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1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por finalidade levar a reflexão e uma breve análise
sobre o prisma da inteligência artificial (I.A) e seus possíveis impactos no ramo
do Direito e suas vertentes, sem que haja normas legais que regulem tais
atividades.
Ao longo da história, o homem foi se adaptando ao meio ambiente em que
vivia conforme foi se dando o processo de evolução. Com o descobrimento de
novas ferramentas foi possível evoluir trazendo-lhe uma melhoria de vida. O
homem de nômade passa a ser sedentário. Dentre os processos evolutivos que se
destacam, estão a Revolução Industrial quando o cidadão passou a viver nas
cidades, a introdução de máquinas e a revolução tecnológica.
Com o rápido avanço científico e das inovações tecnológicas,
principalmente no que tange a inteligência artificial, as mudanças de
comportamnento socioeconomico das sociedades, se moldadaram conforme os
avanços das ciencias e das tecnologias, tendo como base, a internet das coisas,
tecnologia 5G, learning machine, deep learning, inteligência artificial, big data.
Não obstante, urge-se a necessidade de se criar normas regulatórias para nortear
os países, empresas e a sociedade como um todo, sobre o uso da inteligência
artificial quando está é capaz de autoaprendizado.
2. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial foi um processo de profundas transformações
tecnológicas, econômicas e sociais que começou na Inglaterra por volta do século
XVIII. O modo agrário e artesanal, agora era substituído pela indústria e fabricação
de máquinas. Este novo modelo econômico, logo se espalhou pelo resto da Europa,
e através dos anos chegou em boa parte dos continentes. Sendo assim, considera-se
que este processo dado a partir da Revolução Industrial acabou substituindo as
ferramentas pelos maquinários, da mão de obra humana pela energia motriz.
O advento da produção em larga escala de forma mecanizada deu início às
transformações primeiramente nos países da Europa e da América do Norte. Estes
países acabaram se transformaram predominantemente em nações industriais e
suas populações se concentraram cada vez mais nas cidades.
A expansão do comércio internacional dos séculos XVI e XVII trouxe um
extraordinário aumento da riqueza para a burguesia. Isto permitiu a acumulação
de capital capaz de financiar o progresso técnico e o alto custo da instalação nas
indústrias. Dado ao fator da expansão do comércio internacional entre os séculos
XVI e XVII, o que originou um amento significativo para a classe burguesa. Não
obstante, esse lucro fez com os burgueses começassem a investir na indústria, em
novos meios de produção. Somando estes fatores, existiam as colônias que os
abastavam com um grosso mercado produtivo. Tinham a matéria-prima em
abundância, estabilidade política e econômica, transporte e comunicação
funcionando de forma eficiente, e uma vasta mão de obra. Somando todos esses
fatores, logo, eclodiu a Revolução Industrial.
seguiram o fluxo, investiram no novo modelo, outras ficaram para trás, certamente,
por falta de poder econômico e permaneceram como colônias dos países mais
fortes politicamente e economicamente. Posto isto, houve uma diferença entre os
países industrializados e os não industrializados, estes, ainda fornecem aos países
desenvolvidos matéria- prima e produtos agrícolas.
Se a primeira Revolução Industrial nasceu através da revolução do carvão,
ferro e introdução das máquinas; a segunda revolução ocorreu com a consolidação
do progresso científico e tecnológico. Muitas descobertas foram importantes para o
avanço da humanidade.
Nesta época ocorreu a invenção da lâmpada incandescente, criação dos
meios de comunicação que hoje conhecemos, e avanços na área da medicina e
química. Para Chiavenato (2019, p. 67):
[...] segunda Revolução Industrial ocorreu entre 1860 e 1914 e espalhou-
se rapidamente por toda a Europa, América e Asia. É a revolução do aço
e da eletricidade. Foi provocada por três eventos: I – o desenvolvimento
de um novo processo de fabricação do aço (1856); II – o aperfeipoamento
do dínamo (1873); III - a invenção do motor de combustão interna por
Daimler (1873).4
Homem trabalha e produz. Segundo Klaus Schwab, descreve sua visão sobre a
Revolução 4.0 em seu livro: “A Quarta Revolução Industrial.”
correntistas.9
Durante as fases da Revolução Industrial houve bruscas mudanças no
redução salarial, excesso de horas de trabalho, eles não tinham direito a descanso,
sindicatos foram criados, demandas por direitos. Conforme, no decorrer dos anos,
3. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O campo de pesquisa da inteligência artificial nasceu em 1956, aconteceu
em um encontro no campus de Dartmouth College, estavam presentes Allen
Newell, Herbert Simon, Marvin Minsky, Oliver Selfridge e John McCarthy.14
Suas origens remetem, ainda antes, ao trabalho de Alan Turing — a quem
podemos atribuir o famoso Teste de Turing — e aos trabalhos de Allen Newell e
Herbert A. Simon.
