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Centro Universitário
Bacharelado em Psicologia
Paripiranga
2021
GISLA MARQUISE JESUS SANTOS
JANNYKELLE SILVA OLIVEIRA VITAL
Paripiranga
2021
Santos, Gisla Marquise Jesus, 1995; Vital, Jannykelle Silva Oliveira,
1997
A saúde mental dos adotantes durante o processo de adoção /
Gisla Marquise Jesus Santos; Jannykelle Silva Oliveira Vital. -
Paripiranga, 2021.
56 f.: il.
BANCA EXAMINADORA
- Phil
RESUMO
This research, entitled “the mental health of adopters during the adoption process”,
seeks to understand how the mental health of adopters can be presented in front of
the adoption process. It assumes the importance of the adopters' mental health as a
key element for them to feel confident, determined and satisfied with their own desire
to adopt. The research problem arises from the observation of adopters close to the
personal experience of the researchers, who mostly showed themselves to be tense,
insecure and refuse to seek a professional to meet the need for psychological support
during and after the process. In view of the research, difficulties on the part of the
adopter in dealing with the process were pointed out. The objective of this work will
seek to confirm or reject this hypothesis from a narrative bibliographic research, in
order to analyze how the adoption process is felt and how the literature reads the issue
of mental health of adopting families. The specific objectives are to investigate the
behavior of adopters in the adoption process; specify how the adoption process works
and the difficulties of the procedure. In the conclusions of the study, it resulted that
there are insecurity, fears, stress and anxiety during the adoption process, which are
felt by those who adopt.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 52
13
1 INTRODUÇÃO
2 MARCO METODOLÓGICO
3 MARCO TEÓRICO
José é um pobre carpinteiro noivo da jovem Maria. Certo dia é chamado pelo
Rei Herodes para trabalhar em uma distante terra. Quando retorna recebe a
notícia de que sua futura esposa está grávida do Espírito Santo. Ele, não
querendo difamá-la, resolve deixa-la secretamente. Mas numa noite, em
sonho, lhe aparece um anjo do Senhor. Ele lhe diz para desposar Maria que
dará à luz ao filho de Deus. (SILVA, 2021)
desconhecidos, ou, não sendo em o caso, não podem ou não querem assumir
o desempenho das suas funções parentais, ou são pela autoridade
competente, considerados indignos para tal. (DINIZ, 2010, I, p.67)
A adoção hoje, não consiste em dar filhos para aqueles que por motivos de
infertilidades não os podem conceber, ou por “ter pena” de uma criança, ou
ainda, alívio para a solidão. O objetivo da adoção é cumprir plenamente às
reais necessidades da criança, proporcionando-lhe uma família, onde ela se
sinta acolhida, protegida, segura e amada. (DINIZ, 2010, I, p.67)
Vemos que na citação acima, o autor define a adoção com inserção em uma
família, assim pertencendo à família de maneira definitiva e com reconhecimento
jurídico de filiação à determinada família. Essa adoção provém de crianças que foram
abandonadas pelos pais, órfãs ou aqueles em que os pais não podem ou não querem
assumir a responsabilidade de educar e contribuir com o desenvolvimento da criança.
É importante ressaltar, o que Diniz (2010) falou em sua citação, que a adoção, por
sua vez, não significa dar o filho para alguém criar pelo simples fato da família
adotante possuir infertilidades, por não conceber um filho ou sentir “pena” da criança
que talvez não tenha condições de vida melhor.
Para o ECA, na Subseção IV. Art. 39., a adoção de criança e de adolescente
reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
Souza (2008) em seu livro, exorta que adotar não é fazer um favor a uma
criança, nem esperar que ela seja uma companhia para a pessoa solitária. Para a
mesma autora, a adoção é entendida como um processo que requer a inserção da
criança no novo grupo familiar. Em outras palavras, a adoção demanda que os
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Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais.
