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Prática Contábil II

PRÁTICA
CONTÁBIL II

SUMÁRIO 1
Prática Contábil II

LISTA DE FIGURAS

> FIGURA 1 - Modelo de ficha de estoque 19


> FIGURA 2 - Ficha de controle de estoque 23
> FIGURA 3 - Lançamento de cada operação 35
> FIGURA 4 - Fatos sobre a venda 46
> FIGURA 5 - DRE da empresa Brinquedos Bacanas 48
> FIGURA 6 - Arquivo TXT, SPED Contábil 93
> FIGURA 7 - Modelo de Conhecimento de Transporte Eletrônico 95
> FIGURA 8 - Contas do ativo circulante 102
> FIGURA 9 - Proventos do trabalhador 115
> FIGURA 10 - Cálculo do Imposto de Renda 128
> FIGURA 11 - Demonstrativo de pagamento, proventos e descontos 130
> FIGURA 12 - Demonstrativo de pagamento, proventos e
descontos de VT e pensão-alimentícia 131

2 SUMÁRIO
Prática Contábil II

LISTA DE QUADROS

> QUADRO 1 - Mercadoria em estoque 62


> QUADRO 2 - Lançamento contabilidade 63
> QUADRO 3 - IPI 68
> QUADRO 4 - ICMS 74
> QUADRO 5 - PIS/PASEP 75
> QUADRO 6 - Cofins 75
> QUADRO 7 - Exemplo de folha de pagamento 108
> QUADRO 8 - Cálculo do FGTS, Comercial Oliveira Ltda. 112
> QUADRO 9 - Alíquotas do INSS, 2019 172
> QUADRO 10 - Alíquotas de Imposto de Renda, 2019 172
> QUADRO 11 - Demonstrativo de rescisão contratual 172
> QUADRO 12 - Demonstrativo de pagamento 177

SUMÁRIO 3
Prática Contábil II

LISTA DE TABELAS

> TABELA 1 - Blocos 90


> TABELA 2 - Tabela de recolhimento do INSS 127
> TABELA 3 - Alíquotas INSS 2019 137
> TABELA 4 - Alíquotas Imposto de Renda 2019 138
> TABELA 5 - Segunda parcela do 13º salário 139
> TABELA 6 - Recibo da segunda parcela 141
> TABELA 7 - Valores hipotéticos para simplificar o exemplo,
no mês de dezembro 146
> TABELA 8 - Demonstrativo de pagamento de férias 151
> TABELA 9 - Demonstrativo de pagamento de férias 153
> TABELA 10 - Demonstrativo de pagamento de férias 154
> TABELA 11 - Demonstrativo de pagamento de férias 156

4 SUMÁRIO
Prática Contábil II

SUMÁRIO

UNIDADE 1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 14

1 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS 14


1.1 MÉTODOS DE REGISTRO DE MERCADORIAS 15
1.1.1 CONTA MISTA 15
1.1.2 CONTA DESDOBRADA 17
1.2 SISTEMA DE REGISTRO DE MERCADORIAS 18
1.2.1 INVENTÁRIO PERIÓDICO 20
1.2.2 INVENTÁRIO PERMANENTE 22
1.3 COMPRA DE MERCADORIAS 25
1.3.1 OPERAÇÃO DE COMPRAS 25
1.3.2 FATOS CONTÁBEIS QUE ALTERAM O VALOR DE COMPRAS 27
1.3.3 FRETES E SEGUROS 27
1.3.4 COMPRAS ANULADAS OU DEVOLUÇÕES DE COMPRAS 29
1.3.5 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS 30
1.3.6 DESCONTOS COMERCIAIS OBTIDOS 31
1.3.7 JUROS EMBUTIDOS NAS COMPRAS A PRAZO 32
1.3.8 DESCONTO COMERCIAL X DESCONTO FINANCEIRO 35
1.4 VENDAS DE MERCADORIAS 36
1.4.1 DEVOLUÇÕES DE VENDAS 38
1.4.2 ABATIMENTO SOBRE VENDAS 41
1.4.3 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS 42
1.4.4 BONIFICAÇÕES CONCEDIDAS 42
1.4.5 UROS EMBUTIDOS NAS VENDAS A PRAZO 44
1.5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 47
1.5.1 CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA 48

CONCLUSÃO 51

SUMÁRIO 5
Prática Contábil II

SUMÁRIO

UNIDADE 2 2 TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS


DE MERCADORIAS 53

INTRODUÇÃO DA UNIDADE 54
2.1 TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRA E VENDAS 54
2.2 ICMS (IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL
E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÕES) 56
2.2.1 PAGAMENTO DO ICMS E INADIMPLÊNCIA 59
2.2.2 REGISTRO CONTÁBIL DO ICMS 60
2.2.3 REGISTRO CONTÁBIL DO ICMS NAS DEVOLUÇÕES DE COMPRAS
E VENDAS 63
2.3 IPI – IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS 65
2.4 REGISTRO CONTÁBIL DO IPI 67
2.5 ISS – IMPOSTO SOBRE SERVIÇO DE QUALQUER NATUREZA 68
2.6 PIS/PASEP E COFINS SOBRE FATURAMENTO 70
2.6.1 REGISTRO CONTÁBIL PIS/PASEP E COFINS CUMULATIVO 71
2.7 REGISTRO CONTÁBIL PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVO 72
2.8 APURAÇÃO DO LUCRO BRUTO 76

CONCLUSÃO 79

UNIDADE 3 3 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL PELO SOFTWARE CONTÁBIL 81

INTRODUÇÃO DA UNIDADE 81
3.1 CONCEITO DE SPED 82
3.1.1 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) – ICMS E IPI 85
3.1.2 ENVIO DO ARQUIVO 88
3.2 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) – CONTRIBUIÇÕES 91
3.3 NOTA FISCAL ELETRÔNICA (NF-E) / CONHECIMENTO DE TRANSPORTE
ELETRÔNICO (CT-E) 93
3.3.1 E-SOCIAL 98

6 SUMÁRIO
Prática Contábil II

SUMÁRIO

3.4 SPED CONTÁBIL 99


3.4.1 ENVIO DAS INFORMAÇÕES 100
3.4.2 REGISTRO DAS CONTAS 101

CONCLUSÃO 104

UNIDADE 4 4 OPERAÇÕES COM RECURSOS HUMANOS 106

INTRODUÇÃO DA UNIDADE 106


4.1 FOLHA DE PAGAMENTO DE SALÁRIOS 107
4.1.1 REGISTRO CONTÁBIL DA FOLHA DE PAGAMENTOS 109
4.1.2 FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS 111
4.1.3 PREVIDÊNCIA SOCIAL – PATRONAL 113
4.2 PROVENTOS 115
4.2.1 SALÁRIO 115
4.2.2 VALE-TRANSPORTE 118
4.2.3 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE 120
4.2.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE 122
4.2.5 ADICIONAL NOTURNO 123
4.2.6 SALÁRIO-FAMÍLIA 124
4.3 DESCONTOS 125
4.3.1 INSS 126
4.3.2 IMPOSTO DE RENDA 128

CONCLUSÃO 132

UNIDADE 5 5 CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO DO 13º SALÁRIO E FÉRIAS 134

INTRODUÇÃO 134
5.1 CONCEITO DE 13º SALÁRIO 135
5.1.1 CÁLCULO: PRIMEIRA E SEGUNDA PARCELAS DO 13º SALÁRIO 137

SUMÁRIO 7
Prática Contábil II

SUMÁRIO

5.1.1.1 PROVISÃO DO VALOR DO 13º SALÁRIO 141


5.1.2 CONTABILIZAÇÃO DO PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO 145
5.2 FÉRIAS 147
5.2.1 CÁLCULO DO VALOR DAS FÉRIAS 152
5.2.2 REGISTRO CONTÁBIL: FÉRIAS 154

CONCLUSÃO 157

UNIDADE 6 6 RESCISÃO CONTRATUAL 159

INTRODUÇÃO DA UNIDADE 159


6.1 CONCEITO DE RESCISÃO CONTRATUAL 160
6.2 DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA 163
6.2.1 CALCULANDO: SALDO DE SALÁRIO, HORAS EXTRAS E ADICIONAL
NOTURNO NA RESCISÃO CONTRATUAL 163
6.2.2 AVISO PRÉVIO 164
6.3 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO 168
6.4 FÉRIAS 169
6.5 PAGAMENTO DA RESCISÃO E FUNDO DE GARANTIA POR
TEMPO DE SERVIÇO – FGTS 173
6.6 DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA 175
6.7 PEDIDO DE DEMISSÃO E DEMISSÃO CONSENSUAL 176
6.8 REGISTRO CONTÁBIL DA RESCISÃO CONTRATUAL 179
6.9 RESCISÃO DE CONTRATO E SOFTWARE CONTÁBIL E E-SOCIAL 181

CONCLUSÃO 183

REFERÊNCIAS 185

8 SUMÁRIO
Prática Contábil II

ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

SUMÁRIO 9
Prática Contábil II

BIODATA DO AUTOR
Luciana Reis Julio

Mestra em Administração de Empresas pela Uninove e especialista em Controladoria


pela Universidade Mackenzie. Atuou por vinte anos na área financeira, controladoria e
planejamento estratégico em empresas de grande porte e multinacional. Professora
no curso de Ciências Contábeis da Universidade de Guarulhos e no curso de Adminis-
tração do Centro Universitário Salesiano (Unisal).

JUSTIFICATIVA
A disciplina contribuirá para que você, enquanto profissional da área contábil, bem
como possível empreendedor, tenha o conhecimento adequado acerca dos proces-
sos que envolvem a contabilização das operações com mercadorias e entenda como
cada imposto incide nas operações comerciais. Além disso, irá permitir que você
tenha o conhecimento sobre o processo de elaboração da folha de pagamento e
quais são as normas para a rescisão contratual. Conhecer esses assuntos é importan-
te não apenas para o profissional contábil, mas para todos que estão no mercado de
trabalho, para que possam compreender os principais tributos e encargos trabalhis-
tas, a folha de pagamentos e a finalidade de cada imposto arrecadado pelo governo.

ENGAJAMENTO
Antes de iniciar a disciplina, reflita e, se preferir, tome nota das suas ideias.

Você certamente já ouviu falar do SPED, arquivo digital do governo que contém infor-
mações contábeis e que é obrigatório para todas as empresas. Mas você sabe como
deve ser o envio correto dessas informações? Você saiba quais são os impactos do
envio errado de algumas informações? Ainda hoje muitas empresas estão no proces-
so de aprendizado sendo importante entender todas as etapas que englobam esse
processo de envio das informações contábeis.

10 SUMÁRIO
Prática Contábil II

• Quando você recebe o seu salário, você compreende como são calculados os
encargos trabalhistas? Quais são os descontos e proventos que devem apare-
cer no demonstrativo de pagamento?

• O cálculo da rescisão de trabalho é uma atribuição do departamento pessoal


ou do departamento contábil, mas você sabe quais impostos são arrecadados
na rescisão contratual?

Esses e outros aspectos você entenderá ao longo da disciplina.

APRESENTAÇÃO DA
DISCIPLINA
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Prática Contábil II!

Iniciaremos os estudos da disciplina que tem como objetivo principal ensinar como
são estabelecidas as operações com mercadorias e o registro contábil dos impostos
que incidem nessas operações. Iremos abordar também como são realizados os prin-
cipais procedimentos na folha de pagamento (proventos, descontos, férias, cálculo
do 13º salário e rescisão contratual) realizados pela área de departamento de pessoal.

É sabido que uma empresa precisa comprar mercadorias para produzir e vender
seus produtos. Parece simples, mas você sabia que para contabilizar esse processo é
necessário seguir normas contábeis? Nesse sentido, serão apresentados o conceito de
operações com mercadorias (compra e venda) e sua contabilização na prática. Ainda
sobre o tema serão apresentados os impostos incidentes nas compras e vendas das
mercadorias.

No decorrer da disciplina, abordaremos os processos do SPED, que é um arquivo


digital que contém informações contábeis relacionadas aos pagamentos de impos-
tos como ICMS e obrigações acessórias que são destinadas à Receita Federal. Você
aprenderá como deve ser feito o envio correto dessas informações, bem como são os
processos do SPED que englobam aspectos fiscal e contábil.

Apresentaremos ainda uma explicação sobre a folha de pagamento e sua elabo-


ração, tais como o cálculo dos encargos trabalhistas, os descontos e proventos que

SUMÁRIO 11
Prática Contábil II

devem aparecer no demonstrativo de pagamento e como deve ser calculada a resci-


são contratual de um empregado. Para isso serão apresentados os cálculos e os soft-
wares mais utilizados no processo de rescisão de contrato de trabalho.

Ao terminar seus estudos, você irá entender como é a rotina contábil de uma empre-
sa e como realizar os principais lançamentos no sistema contábil, alinhando a teoria
e a prática.

Mas para que o conhecimento seja completo, além da leitura do material didático,
é importante que você participe dos fóruns de discussão e leia todos os materiais
complementares, indicados em cada unidade.

Vamos lá? Bons estudos!

OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de:

• Identificar o processo contábil e o registro contábil sobre as operações com


mercadorias.

• Identificar as normas e procedimentos contábeis.

• Definir o conceito de operações de compra e venda de mercadorias.

• Identificar os impostos que incidem sobre os processos de compra e venda.

• Definir o que é são SPED Contábil e Fiscal.

• Identificar os impostos fiscalizatórios.

• Definir os principais processos de lançamento contábil.

• Explicar o processo de rescisão e os cálculos trabalhistas atuais.

• Identificar os softwares de rescisão contratual.

12 SUMÁRIO
Prática Contábil II

UNIDADE 1
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> > Definir a forma correta de registro dos processos


de compra e venda de mercadorias.

> > Identificar os sistemas de registro de operações.

> > Definir os fatos contábeis presentes nas operações


com mercadorias.

> > Definir os métodos de contas mista e desdobrada.

> > Identificar as possíveis falhas na composição do


custo do produto e precificação.

> > Definir a demonstração dos lançamentos no


relatório contábil.

SUMÁRIO 13
Prática Contábil II

APRESENTAÇÃO DA
UNIDADE
As empresas comerciais, seja varejo ou atacado, compram mercadorias para depois
revender e, assim, geram receitas. É um processo simples, porém cada etapa deve ser
contabilizada de forma correta para que não ocorra erro na apuração dos custos e nas
demonstrações contábeis. O objetivo desta unidade é que você possa compreender
como as operações com mercadorias devem ser registradas contabilmente, utilizan-
do as contas corretas de acordo com as normas contábeis. Esse conhecimento evita
erros e problemas fiscais para a empresa.

Nesta unidade, serão apresentados os métodos e os sistemas utilizados para o regis-


tro de operações com mercadorias. Abordaremos compras e vendas, bem como os
fatos contábeis que podem alterar valores dessas operações, tais como abatimentos,
descontos, devoluções, fretes e seguros. Serão apresentados os dois métodos utiliza-
dos no registro de operações, que são conta mista e conta desdobrada, sendo que
apenas um método pode ser utilizado na empresa. Você também irá aprender os
sistemas de inventários, que podem ser periódicos ou permanentes, e, por último,
como esses lançamentos são demonstrados nos relatórios contábeis.

1 OPERAÇÕES COM
MERCADORIAS
A contabilidade tem como principal objetivo fornecer informações sobre o patrimô-
nio da empresa, para que seus proprietários sejam capazes de tomar decisões; por
isso é muito importante que essas informações estejam corretas. O registro contábil
ocorre por meio dos fatos contábeis, que são as ocorrências que alteram o valor do
patrimônio. Entre os principais fatos contábeis está a compra e venda de mercado-
rias, movimentações do caixa, vendas, clientes a receber, etc.

As mercadorias são objetos que as empresas compram para depois revender com o
objetivo do lucro, sendo essas operações o que chamamos de atividades principais da

14 SUMÁRIO
Prática Contábil II

empresa comercial. Durante esse processo, nem tudo o que foi planejado sai de acor-
do com o esperado, e podem ocorrer fatos como: mercadorias com defeitos, erros no
pedido, insatisfação com o produto, que gera a devolução dos produtos, abatimento
no preço da mercadoria ou descontos. Outros fatores como valor do frete, seguro,
juros embutidos ou impostos também devem ser contabilizados de forma correta,
para que a empresa tenha um controle eficiente dos custos.

Esses fatos contábeis devem ser contabilizados, conforme as normas contábeis, para
que as demonstrações sejam elaboradas com valores corretos e apresentem resulta-
dos reais da empresa.

A seguir, você verá quais são os métodos de registro de mercadorias utilizados na


contabilidade para que sejam elaboradas as demonstrações contábeis conforme as
normas da legislação.

1.1 MÉTODOS DE REGISTRO DE MERCADORIAS

Dentro da prática contábil existem dois métodos e dois sistemas que podem ser
utilizados para o registro das operações: conta mista ou conta desdobrada. A empre-
sa deverá optar por um método; não é possível utilizar os dois métodos ao mesmo
tempo, porque isso inviabilizaria o controle contábil causando conflito de informa-
ções no momento da apuração dos custos, além da alta despesa administrativa que
dois controles representam para a empresa.

Independentemente do método adotado, a empresa poderá escolher qual o sistema


que irá adotar no processo de inventário, sendo periódico ou permanente.

Para o entendimento do processo de inventário, primeiramente entenda mais sobre


os tipos de contas, que são: mista e desdobrada.

1.1.1 CONTA MISTA

O método conta mista ocorre quando a empresa adota uma única conta para o
registro das operações com mercadorias. Essa conta pode ser chamada de conta
de mercadorias, ou estoque de mercadorias, porque irá registrar os lançamentos de

SUMÁRIO 15
Prática Contábil II

estoque inicial e final, assim como as compras, vendas, devoluções de compras, devo-
luções de vendas e outros.

O termo conta mista deve-se ao fato de que se têm duas funções na contabilidade:
uma conta patrimonial e uma conta de resultado ao mesmo tempo.

Veja o exemplo a seguir:

Uma empresa comprou R$ 5.000 em mercadorias e pagou R$ 1.000 em


frete e seguros. A empresa realizou o pagamento à vista. Veja o lançamento
pelo método conta mista.

D – Mercadorias

a C – Caixa R$ 6.000,00

Veja que os custos com frete e seguro já estão somados na conta.

Vale ressaltar que é uma conta patrimonial quando esta registra o valor do
estoque junto com outras contas do ativo (estoques inicial e final). E torna-
-se uma conta de resultado quando além dos estoques registra as compras,
devoluções, etc. E por meio desta conta é possível apurar a Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE).

16 SUMÁRIO
Prática Contábil II

1.1.2 CONTA DESDOBRADA

Quando a empresa adota a conta desdobrada utiliza três contas básicas, sendo elas:

1. Estoque de mercadoria (registro do estoque inicial e final).

2. Compra de mercadorias.

3. Vendas de mercadorias.

Sendo essas as três contas básicas, a empresa poderá desdobrar a conta mercadorias
na quantidade que for necessária para a contabilidade, e esse desdobramento faci-
lita o controle contábil, ou seja, é mais fácil para a contabilidade organizar e poste-
riormente identificar os lançamentos no sistema de forma detalhada. Quanto mais
precisas as informações contábeis, mais seguras elas se tornam. Por essa razão, rara-
mente, na atualidade, encontramos empresas que utilizam o método de conta mista.

Veja o lançamento pelo método conta desdobrada utilizando o exemplo anterior:

Uma empresa comprou R$ 5.000 em mercadorias e pagou R$ 1.000 em


frete e seguros. A empresa realizou o pagamento à vista.

D – Estoque de mercadorias R$ 5.000

D – Frete e seguro sobre compras R$ 1.000

a C – Caixa R$ 6.000,00

O valor pago com fretes e seguros é contabilizado em uma conta separada, o


que possibilita o controle de quanto a empresa gastou somente com merca-
dorias nessa operação.

SUMÁRIO 17
Prática Contábil II

Outras contas que são desdobradas: abatimento de compras, compras


anuladas ou devolvidas (registra as devoluções de compra), vendas anuladas
ou devoluções de vendas, fretes e seguros sobre compras, descontos incon-
dicionais obtidos, descontos incondicionais concedidos, ICMS sobre vendas,
PIS e COFINS sobre faturamento.

A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade Financeira no início da


Revolução Industrial, devido à crescente necessidade nas indústrias de calcu-
lar os custos para administrar os estoques e calcular o lucro bruto.

Agora que você conhece os dois métodos de contas para contabilizar as mercadorias,
será apresentado como é realizado o registro no estoque no que se refere à entrada
e saídas mercadorias. E, para cada exemplo, é possível compreender tanto o sistema
de conta mista como conta de desdobrada.

1.2 SISTEMA DE REGISTRO DE MERCADORIAS

Para a Contabilidade, o inventário é a lista de bens materiais que estão armaze-


nados no estoque da empresa. O controle de estoque é realizado por uma ficha de
controle na qual são anotados entrada, saída de mercadorias e saldo do estoque. Veja
um modelo de ficha de estoque:

18 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Fonte: Elaborada pela autora.


EMPRESA
ENTRADA SAÍDA SALDO
FTR

Operação Quant Unitário Total Quant. Unitário Total Quant. Unitário Total

200 R$100,00 R$20.000,00


Saldo
inicial
02/01/2019

300 R$200,00 R$60.000,00 200 R$100,00 R$20.000,00


Compra
05/04/2019
300 R$200,00 R$60.000,00
100 R$100,00 R$10.000,00 100 R$100,00 R$10.000,00
Venda
06/06/2019 300 R$200,00 R$60.000,00
FIGURA 1 - MODELO DE FICHA DE ESTOQUE

Saldo 400 R$70.000,00

SUMÁRIO
19
Prática Contábil II

Você pode notar que cada movimentação realizada na empresa é registrada na ficha.
O saldo inicial é a quantidade de mercadoria que a empresa tem em estoque no
início do período contábil. Já o saldo final do estoque será o valor da conta patrimo-
nial mercadoria em estoque. A soma das saídas é o custo da mercadoria vendida –
conta de resultado da DRE.

Antigamente essas fichas eram registros em papel; no entanto, as empresas atual-


mente utilizam softwares para realizar o controle.

Independentemente do método de contas adotado, para o registro das operações


comerciais, a empresa pode adotar um dos seguintes sistemas de inventário: periódi-
co ou permanente. Entenda agora como é cada um desses sistemas.

1.2.1 INVENTÁRIO PERIÓDICO

Esse é o método mais utilizado por empresas de pequeno e médio porte e é permi-
tido pela legislação do Imposto de Renda.

Nesse sistema o valor da conta mercadoria somente será reconhecido no final do


período contábil, que geralmente corresponde a um ano. Haverá somente uma
contagem física de cada item do estoque para que a contabilidade possa apurar o
resultado da conta mercadorias.

Como o próprio nome diz, o controle das mercadorias é periódico, não é realizado
diariamente; mesmo que a empresa tenha uma ficha de controle de estoque, será
apenas para controle gerencial e não para fins contábeis. Nesse método a apuração
do estoque será da seguinte forma:

20 SUMÁRIO
Prática Contábil II

No dia 02/01/2019, a empresa de varejo DFG tem um estoque inicial no


valor de R$ 5.000. Comprou mercadorias durante o ano que totalizaram R$
15.000, sendo que a empresa devolveu R$ 2.000 em mercadorias para o seu
fornecedor. Vendeu várias mercadorias durante o ano e, no final, do período
contábil tinha um saldo em estoque de R$ 7.000,00. Como a empresa adota
o método de inventário periódico, fará o seguinte cálculo:

CMV = EI + (C – DC) – EF

Onde:

CMV = Custo da mercadoria vendida

EI = Estoque inicial do período

C = Compras

DC = Devolução de compras

EF = Estoque final

CMV = R$ 5.000 + (R$ 15.000,00 – R$ 2.000) – R$ 7.000,00

CMV = R$ 5.000 + R$ 13.000 – R$ 7.000

CMV = R$ 11.000,00

O custo da mercadoria vendida dessa empresa é de R$ 11.000,00.

Veja, a seguir, como é contabilizado o CMV pelo inventário permanente.

SUMÁRIO 21
Prática Contábil II

1.2.2 INVENTÁRIO PERMANENTE

Como o próprio nome já explica, nesse sistema a empresa irá controlar permanen-
temente o valor do estoque. Cada compra realizada ou devolução é contabilizada
imediatamente no estoque, assim como cada venda da empresa ou devolução. Esse
método permite que a empresa tenha a informação atualizada da conta de merca-
dorias. No sistema permanente o controle é realizado com o uso da ficha de controle
de estoque. Veja o exemplo:

A empresa Cálculos Perfeitos vende calculadoras e apresentou a seguinte


movimentação:

01/12/20x8 Estoque inicial de 20 unidades compradas por R$


200,00 cada.

12/12/20x8 Venda de 2 unidades.

14/12/20x8 Compra de 50 unidades por R$ 250,00 cada.

Nesse método o registro é realizado pela ficha de controle de estoque

22 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Fonte: Elaborada pela autora.


CÁLCULOS
ENTRADA SAÍDA SALDO
PERFEITOS
Operação Quant. Unitário Total Quant. Unitário Total Quant. Unitário Total
Saldo inicial
20 R$200,00 R$4.000,00
01/12/2018

Venda
2 R$200,00 R$400,00 18 R$200,00 R$3.600,00
12/12/2018

Compra 18 R$200,00 R$3.600,00


50 R$250,00 R$12.500,00
14/12/2018 50 R$250,00 R$12.500,00
Saldo R$400,00 68 R$16.100,00
FIGURA 2 - FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE

SUMÁRIO
23
Prática Contábil II

Veja que o CVM é apurado pelo preço de custo da mercadoria e o saldo de estoque,
a soma de R$ 3.600 + R$ 12.500 = R$ 16.100.

A decisão de qual sistema adotar será tomada de acordo com a necessida-


de, sistema e realidade de cada empresa. Não existe uma norma legal que
obrigue as empresas a adotarem um determinado método.

Atualmente grande parte das empresas tem adotado conta desdobrada com inven-
tário permanente, pois existem softwares de gestão contábil com preços acessíveis
para esse controle, como, por exemplo, o sistema ERP, Enterprise Resource Planning,
que significa Sistema Integrado de Gestão Empresarial.

É possível para a contabilidade combinar os métodos e sistemas de formas


diferentes, por exemplo:

a. conta desdobrada com inventário permanente ou

b. conta mista com inventário periódico.

Agora que você conhece os métodos e sistemas para contabilizar as movimentações


de mercadorias, iremos aprofundar o conhecimento explicando a contabilização
de cada movimentação do processo de compra. Registrar corretamente a entrada
de mercadorias evita prejuízos causados por má gestão de estoque, como perda de
mercadoria, furtos e compras desnecessárias.

24 SUMÁRIO
Prática Contábil II

1.3 COMPRA DE MERCADORIAS

A empresa comercial, seja do ramo do varejo ou atacado, compra mercadorias para


depois revender para ter lucratividade. Essas compras podem ser feitas à vista ou a
prazo (fornecedores) e devem ser contabilizadas imediatamente no livro diário da
empresa.

A seguir, você entenderá como deve ser realizado o registro contábil das operações
que envolvem compra de mercadorias.

1.3.1 OPERAÇÃO DE COMPRAS

A operação de compras de mercadorias deve ser contabilizada seguindo as normas


contábeis. Veja o exemplo de como deve ser essa contabilização:

A loja Brinquedos Bacanas, que utiliza o sistema de conta mista, comprou


mercadorias do Fornecedor Lua Brinquedos no valor de R$ 50.000, conforme
a Nota Fiscal 8.719. O pagamento foi à vista, sendo feito débito automático
da conta do Banco Din Din. A contabilização deverá ser realizada da seguinte
forma, no sistema de conta mista:

D – Mercadoria

a C – Banco Din

NF 8.719 – Lua Brinquedos.....................................R$ 50.000

Se a compra da mercadoria tivesse sido realizada em dinheiro, o crédito


poderia ter sido realizado na conta caixa.

SUMÁRIO 25
Prática Contábil II

Se a compra fosse parcelada, o lançamento contábil seria da seguinte forma:

D – Compra de mercadorias

a C – Fornecedor

NF 8.719 – Lua Brinquedos.....................................R$ 50.000

Quando a empresa compra suas mercadorias a prazo, o lançamento poderá


ser feito nas contas: fornecedor ou duplicatas a pagar.

Ainda no âmbito voltado para as operações de compra, tem-se o famoso modelo de


gestão japonês just in time sendo muito utilizado pela logística de várias empresas.

Just in time é um modelo de gestão de estoque adotado pelo Japão com o


objetivo de produzir a quantidade exata de um produto, de acordo com a
demanda. Nessa metodologia a empresa irá alocar a matéria-prima na quan-
tidade exata no momento que precisar, evitando o acúmulo de mercadorias
no estoque da empresa e reduzindo custos operacionais. Ou seja, a empresa
compra somente a mercadoria necessária, não acumula estoque. Um bom
exemplo de gestão de estoque!

Entenda agora quais são os fatos que podem alterar o registro contábil das operações
que envolvem compra de mercadorias.

26 SUMÁRIO
Prática Contábil II

1.3.2 FATOS CONTÁBEIS QUE ALTERAM O VALOR DE


COMPRAS

A contabilidade irá registrar o custo de aquisição da mercadoria, porém não é conta-


bilizado apenas o valor pago diretamente ao fornecedor, mas deverá ter também o
registro de outros custos que compõem o valor do estoque.

Segundo o item 11 da Norma NBC TG 16, norma brasileira de Contabilidade que


estabelece o tratamento contábil para estoque, deverão integrar no custo de merca-
doria: impostos com importações, tributos, custos com transportes, seguros, manu-
seio e o que for diretamente atribuído à compra de produtos acabados. Não deve ser
contabilizado como custos: descontos, abatimentos, impostos recuperáveis ou juros
embutidos nas compras a prazo.

Veja como proceder nos casos em relação aos custos e sua contabilização.

1.3.3 FRETES E SEGUROS

No ato da compra a empresa cliente poderá pagar o transporte da mercadoria até o


seu estabelecimento. Esse pagamento pode ser realizado diretamente com o forne-
cedor ou para uma empresa terceira de transportes.

A empresa compradora também irá pagar o valor do seguro da mercadoria durante


o transporte: caso ocorra algum eventual prejuízo ou dano durante o trajeto, a empre-
sa estará coberta pela seguradora. Esses valores deverão ser apurados no custo da
mercadoria.

