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ROTEIRO DA PEÇA DE ARTES

SINOPSE: UMA DUPLA DE AMIGOS ACABA COMETENDO UM ASSASSINATO CONTRA UM MORADOR


DE RUA DURANTE UMA DISCUSSÃO ONDE ESTAVAM EMBRIAGADOS, E AGORA LUTAM PARA
ESCONDER ESSE SEGREDO A TODO CUSTO, NEM QUE ISSO OS FAÇA MENTIR ATÉ PARA O FBI.

PERSONAGENS:
MORADOR DE RUA DETETIVE
AMIGO 1 AGENTE 1
AMIGO 2 AGENTE 2
JUIZ ADVOGADO 1
ADVOGADO 2 FAMILIAR DO MORADOR

CENÁRIO: NO MEIO DA RUA (SIMULAR NO LOCAL ONDE SERÃO APRESENTADOS OS TRABALHOS),


OS OUTROS COMPONENTES PODERÃO AGIR COMO FIGURANTES SE DESEJAREM

[OS DOIS AMIGOS CAMINHAM JUNTOS JÁ BÊBADOS PELA RUA SEGURANDO UMA GARRAFA NAS
MÃOS QUANDO ESBARRAM NO MORADOR DE RUA, DERRUBANDO AS BEBIDAS]

*OS DOIS QUASE AO MESMO TEMPO*


AMIGO 1: Ôu, doidão! Tá maluco, cara?! É cego, desgraçado?!?!
AMIGO 2: Qual foi, irmão?! Cê quer arrumar briga aqui?!?!
MORADOR: Foi mal, amigo, foi sem querer, não quero arranjar confusão, desculpa ai!
AMIGO 2: Foi mal, é????? Foi mal o car*****!! Olha o que cê fez, seu otário, derramou minha
gela todinha!
AMIGO 1: Cê vai pagar outra pra gente!!
MORADOR: Poxa, cara, desculpa aí mas não tenho como comprar nem comida pra
sobreviver, acho que vocês podem ver pelo meu estado...
*EMPURRA O MORADOR*
AMIGO 2: Cê tá de sacanagem, p***a????? Cê acha que é quem pra derrubar minha bebida e
sair ileso, hein????
MORADOR: Que isso, cara! Pra quê isso, calma, calma! Pra quê gritar?!
AMIGO 1: Calma um cara***, seu merdinha! Abaixa o tom pra falar com a gente!!
[COMEÇA UMA TROCA DE SOCOS E CHUTES INJUSTA DOS DOIS AMIGOS CONTRA O MORADOR,
ATÉ QUE NO MEIO DA CONFUSÃO UMA DAS GARRAFAS É QUEBRADA PELO AMIGO 1 E É USADA
PARA MATAR O POBRE MORADOR]
*O AMIGO 1 QUEBRA A GARRAFA SEGUE DANDO GOLPES COM A MESMA*
*AMIGO 2 PERCEBE A GRAVIDADE DA SITUAÇÃO, PUXA E GRITA SINALIZANDO PARA O AMIGO 1*
AMIGO 2: PARA, MANO! PARA, CACE**!! PARA, PARA!!!! OLHA O QUE TU FEZ, POR**!!!!
AMIGO 1: EU??? OLHA O QUE VOCÊ FEZ!!
AMIGO 2: Meu Deus, a gente matou uma pessoa, ai meu Deus, p*ta merda, p*ta merda...
AMIGO 1: Calma, cara, calma! *olha pros lados* E-e-e-eu- Vamo tirar esse cara daqui pelo
amor de Cristo, se alguém vir isso, a gente tá f*dido demais...
*LEVAM O CORPO PARA UM BECO PRÓXIMO, ENQUANTO AMIGO 1 VAI ATRÁS DO SEU CARRO
PARA LEVÁ-LO PARA ENTERRAR NUM TERRENO BALDIO*
*OS DOIS CARREGAM O CORPO PARA DENTRO DO PORTA-MALAS DO CARRO (FORA DE CENA) E
PARTEM PARA O TERRENO*

CENÁRIO: CHEGANDO NO TERRENO, OS DOIS AMIGOS CAVAM UM BURACO DO TAMANHO DO


CORPO E O ENTERRAM, ASSUSTADOS E NUMA DECISÃO DESESPERADA.