Dionisio (2021) em seu artigo elucida que além do que consta no artigo
supracitado do ECA, os interessados em adotar precisam ser e se mostrar aptos a
exercerem as responsabilidades pertinentes a criação de uma criança ou adolescente
e oferecer um ambiente familiar, acolhedor, sem a presença de pessoas dependentes
de álcool e drogas, para que seja favorável o nascimento de um novo vínculo. Esses
direitos que são assegurados a toda criança e adolescente consta no Art. 19 do ECA
em que diz:
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas
dependentes de substâncias entorpecentes.
Para Silva (2015), além dessa realidade, a adoção se caracteriza pelo encontro
de dois sofrimentos. De um lado, estaria a perda dos laços primários de uma criança,
privada da convivência com sua família de origem, fazendo com que na base de toda
adoção encontre-se uma história de rompimento precoce de vínculos afetivos. E de
outro lado, na maioria das vezes, a impossibilidade do adotante de gerar filhos
biológicos (SCHETTINI; AMAZONAS; DIAS, 2006). Mesmo que a motivação dos
adotantes não seja a impossibilidade de gerar filhos biológicos, eles ainda deparam
com a decisão, e o luto, de não o fazer (SILVA, 2015).
Segundo a pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) (2013),
revelou que a idade é o principal motivo de desencontro entre as preferências do
pretendente que busca adotar e as características das crianças e dos adolescentes
que aguardam por uma adoção no Brasil. De acordo com o CNJ (Conselho Nacional
de Justiça), destaca-se que nove em cada dez pretendentes desejam adotar uma
criança de zero a cinco anos, enquanto essa faixa etária corresponde a apenas nove
em cada 100 das crianças aptas à adoção. Essa pesquisa realizada identificou que
há mais crianças com idade acima dos cinco anos que continuam institucionalizadas,
sem perspectiva de serem colocadas em famílias substitutas por apresentarem
características pouco desejáveis: serem negras, apresentarem deficiências, terem
problemas de saúde ou formarem grupo de irmãos. Desse modo, o processo de
escolha das características do filho adotivo está marcado por uma dinâmica social na
qual estão envolvidos estereótipos que geram expectativas por parte dos adotantes;
afetando – assim a probabilidade das adoções (MERÇON-VARGAS; ROSA;
DELL’ÁGLIO, 2011).
Referente ao processo de transição para a parentalidade é uma etapa tão
complexa e uma das fases mais marcantes do ciclo vital, se poderia pensar no
processo de habilitação para adoção como um espaço de reflexão sobre a
parentalidade, muito mais do que uma avaliação concreta de quem está apto ou não
para ser pai e mãe e uma seleção de quem serão os melhores pais (SILVA, 2015).
Sabemos que o indivíduo não nasce nem pai nem mãe, nem mesmo se torna somente
com o nascimento de um bebê geneticamente relacionado a ele. É a relação com a
criança que faz de uma mulher mãe e de um homem pai, e confere sentido às palavras
maternidade e paternidade (BERTHOUD, 1998).
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o qual não é fácil. Uma vez que, ao tratarmos do tema adoção é permeado por
dúvidas, mitos e preconceitos, que devem ser esclarecidos com o objetivo de
minimizar pressuposições equivocadas, que dificultam o processo, como também
promover reflexões sobre a realidade do ato de adotar. Alguns dos aspectos que
usualmente causam preocupação para os adotantes são as dúvidas dos pais a
respeito da herança biológica na determinação do comportamento, o medo da
revelação da condição de adotado e o receio quanto à adaptação nas adoções tardias
(MERÇON-VARGAS, et al., 2011; OTUKA, SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2013;
SANTOS, 2010).
De acordo com Merçon-vargas et al. (2021) a família do adotante ou casal
adotante exerce um papel crucial no momento em que está ocorrendo o processo de
transição da adoção, pois quando há a presença dos avós, tios, primos, e amigos
próximos juntamente com o casal ou com o adotante, dão apoio emocional durante
todo o processo. A família e o círculo social mais próximo autoriza os pais a
inscreverem a criança na história e na genealogia familiar e ajudam a lidar com o
sentimento de culpa que pode existir por não terem transmitido os genes familiares
para a nova geração, ajudando ainda a superar a culpa pela infertilidade se ela existir.
