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Liame Estudos em Psicologia

Desde 2017 preparando estudantes e profissionais de Psicologia para o processo seletivo de


Residências da SES-PE

Coordenação Executiva
Rebeca Portela
Gisléa Ferreira

Docentes | Módulo SUS


Débora Oliveira
Rafaela Domingos

Docentes | Módulo Atenção Básica


Débora Oliveira
Gisléa Ferreira
Luanna Cruz
Rafaela Domingos

Produção da apostila
Débora Oliveira
Gisléa Ferreira
Luanna Cruz
Rafaela Domingos

Revisão textual e diagramação


Gisléa Ferreira

Design da Capa
Rebeca Portela

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LIAME – Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica
Apresentação
O Liame busca preparar estudantes e
profissionais de Psicologia
com duração de 3 a 4h de aula. A metodologia
agrega conteúdo expositivo, dialogado e resolução
para as provas de Residência e promover de questões, sem deixar de trazer reflexões críticas
aproximações por meio de trocas de experiências, sobre os conteúdos e sobre a prática em Psicologia
vivências e debates sobre a atuação da Psicologia nos diferentes cenários.
nas políticas públicas de saúde.
Entendendo a residência como espaço de formação
Idealizado em 2017 por Rebeca Portela como um potente e desafiador realizado no SUS e para o SUS,
grupo de estudos dos conteúdos específicos de é com bastante orgulho que nas cinco edições do
Psicologia requisitados para a seleção, em 2018 o curso até aqui somemos 52 aprovações, incluindo
grupo ganha a identidade LIAME e passa a ampliar a posições de primeiro lugar tanto no perfil Atenção
proposta para um curso preparatório para Básica quanto no perfil Hospitalar.
residências, abordando não só o conteúdo
Nesta sexta edição do preparatório, o Liame
específico de Psicologia, como também os
apresenta como novidade o serviço de
conhecimentos gerais dos respectivos perfis de
acompanhamento personalizado de plano de
atuação.
estudos, ofertado em separado do preparatório,
Conduzido por docentes com trajetória de para aqueles participantes com necessidade de um
formação na modalidade de residência, pós- percurso de estudos mais estratégico e
graduação em suas áreas de atuação e experiência potencializado.
profissional na Atenção Básica, na Saúde Coletiva e
O SUS e as políticas públicas de uma maneira geral
na Atenção Hospitalar, o Liame tem como propósito
tem sofrido duros retrocessos. Apesar de todas as
tanto a preparação para a prova da residência,
dificuldades historicamente acumuladas, apenas o
como também produzir reflexões e trocas que
SUS possui real capacidade de resposta às
possam contribuir para uma atuação psi
necessidades de saúde pública e a presença de
contextualizada e alinhada aos princípios da defesa
residentes em saúde se faz importante para a
do direito à saúde, de maneira acessível, dialogada
continuidade, fortalecimento do ideário da reforma
e sensível às necessidades da/o/e(s) participantes.
sanitária e aperfeiçoamento das estruturas
O material de apoio é elaborado pelas docentes, existentes no SUS.
apresentando resumo teórico, sugestões de leituras
LIAME significa criar laços, construir vínculos e é a
complementares, indicações de vídeos e filmes e
partir dessa aposta que viemos construindo pontes
resolução de questões
de diálogo entre Psicologia e políticas públicas de
Desde 2020, o Liame adota a modalidade virtual saúde, na direção do fortalecimento da atuação
como meio de transmissão das aulas, que acontece contextualizada e comprometida com o
uma vez na semana no módulo SUS e duas vezes fortalecimento do SUS.
por semana para os módulos específicos, ao vivo,

Desejamos uma jornada de aprendizados e trocas potentes durante este módulo.

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LIAME – Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica
Docentes | Módulo Atenção Básica

Débora Oliveira

Enfermeira, Residência em Saúde da Família (IMIP), mestre em Saúde Pública (Fiocruz PE),
professora universitária, Núcleo de Enfermagem (UFPE/CAV).

Rafaela Domingos

Enfermeira, Mestre em Saúde Pública (Fiocruz PE), Especialista em Direitos Humanos e


Políticas Públicas, professora de Iniciação à Ciência e à Pesquisa Científica (IPQC), UFPB.
Membro do grupo de Pesquisa de Educação Permanente em Saúde pelo Instituto de Pesquisa
e Educação Permanente em Saúde- IPEPS.

Luanna Cruz

Psicóloga clínica e hospitalar, Residência em Saúde Mental (Hospital do Ulisses


Pernambucano/Universidade de Pernambuco). Especialista em Intervenções Clínicas na
Abordagem Psicanalítica (Faculdade Frassinetti do Recife). Mestranda em Psicologia (UFPE),
coordena o Coletivo Fazendo Questão, psicóloga no CENDHEC/Recife.

Gisléa Ferreira

Psicóloga sanitarista, Residência em Saúde Coletiva (Fiocruz PE), Residência na Rede da


Atenção Psicossocial (Secretaria de Saúde do Recife), mestre em Saúde Pública (Fiocruz
PE), trabalhadora do SUS na rede municipal do Recife em contexto hospitalar, pesquisadora do
ObservaPICS (Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativos e Complementares em
Saúde (Fiocruz/Ministério da Saúde).

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Cronograma | Módulo Atenção Básica
AULA CONTEÚDO DATA PROFESSORA

A construção do sujeito: modos de subjetivação 10/08


11 Luanna
(Teorias de Personalidade) (parte I) (quarta)
Reforma Psiquiátrica, histórico, princípios antimanicomiais,
12/08
12 normatizações e linha de cuidado. Rede de atenção Gisléa
psicossocial(RAPS). (sexta)
Conhecimentos gerais em Saúde da Família Atenção Primária à
Saúde: conceitos, princípios e organização no Brasil e no
mundo. História da APS. Atenção à Saúde da Família:
13 Estratégia de Saúde da Família: histórico, processo de 17/08 Débora
implantação no Brasil,organização e normatizações. Princípios (quarta)
e Diretrizes do Programa de Saúde da Família e do Programa
de Agentes Comunitários de Saúde.
Saúde Mental e Redução de Danos: princípios, marcos 19/08
14 Gisléa
teóricos,normatizações e linha de cuidado. (sexta)
A construção do sujeito: modos de subjetivação 24/08
15 (quarta) Luanna
(Teorias de Personalidade) (parte II)
Núcleos de Apoio à Saúde da Família: organização,
26/08
16 funcionamento, regulamentação; Psicologia e Atenção Básica; Rafaela
Psicologia e Atenção Básica (sexta)
31/08
17 A clínica do sujeito: a escuta clínica (quarta) Luanna
Políticas e Programas Nacionais de Saúde 02/09
18 Rafaela
(sexta)
09/09
19 Políticas e Programas Nacionais de Saúde (sexta) Rafaela
Desenvolvimento Psíquico da Criança e do Adolescente 14/09
20 Luanna
(Psicologia do Desenvolvimento) (quarta)
16/09
21 Políticas e Programas Nacionais de Saúde (sexta) Rafaela
Desenvolvimento Psíquico da Criança e do Adolescente
21/09
22 (Psicologia do Desenvolvimento) Luanna
(quarta)
Aspectos psicodinâmicos do envelhecimento.
Interprofissionalidade e trabalho em equipe
28/09
23 multiprofissional; Processos grupais; Psicologia e práticas Luanna
interventivas grupais eterritoriais. (quarta)
05/10
24 Aspectos psicodinâmicos das estruturas familiares; Luanna
(quarta)
Parentalidade
Raciocínio diagnóstico, nosográfico e psicossocial 19/10
25 (quarta) Luanna
Raciocínio diagnóstico, nosográfico e psicossocial 26/10
26 Luanna
(quarta)

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09/11
27 Aspectos Psicodinâmicos da gravidez, puerpério e climatério; (quarta) Luanna
16/11
28 Ética Profissional Luanna
(quarta)
29 Aula de Revisão (Conteúdos de Psicologia) 23/11 Luanna
(quarta)
Gisléa
25/11
30 Aula de Revisão (Conteúdos de SUS) Débora
(sexta)
Rafaela
Luanna
30/11
31 Simulado 2 – (Todos os conteúdos do módulo específico) (quarta) Débora
Rafaela
Gisléa

LIAME – Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica
SUMÁRIO

A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO: MODOS DE SUBJETIVAÇÃO .............................................. 10


Algumas concepções de sujeito e subjetividade ....................................................................... 10
Subjetividade na perspectiva da Gestalt ................................................................................... 13
Sujeito em Lacan ..................................................................................................................... 17
Sujeito e subjetividade em Vygostky......................................................................................... 18
Sujeito em Reich ..................................................................................................................... 20
Exercícios....................................................................................................................................... 25
REFORMA PSIQUIÁTRICA ...................................................................................................... 30
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS).......................................................................... 30
Reforma Psiquiátrica ............................................................................................................... 30
Lei Nº 10.216/2001 ................................................................................................................. 33
Principais normatizações da Rede de Atenção Psicossocial ........................................................ 35
Rede De Atenção Psicossocial .................................................................................................. 36
Exercícios....................................................................................................................................... 40
CONHECIMENTOS GERAIS EM SAÚDE DA FAMÍLIA; .......................................................... 46
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE; ............................................................................................ 46
HISTÓRIA DA APS;.................................................................................................................. 46
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA; ........................................................................................ 46
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ................................................................................................ 46
- Conferência internacional de Alma-Ata (1978) ......................................................................... 47
PROGRAMA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (PACS) ........................................................ 50
- Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (De acordo com a nova PNAB 2017) .............. 50
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) ..................................................................................... 51
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ................................................................................ 52
- Composição................................................................................................................................. 52
- Cobertura .................................................................................................................................... 53
ATRIBUTOS DA APS................................................................................................................. 53
EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS .............................................. 54
Exercícios....................................................................................................................................... 56
SAÚDE MENTAL E REDUÇÃO DE DANOS: princípios, marcos teóricos, normatizações e
linha de cuidado ..................................................................................................................... 61

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SOBRE O CONSUMO E ABUSO DE SUBSTÂNCIAS ...................................................................... 61
O QUE É DROGA? PORQUE AS PESSOAS USAM? QUAIS OS EFEITOS? COMO PODEMOS
CLASSIFICAR? ......................................................................................................................... 62
REDUÇÃO DE DANOS .............................................................................................................. 63
ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS .................................................................................... 64
Marcos legais da Redução de Danos no Brasil .......................................................................... 65
Exercícios....................................................................................................................................... 69
NASF: organização, funcionamento e regulamentação ..................................................... 77
NASF-AB ................................................................................................................................. 77
PSICOLOGIA E ATENÇÃO BÁSICA ......................................................................................... 82
A Psicologia na Saúde Pública – Alguns marcos ........................................................................ 82
Principais referências para embasar a atuação contextualizada da psicologia na Atenção Básica
.............................................................................................................................................. 84
O apoio matricial e o papel da Psicologia ................................................................................. 85
A CLÍNICA DO SUJEITO: a escuta clínica .............................................................................. 90
EXERCÍCIOS.................................................................................................................................... 96
POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS DE SAÚDE........................................................103....
103
Exercícios..................................................................................................................................... 110
4. Política Nacional de Humanização (2003) ............................................................................117
5. Programa Farmácia Popular (2004) .....................................................................................119
7.Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente (2004) ..................................................121
7. PMAQ - Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica 2011 e revisada em
2015 ......................................................................................................................................124
Exercícios..................................................................................................................................... 126
8. Programa Previne Brasil (2019) ..........................................................................................133
9. Programa Mais Médicos (2013) ..........................................................................................136
9.1 Programa Médicos pelo Brasil (2019) ................................................................................138
Exercícios..................................................................................................................................... 139
DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE...................................... 145
- Aspectos do desenvolvimento humano: ...............................................................................145
ASPECTOS PSICODINÂMICOS DO ENVELHECIMENTO ..................................................... 166
EXERCÍCIOS.................................................................................................................................. 173
INTERPROFISSIONALIDADE E TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL .............. 181
PROCESSOS GRUPAIS........................................................................................................... 181

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PSICOLOGIA E PRÁTICAS INTERVENTIVAS GRUPAIS E TERRITORIAIS ........................... 181
Interprofissionalidade e trabalho em equipe multiprofissional ..................................................181
Processos Grupais ..................................................................................................................182
Grupo Operativo de Pichon-Rivière ........................................................................................184
Kurt Lewin .............................................................................................................................186
Lane (1984) e Martin-Baró (1989): uma perspectiva sócio-histórica .........................................186
Exercícios..................................................................................................................................... 189
ASPECTOS PSICODINÂMICOS DAS ESTRUTURAS FAMILIARES....................................... 197
PARENTALIDADE .................................................................................................................. 203
Exercícios..................................................................................................................................... 205
Exercícios..................................................................................................................................... 218
ASPECTOS PSICODINÂMICOS DA GRAVIDEZ, PUERPÉRIO E CLIMATÉRIO .................... 230
Exercícios..................................................................................................................................... 234
ÉTICA PROFISSIONAL ........................................................................................................... 241
RESOLUÇÕES CFP ...................................................................................................................241
RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05 ....................................................................................................241
RESOLUÇÃO CFP Nº 001/2009 ................................................................................................242
RESOLUÇÃO n.º 6, DE 29 DE MARÇO DE 2019 .........................................................................244
Exercícios..................................................................................................................................... 259

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Aulas

11 15 &

A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO: MODOS DE


SUBJETIVAÇÃO
Profª Luanna Cruz

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A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO: MODOS DE
SUBJETIVAÇÃO
Gonzalez Rey (2003) afirma que a organização, o que conduz de forma
subjetividade é a categoria-chave para a permanente a uma tensão entre os
compreensão do psiquismo, definindo-a processos gerados pelo sistema e suas
como "um sistema complexo capaz de formas de auto-organização, as quais estão
expressar através dos sentidos subjetivos a comprometidas de forma permanente com
diversidade de aspectos objetivos da vida todos os processos do sistema. A
social que concorrem em sua formação" (p. subjetividade coloca a definição da psique
19). Em outro texto, o autor afirma: num nível histórico-cultural, no qual as
A subjetividade representa um funções psíquicas são entendidas como
macro conceito orientado à compreensão processos permanentes de significação e
da psique como sistema complexo, que de sentidos. O tema da subjetividade nos
forma simultânea se apresenta como conduz a colocar o indivíduo e a sociedade
processo e como organização. O macro numa relação indivisível, em que ambos
conceito representa realidades que aparecem como momentos da
aparecem de múltiplas formas, que em suas subjetividade social e da subjetividade
próprias dinâmicas modificam sua auto- individual. (Gonzalez Rey, 2001, p. 1).

Algumas concepções de sujeito e subjetividade

Os primeiros estudos acerca da apenas a imitação; o conhecimento se dava


noção de subjetividade foram produzidos pelo reconhecimento.
no âmbito da Filosofia. Na Grécia antiga, O advento da subjetividade na
Platão, em seus estudos a respeito do Filosofia se dá, mais precisamente, no
conhecimento humano, já tecia momento em que a consciência passa a ser
considerações sobre o sujeito. Esse filósofo considerada como produtora de todas as
entendia o ato de conhecer como um verdades. Assim, tal ideia é fundamentada
reconhecimento dos sentidos inscritos nas pelo célebre axioma de Descartes, de que
coisas, por isso, para ele, o saber não era pensar, é logo, existir. Nas palavras de
construído pelo homem, porque Deus era Brandão:
responsável pela criação e ao homem cabia
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A verdade não é simplesmente e que continuam muito arraigadas


reconhecida, mas produzida pelo até hoje. (REY, 2003, p. 21).
homem nesse processo de
percepção de si próprio. O “eu Nesse momento, surge a dialética da
penso” é a primeira verdade, a de realidade e a subjetividade, que antes
acesso mais imediato e o ponto de
partida de todas as outras
estava na identidade dos seres, agora, é
evidências que serão produzidas por construída na relação de oposição entre
esse mesmo “eu penso”. eles. Foucault (1972) nega a unicidade do
(BRANDÃO, 1998, p.34). sujeito e o inscreve no âmbito da
linguagem, opondo-se à ideia de uma
De acordo com a concepção
subjetividade produtora de verdades
cartesiana, a subjetividade é responsável
universais, uma vez que, no entendimento
pela construção do saber e esse processo
desse autor, a contradição é inerente ao
acontece quando o sujeito passa a
discurso. Nesse sentido, o discurso deixa de
representar o objeto, atribuindo-lhe
ser a manifestação “majestosamente
significado: “considerado como uma
desenvolvida” de um sujeito pensante para
exterioridade, o objeto passa a ser algo que
se constituir em um espaço de
é representado por um sujeito que lhe
exterioridade no qual o sujeito pode ocupar
confere sentido” (BRANDÃO, 1998, p.35).
diversos lugares. Segundo a teoria
Esse processo de representação considera o
foucaultiana, o sujeito pode assumir
princípio da identidade e recusa a
diversas posições em suas práticas
contradição, uma vez que o sujeito, na
discursivas, o que caracteriza sua dispersão:
concepção de Descartes, seria um produtor
de verdades universais, o que, no As diversas modalidades de
entendimento de Rey (2003), contribuiu enunciação em lugar de remeter à
síntese ou à função unificante de um
para a construção de uma visão
sujeito, manifestam sua dispersão.
maniqueísta da sociedade: Aos diversos estatutos, aos diversos
lugares, às diversas posições que
Por trás dessa ideia está o princípio pode ocupar ou receber quando tem
profundamente racional de caráter um discurso. À descontinuidade dos
universal das crenças que permite planos de onde fala. (FOUCAULT,
uma divisão estática entre um 1972, p. 69-70).
mundo “bom” e outro “mau”, o que
tem escasso valor ético e moral, pois Kant também desconstrói a ideia
todos sentimos que somos parte do cartesiana, uma vez que a construção do
mundo “bom”, assumindo muito pensamento não está simplesmente ligada
pouco a identidade do mal. A ideia
ao fato do “eu penso” como determinador
de um sujeito universal apresenta-
se muito associada à do sujeito ideal das propriedades dos objetos, mas sim na
que inspirou boa parte das relação que o indivíduo estabelece com o
construções éticas, políticas e meio. Na concepção kantiana, a relação
religiosas do pensamento ocidental entre o sujeito e o objeto passa pela

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percepção individual (KANT, s.d., p. 25, Para Husserl, faltou a Descartes


citado por MOREIRA; SILVEIRA, 2011): desvendar o ego, compreendendo-o, não
como algo vago, mas como uma “corrente
Temos querido provar que todas as
incessante do ser”. No campo da Psicologia,
nossas intuições só são
representações de fenômenos, que retomando Rey, a rejeição ao sujeito da
não percebemos as coisas como são razão provocou o que esse autor denomina
em si mesmas, nem são as suas “morte do sujeito”. Dessa forma:
relações tais como se nos
apresentam, e que se suprimíssemos A subjetividade e o sujeito não
nosso sujeito, ou simplesmente a aparecem na psicologia como
constituição subjetiva dos nossos resultado de seu trânsito pela
sentidos em geral, desapareceriam modernidade, mas como resultado
também todas as propriedades, de sua assimilação da dialética
todas as relações dos objetos no marxista, enriquecida no processo
espaço e no tempo, e também o de desenvolvimento da psicologia
espaço e o tempo, porque tudo isto, pela influência crescente do
como fenômeno, não pode existir pensamento complexo nas ciências
em si, mas somente em nós do homem. (REY, 2003, p. 222).
mesmos.
Cumpre ressaltar que nem sempre a
Outro filósofo que problematiza a Psicologia abarcou discussões sobre a
visão cartesiana é Husserl. Ao discorrer subjetividade. Rey (2003), ao traçar um
sobre o que considera ser uma nova panorama das teorias do sujeito no âmbito
fenomenologia, esse filósofo chega a da Psicologia, destaca as bases empiristas e
salientar a influência do pensamento experimentais que dominaram essa ciência,
cartesiano sobre essa corrente filosófica, no final do século XIX e início do século XX,
mas propõe uma reformulação das na Europa e nos Estados Unidos. A
meditações de Descartes, no que tange à subjetividade aparece na Psicologia como
noção de sujeito. No entendimento de produto da assimilação da dialética
Husserl, o sujeito cartesiano é abstrato, marxista. Dessa forma, pode-se notar a
desvinculado do mundo: influência da visão marxista na Psicologia
Infelizmente é o que acontece em Social.
Descartes com a viragem discreta,
A assimilação organizada do
mas funesta, que transforma o ego
marxismo pela psicologia, que se
em substantia cogitans, em animus
apresenta pela primeira vez na
humano separado, em ponto de
psicologia soviética, incorporou a
partida para raciocínios segundo o
visão marxista do homem na
princípio da causalidade, em suma,
construção do pensamento
com a viragem pela qual se tornou o
psicológico e, pela primeira vez,
pai do contraditório realismo
reconheceu a formação da psique
transcendental. (HUSSERL, 1929, p.
dentro do espaço histórico-cultural
8, citado por MOREIRA; SILVEIRA,
do homem. (REY, 2003, p. 222).
2011).

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Ainda segundo esse autor, o lacaniano é visto mais como uma


surgimento da psicanálise foi fundamental entidade/construção psíquica que se
para a inclusão do tema subjetividade nos adapta ao mundo, não se constituindo em
estudos de Psicologia. Rey (2003) analisa as agente de transformação, ou seja, é um
contribuições de Freud e Lacan, apontando sujeito incapaz de romper, de criar, de
os avanços de suas teorias e, ao mesmo mudar e se torna “preso” às estruturas da
tempo, tece algumas críticas a partir das linguagem, tornando-se produto delas.
lacunas deixadas por esses autores. Ao falar Portanto, é um sujeito a-histórico, alienado
sobre Freud, Rey (2003) destaca a e sem criatividade. Dessa forma, para Rey,
importância do estudo de casos para a o sujeito lacaniano aparece como efeito, o
construção da base teórica da Psicologia. que o descaracteriza enquanto sujeito
Porém, acrescenta que o sujeito freudiano social, com uma história, cuja consciência
se apresenta como um cenário de luta de reflete as implicações da relação entre o eu
forças, o que não nos autoriza, no e o outro.
entendimento de Rey, a considerar esse
Em seus estudos, Rey defende um
indivíduo como um sujeito propriamente
sujeito que só existe em sua relação com o
dito.
social, rompendo com a ideia de que a
Com relação ao sujeito lacaniano, subjetividade é um fenômeno individual.
Rey (2003) destaca a inserção da linguagem Na perspectiva da subjetividade social,
nos estudos daquele autor. Apesar de segundo o autor:
considerar tal fato como um avanço da
Os processos sociais deixam de ser
teoria lacaniana, Rey sustenta que o vistos como externos em relação aos
“sujeito de Lacan é ficcional; está indivíduos, ou como um bloco de
incapacitado para seguir o princípio da determinantes consolidados, que
realidade” (REY, 2003, p.38). A linguagem, adquirem o status do "objetivo"
diante da subjetividade individual,
então, deixa de ser uma forma de para serem vistos como processos
expressão, desenvolvimento e mudança do implicados dentro de um sistema
próprio sujeito, uma vez que esse sujeito complexo, a subjetividade social, da
não se responsabiliza por sua ação no qual o indivíduo é constituinte e,
simultaneamente, constituído. (REY,
mundo. Sob essa perspectiva, o sujeito 2003, p. 202).

SUBJETIVIDADE NA PERSPECTIVA DA GESTALT

A ideia básica da Gestalt é a de que “tudo é um todo”, um contraponto a uma visão


atomista da compreensão da subjetividade e da noção nosográfica tradicional que considera
a patologia como intrapsíquica e individual.

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Consideração dialética da Gestalt

Tudo é uma totalidade. Concepção conjunto envolvente. Apresenta um


do holismo; 2) Tudo muda e; 3) Tudo se discurso sobre o funcionamento ótimo da
relaciona como algo mais: ideia de personalidade, com ênfase maior na saúde
processo, de dinâmica da inter-relação. do que na psicopatologia. A Gestalt se
Interrelação significa a própria dimensão da interessa pelo desenvolvimento máximo do
intersubjetividade e a superação da potencial humano, ou seja, parte de sua
concepção linear e determinista de que as dimensão saudável para compreendê-lo
experiências infantis causam distúrbios na como um todo.
vida adulta.
A concepção de psicopatologia da Fundamentos filosóficos: Fenomenologia e
Gestalt é relacional, entende o sujeito como no Existencialismo (direcionamento para o
um ser de relações. O fundamento da humanismo)
relação está na confirmação da existência Teorias de fundo ou disciplinas basais:
do outro e a psicopatologia é, pois, produto Gestalt theory, Teoria do campo, de Kurt
da desconfirmação. O ser humano não se Lewin e Teoria organísmica, de Kurt
resume aos seus instintos, estes fazem Goldstein.
parte de um conjunto maior, de um

Formulações basais da Gestalt


Contato: equivalente à tele, no Referencial organísmico: valoriza-se os
psicodrama, ou a sincronicidade, em Jung, aspectos emocionais do sujeito. Isso
ou seja, remete a ideia de padrões de significa dizer que o ser humano sente
interconexão. emoções e estas não são mediadas
simbolicamente, mas vividas no imediato,
Redução fenomenológica: busca do
sentidas diretamente da nossa realidade.
significado intrínseco da vivência, a procura
Na psicanálise, a mediação verbal e a
do subjacente e tem como consequência a
instrumentalização através da
intuição das essências.
interpretação delimitam a suposição de que
Totalidade: ideia de que é virtualmente a realidade não pode ser tocada
impossível apreendermos diretamente, mas tão somente por meio de
fenomenologicamente o outro sem signos e designações produzidas
atentarmos para a sua totalidade. O grande inconscientemente. Na Gestalt-terapia, em
erro da psiquiatria é desconsiderar a consonância com a perspectiva
globalidade do sujeito enquanto uma existencialista, a realidade é a realidade do
realidade interativa e inter-atuante. vivivo, presente e imediato. Assim, o
significado, em Gestalt terapia, não é o
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simbólico freudiano, mas o próprio vivido Gestalt-terapia está assentada na crença de


perceptual, o dado imediato da sensação que a existência só se dá no presente; o
humana, tal qual o mundo, as coisas se passado é sempre lembrado a partir de sua
apresentam aos sentidos e assim, analisá- posição e de sua repercussão na vida atual
los. da pessoa. Ou seja, a ideia não é reviver o
trauma em si, reviver imageticamente
Perls et al. (1997): “O passado e toda
situações do passado. A proposta é
outra fixidez persistem através de seu
trabalhar na psicoterapia as situações
funcionamento presente: uma abstração
inacabadas do passado que ainda habitam e
persiste quando é comprovada na fala
tomam de emoção o sujeito, bloqueando o
presente" (p. 100). Ora, dessa forma, a
fluxo de sua vida em determinada esfera.

NEUROSE
• Neurose: incapacidade de regular o equilíbrio, manobras defensivas (clichês ou
existência dos sinais - sinais de contato “bom dia”; papéis ou jogos - as pessoas
fingem que são quem gostaria de ser “como se”; impasse, implosiva/anti-
existência/evitar fóbico - experienciação do vazio e do nada, geralmente
retrocede-se à camada dos papéis pela interrupção da tomada de consciência;
paralisia de forças opostas; contração, compressão, implosão; explosiva -
emergência da pessoa autêntica (formas de explosão: pesar - trabalho de perda
ou morte não assimilado previamente, orgasmo - bloqueio sexual, raiva -
expressão reprimida; Joie de vivre - alegria, riso, alegria de viver);

MECANISMOS NEURÓTICOS (GESTALT)

Na Gestalt-terapia o homem é visto conforme: intensidade, maleabilidade,


como potencialmente saudável. Assim os momento em que intervêm e
mecanismos de defesa neuróticos, são oportunidade.
compreendidos como formas de evitação
A ação terapêutica deve objetivar tornar as
do contato; manobras defensivas de
resistências mais conscientes ou figurais,
manutenção do equilíbrio e proteção
favorecendo um adaptado à situação do
contra o mundo. Esta evitação de contato
momento. Um mecanismo de defesa por si
pode ser saudável ou patológica,
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só não é bom ou ruim. O seu uso e o seu


funcionamento é o que 4. Retroflexão - voltar para si mesmo a
caracteriza "patologia". energia mobilizada, fazer a si aquilo
que gostaria de fazer aos outros ou
1. Confluência- estado de não-contato, que os outros lhe fizessem. São
por fusão ou ausência de fronteira de exemplos (patológica ou saudável):
contato. O self (si mesmo) não pode morder os dentes ou cerrar os
ser identificado, ausência de punhos para não
discriminação eu/meio. agredir; masturbação; sadismo
e masoquismo; a fala mental etc.
2. Introjeção- incorporação de
elementos do meio, de ideias a 5. Deflexão- evitar o contato direto,
sentimentos, relações, valores etc. desviando a energia de seu objeto
Não há a implicação de um elemento primitivo. São exemplos: desviar o
que não foi assimilado. Alguns olhar; "falar sobre"; usar termos
autores (Ginger) referem que a técnicos etc.
introjeção só é patológica quando
não permite a assimilação. 6. Proflexão- combinação de projeção e
retroflexão, caracteriza-se em fazer
3. Projeção - atribuir ao meio ao outro aquilo que gostaríamos que
elementos fantasiados pelo próprio o outro nos fizesse.
indivíduo. Há aqui um deslocamento
da responsabilidade do indivíduo 7. Egotismo- reforço deliberado nas
para o meio. Seu movimento não fronteiras de contato, devido a um
patológico é o que permite, por reinvestimento de energia no ego,;
exemplo, a empatia entre os geralmente é uma etapa do processo
indivíduos. terapêutico, mas como um estado
crônico se torna uma patologia.

Resumindo a etiologia das neuroses do ponto de vista da Gestalt-terapia:


• Perls: com o acúmulo de necessidades self: função id (necessidades
interrompidas ou inacabadas, o corporais); função eu (escolha ativa,
organismo repete, na busca de funções de contato); função
completar o que está inacabado ou personalidade (autoimagem). Um
interrompido, objetivando fechar a sintoma caracteriza a resolução mais
Gestalt; criativa que o organismo consegue
• Paul Goodman: o self estaria vivendo alcançar naquele momento entre os
uma interrupção na capacidade de diferentes níveis de funcionamento.
promoção do ajustamento criativo do
A consciência é um evento
organismo ao ambiente de forma
focalizado no presente, no aqui-e-
atualizada. - Existiram três funções no
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agora, isto significa que: para perceber mecanismos de evitação, que podem
melhor um fenômeno deve-se estar ter funcionamento patológico. A
concentrado nas funções de contato. resistência ou a defesa são construídas
Este fluxo de consciência é conceituado através de uma determinada fantasia,
em Gestalt-terapia como "awareness". contudo, nem toda fantasia caracteriza
Quando há uma interrupção desse em resistência ou defesa. A patologia
fluxo, significa que a consciência deixou implica não somente evitação do
de focalizar sua percepção sensorial contato, mas a qualidade e a
para focalizar também uma fantasia. funcionalidade desta evitação.
Estas fantasias são a base dos

SUJEITO EM LACAN

Lacan concebe que a constituição o como produção imaginária, é fonte de


sujeito se expressa a partir de relações fragmentação, distorção e alienação. É
simbólicas, estruturadas a partir da nesta fase que a criança começa a
linguagem intersubjetivamente articuladas estabelecer uma ilusão narcísica, pela qual
com o Outro. O imaginário é um registro buscará nessa relação indissolúvel entre
psíquico correspondente ao ego (eu) do sujeito e objeto perceber a falta e a
indivíduo. O indivíduo busca no Outro incapacidade de integrar com ela mesma.
(pessoas, amor, imagem, objeto) uma Na medida em que a criança identifica com
sensação de completude, de unidade. No a sua imagem, experimenta a falta.
entanto, o Outro não existe para
Na dialética do corpo ao ser
desenvolver a imagem com que o ego (eu)
atravessado pela linguagem, funda-se o
quer ser sustentado. “O real é o registro
sujeito no desejo. Assim, a trama constitui-
psíquico que não deve ser confundido com
se numa relação especular, e essa relação é
a noção corrente de realidade. O real é o
constitutiva na formação do inconsciente, a
impossível, aquilo que não pode ser
“metáfora do espelho”. É a partir da
simbolizado e que permanece impenetrável
problemática do real, do simbólico e do
no sujeito” (BRAGA, 1999, p. 2).
imaginário que se vai esclarecer como a
O imaginário define-se como o reino teoria do estádio do espelho subjetiva. O
em que não existe divisão entre sujeito e “processo da sua maturação fisiológica
objeto. Significa dizer que nesta fase o permite ao sujeito, num dado momento da
sujeito não se diferencia do objeto de seu sua história, integrar efetivamente suas
desejo, uma unidade, pois, faz com que essa funções motoras, e aceder a um domínio
separação não exista e, portanto, não real do seu corpo” (LACAN, 1998, p. 96).
consiga distinguir de sua imagem aquilo que Para o autor, é necessário que a palavra, a
é dele daquilo que é do outro. O si mesmo, linguagem, ultrapasse o campo do real e
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inscreva no corpo carne desse suposto que ele esteja ali refletido como outro –
sujeito os significantes que venham nomeá- “metáfora do espelho” é que a mãe vai
lo como sujeito, por meio do que ele vive e permitir ao filho se reconhecer como um
internaliza como um traço na memória. E é sujeito outro que não ela. Esse Outro que
pelo sulco, fenda ou rastro de memória que, remete a significantes é decisivo pelas
pela repetição, vai se significando o sujeito. marcas que deixa no corpo do infans. E são
Para Lacan (1998) existem dois momentos as significações que este dá a essas marcas
na constituição do sujeito no estádio do que possibilitarão o processo de
espelho. O primeiro momento é o de constituição do sujeito psíquico. Ao se
alienação recíproca quando o bebê uno sentir como “Eu” no espelho percebe-se
com a mãe. O segundo momento é o de como um outro diferente da mãe, embora
separação, quando é necessário que o ainda dependa da sustentação desta mãe,
mesmo bebê se veja separado do corpo da que o suporta no corpo, nas palavras e nos
mãe e se movimente para outra coisa, gestos.
elegendo outro objeto de satisfação. Nesse
A linguagem e a fala são ressaltadas
processo é necessário que o filho se
como elementos constituintes da
desloque do corpo da mãe e passe a se
construção teórica e clínica de Freud, em
reconhecer a partir do espelho, “imagem
oposição a qualquer leitura biologizante da
especular”. Essa passagem é precedida de
obra freudiana. As manifestações do
uma fase pré-especular em que a mãe
inconsciente, os sonhos, atos-falhos e
empresta ao filho a sua imagem que
chistes, dependem do campo da linguagem.
aparece refletida no espelho.
A prática da análise é entendida a partir das
Lacan situa um tempo para que a funções da fala e do campo intersubjetivo
criança reconheça sua própria imagem. Isso em que ela se desenrola. É por isso que a
é possível mediante o olhar que o outro proposta lacaniana de valorização da
devolve ao bebê, na relação simbiótica do linguagem em psicanálise se faz sob o signo
desejo fálico. Ao investir neste desejo de de um “retorno a Freud”.

SUJEITO E SUBJETIVIDADE EM VYGOSTKY

Para compreender a constituição da seriam íntimas, pessoais e únicas, ou seja,


subjetividade para Vygostky, precisamos totalmente originais e intransferíveis, como
nos remeter à própria história do mesmo: o uma salvaguarda para um período de crise
conceito de subjetividade que orientava a social, em que cada vez mais o público
psicologia do século XIX se referia às penetrava na vida do indivíduo, desde sua
experiências vividas pelo indivíduo que concepção.

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Assim, desenvolveu-se um conceito perdurou diante da insegurança sobre esta


de subjetividade que ressaltasse o indivíduo pretensa singularidade e liberdade do
capaz de decidir, com autonomia, iniciativa, indivíduo, porque se fundamentava numa
emoções e sentimentos privados, ao qual se ilusão de sujeito abstrato, à parte de sua
denominou subjetividade privatizada. cultura, desconectado de sua história e
Porém, tal conceito, que remetia às idéias relações sociais nas quais estava inserido.
liberais e românticas da época, não

O Nascimento cultural do Homem

Vygotsky, em sua obra, referiu que A Internalização constitui para


o desenvolvimento psicológico da criança é Vigotsky o modo como os sujeitos
um processo de natureza cultural, o que em constroem significados sobre suas
outras palavras quer dizer que a criança experiências no e do mundo. Além disso,
desenvolve suas funções psicológicas destaca-se o papel da externalização, que se
superiores quando em contato com a caracteriza como um processo de análise
cultura de seu grupo social. Aos poucos, a dessas experiências, em nível subjetivo
criança vai se apropriando das significações (materiais pessoais-culturais) e a sua
que os adultos atribuem às coisas e, em transposição para o mundo externo, como
particular, às suas próprias ações. Para de “dentro” para “fora” da pessoa. Nessa
tanto, Vygotsky se utiliza do exemplo sobre transposição, a pessoa comunica a sua nova
o ato de apontar da criança para defender síntese, podendo modificar, dessa forma, o
essa idéia. ambiente externo.

Poderíamos dizer que a Neste contexto, sem reduzir o ser


constituição do sujeito passa pelo humano às determinações sociais, mas
significado que o outro dá às ações que esse considerando também as características
sujeito estabelece, mas além disso, o orgânicas, Vygotsky enfatiza que a gênese
próprio significado que o outro dá a essas da sua constituição é histórico-cultural,
ações é produto de todo um processo relacionando a cultura como parte
histórico e cultural. Assim, mais uma vez se integrante da natureza do ser humano e
comprova que a subjetividade do indivíduo como categoria central de uma nova
se dá ao nível das relações deste com o concepção do desenvolvimento psicológico
outro. Através da mediação do outro, a do homem. Acreditava em uma teoria do
criança vai se transformando de ser desenvolvimento psicológico humano,
biológico em ser cultural. baseada na noção de que a essência da vida
humana é cultural.

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SUJEITO EM REICH

O valor básico do enfoque cada ser humano, tornando possível a


Reichiano reside no pioneirismo a criação de uma ponte entre maturidade
percorrer a profundidade no ser humano pessoal e sexual e a manifestação livre de
com um enfoque completamente diferente uma vida plena, funcional e harmônica.
de tudo o que havia até então. Segundo o
No livro Análise do Caráter, Reich
autor, já a partir de Freud começa a haver
traz uma revolução na prática da
uma mudança positiva quanto às
psicanálise clássica, que tem suas bases no
perspectivas e possibilidades de
foco do tratamento de sintomas
crescimento humano. Entretanto, a
neuróticos. Análise do Caráter propicia um
psicanálise, ao mesmo tempo em que nos
grande salto dentro da psicologia. Na visão
trouxe a profundidade da dimensão do
de Reich, todo o caráter (ou personalidade)
inconsciente, possibilitando novas
de uma pessoa – e não apenas os sintomas
perspectivas de crescimento do indivíduo,
individuais aparentes – deveria ser olhado
também instituiu que esta dimensão tão
e tratado como fenômeno neurótico. O
profunda, inevitavelmente presente em
livro também introduz a teoria de Reich
nós, teria uma base anti-social e destrutiva,
sobre a couraça caracterológica: afirma
capaz de devastar tudo à sua volta caso se
que a energia sexual retida no corpo
tornasse dominante.
produz estrangulamentos energéticos em
A plena possibilidade de liberdade músculos, tecidos e vísceras,
do ser humano, desta forma, ficaria impossibilitando a fluência e a descarga de
impedida, e as perspectivas de crescimento energia.
limitariam-se a um “reordenamento de
Devido ao desconhecimento da
controles”, sem configurar-se uma
função da sexualidade em geral e do
verdadeira mudança estrutural. Reich
orgasmo em particular, que é a de
propõe uma mudança deste enfoque
regulador da energia biopsíquica do
freudiano da natureza humana, ao afirmar
organismo, esta função está perturbada na
que o centro de energia do nosso ser –
maioria dos seres humanos. Este processo
nosso Core, nossa sexualidade, o traço de
é mantido pela repressão sexual de origem
vida mais profundo em nós –, ou seja, o que
social. A energia represada é a fonte de
verdadeiramente somos, é bom, é a
inúmeros sintomas individuais e sociais. A
natureza funcionando com perfeição, e não
orgonoterapia, técnica desenvolvida por
um demônio que devamos controlar a vida
Reich para estabelecer o equilíbrio
toda. Esta concepção torna mais amplas as
emocional e físico dos indivíduos, é uma
reais possibilidades de plena liberdade em
terapia energética. A energia alimenta
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tanto a psique quanto o soma. Portanto, na • A energia vital, (libido/orgone) em


base de qualquer sintoma, seja ele psíquico circunstâncias naturais, tem poder de
ou somático, há um desequilíbrio auto-regulação;
energético que precede à formação do
A estrutura caracterológica do
sintoma.
homem atual – que vem perpetuando uma
Alguns conceitos básicos, retirados cultura patriarcal e autoritária há quatro
do livro A Função do Orgasmo, podem mil anos –caracteriza-se por um
definir sinteticamente esta teoria: “encouraçamento contra a natureza
dentro de si mesmo e contra o mundo
• Sustenta a ideia de uma unicidade
social que o rodeia”. (Reich, 1974, citado
entre corpo e mente.
por ALMEIDA; ALBETINI, 2014).
• O ser humano é mais que palavras,
símbolos e imagens, sendo sustentado Couraça muscular: Soma total de atitudes
todo no corpo e no movimento. musculares que o indivíduo desenvolve
como defesa contra a supressão de afetos
• A saúde psíquica depende da potência
orgástica (pleno desenvolvimento do e emoções, principalmente a angústia,
reflexo do orgasmo); raiva e excitação sexual.

• A maioria dos seres humanos sofre de Couraça caracterial ou de caráter: Soma


impotência orgástica, pois a energia total de atitudes que o indivíduo
biológica está bloqueada e se desenvolve como defesa contra a angústia
converte, assim, na fonte das mais e cujo resultado é a rigidez de caráter, falta
diversas manifestações irracionais, ou de contato, insensibilidade. Caráter
seja, todos os sintomas físicos ou genital: potência orgástica; capacidade de
mentais são parte de um sistema abandonar-se, livre de inibições, ao fluxo
energético; de energia biológica capacidade de
• A cura dos transtornos psíquicos descarga total da excitação sexual
requer, em primeiro lugar, o reprimida, por meio de convulsões
restabelecimento da capacidade corporais agradáveis e involuntárias;
natural de amar. Isso depende tanto capacidade de auto-regulação. Energia
das condições sociais como das Orgônica: energia biológica específica,
psíquicas; derivada de organismo e orgasmo; é livre
de massa; está presente em qualquer
• As perturbações psíquicas são o parte; é o meio para a atividade
resultado do caos sexual, originado
eletromagnética e gravitacional; está em
pela natureza da sociedade;
constante movimento; altas concentrações
de energia atraem a energia de ambientes

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menos concentrados; forma unidades que desastres terríveis. “A negação


se tornam o centro da atividade criativa; social extrema da vida conduz às
mortes em massa em forma de
O encouraçamento do caráter é a guerras, assim como as
base da solidão, do desamparo, do perturbações psíquicas e somáticas
insaciável desejo de autoridade, do medo do funcionamento vital.” (Reich,
da responsabilidade, da angústia mística, 1974, citado por ALMEIDA;
da miséria sexual, da rebelião impotente, ALBERTINI, 2014).
assim como de uma resignação artificial e
patológica. Os seres humanos têm adotado Reich contribuiu para a criação e o
uma atitude hostil quanto ao que está vivo desenvolvimento de um novo paradigma
dentro de si mesmos, do qual têm se científico que questiona o saber científico
distanciado. Esse encouraçamento não atual e propõe uma nova forma de
possui uma origem biológica, e sim social e compreender a natureza, as leis da física e
econômica; o próprio ser humano. Em termos do
desenvolvimento da psicoterapia corporal,
A formação do caráter no âmbito
a concepção reichiana implica num modelo
autoritário tem como ponto central não o
de saúde global que utiliza ferramentas
amor parental, mas a família autoritária.
multidisciplinares da medicina energética e
Seu instrumento principal é a supressão da
da própria psicoterapia corporal para
sexualidade na criança e no adolescente;
abordar a enfermidade, tanto do ponto de
O não cumprimento da lei natural vista preventivo como do patológico, e
da sexualidade (o homem é a única onde os transtornos emocionais e afetivos
espécie que não a cumpre) é a são a chave para compreender grande
causa imediata de uma série de parte dos distúrbios psicossomáticos.

SEGMENTOS DA COURAÇA

• Olhos: imobilidade da testa e • Tórax: músculos longos do tórax,


expressão ‘vazia’ dos olhos; músculos dos ombros e omoplata,
• Boca: segmento oral (músculos do toda caixa toráxica, mãos e
queixo, garganta e parte de trás da braços;inibição do riso, raiva, tristeza e
cabeça); maxilar excessivamente preso desejo; inibição da respiração;
ou frouxo; expressões emocionais • Diafragma: diafragma, estômago,
inibidas; plexo solar, órgãos e músculos ao
• Pescoço: músculos profundo do longo das vértebras torácicas baixas;
pescoço e língua; segurar raiva ou • Abdômen: músculos abdominais e das
choro; costas; tensão muscular lombar ligada
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a medo de ataque; instabilidade e • Pélvis: músculos da pélvis e membros


inibição do rancor; inferiores; inibição da raiva, ansiedade,
e prazer

INSTRUMENTOS PARA DISSOLVER AS COURAÇAS

• Bioenergética: neo-reichiana; enfatiza musculatura, que entraram em curto-


a função do corpo na análise do caráter circuito ou foram desviadas por maus
e na terapia; enfatiza a necessidade de hábitos, tensão ou outras influências
fundamentação nos processos físicos, negativas. O objetivo é o
emocionais e intelectuais próprios; desenvolvimento de um corpo que
• Integração Estrutural (Rolfing): sistema possa mover-se com um esforço mínimo
de remodelagem e realiviamento da e o máximo de eficiência, não através do
postura do corpo através de um aumento da força muscular mas de uma
estiramento profundo e maior compreensão do funcionamento
freqüentemente doloroso da fáscia corporal;
muscular, realizado pela manipulação • Conscientização Sensorial: focaliza a
profunda e direta; percepção direta, ensinando a distinguir
• Técnica de Alexander: método para as sensações das imagens aprendidas
mostrar às pessoas como estão usando cultural e socialmente e que, com
seus corpos de forma inadequada e freqüência, encobrem e distorcem a
ineficiente, e como podem evitar este experiência;
uso quando estão em atividade • Despertar sensorial: contato com seus
ou repouso; pré-requisito para o corpos e sentidos, aprendendo a aceitar
movimento livre e eficiente, é o maior a tocar e a ser tocadas, a proteger e a ser
alongamento possível da espinha, de protegidas;
forma nau. • Hatha Yoga: práticas e disciplinas
• Método Feldenkrais: ajudar na destinadas a controlar o corpo e as
recuperação da graça natural e da pranas ou energias vitais do corpo;
liberdade das quais desfrutamos todos freqüentemente encarada como uma
quando crianças. Trabalha com padrões disciplina preliminar para purificar o
de movimento muscular, ajudando o corpo e superar os obstáculos físicos
indivíduo a encontrar o modo mais para a meditação e outras práticas
eficiente de se mover e eliminando as espirituais da ioga; objetivo principal é
tensões musculares desnecessárias o desenvolvimento de um
além padrões ineficientes que funcionamento corporal saudável e
aprendemos no decurso dos apropriado;
anos. Trabalha no restabelecimento das • Tai-chi chuan: significa literalmente
as conexões entre o córtex motor e a “luta suprema final”; um dos maiores
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objetivos da prática é desenvolver chi de verificar quem é o mais forte.; pode


(energia vital) no corpo; o propósito é ser traduzido por “uma forma de
eliminar toda tensão do corpo de forma harmonia espiritual” (“Ai” - unificar,
que chi flua sem obstáculos; juntar ou harmonizar; “ki” - é energia de
• Aikido: aprender a harmonizar-se com vida, vontade, força vital ou
os movimentos de um parceiro, em vez espírito; “do” - trilha ou caminho).

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, B. P.; ALBERTINI, P. Anoção de couraça na obra de Wilhelm Reich: publicações de 1920 a 1933.
Psicologia USP, v. 25, n. 2, p. 134-143, 2014.

BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Subjetividade, representação e sentido. In: BRANDÃO, Helena H. Naganmine.
Subjetividade, argumentação, polifonia: a propaganda da Petrobrás. São Paulo: Fundação Editora da UNESP,
1998, p. 33-45.

FERREIRA-LEMOS, PP. Sujeito na psicanálise: o ato de resposta à ordem social. In: SPINK, MJP., FIGUEIREDO, P.,
and BRASILINO, J., orgs. Psicologia social e pessoalidade [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas
Sociais; ABRAPSO, 2011, pp. 89-108. ISBN: 978-85-7982- 057-1. Available from SciELO Books .

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução: Luiz Felipe Baeta Neves. Petrópolis: Vozes, 1972, 260 p.

GINGER, S; GINGER, A.- GESTALT- UMA TERAPIA DO CONTATO , São Paulo: Summus, 1995.

LACAN, J. O seminário. Livro 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

______. O seminário. Livro 5: as formações do inconsciente [1957-1958]. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

MOREIRA, A. G. SILVEIRA, H. M. M. L. Teorias da Subjetividade: convergências e contradições. Revista


ContraPonto, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 58-69, 2011.

REY, Fernando Luis González. Sujeito e subjetividade: uma aproximação históricocultural. Tradução: Raquel
Souza Lobo Guzzo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, 290 p.

ROSSETTO, E.; BRABO, G. A constituição do sujeito e a subjetividade a partir de Vygotsky: algumas reflexões.
Travessias, n. 5. ISSN 1982-5935.

WEINMANN, Amadeu de Oliveira. Uma contribuição à história do movimento psicanalítico: a trajetória de


Wilhelm Reich. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 22, n. 3, p. 14-19, Sept. 2002 .

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EXERCÍCIOS

01. (CONUPE, 2016 Secretaria de Saúde do condições de possibilidades para a


Recife, Perfil Atenção Básica) No âmbito da constituição de determinados saberes e de
psicologia, temos, com Reich, um individualidades”. (Branco, 2007)
contraponto aos demais modos de
construção da subjetividade. Assinale a Assinale a alternativa que identifica,
alternativa que, CORRETAMENTE, tipifica a CORRETAMENTE, o autor que aborda a
ideia desse autor. constituição da subjetividade a partir da
A) Valorização do campo perceptivo como rede de dispositivos ou mecanismos de
fator configurador do campo psicológico poderes a que estamos submetidos.
B) Proposição mecanicista de compreensão A) Marx
do todo a partir de suas partes B) Foucault
C) Tentativa de superar a restrição C) Kurt Lewin
mentalista e afirmar a importância da D) Vygotsky
matéria (corpo) E) Bion
D) Dimensionamento do sujeito ao desejo
enquanto representação psíquica
inconsciente 04. (CONUPE, Perfil Atenção Básica, 2017)
E) Ênfase no contexto sócio-histórico como Sobre o processo de constituição da
determinante da constituição psíquica subjetividade, considere as afirmativas
abaixo:
02. (CONUPE, 2016) Embora tenham focos I. Para Vygostsky, a constituição do sujeito
e abordagens distintas, e até díspares, decorre da aprendizagem-internalização
sobre a subjetividade, Lacan e Vygotsky vivida com o outro, segundo a mediação
coincidem quando observam sua sócio-histórica promovida pela linguagem.
constituição a partir da linguagem e sua II. Com Rogers, o sujeito, senhor de sua
função de subjetividade, marcada pela liberdade e
A) socialização. pela responsabilidade individual, é capaz de
B) reflexão. se autocriar e autodeterminar para definir
C) mediação. sua posição existencial no mundo.
D) polifonia. III. Lacan, supondo um sujeito do
E) rememoração. inconsciente, concebe que a verdadeira
identidade do sujeito se constitui e se
03. (CONUPE, Saúde da Família UFPE/CAV, expressa, essencialmente, nas relações
2014) Sobre o processo de constituição da imaginárias (fantasística),
subjetividade, analise a seguinte intersubjetivamente articuladas com o
afirmação: “O poder é algo que reprime os outro.
indivíduos, as pulsões, a classe. As relações Está INCORRETO, apenas, o que se afirma
de poder, como bem mostram a questão da em:
construção das identidades, devem ser A) I. B) II. C) III.
consideradas não apenas como inibidoras, D) II e III. E) I e III.
mas também como produtoras de

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05. (CONUPE 2020, Perfil Atenção Básica) concomitante, contribuem para a sua
Considere a seguinte afirmação: A constituição e funcionamento.
Psicologia não deve se ater, apenas, ao D) Considera a noção de causalidade
estudo da doença, da fraqueza e das conectada aos processos sociais, culturais,
perdas; semelhante atenção deve ser tecnológicos, midiáticos, ecológicos ou
dada ao estudo de forças e virtudes urbanos na sua constituição e
humanas. O tratamento psicológico não funcionamento.
envolve apenas um reparo de algo que E) Envolve a subjetividade como estrutura
está quebrado, mas o cultivo do que há de identitária, decorrente do processo de
melhor em cada indivíduo. (Adaptado de interioridade projetiva.
Passareli e Silva, 2007.)
07. (CONUPE, 2010). Assinale V
Essa perspectiva, que fundamenta a (verdadeiro) ou F (falso) sobre as
Psicologia Positiva, aborda a consequências no campo das práticas de
subjetividade, segundo alguns saúde, apontadas por Ayres (2001), da
componentes, dos quais é INCORRETO passagem de uma concepção essencialista
considerar a de sujeito para uma concepção da
A) valoração da capacidade de resiliência. subjetividade como histórica.
B) promoção das condições de felicidade. ( ) Construção de referências conceituais
D) localização das emoções positivas e mais fecundas para o campo da saúde.
saudáveis. C) ênfase nas defesas psíquicas ( ) Participação na construção de
inconscientes. E) afirmação de um modelo identidades e de fortalecimento do poder
pautado no bem-estar. transformador de indivíduos e grupos no
que se refere à saúde.
06. (CONUPE, 2015). A concepção de ( ) Tratarmos o sujeito como núcleo
subjetividade vinculada à interioridade individual e permanente de produção de
psicológica tem sido problematizada, e a coisas.
discussão contemporânea nas políticas ( ) Tornarmo-nos mais capazes de chegar
públicas volta-se à compreensão dos ao âmago dos processos mais vivos da
processos de subjetivação no território. constituição como tal.
Nesse sentido, dentro desse debate sobre ( ) Considerarmos os pacientes como mais
a noção de “processo de subjetivação”, um objeto no mundo.
assinale a alternativa CORRETA. Assinale a alternativa que apresenta a
A) A noção de processo de subjetivação sequência CORRETA.
refere-se à vida íntima e privada em A) V, V, V, F, V.
situação de sofrimento. B) V, V, F, V, F.
B) Envolve a subjetividade mais como C) F, V, F, F, F.
estrutura do que como processo. D) V, F, F, F, V.
C) Trata-se de uma subjetividade não E) F, F, V, V, V
determinada pelo social, mas, em conexão
com os processos sociais, culturais, 08. (UFES, SF, 2016) Qual das alternativas
econômicos, tecnológicos, midiáticos, abaixo melhor traduz a noção de sujeito
ecológicos e urbanos que, de forma em psicanálise, inaugurada por Freud e
retraçada por Lacan?

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A) O sujeito se constitui a partir da organizacional, deve comprometer-se com


estrutura da linguagem que o submete e o a imprescindível associação entre a
divide. constituição do sujeito e a trama complexa
B) O sujeito da psicanálise é dividido e, e heterogênea das ________________.
portanto, possuidor de dupla Sem tal, não desvelamos o sujeito e sua
personalidade. verdade, mas sua meia-verdade”
C) O sujeito da psicanálise é o sujeito da (Adaptado de Branco, 2011).
razão plena e da consciência de si.
D) O sujeito da psicanálise é o sujeito do Considerando as ideias de Foucault,
inconsciente, cujas alucinações criam a assinale a alternativa que,
realidade psíquica eliminando a realidade CORRETAMENTE, preenche a lacuna:
externa. A) condições de produção sociais
E) O sujeito da psicanálise é o sujeito da B) crenças sociais e culturais
psicologia do desenvolvimento C) relações de poder
psicossexual. D) estratégias de resiliência
E) formas de produção discursivas
09. (CONUPE, Perfil AB, 2018) Considere a
seguinte afirmação: “O homem é um ser- 11. (CONUPE, ESPPE-Garanhuns) Suponha
no-mundo, agindo ativamente sobre o que um Psicólogo, em oposição ao cogito
mundo e o transformando e recebendo cartesiano – Penso, logo sou, faça a
dele também influências, em uma relação seguinte afirmação: “Penso onde não sou,
recíproca. O indivíduo não pode ser sou onde não penso”. Assinale a
concebido isoladamente; estará sempre alternativa que identifica,
em um contexto em que há um conjunto CORRETAMENTE, a perspectiva de
de forças atuando e sempre o atingindo de subjetivação implícita na afirmação do
uma forma inteira, como um todo” (Elídio, Psicólogo.
2000). Esse modo de abordagem da A) O desejo inconsciente
subjetividade, que propõe uma visão do B) A vontade consciente
sujeito mais integrado, para, assim, C) O desejo consciente e/ou pré-conciente
superar o fragmentarismo e o mecanicismo D) A vontade consciente e/ou pré-
vigente em algumas concepções, é aquela consciente
concernente à E) O instinto e sua indeterminação
A) Logoterapia. hereditária.
B) Gestalt-Terapia.
C) Abordagem Centrada na Pessoa. 12. (UPE, 2022, PERFIL AB) Ainda sobre a
D) Teoria Sistêmica. Teoria Psicanalítica, pode-se afirmar que:
E) Psicologia Positiva. Quando o objeto de escolha original de uma
pulsão se torna inacessível, em virtude de
10. (CONUPE, Perfil AB, 2018) Considere a obstáculos externos ou internos (anti-
seguinte afirmação: “O enfoque da catexis), formam-se novas cetexis, exceto
subjetividade nos diversos campos onde se quando ocorre a interferência de forte
materializa a existência humana, por recalque. Se essa nova catexis também for
exemplo, uma criança e seu contexto bloqueada, ocorre outra (o)
escolar ou um trabalhador e seu ambiente _________________, para reduzir a tensão.

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Considerando tal descrição, assinale a B) deslocamento


alternativa cujo termo preenche, C) fixação
CORRETAMENTE, a lacuna acima. D) regressão
A) projeção E) formação reativa

GABARITO
1. C 2. C 3. B 4.C 5. C 6. C

7. B 8. A 9. B 10. C 11. A 12. B

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Aula

12
REFORMA PSIQUIÁTRICA
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Profª Gisléa Ferreira

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REFORMA PSIQUIÁTRICA
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS)

REFORMA PSIQUIÁTRICA

O movimento de Reforma redemocratização, fundado não apenas na


Psiquiátrica teve início, no Brasil, na década crítica conjuntural ao subsistema nacional
de 70 e perdura até a atualidade, com de saúde mental, mas também, e
algumas variações nomeadas Psiquiatria principalmente, na crítica estrutural ao
Comunitária, Reforma Psiquiátrica, Luta saber e às instituições psiquiátricas
Antimanicomial e Atenção Psicossocial. clássicas, no bojo de toda a movimentação
Configura-se como uma reforma político-social que caracteriza esta mesma
psiquiátrica antimanicomial, já que teve conjuntura de redemocratização
inspiração na experiência italiana de Franco (Amarante, 1995, p. 91).
Basaglia. Seu objetivo vai além do
fechamento dos hospitais psiquiátricos,
pretende-se mudar a forma de olhar e lidar
com a loucura na sociedade. Do olhar da
incapacidade e da exclusão social para o
cuidado em liberdade e para a promoção da
autonomia e dos direitos da pessoa com
transtorno mental.
Considera-se a Reforma Psiquiátrica
como o processo histórico de formulação Um dos principais atores da reforma
crítica e prática que tem como objetivos e psiquiátrica brasileira foi o Movimento de
estratégias o questionamento e a Trabalhadores em Saúde Mental, na
elaboração de propostas de transformação década de 70, que surgiu contrário à
do modelo clássico e do paradigma da “indústria da loucura” constituída, dentre
psiquiatria. No Brasil, a reforma psiquiátrica outros elementos, pela criação de mais
é um processo que surge mais concreta e hospitais psiquiátricos privados, muitas
principalmente a partir da conjuntura da vezes conveniados com o sistema público;
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ao aumento do número de internações; à como lema Por uma sociedade sem


ausência de controle efetivo dessas manicômios.
internações e às péssimas condições do O movimento da Reforma
tratamento que eram oferecidas aos Psiquiátrica que era radicalmente a favor da
pacientes dentro dos hospitais psiquiátricos extinção do hospital psiquiátrico era a
(idem). Havia um descontentamento dos Antipsiquiatria e a Psiquiatria
trabalhadores com suas condições de Democrática. A primeira propunha uma
trabalho e foram feitas denúncias das nova concepção da loucura, entendendo-a
irregularidades nos hospitais psiquiátricos. não como doença, mas como uma resposta
Diante destas questões, criticava-se o aos desequilíbrios familiares e à alienação
sistema de assistência psiquiátrica e social. A segunda, baseada na experiência
propunham-se outras formas de trabalho italiana, observou que a melhor forma de
que rompessem com o modelo asilar. O tratamento para os portadores de
movimento, posteriormente, agregou à luta transtorno mental seria a partir de sua
dos trabalhadores, familiares e usuários, inserção na comunidade, ao invés do
constituindo-se um movimento social isolamento (idem).
denominado Luta Antimanicomial e tendo

Marcos Históricos importantes

DÉCADA DE 1920 e 1930: A experiência de Juliano Moreira e Ulysses Pernambucano

Sob a influência da Psiquiatria Preventiva, em regime de pensão, além de iniciativas


ambos iniciaram experiências pioneiras de de educação especial.
reforma do funcionamento do hospital
psiquiátrico. Ulysses diferenciou os Em menino, num engenho da
serviços de psicóticos agudos e crônicos. Paraíba, ouvia falar da Tamarineira
Criaram serviços abertos para tratamento como o de um inferno. A casa de
doidos do Recife criara a sua fama

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terrível. Ulysses reduziu-a a uma 1979: Criação da primeira associação de


casa de saúde modelar. Tudo o que usuários e familiares do país, chamada
era camisa de força, grades de Sosintra.
ferro, castigos, ficara como uma Também foi o ano da visita histórica ao
lembrança infeliz, uma recordação Hospital Barbacena
tenebrosa (José Lins do Rego). Foi o ano de realização do I Congresso Nacional
de Trabalhadores em Saúde Mental, o que
1978: Criação do Movimento dos coloca uma nova identidade para o movimento,
Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) organizado agora fora do Estado, denunciando
sua prática dominante

1986: 8ª Conferência Nacional de Saúde

• 1987: O Centro de Atenção Psicossocial


Luiz Cerqueira, criado em 1987, em São
Paulo, foi o primeiro CAPS do Brasil e o que
ofereceu posteriormente o modelo da
instituição adotada oficialmente pelo
No mesmo ano se tornou um Ministério da Saúde como substitutivo do
movimento social não institucional e Hospital Psiquiátrico.
organizou o “congresso de abertura” em
Camboriú, onde pela primeira vez os • Em 1987 aconteceu a I Conferência
movimentos de saúde mental participam Nacional de Saúde Mental dando
de um encontro dos setores considerados prioridade às propostas extra-hospitalares
conservadores, organizados em torno da e a mudança da equipe técnica-assistencial
Associação Brasileira de Psiquiatria. Em para o formato multiprofissional, não
sendo o poder centralizado apenas na
1978 houve um episódio estopim, a crise
figura do médico (SILVA, 2010). Também
da DINSAM, com consequente greve geral
em 1987, em Bauru, o II Encontro Nacional
dos trabalhadores das 4 unidades de
de Trabalhadores em Saúde Mental
responsabilidade da DINSAN, todas no Rio. propôs a mudança das premissas teóricas e
Houve demissão de 260 estagiários e éticas da assistência psiquiátrica
profissionais. (Manifesto de Bauru).
Em 1978 também aconteceu o I
Congresso Brasileiro de Psicanálise de
Grupos e Instituições, que contou com a
vinda de Basaglia e outros nomes das
correntes críticas em saúde mental

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• 1989 houve a intervenção da Secretaria


Municipal de Saúde de Santos na Casa de
Saúde Anchieta e a possibilidade de
construção de uma rede de cuidados
efetivamente substitutiva ao hospital
psiquiátrico: Núcleos de Atenção
Psicossocial (NAPS) que funcionavam 24
horas, cooperativas, residências para os
egressos do hospital e associações. Um
marco na história da psiquiatria brasileira, pode ser considerada a primeira
por se tratar de uma experiência experiência concreta de desconstrução do
inovadora, em que ocorreu uma aparato manicomial no Brasil, e de
intervenção médico-legal num asilo. Esta construção de estruturas substitutivas.

Veja o vídeo sobre este importante marco na história da luta antimanicomial brasileira:

Vídeo Intervenção Anchieta

• Em 1990, realizou-se a Conferência de objetivos: consolidar a Reforma


Caracas, uma referência para o processo de Psiquiátrica como política de governo,
transformação do modelo de atenção à defender a construção de uma política de
saúde mental. Em 1992 ocorreu a II saúde mental para os usuários de álcool e
Conferência Nacional de Saúde Mental outras drogas e estabelecer o controle
discutindo temas como a rede de atenção social como garantia do avanço da Reforma
em saúde mental, transformação e Psiquiátrica no Brasil
cumprimento de leis, direito à atenção e à •
cidadania. 2001: Promulgação da Lei 10.2016.
O projeto inicial foi rejeitado e após
• Em 2001 ocorreu a III Conferência Nacional 12 anos de intensas discussões na
de Saúde Mental, com os seguintes tramitação, foi aprovado um substitutivo.

Lei nº 10.216/2001

Uma das conquistas do movimento


de luta antimanicomial foi a aprovação da
Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 que
reverte o modelo assistencial em saúde
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mental do modelo hospitalocêntrico para Segundo a mesma lei, são direitos


um tratamento que vise a reinserção do da pessoa portadora de transtorno mental:
sujeito na sociedade, utilizando-se de I - ter acesso ao melhor tratamento do
equipamentos no território e coloca a sistema de saúde, consentâneo às suas
internação psiquiátrica como última necessidades;
estratégia a ser utilizada, apenas quando os II - ser tratada com humanidade e respeito
recursos extra-hospitalares forem e no interesse exclusivo de beneficiar sua
insuficientes. Tal lei baseou-se no Projeto saúde, visando alcançar sua recuperação
de Lei nº 3.657 do deputado Paulo Delgado pela inserção na família, no trabalho e na
que ficou em tramitação no Congresso comunidade;
Nacional por 12 anos até sua aprovação em III - ser protegida contra qualquer forma de
2001, porém ela não contemplou em sua abuso e exploração;
integridade o projeto de lei original. IV - ter garantia de sigilo nas informações
A lei veda a internação em prestadas;
instituições, com características asilares, V - ter direito à presença médica, em
que violem os direitos humanos. As qualquer tempo, para esclarecer a
internações são discriminadas em três necessidade ou não de sua hospitalização
tipos: a internação voluntária, com o involuntária;
consentimento do usuário (o mesmo deve VI - ter livre acesso aos meios de
assinar uma declaração de consentimento comunicação disponíveis;
e ter autorização médica); a involuntária, VII - receber o maior número de
feita a pedido de terceiro e sem o informações a respeito de sua doença e de
consentimento do usuário, mas com seu tratamento;
autorização médica e dever ser VIII - ser tratada em ambiente terapêutico
comunicada ao Ministério Público Estadual pelos meios menos invasivos possíveis;
em até 72h; e a compulsória que é IX - ser tratada, preferencialmente, em
determinada pela justiça. serviços comunitários de saúde mental.

