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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

TÍTULO: RE(VI)VENDO MEMÓRIAS E (RE)PRODUZINDO HISTÓRIAS: A


produção de história em quadrinhos como ferramenta pedagógica para
o ensino da história do município de Iretama (1950-1960)
AUTOR Valdenice Gonçalves de Souza
ÁREA/DISCIPLINA História
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO Colégio Estadual José Sarmento Filho –
E.F.N. Rua Geraldo Gomes Vieira, 178
MUNICÍPIO DA ESCOLA Iretama - Paraná
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO Campo Mourão
PROFESSOR ORIENTADOR Bruno Flávio Lontra Fagundes
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Faculdade Estadual de Ciências e
Letras de Campo Mourão - FECILCAM
RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR Possibilidade de relação interdisciplinar
com Língua Portuguesa, Artes e
Geografia
RESUMO Esta produção didático-pedagógica
pretende discutir sobre a utilização da
História em quadrinhos como
ferramenta pedagógica para o ensino
da história local do município de
Iretama, no período compreendido entre
a década de 1950 a 1960. Suas bases
permeiam a concepção teórico-
metodológica no estudo das Memórias
e das narrativas, a partir da História
Oral. A proposta por ora apresentada
visa reconstituir por meio de entrevistas,
as histórias de vida e das vivências do
cotidiano dos primeiros moradores que
chegaram ao município de Iretama
entre os anos de 1950 e 1960. No
desenvolvimento das ações e dos
princípios teórico-metodológicos da
pesquisa, teremos como público-alvo os
alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual José
Sarmento Filho_ Ensino Fundamental e
Normal, do município supracitado. A
principal finalidade da proposta se faz
no sentido de contribuir na
sistematização de fontes documentais,
possibilitando para que os alunos
produzam conhecimento histórico, a
partir de seu local de vivência;
ultrapassando o registro tradicional das
memórias históricas e percebendo as
contribuições da memória coletiva no
processo de construção da história local
e sua articulação com a formação da
identidade cultural do município. O
referencial teórico utilizado centrar-se-á
em autores preocupados com a
produção do conhecimento histórico
dialógico e uso das histórias em
quadrinhos como uma ferramenta
pedagógica de ensino, que se constitua
como uma possibilidade do despertar
do interesse do aluno em aprender e,
sobretudo; no incentivo à pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE História Local. Iretama. Memória.
Quadrinhos. Ferramenta Pedagógica
FORMATO DO MATERIAL DIDÁTICO Caderno Pedagógico
PÚBLICO ALVO Alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental

2
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSORA PDE: VALDENICE GONÇALVES DE SOUZA


PROFESSOR ORIENTADOR: BRUNO FLÁVIO LONTRA FAGUNDES
AREA/DISCIPLINA: HISTÓRIA

CAMPO MOURÃO
2012

3
VALDENICE GONÇALVES DE SOUZA

HISTÓRIA

RE(VI)VENDO MEMÓRIAS E (RE)PRODUZINDO HISTÓRIAS: A


produção de história em quadrinhos como ferramenta pedagógica
para o ensino da História do município de Iretama (1950-1960)

Produção didático-pedagógica apresentada como pré-


requisito parcial à Faculdade Estadual de Ciências e
Letras de Campo Mourão – FECILCAM e à Secretaria
de Estado da Educação do Paraná – SEED para o
programa de formação continuada intitulado Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE, a ser
desenvolvido como Material de Intervenção Pedagógica
no Colégio Estadual José Sarmento Filho – EFN,
município de Iretama – PR.

Orientação Profº. Dr. Bruno Flávio Lontra Fagundes.

CAMPO MOURÃO
2012

4
APRESENTAÇÃO

Nas práticas pedagógicas desenvolvidas na rede pública de ensino,


principalmente na disciplina de história percebe-se uma abordagem linear e
tradicional no trabalho com os conteúdos, o que torna o processo ensino
aprendizagem uma atividade pouco envolvente para o aluno, e foi com base nessa
constatação e na necessidade de se possibilitar o trabalho com novas metodologias
e linguagens no ensino de história que esse trabalho foi pensado. O intuito é sair
dos limites do livro didático e priorizar uma relação ensino aprendizagem mais
participativa e motivadora que leve o aluno a se engajar e participar mais
efetivamente da construção do conhecimento histórico.
A proposta visa reconstituir por meio de entrevistas, as histórias de vida e
vivências do cotidiano de moradores, como uma forma de preservação da história
local, pois como ressalta Prins (1992, p. 198) “A continuidade histórica,
especialmente nas culturas orais, requer mais atenção do que mudança. A tradição
é um processo – vive apenas enquanto é continuamente reproduzida”.
Assim esse material pretende de uma forma crítico-reflexiva abordar a
história local, e colocar-se como um objeto de estudo e ferramenta de ensino e
aprendizagem, pois, acredita-se que conhecendo suas origens o aluno possa se
perceber parte da história, e como agente ativo e transformador atribuir mais
significado à sua aprendizagem, tornando-se mais participativo e compreendendo
que o conhecimento histórico é integrado e fruto das ações de todos os homens.
A história oral nos apresenta ricas e infinitas possibilidades de trabalho, o
seu uso como metodologia nessa proposta visa incorporar no processo ensino
aprendizagem as pessoas que protagonizam e fazem história no seu dia a dia,
tornando com isso a prática educativa uma ação que abre caminhos e colabora com
a contextualização e (re)significação do “saber histórico” pelo envolvimento da
pesquisa, resgate do papel do estudante como um pesquisador/produtor e não
apenas como receptor de conhecimento.
A proposta de partir da história local nos possibilita também atender a Lei nº
13.381/01, a qual torna obrigatória na educação básica da rede pública de ensino do
Estado o trabalho com a História do Paraná.
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O trabalho com a produção de narrativas em quadrinhos terá como objetivo
despertar o interesse do aluno em aprender e, sobretudo, incentivá-lo à pesquisa ao
instigá-lo a interagir com o conhecimento de uma forma lúdica e divertida.
Vergueiro (2009) nos coloca que mesmo antes do potencial dos quadrinhos
ser reconhecido como manifestação artística expressiva, na década de 40 nos
Estados Unidos alguns autores já percebiam a sua capacidade para contar histórias
e ensinar, e já elaboravam quadrinhos com caráter educacional. Para ele a presença
do trabalho com as HQs nas escolas, deve ser incentivada por ser um recurso
pedagógico que nos permite várias abordagens e desenvolver nos alunos
habilidades como a de leitura, compreensão de textos e alfabetização visual. Enfim
como nos diz CALAZANS (2005, p.32) “infinitos usos da linguagem da HQ são
possíveis, o limite foi, é e sempre será o da criatividade e capacidade de improviso
do professor”.
Todavia, uma ressalva. A metodologia em si de nada contribui a uma leitura
crítica, se não construída a partir de um diálogo crítico do processo histórico do qual
faz referência.
O material didático que ora apresentamos trata-se de um Caderno
Pedagógico que propõe uma série de atividades para reflexão e tem como objetivo
principal auxiliar os professores na execução do seu trabalho docente de promover
atividades que motivem e desafiem o aluno a aprender e participar efetivamente na
produção do conhecimento histórico. A sua produção é resultado do Programa de
Desenvolvimento Educacional do Governo do Estado do Paraná (PDE) e tem como
objetivo subsidiar a prática pedagógica docente aproximando teoria e prática e
levando o aluno à produção de um conhecimento histórico mais dinâmico e
integrado. Enquanto subsídio pedagógico esse caderno não é um produto pronto e
acabado que visa dar conta de todas as questões do processo ensino
aprendizagem, mas é uma sugestão que visa ser um ponto de partida para o
aprofundamento das discussões sobre o uso de novas metodologias e linguagens
no ensino de história e produção de novos conhecimentos sobre a história local. Sua
organização esta pautada em pressupostos teóricos metodológicos que buscam
demonstrar abordagens sobre a História Local e Regional de forma mais articulada e
sob uma perspectiva de criar possibilidades para o desenvolvimento de uma prática
educativa que possibilite ao aluno do ensino fundamental, resgatar memórias e
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produzir histórias, enriquecendo o processo ensino/aprendizagem dentro e fora da
sala de aula com a percepção de que o conhecimento histórico não é um saber
estático, e por isso na sua construção é fundamental o interesse, valorização e
participação de todos os sujeitos.
No desenvolvimento das ações e dos princípios teórico-metodológicos da
pesquisa, teremos como público-alvo os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
do Colégio Estadual José Sarmento Filho_ Ensino Fundamental e Normal, do
município de Iretama e esperamos que as discussões e reflexões feitas possam
contribuir com a sistematização de fontes documentais, possibilitando que os alunos
produzam conhecimento histórico, a partir de seu local de vivência e realizem
registros de memórias individuais e coletivas, mas principalmente percebam a
contribuição das memórias coletivas no processo de construção da história local e
sua articulação com a formação da identidade cultural do município.

Valdenice Gonçalves de Souza

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SUMÁRIO

1 Apresentação ............................................................................................ 05
2 Material Didático ....................................................................................... 09
2.1 Unidade I – História e Memória ................................................................ 09
2.2 Unidade II – História Oral e Memória ....................................................... 17
2.3 Unidade III – História Local e Memória ..................................................... 24
2.4 Unidade IV – História em Quadrinhos e ensino de História ..................... 39
2.5 Unidade V – História em Quadrinhos e História Local ............................. 51
2.6 Avaliação................................................................................................... 56
3 Encaminhamento Metodológico ............................................................... 57
4 Referências................................................................................................ 59
5 Anexos ...................................................................................................... 61