Veja como deverá ser lançado no livro diário:

SUMÁRIO 27
Prática Contábil II

A empresa Brinquedos Bacanas pagou R$ 2.500,00 para a transportadora


Juarez (Nota Fiscal 2.345) e pagou R$ 1.500,00 para a seguradora Está Salvo
(Nota Fiscal 456). O pagamento foi realizado à vista, via caixa. O lançamento
contábil deverá ser realizado da seguinte forma:

• Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias

D – Mercadorias

a C – Caixa

NF 23.450 transportadora Juarez e NF 456 seguradora Está Salvo............................


.............................................................R$ 4.000

• Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias

D – Frete

NF 23.450 transportadora Juarez..............................................R$ 2.500

D – Seguros sobre compra .....................................................R$ 1,500

NF 456 seguradora Está Salvo

a C – Caixa..................................................................................R$ 4.000

Assim, percebe-se que, quando uma empresa adota o sistema de conta desdobrada,
o saldo das contas, fretes, seguros, compras anuladas, abatimentos e descontos será
transferido para a conta CMV (custo da mercadoria vendida) no final do exercício.

28 SUMÁRIO
Prática Contábil II

1.3.4 COMPRAS ANULADAS OU DEVOLUÇÕES DE


COMPRAS

Compras anuladas ou devolvidas ocorrem quando o comprador devolve as compras


ou parte dessas compras. Essa devolução pode ocorrer por inúmeros motivos: merca-
dorias com defeitos, danos causados no transporte, não corresponde ao pedido, etc.
Veja o exemplo que ilustra como é o cálculo.

A empresa Brinquedos Bacana devolveu parte da mercadoria adquirida da


fábrica Brinquedos Lua. O valor da devolução corresponde à quantia de R$
20.000,00. A empresa Brinquedos Lua decidiu ressarcir a empresa em dinhei-
ro. Entenda como deverá ser realizado o lançamento contábil no livro diário.

• Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias:

D – Caixa

a C – Mercadorias

Devolução de parte da compra do fornecedor Lua conforme NF 1.547 ..............


.......................R$ 20.000

• Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias:

D – Caixa

a C – Estoque de mercadorias

Devolução de parte da compra do fornecedor Lua conforme NF 1.547 ..............


.......................R$ 20.000

Você pode notar que a empresa para devolver mercadoria emitiu uma Nota Fiscal
1.547, denominada Nota Fiscal de Devolução, que é uma nota que anula uma opera-
ção de compra ou de venda, inclusive em relação aos impostos incidentes dessa

SUMÁRIO 29
Prática Contábil II

operação. Deve ser emitida com base nas mesmas informações da nota fiscal de
origem. Existem dois tipos de Nota Fiscal de Devolução: devolução de compra ou
devolução de venda.

A Nota Fiscal de Devolução de Venda ou Compra deve ser emitida da seguin-


te forma:

1. Especificar a quantidade de produtos que está sendo devolvida.

2. Utilizar o CFOP: sigla de Código Fiscal de Operações e Prestações,


das entradas e saídas de mercadorias, intermunicipal e interestadual.
Trata-se de um código numérico que identifica a natureza de circula-
ção da mercadoria ou a prestação de serviço de transportes. Códigos
de CFOP devem ser de devolução, conforme a tabela utilizada pela
contabilidade da empresa.

3. Finalidade de emissão = “Devolução”

4. Natureza da operação = “Devolução”

1.3.5 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS

A empresa compradora, em vez de devolver a mercadoria, pode entrar em um acordo


com o fornecedor e conseguir um abatimento no valor da compra. Feito esse acordo
a empresa irá pagar um valor menor do que foi registrado na Nota Fiscal do pedido.

30 SUMÁRIO
Prática Contábil II

A empresa Brinquedos Bacanas comprou, a prazo, um lote de brinquedos


que chegaram com avarias sofridas durante o transporte. O fornecedor Bone-
cas MOM, devido às avarias, forneceu um desconto de R$ 2.000.00. Entenda
como esse desconto será registrado no livro diário da empresa.

• Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias

D – Fornecedor

a C – Mercadorias

Abatimento devido a avarias no transporte, referente à NF 365 ...........R$ 2.000

• Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias

D – Fornecedor

a C – Estoque de mercadorias

Abatimento devido a avarias no transporte, referente à NF 365 .............R$ 2.000

1.3.6 DESCONTOS COMERCIAIS OBTIDOS

A empresa também poderá ganhar o desconto no momento que efetua a compra


da mercadoria. Esse desconto poderá vir destacado na Nota Fiscal. Registrar esse
desconto, do ponto de vista contábil, é desnecessário, sendo mais prático registrar o
valor líquido da compra.

SUMÁRIO 31
Prática Contábil II

A empresa vendeu uma mercadoria no valor de R$ 100,00 e concedeu um


desconto comercial de R$ 20,00. A Nota Fiscal da empresa será da seguinte
forma:

Produto XXX R$ 100,00


Desconto comercial R$ 20,00

Valor da Nota Fiscal R$ 80,00

1.3.7 JUROS EMBUTIDOS NAS COMPRAS A PRAZO

Quando uma empresa compra mercadorias para pagamento em longo prazo e o


valor dos juros dessa transação é alto, a empresa deve registrar o valor da mercado-
ria e o valor dos juros de forma separada. O custo do financiamento (juros) deve ser
contabilizado na conta despesa de juros, sendo esta classificada como despesa não
operacional. Veja como deverá ser realizado o lançamento:

• Empresa que utiliza conta desdobrada

A empresa Brinquedos Bacanas comprou R$ 20.000,00 em mercadorias e irá


pagar em 10 prestações. O fornecedor é a empresa Jogos Legais e emitiu a
Nota Fiscal 897. O valor dos juros embutido é de R$ 2.000,00. O fato contá-
bil deverá ser contabilizado no dia da compra, assim como o pagamento da
primeira parcela.

32 SUMÁRIO
Prática Contábil II

D – Estoque de mercadorias

a C – Fornecedor

Fornecedor Jogos Legais, referente à NF 897 ...........................R$ 18.000

Ajuste o valor presente (despesa financeira)

Juros embutidos...........................................................................R$ 2.000

Compra de mercadoria

Valor líquido da operação.............................................................R$ 20.000

O ajuste de valor presente é uma despesa antecipada, redutor da conta


fornecedor, e será apresentado no balanço patrimonial:

Passivo circulante

Fornecedor............................................................................R$ 20.000

(-) Ajuste o valor presente..............................................R$ 2.000

Saldo...........................................................................R$ 18.000

Para contabilizar o pagamento em dinheiro da primeira parcela:

D – Fornecedor

a C – Caixa................................................................R$ 2.000

Pagamento da primeira parcela do fornecedor Jogos Legais, NF 897

D – Despesas financeiras

a C – Ajuste o valor presente (despesa financeira a vencer)

..............................R$ 2.000

SUMÁRIO 33
Prática Contábil II

O código de barras permite um maior controle dos estoques, por meio de


uma representação gráfica de combinação numérica: GTIN número global
do item comercial que contribui para identificar itens de cada produto. Sua
forma mais comum é a de 13 dígitos, podendo também ser formado por 8,
12 ou 14 dígitos.

Veja como cada operação de compras é tratada na contabilidade.

A empresa Livraria Saber efetuou três compras de mercadorias em períodos


diferentes:

1. Comprou livros no valor de R$ 50.000 da Editora Cultura. A Livraria


Saber recebeu alguns livros que não constavam no pedido e fez uma
devolução de R$ 10.000.

2. Comprou material de papelaria no valor de R$ 30.000. A Livraria Saber


recebeu produtos com pequenos defeitos e pediu um abatimento do
fornecedor de 15%.

3. Comprou cadernos no valor de R$ 20.000 e solicitou um desconto na


compra de 5%. Veja os lançamentos:

34 SUMÁRIO
Prática Contábil II

FIGURA 3 - LANÇAMENTO DE CADA OPERAÇÃO

DEVOLUÇÃO DE ABATIMENTO DE
DESCONTO DE COMPRAS
COMPRAS COMPRAS
A empresa comprou merca- A empresa comprou
dorias: mercadorias:
A empresa solicitou o desconto
D – Estoque de mercadoria D – Estoque de mercadoria na compra.

C – Fornecedor C – Fornecedor
Solicitou o abatimento:
Ao devolver as compras:
D – Estoque de mercadoria
D – Fornecedor
D – Fornecedor
C – Fornecedor: R$ 19,000
C – Estoque de mercadoria. R$
C – Estoque de mercadoria
4,500
Saldo de estoque: Saldo de estoque: Se o desconto foi solicitado
antes da emissão da Nota fiscal,
R$ 50.000 – R$ 10.000 = R$ R$ 30.000 – R$ 4.500 = R$ não é necessário o registro
40,000 25.500 contábil.

Fonte: Elaborada pela autora.

1.3.8 DESCONTO COMERCIAL X DESCONTO


FINANCEIRO

Existe uma diferença entre os conceitos de desconto comercial e desconto financeiro.

O desconto comercial, como foi exemplificado, ocorre no ato da compra, sendo


denominado desconto incondicional obtido, por se tratar de um ato espontâneo do
vendedor, que, por algum motivo, decidiu reduzir o valor da mercadoria, fornecendo
o desconto.

O desconto financeiro ocorre no momento da quitação da dívida, por exemplo:


o cliente quita a última parcela antes do prazo e consequentemente “ganha” um
desconto financeiro. Essa operação é contabilizada na conta desconto obtido no
grupo das receitas financeiras.

Após analisarmos todas as operações referentes às compras de mercadorias, é neces-


sário saber registrar as operações de vendas de mercadorias. O registro correto das
vendas e saída de mercadorias é tão importante quanto o registro de compras, para
que os saldos de estoque e custos tenham credibilidade nas demonstrações contá-
beis da empresa.

SUMÁRIO 35
Prática Contábil II

1.4 VENDAS DE MERCADORIAS

Vender mercadorias é um dos principais objetivos organizacionais, sendo que essa


operação deve ser a principal fonte das receitas de uma empresa. As vendas de
mercadorias podem ser realizadas tanto à vista quanto a prazo. Na venda à vista, a
empresa recebe o pagamento no ato da venda; e, a prazo, a empresa passa a ter um
direito de receber, registrado nas contas duplicatas a receber ou contas a receber.

Veja os exemplos, a seguir:

A empresa Brinquedos Bacanas vendeu mercadorias no valor de R$ 5.000,00


à vista. Veja como deverá ser lançada essa operação no livro diário.

• Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias

D – Caixa

a C – Mercadorias

Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 5.000

• Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias

D – Caixa

a C – Venda de mercadorias

Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 5.000

Esse lançamento irá registrar o valor da receita bruta/faturamento da empresa.

Depois que foi registrado o valor da receita bruta, e se a empresa adotou o sistema
de inventário permanente, deverá imediatamente registrar o custo da mercadoria
vendida e consequentemente baixar esse valor do estoque.

36 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Veja o exemplo do lançamento:

D – Caixa

a C – Venda de mercadorias

Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 5.000

Vamos supor que a empresa comprou mercadoria por R$ 2.000,00 para revender por
R$ 5.000.00. Ao vender a mercadoria, a contabilidade deverá fazer uma “baixa” de R$
2.000,00 na conta estoque de mercadoria e registrar esse valor como custo na conta
CMV (custo da mercadoria vendida).

D – Custo da mercadoria vendida

a C – Estoque de mercadorias

Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 2.000

Quando a empresa parcelar suas vendas, ou seja, vender a prazo, deverá ser
realizado esse lançamento da mesma forma; a única diferença é que, em vez
de debitar na conta caixa vendas a prazo, deverá ser registrar na conta dupli-
catas a receber ou clientes.

Após as vendas das mercadorias, é comum que ocorram devoluções que devem ser
contabilizadas pela empresa. Veja como tratar as devoluções de vendas.

SUMÁRIO 37
Prática Contábil II

1.4.1 DEVOLUÇÕES DE VENDAS

O cliente que compra produtos de uma empresa pode devolver o produto por diver-
sas razões, como produtos com defeitos, insatisfação do consumidor com a mercado-
ria entregue, problemas nas especificações dos pedidos, etc. Sendo essa uma prática
rotineira nas empresas, deverá ser registrada na contabilidade de forma correta. Veja
o exemplo:

O cliente Silvio da Silva comprou R$ 9.000 em mercadorias, segundo NF


321. No entanto, devolveu R$ 2.000,00 porque encontrou pequenos defeitos
nessas mercadorias. A restituição ao cliente foi paga em dinheiro; o custo
da mercadoria vendida e devolvida pelo cliente é de R$ 2.000; e o custo da
mercadoria devolvida equivale a R$ 900,00. Veja como deverá ser contabili-
zado no livro diário:

• Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias

D – Mercadorias*

a C – Banco

Devolução de parte de vendas do cliente Silvio Silva conforme NF 321 .............


........................R$ 2.000,00

Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias com


inventário permanente

D – Devolução de mercadorias

a C – Banco

Devolução de parte de vendas do cliente Silvio Silva conforme NF 321 .............


........................R$ 2.000,00

38 SUMÁRIO
Prática Contábil II

D – Estoque de mercadorias*

a C – Custo da mercadoria vendida (CMV)

Mercadoria recebida em devolução do cliente Silvio Silva conforme NF 321 ....


.................................R$ 900,00

*Mercadorias devolvidas voltam para o estoque, por isso devem ser debitadas
na conta estoque ou mercadorias.

E, se a devolução ocorre após o fechamento do exercício social? Vamos imaginar que


a empresa já encerrou a conta de receita de vendas na apuração do resultado da
empresa. Não é mais possível modificar o valor dessa receita.

Então, como a contabilidade deverá proceder? É necessário que sejam registrados o


valor dessa devolução e a sua perda da receita. No entanto, não é mais possível redu-
zir o lucro bruto do exercício que já foi encerrado.

Essa devolução também não pode ser classificada como despesa não operacional do
período atual, já que faz parte das atividades da empresa. Portanto, o que fazer nessa
situação? Será aberta uma conta de resultado denominada “Prejuízo do exercício
anterior”, é irá ser apresentada na DRE junto com as despesas operacionais.

Entenda o porquê de esse lançamento ser realizado em uma conta de despesa


operacional:

1. O prejuízo dessa devolução não pode ser registrado como ajuste do exercício
anterior, já que não houve erro contábil no exercício anterior, o fato foi uma
devolução de mercadorias no exercício posterior, impossível de ser prevista
pela contabilidade.

2. A devolução de mercadorias faz parte das atividades operacionais da empresa,


portanto, pela norma contábil não é possível fazer esse registro como prejuízo
não operacional.

Veja como será o lançamento dessa conta, conforme o exemplo:

SUMÁRIO 39
Prática Contábil II

O cliente Durval da Silva devolveu R$ 5.000,00 em mercadoria referente a


uma compra que foi efetuada no exercício anterior, conforme NF 109. O
custo da mercadoria para a empresa vendedora foi de R$ 1.700,00. A compra
foi parcelada em 5 prestações.

D – Devolução de mercadorias do exercício anterior

a C – Clientes a receber

Devolução de mercadoria conforme NF 109 .....................................R$ 5.000,00

Assim, o registro da mercadoria devolvida deverá ser feito no estoque da seguinte


forma:

D – Estoque de mercadorias

a C – Devolução de vendas de mercadorias do exercício anterior

Mercadoria recebida em devolução, conforme NF 109 ......................R$ 1.700,00

Veja que o saldo da conta devolução de mercadorias do exercício anterior


será: R$ 3.300 – R$ 5.000 de devolução – R$ 1,700 do valor do CMV – merca-
doria que voltou para o estoque.

40 SUMÁRIO
Prática Contábil II

1.4.2 ABATIMENTO SOBRE VENDAS

O cliente, em vez de devolver a mercadoria, poderá solicitar um desconto por peque-


nos danos causados no transporte ou qualquer outra razão que não o faça satisfeito
com o produto. O abatimento sobre as vendas pode ser registrado como descontos
incondicionais concedidos. Veremos cada caso no detalhe:

O cliente João Antônio recebeu suas mercadorias com pequenos defeitos, e


sua compra foi de R$ 7.000,00, em cinco parcelas, conforme Nota Fiscal 129.
A empresa para ressarcir os danos concedeu um desconto de R$ 500,00.

Veja como será realizado o lançando do desconto:

• Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias

D – Mercadorias

a C – Duplicatas a receber

Abatimento concedido por defeitos na mercadoria referente à NF 129.....R$


500,00

• Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias


com inventário permanente

D – Abatimento sobre vendas

a C – Duplicatas a receber

Abatimento concedido por defeitos na mercadoria referente à NF 129 ............


......................R$ 500,00

SUMÁRIO 41
Prática Contábil II

1.4.3 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS

Uma empresa pode fornecer um desconto para o seu cliente no ato da venda. O
desconto poderá ser destacado na Nota Fiscal, por exemplo:

A empresa Brinquedos Bacanas vendeu R$ 15.000,00 e concedeu um


desconto incondicional no valor de R$ 1.000, conforme NF 534. O registro
dessa operação será realizado da seguinte forma:

O cliente irá pagar à vista.

D – Caixa..........................................................................................R$ 14,000.00

D – Desconto incondicional referente à NF 534 ................................R$ 1.000,00

a C – Receita de vendas..................................................................R$ 15.000,00

Observação: a conta desconto condicional é uma conta de resultado reduto-


ra da receita de vendas.

1.4.4 BONIFICAÇÕES CONCEDIDAS

As bonificações estão vinculadas a promoções, cotas atendidas de vendas ou ações


de fidelidade de fornecedores, dentre outros. É a quantidade de mercadorias entre-
gues gratuitamente, a mais do que estipulado, em função do volume de vendas e,
geralmente, em decorrência de promoção especial.

42 SUMÁRIO
Prática Contábil II

A bonificação é diferente de brinde, porque, se for uma mercadoria para a


revenda, será considerada como bonificação; no entanto, se a mercadoria for
para consumo próprio, será considerada como brinde.

Veja o exemplo:

Um cliente compra 50 caixas de bolas de gude da Empresa Brinquedos


Bacanas, que resolve no ato da entrega, pelo mesmo valor, fornecer 70 caixas
a mais. Sendo que o adicional de 20 caixas de bolas de gude corresponde à
bonificação em mercadorias, o lançamento contábil deverá ser realizado da
seguinte forma, considerando que o valor de cada caixa são R$ 100,00 e a
negociação será paga à vista pelo cliente:

D – Caixa

C – Receita de vendas – R$ 5.000,00

O custo médio unitário no estoque de cada caixa são R$ 60,00, portanto, será
contabilizado o CMV da seguinte forma:

D – Custo da mercadoria vendida – R$ 4.200.00 (R$ 60,00 x R$ 7.000)

a C – Estoque de mercadoria

SUMÁRIO 43
Prática Contábil II

1.4.5 UROS EMBUTIDOS NAS VENDAS A PRAZO

A norma contábil determina que, ao efetuar uma venda, seja em longo ou curto
prazo, e o cliente pagar juros de forma significativa, estes juros deverão ser reconhe-
cidos como uma receita financeira e não contabilizados como receita de vendas. A
receita de vendas deverá ser registrada pelo valor presente.

Veja um exemplo de um fato ocorrido em uma empresa comercial:

UO cliente GFR comprou mercadorias a prazo no valor de R$ 3.000,00. Os


juros embutidos na operação foram no valor de R$ 300,00. O cliente irá pagar
10 parcelas mensais de R$ 300,00, conforme Nota Fiscal 753.

Considerando que o cliente utiliza o critério de conta desdobrada, essa venda


será contabilizada da seguinte forma:

D – Clientes a receber

a C – Receita de vendas

Referente à NF 753 ............................R$ 2.700

Ajuste o valor presente (receita financeira)

Juros embutidos na operação da NF 753.................................................R$ 300

Venda de mercadoria

Valor líquido da operação......................................................................R$ 3.000

O ajuste de valor presente é uma receita antecipada redutora da conta clien-


tes ou duplicatas a pagar e será apresentado no balanço patrimonial:

44 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Ativo circulante

Clientes..................................................................................................R$ 3.000

(-) Ajuste o valor presente......................................................................(R$ 300)

Saldo......................................................................................................R$ 2.700

O pagamento da primeira parcela deverá contabilizado:

D – Caixa

C – Clientes a receber........................R$ 30,00

D – Ajuste o valor presente (receita financeira a vencer)..................(R$ 30,00)

A C – Receita financeira.

Do ponto de vista contábil a despesa operacional está relacionada aos pagamentos


feitos devido às atividades da empresa, tais como despesa de RH, despesa comercial,
despesa administrativa, dentre outras. Já a despesa não operacional não está relacio-
nada com o objetivo do negócio, como, por exemplo, pagamento de juros.

SUMÁRIO 45
Prática Contábil II

Veja o exemplo de cada fato: a empresa Chocolates Delícias efetuou três


vendas: R$ 600.000,00 para a Distribuidora Doces Alegres; R$ 500.000 para
Comercial Doçura; e R$ 400.000 para Comercial ChocoVarejo. E ocorreram os
seguintes fatos relacionados a essa venda:

FIGURA 4 - FATOS SOBRE A VENDA

Devolução de vendas Abatimentos Desconto comercial


Uma parte do lote vendido Houve um erro no pedido
A Comercial ChocoVarejo
para a Distribuidora Doces da Comercial Doçura, que
solicitou um desconto que
Alegres foi devolvido: R$ pediu um abatimento de
foi concedido: 5% do valor.
100,00. 10% no valor da venda.
Vendas brutas: R$ 600,00
Vendas brutas: R$ 500,00 Vendas brutas: R$ 400.00

Devolução de vendas: R$
Abatimento: R$ (50,00) Desconto: R$ (80,00)
(100,00)

Venda líquida: R$ 450,00 Vendas líquidas: R$ 320,00


Venda líquida: R$ 500,00
Esse fato ocorreu após a emis- Esse fato ocorreu após a Esse fato ocorreu antes da
são da Nota Fiscal. emissão da Nota Fiscal. emissão da Nota Fiscal.

Fonte: Elaborada pela autora.

A demonstração do resultado da empresa será (R$/1.000):

• Receita de vendas: R$ 1.500


• Devolução de vendas: R$ (100)
• Abatimentos: R$ (50)
• Desconto comercial: R$ (80)
• Receita líquida: R$ 1.270

Observação: por enquanto, não estamos considerando os impostos incidentes


sobre vendas.

A seguir, veremos como todos os lançamentos apresentados refletem nas demons-


trações contábeis.

46 SUMÁRIO
Prática Contábil II

1.5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

As contas utilizadas para registrar os fatos com as mercadorias terão as seguintes


apresentações no elenco de contas:

Balanço patrimonial Brinquedos Bacana

ATIVO

Ativo circulante

Estoques

Compras – permanente

Frete sobre compras – permanente

(-) Devoluções sobre compras – permanente

(-) Abatimento sobre compras – permanente

O controle da conta estoque é fundamental para a administração de uma empresa,


impactando diretamente no custo dos produtos. A conta estoque é evidenciada no
balanço patrimonial, e sua avaliação deve ser elaborada de forma correta, conforme
Normas Contábeis (Lei nº 6.404/76 – art. 183).

Veja que o balanço patrimonial apresentado da empresa Brinquedos Baca-


na informa que o sistema de inventário adotado na empresa é o sistema de
inventário permanente.

Veja, a seguir, como o custo da mercadoria vendida é um redutor da receita líquida e


como é apresentado na DRE.

SUMÁRIO 47
Prática Contábil II

1.5.1 CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA


O custo da mercadoria vendida é apresentado na Demonstração de Resultados do
Exercício (DRE), sendo apurado em função da variação do saldo de estoque, confor-
me a equação a seguir:

CMV = EI + C-EF
onde:
CMV = Custo da mercadoria vendida
EI = Estoque inicial

C = Compras
EF = Estoque final
Veja a DRE da empresa Brinquedos Bacanas:

FIGURA 5 - DRE DA EMPRESA BRINQUEDOS BACANAS

Brinquedos Bacana S.A.


Demonstração do resultado – dezembro x19
RECEITA DE VENDAS BRUTA Vendas 44.000
(-) Devoluções de vendas - 2.000
(-) Abatimentos sobre vendas - 500
(-) Desconto comercial (incondicional) - 1.000
(-) Impostos sobre vendas - - 7.920

(=) Receita líquida 32.580

(-) CMV - 4.790

(=) Resultado bruto 27.790

(-) Despesas operacionais - 9.000

(+/-) Receitas e despesas financeiras - 1.700


Descontos financeiros concedidos - 1.500

(=) Lucro líquido 15.590

Fonte: Elaborada pela autora.

48 SUMÁRIO
Prática Contábil II

A DRE tem o seu início na receita de vendas, e os valores de redutores da receita


obrigatoriamente deverão vir em seguida (devolução de vendas, abatimento sobre
vendas, desconto comercial e impostos), e, assim, é possível obter a receita líquida do
exercício.

As despesas relacionadas com as vendas, assim como os efeitos dos pagamentos ou


recebimentos antecipados, são registradas no grupo das despesas operacionais ou
outras receitas/despesas financeiras.

Após apurado o lucro bruto, este será destinado à remuneração das despesas, gover-
no (IR e CSLL), e distribuído entre os proprietários e acionistas da empresa.

Para que a DRE e o balanço patrimonial sejam apresentados de forma correta, é


fundamental um controle nas operações com mercadorias, para que todos na empre-
sa saibam o valor do seu lucro bruto e o quanto poderá gastar com suas despesas
operacionais e financeiras, e, assim, se possa atingir o lucro no final do período.

Um registro errado de mercadorias pode causar prejuízos na apuração dos custos


dos produtos e consequentemente no preço desses produtos, receita de vendas e
falha na apuração do lucro bruto. Assim, com o exposto sobre todos os lançamentos
necessários para um eficiente controle de mercadorias e estoques, a sua contabiliza-
ção pode se tornar muito mais prática.

SUMÁRIO 49
Prática Contábil II

BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Veja, a seguir, algumas indicações de obras que complementarão seu conhecimento
sobre os assuntos abordados na disciplina.

• RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

Nessa obra são explicados todos os lançamentos relacionados à conta de mercado-


rias. Os lançamentos são exemplificados de forma detalhada e didática

• IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos; FARIA, Ana Cristina de. Introdução
à Teoria da Contabilidade. 6. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2018.

Nessa obra você relembrará os principais lançamentos contábeis e a elaboração de


relatórios contábeis. Os autores explicam esses conceitos de forma clara e didática, e
você poderá fazer exercícios para aprimorar o seu conhecimento.

50 SUMÁRIO
Prática Contábil II

CONCLUSÃO
Abordamos as principais operações com mercadorias explicando quais são as normas
contábeis presentes no registro do processo de compras e vendas de uma empresa.
Esse conhecimento é importante para que seja entendido como o não cumprimento
ou mesmo a falta de conhecimento pode causar inúmeros prejuízos para a empresa
e/ou negócio, que vão desde a falta de controle do estoque, perda de mercadorias, e
até mesmo prejuízos que podem levar uma empresa à falência.

O lucro bruto de uma empresa, nesse sentido, é mensurado através do resultado da


equação: receita de vendas – abatimentos – custos. É por meio do lucro bruto que é
realizada a análise de quanto as atividades operacionais de uma empresa são lucrati-
vas e contribuem para o seu sucesso ou não. Após o cálculo do lucro bruto, é possível
mensurar o resultado de cada produto e tomar decisões de continuidade ou não de
vendas das suas mercadorias. Qualquer erro nos lançamentos de vendas ou compras
de mercadorias irá impactar na análise financeira da empresa, que poderá resultar
em decisões erradas e prejudiciais ao negócio.

Compreender esses conceitos não é apenas importante para o profissional contábil,


mas para todos que atuam em uma organização, seja na área comercial, produção ou
marketing. Entender cada processo de vendas e compras de uma empresa é funda-
mental para a organização empresarial, porque, se uma empresa não faz gestão de
suas mercadorias, como fará a gestão de suas finanças, não é?

SUMÁRIO 51
Prática Contábil II

UNIDADE 2
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Explicar quais são os impostos que incidem sobre as


vendas.

> Definir o âmbito de cada imposto federal, estadual


e municipal.

> Calcular o resultado bruto da empresa após as


incidências dos impostos.

> Registrar corretamente cada imposto.

> Explicar a importância fiscal da apuração dos


impostos.

52 SUMÁRIO
Prática Contábil II

2 TRIBUTOS INCIDENTES
SOBRE COMPRAS E VENDAS
DE MERCADORIAS
Nesta unidade, iremos continuar os estudos que abordam as operações com merca-
dorias e seus registros contábeis. Você já sabe que uma empresa precisa comprar
mercadorias para depois revender e apurar o seu lucro e que todo esse processo
precisa ser registrado conforme as normas contábeis. Porém, durante essa transação
a empresa tem que pagar alguns tributos, como impostos, taxas e contribuições. O
tributo é calculado proporcionalmente ao preço e volume de vendas, e faz parte da
rotina do contador calcular esses tributos e executar os pagamentos para o governo.
Mas você sabe quais são os principais tributos relacionados à venda das mercadorias?
E como contabilizar da forma correta?

Também abordaremos os principais tributos incidentes sobre vendas como Imposto


sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), o Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISS) e o Imposto sobre Exportação (IE), bem como a Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a contribuição para o Programa de
Integração Social (PIS), inclusive nas vendas de produtos sujeitos à incidência mono-
fásica da contribuição.

Tantos tributos e taxas exigem um controle e cuidado por parte da contabilidade,


não basta apenas ter conhecimento sobre quais são os tributos e taxas que incidem
sobre as vendas; o contador deverá saber como registrar no livro diário cada imposto,
pois qualquer descuido ou falha no processo poderá gerar multas para a empresa.
Portanto, é hora de aprender detalhadamente todos os processos necessários para
contabilizar esses impostos! Não se esqueça de ler os materiais complementares indi-
cados nesta unidade.

SUMÁRIO 53
Prática Contábil II

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, abordaremos os impostos sobre receitas e a forma de obter crédito
nas operações fiscais. É função da contabilidade registrar e controlar todos os impos-
tos que incidem nas organizações. O contador tem a responsabilidade de acompa-
nhar os registros desses processos e orientar a empresa a pagar seus impostos de
forma correta, evitando multas desnecessárias. O consumidor tem o direito de saber
qual imposto está pagando no ato da compra de um produto ou serviço, e qual o
destino de cada tributo pago pelo contribuinte. Infelizmente a maioria das pessoas
desconhece esse tema tampouco tem interesse em conhecer, e muitas empresas
ainda cometem falhas enormes na gestão fiscal e apenas descobrem os erros quan-
do as multas começam a aparecer.

Nesta unidade, você irá conhecer o significado das siglas de cada imposto sobre
vendas (ICMS, IPI, PIS/PASEP e Cofins), sua contabilização e a recuperação (crédito)
dos impostos.

