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O RACISMO E O FEMINISMO PRESENTE NO ROMANCE

A INTRUSA DE JÚLIA LOPES DE ALMEIDA1

Andressa Da Silveira Vasconcelos2


Instituto Federal de Ciências e Tecnologia da Paraíba
(IFPB)

RESUMO

O presente ensaio acadêmico tem como objetivo principal, analisar por meio da obra de
Júlia Lopes de Almeida “ A Intrusa”, diferentes interpretações, principalmente no que
se trata da presença do feminismo e do racismo apresentados na obra. Existem inúmeras
pesquisas que afirmam que o termo “ feminismo” é utilizado para qualificar a posição
política da cantora, da mesma forma que alguns pesquisadores comprovam a presença
de racismo no romance. Após a realização da leitura do romance, o ensaio acadêmico
que o racismo está presente no projeto político e também literário da autora.

Palavras chaves: Romance, feminismo, racismo, literatura.

INTRODUÇÃO

Júlia Lopes de Almeida ficou conhecida por muitos, principalmente pelos seus
contemporâneos, principalmente por ser uma autora feminista pois defendia o direito da
mulher do divórcio e do voto. A mesma deu início a sua carreira no final do século XIX,
e desde então, escreveu algumas crônicas, uma delas “ Livros das Donas e Donzelas”,
contos como “O Voto”, “ Os Porcos”, “A Caolha” entre outros contos bem conhecidos
da autora e alguns romances escritos pela mesma, como “ A Intrusa” obra está que será
explanada ao longo do ensaio realizado.

1 Autora conhecida pelos seus contemporâneos, pela escrita de romances, contos e crônicas.
2 Aluna de licenciatura em letras português, pelo Instituto federal de Ciências e tecnologias IFPB.
O romance “ A Intrusa” foi publicado no ano de 1908, como uma das
características das obras escritas pela mesma, iremos ver uma sociedade totalmente
carioca que vivenciavam problemas pessoais e sociais. O livro é narrado em terceira
pessoa, na qual fala de um homem com nome Argemiro, homem viúvo que jura no leito
da morte de sua amada, que nunca mais se casaria dinovo. O personagem Argimiro
gostava de receber alguns amigos em sua casa para jogarem, mesmo não gostando de
jogar, a única alternativa que fizesse seus amigos irem a sua casa seria para jogarem,
isto porque era a maneira de não se sentir solitário já que morava sozinho no Cosmo
Velho, região Sul do Rio de Janeiro. Conforme uma passagem do romance “jogava por
jogar, sem vivo interesse, só para pretexto de chamar os amigos à casa de viúvo”.
Existia uma certa tristeza do personagem pela ausência de uma figura feminina, é
possível afirmar isso por meio da sua fala “uma casa sem mulher, afirmava ele, é um
túmulo com janelas: toda vida está lá fora”. Vendo esta situação vivenciada, Argemiro
queria contratar “uma moça para tratar da casa”. Ele queria uma mulher que cumprisse
com seus afazeres domésticos, e cuidasse de sua filha quando ela viesse ao visitar, pois
a mesma morava na casa dos avós paternos, além de que ela não fosse segundo ele
“boçal como uma criada”, mas de boa índole e bom comportamento.

A notícia de contratar uma moça para trabalhar em sua casa não foi bem vista pelos
amigos de Argemiro, pois segundo eles, não era certo mulheres trabalharem em casa de
homens viúvos, principalmente aqueles homens que viviam sozinho, pois as mesmas
sempre davam e cima para receber privilégios, além de para eles isto traria mais
exemplos de comportamentos sexuais e morais. Mas o mesmo não voltou atrás,
permaneceu com sua ideia de contratar uma moça, e no dia seguinte chega ela com “ar
vexado” e “botinas esfoladas”, que tinha respondido um anúncio dele publicado um dia
antes no Jornal do Commercio.

O primeiro momento dos dois, foi bem rápido, mal Argemiro pode notar algo na
jovem, pois ela “estava coberta com um véu bordado e ficava contra a claridade”. Ele
foi bem seco e duro no primeiro momento, desfazendo qualquer tipo de “ interpretações
pouco airosas”, o mesmo queria “governanta de minha casa, de uma senhora séria, de
uma senhora honesta”. A moça surpreendeu o dono ao falar que não precisava utilizar
referências sobre seu trabalho, pois ela tomava de conta da casa do seu falecido pai.
O papel das mulheres da época era bem diferente dos tempos atuais, e uma situação
de certa vulnerabilidade e fragilidade em certas mulheres, principalmente os cargos e as
ocupações que as mesmas ocupava, sempre em situação de domésticas e donas de casa,
que teriam que fazer sua vida na pia e cuidando de seu marido. A presença dessa certa
situação econômica feminina em outras obras da autora, como Memórias de Marta
(1889) e A Falência (1901). A presença de temas que falam sobre o feminismo, levou
muitos outros pesquisadores a se posicionar qualificando a posição política da autora.
Esse tema tomou de conta de todas as discussões de alguns pesquisadores, mesmo assim
não deixou de lado a presença de certos pressupostos racistas presentes no referido
romance. Por meio dessas ideias, o referido ensaio intitulado “O Racismo E O
Feminismo Presente No Romance A Intrusa De Júlia Lopes De Almeida” tem por
objetivo ir contra qualquer crítica de pesquisadores que afirmar que existe uma certo
feminismo e tons racistas presentes na obra da mesma, a obra será uma ponte de
medição que será analisada para mostrar o verdadeiro significado e conceito da autora
sobre tais temas.