Assista a um debate recente com importantes referência do campo da saúde mental


no Brasil fazendo um balanço das conquistas e desafios desses 20 anos da Lei 10.216:

Vídeo 20 anos de Lei 10.216 - O que temos a comemorar

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Principais normatizações da Rede de Atenção Psicossocial

• Lei 10.2016/2001, redefine o modelo • Portaria 3588/2017, altera disposições


de atenção em saúde mental no Brasil da Portaria 3088/2011, sendo um dos
• Portaria 3088/2011, institui a Rede de marcos dos retrocessos que vem se
Atenção Psicossocial instaurando na política de saúde
• Portaria nº 336, de 2002, estabelece mental no Brasil
as diferentes modalidades de CAPS • Resolução º 32, de 2017, estabelece as
• A portaria nº 130 de 2012 redefine o Diretrizes para o Fortalecimento da
CAPS AD III ou 24h Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e
aprova a criação do CAPS AD IV

Centros de Atenção Psicossocial

A Portaria n.º 336/GM de 2002 funciona a partir da lógica do território.


estabelece as diversas modalidades de Atende pessoas com transtornos mentais
CAPS, apontando que dentre as atividades severos e persistentes com o objetivo de
prestadas por este serviço estão: os realizar o acompanhamento clínico e
atendimentos individual e grupal, as reinseri-las socialmente, possibilitando que
oficinas terapêuticas e o atendimento à o sujeito se sinta parte da sociedade,
família; as visitas domiciliares e as fortaleça seus laços familiares e exerça sua
atividades comunitárias com o enfoque na cidadania. É um serviço criado para
inserção familiar e social do usuário. substituir as internações em hospitais
O CAPS é, portanto, um serviço psiquiátricos.
aberto de saúde mental, diário e que

Modalidades de CAPS:

• CAPS I é indicado para atender localidades • CAPS III em municípios com população
acima 15.000 habitantes, possuindo acima de 150,000; Considerando que este
capacidade operacional para atender último também presta o acolhimento
municípios ou regiões com com população noturno, nos feriados e finais de semana, já
entre 20.000 e 70.000 habitantes; que tem um funcionamento 24h.
• CAPS II é indicado para atender localidades • CAPS i atende crianças e adolescentes com
acima de 70.000 habitantes, possuindo transtorno mental em municípios com
capacidade operacional para atender população acima de 70.000;
municípios ou regiões com população • CAPS AD atende pessoas de todas as faixas
entre 70.000 e 200.000; etárias com transtornos decorrentes do
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uso e dependência de substâncias com população acima de 150.000


psicoativas em municípios com população habitantes, com funcionamento 24h.
superior a 70.000 habitantes; • CAPS AD IV, atende todas as faixas etárias
• A portaria nº 130 de 2012 redefine o CAPS com quadros graves e intenso sofrimento
AD III colocando-o como um serviço que decorrentes do uso de crack, álcool e
atende pessoas com necessidades outras drogas, com implantação em
relacionadas ao consumo de álcool, crack e municípios com mais de 500.000
outras drogas em municípios ou regiões habitantes, funcionamento 24h, contando
com leitos de observação.

REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

A portaria nº 3.088 de 2011 veio instituir a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS),


havendo um reforço para que a internação seja de curta duração e em Hospital Geral,
buscando desvincular-se do modelo asilar. A Portaria nº 32 de 14 de dezembro de 2017
estabelece novas Diretrizes para a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)

Os componentes da RAPS são:

Art. 1º Estabelecer as diretrizes para o fortalecimento da RAPS. Considera-se como


componentes da RAPS os seguintes pontos de atenção (de acordo com a portaria nº 32/2017)

1.Atenção Básica;

2.Consultório na Rua;

3.Centros de Convivência;

4.Unidades de Acolhimento (Adulto e Infanto-Juvenil);

5.Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) I e II;

6.Hospital Dia;

7.Unidades de Referência Especializadas em Hospitais Gerais;

8.Centros de Atenção Psicossocial nas suas diversas modalidades;

9.Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental;

10.Hospitais Psiquiátricos Especializados.


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As diretrizes da RAPS são:

I- respeito aos direitos humanos, VIII - desenvolvimento de estratégias de


garantindo a autonomia e a liberdade das Redução de Danos;
pessoas; IX - ênfase em serviços de base territorial e
II - promoção da equidade, reconhecendo comunitária, com participação e controle
os determinantes sociais da saúde; social dos usuários e de seus familiares;
III - combate a estigmas e preconceitos; X - organização dos serviços em rede de
IV - garantia do acesso e da qualidade dos atenção à saúde regionalizada, com
serviços, ofertando cuidado integral e estabelecimento de ações intersetoriais
assistência multiprofissional, sob a lógica para garantir a integralidade do cuidado;
interdisciplinar; XI - promoção de estratégias de educação
V - atenção humanizada e centrada nas permanente;
necessidades das pessoas; XII - desenvolvimento da lógica do cuidado
VI - diversificação das estratégias de para pessoas com transtornos mentais e
cuidado; com necessidades decorrentes do uso de
VII - desenvolvimento de atividades no crack, álcool e outras drogas, tendo como
território, que favoreça a inclusão social eixo central a construção do projeto
com vistas à promoção de autonomia e ao terapêutico singular.
exercício da cidadania;

O modelo de Atenção Psicossocial é definido por Costa-Rosa (2000 apud SILVA, 2010)
a partir de quatro elementos:

1) Promoção de uma relação sujeito-sujeito origem políticas daquelas cuja origem é


entre os profissionais de saúde e os mais operativa;
usuários, assim como horizontalidade entre 3) Ações são realizadas no próprio
os diversos saberes; território, onde este passa a assumir um
2) Horizontalização das esferas do poder local de referência;
intra-organizacionais, estabelecendo que 4) Foco na singularidade, metas e ações são
sejam definidas as esferas de poder de baseadas nas necessidades subjetivas
individuais.

Serviços Residenciais Terapêuticos

São moradias inseridas na comunidade, internação de longa permanência (dois


destinadas a acolher pessoas egressas de anos ou mais ininterruptos), egressas de

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hospitais psiquiátricos e hospitais de SRTs tipo I: destinadas a pessoas com


custódia, entre outros. transtorno mental em processo de
O componente Estratégias de desinstitucionalização. Mínimo 4 e máximo
Desinstitucionalização é constituído por 8 moradores. Um cuidador de referência
iniciativas que visam a garantir às pessoas SRTs tipo II: destinadas a pessoas com
com transtorno mental e com necessidades transtorno mental e acentuado nível de
decorrentes do uso de crack, álcool e outras dependência, especialmente em função do
drogas, em situação de internação de longa seu comprometimento físico, que
permanência, o cuidado integral por meio necessitam de cuidados permanentes
de estratégias substitutivas, na perspectiva específicos. Mínimo 4 e máximo 10
da garantia de direitos com a promoção de moradores. Pra cada 10 moradores, deve
autonomia e o exercício de cidadania, ter 5 cuidadores e um profissional técnico
buscando sua progressiva inclusão social. de enfermagem.

IMPORTANTE!
Ler Portaria nº 3.090, de 23 de dezembro de 2011, que aprofunda sobre os Serviços
Residenciais Terapêuticos e lei 10.708, de 31 de julho de 2003 que institui o auxílio reabilitação
Programa de Volta Pra Casa
psicossocial (De Volta Para Casa).

O hospital psiquiátrico pode ser nº 10.708, de 31 de julho de 2003, que


acionado para o cuidado das pessoas com provê auxílio reabilitação para pessoas
transtorno mental nas regiões de saúde com transtorno mental egressas de
enquanto o processo de implantação e internação de longa permanência.
expansão da Rede de Atenção O benefício tem a duração de um ano,
Psicossocial ainda não se apresenta podendo ser renovado quando
suficiente, devendo estas regiões de necessário aos propósitos da
saúde priorizar a expansão e qualificação reintegração social do paciente.
dos pontos de atenção da Rede de Características do benefício:
Atenção Psicossocial para dar • Benefício consistirá em pagamento de
continuidade ao processo de substituição auxílio pecuniário.
dos leitos em hospitais psiquiátricos. • É fixado o valor do benefício mensal de R$
O Programa de Volta para Casa, 240,00 (duzentos e quarenta reais),
enquanto estratégia de podendo ser reajustado pelo Poder
desinstitucionalização, é uma política Executivo, de acordo com a
pública de inclusão social que visa disponibilidade orçamentária.
contribuir e fortalecer o processo de
desinstitucionalização, instituída pela Lei
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• Os valores podem ser pagos diretamente necessário, aos propósitos da


aos beneficiários mediante convênio com reintegração social do paciente.
instituição financeira oficial. • O pagamento do auxílio-reabilitação
• O benefício terá a duração de um ano, psicossocial será suspenso, quando o
podendo ser renovado, quando beneficiário for reinternado em hospital
psiquiátrico.

São requisitos cumulativos para a obtenção do benefício criado por esta Lei que:

• I - o paciente seja egresso de reintegração social e a necessidade de


internação psiquiátrica cuja duração auxílio financeiro;
tenha sido, comprovadamente, por
• III - haja expresso consentimento do
um período igual ou superior a dois
paciente, ou de seu representante
anos;
legal, em se submeter às regras do
• II - a situação clínica e social do programa;
paciente não justifique a permanência
• IV - seja garantida ao beneficiado a
em ambiente hospitalar, indique
atenção continuada em saúde mental,
tecnicamente a possibilidade de
na rede de saúde local ou regional.
inclusão em programa de

IMPORTANTE!
No governo de Bolsonaro saiu uma nota técnica (nº 11 de 2019) do Ministério da Saúde
trazendo como pauta uma “nova” política de saúde mental, indo de encontro com a lógica da
Reforma Psiquiátrica e da Política de Redução de Danos até então atuantes no Brasil.
Resumindo:
1. O hospital psiquiátrico é recolocado na rede, alegando que esta deve ser harmônica e
complementar. Assim, não há mais por que se falar em “rede substitutiva”, já que nenhum
serviço substitui outro.
2. Fortalecimento das Comunidades Terapêuticas e as estratégias de tratamento, no campo
das drogas, terão como objetivo que o paciente fique e permaneça abstinente.
3. Mudança na própria RAPS com a inclusão do hospital psiquiátrico, da unidade especializada
em saúde mental/ psiquiatria em hospital geral, do ambulatório multiprofissional de saúde
mental, do CAPS AD IV e redirecionamento do perfil do morador da Residência Terapêutica.

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EXERCÍCIOS

01. (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2017) A E) No ano de 2001, após 12 anos de


Reforma Psiquiátrica é um processo tramitação no Congresso Nacional, a Lei
complexo, que tem como meta a 10.216, que dispõe sobre a proteção e os
desinstitucionalização da loucura, direitos das pessoas com transtornos
compreendida como um conjunto de mentais, foi aprovada no país.
transformações de prática, saberes,
valores culturais e sociais. É no cotidiano 02. (IAUPE, 2015, GRUPO 30 E 31-
da vida das instituições, dos serviços e das PSICOLOGIA) Em relação à saúde mental e
relações interpessoais que essa Reforma ao processo de Reforma da Assistência
avança, cercada por impasses, tensões, Psiquiátrica no Brasil, é INCORRETO
conflitos e desafios. Sobre marcos afirmar que
históricos que contribuíram para a A) o Movimento dos Trabalhadores de
efetivação da Reforma Psiquiátrica no Saúde Mental (MTSM) caracterizou-se pelas
Brasil, analise as afirmativas e assinale a críticas ao hospitalocentrismo, às más
INCORRETA. condições de trabalho e de tratamento e à
A) O movimento pela Reforma Psiquiátrica privatização da assistência.
se iniciou no Brasil, no final dos anos 70, B) uma de suas propostas fundamentais é o
tendo como bandeira a luta pelos direitos projeto terapêutico ancorado na ideia de
dos pacientes psiquiátricos em nosso país. reinserção social, o qual permita a
B) A inauguração do primeiro CAPS na afirmação da autonomia e cidadania do
Cidade de São Paulo e a Intervenção Pública portador de transtorno mental.
na Casa de Saúde Anchieta (Santos-SP) são C) o sistema manicomial implantado após a
dois grandes marcos da Reforma reforma psiquiátrica visa ao cuidado
Psiquiátrica na década de 1980. humanizado. Assim, desvincula-se do
C) Em 1990, o Brasil tornou-se signatário da anterior, que era pautado na lógica da
Declaração de Caracas, a qual propôs a hierarquia, da opressão e do controle.
reestruturação da assistência psiquiátrica. D) se priorizou a criação de serviços
D) Com a criação do Instituto Nacional de substitutivos aos hospitais psiquiátricos,
Previdência Social nos anos 90, o Estado como os Centros de Atenção Psicossocial
passou a utilizar os serviços psiquiátricos do (CAPs), leitos em hospitais gerais e
setor privado, surgindo o modelo residências terapêuticas.
antimanicomial brasileiro. E) com o processo de
desinstitucionalização, busca-se deslocar o

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centro da atenção da instituição para a II. Ter acesso ao melhor tratamento do


comunidade, distrito, território, e, assim, sistema de saúde, de acordo com suas
resgatar a existência global e social do necessidades.
sujeito. III. Ser protegido contra qualquer forma de
abuso e exploração.
03. (IAUPE, 2016, FCM) Sobre a atual IV. Ter direito à presença médica, em
Política Nacional de Saúde Mental, analise qualquer tempo, para esclarecer a
as afirmativas abaixo e assinale a necessidade, ou não, de sua hospitalização
INCORRETA. involuntária.
A) A atual Política de Saúde Mental V. Ser poupado quanto às informações a
brasileira é resultado da mobilização de respeito de sua doença e de seu
usuários, familiares e trabalhadores da tratamento, evitando o agravamento do
saúde, iniciada na década de 1980. quadro apresentado.
B) O movimento de Reforma Psiquiátrica VI. Na crise, ser tratado em ambiente
visa à substituição de um modelo baseado manicomial, desde que seja pelos meios
no hospital psiquiátrico por um modelo não menos invasivos possíveis.
hospitalar com forte inserção territorial. Estão CORRETAS apenas
C) Em 2001, foi sancionada a Lei nº 10.216, A) I, III e VI. B) II, III, IV e V.
que afirma os direitos das pessoas com C) I, II, III, IV e V. D) I, II, V e VI. E) I, II,
transtornos mentais e redireciona o modelo III e IV.
assistencial.
D) A atenção às pessoas com transtornos 05. (IAUPE, 2015, FCM) Sobre a Política
mentais passou a ter como objetivo o pleno Nacional de Saúde Mental, assinale a
controle de sua sintomatologia. alternativa INCORRETA.
E) A partir do Decreto Presidencial nº 7.508, A) A referida Política promove a redução
de 2011, a RAPS passa a integrar o conjunto programada de leitos psiquiátricos de longa
das redes indispensáveis do Sistema Único permanência.
de Saúde – SUS. B) Propõe o cuidado ao paciente com
transtorno mental prioritariamente em
04. (IAUPE, 2016, FCM) Sobre os direitos ambientes controlados, que tratam o
assegurados pela Lei Federal nº paciente, isolando-o do convívio com a
10.216/2001 às pessoas com transtorno família e a sociedade.
mental, incluindo aqueles relacionados ao C) Visa à constituição de uma rede de
uso de substâncias psicoativas, analise as dispositivos diferenciados que permitam a
afirmativas abaixo: atenção ao portador de sofrimento mental
I. Ser tratado, preferencialmente, em no seu território.
serviços comunitários de saúde mental. D) Incentiva que as internações
psiquiátricas, quando necessárias, se deem

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no âmbito dos hospitais gerais e que sejam declaração de que optou por esse regime de
de curta duração. tratamento.
E) Propõe ações que permitam a V. O término da internação voluntária dar-
reabilitação psicossocial por meio da se-á por solicitação escrita do paciente ou
inserção, pelo trabalho, da cultura e do por determinação do médico assistente.
lazer. Assinale a alternativa CORRETA.

06. (IAUPE, 2018 PERFIL AB) Após tramitar A) Todos estão corretos. B) Existem,
por cerca de 12 anos no Congresso apenas, quatro corretos. D) Existem,
Nacional, o projeto de Lei do Deputado apenas, dois corretos. C) Existem, apenas,
Paulo Delgado é sancionado com três corretos. E) Existe, apenas, um correto.
modificações (Lei 10.216/2001). Sobre essa
Lei que dispõe sobre a proteção e os 07. (IAUPE, 2016 PERFIL AB) Sobre os
direitos das pessoas portadoras de componentes da Rede de Atenção
transtornos mentais e redireciona o Psicossocial (RAS), analise os itens abaixo:
modelo assistencial em saúde mental no I. Unidade Básica de Saúde
Brasil, analise as itens abaixo: II. Equipe de Consultório na Rua
I. A internação psiquiátrica involuntária III. SAMU 192
deverá ser comunicada ao Ministério IV. UPA 24 horas
Público Estadual, devendo esse mesmo V. Serviços de Atenção em Regime
procedimento ser adotado quando da Residencial
respectiva alta. Está(ão) CORRETO(S)
II. A internação psiquiátrica voluntária A) todos. B) apenas quatro. C) apenas
deverá ser comunicada ao Ministério três. D) apenas dois. E) apenas um.
Público Estadual, devendo esse mesmo
procedimento ser adotado quando da 08. (IAUPE, 2016, FCM) As assertivas
respectiva alta. abaixo dizem respeito às diretrizes para o
III. Evasão, transferência, acidente, funcionamento da Rede de Atenção
intercorrência clínica grave e falecimento Psicossocial. Coloque V nas Verdadeiras e F
serão comunicados pela direção do nas Falsas.
estabelecimento de saúde mental aos ( ) Promoção da equidade, reconhecendo os
familiares ou ao representante legal do determinantes genéticos e ambientais da
paciente, bem como à autoridade sanitária saúde.
responsável, no prazo máximo de vinte e ( ) Oferta de atenção disciplinar, centrada na
quatro horas da data da ocorrência. abordagem especializada.
IV. A pessoa que solicita voluntariamente ( ) Desenvolvimento de atividades no
sua internação, ou que a consente, deve território, que favoreçam a inclusão social
assinar, no momento da admissão, uma com vistas ao exercício da cidadania.

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( ) Ênfase em serviços de base territorial e


comunitária, com participação e controle 10. (IAUPE, 2017 PERFIL AB) Leia as
social dos usuários e de seus familiares. sentenças abaixo sobre “O Programa Volta
( ) Promoção de estratégias de educação para Casa”, instituído mediante a Lei nº
permanente. 10.708, de 31 de julho de 2003, que
( ) Respeito aos direitos humanos, regulamenta o auxílio-reabilitação
garantindo a tutela após a abordagem à psicossocial.
crise. I.O benefício consistirá em pagamento de
Assinale a alternativa que indica a auxílio pecuniário.
sequência CORRETA. II. É fixado o valor do benefício mensal de R$
A) F – F – V – F – V – V B) V – F – V – V – 240,00 (duzentos e quarenta reais),
F–F podendo ser reajustado pelo Poder
C) V – V – F – V – F – V D) F – V – V – F – V Executivo, de acordo com a disponibilidade
–F E) F – F – V – V – V – F orçamentária.
III. Os valores podem ser pagos diretamente
09. (IAUPE, 2016 PERFIL AB) A Rede de aos beneficiários mediante convênio com
Atenção Psicossocial (RAP) para pessoas instituição financeira oficial.
com sofrimento ou transtorno mental e IV. O benefício terá a duração de um ano,
com necessidades decorrentes do uso de podendo ser renovado, quando necessário,
crack, álcool e outras drogas, no âmbito do aos propósitos da reintegração social do
Sistema Único de Saúde, foi instituída em paciente.
2011. O ponto de atenção da RAP na V. O pagamento do auxílio-reabilitação
atenção psicossocial especializada é o psicossocial será suspenso, quando o
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). beneficiário for reinternado em hospital
Existem várias modalidades de CAPS. Qual psiquiátrico.
é a denominação para o CAPS que “atende
pessoas com transtornos mentais graves e Assinale a alternativa CORRETA.
persistentes, podendo, também, atender A) Apenas I, II e V estão corretos.
pessoas com necessidades decorrentes do B) I, II, III, IV e V estão corretos.
uso de crack, álcool e outras drogas, C) IV está incorreto.
conforme a organização da rede de saúde D) III está incorreto.
local, indicado para Municípios com E) II está incorreto.
população acima de setenta mil
habitantes”? 11. (IAUPE, 2019 PERFIL AB) Os Serviços
A) CAPS I Residenciais Terapêuticos (SRT)
B) CAPS II configuram-se como ponto de atenção do
C) CAPS III componente desinstitucionalização, sendo
D) CAPS IV estratégicos no processo de
E) CAPS AD
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desospitalização e reinserção social. Sobre 16. (IAUPE, 2021) O Ministério da Saúde


esses serviços, leia as sentenças abaixo: instituiu a Rede de Atenção Psicossocial
I. São destinados a acolher pessoas egressas (RAPS), cuja finalidade é a criação,
ampliação e articulação de pontos de
de hospitais psiquiátricos e hospitais de
atenção à saúde para pessoas com
custódia. sofrimento ou transtorno mental,
II. Seu acolhimento é para pessoas com incluindo aquelas com necessidades
internação de longa permanência (cinco decorrentes do uso de drogas no âmbito do
anos ou mais ininterruptos). Sistema Único de Saúde (SUS). Sobre a
III. A lógica fundamental desse serviço é a RAPS, assinale a alternativa INCORRETA.
criação de um espaço de construção de A) São pontos de atenção na RAPS, na
Atenção Residencial de Caráter Transitório
autonomia para retomada da vida cotidiana
os seguintes serviços: Unidade de
e reinserção social. Acolhimento e Serviços de Atenção em
IV. Cada módulo residencial deverá estar Regime Residencial.
vinculado a um serviço/equipe de saúde B) O CAPS I é indicado para Municípios ou
mental de referência que dará o suporte regiões de saúde com população acima de
técnico profissional necessário ao serviço quinze mil habitantes.
residencial. C) O CAPS AD IV deve ter sua implantação
planejada junto a cenas de uso em
V. No SRT tipo II, cada módulo residencial
municípios com mais de 500.000 habitantes
deverá contar com cuidadores de referência e capitais de Estado.
e um profissional técnico de enfermagem. D) A RAPS é constituída pelos três seguintes
Estão CORRETAS componentes: Atenção básica, Núcleos de
A) I, II, III, IV e V. B) I, II, III e IV, Apoio à Saúde da Família (NASF) e Atenção
apenas. D) I, III e IV, apenas. C) I, de Urgência e Emergência.
E) As Unidades de Acolhimento estão
III, IV e V, apenas. E) I, II, IV e V,
organizadas nas seguintes modalidades:
apenas. Unidade de Acolhimento Adulto e
InfantoJuvenil.

GABARITO

1. D 2. C 3. D 4. E 5. B 6. B

7. A 8. E 9. B 10. B 11. C 12. D

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Aula

13
CONHECIMENTOS GERAIS EM SAÚDE DA
FAMÍLIA E ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Profª Debora Oliveira

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CONHECIMENTOS GERAIS EM SAÚDE DA FAMÍLIA;
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE;
HISTÓRIA DA APS;
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA;
PROGRAMA DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Atenção Primária à Saúde (APS) é reconhecida internacionalmente como uma


estratégia de organização da atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada,
contínua e sistematizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população,
integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades.
Esse enunciado procura sintetizar as diversas concepções e denominações das propostas e
experiências que se convencionaram chamar internacionalmente de APS.
No Brasil, a APS incorpora os princípios da Reforma Sanitária, levando o Sistema Único
de Saúde (SUS) a adotar a designação Atenção Básica à Saúde (ABS) para enfatizar a
reorientação do modelo assistencial, a partir de um sistema universal e integrado de atenção
à saúde.

- Relatório Dawnson (1920)

Historicamente, a ideia de atenção primária foi utilizada


como forma de organização dos sistemas de saúde pela
primeira vez no chamado Relatório Dawnson, em 1920. Esse
documento do governo inglês procurou, de um lado,
contrapor-se ao modelo flexineriano americano de cunho
curativo, fundado no reducionismo biológico e na atenção
individual, e por outro, constituir-se numa referência para a
organização do modelo de atenção inglês, que começava a
preocupar as autoridades daquele país, devido ao elevado

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custo, à crescente complexidade da atenção médica e à baixa resolutividade.


O referido relatório organizava o seja, os serviços de saúde devem estar
modelo de atenção em centros de saúde organizados de forma a atender as diversas
primários e secundários, serviços regiões nacionais, através da sua
domiciliares, serviços suplementares e distribuição a partir de bases
hospitais de ensino. Os centros de saúde populacionais, bem como devem
primários e os serviços domiciliares identificar as necessidades de saúde de
deveriam estar organizados de forma cada região. A segunda característica é
regionalizada, onde a maior parte dos a integralidade, que fortalece a
problemas de saúde deveriam ser indissociabilidade entre ações curativas e
resolvidos por médicos com formação em preventivas.
clínica geral. Os casos que o médico não Os elevados custos dos sistemas de
tivesse condições de solucionar com os saúde, o uso indiscriminado
recursos disponíveis nesse âmbito da de tecnologia médica e a baixa
atenção deveriam ser encaminhados para resolutividade preocupavam a sustentação
os centros de atenção secundária, onde econômica da saúde nos países
haveria especialistas das mais diversas desenvolvidos, fazendo-os pesquisar novas
áreas, ou então, para os hospitais, quando formas de organização da atenção com
existisse indicação de internação ou custos menores e maior eficiência. Em
cirurgia. Essa organização caracteriza-se contrapartida, os países pobres e em
pela hierarquização dos níveis de atenção à desenvolvimento sofriam com a iniqüidade
saúde. dos seus sistemas de saúde, com a falta de
Esta concepção elaborada pelo acesso a cuidados básicos, com a
governo inglês influenciou a organização mortalidade infantil e com as precárias
dos sistemas de saúde de todo o mundo, condições sociais, econômicas e sanitárias.
definindo duas características básicas da
APS. A primeira seria a regionalização, ou

- Conferência internacional de Alma-Ata (1978)

Em 1978 a Organização Mundial da nível de saúde possível até o ano 2000,


Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas através da APS. Essa política internacional
para a Infância (Unicef) realizaram a I ficou conhecida como 'Saúde para Todos
Conferência Internacional sobre Cuidados no Ano 2000'. A Declaração de Alma-Ata,
Primários de Saúde em Alma-Ata, no como foi chamado o pacto assinado entre
Cazaquistão, antiga União Soviética, e 134 países, defendia a seguinte definição
propuseram um acordo e uma meta entre de APS, aqui denominada cuidados
seus países membros para atingir o maior primários de saúde:

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a participação social na gestão e controle


de suas atividades. O documento descreve
as seguintes ações mínimas, necessárias
para o desenvolvimento da APS nos
diversos países: educação em
saúde voltada para a prevenção e
proteção; distribuição de alimentos e
nutrição apropriada; tratamento da água e
saneamento; saúde materno-infantil;
planejamento familiar; imunização;
prevenção e controle de doenças
Os cuidados primários de saúde são cuidados endêmicas; tratamento de doenças e
essenciais de saúde baseados em métodos lesões comuns; fornecimento de
e tecnologias práticas, cientificamente bem medicamentos essenciais.
fundamentadas e socialmente aceitáveis, A Declaração de Alma-Ata
colocadas ao alcance universal de indivíduos e representa uma proposta num contexto
famílias da comunidade, mediante sua plena muito maior que um pacote seletivo
participação e a um custo que a comunidade e
de cuidados básicos em saúde. Nesse
o país possam manter em cada fase de seu
sentido, aponta para a necessidade de
desenvolvimento, no espírito de autoconfiança
sistemas de saúde universais, isto é,
e autodeterminação. Fazem parte integrante
tanto do sistema de saúde do país, do qual concebe a saúde como um direito humano;
constituem a função central e o foco principal, aumento de investimentos em políticas
quanto do desenvolvimento social e econômico sociais para o desenvolvimento das
global da comunidade. Representam o primeiro populações excluídas; o fornecimento e até
nível de contato dos indivíduos, da família e da mesmo a produção de medicamentos
comunidade com o sistema nacional de saúde, essenciais para distribuição à população de
pelo qual os cuidados de saúde são levados o acordo com a suas necessidades; a
mais proximamente possível aos lugares onde compreensão de que a saúde é o resultado
pessoas vivem e trabalham, e constituem o
das condições econômicas e sociais, e das
primeiro elemento de um continuado processo
desigualdades entre os diversos países; e
de assistência à saúde. (Opas/OMS, 1978).
também estipula que os governos
No que diz respeito à organização
nacionais devem protagonizar a gestão dos
da APS, a declaração de Alma-Ata propõe a
sistemas de saúde, estimulando o
instituição de serviços locais de saúde
intercâmbio e o apoio tecnológico,
centrados nas necessidades de saúde da
econômico e político internacional (Matta,
população e fundados numa
2005).
perspectiva interdisciplinar envolvendo
Entretanto, muitos países e
médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares
organismos internacionais, como o Banco
e agentes comunitários, bem como
Mundial, adotaram a APS numa
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perspectiva focalizada, entendendo a médicas simplificadas, caracterizando-se


atenção primária como um conjunto de como uma política focalizada e de baixa
ações de saúde de baixa complexidade, resolutividade, sem capacidade para
dedicada a populações de baixa renda, no fornecer uma atenção integral à
sentindo de minimizar a exclusão social e população.
econômica decorrentes da expansão do Com o movimento sanitário, as
capitalismo global, distanciando-se do concepções da APS foram incorporadas ao
caráter universalista da Declaração de ideário reformista, compreendendo a
Alma-Ata e da idéia de defesa da saúde necessidade de reorientação do modelo
como um direito (Mattos, 2000). assistencial, rompendo com o modelo
No Brasil, algumas experiências de médico-privatista vigente até o início dos
APS foram instituídas de forma incipiente anos 80. Nesse período, durante a crise do
desde o início do século XX, como os modelo médico previdenciário
centros de saúde em 1924 que, apesar de representado pela centralidade do
manterem a divisão entre ações curativas e Instituto Nacional de Assistência Médica da
preventivas, organizavam-se a partir de Previdência Social (Inamps), surgiram as
uma base populacional e trabalhavam Ações Integradas de Saúde (AIS), que
com educação sanitária. A partir da década visavam ao fortalecimento de um sistema
de 1940, foi criado o Serviço Especial de unificado e descentralizado de saúde
Saúde Pública (Sesp) que realizou ações voltado para as ações integrais. Nesse
curativas e preventivas, ainda que restritas sentido, as AIS surgiram de convênios entre
às doenças infecciosas e carenciais. Essa estados e municípios, custeadas por
experiência inicialmente limitada às áreas recursos transferidos diretamente da
de relevância econômica, como as de previdência social, visando à atenção
extração de borracha, foi ampliada durante integral e universal dos cidadãos.
os anos 50 e 60 para outras regiões do país, Essas experiências somadas à
mas represada de um lado pela expansão constituição do SUS (Brasil, 1988) e sua
do modelo médico-privatista, e de outro, regulamentação (Brasil, 1990)
pelas dificuldades de capilarização local de possibilitaram a construção de uma política
um órgão do governo federal, como é o de ABS que visasse à reorientação do
caso do Sesp (Mendes, 2002). modelo assistencial, tornando-se o contato
Nos anos 70, surge o Programa de prioritário da população com o sistema de
Interiorização das Ações de Saúde e saúde. Assim, a concepção da ABS
Saneamento do Nordeste (Piass) cujo desenvolveu-se a partir dos princípios do
objetivo era fazer chegar à população SUS, principalmente a universalidade, a
historicamente excluída de qualquer descentralização, a integralidade e
acesso à saúde um conjunto de ações a participação popular.

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PROGRAMA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (PACS)

Surge na década de 1980 em pela desidratação decorrentes da diarreia.


municípios do sertão do estado do Ceará Em 1991, o programa foi ampliado pelo
com a finalidade de promover ações de Ministério da Saúde.
promoção da saúde frente às ocorrências O PACS teve sua atuação inicial na
de seca no sertão, envolvendo: reidratação região nordeste do país, com ações de
oral, vacinação e orientação para o prevenção, mobilização da comunidade e
aleitamento materno. Ao término do atenção ao grupo materno-infantil. Na
período de estiagem, o programa foi região norte, a implantação foi de caráter
expandido com o objetivo de expandir a emergencial para combater a epidemia de
capacidade de autocuidado da cólera. A partir de influências
comunidade, tendo como objetivo reduzir internacionais de modelos cubano e inglês,
o risco de morte de mães e crianças e de influências nacionais, como o PACS,
relacionadas ao parto; aumentar o número em 1994 o PSF foi oficializado como uma
de mães que amamentassem até os 4 política nacional com o intuito de
meses de vida, reduzir os óbitos causados reorganizar a assistência à saúde no país.

- Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (De acordo com a nova PNAB 2017)

Lembrando que...
A PNAB/2017 não define
número mínimo de ACS!

É prevista a implantação da estratégia de ACS na


Unidades Básicas de Saúde como uma
possibilidade para a reorganização inicial da AB
com vistas à implantação gradual da ESF ou como
uma forma de agregar os agentes comunitários a outras maneiras de organização da AB.

São itens necessários à implantação desta estratégia:


a)
b) existência de uma Unidade Básica de populacional (critérios demográficos,
Saúde, inscrita no SCNES vigente que epidemiológicos e socioeconômicos),
passa a ser a UBS de referência para a conforme legislação vigente.
equipe de agentes comunitários de d) o cumprimento da carga horária integral
saúde; de 40 horas semanais por toda a equipe
c) o número de ACS e ACE por equipe de agentes comunitários, por cada
deverá ser definido de acordo com base
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membro da equipe; composta por ACS e trabalho a partir das necessidades do


enfermeiro supervisor; território, com priorização para
e) o enfermeiro supervisor e os ACS devem população com maior grau de
estar cadastrados no SCNES vigente, vulnerabilidade e de risco
vinculados à equipe; epidemiológico.
f) cada ACS deve realizar as ações h) a atuação em ações básicas de saúde
previstas nas regulamentações vigentes deve visar à integralidade do cuidado no
e nesta portaria e ter uma microárea território; e
sob sua responsabilidade, cuja i) cadastrar, preencher e informar os
população não ultrapasse 750 pessoas; dados através do Sistema de Informação
g) a atividade do ACS deve se dar pela em Saúde para a Atenção Básica
lógica do planejamento do processo de vigente.

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

A partir da experiência acumulada assistência à família no Canadá, Cuba,


no Ceará com o PACS, o Ministério da Suécia e Inglaterra que serviram de
Saúde percebe a importância dos Agentes referência para a formulação do programa
nos serviços básicos de saúde no município brasileiro. Embora rotulado como
e começa a enfocar a família como unidade programa, o PSF, por suas especificidades,
de ação programática de saúde, não mais foge à concepção usual dos demais
enfocando somente o indivíduo, mas programas concebidos pelo Ministério da
introduzindo a noção de cobertura por Saúde, já que não é uma intervenção
família. Cabe salientar que a supervisão do vertical e paralela às atividades dos
trabalho do agente comunitário pelo serviços de saúde. Pelo contrário,
enfermeiro, no Ceará, foi um primeiro caracteriza-se como estratégia que
passo no processo de incorporação de possibilita a integração e promove a
novos profissionais. organização das atividades em um
Em concordância com a portaria nº território definido com o propósito de
648/2006, o Ministério da Saúde enfrentar e resolver os problemas
consolidou o PSF como estratégia identificados.
prioritária para a reorganização da atenção As equipes de PSF, funcionando
básica no Brasil e passou a denominar a SF adequadamente, são capazes de resolver
não mais como programa e sim como 85% dos problemas de saúde em sua
estratégia. comunidade, prestando atendimento de
O movimento de “olhar a família” se bom nível, prevenindo doenças, evitando
deu em muitos outros países e a internações desnecessárias e melhorando
formulação do PSF teve a seu favor o a qualidade de vida da população. O
desenvolvimento anterior de modelos de surgimento do PSF na década de 90,

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apoiado pelo Ministério da Saúde, reflete a principalmente, dos grupos mais


tendência de valorização da família na vulneráveis. A atenção primária à saúde
agenda das políticas sociais brasileiras. (APS) tem sido associada a uma assistência
Não é um atendimento de baixo custo, pois parece tratar-se de
simplificado, pelo contrário, é uma serviço simples e quase sempre com
expansão da atenção primária à saúde em poucos equipamentos, embora seja uma
direção à incorporação de práticas abordagem tecnológica específica de
preventivas, educativas e curativas mais organizar a prática e, como tal, dotada de
próximas da vida cotidiana da população e, particular complexidade.

ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF)

A Estratégia Saúde da Família (ESF) reorientação do processo de trabalho com


visa à reorganização da atenção básica no maior potencial de aprofundar os
País, de acordo com os preceitos do princípios, diretrizes e fundamentos da
Sistema Único de Saúde, e é tida pelo atenção básica, de ampliar a resolutividade
Ministério da Saúde e gestores estaduais e e impacto na situação de saúde das
municipais como estratégia prioritária de pessoas e coletividades, além de propiciar
expansão, qualificação e consolidação da uma importante relação custo-
atenção básica por favorecer uma efetividade.

- Composição
Um ponto importante é o especialista em saúde da família, e auxiliar
estabelecimento de uma equipe ou técnico em saúde bucal.
multiprofissional (equipe de Saúde da O número de ACS por equipe
Família – eSF) composta por, no mínimo: deverá ser definido de acordo com base
médico, preferencialmente da populacional, critérios demográficos,
especialidade medicina de família e epidemiológicos e socioeconômicos, de
comunidade, enfermeiro, acordo com definição local.
preferencialmente especialista em saúde Em áreas de grande dispersão
da família; auxiliar e/ou técnico de territorial, áreas de risco e vulnerabilidade
enfermagem e agente comunitário de social, recomenda-se a cobertura de 100%
saúde (ACS). Podendo fazer parte da da população com número máximo de 750
equipe o agente de combate às endemias pessoas por ACS.
(ACE) e os profissionais de saúde bucal:
cirurgião-dentista, preferencialmente

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- Cobertura
Cada equipe de Saúde da Família conforme vulnerabilidades, riscos e
(eSF) deve ser responsável por cobrir dinâmica comunitária, facultando aos
população entre, 2.000 a 3.500 pessoas, gestores locais, conjuntamente com as
respeitando critérios de equidade para equipes que atuam na Atenção Básica e
essa definição. Recomenda-se que o Conselho Municipal ou Local de Saúde, a
número de pessoas por equipe considere o possibilidade de definir outro parâmetro
grau de vulnerabilidade das famílias populacional de responsabilidade da
daquele território, sendo que, quanto equipe, podendo ser maior ou menor do
maior o grau de vulnerabilidade, menor que o parâmetro recomendado, de acordo
deverá ser a quantidade de pessoas por com as especificidades do território,
equipe. assegurando-se a qualidade do cuidado.
Além dessa faixa populacional,
podem existir outros arranjos de adscrição,

ATRIBUTOS DA APS

Só haverá uma APS de qualidade quando os seus sete atributos estiverem sendo
operacionalizados, em sua totalidade. Os primeiros quatro são os atributos essenciais e os três
últimos os atributos derivados.

Atributos essenciais

Primeiro contato: implica a acessibilidade de saúde e seu uso consistente ao longo do


e o uso de serviços para cada novo tempo, num ambiente de relação mútua de
problema ou novo episódio de um confiança e humanizada entre equipe de
problema para os quais se procura atenção saúde, indivíduos e famílias.
à saúde. Integralidade: prestação, pela equipe de
Longitudinalidade: constitui a existência saúde, de um conjunto de serviços que
do aporte regular de cuidados pela equipe atendam às necessidades da população
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adstrita nos campos da promoção, da Coordenação: conota a capacidade de


prevenção, da cura, do cuidado, da garantir a continuidade da atenção, através
reabilitação e dos cuidados paliativos, a da equipe de saúde, com o
responsabilização pela oferta de serviços reconhecimento dos problemas que
em outros pontos de atenção à saúde e o requerem seguimento constante e se
reconhecimento adequado dos problemas articula com a função de centro de
biológicos, psicológicos e sociais que comunicação das redes de atenção.
causam as doenças.

Atributos derivados

Orientação familiar: considerar a família famílias numa perspectiva populacional e a


como o sujeito da atenção, o que exige sua integração em programas intersetoriais
uma interação da equipe de saúde com de enfrentamento dos determinantes
esta unidade social e o conhecimento sociais da saúde proximais e
integral de seus problemas de saúde e das intermediários.
formas singulares de abordagem familiar. Competência cultural: relação horizontal
Orientação comunitária: reconhecimento entre a equipe de saúde e a população que
das necessidades das famílias em função respeite as singularidades culturais e as
do contexto físico, econômico e social em preferências das pessoas e das famílias
que vivem, o que exige uma análise (STARFIELD, 2004).
situacional das necessidades de saúde das

EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS

- Equipes de Consultório na Rua

São equipes da Atenção Básica, compostas e Emergência e outros serviços e setores,


por profissionais de saúde com como o da Assistência Social, por exemplo.
responsabilidade exclusiva de articular e O cumprimento da carga horária
prestar atenção integral à saúde das mínima semanal é de 30h, em período
pessoas em situação de rua. As atividades diurno ou noturno. Em municípios ou áreas
são realizadas de forma itinerante, na rua, que não tenham ECR, o cuidado integral
em instalações específicas, na unidade das pessoas em situação de rua deve seguir
móvel e também nas instalações de UBS, as sendo de responsabilidade das equipes de
ações precisam ser articuladas em parceria atenção básica, incluindo os profissionais
com a UBS, NASF, CAPS, Rede de Urgência
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de saúde bucal e o NASF do território onde


estas pessoas estão concentradas.

- Equipes de Saúde da Família para o atendimento da População Ribeirinha


Municípios da Amazônia Legal e Mato Grosso do Sul podem optar entre dois arranjos
organizacionais para equipes de Saúde da Família, além dos existentes para o restante do país:

I- ESF Ribeirinhas: equipes que desempenham a maior parte de suas funções em UBSs
construídas/localizadas nas comunidades pertencentes à área adscrita e cujo acesso se dá
por meio fluvial;
II- ESF Fluviais: equipes que desempenham suas funções em UBSs Fluviais.

Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas por equipe multiprofissional que
deve estar cadastrada no Sistema Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com
responsabilidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas privadas de
liberdade.

Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional ao
cuidado integral no SUS, é previsto na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das
Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de saúde no
sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde (RAS) do SUS,
qualificando também a Atenção Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema
e ordenadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas atividades nas unidades
prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde a que estiver vinculada, conforme portaria
específica.

REFERÊNCIAS

FAUSTO, M. C. R. Dos Programas de Medicina Comunitária ao Sistema Único de Saúde: uma análise histórica
da atenção primária na política de saúde brasileira, 2005. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: IMS/Uerj.
MATTA, G. C. A organização mundial de saúde: do controle de epidemias à luta pela hegemonia. Trabalho
Educação e Saúde, 3(2) p. 371-396, 2005.
MENDES, E. V. Atenção Primária à Saúde no SUS. Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará, 2002.
OPAS/OMS. Declaração de Alma-Ata. Conferência Internacional sobre Cuidados Primários em Saúde. 1978.
Disponível em: http://www.opas.org.br. Acesso em: 12 nov. 2004.
STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco
Brasil/ Ministério da Saúde, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de
Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.

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EXERCÍCIOS

1- (PSICOLOGIA HOSPITALAR/2022) Nos 3- (SAÚDE COLETIVA AMPLA


aspectos históricos e conceituais da CONCORRÊNCIA/2021) Assinale a
Atenção Primária à Saúde (APS), é alternativa que indica o intervalo que
importante destacar que o marco da ideia representa a população adscrita por
da APS como forma de organização dos equipe de Atenção Básica e de Saúde da
sistemas nacionais de saúde e a primeira Família, de acordo com a PORTARIA Nº
descrição completa de uma rede 2.436/2017.
regionalizada foram descritos na(no) A) 100 a 500
A) Carta de Ottawa. B) 500 a 1500
B) Relatório Dawnson. C) 1000 a 2500
C) Relatório Lalonde. D) 2000 a 3500
D) 8ª Conferência Nacional de Saúde. E) 3000 a 4500
E) Declaração de Alma-Ata sobre Cuidados
Primários. 4- (IMPARH - Prefeitura de Fortaleza/2021)
A Atenção Primária em Saúde (APS) vem
2- (SAÚDE COLETIVA AMPLA sendo construída no Brasil há,
CONCORRÊNCIA/2022) A Declaração de praticamente, cem anos. Fundamentada
Alma-Ata é um importante marco na saúde em distintos saberes, conjunturas políticas,
coletiva, documento de grande relevância momentos históricos e com diferentes
para a construção do novo conceito de formas de organização. Em anos mais
saúde e de assistência à saúde. Assinale a recentes, a atual Política Nacional de
alternativa que faz menção a uma Atenção Básica (PNAB), instituída por meio
contribuição advinda desse documento. da Portaria nº 2.436/2017, conceitua
A) Perspectiva de saúde como ausência de Atenção Básica como:
doença A) forma a permitir o planejamento, a
B) Planejamento e execução da saúde programação descentralizada e o
centrado na gestão desenvolvimento de ações setoriais e
C) Introdução de um modelo de atenção à intersetoriais com foco em um território
saúde que preserve a integralidade e as específico, com impacto na situação, nos
necessidades da população condicionantes e determinantes da saúde
D) Aproximação com o modelo biomédico das pessoas e coletividades que constituem
E) Postergação da atenção primária em aquele espaço.
virtude da simplicidade para o momento B) a continuidade da relação de cuidado,
com construção de vínculo e
responsabilização entre profissionais e
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usuários ao longo do tempo e de modo I. Afirma a responsabilidade dos governos


permanente e consistente, acompanhando sobre a saúde de seus povos.
os efeitos das intervenções em saúde e de II. Considera a APS como função central do
outros elementos na vida das pessoas, sistema nacional de saúde.
evitando a perda de referências e III. Representa o primeiro contato com o
diminuindo os riscos de iatrogenia que são sistema de saúde.
decorrentes do desconhecimento das IV. Enfatiza a necessidade de outros setores
histórias de vida e da falta de coordenação governamentais.
do cuidado. V. Recebeu forte influência do Relatório
C) o conjunto de ações de saúde individuais, Lalonde.
familiares e coletivas que envolvem Assinale a alternativa CORRETA.
promoção, prevenção, proteção, A) I, II, III, IV e V estão corretas.
diagnóstico, tratamento, reabilitação, B) Apenas I, II, III e V estão corretas.
redução de danos, cuidados paliativos e C) Apenas IV está incorreta.
vigilância em saúde, desenvolvida por meio D) Existem duas incorretas.
de práticas de cuidado integrado e gestão E) Apenas V está incorreta.
qualificada, realizada com equipe
multiprofissional e dirigida à população em 6- (PSICOLOGIA ATENÇÃO BÁSICA/2020)
território definido, sobre as quais as Qual alternativa abaixo NÃO está correta
equipes assumem responsabilidade sobre os atributos da Atenção Primária à
sanitária. Saúde?
D) uma clínica ampliada capaz de construir A) Coordenação das ações e dos serviços de
vínculos positivos e intervenções clínica e saúde.
sanitariamente efetivas, centrada na B) Longitudinalidade.
pessoa, na perspectiva de ampliação dos C) Centralidade no indivíduo.
graus de autonomia dos indivíduos e grupos D) Competência cultural.
sociais. Deve ser capaz de resolver a grande E) Primeiro contato.
maioria dos problemas de saúde da
população. 7- (IAUPE, 2018) Na década de 70 do século
XX, difundiu-se mundialmente a
5- (PSICOLOGIA ATENÇÃO BÁSICA/2020) O experiência dos “médicos descalços
marco de maior dimensão para a chineses” assim como o “Relatório
institucionalização da Atenção Primária à Lalonde” do Ministério da Saúde do
Saúde (APS) surgiu no final dos anos Canadá. Esses e outros movimentos por
setenta do século passado, em documento uma saúde pública abrangente e capaz de
conhecido como “A Conferência de Alma resolver a maioria dos problemas de saúde
Ata”. Sobre essa Conferência, leia as das populações desaguou numa
afirmativas abaixo: conferência internacional, que plantou as

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bases da Atenção Primária à Saúde. Qual o C) estratégia de organização do sistema de


nome dessa Declaração? atenção à saúde.
A) Rockefeller E) atenção primária de saúde e de direitos
B) Unicef humanos.
C) Genebra
D) OPAS/OMS 10- (IAUPE, 2017) Sobre o Programa de
E) Alma-Ata Agentes Comunitários de Saúde, leia as
afirmativas a seguir:
8- (IAUPE, 2018) As três funções da I. Caracteriza-se como Programa de atenção
Atenção Primária à Saúde como estratégia primária seletiva.
de organização da atenção à saúde II. Implantado inicialmente nas regiões
(Resolubilidade, Comunicação e Norte e Nordeste do Brasil.
Responsabilização) implicam obedecer a III. Atendeu, inicialmente, as demandas de
certos princípios. Qual princípio significa a combate e controle da epidemia do cólera.
prestação, pela equipe de saúde, de um IV. Implementado em caráter emergencial.
conjunto de serviços que atendam às V. Transferiu a responsabilidade para o
necessidades da população adstrita nos governo municipal.
campos da promoção, da prevenção, da Assinale a alternativa CORRETA.
cura, do cuidado, da reabilitação e dos A) Apenas II, III, IV e V estão corretas.
cuidados paliativos? B) Apenas I, II, III e IV estão corretas.
A) Longitudinalidade C) I, II, III, IV e V estão corretas.
B) Coordenação D) I está incorreta.
C) Integralidade E) III está incorreta
D) Focalização na família
E) Complementariedade 11- (IAUPE, 2016). O Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS) foi criado
9- (IAUPE, 2018) O Programa de Agentes pelo Ministério da Saúde em 1991,
Comunitários de Saúde (PACS), existente considerado como o antecessor do
desde o início dos anos 90 e Programa de Saúde da Família, hoje
regulamentado em 1997, conformava-se Estratégia de Saúde da Família.
como um modelo de abordagem de Sobre o PACS, é CORRETO afirmar que
Atenção Primária à Saúde (APS), conhecido A) foi implantado, inicialmente, no Norte do
como Brasil.
A) Atenção Primária Seletiva. B) foi criado para o enfrentamento de altas
B) nível primário do sistema de atenção à taxas de Mortalidade Infantil e Materna.
saúde. C) para sua implantação, não se exigia o
D) porta de entrada do sistema de atenção funcionamento de Conselho Municipal de
à saúde. Saúde.

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D) não necessitava da existência de Unidade III. Desenvolver ações intersetorias,


Básica de Saúde de referência. integrando projetos e redes de apoio social,
E) ainda não havia a definição de clientela voltadas para o desenvolvimento de uma
adscrita a um território. atenção integral.
IV. Apoiar as estratégias de fortalecimento
12- (IAUPE, 2016) Sobre características do da gestão local e do controle social.
processo de trabalho das equipes de V. Promover atenção integral, contínua e
atenção básica, analise as afirmativas organizada à população adscrita.
abaixo: Está(ão) CORRETA(S)
I. Definir território de atuação e de A) todas.
população sob responsabilidade das B) apenas quatro.
Unidades Básicas de Saúde (UBS) e das C) apenas três.
equipes. D) apenas duas.
II. Realizar atenção à saúde na UBS, no E) apenas uma.
domicílio e em locais do território (salões
comunitários, escolas, creches, praças).

GABARITO

1.B 2.C 3.D 4.C 5.E 6.C

7.E 8.C 9.A 10. C 11. B 12.A

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Aula

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SAÚDE MENTAL E REDUÇAO DE DANOS:
princípios, marcos teóricos e linha de cuidado
Profª Gisléa Ferreira

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SAÚDE MENTAL E REDUÇÃO DE DANOS: princípios,
marcos teóricos, normatizações e linha de cuidado

SOBRE O CONSUMO E ABUSO DE SUBSTÂNCIAS

Ao explorarmos a história das civilizações constatamos que o homem sempre buscou


estados alterados da consciência. Almejando o material e o imaterial, o divino e o prosaico,
através de um jogo puramente químico, certas substâncias permitem que o homem atribua
as sensações ordinárias da vida uma dimensão de querer e pensar de maneira extraordinária.
Estudos arqueológicos
demonstram que o uso de álcool
data de 6.000 a.C. (Observatório
Brasileiro de Informações sobre
Drogas [OBID], 2011). Por uma ou
outra razão, o que a história da
humanidade parece indicar é que as
drogas, em geral, sempre estiveram
presentes na sociedade humana, e,
considerando-se essa história,
certamente continuarão
acompanhando o caminhar da
humanidade.
No início do século XX, o farmacólogo Louis Lewin, um dos primeiros a apontar
classificações de algumas drogas a partir de seus efeitos escreveu “à exceção dos alimentos
não existem na terra substâncias que tenham estado tão intimamente associadas à vida dos
povos, em todos os países e em todos os tempos” (Souto, A. 2015).
Com o passar do tempo se constatam mudanças variadas nos contextos sociais e, nas
motivações que interferem na forma como as pessoas se relacionam com as drogas e no
padrão de uso de drogas na sociedade (Mourão, C. 2011).
Essas alterações do padrão de consumo de drogas (tipos de drogas, formas de
administração, quantidade, sentido atribuído ao uso) demonstra significativas mudanças
econômicas, sociais, entre outras, ocorridas na sociedade. Assim, ao longo do tempo, novas

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drogas ou novas formas de utilização de drogas já existentes vão emergindo, como


evidenciamos com o crack no Brasil, que surgiu e se expandiu nos últimos 20 anos.

O QUE É DROGA? PORQUE AS PESSOAS USAM? QUAIS OS EFEITOS? COMO


PODEMOS CLASSIFICAR?

Quando partimos de um conceito também pode estar associada à busca por


mais amplo sobre drogas, podemos defini- alívio de sensações desprazerosas. Se as
las como toda e qualquer substância que, drogas gerassem apenas prejuízo,
ao ser introduzida no organismo, produz certamente as pessoas não repetiriam as
alterações no seu funcionamento. experiências tantas vezes. As drogas
A partir dessa definição, temos que psicotrópicas* são aquelas que atuam
qualquer medicação pode ser sobre o nosso cérebro, alterando de
“enquadrada” no rol de drogas. Contudo, alguma maneira o nosso psiquismo, podem
quando nos referimos à droga, estamos ser classificadas quanto a sua ação no
interessados em um grupo específico de organismo.
drogas, as psicotrópicas, ou substâncias Um primeiro grupo é aquele de drogas que
psicoativas, definidas Richard Bucher como diminuem a atividade do nosso cérebro, ou
“ {...} aquelas que provocam alterações no seja, deprimem o funcionamento do
Sistema Nervoso Central, em particular mesmo o que significa dizer que a pessoa
alterações de percepção, do humor, das que faz uso desse tipo de droga fica
sensações, induzindo, ainda que "desligada", "devagar", desinteressada
temporariamente, sensações de prazer, de pelas coisas. Por isso estas drogas são
euforia, ou aliviando o medo, a dor, as chamadas de Depressoras da Atividade do
frustrações, as angústias etc”. Sistema Nervoso Central (SNC – sistema
Utilizando tal definição como nervoso central é a parte que fica dentro da
referência, fica óbvio que, ao nos caixa craniana; o cérebro é o principal
referirmos a drogas, não estamos tratando órgão deste sistema). Num segundo grupo
apenas das drogas ilícitas, mas também de drogas psicotrópicas estão aquelas que
com as lícitas, resta alguma dúvida que tais atuam por aumentar a atividade do nosso
substâncias provocam as alterações cérebro, ou seja, estimulam o
referidas acima? funcionamento fazendo com a pessoa que
Mas porque as pessoas usam drogas? se utiliza dessas drogas fique "ligada",
As pessoas usam drogas porque elas "elétrica", sem sono. Por isso essas drogas
trazem algum tipo de gratificação, porque recebem a denominação de Estimulantes
elas satisfazem algum tipo de necessidade da Atividade do Sistema Nervoso Central.
do usuário. Essa gratificação pode estar Finalmente, há um terceiro grupo,
ligada a busca do prazer, por bem-estar, e constituído por aquelas drogas que agem
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Básica
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modificando qualitativamente a atividade acordo com a atividade que exercem junto


do nosso cérebro; não se trata, portanto, ao nosso cérebro:
de mudanças quantitativas como de a. Depressores ou psicolépticos da
aumentar ou diminuir a atividade cerebral. atividade do Sistema Nervoso Central
Aqui a mudança é de qualidade! O cérebro (SNC);
passa a funcionar fora do seu normal, e a b. Estimulantes ou psicoanalépticos da
pessoa fica com a mente perturbada. Por Atividade do SNC;
esta razão este terceiro grupo de drogas c. Perturbadores ou psicodélicos,
recebe o nome de Perturbadores da alucinógenos da Atividade do SNC.
Atividade do Sistema Nervoso Central. a. Drogas depressoras ou psicolépticos da
Resumindo, então, as drogas psicotrópicas atividade do Sistema Nervoso Central
podem ser classificadas em três grupos, de (SNC).

REDUÇÃO DE DANOS

Breve histórico

As ações de Redução de Danos (RD) No Brasil, a primeira tentativa de se


constituem um conjunto de medidas de fazer troca de seringas ocorreu em 1989,
saúde pública, que têm o objetivo de mas foi impedida por uma decisão judicial
minimizar os efeitos adversos do uso de diante disso, foi implementada uma
drogas, sem necessariamente reduzir o seu atividade que consistia no uso de soluções
uso, sendo orientado, fundamentalmente, de hipoclorito de sódio para a desinfecção
pelo respeito à liberdade de escolha do de equipamentos de injeção (Ministério da
indivíduo (Ministério da Saúde, 2001). Saúde, 2011).
A Redução de Danos surgiu na Em 1993 o município de Santos
Inglaterra, no ano de 1926, com o Relatório lançou os Redutores de Danos como
Rolleston, que estabelecia a prescrição agentes de promoção e prevenção à saúde.
médica de opiáceos, de forma assistida e Dois anos depois, na Bahia, surge o
monitorada, como manejo da síndrome de primeiro Programa de Redução de Danos,
abstinência nos tratamentos. A primeira com o objetivo de realizar troca de seringas
sistematização da RD ocorreu na Holanda, e, desde então, diversos programas foram
em 1984, devido à preocupação de uma surgindo no país, mas só em 1998 foi
associação de usuários de drogas, com a sancionada, no estado de São Paulo, a
disseminação de doenças como hepatites B primeira lei estadual sobre trocas de
e C e HIV entre Usuários de Drogas injetáveis.
Injetáveis (UDI) (Ministério da Saúde, Finalmente, em 2004, a RD passou a
2001). ser compreendida como uma estratégia na
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Política de Atenção Integral a Usuários de consumo de álcool e outras drogas que


Álcool e Outras Droga, onde o eixo de envolvam a co-responsabilização e
ações de redução de danos perpassam os autonomia da população, afinal, pessoas
serviços da rede assistencial do SUS, em usuárias de drogas têm direito à saúde
especial, os Centro de Atenção Psicossocial como qualquer outra e, pensando desta
e as Estratégias de Saúde da Família, forma, é possível compreender que as
através de uma compreensão ampla sobre ações de redução de danos devam
o uso de álcool e outras drogas, com o considerar a singularidade do indivíduo,
intuito de diversificar as formas de lidar valorizando sua autonomia e priorizando
com o problema, não se restringindo à sua qualidade de vida.
abstinência ou padronização Em 11 de abril de 2019, o
comportamentos. presidente do Brasil assinou um Decreto n°
A divulgação e implementação da 9.761/2019 de lei que aprova uma Nova
Política Nacional de Promoção da Saúde Política Nacional sobre Drogas, que retira a
veio, em 2006, reforçar as ações de redução de danos como estratégia de
atenção ao usuário de drogas, tendo a política de drogas, promovendo a
intersetorialidade e a atenção integral abstinência, dispersando todos os esforços
como importantes elementos para a e ganhos da saúde pública e, ainda mais
concretização desta política, preconizando preocupante, colocando em risco a vida
o desenvolvimento de iniciativas dos indivíduos.
preventivas e de redução de danos pelo

ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS

As estratégias de redução de danos em eventos são numerosas e diversas. Eles vão


desde a provisão de água e garrafas de água gratuitas em eventos, até o fornecimento de
espaços para passear ou relaxar e santuários. Quanto mais se faz para lidar com a redução de
danos em eventos, mais bem sucedidos são os resultados.

Espaços relaxantes e santuários


Abordagens ambientais para a ou espaços do santuário), que oferecem
redução de danos concentram-se em alívio do evento, proporcionando um
mudar o ambiente social e físico e espaço calmo, tranquilo, confortável e
oferecem aos gerentes e organizadores sombreado para os clientes relaxarem.
uma abordagem de redução de danos que Essas também podem ser áreas que
é incorporada ao design dos eventos. fornecem hidratação e alimentação e
Eles se concentram na criação de também podem ser uma boa oportunidade
espaços (geralmente chamados de chill out para fornecer informações de promoção de

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saúde aos usuários que abordam questões- informações sobre como cuidar para
chave específicas do ambiente do evento, amigos que possam estar usando
como informações sobre substâncias substâncias.
comuns tomadas nesses eventos e
Princípios

Segundo Andrade (2002 apud 2. Tolerância na medida em que evita


SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS intervenções moralistas, preconceituosas e
SOBRE DROGAS, 2013), os três princípios autoritárias;
da Redução de Danos são: 3. Compreensão da diversidade quando não
1. Pragmatismo, pois oferece serviços de impõe a abstinência como o único caminho
saúde mesmo para aquelas pessoas que possível, mas respeita a singularidade e
não querem ou não conseguem parar de escolhas do usuário.
usar droga, visto que preza pela
preservação da vida;

Marcos legais da Redução de Danos no Brasil

- Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas (2003)

As políticas e práticas dirigidas para bem como para todas as unidades


pessoas que apresentam problemas federativas.
decorrentes do uso de álcool e outras No que se refere às estratégias
drogas, no âmbito de atuação do necessárias para a reformulação da Política
Ministério da Saúde, devem estar Nacional de Álcool e Drogas, é relevante
obrigatoriamente integradas às propostas destacar algumas características do campo
elaboradas pela Área Técnica de Saúde de práticas, observadas no cenário
Mental / Álcool e Drogas do MS. nacional e internacional:
As diretrizes para uma política 1. o consumo de drogas não atinge de
ministerial específica para a atenção a maneira uniforme toda a população e sua
estes indivíduos estão em consonância distribuição é distinta nas diferentes
com os princípios da política de saúde regiões do país, apresentando inclusive
mental vigente - preconizada, articulada e diferenças significativas em uma mesma
implementada pelo Ministério da Saúde; região, tanto nos aspectos sociais quanto
uma vez regulamentada e respaldada pela nas vias de utilização e na escolha do
Lei Federal 10.216 (MS, 2002), sancionada produto;
em 6/4/2001, constitui a política de Saúde 2. a pauperização do país, que atinge em
Mental oficial para o Ministério da Saúde, maior número pessoas, famílias ou jovens

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de comunidades já empobrecidas, visa reduzir os danos causados pelo abuso


apresenta o tráfico como possibilidade de de drogas lícitas e ilícitas, resgatando o
geração de renda e medida de proteção; usuário em seu papel autoregulador, sem a
3. o aumento no início precoce em uso de preconização imediata da abstinência e
drogas legais entre os jovens e utilização incentivando-o à mobilização social – nas
cada vez mais freqüente de uso de drogas ações de prevenção e de tratamento, como
de design e crack, e o seu impacto nas um método clínico-político de ação
condições de saúde física e psíquica dos territorial inserido na perspectiva da clínica
jovens, notadamente pela infecção ao HIV ampliada;
e hepatites virais; 4. a definição de políticas 3) Formular políticas que possam
internacionais que contextualizam os desconstruir o senso comum de que todo
países em desenvolvimento somente a usuário de droga é um doente que requer
partir de sua condição de produção, refino internação, prisão ou absolvição;
e exportação de produtos nocivos à saúde. 4) Mobilizar a sociedade civil, oferecendo à
As propostas dessa Política têm o mesma condições de exercer seu controle,
objetivo imprescindível de: participar das práticas preventivas,
1) Alocar a questão do uso de álcool e terapêuticas e reabilitadoras, bem como
outras drogas como problema de saúde estabelecer parcerias locais para o
pública; fortalecimento das políticas municipais e
2) Indicar o paradigma da redução de estaduais.
danos – estratégia de saúde pública que

- Portaria 1.028 de 1º de julho de 2005

Determina que as ações que visam os riscos associados sem, necessariamente,


à redução de danos sociais e à saúde, intervir na oferta ou no consumo.
decorrentes do uso de produtos, Define as seguintes medidas de
substâncias ou drogas que causem atenção integral à saúde:
dependência, sejam reguladas por esta I informação, educação e
Portaria. aconselhamento;
Define que a redução de danos II assistência social e à saúde; e
sociais e à saúde, decorrentes do uso de III disponibilização de insumos de
produtos, substâncias ou drogas que proteção à saúde e de prevenção ao
causem dependência, desenvolva-se por HIV/Aids e Hepatites.
meio de ações de saúde dirigidas a usuários Define as ações necessárias na
ou a dependentes que não podem, não oferta de assistência social e à saúde,
conseguem ou não querem interromper o quando requeridas pelo usuário ou pelo
referido uso, tendo como objetivo reduzir dependente:

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I - o tratamento à dependência causada por na Constituição Federal e quaisquer outros


produtos, substâncias ou drogas; relativos à manutenção de qualidade digna
II - o diagnóstico da infecção pelo HIV e o da vida.
tratamento da infecção pelo HIV e da AIDS; Em todas as ações de redução de
III - a imunização, o diagnóstico e o danos, devem ser preservadas a identidade
tratamento das hepatites virais; e a liberdade da decisão do usuário ou
IV - o diagnóstico e o tratamento das dependente ou pessoas tomadas como
doenças sexualmente transmissíveis (DST); tais, sobre qualquer procedimento
e relacionado à prevenção, ao diagnóstico e
V - a orientação para o exercício dos ao tratamento.
direitos e garantias fundamentais previstos

- Portaria 1.059 de 4 de julho de 2005

Destina incentivo financeiro para o fomento de ações de redução de danos em Centros


de Atenção Psicossocial para o Álcool e outras Drogas – CAPSad.
Define que, no âmbito desta Portaria, entende-se ações de redução de danos como
intervenções de saúde pública que visam prevenir as consequências negativas do uso de álcool
e outras drogas, tais como:
I - ampliação do acesso aos serviços de saúde, especialmente dos usuários que não têm
contato com o sistema de saúde, por meio de trabalho de campo;
II - distribuição de insumos (seringas, agulhas, cachimbos) para prevenir a infecção dos vírus
HIV e Hepatites B e C entre usuários de drogas;
III - elaboração e distribuição de materiais educativos para usuários de álcool e outras drogas
informando sobre formas mais seguras do uso de álcool e outras drogas e sobre
as consequências negativas do uso de substâncias psicoativas;
IV - ampliação do número de unidades de tratamento para o uso nocivo de álcool e outras
drogas;
V - outras medidas de apoio e orientação, com o objetivo de modificar hábitos de consumo e
reforçar o autocontrole.

Após apresentado um breve histórico de leis e políticas voltadas para a questão das
drogas de uma forma mais geral; visto que também existem ações e políticas voltadas mais
especificamente para algumas drogas, como o álcool, o tabaco e o crack; o que pode ser
ressaltado é que a problemática das drogas se insere no campo da saúde, assim como no
campo da justiça. O histórico da política no Brasil é marcado pelas contradições: apesar da
existência de uma lei que proíbe a privação da liberdade do usuário de droga, ainda o usuário
de drogas, em especial o de crack, é visto como criminoso ou um criminoso em potencial,
onde muitos são presos; apesar da Reforma Psiquiátrica, o judiciário tem decretado muitas
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Básica
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internações compulsórias como uma medida de segurança pública ao invés de saúde, indo em
alguns casos de encontro com a orientação dada pelo laudo médico; há um aumento da
quantidade de Comunidades Terapêuticas que recebem financiamento do governo, onde a
maioria delas violam os direitos humanos, assemelhando-se ao manicômio.

