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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2013

Título: COLÉGIO ESTADUAL ANTONIO XAVIER DA SILVEIRA: HISTÓRIA BIOGRÁFICA DE


SEU PATRONO

Autor YEDA CARLA ZANLORENSI

Disciplina/Área HISTÓRIA

Escola de Implementação do COLÉGIO ESTADUAL ANTONIO XAVIER DA SILVEIRA


Projeto e sua localização

Município da escola IRATI

Núcleo Regional de Educação IRATI

Professor Orientador PROF. DR. JAIR ANTUNES

Instituição de Ensino Superior UNICENTRO

Relação Interdisciplinar Língua Portuguesa

(indicar, caso haja, as diferentes


disciplinas compreendidas no
trabalho)

Resumo Este material pedagógico apresenta um problema investigativo em


torno da história e identidade do Colégio Estadual Antonio Xavier da
Silveira.

Antonio Xavier da Silveira é patrono do C. E. A. X.S.. A história de


sua vida e a participação na vida pública da cidade de Irati é pouco
conhecida. Até mesmo no colégio, no qual é patrono, os alunos
desconhecem a imagem que se encontra na entrada do Colégio.

Conhecer a história local e a História do Paraná é Lei no Estado do


Paraná de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais, porém
essa obrigatoriedade vai além disso. Conhecer a nossa história é
reconhecer-se como sujeito e não como objeto da história. Assim
para assimilar a história da construção de outros povos, deve-se
primeiro conhecer a história da própria cultura, saber como se deu
essa construção e como foi o processo de evolução e
desenvolvimento da mesma.

Palavras-chave História; memória e comunidade escolar

Formato do Material Didático Unidade didática

Público Alvo Ensino Médio- 2º Ano


SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – CAMPUS IRATI
UNICENTRO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

CADERNO PEDAGÓGICO
HISTÓRIA

YEDA CARLA ZANLORENSI

COLÉGIO ESTADUAL ANTÔNIO XAVIER DA SILVEIRA: HISTÓRIA BIOGRÁFICA


DE SEU PATRONO

Produção didático-Pedagógica
apresentada à Universidade Estadual do
Centro-Oeste- UNICENTRO e a
Secretaria de Estado de Educação do
Paraná (SEED) para o programa de
formação continuada intitulado Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE,
sob orientação do professor doutor Jair
Antunes.

IRATI/ PARANÁ
2013
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE:
Yeda Carla Zanlorensi

Escola de Implementação:
Colégio Estadual Antonio Xavier da Silveira

Orientador:
Jair Antunes

IES vinculada:
Universidade Estadual do Centro-Oeste

NRE:
Irati

Área PDE:
História

Tema de Estudo:
História do Paraná

Título:
Colégio Estadual Antônio Xavier da Silveira: história biográfica de seu patrono

Produção Didático-Pedagógica:
Unidade Didática

Duração:
32 horas

Público Alvo:
Alunos do 2º ano do ensino médio, período matutino
SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – CAMPUS IRATI
UNICENTRO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIDADE DIDÁTICA

COLÉGIO ESTADUAL ANTÔNIO XAVIER DA SILVEIRA: HISTÓRIA BIOGRÁFICA


DE SEU PATRONO

IRATI
2013
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6
2 ATIVIDADE 1 - Uma breve história de Irati e do bairro onde o C. E. A. X. S.
está localizado ........................................................................................................... 7
3. ATIVIDADE 2 - Surgimento da escola no Brasil e em Irati ............................... 10
3.1. História da educação no Brasil ........................................................................ 10
3.2. História da educação em Irati .......................................................................... 11
4 ATIVIDADE 3 ........................................................................................................ 13
5 ATIVIDADE 4 ........................................................................................................ 13
5.1. Relato da história do Colégio Xavier e patrono, Antonio Xavier ....................... 13
6 ATIVDADE 5 ......................................................................................................... 17
7 ATIVIDADE 6 ........................................................................................................ 18
8 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 19
6

