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Polícia Civil - São Paulo

Legislação Especial PC-SP


Papiloscopista
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O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Obra Produção Editorial

Legislação Especial PC-SP


Carolina Gomes
Josiane Inácio

Papiloscopista Karolaine Assis

Organização

Autores Roberth Kairo


Saula Isabela Diniz
LEGISLAÇÃO ESPECIAL • Samantha Rodrigues, Fernando
Paternostro Zantedeschi, Ana Philippini, Nathan
Revisão de Conteúdo
Pilonetto e Antônio Pequeno
Ana Cláudia Prado
Fernanda Silva
Jaíne Martins
Maciel Rigoni
Nataly Ternero

Análise de Conteúdo

Ana Beatriz Mamede


Arthur de Carvalho
João Augusto Borges

Diagramação

Claudinei Pitta
Dayverson Ramon
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Higor Moreira
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Lucas Gomes
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Willian Lopes
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Capa
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Joel Ferreira dos Santos


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Projeto Gráfico
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Daniela Jardim & Rene Bueno


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Edição:

Março/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
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Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. Portanto, Dúvidas


no caso de atualizações voluntárias e erratas, estas serão
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SUMÁRIO

LEGISLAÇÃO ESPECIAL.....................................................................................................5

DOS CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 9.503/1997 (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO)............. 5

LEI FEDERAL Nº 9.099/1995 (LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS)................................. 10

LEI FEDERAL Nº 11.340/2006 (LEI MARIA DA PENHA).................................................................. 13

LEI FEDERAL Nº 11.343/2006 (LEI DE DROGAS)............................................................................. 20

LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO (LEI COMPLEMENTAR N.º207/197)........ 34

LEI COMPLEMENTAR Nº 922/2002................................................................................................... 48

LEI COMPLEMENTAR Nº 1.151/2011).............................................................................................. 57

LEI FEDERAL Nº 12.527/2011 (LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO)................................................. 61

DECRETO ESTADUAL Nº 58.052/2012............................................................................................. 72


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LEI FEDERAL Nº 12.830/2013 (INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO)..... 85


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LEI ESTADUAL Nº 10.261/1968 (ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO


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ESTADO DE SÃO PAULO).................................................................................................................... 86


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LEI FEDERAL Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)..........................100


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LEI FEDERAL Nº 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO).................................................................120


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LEI FEDERAL Nº 9.455/1997 (LEI DE CRIME DE TORTURA)..........................................................129


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LEI FEDERAL Nº 13.146/2015 (ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA).............................133

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (RESOLUÇÃO Nº 213, DE 15/12/2015 – CNJ....................................141

RESOLUÇÃO Nº 740, DE 28/04/2016 – TJSP.................................................................................146

TRATAMENTO NOMINAL DAS PESSOAS TRANSEXUAIS E TRAVESTIS NOS ÓRGÃOS


PÚBLICOS (DECRETO ESTADUAL Nº 55.588/2010.......................................................................148

DECRETO FEDERAL Nº 8.727/2016)...............................................................................................150


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IV - no exercício de sua profissão ou atividade, esti-
ver conduzindo veículo de transporte de passagei-
ros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)   
V -(Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)

LEGISLAÇÃO ESPECIAL A redação do art. 302 é uma redação estranha. Em


vez de descrever a conduta, o nosso legislador colocou
o nome do crime no tipo penal. Na realidade, é matar
alguém. Por conta disso, há quem sustente a inconsti-
DOS CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº tucionalidade deste art. 302, por violação ao princípio
da taxatividade, que é um corolário do princípio da
9.503/1997 (CÓDIGO DE TRÂNSITO legalidade. A conduta é praticar homicídio culposo e
BRASILEIRO isso todo mundo sabe o que significa: matar alguém. E
isso vocês observam na parte especial do CP:
Art. 301 Ao condutor de veículo, nos casos de aci- O art. 302 só se aplica se o crime for cometido na
dentes de trânsito de que resulte vítima, não se condução de veículo automotor, como explicitado no
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fian-
caput do artigo. Veículo automotor é aquele que cir-
ça, se prestar pronto e integral socorro àquela.
cula pela própria força do seu motor, incluindo os
veículos conectados à linha elétrica que não circulem
Esse artigo é bastante cobrado nas provas. Nos
casos de acidentes de trânsito em que resulte vítima, sobre trilhos, conforme Anexo I do CTB. Portanto, não
não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá se aplica o art. 302 se o homicídio for cometido na
fiança, se prestar pronto e integral socorro à vítima. condução de veículos de tração animal e de propulsão
humana, ou seja, se matar utilizando uma bicicleta
responderá pelo código penal.
Dica
E há diferença entre aplicar o CTB e o CP? A pena
Acidente com vítima? Prestação de pronto e inte- do homicídio culposo do CP é de 1 a 3 anos de deten-
gral socorro! Isto não significa dizer que é necessá- ção. No CTB é de 2 a 4 anos de detenção, mais sus-
rio fazer massagem cardíaca no acidentado, basta pensão/proibição do direito de dirigir (variando de 2
chamar socorro e aguardar o atendimento no local. meses a 5 anos). Portanto, a pena é muito mais grave
no Código de Trânsito. Segundo o STF, tal tratamento
Então, podemos esquematizar o seguinte: no homi- desigual é constitucional, tendo em vista as mortes no
cídio culposo e na lesão culposa, se o condutor não trânsito. Perceba também que não temos a pena de
prestar socorro à vítima, podendo prestar, essa sua multa prevista para esse crime. Memorize também as
omissão gera duas consequências: ele pode ser autuado causas aumentativas de pena (1/3 a ½)!
em flagrante e tal omissão constitui causa de aumento
de pena desses crimes.
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Uma última observação: nos casos em que autori- CRIME CONDUTA PENAS
-3
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dade vislumbrar dolo eventual, o condutor será pre-


Praticar homicí- 02 a 04 anos de
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so em flagrante, mesmo que tenha prestado pronto e


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integral socorro. Isso porque, se for homicídio doloso, dio culposo na detenção
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com dolo eventual, não se aplica o Código de Trânsito. direção de veícu- Suspensão ou
Homicídio
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Portanto, não se aplica o art. 301, mas o Código Penal. lo automotor proibição de
Culposo
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E o Código Penal não isenta do flagrante o homicida se obter a per-


que socorreu a vítima.
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missão ou a
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habilitação
Dos Crimes em Espécie
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Analisaremos agora os crimes em espécie, parte LEI DO JUIZADO CAUSAS AUMENTATIVAS


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também muito importante dentro do assunto de cri- ESPECIAL CRIMINAL? DE PENA (1/3 A ½)
si

mes de trânsito. Sem CNH


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Faixa de pedestre ou calçada


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Art. 302 Praticar homicídio culposo na direção


de veículo automotor: Inaplicável Omissão de socorro
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

são ou proibição de se obter a permissão ou a habi- Transporte de passageiro


litação para dirigir veículo automotor. (profissão)
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) à metade, se o agente:  (Incluído pela Lei nº § 3°  Se o agente conduz veículo automotor sob a
12.971, de 2014)    influência de álcool ou de qualquer outra substân-
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Cartei- cia psicoativa que determine dependência (Incluído
ra de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de pela Lei nº 13.546/2017):
2014)    Penas – reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    habilitação para dirigir veículo automotor.
III - deixar de prestar socorro, quando possível
fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;(In- Temos aqui um novo instituto: o  homicídio cul-
cluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    poso qualificado (Homicídio Culposo + Embriaguez), 5
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com uma punição bastante severa para os condutores que cometem tal ato. A privativa de liberdade passa a ser
de reclusão e o quantum de pena para 5 a 8 anos.

Art. 303 Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.
§ 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302.  (Redação
dada pela Lei nº 12.971, de 2014) 

A lesão corporal no trânsito deve ser culposa para que o condutor responda por este artigo. Se houver dolo
(vontade de praticar a conduta), ou seja, se a lesão for dolosa, o criminoso responderá pelo crime de lesão corporal
do Código Penal.

CRIME CONDUTA PENAS

06 m a 02 anos de detenção
Praticar lesão corporal culposa na
Lesão corporal culposa Suspensão ou proibição de se obter
direção de veículo automotor
a permissão ou a habilitação

*o crime de lesão corporal culposa não será regido pela lei n° 9.099/95 se o condutor causar lesão corporal culposa
nas hipóteses do artigo 303 § único do CTB.

LEI DO JUIZADO
CAUSAS AUMENTATIVAS DE PENA (1/3 A ½)
ESPECIAL CRIMINAL?
Sem CNH
Faixa de pedestre ou calçada
Aplicável* Omissão de socorro
Transporte de passageiro (profissão)
*o crime de lesão corporal culposa não será regido pela lei n° 9.099/95 se o condutor causar lesão corporal culposa nas
hipóteses do artigo 303 § único do CTB.

§ 2° A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste
5
artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de
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outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou
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gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546/2017):


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A lesão corporal culposa qualificada (a Lesão corporal culposa de natureza grave ou gravíssima + Embriaguez)
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também conta com punição bem dura para motoristas que causem lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
ma a alguém, estando sob influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa. A privativa de liberdade
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passa a ser de reclusão e o quantum de pena para 2 a 5 anos. Essa definição de lesão grave ou gravíssima deve ser
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extraída dos §§ 1º e 2º do art. 129 do Código Penal.


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Art. 304 Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo
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fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
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Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
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Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida
por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Para configuração desse crime, é preciso dolo do condutor, ou seja, exige o conhecimento da necessidade do
socorro. Ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou
com ferimentos leves, incide a aplicação das penas tipificadas no artigo acima. Entenda que para configuração
deste crime é preciso que o condutor esteja envolvido e não seja o causador do acidente, já que se ele for o causa-
dor do acidente, o condutor responderá por Homicídio Culposo ou Lesão Corporal Culposa com aumentativo de
pena pela omissão de socorro (art. 302, § 1o, II / art. 303 Parágrafo único). Já se o condutor não estiver envolvido a
omissão de socorro é crime do artigo 135 do Código Penal.
Lembre-se também: a pena pode ser a detenção ou a multa. A multa, nesse caso, não será cumulativa. Devi-
do a sua pena, este crime do art. 304 é de menor potencial ofensivo, ou seja, aplicar-se à Lei de Juizados Especiais
6 Criminais (JECRIM).
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ENVOLVIDO? CAUSADOR? CRIME PENA JECRIM
Sim Não Art. 304 CTB 6 m a 1 ano ou multa Sim
Art.302, § 1º, II (ou) 2 a 4 anos
1/3 a ½ de aumento
CONDUTOR Sim Sim Art. 303 parágrafo 6 meses a Não
nas penas
único do CTB 2 anos

Não Não Art. 135 do C. P 1 a 6 meses Sim

Art. 305 Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe
possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Veja que a pena máxima é de 1 (um) ano, isto é, temos aqui um crime de menor potencial ofensivo. A conduta
precisa ser dolosa. Interessante salientar que a fuga deve ser para escapar de possível responsabilização penal ou
civil. Assim, vemos que há um crime contra a Administração da Justiça com a finalidade específica de não ser iden-
tificado. Entenda que é possível fugir do local do acidente e prestar socorro. Exemplo: condutor liga para o Corpo
de Bombeiros solicitando socorro para vítima e depois desaparece do local do acidente para não ser identificado.
Interessante lembrar que havia dúvidas sobre a constitucionalidade desta norma, tendo em vista os casos julgados
pelo país. Entretanto, em 14 de novembro de 2018, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu provimento ao
Recurso Extraordinário (RE) 971959, com repercussão geral reconhecida, e considerou constitucional o artigo 305 do
Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que tipifica como crime a fuga do local de acidente. A maioria dos ministros entendeu
que a norma não viola a garantia de não autoincriminação, prevista no artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal.

Art. 306 Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de
outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.
§ 1° As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama
de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo CONTRAN, alteração da capacidade psicomotora.   (Incluído pela
Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2° A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame
clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à con-
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traprova.   (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)   
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§ 3° O CONTRAN disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de
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caracterização do crime tipificado neste artigo.  (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)   
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Nós estamos diante de um dos principais, senão o principal, crime de trânsito para as bancas organizadoras de
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provas. Com o advento da Lei nº 11.705/08, o crime de embriaguez ao volante deixou de ser um crime de perigo
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em concreto para ser um crime de perigo em abstrato.


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Antes, para que ocorresse consumação do delito, era necessário que o condutor gerasse risco para o trânsito. Hoje,
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ainda que um condutor esteja conduzindo adequadamente, se tiver acima dos índices permitidos para embriaguez,
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será enquadrado no crime acima tipificado. Mas como é configurado esse crime? Bem, temos alguns instrumentos
capazes de constatar a embriaguez: Etilômetro (Bafômetro), Exame de Sangue, Testemunhas, Vídeos, Exames clínicos
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e outros meios de prova em direito admitidos. Quanto ao Etilômetro e Exame de sangue temos os seguintes limites:
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LIMITES PREVISTOS
INSTRUMENTO
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CTB RES 432/2013 CTB RES 432/2013 CTB RES 432/2013


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ETILÔMETRO 0,00 mg/L 0,04 mg/L ATÉ0,299 mg/L ATÉ 0,33mg/L 0,3 mg/L ou mais 0,34 mg/L ou mais
EXAME
0,00 dg/L 0,00 dg/L ATÉ 5,9 dg/L 6 dg/L ou mais.
DE SANGUE
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Infração de Trânsito e crime de


CONSEQUÊNCIA Não é infração nem crime. Apenas infração de Trânsito.
Trânsito.

Perceba que o CTB estabelece um limite para o bafômetro e a Resolução estabelece outro. Na verdade, a Resolu-
ção n° 432/2013 tem como referência o limite do CTB, entretanto ela dá uma aparente “colher de chá” para o con-
dutor quando se trata de etilômetro porque o aparelho também pode não ser preciso, tornando-se esse limite uma
margem de erro do aparelho. No dia a dia, as fiscalizações utilizam a Resolução 432/13.
Para sua prova, você deve estar pensando: preciso memorizar qual limite? O do CTB ou limite da Resolução?
Simples, se sua prova colocar no edital a Resolução 432/13, você estuda os dois limites, caso contrário, estude
apenas o limite do CTB.
Agora, e se o condutor se recusar a realizar estes exames? Bem, se o condutor não quiser fazer nenhum desses
exames, ele será autuado pelo Artigo 165- A do CTB, podendo, inclusive, ser preso caso apresente sinais visíveis de
embriaguez (sonolência, agressividade, fala enrolada). Tal procedimento pode ser provado por meio de vídeos, 7
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
testemunhas, exames clínicos e outros meios de prova outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela
em direito admitidos. Mesmo se recusando a realizar o Lei nº 12.971, de 2014)   
bafômetro ou exame de sangue, pode-se dar voz de pri-
são a um condutor visivelmente embriagado ou entor- Este é o famoso crime de “racha”, e foi recentemen-
pecido por outras drogas. te modificado para endurecer a pena para os pratican-
tes de competições não autorizadas em via pública. O
Art. 307 Violar a suspensão ou a proibição de se “racha” não é apenas corrida, mas também disputa ou
obter a permissão ou a habilitação para dirigir competição. Por isso, fique atento: o tipo penal não pune
veículo automotor imposta com fundamento neste se houver somente a corrida, é necessário que exista
Código: elementos de competição no ato, como, por exemplo, a
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, tomada de tempo, a organização em posições etc.
com nova imposição adicional de idêntico prazo de
suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o con- Importante!
denado que deixa de entregar, no prazo estabeleci-
do no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou Cuidado! O art. 308 está punindo mais do que
a Carteira de Habilitação. uma simples corrida. Está punindo, além disso,
qualquer forma de disputa ou competição.
Este dispositivo menciona que dirigir suspenso é
crime. A maior parte da doutrina entende que a viola-
ção a este crime seria referente à suspensão imposta Neste delito, os promotores do evento não são
pelo magistrado, ou seja, a suspensão penal. punidos, apenas os participantes. Não esqueça que é
Arnaldo Rizardo e Guilherme de Souza Nucci, por necessário estarmos em via pública, em veículo auto-
exemplo, eminentes doutrinadores penais, entendem motor e gerando perigo de risco à segurança viária.
que tal suspensão é penal, ou seja, apenas será crime Assim, é um crime de perigo concreto, ou seja, exige
se houver desobediência a uma decisão judicial. Uma que o risco de dano aconteça para sua caracteriza-
forte defesa da doutrina é que como pode dirigir sus- ção. Vejamos as novas penas:
penso ser crime e dirigir cassado só configurar crime
se gerar perigo de dano? Dirigir cassado é um ato de CRIME PENA
desvalor maior que dirigir suspenso.
Porém, alguns tribunais têm aceitado e julgado pes- Detenção de 06 m a 03 anos + sus-
soas nesse crime baseado apenas em violação à sus- pensão ou proibição de obter a per-
pensão imposta pela autoridade de trânsito. Segundo Racha (caput)
missão ou a habilitação para dirigir
entendimento dado pelo Manual Brasileiro de Fisca- veículo automotor+ multa
lização de Trânsito, somente as suspensões judiciais,
e não as administrativas, seriam consideradas como Reclusão de 03 anos a 06 anos + sus-
crime. Entretanto, esse entendimento não é aceito uni- Racha + lesão pensão ou proibição de obter a per-
formemente pelos diversos órgãos que compõem o grave missão ou a habilitação para dirigir
caminho que percorre o processo (fiscalização, polícia veículo automotor+ multa
5
judiciária, MP e judiciário), haja vista a alegada incom-
-3

petência do CONTRAN para tratar de matéria criminal. Reclusão de 05 anos a 10 anos + sus-
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Observe que este crime é de menor potencial ofen- pensão ou proibição de obter a per-
.3

Racha + morte
sivo e possui a pena de detenção, multa (multa não missão ou a habilitação para dirigir
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é opção) e suspensão adicional de idêntico prazo. veículo automotor+ multa


.2

Importante salientar que é um crime de perigo abs-


63

trato, ou seja, a simples condução de um veículo por


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motorista suspenso configurará o crime, independen- Art. 309 Dirigir veículo automotor, em via pública,
es

temente de geração de risco. sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilita-


ed

ção ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, geran-


do perigo de dano:
gu

Art. 308. Participar, na direção de veículo automo-


tor, em via pública, de corrida, disputa ou competição Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
a

automobilística ou ainda de exibição ou demonstra-


lv

Crime de perigo concreto e de menor potencial


si

ção de perícia em manobra de veículo automotor,


não autorizada pela autoridade competente, geran- ofensivo. Entenda que dirigir sem possuir CNH ou
an

do situação de risco à incolumidade pública ou pri- dirigir com CNH cassada só é crime se gerar perigo
Lu

vada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de 2017)    de dano. Já dirigir suspenso é crime de perigo abstra-
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, to. O crime só existe se for praticado na direção de
multa e suspensão ou proibição de se obter a per- veículo automotor e em via pública. Se alguém dirige
missão ou a habilitação para dirigir veículo auto- um automóvel sem habilitação dentro da sua fazenda
motor.  (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    particular, o fato é atípico.
§ 1° Se da prática do crime previsto no caput resul- E quando a situação for de CNH de categoria dife-
tar lesão corporal de natureza grave, e as circuns- rente causando perigo? Bom, se o indivíduo estiver
tâncias demonstrarem que o agente não quis o dirigindo o veículo com habilitação de categoria dife-
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena rente, que não seja própria para aquele veículo que
privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 ele está dirigindo, há o crime do art. 309, uma vez que
(seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas o tipo penal fala em “sem a devida permissão ou habi-
neste artigo.   (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)      litação.” A palavra “devida” não é insignificante, pois
§ 2° Se da prática do crime previsto no caput resul- o condutor deve ser habilitado para aquele veículo
tar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o que ele está conduzindo. Não se pode dirigir automó-
agente não quis o resultado nem assumiu o risco de vel com habilitação para motocicleta, por exemplo.
produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclu- Conforme entendimento dado pelo MBFT, o ato
8 são de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das de conduzir o veículo com a habilitação de categoria
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diferente, gerando perigo de dano, configura o crime de Contravenção penal de direção perigosa, conforme
do art. 309 do CTB. No entanto, há tribunais que já jul- art. 34 do Decreto-Lei nº3688/194.
garam de forma diferente, não caracterizando a situa-
ção como crime. Art. 312 Inovar artificiosamente, em caso de aci-
Outra situação: o indivíduo está com a habilita- dente automobilístico com vítima, na pendência
ção vencida há mais de trinta dias gerando perigo de do respectivo procedimento policial preparatório,
dano, configura o crime? O STF decidiu o seguinte: inquérito policial ou processo penal, o estado de
configura infração administrativa, mas não configu- lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro
ra o crime do art. 309. Mesmo que o condutor esteja o agente policial, o perito, ou juiz:
gerando perigo de dano, uma vez que habilitação ven- Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
cida não significa falta de habilitação. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
ainda que não iniciados, quando da inovação, o
Art. 310 Permitir, confiar ou entregar a direção de procedimento preparatório, o inquérito ou o pro-
veículo automotor a pessoa não habilitada, com
cesso aos quais se refere.
habilitação cassada ou com o direito de dirigir sus-
penso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde,
Esse é um crime de fraude processual, pois pune
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança:
aquele que modifica o local do acidente para induzir
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. as autoridades a erro. Não é incomum em acidentes
de trânsito com vítimas, envolvidos mudarem local
Interessante é o caso da pessoa que permite, con- dos veículos, apagar local de frenagem, mudar local
fia ou entrega veículo a condutor inabilitado, cassado, do corpo da vítima, retirar a sinalização, alterar local
suspenso, embriagado ou sem condições de saúde físi- de colisão e até indicar um falso condutor. De qual-
ca ou mental para dirigir. Crime de perigo abstrato e quer forma é um crime de menor potencial ofensivo.
de menor potencial ofensivo. Para evitar celeumas e O crime de inovação artificiosa do local de acidente
debates ineficazes, o STJ ratificou o que o CTB já nos de trânsito, previsto no art. 312, do CTB, é formal e
informa: tal crime é mesmo de perigo abstrato por se consuma quando o agente inova o local do crime,
mais estranho que possa parecer. visando enganar o agente policial, o perito, ou o juiz,
ainda que não alcance a finalidade pretendida.

Importante! Art. 312-A  Para os crimes relacionados nos arts.


Confira a súmula do STJ: 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz
Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de aplicar a substituição de pena privativa de liberda-
permitir, confiar ou entregar a direção de veículo de por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de
automotor à pessoa que não seja habilitada, ou prestação de serviço à comunidade ou a entidades
que se encontre em qualquer das situações pre- públicas, em uma das seguintes atividades: (Incluí-
vistas no art. 310 do CTB, independentemente da do pela Lei nº 13.281, de 2016)  
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concre- I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de res-
5
-3

to na condução do veículo. gate dos corpos de bombeiros e em outras unidades


68

móveis especializadas no atendimento a vítimas de


.3

trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) 


87

Art. 310-A (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, II - trabalho em unidades de pronto-socorro de
.2

de 2012) hospitais da rede pública que recebem vítimas de


63

Art. 311 Trafegar em velocidade incompatível com acidente de trânsito e politraumatizados; (Incluído


-4

a segurança nas proximidades de escolas, hos- pela Lei nº 13.281, de 2016) 


pitais, estações de embarque e desembarque de
es

III - trabalho em clínicas ou instituições especia-


passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja lizadas na recuperação de acidentados de trânsi-
ed

grande movimentação ou concentração de pessoas, to; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) 


gu

gerando perigo de dano: IV - outras atividades relacionadas ao resgate,


Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
a

atendimento e recuperação de vítimas de acidentes


lv

de trânsito.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) 


si

Mais um crime de menor potencial ofensivo e de


an

perigo concreto. Para que o motorista responda pelo


O juiz deverá, quando a pena for substituída por
Lu

crime não é necessário que ele esteja com excesso de


restritiva de direitos, fazer ser de prestação de serviço à
velocidade, basta que essa velocidade seja incompatí-
comunidade ou a entidades públicas, nas atividades de
vel com a segurança, podendo causar um dano futuro.
atendimento e recuperação de vitimados pelo trânsito.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Assim, não é exigido que a prova seja realizada por


meio de radares ou equivalentes, podendo ser realiza-
da por provas testemunhais. ÓRGÃO DE ESPECIALIZAÇÃO DO LOCAL DE
Sobre a prova testemunhal, assim decidiu o TJ-RS TRABALHO TRABALHO
RC 71004813481 RS (TJ-RS) 30/05/2014: “Validade do Corpo de
depoimento do policial para embasar a condenação Vítimas de acidente de trânsito
bombeiros
porque, até prova em contrário, trata-se de pessoa
idônea e que merece credibilidade, não se verifican- Pronto-socorro
Vítimas de acidente de trânsito
do, ainda, que tivesse qualquer motivo para realizar público
uma falsa imputação contra o réu”. Clínica Recuperação de acidentados de
Se no local da velocidade incompatível com a segu- especializada trânsito
rança não existe nas proximidades escolas, hospitais
Atividades de Atendimento e recuperação de
(...) e grande concentração de pessoas, pode haver des-
classificação do Crime do art.311 do CTB para o delito resgate vítimas de acidente de trânsito 9
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Art. 312-B Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o disposto no inciso
I do caput do art. 44 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

Novo dispositivo: os crimes de lesão corporal e homicídio culposo qualificados (crimes que envolvem ingestão
de substância psicoativa) do CTB não caberão mais a possibilidade de substituição por penas restritivas de direi-
to. Essa nova normativa contraria o CTB que faz previsão de possibilidade de aplicação das penas restritivas de
direitos para crimes culposos.

LEI FEDERAL Nº 9.099/1995 (LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS)


A Lei 9.099/1995 é a grande responsável pela disposição referente aos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
Ela foi criada com o objetivo de dar celeridade aos procedimentos judiciais menores, uma vez que, desprovidos
de complexidade, são passíveis de ser submetidos a uma legislação especial.
Para iniciarmos, é de suma importância seu conhecimento referente ao disposto no texto constitucional, em
especial no artigo 98, inciso I e parágrafo 1º:

Art. 98 A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento
e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recur-
sos por turmas de juízes de primeiro grau; (...)
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (...)
Nota-se que para disciplinar o texto constitucional, criou-se a Lei 9.099/1995.

Diante da base constitucional, podemos adentrar na Lei em estudo, partindo do artigo 1º:

Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua
competência.

Com isso, orientar-se-á os processos pelos critérios da simplicidade, oralidade, economia processual, informa-
lidade e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. Para que você assimile bem tais
critérios, observe o fluxograma, de acordo com artigo 62:
5
-3

Critérios
68
.3
87
.2

Informalidade Simplicidade
63
-4
es
ed
gu
a

Economia
lv

Oralidade
si

Processual
an
Lu

Celebridade

O critério da simplicidade reflete, dentre outras características, a desnecessidade de expedição de cartas pre-
catórias para realizar diligências em localidades distintas. Outro ponto importante é que o procedimento dos
juizados especiais dispensa a citação por edital, ou seja, a citação será sempre pessoal.

DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

O Juizado Especial Criminal será composto por juízes leigos ou togados, que possuem competência para julga-
mento, conciliação e execução das infrações penais, possuindo menor potencial ofensivo, respeitadas as regras
de conexão e continência. 
Juiz Togado: é um magistrado de carreira, lotado no Juizado Especial.
Juiz Leigo: é um auxiliar da justiça recrutado, sendo advogados com mais de cinco anos de experiência, em
10 regra.
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Na reunião de processos, perante o juízo comum superior a dois anos, desde que não cumulada com
ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das multa, são considerados infrações penais de menor
regras de conexão e continência, observar-se-ão os potencial ofensivo, para fins de aplicação da lei de
institutos da transação penal e da composição dos regência.
danos civis, conforme o artigo 60, parágrafo único.
Portanto, qual a composição do Juizado Especial ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Criminal? Lembrem-se: é composto por juízes leigos
ou togados. Conforme artigo 61, consideram-se infrações penais
de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
Competência do Juizado Especial Criminal Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
Com relação à competência do Juizado Especial cumulada ou não com multa. Resposta: Errado.
Criminal, trata-se de uma atribuição, visando o jul-
gamento, a execução e a conciliação das infrações Competência Territorial do Juizado Especial Criminal
penais que possuam o menor potencial ofensivo,
respeitadas as regras de conexão e continência.
A competência do Juizado deverá ser determinada
De acordo com art. 61, consideram-se infrações
pelo lugar em que foi praticada a infração penal, con-
penais de menor potencial ofensivo os crimes em que
a Lei apresente pena máxima não superior a 2 anos, forme o artigo 63. Portanto, a teoria adotada para a fixa-
cumulada ou não com multa. Além disso, há, também, ção da competência dos Juizados Especiais Criminais é
contravenções penais. a teoria da atividade, a qual leva em conta o lugar em
Para te ajudar na assimilação do conteúdo, obser- que foi praticada a ação e não a ocorrência do resultado.
ve a tabela a seguir: Como exemplo, imagine que Pedregundo, imputá-
vel, escreve uma carta, em Cascavel/PR, contendo pala-
vras injuriosas contra Frenesvalda, que mora em Foz
INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
de Iguaçu/PR. Em ato contínuo, o sujeito ativo (Pedre-
Crimes com pena máxima gundo) remete a carta ao destinatário, Frenesvalda, a
até 2 (dois) anos qual é sujeito passivo do crime de injúria. Verifica-se,
Exemplo: Desacato - Art. portanto, que Pedregundo praticou a ação em Casca-
As Contravenções Penais 331 - Desacatar funcioná- vel/PR, então a justiça competente é o Juizado Especial
Exemplo: Jogo do bicho. rio público no exercício da Criminal de Cascavel/PR, tendo em vista que o crime
função ou em razão dela: de injúria é uma infração de menor potencial ofensivo,
Pena - detenção, de seis me- por ter uma pena de detenção de um a seis meses.
ses a dois anos, ou multa.
Vejamos o artigo 64 in verbis:
Ademais, é de suma importância ver os critérios
5
orientadores do Juizado Especial Criminal, que será Art. 64º Os atos processuais serão públicos e pode-
-3

guiado pelo critério da informalidade, simplicidade,


68

rão realizar-se em horário noturno e em qualquer


oralidade, economia processual, celeridade processual,
.3

dia da semana, conforme dispuserem as normas de


tendo, como grande enfoque, a reparação dos danos
87

organização judiciária.
que foram sofridos pelas vítimas e, como consequên-
.2

cia, a aplicação de pena não privativa de liberdade.


63

Dos Atos Processuais


Importante destacar que a Lei nº 9.099/95 cria os
-4

Juizados Especiais Cíveis e Criminais e possui a com-


Serão validados os atos processuais sempre que
es

petência, conforme já estudado, para processar e jul-


existirem e preencherem as finalidades para as quais
ed

gar as infrações de menor potencial ofensivo. Nesse


foram realizados, valendo ressaltar que deverão aten-
gu

mesmo sentido, a Lei nº 10.259/01 cria o Juizado Espe-


cial Criminal Federal, que tratará das infrações de der aos critérios de oralidade, simplicidade, informa-
a

lidade, economia processual e celeridade (art. 62).


lv

menor potencial ofensivo, de competência da Justiça


si

Federal, nos termos:


an

Artigo 65 [...]
Lu

Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Cri- § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
minal processar e julgar os feitos de competência tenha havido prejuízo. Poderá ser solicitado por
da Justiça Federal relativos às infrações de menor qualquer meio hábil de comunicação, a prática de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

potencial ofensivo, respeitadas as regras de cone- atos processuais, como por exemplo, correios.
xão e continência
Parágrafo único. Na reunião de processos, peran- Ademais, em regra, será objeto de registro escri-
te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente to, exclusivamente, os atos havidos por essenciais. No
da aplicação das regras de conexão e continência,
entanto, possuímos uma exceção que corresponde à
observar-se-ão os institutos da transação penal e
da composição dos danos civis. audiência de instrução e julgamento, que autoriza
que o ato seja gravado em fita magnética ou equi-
valente (§ 3º).
Com relação à citação do acusado, ela se dará de
EXERCÍCIO COMENTADO forma pessoal e far-se-á no próprio Juizado quando
existir a possibilidade de sua realização em cartório.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2011) As contravenções penais Mas, quando não for possível, será realizada por meio
e os crimes a que a lei comine pena máxima não de oficial de justiça. 11
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Art. 65 [...] Art. 70 Comparecendo o autor do fato e a vítima,
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para e não sendo possível a realização imediata da
ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes audiência preliminar, será designada data próxi-
ao Juízo comum para adoção do procedimento pre- ma, da qual ambos sairão cientes.
visto em lei.
Caso ocorra a ausência do comparecimento de qual-
quer dos envolvidos, será providenciado, pela Secretaria,
Vejamos o artigo 66 in verbis:
a intimação e, se for o caso, a do responsável civil (Art.71).
Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no próprio
Ademais, na audiência preliminar, quando esti-
Juizado, sempre que possível, ou por mandado. ver presente o representante do Ministério Público, a
vítima e o autor do fato e, se possível, o responsável
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para civil, serão acompanhados por seus advogados. O Juiz
ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes realizará o esclarecimento sobre a possibilidade da
ao Juízo comum para adoção do procedimento pre- autocomposição, referente aos danos e da aceitação
visto em lei. da proposta de aplicação imediata de pena não priva-
tiva de liberdade, vide art. 72.
A intimação será expedida na forma de corres-
pondência, devendo conter o aviso de recebimento Art. 73 A conciliação será conduzida pelo Juiz ou
pessoal ou, no caso de pessoa jurídica ou firma indi- por conciliador sob sua orientação.
vidual, será efetuado mediante entrega ao encarrega- Parágrafo único: Os conciliadores são auxiliares da
do da recepção, que deverá, de forma obrigatória, ser Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferente-
identificado ou, sendo necessário, por oficial de jus-
mente entre bacharéis em Direito, excluídos os que
tiça, no entanto, independentemente de mandado ou
exerçam funções na administração da Justiça Criminal.
carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo
de comunicação, conforme dispõe o art. 67. Os atos
praticados em audiência considerar-se-ão desde logo Auxiliares da justiça
cientes as partes, os interessados e defensores. Recrutados na forma de lei local
Conciliadores
Art. 68 A de intimação do autor do fato e do man- Preferencialmente bacharéis em
dado de citação do acusado, deverá ser constado direito
a necessidade do comparecimento, além de uma Excluídos os que exerçam fun-
informação referente a conduta de levar advogado, ções na admnistração da Justiça
com a finalidade de ser acompanhado, tendo como Criminal
a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á desig-
nado defensor público.
A composição civil dos danos é a proposta reali-
zada pelo autor do fato à vítima, a fim de promover
5
Termo Circunstanciado
-3

a reparação dos prejuízos causados a ela. Se a vítima


68

O termo circunstanciado (TCO) é um procedimen- aceitar, após a homologação pelo juiz, haverá renún-
.3

to administrativo inquisitivo que deverá ser lavrado cia do direito à queixa, extinguindo-se a punibilidade
87

na apuração das infrações penais de menor potencial nos crimes de ação privada pública condicionada a
.2

ofensivo. O TCO compreende todas as características de representação e ação penal privada.


63

um inquérito policial. Vejamos o que dispõe o art. 69:


-4

Art. 74 A composição dos danos civis será reduzida


es

Art. 69 A autoridade policial ao tomar conheci- a escrito e, homologada pelo Juiz mediante senten-
ed

mento da ocorrência, deverá lavrar o termo cir- ça irrecorrível, terá eficácia de título a ser executa-
gu

cunstanciado e enviá-lo imediatamente ao Juizado, do no juízo civil competente.


com o autor do fato e a vítima, providenciando-se
a
lv

as requisições dos exames periciais necessários.


Reduzida a escrito
si

Parágrafo único: Ao autor do fato que, após a lavra-


an

tura do termo, for imediatamente encaminhado ao


juizado ou assumir o compromisso de a ele com-
Lu

Composição Homologada pelo juiz em sentença


parecer, não se imporá prisão em flagrante, nem dos Danos Civis irrecorrível
se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica,
o juiz poderá determinar, como medida de cautela,
seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi- Eficácia de título executivo judicial
vência com a vítima.

Tendo em vista o disposto no final do parágrafo No caso de não ocorrer a composição dos danos
único, cabe ressaltar, que não é possível aplicar a Lei civis, será concedida, de forma imediata, ao ofendido,
nº 9.099 nos crimes e contravenções praticados em a oportunidade de exercer o direito de representação
situação de violência doméstica, uma vez que estes verbal, que deverá ser reduzida a termo (art. 75).
somente se procedem por inquérito policial. Esse é o
entendimento jurisprudencial do STF e STJ. Art. 75 [...]
Caso o suposto autor do fato não queira assinar o Parágrafo único. O não oferecimento da represen-
termo circunstanciado de ocorrência, será lavrado o tação na audiência preliminar não implica deca-
auto de prisão em flagrante e será arbitrada fiança dência do direito, que poderá ser exercido no prazo
12 caso necessário. previsto em lei.
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EXERCÍCIO COMENTADO Importante!
1. (CESPE-CEBRASPE – 2015) No que concerne ao direi- A imposição da sanção, não constará de certidão
to penal, julgue o próximo item. de antecedentes criminais, salvo para os fins pre-
É vedada a prisão em flagrante do autor de contraven- vistos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos
ção penal de menor potencial ofensivo, cujo procedi- civis, cabendo aos interessados propor ação cabí-
mento apuratório é inaugurado mediante a lavratura vel no juízo cível, de acordo com o art. 76, § 6º.
de termo circunstanciado.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Conforme artigo 69, parágrafo único, o autor do fato


EXERCÍCIO COMENTADO
que, após a lavratura do termo circunstanciado, for
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A polícia civil de determi-
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
nado município deflagrou operação a fim de investigar
compromisso de a ele comparecer, não se imporá pri-
a exploração ilícita de jogo do bicho, promovida pelos
são em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de denominados banqueiros. Constatou-se que os cha-
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como mados recolhedores usavam motocicletas para coletar
medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio apostas em municípios vizinhos. Identificadas as moto-
ou local de convivência com a vítima. Resposta: Certo. cicletas usadas, o Ministério Público estadual requereu
a busca e apreensão dos veículos, o que foi deferido
Transação Penal pelo juízo competente. Intimado, Antônio, dono de uma
das motocicletas e recolhedor de apostas, compareceu
A transação penal é um instituto despenalizador à delegacia, ocasião em que firmou compromisso de
do direito processual penal e compreende um tipo posterior comparecimento ao juízo criminal e entregou
de acordo realizado entre o autor da infração e o o veículo, após lavratura do competente termo circuns-
Ministério Público. Nesse acordo, serão estabelecidas tanciado. Na audiência preliminar, o representante do
determinações e condições para que se proceda com o Ministério Público apresentou proposta de transação
arquivamento do processo. penal a Antônio: pagamento de dez cestas básicas a
No caso de existir a representação ou tratando-se uma instituição de caridade. A proposta foi aceita e
de crime de ação penal pública incondicionada e não devidamente homologada pelo juízo. Comprovado o
sendo caso de arquivamento, poderá o Ministério cumprimento da proposta, foi proferida sentença extin-
Público propor a aplicação imediata de pena res- tiva da punibilidade de Antônio. Na mesma sentença, o
tritiva de direitos ou multas, a ser especificada na magistrado acolheu manifestação do Ministério Públi-
proposta (art. 76). co e decretou o confisco da motocicleta de Antônio.
Súmula Vinculante 35 do STF: A homologação da Com referência a essa situação hipotética, julgue o
transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 item a seguir, considerando os institutos inerentes
5
-3

não faz coisa julgada material e, descumpridas suas à Lei nº 9.099/1995 e o entendimento dos tribunais
68

cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitan- superiores acerca da matéria.


.3

do-se ao Ministério Público a continuidade da perse- A homologação de transação penal faz coisa julgada
87

cução penal mediante oferecimento de denúncia ou material e, dessa forma, mesmo que cláusulas acor-
.2

requisição de inquérito policial. dadas sejam descumpridas, inviabiliza a ocorrência de


63

Vale destacar que o Juiz poderá reduzir, até a posterior requisição de inquérito policial.
-4

metade, a pena de multa (§ 1º).


es

Ademais, para que o autor faça jus ao instituto da ( ) CERTO  ( ) ERRADO
ed

transação penal, ele deverá preencher os requisitos


gu

do § 2º do artigo 76, não sendo admitida a proposta se Com base na súmula vinculante 35 do STF, a homo-
ficar comprovado: logação da transação penal, prevista no artigo 76
a
lv

da Lei 9.099/1995, não faz coisa julgada material


si

I - ter sido o autor da infração condenado, pela e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situa-
an

prática de crime, à pena privativa de liberdade, por ção anterior, possibilitando, ao Ministério Público,
sentença definitiva; a continuidade da persecução penal, mediante ofe-
Lu

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no recimento de denúncia ou requisição de inquérito


prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restri- policial. Resposta: Errado.
tiva ou multa, nos termos deste artigo;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

III - não indicarem os antecedentes, a conduta


social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, ser necessária e sufi-
ciente a adoção da medida. LEI FEDERAL Nº 11.340/2006 (LEI
MARIA DA PENHA)
Será submetida à apreciação do Juiz, a aceitação
da proposta pelo autor da infração e seu defensor. A Lei nº 11.340/06, amplamente conhecida por Lei
No caso de ser acolhida a proposta do Ministério Maria da Penha, nasceu por força de uma recomenda-
Público e for aceita pelo autor da infração, o Juiz apli- ção ao Brasil, feita pela Comissão de Direitos Huma-
cará a pena restritiva de direitos ou multa, que não nos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/
importará em reincidência, sendo registrada apenas OEA), no sentido de criar mecanismos para coibir a
para impedir, novamente, o mesmo benefício no pra- violência doméstica e familiar contra a mulher con-
zo de 5 (cinco) anos, cabendo apelação, vide art. 76 § 4º. forme artigo 1. 13
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A Lei Maria da Penha tem essa denominação em DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma
farmacêutica-bioquímica cearense, que sobreviveu a Vejamos a literalidade do artigo 3:
duas tentativas de homicídio por parte de seu mari-
Art. 3 Serão asseguradas às mulheres as condi-
do: a primeira, com um tiro nas costas que a deixou
ções para o exercício efetivo dos direitos à vida, à
paraplégica, e a segunda, por eletrocussão no chuvei- segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à
ro. Após 20 anos sem que houvesse o julgamento do cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao espor-
agressor, Maria da Penha recorreu à CIDH/OEA, que te, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade,
entendeu que houve grave omissão no caso e con- à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
denou o Brasil a indenizar a vítima, promover com comunitária.
celeridade o julgamento do agressor e a implementar § 1º O poder público desenvolverá políticas que
visem garantir os direitos humanos das mulheres
uma legislação protetiva contra a violência doméstica
no âmbito das relações domésticas e familiares no
e familiar contra a mulher. sentido de resguardá-las de toda forma de negligên-
cia, discriminação, exploração, violência, cruelda-
INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI MARIA DA PENHA de e opressão.
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público
Trata-se de uma lei que tem grande influência criar as condições necessárias para o efetivo exer-
sobre outros dispositivos legais, conforme veremos. cício dos direitos enunciados no caput.
A Lei Maria da Penha foi inovadora em muitos
aspectos. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER
Principais inovações da Lei Maria da Penha, Lei nº
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violên-
11.340/06
cia doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
z Tipificou e definiu a violência doméstica e familiar morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológi-
contra a mulher (art. 5º). co e dano moral ou patrimonial:
z Considerou as condições peculiares das mulheres I - no âmbito da unidade doméstica, compreen-
em situação de violência doméstica e familiar (art. dida como o espaço de convívio permanente de
4). pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
z Definiu as formas de violência doméstica e fami- esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a
liar contra a mulher: física, psicológica, sexual,
comunidade formada por indivíduos que são ou se
patrimonial e moral (art. 7º). consideram aparentados, unidos por laços natu-
z Determinou que a violência doméstica contra a rais, por afinidade ou por vontade expressa;
mulher independe de classe, raça, etnia, orienta- III - em qualquer relação íntima de afeto, na
ção sexual, renda, cultura, nível educacional, ida- qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
5
-3

de e religião (art. 2º e art. 5º). ofendida, independentemente de coabitação.


