem
sucesso, resolvemos nos juntar na casa de Heitor para esperarmos a hora de chamar a polícia. Passadas
24h do sumiço de Raquel, Heitor registra um boletim de ocorrência para a polícia portuguesa começar
com as buscas.
-Vocês acham mesmo necessário envolver a polícia nisso, já, já ela deve aparecer no Hotel. - Logo
retrucou.

80
-Você tá falando isso mesmo? Ela não era sua melhor amiga? É claro que devemos fazer isso. - Hanna
discorda.
- Exatamente, conheço ela tão bem que sei que já ele deve aparecer no hotel, com certeza deve estar
com algum cara português. - Eu continuo.
Após todos discordarem de mim, resolvo voltar sozinha para o hotel. Recebo uma ligação vinda do
Brasil do pai de Raquel questionando sobre o sumiço de sua filha, e me informando sobre a ligação que
alguns sequestradores fizeram para ele pedindo uma quantidade absurda de dinheiro em troca de sua
filha.
Na ligação digo a ele:
- Senhor Alberto, realmente muito ‘triste’ o que está acontecendo com Raquel na viagem que deveria
ser para nós divertimos. Aconselharia o senhor a pagar a quantia pedida pelos sequestradores para que
não aconteça nada de grave com Raquel. Já acionamos a polícia portuguesa, mas estão sendo muito
incompetentes a respeito do caso.
- Você está certa, realizei o pagamento imediatamente. - Alberto concorda preocupado.
Tudo saiu conforme o planejado, Raquel reaparece no dia de todos voltarmos pra casa. Apesar de muito
medo, Raquel aparenta estar bem e consegue voltar pra casa, menos Hanna que decidiu ficar com o
Heitor, todos nos despedimos, porém mantemos contato, após alguns meses em casa anúncio para todos
que irei me mudar, mas não revelo meu destino para ninguém, me despeço de todos e as desconfianças
começam a aparecer, mas logo sumi e cortei contato com todos, na minha nova casa, vivo a vida que
sempre mereci e logo falei para mim mesma:
- Parece que todo aquele plano impossível deu certo.

- Valentina Viena, Beatriz Rosa, Anna Clara Pimentel,


Maria Eduarda Trajano, Helena Sofia Alves,
Letícia Galli, Paulo Vitor Moura

81
Separação Familiar
Esse conto se trata de dois irmãos que não se conheciam ou sequer sabiam da existência
do outro.
Essa história começa em uma favela do Rio de Janeiro com a família Sheivel, John um jovem de 28
anos foi expulso de casa com 11 anos por seu pai, e nunca mais voltou e sua irmã Gabriela de 16 anos
cresceu sem nunca saber da existência de John. John ao ser expulso seguiu a sua vida com muitos
traumas internos e externos, porventura acabou se envolvendo em várias brigas na adolescência e por
isso suas costas estão repletas de cicatrizes, ele se formou em medicina após abandonar sua vida de
delinquente e atualmente ele é um cirurgião.
Já sua irmã saiu de casa quebrada psicologicamente após o falecimento de seu pai, e de sua mãe ter se
tornado alcoólatra, atualmente depois de 7 anos do acontecimento Gabriela está no ensino médio, ela
é uma aluna brilhante, porém rebelde.
Nesta noite Gabriela está voltando para casa quando aparece um homem e tenta assaltá-la por instinto
a garota reage e acaba tomando uma facada, o ladrão pega sua bolsa e foge desesperadamente, por
coincidência John que estava caminhando naquela mesma rua escuta o grito e corre pra saber o que
aconteceu. Quando ele chega vê Gabriela sangrando no chão, como John é um médico consegue
estancar o sangue e ligar para o pronto socorro, Ele acompanha a garota na ambulância, chegando no
hospital eles percebem que a faca atingiu um órgão e que só seria possível a recuperação por meio de
cirurgia.
John logo veste seu uniforme e corre para a sala de cirurgia, horas se passam e ele sai levando a garota
para uma sala que é o lugar que ela ficará até a sua recuperação, ao ela informar seu sobrenome a
Lucas um amigo de John, outro médico, e ele anotar na prancheta ele repara que o sobrenome da
garota é o mesmo de John. Ao encontrar John ele lhe pergunta se aquela garota é sua irmã, porém
John espantado responde
- Irmã? Eu não tenho nenhuma irmã.
- Mas então por que o sobrenome dela é Sheivel?
Quando essas palavras saem da boca de Lucas, John parece ter ficado paralisado, nesse exato
momento ele sai correndo de volta para casa, e faz uma imensa pesquisa em registros médicos e
antigos testes de DNA para confirmar se eles eram realmente irmãos e quando está pra amanhecer ele
tem a confirmação de seu parentesco com Gabriela.
No dia seguinte ele vai correndo pro hospital e vê que Gabriela já estava muito melhor e que uma
amiga dela estava presente. Então ele chega em Gabriela e sua amiga e pergunta
- Bom dia, está se sentindo melhor? e quem é essa moça que está com você?
- Estou muito melhor, obrigada. - Gabriela responde.
- Prazer eu me chamo Layla sou amiga da Gabriela. - A garota ao seu lado fala.
- Gabriela, descobri uma coisa que eu preciso te contar.
Ao contar tudo, a garota também parece perplexa, entretanto não contesta esse fato, John então
pergunta onde que ela tem morado e como estão seus pais, e ela responde que tem morado na casa da
Layla e que seu pai está morto e que não tem contato com sua mãe. John entende que, ao passar dos
meses eles vão se conhecendo buscando recuperar o tempo perdido e de quebra acaba conhecendo
também Layla, e descobre que ela trabalha para Serpente Azul (máfia inimiga aquela que ele havia