1 INTRODUÇÃO

O PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional - é uma política pública


da Secretaria de Educação do Estado do Paraná que objetiva a capacitação do
professor efetivo da rede pública, dando-lhe a oportunidade de produzir seu próprio
material didático-pedagógico e promover no âmbito escolar o debate para construir
coletivamente o saber.
Esse Programa é portanto uma parceria entre Secretaria Estadual de
Educação, Universidades públicas do Estado e professores efetivos da rede pública.
A UNICENTRO – Universidade na qual tal projeto está sendo desenvolvido – é um
desses centros de desenvolvimento científico ligados ao PDE.
Através desse material pedagógico produzido pretendemos capacitar os
educandos no conhecimento histórico partindo de seu saber sobre sua própria
história local. Pensamos que a importância do estudo da história local está na
tentativa de valorizar o próprio indivíduo, o qual, ao pesquisar a cotidianidade à qual
está inserido redescobre sua história e cultura como parte de um todo no qual
elabora seu sentido existencial. Partindo desse pressuposto, pensamos que esse
projeto pedagógico de investigação da história local por meio da história do Colégio
Estadual Antonio Xavier da Silveira, localizada na região central da cidade de Irati,
justifica-se por apresentar-se como um problema investigativo em torno da história e
identidade não apenas de seu Patrono, mas também dos professores, funcionários,
alunos e de toda a comunidade iratiense em geral, pois o Colégio faz parte do
presente/passado de grande parte dos munícipes.
A iniciativa de estudar o porquê do nome do Colégio ser uma homenagem ao
já falecido Antonio Xavier da Silveira, veio do fato de que leciono a disciplina de
História nesse colégio há 9 anos, e os alunos constantemente perguntam quem foi
essa pessoa que legou seu nome à mesma. Ao pesquisar nos arquivos da escola
não encontrei, no entanto, nenhuma referência sobre sua própria história. Foi então
que, oportunizada a possibilidade de ingressar no programa PDE, decidimos
pesquisar tal história do Colégio e seu Patrono.
Para tal empreendimento investigativo, lancemos mão de algumas
metodologias da História Cultural, tais como da metodologia da Memória Histórica,
7

da História Biográfica e da História Oral.1 Assim, Ecléa Bosi, Peter Burke, Jacques
Le Goff, Paul Thompson entre outros são alguns historiadores utilizados para a
fundamentação teórico-metodológica. Abordaremos também as fontes escritas como
jornais, atas e livros comemorativos, além das entrevistas, materiais estes que
servirão de fonte e inspiração para os educandos se sentirem participantes da
história que os envolve.
O material didático será desenvolvido a partir de uma breve história do
município de Irati e da importância de se preservar a memória e a história local.
Buscando despertar o interesse do educando pela história de sua escola,
proporcionaremos um estudo sobre o surgimento da escola no Brasil e em nossa
cidade e apresentar aos alunos do 2º ano do Ensino Médio uma síntese sobre a
Instituição escolar Antonio Xavier da Silveira e a partir daí a história biográfica de
Antonio Xavier.
A partir da exposição desse material espera-se que essas atividades
contribuíam para a construção de novos conhecimentos, despertando nos
educandos a importância e a valorização da história local, do meio em que vivem.

2 ATIVIDADE 1 - Uma breve história de Irati e do bairro onde o Colégio


Estadual Antonio Xavier da Silveira está localizado

O objetivo desta unidade é mostrar aos educandos que todos constroem e


fazem parte história. Para isso é necessário que respondam a algumas questões e
procurem algumas informações.

- Breve pesquisa sobre a origem da cidade (origem do nome, a quem pertencia as


terras denominadas Irati, emancipação, primeiro prefeito, primeira professora...)
- Qual seu nome? (nome do aluno/a)
- Quando e onde você nasceu?
- O que você conhece sobre a história do bairro em que a escola está localizada?
- Seus pais ou responsáveis estudaram nessa escola? Se sim, o que eles sabem
sobre a história do Colégio?