68

z Determinou que a renúncia à representação só Parágrafo único. As relações pessoais enuncia-


.3

pode ser feita em audiência especialmente desig- das neste artigo independem de orientação
87

sexual.
nada para tal finalidade (art. 16).
.2

z Nos casos de violência doméstica e familiar contra


63

De acordo com art. 5º, não visa tratar de qualquer


a mulher, proibiu as penas de prestação de cesta
-4

violência contra mulher, mas sim, a violência contra


básica ou outra prestação pecuniária, assim como a mulher ocorrida no âmbito da unidade domés-
es

a possibilidade da substituição da pena pelo paga- tica, no âmbito da família, ou ainda em qualquer
ed

mento isolado de multa (art. 17). relação íntima de afeto.


gu

z Garantiu às mulheres em situação de violência É importante saber que, para que haja a aplica-
a

doméstica e familiar o acesso à Defensoria Pública ção da Lei Maria da Penha, você deve observar se a
lv

ou à Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da situação se configura em violência doméstica ocor-
si

lei, tanto em sede policial quanto judicial, devendo rida nos termos do art. 5º da lei. Assim, no caso de
an

o tratamento ser específico e humanizado (art. 28). ex namorado que agride a mulher por causa do fim do
Lu

z Possibilitou ao juiz o decreto de prisão preventiva namoro incide a Lei Maria da Penha.
do agressor quando houver riscos à integridade Entretanto, se a violência ocorreu por motivo que
física ou psicológica da vítima (art. 20). não envolva o término do relacionamento não inci-
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de dem os dispositivos da Lei Maria da Penha. Ou seja,
para que se dê a aplicação da Lei nº 11.340/06 devem
urgência que obrigam o agressor (art. 22), dentre
estar presentes os seguintes pressupostos de forma
elas a suspensão da posse ou restrição do porte de
cumulativa:
armas do agressor, assim como seu afastamento
do lar e a proibição da aproximação e do contato. z vítima mulher; e
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de z violência praticada nos termos do art. 5º da Lei nº
urgência à ofendida (art. 23), dentre as quais o enca- 11.340/06.
minhamento para programa de proteção; a recondu-
ção ao domicílio após o afastamento do agressor etc. Veja que a incidência da Lei Maria da Penha inde-
pende da orientação sexual dos envolvidos, ou seja,
Vamos então analisar os pontos mais relevantes da numa relação homoafetiva feminina haverá a aplica-
14 Lei Maria da Penha. ção dos dispositivos da Lei nº 11.340/06. Em relações
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homoafetivas masculinas não há previsão de incidên- z Violência psicológica
cia da Lei Maria da Penha.
Vale ressaltar que o homem pode ser vítima de vio- „ Qualquer conduta que cause dano emocional e
lência doméstica e familiar porém, não será aplicado a diminuição da autoestima, entre outras formas
lei Maria da Penha e sim, responderá por outros crimes. de prejuízo à saúde psicológica
Conforme o art. 6º, a violência doméstica e fami- „ Exemplos: ameaças, perseguição, constrangi-
liar contra a mulher constitui uma das formas de vio- mento, humilhação, manipulação, isolamento
lação dos direitos humanos: (proibir de sair de casa ou de falar com outras
pessoas ou parentes), vigilância constante
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a
mulher constitui uma das formas de violação dos z Violência Sexual
direitos humanos.
„ Qualquer conduta que atinja os direitos sexuais
As formas de violência doméstica e familiar contra
e reprodutivos
a mulher encontram-se dispostas no art. 7º da Lei nº
„ Exemplos: estupro (inclusive entre marido e
11.340/06:
mulher), impedir o uso de anticoncepcionais,
forçar a abortar, obrigar a se prostituir
I - a violência física, entendida como qualquer
conduta que ofenda sua integridade ou saúde
corporal; z Violência patrimonial
II - a violência psicológica, entendida como
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e „ Qualquer qualquer conduta que configure
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique retenção, subtração, destruição parcial ou
e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
degradar ou controlar suas ações, comportamen- documentos pessoais, bens, valores e direitos
tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constran- ou recursos econômicos
gimento, humilhação, manipulação, isolamento, „ Exemplos: apropriar-se do salário, controlar o
vigilância constante, perseguição contumaz, insul- dinheiro, destruir documentos pessoais, causar
to, chantagem, violação de sua intimidade, ridicu- danos a objetos dos quais a vítima goste.
larização, exploração e limitação do direito de ir e
vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
saúde psicológica e à autodeterminação;
z Violência moral
III - a violência sexual, entendida como qualquer
conduta que a constranja a presenciar, a manter „ Qualquer conduta que configure calúnia, difa-
ou a participar de relação sexual não desejada, mação ou injúria
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da „ Exemplos: rebaixar a vítima por meio de xin-
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de gamentos que atingem sua índole, tentar man-
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de char a reputação, expor a vida íntima
5
usar qualquer método contraceptivo ou que a force
-3

ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prosti-


68

DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO


tuição, mediante coação, chantagem, suborno ou
.3

manipulação; ou que limite ou anule o exercício de


87

Vide o artigo 8 in verbis:


seus direitos sexuais e reprodutivos;
.2

IV - a violência patrimonial, entendida como


63

qualquer conduta que configure retenção, subtra- Art. 8º A política pública que visa coibir a violência
-4

ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins- doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por
meio de um conjunto articulado de ações da União,
es

trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
ed

valores e direitos ou recursos econômicos, incluin-


do os destinados a satisfazer suas necessidades; de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
gu

V - a violência moral, entendida como qualquer I - a integração operacional do Poder Judiciário, do


a

conduta que configure calúnia, difamação ou Ministério Público e da Defensoria Pública com as
lv

injúria. áreas de segurança pública, assistência social, saú-


si

de, educação, trabalho e habitação;


an

II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas


Dica
Lu

e outras informações relevantes, com a perspectiva


Em relação às formas de violência, previstas no de gênero e de raça ou etnia, concernentes às cau-
art. 7º, vale uma leitura mais cuidadosa, uma vez sas, às conseqüências e à freqüência da violência
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

doméstica e familiar contra a mulher, para a siste-


que a banca pode exigir a letra da lei.
matização de dados, a serem unificados nacional-
mente, e a avaliação periódica dos resultados das
Acompanhe a seguir as cinco formas de violência
medidas adotadas;
doméstica e familiar contra a mulher, acompanhadas III - o respeito, nos meios de comunicação social,
de alguns exemplos. dos valores éticos e sociais da pessoa e da família,
de forma a coibir os papéis estereotipados que legi-
z Violência física timem ou exacerbem a violência doméstica e fami-
liar, de acordo com o estabelecido no inciso III do
„ Qualquer conduta que ofenda a integridade ou art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art.
a saúde corporal da mulher 221 da Constituição Federal ;
„ Exemplos: tapas, socos, espancamento, atirar obje- IV - a implementação de atendimento policial espe-
tivos, apertar os braços, estrangular, lesionar com cializado para as mulheres, em particular nas Dele-
objetos como facas ou armas de fogo, queimar gacias de Atendimento à Mulher; 15
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
V - a promoção e a realização de campanhas edu- § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão,
cativas de prevenção da violência doméstica e fami- violência física, sexual ou psicológica e dano moral
liar contra a mulher, voltadas ao público escolar e ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir
à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sis-
instrumentos de proteção aos direitos humanos tema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela
das mulheres; SUS, os custos relativos aos serviços de saúde pres-
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajus- tados para o total tratamento das vítimas em situa-
tes, termos ou outros instrumentos de promoção ção de violência doméstica e familiar, recolhidos os
de parceria entre órgãos governamentais ou entre recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do
estes e entidades não-governamentais, tendo por ente federado responsável pelas unidades de saúde
objetivo a implementação de programas de erra- que prestarem os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de
dicação da violência doméstica e familiar contra a 2019) (Vigência)
mulher; § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e em caso de perigo iminente e disponibilizados para
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei- o monitoramento das vítimas de violência domés-
ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às tica ou familiar amparadas por medidas proteti-
áreas enunciados no inciso I quanto às questões de vas terão seus custos ressarcidos pelo agressor.
gênero e de raça ou etnia; (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
VIII - a promoção de programas educacionais que § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à deste artigo não poderá importar ônus de qual-
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de quer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus
gênero e de raça ou etnia; dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar
possibilidade de substituição da pena aplicada.
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos
(Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
§ 7º A mulher em situação de violência domésti-
direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça
ca e familiar tem prioridade para matricular seus
ou etnia e ao problema da violência doméstica e
dependentes em instituição de educação básica
familiar contra a mulher.
mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los
para essa instituição, mediante a apresentação dos
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE documentos comprobatórios do registro da ocor-
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR rência policial ou do processo de violência domésti-
ca e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882,
O artigo 9º traz sobre a assistência à mulher em de 2019)
situação de violência: § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus
dependentes matriculados ou transferidos confor-
Art. 9º A assistência à mulher em situação de vio- me o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às
lência doméstica e familiar será prestada de forma informações será reservado ao juiz, ao Ministério
articulada e conforme os princípios e as diretrizes Público e aos órgãos competentes do poder público.
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
5
-3

no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de


68

Segurança Pública, entre outras normas e políticas Os artigos 10 ao 12-C trazem as principais condu-
.3

públicas de proteção, e emergencialmente quando tas que devem ser tomadas pelas autoridades policiais
87

for o caso. ao enfrentar situações de violência doméstica contra


.2

§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclu- a mulher, entre elas a proteção policial; encaminha-
63

são da mulher em situação de violência doméstica e mento ao hospital/IML; encaminhamento para assis-
-4

familiar no cadastro de programas assistenciais do tência jurídica; acompanhamento até o domicílio para
governo federal, estadual e municipal.
es

eventual retirada de bens. Destaque para a possibili-


§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de dade do delegado de polícia afastar o agressor do lar,
ed

violência doméstica e familiar, para preservar sua domicílio ou local de convivência com a vítima, incluí-
gu

integridade física e psicológica: da pela Lei nº 13.827/19.


a

I - acesso prioritário à remoção quando servido-


lv

ra pública, integrante da administração direta ou Art. 10-A É direito da mulher em situação de vio-
si

indireta; lência doméstica e familiar o atendimento policial e


an

II - manutenção do vínculo trabalhista, quando pericial especializado, ininterrupto e prestado por


Lu

necessário o afastamento do local de trabalho, por servidores - preferencialmente do sexo feminino -


até seis meses. previamente capacitados.
III - encaminhamento à assistência judiciária, § 1º A inquirição de mulher em situação de violên-
quando for o caso, inclusive para eventual ajuiza- cia doméstica e familiar ou de testemunha de vio-
mento da ação de separação judicial, de divórcio, lência doméstica, quando se tratar de crime contra
de anulação de casamento ou de dissolução de a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
união estável perante o juízo competente. (Incluído I - salvaguarda da integridade física, psíquica
pela Lei nº 13.894, de 2019) e emocional da depoente, considerada a sua con-
§ 3º A assistência à mulher em situação de violên- dição peculiar de pessoa em situação de violência
cia doméstica e familiar compreenderá o acesso doméstica e familiar;
aos benefícios decorrentes do desenvolvimento II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a
científico e tecnológico, incluindo os serviços de mulher em situação de violência doméstica e
contracepção de emergência, a profilaxia das Doen- familiar, familiares e testemunhas terão con-
ças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndro- tato direto com investigados ou suspeitos e
me da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros pessoas a eles relacionadas;
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos III - não revitimização da depoente, evitando
16 casos de violência sexual. sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos
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âmbitos criminal, cível e administrativo, bem Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
como questionamentos sobre a vida privada. liar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de vio- com competência cível e criminal, poderão ser cria-
lência doméstica e familiar ou de testemunha de dos pela União, no Distrito Federal e nos Territó-
delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferen- rios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento
cialmente, o seguinte procedimento e a execução das causas decorrentes da prática de
I - a inquirição será feita em recinto especialmente violência doméstica e familiar contra a mulher.
projetado para esse fim, o qual conterá os equipa- Parágrafo único. Os atos processuais poderão rea-
mentos próprios e adequados à idade da mulher em lizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
situação de violência doméstica e familiar ou teste- as normas de organização judiciária.
munha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação
II - quando for o caso, a inquirição será interme- de divórcio ou de dissolução de união estável no
diada por profissional especializado em violência Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
doméstica e familiar designado pela autoridade Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
judiciária ou policial; § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Vio-
III - o depoimento será registrado em meio eletrôni- lência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pre-
co ou magnético, devendo a degravação e a mídia tensão relacionada à partilha de bens. (Incluído
integrar o inquérito. pela Lei nº 13.894, de 2019)
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e
O art. 10-A cuida do atendimento da vítima, que familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou
deve ser feito pelos policiais e peritos especializados, de dissolução de união estável, a ação terá prefe-
que deve ser prestado de forma ininterrupta e por rência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº
servidores previamente capacitados, preferencial- 13.894, de 2019)
mente do sexo feminino. A mulher vítima de violência Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para
doméstica deve ser acolhida, protegida e respeitada os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
no ambiente policial. I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
Art. 11 No atendimento à mulher em situação de III - do domicílio do agresso
violência doméstica e familiar, a autoridade poli-
cial deverá, entre outras providências: MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
I - garantir proteção policial, quando necessário,
comunicando de imediato ao Ministério Público e As medidas protetivas de urgência encontram-se
ao Poder Judiciário; previstas na Lei Maria da Penha à partir do art. 18.
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou pos-
Os pontos mais relevantes no que diz respeito às
to de saúde e ao Instituto Médico Legal;
medidas protetivas são:
III - fornecer transporte para a ofendida e
seus dependentes para abrigo ou local seguro,
quando houver risco de vida; z Podem ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
5
-3

IV - se necessário, acompanhar a ofendida Ministério Público ou a pedido da vítima;


68

para assegurar a retirada de seus pertences z Tem o prazo de até 48 horas após o recebimento
.3

do local da ocorrência ou do domicílio familiar; pelo juiz para serem concedidas, mas podem ser
87

V - informar à ofendida os direitos a ela confe- determinadas de imediato;


.2

ridos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclu- z Podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulati-
63

sive os de assistência judiciária para o eventual va, podendo ser substituídas, caso necessário;
-4

ajuizamento perante o juízo competente da ação z A intimação ou notificação ao agressor não pode
de separação judicial, de divórcio, de anulação de
es

ser entregue pela vítima (fato que era muito


casamento ou de dissolução de união estável.
ed

comum antes do advento da Lei Maria da Penha).


gu

Ainda em relação à atuação do Delegado de Polí- Vejamos agora o artigo 19 in verbis:


a

cia, devemos observar dois pontos importantes: a


lv

representação pela prisão preventiva e o afastamento


si

Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão


do agressor do lar pela autoridade policial.
an

ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Minis-


Em relação à prisão preventiva, conforme dispõe o
Lu

tério Público ou a pedido da ofendida.


art. 20, pode ser concedida em qualquer fase do inqué- § 1º As medidas protetivas de urgência poderão
rito policial ou da instrução criminal, sendo decretada ser concedidas de imediato, independentemen-
de ofício pelo juiz, a requerimento do MP ou mediante
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

te de audiência das partes e de manifestação do


representação da autoridade policial. Ministério Público, devendo este ser prontamente
comunicado.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 2º As medidas protetivas de urgência serão apli-
cadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser
Vejamos os artigos 13, 14 e 15 in verbis: substituídas a qualquer tempo por outras de maior
eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução Lei forem ameaçados ou violados.
das causas cíveis e criminais decorrentes da prática § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério
de violência doméstica e familiar contra a mulher Público ou a pedido da ofendida, conceder novas
aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
Penal e Processo Civil e da legislação específica concedidas, se entender necessário à proteção da
relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio,
não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. ouvido o Ministério Público. 17
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As medidas protetivas de urgência dividem-se em III - suspensão das procurações conferidas pela
duas categorias: as medidas protetivas de urgência ofendida ao agressor;
que obrigam o agressor (art. 22) e as medidas proteti- IV - prestação de caução provisória, mediante depó-
vas de urgência direcionadas à ofendida (art 23 e 24). sito judicial, por perdas e danos materiais decor-
A Lei nº 11.340/06 optou por listar nos menciona- rentes da prática de violência doméstica e familiar
dos artigos algumas medidas (mais comuns) fazendo contra a ofendida.
a ressalva que outras podem ser tomadas. Veja abaixo Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
competente para os fins previstos nos incisos II e
quais são as medidas que a lei elenca (a lista é aberta,
III deste artigo.
pode ser acrescida de outras), lembrando que podem
ser aplicadas em conjunto ou separadamente.
De acordo com art 21, a vítima “ deverá ser notifica-
da dos atos processuais relativos ao agressor, especial-
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
mente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão,
Agressor (art. 22)
sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou
I - suspensão da posse ou restrição do porte de
do defensor público”.
armas, com comunicação ao órgão competente, nos Para garantir a efetivação das medidas protetivas
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; de urgência, o juiz pode requisitar força policial (art.
II - afastamento do lar, domicílio ou local de 22, §3º da Lei nº 11.340/06).
convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS
as quais: PROTETIVAS DE URGÊNCIA
a) aproximação da ofendida, de seus familia-
res e das testemunhas, fixando o limite mínimo A Lei nº 13.641/18 acrescentou o art. 24-A a Lei
de distância entre estes e o agressor; Maria da Penha, que passou a tratar do crime de des-
b) contato com a ofendida, seus familiares e tes- cumprimento de decisão judicial e deferiu medidas
temunhas por qualquer meio de comunicação; protetivas, com a seguinte redação:
c) frequentação de determinados lugares a fim
de preservar a integridade física e psicológica da
Art. 24-A Descumprir decisão judicial que defere
ofendida;
medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
IV - restrição ou suspensão de visitas aos
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
dependentes menores, ouvida a equipe de aten-
§ 1º A configuração do crime independe da competên-
dimento multidisciplinar ou serviço similar;
cia civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.
V - prestação de alimentos provisionais ou
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas
provisórios.
a autoridade judicial poderá conceder fiança.
VI – comparecimento do agressor a programas
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação
de recuperação e reeducação; e (Incluído
de outras sanções cabíveis.
pela Lei nº 13.984, de 2020)
VII – acompanhamento psicossocial do agres-
5
A adoção deste dispositivo foi uma forma de
-3

sor, por meio de atendimento individual e/ou em


68

grupo de apoio. emprestar maior força à aplicação das medidas pro-


tetivas. Merece destaque o fato desse crime somente
.3
87

Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida ser afiançável pelo juiz, afastando a hipótese de fiança
.2

(arts. 23 e 24) pelo Delegado de Polícia.


63

Por fim, cabe destacar o que prevê o art. 41 da Lei


-4

Art. 23 Poderá o juiz, quando necessário, sem pre- nº 11.340/06:


es

juízo de outras medidas:


I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a Art. 41 Aos crimes praticados com violência domés-
ed

programa oficial ou comunitário de proteção ou de tica e familiar contra a mulher, independentemente


gu

atendimento; da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26


a

II - determinar a recondução da ofendida e a de de setembro de 1995.


lv

seus dependentes ao respectivo domicílio, após


si

afastamento do agressor; Tendo em vista a gravidade dos crimes cometidos


an

III - determinar o afastamento da ofendida do lar, contra a mulher nas situações da Lei Maria da Penha,
Lu

sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda o legislador optou por afastar a incidência da Lei nº
dos filhos e alimentos; 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais, que beneficiaria
IV - determinar a separação de corpos. o agressor em vários aspectos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofen-
dida em instituição de educação básica mais próxi-
ma do seu domicílio, ou a transferência deles para
essa instituição, independentemente da existência de
EXERCÍCIOS COMENTADOS
vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
Art. 24 Para a proteção patrimonial dos bens da 1. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei no 11.340/2006
sociedade conjugal ou daqueles de propriedade (Lei Maria da Penha), é correto afirmar que
particular da mulher, o juiz poderá determinar,
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: a) é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica
I - restituição de bens indevidamente subtraídos e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou
pelo agressor à ofendida; outras de prestação pecuniária, bem como a substitui-
II - proibição temporária para a celebração de atos e ção de pena que implique o pagamento isolado de multa.
contratos de compra, venda e locação de proprieda- b) em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução cri-
18 de em comum, salvo expressa autorização judicial; minal, caberá a prisão temporária do agressor, decretada
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pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público a) a violência doméstica e familiar contra a mulher consti-
ou mediante representação da autoridade policial. tui uma das formas de violação dos direitos humanos.
c) a ofendida deverá ser notificada dos atos processuais b) tal norma não é aplicável aos crimes praticados com
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao violência doméstica e familiar contra crianças e ado-
ingresso e à saída da prisão, sendo desnecessária a inti- lescentes de sexo feminino.
mação do advogado constituído ou do defensor público. c) não caracteriza violência moral a conduta que configu-
d) é direito da mulher em situação de violência doméstica re calúnia, difamação ou injúria contra a mulher.
e familiar o atendimento policial e pericial especializa- d) é permitida a aplicação, nos casos de violência
do, ininterrupto e prestado por servidores – exclusiva- doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
mente do sexo feminino. cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
e) as medidas protetivas de urgência somente poderão como a substituição de pena que implique o pagamen-
ser concedidas pelo juiz, após representação do Dele- to isolado de multa.
gado de Polícia ou a requerimento do Ministério Públi- e) aplica-se a Lei n.º 9.099/1995 – Juizados Especiais
co, desde que com anuência da ofendida. Cíveis e Criminais – aos crimes praticados com violên-
cia doméstica e familiar contra a mulher.
A alternativa A está correta pois apresenta correta-
mente o texto do art. 17 da Lei nº 11.340/06 segundo Conforme vimos, de acordo com o art. 6º da Lei nº
o qual “é vedada a aplicação, nos casos de violência 11.340/06 a violência doméstica e familiar contra a
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de mulher constitui uma das formas de violação dos
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem direitos humanos. A alternativa B está incorreta
como a substituição de pena que implique o pagamen- porque a lei não faz qualquer ressalva, sendo apli-
to isolado de multa.” A letra B está incorreta pois tro- cada nos crimes cometidos contra mulheres sejam
ca prisão “provisória”, prevista na lei, pela expressão elas crianças, adolescentes ou idosas. A letra C está
“temporária”. A alternativa C está errada, pois altera incorreta, pois o conceito de violência moral engloba
qualquer conduta que configure calúnia, difamação
a redação do art. 21 ao afirmar “sendo desnecessária
ou injúria. A alternativa D está errada, pois a lei proí-
a intimação do advogado constituído ou do defensor
be a aplicação de tais penas, conforme dispõe o art.
público”. A alternativa D está incorreta por afirmar
17. Por fim, a alternativa E está incorreta pois a Lei
que o atendimento policial e pericial é feito por servi-
Maria da Penha, em seu art. 41 veda expressamente
dores “exclusivamente” do sexo feminio; a lei fala em
a aplicação da Lei nº 9.099/95. Resposta: Letra A.
“preferencialmente”. Por fim, a letra E está errada por
afirmar que as medidas protetivas somente serão con-
4. (VUNESP — 2019) Nos termos do que reza a Lei Maria
cedidas com a “anuência da ofendida”, o que é desne-
da Penha, nos casos de violência doméstica e familiar
cessário nos termos da lei. Resposta: Letra A.
contra a mulher, é vedada, expressamente, a aplica-
ção, entre outras, de penas
2. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei no 11.340/2006
(Lei Maria da Penha):
a) de cesta básica.
b) de privação de liberdade
5
-3

a) a mulher vítima será inquirida sempre com interme- c) de prestação de serviços à comunidade.
68

diação de profissional do sexo feminino especializa- d) de detenção.


.3

do em violência doméstica e familiar designado pela e) de reclusão.


87

autoridade judiciária ou policial.


.2

b) é direito da mulher em situação de violência domés- A alternativa A apresenta corretamente a única veda-
63

tica e familiar o atendimento pericial especializado, ção relacionada à pena, constante no art. 17 da Lei nº
-4

ininterrupto e prestado por servidores exclusivamente 11.340/06: “Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos
do sexo feminino.
es

de violência doméstica e familiar contra a mulher, de


c) é direito da mulher em situação de violência doméstica
ed

penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniá-


e familiar o atendimento policial e pericial especializa- ria, bem como a substituição de pena que implique o
gu

do, ininterrupto e prestado por servidores, preferencial- pagamento isolado de multa.” Resposta: Letra A.
a

mente do sexo feminino e previamente capacitados.


lv

d) é direito da mulher em situação de violência domés-


si

5. (VUNESP — 2019) Conforme dispõe a Lei Maria da


tica e familiar o atendimento policial especializado,
an

Penha, a conduta que configure calúnia, difamação


ininterrupto e prestado por servidores exclusivamente ou injúria contra a mulher deve ser entendida como
Lu

do sexo feminino. violência


e) a mulher vítima será inquirida sempre com intermedia-
ção de profissional especializado em violência domés- a) implícita.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tica e familiar designado pela autoridade judiciária ou b) mental.


policial. c) moral.
d) legal.
Nesta questão, o examinador quer verificar seu e) psicológica.
conhecimento literal do art. Art. 10-A. “É direito da
mulher em situação de violência doméstica e fami- A banca examinadora visou testar seu conhecimento
liar o atendimento policial e pericial especializado, sobre as formas de violência doméstica e familiar con-
ininterrupto e prestado por servidores – preferen- tra a mulher, mais especificamente a violência moral,
cialmente do sexo feminino - previamente capacita- prevista no art. 7º da Lei nº 11.340/06. De acordo com
dos.” Resposta: Letra C. o referido artigo, são formas de violência doméstica
e familiar contra a mulher: “V - a violência moral,
3. (VUNESP — 2014) À luz da Lei n.º 11.340/2006 – Lei entendida como qualquer conduta que configure calú-
Maria da Penha, é correto afirmar que nia, difamação ou injúria.” Resposta: Letra C. 19
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Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso
LEI FEDERAL N.º 11.343/2006 (LEI DE estritamente ritualístico-religioso.
DROGAS) Parágrafo único: Pode a União autorizar o plantio,
a cultura e a colheita dos vegetais referidos na lei,
A Lei nº 11.343/2006 apresenta, como sua vertente exclusivamente para fins medicinais ou científicos,
de estrutura central, o Sistema Nacional de Políticas em local e prazo predeterminados, mediante fiscali-
Públicas sobre Drogas (SISNAD), prescrevendo medi- zação, respeitadas as ressalvas supramencionadas.
das de prevenção do uso indevido dessas substâncias,
além de promover a atenção e a reinserção social aos
usuários e dependentes e, ainda, estabelecer normas
de repressão à produção não autorizada e ao tráfico EXERCÍCIO COMENTADO
ilícito de drogas (art. 1º).
1. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Quanto a conceitos e
definições legais relativos ao tráfico ilícito de drogas e
Importante! afins e a fatores que o impulsionam no contexto brasi-
leiro, julgue o item a seguir.
Consideram-se drogas as substâncias ou os pro- Conforme previsão legal, com vistas a fortalecer a
dutos capazes de causar dependência, assim atividade repressiva, para fins de apreensão policial, o
especificados em lei ou relacionados em listas conceito de droga deve ser o mais amplo possível.
atualizadas, periodicamente, pelo Poder Executi-
vo da União (Parágrafo único, art. 1º). ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Podemos destacar que a Lei de Drogas é uma nor- Consideram-se como drogas as substâncias ou os
ma penal em branco, ou seja, ela necessita de um produtos capazes de causar dependência, assim
complemento que traga a definição do que são drogas. especificados em lei ou relacionados em listas atua-
Essa complementação adveio por meio da portaria1 lizadas periodicamente pelo Poder Executivo da
SVS/MS de nº 344, de 12 de maio de 1998, que traz os prin- União (art. 1º, parágrafo único). Resposta: Errado.
cípios ativos das substâncias que poderão ser enquadra-
das como drogas e, consequentemente, a tipificação da SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
conduta do agente nos crimes elencados nesta Lei. SOBRE DROGAS
A previsão legal de que a referida Lei é uma norma
penal em branco heterogênea provem do art. 1º, pará- O SISNAD é o conjunto ordenado de princípios,
grafo único, combinado com o art. 66. regras, critérios e recursos materiais e humanos que
envolvem as políticas, planos, programas, ações e pro-
Art. 66 Para fins do disposto no parágrafo único jetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, o
do art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Esta-
terminologia da lista mencionada no precei-
5
dos, Distrito Federal e Municípios (§ 1º do art. 3º)
-3

to, denominam-se drogas substâncias entor-


De acordo com o art. 3º, tem, como finalidade, arti-
68

pecentes, psicotrópicas, precursoras e outras


cular, integrar, organizar e coordenar as atividades
.3

sob controle especial, da Portaria SVS/MS no


87

344, de 12 de maio de 1998. relacionadas com:


.2

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políti-


63

cas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas


A prevenção do uso indevido,
-4

para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção a atenção e a reinserção social


social de usuários e dependentes de drogas; estabele-
es

de usuários e dependentes de
ce normas para repressão à produção não autorizada drogas
ed

e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.


Sisnad
gu

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se


como drogas as substâncias ou os produtos capa-
a

A repressão da produção não


lv

zes de causar dependência, assim especificados em autorizada e do tráfico ilícito


si

lei ou relacionados em listas atualizadas periodica- de drogas


an

mente pelo Poder Executivo da União.


Lu

Consoante ao artigo 2º da Lei nº 11.343/2006, é per- § 2° O Sisnad atuará em articulação com o Siste-
mitido o uso de substâncias psicotrópicas derivadas ma Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de
das plantas de uso estritamente ritualístico-religioso Assistência Social - SUAS.
quando for utilizada para essa finalidade. Um exem-
plo de planta, com substâncias psicotrópicas, usada
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SISNAD
para ritual religioso é a Ayahuasca (sando – daime).
O art. 4º estabelece os princípios do SISNAD.
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacio-
nal, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a
colheita e a exploração de vegetais e substratos dos I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa
quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, humana, especialmente quanto à sua autonomia e
ressalvada a hipótese de autorização legal ou regu- à sua liberdade;
lamentar, bem como o que estabelece a Convenção II - o respeito à diversidade e às especificidades
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias populacionais existentes;

1  Você pode encontrar a lista das substâncias previstas na portaria no link a seguir: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/1998/
20 prt0344_12_05_1998_rep.html
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III - a promoção dos valores éticos, culturais e de I - formular e coordenar a execução da Política
cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os Nacional sobre Drogas;
como fatores de proteção para o uso indevido de II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre
drogas e outros comportamentos correlacionados; Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal,
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla Municípios e a sociedade;
participação social, para o estabelecimento dos III - coordenar o Sisnad;
fundamentos e estratégias do Sisnad; IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e fun-
V - a promoção da responsabilidade compartilhada cionamento do Sisnad e suas normas de referência;
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a impor- V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas,
tância da participação social nas atividades do prioridades, indicadores e definir formas de finan-
Sisnad; ciamento e gestão das políticas sobre drogas;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos VIII - promover a integração das políticas sobre dro-
fatores correlacionados com o uso indevido de dro- gas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
gas, com a sua produção não autorizada e o seu IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Muni-
tráfico ilícito; cípios, a execução das políticas sobre drogas, obser-
VII - a integração das estratégias nacionais e inter- vadas as obrigações dos integrantes do Sisnad;
nacionais de prevenção do uso indevido, atenção e X - estabelecer formas de colaboração com Estados,
reinserção social de usuários e dependentes de dro- Distrito Federal e Municípios para a execução das
gas e de repressão à sua produção não autorizada políticas sobre drogas;
e ao seu tráfico ilícito; XI - garantir publicidade de dados e informações
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério sobre repasses de recursos para financiamento das
Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visan- políticas sobre drogas;
do à cooperação mútua nas atividades do Sisnad; XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento,
reconheça a interdependência e a natureza com- reinserção social e econômica e repressão ao tráfi-
co ilícito de drogas;
plementar das atividades de prevenção do uso
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes
indevido, atenção e reinserção social de usuários e
transfronteiriços;
dependentes de drogas, repressão da produção não
XIV - estabelecer uma política nacional de controle
autorizada e do tráfico ilícito de drogas;
de fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas
X - a observância do equilíbrio entre as atividades
no País.
de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas e de
ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO,
repressão à sua produção não autorizada e ao seu
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o
DEPENDENTES DE DROGAS
bem-estar social;
XI - a observância às orientações e normas emana-
Da Prevenção
das do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
5
O art. 5º, por sua vez, estabelece os objetivos
-3

do SISNAD. Art. 18 Constituem atividades de prevenção do uso


68

I - contribuir para a inclusão social do cidadão, indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas
.3

direcionadas para a redução dos fatores de vulne-


visando a torná-lo menos vulnerável a assumir
87

rabilidade e risco e para a promoção e o fortaleci-


comportamentos de risco para o uso indevido de
.2

mento dos fatores de proteção.


drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos
63

Art. 19 As atividades de prevenção do uso indevido


correlacionados;
-4

de drogas devem observar os seguintes princípios


II - promover a construção e a socialização do
e diretrizes:
es

conhecimento sobre drogas no país;


I - o reconhecimento do uso indevido de drogas
ed

III - promover a integração entre as políticas de pre-


como fator de interferência na qualidade de vida
gu

venção do uso indevido, atenção e reinserção social


do indivíduo e na sua relação com a comunidade à
de usuários e dependentes de drogas e de repressão
qual pertence;
a

à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e


lv

II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamen-


si

as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder


tação científica como forma de orientar as ações
an

Executivo da União, Distrito Federal, Estados e dos serviços públicos comunitários e privados e de
Municípios;
Lu

evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e


IV - assegurar as condições para a coordenação, dos serviços que as atendam;
a integração e a articulação das atividades de que III - o fortalecimento da autonomia e da responsa-
trata o art. 3º desta Lei.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

bilidade individual em relação ao uso indevido de


Possuindo os princípios e objetivos, podemos afir- drogas;
mar que a organização do Sisnad assegura a orien- IV - o compartilhamento de responsabilidades e a
tação central e a execução descentralizada das colaboração mútua com as instituições do setor pri-
atividades realizadas em seu âmbito e nas esferas vado e com os diversos segmentos sociais, incluindo
federal, distrital, estadual e municipal e se constitui usuários e dependentes de drogas e respectivos fami-
matéria definida no regulamento desta Lei de Dro- liares, por meio do estabelecimento de parcerias;
gas (art. 7º). V - a adoção de estratégias preventivas diferencia-
das e adequadas às especificidades socioculturais
COMPETÊNCIAS das diversas populações, bem como das diferentes
drogas utilizadas;
O art. 8º-A estabelece as competências da União VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retar-
com relação à política de combate às drogas. Para fins damento do uso” e da redução de riscos como
de prova, basta a leitura atenta dos incisos. resultados desejáveis das atividades de natureza 21
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preventiva, quando da definição dos objetivos a de vida e à redução dos riscos e dos danos associa-
serem alcançados; dos ao uso de drogas.
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas
mais vulneráveis da população, levando em consi- Art. 20 Constituem atividades de atenção ao usuá-
deração as suas necessidades específicas; rio e dependente de drogas e respectivos familiares,
VIII - a articulação entre os serviços e organiza- para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria
ções que atuam em atividades de prevenção do uso da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos
indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e danos associados ao uso de drogas.
dependentes de drogas e respectivos familiares;
IX - o investimento em alternativas esportivas, cul- Ademais, as atividades de reinserção social do
turais, artísticas, profissionais, entre outras, como usuário ou do dependente de drogas e respectivos
forma de inclusão social e de melhoria da qualida- familiares, para efeito desta Lei, são aquelas direcio-
de de vida; nadas para a sua integração ou reintegração em
X - o estabelecimento de políticas de formação con- redes sociais. Ou seja, um dos maiores objetivos da
tinuada na área da prevenção do uso indevido de Política Nacional de Drogas é a reinserção do usuário
drogas para profissionais de educação nos 3 (três) ao convívio social e familiar.
níveis de ensino;
XI - a implantação de projetos pedagógicos de pre- Art. 21 Constituem atividades de reinserção social
venção do uso indevido de drogas, nas instituições do usuário ou do dependente de drogas e respecti-
de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes vos familiares, para efeito desta Lei, aquelas dire-
Curriculares Nacionais e aos conhecimentos rela- cionadas para sua integração ou reintegração em
cionados a drogas; redes sociais.
XII - a observância das orientações e normas ema-
nadas do Conad; Já, de acordo com o artigo 22, as atividades descri-
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de tas no artigo anterior deverão respeitar princípios e
controle social de políticas setoriais específicas diretrizes previamente fixados, sendo:

I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas,


independentemente de quaisquer condições, obser-
Importante! vados os direitos fundamentais da pessoa humana,
As atividades de prevenção do uso indevido os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
e da Política Nacional de Assistência Social;
de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
II - a adoção de estratégias diferenciadas de aten-
deverão estar em consonância com as diretrizes ção e reinserção social do usuário e do dependente
emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos de drogas e respectivos familiares que considerem
da Criança e do Adolescente – Conanda. (Art. as suas peculiaridades socioculturais;
19, parágrafo único.) III - definição de projeto terapêutico individualiza-
do, orientado para a inclusão social e para a redu-
5
-3

ção de riscos e de danos sociais e à saúde;


68

Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas IV - atenção ao usuário ou dependente de dro-


.3

gas e aos respectivos familiares, sempre que pos-


87

Criou-se a Semana Nacional de Políticas sobre Dro- sível, de forma multidisciplinar e por equipes
.2

gas, comemorada anualmente na quarta semana de multiprofissionais;


63

junho, data em que visa a intensificação de ações de: V - observância das orientações e normas emana-
das do Conad;
-4

Art. 19-A [...] VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de con-


es

I - difusão de informações sobre os problemas trole social de políticas setoriais específicas.


ed

decorrentes do uso de drogas; VII - estímulo à capacitação técnica e profissional;


gu

II - promoção de eventos para o debate público (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
sobre as políticas sobre drogas; VIII - efetivação de políticas de reinserção social
a

voltadas à educação continuada e ao trabalho;


lv

III - difusão de boas práticas de prevenção, trata-


si

mento, acolhimento e reinserção social e econômi- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - observância do plano individual de atendimen-
an

ca de usuários de drogas;
to na forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei
Lu

IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas


de prevenção do uso indevido de drogas; nº 13.840, de 2019)
V - mobilização da comunidade para a participação X - orientação adequada ao usuário ou dependente
nas ações de prevenção e enfrentamento às drogas; de drogas quanto às consequências lesivas do uso
VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos de drogas, ainda que ocasional. (Incluído pela Lei
na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de nº 13.840, de 2019)
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na reali- Art. 23 As redes dos serviços de saúde da União,
zação de atividades de prevenção ao uso de drogas. dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
desenvolverão programas de atenção ao usuário e
ao dependente de drogas, respeitadas as diretrizes
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO,
do Ministério da Saúde e os princípios explicitados
ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orça-
ECONÔMICA DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE mentária adequada.
DROGAS Art. 23-A O tratamento do usuário ou dependen-
te de drogas deverá ser ordenado em uma rede de
É essencial destacar que as atividades de atenção atenção à saúde, com prioridade para as modalida-
ao usuário e dependente de drogas e respectivos fami- des de tratamento ambulatorial, incluindo excep-
22 liares são aquelas que visam à melhoria da qualidade cionalmente formas de internação em unidades de
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saúde e hospitais gerais nos termos de normas dis- terá seu término definido por determinação
postas pela União e articuladas com os serviços de médica;
assistência social e em etapas que permitam: „ A família ou o representante legal poderá reque-
I - articular a atenção com ações preventivas que rer a interrupção da internação/tratamento.
atinjam toda a população;
II - orientar-se por protocolos técnicos predefini-
dos, baseados em evidências científicas, oferecendo
atendimento individualizado ao usuário ou depen- Importante!
dente de drogas com abordagem preventiva e, sem- A internação, em qualquer de suas modalidades,
pre que indicado, ambulatorial;
só será indicada quando os recursos extra-hospi-
III - preparar para a reinserção social e econômica,
respeitando as habilidades e projetos individuais talares se mostrarem insuficientes.
por meio de programas que articulem educação,
capacitação para o trabalho, esporte, cultura e
acompanhamento individualizado; Todas as internações e altas deverão ser informa-
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sis- das, em, no máximo, 72 (setenta e duas) horas, ao
nad, de forma articulada. Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros
Portanto, caberá à União dispor sobre os protoco- órgãos de fiscalização, por meio de sistema informa-
los técnicos de tratamento, em âmbito nacional. tizado único, sendo garantido o sigilo das informa-
Já a internação de dependentes de drogas somen- ções disponíveis no sistema e o acesso será permitido
te será realizada em unidades de saúde ou hospi- apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena
tais gerais, dotados de equipes multidisciplinares e de responsabilidade, de acordo com o § 7º.
deverá ser obrigatoriamente autorizada por médi-
co devidamente registrado no Conselho Regional de
Medicina - CRM do Estado onde se localize o esta- § 9º É vedada a realização de qualquer modalida-
belecimento no qual se dará a internação, vide art. de de internação nas comunidades terapêuticas
23-A, § 2º. acolhedoras.

As medidas de internação só serão realizadas DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO


quando os recursos extra-hospitalares demonstrarem
insuficiência na solução do problema. Sendo assim, O plano individual de atendimento visa o atendi-
estas devem ser comunicadas (tanto as internações mento ao usuário ou dependente de drogas na rede de
quanto as altas) ao Ministério Público, à Defensoria atenção à saúde e dependerá de avaliação prévia por
Pública e aos demais órgãos de fiscalização no prazo equipe multidisciplinar e multissetorial e Elabora-
máximo de 72 horas. ção de um Plano Individual de Atendimento – PIA
É importante destacar que há dois tipos de inter- (Art. 23-B).
nação, vide § 3º do art. 23-A, sendo elas: A avaliação prévia, que consta no art. 23-B, será
utilizada como base para elaborar um plano terapêu-
z Internação voluntária – aquela que se dá com o tico de cada indivíduo e deverá levantar, no mínimo,
5
consentimento do dependente de drogas. O usuá- o tipo de droga e padrão de uso, bem como o risco à
-3

rio, por livre manifestação de vontade, consen- saúde física e mental do usuário.
68

te com a internação. A manifestação de vontade Já o PIA deverá contemplar a participação dos fami-
.3

deverá ser realizada por declaração escrita. O tér-


87

liares ou responsáveis, os quais têm o dever de contri-


mino da internação poderá ser dado:
.2

buir com o processo, sendo esses, no caso de crianças


63

„ Por determinação médica; e adolescentes, passíveis de responsabilização civil,


„ Por solicitação escrita daquele que estiver em
-4

administrativa e criminal, além de ser, inicialmente,


tratamento. elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica
es

do primeiro projeto terapêutico que atender o usuário


ed

z Internação involuntária – aquela que se dá sem ou dependente de drogas e será atualizado ao longo
gu

o consentimento do dependente. Trata-se de um das diversas fases do atendimento (§§ 3° e 4°).


caso mais extremo, no qual a internação é rea-
a

Preenchido os requisitos, deverão constar, no


lv

lizada a pedido (devidamente fundamentado e plano individual, no mínimo, os elementos listados


si

demonstrados os motivos que justificam a medida abaixo:


an

de internação) de familiar ou do responsável legal


Lu

ou, na falta destes, de servidor público da área de I - os resultados da avaliação multidisciplinar;


saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
integrantes do Sisnad. II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

pela Lei nº 13.840, de 2019)


Consoante, dispõem os §§ 4º e 5° do art. 23-A. III - a previsão de suas atividades de integração
Outros detalhes da internação involuntária merecem social ou capacitação profissional; (Incluído pela
destaque: Lei nº 13.840, de 2019)
IV - atividades de integração e apoio à família;
„ A internação involuntária só será realizada (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
após formalização de decisão médica, que V - formas de participação da família para efetivo
deverá indicar o tipo de droga, o padrão de uso, cumprimento do plano individual; (Incluído pela
bem como justificar, devidamente, a impossibi- Lei nº 13.840, de 2019)
lidade de se utilizar meios alternativos que não VI - designação do projeto terapêutico mais ade-
sejam a internação; quado para o cumprimento do previsto no plano; e
„ A internação terá prazo máximo de 90 dias, (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
porém só deverá ser realizada pelo tempo VII - as medidas específicas de atenção à saúde do
necessário à desintoxicação do internado e atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 23
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) z Bem jurídico tutelado ou objetividade jurídica
dias da data do ingresso no atendimento (§ 6º). As — a Saúde Pública colocada em risco pelo compor-
informações colhidas na avaliação serão considera- tamento do usuário: Não se pune o porte da droga
das sigilosas. para o uso próprio em função da proteção à saú-
Com o fim de incentivar a reinserção do usuário de do agente, mas em razão do mal potencial que
e dependente de drogas no mercado de trabalho, a pode gerar à coletividade;
União, os Estados, o DF e os Municípios poderão con- z Sujeito ativo — aquele que pratica a conduta pre-
ceder benefícios às instituições privadas, vide art. 24. vista como crime: Pode ser qualquer pessoa, ou
Vale destacar que, segundo o art. 25, as instituições seja, crime comum.
da sociedade civil sem fins lucrativos, com atuação z Sujeito passivo — aquele que sofre a conduta pre-
nas áreas de atenção à saúde e de assistência social, vista como crime: É a coletividade, ou seja, crime
que atendam usuários ou dependentes de drogas, vago.
poderão receber recursos do Fundo Nacional Anti- z Conceito de crime vago — é aquele que tem, por
drogas (FUNAD), condicionados à sua disponibilidade sujeito passivo, uma entidade destituída de perso-
orçamentária e financeira. nalidade jurídica, como a sociedade, o público, a
família etc.
z Uso pretérito — não se pune o agente se for sur-
DOS CRIMES E DAS PENAS
preendido usando ou logo depois de usar a droga,
sem possibilidade de se usar a droga em seu poder.
Este tópico é o mais importante para fins de pro- z Elemento subjetivo — o crime é punido a título de
va. Portanto, preste, sempre, muita atenção a todos os dolo mais fim especial (consumo próprio).
aspectos da Lei de Drogas, principalmente aos polêmi- z Consumação — consuma-se com prática de qual-
cos, a fim de que você tenha sucesso nas respostas das quer um dos núcleos: quem adquirir, guardar,
questões resolvidas. tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo.
z Crime de Perigo Abstrato — para a maioria, o
Art. 27 As penas previstas neste Capítulo poderão crime é de perigo abstrato (crime absolutamente
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem previsto em lei).
como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
Ministério Público e o defensor.
O eminente jurista, Guilherme de Souza Nucci,
rotula o art. 28 da Lei nº 11.343/2006 como de “ínfimo
O art. 27 é autoexplicativo. As penas poderão ser potencial ofensivo”, tendo em vista que, mesmo sendo
aplicadas de forma isolada ou cumulativamente, inviável, no caso concreto, a transação penal, ainda
cabendo a sua substituição. que reincidente o agente e com maus antecedentes ou
O art. 28 já nos traz um importante dispositivo da péssima conduta social, jamais será aplicada a pena
Lei de Drogas, pois criminalizada a conduta de posse privativa liberdade, mas penas alternativas, com
de drogas para consumo pessoal. Veja: medidas assecuratórias de cumprimento.
Já no que correspondem às penas:
5
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósi-
-3

to, transportar ou trouxer consigo, para consumo I - advertência sobre os efeitos das drogas;
68

pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo II - prestação de serviços à comunidade;


.3

com determinação legal ou regulamentar será sub- III - medida educativa de comparecimento à pro-
87

metido às seguintes penas grama ou curso educativo.


.2

I - advertência sobre os efeitos das drogas; § 2º Para determinar se a droga se destinava a


63

II - prestação de serviços à comunidade; consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à


-4

III - medida educativa de comparecimento a pro- quantidade da substância apreendida, ao local e


es

grama ou curso educativo. às condições em que se desenvolveu a ação, às


circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
ed

O § 1º equipara, ainda, a conduta de quem, para conduta e aos antecedentes do agente.


gu

seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plan- § 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput
a

deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de


tas destinadas à preparação de pequena quan-
lv

5 (cinco) meses.
si

tidade de substância ou produto capaz de causar


§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos
an

dependência física ou psíquica. incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
A título de exemplo, podemos citar o agente que
Lu

pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.


cultiva pequena quantidade para consumo pessoal no
quintal de sua casa. No que tange às penas de prestação de serviços à
comunidade, medida educativa de comparecimento à
programa ou curso educativo, serão aplicadas pelo pra-
Importante! zo máximo de 5 (cinco) meses e, em caso de reinci-
dência, será aplicado pelo prazo máximo de 10 (dez)
O STF decidiu (RE 430.105-9-RJ) que houve a
meses (§§ 2º e 3º). Ademais, imposição e a execução
despenalização da conduta do art. 28 da Lei de
das penas prescrevem em 2 (dois) anos (Art. 30).
Drogas, uma vez que a conduta é criminosa, mas
não se admite a submissão à pena privativa de § 5º A prestação de serviços à comunidade será
liberdade para os referidos tipos. cumprida em programas comunitários, entidades
educacionais ou assistenciais, hospitais, estabeleci-
mentos congêneres, públicos ou privados sem fins
Quanto a este entendimento, há posições doutriná- lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da
rias divergentes. Para a sua prova, no momento, o que prevenção do consumo ou da recuperação de usuá-
24 importa é o posicionamento do STF. rios e dependentes de drogas.
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O § 6º dita que para garantia do cumprimento das PLANTAÇÕES ILÍCITAS DROGAS ILÍCITAS
medidas educativas, a que injustificadamente se recu-
se o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente Quando ocorre a
destruição?
a admoestação verbal e/ou multa.
R.: Depois da Determina-
De acordo com o Art. 29, correspondente à imposi- Quando ocorrerá a ção Judicial, a Autoridade
ção da medida educativa de multa, o juiz, atendendo à destruição? Policial tem um prazo de
reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias- R.: Imediatamente. 15 dias para destruir a
-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quaren- droga na presença do mi-
ta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a nistério público e da auto-
cada um, segundo a capacidade econômica do agen- ridade sanitária.
te, o valor de 1/30 até 3 (três) vezes o valor do maior
salário mínimo, sendo creditados à conta do Fundo Se a destruição for realizada mediante queimada,
Nacional Antidrogas. não é necessária a autorização do Sistema Nacional
Em 2014, o STF decidiu, acerca da impossibilidade do Meio Ambiente (Sisnama). As glebas cultivadas
de imposição de medida de internação a adolescente, com plantação ilícitas serão expropriadas.
que cometa ato infracional análogo ao crime do art. 28.
DOS CRIMES
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E Um dos artigos mais importantes a ser estudado
AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS na análise da Lei de Drogas é o art. 33, o qual trata
crime de Tráfico de Drogas. Esse é um crime que
Em alguns casos excepcionais, a Lei permite utili- prevê diversas condutas, sendo: importar, exportar,
zação de drogas ou matérias-primas destinadas à sua remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
preparação. Tais casos, obviamente, necessitarão de vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
autorização prévia do Poder Público, mediante licen-
ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro-
ça, na forma da Lei. Neste sentido, prevê o art. 31: gas. Trata-se, pois, de um tipo misto alternativo: se o
agente incorrer em mais de uma conduta, não respon-
Art. 31 É indispensável a licença prévia da auto- de por concurso de crimes.
ridade competente para produzir, extrair, fabricar,
transformar, preparar, possuir, manter em depósi- Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
to, importar, exportar, reexportar, remeter, trans- duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
portar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
matéria-prima destinada à sua preparação, obser-
autorização ou em desacordo com determinação
vadas as demais exigências legais
5
legal ou regulamentar:
-3

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e


68

A previsão legal da destruição das plantações ilíci- pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui-
.3

tas está no artigo 32 e, da destruição das drogas ilíci- nhentos) dias-multa.


87

tas, no artigo 50, da lei em estudo.