*AMIGO 2 FAZ O SINAL DA CRUZ E FAZ UMA ORAÇÃO BAIXINHO ENQUANTO AMIGO 1 OLHA
FIXAMENTE PARA A COVA RECÉM-FECHADA, PENSANDO NO QUE TINHA ACONTECIDO E NO ERRO
QUE HAVIAM COMETIDO*
*AMIGO 2 OLHA PARA O AMIGO 1 COM UMA VOZ DE CHORO*
AMIGO 2: E agora? O que a gente faz?
AMIGO 1: A gente não pode contar isso pra ninguém. Muito menos pra polícia.
AMIGO 2: Você enlouqueceu de vez???? Assassinato é crime, omissão e ocultação de
cadáver pioram tudo...
AMIGO 1: Você prefere mesmo se entregar e perder sua vida na cadeia agora que tu acabou
de entrar no exército, que tu tanto quis e sonhava em entrar?
AMIGO 2: Não! Não mesmo... mas você não acha que é pior esconder?
AMIGO 1: O que você sugere então?
*Amigo 2 se cala por alguns segundos até Amigo 1 quebrar o silêncio*
AMIGO 1: Vamo embora, a gente não pode mais ficar aqui.
*OS DOIS VÃO EMBORA RAPIDAMENTE SEM PERDER TEMPO PENSANDO EM SEUS ATOS, E SE
DIRIGEM ATÉ ONDE ESTAVAM ALOJADOS NA CIDADE*

CENÁRIO: SEM CONSEGUIR DORMIR PENSANDO NO ACONTECIDO, OS DOIS SE LEVANTAM CEDO


COM A CAMPAINHA TOCANDO E ALGUMAS BATIDAS NA PORTA LOGO EM SEGUIDA

AGENTE 1: Polícia, abra a porta!


AMIGO 2: S-s-só um segundo, já vai!
*OS DOIS SUSSURRAM ENTRE SI*
AMIGO 2: Put* merda, e agora?? Fudeu, fudeu, fudeu demais, ai meu Deus...
AMIGO 1: Calma, relaxa, vamo fazer tudo o que ele falar, responder tudo, só não falar nada
que vá complicar a gente, calma!
*OS DOIS SE DIRIGEM À PORTA, SEM NEM TEREM TEMPO DE SE VESTIR DEVIDAMENTE, AINDA
COM AS MÃOS AVERMELHADAS DE SANGUE*
AGENTE 1: Bom dia, senhores, me chamo (nome do ator) e estou aqui com meu parceiro
(nome do ator 2) para fazer algumas perguntas. Podemos entrar?
AMIGO 1: Claro, claro, podem se sentir à vontade.

