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Disciplina: Tópicos Avançados em Telejornalismo

Acadêmico: João Vitor dos Santos Marques (João Devito)

● Título Provisório: Marcas do Éden

● Breve apresentação do assunto, para introduzir o tema do documentário:

Os jardins têm muita história pra contar, é um tipo de cultivo, que não
necessariamente rende frutos, mas que a humanidade faz desde a antiguidade, como no Egito
Antigo, ou na Mesopotâmia, com os chamados Jardins Suspensos da Babilônia, que foram
construídos pelo rei Nabucodonosor para sua esposa, considerados como uma das maravilhas
do mundo antigo. Seja naquela época ou agora, seu propósito é principalmente oferecer
beleza, além de aproximar um pouco o ser humano da natureza, mesmo que seja em um
pequeno espaço diante de uma grande construção.
No entanto, existem jardins que não são planejados por ninguém, não crescem em
ordem ou obedecem aos padrões humanos. São aqueles que nascem sem ser semeados, seja
em um terreno baldio esquecido, em uma casa abandonada, uma calçada destruída, ou até
mesmo em jardins não bem cuidados. Nesse caso, são desprezados e se possível
exterminados, isso porque, como são comumente conhecidas, as ervas daninhas ou
infestantes aparecem e dominam o cenário. São chamadas assim por serem espécies de
caráter selvagem, extremamente bem adaptadas à região e, por isso, nascem com muita
facilidade, atrapalhando algumas culturas ou sendo um “pé no saco” nos jardins planejados
com tanto carinho por todos ao redor do mundo.
No entanto, o nome não poderia ser mais antropocêntrico, visto que só causa danos
aos seres humanos, já que são as plantas que nascem de forma natural, mais bem adaptadas
do que qualquer uma plantada pelas mãos humanas no mesmo ambiente.
As ervas daninhas então podem ser vistas de várias formas, principalmente como uma
praga para a agricultura, no entanto, percebidas por uma outra ótica, podem ser como um
respiro da natureza no meio urbano, uma forma dessa natureza se impor com sutileza diante
dos seres humanos. Podem inclusive serem bem úteis para o meio ambiente, protegendo o
solo de uma erosão, melhorando a matéria orgânica, gerando um microclima favorável para
alguns cultivos e atraindo polinizadores que são extremamente necessários. Além disso, essas
plantas podem regenerar o ambiente urbano, enquanto muitas outras espécies têm dificuldade
de se adaptar às cidades e suas estruturas, as ervas daninhas encontram certa facilidade. Outro
ponto não muito reconhecido é que algumas são comestíveis, outras medicinais, e ainda
podem servir até mesmo por sua beleza, já que várias espécies, como a dente-de-leão, dão
flores bonitas e bem conhecidas.
Fato é que crescem e dominam os espaços, sejam espaços de cultivo ou espaços
abandonados pelos seres humanos, a ironia está justamente nisso, vemos um local em que
reinam essas ervas daninhas como desprovido de vida, desprovido de cuidado, quando no
entanto, é onde a natureza pôde se impor sem limites. Suas “ervas daninhas” tornam aquele
espaço, visto por nós como sem vida, em um local de muita vida, um espaço verde. Ervas
daninhas se espalham, insetos podem se reproduzir e seguir os seus ciclos livremente,
animais podem usar o local como pouso, com paz e tranquilidade, diante de um ambiente
urbano completamente devastado por concreto.

● Justificativa

O título faz referência a um dos jardins mais famosos da cultura, o Jardim do Éden,
conhecido na religião judaico-cristã como o ambiente criado por Deus para Adão e Eva, em
que tudo era perfeito e estava em seu devido lugar. A ideia é mostrar então que essas “ervas
daninhas” são partes dessa natureza que resistem em meio a esse mundo imperfeito do ser
humano, como os resquícios do que um dia foi o Jardim do Éden.

Então disse Deus: "Cubra-se a terra de vegetação: plantas que deem


sementes e árvores cujos frutos produzam sementes de acor­do com as suas
espé­cies". E assim foi.