.2
63

A destruição das drogas apreendidas sem a ocor-


Importante!
-4

rência de prisão em flagrante será feita por incinera-


ção, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados Incorre no delito do art. 33 o agente que pratica as
es

da data da apreensão, guardando-se amostra neces- condutas previstas ainda que de forma gratuita.
ed

sária à realização do laudo definitivo.


gu
a

O delito do art. 33 possui as seguintes características:


lv

Art. 32 As plantações ilícitas serão imediatamente


si

destruídas pelo delegado de polícia, que recolhe-


z Bem jurídico tutelado ou objetividade jurídi-
an

rá quantidade suficiente para exame pericial, de


ca: saúde pública (tutela imediata) e saúde indivi-
Lu

tudo lavrando auto de levantamento das condições


dual das pessoas que integram a sociedade (tutela
encontradas, com a delimitação do local, assegura-
imediata).
das as medidas necessárias para a preservação da
z Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

prova. z Sujeito passivo: a coletividade (crime vago).


z Conduta: o artigo 33 possui 18 (dezoito) condutas,
A seguir, montamos uma tabela trazendo as dife- sendo considerado, pela doutrina, como crime de
renças e a literalidade dos artigos mencionados: ação múltipla ou conteúdo variado e, também, cri-
me plurinuclear.
PLANTAÇÕES ILÍCITAS DROGAS ILÍCITAS z Importante: mesmo que o agente pratique, no
mesmo contexto fático e, sucessivamente, mais de
Quem pode destruir? Quem pode destruir? uma ação típica (ex.: importa, guarda e vende), por
R.: Delegado de Polícia. R.: Delegado de Polícia. força do princípio da alternatividade, responderá
por crime único. O juiz deve considerar a plura-
Precisa de Autorização Precisa de Autorização
lidade de núcleos na fixação da pena. Faltando
Judicial? Judicial?
proximidade comportamental entre as várias con-
R.: Não. R.: Sim.
dutas, haverá concurso de crimes. 25
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Equivale à ausência de autorização o desvio de Apologia ao Uso de Drogas
autorização, ainda que regularmente concedida.
Para a Jurisprudência, a dificuldade de subsistên- A conduta prevista no § 2º do art. 33 foi descrimi-
cia por meios lícitos decorrentes de doença, embora nalizada por incompatibilidade de manifestação do
grave, não justifica apelo ao recurso ilícito, moral- pensamento assegurada pela Constituição.
mente reprovável e socialmente perigoso, de se entre-
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao
gar o agente ao comércio de drogas.
uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)
Outra decisão importante do STF relaciona-se ao fato Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa
de configurar crime, previsto no art. 33, em sua forma de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
consumada, a simples negociação da entrega das drogas
por meio de telefone (HC 212.528-SC, Rel. Min. Nefi Cor- Cessão Gratuita de Droga para Consumo Conjunto
deiro, julgado em 1/9/2015, DJe 23/9/2015).
O § 1º do art. 33 estabelece as condutas equiparada A disposição acerca da cessão gratuita de droga
ao tráfico de drogas, incorrendo, nas mesmas penas para consumo conjunto pode ser localizada no arti-
do caput, aquele que praticá-las. go 33, parágrafo 3º da Lei 11.343/2006, dispondo que
oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adqui- lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
re, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em consumirem, terá uma pena de detenção, de 6 (seis)
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos)
que gratuitamente, sem autorização ou em desa- a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
cordo com determinação legal ou regulamentar, Perceba os requisitos para que se concretize a con-
matéria-prima, insumo ou produto químico desti- duta do oferecimento a título gratuito:
nado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autori- z Oferecimento de forma eventual de droga para
zação ou em desacordo com determinação legal pessoa íntima;
ou regulamentar, de plantas que se constituam em
z Ausência de lucro (deve ser oferecimento a título
gratuito);
matéria-prima para a preparação de drogas;
z Para consumo conjunto (a famosa “rodinha” para
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de
uso de drogas)
que tem a propriedade, posse, administração, guar-
da ou vigilância, ou consente que outrem dele se „ Exemplo: um amigo que oferece droga ao
utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização outro, gratuitamente, para juntos consumirem
em uma “festinha”.
ou em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
TRÁFICO PRIVILEGIADO
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima,
insumo ou produto químico destinado à preparação
O tráfico privilegiado, causa especial de diminui-
5
de drogas, sem autorização ou em desacordo com a
-3

ção de pena, está disposto no artigo 33, § 4º, prevendo


determinação legal ou regulamentar, a agente poli-
68

que, nos delitos definidos no caput e no § 1º deste arti-


cial disfarçado, quando presentes elementos proba-
.3

go, as penas poderão ser reduzidas de 1/6 (um sexto)


87

tórios razoáveis de conduta criminal preexistente. a 2/3 (dois terços), desde que o agente seja primário,
.2

de bons antecedentes, não se dedique às atividades


63

Para o enquadramento nos crimes equiparados, criminosas nem integre organização criminosa.
-4

não é necessário que a substância já contenha o efeito


da droga. Para isso, basta que a autoridade e o Minis- § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º des-
es

tério Público concluam que a substância se destina ao te artigo, as penas poderão ser reduzidas de um
ed

preparo da droga. sexto a dois terços, vedada a conversão em penas


gu

Em contrapartida a este entendimento, há decisão restritivas de direitos , desde que o agente seja primá-
a

do STF acerca do não enquadramento em conduta rio, de bons antecedentes, não se dedique às ativida-
lv

equiparada no caso de posse de sementes da planta des criminosas nem integre organização criminosa
si

cannabis sativa (maconha):


an

Tráfico privilegia-
Lu

A Turma entendeu que a matéria-prima ou insu- do (art. 33, 84°)


mo deve ter condições e qualidades químicas que
permitam, mediante transformação ou adição, por
exemplo, a produção da droga ilícita. Não é esse o
caso das sementes da planta cannabis sativa, as
Redução de 1/6 (um sexto)
quais não possuem a substância psicoativa THC.
a (2/3 dois terços)
(HC – 144161). (Informativo 915, Segunda Turma)

Dica!
Agente Não se dedique às
De acordo com o entendimento do STJ, não é primário atividades criminosas
possível a aplicação do princípio da insignificân- nem integre organização
cia nos delitos de tráfico de drogas e porte de criminosa
substâncias entorpecentes para consumo, pois Bons
26 se tratam de crimes de perigo abstrato. antecedentes
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento
Importante! ou qualquer objeto destinado à fabricação, prepa-
As atividades criminosas mencionadas não pre- ração, produção ou transformação de drogas, sem
autorização ou em desacordo com determinação
cisam, necessariamente, ter relação com o tráfi- legal ou regulamentar terá uma pena de reclusão,
co de drogas. de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200
(mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa
Os requisitos descritos devem estar presentes
Em regra geral, o crime do art. 33 absorve o do art.
cumulativamente, para que seja concedida a redu-
34, mas há entendimentos divergentes do STJ neste
ção da pena.
sentido, considerando a quantidade e situações de
Ao contrário do que defende o STJ, o STF possui o
maquinários e drogas sob a custódia do agente.
entendimento de que a quantidade de drogas, por si
só, não é motivo para afastamento da minorante pre-
vista para o tráfico privilegiado. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
Outro importante entendimento jurisprudencial a
ser considerado é a da possibilidade de serem con- O crime de Associação para o Tráfico está previsto
siderados inquéritos policiais ou investigações cri- no art. 35 e consiste na conduta de associarem-se 2
minais em andamento, a fim de afastar a aplicação (duas) ou mais pessoas para o fim de praticar, rei-
do § 4º ao agente. Tal entendimento colide com o pre- teradamente ou não, quaisquer dos crimes previstos
visto na Súmula nº 444 do STJ, que veda a utilização no art. 33, caput e § 1º e no art. 34.
de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena base. Art. 35 Associarem-se duas ou mais pessoas para
Portanto, a regra geral é que não se pode utilizar o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer
inquéritos policiais e ações penais em curso para agra- dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34
desta Lei:
var a pena base. Contudo, quanto ao crime de tráfico
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga-
de drogas, isto é possível, a fim de afastar a aplicação
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
do privilégio no tráfico de drogas, conforme posicio-
dias-multa.
namento do STJ.
A vedação da substituição da pena privativa de
O art. 288 do Código Penal prevê o crime de Asso-
liberdade por pena restritiva de direitos for declarada
ciação Criminosa. Então, a seguir, disponibilizamos
inconstitucional pelo STF. A parte do artigo que esta-
um quadro comparativo, a fim de que você não con-
belece a vedação teve sua eficácia suspensa pela Reso-
funda esses institutos:
lução nº 5/2012 do Senado Federal.
Vale notar também que o STF não reconhece a
natureza hedionda do tráfico de drogas privilegiado. ART. 288 (ASSOCIAÇÃO ART. 35 (ASSOCIAÇÃO
CRIMINOSA) DO PARA O TRÁFICO) DA
CÓDIGO PENAL LEI 11.343/2006
5

EXERCÍCIO COMENTADO
-3

Requisitos: Requisitos:
68

a) Pluralidade de agentes a) Pluralidade de agentes


.3

(mínimo de 3); (mínimo de 2 agentes);


1. (INSTITUTO CONSULPLAN — 2019) O art. 33, caput,
87

b) Reunião estável e b) Reunião estável e


da Lei n. 11.343/2006, que define o crime de tráfico,
.2

permanente; permanente;
é um tipo de conteúdo variado porque contém vários
63

c) Visando a prática de c) Visando a prática de


verbos (núcleos), e por isso sua aplicação permite
-4

interpretação analógica. crimes. qualquer dos crimes


previstos nos artigos 33,
es

caput, § 1º e 34 da lei
ed

( ) CERTO  ( ) ERRADO


11.343/2006.
gu

O artigo 33 da Lei nº 11.343/2006 possui 18 condu-


a
lv

tas, sendo considerado pela doutrina como crime Caso os agentes pratiquem o crime de Associação
si

de ação múltipla ou conteúdo variado e, também, para o Tráfico, responderão, também, pelo crime de
an

crime plurinuclear. Tráfico de Drogas em concurso material. Ressalte-se que


Lu

Importante: Mesmo que o agente pratique, no mes- não é necessária a consumação do crime de Tráfico de
mo contexto fático e sucessivamente, mais de uma Drogas para que os agentes respondam pela associação.
ação típica (ex.: importa, guarda e vende), por força Nas mesmas penas, incorre quem se associa para
do princípio da alternatividade, responderá por cri-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

a prática reiterada do crime de financiamento ou


me único. O juiz deve considerar a pluralidade de custeio das práticas dos crimes previstos nos arts.
núcleos na fixação da pena). Resposta: Errado. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei (previsto no art. 36).

INSTRUMENTOS DO TRÁFICO DE DROGAS Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer


dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, e 34
O crime do art. 34 aplica-se às hipóteses de manu- desta Lei:
tenção de instrumentos para preparação da droga Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga-
(maquinários, aparelhos, instrumentos ou qual- mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro
quer objeto para preparo de drogas). mil) dias-multa.

Art. 34 Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, O STF posiciona-se no sentido de que a Associa-
oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer ção para o Tráfico não apresenta natureza de crime
título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que hediondo. 27
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COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB
O EFEITO DE DROGAS
O art. 37 criminaliza a conduta de colaborar, como
informante, com grupo, organização ou associação O art. 39 estabelece como crime o ato de condu-
destinados para com a prática de qualquer dos crimes zir embarcação ou aeronave após o consumo de dro-
previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34. Aqui, crimina- gas, expondo a dano potencial a incolumidade de
liza-se a conduta da famigerada “mula”. outrem.

Art. 37 Colaborar, como informante, com grupo, Art. 39 Conduzir embarcação ou aeronave após
organização ou associação destinados à prática de o consumo de drogas, expondo a dano potencial a
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e incolumidade de outrem:
§ 1º, e 34 desta Lei: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e além da apreensão do veículo, cassação da habilita-
pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) ção respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo
dias-multa. prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e
pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos)
Este delito comporta um caráter subsidiário, uma vez dias-multa.
que se refere aquele agente que praticou uma conduta Parágrafo único. As penas de prisão e multa, apli-
eventual de auxílio a uma conduta de tráfico de droga. cadas cumulativamente com as demais, serão de
4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos)
a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido
z Exemplo: João está desempregado e seu primo lhe
no caput deste artigo for de transporte coletivo de
oferece uma quantia para que ele informe sobre passageiros.
a movimentação quanto ao tráfico de drogas local
durante um dia inteiro. João, nesse contexto, pode Este tipo penal não engloba a condução de veículos
ser considerado como “mula”, “olheiro”, “infor- automotores. Esta conduta possui previsão própria no
mante” etc. art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro.
Se o agente estiver sob efeito de álcool, não há
Nesta pena incorre, ainda, o policial que sabe de enquadramento no tipo previsto no art. 39.
ações de repressões contra o tráfico de drogas e infor-
ma aos criminosos. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

O art. 40 estabelece, para os casos elencados,


Importante! aumento de pena de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois ter-
ços). Veja a seguir:
O STJ posiciona-se no sentido de que o crime do
art. 37 absorve o previsto no art. 35.
I - a natureza, a procedência da substância ou do
produto apreendido e as circunstâncias do fato evi-
5
-3

PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA DE denciarem a transnacionalidade do delito;


68

II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de


DROGAS
.3

função pública ou no desempenho de missão de


87

educação, poder familiar, guarda ou vigilância;


O art. 38 criminaliza a conduta de prescrever
.2

III - a infração tiver sido cometida nas dependências


ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas
63

ou imediações de estabelecimentos prisionais, de


necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas
-4

ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estu-


ou em desacordo com determinação legal ou regu- dantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas,
es

lamentar, tendo, como pena, a detenção, de 6 (seis) ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de
ed

meses a 2 (dois) anos e pagamento de 50 (cinquenta) a recintos onde se realizem espetáculos ou diversões
gu

200 (duzentos) dias-multa. de qualquer natureza, de serviços de tratamento de


O juiz comunicará a condenação ao Conselho Fede- dependentes de drogas ou de reinserção social, de
a
lv

ral da categoria profissional a que pertença o agente. unidades militares ou policiais ou em transportes
si

públicos;
an

Art. 38 Prescrever ou ministrar, culposamente, dro- IV - o crime tiver sido praticado com violência, gra-
Lu

gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo ve ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer
em doses excessivas ou em desacordo com determi- processo de intimidação difusa ou coletiva;
nação legal ou regulamentar: V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federa-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ção ou entre estes e o Distrito Federal;
e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) VI - sua prática envolver ou visar a atingir crian-
dias-multa. ça ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de
ao Conselho Federal da categoria profissional a que entendimento e determinação;
pertença o agente. VII - o agente financiar ou custear a prática do
crime.
Trata-se da única modalidade culposa prevista
na Lei de Drogas. Caso a conduta seja praticada na Para ocorrer a incidência da causa de aumento
modalidade dolosa, o agente incorrerá no crime de de pena no que diz respeito aos transportes públi-
Tráfico ilícito de Drogas. cos (III), o sujeito ativo deverá comercializar a droga
O art. 38 consiste em crime próprio, uma vez que ilícita dentro do transporte; caso ele utilize o meio
só poderá ser cometido por agentes credenciados em de deslocamento apenas para ir ao local de destino da
28 determinadas profissões (ex.: médico). comercialização, não é aplicada a causa de aumento
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
de pena, conforme o entendimento pacífico do STF Entre as circunstâncias que geram o aumento de pena
(Supremo Tribunal Federal) e STJ (Superior Tribunal para o tráfico de drogas, são de constatação comum no
de Justiça). cotidiano operacional da PRF aquelas que evidenciam
Em contrapartida, em relação aos estabelecimen- a transnacionalidade do delito e o tráfico entre estados
tos prisionais, o STJ já decidiu que basta o delito ser da Federação ou entre estes e o Distrito Federal.
realizado nas imediações, não sendo necessário o
envolvimento de detento ou de pessoas que se dirigis- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
sem ao estabelecimento prisional.
Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação A resposta está correta e encontra embasamento
ou entre estes e o Distrito Federal, para que ocorra a legal no artigo 40, incisos I e V da Lei nº 11.343/2006.
aplicação dessa causa de aumento de pena, não pre- Resposta: Certo.
cisa ocorrer a efetiva transposição da fronteira, de
acordo com o HC 122791/MS, REL.MIN DIAS TOFFOLI, 2. (CESPE-CEBRASPE — 2015) De acordo com o que
17/11/2015. STF, transcrito a seguir: dispõem os artigos da Lei n.º 11.343/2006, definidora
de crimes e medidas para a prevenção do uso indevido
A incidência da causa de aumento de pena prevista de drogas, julgue o item subsequente.
na Lei 11.343/2006 [“Art. 40 As penas previstas nos A transnacionalidade do delito, a prática da conduta
artigos 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto delituosa pelo agente do crime prevalecendo-se de
a dois terços, se: (...) V - caracterizado o tráfico entre função pública e o cometimento do crime nas depen-
Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Fede- dências ou imediações de estabelecimentos prisio-
ral”] não demanda a efetiva transposição da fronteira nais ou em transportes públicos são, entre outras,
da unidade da Federação. Seria suficiente a reunião circunstâncias que resultam no aumento de um sexto
dos elementos que identificassem o tráfico interes- a dois terços da pena do crime de tráfico de drogas.
tadual, que se consumaria instantaneamente, sem
depender de um resultado externo naturalístico. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Veja, ainda, a Súmula 587 do STJ: A resposta está correta e encontra embasamento
legal no artigo 40, incisos II e III da Lei 11.343/2006.
Súmula 587: Para a incidência ad majorante pre- Resposta: Certo.
vista no art. 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária
a efetiva transposição de fronteiras entre estados da OUTRAS INFORMAÇÕES
federação, sendo suficiente a demonstração inequí-
voca da intenção de realizar o tráfico interestadual. Delação Premiada

A respeito do tráfico internacional de drogas, O art. 41 prevê a delação premiada a fim de esti-
importa conhecer o conteúdo da Súmula 528 do STJ, o mular o acusado a fornecer informações aptas a auxi-
qual estabelece que, nos casos de apreensão de dro- liarem nas investigações realizadas.
ga a ser remetida ao exterior, a competência para
5
-3

o julgamento do réu será do juiz federal do local Art. 41 O indiciado ou acusado que colaborar volun-
68

da apreensão. tariamente com a investigação policial e o processo


.3

criminal na identificação dos demais coautores ou


87

partícipes do crime e na recuperação total ou par-


Súmula 528: Compete ao juiz federal do local da
.2

cial do produto do crime, no caso de condenação,


apreensão da droga remetida do exterior pela
63

terá pena reduzida de um terço a dois terços.


via postal processar e julgar o crime de tráfico
-4

internacional.
Portanto, caso as informações do acusado sejam
es

realizadas de forma voluntária, ajudem na identifi-


ed

No mesmo sentido do tráfico interestadual, no trá-


cação dos demais autores e haja recuperação total
fico transnacional dispensa-se a efetiva transposição
gu

ou parcial do produto do crime, o delator poderá


de fronteiras para a consumação do delito.
beneficiar-se com a redução da pena de 1/3 (um ter-
a
lv

ço) a 2/3 (dois terços).


si

Súmula 607: A majorante do tráfico transnacional de


drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura com a
an

prova da destinação internacional das drogas, ainda DELAÇÃO


Lu

que não consumada a transposição de fronteiras. PREMIADA

Quanto à causa de aumento de pena em virtude de


LEGISLAÇÃO ESPECIAL

envolvimento de criança ou adolescente, o STJ posicio-


na-se no sentido de que, praticada a conduta, a aplica-
ção da causa de aumento prevalece sobre a aplicação Redução da pena
da pena prevista no art. 244- B do Estatuto da Criança de 1/3 (um terço)
e do Adolescente que prevê da corrupção de menores. a 2/3 (dois terços)

Recuperação
EXERCÍCIOS COMENTADOS Voluntária total ou parcial
do produto do
1. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Acerca das organizações Identificação dos crime
criminosas e do disposto em legislação vigente aplicá- demais autores
vel no combate e na repressão ao tráfico de drogas e da infração
de armas de fogo no Brasil, julgue o item a seguir. 29
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Outras Considerações Art. 45 É isento de pena o agente que, em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso
O juiz, no momento da fixação das penas, conside- fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo
rará, com preponderância sobre a aplicação da pena, da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a
a natureza e a quantidade da substância ou do pro- infração penal praticada, inteiramente incapaz de
duto, a personalidade e a conduta social do agente. entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
-se de acordo com esse entendimento.
Art. 42 O juiz, na fixação das penas, considerará, Parágrafo único: Quando absolver o agente, reco-
com preponderância sobre o previsto no art. 59 do nhecendo, por força pericial, que este apresentava,
Código Penal, a natureza e a quantidade da subs- à época do fato previsto neste artigo, as condições
tância ou do produto, a personalidade e a conduta referidas no caput deste artigo, poderá determinar
social do agente. o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
Art. 43 Na fixação da multa a que se referem os tratamento médico adequado.
arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dis-
põe o art. 42 desta Lei, determinará o número de Exemplo: uma pessoa é forçada a ingerir drogas
dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as con- e comete um crime, estando totalmente inconsciente
dições econômicas dos acusados, valor não inferior do ato que praticou. O fato a isenta, pois não coope-
a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o rou para o estado de inconsciência o qual acarretou
maior salário-mínimo. a ilicitude.
Parágrafo único. As multas, que em caso de con- Para que seja aplicada a isenção de pena prevista
curso de crimes serão impostas sempre cumulati- neste dispositivo, é necessária a produção de prova
vamente, podem ser aumentadas até o décuplo se,
pericial.
em virtude da situação econômica do acusado, con-
Já as penas podem ser reduzidas de um terço a
siderá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no
máximo. dois terços se o agente não possuir, ao tempo da ação
ou da omissão, a plena capacidade de entender o cará-
ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
Já na fixação da multa, o juiz, determinará o núme- esse entendimento.
ro de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as
condições econômicas dos acusados, valor não infe- Art. 46 As penas podem ser reduzidas de um terço
rior a 1/30 (um trinta avos) nem superior a 5 (cin- a dois terços se, por força das circunstâncias pre-
vistas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao
co) vezes o maior salário-mínimo. tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade
de entender o caráter ilícito do fato ou de determi-
nar-se de acordo com esse entendimento.
Importante! Art. 47 Na sentença condenatória, o juiz, com base
em avaliação que ateste a necessidade de encami-
As multas que, em caso de concurso de cri-
nhamento do agente para tratamento, realizada
mes, serão impostas, sempre cumulativamente,
5
por profissional de saúde com competência especí-
-3

podem ser aumentadas até o décuplo se, em vir- fica na forma da lei, determinará que a tal se proce-
68

tude da situação econômica do acusado, consi- da, observado o disposto no art. 26 desta Lei.
.3

derá-las, o juiz, ineficazes, ainda que aplicadas


87

no máximo. DO PROCEDIMENTO PENAL


.2
63

Aos procedimentos relativos aos processos por


-4

De acordo com o art. 44, os crimes são inafian-


crimes definidos na Lei de Drogas, aplicam-se, subsi-
çáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
es

anistia e liberdade provisória, podendo dar-se o diariamente, as disposições do Código de Processo


ed

livramento condicional após o cumprimento de Penal e da Lei de Execução Penal.


gu

(2/3) dois terços da pena, vedada sua concessão ao


Art. 48 O procedimento relativo aos processos por
a

reincidente específico.
lv

crimes definidos, aplica-se, subsidiariamente, as


O STF decidiu ser inconstitucional a não conces-
si

disposições do Código de Processo Penal e da Lei de


são de liberdade provisória para os delitos previstos
an

Execução Penal.
na Lei de Drogas.
Lu

§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas


No tocante à vedação da substituição de pena pri-
no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com
vativa de liberdade por restritivas de direitos, vimos
os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será
que essa regra se encontra com a eficácia suspensa e, processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguin-
portanto, tal substituição é plenamente possível. tes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
O livramento condicional poderá ser concedido dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais;
mediante o cumprimento de 2/3 (dois terços) da § 2º Tratando-se da conduta dita no parágrafo ante-
pena e não poderá ocorrer se o condenado for rein- rior, não se imporá prisão em flagrante, devendo o
cidente específico. autor do fato ser imediatamente encaminhado ao
Vale ressaltar, de acordo com o art. 45, que é isen- juízo competente ou, na falta deste, assumir o com-
to de pena o agente que, em razão da dependência, ou promisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força circunstanciado e providenciando-se as requisições
maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, dos exames e perícias necessários;
qualquer que tenha sido a infração penal praticada, § 3º Se ausente a autoridade judicial, as providên-
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito cias serão tomadas de imediato pela autoridade
do fato ou de determinar-se de acordo com esse policial, no local em que se encontrar, vedada a
30 entendimento. detenção do agente;
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§ 4º Concluídos os procedimentos, o agente será No que corresponde ao inquérito policial, este será
submetido a exame de corpo de delito, se o requerer concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indicia-
ou se a autoridade de polícia judiciária entender
do estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando
conveniente, e em seguida liberado;
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº solto. Os prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvi-
9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Espe- do o Ministério Público, mediante pedido justificado
ciais Criminais, o Ministério Público poderá propor
da autoridade de polícia judiciária (art. 51).
a aplicação imediata de pena de quem adquirir,
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autori-
zação ou em desacordo com determinação legal ou PRAZO PARA
regulamentar será submetido às seguintes penas, a CONCLUSÃO DO
ser especificada na proposta. INQUÉRITO POLICIAL

O agente que praticar a conduta prevista no art.


28 (posse para consumo pessoal) não será submeti-
do à prisão em flagrante, bem como serão aplicadas
as disposições do Juizado Especial Criminal (art. 60 e
seguintes da Lei nº 9.099/95). Réu preso Réu solto

Art. 49 Tratando-se de condutas tipificadas nos


arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sem-
pre que as circunstâncias o recomendem, emprega-
30 dias 90 dias
rá os instrumentos protetivos de colaboradores e
testemunhas.

DA INVESTIGAÇÃO Findos os prazos mencionados, de acordo com o


art. 52, a autoridade de polícia judiciária, remetendo
O art. 50 prevê o procedimento de praxe para a os autos do inquérito ao juízo:
ocorrência de prisão em flagrante: a autoridade de
polícia judiciária fará, imediatamente, comunica- I - relatará sumariamente as circunstâncias do
ção ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto fato, justificando as razões que a levaram à classifi-
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministé- cação do delito, indicando a quantidade e natureza
rio Público em 24 (vinte e quatro) horas. da substância ou do produto apreendido, o local e
as condições em que se desenvolveu a ação crimi-
Art. 50 Ocorrendo prisão em flagrante, a autorida-
de de polícia judiciária fará, imediatamente, comu- nosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qua-
nicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do lificação e os antecedentes do agente; ou
5
-3

auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do II - requererá sua devolução para a realização de
68

Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. diligências necessárias.


.3

§ 1º Para os efeitos da lavratura do auto de prisão Parágrafo único: A remessa dos autos far-se-á sem
87

em flagrante e estabelecimento da materialidade do


prejuízo de diligências complementares:
.2

delito, é suficiente o laudo de constatação da natu-


63

reza e quantidade da droga, firmado por perito ofi- I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato,
-4

cial ou, na falta deste, por pessoa idônea. cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
competente até 3 (três) dias antes da audiência de
es

Ademais, o perito que subscrever o laudo de cons- instrução e julgamento;


ed

tatação da natureza e quantidade da droga, não fica- II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direi-
gu

rá impedido de participar da elaboração do laudo tos e valores de que seja titular o agente, ou que
a

definitivo. figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser


lv
si

encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias


§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagran-
an

antes da audiência de instrução e julgamento.


te, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
Lu

regularidade formal do laudo de constatação e Art. 53 Em qualquer fase da persecução criminal


determinará a destruição das drogas apreendidas, relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permi-
guardando-se amostra necessária à realização do tidos, além dos previstos em lei, mediante autori-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

laudo definitivo; zação judicial e ouvido o Ministério Público, os


§ 4º A destruição das drogas será executada pelo seguintes procedimentos investigatórios:
delegado de polícia competente no prazo de 15
I - A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
(quinze) dias na presença do Ministério Público e
da autoridade sanitária; investigação, constituída pelos órgãos especializa-
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efeti- dos pertinentes;
vada a destruição das drogas, sendo lavrado auto II - A não-atuação policial sobre os portadores de
circunstanciado pelo delegado de polícia, certifi- drogas, seus precursores químicos ou outros pro-
cando-se neste a destruição total delas. dutos utilizados em sua produção, que se encon-
Art. 50-A A destruição das drogas apreendidas
trem no território brasileiro, com a finalidade de
sem a ocorrência de prisão em flagrante será fei-
ta por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) identificar e responsabilizar maior número de inte-
dias contados da data da apreensão, guardando-se grantes de operações de tráfico e distribuição, sem
amostra necessária à realização do laudo definitivo. prejuízo da ação penal cabível. 31
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dependência de drogas quando se realizará em 90
EXERCÍCIO COMENTADO (noventa) dias (§ 2º).

1. (CESPE-CEBRASPE — 2020) A respeito de tóxicos e Art. 57 Na audiência de instrução e julgamento,


entorpecentes, julgue o item que se segue. após o interrogatório do acusado e a inquirição das
O laudo preliminar, requisito para lavratura do auto de testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente,
prisão em flagrante de crimes relacionados ao tráfico ao representante do Ministério Público e ao defen-
de drogas, deverá ser assinado por, pelo menos, um sor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo
perito oficial. de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável
por mais 10 (dez), a critério do juiz.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Parágrafo único: Após proceder ao interrogatório,
o juiz indagará das partes se restou algum fato
O artigo 50, parágrafos 1 e 2 da Lei nº 11.343/2006 para ser esclarecido, formulando as perguntas cor-
respondentes se o entender pertinente e relevante.
embasa nossa resposta. Resposta: Errado.
Art. 58 Encerrados os debates, proferirá o juiz sen-
tença de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, orde-
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL nando que os autos para isso lhe sejam conclusos.

Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, Já nos crimes previstos nos art. 33, caput e § 1º, e
de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de nos arts. 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar
informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de
no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma as providên- bons antecedentes, assim reconhecido na sentença
cias abaixo apontadas, na forma do art. 54: condenatória (art. 59).

I - requerer o arquivamento; DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO


II - requisitar as diligências que entender necessárias; DE BENS DO ACUSADO
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) teste-
munhas e requerer as demais provas que entender De acordo com o art. 60, o juiz, a requerimento do
pertinentes. Ministério Público ou do assistente de acusação, ou
Art. 55 Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a mediante representação da autoridade de polícia judi-
notificação do acusado para oferecer defesa prévia, ciária, poderá decretar, no curso do inquérito ou da
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. ação penal, a apreensão e outras medidas assecu-
§1º Na resposta, consistente em defesa preliminar ratórias nos casos em que haja suspeita de que os
e exceções, o acusado poderá arguir preliminares bens, direitos ou valores sejam produto do crime
e invocar todas as razões de defesa, oferecer docu- ou constituam proveito dos crimes.
mentos e justificações, especificar as provas que
pretende produzir e, até o número de 5 (cinco),
Art. 60 O juiz, a requerimento do Ministério Públi-
arrolar testemunhas. co ou do assistente de acusação, ou mediante
5
-3

representação da autoridade de polícia judiciária,


68

poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação


Importante!
.3

penal, a apreensão e outras medidas assecurató-


87

rias nos casos em que haja suspeita de que os bens,


As exceções serão processadas em apartado. direitos ou valores sejam produto do crime ou cons-
.2
63

tituam proveito dos crimes.


Art. 61 [...]
-4

Já se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz § 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da
es

nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, comunicação, determinará a alienação dos bens
ed

concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. apreendidos, excetuadas as armas, que serão reco-
lhidas na forma da legislação específica.
gu

§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cin- O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimen-
a

co) dias. to, além de aplicar-se a todos os tipos de bens con-


lv

fiscados (§ 9º).
si

§ 5º Se acaso entender imprescindível, o juiz, no


prazo máximo de 10 (dez) dias, determinará a apre- Art. 61 [...]
an

§ 2º A alienação será realizada em autos apartados,


sentação do preso, realização de diligências, exa-
Lu

dos quais constará a exposição sucinta do nexo de


mes e perícias.
instrumentalidade entre o delito e os bens apreen-
Art. 56 Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
didos, a descrição e especificação dos objetos, as
hora para a audiência de instrução e julgamento, informações sobre quem os tiver sob custódia e o
ordenará a citação pessoal do acusado, a intima- local em que se encontrem;
ção do Ministério Público, do assistente, se for o § 3º O juiz, ele determinará a avaliação dos bens
caso, e requisitará os laudos periciais. apreendidos, que será realizada por oficial de justi-
ça, no prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuação,
Quando tratar das condutas tipificadas como infra- ou, caso sejam necessários conhecimentos especia-
ção do disposto nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 des- lizados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo
ta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o não superior a 10 (dez) dias;
afastamento cautelar do denunciado de suas ativida- § 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão ges-
tor do Funad, o Ministério Público e o interessado
des, se for funcionário público, comunicando ao órgão
para se manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e,
respectivo (§ 1º). dirimidas eventuais divergências, homologará o
A audiência será realizada dentro dos 30 (trinta) valor atribuído aos bens;
dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se §11 Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos
32 determinada a realização de avaliação para atestar por meio de hasta pública, preferencialmente por
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
meio eletrônico, assegurada a venda pelo maior De acordo com o Art. 63, ao proferir a sentença, o
lance, por preço não inferior a 50% (cinquenta por juiz decidirá sobre:
cento) do valor da avaliação judicial.
I - O perdimento do produto, bem, direito ou valor
Com isso o juiz ordenará às secretarias de fazen- apreendido ou objeto de medidas assecuratórias;
da e aos órgãos de registro e controle que efetuem as II - O levantamento dos valores depositados em
averbações necessárias, tão logo tenha conhecimento conta remunerada e a liberação dos bens utilizados.
da apreensão. Art. 63-C Compete à Senad, do Ministério da Justi-
ça e Segurança Pública, proceder à destinação dos
Art. 61 [...] bens apreendidos e não leiloados em caráter cau-
§ 13 Na alienação de veículos, embarcações ou telar, cujo perdimento seja decretado em favor da
aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão União, por meio das seguintes modalidades:
congênere competente para o registro, bem como I – alienação, mediante:
as secretarias de fazenda, devem proceder à regula- a) licitação;
rização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias, fican- b) doação com encargo a entidades ou órgãos
do o arrematante isento do pagamento de multas, públicos, bem como a comunidades terapêuticas
encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de exe- acolhedoras que contribuam para o alcance das
cução fiscal em relação ao antigo proprietário. finalidades do Funad; ou
Art. 62 Comprovado interesse público na utiliza- c) venda direta, observado o disposto no inciso II
ção de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
os órgãos de polícia judiciária, militar e rodoviária de 1993;
poderão deles fazer uso, sob sua responsabilida- II – incorporação ao patrimônio de órgão da admi-
de e com o objetivo de sua conservação, mediante nistração pública, observadas as finalidades do
autorização judicial, ouvido o Ministério Público e Funad;
garantida a prévia avaliação dos respectivos bens. III – destruição; ou
IV – inutilização.
Nesse caso, o juízo deve cientificar o órgão gestor § 1º A alienação por meio de licitação deve ser rea-
do Funad, para que, em 10 (dez) dias, avalie a existên- lizada na modalidade leilão, para bens móveis e
cia do interesse público e indique o órgão que deve imóveis, independentemente do valor de avaliação,
receber o bem (§ 1º-A). isolado ou global, de bem ou de lotes, assegurada
Tem prioridade os órgãos de segurança públi- a venda pelo maior lance, por preço não inferior a
ca que participaram das ações de investigação o ou 50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação;
repressão ao crime que deu causa à medida (§ 1º-B). § 2º O edital do leilão, será amplamente divulgado
em jornais de grande circulação e em sítios eletrô-
Art. 62 [...] nicos oficiais, principalmente no Município em que
§ 3º A autorização judicial de uso de bens deverá será realizado, dispensada a publicação em diário
conter a descrição do bem e a respectiva avaliação oficial;
e indicar o órgão responsável por sua utilização. § 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema
eletrônico da administração pública, a publicidade
5
§ 4º O órgão responsável pela utilização do bem
-3

deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a qual- dada pelo sistema substituirá a publicação em diá-
68

quer momento quando por este solicitado, informa- rio oficial e em jornais de grande circulação;
.3

ções sobre seu estado de conservação. § 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica


87

livre do pagamento de encargos e tributos anterio-


.2

res, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao


63

antigo proprietário.
Importante!
-4

Constatada a depreciação, o ente federado ou a DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL


es

entidade que utilizou o bem indenizará o deten-


ed

tor ou proprietário dos bens (§ 6º). O governo brasileiro prestará, quando solicita-
gu

do, cooperação a outros países e organismos inter-


a

nacionais e, quando necessário, deles solicitará a


lv

Com relação ao depósito, em dinheiro, de valores colaboração.


si

referentes ao produto da alienação, ou a numerários


an

apreendidos ou, ainda, que tenham sido convertidos, Art. 65 De conformidade com os princípios da não-
Lu

deve ser efetuado na Caixa Econômica Federal, por -intervenção em assuntos internos, da igualdade
meio de documento de arrecadação destinado a essa jurídica e do respeito à integridade territorial dos
finalidade (Art. 62-A). Estados e às leis e aos regulamentos nacionais em
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Já os depósitos devem ser transferidos pela Caixa vigor, e observado o espírito das Convenções das
Econômica Federal, para a conta única do Tesouro Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos
Nacional, independentemente de qualquer formalida- internacionais relacionados à questão das drogas,
de, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contado do de que o Brasil é parte, o governo brasileiro presta-
momento da realização do depósito, os quais ficarão à rá, quando solicitado, cooperação a outros países
disposição do Funad (§ 1º). e organismos internacionais e, quando necessário,
Na hipótese de absolvição do acusado em decisão deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
judicial, o valor do depósito será devolvido a ele pela I - intercâmbio de informações sobre legislações,
Caixa Econômica Federal no prazo de até 3 (três) dias experiências, projetos e programas voltados para
úteis, acrescido de juros (§ 2º). atividades de prevenção do uso indevido, de aten-
Com relação à decretação do seu perdimento em ção e de reinserção social de usuários e dependen-
favor da União, o valor do depósito será transformado tes de drogas;
em pagamento definitivo, respeitados os direitos de II - intercâmbio de inteligência policial sobre pro-
eventuais lesados e de terceiros de boa-fé (§ 3º). dução e tráfico de drogas e delitos conexos, em 33
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
especial o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e Federal. Com relação aos crimes praticados nos Muni-
o desvio de precursores químicos; cípios que não sejam sede de vara federal serão pro-
III - intercâmbio de informações policiais e judiciais cessados e julgados na vara federal da circunscrição
sobre produtores e traficantes de drogas e seus pre- respectiva (Art. 70).
cursores químico. Ademais, encerrado o processo criminal ou arqui-
vado o inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS representação da autoridade de polícia judiciária, ou
a requerimento do Ministério Público, determinará a
Art. 66 Para fins desta Lei, consideram-se como dro- destruição das amostras guardadas para contraprova,
gas as substâncias ou os produtos capazes de causar certificando nos autos (art. 72).
dependência, assim especificados em lei ou relaciona- E, por fim, a União poderá estabelecer convênios
dos em listas atualizadas periodicamente pelo Poder com os Estados e com o Distrito Federal, visando à pre-
Executivo da União, até que seja atualizada a termi-
venção e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido
nologia da lista mencionada no preceito, denominam-
de drogas, e com os Municípios, com o objetivo de pre-
-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas,
precursoras e outras sob controle especial, da Porta- venir o uso indevido delas e de possibilitar a atenção e
ria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998. reinserção social de usuários e dependentes de drogas
Art. 67 A liberação dos recursos, em favor de Esta- (Art. 73).
dos e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão
e respeito às diretrizes básicas contidas nos convê-
nios firmados e do fornecimento de dados neces-
sários à atualização do sistema, pelas respectivas LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA DO ESTADO
polícias judiciárias. DE SÃO PAULO (LEI COMPLEMENTAR
Art. 67-A Os gestores e entidades que recebam recur-
sos públicos para execução das políticas sobre dro-
Nº207/1979
gas deverão garantir o acesso às suas instalações, à
documentação e a todos os elementos necessários à Os policiais civis de São Paulo são considerados,
efetiva fiscalização pelos órgãos competentes. para todos efeitos, uma forma especial de servidor
Art. 68 A União, os Estados, o Distrito Federal e os público. São especiais no sentido de que eles são
Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros, regidos por uma Lei Orgânica própria, ao contrário de
destinados às pessoas físicas e jurídicas que colabo- outros servidores, que são regidos pelo Estatuto dos
rem na prevenção do uso indevido de drogas, aten- Servidores Públicos Civis do Estado de São Paulo. Por
ção e reinserção social de usuários e dependentes isso, vamos analisar, em maiores detalhes, o conteúdo
e na repressão da produção não autorizada e do dessa lei orgânica, que é a Lei Complementar nº 207,
tráfico ilícito de drogas. de 05 de janeiro de 1979.
Art. 69 No caso de falência ou liquidação extrajudi- Os dispositivos trazidos neste material dizem res-
cial de empresas ou estabelecimentos hospitalares, peito, grosso modo, à estrutura da Polícia Civil, o regi-
de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como
me de cargos públicos e a sua forma de provimento
nos serviços de saúde que produzirem, venderem,
5
e vacância, os direitos e garantias gerais, os deveres,
-3

adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornece-


responsabilidades, e o procedimento de apuração de
68

rem drogas ou de qualquer outro em que existam


essas substâncias ou produtos, incumbe ao juízo condutas ilícitas de natureza disciplinar.
.3

Faremos menções a outras normas jurídicas, como


87

perante o qual tramite o feito:


I - determinar, imediatamente à ciência da falência a Constituição Federal, ou até mesmo a Lei Federal nº
.2

8.112/1990, quando for absolutamente necessário.


63

ou liquidação, sejam lacradas suas instalações;


II - ordenar à autoridade sanitária competente a
-4

urgente adoção das medidas necessárias ao recebi- Dica


es

mento e guarda, em depósito, das drogas arrecadadas;


ed

III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, Dada a multiplicidade de leis, em âmbitos dife-
rentes da Federação, é comum ao candidato
gu

para acompanhar o feito.


questionar qual lei ele deve utilizar para respon-
a
lv

Com relação à licitação para alienação de subs- der questões de provas. Primeiramente, é impor-
si

tâncias ou produtos não proscritos, somente podem tante ressaltar que lei federal não se sobrepõe a
an

participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas lei estadual, e vice-versa.


na área de saúde ou de pesquisa científica que com-
Lu

Durante a prova, o candidato deve se ater ao que


provem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser a pergunta diz. A grande maioria das questões
arrematado (§ 1º). de provas delineia a legislação que deve ser uti-
lizada para responder à questão. Procure por
§ 2º Ressalvada a presente hipótese, o produto não
expressões como “nos termos da Constituição
arrematado será, ato contínuo à hasta pública, des-
truído pela autoridade sanitária, na presença dos Con-
Federal”, “segundo a Lei nº 8.112/1990”, e “com
selhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público. base no Estatuto dos Servidores estaduais [...]”,
§ 3º Figurando entre o praceado e não arremata- entre outras.
das especialidades farmacêuticas em condições de
emprego terapêutico, ficarão elas depositadas sob a Da Polícia do Estado de São Paulo
guarda do Ministério da Saúde, que as destinará à
rede pública de saúde. Preliminarmente, o art 1º apresenta o ente respon-
sável pela criação/manutenção dos órgãos da Polícia
O processo e o julgamento dos crimes previstos Civil.
nos arts. 33 a 37 da Lei 11.343/2006, se caracterizado A Secretaria de Estado dos Negócios da Seguran-
34 ilícito transnacional, são da competência da Justiça ça Pública responsável pela manutenção, em todo o
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Estado, da ordem e da segurança pública internas, SQC-I SQC-II
executará o serviço policial por intermédio dos órgãos
policiais que a integram. Delegado Geral, Diretor Chefes de Seção, Datilos-
A Secretaria de Estado é o ente responsável pela Geral, Delegado Regio- copistas, Encarregados
promoção de segurança pública dentro do Estado, nal, Diretor de Divisão, de Setores de Pesquisa,
sendo composta por órgãos pertencentes ou à Polí- Delegado Substituto etc. Carceragem etc..
cia Civil, ou à Polícia Militar, não podendo as duas
serem confundidas. São órgãos independentes, com
atribuições exclusivas para cada um. SQC-III
As atribuições básicas da Polícia Civil envolvem o
exercício da Polícia Judiciária, administrativa e pre- Delegado, Escrivão, Inves-
ventiva especializada. A Polícia Civil é a responsável tigador, Perito Criminal,
pela apuração de delitos penais (crimes), realizando Agente Policial, Assistente
de Necrotério etc.
todo o trabalho investigativo em torno do mesmo.
A Polícia Militar, por sua vez, tem como atribui-
ções básicas o planejamento, a coordenação e a execu-
ção do policiamento ostensivo, fardado e a prevenção Os cargos da tabela da SQC-I são os mais altos den-
e extinção de incêndios (art. 3º, I e II). tro da carreira e geralmente começam com a letra D
Para efeito de entrosamento dos órgãos policiais, (Delegado, Diretor).
a administração superior conta com mecanismos de Os cargos da tabela da SQC-II estão no meio da
planejamento, coordenação e controle, pelos quais se classe, são os cargos de Chefes de Seção, e os encarre-
asseguram tanto a eficiência, quanto a complementa- gados das atividades acessórias à de polícia judiciária,
ridade das ações, quando necessárias a consecução
como Pesquisa, Carceragem.
dos objetivos policiais (art. 4º).
Os cargos da tabela da SQC-III são os cargos iniciais
Por fim, o art. 8º faz uma breve menção aos ser-
viços de segurança e guardas municipais. As guardas nos quais o agente policial ingressa na Polícia Civil.
municipais, guardas noturnas e os serviços de segu- São as funções típicas de polícia judiciária: Agen-
rança e vigilância, autorizados por lei, ficam sujeitos te Policial, Escrivão, Investigador, Perito, Delegado,
à orientação, condução e fiscalização da Secretaria Assistente de Necrotério, entre outros.
da Segurança Pública, na forma de regulamentada
específica. DO PROVIMENTO DOS CARGOS DE POLÍCIA CIVIL

Da Polícia Civil: Disposições Preliminares e Estrutura Os cargos da Polícia Civil, como podemos analisar,
da Carreira
são diversos, podendo ser de provimento efetivo, ou
em comissão. Os cargos de caráter efetivo têm o seu
5
Finalmente, vamos adentrar ao estudo do regime
-3

jurídico dos policiais civis do Estado de São Paulo. provimento condicionado a uma prévia aprovação
68

Segundo o disposto no art. 9º, a Lei Complementar nº em concurso público de provas ou de provas e títulos.
.3
87

207, de 05 de janeiro de 1979, é a lei que estabelece Segundo o art. 16, o concurso público possui três
.2

as normas, os direitos, os deveres e as vantagens dos fases distintas:


63

titulares de cargos policiais civis do Estado.