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Com sua origem no grego antigo historie, que significa “testemunho”
e ligada ao substantivo istor, “testemunho”, e no verbo istorein, “informar-
se”, a História carrega consigo uma infinidade de significados, pois essa
terminologia é utilizada para designar uma série de coisas
diferentes.(FERREIRA & FRANCO, 2009)
Na Educação a História é uma disciplina que estuda a vida dos
homens em sociedade e busca compreender suas criações culturais, ações,
desejos e sentimentos ao longo do tempo e em espaços diferentes. A História
não tem um conhecimento pronto e acabado, nem é absoluta, ela se faz num
processo dinâmico e permanente que diz respeito a todos nós.
Durante o tempo que foi considerada um gênero literário, a História
não se preocupou com a preservação do patrimônio histórico material e
imaterial, isso só sofreu alguma alteração a partir do século XIX, quando
passou a ser considerada uma ciência e se tornou uma disciplina acadêmica.
Em sua prática inicial a produção do conhecimento histórico sofria forte
influência da História Metódica e do Positivismo e era centrado nas idéias
eurocêntricas, caracterizada pela linearidade, uso restrito de documentos
oficiais e supervalorização dos grandes heróis. A partir do século XX, no
entanto, houve um grande avanço na produção desse conhecimento, devido
às influências de correntes historiográficas como a Nova História, Nova
História Cultural e Nova Esquerda Inglesa, que trouxeram para a produção do
conhecimento histórico, novas perspectivas teóricas e temporalidades, novos
sujeitos, novos problemas e novas fontes. (PARANÁ, 2008)
Com os historiadores não se restringindo a narrar fatos que
pontuavam memórias da nação, novas áreas de pesquisa, métodos e
abordagens surgiram, modificando as relações entre passado, presente e
futuro e trazendo para a história personagens e grupos anônimos,
9
esquecidos pela historiografia tradicional. A ampliação dos campos de
pesquisa possibilitou o estudo da ação (história e memória) de pessoas
comuns e do seu cotidiano e a sua incorporação nos discursos
historiográficos e no conhecimento histórico produzido, ou seja, esses
sujeitos históricos passaram a ter voz e ocupar o seu lugar na história.
Como não existe vida sem história, não existe sociedade sem
memória. As memórias podem ter diversas funções, preservar a identidade,
transmitir tradições, costumes, vivências, etc, Mas a função mais importante
da memória é relembrar, fazendo com que as experiências das gerações
passadas e o seu significado sejam transmitidos às novas gerações e não
seja relegada ao esquecimento. (ALVES & OLIVEIRA, 2010)
Enfim diversas são as definições e conceitos de história e memória e
a maneira de cada um de entendê-las, mas em todas se pressupõe a
produção de uma narrativa, cujo registro não deve se concentrar apenas nas
mãos de um pequeno grupo de pessoas ou instituições, por isso cada um de
nós precisa se tornar produtor, guardião e difusor da história da nossa
comunidade e os nossos alunos como partícipe desse processo histórico
precisam ter ciência disso e tomar consciência do seu papel frente a essa
realidade. Isso é um pouco do que vamos trabalhar nessa unidade.

CONTEÚDOS DAS AULAS

1 Conceito de história e memória


2 Fontes históricas e sua importância

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Entender a importância da história e o processo de produção do


conhecimento histórico;
 Analisar a relação entre a história, sua interpretação e a memória.
 Compreender do que são fontes históricas sua importância e uso na
construção do conhecimento histórico;

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 Perceber a existência de diferentes versões históricas para uma mesma
narrativa quando feita por diferentes sujeitos;

DURAÇÃO DAS AULAS

7 horas/aula de 50 minutos

RECURSOS DIDÁTICOS

Filme – Narradores de Javé (Direção de Eliane Caffé, 2004)

Coleção Problemas em quadrinhos – HQ: O Baú da Vovó. Diretoria de


Tecnologia Educacional (DITEC) e Departamento de Educação Básica (DEB) da
Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/hq_bau_da_vovo_08out
2012.pdf> Acesso em 16 de outubro de 2012, 16:00

FOX, Mem. Guilherme Augusto Fernandes. São Paulo: Ed. Brinque Book,
1995. Tradução de Gilda de Aquino. Ilustração de Julie Vivas.

Caixa grande ou um baú.

METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS

1º MOMENTO (2 horas/aula)
1) Iniciar a conversa com as representações que os alunos têm a respeito da
História e levando em conta o que o aluno já sabe, ou imagina saber,
facilitando a percepção de que o estudo da História nos ajuda a conhecer
melhor o nosso meio de vivência em interação com outros meios, o tempo
presente e o passado e ganhar autonomia e capacidade de crítica.

Refletir com os alunos


Por que aprender história?
Para que serve o conhecimento histórico?
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2) Orientar os alunos a fazerem a leitura da HQ: O baú da Vovó

Ler, refletir e debater

HQ: O Baú da Vovó - Coleção Problemas em Quadrinhos - SEED/PR


Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/hq_bau_da_vo
vo_08out2012.pdf acesso em 08 de Nov

3) Após a leitura da HQ o professor deverá explorá-la questionando com os


alunos:

 O que são e os tipos de fontes históricas;


 Cuidados que devemos ter ao analisar um documento histórico;
 Como se dá o processo de construção do conhecimento
histórico.
 A importância do acervo histórico e da memória documental
existente nos guardados das famílias.

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SUGESTÃO DE ATIVIDADE PARA O ALUNO

Agora é a sua vez de responder

O grupo ilustrado na HQ vê a história como uma aventura fascinante. E


você, que idéia faz da História? O que você acha que a história estuda?
Você acha que ela pode ajudar as pessoas no dia a dia? Se sua
resposta for sim, como?
Na HQ – O Baú da Vovó os meninos discutem sobre fontes históricas.
O que você entende por isso?
As fontes históricas podem ser classificadas de várias maneiras. Quais
foram os tipos de fontes citados na HQ? Quais informações elas podem
fornecer?
A sua família costuma registrar e guardar momentos importantes da
sua história? Como?

Decifre o código de letras e descubra o nome de documentos escritos


importantes para toda a sociedade brasileira.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z








LEMBRE-SE: As certidões, os contratos, o histórico escolar, o


passaporte, as leis, a carteira de trabalho e identidade, o diploma e
muitos outros são documentos escritos. Os documentos escritos são
importantes fontes para o trabalho de pesquisa do historiador e o
conhecimento histórico

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2º MOMENTO (1 hora/aula)

1) Fazer oralmente com os alunos a leitura do trecho do Livro: Menino


Guilherme Augusto Fernandes de Mem Fox e do conceito de memória do
Dicionário Houaiss.

Ler, refletir e debater

Trecho do Livro Guilherme Augusto Araújo Fernandes


[...]
_ O que é uma memória? - perguntou Guilherme Augusto. Ele vivia fazendo
perguntas.
_ É algo de que você se lembre - respondeu o pai.
Mas Guilherme Augusto queria saber mais; então ele procurou a Srª Silvano,
que tocava piano.
_ O que é memória? – perguntou.
_ Algo quente, meu filho, algo quente. [...]
Ele procurou o Sr. Valdemar, que adorava remar.
_ O que é memória? – perguntou.
_ Algo que o faz chorar, meu menino, algo que o faz chorar.
Ele procurou a Srª Mandala, que andava com uma bengala.
_ O que é memória? - perguntou.
_ Algo que o faz rir, meu querido, algo que o faz rir.
Ele procurou o Sr. Possante, que tinha uma voz de gigante.
_ O que é memória? – perguntou.
_ Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro. [...]
Trecho do livro Guilherme Augusto Fernandes,
De Mem Fox, com ilustração de Julie Vivas.
Tradução de Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque-Book, 1995

Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, memória “é aquilo que ocorre


ao espírito como resultado de experiências já vividas; lembranças, reminiscências...”
E, no plural – memórias -, pode ser um relato que alguém faz com base em
acontecimentos históricos dos quais participou ou foi testemunha, ou que estão
fundamentados em sua vida particular.

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2) Após a leitura do texto, refletir com os alunos:

 O que é memória? Comparar significado dicionarizado com os


sentidos atribuídos pelos velhinhos.
 Como ela funciona e como pode ser preservada?
 Para que serve e onde esta guardada?
 Qual é o lugar da memória na vida de cada um de nós e das
pessoas da nossa comunidade?
 Se existe na cidade algum lugar (museu, biblioteca, arquivo) para
se conservar as memórias da mesma?

3º MOMENTO (3 horas/aula)

1) Iniciar verificando a idéia que os alunos já conceberam sobre os conceitos


de “história” e “memória”, fazendo anotações sobre as diferentes idéias
apresentadas no quadro;

2) Exibir o filme “Narradores de Javé”


Para assistir, refletir e debater

Direção: Eliane Caffé


Ano: 2003
Duração: 100’
Tema: Meio Ambiente, Políticas Públicas e Memória Local
Sinopse: A pequena cidade de Javé será submersa pelas águas de uma represa. Seus
moradores não serão indenizados e não foram sequer notificados porque não possuem
registros nem documentos das terras. Inconformados, descobrem que o local poderia ser
preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em documento
científico. Decidem então escrever a história da cidade – mas poucos sabem ler e só um
morador, o carteiro, sabe escrever. Depois disso, o que se vê é uma tremenda confusão,
pois todos procuram Antônio Biá, o “autor” da obra de cunho histórico, para acrescentar
algumas linhas e ter o seu nome citado.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Narradores_de_jav%C3%A9 Acesso em 12 de Nov de 2012

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3) Realizar uma interação discursiva com os alunos sobre o filme,
destacando:
 Que a história não é única e que diferentes versões podem ser
construídas para um mesmo fato através de “memórias” de diferentes
sujeitos.
 Os conceitos de história oral e memória e o seu valor na historiografia
atual;
 As dificuldades encontradas pelo historiador ao trabalhar com fontes
históricas.

4) Pedir aos alunos que destaquem as cenas nas quais consideram estar
apresentado de forma mais evidente os conceitos de “história” e
“memória”.

4º MOMENTO (1 hora/aula)

Confecção do Baú das Memórias pelos alunos.


Material: Cola, tesoura, caixa grande, jornais, revistas para recorte, xerox de
fotografias, histórias, etc

Confecção do “Baú das Memórias”

1) Orientar os alunos a confeccionarem uma caixa em formato de um baú.


2) Ilustrar com imagens, desenhos, recortes de jornais e revistas, postais,
trechos de histórias e outros objetos que sejam significativos na história
do aluno.
3) Incentivar os alunos a guardarem no seu baú todos os documentos e
fontes produzidas durante a intervenção (trechos de histórias, recortes de
jornais, imagens de revistas, desenhos, postais, relatos, fotografias,
atividades e outros materiais produzidos e coletados).

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Ao incentivar o aluno a pesquisar, contar suas histórias e narrar suas
lembranças de momentos vividos, estamos nos envolvendo com suas
memórias, que aqui devem ser entendidas como resultados das suas
múltiplas e diferentes experiências vividas. O trabalho de construção e
valorização de memórias pressupõe interações e novas possibilidades de
abordagem para o conhecimento histórico.
Na sociedade contemporânea somos prisioneiros do ritmo acelerado
de vida e ficamos vazios da historicidade e as nossas histórias/memórias
familiares e locais vão sendo relegadas ao esquecimento e muitas vezes se
perdendo, e ai nos perguntamos: Como construir conhecimento frente a
essa realidade?
Sabendo sermos nós os guardiões da história precisamos nos
dedicar mais a preservação e transmissão desse conhecimento produzido e
transmitido às novas gerações. Schimdt & Cainelli (2009) nos colocam como
um ponto importante no ensino de história a compreensão de que ela é
processual, resultado da articulação entre a história individual e a coletiva de
grupos e sociedades e, portanto, todos somos sujeitos da história; todos
somos partícipes e fazemos história no nosso dia a dia. Sendo assim a
memória individual ou coletiva é de fundamental importância não somente
para historiadores, mas também para grupos e indivíduos na sociedade, pois
por meio dela temos a possibilidade de lembrar, fazer a “leitura” de períodos
históricos e chegarmos a sujeitos históricos esquecidos pela História.
Como nos coloca Meijy & Holanda (2011) a história oral tem como
essência a humanização das percepções e por isso não pode ser praticada a
partir da necessidade de se ativar ou materializar o que existe em estado oral
retido na memória ou que foi esquecida, ela deve fluir a partir de desafios da
comunidade para se produzir uma versão ou não deixar morrer determinadas
experiências vividas pelo grupo, tornando-se assim produtora de um
conhecimento significativo do passado no presente.