Mas a inteligência artificial não chegou a uma posição de destaque no
cenário mundial até o surgimento do supercomputador Deep Blue, da IBM,
primeira máquina capaz de vencer o então campeão mundial de xadrez, Garry
Kasparov, numa partida em 1996.
Mais recentemente o AlphaGO, programa de inteligência artificial
desenvolvido pela subsidiária da Alphabet DeepMind Technologies, venceu o
campeão mundial de Go, o sul-coreano Lee Sedol, em um evento amplamente
divulgado.15
Quanto ao conceito, são muitas as definições em relação a inteligência
artificial, muitos estudiosos convergem quanto a definição correta, porém, como
este não é um trabalho voltado para as ciências da computação e suas variáveis.
De modo geral, a inteligência artificial está ligada à capacidade em que as
máquinas têm de pensarem como seres humanos, de terem o domínio do
aprendizado, do raciocínio, da percepção, e tomar decisões de forma lógica e
inteligente. Segundo ROVER (2002), em consonância com Minsky, define
inteligência artificial como:
outras inovações tecnológicas são desenvolvidas nos tribunais, como “Poti” no Rio
Grande do Norte, “Radar” em Minas Gerais, “Elis” em Pernambuco, “Victor” no
Justiça (STJ).22
serão suas respostas, uma vez que o banco de dados será abastecido com
novas informações. Hoje, os algoritmos do robô permitem que ele
considere a ideologia do juiz, as partes envolvidas no julgamento e os
tribunais de onde vêm os casos, segundo a startup. O sistema também é
capaz de rastrear novas leis, caso elas mudem”.24
Este novo modelo não apenas está substituindo o trabalho do homem pelas
máquinas, ao contrário do que muitos pensam, o uso das inovações tecnológicas no
setor laboral cria novos mercados e novas funções.
O artigo 186 do CCB, aduz que “aquele que, por ação ou omissão,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral comete ato ilícito”.30
Observa-se que nem todo ato causado por um dano é passível de
responsabilidade. Para que ocorra a responsabilidade é necessário que estejam
presentes pressupostos. Segundo Rodrigues (2015, p. 16) apresenta como
pressupostos da responsabilidade civil a culpa do agente, ação ou omissão, relação
de causalidade e dano. Sem estes pressupostos não há o que falar de
responsabilidade civil. Se uma pessoa pratica um ato danoso que recaia sob
terceiros, este gera o dever de reparar o dano causado.
Nesse diapasão, o artigo 927 do CCB versa que “aquele que por ato ilícito
causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo”. Verifica-se que o legislador não
menciona alguém de forma específica. Neste caso, a interpretação é ampla quanto o
sujeito passivo da responsabilidade. No entanto, pode qualquer pessoa, animais ou
objeto ser enquadrado neste artigo, ou seja, qualquer ente. Diniz (2015, p. 34) valida
esse conceito:
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem alguém
a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato
do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de
coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de
simples imposição legal (responsabilidade objetiva).” 31
acabou trazendo implicações que conflitam com questões éticas trazendo alguns
prejuízos.
Para uma sociedade justa e saudável, existem princípios básicos que
norteiam o bom funcionamento desta sociedade para se manter organizada. A ética
e a moral devem estar no topo da pirâmide de uma sociedade e seus grupos para que
haja um equilíbrio e bom funcionamento da justiça social, evitando que terceiros
sejam prejudicados.
No que se refere ao campo da ética, para Cortella (2009, p. 102), a ética é "o
que marca a fronteira da nossa convivência. É aquela perspectiva para olharmos os
nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos, é o conjunto de seus
princípios e valores que orientam a minha conduta."
