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Publicação da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados – 2021, ano 16 | nº 80

CONAHP 2021:
UM EVENTO PLURAL
Para discutir os desafios e as perspectivas da saúde
do futuro, o congresso reuniu palestrantes
nacionais e internacionais

PROJETO LINHA DE AS MELHORES STARTUPS EVENTO ARRECADA


GENTE HOMENAGEIA COM SOLUÇÕES DOAÇÕES PARA O
PROFISSIONAIS DA SAÚDE VOLTADAS PARA O SETOR COMBATE À FOME NO PAÍS
DIAMOND

Panorama Anahp
Conselho de Administração
Presidente: Eduardo Amaro | H. e Maternidade Santa Joana (SP)
Vice-presidente: Henrique Neves | H. Israelita Albert Einstein (SP)

Fernando Ganem | Hospital Sírio-Libanês (SP)


Fernando Torelly | HCor (SP)
Henrique Moraes Salvador | Hospital Mater Dei (MG)
Mohamed Parrini | Hospital Moinhos de Vento (RS)
Paulo Junqueira Moll | Hospital Memorial São José (PE)
Rafael Borsoi Leal | Hospital Santa Lúcia (DF)
Romeu Côrtes Domingues | Hospital São Lucas (RJ)

GOLD

Expediente
Panorama é uma publicação trimestral da
Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados.

Redação
Ana Paula Machado
Gabriela Nunes
SILVER
Helena Capraro

Direção de Arte
Luis Henrique Lopes

Fotos
Shutterstock

Dezembro/2021
Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados
Rua Cincinato Braga, 37 – 3º andar – São Paulo – SP APOIO
www.anahp.com.br – 11 3178-7444

Mobiliário para a Saúde


ÍNDICE CLICÁVEL

Publicação da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados – 2021, ano 16 | nº 80

03 editorial 79 debate Conahp


Soluções para a saúde do presente e do futuro Os temas mais polêmicos e complexos da saúde brasileira
foram debatidos por players do setor e mediados pela jornalista

07 abertura
Natalia Cuminale, parceira neste novo quadro do evento

Pela última vez em formato totalmente digital e gratuito,


o Conahp reuniu 17,9 mil inscritos e foi marcado pela 91 sessões extras: encontro com autoridades
interatividade em sua plataforma exclusiva Representantes da ANS, Anvisa e do Congresso Nacional
participaram do evento para discutir questões estratégicas para

11 destaques
o futuro do setor

Inovação, tecnologia, integração e responsabilidade


social são as apostas dos especialistas ao redor do 95 sessões extras: dicas do líder
mundo para o setor da saúde Profissionais que são referência para o setor nas áreas de
gestão, assistência e pesquisa, deram dicas valiosas para a

29 sessão pôster
nova geração

Foram mais de 220 trabalhos científicos selecionados


para esta edição, compartilhando iniciativas que ajudam 99 sessões extras: painel com imprensa
a construir o futuro do setor Jornalistas especializadas em saúde conversaram sobre o papel
da comunicação durante a pandemia

33 eixo gestão
Integração entre os setores público e privado, e 101 Conahp nos hospitais
desafios econômicos diante cenários adversos foram Alguns associados da Anahp transmitiram o Conahp ao vivo
alguns temas que permearam as palestras em suas dependências, reunindo seus colaboradores para
acompanhar e debater as palestras

40 startups
As 15 melhores empresas voltadas para inovação e 104 sessão patrocinada
tecnologia em saúde apresentaram seus projetos e Algumas empresas patrocinadoras, entre as mais de 50
soluções durante o evento desta edição, também ofereceram palestras acerca do tema
central do evento

44 eixo modelo assistencial


O papel das redes de atenção primária, modelos 115 opinião
que geram valor para o paciente e para o sistema e a Ao longo da programação, os participantes puderam
coordenação do cuidado estiveram em pauta nos debates compartilhar suas opiniões nas enquetes referentes aos temas
abordados

52 lançamento de indicadores
Anahp lançou um material que reúne indicadores de 120 mercado: White Martins
qualidade hospitalar inéditos para servir como parâmetros Desperdício de oxigênio medicinal: entre as principais causas
para beneficiários e contratantes de serviços de saúde está a forma de utilização e o estado de conservação dos
equipamentos de armazenamento

53 eixo pessoas
Desafios da força de trabalho dos profissionais da 124 mercado: Hospitalar
saúde, tecnologia e usabilidade, e medicina preventiva Muito além da tradicional feira, a Hospitalar encontrou caminhos
foram alguns assuntos abordados nas discussões virtuais para manter a comunidade da saúde conectada e
proporcionar uma nova jornada aos usuários

61 ação social
Por meio de uma parceria com o programa Mesa 127 encerramento
Brasil Sesc, o Conahp arrecadou doações que foram O Conahp cumpriu sua missão ao transmitir, ao vivo, os mais
direcionadas para a redução da fome no país importantes debates sobre o futuro da saúde e, com isso,
conquistou grandes números nesta edição

63 eixo inovação e tecnologia


Transformação digital na saúde, interoperabilidade
de dados, prontuário eletrônico e jornada digital do
paciente estiveram em pauta nas palestras

74 linha de gente capa


Para conhecer algumas histórias de superação e
homenagear os protagonistas da luta contra a Covid-19, Especial Conahp 2021
a Anahp criou o projeto Linha de Gente Confira a cobertura completa
do principal congresso
de saúde do país

Siga a Anahp nas redes sociais: Anahp @anahp.br @AnahpBrasil anahp.com.br


SOLUÇÕES PARA A
SAÚDE DO PRESENTE
E DO FUTURO

É com sentimento de gratidão Científica do Conahp, conseguiu população, ou seja, capazes de


e de missão cumprida que cons- trazer para a pauta discussões enxergar as particularidades das
truímos esta edição da revista essenciais e destacar iniciativas comunidades, entregando mais
Panorama. Isso porque ela traz inovadoras – e é sobre elas que qualidade e ampliando o acesso.
o resultado de muito trabalho você irá ler nesta Panorama. Fo- E vai compreender também o pa-
empenhado para a realização de mos ousados e nos mantivemos pel da inovação e da tecnologia
mais um Conahp. Sem falsa mo- na vanguarda mesmo em meio a que, quando bem aplicadas, tem
déstia, este ano o nosso congres- uma das maiores crises da história, um potencial gigante para trazer
so – que pela segunda e última abrindo espaço para repensarmos grandes transformações para a
vez foi totalmente online e gratui- a saúde da próxima década e bus- jornada que é promover saúde.
to – foi mais uma vez um grande cando soluções para temas que Esse Conahp também nos mos-
sucesso. Entregamos conteúdo impactam diretamente a sustenta- trou que, apesar de alguns avan-
de altíssimo nível com a ajuda de bilidade do nosso setor – como a ços, temos um longo caminho
convidados que são referência pandemia tem evidenciado. pela frente quando o assunto são
na saúde do Brasil e do mundo, Esta edição, então, aponta para os novos modelos de saúde, com
e certamente honramos o com- caminhos apresentados duran- destaque para formas de remune-
promisso de contribuir para a te os debates travados nos cinco ração. E ficou claro que, para que
disseminação de conhecimentos dias de congresso, pensando na os negócios do setor evoluam, te-
fundamentais nesse processo de reestruturação da saúde a come- mos que manter o foco no nosso
evolução em que o nosso setor çar de agora, considerando as paciente antes de qualquer outro
se encontra. Como sempre, foi lições aprendidas na pandemia. aspecto. Uma saúde humanizada é
inesquecível! Você vai ler sobre soluções para o que precisamos, cada vez mais.
A Anahp, por meio de uma modelos assistenciais mais eficien- Boa leitura e boas festas! Nos
parceria afinada com a Comissão tes em suprir as necessidades da vemos novamente em 2022.

Eduardo Amaro
Presidente do Conselho
de Administração
By Informa Markets

Faça parte da principal


plataforma de conexão
do setor da saúde
da América Latina,
que agora une o mundo
físico com o digital.

Reconecte-se.
A EXPERIÊNCIA, Reconstrua o presente.
MAIS RELEVANTE Repense o novo.
DO QUE NUNCA. Faça parte.

16 a 30 de Agosto de 2021
Digital Journey

Hospitalar.com Hospitalar 2022


Juntos por um mundo mais saudável. 17 a 20 de Maio de 2022
Antes de iniciar sua
leitura, queremos contar
uma novidade!

Os principais conteúdos transmitidos


no Conahp 2021 estão disponíveis
no canal da Anahp no YouTube,
são mais de 40 vídeos!

Basta acessar a playlist


Conahp 2021 para assistir aos
debates e palestras na íntegra!

CLIQUE AQUI PARA CONFERIR!


ABERTURA

CONAHP 2021:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA
A PRÓXIMA DÉCADA NA SAÚDE
Pela última vez em formato totalmente digital e gratuito, o congresso reuniu
17,9 mil inscritos, mais de 150 participações de palestrantes e foi marcado
pela interatividade em sua plataforma exclusiva, ampliando o debate sobre
o que deve ser o futuro da saúde

No segundo ano de da em sua plataforma di- horas de conteúdo ao vivo,


pandemia e diante dos gital exclusiva. Ao todo, além de sessões extras
desafios impostos por ela, foram 17.921 inscritos no com conteúdos exclusivos.
o principal congresso de evento para acompanhar Seguindo a linha da
saúde do Brasil, o Conahp os debates travados en- edição anterior, em 2021
– Congresso Nacional de tre palestrantes renoma- a Anahp também contou
Hospitais Privados, reali- dos no Brasil e no mundo com entidades represen-
zou uma nova edição em durante os cinco dias de tativas parceiras na reali-
formato online, hospeda- evento. Foram mais de 35 zação do Conahp, o que

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ABERTURA

tam na sustentabilidade
do setor”, afirmou Edu-
ardo Amaro, presidente
do Conselho de Adminis-
tração da Anahp, em seu
discurso na cerimônia de
abertura do evento.
O tema central foi abor-
dado a partir de quatro
perspectivas que per-
meiam os principais eixos
da saúde: modelo assis-
tencial, pessoas, inovação
e tecnologia, e gestão.
O presidente do Conselho de Administração da Anahp, Eduardo Amaro, “Vamos falar sobre o mo-
na abertura do Conahp 2021 mento de pandemia que
ainda estamos vivendo e
proporcionou mais uma e Perspectivas”. “Se em como as tendências do
edição gratuita e capaz de 2020, o Conahp se propôs nosso setor foram acele-
ampliar o acesso ao deba- a entender como o mundo radas por ele, sobre cons-
te, já que o formato (grátis estava lidando com a pan- trução de cenários e o que
e online) permite aumen- demia, o nosso desafio em deve mudar na saúde do
tar exponencialmente o 2021 foi ainda maior. Fo- brasileiro nos próximos anos.
número de participantes. mos ousados e nos propu- Vamos refletir através das pa-
Neste ano, os correaliza- semos a repensar a saúde lestras do congresso sobre
dores do congresso foram da próxima década, discu- os rumos que o setor deve
Abimed - Associação Bra- tindo e buscando respos- tomar para o futuro", disse
sileira da Indústria de Alta tas para temas que impac- José Henrique Salvador, pre-
Tecnologia de Produtos
para Saúde, Abimo – Asso-
ciação Brasileira da Indús-
tria de Dispositivos Médi-
cos, Abramge – Associação
Brasileira de Planos de Saúde,
e FenaSaúde – Federação
Nacional de Saúde Suple-
mentar.
As mais importantes en-
tidades do setor ao lado de
dezenas de especialistas
se reuniram nesta edição
do congresso para deba-
ter “Saúde 2030: Desafios

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ABERTURA

sidente da Comissão Cien-


tífica do Conahp 2021.
Na programação, repre-
sentantes de renomadas
instituições – nacionais e
internacionais – se debruça-
ram sobre os maiores gar-
galos do sistema de saúde,
identificando pontos de
melhoria e necessidades de
mudança, levando em con-
sideração que os setores
José Henrique Salvador, presidente da Comissão Científica do Conahp
público e privado devem 2021, detalhou as temáticas exploradas no evento
seguir unidos e caminhar
na mesma direção. Neste
sentido, o ministro da Saú- gresso, abordou o impacto posto à prova. “Estamos
de Marcelo Queiroga, em da pandemia no sistema certos de que, para superar
sua fala na abertura do con- de saúde brasileiro, que foi essa pandemia e estar mais
bem preparados para futu-
ras emergências de saúde
pública, precisamos asse-
gurar mais investimentos no
setor, mas principalmente
melhorar o uso de recursos
que dispomos.” Esta ques-
tão, em especial, esteve
presente em diversas dis-
cussões que abordaram a
sustentabilidade do setor, o
futuro dos negócios de saú-
de, a capacidade de adap-
tação dos modelos assisten-
ciais, o papel dos hospitais
Em sua participação durante a cerimônia de abertura do congresso, o
ministro da Saúde Marcelo Queiroga abordou impactos da pandemia e
filantrópicos, entre outras.
mais investimento no setor

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ABERTURA

20 ANOS DE HISTÓRIA
Este ano, ao celebrar duas rio “20 anos em 20 marcos”,
décadas de sua fundação, a que traz depoimentos dos CONFIRA E
ASSISTA AQUI OS
Anahp reviveu os momentos personagens que protago- EPISÓDIOS
históricos de sua trajetória – nizaram o nascimento da
entre eles a primeira edição entidade, representando
do Conahp, em 2011 – com a os hospitais fundadores da
websérie especial de aniversá- Associação. Para dar sequência às
comemorações e prestar
uma homenagem a quem
fez parte da construção
desta história, a cerimônia
de abertura do Conahp
contou com a participação
de dois dos fundadores:
Délcio Pereira, fundador e
presidente do Hospital An-
chieta, e Reynaldo Brandt,
CEO da Vortics - Inteligên-
cia em Saúde, que presidiu
a Anahp de 2001 a 2005.
Em suas próximas edi-
ções, o congresso continua-
rá homenageando os funda-
dores da Associação, a fim
de dar visibilidade a estes
Délcio Pereira e Reynaldo Brandt, dois dos fundadores da Anahp, foram personagens tão fundamen-
homenageados na abertura do evento tais para a saúde.

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DESTAQUES

PRÓXIMA DÉCADA
DA SAÚDE: INOVAÇÃO,
TECNOLOGIA, INTEGRAÇÃO E
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Quase dois anos depois nas e a queda no número cipalmente a partir dos
do início da pandemia e de doentes e óbitos, o se- ensinamentos dessa crise.
dos mais diversos desafios tor da saúde pode se per- Foi neste cenário que
impostos pela Covid-19 mitir a pensar novamente aconteceu o Conahp 2021,
para a saúde mundial, no futuro e vislumbrar mu- em que os palestrantes
com a chegada das vaci- danças importantes, prin- compartilharam sua visão

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DESTAQUES

de futuro e indicaram cami- de cabeça é diferente para e atender ao que ele real-
nhos que já começam a ser cada um. A mesma coisa se mente precisa. Na opinião
percorridos. Temas como aplica com um tratamento. de Augusto Lins, presi-
tecnologia e evolução digi- Por isso, existe perigo em dente da Stone, essa prá-
tal, colaboração e integra- abordar todos de forma tica deveria ser adotada
ção de sistemas e um olhar igual, principalmente em em todo setor e empresa
criterioso para a sustentabi- uma escala global.” que busca inovar e estar
lidade – social e econômica Levando em considera- sempre um passo à frente,
– parecem ser os guias do ção esta individualidade preparada para o que está
setor até a próxima déca- de cada pessoa, seja bio- por vir: “Eu desenvolvi
da dentro de um conceito lógica ou comportamental, produtos para um cliente
maior, que é o cuidado cen- o membro do Centro de que ainda não existe, mas,
trado no paciente. Pesquisa da Escola de Me- quando existir, estarei
Para Emmanuel Fombu, dicina de Stanford Robert pronto para atendê-lo.”
médico, autor, palestrante Kaplan chamou a atenção Neste sentido, a tec-
e executivo da saúde, o fu- para os critérios utilizados nologia está à disposição
turo está totalmente ligado em estudos clínicos de para ajudar. O benefício
à personalização do cui- tratamentos, que por ve- de ferramentas e técnicas
dado, o que só é possível zes excluem determinados como Inteligência Artificial
por meio de ferramentas grupos populacionais e e machine learning para a
que permitam conhecer a não consideram outros fa- saúde vai muito além da
fundo as pessoas. O moni- tores, como escolaridade e evolução de procedimen-
toramento remoto, então, renda. “Precisamos desen- tos de alta complexida-
aparece como uma prática volver o ceticismo ao ava- de. Para Greg Corrado,
promissora, já que permite liar os dados clínicos”. cientista pesquisador do
uma maior coleta de dados Parte natural do proces- Google, toda essa inova-
para análise profunda, fun- so é a aproximação com o ção tecnológica vem para
damental para o cuidado paciente e a prática da es- complementar a inteligên-
personalizado. “Uma dor cuta atenta para entender cia humana, nunca para
substituir. Além disso,
“trazer Inteligência Artifi-
cial para o setor da saúde
é uma oportunidade para
reduzir desigualdades e
disparidades, replicando
o cuidado disponível para
aqueles que tiveram mais
sorte e distribuindo, para
que seja acessível para
mais pessoas. Esse é o
papel primordial da Inteli-
gência Artificial: escalonar
soluções”.
Porém, Corrado acredi-

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DESTAQUES

ta que, para que isso tudo


seja realmente mais aces-
sível e escalonável, serão
necessários tempo e co-
laboração entre gover-
nos, operadoras de pla-
nos de saúde, hospitais,
profissionais de saúde e
pacientes. Ou seja, sem
uma integração efetiva, o
setor não se beneficiará
integralmente do uso da
tecnologia.
No caminho para o fu-
turo, ao lado da tecnolo-
gia caminha a informação.
Colher e analisar dados se
tornou mandatório para preciso usar a capacidade maneira colocar o sistema
quem busca entregar saú- da iniciativa privada. Admi- financeiro como parte da
de com qualidade e valor. nistrar é a capacidade de economia e não como ‘a’
E, na opinião do ex-minis- mobilizar recursos.” economia”. Neste contex-
tro da Saúde Nelson Teich, Mas diante de desafios es- to, o desafio é repensar
para encontrar a efetivida- pecíficos do setor, o Conahp nossas atividades: “Gaia
de real neste cenário no 2021 também trouxe uma vi- [planeta Terra] nos apresen-
Brasil seria preciso desen- são mais ampla sobre o que ta algumas lições importan-
volver um projeto de infor- a pandemia pode mostrar e tes para a manutenção da
mação nacional, integran- ensinar à sociedade como vida. Vamos aplicá-la à cri-
do a saúde suplementar e um todo. Para o físico e es- se climática? Vamos mudar
pública. “A única coisa que critor Fritjof Capra, a pan- de um crescimento extrati-
pode ajudar no direciona- demia, que pode ser enca- vista para um crescimento
mento do sistema é a infor- rada como uma resposta regenerativo? Vamos trocar
mação, porque ela vai per- do planeta ao desequilí- os combustíveis fósseis por
mitir enxergar o que está brio social e ecológico, fontes renováveis? Vamos
acontecendo”, disse. E, na é um dos fatores naturais deixar de ter turismo mas-
mesma mesa de debate, que mostram que o con- sivo e revitalizar as comuni-
Gonzalo Vecina lembrou ceito de progresso precisa dades locais? Assim, vírus
que parte importante des- ser revisitado. “O acúmulo que são perigosos para os
sa parceria entre público e de dinheiro pode parecer humanos podem permane-
privado é a mobilização de progresso, mas não é. O cer nas espécies animais de
recursos. “O Estado leva progresso é o conforto da origem, onde não represen-
um tempo imenso para comunidade e deve ser tam dano algum”, avaliou.
resolver as coisas, não se medido pelo bem-estar A seguir, leia cobertura
compra, faz licitação, não da humanidade e da Ter- completa das plenárias do
se contrata, se concursa. É ra. Precisamos de alguma Conahp 2021.

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DESTAQUES

MONITORAMENTO REMOTO:
CHAVE PARA MEDICINA PREVENTIVA
E PERSONALIZAÇÃO DO CUIDADO

As pessoas costumam a saúde. “Quando você vai os “wearables”, as informa-


procurar um médico ape- ao médico, ele faz alguns ções do cotidiano do pacien-
nas quando já estão do- exames e captura apenas te podem ser coletadas e re-
entes. Porém, por que um momento no tempo. O portadas aos profissionais de
não fazer intervenções que estamos falando aqui saúde, o que permite diag-
antes da doença aparecer, é que, com a tecnologia, é nosticar doenças existentes
através de medicina pre- possível capturar um filme ou até mesmo prever pos-
ditiva e preventiva? Essa inteiro”, explicou. síveis problemas que ainda
é a ideia defendida pelo não ocorreram.
médico, autor, palestran- Para exemplificar, Fombu
te e executivo da saúde Monitoramento citou um estudo realizado
Emmanuel Fombu, que remoto durante seis meses sobre
participou da plenária de sono e qualidade de vida.
abertura do Conahp 2021. Essa nova realidade é pos- Todos os participantes utili-
Para o médico, a tecno- sível com o monitoramento zavam um relógio inteligen-
logia pode mudar o cená- remoto. Ou seja, através do te para monitorar os sinais
rio atual de cuidados com uso de dispositivos vestíveis, vitais. Entretanto, um deles

O moderador Eduardo Amaro (Anahp e Hosp. Santa Joana) e o executivo da saúde Emmanuel Fombu

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DESTAQUES

morreu durante o estudo.


“Uma dor de cabeça é diferente para cada
Graças aos dados coletados,
foi possível verificar altera- um. A mesma coisa se aplica com um trata-
ções nos dados capturados mento. Por isso, existe perigo em abordar
nos últimos quatro dias de todos de forma igual, principalmente em
vida do paciente. Apesar
uma escala global”
de não terem conseguido
salvar aquela pessoa, o que
se aprendeu com as infor- um tratamento. Por isso, exis- não. O que mudou foram os
mações coletadas pode sal- te perigo em abordar todos hábitos e o acesso das pesso-
var outras que venham a ser de forma igual, principalmen- as a algumas coisas, como o
monitoradas remotamente te em uma escala global”. consumo de ‘junk food’, por
em um futuro não tão distan- exemplo. Claro que a genéti-
te. “Até 2030 teremos uma ca tem um papel importante
capacidade muito grande de
Papel da genética nas doenças, mas o ambiente
fazer o diagnóstico antes da também”, avaliou Fombu.
doença aparecer”, afirmou. Em sua fala, Emmanuel De acordo com o médi-
O médico ainda defendeu Fombu citou ainda sua ex- co, as condições financeiras
uma personalização dos cui- periência pessoal. Disse que também têm grande influ-
dados em saúde. Isso porque sua falecida avó, que mora- ência na saúde das pessoas.
cada pessoa tem característi- va em Camarões, na África Para exemplificar, citou as
cas únicas e vive em um mun- Central, tinha diabetes, hi- diferenças sociais na cidade
do real diferente do simulado pertensão e costumava fu- de St. Louis, no estado do
nos estudos clínicos. “Nós, mar charutos. Entretanto, a Missouri, Estados Unidos.
pesquisadores, sabemos que filha dela, mãe do palestran- Enquanto em uma parte da
qualquer medicamento que te, tem uma condição finan- cidade a população é mais
chega no mercado tem que ceira melhor, hábitos mais pobre e tem menos empre-
passar por pesquisa. A gen- saudáveis e uma vida mais go, a outra é rica. O resul-
te cria um ensaio com critério ativa. Tendo isso em mente, tado de um estudo mostrou
de inclusão e exclusão para ele questiona até que pon- que as taxas de doenças
ver se funciona e é seguro. to é importante o histórico cardiovasculares eram 10
Mas o mundo real não é as- familiar quando o meio em vezes mais altas entre aque-
sim. Quando a droga é apro- que a pessoa vive e os hábi- les com menos condições
vada, você dá também para tos são tão diversos. financeiras. “Não importa
pessoas que não estavam Em relação à questão ge- onde você mora, você vê
nos critérios da pesquisa, nética, ele também citou isso acontecendo. A Covid
então não podemos usar a dados sobre as taxas de dia- deixou isso claro. As pesso-
abordagem que uma droga betes na China, que subiram as com diabetes e comor-
funciona para todos”, disse de 0,67% em 1980 para 9,7% bidades foram as que mais
Fombu. “Uma dor de cabeça em 2011. “Você acha que a sofreram”, disse.
é diferente para cada um. A genética das pessoas mudou Texto: Futuro da Saúde –
mesma coisa se aplica com ao longo dos anos? Acho que mídia oficial do Conahp 2021

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DESTAQUES

É PRECISO DESENVOLVER CETICISMO


AO AVALIAR DADOS CLÍNICOS, PARA
ACADÊMICO ROBERT KAPLAN

“Durante a pandemia, ao explicar que os estu- citou a esclerose lateral


as pessoas passaram a di- dos passam por três gran- amiotrófica, caso em que
zer que confiam na ciência, des fases, que respondem foi verificado que os estu-
mas a ciência não é algo a três perguntas: “Pode dos não se replicavam e os
único”. Foi dessa forma que funcionar?”; “Funciona?”; tratamentos não apresen-
o membro do Centro de “Vale a pena?”. taram o mesmo efeito em
Pesquisa da Escola de Me- Para responder a pri- pessoas com a doença.
dicina de Stanford, Robert meira delas, ele explicou Kaplan lembrou que
Kaplan, deu início a sua que, muitas vezes, mode- os cientistas já curaram
fala no primeiro dia do los animais são utilizados o Alzheimer centenas de
Conahp 2021. no estudo pré-clínico. En- vezes em ratos, mas ain-
Ao longo de toda a sua tretanto, nem sempre os da não foram capazes de
plenária, ele defendeu a resultados são replicados curar nenhum humano
importância do ceticismo quando a mesma substân- com a doença. Mesmo
na avaliação de dados de cia é testada em huma- com todos os estudos atu-
estudos clínicos. E fez isso nos. Para exemplificar, ele almente em andamento,

O moderador José Marcelo de Oliveira (Hospital Alemão Oswaldo Cruz) e Robert Kaplan (Centro de Pesquisa
e Escola de Medicina de Stanford)

16 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

há ainda um longo cami-


“Precisamos desenvolver o ceticismo
nho a ser percorrido não
apenas para o Alzheimer, ao avaliar os dados clínicos”
mas também para outras
doenças. tas questões devem ser uma das 10 mil substân-
observadas quando um cias promissoras chegará
estudo é realizado. “Preci- à agência reguladora dos
Os estudos clínicos samos desenvolver o ceti- EUA, a FDA.
cismo ao avaliar os dados
Em relação à segunda clínicos”, avaliou.
pergunta (“funciona?”), Apesar disso, Kaplan dis- Possíveis efeitos
Kaplan falou sobre os pro- se que tem observado que,
colaterais
blemas enfrentados pelos nos Estados Unidos, o tem-
cientistas. Um deles está po para o produto chegar Quanto à última pergun-
relacionado a questões ao mercado está diminuin- ta (“vale a pena?”), Kaplan
metodológicas. Há crité- do. Mesmo assim, um me- abordou a questão dos
rios de exclusão utilizados dicamento precisa passar efeitos colaterais de alguns
para a seleção de partici- por um longo caminho de medicamentos. Muitas ve-
pantes do estudo. Acon- estudos até ser aprovado zes, as reações são tão
tece que, muitas vezes, o para comercialização. grandes que nem sempre
critério de exclusão é al- Ele explicou que, em vale a pena pelo benefício.
guma característica que o um estudo com 10 mil O especialista afirmou
paciente da vida real com substâncias, todas podem ainda que a saúde de
aquela doença costuma ter potencial de benefí- cada cidadão está mais
apresentar. Outras vezes, cios. Entretanto, apenas relacionada com questões
a idade dos participan- 250 chegam na parte clíni- de escolaridade e renda
tes não condiz com a fai- ca dos estudos – ou seja, do que com o sistema
xa etária que costuma ser com testes em humanos. de saúde em si. “Pesso-
acometida pela doença Ao final, somente cinco as que não têm faculdade
que está sendo estudada chegam de fato ao ensaio possuem uma menor ex-
na pesquisa. Por isso, mui- clínico e, por fim, apenas pectativa de vida. Outros
fatores demográficos e
renda também determi-
nam se a pessoa vai viver
mais ou menos. É bem
complicado. Os dados
que usamos são pobres e
precisam melhorar.”
Texto: Futuro da Saúde –
mídia oficial do Conahp 2021

17 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

O FUTURO DAS ORGANIZAÇÕES DEPENDE


DA CAPACIDADE DE INOVAÇÃO

Pensar na perspectiva de por José Henrique Salva-


futuro das empresas como dor, presidente da Comis-
um caminho de experimen- são Científica do Conahp
tação, capaz de erros e acer- 2021 e diretor de Opera-
tos, mas sólido o suficiente ções da Rede Mater Dei de
para aprender e avançar, foi Saúde, a exposição trouxe
a tônica da palestra “Pere- a história da Stone como
nidade das organizações: inspiração para o fomento
como se reinventar e tornar de uma cultura empresarial
o negócio viável”, ministra- que entende o acelerado
da por Augusto Lins, presi- cenário de mudanças em
dente da Stone. Mediada que vivemos.