*OS AGENTES SE DIRIGEM AO SOFÁ, JUNTO COM OS DOIS AMIGOS*


DETETIVE: Bom, vamos lá. Primeiramente, recebemos um chamado ontem a noite, à respeito
de uma confusão entre dois indivíduos alterados e um morador de rua. A descrição que nos
deram dos indivíduos eram de *descreve as características dos atores*. Essas
características batem com a de vocês, então por questões de investigação, viemos
interrogar os senhores.
*AMIGO 2 SE MOSTRA INQUIETO E NERVOSO*
DETETIVE: Podemos começar?
AMIGO 2: Claro, claro.
DETETIVE: Pois bem, onde os senhores estavam ontem à noite?
AMIGO 1: Fomos a um bar para comemorar a entrada dele *aponta para Amigo 1* no
exército, estávamos muito felizes com isso e pensamos em nos divertirmos.
DETETIVE: Certo. E logo após?
AMIGO 2: A gente saiu depois de um tempo, íamos pegar um taxi pra voltar porque a gente
estava um pouco bêbados demais pra conseguir dirigir, e voltaríamos no outro dia para
buscar o carro que viemos.
DETETIVE: E vocês pegaram o taxi?
*OS DOIS EM TOM QUASE MONÓTONO*
AMIGO 1: Sim.
AMIGO 2: Sim.
DETETIVE: Têm certeza?
AMIGO 2: Sim, sim.
DETETIVE: Aconteceu alguma coisa no meio do caminho?
AMIGO 1: Que eu lembre, não.
DETETIVE: Nada, nada mesmo?
AMIGO 1: Nada.
*AMIGO 1 COMEÇA A SE MOSTRAR ANSIOSO E NERVOSO, BALANÇANDO A PERNA E ALISANDO AS
MÃOS INQUIETAMENTE*
DETETIVE: Pois bem. Vizinhos e pessoas próximas ouviram gritos vindo de frente à um beco,
como se alguém tivesse derramado uma garrafa de cerveja e logo após gritos de dor e
pedidos de ajuda, e o som de vidro sendo quebrado. Logo após, os gritos de dor cessaram e
gritos de desespero emitidos por duas pessoas foram ouvidos, e minutos depois, um carro
chega em alta velocidade, estaciona no beco e sai como se o motorista estivesse bêbado e
desesperado.
AMIGO 1: O senhor está insinuando que fomos nós que fizemos essa confusão toda???
DETETIVE: Calma, senhor, não falei isso em nenhum momento.
AMIGO 2: E o morador de rua? Vocês falaram com ele também?
DETETIVE: Eis a questão. O homem não foi visto mais desde a confusão. As únicas
evidências encontradas no local foram a parte superior de uma garrafa quebrada
ensanguentada e sangue seco no chão.
AMIGO 1: Puxa, que estranho, não me lembro de ter encontrado com nenhuma pessoa
enquanto íamos atrás de um taxi.
DETETIVE: Pois é, nem os taxistas viram ninguém com as características dos indivíduos, e
nem levaram ninguém parecido.
AMIGO 2: U-u-u-ué, como assim? A gente nem veio de carro pra cá, nós pegamos um dos
taxis pra voltar pra casa... O motorista até tinha cabelo grisalho...
DETETIVE: Estranho, nenhum dos taxistas da região próxima da ocorrência têm cabelos
grisalhos... Nem mesmo no registro dos taxistas há algum com essa caaracterística...
AMIGO 2: Eu tenho certeza!!! E-Eu não tô ficando doido não...
DETETIVE: E como vocês voltaram de taxi se o carro de vocês está aqui na frente do prédio?
AMIGO 1: C-como assim????
DETETIVE: É uma HB20 prata, não é?
AMIGO 1: Sim...?
DETETIVE: Imaginei. Placa HTR-7434, certo?
*OS DOIS SE CALAM*
DETETIVE: ...Certo?
*OS DOIS RESPONDEM BALANÇANDO A CABEÇA POSITIVAMENTE*
DETETIVE: É, imaginei também. Há marcas de sangue no porta-malas, dentro e fora dele. E
suas mãos estão vermelhas, eu vejo.
AMIGO 2: *os dois olham pras mãos* E-eu cortei as mãos.
DETETIVE: Os dois cortaram?
AMIGO 1: Sim! Algum problema????
DETETIVE: Eu que pergunto, algum problema?
*Silêncio mais uma vez*
AMIGO 1: Você não pode provar que foi a gente.
DETETIVE: Nunca disse que foi vocês, você acabou de se entregar, então?
AMIGO 1: NÃO!! EU NUNCA FARIA ISSO!!!!
DETETIVE: Se entregar?
AMIGO 1: NÃO!! MATAR ALGUÉM!
DETETIVE: É o que veremos. Os senhores estão sendo conduzidos como suspeitos de
assassinato, omissão e ocultação de cadáver. Tudo o que disserem, podem ser usados
contra os senhores. Levem-os.
*OS AGENTES LEVAM OS DOIS PARA FORA DA CENA ENQUANTO O DETETIVE FICA INVESTIGANDO
UM POUCO MAIS EM BUSCA DE MAIS EVIDÊNCIAS, E SAI DE CENA*