1
A diretriz curricular para a disciplina de História no Ensino fundamental e médio tem em sua
organização os conteúdos sobre a história do Paraná de acordo com a Lei nº 13381/01, que servirá
juntamente com as demais metodologias para embasar nosso trabalho.
8

A partir das informações que os alunos conseguiram reunir, fazer uma


explanação com os resultados obtidos e apresentar-lhes uma breve história da
cidade de Irati, visto que o objetivo principal deste material didático é o
conhecimento sobre a história do patrono do Colégio. Após essa discussão produzir
um texto com os dados colhidos.
Para essas atividades utilizaremos três aulas.

Breve história de Irati


As terras que compreendem a região de Irati, em passado distante,
pertenciam aos índios coroados- antiga denominação caingangue. Vestígios dessa
população tribal são encontrados na sede do município e outras regiões como
Gonçalves Junior, Itapará, Rio do Couro. Esses índios viviam da caça, pesca,
cultivavam o milho, feijão, mandioca.
Os nativos se integraram aos habitantes de origem europeia que vieram para
ocupar a região e geraram filhos mestiços ou caboclos.
A denominação Irati ocorreu em 1830, escolhida por Pacífico de Souza
Borges e Cipriano Francisco Ferraz, habitantes de Teixeira Soares, embrenharam-se
no sertão em busca de terras promissoras. Seguiram de canoa pelo leito do rio
Imbituva Grande, depois através do Imbituva Pequeno, na direção desejada
alcançaram o rio Assunguizinho.
Abandonaram o rio, entrando pelo mato, foram sair num lugar onde acharam
uma abelheira com três bocas, uma num tronco e duas no chão. Batizaram o lugar
com o nome das abelhas: Irati. Encontravam-se no local hoje chamado Vila São
João.
O nome IRATI tem origem no vocábulo Tupi (ira = mel e ty = rio, portanto, rio
ou região de mel). Covalzinho foi o nome do povoado, que mais tarde passou a se
chamar Irati. Teve esse nome (Covalzinho) devido a quantidade de couves plantada
no quintal de Manuel Mendes.
Em 1899 foram fixados em Covalzinho os trilhos da estrada de ferro SP-RS.
Toda a região pertencia a Imbituva. A ferrovia atraiu novos habitantes. Através dos
cargueiros, único meio de transporte existente na época, chegavam os produtos
agrícolas, erva-mate, farinha de milho, toucinho, charque e outros. A ferrovia fez de
IRATI um grande entreposto comercial, onde moradores de longínquos lugares
vinham vender e embarcar seus produtos.
9

As viagens a Imbituva por caminhos difíceis, picadas, banhados e taquarais,


para pagamento de impostos, atos judiciais, casamentos e regularização de papéis,
no lombo de animais, tornou-se sacrifício que o povo não queria admitir e suportar e
que a prosperidade geral se opunha.
Em 1907, com apoio do vice-presidente de Estado, Dr. João Candido Ferreira,
no dia 2 de abril, é sancionada a Lei nº 716, criando o município de Irati, instalado no
dia 15 de julho de 1907.
A primeira escola de Irati foi instalada em 1901, num depósito de erva-mate,
próximo a estação ferroviária. A professora era Rosalina Gonçalves Cordeiro, dona
Noca. Rosalina casou-se com David Araújo, mudando seu nome para Rosalina
Cordeiro Araújo.
O primeiro prefeito de Irati foi Emílio Batista Gomes. Os recursos públicos
eram escassos, Irati ainda não possuía iluminação elétrica então, o prefeito comprou
lampiões de Ponta Grossa, que já possuía luz elétrica, 1908.