18 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

ções para cada uma dessas


necessidades. A ideia é co-
locar o cliente como razão
da existência do negócio,
inspirando uma cultura or-
ganizacional forte, jovem,
dinâmica, transparente e
meritocrática.
“É preciso ouvir o pa-
ciente, o cliente, e saber
“Nós acreditamos que o cebeu oportunidades de o que ele quer. Precisa-
empreendedor brasileiro negócio. “Eu desenvolvi mos de produtos de saú-
vai mudar o país. Temos produtos para um clien- de que atendam o que
um mercado animado e te que ainda não existe, eles precisam.”, disse Lins
em constante evolução. mas, quando existir, es- fazendo relação com o se-
Assim, nossa cultura in- tarei pronto para atendê- tor da saúde.
terna também é de bus- -lo”, reforçou o presiden- Ao fim da palestra, o
car empreendedores que te da empresa. executivo reforçou a impor-
compartilhem valores sim- Outro ponto destacado é tância de medidas de ma-
ples como inteligência, a necessidade de entender nutenção de cultura organi-
energia e integridade”, intimamente o consumidor, zacional e a importância de
disse Lins. Para garantir que no caso da Stone é o agregar nas equipes gente
esse ambiente de inova- empreendedor brasileiro. que não se incomode em
ção internamente, ele afir- A empresa trabalha para mudar. “A única vantagem
ma que isso significa que ajudar esse público a ven- competitiva a longo prazo
a empresa precisará en- der, gerir e crescer em seus é a capacidade de mudar
frentar riscos. Assim, um negócios ao fornecer solu- sem dor,” finalizou.
ambiente interno de con-
fiança é fundamental para
que o colaborador se sin- PLENÁRIA
“É preciso ouvir o paciente, | Ae
o cliente,
ta confortável em propor saber o que ele quer. Precisamos de pro-
ideias novas e capazes de dutos de saúde que atendam o que eles
impactar os negócios.
precisam.”
No mercado de paga-
mentos, o 5G é uma tec-
nologia esperada e que
vai trazer inovações e rup-
turas com os padrões atu-
ais. Um ambiente como
o da Stone se antecipou
a esse cenário e já per-

19 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

INFORMAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS


SÃO FUNDAMENTAIS PARA INTEGRAR AÇÕES
ENTRE PÚBLICO E PRIVADO

A análise de informações fundidade no Conahp pelo a capacidade de colabora-


e a colaboração entre os médico e ex-ministro da ção entre os setores públi-
setores público e privado Saúde Nelson Teich e pelo co e privado”.
são elementos importan- médico sanitarista Gonzalo Em sua fala, Teich frisou
tes para uma boa gestão Vecina, na plenária “Ges- a importância de colher
em saúde. Esses tópicos tão em tempos de incer- e lidar com informações,
foram abordados em pro- teza e desconhecimento e não somente em situações
como uma pandemia, mas
“Nossa capacidade de colher informação também para a gestão em
não acompanhou a evolução do sistema. saúde de um modo ge-
ral. “Nossa capacidade
Precisamos de um projeto de informação de colher informação não
nacional para a saúde, que integre o siste- acompanhou a evolução
ma público e suplementar.” do sistema. Precisamos de

Gonzalo Vecina (FSP/USP), Nelson Teich (ex-ministro da Saúde) e o moderador Henrique Neves (Hosp.
Israelita Albert Einstein)

20 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

um projeto de informação que ter capacidade de ga do sistema em outras


nacional para a saúde, que gerar dados rapidamente. áreas da saúde, já que
integre o sistema público e Quando a Covid-19 surgiu todas as atenções preci-
suplementar. A única coisa não se conhecia a doença, saram ser redirecionadas
que pode ajudar no dire- não tinha tratamento nem para a Covid-19. Ele lem-
cionamento do sistema é a prevenção. “A Covid trou- brou que houve cerca de
informação, porque ela vai xe sobrecarga para o sis- 200 mil mortos no Brasil
permitir enxergar o que tema, realçou as fragilida- pelo coronavírus em 2020.
está acontecendo." des. Nenhum sistema está Entretanto, outras 1,3 mi-
Entretanto, ele diz que preparado para sobrecar- lhão de pessoas também
a escassez de informação ga. Não tem recurso fi- morreram, e não houve
não ocorre por falta de nanceiro para ociosidade. atenção às causas disso.
vontade, mas de compe- Por isso, tem que traba- “A mesma ineficiência que
tência. “Informação é uma lhar com a maior eficiência vimos já existia em relação
das coisas mais difíceis de possível." a outras doenças, mas isso
obter”, ressaltou. se acomodou de tal forma
O ex-ministro também que não agride as pesso-
reforçou a importância da Sistema de saúde as”, disse.
velocidade da informa- Segundo ele, ninguém
ção. Em uma situação de Teich falou ainda sobre consegue se preparar para
pandemia, o sistema tem o problema da sobrecar- uma pandemia quando ela
surge. Ter um sistema efi-
ciente é fundamental para
se adaptar. “A gente não
aprendeu com a Covid.
O sistema teve melhoras,
mas ainda é muito próximo
do início da pandemia”,
avaliou o ex-ministro. “O
sistema não está mais bem
preparado. Temos que en-
tender o que a Covid-19
nos mostrou e ajustar isso
para novas pandemias. Fa-
zer com que o sistema seja
mais eficiente para todo
mundo”, completou.
Para Teich, a Covid trou-
xe uma percepção da in-
certeza da informação.
Isso porque se vê que até
mesmo dados de eficácia

21 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

Vecina explicou que ser-


viço público não é sinôni-
mo de estatal. “A saúde
é pública, seja oferecida
pelo estado ou pelo setor
privado. O setor privado
fazer algo no lugar do se-
tor estatal é privatização?
Na minha opinião não é,
mesmo se tiver lucro.”
Para o médico sani-
tarista, a tecnologia é a
resposta para lidar com o
problema de falta de ver-
ba. “A crise não acabou.
Ainda há tempo de apren-
der e de usar a tecnologia
que estamos construindo,
de uma mesma vacina são Iniciativas entre como o machine learning
totalmente diferentes em setor público e e o database. Obter dados
dois países. E, em alguns privado sobre saúde populacional
casos, o mesmo lugar apre- utilizando essas tecnolo-
senta resultados diferentes Em sua fala, Gonzalo gias é essencial, mas pre-
em períodos diversos. Vecina concordou com a cisamos aprender a usar.
O ex-ministro também questão da informação Algumas instituições têm
disse não acreditar que o abordada por Teich e falou esse conhecimento, mas
país esteja preparado para da importância das inicia- precisamos levar isso para
lidar com uma possível nova tivas entre o setor público a frente.”
variante que ponha em ris- e privado. Entretanto, para Texto: Futuro da Saúde –
co os avanços conquistados ele, com o Estado tudo é mídia oficial do Conahp 2021
pela vacinação. “Um gestor mais difícil. “Não se com-
tem que mapear os pos- pra, faz licitação. Não se
síveis cenários. Apesar da contrata, se concursa. Leva-
chance de uma nova onda -se um tempo imenso para
acontecer ser pequena, a resolver as coisas. É preci-
doença não está 100% con- so usar a capacidade da
trolada. Mas, se acontecer, iniciativa privada”, avaliou.
temos que estar prepara- Na opinião do acadêmico,
dos. E não me parece que “administrar é a capacida-
se tem preparação para de de mobilizar recursos
isso”, disse. para atingir objetivos”.

22 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

CORONAVÍRUS DEVE SER VISTO COMO


RESPOSTA BIOLÓGICA DO PLANETA,
PARA FÍSICO FRITJOF CAPRA
A pandemia pode ser que a humanidade acabou
vista como uma resposta se colocando sozinha. É um
a um desequilíbrio ecoló- desequilíbrio ecológico e
gico e social do nosso pla- social que tem consequên-
neta, segundo o físico e cias dramáticas”, avaliou.
escritor Fritjof Capra, que Segundo Capra, quando
comandou a plenária “The o ecossistema é afetado, ví-
systems view of health” no rus que vivem em simbiose
Conahp 2021. com certas espécies acabam
“Eu entendo que o coro- saindo de seu lugar e ame-
navírus deve ser visto como açando o ser humano de
uma resposta biológica de forma tóxica e, muitas vezes,
Gaia [planeta Terra] à emer- mortal. Para ele, o coronaví-
gência ecológica e social rus se enquadra nisso.

A apresentadora Izabella Carmargo dá as boas-vindas ao físico e escritor Fritjof Capra no Conahp 2021

23 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

Modo de vida das de isolamento social,


como o lockdown, refletem
A forma como os seres em algumas alterações im-
humanos vivem atualmen- portantes. “O trânsito foi
te, para o físico, é o que reduzido, a contaminação
contribui para que vírus e e poluição em cidades do
doenças se espalhem mais mundo começaram a re-
facilmente: alta densida- gredir, começamos a ter
de populacional, turismo novos ares, céus mais lim-
massivo e desigualdade pos. O ecossistema come- para a manutenção da vida.
econômica são alguns dos çou a ser melhorado com Vamos aplicá-la à crise cli-
exemplos de situações menos pessoas nas ruas”, mática? Vamos mudar de
que fazem com que as observou. um crescimento extrativista
pessoas sejam expostas o Dentro desse cenário, para para um crescimento rege-
tempo todo a aglomera- Capra, o coronavírus mostrou nerativo? Vamos trocar os
ções. “Todas as variáveis eficiência em reduzir as emis- combustíveis fósseis por
dentro do sistema vão le- sões de CO2, e ficou claro fontes renováveis? Vamos
var a estresse e vulnerabi- que é possível mudar se al- deixar de ter turismo mas-
lidade do sistema como guns hábitos humanos forem sivo e revitalizar as comuni-
um todo”, disse. revistos a partir de uma relei- dades locais? Assim, vírus
Apesar da crise sanitária tura dos resultados positivos que são perigosos para os
e econômica, Capra con- para o meio ambiente em humanos podem permane-
segue enxergar os sinais e meio a essa crise. cer nas espécies animais de
aprendizados gerados pela “Gaia nos apresenta al- origem, onde não represen-
pandemia, já que medi- gumas lições importantes tam dano algum”, avaliou.

Problemas
sistêmicos e
interconectados

Fritjof Capra defendeu


que todos os principais pro-
blemas enfrentados hoje
pelo mundo – como emer-
gência climática, desigual-
dade econômica e a própria
pandemia – não podem ser
vistos de forma isolada, são
problemas sistêmicos e in-
terconectados.

24 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

ricos, porque pobres e ricos


não estão separados biolo-
gicamente, são da mesma
espécie. O vírus não reco-
nhece limites sociais.”
“O sistema econômico alimenta o materia- Ele defendeu que, com
lismo e a cobiça e não parece reconhecer a pandemia, a justiça so-
cial deixou de ser um as-
nenhum tipo de limite."
pecto político de direita
e esquerda, mas sim de
“O sistema econômico Segundo o físico, o cres- vida e morte. E isso dei-
alimenta o materialismo e cimento considerado ruim xa claro que, para evitar
a cobiça e não parece re- são os de processos, pro- pandemias futuras, é es-
conhecer nenhum tipo de dutos e serviços que ex- sencial melhorar as con-
limite. O crescimento per- ternalizam custos sociais e dições de vida das clas-
pétuo é perseguido incan- ambientais. São baseados ses desfavorecidas. “O
savelmente, com consumo em combustíveis fósseis, comportamento ético vai
excessivo e gerando lixo, envolvem substâncias, re- ser uma questão de vida
contaminação, esgotando duzem sistemas naturais e ou morte em uma pan-
os recursos naturais e au- degradam o ecossistema demia. A pandemia pode
mentando desigualdades da Terra. Enquanto o bom ser resolvida só a partir
econômicas”, ponderou. crescimento é o oposto, de ações cooperativas e
Para ele, o grande desa- traz elementos renovados colaborativas. Não tem
fio é mudar para um sistema para a natureza, promove outra opção”, disse.
econômico que seja susten- emissão zero de poluentes, Portanto, o conceito de
tável economicamente e reciclagem contínua de re- progresso precisa ser revi-
socialmente justo. Por isso, cursos naturais, as comuni- sitado, o que, segundo Ca-
defendeu o que chamou de dades locais são envolvidas pra, já está sendo feito por
“crescimento qualitativo” e existe a reparação dos diversas organizações glo-
em vez do “crescimento ecossistemas do planeta. bais. “O acúmulo de dinhei-
quantitativo”. ro pode parecer progresso,
O crescimento qualitativo mas não é. O progresso é o
visa melhorar a qualidade Coronavírus conforto da comunidade e
de vida, gerando e regene- e justiça social deve ser medido pelo bem-
rando. E, enquanto as quan- -estar da humanidade e da
tidades podem ser medi- Capra também observou Terra. Precisamos de algu-
das, as qualidades têm que a questão social em relação ma maneira colocar o sis-
ser mapeadas. “Precisamos à Covid-19. “Pobres estão tema financeiro como parte
qualificar o crescimento. mais suscetíveis por causa da economia e não como
Distinguir o bom crescimen- do pouco acesso ao cuida- ‘a’ economia”, concluiu.
to do ruim e melhorar o que do com a saúde. Mas a do- Texto: Futuro da Saúde –
é bom”, disse. ença também chegou nos mídia oficial do Conahp 2021

25 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO SETOR
DA SAÚDE PARA REDUZIR DESIGUALDADES

Os avanços tecnológi- em uma medicina preventi- está na palma da mão de


cos de Inteligência Arti- va de nível global. “Trazer qualquer pessoa que use
ficial e machine learning Inteligência Artificial para o um smartphone nos dias
podem ser utilizados para setor da saúde é uma opor- de hoje. A tecnologia
prevenção em saúde da tunidade para reduzir desi- permite compreender a
população em maior esca- gualdades e disparidades, linguagem humana, seja
la e diminuir os custos. Foi replicando o cuidado dispo- para fazer traduções ou
isto que afirmou o cientis- nível para aqueles que tive- sugerir respostas automá-
ta pesquisador do Google, ram mais sorte e distribuin- ticas aos e-mails, mas vai
Greg Corrado, durante a do, para que seja acessível muito além. E na área da
última plenária da progra- para mais pessoas. Esse é saúde pode ser utilizada
mação do Conahp 2021. o papel primordial da Inte- como auxílio aos profis-
Segundo ele, no futuro ligência Artificial: escalonar sionais. Em sua fala, ele
será possível identificar pre- soluções”, explicou. questinou: se as máquinas
viamente doenças da popu- Corrado esclareceu que são capazes de identificar
lação. Com isso, se chegaria a Inteligência Artificial já e reconhecer fotos de ga-

O moderador Charles Souleyman (Conahp 2021 e Americas Serviços Médicos) e Greg Corrado (Google)

26 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

tos e cachorros, por que Inteligência Artificial coisas que os humanos


não seriam capazes de re- e machine learning não conseguem. Utilizan-
conhecer algum detalhe na saúde do o exemplo anterior, o
em um exame de imagem computador foi além de
que indique um proble- encontrar retinas não sau-
ma de saúde? “Podemos Sobre o que já tem sido dáveis. Os cientistas viram
trabalhar com a leitura de realizado na área da saú- que ele poderia ser treina-
imagens médicas, pensan- de, Greg Corrado deu o do para identificar a idade
do em diagnósticos, en- exemplo de um sistema de do paciente e a pressão
contrar áreas de interesse computador já criado, que sanguínea sistólica. Apesar
ou sintetizar algum tipo de consegue fazer o diagnós- da pouca relevância clínica
informação”, disse. tico de um tipo específico para esses dados, já que
Mas como isso é pos- de diabetes ao analisar a é mais fácil consegui-los
sível? O pesquisador ex- imagem da retina do pa- de outra maneira, isso de-
plicou que as máquinas ciente. Para que isso fosse monstra que há biomarca-
de hoje aprendem ao imi- possível, os cientistas mos- dores presentes nos dados
tar exemplos, o que está traram 130 mil imagens de que podem ser invisíveis
relacionado ao conceito retina humana à máquina. para os seres humanos.
de machine learning ou Junto estava a identifica- Mas se engana quem
aprendizado de máquina. ção feita por profissionais pensa que o objetivo é
Assim, para montar um sis- de saúde sobre o nível de substituir os profissionais de
tema que reconheça fotos diabetes do paciente de saúde. “Acreditamos que
de gatos e de cachorros, cada foto. Assim, com tan- esses sistemas digitais po-
por exemplo, basta mos- tos milhares de exemplos, dem colaborar com as pes-
trar milhares de imagens o computador aprendeu a soas da mesma forma que
de espécies dos dois ani- fazer o diagnóstico. duas pessoas conseguem
mais, até que a máquina O pesquisador disse ain- colaborar entre si, como
aprenda a fazer a identifi- da que, às vezes, as má- dois médicos discutindo um
cação sozinha. quinas são capazes de ver caso. Em geral, vejo o siste-
ma de machine learning que
temos hoje como algo que
"Em geral, vejo o sistema de machine le- vai complementar a inteli-
arning que temos hoje como algo que vai gência humana”, disse.
complementar a inteligência humana”

Outros benefícios
ao setor
Segundo Corrado, a
mesma tecnologia de re-
conhecimento pode ser
usada em exames para

27 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DESTAQUES

identificar vários tipos de que a Inteligência Artificial Na avaliação do cien-


câncer, como de mama, na saúde seja tão confiável tista, é fundamental en-
colo do útero, próstata, quanto o freio do seu car- tender o que é papel da
entre outros. Além de ou- ro”, defendeu. tecnologia e o que não é.
tras doenças. “Vamos au- Na opinião do especia- “Auxiliamos nos exames
mentar a acurácia e redu- lista, para que a confiança de mama, mas fazemos
zir os custos. O setor da se crie, é preciso que di- isso de forma comple-
saúde como um todo vai versos profissionais traba- mentar. Não estamos ofe-
se beneficiar.” lhem juntos. “Precisamos recendo algo que possa
O pesquisador contou trabalhar com equipes de ser substituído por um
que o Google tem traba- saúde em hospitais para diagnóstico do seu médi-
lhado nos últimos anos identificar os problemas co. São ferramentas para
com tecnologias pilotos que esses profissionais você iniciar na sua jorna-
que permitem pesquisar acham que a Inteligência da”, disse. “Isso faz com
padrões de prontuário mé- Artificial pode resolver. Aí que o sistema funcione
dico e procurar as infor- vemos o que a tecnologia para um maior número de
mações que são mais rele- consegue ou não fazer.” pessoas sem necessaria-
vantes para os médicos. O mente tratar todos de for-
objetivo é que a tecnolo- ma igual.”
gia seja útil e ajude os pro- Preocupação com
fissionais da saúde em vez o autodiagnóstico
de aumentar a sua carga.
Corrado acredita que, Perguntado sobre os pe-
para que isso tudo seja rigos do autodiagnóstico,
mais acessível e escalo- já que ferramentas como o
nável, serão necessários Google facilitam o acesso
tempo e colaboração en- às informações sobre do-
tre governos, operado- enças, tratamentos e me-
ras de planos de saúde, dicamentos, Corrado afir-
hospitais, profissionais de mou que, apesar do risco,
saúde e pacientes. Além tais ferramentas têm o
de ter em mente que no objetivo de ajudar as pes-
centro precisa estar o pa- soas a tomarem melhores
ciente. “Às vezes, os siste- decisões em relação à sua
mas de informação são de- saúde. “É complexo, mas
safiadores, mas temos que precisamos tentar cons-
deixá-los mais responsi- truir as ferramentas e tor-
vos. Para isso, tem que ter nar óbvio que há um jeito
confiança em como a tec- certo de usar isso. Pode-
nologia será usada para o mos orientar as pessoas a
benefício das pessoas. O fazer isso da forma corre-
objetivo final é fazer com ta”, opinou.

28 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PÔSTER

SESSÃO PÔSTER:
INICIATIVAS QUE AJUDAM A CONSTRUIR
O FUTURO DA SAÚDE
Com o objetivo de dis- dos quais 222 foram sele- grandes diferenciais foi a
seminar as melhores práti- cionados para a exposição participação da FGV EAESP,
cas e cases de sucesso no que ocorreu durante a se- representada por uma equi-
setor da saúde, todos os mana do evento. Todos os pe liderada por Ana Maria
anos o Conahp abre es- cases estavam relacionados Malik, professora titular na
paço para a exposição de aos eixos do evento, que instituição, na curadoria da
trabalhos científicos na já abordam o tema principal seleção dos trabalhos cien-
consagrada Sessão Pôs- a partir de quatro perspec- tíficos e na banca avaliadora
ter. Esta edição destacou tivas: modelo assistencial; da também inédita “Batalha
iniciativas inovadoras com pessoas; inovação e tecno- de Pôsteres”, uma iniciativa
potencial para contribuir logia; e gestão. onde os autores dos 12 me-
para o futuro do sistema de Algumas novidades fo- lhores cases se apresenta-
saúde e contou com mais ram incorporadas ao pro- ram, definindo os três ven-
de 400 trabalhos inscritos, jeto neste ano. Um dos cedores da edição.

29 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


X
SESSÃO PÔSTER

BATALHA
DE PÔSTERES
Os 12 trabalhos que ob-
tiveram as melhores no-
tas pela banca avaliadora
foram convidados a fazer
uma apresentação na cha-
mada Batalha de Pôsteres.
O objetivo era extrair dali
os três melhores, vencedo-
res da edição.
A banca avaliadora da
Batalha foi composta pelos
professores da FGV EASP
Adriano Massuda, Alberto
Ogata, Ana Maria Malik, Da- Estímulo à gentileza com O uso da tecnologia na ca-
niela Camarinha, Evandro o programa de comu- pacitação de times de saú-
Penteado, Laura Schiesari, nicação empática no de em parceria com insti-
Mariana Carrera, Walter Cin- ambiente de saúde tuição de ensino superior:
tra Ferreira Jr. e Wilson Re- relato e experiência
zende Silva. E os trabalhos Impacto da automação
que participaram foram: do estoque periférico Participação da comis-
da UTI de um hospital são consultiva de pa-
Atendimento remoto ao universitário de gran- cientes e familiares du-
paciente SUS em meio de porte rante a pandemia
à pandemia: um legado
para todo sistema de saú- Infecção por Sars-Cov-2 Realidade virtual imersiva
de público em gestantes e controle como inovação no pro-
da infecção em hospital cesso de reabilitação do
Avaliação da eficácia do da Anahp doente crítico
protocolo de dor aguda
na Unidade de Terapia In- Integração completa da Uso da telemedicina e te-
tensiva adulto plataforma de gestão de lessaúde durante a pande-
dados com o prontuário mia do SarsCov-2/Covid-19
Avaliação do uso do elmo eletrônico
(capacete de respiração as-
sistida) em pacientes con- Modelo estruturado de
Conheça todos
firmados para Covid-19 trabalho remoto em ins- os trabalhos
tituições de saúde selecionados em
conahp.org.br

30 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PÔSTER

PÔSTERES VENCEDORES
1º lugar

Impacto da automação do estoque periférico da UTI


de um hospital universitário de grande porte

Autores: Roberta Alexandra Alves, Celso Ricardo dos Santos, Aline Marques Araujo e Renata Ferreira

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP

“Tínhamos que pensar em otimizar nossos recursos financeiros e de RH, fortalecer nossa
monitoria de estoque e tirar a enfermagem dessa parte que não é assistencial. Antes da
implantação dos dispensários eletrônicos, nós fornecíamos em torno de R$ 68 mil para
atendimento de leitos de UTI e, com a mudança, ficamos numa média de R$ 11 mil. Foi uma
redução de 83%, que se sustentou ao longo do processo.” – Renata Ferreira

2º lugar

Atendimento remoto ao paciente SUS em meio à pandemia:


um legado para todo o sistema de saúde público

Autores: Celita Fraporti, Diana Indiara Ferreira Jardim da Rocha, Cristiane Weber
e Izadora Guedes da Silveira

HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS

“É um legado que ficou. Temos pacientes que vinham do Brasil inteiro para ser atendido
aqui, então é uma otimização de recurso fantástica não apenas para o hospital, mas para o
sistema de saúde. E foi positivo internamente, porque diminuímos muito o fluxo do hospital e
melhoramos o nosso atendimento.” – Celita Fraporti

3º lugar

Avaliação da eficácia do protocolo de dor aguda na


Unidade de Terapia Intensiva adulto

Autores: Karina de Cassia Fortes Andrade Pereira, Luciana Rodrigues Santos Coutto
e Geraldo Majella Machado Barbosa Filho

HOSPITAL MÁRCIO CUNHA

“À medida que o protocolo foi sendo instituído e padronizado, tivemos uma redução relevante
do número de pacientes com dor intensa, o que fez a satisfação com o serviço aumentar.
Aprendemos que o manejo é possível com protocolos planejados e executados e que garante
segurança assistencial, padronização global da prevenção da dor e, ao mesmo tempo, ações
individualizadas, promovendo conforto." – Geraldo Filho

31 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


32 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE
GESTÃO

EIXO
GESTÃO
A proposta deste eixo rio tão adverso como o
do Conahp 2021 foi abor- que estamos vivendo; to-
dar temas relacionados à madas de decisões mais
necessidade de integra- assertivas com uma nova
ção e atuação articulada doença e contexto; e o
entre os setores público e impacto da responsabi-
privado; os desafios eco- lidade social corporativa
nômicos das instituições na comunidade, espe-
para se manterem no mer- cialmente no mundo pós-
cado diante de um cená- -pandemia.

