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Elementos de Máquinas

Engrenagens – Dimensionamento-AGMA:
ECDR e ECDH
Engrenagens Dimensionamento
◼ As engrenagens podem falhar por duas maneiras
distintas:
◼ Fadiga por flexão
◼ Desgaste (fadiga de contato).

◼ Durante o dimensionamento ambos os modos de


falhas devem ser verificados.
Engrenagens Dimensionamento

◼ O dimensionamento sempre consiste em


comparar a tensão atuante com a resistência,
ou seja:

σATUANTE ≤ σADMISSÍVEL
Engrenagens Dimensionamento
◼ O dimensionamento pode ser feito de várias maneiras
distintas, como:
a) Determinar o módulo (m) e a largura do dente (F) necessário para
transmitir uma certa potência:
▪ Determinar o módulo e a largura pela fadiga por flexão.
Posteriormente verificar se estes valores calculados são
suficientes para resistir ao desgaste. (Pode também iniciar
pelo desgaste e verificar à flexão).

b) Determinar a máxima potência que um par de engrenagens


conhecido pode transmitir, ou seja, sua capacidade de
transmissão.
▪ Neste caso o módulo e a largura são conhecidos
previamente. Determina-se a capacidade de transmissão para
a fadiga por flexão e para a o desgaste. O menor valor será a
capacidade do par de engrenagens.
Engrenagens Dimensionamento
c) Se o material do pinhão for o mesmo da coroa,
dimensionar apenas o pinhão (pois possui um número
menor de dentes).
▪ Se as engrenagens forem fabricadas com materiais
diferentes (com durezas distintas), dimensionar
ambos: pinhão e coroa.

d) Critério de aceite: 3p ≤ F ≤ 5p
p: passo da engrenagem
F: Largura do dente
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Flexão
◼ Tensão atuante na Flexão (σ):
◼ A tensão atuante provocada pela flexão é calculada por (AGMA):

◼ Wt = Força tangencial;
◼ KO = Fator de sobrecarga;
◼ K’V = Fator dinâmico (velocidade);
◼ KS = Efeito do tamanho
◼ F = Largura do dente;
◼ m = módulo da engrenagem
◼ KH = Fator de distribuição de carga;
◼ KB = Fator de correção da espessura;
◼ J = Fator geométrico para resistência a flexão
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Flexão
◼ Tensão Admissível - Resistência à Flexão (σadm):
◼ A tensão admissível à flexão (σadm) pode ser determinada usando-se
a equação:

◼ σFP = Tensão de resistência à flexão


◼ SF = Fator de Segurança da AGMA;
◼ YN = Fator de ciclagem de tensão para flexão;
◼ KT = Fator de Temperatura;
◼ KR = Fator de Confiabilidade.
= Tabela para tensão de fadiga corrigida

Norton – Projetos de
Máquinas - 4ª edição
página 726
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Flexão
◼ Determinação da tensão de resistência à flexão
(σFP), para aços endurecidos por completo:
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Flexão
◼ Determinação da tensão de resistência à flexão (σFP),
para aços ligados e/ou endurecidos por tratamentos
termoquímicos (AISI 4140,4340) :
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Flexão
◼ Para determinação da tensão de resistência à
flexão (σFP), serão usadas as equações:

◼ Para aços totalmente endurecidos (Comum ao


Carbono):
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Flexão
◼ Para determinação da tensão de resistência à
flexão (σFP), serão usadas as equações:

◼ Para aços ligados e/ou endurecíveis por


tratamentos termoquímicos (AISI 4140, 4340,
8620, etc..)
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Flexão
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Desgaste
◼ Tensão atuante no Desgaste (σc):
◼ A tensão atuante provocada pelo desgaste é calculada por (AGMA):

◼ CP = Coeficiente Elástico [MPa]1/2;