Para Martins, Fischer e Fontes (2021) há pesquisas que demonstram que a
condição de ser filho por adoção, influencia as práticas educativas porque há a crença
em muitos pais que a adoção seja um fator de risco. Após intervenções, observou-se
o reconhecimento do papel das interações familiares para o desenvolvimento e
manutenção dos comportamentos dos filhos e o desmitificar a adoção como causa ou
explicação dos comportamentos dos filhos.
Segundo Levy (2013), para casais homoafetivos que buscam adotar uma
criança, o maior desafio é a aceitação social da orientação sexual do casal que pode
somar-se ao preconceito relacionado à adoção que ainda pode existir. Uma das
maiores preocupações destes casais pode ser a escolha da escola, optando por
aquelas que lidem melhor com a questão.
Vargas (1998), explica que a adoção é uma prática bastante utilizada em nossa
sociedade por várias gerações e, apesar disso, continua envolta por silêncio,
alimentando medos e fantasmas. A adoção é um assunto que não está isolado do
contexto sociocultural, mas, ao contrário, foi por ele iluminado e condicionado por
diversos fatores. A adoção enquanto prática social é atravessada por crenças, valores
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sentidos são todos possíveis dentro do contexto sociocultural que os circunda e serão
usados na constituição de suas subjetividades. As autoras (ibidem, 2006) enfatizam
ao dizer que os adotantes vivem a fase da espera com uma tensão carregada de
expectativas, preocupações e esperanças. A maneira como esses sentimentos serão
vividos e enfrentados será relevante para a construção de atitudes flexíveis e
acolhedoras, ou defensivas e de evitação, em relação à escolha efetuada.
A adoção, para Chattini, Amazonas e Dias (2006), quando desejada por cada
um dos elementos de um casal, põe no mesmo plano mãe e pai, pelo fato de que os
dois esperam o filho da mesma forma, estando, assim, em igualdade de condições. O
pai, por sua vez, se sente mais participativo no processo, pois também pode gestar
emocionalmente o seu filho.
mudar muito a nossa vida?”; “Será que estamos preparados para criar esse filho?”;
“Será que conseguiremos ser bons pais?”. Estas dúvidas existem tanto nos pais
biológicos quanto nos pais adotivos e precisam de um espaço para serem expostas e
trabalhadas.
Um aspecto importante a ser trabalhado é o fato de muitos casais recorrerem
à adoção por não terem inviabilidade de ter filhos pela via biológica e por terem
esperança de que a adoção viabilizará uma gestação. Caso esta expectativa não se
confirme, poderá gerar frustração e, em alguns casos, consequências negativas para
a relação entre os pais e a criança adotada (COSTA; CAMPOS, 2003).
Costa e Campos (2003) ressalta que outro problema que podem apresentar
determinado desconforto aos pais é a adoção tardia, ou seja, aquela que é realizada
quando a criança tem dois anos ou mais, existe um preconceito ainda maior por parte
da sociedade e dos futuros pais. Os autores explicam que os adotantes justificam a
sua preferência por bebês em função do receio de enfrentarem dificuldades para
educar uma criança maior. Nas adoções tardias é preciso preparar os pais para os
possíveis comportamentos desadaptativos dos filhos, que surgem em função das
situações de vida que a criança experenciou.
Brazelton (1988) salienta que apego ao filho advindo dos pais adotivos não
acontece imediatamente, ele vai se estabelecendo através do convívio diário com a
criança, ou seja, embora o vínculo com o bebê, para alguns autores, seja instintivo,
ele não é instantâneo e automático.
Maldonado (1999) em sua obra, coloca que a adoção está inserida em um
contexto onde o amor, a disponibilidade e o acolhimento são mais importantes que os
laços sanguíneos. Quando uma família tem o desejo de adotar uma criança, esta já
existe no imaginário do casal e de alguma forma eles já a acolheram. Deste modo,
podemos dizer que a adoção é uma história de busca, encontros e de convites à
construção de vínculos afetivos, onde todos os envolvidos participam (PINTO; PICON,
2009).