33 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


GESTÃO

IMPACTO DA PANDEMIA NA
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DA SAÚDE

A sustentabilidade da ro. A palestra “A sustenta- do impacto da pandemia


saúde não diz respeito bilidade do setor de saúde de Covid-19 e falar de fu-
somente ao presente do perante uma crise sanitária turo. Moderado por Erick-
setor, mas também sobre sem precedentes” reuniu son Blun Lima, diretor-pre-
suas perspectivas de futu- especialistas para tratar sidente do Hospital Vera
Cruz, o debate também
contou com a participação
de André Medici, econo-
mista social e da saúde,
Jarbas Barbosa, vice-dire-
tor-geral da Organização
Pan-Americana da Saúde
(OPAS/OMS), e o presiden-
te da Associação Brasileira
de Planos de Saúde (Abram-
ge), Renato Casarotti.

34 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


GESTÃO

importância da superação
do que chamou de "aces-
so equitativo global", des-
tacando a informação de
que 24 países ainda estão
abaixo de 40% da sua po-
pulação vacinada.
A sustentabilidade como
um todo, tanto do siste-
ma público quanto priva-
do, precisa passar por um
Para tratar a questão, tes no número de inter- debate aberto e racional
Medici ressaltou que há nações hospitalares em sobre a alocação de re-
que se analisar duas fases 2020 e, ainda hoje, a uti- curso, isso é o que defen-
da pandemia, os períodos lização permanece abaixo de Casarotti. Mesmo no
pré e pós-vacinação. Se- dos níveis esperados. Ele setor privado, o executivo
gundo dados da Organi- analisa que “os efeitos analisa que há falta de um
zação Mundial da Saúde econômicos da pandemia olhar sistêmico para diver-
(OMS), antes das vacinas, podem diminuir o número sas frentes, como pode ser
os recursos foram aloca- de pessoas que procuram visto na fragmentação da
dos de forma majoritária no serviços de saúde. Como escolha por incorporação
combate ao vírus. Naque- foi visto em crises econô- de tecnologias. Redefinir
le cenário, muitos serviços micas anteriores, algumas prioridades no setor priva-
de prevenção e tratamento pessoas podem ter desis- do de saúde é imperativo
de doenças crônicas foram tido dos cuidados devido para a sustentabilidade do
reduzidos e, em alguns ca- aos custos.” segmento: “estamos alo-
sos, descontinuados. Den- Para Barbosa, “a pande- cando recursos necessários
tre outros dados, 94% das mia não é só uma crise no em prevenção e tratamen-
equipes que trabalhavam setor de saúde, mas uma to de doenças crônicas,
em doenças crônicas foram tríplice crise com impac- por exemplo?”, questio-
realocadas para combater a tos sociais e econômicos nou. Para o presidente da
Covid-19. Sobre o período tremendos, além de políti- Abramge, um dos aprendi-
pós-vacinação, Medici afir- cos”. Ele afirmou que, em zados mais importantes da
mou que houve a busca da todos os lugares atingidos pandemia é que o recur-
sustentabilidade nos servi- pela pandemia, os mais so alocado em prevenção
ços de saúde, com o retor- pobres foram também os sempre vai ser mais vanta-
no da confiança da popu- mais afetados e que men- joso do que o recurso apli-
lação de poder voltar sem sagens conflitantes foram cado no cuidado de alta
medo aos hospitais. passadas por autoridades à complexidade.
Segundo o economis- população pela politização
ta, foi possível notar uma do assunto. O vice-diretor
redução sem preceden- geral da OPAS ressaltou a

35 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


GESTÃO

MODELOS DE ATENDIMENTO ONLINE


E OFFLINE INTEGRADOS PARA A FUTURA
JORNADA DO PACIENTE

O uso de tecnologia qualificada e integrada”.


e de dados é a resposta Palestraram o sócio da Bain
para resolver o problema & Company em Singapura
de fragmentação nos siste- Vikram Kapur e o professor
mas de saúde. Isto é o que associado da FGV EAESP
pensam os participantes Rudi Rocha, com a media-
do debate que abordou “A ção do CEO do Hospital
importância da gestão da Moinhos de Vento Moha-
saúde baseada em dados med Parrini.
e o desafio para construir Para Vikram Kapur, a
uma base de informações fragmentação na área da

Rudi Rocha (FGV EASP), Vikram Kapur (Bain & Company) e o moderador Mohamed Parrini (Hosp. Moinhos
de Vento)

36 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


GESTÃO

saúde, que seria uma or-


dem natural do sistema,
deixa a experiência do pa-
ciente ruim. Frente a isso,
a análise de dados teria um
papel muito importante
para entregar experiência
de forma integrada. “Há
oportunidade de avançar
em um modelo centrado
no paciente”, disse.
Segundo o sócio da Bain
& Company, a relação pes-
soal do médico com o pa-
ciente é difícil de substituir,
mas com um canal ade-
quado é possível criar uma apenas de forma online, Na opinião de Kapur, ha-
nova experiência. Ele lem- foram crescendo e viram verá sim recursos humanos,
brou também que o consu- que não podiam ficar só no mas o grande desafio será
midor mudou muito nos úl- mundo digital, então fize- trazê-los para trabalhar na
timos cinco anos, o que foi ram parcerias com empre- área de saúde. “O que eu
potencializado pela pande- sas físicas. Por isso, para vejo é um certo otimismo
mia. De acordo com alguns ele, o ideal é integrar os de pensar que tem muitos
estudos apresentados, as modelos online e offline na talentos entrando na ciên-
pessoas querem usar mais jornada do paciente. cia de dados. Mas como
a tecnologia, inclusive no Para Rudi Rocha, a digi- nós que estamos na saúde
cuidado da sua saúde. Por talização do setor e a tec- vamos conquistar esses ta-
isso, ter um ponto único nologia podem garantir lentos? Não sei se sonham
para fazer a gestão da saú- eficiência para quem esti- em trabalhar com hospitais
de seria importante. ver bem-posicionado, tan- e com a saúde”, disse.
to no setor público quan- O sócio da Bain & Com-
to no privado. Segundo pany lembrou, ainda, que
Futuro o professor, há muita ca- historicamente o setor de
pacidade instalada, com saúde sempre foi devagar
Ainda de acordo com sistemas impressionantes, para implementar novas
Kapur, no futuro a atenção mas, ao mesmo tempo, tecnologias. Por isso, algu-
à saúde vai estar em um com muita fragmentação. mas inovações poderiam
ecossistema. Novas em- Por isso, questiona como ser adaptadas. “Poderia ter
presas e startups surgiram incorporar tecnologia sufi- uma melhor saúde com o
nos últimos anos para inte- ciente para resolver isso e que já existe”, finalizou.
grar a jornada do paciente. se haverá recursos huma- Texto: Futuro da Saúde –
Muitas delas começaram nos suficientes. mídia oficial do Conahp 2021

37 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


GESTÃO

CENÁRIO SOCIAL BRASILEIRO PRECISA


DE EMPRESAS QUE ENTENDAM A
IMPORTÂNCIA DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS

Por meio do compro- Andreza Machado, ge- É imperativo às empresas


misso ético e contínuo, rente de Voluntariado da a necessidade de se dedicar,
empresas podem e devem Ambev, Fernando Torelly, em algum grau, ao exercício
contribuir para o cresci- CEO do Hcor, e Paulo cotidiano da responsabilida-
mento econômico e social Chapchap, conselheiro es- de social. Torelly ressaltou
de seus funcionários, co- tratégico do Negócio de que o Brasil cresceu expo-
munidades locais e socie- Hospitais e Oncologia da nencialmente nos últimos
dade geral. Para aprofun- Dasa. A mediação do ba- anos, havendo aumento no
dar este tema, a palestra te-papo foi realizada por número de habitantes e em
“Responsabilidade social Denise Santos, CEO da suas expectativas de vida.
corporativa e seu impac- BP – A Beneficência Portu- Segundo ele, a desigualda-
to na comunidade” reuniu guesa de São Paulo. de também acompanhou

Fernando Torelly (Hcor), Paulo Chapchap (Dasa), a moderadora Denise Santos (BP) e Andreza Machado (Ambev)

38 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


GESTÃO

a instituição: não só para a


liderança, como para todo
o corpo de funcionários. A
consciência da necessidade
de um propósito para além
do crescimento e fatura-
mento da empresa é funda-
mental”, finalizou.
Em consenso, os par-
ticipantes também enfa-
tizaram a importância de
ações internas de cuidado
esse crescimento e “exis- for bom para nossa empre- com a saúde mental dos
te uma diferença de quase sa e bom para a comunida- funcionários, considerando
40% entre a expectativa de de em torno. É impossível extremamente relevante a
vida de pessoas nascidas que uma empresa cresça in- criação de ambientes psi-
em bairros ricos e pobres finito se a sociedade cami- cologicamente seguros, es-
em São Paulo, além de uma nhar na contramão.” Para a pecialmente diante do ce-
taxa de desemprego em gerente, quando se pensa nário desafiador provocado
quase 14%, gerando uma em longevidade empresa- pela pandemia. Uma das
crise social preocupante. É rial, é necessário entender soluções propostas pelos
aí que entra a responsabi- que a sociedade também debatedores foi o exer-
lidade das nossas empre- tem um papel importante cício de se falar aberta-
sas.” O executivo afirmou nesse processo. mente sobre dificuldades
que sua experiência à fren- Sobre o assunto cresci- e vulnerabilidades para
te do Hcor colocou a res- mento sustentável, Chapchap uma transformação genu-
ponsabilidade social como reforçou a urgência que o ína dos ambientes corpo-
core da instituição. “Não é cenário atual pede no de- rativos atuais.
um programa ou projeto. É senvolvimento de ações de
a finalidade pela qual a ins- impacto e relevância social.
tituição nasceu e existe até Para o conselheiro, é impor-
hoje”, contou o CEO. tante que as ações incluam
Por meio de um olhar de principalmente uma ampla
fora do segmento da saú- participação na finalidade
de, Machado compartilhou do negócio e na transforma-
sua experiência e explicou ção social. As duas coisas
sobre um conceito que estão conectas e precisam
denomina “conhecimento estar claras no propósito da
compartilhado”, em que to- empresa. “Antes de qual-
das as ações são pensadas quer ação transformadora,
no modelo “ganha-ganha”. é preciso definir com mui-
“Para nós, só faz sentido se ta clareza a que se propõe

39 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


STARTUPS

Soluções que
contribuem para o
desenvolvimento
do setor
Além de ser um congres- vem criando oportunidades
so para debater os principais para que as empresas com
temas do setor da saúde, o soluções para o setor consi-
Conahp também é um even- gam colocar essa inovação
to sobre inovação. Isso é pos- em contato com as insti-
sível por meio do programa tuições hospitalares. Esse
Startups Anahp, que tem matchmaking é o principal
como objetivo destacar as objetivo do nosso progra-
principais soluções brasileiras ma”, afirmou a diretora de
com alto potencial para con- Conteúdo da Associação,
tribuir para o desenvolvimen- Evelyn Tiburzio.
to do setor, e desde 2018 já Chegando em sua quarta
contou com a participação de edição, a grande novidade
mais de 280 empresas que se deste ano foi a parceria com
inscreveram na iniciativa. a Biominas Brasil, pioneira
“Esse tema ‘inovação’ é no suporte à estruturação
muito importante para o se- de negócios em biotecnolo-
tor para buscar a melhoria gia e ciências da vida, e uma
na eficiência operacional, das primeiras incubadoras
na experiência do paciente do país. A empresa fez parte
e na gestão da saúde, te- da curadoria e seleção das
mos visto esse movimento melhores startups inscritas,
crescer muito nos últimos além de oferecer capacita-
tempos. Por isso, a Anahp ção às finalistas por meio de

40 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


STARTUPS

suas metodologias de pré- diagnóstico e os wearables


-aceleração e aceleração. que temos visto”, disse
Entre as 82 startups Eduardo Soares, presidente
inscritas nesta edição do da Biominas.
programa, 15 foram sele- A startup vencedora do
cionadas como finalistas e primeiro lugar no programa,
puderam expor seus pro- Hoobox Robotics, apresenta
dutos e soluções durante uma solução que segue este
o Conahp. “É uma gran- por este caminho. “Somos
de oportunidade poder uma healthtech especiali-
participar de um fórum zada em Inteligência Artifi-
que trata de inovação em cial e visão computacional
um segmento tão desa- e usamos essas soluções
fiador como o da saúde para resolver problemas na estamos ligados também
no Brasil”, disse Marcelo área da saúde de maneira à saúde emocional, além
Gonçalves, presidente da escalável, tentando colo- da saúde física, por conta
Daiichi-Sankyo no Brasil – car o menor nível de en- de toda essa inclusão que
patrocinadora exclusiva do tropia dentro das institui- conseguimos efetivar”, ex-
Startups Anahp. ções, tanto para o time de plicou o cofundador e CEO
Tecnologia da Informação, Julio Oliveto Alves.
quanto para o jurídico. Um Com cada vez mais re-
dos nossos propósitos é levância e uma discussão
As melhores qualificar e melhorar a jor- crescente acerca do tema,
soluções nada do paciente”, contou a perspectiva emocional
Paulo Pinheiro, cofundador também está no foco de
Com todos os olhos vol- e CEO da empresa. novas soluções. É o caso
tados para o setor da saúde A segunda colocada, Li- do Cogni, aplicativo so-
nos últimos meses por cau- vre, atua no mercado de bre saúde mental que
sa da Covid-19, a busca por tecnologia assistida, tendo conquistou o terceiro lu-
soluções que promovessem como o principal produto gar. “O paciente registra
melhorias e mais eficiência o “kit Livre” – um equipa- seu histórico emocional
ao sistema ficou ainda mais mento capaz de transfor- no nosso aplicativo e, na
necessária. “A pandemia mar uma simples cadeira outra ponta, o profissional
trouxe a oportunidade de de rodas num triciclo mo- pode acessar esses da-
repensarmos a saúde e torizado elétrico. “Com o dos em um painel clínico.
construí-la com a incorpo- que desenvolvemos, tra- Através desse histórico
ração de novas tecnologias, zemos a alegria e a mobi- ele identifica padrões de
sejam as telemedicinas e a lidade, porque envolve a pensamentos disfuncio-
realidade virtual ou as pró- questão da autonomia e nais, faz o diagnóstico e
prias vacinas, que foram da liberdade para pesso- inicia o tratamento”, de-
rapidamente colocadas no as com deficiência ou mo- talhou João Otero, CEO
mercado, dispositivos para bilidade reduzida. Então da startup.

41 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


STARTUPS

Conheça as 15 startups
selecionadas de 2021

1º 2º 3º

A Hoobox Robotics é espe- A Livre é uma empresa de Cogni é um aplicativo para


cializada em otimizar custos base tecnológica atuan- a criação e gerenciamento
de onboarding de paciente te na área de saúde que de históricos emocionais
com solução de check-in à busca oferecer ao público de registro de pensamen-
distância e biometria facial com deficiência ou mobi- tos disfuncionais (RPDs),
própria, até evitar queda e lidade reduzida um novo usados em terapia cogniti-
úlcera por pressão com mo- estilo de vida. vo-comportamental.
nitoramento de leitos.

Startup que torna a tecno- A Beyond Domotics, por A BIOaps é uma plataforma
logia hospitalar mais confi- meio da plataforma web em que o usuário tem aces-
ável, produtiva e segura. A Beyond Flow, oferece uma so, por meio do smartphone,
Aclin proporciona aos clien- solução para gestão e moni- à equipe de saúde, médi-
tes autonomia para gerir a toramento da temperatura cos e enfermeiros, que fi-
tecnologia hospitalar por de armazenamento de refri- cam 24 horas à disposição.
meio do Aclin-Check. geradores com IoT.

42 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


STARTUPS

A Kidopi, por meio do framework A Meplis é uma plataforma de A Mindify complementa


CleverCare, oferece a gestão engajamento de saúde que prontuários eletrônicos,
de saúde populacional por ajuda pacientes, profissionais serviços de telemedicina
planos de cuidado persona- e organizações a melhorar a e aplicativos de autoaten-
lizáveis que são direcionados distribuição de conhecimento, dimento, oferecendo for-
ao paciente através de Inteli- monitoramento de tratamento mulários para coleta de
gência Artificial. e coordenação de cuidados. dados clínicos.

A RT Medical Systems ofe- O SleepUp é um assistente A Telavita fornece para


rece soluções para integrar pessoal do sono. O aplica- hospitais, farmacêuticas,
os serviços de radioterapia, tivo melhora a qualidade operadoras de saúde e
simplificando fluxos de tra- do sono com terapia perso- empresas cuidado integra-
balho complexos, tornando a nalizada, assistente virtual, do de saúde mental com
tecnologia mais acessível aos tecnologias vestíveis e con- psicólogos e psiquiatra.
médicos e seus pacientes. sultas remotas.

A Vigilantes do Sono ofe- A W3.Care oferece supor- A WebBula apoia e conecta


rece um programa digital te à tomada de decisão por os dados de saúde do pa-
de melhoria do sono ba- automatização dos processos ciente antes, durante e após
seado na Terapia Cogniti- e telemedicina nos atendi- atendimento hospitalar, ge-
vo-Comportamental para mentos eletivos, urgências e rando dados interoperáveis
Insônia (TCC-I). emergências, com geração e ativos de alto impacto
de dados em tempo real. econômico e social.

43 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

EIXO
MODELO
ASSISTENCIAL
Discutir a possibilidade gera valor para o paciente e
de se reinventar num cená- para o sistema, bem como
rio adverso e buscar experi- debater o papel das redes
ências exitosas de modelos de atenção primária e a im-
de assistência que propor- portância das análises das
cionaram a sustentabilidade condições de saúde são
das organizações, explorar alguns dos objetivos deste
o modelo assistencial que eixo do Conahp 2021.

44 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

O IMPACTO DA PANDEMIA EM
MODELOS DE ASSISTÊNCIA HOSPITALAR
NO BRASIL E NO MUNDO

Além dos devastadores Anahp e presidente da Rede mas pensava-se que países
números de mortes e pesso- Mater Dei de Saúde, e par- como o Brasil e os Estados
as contaminadas pelo coro- ticipação de Maureen Lewis, Unidos lidariam melhor em
navírus, os desafios impos- CEO da Aceso Global, Evan- uma situação de pandemia.
tos pelo momento também dro Tinoco, médico educa- Para a CEO, apesar do Brasil
trouxeram a possibilidade dor na UnitedHealth Group, ser referência no tratamento
de um legado de reinven- e Rita Coli, superintendente de doenças como HIV, malá-
ção e cooperação dos seto- assistencial do Hcor. ria, febre amarela e doença
res médicos no Brasil. Esse Ao pensar os modelos as- de chagas, não se saiu bem
foi um dos temas abordados sistenciais existentes no setor ao combater a pandemia
no primeiro dia do Conahp, da saúde, Lewis afirmou que por conta de alguns fato-
com mediação de Henrique lidar com esse cenário foi res, como a fragmentação
Salvador, conselheiro da difícil para o mundo inteiro, na prestação de cuidados.

Evandro Tinoco (UnitedHealth Group), Maureen Lewis (Aceso Global), Rita Coli (Hcor) e o moderador Henri-
que Salvador (Anahp e Rede Mater Dei de Saúde)

45 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

Os setores público e priva- ele, houve o desenvolvimen-


do no Brasil atuam sem co- to do que chamou de "resi-
operação e, segundo ela, liência organizacional" e do
convênios entre eles podem esforço para que ninguém
representar o futuro da me- ficasse sem tratamento.
dicina, mencionando como Na opinião do educador,
exemplo o modelo europeu a pandemia propiciou a
de contratação do setor pri- mudança do modelo orga-
vado para prestação de ser- nizacional, que passou a se
viços públicos pontuais. basear na gestão da inter-
Além disso, Lewis ressaltou dependência ao trabalhar
a importância de uma gestão a holocracia como modelo
de dados digitais unificados de incorporação da diver-
sobre os pacientes para todo sidade. Tinoco também
o sistema de saúde. De acor- destacou a importância das
do com a executiva, é preciso equipes de telemedicina,
formar estas bases para mu- responsáveis por desafo-
danças na cultura de presta- gar boa parte do sistema papel muito mais próximo
ção de serviços de qualidade de saúde, bem como o im- das demais equipes à me-
e valor para saúde. “O go- portante papel da medicina dida que os treinamentos
verno tem papel importante familiar resolutiva de emer- foram ocorrendo, muitas
em saúde pública, pesquisa, gência no Brasil, partes fun- vezes, de forma prática.
vacina e tudo o que seja útil damentais para a superação Com isso, segundo ela,
para o país em geral, mas o do período no País. houve melhoria na capaci-
setor privado tem papel em Para Coli, os desafios da tação dos profissionais e os
inovação e isso é muito claro pandemia também trouxe- processos internos ganha-
no Brasil. É necessário o efi- ram legados positivos ao ram agilidade de resolu-
ciente uso de dados e gestão sistema e aos processos ção, já que o tempo era um
do paciente”, afirmou. das organizações de saú- inimigo comum a todos.
Já para Tinoco, coopera- de pelo Brasil. A superin- Coli também falou so-
ção e coordenação foram os tendente ressaltou que o bre a importância das
grandes legados da pande- período foi marcado por equipes multidisciplinares
mia em relação aos modelos discussões e debates inter- nos cuidados aos pacien-
hospitalares assistenciais. nos sobre processos que tes. “Não falamos mais
“No passado havia compe- passaram a ser moderni- sobre um tipo de cuidado
tição, mas a pandemia fez zados e aprimorados com ou modelo, mas sim de
com que a pesquisa clínica um cenário tão imprevisível integração entre todas as
conectasse esses hospitais quanto o que foi provoca- disciplinas e equipes mul-
e estimulasse a troca de do pela Covid-19. As equi- tidisciplinares. Houve em-
conhecimentos e experiên- pes de capacitação das ins- poderamento das equi-
cias”, disse. Ainda segundo tituições passaram a ter um pes", declarou.

46 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

MODELOS ASSISTENCIAIS INTEGRADOS


E VALOR PARA O PACIENTE

A primeira plenária do de Saúde (CONASS), Eu-


segundo dia do Conahp gênio Vilaça, e o vice-pre-
discutiu a construção de sidente executivo da Rede
um modelo assistencial D’Or São Luiz, Maurício
integrado que gere valor Lopes. Além de falar so-
para o paciente e para o bre as mudanças com as
sistema. Participaram o quais os hospitais estão
diretor-executivo do Inter- tendo que lidar, os pales-
national Center for Health trantes abordaram ainda
Systems Strengthening os desafios de um sistema
(ICHSS), Cristian Baeza, fragmentado e a impor-
o consultor do Conselho tância da prevenção.
Nacional dos Secretários Segundo Baeza, os hos-

Cristian Baeza (ICHSS), Eugênio Vilaça (CONASS), Maurício Lopes (Rede D’Or São Luiz) e o moderador Ary
Ribeiro (Sabará Hosp. Infantil)

47 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

pitais estão tendo que li- é de mudar o olhar sobre o


dar com muitas mudanças paciente. Não é uma coisa
e as principais delas são: simples. Trata-se de mudar
demografia da população, o trem de direção, o que
que está mais idosa e de- não é fácil”, disse.
manda mais cuidados; no- Baeza também falou so-
vas tecnologias, que estão bre as ACOs, sigla para
muito além das paredes Accountable Care Orga-
dos hospitais; maior vo- nizations, que são grupos
lume de cuidados de alta de médicos, hospitais e
complexidade; e o fato de outros prestadores de cui-
o paciente ter se tornado dados de saúde que se
um cliente, com necessi- reúnem voluntariamente
dade de mais contabili- para prestar assistência
dade, responsabilidade e coordenada de alta qua-
prestação de contas. lidade aos pacientes do
Medicare (programa fi-
nanciado pela previdência
Estados Unidos norte-americana para ofe- como administrar um hos-
recer atendimento médico pital hoje de forma isolada,
Cristian Baeza ainda fa- a idosos que tenham con- sem levar em consideração
lou sobre a experiência tribuído ao longo da vida). as pressões financeiras e
do sistema de saúde dos “A ideia é criar valor, man- econômicas no nível do
Estados Unidos. Dos anos tendo pacientes bem mo- hospital e gerando valor
1980 até os anos 2000, o nitorados e reduzindo os para a comunidade.”
país investiu em mudanças custos do sistema no ge-
nas formas de pagamento ral”, avaliou.
e conseguiu criar mais efi- Mas não é fácil manter Desafios da
ciência no ambiente hos- o bom funcionamento das administração
pitalar. Em muitos locais, ACOs. Segundo o execu- hospitalar
houve redução no número tivo, os principais desafios
de leitos, mas sem mudan- são: governança e geren- Maurício Lopes reforçou
ças em relação aos profis- ciamento; choque cultural a importância de hospitais
sionais e aos pacientes. para os profissionais de maiores, que possam fazer
Apenas após esse perío- saúde; gestão de dados atendimento em escala e
do, o foco passou a ser criar com controle de custos; com profissionais qualifi-
valor para o sistema e para análises atuariais, para cados e treinados. Desse
os pacientes. Nesse sen- não assumir riscos que não modo, entre os esforços
tido, ele defendeu a pre- pode pagar. necessários para o suces-
venção, maximizando os Dessa forma, Baeza com- so na gestão hospitalar,
resultados e entendendo para o hospital a uma em- estaria a análise de dados
os gastos. “O movimento presa de seguros. “Não há de qualidade técnica e de

48 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

qualidade percebida, tan- fazer como imaginamos,


to do paciente quanto do precisamos educar e ca-
médico, além dos dados pacitar para entenderem
de desfecho. que a atenção primária é
Lopes também defen- importante.”
deu a gestão compartilha-
da e citou que ferramen-
tas de gestão eficientes Sistema organizado
e facilmente navegáveis em rede
também precisam ser
priorizadas. Além disso, Eugênio Vilaça lem-
destacou a importância brou dos problemas da
de alocar cada paciente fragmentação do siste-
no ativo correto. Segun- ma de saúde brasileiro.
do ele, levar o paciente Segundo ele, há um des-
de baixa complexidade compasso entre o sistema rede tenha três elementos
para dentro do hospital de saúde e a situação de de destaque: população
não é eficiente. saúde. “Tem que mudar vinculada à atenção pri-
O vice-presidente exe- do sistema fragmentado mária; modelo de atenção
cutivo da Rede D’Or São para o sistema organi- que atenta às condições
Luiz também falou sobre zado em rede. Assim, se crônicas baseadas em evi-
a necessidade do cuida- volta não para indivíduo, dência; modelo com inter-
do contínuo da população mas para a população, venções de prevenção e
como um todo, destacan- com cuidado interdisci- promoção à saúde. No que
do a importância de inves- plinar e focado na aten- Cristian Baeza concordou
tir em prevenção e aten- ção primária”, explicou. e destacou o que acredi-
ção primária. “Prevenção Ainda de acordo com ta ser o principal desafio
é a chave, tem que fazer. Vilaça, é fundamental que para que o sistema alcan-
Mas o paciente não vai um sistema organizado em ce o ideal dessa estrutu-
ração: “Um dos maiores
desafios é a fragmentação,
que é uma ordem natural
do nosso sistema. Temos
que focar na trajetória em
termos do que tem que ser
feito para poder avançar
e passar uma integração
maior de redes. Maximizar
os resultados e gerar mais
valor”, disse.

