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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O DIREITO:

UMA JORNADA ATRAVÉS DO TEMPO

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O DIREITO:


UMA JORNADA ATRAVÉS DO TEMPO

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O DIREITO:


UMA JORNADA ATRAVÉS DO TEMPO

Jorge Paulo Vaz Feitosa1


Camila de Carvalho Ouro Guimarães2

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo realizar breve pesquisa


bibliográfica sobre a Inteligência Artificial e o Direito, destacando conceitos,
abordagens e como o homem chegou até aqui através do tempo. Do mesmo modo,
serão apresentadas as transformações tecnológicas trazidas através da Revolução
Industrial. Além da parte inicial de introdução e das partes de encerramento que
apresentam as considerações finais da pesquisa e as referências bibliográficas
adotadas no artigo, esta pesquisa bibliográfica está dividida em três partes. A
primeira parte aborda a Revolução Industrial e Tecnológica. A segunda parte
apresenta a Inteligência Artificial, abordando seu conceito e impactos na
sociedade e no ramo do Direito trazendo seus efeitos. A terceira parte, apresenta à
Ética nas Inovações Tecnológicas, fazendo um breve levantamento quanto à
questão da ética no campo da Inteligência Artificial.

Palavras-chave: inteligência artificial; direito; tecnologia; trabalho

ABSTRACT: This article aims to conduct a brief bibliographic research on


Artificial Intelligence and Law, highlighting concepts, approaches and how
mankind has gotten this far through time. Likewise, it will be presented as
technological transformations brought about by the Industrial Revolution. In
addition to the initial introductory part and the closing parts that present as final
1
Graduando em Direito pela Faculdade CNEC da Ilha do Governador. jorgepaulovaz@hotmail.com; 0000-
0001-7141-6351.
2
Mestre em Bioética e Ética Aplicada pela UERJ. Especialista em Direito. Professora da Rede CNEC.
0039.camilaguimaraes@cnec.br; 0000-0001-6302-4593.

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considerations of the research and the bibliographic references adopted in the


article, this bibliographic research is divided into three parts. The first part deals
with the Industrial and Technological Revolution. The second part presents an
Artificial Intelligence, addressing its concept and impacts on society and in the
field of Law with its effects. The third part presents Ethics in Technological
Innovations, making a brief survey on the issue of ethics in the field of Artificial
Intelligence.
Key-words: artificial intelligence, law; tecnology; labor.

Sumário: 1. Introdução; 2. Revolução Industrial; 3. Inteligência Artificial; 4.


Ética nas Inovações Tecnológicas; 5. Conclusão; 6. Referências

1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por finalidade levar a reflexão e uma breve análise
sobre o prisma da inteligência artificial (I.A) e seus possíveis impactos no ramo
do Direito e suas vertentes, sem que haja normas legais que regulem tais
atividades.
Ao longo da história, o homem foi se adaptando ao meio ambiente em que
vivia conforme foi se dando o processo de evolução. Com o descobrimento de
novas ferramentas foi possível evoluir trazendo-lhe uma melhoria de vida. O
homem de nômade passa a ser sedentário. Dentre os processos evolutivos que se
destacam, estão a Revolução Industrial quando o cidadão passou a viver nas
cidades, a introdução de máquinas e a revolução tecnológica.
Com o rápido avanço científico e das inovações tecnológicas,
principalmente no que tange a inteligência artificial, as mudanças de
comportamnento socioeconomico das sociedades, se moldadaram conforme os
avanços das ciencias e das tecnologias, tendo como base, a internet das coisas,
tecnologia 5G, learning machine, deep learning, inteligência artificial, big data.
Não obstante, urge-se a necessidade de se criar normas regulatórias para nortear
os países, empresas e a sociedade como um todo, sobre o uso da inteligência
artificial quando está é capaz de autoaprendizado.

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A partir da IA. é possível se conseguir métodos e técnicas que levam ao


desenvolvimento de programas que simulam nas máquinas
comportamentos humanos, ou seja, tornam os computadores capazes de
pensar e tomar decisões. Assim, as técnicas de I. A. precisam de
mecanismos e conhecimentos de manipulação de símbolos. Esses
conhecimentos deem ser capazes de modificá-lo, ampliá-lo e
representá-lo¹ (CELLA; WOJCIECHOWSKI, 2018).

É dentro deste contexto e diante do grande potencial que a inteligência


artificial possui em transformar e revolucionar os mais variados setores da
sociedade, que se abre questionamentos sobre a necessidade de regulação específica
pelo direito dos sistemas de inteligência artificial de maneira a evitar conflitos e
diminuir possíveis danos provenientes da interação entre estes sistemas e as pessoas.
Por conseguinte, questiona-se: Quais são as principais características da
inteligência artificial dentro do ramo do direito? Qual é a responsabilidade civil dos
danos causados pela inteligência artificial?
Diante desta problemática, salienta-se que o presente artigo se justifica no
sentido de ser um tema de grande importância para o ramo do direito, dado que irá
disponibilizar informações que de certa forma pode ser utilizadas como espelho
para uma compreensão mais aprofundada sobre inteligência artificial no ramo do
direito. Outra razão que justifica o referido artigo, é que, uma pesquisa de qualidade
sempre contribuirá para que outros pesquisadores possam buscar mais informações
sobre o tema proposto devido sua tamanha pertinência para a área do direito.
Deste modo, o artigo traz como objetivo geral analisar à evolução do
homem face os aspectos que compõe a inteligência artificial dentro de uma
sociedade contemporânea e área do direito. Os objetivos específicos foram avaliar
os impactos da inteligência artificial, como ela se faz dentro do ordenamento
jurídico brasileiro.
O presente artigo foi desenvolvido com base em pesquisa exploratória.
estritamente com a utilização de fontes bibliográficas, livros, artigos em revistas
especializadas. A técnica utilizada é a bibliográfica. Assim, o pesquisador deverá
interagir com o tema por meio da releitura de pesquisas, artigos, monografias e

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livros sobre o tema proposto.

2. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial foi um processo de profundas transformações
tecnológicas, econômicas e sociais que começou na Inglaterra por volta do século
XVIII. O modo agrário e artesanal, agora era substituído pela indústria e fabricação
de máquinas. Este novo modelo econômico, logo se espalhou pelo resto da Europa,
e através dos anos chegou em boa parte dos continentes. Sendo assim, considera-se
que este processo dado a partir da Revolução Industrial acabou substituindo as
ferramentas pelos maquinários, da mão de obra humana pela energia motriz.
O advento da produção em larga escala de forma mecanizada deu início às
transformações primeiramente nos países da Europa e da América do Norte. Estes
países acabaram se transformaram predominantemente em nações industriais e
suas populações se concentraram cada vez mais nas cidades.
A expansão do comércio internacional dos séculos XVI e XVII trouxe um
extraordinário aumento da riqueza para a burguesia. Isto permitiu a acumulação
de capital capaz de financiar o progresso técnico e o alto custo da instalação nas
indústrias. Dado ao fator da expansão do comércio internacional entre os séculos
XVI e XVII, o que originou um amento significativo para a classe burguesa. Não
obstante, esse lucro fez com os burgueses começassem a investir na indústria, em
novos meios de produção. Somando estes fatores, existiam as colônias que os
abastavam com um grosso mercado produtivo. Tinham a matéria-prima em
abundância, estabilidade política e econômica, transporte e comunicação
funcionando de forma eficiente, e uma vasta mão de obra. Somando todos esses
fatores, logo, eclodiu a Revolução Industrial.

A Revolução Industrial faz parte do conjunto das “Revoluções


Burguesas” que aconteceram no século XVIII e que são responsáveis
pela crise do Antigo Regime e pela passagem do capitalismo
comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a
acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a

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Revolução Francesa. Todos esses fatos assinalam a transição da ldade


Moderna para Contemporânea sob a influência dos princípios
iluministas.

Em seu sentido mais pragmâtico, a Revolução Industrial


significou a substituição da ferramenta pela máquina e contribuiu
para consolidar o capitalismo como modo de produção dominante.
Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana
para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnologica,
social e economica que vinha se processando na Europa desde a
Baixa ldade Média.²

Contudo, com o evento da Revolução Industrial, houve impactos na


sociedade, a classe trabalhadora sentiu fortamante a mudança. No início, até tudo
se adequar a nova modalidade, direitos sociais e a dignidade humana dos
trabalhadores foram violados.

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida


do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso
deslocamento da população rural para as cidades, com enormes
concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em
etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já
que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da
produção. Na esfera social, o principal desdobramento da revolução
foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como
classe social definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o
cortiço como moradia e submetido a salários irrisórios com longas
jornadas de trabalho, a operariado nascente era facilmente explorado,
devido também, à inexistência de leis trabalhistas.
O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-
de-obra masculina adulta, provocando em escala crescente a
utilização de mulheres a e crianças como trabalhadores nas fábricas
têxteis e nas minas. O agravamento dos problemas sócio-econômicos
com o desemprego e a fome, foram acompanhados de outros
problemas, como a prostituição e o alcoolismo.³

É inegável que houve consequências com a Revolução Industrial, nesse


diapasão, nem todas as nações se industrializaram ao mesmo tempo, umas

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seguiram o fluxo, investiram no novo modelo, outras ficaram para trás, certamente,
por falta de poder econômico e permaneceram como colônias dos países mais
fortes politicamente e economicamente. Posto isto, houve uma diferença entre os
países industrializados e os não industrializados, estes, ainda fornecem aos países
desenvolvidos matéria- prima e produtos agrícolas.
Se a primeira Revolução Industrial nasceu através da revolução do carvão,
ferro e introdução das máquinas; a segunda revolução ocorreu com a consolidação
do progresso científico e tecnológico. Muitas descobertas foram importantes para o
avanço da humanidade.
Nesta época ocorreu a invenção da lâmpada incandescente, criação dos
meios de comunicação que hoje conhecemos, e avanços na área da medicina e
química. Para Chiavenato (2019, p. 67):
[...] segunda Revolução Industrial ocorreu entre 1860 e 1914 e espalhou-
se rapidamente por toda a Europa, América e Asia. É a revolução do aço
e da eletricidade. Foi provocada por três eventos: I – o desenvolvimento
de um novo processo de fabricação do aço (1856); II – o aperfeipoamento
do dínamo (1873); III - a invenção do motor de combustão interna por
Daimler (1873).4

A fabricação do aço trouxe um novo processo de desenvolvimento


importantíssimo que permitiu a construção de máquinas, pontes, fábricas, trilhos de
ferrovias, este último, marcou o avanço nos meios de transportes. Vale salientar
que o automóvel e o avião foram inventados nesse período, mudando de forma
considerável o meio de locomoção.

2.1 REVOLUÇÃO 4.0


Ainda neste contexto, deve-se considerar a Quarta Revolução Industrial,
também conhecida como Revolução 4.0, acredita-se que já estamos vivenciando
em larga escala o início de uma nova era que modificará a forma de como o

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Homem trabalha e produz. Segundo Klaus Schwab, descreve sua visão sobre a
Revolução 4.0 em seu livro: “A Quarta Revolução Industrial.”

“Estamos no início de uma revolução que alterará profundamente a


maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala,
escopo e complexidade, a quarta revolução industrial é algo que
considero diferente de tudo aquilo que já foi experimentado pela
humanidade".5 (SCHWAB, 2018, P.11)

Nesse diapasão, o autor continua em sua narrativa quanto ao assunto


proposto neste artigo:

“Ainda precisamos compreender de forma mais abrangente a velocidade


e a amplitude dessa nova revolução. Imagine as possibilidades
ilimitadas de bilhões de pessoas conectadas por dispositivos móveis,
dando origem a um poder de processamento, recursos de
armazenamento e acesso ao conhecimento sem precedentes. Ou imagine
a assombrosa profusão de novidades tecnológicas que abrangem
numerosas áreas: inteligência artificial (IA), robótica, a internet das
coisas (IoT na sigla em inglês), veículos autônomos, impressão em 3D,
nanotecnologia, biotecnologia, quântica, para citar apenas algumas.
Muitas dessas inovações estão apenas no início, mas já estão chegando a
um ponto de inflexão de seu desenvolvimento, pois elas constroem e
amplificam uma às outras, fundindo as tecnologias dos mundos físico,
digital e biológico.6 (SCHWAB, 2018, P.11).

Estas inovações tecnológicas mencionadas acima estão crescendo de forma


acelerada, em um ritmo bem avançado. Grandes empresas estão investindo
bilhões de dólares em novos meios de tecnologias e todos os dias Startups estão
nascendo somente voltada para a IA. Países estão investindo, como a própria
China. Em seu livro, “Inteligência Artificial, Kai-Fu-Lee, relata que “a China se
tornará o centro de inovação global em inteligência artificial, liderando em
teoria, tecnologia e aplicação.”7 (KAI-FU-LEE, 2019). Em sua visão, a China se
tornará a Meca no mundo das tecnologias avançadas, sendo referência para outros
países. Outro exemplo observado na pesquisa, vem do Oriente Médio, os
Emirados Árabes Unidos que até o final de 2020 implantará em Dubai o sistema
de Blockchain como transação financeira.