REFERÊNCIAS

CARNEIRO, H. AS NECESSIDADES HUMANAS E O PROIBICIONISMO DAS DROGAS NO SÉCULO XX. OUTUBRO, V. 6,


P.115-128. 2002.
COSTA-ROSA, A. ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ALÉM DA REFORMA PSQUIÁTRICA: CONTRIBUIÇÕES A UMA CLÍNICA
CRÍTICA DOS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NA SAÚDE COLETIVA. SÃO PAULO: EDITORA UNESP, 2013.
FERRI, C. P.; GALDURÓZ, J. C. F. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: CID-10 E DSM. DISPONÍVEL EM:
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LANCETTI, A. CLÍNICA PERIPATÉTICA. SÃO PAULO: ED.HUCITEC, 2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011. DISPONÍVEL EM: <
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______________________ DROGAS E REDUÇÃO DE DANOS: UMA CARTILHA PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE.
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_____________________ REFORMA PSIQUIÁTRICA E POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL. BRASÍLIA, 2005.
_______________________ A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS. 1º EDIÇÃO. BRASÍLIA, 2003.
_____________________ PORTARIA Nº 336, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002. DISPONÍVEL EM: <
HTTP://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/SAUDELEGIS/GM/2002/PRT0336_19_02_2002.HTML>. ACESSO EM
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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. LEI Nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. DISPONÍVEL EM:
<HTTP://WWW.PLANALTO.GOV.BR/CCIVIL_03/LEIS/LEIS_2001/L10216.HTM>. ACESSO EM OUTUBRO DE 2017.
RODRIGUES, T. POLÍTICA DE DROGAS E A LÓGICA DOS DANOS. REVISTA VERVE, SÃO PAULO, NU-SOL/PUC-SP, N.
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SECRETARIA DE SAÚDE DE MINAS GERAIS. Atenção em Saúde Mental. Marta Elizabeth de Souza (Org.). Belo
Horizonte, 2006.
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS. PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS: CAPACITAÇÃO PARA
CONSELHEIROS E LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS. 5. ED. BRASÍLIA, 2013.
SILVA, J. C. B. ENTRE (DES) ENCONTROS, TENSÕES E POSSIBILIDADES: REFORMA PSIQUIÁTRICA E TRABALHO EM
EQUIPE NA CIDADE DO RECIFE. 2010. 137F. DISSERTAÇÃO (MESTRADO EM PSICOLOGIA) - CENTRO DE FILOSOFIA
E CIÊNCIAS HUMANAS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, RECIFE. 2010.
BRASIL. A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS. 2.ED. REV. AMPL. BRASÍLIA: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004;
BRASIL. A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS. 2.ED. REV. AMPL. BRASÍLIA: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004B; 2004.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE AÇÕES
PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS. SAÚDE MENTAL NO SUS: OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL. BRASÍLIA:
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004C;

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Básica
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, DEPARTAMENTO DE AÇÕES


PROGRAMÁTICAS E ESTRATÉGICAS EM SAÚDE, COORDENAÇÃO GERAL DE SAÚDE MENTAL. REFORMA
PSIQUIÁTRICA E POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL. DOCUMENTO APRESENTADO À CONFERÊNCIA
REGIONAL DE REFORMA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL: 15 ANOS DEPOIS DE CARACAS. BRASÍLIA: OPAS,
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005.

EXERCÍCIOS

01. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS) O 02. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS)
mercado ilegal de drogas é bastante Considere as seguintes afirmativas sobre a
rentável, sendo a margem de lucro do Redução de Danos:
comércio ilegal mais lucrativa que no legal. I. Tem como princípio fundamental o
A indústria do tráfico geralmente está respeito à liberdade de escolha dos
associada à violência, roubo e venda de usuários.
armas, elementos que contribuem, II. Movimento Internacional, que surgiu na
significativamente, para o aumento da década de 80 em resposta à crise da AIDS
criminalidade. Assim, no debate sobre com a adesão de vários países no
Política de drogas, não há consenso em desenvolvimento de estratégias para
relação à legalização, proibição e reduzir o risco de transmissão do HIV entre
descriminalização. Sobre a legalização, é usuários de drogas injetáveis.
CORRETO afirmar que tem por objetivo III. Movimento Internacional que surgiu na
principal década de 60, em resposta à crise da AIDS
A) diminuir a oferta das drogas proscritas com a adesão de vários países no
para aumentar o seu preço e as desenvolvimento de estratégias para
oportunidades de consumo. reduzir o risco de transmissão do HIV entre
B) reduzir danos para usuários recreativos e usuários de drogas injetáveis.
dependentes e concentrar esforços na IV. O uso da abordagem redução de danos
prevenção e no combate à oferta. exige que o usuário chegue à abstinência no
C) reduzir o uso problemático de drogas e os final do tratamento.
problemas causados pela criação de Está(ão) CORRETA(S) apenas
mercados ilegais. A) III B) I e II C) I e III D) I
D) reduzir o uso recreativo de drogas e os E) II e IV.
problemas causados pela criação de
mercados ilegais. 03. (IAUPE, 2017 PERFIL AB) Considerando
E) reduzir o uso recreativo de drogas e os os usuários de droga injetáveis e a infecção
problemas causados pelo mercado legal. pelo HIV/AIDS, assinale a alternativa
INCORRETAMENTE relacionada aos

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fundamentos teórico-práticos da Redução como no manejo em relação ao seu uso de


de Danos. drogas.
A) O princípio fundamental, que orienta as B) pressupõem a dependência do usuário
políticas de redução de danos, é o respeito como uma problemática complexa,
à liberdade de escolha e a autonomia de devendo ser abordada por meio de ações
decisão sobre a própria vida, por exemplo, múltiplas e singulares no plano subjetivo,
de continuar usando droga. social, cultural, político e econômico.
B) O espectro de medidas de redução é C) focaliza a necessidade de ações
amplo, incluindo, por exemplo, a troca de preventivas, cujos resultados não
seringas, a educação na comunidade, a dependam exclusivamente da aderência
prescrição de drogas e o subsídio e o auxílio dos pacientes aos tratamentos direcionados
às políticas legais de repressão. à abstinência.
C) Procurando enfatizar se o D) empreendem medidas que minimizem as
comportamento é seguro ou inseguro, consequências das drogas psicoativas,
favorável ou desfavorável, as ações de considerando-se, para tanto, o
redução centram-se no que funciona convencimento do usuário à adoção de
(pragmatismo) e no que efetivamente medidas de evitação da droga.
ajuda. E) se mostra como uma estratégia
D) Pressupõem a observação da realidade inovadora, inclusive no plano ético, uma vez
como é e não como é idealizada, para que que objetiva a construção de atitudes
se proponha e efetive medidas que, responsáveis em face de comportamentos
basicamente, diminuam (reduzam) de risco.
prejuízos maiores em face de um problema
de saúde. 05. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS) A
E) Concebem que o usuário de drogas não é política de drogas no Brasil se encontra em
passivo diante do consumo, mas ativo, um momento de debates acirrados. Um
capaz de adotar práticas de consumo dos pontos desse acirramento se deve à
menos prejudiciais, sendo a abstinência tensão acerca da integração das
uma contingência e não, um fim. Comunidades Terapêuticas (CTs) no
âmbito da Saúde Pública. Nesse cenário, as
04. (IAUPE, 2019 PERFIL AB) Considerando Comunidades Terapêuticas têm
os fundamentos teóricos, que orientam a mobilizado o debate nacional e, sobre os
estratégia de Redução de Danos, pontos criticados pela militância da
especialmente aqueles direcionados aos reforma psiquiátrica no que concerne à
usuários de drogas, é INCORRETO afirmar regulamentação desse dispositivo, analise
que os itens abaixo:
A) favorece o apoio/incentivo ao I. A internação involuntária
protagonismo das pessoas que utilizam II. A coexistência de um modelo assistencial
drogas tanto na busca pelo cuidado de si religioso no âmbito do estado laico.
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III. A abstinência às drogas como meta do profissionais de saúde que se deparam


cuidado. com a complexidade da prevenção do uso
IV. A requisição do Fundo Nacional de Saúde indevido e do tratamento da dependência
para financiamento desses dispositivos. química. Sobre as ações de Redução de
Estão CORRETOS Danos, analise as afirmativas abaixo:
A) I, II e III, apenas. B) I, III e IV, apenas. I. As ações são eficazes em diminuir os
C) II, III e IV, apenas. D) II e III, apenas. E) riscos de contágio de doenças
I, II, III e IV. transmissíveis por via venosa e sexual, sem
aumentar o consumo de drogas.
06. (IAUPE – Perfil AB Psicologia 2020) A II. São ações práticas e humanistas para
política nacional de redução de danos diminuir os danos relacionados ao uso
sociais e à saúde está estabelecida por prejudicial do álcool e de outras drogas.
portaria do Ministério da Saúde. Sobre III. As ações colocam as drogas no lugar
essa portaria, leia as afirmativas abaixo: central, reconhecendo-as como a causa
I. A redução de danos é decorrente do uso principal dos problemas e doenças.
de produtos, substâncias ou drogas que IV. A RD respeita a igualdade entre os
causem dependência. sujeitos, propondo ações que exijam
II. É dirigida a usuários ou a dependentes comportamento igual para todos em todas
que não podem, não conseguem ou não as situações.
querem interromper o referido uso V. As ações trazem uma perspectiva ampla,
III. Está assentada na informação, educação, propondo o uso controlado e seguro de
aconselhamento e assistência social e à drogas como alternativa à abstinência.
saúde. Estão CORRETAS
IV. Estabelece a distribuição de insumos de A) apenas I, II e V. B) apenas III, IV e V. C)
proteção à saúde e de prevenção ao apenas I e II. D) apenas I e IV. E) I, II, III,
HIV/Aids e Hepatites, (inclusive IV e V.
preservativos e seringas descartáveis).
V. Essa portaria é decorrente da “Lei Seca” 08. (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2017) Em
(Lei nº 11.705, de 19/06/08). situação de crise e sob efeito de substância
Assinale a alternativa CORRETA. psicoativa, João envolveu-se numa briga
A) I, II, III, IV e V estão corretas. B) Apenas I, com o pai. Tendo sua mãe assistido a toda
II, III e IV estão corretas. a cena, teve ao final do episódio, uma
C) Existem, apenas, duas incorretas. D) parada cardíaca, chegando a óbito. Diante
Existem, apenas, três incorretas. de tal fato, três dias depois, o juiz da cidade
E) Apenas IV está incorreta. decretou a internação compulsória de
João. Considerando os princípios e as
07. (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2017) A estratégias da redução de danos, o que
Redução de Danos - RD se oferece como seria mais adequado ser realizado em
mais uma possibilidade de atuação dos relação ao caso?
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A) A equipe deveria, de imediato, acatar a indivíduo, e, caso continue com o uso, que
ordem judicial, fazendo a busca ativa de o faça com o menor risco possível.
João e possibilitando sua internação E) Não passam uma mensagem de
compulsória. descrédito que seja possível interromper o
B) A equipe deveria fazer uma campanha de uso de drogas (no âmbito individual).
prevenção em saúde mental junto à
comunidade. 10. (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2016) A
C) A equipe deveria, de imediato, acolher Redução de Danos é uma política pública
João integralmente (CAPS 24h ou hospital oficial do Ministério da Saúde para o
geral), desenvolvendo os cuidados enfrentamento dos problemas que podem
necessários nesse momento de crise e ser gerados pelo uso de álcool e outras
procurar o juiz para conversar sobre a drogas. Está preconizada na Política de
situação de João, renegociando a ordem de Atenção Integral a Usuários de Álcool e
internação compulsória, expressando sua Outras Drogas (2003) e respaldada pela
análise técnica e fazendo nova proposição Portaria nº 1.059/GM, de 4 de julho de
terapêutica. 2005, do Ministério da Saúde. Sobre esse
D) A equipe deveria visitar o pai, apoiá-lo e assunto, analise os itens abaixo:
orientá-lo acerca dos caminhos necessários I. A Política de Redução de Danos se
para garantir uma internação definitiva de apresenta como estratégia de superação da
João. uma visão reducionista sobre o uso de
E) A equipe não deveria se envolver com o substâncias psicoativas, uma vez que
caso de João, considerando que atenção à incentiva o protagonismo e autonomia do
crise não está sob a competência de um usuário, resgatando sua condição de sujeito
serviço territorial. na perspectiva dos direitos humanos.
II. A Estratégia de Redução de Danos está
09. (IAUPE, 2016, FCM) Sobre as empenhada em reduzir a oferta e a
estratégias de Redução de Danos (RD), demanda por substâncias psicoativas com
assinale a alternativa INCORRETA. ações repressivas e criminalizadoras da
A) Não são contraditórias nem dispensam produção, comércio e uso.
ações preventivas, dirigidas para a redução III. O paradigma da redução de danos
da oferta ou da demanda. concentra-se em enfrentar, de modo
B) As estratégias de RD são permissivas e pragmático, os problemas de saúde, sociais
contrárias à abstinência. e econômicos relacionados ao uso de
C) Desde o início da utilização, as estratégias substâncias psicoativas, sem avaliações
de RD vêm encontrando forte oposição, morais sobre essa prática.
criando um campo de polêmicas e reflexões IV. O movimento social da RD também
importantes. questiona a partilha moral, realizada entre
D) A RD considera que o ideal de não usar drogas lícitas e ilícitas. Essa partilha moral
drogas pode ou não ser alcançado pelo condiciona o modo como essas substâncias
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são visibilizadas no debate sobre saúde ( ) As ações relacionadas ao consumo de


pública, além de produzir subjetividades bebidas alcoólicas estão incluídas nas
autoritárias, principalmente em relação ao estratégias de redução de danos.
uso de drogas ilícitas. ( ) A contratação de pessoal para trabalhar
V. A interrupção do uso de substâncias com redução de danos deve priorizar
psicoativas é, em muitas situações, um membros da administração pública,
passo não só necessário como desejável considerando, principalmente, o nível de
para diminuir os agravos à saúde. Dessa instrução formal.
forma, é aceitável que a abstinência seja Assinale a alternativa que apresenta a
pré-condição e meta a ser atingida pelos sequência CORRETA.
usuários de drogas para que seus direitos A) F – V – V – F – F B) V – V – F – F – V
sejam garantidos. C) F – V – V – V – F D) V – F – V – F – F
Assinale a alternativa CORRETA. E) F – F – V – V – F
A) Todos estão corretos.
B) Apenas II e V estão incorretos. 12. (IAUPE, 2014, FCM) Sobre Redução de
C) Apenas I e III estão corretos. Danos sociais e à saúde, decorrentes do
D) Apenas II, IV e V estão incorretos. uso de produtos, substâncias ou drogas
E) Apenas I, II, IV e V estão corretos. que causem dependência, assinale a
alternativa INCORRETA.
11. (IAUPE, 2015, FCM) Sobre a A) A redução de danos não implica o
regulamentação pelo Ministério da Saúde estabelecimento de vínculo com os
das ações destinadas à redução de danos profissionais, pois o usuário passa a ser o
sociais e à saúde, decorrentes do uso de responsável pelos caminhos a serem
álcool e outras drogas, analise as construídos em sua vida.
afirmativas e coloque V nas verdadeiras e F B) A redução de danos é uma estratégia de
nas falsas. saúde pública, dirigida a usuários ou a
( ) A redução de danos não se aplica no dependentes químicos, que não conseguem
âmbito de instituições que mantenham ou não querem interromper o uso de
pessoas submetidas à privação ou à drogas, tendo como objetivo reduzir os
restrição da liberdade. riscos associados sem, necessariamente,
( ) A redução de danos está direcionada a intervir na oferta ou no consumo.
usuários ou a dependentes que não podem, C) As ações de redução de danos devem ser
não conseguem ou não querem desenvolvidas em todos os espaços de
interromper o uso de drogas. interesse público em que ocorra ou possa
( ) Em todas as ações de redução de danos, ocorrer o consumo de produtos,
devem ser preservadas a identidade e a substâncias ou drogas que causem
liberdade da decisão do usuário ou dependência ou para onde se reportem os
dependente. seus usuários.

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D) Nas ações de redução de danos, devem IV. A redução de danos não reconhece a
ser preservadas a identidade e a liberdade abstinência como resultado ideal.
da decisão do usuário ou dependente sobre Está(ão) CORRETA(S), apenas,
qualquer procedimento relacionado à A) I, II e III.
prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento. B) I.
E) As ações de informação, educação e C) II.
aconselhamento devem ser acompanhadas D) I e II.
da distribuição dos insumos destinados a E) III e IV
minimizar os riscos decorrentes do
consumo de produtos, substâncias e drogas 14. (IAUPE, 2018 PERFIL AB) A promoção de
que causem dependência. estratégias e ações de redução de danos,
voltadas para a saúde pública e direitos
13. (IAUPE, 2015, FCM) Sobre a Estratégia humanos foram estabelecidas pela
de Redução de Danos, analise as Portaria Nº 1.028, de 1º de julho de 2005.
afirmativas abaixo: São ações necessárias na oferta de
I. Constitui-se como uma alternativa de assistência social e à saúde, quando
saúde pública para os modelos moral, requeridas pelo usuário ou pelo
criminal e de doença na medida em que dependente:
desvia a atenção do uso de drogas em si I. O tratamento à dependência causada por
mesmo, focando nas consequências e produtos, substâncias ou drogas.
efeitos prejudiciais do uso abusivo e/ou II. O diagnóstico da infecção pelo HIV e o
dependente para o usuário e a sociedade e tratamento da infecção pelo HIV e da AIDS.
ou grupo social do seu entorno. III. A imunização, o diagnóstico e o
II. Diferentemente do modelo moral e o da tratamento das hepatites virais.
doença que insistem na abstinência IV. O diagnóstico e o tratamento das
absoluta, reconhece-se a abstinência como doenças sexualmente transmissíveis (DST).
resultado ideal, mas se aceitam alternativas V. O diagnóstico e o tratamento das
que reduzam os danos. arboviroses.
III. Não reconhece a abstinência como Assinale a alternativa CORRETA.
resultado ideal; apenas considera que, no A) Todos os itens estão corretos.
processo de tratamento dos usuários, pode B) Existem, apenas, quatro itens corretos.
haver a abstinência da droga de maior uso C) Existem, apenas, três itens corretos.
por um espaço de tempo até que o quadro D) Existem, apenas, dois itens corretos.
da dependência possa estabilizar e estes E) Existe, apenas, um item correto.
possam voltar a usar de forma esporádica a
droga escolhida por estes como a que 15.(IAUPE, 2021) Sobre a prática da
acarreta menos danos no seu cotidiano e Redução de Danos, assinale a alternativa
dos familiares. INCORRETA.

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Básica
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A) Tem por finalidade minimizar as


consequências adversas do uso/abuso de 16. (IAUPE, 2021) Uma análise da Redução
drogas. de Danos, segundo seu enfoque histórico,
B) Veicula-se a ideia da droga como algo permite, CORRETAMENTE, categorizá-la
eminentemente nocivo e incompatível com como uma relação de
o cuidado de si. A) oposição entre forças progressistas e
C) Compreende um marco ético, estético e forças conservadoras.
político, na forma de organização das ações B) complementação entre política
de cuidado. autoritária e forças progressistas.
D) Versa sobre um modo de abarcar as C) oposição entre forças conservadoras e
demandas do usuário em sua singularidade política autoritária.
e complexidade. D) complementação entre política
E) Exige uma prática transversalizada que democrática e políticas autoritárias.
dialogue com a vida, o território e as E) suplementação entre política autoritária
determinações sociais. e força conservadora

GABARITO
1. C 2. B 3. B 4. D 5. E 6. C 7. A 8. C

9. B 10. C 11. C 12. A 13. D 14. B 15. B 16. D

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Básica
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Aula

16
NASF: organização, funcionamento e
regulamentação

PSICOLOGIA E ATENÇÃO BÁSICA


Profª Rafaela Domingos

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__________________
NASF: organização, funcionamento e
regulamentação
NASF-AB

Ressalta-se que os Nasf-AB não se b. Contribuir para a integralidade do


constituem como serviços com unidades cuidado aos usuários do SUS
físicas independentes ou especiais, e não principalmente por intermédio da
são de livre acesso para atendimento ampliação da clínica, auxiliando no
individual ou coletivo (estes, quando aumento da capacidade de análise e de
necessários, devem ser regulados pelas intervenção sobre problemas e
equipes que atuam na Atenção Básica). necessidades de saúde, tanto em termos
Devem, a partir das demandas clínicos quanto sanitários; e
identificadas no trabalho conjunto com as c. Realizar discussão de casos, atendimento
equipes, atuar de forma integrada à Rede individual, compartilhado, interconsulta,
de Atenção à Saúde e seus diversos pontos construção conjunta de projetos
de atenção, além de outros equipamentos terapêuticos, educação permanente,
sociais públicos/privados, redes sociais e intervenções no território e na saúde de
comunitárias. Compete especificamente à grupos populacionais de todos os ciclos de
Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da vida, e da coletividade, ações intersetoriais,
Família e Atenção Básica (Nasf- AB): ações de prevenção e promoção da saúde,
discussão do processo de trabalho das
a. Participar do planejamento conjunto equipes dentre outros, no território.
com as equipes que atuam na Atenção
Básica à que estão vinculadas;

Composição do NASF

Poderão compor os NASF-AB as Profissional/Professor de Educação Física;


ocupações do Código Brasileiro de Farmacêutico; Fisioterapeuta;
Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Fonoaudiólogo; Médico
Acupunturista; Assistente Social; Ginecologista/Obstetra; Médico
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Básica
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Homeopata; Nutricionista; Médico graduado diretamente em uma dessas


Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; áreas conforme normativa vigente.
Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; A definição das categorias profissionais é
Médico Internista (clinica médica), Médico de autonomia do gestor local, devendo ser
do Trabalho, Médico Veterinário, escolhida de acordo com as necessidades
profissional com formação em arte e dos territórios.
educação (arte educador) e profissional de
saúde sanitarista, ou seja, profissional OBS: (A portaria não menciona entre as
graduado na área de saúde com pós- ações realizadas pelo NASF, o apoio
graduação em saúde pública ou coletiva ou matricial)

PORTARIA 3.124 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2012

Redefine os parâmetros de vinculação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF)


Modalidades 1 e 2 às Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de Atenção Básica para
populações específicas, cria a Modalidade NASF, e dá outras providências.

TIPO PORTARIA 3.124/2012


CARGA HORÁRIA DOS PROFISSIONAIS DO NASF NÚMERO DE EQUIPES
VINCULADAS
NASF 1 a) Somatória deve acumular no mínimo 200 No mínimo 5 e a no máximo
(duzentas) horas semanais; 9 ESF e/ou EAB para
b) nenhum profissional poderá ter carga horária populações específicas
semanal < 20 (vinte) horas; e (consultórios na rua,
c) cada ocupação, considerada isoladamente, equipes ribeirinhas e
deve ter no mínimo 20 (vinte) horas e no máximo fluviais)
80 (oitenta) horas de carga horária semanal
NASF 2 a) A somatória deve acumular no mínimo 120 3 a 4 ESF e/ou Equipes de
(cento e vinte) horas semanais; Atenção Básica para
b) nenhum profissional poderá ter carga horária populações específicas
semanal < 20 (vinte) horas; e (consultórios na rua,
c) cada ocupação, considerada isoladamente, equipes ribeirinhas e fluviais
deve ter no mínimo 20 (vinte) horas e no máximo
40 (quarenta) horas de carga horária semanal.
NASF 3 a) A somatória deve acumular no mínimo 80 No mínimo 1 e a no máximo
(oitenta) horas semanais; 2 ESF e/ou EAB para
populações específicas

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Básica
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b) nenhum profissional poderá ter carga horária (consultórios na rua,


semanal < 20 (vinte horas); e equipes ribeirinhas e
c) cada ocupação, considerada isoladamente, fluviais, configurando-se
deve ter no mínimo 20 (vinte) horas e no máximo como uma equipe ampliada.
40 (quarenta) horas de carga horária semanal.

EXERCÍCIOS

1. (IAUPE – PERFIL AB 2020) O Núcleo Assinale a alternativa CORRETA.


Ampliado de Saúde da Família e Atenção A) I, II, III, IV e V estão corretas.
Básica (Nasf-AB) se constitui numa equipe B) Apenas I, II, III e IV estão corretas.
multiprofissional e interdisciplinar C) Apenas II está incorreta.
composta por categorias de profissionais D) Existem duas incorretas.
da saúde, complementar às equipes que E) Apenas V está incorreta.
atuam na Atenção Básica. Sobre o NASF-
AB, leia as afirmativas abaixo: 02. (IAUPE, 2018 Perfil AB) O Núcleo
I. Os Nasf-AB não se constituem como Ampliado de Saúde da Família e Atenção
serviços com unidades físicas Básica (Nasf-AB) se constitui em uma
independentes ou especiais. equipe multiprofissional e interdisciplinar,
II. São de livre acesso para atendimento atuando de maneira integrada para dar
individual ou coletivo. suporte (clínico, sanitário e pedagógico)
III. Compete à Equipe do Núcleo Ampliado aos profissionais das equipes de Saúde da
de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB).
AB) participar do planejamento conjunto Sobre a composição do Nasf-AB na área de
com as equipes que atuam na Atenção saúde, analise os itens abaixo:
Básica a que estão vinculadas. I. Médico Acupunturista
IV. Poderão compor os NASF-AB: Médico II. Médico Ginecologista/Obstetra
Acupunturista, Assistente Social, Médico III. Médico Homeopata
Homeopata, Profissional/Professor de IV. Médico Pediatra
Educação Física; Farmacêutico; V. Médico Veterinário.
Fisioterapeuta. Assinale a alternativa CORRETA.
V. Compete realizar discussão de casos, A) Todos estão corretos. B) Existem,
atendimento individual, interconsulta, apenas, quatro corretos. C) Existem,
construção conjunta de projetos apenas, três corretos. D) Existem, apenas,
terapêuticos, educação permanente, dois corretos. E) Existe, apenas, um correto.
intervenções no território e na saúde de
grupos populacionais de todos os ciclos de 03. (IAUPE, 2018 FCM SC) Sobre a
vida. organização do NASF, segundo o Caderno

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de Atenção Básica, Nº. 39, todas as (CAB, 39). Sobre as formas de desenvolver
alternativas abaixo estão corretas, esse trabalho, coloque V nas afirmativas
EXCETO: verdadeiras e F nas falsas.
A) O trabalho do Nasf é orientado pelo ( ) As ações desenvolvidas pelo Nasf têm
referencial teórico-metodológico do apoio dois principais públicos-alvo: as equipes de
matricial, que significa uma estratégia de referência apoiadas e diretamente os
organização do trabalho em saúde, que usuários do Sistema Único de Saúde.
acontece a partir da integração eSF e equipe ( ) São equipes de referência as equipes da
Nasf. Estratégia Saúde da Família, Equipes de
B) O compartilhamento de problemas, a Atenção Básica, Consultórios na Rua e
troca de saberes e práticas entre os diversos equipes de Agentes Comunitários de Saúde.
profissionais e a articulação pactuada de ( ) Dentistas, técnicos de higiene dental e
intervenções materializam os objetivos do auxiliares de consultório dentário compõem
apoio matricial do Nasf. as equipes de referêcia.
C) Os profissionais do Nasf devem possuir ( ) A equipe e os profissionais de referência
disponibilidade no conjunto de atividades são aqueles lotados na unidade de maior
que desenvolve para realização de complexidade tecnológica.
atividades com as equipes, bem como para ( ) Trata-se de um trabalho compartilhado e
atividades assistenciais diretas aos usuários. colaborativo em, pelo menos, duas
D) O Nasf deve compartilhar ações, inclusive dimensões: clínicoassistencial e técnico-
por meio de “transferência tecnológica” pedagógica. Assinale a alternativa que
cooperativa e horizontal, isto é, apoio contém a sequência CORRETA.
pedagógico, que progressivamente produz A) F – F – F – V – V
mais autonomia para as equipes. B) F – V – F – V – F
E) O trabalho do Nasf deve auxiliar a C) V – V – F – F – V
articulação com outros pontos de atenção D) V – V – V – F – V
da rede, como consultório de rua, farmácia E) V – F – F – V – F
da família e academia da saúde, mantendo-
se no âmbito da atenção básica. 05. (IAUPE, Perfil SC, 2016) A respeito dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família, é
04. (IAUPE, 2018 FCM UPE) Um dos papéis CORRETO afirmar que
do Nasf e do sanitarista que nele atua é A) são compostos por equipes
assegurar a assistência especializada aos multiprofissionais, de atuação integrada,
usuários vinculados a equipes e fornecendo, por meio de suas ações, apoio
profissionais da atenção primária às Equipes de Saúde da Família e de atenção
diretamente ou auxiliando na articulação básica para populações específicas, bem
de/com outros pontos de atenção da rede, como Academia da Saúde.
quando isso for necessário, para garantir a
continuidade do cuidado dos usuários
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Básica
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B) não fazem parte da atenção básica, pois D) Apenas 2 itens estão corretos.
constituem serviços com unidades físicas E) Apenas 1 item está correto.
independentes ou especiais.
C) são de livre acesso para atendimento 7 .(UPE/2018) O Núcleo Ampliado de Saúde
individual ou coletivo. da Família e Atenção Básica (NASF-AB) se
D) atendem à população a partir das constitui em uma equipe multiprofissional
demandas identificadas nas Unidades e interdisciplinar que atua de maneira
Hospitalares. integrada para dar suporte (clínico,
E) não há, em nenhuma das formas de sanitário e pedagógico) aos profissionais
atuação do NASF, responsabilização das equipes de Saúde da Família (ESF) e de
compartilhada entre a equipe dos núcleos e Atenção Básica (EAB). Sobre a composição
as equipes de Saúde da Família/equipes de do NASF-AB na área de saúde, analise os
atenção básica. itens abaixo:
I. Médico acupunturista
06. (IAUPE, 2017) No sentido de ampliar a II. Médico ginecologista/obstetra
resolutividade das equipes de saúde da III. Médico homeopata
família, o Ministério da Saúde incentiva IV. Médico pediatra
financeiramente a criação dos Núcleos de V. Médico veterinário
Apoio à Saúde da Família (NASF). Sobre o Assinale a alternativa CORRETA.
NASF, leia os itens abaixo: a)Todos estão corretos
I. O valor do incentivo federal para o custeio b) Existem, apenas, quatro corretos
de cada NASF dependerá da sua categoria: c)Existem, apenas, três corretos
NASF 1, 2, 3 ou 4. d)Existem, apenas, dois corretos
II. O Ministério da Saúde suspenderá os e) Existe, apenas, um correto
incentivos quando do descumprimento da
carga horária mínima prevista para os 8.(Residência
profissionais das equipes. Multiprofissional/UERN/2018) É prevista a
III. Os NASF devem funcionar em horário de implantação da Estratégia de Agentes
trabalho coincidente com o das equipes de Comunitários de Saúde nas UBS como uma
Saúde da Família. possibilidade para reorganização inicial da
IV. Os NASF não são de livre acesso para Atenção Básica com vistas à implantação
atendimento individual ou coletivo. gradual da Estratégia de Saúde da Família
V. Não se recomenda a existência de uma ou como uma forma de agregar os agentes
unidade de saúde ou serviço de saúde comunitários a outras maneiras de
específicos para a equipe de NASF. organização da Atenção Básica. A seu
Assinale a alternativa CORRETA. respeito, assinale a alternativa incorreta
A) Todos os itens estão corretos. em relação aos itens necessários à sua
B) Apenas 4 itens estão corretos implantação.
C) Apenas 3 itens estão corretos.
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a) A existência de uma Unidade Básica de tendo o médico ou o enfermeiro como


Saúde, inscrita no SCNES vigente, que passa supervisor.
a ser a UBS de referência para a equipe de d) Os ACS devem estar cadastrados no
agentes comunitários de saúde. SCNES vigente, vinculados à equipe.
b) O número de ACS e ACE por equipe e) Cada ACS deve realizar as ações previstas
deverá ser definido de acordo com base nas regulamentações vigentes e nessa
populacional (critérios demográficos, portaria e ter uma microárea sob sua
epidemiológicos e socioeconômicos), responsabilidade, cuja população não
conforme a legislação vigente. ultrapasse 750 pessoas.
c) É obrigatório o cumprimento da carga
horária integral de 40 horas semanais por
toda a equipe de agentes comunitários,

GABARITO
01. C 02. A 03. E 04. D
05. A 06. B 7. A 8. C

__________________
PSICOLOGIA E ATENÇÃO BÁSICA

A Psicologia na Saúde Pública – Alguns marcos

1978 – I Conferência Internacional de


Atenção Primária à Saúde: Inicia-se a Anos 1970 e 1980: Há um crescente
participação da Psicologia na Saúde Pública número de psicólogos se formando nas
faculdades do Brasil a saúde pública se
2006 – I Fórum de Psicologia e Saúde mostrou como uma “nova” possibilidade
Pública: Objetivo de aprofundar o para os profissionais, sem, contudo, ser
conhecimento e a participação da acompanhado do devido preparo na sua
Psicologia no setor; organizar e direcionar formação (DIMENSTEIN, 1998). Porém,
a questão da formação dos profissionais. também é importante destacar que a busca
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por um outro modelo de atuação foi um dessa época escolheram esse campo de
dos motivos pelos quais outros psicólogos trabalho.
que teciam críticas ao modelo de saúde

Dificuldades da Psicologia na Saúde Pública

- Profissionais com formação tradicional e - Inserir-se na comunidade, no cotidiano


sem compreensão do modelo de saúde dos moradores, compreendendo suas
pública; falta de credibilidade das práticas dinâmicas de maneira profunda e com
psicológicas diferentes das tradicionais. comprometimento (AMARAL, GONÇALVES
e SERPA, 2012)
- Profissionais sem preparação específica
(treinados ao modelo clínico) e sem - Psicologia clínica (modelo de psicoterapia
compreensão do seu papel e de outras breve)
possibilidades de atuação, como por
exemplo, trabalhar demandas sociais. - Psicologia escolar (compreensão e
problematização da queixa escolar)
A atuação da Psicologia na Atenção
Básica propõe romper com os modelos - Parceria com os CAPS (escutas individuais,
tradicionais de atendimento; propor a grupos, atendimento familiar,
aproximação dos técnicos com a matriciamento nas unidades de saúde,
população; a participação coletiva na grupos de estudo, oficinas para
produção da saúde; deslocamento do lócus trabalhadores).
do saber/poder; ampliação do campo de
atuação, no diálogo com diferentes áreas. Nascimento, Manzini e Bocco
(2006) afirmam que é preciso reinventar as
- Atuação contextualizada: “propiciar uma práticas psicológicas, criando um constante
prática transformadora e reflexiva, sempre estranhamento dos paradigmas e
condizente com a realidade da realidades que se apresentam como
comunidade em que se está inserido, prontos, autorizando-nos a inventar, no
buscando novas formas de deixar emergir cotidiano, estratégias que não obedeçam
o novo, promovendo conscientização e às fórmulas prescritas, mas que, pelo
empoderamento” (DIMENSTEIN, 1998). contrário, possibilite o exercício de
autonomia em nossas análises e gestões do
dia a dia.

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Principais referências para embasar a atuação contextualizada da psicologia na


Atenção Básica

- Psicologia Social Crítica

A Psicologia Social Crítica surge a social como orientadora fundamental dos


partir de uma vertente alinhada aos estudos psicológicos; combate ao
movimentos latino-americanos de tradição objetivismo; reconhecimento do caráter
marxista, os quais denunciaram a ativo dos seres humanos como produtores
colonização político-científica que ocorreu da história; necessidade de incluir no
por meio da aplicação direta de modelos estudo psicológico o ponto de vista dos
europeus e norte-americanos em seus oprimidos, compreendidos como sujeitos
territórios, e buscam construir uma epistêmicos; consideração de que o
Psicologia Social que contribuísse para a conflito é parte da ação humana;
transformação das condições de vida reconhecimento da importância da
(DOMINGUES; FRANCO, 2014). ideologia como fenômeno psicológico;
Parte do questionamento às incorporação de uma concepção dinâmica
opressões, violências e desigualdades e dialética dos seres humanos; fomento à
econômicas e/ou sociais vividas pelos autonomia e emancipação social; inclusão
povos latino-americanos (Montero, 2011) de estudos sobre a relação entre indivíduos
e buscarem o empoderamento das e vida cotidiana, [e] a construção diária dos
comunidades para o enfrentamento dessas sentidos dados ao mundo e à vida.
situações. Observa-se, assim, que elas não A historicidade dos processos
se configuram como áreas ou campos de sociais é um aspecto destacado por esses
atuação dentro da Psicologia, mas como autores. Eles acreditam que o homem é
um posicionamento ético-político. Parte-se produto e produtor da sociedade em que
do princípio de que a Psicologia é chamada está inserido. Outro tema que merece
a tomar uma posição sobre os adventos da destaque é o das relações de poder.
vida cotidiana, não sendo, assim, neutra. Martin-Baró (2014) afirma que o poder
Ao assumir uma postura, cada psicólogo está presente em todos os aspectos da
mostra sua posição ética e política em vida. É imprescindível que uma atuação
relação à sua prática (Martin-Baró, 2014; transformadora, como a Psicologia Social
Patto, 1997). Crítica propõe, mude também as
Autores como Nepomuceno, estruturas de poder.
Ximenes, Cidade, Mendonça e Soares
(2008) caracterizam a Psicologia Social Principais autores que escreveram sobre
Crítica a partir da ênfase no: caráter Psicologia Social Crítica: Silvia Lane no
histórico da Psicologia; por ter a realidade Brasil, Ignácio Martin-Baró em El Salvador,

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Maritza Montero na Venezuela, Ignacio Rey entre Cuba e Brasil e outros tantos
Dobles na Costa Rica, Fernando González (Conselho Regional de Psicologia, 2016).

O apoio matricial e o papel da Psicologia

- Apoio Matricial

Tecnologia de gestão caracterizada por duas ou mais equipes/ profissionais


ações assistenciais e por ações técnico- operam em uma intervenção pedagógico-
pedagógicas, que produz apoio educativo terapêutica compartilhada (CAMPOS,
com e para a equipe. 1999). É um arranjo na organização dos
O apoio matricial pode ser definido serviços que busca ampliar a capacidade de
como novo modo de se organizar e cuidado das equipes de referência
funcionar para produzir saúde, no qual

- Atuação do profissional de psicologia no NASF

• Ações em saúde mental (não é o único foco ▪ Práticas preventivas ou incorporação de


de atuação) hábitos de vida saudáveis
▪ Atenção aos usuários e a familiares em ▪ Ações de enfrentamento de agravos
situação de risco psicossocial ou doença vinculados ao uso abusivo de álcool e
mental drogas
▪ Ações de combate ao sofrimento subjetivo ▪ Ações de redução de danos e combate à
associado a toda e qualquer doença e a discriminação
questões subjetivas

REFERÊNCIAS

BRASIL. MInistério da Saúde. Portaria no. 2.436 de 21 de setembro de 2017. Brasília: Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, 2017.

BRASIL. MInistério da Saúde. Portaria no. 3.124, de 28 de dezembro de 2012. Brasília: Diário
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. A prática da psicologia e o núcleo de apoio à saúde da família /
Conselho Federal de Psicologia. – Brasília: CFP, 2009. 172 p.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA SP – CRPSP. “Precisamos de uma psicologia latino-americana
transformadora”. Jornal PSI, (186).
DIMENSTEIN, M. D. B. O psicólogo nas Unidades Básicas de Saúde: desafios para a formação e atuação
de profissionais. Estudos de Psicologia, Natal, v. 3, n.1, p. 53-81, 1998.
MARTIN-BARÓ, I. Processos psíquicos e poder. Revista Psicologia Política, v. 14, n. 31, p.591-608, 2014.
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NEPOMUCENO, L. B., et al. Por uma psicologia comunitária como práxis de libertação. Psico, v. 39, n.
4, p. 456-464, 2008.
PATTO, M. H. S. Para uma Crítica da Razão Psicométrica. Psicologia USP, v. 8, n. 1, p. 47-62, 1997.

EXERCÍCIOS

01. (IAUPE – PERFIL AB 2020) O psicólogo, um comportamento mais retraído desde


na Atenção Básica, pode desenvolver uma que se separou há 3 meses, trancando-se
prática no quarto e sem querer falar sobre o que
A) apenas, curativa. está se passando com ele. A irmã refere
B) apenas, de promoção da saúde e que ele sempre foi calado, mas que
curativa. atualmente está ainda mais fechado, só
C) apenas, de promoção e prevenção da saindo de casa para ir beber num bar
saúde. próximo, o que tem prejudicado também
D) apenas, de prevenção e curativa. sua rotina de trabalho. A família está
E) tanto curativa como de promoção e preocupada, pois Ricardo tem comentado
prevenção da saúde. que não vê mais sentido na vida e que não
tem por que se esforçar para continuar
02. (IAUPE – PERFIL AB 2019) Em relação vivendo. O psicólogo do NASF foi acionado
aos possíveis modos de atuação do pela enfermeira da Equipe de Saúde da
Psicólogo na Atenção Básica, analise os Família que acompanha a mãe de Ricardo
itens abaixo: regularmente por complicações da
I. Oficinas diabetes, pedindo apoio para abordar o
II. Atendimento emergencial usuário e pensar nas ações a serem
III. Triagem e encaminhamento tomadas nesse caso. Com base nos
IV. Palestras pressupostos da clínica ampliada e do
V. Atendimento psicoterápico apoio matricial, analise as afirmativas
Assinale a alternativa CORRETA. abaixo com as propostas de ações
A) Apenas 1 item está correto. consideradas mais adequadas ao
B) Apenas 2 itens estão corretos. encaminhamento do caso de Ricardo:
C) Apenas 3 itens estão corretos. I. O psicólogo prontamente agendou um
D) Apenas 4 itens estão corretos. atendimento na Unidade para avaliar o
E) Todos os itens estão corretos. caso, pois sabia que, em se tratando de um
possível risco de suicídio, seria necessário
03. (IAUPE, 2018 SF UPE) Ricardo tem 25 dar prioridade na agenda a esse usuário. Na
anos, é agricultor e mora com a mãe e sua sua avaliação, Ricardo apresentava sinais de
irmã numa casa afastada do centro urbano. depressão e ideação suicida,
Segundo sua mãe, este vem apresentando encaminhando-o ao psiquiatra do
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ambulatório de referência do município 04. (FCM SF, 2018) Dentre as ações dos
para que pudesse receber tratamento Psicólogos do Nasf no cuidado com a Saúde
especializado. Mental, podemos considerar as seguintes
II. O psicólogo agendou uma visita alternativas, EXCETO:
domiciliar junto com a enfermeira para A) Atenção aos usuários e a familiares em
conversar com a família e tentar se situação de risco psicossocial ou doença
aproximar de Ricardo para estabelecer um mental que propicie o acesso ao sistema de
vínculo com ele. Após essa primeira saúde e à reinserção social.
conversa, fez orientações à família e B) As ações de combate ao sofrimento
construiu junto com a equipe uma proposta subjetivo associado a toda e qualquer
de acompanhamento mais frequente do doença e a questões subjetivas de entrave à
caso, envolvendo a Agente Comunitária de adesão a práticas preventivas ou a
Saúde e a enfermeira que já incorporação de hábitos de vida saudáveis.
acompanhavam, de perto, a família, C) Ações de enfrentamento de agravos
procurando construir uma rede de vinculados ao uso abusivo de álcool e
cuidados, envolvendo profissionais e drogas e às ações de redução de danos e
familiares. combate à discriminação.
III. Após a avaliação de Ricardo, o psicólogo D) Ações educativas para crianças,
e a enfermeira discutiram o caso e adolescentes e adultos, voltadas para a
perceberam a necessidade de uma prevenção e abstinência do uso de álcool e
avaliação psiquiátrica, porém, sabendo da outras drogas.
distância e da dificuldade de transporte E) Ações transdisciplinares voltadas para a
entre a casa de Ricardo e o Centro de promoção da saúde mental, prevenção de
Atenção Psicossocial do município, transtornos e acompanhamento de
entraram em contato com a Técnica de tratamento.
Referência do CAPS para discutir o caso e
pensar na possibilidade de uma visita 05. (IAUPE, 2017) João é um menino de 6
domiciliar do psiquiatra, propondo, anos que foi trazido pela avó, atual
também, um momento de matriciamento cuidadora, ao acolhimento da Unidade de
sobre a abordagem da ideação suicida, Saúde da Família. A avó relata que ele está
observando que esses casos estavam “impossível” em casa e, na escola,
aumentando no território. apresenta comportamentos agressivos e
Está(ão) CORRETO(S) o(s) item(ns) dificuldade de aprendizagem. A enfermeira
A) I, II e III. que acolheu o caso convidou a psicóloga da
B) I e II, apenas. equipe NASF para discutir as ações
C) I, apenas. possíveis nesse caso. Analise as afirmativas
D) II e III, apenas. abaixo com as propostas de ações mais
E) III, apenas. adequadas ao encaminhamento do caso de
João:
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I. A equipe de Saúde da Família entende que com sua professora, procurando conhecer
esse caso precisa de uma retaguarda melhor as dificuldades de João e sua relação
especializada, encaminhando com os colegas e professores.
primeiramente para o neurologista infantil IV. A psicóloga entende que o caso
de referência que poderá avaliar a provavelmente necessitará de um
existência de algum quadro orgânico que acompanhamento psicoterápico individual,
esteja causando a alteração assumindo a responsabilidade pelo caso.
comportamental. Está CORRETO, apenas, o que se afirma em
II. A psicóloga se oferece para fazer uma A) II e III
visita domiciliar junto com a Agente B) I.
Comunitária de Saúde na casa de João e C) II e IV.
compreender melhor a dinâmica familiar D) IV.
bem como o contexto e a história de vida da E) II, III e IV.
criança.
III. Na discussão do caso, a psicóloga propõe
à enfermeira que as duas façam uma visita
à escola para conhecer o local e conversar

GABARITO

01. E 02. E 03. D 04. D 05. A

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Aula

17
A CLÍNICA DO SUJEITO: a escuta clínica
Profª Luanna Cruz

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A CLÍNICA DO SUJEITO: a escuta clínica

Escuta qualificada do SUS Desejo: remete a falta, impossibilidade de


Escutar significa, num primeiro momento, repetição da primeira experiência de
acolher toda queixa ou relato do usuário satisfação;
mesmo quando possa parecer não Pulsão: Fronteira entre o psíquico e o
interessar diretamente para o diagnóstico somático; fonte- somática; força- em busca
e tratamento. Correlacionar o de algo; alvo- onde se investe a libido
adoecimento à vida do usuário, implicá-lo. (energia psíquica); objetivo- diminuir a
tensão;
Escuta clínica psicológica Pulsão de vida (satisfação parcial,
Norteada pelo referencial teórico, pela conservação da autoimagem) e pulsão de
concepção de sujeito. morte (escoamento total da energia, gozo
Três forças da psicologia: Psicanálise, desmedido);
Behaviorismo e Humanismo. Sintoma: expressão de um conflito
psíquico, gera sofrimento e satisfação, uma
Psicanálise expressão disfarçado do desejo, uma
Vertentes: Freud, Lacan, Klein, Ferenczi... formação de compromisso entre a pulsão e
Principais temas: Sujeito do inconsciente; as forças repressoras defensivas. Como
Sexualidade; Associação livre; Relação uma mensagem inconsciente a ser
transferencial; Importância do passado, da decifrada, pode ser interpretado e curado;
relação parental na constituição do sujeito; Sonhos, brincadeiras, esquecimentos,
Diagnóstico estrutural (neurose, psicose e atos falhos: manifestações do desejo;
perversão); Responsabilizar o sujeito pelo Narcisismo primário: auto-erotismo;
inconsciente, tomar consciência do satisfação no próprio corpo,
inconsciente; Interpretação. indiferenciação do mundo, corpo
despedaçado;
Alguns conceitos psicanalíticos Narcisismo secundário: investimento nos
objetos e depois retorna para o ego;
Ego ideal: a sobrevivência nostálgica de um
Necessidade: ordem biológica;
narcisismo perdido, objeto para o outro, o
Instinto: comportamento herdado pela
espécie;
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que completa a expectativa do outro,  Fase fálica (3-5 anos): complexo de


instância imaginária (falta-a-ser); édipo- tripé mãe (objeto de amor),
Ideal do ego: substituir as figuras parentais criança e pai (interditor).
por outras que as representam, formador
dos ideais reguladores, aquilo que 1. Menino: entre o medo da castração do
tentamos nos aproximar, algo a ser pai e o amor pela mãe, o menino se
alcançado, instância simbólica (ser-em- identifica com o pai. O término do
falta). complexo de castração (medo de
perder o pênis no menino) é o término
Psicanálise Freudiana do complexo de édipo.
Primeira tópica (A interpretação dos 1º tempo: todo mundo tem um pênis;
sonhos) 2º tempo: o pênis é ameaçado;
Inconsciente é pré-moral, atemporal, 3º tempo: existem seres sem pênis e,
regido pelo princípio do prazer. portanto, a ameaça é bastante real;
Inconsciente 4º tempo: a mãe também é castrada,
Pré-consciente (é acessível, mas não está emergência da angústia de castração;
no primeiro plano da consciência) Tempo final: término do complexo de
Consciente. castração e do complexo de édipo.

Segunda tópica (O ego e o id) 2. Menina: decepciona-se com a mãe por


Id: instintos, origem das pulsões, todo ela não ter o pênis, desvia o interesse
inconsciente. erótico para o pai, deseja ter um filho
Ego: contato com a realidade, conciliador do pai, e se identifica com a mãe (quer
entre id e superego. Parte consciente e tomar seu lugar). O complexo de
parte inconsciente. castração (falta do pênis na menina)
Superego: leis, regras sociais. Parte inicia o complexo de édipo.
consciente (moral) e parte inconsciente 1º tempo: todo mundo tem um pênis
(tirânico, sádico, sentimento de culpa no (clitóris é um pênis);
ego, herdeiro do complexo de Édipo). 2º tempo: o clitóris é pequeno demais
para ser um pênis (“fui castrada”,
Teoria Psicossexual inveja do pênis);

 Fase oral (0-2 anos): zona erógena 3º tempo: a mãe também é castrada,
é a boca; ressurgimento do ódio pela mãe;
 Fase anal (2-3 anos): zona erógena Tempo final: nascimento do complexo
é o ânus associada ao controle dos de édipo e 3 saídas do complexo de
esfíncteres; castração (1. Ausência da inveja do
pênis, 2. Vontade de ser dotada do
pênis do homem, 3. Vontade de ter
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substitutos do pênis: o pai passa a ser  Período de latência (5-10 anos):


o objeto de amor, deslocamento da interrupção do desenvolvimento
libido do clitóris para a vagina e desejo sexual;
de ter um filho).  Fase genital (puberdade): interesse
sexual pelo outro.

Alguns mecanismos de defesa do ego

Repressão: afastar da consciência um Isolamento: separar pensamento de


evento ansiogênico. Exemplo: esquecer de emoção. Exemplo: Uma mulher sofre
um acidente de carro no qual você foi violência sexual e narra a situação de forma
culpado; apática, sem sofrimento;
Negação: não aceitar um evento que Regressão: retornar a um nível de
perturbe o ego. Exemplo: diante do desenvolvimento psicológico anterior,
término de um namoro, o sujeito pode mais seguro. Exemplo: diante do
dizer “Está tudo bem. Eu nunca gostei dele falecimento de um ente querido, o sujeito
(a) mesmo. Estou ótimo (a)!”; decide, por exemplo, ficar brincando
Racionalização: achar motivos aceitáveis somente com seus brinquedos;
para algo inaceitável. Exemplo: Você Sublimação: desviar energia sexual ou
perdeu a paciência na frente de pessoas agressiva para algo que traga benefícios.
que você gosta e atribui mentalmente sua Exemplo: um cirurgião que leva impulsos
explosão a uma situação fora de seu hostis e os converte em “cortes” em outras
controle, de modo a culpar alguém por pessoas de uma forma que é
provocar você; perfeitamente aceitável pela sociedade;
Formação reativa: inversão do desejo real. Identificação: Assimilar características de
Exemplo: o sujeito que possui uma postura pessoas que são modelos. Exemplo:
e atitude extremamente rígidas com crianças que possuem os mesmos
relação à sexualidade, pode estar comportamentos dos pais;
ocultando seu lado sexual mais libertino e Deslocamento: Transferir ações de um alvo
que a sociedade consideraria imoral; desejado para um alvo substituto quando o
Projeção: atribuir ao outro aquilo que é de primeiro não é permitido ou não está
si mesmo. Exemplo: Você comete um erro disponível. Exemplo: Quebrar o celular ao
bobo que ninguém diz nada sobre, mas invés de agredir a esposa.
acusa os outros, por insegurança própria,
de dizer que você é burro;

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Estruturas clínicas

CASTRAÇÃO: lei paterna, sensação de Psicose: foraclusão (constrói uma


abandono, incompletude, ser-em-falta. realidade delirante e alucinatória), expulsa
Neurose: recalque, conflito infantil, a representação da castração.
reconhece e aceita a castração. Perversão: denegação (aceita a realidade
da castração paterna, mas tenta negá-la ou
desmenti-la), transgressão da lei.

Psicologia Analítica de Jung: alguns conceitos

Individuação: um processo de • Sombra: os aspectos que a criança


desenvolvimento pessoal que envolve o reprimiu em si para que fosse aceita,
estabelecimento de uma conexão entre o aspectos que a própria pessoa
ego e o Self; considera negativo ou aspectos que
Ego: centro da consciência; desconhece;
Self: tendência à totalidade, centro da • Anima: lado feminino da psique do
psique total (consciência e inconsciente); homem;
Inconsciente individual: experiências • Animus: lado masculino da psique da
reprimidas individuais; mulher;
Inconsciente coletivo: universais, herdado, Complexos: seriam grupos de ideias ou
compartilhado pela humanidade, formado imagens carregadas emocionalmente que
por arquétipos; possuem em seu núcleo um arquétipo
Arquétipo: herança de experiências correspondente.
passadas;
• Persona: os papéis que ocupamos
na sociedade;

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

Aprendizagem; ser de desamparo (fracasso), desamor ou


Processos cognitivos, crenças interferem desvalor que geram uma estratégia
no comportamento; compensatória (comportamento). É tida
Tarefas, treino de habilidades. como verdade absoluta. Pode ser sobre si,
Crença nuclear ou central: ideias os outros e o mundo.
negativas, distorcidas da realidade, podem

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Behaviorismo

Reforço positivo e negativo: recompensa produz uma resposta incondicionada


ou remoção de algo desagradável para (salivação). O estímulo antes neutro passa
estimular o comportamento. a ser condicionado e produz uma resposta
Punição positiva e negativa: acrescentar condicionada.
algo desagradável ou retirar um estímulo Condicionamento operante/ instrumental
reforçador para inibir o comportamento. (Skinner): a aprendizagem ocorre por
Condicionamento clássico/ respondente reforços e punições para o
(Pavlov): um estímulo neutro (sino) comportamento.
associado a um incondicionado (comida)

Abordagens humanistas (Gestalt-terapia- Perls e ACP- Rogers)

Temas comuns: Aqui agora; método fenomenológico (compreensão); homem como detentor
de liberdade e poder de escolha, portanto responsável; potencial humano.

Gestalt- terapia: alguns conceitos

Holismo, Gestalt: percepção total, Caráter: rigidez, comportamento


integração; petrificado e previsível;
Gestalt incompleta: situação inacabada; Ciclo de contato: forma como nos
Percepção: figura (o que está em primeiro relacionamos;
plano) e fundo (contexto); Experimento: ensaio ou teste prático;
Awareness: saber da experiência, Fronteira de contato: discriminar eu-
capacidade de aperceber-se no nível mundo;
corporal, mental e emocional; Self: quem exerce o contato;
Auto-realização, auto-regulação; Ajustamento criativo: processo pelo qual a
Contato: conjunção articulada de pessoa mantém sua sobrevivência e
motivação, percepção, afeto, cognição e crescimento, operando no meio de forma
ação; a qualidade do contato influencia a ativa e responsável, provendo seu
saúde mental; desenvolvimento e suas necessidades
físicas e psicossociais;

Mecanismos de bloqueios de contato

Introjeção: tendência a fazer a si mesmo do meio, internalização passiva (reproduz o


responsável pelo que na realidade faz parte mundo).

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Projeção: tendência a fazer o meio dentes ou cerrar os punhos para não agredir
responsável pelo que se origina na própria uma pessoa.
pessoa; Proflexão: a pessoa faz ao outro o que
Deflexão: evita o contato direto com outra gostaria de fazer a si mesma ou que o outro
pessoa e consigo mesmo; discurso prolixo, lhe fizesse. O proflector não desiste de
sem entrar em contato com suas emoções; conseguir que as outras pessoas façam
Confluência: não sente haver uma barreira alguma coisa por ele ou para ele e, quando
entre a pessoa e seu meio, dependência dos não consegue seu intento, redobra suas
outros; dependência afetiva, necessidade de manipulações para ter sucesso.
estar em grupo, evita conflito. Egotismo: a pessoa se coloca sempre como o
Retroflexão: pessoa como agente e paciente centro das coisas, exercendo controle rígido
da ação, volta contra si mesmo aquilo que e excessivo no mundo externo, dificulta o
gostaria de/ deveria fazer com outra pessoa. envolvimento com o outro
Facilita as somatizações. Exemplo: morder os

Abordagem Centrada na Pessoa: alguns conceitos

Atitudes facilitadoras:

• Autenticidade/congruência: terapeuta ser integrado (experiência, consciência e


comunicação);
• Compreensão empática: capacidade de imergir no mundo subjetivo do outro e
participar de sua experiência; de se colocar no lugar do outro e ver o mundo como ele
vê;
• Aceitação/ consideração positiva incondicional: aceitar, acolher a pessoa como ela é,
sem julgamentos, promovendo uma atmosfera de segurança e liberdade de expressão.

Organismo: totalidade da pessoa que interage com o ambiente;


Autoconceito: avaliação que a pessoa faz de si, influências externas;
Self: conceito de eu a partir de origem organísmica e origem social;
Experiência/ campo fenomenológico: tudo o que se passa com o organismo e o que é
disponível à consciência. Pode ser 1. Simbolizada (trazida à consciência), 2. Ser ignorada ou 3.
Ter simbolização negada ou distorcida por ser incoerente com o self;
Tendência atualizante: tendência inerente ao organismo para desenvolver todas suas
potencialidades, de modo a favorecer sua conservação e enriquecimento;
Tendência formativa: tendência do universo para a organização. A tendência atualizante a
nível geral;
Grupos de Encontro.

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EXERCÍCIOS

1. (IAUPE, 2014, GRUPO 26- PSICOLOGIA) E) Os valores de um organismo podem ser


Considerando o processo de escuta na experimentados diretamente ou
clínica psicanalítica, é INCORRETO afirmar introjetados na relação com outros.
que
A) qualquer construção discursiva pode 3. (IAUPE, 2015, GRUPO 44- PSICOLOGIA)
servir à expressão do inconsciente. Sobre a teoria de Jung, considere os
B) a transferência é, também, a expressão seguintes conceitos: I – aspecto central que
da resistência inconsciente. corresponde à personalidade plenamente
C) a associação livre é uma estratégia de desenvolvida e unificada, II – organização
superação da ação defensiva do ego. consciente constituída por pensamentos,
D) o trabalho analítico visa ao memórias e sentimentos e iii – resíduo
fortalecimento das defesas inconscientes. psíquico do desenvolvimento evolutivo do
E) com a interpretação, tem-se a elaboração homem. Assinale a alternativa que
do desejo inconsciente (latente). identifica, CORRETA e sequencialmente, os
conceitos descritos:
2. (IAUPE, 2015, GRUPO 30 e 31- A) Ego – Self – Arquétipo
PSICOLOGIA) Considerando a escuta B) Inconsciente Individual – Ego – Complexo
clínica, segundo a abordagem C) Self – Ego – Inconsciente Coletivo
fenomenológica de Rogers, assinale a D) Inconsciente Coletivo – Ego –
alternativa INCORRETA. Inconsciente Individual
A) O indivíduo vive segundo uma tendência E) Inconsciente Coletivo – Self – Complexo
à autorrealização, que lhe permite o
amadurecimento. 4. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS) Um
B) A aceitação incondicional pelo terapeuta paciente diagnosticado com HIV, num
cria a atmosfera para o autorrelato livre e determinado serviço de assistência
autêntico. psicossocial, após o atendimento de apoio
C) O organismo não é passivo à realidade, a prestado pelo psicólogo, fez o seguinte
qual resulta, também, de suas experiências relato: Sinto que o Psicólogo me entendeu,
subjetivas. ele me observou de uma maneira única,
D) O desajustamento decorre da tensão conforme minha maneira peculiar de
conflitiva, oriunda das experiências perceber e sentir as pessoas e os
inconscientes e significativas. acontecimentos. Houve muita proximidade
e compartilhamento entre nós. Senti-me
acolhido nas minhas necessidades e

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dificuldades. É CORRETO afirmar que a ( ) O superego da criança não se forma à


relação terapêutica permitiu o imagem dos pais, mas à imagem do
estabelecimento de um vínculo do tipo superego destes; assim, representa a
A) Empático. tradição dos julgamentos de valor que
B) Transferencial. subsistem através das gerações.
C) Rapport. Assinale a alternativa que apresenta a
D) Feedback. sequência CORRETA.
E) Neutro. A) F, V, F B) V, F, F C) V, F, V D) V,
V, F E) V, V. V
5. (IAUPE, 2015, GRUPO 28- PSICOLOGIA)
Na clínica, qualquer que seja o contexto de 7. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS) Em
uso e a abordagem teórica, tem-se, relação ao processo de reabilitação
sempre, o objetivo de psicossocial dos pacientes com transtornos
A) promover a adaptação do sujeito à mentais, analise as afirmativas abaixo e
realidade. coloque V nas verdadeiras e F nas falsas.
B) permitir que o sujeito apreenda e ( ) Um conjunto de ações que visa aumentar
enfrente sua condição de sofrimento. as habilidades do indivíduo, diminuindo,
C) favorecer, mediante o aconselhamento, consequentemente, os danos oriundos do
a solução dos conflitos imediatos. transtorno, e, sendo o caso, da
D) focalizar a abordagem de determinado hospitalização.
sintoma para cessar seus efeitos. ( ) Pressupõe e pretende a reinserção da
E) elaborar a definição de estratégias pessoa na sociedade, situação que se
emocionais e cognitivas para a tomada de efetiva à medida que se amplia o apoio da
decisões. rede social, principalmente do segmento
familiar.
6. (IAUPE, 2015, GRUPO 28- PSICOLOGIA) ( ) É um processo pelo qual se facilita ao
Sobre a teoria psicanalítica. (Adaptado de indivíduo vulnerável e com limitações a
Garcia-Roza, 2004), analise as afirmativas e restauração do melhor nível possível em
coloque V nas verdadeiras e F nas falsas termos de autonomia de suas funções na
( ) O narcisismo primário postula um estado comunidade.
hipotético, em que a libido inteira estaria Assinale a alternativa que apresenta a
concentrada sobre a própria pessoa, ou sequência CORRETA.
melhor, sobre o ego. A) F, V, V
( ) O ideal do ego designa o ego enquanto B) V, V, F
uma imagem-modelo à qual o sujeito aspira C) V, F, V
adequar-se para merecer seu próprio amor D) V, F, F
narcisista, e que a identificação atrelou ao E) V, V, V
amor parental.

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8. (IAUPE, 2017, RESIDÊNCIA MULTI) A 9. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) Sobre a


concepção de Clínica Ampliada, Clínica do intervenção do terapeuta no âmbito da
Sujeito e a proposta do Projeto Gestalt-Terapia, é INCORRETO afirmar que
Terapêutico Singular (PTS) convidam-nos a A) está centrada no presente e enfatiza uma
entender que as situações percebidas pela relação de confiança com o cliente.
equipe como de difícil resolução são B) evita substituir o contato com o cliente
situações que esbarram nos limites da pelas explicações da sua abordagem.
Clínica Tradicional. Sobre o PTS, é C) valoriza o tempo próprio de cada um para
CORRETO afirmar que entrar em contato com seus sentimentos.
A) o Projeto Terapêutico Singular (PTS) é D) desconsidera as ações de controle que
instrumento de organização do cuidado em inibam o fluxo da livre afetividade.
saúde construído entre equipe de E) enfatiza a neutralidade relacional como
referência e o usuário, cabendo à equipe meio de o sujeito se experienciar
Nasf apenas o compartilhamento dos autenticamente.
atendimentos.
B) a construção de um PTS pode ser 10. (IAUPE, 2012, PSICÓLOGO CLÍNICO) Em
sistematizada em quatro momentos: relação ao EU (EGO), no âmbito da
diagnóstico e análise, definição de ações e concepção psicanalítica, é CORRETO
metas, divisão de responsabilidades e afirmar que
reavaliação. A) organiza, no âmbito da consciência, o
C) um Projeto Terapêutico Singular processo defensivo do recalcamento.
constitui-se, então, em um conjunto de B) responde pelos juízos morais que
propostas de condutas terapêuticas acionam, inconscientemente, os conflitos
articuladas para um sujeito sempre psíquicos.
individual, resultado da discussão de uma C) é o reservatório das pulsões,
equipe interdisciplinar, que pode ser especialmente de vida e morte.
apoiada pela equipe Nasf. D) se caracteriza pela execução de
D) não sendo uma variação da discussão de processos psíquicos, como a linguagem e o
“caso clínico”, é dedicado às situações mais pensamento.
complexas. E) determina a estratégia defensiva
E) no momento de definição de utilizada pelo id para a solução dos conflitos
responsabilidades, é importante definir as inconscientes.
tarefas de cada um (equipe de AB e Nasf)
com clareza. Os usuários, sujeitos do PTS, 11. (IAUPE, 2012, PSICÓLOGO CLÍNICO) Um
devem ser poupados desse momento em psicólogo fez a seguinte afirmação sobre
virtude do seu comprometimento de saúde. determinada abordagem psicoterápica:
Um dos seus princípios é a pressuposição
da existência de uma tendência à
organização. Nessa proposta, é
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fundamental a concepção da relação de proposta por Rogers, sobre a qual é


campo organismo-ambiente, que constitui INCORRETO afirmar que valoriza e enfatiza
a situação psicológica por excelência A) a promoção do crescimento pessoal, em
(adaptado de Moreira, 2009). Assinale a detrimento da cura de uma patologia.
alternativa que identifica, B) as vivências atuais e futuras mais do que
CORRETAMENTE, a abordagem descrita. as experiências passadas (infância).
A) Terapia Centrada na Pessoa. C) os pensamentos conscientes, o que não
B) Logoterapia. significa a negação dos inconscientes.
C) Gestalt-Terapia. D) a interpretação diretiva como estratégia
D) Terapia Focal (ou Breve). de acesso do paciente à consciência de si.
E) Abordagem Holística Comportamental. E) a capacidade do indivíduo de se
responsabilizar por seus sentimentos e suas
12. (IAUPE, 2014, GRUPO 26- PSICOLOGIA) ações.
Em relação à aprendizagem por
condicionamento, analise as seguintes 14. (IAUPE, 2014, GRUPO 26- PSICOLOGIA)
afirmações: Para Rogers, a relação psicoterápica é
I. Um reforço é qualquer evento que baseada na empatia, a qual pressupõe que
aumente a frequência de uma resposta o terapeuta
anterior. A) mantenha um estado de congruência
II. O reforço é invariável: independe do com o seu autoconceito.
indivíduo e circunstância ou situação de sua B) demonstre uma aceitação positiva e
ocorrência. incondicional do paciente.
III. No condicionamento operante, o C) valorize sua própria tendência
organismo produz, com sua ação, a resposta atualizante e de crescimento pessoal.
a ser reforçada. D) estimule a repetição das imagos
IV. No condicionamento respondente, conscientes e inconsciente do paciente.
temos uma resposta automática e E) delimite o processo psicoterápico ao
previamente existente. enfoque de determinado sintoma.
Estão CORRETOS apenas
A) I e II. 15. (IAUPE, 2014, GRUPO 26- PSICOLOGIA)
B) II e III. Segundo a compreensão psicanalítica do
C) III e IV. sintoma, assinale a alternativa
D) I, III e IV. INCORRETA.
E) I, II e IV. A) É a expressão manifesta de um conteúdo
latente.
13. (IAUPE, 2014, GRUPO 26- PSICOLOGIA) B) O ego é a instância responsável por sua
Dentre as teorias que permitem a elaboração.
abordagem da personalidade, C) Sua origem pressupõe, sempre, um
especialmente com adultos, temos aquela conflito psíquico.
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D) Tal qual o sonho, é a realização B) evidencie a diferença sexual e, dada a


disfarçada de um desejo. angústia de castração, renuncie à relação
E) Sua interpretação depende da superação incestuosa com o pai.
da censura do id. C) estabeleça, em decorrência de sua
castração, uma relação de ressentimento e
16. (IAUPE, 2014, GRUPO 26- PSICOLOGIA) ódio com a figura materna.
Em relação à terapia de abordagem D) opere duas trocas, ou seja, de objeto – da
cognitiva, analise as seguintes afirmações: mãe para o pai – e de zona erógena: do
I. É uma abordagem psicoterapêutica livre e clitóris para a vagina.
associativa, com a participação ativa entre E) eleja o pai como o objeto de amor que
terapeuta e cliente, voltada, pode lhe dar o pênis ou seu equivalente
principalmente, para as ocorrências atuais. simbólico, ou seja, o filho.
II. Visa à modificação dos padrões de
pensamentos e crenças disfuncionais que 18. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Para a Gestalt-
causam Terapia, o estado neurótico mostra a
ou mantêm sofrimento emocional e/ou interrupção do processo de contatar o
distúrbios psicológicos no indivíduo. ambiente mediante um mecanismo de
III. Fundamenta-se no pressuposto de que interrupção de contato. Para um desses
as emoções, comportamentos e reações mecanismos, temos: “Favorece ao sujeito
fisiológicas estão diretamente ligados à evitar entrar em contato com qualquer
forma como o indivíduo avalia suas experiência, seja interna ou externa. O seu
experiências no mundo. aspecto relacional é permitir ao organismo
IV. Pressupõe que o modo como a pessoa descartar informações que não se
interpreta as situações é determinante da relacionam ao seu interesse no momento,
maneira como ela se sente afetiva e de forma que possa manter seu foco. O seu
fisiologicamente e de como se comportar. aspecto limitador impede que o indivíduo
Estão CORRETAS apenas entre em contato com o momento
A) I e II. B) III e IV. C) I, III e IV. D) presente e com o que está acontecendo no
I, II e IV. E) II, III e IV. aqui-e-agora” (Vogel, 2012). Assim,
assinale a alternativa que identifica,
17. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Na CORRETAMENTE, tal mecanismo.
perspectiva freudiana, sobre o complexo A) Projeção B) Confluência C) Deflexão D)
de Édipo na menina, é INCORRETO afirmar Egotismo E) Retroflexão
que
A) desconheça a existência da vagina e faça 19. (UPE, 2022, PERFIL AB) Freud propõe
o clitóris desempenhar o papel de um escutar a partir da transferência, elegendo-
homólogo do pênis. o, assim, como um conceito fundamental à
prática psicanalítica. Assim, considerando

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seus fundamentos teóricos, assinale a C) Compreende sentimentos inconscientes


alternativa INCORRETA. de uma relação recalcada com as imagos
A) Pressupõe, no início, um deslocamento parentais. D) Diríamos que, pela
do investimento no nível das sublimação, corresponde à evocação de
representações psíquicas. fragmentos da vida sexual infantil.
B) Permite dois níveis de operação: a E) Observa-se que, na análise, o objetivo é
transferência positiva (amor) e a encontrar as origens inconscientes dessa
transferência negativa (ódio). forma de resistência.