49 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

DESAFIOS ESTRUTURAIS, CONJUNTURAIS


E COMPORTAMENTAIS DA GESTÃO
DA SAÚDE DA POPULAÇÃO

Custos que crescem a ganhar”, disse a profes-


cada ano, um sistema que sora titular da Fundação
necessita de mudanças e Getúlio Vargas (FGV) Ana
investimentos, benefici- Maria Malik, que foi mo-
ários que não têm trata- deradora da palestra “Os
mento preventivo. O re- desafios da gestão de saúde
trato atual do sistema de populacional”. A mesa, que
saúde brasileiro não é o também contou com Geor-
ideal e discussões sobre gia Antony, especialista em
o tema podem trazer so- Desenvolvimento Industrial
luções para um cenário de do SESI, João Alceu, presi-
incertezas. “Saúde é uma dente da FenaSaúde, e Mar-
batalha que temos que tha Oliveira, diretora-exe-

Georgia Antony (SESI), João Alceu (FenaSaúde), Martha Oliveira (Laços Saúde e Designing Saúde) e Ana Maria
Malik (FGV)

50 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MODELO ASSISTENCIAL

cutiva do Laços Saúde e Entre o sistema e o be-


Designing Saúde, colocou neficiado, há também as
em discussão os comple- empresas que arcam com
xos desafios enfrentados muitos desses custos. Se-
pelo brasileiro no acesso gundo dados apresenta-
à saúde. dos por Antony, no Brasil,
Durante o debate, Alceu 56% do gasto com saúde
elegeu os principais pro- vem de empresas priva-
blemas enfrentados pela das, isto é, com planos de
população brasileira no saúde para seus funcioná-
quesito saúde. “Contex- rios e dependentes. “Qua- transição do sistema de
tualizo em três grandes se 7 em cada 10 brasileiros saúde, ele é exatamente o
grupos. O primeiro é das têm plano de saúde por mesmo da década de 60,
questões estruturais, fal- causa da empresa na qual então formamos as pessoas
ta de saneamento básico, trabalha”, revelou. E esse da mesma forma, cuidamos
água potável, energia e gasto só aumenta. Segun- da mesma forma. O que
gás, educação de qualida- do a especialista, desde vem aí é um monte de tec-
de, habitação e desempre- 2017 ele representa até 5 nologia que a gente ainda
go. Depois, temos os de- vezes o valor da inflação. não se apropriou, mas que
safios conjunturais, como Para Oliveira, nós esta- fará uma quebra nisso, es-
a falta de informatização mos em um processo de tamos falando não de cui-
do SUS e a padronização transição que já devería- dar da doença, mas cuidar
dos prontuários eletrôni- mos ter passado. “A ba- do indivíduo”, afirmou.
cos. Por último, os desa- talha é que essa transição Os palestrantes concor-
fios comportamentais, que ocorra de forma melhor daram que é preciso co-
são muito complicados, e progressiva. Dentro da meçar por soluções sim-
como o sedentarismo, ta- saúde suplementar, se eu ples, mas que podem ter
bagismo, abuso de álcool pudesse mudar uma única resultados grandes, como
e hábitos alimentares dos coisa, seria a coordenação coordenar o cuidado nos
beneficiários”, afirmou. de cuidado. Não fizemos atendimentos feitos no
Brasil e estimular vínculos
entre médicos e pacientes.
Uma outra solução pro-
posta foi a organização da
entrada e saída de dados
de forma eficiente em um
sistema robusto de saúde
no qual os envolvidos em
cada parte do tratamento
possam ter acesso.

51 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


LANÇAMENTO NO CONAHP:

INDICADORES DE QUALIDADE
A qualidade hospitalar na de como identificar o que é práticas de assistência e
saúde é uma das principais qualidade em saúde. precisamos tornar esse tra-
bandeiras levantadas pela Para Antônio Britto, di- balho visível.”
Anahp desde sua formação, retor-executivo da Anahp, O executivo explicou,
há 20 anos. A fim de refor- os novos dados serão base ainda, que essa é uma for-
çar e implementar ações para transformar a dis- ma de quebrar um gran-
relacionadas ao tema, a As- cussão de qualidade no de tabu na saúde. “Nós já
sociação lançou durante o mercado de saúde, tanto utilizávamos esses dados
Conahp 2021 os Indicado- para empresas que contra- internamente, mas agora
res de Qualidade Hospitalar tam planos, quanto para queremos deixar na mão
Anahp, material que reúne os próprios beneficiários, do consumidor. Quando ele
dados de hospitais associa- operadoras e hospitais. compra uma roupa ou esco-
dos, coletados pelo Sistema “Queremos trazer mais lhe um restaurante, ele tem o
de Indicadores da Anahp, transparência, fazemos direito de saber a qualidade
permitindo não apenas o um trabalho muito forte do que está adquirindo.
benchmarking, mas servin- junto aos associados para Por qual motivo isso ainda
do de parâmetro para be- aumentarmos o número não ocorria no nosso se-
neficiários e contratantes de de acreditações, melhores tor?”, finalizou.
serviços de saúde.
Com periodicidade tri-
mestral, o conteúdo, ini-
cialmente, conta com 16
indicadores, como média
de permanência em UTI
adulto; taxa de mortalidade
institucional; taxa de parto
CLIQUE AQUI
normal; taxa de infecção, para ter acesso à
entre outros. Em breve, in- primeira edição
dicadores inéditos de desfe- dos Indicadores
chos clínicos também serão de Qualidade
incorporados ao material. Hospitalar Anahp.
O objetivo da Anahp é
estimular o debate sobre
qualidade na saúde, bem
como evidenciar quais são
os parâmetros relevantes
para esse tipo de análise –

52 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

EIXO
PESSOAS
Aumentar a produtivida- adequado, integrado, que
de na gestão, na formação, utilize os recursos tecnológi-
no uso de tecnologias e no cos a seu favor e com profis-
modelo de atenção, são sionais capacitados para as
alguns dos principais de- mudanças que se fazem ne-
safios da força de trabalho cessárias foi a proposta dos
dos profissionais da saúde. debates apresentados neste
Debater um modelo mais eixo do Conahp 2021.

53 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

MEDO E INSEGURANÇA MARCARAM


A FORÇA DE TRABALHO DA
SAÚDE NA PANDEMIA

A pandemia trouxe um pital Moinhos de Vento, do fazer”, contou Car-


tempo de aprendizado e que contaram suas expe- doso. De fato, a pressão
consequências importan- riências nesses meses de sofrida pelos profissionais
tes para os profissionais do pandemia. Quem mediou de saúde que tiveram que
setor. Para falar sobre isso, a conversa foi Luiz Cardo- confrontar uma doença
no terceiro dia do Conahp a so, diretor de Governança nova e pouco conhecida
palestra “A força de traba- Clínica do Hospital Sírio- gerou muitos conflitos e
lho na saúde durante a pan- -Libanês. uma exaustão na jornada
demia: lições aprendidas” “Durante esse período de trabalho.
reuniu José Luiz Amaral, tivemos que nos reinven- Dados de uma pesqui-
presidente da Associação tar, estabelecer muitos sa da Fiocruz que está em
Paulista de Medicina (APM), fluxos, compreender no- andamento e sendo con-
Maria Helena Machado, so- vos conhecimentos e tudo duzida com a participação
cióloga e pesquisadora da de forma muito rápida, o de Machado, mostraram
Fiocruz, e Vania Rohsig, su- que elevou muito as in- que quase metade dos
perintendente Assistencial certezas e inseguranças profissionais de saúde se
e de Educação do Hos- sobre o que fazer e quan- sentiram sobrecarrega-
dos. “Ouvimos mais de
15 mil pessoas das 14 ca-
tegorias profissionais liga-
das à saúde, em mais de
2.200 municípios brasilei-
ros. Trabalhar com a vida
do outro já é um processo
extenuante, mas durante
a pandemia isso se inten-
sificou muito”, ressaltou a
pesquisadora.
O estudo ainda apon-
tou que 25% desses pro-
fissionais tiveram suas ro-
tinas de sono alteradas,
incapacidade de relaxar,
insatisfação profissional,

54 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

medo do futuro e até pen- cientes jovens. “38% da riais de uso diário, como
samentos suicidas em al- nossa força de trabalho se máscaras e luvas, até me-
guns casos. “Mais da me- contaminou com Covid-19 dicamentos para sedação,
tade dessas pessoas não e foi nosso plano de saú- por exemplo. “Éramos
se sentiu segura para es- de que cuidou de todos. todos muito negacionis-
tar na linha de frente nes- Mas lidar com a perda de tas sobre a possibilidade
se combate, isso acabou pacientes afetou muito as desse desastre acontecer
gerando medos e insegu- equipes, por isso criamos conosco. Quando sur-
ranças”, disse Machado. um grupo de apoio que giu a doença em Wuhan,
Com o forte impacto cuidou também desse as- China, custou a termos
da pandemia na saúde pecto”, comentou Rohsig. a convicção de que isso
de seus colaboradores, o Para Amaral, uma das estava acontecendo mes-
Hospital Moinhos de Ven- lições aprendidas é que mo. Vimos vários países
to criou um comitê para o setor deve se prepa- caindo na nossa frente e
lidar com o luto não só de rar melhor para enfrentar não nos preparamos para
familiares e amigos, mas qualquer tipo de desastre. receber o vírus aqui. Pre-
também para que os pro- Segundo ele, um dos prin- cisamos levar essa lição e
fissionais tivessem apoio cipais problemas no início estarmos preparados para
para lidar com a quantida- da pandemia foi a falta novos eventos dessa na-
de de falecimentos de pa- de insumos, desde mate- tureza”, alertou.

José Luiz Amaral (APM), Vania Rohsig (Hosp. Moinhos de Vento), Maria Helena Machado (Fiocruz) e o mode-
rador Luiz Cardoso (Hosp. Sírio-Libanês)

55 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

ENSINAR A POPULAÇÃO SOBRE


SAÚDE É FUNDAMENTAL PARA A
MEDICINA PREVENTIVA

Estima-se que 78% do eHealth Mentor Institute, vemos é que o modo como
que se gasta com saúde Guilherme S. Hummel, e o a saúde está sendo inovada
no planeta é consumido gerente médico do Hospi- globalmente está criando
por apenas 18% da po- tal Israelita Albert Einstein, um ambiente díspar, com
pulação mundial. O dado Eduardo Cordioli. O mode- todas as implicações que
foi divulgado pelo reitor e rador foi o conselheiro da vêm disso”, afirmou.
professor da Universidade Anahp e presidente-execu- Entretanto, apesar de
de Stanford (EUA) Robson tivo do Conselho de Admi- 82% da população do pla-
Capasso durante plenária nistração da Dasa, Romeu neta usar cerca de 22% do
do Conahp, que abordou Cortes Domingues. total gasto com saúde, os
a tecnologia associada à Para Capasso, a dispari- números relacionados ao
força de trabalho na saúde dade nos custos e no quan- Brasil não são tão discre-
e os desafios de usabilida- to é o consumo de saúde pantes. O país tem 3% da
de. Também participaram em todo o mundo é uma re- população global e está
da mesa o head mentor do alidade brutal. “A lição que consumindo 2%.

Eduardo Cordioli (Hosp. Israelita Albert Einstein), Robson Capasso (Universidade de Stanford), Guilherme S.
Hummel (eHealth Mentor Institute) e o moderador Romeu Cortes Domingues (Dasa)

56 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

O crescimento no custo
dos cuidados em saúde
também é um problema,
principalmente nos Esta-
dos Unidos. De acordo
com os dados apresenta-
dos, diversos gastos de
famílias norte-americanas
tiveram queda em um pe-
ríodo de sete anos. Já os
custos com saúde subiram
24,8%. Atualmente, o país
gasta mais de 50% do to-
tal que é gasto em saúde um erro muito frequente é Déficit de acesso
no mundo. Porém, a qua- tentar utilizar uma inova- à saúde até o final
lidade desses gastos seria ção já criada para aplicar do século
questionável. na saúde. Assim, muitas
empresas desenvolvem Outro ponto abordado
soluções, sem muita cer- durante a palestra é o pro-
Implementação teza sobre a necessida- blema de déficit de acesso à
de tecnologias de, e tentam vender para saúde no mundo. Na opinião
os hospitais. “O caminho de Guilherme S. Hummel, é
Sobre a implementação certo é entender a neces- um fator absolutamente in-
de tecnologias na área da sidade para daí procurar a controlável até o final do sé-
saúde, Capasso disse que tecnologia”, explicou. culo, já que seria impossível
Além disso, o setor de nos próximos anos formar
saúde é diferente de to- todos os cerca de 20 milhões
dos os outros. “O grande de profissionais de saúde
diferencial do mercado de que o mundo precisará.
saúde, comparado ao de “A demanda só vai
tecnologia, é que na saúde crescer. Então, eu não
nós não temos um consu- acredito que essa oferta e
midor, mas sim vários. São demanda terá mais equi-
médicos, enfermeiros, so- líbrio até 2030, de forma
ciedades profissionais, o macro. Mesmo com todo
paciente, grupos de direi- esforço, inclusive tecnoló-
tos dos pacientes, os paga- gico. Por outro lado, cada
dores. Cada problema de sistema de saúde, seja
saúde é muito mais com- público ou privado, pre-
plexo do que os elementos cisa fazer a sua parte ou
que as fintechs estão ten- a falta de acesso aumen-
tando resolver”, disse. tará”, afirmou. Para ele, já

57 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

que a curva da demanda também de médicos para


seja reduzida”, defendeu. lidar com a medicina pre-
Neste sentido, Eduardo ventiva. Segundo ele, ape-
Cordioli concordou sobre sar de atualmente no Bra-
a necessidade de educar sil haver uma tendência de
também o paciente. Para investimentos em atenção
ele, é preciso colocar o primária, talvez o país não
paciente no centro da tenha força de trabalho
atenção e dar ferramentas preparada para isso. Em
para que cuide melhor da relação à tecnologia, o
saúde. “O tempo é ine- problema é ainda maior.
xorável. Todos adoecem “Nós damos saltos em
com o tempo. Desenvol- tecnologia, mas caminha-
vemos doenças crônicas mos ao longo da nossa
que culminam em eventos vida. Não podemos dar
que não é possível subir agudos. O esforço antes um salto na educação.
a oferta, então é preciso do evento agudo é mui- A educação tem que ser
reduzir a demanda. E isso to menor do que depois. continuada, não só do pro-
poderia ser feito ensinan- Assim, países que fazem fissional de saúde, mas do
do a população a se cui- prevenção têm uma pers- paciente também. Porque
dar melhor. pectiva melhor”, disse. quando começamos a usar
“A função médica vai ser essas ferramentas de Inte-
de instrutor, professor e ligência Artificial para aju-
educador mais do que de Educação contínua dar nas práticas médicas,
cuidador. Tem que prepa- para médicos e também as usamos para
rar uma criança para que, pacientes aumentar o engajamento
quando ela tiver 17 anos, do paciente ao sistema de
saiba tudo sobre sistema Por esse motivo, Edu- saúde”, finalizou.
reprodutivo e competên- ardo Cordioli defende a Texto: Futuro da Saúde –
cias sanitárias para permitir educação de pacientes e mídia oficial do Conahp 2021

58 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

COLABORADOR NO FOCO DA CULTURA


ORGANIZACIONAL

Uma empresa é compos- os desafios da força de tra-


ta por pessoas. Partindo balho na próxima década”,
desse princípio, elas pre- que contou com a parti-
cisam ser envolvidas no cipação de Dawn Albee,
desenvolvimento da cul- diretora-executiva de Enga-
tura organizacional, serem jamento do Cliente da Joint
engajadas a se apropria- Commission International
rem desses valores e se- (JCI), Fernanda Borin, dire-
rem estimuladas a buscar tora de Gestão de Talento e
melhorias. Essas foram as Experiência do Funcionário
conclusões da palestra “A da Willis Towers Watson e
importância da cultura or- Rodrigo Pereira, CEO da A3
ganizacional para enfrentar Data, com a moderação de

Dawn Albee (JCI) em apresentação no Conahp 2021

59 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


PESSOAS

cesso" (robust process


improvement – RPI). “A
RPI é uma mistura de es-
tratégias, ferramentas,
métodos e programas de
treinamento usada para
melhorar processos de
negócios e resultados. É
uma abordagem sistemá-
tica baseada em dados
para resolver problemas
Pedro Palocci, presidente mudanças necessárias complexos. É importante
do Grupo São Lucas. ocorram”, explicou. ter uma cultura formal, as-
Algumas técnicas po- O segundo passo, ainda sumida, que possa levar a
dem auxiliar as instituições segundo a executiva da empresa para um próximo
a contar com o apoio de multinacional norte-ame- nível”, esclareceu Albee.
seus colaboradores e, as- ricana, é a cultura de se- “Este momento em que
sim, obter melhores resul- gurança. “Uma cultura de estamos vivendo é propí-
tados para seus negócios. segurança eficaz é com- cio para pensar em mu-
De acordo com Albee, a posta por confiar, relatar danças culturais. As orga-
pergunta-chave é “se você e melhorar. Todo mundo nizações precisam evoluir
fosse descrever a cultu- precisa sentir que traba- e muitos dos desafios es-
ra organizacional da sua lha em um lugar seguro, tão relacionados à gestão
empresa em uma palavra, que pode manifestar sua de pessoas e à resistência
qual seria?”. Com base opinião. Depois, com os dos colaboradores. Com
nas respostas, que devem elementos que são trazi- a pandemia, aprendemos
ser bem investigadas e dos, é preciso ver o que do jeito mais difícil que,
aprofundadas, a diretora deve ser fortalecido, me- quando a mudança é ne-
da JCI acredita que pode lhorado ou modificado”, cessária, conseguimos
ser realizado um diagnós- defendeu. Neste sentido, nos adaptar e fazer isso
tico da instituição, verifi- Rodrigo Pereira comple- de maneira muito rápida”,
cando-se os pontos posi- mentou: “se a organiza- disse Fernanda Borin.
tivos, neutros e negativos ção realmente se preo-
e, assim, iniciar mudanças cupa com as pessoas, se
internas que vão refletir quer ter uma cultura forte,
externamente. “As trans- ela tem que estar pronta
formações não acontecem para ouvir de verdade.
do dia para noite, há mui- Não pode só ouvir, não
to trabalho a ser feito. O fazer nada, e falar apenas
comprometimento e as o que quer.”
ações da liderança são o O terceiro passo é a
primeiro passo, antes que "melhoria robusta de pro-

60 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


AÇÃO SOCIAL

Combate Parceria com:

à fome
Além de gratuito e em formato totalmente digital,
o Conahp 2021 também foi social, em uma parceria
inédita com o Sesc

Assim como no ano Segundo Antônio Brit-


anterior, o Conahp 2021 to, diretor-executivo da
atrelou à sua campanha Anahp, a ação é uma for-
uma proposta social. Os ma de engajar diferentes
inscritos no evento tive- públicos a contribuir com
ram a oportunidade de uma causa latente no Bra-
contribuir para o comba- sil. “Além de enfrentarmos
te à fome, doando uma os impactos da pandemia
quantia à sua escolha para na área da saúde, também
o programa Mesa Brasil podemos fazer a diferença
Sesc, uma rede nacional contribuindo para que mais
de bancos de alimentos pessoas tenham acesso a
para pessoas em situação algo também primário, que
de pobreza. Ao todo, as é o alimento. Pelo segundo
doações realizadas por ano a Anahp tomou a de-
meio do Congresso soma- cisão de fazer um Conahp
ram R$ 19.858,65, o que gratuito, uma entrega para
representa 2 toneladas de ampliar o acesso à informa-
alimentos que atenderam ção de qualidade em um
cerca de 800 pessoas. momento tão difícil para o

61 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


AÇÃO SOCIAL

País. Por isso, propusemos do, o programa Mesa Brasil alimentos a estas pessoas,
que os participantes do Sesc viu aumentar os pedi- mas também cidadania”,
congresso também fizes- dos de instituições sociais explica Carlos Artexes, dire-
sem parte dessa corrente em busca de apoio para tor-geral do Departamento
solidária.” o atendimento às famílias Nacional do Sesc.
O projeto do Sesc está assistidas. E, diante desse As doações realizadas
presente em 91 cidades desafio, o programa vem durante o Conahp foram
distribuídas em todos os registrando crescimento nas somadas à campanha de
estados e chegou a aten- doações. “São milhões de abrangência nacional do
der, durante a pandemia, brasileiros sofrendo com as Sesc, que proveu mais de 9
cerca de 3,4 milhões de consequências da pande- mil cestas para famílias que
pessoas. Também atua e mia e esta rede de solida- se enquadravam no critério
mantém, em nível nacio- riedade que o Mesa Brasil de Índice de Vulnerabilida-
nal, parcerias permanen- propõe leva não apenas de Social do Ipea.
tes com mais de 50 gran-
des empresas nacionais e
multinacionais de diferen- Saiba mais sobe o Mesa Brasil Sesc no site do
tes segmentos, além de programa e assista ao vídeo abaixo.
entrepostos de hortifru-
ti, propriedades rurais e
pequenos comércios. Ao
todo, o programa conta
com mais de 2.600 parcei-
ros em todo o país.
Apesar de mais de 14 mi-
lhões de brasileiros passan-
do fome, o Brasil ocupa um
lugar entre os países que
têm os maiores índices de
perda e desperdício de ali-
mentos. Desde o início da
pandemia, no ano passa-

62 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

EIXO
INOVAÇÃO E
TECNOLOGIA
Não é possível falar de mais afinadas é o que tem a personalização do cui-
futuro sem falar de novas regido todos os setores, e dado, trazendo mais qua-
tecnologias e da evolução não é diferente na saúde. lidade e valor para a saú-
digital pela qual o mun- Tecnologias como Inteli- de. Diante deste cenário,
do inteiro tem passado. A gência Artificial e machine o Conahp 2021 incluiu em
corrida pela captação de learning têm se mostrado sua programação uma sé-
dados e por ferramentas grandes aliadas não ape- rie de debates sobre as
que tornem a análise des- nas para o cuidado de alta tendências e os caminhos
sas informações cada vez complexidade, mas para para alcançar o futuro.

63 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA SAÚDE:


NOVA CULTURA E ANÁLISE DE DADOS

A plenária de abertura Para Marttos, a tecnolo-


do quarto dia do Conahp gia na saúde é uma forma
2021 abordou a transfor- de levar o conhecimento
mação digital e o uso de padronizado, ajudando
Inteligência Artificial no hospitais em locais remo-
Brasil. Participaram o ci- tos, comunidades afas-
rurgião da Universidade de tadas e carentes, onde,
Miami, Antônio Marttos, muitas vezes, há apenas
o CEO do Grupo 3778, um médico ou nenhum.
Guilherme Salgado, o di- Assim, nessas situações
retor-executivo do Instituto é possível até mesmo le-
de Estudos para Políticas de var a esses locais isolados
Saúde (IEPS), Miguel Lago, acesso a um especialis-
e a gerente de Inovação ta. Segundo o médico, a
e Saúde Digital do Hospi- tecnologia tem potencial
tal Alemão Oswaldo Cruz, para realmente mudar a
Priscila Cruzatti. saúde de todo um país.

Antônio Marttos (Univ. de Miami), Guilherme Salgado (Grupo 3778), o moderador Leandro Reis (Rede D'Or São
Luiz), Miguel Lago (IEPS) e Priscila Cruzatti (Hosp. Oswaldo Cruz)

64 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

é possível que os profis- Artificial e ciência de dados


sionais de saúde monito- para cuidar da jornada do
rem a curva glicêmica e paciente de forma integral,
intervenham antes que o falou que, apesar de a evo-
quadro fique crítico e que lução da tecnologia demo-
o indivíduo precise ir ao rar para acontecer, quando
pronto-socorro. vem tem a capacidade de
Ao seguir marcadores de realizar grandes mudanças
qualidade, cria-se a possi- de uma só vez. “Em um pri-
bilidade de entender me- meiro momento, as novas
“Vejo a tecnologia como lhor a situação de cada se- tecnologias vão evoluindo
uma forma de dar um su- tor dentro de um hospital. lentamente. De repente,
porte muito importante Ou seja, pode-se intervir acontece uma transfor-
no dia a dia dos hospitais para diminuir casos de in- mação abrupta que muda
e das equipes de saúde. fecção hospitalar e melho- completamente o setor e
Não a vejo como forma rar a comunicação com a os serviços”, explicou.
de limitar a atividade de família. Segundo Marttos, De acordo com o execu-
saúde nem de substituir o o objetivo é usar a tecno- tivo, o grande desafio neste
médico. É uma ferramenta logia para levar conheci- momento é a qualidade do
para ajudar a diminuir er- mento e qualidade a toda dado para o uso de Inteli-
ros, identificar problemas a rede hospitalar. “Muitas
mais precocemente e tam- mudanças virão. Muitas
bém fornecer mais acesso tecnologias estão sendo
aos pacientes”, disse. E desenvolvidas e cada vez
completou: “Tecnologia mais o tempo para a mu-
é também uma ferramen- dança será mais rápido. Te-
ta para ajudar profissio- mos que estar adaptados
nais de saúde e hospitais para isso e temos que usar
a terem maior controle de a revolução da tecnologia
qualidade”. para ajudar a melhorar o
Dentro desse leque de tratamento para os nossos
possibilidades e melhorias pacientes”, concluiu.
que a inovação é capaz
de abrir está a possibili-
dade de consultas remo- Evolução lenta
tas e maior capacidade de e abrupta ao
monitoramento à distân- mesmo tempo
cia com os equipamentos
adequados. No caso de Guilherme Salgado, CEO
um paciente crônico com do Grupo 3778, cujas em-
diabetes, por exemplo, presas reúnem Inteligência

65 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

gência Artificial, consideran- Por isso, é necessário ter Entretanto, investe apenas
do que qualidade é mais re- uma base sólida, com mo- 4% do PIB em saúde pú-
levante do que quantidade. delos capazes de melhorar blica, enquanto países eu-
“Para falar de Inteligência e transformar a assistência ropeus, com populações
Artificial em saúde, preci- ao cuidado, a segurança e muito menores, investem
samos falar de liderança e a sustentabilidade do se- cerca de 7% do seu PIB
participação dos profissio- tor de saúde. em saúde pública.
nais, mas também do cuida- Lago defendeu o serviço
do com o dado. Temos que de atenção básica ofereci-
cuidar dos dados da mesma Transformação do pelo SUS, e destacou a
maneira que cuidamos dos digital e SUS importância da tecnologia
nossos pacientes, seja no para o desenvolvimento
público ou no privado." Miguel Lago, que é dire- desse trabalho. “O que
tor-executivo do Instituto precisa para tornar o SUS
de Estudos para Políticas mais eficiente é que a aten-
de Saúde (IEPS), contri- ção básica seja mais reso-
buiu a partir de uma visão luta, e a tecnologia é uma
da saúde pública. Segun- transformação digital fun-
do ele, o Brasil precisa damental para contribuir
ter grandes ambições no com esse aumento de re-
quesito tecnologia, já que solutividade”, avaliou. “A
é o único país do mundo questão da transformação
com mais de 100 milhões digital no setor da saúde é
de habitantes a oferecer uma necessidade para so-
saúde universal e gratuita brevivência do nosso siste-
a todos os seus cidadãos. ma público de saúde.”