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“De acordo com o projeto e com a ideia de um futuro promissor para as


novas tecnologias na cidade, a Dra. Aisha afirmou o seguinte: “Dubai
estabeleceu-se em tempo recorde, como um destino global para
inovadores e empreendedores do mercado emergente do blockchain.
Guiado por uma visão de liderança e desempenho, o emirado vem
ganhando notoriedade dentro desta nova indústria e já se comporta com
ares de vanguarda, investindo bravamente em tecnologia e tentando
criar um plano atrativo para empreendedores e desenvolvedores de todos
os cantos, fazendo dessa cidade ainda mais conectada e perfeita para
seus residentes e visitantes.” 8

A inteligência artificial é o assunto do momento nas grandes empresas,


escolas, universidades, laboratórios, instituições financeiras, por toda parte
ouvimos falar sobre a IA. Os bancos já estão se modelando a inteligência
artificial. Estas instituições estão deixando de ser físicas e estão se tornando
digitais, ou seja, tudo se resolve com o aplicativo no smartphone. O Banco
Bradesco se adiantou veiculando nas principais mídias do país um comercial
trazendo o uso da Inteligência Artificial facilitando assim, o dia a dia de seus

correntistas.9
Durante as fases da Revolução Industrial houve bruscas mudanças no

processo de produção, o que era produzido de forma artesanal, passou a ser

produzido por maquinários. Foram tempos conturbados para o trabalhador,

redução salarial, excesso de horas de trabalho, eles não tinham direito a descanso,

férias, e muito menos o amparo social. Contudo, houve-se conquistas e mudanças

quanto as questões trabalhistas, movimentos surgiram como luddismo e o

cartismo, os trabalhadores passaram a ter uma categoria que os representassem,

sindicatos foram criados, demandas por direitos. Conforme, no decorrer dos anos,

os operários foram se organizando e adquirindo direitos sociais através de Leis,

tais como férias, descanso, horas de trabalho, salário mínimo.10

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As bases do Direito do Trabalho foram consolidadas com as alterações que


ocorreram nas condições de vida dos trabalhadores.
Segundo José Cairo Júnior (2013), as primeiras leis tratavam de redução da
jornada de trabalho, da proibição do trabalho de menores e mulheres em locais
insalubres, da fixação de um salário mínimo, dentre outros fatores.
Observa-se que durante as transições da Revolução Industrial, muitas
inovações foram importantes e todas tiveram perda temporária de emprego, logo o
mercado de trabalho se recuperou. Porém, os mercados tiveram que se adequar e
acompanhar o ritmo daquelas mudanças.
A relação de empregador e empregado, mudará através do surgimento das
inovações tecnológicas, de certa forma, a IA mudará a forma como a humanidade
produz seus próprios bens e como trabalha, e isto já vem acontecendo há algum
tempo. Em uma breve análise realizada, tomamos como exemplo as empresas
Uber, Airbnb e Ifood, todas relacionadas a economia sob demanda, sem falar de
outras como a Netflix e Spotity, estas duas não somente revolucionaram a
indústria de entretenimento, como reinventaram a forma como nos entretemos.
A Uber surgiu de uma necessidade, seus criadores Travis Kalanick e
Garret Camp, estavam em Paris para um evento de tecnologia, os amigos
encontraram dificuldades em achar um táxi, sendo assim, logo tiveram uma ideia,
porque não criar um serviço de transporte onde a pessoa poderia chamar um carro
com motorista particular, apenas com um simples toque no celular. E foi isso que
aconteceu, em 2009, nascia na Califórnia a Uber. Qualquer pessoa que tenha seu
próprio carro pode se cadastrar e ganhar dinheiro fazendo corridas, sem ser
empregado direto da Uber. Hoje, esta ideia que nasceu de uma necessidade
básica, tornou-se a startup mais valiosa do mundo. Mas, a Uber não para de
crescer e inovar. Até 2023, a empresa disponibilizará a Uber Air, serviço aéreo de
viagens compartilhadas, começará na cidade de Dallas e Los Angeles. 11
A plataforma Airbnb (Air, Bed and Breakfast), foi criado em 2008 pelos

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designers Nathan Blecharczyk, Brian Chesky e Joe Gebbia. Os três moravam na


cidade de São Francisco, Califórnia, o aluguel do apartamento estava atrasado, na
ocasião acontecia uma conferência na cidade, em face à presente dificuldade,
prontamente tiveram a ideia de alugar um dos quartos com apenas um colchão
inflável, a ideia funcionou. A empresa hoje, vale mais do que qualquer rede de
hotelaria no mundo. Um simples toque no celular e você pode ter hospedagem em
qualquer lugar do planeta. Qualquer pessoa pode disponibilizar seu cômodo vago
para hospedagem, o que acaba gerando lucro para o proprietário.12
O Ifood, plataforma brasileira de entrega de comida, criada em 2011 pelos
sócios Patrick Sigrist, Eduardo Baer, Guilherme Bonifácio e Felipe Fioravante. O
aplicativo do Ifood, disponibiliza aos seus usuários cadastrados cardápios, preços
e formas de pagamento, o objetivo é simplificar o pedido de comida, que é
realizado no próprio aplicativo. Além disso, o aplicativo trabalha com GPS, o que
permite um mapeamento dos restaurantes mais próximos ao endereço de entrega
do cliente. Ou seja, se bater aquela fome, basta um toque no celular e a comida já
está entregue. Serviço de comodidade e facilidade é o que todos querem. Hoje, o
Ifood tornou-se o maior aplicativo de delivery de comida da América Latina,

atualmente, encontra-se presente no México, Colômbia e Argentina.13


Sob o prisma da lógica, a tendência é que a economia sob demanda venha se
expandir para outras prestações de serviços, caberá a sociedade como um todo, se
adequar a estas inovações tecnológicas e acompanhar aos novos mercados.
No que tange ao ramo do Direito, a Quarta Revolção Industrial está
transformando as sociedades e as relações sociais. O Direito por ser uma ciência
social, desenvolve com a sociedade, esta, por sua vez, desenvolve com a
tecnologia. É inegável os impactos das inovações tecnológicas na área do Direito.
A tendencia é que o Direito esteja em conformidade com as novas modalidades
digitais.