CENÁRIO: AS INVESTIGAÇÕES PROSSEGUEM E SÃO ENCONTRADAS MAIS PROVAS AO LONGO DO


TEMPO. AGORA, OS DOIS AMIGOS TEM A IMPOSSÍVEL MISSÃO DE CONVENCER O JUIZ DE QUE
NÃO SÃO OS CULPADOS.

*NO DIA DO JULGAMENTO, ESTÃO PRESENTES: O ADVOGADO DE DEFESA DOS AMIGOS,


ADVOGADO DA FAMÍLIA E UM FAMILIAR, OS AGENTES QUE ATENDERAM O CHAMADO E O
DETETIVE.*
JUIZ: Muito bem. Hoje, dia 12 de abril de 2019, inicia-se a sessão de julgamento do crime de
possível assassinato do morador de rua (nome do ator), com os possíveis autores do crime.
Vamos iniciar com o depoimento dos agentes que foram atender a ocorrência no local.
Podem se dirigir até o microfone, por gentileza.
AGENTE 1: Bom dia, vossa excelência. Atendemos uma ocorrência no dia 27 de janeiro às
23h40 da noite sobre uma briga entre dois indivíduos bêbados e um morador de rua.
Vizinhos e testemunhas próximas relataram gritos vindos de uma rua próxima a um beco,
gritos de alguém com muita raiva e que estava reclamando por terem derrubado sua
bebida, e logo após gritos de dor, e depois de desespero. As mesmas relataram ver dois
homens *dão as características do ator* entrando nessa rua, que estava primeiramente
vazia, e logo após ouvirem os gritos, um volta e busca um veículo de modelo HB20 em alta
velocidade, e dali em diante não foram mais vistos nem os dois indivíduos nem o morador
de rua.
AGENTE 1: Fomos até o local, e foram encontradas uma garrafa de vidro quebrada e
ensanguentada e muito sangue seco pelo chão, e um rastro saindo da poça, como se o
corpo tivesse sido carregado até um veículo, seguido por marcas de sangue misturadas
com marcas de pneu, saindo do local do crime.
JUIZ: Obrigado agentes, agora Detetive (nome do ator), prossiga no depoimento.
*OS AGENTES SAEM E O DETETIVE TOMA A FRENTE*
DETETIVE: Obrigado, excelência. Depois de irmos na cena do crime, fomos no dia seguinte
até o endereço do apartamento dos dois suspeitos pela manhã, que foi nos passado
segundo o retrato-falado e das características de ambos pelas testemunhas. Os dois foram
conduzidos para a central sob suspeita do crime de ocultação de cadáver e assassinato do
morador de rua após interrogatório. Os dois continuavam dizendo que não foram culpados,
mesmo após apresentarmos provas de que estavam mentindo.
JUIZ: Têm algo a dizer? *OLHA PARA OS DOIS AMIGOS E EM SEGUIDA PARA A DEFESA DOS
MESMOS*
ADVOGADO DE DEFESA: Com licença, vossa excelência. *Levanta* Meus clientes não tiveram
o direito de visita regular nem de uma ligação, o que pode ter comprometido na
investigação.
ADVOGADO DA FAMÍLIA: *Levanta rapidamente* Objeção, vossa excelência! Os réus foram
liberados um mês depois de conduzidos sob suspeita, e receberam visitas uma vez por
semana por uma hora para cada um, segundo a própria Delegacia que foram levados.
JUIZ: *Se mostra estar acreditando na objeção do advogado* Pois bem, obrigado, Doutor
(nome do advogado da familía). Agora, os dois réus, à frente.
*OS DOIS SEGUEM ATÉ A FRENTE DA SALA, UM POUCO NERVOSOS VISIVELMENTE*

AMIGO 1: Bom dia, excelência.