◼ Wt = Força tangencial;
◼ KO = Fator de sobrecarga;
◼ K’V = Fator dinâmico (velocidade);
◼ KS = Efeito do tamanho
◼ KH = Fator de distribuição de carga;
◼ d = Diâmetro primitivo da engrenagem;
◼ F = Largura do dente;
◼ ZR = Coeficiente de acabamento superficial;
◼ ZI = Fator Geométrico de resistência a formação de cavidades (desgaste).
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Desgaste
◼ Tensão Admissível - Resistência ao Desgaste (σC,adm),
pode ser determinada usando-se a equação:

◼ σHP = Tensão de resistência ao desgaste


◼ SH = Fator de Segurança da AGMA;
◼ ZN = Fator de ciclagem de tensão para desgaste;
◼ CH = Fator de razão de dureza;
◼ KT = Fator de Temperatura;
◼ KR = Fator de Confiabilidade
= Tabela para tensão de fadiga contato corrigida

Norton – Projetos de
Máquinas - 4ª edição
página 728
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Desgaste
◼ Para determinação da tensão de resistência ao
desgaste (σHP), serão usadas as equações:
Engrenagens cilíndricas retas e helicoidais -
Dimensionamento por Desgaste
Fatores de Correção - Flexão
1. Fator Geométrico de resistência a Flexão (J): Engrenagens cilíndricas
retas
Fatores de Correção - Flexão
1. Fator Geométrico de resistência a Flexão (J): Engrenagens cilíndricas
retas
Fatores de Correção - Flexão
1. Fator Geométrico de resistência a Flexão (J): Engrenagens cilíndricas
helicoidais
◼ Coroa com N = 75 dentes
Fatores de Correção - Flexão
1. Fator Geométrico de resistência a Flexão (J): Engrenagens cilíndricas
helicoidais
◼ Correção do fator geométrico (J) para N ≠ 75
Fatores de Correção - Flexão
2. Fator de correção da espessura – KB
◼ Algumas vezes a espessura do aro da engrenagem não é
suficientemente grande para suportar o esforço aplicado.
Em conseqüência pode ocorrer a falha por fadiga no aro e
não no dente. Este fator é usado para corrigir esta
distorção.

onde:
Fatores de Correção - Flexão
2. Fator de correção da espessura – KB
Fatores de Correção – Flexão
3. Fator de Vida para ciclagem de tensão – YN
◼ Todos os cálculos da AGMA são realizados para uma vida
de 10 milhões de ciclos (107). Se a vida desejada for
diferente deste valor, as tensões calculadas deverão ser
corrigidas.
◼ Observa-se que para 107 ciclos: YN = 1.
Fatores de Correção - Flexão
4. Fator de segurança – SF

◼ Fator de proteção contra falha por fadiga flexional


◼ É definido pela norma ANSI/AGMA 2001-C95 e 2101-C95.
Fatores de Correção - Desgaste
1. Fator Geométrico de resistência a formação de cavidades – Zl

◼ mN: fator de razão de partilha de carga


Fatores de Correção - Desgaste
1. Fator Geométrico de resistência a formação de cavidades – Zl

◼ Fator de razão de partilha de carga (mN):

◼ Para engrenagens cilíndricas retas: mN = 1

◼ Para engrenagens helicoidais:

pN: passo frontal


Z: comprimento de contato
Fatores de Correção - Desgaste
1. Fator Geométrico de resistência a formação de cavidades – Zl

◼ Comprimento de contato (Z)

rP; rC: raios das circunferências primitivas do pinhão e da coroa


rbP; rbC: raios das circunferências de base do pinhão e da coroa
a: Altura da cabeça do dente (adendo)
ϕ: Ângulo de pressão
Fatores de Correção - Desgaste
2. Coeficiente Elástico – CP [MPa]1/2
◼ Depende dos materiais em contato.
◼ Pode ser determinado pela equação abaixo ou por valores
tabelados:
Fatores de Correção - Desgaste
2. Coeficiente Elástico – CP [MPa]1/2
◼ Valores tabelados:
Fatores de Correção - Desgaste
3. Coeficiente de acabamento superficial – ZR
◼ Procura quantificar o efeito do acabamento superficial das
engrenagens.
◼ Os valores de ZR não são quantificados pela AGMA.