GABARITO

1. D 2. D 3. C 4. A 5. B 6. C 7. E 8. B 9. E 10. D
11. C 12. D 13. D 14. B 15. E 16. E 17. B 18. C 19. D

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Aulas

18, 19 21 &

POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS DE


SAÚDE
Profª Rafaela Domingos

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POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS
DE SAÚDE

Política Pública ≠ Programa

Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo


Estado diretamente ou indiretamente, que visam assegurar determinado direito de cidadania,
de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico.
Correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao
reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos
das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais.

As políticas públicas normalmente estão constituídas por instrumentos de


planejamento, execução, monitoramento e avaliação, encadeados de forma integrada e
lógica, da seguinte forma:

1. Planos: estabelecem diretrizes, prioridades e objetivos gerais a serem alcançados


em períodos relativamente longos.

2. Programas: objetivos gerais e específicos focados em determinado tema, público,


conjunto institucional ou área geográfica.

3. Ações: visam o alcance de determinado objetivo estabelecido pelo Programa.

4. Atividades: visa dar concretude à ação.

POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA

1. Política Nacional de Promoção da 3. Política Nacional de Práticas


Saúde (PNPS) 2006, revisada em Integrativas e Complementares
2014 e 2017 (2006), ampliada em 2017 e 2018
4. Programa Saúde na Escola (2007)

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5. Política Nacional de Humanização 8. PMAQ - Programa de Melhoria do


(2003) Acesso e Qualidade da Atenção
6. Programa Farmácia Popular (2004) Básica, 2011, revisada em 2015
7. Política Nacional de Saúde Bucal - 9. Programa Previne Brasil (2019)
Brasil Sorridente (2004) 10. Programa Mais Médicos (2013) /
9.1 Programa Médicos pelo Brasil
(2019)

1. Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) 2006, revisada em 2014 e 2017.

A Política Nacional de Promoção da A PNPS revisada aponta a


saúde - PNPS foi aprovada em 2006, no necessidade de articulação com outras
conjunto de iniciativas do Pacto pela Saúde políticas públicas para fortalecê-la, com o
e redefinida pela Portaria nº 2.446, de 11 imperativo da participação social e dos
de novembro de 2014. A Portaria nº movimentos populares, em virtude da
2.446/2014 foi revogada pela Portaria de impossibilidade de que o setor Sanitário
Consolidação nº 2, de 28 de setembro de responda sozinho ao enfrentamento dos
2017, que consolida as normas sobre as determinantes e condicionantes da saúde.
políticas nacionais de saúde do SUS. Desde Assim, objetivos, princípios, valores,
a sua institucionalização em 2006, diretrizes, temas transversais, estratégias
aconteceram várias mudanças no SUS e no operacionais, responsabilidades e temas
cenário das políticas sociais que levaram a prioritários, reformulados e atualizados
uma discussão da revisão do seu texto, para esta política do Estado brasileiro,
entre estas, a publicação do Decreto visam à equidade, à melhoria das
7508/2011. Traz em sua base o conceito condições e dos modos de viver e à
ampliado de saúde e o referencial teórico afirmação do direito à vida e à saúde,
da promoção da saúde. dialogando com as reflexões dos
movimentos no âmbito da promoção da
saúde.

VALORES FUNDANTES PRINCÍPIOS


Solidariedade Equidade
Felicidade Participação Social
Ética Autonomia
Respeito às diversidades Empoderamento
Humanização Intersetorialidade
Corresponsabilidade Intrassetorialidade

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Justiça Social Sustentabilidade


Integralidade
Inclusão Social Territorialidade

Diretrizes da PNPS
I - estímulo à cooperação e à articulação IV - ampliação da governança no
intra e intersetorial para ampliar a atuação desenvolvimento de ações de promoção da
sobre determinantes e condicionantes da saúde que sejam sustentáveis nas
saúde; dimensões política, social, cultural,
II - fomento ao planejamento de ações econômica e ambiental;
territorializadas de promoção da saúde, V - estimulo à pesquisa, à produção e à
com base no reconhecimento de contextos difusão de experiências;
locais e respeito às diversidades, para VI - apoio à formação e à educação
favorecer a construção de espaços de permanente em promoção da saúde;
produção social; ambientes saudáveis; e a VII - incorporação das intervenções de
busca da equidade, da garantia dos direitos promoção da saúde no modelo de atenção
humanos e da justiça social; à saúde, especialmente no cotidiano dos
III - incentivo à gestão democrática, serviços de atenção básica em saúde; e
participativa e transparente, para VIII - organização dos processos de gestão
fortalecer a participação, o controle social, e planejamento das variadas ações
e a corresponsabilidades de sujeitos; intersetoriais, como forma de fortalecer e
coletividades; instituições e esferas promover a implantação da PNaPS na RAS,
governamentais; e sociedade civil; de modo transversal e integrado.

Objetivos específicos da PNPS

I - estimular a promoção da saúde como pessoas com deficiências e necessidades


parte da integralidade do cuidado na Rede especiais;
de Atenção à Saúde, articulada às demais III - favorecer a mobilidade humana e a
redes de proteção social; acessibilidade; o desenvolvimento seguro,
II - contribuir para a adoção de práticas saudável e sustentável;
sociais e de saúde centradas na equidade, IV - promover a cultura da paz em
na participação e no controle social, comunidades, territórios e municípios;
visando reduzir as desigualdades V - apoiar o desenvolvimento de espaços
sistemáticas, injustas e evitáveis, com de produção social e ambientes saudáveis,
respeito às diferenças de classe social; de favoráveis ao desenvolvimento humano e
gênero; de orientação sexual e identidade ao bem-viver;
de gênero; entre gerações; étnico-raciais;
culturais; territoriais; e relacionadas às
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VI - valorizar os saberes populares e X - estimular a pesquisa, produção e


tradicionais e as práticas integrativas e difusão de conhecimentos e estratégias
complementares; inovadoras no âmbito das ações de
VII - promover o empoderamento e a promoção da saúde;
capacidade para tomada de decisão; e a XI - promover meios para a inclusão e
autonomia de sujeitos e coletividades por qualificação do registro de atividades de
meio do desenvolvimento de habilidades promoção da saúde e da equidade nos
pessoais e de competências em promoção sistemas de informação e inquéritos,
e defesa da saúde e da vida; permitindo análise, monitoramento,
VIII - promover processos de educação, avaliação e financiamento das ações;
formação profissional e capacitação XII - fomentar discussões sobre modos de
específicas em promoção da saúde, de consumo e produção que estejam em
acordo com os princípios e valores conflito de interesses com os princípios e
expressos nesta Política, para valores da promoção da saúde e que
trabalhadores, gestores e cidadãos; aumentem vulnerabilidades e riscos à
IX - estabelecer estratégias de saúde; e
comunicação social e mídia direcionadas XIII - contribuir para a articulação de
ao fortalecimento dos princípios e ações políticas públicas inter e intrassetoriais
em promoção da saúde e à defesa de com as agendas nacionais e internacionais.
políticas públicas saudáveis;

Temas transversais
I - determinantes Sociais da Saúde (DSS); IV - ambientes e territórios saudáveis;
II - desenvolvimento sustentável, V - vida no trabalho;
III - produção de saúde e cuidado; VI - cultura da paz e direitos humanos

Eixos Operacionais
I – Territorialização; VI - Educação e formação;
II - Articulação e cooperação intra e VII – Vigilância;
intersetorial; VIII - Produção e disseminação de
III - Rede de Atenção à Saúde (RAS); conhecimentos e saberes;
IV - Participação e controle social; IX - Comunicação social e mídia.
V – Gestão;

3. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (2006), ampliada em


2017 e 2018

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Aprovada por meio da portaria (Brasil, 2017). Recentemente foram


971/2006, a Política Nacional de Práticas anunciadas pelo Ministério da Saúde,
Integrativas e Complementares (PNPIC) no durante a abertura do Congresso
SUS, contemplam as áreas de homeopatia, Internacional de Práticas Integrativas e
plantas medicinais e fitoterapia, medicina Complementares e Saúde Pública
tradicional chinesa/acupuntura, medicina (INTERCONGREPICS) realizado em março
antroposófica e termalismo social – de 2018 no Rio de Janeiro, mais dez
crenoterapia. Em 2017 foi editada a práticas expandindo para vinte nove as
portaria 849 que incluiu quatorze práticas PICs regulamentadas no país.
ao conjunto das PICs ofertadas pelos SUS

Objetivos da PNIC
1. Incorporar e implementar as Práticas 3. Promover a racionalização das ações de
Integrativas e Complementares no SUS, na saúde, estimulando alternativas
perspectiva da prevenção de agravos e da inovadoras e socialmente contributivas ao
promoção e recuperação da saúde, com desenvolvimento sustentável de
ênfase na atenção básica, voltada ao comunidades e;
cuidado continuado, humanizado e integral 4. Estimular as ações referentes ao
em saúde; controle/participação social, promovendo
2. Contribuir ao aumento da resolubilidade o envolvimento responsável e continuado
do Sistema e ampliação do acesso à PNPIC, dos usuários, gestores e trabalhadores nas
garantindo qualidade, eficácia, eficiência e diferentes instâncias de efetivação das
segurança no uso; políticas de saúde.

Diretrizes
1. Estruturação e fortalecimento da 4. Estímulo às ações intersetoriais,
atenção em PIC no SUS; buscando parcerias que propiciem o
2. Desenvolvimento de estratégias de desenvolvimento integral das ações;
qualificação em PIC para profissionais o 5. Fortalecimento da participação social;
SUS, em conformidade com os princípios e 6. Provimento do acesso a medicamentos
diretrizes estabelecidos para educação homeopáticos e fitoterápicos na
permanente; perspectiva da ampliação da produção
3. Divulgação e informação dos pública, assegurando as especificidades da
conhecimentos básicos da PIC para assistência farmacêutica nestes âmbitos na
profissionais de saúde, gestores e usuários regulamentação sanitária;
do SUS, considerando as metodologias 7. Garantia do acesso aos demais insumos
participativas e o saber popular e estratégicos da PNPIC, com qualidade e
tradicional; segurança das ações;

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8. Incentivo à pesquisa em PIC com vistas Com a Portaria GM/MS nº


ao aprimoramento da atenção à saúde, 849/2017 e a portaria GM/MS nº
avaliando eficiência, eficácia, efetividade e 702/2018, a PNPIC é ampliada e práticas
segurança dos cuidados prestados; como arteterapia, ayurveda, biodança,
9. Desenvolvimento de ações de dança circular, meditação, musicoterapia,
acompanhamento e avaliação da PIC, para naturopatia, osteopatia, quiropraxia,
instrumentalização de processos de reflexoterapia, reiki, shantala, terapia
gestão; comunitária integrativa, yoga,
10. Promoção de cooperação nacional e aromaterapia, apiterapia, bioenergética,
internacional das experiências da PIC nos constelação familiar, cromoterapia,
campos da atenção, da educação geoterapia, hipnoterapia, imposição de
permanente e da pesquisa em saúde; mãos, ozonioterapia e terapia de florais
11. Garantia do monitoramento da passam a fazer parte da PNPIC, - além das
qualidade dos fitoterápicos pelo Sistema 5 já elencadas.
Nacional de Vigilância Sanitária.

4. Programa Saúde na Escola (2007)

O Programa Saúde na Escola (PSE) foi instituído pelo decreto presidencial n° 6.286/
2007 como uma política intersetorial do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. A
partir de 2007 o Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) passa a integrar o PSE. O PSE
deve foi estendido aos educandos de todas as escolas da educação pública básica do país:
estaduais e municipais. A partir de 2013 passaram a fazer parte do PSE as: a) Creches
(incluindo as conveniadas); b) Pré escolas; c) Ensino Fundamental; d) Ensino Médio; e)
Educação de Jovens e Adultos.

Objetivos do PSE
1. promover a saúde e a cultura da paz, espaços, equipamentos e recursos
reforçando a prevenção de agravos à disponíveis;
saúde, bem como fortalecer a relação 3. contribuir para a constituição de
entre as redes públicas de saúde e de condições para a formação integral de
educação; educandos;
2. articular as ações do Sistema Único de 4. contribuir para a construção de sistema
Saúde - SUS às ações das redes de de atenção social, com foco na promoção
educação básica pública, de forma a da cidadania e nos direitos humanos;
ampliar o alcance e o impacto de suas 5. fortalecer o enfrentamento das
ações relativas aos estudantes e suas vulnerabilidades, no campo da saúde, que
famílias, otimizando a utilização dos possam comprometer o pleno
desenvolvimento escolar;
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6. promover a comunicação entre escolas e 7. fortalecer a participação comunitária nas


unidades de saúde, assegurando a troca de políticas de educação básica e saúde, nas
informações sobre as condições de saúde três esferas de governo.
dos estudantes;

Diretrizes do PSE

I - Descentralização e respeito à autonomia


federativa; Com a adesão do Município ao PSE cada
II - Integração e articulação das redes Escola indicada passa a ter uma Equipe de
públicas de ensino e de saúde; Saúde da Atenção Básica de referência
III - Territorialidade; para executar conjuntamente as ações. O
IV - Interdisciplinaridade e PSE se dá com a interação dessas Equipes
intersetorialidade; de Saúde da Atenção Básica com as Equipes
V - Integralidade; de educação, no planejamento, execução e
VI - Cuidado ao longo do tempo; monitoramento de ações de prevenção,
VII - Controle social; promoção e avaliação das condições de
VIII - Monitoramento e avaliação saúde dos educandos.
permanentes.

Componentes das ações do PSE

- Componente I: Avaliação das saúde sexual e reprodutiva (SPE),


condições de saúde: saúde nutricional, prevenção ao uso de drogas (SPE), cultura
saúde ocular, saúde bucal, saúde auditiva, de paz, saúde mental, saúde ambiental e
saúde clínica (situação vacinal e doenças), desenvolvimento sustentável.
saúde psicossocial. - Componente III: Capacitação
- Componente II: Promoção da permanente dos profissionais de saúde e
saúde e prevenção das doenças e agravos: educação: qualificações para abordagem
alimentação saudável, prática corporal, das temáticas dos Componente I e II.

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EXERCÍCIOS

01. (SAÚDE COLETIVA AMPLA E) Práticas curativas como base do processo


CONCORRÊNCIA/2021) Observe a imagem de cuidado.
abaixo no contexto da Política Nacional de
Promoção da Saúde: 3. (FCM/2019) A Promoção da Saúde é
definida como um processo de capacitação
da comunidade para atuar na melhoria da
sua qualidade de vida e saúde, incluindo
maior participação no controle desse
processo (Carta de Ottawa, 1986). Sobre a
Promoção da Saúde, analise as afirmativas
a seguir:
I. A Política Nacional de Promoção da Saúde
(PNPS), redefinida em 2014, estimula a
Ao considerar as singularidades e promoção da saúde como parte da
especificidades territoriais no integralidade do cuidado na Rede de
planejamento das ações de saúde, com o Atenção à Saúde.
intuito de executá-las de forma equânime, II. A PNPS adota como princípio as
está se desenvolvendo o princípio da singularidades e especificidades dos
A) Participação social. diferentes territórios na execução das ações
B) Felicidade. de promoção da saúde.
C) Avareza. III. A política tem como tema transversal os
D) Territorialidade. Determinantes Sociais da Saúde (DSS), a
E) Educação permanente equidade e o respeito à diversidade,
objetivando a redução de desigualdades
2. (SES/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2016) injustas e evitáveis, com tecnologias sociais
Todas as alternativas abaixo se constituem e médicas, desenvolvidas em centros
princípios da promoção da saúde, EXCETO: hospitalares especializados.
A) Ações com base em concepções IV. A PNPS traz em sua base o conceito
holísticas, considerando a multicausalidade ampliado de saúde que consiste no
da doença. completo estado de bem-estar físico,
B) Equidade e Intersetorialidade com a mental e social, e não apenas a ausência de
multiplicidade de olhares sobre a realidade doença ou enfermidade.
complexa.
C) Participação social, co-responsabilidade Está CORRETO, apenas, o que se afirma em
do paciente. A) I. B) I e II. C) I, II e III. D) II e
D) Sustentabilidade das ações. IV. E) II, III e IV.

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4. (SES/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2020) A D) identificação dos idosos resistentes à


promoção à saúde mescla diversos fatores vacinação, para convencê-los a tomar
desde qualidade de vida, aspectos vacina.
educacionais e laborais bem como os E) articulação de campeonatos como
cuidados individuais e coletivos. Ressalta- estímulo à atividade física na Academia da
se, ainda, a gestão do autocuidado e Cidade.
capacidade de atuar em prol da própria
saúde. Sobre isso, observe a imagem a 6. (SES/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2018)
seguir: Considerando os objetivos específicos da
Política Nacional de Promoção à Saúde,
assinale a alternativa que diverge dos
preceitos dessa política e que macula a
promoção de qualidade de vida,
autonomia/empoderamento do sujeito no
cuidado à saúde.
Considerando a imagem e o texto A) Apresenta foco na Atenção Básica para
apresentados, é CORRETO afirmar desenvolvimento das ações de promoção à
enquanto fortalecedora da promoção à saúde.
saúde, a(o) B) Busca desenvolver uma cultura de paz na
A) apatia. sociedade e práticas de repulsa à violência
B) passividade. social.
C) neutralidade do cliente. C) Estimula a preservação do meio-
D) empowerment coletivo e individual. ambiente.
E) indiferença com o adoecimento. D) Tolhe os sujeitos quanto aos aspectos de
autonomia, visando protegê-los de ações
5. (FCM/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2019) danosas à saúde.
Entre os profissionais dos serviços de E) Busca reduzir desigualdades, ações
Atenção Primária, é comum nomear ações etnocêntricas nas mais diversas ordens.
como sendo de Promoção da Saúde. Das
ações abaixo, todas são de Promoção da 7. (PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/SAÚDE
Saúde, EXCETO: COLETIVA/2021) As Práticas Integrativas e
A) organização de grupos de adolescentes Complementares (PICS) são tratamentos,
na comunidade. que utilizam recursos terapêuticos
B) debate sobre saúde e higiene com pais na baseados em conhecimentos tradicionais,
escola do bairro. voltados para prevenir diversas doenças e
C) campanhas junto com a Associação de também podem ser usadas como
moradores, visando ao destino adequado tratamentos paliativos em algumas
do lixo. doenças crônicas. Sobre as modalidades de
Práticas Integrativas e Complementares
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oferecidas no Sistema Único de Saúde cuidado continuado, humanizado e integral


(SUS), leia os itens abaixo: em saúde.
( ) A homeopatia, as plantas medicinais e
I. Yoga
fitoterápicas, a medicina tradicional
II. Reiki chinesa/acupuntura, a medicina
antroposófica e o termalismo social-
III. Terapia de florais
crenoterapia foram institucionalizados no
IV. Osteopatia Sistema Único de Saúde com a publicação
Assinale a alternativa que corresponde às da PNPIC.
V. Musicoterapia
PICS adotadas no SUS. ( ) A abordagem da PNPIC é centrada na
A) Os itens I, II, III, IV e V estão corretos. perspectiva da visão restrita do processo
B) Apenas os itens I, II, III e IV estão corretos. saúde-doença e da promoção global do
C) Apenas os itens I, II, IV e V estão corretos. cuidado humano, especialmente do
D) Apenas os itens I, III e IV estão corretos. autocuidado.
E) Apenas os itens II, III, IV e V estão ( ) Constitui-se em objetivo da PNPIC
corretos. promover a racionalização das ações de
saúde, estimulando alternativas inovadoras
8. (FCM/SAÚDE COLETIVA/2016) A e socialmente contributivas ao
construção da Política Nacional de Práticas desenvolvimento sustentável de
Integrativas e Complementares (PNPIC) no comunidades. Assinale a alternativa que
SUS iniciou-se a partir do atendimento das apresenta a sequência CORRETA.
diretrizes e recomendações de várias A) V – F – V – F – V
Conferências Nacionais de Saúde e das B) F – F – V – V – F
recomendações da Organização Mundial C) V – V – V – V – F
da Saúde (OMS). Sobre a PNPIC, analise as D) F – V – V – F – V
afirmativas abaixo e coloque V nas E) F – F – V – F – F
verdadeiras e F nas falsas.
( ) O campo da PNPIC contempla sistemas 9. (FCM/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2019) As
médicos complexos e recursos Práticas Integrativas e Complementares
terapêuticos, os quais são também em Saúde (PICS), denominada pela OMS
denominados pela Organização Mundial de como medicinas tradicionais e
Saúde de medicina tradicional e complementares, foram
complementar/alternativa. institucionalizadas no SUS, por meio de
( ) A PNPIC incorpora e implementa as portarias. Sobre as PICS, assinale a
Práticas Integrativas e Complementares no alternativa INCORRETA.
SUS, apenas na perspectiva da prevenção A) Foi a partir da primeira conferência sobre
de agravos e da promoção da saúde, com Cuidados Primários em Saúde (em Alma
ênfase na atenção básica, voltada ao Ata, 1978) que as recomendações para a
implantação das medicinas tradicionais nas
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políticas de saúde se difundiram em todo o na rede municipal de Saúde, sendo de


mundo. competência exclusiva do município a
B) A Política Nacional de Práticas contratação dos profissionais.
Integrativas e Complementares (PNPIC), IV. As práticas integrativas e
aprovada em 2006, contemplou, nos seus complementares podem ser realizadas na
primeiros 10 anos, a homeopatia, a atenção básica, na média e na alta
fitoterapia, a acupuntura, biodança e yoga. complexidade.
C) A Fitoterapia é um recurso terapêutico V. Os recursos para as PICS integram o Piso
caracterizado pelo uso de plantas da Atenção Básica (PAB) de cada município.
medicinais em suas diferentes formas Assinale a alternativa CORRETA.
farmacêuticas. A) I, II, III, IV e V estão corretas.
D) Em 2017, a PNPIC foi ampliada em 14 B) Apenas I, II, III e IV estão corretas.
outras práticas (portaria nº 849/2017), C) Existem, apenas, duas incorretas.
dentre as quais, estão: musicoterapia, D) Existem três incorretas.
osteopatia, reiki e shantala. E) Apenas V está incorreta.
E) Estados e municípios podem incluir
outras práticas integrativas, além daquelas 11. (SES/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/2020)
definidas nacionalmente. Qual das seguintes práticas NÃO integra o
elenco das PICS?
10. (SES/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/2020) A A) Termalismo Social/Crenoterapia
Política Nacional de Práticas Integrativas e B) Plantas Medicinais/Fitoterapia
Complementares (PNPIC), publicada em C) Medicina Tradicional Chinesa-
2006, instituiu, no SUS, abordagens de Acupuntura
cuidado integral à população por meio de D) Homeopatia
outras práticas que envolvem recursos E) Ayahuasca
terapêuticos diversos. Sobre a PNPIC, leia
as afirmativas abaixo: 12. (SES/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2015)
I. As Práticas Integrativas e Em 2007, foi criado pelo Governo Federal o
Complementares não substituem o Programa Saúde na Escola (PSE). Sobre ele,
tratamento tradicional. Elas são um leia as afirmativas abaixo:
adicional, um complemento no tratamento I. Visa à integração e articulação
e indicadas por profissionais específicos, permanente da educação e da saúde,
conforme as necessidades de cada caso. proporcionando melhoria da qualidade de
II. Mais da metade dos municípios vida da população.
brasileiros ofertaram atendimentos II. As atividades de educação e saúde do PSE
individuais em Práticas Integrativas e ocorrerão nos territórios definidos,
Complementares (PICS). segundo a área de abrangência da
III. Compete ao gestor municipal elaborar Estratégia Saúde da Família.
normas técnicas para a inserção da PNPIC
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III. O PSE tem como objetivo contribuir para E) busca, dentre outros, a não interferência
a formação integral dos estudantes por na formação dos profissionais da educação.
meio de ações de promoção, prevenção e
atenção à saúde. 14. (SES/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/2020)
IV. Promove a articulação de saberes, a Sobre as ações em saúde previstas no
participação de estudantes, pais, âmbito do Programa Saúde na Escola (PSE),
comunidade escolar e sociedade em geral leia os itens abaixo:
na construção e no controle social da I. Avaliação clínica e avaliação nutricional
política pública. II. Avaliação oftalmológica e avaliação
V. O público beneficiário do PSE são os auditiva
estudantes da Educação Básica, gestores e III. Atualização e controle do calendário
profissionais de educação e saúde. vacinal
IV. Prevenção e redução do consumo do
Assinale a alternativa CORRETA. álcool e do uso de outras drogas
V. Promoção da saúde sexual e da saúde
A) I, II, III, IV e V estão corretas. reprodutiva
B) Existe, apenas, uma incorreta.
C) III está incorreta. Assinale a alternativa CORRETA.
D) II está incorreta.
E) Existem três incorretas. A) I, II, III, IV e V estão corretos.
B) Apenas I, II, III e V estão corretos.
13. (SES/ PERFIL SAÚDE COLETIVA/2017) C) Apenas III está incorreto.
Acerca do Programa Saúde na Escola, é D) Existem dois incorretos.
CORRETO afirmar que: E) Apenas V está incorreto.

A) não são realizadas ações de Avaliação 15. (VUNESP/2019) Em uma unidade


clínica e psicossocial, restringindo essa básica de saúde, são oferecidos
análise de saúde ao ambiente da Unidade atendimentos individuais e coletivos em
de Saúde da Família. Práticas Integrativas e Complementares
B) prima pelo exercício de ações que (PICS), o que é muito apreciado pela
promovam a cultura de paz e prevenção das comunidade local. Sobre isso, assinale a
violências. alternativa correta.
C) não aborda questões relacionadas à
promoção de práticas corporais e atividades A) As PICS devem ser oferecidas
físicas. prioritariamente nos serviços de saúde de
D) se distancia, em virtude do papel do média complexidade do SUS, como
Centro de Assistência Psicossocial – CAPS, coadjuvantes de programas terapêuticos
de questões relacionadas ao uso de álcool, complexos.
tabaco e outras drogas.
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B) No Brasil, são oferecidos 29 D) o SUS ampliou o acesso a serviços e


procedimentos em PICS no SUS, e os produtos antes restritos à área privada,
atendimentos se dão, na maioria das vezes, assim como trouxe o desafio de integrar
na atenção básica. saberes e práticas nas diversas áreas do
C) Embora sejam modalidades oferecidas conhecimento para desenvolvimento de
no SUS, as PICS devem ainda ser projeto humanizado, tradicional e
regulamentadas e legalizadas. unilateral.
D) As PICS são utilizadas preferencialmente E) atualmente, são ofertados pelo SUS 29
em casos de insucesso dos programas tipos diferentes de PICS, como
terapêuticos tradicionais voltados para Reflexoterapia, Terapia de Florais, Terapia
doenças crônicas. Cognitivo-comportamental, Yoga,
E) A adoção das PICS no SUS está em Homeopatia, Reiki, entre outros.
desacordo com as orientações da
Organização Mundial da Saúde (OMS), que 17. (FEPESE/2016) Analise as afirmativas
não as inclui nos sistemas nacionais de abaixo sobre o Programa Saúde na Escola
saúde. (PSE)
1. O PSE visa a integração e articulação
16. (AOCP/ESPA/PSICOLOGIA 2020) permanente da educação e da saúde,
Atualmente, o Sistema Único de Saúde proporcionando melhoria da qualidade de
(SUS) oferece procedimentos de Práticas vida dos educandos.
Integrativas e Complementares (PICS) à 2. O objetivo do PSE é contribuir para a
população. Sobre isso, é correto afirmar formação integral dos estudantes por meio
que de ações de promoção da saúde, de
A) as PICS são tratamentos que utilizam prevenção de doenças e agravos à saúde e
recursos terapêuticos baseados em de atenção à saúde.
conhecimentos tradicionais, voltados para 3. O público beneficiário do PSE são os
prevenir diversas doenças como depressão estudantes da Educação Básica, pública e
e hipertensão. Em alguns casos, também particular, gestores e profissionais de
podem ser usadas como tratamentos educação e da saúde.
paliativos em algumas doenças crônicas. 4. As ações do PSE devem estar pactuadas
B) as PICS podem substituir o tratamento no projeto político-pedagógico das escolas.
tradicional quando indicadas por Esse planejamento deve considerar: o
profissionais específicos conforme as contexto escolar e social e o diagnóstico
necessidades de cada caso. Os local de saúde do educando. Assinale a
atendimentos começam na Atenção Básica, alternativa que indica todas as
principal porta de entrada para o SUS. afirmativas corretas.
C) as PICS são ações de cuidado unilaterais, A) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
podendo ser realizadas na atenção básica, B) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
na média e alta complexidade.
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C) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e A) Apenas as afirmativas 1 e 2 estão


3. corretas.
D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e B) Apenas as afirmativas 2 e 3 estão
4. corretas.
E) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e C) Apenas a afirmativa 1 está correta.
4. D) As afirmativas 1, 2 e 3 estão correta
E) Apenas as afirmativas 1e 3 estão
18. (CONPASS 2017) O Programa Saúde na corretas.
Escola (PSE) visa à integração e articulação
permanente da educação e da saúde, 19. (RIOSAÚDE 2019) O eixo operacional da
proporcionando melhoria da qualidade de Política Nacional de Promoção da Saúde
vida da população brasileira. A respeito do (PNPS) que reconhece a regionalização
PSF, podemos destacar que: como diretriz do SUS e como eixo
I. O público beneficiário do PSE são os estruturante para orientar a
estudantes da Educação Básica, gestores e descentralização das ações e serviços de
profissionais de educação e saúde, saúde e para organizar a Rede de Atenção
comunidade escolar e, de forma mais à Saúde é:
amplificada, estudantes da Rede Federal de A) gestão
Educação Profissional e Tecnológica e da B) regionalização
Educação de Jovens e Adultos (EJA). C) territorialização
II. O PSE tem como objetivo contribuir para D) atenção primária
a formação integral dos estudantes por
meio de ações de promoção, prevenção e 20. (FEPESE 2021) A portaria no 2.446, de
atenção à saúde, com vistas ao 11 de novembro de 2014 redefiniu a
enfrentamento das vulnerabilidades que Política Nacional de Promoção da Saúde
comprometem o pleno desenvolvimento de (PNPS), detalhando vários Princípios, entre
crianças e jovens da rede pública e privada eles o da Equidade. Indique-o:
de ensino. A) Princípio que considera que intervenções
III. As atividades de educação e saúde do e a visão de diferentes atores, grupos e
PSE ocorrerão nos Territórios definidos coletivos na identificação de problemas e
segundo a área de abrangência da solução de necessidades, atuando como
Estratégia Saúde da Família (Ministério da corresponsáveis no processo de
Saúde), tornando possível o exercício de planejamento, de execução e de avaliação
criação de núcleos e ligações entre os das ações
equipamentos públicos da saúde e da B) Princípio que se refere à autonomia, à
educação (escolas, centros de saúde, áreas identificação de potencialidades e ao
de lazer como praças e ginásios esportivos desenvolvimento de capacidades,
etc.). possibilitando escolhas conscientes de

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sujeitos e comunidades sobre suas ações e distribuição igualitária de oportunidades,


trajetórias. considerando as especificidades dos
C) Princípio que se refere ao processo de indivíduos e dos grupos.
intervenção que estimula os sujeitos e E) Princípio que se refere ao processo de
coletivos a adquirirem o controle das articulação de saberes, potencialidades e
decisões e das escolhas de modo de vida experiências de sujeitos, grupos e setores
adequado às suas condições na construção de intervenções
socioeconômico-culturais. compartilhadas, estabelecendo vínculos,
D) Princípio que se baseia nas práticas e as corresponsabilidade e cogestão para
ações de promoção de saúde, na objetivos comuns.

GABARITO

1. D 2. E 3. B 4. D 5. D 6. D 7.A 8. A 9. B 10.A

11.E 12.A 13. B 14. A 15.B 16.A 17.D 18. E 19.C 20.D

4. Política Nacional de Humanização (2003)

A Política Nacional de Humanização capacidade de transformação da realidade


(PNH) existe desde 2003 para efetivar os em que vivem, através da responsabilidade
princípios do SUS no cotidiano das práticas compartilhada, da criação de vínculos
de atenção e gestão, qualificando a saúde solidários, da participação coletiva nos
pública no Brasil e incentivando trocas processos de gestão e de produção de
solidárias entre gestores, trabalhadores e saúde.
usuários. A PNH deve se fazer presente e
Vincula-se à Secretaria de Atenção
estar inserida em todas as políticas e
à Saúde do Ministério da Saúde e conta
programas do SUS.
com um núcleo técnico sediado em Brasília
Humanização é sinônimo de – DF e equipes regionais de apoiadores que
valorização dos usuários, trabalhadores e se articulam às secretarias estaduais e
gestores no processo de produção de municipais de saúde. A partir desta
saúde. Valorizar os sujeitos é oportunizar articulação se constroem, de forma
uma maior autonomia, ampliando a compartilhada, planos de ação para
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promover e disseminar inovações em


saúde.

Diretrizes do HumanizaSUS

1. Acolhimento
2. Gestão participativa e cogestão
3. Ambiência
4. Clínica Ampliada e Compartilhada
5. Valorização do Trabalhador
6. Defesa dos Direitos dos Usuários

Principios do HumanizaSUS

1. Transversalidade
2. Indissociabilidade entre atenção e gestão
3. Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos

Objetivos do HumanizaSUS

Propósitos da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS

- Contagiar trabalhadores, gestores e de atenção; - Aprimorar, ofertar e divulgar


usuários do SUS com os princípios e as estratégias e metodologias de apoio a
diretrizes da humanização; mudanças sustentáveis dos modelos de
atenção e de gestão;
- Fortalecer iniciativas de humanização
existentes; - Implementar processos de
acompanhamento e avaliação, ressaltando
- Desenvolver tecnologias relacionais e de
saberes gerados no SUS e experiências
compartilhamento das práticas de gestão e
coletivas bem-sucedidas.

Três macro-objetivos do HumanizaSUS

- Ampliar as ofertas da Política Nacional de gestores, dos conselhos de saúde e das


Humanização aos gestores e aos conselhos organizações da sociedade civil;
de saúde, priorizando a atenção
- Divulgar a Política Nacional de
básica/fundamental e hospitalar, com
Humanização e ampliar os processos de
ênfase nos hospitais de urgência e
formação e produção de conhecimento em
universitários;
articulação com movimentos sociais e
- Incentivar a inserção da valorização dos instituições.
trabalhadores do SUS na agenda dos

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Política Nacional de Humanização busca

- Redução de filas e do tempo de espera, - Implantação de modelo de atenção com


com ampliação do acesso; responsabilização e vínculo;

- Atendimento acolhedor e resolutivo - Garantia dos direitos dos usuários;


baseado em critérios de risco;
- Valorização do trabalho na saúde;

- Gestão participativa nos serviços.

5. Programa Farmácia Popular (2004)

A Assistência Farmacêutica no Brasil passa de farmácias estatais, o Programa


a ser descentralizada para estados e Farmácia Popular do Brasil foi expandido
municípios com a NOB 96, o que ocasionou posteriormente através de parcerias com
a criação de um conjunto de normativas o setor privado varejista farmacêutico.
para a organização da assistência Novas mudanças ocorreram em 2011, com
farmacêutica nas três esferas. Entre tais isenção de copagamento de um conjunto
medidas podemos citar a Política Nacional de medicamentos específicos.
de Medicamentos e a Política Nacional de
Esse Programa tem sido uma das
Assistência Farmacêutica.
políticas priorizadas na agenda de saúde do
Mesmo existindo programas governo federal8. É considerada
específicos, com objetivo de garantir alternativa relevante de acesso a
acesso a um elenco de medicamentos medicamentos e um dos principais vértices
essenciais a serem ofertados à população, da Política de Assistência Farmacêutica
no âmbito das farmácias públicas nas vigente no país.
unidades do SUS, dificuldades na provisão
Em relação ao rol de
pública somados ao padrão desigual de
medicamentos, o Ministério da Saúde
gasto das famílias brasileiras, levaram o
subsidia medicamentos para Asma,
governo brasileiro a implantar, a partir de
Diabetes Mellitus e Hipertensão gratuitos
2004, ação até então inédita no cenário
à população e medicamentos para
nacional: a disponibilização de
Dislipidemia, Osteoporose, Rinite, Doença
medicamentos mediante sistema de
de Parkinson e Glaucoma, como também
copagamento pelos usuários. Inicialmente
anticoncepcionais e fraldas geriátricas na
instituído por meio de uma rede própria
forma de copagamento (com desconto
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para o usuário). Nesta modalidade os refere ao preço final de venda, menor é a


descontos podem ter variações e como o parcela paga pelo cidadão. A quantidade
Ministério da Saúde definiu preços de de medicamento dispensado é mensal
referência para cada princípio ativo ou tira obedecendo a posologia e os limites
de fralda, quando o preço de venda for definidos pelos consensos de tratamento
igual ou menor que o preço referencial, o da doença para o qual é indicado.
MS paga 90% do valor comercializado e o
Atualmente, o PFPB está
cidadão 10% e quando o preço for maior
regulamentado pela Portaria nº 111, de 28
que o preço referencial o cidadão paga a
de janeiro de 2016, em suas duas vertentes
diferença até o preço de venda praticado
de organização — Rede Própria (RP) e Aqui
pelo estabelecimento. Portanto quanto
Tem Farmácia Popular (ATFP).
maior o desconto concedido pelo
estabelecimento ao usuário, no que se

Vertente Rede Própria

Correspondeu à primeira fase do expediente e informática, bem como a


Programa, surgida a partir da abertura de manutenção predial, dos móveis e
uma rede estatal de farmácias diretamente equipamentos – é de responsabilidade do
pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). partícipe conveniado ao Programa. A
Parcerias com Municípios, Estados e execução das atividades das farmácias é
instituições de ensino públicas ou padronizada, buscando garantia de
privadas filantrópicas, foram a seguir uniformidade das ações,
desenvolvidas, visando sua ampliação, fundamentalmente voltadas à gestão dos
porém ainda comandadas pela Fiocruz. estoques e elenco de medicamentos;
Esta Fundação tem, até hoje, o papel de equipamentos e materiais de consumo
coordenar a estruturação e dar apoio utilizados; uniformes dos funcionários; e
operacional às unidades próprias, sendo processo de atendimento aos usuários.
responsável pela capacitação de
A lista de medicamentos
profissionais, operação dos procedimentos
disponibilizada na RP é, atualmente,
de aquisição, realização de processos
composta por 112 produtos, de diversas
licitatórios próprios, além do
classes terapêuticas, e um insumo
armazenamento central e distribuição
(preservativo masculino). A dispensação
logística dos medicamentos às farmácias.
dos medicamentos ocorre mediante
A gestão administrativa – incluindo pagamento pelos usuários de um valor de
funcionamento das unidades, contratação ressarcimento, que corresponde aos custos
de recursos humanos, gestão de estoques de produção ou aquisição, distribuição e
de medicamentos, suprimentos de dispensação, cujos valores são agregados
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ao preço final do produto disponibilizado, Segundo o MS, esse preço é distinto de


denominado de Preço de Dispensação. uma relação comercial de venda, pois o
Esse valor de ressarcimento é estabelecido lucro não é a meta na execução do
pelo Conselho Gestor do Programa, sendo Programa e não é fonte que viabiliza a
o mesmo para cada produto, em toda RP. manutenção de suas unidades.

Vertente Aqui Tem Farmácia Popular

A partir de 2006, o PFPB se expandiu O elenco de medicamentos do ATFP


mediante parcerias com as farmácias é bem menor que o da Rede Própria,
privadas, na vertente denominada embora tenha sofrido crescimento com a
Programa "Aqui Tem Farmácia Popular" entrada sequenciada de diversos produtos.
(ATFP). O credenciamento dos Iniciou-se pelo copagamento dirigido a anti-
estabelecimentos comerciais ocorre por hipertensivos e antidiabéticos, em 2006. No
manifestação do interesse do ano seguinte, ocorreu inserção dos
empresariado, solicitando seu cadastro, anticoncepcionais e, em 2009, de mais três
desde que cumpridas as regras de entrada apresentações de ‘insulina NPH’. Frente à
previstas, comprovadas por meio de necessidade de exercer medidas de
documentos de caráter fiscal e sanitário, combate à Gripe H1N1, o ‘fosfato de
sem exigência de qualquer ordenação oseltamivir’ foi incluído em fevereiro de
geográfica ou populacional. 2010. No mesmo ano, foram agregadas
quatro apresentações de ‘insulina regular’ e
Como na Rede Própria, é exigido um
três de ‘sinvastatina’, além de novas classes
padrão de identidade visual nos
farmacológicas, dirigidas ao tratamento de
estabelecimentos farmacêuticos, como a
asma, rinite, glaucoma, mal de Parkinson e
exibição de peças publicitárias que
osteoporose, e mais um anti-hipertensivo e
identifiquem seu credenciamento ao
de fraldas geriátricas. Por fim, em 2011,
Programa, com logomarca específica.
incluiu-se mais um produto antidiabético.
Atualmente, o rol do Programa ATFP possui
41 medicamentos.

7. Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente (2004)

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Antes do SUS, a assistência estatal qualidade de vida da população”.


relacionada à saúde bucal era centrada a Apresenta como principal objetivo, a
grupos prioritários (especialmente crianças reorganização da prática, bem como a
em idade escolar) e atenção às urgências, o qualificação das ações e serviços ofertados,
que representava um enorme contingente por meio de uma série de ações em saúde
populacional excluído do acesso a saúde bucal direcionadas aos cidadãos de todas
bucal, com baixíssimos impactos nos as idades, com ampliação do acesso ao
índices epidemiológicos de doenças bucais. tratamento odontológico aos brasileiros,
A saúde bucal de adultos era lastimável, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS)
colocando o Brasil na posição de “campeão (BRASIL, 2004).
mundial de desdentados” (SACARPARO,
As principais linhas de ação do
2015).
Brasil Sorridente são a reorganização da
Apenas em 2004 foi apresentada Atenção Básica em Saúde Bucal
pelo governo federal uma nova proposta (principalmente com a implantação das
de política nacional de saúde bucal, o equipes de Saúde Bucal – eSB – na
programa Brasil Sorridente (PSB), o qual é Estratégia Saúde da Família), a ampliação e
constituído por “[...] medidas que têm qualificação da atenção especializada
como objetivo garantir as ações de (especialmente com a implantação de
promoção, prevenção e recuperação da Centros de Especialidades Odontológicas –
saúde bucal dos brasileiros, entendendo CEO – e Laboratórios Regionais de Próteses
que esta é fundamental para a saúde e Dentárias – LRPD) e a viabilização da adição

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de flúor nas estações de tratamento de objetivos ampliar o acesso ao atendimento


águas de abastecimento público. Também, odontológico nas aldeias, estruturando e
o Brasil Sorridente articula outras ações qualificando os serviços de saúde bucal nos
Distritos Sanitários Especiais Indígenas,
intraministeriais e interministeriais
garantindo assistência odontológica
(BRASIL, 2016). integral aos povos indígenas (BRASIL,
2011).
Em relação à ampliação do acesso à
Acerca da atenção especializada em
equipe de saúde bucal na Atenção Primária
saúde bucal, a política conta com os CEO
à Saúde, temos duas modalidades de
(Centros de Especialidades
equipes de saúde bucal:
Odontológicas), os quais são
✓ ESB Modalidade I: Cirurgião- estabelecimentos de saúde bucal inscritos
dentista e auxiliar em saúde bucal no Cadastro Nacional de Estabelecimentos
(ASB) ou técnico em saúde bucal de Saúde (CNES), classificados como clínica
(TSB) e; especializada/ambulatório de
✓ ESB Modalidade II: Cirurgião- especialidade que oferece serviços de
dentista, TSB e ASB, ou outro TSB. Odontologia gratuitos à população e
Independente da modalidade realiza, no mínimo, as seguintes atividades:
adotada, os profissionais de Saúde Bucal
são vinculados a uma equipe de Atenção I – Diagnóstico bucal, com ênfase no
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família diagnóstico e detecção do câncer bucal.
(eSF), devendo compartilhar a gestão e o
processo de trabalho da equipe, tendo II – Periodontia especializada.
responsabilidade sanitária pela mesma
III – Cirurgia oral menor dos tecidos
população e território adstrito que a
equipe de Saúde da Família ou Atenção moles e duros.
Básica a qual integra.
IV – Endodontia e
Cada equipe de Saúde de Família
que for implantada com os profissionais de V – Atendimento a pacientes com
saúde bucal ou quando se introduzir pela
necessidades especiais.
primeira vez os profissionais de saúde
bucal numa equipe já implantada, Já os Laboratórios Regionais de
modalidade I ou II, o gestor receberá do
Prótese Dentária (LRPD) são
Ministério da Saúde os equipamentos
odontológicos, através de doação direta ou estabelecimentos inscritos no CNES para
o repasse de recursos necessários para realizar, no mínimo, um desses tipos de
adquiri-los (equipo odontológico próteses dentárias: Prótese Total
completo). Mandibular; Prótese Total Maxilar; Prótese
A PNSB conta ainda com atenção Parcial Mandibular Removível; Prótese
especializada à população indígena. Com a Parcial Maxilar Removível; Próteses
criação da Secretaria Especial de Saúde
Coronárias/Intrarradiculares
Indígena, foi lançado o Programa Brasil
Sorridente Indígena, que tem como Fixas/Adesivas (por elemento).
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7. PMAQ - Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica 2011 e


revisada em 2015

O programa foi lançado em 2011, por meio da portaria n° 1.645, revogada em Outubro
de 2015, tem como objetivo: induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da
atenção básica, com garantia de um padrão de qualidade comparável nacional, regional e
localmente de maneira a permitir maior transparência e efetividade das ações
governamentais direcionadas à Atenção Básica em Saúde.

Suas diretrizes são:

I – definir parâmetro de qualidade, processo de mudança de cultura de gestão


considerando-se as diferentes realidades e qualificação da atenção básica;
de saúde, de maneira a promover uma V – desenvolver cultura de planejamento,
maior resolutividade das equipes de saúde negociação e contratualização, que
da atenção básica; implique na gestão dos recursos em função
II – estimular processo contínuo e dos compromissos e resultados pactuados
progressivo de melhoramento dos padrões e alcançados;
e indicadores de acesso e de qualidade que VI – estimular o fortalecimento do modelo
envolva a gestão, o processo de trabalho e de atenção previsto na Política Nacional de
os resultados alcançados pelas equipes de Atenção Básica, o desenvolvimento dos
saúde da atenção básica; trabalhadores e a orientação dos serviços
III – transparência em todas as suas etapas, em função das necessidades e da
permitindo-se o contínuo satisfação dos usuários;
acompanhamento de suas ações e VII – caráter voluntário para a adesão tanto
resultados pela sociedade; pelas equipes de saúde da atenção básica
IV – envolver e mobilizar os gestores quanto pelos gestores municipais, a partir
federal, estaduais, do Distrito Federal e do pressuposto de que o seu êxito
municipais, as equipes de saúde de depende da motivação e proatividade dos
atenção básica e os usuários em um atores envolvidos.

O PMAQ-AB é composto por três fases:

Fase 1 – Adesão e Contratualização, na poderão aderir ao mesmo, de acordo com


qual todas as equipes de saúde da atenção critérios definidos em manual instrutivo
básica, incluindo as equipes de saúde bucal próprio, podendo ser incluídas todas ou
e Núcleos de Apoio ao Saúde da Família, apenas parte das suas equipes de saúde da
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AB; por autoavaliação, monitoramento,


Fase 2 – Certificação, composta por educação permanente e apoio
avaliação externa de desempenho das institucional, que deve ser entendido como
equipes de saúde e gestão da atenção transversal a todas as fases, de maneira a
básica; avaliação de desempenho dos assegurar que as ações de promoção da
indicadores contratualizados na etapa de melhoria da qualidade possam ser
adesão e contratualização; momento desenvolvidas em todas as etapas do ciclo
autoavaliativo. do PMAQ-AB.
Fase 3 – Recontratualização, pactuação
A cada ciclo, os gestores que
singular com incremento de novos padrões
aderirem ao PMAQ-AB fazem jus a um
e indicadores de qualidade, estimulando a
incentivo financeiro, denominado
institucionalização de um processo cíclico e
Componente de Qualidade do Piso de
sistemático a partir dos resultados
Atenção Básica Variável (PAB Variável),
verificados na fase anterior.
repassado no início de cada ciclo, após a
Além disso, apresenta um eixo homologação da adesão ao programa e
estratégico de desenvolvimento, composto também após a Fase 2 de cada ciclo.

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EXERCÍCIOS

1. (SES/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/2015) turno pré-estabelecido pela Equipe de


Assinale a alternativa que contém Saúde da Família.
princípios norteadores da Política de D) consulta médica para a resolução de
Humanização. casos menos complexos na Unidade de
A) Ter em mãos seus documentos e, quando Saúde da Família.
solicitados, os resultados de exames que E) a classificação de risco, com base em
estejam em seu poder. cores, apenas, nas Emergências e Urgências
B) Adotar comportamento respeitoso e do Sistema Único de Saúde.
cordial com as demais pessoas que usam ou
que trabalham no estabelecimento de 3. (SES/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2019)
saúde. Sobre o princípio da transversalidade da
C) Contribuir para o bem-estar de todos nos Política Nacional de Humanização (PNH),
serviços de saúde, evitando ruídos, uso de assinale a alternativa CORRETA.
fumo e derivados do tabaco.
D) Informar ao profissional de saúde ou à A) A PNH deve estar presente, apenas, em
equipe responsável sobre qualquer fato que setores assistenciais em virtude do contato
ocorra em relação a sua condição de saúde. entre profissionais e pacientes.
E) Construção de autonomia e B) Busca verticalizar as relações
protagonismo dos sujeitos e coletivos interprofissionais e entre profissionais e
implicados na rede do SUS. pacientes.
C) Aproxima o contato entre as pessoas,
2. (SES/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2016) rompendo a hierarquização das relações.
Sabe-se que a Política Nacional de D) Considera a Especialização em Saúde
Humanização-PNH busca conduzir as ações Pública como ditadora das práticas
em saúde com base em orientações assistenciais.
específicas que abrangem aspectos éticos, E) Isenta o sujeito do processo do cuidar,
clínicos e políticos. Uma diretriz específica, uma vez que a saúde é formulada pela
que norteia o trabalho da PNH, é o atenção especializada.
Acolhimento, que abrange:
4. (CONTEMAX/2020) Com a
A) uma postura profissional que, em implementação da Política Nacional de
momento breve, oferece resposta clínico- Humanização (PNH), o Ministério da Saúde
farmacológica ao usuário, evitando aponta que trabalha para consolidar,
demanda exacerbada. prioritariamente, quatro marcas
B) uma escuta ao usuário do serviço de específicas. Dessas marcas, não se inclui:
saúde, com base em suas queixas, buscando
reconhecer o seu protagonismo no A) Serão reduzidas as filas e o tempo de
processo saúde-adoecimento e oferecer espera com ampliação do acesso e
atendimento oportuno. atendimento acolhedor e resolutivo
C) uma atuação profissional em consultório baseados em critérios de risco.
clínico ou de enfermagem, realizada em um

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B) Estímulo a processos comprometidos saúde possuem direitos garantidos por lei e


com a produção de saúde e com a produção os serviços de saúde devem incentivar o
de sujeitos. conhecimento desses direitos e assegurar
C) Todo usuário do SUS saberá quem são os que eles sejam cumpridos em todas as fases
profissionais que cuidam de sua saúde, e os do cuidado, desde a recepção até a alta.
serviços de saúde se responsabilizarão por V. A ambiência é uma ferramenta teórica e
sua referência territorial. prática cuja finalidade é contribuir para uma
D) As unidades de saúde garantirão as abordagem clínica do adoecimento e do
informações ao usuário, o sofrimento, que considere a singularidade
acompanhamento de pessoas de sua rede do sujeito e a complexidade do processo
social (de livre escolha) e os direitos do saúde/doença.
código dos usuários do SUS. Quais estão corretas?
E) As unidades de saúde garantirão gestão
participativa aos seus trabalhadores e A) Apenas I e II.
usuários, assim como educação B) Apenas I, II e III.
permanente aos trabalhadores. C) Apenas III, IV e V.
D) Apenas I, II, III e IV.
5. (FUNDATEC/2021) A Política Nacional de E) I, II, III, IV e V.
Humanização (PNH) existe desde 2003
para efetivar os princípios do SUS no 6. (IADES, 2013) Conforme apontou
cotidiano das práticas de atenção e gestão, levantamento realizado pelo Conselho
qualificando a saúde pública no Brasil e Nacional de Secretários Estaduais de Saúde
incentivando trocas solidárias entre na década passada, mais de 50% dos
gestores, trabalhadores e usuários. brasileiros interrompem o tratamento
Referente às diretrizes do HumanizaSUS, devido à falta de dinheiro para comprar os
analise as seguintes assertivas: remédios. O Programa Farmácia Popular
I. Acolher é reconhecer o que o outro traz do Brasil, desde 2004, alinha-se às outras
como legítima e singular necessidade de ações governamentais, visando ao
saúde. O acolhimento deve comparecer e atendimento das necessidades da
sustentar a relação entre equipes/serviços e população brasileira. Em relação ao tema,
usuários/populações. assinale a alternativa correta:
II. Colegiados Gestores, Mesas de
Negociação, Contratos Internos de Gestão, A) O Programa Farmácia Popular do Brasil
Câmara Técnica de Humanização (CTH), possui uma rede própria de farmácias
Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), populares, instaladas nos hospitais
Gerência de Porta Aberta, entre outros, são universitários federais, em todo o País.
arranjos de trabalho que permitem a B) O Farmácia Popular é uma política
experimentação da cogestão no cotidiano pública destinada, exclusivamente, ao
da saúde. atendimento dos usuários dos serviços
III. É importante dar visibilidade à públicos de saúde que têm dificuldades em
experiência dos trabalhadores e incluí-los adquirir medicamentos em
na tomada de decisão, apostando na sua estabelecimentos farmacêuticos comerciais
capacidade de analisar, definir e qualificar C) Para obter o remédio a baixo custo, o
os processos de trabalho. IV. Os usuários de usuário deve demonstrar ter feito pesquisa

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de preços em, pelo menos, 3 outros Assinale a alternativa CORRETA.


estabelecimentos comerciais. O preço de
venda do medicamento na farmácia popular A) Todas estão corretas.
terá um desconto de 10% sobre o menor B) Existem, apenas, quatro corretas.
preço pesquisado. C) Existem, apenas, três corretas.
D) A compra financiada de medicamentos D) Existem, apenas, duas corretas.
com juros subsidiados pelo FIES – Fundo E) Existe, apenas, uma correta.
Institucional para a Saúde tem permitido às
famílias brasileiras um melhor 8. (AMAUC/2018) O Programa Farmácia
planejamento dos gastos em saúde. Popular do Brasil foi criado com o objetivo
E) O principal objetivo do Farmácia Popular de oferecer mais uma alternativa de acesso
é diminuir o impacto nos gastos familiares da população aos medicamentos
com remédios, além da ampliação do considerados essenciais. O Programa
acesso da população aos medicamentos cumpre uma das principais diretrizes da
essenciais. Política Nacional de Assistência
Farmacêutica. Com relação a este
7. (IAUPE, Residência Médica, 2019) O programa assinale a alternativa correta.
Programa Farmácia Popular do Brasil foi A) Fazem parte deste programa apenas
criado em 13 de abril de 2004 pela Lei nº medicamentos para o tratamento de
10.858 e regulamentado pelo Decreto nº diabetes, hipertensão e asma.
5.090, de 20 de maio de 2004. Foi B) Os estabelecimentos credenciados ao
paulatinamente sendo ampliado com os programa Farmácia Popular deverão ser
programas “Aqui Tem Farmácia Popular” e obrigatoriamente farmácias públicas.
“Saúde Não Tem Preço”. Sobre esse tema, C) Todos os medicamentos que fazem parte
leia as sentenças abaixo: deste programa são subsidiados pelo
Ministério da Saúde 90% do seu valor e o
I. A disponibilização de medicamentos é cidadão arcará com o restante do valor.
efetivada em farmácias populares, hospitais D) Através deste programa são
filantrópicos e em rede privada de disponibilizados apenas medicamentos.
farmácias e drogarias. E) O Programa Farmácia Popular do Brasil
II. Em se tratando de disponibilização por funciona atualmente com a modalidade
intermédio da rede privada de farmácia e "Aqui Tem Farmácia Popular", em parceria
drogarias, o preço do medicamento será com farmácias particulares.
subsidiado.
III. O “Aqui Tem Farmácia Popular” 9. (UFPR/RESIDÊNCIA
disponibiliza à população medicamentos MULTIPROFISSIONAL) De acordo com o
para hipertensão, diabetes, dislipidemia, Programa Farmácia Popular do Brasil,
asma, rinite, doença de Parkinson, assinale a alternativa correta.
osteoporose, glaucoma, além de A) A dispensação de medicamentos pelo
anticoncepcionais e fraldas geriátricas. programa “Farmácia Popular” está
IV. Os medicamentos para hipertensão, vinculada à apresentação de prescrição
diabetes e asma são gratuitos. médica, a qual tem validade de 180 dias.
V. Os demais medicamentos são B) O Programa Farmácia Popular do Brasil
disponibilizados com até 90% de desconto. possui farmácias populares da rede própria

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e farmácias/drogarias privadas ser contratado para a prestação do serviço


conveniadas, sob a denominação “Aqui Tem (privado).
Farmácia Popular”.
C) Apenas na rede própria os medicamentos 11. (IAUPE/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/
definidos para hipertensão e diabetes são 2018) Em relação às principais linhas de
gratuitos aos usuários. ação do Programa Brasil Sorridente,
D) A quantidade de medicamentos analise as sentenças abaixo e coloque V
dispensados no programa “Farmácia para as Verdadeiras e F para as Falsas.
Popular” pode corresponder a até 3 meses ( ) Reorganização da Atenção Básica em
de tratamento. saúde bucal, principalmente com a
E) Nos estabelecimentos “Aqui Tem implantação das Equipes de Saúde Bucal na
Farmácia Popular”, o Ministério da Saúde Estratégia Saúde da Família.
paga até 70% do valor de referência do ( ) Ampliação e qualificação da Atenção
medicamento, cabendo ao usuário pagar a Especializada, em especial com a
diferença entre esse valor e o preço de implantação de Centros de Especialidades
venda final do medicamento. Odontológicas e Laboratórios Regionais de
Próteses Dentárias.
10. (SES/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/2019) ( ) O Brasil Sorridente contempla, ainda, o
Considerando a Política Nacional de Saúde Brasil Sorridente Indígena.
Bucal implantada para garantir ações de Assinale a alternativa que contém a
promoção, prevenção e recuperação na sequência CORRETA.
área de saúde bucal, assinale a alternativa A) V – V – F B) F – F – F C) F – F – V
INCORRETA. D) F – V – F E) V – V – V

A) Existem quatro tipos de modalidade de 12. (CONTEMAX/2021) De acordo com a


Equipe de Saúde Bucal. Política Nacional de Saúde Bucal, o
B) A modalidade I da Equipe de Saúde Bucal desenvolvimento de ações na perspectiva
é composta por Cirurgião-Dentista, Auxiliar do cuidado em saúde bucal tem alguns
em Saúde Bucal ou Técnico em Saúde Bucal. princípios, além dos expressos, no texto
C) Os Centros de Especialidades constitucional. Desses princípios, o
Odontológicas (CEO) são estabelecimentos Acolhimento pressupõe:
de saúde, participantes do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde – A) assegurar que toda e qualquer ação seja
CNES. regida pelos princípios universais da ética
D) Nos CEO, uma das prioridades é o em saúde.
diagnóstico bucal, com ênfase no B) definir, democraticamente, a política de
diagnóstico e na detecção do câncer de saúde bucal.
boca. C) assegurar a participação das
E) O Laboratório Regional de Prótese representações de usuários, trabalhadores
Dentária (LRPD) é um componente e prestadores, em todas as esferas de
especializado, capacitado para realizar governo.
serviços de prótese dentária, podendo ser D) que o serviço de saúde seja organizado
um estabelecimento próprio (público) ou de forma usuário-centrada, garantido por
uma equipe multiprofissional, nos atos de

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receber, escutar, orientar, atender, C) ESB – Estratégia de Saúde Bucal


encaminhar e acompanhar. D) Todas as respostas estão corretas
E) buscar o acesso universal para a
assistência e dar atenção a toda demanda 15. (UPE/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2015)
expressa ou reprimida, desenvolvendo Considerando a Política Nacional de Saúde
ações coletivas a partir de situações Bucal, é CORRETO afirmar que se deve
individuais e vice-versa e assumindo a A) assumir o compromisso de qualificação
responsabilidade por todos os problemas da atenção básica, garantindo qualidade e
de saúde da população de um determinado resolutividade na dependência da
espaço geográfico. estratégia adotada pelo município para sua
organização.
13. (CEFET MINAS/2019) A Política B) garantir uma rede de atenção básica
Nacional de Saúde Bucal de 2004 ficou desarticulada da rede de serviços, sendo
conhecida como Brasil Sorridente e dissociável desta, a fim de prover a
marcou importantes avanços nos serviços integralidade das ações de saúde bucal,
de saúde bucal do Brasil. articulando o individual com o coletivo. C)
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o assegurar a promoção e a prevenção com o
que se afirmam sobre ações propostas por tratamento e a recuperação da saúde bucal
essa política. da população adscrita, não descuidando da
necessária atenção a qualquer cidadão em
( ) Ampliação do número de equipes de situação de urgência.
saúde bucal. D) utilizar a epidemiologia e as informações
( ) Inclusão da reabilitação protética na sobre o território, mesmo que as ações não
atenção básica. sejam precedidas da abordagem familiar
( ) Instalação de consultórios odontológicos nem das relações que se estabelecem no
nas escolas. território onde se desenvolve a prática de
( ) Ampliação das estratégias para a saúde.
fluoretação das águas. E) acompanhar o impacto das ações de
saúde bucal por meio de preenchimento
De acordo com as afirmações, a sequência das fichas do Sistema de Informação em
correta é Saúde da Atenção Básica (SIAB): A, B, C, D,
E, F, G, H, I e J as que são fáceis e confiáveis,
A) V, F, V, F. pois enquadram adequadamente todos os
B) V, V, F, V. questionamentos e as respostas.
C) F, V, F, V.
D) F, F, V, F. 16. (SES/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/2016)
Sobre o Programa Nacional de Melhoria do
14. (PREFEITURA DE LONTRAS – SC/2021) Acesso e da Qualidade da Atenção Básica
Fazem parte da Política de Saúde Bucal no (PMAQ-AB), analise as afirmativas abaixo:
SUS:
I. Foi criado mediante uma portaria
A) Programa Brasil Sorridente interministerial.
B) CEO – Centro de Especialidades
Odontológicas

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II. Tem o objetivo de induzir à ampliação do profissionais não estejam aptos para essas
acesso e à melhoria da qualidade da ações.
atenção básica. B) Promover maior conformidade das UBS
III. As Equipes de Atenção Básica com os princípios da AB, aumentando a
Contratualizadas, as Equipes de Saúde Bucal efetividade na melhoria das condições de
e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família saúde, mesmo sem garantir a satisfação dos
(NASF) constituem as equipes de Atenção usuários, na qualidade das práticas de
Básica participantes do PMAQ-AB. saúde e na eficiência e efetividade do
IV. O PMAQ-AB é composto por 4 (quatro) sistema de saúde.
fases distintas, que compõem um ciclo. C) Melhorar a qualidade da alimentação e
V. A penúltima fase do PMAQ-AB é uso dos sistemas de informação o que pode
denominada Avaliação Externa e ser considerado um esforço inadequado.
caracteriza-se por certificação de D) Estimular o foco da AB no usuário,
desempenho das equipes de saúde e gestão promovendo a transparência dos processos
da atenção básica, coordenada de forma de gestão, sem haver necessariamente a
tripartite e realizada pelo Conselho de participação e controle social.
Saúde. Está(ão) CORRETA(S) E) Ampliar o impacto da AB sobre as
condições de saúde da população e sobre a
A) todas. satisfação dos seus usuários, por meio de
B) apenas quatro. estratégias de facilitação do acesso e
C) apenas três. melhoria da qualidade dos serviços e ações
D) apenas duas. da AB.
E) apenas uma.
18. (COMPERVE/2018) O Programa
17. (IFPB/2015) O Programa Nacional de Nacional de Melhoria do Acesso e da
Melhoria do Acesso e da Qualidade da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB)
Atenção Básica (PMAQ), instituído pela se apresenta como uma iniciativa do
Portaria de nº 1.654 GM/MS, de 19 de Ministério da Saúde, cujo objetivo
julho de 2011, foi produto de um principal é estimular a ampliação do acesso
importante processo de negociação e e a melhoria da qualidade da atenção
pactuação das três esferas de gestão do básica, garantindo um padrão de qualidade
SUS, em que o Ministério da Saúde contou comparável nacional, regional e
com os gestores municipais e estaduais, localmente, possibilitando maior
representados pelo Conselho Nacional de transparência e efetividade das ações
Secretarias Municipais de Saúde governamentais direcionadas à atenção
(CONASEMS) e Conselho Nacional de básica. Especificamente, o PMAQ-AB tem
Secretários de Saúde (CONASS). Com base entre seus objetivos:
no enunciado, são considerados objetivos
do PMAQ: A) fornecer padrões de boas práticas e
organização das unidades básicas de saúde
A) Fornecer padrões de boas práticas e que norteiem a melhoria da qualidade da
organização das Unidades Básicas de Saúde atenção básica.
(UBS) que norteiem a melhoria da qualidade
da Atenção Básica (AB), embora os

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B) verificar a inserção dos estabelecimentos C) A avaliação externa de desempenho das


de assistência especializada como pontos equipes de saúde e gestão da Atenção
de atenção da rede de saúde. Primária é coordenada de forma bipartite e
C) induzir a criação de novos sistemas de realizada por instituições de ensino por
informação a partir do conhecimento dos meio de estudos duplo cego.
determinantes, condicionantes e riscos à D) A avaliação de desempenho do conjunto
saúde identificados na avaliação externa. de indicadores de contratualizações
D) incorporar indicadores que meçam o corresponde aos indicadores esperados
resultado da atenção/assistência prestada àquela população, independendo de etapa
pelos serviços de saúde de média de adesão e/ou contratualização.
complexidade avaliados. E) A avaliação resulta em ações punitivas e
restritivas àquelas equipes que não
19. (AOCP/SES-PE/2018) O Programa alcançaram determinados resultados.
Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) 20. (RESIDÊNCIA FESF – BA/2015) O
tem como objetivo incentivar os gestores e ______________ é composto por 3 (três)
as equipes a melhorar a qualidade dos fases e um eixo estratégico transversal de
serviços de saúde oferecidos aos cidadãos desenvolvimento que compõem um ciclo,
do território. Sobre esse programa, é atualmente é regido pela Portaria nº 1.645,
correto afirmar que de 2 de outubro de 2015.
A alternativa que preenche corretamente a
A) O programa reduz o repasse de recursos lacuna do texto acima é:
do incentivo federal para os municípios A) PMAQ-AB
participantes independente dos resultados B) PROVAB- AB
obtidos no ciclo avaliativo. C) HUMANIZA SUS
B) As equipes participantes no PMAQ são D) QUALISUS REDE
certificadas, conforme o seu desempenho, E) REQUALIFICA UBS
considerando a realização de momento
autoavaliativo pelos profissionais.