Uma dúvida muito decorrente na vida dos pais adotivos é se eles devem ou não
contar para a criança sobre a adoção. Os pais adotantes se questionam se devem
contar a verdade para o filho, por medo de magoá-lo ao saber de sua verdadeira
história (PINTO; PICON, 2009). Isso acarreta uma série de sensações e preparo
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O que precisa estar presente nos pais adotivos é que a adoção faz parte da
história de vida da criança e da família, e que esta comunicação não se esgota em
apenas um dia ou uma conversa, devendo este assunto ser revisto em diferentes
momentos ao longo da infância e adolescência, isso ajuda no desenvolvimento da
criança, bem como a superar os receios dos adotantes caso não seja revelado a
criança e acabem descobrindo por terceiros (PINTO; PICON, 2009).
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4 MARCO ANALÍTICO
um vínculo capaz de sustentar cada um no seu lugar próprio na trama psíquica, sem
medo nem ameaça de desatamento dos laços (QUEIROZ, 2010), ou seja, que, no
processamento psíquico, ocorram investimentos de afeto e a criação dos lugares e
posições subjetivas de cada um dos membros (PASSOS, 2012).
Quando Passos e Queiroz (2012) afirmam que o adotante precisa identificar o
seu lugar, significa dizer que o mesmo precisa ter consciência do papel que está
assumindo na relação parental, ou seja, não dar vazão às imaginações como a de que
está rompendo laços afetivos para com a família de origem da criança adotada.
Muitas interrogações vêm sendo suscitadas pelas novas configurações
familiares, pela conjuntura dos laços na família e os desdobramentos desse grupo no
cenário da sociedade contemporânea, cujas características apontam para a
fragilidade, descontinuidade e fragmentação das relações (PASSOS, 2012).
Mesmo sabendo que o ECA possibilita a adoção de crianças quando os pais
biológicos abdicam de seu poder familiar, muitos que estão na expectativa da adoção
ficam receosos com o que pode vir a acontecer no decorrer do processo ou após a
adoção.
A adoção de crianças e adolescentes é um tema polêmico que possibilita a
construção de narrativas variadas a seu respeito. A depender do lugar de onde se fala
e para quem se fala, as perspectivas são propagadas e acabam por ganhar
proporções e certo caráter de verdade última. Dentre essas colocações, duas
perspectivas, a princípio, podem ser elencadas: aquelas que tomam a adoção como
um processo saudável que possibilita o desenvolvimento integral da criança e/ou
adolescente, e aquelas que defendem que a criança e/ou adolescente adotivo,
necessariamente apresenta sérios riscos de problemas emocionais ao longo da vida.
Araujo e Faro (2014) consideram que os aspectos envolvidos em torno da
adoção são complexos e multideterminados as razões que justificam as escolhas do
perfil da criança/adolescente pelos pretendentes, julga-se necessária a investigação
acerca dos motivos, dificuldades e expectativas que influenciam o adotante a se
cadastrar para adoção. Diante disso, a prática da adoção de crianças requer tanto da
família adotante quanto da criança pretendida uma profunda capacidade de
adaptação.
Gondim et al. (2008), afirmam que o trabalho de preparo com os pretendentes
à adoção possibilita que eles repensem as suas exigências quanto às características
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1 Devolução – Em termos legais, a adoção, depois de concluída, é irreversível. Para evitar que haja
arrependimento por parte dos pais adotivos e da criança, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA)prevê um período de adaptação para que seja estabelecido o contato entre as partes e avaliada
as compatibilidades. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/devolucao-de-criancas-adotadas-
e-mais-comum-do-que-se-imagina/>.
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a doença mental (BINIK, 1985). Considera o autor que não existe termo mais
apropriado para descrever as características da pessoa, nomeadamente traços de
personalidade, mecanismos de defesa, estados emocionais e cognitivos, e os fatores
sócioambientais como, por exemplo, as situações indutoras de estresse (MARTINS,
2014).
De acordo com as pesquisas realizadas bibliograficamente, um dos principais
riscos à saúde que o adotante pode sofrer advém do comportamento e da emoção:
estresse, a vulnerabilidade ao estresse, a não satisfação, a fadiga crônica, a
ansiedade e o neuroticismo (MARTINS, 2014).