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3. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O campo de pesquisa da inteligência artificial nasceu em 1956, aconteceu
em um encontro no campus de Dartmouth College, estavam presentes Allen
Newell, Herbert Simon, Marvin Minsky, Oliver Selfridge e John McCarthy.14
Suas origens remetem, ainda antes, ao trabalho de Alan Turing — a quem
podemos atribuir o famoso Teste de Turing — e aos trabalhos de Allen Newell e
Herbert A. Simon.
Mas a inteligência artificial não chegou a uma posição de destaque no
cenário mundial até o surgimento do supercomputador Deep Blue, da IBM,
primeira máquina capaz de vencer o então campeão mundial de xadrez, Garry
Kasparov, numa partida em 1996.
Mais recentemente o AlphaGO, programa de inteligência artificial
desenvolvido pela subsidiária da Alphabet DeepMind Technologies, venceu o
campeão mundial de Go, o sul-coreano Lee Sedol, em um evento amplamente

divulgado.15
Quanto ao conceito, são muitas as definições em relação a inteligência
artificial, muitos estudiosos convergem quanto a definição correta, porém, como
este não é um trabalho voltado para as ciências da computação e suas variáveis.
De modo geral, a inteligência artificial está ligada à capacidade em que as
máquinas têm de pensarem como seres humanos, de terem o domínio do
aprendizado, do raciocínio, da percepção, e tomar decisões de forma lógica e
inteligente. Segundo ROVER (2002), em consonância com Minsky, define
inteligência artificial como:

“Ciência da construção de máquinas que fazem coisas que requereriam


inteligência, caso fossem feitas por homens. De outro, é o estudo que
busca simular processos inteligentes ou processos de aprendizagem em
máquinas ou que tenta fazer com que os computadores realizem tarefas
em que, no momento, as pessoas são melhores. Isso inclui tarefas como
se comportar como especialista, entender e falar linguagem natural,
reconhecer padrões como a escrita”.16

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O site “Cripto ID” descreve as características da inteligência artificial


como: Capacidade de raciocínio (aplicar regras lógicas a um conjunto de dados
disponíveis para chegar a uma conclusão); Aprendizagem (aprende com os erros e
acertos, agindo de forma mais eficaz no futuro); Reconhecer padrões (visuais e
sensoriais, como também de comportamento); Conclusão (capacidade de

conseguir aplicar o raciocínio nas situações do nosso cotidiano).17


Observa-se que a inteligência artificial está relacionada à capacidade em
que a máquina tem de pensar, de compreender como seres humanos. De acordo
com a visão de José Aires Rover em concordância com Marvin Minsky, é um
processo de aprendizado, de tarefas humanas, ou tão quanto. A inteligência
artificial vai muito além de uma mera compreensão, mas de construir meios
inteligentes, de mostrar resultados imediatos sem margem de erros, chegar a uma
conclusão exata.
Pesquisas e investimentos em bilhões de dólares são realizados
principalmente por parte da empresa Google, que é o maior interessado no assunto
quanto a questão de inteligência artificial. O texto em destaque abaixo, refere-se a
um artigo publicado em 22 de julho de 2019, veiculado no site do jornal Inglês
Telegraph:

“A Microsoft planeja investir US$ 1 bilhão em uma empresa de


inteligência artificial (IA) fundada por Elon Musk, a Open AI, que visa
desenvolver uma inteligência que rivalize com o funcionamento do
cérebro humano. Essa parceria promete se tornar uma forte
concorrente da britânica DeepMind, que pertence ao Google. Ambos os
laboratórios buscam alcançar uma inteligência artificial generalizada
(IAG), uma IA similar à consciência humana que pode se adaptar a
diferentes tarefas”.

"A criação da IAG será o desenvolvimento tecnológico mais importante


da história da humanidade, com o potencial de moldar a trajetória de
nossa espécie. Nossa missão é garantir que a tecnologia das IGAs
beneficie toda a humanidade, e estamos trabalhando com a Microsoft
para construir a base de supercomputação na qual construiremos a

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IGA", disse Altman.18

Segundo a matéria do Telegraph, a inteligência artificial usada hoje é


muito restrita, são programadas para realizar tarefas, porém, uma Inteligência
Artificial Generalizada (IAG) é o maior objetivo dos pesquisadores envolvidos
nesta área, contudo, acredita-se que a IAG só será alcançada daqui alguns anos.
As grandes empresas de tecnologia estão focadas em trabalhar neste sentido, em
dar a IA vida própria.
Outra matéria sobre a inteligência humana e IA, o artigo foi publicado em
31 de julho de 2019, pelo site do jornal Espanhol El País.

“Sempre pensamos que era impossível copiar a inteligência humana e


agora sabemos que algum dia poderemos compreendê-la
suficientemente bem para replicá-la. Isso significa que ela não é
insubstituível”, afirma Wu Shuang, cientista-chefe da Yitu, uma das
empresas de IA mais avançadas da China e doutor em Física pela
University of Southern California. “Ainda estamos na fase de dotar as
máquinas da capacidade de percepção e longe de passar às de raciocínio
e de tomada de decisões. Mas estou convencido de que as máquinas
acabarão adquirindo senso comum e de que serão capazes de tomar
decisões cotidianas melhor do que os humanos”, acrescenta Wu,
especializado em aprendizagem automática e redes neuronais
profundas.”

“Chen Haibo tem uma opinião semelhante. O fundador e presidente da


DeepBlue, outra grande empresa chinesa do setor, acredita que nem
mesmo a imaginação será sempre uma capacidade exclusiva do Homo
sapiens.“ A tecnologia avançou em dois séculos mais do que nós em
milhares de anos. Não vejo por que deixaria de fazer isso − portanto, é
inevitável que as máquinas terminem superando nossa inteligência”,
afirma.

“Esta superinteligência vai chegar e talvez nem percebamos que está


chegando”, acrescenta Brian Subirana, diretor do Auto-ID Lab do
Massachusetts Institute of Technology (MIT) [entrevistado por Jaime
Susanna na Cibecom, a Cúpula Ibero-Americana de Comunicação
Estratégica.”19

Segundo a matéria, se há aqueles que defendem a superinteligência, há


também aqueles que são céticos quanto a evolução da inteligência artificial como

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um cérebro superdotado, além do mais, temos a questão da ética. Se tal fato


acontecer, a humanidade se tornaria completamente obsoleta, sendo assim, as
máquinas realizariam tarefas que só o ser humano é capaz. Outro fator analisado,
é a guerra comercial, pois não existiria somente uma superinteligência, mas
várias. Guerras entre empresas de IAs, criando muros e obstáculos com as novas
tecnologias, deixando de lado o interesse público.