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No Brasil nunca existiu muita preocupação social com a preservação
da memória e muitas vezes fatos e acontecimentos importantes caíram e
caem no esquecimento, daí o país ser comumente chamado de “país sem
memória”, mas felizmente nas últimas décadas vemos essa máxima perder
espaço com o aumento de iniciativas e uma maior preocupação com a
preservação da memória histórica, e por extensão do patrimônio cultural. No
ensino de história os alunos devem ser incentivados a desenvolverem esse
senso de preservação da memória social individual e coletiva, como
condição indispensável à construção de uma nova cidadania e sentimento
de identificação com o local e nacional. (ORIÁ, 2010)
A metodologia de trabalho com a história oral e memórias apresenta
inúmeros desafios e possibilidades, mas exige certos cuidados. É uma
metodologia alternativa e interessante e tem como objetivo não só orientar a
ação docente, mas também tornar a prática educativa uma ação que envolve
a pesquisa, resgata o papel do estudante como um pesquisador que
participa do processo ensino aprendizagem como produtor e não apenas
como receptor de conhecimento.
Para o aluno nessa circunstância, ser autor da história da sua vida, da
de seu grupo e/ou comunidade significa perceber que as nossas experiências
podem ser narradas e registradas como forma de nos permitir visualizar a
nossa trajetória como um todo, assim contar a nossa história significa contar
sobre as pessoas, os lugares, os fatos, as datas, enfim sobre tudo e todos
que nos cerca. Significa narrar às mudanças e permanências, marcos e
rupturas que ocorreram e ocorrem no tempo e espaço que ficaram
registradas nos documentos e na nossa memória.
Assim essa unidade tem como meta levar os alunos a conhecerem
mais sobre as suas histórias/memórias pessoais e familiares através de
entrevistas, pesquisas e coletas de fontes.

CONTEÚDOS DAS AULAS


 História do aluno
 Memórias familiares
 História oral e memória
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Levar o aluno a conhecer mais e registrar informações sobre as suas


histórias/memórias pessoais e familiares;
 Adquirir noções básicas do que é uma entrevista e de como realizá-la;

POSSIBILIDADE DE INTERDISCIPLINARIDADE:

Esta unidade poderá abranger de forma interdisciplinar a área de


Língua Portuguesa na realização da produção textual.

DURAÇÃO DAS AULAS

7 horas/aula de 50 minutos

RECURSOS DIDÁTICOS

Letra de música e vídeo - Palavra Cantada: “Eu”, CD Canções Curiosas


Paulo Tatit e Sandra Peres, Ed. Palavra Cantada, 1998
Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/palavra-cantada/eu.html> Acesso em 25 de outubro de 2012 17:30

METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS

1º MOMENTO (3 horas/aula)

Para saber mais sobre as suas memórias familiares o aluno fará uso
da coleta de dados e principalmente de entrevistas por isso é necessário que
conheça algumas das regras básicas para a sua realização.
Você deve lembrá-los que a entrevista é uma prática de interação e co-
autoria entre entrevistador e entrevistado e que por isso ele deve considerar
alguns cuidados básico tais como:

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 Solicitar permissão para realizar a entrevista;
 Comportar-se corretamente e ter boas maneiras;
 Deixar a pessoa à vontade para falar, deixando a narrativa fluir
sem fazer interferências desnecessárias;
 Ser humilde, receptivo e respeitoso com a pessoa entrevistada;
 Não deve julgar o entrevistado;
 Ouvir a pessoa com atenção e interesse, ser receptivo;
 Organizar e testar todos os equipamentos a serem utilizados com
antecedência;
 Agradecer a pessoa entrevistada ao término da entrevista.

O aluno deve ser orientado também a comparecer ao local da


entrevista munido de materiais para o registro das respostas do entrevistado.
E para que as respostas obtidas atinjam o objetivo a que se propõe a
pesquisa a escolha da pessoa entrevistada (pai/mãe, avô/avó, bisavô/bisavó)
deve ser criteriosa;
Orientar os alunos a informar a pessoa entrevistada sobre os
objetivos da pesquisa e a importância do seu depoimento.
Depois de descobrir mais informações sobre o que é indispensável
em uma entrevista o aluno deve ser incentivado a pensar o que será
importante perguntar aos entrevistados.
Sugira que eles incluam questionamentos tais como:

Qual é a origem (descendência) da família?


Quando veio morar nesse município?
De onde vieram?
Por que vieram?
A que atividades se dedicavam?
Como era a vida aqui quando chegaram? O que mudou? O que
permaneceu?
O que mais gosta e o que não gosta na cidade?

Pedir aos alunos que solicitem ao familiar entrevistado que conte um


“causo”, isto é, um fato interessante de sua própria história de vida para levar
para a escola, se tiver algum objeto, carta, bilhete que comprove a história
levar junto.
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O professor deve estimular os alunos a compartilharem com os
colegas suas novas descobertas sobre a sua história familiar e o “causo” que
ouviu em casa.

2º Momento (3 horas/aula)

1) Fazer oralmente a leitura de um trecho da música e discutir com os alunos.

“Eu” - Palavra Cantada


[...]
Perguntei para o meu pai: “Pai, onde é que você nasceu?
Ele então me respondeu que nasceu lá em Recife
Mas seu pai que é o meu avô
Era filho de um baiano que viajava no sertão
E vendia coisas como roupa, panela e sabão
E que um dia foi caçado pelo bando do Lampião
Que achavam que ele era da polícia um espião
E se fez a confusão
E amarraram ele num pau pra matar depois do almoço
E ele então desesperado gritava: “Socorro!”
E uma moça apareceu bem no último instante
E gritou pra aquele bando: “Esse rapaz é comerciante!”
E com muita habilidade ela desfez a confusão
E ele então deu um presente, um vestido de algodão
E ela então se apaixonou
Se aquela moça esperta não tivesse ali passado
Ou se não se apaixonasse por aquele condenado
Eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra casar com
minha mãe
Então eu não contaria essa história familiar
Pois eu nem existiria pra poder contar
[...]
Disponível em: http://www.vagalume.com.br/palavra-cantada/eu.html - Acesso em 12 de novembro de 2012 as 14:00

21
2) Exibir o vídeo da música e refletir com os alunos:
 O que o autor quis expressar com a letra da música?
 Que elementos da história de vida do personagem são abordados na
mesma?
 E você, conhece algo sobre a sua história de vida e a história da sua
família?

Coletando Histórias...

Orientar os alunos para que coletem mais informações sobre a sua


história de vida a partir de fontes diversas e dados da sua memória
destacando fatos como: quando e onde nasceu, a escolha do nome,
brinquedos, músicas, desenhos de que mais gostava, fatos que marcaram
como festas, travessuras, viagens, passeios, etc.

Dica: Orientá-los a conversar com seus pais, avós, tios,


vizinhos, amigos, ajudará muito. Além disso, devem ser
instigados a pesquisar em documentos, procurar fotografias,
roupas, cadernos, brinquedos, objetos antigos, etc.

Pedir aos alunos que guardem os objetos e fontes selecionados para


a atividade na sua caixa de memórias.

Organizando e produzindo Histórias...

Nessa etapa deve ser proposto aos alunos que elaborem um texto
contando a sua história de vida. Lembrá-los de inserir as fontes das
informações.

Socializando Histórias...

Para esse momento o professor deverá orientar os alunos a


partilharem com o grupo a narrativa da sua história de vida, expressando
seus sentimentos e relatando fatos e acontecimentos marcantes em sua vida.

22
Dica: O professor poderá aproveitar e contar algumas
passagens da sua história que achar conveniente para o
momento.

Solicitar aos alunos que guardem os objetos e fontes coletados para a


atividade no seu Baú de memórias.

3º Momento (1 hora/aula)

1) Orientar os alunos a construírem uma linha do tempo destacando


marcos/rupturas na sua história de vida e depois responder?

a) Você mudou muito? Quais são as principais diferenças entre o que


você era e o que é hoje? O que mais chamou a sua atenção? Por
quê?
b) Em que você não mudou?
c) Que documentos você usou para escrever a sua história?
d) Descubra fatos que aconteceram no Paraná, no Brasil e no mundo
no ano do seu nascimento.

2) Formar grupos e pedir aos alunos que comparem suas cronologias


destacando diferenças e semelhanças percebidas, os itens pontuados
devem ser registrados no caderno para a discussão coletiva.
3) Discutir com os alunos os conceitos de memórias individuais e coletivas,
bem como a dinâmica de construção do conhecimento histórico;
4) Pedir a cada aluno que selecione uma das fontes coletadas que estão
arquivadas no seu “Baú de Memórias e responda:

 Onde e quando foi feita?


 Quem a fez? Por quê? Como foi feita?
 Comente algo importante para você relacionado a essa fonte.
 Faça uma representação em forma de um desenho.

Outras sugestões de atividades


Depois de saber mais sobre as suas origens pode-se
pedir ao aluno que elabore a árvore genealógica da sua
família ou ainda que com base na canção “Eu”, produza
uma paródia contando sua origem/história familiar.

