Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Beatriz Faga*, Hans H. Schulz, Henrique F. Zschornack, Irisson do Nascimento de Lima, Widmark K. S. Cardoso
RESUMO
A iniciativa CubeSat foi primeiramente criada com o intuito de promover o estudo e aplicação de atividades
ligadas à exploração espacial. Sendo assim, este trabalho tem como intuito analisar a manufatura e custos de operação
desses equipamentos.
1. INTRODUÇÃO
A iniciativa CubeSat foi primeiramente criada com o intuito de promover o estudo e aplicação de
atividades ligadas à exploração espacial. Entretanto, diante da sua simplicidade, baixo custo, e possibilidade
de realização de missões complexas, esses modelos passaram a ter a atenção de outros setores, que
eventualmente se tornaram mais consistentes com a criação de uma regulamentação mais definida para um
padrão CubeSat.
Para a realização de missões, a qualidade do projeto estrutural de um satélite é de suma importância.
Primeiramente, ele deve garantir que não ocorra danos em nenhuma parte do satélite, como flambagens,
rachaduras e até mesmo fraturas, pois a danificação de um componente pode causar grandes perdas para a
missão, como a perda do controle e da capacidade de coleta de informações. Em situações mais extremas, a
perda pode significar o fracasso da missão (Larson; Wertz, 1999).
Um dos principais componentes na construção desses satélites é a estrutura da frame (Figura 1).
Conhecido também como “Monocoque” são como peles de suporte de carga, que possibilitam maximizar o
volume interno, fornecer maior massa térmica para fontes de calor ou dissipadores, além de permitir mais
pontos de montagem. A construção dessa estrutura é tipicamente extrudada, que é um processo facilmente
fabricável por jatos de água, corte a laser ou usinagem CNC (NASA, 2021).
Figura 1: Estrutura da frame de um CubeSat 6U.
2. FUNDAMENTOS DO MATERIAL
2.1. Introdução
Para a produção de estruturas de CubeSats, um dos materiais mais comuns utilizados são ligas de
Alumínio 7075 - T6, T651, devido às suas excelentes propriedades mecânicas e leveza.
Todo o alumínio 7075 é desenvolvido pelo tratamento térmico de forjamento que alcança por volta
de 370°C. Após isso, essa chapa é recozida a 480°C por duas horas em óleo lubrificante e, depois disso,
submergido em água fria.
Finalmente, é envelhecida por um processo chamado fortalecimento da precipitação por 24 horas a
uma temperatura de 120°C e então resfriada. Dependendo da qualidade da têmpera exigida diferentes
quantidades de temperatura e tempo podem ser aplicados no forjamento do 7075
A liga pode ainda ser melhorada através de um método denominado “temperamento”. Neste método,
a liga é submetida a altas temperaturas (300 - 500 ºC) para reconfigurar a estrutura cristalina e fortalecer suas
propriedades mecânicas.
2.3 Características Metalúrgicas
Propriedade Valor
O setor aeroespacial visa evoluir constantemente para alcançar horizontes cada vez mais distantes.
Diante disso, é pertinente analisar outros materiais para questionar ou chancelar a escolha da indústria.
Visando preço e propriedades mecânicas, escolheu-se quatro outros materiais: Aço SAE 4130, Titânio
Ti6Al7Nb, Alumínio 6061-T6 e Alumínio 2024.
Dada a aplicação do projeto, outros custos devem ser levados em consideração, sendo os principais o
peso e a densidade do material, pois, um CubeSat deve operar no espaço. Para guiar a escolha do material o
custo de produção deve ser inferior ao preço de envio cobrado pelo mercado (14-44 mil dólares por quilo).
Assim, fica claro a decisão de escolha do Alumínio no tocante à preço.
É vital salientar que um CubeSat tradicional permanece em uma órbita específica conhecida como
LEO (Low Earth Orbit ou Órbita Terrestre Baixa). Nesta órbita, o satélite passa por grandes variações de
temperatura devido à exposição solar seguida da penumbra (eclipse). Portanto, é necessário que o material
escolhido apresente um bom comportamento diante dessas condições.