GABARITO

1.E 2.B 3.C 4.B 5.D 6.E 7.A 8.E 9.B 10.A

11.E 12.D 13.B 14.D 15.C 16.C 17.E 18.A 19. B 20.A

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8. Programa Previne Brasil (2019)

Instituído pela Portaria Nº 2.979, de 12 de novembro de 2019

Institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de


financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do
Sistema Único de Saúde, por meio da alteração da Portaria de
Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017.

Do Custeio da Atenção Primária à Saúde

O financiamento federal de custeio da Os recursos serão transferidos na


Atenção Primária à Saúde (APS) será modalidade fundo a fundo, de forma
constituído por: regular e automática, aos Municípios, ao
I - capitação ponderada; Distrito Federal e aos Estados e repassados
II - pagamento por desempenho; e pelo Bloco de Custeio das Ações e Serviços
III - incentivo para ações estratégicas. Públicos de Saúde.

Da Capitação Ponderada

O cálculo para a definição dos incentivos IV - classificação geográfica definida pelo


financeiros da capitação ponderada Instituto Brasileiro de Geografia e
deverá considerar: Estatística (IBGE).
I - a população cadastrada na equipe de O valor do incentivo financeiro da
Saúde da Família (eSF) e equipe de Atenção capitação ponderada será transferido
Primária (eAP) no Sistema de Informação mensalmente e recalculado
em Saúde para a Atenção Básica (SISAB); simultaneamente para todos os municípios
II - a vulnerabilidade socioeconômica da ou Distrito Federal a cada 4 (quatro)
população cadastrada na eSF e na eAP; competências financeiras.
III - o perfil demográfico por faixa etária da
população cadastrada na eSF e na eAP; e

A transferência do incentivo financeiro de custeio referente à capitação ponderada está


condicionada:

I - ao credenciamento das eSF e eAP pelo II - ao cadastro das eSF e eAP no SCNES pela
Ministério da Saúde; gestão municipal ou Distrito Federal; e

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III - à ausência de irregularidades que


motivem a suspensão da transferência
conforme disposto na PNAB

Do Pagamento por Desempenho

O cálculo do incentivo financeiro do simultaneamente para todos os municípios


pagamento por desempenho será ou Distrito Federal a cada 4 (quatro)
efetuado considerando os resultados de competências financeiras.
indicadores alcançados pelas equipes
credenciadas e cadastradas no SCNES. Até 2022 estão previstos 21 indicadores
O valor do pagamento por desempenho que combinarão as ações relativas a:
será calculado a partir do cumprimento de
meta para cada indicador por equipe e • Gestantes • Saúde da Mulher • Saúde da
condicionado ao tipo de equipe. Criança • Doenças Crônicas • Infecções
O incentivo financeiro do pagamento por Sexualmente Transmissíveis (IST) •
desempenho repassado ao município ou Tuberculose • Saúde Bucal • Saúde Mental
Distrito Federal corresponde ao somatório • Indicadores Globais
dos resultados obtidos por equipe.
Incentivo para Ações Estratégicas
Para o pagamento por desempenho
deverão ser observadas as seguintes O cálculo para a definição dos recursos
categorias de indicadores: financeiros para incentivo para ações
estratégicas deverá considerar:
I - processo e resultados intermediários das
equipes; I - as especificidades e prioridades em
II - resultados em saúde; e saúde;
III - globais de APS. II - os aspectos estruturais das equipes; e
III - a produção em ações estratégicas em
O valor do incentivo financeiro do saúde.
pagamento por desempenho será
transferido mensalmente e recalculado

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O incentivo para ações estratégicas contemplará o custeio das seguintes ações, programas
e estratégias:

As transferências financeiras observarão as regras previstas nas normas vigentes que


regulamentam a organização, o funcionamento e financiamento das respectivas ações,
programas e estratégias.

QUANDO PODEM SER SUSPENSAS AS TRANSFERÊNCIAS DOS INCENTIVOS FINANCEIROS?

O incentivo da capitação ponderada pode Não será considerada a ausência de envio


ser suspenso se houver irregularidades de de informação sobre a produção por meio
acordo com a PNAB; de Sistema de Informação da Atenção
A suspensão será proporcional a Básica;
irregularidade; A produção será monitorada pelo
cumprimento das metas de desempenho.

A suspensão de que trata o caput será equivalente a:

I - 25% (vinte e cinco por cento) por eSF II - 50% (cinquenta por cento) por eSF e eAP
para os casos de ausência do profissional para os casos de ausência do profissional
auxiliar ou técnico de enfermagem ou médico ou enfermeiro na equipe por um
agente comunitário de saúde na equipe por período superior a 60 (sessenta) dias; e
um período superior a 60 (sessenta) dias;

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III - 100% (cem por cento) por eSF e eAP b. de ausência total de eSF ou eAP; ou
para os casos: c. em que haja verificação de dano ao
a. de ausência simultânea dos profissionais erário.
médico e enfermeiro na eSF por um
período superior a 60 (sessenta) dias; ou

9. Programa Mais Médicos (2013)

O Programa Mais Médicos entrou continuar a garantir um atendimento


em vigor em 2013, inicialmente qualificado no futuro para aqueles que
regulamentado pela Medida Provisória acessam cotidianamente o SUS. Além de
621, convertida na Lei nº 12.871, em 22 de estender o acesso, o programa provoca
outubro daquele ano e tem como objetivo melhorias na qualidade e humaniza o
formar recursos humanos na área médica atendimento, com médicos que criam
para o Sistema Único de Saúde (SUS). vínculos com seus pacientes e com a
Além de levar mais médicos para comunidade.
regiões onde há escassez ou ausência O programa é considerado uma
desses profissionais, o programa prevê, estratégia do sistema para aproximação
ainda, mais investimentos para construção, entre população e serviço e preconiza que
reforma e ampliação de Unidades Básicas os profissionais participem de uma série de
de Saúde (UBS), além de novas vagas de atividades de educação e de integração
graduação, e residência médica para ensino-serviço para que desenvolvam uma
qualificar a formação desses profissionais. atenção à saúde de qualidade de acordo
O programa busca resolver a questão com as diretrizes da Política Nacional de
emergencial do atendimento básico ao Atenção Básica (BRASIL, 2011).
cidadão, mas também cria condições para

Objetivos do programa
I - diminuir a carência de médicos nas IV - ampliar a inserção do médico em
regiões prioritárias para o SUS, a fim de formação nas unidades de atendimento do
reduzir as desigualdades regionais na área SUS, desenvolvendo seu conhecimento
da saúde; sobre a realidade da saúde da população
II - fortalecer a prestação de serviços de brasileira;
atenção básica em saúde no País; V - fortalecer a política de educação
III - aprimorar a formação médica no País e permanente com a integração ensino-
proporcionar maior experiência no campo serviço, por meio da atuação das
de prática médica durante o processo de instituições de educação superior na
formação;

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supervisão acadêmica das atividades VII - aperfeiçoar médicos para atuação nas
desempenhadas pelos médicos; políticas públicas de saúde do País e na
VI - promover a troca de conhecimentos e organização e no funcionamento do SUS; e
experiências entre profissionais da saúde VIII - estimular a realização de pesquisas
brasileiros e médicos formados em aplicadas ao SUS.
instituições estrangeiras;

Art. 2o Para a consecução dos objetivos do prática suficiente e de qualidade para os


Programa Mais Médicos, serão adotadas, alunos;
entre outras, as seguintes ações: II - estabelecimento de novos parâmetros
I - reordenação da oferta de cursos de para a formação médica no País; e
Medicina e de vagas para residência III - promoção, nas regiões prioritárias do
médica, priorizando regiões de saúde com SUS, de aperfeiçoamento de médicos na
menor relação de vagas e médicos por área de atenção básica em saúde,
habitante e com estrutura de serviços de mediante integração ensino-serviço,
saúde em condições de ofertar campo de inclusive por meio de intercâmbio
internacional.

1º Eixo - Provimento Emergencial


Tem como objetivo promover na Atenção Básica em regiões prioritárias dos SUS, o
aperfeiçoamento de médicos por meio de integração ensino-serviço, no qual durante um
período determinado o profissional integra e atua numa Equipe de Saúde da Família (eSF). As
regiões classificadas como prioritárias para o Programa foram definidas em função de um
conjunto combinado de critérios, tais como: áreas com percentual elevado de população em
extrema pobreza; baixo índice de desenvolvimento humano ou regiões muito pobres;
semiárido e região amazônica; áreas com população indígena e quilombola; locais com grande
dificuldade de atrair e fixar profissionais; entre outros.

2º Eixo - Educação

Neste eixo, temos um conjunto de medidas estruturantes em médio e longo prazos. De um


lado faz com que a autorização para a criação de cursos de Medicina, públicos e privados,
aconteça em função de critérios claros de necessidade social. No caso dos privados, mudam
as regras até então vigentes, como apontaremos à frente. O mesmo princípio de seguir as
necessidades do sistema de saúde brasileiro é aplicado à residência médica e, para isso, cria
o Cadastro Nacional de Especialistas para que se saiba “quem são”, “especialistas em que” e
“como se formaram” e “onde estão e atuam” os especialistas do País. Além disso, neste Eixo
estão medidas de qualificação da formação médica tanto no âmbito da graduação quanto no
das residências médicas
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3º Eixo - Infraestrutura

Este eixo está associado a uma série de iniciativas. Uma delas é o Programa de Requalificação
das Unidades Básicas de Saúde cujo objetivo é construir mais UBS e num novo padrão de
qualidade e reformar e ampliar as já existentes. Além disso, nesse investimento estão
associadas iniciativas como a informatizção das UBS com o Plano Nacional de Banda Larga e a
implantação do novo sistema de informação da Atenção Básica, o Sisab, e a estratégia eSUS
que inclui até mesmo prontuário eletrônico para o conjunto dos profissionais de saúde

9.1 Programa Médicos pelo Brasil (2019)

Programa instituido pela Lei nº médicos em locais de difícil provimento ou


13.958, DE 18 de dezembro de 2019 que de alta vulnerabilidade; V - desenvolver e
tem como finalidade: incrementar a intensificar a formação de médicos
prestação de serviços médicos em locais de especialistas em medicina de família e
difícil provimento ou de alta comunidade; e VI - estimular a presença de
vulnerabilidade e de fomentar a formação médicos no SUS.
de médicos especialistas em medicina de
família e comunidade, no âmbito da Selecionados para atuar no Programa:
atenção primária à saúde no Sistema Único I - médicos de família e comunidade;
de Saúde (SUS), e autoriza o Poder II - tutores médicos
Executivo federal a instituir serviço social
autônomo denominado Agência para o Art. 25. A contratação de médico de família
Desenvolvimento da Atenção Primária à e comunidade e de tutor médico será
Saúde (Adaps). realizada por meio de processo seletivo
público que observe os princípios da
Objetivos Administração Pública e considerará o
I - promover o acesso universal, igualitário conhecimento necessário para o exercício
e gratuito da população às ações e aos das atribuições de cada função.
serviços do SUS, especialmente nos locais
de difícil provimento ou de alta O processo seletivo para médico de família
vulnerabilidade; II - fortalecer a atenção e comunidade será composto das
primária à saúde, com ênfase na saúde da seguintes fases:
família e na humanização da atenção; III -
valorizar os médicos da atenção primária à I - Prova escrita, de caráter eliminatório e
saúde, principalmente no âmbito da saúde classificatório; II - Curso de formação,
da família; IV - aumentar a provisão de eliminatório e classificatório, com duração

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Básica
P á g i n a | 139

de 2 (dois) anos; e III - Prova final escrita ruptura do acordo de cooperação entre o
para habilitação do profissional como Ministério da Saúde Pública de Cuba e a
especialista em medicina de família e Organização Pan-Americana da
comunidade, de caráter eliminatório e Saúde/Organização Mundial da Saúde para
classificatório. a oferta de médicos para esse Projeto;
O curso de formação consistirá em III - ter permanecido no território
especialização realizada por instituição de nacional até a data de publicação
ensino parceira, com avaliações semestrais da Medida Provisória nº 890, de 1º de
intermediárias e prova final de conclusão agosto de 2019, na condição de
do curso, e abrangerá atividades de ensino, naturalizado, residente ou com pedido de
pesquisa e extensão, além do componente refúgio.
assistencial, mediante integração entre
ensino e serviço, exclusivamente na Metas para o Programa
atenção primária à saúde no âmbito do 1. Ampliar a quantidade de atendimentos;
SUS. 2. Proporcionar maior resolutividade à
Médicos que faziam parte do Atenção Primária, evitando
Programa Mais médicos poderão ser encaminhamentos desnecessários para
reincorporados pelo prazo improrrogável hospitais;
de 2 anos os médicos que atenderem 3. Ampliar a qualidade do pré-natal e do
cumulativamente aos seguintes requisitos: acompanhamento de crianças até os cinco
I - estar no exercício de suas anos de idade;
atividades, no dia 13 de novembro de 2018, 4. Ampliar a qualidade no acompanhamento
no âmbito do Projeto Mais Médicos para o de pacientes portadores de hipertensão
Brasil, em razão do 80º Termo de arterial e diabetes;
Cooperação Técnica para implementação 5. Ampliar a qualidade do acompanhamento
do Projeto Ampliação do Acesso da preventivo do câncer de mama e de colo do
População Brasileira à Atenção Básica em útero;
Saúde, firmado entre o Governo da 6. Ampliar a taxa de cura do paciente com
República Federativa do Brasil e a diagnóstico de tuberculose;
Organização Pan-Americana da 7. Ampliar a qualidade do acompanhamento
Saúde/Organização Mundial da Saúde; de pacientes portadores de HIV.
II - ter sido desligado do Projeto Mais
Médicos para o Brasil em virtude da

EXERCÍCIOS

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01. (SAÚDE COLETIVA AMPLA E) Apenas V está incorreta.


CONCORRÊNCIA/2021) Recentemente foi
instituído um novo modelo de 03. A Portaria nº 2.979, de 12 de novembro
financiamento do SUS na Atenção Primária de 2019, que instituiu o Programa Previne
em Saúde, o qual considera três critérios: Brasil (PPB), determina como um dos
captação ponderada, pagamento por componentes para o cálculo do
desempenho e incentivo para ações financiamento o “Incentivo para ações
estratégicas. Esse programa denomina-se estratégicas”, acerca disso assinale a
A) PREVINE BRASIL. alternativa incorreta:
B) PMAQ.
C) SOMASUS. A) O cálculo inclui as especificidades e
D) PAB fixo. prioridades em saúde; os aspectos do
E) SIOPS. processo de trabalho das equipes; e a
produção em ações estratégicas em saúde.
02. (PSICOLOGIA AB/2020) Mediante a B) O incentivo para ações estratégicas
Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de contemplará o custeio de ações, programas
2019, o governo Bolsonaro instituiu o e estratégias.
Programa Previne Brasil (PPB), que C) Os programas que têm prioridade para
estabelece novo modelo de financiamento expansão são o Programa Saúde na Hora;
de custeio da Atenção Primária à Saúde no Programa de Apoio à Informatização e
âmbito do Sistema Único de Saúde. Sobre Incentivo aos municípios com residência
o cálculo para o financiamento médica e profissional.
estabelecido pelo PPB, analise as D) A saúde bucal e seus respectivos serviços
proposições abaixo: estão contemplados nesse componente.
I. População cadastrada na equipe de Saúde E) Como programas de Promoção da Saúde
da Família (eSF) e na equipe de Atenção instituídos estão o Programa Saúde na
Primária (eAP) no Sistema de Informação Escola e o Programa Academia da Saúde.
em Saúde para a Atenção Básica (SISAB)
II. Vulnerabilidade socioeconômica da 04. O Programa Previne Brasil estabelece o
população cadastrada na eSF e na Eap novo financiamento da Atenção Básica
III. Perfil demográfico por faixa etária da considerando três componentes para base
população cadastrada na eSF e na Eap de cálculo, entre eles o Pagamento por
IV. Pagamento por desempenho desempenho. Segundo esse componente,
V. Incentivo para ações estratégicas os indicadores para o ano de 2020 são:
Assinale a alternativa CORRETA. I- Percentual de diabéticos com solicitação
A) I, II, III, IV e V estão corretas. de hemoglobina glicada.
B) Apenas I, II, III e IV estão corretas. II- Percentual de população em situação de
C) Existem, apenas, duas incorretas. rua atendidas.
D) Existem, apenas, três incorretas.
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III- Proporção de gestantes com realização


de exames para sífilis e HIV. A) 50% dos recursos serão suspensos diante
IV- Cobertura de exame citopatológico. da ausência na eSF ou eAP dos profissionais:
V- Proporção de atividades coletivas médico ou enfermeiro por mais de 60 dias.
realizadas pela equipe. B) Será considerada a ausência de envio de
A) I e II, apenas. informação sobre a produção por meio de
B) I, II, III, IV e V. Sistema de Informação da Atenção Básica.
C) IV e V, apenas. C) 25% dos recursos serão suspensos diante
D) I, III e IV, apenas. da ausência na eSF dos profissionais:
E) I e III, apenas. Auxiliar ou técnico de enfermagem; ou
Agente comunitário de saúde por mais de
05. De acordo com o estabelecido na 60 dias.
Portaria 2.979, de 12 de novembro de D) Irregularidades previstas na Política de
2019, a capitação ponderada deve Atenção Básica podem acarretar suspensão
considerar para seu cálculo: de recursos.
I- a população cadastrada na equipe de E) Uma das condições para suspensão de
Saúde da Família (eSF) e equipe de Atenção 100% dos recursos é a ausência simultânea
Primária (eAP) no Sistema de Informação de médico e enfermeiro por um período
em Saúde para a Atenção Básica (SISAB); superior a 60 dias, na eSF e na eAP.
II- a vulnerabilidade socioeconômica da
população cadastrada na eSF e na eAP; 07. (SES/PERFIL SAÚDE COLETIVA/2015)
III- classificação geográfica definida pelo Sobre o Programa Mais Médicos, instituído
Instituto Brasileiro de Geografia e pelo governo brasileiro em 2013, leia as
Estatística (IBGE). afirmativas abaixo:
IV- o quantitativo de equipes de eSF e eAP. I. Alocação de médicos em áreas com
V- o perfil demográfico por faixa etária da carência desses profissionais
população cadastrada na eSF e na eAP. II. Investimento em infraestrutura de
Está INCORRETO o exposto em: hospitais e unidades de saúde
A) I, II, III, IV e IV III. Criação do 2º Ciclo de Medicina na
B) I e II, apenas Formação Médica
C) IV, apenas IV. Regulamentação para a abertura de
D) II, II e IV apenas escolas de Medicina do setor privado
E) I e III, apenas V. Mudança na forma de acesso aos
estudantes nas Escolas de Medicina
06. De acordo com o previsto no Programa Assinale a alternativa CORRETA.
Previne Brasil alguns critérios são A) I, II, III, IV e V estão corretas.
utilizados para suspender os recursos B) Existe, apenas, uma incorreta.
financeiros, acerca disso assinale a C) III está incorreta.
alternativa INCORRETA: D) II está incorreta.
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E) Existem três incorretas. escassez e má distribuição de médicos nas


diversas regiões do Brasil e é constituído
08. (SES/PERFIL ATENÇÃO BÁSICA/2018) por três grandes eixos:
Logo após a publicação das Leis Orgânicas, A) Projeto Mais Médicos para o Brasil,
que regulamentam o SUS, o Ministério da investimento na infraestrutura da rede de
Saúde lançou dois programas: o Programa serviços da atenção básica e valorização da
de Agente Comunitários de Saúde (1991) e atenção básica.
o Programa de Saúde da Família (1994). Em B) Provimento emergencial, formação
2013, foi lançado mais um programa médica e estímulo à residência médica em
visando fortalecer a prestação de serviços medicina da família e comunidade.
de Atenção Básica em Saúde no Brasil, o C) Provimento emergencial, investimento
Programa Mais Médicos (PMM) mediante na infraestrutura da rede de serviços da
a Lei Nº 12.871. Sobre a competência do atenção básica e formação médica.
PMM, analise os itens abaixo: D) valorização da Atenção Básica, formação
I. Reordenar a oferta de cursos de Medicina médica e estímulo à pós-graduação lato
e de vagas para residência médica. sensu em Atenção Básica.
II. Fortalecer a política de educação
permanente com a integração ensino- 10. (COMPERVE/2018) O Programa Mais
serviço. Médicos (PMM) contempla uma série de
III. Promover a troca de conhecimentos e iniciativas que visam superar a escassez de
experiências entre profissionais da saúde médicos na periferia das grandes cidades,
brasileiros e médicos formados em nos municípios do interior e nas regiões
instituições estrangeiras. isoladas do País, ampliando o acesso ao
IV. Aperfeiçoar médicos para atuação nas atendimento médico para a população
políticas públicas de saúde do País e na residente nessas áreas. O PMM está
organização e no funcionamento do SUS. estruturado em três grandes eixos, entre
V. Estimular a realização de pesquisas os quais,
aplicadas ao SUS.
Está(ão) CORRETO(S) A) a melhoria da qualidade dos serviços de
A) todos. B) apenas quatro. C) atenção especializada ambulatorial e
apenas três. D) apenas dois. E) hospitalar.
apenas um B) a avaliação da satisfação dos usuários
beneficiários das ações do programa.
09. (COMPERVE/2018) O Governo Federal, C) a ampliação de vagas para médicos
por meio da Lei n.º 12.871/2013, formados no exterior com revalidação do
regulamentou o Programa Mais Médicos diploma.
(PMM). Esse programa reúne uma série de D) a melhoria da infraestrutura da rede de
iniciativas de curto, médio e longo prazos serviços da Atenção Básica.
que visa enfrentar o histórico problema da
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GABARITO

1. A 2. A 3. A 4. D 5. C

6. B 7. B 8. C 9. C 10. D

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Aulas

20 22 &

DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DA CRIANÇA


E ADOLESCENTE
ASPECTOS PSICODINÂMICOS DO
ENVELHECIMENTO
Profª Luanna Cruz

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DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DA CRIANÇA
E ADOLESCENTE
A psicologia do desenvolvimento é uma área que estuda a interação dos processos
físicos, cognitivos e sociais e as etapas de crescimento, a partir da concepção até o final da
vida de um sujeito.
Atualmente se dedica ao estudo do desenvolvimento humano em todos os seus
aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social, desde o nascimento até a idade
adulta. Idade em que todos estes aspectos atingem o seu mais completo grau de maturidade
e estabilidade.

- Aspectos do desenvolvimento humano:

• Aspecto físico-motor: refere-se ao experiências. A sexualidade faz parte


crescimento orgânico, à maturação desse aspecto.
neurofisiológica. • Aspecto social: maneira como o
• Aspecto intelectual: capacidade de indivíduo reage diante das situações
pensamento, raciocínio. que envolvem outras pessoas.
• Aspecto afetivo-emocional: modo
particular do indivíduo integrar as suas

- A psicologia do desenvolvimento é uma área que:

1. Estuda a interação dos processos físicos 3. Cria modelos para explicar mudanças
e psicológicos e as etapas de crescimento, que ocorrem na vida do sujeito e de que
a partir da concepção até o final da vida de modo podem ser compreendidas e
um sujeito. descritas essas mudanças.
2. Traz uma compreensão sobre as 4. Busca definir cientificamente padrões de
transformações psicológicas que ocorrem mudanças progressivas psicológicas que
no decorrer do tempo. ocorrem nos seres humanos com a idade.
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- Fases tradicionais do desenvolvimento humano:


1. Período pré-natal

2. Período do recém-nascido
3. Primeira infância (de 2 a 7 anos)
4. Segunda infância (de 7 a 12 anos) 
 

5. Adolescência

6. Maturidade ou vida adulta
7. Senilidade ou velhice

- Fatores que influenciam o desenvolvimento humano:


• Hereditariedade: a carga genética ordenadas no comportamento,
estabelece o potencial do indivíduo, que relativamente não influenciado pela
pode ou não se desenvolver. experiência.
• Crescimento orgânico: é o • Meio: o conjunto de influências e
desenvolvimento físico ligado à estimulações ambientais altera os
maturação. padrões de comportamento do
• Maturação: processo de crescimento indivíduo.
biológico que possibilita mudanças

- 3 escolas importantes:
• Apriorismo: certas estruturas mentais • Empirismo: a origem do conhecimento
possibilitam a experiência e está na experiência. A única fonte de
determinam a compreensão que conhecimento humano é a experiência
temos das coisas. Considera que o adquirida em função do meio físico
indivíduo, ao nascer, traz consigo, já mediada pelos sentidos.
determinadas, as condições do • Interacionismo: considera o
conhecimento e da aprendizagem que conhecimento construído graças às
se manifestarão ou imediatamente interações que o sujeito tem com o
(inatismo) ou progressivamente pelo meio externo (físico e social). O
processo geral de maturação conhecimento não é interno (inato) e
(maturacionismo). Toda a atividade de nem externo construído a partir das
conhecimento é exclusiva do sujeito, o percepções sensoriais, mas sim,
meio não participa dela. através da interação entre eles, pois, o

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homem, não é considerado, nessa É nessa interação que os processos de


teoria, como um ser passível, mas aprendizagem vão se efetivando.
interage e muda as coisas ao seu redor.

- Desenvolvimento:
• Mudanças qualitativas e quantitativas. Sequência previsível cujo timing é uma
• As pessoas se desenvolvem em ritmos função do processo de maturação do
diferentes. sistema nervoso e não da imitação.

• O desenvolvimento é relativamente
ordenado e acontece de forma gradual • Período crítico: estão ligados a
(sequência ordenada e invariável). maturação e alterações biológicas do
indivíduo, onde determinados
comportamentos são estabelecidos
- As áreas de associação do córtex – que
(interação da hereditariedade com o
estão ligadas ao pensamento, à memória e
meio ambiente potencializando a
à linguagem – são as últimas áreas do
aprendizagem). É entendido como um
cérebro a se desenvolverem.
período de tempo durante o qual um
indivíduo é mais susceptível a
• - Desenvolvimento motor: rolar, determinada influência externa.
sentar, engatinhar, andar e correr.

DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL DE FREUD

I. A fase oral (0-18 meses): A primeira fase O conflito principal nesta fase é o
do desenvolvimento é a fase oral, que se processo de desmame – a criança deve se
estende desde o nascimento até tornar menos dependente dos cuidadores.
aproximadamente um ano de vida. Nessa A fixação nessa fase causa dependência ou
fase a criança vivencia prazer e dor através agressividade e pode resultar em
da satisfação (ou frustação) de pulsões problemas com bebida, comer, fumar ou
orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se roer as unhas.
dá independente da satisfação da fome. Ao
II. A fase anal (18 meses – 3 anos): A
ser confrontada com frustrações a criança
segunda fase é a fase anal, que vai
é obrigada a desenvolver mecanismos para
aproximadamente do primeiro ao terceiro
lidar com as mesmas. Esses mecanismos
ano de vida. Nessa fase a satisfação das
são a base da futura personalidade do
pulsões se dirige ao ânus, ao controle da
sujeito.
tensão intestinal. A criança tem que

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aprender a controlar sua defecação e, V. A fase genital (puberdade em diante): A


dessa forma, deve aprender a lidar com a última fase do desenvolvimento
frustração do desejo de satisfazer suas psicossexual é a genital, que se dá durante
necessidades imediatamente. a adolescência. Nessa fase as pulsões
sexuais, depois da longa fase de latência e
A fixação nessa fase ocasiona a
acompanhando as mudanças corporais,
neurose obsessivo compulsiva
despertam-se novamente, mas desta vez
(anancástica). Personalidade anal-
se dirigem a outra pessoa. Apesar de
expulsiva: em que o indivíduo tem uma
continuarem agindo durante toda a vida do
personalidade confusa ou destrutiva.
indivíduo, os conflitos internos típicos das
Personalidade anal-retentiva: na qual o
fases anteriores atingem na fase genital
indivíduo é rigoroso, ordenado, rígido e
uma relativa estabilidade, conduzindo a
obsessivo.
pessoa a uma estrutura do ego que lhe
III. A fase fálica (3-6 anos) - Complexo de permite enfrentar os desafios da idade
Édipo: A fase fálica, que vai dos três aos adulta.
seis anos de vida, se caracteriza segundo
Observação: Fixação é um congelamento
Freud pela importância da presença (ou,
no desenvolvimento, que é impedido de
nas meninas, da ausência) do falo; nessa
continuar. Uma parte da libido permanece
fase prazer e desprazer estão, assim,
ligada a um determinado estágio do
centrados na região genital. As
desenvolvimento e não permite que a
dificuldades dessa fase estão ligadas ao
criança passe completamente para o
direcionamento da pulsão sexual ao
próximo estágio. A fixação nas fases de
genitor do sexo oposto e aos problemas
desenvolvimento freudianas identifica o
resultantes. A resolução desse conflito está
tipo de caráter que a pessoa possui
relacionada ao complexo de Édipo e à
(caráter oral, anal, fálico ou genital). O
identificação com o genitor do mesmo
caráter oral é caracterizado pelo otimismo,
sexo.
pela passividade e pela dependência. O
caráter anal é caracterizado por três traços
IV. O período de latência (6 – puberdade):
que são: ordem, parcimônia (econômico) e
Depois da agitação dos primeiros anos de
teimosia. O caráter fálico, por sua vez, gera
vida se segue uma fase mais tranquila que
dificuldades na formação do superego
se estende até a puberdade. Nessa fase as
(regras sociais), na identidade do papel
fantasias e impulsos sexuais são
sexual e até mesmo na sexualidade,
reprimidos, tornando-se secundários, e o
envolvendo inibição sexual, promiscuidade
desenvolvimento cognitivo e a assimilação
e homossexualidade. E, por fim, o caráter
de valores e normas sociais se tornam a
genital é descrito como o ideal freudiano
atividade principal da criança, continuando
do desenvolvimento.
o desenvolvimento do ego e do superego.

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PIAGET- conceitos importantes

Esquema: Modelo de atividade que o sujeito utiliza para


incorporar o meio.
Assimilação: A assimilação é o processo cognitivo pelo qual
uma pessoa integra (classifica) um novo dado
perceptual, motor ou conceitual às estruturas
cognitivas prévias.

Acomodação: Acontece quando a criança (esquema); enquanto todos os animais


não consegue assimilar um novo estímulo, quadrúpedes que ele vê forem como os
ou seja, não existe uma estrutura cognitiva cachorros que já viu, Arthur permanece em
que assimile a nova informação em função um estado de equilíbrio.
das particularidades desse novo estímulo. Suponhamos que o cachorro de Arthur é
Diante deste impasse, restam apenas duas um grande labrador e que Arthur vai ao
saídas: criar um novo esquema ou parque e vê um poodle, um cocker spainel
modificar um esquema existente. Ambas as e um cão-esquimó. Ele tem de assimilar a
ações resultam em uma mudança na nova informação em seus esquemas
estrutura cognitiva. existentes para au-aus (assimilação).

Adaptação: É um processo dinâmico, um Suponhamos, entretanto, que Arthur


movimento de equilíbrio contínuo entre a também visita um pequeno zoológico e vê
assimilação e a acomodação. um lobo, um urso, um leão, uma zebra e
um camelo. Ao ver cada novo animal, ele
Organização: É a habilidade de integrar as parece perplexo e pergunta à sua mãe:
estruturas físicas e psicológicas em “Au-au?” A cada vez, sua mãe diz: “Não,
sistemas coerentes. Não pode haver este animal não é um cachorro. Este animal
adaptação proveniente de uma fonte é um ______ [nomeia o animal]”. Ele não
desorganizada, pois a adaptação tem como pode assimilar esses animais diferentes em
base uma organização inicial expressa no seu esquema existente para au-aus; em
esquema. A adaptação e organização são vez disso, ele tem de modificar, de algum
os processos indissolúveis do pensamento. modo, seus esquemas a fim de considerar
a nova informação, criando, talvez um
Exemplificando: Arthur, de 2 anos de esquema abrangente para animais, ao qual
idade, usa a palavra au-au para abarcar ele adapta seu esquema existente para
todos os animais peludos quadrúpedes que cachorros (acomodação).
se assemelham ao seu próprio cachorro

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Esses processos resultam no como Arthur – níveis superiores de


restabelecimento do equilíbrio, adaptabilidade.
oferecendo, desse modo, à pessoa – tal

ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE PIAGET

Estágio sensório motor (0-2 anos): a especialmente observável de um


criança vivencia o mundo através dos objeto ou uma situação complicada.
sentidos e das ações (vendo, ouvindo, • Animismo: dar características
tocando, provando e segurando). A humanas a seres inanimados.
cognição parece focalizar-se apenas no que Desaparece progressivamente,
eles podem perceber imediatamente, principalmente após os 5 anos;
pelos seus sentidos. • Realismo: A realidade é construída
Fenômenos: pela criança e por suas fantasias. Se
• Permanência do objeto: os objetos sonhou que o lobo está no corredor,
continuam a existir, mesmo quando pode ter medo de sair do quarto;
imperceptível aos bebês. Um bebê • Finalismo: Existe uma relação entre o
mais novo e um mais velho respondem finalismo e a causalidade. Tudo o que
diferentemente à demonstração da existe, existe para o bem essencial
permanência do objeto, de esconder dela própria (egocentrismo). Também
um objeto debaixo de um cobertor ou aqui o adulto reforça o finalismo. Vai
atrás de um anteparo. Enquanto o diminuindo progressivamente ao
bebê mais velho –a partir dos 9 meses- longo do estádio, apesar de persistir
procura, o mais novo desvia o olhar mais tempo que o animismo, devido às
tão logo o objeto desaparece de sua atitudes e respostas que os adultos
vista; dão às crianças. (O monte é um declive
• Ansiedade de estranhos. pra poder correr);
• Artificialismo: explicação de
Estágio pré-operatório ou período pré- fenômenos naturais como se fossem
operacional (2-6 anos): ausência de produzidos pelos seres humanos (o sol
raciocínio lógico e pensamento intuitivo. foi acesso por um fósforo gigante);
Fenômenos: • Nominalismo: dar nomes às coisas
• Brincadeira de faz-de-conta; das quais não sabe o nome ainda.
• Egocentrismo: não conseguir perceber
as coisas do ponto de vista de outras Estágio operacional-concreto ou período
pessoas, apenas sua visão; das operações concretas (7-12 anos):
• Desenvolvimento da linguagem; pensamento lógico sobre eventos
• Centração: uma tendência para concretos, entendendo analogias
focalizar somente um aspecto
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concretas e efetuando operações • Inclusão de classes: capacidade de


aritméticas. observar o todo e a parte (ex: maçãs e
Fenômenos: bananas-parte- são frutas- todo);
• Princípios da conservação da • Seriação: ordenar segundo critérios de
quantidade: a criança é capaz de diferença, o que implica a organização
conservar mentalmente (lembrar-se) dos objetos dispersos.
uma dada quantidade, embora
observe modificações na aparência do Estágio operacional-abstrato ou período
objeto ou da substância. das operações abstratas ou operacional
• Reversibilidade: reconhecer formal (a partir dos 12 anos): raciocínio
internamente a possibilidade de abstrato e pensamento hipotético-
reverter a ação e poder realizar dedutivo.
mentalmente essa operação concreta; Fenômenos: lógica abstrata; potencial
• Transformações matemáticas; para raciocínio moral amadurecido.

DESENVOLVIMENTO MORAL DE PIAGET


(Enfatiza em seu estudo o entendimento da moral à luz da inteligência)

• Anomia (crianças até 5 anos): a moral implicam na unilateralidade nas relações,


não se coloca, não se tem consciência exigindo o respeito pela autoridade.
do certo e errado.
• Heteronomia (crianças até 9/10 anos • Autonomia (último estágio do
de idade): a moral é ditada pela desenvolvimento da moral): a criança
autoridade (pais, professores). As pensa a moral pela reciprocidade. O
regras são impostas pela tradição e respeito às regras é entendido como
imutáveis, sendo cumpridas pelo decorrente de acordos mútuos entre
receio da punição. os atores, sendo que cada um deles
consegue conceber a si próprio como
Realismo moral: “causas externas apenas possível 'legislador' em regime de
introjetadas e não refletidas”. Está ligada cooperação entre todos os membros
às restrições impostas pelos adultos, que do grupo.

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DE ERIK ERIKSON

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Personalidade como o resultado da interação


permanente e simultânea de três processos da pessoa: o
processo somático (dimensão biológica), o processo do
ego (dimensão individual) e o processo social (dimensão
social).

Em cada uma das suas 8 fases, o virtude inerente a uma certa forma de
sujeito precisa resolver uma crise crescimento.
resultante do conflito com o qual o meio A crise não se refere a uma ameaça
social o confronta. Com a solução, surge de catástrofe, mas a um ponto de viragem,
um determinado componente da um período crucial de elevado potencial,
personalidade, isto é, desenvolvem-se mas também de vulnerabilidade
certos sentimentos, podendo resultar em aumentada e, consequentemente, fonte
uma regressão psicossocial ou em uma de força geradora ou de inadequação.

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VYGOTSKY

Interessava-se pela compreensão da


formação de alguns processos, como a relação
entre pensamento e linguagem, a questão da
mediação cultural no processo de construção de
significados por parte do indivíduo, o processo
de internalização e o papel da escola na
transmissão de conhecimentos.
Para ele, o desenvolvimento humano
ancora-se no meio social onde o ser convive, bem
como da sua cultura e da utilização de signos. O
papel do agente externo é primordial, pois sem a intervenção do outro não há
desenvolvimento. A cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico que,
ao longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico
do homem. Através da mediação (presença do outro), o sujeito internaliza conceitos externos,
num processo de formação das funções psíquicas superiores.
Acerca destas últimas, Vygotsky rejeita a ideia de funções mentais fixas e imutáveis,
trabalhando a noção do cérebro como um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja
estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história da espécie
(filogenético) e do desenvolvimento individual (ontogenético).

Alguns conceitos importantes:

Mediação: O acesso do homem ao funções superiores e 2) Origem social dos


conhecimento é mediado pelos sistemas simbólicos – É a cultura que
instrumentos e símbolos sociais. O conceito fornece ao ser humano os sistemas de
de mediação inclui dois aspectos símbolos que lhe permitirá representar a
complementares, quais sejam: 1) realidade mentalmente. Ao longo da
Representação mental – se o homem é ontogênese o indivíduo internaliza as
capaz de operar mentalmente ele deve formas de comportamento socialmente
possuir algum conteúdo mental de natureza construídas, gerando atividades
simbólica que representa objetos e eventos intrapsicológicas. O desenvolvimento das
que substituem o mundo real. Essa funções mentais, para Vygostky se dá de
capacidade de “ver” mentalmente o real fora para dentro.
permite ao homem sofisticar sua Internalização: A internalização é
capacidade de abstração e generalização, um processo de reconstrução interna,
fundamentais para o desenvolvimento das intrassubjetiva, de uma operação externa

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com objetos que o homem entra em atividade. Esta fala, além de


interação. Trata-se de uma operação acompanhar a atividade infantil, é um
fundamental para o processo de instrumento para pensar em sentido
desenvolvimento de funções psicológicas estrito, isto é, planejar uma resolução
superiores e consiste nas seguintes para a tarefa durante a atividade na
transformações: de uma atividade externa qual a criança está entretida. É uma
para uma atividade interna e de um intermediadora entre a esfera social e a
processo interpessoal para um processo esfera individual. Para esse teórico, o
intrapessoal. surgimento da fala egocêntrica indica a
Funções psicológicas superiores trajetória da criança: o pensamento vai
(consciência, intenção, planejamento, dos processos socializados para os
ações voluntárias): funções psicológicas processos internos. O papel da fala
superiores que são adquiridas ao longo da egocêntrica é internalizar conceitos. O
história social do homem. Desse modo, declínio da vocalização egocêntrica é
Vygotsky admite que o seu sinal de que a criança
desenvolvimento se dá nas relações sociais progressivamente abstrai o som,
mediadas pelos instrumentos e símbolos adquirindo capacidade de “pensar as
culturalmente desenvolvidos pela cultura palavras” sem precisar dizê-las,
na qual o homem está inserido. entrando na fase da linguagem interior.
Para Vygotsky, a relação entre
pensamento e linguagem é estreita. A • Linguagem interior: linguagem que
linguagem (verbal, gestual e escrita) é nosso o sujeito usa consigo mesmo em sua
instrumento de relação com os outros. A mente. Intimamente ligada ao
linguagem é definida como instrumento de pensamento. Linguagem e o
medição simbólica. A aquisição da pensamento surgem separados e
linguagem passa por três fases: vão se encontrando no decorrer do
percurso. Observe que o
• Linguagem social: tem por função pensamento e a linguagem se
denominar e comunicar. associam devido à necessidade de
• Linguagem egocêntrica: trata-se da intercâmbio durante a realização do
fala que a criança emite para si mesmo, trabalho.
enquanto está concentrada em alguma

Estágios do desenvolvimento do pensamento

• Pensamento sincrético: os objetos se estabelecem nas impressões da


aproximam de um significado comum, criança.
não por força de seu próprio traço, • Pensamento por complexo: os
mas pela semelhança que eles objetos são unidos por ligações
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factuais e concretas, produzidas pela


experiência direta da criança com o Zona de desenvolvimento potencial ou
mundo social. proximal (ZDP): é o próximo passo possível
• Pensamento conceitual: ocorre o para a expansão da área real. Novo
amadurecimento intelectual, onde potencial que ainda não foi alcançado,
criança está próxima do pensar porém está presente em estado
abstratamente sem a necessidade da embrionário. É fomentada pela interação
experiência concreta. de um indivíduo aprendiz com outros
indivíduos com maior experiência (próprio
Nível de desenvolvimento real (ZDR): colega ou professor, no âmbito escolar),
caracterizado como o nível de ele precisa de ajuda para conseguir realizar
desenvolvimento que já está completo (é a atividade.
um nível já alcançado). Marcado pela
capacidade que uma pessoa tem de Relação dinâmica: a zona de
solucionar sozinha as atividades, sem desenvolvimento proximal de hoje será o
precisar de ajuda. nível de desenvolvimento real de amanhã.

DESENVOLVIMENTO MORAL – KOHLBERG

Insatisfeito com o enfoque Nível pré-convencional: a criança


psicanalítico e cognitivo, Kohlberg interpreta as questões de certo e errado,
redefiniu os estágios de desenvolvimento bom e mau, em termos das consequências
moral propostos por Piaget. físicas ou hedonistas da ação. Portanto,
Tem como pressuposto de que o este nível de moralidade reduz-se a um
desenvolvimento moral é resultante de conjunto de normas externas, a que se
processos de interação entre o organismo obedece para evitar o castigo, a punição,
e o meio, por meio de transformações ou para satisfazer desejos e interesses
básicas das estruturas cognitivas, enquanto estritamente individualistas.
totalidades organizadas em um sistema de
relações. Para Kohlberg, assim como o • Estágio 1: Moralidade heterônoma:
desenvolvimento cognitivo, o moral Trata-se de obedecer à autoridade
também ocorre por meio da evolução de (única perspectiva correta) e evitar o
estágios. Os estágios de raciocínio moral castigo/ punição.
propostos por Kohlberg são de raciocínio • Estágio 2: Hedonismo instrumental
de justiça e não de emoções ou ações. relativista: A justiça e a moralidade são
Cada estágio está relacionado com a questões de pura troca, orientadas por
idade de forma global e, mais preocupações hedonistas (satisfação
especificamente, com o desenvolvimento de desejos e necessidades concretas e
cognitivo. individuais) e pragmáticas. Deve-se
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retribuir o favor ou presente de


alguém apenas pelo fato de esse No nível pós-convencional, o valor moral
alguém me ter dado um presente ou depende menos da conformidade às
feito um favor. normas morais e sociais vigentes e mais da
sua orientação em função de princípios
O indivíduo que está no nível de éticos universais, como o direito à vida, à
moralidade convencional é aquele que liberdade, à justiça.
procura viver conforme as regras
estabelecidas, com o que é socialmente • Estágio 5: Orientação para o contrato
aceito e compartilhado pela maioria, social, para o relativismo da lei e para
respeitando a ordem estabelecida. o maior bem para o maior número de
Portanto, há uma tendência a agir de modo pessoas.
a ser bem visto aos olhos dos outros, para • Estágio 6: Este ideal interiorizado
merecer estima, respeito e consideração. representa a crença do sujeito no valor
da vida e está marcado pelo respeito
• Estágio 3: Moralidade do bom garoto, para com o indivíduo; Trata-se de
da aprovação social e das relações princípios universais de justiça,
interpessoais: O sujeito está reciprocidade, de igualdade, do
preocupado em manter a confiança respeito pela dignidade dos seres
interpessoal e a aprovação social; As humanos considerados como pessoas
justificações para uma boa ou má ação individuais.
têm origens afetivas e relacionais.
• Estágio 4: Orientação para a lei e a Este último estágio constitui o ideal
ordem, as regras e princípios morais supremo do desenvolvimento moral e
foram interiorizados. não uma realidade empírica.

ADOLESCÊNCIA

Fase da vida intermediária entre A puberdade é marcada pelas seguintes


infância e fase adulta, com importantes características físicas:
mudanças físicas, psicológicas e
comportamentais, que vai dos 10 aos 19 1. Nos meninos: modificação no timbre da
anos, segundo a Organização Mundial de voz; aumento da largura dos ombros;
Saúde (OMS) ou dos 12 aos 18 anos, aparecimento de pelos no rosto, axilas e
segundo o Estatuto da Criança e do região pubiana; crescimento do pênis e
Adolescente (ECA). testículos; e o surgimento da primeira
ejaculação.
Mudanças físicas: acelerado crescimento
da estatura e surgimento da puberdade.
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2. Nas meninas: desenvolvimento das personalidade, pois ainda significam


glândulas mamárias; aumento dos quadris; refúgio e proteção.
aparecimento de pelos na região pubiana;
e o surgimento da primeira menstruação, Síndrome Normal da Adolescência
chamada menarca. (Knobel): elementos para compreender
esse período da vida
IMPORTANTE! A puberdade ocorre dentro 1. Busca de si mesmo e de sua
da adolescência e marca, organicamente, o identidade;
início da preparação do sujeito para a 2. Tendência grupal: busca pela
procriação. A idade do início da puberdade uniformidade, que pode lhe fornecer
também varia em função do sexo: nos segurança e autoestima;
meninos, ocorre em torno dos 12 aos 14 3. Necessidade de intelectualizar e
anos; nas meninas, entre os 10 e os 13 fantasiar: preocupações de ordem
anos. ética, moral, social, servem como
Segundo Aberastury e Knobel mecanismos defensivos frente às
(1981, p. 10), o adolescente passa por três situações de perdas dolorosas;
lutos fundamentais: 4. Crises religiosas: a conduta do jovem
a) o luto pelo corpo infantil pode ir do total ateísmo até
perdido, dando lugar a um novo corpo, comportamentos religiosos bem
desajeitado, o qual desafia o adolescente rígidos;
em sua condição de espectador impotente, 5. Deslocalização temporal: onde o
sem nada poder fazer em relação ao que pensamento adquire as características
ocorre no e com seu próprio organismo; de pensamento primário. As urgências
b) o luto pelo papel e a identidade são tão grandes quanto o “deixar para
da infância, que obriga o adolescente a depois”.
uma renúncia de dependência da 6. Evolução sexual do autoerotismo à
identidade anterior, dependente dos pais, heterossexualidade;
com a consequente “imposição” de 7. Atitude social reivindicatória;
responsabilidades que muitas vezes 8. Contradições sucessivas em todas as
desconhece; manifestações de conduta;
c) o luto pelos pais da infância, o 9. Separação progressiva dos pais;
adolescente os tenta reter na sua 10. Constantes flutuações do humor e do
estado de ânimo.

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Algumas considerações acerca da adolescência para Erik Erikson e a moratória psicossocial

Embora o adolescente esteja longe lhe permite estabelecer as relações


de ser um adulto, a maturidade biológica, características das próximas etapas da
aliado a capacidade de abstração vida. É por estar seguro do que é que
intelectual, compelem-no para fora do finalmente o adolescente pode buscar a
universo infantil. É nessa moratória entre relação com o outro sem nenhuma
os dois mundos – infantil e adulto – que o contaminação. A identidade profissional é
adolescente é chamado a desempenhar a realização profissional que dá à pessoa a
múltiplos papéis. É um momento de capacidade de sentir-se membro ativo e
transição e experimentação que vai produtivo dentro do grupo social, além de
permitir ao adolescente a construção de configurá-lo como um membro
sua identidade. independente e coparticipante na
Erikson afirma que a identidade se construção de bens, envolvendo-se na
configura em três áreas básicas de realização do mundo material. A
definição: A identidade sexual, a identidade ideológica (política;
identidade profissional e a identidade transcendente-religião) implica em que “o
ideológica. adolescente, em permanente reconstrução
A identidade sexual é a definição interna, deve acompanhar a reconstrução
genital de seu papel. É a segurança de um do mundo e posicionar-se”.
papel sexual definitivamente assumido que

Perspectiva sócio-histórica da adolescência

Adolescência, portanto, deve ser adolescência deve ser pensada como uma
pensada para além da idade cronológica, categoria que se constrói, se exercita e se
da puberdade e transformações físicas que reconstrói dentro de uma história e tempo
ela acarreta, dos ritos de passagem, ou de específicos. Adolescência como uma
elementos determinados construção social que tem repercussões na
aprioristicamente ou de modo natural. A subjetividade do sujeito.

REFERÊNCIAS

ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Tradução de Suzana Maria Garagoray Ballve.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1981.
AMARAL, V. L. Psicologia da educação: psicologia da adolescência. Natal, RN: EDUFRN, 2007.
ARGENTO, H. Teoria construtivista. Disponível em:
http://penta3.ufrgs.br/midiasedu/modulo11/etapa2/construtivismo.pdf.
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BIAGGIO, A., & MONTEIRO, J. A psicologia do desenvolvimento no Brasil e no mundo. In M. L. Seidl de


Moura, J. Correa & A. Spinillo (Orgs). Pesquisas Brasileiras em psicologia do Desenvolvimento (pp. 15-
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ERIKSON, E. Infância e Sociedade. Tradução de Gildásio Amado. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.
LIMA, V. A. A. De Piaget a Gilligan: Retrospectiva do Desenvolvimento Moral em Psicologia um
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PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano - 12ed.
RAPPAPORT, C. R.; FIORI, W. R.; DAVIS, C. Psicologia do desenvolvimento. vol. 4. A idade escolar e a
adolescência. São Paulo: EPU, 2003.

EXERCÍCIOS

01. (IAUPE, Multiprofissional de 2. Fase Anal ( ) Incorporação do objeto de


Interiorização de Atenção à Saúde da amor como modo de relação de
objeto marcado por uma
Família CAV/UFPE/VITÓRIA, 2014) No que relação fusional.
se refere à fase fálica, é INCORRETO 3. Fase ( ) Interesse pela diferença
afirmar que Fálica anatômica dos sexos,
A) é o momento estruturante da identificação de gênero e
personalidade enquanto neurótica, angústia de castração.
4. Complexo ( ) Momento em que a vergonha,
perversa ou psicótica. de Édipo a repugnância e as exigências
B) sucede, por um lado, a fase oral e a anal, dos ideais éticos restringirão o
e, por outro, precede o período de latência. fluxo da pulsão sexual.
C) é o instante no qual se opera o interdito 5. Período ( ) Maior conhecimento do corpo,
do incesto enquanto regulador do desejo. de sendo explorada a relação de
Latência controle com o objeto de amor.
D) corresponde ao ápice e ao declínio do
complexo de Édipo.
Assinale a alternativa que apresenta a
E) o complexo de castração, embora
associação CORRETA.
presente, não é um fator nuclear para sua
A) 3, 1, 5, 4 e 2.
organização.
B) 5, 2, 3, 1 e 4.
C) 4, 2, 3, 1 e 5.
02. (IAUPE, Multiprofissional, 2008).
D) 5, 1, 3, 4 e 2.
Associe as principais fases do
E) 4, 1, 3, 5 e 2.
desenvolvimento psicossexual com suas
respectivas características na perspectiva
03. (IAUPE, Uniprofissional, 2015)
psicanalítica.
1. Fase Oral ( ) Momento que implica uma
Considerando a descrição do
maturação no impulso sexual desenvolvimento do pensamento feita por
bem como um Piaget, assinale a alternativa que, na
progresso nas relações de sequência dos estágios, ou seja, senso-
objeto para outros objetos de motor, pré-operacional e operações
amor que não os pais.
concretas, identifica, CORRETA e
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respectivamente, algumas aquisições perspectiva da Psicologia Histórico-


cognitivas correspondentes a cada um Cultural
desses estágios. A) A aquisição da linguagem no
A) Realismo – Seriação – Animismo desenvolvimento humano tem papel
B) Coordenação preensão/sucção – importante, contribuindo no intercâmbio
Animismo – Reversibilidade social, na autorregulação das ações e na
C) Ato reflexo –Artificialismo – Inclusão de organização do pensamento sobre o mundo
Classe e sobre si mesmo. Dessa forma, é
D) Permanência de Objeto – Seriação – importante que a linguagem entre desde
Nominalismo muito cedo na vida da criança, o que
E) Ação Reflexa – Coordenação permite a ela o ingresso no universo
preensão/sucção – Animismo simbólico da cultura, da sociedade e o
aumento de relações ativas com o outro e
04. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Considere a consigo mesma.
seguinte situação: B) Na relação com a criança, quando um
“Paulinho ganhou cinco chocolates de adulto nomeia os objetos e as relações, são
tamanhos, marcas e tipos diferentes, dos estabelecidas novas formas de reflexão da
quais gostava muito. Curiosamente, por realidade na criança, ampliando e
mais que se pedisse que ordenasse os enriquecendo suas experiências, e, assim, o
chocolates, segundo um critério lógico de seu desenvolvimento.
tamanho, por exemplo, do menor para o C) Com a comunicação e relação com o
maior, sempre o fazia, considerando seu adulto, quando este apresenta o mundo de
desejo de comer, o que deixava os objetos à criança, a comunicação emocional
chocolates desordenados quanto à relação dá lugar a uma colaboração prática. Assim,
de tamanho”. ao final do primeiro ano, por meio da
Considerando a teoria de Piaget sobre os linguagem, a criança aprende a manusear
estágios cognitivos, afirma-se que Paulinho objetos colocados à sua disposição. Esse
está processo envolve uma relação entre a
A) no sensomotor e, egocentricamente, criança e os objetos, não estando os adultos
está pensando animicamente. presentes nela, sendo uma relação objetal.
B) no pré-operatório e se mostra fixado no D) A relação entre crianças, ao brincar,
realismo nominal (marcas/tipo). compartilhar e disputar objetos, permite
C) nas operações concretas, sendo incapaz maior comunicação, exercitando
de realizar a seriação e a reversibilidade. observação, concentração, atenção e
D) no pré-operatório, sendo, memória. Contudo, ao ser mediada por um
egocentricamente, incapaz de realizar a adulto, torna-se mais relevante para o
seriação. desenvolvimento infantil, pois estes podem
E) nas operações concretas e ainda não contribuir na compreensão das funções dos
adquiriu a inclusão de classe. objetos.
E) O brincar, para a criança em fase pré-
05. (IAUPE, FCM, 2018) Assinale a escolar, contribui para o desenvolvimento
alternativa INCORRETA acerca do da imaginação, memória, atenção,
desenvolvimento infantil, a partir da linguagem oral, pensamento. Ao brincar e
imitar adultos em jogos, como os de faz de

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conta, a criança aprende novos papéis e brinquedo de outra para casa: Pedro:
desenvolve-se. “Acho que ela quer levar, mas não pode
não. A mãe vai brigar, pode bater nela. É
06. (IAUPE, Mutiprofissional, 2012). Fazem braba. Ficará sem o celular uns três dias” e
parte dos estágios criados por Erikson a Carlos: “Leva não! Ela num vai querer que
partir de algumas crises pelas quais o ego a colega fique sem o brinquedo. Não
passa ao longo do ciclo vital. De forma que, gostaria que tirassem o dela. É melhor
ao sair delas, o sujeito sairia com um ego pedir emprestado, é bem melhor”.
(no sentido freudiano) mais fortalecido ou Segundo os estágios descritos por Kohlberg
mais frágil, de acordo com sua vivência do sobre o desenvolvimento moral, assinale a
conflito durante todos os ciclos de vida. alternativa que, CORRETAMENTE, classifica
Assinale a alternativa INCORRETA quanto cada criança.
aos estágios criados por Erikson. A) Pedro: Convencional e Carlos: Pré-
A) Confiança Básica x Desconfiança Básica, convencional
Autonomia x Vergonha e Dúvida. B) Pedro: Pré-convencional e Carlos:
B) Iniciativa x Culpa, Diligência x Convencional
Inferioridade. C) Pedro: Pós-convencional e Carlos: Pré-
C) Identidade x Confusão de Identidade, convencional
Intimidade x Isolamento. D) Pedro: Pós-convencional e Carlos:
D) Generatividade x Estagnação, Convencional
Integridade x Desespero. E) Pedro e Carlos estão no Pré-
E) Desespero x Desesperança. Convencional.

07. (IAUPE, 2018, PERFIL AB) Segundo 09. (IAUPE, FCM, 2018) No que se refere à
Erikson, temos para o adolescente: adolescência, analise as afirmativas
“Um momento em que lhe é oferecido a abaixo:
possibilidade de uma experimentação, um I. A adolescência é uma fase de
período em que condutas extremas não desenvolvimento marcada por estresse,
apenas são aceitas, como esperadas. O luto e impulsos sexuais. Existe uma
adolescente vive, aí, um momento de correlação entre as mudanças
indeterminação e de incerteza, comportamentais e fisiológicas. A
decorrentes do afastamento da família adolescência pode indicar um afastamento
ainda não suplantado por uma inserção dos primeiros objetos de amor, os pais, e
social, capaz de legitimar uma função uma descoberta de novos objetos para suas
específica, reconhecida na sociedade” fantasias.
(Adaptado de Matheus, 2007). II. Os adolescentes que apresentam melhor
A definição se refere ao conceito de adaptação a esta fase, contaram com
A) Luto. B) Moratória. C) condições mais favoráveis pessoais e
Identificação. D) Adaptação. E) Crise. familiares em períodos anteriores. A
dificuldade em se relacionar aumenta a
08. (IAUPE, 2017, PERFIL AB). Dois vulnerabilidade dos adolescentes na
meninos, num experimento, apresentam aprendizagem.
as seguintes respostas sobre uma criança III. A adolescência não é um estágio apenas
hipotética que, escondida, quisesse levar o dito natural do desenvolvimento entre a

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vida adulta e a infância. É uma construção E) A adolescência não é um período natural


social, que desencadeia repercussões na do desenvolvimento. É um momento
subjetividade e no desenvolvimento. Na significado e interpretado pelo homem. É
adolescência, o que predomina é o constituída como significado na cultura, na
estabelecimento de relações pessoais linguagem que permeia as relações sociais.
íntimas entre os adolescentes, que são
balizadas por normas morais e éticas. 11. (IAUPE, 2018, PERFIL AB) Uma criança,
Assinale a alternativa CORRETA. em certa idade, se deleita com os desenhos
A) A afirmativa I se refere à teoria animados e o mundo de fantasia que esses
psicanalítica, e a II, à histórico-cultural. lhe oferecem, por exemplo, uma xícara ou
B) A afirmativa II se refere à teoria cognitivo um carro falarem. Tal fenômeno é
comportamental, e a III, à histórico-cultural. designado por Piaget de
C) As afirmativas I e II se referem à teoria A) Egocentrismo. B) Seriação. C)
piagetiana. Artificialismo. D) Centração. E)
D) A afirmativa II se refere à teoria Animismo.
piagetiana, e a III, à histórico-cultural.
E) As três afirmativas se referem à teoria 12. (IAUPE, 2018, PERFIL AB) Ainda
psicanalítica. segundo Piaget, assinale a alternativa que
descreve, CORRETAMNTE, a sequência
10. (IAUPE, 2014) A adolescência, sua correspondente aos estágios do
definição, características e seus processos desenvolvimento moral.
psicoafetivos têm sido foco de produções A) Anomia – Heteronomia – Autonomia
da psicologia desde muitos anos. B) Anomia – Autonomia – Heteronomia
Considerando uma perspectiva crítica da C) Autonomia – Heteronomia – Anomia
Psicologia na compreensão dessa fase de D) Heteronomia – Anomia – Autonomia
vida, assinale a alternativa CORRETA E) Heteronomia – Autonomia – Anomia
A) A adolescência é uma etapa marcada por
tormentos e conturbações vinculadas à 13. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) O processo da
emergência da sexualidade, definidas pelas adolescência envolve um conjunto de
mudanças biológicas desse período. caraterísticas que o descreve subjetiva,
B) A adolescência é uma etapa de social e culturalmente. Sobre isso, assinale
confusões, estresse e luto, causados pelos a alternativa cuja caracterização é
impulsos sexuais, que emergem nessa fase INCORRETA.
do desenvolvimento. A) O adolescer também pode ser
C) A adolescência é uma fase de confusão de conflituoso para os pais, pois podem ser
papéis e dificuldades de estabelecer uma levados à evocação conscientes ou
identidade própria e como um período que inconscientes de suas fantasias e/ou as
representa “um modo de vida entre a atitudes vividas durante sua própria
infância e a idade adulta”. adolescência.
D) A adolescência como um período crítico B) A exposição ao risco pelo adolescente,
específico no desenvolvimento humano e além de aspectos socioculturais,
que em nada se assemelha a outras fases da compreende outros determinados
vida. inconscientemente, tal como a contestação
da autoridade e o deslocamento temporal.

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C) No que se refere ao complexo de Édipo, alternativa que descreve,


a adolescência não compreende uma nova CORRETAMENTE, as aquisições de João.
organização fantasística, mas a revivência, A) Produz holófrases, portanto adquiriu a
pelas vias dos deslocamentos, daquela função simbólica e a permanência de
recalcada na fase fálica. objeto.
D) O conflito conjugal entre os pais interfere B) Produz frases telegráficas, portanto não
negativamente no desenvolvimento do apresenta a função simbólica nem a
adolescente, independentemente de sua permanência de objeto.
frequência, intensidade, conteúdo e forma C) Produz holófrases, portanto adquiriu a
de resolução do conflito. função simbólica e a reversibilidade.
E) Embora a adolescência seja, em geral, D) Produz frases telegráficas, portanto não
associada a uma vivência de crise, o apresenta a função simbólica nem a
conjunto das experiências não é, reversibilidade.
necessariamente, negativo (patológicas), E) Não há discurso, ou seja, nem holófrases
permitindo que estruture sua identidade. nem frases telegráficas, estando no
egocentrismo.
14. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) No âmbito da
Psicanálise, a abordagem de Erikson sobre 16. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Pergunta-se a
a adolescência, especialmente sua uma criança: “Faz de conta que numa sala
formulação sobre a organização da tem um homem alto e um homem baixo,
identidade é umas das mais relevantes e qual deles é o mais pesado? A criança, de
fecundas, estando articulada a vários imediato, responde: “Tio, é o homem mais
conceitos. Sobre isso, assinale a alternativa alto. Mais alto? Mais gordo!”. Segundo os
cujo conceito está INCORRETAMENTE estágios descritos por Piaget, afirma-se
veiculado a essa formulação, já que se que a criança está no
contrapõe à concepção de Erikson. A) pré-operatório e observa-se o animismo.
A) Adaptação B) Libido C) Integração D) B) operatório concreto e observa-se o
Determinismo infantil E) Aprendizagem artificialismo.
C) pré-operatório e observa-se a centração.
15. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) Considere o D) operatório concreto e observa-se a
seguinte relato: João, de quatro anos, tem reversibilidade.
o diagnóstico de autismo. Quando chega à E) pré-operatório e transitando para o
sala, em certos momentos, evoca o nome operatório concreto.
de alguns objetos, por exemplo, carro e
espada, e, dirigindo-se ao armário, abre a 17. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Um psicólogo,
porta para pegá-los. Quando não acha, fundamentado na Síndrome Normal da
procura noutros lugares, por exemplo, Adolescência (SNA), afirmou: “Na
embaixo do sofá ou numa enorme caixa na adolescência, temos atitudes pautadas na
qual também se guardam os brinquedos. urgência e no imediatismo de sua
Em função das informações dadas, e realização. As ações e reações não são
somente elas, e considerando o racionalmente avaliadas numa perspectiva
desenvolvimento da linguagem e da cronológica, mas segundo um desejo e
inteligência segundo Piaget, assinale a pensamento onipotentes. Não é possível
postergar, é necessário realizar: dizer é

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fazer. Nem a morte é uma medida considerados os 4 anos, são, RESPECTIVA e


avaliativa. É como se dissessem: “O risco CORRETAMENTE, denominadas de
não existe. Eu quero, eu faço”. Nesse A) Centração – Anomia.
contexto, podemos entender a realização B) Reversibilidade – Heteronomia.
de comportamentos de riscos, tais como as C) Inclusão de Classe – Autonomia.
conhecidas e perigosas “brincadeiras”, que D) Irreversibilidade – Heteronomia.
podem acarretar o óbito, as denominadas E) Animismo – Anomia.
jogo da asfixia e baleia azul”. O psicólogo,
baseado na SNA, refere-se à determinada 20. (UPE, 2022, PERFIL AB). Dentre as
característica da adolescência, ou seja, à teorias explicativas da adolescência, temos
A) Especularidade cronológica. aquela proposta por Erikson. Considerando
B) Banalização lógica. os princípios que podemos abstrair de sua
C) Deslocalização temporal. teorização, diremos que é INCORRETO
D) Intelectualização. afirmar que
E) Moratória. A) se desviou do foco fundamental da
sexualidade para as relações sociais, as
18. (UPE, 2022, PERFIL AB) Leia e analise as quais recebem mais ênfase.
afirmações abaixo: B) mantém os estágios do desenvolvimento,
I. Cada um segue as suas próprias regras, com especial destaque para a adolescência,
sem a necessidade de regular diferentes que são totalmente fixos e não podem ser
condutas a partir de uma referência única. modificados.
II. Não conserva, necessariamente, durante C) o indivíduo cresce mediante exigências
uma conversa, as definições que ela mesma internas como também externas (cultura e
deu e as afirmações que ela mesma fez. sociedade) do seu ego.
III. Incapacidade de se colocar no ponto de D) o ego passa por uma crise, a qual pode
vista do outro, fato que a impede de ter um desfecho positivo (ritualização) ou
estabelecer relações de reciprocidade. negativo (ritualismo).
Essas três características evidenciam a(o) E) em cada crise, a personalidade se
A) permanência de objeto, relacionada às reestrutura e se reformula, e o ego se
operações concretas. adapta a seus sucessos e fracassos.
B) inclusão de classe, relacionada ao
operatório. 21. (UPE, 2022, PERFIL AB) Em relação ao
C) conservação, relacionada ao pré- desenvolvimento psíquico, tal qual
operatório. apresentado pela Psicanálise, assinale a
D) descentração, relacionada às operações alternativa INCORRETA.
concretas. A) O complexo de Édipo desaparece com o
E) pensamento egocêntrico, relacionado ao complexo de castração: o menino
pré-operatório. reconhece então na figura paterna,
representante da castração, o obstáculo à
19. (UPE, 2022, PERFIL AB) Piaget, ao realização de seus desejos.
relatar o desenvolvimento cognitivo e B) Se o menino sai do Édipo através da
moral da criança, nos diz que ela apresenta angústia de castração, a menina ingressa
distintas características, as quais, nele pela descoberta da castração e pela
inveja do pênis.

