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ROTEIRO DE

VISITA

ARTISTAS
CONTEMPORÂNEOS
AFRO-BRASILEIROS

6
LEITURAS DE ACERVO

ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS
AFRO-BRASILEIROS

O Museu Afro Brasil convida você a conhecer a produção de alguns


artistas contemporâneos afro-brasileiros estudadas no projeto
Leituras de Acervo realizada pelo Núcleo de Pesquisa em conjunto
com a Curadoria e com o Núcleo de Salvaguarda.
A exposição de longa duração do Museu Afro Brasil está organizada
em seis núcleos: “África: diversidade e permanência”, “Trabalho e
Escravidão”, “As Religiões Afro-brasileiras”, “O Sagrado e o
Profano”, “História e Memória” e “Artes Plásticas: a mão afro-
brasileira”. Cada um desses núcleos aborda um segmento que se
apresenta aos visitantes por meio de pinturas, esculturas, gravuras,
fotografias, têxteis, indumentárias, vídeos, documentos e objetos
que contribuem para que o visitante conheça a história nacional, a
partir da perspectiva afro-brasileira.
Por isso, este roteiro apresenta apenas um dos pontos de partida
que oferecemos para conhecer parte deste acervo. Ficando o
convite para que você conheça mais sobre o Museu Afro Brasil!

Boa visita!
Núcleo de Pesquisa
Núcleo de Educação
Museu Afro Brasil
SIDNEY AMARAL.
Sem título (Boneca), 2002. Escultura
em bronze, latão e madeira pintada.
Acervo Museu Afro Brasil.
A PRODUÇÃO DE ARTISTAS
CONTEMPORÂNEOS NO MUSEU
AFRO BRASIL

Ao longo deste roteiro apresentaremos algumas obras de artistas


contemporâneos presentes na exposição de longa duração do acervo
do Museu Afro Brasil.
O principal objetivo desse material é o de aproximar o olhar para estas
produções, partindo de uma leitura sobre os elementos que compõem
as obras, como seus discursos e suas materialidades, promovendo
novas percepções da presença significativa de artistas negros e negras
no cenário contemporâneo. 
EUSTÁQUIO NEVES

Juatuba (MG), 1955.

Fotógrafo e artista multimídia. Sua obra transita entre a fotografia, as artes


gráficas e a pintura. Ao incorporar interferências físicas, manipulação de produtos
químicos e outras formas de experimentação ligadas aos processos de revelação e
ampliação de filmes P&B e às técnicas de reprodução de imagens, o artista
desenvolve um método singular de emancipação estética rompendo com o
paradigma da fotografia convencional.

Uma das obras do artista, presente no acervo do Museu Afro Brasil é a série Objetificação
do corpo.

Partiremos da análise de uma das obras


da série. Observe  esta imagem:

EUSTÁQUIO NEVES.  
Série Objetivação do Corpo, 1999. Impressão digital.
Coleção particular.
1. O que você vê nesta imagem?

2. Quais materiais você identifica na produção desta obra?

3. Que relações podemos estabelecer entre o titulo da obra e o material utilizado?

Objetivação do corpo é uma série que discute a utilização do corpo feminino como objeto
para vender produtos através da mídia. As interferências realizadas na imagem, como
aplicação de tinta acrílica e inserção de elementos gráficos, lembram a estética do lambe-
lambe – tipo de pôster colado em espaços públicos que geralmente sofrem a ação do
tempo e das pessoas.  Neste processo de produção fotográfica, o artista monta primeiro
uma matriz em papel algodão emulsionado de pequeno formato para depois fazer a
impressão digital. 

EUSTÁQUIO NEVES.  
Série Objetivação do Corpo, 1999. Impressão digital.
Coleção particular.
WASHINGTON SILVERA

Curitiba (PR), 1969.

Artista multidisciplinar, trabalha com escultura, fotografia, instalação, vídeo,


performance, entre outras técnicas, como a gastronomia, da qual se apropria de
forma poética subvertendo compreensões e usos comuns de sabores, texturas,
odores, formas, cores de alimentos. A busca pela poesia empreendida pelo artista o
faz explorar e transgredir os limites, definições e compreensões da realidade
estabelecida e naturalizada.

O artista desenvolveu aprimorada técnica na lida com a madeira, por meio da qual, de forma
bastante meticulosa, são esculpidos objetos que carregam aparentes contradições, como pode
ser observado nas obras do acervo. Destacamos a obra Martelo. Onde o artista apropria-se da
forma do objeto comum, porém alterando-a de modo inusitado.  Abaixo, observe a obra:

1. O que mais chama atenção nesta


obra?

2.  Este objeto foi construído para ser


utilizado como ferramenta de trabalho?

Nas mãos do artista este objeto


confunde nossa percepção entre real e
irreal, numa espécie de “traição das
imagens". Assim, o que chama mais
atenção nesta peça, decorre das
particularidades da representação da
forma distorcida de um martelo. 

WASHINGTON SILVERA.  
Martelo. Escultura em madeira e aço
escovado, 1999. Acervo Museu Afro Brasil.
JORGE DOS ANJOS
Ouro Preto (MG), 1957.