Usa-se: ZR = 1,0

◼ Quando se sabe que um efeito prejudicial causado pelo


acabamento superficial esta presente:

Usa-se: ZR > 1,0

Engrenagens extremamente grosseiras: ZR > 1,0


Fatores de Correção - Desgaste
4. Fator de razão de dureza – CH
◼ O pinhão tem um número de dentes menor que a coroa.
Em conseqüência, os dentes do pinhão serão submetidos a
um número de ciclos maior que a coroa.
◼ Para que haja um desgaste uniforme entre ambas as
engrenagens, o pinhão deve ter uma dureza maior que a
coroa.
◼ O fator de dureza (CH) procura ajustar as resistências
superficiais para que haja um desgaste uniforme.
◼ Ele deve ser calculado somente para a coroa, usando-se a
equação:
Fatores de Correção - Desgaste
4. Fator de razão de dureza – CH
◼ Determinação da constante A’:

HBP: Dureza Brinell do pinhão


HBC: Dureza Brinell da coroa
Fatores de Correção - Desgaste
4. Fator de razão de dureza – CH
Fatores de Correção - Desgaste
5. Fator de Vida para ciclagem de tensão – ZN
◼ Todos os cálculos da AGMA são realizados para uma vida
de 10 milhões de ciclos (107). Se a vida desejada for
diferente deste valor, as tensões calculadas deverão ser
corrigidas.
◼ Observa-se que para 107 ciclos: ZN = 1.
Fatores de Correção - Desgaste
6. Fator de segurança – SH

◼ Fator de Proteção contra falha por aparecimento de


cavidades
◼ É definido pela norma ANSI/AGMA 2001-C95 e 2101-C95.
Fatores de Correção - Flexão e Desgaste
1. Fator Dinâmico – K’V
◼ Considera os efeitos dinâmicos atuantes nas engrenagens
que podem provocar erros de transmissão (vibrações,
desalinhamento, desbalanceamento, atrito).

◼ V: Velocidade tangencial em (m/s);


◼ QV: define a qualidade da engrenagem
Fatores de Correção - Flexão e Desgaste
1. Fator Dinâmico – K’V
◼ QV: As engrenagens comerciais mais usadas possuem QV
variando de 3 até 11. Os cálculos das constantes A e B são
limitados pelo valor máximo da velocidade para cada
qualidade da engrenagem (número QV). A velocidade
máxima, representando o ponto final da curva para QV,
pode ser calculada por:
Fatores de Correção - Flexão e Desgaste
2. Fator de Sobrecarga - KO
◼ Tem a função de levar em conta todas as cargas aplicadas
externamente que excedem a carga tangencial nominal.
◼ Seus valores são dados pela tabela abaixo:
Fatores de Correção - Flexão e Desgaste
3. Fator de Tamanho - KS
◼ Reflete a não uniformidade das propriedades do material
causadas pelo tamanho. Depende:
◼ Tamanho do dente
◼ Diâmetro da peça
◼ Largura da face
◼ Tratamentos térmicos

◼ Geralmente usa-se os seguintes valores:


Fatores de Correção - Flexão e Desgaste
4. Fator de Distribuição de Carga - KH
◼ Procura corrigir o fato da força tangencial não se distribuir
uniformemente ao longo da linha de contato na largura do
dente (F). Esta distribuição não uniforme da força pode ser
provocada por desalinhamento da árvore e/ou imperfeições
da forma do dente.
Largura da face (F) [mm] KH
F < 50 1,6
50 < F < 150 1,7
150 < F < 250 1,8
F > 250 2,0

◼ Recomenda-se que a razão entre a largura do dente (F) e o


diâmetro primitivo seja inferior a 2, ou seja:
Fatores de Correção - Flexão e Desgaste
5. Fator de Confiabilidade - KR
◼ Leva em consideração o efeito das distribuições
estatísticas das falhas por fadiga do material

Fonte: ANSI/AGMA 2001-C95


Fatores de Correção - Flexão e Desgaste
6. Fator de Temperatura - KT

◼ Para temperaturas de corpo das engrenagens até 120 °C,


usa-se KT = 1,0.