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C) Subsiste uma assimetria, uma vez que, E) Pensamento por complexo – Pensamento
nos dois sexos, o apego à mãe é o elemento sincrético – Pensamento conceitual.
incomum, tanto para o Édipo feminino
como para o masculino. 23. (UPE, 2011,PERFIL AB) Sobre o
D) No trajeto edípico, observa-se a escolha envelhecimento, assinale a alternativa
de objeto e novas identificações, INCORRRETA.
especialmente quando a criança se desliga A) O quadro depressivo, dentre outros
da mãe para escolher um objeto do mesmo aspectos, veicula-se a fatores, como perda
sexo. de autonomia, aparecimento de doenças e
E) O complexo de Édipo está ligado à fase a solidão.
fálica da sexualidade infantil, aparecendo B) Sua caracterização pressupõe princípios e
quando a criança (por volta dos 2 ou 3 anos) costumes de cada sociedade, ou seja, um
começa a sentir sensações voluptuosas. delineamento em função da condição sócio-
histórica.
22. (UPE, 2022, PERFIL AB) Vygotsky C) O avanço tecnológico permite a muitos
propõe a aquisição dos conceitos em três chegar a uma idade avançada, não sendo tal
etapas que, em sua ordem CORRETA de situação, como se pensava, privilégio de
desenvolvimento, seria: alguns poucos.
A) Pensamento sincrético – Pensamento D) A família é fundamental para o
por complexo – Pensamento conceitual. afastamento e a desvalorização do
B) Pensamento por complexo – sentimento de abandono, descuido e falta
Pensamento conceitual – Pensamento de atenção.
sincrético. E) O jovem, jamais o idoso, agrega uma
C) Pensamento conceitual – Pensamento visão distorcida e preconceituosa dos
sincrético – Pensamento por complexo. aspectos positivos de sua condição de vida.
D) Pensamento sincrético –Pensamento
conceitual – Pensamento por complexo.

GABARITO

1. E 2. E 3. B 4. D 5. C 6. E 7. B 8. B 9. B

10. E 11. E 12. A 13. D 14. D 15. A 16. C 17. C 18. E

19. D 20. B 21. C 22. A 23. E

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ASPECTOS PSICODINÂMICOS DO
ENVELHECIMENTO
A etapa da vida caracterizada como três grupos de pessoas mais velhas: a) os
velhice, com suas peculiaridades, só pode idosos jovens: pessoas de 65 a 74 anos, que
ser compreendida a partir da relação que costumam estar ativas e vigorosas; b) os
se estabelece entre os diferentes aspectos idosos velhos: de 75 a 84 anos e c) os idosos
cronológicos, biológicos, psicológicos e mais velhos: de 85 anos ou mais, são
sociais. Essa interação institui-se de acordo aqueles que têm maior tendência para a
com as condições da cultura na qual o fraqueza e para a enfermidade, e podem
indivíduo está inserido. Condições ter dificuldade para desempenhar algumas
históricas, políticas, econômicas, atividades da vida diária.
geográficas e culturais produzem Embora esta categorização seja
diferentes representações sociais da bastante usual, cada vez mais as pesquisas
velhice e também do idoso. Há uma revelam que o processo de
correspondência entre a concepção de envelhecimento é uma experiência
velhice presente em uma sociedade e as heterogênea, vivida como uma experiência
atitudes frente às pessoas que estão individual.
envelhecendo. Outra classificação muito usada é
A pessoa mais velha, na maioria das por idade funcional, isto é, o quão bem
vezes, é definida como idosa quando chega uma pessoa funciona em um ambiente
aos 60 anos, independentemente de seu físico e social em comparação a outras de
estado biológico, psicológico e social. mesma idade cronológica. Por exemplo,
Entretanto, o conceito de idade é uma pessoa de 90 anos com boa saúde
multidimensional e a cronológica não é física pode ser funcionalmente mais jovem
uma boa medida do desenvolvimento do que uma de 65 anos que não está. A
humano. A idade e o processo de distinção entre idosos jovens, idosos velhos
envelhecimento possuem outras e idosos mais velhos pode auxiliar no
dimensões e significados que extrapolam entendimento de que o envelhecimento
as dimensões da idade cronológica. não é algo determinado pela idade
Atualmente, os especialistas no cronológica, mas é consequência das
estudo do envelhecimento referem-se a experiências passadas, da forma como se
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vive e se administra a própria vida no biológica que tem caráter processual e


presente e de expectativas futuras; é, universal, os demais fatores são
portanto, uma integração entre as composições individuais e sociais,
vivências pessoais e o contexto social e resultado de visões e oportunidades que
cultural em determinada época. cada sociedade atribui aos seus idosos”. “O
Mesmo nos dias atuais, o envelhecimento também pode ser uma
envelhecimento aparece associado a consequência da nossa sociedade, e que,
doenças e perdas, e é na maioria das vezes além dos fatores biológico, cronológico e
entendido como apenas um problema psicológico, o meio e as condições em que
médico. O envelhecimento ainda está se vive influenciam no processo de
ligado à deterioração do corpo, ao declínio envelhecimento e na forma com que se
e à incapacidade. As associações negativas chega à velhice. Assim, o processo de
relacionadas à velhice atravessaram os envelhecimento é influenciado também
séculos e, ainda hoje, mesmo com tantos pela sociedade e pelo indivíduo”
recursos para prevenir doenças e retardá- (SALGADO, 2007, p. 68).
la, é temida por muitas pessoas.
Estudos realizados em sociedades “O envelhecimento possui determinantes
não ocidentais apresentam imagens intrínsecos e extrínsecos, apresentando
positivas da velhice e do envelhecimento, uma complexidade de variáveis
ensinando que a representação de velhice relacionadas aos aspectos biológicos,
enraizada nas ideias de deterioração e psicológicos, intelectuais, sociais,
perda não é universal. À medida que o econômicos e funcionais. Não é algo
envelhecimento é documentado em outros determinado pela idade cronológica, mas é
povos, constata-se que ele é um fenômeno consequência das experiências passadas,
profundamente influenciado pela cultura. da forma como se vive e se administra a
própria vida no presente e de expectativas
O envelhecimento é “um processo futuras. É uma integração entre as
multidimensional que resulta da interação vivências pessoais e o contexto social e
de fatores biológicos, psicoemocionais e cultural em determinada época”
socioculturais. Executando a razão (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008, p. 586).

Idade psicológica

Hoyer e Roodin (2003) definem a várias características psicológicas, como


idade psicológica como as habilidades aprendizagem, memória, inteligência,
adaptativas dos indivíduos para se controle emocional, estratégias de coping
adequarem às exigências do meio. As etc. Há adultos que possuem tais
pessoas se adaptam ao meio pelo uso de características psicológicas com graus

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maiores que outros e, por isso, são Estudo realizado por Argimon e
considerados “jovens psicologicamente”, e Stein (2005) revela que o envelhecimento
outros que possuem tais traços em graus em si não ocasiona mudanças significativas
menores e são considerados “velhos nas habilidades cognitivas: “os idosos,
psicologicamente”. apesar da idade avançada, apresentaram
Em parte, a caracterização do um desenvolvimento de habilidades
indivíduo como velho é dada quando ele cognitivas cujo declínio é de intensidade
começa a ter lapsos de memória, leve, não sendo suficiente para acarretar
dificuldade de aprendizado e falhas de mudanças significativas no seu padrão
atenção, orientação e concentração, cognitivo” (p. 71). Para essas autoras, um
comparativamente com suas capacidades dos aspectos que poderia atuar como fator
cognitivas anteriores. Sabe-se que mesmo de proteção do declínio cognitivo é a
durante o processo de envelhecimento escolaridade, já que “os idosos que tinham
normal, algumas capacidades cognitivas mais escolaridade conservaram um melhor
como a rapidez de aprendizagem e a resultado no período de três anos em
memória diminuem naturalmente com a muitas funções cognitivas examinadas”.
idade. No entanto, essas perdas podem ser Estudos atuais sugerem que os
compensadas por ganhos em sabedoria, idosos podem apresentar uma imensa
conhecimento e experiência. Felizmente, na capacidade de se adaptar a novas situações
maioria das vezes, o declínio no e de pensar estratégias que sirvam como
funcionamento cognitivo é provocado pelo fatores protetores. O conceito de
desuso (falta de prática), doenças (como resiliência, que pode ser definido como a
depressão), fatores comportamentais capacidade de recuperação e manutenção
(como consumo de álcool e medicamentos), do comportamento adaptativo mesmo
fatores psicológicos (por exemplo, falta de quando ameaçado por um evento
motivação, de confiança e baixas estressante, e o de plasticidade,
expectativas) e fatores sociais (como a caracterizado como o potencial para
solidão e o isolamento), mais do que o mudança, são vividos pelos idosos e
envelhecimento em si (WHO, 2005). constituem fatores indispensáveis para um
envelhecimento bem-sucedido.

Envelhecimento biológico

Existem evidências de que o consequentemente, diminuição da


processo de envelhecimento é de natureza capacidade funcional das áreas afetadas e
multifatorial e dependente da programação sobrecarga dos mecanismos de controle
genética e das alterações que ocorrem em homeostático, que passam a servir como
nível celular-molecular. Pode haver, substrato fisiológico para influência da

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idade na apresentação da doença, da impacto das alterações do envelhecimento,


resposta ao tratamento proposto e das como: redundância (existem muito mais
complicações que se seguem. neurônios no cérebro que o necessário);
Os sinais de deficiências funcionais mecanismos compensadores (surgem em
vão aparecendo de maneira discreta no situações de lesão cerebral e são mais
decorrer da vida, sendo chamados de hábeis conforme o centro atingido);
senescência, sem comprometer as relações plasticidade (habilidade de neurônios
e a gerência de decisões. Esse processo não maduros, com sua rede de dendritos,
pode ser considerado doença. desenvolverem e formarem novas sinapses,
O envelhecimento normal associa- levando à formação de novos circuitos
se, além das alterações microscópicas dos sinápticos.
neurônios, a mudanças nos sistemas de
neurotransmissores. Os sistemas IMPORTANTE! A senescência é um
dopaminérgicos e colinérgicos apresentam processo fisiológico e universal, uma lenta
ações diminuídas. O declínio de memória degradação natural das funções físicas e
não necessita, necessariamente, associar-se mentais, mas que são compensadas, de
à lesão estrutural, podendo ocorrer devido certa forma, pelo organismo. Por outro
à disfunção fisiológica e não à perda lado, a senilidade é uma condição
neuronal. O SNC, apesar de não ser capaz de patológica por estresse emocional, acidente
recuperar seus neurônios, tem ou doenças.
propriedades que podem diminuir o

Aspectos neuropsicológicos do envelhecimento

O desenvolvimento de estudos de possuir funcionalidade comparável à de


psicologia e psiquiatria no idoso adultos jovens. O conhecimento sobre o
proporcionou mudança no paradigma do envelhecimento neuropsicológico ajuda a
envelhecer psíquico. Durante a velhice, não fundamentar as mudanças exigidas pela
é comum o aparecimento de alterações na sociedade para que os idosos sejam
funcionalidade mental do idoso, ou seja, os adequadamente valorizados em nosso
idosos saudáveis, sem limitações físicas, meio.
podem ser bastante produtivos. A definição Observam-se, clinicamente,
de quais e como as funções psíquicas se lentificação no processamento cognitivo,
modificam no decorrer dos anos permitiu a redução da atenção (déficit atentivo), mais
consideração de que o idoso não seja dificuldade no resgate das informações
tratado como um ser limitado aprendidas (memória de trabalho) e
cognitivamente, mas que requer a redução da memória prospectiva (“lembrar-
adaptação de estímulos ambientais para se de lembrar”) e da memória contextual

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(dificuldades com detalhes). As informações execução das tarefas do cotidiano, não


estocadas (memória de longo prazo promovem limitação das atividades, nem
intermediária e remota) não são afetadas, e restrição da participação social. A influência
sim a análise e comparação (memória de do tempo sobre a cognição também
trabalho) das informações que chegam amplifica as diferenças entre os sexos, isto
constantemente ao cérebro, com as é, os homens mais velhos mostram mais
memórias explícitas e implícitas estocadas facilidades nos cálculos matemáticos,
no neocórtex posterior. Essas alterações enquanto as mulheres nas habilidades
não trazem prejuízo significativo na executivas.

Doenças mais comum em idosos

O envelhecimento da população em 29,3% em pesquisa realizada com 327


traz, como uma de suas consequências, um idosos. Também foram encontrados
aumento na prevalência dos problemas de diagnósticos de síndrome demencial,
saúde característicos do idoso: doenças transtornos ansiosos, esquizofreniformes,
cardiovasculares, neoplasias, diabetes, alcoolismo e abuso de sedativos. São
doenças reumatológicas, e alguns frequentes sintomas de ansiedade em
transtornos mentais. A demência, por idosos, e na maioria das vezes, a ansiedade
exemplo, afeta aproximadamente 5% dos vem associada a transtornos depressivos e
idosos aos 65 anos de idade e 20% a doenças físicas. Todavia, há poucas
daqueles com 80 anos ou mais. Depressão investigações a respeito da prevalência de
é outro transtorno mental frequente entre ansiedade na população acima de 65 anos.
idosos, com taxas de prevalência variando A demência é um problema mental
entre 5% e 35% de acordo com o nível de grave, provocado por vários tipos de lesões
gravidade da depressão. Além disso, os no cérebro, que afeta essencialmente os
distúrbios psiquiátricos dos idosos idosos, perturbando todas as funções
interferem de forma negativa na vida intelectuais e evoluindo de forma
daqueles envolvidos com seus cuidados, e progressiva. As manifestações são bastante
já representam uma das principais áreas de diferentes, pois dependem da localização
gasto com a saúde da população em países das lesões. A manifestação inicial mais
desenvolvidos. Pesquisas vem frequente é a perda de memória. Outras
demonstrando que demência e depressão manifestações comuns são a dificuldade
vem se configurando como as doenças em realizar movimentos automatizados -
mais prevalentes. pentear-se, barbear-se, limpar-se, vestir-se
Muitos idosos nessa etapa da vida ou comer - para além de alguma
são acometidos por distúrbios mentais. Foi instabilidade emocional e alterações
identificada prevalência desses transtornos progressivas da linguagem.

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• Demência tipo Alzheimer: tipo de isolamento, apatia e queixas somáticas


demência mais comum, sendo que é (como dores pelo corpo).
mais frequente nas mulheres do que Em um primeiro momento, muitas
nos homens. Caracteriza-se por um vezes não há a exteriorização de sintomas
início gradual e pelo declínio depressivos mais clássicos, como tristeza,
progressivo das funções cognitivas. A angústia, crises de choro. Em geral, o
memória é a função cognitiva mais quadro de depressão no idoso é menos
afetada, mas a linguagem e noção de exuberante.
orientação do indivíduo também são Depressão com início na velhice: a
afetadas. As alterações do doença fica muito mais relacionada a
comportamento envolvem depressão, dificuldades trazidas pelo envelhecimento
obsessão e desconfianças, surtos de em si, tais como a problemas cognitivos e
raiva com risco de atos violentos. quadros demenciais, perda de papel social
Aparecem também alterações e limitações trazidas por doenças físicas.
neurológicas como problemas na O diagnóstico da depressão no idoso é
marcha, na fala, no desempenhar uma ainda mais complexo quando comparado
função motora e na compreensão do ao diagnóstico em outras faixas etárias,
que lhe é falado. pois o próprio processo de envelhecimento
• Demência vascular: é o segundo tipo apresenta algumas características
mais comum de demência, ocorre semelhantes aos sintomas
quando o cérebro é danificado em depressivos. Depressão NÃO é um aspecto
decorrência de problemas “normal” da velhice.
cerebrovasculares ou cardiovasculares OBS.: Na pseudodemência, os sintomas
a ponto de causar uma demência. da demência influenciados pelo quadro
Apresenta as mesmas características depressivo. A pessoa tem uma maior crítica
da demência tipo Alzheimer (perda de sobre seus problemas cognitivos. Com o
memória, falta de atenção, problemas tratamento correto da depressão, os
de linguagem, perda de execução de sintomas cognitivos desaparecem.
movimentos coordenados) mas com Parkinson é uma doença progressiva
um início abrupto e um curso do sistema neurológico que afeta
gradualmente deteriorante. principalmente o cérebro. Este é um dos
Depressão: os sintomas incluem principais e mais comuns distúrbios
diminuição da concentração e memória, nervosos da terceira idade e é
diminuição do apetite, insônia, perda de caracterizado, principalmente, por
peso, perda de energia para realizar as prejudicar a coordenação motora e
tarefas do dia-dia, tendência ao provocar tremores e dificuldades para
caminhar e se movimentar.

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Suicídio em idosos

O suicídio entre pessoas idosas uma pessoa idosa tenta se matar, há que se
constitui hoje um grave problema para as levar seu gesto muito a sério, pois é
sociedades das mais diversas partes do provável que qualquer tentativa redunde
mundo. Além de os dados sobre no ato de dar cabo à própria vida.
autodestruição em idosos serem muito O crescimento das taxas de suicídio
elevados, a razão entre tentativas e entre idosos indica que o aumento da idade
suicídios consumados é muito próxima, se relaciona com processos biológicos,
quase 2:1. Um conjunto de pesquisas, no psicológicos e sociais que podem induzir a
mesmo sentido, leva a concluir que, quando pessoa à decisão de se autodestruir.

Envelhecimento ativo

O envelhecimento ativo aplica-se saudável e a qualidade de vida para todas as


tanto a indivíduos quanto a grupos pessoas que estão envelhecendo, inclusive
populacionais. Permite que as pessoas as que são frágeis, fisicamente incapacitadas
percebam o seu potencial para o bem-estar e que requerem cuidados.
físico, social e mental ao longo do curso da Em um projeto de envelhecimento
vida, e que essas pessoas participem da ativo, as políticas e programas que
sociedade de acordo com suas promovem saúde mental e relações sociais
necessidades, desejos e capacidades; ao são tão importantes quanto aquelas que
mesmo tempo, propicia proteção, melhoram as condições físicas de saúde,
segurança e cuidados adequados, quando pensando num conceito ampliado de saúde.
necessários. Manter a autonomia e
A palavra “ativo” refere-se à independência durante o processo de
participação contínua nas questões sociais, envelhecimento é uma meta fundamental
econômicas, culturais, espirituais e civis, e para indivíduos e governantes. Além disto, o
não somente à capacidade de estar envelhecimento ocorre dentro de um
fisicamente ativo ou de fazer parte da força contexto que envolve outras pessoas –
de trabalho. As pessoas mais velhas que se amigos, colegas de trabalho, vizinhos e
aposentam e aquelas que apresentam membros da família. Esta é a razão pela qual
alguma doença ou vivem com alguma interdependência e solidariedade entre
necessidade especial podem continuar a gerações são princípios relevantes para o
contribuir ativamente para seus familiares, envelhecimento ativo. A criança de ontem é
companheiros, comunidades e países. O o adulto de hoje e o avô ou avó de amanhã.
objetivo do envelhecimento ativo é A qualidade de vida que as pessoas terão
aumentar a expectativa de uma vida quando avós depende não só dos riscos e

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oportunidades que experimentarem participação, dignidade, assistência e auto


durante a vida, mas também da maneira realização estabelecidos pela Organização
como as gerações posteriores irão oferecer das Nações Unidas. Assim, o planejamento
ajuda e apoio mútuos, quando necessário. estratégico deixa de ter um enfoque
O termo “envelhecimento ativo” foi baseado nas necessidades (que considera as
adotado pela Organização Mundial da Saúde pessoas mais velhas como alvos passivos) e
no final dos anos 90. Procura transmitir uma passa ter uma abordagem baseada em
mensagem mais abrangente do que direitos, o que permite o reconhecimento
“envelhecimento saudável” e reconhecer, dos direitos dos mais velhos à igualdade de
além dos cuidados com a saúde, outros oportunidades e tratamento em todos os
fatores que afetam o modo como os aspectos da vida à medida que envelhecem.
indivíduos e as populações envelhecem. Essa abordagem apoia a responsabilidade
A abordagem do envelhecimento dos mais velhos no exercício de sua
ativo baseia-se no reconhecimento dos participação nos processos políticos e em
direitos humanos das pessoas mais velhas e outros aspectos da vida em comunidade.
nos princípios de independência,

REFERÊNCIAS

MORAES et al. Características biológicas e psicológicas do envelhecimento. Rev Med, v. 20, n.1, p. 67-
73, 2010.
NERI, A. L. O fruto dá sementes: processos de amadurecimento e envelhecimento. In A. L. Neri (Org.),
Maturidade e velhice: trajetórias individuais e socioculturais Campinas: Papirus, p.11-52, 2001.
OLIVEIRA, K. L. et al. Relação entre ansiedade, depressão e desesperança entre grupos de idosos.
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 2, p. 351-359, 2006.
SCHNEIDER, R. H.; IRIGARAY, T. Q. O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos,
psicológicos e sociais. Estudos de Psicologia, v. 25, n. 4, p. 585-593, Campinas, 2008.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. tradução Suzana
Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.

EXERCÍCIOS

01. (IAUPE, FCM, 2018) O aumento da ampliação da população com mais de 60


expectativa de vida e a consequente anos têm gerado, no Brasil e no mundo,
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impactos na economia e nos sistemas de integrando aspectos individuais,


saúde e previdência, sendo necessário que comportamentais e econômicos, sendo
se desenvolvam políticas públicas voltadas imprescindível que a pessoa idosa esteja
para esse novo contexto. Na área da saúde, ativa economicamente.
no que se refere ao cuidado da pessoa
idosa, são necessárias todas as medidas 02. (IAUPE, 2014) O envelhecimento foi
abaixo citadas, EXCETO: uma grande conquista da humanidade no
A) É necessário reconhecer que o indivíduo último século, mas somente o aumento de
na sua velhice deve usufruir de uma vida pessoas idosas não garante aos cidadãos a
com saúde, segurança e deve participar de dignidade para se viver com qualidade de
forma ativa na vida econômica, social, vida. Quanto às compreensões sobre os
cultural e política. processos de envelhecimento e as
B) Em relação à saúde mental da pessoa possibilidades de intervenção na saúde,
idosa, é fundamental a realização de ações está INCORRETO afirmar que
de prevenção de transtornos mentais, A) a saúde da pessoa idosa inclui diversos
descoberta precoce, tratamento dessas fatores: ambientais, socioeconômicos,
doenças, inclusão de procedimentos culturais e políticos, que vão além do
diagnósticos, medicação e formas de simples fato de ter ou não ter saúde. Velhice
acompanhamentos terapêuticos não pode ser sinônimo de doença. O
adequados. envelhecimento é um processo, que ocorre
C) É fundamental estabelecer uma rede de ao longo de toda a experiência de vida do
cuidados e apoio aos idosos, que envolva a ser humano, por meio de escolhas e de
família, comunitários, os serviços de saúde circunstâncias.
e a rede intersetorial, englobando outras B) interagir saberes e desenvolver
áreas, como a assistência social. competências para trabalhar de modo
D) Desenvolver e implantar ações de interdisciplinar são requisitos mínimos para
promoção à saúde física e mental da pessoa que os trabalhos produzidos pelas diversas
idosa com foco no seu aperfeiçoamento profissões ofereçam respostas eficazes para
moral, intelectual, espiritual, social, uma vida digna aos idosos.
prevalecendo as condições de liberdade, C) todas as alterações decorrentes do
autonomia e dignidade. processo fisiológico do envelhecimento
E) Atuar com base no conceito de terão repercussão nos mecanismos
Envelhecimento Ativo (OMS 2002), que se homeostáticos do idoso e em sua resposta
refere à visão de velhice como um processo orgânica, diminuindo sua capacidade de
natural do ciclo de vida, que deve ser reserva, de defesa e de adaptação, o que o
vivenciado com autonomia, independência, torna mais vulnerável a quaisquer
reconhecimento de direitos, segurança, estímulos. Dessa forma, o cuidado à pessoa
dignidade, bem-estar e saúde, influenciado idosa deve se centrar no acompanhamento
por questões culturais, de gênero,
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individual, em que a avaliação da tornem-se irrelevantes ou tenham sua


capacidade física tem lugar de destaque. importância diminuída.
D) o processo de envelhecimento não é ( ) O envelhecimento, embora esteja,
homogêneo para todos os seres humanos, geralmente, associado ao declínio
sofrendo influências dos processos de cognitivo, especialmente da memória a da
descriminação e exclusão associados às atenção, mais ainda diante de quadros
relações de gênero, à etnia, à raça, às patológicos como o demencial presente no
condições socioeconômicas e às diferentes Alzheimer, não implica, necessariamente,
sociabilidades. ocorrências de transtornos psíquicos,
E) a vivência primeira da velhice ocorre no como a depressão.
corpo. O corpo por si não revela como Assinale a alternativa que apresenta a
atributo a velhice, mas uma vez que ela, sequência CORRETA.
como estigma, se instala no corpo, passa a A)V-V-F B) F-V-F
inquietar o idoso. A visão de um corpo C) F-V-V D) V-F-F
imperfeito - em declínio, enfraquecido, E) F-F-F
enrugado, etc. - não avalia só o corpo, mas
sugere, imediatamente, ampliar-se para 04. (IAUPE, Saúde da Família UFPE/CAV,
além do corpo, sobre a personalidade, o 2014). Considerando os fatores que
papel social, econômico e cultural do idoso. sinalizam um envelhecimento bem
sucedido, assinale a alternativa
03. (IAUPE, PERFIL AB, 2016). Em relação ao INCORRETA.
idoso e seu processo de envelhecimento, A) Engajamento nas atividades cotidianas
coloque V nas afirmativas Verdadeiras e F da vida sociocultural
nas Falsas. B) Manutenção de bons níveis de
( ) No âmbito social, o envelhecimento está habilidades funcionais
equivocadamente ancorado em C) Capacidade de manutenção e uso das
designações, que evocam limitação, funções cognitivas
doença e inutilidade, o que parece ser uma D) Prática de hábitos saudáveis para a
característica das ideologias ocidentais e redução de riscos de saúde
capitalista, as quais se centram na E) Autocontrole com plena independência
perspectiva da produtividade e do das condições ambientais (coletivas e
rendimento veiculados à juventude. sociais)
( ) O envelhecimento, mesmo com as
limitações biológicas, quando se mantém 05. (IAUPE, 2018) Em relação ao idoso e seu
um ambiente cultural propício, comporta a processo de envelhecimento, coloque V
continuidade do desenvolvimento nas afirmativas Verdadeiras e F nas Falsas.
psicológico, embora certos aspectos, como ( ) No processo de envelhecimento normal,
a dimensão de gênero e sexualidade, temos habilidades, que sofrem declínio com
a idade, por exemplo as habilidades
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motoras, enquanto outras se mantêm


inalteradas, como a verbal. 07. (IAUPE, PERFIL AB, 2017) Em relação ao
( ) O declínio cognitivo, sendo uma condição idoso e ao processo de envelhecimento,
pré-programada geneticamente, analise as informações abaixo:
independe, entre os idosos, quanto ao seu I. Observam-se baixas taxas de suicídio
início e progressão, da influência de fatores, entre os idosos, especialmente naqueles
como educação, saúde, personalidade, nível acima de 65 anos, já que, frequentemente,
intelectual global, capacidade mental apresentam sintomas depressivos, mas não,
específica, entre outros. o transtorno depressivo.
( ) A intervenção psicológica na doença de II. Dentre as vivências observáveis no idoso,
Alzheimer, associada ao tratamento temos o sentimento de desesperança, o
farmacológico, mostra-se eficaz para qual se faz acompanhar de ideias
reverter ou inibir o declínio das funções autoderrotistas e uma visão pessimista e
cognitivas e, também, reajustar o negativa sobre o futuro.
funcionamento emocional, desde que seja III. O idoso, analogamente ao adolescente,
prazerosa e adequada aos interesses do vive uma crise de identidade, pois o
idoso. Assinale a alternativa que apresenta envelhecimento, devido à falta de um papel
a sequência CORRETA. reconhecido social e culturalmente,
A) F-V-F B) F-V-V modifica-lhe o status social.
C) V-F-V D) V-F-F Está INCORRETO, apenas, o que se afirma
E) F-F-F em
A) I. B) II. C) III.
06. (IAUPE, Saúde da Família UFPE/CAV, B) D) II e III. E) I e III.
2014). Analise as seguintes afirmações
sobre o transtorno depressivo em idosos: 08. (IAUPE, PERFIL AB, 2017). Leia a
I. A idade é um fator de risco seguinte descrição:
preponderante, principalmente a partir dos “É a segunda doença neurodegenerativa
60 anos. mais frequente, afetando
II. Entre os sintomas observados, tem-se aproximadamente 1% da população
perda de sono, concentração reduzida e normalmente com idade superior a 65
queixas somáticas. anos. Apresenta sinais e sintomas que
III. A demência depressiva afetam a Qualidade de Vida nos aspectos
(pseudodemência) é a mais frequente físico, mental/emocional, social e
depois daquela do tipo Alzheimer. econômico. Entre os sinais e sintomas mais
IV. Além do comprometimento da memória, frequentes, temos: bradicinesia, tremor,
observa-se, em seu início, a ocorrência de rigidez, instabilidade postural, distúrbios
afasia. da marcha, dor, fadiga, depressão e
Está CORRETO, apenas, o que se afirma em distúrbios cognitivos.”
A) I. B) II. C) III. D) I e IV. E) II e IV. Ela se refere à doença de
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A) Afasia. B) Huntington. C) Parkinson. doenças prevalentes nessa faixa etária,


D) Demência Vascular. E) Alzheimer. sendo necessário esse acompanhamento.
D) o maior desafio na atenção às pessoas
09. (IAUPE, 2015). O envelhecimento idosas é contribuir para que, apesar das
populacional é uma resposta às mudanças progressivas limitações que ocorrerem, elas
de alguns indicadores de saúde, descubram possibilidades de viver sua
especialmente a queda de fecundidade e própria vida com a máxima qualidade
da mortalidade e o aumento da esperança possível, independência e autonomia por
de vida. No Brasil, estima-se que maior tempo.
atualmente existam cerca de 17 milhões de E) o cuidado à pessoa idosa tem como eixo
idosos, devendo, portanto, se configurar a contribuição para que possa superar as
como uma fase da vida que merece grande limitações progressivas que ocorrem a fim
atenção no cuidado da saúde. de favorecer uma maior autonomia
Considerando essa afirmação sobre o individual. Sabe-se que, muitas vezes, o
processo de envelhecimento e o cuidado idoso passa por processos de discriminação
ofertado à pessoa idosa, é CORRETO e violência por parte de familiares e
afirmar que cuidadores. Assim, no acompanhamento
A) o envelhecimento pode ser pelo psicólogo, deve-se manter a família e
compreendido como um processo natural os cuidadores afastados dos atendimentos
de diminuição progressiva da reserva e visitas.
funcional dos indivíduos de caráter
homogêneo para todos os seres humanos. 10. (IAUPE, 2017). Em todo o mundo, o
B) todas as alterações decorrentes do número de pessoas com 60 anos ou mais
processo fisiológico do envelhecimento está crescendo mais rapidamente do que o
terão repercussão nos mecanismos de qualquer outra faixa etária. O Brasil, até
homeostáticos do idoso e em sua resposta 2025, será o sexto país em número de
orgânica, diminuindo sua capacidade de idosos. Considerando o processo de
reserva, de defesa e de adaptação, o que o envelhecimento, é INCORRETO afirmar que
torna mais vulnerável a quaisquer A) a etapa da vida caracterizada como
estímulos. Dessa forma, o cuidado à pessoa velhice, com suas peculiaridades, só pode
idosa deve se centrar no acompanhamento ser compreendida a partir da relação que se
individual, em que a avaliação da estabelece entre os diferentes aspectos
capacidade física tem lugar de destaque. cronológicos, biológicos, psicológicos e
C) o trabalho em grupo com idosos é um sociais.
instrumento privilegiado no cuidado a essa B) na maioria das vezes, o declínio no
população. Dessa forma, os grupos de funcionamento cognitivo é provocado pelo
hipertensão e diabetes (Hiperdia) devem desuso (falta de prática), doenças (como
ser o principal espaço de acompanhamento depressão), fatores comportamentais
a essas pessoas, uma vez que essas são (como consumo de álcool e medicamentos),
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fatores psicológicos (por exemplo, falta de A) Dentre os transtornos psíquicos


motivação, de confiança e baixas associados ao envelhecimento, a depressão
expectativas) e fatores sociais (como a é um dos mais prevalentes. B) É um
solidão e o isolamento) mais do que o momento do ciclo vital no qual se observam
envelhecimento em si. altas taxas de tentativa e efetivação do
C) as concepções de velhice são suicídio.
atravessadas por questões multifacetadas, C) Idosos com boa capacidade de resiliência
multidirecionadas e contraditórias. tendem a apresentar uma velhice bem
D) as associações negativas relacionadas à sucedida.
velhice atravessaram os séculos e, ainda D) O Alzheimer é uma das demências mais
hoje, mesmo com tantos recursos para comuns entre os idosos,
prevenir doenças e retardá-la, é temida por independentemente do sexo.
muitas pessoas e vista como uma etapa E) Para a avaliação da saúde mental do
detestável. idoso, recorre-se a aspectos, como
E) o conceito de idade é multidimensional e, atividade sexual e humor.
em si, é uma boa medida do
desenvolvimento humano. A idade e o 13. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Considerando
processo de envelhecimento possuem a caracterização clínica da Doença de
outras dimensões e significados que Parkinson, que geralmente acomete
extrapolam as dimensões da idade idosos, comprometendo sua condição
cronológica. física e psicológica, assinale a alternativa
INCORRETA.
11. (IAUPE, 2015) Um dos transtornos A) É uma doença crônica do sistema
possíveis de acometer o idoso é a nervoso, progressiva e incurável.
demência. Considerando a do tipo B) Compreende uma taxa elevada de
Alzheimer, assinale a alternativa cujo prevalência para a depressão.
sintoma está INCORRETAMENTE associado C) Dentre os sintomas motores, temos a
ao seu diagnóstico. rigidez muscular e o tremor.
A) Afasia D) Quando associada à demência,
B) Apraxia apresenta lentificação do pensamento.
C) Agnosia E) Os sintomas motores associam-se aos
D) Perturbação do funcionamento perceptivos, como as alucinações.
executivo
) Alucinações 14. (IAUPE, 2018, PERFIL AB) Em relação ao
idoso e seu processo de envelhecimento,
12. (IAUPE, 2015) Em relação ao idoso e ao coloque V nas afirmativas Verdadeiras e F
envelhecimento, assinale a alternativa nas Falsas.
INCORRETA. ( ) No processo de envelhecimento normal,
temos habilidades, que sofrem declínio com
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a idade, por exemplo as habilidades farmacológico, mostra-se eficaz para


motoras, enquanto outras se mantêm reverter ou inibir o declínio das funções
inalteradas, como a verbal. cognitivas e, também, reajustar o
( ) O declínio cognitivo, sendo uma condição funcionamento emocional, desde que seja
pré-programada geneticamente, prazerosa e adequada aos interesses do
independe, entre os idosos, quanto ao seu idoso.
início e progressão, da influência de fatores, Assinale a alternativa que apresenta a
como educação, saúde, personalidade, nível sequência CORRETA.
intelectual global, capacidade mental A) F-V-F B) F-V-V C) V-F-V D) V-F-F
específica, entre outros. E) F-F-F
( ) A intervenção psicológica na doença de
Alzheimer, associada ao tratamento

GABARITO
1. E 2. C 3. D 4. E 5. D 6. B 7. A
8. C 9. D 10. E 11. E 12. E 13. E 14. D

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Aula

23
INTERPROFISSIONALIDADE E TRABALHO EM
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
PROCESSOS GRUPAIS
PSICOLOGIA E PRÁTICAS INTERVENTIVAS
GRUPAIS E TERRITORIAIS
Profª Luanna Cruz

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__________________
INTERPROFISSIONALIDADE E TRABALHO EM EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL
PROCESSOS GRUPAIS
PSICOLOGIA E PRÁTICAS INTERVENTIVAS GRUPAIS E
TERRITORIAIS

INTERPROFISSIONALIDADE E TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

A reordenação da formação, tanto


na graduação como na pós-graduação, tem - Multiprofissionalidade: a fragmentação
mobilizado reflexões sobre a necessidade do cuidado é comum na
do trabalho em equipe, de práticas multiprofissionalidade, a qual seria a
colaborativas e da educação justaposição de disciplinas distintas, em
interprofissional. É neste contexto que se que os saberes especializados balizarão a
insere o desenvolvimento das Residências atuação de cada profissional.
Multiprofissionais em Saúde, consideradas
alternativas importantes no cenário da - Interprofissionalidade: vincula-se à
formação e para o Sistema Único de Saúde. noção do trabalho em equipe de saúde,
As Residências são pautadas em marcado pela reflexão sobre os papéis
arcabouço teórico e pedagógico que profissionais, a resolução de problemas e a
reafirmam os princípios e diretrizes do SUS, negociação nos processos decisórios, a
associando o aprendizado à prática, de partir da construção de conhecimentos, de
maneira a problematizar o modelo técnico- forma dialógica e com respeito às
assistencial e corroborando para a singularidades e diferenças dos diversos
consolidação do trabalho multiprofissional núcleos de saberes e práticas profissionais.
em equipe, a partir de uma atuação
interprofissional.

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PROCESSOS GRUPAIS

Psicologia das massas (multidões)

• Gustave Le Bon
A multidão é apresentada como uma • Freud em “A Psicologia das Massas e a
espécie de ser unitário provido de análise do Eu”
características psicológicas próprias, de Dois eixos: um vertical, no qual os
modo que os indivíduos que a compõem indivíduos se ligariam aos líderes, que
perdem suas características pessoais, sua encarnariam a figura primordial do chefe
autonomia, e passam a agir como uma da tribo; e um eixo horizontal, no qual
espécie de “psiquismo coletivo”; haveria uma ligação dos membros uns com
Perda da individualidade e a formação de os outros, de modo que os indivíduos
um novo todo, que não é a soma das imersos em uma multidão se sentiriam
partes; mais desenvoltos para assumir riscos.
Três fatores: o sentimento de poder, o
contágio mental e a sugestibilidade.

ALGUNS CONCEITOS

Institucionalização é o estabelecimento de Grupo é uma unidade que se dá quando os


regularidades comportamentais que indivíduos interagem entre si e
possibilitam o viver coletivo, hábito. compartilham normas e objetivos.

Instituição é um valor ou regra social Grupos primários são aqueles


reproduzida no cotidiano com estatuto de constituídos para a satisfação das
verdade, que serve como guia básico de necessidades básicas da pessoa e a
comportamento e padrão ético para as formação de sua identidade, existência de
pessoas em geral. É a presença invisível da fortes vínculos afetivos interpessoais e de
sociedade no dia a dia dos indivíduos. uma hierarquização de poder – o grupo
familiar.
Organização é onde se concretiza esse Grupos secundários são aqueles
conjunto de regras e valores na sociedade, constituídos para a satisfação das
pode ser complexa, como as empresas, ou necessidades sistêmicas ou de interesses
mais simples, como um pequeno de grandes grupos e classes- escola,
estabelecimento, uma entidade não trabalho.
governamental.

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Coesão é o resultado da aderência do grupo. As manifestações individuais podem


indivíduo ao grupo, a fidelidade aos seus ser admitidas, desde que não interfiram
objetivos e a unidade nas suas ações. nos objetivos centrais do grupo, que
“Resultante das forças que agem sobre um sempre prevalecerão.
membro para que ele permaneça no grupo.
Quanto maior a coesão maior a satisfação Liderança é a habilidade do líder para
dos membros, maior a produtividade, motivar e influenciar o grupo. É um
maior a quantidade de comunicação e de processo interacional que surge ao longo
influência do grupo. da interação entre os membros do grupo.

Pensamento grupal: coesão entre os Tipos de liderança: Kurt Lewin:


participantes é tamanha que eles se Democrática (eficiência a longo prazo,
tornam pouco críticos, podendo maior participação dos membros, divisão
apresentar distorções da realidade social, de responsabilidades), autoritária/
podem tomar decisões desastradas. Agem autocrática (eficiência imediata, decisão
no sentido de preservar a harmonia do centralizada no líder, centralização do
grupo, minimizando discordâncias em poder, coerção) e laissez-faire (liberal,
quaisquer das decisões que venham a permissiva participação mínima do líder, o
tomar. grupo tem autonomia para tomar as
decisões).
Cooperação é a associação de pessoas
trabalhando juntas em prol de um ou mais Status é o prestígio desfrutado por um
objetivos. membro do grupo. Pode ser como o
indivíduo percebe a si mesmo, status
Padrões grupais são as expectativas de subjetivo; ou pode ser o resultado do
comportamentos partilhados por parte dos consenso do grupo sobre este indivíduo, o
membros do grupo. Há fiscalização e chamado status social.
sanção quando a expectativa não é
atendida. Papel social é um modelo de
Todo grupo, não importa o tamanho, comportamento definido pelo grupo.
necessita estabelecer normas para poder
funcionar adequadamente. Influência social (bases de poder):
recompensa (esperar algo em troca),
Motivações individuais e objetivos do coerção (medo), legitimidade (acreditar
grupo: Uma pessoa geralmente escolhe ser o correto- tradição, valores, crenças),
participar de um grupo a partir de suas referência (uma pessoa como referência
motivações pessoais, sejam motivações positiva ou negativa), conhecimento
referentes aos objetivos do grupo, sejam (acreditar no conhecimento de uma pessoa
atrações exercidas por membros daquele sobre determinado assunto) e informação
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(influência a partir de uma informação que todas as pessoas de um grupo forem, por
lhe é dada). exemplo, moderadamente contra o
aborto, depois de trocarem informações
Polarização grupal: tendência que o grupo entre si, que geralmente corroboram suas
tem para adotar uma decisão final mais opiniões, elas tendem com o tempo a
extrema em relação a uma decisão deixar a moderação de lado e se
individual- passa de um posicionamento tornar radicalmente contra o aborto.
moderado para um radical. Por exemplo, se

Grupo Operativo de Pichon-Rivière

Os princípios organizadores do aprendizagem para os sujeitos envolvidos.


grupo são o vínculo (interação, troca) e a Aprender em grupo significa uma leitura
tarefa (finalidade do grupo). crítica da realidade, uma atitude
Vínculo ocorre quando somos investigadora, uma abertura para as
internalizados pelo outro e o dúvidas e para as novas inquietações.
internalizamos também- mútua O processo de compartilhar
representação interna; a indiferença e o necessidades em torno de objetivos
esquecimento deixam de existir na relação. comuns constitui a tarefa grupal.
O vínculo é bi-corporal e tripessoal, isto é,
em todo vínculo há uma presença sensorial Um grupo opera melhor quando há:
corpórea dos dois, mas há um personagem
que está interferindo sempre em toda pertinência pode ser vista como a
relação humana, que é o terceiro (figuras qualidade da intervenção de cada um no
internalizadas presentes na relação). Neste grupo;
sentido, vínculo é uma estrutura psíquica afiliação é a intensidade do envolvimento
complexa. do indivíduo no grupo;
A técnica do grupo operativo centramento na tarefa é o eixo principal da
pressupõe a tarefa explícita cooperação, refere-se ao grau de interação
(aprendizagem, diagnóstico ou com que um participante mantém o
tratamento), a tarefa implícita (o modo vínculo com o trabalho a ser efetuado, e
como cada integrante vivencia o grupo) e o avalia a dispersão e a realização de esforço
enquadre que são os elementos fixos (o útil do indivíduo;
tempo, a duração, a frequência, a função empatia é o modo como o grupo pode
do coordenador e do observador). ganhar força para operar cada vez mais
A técnica de grupo operativo significativamente;
consiste em um trabalho com grupos, cujo comunicação é essencial para que haja
objetivo é promover um processo de entrosamento; cooperação é o modo pelo

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qual o trabalho ganha qualidade e estabelecendo algumas articulações entre


operatividade; as falas e os integrantes, sempre
aprendizagem é o resultado do trabalho e direcionando o grupo para a tarefa comum;
deve ser essencialmente colaborativa. e um observador que registra o que ocorre
A mudança, que é o objetivo primordial de na reunião, resgata a história do grupo e
todo grupo operativo, envolve todo um depois analisa com o coordenador os
processo gradativo, no qual os integrantes pontos emergentes, o movimento do
do grupo passam a assumir diferentes grupo em torno da tarefa e os papéis
papéis e posições frente à tarefa grupal. desempenhados pelos integrantes.
O momento da pré-tarefa é caracterizado Em relação aos papéis no grupo, podemos
pelas resistências dos integrantes do grupo dizer que alguns são fixos, como o papel do
ao contato com os outros e consigo coordenador e do observador, enquanto
mesmo, na medida em que o novo, o outros emergem no decorrer do processo.
grupo, gera ansiedade e medo, medo de O porta-voz é o integrante que explicita o
perder o próprio referencial, de se deparar que está implícito, colaborando com a
com algo que possa surpreender e por sua tarefa. O bode-expiatório aparece quando
vez suspender suas velhas e cômodas explicita algo não tem a aceitação do
certezas acerca de si e do mundo. grupo, é culpado pelos insucessos do
A partir do momento em que é possível grupo. Já o líder de mudança surge no
elaborar as ansiedades básicas, romper momento em que o que foi explicitado pelo
com as estereotipias, abrir-se para o novo porta-voz é aceito pelo grupo contribuindo
e o desconhecido, pode-se dizer que o para o movimento dialético grupal. O líder
grupo está na tarefa. Elaboração de um de resistência, sempre puxa o grupo para
projeto comum e passa a operar um trás, freia avanços, chamado também de
projeto de mudanças. sabotador.
Os representantes do silêncio são aqueles
Verticalidade: história pessoal consciente que assumem as dificuldades dos demais
e inconsciente de cada integrante do para estabelecer comunicação, fazendo
grupo. com que o resto do grupo se sinta obrigado
a falar.
Horizontalidade: objetivos comuns, uma
nova história própria, identidade grupal, ECRO: Esquema Conceitual Referencial
não é simplesmente a somatória de suas Operativo- conjunto organizado de
verticalidades pois há uma construção conceitos gerais, teóricos, referidos a um
coletiva resultante da interação de setor do real, a um determinado universo
aspectos de sua verticalidade. de discurso, que permite uma aproximação
A técnica de grupo operativo propõe a instrumental ao objeto particular. Método
presença e intervenção de um dialético, relação mútua de transformação
coordenador, que indaga e problematiza, do sujeito e ambiente.
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Kurt Lewin

Grupo é mais do que a soma de seus


membros, consiste numa totalidade O comportamento humano envolve o
dinâmica (Escola da Gestalt). Possui contínuo aparecimento de tensão-
estrutura própria, objetivos e relações com locomoção-alívio. Sempre que uma
outros grupos. A essência de um grupo é necessidade é sentida, existe um estado de
sua interdependência. tensão, e o organismo tenta descarregá-la
Interdependência em relação a uma tarefa agindo de modo a restaurar o equilíbrio.
proposta, mais objetivo (sócio-grupo). E
interdependência em relação aos próprios Comunicação grupal: Bloqueio:
membros em termos de atração, interrupção completa da comunicação;
afeição (psico-grupo). Filtragem: parte da comunicação é feita;
Ruído: perturbação interna que distorce ou
Teoria do campo: Comportamento é altera a mensagem transmitida; A distância
resultado da interação entre a pessoa e o psicológica: o outro é percebido como
meio que a rodeia, de uma totalidade de incompatível e a comunicação é percebida
fatos e eventos coexistentes em uma como impossível; A distância social: o outro
determinada situação. Campo é o meio é mantido a distância por pertencer a um
psicológico onde o indivíduo ou grupo grupo diferente, sendo percebido como
estão inseridos num determinado estando situado socialmente a uma
momento. Composto por forças de atração distância vertical inacessível, conforme a
(impulsionam as pessoa em direção aos valorização do grupo que pertence.
seus objetivos) e de repulsão. Campo
dinâmico é o espaço de vida que contém a Espaço de vida: o meio psicológico onde o
pessoa e seu ambiente psicológico- indivíduo ou grupo estão inseridos num
existência psicológica, determinado momento.
contemporaneidade, interdependência
das partes.

Lane (1984) e Martin-Baró (1989): uma perspectiva sócio-histórica

O significado da existência e da ação e ideológicas (LANE,1984, p. 81); Nesse


grupal só pode ser encontrado dentro de sentido, usa-se processo grupal em vez de
uma perspectiva histórica que considere grupo ou dinâmica de grupo.
sua inserção nas sociedades com suas Para Silvia Lane o objetivo do grupo
determinações econômicas, institucionais é ser autônomo, isto é, autonomia de

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produção, ele tem que funcionar por si processo grupal. Consciência como o
próprio e sua produtividade deve ser conhecimento da realidade comum,
independente de qualquer autoridade. autorreflexão e atividade, uma ação
Os três parâmetros principais para conjunta e organizada, produzir algo que
análise do processo grupal segundo tenha um significado social, interna e
Martin- Baró são: identidade que é a externamente ao grupo.
definição do que é e o que o caracteriza (as Definições de Grupo a partir de
normas, as relações com outros grupos e o Martin-Baró:
sentimento de pertença); 1. O que caracteriza o grupo primário são
poder que o grupo dispõe em suas os vínculos interpessoais, resultantes da
relações; atração entre seus membros pelo processo
atividade grupal e a significação social que de identificação por semelhanças e de
produz essa atividade. complementaridade de suas
características) e a satisfação de
Martín-Baró apresenta três necessidades básicas pessoais.
características essenciais do poder: 2. No grupo funcional, a sua identidade é
1. Se dá nas relações sociais, sendo um construída pelo papel social que o
fenômeno social e não um objeto indivíduo desempenha, sendo o poder
abstrato; centrado geralmente na capacitação e na
2. Se baseia na posse de recursos, ocupação social de seus membros, tendo,
permitindo que alguns realizem seus portanto, como eixo de sua atividade
interesses, pessoais ou de classe, e os grupal a satisfação de necessidades
imponha a outros; sistêmicas.
3. Produz um efeito na relação social 3. O grupo estrutural é caracterizado pelo
(obediência, submissão, dominação). controle dos meios de produção e
Numa relação de interdependência, satisfação de interesses de grandes grupos
atividade e consciência são categorias e classes.
fundamentais para a compreensão do

IMPORTANTE!

É possível que um grupo originalmente funcional vir a se transformar no decorrer do


tempo em um grupo primário, na medida que seus membros vão aprofundando suas
relações e descobrindo muitas semelhanças entre si, gerando vínculos afetivos e de
complementaridade, fortalecendo a interdependência de seus membros.
As relações primárias, funcionais e estruturais não são excludentes, senão que
expressam distintos níveis do mesmo processo social.
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GRUPOS NA ATENÇÃO BÁSICA

O grupo constitui importante recurso no cuidado aos usuários da Atenção Básica, não
devendo ser pensado somente como forma de dar conta da demanda, mas sim como tendo
características que propiciam socialização, integração, apoio psíquico, trocas de experiências
e de saberes e construção de projetos coletivos. Contudo, muitas vezes prevalece a seguinte
prática: as pessoas recebem uma espécie de consulta coletiva ou os grupos se reduzem a
sessões informativas reiteradas.

Metodologias:

Grupos operativos: um conjunto de compartilhamento de experiências, no


pessoas com objetivos comuns, que se aumento do conhecimento sobre a
propõem a uma tarefa, explicita ou situação-problema e do autocuidado, no
implicitamente, interagindo e compromisso do sujeito com suas ações, na
estabelecendo vínculos. O grupo operativo construção de objetivo comum entre o
deve ser dinâmico (fomentando a grupo, na criação de estratégias de
comunicação e a criatividade), reflexivo aumento da motivação e de
(principalmente na avaliação das enfrentamento da situação-problema.
dificuldades que levam o grupo a não
resolver uma tarefa, por exemplo), Grupos motivacionais: existe a
democrático (usando o princípio da possibilidade de serem desenvolvidos
autonomia, em que o grupo define as ações grupos motivacionais que adaptam
e prioridades). técnicas utilizadas na terapia breve. A
intenção principal consiste em focar
Grupos terapêuticos: além de metas atenção sobre o tema que dificulta ou
terapêuticas específicas (alívio de sintomas interfere na mudança de comportamento.
e melhora na situação de sofrimento), os Para tanto, é fundamental que o grupo
grupos terapêuticos agregam objetivos de esteja efetivamente compromissado em
incremento do autoconhecimento e realizar as mudanças necessárias e
desenvolvimento pessoal. Existem algumas compreenda sua situação como um
características importantes com relação a problema a ser solucionado.
esta modalidade de grupo: baseiam-se no

REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, M. Breve descrição sobre processos grupais. Comum, v. 7, n. 19, p. 209-219, 2002.

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AMARAL, V. L. Psicologia da Educação: A dinâmica os grupos e o processo grupal. Natal: EDUFRN,


2007.
BASTOS, A. B. B. I. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicólogo
InFormação, n. 14, p. 160-169, 2010.
Martins, S.T.F.M. Psicologia Social e Processo Grupal: a coerência entre fazer, pensar e sentir em Sílvia
Lane. Psicologia & Sociedade, v. 19, edição especial 2, p. 76-80, 2007.
_____________ Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró. Psicologia & Sociedade, v. 15,
n. 1, p. 201-217, 2003.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica. Núcleo de Apoio à Saúde da Família- volume 1.
Ferramentas para a gestão e para o trabalho cotidiano. Brasília, 2014.
SILVA, R. J; GUEDES, M. C. A evolução do conceito de grupo em Silvia Lane. Psic. Rev., v. 24, n. 2, p.
181-197, 2015.
O espaço vital. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/11728/11728_4.PDF> Acesso
em: novembro de 2017.
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EXERCÍCIOS

01. (IAUPE, 2015, GRUPO 28- PSICOLOGIA) A) Compreende uma tarefa cuja realização
No âmbito do grupo, quando observamos, permite elaboração psíquica de medos e
por parte de seus membros, ocorrências, ansiedades.
como a censura mútua das dúvidas e das B) Pressupõe uma mudança a partir de uma
opiniões dissidentes, e a dificuldade em aprendizagem em situações interativas
reavaliar alternativas rejeitadas, tem-se concretas.
um fenômeno, que influencia, C) Visa à promoção de ações que integrem
negativamente, o processo de tomada de o sentir, o pensar e o agir de cada membro
decisão, denominado e do grupo.
A) Polarização grupal. D) Concebe uma ação criativa para a
B) Rotulação. superação das defesas expressas em
C) Pressão grupal. crenças estereotipadas.
D) Pensamento de grupo. E) Estimula a autoatualização para a
E) Coesão grupal. organização do autoconceito do indivíduo
(self) e do grupo.
02. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Em relação ao
grupo operativo e a suas características, 03. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Focalizando o
segundo o referencial teórico apresentado processo de organização e funcionamento
por Pichon-Rivière, assinale a alternativa grupal, tal qual abordado por autores,
INCORRETA. como Lane e Martín-Baró, é INCORRETO
afirmar que

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A) um grupo não é redutível às conjunto de pessoas que se propõem a,


características pessoais dos seus membros. explícita ou implicitamente, realizar uma
B) os vínculos grupais visam à satisfação das tarefa. Para explicar o processo grupal pelo
necessidades individuais e/ou interesses qual se atinge, ou não, a realização dessa
coletivos. tarefa, propõe um conjunto de conceitos.
C) o grupo tem uma identidade que o Sobre isso, assinale a alternativa cujo
caracteriza e o diferencia de outros grupos. conceito está INCORRETAMENTE
D) as relações de poder, positivas ou relacionado à sua concepção teórica.
negativas, são constitutivas do processo A) Vínculo B) Cooperação C) Afiliação D)
grupal. Antagonista E) Pertença
E) um grupo, considerado seu grau de
coesão, pode ou não depender do contexto 06. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) No âmbito da
histórico. saúde, sobre a intervenção do Psicólogo
nos grupos e em seus contextos
04. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) Considere a territoriais, é INCORRETO afirmar que
seguinte situação: Em sucessivas reuniões A) concebe a superação de modelos clínicos
de um condomínio, observaram-se biomédicos patologizantes que se
frequentes situações de “duelos e agressões restringem à cura de sintomas e doenças.
verbais” mútuas. Numa delas, alguns B) é um trabalho voltado para a mudança
condôminos saíram e não mais retornaram. das condições de vida da população
Também se excluíram de, doravante, mediante a articulação da promoção da
participar de qualquer outra reunião. saúde e da cidadania.
Segundo a teoria de Kurt Lewim, C) propõe uma concepção ampliada de
identificamos entre os participantes, no saúde, na qual o social se apresenta como
âmbito da comunicação grupal, uma(um) determinante do processo saúde-doença-
A) filtragem que estabeleceu uma distância cuidado.
psicológica. D) fomenta a participação e o controle
B) filtragem que estabeleceu uma distância social mediante sua orientação e definição
social. das ideias de mobilização e organização
C) bloqueio que estabeleceu uma distância política que influenciem as deliberações
psicológica. comunitárias.
D) bloqueio que estabeleceu uma distância E) as ações são amplas, ou seja, dirigidas às
social. interações que o usuário tem com o sistema
E) ruído que estabeleceu uma distância de saúde, as relações entre os profissionais
psicológica e social. de saúde e as destes com os usuários.

05. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) 07. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Em relação ao
Sinteticamente, pode-se afirmar que grupo operativo e a suas características,
Pichon-Rivière concebe o grupo como um segundo o referencial teórico apresentado
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por Pichon Rivière, assinale a alternativa adaptação ativa à realidade a partir do


INCORRETA. rompimento de estereótipos, revisão de
A) Compreende uma tarefa cuja realização papéis sociais, elaboração das perdas
permite elaboração psíquica de medos e cotidianas e superação das resistências a
ansiedades. mudanças.
B) Pressupõe uma mudança a partir de uma E) os grupos operativos são grupos
aprendizagem em situações interativas terapêuticos, sendo conduzidos
concretas. necessariamente por psicólogos.
C) Visa à promoção de ações que integrem
o sentir, o pensar e o agir de cada membro 09. (IAUPE, 2016, FCM) As práticas grupais
e do grupo. de educação em saúde na Atenção Básica
D) Concebe uma ação criativa para a são excelentes espaços e oportunidades de
superação das defesas expressas em promoção à saúde. O vínculo, o
crenças estereotipadas. acolhimento, a escuta, o apoio, o suporte e
E) Estimula a autoatualização para a o espaço de reflexão que existem nesses
organização do autoconceito do indivíduo grupos promovem saúde, fortalecendo os
(self) e do grupo. sujeitos e prevenindo o adoecimento.
Existem hoje, na Estratégia Saúde da
08. (IAUPE, 2017 RESIDÊNCIA MULTI) A Família, diversos exemplos de grupos que
formação de distintos grupos é estratégia começam a ser feitos nessa lógica de
importante na Atenção Básica. Um dos empoderamento e de participação, mas
autores de referência sobre o trabalho com não apenas dentro de uma perspectiva de
distintos grupos é o argentino Pichón educação em saúde. São grupos de suporte
Riviére. Sobre os grupos operativos, é e de apoio, promovendo novos hábitos,
INCORRETO afirmar que atividades, modificando estilos de vida e
A) Pichón Riviére identificou cinco papéis relações interpessoais. Diante dessa
presentes na constituição de um grupo: afirmativa, relacione as colunas abaixo:
líder de mudança; líder de resistência; bode
expiatório; representantes do silêncio; 1. Grupos () Grupo, que adapta técnicas
porta-voz. operativos utilizadas na terapia breve, no
qual sua intenção principal
B) o grupo operativo caracteriza-se pela
consiste em focar atenção
relação que seus integrantes mantêm com sobre o tema que dificulta ou
a tarefa do grupo. interfere na mudança de
C) o grupo operativo propõe a mobilização comportamento. É
de um processo de mudança, que passa fundamental que o grupo
esteja efetivamente
fundamentalmente pelo manejo de medos
compromissado em realizar as
básicos, da perda e do ataque. mudanças necessárias e
D) o grupo operativo visa ao fortalecimento compreenda sua situação
dos vínculos grupais, favorecendo uma
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como um problema a ser O professor, no cotidiano do ensino,


solucionado. apresenta as seguintes atitudes: i) não
2. Grupos () Grupos com o objetivo de
cumpre os horários agendados com a
terapêuticos incrementar o
autoconhecimento e turma, ii) permite que os alunos
desenvolvimento pessoal. entreguem os trabalhos fora do prazo, iii)
Baseado no releva, rotineiramente, a realização de
compartilhamento de chamadas e iv) autoriza que os alunos se
experiências, no aumento do
atribuam notas, que sempre são acima da
conhecimento sobre a
situação-problema e do média. Considerando que o
autocuidado, no compromisso comportamento dos alunos é uma
do sujeito com suas ações, na consequência direta do tipo de liderança
construção de objetivo exercido pelo professor, assinale a
comum entre o grupo, na
alternativa que o identifica.
criação de estratégias de
aumento da motivação e de A) Autocrático.
enfrentamento da situação- B) Democrático.
problema. C) Situacional.
3.Grupos () Grupo formado por um D) Laissez-faire.
motivacionais conjunto de pessoas com
E) Meritocrático
objetivos comuns, que se
propõem a uma tarefa,
explícita ou implicitamente, 11. (IAUPE, 2012 PSICÓLOGO CLÍNICO) Em
interagindo e estabelecendo relação ao processo grupal, considere as
vínculos. O grupo dinâmico seguintes afirmações:
(fomentando a comunicação e
I. O status do indivíduo, no grupo,
a criatividade), reflexivo
(principalmente na avaliação compreende o prestígio em função da
das dificuldades que levam o autopercepção e da percepção dos
grupo a não resolver uma membros do grupo.
tarefa, por exemplo), II. Diante de atitudes dissonantes,
democrático (usando o
procuram-se, em geral, acontecimentos
princípio da Autonomia, em
que o grupo define as ações e que as intensifiquem, para evitar, no âmbito
prioridades). do funcionamento grupal, a diminuição do
estado de ansiedade.
Assinale a alternativa que apresenta a III. No grupo, as normas são formadas
sequência CORRETA. mediante a especificação das atitudes
A) 1 – 2 – 3 B) 2 – 3 – 1 C) 3 – 1 – 2 desejadas, a autofiscalização dessas
D) 1 – 3 – 2 E) 3 – 2 – 1 especificações e a aplicação de sanções
àqueles que lhes desobedecem.
10. (IAUPE, 2013 PSICOLOGIA) Numa IV. Quando o poder é exercido em função
determinada turma, observa-se muita dos aspectos positivos da autoridade, ou
bagunça e descompromisso com as aulas. seja, mediante a identificação com ela,
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temos o tipo de exercício caracterizado pela B) intersecção da história dos seus


legitimidade. membros com a da sociedade a que
Assinale a alternativa que identifica o(s) pertencem.
item (ns) CORRETO(S). C) resgate da consciência histórica à qual os
A) I e IV. B) I e III. D) II e III. C) seus membros estão alienados.
III e IV. E) II, III e IV. D) desvalorização das relações de poder
enquanto fator intrínseco ao processo
12. (IAUPE, 2018 PERFIL AB) Considerando, grupal.
segundo autores como Lane e Martín-Baró, E) valorização dialética das vivências
os fundamentos que orientam a prática da subjetivas e das experiências concretas dos
Psicologia Comunitária, é INCORRETO indivíduos.
afirmar que visa
A) promover, mediante o empoderamento 14. (IAUPE, 2019 PERFIL AB) Um Psicólogo,
dos grupos, a cidadania, e assim, amenizar a ao relatar seu trabalho numa comunidade,
exclusão social. afirma: “Na minha prática, busco intervir
B) cessar a dicotomia entre o conhecimento para que cada mulher, individual e
científico e popular, colocando-os numa coletivamente, crie condições pessoais
relação concreta. para se insurgir contra a violência dos
C) contribuir para que os grupos assumam “machos”. É preciso, histórica e
uma posição ativa na produção de sua culturalmente, em sua condição de mulher
existência social. e no âmbito das relações sociais, lhes dar o
D) favorecer, enquanto práxis de libertação, senso de direito e valorizar seus potenciais,
a conscientização sobre as condições de mas, também, os meios de seu exercício,
justiça social. como uma formação profissional e o
E) definir os objetivos da ação a posteriori, acesso aos meios legais para que se
ou seja, a partir das demandas explicitadas defendam das atitudes abusivas e
pela população. violentas dos muitos homens
essencialmente machistas”. Analisando o
13. (IAUPE, 2018 PERFIL AB) A observação relato, pode-se afirmar que o Psicólogo
dos processos grupais, segundo autores, orienta sua prática recorrendo ao conceito
como Lane, precisa ser contextualizada de
historicamente. Nesse contexto, é A) coesão grupal.
INCORRETO afirmar que todo grupo B) empoderamento.
precisa ser enfocado segundo o(a) C) resiliência.
A) conjunto das influências dadas pelas D) pensamento grupal.
condições econômicas, institucionais e E) apoio social.
ideológicas.

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15. (UPE, 2022, PERFIL AB) Temos, numa punidas, confrontadas ou encorajadas, ou
equipe, a seguinte situação: postas em ostracismo quando as violam. Se
O Sr. X delega o que cada participante irá uma pessoa deseja continuar a pertencer a
fazer durante a semana e, ao término dessa, um grupo, deve considerar-se dentro da(o)
registra e efetiva o pagamento, segundo as _______________ grupal.
atividades desenvolvidas pelos
participantes. Cada um dos membros Assinale a alternativa cujo termo,
discorda de tal forma de gestão e reivindica CORRETAMENTE, preenche a lacuna acima.
uma atitude mais empática, colaborativa. A) Status
Nesse contexto, é CORRETO afirmar que o B) Papel
Sr. X exerce uma liderança C) Coesão
A) Autocrática e um poder de D) Relação
conhecimento. E) Norma
B) Laissez-faire e um poder de referência
positiva. 18. Considerando os estudos de Silvia Lane,
C) Autocrática e um poder de coerção. assinale a alternativa INCORRETA.
D) Democrática e um poder de legitimidade. A) O processo grupal deve ser inserido
E) Laissez-faire e um poder de coerção. dentro da sociedade, levando-se em conta a
sua história, com suas determinações
16. (UPE, 2022, PERFIL AB) Considerando as econômicas, institucionais e ideológicas.
definições existentes no âmbito do B) O grupo considera um nível de análise, a
processo grupal, assinale a alternativa realidade subjetiva, em que as ações e
CORRETA. interações estão sempre comprimidas e
A) Toda equipe decorre de um grupo, amalgamadas por papéis sociais da relação
sendo, necessariamente, uma organização. dominador-dominado.
B) Todo grupo é uma equipe, a qual, por sua C) O significado social do grupo é o que
vez, é, necessariamente, uma organização. mantém a existência do grupo e a sua
C) Todo grupo é uma equipe, podendo, ou manutenção: a identidade e o poder do
não, ser uma organização. grupo estão intimamente ligados e
D) Todo grupo pode, ou não, ser uma dependem da sua atividade.
equipe, como também, esta ser, ou não, D) A ideia de relação grupal leva-nos às
uma organização. réplicas das instituições sociais que
E) Toda equipe é, sempre, um grupo e uma reproduzem as relações de poder
organização. (dominação submissão), mascaradas
enquanto exercício dos papéis sociais. E) O
17. (UPE, 2022, PERFIL AB) Considere a grupo transmite a ideologia dominante e,
seguinte afirmação: assim, se constitui, também, na
São comportamentos sancionados, através possibilidade de sua desmitificação e do
dos quais as pessoas são recompensadas ou
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desenvolvimento das consciências


individuais.