JUIZ: Falem seus depoimentos.
AMIGO 2: Eu tinha acabado de ser chamado para ir ao exército, então fomos comemorar no
bar. Fomos de carro e iríamos voltar no dia seguinte para buscá-lo, pra não dirigir
embriagado até em casa.
JUIZ: E vocês dois foram como até em casa?
AMIGO 1: Fomos de taxi.
ADVOGADO DA FAMÍLIA: Objeção! As provas apontam que os taxistas não viram nenhum dos
dois e muito menos fizeram alguma viagem até o apartamento deles.
AMIGO 1: *Fica visivelmente nervoso, mais ainda* Nós voltamos com um taxista que estava
mudando de itinerário...
DETETIVE: Está mentindo, você não disse isso no interrogatório.
AMIGO 2: É que pensamos que não fosse relevante...
DETETIVE: Toda e qualquer informação é relevante numa investigação.
JUIZ: Prossiga, Detetive.
DETETIVE: Vocês não voltaram de taxi ou a pé, o carro dos dois foi encontrado com marcas
de sangue dentro do porta-malas e fora dele. E suas mãos continuam vermelhas, senhores.
AMIGO 1: E-eu cortei a mão, e ele foi me ajudar a estancar o sangue.
DETETIVE: É uma ótima justificativa. Eu a usaria se estivesse com medo de confessar um
crime, mas esse tanto de sangue saiu da sua mão? Quanto tempo demorou para estancar?
E você devia estar pálido pela quantidade, não acha?
AMIGO 2: E-eu cortei também...
DETETIVE: Então os dois deviam estar pálidos. Por que não foram ao hospital? Já que
pediram um taxi para ir para casa, devia ter ido pro hospital. E cadê a cicatriz? O curativo?
Certamente estão mentindo, excelência.
*UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR POR PARTE DOS AMIGOS E DO ADVOGADO DE DEFESA TOMAM
CONTA DA SALA*

JUIZ: E onde está o corpo da vítima, detetive?