Ao final da unidade, você entenderá como é feita a apuração da receita líquida e


chegaremos ao lucro bruto. Esse aprendizado será realizado de forma prática, com
apresentação dos lançamentos contábeis, análise dos resultados das contas e os
procedimentos para o encerramento mensal da empresa.

É importante que você faça a leitura do material complementar, participe do fórum


e compartilhe suas ideias com seus colegas para um melhor aproveitamento do ensi-
no. Bons estudos!

2.1 TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRA E


VENDAS

Uma empresa, ao vender sua mercadoria e emitir a nota fiscal, transfere a titularidade
e propriedade do produto para o consumidor e automaticamente deverá pagar um
tributo para o governo, ou seja, haverá uma arrecadação do Estado relacionada a esse
imposto.

54 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Os impostos incidentes sobre vendas são calculados com base no preço de venda.
E esse processo demanda que a contabilidade faça o registro de seus impostos em
contas específicas, sendo que os impostos mais expressivos são:

1. Impostos sobre Vendas.

2. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

3. Imposto sobre Serviços (ISS).

Além desses impostos, incidem sobre as vendas as contribuições: Cofins (Contribui-


ção para o Financiamento da Seguridade Social); a contribuição para o PIS (Programa
de Integração Social), ISS (Impostos sobre Serviços) e as taxas que guardam propor-
cionalidade com o preço de venda, como, por exemplo, comissões.

Começaremos os estudos abordando o ICMS. Mas, antes de iniciarmos os estudos,


você precisa aprender um conceito contábil muito importante acerca do regime não
cumulativo.

Por meio deste material, você terá conhecimento sobre: estrutura e função
dos diferentes tipos de ácidos nucleicos; mecanismo de duplicação do DNA;
mutações e mecanismos de reparo do DNA; transcrição gênica; processa-
mento de RNA; código genético e tradução; controle da expressão gênica
em procariotos e eucariotos; recombinação bacteriana e transposons em
procariotos e eucariotos. Este material dará a você, aluno, uma base sobre
a disciplina que está cursando, mas lembre-se: é muito importante o seu
envolvimento em todas as atividades, nos fóruns de discussão e nas leituras
complementares. Bons estudos!

SUMÁRIO 55
Prática Contábil II

Segundo o Código Tributário Nacional (CTN), art. 3º do CTN, Lei nº 5.172: o


tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em
lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Imposto é um tributo que não depende da vontade do contribuinte e possui
a finalidade de receita pública para manter os compromissos constitucionais
e o funcionamento de variados órgãos e setores federativos; e, taxas são os
valores pagos pela utilização de serviços de poder público específicos e divi-
síveis, por exemplo, taxa de emissão do RG ou CPF.

A seguir, você estudará o conceito, registro contábil do ICMS, e de que forma são
praticados os regimes de cumulatividade e não cumulatividade.

2.2 ICMS (IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE


MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E
INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÕES)

O ICMS é um imposto que incide sobre a circulação de mercadorias e também sobre


prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal de comunicação.
É o imposto mais comum entre as operações comerciais e de competência estadual,
portanto, a alíquota pode ser cobrada com valores diferentes em cada Estado do
Brasil.

O ICMS é considerado uma das principais fontes de arrecadação dos Estados, sendo
cobrado nas seguintes operações:

• Venda e transferência de produtos.

• Transportes entre municípios ou Estados brasileiros.

56 SUMÁRIO
Prática Contábil II

• Importação de mercadorias, mesmo que para consumo próprio e não com o


objetivo de revenda.

• Prestação de serviço no exterior.

• Serviços de telecomunicação.

É considerado um “imposto por dentro” porque o seu valor está incluso no preço das
mercadorias, ou seja, quando uma empresa adquire mercadorias, o preço dela já
inclui o ICMS. Na venda da mercadoria o preço também já inclui esse imposto com
base na alíquota determinada pela legislação estadual.

Cada Estado e o Distrito Federal regulamentam esse imposto, definindo qual a


porcentagem deverá ser cobrada. Por esse motivo, cada localidade tem sua própria
alíquota. Veja como é realizado o cálculo do ICMS:

Um produto custa R$ 500,00 e sobre ele incide uma alíquota de 18%.


O cálculo é o seguinte:

R$ 500,00 X 18% = R$ 90.00

Nesse caso, o valor do ICMS são R$ 90,00, e a empresa irá cobrar do consumi-
dor, no ato da venda, R$ 590,00, pois será adicionado ao preço do produto.

Quando uma empresa compra mercadorias de outros Estados, você deve pensar em
dois aspectos principais: quem paga os impostos? E qual tarifa deverá ser cobrada?

Antigamente, o valor integral do ICMS ficava com o Estado no qual a mercadoria foi
vendida, sendo que o valor da alíquota para calcular o ICMS varia em cada Estado.
Essa variação fazia com que as empresas optassem por comprar mercadorias com
alíquota menor, causando um desequilíbrio na arrecadação nacional. Por essa razão
o governo criou o DIFAL – que significa Diferencial de Alíquotas do ICMS – por meio da
Emenda Constitucional nº 87/2015, que é a diferença entre os impostos pagos entre
os Estados.

SUMÁRIO 57
Prática Contábil II

Essa emenda determinou a partilha de diferença entre as alíquotas do imposto, e, a


partir de 2019, foi determinado que 100% do valor apurado são destinados aos cofres
do Estado de destino da venda da mercadoria/serviços.

Um produto custa R$ 500,00 e sobre ele incide uma alíquota de 18%.


O cálculo é o seguinte:
R$ 500,00 X 18% = R$ 90.00

Nesse caso, o valor do ICMS são R$ 90,00, e a empresa irá cobrar do consumi-
dor, no ato da venda, R$ 590,00, pois será adicionado ao preço do produto.

Quando uma empresa compra mercadorias de outros Estados, você deve pensar em
dois aspectos principais: quem paga os impostos? E qual tarifa deverá ser cobrada?

Antigamente, o valor integral do ICMS ficava com o Estado no qual a mercadoria foi
vendida, sendo que o valor da alíquota para calcular o ICMS varia em cada Estado.
Essa variação fazia com que as empresas optassem por comprar mercadorias com
alíquota menor, causando um desequilíbrio na arrecadação nacional. Por essa razão
o governo criou o DIFAL – que significa Diferencial de Alíquotas do ICMS – por meio da
Emenda Constitucional nº 87/2015, que é a diferença entre os impostos pagos entre
os Estados.

Essa emenda determinou a partilha de diferença entre as alíquotas do imposto, e, a


partir de 2019, foi determinado que 100% do valor apurado são destinados aos cofres
do Estado de destino da venda da mercadoria/serviços.

Por exemplo: um produto que circula de São Paulo para Rio de Janeiro,
destinará o valor do ICMS apenas para o Rio de Janeiro.

58 SUMÁRIO
Prática Contábil II

A declaração do pagamento da DIFAL é realizada através do SPED Fiscal (Sistema


Público de Escrituração Digital).

Existem algumas atividades que não incidem ICMS, ou seja, a cobrança de ICMS não
se aplica nelas. São isentas do imposto:

• Comercialização e circulação de livros, jornais e periódicos, incluindo o


papel utilizado em sua impressão.

• Exportação de mercadorias.

• Operações relativas à energia elétrica, petróleo e combustíveis.

• Operações relacionadas a ouro, quando considerado ativo financeiro ou


instrumento cambial.

• Operações de arrendamento mercantil.

• Operações de alienação fiduciária em garantia.

• Transferência de propriedades ou bens móveis, sejam de estabelecimen-


tos comerciais, industriais ou de outra espécie.

• Mercadorias destinadas à prestação de serviço do próprio autor, caso


autorizado pela lei complementar municipal.

• Casos específicos da legislação estadual.

Fonte: PORTAL CONTÁBIL, 2019.

É muito importante que a Contabilidade esteja atenta ao pagamento do ICMS, pois o


atraso ou inadimplência pode gerar sérios problemas para a empresa, como veremos.

2.2.1 PAGAMENTO DO ICMS E INADIMPLÊNCIA

Para recolher o ICMS a empresa deve se cadastrar na Secretaria de Estado da Fazenda


(Sefaz) da região de sua atuação. Nesse processo, é adquirida sua Inscrição Estadual
(IE), uma sequência numérica confirmando que seu negócio é contribuinte desse
imposto.

Quando uma empresa deixa de pagar o ICMS, se torna inadimplente perante o fisco
e terá que regularizar as cobranças atrasadas com juros fixados pela SELIC.

SUMÁRIO 59
Prática Contábil II

Chama-se Fazenda Pública o conjunto de órgãos da administração pública


responsáveis por arrecadar tributos, fiscalizar e guardar os valores recolhidos.
Dentre eles têm-se a Fazenda Federal (União), Fazenda Estadual (Estados) e
Fazenda Municipal (Municípios).

Na bitributação um ente invade a competência do outro, tomando a cobran-


ça inconstitucional. Por exemplo: se um município instituir o ICMS, será
caracterizado como bitributação, porque já existe esse imposto de compe-
tência estadual.

Veja, a seguir, como deve ser realizado o registro contábil do ICMS.

2.2.2 REGISTRO CONTÁBIL DO ICMS

Existem dois métodos para registrar o ICMS nas operações de compras e vendas a
partir da adoção da(s):

• Conta do ICMS: é quando a contabilidade utiliza uma única conta para regis-
trar os lançamentos do ICMS, seja a recuperar ou ICMS a recolher.

• Contas diferentes de ICMS a recuperar e ICMS a recolher: o método mais utili-


zado.

Entenda mais sobre o método de contas diferentes de ICMS.

I. Adotar a conta do ICMS: consiste em fazer apenas um registro para os direitos


e obrigações relativas ao ICMS. É registrado como contrapartida para as opera-
ções relacionadas com registros de ICMS (compras, vendas, devoluções, etc.),

60 SUMÁRIO
Prática Contábil II

uma conta denominada conta-corrente do ICMS. Nesse caso serão registrados:


1. Débito: que corresponderá às operações de entradas de mercadorias; 2. Cré-
dito: que corresponderá às operações de saídas de mercadorias.

II. Adotar as contas distintas do ICMS ao registrar a compra e posteriormente a


venda de mercadorias. São contas do ativo (ICMS a recuperar), passivo (ICMS a
recolher) e conta de resultado (ICMS sobre vendas).

Veja de forma prática como isso funciona:

1. A Empresa Armarinhos Augusto comprou mercadorias parceladas no valor R$


10.000, incluindo ICMS recuperável de 18%, totalizando R$ 1.800 de tributos.

2. No dia seguinte, a Empresa Armarinhos Augusto vendeu mercadorias no valor


de R$ 5.000,00, sendo que o ICMS incidente foi de 18%, e o custo da mercado-
ria vendida foi de R$ 3.000,00.

Você pode notar que a empresa compradora pagou o total de R$ 5.000,00 na merca-
doria, incluindo o ICMS. O valor do ICMS (R$ 900,00) será repassado pela empresa
Armarinhos Augusto ao governo estadual.

A Contabilidade adotou o sistema de conta do ICMS e fará os seguintes registros:

Contas distintas – ICMS

1. Empresa Armarinhos Augusto – operação de compra

D Mercadorias em estoque: R$ 10.000

a C Fornecedor: R$ 10.000

D ICMS a recuperar: R$ 1.800

C Mercadorias em estoque: R$ 1.800

SUMÁRIO 61
Prática Contábil II

QUADRO 1 - MERCADORIA EM ESTOQUE

MERCADORIA EM ESTOQUE
R$ 10,000 R$ 1.800
Saldo: R$ 8.200

Fonte: Elaborado pela autora.

(O saldo da mercadoria no estoque serão R$ 10,000 – R$ 1.800 do imposto pago.)

2. Empresa Armarinhos Augusto – empresa vendedora

1. D Caixa

a C Receita de vendas: R$ 5.000

2. D Custo da mercadoria vendida (conta de resultado CMV)

a C Estoque de mercadorias: R$ 3.000

3. D ICMS sobre vendas: R$ 900 (conta de resultado redutora da receita – DRE)

a C ICMS a recolher (conta patrimonial – balanço patrimonial)

A partir do exemplo é possível concluir que:

• O valor do ICMS pago ao fornecedor, no ato da compra da mercadoria, repre-


senta um direito de crédito do ICMS. A empresa é credora junto ao governo do
Estado (ICMS a recuperar).

• O valor do ICMS recebido de cliente, no ato da venda do produto, representa


uma obrigação tributária da empresa que terá que pagar ao governo do Esta-
do (ICMS a recolher).

No final do mês, a Contabilidade soma todos os valores de ICMS que foram pagos em
razão das compras da empresa e, em seguida, soma os valores de ICMS incidentes
nas vendas. Se o valor do ICMS a recuperar for maior que o valor do ICMS a recolher,
a empresa terá um crédito (direito com o governo estadual), como no exemplo: a
empresa tem um crédito de ICMS no valor de R$ 900,00. Caso contrário, se o valor do
ICMS a recolher for superior, a empresa terá uma obrigação com o Estado e pagará
no mês seguinte.

62 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Veja como é realizada a apuração do saldo do ICMS.

3. A Contabilidade, no último dia do mês fará, portanto, o seguinte lançamento:

D ICMS a recolher: R$ 900,00

a C ICMS a recuperar

QUADRO 2 - LANÇAMENTO CONTABILIDADE

ICMS A RECOLHER
R$ 900 4 R$ 1.800

ICMS A RECUPERAR
R$ 1.800 R$ 900,00 4
Saldo R$ 900,00
(R$1.800 - R$ 900)

Fonte: Elaborado pela autora.

Nesse exemplo a empresa possui um crédito de R$ 900,00 com o governo estadual.

O exemplo foi realizado pelo método de conta desdobrada e inventário periódico.

E se houver devolução da compra ou venda de mercadorias? Veja a forma correta de


contabilizar.

2.2.3 REGISTRO CONTÁBIL DO ICMS NAS


DEVOLUÇÕES DE COMPRAS E VENDAS

Se a empresa devolver compras ou seus clientes devolverem mercadorias, a contabili-


dade poderá utilizar as contas: compras devolvidas ou devoluções de vendas, respec-
tivamente. Vamos ao exemplo:

1. A Empresa Armarinhos Augusto recebeu algumas mercadorias com defeitos


e devolveu parte das compras que foram realizadas no valor de R$ 10.000,
estando incluso o ICMS recuperável de 18%. Conforme Nota Fiscal 1.234, o
valor da mercadoria devolvida foi de R$ 1.000 com ICMS incluso de R$ 180,00.

SUMÁRIO 63
Prática Contábil II

2. A Empresa Armarinhos Augusto recebeu mercadorias em devolução de


vendas no valor de R$ 2.000,00 com ICMS incidente de R$ 360,00, conforme
Nota Fiscal 345.

3. Empresa Armarinhos Augusto – operação de devolução de compras

No valor da Nota Fiscal de devolução, deverá constar o preço de aquisição


da mercadoria devolvida e o ICMS referente à mercadoria devolvida. Como a
empresa está devolvendo a mercadoria, deverá creditar os tributos recupe-
ráveis.

Veja o exemplo:

D Fornecedor: R$ 1.000

a C Estoque de mercadorias ref. à devolução de compras conforme NF 1.234: R$ 820

a C ICMS a recuperar: R$ 180,00 (como a mercadoria foi devolvida, a empresa não


terá direito aos créditos do ICMS)

4. Empresa Armarinhos Augusto – operação de devolução de vendas

D Vendas canceladas: R$ 2,000

a C Clientes a receber

D ICMS a recuperar

a C ICMS sobre vendas: R$ 360,00

Agora que você compreendeu o conceito de ICMS, abordaremos outro imposto rele-
vante: o IPI.

64 SUMÁRIO
Prática Contábil II

O livro ICMS Doutrina e Prática, de autoria de Kiyoshi Arada, Editora Atlas,


aborda o tema ICMS com profundidade, desde a história de sua origem,
temas jurídicos, até discussões controversas sobre o tema. Vale a pena a
leitura, para compreender as características do imposto de forma simples e
didática.

Além do ICMS, outro imposto relevante para as indústrias é o IPI. Embora seu regis-
tro contábil seja muito parecido com o ICMS, o IPI é denominado imposto por fora,
porque não compõe o preço do produto. Veja, a seguir.

2.3 IPI – IMPOSTO SOBRE PRODUTOS


INDUSTRIALIZADOS

O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializado), diferentemente do ICMS, é imposto de


competência federal exigido principalmente nas indústrias. Considerado um impos-
to por fora, ou seja, o cálculo é feito sobre o preço das mercadorias e a elas adiciona-
do. A alíquota do imposto varia em função do produto, para saber qual a alíquota dos
produtos, é necessário consultar a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos
Industrializados (TIPI).

Você pode consultar a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos


Industrializados (TIPI) no site da Receita Federal.

SUMÁRIO 65
Prática Contábil II

São obrigados ao pagamento do IPI como contribuinte:

I. O importador.

II. O industrial.

III. O estabelecimento equiparado a industrial.

IV. Os que consumirem, ou utilizarem em outra finalidade, ou remeterem a


pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras o papel destinado
à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançado pela imunidade.

Segundo a Receita Federal, o prazo para recolhimento do IPI será:

I. antes da saída do produto da repartição que processar o despacho, nos


casos de importação.

II. até o décimo dia do mês subsequente ao de ocorrência dos fatos geradores,
nos casos dos produtos classificados no Código 2402.20.00 da TIPI.

III. até o vigésimo quinto dia do mês subsequente ao de ocorrência dos fatos
geradores, no caso dos demais produtos. (BRASIL, 1988)

Se o dia do vencimento de que tratam os incisos II e III não for dia útil, considerar-
-se-á antecipado o prazo para o primeiro dia útil que o anteceder.

É ainda responsável, por substituição, o industrial ou equiparado a industrial, median-


te requerimento, em relação às operações anteriores, concomitantes ou posteriores
às saídas que promover, nas hipóteses e condições estabelecidas pela Secretaria da
Receita Federal.

Algumas empresas são imunes ao IPI, não precisam arrecadar:

I – os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão; artigo 150,


inciso VI, alínea “d”, da Constituição.

II – Imunidade sobre a Exportação de Produtos Industrializados: artigo 153, §


3º, inciso III, os produtos industrializados destinados ao exterior;

III – o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento


cambial; artigo 153, § 5º.

IV – a energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.


Artigo 18, inciso IV. (art. 155, § 3º CF/88) (BRASIL, 1988)

66 SUMÁRIO
Prática Contábil II

O IPI, assim como o ICMS, é um imposto não cumulativo: o valor pago na compra das
mercadorias e matérias-primas é compensado no imposto a pagar das operações
sobre mercadoria vendidas. Portanto, o mecanismo de incidência do IPI é igual ao
do ICMS, no qual a empresa pagará o imposto ao governo sobre as vendas dos seus
produtos.

Entenda agora como o IPI é registrado na contabilidade.

2.4 REGISTRO CONTÁBIL DO IPI

Você poderá observar que a contabilização do IPI é muito semelhante à forma de


registro do ICMS. Veja o exemplo:

1. A Indústria Nota 10 comprou mercadorias à vista da Indústria Vou Passar. O valor


da mercadoria foi de R$ 5.000 com IPI incidente de 10%; portanto, o valor da merca-
doria será de R$ 5.500,00.

Observação: o valor do IPI deverá aparecer em destaque na Nota Fiscal.

2. A Indústria Nota 10 vendeu seus produtos no valor de R$ 20.000,00 com IPI inci-
dente de R$ 700,00. Total da venda: R$ 7.700,00.

1. Empresa Nota 10 – operação de compra

D Mercadorias em estoque: R$ 5.500

a C Caixa: R$ 5.500

D IPI a Recuperar: R$ 500

C Mercadorias em estoque

• Empresa Nota 10 – empresa vendedora


D Caixa: R$ 7.700

a C Receita de vendas: R$ 7.000

C IPI a recolher: R$ 700

SUMÁRIO 67
Prática Contábil II

Veja que o IPI não é adicionado ao valor da Receita de Vendas.

3. No final do mês, a Contabilidade fará registro semelhante ao do ICMS:

D IPI a recolher

C IPI a recuperar

QUADRO 3 - IPI

ICMS A RECOLHER
R$ 5003 R$ 700
Saldo credor: R$ 200,00

(R$ 700 – R$ 500)

ICMS A RECUPERAR
R$ 500 R$ 5003

Fonte: Elaborado pela autora.

Com o ajuste apresentado, a conta IPI a recuperar fica igual a zero, e a empresa tem
um saldo credor (IPI a recolher) no valor de R$ 200,00. A empresa deverá efetuar o
pagamento do imposto no mês subsequente. É responsabilidade da área contábil
realizar o pagamento para não gerar multas para a empresa.

Além do ICMS e IPI, a empresa deverá pagar mais impostos sobre vendas. Entenda o
conceito de ISS – Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza.

2.5 ISS – IMPOSTO SOBRE SERVIÇO DE QUALQUER


NATUREZA
O ISS é um imposto de competência municipal, portanto, sua alíquota irá variar de
acordo com o município, sendo que a alíquota mínima são 2%, e a máxima de inci-
dências é de 5%. Assim sendo, a legislação do município deve ser consultada para o
conhecimento da alíquota incidente.

68 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Esse imposto, como o próprio nome explica, irá incidir sobre os serviços prestados
pelas empresas, por trabalhadores autônomos ou liberais; portanto o contribuinte é
o prestador de serviços, exceto quando o serviço é prestado no exterior.

Após questionamentos a respeito do recolhimento do ISS, o Superior Tribu-


nal de Justiça (STJ) determinou que o ISS tem que ser recolhido no local
onde o serviço foi prestado.

O cálculo e a contabilização do ISS são muito fáceis, principalmente em municípios


que adotaram o modelo eletrônico de Nota Fiscal.

Assim como outros impostos, é responsabilidade da contabilidade controlar o paga-


mento do ISS evitando a inadimplência do imposto. A falta de pagamento do ISS
impossibilita a empresa de retirar certidões negativas e participar de licitações. Além
disso, virão cobranças com multas e juros para a empresa. Se a empresa, além de
prestar serviços, vender produtos, irá pagar ISS e ICMS, de acordo com a legislação do
município e Estado.

Veja como é realizado o registro contábil do ISS: uma prestadora de serviço auferiu
uma receita de R$ 7.000,00 durante o mês. Considerando a alíquota de 4% de ISS no
município no qual foi realizado o serviço, o imposto será contabilizado da seguinte
forma:

D – Banco: R$ 7.000

a C – Receita de venda de serviços: R$ 7.000

D – ISS sobre vendas: R$ 280,00 (conta de resultado – DRE – redutora de receita bruta)

a C – ISS a recolher: R$ 280,00 (conta patrimonial – passivo circulante)

No mês seguinte, a empresa deverá pagar o ISS ao município, para evitar multas e
juros.

SUMÁRIO 69
Prática Contábil II

A seguir, iremos abordar os tributos considerados como os mais onerosos na cadeia


produtiva no Brasil: PIS/PASEP e Cofins.

2.6 PIS/PASEP E COFINS SOBRE FATURAMENTO

A contribuição para o PIS/PASEP e a Cofins estão previstas na Constituição Fede-


ral, nos artigos 195, I, e 239, e foram instituídas suas respectivas cobranças pelas
Leis Complementares – LC nº 70/1991 (Cofins), LC nº 07/1970 (PIS) e LC nº 08/1970
(PASEP), sendo que sua base de cálculo é o total das receitas brutas (faturamento)
auferidas pela pessoa jurídica.

Os contribuintes do PIS e da Cofins são as pessoas jurídicas de direito privado em


geral, inclusive as pessoas a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda,
exceto as microempresas e as empresas de pequeno porte submetidas ao regime do
Simples Nacional (LC nº 123/2006) (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2019).

São modalidades de tributos de competência federal, sendo que os recursos do PIS


são destinados ao pagamento de seguro-desemprego, abono e participação na recei-
ta de órgãos e entidades para os trabalhadores públicos e privados; o PIS é destinado
aos funcionários de empresas privadas, sendo administrado pela Caixa Econômica
Federal; e o PASEP, destinado aos servidores públicos, administrado pelo Banco do
Brasil. Os recursos da Cofins são destinados principalmente para a área da saúde
pública, previdência e assistência social.

Embora apresentem regras similares, são tributos diferentes. Segundo a


Lei nº 9.715/1998, os contribuintes do PIS e da Cofins são as pessoas jurídi-
cas de direito privado, inclusive as pessoas a elas equiparadas pela legislação
do Imposto de Renda, exceto as microempresas e as empresas de pequeno
porte submetidas ao regime do Simples Nacional (LC nº 123/2006).

70 SUMÁRIO
Prática Contábil II

As duas contribuições apresentam as seguintes hipóteses de incidência:

• Sobre o faturamento para pessoas jurídicas de direito privado.


• Sobre a arrecadação mensal de receitas correntes e o recebimento mensal de
recursos, para entidades de direito público.

• Sobre a importação de bens estrangeiros ou serviços do exterior. (JORNAL


CONTÁBIL, 2019)

Existem dois regimes de incidência dessas contribuições:

• Regime cumulativo.

• Regime não cumulativo.

Compreenda, a seguir, quais são as características de cada regime.

2.6.1 REGISTRO CONTÁBIL PIS/PASEP E COFINS


CUMULATIVO

No regime cumulativo não há direito ao crédito, independentemente se a empresa


pagou o tributo na compra de suas mercadorias ou matérias-primas. A alíquota do
PIS/PASEP é de 0,65%, e a da Cofins é de 3%. Segundo as normas, empresas com
lucro presumido são obrigadas a apurar o PIS/Cofins pelo regime cumulativo, com
algumas exceções, que você pode consultar no art. 10 da Lei nº 10.833/2003.

Veja como é realizada a contabilização:

1. A Perfumaria Cheiro de Rosas auferiu no mês de agosto uma receita bruta com
vendas de mercadorias no valor de R$ 120.000,00. Deve-se calcular e contabi-
lizar as contribuições para o PIS/PASEP e Cofins, pelas alíquotas 0,65% e 3%.

D – PIS/PASEP sobre faturamento: R$ 780,00 (conta de resultado, redutora da receita


bruta).
a C – PIS/PASEP a recolher (conta patrimonial – passivo circulante).

D – Cofins sobre faturamento: R$ 3.600,00 (conta de resultado, redutora da receita


bruta).

a C – Cofins a recolher (conta de resultado, redutora da receita bruta).

SUMÁRIO 71
Prática Contábil II

No mês seguinte, a empresa fará a contribuição em dinheiro no valor de R$ 4.380,00


(R$ 3.600,00 + R$ 780,00). Agora veja como é o lançamento contábil com o regime de
incidência não cumulativo.

Este é um livro que todo profissional e estudante da área contábil deve consul-
tar, no que diz respeito aos tributos, a fim de esclarecer dúvidas: Contabilida-
de Tributária: Entendendo a Lógica dos Tributos e seus Reflexos sobre os
Resultados das Empresas, dos autores Amaury José Rezende, Carlos Alberto
Pereira, e Roberta Carvalho de Alencar.

2.7 REGISTRO CONTÁBIL PIS/PASEP E COFINS NÃO


CUMULATIVO
No regime de incidência não cumulativo, a empresa tem os créditos em relação aos
custos das compras de mercadorias para revendas, bens e serviços utilizados como
insumo na produção, bens e produtos destinados à venda, aluguéis de prédios,
máquinas e equipamentos utilizados nas atividades da empresa e pagos para pessoa
jurídica, energia elétrica consumida no estabelecimento da empresa.

As empresas que se enquadram nesse regime são as que apuram o imposto


de renda com base no lucro real. As alíquotas são: PIS, 1,65%; e Cofins, 7,6%.

Veja o exemplo:

1. A empresa Com Alegria comprou mercadorias a prazo no valor de R$ 50,000,


conforme NF 145, com ICMS de R$ 9.000. Regime cumulativo de crédito PIS/
PASEP pela alíquota de 1,65% e Cofins de 7,65%.

72 SUMÁRIO
Prática Contábil II

2. Durante o mês, a empresa vendeu R$ 200.000 em mercadorias e obteve uma


receita de aluguel do galpão no valor de R$ 10.000.

Veja como as operações serão contabilizadas no livro diário:

1. Compra de mercadorias

D Estoque de mercadoria: R$ 36.375,00

D ICMS a recuperar: R$ 9.000.00

D PIS/PASEP a recuperar: R$ 825,00


D Cofins a recuperar: R$ 3.800,00
a C Fornecedor: R$ 50.000

2. Receitas auferidas no mês

D Clientes a receber

a C Receita de vendas: R$ 200.000

D Banco

A C Receita de aluguéis ativos: R$ 10,000


Total das receitas no mês: R$ 210.000

Veja como são contabilizados os impostos relacionados a essas receitas:

D ICMS sobre faturamento (18%): R$ 36.000 (R$ 200.000 * 18%)

a C ICMS a recolher

D PIS/PASEP sobre faturamento (1,65%) – R$ 3.300,00


D PIS/PASEP sobre aluguel: (1,65%) – R$ 165,00
a C PIS/PASEP a recolher: R$ 3.465,00

D Cofins sobre faturamento (7,6%) – R$ 15.200,00


D Cofins sobre aluguel (7,6%) – R$ 760,00
a C Cofins a recolher: R$ 15.960,00

Veja como contabilizar as contas:

SUMÁRIO 73
Prática Contábil II

• ICMS sobre faturamento, PIS/PASEP sobre faturamento e Cofins sobre


faturamento são contas de resultado (DRE) redutoras da receita de
vendas.

• PIS/PASEP sobre aluguel e Cofins são contas de resultado (DRE) clas-


sificadas como despesas tributárias.

• ICMS a recolher, PIS/PASEP a recolher e Cofins a recolher são contas


patrimoniais classificadas no passivo circulante no balanço patrimo-
nial.

O próximo passo é ajustar os saldos das contas:

D ICMS a recolher: R$ 9.000


a C ICMS a recuperar: R$ 9.000

QUADRO 4 - ICMS

ICMS A RECOLHER
R$ 9.000: débito R$ 36.000,00
Saldo a recolher

(R$ 36.000 –
R$ 9.000) = R$ 27.000

ICMS A RECUPERAR
R$ 9.000 R$ 9.000: crédito
Saldo 0 (R$ 9.000 – R$
9.000)

Fonte: Elaborado pela autora.

A empresa deverá no próximo mês recolher R$ 27.000,00 para pagamento do ICMS.

74 SUMÁRIO
Prática Contábil II

D PIS/PASEP a recolher: R$ 825


a C PIS/PASEP a recuperar: R$ 825

QUADRO 5 - PIS/PASEP

ICMS A RECOLHER
R$ 825,00 D R$ 3.465,00
Saldo a recolher

(R$ 3.465 – R$ 825) =


R$ 2.640

ICMS A RECUPERAR
R$ 825,00 R$ 825 C
Saldo 0 (R$ 825 – R$ 825)

Fonte: Elaborado pela autora.