GABARITO
1. D 2. E 3. E 4.C 5. D 6. D
7. E 8. E 9. B 10. D 11. A 12. A
13. D 14. B 15. C 16. D 17. E 18. B

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Aula

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ASPECTOS PSICODINÂMICOS DAS
ESTRUTURAS FAMILIARES
PARENTALIDADE
Profª Luanna Cruz

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ASPECTOS PSICODINÂMICOS DAS ESTRUTURAS
FAMILIARES
PARENTALIDADE
A Família e suas Transformações

Século XVI: iniciava-se uma nova governo da casa e à vida da casa” (ARIÈS,
forma de pensar a família. Segundo Ariès, 1978:153).
esta nova fase da família nasce junto com a O autor afirma que no período da
transformação do tratamento dado à Idade Média o sentimento que havia mais
criança, passando ela a existir na vida do próximo do comparado ao da família
adulto com uma relação mais sentimental, moderna seria o da linhagem, porém bem
pois antes a família não alimentava um diferente do sentido que existe hoje no
sentimento de preocupação tão ativo entre mundo familiar. Segundo Ariès (1978, p.
pais e filhos, o que por certo “não 189), o sentimento de família modificou- se
significava que os pais não amassem seus muito pouco e o que realmente aconteceu
filhos”. Surgiu naquela época a descoberta foi a extensão dessa mudança para outras
da criança no mundo familiar e a vida em camadas da sociedade. Analisa-se que toda
família, não havendo mais a separação a mudança comentada anteriormente se
entre sentimento familiar e infância. limitou às famílias abastadas, e, mais
Verificou-se ainda através das especificamente, ao contexto europeu.
pesquisas geradoras desta obra, que a O cenário brasileiro apresentou
linhagem era um ponto relevante para a também diversas e significativas mudanças
época, pois existia um vínculo solidário a na configuração da família patriarcal, em
todos os descendentes de um mesmo especial a brasileira, era baseada nos
ancestral. A linhagem, os bens familiares e moldes das famílias portuguesas que
a permanência do nome eram as haviam chegado durante o período da
preocupações fundamentais, não havendo colonização no Brasil. Nessa época os
nenhuma preocupação com a intimidade. colonos eram preocupados apenas com
Assim pode-se concluir que ao contrário do seus próprios interesses e as famílias
sentimento de linhagem da Idade Média “o funcionavam como um verdadeiro clã:
sentimento de família está ligado a casa, ao viviam mulher, filhos, escravos, parentes e
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os agregados da família incluindo até Elementos que influenciaram as


mesmo as concubinas e filhos ilegítimos. transformações do modelo familiar
Era um modelo de família mais patriarcal: o meio econômico, a
voltado para o isolamento social, não industrialização e a urbanização
existia intimidade ou privacidade devido ao produziram mudanças nas funções
grande número de pessoas que conviviam familiares e na divisão da vida pública e da
na casa grande. Com a chegada da Família vida privada. Um exemplo é a inserção das
Real em 1808, o Brasil passa por um mulheres no mercado de trabalho, o que
processo de transformação e de enfraqueceu ainda mais o modelo
urbanização criando uma nova sociedade patriarcal. No período entre 1960 e 1970 o
mais preocupada com o crescimento das uso da pílula anticoncepcional trouxe
cidades, o consumo começou a ser impactos diretos na vida da mulher e
valorizado. A mulher ganha um papel de consequentemente importantes mudanças
destaque nessa nova fase da sociedade. As na família. Outro importante ponto foi o
casas ganharam evidência e começa assim divórcio que permitiu reconstituir novas
uma nova fase de abertura para a vida famílias.
social, esse processo foi incentivado e Considera-se a família conjugal
preparado pelos médicos da época que moderna como aquela que dá ênfase na
ficaram responsáveis por sedimentar os intimidade e separa o público do privado,
novos padrões de civilidade. preocupando-se com a privacidade familiar
Já no século XIX, esse processo de e dos seus integrantes ao pensar em suas
modernização gerou novas mudanças e particularidades. Chama-se atenção para o
questionamentos sobre o modelo centrado fato desse processo não ter acontecido de
no pai e na sua autoridade. Porém nessa forma linear e também de não se ter tido
época o casamento passa a não ser mais uma superação de um “modelo” pelo
escolhido pelo pai, sendo assim introduzida outro.
a fase da família conjugal moderna e
surgem os novos papéis e funções sociais
para homens e mulheres.

Novos Arranjos Familiares

Conforme as modificações na • Rede Social de Apoio: vínculos


sociedade foram se desenvolvendo, novos vividos no cotidiano das famílias
modelos familiares foram surgindo e a que pressupõem apoio mútuo, não
família nuclear foi aos poucos deixando de de caráter legal, mas sim de caráter
ser dominante, sendo hoje encontradas simbólico e afetivo. São relações de
múltiplos arranjos familiares na sociedade. apadrinhamento, amizade e
vizinhança e outras correlatas.
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Constam dentre elas, relações de torno de uma figura que não tem
cuidado estabelecidas por acordos companheiro residindo na mesma casa,
espontâneos e que não raramente podendo ou não residir com os filhos; -
se revelam mais fortes e Nuclear Extensa, família nuclear com
importantes para a sobrevivência agregado adulto co-habitando;
cotidiana do que muitas relações de - Nuclear com Avós Cuidando de Netos,
parentesco.
casal de avós que cuida de netos com
menos de 18 anos;
Segue um resumo dos principais
- Nuclear Reconstituída, casal cujo um ou
modelos de classificação da família:
ambos os cônjuges já tiveram outra união
anterior, podendo ter filhos ou não;
Kaslow menciona a existência de 9
- Nuclear com Crianças Agregadas, família
tipos familiares:
nuclear cuidando de crianças que não são
filhos;
- Família Nuclear: incluindo duas gerações,
- Monoparental com Crianças Agregadas,
com filhos biológicos;
família monoparental que cuida de
- Famílias extensas, incluindo três ou
crianças que não são filhos;
quatro gerações;
- Monoparental Extensa, família
- Famílias adotivas temporárias (Foster);
monoparental com agregado adulto
- Famílias adotivas, que podem ser bi-
residindo na mesma casa;
raciais ou multiculturais;
- Atípica, indivíduos adultos e/ou
- Casais; famílias monoparentais,
adolescentes co-habitando sem vínculos
chefiadas por pai ou mãe;
sanguíneos, incluindo também pessoas que
- Casais homossexuais com ou sem
moram sozinhas e casais homossexuais.”
crianças;
- Famílias reconstituídas depois do
Segundo o Estatuto da Criança e do
divórcio;
Adolescente, tem-se os seguintes arranjos
- Várias pessoas vivendo juntas, sem laços
familiares:
legais, mas com forte compromisso
- Família natural, formada pelos pais ou
mutuo.”
qualquer deles e seus descendentes;
- Família extensa ou ampliada, aquela que
Souza e Peres, (2002) identificam
se estende para além da unidade pais e
treze desenhos familiares, são eles:
filhos ou da unidade do casal, formada por
- Nuclear Simples, formada por um casal e
parentes próximos com os quais a criança
seus filhos;
ou adolescente convive e mantém vínculos
- Mononuclear, constituída por um casal
de afinidade e afetividade;
sem filhos;
- Família substituta, constituída por
- Monoparental Simples, a qual pode ser
guarda, tutela ou adoção.
feminina ou masculina e é organizada em
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O que é família? tempo, na medida em que entram e saem


de diferentes estágios. Carter e McGoldrick
Uma definição corrente é a de que (1995) desenvolveram a noção de ciclo de
família constitui o “núcleo de pessoas que vida da família, dividindo-o em seis
convivem em determinado lugar, durante estágios, cada qual com determinados
um lapso de tempo mais ou menos longo e desafios e tarefas desenvolvimentais:
se acham unidas (ou não) por laços
consanguíneos” (MIOTO, 1997:120). Nessa 1. Os jovens solteiros (saindo de casa):
direção, Szymanski enxerga a família como Desenvolver a responsabilidade emocional
uma “associação de pessoas que escolhem e financeira por si mesmo.
conviver por razões afetivas e assumem um
compromisso de cuidado mútuo, e se a) Diferenciação da identidade em
houver criança, adolescentes e adultos”. relação à família de origem
É fato que essa palavra consiste em b) Desenvolvimento de
uma infinidade de conceitos e opiniões, relacionamentos íntimos com
não sendo objetivo julgar qual seria o adultos iguais
conceito correto de família. c) Estabelecimento de uma
identidade com relação ao trabalho
Teoria Familiar Sistêmica e independência financeira;

2. O novo casal (união de famílias no


• Família como um sistema (um conjunto
complexo de elementos em interação, que casamento): Comprometimento com um
formam um todo unitário e organizado), novo sistema familiar.
onde cada membro influencia os demais, e a) Formação do sistema marital
ao mesmo tempo é influenciado por eles; b) Realinhamento dos
• Foco dos estudos e intervenções com relacionamentos com as famílias
famílias sejam nas relações e nos padrões ampliadas e amigos, para incluir o
de funcionamento do grupo familiar, sem, cônjuge;
no entanto, que o sujeito perca a sua
individualidade; 3. Famílias com filhos pequenos: Aceitação
de novos membros no sistema famílias.
Abordagem do ciclo de vida familiar a) Ajustar o sistema conjugal para
criar espaço para o(s) filho(s)
A partir da perspectiva da teoria b) Unir-se nas tarefas de educação
familiar sistêmica, uma ideia importante na dos filhos, nas tarefas financeiras e
compreensão do funcionamento das domésticas. c) Realinhamento dos
famílias é a de ciclo de vida da família. As relacionamentos com a família
famílias se desenvolvem com o passar do
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ampliada, para incluir os papéis de 6. Famílias no estágio tardio de vida:


pais e avós. Aceitar as mudanças de papéis geracionais.
a) Manter o funcionamento e os
4. Famílias com filhos adolescentes: interesses em si mesmo(a) e no
Aumentar a flexibilidade das fronteiras casal, diante das mudanças físicas e
familiares para incluir a independência dos emocionais da idade.
filhos e a fragilidade dos avós. b) Abrir espaço para um papel mais
a) Modificar o relacionamento central para a geração dos filhos.
progenitor-filho, para permitir ao c) Lidar com a perda do cônjuge,
adolescente movimentar-se para irmãos e outros iguais e preparar-se
dentro e para fora do sistema para a própria morte.
familiar.
b) Novo foco nas questões Ao longo de seu ciclo de vida, as
conjugais e profissionais dos pais famílias vivem eventos que podem
c) Começar a mudança no sentido funcionar como estressores:
de cuidar da geração mais velha; • Estressores verticais: história de
cada família, seus mitos e medos,
5. Famílias na meia idade (lançando os seus rituais e seus padrões de
filhos e seguindo em frente): Aceitar várias comportamento, que são
saídas e entradas no sistema familiar. transmitidos através de gerações de
a) Reorganizar o sistema conjugal forma explicita ou não.
como dupla • Estressores horizontais: as
passagens de uma fase do ciclo de
b) Desenvolvimento de
vida para outra, são eventos
relacionamentos de adulto para
previsíveis denominados de
adulto, entre os filhos crescidos e
desenvolvimentais. Há outros
seus pais
eventos que podem afetar o
c) Realinhamento dos caminhar da família (imprevisíveis),
relacionamentos para incluir trazendo desestabilizações, como
parentes por afinidade e netos d) doenças crônicas, acidentes,
Lidar com incapacidade e morte dos desemprego, mortes prematuras,
pais (avós); entre outros.

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Teoria Familiar Estrutural

Década de 1970: Salvador Nitidez das fronteiras: funcionalidade dos


Minuchin apresenta a Teoria Familiar papéis; diferenciação de seus membros;
Estrutural. matriz de identidade individual.
Pressuposto: a família se organiza
por meio de padrões que, uma vez Num grupo familiar disfuncional os
conhecidos, decifram o entendimento de modos de interação entre seus membros
sua dinâmica, fornecendo diretrizes para vão-se cristalizando, quer na forma de
diagnóstico e tratamento de diversas distanciamento (fronteiras rígidas), ou de
patologias. excessiva interferência na vida uns dos
outros, formando alianças entre alguns
A estrutura familiar: conjunto de membros, deixando outros periféricos, ou
regras encobertas que determinam os transformando outros em bodes
relacionamentos entre seus membros. expiatórios (geralmente a criança).
Essas transações localizam o lugar de cada Sintomas como baixo rendimento na
membro da família, seu papel e a forma escola, agressividade são vistos como
com que é exercido. tendo tanto uma função individual como
social no grupo familiar e constituem-se
Assim, a hierarquia que organiza os numa denúncia de que algo vai mal nesse
sistemas familiares é estabelecida através grupo.
dos subsistemas (individual, parental, O objetivo da terapia, nesse
fraternal, conjugal). Os subsistemas se modelo, é o de:
organizam através de fronteiras, a) restabelecer a possibilidade de
caracterizadas como regras que negociação entre os membros da família
determinam quem participa dos quanto ao uso do poder, evitando
subsistemas e como. Quanto mais nítidas alianças transgeracionais (pai com filho,
forem as fronteiras nos subsistemas, mais mãe com filho, avó com neto) e
facilidade seus membros terão em b) reorganizar as fronteiras entre os
perceber suas funções, não interferindo vários subsistemas, apontando para
negativamente em outros subsistemas. fronteiras inadequadamente rígidas, ou
difusas, e trabalhando no sentido de torná-
las mais adequadas.

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PARENTALIDADE
Anos 60: O termo parentalidade expectativas de que o bebê possa reparar
começou a ser utilizado na literatura falhas da história parental, provoca
psicanalítica francesa, para denominar o também uma ruptura no equilíbrio do
conjunto de processos psíquicos e casal, fazendo com que os fantasmas
mudanças subjetivas no sistema familiar edípicos sejam reativados.
decorrentes do processo de tornar-se pai e
mãe. A transição para a parentalidade é A parentalidade é uma função que
considerada uma das maiores se desenvolve anteriormente quando se
transformação do sistema familiar, uma origina o desejo de ter um filho e na
vez que redefine relações com as famílias relação com ele. Trata-se de uma viagem
de origem, demandando ajustamento de imaginária de retorno às suas experiências
expectativas e de reequilíbrio das relações. primárias e atualização destas
experiências, fazendo com que conflitos,
Lebovici define parentalidade da faltas, identificações e os investimentos
seguinte forma: “conjunto das recíprocos da infância sejam revisitados,
representações, dos afetos e dos reelaborados e inspirem a criação dos
comportamentos do sujeito com seus novos laços parentais. Parentalidade,
filhos, tenham eles nascido ou não”. portanto, distingue-se da noção de
paternidade por não estar relacionado ao
A vivência da parentalidade traz modelo tradicional de família (pai
algumas mudanças na organização psíquica heterossexual de uma família nuclear).
do casal, tais como: o acréscimo do
terceiro, no caso do primeiro filho, Do mesmo modo, o funcionamento
reeditando a situação edípica; a mudança psicológico parental, promovido em parte
do estatuto dos pais que passam da pela sua história desenvolvimental,
posição de filho para pais; as projeções de influencia direta e indiretamente a relação
seus aspectos infantis sobre a criança; as conjugal, o funcionamento das redes
exigências que o bebê faz à mãe. Afetos sociais e as próprias experiências
ambivalentes marcam a relação entre os ocupacionais. E a nível social e contextual,
pais e o bebê, pois ao mesmo tempo que o a vizinhança e a comunidade também
nascimento de um filho traz consigo

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interferem na parentalidade (Belsky &


Jaffee, 2006).

Parentalidade na Atenção Básica

• O termo parentalizar designa a influência • Os profissionais de saúde podem auxiliar a


positiva que uma pessoa exerce sobre o formação da parentalidade oferecendo
sentimento que um adulto tem de ser pai e espaço para a manifestação de
mãe; sentimentos comuns durante o referido
processo, sentimentos como o medo de
• A equipe de saúde prestar atenção na não conseguir manter a vida e o
relação que os membros da família crescimento de seu bebê, o medo de não
estabelecem com a criança, na maneira conseguir envolver-se emocionalmente
como se dispõem a cuidar dela, em seu com o seu bebê de modo autêntico e
percurso escolar desde os primeiros anos; pessoal (e de que ele não se desenvolva
emocionalmente), a preocupação em
• A equipe de saúde deve ainda como criar o bebê (se irá ou não permitir
compreender e orientar os pais sobre a sistemas de apoio necessários) e o medo de
formação de vínculos e o fortalecimento da não conseguir modificar-se ou reorganizar
parentalidade; sua identidade

• O profissional precisa estar atento às • É importante também que o profissional de


possíveis e frequentes dificuldades que se saúde reconheça os pais que desenvolvam
apresentam e precisa estimular a bem a parentalidade, que se mostrem
construção de uma rede, inclusive na envolvidos com o crescimento do filho,
equipe de saúde, que sirva de apoio à apoiando as suas novas necessidades, para
família; que tais atitudes sejam estimuladas.

Síndrome da Alienação Parental (SAP)

Situação em que a mãe ou o pai de genitor; calunia a imagem do outro genitor.


uma criança a induz a romper os laços Alienador é a pessoa que promove ou
afetivos com o outro genitor, criando fortes induz a alienação parental e alienado, o
sentimentos de ansiedade e temor em indivíduo que é vítima da alienação.
relação a ele.
Criança alienada: apresenta um
Genitor alienador: exclui o outro sentimento constante de raiva e ódio
genitor da vida dos filhos; interfere nas contra o genitor alienado e sua família; se
visitas; ataca a relação entre filho e o outro recusa a dar atenção ou visitar o outro

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genitor; guarda sentimentos e crenças induzida por um dos genitores, pelos avós
negativas sobre o outro genitor, que são ou pelos que tenham a criança ou
inconsequentes, exageradas ou adolescente sob a sua autoridade, guarda
inverossímeis com a realidade. ou vigilância para que repudie genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou
Ato de alienação parental é à manutenção de vínculos com este (Lei
a interferência na formação psicológica da n.º 12.318/2010).
criança ou do adolescente promovida ou
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REFERÊNCIAS

ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Zabar Editores, 1978.
CARTER, B.; MCGOLDRICK, M. (Orgs.). As mudanças no ciclo de vida familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, pp.
206-221, 1995.
CHRISTIANO, R. M.; NUNES, N. R. A. A Família na Contemporaneidade: Os Desafios para o Trabalho do Serviço
Social. Em Debate, v. 2, n. 11, p. 32–56. 2013.
FIORINI, M. C.; GUISSO, L. Teoria Familiar Sistêmica: retrospectiva, história e perspectivas atuais. Psicologia. PT.
2016.
GOMES, M. S. R. Terapia de família. Psicologia ciência e profissão.
JUNQUEIRA, M. F. A. Parentalidade contemporanea: encontros e desencontros. Primórdios, v. 3, n. 3, Rio de
Janeiro, p. 33-44, 2014.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica 33. Saúde da Criança: crescimento e desenvolvimento.
Brasília, 2012.
MIOTO, R. C. T. Família e saúde mental: contribuições para reflexão sobre processos familiares. Katálysis, p. 20-
26, 1997.
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EXERCÍCIOS

01. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Sobre a C) estabelecerem, para os vários sistemas
disfuncionalidade familiar, é INCORRETO de relação, vínculos afetivos superficiais e
afirmar que decorre de seus membros instáveis.
A) priorizarem, muitas vezes, os interesses D) mostrarem dificuldade de adaptação a
particulares em detrimento dos interesses situações novas e conflituosas à dinâmica
grupais. familiar.
B) serem incapazes de assumir ou E) estruturarem modelos de arranjos
readequar seus papéis dentro do sistema familiares distintos e discordantes daquele
familiar. natural, o nuclear.

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02. (IAUPE, 2018, SF) Segundo a V. Priorizava o modelo de família


classificação de Kaslow quanto à monoparental, segundo um regime
composição familiar, sobre o que deve ser patriarcal.
considerado família contemporânea, Está(ão) CORRETA(S)
analise os itens abaixo: A) apenas uma.
I. As famílias nucleares, incluindo duas B) apenas duas.
gerações com filhos biológicos. C) apenas três.
II. As famílias extensas, incluindo três ou D) apenas quatro.
quatro gerações. E) todas.
III. As famílias reconstituídas, após divórcio.
IV. Os casais sem filhos. 04. (IAUPE, 2018 SF) Sobre a perspectiva do
V. As famílias monoparentais. ciclo de vida familiar, é INCORRETO afirmar
VI. Os casais homoafetivos, com ou sem que
crianças. A) não pode ser compreendido como uma
Estão CORRETOS maneira de normalizar o desenvolvimento
A) I, II e III, apenas. das famílias, mas como uma proposta de
B) I e II, apenas. compreender o relacionamento
C) I, II, III e V, apenas. intergeracional de cada família.
D) I, II, III, IV e V, apenas. B) as etapas da vida familiar são marcadas
E) I, II, III, IV, V e VI. por transições, que podem tanto ser
relacionadas com as mudanças intrínsecas a
03. (IAUPE, PERFIL AB 2018) 31. Sobre o cada fase de desenvolvimento (como
modelo de arranjo familiar tradicional, nascimentos, casamentos, saída dos filhos
muito presente até o início dos anos 70, e da casa dos pais...), bem como com eventos
para o qual, em muitos aspectos, se inesperados, como acidentes e
contrapõem os modelos atuais, analise as adoecimentos.
seguintes afirmações: C) a família deve ser compreendida como
I. Estimulava o envolvimento afetivo um sistema inter-relacionado, o que
espontâneo do homem com o filho. significa dizer que toda mudança individual
II. Pautava-se, no âmbito familiar, num acarreta consequências para todo o
modelo de educação autoritário e sistema.
negligenciador. D) as equipes de saúde que trabalham com
III. Favorecia a simetria na distribuição dos famílias na perspectiva do ciclo vital devem
papéis entre homens e mulheres. conhecer as singularidades e estruturas de
IV. Enfatizava uma educação vinculada à cada família, sem se ater ao contexto social,
moralidade religiosa e ao higienismo cultural e econômico ao qual essa família
médico. pertence.
E) em famílias de classe social vulnerável,
alguns fenômenos contribuem para
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encurtar as fases do ciclo de vida, como a C) subsistemas – fronteiras – padrões


gravidez e os casamentos precoces, além da comunicativos
necessidade de começar a trabalhar para D) agrupamentos - regras –fronteiras
contribuir com a renda familiar, E) padrões comunicativos - subsistemas –
acarretando, muitas vezes, evasão escolar. rótulos

05. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Observando- 7.(CONUPE 2020, Perfil Atenção Básica).
se as transformações ocorridas na família, Segundo a abordagem teórico-conceitual
nas últimas décadas, assinale a alternativa da família desenvolvida por Minuchin,
que, INCORRETAMENTE, caracteriza as considere a seguinte situação familiar:
novas formas de organização e “Dona Joana vai para o trabalho toda
funcionamento familiar. manhã, retornando às 18h e Sr. Pedro, seu
A) Destituição da organização nuclear como companheiro, às 20h. Enquanto
o modelo adequado e padrão. trabalham, a filha Maria, com 16 anos,
B) Relação simétrica baseada na supressão durante a tarde, além de realizar suas
da hierarquia na relação pai-filho. atividades escolares, promove junto com a
C) Reorganização e flexibilização dos papéis vizinha D. Teodora, segundo orientação de
exercidos pelos seus membros. sua mãe, os cuidados da irmã mais nova,
D) Prevalência das relações igualitárias de Bia, que ainda tem 10 anos”. Nesse
gêneros, especialmente entre os pais. contexto, é CORRETO afirmar que
E) Estímulo e valorização das relações A) inexiste uma nítida definição das
dialógicas entre os seus membros. fronteiras e de seus subsistemas. B) temos
uma família disfuncional dada a
06. (IAUPE, PERFIL AB, 2016) Considere o indiferenciação de papéis. C) o subsistema
seguinte enunciado: Os _________ de uma fraterno exclui o subsistema conjugal e seus
família são separados por _________ e papéis. D) ocorre a supressão das regras
constituídos por _________ e limites definidoras do subsistema fraterno. E) se
próprios que regulam as trocas e os evidencia certa flexibilidade no exercício
intercâmbios estabelecidos entre eles, o dos papéis familiares.
que permite a manutenção de sua
integridade e de seus padrões próprios. 08. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Na
Considerando a abordagem teórico- atualidade, considerando-se as
conceitual da família desenvolvida por propriedades que definem um
Minuchin, assinale a alternativa que, determinado grupo como uma família, é
CORRETA e SEQUENCIALMENTE, preenche INCORRETO afirmar que, entre os seus
as lacunas do enunciado. membros, deva-se, necessariamente,
A) subsistemas – fronteiras – regras observar uma
B) rótulos – interditos - padrões A) relação de cuidado.
comunicativos B) organização de papéis.
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C) estrutura de subsistemas. B) propiciar o afeto, veiculado à satisfação e


D) relação de poder autocrático. à frustração, o qual é fundamental para
E) relação afetiva duradoura. garantir a sobrevivência emocional do
indivíduo e, também, prevenir futuros
09. (IAUPE, 2018, PERFIL AB) Considerando transtornos de qualquer tipo.
o conceito de parentalidade e sua C) servir de suporte e continência para as
caracterização, assinale a alternativa ansiedades existenciais dos seres humanos
INCORRETA. durante o seu desenvolvimento, auxiliando
A) Suas atividades básicas podem ser estes na superação das “crises” inerentes ao
situadas na dimensão do cuidado, da transcorrer do ciclo vital.
disciplina e da promoção do D) criar um ambiente adequado à
desenvolvimento da criança. aprendizagem empírica, que estimula e dá
B) As concepções, em certa medida, podem sustentação ao processo de
diferir culturalmente, mas o foco na desenvolvimento cognitivo dos seres
atenção aos filhos é consensual. humanos, especialmente de crianças e
C) A relação conjugal, em conformidade adolescentes.
àquela associada ao arranjo nuclear, é um E) constituir um ambiente no qual o
fator fundamental ao exercício de uma indivíduo, durante o ciclo evolutivo,
parentalidade funcional. vivencie tanto os eventos críticos previsíveis
D) Seu exercício depende das características como aqueles críticos imprevisíveis, que
dos pais, das características da criança e do podem ou não ser disfuncionais.
contexto social subjacente à relação
criança-pais. 11. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Considerando
E) O contexto comunitário, por exemplo, a a parentalidade e os novos e diversos tipos
vizinhança, também é um fator significativo de arranjos familiares, analise as
para o favorecimento ou desfavorecimento informações abaixo:
do exercício da parentalidade. I. Os arranjos familiares atuais, que são
diversos e asseguram o término do modelo
10. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Sobre a de família nuclear, por seu esgotamento
família e sua importância para a cultural, refletem mudanças sociais e
constituição psíquica do sujeito, segundo históricas, até certo ponto irreversíveis,
sua singularidade, liberdade e autonomia, como o declínio do patriarcado, o aumento
é INCORRETO afirmar que a família deva no número de divórcios, o controle da
A) reproduzir a cultura de uma dada natalidade e a inserção da mulher no
sociedade e, assim, exercer o processo de mercado de trabalho.
influência pelo qual o indivíduo é levado a II. As novas formas de parentalidade,
conformar sua identidade e subjetividade às inerentes aos novos arranjos familiares,
crenças socialmente estabelecidas. impõem a concepção da família enquanto
indivíduos ligados entre si,
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prioritariamente, por uma aliança E) Apoio automático ao genitor alienador no


permeada por afetos, que podem ou não conflito parental
possuir um vínculo consanguíneo, o qual
seria casual e não necessário. 13. (IAUPE, RMSF, 2008) Antônio Lancetti
III. A relação parental entre pais e crianças (2000) refere que os profissionais de saúde
precisa decorrer do desejo de filiação devem abandonar “o ideologema família
daqueles que sejam o pai e a mãe, ou seja, desestruturada”. O que ele quer dizer com
implica desejo de manter um essa afirmativa?
relacionamento saudável com a criança, no A) Que cada família tem suas regularidades
qual lhe são oferecidas condições para o que organizam a vida coletiva, com padrões
desenvolvimento de suas potencialidades e uma lógica singular que define o lugar e os
sociais, emocionais e cognitivas, não sendo, papéis dos seus membros e que a proposta
nesse contexto, o gênero, a condição de cuidado da equipe precisa respeitar essa
econômica e a orientação sexual, dentre dinâmica.
outros fatores possíveis, condições que B) Que a análise de cada organização
validam ou invalidam a filiação. familiar deve estar articulada com a
Está INCORRETO, apenas, o que se afirma situação sócio-econômica em que está
em inserida e que esta última deve ser o
A) I. B) II. C) III. principal elemento norteador do cuidado.
B) D) I e II. E) II e III. C) Que a família não é, mas fica
desestruturada, quando um dos seus
12. (IAUPE, PERFIL AB, 2016) No âmbito da membros apresenta sofrimento psíquico,
parentalidade, uma grave situação de precisando este ser o foco de tratamento.
convívio familiar, seja qual for o tipo de D) Que os parâmetros para leitura de uma
arranjo familiar, é a alienação parental, e, dinâmica familiar são variados e que as
mais ainda, a Síndrome da Alienação melhores classificações para nortear o
Parental (SAP). Sobre isso, assinale a cuidado são o de “família saudável” e
alternativa cujo sintoma está “família adoecida”.
INCORRETAMENTE relacionado a essa E) Que cada família tem sua organização
síndrome. própria e cabe ao técnico, a partir do
A) Justificativas fúteis ou infundadas para o paradigma da psicopatologia, identificar
ódio ao genitor possíveis problemas que possam provocar o
B) Extensão do ódio pelo genitor aos adoecimento da família.
familiares deste
C) Atitudes de desrespeito em relação ao 14. (IAUPE, 2018 SF) Sobre o trabalho com
genitor alienado famílias na Estratégia de Saúde da Família,
D) Sentimentos ambivalentes relacionados é CORRETO afirmar que
ao genitor alienado

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A) são parte de uma família todas as II. A família passa de uma rede mais extensa
pessoas que possuem parentesco por para uma mais nuclearizada, fragmentada e
consanguinidade, morando juntas ou não. privatizada.
B) se deve trabalhar com cada sistema III. O homem e a mulher passam de uma
familiar isoladamente, pois os seus posição de diferentes, em termos de papéis
problemas são sempre singulares, não e autoridade, para uma posição de
tendo relações com o contexto social. identidade idiossincrática.
C) a família deve ser entendida como IV. As relações parentais passam de
sistema aberto, dinâmico e complexo, cujos extremamente hierarquizadas para
membros pertencem a um mesmo contexto totalmente igualitárias.
social compartilhado, sendo a responsável Assinale a alternativa CORRETA.
pelo processo de socialização e subjetivação A) Apenas um está correto.
dos indivíduos. B) Apenas dois estão corretos.
D) a equipe de saúde da família deve C) Apenas três estão corretos.
trabalhar com os membros do núcleo D) Todos estão corretos.
familiar, sem considerar as relações de E) Todos estão incorretos.
vizinhança e a família extensa.
E) o/a Psicólogo(a) que trabalha no Núcleo 16. (UPE, 2022, PERFIL AB) Imaginemos
de Apoio à Saúde da Família (NASF) deve uma família com a seguinte organização:
identificar junto com a Equipe de Saúde da i – os dois, um homem e uma mulher,
Família as famílias desestruturadas, atualmente num relacionamento estável, já
priorizando o cuidado a esses indivíduos. foram casados uma vez, ii – de cada
casamento anterior, cada um teve um filho,
15. (UPE, 2022, PERFIL AB) Considerando as com o qual partilham vida social e iii –
principais mudanças ocorridas entre as atualmente, coabitam o casal e os dois
décadas de 50 e 80 no âmbito familiar, filhos.
analise os itens abaixo: Assinale a alternativa que,
I. A identidade, calcada na posição, sexo e CORRETAMENTE, denomina esse tipo de
idade da pessoa, com a autoridade paterna arranjo familiar.
questionável, passa a ser baseada menos A) Pluriparental
nas diferenças pessoais que nas sexuais, B) Monoparental
etárias e posicionais. C) Anaparental
D) Nuclear
E) Extenso

GABARITO

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1. E 2. E 3. A 4. D 5. B 6. A 7. D

8. D 9. C 10. A 11. A 12. D 13. A 14. C


15. B
16. A

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Aulas

25 26 &

RACIOCÍNIO DIAGNÓSTICO, NOSOGRÁFICO E


PSICOSSOCIAL
Profª Luanna Cruz

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RACIOCÍNIO DIAGNÓSTICO, NOSOGRÁFICO E
PSICOSSOCIAL

RACIOCÍNIO DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO


NOSOGRÁFICO PSICOSSOCIAL

• Envolve a formulação de um conceito • Descrição e • Clínica ampliada;


inicial a partir do primeiro contato classificação das • Integralidade;
com o usuário (sintomas e sinais). A doenças- • Foco no sujeito.
categorização;
construção de hipóteses diagnósticas
a partir da memória, experiência • Foco nos sinais e
sintomas;
clínica e conhecimento adquirido. Ao
• Manuais: CID-10 e
longo da avaliação (entrevista,
DSM-V.
anamnese, testes), as hipóteses
podem ser confirmadas ou refutadas.
A hipótese deve ser adaptada a
manifestação clínica e novas
informações que surgem ao longo do
processo. Síntese do problema são as
novas informações adicionadas ao
conceito inicial. Decisão diagnóstica é
o encaixe de uma das hipóteses na
manifestação clínica. Decisão
terapêutica deve ser dirigida pelo
diagnóstico e pela síntese do
problema. E por fim a monitorização
do diagnóstico e tratamento.

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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA TESTAGEM


PSICOTERAPIA
(PSICODIAGNÓSTICO) PSICOLÓGICA
• Procedimento clínico que envolve um • Mensuração objetiva • “qualquer método de
corpo organizado de princípios teóricos e padronizada de tratamento dos
(referencial teórico), métodos e técnicas uma amostra do distúrbios psíquicos ou
comptº; corporais que utilize
(entrevista, observação, testes
• Etapa da avaliação meios psicológicos e,
psicológicos) de investigação tanto da
psicológica, que mais precisamente, a
personalidade como de outras funções implica utilização de relação entre o
cognitivas. testes de diferentes terapeuta e o doente”.
• Prática clínica bem delimitada, com tipos. Laplanche e Pontalis
objetivo, tempo e papéis definidos, (1996, p. 393)
diferenciada do processo psicoterápico.
Objetiva obter uma compreensão
profunda e completa da personalidade
do paciente (ou do grupo familiar),
incluindo elementos constitutivos,
patológicos e adaptativos. Quatro
etapas: contato inicial e primeira
entrevista, contrato; aplicação de testes
e técnicas projetivas, anamnese;
encerramento e devolutiva
(encaminhamentos); elaboração de
laudo para o solicitante.

ELEMENTOS QUE CONFIGURAM UMA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

• Objeto: fenômenos ou processos psicológicos;


• Objetivo Visado: diagnosticar, compreender, avaliar a ocorrência de determinadas
condutas;
• Campo Teórico: sistema conceitual, estado da arte do conhecimento;
• Método: condições através da qual é possível conhecer a forma de acesso ao que se
pretende explorar.

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CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS (DIAGNÓSTICO NOSOGRÁFICO)

• Esquizofrenia

Caracteriza-se por sintomas positivos: desorganizada (discurso e comportamento


surto psicótico- delírio (juízo, crença desorganizado, afeto embotado);
irrefutável) e alucinação (auditivas).
esquizofrenia catatônica (alteração
E por sintomas negativos: fase crônica- psicomotora);
falta de vontade, afeto embotado.
esquizofrenia indiferenciada (não se
encaixa nos diagnósticos anteriores) e
Subtipos: esquizofrenia paranoide
(alucinações auditivas, delírios); esquizofrenia residual (crônica, predomina
esquizofrenia hebefrênica ou os sintomas negativos em relação aos
positivos).

O DSM-5 abandonou a divisão da esquizofrenia em subtipos.

• Transtorno Obsessivo Compulsivo Sintomas interferem ou reduzem a


(TOC) qualidade do funcionamento social,
acadêmico ou ocupacional; SUBTIPOS:
Caracteriza-se pela persistência, repetição, TDAH predominantemente desatento;
angústia, invade a consciência, porém o predominantemente hiperativo/
sujeito tem crítica sobre seu adoecimento. impulsivo; combinado; Presença de
sintomas de desatenção e hiperatividade-
Obsessões são pensamentos repetitivos e impulsividade (estes diminuem na
compulsões, comportamentos repetitivos adolescência e vida adulta) em mais de um
(rituais). Difere do Transtorno de contexto da vida da pessoa, familiar,
personalidade obsessivo-compulsiva escolar, ou ocupacional;
(organização, controle, perfeccionismo).
Medicalização da infância: crítica sobre o
uso excessivo do metilfenidato (Ritalina,
• TDAH (DSM-V) ou Transtorno
um psicoestimulante).
Hipercinético (CID-10)
• Transtorno de Estresse Pós-
Presente em crianças, adolescentes e Traumático (TEPT)
adultos; Evento traumático depende do significado
pessoal que o indivíduo atribui à situação

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traumática. Pode ser por vivência direta, • Transtornos Depressivos


testemunha ou saber que o evento
Episódio difere de fase depressiva;
traumático ocorreu com familiar ou amigo
próximo; Sintomas de evitação e Tipos: transtorno depressivo recorrente
embotamento (interesse diminuído nas (mais de um episódio); distimia; depressão
atividades diárias, sentimento de endógena ou melancólica; depressão
alheamento e espectro restrito do afeto), atípica; depressão agitada ou ansiosa
reexperimentação do evento traumático, (angústia, inquietação psicomotora,
excitabilidade aumentada (insônia, insônia, irritação); depressão psicótica
irritabilidade, dificuldade de concentração, (delírio de ruína ou culpa, delírio
hipervigilância e resposta de sobressalto hipocondríaco ou de negação de órgãos ou
exagerada); alucinações com conteúdos depressivos);
depressão secundária ou orgânica
A reação e apresentação clínica do TEPT
(associada a um quadro clínico somático);
depende da natureza do evento
estupor depressivo (catalepsia (imóvel),
traumático, da quantidade de exposições,
mutismo, negativismo, recusa de
da reação diante do estressor, da
alimentação).
vulnerabilidade genética e da rede de
apoio do indivíduo após o evento; • Transtornos ansiosos

Maior prevalência: adultos, sexo feminino. Ansiedade generalizada: insônia,


Associado a ocupação. dificuldade em relaxar, angústia constante,
irritabilidade aumentada e dificuldade em
*veterano de guerra, policial, bombeiros, concentrar-se;
socorristas;
Crise/ ataque de pânico (pontual) e
Comorbidades: transtornos por abuso de transtorno de pânico (recorrente):
substância, depressão, transtornos taquicardia, suor frio, tremores,
ansiosos e o transtorno de conduta. Risco desconforto respiratório ou sensação de
de suicídio. asfixia, náuseas, formigamentos em
• Transtornos do Espectro Autista membros e/ou lábios, medo de ter um
(TEA), segundo DSM-V ataque do coração, um infarto, de morrer
e/ou enlouquecer;
Sintomas: déficit na comunicação e
interação social, padrão de Síndrome mista de ansiedade e depressão;
comportamentos, interesses e atividades
Fobia social e específicas.
restritos e repetitivos. Antes, Transtornos
Globais do Desenvolvimento (autismo, • Transtornos de Personalidade
síndrome de asperger e de rett, transtorno
Surgem na infância ou adolescência e
desintegrativo da infância).
permanecem estáveis ao longo da vida.
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Causam sofrimento para si e para a experiência; Mente de forma recorrente;


sociedade, má-adaptação. Aproveita-se dos outros.

Ansiosa/ de evitação: Dificuldade em Histriônica: Dramatiza, é muito teatral;


descontrair-se; Preocupa-se facilmente; Sugestionável e superficial; Necessita de
Teme situações novas; Atento a si próprio; atenção; Manipulador Infantil e pueril;
Muito sensível à rejeição; Extremamente Erotiza situações não comumente
inseguro. erotizáveis.

Anancástica/obsessiva-compulsiva: Paranóide: Desconfiança constante;


Rígido, metódico, minucioso; Não tolera Sensível às decepções e às críticas;
variações ou improvisações; Perfeccionista Rancoroso, arrogante; Culpa os outros;
e escrupuloso; Muito convencional, segue Reivindicativo; Sente-se frequentemente
rigorosamente as regras; Controlador (dos prejudicado nas relações.
outros e de si); Indeciso.
Esquizóide: Frio (indiferente); Distante,
Dependente: Depende extremamente de sem relações íntimas; Esquisito (estranho);
outros; Necessita muito agradar; Vive no seu próprio mundo Solitário (isola-
Desamparado quando sozinho; Sem se); Não se emociona (imperturbável).
iniciativa e sem energia; Sem autonomia
Esquizotípica: Ideias e crenças estranhas e
pessoal.
de auto referência; Desconforto nas
Borderline: Relações pessoais muito relações interpessoais; Pensamento muito
instáveis; Atos autolesivos repetitivos; vago e excessivamente metafórico;
Humor muito instável; Impulsivo e Aparência física excêntrica.
explosivo; Graves problemas de
Narcisista: Ideia de grandiosidade em
identidade; Sentimentos intensos de vazio
relação a si; Fantasias de grande sucesso
e aborrecimento crônico.
pessoal, de poder, brilho, beleza ou de um
Sociopática/antissocial: Irresponsável, amor ideal; Requer admiração excessiva;
inconsequente; Frio, insensível; Sem Acha-se muito especial; Arrogante;
compaixão; Agressivo, cruel; Não sente Explorador e sem empatia; Invejoso e
culpa ou remorsos; Não aprende com a acredita que os outros têm inveja dele.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, A. C.; NETO, F. L. A nova classificação americana para os transtornos mentais- o DSM 5.
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 16, n. 1, p. 67-82, 2014.

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Básica
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ARAÚJO, M. F. Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: teoria e prática. v. 9, n.


2, p. 126-141, 2007.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª ed. Porto Alegre:


Artmed, 2008.

MARTINS-MONTEVERDE, C. M. S.; PADOVAN, T.; JURUENA, M. F. Transtornos relacionados a traumas


e a estressores. Medicina (Ribeirão Preto, Online.), 50 (supl.1), p.37-50, 2017.

TDAH no DSM-V. Disponível em: <https://www.tudosobretdah.com.br/o-tdah-no-dsm-5/> Acesso


em outubro de 2017.

TDAH- A história completa do TDAH que você não conhecia. Disponível


em: <http://www.psicoedu.com.br/2016/11/historia-origem-do-tdah.html> Acesso em
outubro de 2017.

EXERCÍCIOS

01. Sobre a entrevista clínica, assinale a e de indicação terapêutica” (Adaptado de


alternativa INCORRETAMENTE relacionada Carrasco e Macedo, 2004).
à sua caracterização. Assinale a alternativa que identifica,
A) É um instrumento baseado numa relação CORRETAMENTE, a entrevista descrita.
intersubjetiva. A) Triagem
B) Psicodiagnóstico
B) Comporta uma relação interpessoal com
C) Sistêmica
papéis assimétricos.
D) Interconsulta
C) Não é uma ação intuitiva, mas
E) Retrospectiva
fundamentada teórica e tecnicamente.
D) Deve potencializar o aparecimento das
03. Sobre a esquizofrenia, assinale a
singularidades do paciente e sua realidade.
alternativa que a caracteriza
E) Compreende um pré-saber sobre o
INCORRETAMENTE.
cliente que permite esquematizar sua
A) Raramente ocorre antes da puberdade
avaliação.
e acima dos 50 anos.
B) Dentre os sintomas que lhe são típicos,
02. Considere a seguinte definição: “É uma
temos a alucinação e o delírio.
entrevista, que objetiva, primordialmente,
C) É igualmente prevalente entre homens
elaborar uma história clínica, definir
e mulheres.
hipóteses de diagnóstico descritivo, de
D) A taxa de prevalência apresenta-se
diagnóstico psicodinâmico, de prognóstico
próxima de 30 % da população.

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E) Uma de suas principais causas de V. O conteúdo dos delírios é diversificado,


mortalidade é o suicídio. sendo um dos mais típicos o delírio de
perseguição.
04. Em relação aos pensamentos presentes Está(ão) CORRETA(S)
no Transtorno Obsessivo Compulsivo A) apenas uma. B) apenas duas. D) apenas
(TOC), assinale a alternativa que o quatro. C) apenas três. E) todas.
caracteriza INCORRETAMENTE.
A) Tal qual na inserção de pensamentos 06. Considerando o comprometimento do
(delírio), são percebidos como uma processo de pensamento no âmbito dos
imposição externa. transtornos psíquicos, assinale a
alternativa que identifica, corretamente,
B) São intrusivos, inadequados e
um sintoma associado a tal
recorrentes, causando acentuada comprometimento.
ansiedade ou sofrimento. A) Disartria
C) Não são meras preocupações excessivas B) Sinestesia
com problemas da vida real ou cotidiana. C) Mutismo
D) O paciente tenta, sem sucesso, evitar tais D) Torpor
pensamentos com outros pensamentos ou E) Descarrilamento
ações.
E) Muitas vezes, vêm associados a imagens
07. Sobre o transtorno de Estresse Pós-
ou impulsos geradores de angústia e
traumático (TEPT), assinale a alternativa
ansiedade
incorreta.
A) A existência de um fator estressor
05. (CONUPE, 2020, Perfil Atenção Básica)
(evento traumático) é sua principal causa.
Considerando-se as características do
B) O potencial patogênico do evento
delírio, para sua devida identificação e
traumático independe de sua significação
avaliação diagnóstica, analise as
subjetiva
informações abaixo:
C) Entre os fatores de risco, observam-se
I. Seu conteúdo compreende, sempre, um
experiências traumáticas da infância
juízo de valor, ou seja, o certo e o errado.
D) Dentre os sintomas, temos irritabilidade,
II. É passível de correção mediante uma
hipervigilância e sobressaltos exagerados
argumentação devidamente
E) Pode estar associado a outros
fundamentada.
transtornos, como depressão e o uso de
III. No transtorno obsessivo-compulsivo,
substâncias
manifesta-se como pensamentos
repetitivos. IV. Dentre suas modalidades,
08. Sobre a esquizofrenia, assinale a
temos a percepção delirante (alucinação) e
alternativa que identifica um sintoma
a cognição delirante.
típico do seu diagnóstico.
A) Discurso desorganizado

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P á g i n a | 220

B) Sudorese C) Transtorno de estresse pós-traumático /


C) Despersonalização Irritabilidade
D) Agorafobia D) Transtorno de ansiedade generalizada /
E) Ilusões perceptivas Perturbação do sono
E) Síndrome de Asperger / Perda de
09. Considerando-se, na perspectiva do habilidades manuais voluntárias
raciocínio diagnóstico, a avaliação de
determinada pessoa como portadora de 11. Em relação ao transtorno de déficit de
um episódio depressivo maior (depressão), atenção/hiperatividade (TDAH), assinale a
analise os procedimentos abaixo: alternativa que descreve,
I. Analisar os dados para levantar tantas INCORRETAMENTE, suas características.
hipóteses quantas possíveis, as quais, sendo A) Não deve ser diagnosticado no curso dos
aceitas, reformuladas ou refutadas, transtornos globais do desenvolvimento,
promoverão a tomada de decisão. como o autismo.
II. Circunscrever o processo de coleta de B) As causas são inespecíficas, inexistindo
dados à observação e análise dos sintomas evidência definitiva neurofisiológica ou
imediatamente verbalizados pela paciente. neuroquímica.
III. Testar e validar as hipóteses levantadas C) Dentre os possíveis sintomas, temos o
e, concomitantemente, observar sua frequente esquecimento de realizar
coerência e adequação (ou não) para a atividades diárias.
realização de um diagnóstico diferencial. D) Os estudos divergem quanto à
IV. Relacionar a sintomatologia aos critérios prevalência, mas concordam quanto ao seu
nosográficos da depressão, como grande impacto social.
especificados na literatura concernente, e, E) Os sintomas começam a desparecer no
assim, estabelecer o diagnóstico e a início da adolescência e cessam na vida
terapêutica adequados. adulta.
Estão de acordo com o raciocínio
diagnóstico apenas 12 Considere a seguinte definição: São
palavras criadas pelos doentes ou palavras
A) I e II. B) I e III. C) I e IV. D) I, II e III.
já existentes empregadas com sentido
E) II, III e IV.
desfigurado. É um sintoma muito comum
na esquizofrenia (Pain, 2000).
10. Considerando os diversos transtornos
Assinale a alternativa que identifica,
psíquicos e os sintomas que podem estar
CORRETAMENTE, o sintoma definido pelo
relacionados ao seu diagnóstico, assinale a
autor.
alternativa cuja associação é INCORRETA.
A) Neologismo B) Bradilalia C) Dislexia
A) Esquizofrenia / Alucinações
D) Logorreia E) Verbigeração
B) Transtorno obsessivo-compulsivo /
Pensamentos impulsivos
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13. No processo de raciocínio diagnóstico, ( ) Cuidar da adequação do ambiente, do


considerando-se a situação clínica como espaço físico, do vestuário dos aplicadores e
uma situação-problema, pode-se observar de outros estímulos que possam interferir,
o seguinte procedimento: a) acessar direta ou indiretamente, no contexto de
informações sobre os sintomas do aplicação.
paciente, formando uma representação
interna do caso apresentado, b) Assinale a alternativa que apresenta a
desenvolver hipóteses, c) procurar sequência CORRETA.
evidências que confirmem ou neguem as A) F, V, V, F B) V, V, F, V C) V, F, F, V
hipóteses levantadas e d) escolher e testar D) F, F, F, V E) V, F, V, V
um procedimento.
Sobre isso, a estratégia de solução utilizada 15. Em relação à avaliação psicológica, é
no raciocínio é teoricamente denominada INCORRETO afirmar que
de A) exige competências e habilidades
A) Tomada de decisão. técnicas e teóricas específicas.
B) Ensaio e erro. B) pode ser realizado tanto com pessoas ou
C) Silogismo. grupos de pessoas.
D) Avaliação. C) as informações coletadas têm um caráter
E) Compensação. descritivo e explicativo.
D) sua objetividade exclui a influência de
14. Numa palestra sobre o processo de condicionantes históricos e sociais.
aplicação de testes, um psicólogo afirmou E) se utiliza de instrumentos diversos, como
que o avaliador deve adotar alguns testes, entrevistas, documentos etc.
procedimentos. Sobre eles, coloque V nas
afirmativas verdadeiras e F nas falsas. 16. A escuta e o vínculo são ferramentas
( ) Observar se existem dificuldades essenciais para o cuidado em saúde
específicas da pessoa em avaliação para mental. Utilizando-se dessas ferramentas,
realizar o teste, sejam elas físicas ou faz-se necessário primeiramente
psíquicas. compreender o sujeito e seu contexto,
( ) Considerar a flexibilidade da validação, tendo como base a sua história de vida e as
fidedignidade e padronização de cada teste, relações que estabelecem. Considerando
o que permite adequar, conforme a que a sintomatologia é uma das expressões
situação de avaliação, o padrão de aplicação do sofrimento, coloca-se como importante
descrito no manual. para o processo de cuidado compreender,
( ) Desconsiderar as ocorrências acidentais, de forma articulada e contextualizada, o
por exemplo, o cansaço do examinando e quadro de sintomas e os cursos evolutivos
considerar aquelas intencionais, tais como a dos transtornos mentais. Dessa forma,
produção de respostas deliberadamente qual das alternativas abaixo expressa
distorcidas ou erradas. melhor o raciocínio diagnóstico a ser
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realizado quando nos chega uma pessoa I. A equipe de Saúde da Família entende que
apresentando sintomas psíquicos? esse caso precisa de uma retaguarda
A) Identificar, de imediato, se os sintomas especializada, encaminhando
são oriundos de um quadro orgânico ou não primeiramente para o neurologista infantil
para definição do tratamento adequado. de referência que poderá avaliar a
B) Definir se o quadro apresentado trata de existência de algum quadro orgânico que
uma psicose ou neurose e depois fazer esteja causando a alteração
investigação clínica para agregar ou não comportamental.
uma explicação orgânica para a situação. II. A psicóloga se oferece para fazer uma
C) No primeiro momento, identificar se há visita domiciliar junto com a Agente
ou não alterações de memória e/ou de nível Comunitária de Saúde na casa de João e
de consciência, oriundos de um quadro compreender melhor a dinâmica familiar
orgânico. Em caso afirmativo, realizar bem como o contexto e a história de vida da
investigação do quadro orgânico quanto à criança.
sua natureza (neurológico, tóxico, III. Na discussão do caso, a psicóloga propõe
infeccioso e outros). Em caso negativo, à enfermeira que as duas façam uma visita
definir, a partir da caracterização das à escola para conhecer o local e conversar
vivências, se o quadro trata de psicose ou com sua professora, procurando conhecer
neurose. melhor as dificuldades de João e sua relação
D) Identificar os sintomas apresentados, com os colegas e professores.
independente da sua natureza: IV. A psicóloga entende que o caso
somatização, alucinação, delírio, delirium, provavelmente necessitará de um
agitação psicomotora, alteração de acompanhamento psicoterápico individual,
memória de consciência e outros. assumindo a responsabilidade pelo caso.
E) Nenhuma das alternativas está correta. Está CORRETO, apenas, o que se afirma em

17. João é um menino de 6 anos que foi A) II e III. B) I. C) II e IV. D) IV.


trazido pela avó, atual cuidadora, ao E) II, III e IV.
acolhimento da Unidade de Saúde da
Família. A avó relata que ele está 18. A Atenção Básica desempenha
“impossível” em casa e, na escola, importante papel no diagnóstico precoce,
apresenta comportamentos agressivos e no início rápido do tratamento, na
dificuldade de aprendizagem. A enfermeira manutenção do tratamento farmacológico
que acolheu o caso convidou a psicóloga da dos quadros estáveis e na reabilitação
equipe NASF para discutir as ações psicossocial para os quadros de psicose.
possíveis nesse caso. Analise as afirmativas Diante dessa constatação, assinale a
abaixo com as propostas de ações mais alternativa que NÃO corresponde às
adequadas ao encaminhamento do caso de orientações preconizadas pelo Ministério
João: da Saúde.
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A) A proximidade com os usuários e a havendo remissão espontânea ou após uma


possibilidade de acompanhar explicação de sua origem.
longitudinalmente as famílias fazem da ( ) Nos transtornos depressivos, são
Atenção Básica a instância privilegiada para encontrados sintomas, como: humor
a suspeita diagnóstica precoce das psicoses. deprimido, perda de interesse e prazer,
B) Quadros psicóticos primários em jovens, fatigabilidade aumentada, podendo ser
principalmente a esquizofrenia, podem se considerado um caso mais grave quando
iniciar com períodos de retração social e identificada dificuldade considerável em
queda do rendimento escolar. continuar com atividades sociais,
C) Nos quadros psicóticos estáveis, o laborativas domésticas e sofrimento
cuidado do transtorno mental deve ser feito subjetivo intenso.
por psiquiatra. Contudo, na realidade atual ( ) Transtornos ansiosos são caracterizados
do SUS, é grande o número de pacientes essencialmente pela presença das
portadores de psicoses crônicas, que são manifestações ansiosas desencadeadas
acompanhados quase que exclusivamente apenas pela exposição a uma situação
por generalistas. determinada. Assinale a alternativa que
D) As alucinações, que, por vezes, estão na apresenta a sequência CORRETA.
raiz dos delírios, são alterações da A) F – V – V – V
sensopercepção do real, vividas como reais B) V – F – V – F
pela pessoa. As alucinações mais frequentes C) F – F – V – F
são auditivas. D) V – V – V – F
E) Nos quadros psicóticos primários, os E) F – V – V – F
jovens podem apresentar desorganização
ou infantilização do discurso e do 20. Paulo tem 24 anos e se encontra em
comportamento. situação de rua desde os 16 anos, depois de
vivenciar muitas brigas e agressões em sua
19. Sobre as doenças psiquiátricas mais casa. Passa muitos dias dormindo na rua
prevalentes na atenção básica, analise as junto com colegas. Mantém contato com
afirmativas e coloque V nas Verdadeiras e sua família, principalmente com uma tia, a
F nas Falsas. qual visita com certa regularidade. Paulo
( ) Estão entre os transtornos mais faz uso de drogas, atualmente inalantes e
prevalentes na atenção básica as maconha. Ele não apresenta desejo de sair
somatizações, os transtornos depressivos e da rua, mas manifesta o desejo de voltar a
os transtornos ansiosos. estudar e execer uma profissão. O
( ) Nos quadros de somatização, são Consultório na Rua, serviço de Atenção
esperados sintomas físicos que ocorrem Básica destinado a pessoas em situação de
sem qualquer causa física, em geral, breves rua, fez uma abordagem a um grupo de
e relacionados a situações de estresse, jovens do qual Paulo fazia parte e, a partir
desse momento, começou a acompanhar
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seu caso. Em discussão de equipe, foi afastamento, permitindo uma intervenção


proposta a construção do Projeto técnica mais adequada.
Terapêutico Singular (PTS) para Paulo. E) a orientação profissional que deve ser
Sobre o caso apresentado, à luz do dada a Paulo é de continuar sendo
referencial proposto da clínica do sujeito e acompanhado pelos demais serviços de
da clínica ampliada, é CORRETO afirmar saúde, como CAPS e policlínicas. Paulo deve
que sair da rua e se fixar na casa de sua tia, pois
A) a construção do PTS está relacionada à os serviços de saúde têm o direito de negar
noção de co-produção do cuidado, atendimento nos casos de pessoas sem
apontando para a necessidade de comprovação de residência.
compartilhamento com os usuários, a
formulação de seus diagnósticos e 21. De acordo com Dalgalarrondo, as
condutas. Implica, portanto, convidar Paulo síndromes depressivas possuem como
para participar da construção de seu projeto elementos prevalentes o humor triste e o
terapêutico, considerando-o como sujeito. desânimo. Entretanto, existem vários
B) no processo de construção do PTS de subtipos de síndromes e transtornos
Paulo, o foco deve ser a suspensão de seu depressivos, ordenação, que se constituem
uso de drogas, pois se sabe que a causa real em um desafio psicopatológico constante.
de ele permanecer na rua é essa. Os Relacione os tipos e sua definição com base
profissionais deverão procurar serviços de nos sintomas de cada um.
internamento para afastar Paulo do I. Distimia ( ) Aumento do apetite
contexto da rua e realizar seu (principalmente para
encaminhamento. doces, chocolates) e/ou
C) durante o processo de intervenção, Paulo ganho de peso.
apresentou maior afinidade com um dos Hipersomnia (mais de 10
profissionais da equipe, sentindo-se à horas por dia ou duas
vontade para compartilhar sua história de horas a mais do que
vida diante do perfil paciente e quando não está
compreensivo desse profissional. deprimido).
Entretanto, essa intervenção focada em um
profissional não está adequada aos II.Depressão ( ) Depressão crônica,
conceitos da clínica ampliada, pois ela endógena geralmente de
preconiza que as intervenções devem ser intensidade leve, porém
feitas pela equipe multiprofissional de duradoura. Tem início na
forma interdisciplinar. vida adulta, persistindo
D) a escuta clínica não deve considerar os por vários anos. Os
vínculos e afetos envolvidos no processo de sintomas mais comuns
cuidado, uma vez que a atuação profissional são: diminuição da
deve se guiar por uma postura neutra e de autoestima, fatigabilidade
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aumentada, dificuldade ( ) Tristeza/sensação de depressão


de concentração ou ( ) Fobia e perturbação compulsiva
de tomar decisões, ( ) Reação aguda ao estresse e estresse pós-
mau humor crônico, traumático
irritabilidade e ( ) Somatização
sentimento de ( ) Sensação de ansiedade, nervosismo e/ou
desesperança. tensão

III. ( ) Lentificação Assinale a alternativa que apresenta a


Depressão Psicomotora, demora em sequência CORRETA.
atípica responder às perguntas; A) V-F-F-V-V B) F-F-F-F-F C) F-V-F-V-F D)
perda de apetite e de peso V-F-V-V-F E) V-V-V-V-V
corporal; alterações do
sono, sobretudo insônia 23. Quanto às diretrizes gerais para
terminal, anedonia; identificação de problemas de saúde
depressão pior pela mental em criança e adolescente, é correto
manhã, melhorando ao afirmar, EXCETO, que
longo do dia; A) a avaliação das crianças e adolescentes
hiporreatividade geral; deve focar no conhecimento da
tristeza vital, “sentida no subjetividade dos seus pais, uma vez que
corpo” (qualitativamente esta espelhará as dos filhos.
diferente da tristeza B) a demanda de cuidado na faixa etária em
normal); diminuição da foco, em geral, parte dos adultos, os quais
latência do sono REM; devem reconhecer as dificuldades da
ideação de culpa. criança ou do adolescente, acreditar que há
necessidade de cuidados e, ainda, que os
Assinale a alternativa que apresenta a serviços de saúde podem ajudá-los.
sequência CORRETA. C) ações que fortaleçam os fatores
A) I – II – III protetores e o desenvolvimento da
B) I – III – II resiliência devem fazer parte do cuidado
C) II – I – III das famílias em situações de
D) II – III – I vulnerabilidade
E) III – I – II D) um dos objetivos da avaliação inicial é a
formulação de hipótese diagnóstica,
22. Nos itens abaixo, assinale V devendo haver cautela para que ela foque
(Verdadeiro) para os transtornos na pessoa da intervenção e não, apenas, na
classificados como “transtornos mentais sua “doença”.
comuns” e F (falso) para os que não se E) o genograma e o ecomapa podem ser
enquadram nessa classificação. ferramentas para uma melhor
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compreensão do contexto da criança e do B) os sintomas de ansiedade ou depressão


adolescente, sua família, a escola e a podem estar associados ao abuso ou à
comunidade. dependência do álcool.
C) testes, como o AUDIT, devem ser
24. Considerando-se os principais grupos aplicados em todos os usuários adultos da
de problemas das crianças e adolescentes, Atenção Básica como forma de detectar,
assinale a alternativa CORRETA. precocemente, casos de alcoolismo.
A) Os sintomas emocionais mais comuns D) Para maior clareza no diagnóstico do
são os comportamentos antissociais e o uso abuso ou da dependência ao álcool, é
de drogas. B) Os sintomas emocionais mais necessário discutir com os familiares sobre
comuns são problemas de conduta e o contexto do usuário, uma vez que o
atrasos no desenvolvimento. próprio usuário não consegue fazer uma
C) Os sintomas emocionais mais comuns são autocrítica quanto ao seu padrão de uso.
os comportamentos antissociais e a E) a frequência com que a pessoa consome
agitação. álcool não traduz o risco para o alcoolismo
D) Os sintomas emocionais mais comuns e, sim, a quantidade consumida.
são ansiedades, medos, tristezas, alteração
de apetite e sono. 27. Segundo o Manual de Prevenção de
E) Os sintomas emocionais mais comuns são Suicídio dirigido a profissionais de saúde
os comportamentos antissociais e as mental, são considerados fatores de risco
dificuldades de relacionamento. para o suicídio
A) transtornos mentais e psicológicos.
25. Os principais fatores de proteção e de B) psicológicos e sociodemográficos.
risco para os transtornos mentais podem C) hereditários e psicológicos.
ser classificados nos seguintes domínios: D) transtornos mentais, sociodemográficos,
A) sexual, psicológico e social. psicológicos e condições clínicas
B) social, psicológico, biológico. incapacitantes. E) hereditários, psicológicos
C) cultural, espiritual e psicológico. e sociais.
D) sexual, espiritual e psicológico.
E) social, psicológico, comportamental. 28. Quanto aos fatores de risco
psicológicos para o suicídio, assinale a
26. Quanto à detecção e intervenção breve alternativa INCORRETA.
ao usuário de álcool, é CORRETO afirmar A) Perdas recentes
que B) Perdas de figuras parentais na infância
A) a avaliação do padrão de uso do usuário C) Dinâmica familiar conturbada
deve fazer parte da rotina a partir da idade D) Epilepsia
adulta. E) Personalidade com traços significativos
de agressividade e humor lábil

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29. Existem características psicológicas E) I, II e III.


próprias ao estado em que se encontra a
maioria das pessoas sob risco de suicídio. 31. Contrapondo-se às práticas clínicas
Sobre elas, todas as alternativas estão tradicionais (ou clássicas) e às práticas
corretas, EXCETO: denominadas de emergentes (ou atuais), é
A) a pessoa apresenta ambivalência em CORRETO afirmar que essas últimas,
decorrência dos problemas de suas vidas, o diferentemente das primeiras, visam à
que desencadeia uma luta interna entre o subjetividade, segundo o(a)
desejo de vida e de morte. A) estabelecimento de uma escuta
B) o impulso de cometer suicídio pode ser sustentada na veiculação do sujeito ao seu
transitório e ser controlado e, assim, evitar contexto social. B) favorecimento,
o suicídio. C) rigidez/constrição leva a mediante uma postura ativa, da
pessoa a pensar em termos de tudo ou ideologização da relação terapeuta-cliente.
nada. C) direcionamento do foco da escuta
D) a associação dos 4D (depressão, terapêutica para o sofrimento enquanto
desesperança, desamparo e desespero) conflito intrapsíquico.
serve de alerta para a necessidade de D) reorganização dos mecanismos psíquicos
cuidado. de ajustamento do sujeito às demandas da
E) as características psicológicas devem ser realidade.
observadas, uma vez que as pessoas em E) elaboração dos conflitos psíquicos
risco de suicídio não costumam expressar mediante a recusa dos seus determinantes
seus pensamentos e intenções suicidas socioculturais.

30. Sobre os dispositivos e as técnicas à 32. Sobre o Transtorno de Ansiedade


disposição do(a) psicólogo(a) para o Generalizada, assinale a alternativa cuja
diagnóstico e intervenção na atenção descrição está INCORRETAMENTE
básica e especializada, analise os itens relacionada ao seu diagnóstico.
abaixo: A) Ansiedade e preocupação excessiva com
I. Entrevista psicológica/anamnese e eventos ou atividades.
descrição nosológica B) Vivência de sentimento de incapacidade
II. Diagnóstico interventivo, mediação de ou dificuldade para controlar a situação.
conflitos e grupos operativos C) A perturbação não decorre do efeito de
III. Projeto Terapêutico Singular, uma substância ou condição médica.
matriciamento e consulta compartilhada D) Pode estar associado a sintomas, como
Está(ão) CORRETO(S) irritabilidade, perturbação do sono e
A) I, apenas. fatigabilidade. E) Ocorrência de
B) II, apenas. pensamentos intrusivos e recorrentes com
C) I e III, apenas. sentimentos de despersonalização.
D) II e III, apenas.
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GABARITO
1.E 2.A 3.D 4.A 5.B 6.E 7.B 8.A
9.B 10.E 11.E 12.A 13.A 14.C 15.D 16.C
17.A 18.C 19.D 20.A 21.E 22.E 23.A 24.D
25.B 26.B 27.D 28.D 29.E 30.C 31.A 32.E

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Aula

27
ASPECTOS PSICODINÂMICOS DA GRAVIDEZ,
PUERPÉRIO E CLIMATÉRIO
Profª Luanna Cruz

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ASPECTOS PSICODINÂMICOS DA GRAVIDEZ,
PUERPÉRIO E CLIMATÉRIO
Alguns conceitos

Gestação: momento transicional do anos. Alguns aspectos já se manifestam


universo feminino- alterações físicas, durante a gravidez.
psíquicas, sociais.
Maldonado associa a gravidez ao conceito A constelação consiste em quatro
de crise (influenciada por Caplan, Erikson): temas relacionados e suas tarefas:
perturbação temporária de um estado de (1) Tema de vida-crescimento, em
equilíbrio. que a questão central é se a mãe será capaz
de manter o bebê vivo, de fazer ele crescer
Parto: processo de contrações uterinas que e se desenvolver;
levam à expulsão do feto, momento de (2) Tema do relacionar-se primário,
encontro entre mãe e filho (bebê ideal e que se refere à capacidade de
real). envolvimento sócio emocional da mãe com
o bebê;
Puerpério: período pós-parto, duração de (3) Tema da matriz de apoio, que se
três meses, onde a mulher vivencia uma refere à necessidade da nova mãe de criar
série de adaptações físicas e emocionais. É uma rede de apoio que a ajude a realizar
também nesse período que a mulher se plenamente as duas primeiras tarefas; e
depara com o confronto entre as (4) Tema da reorganização da
expectativas construídas durante a identidade, em que a questão é se a mãe
gestação e a realidade trazida pela chegada será capaz de transformar sua identidade
do bebê. para realizar suas funções, agora como
mãe. Nova tríade: mãe da mãe, mãe e
Constelação da maternidade (Stern): nova bebê.
e temporária organização psíquica após o
nascimento do filho. Pode durar meses ou

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Fatores a serem considerados no puerpério:

 Rede de apoio protetora- marido,  Perda de autonomia, restrições,


familiares e outros; dependência do bebê;
 Mães primíparas (pela primeira vez) ou  Alterações hormonais;
multíparas (tiveram outras gestações);  Período de vulnerabilidade para o
 Papel social de mãe; surgimento de transtornos mentais-
 Conflito entre atuação profissional e aumento de sensibilidade,
cuidado do filho; ambiguidade (felicidade e depressão),
sintomas ansiosos e depressivos.