66 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Digitalização x Para explicar, usou o da saúde é quando con-


transformação exemplo das mudanças seguimos conversar, tra-
digital bancárias dos últimos balhar em conjunto e ter
anos, com novas formas no centro da mesa o que
Em meio a tantas mudan- de movimentações finan- realmente importa. Aí sim
ças, é importante destacar ceiras, inclusive por apli- teremos chances de trans-
a diferença entre o que é cativos de troca de men- por os demais desafios.”
transformação digital e sagens. “São novas formas O aspecto digital da
apenas digitalização. So- de se fazer. O mundo di- transformação também
bre isso, a gerente de Ino- gital torna possível coisas impacta diretamente o
vação e Saúde Digital do diferentes.” que se entende atualmen-
Hospital Alemão Oswaldo Para Cruzatti, o con- te por equipes de pro-
Cruz, Priscila Cruzatti, disse ceito de saúde digital diz fissionais de saúde. Isto
que “a transformação digi- respeito a uma "transfor- porque, segundo Cruzatti,
tal não significa simples- mação cultural e a adoção são essas pessoas as que
mente digitalizar os pro- de tecnologias disruptivas mais precisam lidar direta-
cessos que acontecem no que forneçam dados di- mente com as mudanças.
dia a dia. Só transformá-los gitais acessíveis a cuida- Está se criando um novo
em eletrônicos, sem mudar dores e pacientes". Este mercado em saúde, em
nada, não é transformação". movimento coloca os per- que profissionais de ou-
sonagens desta ação no tros segmentos passam
mesmo nível, tornando o a ser fundamentais para
momento da tomada de dar suporte aos proces-
decisão uma ação compar- sos. Neste cenário, quem
tilhada e democrática. já atua na saúde precisa
A gerente também falou se apropriar do conheci-
sobre o que considera as mento para conseguir in-
principais barreiras para teragir e ajudar a construir
se avançar: custo, infra- essa nova realidade. “A
estrutura, conflitos de in- gente vai ter uma equipe
teresses e desafios regu- multidisciplinar, mais am-
latórios. Mas, para ela, a pla, com outras áreas que
principal questão é o fator ainda não são tão óbvias.
mudança. “Pessoas ado- Acho que isso é muito in-
ram novidades, mas mudar teressante para quem gos-
é difícil”. Para transpor es- ta de novidade, de apren-
sas barreiras, seria preciso der outras coisas, vai ser a
focar mais nos pacientes e forma de poder expandir.
nos profissionais de saúde Não é um trabalho indi-
e nas suas reais necessida- vidual, é em grupo que
des. “O grande pulo para vamos trazer novos sabe-
a transformação digital res”, concluiu.

67 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Prontuário eletrônico investimento em infraes- estão se modificando para


trutura. Isso porque esses trazer novos produtos com
Os palestrantes falaram sistemas não foram pen- algum grau de interoperabi-
também sobre o futuro do sados originalmente para lidade, mas que isso estaria
prontuário eletrônico. Se- a interoperabilidade. “A aparecendo mais como um
gundo Antônio Marttos, nos gente fala em mineração novo produto do que como
Estados Unidos inicialmente de dados. A própria pala- um prontuário em si. “Já se
houve uma grande resistên- vra mineração já mostra a tem tecnologia para fazer a
cia dos médicos em relação dificuldade”, afirmou. interoperabilidade, mas ain-
a esse tipo de implementa- Entretanto, ele diz que da tem o investimento e a
ção. “É uma mudança cul- os próprios prontuários já questão cultural."
tural. Haverá uma barreira
cultural no início, mas só
vai dar certo se mostrar que
funciona”, disse.
Para Guilherme Salgado,
a curto prazo o prontuário
eletrônico deverá continuar
sendo utilizado mais como
local de registro do que
como uma fonte realmen-
te de interoperabilidade e
conexão. E não apenas por
motivo cultural, mas tam-
bém pela necessidade de

68 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

O DESAFIO DA HARMONIA
ENTRE COMPARTILHAMENTO
DE DADOS E PRIVACIDADE

A Lei Geral de Proteção Dasa, que foi moderador


de Dados (LGPD), sanciona- da plenária “Governança
da em 2020, apontou quais de dados com o avanço
devem ser os rumos do uso das inovações trazidas por
de dados no Brasil. Entre- novas tecnologias”.
tanto, ainda há uma “zona O debate contou também
cinzenta” sobre o assunto, com a presença de Rogéria
como disse Fábio Cunha, Leoni Cruz, coordenadora do
coordenador do Grupo de Grupo de Estudo de LGPD
Trabalho Legal-Regulatório da Anahp e diretora jurídica
da Anahp e diretor Jurídi- do Hospital Israelita Albert
co, Compliance, Relações Einstein, Barbara Ubaldi,
Governamentais e ESG na head de Digital e Gover-

Barbara Ubaldi, da OCDE, fala sobre uso e proteção de dados na saúde durante o Conahp 2021

69 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

nança de Dados da Orga-


nização para a Coopera-
ção e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), e de
Waldemar Ortunho Junior,
diretor-presidente da Au-
toridade Nacional de Pro-
teção de Dados (ANPD).
Um dos principais pon-
tos levantados pelos par-
ticipantes foi o conflito
de interesses comerciais
que ameaça o compar-
tilhamento desses dados
entre os sistemas privado
e público, por exemplo,
se configurando como um
obstáculo que deixa de ser
técnico. Para Ubaldi, o uso
dos dados faz parte das
transformações digitais do combinados, os resultados com dados sensíveis e a
mundo todo e deve ser en- são melhores e as decisões medicina tem se inovado.
tendido como um recurso- mais coerentes”, afirmou. Temos que dar oportunida-
-chave para todos os seto- Outro obstáculo que se de para essas mudanças,
res. “O crescimento com o relaciona com a cultura é mas, ao mesmo tempo, li-
uso de dados é muito mais o risco de armazenar e o dar com a privacidade e a
preciso e é essencial abrir medo do vazamento. De segurança. Muitas organi-
as informações para o se- fato, o risco existe, mas zações já estão conseguin-
tor público. Com esforços para o presidente da ANPD do enxergar as vantagens
“é fundamental usar novas práticas de se investir em-
tecnologias mitigando es- segurança de dados, seja
ses riscos, com técnicas por uma melhor estratégia
que vão proteger os dados ou pela melhor organiza-
que oferecem mais atrati- ção e confiança do cliente.
vidade ao invasor”. Isso aprimora a tomada de
Na mesma trilha, segue decisões e permite uma
o ponto de vista de Rogé- gestão mais efetiva de ris-
ria Leoni Cruz. “Lidamos cos”, afirmou.

70 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

JORNADA DIGITAL DO PACIENTE INCLUI


CONEXÃO ENTRE SERVIÇOS E DADOS
APRIMORADOS

Quando se fala que a Dias (HPD), Diogo Dias, do


pandemia acelerou as ino- country manager da MphRx
vações e tecnologias em no Brasil, Joel Formiga, e
saúde, normalmente se do diretor-executivo do Ins-
pensa em telemedicina. tituto de Radiologia do Ino-
Entretanto, as mudanças vaHC, Marco Bego. A mo-
ocorridas nos últimos dois deração foi do diretor-geral
anos no setor vão muito do Hospital Sírio-Libanês,
além. O assunto foi discuti- Fernando Ganem.
do na palestra “Como a pan- A centralização do re-
demia acelerou as inovações gistro vacinal foi uma das
e tecnologias em saúde”, no questões aceleradas pela
último dia do Conahp, e con- pandemia, segundo For-
tou com a presença do dire- miga. Ele lembrou que
tor clínico do Hospital Porto sempre houve um projeto

Joel Formiga (MphRx), Diogo Dias (Hosp. Porto Dias), Marco Bego (InovaHC) e o moderador da mesa Fernando
Ganem (Hosp. Sírio-Libanês)

71 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

para isso, com sistemas es- não extrapolou a Covid-19. paciente ainda não é digi-
taduais e federal, mas, na Teve avanços nestes últi- tal. “Falta digitalizar a co-
prática, o registro das va- mos meses que se limita- nexão de um serviço a ou-
cinas fornecidas à popula- ram à pandemia”, afirmou. tro na saúde, falta a adesão
ção não era feito de forma Em relação à telemedi- de coordenação de cuida-
integral. Muitas vezes, as cina, Formiga disse que dos de forma digital.”
informações enviadas para o avanço alcançado e a
o Ministério da Saúde con- quebra de paradigma
tinham apenas o número com os profissionais de Ecossistema
de vacinas distribuídas. saúde foram potenciali-
Com a vacinação con- zados pela alta demanda Já Marco Bego, disse
tra a Covid-19, entretanto, em um momento em que que, desde o início da
isso mudou. “Um projeto o distanciamento social pandemia, muitas inicia-
que já existia, o RNDS, ou era necessário. tivas de telemedicina co-
Rede Nacional de Dados na “Inovação não começa meçaram a surgir no Hos-
Saúde, passou a congregar pela tecnologia, começa pital das Clínicas de São
esses dados da vacina de pelo cliente insatisfeito, Paulo. Por isso, foi pre-
Covid. Depois, criou-se o pela demanda. E a de- ciso organizá-las, o que
certificado da vacina, ainda manda para que se tivesse resultou em 20 projetos
com suas limitações, mas acesso à saúde de forma pilotos. Por irem além da
um grande avanço frente remota era muito grande”, telemedicina, as ações re-
ao que se tinha anterior- lembrou, citando ainda o ceberam o nome de saú-
mente”, avaliou. marco jurídico que possi- de digital.
O executivo apontou bilitou que a telemedici- Ele contou que, na pri-
que o RNDS deu um pas- na tivesse um crescimento meira fase, foi visto que a
so além da vacina e come- tão grande. inovação não poderia ficar
çou a concentrar também Contudo, apesar do pro- apenas dentro da institui-
resultados de exames de gresso neste sentido, para ção. “Conseguimos nos
Covid, incluindo dados do o executivo a jornada do conectar com cerca de 50
setor privado. Entretan-
to, o desafio agora é fazer
com que isso ocorra tam-
bém com outros tipos de
vacinas e exames.
“Se o esforço tecnoló-
gico está sendo feito para
plugar o exame de Covid,
por que não tem o exame
de glicose, hemoglobina,
hemograma? O esforço
tecnológico é o mesmo. Mas

72 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

hospitais por todo o Bra- cipais avanços que a sua


sil e oferecer algoritmos. instituição teve durante a
Assim, os hospitais faziam pandemia foi em relação
os exames, nós fazíamos à qualidade dos dados
a análise e devolvíamos a coletados e analisados.
eles", explicou. Segundo ele, havia uma
Em uma segunda fase, vontade antiga de aprimo-
foi possível levar inovação rar as bases de dados uti-
para dentro do hospital. lizando novas tecnologias,
Assim, novos profissionais que acabava sempre sen-
e startups passaram a tra- do adiada. “Percebemos
balhar de lá. Por fim, na que tinha uma coisa de
terceira fase, o desafio baixa expectativa e acurá-
passou a ser tentar susten- cia do que estávamos ven-
tar toda aquela inovação. do. Então, alocamos uma
Dessa forma, há startups equipe para garantir a in-
ainda trabalhando lá den- tegridade dos cadastros e
tro, com todo o entendi- dos dados, principalmente
mento do funcionamento relacionados à Covid-19.
do hospital e dando ao Dessa forma, consegui-
programa de saúde digital mos construir ferramentas
o espírito de ecossistema. fantásticas que permitiram
“Muitos desses projetos mudar o jogo.”
de inovação, digitalização Na opinião do diretor, a
e automação correm den- gestão correta de dados
tro da operação regular foi importante não ape-
do hospital. Resolvemos nas para gerenciar a situa-
trazer os projetos que ção de pacientes com Co-
poderiam ser inovadores, vid-19, mas toda a cadeia
para estruturar e fazer a de suprimentos. No ponto
conexão com o mercado, mais crítico, o hospital em esteja na mesma página e
trabalhar em ecossiste- que atua chegou a ter 100 use efetivamente aquelas
ma”, disse. pacientes em ventilação ferramentas, o que exige
mecânica, o que torna a um trabalho de educação
organização de dados continuada. É realmente
Qualidade um fator essencial para a um processo adicional que
dos dados operação. precisa ser incorporado no
“Além de ter os dados dia a dia dos hospitais”,
Para o diretor clínico organizados e ferramentas afirmou Dias.
do Hospital Porto Dias, na mão das pessoas, pre- Texto: Futuro da Saúde –
Diogo Dias, um dos prin- cisamos que todo mundo mídia oficial do Conahp 2021

73 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


LINHA DE GENTE

Histórias inspiradoras e de
superação dos profissionais de saúde
Nestes últimos meses, a deos relatando momentos cebemos vídeos do Brasil
atuação dos profissionais marcantes que vivenciaram inteiro com histórias de
de saúde ganhou ainda e, após esta etapa, uma superação, solidariedade e
mais notoriedade por con- comissão avaliadora sele- profissionalismo”, contou
ta da dedicação e supera- cionou os dez depoimen- o médico cancerologista.
ção no enfrentamento da tos mais impactantes para As conversas foram trans-
pandemia. Mas, mais do que o público pudesse vo- mitidas ao longo da semana
que isso, estes profissio- tar. Então, os cinco autores do Conahp e agora podem
nais passaram por momen- dos relatos mais votados ser conferidas pelo site
tos marcantes que tocaram foram entrevistados pelo linhadegente.anahp.com.br.
também suas vidas pesso- Dr. Drauzio Varella, par- Conheça, a seguir, os pro-
ais, seja por uma mudança ceiro neste projeto. “Re- fissionais homenageados:
na rotina familiar ou pela
perda de parentes, ami-
gos e colegas de trabalho.
Por isso, nesta edição do
Conahp, a Anahp lançou
o projeto Linha de Gen-
te, para conhecer algumas
destas histórias e homena-
gear a todos que têm atu-
ado na linha de frente do
combate à Covid-19.
A iniciativa abriu inscri-
ções para que os profissio-
nais mandassem seus ví- Dr. Drazuio Varella em um dos vídeos veiculados pelo projeto Linha de Gente

74 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


LINHA DE GENTE

“Quando um paciente entra no hospital, muitas vezes, ele


não sabe o que vai acontecer. Ele entra em sofrimento
emocional e psíquico junto com o físico. (...) A Covid iso-
lou aqueles que precisavam de nós, psicólogos, ao lado
deles, e precisamos nos reinventar com atendimento on-
line. Às vezes, o paciente ficava com celular ou tablet no
leito enquanto nós estávamos na sala ao lado. Também
tivemos que criar formas de minimizar ansiedade e crise
de pânico, porque o isolamento da Covid causou muitos
sintomas nesse sentido, gerou muito medo por ser uma
doença nova e por não sabermos o que iria acontecer.”

FERNANDA SILVA DE MEIRA


Psicóloga Hospitalar no Hospital Anchieta, Brasília (DF)

“Na equipe, somos quatro pneumologistas e três de nós


se infectaram. Depois de dois meses, um deles se in-
fectou novamente e com a forma grave da doença. Foi
quando eu tive que enfrentar o desafio de ser a médica
do meu amigo e colega. Eu tinha muito medo de falhar.
Tratar um paciente difícil, que a gente não consegue ter
certeza se está fazendo o melhor, já causa um grande
sofrimento para o médico. E falhar com um amigo e co-
lega de trabalho, que toda a instituição estava mobili-
zada para vê-lo reagir... Foram muitas noites de insônia,
lágrimas, dúvidas, dias pesados e tensos. Eu ligava para
colegas de outras instituições e lia as novas informações
que saíam, comecei a fazer uma rede de contatos para
tentar fazer as melhores escolhas, me senti com uma
grande responsabilidade.”

JULIANA CARDOZO FERNANDES


Médica pneumologista no Hospital Ernesto Dornelles,
Porto Alegre (RS)

75 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


LINHA DE GENTE

“Tive que alugar um apartamento e me comunicar com a


família por videochamada. Foi uma situação que eu nun-
ca pensei viver, precisar me afastar para poder exercer a
profissão e pelo medo de contaminá-los. (...) Infelizmen-
te perdi minha irmã e minha mãe para a Covid, foi bas-
tante difícil. Quando estamos do outro lado, sentimos a
dificuldade que é para obter informação, não ver o ente
querido com frequência, receber o boletim médico por
telefone – coisa que eu fazia com meus pacientes. No
momento que as perdi, em um período de 24 horas, bai-
xou em mim a sensação de incapacidade por ter conse-
guido salvar tantos pacientes e a elas, não. Eu entrei em
um estado depressivo, perdi 14 kg e precisei começar
um tratamento com a psiquiatria.”

NAPOLÉON FERREIRA RODRIGUES


Médico no Hospital Memorial São Francisco, João Pessoa (PB)

“O trabalho em equipe foi fundamental para um dar


apoio ao outro. Enquanto psicóloga, eu dava apoio à
equipe levando conhecimentos da psicologia para lidar
com essa situação. (...) Tatuí é considerada a capital da
música e, nesse momento de pandemia, um corredor
musical de cura foi idealizado pelo publicitário da Uni-
med e toda equipe abraçou esse projeto. Quando o pa-
ciente recebia alta, nos organizávamos, formávamos um
corredor com balões, cartazes e fazíamos essa homena-
gem. (...) A equipe teve uma proximidade muito grande
com os pacientes que tiveram Covid, não só porque eles
não tinham contato físico com outras pessoas de fora do
hospital, mas porque os enxergava de outra forma, por
terem lutado juntos.”

SOLANGE BEZERRA LEAL


Psicóloga no Hospital Unimed de Tatuí, Tatuí (SP)

76 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


LINHA DE GENTE

“Uns 15 dias depois de voltar da minha licença mater-


nidade, começou a pandemia. Eu fui muito criticada
por vários colegas de trabalho, muitos achavam que era
melhor eu me ausentar ou pedir demissão do que ficar
afastada dos meus filhos pequenos. O mais velho, de 6
anos, não aguentou ficar muito tempo com os avós, mas
o mais novo, recém-nascido, ficou com meus pais por
seis meses. Quando me reencontrei com ele, foi muito
difícil porque a referência não era mais eu. Foi uma nova
adaptação, como se ele nunca tivesse feito parte das
nossas vidas. (...) Não me arrependi porque a Covid é
uma doença muito solitária, os pacientes só tinham as
equipes do hospital para conseguir conversar e serem
acolhidos. Eu não estava doente, mas estávamos par-
tilhando da mesma solidão, que era estar afastada da
pessoa que amamos.”

TATIANA ALVES MADUREIRA


Enfermeira no Hospital São Vicente de Paulo,
Rio de Janeiro (RJ)

77 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


78 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE
DEBATE CONAHP

SAÚDE NO BRASIL:
O QUE É PRECISO
PARA AVANÇAR
Na busca por fomentar o ção para o novo quadro De- da Saúde, comandado pela
debate dos temas consi- bate Conahp, que apresen- jornalista Natalia Cuminale,
derados mais polêmicos e tou um tema por dia durante que mediou as conversas.
complexos na saúde brasi- o evento. A iniciativa é fruto Os debates contaram com
leira, o Conahp 2021 abriu de uma parceria inédita da a presença de especialis-
espaço em sua programa- Anahp com o portal Futuro tas do setor e represen-
tantes dos mais diversos
players da cadeia. Entre
os temas abordados esta-
vam assuntos como o de-
safio de crescimento dos
planos de saúde, a neces-
sidade de priorização de
qualidade e atenção bá-
sica, incorporação de no-
vas tecnologias, a jornada
dos novos modelos de re-
muneração, verticaliza-
ção, fusões e aquisições.
Confira agora a cober-
tura completa dos cinco
debates veiculados no
Conahp 2021.

79 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

VERTICALIZAÇÃO, FUSÕES E
AQUISIÇÕES SÃO TENDÊNCIA
NO SETOR DA SAÚDE

Em 2020, o Brasil registrou participaram do evento o Americas Serviços Médicos,


60 operações de fusões CEO do Hcor, Fernando Paulo Ishibashi.
e aquisições no mercado Torelly, o superintenden- Consolidações e formações
de saúde, movimentando te-executivo do Tacchini de grandes redes devem
mais de 1 bilhão de dólares Sistema de Saúde, Hilton continuar como uma tendên-
e mantendo este cenário Mancio, o vice-presidente cia do setor, na opinião de
aquecido, apesar do resulta- médico e de Serviços Ex- Torelly. No entanto, o exe-
do ser inferior ao observado ternos da Rede D'Or São cutivo reforça a importância
em 2019. Neste contexto, o Luiz, Leandro Reis, o dire- em discutir os modelos de
Conahp promoveu um de- tor-executivo de Integra- qualidade que estão sendo
bate para aprofundar esse ções do Grupo NotreDame entregues e transmitir para
tema e ajudar o setor a com- Intermédica, Massanori a sociedade de forma clara
preender para onde vão os Shibata Junior, o CEO do Bra- quais as diferenças entre os
negócios de saúde no país. desco Saúde e Mediservice, serviços oferecidos. “Preci-
Ao lado da jornalista e me- Manoel Peres, e o diretor- samos deixar a população
diadora, Natalia Cuminale, -executivo de Growth da mais bem informada, para

A moderadora Natalia Cuminale (Futuro da Saúde), Manoel Peres (Bradesco Saúde e Mediservice), Fernando
Torelly (Hcor), Hilton Mancio (Tacchini Sistema de Saúde), Paulo Ishibashi (Americas Serviços Médicos), Massanori
Shibata Junior (NotreDame Intermédica) e Leandro Reis (Rede D'Or São Luiz)

80 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

que a competição na área ções deve continuar. “Ainda cer um melhor sistema de
de saúde seja pautada não há muito prestador e opera- saúde para a população.
pelo preço, mas pela quali- dora de pequeno porte no Neste sentido, Hilton Man-
dade na entrega”, disse. Brasil. A tendência natural cio complementou lem-
Para Reis, o setor da saúde é que sejam integradas às brando que 75% da popu-
não deve ser analisado como redes e operadoras vertica- lação está fora das grandes
uma vertente só no quesito lizadas”, ponderou, comen- redes. “A tendência é que
das fusões, devendo haver tando que a questão impor- o mercado diminua essa
diferença entre prestadores tante neste cenário é saber disparidade pela demo-
de serviços, planos de saú- se ainda há mercado e renda cratização de preços, mas
de e outras áreas. “Fusões suficiente para as operado- ainda haverá uma quantia
de prestadores de serviço ras não verticalizadas, por muito grande de pesso-
ajudam em sua robustez, terem uma operação de cus- as fora desse seguimento,
mas ainda é uma área muito to extremamente elevado. que deve ser muito discu-
fragmentada. Cada player tido e levado em conta”,
da saúde terá uma curva de Democratização pontuou.
fusões diferente ao longo do Para Massanori Shibata, a
do acesso
tempo”, afirmou. Segundo o verticalização – por meio
vice-presidente, a proposta de fusões e aquisições –
de verticalização foi vendida Paulo Ishibashi abordou o é um caminho para levar
como coordenação do cui- fato do Brasil ser um país menores custos à popu-
dado, organização em redes, de contrastes fortes. Na lação. No entanto, o di-
medicina digital e facilidade opinião do diretor-executi- retor-executivo, reforçou
ao paciente, mas esses ob- vo, é necessário que o setor a necessidade de maio-
jetivos também podem ser se debruce sobre questões res critérios de regula-
atingidos em outros modelos relacionadas ao valor e à mentação e mensuração
de prestação de serviço. sustentabilidade financeira de qualidade dentro dos
Peres concorda que a ten- para que o País não fique serviços oferecidos pelas
dência de fusões e aquisi- desassistido e possa ofere- operadoras verticalizadas.

81 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

EDUCAR O PACIENTE SOBRE O USO


DO SISTEMA É UM DOS CAMINHOS PARA
OS PLANOS DE SAÚDE CRESCEREM

Fatores como o baixo cres- saúde não conseguem cres- tal A. C. Camargo Cancer
cimento do Produto Interno cer mais no Brasil?”. Center e Mantris Saúde
Bruto (PIB) brasileiro e o alto Além da jornalista e CEO Corporativa.
índice de desemprego no do portal Futuro da Saúde De acordo com Cechin, a
país têm contribuído para mediando a conversa, a dis- saúde suplementar apresen-
que o número de beneficiá- cussão também contou com tou um crescimento surpre-
rios de planos de saúde pri- a participação de Gabriel endente. Entre os meses de
vados diminua. Em contra- Portella, membro do con- maio e julho de 2021, em
ponto, nos últimos anos este selho de administração da comparação com o mesmo
número aumentou devido SulAmerica, José Cechin, período em 2020, houve um
às novas formas de comer- superintendente-executivo aumento de 1,7 milhão de
cialização (adesão, coletivos, do Instituto de Estudos de beneficiários, representando
individuais). Para entender Saúde Suplementar (IESS), um aumento maior do que o
este movimento, o Deba- e Maurício Ceschin, conse- observado de carteiras assi-
te Conahp comandado por lheiro da Rede Mater Dei de nadas, por exemplo. “O que
Natalia Cuminale abordou o Saúde, Pro Matre, Materni- vemos são os planos crescen-
tema “Por que os planos de dade Santa Joana, Hospi- do mais do que a ocupação.

A mediadora Natalia Cuminale, Maurício Ceschin, Gabriel Portella e José Cechin

82 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

E eu tenho uma hipótese tes e o mal uso do sistema, Interoperabilidade


muito simples para isso: dian- que causam maior oneração; do sistema
te da incerteza do que vive- a revisão dos modelos de re-
mos e da alta probabilidade muneração e de assistência; e Na opinião de Gabriel Por-
de contrairmos uma doen- a falta de integração entre sis- tella, a interoperabilidade
ça nova, temida, e de trata- temas, o que gera dispersão dos dados será benéfica
mento custoso, as pessoas de informações. para a educação dos pacien-
adotaram essa medida como Em relação ao mal uso do sis- tes, uma vez que auxiliará
precaução para o caso de se tema, Portella defendeu que também na orientação e no
infectarem”, disse. é preciso ampliar a educa- cuidado coordenado, além
Ainda segundo o superin- ção da população sobre este de favorecer o mercado,
tendente, uma pesquisa re- tema e sobre a coparticipação oferecendo melhores servi-
alizada pelo IESS apontou nos planos de saúde. “Os be- ços. Contudo, o executivo
que as pessoas com planos neficiários devem aprender a da SulAmérica reforçou a im-
de saúde se sentem seguras usar o serviço e, dessa forma, portância em ter o apoio de
e confiantes, sendo essa a as operadoras verão esse re- todos os elos do setor para
principal razão para a ade- torno em alguns anos”, ex- avançar nesta questão.
são. Como contraponto, plicou. Para ele, é necessário Outro ponto fundamen-
Ceschin complementou di- definir melhor o que se carac- tal sobre este aspecto é a
zendo que os principais mo- teriza como plano de saúde, transparência. Para o supe-
tivos que levam as pessoas usando como exemplo um rintendente do IESS, José
a não quererem um plano serviço que oferece somente Cechin, o paciente precisa
de saúde, em sua visão, são: o atendimento ambulatorial. se sentir seguro e confortá-
o valor e o reajuste – que é Para Ceschin, o sistema tem vel para compartilhar seus
de duas a três vezes maior que ser universal e cobrir dados e deve ser o deten-
do que os índices gerais. todas as patologias. No en- tor das informações. Neste
O conselheiro apontou alguns tanto, fez a ressalva de que sentido, Maurício Ceschin
fatores desafiadores para a oferecer redes amplas e sem concorda que não é o siste-
saúde suplementar, como a restrição fica inviável do pon- ma de saúde que deve de-
mudança no perfil epidemio- to de vista da sustentabilida- ter os dados, a disponibili-
lógico da população brasilei- de, se fazendo necessária a zação deveria ficar a cargo
ra, agora mais envelhecida; o organização da porta de en- dos usuários.
comportamento dos pacien- trada dos pacientes. “Ter um O conselheiro acredita que
sistema hierarquizado e com para que essa interoperabi-
rastreabilidade é mandatório lidade seja efetiva é neces-
para conseguir abarcar uma sário criar uma identificação
população que hoje não tem única de saúde quando a
acesso”, afirmou, reforçando pessoa nasce, que seja re-
a necessidade de rever o mo- conhecida pelas redes pú-
delo assistencial, tendo trans- blica e privada e concentre
parência para que os custos todas as informações para
possam ser diminuídos. acesso universal.

