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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
CAMPO MOURÃO
2012
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VALDENICE GONÇALVES DE SOUZA
HISTÓRIA
CAMPO MOURÃO
2012
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APRESENTAÇÃO
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SUMÁRIO
1 Apresentação ............................................................................................ 05
2 Material Didático ....................................................................................... 09
2.1 Unidade I – História e Memória ................................................................ 09
2.2 Unidade II – História Oral e Memória ....................................................... 17
2.3 Unidade III – História Local e Memória ..................................................... 24
2.4 Unidade IV – História em Quadrinhos e ensino de História ..................... 39
2.5 Unidade V – História em Quadrinhos e História Local ............................. 51
2.6 Avaliação................................................................................................... 56
3 Encaminhamento Metodológico ............................................................... 57
4 Referências................................................................................................ 59
5 Anexos ...................................................................................................... 61
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Com sua origem no grego antigo historie, que significa “testemunho”
e ligada ao substantivo istor, “testemunho”, e no verbo istorein, “informar-
se”, a História carrega consigo uma infinidade de significados, pois essa
terminologia é utilizada para designar uma série de coisas
diferentes.(FERREIRA & FRANCO, 2009)
Na Educação a História é uma disciplina que estuda a vida dos
homens em sociedade e busca compreender suas criações culturais, ações,
desejos e sentimentos ao longo do tempo e em espaços diferentes. A História
não tem um conhecimento pronto e acabado, nem é absoluta, ela se faz num
processo dinâmico e permanente que diz respeito a todos nós.
Durante o tempo que foi considerada um gênero literário, a História
não se preocupou com a preservação do patrimônio histórico material e
imaterial, isso só sofreu alguma alteração a partir do século XIX, quando
passou a ser considerada uma ciência e se tornou uma disciplina acadêmica.
Em sua prática inicial a produção do conhecimento histórico sofria forte
influência da História Metódica e do Positivismo e era centrado nas idéias
eurocêntricas, caracterizada pela linearidade, uso restrito de documentos
oficiais e supervalorização dos grandes heróis. A partir do século XX, no
entanto, houve um grande avanço na produção desse conhecimento, devido
às influências de correntes historiográficas como a Nova História, Nova
História Cultural e Nova Esquerda Inglesa, que trouxeram para a produção do
conhecimento histórico, novas perspectivas teóricas e temporalidades, novos
sujeitos, novos problemas e novas fontes. (PARANÁ, 2008)
Com os historiadores não se restringindo a narrar fatos que
pontuavam memórias da nação, novas áreas de pesquisa, métodos e
abordagens surgiram, modificando as relações entre passado, presente e
futuro e trazendo para a história personagens e grupos anônimos,
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esquecidos pela historiografia tradicional. A ampliação dos campos de
pesquisa possibilitou o estudo da ação (história e memória) de pessoas
comuns e do seu cotidiano e a sua incorporação nos discursos
historiográficos e no conhecimento histórico produzido, ou seja, esses
sujeitos históricos passaram a ter voz e ocupar o seu lugar na história.
Como não existe vida sem história, não existe sociedade sem
memória. As memórias podem ter diversas funções, preservar a identidade,
transmitir tradições, costumes, vivências, etc, Mas a função mais importante
da memória é relembrar, fazendo com que as experiências das gerações
passadas e o seu significado sejam transmitidos às novas gerações e não
seja relegada ao esquecimento. (ALVES & OLIVEIRA, 2010)
Enfim diversas são as definições e conceitos de história e memória e
a maneira de cada um de entendê-las, mas em todas se pressupõe a
produção de uma narrativa, cujo registro não deve se concentrar apenas nas
mãos de um pequeno grupo de pessoas ou instituições, por isso cada um de
nós precisa se tornar produtor, guardião e difusor da história da nossa
comunidade e os nossos alunos como partícipe desse processo histórico
precisam ter ciência disso e tomar consciência do seu papel frente a essa
realidade. Isso é um pouco do que vamos trabalhar nessa unidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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Perceber a existência de diferentes versões históricas para uma mesma
narrativa quando feita por diferentes sujeitos;