Tristeza pós-parto, disforia puerperal ou bay blues

É passageira (duas semanas) e não Sintomas: irritabilidade, labilidade do


prejudica o funcionamento (forma mais humor, choro fácil, indisposição,
leve); comportamento hostil;

Prevalência de 50 a 85% das puérperas; Não é necessária intervenção


farmacológica.

Depressão pós-parto (episódio de humor pós-parto)

Começa na segunda ou terceira semana morte ou suicídio, além de queixas


após o parto e dura semanas ou meses; psicossomáticas;

Prevalência de 10 a 20%; Fatores de risco: ansiedade pré-natal,


baixo suporte social, baixa autoestima
Sintomas: irritabilidade, choro frequente, materna, circunstância de vida adversa,
sentimentos de desamparo e história pessoal de depressão, episódio de
desesperança, falta de energia e de maternity blues, relacionamento conjugal
motivação, desinteresse sexual, perda de conflituoso;
prazer e interesse das atividades,
transtornos alimentares e do sono, Dificuldades na relação mãe-bebê e
sensação de fadiga, agitação ou retardo repercussão no desenvolvimento da
psicomotor, sensação de ser incapaz de criança: menos tempo com o bebê (troca
lidar com novas situações, sentimento de de olhares e carinhos), apresentam mais
culpa ou inutilidade, pensamentos de expressões negativas, interrompem a
amamentação precocemente.

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Psicose puerperal
Transtorno mais grave que pode ocorrer no Sintomas: Euforia, humor irritável,
puerpério; logorreia, agitação, insônia, repúdio total
ao bebê (afasta-se dele), apatia e descuido
Início rápido dos sintomas, nos primeiros da higiene pessoal, delírios, alucinações,
dias pós-parto; confusão mental, comportamento
desorganizado, ideias paranoides,
Prevalência de 0,1 a 0,2%; pensamentos de infanticídio.

Outros Transtornos

 Transtorno de Ansiedade Generalizada  Transtorno obsessivo-compulsivo


(TAG); (TOC)- em relação ao bebê;
 Fobia social- aumento dos contatos  Transtorno de pânico;
sociais e medo de crítica;  Transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT)- parto como trauma.

Violência obstétrica

Violência contra a mulher que decorre de sintética para acelerar as contrações; uso
situações no ambiente hospitalar durante da anestesia, do fórceps; jejum; exames de
o parto. toque frequentes; rompimento artificial da
bolsa e posição horizontal da mulher.
Intervenções médicas desnecessárias:
cesárea, se for o caso; episiotomia (corte Outros exemplos de violência: gritar com a
na região do períneo); tricotomia mulher, proibir a entrada de
(raspagem dos pelos pubianos); enema acompanhante, violência psicológica.
(lavagem intestinal); uso da ocitocina

Climatério

É a fase da vida da mulher, entre 40 e 65 A intensidade das modificações presentes


anos, em que ocorre a transição do período no climatério depende: do ambiente
reprodutivo ao não-reprodutivo, sociocultural, das condições de vida da
envolvendo questões hormonais, sociais e mulher e do grau de privação estrogênica
emocionais. (multifatorial).

Difere de menopausa (última A maioria dos sintomas típicos do


menstruação, por volta dos 50 anos). climatério provêm da diminuição dos níveis
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de estrogênio circulantes, sendo os mais dor de cabeça, aumento de peso, visão


frequentes a instabilidade vasomotora, turva, cólica menstrual, falta de ar, mal-
distúrbios menstruais, sintomas estar, hemorragias, mudanças no humor,
psicológicos, atrofia gênito-urinária e, no irritabilidade, insônia, transtornos de
longo prazo, osteoporose e alterações memória.
cardiocirculatórias.
Não patologizar o climatério, sendo uma
Apresentação dos fogachos (calor), fase da vida da mulher.
tonturas, calafrio, palpitação, dor no corpo,

Gravidez na adolescência

No Brasil, houve um aumento do para a classe média é uma fase de transição


número de adolescentes grávidas, para a vida adulta; para a classe popular,
fenômeno sendo visto como um problema um momento de assumir reponsabilidades,
de saúde pública, em virtude dos riscos que ter um trabalho, um relacionamento
oferece para o bebê e para a adolescente afetivo.
(maturação biológica e psicológica, Para além do recorte econômico,
complicações na gestação e parto). também fazer o recorte de gênero
Ambivalência: precipita a autonomia da (meninos iniciam as relações sexuais mais
adolescente em relação aos seus pais e cedo e são mais favoráveis ao uso de
também dependência deles, preservativos). Se a adolescente tem ou
nomeadamente a nível econômico. não uma rede de apoio durante a gestação.
Maternidade pode ser compreendida Se a escola atua como uma rede protetiva,
de forma positiva: nova possibilidade de realizando ações preventivas em relação à
reconhecimento e atuação social, construir sexualidade. Se entidades governamentais
um novo lar. e ONGs atuam em relação à saúde sexual e
Pobreza, baixa escolaridade e baixa reprodutiva. Múltiplos fatores precisam ser
idade como fatores de risco para considerados para avaliar a gravidez na
ocorrência da gravidez na adolescência. adolescência como fator de risco ou de
Considerar a diversidade de proteção.
adolescência e o contexto socioeconômico:

REFERÊNCIAS

BERNI, N. I. O.; LUZ, M.H.; KOHLRAUSCH, S. C. Conhecimento, percepções e assistência à saúde da


mulher no climatério. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 60, n. 3, p. 299-306, 2007.

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CANTILINO, A. et al. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Rev. Psiq. Clín., v. 37, n. 6, p. 278-284,
2010.
CERQUEIRA-SANTOS, E. et al. Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção.
Psicologia em Estudo, v. 15, n.1, p. 73-85, 2010.
GIARETTA, D. G.; FAGUNDEZ, F. Aspectos psicológicos do puerpério: uma revisão. Psicologia.pt, 2015.
MARTINS, L. W. F.; FRIZZO, G. B.; DIEHL, A. M. P. A constelação da maternidade na gestação
adolescente: um estudo de caso. Psicologia USP, v. 25, n. 3, p. 294-306, 2014.
PULHEZ, M. M. A violência obstétrica” e as disputas em torno dos direitos sexuais e reprodutivos.
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (anais eletrônicos), Florianópolis, 2013.

EXERCÍCIOS

01. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) Em relação ao A) se trata de uma experiência que, por
ciclo gravídico-puerperal, é INCORRETO estar associada ao reconhecimento social,
afirmar que a gestante possa pode ser gratificante.
A) demonstrar um rebaixamento narcísico B) entre as suas causas, identifica-se a
caraterizado, por exemplo, pelo carência emocional e a falta de
desinteresse sexual. oportunidades e projetos de vida.
B) apresentar um funcionamento egoico, C) independe da condição econômica,
marcado por momentos de regressão- sendo igualmente presente nas diversas
progressão adaptativa. classes sociais.
C) desencadear a vivência e elaboração de D) não resulta, em geral, do
conflitos psíquicos, conscientes ou desconhecimento sobre os métodos
inconscientes, e, consequentemente, preventivos, mas do seu uso efetivo.
vivenciar mudanças identitárias. E) muitas vezes, interrompe ou adia a
D) recorrer ao mecanismo da negação, realização dos projetos de formação e/ou
quando, por exemplo, não percebe o estado exercício profissional.
físico gravídico já perceptível ou os
movimentos fetais, também perceptíveis. 03. (IAUPE, 2013, RESIDÊNCIA MULTI) No
E) experimentar, nos primeiros dias após o período pós-parto, a mulher pode
parto, um sentimento de tristeza materna apresentar o quadro de Disforia Puerperal
(babyblue), cujo risco é a efetivação de (Tristeza Materna ou Maternity Blues),
ideias homicidas associadas ao bebê. cujo diagnóstico pode ser dado a partir de
um determinado conjunto de sintomas.
Dessa forma, assinale a alternativa cujo
02. (IAUPE, 2013, RESIDÊNCIA MULTI) Em sintoma seria INCORRETAMENTE atribuído
relação à gravidez adolescente e à a esse quadro clínico.
influência de fatores psicológicos, sociais e
culturais, é INCORRETO afirmar que
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A) Irritabilidade. B) Labilidade afetiva. D) III. Para a gestante, primípara ou multípara,


Choro fácil. C) Ideias delirantes. E) ocorre a passagem da condição de ser filha
Comportamento hostil. para a de ser mãe. Por um lado, ela revive a
experiência de filiação, e, por outro, depara-
04. (IAUPE, 2014, GRUPO 28- PSICOLOGIA) se com a necessária rejeição ao seu
Considere a seguinte situação: “JM, até o relacionamento conjugal, a sua situação
nascimento do filho, demonstrava um bom socioeconômica e a sua atividade
convívio social e um bem-estar psicológico. profissional.
Todavia, após o parto, em torno da terceira Está INCORRETO o que se afirma em
semana, começou a apresentar ideação de A) II, apenas.
infanticídio, a qual, felizmente, não se B) I e II, apenas.
concretizou, uma vez que foi devidamente C) III, apenas.
cuidada”. Segundo esse contexto, assinale D) I e III, apenas.
a alternativa que identifica, E) I, II e III.
CORRETAMENTE, o diagnóstico de JM.
A) Esquizofrenia 06. (IAUPE, 2014, GRUPO 28- PSICOLOGIA)
B) Psicose pós-parto Analise as seguintes afirmações sobre a
C) Disforia do pós-parto gravidez na adolescência:
D) Depressão pós-parto I. Pode ser uma vivência ambivalente na
E) Ciclotimia qual se instala, por um lado, o desejo de
ocupar o lugar de ser mãe, e, por outro, o
05. (IAUPE, 2014, GRUPO 28- PSICOLOGIA) medo de, assumindo essa nova conquista,
Analise as seguintes afirmações sobre a perder o lugar de ser filha.
gestação: II. Observa-se, em geral, um equilíbrio entre
I. O processo gestacional impõe mudanças a realização do eu ideal (o desejo de ser
na função de algumas partes do corpo. O mulher com uma vida sexual ativa) e o eu
seio, por exemplo, que, até então, era um real (adolescente grávida, submetida às
símbolo de sexualidade, torna-se um demandas da maternidade).
símbolo de maternidade, fonte de alimento III. Não é possível generalizar a atribuição da
para o bebê. Esse estranhamento gera, gravidez na adolescência à desinformação,
muitas vezes, a despersonalização da sendo necessário postular, também, tanto o
mulher. desejo consciente como inconsciente para a
II. A intensificação de sentimentos, como sua ocorrência.
insegurança, fragilidade, apatia sexual, Está CORRETO o que se afirma em
entre outros, não é, necessariamente A) I, apenas.
negativa, já que podem refletir a mudança B) II, apenas.
pela qual o papel materno é incorporado, C) III, apenas.
favorecendo, assim, o estabelecimento do D) I e III, apenas.
“ambiente” propício à relação mãe-bebê. E) I e II, apenas
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07. (IAUPE, 2015, FCM) Joana é uma sofrem violência sexual não realizam o pré-
mulher de 35 anos que reside no bairro de natal ou postergam seu início. No entanto,
Dois Unidos, na cidade do Recife onde a assistência pré-natal é o momento
existe uma Unidade de Saúde da Família. A privilegiado para identificar as mulheres
médica de referência da USF ficou sabendo que sofrem violência e, muitas vezes, a
pela Agente Comunitária de Saúde que única oportunidade de interromper o seu
Joana estava grávida apenas quando esta ciclo. A observação cuidadosa no pré-natal,
já estava com 4 meses de gestação, as perguntas corretas e uma escuta
iniciando o pré-natal nesse momento com qualificada podem ajudar a identificar casos
a realização de todos os exames físicos. de violência e trabalhar formas de
Após o parto, Joana não quis ficar com a enfrentamento e fortalecimento da mulher,
criança, rejeitando-a e entregando-a aos para que ela possa reagir, positivamente,
cuidados de sua cunhada. Para em sua autodefesa e na proteção do bebê.
compreender o que estaria acontecendo C) quanto à atuação do psicólogo durante a
com Joana, a médica pediu apoio à gestação e puerpério, tem-se que esse só
Psicóloga da equipe NASF, e identificaram deve participar dos casos em que alguma
que Joana vivia em situação de violência, situação problemática se apresentou, como
sendo a gravidez fruto de um ato de no caso enunciado no qual a psicóloga foi
violência sexual de autoria do marido. A chamada a partir do momento de rejeição
partir da situação apresentada, em relação da mãe em relação à criança, uma vez que
aos processos psicoafetivos da gestação e os atendimentos de pré-natal e puericultura
do puerpério e em relação à atuação do são de competência exclusiva de médicos e
psicólogo nesse contexto, é CORRETO enfermeiros.
afirmar que: D) a gestação e o nascimento do filho são
A) no acompanhamento de Joana, podemos momentos importantes em que a mulher
perceber que o cuidado oferecido na passa por mudanças biológicas, subjetivas,
Unidade de Saúde da Família foi um cuidado sociais e familiares. Desse modo, os riscos
integral durante o pré-natal, uma vez que para o aparecimento de sofrimento
esse foi iniciado imediatamente após a psíquico aumentam em face aos anseios,
confirmação da gravidez, tendo sido planejamentos realizados e sentidos pela
realizados os exames físicos, as vacinas, os mulher. As formas de sofrimento mental
encaminhamentos para exames, como podem ser mais brandas ou mais graves,
ultrassom, hemograma. tendo relação exclusiva com predisposições
B) a violência, seja ela física, sexual, e história da mulher, independente de seu
psicológica ou emocional, torna-se ainda contexto socioeconômico, de suporte
mais séria quando a mulher se encontra familiar e redes de apoio.
grávida, pois traz consequências E) a identificação tardia da situação de
significativas para a saúde do binômio mãe- violência contra a mulher no caso
filho. Há indicadores de que grávidas que apresentado se justifica pelo conhecimento
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teórico de que, durante a gravidez, tem-se hiperemotividade (disposição a reagir,


uma diminuição dessas situações de emocionalmente, de modo excessivo, às
violência devido à compreensão por parte ocorrências). O choro e a tristeza são
dos autores de violência de que esse acompanhados por sentimentos de falta de
momento a mulher se encontra mais confiança e incapacidade para cuidar do
sensível e merece ser mais respeitada. bebê. Trata-se de uma etapa de
Dessa forma, a violência contra a mulher reconhecimento mútuo entre a mãe e o
pouco tem relação com os agravos de saúde bebê. É o tempo necessário para a mãe
do momento da gravidez como também das compreender que o bebê é um ser separado
alterações emocionais do momento de dela, dando término à gravidez psíquica.”
puerpério. (Adaptado de Carlesso e Souza, 2011.)
Esse quadro é denominado de
08. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Considerando A) Ambivalência materna.
todo o período gravídico-puerperal e as B) Depressão pós-parto.
vivências normais que lhe são C) Psicose pós-parto.
frequentemente associadas, assinale a D) Reação ansiosa materna.
alternativa que o caracteriza E) Baby blues (Tristeza materna).
INCORRETAMENTE.
A) Ocorrência de sentimentos ambivalentes 10. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) Sobre a
em relação ao bebê: “quer e não quer estar gestação na adolescência, é INCORRETO
grávida”. afirmar que
B) Atitude introvertida e passiva que se faz A) pode servir como solução para a
acompanhar pela diminuição do desejo realização de um projeto de vida viável e
sexual. valorizado, quando o contexto sociofamiliar
C) Pensamentos intrusivos e recorrentes, não oferece demais alternativas à
associados ao temor de dor e morte implementação de outros projetos de vida.
durante o parto. B) o surgimento da gravidez, em relação ao
D) Presença de sintomas depressivos, como vínculo com os pais, introduz um
o choro, sem que se configure um sentimento de ambivalência, pois se
transtorno depressivo. observa a precipitação da autonomia
E) Um processo de luto relacionado à quando ainda persiste uma dependência.
desidealização do bebê e ao desligamento C) como o índice de informação sobre os
progressivo dele. métodos anticonceptivos é alto entre os
adolescentes, pode-se supor que a gravidez
09. (IAUPE, 2017, PERFIL AB) Considere a sirva como um rito de passagem do status
seguinte descrição: de menina para mulher.
“Observa-se que 80% das mulheres, em D) demanda um maior cuidado, uma vez
torno do terceiro dia após o parto, que as adolescentes, por seu momento
apresentam um estado de fragilidade e vital, estão propensas a vivenciar
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comportamentos de risco, como, por C) o medo do envelhecimento, o


exemplo, a utilização de álcool e drogas. sentimento de inutilidade e a carência
E) a baixa frequência da depressão sugere afetiva favorecem a depressão.
que a maternidade, conscientemente, pode D) entre os sintomas, temos a associação
ser percebida como um fator e risco, mas, entre fogacho, sudorese, insônia,
inconscientemente, como um fator de irritabilidade e fadiga.
realização do desejo de ser mãe. E) não é uma doença ou patologia, mas,
uma etapa natural do ciclo vital feminino.
11. (IAUPE, 2016, PERFIL AB) Joana, quatro
semanas após seu parto, fez o seguinte 13. (IAUPE, 2019, PERFIL AB) Em relação à
relato: “Tenho medo de que meu filho gravidez, ao puerpério e ao climatério,
morra. Ele é muito indefeso. Também me analise as afirmações abaixo e coloque V
vêm umas ideias esquisitas, algumas nas Verdadeiras e F nas Falsas.
imagens dele sufocando no travesseiro ou ( ) Uma abordagem cuidadosa do processo
se engasgando e morrendo. Às vezes é gravídico permite constatar que, no seu
como se estivesse caindo do prédio. São início, durante o primeiro trimestre, não
pensamentos que me ocorrem muitas e existe uma gravidez totalmente aceita ou
muitas vezes, durante o dia”. rejeitada, pois, mesmo havendo a clara
Considerando que esses pensamentos predominância de aceitação, também pode
intrusivos configurem um transtorno, é haver a rejeição e vice-versa.
CORRETO afirmar que Joana apresenta ( ) No puerpério, pode-se observar uma
um(a) diminuição momentânea do interesse
A) Transtorno obsessivo-compulsivo. sexual da mulher, a qual pode estar
B) Disforia puerperal. associada, dentre outros fatores, à
C) Depressão pós-parto. depressão pós-parto, à mudança de sua
D) Psicose pós-parto. imagem corporal e à dessexualização
E) Transtorno de ansiedade generalizada. culturalmente atribuída ao exercício da
maternidade.
12. (IAUPE, 2014, GRUPO 28- PSICOLOGIA) ( ) Nas mulheres que vivenciam a
Em relação ao climatério na mulher, é menopausa, a mudança hormonal é o
INCORRETO afirmar que: principal fator para a ocorrência das
A) segue um padrão cuja principal disfunções sexuais, tais como a diminuição
característica é a perda do desejo e do do desejo e dificuldades para obter
interesse sexual (libido). orgasmo, e, também, para o significativo
B) se estende entre os 40 e 65 anos, desencadeamento da depressão com
acontecendo, nesse período, a menopausa, ideação suicida.
e, assim, a última menstruação. Assinale a alternativa que apresenta a
sequência CORRETA.

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A) V – V – F B) F – V – F C) V – F – V técnico de enfermagem e parteira


D) V – F – F E) F – F – F tradicional.
E) O CPN Peri-Hospitalar deve garantir a
14. (UPE, 2022, PERFIL AB) Sobre o Centro permanência da mulher e do recém-nascido
de Parto Normal (CPN), no âmbito do SUS, no quarto pré-parto, parto e puerpério
implantado para o atendimento à mulher e (PPP), da admissão à alta.
ao recémnascido no momento do parto e
do nascimento, em conformidade com o 15. (UPE, 2022, PERFIL AB) No processo de
Componente “PARTO E NASCIMENTO” da puerpério, encontramos uma ocorrência
Rede Cegonha, assinale a alternativa denominada de Baby Blues (Blues
CORRETA. puerperal), sobre a qual é INCORRETO
A) Os CPN são classificados em: CPN Intra- afirmar que
Hospitalar e CPN Peri-Hospitalar tipo I e II. A) favorece a evolução à depressão pós-
B) O CPN poderá ser composto por: 5 ou 10 parto.
quartos pré-parto, parto e puerpério (PPP). B) manifesta crise de choro e
C) O CPN Intra-Hospitalar tipo I deve possuir hipersensibilidade.
ambientes compartilhados com o restante C) se apresenta autolimitada e cede
da maternidade, como recepção, sala de espontaneamente.
exames, posto de enfermagem e outros D) dura, em geral, de alguns dias a umas
ambientes de apoio. D) O CPN Peri- poucas semanas.
Hospitalar deve possuir a seguinte equipe E) evidencia uma condição benigna do
mínima: Enfermeiro obstétrico ou obstetriz, puerpério.

GABARITO
1. E 2. C 3. C 4. B 5. D 6. D 7. B 8. E
9. E 10. E 11. A 12. A 13. A 14. E 15.A

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Aula

28
ÉTICA PROFISSIONAL
Profª Luanna Cruz

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__________________
ÉTICA PROFISSIONAL

RESOLUÇÕES CFP

RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05


RESOLUÇÃO CFP Nº 001/2009
RESOLUÇÃO Nº 006/2019

RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05

Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo.


O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que
lhe são conferidas pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971;

CONSIDERANDO o disposto no Art. 6º, letra “e”, da Lei no 5.766 de 20/12/1971, e o Art. 6º,
inciso VII, do Decreto nº 79.822 de 17/6/1977;

CONSIDERANDO o disposto na Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição


Cidadã, que consolida o Estado Democrático de Direito e legislações dela decorrentes;

CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião realizada no dia 21 de julho de 2005;

RESOLVE: Art. 1º - Aprovar o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Art. 2º - A presente


Resolução entrará em vigor no dia 27 de agosto de 2005. Art. 3º - Revogam-se as disposições
em contrário, em especial a Resolução CFP n º 002/87.

Acesse aqui o Código de Ética profissional do/a psicólogo.

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RESOLUÇÃO CFP Nº 001/2009

Dispõe sobre a obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação de serviços


psicológicos.

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que


lhe são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971 e;

CONSIDERANDO a necessidade de haver um registro das informações decorrentes da


prestação de serviços psicológicos que possibilite a orientação e a fiscalização sobre o serviço
prestado e a responsabilidade técnica adotada;

CONSIDERANDO a necessidade de contemplar de forma sucinta a assistência prestada, a


descrição e a evolução do processo e os procedimentos técnico-científicos adotados no
exercício profissional; CONSIDERANDO que o registro documental, além de valioso para o
psicólogo e para quem recebe atendimento e, ainda, para as instituições envolvidas, é
também instrumento útil à produção e ao acúmulo de conhecimento científico, à pesquisa,
ao ensino, como meio de prova idônea para instruir processos disciplinares e à defesa legal;

CONSIDERANDO o que está disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo;

CONSIDERANDO a decisão do Plenário do Conselho Federal de Psicologia, no dia 31 de janeiro


de 2009, RESOLVE:

CAPÍTULO I DOS REGISTROS DOCUMENTAIS

Art. 1º. Tornar obrigatório o registro documental sobre a prestação de serviços psicológicos
que não puder ser mantido prioritariamente sob a forma de prontuário psicológico, por razões
que envolvam a restrição do compartilhamento de informações com o usuário e/ou
beneficiário do serviço prestado.

§ 1°. O registro documental em papel ou informatizado tem caráter sigiloso e constitui-se de


um conjunto de informações que tem por objetivo contemplar de forma sucinta o trabalho
prestado, a descrição e a evolução do caso e os procedimentos técnico-científicos adotados.

§ 2º. Deve ser mantido permanentemente atualizado e organizado pelo psicólogo que
acompanha o procedimento.

Art. 2°. Os documentos agrupados nos registros de cada usuário devem contemplar: I –
identificação do usuário/instituição; II – avaliação de demanda; III – registro da evolução dos
atendimentos, de modo a permitir o conhecimento do caso e seu acompanhamento, bem
como os procedimentos técnico-científicos adotados; IV – registro de Encaminhamento ou
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Encerramento; V – cópia de outros documentos produzidos pelo psicólogo para o


usuário/instituição do serviço de psicologia prestado, que deverá ser arquivada, além do
registro da data de emissão, finalidade e destinatário. VI – documentos resultantes da
aplicação de instrumentos de avaliação psicológica deverão ser arquivados em pasta de
acesso exclusivo do psicólogo.

Art. 3°. Em caso de serviço psicológico prestado em serviços-escola e campos de estágio, o


registro deve contemplar a identificação e a assinatura do responsável técnico/supervisor que
responderá pelo serviço prestado, bem como do estagiário. Parágrafo único. O supervisor
técnico deve solicitar do estagiário registro de todas as atividades e acontecimentos que
ocorrerem com os usuários do serviço psicológico prestado.

Art. 4°. A guarda do registro documental é de responsabilidade do psicólogo e/ou da


instituição em que ocorreu o serviço.

§ 1.° O período de guarda deve ser de no mínimo 05 anos, podendo ser ampliado nos casos
previstos em lei, por determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja
necessária a manutenção da guarda por maior tempo.

§ 2º. O registro documental deve ser mantido em local que garanta sigilo e privacidade e
mantenha-se à disposição dos Conselhos de Psicologia para orientação e fiscalização, de modo
que sirva como meio de prova idônea para instruir processos disciplinares e à defesa legal.

CAPÍTULO II DOS PRONTUÁRIOS

Art. 5º. Na hipótese de o registro documental de que trata o art. 1º desta Resolução ser
realizado na forma de prontuário, o seguinte deve ser observado: I – as informações a ser
registradas pelo psicólogo são as previstas nos incisos I a V do art. 2º desta Resolução; II – fica
garantido ao usuário ou representante legal o acesso integral às informações registradas, pelo
psicólogo, em seu prontuário; III – para atendimento em grupo não eventual, o psicólogo deve
manter, além dos registros dos atendimentos, a documentação individual referente a cada
usuário; IV – a guarda dos registros de atendimento individual ou de grupo é de
responsabilidade do profissional psicólogo ou responsável técnico e obedece ao disposto no
Código de Ética Profissional e à Resolução CFP nº 07/2003, que institui o Manual de
Documentos Escritos, produzidos pelo psicólogo, decorrente de avaliação psicológica

. 6º. Quando em serviço multiprofissional, o registro deve ser realizado em prontuário único.
Parágrafo único. Devem ser registradas apenas as informações necessárias ao cumprimento
dos objetivos do trabalho.

Art. 7º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 8º Revogam-se as
disposições em contrário.
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Brasília (DF), 30 de março de 2009.

RESOLUÇÃO n.º 6, DE 29 DE MARÇO DE 2019

Institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no


exercício profissional e revoga a Resolução CFP n.º 15/1996, a Resolução CFP n.º 07/2003 e a
Resolução CFP n.º 04/2019.

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso das atribuições legais e regimentais, conferidas


pela Lei n.º 5.766, de 20 de dezembro de 1971;

CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o), no exercício profissional, tem sido solicitada(o) a


apresentar informações documentais com objetivos diversos e a necessidade de editar
normativas que forneçam subsídio à(ao) psicóloga(o) para a produção qualificada de
documentos escritos;

CONSIDERANDO os princípios éticos fundamentais que norteiam a atividade profissional da(o)


psicóloga(o) e os dispositivos sobre avaliação psicológica contidos na Resolução CFP n.º
10/2005, que institui o Código de Ética Profissional do Psicólogo — diploma que disciplina e
normatiza a relação entre as práticas profissionais e a sociedade que as legitima —, cujo
conhecimento e cumprimento se constitui como condição mínima para o exercício
profissional;

CONSIDERANDO que a Psicologia no Brasil tem, nos últimos anos, se deparado com demandas
sociais que exigem da(o) psicóloga(o) uma atuação transformadora e significativa, com papel
mais ativo na promoção e respeito aos direitos humanos, ponderando as implicações sociais
decorrentes da finalidade do uso dos documentos escritos produzidos pelas(os)
psicólogas(os);

CONSIDERANDO que, com o objetivo de garantir a valorização da autonomia, da participação


sem discriminação, de uma saúde mental que sustente uma vida digna às pessoas, grupos e
instituições, a(o) psicóloga(o) encontra-se inserida(o) em diferentes setores de nossa
sociedade, conquistando espaços emergentes que exigem normatizações que balizem sua
ação com competência e ética; CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o) deve pautar sua atuação
profissional no uso diversificado de conhecimentos, técnicas e procedimentos, devidamente
reconhecidos pela comunidade científica, que se configuram nas formas de avaliação e
intervenção sobre as pessoas, grupos e instituições; CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o)
deve atuar com autonomia intelectual e visão interdisciplinar, potencializando sua atitude
investigativa e reflexiva para o desenvolvimento de uma percepção crítica da realidade diante
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das demandas das diversidades individuais, grupais e institucionais, sendo capaz de consolidar
o conhecimento da Psicologia com padrões de excelência ética, técnica e científica em favor
dos direitos humanos;

CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o) deve: construir argumentos consistentes da


observação de fenômenos psicológicos; empregar referenciais teóricos e técnicos pertinentes
em uma visão crítica, autônoma e eficiente; atuar de acordo com os princípios fundamentais
dos direitos humanos; promover a relação entre ciência, tecnologia e sociedade; garantir
atenção à saúde; respeitar o contexto ecológico, a qualidade de vida e o bem-estar dos
indivíduos e das coletividades, considerando sua diversidade; CONSIDERANDO a
complexidade do exercício profissional da(o) psicóloga(o), tanto em processos de trabalho
que envolvem a avaliação psicológica como em processos que envolvem o raciocínio
psicológico, e a necessidade de orientar a(o) psicóloga(o) para a construção de documentos
decorrentes do exercício profissional nos mais variados campos de atuação, fornecendo os
subsídios éticos e técnicos necessários para a elaboração qualificada da comunicação escrita;

CONSIDERANDO que toda a ação da(o) psicóloga(o) demanda um raciocínio psicológico,


caracterizado por uma atitude avaliativa, compreensiva, integradora e contínua, que deve
orientar a atuação nos diferentes campos da Psicologia e estar relacionado ao contexto que
origina a demanda;

CONSIDERANDO que um processo de avaliação psicológica se caracteriza por uma ação


sistemática e delimitada no tempo, com a finalidade de diagnóstico ou não, que utiliza de
fontes de informações fundamentais e complementares com o propósito de uma investigação
realizada a partir de uma coleta de dados, estudo e interpretação de fenômenos e processos
psicológicos;

CONSIDERANDO a função social do Sistema Conselhos de Psicologia em contribuir para o


aprimoramento da qualidade técnico-científica dos métodos e procedimentos psicológicos;
CONSIDERANDO a Resolução CFP n.º 01/1999, que estabelece normas de atuação para as(os)
psicólogas(os) em relação à questão da orientação sexual; Resolução CFP n.º 18/2002, que
estabelece normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação ao preconceito e à
discriminação racial; a Resolução CFP n.º 01/2009, alterada pela Resolução CFP n.º 05/2010,
que dispõe sobre a obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação de
serviços psicológicos; a Resolução CFP n.º 01/2018, que estabelece normas de atuação para
as(os) psicólogas(os) em relação às pessoas transexuais e travestis, e a Resolução CFP n.º
09/2018 que estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício
profissional da(o) psicóloga(o), regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
(SATEPSI) e revoga as Resoluções n.º 02/2003, n.º 06/2004 e n.º 005/2012, e Notas Técnicas
n.º 01/2017 e 02/2017;

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Básica
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CONSIDERANDO que as(os) psicólogas(os) são profissionais que atuam também na área da
saúde, em conformidade com a caracterização da Organização Internacional do Trabalho,
Organização Mundial da Saúde e Classificação Brasileira de Ocupação;

CONSIDERANDO que o artigo 13, parágrafo 1.º, da Lei n.º 4.119, de 27 de agosto de 1962,
estabelece que é função da(o) psicóloga(o) a elaboração de diagnóstico psicológico;

CONSIDERANDO a Resolução n.º 218, de 06 de março de 1997, do Conselho Nacional de


Saúde, que reconhece as(os) psicóloga(os) como profissionais de saúde de nível superior;

CONSIDERANDO a decisão deste Plenário em sessão realizada no dia 23 de fevereiro de 2019;

Capítulo I Disposições Gerais

Art. 1.º Instituir as regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o)
psicóloga(o) no exercício profissional. Parágrafo único. A presente Resolução tem como
objetivos orientar a(o) psicóloga(o) na elaboração de documentos escritos produzidos no
exercício da sua profissão e fornecer os subsídios éticos e técnicos necessários para a
produção qualificada da comunicação escrita.

Art. 2.º As regras para a elaboração, guarda, destino e envio de documentos escritos
produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional, referido no artigo anterior,
encontram-se dispostas nos seguintes itens: I - Princípios fundamentais na elaboração de
documentos psicológicos; II - Modalidades de documentos; III - Conceito, finalidade e
estrutura; IV - Guarda dos documentos e condições de guarda; V - Destino e envio de
documentos; VI - Prazo de validade do conteúdo dos documentos; VII - Entrevista devolutiva.

Art. 3.º Toda e qualquer comunicação por escrito, decorrente do exercício profissional da(o)
psicóloga(o), deverá seguir as diretrizes descritas nesta Resolução. § 1.º Os casos omissos, ou
dúvidas sobre matéria desta normativa, serão resolvidos pela orientação e jurisprudência
firmada pelos Conselhos Regionais de Psicologia e, naquilo que se aplicar, solucionadas pelo
Conselho Federal de Psicologia, de acordo com os termos previstos no artigo 6.º, alíneas g e h
da Lei n.º 5.766/1971, artigo 13, item XII, do decreto n.º 79.822/1977, artigo 22 do Código de
Ética Profissional do Psicólogo (Resolução CFP n.º 010/2005), ou legislações que venham a
alterá-las ou substituí-las, preservando o mérito aqui disposto. § 2.º A não-observância da
presente norma constitui falta ético-disciplinar, passível de capitulação nos dispositivos
referentes ao exercício profissional do Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo
de outros que possam ser arguidos.

Capítulo II Disposições Especiais

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Seção I Princípios Fundamentais na Elaboração de Documentos Psicológicos Documento


Psicológico

Art. 4.º O documento psicológico constitui instrumento de comunicação escrita resultante da


prestação de serviço psicológico à pessoa, grupo ou instituição. § 1.º A confecção do
documento psicológico deve ser realizada mediante solicitação da(o) usuária(o) do serviço de
Psicologia, de seus responsáveis legais, de uma(um) profissional específico, das equipes
multidisciplinares ou das autoridades, ou ser resultado de um processo de avaliação
psicológica. § 2.º O documento psicológico sistematiza uma conduta profissional na relação
direta de um serviço prestado à pessoa, grupo ou instituição. § 3.º A(O) psicóloga(o) deverá
adotar, como princípios fundamentais na elaboração de seus documentos, as técnicas da
linguagem escrita formal (conforme artigo 6.º desta Resolução) e os princípios éticos, técnicos
e científicos da profissão (conforme artigos 5.º e 7.º desta Resolução). § 4.º De acordo com os
deveres fundamentais previstos no Código de Ética Profissional do Psicólogo, na prestação de
serviços psicológicos, as(os) envolvidas(os) no processo possuem o direito de receber
informaçõessobre os objetivos e resultados do serviço prestado, bem como ter acesso ao
documento produzido pela atividade da(o) psicóloga(o).

Princípios Técnicos

Art. 5.º Os documentos psicológicos devem ser elaborados conforme os princípios de


qualidade técnica e científica presentes neste regulamento. § 1.º Os documentos emitidos
pela(o) psicóloga(o) concretizam informações fundamentais e devem conter dados fidedignos
que validam a construção do pensamento psicológico e a finalidade a que se destina. § 2.º A
elaboração de documento decorrente do serviço prestado no exercício da profissão deve
considerar que este é o resultado de uma avaliação e/ou intervenção psicológica, observando
os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos nos fenômenos psicológicos. § 3.º O
documento escrito resultante da prestação de serviços psicológicos deve considerar a
natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do fenômeno psicológico. § 4.º Ao
produzir documentos escritos, a(o) psicóloga(o) deve se basear no que dispõe o artigo 1.º,
alínea "c", do Código de Ética Profissional do Psicólogo, prestando serviços psicológicos de
qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços,
utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência
psicológica, na ética e na legislação profissional. § 5.º Na realização da Avaliação Psicológica,
ao produzir documentos escritos, a(o) psicóloga(o) deve se basear no que dispõe o artigo 2.º
da Resolução CFP n.º 09/2018, fundamentando sua decisão, obrigatoriamente, em métodos,
técnicas e instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para uso na prática
profissional da(o) psicóloga(o) (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do
contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de
informação). § 6.º A(O) psicóloga(o) deve resguardar os cuidados com o sigilo profissional,
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conforme previsto nos artigos 9.º e 10 do Código de Ética Profissional do Psicólogo. § 7.º Ao
elaborar um documento em que seja necessário referenciar material teórico técnico, as
referências devem ser colocadas, preferencialmente, em nota de rodapé, observando a
especificidade do documento produzido. § 8.º Toda e qualquer modalidade de documento
deverá ter todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a
assinatura da(o) psicóloga(o) na última página.

Princípios da Linguagem Técnica

Art. 6.º O documento psicológico constitui instrumento de comunicação que tem como
objetivo registrar o serviço prestado pela(o) psicóloga(o). § 1.º A(o) psicóloga(o), ao redigir o
documento psicológico, deve expressarse de maneira precisa, expondo o raciocínio
psicológico resultante da sua atuação profissional. § 2.º O texto do documento deve ser
construído com frases e parágrafos que resultem de uma articulação de ideias, caracterizando
uma sequência lógica de posicionamentos que representem o nexo causal resultante de seu
raciocínio. § 3.º A linguagem escrita deve basear-se nas normas cultas da língua portuguesa,
na técnica da Psicologia, na objetividade da comunicação e na garantia dos direitos humanos
(observando os Princípios Fundamentais do Código de Ética Profissional do Psicólogo e as
Resoluções CFP n.º 01/1999, 18/2002 e 01/2018, ou outras que venham a alterá-las ou
substituí-las). § 4.º Os documentos psicológicos devem ser escritos de forma impessoal, na
terceira pessoa, com coerência que expresse a ordenação de ideias e a interdependência dos
diferentes itens da estrutura do documento. § 5.º Os documentos psicológicos não devem
apresentar descrições literais dos atendimentos realizados, salvo quando tais descrições se
justifiquem tecnicamente.

Princípios Éticos

Art. 7.º Na elaboração de documento psicológico, a(o) psicóloga(o) baseará suas informações
na observância do Código de Ética Profissional do Psicólogo, além de outros dispositivos de
Resoluções específicas. § 1.º De modo especial, deverão ser observados os Princípios
Fundamentais e os seguintes dispositivos normativos: I - artigo 1.º, alíneas “b”, “c”, “f”, “g”,
“h”, “i”, do Código de Ética Profissional do Psicólogo; II - artigo 2.º, alíneas “f”, “g”, “h”, “j",
“k”, “q”, do Código de Ética Profissional do Psicólogo; III - artigo 11, do Código de Ética
Profissional do Psicólogo; IV - artigo 12, do Código de Ética Profissional do Psicólogo; V - artigo
18, do Código de Ética Profissional do Psicólogo. § 2.º Devem ser observados, ainda, os
deveres da(o) psicóloga(o) no que diz respeito ao sigilo profissional em relação às equipes
interdisciplinares, às relações com a justiça e com as políticas públicas, e o alcance das
informações na garantia dos direitos humanos, identificando riscos e compromissos do
alcance social do documento elaborado. § 3.º À(Ao) psicóloga(o) é vedado, sob toda e
qualquer condição, o uso dos instrumentos, técnicas psicológicas e experiência profissional de

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forma a sustentar modelo institucional e ideológico de segregação dos diferentes modos de


subjetivação. § 4.º Sempre que o trabalho exigir, poderá a(o) psicóloga(o), mediante
fundamentação, intervir sobre a demanda e construir um projeto de trabalho que aponte para
a reformulação dos condicionantes que provocam o sofrimento psíquico, a violação dos
direitos humanos e a manutenção ou prática de preconceito, discriminação, violência e
exploração como formas de dominação e segregação. § 5.º A(O) psicóloga(o) deve prestar
serviço responsável e de qualidade, observando os princípios éticos e o compromisso social
da Psicologia, de modo que a demanda, tal como formulada, seja compreendida como efeito
de uma situação de grande complexidade. § 6.º É dever da(o) psicóloga(o) elaborar e fornecer
documentos psicológicos sempre que solicitada(o) ou quando finalizado um processo de
avaliação psicológica, conforme artigo 4.º desta Resolução. § 7.º A(O) psicóloga(o) fica
responsável ética e disciplinarmente pelo cumprimento das disposições deste artigo, sem
prejuízo da responsabilidade civil e criminal decorrentes das informações que fizerem constar
nos documentos psicológicos.

Seção II Modalidades de Documentos

Art. 8.º Constituem modalidades de documentos psicológicos:

I - Declaração; II - Atestado Psicológico; III - Relatório: a) Psicológico; b) Multiprofissional; IV -


Laudo Psicológico; V - Parecer Psicológico.

Seção III Conceito, Finalidade E Estrutura DECLARAÇÃO - Conceito e finalidade

Art. 9.º Declaração consiste em um documento escrito que tem por finalidade registrar, de
forma objetiva e sucinta, informações sobre a prestação de serviço realizado ou em realização,
abrangendo as seguinte informações: I - Comparecimento da pessoa atendida e seu(sua)
acompanhante; II - Acompanhamento psicológico realizado ou em realização; III - Informações
sobre tempo de acompanhamento, dias e horários. § 1.º É vedado o registro de sintomas,
situações ou estados psicológicos na Declaração. Estrutura § 2.º A declaração deve apresentar
as informações da estrutura detalhada abaixo, em forma de itens ou texto corrido: I - Título:
"Declaração" II - Expor no texto: a) Nome da pessoa atendida: identificação do nome completo
ou nome social completo; b) Finalidade: descrição da razão ou motivo do documento; c)
Informações sobre local, dias, horários e duração do acompanhamento psicológico. III - O
documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão e carimbo, em que
conste nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição
profissional e assinatura.

ATESTADO PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade

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Art. 10 Atestado psicólogo consiste em um documento que certifica, com fundamento em um


diagnóstico psicológico, uma determinada situação, estado ou funcionamento psicológico,
com a finalidade de afirmar as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita.
§ 1.º O atestado presta-se também a comunicar o diagnóstico de condições mentais que
incapacitem a pessoa atendida, com fins de: I - Justificar faltas e impedimentos; II - Justificar
estar apto ou não para atividades específicas (manusear arma de fogo, dirigir veículo
motorizado no trânsito, assumir cargo público ou privado, entre outros), após realização de
um processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscrevem a
Resolução CFP n.º 09/2018 e a presente, ou outras que venham a alterá-las ou substituílas; III
- Solicitar afastamento e/ou dispensa, subsidiada na afirmação atestada do fato. § 2.º
Diferente da declaração, o atestado psicológico resulta de uma avaliação psicológica. É
responsabilidade da(o) psicóloga(o) atestar somente o que foi verificado no processo de
avaliação e que esteja dentro do âmbito de sua competência profissional. § 3.º A emissão de
atestado deve estar fundamentada no registro documental, conforme dispõe a Resolução CFP
n.º 01/2009 ou aquelas que venham a alterá-la ou substituí-la, não isentando a(o) psicóloga(o)
de guardar os registros em seus arquivos profissionais, pelo prazo estipulado nesta resolução.
§ 4.º Os Conselhos Regionais podem, no prazo de até cinco anos, solicitar à(ao) psicóloga(o) a
apresentação da fundamentação técnico-científica do atestado.

Estrutura § 5.º A formulação desse documento deve restringir-se à informação solicitada,


contendo expressamente o fato constatado. I - As informações deverão estar registradas em
texto corrido, separadas apenas pela pontuação, sem parágrafos, evitando, com isso, riscos
de adulteração. II - No caso em que seja necessária a utilização de parágrafos, a(o) psicóloga(o)
deverá preencher esses espaços com traços. § 6.º O atestado psicológico deve apresentar as
informações da estrutura detalhada abaixo: I - Título: "Atestado Psicológico"; II - Nome da
pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome social completo e,
quando necessário, outras informações sócio demográficas; III - Nome da(o) solicitante:
identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação foi realizada pelo
Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pela(o) própria(o) usuária(o)
do processo de trabalho prestado ou por outras(os) interessadas(os); IV - Finalidade: descrição
da razão ou motivo do pedido; V - Descrição das condições psicológicas do beneficiário do
serviço psicológico advindas do raciocínio psicológico ou processo de avaliação psicológica
realizado, respondendo a finalidade deste. Quando justificadamente necessário, fica
facultado à(ao) psicóloga(o) o uso da Classificação Internacional de Doenças (CID) ou outras
Classificações de diagnóstico, científica e socialmente reconhecidas, como fonte para
enquadramento de diagnóstico; VI - O documento deve ser encerrado com indicação do local,
data de emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social completo da(do)
psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com todas as laudas numeradas,
rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última
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página. § 7.º É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do atestado psicológico, que este
não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui
carátersigiloso e que se trata de documento extrajudicial. Cabe ressaltar que, em geral, em
processos legais e da justiça do trabalho a descrição no documento do número do CID que
caracteriza o diagnóstico do paciente é imprescindível. Nestes casos, a solicitação de
autorização por escrito da pessoa atendida para divulgação do número do CID no documento
se faz necessária.

RELATÓRIO PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade

Art. 11 O relatório psicológico consiste em um documento que, por meio de uma exposição
escrita, descritiva e circunstanciada, considera os condicionantes históricos e sociais da
pessoa, grupo ou instituição atendida, podendo também ter caráter informativo. Visa a
comunicar a atuação profissional da(o) psicóloga(o) em diferentes processos de trabalho já
desenvolvidos ou em desenvolvimento, podendo gerar orientações, recomendações,
encaminhamentos e intervenções pertinentes à situação descrita no documento, não tendo
como finalidade produzir diagnóstico psicológico. I - O relatório psicológico é uma peça de
natureza e valor técnico-científico, devendo conter narrativa detalhada e didática, com
precisão e harmonia. A linguagem utilizada deve ser acessível e compreensível à(ao)
destinatária(o), respeitando os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. II - Deve
ser construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em
conformidade com a Resolução CFP n.º 01/2009 ou resoluções que venham a alterá-la ou
substituí-la.

III - O relatório psicológico não corresponde à descrição literal das sessões, atendimento ou
acolhimento realizado, salvo quando tal descrição se justifique tecnicamente. Este deve
explicitar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da(o) profissional,
bem como suas conclusões e/ou recomendações. Estrutura § 1.º O relatório psicológico deve
apresentar as informações da estrutura detalhada abaixo, em forma de itens ou texto corrido.

I - O relatório psicológico é composto de cinco itens: a) Identificação; b) Descrição da


demanda; c) Procedimento; d) Análise; e) Conclusão.

Identificação § 2.º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: I - Título:
"Relatório Psicológico"; II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome
completo ou nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio
demográficas; III - Nome da(o) solicitante: identificação de quem solicitou o documento,
especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições
públicas ou privadas, pela(o) própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por
outras(os) interessadas(os); IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; V - Nome
da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o)
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responsável pela construção do documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional


de Psicologia. Descrição da demanda § 3.º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do
documento, deve descrever as informações sobre o que motivou a busca pelo processo de
trabalho prestado, indicando quem forneceu asinformações e as demandas que levaram à
solicitação do documento. I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e
deverá apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará procedimentos utilizados,
conforme o parágrafo 4.º deste artigo. Procedimento § 4.º Neste item, a(o) psicóloga(o)
autora(or) do relatório deve apresentar o raciocínio técnico-científico que justifica o processo
de trabalho utilizado na prestação do serviço psicológico e os recursos técnico-científicos
utilizados, especificando o referencial teórico metodológico que fundamentou suas análises,
interpretações e conclusões. I - Cumpre, à(ao) psicóloga(o) autora(or) do relatório, citar as
pessoas ouvidas no processo de trabalho desenvolvido, as informações objetivas, o número
de encontros e o tempo de duração do processo realizado. II - Os procedimentos adotados
devem ser pertinentes à complexidade do que está sendo demandado.

Análise § 5.º Neste item devem constar, de forma descritiva, narrativa e analítica, as principais
características e evolução do trabalho realizado, baseando-se em um pensamento sistêmico
sobre os dados colhidos e as situações relacionadas à demanda que envolve o processo de
atendimento ou acolhimento, sem que isso corresponda a uma descrição literal das sessões,
atendimento ou acolhimento, salvo quando tal descrição se justificar tecnicamente. I - A
análise deve apresentar fundamentação teórica e técnica. II - Somente deve ser relatado o
que for necessário para responder a demanda, tal qual disposto no Código de Ética Profissional
do Psicólogo. III - É vedado à(ao) psicóloga(o) fazer constar no documento afirmações de
qualquer ordem sem identificação da fonte de informação ou sem a devida sustentação em
fatos e/ou teorias. IV - A linguagem deve ser objetiva e precisa, especialmente quando se
referir a informações de natureza subjetiva.

Conclusão

§ 6.º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do relatório deve descrever suas conclusões, a
partir do que foi relatado na análise, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do
seu objeto de estudo. I - Na conclusão pode constar encaminhamento, orientação e sugestão
de continuidade do atendimento ou acolhimento. II - O documento deve ser encerrado com
indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social
completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com todas as laudas
numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na
última página. III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do relatório, que este não
poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui
caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso

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dado ao relatório por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista
devolutiva.

RELATÓRIO MULTIPROFISSIONAL - Conceito e finalidade

Art. 12 O relatório multiprofissional é resultante da atuação da(o) psicóloga(o) em contexto


multiprofissional, podendo ser produzido em conjunto com profissionais de outras áreas,
preservando-se a autonomia e a ética profissional dos envolvidos. I - A(o) psicóloga(o) deve
observar as mesmas características do relatório psicológico nos termos do artigo 11. II - As
informações para o cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional devem ser
registradas no relatório, em conformidade com o que institui o Código de Ética Profissional do
Psicólogo em relação ao sigilo. Estrutura § 1.º O relatório multiprofissional deve apresentar,
no que tange à atuação da(o) psicóloga(o), asinformações da estrutura detalhada abaixo, em
forma de itens ou texto corrido. I - O Relatório Multiprofissional é composto de cinco itens: a)
Identificação; b) Descrição da demanda; c) Procedimento; d) Análise; e) Conclusão.
Identificação § 2.º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: I - Título:
"Relatório Multiprofissional"; II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do
nome completo ou nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio
demográficas; III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento,
especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições
públicas ou privadas, pela(o) própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por
outros interessados; IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; V - Nome das
autoras(res): identificação do nome completo ou nome social completo das(os)
profissionaisresponsáveis pela construção do documento, com indicação de sua categoria
profissional e o respectivo registro em órgão de classe, quando houver.

Descrição da demanda § 3.º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve
descrever as informações sobre o que motivou a busca pelo processo de trabalho
multiprofissional, indicando quem forneceu as informações e as demandas que levaram à
solicitação do documento. I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e
deverá apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará procedimentos utilizados
pela(o) psicóloga(o) e/ou pela equipe multiprofissional, conforme o parágrafo 4.º deste artigo.

Procedimento § 4.º Devem ser apresentados o raciocínio técnico-científico, que justifica o


processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o) e/ou pela equipe multiprofissional, e
todos os procedimentos realizados pela(o) psicóloga(o), especificando o referencial teórico
que fundamentou suas análises e interpretações. § 5.º A descrição dos procedimentos e/ou
técnicas privativas da Psicologia deve vir separada das descritas pelas(os) demais profissionais.
Análise § 6.º Neste item orienta-se que cada profissional faça sua análise separadamente,
identificando, com subtítulo, o nome e a categoria profissional. § 7.º A(O) psicóloga(o) deve

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seguir as orientações que constam no § 5.º do artigo 11 desta resolução (item Análise do
Relatório Psicológico). I - O relatório multiprofissional não isenta a(o) psicóloga(o) de realizar
o registro documental, conforme Resolução CFP n.º 01/2009 ou outras que venham a alterá-
la ou substituí-la. Conclusão § 8.º A conclusão do relatório multiprofissional pode ser realizada
em conjunto, principalmente nos casos em que se trate de um processo de trabalho
interdisciplinar. § 9.º A(O) psicóloga(o) deve elaborar a conclusão a partir do relatado na
análise, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo,
podendo constar encaminhamento, orientação e sugestão de continuidade do atendimento
ou acolhimento. I - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão,
carimbo, em que conste nome completo ou nome social completo dos profissionais, e os
números de inscrição na sua categoria profissional, com todas as laudas numeradas,
rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última
página. II - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do relatório multiprofissional, que
este não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que
possui caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não se responsabiliza
pelo uso dado ao relatório multiprofissional por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a
sua entrega em entrevista devolutiva

LAUDO PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade

Art. 13 O laudo psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica, com


finalidade de subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda.
Apresenta informações técnicas e científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os
condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou instituição atendida. I - O laudo
psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico. Deve conter narrativa detalhada
e didática, com precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário,
em conformidade com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. II - Deve ser
construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em
conformidade com a Resolução CFP n.º 01/2009, ou outras que venham a alterá-la ou
substituí-la, e na interpretação e análise dos dados obtidos por meio de métodos, técnicas e
procedimentos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional, conforme
Resolução CFP n.º 09/2018 ou outras que venham a alterá-la ou substituíla. III - Deve
considerar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnicocientífico da profissional,
fundamentado teórica e tecnicamente, bem como suas conclusões e recomendações,
considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo. IV - O laudo
psicológico deve apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de
avaliação psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e relacionadas à
demanda e relatar: o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a
hipótese diagnóstica, a evolução do caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico. V

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- Nos casos em que a(o) psicóloga(o) atue em equipes mu multiprofissionais, e havendo


solicitação de um documento decorrente da avaliação, o laudo psicológico ou informações
decorrentes da avaliação psicológica poderão compor um documento único. VI - Na hipótese
do inciso anterior, é indispensável que a(o) psicóloga(o) registre informações necessárias ao
cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional, resguardando o caráter do
documento como registro e a forma de avaliação em equipe. VII - Deve-se considerar o sigilo
profissional na elaboração do laudo psicológico em conjunto com equipe multiprofissional,
conforme estabelece o Código de Ética Profissional do Psicólogo.

Estrutura § 1.º O laudo psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada


abaixo, em forma de itens. I - O Laudo Psicológico é composto de seis itens: a) Identificação;
b) Descrição da demanda; c) Procedimento; d) Análise; e) Conclusão; f) Referências.

Identificação § 2.º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: I - Título:
"Laudo Psicológico"; II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome
completo ou nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio
demográficas; III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento,
especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições
públicas ou privadas, pela(o) própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por
outras(os) interessadas(os); IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; V - Nome
da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome social completo da(do)
psicóloga(o) responsável pela construção do documento, com a respectiva inscrição no
Conselho Regional de Psicologia.

Descrição da demanda § 3.º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve
descrever as informações sobre o que motivou a busca pelo processo de trabalho prestado,
indicando quem forneceu asinformações e as demandas que levaram à solicitação do
documento. I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá apresentar
o raciocínio técnico-científico que justificará procedimentos utilizados, conforme o parágrafo
4.º deste artigo.

Procedimento § 4.º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve apresentar o
raciocínio técnico-científico que justifica o processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o)
e os recursos técnico-científicos utilizados no processo de avaliação psicológica, especificando
o referencial teórico metodológico que fundamentou suas análises, interpretações e
conclusões. I - Cumpre, à(ao) autora(or) do laudo, citar as pessoas ouvidas no processo de
trabalho desenvolvido, asinformações objetivas, o número de encontros e o tempo de
duração do processo realizado. II - Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à
complexidade do que está sendo demandado e a(o) psicóloga(o) deve atender à Resolução
CFP n.º 09/2018, ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la.

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Análise § 5.º Nessa parte do documento, a(o) psicóloga(o) deve fazer uma exposição
descritiva, metódica, objetiva e coerente com os dados colhidos e situações relacionadas à
demanda em sua complexidade considerando a natureza dinâmica, não definitiva e não-
cristalizada do seu objeto de estudo. I - A análise não deve apresentar descrições literais das
sessões ou atendimentos realizados, salvo quando tais descrições se justifiquem
tecnicamente. II - Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta
o instrumental técnico utilizado, bem como os princípios éticos e as questões relativas ao sigilo
das informações. Somente deve ser relatado o que for necessário para responder a demanda,
tal qual disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo. III - A(o) psicóloga(o) não deve
fazer afirmações sem sustentação em fatos ou teorias, devendo terlinguagem objetiva e
precisa, especialmente quando se referir a dados de natureza subjetiva.

Conclusão § 6.º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve descrever suas
conclusões a partir do que foi relatado na análise, considerando a natureza dinâmica e não
cristalizada do seu objeto de estudo. I - Na conclusão indicam-se os encaminhamentos e
intervenções, diagnóstico, prognóstico e hipótese diagnóstica, evolução do caso, orientação
ou sugestão de projeto terapêutico. II - O documento deve ser encerrado com indicação do
local, data de emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social completo
da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com todas as laudas numeradas,
rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última
página. III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do laudo, que este não poderá ser
utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso,
que se trata de documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao laudo
por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva.

Referências § 7.º Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes científicas


ou referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente.

PARECER PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade

Art. 14 O parecer psicológico é um pronunciamento por escrito, que tem como finalidade
apresentar uma análise técnica, respondendo a uma questão-problema do campo psicológico
ou a documentos psicológicos questionados. I - O parecer psicológico visa a dirimir dúvidas de
uma questão-problema ou documento psicológico que estão interferindo na decisão do
solicitante, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta. II - A elaboração de parecer
psicológico exige, da(o) psicóloga(o), conhecimento específico e competência no assunto. III -
O resultado do parecer psicológico pode ser indicativo ou conclusivo. IV - O parecer
psicológico não é um documento resultante do processo de avaliação psicológica ou de
intervenção psicológica.

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Estrutura § 1.º O parecer psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada


abaixo, em forma de itens. I - O Parecer é composto de cinco itens: a) Identificação; b)
Descrição da demanda c) Análise; d) Conclusão; e) Referências. Identificação § 2.º Neste item,
a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: I - Título: "Parecer Psicológico"; II - Nome
da pessoa ou instituição objeto do questionamento (ou do parecer): identificação do nome
completo ou nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio
demográficas da pessoa ou instituição cuja dúvida ou questionamento se refere; III - Nome do
solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação foi
realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pela(o)
própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou outros interessados; IV - Finalidade:
descrição da razão ou motivo do pedido; V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome
completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o) responsável pela construção do
documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional de Psicologia e titulação que
comprove o conhecimento específico e competência no assunto.

Descrição da Demanda § 3.º Destina-se à transcrição do objetivo da consulta ou demanda.


Deve-se apresentar as informações referentes à demanda e finalidades do parecer. I - A
descrição da demanda deve justificar a análise realizada.

Análise § 4.º A discussão da questão específica do Parecer Psicológico se constitui na análise


minuciosa da questão explanada e argumentada com base nos fundamentos éticos, técnicos
e/ou conceituais da Psicologia, bem como nas normativas vigentes que regulam e orientam o
exercício profissional. Conclusão § 5.º Neste item, a(o) psicóloga(o) apresenta seu
posicionamento sobre a questão-problema ou documentos psicológicos questionados. I - O
documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que
conste nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição
profissional, com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e
a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página. II - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar,
ao final do parecer, que este não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no
item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e
que não se responsabiliza pelo uso dado ao parecer por parte da pessoa, grupo ou instituição,
após a sua entrega ao beneficiário, responsável legal e/ou solicitante do serviço prestado.
Referências § 6.º Na elaboração de pareceres psicológicos, é obrigatória a informação das
fontes científicas ou referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé,
preferencialmente.

Seção IV

Guarda dos Documentos e Condições de Guarda

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Art. 15 Os documentos escritos decorrentes da prestação de serviços psicológicos, bem como


todo o material que os fundamentaram, sejam eles em forma física ou digital, deverão ser
guardados pelo prazo mínimo de cinco anos, conforme Resolução CFP n.º 01/2009 ou outras
que venham a alterá-la ou substituí-la. § 1.º A responsabilidade pela guarda do material cabe
à(ao) psicóloga(o), em conjunto com a instituição em que ocorreu a prestação dos serviços
profissionais. § 2.º Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por
determinação judicial, ou em casos específicos em que as circunstâncias determinem que seja
necessária a manutenção da guarda por maior tempo. § 3.º No caso de interrupção do
trabalho da(do) psicóloga(o), por quaisquer motivos, o destino dos documentos deverá seguir
o recomendado no artigo 15 do Código de Ética Profissional do Psicólogo.

Seção V

Destino e Envio de Documentos

Art. 16 Os documentos produzidos pela(o) psicóloga(o) devem ser entregues diretamente ao


beneficiário da prestação do serviço psicológico, ao seu responsável legal e/ou ao solicitante,
em entrevista devolutiva. § 1.º É obrigatório que a(o) psicóloga(o) mantenha protocolo de
entrega de documentos, com assinatura do solicitante, comprovando que este efetivamente
o recebeu e que se responsabiliza pelo uso e sigilo das informações contidas no documento.
§ 2.º Os documentos produzidos poderão ser arquivados em versão impressa, para
apresentação no caso de fiscalização do Conselho Regional de Psicologia ou instâncias
judiciais, em conformidade com os parâmetros estabelecidos na Resolução CFP n.º 01/2009
ou outras que venham a alterála ou substituí-la.

Seção VI

Prazo de Validade do Conteúdo dos Documentos

Art. 17 O prazo de validade do conteúdo do documento escrito, decorrente da prestação de


serviços psicológicos, deverá ser indicado no último parágrafo do documento. § 1.º A validade
indicada deverá considerar a normatização vigente na área em que atua a(o) psicóloga(o),
bem como a natureza dinâmica do trabalho realizado e a necessidade de atualização contínua
das informações. § 2.º Não havendo definição normativa, o prazo de validade deve ser
indicado pela(o) psicóloga(o), levando em consideração os objetivos da prestação do serviço,
os procedimentos utilizados, os aspectos subjetivos e dinâmicos analisados e as conclusões
obtidas.

Seção VII

Entrevista Devolutiva

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Art. 18 Para entrega do relatório e laudo psicológico, é dever da(o) psicóloga(o) realizar ao
menos uma entrevista devolutiva à pessoa, grupo, instituição atendida ou responsáveis legais.
§ 1.º Na impossibilidade desta se realizar, a(o) psicóloga(o) deve explicitar suas razões. § 2.º
Nos demais documentos produzidos com base nesta resolução, é recomendado à(ao)
psicóloga(o), sempre que solicitado, realizar a entrevista devolutiva. Art. 19 Esta resolução
entrará em vigor em 90 dias a partir da data de sua publicação. Art. 20 Revogam-se a
Resolução CFP n.º 15/1996, a Resolução CFP n.º 07/2003 e a Resolução CFP n.º 04/2019, sem
prejuízo das demais disposições em contrário.

Rogério Giannini Conselheiro Presidente Conselho Federal de Psicologia

EXERCÍCIOS

01. (Residência Uniprofissional em Saúde - Psicólogo, segundo seu Código de Ética, é


Perfil Hospitalar - UPE - 2017) Um INCORRETO afirmar que
Psicólogo, na escola onde trabalha, sem a) pode referir os títulos ou qualificações
comunicação prévia aos demais profissionais que possui, por exemplo,
profissionais e pais, resolveu atender os doutorado.
estudantes no Serviço de Psicologia, b) deve recusar a previsão taxativa de
utilizando um broche com o qual divulga o resultados, qualquer que seja a prática ou
partido político ao qual está vinculado. Sua instrumento utilizado
atitude, segundo o Código de Ética da c) deve se contrapor à divulgação
Profissão, é sensacionalista das suas atividades
a) ética, pois contribui para a profissionais e de outros.
universalização da consciência política. d) pode utilizar o preço do serviço como
b) antiética, porque deveria ter o forma de propaganda, desde que em
consentimento prévio da escola e dos pais. ambientes privados.
c) ética, porque todos, inclusive o Psicólogo, e) deve, sempre, recusar a realização da
têm o direito à liberdade de expressão. autopromoção em detrimento de outros
d) antiética, porque sua atitude é passível profissionais.
de induzir convicções políticas.
e) neutra, pois os alunos são clientes da 03. Considerando que um Psicólogo,
escola e não, do Psicólogo. funcionário de uma instituição privada, foi
demitido, o que ele deve fazer com o
02. (Residência Uniprofissional em Saúde - material relativo aos atendimentos do
Perfil Hospitalar - UPE - 2017) Sobre a cliente?
promoção pública dos serviços pelo

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A) Repassar o material ao substituto, ou, judicial ou, ainda, em casos específicos em


não havendo, lacrá-lo e deixá-lo na que seja necessária a manutenção da
instituição. guarda por maior tempo.
B) Destruir o material para preservar o
sigilo, havendo ou não o substituto. 05. (Psicólogo - FUNCAB - SESACRE - 2013)
C) Repassar o material ao substituto e, A Resolução CFP no 001/2009 trata do
posteriormente, destruí-lo. registro documental decorrente da
D) Repassar, lacrar e deixar na instituição ou prestação de serviços psicológicos.
destruir o material, conforme sua avaliação Segundo este documento é correto afirmar
sobre o caso. que:
E) Alterar os dados relevantes e repassá-los a) o período da guarda dos documentos,
ao substituto ou lacrá-los e deixá-los na decorrentes de avaliação psicológica, é de
instituição. no mínimo três anos.
b) o registro documental em papel tem
04. (Psicólogo - MAPA - CONSUPLAN - caráter sigiloso, já aqueles informatizados,
2014) De acordo com a Resolução CFP no são de domínio público.
001/2009, que dispõe sobre a c) o registro documental sobre a prestação
obrigatoriedade do registro documental de serviços psicológicos não é obrigatório.
decorrente da prestação de serviços d) a responsabilidade sobre a guarda dos
psicológicos, é dever do psicólogo, registros documentais é do supervisor do
EXCETO: serviço em
a) Fica garantido ao usuário ou que o psicólogo atua.
representante legal o acesso integral às e) o registro documental deve contemplar o
informações registradas, pelo psicólogo, em tipo de trabalho prestado, a descrição e a
seu prontuário. evolução da atividade e os procedimentos
b) Para atendimento em grupo não técnico-científicos adotados.
eventual, o psicólogo deve manter, além
dos registros dos atendimentos, a 6. Para a efetivação de um processo de
documentação individual referente a cada adoção, foi solicitada uma apresentação
usuário. descritiva acerca de situações e/ou
c) Quando em serviço multiprofissional, o condições que configurem uma avaliação
registro deve ser realizado em prontuários psicológica da criança, considerando o
individuais, constando todas as informações conjunto das influências históricas, sociais,
necessárias ao cumprimento dos objetivos políticas e culturais. Nesses termos, o
do trabalho. documento solicitado foi um(a)
d) O período de guarda deve ser de, no A) Atestado. B) Laudo. C) Parecer. D)
mínimo, 5 anos, podendo ser ampliado nos Bateria de teste. E) Anamnese.
casos previstos em lei, por determinação

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GABARITO
1 2 3 4 5 6
D D A C E B

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A equipe Liame agradece a confiança de todes vocês.


Boa rotina de estudos.
Não esqueçam que descansar também é parte da preparação.
Estejamos atentes, fortes e, na medida do possível, tranquiles.

Viva o SUS!

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