-4

O art. 10 trata de alguns conceitos iniciais impor- I - a de prova escrita ou, quando se tratar de pro-
tantes para uma melhor compreensão da matéria.
es

vimento de cargos em relação aos quais a lei exija


Vejamos quais são esses conceitos:
ed

formação de nível universitário, de prova escrita e


gu

títulos;
z Classe: Conjunto de cargos públicos de natureza
a

II - a de prova oral;
policial da mesma denominação e amplitude de
lv

III - a de freqüência e aproveitamento em curso


si

vencimentos;
de formação técnico-profissional na Academia de
an

z Série de classes: Conjunto de classes da mesma


Polícia.
Lu

natureza de trabalho policial, hierarquicamente


escalonadas de acordo com o grau de complexida-
de das atribuições e nível de responsabilidade; Mas não são todos que podem prestar o referido
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

z Carreira policial: Conjunto de cargos de nature- concurso público. É preciso que o candidato, quando
za policial civil, de provimento efetivo. A carreira se inscrever, preencha os seguintes requisitos básicos,
policial é o grupo maior, dividindo-se nas diversas todos eles dispostos no art. 18:
séries de classes, que representam o conjunto de
cargos que o agente policial ocupa.
I - ser brasileiro;
II - ter no mínimo 18 (dezoito) anos, e no máximo
As classes e as séries de classes policiais civis que
45 (quarenta e cinco) anos incompletos, à data do
integram o Quadro da Secretaria da Segurança Públi-
ca estão estruturadas da seguinte maneira, nos termos encerramento das inscrições;
do art. 12. Para facilitar os seus estudos, segue uma III - não registrar antecedentes criminais;
tabela contendo os principais títulos de cargos poli- IV - estar em gozo dos direitos políticos;
ciais dentro de cada série de classes, começando com V - estar quite com o serviço militar;
a série da Tabela I (SQC-I), até a Tabela III (ou SQC-III). VI – (REVOGADO). 35
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prorrogado por mais quinze dias, a requerimento do
Importante! interessado (§ 1º do art. 28).
O texto do inciso VI tratava como requisito Uma vez tomado posse, deve o policial civil entrar
essencial que o candidato tivesse altura míni- em efetivo exercício, passando a exercer as atribui-
ções impostas a ele pelo cargo que passou a ocupar.
ma de 1,60 m para os candidatos aos cargos
Nos termos do art. 30, o exercício terá início dentro de
de Delegado de Polícia, Investigador de Polícia,
quinze dias, contados da data da posse, ou da data da
Carcereiro e Motorista Policial. Atualmente, esse publicação do ato no caso de remoção.
requisito referente à altura não é mais exigido. É interessante o conteúdo do § 2º do art. 30:

No interesse do serviço policial, o Delegado Geral


Observada a ordem de classificação pela média
de Polícia poderá determinar que os policiais civis
aritmética das notas obtidas nas provas escrita e
assumam imediatamente o exercício do cargo.
oral (incisos I e II do artigo 16), os candidatos serão
matriculados no curso de formação técnico-profissio-
Deve ocorrer uma situação muito grave, de caráter
nal específico, em caráter experimental e transitório
emergencial, para que o policial assuma o exercício de
(artigos 19 e 20).
seu cargo imediatamente. Sobre as demais hipóteses
Atenção para o conteúdo do § 2º do art. 20:
de provimento nos cargos da polícia civil, a Lei Com-
plementar faz menção apenas à reversão e à remoção.
Art. 20 [...]
§ 2º Sendo funcionário ou servidor, o candidato
Da reversão “ex officio”
matriculado ficará afastado do seu cargo ou fun-
ção-atividade, até o término do concurso junto à
Academia de Polícia de São Paulo, sem prejuízo do Nos termos do art. 34, reversão “ex offício”
vencimento ou salário e demais vantagens, contan-
do-se-lhe o tempo de serviço para todos os efeitos é o ato pelo qual o aposentado reingressa no ser-
legais. viço policial quando insubsistentes as razões que
determinaram a aposentadoria por invalidez.
Se o indivíduo, antes de entrar na carreira policial,
já era servidor público ou funcionário, ele deve ser A reversão só pode ser concedida após uma ins-
afastado até que termine o concurso. O importante peção médica comprovar que o policial está apto a
desse dispositivo é que, mesmo afastado, ele continua reingressar ao seu antigo cargo. Será tornada sem
recebendo como se estivesse trabalhando, abrangen- efeito a reversão “ex offício” e cassada a aposentado-
do o vencimento e todas as vantagens que tem direito. ria do policial civil que reverter e não tomar posse ou
Também será contado como tempo de serviço o perío- não entrar em exercício injustificadamente, dentro
do que ficou afastado. do prazo legal (§§ 1º e 2º do art. 34). A reversão será
Até aqui, vimos o que ocorre quando o candidato é feita para o mesmo cargo que o agente policial civil
ocupava.
5
aprovado no concurso. Mas a Lei Complementar tam-
-3

bém apresenta situações em que o candidato pode ser


68

reprovado durante esse período de curso profissional, Da remoção


.3
87

tendo sua matrícula cancelada, sendo dispensado do


A remoção, por sua vez, pode ocorrer com diver-
.2

curso de formação. Para o candidato ser reprovado,


sos agentes policiais. Para os Delegados da Polícia
63

deve ocorrer uma das seguintes hipóteses (art. 21):


Civil, eles são removidos de um Município para outro,
-4

I - não atingir o mínimo de frequência estabelecida por uma das seguintes formas:
es

para o curso;
ed

II - não revelar aproveitamento no curso; Art. 36 [...]


gu

III – não obtenha conduta irrepreensível na vida I - a pedido;


pública ou privada. II - por permuta;
a
lv

III - com seu assentimento, após consulta.


si

A nomeação obedecerá a ordem de classificação


an

no concurso (art. 23). Uma vez terminada toda a fase Para os demais integrantes das demais séries de
Lu

do concurso, e sendo o candidato aprovado, ele deve classes e cargos de polícia civil, a remoção será feita:
seguir o mesmo caminho que os demais servidores
Art. 37 [...]
públicos: assinar termo de posse e entrar em efetivo
I - a pedido;
exercício.
II - por permuta ou ainda;
A posse é o ato que investe o cidadão, é o ato que III - no interesse do serviço policial.
formaliza a investidura do cargo de policial civil. Art. 38 A remoção só poderá ser feita, respeitada a
Segundo o art. 25, são competentes para dar posse: o lotação cada unidade policial.
Secretário da Segurança Pública, o Delegado Geral de
Polícia; o Delegado Geral de Polícia, os Delegados de O art. 39 trata de uma vedação importante para a
Polícia; e o Diretor do Departamento de Administra- remoção, vejamos:
ção da Polícia Civil, nos demais casos.
O que difere o regime dos policiais civis dos Art. 39 O policial civil não poderá, ser removido
demais servidores estaduais diz respeito ao prazo no interesse serviço, para município diverso do
para assinar termo de posse. A posse, nesse caso, será de sua sede de exercício, no período de 6 (seis)
feita no prazo de quinze dias, contados da publicação meses antes e até 3 (três) meses após a data
36 do ato de provimento, no órgão oficial, podendo ser das eleições.
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Parágrafo único: Esta proibição vigorará no caso gratificações, os adicionais, a ajuda de custo e o trans-
de eleições federal estaduais ou municipais, realiza- porte são as vantagens às quais o agente policial tem
das de forma isolada ou simultaneamente. direito.
Além do valor do padrão do cargo e sem prejuízo
A intenção dessa vedação é justamente não impe- das vantagens previstas no Estatuto dos Servidores
dir que o servidor policial civil não possa exercer o Estaduais (Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1978), e
seu direito de voto. demais benefícios previstos em legislação pertinente,
o policial civil fará jus as seguintes vantagens pecu-
DOS DIREITOS, GARANTIAS E VANTAGENS niárias, de acordo com o art. 43:

Da remuneração do agente policial: estrutura básica I - gratificação por regime especial de trabalho policial;
II - ajuda de custo, sendo devido nos casos de remoção
O principal motivo pelo qual as pessoas desejam
ingressar em cargos públicos é pelo regime estatutá- A gratificação por regime especial de trabalho
rio apresentar uma série de direitos, benefícios, prer- policial é um benefício bastante característico dos
rogativas, enfim, diversas vantagens que geralmente policiais civis, pois o trabalho de um agente da Polícia
não se adquire tão facilmente na vida privada, traba-
Civil apresenta diversas situações que põem em risco
lhando como empregado.
a vida do agente. Sobre o tema, o art. 44 salienta que
Para os agentes policiais, no caso, eles também
o exercício dos cargos policiais civis dar-se-á, necessa-
gozam de diversos benefícios que veremos em maio-
riamente, em Regime Especial de Trabalho Policial
res detalhes. Os direitos, benefícios e vantagens dos
(RETP), que é caracterizado:
policiais civis são divididos em dois grandes grupos:
o primeiro é o grupo dos benefícios de natureza
I) pela prestação de serviços em condições precá-
pecuniária (que incidem sobre a sua remuneração).
rias de segurança, cumprimento de horário irre-
O segundo grupo são os benefícios de natureza não
gular, sujeito a plantões noturnos e a chamadas a
pecuniária.
qualquer hora;
Sobre os direitos e benefícios pecuniários, é impor- II) pela proibição do exercício de atividade remune-
tante, primeiro, determinar como funciona a remune- rada, exceto aquelas: a) relativas ao ensino e à difu-
ração do policial civil. são cultural; e b) aquelas decorrentes de convênio
O vencimento é a retribuição pecuniária mensal firmado entre Estado e municípios ou com associa-
devida ao servidor, correspondente ao padrão fixado ções e entidades privadas para gestão associada de
em lei. A remuneração, por sua vez, é o vencimento serviços públicos, cuja execução possa ser atribuí-
do cargo acrescido das vantagens pecuniárias perma- da à Polícia Civil;
nentes ou temporárias, estabelecidas em lei. O venci- III) pelo risco de o policial tornar-se vítima de crime
mento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de no exercício ou em razão de suas atribuições.
caráter permanente, são irredutíveis, não podem ter
5
-3

seu valor menor do que o mínimo. É uma garantia Como podemos ver, o regime especial de trabalho
68

constitucional. policial é caracterizado por atividades perigosas, que


.3

Esquematicamente, podemos destacar a remune-


87

põem em risco a própria vida do agente. Pela sujeição


ração do agente policial da seguinte forma:
.2

a esse Regime Especial de Trabalho Policial, os titula-


63

res de cargos policiais civis fazem jus à gratificação


-4

Vencimentos especial de trabalho policial, calculada sobre o res-


pectivo padrão de vencimento, na seguinte conformi-
es

dade, de acordo com o art. 45:


ed

Gratificação por regime


especial de trabalho
gu
Remuneração do

I - de 140% (cento e quarenta por cento), os titu-


agente policial

lares de cargos da série de classes de Delegado de


lv

Adicionais
si

Polícia, bem como titular do cargo de Delegado


Geral de Polícia;
an

Ajuda de custo II - de 200% (duzentos por cento), os titulares de


Lu

cargos das demais classes policiais civis.

Transporte Já o art. 46 trata da ajuda de custo, um benefício


LEGISLAÇÃO ESPECIAL

devido ao servidor, quando removido, no interesse do


Outras vantagens na serviço policial, de um município para outro. O valor
legislação estadual
da ajuda de custo será equivalente a um mês de ven-
cimento. A ajuda de custo será paga à vista da publi-
A tabela pode ser usada para descrever a remu- cação do ato de remoção no Diário Oficial (§ 1º do art.
neração não somente de agentes policiais, mas tam- 46).
bém de todo e qualquer servidor que atue dentro da A ajuda de custo é devida somente nos casos de
Administração Pública. Todos os servidores são remu- remoção ex officio, isso é, quando o agente policial é
nerados pela seguinte equação: Remuneração = Ven- obrigado a se alocar a outro local de trabalho. Ela não
cimento + Vantagens. será devida se a remoção for feita a pedido do pró-
Vencimento é o que ele ganha pelo serviço presta- prio policial, ou por permuta (de comum acordo entre
do, algo similar ao saldo de salário do empregado. As ambos os policiais). 37
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Das outras concessões Não seria justo que o próprio policial tivesse que arcar
com despesas médico-hospitalares, considerando que
O art. 47 e seguintes tratam de outras concessões ele se feriu durante o horário de serviço.
devidas ao policial civil. Ao policial civil processado por ato praticado no
desempenho de função policial, será prestada assis-
Art. 47 Ao policial civil licenciado para tratamen- tência judiciária na forma que dispuser o regulamen-
to de saúde, em razão de moléstia profissional ou to. O policial não pode se encontrar desprovido de
lesão recebida em serviço, será concedido transpor-
assistência judiciária quando alguém entra com uma
te por conta do Estado para instituição onde deva
ação contra ele, devido ao exercício de suas funções.
ser atendido.
Outro benefício não pecuniário muito importante
Art. 48 À família do policial civil que falecer fora
da sede de exercício e dentro do território nacional é o elogio. Entende-se por elogio, nos termos do art.
no desempenho de serviço, será concedido trans- 58:
porte para, no máximo, 3 (três) pessoas do local de a menção nominal ou coletiva que deva constar dos
domicílio ao do óbito, tanto para a ida como para assentamentos funcionais do policial civil por atos
a volta. meritórios que haja praticado.
Art. 49 O Secretário da Segurança Pública, por pro-
posta do Delegado Geral de Polícia, ouvido o Conse- O elogio, de acordo com o art. 59, destina-se a
lho da Polícia Civil, poderá conceder honrarias ou ressaltar:
prêmios aos policiais autores de trabalhos de rele-
vante interesse policial ou por atos de bravura, na I - morte, invalidez ou lesão corporal de natureza
forma em que for regulamentado. grave, no cumprimento do dever;
II - ato que traduza dedicação excepcional no cum-
O policial civil que ficar inválido ou que vier a fale- primento do dever, transcendendo ao que e normal-
cer em consequência de lesões recebidas ou de doen- mente exigível do policial civil por disposição legal
ças contraídas em razão do serviço será promovido à ou regulamentar e que importe ou possa importar
classe imediatamente superior. Se o policial civil esti- risco da própria segurança pessoal;
ver enquadrado na última classe da carreira, ser-lhe- III - execução de serviços que, pela sua relevância e
-á atribuída a diferença entre o valor do padrão de pelo que representam para a instituição ou para a
vencimento do seu cargo e o da classe imediatamente coletividade, mereçam ser enaltecidos como reco-
nhecimento pela atividade desempenhada.
inferior. A ideia dessa promoção após tornar-se invá-
lido ou falecimento é, justamente, aumentar o valor
da remuneração (ou de sua pensão por morte), que Os elogios são importantes, sobretudo aqueles
será desfrutada pelo mesmo ou pela sua família. previstos nos incisos II e III do art. 59, pois são obri-
Percebemos que essas concessões possuem uma gatoriamente considerados para efeito de avaliação
forte relação com a própria atividade policial. Se o de desempenho. Por exemplo: se um agente policial
agente policial se acidenta em serviço, ou até mesmo consegue atuar em serviço de forma a impedir que o
acaba falecendo, a legislação entende que será mais sequestro de uma jovem se prolongue por muito mais
5
tempo (mediante emboscada contra o sequestrador),
-3

justo que o Estado arque com as despesas para trans-


68

porte do agente ao hospital, bem como para o trans- ele pode receber um elogio. O elogio será utilizado
.3

porte da família até o local do domicílio ao óbito, na como critério na sua avaliação de desempenho, que
87

hipótese de o agente viver em localidade diversa da influencia diretamente em o quanto ele ganha a título
.2

sua família. de gratificação por desempenho. Não constitui motivo


63

O auxílio-funeral é tratado pelo art. 51: para elogio o cumprimento dos deveres impostos ao
-4

policial civil.
Por fim, a lei também faz menção ao direito de
es

Ao cônjuge, companheiro ou companheira ou, na


petição, disposto no art. 55. Segundo tal dispositivo,
ed

falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas


em virtude do falecimento do policial civil, ativo ou
gu

inativo, será concedido auxílio-funeral, a título de É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídi-
a

benefício assistencial, de valor correspondente a 1 ca, independentemente de pagamento, o direito de


lv

(um) mês da respectiva remuneração. petição contra ilegalidade ou abuso de poder e para
si

defesa de direitos
an

O que diferencia o auxílio-funeral dos demais be-


Lu

nefícios previstos no art. 48 é que este é apenas devi- A Administração Pública obrigada é a respon-
do para o policial que tenha se acidentado ou falecido der todos os requerimentos encaminhados a ela. Em
dentro do serviço. O auxílio-funeral é devido indepen- nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-
dentemente se o falecimento se der a serviço ou não. -se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição,
No caso de ficar comprovado, por meio de compe- sob pena de responsabilidade do agente (parágrafo
tente apuração, que o óbito do policial civil decorreu único do art. 55).
de lesões recebidas no exercício de suas funções ou O direito de petição é uma garantia constitucio-
doenças delas decorrentes, o benefício será acrescido nal, sendo aplicável tanto no processo administrativo
do valor correspondente a mais um mês da respectiva como no processo judicial. É absolutamente vedado
remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante exigir uma contraprestação quando um cidadão resol-
apresentação de alvará judicial (§ 2º do art. 51). ve peticionar contra o Estado, exigindo que ele apre-
Os art. 52 e 53 tratam sobre alguns benefícios de sente uma resposta ao seu requerimento.
natureza não pecuniária. Vejamos: Tratando mais especificamente do servidor poli-
O policial civil que sofrer lesões no exercício de cial, a ele é assegurado o direito de requerer ou repre-
suas funções deverá ser encaminhado a qualquer sentar, bem como, nos termos desta lei complementar,
38 hospital, público ou particular, às expensas do Estado. pedir reconsideração e recorrer de decisões (art. 57).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Apesar da Lei Complementar somente fazer men- X - residir na sede do município onde exerça o cargo
ção aos recursos mais adiante, é importante conhecer ou função, ou onde autorizado;
as principais peças que são utilizadas dentro do pro- XI - frequentar, com assiduidade, para fins de aper-
cesso administrativo: feiçoamento e atualização de conhecimentos pro-
fissionais, cursos instituídos periodicamente pela
Academia de Polícia;
z O direito de peticionar abrange o requerimento, a
XII - portar a carteira funcional;
reconsideração e o recurso;
XIII - promover as comemorações do “Dia da Polí-
z O requerimento será dirigido à autoridade compe-
cia” a 21 de abril, ou delas participar, exaltando o
tente para decidir sobre ele e encaminhá-lo à que vulto de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes,
estiver imediatamente subordinado o requerente; Patrono da Polícia;
z O direito de pedir reconsideração será exercido XIV - ser leal para com os companheiros de tra-
perante a autoridade que houver expedido o ato, balho e com eles cooperar e manter espírito de
ou proferido a primeira decisão; solidariedade;
z Caberá recurso, quando do indeferimento do XV - estar em dia com as normas de interesse
pedido de reconsideração, bem como das decisões policial;
sobre os recursos sucessivamente interpostos. XVI - divulgar para conhecimento dos subordina-
dos as normas referidas no inciso anterior;
DOS DEVERES, DAS TRANSGRESSÕES XVII - manter discrição sobre os assuntos da repar-
DISCIPLINARES E DAS RESPONSABILIDADES tição e, especialmente, sobre despachos, decisões e
providências.
Se os servidores públicos, em geral, possuem uma
gama de direitos e benefícios, por outro lado, a eles Por outro lado, temos as transgressões discipli-
se aplica um rigoroso regime disciplinar, que apu- nares, previstas no art. 63. São condutas tipificadas
ra quais são os deveres principais que todo servidor pela Lei Complementar que o policial deve se abs-
tem, e também tipifica condutas que o servidor deve ter de fazer (por isso, são vedações). Novamente, é
se abster de praticar, porque são incompatíveis com importante a leitura da Lei seca:
o exercício do funcionalismo público e mancham a
Art. 63 São transgressões disciplinares:
reputação da Administração Pública. Se um servidor
I - manter relações de amizade ou exibir-se em públi-
pratica uma dessas condutas proibidas, será severa-
co com pessoas de notórios e desabonadores antece-
mente punido. dentes criminais, salvo por motivo de serviço;
Os servidores policiais civis, dada a sua grande II - constituir-se procurador de partes ou servir de
importância para as funções estatais, também pos- intermediário, perante qualquer repartição públi-
suem uma grande gama de deveres e de vedações, ca, salvo quando se tratar de interesse de cônjuge
isso é, de condutas que ele deve fazer, e de condutas ou parente até segundo grau;
que ele está proibido de fazer. III - descumprir ordem superior, salvo quando
manifestamente ilegal, representando neste caso;
5
Dica IV - não tomar as providências necessárias ou dei-
-3

xar de comunicar, imediatamente, à autoridade


68

O que fundamenta esse regime de deveres e competente, faltas ou irregularidades de que tenha
.3

de vedações é o poder disciplinar. Esse poder conhecimento;


87

confere à Administração Pública a faculdade de V - deixar de oficiar tempestivamente nos expedien-


.2

tes que lhe forem encaminhados;


63

punir os seus próprios agentes, sem a necessi-


VI - negligenciar na execução de ordem legítima;
-4

dade de ingressar na via judiciária para tanto.


VII - interceder maliciosamente em favor de parte;
es

VIII - simular doença para esquivar-se ao cumpri-


Os deveres dos policiais civis estão previstos no
ed

mento de obrigação;
art. 62. A melhor forma de memorizá-los é pela leitura IX - faltar, chegar atrasado ou abandonar escala de
gu

da Lei seca, in verbis: serviço ou plantões, ou deixar de comunicar, com


a

antecedência, à autoridade a que estiver subordina-


lv

Art. 62 - São deveres do policial civil: do, a impossibilidade de comparecer à repartição,


si

I - ser assíduo e pontual; salvo por motivo justo;


an

II - ser leal às instituições; X - permutar horário de serviço ou execução de


Lu

III - cumprir as normas legais e regulamentares; tarefa sem expressa permissão da autoridade
IV - zelar pela economia e conservação dos bens do competente;
Estado, especialmente daqueles cuja guarda ou uti- XI - usar vestuário incompatível com o decoro da
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

lização lhe for confiada; função;


V - desempenhar com zelo e presteza as missões XII - descurar de sua aparência física ou do asseio;
que lhe forem contidas, usando moderadamente de XIII - apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob
força ou outro meio adequado de que dispõe, para efeito de substância que determine dependência
esse fim; física ou psíquica;
VI - informar incontinente toda e qualquer altera- XIV - lançar intencionalmente, em registros oficiais,
ção de endereço da residência e número de telefone, papeis ou quaisquer expedientes, dados errôneos,
se houver; incompletos ou que possam induzir a erro, bem
VII - prestar informações corretas ou encaminhar o como inserir neles anotações indevidas;
solicitante a quem possa prestá-las; XV - faltar, salvo motivo relevante a ser comunica-
VIII - comunicar o endereço onde possa ser encon- do por escrito no primeiro dia em que comparecer
trado, quando dos afastamentos regulamentares; à sua sede de exercício, a ato processual, judiciário
IX - proceder na vida pública e particular de modo ou administrativo, do qual tenha sido previamente
a dignificar a função policial; cientificado; 39
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
XVI - utilizar, para fins particulares, qualquer que que apresentar sintomas de intoxicação habitual
seja o pretexto, material pertencente ao Estado; por álcool, entorpecente ou outra substância que
XVII - interferir indevidamente em assunto de natu- determine dependência física ou psíquica, ou de
reza policial, que não seja de sua competência; comunicar tal fato, se incompetente, à autoridade
XVIII - fazer uso indevido de bens ou valores que que o for;
lhe cheguem as mãos, em decorrência da função, ou XLIV - dirigir viatura policial com imprudência,
não os entregar, com a brevidade possível, a quem imperícia, negligência ou sem habilitação;
de direito; XLV - manter transação ou relacionamento indevi-
XIX - exibir, desnecessariamente, arma, distintivo do com preso, pessoa em custódia ou respectivos
ou algema; familiares;
XX - deixar de ostentar distintivo quando exigido XLVI - criar animosidade, velada ou ostensivamen-
para o serviço; te, entre subalternos e superiores ou entre colegas,
XXI - deixar de identificar-se, quando solicitado ou ou indispô-los de qualquer forma;
quando as circunstâncias o exigirem; XLVII - atribuir ou permitir que se atribua a pessoa
XXII - divulgar ou propiciar a divulgação, sem estranha à repartição, fora dos casos previstos em
autorização da autoridade competente, através da lei, o desempenho de encargos policiais;
imprensa escrita, falada ou televisada, de fato ocor- XLVIII - praticar a usura em qualquer de suas
rido na repartição; formas;
XXIII - promover manifestações contra atos da XLIX - praticar ato definido em lei como abuso de
administração ou movimentos de apreço ou desa- poder;
preço a qualquer autoridade; L - aceitar representação de Estado estrangeiro,
XXIV - referir-se de modo depreciativo às autorida- sem autorização do Presidente da República;
des e a atos da administração pública, qualquer que LI - tratar de interesses particulares na repartição;
seja o meio empregado para esse fim; LII - exercer comércio entre colegas, promover ou
XXV - retirar, sem prévia autorização da autorida- subscrever listas de donativos dentro da repartição;
de competente, qualquer objeto ou documentos da LIII - exercer comércio ou participar de socie-
repartição; dade comercial salvo como acionista, cotista ou
XXVI - tecer comentários que possam gerar descré- comanditário;
dito da instituição policial; LIV - exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer
XXVII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou outro emprego ou função, exceto atividade relativa
velado, de obter proveito de qualquer natureza ao ensino e à difusão cultural, quando compatível
para si ou para terceiros; com a atividade policial;
XXVIII - deixar de reassumir exercício sem motivo LV - exercer pressão ou influir junto a subordinado
justo, ao final dos afastamentos regulares ou, ainda para forçar determinada solução ou resultado.
depois de saber que qualquer deste foi interrompido
por ordem superior; O art. 64, por sua vez, trata de uma vedação bas-
XXIX - atribuir-se qualidade funcional diversa do
tante única e distinta das demais dispostas no art. 63.
cargo ou função que exerce;
É vedado ao policial civil
XXX - fazer uso indevido de documento funcional,
5
-3

arma, algema ou bens da repartição ou cedê-los a


trabalhar sob as ordens imediatas de parentes, até
68

terceiro;
XXXI - maltratar ou permitir maltrato físico ou segundo grau, salvo quando se tratar de função de
.3

confiança e livre escolha, não podendo exceder de


87

moral a preso sob sua guarda;


XXXII - negligenciar na revista a preso; 2 (dois) o número de auxiliares nestas condições.
.2
63

XXXIII - desrespeitar ou procrastinar o cumprimen-


to de decisão ou ordem judicial; Já o art. 65 trata do tema das responsabilidades
-4

XXXIV - tratar o superior hierárquico, subordinado do policial civil. É algo bastante similar à responsa-
es

ou colega sem o devido respeito ou deferência; bilidade do servidor público em geral. O policial civil
ed

XXXV - faltar à verdade no exercício de suas apresenta tríplice responsabilidade, uma vez que ele
gu

funções;
XXXVI - deixar de comunicar incontinente à auto- Art. 65 responde civil, penal e administrativamen-
a

ridade competente informação que tiver sobre per-


lv

te pelo exercício irregular de suas atribuições,


si

turbação da ordem pública ou qualquer fato que ficando sujeito, cumulativamente, às respectivas
exija intervenção policial;
an

cominações.
XXXVII - dificultar ou deixar de encaminhar expe- Art. 66 A responsabilidade civil decorre de conduta
Lu

diente à autoridade competente, se não estiver na funcional, comissiva ou omissiva, dolosa ou cul-
sua alçada resolvê-lo; posa, que acarrete prejuízo para o patrimônio da
XXXVIII - concorrer para o não cumprimento ou Fazenda Pública ou de terceiros.
retardamento de ordem de autoridade competente;
XXXIX - deixar, sem justa causa, de submeter-se a A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
inspeção médica determinada por lei ou pela auto- travenções imputados, por lei, ao policial civil, nesta
ridade competente;
qualidade. A responsabilidade administrativa, por outro
XL - deixar de concluir nos prazos legais, sem moti-
lado, consiste na instauração de processo disciplinar
vo justo, procedimento de polícia judiciária, admi-
pelo qual haverá a verificação da conduta delituosa do
nistrativos ou disciplinares;
XLI - cobrar taxas ou emolumentos não previstos agente, bem como a aplicação da pena mais adequada.
em lei; É imprescindível reforçar que a aplicação de qual-
XLII - expedir identidade funcional ou qualquer tipo quer pena ao servidor público pressupõe um processo
de credencial a quem não exerça cargo ou função administrativo, sendo assegurado ao acusado direito
policial civil; ao contraditório e à ampla defesa, sendo obrigatória,
XLIII - deixar de encaminhar ao órgão competente, inclusive, a presença do advogado em todas as fases
40 para tratamento ou inspeção médica, subordinado do referido processo (Súmula nº 343 do STJ). Todavia,
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tal entendimento vem sofrendo alteração, pois o STF Compete exclusivamente ao Governador do Esta-
já reconheceu em Súmula Vinculante nº 5 entendi- do a aplicação das penas de demissão, demissão a
mento de que a falta de defesa técnica no processo bem do serviço público e cassação de aposentadoria
administrativo disciplinar não é inconstitucional. ou disponibilidade a Delegado de Polícia. Compete ao
Segundo o § 1º do art. 65, a responsabilidade admi- Governador, ao Secretário da Segurança Pública e ao
nistrativa é independente da civil e da criminal. Essas Delegado Geral de Polícia, a aplicação de pena a Dele-
três esferas de responsabilidade são independentes e gado de Polícia.
não se comunicam entre si. Contudo, essa regra apre- A pena de advertência é uma das mais brandas,
senta uma importante exceção: a responsabilidade sendo aplicada verbalmente, no caso de falta de cum-
patrimonial e administrativa do servidor será afasta- primento dos deveres, ao infrator primário. Impor-
da no caso de absolvição criminal que dê como prova- tante o texto do parágrafo único do art. 71:
da a inexistência do fato ou que negue a sua autoria.
Esquematicamente, podemos dividir as três esferas a pena de advertência não acarreta perda de venci-
de responsabilidade, destacando-se a sua natureza, os mentos ou de qualquer vantagem de ordem funcio-
tipos de sanções que são impostas, e da possibilidade nal, mas contará pontos negativos na avaliação de
delas comunicarem-se entre si: desempenho.

RESPONSABILI- A pena de repreensão é bem similar à de


RESPONSABILI- RESPONSABILI-
DADE ADMINIS- advertência, com a diferença de que ela será aplicada
DADE CIVIL DADE CRIMINAL
TRATIVA por escrito,
Natureza indeni- Natureza disci- Natureza penal Art. 72 no caso de transgressão disciplinar, sendo o
zatória (reparação plinar (apurar (apurar crimes e infrator primário e na reincidência de falta de cum-
de danos) transgressões contravenções) primento dos deveres.
disciplinares)

Sanção: restitui- Sanção: advertên- Sanção: decreta- Segundo o Parágrafo único do art. 72,
ção de valores ao cia, repreensão, ção de prisão, res-
erário suspensão, demis- trição de direitos a pena de repreensão poderá ser transformada em
são, cassação de advertência, aplicada por escrito e sem publicidade.
aposentadoria
A pena de suspensão, prevista no art. 73, será apli-
Não se comunica Não se comunica Não se comunica,
cada nos casos de:
exceto quando
não se configura
crime, ou seja I - descumprimento dos deveres e transgressão dis-
negada autoria do ciplinar, ocorrendo dolo ou má fé;
agente II - reincidência em falta já punida com repreensão.
5
-3

Um aspecto único da suspensão é que ela poderá


68

Na hipótese de o policial civil ter cometido umas ser convertida em multa, na base de 50% por dia, do
das referidas transgressões mencionadas, ele estará
.3

vencimento e demais vantagens. Nesse caso, o policial


87

sujeito a uma das seguintes sanções disciplinares, fica obrigado a permanecer em serviço.
.2

todas elas dispostas no art. 67: Será aplicada a pena de demissão, de acordo com
63

o art. 73, nos casos de:


-4

I - advertência;
II - repreensão; I - abandono de cargo;
es

III - multa; II - procedimento irregular, de natureza grave;


ed

IV - suspensão; III - ineficiência intencional e reiterada no serviço;


gu

V - demissão; IV - aplicação indevida de dinheiros públicos;


VI - demissão a bem do serviço público;
a

V - insubordinação grave;
lv

VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade. VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por
si

mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamen-


an

O conteúdo do artigo 68 caiu em algumas ques- te, durante um ano.


Lu

tões de prova. Ele trata da remoção compulsória, que


poderá ser aplicada cumulativamente com as penas
Dica
previstas nos incisos II, III e IV do artigo 67, quando
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

em razão da falta cometida houver conveniência nes- Um pequeno macete para decorar as hipóteses
se afastamento para o serviço policial. de demissão simples: ao pegar a primeira letra
O art. 70 trata das pessoas competentes para de cada inciso, forma-se a expressão “A PIA IA”
aplicar as respectivas sanções disciplinares. São os Abandono de cargo;
seguintes: Procedimento irregular;
Ineficiência intencional e reiterada no serviço;
I - o Governador;
Aplicação indevida de dinheiros públicos;
II - o Secretário da Segurança Pública;
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão;
Insubordinação Grave;
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, Ausência ao serviço.
até a sanção de suspensão limitada a 60 (sessenta)
dias; O art. 75 trata dos casos de demissão a bem do
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxilia- serviço público. Não se confunde com a demis-
res, até a sanção de repreensão. são simples, porque aqui o policial civil não precisa 41
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necessariamente causar algum prejuízo para a Admi- z pelo prazo de prescrição em abstrato da pena cri-
nistração Pública: a sua conduta, mesmo que não minal, a falta prevista em lei como infração penal.
possua relação com o exercício da função pública, é
causa para que ocorra o seu desligamento forçado. A prescrição começa a correr do dia em que a falta
Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço for cometida; ou do dia em que tenha cessado a conti-
público, nos casos de: nuação ou a permanência, nas faltas continuadas ou
permanentes. A prescrição será interrompida quando
I - conduzir-se com incontinência pública e escan- houver portaria que instaura sindicância e/ou do pro-
dalosa e praticar jogos proibidos; cesso administrativo.
II - praticar ato definido como crime contra a Admi-
nistração Pública, a Fé Pública e a Fazenda Pública Do processo administrativo disciplinar: da
ou previsto na Lei de Segurança Nacional; sindicância e do procedimento ordinário
III - revelar dolosamente segredos de que tenha
conhecimento em razão do cargo ou função, com Já vimos que o agente policial está sujeito à aplica-
prejuízo para o Estado ou particulares; ção de diversas penas, devido ao seu rigoroso regime
IV - praticar ofensas físicas contra funcionários, disciplinar. Resta-nos ver agora como essa sanção é
servidores ou particulares, salvo em legítima imposta. Para isso, temos o Processo Administrativo
defesa; Disciplinar (ou PAD).
V - causar lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres O Processo Administrativo Disciplinar é o meio
públicos; perante o qual a autoridade competente apura as
VI - exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, transgressões cometidas pelos agentes públicos, apli-
diretamente ou por intermédio de outrem, ainda cando a eles as respectivas sanções. É garantido a
que fora de suas funções, mas em razão destas; todos os servidores públicos, inclusive para os poli-
VII - provocar movimento de paralisação total ou ciais civis do Estado de São Paulo.
parcial do serviço policial ou outro qualquer servi- A autoridade que tiver ciência de irregularidade
ço, ou dele participar; no serviço público é obrigada a promover a sua apu-
VIII - pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou ração imediata, mediante sindicância ou processo
valor de pessoas que tratem de interesses ou os administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua ampla defesa (art. 87).
fiscalização; Segue um fluxograma sobre o funcionamento do
IX - exercer advocacia administrativa; Processo Administrativo Disciplinar:
X - praticar ato definido como crime hediondo, tor-
tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
e terrorismo; Procedimento
XI - praticar ato definido como crime contra o Sis- Sindicância Administrativo Recursos
tema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de Ordinário
bens, direitos ou valores;
XII - praticar ato definido em lei como de improbidade.
5
Da sindicância
-3

A cassação de aposentadoria é tratada pelo art.


68

77. É a sanção aplicável ao policial civil que não está A sindicância é o procedimento instaurado quan-
.3

mais a serviço, mas percebe proventos a título de


87

do a falta disciplinar, por sua natureza, possa deter-


aposentadoria (ele não pode ser demitido, já que não minar as penas de advertência, repreensão, multa e
.2

trabalha mais).
63

suspensão. É instaurada para apurar faltas e trans-


Segundo o referido art. 77, será aplicada a pena de gressões mais leves, isso é, transgressões que não
-4

cassação de aposentadoria ou disponibilidade, se ficar podem ensejar na demissão do policial, ou da cassa-


es

provado que o inativo: ção de sua aposentadoria.


ed

Comparando com o processo penal, pode-se afir-


gu

I - praticou, quando em atividade, falta para a qual mar que a sindicância é como se fosse a “fase investi-
é cominada nesta lei a pena de demissão ou de gativa”, pois o fim dela não resulta em uma sentença
a
lv

demissão a bem do serviço público; ou decisão: ela serve primordialmente para apurar o
si

II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; que ocorreu, e se é necessário instaurar o processo
an

III - aceitou representação de Estado estrangeiro posteriormente. Apesar disso, é possível que a sindi-
sem prévia autorização do Presidente da República. cância resulte na aplicação de pena de repreensão ou
Lu

de suspensão (mas nunca de demissão ou de cassação


Apesar da Secretaria de Justiça poder punir seus de aposentadoria).
policiais, essa punibilidade pode se extinguir pelo Atenção: a sindicância é uma etapa que pode ocor-
advento de algumas hipóteses: com o falecimento do rer antes do curso do procedimento ordinário, mas
próprio agente policial, pela anistia administrativa, não é, necessariamente, uma etapa obrigatória do
ou pela retroatividade da lei que não considere o fato processo ordinário. A sindicância não é essencial para
como falta (art. 81, I, II e III). o curso do procedimento ordinário; se a transgressão
O mais importante é mencionar que a pretensão for considerada gravíssima, sujeita a uma pena que é
punitiva também pode se extinguir pela prescrição. incompatível com a sindicância, ou se a transgressão
Sobre o tema, o art. 80 dispõe que prescreve: se configura automaticamente, não há necessidade de
sua investigação.
z em dois anos, a falta sujeita à pena de advertência, Todas as autoridades mencionadas no art. 70 são
repreensão, multa ou suspensão; competentes para instaurar a sindicância.
O art. 92 apresenta algumas regras específicas da
z em cinco anos, a falta sujeita à pena de demissão,
sindicância, sem excluir as demais regras gerais sobre
demissão a bem do serviço público e de cassação
42 da aposentadoria ou disponibilidade;
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o processo disciplinar dispostas dentro da referida Lei citação do acusado e a notificação do denunciante,
Complementar. Vejamos essas regras especiais: se houver.
§ 2º A citação do acusado será feita pessoalmen-
z A autoridade sindicante e cada acusado pode- te, no mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório,
rão arrolar um número máximo de até três por intermédio do respectivo superior hierárquico,
testemunhas; ou diretamente, onde possa ser encontrado.
z A sindicância deve ser concluída no prazo de ses- § 3º Não sendo encontrado, a citação será feita por
senta dias; edital, publicado uma vez no Diário Oficial do Esta-
z A sindicância também produz um relatório, que do, no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório.
não tem poder de vincular a decisão final, fei-
to pela autoridade competente. O relatório será Se, mesmo citado, o acusado não comparecer ao
enviado à autoridade competente para, se quiser, interrogatório, será, por despacho, decretada sua
basear-se nele para elaborar a decisão. revelia, prosseguindo-se nos demais atos e termos do
processo. Ao acusado revel será nomeado advogado
Da sindicância, poderá resultar um dos seguintes dativo (art. 100 e 101).
caminhos: o arquivamento do processo; a aplicação O art. 103 trata da colheita de provas, feita na fase
de penalidade de advertência, multa, repreensão instrutória. Comparecendo ou não o acusado ao inter-
ou suspensão. Ou, ainda, a instauração de processo rogatório, inicia-se o prazo de três dias para requerer
disciplinar. a produção de provas, ou apresentá-las.

Do Procedimento Administrativo Ordinário Art. 103 [...]


§1º Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco)
Segundo o art. 89, será obrigatório o processo testemunhas.
administrativo (pode aparecer também como pro-
cedimento ordinário) quando a falta disciplinar, Observe que, pela leitura do § 1º do art. 103, o núme-
por sua natureza, possa determinar a pena de demis- ro de testemunhas levadas para o procedimento ordiná-
são, demissão a bem do serviço público, cassação de rio é maior do que o da sindicância. Isso condiz com a
aposentadoria ou disponibilidade. De modo geral, ele natureza da apuração da transgressão, que é mais grave
serve para apurar transgressões mais graves, motivo do que as transgressões apuradas em sindicância. Por
pelo qual ele apresenta um prazo maior para se encer- isso, a parte referente à instrução é um pouco maior.
rar e permite haver uma maior colheita de provas do Na audiência de instrução, segundo o art. 104,
que a sindicância. serão ouvidas, pela ordem, as testemunhas arroladas
O processo administrativo será presidido por Dele- pelo presidente, em número não superior a cinco, e
gado de Polícia, que designará como secretário um pelo acusado. Tratando-se de servidor público, seu
Escrivão de Polícia. Havendo imputação contra Dele- comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo
gado de Polícia, a autoridade que presidir a apuração superior imediato com as indicações necessárias.
será de classe igual ou superior à do acusado (pará- A testemunha não poderá eximir-se de depor, sal-
5
vo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que
-3

grafo único do art. 95).


68

legalmente separado, companheiro, irmão, sogro e


.3

cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto


Dica
87

quando não for possível, por outro modo, obter-se ou


.2

O processo disciplinar é dividido em três fases: I) integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias
63

instauração, com a publicação do ato que cons- (art. 106, parágrafos).


-4

tituir a comissão; II) instrução, em que temos o Em qualquer fase do processo, poderá o presiden-
te, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar
es

inquérito administrativo, a defesa do acusado e


outras diligências que entenda convenientes. Pode ser
ed

relatório; e III) julgamento, que envolve a peça


decisória e os eventuais recursos. que seja necessário requerer assistência de técnicos
gu

ou de peritos oficiais para a produção de uma prova


a

em específico. É permitido ao presidente requisitar


lv

Sobre a instauração, dispõe o art. 97 que o proces-


esse perito ou técnico, observado os impedimentos
si

so administrativo
previstos no art. 105.
an

Encerrada a fase probatória, será dada vista dos


Lu

deverá ser instaurado por portaria, no prazo


improrrogável de 8 (oito) dias do recebimento da autos à defesa, que poderá apresentar alegações
determinação, e concluído no de 90 (noventa) dias finais, no prazo de sete dias (art. 112).
da citação do acusado. Uma vez encerradas as alegações finais, será encer-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

rado o relatório contendo todas as provas produzidas


§ 1º Da portaria deverá constar algumas informa- na fase instrutória, devendo ser apresentado, no prazo
ções essenciais, como o nome e a identificação do de dez dias, à autoridade julgadora. O relatório deverá
acusado, a infração que lhe é atribuída, com des- descrever, em relação a cada acusado, separadamente,
crição sucinta dos fatos e a indicação das normas as irregularidades imputadas, as provas colhidas e as
infringidas. razões de defesa, propondo a absolvição ou punição e
indicando, nesse caso, a pena que entender cabível (§
O art. 98, por sua vez, trata da citação do acusado, 1º do art. 113). O relatório não é a decisão final, ele será
nos termos: usado apenas como base para o julgamento final.

Art. 98 Autuada a portaria e demais peças pree- Art. 115 Terão forma processual resumida, quan-
xistentes, o presidente deve designar dia e hora do possível, todos os termos lavrados pelo secre-
para audiência de interrogatório, determinando a tário, quais sejam: autuação, juntada, conclusão, 43
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intimação, data de recebimento, bem como certi- requerente para, no prazo de oito dias, oferecer rol
dões e compromissos. de testemunhas, ou requerer outras provas que pre-
tenda produzir. No processamento da revisão, serão
O art. 118 traz um conteúdo muito importante observadas as normas previstas nessa lei complemen-
em relação à prescrição da reincidência. Decorridos tar para o processo administrativo (art. 127, parágrafo
cinco anos de efetivo exercício, contados do cumpri- único).
mento da sanção disciplinar, sem cometimento de A decisão que julgar procedente a revisão poderá
nova infração, não mais poderá aquela ser conside- alterar a classificação da infração, absolver o punido,
rada em prejuízo do infrator, inclusive para efeito de modificar a pena ou anular o processo, restabelecen-
reincidência. do os direitos atingidos pela decisão reformada (art.
128).
Dos recursos e da revisão no processo Da revisão não pode resultar agravamento da
administrativo pena, algo que a doutrina costuma denominar de
vedação à reformatio in pejus. Se a revisão foi reque-
O processo não precisa se encerrar com apenas rida pelo próprio agente policial, ele não pode sair
uma decisão: é admitido interpor recurso ou pedido prejudicado com, por exemplo, aumento da pena da
de reconsideração. O recurso poderá ser interposto, decisão administrativa.
por uma única vez, contra decisão que aplicar penali-
dade, nos termos do artigo 119. O prazo para recorrer DECRETO ESTADUAL Nº 60.449/2014 – DO
é de trinta dias, contados da publicação da decisão PROCEDIMENTO RELATIVO À REALIZAÇÃO
impugnada no Diário Oficial do Estado. DE CONCURSOS PÚBLICOS NO ÂMBITO DA
Uma vez interposto, o recurso será apresentado à ADMINISTRAÇÃO DIRETA E AUTÁRQUICA DO
autoridade que aplicou a pena, que terá o prazo de ESTADO E DÁ PROVIDÊNCIAS CORRELATAS.
dez dias para, motivadamente, manter sua decisão ou
reformá-la. Mantida a decisão, ou reformada parcial- O Decreto Estadual nº 60.449, de 15 de maio de
mente, será imediatamente encaminhada a reexame 2014, regulamenta os procedimentos relativos à rea-
pelo superior hierárquico (art. 119, parágrafos). Já o lização de concursos públicos, no âmbito da Adminis-
pedido de reconsideração, nos termos do art. 120, será tração direta e autárquica do Estado de São Paulo.
interposto contra decisão tomada pelo Governador do É uma norma muito importante para a
Estado em única instância, no prazo de trinta dias. Administração Pública Estadual, uma vez que a grande
Segundo o texto do art. 121, maioria de seus agentes, servidores e/ou empregados
são admitidos dentro de seus órgãos e repartições
os recursos não têm efeito suspensivo; os que forem mediante aprovação em concurso público. Consideran-
providos darão lugar às retificações necessárias, do também que é um decreto relativamente pequeno,
retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo. é imprescindível conhecer e analisar os seus principais
dispositivos.
Todavia, o texto desse dispositivo não é totalmen-
5
-3

te verdadeiro: pode o recorrente, desde que esteja Da autorização para abertura do concurso público
68

expresso e o recurso seja interposto dentro do prazo


.3

corretamente (tempestivo), requerer a suspensão da O Decreto trata, de modo geral, de todo o proces-
87

decisão que corre contra ele. so em que deve ser feito para a abertura do concurso
.2

O que o texto do dispositivo expõe é que os recur- público dentro da Polícia Civil de São Paulo. O concur-
63

sos não têm efeito suspensivo de ofício. O efeito sus- so público é um ato administrativo e, assim como todo
-4

pensivo deve ser concedido toda vez que houver justo ato, tem prazo para começar a surtir efeitos, e depois
receio de prejuízo, de reparação difícil ou incerta.
es

se dá por encerrado. Vamos ver todo esse caminho,


Apenas o pedido de reconsideração não pode ser
ed

desde sua criação até a extinção do concurso público.


concedido com efeito suspensivo. Preliminarmente, o artigo 2º salienta que
gu

Por fim, o art. 122 trata da revisão. Não é um recur-


a

so, pois, segundo o próprio dispositivo, admitir-se-á, a


lv

[...] o concurso público é o procedimento pelo qual


qualquer tempo, a revisão de punição disciplinar, se
si

se dá a seleção de indivíduos mais capacitados para


surgirem fatos ou circunstâncias ainda não aprecia- a investidura em cargo público de caráter efetivo ou
an

dos, ou vícios insanáveis de procedimento, que pos- emprego público de caráter permanente, norteado
Lu

sam justificar redução ou anulação da pena aplicada. pelos princípios da: I - legalidade; II - impessoalida-
Na revisão, o ônus da prova cabe ao requerente. de; III - moralidade; IV - publicidade, e V - eficiência.
O art. 123 apresenta um conteúdo importante: a
pena imposta não poderá ser agravada pela revisão. É Não há nenhuma grande novidade no texto do
o que se costuma chamar de proibição da reformatio artigo 2º, ainda mais para quem já estudou a maté-
in pejus, pois, se a revisão foi solicitada pelo próprio ria de Direito Administrativo. Os princípios elencados
servidor transgressor, seria injusto que da revisão pelo dispositivo são, praticamente, os mesmos princí-
resultasse um agravamento de sua pena. pios constitucionais e fundamentais da Administra-
A revisão não precisa ser requerida pessoalmente ção Pública Federal, previstos no caput do artigo 37 da
pelo funcionário. Segundo o art. 124, quando o inte- CF/1988. Para relembrar:
ressado for falecido ou incapaz, a revisão poderá ser
requerida por seu curador, cônjuge, companheiro, z Princípio da Legalidade: Fruto da própria noção
ascendente, descendente ou irmão, sempre por inter- de Estado de Direito, as atividades do gestor
médio de advogado. público estão submissas à forma da lei. A legali-
Recebido o pedido, o presidente providencia- dade promove maior segurança jurídica para os
44 rá o apensamento dos autos originais e notificará o administrados, na medida em que proíbe que a
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Administração Pública pratique atos abusivos. Ao b) a pretendida alocação da força de trabalho, espe-
contrário dos particulares, que podem fazer tudo cificando as unidades de lotação; e
aquilo que a lei não proíbe, a Administração só c) as necessidades das áreas que buscam suprir
pode realizar o que lhe é expressamente autoriza- com a medida;
do por lei; II - denominação e quantidade de cargos ou empre-
z Princípio da Impessoalidade: A atividade da gos públicos a serem providos ou preenchidos, com
Administração Pública deve ser imparcial, de a indicação dos respectivos vencimentos ou salá-
rios, e a jornada de trabalho;
modo que é vedado haver qualquer forma de
III - cálculo do acréscimo da despesa mensal e
tratamento diferenciado entre os administrados.
anual que a medida acarretará;
Há uma forte relação entre a impessoalidade e a
IV - estimativa do impacto orçamentário-financeiro
finalidade pública, pois quem age por interesse no ano em que os aprovados devem entrar em exer-
próprio não condiz com a finalidade do interesse cício e nos 2 (dois) anos subsequentes;
público. A própria razão de ser da abertura de con- V - indicação da origem das vagas oferecidas no
curso público é, justamente, para tratar os candi- certame, com respectivas datas de criação ou de
datos em condições iguais e objetivas; vacância, e motivo da vacância;
z Princípio da Moralidade: A Administração impõe VI - reserva das vagas devidamente realizada no
a seus agentes o dever de zelar por uma “boa-ad- Sistema Único de Cadastro de Cargos e Funções-A-
ministração”, buscando atuar com base nos valo- tividades - SICAD, instituído pelo Decreto nº 50.881,
res da moral comum, isso é, pela ética, decoro, de 14 de junho de 2006; e
boa-fé e lealdade. A moralidade não é somente um VII - cópia da previsão de pedidos de abertura de
princípio, mas também requisito de validade dos concurso público ou aproveitamento de remanes-
atos administrativos; centes, a que se refere o artigo 47 deste decreto.
z Princípio da Publicidade: A publicação dos atos
da Administração promove maior transparência Essa solicitação será enviada à Secretaria de Ges-
e garante eficácia erga omnes. Além disso, tam- tão Pública, por intermédio dos Secretários de Estado
bém diz respeito ao direito fundamental que toda ou do Procurador Geral do Estado, para análise téc-
pessoa tem de obter acesso às informações de seu nica da Unidade Central de Recursos Humanos. Após
interesse pelos órgãos estatais, salvo as hipóteses essas análises técnicas, o pedido de autorização para
em que esse direito ponha em risco a vida dos par- abertura de concurso público será submetido à apre-
ticulares ou o próprio Estado, ou ainda que ponha ciação governamental, por intermédio da Casa Civil,
em risco a vida íntima dos envolvidos; possuindo prazo de um ano, contado da data de sua
z Princípio da Eficiência: Implementado pela publicação (art. 5º, 7º e 8º).
reforma administrativa promovida pela Emenda
Constitucional nº 19 de 1988, a eficiência se tra- Do concurso público: edital, provas, aprovação,
duz na tarefa da Administração de alcançar os recursos e homologação
seus resultados de uma forma célere, promovendo
5
melhor produtividade e rendimento, evitando gas- O art. 9º trata da abertura do concurso público,
-3

tos desnecessários no exercício de suas funções. A que se dá por meio de publicação de edital contendo
68

eficiência fez com que a Administração brasileira instruções especiais disciplinando o certame.
.3

adquirisse caráter gerencial, tendo maior preocu- O concurso público possui prazo de validade, entre
87

pação na execução de serviços com perfeição ao seis meses até o máximo de dois anos, contados a partir
.2
63

invés de se preocupar com procedimentos e outras da data de homologação do certame, e poderá ser pror-
rogado uma única vez por igual período. A prorrogação
-4

burocracias. A adoção da eficiência, todavia, não


permite à Administração agir fora da lei, isso é, desse prazo é possível, e será efetuada por ato do Titu-
es

não se sobrepõe ao princípio da legalidade. lar do órgão ou entidade, com pelo menos um mês de
ed

antecedência do encerramento do prazo de validade do


gu

Dica concurso público (parágrafo único do art. 10).