7 horas/aula de 50 minutos
RECURSOS DIDÁTICOS
FOX, Mem. Guilherme Augusto Fernandes. São Paulo: Ed. Brinque Book,
1995. Tradução de Gilda de Aquino. Ilustração de Julie Vivas.
METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS
1º MOMENTO (2 horas/aula)
1) Iniciar a conversa com as representações que os alunos têm a respeito da
História e levando em conta o que o aluno já sabe, ou imagina saber,
facilitando a percepção de que o estudo da História nos ajuda a conhecer
melhor o nosso meio de vivência em interação com outros meios, o tempo
presente e o passado e ganhar autonomia e capacidade de crítica.
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SUGESTÃO DE ATIVIDADE PARA O ALUNO
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
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2º MOMENTO (1 hora/aula)
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2) Após a leitura do texto, refletir com os alunos:
3º MOMENTO (3 horas/aula)
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3) Realizar uma interação discursiva com os alunos sobre o filme,
destacando:
Que a história não é única e que diferentes versões podem ser
construídas para um mesmo fato através de “memórias” de diferentes
sujeitos.
Os conceitos de história oral e memória e o seu valor na historiografia
atual;
As dificuldades encontradas pelo historiador ao trabalhar com fontes
históricas.
4) Pedir aos alunos que destaquem as cenas nas quais consideram estar
apresentado de forma mais evidente os conceitos de “história” e
“memória”.
4º MOMENTO (1 hora/aula)
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Ao incentivar o aluno a pesquisar, contar suas histórias e narrar suas
lembranças de momentos vividos, estamos nos envolvendo com suas
memórias, que aqui devem ser entendidas como resultados das suas
múltiplas e diferentes experiências vividas. O trabalho de construção e
valorização de memórias pressupõe interações e novas possibilidades de
abordagem para o conhecimento histórico.
Na sociedade contemporânea somos prisioneiros do ritmo acelerado
de vida e ficamos vazios da historicidade e as nossas histórias/memórias
familiares e locais vão sendo relegadas ao esquecimento e muitas vezes se
perdendo, e ai nos perguntamos: Como construir conhecimento frente a
essa realidade?
Sabendo sermos nós os guardiões da história precisamos nos
dedicar mais a preservação e transmissão desse conhecimento produzido e
transmitido às novas gerações. Schimdt & Cainelli (2009) nos colocam como
um ponto importante no ensino de história a compreensão de que ela é
processual, resultado da articulação entre a história individual e a coletiva de
grupos e sociedades e, portanto, todos somos sujeitos da história; todos
somos partícipes e fazemos história no nosso dia a dia. Sendo assim a
memória individual ou coletiva é de fundamental importância não somente
para historiadores, mas também para grupos e indivíduos na sociedade, pois
por meio dela temos a possibilidade de lembrar, fazer a “leitura” de períodos
históricos e chegarmos a sujeitos históricos esquecidos pela História.
Como nos coloca Meijy & Holanda (2011) a história oral tem como
essência a humanização das percepções e por isso não pode ser praticada a
partir da necessidade de se ativar ou materializar o que existe em estado oral
retido na memória ou que foi esquecida, ela deve fluir a partir de desafios da
comunidade para se produzir uma versão ou não deixar morrer determinadas
experiências vividas pelo grupo, tornando-se assim produtora de um
conhecimento significativo do passado no presente.
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No Brasil nunca existiu muita preocupação social com a preservação
da memória e muitas vezes fatos e acontecimentos importantes caíram e
caem no esquecimento, daí o país ser comumente chamado de “país sem
memória”, mas felizmente nas últimas décadas vemos essa máxima perder
espaço com o aumento de iniciativas e uma maior preocupação com a
preservação da memória histórica, e por extensão do patrimônio cultural. No
ensino de história os alunos devem ser incentivados a desenvolverem esse
senso de preservação da memória social individual e coletiva, como
condição indispensável à construção de uma nova cidadania e sentimento
de identificação com o local e nacional. (ORIÁ, 2010)
A metodologia de trabalho com a história oral e memórias apresenta
inúmeros desafios e possibilidades, mas exige certos cuidados. É uma
metodologia alternativa e interessante e tem como objetivo não só orientar a
ação docente, mas também tornar a prática educativa uma ação que envolve
a pesquisa, resgata o papel do estudante como um pesquisador que
participa do processo ensino aprendizagem como produtor e não apenas
como receptor de conhecimento.