23
A história não é única, linear ou composta de fatos isolados, é uma
narrativa que resulta de ações humanas significativas e é socialmente
produzida no presente. Não existe história melhor ou pior, todas têm muito
valor e precisam ser conhecidas, preservadas e perpetuadas para as futuras
gerações.
Schimidt & Cainelli (2009) colocam que todos somos frutos da história
vivida e, portanto sujeitos da história. Assim sendo um dos objetivos
primordiais do Ensino de História deve ser levar o aluno a se perceber
partícipe do processo de construção do conhecimento histórico. Karnal
ressalta que

Ensinar história é uma atividade submetida a duas transformações


permanentes: do objeto em si e da ação pedagógica. [...] se o “fazer
histórico” muda, [...] a escola muda também, é imperativo pensar que
a renovação do ensino de História deve ser constantemente trazido á
tona. (KARNAL, 2010, p. 8-9)

A respeito, Selva Guimarães afirma

História é um campo de possibilidades, nos ajuda a compreender o


mundo e a nós mesmos. O conhecimento histórico não está pronto,
acabado, não é verdade absoluta, mas construção temporal, parcial,
seletiva, incompleta, que possibilita múltiplas leituras e
interpretações. (FONSECA, 2009, p. 7)

Dessa forma a história local pode servir como uma estratégia


pedagógica para a inserção do aluno em discussões históricas mais amplas,
possibilitando a ele ter uma visão mais plural dos fatos estudados. A história
local não se escreve por si mesma, mas depende da natureza da evidência e
do modo como é lida (SAMUEL, 1989/1990). Assim procurando valorizar a

24
história local, buscamos refletir sobre o seu ensino e perceber que ela por si
só traz uma maneira de pensar e fazer história, em termos de aprendizagem
e concepção. Essa idéia nos desafia a deixar o ensino de história tradicional,
factual e linear e fazer uso de uma nova concepção de trabalho histórico
onde o passado e o presente, as experiências e expectativas de vida dos
jovens do século XXI, sejam consideradas no processo. Além disso, que a
compreensão e construção do conhecimento histórico estejam articuladas
com o interesse do aluno e vinculadas a sua vida cotidiana.
Segundo Levi Giovanni apud BURKE (p. 145, 1992) “Refletir sobre
história local, no momento atual das produções e discussões
historiográficas, nos remete necessariamente a uma interseção com a micro-
história”. Para ele a abordagem sob o recorte da história local é um campo
privilegiado de investigação para os diversos níveis em que se trançam e
constituem as relações de poder entre indivíduos, grupos e instituições. Já
Martins, nos coloca que

A história local é a história das particularidades, ela se determina


pelos componentes universais da História, em seus processos mais
amplos e significativos. Isto é, na história local embora as formas e
conteúdos dos grandes processos históricos nem sempre sejam
visíveis, ela ganha sentido por meio deles. (...) É no âmbito local que
a História é vivida e é onde tem sentido para o sujeito da História.
(MARTINS, p. 97, 2000)

Para Bittencourt (2005) a história local tem sido elaborada por


historiadores de diferentes tipos, de diversas proveniências com objetivos
distintos e tais autores são geralmente criadores de memórias. A memória é,
sem dúvida, aspecto relevante na configuração de uma história local tanto
para historiadores como para o ensino.
A partir dessas problematizações podemos refletir sobre a
importância da história local na (re)criação de memórias que indicam os
potenciais históricos e a historicidade presente no estudo da história da
localidade.

25
Dessa forma um dos maiores desafios para o ensino de história da
atualidade é produzir um conhecimento significativo para o aluno
aproximando os conteúdos ensinados ao seu cotidiano e ao seu momento
histórico. O ensino da história local pode ser um componente importante
nessa aproximação ao iniciar a produção do conhecimento a partir daquilo
que cerca o aluno, pois como nos afirma FONSECA (p. 117, 2010) “[...] a
história pode ser encontrada, ouvida, lida nos muros, nas ruas, nos quintais,
nas esquinas, nos campos [...]”, e principalmente propiciar uma forma ativa e
dinâmica de promover a produção do conhecimento.
Assim, retomamos as DCEs (2008) a partir da ênfase atribuída a uma
apropriação do saber histórico na qual o conteúdo de História trabalhado na
educação básica deve ser compreendido a partir da relação entre local,
nacional e global e para atingir esse patamar os professores devem fazer
uso de documentos diversos que permitam construir narrativas históricas
que possibilitem a incorporação de olhares alternativos sobre o ensino de
história.
A valorização da identidade e história local deve ser oportunizada aos
alunos. Por isso a seguir destacamos algumas fontes, sugestões de
atividades, recursos e metodologias que poderão ser utilizadas pelo
professor no sentido de iniciar diálogos sobre a história local com os alunos.
O principal objetivo destas atividades será indicar possíveis caminhos para a
superação da idéia do ensino de história como algo memorativo e distante da
nossa vivência.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Ampliar o conhecimento sobre a cidade, observando transformações e


permanências;
 Interagir com moradores, conhecer e valorizar suas memórias sobre a
cidade;
 Realizar pesquisas exploratórias e conhecer mais sobre a história do
seu município;
26
POSSIBILIDADE DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Esta unidade poderá abranger de forma interdisciplinar as áreas de


Geografia (localização geográfica) Artes (na pesquisa iconográfica), Língua
Portuguesa (produção textual).

DURAÇÃO DAS AULAS

12 horas/aula de 50 minutos

RERCURSOS DIDÁTICOS

Livro Eu me lembro, Gerta Brentani, São Paulo: Companhia das Letras, 1996

Música e vídeo: “Ora bolas” Palavra Cantada, Cd Canções Curiosas

Mapas políticos (Mundi, Brasil, Paraná, territorialização do município de


Iretama);

METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS

1º Momento (2 horas/aula)

ATIVIDADE 1

Começando a conhecer e pesquisar sobre a história do município


Refletir com os alunos:

 Por que estudar a história do município?


 O que você sabe sobre essa história? Como obteve essas
informações?
 O que mais você gostaria de saber a história da sua cidade?
 Como é possível ampliar os nossos conhecimentos sobre a história
da cidade?
27
Decida também...

Quais as pessoas que podem ajudar a contar a história?


Que lugares devem ser visitados para se observar pistas e saber mais
sobre a história?
Onde e como obter imagens antigas e atuais sobre o município?
Onde pesquisar documentos e registros sobre a história?

Atividade 2

Exibir o clip “Ora Bolas” e explorar com os alunos as seguintes


reflexões:
Cada um de nós tem um endereço no espaço: uma rua, um bairro,
uma cidade, um estado, um país, um continente, um planeta e cada um têm a
sua história.

Você sabe a localização da sua moradia em relação ao espaço da


cidade, regional, nacional e mundial?

Distribuir, para cada aluno, cópias do mapa mundi, do mapa do


Brasil e do mapa do Estado onde moram. É ideal que todos estes mapas
tenham a divisão política do território. Solicitar aos alunos que realizem a
localização geográfica do espaço onde moram em relação ao mundo, Brasil e
Estado.

No mapa da territorialização do município pedir aos alunos que


identifiquem:
 seu local de vivência, indicando o nome da rua;
 bairro em que se localiza sua casa;
 bairros vizinhos ao que mora;

28
Fonte: Secretaria de Serviços Públicos – Prefeitura Municipal de Iretama

MEMÓRIAS DA MINHA CIDADE

Para começar a “Construir história”, é preciso provocar e registrar narrativas.


Com esse propósito a atividade “Memórias da minha cidade” fará uso de
entrevistas e terá como objetivo mapear memórias, propiciando um momento
onde às pessoas poderão se inserir na trama compartilhando experiências e
narrativas sobre a cidade, que poderá ser: Algum fato/acontecimento que o/a
marcou de maneira especial, alguma história ou lembrança sobre a cidade
que se sinta a vontade para contar.

1º MOMENTO (3 horas/aula)

No seu livro “Eu me lembro” Gerda Brentani escreveu sobre suas


memórias e as mudanças que viu acontecer na sua cidade. Leia o texto
juntamente com os alunos e leve-os a aprender com ela.

29
Para Ler e refletir

“Eu me lembro”
(...)
Eu me lembro. Lembro muito bem a lâmpada a gás da minha infância.
1909. Eu tinha três anos e o direito de, à noite, puxar a correntinha que fechava
o gás.
Ao escurecer, eu observava pela janela os acendedores de lampiões
na rua.
Lembro a emoção do primeiro telefone. Meu irmão, Ricardo, seis anos,
atendendo o chamado de um amigo. O telefone era uma caixa de madeira que
se fixava na parede; na frente tinha um tubo para receber a voz do falante e,
num dos lados, um outro tubo pendurado a uma corda para transmitir o som.
Girando a manivela que ficava do outro lado, se chamava a telefonista; naquela
época o telefone não era mecanizado.
Para nós, crianças, o aparelho parecia mágico: podíamos ouvir sem
ver.
Lembro que todos os meios de transporte eram puxados por cavalos.
(...) Cavalos também puxavam o bonde, que rolava sobre dois trilhos.
Vivi a instalação do bonde elétrico. Não eram mais cavalos que o
faziam mover-se, embora rolasse sobre os mesmos trilhos, mas alguns fios no
ar e um condutor na frente, sério e fardado. (...)
Aos quatro anos andei pela primeira vez de automóvel, uma espécie de
banheira enorme com quatro rodas. Minha mãe me segurava temendo um
tombo, pois íamos à louca velocidade de vinte e cinco quilômetros por hora.
(...)
BRETANI, Gerda. Eu me lembro, 2001, p. 4-14. (Fragmento)

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

Na exploração do texto de Gerda você deve instigar os alunos a


perceber e relatar as mudanças e permanências que a personagem viu
acontecer no seu espaço de vivência e explorar também:
30
 Quem fez o relato oral? Quando ele foi feito?
 Por que ele foi feito?
 Sobre quem ou o que é a história?
 Você acha que pode aprender história em um relato como esse?
Justifique.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE PARA O ALUNO

Desenhar em conjunto com os alunos o mapa da territorialização do


município em tamanho grande para que possam ser mapeadas as memórias
de moradores.
Explorar com os alunos:
Quais critérios serão usados nas entrevistas;
Exemplo: Número de entrevistados, local de realização da entrevista,
faixa etária, etc.

Uma vez estabelecidos os critérios o trabalho a ser realizado em duplas


consistirá em sair a campo e nos locais pré-definidos colher o relato de
“memórias” de moradores sobre a cidade na seção Eu me lembro...
Cada dupla deverá registrar suas impressões ao longo do percurso realizado
(lugares, pessoas, objetos, cenas, construções, nomes de ruas, enfim tudo
que lhe chamar a atenção).

Ao retornar a sala os alunos deverão:


 Mapear o registro da memória coletado no mapa de territorialização;
 Expor o material coletado (fotografias, objetos) assim como o relato
das suas impressões sobre o percurso.

A partir das diversas fontes coletadas pelos alunos e pelo professor, analisar:
Semelhanças e diferenças
Rupturas e permanências
31
Aula passeio

Após a realização das entrevistas e o mapeamento das memórias o


professor deverá organizar uma aula passeio com os alunos pelos lugares
mapeados colhendo as impressões do grupo sobre cada local.
Nos locais visitados os alunos devem ser orientados a observarem
dados como a arquitetura, localização, objetos, bem como ouvir com atenção
as explicações repassadas sobre o local.
Após a aula passeio, o(a) professor(a) deverá iniciar uma conversa
com os alunos retomando o que viram nos lugares visitados. Solicitar a
leitura das informações que eles anotaram durante a aula. Depois orientar
para que cada grupo organize um cartaz com as informações e desenhos.
Durante a conversa com os alunos, explane com eles também a idéia do que é
um patrimônio histórico e a importância de preservá-lo.

