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VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2021
1
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTC
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
UNIDADE DE ENSINO: VITÓRIA DA CONQUISTA
VITÓRIA DA CONQUISTA
2021
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Santos Lopes, Gabriela S.M; Olveira Sátiro, Carla D.
A significação que o desenho na infância traz à luz da Psicanálise/
Gabriela Stéfani Moraes Lopes Santos, Carla Danielly Oliveira Sátiro – Vitória
da Conquista, 2021.
IX, 24 f. 29 cm.
Notas (opcional)
* CDD
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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTC
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
UNIDADE DE ENSINO: VITÓRIA DA CONQUISTA
FOLHA DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora
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A Deus, aos nossos pais, aos nossos esposos, aos nossos irmãos e a todos os
amigos que sempre estiveram ao nosso lado.
Carla e Gabriela
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AGRADECIMENTOS
Gabriela:
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entrevistas. Amo vocês! Por fim, agradecer a todos os meus amigos que sempre
estiveram ao meu lado. Finalmente, posso dizer “Vem CRP!”.
Carla:
Neste momento, uma mistura de sentimentos preenche meu coração, um choro de
felicidade e uma sensação de dever cumprido. Minha caminhada até aqui não foi fácil,
muitas vezes pensei em desistir pelo cansaço do dia a dia, por sentir que não era
capaz, mas mesmo assim decidi seguir em busca do meu sonho, minha Graduação
em Psicologia.
Por isso, agradeço primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida, autor do
meu destino, mеυ guia, socorro bem presente na hora da angústia, por ter me ajudado
a superar as dificuldades e a tornar possível a realização de um sonho muito
importante para mim.
Agradeço imensamente aos meus pais. Em especial à minha mãe, Norailde, exemplo
de força, caráter, determinação que me guiou durante toda a minha trajetória. Muito
obrigada pelo dom da vida, e mais do que isso, pelo exemplo de ser humano e de
amor que você representa.
Agradeço às minhas irmãs, Quefren e Sued, que sempre estiveram ao meu lado, me
motivando, me mostrando o quanto eu sou capaz. Vocês são essenciais em minha
vida. Também, agradeço ao meu marido e companheiro de vida, Ricardo, por toda
paciência, compreensão, carinho e amor, e por me ajudar muitas vezes a achar
soluções quando elas não apareciam. Você foi a pessoa que compartilhou comigo os
momentos de tristezas e alegrias. Além deste trabalho, dedico todo meu amor a você.
Aos meus amigos, que me apoiaram e que estiveram sempre ao meu lado durante
esta longa caminhada. Com muito carinho, à minha amiga e colega de curso Gabriela
Stéfani que, muitas vezes, compartilhei momentos de tristezas, alegrias, angústias e
ansiedade, mas ela sempre esteve ao meu lado, me apoiando e me motivando,
obrigada por cada ajuda, cada palavra de otimismo, por cada áudio de whatsapp
explicando os conteúdos em semanas de prova. Obrigada por permanecermos unidas
até o fim desta caminhada, você faz parte desta minha conquista. E, por fim agradeço
a todos que, de alguma forma contribuíram para o êxito deste trabalho, bem como
minha formação pessoal e profissional.
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Santos Lopes, Gabriela S.M. Sátiro Oliveira, Carla D. A SIGNIFICAÇÃO QUE O
DESENHO NA INFÂNCIA TRAZ À LUZ DA PSICANÁLISE. 2021. 25 folhas. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Centro Universitário UniFTC,
Vitória da Conquista, 2021.
RESUMO
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ABSTRACT
In childhood, there are some ways to express your feelings and, one of the ways that
the child has more access is drawings, which have a fundamental role in their
experiences. With that, it is understood that there are countless meanings, due to all
the imagination that flows from the child's mind, making a simple line or scribble,
become a drawing with deep contexts. The research work presented here aims to
understand the importance that drawing has in childhood, according to the
Psychoanalytical approach. It is in the first years of age that the child uses his
imagination, freedom and expression, thus beginning the process of tracing, soon
afterwards the drawings, as a representation of the images that surround him. Within
the psychoanalytic space, the unconscious image is presented as a structure that
forms the subject's identity, in which it is the defense of the self-desire, thanks to the
articulation of the body's experience with the cognitive, emotional and representative
representations. of the individual. The purpose of this work is to present the importance
of drawing in the child's life and all the phases that lie ahead. With this, we conducted
a bibliographic search in several electronic databases.