A abertura de concurso público é precedida por
a
lv

Um método que facilita a memorização desses uma Comissão Especial de Concurso Público, res-
si

princípios é a palavra “limpe”, que engloba os ponsável por orientar e acompanhar o planejamento,
an

princípios da: a organização e a execução de cada concurso públi-


Lu

Legalidade; co, em todas as fases, exceto os casos de competência


Impessoalidade; legal específica de outro órgão. O § 3º do art.11 apre-
Moralidade; senta algumas regras específicas sobre essas Comis-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Publicidade; sões Especiais, a saber:


Eficiência.
z A Comissão deve ser constituída por número
Para a realização de concurso público, é impres- ímpar de membros;
cindível que haja autorização governamental para z A Comissão deve contar com a representação de pelo
realizar tal ato. Segundo o artigo 4º, a solicitação de menos um servidor da área de recursos humanos;
autorização para abertura de concurso público deve- z A Comissão deve contar com um presidente;
rá ser instruída, obrigatoriamente, com: z A Comissão deve contar com um suplente para
cada membro da comissão;
I - uma justificativa fundamentada, indicando: z A Comissão deve acompanhar a execução do con-
a) o perfil profissional esperado, indicando as prin- curso público em todas as atividades;
cipais funções a serem exercidas pelos futuros ser- z A Comissão deve fazer publicar os editais referen-
vidores ou empregados públicos; tes ao concurso público; 45
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z A Comissão deve traçar as diretrizes do concurso É algo bastante similar com a prova da 2ª fase do
público, orientando o órgão responsável pela sua Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), exi-
execução. gindo que o candidato conheça previamente o conteú-
do pedido pela questão para que ele possa dar uma
Do edital do concurso resposta completa, bem como escrever uma redação
sobre o tema apresentado pela prova. As instruções
Os arts. 13 e 14 tratam do edital do concurso públi- especiais do edital de abertura do concurso público
co. Com fundamento na obediência ao princípio da deverão informar, claramente, o tipo de prova disser-
publicidade, o edital de abertura de concurso públi- tativa, e os respectivos critérios de avaliação.
co deverá ter ampla divulgação, sendo veiculado, ao A prova de títulos, disposta no art. 22, é compos-
menos, pelos seguintes meios: pelo Diário Oficial do ta por pontuação de títulos relacionados à formação
e experiência profissional do candidato e deverá
Estado (DOE), pelo site da Pasta ou Autarquia detento-
especificar:
ra do concurso, ou pelo portal de concursos públicos
do Estado de que trata o art. 44 (art. 13).
I - os critérios da pontuação a ser obtida pela apre-
Sobre as inscrições, dispõe o art. 15 que a inscri- sentação de cada título;
ção para o concurso público deverá, preferencialmen- II - o número máximo de pontos a ser obtido nas
te, ser disponibilizada para realização por meio da provas de títulos.
internet. O período disponibilizado para a inscrição
não pode ser inferior a quinze dias. A inscrição do A avaliação dos títulos deverá seguir critérios obje-
candidato tivos e razoáveis, expressamente descritos no edital,
de acordo com as atribuições e responsabilidades do
Art. 17 poderá ser condicionada ao pagamento da cargo ou emprego público. Por ser uma avaliação em
taxa de inscrição fixada no edital, ressalvadas as que não se mede a capacidade do candidato, ela não
hipóteses de isenção ou redução previstas em lei ou pode ser usada com peso maior do que as provas obje-
nas instruções especiais do edital de abertura do tivas ou de dissertação. A nota da avaliação de títulos
concurso público. não poderá ter peso superior a 30% da nota total do
concurso público (§§ 1º, 2º e 3º do art. 22).
Das provas do concurso A prova oral, como o próprio nome aduz, exige que
o candidato responda a perguntas feitas oralmente
As provas podem ser de diversos tipos, segundo o pelo avaliador. Segundo o art. 24, a realização de pro-
art. 19: va oral só será admitida em casos específicos que esse
tipo de prova seja essencial para a boa seleção de can-
Objetiva; didatos aptos à assunção do cargo ou emprego públi-
co em questão. Deve ser devidamente fundamentada
Dissertativa; demostrando, inequivocamente, a necessidade de sua
realização.
5
-3

Títulos; A prova oral será gravada em áudio e vídeo, com


68

Oral; obrigatória entrega de cópia da respectiva prova ao can-


.3

PROVAS didato que a solicitar, mediante o pagamento das des-


87

Física; pesas de confecção da cópia, se exigido (§ 2º do art. 24).


.2

A prova física, por sua vez, encontra-se disposta no


63

Psicotécnica ou psicológica; art. 25. É uma prova de técnica e envolve atividades


-4

Investigação Social e Comprovação de físicas, como o próprio nome aduz.


es

idoneidade.
ed

A prova física exige a indicação no edital do tipo de


gu

prova, das técnicas admitidas e dos índices míni-


Nada impede que o concurso público envolva a mos, especificados para candidatos e candidatas,
a
lv

aplicação de mais de uma modalidade de prova. As necessários para aprovação.


si

provas objetivas poderão ser de dois tipos: § 1º Os candidatos deverão apresentar, no momen-
an

to da realização da prova física, laudo médico


atestando as condições de saúde do candidato,
Lu

I - prova de múltipla escolha;


II - prova prática de habilidades operacionais ou autorizando a realização dos testes físicos elenca-
dos no edital.
técnicas.

O art. 26 trata das provas psicotécnicas e/ou psi-


A prova de múltipla escolha é a prova objetiva
cológicas, que serão aceitas para cargos ou empregos
mais simples, é a prova para a qual você está estudan-
públicos
do neste exato momento. As instruções especiais do
edital de abertura de concurso público deverão indi- quando a lei assim exigir, com o intuito de iden-
car o formato, os critérios de avaliação e aprovação tificar e inabilitar indivíduos cujas característi-
da prova de habilidades técnicas (artigo 20, caput e cas psicológicas se mostrem incompatíveis com o
parágrafo único). desempenho das atividades inerentes ao posto em
Segundo o art. 21, são formas de provas disputa.
dissertativas:
O exame será realizado por profissionais devida-
I - provas de questões com respostas abertas; mente habilitados e com registro válido no Conselho
46 II - provas de redação. Regional de Psicologia - (CRP-SP)
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Finalmente, o art. 27 trata das provas de investi- deverão ser anuladas as questões:
gação social e comprovação de idoneidade e condu- I - objetivas de múltipla escolha com nenhuma ou
ta ilibada na vida pública e na vida privada, sendo mais de uma resposta correta;
essenciais para cargos ou empregos públicos II - com enunciado redigido de maneira obscura ou
dúbia;
quando a lei assim exigir, com o intuito de identifi- III - com erro gramatical substancial, desde que
car e inabilitar indivíduos cujas características se tal erro possa induzir o candidato a erro em sua
mostrem incompatíveis com o desempenho das ati- resposta;
vidades inerentes ao posto em disputa. IV - que exigirem conteúdo programático não pre-
visto no edital.
Da aprovação, homologação, e dos remanescentes
Homologação é o ato que convalida os efeitos do
concurso público, tornando-o perfeito e eficaz. Segun-
A aprovação no concurso público será feita com
do o art. 38, o concurso público será homologado por
base em critérios relacionados ao desempenho míni-
ato do Titular das Secretarias de Estado, da Procura-
mo nas provas; ou ao desempenho mínimo nas provas
doria Geral do Estado ou da Autarquia responsável
e número máximo de aprovados, por fase ou no resul-
pelo certame.
tado final do certame (art. 30, I e II).
No caso de estabelecimento de número máximo
Art. 39 Homologado o concurso público, o órgão
de aprovados para fases intermediárias do concurso
ou entidade promotor convocará, quando for o
público, deve-se prever o percentual legal de reserva caso, os candidatos para a escolha de vagas ou
de vagas para candidatos com deficiência. Geralmen- para anuência à nomeação, respeitada sempre a
te, esse percentual varia entre 5% a 20% do número ordem de classificação.
de vagas totais.
O art. 32 trata de um direito muito importante: o O candidato terá exauridos os direitos decorren-
candidato aprovado no concurso público, dentro do tes da sua habilitação no concurso público quando
limite de vagas disponibilizado nas instruções espe- verificada qualquer das seguintes hipóteses: 1) se não
ciais do edital de abertura do concurso público, terá escolher vaga; 2) se não anuir à nomeação no cargo ou
garantida sua nomeação ou admissão dentro do admissão no emprego público; 3) se recusar expressa-
prazo de validade do referido concurso. O conteúdo mente a nomeação ao cargo ou admissão no emprego
desse artigo é muito importante, pois estabelece o público; 4) se, efetuada a escolha de vaga ou manifes-
direito público subjetivo que o candidato possui de tada a anuência à nomeação, for nomeado e deixar de
ser admitido e nomeado para um cargo público, des- tomar posse no cargo (§ 1º do artigo 39).
de que ele tenha sido aprovado em classificação geral Remanescentes, segundo o artigo 40, são os candi-
dentro do limite de vagas disponíveis. datos aprovados em concurso público que, por conta de
Aqueles aprovados além do número de vagas dispo- sua classificação, não foram convocados para nomeação
nibilizadas no edital de abertura do concurso público, ou admissão até o provimento ou preenchimento de
durante o prazo de validade do respectivo concurso, todas as vagas indicadas no edital de abertura, durante
5
o prazo de validade do respectivo concurso.
-3

passarão a compor a lista de candidatos remanescentes.


Como já mencionado, os candidatos remanescen-
68

Estes não têm direito à nomeação ou admissão em cargo


tes não têm direito público subjetivo a serem nomea-
.3

público, uma vez que podem até terem sido aprovados,


dos para um cargo público. Todavia, eles possuem
87

mas existem outros candidatos que estão à sua frente,


direito de preferência sobre os demais candidatos
.2

segundo a classificação dos mesmos.


63

aprovados em exames posteriores. Sobre o tema, dis-


É importante frisar que o concurso público é,
põe o art. 41 que os candidatos remanescentes
-4

sobretudo, um ato administrativo, e, como tal, é pas-


es

sível de recurso. Nos termos do art. 34, a instituição [...] têm prioridade sobre candidatos de concursos
promotora do concurso público deverá disponibilizar,
ed

supervenientes, desde que seja no âmbito do mes-


preferencialmente, sem prejuízo de outros meios que
gu

mo órgão ou entidade, na convocação para nomea-


julgar pertinentes, sistema de elaboração de recur- ção ou admissão para o mesmo cargo ou emprego
a

sos pela internet que permita ao candidato redigir e


lv

público, observadas as especificidades requeridas


si

enviar seu recurso, com a funcionalidade de anexar no edital de abertura do concurso público.
arquivos magnéticos de texto ou figuras.
an

Lembre-se do direito de petição: para todo reque- Fica autorizado o aproveitamento de remanes-
Lu

rimento dirigido a uma autoridade pública, ela não centes de concursos públicos, com prazo de validade
pode se escusar em responder tal requerimento. em vigor, para provimento de cargos entre órgãos
Sobre o tema, dispõe o art. 35 que a resposta ao recur- da Administração Direta. O aproveitamento deverá
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

so do candidato deverá conter observar os seguintes critérios:

justificativa clara e objetiva, em relação aos prin- z m aior tempo da homologação do concurso público;
cipais argumentos utilizados pelo candidato recor- z aderência das especificidades requeridas no edital
rente, com fundamentação técnica da razão de de abertura do concurso público;
provimento ou rejeição dos recursos. z autorização do órgão detentor do concurso públi-
co para a convocação dos candidatos.
O resultado do julgamento do recurso pode acar-
retar em anulação de questão, caso em que será pro- Do Portal de Concursos Públicos do Estado
movido novo cálculo da nota de todos os candidatos
que realizaram a prova, independentemente de terem Os arts. 44 e 45 tratam do denominado Portal
recorrido da questão. de Concursos Públicos do Estado de São Paulo. É
Segundo o art. 37, um portal disponibilizado na internet, mantido pela 47
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Unidade Central de Recursos Humanos, da Secretaria Já aos Corpos de Bombeiros Militares compete a
de Gestão Pública. execução de atividades de defesa civil e a Polícia
A utilização de meios eletrônicos para divulgar de Penal incumbe à segurança dos estabelecimentos
uma forma mais ampla os concursos públicos realiza- penais2.
dos pela Administração Estadual condiz com o seu atual Para traçar as regras mais importantes e a estrutu-
modelo de Administração Gerencial, que tem por base ra funcional das Polícias Civil e Militar foi elaborada
a celeridade, a eficiência, e menos gastos com matéria a Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979,
prima. O meio eletrônico é muito importante não ape- denominada de “Lei Orgânica da Polícia do Estado de
nas pelo fato de que todo brasileiro pode acessar esses
São Paulo”, ficando a cargo da Secretaria de Estado
dados rapidamente, mas também porque é um meio
dos Negócios da Segurança Pública a responsabilida-
muito mais ecológico do que a publicação em papel.
de pela manutenção interna da ordem e da segurança.
A leitura do art. 45, que trata sobre o conteúdo dis-
ponibilizado no Portal de Concursos Públicos, é bas- Além disso, as Polícias Civil e Militar passaram a ser
tante recomendada: subordinadas hierárquica, administrativa e funcio-
nalmente ao Secretário da Segurança Pública.
Art. 45 O Portal de Concursos Públicos do Estado Importante mencionar que como a Lei Orgânica é
deverá contar com a relação de todos os concur- anterior a Constituição Federal de 1988, ela precisou
sos públicos, no âmbito da Administração Direta e passar por um processo de atualização por meio de
Autárquica, disponibilizando: outras leis complementares, entre as quais se destaca
I - a relação dos concursos públicos com prazo de a Lei Complementar nº 922, de 2 de julho de 2002.
validade em vigor; Antes de iniciar o estudo da Lei Complementar
II - os editais referentes aos concursos públicos; nº 922/02, é preciso ter em mente que, para melhor
III - informações detalhadas de prazos e etapas dos compreendê-la, é primordial entender sua estrutura
concursos públicos; e identificar as ideias mais importantes da legisla-
IV - outras informações relevantes que forneçam ção, uma vez que as bancas tendem a cobrar o que se
total transparência e facilidade de acesso aos
denomina “literalidade das ideias”, ou seja, os pontos
dados aos cidadãos interessados em ingressar na
principais de cada artigo com base em sua estrutura,
Administração Pública Estadual.
Parágrafo única. A Unidade Central de Recursos não havendo, para tanto, a necessidade de decorá-los.
Humanos expedirá instruções para orientar sobre O primeiro ponto a ser entendido é que o objetivo
os procedimentos necessários para a implantação da Lei Complementar nº 922/02 foi alterar parte da
e manutenção do Portal de Concursos Públicos do Lei Orgânica (LC nº 207/79), ou seja, de realizar uma
Estado. modificação parcial e pontual na norma.
Por esta razão, a Lei Complementar nº 922/02 não é
norma autônoma. Ela faz parte da Lei Orgânica e deve
assim ser mencionada.
Outro ponto a ser compreendido é o conteúdo
LEI COMPLEMENTAR Nº 922/2002
modificado. A Lei Complementar nº 922/02 modificou
5
-3

os arts. 55, 56, 57, 70, 80; IV e artigos 84 a 128 da Lei


A prestação da segurança pública é um dos deve-
68

Orgânica. Deste modo, os conteúdos alterados foram


res do Estado brasileiro. Por esta razão, a Constituição
.3

Federal (CF) reservou capítulo próprio para tratar do os seguintes:


87

tema e disciplinar os órgãos encarregados de preser-


.2

vação da ordem pública e da incolumidade das pes- z Direito de petição;


63

soas e do patrimônio, que são: z Extinção da punibilidade (prescrição);


-4

z Providências preliminares;
es

z Polícia Federal; z Procedimento disciplinar;


ed

z Polícia Rodoviária Federal; z Revisão do procedimento disciplinar.


gu

z Polícia Ferroviária Federal;


z Polícias Civis; Além das alterações citadas, a Lei Complementar
a
lv

z Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares; nº 922/02 acrescentou conteúdo a norma por meio dos
si

z Polícias Penais federal, estaduais e distrital. parágrafos 1º, 2º e 3º ao artigo 65; do inciso VI ao arti-
an

go 74; III e dos incisos X, XI e XII ao artigo 75. Assim


Lu

Cumpre esclarecer, que as atribuições de cada um sendo, acrescentou novas hipóteses relativas à res-
destes órgãos são distintas e que dentro do âmbito do ponsabilidade; competência; pena de demissão; pena
Estado de São Paulo fazem parte as Polícias Civil, Mili- de demissão a bem do serviço público;
tar e Penal. Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!
Enquanto compete a Polícia Civil as funções de
polícia judiciária e apuração de infrações penais, DIREITO DE PETIÇÃO
exceto as infrações militares, ou seja, investigar as
infrações penais (crime e contravenções) após A primeira alteração feita pela a Lei Complemen-
a sua ocorrência, cabe a Polícia Militar a polícia tar nº 922/02 na Lei Orgânica da Polícia do Estado de
ostensiva e a preservação da ordem pública, isto é, São Paulo diz respeito ao direito de petição e encontra-
atuar preventivamente (por isso ostensivo) para -se previso no artigo 1º. Trata-se da garantia que dis-
que as infrações penais não ocorram. põe qualquer pessoa, física ou jurídica3, de peticionar
2  A Polícia Penal é uma criação legislativa recente. Ela foi introduzida pela Emenda Constitucional nº 104/2019 para atuar nos estabelecimentos
penais em funções antes executadas pelas Polícias Civil e Militar, como, por exemplo, a condução do preso à audiência.
3  Pessoa física é a pessoa natural, ou seja, todo ser humano que nasce com vida. Por outro lado, pessoa jurídica são aquelas criadas pelas
48 pessoas físicas, como por exemplo, os entes da Federação (União, Estados-Membros, Municípios e Distrito Federal), as empresas, públicas ou
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de disciplinares. Neste sentido dispõe o artigo 63 da Lei
direitos, independentemente de qualquer pagamento. Orgânica:
É importante saber que o direito de petição faz
parte do rol dos direitos e garantias individuais e Art. 63 São transgressões disciplinares:
coletivos, estando previsto no artigo 5°, XXXIV, a, I - manter relações de amizade ou exibir-se em
da CF: público com pessoas de notórios e desabonado-
res antecedentes criminais, salvo por motivo de
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção serviço;
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- II - constituir-se procurador de partes ou servir de
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- intermediário, perante qualquer repartição públi-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, ca, salvo quando se tratar de interesse de cônjuge
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ou parente até segundo grau;
(...) III - descumprir ordem superior salvo quando
XXXIV - são a todos assegurados, independente- manifestamente ilegal, representando neste caso;
mente do pagamento de taxas: IV – não tomar as providências necessárias ou dei-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em xar de comunicar, imediatamente, à autoridade
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso competente, faltas ou irregularidades de que tenha
de poder; conhecimento;
V – deixar de oficiar tempestivamente nos expe-
Importante consignar que, a Lei Orgânica esta- dientes que lhe forem encaminhados;
belece que a Administração Pública4 não poderá, em VI – negligenciar na execução de ordem
nenhuma hipótese, recusar-se a protocolar, encami- legítima;
nhar ou apreciar a petição, sob pena de responsabili- VII – interceder maliciosamente em favor de parte;
dade do agente. VIII – simular doença para esquivar-se ao cumpri-
O direito de petição abrange, ainda, a possibilidade mento de obrigação;
que qualquer pessoa, física ou jurídica, tem de recla- IX – faltar, chegar atrasado ou abandonar
mar sobre abuso, erro, omissão ou conduta incompa- escala de serviço ou plantões, ou deixar de comu-
tível no serviço policial. nicar, com antecedência, à autoridade a que estiver
Com relação aos policiais civis, a eles também é subordinado, a impossibilidade de comparecer à
assegurado o direito de petição na modalidade reque- repartição, salvo por motivo justo;
rimento ou representação. Também lhes é assegura- X – permutar horário de serviço ou execução de
tarefa sem expressa permissão da autoridade
do o direito de pedir reconsideração e recorrer de
competente;
decisões.
XI – usar vestuário incompatível com o decoro da
função;
Dica XII – descurar de sua aparência física ou do asseio;
Pedido de reconsideração e recurso são modali- XIII – apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou
5
sob efeito de substância que determine dependência
dades de pedido de reexame em razão de legali-
-3

física ou psíquica;
68

dade (discutir se a lei foi aplicada corretamente XIV – lançar intencionalmente, em registros
.3

ou não) ou de mérito (discutir o que fundamentou oficiais, papeis ou quaisquer expedientes,


87

a decisão). No pedido de reconsideração, o pedi- dados errôneos, incompletos ou que possam induzir
.2

do de anulação ou modificação é direcionado à a erro, bem como inserir neles anotações indevidas;
63

mesma autoridade que produziu o ato/fato. Já XV – faltar, salvo motivo relevante a ser comunica-
-4

no recurso, o pedido de reexame é direcionado do por escrito no primeiro dia em que comparecer
es

à autoridade superior àquela que produziu o ato/ à sua sede de exercício, a ato processual, judiciário
ed

fato que se tenta modificar ou anular. Aqui há ou administrativo, do qual tenha sido previamente
cientificado;
gu

uma hierarquia no pedido de reexame, por isso


é também denominado de recurso hierárquico. XVI – utilizar, para fins particulares, qualquer
a

que seja o pretexto, material pertencente ao


lv

Estado;
si

Trata-se, portanto, de uma garantia para defender


XVII – interferir indevidamente em assun-
an

direitos ou agir contra ilegalidade ou abuso de poder


to de natureza policial, que não seja de sua
Lu

que abranger todas as pessoas, inclusive os próprios


competência;
policiais quando na defesa de seus próprios direitos. XXVII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou
Importante frisar que a lei diz expressamente policial velado, de obter proveito de qualquer natureza
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

civil. No entanto, a título de conhecimento, tal direito para si ou para terceiros;


é também garantido ao policial militar. XVIII – fazer uso indevido de bens ou valores
que lhe cheguem as mãos, em decorrência da fun-
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ção, ou não entregá-los, com a brevidade possível,
a quem de direito;
Antes de adentrar em outra alteração trazida XIX – exibir, desnecessariamente, arma, distin-
pela Lei Complementar 922/02 na Lei Orgânica, faz- tivo ou algema;
-se necessário entender que a legislação estabele- XX – deixar de ostentar distintivo quando exigido
ce uma série de condutas tidas como transgressões para o serviço;

privadas, as associações, entre outras.


4  Administração Pública (em maiúsculo) significa o conjunto de órgãos, entidades e agentes que exercem as funções essenciais do Estado,
como, por exemplo, a segurança pública. Já administração pública (em minúsculo) designa a própria função ou atividade prestada. Para nunca
errar: À Administração Pública compete à administração pública. 49
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
XXI – deixar de identificar-se, quando solicitado XLV – manter transação ou relacionamento
ou quando as circunstâncias o exigirem; indevido com preso, pessoa em custódia ou res-
XXII – divulgar ou propiciar a divulgação, sem pectivos familiares;
autorização da autoridade competente, através da XLVI – criar animosidade, velada ou ostensi-
imprensa escrita, falada ou televisada, de fato ocor- vamente, entre subalternos e superiores ou entre
rido na repartição. colegas, ou indispô-los de qualquer forma;
XXIII – promover manifestações contra atos da XLVII – atribuir ou permitir que se atribua a
administração ou movimentos de apreço ou desa- pessoa estranha à repartição, fora dos casos
preço a qualquer autoridade; previstos em lei, o desempenho de encargos
XXIV – referir-se de modo depreciativo às auto- policiais;
ridades e a atos da administração pública, XLVIII – praticar a usura em qualquer de suas
qualquer que seja o meio empregado para esse fim; formas;
XXV – retirar, sem prévia autorização da autori- XLIX – praticar ato definido em lei como abuso
dade competente, qualquer objeto ou documen- de poder;
tos da repartição; L – aceitar representação de Estado estrangeiro,
XXVI – tecer comentários que possam gerar des- sem autorização do Presidente da República;
crédito da instituição policial; LI – tratar de interesses particulares na repartição;
XXVII – valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou LII – exercer comércio entre colegas, promo-
velado, de obter proveito de qualquer natureza ver ou subscrever listas de donativos dentro da
para si ou para terceiros; repartição;
XXVIII – deixar de reassumir exercício sem LIII – exercer comércio ou participar de socie-
motivo justo, ao final dos afastamentos regulares dade comercial salvo como acionista, cotista
ou, ainda depois de saber que qualquer deste ou comanditário;
foi interrompido por ordem superior; LIV – exercer, mesmo nas horas de folga, qual-
XXIX – atribuir-se qualidade funcional diversa quer outro emprego ou função, exceto ativi-
do cargo ou função que exerce; dade relativa ao ensino e à difusão cultural,
XXX – fazer uso indevido de documento funcio- quando compatível com a atividade policial;
nal, arma, algema ou bens da repartição ou cedê- LV – exercer pressão ou influir junto a subordinado
-los a terceiro; para forçar determinada solução ou resultado.
XXXI – maltratar ou permitir maltrato físico ou
moral a preso sob sua guarda; Dica
XXXII – negligenciar na revista a preso;
XXXIII – desrespeitar ou procrastinar o cumpri- O art. 63 não faz parte das alterações trazidas
mento de decisão ou ordem judicial; pela Lei Complementar 922/02. No entanto, ele é
XXXIV – tratar o superior hierárquico, subordi- muito importante. Por esta razão, leia atentamen-
nado ou colega sem o devido respeito ou deferência; te o dispositivo legal e, para facilitar o estudo, o
XXXV – faltar à verdade no exercício de suas texto em destaque refere-se aos principais pontos
5
e as transgressões cobradas pelas bancas.
-3

funções;
68

XXXVI – deixar de comunicar incontinente à auto-


.3

ridade competente informação que tiver sobre per- A título de conhecimento, é proibido ao policial
87

turbação da ordem pública ou qualquer fato que civil trabalhar sob as ordens imediatas de parentes,
.2

exija intervenção policial; até segundo grau (pai, mãe, padrasto, madrasta, sogro,
63

XXXVII – dificultar ou deixar de encaminhar expe- sogra, filho, filha, enteado e enteada), salvo quando
-4

diente à autoridade competente, se não estiver na se tratar de função de confiança e livre escolha, não
podendo exceder de 2 (dois) o número de auxiliares
es

sua alçada resolvê-lo;


XXXVIII – concorrer para o não cumprimen- nestas condições.
ed

to ou retardamento de ordem de autoridade É possível observar que alguns destes dispositivos


gu

competente; ditos como transgressão disciplinar podem surtir efei-


a

XXXIX – deixar, sem justa causa, de submeter-se a tos em outras esferas, ou seja, na esfera penal e civil.
lv

inspeção médica determinada por lei ou pela auto- Por esta razão, é importante ter em mente que o fato
si

ridade competente; de a conduta ser considerado transgressão discipli-


an

XL – deixar de concluir nos prazos legais, sem moti- nar não impede, por exemplo, de gerar a obrigação
Lu

vo justo, procedimento de polícia judiciária, admi- do agente de indenizar civilmente no caso de dano ou
nistrativos ou disciplinares; de responder criminalmente no caso da prática de um
XLI – cobrar taxas ou emolumentos não previstos crime. Exemplo: uma pessoa que dirige em alta velo-
em lei; cidade e acaba batendo o veículo, causando dano e a
XLII – expedir identidade funcional ou qual- morte do outro condutor, pode ser responsabilizada
quer tipo de credencial a quem não exerça car- administrativamente (infração de trânsito), responsa-
go ou função policial civil; bilizada civilmente (reparação do dano) e responsabi-
XLIII – deixar de encaminhar ao órgão competente, lizada penalmente (crime de homicídio).
para tratamento ou inspeção médica, subordinado Isto significa dizer que o policial pode ser respon-
que apresentar sintomas de intoxicação habitual sabilizado concomitantemente nas esferas civil, penal
por álcool, entorpecente ou outra substância que e administrativa.
determine dependência física ou psíquica, ou de Em regra, uma esfera não influencia a outra, o
comunicar tal fato, se incompetente, à autoridade que significa dizer que uma condenação na esfera
que o for; administrativa não gera necessariamente condena-
XLIV – dirigir viatura policial com imprudência, ção na esfera civil ou penal. No entanto, existe exce-
50 imperícia, negligência ou sem habilitação; ção: quando o agente é absolvido criminalmente por
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inexistência do fato ou de sua autoria. Neste caso, vinculam-se as esferas, de modo a excluir a responsabilidade
administrativa e civil.
Praticada a transgressão disciplinar, gera para a Administração Pública o dever de apurar e punir a conduta.
Por esta razão, a Lei Orgânica estabelece as penas aplicáveis. De acordo com o art. 67, as penas disciplinares prin-
cipais são:

z Advertência;
z Repreensão;
z Multa;
z Suspensão;
z Demissão;
z Demissão a bem do serviço público;
z Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

O art. 68 traz, ainda, a pena de remoção5 compulsória, quando houver a necessidade/conveniência de afastar
o policial do seu local de trabalho, que poderá ser aplicada conjuntamente com as penas de repreensão, multa e
suspensão.
Importante mencionar que a Lei Complementar 922/02 acrescentou à Lei Orgânica uma nova hipótese de
demissão e outra de demissão a bem do serviço público. Assim, além das hipóteses de abandono de cargo, proce-
dimento irregular de natureza grave, ineficiência intencional e reiterada no serviço, aplicação indevida de dinhei-
ros públicos e insubordinação grave, também é causa de demissão a ausência ao serviço, sem causa justificável,
por mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente (intercalado), durante um ano.
Já a prática de ato definido em lei como de improbidade (Lei nº 8.429/92) passa a gerar demissão a bem do
serviço público, juntamente com as seguintes condutas:

z Condução com incontinência pública e escandalosa, prática de jogos proibidos;


z Prática de ato definido como crime contra a administração pública, a fé pública e a fazenda pública ou previsto
na lei de segurança nacional;
z Revelação dolosamente de segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo ou função, com prejuízo
para o estado ou particulares;
z Prática de ofensas físicas contra funcionários, servidores ou particulares, salvo em legítima defesa;
z Lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres públicos;
z Exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, diretamente ou por intermédio de outrem, ainda que fora de
suas funções, mas em razão destas;
z Provocar movimento de paralisação total ou parcial do serviço policial ou outro qualquer serviço, ou dele
participar;
z Pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou valor de pessoas que tratem de interesses ou os tenham na repar-
5
tição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
-3
68

z Exercer advocacia administrativa.


.3
87

Agora, para saber qual a punição a ser aplicada, deve-se considerar a natureza, a gravidade, o motivo determi-
.2

nante, a repercussão da infração, os danos causados à personalidade, os antecedentes de quem praticou a conduta
63

e a intensidade do dolo ou culpa. Assim sendo, a punição pode variar da simples admoestação (advertência) à
-4

perda do cargo (demissão ou cassação de aposentadoria).


Neste ponto, a alteração trazida pela Lei Complementar 922/02 à Lei Orgânica refere-se aos sujeitos competentes
es

para a aplicação da autoridade. São competentes para a aplicação de todas as penalidades principais, ouvido o
ed

órgão de consultoria jurídica, o Governador do Estado.


gu

O Secretário de Segurança Pública e o Delegado Geral de Polícia poderão aplicar as penalidades de adver-
a

tência, repreensão, multa e suspensão, inclusive para os Delegados de Polícia. O Delegado de Polícia Diretor da
lv

Corregedoria poderá aplicar as penalidade de advertência, repreensão, multa e suspensão, limitada esta a 60
si

(sessenta) dias. Já os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares poderão aplicar as penalidades de adver-
an

tência e repreensão e os Delegados de Polícia apenas a penalidade de remoção compulsória.


Lu

Em síntese:

PENALIDADES COMPETÊNCIA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Secretário Delegado Delegado Delegado Delegado


Governador
Seg. Pública Geral Diretor C. Auxiliar Polícia

Sim Sim Sim


Advertência Inclusive Inclusive Inclusive Sim Sim Não
Delegado Delegado Delegado

Sim Sim Sim


Repreensão Inclusive Inclusive Inclusive Sim Sim Não
Delegado Delegado Delegado

5  Remoção é movimentar o policial da repartição pública em que ele atua para outra localidade/repartição. É conhecida popularmente como
“transferência” (popularmente porque para o Direito Administrativo a palavra transferência possui outro significado). 51
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PENALIDADES COMPETÊNCIA

Sim Sim Sim


Multa Inclusive Inclusive Inclusive Sim Não Não
Delegado Delegado Delegado

Sim Sim Sim


Sim
Suspensão Inclusive Inclusive Inclusive Não Não
Até 60 dias
Delegado Delegado Delegado

Sim
Demissão Inclusive Não Não Não Não Não
Delegado

Sim
Demissão a bem do
Inclusive Não Não Não Não Não
serviço
Delegado

Cassação da Sim
aposentadoria ou Inclusive Não Não Não Não Não
disponibilidade Delegado

Remoção
Não Não Não Não Não Sim
compulsória

Para aplicação destas penalidades, a Administração Pública não dispõe de tempo ilimitado. Após a prática
da transgressão disciplinar, a autoridade possui um lapso temporal determinado para apurar e punir a conduta
praticada pelo agente. Caso isso não ocorra, incidirá a conduta a chamada prescrição (perda do direito de punir).
Como o agente não poderá mais ser punido devido à inercia da Administração, a sua punibilidade será extinta.
Cada prazo é estabelecido em conformidade com a infração praticada. Assim:

PENALIDADES PRAZO PARA APURAR E PUNIR A CONDUTA

Advertência 2 anos

Repreensão 2 anos

Multa 2 anos
5
-3

Suspensão 2 anos
68
.3

Demissão 5 anos
87
.2

Demissão a bem do serviço 5 anos


63

Cassação da aposentadoria ou disponibilidade 5 anos


-4
es

Uma questão importante: a partir de que momento se inicia o prazo prescricional? A regra para contagem
ed

do prazo é do dia em que a conduta for cometida. No entanto, no caso das datas continuadas ou permanentes,
gu

isto é, aquelas que se prolongam no tempo, a prescrição começa a correr no dia em que cessou a continuação
a

ou permanência.
lv
si

Iniciada a prescrição, este prazo é interrompido com a portaria que instaura a sindicância ou o processo
an

administrativo.
Lu

Importante!
A portaria que instaura a sindicância e a que instaura o processo administrativo interrompem a prescrição.
Interromper significa parar o prazo e iniciar novamente a contagem a partir da data da portaria. Cuidado para
não confundir com suspensão. Na suspensão o prazo para com a causa suspensiva, porém volta a contar de
onde parou.

Cumpre esclarecer que, na hipótese de desclassificação da infração (novo enquadramento), o prazo prescricio-
nal corresponderá ao da pena efetivamente aplicada e não da pena em tese cabível. Em contrapartida, ocorrendo
mitigação ou atenuação o lapso prescricional será o da pena em tese cabível.
É importante mencionar que a prescrição não correrá em duas hipóteses:

z Enquanto o processo administrativo estiver sobrestado aguardando decisão judicial;


52 z Enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser restabelecido.
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Por fim, a decisão que reconhecer a ocorrência Salienta-se, por fim, que a autoridade que deter-
de prescrição determinará as providências neces- minar ou presidir a sindicância ou o processo admi-
sárias para apuração da responsabilidade por sua nistrativo poderá representar ao Delegado Geral de
ocorrência. Polícia para propor a aplicação de qualquer uma des-
tas medidas, bem como de sua cessação ou alteração.
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES Poderá, ainda, fazer cessar ou alterar tais medidas por
meio de despacho fundamentado.
A Lei Complementar nº 922/02 também modificou
a parte relativa às providências preliminares da Lei PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
Orgânica, previstos nos artigos 84 ao 86, ou seja, das
providências que devem ser adotadas pela autoridade São instrumentos para apuração das infrações dis-
ciplinares a sindicância e o processo administrativo. A
policial quando essa tiver ciência de irregularidade pra-
escolha do procedimento utilizado levará em conta a
ticada por policial civil. Ressalta-se que a ciência pode se
pena a ser aplicada, ou seja, para as penas de advertên-
dar por qualquer meio, uma vez que a norma não expli-
cia, repreensão, multa e suspensão, utiliza-se a Sindi-
cita uma forma padrão de conhecimento da infração.
cância por ser um procedimento mais simplificado. Já
A primeira providência a ser adotada pela autorida- para as penas de demissão comum, demissão a bem
de é a comunicação imediatamente do fato ao órgão do serviço público, cassação de aposentadoria ou
corregedor, podendo, no entanto, realizar medidas disponibilidade, utiliza-se o Processo Administrativo.
urgentes se o caso exigir, como, por exemplo, determi- Independente da escolha entre Sindicância ou Pro-
nar exame pericial para constatar embriaguez. cesso Administrativo, é assegurado ao policial civil o
Outra providência preliminar refere-se à comuni- exercício do direito do contraditório e da ampla defesa.
cação ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedo-
ria da instauração do procedimento administrativo INSTRUMENTOS DE APURAÇÃO DE
ou de polícia judiciária contra o policial civil. IRREGULARIDADES
A alteração legislativa acrescentou a possibilidade
de a autoridade corregedora realizar apuração preli- PROCESSO
SINDICÂNCIA
minar no caso de a infração não estar suficientemen- ADMINISTRATIVO
te caracterizada ou definida a sua autoria, ressaltando
que tal apuração é de natureza simplesmente inves- Para penas de: Para penas de:
tigativa. No caso desta investigação preliminar, a Lei z advertência; z demissão;
z repreensão; z demissão a bem do
Orgânica passa a exigir a comunicação do início da
z multa; serviço público
apuração ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedo-
z suspensão. z cassação de
ria e estabeleceu como lapso temporal para a sua con-
aposentadoria
clusão e encaminhamento o prazo de 30 (trinta) dias.
Caso a apuração não tenha sido concluída neste prazo,
a autoridade deverá encaminhar imediatamente rela- No caso de acumulação não permitida de cargos
5
tório das diligências realizadas ao Delegado de Polícia públicos e de abandono de cargo, o processo utiliza-
-3

Diretor da Corregedoria, bem como definir o tempo do é mais simples (sumário) por existir prova docu-
68

que será necessário para o término dos trabalhos. mental pré-constituída. Nestes casos, o processo será
.3

extinto com o pedido de exoneração do servidor.


87

Ao finalizar a apuração preliminar, a autoridade


deverá opinar de forma fundamentada pelo arquiva-
.2
63

mento, pela instauração de sindicância ou processo


Importante!
-4

administrativo.
No caso de instauração de procedimento admi- Demissão e exoneração não se confundem.
es

nistrativo (sindicância ou processo administrativo), Enquanto demissão é penalidade, a exoneração


ed

poderá o Delegado de Polícia determinar (de forma não constitui pena. Ela pode se dar a pedido do
gu

fundamentada) as seguintes providências de acordo próprio agente ou nos casos em que a legislação
estabelece, como, por exemplo, daquele servidor
a

com a necessidade do caso:


lv

público que não é aprovado em estágio probató-


si

z Afastamento preventivo do policial civil, quan- rio. Além disso, se a demissão é a bem do serviço
an

do necessário a moralidade administrativa ou a público, sua consequência é maior e mais gra-


Lu

repercussão do fato, sem prejuízo de vencimentos ve do que a demissão comum, pois impede, em
ou vantagens (continua recebendo). O afastamento regra, o reingresso do servidor ao serviço público.
será de até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

uma única vez por igual período, sendo este tempo


A Sindicância é um procedimento investigativo
de afastamento computável como efetivo exercício
destinado a constatar a existência ou não de deter-
do serviço, de modo a não ser descontado da pena minada irregularidade no serviço público, bem
de suspensão eventualmente aplicada; como de sua autoria. Ela não constitui etapa prepa-
z Designação do policial acusado para o exercício de ratória para o processo disciplinar, sendo que a esco-
atividades exclusivamente burocráticas até deci- lha por este procedimento leva em consideração as
são final do procedimento; possíveis penalidades a serem aplicadas.
z Recolhimento de carteira funcional, distintivo, Para a sua instauração, é preciso considerar o agen-
armas e algemas; te transgressor, uma vez que a Lei Orgânica fixa as
z Proibição do porte de armas; autoridades competentes de acordo com o agente e as
z Comparecimento obrigatório, em periodicida- penalidades aplicadas, conforme explanado anterior-
de determinada, para tomar ciência dos atos do mente. No caso de a determinação incluir Delegado de
procedimento. Polícia, são competentes para instaurar a Sindicância: o 53
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Governador, o Secretário de Segurança Pública, o Dele- administrativo não tenha sido finalizado em 180 (cen-
gado Geral de Polícia e o Delegado de Polícia Diretor da to e oitenta) dias, deverá o Delegado de Polícia Diretor
Corregedoria. O Delegado de Polícia Diretor da Corre- da Corregedoria justificar tal fato ao Delegado Geral
gedoria poderá instaurar sindicância contra Delegado de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública.
de Polícia, porém não poderá aplicar punição. Após a Portaria e as peças preexistentes serem
Ao instaurar a Sindicância, a autoridade respon- autuadas (reunidas em forma de processo), a autori-
sável por presidi-la, deverá comunicar o fato à Cor- dade responsável por presidi-la designará dia e hora
regedoria Geral da Polícia Civil e ao órgão setorial de para audiência de interrogatório, determinando a
pessoal, sendo que a ela se aplicam as mesmas regras citação do acusado e a notificação do denunciante,
do processo administrativo, exceto: se houver. No mandado de citação, em conformidade
com o artigo 98, §1º, devem conter:
z Testemunhas: cada acusado e a autoridade sindi-
cante podem arrolar até 3 (três) testemunhas; z Cópia da portaria;
z Prazo de conclusão: 60 (sessenta) dias; z Data, hora e local do interrogatório, que poderá ser
z Relatório: enviado à autoridade competente para acompanhado pelo advogado do acusado;
a decisão. z Data, hora e local da oitiva do denunciante, se hou-
ver, que poderá ser acompanhada pelo advogado
Caso a autoridade competente seja o Delegado Geral do acusado;
de Polícia, ele poderá, de acordo com sua conveniência, z Esclarecimento de que o acusado será defendido
solicitar manifestação do Conselho da Polícia Civil, por advogado dativo (nomeado pela autoridade),
antes de opinar ou proferir decisão em sindicância. caso não constitua advogado próprio;
Assim como a Sindicância, o Processo Administrati- z Informação de que o acusado poderá arrolar tes-
vo também é procedimento investigativo para apurar a temunhas e requerer provas, no prazo de 3 (três)
existência ou não de irregularidade no serviço públi- dias após a data designada para seu interrogatório;
co e sua autoria. Ele irá recair sobre as penalidades mais z Advertência de que o processo será extinto se o acu-
graves: demissão comum, demissão a bem do serviço sado pedir exoneração até o interrogatório, quando
público, cassação de aposentadoria ou disponibilidade. se tratar exclusivamente de abandono de cargo.
Da mesma maneira com que ocorre na Sindicân-
cia, para a sua instauração, é necessário considerar o A citação do acusado é feita pessoalmente, por inter-
agente transgressor, pois a Lei Orgânica fixa as autori- médio do respectivo superior hierárquico, ou direta-
dade competente levando em conta o agente e as pena- mente, com, no mínimo, 2 (dois) dias de antecedência
lidades aplicadas (conteúdo já explanado). No caso do do interrogatório. No caso de o agente não ser encon-
procedimento recair sobre Delegado de Polícia, serão trado (paradeiro ignorado), a citação será feita por edi-
competentes para instaurar do Processo Administrati- tal, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado, com,
vo o Governador, o Secretário de Segurança Pública e no mínimo, 10 (dez) dias antes do interrogatório.
o Delegado Geral de Polícia. No caso de existir denunciante, este prestará decla-
É importante saber que o Delegado de Polícia rações entre a data da citação e a do interrogatório do
Diretor da Corregedoria poderá instaurar sindi- acusado, sendo notificado para tal fim. O advogado do
5
-3

cância, mas não o Processo Administrativo. acusado poderá acompanhar a oitiva do denunciante,
68

Instaurado o processo administrativo, ele passa a ao contrário do acusado que não pode assisti-la. Obser-
.3

ser presidido por Delegado de Polícia, auxiliado por va-se, entretanto, que o acusado pode ter declarações
87

um Escrivão de Polícia, que atuará como secretário. prestadas pelo denunciante antes de seu interrogatório.
.2

No caso de o agente transgressor ser Delegado de Polí- Não comparecendo o acusado (citado pessoal-
63

cia, a autoridade que irá presidi-lo deve ser de classe mente ou por edital), será decretada (por despacho
-4

igual ou superior ao acusado. da autoridade que preside) a sua revelia, prosseguin-


Deve-se ter em mente que para manter a lisura do-se nos demais atos e termos do processo. Para o
es

do processo, o encarregado da apuração assim como acusado revel será nomeado advogado dativo. Com-
ed

o secretário não poderão ser: amigo íntimo ou inimi- parecendo ao interrogatório, o acusado poderá cons-
gu

go, parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou tituir advogado para representá-lo em todos os atos e
colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge, com- termos do processo. Caso não possua recursos finan-
a
lv

panheiro ou qualquer integrante do núcleo familiar ceiros ou se negue a constituir advogado, a autorida-
si

do denunciante ou do acusado ou subordinado des- de que preside o processo nomeará advogado dativo,
an

te. Se houver um destes impedimentos, a autoridade podendo o acusado, no entanto, constituir a qualquer
Lu

responsável por presidi-la ou o secretário designado tempo advogado para prosseguir na sua defesa. O
deverão comunicar desde logo. advogado constituído será intimado por publicação
O Processo Administrativo é iniciado mediante no Diário Oficial do Estado. É faculdade do acusado
Portaria no prazo improrrogável de 8 (oito) dias con- tomar ciência ou assistir aos atos e termos do proces-
tados do recebimento da determinação. O prazo para so, não sendo obrigatória qualquer notificação.
conclusão do procedimento é de 90 (noventa) dias Comparecendo ou não o acusado ao interrogató-
após a citação do acusado. rio, tem-se início ao prazo de 3 (três) dias para reque-
Devem constar na Portaria de instauração o nome rer a produção de provas, ou apresentá-las. É possível,
e a identificação do acusado, bem como a infração que também, que o acusado arrole (indique) até 5 (cinco)
lhe é atribuída, com descrição sucinta dos fatos e indi- testemunhas, que deverão comparecer independente
cação das normas violadas. de notificação. Com relação as prova de antecedentes
Finalizado o prazo sem que a investigação tenha do acusado, está será feita exclusivamente por docu-
sido concluída, a autoridade deverá encaminhar mentos e até a apresentação das alegações finais.
imediatamente ao Delegado de Polícia Diretor da Até a data do interrogatório, deverá ser designada
Corregedoria relatório indicando as providências a audiência de instrução para a oitiva das testemunhas
não realizadas e o tempo necessário para o seu tér- arroladas pelo presidente, em número não superior a 5
54 mino. Caso ocorra a prorrogação, porém o processo (cinco), assim como aquelas arroladas pelo acusado. Caso
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a testemunha seja servidor público, seu comparecimen- Os requerimentos tidos como irrelevantes para o
to poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato processo, assim como as provas ilícitas, impertinentes,
com as indicações necessárias ao seu comparecimento. desnecessárias ou protelatórias poderão ser indeferi-
Todas as testemunhas são obrigadas a depor,
não podendo se eximir desta obrigação, exceto no dos pelo presidente, mediante decisão fundamentada.
caso de ascendente, descendente, cônjuge, ainda Caso surgirem no curso do processo novos fatos
que legalmente separado, companheiro, irmão, imputáveis ao acusado, o presidente poderá promo-
sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acu- ver a instauração de novo procedimento para sua
sado ou do denunciante. O depoimento deverá ser apuração ou aditada à portaria, se entender conve-
realizado, no entanto, quando não for possível, por
niente, reabrindo neste caso a oportunidade de defesa.
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
e de suas circunstâncias. No caso do policial civil que Finalizada a fase probatória, será concedido vista
se recuse, sem justa causa, a depor, ele terá suspenso dos autos à defesa para apresentação das alegações
o pagamento de seu vencimento ou remuneração até finais, no prazo de 7 (sete) dias. Se esta não for apre-
que satisfaça essa exigência. sentada no prazo, o presidente designará advogado
São proibidas de depor as pessoas que devam
dativo, concedendo-lhe novo prazo.
guardar segredo em razão de função, ministério, ofí-
cio ou profissão, salvo se, desobrigadas pela parte Apresentada as alegações finais, o presidente deve-
interessada e quiserem dar o seu testemunho. rá elaborar relatório no prazo de 10 (dez) dias a con-
No caso de a testemunha residir em local diverso tar da sua apresentação. O relatório deverá descrever
daquele em que o ocorre o processo administrativo, ela as irregularidades imputadas, as provas colhidas e as
poderá ser inquirida por autoridade do lugar de sua
razões de defesa, em relação a cada acusado, separada-
residência, por meio de Carta Precatória com prazo
razoável, devendo intimar a defesa do depoimento a mente. Por fim, ela deverá propor a absolvição ou puni-
ser prestado fora da sede de seu exercício. No caso do ção, indicando, nesse caso, a pena que entender cabível.
policial civil que exerce funções em localidade diversa, O relatório poderá conter sugestão de quaisquer outras
ele também poderá ser ouvido por Carta Precatória ou, providências de interesse do serviço público.
no caso de ter que se deslocar a outra sede, fará jus ao
O processo será encaminhado ao Delegado Geral de
transporte e diárias na forma da legislação em vigor.
Polícia, que o submeterá no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas ao Conselho da Polícia Civil. Caso entenda necessá-
Importante! rio, o Presidente do Conselho da Polícia Civil poderá deter-
A precatória deve constar a síntese da imputa- minar a realização de diligência, sempre que necessário ao
ção e os esclarecimentos pretendidos e a sua esclarecimento dos fatos no prazo de 20 (vinte) dias.
expedição não suspenderá a instrução do proce- Determinada a diligência, a autoridade encarre-
dimento, ou seja, o prazo e o procedimento con- gada do processo administrativo terá que cumpri-la
tinuam correndo normalmente.
no prazo de 15 (quinze) dias, abrindo-se vista à defesa
5
-3

para manifestação em 5 (cinco) dias.