CONHECENDO MELHOR MINHA CIDADE

A história de um lugar está registrada nas memórias/lembranças das


pessoas, nas construções, esculturas e monumentos, nos documentos
escritos, nos textos, nas imagens (fotos, pinturas, gravuras, vídeos), objetos,
etc. Porém ao longo do tempo, muitas dessas pistas da história podem se
transformar e até mesmo se perder.

1º MOMENTO (2 horas/aula)

Faça um levantamento com os alunos sobre quais espaços da cidade


gostariam de conhecer melhor. Incentive-os a pensar em praças, igrejas,
parques, pontos turísticos, etc. Redija uma lista com os locais citados e
juntamente com os alunos façam uma seleção dos locais mais importantes
para a história da cidade para serem visitados e pesquisados.

32
Os alunos deverão ser divididos em grupos para fazerem a pesquisa e
colherem fontes sobre os locais.

Atenção professor:

Incentive-os a coletivamente, elaborarem questões que servirão de


roteiro de pesquisa e levantamento sobre a história do espaço. Se precisar,
dê exemplos de questionamentos tais como:

 Onde fica o local?


 Data ou período da construção?
 Por que foi construído? Por quem?
 Para que é usado?
 Quem o freqüentava e/ou freqüenta?
 Curiosidades

Em sala os alunos deverão:

1. Apresentar a pesquisa aos colegas;


2. Montar com o auxílio do professor de forma artesanal um catálogo e/ou
um mapa turístico da cidade.
3. O catálogo e/ou mapa deverá ficar exposto na escola, pois assim outras
crianças poderão conhecer mais sobre a cidade e visitar os locais
pesquisados.

Lembre-se: Os locais listados devem apresentar uma descrição


contendo dados da pesquisa tais como: localização, utilidade, características,
curiosidades, etc.

Atenção professor: Para garantir o andamento da sua


aula você também deverá trazer para a sala fotografias e
informações sobre os pontos escolhidos.
33
2º MOMENTO (2 horas/aula)

A iconografia como “lugar de memória”


Apresentar aos alunos fotografias antigas de diversos lugares da
cidade e solicitar que pesquisem sobre os lugares na atualidade e em grupos
estabeleçam comparações entre os mesmos identificando:
 Quais são os elementos presentes na foto;
 Quais foram as mudanças percebidas;
 Quais foram as permanências.

Vista área do município de Iretama 1954 1ª Igreja Católica – 1955


Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama

Casarão 1955 – Uma das primeiras casas da cidade Abertura de estradas rurais – 1960
Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama

Estradas de acesso a cidade – 1960 Avenida Paraná – 1950


Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama
34
Grande riqueza do município em 60 – Capital do MIlho !º telefone instalado no município anos 60
Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama

Emancipação política do município – 1960 Criação de Porcos fonte de renda dos pioneiros década de 50
Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama Fonte: Acervo arquivo da Prefeitura Municipal de Iretama

Agora é sua vez.

As fotos registram mudanças e permanências. Observe as fotos do


município de Iretama e responda:

Avenida Paraná – Esquina Praça Central


Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Iretama

 Que lugar esta sendo retratado?


 Em que período?
35
 Há pistas da existência de eletricidade;
 Qual o tipo de calçamento da rua;
 Quem transitava pelas ruas?
 Há pistas dos meios de transporte da época?
 Como eram as construções?

3º MOMENTO (4 horas/aula)

ENTREVISTA COM MORADORES

PESQUISANDO...

Esse roteiro de pesquisa terá como objetivo levar o aluno a conhecer


mais sobre a história do seu município e ter mais informações para redigir o
texto base para a construção dos diálogos da sua narrativa em forma de
história em quadrinhos.
O roteiro de pesquisa sobre a cidade pode abordar questões como:
 Quando, como e por que a cidade surgiu?
 Qual a história da origem do seu nome?
 Como se deu o processo de formação?
 Quem foram os primeiros habitantes? Quantos eram e quantos são
hoje?
 Quais eram as suas ocupações? Como viviam?
 Que mudanças ocorreram na cidade ao longo do tempo? Quais as
permanências?
 De que forma as pessoas vivem? Quais as suas principais ocupações?
 Que lugares interessantes havia e há hoje para se visitar? Quais os
principais pontos comerciais?

Atividade 1

Antes do início do trabalho com as entrevistas o professor deve


orientar os alunos sobre:
36
 O que é uma entrevista e a sua importância;
 Qual material fará uso para o registro das informações;
 Como será feita a divisão de tarefas entre os membros do grupo;
 Organização dos materiais complementares na coleta de dados sobre o
entrevistado (ficha cadastral, termo de autorização para uso da imagem
e do texto, etc.).
Depois de repassadas as orientações iniciais o professor deverá
organizar as questões propostas fazendo a divisão das temáticas e organizar
os alunos em grupos para dar início à pesquisa.

Atividade 2

Cada grupo deverá entrevistar antigos moradores da cidade para


saber mais sobre a cidade e a temática escolhida. A escolha dos
entrevistados deverá ser decidida em conjunto pelos alunos e professor.
O entrevistado deverá ser procurado com antecedência para ser
informado sobre o projeto e a importância do seu testemunho relatando
mudanças e permanências na cidade ao longo do tempo.
Antes da entrevista, é importante que seja elaborado um roteiro com
algumas questões que podem nortear a entrevista dentro da temática a ser
abordada.

Possíveis perguntas que poderão ser feitas:


 Qual é o seu nome? Quando e onde você nasceu?
 Há quantos anos mora na cidade? Por que escolheu morar aqui?
 Como era a cidade quando você aqui chegou?
 O que mudou? As mudanças foram boas ou negativas?
 O que não mudou na cidade?
 Do que mais sente saudades? Por quê? Etc.

Atenção: As regras básicas de conduta durante uma entrevista


devem ser relembradas.
37
No decorrer das entrevistas os alunos deverão produzir registros
escritos sobre as mesmas.
Em sala o professor deverá juntamente com os alunos redigir um
texto coletivo sobre as descobertas e os novos conhecimentos adquiridos
sobre a cidade a partir das entrevistas realizadas. Nessa produção deverão
ser destacados todos os pontos relevantes relatados, assim como
semelhanças e diferenças percebidas nas narrativas dos diferentes sujeitos
que tiveram a possibilidade de entrevistar.

IMPORTANTE:
Durante toda a realização do trabalho os alunos devem ser sempre orientados e
estimulados a estarem observando, conversando com pessoas e anotando tudo
sobre a cidade em seus primeiros tempos;
As moradias; a pavimentação das ruas, o nome das ruas e praças e sua origem, os
principais prédios públicos e suas funções, os meios de transporte e
comunicação, o abastecimento de água e a iluminação pública, a saúde e a
educação, trabalho, inclusive questionando os moradores em como eram
realizadas essas atividades nos primeiros tempos da cidade, etc.

Após a realização das atividades propostas o professor deverá


organizar em conjunto com os alunos uma exposição dos objetos e fontes
arquivados no “Baú de Memórias”, propondo uma interação do público com as
fontes históricas coletadas.

38
Surgida por volta do final do século XIX como um produto de massa, a
História em quadrinhos (HQs), que inicialmente era chamada de “funnies”,
depois “comics” e, por fim “comic book”, é uma forma de expressão artística
e cultural que foi bastante subestimada enquanto recurso didático devido a
preconceitos, mas o tempo passou e elas foram fascinando gerações,
superando barreiras e conquistaram o mundo com uma variedade de títulos e
gêneros.
O desenho é uma das formas mais primitivas de comunicação
utilizada pelo homem, por isso há quem considere os desenhos rupestres
pré-históricos a origem mais remota da manifestação artística em
quadrinhos.
Na Antiguidade as narrações através de arte sequencial apareciam
fartamente nas tapeçarias, frisos, painéis, mosaicos, vitrais, etc., além da
decoração tinham também como objetivo o registro de acontecimentos e
reforço de mitologias e crenças religiosas. Na Idade Média, era usada pela
Igreja para divulgar episódios da vida dos homens, santos e histórias
religiosas. Na China Comunista sua linguagem foi utilizada para a
doutrinação ideológica. No espaço escolar na Europa o seu uso se acentuou
após os anos 70 e serviam como uma forma lúdica e agradável de tratar os
temas escolares. No Brasil, a nova linguagem teve incentivo oficial com a
promulgação da LDB e a elaboração dos PCNs, e ganhou destaque por volta
de meados dos anos 90.
Percebemos dessa forma, que desde tempos remotos a linguagem
utilizada pelos HQs faz parte da vida humana. Elas formaram uma importante
forma de linguagem no século XX e continuam sendo uma expressiva
manifestação de linguagem deste novo milênio. Isso vem ocorrendo porque
a cultura contemporânea é cada vez mais visual e as HQs um recurso
39
pedagógico que tem um grande potencial nesse aspecto. O uso dessa forma
de linguagem na sala de aula, seja na elaboração de conceitos, seja
mostrando como um mesmo fato pode ser narrado sobre perspectivas
diferentes, pode contribuir para que os alunos compreendam de uma forma
mais lúdica e atraente a existência de diferentes versões da História, assim
como a subjetividade presente nela.
Calazans (2005) coloca que os quadrinhos podem ser usados nos
mais diferentes níveis de aprendizado; quando usado como apoio ao ensino
enquanto recurso didático seduz os leitores, proporcionando uma leitura
prazerosa e espontânea. Segundo ele “os limites do emprego de HQ em sala
de aula são os limites da criatividade de cada professor”. (CALAZANS, 2005,
p. 17)
As histórias em quadrinhos têm um grande poder de comunicação e
no ensino de História além de ponto de partida para dar início à discussões
de conceitos, pode servir como registro de época e para dar idéia de
aspectos do passado da vida da comunidade a qual se insere. Usada como
material didático ainda se configura numa alternativa interessante para as
atividades pedagógicas, ao incentivar o aluno a novas leituras, permitir a
interdisciplinaridade, desenvolver competências de representação e
comunicação, que tornam o ensino de história mais dinâmico e aumentam a
motivação dos alunos.
Luyten (2011) coloca que as HQs ajudam o homem a pensar ao levá-
lo a estabelecer conexões entre o visual e o verbal, mostrando o que é
essencial, elas ajudam na organização da narrativa da história, enriquecendo
a leitura e a escrita.
Já Vergueiro (2012) nos coloca que o uso das HQs como ferramenta
no ensino de História evidencia muitos benefícios e por isso recentemente
as mesmas tem sido reconhecidas em muitos países por órgãos oficiais
garantindo sua presença no ambiente escolar formal. Isso só tem ocorrido
devido à necessidade na atualidade de um trabalho educacional que
contemple a incorporação de diversas fontes, linguagens e aprendizagens
significativas.