83 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

OS DESAFIOS PARA A EVOLUÇÃO


DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO BRASIL
No setor da saúde, há um de Conteúdo e CEO do “Antes de apostar na aten-
consenso sobre a impor- portal Futuro da Saúde. ção primária, o gestor tem
tância e a necessidade de O debate contou com a que saber exatamente do
priorizar a atenção bási- participação de Erno Her- que se trata, analisar, olhar
ca, seja na saúde públi- zheim, gestor de Atenção para resultados para poder
ca ou suplementar. Mas, Primária à Saúde na Clínica se convencer e não tomar
o que será preciso fazer Salute, e Miguel Cendoro- a decisão pela metade”,
para colocar este concei- glo, diretor superinten- disse. A falta de conhe-
to em prática e para que dente médico do Hospital cimento e convicção faz
as iniciativas já existentes Israelita Albert Einstein. com que qualquer ruído e
ganhem escala, alcançan- Na visão de Herzheim, são reação da estrutura assis-
do um número maior de quatro os pontos de par- tencial se torne suficiente
pessoas? Esta pergunta tida fundamentais para o para desviar o foco e fugir
foi respondida em uma das desenvolvimento da aten- dos princípios básicos da
mesas do Debate Conahp, ção primária no Brasil e atenção primária.
comandado pela jornalista todos estão relacionados Depois do conhecimento
Natalia Cuminale, diretora diretamente à gestão. vem o investimento e a ne-

Natalia Cuminale (Futuro da Saúde) na moderação da mesa que contou com a participação de Miguel Cendoroglo
(Hosp. Albert Einstein) e Erno Herzheim (Clínica Salute)

84 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

cessidade de desconstruir
a ideia de que saúde pri-
mária é mais barata quan-
do, na realidade, a diminui-
ção dos custos será a longo
prazo e os ganhos virão no
futuro. “Na implantação eu
vou ter despesas que, pro-
vavelmente devem aumen-
tar por algum tempo, mas
precisam ser encaradas
como investimento”, afir-
mou Herzheim. Depois de
tudo esclarecido, chega a
vez da operacionalização,
ou seja, formar equipes a positivamente no desenvol- com Cendoroglo, a ques-
partir da contratação de vimento da atenção primá- tão geracional tem contri-
profissionais competentes ria. Na opinião do médico, buído para que modelos
na área, o que na opinião apesar de ainda não haver de saúde integrada e aten-
do gestor, pode ser um um case de sucesso, no con- ção primária ganhem for-
grande desafio no Brasil. E, texto atual o caption pode ça. “Tem operadoras com
finalmente, a estruturação ser adequado, já que é foco numa clientela mais
do modelo de negócio ba- possível ter incentivos para jovem e elas são muito rí-
seado essencialmente nos mensuração de qualidade e gidas em seus modelos,
pilares da saúde primária: metas da saúde populacio- tem que passar por con-
acesso de primeiro conta- nal. Além disso, destacou sulta com todo mundo e o
to, longitudinalidade, inte- a falta de transparência no acompanhamento é ultra
gralidade e coordenação compartilhamento de da- digital. Uma geração mais
do cuidado. “Fazendo es- dos como um obstáculo nova, dos 20 aos 40 anos,
ses atributos funcionarem para a evolução neste ce- se adapta mais rapidamen-
não teremos maiores im- nário. “A desconfiança na te a este novo formato”,
pedimentos, venceremos própria competição acaba declarou. E finalizou: “Mais
os obstáculos e criaremos atrapalhando, enquanto nós do que nunca, a atitude no
mecanismos. Para mim, a deveríamos cooperar para mundo todo em relação à
cultura do impedimento fazer o sistema evoluir, in- saúde está mudando. Espe-
pela população, corpo as- formar e ter uma cultura ba- ra-se da nossa indústria qua-
sistencial e resistência cor- seada na transparência de lidade, responsabilidade,
porativa é muito menor”, informação.” ética e transparência. Não
declarou. Mas, apesar dos desafios, acho que seja uma mudança
Para Cendoroglo, o mode- há alguns avanços aconte- cultural pequena, temos que
lo de remuneração é um as- cendo no mercado da saú- ter drivers muito fortes para
pecto que pode influenciar de suplementar. De acordo nos ajudar nesse sentido.”

85 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

AS DIFICULDADES PARA INCORPORAR


NOVAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE NO BRASIL

Historicamente, a saúde Dias; Franco Pallamolla, que interferem neste


tem se mostrado um setor presidente da Associa- avanço da tecnologia,
mais lento que os demais ção Brasileira da Indústria Pallamolla destacou a dis-
quando se trata de incor- de Dispositivos Médicos paridade entre as regiões
porar novas tecnologias, (Abimo); Walban Damas- do país e a diversidade
especialmente no que ceno, presidente do con- dos serviços oferecidos.
diz respeito a processos selho de administração “Nós não temos um sis-
e gestão. Para entender da Associação Brasileira tema único de saúde no
por que este caminho é da Indústria de Alta Tec- Brasil, porque temos o
tão difícil e quais os prin- nologia de Produtos para SUS, o sistema filantrópi-
cipais fatores que contri- Saúde (Abimed); além da co, a saúde suplementar,
buem para isso, o Debate jornalista e CEO do portal serviços médicos milita-
Conahp abordou o as- Futuro da Saúde, Natalia res, e cada um com sua
sunto com os palestran- Cuminale, mediando a característica e um nível
tes Diogo Dias, diretor conversa. de implementação tec-
clínico do Hospital Porto Entre as diversas razões nológica”. Outro ponto

A moderadora Natalia Cuminale (Futuro da Saúde), Walban Damasceno (Abimed), Franco Pallamolla (Abimo) e
Diogo Dias (Hosp. Porto Dias)

86 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

comentado pelo executi- O diretor deu como os reguladores do siste-


vo é que o setor não de- exemplo as tecnologias ma. “Ninguém terá ex-
senvolve tecnologias, ele mais recentes que têm periência pra poder exer-
absorve a vanguarda tec- surgido no âmbito da saú- cer essas regulações, por
nológica de outras áreas, de, como os dispositivos isso vai ser fundamental
portanto é uma inovação vestíveis, que geram uma a união da indústria e ór-
muito transversal. série de dados digitais gãos reguladores.”
Além disso, Damasceno do usuário. “Atualmente, “A criação de uma agên-
pontuou que as novas tec- este tipo de tecnologia é cia conseguiria alavancar
nologias não substituem de validado por estas agên- a independência da for-
imediato as antigas, duran- cias, mas não está claro mação de uma agenda
te um tempo elas coexis- como incorporar isto à de inovação tecnológica
tem e geram um impacto população em larga esca- e incorporação de tecno-
orçamentário que precisa la e como criar modelos logia, isso que irá nortear
ser levado em considera- de cuidados melhores a o orçamento em saúde”,
ção. No entanto, para ele, partir disso”, disse. afirmou Damasceno, co-
o maior desafio é a falta Neste sentido, Pallamolla mentando também so-
de uma agenda de priori- completou com o exem- bre a importância em ter
dades de saúde, o que de- plo da internet 5G. Se- como referência experi-
sarticula toda a cadeia em gundo o executivo, essas ências exitosas em países
relação a este tema e não novas tecnologias são que já possuem uma úni-
se define caminhos claros. novidade também para ca agência de saúde.

Uma agência única


Poder centralizar o dire-
cionamento da incorpo-
ração de tecnologias em
uma agência reguladora
da saúde única é um con-
senso entre os palestran-
tes como solução para a
questão. Para Dias, unificar
a Comissão Nacional de In-
corporação de Tecnologias
ao Sistema Único de Saú-
de (Conitec) e a Agência
Nacional de Saúde Suple-
mentar (ANS) traria muita
sinergia e daria mais cele-
ridade aos processos.

87 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

CAMINHOS PARA AVANÇAR COM


NOVOS MODELOS DE REMUNERAÇÃO
Debates sobre novos Adriano Londres, empre- dos de qualidade à dispo-
modelos de remunera- endedor na Arquitetos da sição é fundamental para
ção são constantes no Saúde; Maurício Lopes, iniciar qualquer processo
setor. Apesar de no Bra- vice-presidente executi- de mudança. “Precisamos
sil as mudanças práticas vo da Rede D´Or São Luiz; de um conjunto de indi-
ainda serem tímidas, al- Renato Casarotti, presi- cadores para medir, como
gumas iniciativas come- dente da Abramge; e Vera dados assistenciais, des-
çam a mostrar que há um Valente, diretora-executi- fechos, financeiro, satis-
caminho possível para va da FenaSaúde. A media- fação do paciente, e que
essa transformação, ain- ção foi da jornalista Natalia precisam ser reavaliados
da que modelos antigos Cuminale, diretora de Con- de tempos em tempos
não saiam de circulação. teúdo e CEO do portal porque, sem isso, os no-
Este foi o papo do Deba- Futuro da Saúde. vos modelos de desem-
te Conahp, que buscou O consenso entre os par- penho ficam comprome-
responder à questão “Por ticipantes é que não exis- tidos. O problema é que
que os novos modelos de te apenas um fator que a indústria da saúde não
remuneração não avan- explique a lentidão dos tem bons dados, muitas
çam no Brasil?” e contou novos modelos de remu- vezes não tem qualidade
com a participação de neração, mas que ter da- e detalhamento necessá-

Natalia Cuminale (Futuro da Saúde) modera o debate entre Vera Valente (FenaSaúde), Adriano Londres (Arquitetos
da Saúde), Renato Casarotti (Abramge) e Maurício Lopes (Rede D'Or São Luiz)

88 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

rio”, disse a diretora-exe-


cutiva da FenaSaúde.
Neste processo também
é necessário compreen-
der que, ainda que novos
modelos sejam consoli-
dados, o tão conhecido
fee for service não deve
desaparecer completa-
mente do mercado. “É
consenso que deveríamos
caminhar com passos lar-
gos e com vontade para
modelos mais avançados
do que este, mas esta jor- ligado às novas formas precisaria ser sobre va-
nada tem que desmistifi- de remuneração) ainda é lor e eficiência na saú-
car que vamos nos livrar um grande desafio para o de. “Acredito que esta
dele”, constatou Lopes. setor. “Podemos acabar precisa ser uma bandeira
Enquanto não é possível incentivando um sub cui- da ANS, temos deixado
estabelecer novos mol- dado, se isso for mal ca- a desejar numa discus-
des completamente efi- librado. Se você só paga são mais efetiva sobre
cientes, o caminho, na com base em desfecho valor. Seria bom como fa-
opinião do executivo, é muito positivo, corre o tor adicional do processo
avançar adotando mode- risco de bloquear o aces- decisório ter outras infor-
los alternativos, mas mais so a pacientes que têm mações além do preço,
evoluídos do que o fee chances mais baixas”, de- e nós temos essa dívida
for service. “Temos que clarou. Para o presidente com o consumidor de
discutir se vamos avançar da Abramge, esta é uma planos, produzir dados
em fila indiana ou se con- jornada de aprendizagem históricos para medir”,
seguimos dar um salto de tanto para operadoras disse o empreendedor da
mais qualidade com mais quanto para prestadores, Arquitetos da Saúde.
velocidade para modelos o que exige a constru- Outro ponto abordado
que de fato agreguem ção mútua de confiança. pelos participantes como
mais valor para o pacien- “Hoje, a margem de erro sendo fundamental para
te e para o sistema.” para esses novos mode- se conquistar um avan-
Casarotti, por sua vez, los é muito pequena, e ço efetivo é o comporta-
destacou que focar ape- este é um processo de mento do setor enquanto
nas no modelo em si para tentativa e erro.” cadeia produtiva. “Nossa
perseguir mudanças pode Para Londres, o que tem cadeia é fragmentada e
ser um erro. Isto porque, se visto hoje é uma “ba- quase enfraquecida”, dis-
atualmente, medir desfe- talha de preços”, quan- se Casarotti. “Mas hoje
chos (fator diretamente do, na verdade, o debate eu percebo que estamos

89 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


DEBATE CONAHP

começando a nos com- mais em uma relação ram revisão do custo da


portar mais como cadeia transparente com forne- rede e informação sobre
produtiva, acho que mais cedores. Londres con- desfecho clínico. “Será
por constrangimento do tou que, segundo uma que o contratante come-
que por convicção, mas o pesquisa realizada pela ça lentamente a desper-
estilo é secundário.” Para Arquitetos da Saúde, en- tar para o fato de que
ele, a vantagem de agir tre os instrumentos con- ele também precisa par-
como tal é que a colabo- siderados fundamentais ticipar desse processo? É
ração e a confiança cres- para melhorar a gestão ele o principal pagador e
cem. No que Vera Valente da saúde dos colabora- pode também nos indicar
concordou: “O momento dores de empresas, os o que fazemos de certo e
que vivemos trouxe essa dois mais indicados fo- errado.”
urgência do comparti-
lhamento não só entre
atores da cadeia da saú-
de privada, mas também
entre os sistemas privado
e público. Por mais que
existam questões ideoló-
gicas, a pandemia mos-
trou como é importante a
sinergia entre eles.”
Neste cenário de colabo-
ração também devem ser
incluídos os contratantes
de planos de saúde, se-
gundo os debatedores.
Entidades representantes
desse grupo têm se mos-
trado mais ativas, já que
os planos se tornaram
muito relevantes no ba-
lanço das empresas de-
vido a valores mais altos.
Diante disso, investe-se

90 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

DIALOGAR COM TODOS OS


ENTES PARA O AVANÇO DO SETOR
Para que o sistema de bém temas que têm pauta- Suplementar (ANS), Agên-
saúde funcione, todas as do as agências reguladoras cia Nacional de Vigilân-
engrenagens precisam estar do setor e parlamentares cia Sanitária (Anvisa) e os
bem alinhadas e operando atuantes na saúde. deputados federais Pedro
juntas. As palestras apresen- Por isso, nesta edição Westphalen e Luiz Antônio
tadas ao longo do Conahp o congresso promoveu os Teixeira Jr. participaram
trouxeram diversas perspec- “Encontros estratégicos de bate-papos com as li-
tivas de especialistas em com autoridades” em sua deranças de hospitais e de
relação aos modelos assis- grade de Sessões Extras. entidades do setor.
tenciais, tecnologias, corpo Representantes da Agên- Confira a seguir alguns
clínico e gestão, mas tam- cia Nacional de Saúde destaques destes encontros.

AS PRIORIDADES
ESTRATÉGICAS DA ANS

Para apresentar um pano- questões, o convidado deste


rama da saúde suplementar e encontro foi o diretor-presi-
falar sobre custos do setor, mo- dente da ANS, Paulo Rebello.
delos de remuneração, mar- Também compuseram a mesa
cos regulatórios, entre outras de debate João Alceu, presi-

O diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, participou do encontro ao lado de João Alceu (FenaSaúde), Marco
Aurélio Ferreira (Anahp), Renata Salvador (Rede Mater Dei de Saúde) e Paulo Moll (Rede D’Or São Luiz)

91 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

dente da FenaSaúde, Renata cadeia de produção de saúde, mais rigidez para o mercado.
Salvador, diretora comercial precisamos impor um foco na É evidente a necessidade de
da Rede Mater Dei de Saúde, continuidade do negócio. (...) evolução de setor. Eu acho
Marco Aurélio Ferreira, diretor Temos promovido a melhoria que é preciso uma mudan-
de Relações Governamen- no sistema suplementar esti- ça no modelo de gestão das
tais da Anahp, e Paulo Moll, mulando a reflexão e a cola- operadoras para deixarem de
conselheiro Anahp e CEO da boração acerca da coordena- ser meras intermediadoras
Rede D’Or São Luiz, como mo- ção do cuidado por meio do financeiras, passando a com-
derador da conversa. incentivo à adoção de progra- preender a função de gesto-
“Nós entendemos que há mas de prevenção para me- ras do cuidado dos beneficiá-
necessidade de um ajuste na lhorar os resultados e trazendo rios”, disse Rebello.

AS PRIORIDADES
ESTRATÉGICAS DA ANVISA

Neste período de pan- mento dos desafios postos,


demia, a Anvisa teve um como a otimização de pro-
papel fundamental abrindo cessos de importação. Para
canais de diálogo com di- falar sobre estes movimen-
versos players do setor e tos e trazer as perspectivas
trabalhando de forma ágil e futuras, foram convidados
muito assertiva no enfrenta- o diretor da Agência, Alex

Diretor da Anvisa Alex Campos em sua participação no encontro, ao lado de Cristiane Gomes (Anvisa), Mohamed
Parrini (Hosp. Moinhos de Vento), Nelson Mussolini (Sindusfarma), Mirocles Véras (CMB), Sérgio Madeira (Abraidi),
Hugo Nisenbom (MSD Brasil e Interfarma) e Fernando Silveira (Abimed)

92 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

Campos, e a diretora da para nós, enquanto agentes, de produtos considerados


terceira diretoria, Cristiane a todo instante temos que essenciais. Para Gomes, o
Gomes. Após a apresen- adotar medidas e prover so- grande legado desta pan-
tação, participaram do ba- luções regulatórias que têm demia é o uso intensivo da
te-papo Fernando Silveira, forte impacto no mercado, no tecnologia em todas as suas
presidente-executivo da serviço de saúde e, no final, o performances, seja com te-
Abimed, Hugo Nisenbom, impacto é na própria vida do lemedicina, robotização,
presidente da MSD Brasil cidadão. E isso foi uma virtu- inteligência artificial, até o
e do Conselho Diretor da de exercitada durante esse avanço genômico e o sur-
Interfarma, Mirocles Véras, período da pandemia”, afir- gimento de novas drogas e
presidente da CMB, Nelson mou Campos. vacinas. “Uma das priorida-
Mussolini, presidente-execu- Já a diretora da Agên- des estratégicas da Agência
tivo do Sindusfarma, Sérgio cia reforçou que a Anvisa relacionada à área de tecno-
Madeira, diretor técnico da vem estabelecendo várias logia de produtos é a regula-
Abraidi, e Mohamed Parrini, recomendações e orien- mentação de softwares como
conselheiro Anahp e CEO do tações sanitárias que têm dispositivos médicos, que
Hospital Moinhos de Vento, se desdobrado em medi- são ferramentas destinadas ao
moderando o encontro. das regulatórias de caráter diagnóstico, terapia em saú-
“Não há solução sem o diá- emergencial, especialmen- de, que comandem produto
logo. Sem isso não há alterna- te no controle e prevenção médico ou que têm uma influ-
tiva regulatória eficaz, porque da Covid-19 e na oferta ência em seu uso”, contou.

FUTURO DE PROJETOS SOBRE SAÚDE


NO CONGRESSO NACIONAL

Importantes pautas do guridade Social e Família (PNI). O encontro tam-


setor da saúde são decidi- (CSSF), e Pedro Westphalen, bém contou com a parti-
dos em Brasília, por isso a presidente da Frente Par- cipação de José Octávio,
importância em munir os par- lamentar do Programa diretor-geral do Hospital
lamentares que atuam nesta Nacional de Imunizações Marcelino Champagnat,
frente com informações que
sirvam para embasamento
nestas decisões. Para con-
tar sobre os projetos em
andamento no Congresso
Nacional, foram convidados
os deputados federais Luiz
Antônio Teixeira Jr., presi-
dente da Comissão de Se-

93 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

Deputado federal Luiz Antônio Teixeira Jr. em sua participação no encontro, ao lado de Paulo Fraccaro (Abimo),
Vera Valente (FenaSaúde), José Octávio (Hosp. Marcelino Champagnat), Wilson Scholnick (Abramed), Rafael Cre-
monese (Hosp. Mãe de Deus), Marco Aurélio Ferreira (Anahp) e do deputado federal Pedro Westphalen

Paulo Fraccaro, superin- se ter representação e de de, que é o Projeto de Lei


tendente da Abimo, Ra- compreender que os nos- (PL) 2583/20 de minha auto-
fael Cremonese, CEO do sos problemas são, majo- ria. Esse PL propõe a criação
Hospital Mãe de Deus, Vera ritariamente, iguais e que de empresas estratégicas do
Valente, diretora-executi- as soluções passem pela setor para favorecer a nossa
va da FenaSaúde, Wilson união de todos”, comen- indústria, nossas empresas
Scholnick, presidente do tou Westphalen. brasileiras”, afirmou.
Conselho de Administra- Em relação ao próximo
ção da Abramed, e Marco ano, para Teixeira, é pre-
Aurélio Ferreira, diretor de ciso começar a retomar
Relações Governamentais a estabilidade do setor.
da Anahp na moderação. “Hoje, na Câmara dos De-
“Esse ano, nós avança- putados tem um projeto
mos bastante, aprovamos muito importante com uma
projetos importantes e comissão especial para re-
não deixamos que proje- formar o sistema de saúde
tos que nos prejudicariam suplementar a fim de dar
avançassem. Conseguimos mais acesso à população.
fazer com que as quatro O setor privado precisa ser
confederações representa- desenvolvido, nós vamos
tivas conversassem muito, precisar de mais medicina
isso é fundamental. (...) Eu diagnóstica, mais indústria
vejo dois avanços princi- de transformação, além da
pais, o da importância de Estratégia Nacional de Saú-

94 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

DICAS VALIOSAS
PARA A NOVA
GERAÇÃO DE
PROFISSIONAIS
NA SAÚDE
O futuro da saúde está para jovens profissionais se
diretamente ligado à for- encontrarem virtualmente
ça de trabalho que atuará com veteranos da saúde
no setor daqui pra frente. para a troca de ideias e per-
A educação é parte funda- guntas. O quadro Dicas do
mental desse processo de Líder, inédito no evento,
evolução, que busca pro- contou com quatro encon-
fissionais com diferentes tros, cada um com foco em As conversas
características para aten- um público: jovens gesto- estão disponíveis
derem às demandas do fu- res, jovens médicos, jovens e podem ser
turo. Mas algumas coisas pesquisadores e jovens conferidas na
nunca mudam e aprender profissionais da saúde. íntegra no canal
com quem conquistou o su- Leia a seguir alguns des- da Anahp no
cesso profissional nunca é taques das falas dos líde- YouTube.
demais. Por isso, o Conahp res convidados para cada
2021 deu a oportunidade um dos encontros.

95 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

"
DICAS DO LÍDER PARA O JOVEM GESTOR DE SAÚDE

"O papel da liderança toda a diferença, o interesse


não é mais dizer qual o ca- de verdade pelo outro. Co-
minho, isso deve ser cons- laboração é também fazer
truído em conjunto. (...) junto, entender que esta-
Temos que investir em tec- mos num ecossistema e, se
nologia, resgatar a confian- não construirmos as pontes,
ça, olho no olho, de forma as coisas não vão acontecer
legítima. A curiosidade faz de forma automática."

Denise Santos, CEO da BP – A Beneficência Portu-


guesa de São Paulo

"
DICAS DO LÍDER PARA O JOVEM PROFISSIONAL DE SAÚDE

“Quando a gente fala em to maior das habilidades de


assistência integral significa compaixão e empatia e dos
assistir e atender. O aten- valores das instituições. E
der é questão técnica, que isso tem que ser uma diretriz
é preciso saber fazer para institucional, comunicada da
entregar qualidade e segu- alta gestão para os demais.
rança para o paciente. As- É preciso fomentar isso o
sistir é referente ao contex- tempo inteiro.”

Vania Rohsig, enfermeira com mestrado em Medicina e


Ciências da Saúde e superintendente Assistencial e de
Educação do Hospital Moinhos de Vento

96 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

"
DICAS DO LÍDER PARA O JOVEM MÉDICO

“Nós somos obrigados a longos. O bom médico perce-


oferecer para o paciente a be que, dispondo de tecnolo-
melhor tecnologia disponível, gia, ele não está avaliando o
porque menos do que isso é sentimento do paciente. (...)
fraude do ponto de vista da As pessoas estão doentes de
expectativa de quem quer re- outras coisas que não apenas
ceber o melhor atendimento do corpo, e a sensibilidade da
possível. Mas é preciso lem- conversa [durante a consulta]
brar que o paciente continua tem que alcançar essa popu-
exatamente igual e o médico lação que está carente muito
foi se distanciando – os bra- mais de afeto do que tomo-
ços da tecnologia são muito grafia e de ressonância.”

José Camargo, cirurgião torácico, pioneiro em transplan-


te de pulmão na América Latina

"
“Essa generosidade que o conseguir estabelecer uma
paciente devolve para nós, relação de proximidade com
talvez seja a maior compen- o paciente. Dê o seu olhar, e
sação que um médico pode dê sempre algum grau de es-
ter. Ao jovem, vale a pena perança. Sempre tem cuida-
exercer a medicina. E vale do, pode não ter tratamento
muito mais a pena se você curativo, mas tem cuidado.”

Paulo Chapchap, médico com especialização em


clínica cirúrgica e conselheiro estratégico de Negó-
cios de Hospitais e Oncologia da Dasa

97 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

"
DICAS DO LÍDER PARA O JOVEM PESQUISADOR

“O que me preocupa é cepção da população sobre


que a gente perde um nú- pesquisa melhorar, vai gerar
mero muito grande de pes- cobrança sobre os políticos,
soas para o exterior. A gente fazendo com que haja melhor
tem que ficar com gente boa percepção política e, conse-
no Brasil. Tenho essa preocu- quentemente, investimento.
pação de fixar valores e dar É importante estarmos fortes
condições para os jovens cientificamente para resolver
que vem aí. (...) Se a per- os nossos problemas.”

Jorge Kalil, professor de Imunologia Clínica e Alergia


da Universidade de São Paulo (USP)

"
“Para fazer pesquisa pre- cas, como as universidades
cisamos ter inquietude, estaduais e federais, per-
quem se aquieta e se aco- cebam que precisam mu-
moda não vai pra frente. O dar rapidamente, ser mais
cientista precisa saber se flexíveis talvez através de
comunicar no sentido de consórcio, trabalhos em
saber ouvir, entender, tra- conjunto, parceirias, para
balhar aquilo e devolver. poder aproveitar os dois
(...) O desafio é fazer com mundos [iniciativa privada
que as instituições públi- e pública].”