68

A testemunha que não comparecer espontanea- Cumpridas todas as diligências, o Conselho da Polícia
.3

mente ou cujo depoimento for relevante deverá ser Civil emitirá parecer conclusivo no prazo de 20 (vinte)
87

notificada. Se ela não for localizada, é facultado à defesa


dias e encaminhará os autos ao Delegado Geral de Polí-
.2

substituí-la, comparecendo essa na mesma data desig-


63

nada para a audiência independente de notificação. cia, que, no prazo de 10 (dez) dias, emitirá manifesta-
-4

É possível em qualquer fase do processo, que a ção conclusiva e encaminhará o processo administrativo
autoridade que preside o processo, de ofício ou a à autoridade competente para decisão. A autoridade que
es

requerimento da defesa, ordene outras diligências que proferir a decisão determinará os atos dela decorrentes e
ed

entenda convenientes. As informações necessárias à


as providências necessárias à sua execução.
gu

instrução do processo poderão ser solicitadas direta-


mente (sem necessidade de observância de vinculação
a
lv

hierárquica), mediante ofício, que deverá ser juntada


si

aos autos. Caso seja necessário o concurso de técnicos


an

ou peritos oficiais, a autoridade presidente procede-


Lu

rá à requisição, observado os mesmos procedimentos


daqueles para as testemunhas de defesa e de acusação.
No curso da instrução, os autos do processo perma-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

necerão na repartição, concedendo ao acusado vista


dos autos mediante simples solicitação e sempre que
não prejudicar o curso do procedimento. Observa-se,
entretanto, que a concessão de vista será obrigatória, no
prazo para manifestação do acusado ou para apresen-
tação de recursos, mediante publicação no Diário Ofi-
cial do Estado. Durante este prazo para manifestação, é
assegurado ao advogado do acusado retirar os autos da
repartição, mediante recibo, salvo nas seguintes hipóte-
ses: prazo comum, processo sob regime de segredo de
justiça, quando existirem nos autos documentos origi-
nais de difícil restauração, circunstância relevante que
justifique a permanência dos autos na repartição, reco-
nhecida pela autoridade em despacho motivado. 55
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
caso de o recurso ser acatado (provido), deverão ser
promovidas as retificações necessárias, retroagindo
seus efeitos à data do ato punitivo.
Importante mencionar que será admitido, a qual-
quer tempo, a revisão de punição disciplinar se sur-
girem fatos ou circunstâncias, ainda, não apreciados
ou com vícios insanáveis de procedimento. A revisão
pode dar ensejo à redução ou anulação da pena apli-
cada. Em hipótese alguma a pena será agravada pela
revisão. Ressalta-se que a mera alegação da injustiça
da decisão não constitui fundamento do pedido de
revisão. Além disso, não será permitida a reiteração de
pedido pelo mesmo fundamento. Os pedidos formula-
dos em desacordo com a legislação serão indeferidos.
Quanto ao ônus da prova (dever de apresentar as
provas), este incumbe ao requerente.
A instauração de processo revisional poderá ser
requerida fundamentadamente e sempre por inter-
Dica médio de advogado, pelo interessado ou, no caso de
Nenhum ato processual que não houver influen- seu falecimento ou incapacidade, por seu cônjuge,
ciado na apuração da verdade (substancial) ou companheiro, ascendente, descendente, irmão ou
influenciado diretamente na decisão do proces- curador. O pedido será instruído pelas provas que o
so ou sindicância poderá ser declarado nulo. requerente possuir ou com a indicação daquelas que
ele pretende produzir.
Quando possível, os termos lavrados pelo secretá- A autoridade que aplicou a penalidade ou que a
rio adotarão forma processual resumida, engloban- confirmou em grau de recurso será a responsável pelo
do autuação, juntada, conclusão, intimação, data de exame da admissibilidade do pedido de revisão. Acei-
recebimento, além de certidões e compromissos. Toda to (deferido) o pedido de processamento da revisão,
e qualquer juntada aos autos será feita em ordem este será realizado por Delegado de Polícia de classe
cronológica da apresentação, com a rubrica do presi- igual ou superior ao acusado, que não tenha funcio-
dente nas folhas acrescidas. Será proibido fornecer à nado no procedimento disciplinar de que resultou a
imprensa ou a outros meios de divulgação notas sobre punição do requerente.
os atos processuais, salvo no interesse da Administra- Após o recebimento do pedido, a autoridade pre-
ção, a juízo do Delegado Geral de Polícia. sidente do processo irá providenciar o apensamento
Após o decurso de 5 (cinco) anos de efetivo exercí- dos autos originais e notificará o requerente para, no
cio, contados do cumprimento da sanção disciplinar, prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas ou
sem o cometimento de nova infração, a punição não requerer as provas que pretende produzir. No cur-
5
-3

mais poderá mais ser considerada em prejuízo do so da revisão serão observadas as normas previstas
68

infrator, inclusive para efeito de reincidência. para o processo administrativo. Caso o processo seja
.3

julgado procedente, a revisão poderá: alterar a clas-


87

REVISÃO DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR sificação da infração, absolver o punido, modificar a


.2

pena ou anular o processo, restabelecendo-os direitos


63

Da decisão que aplicar a penalidade será cabível, atingidos pela decisão reformada.
-4

por uma única vez, recurso, no prazo de 30 (trinta)


es

dias, contado da publicação em Diário Oficial do Esta-


do da decisão impugnada. No caso de a punição ser
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ed

de advertência e, portanto, sem a publicidade, o prazo


gu

será contado da data em que o policial for pessoal-


1. (VUNESP — 2013) Nos termos da Lei Orgânica da Polí-
a

mente intimado da decisão.


lv

cia Civil do Estado de São Paulo, determinada a instau-


Quanto ao recurso, este deverá conter nome e qua-
si

ração de sindicância ou processo administrativo, ou


lificação do recorrente e a exposição das razões de
an

no seu curso, havendo conveniência para a instrução


inconformismo. Ele será apresentado à autoridade
Lu

ou para o serviço policial, poderá o Delegado Geral de


que aplicou a pena, que, por sua vez, terá o prazo de 10 Polícia, por despacho fundamentado, ordenar o afasta-
(dez) dias para, motivadamente, manter sua decisão mento preventivo do policial civil, quando o recomendar
ou reformá-la. No caso de manutenção da decisão ou a moralidade administrativa ou a repercussão do fato,
de reformada parcialmente, esta será imediatamente sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até:
encaminhada a reexame pelo superior hierárquico.
Ressalta-se que mesmo que o recurso seja incorre- a) 180 dias, prorrogáveis uma única vez por igual período.
tamente denominado ou endereçado ele será objeto b) um ano, improrrogável.
de apreciação pela autoridade competente. c) 120 dias, prorrogáveis uma única vez por igual período.
Não obstante, é cabível, no prazo de 30 (trinta) d) 180 dias, improrrogáveis.
dias, pedido de reconsideração de decisão tomada e) 120 dias, improrrogáveis.
pelo Governador do Estado em única instância. Tal
pedido não poderá ser renovado. Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicância
Os recursos disciplinados pela Lei Orgânica não ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo
têm efeito suspensivo, ou seja, a punição será execu- conveniência para a instrução ou para o serviço poli-
tada independentemente do recurso por não existir cial, poderá o Delegado Geral de Polícia, por despacho
56 paralisação do processo durante a sua apuração. No fundamentado, ordenar as seguintes providências:
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
I - afastamento preventivo do policial civil, quando o 5. (VUNESP — 2013) Praticar ofensas físicas contra fun-
recomendar a moralidade administrativa ou a reper- cionários, servidores ou particulares, salvo em legítima
cussão do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vanta- defesa, é uma conduta prevista na Lei Orgânica da Polícia
gens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma Civil do Estado de São Paulo, que prevê, expressamente,
única vez por igual período. Resposta: Letra A. em relação a ela, a aplicação da seguinte penalidade:

2. (VUNESP — 2013) Conforme dispõe a Lei Orgânica da a) multa.


Polícia Civil do Estado de São Paulo, o processo admi- b) repreensão.
nistrativo, como regra geral, será presidido por: c) demissão a bem do serviço público.
d) advertência.
a) delegado de polícia, que designará como secretário e) demissão
um escrivão de polícia.
b) investigador de polícia chefe, auxiliado por um agente Artigo 75 - Será aplicada a pena de demissão a bem
policial. do serviço público, nos casos de: IV - praticar ofensas
c) delegado de polícia de classe especial, que nomeará físicas contra funcionários, servidores ou particula-
um investigador para atuar como secretário. res, salvo em legitima defesa. Resposta: Letra C.
d) delegado de polícia titular, auxiliado por um papiloscopista.
e) investigador de polícia, que será auxiliado por um
escrivão de polícia.

Artigo 95 - O processo administrativo será realizado LEI COMPLEMENTAR N.º 1.151/2011)


pela Comissão Processante Permanente do Serviço
Disciplinar da Polícia ou Comissão Especial desig- A Lei Complementar nº 1.151, de 25 de outubro de
nada pelo Delegado Geral de Polícia. § 1º - A Comis- 2011, é a lei que dispõe sobre a reestruturação das
são Processante Permanente ou Comissão Especial carreiras de policiais civis, bem como da estrutura
será integrada por 3 (três) membros, Delegados de do Quadro da Secretaria da Segurança Pública.
Polícia, um dos quais será seu presidente. § 2º - Cabe De início, estabelece o art. 1º que, as carreiras
ao presidente da comissão designar ser secretário, policiais civis, do Quadro da Secretaria da Segurança
que será um Escrivão de Polícia. Resposta: Letra A. Pública, de que trata a Lei Complementar nº 494, de 24
de dezembro de 1986 (com alterações feitas pela Lei
3. (VUNESP — 2013) Nos termos da Lei Orgânica da Complementar nº 1.064, de 13 de novembro de 2008)
Polícia do Estado de São Paulo, é competente para a ficam estruturadas em quatro classes, para efeitos
aplicação das penas de demissão e cassação de apo- de promoção e escalonamento, dispostas hierarqui-
sentadoria o(s): camente de acordo com o grau de complexidade das
atribuições e nível de responsabilidade de cada uma.
a) Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria. Essas classes estão dispostas no artigo 2º, e elas são
b) Secretário da Segurança Pública. distribuídas hierarquicamente em ordem crescente
c) Governador do Estado.
5
na seguinte conformidade:
-3

d) Delegado Geral de Polícia.


68

e) Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares.


I - 3ª Classe
.3

II- 2º Classe
87

Art. 70 Para a aplicação das penas previstas no artigo III - 1º Classe


.2

67 são competentes: I – o Governador; II – o Secretá- IV- Classe Especial


63

rio da Segurança Pública; III – o Delegado Geral de


-4

Polícia, até a de suspensão; IV – o Delegado de Polícia


Assim, com base no que já vimos sobre ingresso
Diretor da Corregedoria, até a de suspensão limitada
es

a 60 (sessenta) dias; V – os Delegados de Polícia Corre- em carreira pública, somado ao conteúdo do artigo 3º,
ed

gedores Auxiliares, até a de repreensão. § 1º Compete podemos concluir que o servidor policial civil ingres-
gu

exclusivamente ao Governador do Estado, a aplicação sa na carreira pela 3ª Classe, após a sua aprovação
das penas de demissão comum, demissão a bem do em concurso público, evidentemente. A nomeação
a
lv

serviço público e cassação de aposentadoria ou dis- para ocupar a 3ª Classe se dá em caráter de estágio
si

ponibilidade a Delegado de Polícia. Resposta: Letra C. probatório, pelo período de 3 (três) anos de efetivo
an

exercício. Essa nomeação se dá, obrigatoriamente, em


Lu

4. (VUNESP — 2013) Conforme o disposto na Lei Orgâni- unidade territorial de polícia judiciária e da polícia
ca da Polícia do Estado de São Paulo, se um servidor técnico-científica.
público pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou O artigo 5º, por sua vez, trata do exame do concur-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

valor de pessoas que tratem de interesses na reparti- so público. Segundo tal dispositivo, o concurso será
ção pública, ficará sujeito à pena de: realizado em 5 (cinco) fases, a saber:

a) suspensão. I - prova preambular com questões de múltipla


b) demissão a bem do serviço público. escolha;
c) jubilação. II - prova escrita com questões dissertativas, quan-
d) exoneração. do for o caso, a ser regulada em edital de concurso
e) repreensão. público;
III - comprovação de idoneidade e conduta escorrei-
Artigo 75 - Será aplicada a pena de demissão a bem ta, mediante investigação social;
do serviço público, nos casos de: VIII - pedir ou acei- IV - prova oral, obrigatória para todas as carrei-
tar empréstimo de dinheiro ou valor de pessoas que ras nas quais seja exigido nível de ensino superior,
tratem de interesses ou os tenham na repartição, ou e facultativa para as demais, conforme deliberação
estejam sujeitos à sua fiscalização. Resposta: Letra B. do Conselho da Polícia Civil; 57
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
V - prova de títulos, quando for o caso, a ser regula- profissional: a estabilidade não dá direito para o poli-
da em edital de concurso público. cial evoluir na sua função.
Por isso o conteúdo dos artigos 9º e 10:
As provas preambulares, escrita, oral, a comprova-
ção de idoneidade e conduta escorreita são conside- Art. 9º a evolução funcional dos integrantes das
radas fases de caráter eliminatório, pois elas servem carreiras policiais civis dar-se-á por meio de pro-
justamente para escolher, dentro um grande grupo de moção, que consiste na elevação à classe imediata-
candidatos, quais deles são os mais aptos para exercer mente superior da respectiva carreira.
as funções da Polícia Civil (a Administração Pública Art. 10 A promoção, será processada pelo Conse-
somente trabalha com “o melhor dos melhores”). A lho da Polícia Civil, adotados os critérios de anti-
fase da prova de títulos é de caráter classificatório. guidade e merecimento, realizando-se, no mínimo,
O artigo 5º-A, acrescido ao texto legal pela Lei Com- uma promoção por semestre.
plementar nº 1.249, de 03/07/2014, dispõe que também § 1º A evolução funcional até a 1ª Classe das car-
constitui requisito para fins de ingresso nas carreiras reiras de policiais civis dar-se-á por quaisquer dos
policiais civis, a comprovação da capacidade física e critérios estabelecidos neste artigo, e para a Classe
mental. Especial, somente por merecimento.
Os primeiros 3 (três) anos de efetivo exercício nos § 2º O processo de promoção instaura-se mediante
Portaria do Presidente do Conselho da Polícia Civil
cargos das carreiras policiais civis de 3ª Classe, a que
se refere o artigo 3º desta lei complementar, caracte-
riza-se como estágio probatório. Durante esse perío- Segundo o artigo 11, as promoções são feitas da
do os integrantes das carreiras policiais civis serão seguinte forma: alternadamente, em proporções
observados e avaliados, semestralmente, no mínimo, iguais, por antiguidade e por merecimento, da 3ª até
quanto aos seguintes requisitos, todos dispostos no § a 1ª Classe, limitado o quantitativo de promoções ao
1º do artigo 7º: número correspondente de vacâncias ocorridas em
cada uma das classes das respectivas carreiras, no
1 - aprovação no curso de formação técnico-profissional; período que antecede a abertura do respectivo pro-
2 - conduta ilibada, na vida pública e na vida pri- cesso. Mas a promoção pode ser feita, para a Classe
vada, inclusive em período anterior ao início do Especial, somente por merecimento, limitado o quan-
exercício; titativo de promoções a um número que não ultrapas-
3 - aptidão, inclusive física e mental; se o contingente do Anexo VI, na referida classe das
4 - disciplina; respectivas carreiras.
5 - assiduidade; O § 2º do artigo 11 trata dos requisitos que o servi-
6 - dedicação ao serviço; dor policial civil deve possuir para participar do pro-
7 - eficiência; cesso de promoção. Poderá concorrer à promoção o
8 - responsabilidade.
policial civil que, no período que anteceder a abertura
do processo de promoção:
Dica
5
-3

O cargo de Superintendente da Polícia Técnico- 1 - esteja em efetivo exercício na Secretaria da


68

Segurança Pública ou regularmente afastado para


-Científica tem um tratamento especial conferi-
.3

exercer cargo ou função de interesse estritamente


do pela referida Lei Complementar. Segundo o
87

policial;
artigo 6º, o cargo, de provimento em comissão,
.2

2 - tenha cumprido o interstício a que se refere o


63

será ocupado, alternadamente, por integrante artigo 12 da lei complementar.


-4

das carreiras de Médico Legista e Perito Criminal.


es

Segundo esse artigo 12, o policial civil precisa ter


Art. 7° [...] cumprido o interstício mínimo de:
ed

§2° O curso de formação técnico-profissional, fase


gu

inicial do estágio probatório, a que se refere o item 3 (três) anos de efetivo exercício na 3ª Classe; ou
1 do § 1º deste artigo, terá a duração mínima 3
a

de 2 (dois) anos de efetivo exercício na 2ª e na 1ª


lv

(três) meses.
Classe.
si

§3° O policial civil será considerado aprovado no


an

curso de formação técnico-profissional, desde que


O artigo 14 trata dos critérios de desempate para a
Lu

obtenha nota mínima correspondente a 50% (cin-


quenta por cento) da pontuação máxima em promoção por antiguidade.
cada disciplina.
[...] Na promoção por antiguidade, apurada pelo tempo
§5° Os demais critérios e procedimentos para fins de efetivo exercício na classe, computado até a data
do cumprimento do estágio probatório serão esta- que antecede a abertura do respectivo processo, o
belecidos em decreto, mediante proposta do Secre- empate na classificação final resolver-se-á observa-
tário da Segurança Pública, ouvida a Secretaria de da a seguinte ordem:
Gestão Pública, no prazo máximo de 90 (noven- I - maior tempo de serviço na respectiva carreira;
ta) dias a contar da data da publicação desta lei II - maior tempo de serviço público estadual;
complementar. III - maior idade.

Uma vez cumpridos os requisitos para fins de Observe que o critério da idade, pelo qual é o mais
estágio probatório o servidor policial civil obterá característico da promoção por antiguidade, somente
estabilidade, mantido o nível de ingresso na respec- será utilizado como último critério de desempate.
tiva carreira (art. 7º, § 6º). Uma coisa é ser aprovado Os requisitos para a promoção por merecimento
58 em estágio probatório, outra é ter direito a ascensão estão dispostos no § 1º do artigo 15. São os seguintes:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
1 - estar na primeira metade da lista de classifica- Por fim, o artigo 22 trata de uma forma de promo-
ção em sua respectiva classe; ção para a Classe Superior, sem a presença do limite
2 - estar em efetivo exercício na Secretaria da Segu- estabelecido no inciso II do art. 11. Além da promoção
rança Pública, ou regularmente afastado para prevista no artigo 10 desta lei complementar, o poli-
exercer cargo ou função de interesse estritamente cial civil será promovido à classe superior, indepen-
policial; dente de limite, observados os seguintes critérios:
3 - não ter sofrido punição disciplinar na qual tenha
sido imposta pena de:
I - para a 2ª Classe da respectiva carreira, contar
a) advertência ou de repreensão, nos 12 (doze)
com 15 (quinze) anos de efetivo exercício na car-
meses anteriores;
reira, considerado o tempo de estágio probatório;
b) multa ou de suspensão, nos 24 (vinte e quatro)
II - para a 1ª Classe, se contar com 25 (vinte e cin-
meses anteriores.
co) anos de efetivo exercício na carreira.
4 - haver concluído, com aproveitamento, curso
específico ministrado pela Academia de Polícia “Dr.
Coriolano Nogueira Cobra. A referida promoção será realizada semestral-
mente, nos meses de março e setembro de cada ano,
A promoção do policial civil da 1ª Classe para a e produzirá efeitos a partir da data subsequente ao
Classe Especial deverá observar os seguintes requisi- implemento dos critérios estabelecidos nos incisos I
tos, além daqueles previstos no artigo 15: e II. Caberá ao órgão setorial de recursos humanos
apresentar a lista dos policiais civis com direito à
1 - o interstício de 20 (vinte) anos na respectiva promoção de que trata este artigo, para homologação
carreira; pelo Conselho da Polícia Civil (art. 22, § 2º).
2 - encontrar-se, no mínimo, dentre os dois terços
mais antigos dos classificados na 1ª Classe (art. 16).

Mesmo que o policial civil tenha sido indicado, EXERCÍCIOS COMENTADOS


mas não foi devidamente promovido pelo Conse-
lho da Polícia Civil, a ele fica assegurado o direito de 1. (FCC — 2008) De acordo com o Estatuto dos Funcioná-
novas indicações, desde que não sobrevenha punição rios Públicos Civis do Estado (Lei nº 10.261/68), rein-
administrativa. O policial civil que figurar em três lis- tegração é o reingresso no serviço público decorrente
tas consecutivas de merecimento terá sua promoção
assegurada, por esse critério, no processo de promo- a) do término do período de disponibilidade.
ção subsequente (art. 18, parágrafo único). b) do término do período de afastamento.
Para facilitar a memorização, segue um fluxogra- c) de decisão judicial transitada em julgado.
ma que explica a movimentação dentro dos cargos de d) do término do período de gozo de licença-saúde.
carreira da Polícia Civil, indicando o nome da Classe, e e) de extinção do cargo originalmente ocupado.
os requisitos necessários para o agente policial chegar
até ela: A letra A está errada, quando o servidor fica em dis-
5
ponibilidade, ele pode ser aproveitado para outro
-3
68

cargo, e não reintegrado. A letra B está errada,


3ª Classe
.3

pois a reintegração somente ocorre quando o ser-


87

vidor público é demitido, e não afastado do cargo


.2

• Promoção antiguidade ou
2ª Classe merecimento + interstício
público. A letra D está errada, pois, novamente, a
63

2 anos reintegração somente ocorre quando o servidor foi,


-4

• Promoção antiguidade ou em momento anterior, demitido de seu cargo públi-


1ª Classe merecimento + interstício co. A letra E está errada, pois a alternativa trata de
es

de 2 anos
hipótese de aproveitamento, e não de reintegração.
ed

Classe
• Interstício 20 anos + Resposta: Letra C.
gu

2/3 dos mais antigos da


Especial 1ª classe
a

2. (FCC — 2008) A acumulação de cargos públicos remu-


lv

nerados, de acordo com o Estatuto dos Funcionários


si

Sobre a peça recursal, dispõe o § 1º que cabe recla-


Públicos Civis do Estado (Lei nº 10.261/68) e com a
an

mação, dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis a partir


Constituição Federal, é permitida, havendo compatibi-
Lu

da publicação, contra a classificação na lista de anti-


guidade ou não indicação na lista de merecimento. A lidade de horário, na seguinte situação:
reclamação será dirigida ao Presidente do Conselho
a) um cargo de juiz e um de professor.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de Promoção.
As reclamações serão distribuídas mediante rotati- b) um cargo de defensor público e um de advogado
vidade entre os membros do Conselho da Polícia Civil, público.
que deverão emitir parecer no prazo improrrogável c) um cargo de médico e um de advogado público.
de 3 (três) dias úteis. Esgotado o prazo, as reclamações d) um cargo de juiz e um de advogado público.
serão submetidas à deliberação do Conselho da Polí- e) um cargo de juiz e um de promotor público.
cia Civil, que as decidirá no prazo improrrogável de 3
(três) dias úteis (art. 19, § 3º). A questão faz menção a acumulação de cargo,
emprego ou função pública dentro da Administra-
Art. 20 O Presidente do Conselho da Polícia Civil ção Pública. As hipóteses em que se é permitida a
encaminhará as listas de promoção ao Secretário acumulação de cargo público estão previstas no
da Segurança Pública, que as transmitirá ao Gover- artigo 171 da Lei Estadual nº 10.261/1968. São elas:
nador, para efetivação da promoção dos classifica- I - a de um juiz e um cargo de professor;
dos por antiguidade e por merecimento. II - a de dois cargos de professor; 59
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - a de um cargo de professor e outro técnico ou 4. (VUNESP — 2018) Consoante o Estatuto dos Funcio-
científico; e nários Públicos Civis do Estado de São Paulo, será
IV - a de dois cargos privativos de médico. aplicada a pena de demissão nos casos de
Observe que em nenhuma das hipóteses há a men-
ção de cargos de defensoria e de advocacia pública, a) aplicação indevida de dinheiros públicos.
somente há a menção para o cargo de juiz. Respos- b) prática de insubordinação grave.
ta: Letra A. c) exercício de advocacia administrativa.
d) pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores
3. (VUNESP — 2018) Arceus Cipriano foi processado cri- a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na
minalmente sob a acusação de cometimento de crime repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização.
contra a administração pública e pelos mesmos fatos e) prática, em serviço, de ofensas físicas contra funcio-
também foi demitido do cargo público que ocupava. nários ou particulares.
Contudo, na seara criminal, logrou êxito em comprovar
que não foi o autor dos fatos, tendo sido absolvido por A letra B está errada, a prática de insubordinação
esse fundamento, na instância criminal. Diante disso, grave é punida com a demissão a bem do serviço
assinale a alternativa correta, nos termos do Estatu- público (que não é igual a demissão). A letra C está
to dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São errada, ela trata também trata de hipótese punível
Paulo.
com demissão a bem do serviço público. A letra D
está errada, pois o ato de pedir dinheiro ou valores
a) A demissão é nula porque a Administração Pública não
a pessoas que tratem de interesses é punível também
deveria ter processado administrativamente Arceus e
proferido decisão demissória antes do trânsito em jul- com demissão a bem do serviço público. A letra E está
gado da sentença no processo criminal. errada, a prática de ofensas físicas contra funcioná-
b) Arceus poderá pedir o desarquivamento e a revisão da rios ou particulares é também punível com demissão
decisão administrativa que o demitiu, utilizando como a bem do serviço público. Resposta: Letra A.
documento novo a sentença absolutória proferida no
processo criminal. 5. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei n° 10.261/1968,
c) Arceus terá direito à reintegração ao serviço público, quanto ao procedimento disciplinar, assinale a alterna-
no cargo que ocupava e com todos os direitos e van- tiva correta.
tagens devidas, mediante simples comprovação do
trânsito em julgado da decisão absolutória no juízo a) Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá
criminal. substituí-la, se quiser, levando, na mesma data desig-
d) Se a absolvição criminal ocorreu depois do prazo de
nada para a audiência, outra testemunha, independen-
interposição do recurso da decisão demissória pro-
temente de notificação.
ferida no processo administrativo, não será possível
Arceus valer-se da sentença criminal para buscar a b) A demissão a bem do serviço público acarreta a
anulação da demissão. incompatibilidade permanente para nova investidura
5
e) Como a responsabilidade administrativa é indepen- em cargo, função ou emprego público.
-3

dente da civil e da criminal, a absolvição de Arceus c) No processo administrativo, se houver denunciante,


68

Cipriano na justiça criminal em nada altera decisão este deverá prestar declarações depois do interroga-
.3

proferida na esfera administrativa. tório do acusado, devendo ser notificado para tal fim.
87

d) A prova de antecedentes do acusado pode ser feita


.2
63

A letra A está errada, é certo que a demissão deve por todos os meios de prova em direito admitidos, tais
ser anulada, mas não pela justificativa apresen-
-4

como documentos, testemunhas, perícias etc.


tada: a administração pública é competente para e) Será instaurada sindicância quando a falta discipli-
es

produzir decisões e punir os seus próprios agentes, nar, por sua natureza, possa determinar as penas de
ed

sem a necessidade de condenação na esfera judicial demissão ou disponibilidade.


gu

(advém do seu poder disciplinar). A letra B está erra-


da, o servidor Arceus não necessita pedir a revisão
a

A letra B está errada, a demissão simples e a demis-


lv

da decisão administrativa, se ele já apresenta uma


si

sentença transitada em julgado decretando a sua são a bem do serviço público tornam o servidor
incompatível para o serviço público, mas não per-
an

inocência. Se ele não foi punido na esfera penal pois


manentemente. Essa incompatibilidade perdura
Lu

restou comprovada sua inocência, ele também não


deve ser punido na esfera administrativa. A letra pelo prazo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos, respectiva-
D está errada, a absolvição criminal possui efeitos mente. A letra C está errada, havendo denunciante,
retroativos, o que significa que, não importa se ela este deverá prestar declarações, no interregno entre
ocorreu antes ou após a interposição do recurso a data da citação e a fixada para o interrogatório
da decisão demissória, pois os efeitos da sentença do acusado. A letra D está errada, A prova de ante-
judicial possuem eficácia ex tunc, motivo pelo qual o cedentes do acusado será feita exclusivamente por
servidor pode decretar a anulação da decisão admi- documentos, não se admitem outros meios de pro-
nistrativa. A letra E está errada, a alternativa trata
vas. A letra E está errada, a sindicância não pode
da independência das três esferas de responsabili-
ser instaurada quando a falta disciplinar possa
dade do servidor público. Porém, essa independên-
cia apresenta duas importantes exceções: quando, determinar a demissão do servidor público. Essa é
na esfera penal, restar comprovado que não houve uma sanção mais grave, e precisa ser melhor apu-
a ocorrência de um crime, ou que ocorreu um crime, rada, motivo pelo qual só pode ser feita mediante
mas o servidor não é o autor do mesmo, somente o procedimento administrativo ordinário. A sindi-
nesses casos as esferas penal e administrativa se cância serve para aplicar as penas de repreensão,
60 comunicam. Resposta: Letra C. suspensão e multa. Resposta: Letra A.
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6. (MS CONCURSOS — 2018) Acerca das responsabilida- __________de efetivo exercício, obrigatoriamente em
des do funcionário, julgue as afirmativas com C (certo) unidades territoriais de Polícia Judiciária da Polícia
ou E (errado) e assinale a alternativa correta. Civil e da Polícia Técnico-Científica.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
( ) Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o vamente, as lacunas do texto.
funcionário será obrigado a repor, de uma só vez,
a importância do prejuízo causado em virtude de a) 1.ª Classe ... 5 (cinco) anos
alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar b) 2.ª Classe ... 4 (quatro) anos
recolhimento ou entrada nos prazos legais. c) 4.ª Classe ... 2 (dois) anos
( ) A responsabilidade administrativa não exime o d) 5.ª Classe ... 1 (um) ano
funcionário da responsabilidade civil que no caso e) 3.ª Classe ... 3 (três) anos
couber.
( ) A responsabilidade administrativa não exime o fun- Questão relativamente fácil, pois ela apenas exige
cionário da responsabilidade criminal que no caso
que o candidato tenha conhecimento sobre o ingres-
couber.
so na carreira de Polícia Civil de São Paulo. A maté-
ria é tratada pelo artigo 3º. O ingresso do servidor
a) C – C – C
policial civil é feito, sempre, para a 3ª Classe, e de
b) E – C – E
lá ele pode progredir para a 2ª Classe, 1ª Classe, e a
c) C – E – C
Classe Especial. Além disso, o ingresso à 3ª Classe é
d) C – C – E
e) E – E – C feito em forma de estágio probatório, computando-
-se o período de 3 anos de efetivo exercício. Respos-
A primeira frase está correta, ela possui um texto ta: Letra E.
bastante similar ao do artigo 247 do Estatuto dos
Funcionários Públicos de São Paulo: “Nos casos de 9. (VUNESP — 2014) De acordo com a Lei Complementar
indenização à Fazenda Estadual, o funcionário será n.º 1.151/11 do Estado de São Paulo, que dispõe sobre
obrigado a repor, de uma só vez, a importância do a reestruturação das carreiras de policiais civis do Qua-
prejuízo causado em virtude de alcance, desfalque, dro da Secretaria da Segurança Pública, na promoção
remissão ou omissão em efetuar recolhimento ou por antiguidade, apurada pelo tempo de efetivo exer-
entrada nos prazos legais”. A segunda e a terceira cício na classe, computado até a data que antecede a
frase estão corretas, a responsabilidade administra- abertura do respectivo processo, o empate na classifi-
tiva é independente das demais, ela não exime o ser- cação final será resolvido observada a seguinte ordem:
vidor público de indenizar o Estado pelos danos que
seus atos causarem (o que caracteriza a responsabi- a) I – maior tempo de serviço na respectiva carreira; II –
lidade civil), e também não exime o mesmo servidor maior tempo de serviço público estadual; III – maior idade.
de ser punido pelo crime que cometer (caracteriza a b) I – maior idade; II – maior tempo de serviço público
responsabilidade penal). Todas as frases estão cor- estadual; III – maior tempo de serviço na respectiva
5
retas. Resposta: Letra A. carreira.
-3

c) I – maior idade; II – maior tempo de serviço na res-


68

7. (VUNESP — 2013) Nos termos da Lei Complementar pectiva carreira; III – maior tempo de serviço público
.3

Estadual n.º 1.151, de 25 de outubro de 2011, o cargo estadual.


87

de Superintendente da Polícia Técnico-Científica, de d) I – maior tempo de serviço público estadual; II – maior


.2

provimento em comissão, será ocupado


63

tempo de serviço na respectiva carreira; III – maior


-4

idade.
a) por integrante da carreira de Delegado de Polícia, nos e) I – maior tempo de serviço público estadual; II – maior
es

termos da lei. idade; III – maior tempo de serviço na respectiva


ed

b) alternadamente, por integrante das carreiras de Médi- carreira.


gu

co Legista e Perito Criminal, nos termos da lei.


c) alternadamente, por integrante das carreiras de Médi-
a

Os critérios de desempate para apuração de pro-


lv

co Legista, Perito Criminal e Delegado de Polícia, nos


moção por antiguidade estão dispostos no artigo
si

termos da lei.
14 da Lei Complementar nº 1.151/2011. O primeiro
an

d) por integrante da carreira de Perito Criminal, nos ter-


critério é o servidor que possui maior tempo de ser-
mos da lei.
Lu

e) por integrante da carreira de Médico Legista, nos ter- viço na sua respectiva carreira. O segundo critério
mos da lei. é por maior tempo que o servidor possui dentro da
Administração Pública, exercendo serviço público
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

A questão trata do cargo de Superintendente da estadual. A idade somente será usada como critério
Polícia Técnico-Científica. Esse cargo está previsto de desempate por último. Resposta: Letra A.
no artigo 6º da referida Lei Complementar, sendo de
provimento em comissão. Segundo tal dispositivo, o
cargo em comissão será ocupado por um integrante
das carreiras de Médico Legista e um de Perito Cri-
LEI FEDERAL Nº 12.527/2011 (LEI DE
minal, alternadamente. Resposta: Letra B. ACESSO À INFORMAÇÃO)
8. (VUNESP — 2014) A Lei Complementar n.º 1.151/2011- Aqui, daremos início ao estudo da Lei nº
SP dispõe que o ingresso nas carreiras policiais civis, 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) que regula o
precedido de aprovação em concurso público de pro- acesso às informações. O direito do acesso à informa-
vas e títulos, dar-se-á em________, mediante nomea- ção possui guarida constitucional conforme estabele-
ção em caráter de estágio probatório, pelo período de ce o inciso XXXIII do art. 5º, o inciso II do § 3º do art. 61
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37 e o § 2º do art. 216 da Constituição Federal. Observe O art. 2º estabelece, ainda, a aplicação da Lei, no
os dispositivos abaixo: que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos
que recebam, para realização de ações de interesse
Art. 5º [...] público, recursos públicos diretamente do orçamen-
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos to ou mediante subvenções sociais, contrato de ges-
públicos informações de seu interesse particular, tão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou
ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta- outros instrumentos congêneres.
das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
A publicidade a que estão submetidas as entidades
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
citadas refere-se à parcela dos recursos públicos
à segurança da sociedade e do Estado; 
Art. 37º [...] recebidos e a sua destinação, sem prejuízo das pres-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do tações de contas a que estejam legalmente obrigadas.
usuário na administração pública direta e indireta,
regulando especialmente: (...) Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
Inciso II. O acesso dos usuários a registros admi- couber, às entidades privadas sem fins lucrativos
nistrativos e a informações sobre atos de governo, que recebam, para realização de ações de interes-
observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;    se público, recursos públicos diretamente do orça-
Art. 216 [...] mento ou mediante subvenções sociais, contrato de
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajus-
lei, a gestão da documentação governamental e as tes ou outros instrumentos congêneres.
providências para franquear sua consulta a quan- Parágrafo único. A publicidade a que estão sub-
tos dela necessitem.  metidas as entidades citadas no  caput  refere-se
à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua
Com base, portanto, nas previsões constitucionais, destinação, sem prejuízo das prestações de contas
foi necessária uma lei que regulamentasse o acesso à a que estejam legalmente obrigadas.
informação, protegendo os direitos fundamentais.
A Administração Pública Direta (União, Estados, Portanto, a Lei abrangeu um rol bem extenso,
Distrito Federal e Municípios) será responsável por visando a garantia e a proteção ao acesso à informação.
garantir o acesso à informação, estando, também, Como dito, o ponto basilar da Lei é a proteção dos
subordinada a essas regras. direitos fundamentais do acesso às informações,
A subordinação se dará aos Órgãos Públicos que inte- levando em consideração formas de execução em
gram os três Poderes, quais sejam: Legislativo, Judiciário conformidade com os princípios básicos da Adminis-
e Executivo. Entretanto, não somente esses, estendendo- tração Pública, além de algumas diretrizes. A seguir,
-se o alcance à Corte de Contas e ao Ministério Público. em conformidade com o estabelecido no art. 3º, foram
listadas tais diretrizes:

Importante! PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA LEI DE ACESSO À


5
Corte de Contas são os Tribunais de Contas bra- INFORMAÇÃO
-3
68

sileiros, sendo órgãos independentes e técnicos Observância da publicidade como preceito geral e
I
.3

que auxiliam o Poder Legislativo, possuindo, do sigilo como exceção;


87

como especialidade, a fiscalização, sob o aspec-


.2

to técnico, das contas públicas. Divulgação de informações de interesse público,


II
63

independentemente de solicitações;
-4

Além da subordinação da Administração Pública Utilização de meios de comunicação, viabilizados


es

III
Direta, teremos a da Administração Pública Indireta, pela tecnologia da informação;
ed

composta pelas Autarquias, Fundações Públicas,


gu

Fomento ao desenvolvimento da cultura de


Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, IV
transparência na Administração Pública;
a

abarcando, ainda, outras entidades controladas,


lv

direta ou indiretamente, pela União, Estados, Dis- Desenvolvimento do controle social da Administração
si

V
trito Federal e Municípios. Pública.
an
Lu

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a


serem observados pela União, Estados, Distrito Para adentrarmos nas peculiaridades da Lei, será
Federal e Municípios, com o fim de garantir o aces- necessária a compreensão de alguns conceitos. Previs-
so a informações previsto no inciso XXXIII do art. tos no artigo 4º, tais conceitos são muito relevantes ao
5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 nosso estudo. Vejamos:
da Constituição Federal.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta z Informação: Dados, processados ou não, que
Lei: podem ser utilizados para produção e transmis-
I - os órgãos públicos integrantes da administração são de conhecimento, contidos em qualquer meio,
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluin-
suporte ou formato.
do as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério
Público;
z Documento: Unidade de registro de informações,
II - as autarquias, as fundações públicas, as empre- qualquer que seja o suporte ou formato.
sas públicas, as sociedades de economia mista e z Informação Sigilosa: Aquela submetida tempora-
demais entidades controladas direta ou indire- riamente à restrição de acesso público em razão
tamente pela União, Estados, Distrito Federal e de sua imprescindibilidade para a segurança da
62 Municípios. sociedade e do Estado.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Informação Pessoal: Aquela relacionada à pessoa hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
natural identificada ou identificável. pedido de acesso ou desclassificação.
z Tratamento da Informação: Conjunto de ações d) Aquela submetida temporariamente à restrição de
referentes à produção, recepção, classificação, uti- acesso público em razão de sua imprescindibilidade
lização, acesso, reprodução, transporte, transmis- para a segurança da sociedade e do Estado.
são, distribuição, arquivamento, armazenamento, e) Aquela que prejudicar ou pôr em risco a condução de
eliminação, avaliação, destinação ou controle da negociações ou as relações internacionais do País, ou
informação. as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por
z Disponibilidade: Qualidade da informação que outros Estados e organismos internacionais.
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos,
equipamentos ou sistemas autorizados. De acordo com a Lei 12.524/2011, vamos analisar:
z Autenticidade: Qualidade da informação que Segundo o artigo 4º, inciso III,  informação sigilosa é
tenha sido produzida, expedida, recebida ou modi- aquela submetida temporariamente à restrição de aces-
ficada por determinado indivíduo, equipamento so público em razão de sua imprescindibilidade para a
ou sistema. segurança da sociedade e do Estado. Resposta: Letra D.
z Integridade: Qualidade da informação não modifi-
cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino. DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA
z Primariedade: Qualidade da informação coletada DIVULGAÇÃO
na fonte, com o máximo de detalhamento possível,
sem modificações. No tocante ao acesso à informação e sua divulga-
ção, os órgãos e entidades do Poder Público possuem
O Estado tem o dever de garantir o acesso à infor- os seguintes deveres: gestão transparente da infor-
mação por meio de procedimentos objetivos e ágeis, mação, proteção da informação e proteção da
de forma transparente, clara e em linguagem de informação sigilosa e pessoal.
fácil compreensão.
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder públi-
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de aces- co, observadas as normas e procedimentos específi-
so à informação, que será franqueada, mediante cos aplicáveis, assegurar a:
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transpa- I - gestão transparente da informação, propiciando
rente, clara e em linguagem de fácil compreensão. amplo acesso a ela e sua divulgação;
II - proteção da informação, garantindo-se sua dis-
ponibilidade, autenticidade e integridade; e
III - proteção da informação sigilosa e da infor-
EXERCÍCIOS COMENTADOS mação pessoal, observada a sua disponibilidade,
autenticidade, integridade e eventual restrição de
1. (GUALIMP — 2019) Os procedimentos previstos na acesso.
Lei de Acesso à Informação destinam-se a assegurar
5
-3

o direito fundamental de acesso à informação. Eles Além dos direitos já mencionados, o art. 7º da Lei
68

devem ser executados em conformidade com os prin- elenca um rol de direitos que devem ser observados,
.3

cípios básicos da administração pública e com, dentre conforme estabelece a Lei de Acesso à Informação:
87

outras, a seguinte diretriz:


.2

I - orientação sobre os procedimentos para a con-


63

a) Divulgação de informações de interesse público, secução de acesso, bem como sobre o local onde
-4

dependendo das solicitações. poderá ser encontrada ou obtida a informação


b) Desenvolvimento do controle social da administração almejada;
es

pública. II - informação contida em registros ou documen-


ed

c) Fomento ao desenvolvimento da cultura de sigilo na tos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou
gu

administração pública. entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos;


a

d) Observância do sigilo como preceito geral e da publici- III - informação produzida ou custodiada por pes-
lv

dade como exceção. soa física ou entidade privada decorrente de qual-


si

quer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo


an

De acordo com a Lei 12.524/2011, vamos analisar: que esse vínculo já tenha cessado;
Lu

Segundo o artigo 3º, inciso V, há como diretriz o IV - informação primária, íntegra, autêntica e
desenvolvimento do controle social da administra- atualizada;
V - informação sobre atividades exercidas pelos
ção pública. Resposta: Letra B.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua polí-


tica, organização e serviços;
2. (UFCG — 2019) É prevista como informação sigilosa:
VI - informação pertinente à administração do
patrimônio público, utilização de recursos públi-
a) Aquela que recebe proteção da informação sigilosa e da cos, licitação, contratos administrativos; e
informação pessoal, observada a sua disponibilidade, VII - informação relativa:
autenticidade, integridade e eventual restrição de acesso. a) à implementação, acompanhamento e resulta-
b) Aquela em que não for autorizado acesso integral à dos dos programas, projetos e ações dos órgãos e
informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegu- entidades públicas, bem como metas e indicadores
rado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, propostos;
extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo. b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações
c) Aquela que a decisão de negativa de acesso à infor- e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de
mação total ou parcialmente classificada como sigi- controle interno e externo, incluindo prestações de
losa não indicar a autoridade classificadora ou a contas relativas a exercícios anteriores. 63
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 1º O acesso à informação previsto no caput não Feito isto, o responsável pela guarda da informa-
compreende as informações referentes a projetos ção extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias,
de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecno- justificar o fato e indicar testemunhas que com-
lógicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança provem sua alegação.
da sociedade e do Estado.
§ 5º Informado do extravio da informação soli-
A despeito de um documento estar parcialmente em citada, poderá o interessado requerer à auto-
sigilo, não é lícito proibir que a parte não tenha acesso ridade competente a imediata abertura de
àquela parcela não protegida por sigilo. Vejamos: sindicância para apurar o desaparecimento da res-
pectiva documentação.
§ 2º Quando não for autorizado acesso integral § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste arti-
à informação por ser ela parcialmente sigilosa, é go, o responsável pela guarda da informação extra-
assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio viada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar
de certidão, extrato ou cópia com ocultação da par- o fato e indicar testemunhas que comprovem sua
te sob sigilo. alegação.
§ 3º O direito de acesso aos documentos ou às
informações neles contidas utilizados como O art. 8º estabelece mais um dever dos órgãos e
fundamento da tomada de decisão e do ato entidades, os quais estão obrigados a promoverem
administrativo será assegurado com a edição do a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito
ato decisório respectivo. de suas competências, de informações de inte-
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou
A negativa de acesso à informação de forma injus- custodiadas.
tificada sujeitará, o responsável, às medidas discipli-
nares previstas no art. 32. Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas
Neste momento, podemos aproveitar para desta- promover, independentemente de requerimentos,
car um assunto comumente cobrado em provas. a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito
de suas competências, de informações de
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou
Importante! custodiadas.
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere
A parte que buscar acesso a informações de o caput, deverão constar, no mínimo:
caráter coletivo poderá impetrar mandado de I - registro das competências e estrutura organiza-
segurança contra a autoridade que lhe negar, cional, endereços e telefones das respectivas unida-
injustificadamente, o acesso a informações des e horários de atendimento ao público;
quando sejam essas de caráter público, geral e II - registros de quaisquer repasses ou transferên-
desprovidas de sigilo. Em contrapartida, quan- cias de recursos financeiros;
III - registros das despesas;
do lhe for negado o acesso a informações de
5
IV - informações concernentes a procedimentos
-3

caráter pessoal, a parte poderá impetrar habeas licitatórios, inclusive os respectivos editais e resul-
68

data. tados, bem como a todos os contratos celebrados;


.3

V - dados gerais para o acompanhamento de pro-


87

gramas, ações, projetos e obras de órgãos e enti-


.2

Art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado de segu- dades; e


63

rança para proteger direito líquido e certo, não VI - respostas a perguntas mais frequentes da
-4

amparado por habeas corpus ou habeas data, quan- sociedade.


es

do o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder


ed

for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica Os órgãos e entidades deverão utilizar todos os meios
no exercício de atribuições do Poder Público;
gu

e instrumentos legítimos que dispuserem e, obrigatoria-


mente, devem promover a divulgação em sítios ofi-
a

LXXII - conceder-se-á habeas data:


lv

ciais da rede mundial de computadores (internet). O §


si

a) para assegurar o conhecimento de informações 3º estabelece os requisitos para a divulgação.


an

relativas à pessoa do impetrante, constantes de


registros ou bancos de dados de entidades governa-
Lu

§ 2º Para cumprimento do disposto no  caput,  os


mentais ou de caráter público;
órgãos e entidades públicas deverão utilizar
b) para a retificação de dados, quando não se
todos os meios e instrumentos legítimos de que
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
dispuserem, sendo obrigatória a divulgação
administrativo;
em sítios oficiais da rede mundial de computa-
§ 4º A negativa de acesso às informações objeto de
dores (internet).
pedido formulado aos órgãos e entidades referidas
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma
no art. 1º, quando não fundamentada, sujeitará o
de regulamento, atender, entre outros, aos seguin-
responsável a medidas disciplinares, nos termos do
tes requisitos:
art. 32 desta Lei.
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo
que permita o acesso à informação de forma obje-
Dando prosseguimento ao estudo da Lei, o § 5º tiva, transparente, clara e em linguagem de fácil
determina o que deverá ser feito quando houver compreensão;
extravio de informação (documento). Neste caso, o II - possibilitar a gravação de relatórios em
interessado deverá requerer à autoridade competente diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos
a imediata abertura de sindicância para apuração do e não proprietários, tais como planilhas e texto, de
64 desaparecimento da documentação. modo a facilitar a análise das informações;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - possibilitar o acesso automatizado por siste-
mas externos em formatos abertos, estruturados e
EXERCÍCIO COMENTADO
legíveis por máquina;
1. (ACEP — 2019) De acordo com a Lei Federal nº 12.527,
IV - divulgar em detalhes os formatos utiliza- de 18 de novembro de 2011, cabe aos órgãos e entida-
dos para estruturação da informação; des do poder público, observadas as normas e proce-
V - garantir a autenticidade e a integridade dimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
das informações disponíveis para acesso;
VI - manter atualizadas as informações dispo- a) proteção da informação ostensiva e da informação
níveis para acesso; privada, observada a sua disponibilidade, autenticida-
de, integridade e eventual restrição de acesso.
VII - indicar local e instruções que permitam
b) gestão transparente da informação, propiciando
ao interessado comunicar-se, por via eletrôni- amplo acesso a ela e sua divulgação.
ca ou telefônica, com o órgão ou entidade deten- c) gestão transparente da informação, propiciando seu
tora do sítio; e acesso restrito bem como a sua divulgação.
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir d) gestão transparente da informação, propiciando aces-
a acessibilidade de conteúdo para pessoas com so e divulgação restrita e apenas passiva.
deficiência, nos termos do art. 17 da Lei nº 10.098,
de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da Conven-
De acordo com a Lei 12.524/2011, vamos analisar:
Segundo o artigo 6º, inciso I, gestão transparente da
ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
informação, propiciando amplo acesso a ela e sua
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de divulgação. Resposta: Letra B.
julho de 2008.
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
O § 4º estabelece que municípios com população
de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensa- A base do procedimento de acesso à informação
dos da divulgação obrigatória na internet, manti- consiste na garantia de qualquer interessado apresen-
tar pedido de acesso a informações aos órgãos e entida-
da a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real,
des referidos no art. 1º, por qualquer meio legítimo,
de informações relativas à execução orçamentária e devendo o pedido conter a identificação do requeren-
financeira, nos critérios e prazos previstos na Lei de te e a especificação da informação requerida.
Responsabilidade Fiscal.
Art. 10 Qualquer interessado poderá apresentar
§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez pedido de acesso a informações aos órgãos e enti-
dades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer
mil) habitantes ficam dispensados da divulgação
meio legítimo, devendo o pedido conter a identifica-
obrigatória na internet a que se refere o § 2º, manti- ção do requerente e a especificação da informação
5
-3

da a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, requerida.