40
As Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Paraná
esclarecem que:
a escola deve incentivar a prática pedagógica fundamentada em
diferentes metodologias, valorizando concepções de ensino, de
aprendizagem (internalização) e de avaliação que permitam aos
professores e estudantes conscientizarem-se da necessidade de uma
transformação emancipadora. (PARANÁ, 2008, p. 15)

Neste sentido, Pinsky & Pinsky também destacam a importância do uso


de novas linguagens no ensino de história colocando que:

o grande desafio que se apresenta neste novo milênio é adequar nosso


olhar às exigências do mundo real sem sermos sugados pela onda
neoliberal que parece estar empolgando corações e mentes. É preciso,
nesse momento, mostrar que é possível desenvolver uma prática de
ensino de História adequada aos novos tempos (e alunos): rica de
conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou nostalgia.
(PINSKY e PINSKY, 2005, p, 19)

O grande desafio do professor que está à frente de uma sala de aula


hoje, é fazer com que os conteúdos apresentados tenham significado para
os estudantes. Embora não seja fácil, a interatividade entre estudantes e
assuntos trabalhados é essencial, assim o trabalho com as histórias em
quadrinhos é um valioso instrumento para se sair dessa formalidade. Isso
porque além de uma forma atraente de trabalho é um dos recursos que nos
permite comparações e confrontos com outras fontes.
Os novos paradigmas educacionais contemplam a inserção de novas
linguagens no ambiente educacional. As renovações teórico-metodológicas
da disciplina de História devem estimular e incorporar a exploração de novas
linguagens na produção do conhecimento.
Dessa forma o uso das HQs na educação vem obtendo êxito por ser
uma possibilidade de levar para a sala de aula conhecimento de uma forma
mais atraente e numa linguagem interessante.
Como trabalhar com a história em quadrinhos na escola? O que
trabalhar? São alguns dos questionamentos dos profissionais da educação,
mas o grande desafio esta em começar, pois muitas vezes o receio e o medo
de tentar nos impedem de realizar muitas atividades diferentes e sair da
rotina. Quando iniciamos esse desafio em conjunto com os nossos alunos

41
percebemos que podemos ensinar e aprender muito e de uma forma bem
mais descontraída e prazerosa para ambos.
Ao propor o uso de novas linguagens como ferramenta pedagógica
no ensino, o professor precisa estabelecer os objetivos propostos. Para isso
é imprescindível que se façam alguns questionamentos:
De que forma as aulas, com a produção de HQs vão contribuir para a
construção de novos conhecimentos no ensino de história? Que
conhecimentos são esses? Ler histórias em quadrinhos com que objetivo?
Nessa unidade esse poderoso veículo de comunicação que faz uso
da interligação texto/imagem, pretende contribuir com a produção de
respostas para essas indagações e o redimensionar do fazer histórico e
pedagógico.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Compreender o que é uma história em quadrinhos e identificar seus


elementos constitutivos;
 Desenvolver a capacidade de observação, comparação e reflexão dos
alunos;
 Reconhecer e saber fazer uso dos mecanismos de produção de uma
história em quadrinhos;

DURAÇÃO DAS AULAS

3 horas/aula de 50 minutos

POSSIBILIDADE DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Esta unidade poderá abranger de forma interdisciplinar as áreas de


Artes (na pesquisa iconográfica e nos conceitos de história em quadrinhos),
Língua Portuguesa (conhecimento sobre o gênero textual HQ, construção da
narrativa, diálogos e revisão de texto)
42
RECURSOS DIDÁTICOS

 Revistas em quadrinhos;
 Textos;
 Sites sobre a produção de HQ

METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS

Narrar é um atividade diária, todos nós gostamos. Nós narramos fatos


e contamos histórias o tempo todo. Pois bem a história em quadrinhos é um
recurso bem particular e seqüenciado para se contar uma história.
Esse material foi elaborado com o intuito de levá-lo a conhecer mais
sobre essa forma diferente e divertida de contar histórias e ajudá-lo a se
tornar autor das suas próprias narrativas.

ATIVIDADE 1

CONVERSE COM SEUS ALUNOS(AS)!

Fazer oralmente com os alunos um diagnóstico sobre o conhecimento


e interesse deles pelas histórias em quadrinhos, questionando:

 Vocês gostam de ler histórias em quadrinhos? Por


quê?
 Já leram alguma? Qual?
 Vocês gostaram de ler uma história em quadrinhos?
Justifique.
 Que personagens de história em quadrinhos vocês
conhecem? Como são esses personagens?
 De que personagem vocês gostam mais? Por quê?
 Vocês acham possível aprender História utilizando-se
de uma história em quadrinhos?
 Vocês já leram alguma história em quadrinhos que
abordasse algum conteúdo da disciplina de história?
Se sim, qual?

43
ATIVIDADE 2

Observe a capa da revista abaixo:

ATENÇÃO
PROFESSOR:
Nessa atividade
você também
pode fazer uso
de obras que
fazem referência
ao ensino de
História, tais
como os livros da
Coleção: A
História do Brasil
em Quadrinhos.
Ed. Europa.

Disponível em: http://lojinhadaturmadogabi.blogspot.com.br/ Acesso em 20/11/2012

Refletir oralmente com os alunos

 Vocês sabem quem são esses personagens que aparecem na capa da


revista?
 Para vocês, o nome da revista é o nome de algum dos personagens?
Por quê?
 Onde vocês acham que eles estão? O que estão fazendo?
 Que tipo de sentimentos os personagens estão demonstrando?
 Além dos personagens, que outros elementos você percebe na capa
da revista?
 Por que embaixo do nome a Turma do Gabi vem escrito em
quadrinhos? O que isso significa?
 Você sabe o que é uma história em quadrinhos e por que ela é assim
denominada?
44
ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR(A)

Essa atividade deve ser trabalhada coletiva e oralmente, procure


promover a participação de todos os alunos na discussão, tendo em vista
contextualizar o maior número de informação possível para a melhor
compreensão do assunto pelos alunos.
A proposta da atividade está centrada na Revista Turma do Gabi, mas
é importante que você leve para a sala outras revistas.
Sugere-se que providencie uma “Caixa Surpresa” com diversas
histórias em quadrinhos. Disponha os livros e organize os alunos em círculo
para uma “Roda de Leitura”.
Cada aluno deve fazer a escolha da HQ de sua preferência e fazer
silenciosamente uma leitura atenta.
Depois você deve partir para a atividade 2 encaminhando os alunos
para a leitura da capa da revista da Turma do Gabi. Após a exploração a ação
deve ser estendida às outras revistas que estão com os alunos com as
devidas adequações.
A leitura da capa da revista terá o objetivo de mobilizar e trazer a tona
os conhecimentos que os alunos têm a respeito do assunto. É importante que
você ouça todas as manifestações de leituras feitas pelos alunos, pois todas
são importantes e podem contribuir para o desenvolvimento do processo
ensino aprendizagem.
O tema também possibilita a discussão sobre o que é uma história em
quadrinhos e porque ela é assim denominada.
Chame a atenção dos alunos para a expressão em quadrinhos, a fim
de que reflitam sobre a diferença entre uma história contada em livro e uma
história contada em quadrinhos.
Depois de conversarem sobre a capa da revista, você e seus alunos
devem trocar informações a respeito dos personagens. Você poderá orientá-
los a escreverem sobre o que descobriram a respeito de cada personagem.

ATENÇÃO PROFESSOR: Você deve orientar os alunos irem fazendo a


leitura de revistas e livros em quadrinhos, observando as características e
pensando na sua própria produção.

45
PARA SABER MAIS

Disponível em: http://estudioemt.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html Acesso em 20/11/2012

DICA
A leitura dessa e outras histórias sobre a História do Brasil online
estão disponíveis no endereço:
<http://historianreldna.pbworks.com/w/page/49091100/HIST%C3%
93RIA%20E%20QUADRINHOS> Acesso em 2011/2012

46
ATIVIDADE 2

Leia a história em quadrinhos

Disponível em:< http://blogdaturmadogabi.zip.net/arch2008-09-14_2008-09-20.html> Acesso em 20/11/2012

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

Peça aos alunos que observem com atenção os quadrinhos.


Enfatize que, a HQ é uma composição não verbal e visual, portanto
para compreendê-la é preciso ler além do que está escrito nos balões, é
preciso fazer também a “leitura” das imagens.
Questione-os sobre a fisionomia e ações dos personagens.
Peça que falem sobre os sentimentos que acreditam estar sendo
expressos pelos personagens.
Dirija sua atenção também para o que aparece como texto não verbal,
perguntando-lhe se sabem o que são e o que significam essas expressões
que aparecem no texto (CRÁS! TUM!).
É importante que você oriente os alunos a fazerem uma leitura
adequada da história em quadrinhos, ajudando-os a fazer a “leitura” das
imagens e pensando no texto verbal.
Depois de conhecer um pouco mais sobre as revistas os alunos
devem ser estimulados a levantar as características comuns nas HQs.
Neste momento é importante que os alunos tenham liberdade para
citar diferenças e semelhanças entre as histórias, mas que observem dentre
outras coisas: quem são os personagens/ como é o relacionamento entre

47
eles/ como é a ambientação/ como o cenário está elaborado/ em que plano os
personagens aparecem nos quadros/ como estão dispostos/ o tamanho e os
limites dos quadros/ a estrutura da HQ/ o uso do negrito para realçar o tom de
voz/ as expressões dos rostos dos personagens, etc.
1) Observe com atenção as expressões CRÁS! TUM! que aparecem nos
quadrinhos 2 e 3.
a) Para você o que representam essas expressões?
b) Se em lugar de CRÁS! TUM! o desenhista tivesse usado PLOFT! NHAC!
o sentido seria o mesmo? Por quê?
c) Para você as expressões CRÁS! TUM! têm alguma relação com o
desenho do quadro onde está inserido?

2) Converse com os alunos sobre:


 O lugar onde está acontecendo a história;
 Os personagens;
 Quem são eles;
 Como estão vestidos;
 Como é sua fisionomia (alegre/triste/chorando/bravo);
 O que estão fazendo (correndo/andando/pulando);

3) Se nos quadrinhos existe alguma coisa que indica a passagem ou


mudança do tempo;

4) Qual é o ponto de vista usado na história. Quem narra participa da história


ou apenas observa os acontecimentos?

5) Que título vocês dariam para a história?

SAIBA QUE...
CRÁS! TUM! PLOFT! NHAC! DING DONG! São chamadas de
onomatopéias e representam graficamente os ruídos e sons. São um
recurso bastante usado na produção de história em quadrinhos, pois
juntamente com os balões, o texto e as imagens ajudam a criar a história
e enriquecem a cena representada.