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Sumário
INTRODUÇÃO 11
MÉTODO 14
RESULTADOS E DISCUSSÃO 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS 22
REFERÊNCIAS 23
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INTRODUÇÃO
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passava para que ele pudesse interpretar as brincadeiras, sonhos e fantasias,
explicando o sentido desses elementos para serem restituídos ao menino.
Nesse período, Freud estudava a importância da fantasia, das imagens
produzidas e das verbalizações desses casos. Na análise do pequeno Hans, adquiriu
materiais e conteúdos inconscientes provenientes disso. A partir disso, confirmou sua
teoria da gênese e Sexualidade Infantil.
Um outro caso clínico que merece ser relembrado de Freud (1914) é o do
Homem dos Lobos. Através das histórias de um paciente adulto, foi engradecida toda
a experiência infantil pelas quais surgiram muitos sintomas e medos de bichos e, em
especial, o temor pela figura de um lobo.
Então, ele estabeleceu o que viria mais tarde a se estabilizar como análise de
crianças, escutando esse infantil presente no divã de seus pacientes adultos.
Na década de 1920, surgiu a Psicanálise de crianças como método, cuja base
se estabeleceu no brincar, desenhar e nas narrativas advindas desses momentos.
Sendo um procedimento, foi utilizado inicialmente pela psicanalista Hermine Von Hug-
Hellmuth, que se baseava principalmente nos desenhos e no brincar como material de
trabalho. “Hug-Hellmuth foi a primeira analista depois de Freud a estudar uma análise
infantil com sessões sistemáticas e valia-se do brincar e do desenhar por conterem
grande importância simbólica” (Lucas, 2020).
Alguns teóricos, mesmo não sendo da Psicanálise, estudaram o desenho
infantil, dentre eles temos: Conforme citou Cardoso e Paiva (2010) “Piaget (1948), que
diz que a representação é gerada pela função semiótica, a qual possibilita à criança
reconstruir em pensamento um objeto ausente por meio de um símbolo ou signo. A
representação é condição básica para o pensamento existir, uma vez que, sem ela, não
há pensamento, só inteligência puramente vivida como no nível sensório-motor. É
através do surgimento da função semiótica que a criança consegue evocar e reconstruir
no pensamento ações passadas e relacioná-las com as atuais. Isso se torna possível
por interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas.”
Assim como traz, Teixeira (2000-2021) “O desenho como possibilidade de
brincar, falar e de registrar, marca o desenvolvimento da infância, porém em cada
estágio, o desenho assume um caráter próprio. Estes estágios definem maneiras de
desenhar que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças
culturais ou individuais de temperamento e sensibilidade.”
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Por conseguinte, Pillar (2006) afirma que a criança não nasce sabendo
desenhar, mas sim que este conhecimento é construído a partir da sua relação direta
com o objeto. Assim, são suas estruturas mentais que definem a representação e
interpretação do elemento. Dessa forma, a criança é o sujeito de seu processo, em que
aprende a desenhar a partir de sua interação com o desenho. Vários teóricos seguem
essa linha de raciocínio quanto ao desenho infantil, dentre eles Luquet (1969), Piaget
(1948), Gardner (1999), Méredieu (1995) e muitos outros.
Luquet (1969) foi um dos primeiros teóricos a se interessar pelo desenho infantil
e analisou com métodos cognitivos. O autor buscou respostas para questões relativas
como a quê e como a criança desenhava, assim como suas intenções e interpretações.
São abordados os 'erros' e 'imperfeições' do desenho da criança, os quais atribuem a
'inabilidade' e 'falta de atenção', além de afirmar que existe uma tendência natural e
voluntária da criança para o realismo.
O desenho acompanha o desenvolvimento motor e psíquico infantil. Com isso,
surge a capacidade de expressar seus primeiros rabiscos, construindo e relacionando
simbologia a eles, criando representações carregadas de diversos sentimentos. Com a
prática do desenho, a criança vai, ao longo do tempo, aprimorando o desenvolvimento
motor e produzindo mecanismos espaciais representativos e perceptivos.