82
trabalhado no passado). John explica às meninas o que aconteceu em sua juventude e conta que foi o
chefe da máfia Tigres Brancos por um curto tempo antes de decidir abandonar a vida de mafioso.
Ao passar dos dias em um passeio, John e Gabriela acabam encontrando Layla que estava bem
nervosa e agindo de forma misteriosa, então eles decidem segui-la para saber o que estava
acontecendo, e ao seguirem eles a veem com uma pistola indo em direção de um homem, John como
fez o juramento de Hipócrates ele não podia deixar que Layla matasse aquele homem e então ele se
joga na frente do tiro que por sorte acerta em raspão sem causar muitos danos.
Layla fica enfurecida com John e Gabriela e leva eles para sua casa então ela faz uns curativos em
John e conversa com eles e conta de o porquê estar trabalhando na Serpente Azul, ela fala que como
ficou sem dinheiro e acabou se envolvendo com o chefe da máfia que lhe deu dinheiro, porém a
obrigou a trabalhar em troca.
Após contar tudo, John promete a ela que vai dar um jeito de pagar a dívida dela; ao sair da casa John
liga para antigos contatos da Tigres Brancos e como antigo líder cobra uns favores fazendo assim com
que tivesse uma reunião entre as duas máfias.
Na reunião conseguiram negociar para que a dívida de Layla fosse perdoada, John então liga pra ela e
lhe dá a notícia, logo depois ele vai em encontro a Gabriela que estava estudando, ele a chama pra dar
um passeio e conta pra ela sobre seu passado na família, conta sobre antes de ser expulso de casa,
conta da vez em que seu pai o levou pra praia de Ipanema e eles brincaram a tarde inteira, Gabriela
demonstra interesse sobre seu passado e parece já ter se conformado com o fato de ter um irmão, ela
também conta a John sobre quando era mais nova e suas memórias.
Ao chegar em casa lá pelas uma da manhã após o passeio e o trabalho, ele se depara com alguém
mascarado segurando uma pilha de papéis sentado no seu sofá e essa figura apenas lhe fala
- Venha, quero lhe mostrar algo.
John excitante se aproxima se preparando pra um combate, porém ao se aproximar a figura joga os
papéis sobre a mesa e John ao abri-los vê várias fotos de Gabriela na Serpente Azul onde Layla
trabalhava, e uma ficha criminal mostrando o crime de assassinato no nome de "Helena Silva" além
de várias identidades falsas, e uma delas era de "Helena Silva", depois de John perguntar ao
mascarado quem ele é, e o que aquilo representa a figura mascarada se revela mostrando ser Layla
que conta a ele que Gabriela na verdade é a chefe da Serpente Azul e que ela não queria mais ajudar
Gabriela com seus assassinatos e golpes além de falar que a história na do dinheiro era falsa e sim que
Gabriela ajudou-a e por isso ela decidiu proteger Gabriela, logo depois Layla avisa a John para ter
cuidado e sai. John espantado com isso, pega todos os papéis e os analisa minuciosamente quando
finalmente cai a ficha John se senta no chão de sua casa e chora decepcionado consigo mesmo, por
não ter conseguido ajudar sua irmã e por não ter reparado isso antes. John não consegue dormir nesse
dia, na manhã seguinte John veste seu terno e vai até a escola onde Gabriela estuda e a chama falando
que tem algo de muito sério para tratar com ela, eles saem do colégio e vão a uma cafeteria onde John
a confronta sobre os documentos, Gabriela sem ter escapatória confirma tudo, já John buscando
entender a história melhor pergunta pra ela como que ela foi chegar naquele ponto.
Então ela conta que na verdade ela matou seu pai acidentalmente e fugiu, pois seu pai era cruel e
violento com ela e a mãe, e depois disso ela entrou na escola e acabou conhecendo o antigo líder da
Serpente Azul que a adotou e cuidou dela como se fosse sua própria filha, e fala que ela vai herdar a
máfia do pai e por isso tem que ser uma filha exemplar. John pergunta pra ela como será agora, se ela
vai tentar matá-lo ou se vai deixá-lo ir, ou se ela vai escolher uma terceira opção, a de abandonar a
máfia e ter uma vida mais tranquila.