Rubens Belfort Jr., professor da Unifesp e presi-


dente do Instituto da Visão e da Academia Nacio-
nal de Medicina

98 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

TRANSPARÊNCIA E INFORMAÇÃO:
O PAPEL DA COMUNICAÇÃO
DURANTE A PANDEMIA
Durante a pandemia, o saúde, o Conahp convidou
papel da comunicação mos- para um painel especial a
trou-se fundamental, seja editora de Saúde da revis-
para dar informações sobre ta VEJA, Cilene Pereira, e a
os números de casos da repórter especial de Saúde
doença, medidas adotadas da Folha de S. Paulo, Clau-
pelo governo e formas de dia Collucci. A mesa contou
prevenção, como para dar com a mediação do diretor-
voz à ciência e aos especia- -executivo da Anahp, Antô-
listas, ajudando a minimizar nio Britto.
notícias falsas sobre o tema. Com a Covid-19 como
A fim de entender o que pauta principal durante me-
mudou nesta relação da im- ses, jornalistas que não es-
prensa quando se trata de tavam habituados a abordar

Antônio Britto (Anahp) modera o debate entre as jornalistas Cilene Pereira (VEJA) e Claudia Collucci
(Folha de S. Paulo)

99 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÕES EXTRAS

temas relacionados à saúde formado por G1, O Globo, Para a editora, a outra
precisaram compreender e Extra, O Estado de S. Paulo, mudança provocada pela
se aprofundar no assunto. Folha de S. Paulo e UOL –, pandemia foi a “descober-
Um movimento semelhante a fim de divulgar por meio ta” do SUS por meio dos
ocorreu com a população, de um trabalho colaborati- atendimentos prestados e
que passou a acompanhar vo informações sobre casos pela campanha de vacina-
conceitos técnicos acerca da e mortes pela Covid-19 nos ção. “A sociedade tomou
pandemia. “Alguns concei- 26 estados e no Distrito Fe- consciência de que existe
tos que pouca gente tinha deral. “Essa união e iniciati- um sistema de atendimen-
ouvido falar, como estudo va dos principais veículos de to fenomenal que, se bem
clínico randomizado ou In- imprensa do país em criar tratado e gerido, é capaz
sumo Farmacêutico Ativo, se um banco de dados e moni- de promover um cuidado
tornaram comuns. Isso abriu torá-los, movimentou o se- de saúde magnifico”, dis-
uma frente para sabermos e tor e reforçou a importância se. Pereira acredita tam-
compreendermos a impor- de termos transparência”, bém que este período de
tância da ciência”, disse Pe- afirmou Collucci. pandemia despertou na
reira, que acredita que o con- Esta visibilidade sobre geração de jovens médi-
sumidor médio sai mais bem as informações na pan- cos a vontade de fortalecer
informado deste período. demia fez com que al- o atendimento público.
Apesar disso, na opinião guns hospitais também Sobre este tema, con-
de Collucci, uma parcela da passassem a divulgar da- tudo, Claudia Collucci
população – que ela estimou dos com mais frequência, ressaltou que ainda é ne-
como 30% – continua assu- como boletins diários, cessária uma coordenação
mindo uma postura nega- além de abrirem um ca- nacional para o sistema
cionista sobre a pandemia. nal para que especialistas público. “Hoje vemos um
“Mesmo com toda a boa in- falassem com a imprensa. desmonte no Ministério da
formação divulgada, algumas “Os médicos perderam Saúde, nas políticas públi-
pessoas continuam acreditan- boa parte do medo que cas e na atenção primária –
do nas inverdades por ques- tinham da imprensa. An- que poderia ter sido muito
tão quase ideológica, como tes ‘jornalista’ parecia um bem utilizada em resposta
um time de futebol.” palavrão, porque acha- à pandemia.” Para a repór-
vam que íamos colocá-los ter, por outro lado, o au-
em alguma roubada. A xílio da iniciativa privada
Transparência de pandemia mudou absur- para a rede pública foi de
dados e valorização damente essa visão. Eles extrema importância. “A
do sistema público começaram a perceber gente tem um problema
com quem eles poderiam grave de política pública,
Após decisão do Governo falar e, aos poucos, foram mas a sociedade de uma
Federal em restringir o aces- aprendendo a passar infor- forma geral acordou para
so a dados sobre a pande- mações difíceis de modo fortalecermos juntos o
mia, foi criado um consórcio que pudessem ser compre- nosso sistema de saúde”,
de veículos de imprensa – endidas”, contou Pereira. concluiu.

100 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


CONAHP NOS HOSPITAIS

Conahp
dentro dos
hospitais
Desde a primeira edi- adaptar e o congresso foi re-
ção do Conahp, uma de alizado, literalmente, dentro
suas propostas é reunir no dos hospitais. Alguns dos as-
mesmo ambiente profis- sociados da Anahp fizeram a
sionais do setor, equipes transmissão do Conahp ao
multidisciplinares e lide- vivo em suas dependências,
ranças para que possam reunindo os colaboradores
levar o conhecimento e o para acompanhar, participar
benchmarking adquiridos e debater as palestras com
para suas instituições. Ago- seus colegas.
ra, com uma versão digital, Com esta iniciativa, o
este formato teve que se Conahp, que tradicional-
mente é realizado em São
Paulo, pôde chegar em ci-
dades de todo o Brasil por
meio dos hospitais Anis
Rassi (Goiânia), Ernesto
Dornelles (Porto Alegre),
Mãe de Deus (Porto Ale-
gre), Memorial São Francisco
(João Pessoa), Santa Marta
(Brasília), Tacchini (Bento
Gonçalves), Vera Cruz
(Campinas) e Complexo
Napoléon Ferreira Rodrigues, médico no Me-
morial São Francisco, recebe homenagem por
Hospitalar Santa Genove-
sua participação como um dos selecionados no va (Uberlândia). Confira a
projeto Linha de Gente do Conahp 2021 (leia seguir algumas imagens
mais nesta edição)
destes momentos.

101 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


CONAHP NOS HOSPITAIS

Colaboradores do Hospital Tacchini (RS) participam do Conahp 2021

Equipe do Hospital Memorial São Francisco (PB) se reúne para acompanhar os conteúdos do congresso

102 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


103 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE
SESSÃO PATROCINADA

RELACIONAMENTO
E NOVIDADES DO SETOR
Pelo segundo ano con- trocinadores, dos quais 33
secutivo sendo realizado montaram estandes para
em meio à pandemia de receber os congressistas
Covid-19, o Conahp optou que navegavam pela pla-
por entregar seu conteúdo taforma exclusiva e inte-
e promover relacionamen- rativa do evento. Entre os
to de maneira totalmente segmentos representados
digital. Mas mesmo nesse estavam consultoria, hospi-
molde, o evento manteve a tais, serviços, equipamen-
experiência completa, com tos, financeiro, laborató-
tudo o que a edição presen- rios, indústria farmacêutica
cial proporciona. Um exem- e tecnologia e inovação. A
plo disso foi a área de ex- versão virtual dos estandes
posição de patrocinadores contemplou um espaço
que, assim como em 2020, para atendimento individu-
se manteve. al, procurando aproximar a
Esta edição do Conahp experiência do usuário do
contou com mais de 50 pa- modelo presencial. Assim

Lounge da Anahp no Conahp 2021, com informações sobre a associação e publicações para download

104 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

como no ano anterior, os Grupo Fleury, Grupo Santa Portuguesa de São Paulo,
visitantes puderam con- Joana, GSH, Hcor, Hospital Oncoclínicas, Hospital Ale-
versar com os expositores Moinhos de Vento, Hospital mão Oswaldo Cruz, Pfizer,
por videoconferência em Sírio-Libanês, InterSystems, Planisa, Sesi e Sumitomo
tempo real ou chat, além MSD, União Química, Corporation do Brasil.
de terem acesso a mate- Capgemini, CTC, Grupo Seguindo a linha do ano
riais informativos exclusi- NotreDame Intermédica, passado, esta edição do
vos disponibilizados pelas Johnson&Johnson, Libbs, Conahp também contou
marcas para download. Rede Mater Dei de Saúde, com as Sessões Patrocina-
Conheça os parceiros e Medtronic, Unicred, Wolters das, espaços na programa-
patrocinadores do Conahp Kluwer, Conversys IT Solutions, ção ao vivo em que algumas
2021: Hospitalar, Sodexo, Cristália, Grupo Pardini, MISP empresas patrocinadoras
TOTVS, White Martins, BD, Seguros, MV, Maxpar, SHS do evento puderam com-
Bionexo, 2iM, 3M, Air Liquide, Health Tech, Teleinfo, Teuto partilhar seu conteúdo com
Medportal, Pharma-K, Viveo, Hospitalar, Vitapart, Hospi- os congressistas. Confira a
Americas Serviços Médicos, tal Israelita Albert Einstein, seguir a cobertura completa
CBA, Daiichi-Sankyo, Dasa, Bayer, BP – A Beneficência dessas palestras.

QUATRO PILARES
DO FUTURO DA SAÚDE
Apesar da pandemia ter tual e presencial. A executiva
reformulado a ideia de saú- abordou esses tópicos em
de contemporânea, ela não sua palestra na Sessão Patro-
mudou tudo. Sendo assim, cinada com o tema “The next
continuam existindo quatro decade of healthcare trans-
áreas-chave de mudanças no formation”.
setor para a próxima década, Dar um suporte adequado
segundo o que acredita De- às decisões clínicas é fun-
nise Basow, MD, presidente damental para proporcionar
e CEO, Clinical Effectiveness tratamentos mais assertivos.
na Wolters Kluwer. Entre “Alguns pacientes chegam
elas, apoio a decisões médi- a receber apenas a metade
cas, ganho de eficiência com dos procedimentos reco-
a tecnologia, experiências mendados durante o aten-
personalizadas e a combina- dimento, e isto funciona de
ção entre atendimentos vir- maneira similar a uma lote-

105 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

ria. Baseado puramente no


endereço, pode haver varia-
ções nas chances de diag-
nóstico precoce de câncer,
por exemplo, ou no rece-
bimento dos cuidados de
emergência, atendimentos
de casos de demência e no
rápido tratamento necessá-
rio em casos de infartos”,
disse Basow. Além disso,
esse apoio pode significar Apresentação da Wolters Kluwer na primeira Sessão Patrocinada no
minimizar desperdícios, cau- Conahp 2021
sando impacto global.
Segundo a executiva, Mas destacou a necessidade de hospitalização e eventos
nos Estados Unidos cerca de ações coordenadas e adversos”, afirmou a CEO.
de 25% do orçamento total efetivas para que a revo- O quarto ponto apresen-
destinado à saúde é perdi- lução digital não se torne tado por Basow como uma
do. E, no Brasil, cem bilhões um processo inacabado das chaves para a evolução
de reais foram perdidos em e até mesmo controver- da saúde diz respeito à te-
2017 devido a erros médi- so. Para ela, nos Estados lessaúde, com a combina-
cos (70% seriam evitáveis) Unidos a era digital que ção de atendimentos pre-
e solicitações inadequadas transformou, por exem- senciais e virtuais. Segundo
de exames, enquanto 16 plo, prontuários médicos ela, globalmente, um em
bilhões foram gastos com em registros eletrônicos, cada três indivíduos possui
eventos adversos à saúde. acabou culminando em alguma condição crônica
Como contraponto, deu o um “sistema bagunçado”. de saúde (como neoplasia,
exemplo do Japão, onde O futuro da saúde tam- hipertensão, diabetes, de-
erros diagnósticos foram bém será baseado na perso- pressão). Sendo assim, o
reduzidos de 24% para 2% nalização e contextualização cuidado em saúde a nível
quando os médicos passa- do atendimento, ou seja, populacional configura-se
ram a consultar o UpToDa- processos em que pacien- como um importante desa-
te (serviço oferecido pela tes compreendem melhor fio às diversas sociedades,
Wolters Kluwer). sua condição e participam e é este cenário que refor-
Basow falou da impor- mais ativamente do seu ça a importância da tecno-
tância da tecnologia para cuidado. “Tratamentos per- logia para manejar e enga-
a próxima década da saú- sonalizados melhoram de jar tais pacientes de forma
de no contexto da eficiên- forma marcante os desfe- escalonável.
cia dos dados, inteligên- chos clínicos, reduzindo, por Segundo a executiva, “sa-
cia artificial e tecnologias exemplo, riscos de toxidade be-se que a medicina digital
cada vez mais avançadas. medicamentosa, chances já demonstrou ser capaz de

106 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

melhorar o cuidado a pa- Sendo assim, ao juntar as décadas, espera-se obter


cientes crônicos, com o al- possibilidades que foram modificações dramáticas na
cance de metas de pressão alavancadas e aceleradas maneira como o cuidado
arterial, melhora dos índi- durante a pandemia com em saúde é disponibilizado
ces glicêmicos de pacientes os quatro pontos-chave aos cidadãos”.
diabéticos e até detecção de mudança na saúde es-
precoce de câncer de pele. perados para as próximas

O PAPEL E OS DESAFIOS
DOS FILANTRÓPICOS
Para começar a entender são responsáveis por cerca trópicas para o cuidado com
a importância dos hospitais de 43% das internações re- a saúde de sua população.
filantrópicos para a saúde alizadas pelo Sistema Único E toda essa importância ga-
no Brasil, basta olhar para de Saúde (SUS), e cerca de nhou ainda mais destaque
alguns números. Atualmen- mil municípios brasileiros só durante a pandemia, que
te, instituições desse caráter contam com entidades filan- mexeu com as estruturas

O gerente-executivo de Marketing do Hcor, Marcos Riva, entrevista Fernando Torelly, CEO do Hcor e Orga-
nizador da Associação Voluntários da Saúde, para a Sessão Patrocinada

107 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

do setor passando a exigir gundo o executivo, usando a necessidade de estar na


maior integração e solidarie- o exemplo do Hcor, o mode- vanguarda do conhecimen-
dade entre serviços. Este foi lo de governança desse tipo to nacional, mantendo sua
o assunto da Sessão Patroci- de instituição nasce de uma essência internacional e
nada apresentada por Fer- proposta retributiva, que se construindo indicadores e
nando Torelly, CEO do Hcor torna um legado, e é isto o padrões de altíssima quali-
e organizador da Associação que configura o ponto cen- dade. Os projetos precisam
Voluntários da Saúde, além tral da gestão nesse cenário. ser muito bem executados
de conselheiro da Anahp. As parcerias público-pri- para manter a trajetória de
“As Santas Casas, os hos- vadas, sejam elas firmadas sucesso do serviço presta-
pitais religiosos e os originá- através de projetos como o do até aqui.”
rios de imigrantes são insti- Proadi-SUS ou pela gestão Mas nesse caminho há
tuições que trouxeram para de serviços públicos via OSS grandes desafios, sendo um
o Brasil o que havia de mais (Organizações Sociais de dos maiores a competição
moderno na medicina, abrin- Saúde), permitem a redução provocada pelo mercado, já
do suas portas não só ao de iniquidades como a desi- que os filantrópicos não ge-
atendimento à população, gualdade social e promove ram lucro. Com a abertura
mas também à capacitação uma distribuição mais de- do capital da saúde, grandes
de profissionais e à revolução mocrática de conhecimen- redes hospitalares privadas
sanitária e social que ocor- tos. E este, segundo Torelly, passaram a ser alimentadas
reu no país. Sem tais institui- deve ser um dos grandes com a consolidação de com-
ções, a dificuldade seria ain- compromissos firmados pe- pra e venda de hospitais.
da maior no enfrentamento las lideranças de hospitais Incluso neste cenário está o
à Covid-19, visto sua impor- filantrópicos. Esse movi- surgimento de operadoras
tância estratégica dentro do mento acaba por incentivar de saúde verticalizadas, o
sistema de saúde”, afirmou também a manutenção da que torna o mercado ainda
Torelly em sua fala inicial. Se- qualidade. “O Hcor sente mais competitivo.
Para Torelly, a desvanta-
gem comercial dos filantró-
picos está na escala. “A cada
ano que passa, as instituições
privadas se tornam maiores
e nós perdemos condição
de competir em eficiência
(não em qualidade médica).
E é eficiência que gera caixa.
Um hospital filantrópico não
tem investidores e não gera
fundo, então nós crescemos
a partir do nosso caixa. E um
hospital que atua sozinho
tem dificuldades para otimi-

108 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

zar custos, conseguir melho- guir melhorar seus índices estou falando de sistemas
res condições para compras de eficiência e competitivi- e serviços”, explicou. E
e, até mesmo, atingir algu- dade. “Eu tenho um sonho completou: “Vamos viver
mas metas de eficiência.” que é que nós, filantrópi- uma onda 4.0 dos filantró-
A solução, na visão do cos, constituíssemos uma picos, onde trabalhar com
gestor, estaria em firmar grande rede filantrópica parcerias estratégias será
parcerias estratégicas en- de hospitais, para trazer o necessário. É uma questão
tre instituições filantrópi- mesmo nível de eficiência de equilíbrio do merca-
cas para ganhar em escala e forma de negociação das do, [...] precisamos chegar
e conquistar mais efetivi- grandes redes que exis- em 2030 competindo com
dade a partir de compras tem no Brasil. Existe um sustentabilidade, qualida-
conjuntas, manutenção de mega desafio estatutário, de e mantendo nosso pro-
serviços e, assim, conse- de governança etc. Mas tagonismo”.

MUDANÇAS QUE IMPACTAM


NA SAÚDE SUPLEMENTAR
Compreender quais os Com leis federais, esta- Contudo, Pompeu chamou
maiores impactos para as duais e municipais, o setor a atenção para a evolução
operadoras de planos de é extremamente regulado. que houve, a partir de 2019,
saúde e para a sociedade
brasileira diante de cons-
tantes mudanças no setor
da saúde suplementar, es-
pecialmente no aspecto da
legislação, foi a proposta
da Sessão Patrocinada da
Libbs. O bate-papo con-
tou com a participação
da superintendente jurídi-
ca da Abramge, Nathalia
Pompeu, do presidente da
Unidas Anderson Mendes,
e do médico e comentaris-
ta de Saúde da rádio CBN,
Luis Fernando Correia, na O moderador Luis Fernando Correia (CBN), Nathalia Pompeu (Abramge)
moderação. e Anderson Mendes (Unidas)

109 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

com o surgimento da Lei das healthtechs e fomen- devemos perder muitos


das agências reguladoras tar tecnologias a favor da beneficiários na saúde su-
(Lei 13.848), a qual trouxe saúde que melhorem o im- plementar nos próximos
a necessidade de análise pacto de toda a cadeia de meses com a estabilização
do impacto regulatório e a inovações que está sendo da pandemia”, afirmou o
revisão de normas que não criada. Mas reforçou que presidente da Unidas.
são mais utilizadas. “Essa é importante que existam Este movimento, segun-
Lei já teve um excelente regras para ajustar o uso do o executivo, reflete não
ganho de efetividade na dessas novas ferramentas só a falta de acesso popu-
própria ANS. No final de eletrônicas e melhorar a lacional a esse modelo as-
2020, mais de 300 normas comunicação digital com sistencial, mas também a
foram revogadas tacita- o usuário. insustentabilidade do siste-
mente para que se pudes- ma de saúde suplementar
se ter uma transparência e dentro dos moldes atuais.
uma orientação muito mais “O modelo suplementar
SETORES PÚBLICO
direta para aqueles que caminha para uma exclu-
são regulados”, afirmou a E PRIVADOS são cada vez maior dos
superintendente. CAMINHANDO usuários. Há um aumento
Outro fator importante JUNTOS de cobertura de tratamen-
para que o sistema possa tos e serviços, porém com
se preparar para mudan- A saúde suplementar, no um aumento proporcional
ças é a previsibilidade das Brasil, passa por um mo- de preços e valores para o
regras. “Quando somos mento muito difícil, mes- usuário, o que acaba tor-
surpreendidos com regras mo com o “fôlego” dado nando o modelo cada vez
que incluem um determi- pela população e pelas mais inacessível à maior
nado medicamento no rol empresas com a prioriza- parte da população.”
da ANS automaticamente, ção de investimentos em De acordo com Mendes,
por exemplo, isso faz com saúde devido à pandemia. tem havido um aumento
que a previsibilidade seja No entanto, para Ander- nos modelos de copartici-
quebrada de imediato”, son Mendes este ainda é
disse Pompeu, comentan- um mercado frágil, visto
do que também é preciso que há uma estagnação
discutir a própria necessi- no número de usuários da
dade de um rol exemplifi- saúde suplementar des-
cativo e, não mais, taxati- de 2012. “Tivemos um
vo, como é regulamentado crescimento no número
atualmente. de beneficiários com a
Na opinião da executiva pandemia, mas foi um as-
da Abramge, o futuro da pecto totalmente fora da
rede suplementar também curva. Eu acredito que vai
deve englobar o cenário haver uma acomodação,

110 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

pação, de planos individu- ser complementar ao SUS,


ais ou de franquias, atre- atuando em prol da melho-
lados principalmente ao ra dos parâmetros da saú-
limite de orçamento pro- de populacional como um
vocado pela crise. Além todo. “Uma estrutura de
disso, o congelamento de dados integrada, a constru-
verbas para o SUS faz au- ção de um prontuário único
mentar a necessidade de do paciente que aumente
participação do contribuin- a eficiência do sistema, re-
te, como pessoa física, para duzir custos, diminuir tra- blico ou no privado, e de-
o acesso à saúde. balhos dobrados e integrar vem ser visualizadas como
Para o presidente, a saú- serviços são modernizações metas conjuntas do SUS e
de suplementar deve ca- que alinham as necessida- do sistema suplementar”,
minhar cada vez mais para des de saúde, seja no pú- concluiu.

A RELAÇÃO ENTRE GESTANTES


E VACINAS CONTRA A COVID-19
Entre os tantos grupos
considerados de risco para
quadros de Covid-19, ges-
tantes e puérperas são um
ponto de grande atenção.
Isto porque este grupo, por
questões éticas, não partici-
pa de testes, o que impossi-
bilita o acesso a estudos mais
aprofundados e informações
científicas específicas. “As
vacinas nunca são testadas
nas gestantes logo de cara.
Só que o vírus não escolhe
A infectologista Rosana Richtmann apresentou a Sessão Patrocinada do
quem vai infectar”, declarou Santa Joana no Conahp 2021
Rosana Richtmann, infectolo-
gista do Hospital e Materni- Patrocinada do Conahp, ex- Não há dúvidas sobre a
dade Santa Joana. A médica, plicou, então, tudo o que se importância da vacinação
em sua exposição na Sessão sabe até hoje sobre o tema. para gestantes, o que é re-

111 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

comendado em qualquer plicado pronar uma pacien- A VACINA


fase. Apesar do risco de in- te gestante”, exemplificou
MAIS INDICADA
fecção ser igual em mulheres a obstetra reforçando a falta
não-gestantes, este grupo de testes prévios para esses Hoje existem quatro va-
está mais propenso a de- casos e, portanto, a falta de cinas licenciadas para o
senvolver a forma grave da experiência clínica. uso no Brasil. Em teoria to-
doença, com maior risco de Os fatores de risco são das são consideradas inati-
ventilação mecânica, terapia considerados os mesmos que vas e seguras para todas as
intensiva e de morte. Além para a população em geral: gestantes, porém devido
disso, o que faz aumentar a obesidade, idade mais avan- a alguns casos de compli-
preocupação, segundo çada (mais de 35 anos), hi- cações e ao óbito ocorrido
Richtmann, é a capacidade da pertensão, diabetes pré-exis- no país atrelado aos efeitos
proteína presente no corona- tente. Mas isso não significa da AstraZeneca, as mais in-
vírus se encaixar no receptor que só pacientes com essas dicadas no momento para
da placenta, o que daria mais doenças serão mais afetadas. este grupo são as vacinas
chance ao óbito fetal (apesar “Quando olhamos para os de RNA Mensageiro (Pfizer
de raro) e à transmissão ver- casos graves no Brasil, 57% e Moderna). A depender
tical. No Santa Joana, a taxa dos que evoluíram para qua- da região e condições, a
de infecção congênita chega dros graves não tinham co- Coronavac também pode
a 4%, porém com evolução morbidades, o que nos leva ser uma opção, já que exi-
leve da doença. à conclusão de que a vaci- ge uma logística mais sim-
nação precisa ser universal”, ples de armazenamento,
declarou Rosana Richtmann. segundo Richtmann.
COMPLICAÇÕES A médica também expli- Além do benefício para
cou que, apesar da Covid-19 a mulher, a vacinação tam-
PARA GESTANTES
não causar por si só partos bém pode significar uma
Gestante é um tipo de prematuros, a prematuridade proteção para o recém-
paciente que exige maio- é considerada um dos efeitos -nascido. “Gestantes vaci-
res cuidados naturalmente e adversos, já que em alguns nadas possuem a presença
que impõe maiores desafios casos interromper a gravidez de anticorpos neutralizan-
quando se trata de drogas é inevitável devido à gravida- tes no cordão umbilical, o
e manejo clínico. “É com- de do quadro da mãe. que indica uma passagem
transplacentária ativa de
anticorpos das mães va-
cinadas”, explicou a obs-
tetra. “Além disso, se a
vacinação acontecer pre-
cocemente no puerpério
(primeiros 45 dias) existe
também anticorpos neu-
tralizantes específicos no
leite materno.”

112 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

INTEROPERABILIDADE É A
CHAVE PARA A TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL DA SAÚDE
A saúde digital ganhou Cohn, diretora-executiva do “Os sistemas atuais vão
ainda mais relevância com grupo Dasa e presidente continuar existindo, eles já
a chegada da pandemia. do conselho da CTC. adquiriram uma maturida-
Com ela, veio também a A interoperabilidade, que de que, bem ou mal, vem
necessidade de adapta- nada mais é do que a ca- sendo utilizada nas institui-
ção de diversos processos, pacidade de diferentes sis- ções. Então seria um mau
como a adoção de ferra- temas, softwares e platafor- uso do investimento que
mentas que promovam mas se comunicarem sem a foi feito no passado achar
a interoperabilidade de intervenção humana, está que é preciso jogar tudo
sistemas. Para falar sobre em destaque nas discussões fora e começar do zero,
este tema, a Sessão Patro- de saúde, pois é um avanço não é essa a ideia”, disse
cinada da CTC contou com necessário para otimizar pro- Cripa. Para ele, a grande
a participação de André cessos, reduzir custos e me- vantagem da interoperabi-
Cripa, diretor de inova- lhorar a qualidade do aten- lidade é, justamente, fazer
ção da empresa, e Claudia dimento prestado. com que o sistema antigo e

André Cripa (CTC) em sua apresentação na última Sessão Patrocinada do Conahp 2021

113 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


SESSÃO PATROCINADA

o novo “conversem” entre Neste sentido, Claudia bemos que a realidade não é
si, permitindo o melhor uso Cohn acredita que é funda- essa”, reforçou o diretor.
do que cada um deles pro- mental que haja o engaja- Segundo o executivo, uma
porciona. “Claro que a cria- mento de todos os colabo- das dificuldades é que os
ção dessa estratégia preci- radores para que o processo dados vêm, cada vez mais,
sa ser muito bem pensada, aconteça. “A empresa intei- de diferentes lugares, des-
não há outra forma de fazer ra precisa estar envolvida, de instituições de saúde
isso a não ser com plata- não só o board ou o presi- como hospital, laboratório
formas. Elas já estão mo- dente do hospital, mas todo e farmácia, e até mesmo
dernas, seguras e maduras e qualquer setor que venha dos dispositivos usáveis dos
o bastante para absorver a fazer parte de uma trans- próprios pacientes, que mo-
o dia a dia dos hospitais. formação. Não é só criar um nitoram saúde e bem-estar.
À medida que o tempo vai sistema, um aplicativo novo, Cripa também pontuou ou-
passando, o investimento o processo e as decisões tros desafios para o setor,
numa plataforma é muito também precisam mudar.” entre eles a estruturação
mais objetivo e racional do desses dados, como a pa-
que a criação de grandes dronização de informações
squads de integração que GERAÇÃO no prontuário do paciente,
muitos hospitais acabam e as questões regulamen-
DE DADOS
tendo que fazer”, explicou. tais, como a Lei Geral de
A pandemia acelerou Um estudo apresentado Proteção de Dados (LGPD).
a digitalização de muitos por André Cripa mostrou “A saúde digital e onde
processos, mas a transfor- que em 2020 existiam dois nós estaremos em 2030 de-
mação digital de uma em- mil exabytes em dados de pende da interoperabilida-
presa vai muito além da saúde – o equivalente a um de. Eu não vejo uma outra
tecnologia. Na opinião de bilhão de gigabytes. “Com forma de caminhar sem uma
Cripa, é uma questão de tantos dados disponíveis no estratégia de dados estru-
cultura organizacional. “A mercado, nós precisamos ter turados e organizados com
instituição precisa abraçar serviços muito mais conec- todos os players da saúde”,
a cultura da transformação tados e inteligentes, mas sa- finalizou o diretor.
digital porque sabemos
que iremos, cada vez mais,
depender de dados e de
como podemos transacio-
ná-los entre os diferentes
players do mercado”, afir-
mou. Segundo o executivo,
a habilidade para fazer este
movimento de forma sim-
ples, rápida e com segu-
rança, é a chave para con-
seguir avançar.