Para o aluno nessa circunstância, ser autor da história da sua vida, da
de seu grupo e/ou comunidade significa perceber que as nossas experiências
podem ser narradas e registradas como forma de nos permitir visualizar a
nossa trajetória como um todo, assim contar a nossa história significa contar
sobre as pessoas, os lugares, os fatos, as datas, enfim sobre tudo e todos
que nos cerca. Significa narrar às mudanças e permanências, marcos e
rupturas que ocorreram e ocorrem no tempo e espaço que ficaram
registradas nos documentos e na nossa memória.
Assim essa unidade tem como meta levar os alunos a conhecerem
mais sobre as suas histórias/memórias pessoais e familiares através de
entrevistas, pesquisas e coletas de fontes.
POSSIBILIDADE DE INTERDISCIPLINARIDADE:
7 horas/aula de 50 minutos
RECURSOS DIDÁTICOS
METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS
1º MOMENTO (3 horas/aula)
Para saber mais sobre as suas memórias familiares o aluno fará uso
da coleta de dados e principalmente de entrevistas por isso é necessário que
conheça algumas das regras básicas para a sua realização.
Você deve lembrá-los que a entrevista é uma prática de interação e co-
autoria entre entrevistador e entrevistado e que por isso ele deve considerar
alguns cuidados básico tais como:
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Solicitar permissão para realizar a entrevista;
Comportar-se corretamente e ter boas maneiras;
Deixar a pessoa à vontade para falar, deixando a narrativa fluir
sem fazer interferências desnecessárias;
Ser humilde, receptivo e respeitoso com a pessoa entrevistada;
Não deve julgar o entrevistado;
Ouvir a pessoa com atenção e interesse, ser receptivo;
Organizar e testar todos os equipamentos a serem utilizados com
antecedência;
Agradecer a pessoa entrevistada ao término da entrevista.
2º Momento (3 horas/aula)
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2) Exibir o vídeo da música e refletir com os alunos:
O que o autor quis expressar com a letra da música?
Que elementos da história de vida do personagem são abordados na
mesma?
E você, conhece algo sobre a sua história de vida e a história da sua
família?
Coletando Histórias...
Nessa etapa deve ser proposto aos alunos que elaborem um texto
contando a sua história de vida. Lembrá-los de inserir as fontes das
informações.
Socializando Histórias...
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Dica: O professor poderá aproveitar e contar algumas
passagens da sua história que achar conveniente para o
momento.
3º Momento (1 hora/aula)
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A história não é única, linear ou composta de fatos isolados, é uma
narrativa que resulta de ações humanas significativas e é socialmente
produzida no presente. Não existe história melhor ou pior, todas têm muito
valor e precisam ser conhecidas, preservadas e perpetuadas para as futuras
gerações.
Schimidt & Cainelli (2009) colocam que todos somos frutos da história
vivida e, portanto sujeitos da história. Assim sendo um dos objetivos
primordiais do Ensino de História deve ser levar o aluno a se perceber
partícipe do processo de construção do conhecimento histórico. Karnal
ressalta que
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história local, buscamos refletir sobre o seu ensino e perceber que ela por si
só traz uma maneira de pensar e fazer história, em termos de aprendizagem
e concepção. Essa idéia nos desafia a deixar o ensino de história tradicional,
factual e linear e fazer uso de uma nova concepção de trabalho histórico
onde o passado e o presente, as experiências e expectativas de vida dos
jovens do século XXI, sejam consideradas no processo. Além disso, que a
compreensão e construção do conhecimento histórico estejam articuladas
com o interesse do aluno e vinculadas a sua vida cotidiana.