DETETIVE: Pelos cálculos da equipe de perícia criminal, o corpo da vítima deveria estar há
pelo menos 2km da cena do crime, mas não foram encontradas evidências de onde-
AMIGO 1: Por que não há corpo, já disse que o sangue era nosso.
DETETIVE: Não foi o que a perícia viu. Analisamos o DNA do sangue na garrafa e na camisa
do senhor, e o resultado constata que não se trata do sangue do senhor, nem do seu amigo.
*A TENSÃO ENTRE ELES AUMENTA, E O JUIZ APARENTA TER TOMADO SUA DECISÃO, MAS AINDA
NÃO VAI ANUNCIÁ-LA*
AMIGO 1: M-mas isso não significa nada, nem sequer sabem se há mesmo um corpo, e se
ele ainda estiver vivo???
FAMILIAR DO MORADOR: Se estivesse, ele iria até nós, que somos sua família, mesmo que
morando nas ruas da cidade. Ele nunca deixou de nos ver sempre que podia, e fazem 3
meses que ele não dá um sinal de vida.
JUIZ: E por que ele não mora com vocês mais?
FAMILIAR DO MORADOR: Porque tivemos algumas desavenças passadas, ele se recusava a
aceitar ajuda de terceiros, queria resolver tudo sozinho, inclusive as dívidas pelo vício em
bebida, mesmo que depois de não ter mais nada no que sanar as dívidas e o medo de não
conseguir a ajuda que precisava. Ele é uma pessoa bem cabeça-dura, talvez a mais dura
que eu conheço.
JUIZ: *mexe em uns papéis na mesa* Okay. Senhores (nomes dos amigos), foram
encontradas evidências de que os senhores foram responsáveis pelo crime, sendo uma das
principais provas o carro dos mesmos, uma HB20. O que têm a dizer sobre isso?
*silêncio*
AMIGO 2: Estávamos com as mãos sangrado, como dito, e fomos trocar o step do carro.
JUIZ: Mas não foi encontrado nenhuma ferramenta, ou sequer pneu para trocar, estou
errado, detetive?
DETETIVE: De forma alguma, excelência.
AMIGO 2: Nós deixamos no local onde trocamos, estávamos bêbados demais.
*Amigo 1 faz uma cara de assustado, como se Amigo 2 tivesse dito algo que podia
comprometê-los a entregar a si mesmos*
DETETIVE: Então estavam mesmo mentindo sobre voltar de taxi para casa!
AMIGO 2: *Tenta não se queimar ainda mais contornando a situação* Não mentimos!
Trocamos para não precisar trocar no dia seguinte.
DETETIVE: *Dá uma risada sincera* Aprendam a mentir melhor, amigos... *olha para o Juiz*
Vossa excelência, está aí a evidência que precisávamos. Não foi encontrado pneu, ou
sequer alguma ferramenta que indicasse a troca que falaram em nenhum local nas
rendondezas e nem nas oficinas alguém viu os dois. *olha para os dois novamente* Agora
digam, onde está o corpo da vítima?
*a pressão aumenta, o nervosismo também, os dois amigos não sabem mais o que fazer, se
entreolham e nenhum diz uma palavra*
DETETIVE: Vocês sabem que é o fim da linha, né? Temos mais que provas suficientes para
incriminá-los, mesmo que não confessem o crime. Se falarem onde esconderam o corpo,
podemos até ver se diminuimos a pena...
*os dois tentam não ceder à tentação, mas aparentam ter entendido que não vão a lugar
nenhum além da cadeia naquele ponto*
ADVOGADO DE DEFESA: Pedimos à vossa excelência que dê tempo para as invest-
JUIZ: Pedido negado. Não foi apresentado nada além de provas concretas de que os dois
foram responsáveis por isso.
*o advogado de defesa se cala imediatamente, sabendo que não cumpriu o seu trabalho
como devia*
AMIGO 2: *tenta ceder a pressão mas é incapaz disso, respira fundo e confessa olhando
para o chão à sua frente* Nós enterramos o corpo num terreno perto da placa da entrada
da cidade...
FAMILIAR DO MORADOR: EU SABIA, EU SABIA!!!! *chora* SEUS DOENTES, SEUS MONSTROS!!!!!!!
VOCÊS IRÃO APODRECER NA CADEIA, SEUS VERMES DO CARA***!!!!!
*o familiar do morador chora incessantemente e sai da sala correndo com ódio e tristeza
por ouvir*
*o amigo 1, que estava se segurando, chora de decepção consigo mesmo, sabendo que fez
algo que estragará sua vida*
JUIZ: Os senhores serão condenados por assassinato, omissão, mentira perante juiz e
ocultação de cadáver. Somam 15 anos de pena sem direito a pagamento de fiança. Sessão
encerrada.
*todos os que estavam presentes na audiência se chocam com a confissão, e saem
comentando a situação*
*a policia leva os dois diretamente à prisão, saindo de cena*
O DETETIVE E OS AGENTES, A SEGUIR, VÃO ATÉ O LOCAL E ENCONTRAM A COVA, MARCADA PELO
FORMATO RETANGULAR COM PLANTAS RECÉM CRESCIDAS, CAUSADAS PELO CORPO EM
DECOMPOSIÇÃO. RETIRAM O CORPO DA CENA E SAEM DO CENÁRIO.

FIM.

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