◼ Acima deste valor, usa-se KT > 1

Uma forma de Calcular KT maior que 1:


Exercícios
1. A engrenagem A, com 25 dentes, está acoplada a um motor que
transmite 3 kW a 600 rpm no sentido horário. As engrenagens B e C
têm 65 e 55 dentes, respectivamente. Todas as engrenagens são
cilíndricas retas. Utilize coeficiente de segurança igual a 1,6. O
material do pinhão é um aço comum ao carbono, Grau 1. Determine:
• O módulo e a largura do dente destas engrenagens baseado na
flexão.
• Especifique as durezas necessárias às engrenagens para que os
valores calculados anteriormente sejam adequados ao desgaste.
• Faça todas as análises necessárias à especificação das
engrenagens
Exercícios
2. Uma engrenagem cilíndrica helicoidal tem 85 dentes, ângulo
de ação normal de 20°, ângulo de inclinação da hélice de 30°.
Esta engrenagem deverá ser acoplada a um pinhão que
transmite 5 kW a 1150 rpm. O número de dentes do pinhão é
o mínimo necessário par que não haja interferência.
• Especifique os materiais para ambas engrenagens.
• Especifique e Determine todas as dimensões destas
engrenagens.
• Tome as decisões que forem necessárias ao
dimensionamento.
Exercícios
3. Considere o sistema de elevação de cargas abaixo. O motor está
acoplado ao redutor. Deseja-se uma redução de 10:1 na velocidade de
rotação do motor. Deseja-se que uma massa M = 150 kg suba (ou
desça) com uma velocidade máxima de 0,8 m/s. A massa está presa em
um cabo de aço que se enrola em uma polia com diâmetro dPOLIA.
• Proponha o trem de engrenagens para o redutor.
• Determine a rotação e a potência do motor.
• Considere o efeito da inércia.
Exercícios
• Dimensione árvore AB. Proponha comprimentos para esta árvore.
Especifique um material para esta árvore. Explique detalhadamente
todo o dimensionamento. dPOLIA = 12 a 16 vezes o diâmetro da
árvore AB.
• Faça um dimensionamento completo das engrenagens do redutor.
Explique as decisões tomadas. Selecione um dos seguintes
parâmetros, em cada opção:
• Confiabilidade: 95% ou 90,0% de confiabilidade.
• Sobrecarga: O motor trabalha com Choques moderados;
• Montagem: Precisão
• Vida - Deseja-se que este redutor trabalhe durante: 7 anos,
funcionando 18 horas por dia, 26 dias/mês ou 10 anos
funcionando 8 horas/dia, 20 dias/mês.
• Selecione o material e as demais condições de trabalho, se
necessário.
• Faça uma tabela, mostrando claramente os parâmetros acima
selecionados.
Referências

◼ MELCONIAN, Sarkis. Elementos de máquinas. 9.


ed. rev. São Paulo: Erica, 2009. 376 p. ISBN
9788571947030
◼ SHIGLEY, J. E., Mischke, C.R. e Budynas, R.G.,
Projeto de Engenharia Mecânica, Bookman, Porto
Alegre, 7a Ed., 2005.
◼ JUVINALL, R.C., Marshek, K.M. (2006)
Fundamentals of Machine Component Design.
John Wiley and Sons, New York.
◼ Notas de Aulas Elementos de Máquinas – Prof.
Claysson Vimieiro – PUCMinas
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