Segundo Levi Giovanni apud BURKE (p. 145, 1992) “Refletir sobre
história local, no momento atual das produções e discussões
historiográficas, nos remete necessariamente a uma interseção com a micro-
história”. Para ele a abordagem sob o recorte da história local é um campo
privilegiado de investigação para os diversos níveis em que se trançam e
constituem as relações de poder entre indivíduos, grupos e instituições. Já
Martins, nos coloca que
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Dessa forma um dos maiores desafios para o ensino de história da
atualidade é produzir um conhecimento significativo para o aluno
aproximando os conteúdos ensinados ao seu cotidiano e ao seu momento
histórico. O ensino da história local pode ser um componente importante
nessa aproximação ao iniciar a produção do conhecimento a partir daquilo
que cerca o aluno, pois como nos afirma FONSECA (p. 117, 2010) “[...] a
história pode ser encontrada, ouvida, lida nos muros, nas ruas, nos quintais,
nas esquinas, nos campos [...]”, e principalmente propiciar uma forma ativa e
dinâmica de promover a produção do conhecimento.
Assim, retomamos as DCEs (2008) a partir da ênfase atribuída a uma
apropriação do saber histórico na qual o conteúdo de História trabalhado na
educação básica deve ser compreendido a partir da relação entre local,
nacional e global e para atingir esse patamar os professores devem fazer
uso de documentos diversos que permitam construir narrativas históricas
que possibilitem a incorporação de olhares alternativos sobre o ensino de
história.
A valorização da identidade e história local deve ser oportunizada aos
alunos. Por isso a seguir destacamos algumas fontes, sugestões de
atividades, recursos e metodologias que poderão ser utilizadas pelo
professor no sentido de iniciar diálogos sobre a história local com os alunos.
O principal objetivo destas atividades será indicar possíveis caminhos para a
superação da idéia do ensino de história como algo memorativo e distante da
nossa vivência.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
12 horas/aula de 50 minutos
RERCURSOS DIDÁTICOS
Livro Eu me lembro, Gerta Brentani, São Paulo: Companhia das Letras, 1996
METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS
1º Momento (2 horas/aula)
ATIVIDADE 1
Atividade 2
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Fonte: Secretaria de Serviços Públicos – Prefeitura Municipal de Iretama
1º MOMENTO (3 horas/aula)
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Para Ler e refletir
“Eu me lembro”
(...)
Eu me lembro. Lembro muito bem a lâmpada a gás da minha infância.
1909. Eu tinha três anos e o direito de, à noite, puxar a correntinha que fechava
o gás.
Ao escurecer, eu observava pela janela os acendedores de lampiões
na rua.
Lembro a emoção do primeiro telefone. Meu irmão, Ricardo, seis anos,
atendendo o chamado de um amigo. O telefone era uma caixa de madeira que
se fixava na parede; na frente tinha um tubo para receber a voz do falante e,
num dos lados, um outro tubo pendurado a uma corda para transmitir o som.
Girando a manivela que ficava do outro lado, se chamava a telefonista; naquela
época o telefone não era mecanizado.
Para nós, crianças, o aparelho parecia mágico: podíamos ouvir sem
ver.
Lembro que todos os meios de transporte eram puxados por cavalos.
(...) Cavalos também puxavam o bonde, que rolava sobre dois trilhos.
Vivi a instalação do bonde elétrico. Não eram mais cavalos que o
faziam mover-se, embora rolasse sobre os mesmos trilhos, mas alguns fios no
ar e um condutor na frente, sério e fardado. (...)
Aos quatro anos andei pela primeira vez de automóvel, uma espécie de
banheira enorme com quatro rodas. Minha mãe me segurava temendo um
tombo, pois íamos à louca velocidade de vinte e cinco quilômetros por hora.
(...)
BRETANI, Gerda. Eu me lembro, 2001, p. 4-14. (Fragmento)
A partir das diversas fontes coletadas pelos alunos e pelo professor, analisar:
Semelhanças e diferenças
Rupturas e permanências
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Aula passeio
1º MOMENTO (2 horas/aula)
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Os alunos deverão ser divididos em grupos para fazerem a pesquisa e
colherem fontes sobre os locais.