3.1 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O DIREITO

Atualmente muito se prevê que o trabalho do advogado poderá estar em risco


com a integração das inovações tecnológicas na área do Direito. Contudo, não somente as
atividades do advogado poderão sofrer mudanças, mas todos aqueles que trabalham
no ramo das atividades jurídicas. Os operadores do Direito deverão pensar nos
desafios e perspectivas de como irão suprir as demandas e exigências trazidas pelo
por este novo modelo nos próximos anos.
Segundo Ana Frazão (2020), o advogado deverá observar as necessidades e
se atualizar de forma constante do modo de ensino e pesquisa do fenomeno juridico;
no que tange a atividade laboral, verifica-se a necessidade de reiventar a própria
profissão através dos meios de inteligência artificial.
Não obstante, para o advogado e os demais trabalhadores da área jurídica
caberá o desafio de observar o panorama, a fim de se perceber quais novas
oportunidades e necessidades no mercado após o ingresso da inteligência artificial.
Este é um assunto muito complexo e ao mesmo tempo desafiador, porque
quando falamos de Direito, também falamos da ética e da moral. Para o
pesquisador, surge indagações que são pertinentes, tais como: até que ponto uma
inteligência artificial pode chegar? Quem controlará o domínio desta tecnologia
sobre os humanos? Tornar-se-á a IA um poder de Estado Supremo que estará
acima de todos os Estados físicos? Será que os humanos serão reféns daquilo que
eles mesmos criaram? São muitas as perguntas quando se entra no campo do

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Direito. Como tudo é improvável, e a inteligencia artificial ainda está no campo de


experimentos, levaremos ainda um bom tempo para obtermos respostas de forma
segura. De acordo com um artigo da revista Época Negócios (2019), leia-se à
manchete: “Estônia quer substituir os juízes por robôs”.

“Você confiaria em uma decisão judicial tomada por um robô? A


Estônia sim. O país está desenvolvendo um “robô juíz”, para analisar
disputas legais simples envolvendo menos de € 7 mil (em torno de R$
30 mil). O governo espera que a tecnologia diminua a quantidade de
processos para os juízes e funcionários do judiciário.

Funcionará assim: as duas partes enviam os documentos relevantes para


o caso e a inteligência artificial toma a decisão — que pode ser revista
por um juiz humano. O projeto ainda está no início, mas até o final do
ano deve ser colocado em prática um piloto focado em disputas
contratuais. Segundo o diretor do escritório de dados do governo, Ott
Velsberg, os algoritmos serão ajustados de acordo com o retorno de
advogados e juízes.

De acordo com um especialista em governança digital da Universidade


de Stanford, David Engstrom, os assistentes digitais podem servir para
apresentar aos juízes os precedentes e os históricos necessários para
cada caso judicial. “A promessa da IA é ela se tornar cada vez mais
consistente”, explica o professor a Wired. “Talvez um sistema
inteligente possa ser mais preciso do que um liderado por homens”.20

A Estônia implantou nos serviços públicos, robôs que otimizam tempo,


eficiência e custos tanto para o governo, quanto para seus cidadãos. Conforme,
exposto pelo professor David Enstrom na matéria acima descrita, que um sistema
inteligente será mais preciso que um liderado pelo ser humano.
Como o direito não é uma ciência exata, a sociedade está sempre em
franca transformação, acompanhado de mudanças sociais. A ética e a moral estão
sempre em conformidade com a lei. O Direito segue em conjunto com a
evolução das civilizações, se a sociedade evolui, o Direito se adequá as novas
mudanças.
Dentro do Judiciário brasileiro, há diversas inovações tecnológicas para

desafogar o fluxo de demanda nos tribunais, tendo como exemplos: o “Sinapse”,

SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. V.1. 2020. 37


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UMA JORNADA ATRAVÉS DO TEMPO

tecnologia produzida pelo Tribunal de Justiça de Rondônia para classificar tipos de

movimentação do processo judicial. Assim de igual modo ao Sinapse, diversas

outras inovações tecnológicas são desenvolvidas nos tribunais, como “Poti” no Rio
Grande do Norte, “Radar” em Minas Gerais, “Elis” em Pernambuco, “Victor” no

Supremo Tribunal Federal (STF)21, e o projeto “Sócrates” no Superior Tribunal de

Justiça (STJ).22

No mesmo entendimento, com argumentos à utilização das inovações


tecnológicas no Direito, Bruno Farage da Costa Felipe e Raquel Pinto Coelho
Perrota ressaltam que a Justiça Brasileira, hoje, encontra-se sobrecarregada de
processos, necessitando de forma urgente da aplicabilidade da tecnologia:

Os números são vultuosos e demonstram um gargalo que impinge a todos


que visam a consecução da Justiça célere e econômica a buscar
soluções e mecanismos outros que não aqueles que já são utilizados.
A tecnologia da informação é então acessada como uma das formas
de imprimir maior celeridade às atividades judiciais, com menor
dispêndio de tempo dos profissionais envolvidos e, via de
consequência, com maior economia de recursos. 23

A cada dia, novas startups nascem, exclusivamente para o meio jurídico,


criação de softwares que são capazes de auxiliar o trabalho exausto dos
advogados, com muita eficiência. Estes softwares ganharam nomes como o
famoso “ROSS”. Artigo publicado pela revista Época Negócios (2019), leia-se a
manchete: “Startup canadense desenvolve robô-advogado que interpreta leis”:

“O primeiro robô-advogado do mundo foi criado pela startup canadense


Ross Intelligence dentro da Universidade de Toronto. Por meio da
plataforma Watson, da IBM, o sistema é capaz de ouvir a linguagem
humana, rastrear mais de 10 mil páginas por segundo e formular
respostas muito mais rápido do que qualquer profissional.
Criado em 2016 para atuar como assistente de pesquisa, o robô pode
responder perguntas simples (em inglês), como: "Qual a Lei de
Liberdade de Informação?". Quanto mais o sistema for usado, melhores

SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. V.1. 2020. 37


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UMA JORNADA ATRAVÉS DO TEMPO

serão suas respostas, uma vez que o banco de dados será abastecido com
novas informações. Hoje, os algoritmos do robô permitem que ele
considere a ideologia do juiz, as partes envolvidas no julgamento e os
tribunais de onde vêm os casos, segundo a startup. O sistema também é
capaz de rastrear novas leis, caso elas mudem”.24