Dica-Professor
Nesta atividade podemos trabalhar sucintamente o conceito de memória com
os alunos.
A memória é a capacidade que o indivíduo tem de carregar e armazenar
informações ao longo da sua história, mas nem sempre essas informações estão
claras, pois com o passar do tempo ela se deteriora,é apenas uma recordação
parcial, não reproduz fielmente o que aconteceu, vem filtrada. Por isso a importância
de se preservar a memória que é a base do conhecimento. É através dela que
damos significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a
vida.
Segundo Alberti (2004) é necessário “... “ouvir contar”: apurar o ouvido e
reconhecer esses fatos que muitas vezes podem passar despercebidos.” (p. 10)
Através da concepção do significado de memória devemos estimular nos
educandos atitudes investigativas e de preservação da memória, assim vai ajudar o
aluno a refletir sobre fatos e a construção da realidade que o cerca.
10

3 ATIVIDADE 2 - Surgimento da escola no Brasil e em Irati

3.1. História da educação no Brasil


Quando os portugueses chegam ao Brasil, em 1500, trazem os jesuítas para
instruir os índios. “O objetivo proclamado da ação dos jesuítas é a conversão do
índio à fé católica, na realidade o que se faz é subjugá-lo e, quando resiste,
massacrá-lo.” (PILETTI, 2003, p. 23). O método utilizado por eles era o da
memorização, repetição, o aluno deveria anotar tudo.
Quando o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas do Brasil em 1759, a
educação brasileira passa a ser organizada pelo Estado. Até o momento o objetivo
da formação não é o ingresso na faculdade.
O ensino no Brasil colonial e imperial divide a educação em momentos
distintos. Na primeira fase é o período da educação jesuítica, aonde se impõe os
costumes europeus à população negra, mestiça e indígena. O período seguinte é o
das reformas pombalinas onde os jesuítas são expulsos da colônia. O terceiro
momento é quando a família real chega ao Brasil, cria as primeiras faculdades e
cursos superiores.
Com a primeira Constituição, 1824, as meninas continuam a serem educadas
pelas mães ou amas e são treinadas para as prendas domésticas.
A Primeira Lei Geral de Ensino, 1827, cria colégios em lugares mais
populosos do Império. As turmas são separadas dependendo do conhecimento do
aluno.
Nas escolas para meninas, só professoras lecionavam, o mesmo valia para os
colégios do sexo oposto.
A partir de 1920 com o surgimento da Escola Nova o aluno passa a ser o
sujeito mais importante da escola.
Na Revolução de 30 os professores foram convidados a formular uma nova
política nacional de educação. Os educadores foram favoráveis ao ensino público e
desvinculado da Igreja Católica.
Com a Constituição de 1937 o Estado não se responsabilizava com a
educação pública, “Dessa forma, institucionalizou-se no Brasil a escola pública paga
e se aprofundou um explícito dualismo educacional: os ricos proveriam a educação
dos filhos através do sistema público ou particular, enquanto que os filhos das
classes menos favorecidas teriam de contar com a boa vontade da elite para com as
11

caixas escolares ou dirigir-se às escolas profissionalizantes”. (FILLOS, 2008. p.86)


Na Constituição de 1946 restabeleceu o ensino gratuito como direito de todos,
porém a “...legislação educacional herdada do Estado Novo vigorou até 1961,
quando teve início a vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.”
(PILETTI, 2003, p. 99).
No ano de 1964 a educação brasileira passa a ser o resultado de
autoritarismo, influência da ditadura do período. As reformas são impostas e os
resultados pouco satisfatórios.
Terminada a ditadura no Brasil e iniciado o período democrático, a partir de
1985, as mudanças esperadas por todos na educação, não aconteceram. Somente
com a Constituição de 1988 é que a educação passa a ser direito de todos e dever
do Estado e da família.