A empresa deverá no próximo mês recolher R$ 2.640,00 para pagamento do PIS/


PASEP.

D Cofins a recolher: R$ 825


a C Cofins a recuperar: R$ 825

QUADRO 6 - COFINS

ICMS A RECOLHER
R$ 3.800 D R$ 15.960
Saldo a recolher

(R$ 15.960 – R$ 3.800) = R$


12.160

ICMS A RECUPERAR
R$ 3.800 R$ 3.800 C
Saldo 0 (R$ 3.800 – R$
3.800)

Fonte: Elaborado pela autora.

SUMÁRIO 75
Prática Contábil II

A empresa deverá no próximo mês recolher R$ 12.160,00 para pagamento da Cofins.

Vale ressaltar a existência do regime misto de incidência:

Regime misto de incidência: em algumas situações, uma empresa pode


estar sujeita à incidência não cumulativa relacionada a uma parte da receita
e à incidência cumulativa em relação a outra parte. Nesse caso, os créditos
serão contabilizados somente em relação aos custos, despesas e encargos
vinculados às receitas tributadas pelo regime não cumulativo. Por exemplo:
as receitas financeiras serão tratadas integralmente no regime não cumula-
tivo sendo aplicadas as alíquotas de 0,65% e 4% (art. 1º, §1º, do Decreto nº
8.426/2015).

Após a contabilidade realizar o lançamento de todos os impostos, veja como ficará a


apuração do lucro bruto da empresa.

2.8 APURAÇÃO DO LUCRO BRUTO

Após a apuração dos impostos, custos e devoluções de vendas, é apurado o RCM


(Resultado da Conta Mercadoria). Sendo o RCM positivo, significa que o valor das
vendas de mercadorias foi superior ao custo das respectivas mercadorias vendidas;
logo, corresponde ao lucro. Esse lucro apurado nas vendas de mercadorias denomi-
na-se lucro bruto do exercício.

76 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Quando o RCM for negativo, significará que o valor das vendas de mercado-
rias foi inferior ao custo das respectivas mercadorias vendidas; logo, corres-
ponderá a prejuízo. Esse prejuízo apurado nas vendas de mercadorias deno-
mina-se prejuízo sobre vendas.

Para que a empresa possa pagar suas despesas trabalhistas, fiscais, impostos, etc., é
necessário que o resultado de vendas ou lucro bruto seja positivo; caso contrário, sua
atividade principal não é suficiente para a continuidade da empresa.

Veja a fórmula da RCM:

RCM = (RV – VA – DIC – TRIBUTOS) – CMV

Onde:
RCM = Resultado de Conta de Mercadoria
RV = Receita de Vendas
VA = Vendas Anuladas
DIC = Descontos Incondicionais
TRIBUTOS = Impostos, taxas e contribuições incidentes sobre
as vendas, como o ICMS, o PIS sobre faturamento e a Cofins.
CMV = Custo da Mercadoria Vendida

Veja um exemplo prático:

Uma empresa Coml apresentou os seguintes resultados:

• Estoque de mercadorias (EI): R$ 900,00

• Compras de mercadorias: R$ 1.300,00

• Compras anuladas: R$ 100,00

• Vendas de mercadorias: R$ 10.000,00


• ICMS sobre vendas: R$ 1.800,00

SUMÁRIO 77
Prática Contábil II

• PIS sobre faturamento: R$ 65,00


• Cofins: R$ 300,00
• Vendas anuladas: R$ 20,00
• Descontos incondicionais concedidos: R$ 50,00

• Estoque final de mercadorias: R$ 700,00

Vamos apurar o resultado da conta de mercadorias efetuando os cálculos extracon-


tábeis. Primeiro, iremos calcular o CMV (Custo da Mercadoria Vendida) – lembrando
a fórmula:

CMV = Estoque inicial + (compras – compras anuladas) – estoque final


CMV = R$ 900 + (R$ 1.300 – R$ 100) – R$ 700

CMV = R$ 1.400

Tributos = ICMS + PIS + Cofins


Tributos = R$ 1.800 + R$ 65 + R$ 300

Tributos = R$ 2.165

RCM = (RV – VA – DIC – AV – TRIBUTOS) – CMV


RCM = R$ 10.000 – R$ 20 – R$ 50 – R$ 2165
RCM = R$ 7.765

Lucro bruto = R$ 7.765

O saldo da conta RCM é credor e, portanto, corresponde ao lucro bruto. Esse saldo
poderá ser transferido para a conta lucros sobre vendas ou permanecer na própria
conta RCM, da qual será transferido diretamente para a conta resultado do exercício,
no momento da apuração do resultado líquido do exercício. E, assim, finalizamos os
lançamentos relacionados às contas com mercadorias e apuração de impostos sobre
vendas.

Conhecer os impostos que incidem sobre as vendas é fundamental para o profis-


sional contábil, porque faz parte da rotina do departamento contábil e fiscal. Qual-
quer erro no registro ou na apuração desses impostos pode gerar multas altas para a
empresa. Portanto, esse é um tema ao qual você deve se dedicar e se manter atuali-
zado com as mudanças da legislação.

78 SUMÁRIO
Prática Contábil II

CONCLUSÃO
Finalizamos nossos estudos sobre os impostos sobre vendas, sendo fundamental tal
conhecimento para o profissional da área contábil. Considerando que a Contabilida-
de é a área responsável pela apuração e arrecadação dos impostos da empresa e a
legislação está sempre sendo modificada, é importante que o profissional contábil
faça regularmente a leitura dos livros da área contábil tributária. A leitura e o acom-
panhamento das mudanças nas leis tributárias evitam que o profissional fique desa-
tualizado com os processos que envolvem os tributos.

Durante a unidade, foi explicada a diferença entre regime cumulativo e regime não
cumulativo, bem como sobre contabilizar a recuperação (crédito) de cada imposto.
Esse conhecimento faz com que a carga tributária da empresa seja menor e determi-
na quem é o responsável pelo pagamento do imposto na cadeia empresarial. Foram
exemplificados também os impostos por fora e por dentro, ou seja, impostos que
são somados no preço final das mercadorias e outros que são somados ao valor do
produto (IPI).

Conhecer o destino de cada imposto é fundamental não apenas para o contribuinte


pessoa jurídica, mas para a sociedade: assim, é possível cobrar do Estado a prestação
de contas do uso do dinheiro do público. No entanto, poucas pessoas conhecem os
impostos que pagam durante a compra de um produto, muito menos se interessam
em saber qual o gasto do governo com o dinheiro arrecadado. Cada imposto expli-
cado tem valor relevante para a empresa, e, em razão disso, muitas vezes a inadim-
plência com o governo, além de gerar multas, pode prejudicar a imagem da empresa
dificultando o acesso a crédito e financiamentos.

Agora que você conhece os impostos sobre receita, continuaremos nossos estudos
abordando temas relevantes para a sua área de atuação. Vamos em frente, que ainda
temos muito o que aprender!

SUMÁRIO 79
Prática Contábil II

UNIDADE 3
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Identificar os sistemas fornecidos pela Receita


Federal para o envio de informação digital.

> Identificar a forma de envio dos arquivos digitais.

> Analisar se os sistemas contábeis utilizados nas


empresas conseguem gerar dados para o SPED.

> Identificar o processo de informações contábeis e


financeiras da empresa.

80 SUMÁRIO
Prática Contábil II

3 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
PELO SOFTWARE CONTÁBIL
Depois do estudo dos impostos sobre vendas e do entendimento de como é feita a
apuração do lucro bruto, chegou o momento de você entender como a Contabilida-
de faz o lançamento desses impostos.

Antigamente esses lançamentos eram realizados e fiscalizados por meio das notas
fiscais emitidas manualmente ou via sistema de gestão empresarial. Com a evolu-
ção tecnológica, a receita federal elaborou softwares para facilitar o fluxo das infor-
mações e, principalmente, fiscalizar a veracidade de todas as informações enviadas
pelos contribuintes. Com o uso desses softwares erros são identificados imediata-
mente pelo fisco, e não importa se estamos falando de uma multinacional ou de
uma pequena empresa: todas as empresas passam pelo mesmo processo. O depar-
tamento contábil da empresa é o responsável pelo envio dessas informações sendo
fundamental que o profissional contábil conheça quais são os sistemas de informa-
ções fiscais e, principalmente, como alimentar esses sistemas para não causar proble-
mas para a empresa.

Nesta unidade, abordaremos o SPED, cuja sigla significa Sistema Público de Escritu-
ração Digital, que nada mais é que o sistema digital que a Receita Federal disponi-
biliza para as empresas enviarem informações fiscal, contábil e previdenciária. Serão
apresentados os dois tipos de SPED: fiscal e contábil, bem como as ferramentas indis-
pensáveis aos profissionais da contabilidade na atualidade. Muita atenção, porque se
trata de uma ferramenta que você certamente irá utilizar na sua rotina profissional.

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Após o entendimento de todos os impostos sobre receitas, suas características e fina-
lidade, chegou o momento de você aprender como as informações são transmitidas
ao Governo de forma segura e prática. O Governo precisa ter a certeza de que as infor-
mações do contribuinte estão corretas, e com a evolução da tecnologia deixou de ter
sentido o recebimento dos dados em papéis. A Receita Federal elaborou um sistema

SUMÁRIO 81
Prática Contábil II

no qual toda a escrituração fiscal e contábil é realizada de forma digital, denominado


SPED – Sistema Público de Escrituração Digital.

O SPED veio para facilitar o envio de informações ao fisco; entretanto, profissionais da


área contábil questionam alguns processos argumentando que o sistema burocrati-
zou as empresas, já que as informações são enviadas em um formato padronizado
pela Receita Federal, o que exigiu mudanças na estrutura dos relatórios, bem como
um investimento em infraestrutura e treinamento das áreas envolvidas. A área contá-
bil em função do SPED precisou passar por um processo de atualização rápida com
o apoio dos manuais da Receita Federal para que fosse possível o envio das informa-
ções no tempo hábil, até o dia 15 de cada mês subsequente ao mês de apuração. No
meio dessa polêmica, a única certeza é que o SPED é uma ferramenta imprescindível
para o profissional contábil e que todas as empresas, independentemente do seu
porte, têm que se atualizar e fazer o envio dos seus registros via SPED, sendo esse um
caminho sem volta. Portanto, vamos estudar, compreender os conceitos, sendo essa
a ferramenta que o profissional contábil irá trabalhar.

Bons estudos!

3.1 CONCEITO DE SPED

O SPED – Sistema Público de Escrituração Digital não é uma novidade no Brasil. Foi
lançado oficialmente com a edição do Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007,
que pressupõe que o sistema seja um:

[...] instrumento que unifica as atividades de recepção, validação, armazena-


mento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração
contábil e fiscal dos empresários e das pessoas jurídicas, inclusive imunes ou
isentas, mediante fluxo único, computadorizado, de informações. (RECEITA
FEDERAL, 2017)

Nos últimos anos, sua evolução foi gradativa, tornando-se exemplo internacional de
sistema de informação ao fisco.

Dentre os principais objetivos do Sistema estão: (a) promover a integração dos


fiscos; (b) racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contri-
buintes e (c) tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários. (RECEITA
FEDERAL, 2017)

82 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Dentre os benefícios do SPED, destacam-se:

(a) Redução do custo de papel e consequente preservação do meio ambiente.

(b) Cruzamento de dados contábeis e fiscais.

(c) Aperfeiçoamento no combate à sonegação.

(d) Redução do chamado “Custo Brasil”.

Com o passar dos anos, a importância do SPED tornou-se evidente pelos números:
24 milhões de escriturações são enviadas anualmente (RECEITA FEDERAL, 2018), o
que comprova a sua característica de ser um instrumento facilitador para o envio
das informações. Portanto, é um sistema que tende a evoluir junto com a tecnologia,
exigindo do profissional contábil atualização constante dessas mudanças, inovações
do sistema e da legislação.

Segundo o Portal da Contabilidade (2018), as principais características do SPED são:

1. Os usuários são os empresários, sociedade empresária e contabilista: estes


deverão usar a assinatura digital com certificação digital no padrão ICP-Brasil.

2. A entrega do documento fiscal eletrônico será via internet (on-line, em condi-


ções normais, ou off-line, em caso de contingência).

3. Identificar dispositivos legais, tanto na esfera comercial como na esfera fiscal


para dar suporte jurídico às escriturações fiscal e contábil, digitais, bem como
à Nota Fiscal Eletrônica – NF-e.

4. sO contribuinte é o responsável legal pela guarda dos arquivos digitais que


conterão as escriturações.

O SPED contém sete grandes subprojetos:

1. Escrituração Fiscal Digital – EFD.

2. Nota Fiscal Eletrônica – NF-e.

3. Nota Fiscal de Serviços Eletrônica – NFS-e.

SUMÁRIO 83
Prática Contábil II

4. Escrituração Contábil Digital – ECD.

5. Conhecimento de Transporte Eletrônico – CT-e.

6. E-Lalur.

7. Central de Balanços.

É importante compreender que todos esses programas fornecem informações deta-


lhadas para o fisco, que irá cruzar dados contábeis, sendo capaz de encontrar erros ou
fraudes rapidamente. O fiscal não precisa mais ir até a sede da empresa para “encon-
trar” erros como: falhas nos registros contábeis, quantidade de estoque informada
errada, alíquotas calculadas com valores indevidos, entre outros inúmeros erros que
podem acontecer na contabilidade. Atualmente o cruzamento das informações via
sistema consegue apontar divergências entre registros fiscais e apuração dos impos-
tos. Se houver erros nas informações prestadas ao fisco, atrasos no envio do arquivo,
a empresa estará sujeita a penalidades como multas (geralmente o valor da multa é
bem alto) – e, dependendo da gravidade, ter alguns serviços suspensos pela Receita
Federal, como a emissão da Nota Fiscal Eletrônica.

Como essas informações partem da empresa, compete ao contador conferir o envio


do arquivo ao fisco, pois será responsável junto com o empresário por qualquer infor-
mação que esteja errada. Por isso é importante que o contador saiba utilizar o siste-
ma e compreenda as novas demandas da contabilidade.

A ICP-Brasil, ou Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras, é um conjunto


de técnicas, práticas e procedimentos implementados pelas organizações
privadas e governamentais brasileiras com o objetivo de garantir a autenti-
cidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrô-
nica. Além de obrigatória, a assinatura digital se faz necessária para conferir
validade jurídica à Escrituração Fiscal Digital, nos termos da Medida Provisó-
ria nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 (BRASIL, 2017b).

Entenda, a seguir, a importância do SPED Fiscal e cada arquivo que o compõe.

84 SUMÁRIO
Prática Contábil II

3.1.1 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) – ICMS E IPI

O SPED Fiscal é o processo de escrituração digital de Receita Federal denominado


EFD (Escrituração Fiscal Digital), obrigatório para os contribuintes do ICMS e IPI. A
Receita Federal e órgãos fazendários estaduais recebem dos contribuintes todas as
informações e documentos fiscais em arquivos digitais sobre a apuração do ICMS e
IPI.

Essas informações são os documentos fiscais, de escrituração e outros dados de inte-


resse do fisco, unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal. Na esfera fede-
ral, foram criados o Convênio 143/06 e o Ato Cotepe 9/08, pelos quais os Estados
estabeleceram respectivamente as regras gerais da EFD e o layout do arquivo; em
seguida, cada Estado regulamentou internamente o padrão de envio do arquivo.

Segundo as Normas Tributárias a Escrita Fiscal Digital (EFD) foi instituída com o obje-
tivo de substituir a emissão de livros fiscais em papel pelo meio digital. Os livros subs-
tituídos são:

1. Registro de Entradas (Valor Contábil, Base de Cálculo e Valor do ICMS);

2. Registro de Saídas; (Valor Contábil, Base de Cálculo e Valor do ICMS);

3. Registro de Apuração do ICMS; (Débitos, Créditos e Saldo do ICMS)

4. Registro de Apuração do IPI; (Entrada e Saída pelo CFOP – Código Fiscal de


Operações e Prestação);

5. Registro de Inventário e

6. 
Registro de Controle da Produção e do Estoque. (PORTAL TRIBUTÁRIO,
2019)

Esses livros serão substituídos e não extintos, porque o sistema demanda mais infor-
mações complexas, comparadas às informações escritas nos livros. Por exemplo:

SUMÁRIO 85
Prática Contábil II

O Bloco K da EFD é o livro de Registro de Controle de Produção no qual são


enviadas as seguintes informações:

• Quantidade produzida.

• Quantidade da matéria-prima (compras).

• Quantidade produzida por terceiros.

• Matéria-prima utilizada na produção de terceiros.

• Todas as entradas e saídas do estoque.

O detalhamento dessas informações evita fraudes por parte da empresa e


exige que as empresas melhorem o seu controle da matéria-prima, produ-
ção e estoque.

Algumas obrigações foram extintas com o EFD:

• Informações do ICMS (GIA).

• Livros de Escrita Fiscal.

• Arquivos do Convênio ICMS 57/95 (Sintegra).

• Informações do IPI na DIPJ.

• Detalhamento da origem do crédito no PER/DCOMP.

A empresa contribuinte é a responsável pelo envio do arquivo, por isso deve-


rá investir em um sistema de gestão capaz de compilar os dados contábeis
de forma eficiente e gerar arquivos em formato TXT, no padrão solicitado
pela Receita Federal.

86 SUMÁRIO
Prática Contábil II

O arquivo no formato TXT é encaminhado ao PVA-EFD (Programa Validador e Assi-


nador da Escrituração Fiscal Digital), que receberá e processará as informações do
contribuinte. O programa validador é fornecido pela Receita Federal, sendo fácil
baixá-lo no computador.

Veja que todo o processo é automatizado, portanto, exige que a empresa tenha um
bom sistema de gestão, como Software ERP (Enterprise Resource Planning), sendo
que a contabilidade é responsável em padronizar esse sistema para obter as informa-
ções contábeis no formato solicitado pela Receita Federal. O sistema gestão deverá
integrar atividades comerciais, fiscais, contábeis e financeiras.

Além do contador, a área fiscal e financeira deve ser envolvida e capacitada para
alimentar corretamente o sistema de gestão adotado pela empresa. A empresa
deverá investir em treinamento, para que não ocorram erros que causem multas e
prejuízos.

Além do treinamento, o cadastro de fornecedores, clientes e produtos devem ser


constantemente revisados e atualizados para que os registros nos blocos EFD aten-
dam às informações solicitadas, lembrando que existe um cruzamento de informa-
ções realizado na Receita Federal.

Os arquivos EFD enviados pelas empresas contribuintes são validados pelo fisco da
seguinte forma: se um fornecedor mandar um arquivo com informações diferentes
do seu cliente, no momento do cruzamento dos dados, a Receita Federal através de
sua tecnologia verifica essa divergência, e nesse caso as empresas serão notificadas e
até autuadas.

A veracidade e depois armazenamento das informações enviadas ao fisco são de


responsabilidade da empresa contribuinte, mais especificamente da área contábil e
fiscal da empresa. Estas áreas respondem pelo conteúdo e envio dos arquivos.

SUMÁRIO 87
Prática Contábil II

A empresa contribuinte é a responsável pelo envio do arquivo, por isso deve-


rá investir em um sistema de gestão capaz de compilar os dados contábeis
de forma eficiente e gerar arquivos em formato TXT, no padrão solicitado
pela Receita Federal.

A seguir, entenda como os arquivos são enviados.

3.1.2 ENVIO DO ARQUIVO

Após os dados serem inseridos no PVA (Programa Validador e Assinador), é possível


excluir escriturações, pesquisar registros, emitir relatórios, validar os dados, assinar
digitalmente a EFD e principalmente não se esquecer de gerar o backup.

Os arquivos da EFD ICMS ou IPI têm periodicidade mensal, a data inicial constante
do registro 0000 deve ser sempre o primeiro dia do mês ou outro, se for início das
atividades, ou de qualquer outro evento que altere a forma e período de escritura-
ção fiscal do estabelecimento. A data final constante do mesmo registro deve ser o
último dia do mesmo mês informado na data inicial ou a data de encerramento das
atividades ou de qualquer outro fato determinante para paralisação das atividades
daquele estabelecimento (GUIA PRÁTICO SPED, 2019, seção 4).

Os prazos para o envio dos arquivos são definidos por legislação estadual, portanto, a
contabilidade deverá consultar a legislação do seu Estado para não perder os prazos
de envio.

Assim como o prazo de envio é definido pela legislação de cada Estado, as penalida-
des por atraso, arquivos com informações inexatas ou até mesmo a falta do envio do
arquivo também serão definidas por cada Estado, no que diz respeito ao EFD ICMS;
portanto, a multa será de competência da Secretaria de Fazenda Estadual, sendo
necessário consultar a legislação do Estado.

88 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Em relação ao IPI, a multa aplicada pela Receita Federal será de:

a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às


pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes
ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro
presumido ou pelo Simples Nacional; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 24
de outubro de 2013).

b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês-calendário ou fração, relativa-


mente às demais pessoas jurídicas; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 24
de outubro de 2013).

c) R$ 100,00 (cem reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às


pessoas físicas; (Incluído pela Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013) (RECEI-
TA FEDERAL, 2019)

As multas serão reduzidas à metade, quando a escrituração digital for apre-


sentada após o prazo estipulado pela Receita Federal, mas deverá ser envia-
da antes de qualquer procedimento de ofício (intimação ou fiscalização). Em
outras palavras, se a empresa acertar os erros antes de receber uma notifica-
ção judicial, a multa será reduzida pela metade.

Contribuintes obrigados à EFD-ICMS/IPI, mesmo que estejam com suas atividades


paralisadas, devem apresentar os registros obrigatórios (notação = “O”), informando: a
identificação do estabelecimento, o período a que se refere a escrituração, e o decla-
rando, nos demais blocos, valores zerados, o que significa que não efetuou qualquer
atividade (GUIA PRÁTICO EFD, 2016). Não é necessário ter esses arquivos impressos,
já que o principal objetivo do SPED é acabar com o acúmulo de papéis.

Outro ponto importante que a contabilidade deve estar ciente é que o arquivo a ser
mantido é o TXT gerado e transmito pelo contribuinte. O backup ou cópia de segu-
rança deve ser guardado, mas não é o suficiente, caso o fisco faça alguma notificação.

A Receita Federal determinou que os arquivos sejam enviados em blocos. A figura


apresentada a seguir representa os blocos e a descrição de cada documento que
deverá ser enviado pelo sistema.

SUMÁRIO 89
Prática Contábil II

Entenda que os blocos possuem o registro inicial (registro 0000) e o registro final
(9999), cada um com registro de abertura, com registros de dados e com um registro
de encerramento, referindo-se cada um deles a um agrupamento de documentos e
de outras informações econômico-fiscais (GUIA PRÁTICO EFD/ICMS/IPI, 2019). É obri-
gatória a apresentação de todos os blocos, conforme

Blocos, a seguir, não sendo possível alterar a sequência determinada pela Receita
Federal.

TABELA 1 - BLOCOS

BLOCO DESCRIÇÃO
0 Abertura, identificação e referências
B*** Escrituração e apuração do ISS
C Documentos fiscais I – mercadorias (ICMS/IPI)
D Documentos fiscais II – serviços (ICMS)
E Apuração do ICMS e do IPI
Controle dos créditos de ICMS do ativo permanente –
G*
CIAP
H Inventário físico
K** Controle da produção e do estoque
1 Outras informações
9 Controle e encerramento do arquivo digital

Fonte: Guia Prático EFD-ICMS/IPI – Versão 3.0.1 Atualização: 28 de janeiro de 2019.

A seguir, você entenderá o processo relacionado à EFD Contribuições – Escrituração


Fiscal Digital do PIS, Cofins e INSS sobre a receita bruta.

90 SUMÁRIO
Prática Contábil II

3.2 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) –


CONTRIBUIÇÕES

As empresas que utilizam o EFD Contribuições são optantes pelo lucro real, lucro
presumido ou lucro arbitrado.

Primeiro, relembre os conceitos de lucro real, lucro presumido e lucro arbitrado:

• Lucro real – o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social do Lucro


Líquido (CSLL) são apurados pelo valor do lucro líquido. Se a empresa apresen-
tar prejuízo, não há o recolhimento do imposto.

• Lucro presumido – a taxa de Recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurí-


dica e Contribuição Social do Lucro Líquido (CSLL) são pré-determinadas pela
legislação de acordo com a atividade da empresa.

• Lucro arbitrado – a base do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição


Social do Lucro Líquido (CSLL) são aplicadas por uma autoridade tributária.

Por meio do EFD Contribuições são lançados as notas fiscais e os demais documen-
tos (contratos, recibos, extrato bancário), com o objetivo de apuração do PIS/Cofins. É
importante que as empresas que tenham o direito ao crédito, expliquem com deta-
lhes como está registrado o PIS/Cofins. Segundo o Guia Prático Elaborado pela Recei-
ta Federal, as regras para a EFD Contribuições são:

• Mesmo as entidades imunes e isentas devem apresentar a EFD Contribuições,


se a somatória do PIS e Cofins for igual ou superior ao valor de R$ 10.000,00
(dez mil reais) mensais.

• A EFD Contribuições deve ser enviada mensalmente ao SPED até o 10º (déci-
mo) dia útil do 2º (segundo) mês subsequente ao que se refira a escrituração,
inclusive em casos de extinção, incorporação, fusão e cisão total ou parcial.

• São dispensados da apresentação da EFD Contribuições:

a. As Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP) enquadradas


no Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devi-
dos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional);

b. As pessoas jurídicas imunes e isentas do Imposto sobre a Renda da Pessoa


Jurídica (IRPJ), cuja soma dos valores mensais da Contribuição para o PIS/
Pasep (sobre a receita), da Cofins e da CPRB seja inferior a R$ 10.000,00 (dez

SUMÁRIO 91
Prática Contábil II

mil reais).

c. As pessoas jurídicas que se mantiveram inativas desde o início do ano-calen-


dário ou desde a data de início de atividades, relativamente às escriturações
correspondentes aos meses em que se encontravam nessa condição;

d. Os órgãos públicos;

e. As autarquias e as fundações públicas; e

f. As pessoas jurídicas ainda não inscritas no Cadastro Nacional da Pessoa Jurí-


dica (CNPJ), desde o mês em que foram registrados seus atos constitutivos até
o mês anterior àquele em que foi efetivada a inscrição. (GUIA PRÁTICO EFD –
CONTRIBUIÇÕES, 2019)

Conforme a Lei nº 13.670, de 30 de maio de 2018, acarretará a imposição das seguin-


tes penalidades:

I – multa equivalente a 0,5% (meio por cento) do valor da receita bruta da


pessoa jurídica no período a que se refere a escrituração aos que não atende-
rem aos requisitos para a apresentação dos registros e respectivos arquivos;

II – multa equivalente a 5% (cinco por cento) sobre o valor da operação corres-


pondente, limitada a 1% (um por cento) do valor da receita bruta da pessoa
jurídica no período a que se refere a escrituração, aos que omitirem ou pres-
tarem incorretamente as informações referentes aos registros e respectivos
arquivos;

III – multa equivalente a 0,02% (dois centésimos por cento) por dia de atraso,
calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período a que se refere
a escrituração, limitada a 1% (um por cento) desta, aos que não cumprirem
o prazo estabelecido para apresentação dos registros e respectivos arquivos.
(BRASIL, 2018)

Veja como é importante o cumprimento dos prazos de envio do arquivo, assim como
a assertividade nas informações, sendo a contabilidade responsável por essas entre-
gas.

O envio do arquivo, assim como o EFD ICMS/IPI e SPED Contábil, será gerado pelo
sistema de gestão da empresa, e enviado no formato TXT conforme especificações
do layout definido pela Receita Federal. É importante que o sistema de gestão esteja
padronizado para facilitar o envio e atender às especificações do fisco. O arquivo TXT
e o recibo com a documentação comprobatória de envio devem ser arquivados na
contabilidade, caso ocorram eventuais dúvidas por parte do fisco, inclusive.

Em caso de erros nas informações, o contribuinte poderá enviar novamente o arquivo


com a retificação, e esse reenvio deve ser de acordo com as regras da Receita Federal.

92 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Outro arquivo que compõe o SPED é a Nota Fiscal Eletrônica, que é de responsabili-
dade do setor de faturamento da empresa e irá trabalhar em equipe com a contabi-
lidade.

Veja o exemplo de um arquivo TXT – SPED Contábil:

FIGURA 6 - ARQUIVO TXT, SPED CONTÁBIL

Fonte: Elaborada pela autora.

Compreenda, a seguir, como é o processo de Nota Fiscal Eletrônica.

3.3 NOTA FISCAL ELETRÔNICA (NF-E) /


CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ELETRÔNICO
(CT-E)
O Setor de Faturamento é área da empresa onde são emitidas as Notas Fiscais; sendo
assim, a equipe fiscal é responsável pela emissão e recolhimento dos tributos. Essa
deve ser capacitada conhecendo todos os tributos incidentes de cada produto de
compra e venda e a Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM. A equipe deve estar
em constante contato com a contabilidade da empresa, para que não ocorram erros
fiscais, além de participar de treinamentos e cursos de atualização das leis/normas
fiscais.

SUMÁRIO 93
Prática Contábil II

Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM é um código de oito dígitos


comuns ao Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina. O seu principal objetivo
é identificar a natureza das mercadorias, sua procedência (Brasil ou outro
país), como a mercadoria será tributada e, assim, promover o comércio na
América do Sul. Por essa razão, é obrigatório que esse código seja inserido de
forma correta em toda Nota Fiscal Eletrônica.

A Nota Fiscal Eletrônica substitui o papel impresso pelo formato digital através do
Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), que irá circular junto com a
mercadoria até a sua entrega. Esse modelo contribui para um controle maior do fisco
de todas as operações realizadas na empresa, inclusive facilita o controle das opera-
ções de fora do Estado.

Além da Nota Fiscal para mercadorias, são gerados por meio digital a Nota
Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) e o Conhecimento de Transporte Eletrô-
nico (CT-e), possibilitando ao fisco o controle da nota e do frete, vinculando
um ao outro. Não utilizar a Nota Fiscal é considerado sonegação fiscal.

94 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Veja o exemplo de um arquivo TXT – SPED Contábil:

FIGURA 7 - MODELO DE CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ELETRÔNICO

Fonte: Elaborada pela autora.

Em outras palavras, Nota Fiscal Eletrônica é o documento digital emitido para arma-
zenar de forma eletrônica as operações fiscais e prestações de dados para a Receita
Federal. Sua validade jurídica é garantida pela assinatura digital.