83
Gabriela estava muito calma considerando a situação, John estranhou e já se preparou pro pior
cenário, ela de repente saca uma faca e parte pra cima de John, porém ele é um mestre em várias artes
marciais e consegue sobreviver ao ataque de Gabriela. Então, enquanto se desvia das facadas, ele
tenta convencer Gabriela a abandonar a Serpente Azul e conta pra ele que assim que ela não for mais
útil vão deixá-la à própria sorte.
Após um empate John foge e vai até sua casa onde faz curativos em seus ferimentos, depois de
descansar um pouco ele vai até o quartel da Serpente Azul onde vê Gabriela ajoelhada em reverência
ao seu pai adotivo, seu pai fala que Gabriela é uma vergonha pra família que ela não conseguiu matar
nem um simples médico que agora sabe deles e para encobrir os rastros o pai se desculpa com
Gabriela e manda seus capangas a matarem. Porém John que estava observando tudo consegue
intervir e tirar ela do meio de todo esse confronto, ele a leva até sua casa onde fala que tinha a
avisado, então ele fala que o único jeito de não terem mais problemas é lidando com a Serpente Azul,
Gabriela não entende o porquê de ele estar a ajudando e pergunta a ele, John responde com um tom de
voz doce:
- É porque você é minha irmã
Após essa conversa John vai até o quartel dos Tigres Brancos e conta pra eles tudo e fala que eles
podem controlar a Serpente Azul nesse mesmo dia, após explicar o plano para os membros dos
Tigres, eles concordam e vão a um bairro e se escondem entre os prédios, enquanto Gabriela e John
invadiam a base da Serpente Azul e atraia eles até o local. Ao chegarem com toda a máfia da Serpente
eles são surpreendidos pelos Tigres onde eles se rendem e finalmente deixam Gabriela e John em paz,
então John oferece a ela novamente a proposta de ir morar com ele enquanto ela termina os estudos e
sem ter opção ela aceita.