Atenção professor:
Casarão 1955 – Uma das primeiras casas da cidade Abertura de estradas rurais – 1960
Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama
Emancipação política do município – 1960 Criação de Porcos fonte de renda dos pioneiros década de 50
Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama
3º MOMENTO (4 horas/aula)
PESQUISANDO...
Atividade 1
Atividade 2
IMPORTANTE:
Durante toda a realização do trabalho os alunos devem ser sempre orientados e
estimulados a estarem observando, conversando com pessoas e anotando tudo
sobre a cidade em seus primeiros tempos;
As moradias; a pavimentação das ruas, o nome das ruas e praças e sua origem, os
principais prédios públicos e suas funções, os meios de transporte e
comunicação, o abastecimento de água e a iluminação pública, a saúde e a
educação, trabalho, inclusive questionando os moradores em como eram
realizadas essas atividades nos primeiros tempos da cidade, etc.
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Surgida por volta do final do século XIX como um produto de massa, a
História em quadrinhos (HQs), que inicialmente era chamada de “funnies”,
depois “comics” e, por fim “comic book”, é uma forma de expressão artística
e cultural que foi bastante subestimada enquanto recurso didático devido a
preconceitos, mas o tempo passou e elas foram fascinando gerações,
superando barreiras e conquistaram o mundo com uma variedade de títulos e
gêneros.
O desenho é uma das formas mais primitivas de comunicação
utilizada pelo homem, por isso há quem considere os desenhos rupestres
pré-históricos a origem mais remota da manifestação artística em
quadrinhos.
Na Antiguidade as narrações através de arte sequencial apareciam
fartamente nas tapeçarias, frisos, painéis, mosaicos, vitrais, etc., além da
decoração tinham também como objetivo o registro de acontecimentos e
reforço de mitologias e crenças religiosas. Na Idade Média, era usada pela
Igreja para divulgar episódios da vida dos homens, santos e histórias
religiosas. Na China Comunista sua linguagem foi utilizada para a
doutrinação ideológica. No espaço escolar na Europa o seu uso se acentuou
após os anos 70 e serviam como uma forma lúdica e agradável de tratar os
temas escolares. No Brasil, a nova linguagem teve incentivo oficial com a
promulgação da LDB e a elaboração dos PCNs, e ganhou destaque por volta
de meados dos anos 90.
Percebemos dessa forma, que desde tempos remotos a linguagem
utilizada pelos HQs faz parte da vida humana. Elas formaram uma importante
forma de linguagem no século XX e continuam sendo uma expressiva
manifestação de linguagem deste novo milênio. Isso vem ocorrendo porque
a cultura contemporânea é cada vez mais visual e as HQs um recurso
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pedagógico que tem um grande potencial nesse aspecto. O uso dessa forma
de linguagem na sala de aula, seja na elaboração de conceitos, seja
mostrando como um mesmo fato pode ser narrado sobre perspectivas
diferentes, pode contribuir para que os alunos compreendam de uma forma
mais lúdica e atraente a existência de diferentes versões da História, assim
como a subjetividade presente nela.
Calazans (2005) coloca que os quadrinhos podem ser usados nos
mais diferentes níveis de aprendizado; quando usado como apoio ao ensino
enquanto recurso didático seduz os leitores, proporcionando uma leitura
prazerosa e espontânea. Segundo ele “os limites do emprego de HQ em sala
de aula são os limites da criatividade de cada professor”. (CALAZANS, 2005,
p. 17)
As histórias em quadrinhos têm um grande poder de comunicação e
no ensino de História além de ponto de partida para dar início à discussões
de conceitos, pode servir como registro de época e para dar idéia de
aspectos do passado da vida da comunidade a qual se insere. Usada como
material didático ainda se configura numa alternativa interessante para as
atividades pedagógicas, ao incentivar o aluno a novas leituras, permitir a
interdisciplinaridade, desenvolver competências de representação e
comunicação, que tornam o ensino de história mais dinâmico e aumentam a
motivação dos alunos.
Luyten (2011) coloca que as HQs ajudam o homem a pensar ao levá-
lo a estabelecer conexões entre o visual e o verbal, mostrando o que é
essencial, elas ajudam na organização da narrativa da história, enriquecendo
a leitura e a escrita.