48
ATIVIDADE 3

LEIA O TEXTO ABAIXO

Disponível em:< http://turmadogabi.blogspot.com.br/2009_06_01_archive.html> Acesso em 20/11/2012

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

Faça a leitura dos quadros oral e coletivamente.


Chame a atenção dos alunos para a leitura das imagens e do texto
verbal. É importante que eles percebam a relação entre a imagem, sua
sequência e o texto escrito.
Na leitura da imagem ajude-os a perceber os sinais gráficos que
aparecem em cada quadro.
Nas aulas anteriores você chamou a atenção dos alunos sobre o uso
das onomatopéias e a disposição dos quadros, mas uma história em
quadrinhos tem outros elementos para serem explorados como, por exemplo,
os tipos de balões.
Durante a leitura da história vá chamando a atenção dos alunos sobre
os balões usados.

49
Explique aos alunos que os balões têm formas e tamanhos variáveis,
mas seguem uma convenção universal quanto ao sentimento, significado ou
emoção que expressam na HQ.

1 Observe o desenho dos balões nos quadrinhos.


a) Há alguma diferença entre eles?
b) Quantos tipos de balões diferentes aparecem na história? Você sabe o
que eles significam?
c) Após as explorações sobre a história o professor deve verificar se o
aluno compreendeu o conceito de HQ e os elementos básicos de sua
composição (narrador, personagens, tempo e espaço, balões de fala e
pensamentos, palavras que representam sons, textos verbais curtos,
questionando-lhes:

 Os quadrinhos que usam escritas apresentam grandes textos? Por


que vocês acham que isso acontece?
 Quando leram a história, vocês perceberam alguma diferença
entre os quadrinhos? Por que vocês acham que isso acontece?
 Os balões mudam de formato e o tamanho da letra conforme a
fala? Será por quê? Qual é o significado de cada formato?

PARA SABER MAIS

Para saber mais informações sobre a produção de uma história em


quadrinhos, os tipos de balões e seus significados, oriente os alunos a lerem o
texto: “Como fazer uma história em quadrinhos”. Disponível em:
http://www.divertudo.com.br/quadrinhos/quadrinhos-txt.html Acesso em 14 de
novembro de 2012.
Para que os alunos conheçam melhor as etapas da confecção de uma
história em quadrinhos sugere-se assistir o vídeo: “Dicas para criar HQ (História em
quadrinhos) 6:13’ Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=zEi-gV0Gwbo
Acesso em 14 de novembro de 2012.

50
NOSSO MEIO DE VIVÊNCIA ONTEM E HOJE POR MEIO DAS HQs

A produção de HQs no ensino da história de Iretama é um recurso


didático, que se bem empregado, além de entretenimento poderá trazer bons
resultados, pois com um potencial pedagógico enorme as HQs preparam o
aluno para a leitura, pesquisa e escrita, além de possibilitar o externar dos
sentimentos, auxilia na partilha de experiências, ampliando a visão de mundo
dos estudantes pelo expressar de idéias e identidades. A produção de HQ
como um recurso didático pedagógico ainda oferece condições para que o
aluno participe ativamente da produção do conhecimento, reflita sobre a
história local e encontre os seus próprios caminhos para aprender a
aprender.
A produção das HQs enriquece o processo de comunicação e
exercício da arte criativa, oportunizando ao educando o acesso ao
conhecimento histórico de forma lúdica e envolvente.
Com seu uso nas escolas recomendado na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
a inserção das HQs no ambiente escolar se deu com incentivo governamental
principalmente através do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE).
As HQs são uma forma de linguagem e manifestação artística
autônoma, mas que pode trazer muitas contribuições para o ensino da
história por permitir uma leitura crítica dos acontecimentos e da realidade
atual e local. Como já dizia o educador Paulo Freire apud Vergueiro (1988, p.
40), “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Assim, pode-se dizer
que uma leitura e/ou produção pode ser o caminho e despertar de um novo
olhar para muitas outras leituras e/ou produções com as características dos
quadrinhos ou não.

51
Dessa forma quando usada como suporte na relação
ensino/aprendizagem e enquanto produtora de conhecimento as HQs exigem
o uso de metodologias que possibilitem ao aluno realizar uma
problematização histórica dos conteúdos. No desenvolvimento dos trabalhos
é fundamental que o professor diversifique os tipos de atividades e estimule
os alunos a produzirem o seu próprio material.
A pesquisa da história local e produção de quadrinhos nessa unidade
terão como motivação a necessidade de promover a interação dos alunos
com o assunto trabalhado, levando-os a refletir e entendê-lo de forma mais
aprofundada e organizada. Isso além visa contribuir para que tenham um
aprendizado mais envolvente e deixem de serem meros consumidores da
indústria cultural e passem a atuar como autores e atores de suas próprias
histórias.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Produzir uma narrativa em forma de história em quadrinhos, fazendo


uso dos seus mecanismos de produção;
 Reconhecer dados da história local e entender seu processo de
formação histórico através de reflexões sobre as memórias dos
moradores;
 Produzir fontes documentais a partir das representações dos moradores
e ampliar o espaço de pesquisa, proporcionando novas formas de
abordagem da história da cidade.
 Problematizar a história local e/ou regional a partir da produção de
história em quadrinhos;

DURAÇÃO DAS AULAS

3 horas/aula de 50 minutos

52
POSSIBILIDADE DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Esta unidade poderá abranger de forma interdisciplinar as áreas de


Artes (na pesquisa iconográfica e nos conceitos de história em quadrinhos),
Língua Portuguesa (conhecimento sobre o gênero textual HQ, construção da
narrativa, diálogos e revisão de texto)

RECURSOS DIDÁTICOS

 Textos sobre a História do município;


 Fotografias;
 Computadores com internet;
 Sites sobre produção de história em quadrinhos;

METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

Professor esse é o momento que você deve motivar os alunos a se


tornarem autores da sua própria história em quadrinhos. Proponha a eles que
em grupos produzam uma história em quadrinhos abordando aspectos da
história local como possibilidade de produzir conhecimentos sobre o seu
espaço de vivência.
Antes dos alunos começarem a produção, reúna-os com seus colegas
de grupo e oriente-os a decidir:
 Qual será o assunto da história;
 Que personagens participarão da história;
 Em que lugar ocorrerá os fatos;
 Quando se passará a história;
 O ponto de vista: um narrador e/ou um personagem;
Instigue-os a fazer uso de uma linguagem lúdica, a estruturar seus
pensamentos e falas e dar vida aos seus personagens desenvolvendo uma

53
história em quadrinhos ambientada em algum lugar da sua cidade e
salientando elementos que chamaram a sua atenção durante as pesquisas
sobre a história local.
Oriente-os a fazer um quadro com elementos da história que vão
contar.

O que aconteceu?
Quando?
Onde?
Quem?
Como? (ação dos personagens)
Desfecho

A produção de uma história em quadrinhos envolve várias etapas. Por


isso oriente-os a escrever um argumento a partir da idéia inicial, ou seja, um
resumo do enredo. A seguir, as partes devem ser detalhadas o máximo
possível, chegando a um roteiro (script). Mas para planejar uma história em
quadrinhos não basta ter um texto, então devemos fazer um esboço (rafe) da
página dividindo a mesma em quadros na sequência correta do enredo e
fazendo o esboço das falas e pensamentos dos personagens, os balões, as
onomatopéias, legendas etc. Por fim vem o acabamento, ou seja a finalização
do trabalho com os retoques, correção das falhas e a revisão de cada uma
das etapas.

O PAPEL DO EDUCADOR
O papel do educador nessa tarefa é colaborar com os estudantes no sentido de incentivá-los a
integrar, de forma interdisciplinar, seus conhecimentos e emoções, para que se percebam capazes de
representar fatos da história local por meio de quadrinhos.

PARA SABER MAIS

Para que os alunos conheçam melhor as etapas da confecção de uma


história em quadrinhos sugere-se assistir o vídeo: “Dicas para criar HQ (História em
quadrinhos) 6:13’ Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=zEi-gV0Gwbo
Acesso em 14 de novembro de 2012.
54
1 Escolha do tema – escolher o assunto e o argumento que enfocará sobre a história do seu
município;
2 Criação dos atores/personagens – Criação dos figurantes da história. Envolve um esboço com as
características dos personagens.
3 Roteiro – Planejar cada cena, as falas dos diálogos, o enquadramento, cor, tamanho e formato dos
quadros na página.
4 Balão de fala - Recurso gráfico utilizado por autores de HQ para representar a fala do personagem,
mas dependendo da situação pode fazer uso de outros tipos de balões para indicar os sentimentos.
5 Onomatopeias – Representação gráfica do som (ruídos) que não são fala dos personagens na
narrativa dos quadrinhos.
6 Desenho – Fazer um esboço a lápis da obra, incluindo as onomatopéias, cenários e os espaços dos
balões para depois passar para uma versão definitiva.
7 Letreiramento – Organizar as letras dentro dos campos previstos.
8 Desenho e arte final – Retoques finais com a revisão bibliográfica, correção e aprimoramento da
versão preliminar da produção para uma versão definitiva.
9 Editoração – Montagem da revista

LEMBRE-SE: Você deve ter atenção com as falas dos personagens


(usar linguagem verbal, não verbal e mista); determinar o tempo e o
espaço do enredo; fazer uso dos recursos aprendidos tais como: formato
dos balões, onomatopéias, legenda, negrito para realçar tom de voz, etc.

Os quadrinhos produzidos, depois de serem apresentados para os


estudantes em sala de aula, deverão ser expostos na escola, incentivando
outros professores e alunos a participarem desta proposta.

55
AVALIAÇÃO

Ensinar e aprender história se constitui num processo construtivo,


dinâmico, aberto e reflexivo e a busca por um ensino de qualidade faz com
que o ato de avaliar seja uma prática necessária e importante. A avaliação se
constitui numa prática pedagógica e investigativa que deve ser desenvolvida
de forma interativa, contínua, diagnóstica, formativa e processual, sendo
assim, avaliar requer do educador uma postura crítica, mediadora e a
capacidade de diagnosticar as situações de ensino/ aprendizagem e
possibilitar a reorientação e continuidade dos trabalhos.
A avaliação da aprendizagem dos alunos no processo de
implementação dessa produção deverá ser contínua, por meio da auto-
avaliação, observação do interesse, desempenho e participação dos alunos
nas atividades que desenvolverão individual e/ou coletivamente em cada uma
das etapas das aulas em atividades como: pesquisa sobre sua história de
vida e de seus familiares, construção de linha do tempo e de texto sobre sua
história de vida, localização cartográfica do seu local de vivência,
contribuição na escrita dos textos coletivos, pesquisas com membros da
comunidade e contribuição na escrita do texto coletivo sobre este assunto,
além da produção da história em quadrinhos. Nesta avaliação, deve-se
diagnosticar se os alunos conseguem se localizar no tempo histórico e no
espaço geográfico, além de relacionar e sintetizar, oral e por escrito, dados
individuais e coletivos levantados em pesquisas de campo.