Conforme o escritório de advocacia Baker & Hostetler em Nova York, que


contratou o software ROSS para trabalhar, esclarece uma dúvida de muitos
advogados: “O robô advogado ROSS não é uma maneira de substituir nossos
advogados. Trata-se de uma ferramenta suplementar para ajudá-los a trabalhar
mais rapidamente, a aprender e melhorar continuamente”, afirma Bob Craig,

diretor de informações da empresa.25


A tecnologia é uma ferramenta auxiliar, o tempo mostrou o quanto se pode
trabalhar em conjunto, o novo modelo de adequação é para todos, e no campo do
Direito não será diferente. Pode-se trabalhar mutualmente com produtividade,
tempo e custo. Neste sentido Wilson Engelmannm corrobora:
[...] Este é o panorama que é apresentado. “Resta saber como a área do
Direito irá lidar com estas projeções do incremento da Inteligência
Artificial. Se trata de um alerta. Por ser uma projeção, há uma
probabilidade de que os dados venham a se confirmar, ou não”.
Neste caso, os próximos cenários exigirão uma tomada de decisão que se
projeta do presente para o futuro.

A luz amarela está acesa e significa atenção para o tratamento do


caminho da IA que está em curso. Trata-se de um movimento que
é lento, mas constante e requer planejamento, construção de recursos,
tentativa e erro, uma abordagem contínua e mudança de cultura -
tudo antes que qualquer benefício seja realizado. 27

Poder-se-á afirmar dentro desse cenário, que a inteligencia artificial afetará


diversos setores da sociedade, causando uma série de impactos no funcionamento
e na concepção do trabalho. Não obstante, a sociedade passará mais uma vez por
uma metaforfose, se adequando ao novo “status quo”.

3.2 SUBSTITUIÇÃO DA MÃO DE OBRA PELA TECNOLOGIA

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Desde a revolução industrial, o homem se colocou em uma posição de


desconfiança em relação as máquinas. É necessário entender, que a tecnologia de
forma geral, contribuiu muito para o desenvolvimento em todo aspecto.
No período da revolução tecnológica muitos temeram perder seus
empregos, porém, com a inserção das máquinas no setor produtivo, o homem teve
que se adequar a uma nova realidade.
Enquanto as máquinas trabalham de forma integral, substituindo o trabalho
braçal do homem, neste novo modelo, o trabalhador é visto como o capital
intelectual, que agora, de forma aprimorada em um conjunto de conhecimento,
inteligência e criatividade, toda essa união em prol do bem-estar da organização,
melhorando assim, a qualidade de vida do trabalhador.
Segundo relatório, The Future of Jobs, (O Futuro dos Empregos) publicado
pelo Fórum Econômico Mundial em 2019, mostra que a realidade do mercado de
trabalho já está sendo modificada pela automação industrial. No relatório, estima-
se que até 2022, com a automação industrial, 133 mil novos postos de trabalho
sejam criados no mundo.

A chamada quarta revolução industrial ocupou o centro do palco da


reunião anual do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em Davos, a
Suíça. O termo é usado por especialistas para referência a chegada de
novas tecnologias, como inteligência artificial, automação industrial e a
impressão 3D, entre outras. A questão é que a chegada desta onda está
mudando a forma como as nações vivem e trabalham.

Seguindo a linha otimista para a chegada da tecnologia, o levantamento


aponta que 38% das empresas pesquisadas esperam estender sua força de
trabalho à novas melhorias de produtividade e funções, e mais de um
quarto espera que a automação leve à criação de novos papéis em sua
empresa. De acordo com o especialista em automação industrial, Marcelo
Miranda, o mercado global precisa acompanhar o ritmo das mudanças. 28

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Em São Paulo, um novo modelo em atendimento de fast food está sendo


implantada. A Bionicook é uma rede de fast food totalmente robotizada, a rede é a
primeira no país a oferecer esse tipo de serviço. De acordo com a matéria publicada,
o idealizador levou oito anos de pesquisa e desenvolvimento para implantar sua
primeira loja robotizada no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Apesar da não intervenção humana no processo, o novo modelo de


negócio gera uma gama de empregos em tarefas que só podem ser
executadas por pessoas: fabricação dos lanches congelados, assistência
técnica, reabastecimento, higienização da máquina e suporte 24 horas, por
exemplo.29

Para tanto, a revolução tecnológica contribuiu para o desenvolvimento


humano, trazendo mais qualidade de vida. Quanto aos efeitos na substituição da
mão de obra pela automação industrial, foram substituídos aqueles postos de
trabalho que não necessitam do desenvolvimento intelectual humano, sendo este o
principal recurso.

Este novo modelo não apenas está substituindo o trabalho do homem pelas
máquinas, ao contrário do que muitos pensam, o uso das inovações tecnológicas no
setor laboral cria novos mercados e novas funções.

Todavia, nos países em desenvolvimento, faz-se necessário investimentos


por parte do governo na área de educação, principalmente na indústria tecnológica
para que haja um maior número de profissionais preparados para ingressar no
mercado de trabalho.

3.3 RESPONSABILIZAÇÃO DOS DANOS CAUSADO PELA IA


Neste artigo o que se pretende investigar são as consequências dos atos

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praticados por robôs e softwares com inteligência artificial em matéria de reparação


de danos.
A inteligência artificial já faz parte do dia a dia de qualquer cidadão, esta
tecnologia está inserida através de diversos dispositivos que usamos cotidianamente.
A tendencia é que o homem seja cada vez mais dependente das inovações
tecnológicas ao ponto de as máquinas tomarem decisões por elas mesmas, sem que
haja intervenção humana.
Partindo deste princípio, em caso de falhas destes dispositivos inteligentes e
autônomos, quem terá a responsabilidade civil de reparar os danos causados por
sistemas de inteligência artificial? Quem deve ser responsabilizado civilmente
pelos danos causados por robôs autônomos ou por softwares que utilizam
inteligência artificial, levanta-se indagações necessárias, como: quem deve garantir
a segurança dessas novas tecnologias; deveria ser atribuída aos robôs mesmo sem
personalidade jurídica a responsabilidade pelo dano; qual seria a melhor alternativa
de regular tais questões.
Contudo, verifica-se que no ordenamento pátrio apenas pessoas podem ser
sujeitos de direitos e obrigações, e, assim, surgem uma série de questões no âmbito
da reparação civil.
Como não há uma legislação específica que regula as atividades de
inteligência artificial no ordenamento jurídico brasileiro, buscamos embasamento
no Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor para elucidar possíveis
questões na temática responsabilidade civil e inteligência artificial, e experiências
de outros países.
No entanto, vale salientar que a inteligência artificial não é tratada como
ente autônomo, possuidora de personalidade jurídica, sendo assim, a IA ainda não
pode ser responsabilizada civilmente de forma independente pelos atos praticados
por ela mesma, sem que haja um critério, ou controle prévio restando assim, o
questionamento sobre quem será responsabilizado pelos danos causados de tais atos.