O arquivo digital é transmitido para a Secretaria da Fazenda do Estado através da


internet, por essa razão o contribuinte deverá solicitar seu credenciamento na unida-
de federada na qual o ICMS estiver inscrito, sendo vedado o credenciamento para o
contribuinte que não utilizar o sistema eletrônico nos dados do convênio do ICMS.

A NF-e deverá ser emitida com base em layout estabelecido em Ato COTEPE, por
meio de software desenvolvido ou adquirido pelo contribuinte ou disponibilizado
pela administração tributária.

SUMÁRIO 95
Prática Contábil II

A COTEPE (Comissão Técnica Permanente) tem como principal objetivo


editar os atos para uniformizar o tratamento do ICMS em todo país.

Após compreender o processo de emissão da Nota Fiscal Eletrônica, é importante


ressaltar a responsabilidade da área de faturamento da empresa, visto que as infor-
mações são on-line e o fisco faz vários cruzamentos entre as informações enviadas.
Qualquer erro poderá causar notificação e até mesmo multas para a empresa.

A chave de acesso para consulta da NF-e na internet é um código de barras bidi-


mensional que facilita a confirmação das informações da NF-e pelas unidades fiscais
(chave numérica de 44 posições) e especifica os seguintes itens:

1. O CNPJ da empresa emitente.

2. O código da UF da empresa emitente da NF-e.

3. O ano e o mês da emissão da NF-e.

4. O número da série da NF-e.

5. O modelo da NF-e.

6. A forma de emissão do documento.

7. O número da NF-e.

8. O dígito verificador da chave de acesso da NF-e.

9. E o código numérico da chave de acesso.

Para obter o código numérico da chave de acesso, é necessário consultar o portal da


Secretária da Fazenda do Estado.

E a nota deverá conter as seguintes identificações:

96 SUMÁRIO
Prática Contábil II

• Emitente: é o prestador de serviço que será identificado na Nota Fiscal atra-


vés de CNPJ/CPF, razão social, endereço, município. É a empresa que vende o
serviço.

• Destinatário: é quem compra o serviço, e seus dados também precisam cons-


tar na NF.

• Descrição do produto: deverá constar informações claras e detalhadas do


produto que está sendo vendido. A unidade é o tipo de volume vendido, por
exemplo: a nota apresentada é de 1 vestido, portanto, 1 peça. Se a empresa
vendesse chinelos, seria o par; se vendesse refrigerantes, litros. Já a quantidade
é o volume total da mercadoria: 3 pares de chinelo ou, como na NF apresen-
tada, 1 peça.

• Preço unitário: é o preço da peça. E valor total é quantidade da peça x preço.


Valor do ICMS e alíquota deverão constar na NF, assim como o valor do frete
e espécie. O produto será armazenado em um envelope, e nas informações
adicionais está registrada a transportadora com CNPJ e endereço do transpor-
tador.

Nada impede que no momento da emissão da nota ocorram erros como:


erros de digitação, cálculos que geram valores incorretos ou até mesmo
cancelamento da venda. Após emitida a Nota Fiscal Eletrônica, é possível
realizar o seu cancelamento. O cancelamento da NF-e ocorre apenas se a
mercadoria não circulou (não saiu da empresa), sendo o prazo de cancela-
mento vinte e quatro (24) horas após a emissão da Nota Fiscal. Para proceder
ao cancelamento, o emitente deverá fazer um pedido específico gerando
um arquivo XML; o pedido de cancelamento também deverá ser autoriza-
do pela SEFAZ. O layout do arquivo de solicitação de cancelamento poderá
ser consultado no Manual de Integração do Contribuinte. Se o contribuinte
ultrapassar o prazo de cancelamento, fica sujeito à multa de 10% do valor da
operação.

SUMÁRIO 97
Prática Contábil II

A seguir, abordaremos o e-Social, que é o Sistema de Escrituração Digital das Obriga-


ções Fiscais e Previdenciárias.

3.3.1 E-SOCIAL

Outro projeto do sistema público de Escrituração Digital é o e-Social – Sistema de


Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas, instituído
pelo Decreto nº 8.373/2014, cuja obrigatoriedade teve inicio em janeiro de 2018 para
empresas com faturamento anual ou igual a R$ 78.000.000 (setenta e oito milhões
de reais); e, a partir de julho de 2018, tornou-se obrigatório para empresas com fatu-
ramento menor que esse limite.

O objetivo do sistema é que as empresas comuniquem ao Governo, de forma unifica-


da, as informações relativas aos trabalhadores, como vínculos, contribuições previden-
ciárias, folha de pagamento, férias, admissão, demissão, comunicações de acidente
de trabalho, aviso prévio, escriturações fiscais e informações sobre o FGTS. A trans-
missão eletrônica desses dados diminui a burocracia no que se refere às obrigações
fiscais, previdenciárias e trabalhistas, substituindo as entregas de formulários e decla-
rações separados.

A falta de envio dessas informações para o Governo gera multas para a empresa,
sendo uma responsabilidade do Departamento Pessoal (RH).

Embora tenha sido criado para simplificar o fluxo das informações, existe
uma crítica no que diz respeito ao volume de informações e a complexidade
do envio do e-Social. Para alguns contabilistas, o sistema complicou o fluxo
de informações, já que falha muito durante o envio delas. O governo federal
estuda a criação de um novo sistema para 2020.

98 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Para complementar os estudos sobre o SPED, é interessante ler o livro do


autor Antônio Sergio Oliveira SPED nas pequenas empresas, que aborda o
processo do SPED nas pequenas empresas, demonstrando passo a passo o
envio do arquivo SPED Contábil e Fiscal.

Veja como as informações deverão ser enviadas. Assim como no SPED Fiscal, o forma-
to do arquivo é TXT, e as informações contábeis também deverão ser enviadas em
TXT. Entenda mais, a seguir, sobre esse processo no SPED Contábil.

3.4 SPED CONTÁBIL

Durante esta unidade, você compreendeu que o SPED é um sistema de informações


digital criado para que as empresas possam transmitir suas informações fiscais atra-
vés da internet.

Além das informações fiscais, as empresas tributadas pelo lucro real e lucro presu-
mido tem a obrigação de entregar livros contábeis, como o diário, razão e auxiliares.
Essas empresas também são obrigadas a apresentarem seus demonstrativos contá-
beis, como balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício (DRE), e
demonstrativo de lucro ou prejuízo acumulado (DLPA).

Com o advento do SPED Contábil, essas informações são transmitidas no último dia
do mês de maio do ano subsequente. Não divulgar essas informações acarreta multa
para a empresa.

SUMÁRIO 99
Prática Contábil II

O SPED Contábil não se aplica a: Pessoa Jurídica optante pelo Simples Nacio-
nal, órgãos públicos, autarquias e fundações públicas, Pessoa Jurídica inativa,
Pessoa Jurídica imune e isenta, “PJ Lucro Presumido”.

O SPED Contábil foi instituído pelo Decreto nº 6.022/2007 (posteriormente


revogado e substituído pela Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013), e os
livros contábeis passam a ser entregues ao Governo no formato digital.

Entenda melhor o formato do envio das informações para a Receita Federal, a seguir.

3.4.1 ENVIO DAS INFORMAÇÕES

O Governo não forneceu um software para a escrituração contábil, portanto, cada


empresa irá adaptar o seu sistema contábil ao padrão fornecido pelo sistema da
Receita Federal.

O sistema suporta arquivos de até 1GB, o que é suficiente, mas, caso seja uma empre-
sa de grande porte, a escrituração poderá ser fracionada em até 12 partes, portanto,
o sistema suporte até 12 GB.

O contribuinte, após o envio dos arquivos, utiliza a sua assinatura digital para confir-
mar se o documento foi enviado e recebe o certificado digital. O software contábil
fornecerá as informações no formato TXT para a Receita Federal.

100 SUMÁRIO
Prática Contábil II

3.4.2 REGISTRO DAS CONTAS

O SPED Contábil engloba as seguintes demonstrações:

1. Livros: diário e auxiliares.

2. Lançamentos contábeis.

3. Balancetes.

4. Plano de contas.

5. Informações gerais da empresa.

6. Responsáveis legais e contábeis.

O lançamento contábil continua com o mesmo conceito de débito e crédito. A Recei-


ta Federal criou um plano de contas padrão para as empresas. Se o plano de contas
for diferente, é necessário no envio fazer um “de para” do plano da empresa para a
Receita Federal.

O plano de contas da Receita Federal é encontrado no site do Sistema


Público de Escrituração Digital. Você poderá baixar o arquivo em Excel, que
contém 30 planilhas com contas contábeis.

Veja o exemplo de parte da primeira planilha com algumas contas do ativo circulan-
te:

SUMÁRIO 101
Prática Contábil II

FIGURA 8 - CONTAS DO ATIVO CIRCULANTE

Fonte: SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL, 2019.

O livro diário e livro razão devem ser alimentados via sistema da empresa, e suas
informações irão compor o balanço patrimonial. Esses livros serão assinados de forma
digital pelo contabilista habilitado com registro ativo no Conselho Regional de Conta-
bilidade.

Veja quais são os tipos de escrituração eletrônica disponíveis no ECD, conforme o


Manual do SPED Contábil 2017:

G – Livro Diário (completo sem escrituração auxiliar);

R – Livro Diário com Escrituração Resumida (com escrituração auxiliar);

A – Livro Diário Auxiliar ao Diário com Escrituração Resumida;

B – Livro Balancetes Diários e Balanços;

Z – Razão Auxiliar (Livro Contábil Auxiliar conforme leiaute definido nos regis-
tros I500 a I555). (SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL,

102 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Mesmo com todo o processo realizado de forma digital, é possível o arquivo


ser enviado com erros, os quais o sistema não identificou, e consequente-
mente a empresa poderá ser penalizada. Se isso ocorrer, o contabilista irá
apresentar um termo de verificação para fins de substituição, e nele haverá
os erros que motivaram a solicitação da substituição do arquivo, denominada
escrituração substituta. Essa solicitação deverá ser assinada pelo contabilista
e por um auditor independente. O prazo final para apresentar a escrituração
substituta é o prazo de entrega relativo ao ano-calendário subsequente.

Para evitar esses erros, é importante que, antes do envio do arquivo digital, o respon-
sável pela contabilidade faça uma revisão dos saldos das contas, principalmen-
te o saldo de caixa apresentado no balanço patrimonial. A conta lucro do exercício
também precisar ser revisada antes do envio, porque o lucro é a base de cálculo do
Imposto de Renda e Contribuição Social do Lucro Líquido.

Ressalta-se que o SPED Contábil ainda está em processo de mudanças e o seu padrão
tem sido modificado constantemente, portanto, é importante que o profissional
contábil e sua equipe estejam sempre atualizados em relação à legislação vigente.

O cuidado com as informações enviadas pelo SPED, seja Fiscal ou Contábil, evita
multas e transtornos para a empresa. O objetivo do SPED é facilitar o encaminhamen-
to dos dados fiscais/contábeis; e, se a empresa tiver um sistema de gestão eficiente e
uma equipe responsável, será um enorme ganho tanto para o Governo quanto para
a empresa.

SUMÁRIO 103
Prática Contábil II

CONCLUSÃO
Com esta unidade foi possível compreender o conceito SPED e sua importância
para a área contábil. Com a evolução dos sistemas, os contabilistas adquirem um
novo papel, que é analisar todas as informações geradas pelo sistema e evitar que
sejam enviados arquivos com erros nas demandas do Governo. Faz parte do papel do
contabilista parametrizar o sistema de gestão contábil da empresa, para que todos os
arquivos estejam no formato especificado pela Receita Federal.

É cada vez mais importante na área contábil e fiscal o treinamento das equipes envol-
vidas com o SPED, e todos devem estar atualizados com as normas da legislação
vigente.

O SPED Fiscal contribui para redução de erros e fraudes nas empresas, o que é impor-
tante para toda a sociedade. E a emissão de Nota Fiscal Eletrônica faz com que o fisco
acompanhe a saída da mercadoria e a sua chegada ao destino. Já o SPED Contábil
substitui os livros contábeis da empresa por arquivos eletrônicos que devem ser guar-
dados e conferidos antes do envio.

O SPED ainda passa por mudanças. Em 2020, teremos novos arquivos e demandas; e,
como tudo que envolve tecnologia, a tendência é cada vez mais se aprimorar. Sendo
o SPED alvo de muita polêmica no que diz respeito ao exagero das informações
solicitadas, compete ao Governo e empresas um alinhamento do que realmente é
necessário para que os objetivos sejam alcançados.

Foi abordado também na unidade o tema do e-Social, que envolve o registro da folha
de pagamento. Espero que você tenha compreendido a importância do SPED na
rotina contábil e a evolução tecnológica do envio das informações contábeis. Siga-
mos em frente com novos conhecimentos!

104 SUMÁRIO
Prática Contábil II

UNIDADE 4
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Explicar a elaboração da folha de pagamento.

> Aplicar os conceitos de cálculos trabalhistas.

> Calcular os encargos trabalhistas.

> Calcular os adicionais na folha pagamento.

> Explicar os tipos de impostos incidentes sobre a


folha de pagamento.

SUMÁRIO 105
Prática Contábil II

4 OPERAÇÕES COM
RECURSOS HUMANOS
Depois que você estudou o conceito, incidência e destino de cada imposto recolhido
nas empresas e as formas de envio ao fisco, vamos iniciar um novo assunto, muito
importante: as operações com pessoal e folha de pagamento.

Esta unidade irá abordar a elaboração da folha de pagamento, sua contabilização e


as principais ocorrências trabalhistas, como, por exemplo: salário-família, adicionais,
horas extras e abatimentos de salários.

Os cálculos dos encargos sociais serão apresentados, visto que a folha de pagamen-
to contempla alguns proventos e descontos. O resultado é o salário líquido, quantia
recebida pelo trabalhador.

Conhecer os cálculos trabalhistas é fundamental para a contabilidade, que irá regis-


trar e validar a folha de pagamento. Sendo assim, o contabilista contribui com o seu
conhecimento na elaboração da folha de pagamento. No entanto, saber calcular os
proventos e os descontos determinados pela lei trabalhista é fundamental para qual-
quer pessoa que esteja no mercado de trabalho, não apenas para o contabilista.

E como cálculos trabalhistas fazem parte da rotina contábil, questões sobre folha de
pagamento são comuns caírem no exame de suficiência da área, e por essa razão é
muito importante que você entenda como são feitos esses cálculos. Diante da rele-
vância do tema, é muito importante a sua dedicação nos estudos.

Vamos adiante, com os novos aprendizados!

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade irá abordar a folha de pagamento sob os aspectos contábeis e os princi-
pais cálculos trabalhistas. Folha de pagamento é o nome do documento no qual são
demonstrados o nome dos funcionários, cada salário bruto e outros proventos, como

106 SUMÁRIO
Prática Contábil II

salário-família, vale-transporte, adiantamento de salário, adicional noturno, insalubri-


dade e periculosidade. Além dos proventos, são demonstrados na folha de pagamen-
tos os impostos, contribuições previdenciárias e encargos trabalhistas, para que seja
possível o cálculo do valor líquido que cada funcionário tem direito a receber.

A emissão de folha de pagamento é obrigatória para a empresa, e deve ser entregue


mensalmente ao funcionário o demonstrativo de pagamento chamado holerite.

Embora oficialmente não exista um modelo oficial de folha de pagamento, é dever


da empresa registrar e contabilizar a folha de pagamentos. Nesse sentido, é muito
importante que você compreenda quais são os seus direitos e quais são os encargos
que paga mensalmente ao governo.

A contabilidade deverá fazer o lançamento desses fatos contábeis mensalmente de


forma discriminada, de acordo com a Regulamentação da Organização e Custeio da
Seguridade Social (art. 47).

Portanto, esse é um assunto de interesse profissional para você, estudante de conta-


bilidade, bem como para o empregado de qualquer área, já que qualquer pessoa
pode entender quais são as leis e cálculos que compõem o nosso salário.

Bons estudos!

4.1 FOLHA DE PAGAMENTO DE SALÁRIOS

A folha de pagamento é um documento de emissão obrigatória para fiscalização


trabalhista e previdenciária, não possui um formato pré-determinado, mas para a
sua elaboração a empresa prepara mensalmente no formato mais adequado às suas
necessidades.

A folha de pagamento é o processo final que irá contabilizar os proventos e descon-


tos recebidos pelos funcionários da empresa. Os principais proventos da folha de
pagamento são: salários, horas extras, adicional de insalubridade, adicional de peri-
culosidade, adicional noturno, salário-família, diárias para viagem e ajuda de custo. A
empresa também deve, além dos salários dos funcionários, pagar o décimo terceiro,
férias, fundo de garantia, entre outros encargos que veremos adiante.

SUMÁRIO 107
Prática Contábil II

Os descontos são os valores que devem ser deduzidos do trabalhador, sendo os prin-
cipais: quota da previdência, imposto de renda, seguros, adiantamentos, faltas e atra-
sos e vale-transporte.

A empresa também é responsável pelos encargos com a contribuição previdenciá-


ria, referente à parte patronal, que nada mais é do que a contribuição realizada pela
empresa como forma de assegurar a Seguridade Social do país. Em outras palavras,
por meio dessa contribuição o governo destina recursos financeiros para os serviços
previdenciários. Portanto, além do empregado, a empresa também contribui com o
INSS.

Veja o exemplo de uma folha de pagamento:

QUADRO 7 - EXEMPLO DE FOLHA DE PAGAMENTO

FOLHA DE PAGAMENTOS DE SALÁRIOS


Comercial
Referente ao período de jan./2x19 Folha 01/01
Oliveira Ltda.
Impos- Adian- Salário
Contribuição
Empregado Rendimentos % to de tamen- líquido a
previdenciária
renda to pagar

Silvio da Silva R$ 1.700,00 8 R$ 136,00 - - R$1.564,00

Julio Junior R$ 1.500,00 8 R$ 120,00 - - R$1.380,00

Maria Ricardina R$ 1.300,00 8 R$ 104,00 - - R$ 1.196,00

Total R$ 4.500,00 R$ 360,00 R$ 4.140,00

Fonte: Elaborada pela autora.

A folha de pagamento geralmente é processada por um arquivo digital, e, em seguida,


é elaborado um demonstrativo de pagamento a ser entregue para todos os funcio-
nários, que de forma clara demonstrará todos os vencimentos e descontos (holerite).

O pagamento da folha deverá ser realizado até o quinto dia do mês subsequente do
mês trabalhado.

108 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Para aprofundar o seu estudo, indicamos a obra Gestão de pessoas: rotinas


trabalhistas e dinâmicas do departamento de pessoal, de José Gilson Fide-
lis, que explica de maneira detalhada a rotina da gestão do Departamento
Social, cálculos e leis trabalhistas.

No último dia do mês, depois de finalizada a folha de pagamento, a contabilidade


fará a sua contabilização a partir de alguns cálculos. Veja, a seguir, como se dá esse
registro contábil.

4.1.1 REGISTRO CONTÁBIL DA FOLHA DE


PAGAMENTOS

É importante entender como são realizados os registros contábeis da folha de paga-


mento. Embora os lançamentos sejam simples, é necessária muita atenção, e que a
contabilização seja feita nas contas contábeis corretas. Entenda mais com o exemplo
a seguir.

SUMÁRIO 109
Prática Contábil II

A empresa Comercial Oliveira mediante a folha do mês de janeiro fará os


seguintes lançamentos contábeis:

D – despesa de salários;

conta de resultado;

despesa operacional – DRE;

a C – salários a pagar: R$ 4.500,00;

conta patrimonial do passivo circulante – representa o valor que a empresa


terá que pagar no mês seguinte.

Você pode observar que a folha apresentou descontos na contribuição previ-


denciária.

D – salários a pagar – na realidade, o valor do INSS reduzirá o valor total da


folha de pagamento;

a C – contribuições da previdência a recolher: R$ 360,00;

conta patrimonial do passivo circulante – representa o valor que a empresa


terá que recolher para o governo no mês seguinte.

Na folha de pagamento, podem constar os encargos patronais e FGTS.

110 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Para aprofundar o seu estudo, indicamos a obra indicamos a obra Coleção


Prática – Prática Trabalhista, de Victor Hugo Nazário Stuchi, que tem como
o foco a prática jurídica trabalhista. É um livro que todo contabilista deve ter
para consulta e aprofundar os conhecimentos na área.

A seguir, você entenderá como é o cálculo do FGTS da folha de pagamento da Comer-


cial Oliveira.

4.1.2 FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO –


FGTS

Segundo consta no site da Caixa Econômica Federal (2019), o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) é um direito dos trabalhadores com registro em carteira.
Esse direito foi criado com o objetivo de proteger o funcionário quando demitido
sem justa causa.

A empresa é a responsável pelo recolhimento do FGTS, que deve ocorrer no início do


mês da seguinte forma: a empresa deposita nas contas abertas na Caixa, em nome
dos empregados, o valor correspondente a oito porcento (8%) do salário de cada
funcionário. No caso de menor aprendiz, essa alíquota é de apenas dois porcento
(2%) sobre o salário.

Segundo a Lei nº 5.107, o FGTS incide sobre todas as verbas remuneratórias além do
salário do empregado, tais como comissões e gratificações, horas extras, adicional
noturno, de insalubridade e periculosidade, 13º salário, férias, rescisão de trabalho,
independentemente de o aviso prévio ser indenizado ou trabalhado.

A lei também determina que o recolhimento do FGTS seja feito até o dia sete (7) do
mês subsequente. Por exemplo, o FGTS do mês da folha de pagamento do mês de
junho deve ser pago até o dia sete (7) de julho. Se o dia sete (7) cair em um final de
semana ou feriado, o pagamento deve ser antecipado.

SUMÁRIO 111
Prática Contábil II

É importante que a contabilidade saiba que o atraso no pagamento do FGTS é consi-


derado ilícito e pode gerar multas por parte do Ministério do Trabalho, conforme
explicado pela Caixa Economia Federal (2019).

Veja como é realizado o cálculo do FGTS da Empresa Comercial Oliveira.

QUADRO 8 - CÁLCULO DO FGTS, COMERCIAL OLIVEIRA LTDA.

COMERCIAL OLIVEIRA LTDA. REFERENTE AO PERÍODO DE JAN./2X19


Empregado Rendimentos FGTS FGTS a recolher
Silvio da Silva R$ 1.700,00 8% R$ 136,00
Julio Junior R$ 1.500,00 8% R$ 120,00
Maria Ricardina R$ 1.300,00 8% R$ 104,00
Total R$ 4.500,00 R$ 360,00

Fonte: Elaborada pela autora.

Veja como é realizado o registro contábil:

D – contribuições para o FGTS; conta de resultado; despesa operacional –


DRE;

a C – FGTS a recolher: R$ 360,00; conta patrimonial do passivo circulante –


representa o valor que a empresa terá que pagar no mês seguinte.

O trabalhador pode movimentar ou sacar os depósitos do FGTS nos seguintes casos,


segundo o site Normas Legais (2019):

• Dispensa por iniciativa do empregador e sem justa causa;


• Extinção do contrato temporário regido pela Lei no 6.019/74;
• Fechamento da empresa;
• Aposentadoria, inclusive por invalidez ou falecimento do trabalhador;

• Inatividade da conta vinculada, superior a três anos ininterruptos, nos casos de


dispensa por iniciativa do trabalhador;

112 SUMÁRIO
Prática Contábil II

• Idade igual ou superior a 70 anos;

• Quando o trabalhador ou seu dependente for portador do vírus HIV ou acome-


tido de neoplasia maligna (câncer);

• Quando o trabalhador ou seu dependente estiver em estágio terminal, em


razão de doença grave e possuir conta cujo saldo seja decorrente do comple-
mento dos planos econômicos, quando formalizada a adesão até 30.12.2003.

No caso de pagamento de prestações do Sistema Financeiro da Habitação, o traba-


lhador pode movimentar especificamente para esse fim.

Veja, a seguir, outro encargo patronal da folha de pagamento: a Previdência Social.

4.1.3 PREVIDÊNCIA SOCIAL – PATRONAL

O INSS patronal é uma contribuição realizada pelas empresas para assegurar a segu-
ridade social, que garante serviços básicos à população (assistência social, previdên-
cia e saúde). São duas as bases para se calcular o INSS patronal: receita bruta ou folha
de pagamento.

Quando calculado sobre a folha de pagamento, a alíquota é de vinte porcento (20%)


sobre todos os gastos com os trabalhadores da empresa. Conforme artigo 22 da Lei
nº 8.212/91:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do


disposto no art. 23, é de:

I – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas
a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores
avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer
que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma
de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos
serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do emprega-
dor ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de
convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação
dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (BRASIL,1991)

SUMÁRIO 113
Prática Contábil II

Veja o exemplo da Comercial Oliveira:

Total dos salários dos funcionários = R$ 4.500 * 20% = R$ 900,00.

Sua contabilização será:

D – contribuições de Previdência; conta de resultado; despesa operacional


RH – DRE; a C – contribuição de Previdência a recolher: R$ 900,00; conta
patrimonial do passivo circulante – representa o valor que a empresa terá
que pagar no mês seguinte.

Desoneração da folha de pagamento: INSS patronal sobre a receita bruta

Desonerar significa tirar ou diminuir o ônus, em outras palavras, desobrigar


alguém de fazer alguma coisa ou reduzir a sua obrigação. No ano de 2015,
a Lei nº 12.546/11, que obrigava as empresas a usar a folha de pagamento
como base de cálculo para o INSS patronal, autorizou que algumas empre-
sas de determinados setores passassem a ter o direito de escolher entre o
recolhimento do INSS pela folha de pagamento ou por valores de alíquotas
sobre a receita bruta.

O principal objetivo dessa medida foi reduzir os encargos trabalhistas do emprega-


dor, além de tentar aumentar a empregabilidade no país.

Veja, a seguir, como calcular os proventos e descontos que compõem a folha de paga-
mento e como alcançar o resultado líquido.

114 SUMÁRIO
Prática Contábil II

4.2 PROVENTOS

Agora que você conhece a folha de pagamentos, vamos calcular os proventos que a
compõem. Os proventos são os direitos que o trabalhador tem de receber após o mês
trabalhado. Veja os principais:

FIGURA 9 - PROVENTOS DO TRABALHADOR

Salário

Vale-transporte

Adicional de insalubridade

Adicional de periculosidade

Adicional noturno

Salário-família

Fonte: Elaborada pela UOL EDTECH, 2019.

Entenda cada um separadamente, a seguir.

4.2.1 SALÁRIO

O conceito de salário refere-se à remuneração regular atribuída pelo exercício/desem-


penho das funções no âmbito de um emprego/trabalho. O termo deriva do latim
salarĭum e está relacionado com o “sal” (que era a forma primária de pagamento).

Pode ser pago: mensal, quinzenal, semanal ou diariamente (peça ou tarefa). Inte-
gram o salário: comissões, gorjetas, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para
viagem e abonos pagos pelo empregador.

É comum em algumas empresas concederem um adiantamento de salário aos seus


funcionários, geralmente por volta do dia 15 do mês. Veja como contabilizar o salário:

SUMÁRIO 115
Prática Contábil II

A empresa Comercial Oliveira irá conceder um adiantamento de salário de


R$ 2.250,00, no dia 15 do mês vigente, e o valor do Imposto de Renda será
de R$ 150,00.

D – adiantamento de salários; conta patrimonial de ativo circulante (repre-


senta um direito da empresa); a C Caixa: R$ 2.100; C IRRF a recolher: R$
150,00.

A empresa pode precisar que um funcionário faça horas extras, ou seja, ele terá que
trabalhar em um período maior do que estipulado em seu contrato de trabalho. A
legislação trabalhista vigente estabelece que a duração normal do trabalho é de 8
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo.

Conforme o artigo 55 da CLT, a “jornada diária de trabalho dos empregados não pode
exceder duas horas para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo individual,
acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa”. O artigo ainda acres-
centa que, se, excepcionalmente, houver a necessidade de trabalho após o horário
de expediente, deverá ser prorrogada além do limite legalmente permitido. Sendo
assim a remuneração do serviço extraordinário (HE), desde a promulgação da Cons-
tituição Federal/1988, será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora
normal (GUIA TRABALHISTA, 2019).

Veja como realizar o cálculo de horas trabalhadas e horas extras:

116 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Um empregado recebe um salário mensal de R$ 2.200,00 e trabalha 7h20min


de segunda a sábado.

Salário mensal – R$ 2.200,00;

7h20min por dia;

7h * 60 (1 hora tem 60 minutos) = 420 minutos + 20 minutos = 440 minutos


por dia;

440 * 30 dias = 13.200 minutos por mês;

13.200/60 (1 hora tem 60 minutos) = 220 horas;

R$ 2.200/220 = R$ 10,00.

Salário hora = R$ 10,00. O funcionário recebe R$ 10,00 por hora trabalhada.

Agora vamos calcular o valor da hora extra, considerando que fez 30 horas
extras no mês.

Salário hora normal = R$ 10,00 x 50% = R$ 5,00.

R$ 10,00 + R$ 5 = R$ 15,00.

Valor da Hora Extra = R$ 15,00.

Como fez 30 horas extras no mês, deverá receber: (R$ 15,00 x 30 h) = R$


450,00.

Salário: R$ 2.200,00;

hora extra = R$ 450,00;

total: R$ 2.650,00.

SUMÁRIO 117
Prática Contábil II

No caso de a hora extra em questão ocorrer durante um final de semana ou


feriado, o cálculo é diferente, pois o acréscimo será de 100%; teremos, então:

Salário hora normal = R$ 10,00 x 100%;

R$ 10,00 + R$ 10,00 = R$ 20,00;

Valor da hora extra = R$ 20,00.

Após a Reforma Trabalhista, para questão do banco de horas deve existir


um acordo entre empresa e empregado, e não apenas ser estabelecido por
convenção coletiva. Assim, se houver esse acordo, a compensação das horas
extras deverá acontecer no máximo em seis meses. Se o empregado for desli-
gado ou pedir o desligamento da empresa, e tiver banco de horas, as horas
extras serão pagas conforme a lei determina (50% de acréscimo do valor da
hora).

4.2.2 VALE-TRANSPORTE

O vale-transporte (VT) constitui benefício que o empregador antecipará ao trabalha-


dor para utilização efetiva em despesas de deslocamento da residência para o traba-
lho e vice-versa, conforme a Lei nº 7.418, de 16/12/1985.

Não existe uma lei que determina a distância mínima do percurso para que seja
efetuado o pagamento do vale-transporte, portanto, o empregador deve fornecê-lo
sempre que o empregado utilizar o transporte público coletivo. Mesmo se a empresa
fornecer um fretado, deverá pagar o valor do transporte entre a residência do funcio-
nário até o ponto de encontro do fretado.