68

de informações relativas à execução orçamentária


.3

e financeira, nos critérios e prazos previstos no art. A identificação do solicitante não poderá repri-
87

73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de mir as exigências que inviabilizem a solicitação
.2

para o acesso a informações de interesse público (§


63

2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).


1º). Assim sendo, os órgãos e entidades devem viabi-
-4

lizar o encaminhamento de pedidos por meio de seus


O acesso a informações públicas está disciplina-
es

sites oficiais na internet.


do no art. 9º determinando que deverá ser assegura-
ed

O § 3º, por fim, veda qualquer exigência quanto


do mediante criação de serviço de informações ao aos motivos determinantes da solicitação de infor-
gu

cidadão e realização de audiências ou consultas mações de interesse público.


a

O art. 11 impõe ao órgão ou entidade a obrigação


lv

públicas, incentivo à participação popular, dentre


si

de autorizar ou conceder o acesso imediato à infor-


outros.
an

mação disponível.
Não sendo possível conceder o acesso imediato, o
Lu

Art. 9º O acesso a informações públicas será asse- órgão ou entidade que receber o pedido deverá em
gurado mediante: prazo não superior a 20 (vinte) dias. Vejamos o § 1º:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

I  - criação de serviço de informações ao cidadão,


nos órgãos e entidades do poder público, em local I - comunicar a data, local e modo para se realizar a
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
com condições apropriadas para:
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa,
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a total ou parcial, do acesso pretendido; ou
informações; III - comunicar que não possui a informação, indi-
b) informar sobre a tramitação de documentos nas car, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entida-
suas respectivas unidades; de que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a
esse órgão ou entidade, cientificando o interessado
c) protocolizar documentos e requerimentos de
da remessa de seu pedido de informação.
acesso a informações
II - realização de audiências ou consultas públicas, O prazo referido supracitado poderá ser prorro-
incentivo à participação popular ou a outras for- gado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa
mas de divulgação. expressa, da qual será cientificado o requerente (§ 2º). 65
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O órgão ou entidade poderá oferecer meios para RECURSOS
que o próprio requerente possa pesquisar a informa-
ção de que necessitar (§ 3º). A partir do art. 15, a Lei trata dos recursos que
poderão ser interpostos em caso de recurso dos órgãos
ou entidades referidas no art. 1º.
Art. 11 [...]
§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tra-
Art. 15 No caso de indeferimento de acesso a infor-
tar de informação total ou parcialmente sigi-
mações ou às razões da negativa do acesso, poderá
losa, o requerente deverá ser informado sobre a o interessado interpor recurso contra a decisão no
possibilidade de recurso, prazos e condições para prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a Parágrafo único. O recurso será dirigido à auto-
autoridade competente para sua apreciação. ridade hierarquicamente superior à que exarou a
§ 5º A informação armazenada em formato digital decisão impugnada, que deverá se manifestar no
será fornecida nesse formato, caso haja anuência prazo de 5 (cinco) dias.
do requerente (§ 5º)
§ 6º caso a informação solicitada esteja disponí- Tendo em vista o disposto no artigo, a Lei estabe-
vel ao público em formato impresso, eletrônico lece, portanto, o prazo de 10 (dez) dias, contados da
ou em qualquer outro meio de acesso universal, ciência, para a promoção da interposição de recurso
serão informados ao requerente, por escrito, contra o indeferimento de acesso a informações ou
o lugar e a forma pela qual se poderá consul- às razões da negativa. O recurso deverá ser dirigido
tar, obter ou reproduzir a referida informa- à autoridade hierarquicamente superior à que exa-
ção, procedimento esse que desonerará o órgão ou rou a decisão impugnada, que deverá se manifestar
entidade pública da obrigação de seu fornecimento no prazo de 5 (cinco) dias.
direto, salvo se o requerente declarar não dis- Caso haja negativa de acesso à informação pelos
por de meios para realizar por si mesmo tais órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o
procedimentos. requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da
União (CGU). Esta, por sua vez, deliberará no prazo
de 5 (cinco) dias nos casos previstos nos incisos do
Vale destacar, de acordo com o art. 12, que o servi-
art. 16. Veja a tabela a seguir:
ço de busca e fornecimento da informação deverá,
em regra, ser gratuito, salvo nas hipóteses de repro-
DELIBERAÇÃO DA CGU (PRAZO: 5 DIAS)
dução de documentos pelo órgão ou entidade pública
consultada, situação em que poderá ser cobrado exclu- Em caso de negativa de acesso à informação não
I
sivamente o valor necessário ao ressarcimento do classificada como sigilosa;
custo dos serviços e dos materiais utilizados.
Quando a decisão de negativa de acesso à infor-
mação total ou parcialmente classificada como
Art. 12 [...]
5
II sigilosa não indicar a autoridade classificadora
-3

Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os


ou a hierarquicamente superior a quem possa ser
68

custos previstos no caput todo aquele cuja situação dirigido pedido de acesso ou desclassificação;
.3

econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do


87

sustento próprio ou da família, declarada nos ter- Quando não forem observados os procedimentos
.2

mos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. III de classificação de informação sigilosa estabele-
63

cidos na Lei;
-4

Quando estiverem sendo descumpridos prazos ou


es

Importante! IV
outros procedimentos previstos nesta Lei.
ed

O indivíduo, sendo hipossuficiente, será isento


gu

do pagamento das custas, pois as custas pode- O recurso será dirigido à Controladoria-Geral da
a
lv

rão acarretar prejuízo ao seu sustento e de toda União, desde que, previamente, seja submetido a exa-
si

família, devendo, contudo, ser declarado pelo me de admissibilidade por, pelo menos, uma autori-
an

indivíduo. dade hierarquicamente superior àquela que exarou a


Lu

decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 dias


de acordo com o § 1º do art. 16.
Caso ocorra a manipulação de documento que pos- E, finalmente, uma vez negado o acesso à infor-
sa prejudicar sua integridade, a informação contida mação pela Controladoria-Geral da União, poderá ser
deverá ser oferecida à consulta de cópia, com certi- interposto recurso à Comissão Mista de Reavaliação
ficação de que esta confere com o original, conforme de Informações (§ 2º).
dispõe o art. 13. No caso de indeferimento de pedido de desclas-
sificação de informação, protocolado em órgão da
Havendo, ainda, a impossibilidade de obtenção de
Administração Pública Federal, poderá o requerente
cópias, o interessado poderá solicitar que, as suas expen-
recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo
sas, sob supervisão de servidor público, e a reprodução das competências da Comissão Mista de Reavaliação
seja feita por outro meio que não ponha em risco a con- de Informações conforme dispõe o artigo 17.
servação do documento original (parágrafo único). Este recurso somente poderá ser dirigido às
E, finalmente, para fechar o tópico, o art. 14 estabelece autoridades mencionadas depois de submetido à
ser direito do requerente a obtenção de inteiro teor de apreciação de, pelo menos, uma autoridade hierarqui-
66 decisão de negativa de acesso por certidão ou cópia. camente superior à autoridade que exarou a decisão
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao respec- Classificação da Informação quanto ao Grau e
tivo Comando (§ 1º). Prazos de Sigilo
Em caso de indeferimento, cabe recurso à Comis-
O art. 23 prevê as hipóteses que são consideradas
são Mista de Reavaliação de Informações (§ 2º).
imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Esta-
Seguindo, o teor do art. 18 dispõe sobre os procedi- do e, portanto, passíveis de classificação as informa-
mentos de revisão de decisões denegatórias. Vejamos: ções cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:

Art. 18 Os procedimentos de revisão de decisões I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais


denegatórias proferidas no recurso previsto no ou a integridade do território nacional;
art. 15 e de revisão de classificação de documentos II - prejudicar ou pôr em risco a condução de
sigilosos serão objeto de regulamentação pró- negociações ou as relações internacionais do
pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do País, ou as que tenham sido fornecidas em cará-
Ministério Público, em seus respectivos âmbi- ter sigiloso por outros Estados e organismos
internacionais;
tos,  assegurado ao solicitante, em qualquer
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde
caso, o direito de ser informado sobre o anda-
da população;
mento de seu pedido. IV - oferecer elevado risco à estabilidade finan-
Art. 19 [...] ceira, econômica ou monetária do País;
§ 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério V - prejudicar ou causar risco a planos ou opera-
Público informarão ao Conselho Nacional de Justiça ções estratégicos das Forças Armadas;
e ao Conselho Nacional do Ministério Público, res- VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pes-
pectivamente, as decisões que, em grau de recurso, quisa e desenvolvimento científico ou tecnológico,
negarem acesso a informações de interesse público. assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas
de interesse estratégico nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus
Importante! familiares; ou
Será aplicado, subsidiariamente, no caso de não VIII - comprometer atividades de inteligência, bem
como de investigação ou fiscalização em andamen-
existir previsão na Lei, o processo administrativo
to, relacionadas com a prevenção ou repressão de
no âmbito da Administração Pública Federal (Lei infrações.
nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999).
De acordo com o art. 24, caput, a informação obser-
vará o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO à segurança da sociedade ou do Estado, tendo como
poder dos órgãos e entidades públicas, poderá ser clas-
5
A partir do art. 21 a Lei estabelece uma série as
-3

sificada como ultrassecreta, secreta ou reservada.


68

regras para a restrição do acesso à informação.


.3

Art. 24 A informação em poder dos órgãos e enti-


87

Art. 21 Não poderá ser negado acesso à informa- dades públicas, observado o seu teor e em razão de
.2

ção necessária à tutela judicial ou administrati- sua imprescindibilidade à segurança da sociedade


63

va de direitos fundamentais. ou do Estado, poderá ser classificada como ultras-


-4

Parágrafo único. As informações ou documentos secreta, secreta ou reservada.


§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à
es

que versem sobre condutas que impliquem viola-


informação, conforme a classificação prevista no
ed

ção dos direitos humanos praticada por agentes


caput, vigoram a partir da data de sua produção e
gu

públicos ou a mando de autoridades públicas não são os seguintes:


poderão ser objeto de restrição de acesso.
a

I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;


lv

II - secreta: 15 (quinze) anos; e


si

O artigo supracitado veda expressamente a negati- III - reservada: 5 (cinco) anos.


an

va de acesso a informações que inviabilizem a busca


Lu

pela satisfação de violação a direitos fundamentais e É de suma importância que você tenha em mente
a direitos humanos. todos os prazos, pois as bancas adoram cobrar esse
ponto:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

De acordo com o art. 22, a previsão prevista no arti-


go anterior não exclui as demais hipóteses legais de
CATEGORIA PRAZO
sigilo e de segredo de justiça, nem as hipóteses de
segredo industrial que decorrem da exploração dire- Ultrassecreta 25 anos
ta de tividade econômica pelo Estado ou por qualquer
Secreta 15 anos
que tenha vínculo com o poder público.
Quando as informações ou documentos versarem Reservada 05 anos
sobre violação de direitos humanos praticadas por
agentes públicos ou a mando de autoridades públicas Além disso, se for transcorrido o prazo de classifi-
não poderão ser objeto de restrição de acesso. cação ou consumado o evento que defina o seu termo
Lembre-se: violação dos direitos humanos pratica- final, a informação tornar-se-á, automaticamente, de
da por agentes = não pode restringir o acesso. acesso público. 67
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 24 [...] § 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de infor-
§ 2º As informações que puderem colocar em mação classificada como sigilosa ficarão restritos
risco a segurança do Presidente e Vice-Presiden- a pessoas que tenham necessidade de conhecê-la
te da República e respectivos cônjuges e filhos(as) e que sejam devidamente credenciadas na forma
serão classificadas como reservadas e ficarão sob do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos
sigilo até o término do mandato em exercício ou do agentes públicos autorizados por lei.
último mandato, em caso de reeleição. § 2º O acesso à informação classificada como sigi-
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no losa cria a obrigação para aquele que a obteve de
§ 1º, poderá ser estabelecida como termo final de resguardar o sigilo.
restrição de acesso a ocorrência de determinado § 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e
evento, desde que este ocorra antes do transcurso medidas a serem adotados para o tratamento de
do prazo máximo de classificação. informação sigilosa, de modo a protegê-la contra
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação perda, alteração indevida, acesso, transmissão e
ou consumado o evento que defina o seu divulgação não autorizados.
termo final, a informação tornar-se-á,
automaticamente, de acesso público. Observe que o § 1º reserva o acesso às informações
§ 5º Para a classificação da informação sigilosas aqueles que necessitem do acesso a elas,
em determinado grau de sigilo, deverá ser bem como aos agentes públicos devidamente cre-
observado o interesse público da informação
denciados, devendo, essas pessoas, resguardar sigilo
e utilizado o critério menos restritivo possível,
acerca dessas informações.
considerados:
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da Com base no artigo 26, as autoridades públi-
sociedade e do Estado; e cas deverão adotar as providências necessárias
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o para que seus subordinados hierarquicamente
evento que defina seu termo final. conheçam as normas e observem as medidas e
procedimentos de segurança correspondentes às
A fim de classificar o sigilo da informação, deverá informações sigilosas.
ser observado o interesse público da informação e utili-
zado o critério menos restritivo possível, considerados Art. 26 As autoridades públicas adotarão as pro-
a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade vidências necessárias para que o pessoal a elas
e do Estado (I) e o prazo máximo de restrição de acesso subordinado hierarquicamente conheça as normas
ou o evento que defina seu termo final (II). e observe as medidas e procedimentos de seguran-
ça para tratamento de informações sigilosas.
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade pri-
vada que, em razão de qualquer vínculo com o
EXERCÍCIO COMENTADO poder público, executar atividades de tratamento
de informações sigilosas adotará as providências
necessárias para que seus empregados, prepostos
1. (ACEP — 2019) De acordo com a Lei Federal nº 12.527, ou representantes observem as medidas e procedi-
5
de 18 de novembro de 2011, Lei de Acesso à Infor-
-3

mentos de segurança das informações resultantes


68

mação (LAI), marque a alternativa que descreve cor- da aplicação desta Lei.
retamente a classificação e os prazos máximos de
.3
87

restrição de acesso à informação: Procedimentos de Classificação, Reclassificação e


.2

Desclassificação
63

a) ultrassecreta: 20 (vinte) anos; secreta: 10 (dez) anos; e


-4

reservada: 5 (cinco) anos. Para adentrarmos nesse assunto, torna-se necessá-


b) secreta: 15 (quinze) anos; confidencial: 10 (dez) anos;
es

ria a apresentação do artigo 27:


e reservada: 5 (cinco) anos.
ed

c) ultra ultrassecreta_: 20 (vinte) anos; secreta: 15 (quin- Art. 27 A classificação do sigilo de informações
gu

ze) anos; e confidencial: 10 (dez) anos. no âmbito da administração pública federal é de


a

d) ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; secreta: 15 competência:


lv

(quinze) anos; e reservada: 5 (cinco) anos. I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
si

a) Presidente da República;
an

De acordo com a Lei 12.524/2011, vamos analisar: b) Vice-Presidente da República;


Lu

Segundo o artigo 24, § 1º, inciso I, ultrassecreta: 25 c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
(vinte e cinco) anos. Resposta: Letra D. mas prerrogativas;
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas náutica; e
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
permanentes no exterior;
A lei estabelece, ainda, algumas regras quanto à
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no
proteção e controle de informações sob sigilo. Neste
inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou
sentido, o art. 25 impõe ao Estado o dever de contro-
empresas públicas e sociedades de economia mista;
lar o acesso e a divulgação de informações sigilosas e
produzidas por seus órgãos e entidades, assegurando III - no grau de reservado, das autoridades refe-
a sua proteção. ridas nos incisos I e II e das que exerçam funções
de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5,
Art. 25 É dever do Estado controlar o acesso e a ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
divulgação de informações sigilosas produzidas Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo
por seus órgãos e entidades, assegurando a sua com regulamentação específica de cada órgão ou
68 proteção. entidade, observado o disposto nesta Lei.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Com relação ao Grau ultrassecreto e secreto, pode- à classificação) e possibilidade de danos decorrentes do
rá ser delegada pela autoridade responsável para acesso ou da divulgação da informação.
um agente público, vedada a subdelegação. Ou seja, Todavia, caso se entender necessária a redução do
uma vez delegada a competência, não poderá ser dele- prazo de sigilo da informação, o novo prazo de restrição
gada novamente. manterá, como termo inicial, a data da sua produção (§ 3º).
Exemplo: O Presidente da República realiza a dele-
gação de seu poder para um agente público, tornando Art. 30 A autoridade máxima de cada órgão ou
esse agente público responsável, não podendo, por- entidade publicará, anualmente, em sítio à disposi-
tanto, transferir tal poder para outro agente público, ção na internet e destinado à veiculação de dados
pois é vedada a subdelegação. e informações administrativas, nos termos de
Ademais, é importante que você saiba que, quan- regulamento:
do se tratar de Comandantes da Marinha, do Exército
I - rol das informações que tenham sido desclassifi-
e da Aeronáutica e Chefes de Missões Diplomáticas
cadas nos últimos 12 (doze) meses;
e Consulares permanentes no exterior, responsáveis
II - rol de documentos classificados em cada grau
pela classificação de informação no grau ultrasse-
de sigilo, com identificação para referência futura;
creto, esta deverá ser ratificada pelos respectivos
III - relatório estatístico contendo a quantidade de
Ministros de Estado em prazo devidamente regula-
pedidos de informação recebidos, atendidos e inde-
mentado (§ 2º).
feridos, bem como informações genéricas sobre os
solicitantes.
Art. 27 [...]
[...]
§ 3°A autoridade ou outro agente público que clas-
sificar informação como ultrassecreta deverá enca- § 2° Os órgãos e entidades manterão extrato com a
minhar a decisão de que trata o art. 28 à Comissão lista de informações classificadas, acompanhadas
Mista de Reavaliação de Informações, a que se refe- da data, do grau de sigilo e dos fundamentos da
re o art. 35, no prazo previsto em regulamento. classificação.

Conforme dispõe o artigo 28, para ocorrer a classi- Das Informações Pessoais
ficação de informações, seja qual o for o grau de sigi-
lo, deverá ser formalizada em decisão, contendo os De acordo com o art. 31, o tratamento das informa-
seguintes elementos: ções pessoais deve ser feito de forma transparente e
com respeito à intimidade, à vida privada, à honra
z Assunto sobre o qual versa a informação; e à imagem das pessoas, bem como às liberdades e
z Fundamento da Classificação; garantias individuais, direitos estes resguardados pela
z Indicação do prazo de sigilo, contado em anos, Constituição Federal de 1988, conforme dispõe o art. 5°:
meses ou dias ou do evento que defina o seu termo
final;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
z Identificação da autoridade que a classificou.
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
5
-3

ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-


68

Dica bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,


.3

Vale ressaltar que a decisão será abarcada à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
87

pelo mesmo nível que a informação tiver sido [...]


.2

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,


63

entabulada. Exemplo: se a decisão considerou


a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
-4

a informação secreta, a decisão também será


direito a indenização pelo dano material ou moral
secreta e não ultrassecreta.
es

decorrente de sua violação;


ed

Art. 29 A classificação das informações será rea-


gu

valiada pela autoridade classificadora ou por As informações pessoais relativas à intimidade,


vida privada, honra e imagem observarão o seguinte:
a

autoridade hierarquicamente superior, mediante


lv

provocação ou de ofício, com vistas à sua desclassi-


si

ficação ou à redução do prazo de sigilo.  Art. 31 [...]


an

§ 1º O regulamento a que se refere o  caput  deverá I - terão seu acesso restrito, independentemente
Lu

considerar as peculiaridades das informações produ- de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de
zidas no exterior por autoridades ou agentes públicos. 100 (cem) anos a contar da sua data de produção,
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deve- a agentes públicos legalmente autorizados e à pes-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

rão ser examinadas a permanência dos motivos soa a que elas se referirem; e
do sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou
acesso ou da divulgação da informação.
acesso por terceiros diante de previsão legal
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da
ou consentimento expresso da pessoa a que elas
informação, o novo prazo de restrição manterá
como termo inicial a data da sua produção. se referirem.
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de
A reavaliação, realizada pela autoridade classifi- que trata este artigo será responsabilizado por seu
cadora ou superior hierárquico, consiste no exame da uso indevido.
classificação das informações quanto à sua desclassifi-
cação ou redução do prazo de sigilo estabelecido. Para O consentimento para a autorização e divulgação
que ocorra a reavaliação, é necessário o exame de duas de informações pessoais não será exigido quando as
peculiaridades: permanência dos motivos do sigilo (con- informações forem necessárias para os casos previstos
tinuidade dos motivos e fatos que, inicialmente, levaram nos incisos do § 3º. Vejamos quais são essas hipóteses: 69
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
DISPENSA DE COSENTIMENTO PARA Art. 32 [...]
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES PESSOAIS § 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla
defesa e do devido processo legal, as condutas
Prevenção e diagnóstico médico para quando a descritas no caput serão consideradas:
pessoa estiver, física ou legalmente, incapaz e I - para fins dos regulamentos disciplinares das
I Forças Armadas, transgressões militares médias
para utilização, única e exclusivamente, para o
tratamento médico; ou graves, segundo os critérios neles estabelecidos,
desde que não tipificadas em lei como crime ou con-
Realização de estatísticas e pesquisas científicas travenção penal; ou
de evidente interesse público ou geral, previstos II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de
II dezembro de 1990,  e suas alterações, infrações
em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a
que as informações se referirem; administrativas, que deverão ser apenadas, no
mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
III Cumprimento de ordem judicial; estabelecidos.

IV Defesa de direitos humanos; Uma vez esclarecido o entendimento quanto às


V Proteção do interesse público e geral preponderante. condutas ilícitas, podemos avançar as sanções que a
Lei 12.527/2011 estabelece no art. 33, são elas:

Contudo, com base no §4º, do artigo 31, a restrição I - advertência;


de acesso à informação relativa à vida privada, honra II - multa;
e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o III - rescisão do vínculo com o poder público;
IV - suspensão temporária de participar em licita-
intuito de prejudicar processo de apuração de irre-
ção e impedimento de contratar com a administra-
gularidades em que o titular das informações estiver ção pública por prazo não superior a 2 (dois) anos;
envolvido, bem como em ações voltadas para a recu- e
peração de fatos históricos de maior relevância. V - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
tratar com a administração pública, até que seja
RESPONSABILIDADES promovida a reabilitação perante a própria autori-
dade que aplicou a penalidade.
As responsabilidades são um ponto importante da
As sanções de advertência, rescisão do vínculo
nossa matéria. A seguir, analisaremos quais condutas
com o poder público e a suspensão temporária de
são consideras ilícitas.
participar da licitação e impedimento de contratar
O art. 32 estabelece, em seus incisos, as condutas ilí- com a administração pública poderão ser cumuladas
citas no âmbito da Lei de Acesso à Informação. Vejamos: com a imposição de multa (§ 1º).
Nos casos de cumulação das sanções descritas com
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos a imposição de multa, será assegurado o direito de
5
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu defesa do interessado pelo prazo de 10 dias (§ 1º).
-3
68

fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de A  reabilitação será autorizada somente quando o


.3

forma incorreta, incompleta ou imprecisa; interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti-


87

II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des- dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo
.2

truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total da sanção aplicada (2 anos) com base no inciso IV (§ 2º).
63

ou parcialmente, informação que se encontre sob A declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
-4

sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimen- com a administração pública é de competência exclusi-
to em razão do exercício das atribuições de cargo, va da autoridade máxima do órgão ou entidade pública,
es

emprego ou função pública; facultada a defesa do interessado, no respectivo processo,


ed

III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita- no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista (§ 3º).
gu

ções de acesso à informação;


a

IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar Art. 33 [...]


lv

§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV


si

ou permitir acesso indevido à informação sigilosa


poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso
an

ou informação pessoal;
II, assegurado o direito de defesa do interessado, no
V - impor sigilo à informação para obter proveito
Lu

respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.


pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de § 2º A reabilitação referida no inciso V será
ato ilegal cometido por si ou por outrem; autorizada somente quando o interessado efetivar
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com- o ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou resultantes e após decorrido o prazo da sanção
a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e aplicada com base no inciso IV.
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu- § 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é
mentos concernentes a possíveis violações de direi- de competência exclusiva da autoridade máxima
tos humanos por parte de agentes do Estado. do órgão ou entidade pública, facultada a defesa do
interessado, no respectivo processo, no prazo de 10
(dez) dias da abertura de vista.
Pelas condutas descritas anteriormente,  poderá
o militar ou agente público responder, também, por
Por fim, estabelece o art. 34:
improbidade administrativa, englobando apenas a
esfera administrativa (§ 2º). Art. 34 Os órgãos e entidades públicas respondem
Ademais, é necessária a visualização do artigo 32, diretamente pelos danos causados em decorrên-
70 parágrafo 1º: cia da divulgação não autorizada ou utilização
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
indevida de informações sigilosas ou informações I - promover e propor a regulamentação do cre-
pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade denciamento de segurança de pessoas físicas,
funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o empresas, órgãos e entidades para tratamento de
respectivo direito de regresso. informações sigilosas; e
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se II - garantir a segurança de informações sigilosas,
à pessoa física ou entidade privada que, em virtu- inclusive aquelas provenientes de países ou orga-
de de vínculo de qualquer natureza com órgãos ou nizações internacionais com os quais a República
entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo,
pessoal e a submeta a tratamento indevido. contrato ou qualquer outro ato internacional, sem
prejuízo das atribuições do Ministério das Relações
O artigo supramencionado impõe a responsabilida- Exteriores e dos demais órgãos competentes.
de aos órgãos e entidades públicas (responsabilidade Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a
objetiva) quando a divulgação de informações sigilosas, composição, organização e funcionamento do NSC.
de forma indevida ou não autorizada, causa danos.
Nesse caso, por tratar-se de responsabilidade obje- Já com relação ao artigo 38, a informação de pes-
tiva do Poder Público, esse responde diretamente soa, física ou jurídica, constante de registro ou banco
pelas ocorrências supracitadas, cabendo a apuração de dados de entidades governamentais ou de caráter
de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou público, deverá ser analisada e aplicada a Lei que
culpa, assegurando-lhe o direito de regresso. regula o direito de acesso a informações e disciplina
Tal previsão é estendida à pessoa física ou entida- o rito processual do habeas data (Lei nº 9.507/1997).
de privada que, em virtude de vínculo com órgãos ou De acordo com a previsão do artigo 39, os órgãos
entidades públicas, tenha acesso à informação sigi- e entidades públicas deverão proceder à reavaliação
losa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. das informações classificadas como ultrassecretas e
secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS do termo inicial de vigência desta Lei.

Conforme o decorrer dos tópicos, vimos um pou- Art. 39 [...]


co sobre a Comissão Mista de Reavaliação de Infor- § 2º No âmbito da administração pública federal, a
mações. Vale destacar que ela foi instituída, visando reavaliação  poderá ser revista, a qualquer tempo,
pela Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
decidir, no âmbito da Administração Pública Federal,
ções, observados os termos desta Lei.
sobre o tratamento e a classificação de informações
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavalia-
sigilosas, tendo, como competência e atribuição, as
ção previsto no caput, será mantida a classificação
seguintes condutas, possuindo como base o artigo 35: da informação nos termos da legislação precedente.
§ 4º As informações classificadas como secretas e
z Requisitar da autoridade que classificar informa- ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto
ção como ultrassecreta e secreta esclarecimento no caput serão consideradas, automaticamente, de
ou conteúdo parcial ou integral da informação; acesso público.
5
-3

z Rever a classificação de informações ultrassecre-


68

tas ou secretas, de ofício ou mediante provocação E, por fim, temos os artigos 40 e 41, dispondo sobre:
.3

de pessoa interessada. Com isso, a revisão deverá


87

ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a Art. 40 No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar
.2

reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de da vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada
63

documentos ultrassecretos ou secretos; órgão ou entidade da administração pública fede-


-4

ral direta e indireta designará autoridade que lhe


es

Portanto, a não deliberação sobre a revisão pela seja diretamente subordinada para, no âmbito do
respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes
ed

Comissão Mista de Reavaliação de Informações, gera-


rá a desclassificação automática das informações; atribuições:
gu

I - assegurar o cumprimento das normas relativas


a

z Prorrogar o prazo de sigilo de informação clas- ao acesso a informação, de forma eficiente e ade-
lv

quada aos objetivos desta Lei;


si

sificada como ultrassecreta sempre por prazo


II - monitorar a implementação do disposto nesta
an

determinado, enquanto o seu acesso ou divulga-


Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
ção puder ocasionar ameaça externa à soberania
Lu

cumprimento;
nacional ou à integridade do território nacional
III - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
ou grave risco às relações internacionais do país, mentação e ao aperfeiçoamento das normas e pro-
sendo esse prazo limitado à uma única renovação.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cedimentos necessários ao correto cumprimento do


disposto nesta Lei; e
Art. 36 O tratamento de informação sigilosa resul- IV - orientar as respectivas unidades no que se refe-
tante de tratados, acordos ou atos internacionais re ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus
atenderá às normas e recomendações constantes regulamentos.
desses instrumentos. Art. 41 O Poder Executivo Federal designará órgão
da administração pública federal responsável:
Avançando no conteúdo, devemos analisar o dis- I - pela promoção de campanha de abrangência
posto no artigo 37: nacional de fomento à cultura da transparência na
administração pública e conscientização do direito
Art. 37 É instituído, no âmbito do Gabinete de Segu- fundamental de acesso à informação;
rança Institucional da Presidência da República, o II - pelo treinamento de agentes públicos no que se
Núcleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas
tem por objetivos:  à transparência na administração pública; 71
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no z Classificação de sigilo: atribuição, pela autori-
âmbito da administração pública federal, concen- dade competente, de grau de sigilo a documentos,
trando e consolidando a publicação de informações
dados e informações;
estatísticas relacionadas no art. 30;
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional z Credencial de Segurança: Autorização, por escri-
de relatório anual com informações atinentes à to, concedida por autoridade competente, que
implementação desta Lei. habilita o agente público estadual, no efetivo exer-
cício de cargo, função, emprego ou atividade públi-
ca, a ter acesso a documentos, dados e informações
sigilosas;
DECRETO ESTADUAL Nº 58.052/2012 z Criptografia: Processo de escrita à base de méto-
dos lógicos e controlados por chaves, cifras ou
O Decreto nº 58.052/2012 é o grande responsável
códigos, de forma que somente os usuários auto-
por regulamentar a Lei Federal nº 12.527, de 18 de
novembro de 2011, que regula o acesso a informações rizados possam reestabelecer sua forma original;
e dá providências correlatas no Estado de São Paulo. z Custódia: Responsabilidade pela guarda de docu-
Como base introdutória, temos o art. 1º. mentos, dados e informações;
z Dado Público: sequência de símbolos ou valores,
Art. 1º Este decreto define procedimentos a serem representado em algum meio, produzido ou sob
observados pelos órgãos e entidades da Adminis- a guarda governamental, em decorrência de um
tração Pública Estadual, e pelas entidades privadas
sem fins lucrativos que recebam recursos públicos
processo natural ou artificial, que não tenha seu
estaduais para a realização de atividades de inte- acesso restrito por legislação específica;
resse público, à vista das normas gerais estabele- z Desclassificação: supressão da classificação de
cidas na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro sigilo por ato da autoridade competente ou decur-
de 2011. so de prazo, tornando irrestrito o acesso a docu-
mentos, dados e informações sigilosas;
Nota-se que o art. 1º aborda a abrangência do Decre- z Documentos de arquivo: todos os registros de infor-
to, dispondo os procedimentos que deverão ser obser-
mação, em qualquer suporte, inclusive o magnético
vados pela Administração Pública Estadual. Chamo a
sua atenção para esse ponto, uma vez que esse decreto ou óptico, produzidos, recebidos ou acumulados por
não se aplica à Administração Pública Federal. órgãos e entidades da Administração Pública Esta-
Ademais, outro ponto interessante é que o Decreto dual, no exercício de suas funções e atividades;
apresentou um rol de direitos fundamentais, no que z Disponibilidade: qualidade da informação que pode
tange ao acesso a documentos, informações e dados, ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamen-
dando-se através de:
tos ou sistemas autorizados;
5
-3

z Documento: unidade de registro de informações,


68

Observância da publicidade com


preceito geral e do sigilo como exceção; qualquer que seja o suporte ou formato;
.3

z Gestão de documentos: conjunto de procedimen-


87

Implementação da política estadual de tos e operações técnicas referentes à sua produção,


.2

arquivos e gestão de documetnos;


63

classificação, avaliação, tramitação, uso, arquiva-


-4

Divulgação de informações de mento e reprodução, que assegura a racionaliza-


interesse público, independentemente
ção e a eficiência dos arquivos;
es

Direitos de solicitações;
z Informação: dados, processados ou não, que
ed

Fundamentais
Utilização de meios de
podem ser utilizados para produção e transmis-
gu

comunicação, viabilizados pela


tecnologia da informação; são de conhecimento, contidos em qualquer meio,
a
lv

Fomento ao desenvolvimento suporte ou formato;


si

da cultura de transparência na
z Informação Pessoal: aquela relacionada à pessoa
an

Administração Pública;
natural identificada ou identificável;
Lu

Desenvolvimento do controle
social da Administração Pública. z Informação sigilosa: aquela submetida tempora-
riamente à restrição de acesso público em razão
de sua imprescindibilidade para a segurança da
O Decreto compreende, também, alguns conceitos
sociedade e do Estado;
e definições importantes ao seu estudo. Vejamos:
z Integridade: qualidade da informação não modifi-
z Arquivos Públicos: conjuntos de documentos pro- cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
duzidos, recebidos e acumulados por órgãos públi- z Marcação: aposição de marca assinalando o grau
cos, autarquias, fundações instituídas ou mantidas de sigilo de documentos, dados ou informações,
pelo Poder Público, empresas públicas, sociedades ou sua condição de acesso irrestrito, após sua
de economia mista, entidades privadas encarrega- desclassificação;
das da gestão de serviços públicos e organizações
z Metadados: são informações estruturadas e
sociais, no exercício de suas funções e atividades;
z Autenticidade: qualidade da informação que tenha codificadas que descrevem e permitem gerenciar,
sido produzida, expedida, recebida ou modificada por compreender, preservar e acessar os documentos
72 determinado indivíduo, equipamento ou sistema; digitais ao longo do tempo e referem-se a:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
„ identificação e contexto documental (identi-
Deveres da Administração Pública
ficador único, instituição produtora, nomes,
Estadual
assunto, datas, local, código de classificação,
tipologia documental, temporalidade, destina- Promover a gestão transparente de
ção, versão, documentos relacionados, idioma documentos, dados e informações, assegurando
e indexação); sua disponibilidade, autenticidade, e integridade,
„ segurança (grau de sigilo, informações sobre para garantir o pleno direito de acesso

criptografia, assinatura digital e outras marcas


digitais); Divulgar documentos, dados e informações de
„ contexto tecnológico (formato de arquivo, interesse coletivo ou geral, sob sua custódia,
independentemente de solicitações
tamanho de arquivo, dependências de hard-
ware e software, tipos de mídias, algoritmos de
compressão) e localização física do documento; Proteger os documentos, dados e informações
sigilosas e pessoais, por meio de critérios técnicos
e objetivos, o menos restritivo possível
z Primariedade: qualidade da informação coletada
na fonte, com o máximo de detalhamento possível,
sem modificações; Sabendo quais são as atividades da Administração
z Reclassificação: alteração, pela autoridade com- Pública Estadual, devemos saber qual será o órgão
petente, da classificação de sigilo de documentos, responsável pela gestão dos documentos, dados e
dados e informações; informações. Para isso, instituiu-se a Unidade do
z Rol de documentos, dados e informações sigi- Arquivo Público do Estado, na condição de órgão
losas e pessoais: relação anual, a ser publicada central do Sistema de Arquivos do Estado de São
pelas autoridades máximas de órgãos e entidades, Paulo – SAESP.
de documentos, dados e informações classificadas, Perante o órgão central, podemos atribuir a ele a
responsabilidade pela implementação, organização
no período, como sigilosas ou pessoais, com identi-
e formulação da política estadual de arquivos e
ficação para referência futura;
gestão de documentos, possuindo o grande dever de
z Serviço ou atendimento presencial: aquele pres-
apresentar as normas, os requisitos técnicos comple-
tado na presença física do cidadão, principal bene-
mentares e os procedimentos, visando o tratamento
ficiário ou interessado no serviço;
da informação.
z Serviço ou atendimento eletrônico: aquele pres-
tado remotamente ou à distância, utilizando meios
eletrônicos de comunicação;
Dica
Tratamento da informação é o conjunto de ações
5
-3

Tabela de documentos, dados e informações referentes à produção, recepção, classificação,


68

sigilosas e pessoais: relação exaustiva de documen- utilização, acesso, reprodução, transporte, trans-
.3

tos, dados e informações com quaisquer restrições de missão, distribuição, arquivamento, armazena-
87

acesso, com a indicação do grau de sigilo, decorrente mento, eliminação, avaliação, destinação ou
.2

de estudos e pesquisas promovidos pelas Comissões de


63

controle da informação.
Avaliação de Documentos e Acesso - CADA, e publica-
-4

da pelas autoridades máximas dos órgãos e entidades; Ademais, é necessário destacar que integram a
es

Tratamento da informação: conjunto de ações política estadual de arquivos e gestão de documentos:


ed

referentes à produção, recepção, classificação, utiliza-


gu

ção, acesso, reprodução, transporte, transmissão, dis-


a

tribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, Os serviços de protocolo e arquivo


lv

dos órgãos e entidades;


si

avaliação, destinação ou controle da informação.


an
Lu

DO ACESSO A DOCUMENTOS, DADOS E


INFORMAÇÕES
As Comissões de Avaliação de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Documentos e Acesso - CADA


Com relação ao acesso a documentos, dados e
informações, o art. 4º estabelece três deveres da Integram a política
Administração Pública Estadual: promover a gestão estadual de arquivos e
gestão de documentos
transparente de documentos, dados e informações,
assegurando sua disponibilidade, autenticidade e O Sistema Informatizado Unicodificado
de Gestão Arquivística de Documentos
integridade, para garantir o pleno direito de acesso e Informações - SPdoc;
(I); divulgar documentos, dados e informações de
interesse coletivo ou geral, sob sua custódia, inde-
pendentemente de solicitações (II); proteger os docu-
mentos, dados e informações sigilosas e pessoais, Os Serviços de Informações ao Cidadão
por meio de critérios técnicos e objetivos, o menos - SIC
restritivo possível (III). 73
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Além disso, o Decreto, visando garantir a efetividade
Importante!
da Política de gestão, apresenta o art. 6º:
A Casa Civil deverá providenciar a contratação
Art. 6º Para garantir efetividade à política de arqui- de serviços para o desenvolvimento de “Sistema
vos e gestão de documentos, os órgãos e entidades Integrado de Informações ao Cidadão”, capaz de
da Administração Pública Estadual deverão: interoperar com o SPdoc, a fim de ser utilizado
I - providenciar a elaboração de planos de classi- por todos os órgãos e entidades nos seus res-
ficação e tabelas de temporalidade de documentos pectivos Serviços de Informações ao Cidadão
de suas atividades-fim, a que se referem, respectiva- - SIC.
mente, os artigos 10 a 18 e 19 a 23, do Decreto nº
48.897, de 27 de agosto de 2004
II - cadastrar todos os seus documentos no Sistema A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa
Informatizado Unificado de Gestão Arquivística de Civil, será a responsável por adotar as providências
Documentos e Informações - SPdoc. necessárias para a organização dos serviços da
Parágrafo único - As propostas de planos de classi- Central de Atendimento ao Cidadão – CAC, com a
ficação e de tabelas de temporalidade de documen- finalidade de coordenar a integração sistêmica dos
tos deverão ser apreciadas pelos órgãos jurídicos
Serviços de Informações ao Cidadão – SIC, instituí-
dos nos órgãos e entidades, realizar a consolidação
dos órgãos e entidades e encaminhadas à Unida-
e sistematização de dados, bem como a elaboração
de do Arquivo Público do Estado para aprovação,
de estatísticas sobre as demandas de consulta e os
antes de sua oficialização. perfis de usuários, visando o aprimoramento dos
serviços.
Portanto, no âmbito da Administração Pública
Estadual, deverá haver uma equipe capacitada, com Adotar as providências necessárias
para a organização dos serviços da
infraestrutura e preparo para:
Central de Atendimento ao Cidadão
- CAC;
z Realizar o atendimento presencial e/ou eletrônico
na sede e nas unidades subordinadas, prestando
orientação ao público sobre os direitos do reque- Integração Sistêmica dos Serviços de
rente, o funcionamento do Serviço de Informações Informações ao Cidadão - SIC;

ao Cidadão - SIC, a tramitação de documentos, bem Unidade do Arquivo


como sobre os serviços prestados pelas respectivas Público do Estado
unidades do órgão ou entidade; Realizar a Consolidadação e
z Protocolar documentos e requerimentos de acesso sistematização de dados

a informações, bem como encaminhar os pedidos


5
-3

de informação aos setores produtores ou detento-


68

Elaboração de estatísticas sobre as


res de documentos, dados e informações; demandas de consulta e os perfis de
.3

z Controlar o cumprimento de prazos por parte dos usuários.