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O artigo 186 do CCB, aduz que “aquele que, por ação ou omissão,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral comete ato ilícito”.30
Observa-se que nem todo ato causado por um dano é passível de
responsabilidade. Para que ocorra a responsabilidade é necessário que estejam
presentes pressupostos. Segundo Rodrigues (2015, p. 16) apresenta como
pressupostos da responsabilidade civil a culpa do agente, ação ou omissão, relação
de causalidade e dano. Sem estes pressupostos não há o que falar de
responsabilidade civil. Se uma pessoa pratica um ato danoso que recaia sob
terceiros, este gera o dever de reparar o dano causado.
Nesse diapasão, o artigo 927 do CCB versa que “aquele que por ato ilícito
causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo”. Verifica-se que o legislador não
menciona alguém de forma específica. Neste caso, a interpretação é ampla quanto o
sujeito passivo da responsabilidade. No entanto, pode qualquer pessoa, animais ou
objeto ser enquadrado neste artigo, ou seja, qualquer ente. Diniz (2015, p. 34) valida
esse conceito:
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem alguém
a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato
do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de
coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de
simples imposição legal (responsabilidade objetiva).” 31

O artigo 927 do CCB, preceitua que a responsabilidade civil aquiliana ou


extracontratual é a responsabilidade subjetiva embasada na comprovação da culpa
em qualquer de suas modalidades, ou seja, imprudência, negligência ou imperícia,
como pressupostos para configuração do ato. Em seu artigo Albiani (2019)
preceitua de forma clara quanto ao referido assunto proposto na pesquisa.

[...] Dessa forma, o próprio CC estabelece expressamente situações de


responsabilidade objetiva (como no caso de responsabilidade civil do
incapaz; dos donos de animais; do empregador pelos atos do seu
empregado, previstos no art. 932), trazendo no art. 927, parágrafo único
uma cláusula geral de responsabilidade objetiva genérica, que estabelece
que aquele que desenvolve atividade essencialmente perigosa – seja

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porque se centram em bens intrinsecamente danosos ou porque


empregam métodos de alto potencial lesivo – deve arcar com os riscos de
danos a ela inerentes sem necessidade de comprovação de culpa.
[...] Outros diplomas legais, como o CDC, preveem outras hipóteses de
responsabilidade objetiva. A larga aplicação da legislação consumerista
(no que se refere aos artigos 12, 14 e 18 do CDC) consolidou a
responsabilização objetiva fundada na teoria do risco da atividade,
segundo o qual devem suportar os efeitos maléficos da atividade aqueles
que recebem seu bônus, principalmente quando a atividade desenvolvida
é passível de causar prejuízos a terceiros. Assim, as pessoas jurídicas que
desenvolvem atividade empresária passaram a ser responsabilizadas
objetivamente pelos danos causados.32

O Código de Defesa do Consumidor deixa claro a reponsabilidade objetiva


daqueles na prestação de fornecimento de um produto ou serviço que venha causar
algum dano ao destinatário final. Neste sentido, o serviço ou produto é defeituoso se
não fornecer a devida segurança esperada ao consumidor.
Não obstante, existem situações excepcionais em que o CDC em seu artigo
art. 12, §3º prevê a não responsabilização do fabricante, verificando a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiros, podendo ser utilizada como excludente de
responsabilidade do fornecedor ou aquele que desenvolveu o produto que utiliza a
automação.
No Brasil, embora haja legislações para as inovações tecnológicas e
cientifica, não há projeto de lei até o momento que venha regular a inteligência
artificial em termos de responsabilização por danos causados a terceiros. Como
investigado na pesquisa, o assunto é regulado no Código Civil e Código de Defesa
do Consumidor. Em regra, ambos códigos tratam de responsabilidade subjetiva e
objetiva, contudo, em regra, o que melhor se enquadra é a responsabilidade objetiva.
Todavia, por não haver uma legislação específica no Brasil, deve-se utilizar
como referência à Resolução do Parlamento Europeu de 2017. A Resolução
destaca-se com várias recomendações sobre a temática da robótica e inteligência
artificial, sua proposta vem sendo utilizada por vários países como referência.
A Resolução considera que no futuro a IA pode ultrapassar a capacidade
humana em raciocínio, quanto a isso, questiona-se a responsabilização civil.

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Contudo, a de se criar regulamentos no desenvolvimento de máquinas autônomas


dando a elas personalidade jurídica própria.
Nesse sentido, Carlos Affonso Souza , preceitua:
No cenário europeu, impulsionado por indagações sobre
responsabilidade, a questão da personalidade aparece muito mais ligada à
construção de um mecanismo de reparação à vítima de danos do que
como resultado de uma discussão mais aprofundada sobre o que é um
robô inteligente e seu estatuto jurídico de forma mais abrangente. 33

Por fim, ressalta-se que seja realizado um debate profundo sobre a


responsabilização de robôs e inteligência artificial. É um assunto que deve ser
tratado com a sociedade, empresas e governo em conjunto, para que todos possam
chegar a um consenso. A luz do Direito deve-se garantir maior segurança jurídica às
relações envolvidas a partir da inteligência artificial, estabelecendo assim, limites
éticos que possam frear o uso de forma ilícita os sistemas autônomos de inteligência
que venham violar direitos constituídos e garantidos no ordenamento jurídico da
sociedade como um todo.