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MÉTODO
No presente estudo, foi feita uma consulta à base eletrônica de dados Pepsic,
Google Acadêmico e Scielo, sendo ela uma pesquisa bibliográfica, abrangendo o
período de 2003 a 2020. Essas bases de dados foram selecionadas por abranger de
forma muito positiva o tema pesquisado. Foram escolhidas palavras-chave:
“desenho”, “infância”, “significado” e “psicanálise”. Pelo critério de inclusão, foram
selecionados 13 artigos originais, publicados em português, em revistas nacionais e
em 9 livros, entre os anos de 1948 a 2013, os quais entraram nesse projeto, assim
como trabalhos entre os anos de 2000 e 2020. Já os métodos de exclusão foram:
trabalhos apenas com a língua portuguesa, que o assunto fosse específico para
crianças, retirando qualquer um que citasse sobre adolescência. Por esse método
foram escolhidos 13 artigos. Também, foi escolhido 9 livros por abranger o assunto de
forma clara e coesa, no qual foram “Seminário de Psicanálise de Crianças”, da
Françoise Dolto; “O desenho infantil” de Florence de Meredieu; “Do desenho ao mapa:
iniciação cartográfica na escola”, de Rosângela Almeida; “Psicanálise com crianças”,
de Teresinha Costa; “O desenho infantil” e “Arte infantil”, de Georges Luquet; “A
formação dos símbolos na criança”, de Jean Piaget; “A educação do olhar no ensino
das artes”, de Analice Pillar e “O desenho infantil”, de Florence de Meredieu.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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possibilitar à criança outra via de expressão quando elas não sabem o que dizer. A
linguagem gráfica encoraja as crianças a exprimirem uma fantasia representada pelo
desenho. A modelagem é, dessa maneira, vista como um terceiro plano que facilita
certas crianças a exteriorizarem melhor suas fantasias, pois ela permite a mudança
constante de formas, possibilitando a evolução da fantasia junto com a criação
plástica.”
Além disso, a modelagem pode expressar imagens inconscientes do corpo da
criança ou da outra metade ou parte do corpo e, sem o conhecimento da criança, a
modelagem é uma ferramenta útil para ouvir e analisar dinamicamente, visto que
representam. A forma pode se referir à fantasia em um certo tempo. Por meio da
modelagem e da gráfica, as crianças podem não só utilizar a matéria-prima para criar
e desenhar sua própria fantasia, mas também expressar sua transferência para os
profissionais que lidam com ela.
O desenho como método pedagógico-educacional tem uma importância no
cotidiano infantil, colaborando com matérias denominadas fundamentais, não sendo
apenas uma mera atividade escolar ou um passatempo. Quando a criança desenha,
cria relações entre o mundo real e o imaginário, adquirindo e reformulando conceitos,
expressando suas percepções e entendimentos do mundo no qual está inserida. Além
disso, o desenho permite à criança demonstrar, em diferentes dimensões, suas
experiências pessoais em busca da sua própria identidade.
O desenvolvimento cognitivo na educação infantil é extremamente importante.
Existem diferentes concepções a respeito do que seja o processo de desenvolvimento
e também de aprendizagem. O processo de desenvoltura é único, então ocorre
variações dependendo das condições de interação da criança com seu meio,
resultando na construção de suas estruturas cognitivas.
Para Almeida (2003), as crianças percebem maneiras de se expressar por meio
da pintura, que podem ser utilizadas como ferramentas valiosas no cotidiano dos
professores. Ao explicá-los, você obtém resultados que os ajudam a se desenvolver
e aprender em sala de aula, pois muitas pessoas usam a pintura como forma de
economizar tempo e distrair as crianças. Enquanto possíveis problemas podem ser
encontrados, o gráfico pode ser usado. As crianças pensam que pintar e escrever são
formas de expressar as coisas, podendo assim “falar” algo, representando os
elementos da realidade que observam, e desta forma expandir o seu domínio e
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influenciar o ambiente.
Uma escola de educação infantil deve ser um espaço, pronto para melhorar a
cognição, percepção, processos psicomotores, emocionais e sociais das crianças
através da exploração e experimentação, e valorizar a descoberta de novos
aprendizados para reconstruir o conhecimento, pois as crianças são o corpo principal
da sociedade e elas têm direito de usufruir da mais diversificada experiência cultural
(jogos, literatura, música, desenho, pintura).