CORPO DO ENSAIO

O Trabalho Feminino presentes na obra “ A Intrusa”

A jovem chamada Alice, foi de início tida como alguém que não tivesse confiança
alguma para seu patrão Argemiro, passar por grandes apontamentos de caráter
preconceituosos. Primeiro quando ela falar com o Padre, que mesmo recebendo algumas
informações sobre a índole da mesma “uma moça honesta... de boa família...
pobre...saúde de ferro..., sempre ficava em alerta pois se preocupava com a filha de
Argemiro chamada Maria da Glória e de sua educação, pois para ele “a mulher de hoje
precisa ser instruída, solidamente instruída” ou seja uma mulher ensinada e com ideias e
comportamentos sábios, que fosse totalmente preparada para o que estava para vir.

Mas toda está impressão criada pelo Padre e Argemiro, mudou ao longo do tempo,
quando eles viram o comportamento e a educação da jovem Alice, a sua forma de
escrever, que gostava de desenhar e também a forma que ela tratava Maria da Glória, “ a
Glória, que é tão rebelde, já aprendeu com ela alguma coisa... Faz crochê! ” diz
Argemiro o pai da mesma. Assunção o Padre ficou extremamente encantado com Alice
ao ver a forma que saia com Maria Glória para passear, desenvolvendo nela um bom
espirito, além da mesma instruir a menina a arrumar a mesa, chegando a chamar Alice
de “mestra” uma boa instrutora e influência para a filha de Argemiro.

Alice mesmo tendo sido órfã desde de sendo sempre foi instruída a estudar e ter
uma boa educação e usa-lá para ter um bom trabalho, estando isto interligado a um bom
trabalho feminino por uma grande educação construída ao longo dos tempos.

Mesmo trazendo boas impressões para muitas pessoas, a jovem Alice era ainda
motivo de desconfiança para muitos, um dessas desconfianças partiu de um do amigo de
Argemiro chamado Caldas que disse: “as pobres honestas têm outros meios de ganhar o
pão, menos suspeitos e sobretudo menos arriscados”, concluindo assim que a moça não
deveria de maneira alguma trabalhar em casa de homem sozinho. Isto porque na época
as mulheres as jovens solteiras, sofriam uma certa crítica, pois que poderiam assumir o
papel de doméstica seria era somente as esposas e mães, e não jovens solteiras, sendo
estás mulheres consideradas como prostítutas.

Os Negros presentes no contexto da obra

Quando Alice chega na casa do seu novo patrão Argemiro, ela dar de cara com
Feliciano conhecido como “um negro muito empertigado, com um arzinho desdenhoso
e enfiado num dolman branco de impecável alvura”. Em outro momento no texto ele foi
descrito como “relíquia da família”, conhecido por ser um criado de confiança, que
abusava das roupas, havanas, revistas e da própria carteira do seu patrão, conhecido
também por deixa a casa de Argemiro totalmente desordenada, e por isso o motivo de
contrata Alice para reajustar e organizar o lar, mantendo um ambiente limpa e
organizado.

A cor da pele branca era uma das características de todos os protagonistas da obra
de Júlia Almeida, exceto a personagem Ernestina, em A Viúva Simões (1895).Que
Segundo a ideia de Giovana Xavier Côrtes, a cor da pele “ morena” trazia para
Ernestina mudança de situação e um destino dolorido. Para alguns autores a construção
da personagem Ernestina ao longo da obra, foi tido como ausente, concluído então que a
autora abordou a obra de forma leve.

Segundo uma análise realizada pela pesquisadora Rosane Saint-Denis Salomoni no


romance “Cruel Amor”, ela concluir que existe um certo conceito racista na obra de
Júlia Almeida “ A Intrusa”, encontrada nas falas da própria autora e nas falas dos
personagens. Mas negou a possibilidade da autora ser racista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível concluir que a escrita a linguagem utilizada pela autora Júlia para
construção da obra “ A intrusa” mostrou de forma explicita, a realidade vivenciada
pelas mulheres no contexto da época.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Júlia Lopes de. A Intrusa. [1908]. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca
Nacional. Departamento Nacional do Livro, 1994.

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