A ideia de desenvolver esse tema no documentário é mostrar um outro ângulo sobre


essas ervas daninhas, que estão em todos os lugares, podendo crescer até mesmo em meio ao
mais puro concreto rachado, lembrando que são espécies consideradas danosas apenas pelo
ser humano, mas para animais e insetos podem ser um respiro no meio urbano.
O objetivo é então analisar esses jardins naturais que nascem pela simples polinização
ou pela boa adaptação dessas espécies, criando uma reflexão sobre esses locais que são
considerados abandonados ou descuidados, seja um terreno baldio, uma casa abandonada, um
parque mal cuidado, pensando nesse cenário não com esse teor negativo, mas como um
espaço de resistência da natureza sobre o ambiente urbano, ou seja, um local em que o ser
humano não está exercendo seu controle.
Além disso, existe um teor de conscientização, visto que a ideia é criar uma outra
ótica sobre essa vegetação que, diferente de outras, conseguem se adaptar tão bem onde se
encontra, chegando a causar danos a nós, seres humanos, por conta disso. O foco é mostrar
que existe uma beleza, utilidade e importância nessas plantas, que nem sempre são
reconhecidas.

● Detalhamento personagens

Os meus principais personagens nesse trabalho são as próprias plantas e os animais


que vivem nesses espaços urbanos. Mas também existe a necessidade de conversar com
algum profissional da biologia, como a professora da Unicentro em Guarapuava, Patrícia
Carla Giloni De Lima, que tem experiência na área de Ecologia e Educação Ambiental, para
entender melhor na prática como funciona o ciclo dessas plantas, qual as espécies mais
comuns, e também entender como esse jardim espontâneo é formado pela natureza, não
necessariamente ela precisa aparecer no documentário, mas vai ser essencial para a pesquisa.
Outro possível personagem é alguém que tenha uma experiência mais senso comum
com essas espécies para dar um depoimento, como Lauir Saito, de Ibiporã no Paraná, que
sempre utilizou de algumas dessas ervas daninhas para fazer chá ou até para um propósito
medicinal, como os famosos chás de quebra-pedras, uma espécie de erva daninha que pode
servir como um diurético natural.
Além dessas fontes mais óbvias é possível que seja necessário a palavra de um
filósofo que consiga refletir sobre a relação humano-natureza.

● Metodologia (como será abordado, qual estilo, estrutura)

O documentário terá uma abordagem ambiental, com a visão humana sendo


secundária, como nas falas de biólogos, depoimentos de pessoas comuns, diálogos de
filósofos e historiadores. De qualquer forma, é importante ressaltar que o foco é no meio
ambiente, muito similar ao estilo de documentário ambiental que vemos em canais da
Discovery Channel e National Geographic, um exemplo prático é Terra à Noite (2020), da
Netflix, em que há uma reflexão sobre entre humano e natureza, mas ainda sim com foco
primário na natureza.
O documentário então busca misturar os conceitos de Bill Nichols, como
documentário poético, expositivo e observativo. Poético, pois a ideia é trabalhar com as
imagens de maneira a passar uma mensagem, criar uma estética, além do conteúdo em si.
Expositivo, pois o narrador, no caso eu, vai ser ouvido, além das imagens que vão estar
passando na tela para comprovar o que está sendo comentado, e finalmente, observativo, pois
apesar de participar como narrador, e de ter alguns depoimentos, a ideia é não interferir em
nenhum desses cenários que vão ser utilizados na filmagem, ou seja, é estar ali como
narrador-observador da natureza, causando uma sensação no espectador de estar vendo algo
sem a interação humana.

● Cronograma de gravação

O período de gravação será entre os dias 20 e 31 de outubro de 2022. A edição fica do dia
primeiro ao dia 10 de novembro, com alguns dias de sobra para o caso de situações
inesperadas.

● Orçamento

Os materiais usados serão pessoais:


Celular (XIAOMI REDMI NOTE 9S)
Computador (LENOVO)
Além disso, a ideia é utilizar as câmeras disponibilizadas pela faculdade para auxiliar a
gravação. O orçamento, portanto, será o menor possível, com gastos em gasolina, uber e
outros que podem aparecer.

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