118 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Para receber o benefício o empregado deverá informar ao empregador por escrito:


endereço residencial, os serviços de transportes utilizados e quantidade e valor da
passagem dos transportes utilizados para o deslocamento residência/trabalho/resi-
dência.

O beneficiário que se utilizar de declaração falsa ou usar indevidamente o VT está


sujeito à demissão por justa causa, uma vez que constitui falta grave.

O vale-transporte será pago:

• Pelo empregado em uma parcela equivalente a 6% (seis por cento)


de seu salário básico ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais
ou vantagens, ou seja, se o empregado receber adicionais, esses não
serão somados no valor máximo.

• Pela empresa, no que o valor do transporte exceder à parcela de 6%


(seis por cento) do salário, conforme determinado no site do Planalto
do Governo (2019).

Veja um exemplo prático:

SUMÁRIO 119
Prática Contábil II

Um empregado utiliza transporte público para ir até a empresa: ida de


ônibus no valor de R$ 5,00; e volta também de R$ 5,00. Considerando que o
mês tenha 20 dias úteis e o salário ser de R$ 2.000,00, calcule o valor do vale-
-transporte do funcionário.

Valor do transporte = R$ 5,00 (ida) + R$ 5,00 (volta) = R$ 10,00;

20 dias úteis = R$ 200,00 gastos com transporte público;

salário de R$ 2.000,00 = 6% (desconto do empregado) = R$ 2.000* 6% = R$


120,00.

A empresa será responsável por R$ 80,00 do valor do transporte. Veja como


fica a contabilização do VT:

D – vale-transporte; conta de despesa operacional – DRE; a C Caixa: R$ 200,00;


conta patrimonial do ativo circulante.

D – salário a pagar; debitar o valor do VT que se refere à parcela do emprega-


do; a C vale-transporte: R$ 120,00; creditar a parcela do empregado que será
descontada no pagamento do salário.

Além do vale-transporte, veja outros benefícios previstos pela lei, a seguir.

4.2.3 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Segundo o artigo 189 da Constituição, são denominadas atividades e operações insa-


lubres aquelas que “por sua natureza, condições ou métodos de trabalho exponham
os empregados a agentes nocivos à saúde”. São exemplos de agentes considerados
insalubre: ruído excessivo, calor ou frio, radiação ou agentes químicos.

120 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Para ter direito ao adicional, o profissional pode ter contato permanente ou intermi-
tente com a substância em questão. Caso o empregado tenha contato todos os dias
da semana, por 10 (dez) minutos, deverá receber o adicional. “O contato não precisa
ser durante toda a jornada e nem durante toda a semana, mas, caso haja habituali-
dade, será devido”, conforme a Norma Regulamentadora 15.

O cálculo do adicional de insalubridade é feito da seguinte maneira: com base no


salário mínimo de cada região e no grau de insalubridade da atividade exercida.
Adicional de insalubridade não é calculado com base no salário do trabalhador.
No entanto, é possível que a convenção coletiva determine que o adicional seja calcu-
lado sobre o piso da categoria.

O cálculo deve ser da seguinte forma:

• Para atividades insalubres em grau mínimo: o adicional é de 10% do salário


mínimo.

• Para insalubridade em grau médio: o adicional é de 20%.

• Para o grau máximo: é de 40% do salário mínimo da região.

A classificação do grau de insalubridade de cada atividade é definida pela


Norma Regulamentadora 15, que deverá ser consultada pelo departamento
pessoal da empresa, conforme o Guia Trabalhista (2019).

Veja um exemplo prático:

SUMÁRIO 121
Prática Contábil II

João exerce atividade insalubre em grau médio, e o salário mínimo da região


em que Carlos trabalha é de R$ 954,00. O cálculo do adicional de insalubri-
dade será de 20% (grau médio de insalubridade).

O adicional terá o valor de: R$ 954 x 20% = R$ 190,80.

4.2.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

Segundo a Constituição Federal, artigo 7, inciso XXII, o adicional de periculosidade é


um benefício destinado “ao funcionário registrado que presta qualquer tipo de servi-
ço mantendo contato permanente com elementos que possam provocar danos à
sua integridade física”, ou seja, algumas atividades podem causar danos e perigos à
saúde, sendo consideradas atividades perigosas ao trabalhador.

Podemos considerar como exemplos de condições perigosas: operadores de distri-


buidoras de gás, trabalhadores do setor elétrico, frentistas de postos de gasolina,
operários de manutenção, operadores de equipamentos de raios X e trabalhadores
em usinas nucleares, vigilantes e motociclistas.

O cálculo incide em 30% (trinta porcento) do valor do salário base do trabalhador;


acompanhe o exemplo.

122 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Um empregado recebe um salário base de R$ 1.000,00. Qual o valor do


adicional de periculosidade? Considere o grau de periculosidade de 30%.

30% * R$ 1.000 = R$ 300,00;

adicional de periculosidade = R$ 300,00.

4.2.5 ADICIONAL NOTURNO

Tem direito ao adicional noturno o empregado que trabalha após as 22 horas de um


dia até às 5 horas do dia seguinte. Entre os trabalhadores noturnos mais comuns
estão policiais, seguranças, vigias, garis, garçons, pilotos, aeromoças e atendentes.

A hora do trabalho noturno tem o valor de 52 minutos e 30 segundos (art. 72, §1º).
Vamos compreender como é realizado o cálculo:

SUMÁRIO 123
Prática Contábil II

Um empregado trabalha das 15 h até as 23h45, com 1 hora de descanso,


sendo o seu salário R$ 4,50 por hora.

O adicional noturno começa a ser registrado a partir das 22 horas, portanto,


entre as 22 h e 23h45 (horário que termina o expediente); temos: 1 hora e 45
minutos.

1 hora = 60 minutos + 45 minutos, são 105 minutos de adicional noturno.

105 minutos/52,5 (uma hora noturna equivale a 52,5).

105/52,5 = 2 horas de adicional noturno.

No mês, 2 horas * 30 dias = 60 horas noturnas.

Valor da hora do adicional noturno R$ 4,50 * 20% = 0,90.

Valor da hora do adicional noturno R$ 4,50 + R$ 0,90 = R$ 5,40.

Hora do trabalho noturno = R$ 5,40 * 60 horas = R$ 324,00.

Os benefícios irão somar ao salário na folha de pagamento; no entanto, sabemos


que sobre os salários incidem encargos trabalhistas que devem ser descontados no
funcionário e registrados na folha de pagamento.

4.2.6 SALÁRIO-FAMÍLIA

É o benefício previdenciário a que têm direito o empregado e o trabalhador avulso


cujo salário de contribuição seja igual ou inferior ao valor determinado pela legisla-
ção vigente. O INSS apresenta a tabela com os valores do salário-família. O cálculo da
faixa máxima é realizado com base na remuneração mensal. Caso o trabalhador rece-
ba um valor acima da faixa máxima, ele perde o direito ao salário-família.

124 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Em 2019, a tabela do INSS determina que cada filho concede o direito a um


acréscimo de R$ 46,54 no salário, desde que fique abaixo de R$ 907,77. Se
o salário estiver entre R$ 907,78 e R$ 1.364,43, o valor do benefício é de R$
32,80 por filho.

A seguir, você irá aprender quais os cálculos e encargos que os funcionários pagam
ao governo.

4.3 DESCONTOS

A folha de pagamento é composta por proventos, que são os ganhos de cada funcio-
nário, bem como os descontos sobre o salário. Os principais descontos são: INSS,
Imposto de Renda, contribuição sindical, vale-transporte (6% partem do funcionário),
pensão alimentícia, benefícios opcionais (assistência médica, odontológica e previ-
dência privada). Existe um limite de desconto de 70% (setenta porcento) para cada
funcionário; caso a empresa ultrapasse, o limite poderá ter reclamações trabalhistas.

Temos também as chamadas suspensões disciplinares, quando a CLT


permite que sejam descontados do salário do empregado os dias afastados
em caso de suspensão disciplinar. Essa suspensão pode ocorrer quando há
faltas sem justificativa ao serviço ou por questões comportamentais.

Entenda agora como são calculados o INSS e o Imposto de Renda.

SUMÁRIO 125
Prática Contábil II

4.3.1 INSS

A sigla INSS significa Instituto Nacional do Seguro Social (órgão do Ministério da


Previdência Social, ligado diretamente ao Governo). Esse órgão é o responsável pelos
pagamentos das aposentadorias e demais benefícios dos trabalhadores brasilei-
ros que contribuem com a Previdência Social, sendo um seguro que garante uma
aposentadoria ao contribuinte quando ele para de trabalhar, com exceção dos servi-
dores públicos.

Muitas pessoas questionam o porquê de contribuírem com o INSS, mas o princi-


pal motivo é a garantia da aposentadoria após um determinado tempo de trabalho.
Além do mais, se o empregado precisar se afastar da empresa por motivo de saúde
pode receber o auxílio-doença.

Assim sendo, o governo federal, por meio da Previdência Social, garante ao trabalha-
dor os seguintes aspectos:

• Aposentadoria por tempo de contribuição.

• Aposentadoria por idade e invalidez.

• Pensão por morte.

• Auxílio-doença.

• Auxílio-acidente.

• Salário-maternidade.

• Salário-família.

• Reabilitação profissional.

• 13º salário.

Essa cobertura ocorre porque mensalmente o INSS recolhe contribuições financeiras


dos trabalhadores formais e informais que se inscreveram no INSS. As contribuições
são mensais e, de acordo com a legislação brasileira atual, variam de 8% (oito porcen-
to) a 11% (onze porcento) do salário do contribuinte, como veremos a seguir.

126 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Quando o contribuinte tem carteira assinada, o valor é descontado direto do


salário mensal. Já os profissionais autônomos ou liberais pagam suas contri-
buições mensais através de guias específicas.

É possível, mesmo sem ter registro em carteira, contribuir com o INSS visando a
uma renda na aposentadoria.

Vale lembrar que INSS incide sobre o salário bruto e soma as horas extras, adicional
de insalubridade, periculosidade, adicional noturno, diárias para viagem, 13º salário
e outros valores admitidos em lei pela Previdência Social, conforme explicado no site
do INSS.

Veja a tabela que indica a faixa de contribuição, bem como a alíquota a ser recolhida:

TABELA 2 - TABELA DE RECOLHIMENTO DO INSS

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTAS


Até R$ 1.751,81 8%
De R$ 1.751,82 até R$ 2.919,72 9%
De R$ 2.919,73 até R$ 5.839,45 11%

Fonte: BRASIL, 2017.

Atenção: o valor máximo de pagamento do INSS é de R$ 642,34.

SUMÁRIO 127
Prática Contábil II

Veja como realizar o cálculo na folha de pagamento:

Exemplo 1:

Um funcionário tem um salário de R$ 4.500,00; calcule o valor do desconto


do INSS a recolher.

R$ 4.500,00 * 11% = R$ 495,00.

Exemplo 2

Um funcionário que tem um salário de R$ 6.500 deverá ter o desconto de


R$ 642,34, referente ao INSS. Esse é o valor máximo determinado pelo INSS.

4.3.2 IMPOSTO DE RENDA

O Imposto de Renda é o tributo mais conhecido e cobrado sobre os rendimentos do


assalariado e incide sobre: salários, honorários, adicionais, abonos, gorjetas, gratifica-
ções, 13º salário, prêmio, comissões.

Veja a tabela a seguir do Imposto de Renda atualizada em 2019. Ela, desde 2015, não
é corrigida e isenta quem recebe até R$ 1.903,98 por mês, após o desconto da contri-
buição previdenciária.

FIGURA 10 - CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA

BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTA (%) PARCELA A DEDUZIR DO IRPF (R$)

Até 1.903,98 – –
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36

Fonte: BRASIL, 2015.

128 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Veja na prática como é realizado o cálculo do Imposto de Renda no demonstrativo de


pagamento do funcionário.

Exemplo 1:

Um funcionário tem um salário de R$ 4.500,00.

1. Calcule o valor do desconto do INSS a recolher.

R$ 4.500,00 * 11% = R$ 495,00

Salário: R$ 4.500,00; INSS: R$ 495,00.

2. Para calcular o Imposto de Renda:

Salário Base – INSS

R$ 4.500,00 – R$ 495,00 = R$ 4.005

3. Verifique na tabela a alíquota do IR = R$ 4.005,00 * 22,5% = R$ 901,13.

4. Verifique na tabela o valor a deduzir:

• para a alíquota de 22,5%, o valor a deduzir é de R$ 636,13 (verificar na


tabela), portanto: R$ 901,13 – R$ 636,13 = R$ 265,00.

5. Valor do Imposto de Renda = R$ 265,00.

6. Salário líquido = salário – total de descontos.

Nesse exemplo o demonstrativo de pagamento será:

SUMÁRIO 129
Prática Contábil II

FIGURA 11 - DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO, PROVENTOS E DESCONTOS

PROVENTOS DESCONTOS
Salário R$ 4.500,00 INSS R$ 495,00
IR R$ 265,00
Total R$ 4.500,00 Total de descontos R$ 760,00
Salário líquido R$ 3.740,00

Fonte: Elaborada pela autora.

A contabilização será realizada da seguinte forma:

D Despesa de salário R$ 4.500,00 – conta de despesa operacional

a C Salário a pagar R$ 3.740,00 – conta do passivo circulante

a C INSS a recolher R$ 495,00 – conta do passivo circulante

a C IRRF a recolher R$ 265,00 – conta do passivo circulante

Exemplo 2

Um funcionário que tem um salário de R$ 6.500, recebe adicional noturno de R$


1.500, paga pensão-alimentícia no valor R$ 1.950,00 e recebe R$ 250,00 de vale-
-transporte. Elabore o seu demonstrativo de pagamentos.

1. Some os proventos: R$ 6.500 + R$ 1.500 = R$ 8.000.

2. Calcule o valor do desconto do INSS a recolher. O valor máximo de desconto


do INSS é de R$ 642,32.

Salário: R$ 6.500,00; INSS = R$ 642,32.

Adicional noturno: R$ 1.500,00.

Total de proventos: R$ 8.000,00.

3. Para calcular o Imposto de Renda:

Salário total – INSS – pensão-alimentícia.

130 SUMÁRIO
Prática Contábil II

A pensão-alimentícia é redutora do cálculo da alíquota do IR: R$ 8.000 – R$ 642,32 –


R$ 1.950,00 = R$ 5.407,38.

4. Verifique na tabela a alíquota do IR: R$ 5.407,38 * 27,5% = R$ 1.487,13.

5. Verifique na tabela o valor a deduzir: para a alíquota de 27,5%, o valor a dedu-


zir é de R$ 869,36 (vide tabela), portanto: R$ 1.487,13 – R$ 869,36 = R$ 617,75.

6. Valor do Imposto de Renda = R$ 617,75.

7. Valor do desconto do vale-transporte: R$ 250,00.

8. Desconto da pensão-alimentícia = R$ 1.950,00.

9. Salário líquido = salário – total de descontos.

Nesse exemplo o demonstrativo de pagamento será:

FIGURA 12 - DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO, PROVENTOS E DESCONTOS DE VT E


PENSÃO-ALIMENTÍCIA

PROVENTOS DESCONTOS
Salário R$ 6.500,00 INSS R$ 642,32
Adicional noturno R$ 1.500,00 IR R$ 617,75
Vale-transporte R$ 250,00
Pensão alimentícia R$ 1.950,00
R$ 3.460,07
Total R$ 8.000,00 Total de descontos R$ 3.460,07
Salário líquido R$ 4.539,93

Fonte: Elaborada pela autora.

A contabilização será realizada da seguinte forma:

D Despesa de salário: R$ 6.500,00 – conta da despesa operacional

D Despesa de adicional noturno: R$ 1.500,00 – conta da despesa operacional

a C Salário a pagar: R$ 4.539,93 – conta do passivo circulante

a C INSS a recolher: R$ 642,32 – conta do passivo circulante

SUMÁRIO 131
Prática Contábil II

a C IRRF a recolher: R$ 617,75 – conta do passivo circulante

a C Despesa vale-transporte: R$ 250,00 – conta da despesa operacional

a C Pensão-alimentícia a pagar: R$ 1.950,00 – conta do passivo circulante

E, assim, finalizamos a unidade, pois agora você aprendeu como são elaborados a
folha de pagamento e seu registro contábil. Espero realmente que você tenha apro-
veitado, e vamos seguir em frente!

CONCLUSÃO
Nesta unidade, você aprendeu o conceito e como é feita a elaboração da folha de
pagamento da empresa. Mesmo que a contabilidade não elabore o arquivo da folha
de pagamento, é necessário que a equipe contábil conheça todos os cálculos traba-
lhistas e, no momento que realizar o registro contábil, valide as informações que serão
transmitidas ao governo.

Faz parte da ética empresarial pagar todos os proventos de forma correta, conforme
a lei, e recolher todos os impostos que incidem na folha de pagamento, sendo esses
processos de responsabilidade da contabilidade da empresa.

Conhecer os direitos trabalhistas e a forma como os impostos são calculados e retidos


deveria fazer parte de todos os trabalhadores registrados, mas, na realidade, poucas
pessoas estão atentas ao seu holerite e conseguem explicar cada provento e cada
desconto.

Infelizmente no Brasil ainda existe uma enorme falta de conhecimento da popula-


ção no que diz respeito aos seus direitos trabalhistas, portanto, estudar esse tema é
fundamental para qualquer profissional.

Mas não terminamos aqui, sempre há o que estudar no que diz respeito à folha de
pagamentos, sendo importante acompanhar as mudanças na legislação trabalhista.
Fique atento e continue os seus estudos!

132 SUMÁRIO
Prática Contábil II

UNIDADE 5
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Definir os conceitos de 13º salário e de férias.

> Aplicar o cálculo dos benefícios na prática.

> Explicar a provisão contábil dos valores do 13º


salário e férias.

SUMÁRIO 133
Prática Contábil II

5 CÁLCULO E
CONTABILIZAÇÃO DO 13º
SALÁRIO E FÉRIAS
Nesta unidade, serão abordados temas de suma importância para todos os traba-
lhadores e, principalmente, para o profissional de contábeis responsável pela folha
de pagamento: 13º salário, provisão do 13º salário, férias e provisão de férias. Todos
sabem que 13º salário e férias são direitos do funcionário, mas poucas pessoas sabem
responder como são calculados os impostos sobre o 13º salário e férias.

Esses benefícios devem ser contabilizados e integram a folha de pagamento, por


isso o conhecimento das normas que regem os cálculos e a forma de pagamento é
fundamental para o contador, responsável pelo envio do eSocial.

É importante também que todos, como funcionários de empresas, saibam quais são
os cálculos que compõem os benefícios garantidos por lei e quais são as leis que
regem o pagamento tanto do 13º salário quanto das férias.

O conhecimento de leis e cálculos garante ao funcionário um melhor planejamento


financeiro de suas contas pessoais e impede que empresas se aproveitem da falta de
informação para fazer lançamentos errados.

Espera-se que você aproveite ao máximo as informações desta unidade. Não se


esqueça de que, para aumentar o seu conhecimento sobre o tema, é necessário
participar de fóruns e ler o material complementar indicado durante a unidade. Que
você tenha ótimos estudos.

INTRODUÇÃO
Nesta unidade, serão abordados dois temas que fazem parte da rotina do departa-
mento de Recursos Humanos e integram a folha de pagamento: 13º salário e férias.
Os registros desses benefícios devem ser realizados na contabilidade e provisionados
durante o período, para que a empresa não tenha problemas, como a falta de caixa
(dinheiro) no final do ano.

134 SUMÁRIO
Prática Contábil II

É importante que não ocorram falhas nos cálculos desses benefícios para não gerar
reclamações trabalhistas e prejuízos para a empresa. Sendo assim, todos os proce-
dimentos devem ser realizados corretamente e a equipe contábil deve conhecer
não apenas as normas contábeis, mas também as leis trabalhistas e os cálculos
previdenciários.

Nesta unidade, você aprenderá os cálculos desses benefícios (13º salário e férias), a
apuração dos impostos incidentes e como são apresentados na folha de pagamento.

Para um melhor planejamento financeiro, a contabilidade é a responsável pela provi-


são desses valores. Portanto, sendo esses temas importantes na rotina contábil, inicie
o seu estudo com muita atenção e empenho.

Bons estudos!

5.1 CONCEITO DE 13º SALÁRIO

O art. 7º, inciso VIII da Constituição Federal estabeleceu a “denominação” 13º salário
para a gratificação natalina que deverá ser paga com base na remuneração integral.

Segundo a Lei n° 4.090/62, o 13º salário é um direito de todos os trabalhadores urba-


no, rural, avulso e doméstico contratado pelo regime Consolidação das Leis do Traba-
lho (CLT). Deve ser pago em duas parcelas de 50% do valor do salário.

A primeira parcela deverá ser paga de 01 de fevereiro até 30 de novembro ou por


ocasião das férias, desde que seja a partir de fevereiro. Lembrando que se o empre-
gado quiser receber o 13º nas férias deverá comunicar a empresa durante o mês de
janeiro.

Essa comunicação é importante para que o setor financeiro faça o planejamento da


saída de caixa referente ao valor das férias. Se o empregado não solicitar em janeiro
a liberação do valor nas férias, caberá à empresa decidir se o valor será pago junto
com as férias. A segunda parcela deverá ser paga até o dia 20 do mês de dezembro,
momento em que incidirão os impostos.

SUMÁRIO 135
Prática Contábil II

O cálculo do 13º é composto pelo salário e se houver: adicional insalubridade, adicio-


nal periculosidade, horas extras, adicional noturno.

Para receber o 13º salário, é necessário que o funcionário tenha trabalhado no míni-
mo 15 dias na empresa, então ele terá o direito a receber o correspondente a 1/12
(um doze avos) da remuneração por mês de serviço.

Veja o exemplo:

Um funcionário trabalhou em uma empresa ASDF, sendo que foi admitido


no dia 12 de maio com um salário de R$ 5.000.

O cálculo do valor total do seu 13º salário deverá ser realizado da seguinte
forma:

Foram 7 meses trabalhados = R$ 5.000/12 meses = R$ 416,66 * 7 meses traba-


lhados = R$ 2.916,66 (valor bruto do 13º salário).

Se a empresa não pagar ou atrasar o 13º, infringirá a Lei n° 4.090/62 e estará sujei-
ta a penalidades. Essas penalidades são multas com valor alto, causando prejuízo
financeiro.

136 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Segundo a história, os primeiros rumores para a institucionalização de um


salário a mais vêm desde a expansão das leis trabalhistas, ainda no governo
Getúlio Vargas. Com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, e a
posse de João Goulart sob o sistema parlamentarista, ocorreu a votação da
Lei do 13º. Organizações sindicais usaram ameaças de greve geral para pres-
sionar o governo. Com o tempo, a bonificação se revelou um grande propul-
sor da economia, garantindo vendas melhores no período que antecede as
festas de Natal e ano novo. Em 1988, a gratificação natalina foi assegurada
pela Constituição Federal.

Entenda a seguir como é o cálculo das parcelas do 13º salário e os descontos inci-
dentes.

5.1.1 CÁLCULO: PRIMEIRA E SEGUNDA PARCELAS DO


13º SALÁRIO

Antes de iniciar os cálculos, é necessário ter as tabelas dos impostos incidentes no


13º salário. Veja a seguir as tabelas do INSS e Imposto de Renda, ambas de 2019.

TABELA 3 - ALÍQUOTAS INSS 2019

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTAS

Até R$ 1.751,81 8%

De R$ 1.751,82 até R$ 2.919,72 9%

De R$ 2.919,73 até R$ 5.839,45 11%

Fonte: Adaptado de TABELA INSS 2019, 2019.

SUMÁRIO 137
Prática Contábil II

TABELA 4 - ALÍQUOTAS IMPOSTO DE RENDA 2019

BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTAS (%) PARCELA A DEDUZIR NO IRPF (R$)

Até 1.903,98 - -

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80

De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80

De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13

Acima de 4.664,68 27,5 869,36

Fonte: Adaptado de BRASIL, 2015.

Atenção: o valor máximo de pagamento do INSS é de R$ 642,34.

Veja alguns exemplos desses cálculos a seguir.

Exemplo 1

Um funcionário que trabalhou durante o ano todo e recebe um salário de R$


3.000,00. Calcule o valor do seu 13º salário.

A primeira parcela do 13º salário corresponde a 50% do valor total que o


funcionário tem a receber.

R$ 3.000 * 50% = R$ 1.500,00 é o valor da primeira parcela.

A segunda parcela deverá ser 50% do restante do salário, veja como ficará no
primeiro exemplo:

R$ 3.000,00 – R$ 1.500 = R$ 1.500.

138 SUMÁRIO
Prática Contábil II

No pagamento da segunda parcela, são descontados o INSS e IR. Salário:


R$ 3.000,00.

Primeiro o cálculo do INSS (consultar a tabela acima) = 11% INSS, sendo


R$ 3.000,00 * 11% = R$ 330,00 (valor INSS)

R$ 3.000,00 – R$ 330,00 = R$ 2.670,00 (valor para base de cálculo do Imposto


de Renda, consultar tabela IR).

R$ 2.670,00 * 7,5% = R$ 220,25 (consultar na tabela o valor a deduzir, quando


a alíquota for 7,5%).

R$ 220,25 – R$ 142,80 = R$ 57,45 (valor do Imposto de Renda).

Veja como fica o recibo da segunda parcela do 13º salário:

TABELA 5 - SEGUNDA PARCELA DO 13º SALÁRIO

VENCIMENTOS DESCONTOS

13º salário R$ 3.000,00

INSS sobre 13º salário R$ 330,00

IR sobre 13º salário R$ 57,45

Adiantamento 13º salário R$ 1.500,00

Total R$ 3.000,00 R$ 1.887,45

Valor líquido a receber R$ 1.112,55


Fonte: Elaborado pela autora.

SUMÁRIO 139
Prática Contábil II

Exemplo 2

Um funcionário admitido no dia 15 de junho com o salário de R$ 2.500,00.


Veja que no mês de junho esse funcionário terá direito a 1/12 do salário,
referente aos dias trabalhados no mês de junho. Se o funcionário tivesse
sido admitido no final do mês, dia 25, por exemplo, teria menos que 15 dias
trabalhado e o 13º seria contado a partir do mês subsequente.

Veja o cálculo da primeira parcela desse funcionário:

R$ 2.500/12 (meses no ano) = R$ 208,33 * 7 meses trabalhados (junho, julho,


agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro) = R$ 1.458 (total do valor
13° salário que tem direito a receber).

Primeira parcela será no valor = R$ 1,458,00/2 = R$ 729,01.

Para o cálculo da segunda parcela:

Valor total do 13º = R$ 1.458,00.

INSS (consultar a tabela acima) = 8% INSS, sendo R$ 1.458,00 *8% = R$ 116,64.

R$ 1.458,00 – R$ 116,64 = R$ 1.341,36 (valor para base de cálculo do Imposto


de Renda, consultar tabela IR).

Ao consultar a tabela do Imposto de Renda, verifica-se que até o valor R$


1.903,98 é isento do Imposto de Renda. Nesse caso, o recibo da segunda
parcela do 13º salário será:

140 SUMÁRIO
Prática Contábil II

TABELA 6 - RECIBO DA SEGUNDA PARCELA

VENCIMENTOS DESCONTOS

13º salário R$ 1.458,00


INSS sobre 13º salário R$ 116,64
IR sobre 13º salário -
Adiantamento 13º salário R$ 729,00

Total R$ 1.458,00 R$ 845,64


Valor líquido a receber R$ 612,36
Fonte: Elaborada pela autora.

Lembre-se de que o pagamento da primeira parcela deve ser realizado até o dia 30
de novembro, e da segunda parcela, até 20 de dezembro.

5.1.1.1 PROVISÃO DO VALOR DO 13º SALÁRIO

Embora o pagamento do 13º salário seja realizado apenas no final do ano, a contabi-
lidade provisionará esse valor durante o ano para atender ao regime de competência.

O regime de competência é um princípio contábil que consiste no registro


das receitas e dos gastos no momento/ mês em que o fato ocorreu, indepen-
dentemente se houve entrada ou saída de caixa.

SUMÁRIO 141
Prática Contábil II

O valor a ser apropriado é o valor bruto do salário da folha de pagamento 1/12.


Também deverá ser apropriado o INSS patronal e o FGTS (8%). Caso ocorram altera-
ções salariais, deverá ser realizado um ajuste na apropriação.

Veja como é contabilizado o 13º salário:

A folha de pagamento do salário de uma empresa é de R$ 12.000,00 mensais.


A contabilidade, no último dia do mês, apropriará a parcela do 13º salário
correspondente ao mês.

1. Valor a ser contabilizado: folha de R$ 12.000/12 (12 meses no ano) = R$


1.000.

2. Cálculo da contribuição previdenciária pela empresa (20%): 20% * R$ 1.000


= R$ 200,00.

3. Cálculo do FGTS: 8% * R$ 1.000 = R$ 80,00.

No último dia do mês, será registrado:

D – 13º salário: R$ 1.000 - Conta de resultado.

a C – Provisão 13º Salário a pagar - Conta passivo circulante.

Os encargos com a previdência também devem ser apropriados.

No final do ano, o saldo da conta será R$ 12.000,00

D – Contribuição Previdência 13º salário: R$ 200,00 - Conta de resultado -


Despesa operacional.

a C – Provisão Contribuição Previdência a recolher 13º salário - Conta passivo


circulante.

142 SUMÁRIO
Prática Contábil II

No final do ano o saldo da conta será R$ 2.400,00.

D – FGTS: R$ 80,00 13 º salário - Conta de resultado - Despesa operacional

a C – Provisão FGTS a recolher 13º salário - Conta passivo circulante

No final do ano, o saldo da conta será R$ 960,00.

Suponha que no mês de setembro ocorreu um aumento de 5% de salário.


Esse reajuste deverá ser registrado na provisão do 13º salário:

Folha de pagamento no valor de R$ 12.000,00 + 5% = R$ 12.600,00.

No mês de setembro, a provisão passa a ser = R$ 12.600/12 = R$ 1.050,00 e


deverão ser provisionados os valores dos meses anteriores (janeiro até agos-
to) = R$ 50,00 * 8 = R$ 400,00.

Deverão ser ajustadas as provisões da contribuição previdenciária e FGTS.

Contribuição previdenciária (20% * R$ 12.600,00) = R$ 2.520,00/12 = R$


210,00. Portanto, deverão ser provisionados os valores dos meses anteriores
= R$ 80,00.