114 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


OPINIÃO

Opinião do
congressista
Durante a programação abordados durante o con- valorização dos profissionais
deste Conahp, os usuários gresso. Foram cerca de 10 do setor, um sistema de saú-
que acessaram a platafor- mil respostas recebidas e, de mais sustentável e outras.
ma do evento puderam entre as perguntas, esta- Os resultados foram apre-
participar compartilhando vam questões relacionadas à sentados ao fim do dia,
suas opiniões nas enque- telessaúde e base de dados durante o Conahp Café.
tes referentes aos temas do setor, atenção primária, Confira a seguir:

Izabella Camargo abre para votação a primeira enquete do Conahp 2021

Você acredita que a telemedicina é um recurso importante para


ampliar o acesso à saúde?

Plenamente Com ressalvas Não acredito

63,67% 35,39% 0,95%

115 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


OPINIÃO

O modelo assistencial oferecido pelo SUS é uma referência mundial.


Você concorda com este modelo adotado para a saúde pública?

Plenamente Com ressalvas Não concordo

52,77% 45,28% 1,95%

Qual a mudança mais urgente visando um sistema de saúde mais sustentável?

Repensar os modelos Repensar a organização Alterações


de remuneração da assistência regulatórias

28,19% 54,10% 17,71%

Sabemos da importância da atenção primária no cuidado da população.


No local onde trabalha, esse conceito tem sido ampliado?
Você já consegue enxergar mudanças no modelo assistencial?

Sim, vejo mudanças Em partes, existem Não, ainda é algo


significativas iniciativas isoladas muito incipiente

38,71% 49,80% 11,49%

Você considera que os modelos assistenciais das instituições foram adaptados


rapidamente à nova realidade causada pela pandemia?

Somente em instituições Não, muitos ainda estão


De modo geral, sim
mais estruturadas neste processo
31,27% 48,01% 20,72%

116 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


OPINIÃO

Para você, qual o maior desafio para construir uma base


de dados qualificada e integrada?

A falta de um sistema Ter uma padronização Manter um histórico


unificado entre toda a cadeia dos dados coletados atualizado

55,84% 31,85% 12,31%

Você acredita que a pandemia serviu para acelerar mudanças que


tornem o setor saúde economicamente mais sustentável?

Sim, a pandemia Não, essas mudanças Não, a pandemia apenas


mostrou que é urgente já vinham ocorrendo mostrou o tamanho do
a mudança no modelo mesmo antes da nosso problema, estamos
de negócio pandemia longe de resolver

67,49% 3,94% 28,57%

O que você considera o principal desafio para as instituições se adequarem


à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)?

Adaptação de sistemas e Capacitação dos


determinação de novos colaboradores, envolvendo Investimento para efetuar
processos internos todos os níveis esta adequação

40,99% 46,27% 12,73%

Como você percebe a postura da instituição onde você atua em relação ao


cuidado e valorização dos profissionais de saúde?

Piorou, pois com a


Melhorou depois da pandemia aumentou a
pandemia, com maior demanda de trabalho e
Continua igual
apoio emocional não houve espaço para
ao que era antes
e incentivo o cuidado com o
profissional de saúde

47,80% 24,74% 27,46%

117 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


OPINIÃO

Durante a pandemia, a comunicação interna nas instituições, para pacientes e


colaboradores, foi uma ferramenta importantíssima para o acesso à informação
e transparência. Como isso ocorreu na instituição em que trabalha?

Foram criadas iniciativas e Foram criados processos


ferramentas para aprimorar de comunicação, mas Não tivemos
a comunicação e elas com o arrefecimento da aprimoramento no processo
continuarão presentes pandemia essas iniciativas de comunicação
mesmo após a pandemia foram descontinuadas

63,67% 23,44% 12,89%

Na sua opinião, o que é mais importante para desenvolver uma gestão


eficiente de saúde populacional no Brasil?

Aumentar nossa Maior integração entre


A implantação de
capacidade analítica os sistemas público
redes de atenção
de dados e privado

37,02% 16,38% 46,60%

Na sua percepção, como tem sido o comprometimento da instituição


onde você atua com a comunidade onde está instalada?

Médio, com ações Nenhum. Nunca


Muito comprometida, esporádicas, de soube de qualquer
com ações consolidadas, acordo com datas e ação promovida
fixas e pontuais ocasiões especiais pela instituição

37,60% 53,13% 9,26%

Na sua opinião, que tipo de movimento é o mais importante para consolidar


uma maior integração entre os setores público e privado?

O setor privado precisa


Maior troca de aumentar ainda mais o
Compartilhamento de conhecimento entre os compartilhamento de
dados entre os setores profissionais de hospitais ferramentas e soluções
públicos e privados de gestão com o público

38,55% 32,05% 29,4%

118 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


OPINIÃO

Você acredita que a pandemia foi uma resposta biológica contra o impacto humano ao
meio ambiente e, por isso, podemos ter uma nova pandemia em breve?

Sim, mas acredito que a Sim, certamente teremos Não, a pandemia foi
Covid-19 serviu de lição e que lidar com outras res- algo isolado, não há
conseguiremos evitar uma postas biológicas em breve. relação direta com o
nova pandemia Não aprendemos a lição meio ambiente

24,11% 62,47% 13,42%

A instituição onde trabalha possui foco em tecnologia e aposta em soluções inovadoras?


Não, acredito que a tecno-
Sim, vejo soluções Sim, mas as soluções logia acaba sendo utilizada
inovadoras tanto na acabam sendo mais focadas apenas em poucas institui-
assistência, quanto na gestão na parte da assistência ções no Brasil

45,85% 30,57% 23,58%

O uso da tecnologia é fundamental para os processos e gestão da saúde. Mas você


acha que as equipes estão preparadas para acompanhar a inovação e utilizar as
novas ferramentas que surgem?

Sim, na minha instituição Sim, mas é preciso Não, acho que falta
as equipes são capacitadas manter uma capacitação mais treinamento
para isso contínua nesta área

6,92% 59,17% 33,91%

119 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MERCADO

Desperdício de
oxigênio medicinal:
para mitigar é preciso
conscientizar e
capacitar equipes
Entre as causas do desperdício nos hospitais está
a forma de utilização e o estado de conservação
dos equipamentos de armazenamento

Na pandemia, o oxigênio sificar ações para mitigar


medicinal ganhou desta- desperdícios.
que. A demanda por esse Neste cenário, a White
tipo de gás aumentou ex- Martins, uma das princi-
ponencialmente nas insti- pais fornecedoras de oxi-
tuições hospitalares devi- gênio medicinal no país,
do às exigências dos casos se viu diante de um gran-
mais graves de Covid-19 de desafio e criou o PURO
que lotaram os hospitais. - Programa para Uso Ra-
Diante da crise, foi preciso cional de Oxigênio, a fim
redobrar a atenção e, além de difundir melhores prá-
de reforçar estoques, inten- ticas e evitar perda do

120 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MERCADO

produto. “Analisamos de "Cada bolha de oxigênio nam oxigênio. Por isso, ca-
forma minuciosa a utiliza- que escapa por minuto pacitar as equipes que ma-
ção dos gases medicinais pode resultar na perda nuseiam esses materiais é o
e, com isso, consegui- mensal de um cilindro in- primeiro passo fundamental
mos identificar pontos de teiro do produto.” para impedir a perda des-
atenção que podem tor- Segundo o executivo, as necessária do insumo.
nar seu uso ineficiente”, principais causas de des- Para saber mais sobre o
explicou o diretor de De- perdício estão na forma in- projeto PURO e formas para
senvolvimento de Negó- correta de utilização e o mal evitar o desperdício, leia a
cios Medicinais da White estado de conservação dos seguir a entrevista completa
Martins, Lourival Nunes. equipamentos que armaze- com Lourival Nunes.

Quais as principais
causas do desperdício de
oxigênio nas unidades
de saúde ou em atendi-
mento domiciliar?
Lourival Nunes: As
principais causas são a
forma de utilização e o
estado de conservação
dos equipamentos que
armazenam oxigênio. Flu-
xômetros quebrados ou
com vazamentos nas ros-
cas e no corpo; erros no
rosqueamento do umidi-
ficador com o fluxômetro
ou do frasco com a tampa
do umidificador; e falha
na conexão de mangueira
e do reservatório plástico
de máscaras respiratórias
são alguns dos problemas
mais comuns que identi-
ficamos. Por isso, equi-
pamentos com fissuras e/
ou rachaduras devem ser
imediatamente substituí-
dos. É importante também
sempre manter fluxôme-
Lourival Nunes, Diretor de Desenvolvimento de Negócios Medicinais
da White Martins tros e reguladores na po-

121 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MERCADO

sição vertical e observar a boramos o Programa para dicinal para garantir que
pressão de utilização dos Uso Racional do Oxigênio, todos os cilindros perma-
gases e os equipamentos denominado PURO, para di- neçam conectados e que
que os consomem. fundir práticas corretas e evi- não sejam utilizados para
tar perda de produto. outras finalidades.
Como evitar o desper- Também é importante Por fim, o uso do oxi-
dício de oxigênio medici- que uma equipe técnica gênio deve seguir estri-
nal, especialmente neste especializada realize verifi- tamente a prescrição mé-
período de pandemia de cações frequentes das fon- dica e qualquer prática
Covid-19? tes de suprimento de gases incorreta identificada pe-
Nunes: A melhor forma para checar a confiabilidade las equipes deve ser sinali-
de evita-lo é capacitando do sistema. Somente profis- zada imediatamente, pois
as equipes que lidam com sionais capacitados devem este gás é um dos princi-
o oxigênio medicinal, pois realizar qualquer procedi- pais insumos para salvar
são estes profissionais os mento de caráter técnico vidas nesta pandemia.
responsáveis pelo manu- (instalação, manutenção
seio dos equipamentos nas etc.) nos equipamentos de Há medidas simples que
unidades de saúde e nos suprimento de oxigênio. podem ser adotadas de
atendimentos domiciliares. Adicionalmente, é ne- imediato para evitar per-
Como fornecemos o insumo cessário que a unidade de da de oxigênio medicinal?
em todas as regiões do Bra- saúde realize o controle Nunes: Além de inspe-
sil, mapeamos as principais do acesso e manuseio da ções periódicas para iden-
causas do desperdício e ela- Central de Oxigênio Me- tificar possíveis vazamentos
e ações de conscientização
dos usuários dos equipa-
mentos, orientamos que
todos os acessórios de ga-
soterapia e dispositivos mé-
dicos com defeito devem
ser reparados ou substitu-
ídos sempre que necessá-
rio. E todos os profissionais
que lidam diretamente com
o oxigênio, especialmente
aqueles que estão na linha
de frente do atendimento,
devem estar comprome-
tidos com o uso eficiente
do insumo e atentos para
identificar e corrigir ime-
diatamente problemas ou
falhas para evitar o desper-
dício de oxigênio.

122 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MERCADO

A White Martins lan- Nunes: Analisamos de uso racional de oxigênio


çou alguma campanha forma minuciosa a utilização no país?
recente sobre o tema? dos gases medicinais e, com Nunes: É fundamental
Nunes: Para divulgar- isso, conseguimos identifi- a conscientização de to-
mos o Programa PURO, car pontos de atenção que dos, pois somente assim
lançamos uma campanha podem tornar a utilização combatemos o desperdí-
de mesmo nome no início dos produtos ineficiente. O cio que pode acontecer
do ano, incluindo várias passo seguinte foi organi- até por desconhecimento.
ações com nossos clien- zar as informações de forma Cabe mencionar que cada
tes de Norte a Sul do país. didática para que a cartilha bolha de oxigênio que es-
Nosso objetivo é estimular atinja o seu principal objeti- capa por minuto pode re-
o uso eficiente do oxigê- vo que é esclarecer e cons- sultar na perda mensal de
nio medicinal por meio de cientizar os usuários sobre a um cilindro inteiro do pro-
medidas simples que com- utilização e manuseio cor- duto. Como fornecedores
batam o desperdício. retos dos gases medicinais. do insumo no país, incen-
Por meio de materiais Assim, será possível utilizar tivamos o uso eficiente
como cartilha digital, car- o oxigênio de forma ade- do oxigênio. Para isso, as
tazes para distribuição aos quada sem o desperdício unidades de saúde e as
clientes, vídeo com orien- nas unidades de saúde e equipes que atendem pa-
tações práticas e webinars também em atendimento cientes em home care de-
para as equipes de vendas, domiciliar. vem ter clareza de que é
instalação de gases e home um compromisso de todos
care, conseguimos engajar Qual a importância da zelar pela utilização corre-
toda a empresa no trabalho conscientização para o ta do produto.
de conscientização sobre a
importância de contribuir
para evitar o desperdício
do insumo. Além disso, o
envolvimento direto das li-
deranças da companhia no
estímulo à campanha foi
fundamental.
Todos os materiais da cam-
panha PURO estão disponíveis
para a divulgação e podem
ser baixados diretamente no
site da White Martins.

Como foi elaborada e


qual o principal objetivo da
cartilha editada especial-
mente para a campanha?

123 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MERCADO

Negócios, relacionamento
e conteúdo: a expansão da
presença digital
Muito além da tradicional feira, a Hospitalar encontrou caminhos
virtuais para manter a comunidade da saúde conectada e
proporcionar uma nova jornada aos usuários

Neste segundo ano de


pandemia, a realização de
eventos de grande porte,
que reúnem milhares de
pessoas, ainda não voltou
a acontecer. Nos últimos
meses, o aumento expo-
nencial de reuniões, con-
gressos e outros tipos de
eventos online fez com
que os usuários aderissem
cada vez mais à ideia de
consumir conteúdos virtu-
ais, ampliando um canal
antes pouco explorado.
É neste contexto que a
Hospitalar, conhecida até
então como a tradicional
feira da saúde, vem expan-
dindo sua presença digital.
A marca, que faz parte Juliana Vicente, gerente de Marketing do portfólio da saúde na Informa
do grupo Informa Markets Markets Brazil

124 Edição 80 - Ano 16 ÍNDICE


MERCADO

Brazil, realizou em 2021 além de assistir aos conte- teúdos e abrir espaço
duas edições, em maio e údos da Digital Journey e para debater os temas
agosto, da Digital Journey marcas parceiras. “A Hos- do setor?
– encontro virtual com es- pitalar Hub é uma evolução Juliana Vicente: A Hos-
pecialistas das mais diver- de tudo o que estamos fa- pitalar tem sua força em
sas áreas da saúde, entre zendo ao longo dos últimos três pilares: negócios, re-
eles gestores hospitalares anos”, conta a gerente de lacionamentos e conteú-
e lideranças de inovação, Marketing do portfólio da do. A Digital Journey che-
digital health, facilities, saúde na Informa Markets gou em 2021 para ofertar
atenção domiciliar, arqui- Brazil, Juliana Vicente. o nosso conteúdo com o
tetura e construção, com- Na opinião da gerente, padrão de qualidade já re-
pras, engenharia clínica e os eventos digitais vieram conhecido pelo mercado e
energia, abordando temas para ficar. “Eles não irão manter o público atualiza-
relevantes para o setor. substituir os encontros pre- do com os temas mais re-
Em outra frente, a empre- senciais, mas irão compor levantes do setor.
sa lançou a plataforma Hos- a jornada”, disse, revelan-
pitalar Hub, com o intuito do que em 2022 a marca O que motivou a cria-
de promover encontros on- passa a promover eventos ção da plataforma Hospi-
line entre a comunidade da híbridos. Para saber mais talar Hub?
saúde. Pela ferramenta é sobre estas novidades da Vicente: A Hospitalar
possível se conectar e inte- Hospitalar, confira a seguir Hub é uma evolução de
ragir com outros usuários, a entrevista completa com tudo o que estamos fazen-
conhecer produtos e servi- Juliana Vicente. do com a marca ao longo
ços de empresas nacionais Por que a empresa tem dos últimos anos. Mais do
e internacionais do setor, apostado em trazer con- que o evento físico, que é
o grande ponto de encon-
tro dos profissionais de
gestão na saúde, nós te-
mos uma jornada cuidado-
samente desenhada para
a audiência. A Hospitalar
Hub chega para somar a
esta jornada e permitir que
todas as comunidades de
saúde estejam conectadas
durante todo o ano. Os
resultados mostram que
estamos no caminho cer-
to. Estamos próximos de
alcançar 20 mil usuários na
plataforma, com mais de
cem iniciativas realizadas,

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MERCADO

sejam eventos da Hospi- longo do ano (todos exclu- novo público em geral.
talar, seja de um dos nos- sivos da plataforma). A Hospitalar pretende
sos mais de dez parceiros, manter este formato?
entre eles Anahp, CBEXs, De que forma a Hospi- Vicente: Realmente os
Sindhosp e CISS. talar se reinventou para eventos digitais vieram
manter o networking e para ficar. Eles não irão
Quais são as principais outras trocas entre os substituir os encontros
funcionalidades disponí- participantes? presenciais, mas irão com-
veis na nova ferramenta? Vicente: Nada vai subs- por a jornada. A partir de
Vicente: A Hospitalar tituir o aperto de mãos 2022, nossa jornada passa
Hub é uma plataforma presencial, mas o relacio- a ser híbrida, com momen-
completa. Nossos usuários namento digital agrega tos exclusivamente online
podem entrar em contato em muitas frentes, seja na e, outros, híbridos.
com centenas de empresas facilidade de encontrar
fornecedoras do setor, re- pessoas e iniciar conver- Qual o maior aprendiza-
alizar reuniões diretamen- sas, ou para manter o que do deste período de pro-
te na plataforma, navegar já foi iniciado no presen- moção de evento digitais?
na página de produtos, cial. Esse networking pode Vicente: O digital nos
conhecer lançamentos. Se- ser realizado na Hospitalar provou que é possível ofe-
manalmente, são realiza- Hub e vem sendo usado recer acesso aos nossos
dos eventos proprietários ativamente pelos nossos conteúdos e fornecedores
e de associações parcei- usuários. com qualidade, ampliando
ras. Soma-se a isso nosso nosso alcance e atingindo
canal On Demand com Os eventos digitais ga- novos públicos que não
mais de cem conteúdos nharam força e, mais do poderiam estar presentes
que foram transmitidos ao que isso, alcançaram um na feira física.

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ENCERRAMENTO

Conahp 2021:
missão cumprida!
Pelo segundo ano conse- reunindo profissionais re-
cutivo o Conahp precisou nomados e mais de 17 mil
se adaptar aos desafios do pessoas nesta missão.
distanciamento social, im- A edição de 2021 foi no-
posto pela pandemia de vamente, e pela última vez,
Covid-19. Em meio a um totalmente digital e gratui-
cenário de grandes per- ta, com mais de 35 horas de
das, o congresso seguiu conteúdo ao vivo e muitas
cumprindo o seu papel de novidades. Além disso, foi
ampliar o debate sobre marcada também pelo seu
soluções para a saúde e caráter social, com a parce-
caminhos que devem ser ria inédita com o programa
trilhados para o futuro, Mesa Brasil Sesc.

“Vivemos desafios nos últimos tempos que, apesar de nos le-


varem ao limite, nos ajudaram a enxergar caminhos que nos
levarão ao futuro sem deixar de lado as bases mais impor-
tantes da saúde, entre elas a qualidade. O Conahp 2021, por
meio dos debates propostos, se mostrou um viabilizador im-
portantíssimo para começarmos a ampliar o alcance dessas
soluções que já estão postas e que agora dependem do nos-
so trabalho, comprometimento e perseverança para serem
colocadas em prática.”

Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Adminis-


tração da Anahp e diretor administrativo do Hospital e
Maternidade Santa Joana

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ENCERRAMENTO

“Este foi um evento democrático, porque conseguimos


dar voz a diversos entes da cadeia; foi também intera-
tivo, já que o público pôde construir com a gente este
congresso por meio das perguntas muito pertinentes que
foram enviadas; e, sem sombra de dúvida, foi propositi-
vo, já que conseguimos alcançar nosso objetivo de trazer
perspectivas. Saímos com propostas e visão de futuro
que devem nos ajudar a construir o sistema de saúde dos
próximos anos.”

José Henrique Salvador, presidente da Comissão Cien-


tífica do Conahp 2021 e diretor de Operações da Rede
Mater Dei de Saúde

“Neste Conahp, vimos uma evolução do modelo de 2020


tanto do ponto de vista tecnológico quanto de interação
do público, conseguimos sentir calor humano no mode-
lo digital. Tive o privilégio de fazer parte da Comissão
Científica e presenciei a intencionalidade da escolha de
cada tema e a maneira como eles articulam um com o ou-
tro, em cada um dos eixos. Eu tenho certeza que vamos
continuar subindo a barra da qualidade do Conahp, de
conteúdo e interação, e contribuir para a construção de
um sistema de saúde mais acessível e universal.”

Charles Souleyman, vice-presidente da Comissão Cien-


tífica do Conahp 2021 e diretor-executivo da Americas
Serviços Médicos

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ENCERRAMENTO

Conahp 2021 em números

12.300
interações no chat

17.921
inscritos 10.000
respostas às enquetes

17.798 votos no 2.000 Kg de alimentos doados


projeto Linha de Gente para o Mesa Brasil Sesc

150 participações de palestrantes

35 37 15
horas de sessões de sessões
conteúdo debates ao vivo extras

402 82 56
trabalhos inscritos inscrições para o
patrocinadores
na Sessão Pôster Startups Anahp

Clique aqui e confira o vídeo de cobertura do Conahp 2021,


com os bastidores da produção desta edição.

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INSTITUIÇÕES-MEMBRO
Associados Titulares

A.C. Camargo Cancer Center Hospital Nipo-Brasileiro


AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente Hospital Nossa Senhora das Graças
BP Mirante Hospital Nossa Senhora das Neves
Casa de Saúde São José Hospital Novo Atibaia
Clínica São Vicente Hospital Oeste D'Or
Complexo Hospitalar de Niterói Hospital Pequeno Príncipe
Hcor Hospital Pilar
Hospital 9 de Julho Hospital Pompéia
Hospital Adventista de Belém Hospital Porto Dias
Hospital Albert Sabin (MG) Hospital Português
Hospital Alemão Oswaldo Cruz Hospital Primavera
Hospital Aliança Hospital Pró-Cardíaco
Hospital Anchieta Hospital Quinta D'Or
Hospital Assunção Hospital Rios D'Or
Hospital Austa Hospital Samaritano
Hospital Baía Sul Hospital Santa Catarina
Hospital Barra D'Or Hospital Santa Catarina Blumenau
Hospital BP Hospital Santa Clara (MG)
Hospital Brasília Hospital Santa Cruz (PR)
Hospital Cárdio Pulmonar Hospital Santa Izabel
Hospital Cardiológico Costantini Hospital Santa Joana Recife
Hospital Copa D'Or Hospital Santa Lúcia (DF)
Hospital Copa Star Hospital Santa Luzia
Hospital Daher Lago Sul Hospital Santa Marta
Hospital das Nações Hospital Santa Paula
Hospital DF Star Hospital Santa Rita de Cássia
Hospital do Coração Anis Rassi Hospital Santa Rosa
Hospital do Coração de Goiás Hospital Santo Amaro
Hospital do Coração do Brasil Hospital São Camilo Pompeia
Hospital Dona Helena Hospital São Lucas (SE)
Hospital e Maternidade Brasil Hospital São Lucas (SP)
Hospital e Maternidade Santa Joana Hospital São Lucas Copacabana
Hospital e Maternidade São Luiz - Unidade Anália Franco Hospital São Lucas da PUCRS
Hospital e Maternidade São Luiz - Unidade Itaim Hospital São Luiz - Unidade Morumbi
Hospital Edmundo Vasconcelos Hospital São Marcos
Hospital Esperança Hospital São Mateus
Hospital Esperança Olinda Hospital São Rafael
Hospital Evangélico de Londrina Hospital São Vicente de Paulo (RJ)
Hospital Icaraí Hospital Saúde da Mulher
Hospital Infantil Sabará Hospital Sepaco
Hospital Israelita Albert Einstein Hospital Sírio-Libanês
Hospital Leforte Liberdade Hospital Tacchini
Hospital Madre Teresa Hospital Vera Cruz
Hospital Mãe de Deus Hospital Vila Nova Star
Hospital Marcelino Champagnat Hospital Vita Batel
Hospital Márcio Cunha Hospital Vita Curitiba
Hospital Mater Dei Hospital ViValle
Hospital Mater Dei Betim-Contagem Perinatal Barra
Hospital Mater Dei Contorno Pro Matre Paulista
Hospital Memorial São José Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco
Hospital Meridional Santa Casa de Misericórdia de Maceió
Hospital Meridional Serra Santa Casa de São José dos Campos
Hospital Ministro Costa Cavalcanti Santa Genoveva Complexo Hospitalar
Hospital Moinhos de Vento UDI Hospital
Hospital Monte Sinai Vitória Apart Hospital

Associados especiais
Casa de Saúde de Campinas Hospital Ribeirania
Hospital Albert Sabin (SP) Hospital Santa Isabel (SP)
Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo Hospital Santa Lucia (RS)
Hospital Divina Providência Hospital São Vicente
Hospital Ernesto Dornelles Hospital São Vicente de Paulo (RS)
Hospital Evangélico de Sorocaba Hospital Vila Verde Saúde Mental
Hospital IPO IBR Hospital
Hospital Japonês Santa Cruz (SP) Oncobio
Hospital Memorial São Francisco Santa Casa de Misericórdia de Passos
Hospital Policlínica Cascavel Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
Hospital PUC-Campinas

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