Diante do exposto, resta então escolher corretamente qual alumínio será utilizado. Todos os listados
são usados largamente na indústria aeroespacial. O alumínio 6061-T6 é muito utilizado para pequenas
aplicações aeronáuticas, contudo apresenta baixa tensão de escoamento (a metade da tensão permitida para o
7075-T6) podendo assim, prejudicar a estrutura durante o lançamento, visto que, nesta fase do voo, a força
realizada na estrutura pode chegar até 11 G’s. O alumínio 2024 também é uma ótima escolha visto que
apresenta melhor tensão de escoamento e um baixo custo c. Contudo, o alumínio 2024 possui uma maior
concentração de cobre do que os demais alumínios, tornando-o mais susceptível à corrosão. Devido à
hostilidade do ambiente espacial, o alumínio 2024 deixa de ser uma escolha ideal para a parte estrutural.
Finalmente, conclui-se que a melhor escolha é de fato, o alumínio 7075-T6 devido à sua alta tensão
de escoamento, boa operação dentro da grande variação de temperatura, preço aceitável, baixa corrosividade,
alta dureza e alta temperatura de fusão. Vale ressaltar ainda que uma missão de CubeSats gira em torno de 3
a 5 anos de duração. Portanto, a estrutura estará sendo submetida diversas vezes ao dia por vários dias a um
ambiente hostil com grande variação térmica, chancelando mais uma vez a escolha pelo 7075-T6 visto que é
altamente resistente à corrosão e apresenta baixa dilatação térmica.
3. FUNDAMENTOS DO PROCESSO
Em geral, a maioria das peças conformadas a partir de chapas finas utilizam prensas mecânicas ou
hidráulicas. Na prensa mecânica a energia cinética é armazenada num volante e transferida para o cursor
móvel do êmbolo da prensa.
As prensas mecânicas são quase sempre de ação rápida e aplicam golpes de curta, enquanto que
prensas hidráulicas são de ação mais lenta mas podem aplicar golpes mais longos.
As ferramentas mais utilizadas em prensas de peças metálicas são a punção e a matriz. A punção,
normalmente o elemento móvel, é a ferramenta convexa que se acopla com a matriz côncava. Como é
necessário um alinhamento acurado entre a matriz e o punção, é comum mantê-los permanentemente
montados em uma sub prensa, ou porta matriz, que pode ser rapidamente inserida na prensa.
Geralmente para evitar a formação de rugas na chapa a conformar usam-se elementos de fixação ou
ação de grampos para comprimir o blank contra a matriz. A fixação é conseguida por meio de um dispositivo
denominado anti-rugas ou prensa-chapas, ou ainda, em prensas de duplo efeito por um anel de fixação.
Empresa Preço
4. CONCLUSÃO
Dado o preço construtivo e as dimensões do cubesat podemos concluir que a parte mais custosa para
o projeto seria o envio para o espaço. Assim, podemos perceber que o esforço para minimizar o peso ao
máximo, como escolher o alumínio no lugar do titânio ou aço, é realmente contundente, uma vez que, a
adição de uma única grama acrescentaria um custo operacional de 20 mil dólares no melhor dos casos.
5. REFERÊNCIAS
ANWAR, Rizwan; JAHANZAIB, Mirza; ASGHAR, Ghulam. Optimization of Surface Roughness for
Al-Alloy 7075-T in the Milling Process. Technical Journal, University Of Engineering And Technology
(Uet). Taxila, p. 153-159. mar. 2015.
INC., Aerospace Specification Metals. 7000 Series Aluminum Alloy Properties. 2022. Disponível em:
https://asm.matweb.com/search/SpecificMaterial.asp?bassnum=ma7075t6. Acesso em: 22 mar. 2022.
PRASAD, N. Eswara; GOKHALE, Amol A.; WANHILL, R.J.H.. Aerospace Applications of Aluminum–
Lithium Alloys. In: PRASAD, N. Eswara. Aluminum-Lithium Alloys. [S.L.]:Butterworth-Heinemann,
2013. p. 400-450.
TELLO, Ishvari F. Zuñiga; MILKOVIC, Marijana; ALMARAZ, Gonzalo M. Domínguez. Ultrasonic and
Conventional Fatigue Endurance of Aeronautical Aluminum Alloy 7075-T6: artificial and induced
pre-corrosion. Open Access Metallurgy Journal. [S.L.], p. 1033-1051. 1 ago. 2020. Disponível em:
https://www.mdpi.com/2075-4701/10/8/1033. Acesso em: 22 mar. 2022.