FGTS (8% * R$ 12.600.00) = R$ 1.008,00/ 12 = R$ 84,00. Portanto, deverão ser


provisionados os valores dos meses anteriores = R$ 672,00.

SUMÁRIO 143
Prática Contábil II

Provisão vs. apropriação – Segundo a Norma Brasileira Contábil TG 25

Ao apropriar despesas, a contabilidade reconhece o fato gerador e registra


o valor da despesa no sistema contábil, mesmo que ainda não tenha saído
o dinheiro do caixa. O mesmo procedimento deverá ocorrer com a receita:
houve a venda, no entanto o cliente ainda não pagou, mas a contabilidade
deve apropriar a receita nos seus registros.

A provisão segue o princípio contábil da prudência, que é a expectativa de


uma possível perda de valores, sendo então uma reserva de perdas com
prazos e valores incertos.

Por exemplo: Provisão dos Devedores Duvidosos (PDD), provisão do Imposto


de Renda, provisão de férias, etc.

Portanto, embora na contabilidade o lançamento contábil de 1/12 do 13º


salário das férias seja chamado provisão, tecnicamente esses lançamentos
não são provisões, e sim apropriações.

A provisão caracteriza-se por ser a estimativa de uma provável despesa. O 13º


e férias são obrigações da empresa com o funcionário determinadas pela
legislação trabalhista.

144 SUMÁRIO
Prática Contábil II

5.1.2 CONTABILIZAÇÃO DO PAGAMENTO DO 13º


SALÁRIO

A primeira parcela do 13º salário deverá ser contabilizada da seguinte forma:

Folha de pagamento: R$ 12.600.00 (com os mesmos dados do exemplo


anterior).

D – Adiantamento do 13º salário – Conta patrimonial ativo circulante – Refere-se ao


valor que a empresa compensará no pagamento da segunda parcela do 13º salário
(50% do valor total).

a C – Caixa ou banco: R$ 6.300,00 conta ativo circulante.

O valor do FGTS será calculado: R$ 6.300,00 * 8% = R$ 504,00,00.

D – FGTS sobre 13º salário a recolher – Conta passivo circulante.

a C – Caixa ou banco – R$ 504,00 conta ativo circulante.

O INSS será contabilizado no pagamento da segunda parcela.

Para realizar o pagamento da segunda parcela, é necessário a empresa elaborar a


folha de pagamento.

O adiantamento concedido deverá ser apresentado na folha de pagamento do mês


de novembro (mês que ocorreu o adiantamento), assim como o recolhimento do
FGTS.

No mês de dezembro, além da folha de pagamento, a empresa deverá apresentar a


folha do 13º salário, conforme o exemplo a seguir:

SUMÁRIO 145
Prática Contábil II

TABELA 7 - VALORES HIPOTÉTICOS PARA SIMPLIFICAR O EXEMPLO, NO MÊS DE DEZEMBRO

NOME DOS VALOR DO ADIANTAMENTO IMPOSTO VALOR


INSS
FUNCIONÁRIOS 13º SALÁRIO CONCEDIDO DE RENDA LÍQUIDO

Ana Cristina
R$ 6.300,00 R$ 3.150,00 R$ 642,34 R$ 45,27 R$ 2.462,39
Ferreira
Antonio José R$ 6.300,00 R$ 3.150,00 R$ 642,34 R$ 45,27 R$ 2.462,39
R$ 12.600,00 R$ 6.300,00 R$ 1.284,68 R$ 90,55 R$ 4.924,77
Fonte: Elaborado pela autora.

O valor do FGTS na segunda parcela será de R$ 12.600,00 * 8% = R$ 1008,00.

A empresa pagou metade na primeira parcela: R$ 6.300,00 * 8% = R$ 504,00.

Portanto, deverá recolher na segunda parcela = R$ 504,00.

A contabilização será realizada da seguinte forma:

D – Provisão 13º salário a pagar: R$ 12.600,00 – Passivo circulante.

a C – 13º a pagar – Passivo circulante.

D – 13º a pagar – Passivo circulante.

a C – INSS a recolher: R$ 1.284,68 – Passivo circulante.

D – 13º a pagar – Passivo circulante.

a C – Imposto a recolher – R$ 90,55 – Passivo circulante.

D – 13º a pagar – Passivo circulante.

a C – Adiantamento do 13º – R$ 6.300 – Ativo circulante.

D – 13º a pagar: R$ 4.924,77 – Passivo circulante.

a C – Banco ativo circulante.

D – Provisão INSS: R$ 2.520,00 – Passivo circulante.

a C – INSS a recolher – Passivo circulante.

D – Provisão FGTS: R$ 1.008,00 – Passivo circulante.

a C – FGTS a recolher – Passivo circulante.

146 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Para aprofundar os seus estudos sobre as normas contábeis aplicadas à


provisão de férias e 13º salário, leia o livro “Contabilidade geral facilitada”, de
Clóvis Luis Padoveze.

E assim encerram-se os lançamentos de 13º salário. Você seguirá com outro tema
importante, que faz parte dos cálculos trabalhistas e folha de pagamento: férias.

5.2 FÉRIAS

De acordo com o artigo 143 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL,
1943), férias é o período de descanso concedido ao funcionário após trabalhar por
um ano na empresa, sendo esse denominado período aquisitivo ou férias vencidas. O
período de concessão das férias é realizado conforme o critério da empresa.

O pagamento das férias é sempre com base na última remuneração e deve somar
a média das horas extras ou a média das comissões, ou a média de qualquer outro
adicional que o empregado venha a receber durante o ano.

Caso essa regra não seja cumprida, a empresa deve pagar em dobro o valor das
férias.

Portanto, a cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empre-


gado tem o direito ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração,
na seguinte proporção, segundo o art. 130, incisos I a IV da CLT:

I – 30 dias ocorridos, quando não houver faltado o serviço mais de 5 vezes;

II – 24 dias ocorridos, quando houver de 6 a 14 faltas;

III - 18 dias ocorridos, quando houver de 15 a 23 faltas;

IV - 12 dias ocorridos, quando houver de 24 a 32 faltas (BRASIL, Decreto-Lei


n° 5.452/1943, art. 130, I-IV).

SUMÁRIO 147
Prática Contábil II

Caso o empregado faltar mais do que 32 dias, não tem direito às férias.

A palavra “férias” surgiu das palavras latinas feria ou feriae, que, para os roma-
nos, tratava-se de um dia de descanso. Posteriormente, foram ligadas aos
feriados de ordem religiosa. No Brasil, o direito às férias foi instituído em
1925, porém somente foi levado a sério a partir de 1933, com a instituição de
novas regras. As férias foram aprovadas na CLT em 1943.

Alguns eventos provenientes da ausência do empregado não são conside-


rados como falta. Veja quais são os eventos aceitos pela legislação brasileira:

I - até 2 dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge,


ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declara em sua
CTPS, viva sob sua dependência econômica;
II - até 3 dias consecutivos, em virtude de casamento;
III – por (cinco) 05 dias em caso de nascimento de filho;
IV – por (um) 01 dia, em cada doze meses de trabalho, em caso de
doação voluntária de sangue devidamente comprovada;
V – até (dois) 02 dias consecutivos ou não, para o fim de se alista
eleitor, nos termos da lei respectivas;
VI – no período de tempo que estiver de cumprir a exigências do
Serviço Militar;
VII – nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas
de exame vestibular para ingresso em estabelecimento em ensino
superior;
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando estiver que compa-
recer em juízo.
IX – durante o licenciamento compulsório da empresa por motivo
de maternidade ou aborto não criminoso, observados os requisitos,
para percepção do salário maternidade custeado pela previdência
social;
X – por motivo de acidente de trabalho ou enfermidade atestado
pelo INSS (GUIA TRABALHISTA, 2019).

148 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Segundo o art. 133, I a IV da CLT, perde o direito às férias o empregado que:

I – deixar o emprego e não readmitido dentre dos 60 (sessenta) dias subse-


qüentes à sua saída;

II – permanecer em gozo de licença com percepção de salários, por mais de


30 dias;

III – deixar de trabalhar, com percepção de salário, por mais de 30 dias em


virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa;

e IV – estiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de traba-


lho ou de auxílio doença por mais de 6 meses, embora descontínuo;

Quando o empregado perde o direito o direito as férias, inicia-se uma nova


contagem do período aquisitivo (BRASIL, Decreto-Lei n° 5.452/1943, art. 133,
I-IV).

O empregado estudante, menor de 18 anos, terá o direito a fazer coincidir


suas férias com as férias escolares.

Em 2017, houve uma mudança na CLT aprovada pelo Congresso Federal


denominada Reforma Trabalhista. Entre as principais mudanças, estão: apro-
vação da jornada intermitente de trabalho, regularização do banco de horas,
horas extras acordadas entre funcionário e empregador sem precisar passar
pela aprovação do sindicato.

Os membros de uma família que trabalharem no mesmo estabelecimento ou empre-


sa terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim desejarem e se, disso, para
a empresa, não resultar prejuízo para o serviço.

Antes da Reforma Trabalhista, em casos excepcionais as férias poderiam ser dividi-


das em dois períodos, sendo que um deles não poderia ser inferior a dez dias. Após
a Reforma Trabalhista, aprovada em abril de 2017, as férias poderão ser divididas
em até três períodos, desde que um deles não seja inferior a 14 dias e os demais
não sejam inferiores a cinco dias. Para essa divisão, é necessária a concordância do
empregado.

SUMÁRIO 149
Prática Contábil II

Portanto, é denominado como período aquisitivo de férias o período de 12 meses a


contar da data da admissão do empregado que, após um ano de trabalho, passa a ter
o direito de gozar os 30 dias de férias, iniciando o período concessivo. Este é o prazo
que a lei estabelece para que o empregador conceda as férias ao empregado. Esse
prazo equivale aos 12 meses subsequentes a contar da data do período aquisitivo
completado.

Veja a seguir como é realizado o passo a passo do cálculo do valor das férias.

O empregador deve comunicar ao trabalhador o período de férias com 30 dias de


antecedência da data de seu início, em duas vias, conforme art. 135 da CLT. O traba-
lhador deve apresentar a CTPS ao Departamento de Pessoal, que faz as devidas
anotações para que se concretize o processo e dê início às férias.

Se o empregador optar por férias coletivas, no entanto, a venda de férias estará


sujeita a um acordo coletivo entre o empregador e o sindicato representativo, inde-
pendendo do requerimento do empregado.

É denominado abono pecuniário, ou, como as pessoas falam no dia a dia, vender
as férias: a conversão de 1/3 das férias que o empregado tem direito em dinheiro.
A conversão de 1/3 das férias em abono pecuniário é facultativa, atribuída apenas
ao empregado esse direito de decisão, e deve ser concedida obrigatoriamente pela
empresa, quando solicitada.

150 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Um funcionário entrará em férias com 20 dias de descanso e optou em rece-


ber um abono pecuniário de 10 dias em dinheiro. Veja o quanto ele terá a
receber (sem o desconto dos impostos):

R$ 3.000,00/30 dias = R$ 100,00 dia.

20 dias de férias = R$ 2.000,00 férias.

1/3 férias = R$ 666,66.

10 dias abono = 10 dias * R$ 100,00 = R$ 1.000,00.

1/3 abono = R$ 333,33 (R$ 1.000/3).

Total a receber: R$ R$ 2.000,00 + R$ 666,66+ R$1.000,00 +R$ 333,33 = R$


4.000,00.

TABELA 8 - DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO DE FÉRIAS

PROVENTOS DESCONTOS
Férias R$ 2.000,00 INSS R$ 240,00
1/3 sobre férias R$ 666,67 Imposto de Renda R$ 39,20
Abono R$ 1.000,00
1/3 sobre abono R$ 333,33
Total proventos R$ 4.000,00 Total descontos R$ 279,20
Total líquido a receber R$ 3.720,80

Fonte: Elaborado pela autora.

Veja que, para descontar o INSS e IR, o abono e 1/3 do abono não entram no
cálculo, apenas os valores das férias e 1/3 sobre as férias.

SUMÁRIO 151
Prática Contábil II

5.2.1 CÁLCULO DO VALOR DAS FÉRIAS

Para calcular o valor das férias, é necessário somar ao valor do salário bruto à média
de hora extra e adicionais que o empregado recebeu durante o período aquisitivo. A
partir desse montante, é então calculado um valor em função dos dias de trabalho do
funcionário. Calcula-se o valor do dia de férias dividindo o montante por 30 e multi-
plica-se o resultado pelo número de dias usufruídos.

Veja como é realizado o cálculo: valor base = (salário bruto + média de hora extra) / 30
x dias de férias usufruídas.

Um funcionário recebe o salário de R$ 2.500,00 e gozará de 15 dias de férias.


O valor médio de horas extras que recebeu durante o ano foi R$ 500,00.
Calcule o valor que terá a receber:

Valor: R$ 2.500 + R$ 500 = R$ 3.000,00.

30 dias = R$ 3.000/30 * 15 dias = R$ 1.500,00. O valor referente às férias que o


funcionário tem direito a receber é de R$ 1.500,00.

A Constituição Federal, em seu art. 7º, inciso XVII, assegura o gozo de férias
anuais com, pelo menos, um terço a mais do salário normal (1/3 constitu-
cional).

R$ 1.500,00 / 3 = R$ 500,00.

Total a receber = R$ 1.500,00 (férias) + (1/3 salário das férias) R$ 500 = R$


2.000,00.

Descontos

Do valor das férias, desconta-se a contribuição ao INSS e, caso seja aplicável,


o Imposto de Renda.

152 SUMÁRIO
Prática Contábil II

No entanto, não se desconta INSS e IRRF de abono pecuniário (arts. 6 e 28,


§9º da Lei nº 8.212/91; SD COSIT nº 1/2009).

Veja um exemplo de um demonstrativo de férias: um funcionário tem o salá-


rio de R$ 4.000,00 mensais. Gozar de 30 dias de férias. Elabore o demonstra-
tivo de férias desse funcionário.

Valor 30 dias = R$ 4.000,00.

1/3 Férias = R$ 4.000.00/3 = R$ 1.333,33.

O funcionário receberá = R$ 5.333,33.

Os descontos na folha serão:

INSS (consultar a tabela do INSS = R$ 5.333,33 * 11% = R$ 586,63.

Para calcular o Imposto de Renda, tem-se = R$ 5.333,33 – R$ 586,63 = R$


4.746,70 (consultar a tabela do Imposto de Renda).

IR = R$ 4.746,70 * 27,5% = R$ 1.305.34 (verificar na tabela o valor a deduzir) =


R$ 1.305,34 – R$ 869,36 = R$ R$ 435,98.

Veja como fica o demonstrativo:

TABELA 9 - DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO DE FÉRIAS

PROVENTOS DESCONTOS
Férias R$ 4.000,00 INSS R$ 586,67
1/3 sobre férias R$ 1.333,33 Imposto de Renda R$ 435,97
Total proventos R$ 5.333,33 Total descontos R$ 1.022,64
Total líquido a receber R$ 4.310,69
Fonte: Elaborado pela autora.

SUMÁRIO 153
Prática Contábil II

Imagine que no exemplo apresentado a empresa não concedeu férias no período


aquisitivo, nem no período concessivo, portanto, conforme o art. 134 da CLT, o funcio-
nário tem direito a receber férias em dobro, veja como fica:

TABELA 10 - DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO DE FÉRIAS

PROVENTOS DESCONTOS

Férias R$ 4.000,00 INSS R$ 586,67

1/3 sobre férias R$ 1.333,33 Imposto de Renda R$ 435,97

Férias R$ 4.000,00

1/3 sobre férias R$ 1.333,33

Total proventos R$ 10.666,67 Total descontos R$ 1.022,64

Total líquido a receber R$ 9.644,03

Fonte: Elaborado pela autora.

Observe que as férias pagas em dobro não têm incidência de INSS e FGTS. O IRRF
deve ser calculado junto com o restante das férias.

Veja agora como as férias devem ser registradas na contabilidade.

5.2.2 REGISTRO CONTÁBIL: FÉRIAS

Para contabilizar as férias, deverá ser realizado o registro no livro diário. Primeiro,
recorde que a contabilidade deve seguir o regime de competência. O valor das férias
deve ser contabilizado nas contas de despesas operacionais, se o funcionário trabalha
diretamente com a produção, esse montante será registrado como custos.

Conforme é realizada a apropriação do 13º salário, a empresa faz a apropriação das


férias.

Veja um exemplo prático:

154 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Uma indústria apresenta o seguinte valor bruto da folha de pagamento dos


seus seis funcionários: R$ 36.000,00. Veja como a contabilidade da empresa
deverá fazer a apropriação das férias desses funcionários no mês de janeiro.

Valor da folha de pagamento: R$ 36.000,00.

Valor mensal da apropriação: R$ 36.000,00/12 = R$ 3.000,00.

1/3 sobre férias = R$ 1.300,00.

A contabilidade deverá realizar a seguinte apropriação mensal: R$ 3.000,00


+ R$ 1.000,00 = R$ 4.000.

Em seguida, calculará a apropriação da contribuição previdenciária:

20% * R$ 4.000 = R$ 800,00.

E FGTS sobre férias: 8% * R$ 4.000,00 = R$ 320,00.

A contabilização será da seguinte forma:

a. Férias

D – Despesa com férias – Conta de resultado despesa operacional.

a C – Férias a pagar – Conta passivo circulante – R$ 4.000,00.

b. Contribuição previdenciária

D – Contribuição previdenciária sobre férias – Conta resultado despesas


operacional.

a C – Contribuição previdenciária sobre férias a recolher: R$ 800,00 – Conta


passivo circulante.

c. FGTS

D – Contribuição previdenciária sobre férias – Conta resultado despesas


operacional.

a C – Contribuição previdenciária sobre férias a recolher: R$ 800,00 – Conta


passivo circulante.

SUMÁRIO 155
Prática Contábil II

Durante o ano, as alterações salariais devem ser atualizadas utilizando o mesmo


processo realizado na apropriação do 13º salário.

O pagamento do valor das férias deverá ser feito até dois dias antes do início do
empregado iniciar o gozo destas.

O funcionário Antônio José gozará de suas férias e recebe um salário mensal de


R$ 6,000,00. Veja o demonstrativo e o lançamento contábil.

TABELA 11 - DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO DE FÉRIAS

PROVENTOS DESCONTOS

Férias R$ 6.000,00 INSS R$ 642,34


1/3 sobre férias R$ 2.000,00 Imposto de Renda R$ 1.154,00
Total proventos R$ 8.000,00 Total descontos R$ 1.796,34
Total líquido a receber R$ 6.203,66
Fonte: Elaborado pela autora.

D – Férias a pagar: R$ 6.203,66 – Conta passivo circulante.


a C – Caixa/banco: R$ 6.203,66 passivo circulante.
D – Férias a pagar – Conta passivo circulante.
a C – Imposto de Renda a recolher – R$ 1.154,00.
D – Férias a pagar: R$ 6.203,66 – Conta passivo circulante.
a C – INSS a recolher – R$ 642,34.
D – Contribuição de Previdência sobre férias a recolher – 20% * R$ 8.000 = R$
1600,00 – Conta passivo circulante.
a C – Caixa/banco – Passivo circulante.
D – FGTS a recolher – 8% * R$ 8.000 = R$ 640,00 – Conta passivo circulante.
a C – Caixa/banco – Passivo circulante.
D – FGTS a recolher – 8% * R$ 8.000 = R$ 640,00 – Conta passivo circulante.
a C – Caixa/banco – Passivo circulante.

156 SUMÁRIO
Prática Contábil II

E assim se encerra esta unidade na qual foram abordados temas tão importantes
para o estudante de contabilidade, como férias e 13º terceiro. É fundamental que o
profissional contábil saiba contabilizar a folha de pagamentos, bem como devem ser
realizados os cálculos de férias e 13º. O registro contábil correto impede que a empre-
sa seja multada por não atender à legislação trabalhista e torna o processo transpa-
rente para eventual fiscalização. Além do mais, todo funcionário que trabalha no regi-
me CLT deve conhecer as leis e normas para o cálculo desses benefícios trabalhistas.

CONCLUSÃO
Finaliza-se esta unidade no qual foram abordados os temas 13º salário e férias, assun-
tos relevantes para a contabilidade, pois o registro desses fatos demanda conheci-
mentos técnico contábil, das leis trabalhistas e dos cálculos previdenciários.

Estudar esses temas é relevante para o aluno de ciências contábeis, por fazer parte
da sua rotina profissional. Mas também é interesse para todos os funcionários que
trabalham pelo regime CLT. Poucas pessoas conhecem seus direitos e os encargos
trabalhistas que pagam ao receber o 13º e no gozo de suas férias. Aprender quais são
os seus direitos e obrigações fiscais é um direito do cidadão.

É necessário lembrar que em 2017 houve uma reforma trabalhista e que novas refor-
mas podem acontecer em curto prazo. Assim, é necessário que o profissional contábil
esteja sempre se atualizando por meio de cursos específicos da área.

Espera-se que você continue buscando esse conhecimento tão importante e divul-
gue os direitos dos funcionários. Pois, se todos conhecerem as leis trabalhistas, é mais
fácil realizar o planejamento financeiro. E siga os estudos, porque não termina por
aqui, ainda há muito o que aprender!

SUMÁRIO 157
Prática Contábil II

UNIDADE 6
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Descrever as normas da lei da CLT no que diz


respeito à rescisão contratual.

> Aplicar os cálculos trabalhistas da rescisão de


trabalho em diferentes situações.

> Identificar na contabilidade os valores da rescisão


contratual e seu provisionamento.

> Identificar o software contábil mais adequado para


a empresa realizar o cálculo da rescisão contratual.

158 SUMÁRIO
Prática Contábil II

6 RESCISÃO CONTRATUAL
Nesta unidade, será abordado o tema rescisão contratual, que nada mais é do que a
formalização do término do contrato de trabalho ou vínculo empregatício, que pode
acontecer ou por vontade da empresa (empregador) ou por vontade do funcionário.
Iremos, então, calcular o valor da rescisão de contrato e os encargos desse término
empregatício em situações diferentes de demissão: por justa causa, sem justa causa,
por decisão do funcionário e acordo entre as partes. Além da rescisão iremos calcular
o aviso prévio e saldo de salários, bem como os impostos que incidem sobre a resci-
são do contrato.

Veremos também como a contabilidade deverá registrar os fatos que envolvem o


processo de rescisão, o que a legislação determina para que possa ser finalizado o
contrato de trabalho, e o uso de softwares contábeis para o cálculo da rescisão.

Todo esse processo deve ser estudado com muita atenção, porque esses cálculos
demandam cuidados para que a empresa faça tudo conforme determina a lei da
CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) evitando reclamações judiciais por parte do
empregado que foi desligado da empresa. Portanto, bons estudos, muita atenção
aos detalhes que serão explicados nesta unidade e não se esqueça de fazer a leitura
do material complementar.

Vamos adiante!

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, serão demonstrados os processos que devem ser realizados pela
empresa no momento da rescisão contratual, que nada mais é que o término do
contrato de funcionário com a empresa.

A rescisão pode ocorrer a pedido do empregado ou a pedido da empresa, nas duas


situações teremos alguns aspectos específicos, como: o aviso prévio (e como deve ser
calculado), impostos incidentes, e, no caso de demissão sem justa causa, a multa para
a empresa.

SUMÁRIO 159
Prática Contábil II

É interessante que nesse momento a empresa cumpra com a lei trabalhista e faça
todo o processo de forma clara e transparente para não deixar dúvidas ao funcionário,
evitando reclamações trabalhistas. É importante também que o funcionário conheça
seus direitos e deveres no término do seu contrato de trabalho e saiba calcular o valor
da sua rescisão junto com a empresa.

É responsabilidade do Departamento de Pessoal realizar os cálculos da rescisão e


informar ao trabalhador o que está sendo pago. Nesse processo, a contabilidade
deve contribuir com os cálculos dos valores da rescisão e registrar os lançamentos
de forma correta para efeito de fiscalização. Sendo assim, é importante para você,
enquanto funcionário contábil conhecer as leis e os cálculos da rescisão para o devi-
do exercício profissional.

Bons estudos!

6.1 CONCEITO DE RESCISÃO CONTRATUAL

A rescisão do contrato de trabalho é o momento em que trabalhador e empregado


põem fim ao vínculo empregatício. Esse término do contrato de trabalho pode ocor-
rer em diferentes situações:

• Por mútuo acordo entre as partes, ou seja, empregado e empregador decidi-


ram que chegou o momento do término do contrato trabalhista.

• Segundo a legislação, se o trabalhador lesar a empresa, este pode ser punido


com a demissão por justa causa.

• O empregador pode não querer mais o serviço do empregado ou não precisar


e demitir sem justa causa.

• O empregado tem o direito de pedir demissão da empresa em que trabalha.

• Pode ser antecipado o contrato de experiência por iniciativa do empregador


que decide interromper o contrato de experiência.

• Pode ser antecipado o contrato de experiência por iniciativa do trabalhador


que decide interromper o contrato de experiência.

• Por prazo determinado, se o contrato for finalizado, conforme o prazo previsto


para o término.

160 SUMÁRIO
Prática Contábil II

• Morte do trabalhador.

• Aposentadoria.

• A empresa deixa de existir juridicamente.

O motivo do término do contrato de trabalho é importante, porque reflete diretamen-


te no cálculo de rescisão e nas parcelas que devem ou não ser prestadas pelo empre-
gador no momento do acerto das contas com o empregado. Portanto, é importe
que você compreenda que a rescisão de contrato é o rompimento de um acordo de
trabalho realizado entre empregado e empresa. Nesse caso, o trabalhador tem direi-
to a receber as chamadas verbas rescisórias.

Entenda, a seguir, quais são os direitos rescisórios (verbas rescisórias) para o contrato
por prazo indeterminado, conforme o Informativo Trabalhista:

• Saldo de salário;

• Aviso prévio;

• 13º Salário proporcional;

• Férias vencidas acrescidas de 1/3 constitucional;

• Férias proporcionais acrescidas de 1/3 constitucional;

• Indenização adicional – se a dispensa ocorrer 30 dias antes da data da correção salarial


(dissídio salarial/reajuste salarial).

• Salário família proporcional se for o caso;

• FGTS – da rescisão e mês anterior;

• Multa de 40% sobre o Saldo depositado do FGTS e também sobre o mês da resci-
são e mês anterior no caso de demissão por justa causa. (INFORMATIVO TRABALHISTA,
[2015]).

SUMÁRIO 161
Prática Contábil II

Em muitos países, os empregados têm contratos de trabalho com regras


que preveem indenizações e aviso prévio em caso de demissão. Veja resumi-
damente, a seguir, os direitos dos empregados quando são desligados em
diferentes países:

• México: os trabalhadores recebem três meses de salário mais um


adicional de vinte (20) dias de pagamento por ano de serviço.

• Japão: os empregadores devem dar trinta (30) dias de aviso prévio aos
trabalhadores.

• Alemanha: os empregadores devem dar aviso prévio de até sete (7)


meses, além de duas semanas de salário para cada ano de serviço.

• Rússia: os empregadores devem dar pelo menos dois (2) meses de


aviso prévio; e os trabalhadores têm direito a uma indenização de
pelo menos um mês de salário.

• Reino Unido: os empregadores devem dar um aviso prévio de uma


semana por ano de serviço, até o máximo de doze (12) semanas.

O livro Cálculos Trabalhistas, de Aristeu de Oliveira, editora Atlas (29ª edição),


está atualizado com a reforma trabalhista que ocorreu em 2017. Nessa obra
os cálculos são apresentados de forma didática para a compreensão do
aluno.

Passado o entendimento do que é rescisão contratual, vamos compreender cada


direito trabalhista no ato do pagamento da rescisão e o seu cálculo. Iniciaremos pelos
conceitos de saldo de salário, hora extra e adicional noturno.

162 SUMÁRIO
Prática Contábil II

6.2 DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA

A demissão sem justa causa ocorre quando a empresa demite o funcionário sem
nenhuma razão legal, em outras palavras, a empresa não necessita mais dos serviços
do funcionário e resolve demiti-lo sem nenhum motivo grave. Nesse caso, o cálculo
da rescisão deverá ser realizado conforme as normas trabalhistas. Veja, a seguir, como
é feito esse cálculo.

6.2.1 CALCULANDO: SALDO DE SALÁRIO, HORAS


EXTRAS E ADICIONAL NOTURNO NA RESCISÃO
CONTRATUAL

Entenda que saldo de salário é o valor do pagamento do saldo dos dias trabalhados
no mês até a data oficial do desligamento do funcionário. Veja o exemplo a seguir de
como é esse cálculo.

O funcionário João Henrique ganha R$ 5.000 e foi desligado sem justa causa,
no dia vinte (20) de outubro, da empresa na qual trabalhava. Vamos calcular
os valores que João Henrique terá direito a receber na sua rescisão contra-
tual: R$ 5.000,00/30 dias = R$ 166,67 * 20 dias trabalhados = R$ 3.333,33.

Vamos supor que João Henrique fez horas extras no mês de outubro, portan-
to, tem o direito de receber o valor dessas horas extras na sua rescisão. Veja
o cálculo.

• Considerando uma jornada de 220 horas mensais = R$ 5.000,00/220 =


R$ 22,72. O valor da hora extra são 50% a mais do que o valor da hora
normal (art. 59, §1º, da CLT) = R$ 22,72 + 50% = R$ 34,08.

• Supondo que foram 10 horas extras no mês de outubro, ele terá o


direito de receber R$ 340,08. Sendo assim, João terá o direito a:

SUMÁRIO 163
Prática Contábil II

Saldo de salário: R$ 3.333,33.

Hora extra: 10 h = R$ 340,08.

O adicional noturno também é somado à rescisão trabalhista, conforme o


exemplo a seguir: o valor da hora de João Henrique é de R$ 5.000,00/220
horas = R$22,72. O adicional de horas extras é 20% somado ao valor da hora,
portanto, o valor da hora do adicional noturno é de R$ 22,72 + 20% = R$
27,26.

Se João Henrique, no mês de outubro, fez 20 horas noturnas, tem o direito de


receber: R$ 27,26 * 20 horas = R$ 545,20,

Sendo assim, até o momento, João Henrique tem direito a receber na sua
rescisão contratual os seguintes valores:

Saldo de salário: R$ 3.333,33.

Horas extras: R$ 340,08.

Adicional noturno: R$ 542,20.

Total de saldo salário: R$ 4.197,61.

Mas esses não são os únicos valores a que João tem direito, ainda temos que calcular
o seu aviso prévio. Veja adiante, o conceito de aviso prévio.