Desta forma, a pintura torna-se uma ferramenta usada pelas crianças para
retratar seu contexto social e cultural, e uma forma de reproduzir eventos em sua vida
social e política. Combinando desenhos infantis com explicações, pode-se obter uma
ferramenta para entender a influência do ambiente social fora da escola e como as
crianças percebem a história e o contexto social. Com isso, o processo educacional
que leva à construção da linguagem escrita começará a se desenvolver.
As manifestações iniciais das crianças condizem com o fator biopsíquico, ou
seja, suas manifestações são resultantes de fatores biológicos e psíquicos. Com o
desenvolvimento motor e psíquico, surge a capacidade de manifestar seus primeiros
grafismos por meio de rabiscos. Conforme a criança vai rabiscando ela vai construindo
e relacionando simbologia a elas, criando representações relacionadas com sua
vivência. A maneira como a criança utiliza linhas e formas, o modo de distribuição do
espaço, a escolha da cor. Todas essas características são expressivas e traduzem de
maneira específica o estado emocional da criança. Com a prática do desenho, a
criança vai aperfeiçoando seu desenvolvimento motor e criando mecanismos
espaciais representativos e perceptivos.
É necessário entender a importância das expressões gráficas realizadas pelas
crianças e o quanto elas podem manifestar sobre a vida e os conhecimentos
conquistados por ela. “Portanto, dar desenhos estereotipados é, de certa forma,
acabar com o lado criativo, eliminando aos poucos a beleza do imaginário que se dá
a partir da construção do desenho” (Oliveira, 2019). Na folha de papel, a criança
mostra suas vivências, seus pensamentos e suas experiências, procura retratar o seu
cotidiano através do desenho.
O desenho exerce forte intervenção no processo de desenvolvimento
emocional infantil, pois as produções gráficas da criança podem vir carregadas de
diversos sentimentos, tais como: medo, angústia, insegurança, alegria e traumas,
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entre outras problemáticas enfrentadas por ela e que não consegue transmiti-los pela
linguagem falada, mas que de fato esses sentimentos a atormentam.
O desenho é, portanto, uma porta aberta de significados que devem ser
estudados e compreendidas de acordo com cada criança. Como retrata Oliveira
(2019), é, também, uma maneira de descrever sobre o inconsciente: trata-se de
interpretar pensamentos não falados, desejos reprimidos, medos, dor, violências,
frustrações. Estes, quando não resolvidos, geram traumas e neuroses que ocasionam
doenças que afetam tanto o corpo quanto a alma.
Com isso, o desenho, o jogo simbólico e os sonhos foram usados para
identificar estes problemas. Os psicanalistas estudaram algumas teorias para
compreender a criança e seu estado emocional. Então, criaram a técnica da
psicanálise para crianças por meio da conexão ao inconsciente infantil, isto permitiu
tanto o tratamento como o diagnóstico das neuroses infantis. (Oliveira, 2019)
É importante ressaltar que estudos pertencentes aos desenhos infantis devem
seguir uma linha contínua de análise para não serem interpretados de maneira errada.
Oliveira (2019) ainda destaca que: “A partir dos primeiros tracejos até os
desenhos mais detalhados, as crianças criam e comunicam coisas muito importantes
referentes à personalidade; indicam se é insegura ou não, tímida, deprimida; referem-
se à sua sexualidade e ao seu lado emocional e intelectual; manifestam o seu
comportamento de acordo com características apresentadas nos desenhos. Por isso,
a qualidade das linhas, do espaço, da integração, do sombreamento, da simetria, do
equilíbrio e do estilo ajuda a interpretar os desenhos infantis.”
À medida que o desenvolvimento infantil vai se processando, a criança tende a
modificar suas reações emocionais com o convívio social, onde ela aprende a
controlar melhor as suas emoções. Na idade pré-escolar, o choro, os gritos e os
movimentos violentos fazem parte do contexto sociocultural como uma forma de
liberar suas emoções. Essas atitudes são substituídas por outro meio de expressão
que a criança manifesta concretamente no ambiente que a cerca, sendo o desenho
um deles, que vão além de registros gráficos e pode até identificar uma infância
atropelada pelos problemas sociais.
A linguagem escrita fundamenta o sentido do desenho que sofre uma grande
influência da cultura através de imagens, recriando significações quando se vive em
contato com livros, revistas, propagandas, televisão, internet, jogos e, também, por
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trabalhos de outras crianças, o que se vê durante o dia na escola, na rua, em casa e
muitos outros âmbitos. As cores formam um belo colorido que, a todo instante,
bombardeiam o pensamento, criando novas imagens.