56
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Considerando que o sujeito histórico deve ser valorizado como


intérprete e produtor de história no mundo que o cerca. Optamos por adotar
na realização desse trabalho uma abordagem qualitativa e fazer uso
metodológico da história oral, por ser construída em torno de pessoas e nos
permitir através dos depoimentos conhecer mais sobre a história vivida e
estudá-la sob a perspectiva dos atores sociais que a produzem.
O enfoque qualitativo norteará toda a pesquisa. Primeiramente serão
desenvolvidas uma série de atividades visando propiciar aos alunos
reflexões sobre história e memória, para só depois focar nas entrevistas e
pesquisas que poderão identificar evidências e fatos relevantes sobre a
história do município. Como complemento das atividades sugere-se que
sejam recolhidas fontes diversas (jornais, fotografias, objetos e demais
evidências históricas) que possam ajudar a revelar mais fatos sobre essa
história.
A forma de trabalho pensada visa também propor uma prática
docente que garanta a participação dos educandos no processo educativo,
engajando-os na pesquisa e na busca por mais informações sobre a sua
história, assim como das pessoas com as quais convive no seu dia a dia.
Todas as análises e discussões propostas nesse material
fundamentam-se em autores que pesquisam a história, a memória, história
oral e local assim como história em quadrinhos na educação.
Os trabalhos são direcionados a alunos do ensino fundamental, e
busca partir sempre da realidade do aluno através da proposição de
atividades que o incentivem a pesquisar e construir novos conhecimentos.
O material traz como ponto central, a necessidade de se incrementar
o interesse e a participação dos alunos em todas as fases do processo
educativo a partir da história local e o nosso grande desafio será a condução
da pesquisa e a elaboração ao final de uma narrativa em forma de história
em quadrinhos para a fixação dos temas trabalhados e efetivação da

57
proposta de transmitir conhecimento de forma leve e divertida através de
aulas prazerosas.
E, uma vez que esse caderno é o guia que vai ajudar na efetivação
dessa proposta cada uma das suas unidades contém alguns conceitos-
chave para a compreensão do tema que irá compor a HQ e são sugeridos
também atividades a serem realizadas como forma de apreensão dos
diferentes conteúdos em sala de aula e outros espaços de aprendizado.
Cada uma das unidades está descrita detalhadamente, permitindo
sua aplicação com facilidade. Os conteúdos a serem trabalhados, seus
objetivos, a duração, possibilidade de interdisciplinariedade e os materiais
necessários para efetivação de cada proposta são elencados no início, bem
como as questões geradoras do debate. No decorrer da unidade vamos
encontrar algumas sugestões de leitura, pesquisa, para saber mais que tem
como objetivo reforçar e/ou transmitir mais informações sobre as idéias
trabalhadas.
Cada uma das unidades possui um tema específico e propostas de
atividades, mas a ordenação dos mesmos dependerá da experiência do
professor e da demanda trazida pelos alunos.
E para o encerramento participativo e comprometido com a temática
central que foi a história local, propõe-se a organização de um evento
utilizando o produto final elaborado pelos alunos ao longo dos trabalhos:
linha do tempo, relatos, entrevistas, história em quadrinhos, fotografias,
documentos, objetos diversos, convidando todos da escola, as famílias e a
comunidade para participar com o objetivo de compartilhar o conhecimento
adquirido.

58
REFERÊNCIAS

ALVES, Alexandre, OLIVEIRA, Letícia Fagundes de. Conexões com a História,


Vol. 1, 1ª Ed. - São Paulo: Moderna, 2010

BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. 10 ed. São


Paulo: Contexto, 2005

BRENTANI, Gerta. Eu me lembro, São Paulo: Companhia das Letras, 1993

CALAZANS, Flávio M. de A., História em quadrinhos na escola. São Paulo: Paulus, 2004

FERREIRA, Marieta de Moraes; FRANCO, Renato. Aprendendo História:


reflexão e ensino. São Paulo: Editora Brasil, 1 ed. 2009

FONSECA, Selva Guimarães. Fazer e Ensinar História – Belo Horizonte:


Dimensão, 2009

FOX, Mem Tradução de Gilda Aquino. Guilherme Augusto AraújoFernandes,


São Paulo: Brinque Book, 1995

GIOVANNI, Levi. Sobre a Micro-História in: BURKE, Peter. A Escrita da História,


Novas Perspectivas. São Paulo, Editora UNESP 1992. p. 133 a p. 161

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro,


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KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e


propostas. São Paulo: Contexto, 6 ed. 2010

LUYTEN, Sonia M. Bibe. Quadrinhos na Sala de Aula in História em Quadrinhos: um


recurso de aprendizagem TV ESCOLA/SALTO PARA O FUTURO ISSN 1982 – 0283 Ano
XXI Boletim 01 – Abril 2011.

MEIHY, José Carlos S. B.; HOLANDA, Fabíola. História Oral: Como fazer, como
pensar. 2ª ed. 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2011

ORIÁ, Ricardo. Texto: Memória e ensino de História in BITTENCOURT, Circe


(Org.). O saber histórico na sala de aula. 10 ed. São Paulo: Contexto, 2005

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da


Educação Básica do Estado do Paraná – História: SEED, 2008

PINSKY, Jaime. PINSKY, Carla B. Por uma História Prazerosa e Consequente in


KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas.
São Paulo: Contexto, 6 ed. 2010

59
PRINS, Gwyn. História Oral. In: BURKE, Peter. A Escrita da História, Novas
Perspectivas. São Paulo, Editora UNESP 1992. p. 163 a p. 198

SAMUEL, Raphael. História Local e História Oral. Revista Brasileira de História.


São Paulo v.9 nº 19 p.219-243 set 89/fev90

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo:


Scipione, 1 ed. 2009. (Coleção Pensamento e ação na sala de aula)

Secretaria de Estado da Educação (SEED); Departamento da Educação Básica


(DEB); Diretoria de Tecnologia Educacional (DITEC). Coleção Problemas em
quadrinhos – HQ: O Baú da Vovó. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/hq_bau_da_vovo_08out
2012.pdf> Acesso em 16 de outubro de 2012, 16:00

TORRES, Moacir. Revista A Turma do Gabi em Quadrinhos. Editora Júpiter II,


EMT Estúdio. Indaiatuba SP

TATIT, Paulo. PERES, Sandra. Música: “Eu” – Palavra Cantada. CD Canções


Curiosas. Ed. Palavra Cantada, 1998. Disponível em:
http://www.vagalume.com.br/palavra-cantada/eu.html - Acesso em 12 de
novembro de 2012 as 14:00

TATIT, Paulo. PERES, Sandra. Música: “Ora bolas” – Palavra Cantada. CD


Canções Curiosas. Ed. Palavra Cantada, 1998. Disponível em:
http://www.vagalume.com.br/palavra-cantada/eu.html - Acesso em 12 de
novembro de 2012 as 14:00

Texto: Como fazer História em Quadrinhos. Disponível em: Disponível em:


http://www.divertudo.com.br/quadrinhos/quadrinhos-txt.html Acesso em 14 de
novembro de 2012.

VERGUEIRO, Valdomiro. RAMOS, Paulo (Orgs). Quadrinhos na Educação: da


rejeição à prática. São Paulo: Contexto, 2009

VERGUEIRO, Valdomiro, RAMA, Angela (Orgs). Como usar as histórias em


quadrinhos na sala de aula. 4. Ed. 1ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2012.
(Coleção Como usar na sala de aula)

Vídeo 1 – “Narradores de Javé” Direção de Eliane Caffé, 2003

Vídeo 2 – Dicas para criar HQ ( História em Quadrinhos). Disponível em:


http://www.youtube.com/watch?v=zEi-gV0Gwbo Acesso em 14 de novembro de
2012.

60
ANEXOS

1 Sinopses e fichas técnicas dos materiais trabalhados na intervenção

Obra: Guilherme Fernandes Augusto Araujo


Autor: Mem Fox
Ilustrador: Julie Vivas
Tema: Terceira Idade / Memórias / Perda da Memória / Relacionamento entre
Gerações /Respeito as Diferenças / Amizade / Cidadania
Tema transversal: Ética
Editora: Brink Book

SINOPSE: Este título é o nome do personagem, que era vizinho de um asilo de


idosos, todos seus amigos. Mas era de Dona Antônia que ele gostava. Quando
soube que ela perdera a memória, quis saber o que isso significava e foi perguntar
aos outros moradores do asilo. Como resposta, ouve que memória é algo: bem
antigo, que faz chorar, faz rir, vale ouro e é quente... Então, monta uma cesta e vai
levá-la a Dona Antônia. Quando ela recebe os presentes, “maravilhosos”, conchas,
marionete, medalha, bola de futebol e um ovo ainda quente, cada um deles lhe
devolve a lembrança de belas histórias.

Obra: Eu me lembro
Autor: Gerta Brentani
Tema: História e Memória
Editora: Companhia das Letras

SINOPSE: Um livro de memórias que relata, por meio de texto e desenhos, os


eventos que a artista plástica Gerda Brentani testemunhou no decorrer de sua
vida. Por exemplo: o primeiro chamado telefônico, os bondes movidos a animais,
os carros que nas primeiras décadas do século corriam à louca velocidade de 25
61
quilômetros por hora. Gerda vem até o presente, até chegar ao metrô e aos
computadores. São fragmentos de memória que mostram, entre outras coisas,
como cada pessoa guarda dentro de si o tempo coletivo.

MÚSICA: EU – Palavra Cantada


MÚSICA: ORA BOLAS – Palavra Cantada
CD: Canções Curiosas
Produzido por: Paulo Tatit e Sandra Peres
Ano: 1998
Editora: Palavra Cantada

Filme: Narradores de Javé


Direção: Eliane Caffé
Ano: 2003
Duração: 100’
Tema: Meio Ambiente, Políticas Públicas e Memória Local

Sinopse: A pequena cidade de Javé será submersa pelas águas de uma represa.
Seus moradores não serão indenizados e não foram sequer notificados porque não
possuem registros nem documentos das terras. Inconformados, descobrem que o
local poderia ser preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado
em documento científico. Decidem então escrever a história da cidade – mas poucos
sabem ler e só um morador, o carteiro, sabe escrever.Depois disso, o que se vê é
uma tremenda confusão, pois todos procuram Antônio Biá, o “autor” da obra de
cunho histórico, para acrescentar algumas linhas e ter o seu nome citado.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Narradores_de_jav%C3%A9 Acesso em 12 de Nov de 2012
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2 Documentos liberatórios de direitos autorais de materiais utilizados na produção
didático pedagógica

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