Perante os riscos em que o adotante está exposto, surge a necessidade do/a
Psicólogo/a intervir em situações de adoção, desde o início do trâmite judicial até
determinado momento que a família sentir o seu bem-estar estável. Pois o Psicólogo
atuando e intervindo diretamente com a família adotante, a mesma sentirá confiante,
minimizará a ansiedade e evitar problemas que agravem negativamente a saúde
mental.
Segundo Pereira (1991, p. 211) adotar é “um ato jurídico pelo qual uma pessoa
recebe outra como filha, independente de existir entre elas qualquer relação de
parentesco consanguíneo ou afim”. Reche et al. (2017) explicam que adotar é um ato
legal e definitivo, uma vez que envolve tornar filho um ser que foi concebido por outros
pais. E os autores complementam a ideia dizendo que antes de tomar a decisão de
adotar, vale considerar que o casal deve realizar sessões com um psicólogo para
avaliar o real motivo, desejo e se estão preparados para serem pais, pois infelizmente
há casos em que o casal adota com a ilusão de que tudo será um conto de fadas, e
com a realidade cotidiana de educar um ser humano, igual àquela de que se fosse
filho biológico, arrepende-se e não raras vezes, devolve ao abrigo, a
criança/adolescente devido à falta de preparo e orientação psicológica.
Sabemos que a adoção não deixa de ser um ato que parte de interesse público,
pois o mesmo tem como objetivo acolher um ser humano, oferecendo-lhe uma
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moradia, amor e assistência que o indivíduo precisa ter. Com efeito, o processo de
adoção envolve determinadas etapas e alguns requisitos, por parte do adotante
quanto adotado. Vejamos o que Granato (2010, p.55) explica em seu trabalho sobre
os requisitos jurídicos prescritos pela Lei Nacional Brasileira:
Granata (2010) explica que este estágio é de grande relevância, pois é através
dele que se avalia a adaptação do adotando com a família e vice-versa, assim como
a compatibilidade da família com a adoção. Este período varia de acordo com as
regras da vara, a vontade do juiz e a dos pais. Pode levar meses, mas dificilmente
leva mais que um ano. Caso o adotante já tenha a tutela ou a guarda legal da criança
por tempo suficiente, o estágio pode ser dispensado. Terminado esse estágio, o juiz
determina a adoção, que só pode ser rompida por uma decisão judicial de destituição
do poder familiar. A relação entre pais e adotados é a mesma que eles teriam com os
filhos biológicos (RECHEL et al.,2017).
Além do psicólogo estar em contato direto com o adotante, durante e após o
processo de adoção, o papel que este desempenha, enquanto profissional, é crucial,
pois o mesmo corrobora com a saúde mental dos envolvidos, ao realizar sessões o
interessado em adotar, sanado as dúvidas que podem surgir durante o processo, criar
um ambiente de diálogo e escuta diante dos anseios, medos e expectativas que a
família ou indivíduo pretende adotar.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
afetam a saúde mental e/ou o bem-estar das crianças e adolescentes, bem como da
família adotante, nosso recorte, ao causar sensações de medo, ansiedade, estresse,
etc. Esse profissional, em equipe multiprofissional ou psicossocial, terá a função de
escutar e mediar os candidatos à adoção, assim percebendo como os mesmos (os
postulantes à adoção) articulam suas percepções em volta da adoção. O Psicólogo
precisa intervir em situações de adoção, desde o início do trâmite judicial até
determinado momento que a família sentir o seu bem-estar estável, procurando
minimizar a ansiedade e evitar problemas que agravem negativamente a saúde
mental durante ou após a adoção.
É válido ressaltar que a presença do psicólogo durante o tempo em que a
criança adotada está convivendo com a família adotiva, pode ser imprescindível para
favorecer aos adultos a promoção de um ambiente acolhedor e adequado para a
criança no decorrer da adaptação ao desconhecido. E cabe ao adotante valorizar a
presença do psicólogo nesse processo, pois assim minimizará a ansiedade, o medo
e ou até mesmo estresses que possam surgir com o passar do tempo.
.
52
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