Um dos fatores mais importantes no uso dos desenhos, como instrumento de
expressão dos sentimentos e das emoções por parte das crianças, é que eles não
precisam ser feitos de forma obrigatória, mas sim de forma livre, para a criatividade, a
liberdade e a autonomia, que permite a expressão na realidade daquela criança. Se
for obrigatoriamente, o desenho deixa de ser um transmissor espontâneo de
sentimentos que, mais cedo ou mais tarde, será visto como uma coisa negativa pela
criança, conforme traz Ribeiro (2015).
Para Dolto (2013), o desenho é uma linguagem diferente da falada. Ele é uma
estrutura do corpo que a criança projeta e com a qual articula sua relação com o
mundo. Logo, pode-se dizer que através do desenho a criança temporaliza sua relação
com o mundo.
O desenho, para a criança, é a relação que ela tem da sua imagem com o
mundo. Como cita Rosário e Kobayashi (2016), enquanto uma imagem figurativa,
essas ilustrações são importantes pelo modo como são construídas, pois estas
revelam elaborações inconscientes. Sobre isso, o mais importante não é o desenho
enquanto material figurativo, é a maneira como ele revela os conteúdos inconscientes
das vivências da criança.
Souza (2011) afirma que quando a criança desenha um círculo, pode remeter
tanto a uma conquista motora, quanto a conteúdos simbólicos ligados a este elemento.
É possível encontrar na literatura científica de Dolto (2013), referências que destacam o
elemento gráfico circular, como representativo do corpo materno e das primeiras
concepções sobre o próprio corpo e sua interioridade, além da noção de continente e
contido, o que aponta para a importância de tal representação no processo de
individuação da criança. Porém, é importante ressaltar a necessidade de articular tais
elementos às associações verbais obtidas.
Alguns detalhes importantes fornecem pistas que servirão de base para
interpretação como: posição do desenho. Estando na parte superior do papel, faz
relação com o desejo de descobrir coisas novas. Na parte inferior, revela as
necessidades físicas e materiais. Do lado esquerdo indica um pensamento sobre o
passado, e do lado direito, o futuro. Se estiver situado no centro, representa o
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momento atual. As cores também são pistas importantes para a interpretação do
desenho. O amarelo representa a curiosidade e alegria de viver; o vermelho a vida, o
ardor, o ativo; a cor laranja, a necessidade de contato social e público, impaciência; o
marrom, a segurança e planejamento; o azul, a paz e a tranquilidade; o verde,
maturidade, intuição e sensibilidade; o preto o inconsciente.
Contudo, é preciso atenção com o desenho de uma só cor, pode denotar
preguiça ou falta de motivação. Quanto às dimensões do desenho, os de formas
grandes mostram segurança, enquanto os de formas pequenas indica que
normalmente precisam de pouco espaço para se expressar, talvez uma criança
reflexiva, ou até mesmo com falta de confiança.
É necessário acrescentar que cada criança é um mundo, assim como as regras
de interpretação do desenho infantil. Elas representam alguns caminhos a serem
percorridos dentro do grande mundo do olhar e da linguagem infantil, por meio do
desenho. Sobre isso, o mais importante não é o desenho enquanto material figurativo,
é a maneira como ele revela os conteúdos inconscientes das vivências da criança.
Percebe-se que na visão do adulto, o desenho mostrado pela criança pode ser
considerado feio do ponto de vista estético, mas ele tem um apego e valor muito
significativo para a criança, pois por meio do desenho ela pode estar representando
um fato que aconteceu e que de alguma forma aquilo está lhe atormentando. Com
isso, ela acaba se manifestando ao desenhar.
As experiências emocionais de crianças podem se manifestar de forma consciente
e inconsciente. O desenho, portanto, deriva mais diretamente do inconsciente e seu
conteúdo real para seu autor, porque, , muitas vezes, as próprias crianças não sabem
explicar o que estão desenhando. Porém, quando uma criança é vista falando,
verbalizando por desenho, notamos que ela quer ser seus próprios desenhos, pois ela
se representa por meio do comum, como um rosto, uma árvore, isto é, diga que é por
meio de símbolos que você conhece.