3.2. História da educação em Irati


No início do século XIX os professores se formavam normalistas em Curitiba e
quase todos iam para o interior da Capital trabalhar, pois lá não haviam tantas
escolas para lecionar. Os professores não sabiam das dificuldades que iam
encontrar.
Em 1914 foi instalado em Irati o primeiro grupo escolar que ficava no alto da
rua 15 de Novembro, era uma construção de alvenaria e havia apenas um professor
para todas as séries, que não contava com muitos alunos. Mais tarde o grupo
passou a se chamar Grupo Duque de Caxias.
Meninos e meninas estudavam em períodos distintos. Meninos pela manhã
com professor e meninas a tarde com professora. Um das professoras que lecionava
para as meninas “era Rosalina Gonçalves Cordeiro, mais conhecida por D. Noca, a
primeira professora de Irati.” (FILLOS, 2008, p.43), veio de Curitiba, em 1903 e
lecionou em um depósito de erva-mate perto da estação ferroviária. Na escola havia
pouca estrutura e as crianças vinham a pé, cavalo e carroça.
Em Irati em várias localidades do interior ensinava-se o polonês, visto que a
colonização do município é de poloneses e ucranianos.
O Colégio Estadual São Vicente de Paulo (1925) e o Colégio Estadual Nossa
Senhora das Graças (1937) funcionavam sob o regime de internato e externato. O
primeiro local aonde as irmãs vicentinas ministraram aulas foi em uma casa de
madeira. Algum tempo depois, 1937, foi construída a escola em alvenaria, haviam
12

muitos alunos e as turmas eram mistas. “Em 1945 teve início o Curso Ginasial, como
um complemento feminino ao Colégio São Vicente de Paulo, que acolhia somente
meninos. Em 1946 entrou em funcionamento o Curso Normal Secundário,para a
formação de professoras.” (FARAH, 2008, p. 84)
O curso ginasial desligou-se do Colégio São Vicente e tornou-se Ginásio
Estadual Nossa das Graças. Em 1996 aconteceu a criação da Escola Municipal Irmã
Helena Olek.
Em janeiro de 1925 o padre Sebastião Mendes chegou em Irati para dar início
à construção do Colégio Estadual São Vicente de Paulo.
Ao longo dos anos a população iratiense cresceu e consequentemente o
número de alunos também, fazendo-se necessário construir vários colégios em todo
município. Em 1937 foi construído o grupo escolar do Distrito de Gonçalves Junior,
em 1938 Casa Escolar do Riozinho e em 1947 grupo escolar de Guamirim. “A partir
de 1950, devido a grande demanda discente, são criados no município outros
grupos escolares para atender o ensino de 1ª a 4ª séries, a saber:
- Grupo escolar Francisco Vieira de Araújo- 1956.
- Grupo escolar Tancredo Martins 1959
- Grupo escolar Francisco Stroparo 1963 (112)
- Grupo escolar João de Mattos Pessoa 1966 (p113)
- Grupo escolar Pe. Wenceslau 1968.” (FILLOS, 2008. p. 113) também “... Casa
Escolar João XXIII-1965
- Casa Escolar Trajano Grácia- 1967 ”. (FILLOS, 2008. p. 113)
O Colégio Irati (1940) pertencia a família Calderari, foi a primeira escola de
ensino secundário a instalar na região, era uma filial do Colégio Parthenon de
Curitiba. Era um Colégio de ensino particular. Segundo FILLOS (p. 123), a pouca
documentação se deve ao fato de tudo ter sido incinerado. O Colégio encerrou as
atividades do complexo em 1967. O Seminário Santa Maria iniciou suas atividades
em 1953. Hoje o prédio é ocupado pela Unicentro desde 1994.
A Congregação das Irmãs de São Pedro Canísio iniciaram as atividades em
1958. A FECLI (Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Irati) iniciou seus
trabalhos em 1974. Anos mais tarde, 1990, o Governo do Paraná, instituiu a
Unicentro com a integração da FAFIG e da FECLI.
(duas aulas)
13

4 ATIVIDADE 3

Nesta atividade os alunos formarão grupos de 4 a 5 pessoas cada, para


elaborar o questionário que será utilizado nas entrevistas. Atividade realizada em
sala de aula com a orientação da professora.
Os entrevistados serão pessoas que tiveram participação direta e indireta na
escola, por exemplo, uma merendeira, ex-diretor, inspetor de alunos, moradores
próximo do local do Colégio e algumas pessoas que foram alunos do Colégio em
tempos distintos.