Escultor, pintor, gravador e desenhista. Jorge Luiz dos Anjos nasceu em Ouro Preto,
mais precisamente em Saramenha, um bairro operário da cidade histórica
marcada pelas tradições de dois séculos antes, então, um ambiente marcado pelas
formas suntuosas operadas no ciclo do ouro onde triunfou o Barroco mineiro.
Contudo, Jorge dos Anjos traçou outro caminho, buscando a sua própria
linguagem na geometria aliada a um repertório visual de signos alusivos ao
Candomblé.

Convidamos você a observar este conjunto escultórico de Jorge dos Anjos:

JORGE DOS ANJOS.  


Sem título. Conjunto escultórico em pedra-
sabão, 2002. Acervo Museu Afro Brasil.
1. Qual é o material que você identifica nesta obra?

O conjunto escultórico de pedra-sabão do artista Jorge dos Anjos, faz parte de uma produção
pontual do artista. Isso porque ela é resultado de uma experiência do escultor com a
comunidade tradicional de Mata dos Palmitos, uma região do distrito de Santa Rita de Ouro
Preto (MG) que trabalha exclusivamente com a extração da pedra-sabão para o
desenvolvimento da produção de peças artesanais destinadas ao comércio local.
A pedra-sabão foi uma das rochas mais utilizadas na arte da cantaria por todo vale mineiro
desde o período colonial do Brasil. Há dois séculos atrás, esta distinta rocha ficou conhecida
nas obras de Aleijadinho, em portadas dos altares das igrejas mineiras, ou ainda, nas
imponentes esculturas dos profetas do santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Essa
é talvez a obra do mestre do Barroco mineiro que mais parece ser rememorada nessas
colunas de Jorge dos Anjos, como uma espécie de destinação à tradição escultórica de Minas
Gerais conectada pela matéria-prima. 

Agora, observe alguns detalhes das colunas do conjunto escultórico:

2. Quais formas você percebe


nestas colunas? O que elas te
fazem lembrar?

Além de elementos geométricos, o


artista também emprega alguns
símbolos que não necessariamente
possuem formas geométricas e que
foram gravados em baixo-relevo em
alguns blocos das colunas. 

JORGE DOS ANJOS.  


3. Você consegue identificá-los? Detalhes das colunas. Conjunto escultórico
em pedra-sabão, 2002. Acervo Museu Afro
Brasil.
ROSANA PAULINO
São Paulo (SP), 1967.

Artista visual paulistana. Suas obras lidam com a confluência entre arte e vida,
procurando discutir sua condição no mundo, enquanto mulher e negra, pertencente
a uma sociedade despedaçada pelo peso secular do racismo e da violência. Dessa
forma, Paulino pensa e problematiza o momento atual da sociedade brasileira, mas
sempre buscando e analisando referenciais históricos.

Convidamos você a observar a obra O Baile da artista Rosana Paulino:

1. Ao adentrar no ambiente da
instalação da artista é possível
reconhecer os diferentes
elementos que compõe a obra.
Que elementos são esses?

A obra, O Baile é uma


instalação elaborada a partir
de questões que
problematizam as imposições
de padrões ideais de beleza
ou felicidade. Nesse trabalho
a artista dispõe três
prateleiras com vidros de
perfumes e cosméticos,
preenchidos por pétalas de
flores artificiais e partes de
fotografias com olhos
rabiscados, em um nicho
composto por três paredes e
um teto. As prateleiras
retomam a ideia de uma
penteadeira. Na parede
central, onde se esperaria
usualmente um espelho, há
uma silhueta de cor preta de
um casal com vestes de baile
de gala.

ROSANA PAULINO.  
O Baile. Instalação, 1995. Acervo Museu
Afro Brasil.
2. A imagem do casal em roupa de baile remete a algum desenho animado ou
filme conhecido?

3. Quais relações são possíveis de perceber entre o casal pintado na parede e os


objetos?

ROSANA PAULINO.  
Detalhe da obra O Baile. Instalação, 1995. Acervo Museu Afro Brasil.
SIDNEY AMARAL

São Paulo, 1973-2017.

Através de seu processo criativo, o artista Sidney Amaral desenvolveu uma


potente produção realizada a partir de diversos meios, como o desenho, a pintura
e a gravura, ou como a escultura, o objeto e a instalação. Sua obra está
profundamente pautada na investigação de materiais e transpira seu exímio
domínio técnico aliado a uma vontade de abor-dar questões referentes à condição
de ser negro no Brasil a partir de sua própria subjetividade.

Em A ovelha e eu estamos diante de


um autorretrato de Sidney Amaral,
que carrega instrumentos de
trabalho e produtos de limpeza e
encara uma ovelha negra parada a
sua frente. O fundo preto da tela
age como um elemento que confere
maior dramaticidade ao que
acontece entre as personagens e ao
mesmo tempo as insere em um
tempo em suspensão.

O autorretrato é um recurso muito


recorrente em várias obras de arte
de diferentes épocas. Trata-se de
uma subcategoria do retrato na
pintura, na escultura, na gravura,
etc., que fornece informações
acerca do retratado, neste caso, o
próprio artista.

1. Você já viu um autorretrato como


este?

2. O que este homem parece estar SIDNEY AMARAL.  


fazendo? A ovelha e eu. Acrílica sobre tela, 2011.
Acervo Museu Afro Brasil.

3. Que relações podemos fazer entre o


título da obra e a ação sugerida na
cena?
WASHINGTON SILVERA. 
Depois do incêndio, 2009-2010. Escultura
em madeira e espuma poliuretano e
policromada com tinta esmalte. Acervo
Museu Afro Brasil.

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