Já Vergueiro (2012) nos coloca que o uso das HQs como ferramenta
no ensino de História evidencia muitos benefícios e por isso recentemente
as mesmas tem sido reconhecidas em muitos países por órgãos oficiais
garantindo sua presença no ambiente escolar formal. Isso só tem ocorrido
devido à necessidade na atualidade de um trabalho educacional que
contemple a incorporação de diversas fontes, linguagens e aprendizagens
significativas.
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As Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Paraná
esclarecem que:
a escola deve incentivar a prática pedagógica fundamentada em
diferentes metodologias, valorizando concepções de ensino, de
aprendizagem (internalização) e de avaliação que permitam aos
professores e estudantes conscientizarem-se da necessidade de uma
transformação emancipadora. (PARANÁ, 2008, p. 15)
41
percebemos que podemos ensinar e aprender muito e de uma forma bem
mais descontraída e prazerosa para ambos.
Ao propor o uso de novas linguagens como ferramenta pedagógica
no ensino, o professor precisa estabelecer os objetivos propostos. Para isso
é imprescindível que se façam alguns questionamentos:
De que forma as aulas, com a produção de HQs vão contribuir para a
construção de novos conhecimentos no ensino de história? Que
conhecimentos são esses? Ler histórias em quadrinhos com que objetivo?
Nessa unidade esse poderoso veículo de comunicação que faz uso
da interligação texto/imagem, pretende contribuir com a produção de
respostas para essas indagações e o redimensionar do fazer histórico e
pedagógico.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3 horas/aula de 50 minutos
Revistas em quadrinhos;
Textos;
Sites sobre a produção de HQ
METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS
ATIVIDADE 1
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ATIVIDADE 2
ATENÇÃO
PROFESSOR:
Nessa atividade
você também
pode fazer uso
de obras que
fazem referência
ao ensino de
História, tais
como os livros da
Coleção: A
História do Brasil
em Quadrinhos.
Ed. Europa.
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PARA SABER MAIS
DICA
A leitura dessa e outras histórias sobre a História do Brasil online
estão disponíveis no endereço:
<http://historianreldna.pbworks.com/w/page/49091100/HIST%C3%
93RIA%20E%20QUADRINHOS> Acesso em 2011/2012
46
ATIVIDADE 2
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eles/ como é a ambientação/ como o cenário está elaborado/ em que plano os
personagens aparecem nos quadros/ como estão dispostos/ o tamanho e os
limites dos quadros/ a estrutura da HQ/ o uso do negrito para realçar o tom de
voz/ as expressões dos rostos dos personagens, etc.
1) Observe com atenção as expressões CRÁS! TUM! que aparecem nos
quadrinhos 2 e 3.
a) Para você o que representam essas expressões?
b) Se em lugar de CRÁS! TUM! o desenhista tivesse usado PLOFT! NHAC!
o sentido seria o mesmo? Por quê?
c) Para você as expressões CRÁS! TUM! têm alguma relação com o
desenho do quadro onde está inserido?
SAIBA QUE...
CRÁS! TUM! PLOFT! NHAC! DING DONG! São chamadas de
onomatopéias e representam graficamente os ruídos e sons. São um
recurso bastante usado na produção de história em quadrinhos, pois
juntamente com os balões, o texto e as imagens ajudam a criar a história
e enriquecem a cena representada.
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ATIVIDADE 3
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Explique aos alunos que os balões têm formas e tamanhos variáveis,
mas seguem uma convenção universal quanto ao sentimento, significado ou
emoção que expressam na HQ.
50
NOSSO MEIO DE VIVÊNCIA ONTEM E HOJE POR MEIO DAS HQs
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Dessa forma quando usada como suporte na relação
ensino/aprendizagem e enquanto produtora de conhecimento as HQs exigem
o uso de metodologias que possibilitem ao aluno realizar uma
problematização histórica dos conteúdos. No desenvolvimento dos trabalhos
é fundamental que o professor diversifique os tipos de atividades e estimule
os alunos a produzirem o seu próprio material.