OBS.: as entrevistas devem ter acompanhamento da professora; as informações


deverão ser transcritas e depois do aval do entrevistado serão anexadas no projeto.
(4 aulas)

5 ATIVIDADE 4

5.1 Relato da história do Colégio Xavier e patrono, Antonio Xavier


A importância do estudo da história local está na tentativa de valorizar o
próprio indivíduo que redescobre sua história e cultura. Essa história passa a ter um
novo sentido. Dessa maneira é possível se reconhecer como sujeito da história e
não como objeto. Assim para assimilar a história da construção da cultura de outros
povos, deve-se primeiro conhecer a história da própria cultura, saber como se deu
essa construção e como foi o processo de evolução e desenvolvimento da mesma.
Para trabalhar a história de vida de Antonio Xavier em sala de aula eram
poucas as informações que tínhamos a respeito do mesmo. Sabia-se apenas que
ele era da Lapa, havia trazido a primeira bola, a primeira bicicleta, que foi fundador
do Iraty Sport Club, do Rotary Club, da Associação de Pais Cristãos. Isso não era
suficiente. Começou-se a buscar informações sobre Antonio Xavier e conseguiram-
se algumas fontes que nos forneceram muitas informações a seu respeito, porém as
dificuldades foram grandes, porque documentos oficiais a seu respeito são poucos.
Buscou-se informações com seu Gaspar Valenga, morador do Riozinho, escritor de
vários livros sobre a história de Irati, ferreiro de profissão. Seu Gaspar conheceu
Antonio Xavier, mas pouco conviveu com ele. Comentou que Xavier foi um cidadão
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muito ativo na sociedade, foi farmacêutico, vereador, atuou no esporte como um dos
fundadores do Iraty Sport Club, do Rotary, teve como propriedade, durante alguns
anos a Olaria Moderna, da qual se desfez alguns anos depois. Outra entrevista
aconteceu com José Maria Grácia Araújo, artista plástico renomado de Irati e muito
importante para a história do município. José Maria destacou que a importância de
Xavier mais significativa foi no esporte. Vindo de Curitiba trouxe a primeira bola,
apito e instrumentos e começou a treinar e mostrar o que era o futebol para os
rapazes. Comentou também que a farmácia de Xavier sempre esteve lotada.
O mesmo José Maria encontrou alguns documentos que mostram a
participação de Xavier como integrante da Guarda Nacional no período de 1914 a
1918. A Guarda Nacional foi criada pelo Pe. Diogo Antônio Feijó em 1831. Era uma
milícia civil composta por homens de posse que representavam o poder armado em
substituição às forças tradicionais. Na ata Xavier promete manter a ordem
estabelecida pela República.
No ano de 1922, Antonio Xavier foi iniciado maçom na Loja União e Progresso
II de Irati, no dia 22 de Dezembro do corrente ano. Na mesma sessão foi iniciado
Plínio Scheleder de Araújo, os quais foram aprovados por escrutínio secreto
(votação secreta, onde cada maçom coloca dentro de uma urna, bola branca
(favorável) ou bola preta (recusa). Caso haja uma bola preta o maçom deve se
identificar e apresentar com provas concretas o porquê da não aprovação do
“irmão”.)
A maçonaria admite homens de bons costumes, sem distinção de ideário
político ou posição social. O candidato precisa ter boa índole, respeitar a família.
Portanto, pode-se acreditar que Antonio Xavier era cidadão que apresentava essas
características para ser convidado a fazer parte da maçonaria.
Outra fonte importante encontrada foram contratos da Prefeitura de 1927 a
1929, que mostram Antonio Xavier como substituto legal do prefeito Zeferino
Bittencourt quando o mesmo se isentava do poder público municipal. A ata do Tênis
Club de Irati demonstrava a participação de Xavier como tesoureiro do Clube.
Outra entrevista foi realizada com o sobrinho de Antonio Xavier, o
farmacêutico José Fernando Teixeira que diz não lembrar muito do tio porque era
criança quando Xavier atuava como farmacêutico e esportista. Algumas das
lembranças é que Xavier foi proprietário de uma Olaria, no bairro Rio Bonito e que
seu pai, conhecido como Vico trabalhou na farmácia de Xavier.
15