Dessa forma, a Psicanálise não ignora os poderes expressivos e projetivos que
há no desenho, ao contrário, ela lhes dá um sentido complementar, associando-os a
uma atividade psíquica inconsciente, pois, se levarmos em consideração a atividade
inconsciente, existem os conteúdos latentes atrás da riqueza simbólica dos conteúdos
manifestos, elaborados segundo uma realidade interna da criança, seus fantasmas,
seus desejos inconscientes, as relações conflitais com os objetos do mundo externo
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e saídas da experiência vivida e recalcada, desde a mais tenra idade. (Cerqueira,
2012)
Rivello (2012) aponta que, o primeiro trabalho freudiano a abordar o sofrimento
psíquico de uma criança, considerado o ponto de partida da psicanálise, ocorreu em
1909, com a publicação de Análise de uma fobia em um menino de cinco anos, ensaio
também conhecido como “O Pequeno Hans”. Freud tencionava, a partir deste caso,
que é possível, além de aliviar sintomas, dar um novo impulso às suas teorias sobre
a sexualidade infantil, sobretudo acerca do Complexo de Édipo. No entanto, ele se
depara com uma dificuldade técnica, que se resume na questão da linguagem verbal
da criança, que para ele é restrita.
Costa (2010) relata que, em algumas décadas, após os primeiros trabalhos de
Freud com crianças, surgiu na França uma psicanalista inovadora e revolucionária em
matéria de psicanálise infantil, Françoise Dolto. Reconhecida, sua abordagem
psicanalítica centrou-se na escuta do inconsciente e na origem dos traumas. Sua
proposta era fazer com que a família desejasse inserir a criança em sua estrutura, pois
ao nascer, já está inserida na estrutura do desejo. Para ela, “a criança é fruto de três
desejos: o do pai, o da mãe e o do próprio sujeito. A partir desta posição teórica, ela
redefine o sintoma da criança como sendo também o sintoma da estrutura familiar”.
Dolto (2013) demonstrou em suas pesquisas e teorias, a importância de voltarmos
nossa atenção para o trabalho psicanalítico com crianças. Cada um deles, de modo
diferenciado, construiu uma maneira de entender a criança e consequentemente de
analisá-la.
Este posicionamento sobre as crianças está baseado nas suas práticas como
médica e psicanalista. A criança, assim como o adulto, tem os mais diversos
sentimentos, como por exemplo, alegria, tristeza, e a compreensão de tudo que a
cerca, como retrata Hermes e Da Silva (2017). No campo da psicanálise, a teoria
construída por Dolto (2013), e a prática por ela realizada, se firmaram como uma obra
revolucionária para a sociedade. Fora do campo da teoria, ela "é uma exploradora,
descobrindo a infância como outros descobrem um continente".
Percebe-se, então, que a Psicanálise tem um papel importante na Educação,
uma vez que, a partir dela, diversas manifestações da criança são retratadas dentro
da escola, sejam com desenhos, atitudes, reações etc, assim como foi destacado por
Cerqueira (2012).
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Conforme afirmou Cerqueira (2012): “É evidente que, na consideração
psicanalítica da arte, não se tem em mira o tratamento psicanalítico pelo processo de
cura, mas, visa-se um ensaio de aproximação, um reconhecimento, através da obra
criadora, daquilo que constitui o patrimônio interior, inconsciente de seu criador. Nossa
tarefa será examinar a teoria psicanalítica e aplicá-la àquilo que é o fundo da obra a
interpretar, seu conteúdo manifesto e, por trás deste, o conjunto simbólico dos desejos
inconscientes, dos afetos, das relações de objetos e toda a vida fantasmática que o
indivíduo, o artista, o criador projeta e exprime em suas produções”.
Por isso, enquanto ser social e historicamente significativo, a pintura infantil
assume uma importância vital no seu desenvolvimento global, sendo que esta se
utiliza dessa ferramenta para expressar a sua vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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de maio de 2021. Disponível em:
<https://appoa.org.br/correio/edicao/300/o_desenho_nas_cavernas_na_infancia_e_p
ara_a_psicanalise_uma_linha_do_tempo_que_merece_ser_revisitada/860>
PILLAR, Analice Dutra (Org.). A Educação do Olhar no ensino das artes. Porto
Alegre: Editora Mediação, 4 ed., 2006.
25