A pesquisa da história local e produção de quadrinhos nessa unidade
terão como motivação a necessidade de promover a interação dos alunos
com o assunto trabalhado, levando-os a refletir e entendê-lo de forma mais
aprofundada e organizada. Isso além visa contribuir para que tenham um
aprendizado mais envolvente e deixem de serem meros consumidores da
indústria cultural e passem a atuar como autores e atores de suas próprias
histórias.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3 horas/aula de 50 minutos
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POSSIBILIDADE DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR
RECURSOS DIDÁTICOS
METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS
53
história em quadrinhos ambientada em algum lugar da sua cidade e
salientando elementos que chamaram a sua atenção durante as pesquisas
sobre a história local.
Oriente-os a fazer um quadro com elementos da história que vão
contar.
O que aconteceu?
Quando?
Onde?
Quem?
Como? (ação dos personagens)
Desfecho
O PAPEL DO EDUCADOR
O papel do educador nessa tarefa é colaborar com os estudantes no sentido de incentivá-los a
integrar, de forma interdisciplinar, seus conhecimentos e emoções, para que se percebam capazes de
representar fatos da história local por meio de quadrinhos.
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AVALIAÇÃO
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ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
57
proposta de transmitir conhecimento de forma leve e divertida através de
aulas prazerosas.
E, uma vez que esse caderno é o guia que vai ajudar na efetivação
dessa proposta cada uma das suas unidades contém alguns conceitos-
chave para a compreensão do tema que irá compor a HQ e são sugeridos
também atividades a serem realizadas como forma de apreensão dos
diferentes conteúdos em sala de aula e outros espaços de aprendizado.
Cada uma das unidades está descrita detalhadamente, permitindo
sua aplicação com facilidade. Os conteúdos a serem trabalhados, seus
objetivos, a duração, possibilidade de interdisciplinariedade e os materiais
necessários para efetivação de cada proposta são elencados no início, bem
como as questões geradoras do debate. No decorrer da unidade vamos
encontrar algumas sugestões de leitura, pesquisa, para saber mais que tem
como objetivo reforçar e/ou transmitir mais informações sobre as idéias
trabalhadas.
Cada uma das unidades possui um tema específico e propostas de
atividades, mas a ordenação dos mesmos dependerá da experiência do
professor e da demanda trazida pelos alunos.
E para o encerramento participativo e comprometido com a temática
central que foi a história local, propõe-se a organização de um evento
utilizando o produto final elaborado pelos alunos ao longo dos trabalhos:
linha do tempo, relatos, entrevistas, história em quadrinhos, fotografias,
documentos, objetos diversos, convidando todos da escola, as famílias e a
comunidade para participar com o objetivo de compartilhar o conhecimento
adquirido.
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REFERÊNCIAS
CALAZANS, Flávio M. de A., História em quadrinhos na escola. São Paulo: Paulus, 2004
MEIHY, José Carlos S. B.; HOLANDA, Fabíola. História Oral: Como fazer, como
pensar. 2ª ed. 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2011
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PRINS, Gwyn. História Oral. In: BURKE, Peter. A Escrita da História, Novas
Perspectivas. São Paulo, Editora UNESP 1992. p. 163 a p. 198
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ANEXOS
Obra: Eu me lembro
Autor: Gerta Brentani
Tema: História e Memória
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: A pequena cidade de Javé será submersa pelas águas de uma represa.
Seus moradores não serão indenizados e não foram sequer notificados porque não
possuem registros nem documentos das terras. Inconformados, descobrem que o
local poderia ser preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado
em documento científico. Decidem então escrever a história da cidade – mas poucos
sabem ler e só um morador, o carteiro, sabe escrever.Depois disso, o que se vê é
uma tremenda confusão, pois todos procuram Antônio Biá, o “autor” da obra de
cunho histórico, para acrescentar algumas linhas e ter o seu nome citado.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Narradores_de_jav%C3%A9 Acesso em 12 de Nov de 2012
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2 Documentos liberatórios de direitos autorais de materiais utilizados na produção
didático pedagógica
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