6.2.2 AVISO PRÉVIO

Quando o empregado ou a empresa decide rescindir o contrato de trabalho, a lei


determina que a outra parte deva antecipadamente ser notificada por meio do aviso
prévio. Segunda a Lei nº 12.506, de 11 de outubro de 2011, o aviso prévio é a comu-
nicação formal de que o contrato de trabalho será finalizado e pode ser chamado
também de denúncia do contrato de trabalho por prazo indeterminado.

164 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Veja as regras para o pagamento do aviso prévio:

a. Para o empregado que tem um ano de tempo de serviço na empresa, este


tem direito a trinta (30) dias de aviso prévio.

b. Para o empregado que tem mais do que um ano de trabalho na empresa,


passa a ter direito, a cada ano de serviço, a um complemento de três dias, limitados
a noventa (90) dias. Portanto, para atingir os noventa (90) dias, o empregado terá que
trabalhar para o empregador pelo menos vinte e um (21) anos ininterruptos, confor-
me a Lei nº 12.506/2011.

Veja um exemplo prático:

Um empregado trabalha por 5 (cinco) anos em uma empresa e foi demiti-


do sem justa causa. Para cada ano trabalhado na empresa, esse funcionário
terá direito a 3 (três) dias de aviso prévio. Assim sendo, 5 anos x 3 dias = 15
dias de aviso.

O total do aviso prévio desse funcionário será de 45 (quarenta e cinco dias),


sendo 30 dias + 15 dias pelos anos trabalhados. Vamos supor que o empre-
gado tenha pedido demissão – nesse caso, o aviso prévio é de apenas 30 dias.

Quando a empresa decide desligar o funcionário, esta irá escolher se o funcionário


cumpre o aviso trabalhando ou se o dispensa automaticamente e paga a multa. Quan-
do a empresa dispensa e paga a multa do funcionário, essa modalidade é denomi-
nada aviso prévio indenizado. Veja o exemplo do cálculo do aviso prévio indenizado.

SUMÁRIO 165
Prática Contábil II

Um empregado que recebe um salário de R$ 3.000,00 mensais e recebe


adicional de periculosidade terá o seguinte valor a receber: salário de R$
3.000,00 + (30% do adicional de periculosidade) = R$ 3.000,00 + 900,00 = R$
3.900,00 de aviso prévio.

João Henrique trabalhou por 4 anos na empresa, e seu salário foi de R$


5.000,00. A empresa o demitiu sem justa causa com aviso prévio indenizado.
O art. 487 e seguintes da CLT estabelecem que deve integrar o aviso prévio,
para todos os efeitos legais, o valor das horas extras habitualmente prestadas.

O entendimento jurisprudencial é que, havendo outros adicionais pagos


com habitualidade de natureza salarial, esses também deverão integrar a
base de cálculo.

Portanto, ao calcular o aviso prévio do João Henrique, devemos considerar no


cálculo a média das horas extras e dos adicionais do último ano trabalhado.

• Salário de R$ 5.000,00.

• Média de adicional noturno (últimos dozes meses trabalhados): R$


500,00.

• Total: R$ 6.000,00.

166 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Para calcular o valor do seu aviso prévio:

• Primeiro, vamos calcular a quantidade de dias do aviso prévio do João


Henrique: 1º ano, 33 dias; 2º ano, 3 dias; 3º ano, 3 dias; e 4º anos, 3 dias.
Somando: 30 + 3 + 3 + 3 = 42 dias.

• Faremos a regra de três: 30 = salário de R$ 6.000,00.

• Portanto, para 42 dias, teremos: R$ 6.000/30 * 42 = aviso prévio de R$


8.400,00.

Se a empresa decidir, ao invés de pagar a multa, solicitar ao empregado que continue


trabalhando por mais um mês, o funcionário tem direito de negociar a quantidade
de horas diárias trabalhadas sem acarretar perda salarial. Se o empregado solicitar o
desligamento, a empresa poderá decidir pelo cumprimento ou não do aviso prévio.

A CLT garante a estabilidade provisória em algumas situações em que o


empregado estiver cumprindo o aviso prévio. Por exemplo: se a funcionária
engravidar durante o aviso, terá estabilidade no emprego até cinco meses
após o parto. Se houver um acidente de trabalho ou doença ocupacional
durante o aviso prévio, o empregado terá estabilidade no emprego de até
um ano após a alta dada pelo médico.

O décimo terceiro salário, ou gratificação natalina, e as férias deverão ser calculados


na rescisão contratual. Veja, a seguir, como cada fazer os cálculos.

SUMÁRIO 167
Prática Contábil II

6.3 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

O décimo terceiro salário é um direito do funcionário, e, no ato do seu desligamento,


deverá ser pago o valor proporcional correspondente a cada 1/12 do salário total por
mês de trabalho. O décimo terceiro proporcional refere-se aos meses trabalhados
pelo profissional durante o ano. Esse direito é previsto a todos os funcionários que
atuam sob o regime CLT, ou seja, com carteira assinada.

Quando o funcionário trabalhou menos de quinze (15) dias no mês, não tem direi-
to a receber o décimo terceiro referente ao período, assim como o funcionário que
se ausentar por um período superior a quinze (15) dias sem justificativa perderá um
doze avos (1/12) do décimo terceiro salário.

A empresa deverá cumprir a lei para evitar multas, problemas com a fiscalização
trabalhista e reclamações na justiça do trabalho. O artigo 467 da CLT determina que,
no caso de erros nos cálculos da rescisão, a empresa terá que pagar ao funcionário,
diante do juiz, o valor que faltou no cálculo acrescido de cinquenta porcento (50%).

Veja na prática como é feito o cálculo do décimo terceiro salário na rescisão contratual.

Voltemos ao exemplo do funcionário João Henrique. Ao calcular o décimo


terceiro, devemos considerar a média das horas extras e dos adicionais.

• Salário de R$ 5.000,00.

• Média de adicional noturno (últimos dozes meses trabalhados): R$


500,00.

• Média de hora extra (últimos dozes meses trabalhados): R$ 500,00.

• Total: R$ 6.000,00.

168 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Faremos o seguinte cálculo:

• Décimo terceiro salário – demitido no dia 20 de outubro = R$ 6.000/12


meses = R$ 500,00 * 10 meses trabalhados = R$ 5.000,00.

• Deverá ser realizado o cálculo do 13º indenizado, ou seja, o valor


correspondente ao aviso prévio: R$ 6.000,00/12 = R$ 500,00.

• Então, teremos:

• Décimo terceiro proporcional (10/12) = R$ 5.000,00 + décimo terceiro


indenizado (1/12) = R$ 500,00, totalizando R$ 5.500,00.

Veja, a seguir, como será realizado o cálculo das férias na rescisão contratual. Preste
atenção aos detalhes, são muito importantes!

6.4 FÉRIAS

As férias constituem um direito adquirido após doze (12) meses de trabalho conse-
cutivo. Na rescisão contratual, o funcionário tem o direito de receber o valor das férias
que corresponde ao seu último salário, somado aos adicionais e horas extras recebi-
dos durante o ano.

O funcionário João Henrique tem férias vencidas, ou seja, não gozou das
férias durante o período aquisitivo. Veja como ficará o cálculo na rescisão.

• Admissão: 2 de janeiro de 2014.

• Desligamento: 20 de outubro de 2018.

• Último dia de aviso prévio: 20 de novembro de 2018.

SUMÁRIO 169
Prática Contábil II

• Período aquisitivo vencido: 02/01/2017 até 01/01/2018.

• Salário de R$ 5.000,00.

• Média de adicional noturno (últimos dozes meses trabalhados): R$


500,00.

• Média de hora extra (últimos dozes meses trabalhados): R$ 500,00.

• Total: R$ 6.000,00.

Veja os cálculos que devem ser realizados no ato da rescisão contratual.

1. Cálculo das férias vencidas:

• Salário de R$ 6.000,00.

• 1/3 de abono de férias: R$ 2.000,00.

2. Cálculo das férias proporcionais: período aquisitivo de 02/01/2018 até


20/10/2018.

• Cálculo: 1/12 de janeiro; 1/12 de fevereiro; 1/12 de março; 1/12 abril;


1/12 de maio; 1/12 de junho; 1/12 de julho; 1/12 de agosto; 1/12 de
setembro; e 1/12 de outubro = 10/12 de férias proporcionais.

• Salário-base/12 meses = valor das férias proporcionais a pagar = R$


6.200,00/12 = R$ 500,00 * 10 meses = R$ 5.000,00.

• 1/3 sobre as férias proporcionais = R$ 5.000,00/3 = R$ 1.666,66.

3. Cálculo das férias indenizadas (aviso prévio).

• 1/12 de novembro = 1/12 de férias indenizadas.

• Salário-base/12 meses = valor das férias indenizadas a pagar = R$


600,00/12 = R$ 500,00.

• 1/3 sobre o valor das férias indenizadas = R$ 500,00/3 = R$ 166,66

170 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Portanto, João Henrique tem direito a receber indenização sobre as férias.

• Férias vencidas: R$ 6.000,00.

• 1/3 sobre férias: R$ 2.000,00.

• Férias proporcionais: R$ 5.000,00.

• 1/3 sobre férias proporcionais: R$ 1.666.66.

• Férias indenizadas: R$ 500,00.

• 1/3 sobre as férias indenizadas: R$ 166,66.

• Total: R$ 15.333.32.

As férias indenizadas, inclusive em dobro ou proporcionais, não estão sujei-


tas à incidência da Previdência Social (INSS). Segundo a Lei nº 8.212/91, art.
28, parágrafo 9º, alínea d do Plano de Custeio da Previdência Social, com
Redação pela Lei nº 9.528, de 10/12/1997, e também isenta do IRRF, confor-
me Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 014/2005.

Você pode observar que no cálculo da remuneração das férias vencidas, proporcio-
nais e indenizadas na rescisão do contrato de trabalho será acrescido o valor corres-
pondente a um terço sobre as respectivas verbas (férias vencidas + férias proporcio-
nais + férias indenizadas).

A partir dos cálculos realizados na rescisão do João Henrique, iremos elaborar a resci-
são contratual com os descontos do INSS e IRRF. Seguiremos os cálculos consultando
as tabelas de INSS e IRPF:

SUMÁRIO 171
Prática Contábil II

QUADRO 9 - ALÍQUOTAS DO INSS, 2019

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTAS

Até 1.751,81 8%
De 1.751,82 até 2.919,72 9%
De 2.919,73 até 5.839,45 11%

Fonte: Adaptado de TABELA INSS, 2019.

QUADRO 10 - ALÍQUOTAS DE IMPOSTO DE RENDA, 2019

PARCELA A DEDUZIR NO IRPF


BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTAS (%)
(R$)
Até 1.903,98 - -
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36

Fonte: Adaptado de BRASIL, 2015.

Lembre-se que o valor máximo de pagamento do INSS são R$ 642,34.

Após realizarmos todos os cálculos, o demonstrativo de pagamento de rescisão


contratual do funcionário João Henrique será:

QUADRO 11 - DEMONSTRATIVO DE RESCISÃO CONTRATUAL

Fonte: Elaborado pela autora.


PROVENTOS DESCONTOS
Saldo de salário R$ 4.197,00 INSS sobre saldo de salário 11% R$ 461,67
IRRF sobre saldo de salário 22,5% R$ 204,32
Aviso prévio R$ 8.400,00 INSS sobre aviso prévio Teto R$ 642,34
IRRF sobre aviso prévio 27,5% R$ 1.264,00
Décimo terceiro INSS sobre 13º (proporcio-
R$ 5.000,00 11% R$ 605,00
proporcional nal e indenizado)
Décimo terceiro inde- IRRF sobre 13º (proporcio-
R$ 500,00 27,50% R$ 476,77
nizado nal e indenizado)
Férias vencidas R$ 6.000,00
Abono de 1/3 de férias
R$ 2.000,00
vencidas

172 SUMÁRIO
Prática Contábil II

PROVENTOS DESCONTOS
Férias proporcionais R$ 5.000,00
Abono de 1/3 de férias
R$ 1.666,67
proporcionais
Férias indenizadas R$ 500,00
Abono de 1/3 de férias
R$ 166,67
indenizadas
Total de proventos R$ 33.430,33 Total de descontos R$ 3.654,09
Total líquido a receber R$ 29.776,24

Fonte: Elaborado pela autora.

Por meio do demonstrativo é possível verificar que R$ 29.776,24 é o valor líquido que
João Henrique deverá receber da empresa após o término do contrato do trabalho,
ou seja, na execução do cálculo das verbas da rescisão do contrato de trabalho foram
consideradas as incidências para desconto e dedução do INSS, Imposto de Renda
Retido na fonte, conforme tabelas em vigor na ocasião, e o recolhimento do FGTS,
que será realizado a seguir.

Observe que sobre as férias vencidas e proporcionais não incidiram INSS e


IRPF, isto ocorre porque, segundo a legislação, férias não gozadas são indeni-
zações e não rendimento do trabalhador.

Entenda, a seguir, as regras para a empresa recolher o FGTS.

6.5 PAGAMENTO DA RESCISÃO E FUNDO DE


GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS

O pagamento da rescisão do contrato de trabalho, seguindo o artigo 477, § 6°, deve


ser feito da seguinte forma:

SUMÁRIO 173
Prática Contábil II

I. Será realizado até o primeiro dia útil seguinte ao término do contrato de traba-
lho, quando for rescisão sem justa causa e houver aviso prévio trabalhado,
contrato por prazo determinado ou contrato de experiência.

II. Ou poderá ser pago até o décimo dia contado da data da notificação da
dispensa, quando for aviso prévio indenizado, pedido de demissão ou quando
o trabalhador for dispensado do seu cumprimento.

É importante que a empresa saiba que, segundo o artigo 477 da CLT, § 8º, se houver
atraso no prazo de pagamento, a empresa fica sujeita à multa para o trabalhador no
valor correspondente a um salário nominal (último salário-base).

É necessário calcular oito porcento (8%) sobre as verbas rescisórias que incidem para
o cálculo do FGTS, com exceção do aviso prévio indenizado. O trabalhador que foi
dispensado sem justa causa tem o direito a receber a multa de quarenta porcento
(40%) sobre o saldo da conta vinculada e atualizado do FGTS do mês, acrescido do
resultado do cálculo inserido em campo próprio da Guia de Recolhimento Rescisó-
rio do FGTS e da Contribuição Social. O valor atualizado do saldo da conta vinculada
do FGTS é fornecido para a empresa através do extrato para fins rescisórios da Caixa
Econômica Federal.

Após realizar os cálculos e os recolhimentos dos valores rescisórios, a empresa irá soli-
citar à Caixa Econômica Federal a chave de identificação do trabalhador, que consiste
em um número de acesso entregue ao trabalhador no ato da homologação da resci-
são.

Compete à empresa comunicar a rescisão do contrato com funcionário, tendo ela


prazo de dez (10) dias para fornecer toda a documentação de encerramento do
contrato. O trabalhador somente precisa aguardar cinco (5) dias úteis para receber os
depósitos da sua conta vinculada. O Departamento de Pessoal deve anotar o núme-
ro da chave de identificação do trabalhador no Termo de Rescisão de Contrato de
Trabalho (TRCT).

Até o momento, você entendeu um pouco mais sobre a demissão sem justa causa,
no entanto, caso o empregado cometa algum ato ilícito ou falho, a empresa poderá
demiti-lo por justa causa. Veja, a seguir, como são os cálculos nesse caso.

174 SUMÁRIO
Prática Contábil II

6.6 DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA

É possível que em algumas situações o empregado possa cometer falta grave e o


empregador consiga provas das atitudes ilícitas do empregado e, assim, realizar a
demissão por justa causa. Conforme o artigo 482 da CLT, constitui justa causa para a
rescisão do contrato de trabalho, apresentado pelo Guia Trabalhista:

1. 
Ato de improbidade: apropriar-se indevidamente de algo que não lhe
pertence; atentar contra o patrimônio da empresa ou de colegas trabalha-
dores.

2. Incontinência de conduta ou mau procedimento: desrespeito às normas


da sociedade (sexualidade, pudor, assédio sexual, pornografia, obscenidade
etc.). O mau procedimento é caracterizado pelo assédio moral.

3. Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empre-


gador. Em outras palavras, se o empregado abrir uma empresa concorrente
à empresa na qual trabalha, sem o consentimento do seu empregador, ele
pode ser mandado embora por justa causa.

4. Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha


havido suspensão da execução da pena.

5. Negligência no trabalho que causa prejuízo para a empresa.

6. Desídia: consiste na repetição de pequenas faltas leves.

7. Embriaguez ou uso de drogas habitual ou em serviço, que para ser confir-


mada é necessário um exame médico pericial.

8. Violação de segredo da empresa: quando o trabalhador tem sobre sua


responsabilidade segredos estratégicos que possam impactar na compe-
titividade da empresa e o empregado revela estes segredos para empresas
concorrentes.

9. Ato de indisciplina ou de insubordinação. Consiste nas ofensas aos colegas


de trabalho ou superiores.

10. 
Abandono de emprego: Se o empregado não comparecer à empresa
durante 30 dias sem justificar, a empresa deverá comunicar o abandono
ao trabalhador por meio de telegrama ou carta registrada e anunciar em
jornais de grande circulação, como por exemplo o Diário Oficial.

11. Prática de jogos de azar.

12. Agressões e ofensas físicas.

13. Atos contra a segurança nacional.

14. Ofensa moral ao empregador ou aos colegas. (GUIA TRABALHISTA, [2019]).

SUMÁRIO 175
Prática Contábil II

No caso da demissão por justa causa, o empregado perde alguns direitos que teria
na dispensa sem justa causa, como: aviso prévio, 13º salário, férias proporcionais com
abono de um terço (1/3), e a multa de quarenta porcento (40%) sobre o saldo do
FGTS. Além dessas perdas, o empregado não pode sacar o fundo de garantia e nem
pedir seguro-desemprego. E, no caso de ter menos de um ano de empresa, somente
terá direito ao saldo de salário mensal e salário família.

É importante ressaltar que demitir um empregado por justa causa é um processo


complexo, já que a legislação protege o trabalhador contra os abusos das empresas.
O funcionário demitido por justa causa tem o direito de recorrer à Justiça do Traba-
lho, por meio de uma ação. Após essa ação entrar na Justiça, serão analisados a resci-
são do contrato de trabalho e o motivo da justa causa. A Justiça Trabalhista poderá
requerer o pagamento desse funcionário, seguindo as normas do desligamento sem
justa causa. Após três anos, o FGTS poderá ser sacado.

Ainda temos uma outra situação dentro da rescisão contratual, que é quando o
empregado toma a iniciativa de pedir demissão e rescindi o seu contrato de traba-
lho, veja como são as regras.

6.7 PEDIDO DE DEMISSÃO E DEMISSÃO


CONSENSUAL

O contrato de trabalho pode ser rescindido por iniciativa do empregado, que, nesse
caso, deverá comunicar o seu pedido de demissão à empresa por meio de uma carta
formal em duas vias. Deverá também conceder trinta (30) dias de aviso prévio para
que a empresa possa buscar um substituto e se reorganizar com as atividades. Como
o funcionário pediu demissão, ele não terá direito à redução da jornada em duas
horas durante o aviso prévio.

Mas, caso o empregado não apareça durante os trinta (30) dias, a empresa poderá
descontar o valor do aviso prévio na sua rescisão. Uma alternativa que ocorre com
frequência é a empresa dispensar o empregado do aviso prévio e pagar suas verbas
rescisórias.

A empresa deverá pagar a verba rescisória em até dez (10) dias. Caso não ocorra esse
pagamento, a empresa estará sujeita ao pagamento de multa para o funcionário.

176 SUMÁRIO
Prática Contábil II

O empregado terá direito a receber: saldo de salário; férias vencidas e proporcionais,


com adicional de 1/3; 13º proporcional e depósito mensal do FGTS. Não poderá sacar
o Fundo de Garantia nem receber a multa, bem como não tem direito ao seguro-de-
semprego.

Entenda como funciona o cálculo nesse caso, a seguir.

A funcionária Maria Filomena, que recebe salário de R$ 4.000,00, tem férias


vencidas e pediu demissão no dia 18/04/2018. A funcionária cumpriu o aviso
prévio e foi admitida em 02/01/2017.

• Saldo de salário de R$ 4.000,00 = R$ 4.000,00/30 dias * 18 dias = R$


2.400,00.

• 13º proporcional = R$ 4.000,00/12 * 4 = R$ 1.333,33.

• Férias vencidas = R$ 4.000,00.

• 1/3 de férias vencidas = R$ 1.333,33.

• Férias proporcionais = R$ 4,000/12 * 4 = R$ 1.333,33.

• 1/3 de férias proporcionais = R$ 444,44.

Veja o demonstrativo de pagamento com os devidos descontos:

QUADRO 12 - DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO

PROVENTOS DESCONTOS
Saldo de salário R$ 2.400,00 INSS sobre saldo de salário 9% R$ 216,00
Décimo terceiro
R$ 1.333,33 IRRF sobre saldo de salário 7,5% R$ 21,00
proporcional
INSS sobre 13º (proporcio-
Férias vencidas R$ 4.000,00 8% R$ 106,67
nal e indenizado)
Abono de 1/3 de férias IRRF sobre 13º (proporcio-
R$ 1.333,33 Isento
vencidas nal e indenizado)
Férias proporcionais R$ 1.333,33

SUMÁRIO 177
Prática Contábil II

PROVENTOS DESCONTOS
Abono de 1/3 de férias
R$ 444,44
vencidas
Total de proventos R$ 10.844,44 Total de descontos R$ 343,67
Total líquido a receber R$ 10.500,77

Fonte: Elaborado pela autora.

A reforma trabalhista aprovada no ano de 2017 trouxe uma nova opção para a resci-
são contratual: o comum acordo, em que é estabelecido um acordo entre as duas
partes: empregado e empregador decidem rescindir o contrato. Essa lei visa acabar
com alguns “acordos” em que a empresa simulava a dispensa por justa causa para o
empregado sacar o fundo, e, em seguida, esse devolvia a multa à empresa.

Na realidade a lei permite que o trabalhador receba o pagamento das verbas rescisó-
rias com algumas diferenças, conforme o artigo 484-A da CLT.

1. Valor devido de aviso prévio indenizado será pago ao empregado apenas a


metade, ou seja, a multa rescisória é de 40%, mas será pago ao empregado
apenas 20% do calculado sobre o FGTS.

2. Com relação ao FGTS, o empregado acordante poderá sacar até 80% do seu
saldo, o valor restante somente poderá ser utilizado nas situações já previstas
em lei. (SILVA, 2019)

O empregado irá receber outras verbas rescisórias, como férias, 13° salário integral,
conforme o acordo com seu direito adquirido pela legislação. Deverá ser ressaltado
que o empregado acordante não tem direito a receber as parcelas de seguro-desem-
prego, diferentemente do que ocorreria na demissão sem justa causa e outras formas
de rescisão de contrato.

Sendo essas as regras para a rescisão contratual, a contabilidade deverá registrar a


rescisão de forma correta. Veja, a seguir, como serão realizados os registros contábeis.

178 SUMÁRIO
Prática Contábil II

6.8 REGISTRO CONTÁBIL DA RESCISÃO


CONTRATUAL

A contabilidade participa da elaboração da folha de pagamento, e cada processo de


rescisão deverá ser registrado de forma correta na contabilidade, para que não haja
dúvidas sobre esses pagamentos. Para exemplificar os lançamentos contábeis, utili-
zaremos a rescisão do exemplo apresentado da funcionária Maria Filomena calcula-
do anteriormente.

Os lançamentos contábeis que devem ocorrer são:

Contabilizar o saldo de salário com o aviso prévio indenizado (nesse caso, não
houve aviso prévio)

D – despesa com salário (conta de resultado – DRE): R$ 2.400,00.

C – salários a pagar (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 2.400,00.

INSS parte do empregado (sobre o saldo de salário – R$ 2.400,00 * 9%)

D – salários a pagar (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 216,00.

C – INSS a recolher (passivo circulante): R$ 216,00.

INSS parte do empregado (sobre o 13º salário – R$ 1.333,33 * 8%)

D – salários a pagar (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 106,66.

C – INSS a recolher (passivo circulante): R$ 106,66.

IRRF (sobre o saldo de salário)

D – Salários a pagar (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 21,00.

C – IRRF a recolher (passivo circulante): R$ 21,00.

SUMÁRIO 179
Prática Contábil II

INSS Conta Patronal, valor que compete à empresa pagar: 20% sobre o saldo de
salário (2.400 * 20%) + 20% sobre o 13º salário (1.333 * 20%)

D – INSS (conta de resultado – DRE): R$ 746,00.

C – INSS a recolher (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 746,00.

FGTS incidente sobre a rescisão – 8% + multa rescisória de 40%

D – despesa com FGTS (conta de resultado – DRE): R$ 5.204,82.

C – FGTS a recolher (conta patrimonial passivo circulante): R$ 5.204,82.

13º salário proporcional

D – 13º salário (conta de resultado – DRE): R$ 1.333,33.

C – Salários a pagar (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 1.333,33.

Férias (proporcionais e vencidas + 1/3 abono sobre as férias)

D – Férias (conta de resultado – DRE): R$ 7.111,11.

C – Salários a pagar (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 7.111,11.

Pagamento da rescisão

D – Salários a pagar (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 10.500,77.

C – Bancos – conta, movimento (conta patrimonial de ativo circulante): R$ 10.500,77.

Pagamento do FGTS

D – FGTS a recolher (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 5.204.82.

C – Bancos – conta, movimento (conta patrimonial de ativo circulante): R$ 5.204.82.

180 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Pagamento do INSS

D – INSS a recolher (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 1.068,66.

C – Bancos – conta, movimento (conta patrimonial de ativo circulante) R$ 1.068,00.

Pagamento do IRRF

D – IRRF a recolher (conta patrimonial de passivo circulante): R$ 21,00.

C – Bancos – conta, movimento (conta patrimonial de ativo circulante) R$ 21,00.

Agora cabe ressaltar a importância do entendimento da aplicabilidade do software


contábil na rescisão de contrato. Ainda será ressaltado o papel do e-Social.

6.9 RESCISÃO DE CONTRATO E SOFTWARE


CONTÁBIL E E-SOCIAL

Durante os nossos estudos, foi possível compreender que calcular a rescisão contra-
tual de um funcionário exige muita atenção, em razão dos inúmeros detalhes que
não podem ser esquecidos. A boa notícia é que o mercado disponibiliza diversos soft-
wares que calculam e gerenciam o contrato de trabalho.

Esses softwares podem ser comprados de empresas especializadas em Tecnologia da


Informação (TI), que são parametrizados pela contabilidade de acordo com a necessi-
dade, porte e segmento de cada empresa. É possível utilizar softwares disponíveis na
internet, visto que existem alguns sites gratuitos com cálculos on-line, por exemplo, o
site Cálculo Exato e o sistema da Catho.

Mas, ao buscar uma calculadora de rescisão, você primeiro deve ter os conhecimen-
tos prévios desses cálculos, porque alguns sites não são totalmente assertivos, e o seu
conhecimento fará toda a diferença para encontrar eventuais erros.

SUMÁRIO 181
Prática Contábil II

Outro ponto que merece muita atenção é: toda vez que um funcionário é
desligado da empresa, a informação do seu desligamento deve ser enviada
ao Governo através do e-Social, por meio do evento S-2299. O e-Social é um
programa do Governo Federal que tem como principal objetivo consolidar
as informações trabalhistas. Por meio do e-Social, as empresas conseguem
enviar as informações trabalhistas para fins fiscais e previdenciários, de forma
on-line e com menos burocracia (sem necessitar do documento em papel).

Antes do fechamento da folha de pagamento, deverão constar todas as demissões


do mês. Caso a contabilidade fechou a folha de pagamento e ficou faltando uma
demissão, deverá reabrir para registrar o desligamento e realizar os seguintes proce-
dimentos, conforme determinado no site do e-Social.

1) Certifique-se de que a folha do mês do desligamento esteja aberta. Caso esteja


fechada, clique no botão “Reabrir Folha” (veja item 4.2.2 do Manual do e-Social).

2) Exclua a remuneração desse trabalhador (clique na opção “Excluir” na coluna


“Remuneração Informada”). A remuneração não aparecerá zerada, mas sim retornará
aos valores calculados automaticamente pelo sistema. Não zere a remuneração. NÃO
ENCERRE A FOLHA NESSE MOMENTO.

3) A seguir, faça o desligamento.

4) Ao completar o desligamento, gere o DAE rescisório, se for o caso.

5) Após, encerre a folha do mês do desligamento.

6) Gere o DAE mensal (documento de arrecadação do e-Social).

As informações do desligamento devem ser enviadas para o e-Social com até dez (10)
dias seguintes à data do desligamento.

182 SUMÁRIO
Prática Contábil II

Por exemplo, se o funcionário foi demitido dia 01/02, a empresa tem até o
dia 11/02 para enviar as informações.

Sempre se deve lembrar que o atraso das informações da demissão do empregado


ou do pagamento das verbas rescisórias é passível de multa para o trabalhador no
valor de um salário (art. 477, §8º, da CLT). Portanto, a contabilidade deverá estar aten-
ta no que se refere aos prazos e valores de pagamento.

E, assim, encerramos esta unidade, na qual abordamos rescisão contratual. Espera-


mos que você tenha gostado; e se lembre de que as nossas leis trabalhistas estão em
constante mudanças e o profissional contábil deverá sempre buscar cursos para se
atualizar, portanto, os estudos nunca acabam!

CONCLUSÃO
É importante que todo trabalhador compreenda o contrato de trabalho, suas formas
de rescisão e as verbas a que tem direito. O aluno de Contabilidade deve compreen-
der quais são os tipos de rescisão contratual e o reflexo de cada situação no paga-
mento das verbas rescisórias.

A contabilidade deve estar atenta no que diz respeito aos detalhes das verbas resci-
sórias, evitando reclamações trabalhistas e multas para a empresa. O prazo de envio
dessas informações ao Governo deve ser cumprido rigorosamente – sendo o envio
através do e-Social. O registro contábil é importante para o controle da empresa,
e, caso ocorra uma eventual fiscalização trabalhista, a contabilidade deverá prestar
contas do que foi pago ao trabalhador.

A reforma trabalhista de 2017 mudou alguns aspectos da rescisão contratual e apro-


vou a rescisão consensual, porém, especialistas em direito trabalhista apostam que

SUMÁRIO 183
Prática Contábil II

teremos mais reformas a serem discutidas e aprovadas. O profissional contábil deverá


ficar atento a todas as mudanças que ocorrem nesse âmbito e buscar a atualização
através de estudos. Portanto, para o profissional contábil, os estudos nunca terminam.
Assim sendo, mantenha-se sempre atualizado sobre as políticas e mudanças no que
diz respeito aos cálculos trabalhistas.

184 SUMÁRIO
Prática Contábil II

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