4. ÉTICA NAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS


Com o rápido avanço científico e das inovações tecnológicas,
principalmente no que tange a inteligência artificial, as mudanças de
comportamnento socioeconomico das sociedades, se moldadaram conforme os
avanços das ciencias e das tecnologias, tendo como base, a internet das coisas,
tecnologia 5G, learning machine, deep learning, inteligência artificial, big data.
Não obstante, urge-se a necessidade de se criar normas regulatórias para
nortear os Estados, empresas e a sociedade como um todo, sobre o uso das
tecnologias. Desde à antiguidade, as regulamentações legislativas são fundamentais
para a organização da sociedade.
Contudo, o avanço da tecnologia, até a data presente, facilitou a vida da
sociedade pós-moderna acelerando sua evolução, em contrapartida, tal evolução,

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acabou trazendo implicações que conflitam com questões éticas trazendo alguns
prejuízos.
Para uma sociedade justa e saudável, existem princípios básicos que
norteiam o bom funcionamento desta sociedade para se manter organizada. A ética
e a moral devem estar no topo da pirâmide de uma sociedade e seus grupos para que
haja um equilíbrio e bom funcionamento da justiça social, evitando que terceiros
sejam prejudicados.
No que se refere ao campo da ética, para Cortella (2009, p. 102), a ética é "o
que marca a fronteira da nossa convivência. É aquela perspectiva para olharmos os
nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos, é o conjunto de seus
princípios e valores que orientam a minha conduta."
Neste sentido, tal abordagem, já é assunto de pauta nas grandes empresas de
tecnologia e orgãos internacionais, principalmente como a OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e a União Europeia quando se
discute os limites e proteção de Direitos Humanos em inteligência artificial.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
publicou um documento de princípios básicos voltado para o desenvolvimento de
inteligência artificial, na qual estão incluídas a proteção dos direitos humanos e a
promoção do desenvolvimento de modo sustentável. O Brasil aderiu aos principios
da IA propostos pela OCDE.34
A União Européia através de uma comissão elaborou um documento
“Ethics Guidelines for Trustworthy AI” (Orientações Éticas para uma IA de
Confiança)35 com a intenção de regular as questões relativas aos avanços
tecnológicos e os princípios éticos para uma inteligência artificial confiável.
Em 2018, foi criada uma coalizão por grupos de ativistas e empresas ligadas
ao setor tecnológico, publicaram um manifesto com a finalidade de impedir que os
avanços em inteligencia artificial não viole direitos humanos. A Declaração de
Toronto (The Toronto Declaration)36 foi assinado pela Anistia Internacional, Human

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Rights Watch, AccessNow e a Fundação Wikimedia.


Todavia, o bom senso, sempre deve prevalecer, principalmente quanto ao
respeito à vida e aos direitos basilares da dignidade da pessoa humana, devem,
contudo, ser sempre considerados na hora da inovação técnico-científica e suas
vertentes.
A dignidade da pessoa humana é inviolável e indisponível, é o cerner da
Constituição Federal do Brasil. A vida humana merece ser protegida contra
quaisquer violações, seja por parte humana ou por meios artificiais.
Por fim, urge-se a necessidade de haver legislações adequadas que possam
dar maior proteção a vida humana quanto ao uso sem quaisquer meios de
fiscalização de programas de computação altamente inteligentes. Precisamos de
uma regulamentação que funcione, em caso de violações de direitos humanos, mas
que ao mesmo tempo, não seja jogado fora todos os avanços tecnológicos ocorridos
até hoje, tanto nas áreas de pesquisas e experimentos.

5. CONCLUSÃO
Por todo o exposto, podemos chegar a algumas conclusões e questões que
devem ser debatidas com mais profundidade pelos profissionais do direito,
estudiosos da tecnologia, membros da sociedade civil e governamental, tendo como
foco principal a garantia de um desenvolvimento seguro das inovações tecnológicas
sem prejudicar terceiros.
O avanço acelerado das tecnologias que envolvem a inteligência artificial já
está em curso e em franca expansão. Um debate sobre as possibilidades e
implicações da inteligência artificial no mundo jurídico é vital e urgente.
SCHWAB (2018) afirma que estamos no início de uma revolução que
mudará de forma profunda a maneira como vivemos, trabalhamos e nos
relacionamos. A Quarta Revolução Industrial trará algo diferente que nenhuma
sociedade jamais experimentou.

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Provavelmente a inteligência artificial trará novos costumes, decerto


modelará nosso senso comum, mudando nossa forma de se relacionar com o meio
em que vivemos, aprendendo um novo meio de interação, seja no seio familiar, no
trabalho e até mesmo nos momentos de lazer.
O objetivo deste artigo foi de realizar uma pesquisa bibliográfica visando
conceituar a inteligência artificial e o Direito através do tempo, destacando
conceitos e exemplos de forma aplicada. Foi analisado a interação do homem com
as transformações tecnológicas e quais impactos ocorreram através da Revolução
Industrial. Também, foi investigado as previsões do futuro dos empregos com a
introdução da Quarta Revolução Tecnológica.
Na pesquisa, foi encontrado certa dificuldade quanto no âmbito da inserção
da automação no mercado de trabalho, como os trabalhadores estão lidando com a
substituição da mão de obra pelas inovações tecnológicas.
Não obstante, observou-se na investigação que não há uma definição em
comum, pois existem diversas interpretações sobre a resposabilidade dos danos
causado pela inteligencia artificial, muitas, porém com opiniões diferentes. O
resultado mais próximo que se chegou foi de que haja um debate contínuo entre
sociedade civil, empresas e entes governamentais para estabelecerem uma
legislação específica que norteie a todos, e que se imponha limites dentro das
regulações à inteligência artificial sob o prisma da ética e da moral, todavia, sem
desprezar os avanços já conquistados das inovações tecnológicas.
Neste diapasão, não encontraremos um robô sentado em um escritório de
advocacia, o que vai acontecer é que estes sistemas autônomos desencadearão uma
mudança nas tarefas e nas atividades que os humanos fazem cotidianamente, logo,
se otimizará tempo, menos burocracia, redução de custos, e vivência de forma
sustentável.
Neste cenário ainda imprevisíevl, cabe aos operadores do direito se
atualizarem constantemente e acompanhar a evolução das tecnologias para que

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estejam inseridos no mercado aprendendo com as novas tendencias.


Por fim, não existe respostas para tantas questões incertas, até que se
comprove por meio de experimentos científicos, levaremos ainda um bom tempo
para nos adaptarmos aos novos modelos trazidos pela inteligência artificial, o mais
importante é que devemos aproveitar as novas tendências com bom ânimo, se
atualizar, aprender, e estar interagindo de forma harmônica com as máquinas sem
desprezar o lado humano.

6. REFERÊNCIAS

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² Disponível em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=30.


Acessado em: maio/2021.

³ Disponível em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=30.


Acessado em: maio/2021.

4 Disponível
em:http://www.las.inpe.br/~perondi/10.10.2011/Chiavenato_2009_Revolucao_Indu
strial.pdf. Acessado em: maio/2021.

5
SCHWAB, K. A Quarta Revolução Industrial. 1ª ed. São Paulo: Edipro, p.11,
2018.

6 SCHWAB, K. A Quarta Revolução Industrial. 1ª ed. São Paulo: Edipro, p.11,


2018.
7
LEE, KAI-FU. Inteligência Artificial, 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Globo, p.16,
2019.

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SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. V.1. 2020. 39


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