- Anônimo

84
Uma campanha sorrateira
Era uma tarde chuvosa de quinta, quando os cavaleiros receberam uma missão da clave.
Eles tinham que investigar um ministro chamado Kelvin, o qual era muito amado pelo povo, pois
haviam suspeitas de que ele estava contrabandeando tecnologias no submundo para fortalecer sua
campanha.
Os cavaleiros foram ao anoitecer, e quando chegaram à casa de Kelvin, viram que ela estava muito
mais protegida do que o normal. Eles suspeitaram, afinal, por que o ministro precisaria de 30 homens
armados para proteger seu portão? Resolveram então investigar mais a fundo, foram até um monte que
havia perto da casa do político e, usando um binóculo de alta tecnologia, espionaram sua casa. Ali viram
que Kelvin na verdade estava criando relações com a máfia dos botões a qual dominava a região sul de
Alicante.
Eles mal puderam reagir, pois um guarda os havia visto e alertado aos outros, então haviam sido
descobertos. Tentaram fugir, mas acabaram nocauteados. Quando acordaram foram interrogados por
Magno, o chefe da máfia dos botões, que perguntava a eles repetidamente “para quem vocês
trabalham?”, porém nada disseram.
Já estavam cansados do interrogatório. Bown se lembra que havia um rastreador inativo em seu braço,
e também que esse rastreador pode ser ativado por uma descarga elétrica, dessa forma, o cavaleiro
começou a insultar o chefe da máfia, que atacou ele com um taser na mão.
O rastreador foi acionado, e em seguida a clave mobilizou seus soldados, os quais em questão de
minutos chegaram até a casa do ministro, eles invadiram, começando a lutar com a guarda do político
e com a máfia. A guarda caiu e, em seguida, Magno e sua máfia. Kelvin, porém, fugiu. Os cavaleiros
já libertos saíram em sua perseguição. Ele era rápido, corria pelas ruas como um coelho corre por sua
vida, mas os cavaleiros corriam tão rápido que pareciam lobos sedentos por comida.
Em um ato de descuido, Kelvin tropeça em uma pedra e cai de barriga no chão, levantando-se,
lentamente olha para trás, vendo apenas as silhuetas dos cavaleiros na escuridão. Logo após isso,
desmaiou por conta do cansaço e do medo. Quando acorda, o ministro vê que está em um hospital,
dentro de seu quarto vê dois policiais, os quais o interrogaram, dando a ele voz de prisão, pois, mais
cedo, haviam encontrado a máfia em sua casa, que, para diminuir a própria pena, entregaram Kelvin, o
qual recebeu 46 anos de prisão.

- Ítalo Rayron, Luís Eduardo, Enzo Guilherme

e Leonardo Rodrigues

85
Um amor no Brooklin
Artemis dirigia distraído, no seu caminho longo e diário para a elegante cafeteria no Brooklyn onde
trabalhava. Sua melhor amiga Chloe o acompanhava.
– Como você está se sentindo? – Chloe perguntou
– Normal, por enquanto.
Chloe mantinha o costume de fazer essa pergunta à Artemis. Com os recentes ataques de bipolaridade,
era sempre bom saber como estava a cabeça dele para garantir que tudo estava sob controle.
– Não sei se te contei, mas quero te apresentar uma amiga hoje. – comentou Chloe
– Sério? Quem é ela?
– Ramona. Já devo ter falado dela algumas vezes, pensei que vocês poderiam gostar de se conhecer.
– Ela vai estar na cafeteria hoje?
– Sim, melhor se preparar.

Chegando lá, Artemis foi apresentado à Ramona: uma garota baixa, de cabelos escuros e olhos tão
escuros quanto, com sardas cobrindo a pele do rosto. Ele não pôde deixar de notar sua beleza
marcante.
– Olá, eu sou Ramona! Chloe me falou muito de você. Artemis, certo?
– Sim, sou eu. Prazer em conhecê-la. – Artemis respondeu, achando estranha a animação de Ramona.
– Preciso bater meu ponto agora, mas volto logo!

Chloe e Ramona passaram um tempo sozinhas esperando por Artemis. Quando ele voltou, ficou
sozinho com Ramona e mal pode notar o tempo passando. Percebeu que se sentia extremamente
confortável conversando com a garota, de um jeito especial. Decidiram que se encontrariam mais
vezes. Com o passar dos dias, Artemis e Ramona se tornaram amigos muito próximos, e se viam
constantemente.
– Nunca te perguntei, mas de onde vêm o seu nome? – perguntou Ramona em uma tarde que eles
estavam juntos na cafeteria.
– Ah, ideia da minha mãe. Ela sempre foi uma grande fã de mitologia, e decidiu me nomear em
homenagem à deusa da caça.
– E por que não um deus?
– Não sei, sinceramente. – respondeu, e ambos riram.
– Sabe, sempre foi meu sonho conhecer a Grécia.

A grande amizade dos dois jovens fez aflorar uma adormecida paixão, que começou a ser percebida
depois de um bom tempo. Apesar de todo o ardor do amor, Artemis ainda sofria com síndrome de
bipolaridade, que começou a assustar Ramona.