Neste sentido, tal abordagem, já é assunto de pauta nas grandes empresas de
tecnologia e orgãos internacionais, principalmente como a OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e a União Europeia quando se
discute os limites e proteção de Direitos Humanos em inteligência artificial.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
publicou um documento de princípios básicos voltado para o desenvolvimento de
inteligência artificial, na qual estão incluídas a proteção dos direitos humanos e a
promoção do desenvolvimento de modo sustentável. O Brasil aderiu aos principios
da IA propostos pela OCDE.34
A União Européia através de uma comissão elaborou um documento
“Ethics Guidelines for Trustworthy AI” (Orientações Éticas para uma IA de
Confiança)35 com a intenção de regular as questões relativas aos avanços
tecnológicos e os princípios éticos para uma inteligência artificial confiável.
Em 2018, foi criada uma coalizão por grupos de ativistas e empresas ligadas
ao setor tecnológico, publicaram um manifesto com a finalidade de impedir que os
avanços em inteligencia artificial não viole direitos humanos. A Declaração de
Toronto (The Toronto Declaration)36 foi assinado pela Anistia Internacional, Human
5. CONCLUSÃO
Por todo o exposto, podemos chegar a algumas conclusões e questões que
devem ser debatidas com mais profundidade pelos profissionais do direito,
estudiosos da tecnologia, membros da sociedade civil e governamental, tendo como
foco principal a garantia de um desenvolvimento seguro das inovações tecnológicas
sem prejudicar terceiros.
O avanço acelerado das tecnologias que envolvem a inteligência artificial já
está em curso e em franca expansão. Um debate sobre as possibilidades e
implicações da inteligência artificial no mundo jurídico é vital e urgente.
SCHWAB (2018) afirma que estamos no início de uma revolução que
mudará de forma profunda a maneira como vivemos, trabalhamos e nos
relacionamos. A Quarta Revolução Industrial trará algo diferente que nenhuma
sociedade jamais experimentou.
6. REFERÊNCIAS
4 Disponível
em:http://www.las.inpe.br/~perondi/10.10.2011/Chiavenato_2009_Revolucao_Indu
strial.pdf. Acessado em: maio/2021.
5
SCHWAB, K. A Quarta Revolução Industrial. 1ª ed. São Paulo: Edipro, p.11,
2018.
9
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vhL_YgEs1SI.
Acessado em: mar/2020.
12
Disponível em: https://canaltech.com.br/curiosidades/Airbnb-Plataforma- de-de
hospedagens-traz-opcoes-para-todo-o-tipo-de-turista. Acessado em: fev/2020.
13
Disponível em https://www.huffpostbrasil.com/2018/04/18/como-o-ifood-se-
tornou-o- maior-aplicativo-de-delivery-de-comida-da-america-
latina_a_23414651/?guccounter=1. Acessado em: fev/2020.
14
Disponível em: http://www.nce.ufrj.br/GINAPE/VIDA/ia.htm. Acessado em:
mar/2020.
15
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2016/03/robo-
vence-campeao-mundial-de-um-dos-jogos-mais-antigos-do-mundo.html. Acessado
em mar/2020.
16
Disponível em: https://egov.ufsc.br/portal/conteudo/limites-e-perspectivas- do-
uso-de-t%C3%A9cnicas-computacionais-inteligentes-no- dom%C3%Adnio-do-
direito. Acessado em mar/2020.
em: maio/2021.
24
Disponível em:
https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/02/startup-canadense-
desenvolve-robo-advogado-que-interpreta-leis.html. Acessado em: fev/2020.
25
Disponível em: https://www.somosicev.com/blogs/ross-o-primeiro-robo-
advogado-do-mundo. Acessado em: fev/2020.alinhamento no lado esquerdo;
26
Disponível em:
http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/8949/Deivid
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maio/2021.
27
Disponível em:
http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/8949/Deivid
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maio/2021.
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Disponível em: https://revistapotencia.com.br/portal-potencia/automacao-
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Disponível em: https://olhardigital.com.br/2021/04/05/pro/rede-de-fast-food-100-
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30
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em: maio/2021.
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33
SOUZA, C.A. O debate sobre personalidade jurídica para robôs: Errar é humano,
mas o que fazer quando também for robótico? Jota. Acesso em:
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/o-debate-sobre-personalidade-
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34
OECD - THE ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND
DEVELOPMENT. Going Digital. International. Disponível em:
https://www.oecd.org/going-digital/ai/principles . Acesso em: novembro, 2020.
35
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https://ec.europa.eu/futurium/en/ai-alliance-consultation. Acesso em: novembro,
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