A charge do jornal “espalha Brasa” satiriza o então prefeito em exercício


Antonio Xavier que encalhou seu carro na entrada da cidade, Nhapindazal, quando
regressava de viagem à capital.
O Projeto Político Pedagógico de 2001 do Colégio Estadual Antonio Xavier da
Silveira relata que Antonio Xavier é patrono da Instituição devido à sua integridade,
caráter com que viveu todos os anos de sua vida. O mesmo documento descreve
que a Instituição foi inaugurada em 3 de março de 1975 com o título de “Unidade
Nova” e em dezembro de 1976 finalmente foi implantado o Complexo Escolar
Antonio Xavier da Silveira.
O jornal “O Debate” de 8 de julho de 1973, notifica o falecimento de Antonio
Xavier da Silveira, o descrevendo como um cidadão iratiense ilustre que muito fez
por Irati.
Antonio Xavier da Silveira nasceu na Lapa em 8 de maio de 1893. Foi um dos
primeiros moradores de Irati, chegou em 1913 quando fundou a Pharmacia Apollo,
no dia 21 de abril atendendo na rua 15 de Julho, esquina com a Conselheiro
Zacarias, próximo a Praça da Bandeira. (FARAH, 2008, p.40).
O estabelecimento foi construído em madeira com bordadura de lambrequins
em volta da casa. Na frente existiam duas grandes portas de madeira que davam
acesso ao interior da farmácia, onde na entrada tinha 2 a 3 degraus até chegar ao
balcão.
Nessa época Irati quase não contava com médicos na cidade, então o
farmacêutico Antonio Xavier da Silveira atendia a população que o procurava a
qualquer hora do dia ou noite. José Fernando comenta que naquele período quem
tinha condições financeiras ia para a capital cursar farmácia e quem não podia e
desejasse abrir um estabelecimento farmacêutico, prestava um exame especial e lhe
era concedida uma licença especial que lhe dava direito para atuar como
farmacêutico.
Os remédios que existiam na Farmácia Apollo quase que a maioria, uns 80 %
eram manipulados por Xavier. Neste estabelecimento tinha uma prateleira grande,
com uma variedade de vidraria com os produtos para fabricação dos medicamentos
de manipulação.
Xavier era um cidadão muito respeitado e atuante na comunidade, tanto pelos
eleitores, como pelos próprios pares, vereadores, lembra Gaspar Valenga. Foi
16