86
Num dia em que estavam juntos na casa de Ramona, Artemis, sem aviso nenhum, teve um surto e foi
embora dali, dizendo que não podia fazer aquilo, e não a queria ver outra vez.
Ramona, assustada, decidiu ligar para Chloe e contar o que houve.
– Ele não te contou? Artemis sofre com bipolaridade há anos, é de se surpreender que ele não havia
demonstrado para você até agora.
– Eu não sabia, de verdade. Temos que achá-lo.
Chloe foi à casa de Ramona, onde elas começaram a procurá-lo. Acabou que ele não estava muito
longe: duas quadras depois: elas encontraram-no sentado num meio fio, perto de um parque.
Chloe foi correndo de encontro a Artemis, já sabendo exatamente o que fazer nessa situação, pois ela
já o assistiu durante suas crises diversas vezes ao longo dos anos. Ramona decidiu manter a distância
e apenas observar, já que a mesma não possuía experiência nenhuma com pessoas bipolares em crise.
Após 30 minutos Chloe e Artemis voltaram e Artemis pediu para ter uma conversa a sós com
Ramona; Chloe disse que estava de saída e ambos poderiam conversar à vontade.
- Ramona, primeiro peço que perdoe minha crise de bipolaridade repentina. Andei reduzindo a dose
dos remédios por conta própria porque achei que já estava mais estável... desde que te conheci estou
mais em paz e controlado, por isso achei que seria uma boa ideia reduzir os remédios. Não te culpo
por ter se assustado, essa é uma reação com a qual me acostumei há tempos atrás; porém me diga,
você acha agora que eu sou alguma espécie de monstro? Que eu sou anormal e você não consegue
lidar com isso? Preciso que seja sincera em sua resposta. - Artemis disse, exaustão se fazendo
presente em sua voz.
- Artemis, eu jamais faria isso. Eu entrei nessa já sabendo do seu transtorno, sabendo que não seria
fácil; mas eu estou preparada para tudo isso, eu vou aprender maneiras de te ajudar e estar ao seu lado
durante suas crises. Hoje eu fui pega de surpresa, nunca havia presenciado uma crise sua antes.
- Hm, entendo. Sabe Ramona, muitas pessoas não têm a capacidade de lidar com pessoas como eu e
acaba nos magoando e piorando nossa situação. Eu tenho medo de me doar muito para você nessa
relação, para mais tarde você perceber que não me suporta e me abandonar futuramente. Mesmo você
dizendo que está preparada, quer fazer dar certo e etc., eu acho melhor irmos com mais calma para
você ver se realmente quer se envolver comigo.
- Tudo bem, se é isso que você quer. Enfim, acho melhor a gente ir para casa, já são quase 23h.
- Eu te acompanho até sua casa. – disse Artemis.
A caminhada foi silenciosa, ambos pensativos por causa do acontecimento recente. Ao chegarem na
casa de Ramona, Artemis se despediu com um aceno ao invés do típico abraço demorado. Naquela
noite, Ramona não dormiu; ela passou em claro pesquisando vídeos, lendo livros online e fazendo
anotações sobre bipolaridade. Ela estava determinada a dar seu melhor ajudando Artemis, ela queria
mostrar a ele que ela veio para ficar, ele poderia confiar nela.

*1 ano depois*

87
Ramona estava mais uma vez no chão do quarto escuro de Artemis, tentando fazê-lo parar de gritar
que não a ama de verdade e tudo foi uma invenção para magoá-la. Ela já estava acostumada com essas
situações, mesmo que a frequência houvesse diminuído após o início do namoro de ambos. Em torno
de uma hora Artemis se cansaria de tentar expulsá-la e começaria a chorar implorando pelo perdão de
Ramona, para finalmente se acalmar e adormecer.
Ambos namoram há cerca de 5 meses. Artemis não havia planejado nada ao pedir Ramona em
namoro, na verdade foi algo muito casual e espontâneo; os dois estavam no apartamento de Artemis,
numa quinta à noite, maratonando Star Wars enquanto comiam pizza grudados um no outro como de
costume. Artemis percebeu que seu foco já não estava mais no filme, e sim em Ramona. Ele começou
a pensar em como ela ficou ao seu lado mesmo após ver todas as camadas dele, e sentimentos
enormes de gratidão, admiração, respeito e amor afloraram em Artemis. Ele percebeu ali, que amava
Ramona. Então, pegando Ramona de surpresa, se ajoelhou no chão e fez a seguinte pergunta:
“- Ramona Souza, você quer ser minha namorada?”
Ramona aceitou e logo começou a chorar, ela finalmente havia conquistado o amor e confiança de
Artemis.
Após um tempo os dois continuaram o relacionamento e viajaram para cidade que Ramona mais
desejava conhecer e lá eles viveram felizes até o fim de sua vida
.
- Lara carrapeiro, Larissa, Roger e Isabela

88

Você também pode gostar