vereador em três gestões, presidente do legislativo em 1924-1925, 1951-1952 e


1955.
Na década de 40, quando as Câmaras Municipais foram extintas quem
nomeava os prefeitos eram os governadores que eram eleitos por uma cúpula
militar. Segundo dados levantados por José Maria Grácia Araújo num período de 5 a
6 anos, Irati teve de 6 a 7 prefeitos. Araújo acredita que a mudança ocorreu porque
os militares achavam que quem ocupava o poder não tava de acordo com o
momento militar de convulsão e Antonio Xavier era quem substituía no intervalo às
vezes de 2 dias a 1 mês até que se fizesse a troca do prefeito.
De acordo com um contrato da prefeitura de 1927-1929, Xavier ficou por um
período como prefeito substituto de Zeferino Bittencourt, e nesse período concedeu
ao farmacêutico químico Aron de Vasconcelos Souza o privilégio para instalar
bombas para funcionamento de gasolina.
O médico José Augusto da Silva e o farmacêutico Antonio Xavier montaram a
segunda quadra de tênis de Irati na residência de Xavier, em 1934. Nesse período
apenas os homens praticavam tal esporte.
O esporte foi um dos meios pelos quais Xavier foi muito atuante. No ano de
1914 Xavier reuniu um grupo de interessados e foi até Curitiba onde adquiriu uma
bola de futebol inglesa, alguns instrumentos e um livro que continha as regras do
novo esporte que era totalmente desconhecido no interior do Brasil.
Os primeiros treinos aconteceram onde hoje é o supermercado G.Center, e
segundo Araújo o lugar era um potreiro e não um campo, mas reunia quem se
interessava pelo esporte. O campo de treinamento do Iraty mudou e ficava próximo
à esquina das ruas 24 de Maio e Quintino Bocaiúva. Com o passar do tempo foi
fundamental que se oficializasse a fundação do Clube. As reuniões aconteciam na
farmácia Apollo de Antonio Xavier. O clube foi fundado no dia 21 de abril de 1944.
Sobre o primeiro presidente do Clube até hoje existem dúvidas para saber quem foi,
mas os nomes mais prováveis são David Araújo e Antonio Xavier da Silveira.
Inclusive Antonio Xavier também fez parte do primeiro time do Iraty Sport Club.
A primeira partida oficial do Iraty foi disputada com o Imbituvense Foot Ball
Club, o time do Iraty ganhou por 3 x 0.
No ano de 1916 o Iraty passa por sua primeira crise financeira, onde já havia
a possibilidade de extinção do Clube. A sociedade iratiense, inclusive algumas
senhoras, estavam prontas para fazer algo pelo Clube. Foi nesse ano de crise que a
17

bandeira do time foi idealizada. Mesmo com uma crise eminente o Iraty continuava a
registrar inúmeras partidas de futebol. Houve um intervalo nas atividades do Clube
que retornou em 23 de março de 1917. Em todos esses anos Xavier atuou como
secretário, tesoureiro, diretor esportivo, jogador oficial do time.
Em 16 de julho de 1920, uma comissão que incluía Antonio Xavier, conversou
com o Sr. Emílio Gomes que cedeu o terreno para o novo campo do Iraty. Com
poucos recursos o time fez apenas os reparos necessários para poder praticar o
futebol.
Xavier era casado com Helena Teixeira e de acordo com José Fernando
Teixeira ele tiveram 6 ou 7 filhos.
Antonio Xavier em 1934 adquiriu uma Olaria localizada no bairro Rio Bonito,
que com o passar do tempo conquistou novos mercados. Em 1946, Xavier retirou-se
da sociedade e a Olaria continuou a funcionar até meados da década de 60.
Para a construção do Hospital de Caridade de Irati a população iratiense se
mobilizou e assim foi formada a diretoria da comissão de obras. Antonio Xavier da
Silveira foi tesoureiro da comissão e fez parte do Conselho Deliberativo.
No dia 3 de maio de 1973, Xavier faleceu em Curitiba vítima de um A.V. C. e
foi sepultado no Cemitério Municipal de Irati.
No ano de 1976 foi implantado o Complexo escolar Antonio Xavier da Silveira
que veio para suprir a necessidade de uma escola de 1º Grau Completo, pois neste
período não haviam estabelecimentos disponíveis que comportassem o número de
alunos que vinha crescendo. Além disso, possuía um excelente localização, estava
relativamente perto de todas as demais escolas que formam o Complexo escolar
Antonio Xavier da Silveira.
(3 aulas)

6 ATIVIDADE 5

Construir um material didático escrito e com imagens, para servir de


fundamentação teórica sobre a história do Colégio e do patrono, para ser usado por
professores e alunos do município, bem como da comunidade local. Esta unidade
deve ser elaborada em sala de aula.
(4 aulas)
18

7 ATIVIDADE 6

Na atividade proposta os alunos, juntamente com a professora, organizarão


todo o material elaborado na atividade 5. Em uma sala devidamente reservada,
acontecerá a exposição do material coletado que será divulgado para a comunidade
escolar nos três períodos.
(16 aulas)
19

8 REFERÊNCIAS

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FGV, 2004.

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Pedagógico do Colégio Estadual Antonio Xavier da Silveira. Irati, 2001.

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