87

setores produtores ou detentores de documentos,


.2
63

dados e informações; Portanto, para que ocorra a fiscalização e o contro-


-4

z Realizar o serviço de busca e fornecimento de le desses dados, os Serviços de Informações ao Cida-


documentos, dados e informações sob custódia dão (SIC) deverão fornecer, periodicamente, à Central
es

do respectivo órgão ou entidade, ou fornecer, de Atendimento ao Cidadão (CAC), dados atualizados


ed

ao requerente, orientação sobre o local onde dos atendimentos prestados.


gu

encontrá-los. O art. 10 estabelece, dentre outros direitos, o de


a

obter acesso aos documentos, dados e informações, os


lv

quais estão descritos abaixo:


si

Com isso, as autoridades máximas dos órgãos e


an

entidades da Administração Pública Estadual deverão I - Orientação sobre os procedimentos para a conse-
Lu

designar, no prazo de 30 dias, os responsáveis pelos cução de acesso, bem como sobre o local onde pode-
Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. rá ser encontrado ou obtido o documento, dado ou
O Serviço de Informações ao Cidadão – SIC, por- informação almejada;
tanto, é um serviço independe do meio de utilização, II - Dado ou informação contida em registros ou
mas deverá apresentar a identificação com ampla documentos, produzidos ou acumulados por seus
órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos
visibilidade. públicos;
Já na conduta de visar a grande eficácia e garantia, III - Documento, dado ou informação produzida ou
deverá: custodiada por pessoa física ou entidade privada
decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos
z Manter intercâmbio permanente com os serviços ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha
de protocolo e arquivo; cessado;
IV - Dado ou informação primária, íntegra, autên-
z Buscar informações junto aos gestores de sistemas
tica e atualizada;
informatizados e bases de dados, inclusive de por- V - Documento, dado ou informação sobre ativida-
tais e sítios institucionais; des exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as
74 z Atuar de forma integrada com as Ouvidorias. relativas à sua política, organização e serviços;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
VI - Documento, dado ou informação pertinen- e) constitui-se atribuição do setor de inteligência do
te à administração do patrimônio público, utili- Governo do Estado de São Paulo.
zação de recursos públicos, licitação, contratos
administrativos; De acordo com o Decreto nº 58.052/2012, vamos
VII - Documento, dado ou informação relativa: analisar: segundo o art. 4, inciso II do Decreto nº
a - à implementação, acompanhamento e resulta- 58.052/2012, é dever dos órgãos e entidades da
dos dos programas, projetos e ações dos órgãos e Administração Pública Estadual, divulgar docu-
entidades públicas, bem como metas e indicadores mentos, dados e informações de interesse coletivo
propostos;
ou geral, sob sua custódia, independentemente de
b - ao resultado de inspeções, auditorias, presta-
ções e tomadas de contas realizadas pelos órgãos solicitações. Resposta: Letra A.
de controle interno e externo, incluindo prestações
Das Comissões de Avaliação de Documentos e
de contas relativas a exercícios anteriores.
Acesso
Quanto ao acesso aos dados, informações e docu-
mentos, não estão abrangidas as informações refe- Aqui há uma curiosidade, pois, as Comissões de
rentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento Avaliação de Documentos de Arquivo passaram a ser
científicos ou tecnológicos, cujo sigilo seja impres- denominadas como Comissões de Avaliação de Docu-
cindível à segurança da sociedade e do Estado. mentos e Acesso (CADA), com isso, verifica-se a movi-
No entanto, existem algumas informações que pos- mentação da Administração Pública Estadual.
suem uma característica mista ou parcial, como, por Diante dessa alteração, nasce um questionamento,
exemplo, uma informação com uma certa quantida- a quem a Comissões de Avaliação de Documentos e
de sigilosa e a outra parte, livre de acesso. Portanto, Acesso (CADA) será vinculada?
quando estivermos diante de uma informação par- Com a finalidade da fiscalização e controle, atri-
cial ou mista, não será autorizado o acesso integral à bui-se essa vinculação ao Gabinete da autoridade
informação por ser ela parcialmente sigilosa. É asse- máxima do órgão ou entidade, sendo as Comissões
gurado o acesso à parte não sigilosa por meio de integradas por servidores de nível superior das áreas
certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte jurídica, de administração geral, de administração
sob sigilo. financeira, de arquivo e protocolo, de tecnologia da
Já o direito de acesso aos documentos, aos dados informação e por representantes das áreas específicas
ou às informações neles contidas, utilizados como da documentação a ser analisada, devendo ser com-
fundamento da tomada de decisão e do ato adminis- postas sempre em número ímpar, englobando apenas
trativo, será assegurado com a edição do ato decisório 5, 7 ou 9 membros.
respectivo. Ademais, a Lei estabeleceu algumas atribuições
No que tange a negativa de acesso às informações, à Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso –
objeto de pedido formulado aos órgãos e entidades CADA, sendo, em especial, apresentada pelo art. 12:
da Administração Pública direta ou indireta, quando
5
não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas
-3

I - Orientar a gestão transparente dos documentos,


disciplinares, que veremos em tópico específico.
68

dados e informações do órgão ou entidade, visando


Informado do extravio da informação solicitada,
.3

assegurar o amplo acesso e divulgação;


87

poderá o interessado requerer à autoridade compe- II - Realizar estudos, sob a orientação técnica da
.2

tente a imediata abertura de sindicância para apurar Unidade do Arquivo Público do Estado, órgão cen-
63

o desaparecimento da respectiva documentação. No tral do Sistema de Arquivos do Estado de São Pau-


-4

caso em que seja identificado o extravio, o responsá- lo - SAESP, visando à identificação e elaboração de
vel pela guarda da informação extraviada deverá, no tabela de documentos, dados e informações sigilo-
es

prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar teste- sas e pessoais, de seu órgão ou entidade;
ed

munhas que comprovem sua alegação. III - Encaminhar à autoridade máxima do órgão
gu

ou entidade a tabela mencionada acima, bem como


a

as normas e procedimentos visando à proteção de


lv

documentos, dados e informações sigilosas e pes-


si

EXERCÍCIO COMENTADO soais, para oitiva do órgão jurídico e posterior


an

publicação;
Lu

IV - Orientar o órgão ou entidade sobre a correta


1. (VUNESP – 2015) Considerando o disposto no Decre-
aplicação dos critérios de restrição de acesso cons-
to Estadual nº 58.052/12, é correto afirmar que “divul-
tantes das tabelas de documentos, dados e informa-
gar documentos, dados e informações de interesse
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ções sigilosas e pessoais;


coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemen-
V - Comunicar à Unidade do Arquivo Público do
te de solicitações. Estado a publicação de tabela de documentos,
dados e informações sigilosas e pessoais, e suas
a) é dever dos órgãos e entidades da Administração eventuais alterações, para consolidação de dados,
Pública Estadual. padronização de critérios e realização de estudos
b) é competência privativa do chefe da respectiva reparti- técnicos na área;
ção pública estadual onde estão arquivados os dados VI - Propor à autoridade máxima do órgão ou enti-
ou as informações. dade a renovação, alteração de prazos, reclassifi-
c) enseja a responsabilidade do servidor público esta- cação ou desclassificação de documentos, dados e
dual por ato de improbidade administrativa. informações sigilosas;
d) é vedado à Secretaria da Administração Penitenciária VII - Manifestar-se sobre os prazos mínimos de res-
e a outras secretarias que exerçam atividade relativa à trição de acesso aos documentos, dados ou infor-
segurança pública. mações pessoais; 75
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
VIII - Atuar como instância consultiva da autorida- informação de que necessitar, como, por exemplo
de máxima do órgão ou entidade, sempre que pro- em aplicativos, sites e outros canais de comunicação.
vocada, sobre os recursos interpostos relativos às Já com base no artigo 15, § 4º, quando não for auto-
solicitações de acesso a documentos, dados e infor-
mações não atendidas ou indeferidas, nos termos
rizado o acesso por se tratar de informação total ou
do parágrafo único do artigo 19 deste decreto; parcialmente sigilosa, o interessado deverá ser infor-
IX - Informar à autoridade máxima do órgão ou mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e
entidade a previsão de necessidades orçamentá- condições para sua interposição, devendo, ainda,
rias, bem como encaminhar relatórios periódicos ser-lhe indicada a autoridade competente para sua
sobre o andamento dos trabalhos. apreciação.
É importante destacar que a informação
Visando a eficiência na prestação de serviços, armazenada em formato digital será fornecida nesse
poderá, a Comissão, realizar o chamamento de servi-
formato, caso haja anuência do interessado.
dores que possam contribuir com seus conhecimentos
Com relação ao artigo 15, § 6º, quando for solici-
e experiências, bem como constituir subcomissões e
grupos de trabalho, valendo ressaltar que esse chama- tada a informação e ela estiver disponível ao públi-
mento se dará por convocação. co em formato impresso, eletrônico ou em qualquer
E, por fim, à Unidade do Arquivo Público do Esta- outro meio de acesso universal, serão informados
do, órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de ao requerente, por escrito, o lugar e a forma pela
São Paulo – SAESP, responsável por propor a política qual se poderá consultar, obter ou reproduzir a
de acesso aos documentos públicos, caberá o reexa- referida informação, procedimento este que desone-
me, a qualquer tempo, das tabelas de documentos, rará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu
dados e informações sigilosas e pessoais dos órgãos e
fornecimento direto, salvo se o requerente declarar
entidades da Administração Pública Estadual. não dispor de meios para realizar por si mesmo tais
procedimentos.
Do Pedido
Ademais, o serviço de busca e fornecimento deve-
Avançando no tópico, deverá ser apresentado, ao rá ser gratuito.
Serviço de Informações ao Cidadão – SIC do órgão ou
entidade, um pedido, devendo constar a identificação do
interessado e a especificação da informação requerida.
Importante!
Com isso, o Decreto apenas estabeleceu uma regra
para solicitar a informação, que compreende o ato de Não se aplicará a gratuidade, quando ocorrer
portar algum documento de identificação do interes- a reprodução de documentos pelo órgão ou
sado. Preenchendo esse requisito, o Serviço de Infor-
entidade pública consultada, situação em que
mações ao Cidadão – SIC ou a entidade responsável
pela informação devem conceder o acesso imediato poderá ser cobrado exclusivamente o valor
5
-3

às informações disponíveis, atentando-se às informa- necessário ao ressarcimento do custo dos ser-


68

ções sigilosas. viços e dos materiais utilizados, a ser fixado em


.3

Ademais, ocorrerão casos em que não será possí- ato normativo pelo Chefe do Executivo, obser-
87

vel a prestação das informações de maneira imediata. vando as condições do indivíduo hipossuficien-
.2

Visando essas situações, o Decreto entabulou o art.15,


63

te, que não possua condições de arcar com as


§ 1º, dispondo:
-4

custas sem prejudicar seu sustento ou de seus


Art.15 [...]
familiares.
es
ed

§ 1º - Na impossibilidade de conceder o acesso imediato, Por exemplo, a expedição de segunda via do


gu

o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão Registro Geral (R.G.).


ou entidade, em prazo não superior a 20 (vinte) dias,
a
lv

deverá:
si

1 - comunicar a data, local e modo para se reali- Quando se tratar de acesso à informação contida
an

zar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a em documento cuja manipulação possa prejudicar
certidão;
Lu

sua integridade, deverá ser oferecida a consulta de


2 - indicar as razões de fato ou de direito da recusa,
total ou parcial, do acesso pretendido; cópia, com certificação de que esta confere com o ori-
3 - comunicar que não possui a informação, indicar, ginal, com a atualização e a tecnologia. Geralmente, os
se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade documentos possuem QR Code, visando a celeridade
que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a na verificação.
esse órgão ou entidade, cientificando o interessado O interessado poderá requerer as suas expensas
da remessa de seu pedido de informação. sob Grupo Técnico de supervisão de servidor público,
solicitando que a reprodução seja feita por outro meio
O prazo de 20 (vinte) dias poderá ser prorrogado que não ponha em risco a conservação do documen-
por mais 10 dias, devendo justificar o seu pedido.
to original. No entanto, para isso, deverá ocorrer a
Vale destacar, conforme art. 15, § 3º, que, desde
que não ocorra prejuízo da segurança e da proteção impossibilidade das cópias.
das informações e do cumprimento da legislação
aplicável, o Serviço de Informações ao Cidadão – Art. 18 É direito do interessado obter o inteiro teor
SIC do órgão ou entidade poderão oferecer meios de decisão de negativa de acesso, por certidão ou
76 para que o próprio interessado possa pesquisar a cópia.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No caso em que for analisada a procedência das
EXERCÍCIO COMENTADO razões do recurso, a Ouvidoria Geral do Estado deter-
minará ao órgão ou entidade que adote as providên-
1. (VUNESP – 2014) De acordo com os ditames do Decre- cias necessárias para dar cumprimento.
to n.º 58.052/2012 de São Paulo, o pedido de infor- Com relação ao caso de ser negado o acesso ao
mação, por qualquer meio legítimo que contenha a documento, dado ou informação pela Ouvidoria Geral
identificação do interessado, deverá ser apresentado. do Estado, o requerente poderá, no prazo de 10
(dez) dias a contar da sua ciência, interpor recurso
a) ao Chefe do Executivo. à Comissão Estadual de Acesso à Informação.
b) à Central de Atendimento ao Cidadão – CAC.
c) ao Serviço de Informações ao Cidadão – SIC. DA DIVULGAÇÃO DE DOCUMENTOS, DADOS E
d) às Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso INFORMAÇÕES
– CADA.
e) ao Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo Vale destacar, tendo como base a divulgação e o
– SAESP. art. 23, que é dever dos órgãos e entidades da Admi-
nistração Pública Estadual promover, independen-
Segundo o art. 14 do Decreto nº 58.052/2012, o pedi- temente de requerimentos, a divulgação em local
do de informações deverá ser apresentado ao Ser- de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de
viço de Informações ao Cidadão – SIC do órgão ou documentos, dados e informações de interesse coleti-
entidade, por qualquer meio legítimo que contenha vo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. Para
a identificação do interessado (nome, número de isso é muito utilizado sites, facilitando assim o cum-
documento e endereço) e a especificação da infor- primento da divulgação.
mação requerida. Resposta: Letra C. Com isso, o Decreto estabeleceu um rol exemplifi-
cativo que deverá conter, conforme art. 23, § 1º:
Dos Recursos
I - Registro das competências e estrutura organiza-
Há casos em que poderão ser negados os pedidos cional, endereços e telefones das respectivas unida-
perante ao órgão público, visando um método para des e horários de atendimento ao público;
proteção das garantias do solicitante. Entabulou-se II - Registros de quaisquer repasses ou transferên-
os Recursos em que poderão ser utilizados nos casos cias de recursos financeiros;
de indeferimento de acesso aos documentos, dados e III - Registros de receitas e despesas;
informações ou às razões da negativa do acesso, bem IV - Informações concernentes a procedimentos
licitatórios, inclusive os respectivos editais e resul-
como o não atendimento do pedido, podendo o inte-
tados, bem como a todos os contratos celebrados;
ressado interpor recurso contra a decisão no prazo
V - Relatórios, estudos e pesquisas;
de 10 dias a contar de sua ciência, devendo ser ende-
VI - Dados gerais para o acompanhamento da exe-
reçada à unidade superior da que proferiu a decisão, cução orçamentária, de programas, ações, projetos
que exarou a decisão impugnada, a qual deverá se
5
e obras de órgãos e entidades;
-3

manifestar, após eventual consulta à Comissão de VII - Respostas a perguntas mais frequentes da
68

Avaliação de Documentos e Acesso – CADA e ao


sociedade.
.3

órgão jurídico no prazo de 5 dias.


87

O art. 20 dispõe, com relação à conduta de negar


.2

Portanto, nota-se que aos órgãos e entidades esta-


o acesso ao documento, dado e informação por par-
63

duais compete a utilização de meios e instrumentos


te dos órgãos ou entidades da Administração Pública
-4

legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a


Estadual, o interessado poderá recorrer, no prazo de
divulgação em sítios oficiais da rede mundial de
es

10 (dez) dias, à Ouvidoria Geral do Estado, da Secreta-


computadores (internet).
ed

ria de Governo, que deliberará no prazo de 5 (cinco)


Para isso, o Decreto apresentou, no art. 23, § 3º,
gu

dias se:
alguns requisitos, sendo eles:
a
lv

I - O acesso ao documento, dado ou informação não


1 - Conter ferramenta de pesquisa de conteúdo
si

classificada como sigilosa for negado.


que permita o acesso à informação de forma obje-
an

II - A decisão de negativa de acesso ao documento,


dado ou informação, total ou parcialmente clas- tiva, transparente, clara e em linguagem de fácil
Lu

sificada como sigilosa, não indicar a autoridade compreensão;


classificadora ou a hierarquicamente superior 2 - Possibilitar a gravação de relatórios em diver-
a quem possa ser dirigido o pedido de acesso ou sos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

desclassificação. proprietários, tais como planilhas e texto, de modo


III - Os procedimentos de classificação de sigilo não a facilitar a análise das informações;
tiverem sido observados. 3 - Possibilitar o acesso automatizado por sistemas
IV - Estiverem sendo descumpridos prazos ou outros externos em formatos abertos, estruturados e legí-
procedimentos previstos na Lei federal nº 12.527, de veis por máquina;
4 - Divulgar em detalhes os formatos utilizados
18 de novembro de 2011.
para estruturação da informação;
5 - Garantir a autenticidade e a integridade das
Portanto, podemos extrair que a Ouvidoria Geral informações disponíveis para acesso;
do Estado será a responsável por analisar o recurso, 6 - Manter atualizadas as informações disponíveis
devendo ser o Recurso dirigido a ela logo depois de para acesso;
submetido à apreciação de, pelo menos, uma autori- 7 - Indicar local e instruções que permitam ao inte-
dade hierarquicamente superior àquela que exarou a ressado comunicar-se, por via eletrônica ou telefô-
decisão impugnada. nica, com o órgão ou entidade detentora do sítio; 77
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
8 - Adotar as medidas necessárias para garantir SIGILOSOS
a acessibilidade de conteúdo para pessoas com
deficiência. Aqueles submetidos, temporariamente, à restrição de
acesso público em razão de sua imprescindibilidade
Extrai-se que os documentos que contenham para a segurança da sociedade e do Estado;
informações deverão estar cadastrados no Sistema
Informatizado Unificado de Gestão Arquivística de
Documentos e Informações – SPdoc. PESSOAIS
Ademais, com base no art. 25, a autoridade máxi- Aqueles relacionados à pessoa natural identificada ou
ma de cada órgão ou entidade estadual publicará, identificável, relativas à intimidade, vida privada, honra
anualmente, em sítio próprio, bem como no Portal da e imagem das pessoas, bem como às liberdades e ga-
Transparência e do Governo Aberto: rantias individuais.

I - rol de documentos, dados e informações que tenham


sido desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses; Portanto, caberá aos órgãos e entidades da Admi-
II - rol de documentos classificados em cada grau nistração Pública Estadual, por meio de suas respecti-
de sigilo, com identificação para referência futura;
vas Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
III - relatório estatístico contendo a quantidade de
pedidos de informação recebidos, atendidos e inde- – CADA a que se referem os arts. 11 e 12 deste Decre-
feridos, bem como informações genéricas sobre os to, promover os estudos necessários à elaboração de
solicitantes. tabela com a identificação de documentos, dados e
Art. 26 Os órgãos e entidades da Administração informações sigilosas e pessoais, visando assegurar a
Pública Estadual deverão prestar no prazo de 60 sua proteção.
(sessenta) dias, para compor o “Catálogo de Sis-
temas e Bases de Dados da Administração Públi-
ca do Estado de São Paulo - CSBD”, as seguintes
informações: Importante!
I - tamanho e descrição do conteúdo das bases de
dados; Não poderá ser negado o acesso à informação
II - metadados; necessária à tutela judicial ou administrativa
III - dicionário de dados com detalhamento de conteúdo;
de direitos fundamentais. Já os documentos,
IV - arquitetura da base de dados;
V - periodicidade de atualização; dados e informações que versem sobre condu-
VI - software da base de dados; tas que impliquem violação dos direitos huma-
VII - existência ou não de sistema de consulta à nos praticada por agentes públicos ou a mando
base de dados e sua linguagem de programação; de autoridades públicas não poderão ser objeto
VIII - formas de consulta, acesso e obtenção à base
de dados. de restrição de acesso.
5
§ 1º - Os órgãos e entidades da Administração
-3
68

Pública Estadual deverão indicar o setor


responsável pelo fornecimento e atualização Reforço que sempre serão respeitados os casos de
.3

sigilo e de segredo de justiça, ou segredo industrial


87

permanente de dados e informações que


compõem o «Catálogo de Sistemas e Bases de decorrentes da exploração direta de atividade econô-
.2

Dados da Administração Pública do Estado de


63

mica pelo Estado, por pessoa física ou entidade privada


-4

São Paulo - CSBD». que tenha qualquer vínculo com o Poder Público.
es

Com relação ao art. 26, § 2º o desenvolvimento do


ed

“Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Adminis-


gu

tração Pública do Estado de São Paulo – CSBD”, coleta EXERCÍCIO COMENTADO


a

de informações, manutenção e atualização perma-


lv

nente ficará a cargo da Fundação Sistema Estadual de


si

1. (VUNESP – 2014) Nos termos do Decreto nº


Análise de Dados - SEADE.
an

Por fim, o “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados 58.052/2012, do Estado de São Paulo, são conside-
Lu

da Administração Pública do Estado de São Paulo – radas passíveis de restrição de acesso, no âmbito da
CSBD”, bem como as bases de dados da Administração Administração Pública Estadual, duas categorias de
Pública Estadual deverão estar disponíveis no Portal documentos, dados e informações, quais sejam:
Governo Aberto SP e no Portal da Transparência Esta-
dual, nos termos da legislação pertinente, com todos a) médicos e militares.
os elementos necessários para permitir sua utilização b) disponíveis e privados.
por terceiros, como a arquitetura da base e o dicioná- c) sigilosos e pessoais.
rio de dados, tendo como base legal o art. 26, § 3º. d) particulares e privados.
e) ilegais e secretos.
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO A DOCUMENTOS,
DADOS E INFORMAÇÕES
Segundo o art. 27 do Decreto nº 58.052/2012, são
Com relação às restrições, o Decreto dispôs sobre consideradas passíveis de restrição de acesso, no
as passíveis de restrição de acesso, no âmbito da âmbito da Administração Pública Estadual, duas
Administração Pública Estadual, duas categorias de categorias de documentos, dados e informações os
78 documentos, dados e informações: sigilosos e pessoais. Resposta: Letra C.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
DA CLASSIFICAÇÃO, RECLASSIFICAÇÃO E § 5º - Para a classificação do documento, dado ou
DESCLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS, DADOS E informação em determinado grau de sigilo, deverá
INFORMAÇÕES SIGILOSAS ser observado o interesse público da informação,
e utilizado o critério menos restritivo possível,
O art. 30 estabelece as situações imprescindíveis à considerados:
segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, pas- 1 - a gravidade do risco ou dano à segurança da
síveis de classificação de sigilo. sociedade e do Estado;
2 - o prazo máximo de restrição de acesso ou o
evento que defina seu termo final.
I - Pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou
a integridade do território nacional;
II - Prejudicar ou pôr em risco a condução de nego- No art. 32 e seus respectivos incisos, notamos que
ciações ou as relações internacionais do País, ou as a informação da classificação de sigilo de documen-
que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por tos, dados e informações no âmbito da Administração
outros Estados e organismos internacionais; Pública Estadual deverá ser realizada através de dois
III - Pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da meios. São eles:
população;
IV - Oferecer elevado risco à estabilidade financei- I - publicação oficial, pela autoridade máxima do
ra, econômica ou monetária do País; órgão ou entidade, de tabela de documentos, dados
V - Prejudicar ou causar risco a planos ou opera- e informações sigilosas e pessoais, que em razão de
ções estratégicos das Forças Armadas; seu teor e de sua imprescindibilidade à segurança
VI - Prejudicar ou causar risco a projetos de pes- da sociedade e do Estado ou à proteção da inti-
quisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, midade, da vida privada, da honra e imagem das
assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas pessoas, sejam passíveis de restrição de acesso, a
de interesse estratégico nacional; partir do momento de sua produção.
II - análise do caso concreto pela autoridade res-
VII - Pôr em risco a segurança de instituições ou de
ponsável ou agente público competente, e formali-
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus
zação da decisão de classificação, reclassificação
familiares;
ou desclassificação de sigilo, bem como de restri-
VIII - Comprometer atividades de inteligência, bem
ção de acesso à informação pessoal, que conterá,
como de investigação ou fiscalização em andamen-
no mínimo, os seguintes elementos:
to, relacionadas com a prevenção ou repressão de
a - assunto sobre o qual versa a informação;
infrações. b - fundamento da classificação, reclassificação ou
desclassificação de sigilo, observados os critérios
É de suma importância que você tenha em mente estabelecidos no artigo 31 deste decreto, bem como
todos os prazos, pois as bancas adoram cobrar esse da restrição de acesso à informação pessoal;
ponto. Para te ajudar, montei uma tabela bem espe- c - indicação do prazo de sigilo, contado em anos,
meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo
cial e recomendo a sua memorização, de acordo com
final, conforme limites previstos no artigo 31 deste
5
o art. 31: decreto, bem como a indicação do prazo mínimo de
-3

restrição de acesso à informação pessoal;


68

d - identificação da autoridade que a classificou,


.3

CATEGORIA PRAZO
87

reclassificou ou desclassificou.
.2

Ultrassecreta 25 anos
63

No que tange o prazo de restrição de acesso, ele


Secreta 15 anos
-4

iniciará da data da produção do documento, dado ou


informação.
es

Reservada 05 anos
A partir daqui, surge-nos um questionamento
ed

com relação à classificação de sigilo de documen-


gu

Com base no art. 31, § 2º, os documentos, dados e


tos, dados e informações no âmbito da Administra-
informações que puderem colocar em risco a seguran-
a

ção Pública Estadual, Direta e Indireta: de quem é a


lv

ça do Governador e Vice-Governador do Estado e


competência?
si

respectivos cônjuges e filhos (as) serão classificados


an

como reservados e ficarão sob sigilo até o término


Art. 33 - A classificação de sigilo de documentos,
Lu

do mandato em exercício ou do último mandato, dados e informações no âmbito da Administração


em caso de reeleição. Pública Estadual, a que se refere o inciso II do arti-
go 32 deste decreto, é de competência:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Dica I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:


a - Governador do Estado;
Conforme art. 31, § 3º, alternativamente aos b - Vice-Governador do Estado;
prazos previstos no § 1º deste artigo, poderá c - Secretários de Estado e Procurador Geral do
ser estabelecida como termo final de restrição Estado;
de acesso a ocorrência de determinado evento, d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral
desde que este ocorra antes do transcurso do da olícia Militar;
II - no grau de secreto, das autoridades referidas
prazo máximo de classificação. no inciso I deste artigo, das autoridades máximas
de autarquias, fundações ou empresas públicas e
Se acaso for transcorrido o prazo de classificação sociedades de economia mista;
ou consumado o evento que defina o seu termo final, III - no grau de reservado, das autoridades referi-
o documento, dado ou informação tornar-se-á, auto- das nos incisos I e II deste artigo e das que exer-
maticamente, de acesso público. çam funções de direção, comando ou chefia, ou de 79
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
hierarquia equivalente, de acordo com regulamen- 1 - Terão seu acesso restrito, independentemente
tação específica de cada órgão ou entidade, obser- de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de
vado o disposto neste decreto. 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a
agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa
a que elas se referirem;
2 - Poderão ter autorizada sua divulgação ou aces-
Importante! so por terceiros diante de previsão legal ou consen-
§ 1º - A competência prevista nos incisos I e timento expresso da pessoa a que elas se referirem.
II deste artigo, no que se refere à classificação
como ultrassecreta e secreta, poderá ser dele- Portanto, o indivíduo que possua o acesso às infor-
gada pela autoridade responsável a agente mações, poderá ser responsabilizado, se acaso, utilizá-
-lo de forma indevida.
público, vedada a subdelegação.
De acordo com o art. 35, § 3, o consentimento não
será exigido quando as informações forem necessá-
É de suma importância que, quando ocorrer a rias para as seguintes finalidades listadas abaixo:
decisão dos Secretários de Estado e Procurador Geral
do Estado, esta deverá ser ratificada (confirmada) 1 - À prevenção e diagnóstico médico, quando a
pela Comissão Estadual de Acesso à Informação. pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para
Com relação ao art. 34, a classificação de docu- utilização única e exclusivamente para o tratamen-
mentos, dados e informações será reavaliada pela to médico;
autoridade classificadora ou por autoridade hierar- 2 - À realização de estatísticas e pesquisas científi-
quicamente superior, mediante provocação ou de cas de evidente interesse público ou geral, previstos
ofício, nos termos e prazos previstos em regulamen- em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a
to, com vistas a sua desclassificação ou à redução do que as informações se referirem;
prazo de sigilo, levando em consideração as peculia- 3 - Ao cumprimento de ordem judicial;
4 - À defesa de direitos humanos;
ridades das informações produzidas no exterior por
5 - À proteção do interesse público e geral
autoridades ou agentes públicos.
preponderante.
Na reavaliação deverão ser examinadas a perma-
nência dos motivos do sigilo e a possibilidade de danos
decorrentes do acesso ou da divulgação da informa- Vale destacar que não poderá ser invocada com o
ção. Já na hipótese de redução do prazo de sigilo da intuito de prejudicar processo de apuração de irre-
informação, o novo prazo de restrição manterá, como gularidades em que o titular das informações estiver
termo inicial, a data da sua produção. envolvido, ocorrendo, assim, a restrição de acesso aos
documentos, dados e informações relativos à vida pri-
vada, honra e imagem de pessoa.

EXERCÍCIO COMENTADO Dica


5
-3

Os documentos, dados e informações identifi-


68

1. (VUNESP – 2013) Os documentos, dados e informa-


cados como pessoais somente poderão ser for-
.3

ções sigilosas em poder de órgãos e entidades da


87

necidos pessoalmente, com a identificação do


Administração Pública Estadual, observado o seu teor
.2

interessado.
e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da
63

sociedade ou do Estado, poderão ser classificados,


-4

Da Proteção e do Controle de Documentos, Dados e


nos termos do Decreto n.º 58.052/2012, nos seguintes
Informações Sigilosos
es

graus:
ed

O dever do controle ao acesso e a divulgação de docu-


gu

a) ultrassecreto, secreto e reservado.


mentos, dados e informações sigilosas, tem, como res-
b) ostensivo, secreto e reservado.
a

ponsável, a Administração Pública Estadual, possuindo


lv

c) secreto, reservado e urgente.


sob seu controle os órgãos e entidades, assegurando
si

d) normal, reservado e ostensivo.


a proteção contra perda, alteração indevida, acesso,
an

e) reservado, secreto e normal. transmissão e divulgação não autorizados.


Lu

Conforme art. 36, § 2º, o acesso, a divulgação e o


Segundo o art. 31 do Decreto nº 58.052/2012, são, ao tratamento de documentos, dados e informações,
todo, três graus: ultrassecreto, secreto e reservado. classificados como sigilosos, ficarão restritos a
Resposta: Letra A. pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e
que sejam devidamente credenciadas, sem prejuízo
DA PROTEÇÃO DE DOCUMENTOS, DADOS E das atribuições dos agentes públicos autorizados por
INFORMAÇÕES PESSOAIS lei, como, por exemplo, um funcionário que seja res-
ponsável pela manutenção ou atualização do sistema.
No que corresponde ao tratamento de documen- Portanto, criou-se a obrigação, para aqueles que
tos, dados e informações pessoais, deverá ser feito de obtém tal autorização, de resguardar restrição de
forma transparente, respeitando a intimidade, vida acesso aos documentos, dados e informações clas-
privada, honra e imagem das pessoas, além de abar- sificados como sigilosos ou identificados como
car as garantias individuais. pessoais.
Correspondentes aos documentos, dados e infor- Já as autoridades públicas adotarão as providên-
mações pessoais, relativas à intimidade, vida privada, cias necessárias para que o pessoal a elas subordina-
80 honra e imagem, possuindo como base o art. 35: do hierarquicamente conheça as normas e observe
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
as medidas e procedimentos de segurança para trata- superior hierárquico e ao destinatário, o qual infor-
mento de documentos, dados e informações sigilosos mará imediatamente ao remetente;
e pessoais. II - proceder ao registro do documento e ao controle
A pessoa física ou entidade privada que, em razão de sua tramitação.
de qualquer vínculo com o Poder Público, execu- Art. 44 O envelope interno só será aberto pelo des-
tar atividades de tratamento de documentos, dados tinatário, seu representante autorizado ou auto-
e informações sigilosos e pessoais deverá adotar as ridade competente hierarquicamente superior,
providências necessárias para que seus empregados, observados os requisitos do artigo 62 deste decreto.
prepostos ou representantes observem as medidas e Art. 45 O destinatário de documento sigiloso comu-
procedimentos de segurança das informações resul- nicará imediatamente ao remetente qualquer indí-
tantes da aplicação deste decreto. cio de violação ou adulteração do documento.
O acesso a documentos, dados e informações
sigilosos, originários de outros órgãos ou institui- Visando, novamente, à proteção dos dados os docu-
ções privadas, custodiados para fins de instrução de mentos, dados e informações sigilosos, serão manti-
procedimento, processo administrativo ou judicial, dos em condições especiais de segurança, na forma do
somente poderá ser realizado para outra finalidade regulamento interno de cada órgão ou entidade e de
se autorizado pelo agente credenciado do respectivo acordo com o art. 46, as empresas que realizam a
órgão, entidade ou instituição de origem. guarda dos documentos secretos e ultrassecretos
Segundo o art. 39, para a produção, manuseio, são obrigadas a utilizar de cofre forte ou estrutura
consulta, transmissão, manutenção e guarda de docu- que ofereça segurança equivalente ou superior.
mentos, dados e informações sigilosos, observarão
medidas especiais de segurança, como, por exemplo, Art. 47 Os agentes públicos responsáveis pela
a implementação de programas que visam à proteção guarda ou custódia de documentos sigilosos os
ao acesso dos dados. transmitirão a seus substitutos, devidamente con-
Os documentos sigilosos deverão seguir algumas feridos, quando da passagem ou transferência de
responsabilidade.
regras para sua expedição e tramitação, tendo que
obedecer às seguintes prescrições, conforme é dispos-
Portanto, o grau de sigilo é essencial para verificar
to no art. 40:
o procedimento adequado para a proteção e, com isso,
é obrigatório que seja indicado em todas as páginas
I - deverão ser registrados no momento de sua pro-
dução, prioritariamente em sistema informatizado
do documento, nas capas e nas cópias, se houver, pelo
de gestão arquivística de documentos; produtor do documento, dado ou informação, após
II - serão acondicionados em envelopes duplos; classificação, ou pelo agente classificador que juntar
III - no envelope externo não constará qualquer indi- a ele documento ou informação com alguma restrição
cação do grau de sigilo ou do teor do documento; de acesso.
IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expe- E se forem mistos os graus de documentos?
dido mediante relação de remessa, que indicará, Pode ocorrer de o documento conter uma folha de
5
-3

necessariamente, remetente, destinatário, número grau ultrassecreto e outra folha de nível secreto ou
68

de registro e o grau de sigilo do documento; reservado. Nesses tipos de casos, o documento será
.3

V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser tratado nos termos de seu grau de sigilo mais elevado.
87

observadas as prescrições referentes à criptografia. Com relação à marcação, o documento deverá ser
.2

marcado em local que possibilite a leitura e permita


63

Com isso, o Decreto, visando à proteção dos dados cópias do documento, devendo ser numeradas todas
-4

e a segurança dos usuários, estipulou que a expedi- as folhas, devendo a juntada ser precedida de termo
es

ção, tramitação e entrega de documento ultrassecreto próprio, consignando o número total de folhas acres-
deverá ser realizada por agente público credenciado,
ed

cidas ao documento.
sendo entregue pessoalmente.
gu

Ademais, é importante a análise do art. 49, que tra-


É vedada a entrega através de correspondência.
ta sobre a fotografia e filmes cinematográficos:
a

Entretanto, alguns casos demandarão atendimento


lv
si

ao princípio da oportunidade ou, nestes, serão con-


Art. 49 A marcação em extratos de documentos,
siderados os interesses da segurança da sociedade e
an

esboços, desenhos, fotografias, imagens digitais,


do Estado, podendo utilizar-se o adequado meio de
Lu

multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas


criptografia.
e fotocartas obedecerá ao prescrito no artigo 48
Com relação à expedição dos documentos que deste decreto.
são reservados, esta poderá ser realizada mediante o
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 1º - Em fotografias e reproduções de negativos


serviço postal (correios ou empresa autorizada), com sem legenda, a indicação do grau de sigilo será no
opção de registro, mensageiro oficialmente designa- verso e nas respectivas embalagens.
do, sistema de encomendas ou, quando for o caso, § 2º - Em filmes cinematográficos, negativos em
mala diplomática, valendo ressaltar, novamente, que rolos contínuos e microfilmes, a categoria e o grau
poderá ser realizada por outro meio, inclusive usu- de sigilo serão indicados nas imagens de abertura
fruindo dos recursos de criptografia compatíveis com e de encerramento de cada rolo, cuja embalagem
o grau de sigilo do documento. será tecnicamente segura e exibirá a classificação
do conteúdo.
Art. 43 Cabe aos agentes públicos credenciados res- § 3º - Os esboços, desenhos, fotografias, imagens
ponsáveis pelo recebimento de documentos sigilosos: digitais, multimídia, negativos, diapositivos, mapas,
I - verificar a integridade na correspondência rece- cartas e fotocartas de que trata esta seção, que não
bida e registrar indícios de violação ou de qual- apresentem condições para a indicação do grau de
quer irregularidade, dando ciência do fato ao seu sigilo, serão guardados em embalagens que exibam 81
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a classificação correspondente à classificação do
conteúdo. Importante!
As cópias de segurança de documentos, dados e
Com relação à desclassificação e à remarcação de
informações sigilosos deverão ser criptografadas.
documentos, vejamos o que diz o art. 50:

Art. 50 A marcação da reclassificação e da desclas- Já os equipamentos e sistemas utilizados para


sificação de documentos, dados ou informações a produção e guarda de documentos, dados e infor-
sigilosos obedecerá às mesmas regras da marcação mações sigilosos poderão estar ligados às redes de
da classificação. comunicação de dados, desde que possuam sistemas
Parágrafo único - Havendo mais de uma marcação,
de proteção e segurança adequados, nos termos das
prevalecerá a mais recente
normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da
Gestão Pública – CQGP, conforme art. 55.
Ademais, visando assegurar o sigilo de documen-
É importante destacar que caberá providenciar
tos, dados e informações o Decreto aprovou o uso de
a descriptação, após a sua desclassificação, ao órgão
código, cifra ou sistema de criptografia no âmbito da responsável pela criptografia de documentos, dados e
Administração Pública Estadual e das instituições de informações, em consonância com o art. 56.
caráter público.
Para que circulassem fora de área ou instalação
Da Preservação e Eliminação
sigilosa, os documentos, dados e informações sigi-
losos, produzidos em suporte magnético ou óptico,
É importante destacar que os dados, informações e
deverão, necessariamente, estar criptografados, con-
documentos sigilosos, considerados de guarda perma-
forme é apresentado no art. 52.
nente, somente poderão ser recolhidos à Unidade do
Arquivo Público do Estado após a sua desclassificação.
Art. 53 A aquisição e uso de aplicativos de cripto-
No entanto, não se encaixarão, nessa regra, os docu-
grafia no âmbito da Administração Pública Esta-
mentos de guarda permanente de órgãos ou entidades
dual sujeitar-se-ão às normas gerais baixadas pelo
Comitê de Qualidade da Gestão Pública - CQGP. extintos ou que cessaram suas atividades.
Parágrafo único - Os programas, aplicativos, sis- Tendo encerrado os prazos previstos nas tabelas
temas e equipamentos de criptografia são consi- de temporalidade de documentos ultrassecreto, secre-
derados sigilosos e deverão, antecipadamente, ser to e reservado, os documentos, dados e informações
submetidos à certificação de conformidade. sigilosos de guarda temporária somente poderão ser
eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de sua
Tendo como base o art. 54, aplicam-se aos progra- desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às
mas, aplicativos, sistemas e equipamentos de cripto- informações neles contidas, conforme art. 59.
grafia todas as medidas de segurança previstas neste
Decreto para os documentos, dados e informações Art. 60 A eliminação de documentos dados ou infor-
mações sigilosas em suporte magnético ou ótico que
5
sigilosos e, também, os seguintes procedimentos:
-3

não possuam valor permanente deve ser feita, por


68

método que sobrescreva as informações armazena-


I - realização de vistorias periódicas, com a finali-
.3

das, após sua desclassificação, se acaso não estiver


dade de assegurar uma perfeita execução das ope-
87

ao alcance do órgão a eliminação, deverá ser pro-


rações criptográficas;
.2

videnciada a destruição física dos dispositivos de


II - elaboração de inventários completos e atualiza-
63

armazenamento.
dos do material de criptografia existente;
-4

III - escolha de sistemas criptográficos adequados a


Da publicidade dos atos Administrativos
es

cada destinatário, quando necessário;


ed

IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à


autoridade competente, de qualquer anormalidade A publicação de atos administrativos referentes a
gu

relativa ao sigilo, à inviolabilidade, à integridade, documentos, dados e informações sigilosos poderá ser
a

à autenticidade, à legitimidade e à disponibilida- efetuada mediante extratos, com autorização da auto-


lv

de de documentos, dados e informações sigilosos ridade classificadora ou hierarquicamente superior.


si

criptografados; Os extratos deverão limitar-se ao seu respectivo


an

V - identificação e registro de indícios de violação número, ao ano de edição e à sua ementa, redigidos
Lu

ou interceptação ou de irregularidades na trans- por agente público credenciado, de modo a não com-
missão ou recebimento de documentos, dados e prometer o sigilo, conforme art. 61.
informações criptografados. E, por fim, dependerá de autorização da autoridade
classificadora ou autoridade competente hierarquica-
Conforme art. 54, § 1º a autoridade máxima do mente superior, a publicação de atos administrativos
órgão ou entidade da Administração Pública Estadual que trate de documentos, dados e informações sigilo-
responsável pela custódia de documentos, dados e sos para sua divulgação ou execução.
informações sigilosos e detentor de material cripto-
gráfico designará um agente público responsável Da Reprodução e Autenticação
pela segurança criptográfica, devidamente creden-
ciado, incumbindo ao agente providenciar as condi- De acordo com o Os Serviços de Informações ao
ções de segurança necessárias ao resguardo do sigilo Cidadão – SIC dos órgãos e entidades da Administração
de documentos, dados e informações durante sua pro- Pública Estadual serão responsáveis pela reprodução
dução, tramitação e guarda, em suporte magnético ou total ou parcial de documentos, dados e informações
óptico, bem como a segurança dos equipamentos e sigilosos. Entretanto, para isso, deverá obter autoriza-
82 sistemas utilizados. ção expressa, conforme art. 66.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 1º - A reprodução do todo ou de parte de documen- ou parcialmente, documento, dado ou informação
tos, dados e informações sigilosos terá o mesmo que se encontre sob sua guarda ou a que tenha
grau de sigilo dos documentos, dados e informa- acesso ou conhecimento em razão do exercício das
ções originais atribuições de cargo, emprego ou função pública;
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solici-
É importante destacar que compete aos agentes tações de acesso a documento, dado e informação;
públicos credenciados a realização da reprodução e IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar
autenticação de cópias de documentos, dados e infor- ou permitir acesso indevido ao documento, dado e
mações sigilosos. Ademais, serão autorizadas e forne- informação sigilosos ou pessoal;
cidas as certidões de documentos sigilosos que não V - impor sigilo a documento, dado e informação
puderem ser reproduzidos, integralmente, em razão para obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para
das restrições legais ou do seu estado de conservação. fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou
Vale ressaltar, que deverá ser providenciada a eli- por outrem;
minação de provas ou qualquer outro recurso que VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
possam dar origem à cópia não autorizada, do todo petente documento, dado ou informação sigilosos
ou parte, o responsável pela preparação ou repro- para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de
dução de documentos sigilosos. terceiros;
Ademais, sempre que a preparação, impressão ou, VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
se for o caso, a reprodução de documentos, dados e mentos concernentes a possíveis violações de direi-
informações sigilosos forem efetuadas em tipografias, tos humanos por parte de agentes do Estado.
impressoras, oficinas gráficas, ou similares, essa ope-
ração deverá ser acompanhada por agente público Portanto, o agente público que tiver acesso a docu-
credenciado, que será responsável pela garantia do mentos, dados ou informações sigilosas, nos termos
sigilo durante a confecção do documento, conforme deste Decreto, é responsável pela preservação de seu
artigo 68. sigilo, ficando sujeito às sanções administrativas,
O art. 69 do Decreto prevê disposições inerentes à civis e penais, em caso de eventual divulgação não
gestão de contratos: autorizada, tendo como relação o art. 72.
Art. 69 O contrato cuja execução implique o aces-
Art. 73 Os agentes responsáveis pela custódia de
so por parte da contratada a documentos, dados
documentos e informações sigilosos sujeitam-se às
ou informações sigilosas, obedecerá aos seguintes
normas referentes ao sigilo profissional, em razão
requisitos:
I - Assinatura de termo de compromisso de manu- do ofício, e ao seu código de ética específico, sem
tenção de sigilo; prejuízo das sanções legais.
II - O contrato conterá cláusulas prevendo:
a - obrigação de o contratado manter o sigilo relati- Possuindo o entendimento das condutas ilícitas, pode-
vo ao objeto contratado, bem como à sua execução; mos avançar nas sanções que o Decreto nº 58.052/2012,
5
-3

b - obrigação de o contratado adotar as medidas de


poderá aplicar, sendo elas previstas no art. 74:
68

segurança adequadas, no âmbito de suas ativida-


des, para a manutenção do sigilo de documentos,
.3

Art. 74 A pessoa física ou entidade privada que


87

dados e informações aos quais teve acesso;


c - identificação, para fins de concessão de creden- detiver documentos, dados e informações em vir-
.2

tude de vínculo de qualquer natureza com o poder


63

cial de segurança, das pessoas que, em nome da


contratada, terão acesso a documentos, dados e público e deixar de observar o disposto na Lei fede-
-4

ral nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e neste


informações sigilosos.
es

decreto estará sujeita às seguintes sanções:


ed

I - advertência;
Para que isso ocorra, os órgãos contratantes da
gu

II - multa;
Administração Pública Estadual fiscalizarão o cum-
III - rescisão do vínculo com o poder público;
a

primento das medidas necessárias à proteção dos


lv

IV - suspensão temporária de participar em licita-


documentos, dados e informações de natureza sigi-
si

ção e impedimento de contratar com a Administra-


losa transferidos aos contratados ou decorrentes da
an

ção Pública Estadual por prazo não superior a 2


execução do contrato.
Lu

(dois) anos;
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
DAS RESPONSABILIDADES tratar com a Administração Pública Estadual, até
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

que seja promovida a reabilitação perante a pró-


Para tratarmos das Responsabilidades, analisare- pria autoridade que aplicou a penalidade.
mos, primeiro, o que texto do art. 71 do Decreto em
estudo.
Importante!
Art. 71 Constituem condutas ilícitas que ensejam
responsabilidade do agente público: Atente-se ao fato de que as sanções de adver-
I - recusar-se a fornecer documentos, dados e tência, rescisão do vínculo com o poder público
informações requeridas nos termos deste decreto, e suspensão temporária poderão ser aplicadas
retardar deliberadamente o seu fornecimento ou juntamente com a multa, assegurado o direito de
fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, defesa do interessado, no respectivo processo,
incompleta ou imprecisa;
no prazo de 10 dias, analisando a situação eco-
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total nômica do indivíduo e gravidade da infração. 83
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 74, § 2º, por sua vez, estabelece que a reabi- visando promover os estudos necessários à criação,
litação será autorizada somente quando o interessa- composição, organização e funcionamento da Comis-
do efetivar o ressarcimento, ao órgão ou entidade,
dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da são Estadual de Acesso à Informação.
sanção, possuindo, como prazo máximo, o período
de 2 anos. Art. 1º [...]
No que tange ao art. 74, § 3º, a aplicação da sanção Parágrafo único - O Presidente do Comitê de Qua-
da declaração de inidoneidade para licitar ou con- lidade da Gestão Pública designará, no prazo de
tratar com a administração pública é de competên- 30 (trinta) dias, os membros integrantes do Grupo
cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou Técnico.
entidade pública, facultada a defesa do interessado,
no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias
da abertura de vista. Os órgãos e entidades da Administração Pública
Ademais, os órgãos e entidades públicos respon- Estadual, por sua vez, deverão proceder à reavaliação
dem, diretamente, pelos danos causados em decor- dos documentos, dados e informações classificados
rência da divulgação não autorizada ou utilização como ultrassecretos e secretos no prazo máximo de
indevida de informações sigilosas ou informações 2 (dois) anos.
pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade
Vale destacar que, enquanto não transcorrer o
funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o
respectivo direito de regresso, aplicando-se à pessoa prazo, será mantida a classificação dos documentos,
física ou entidade privada que, em virtude de vínculo dados e informações nos termos da legislação prece-
de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha dente, conforme é disposto no art. 2º.
acesso à informação sigilosa ou pessoal e a submeta a
tratamento indevido, conforme art. 75.
Importante!
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Abarcando o âmbito da Administração Pública
De acordo com o art. 76, o documento, dado ou Estadual, a reavaliação poderá ser revista, a qual-
informação sigilosos resultantes de tratados, acordos
quer tempo, pela Comissão Estadual de Acesso
ou atos internacionais. deverão seguir às regras pre-
vistas no Decreto. à Informação.
Ademais, aplica-se, no que couber, a Lei que regula
o direito de acesso a informações e disciplina o rito
processual do habeas data (9.507/1997), em relação à O Decreto apresentou, ainda, as atribuições da
informação de pessoa, física ou jurídica, constante de autoridade máxima de cada órgão ou entidade da
registro ou banco de dados de entidades governamen- Administração Pública Estadual, dispondo:
tais ou de caráter público.
Além disso, o decreto, em seu art.78, apresentou a
5
Art. 3º No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da
-3

competência da Secretaria de Governo, com relação


vigência deste decreto, a autoridade máxima de
68

ao acesso.
cada órgão ou entidade da Administração Pública
.3
87

Art. 78 Cabe à Secretaria de Gestão Pública: Estadual designará subordinado para, no âmbito
.2

I - realizar campanha de abrangência estadual de do respectivo órgão ou entidade, exercer as seguin-


63

fomento à cultura da transparência na Administra- tes atribuições:


-4

ção Pública Estadual e conscientização do direito I - planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias,
fundamental de acesso à informação;
es

os recursos organizacionais, materiais e humanos,


II - promover treinamento de agentes públicos no que
ed

bem como as demais providências necessárias à


se refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas
gu

instalação e funcionamento dos Serviços de Infor-


à transparência na Administração Pública Estadual;
mações ao Cidadão - SIC, a que se refere o artigo 7º
a

III - formular e implementar política de segurança


lv

da informação, em consonância com as diretrizes da deste decreto;


si

política estadual de arquivos e gestão de documentos; II - assegurar o cumprimento das normas relativas
an

IV - propor e promover a regulamentação do cre- ao acesso a documentos, dados ou informações,


Lu

denciamento de segurança de pessoas físicas, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei
empresas, órgãos e entidades da Administração federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e des-
Pública Estadual para tratamento de informações te decreto;
sigilosas e pessoais. III - orientar e monitorar a implementação do dis-
posto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro
E, por fim, a Ouvidoria Geral do Estado será res-
de 2011, e neste decreto, e apresentar relatórios
ponsável pela fiscalização da aplicação da Lei Federal
periódicos sobre o seu cumprimento;
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste Decre-
to no âmbito da Administração Pública Estadual, sem IV - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
mentação e ao aperfeiçoamento das normas e pro-
prejuízo da atuação dos órgãos de controle interno.
cedimentos necessários ao correto cumprimento do
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS disposto neste decreto;
V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a
Com relação às disposições transitórias, o Decre- atualização de pessoal que desempenhe atividades
to, em sua atribuição, instituiu o Grupo Técnico, jun- inerentes à salvaguarda de documentos, dados e
84 to ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública – CQGP, informações sigilosos e pessoais.
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Como consequência do desempenho de suas fun-
LEI FEDERAL Nº 12.830/2013 ções, caberá, ao delegado de polícia, a função de
(INVESTIGAÇÃO CRIMINAL requisitar a perícia, as informações, os documentos
e os dados que interessem à apuração dos fatos no
CONDUZIDA PELO DELEGADO)
decorrer da investigação criminal, conforme o dis-
posto no parágrafo 2º.
A Lei nº 12.830, de 2013, visa estabelecer disposi-
ções acerca do exercício da atividade de delegado de § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao
polícia nos procedimentos de investigação criminal. delegado de polícia a requisição de perícia, infor-
mações, documentos e dados que interessem à apu-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação crimi- ração dos fatos.
nal conduzida pelo delegado de polícia.
Com base no artigo 2º, parágrafo 4º, vemos que
Observe o fluxograma a seguir: a avocação e redistribuição de inquérito policial ou
outro procedimento em curso pode ocorrer:

12.830/2016
z somente por superior hierárquico;
z mediante despacho fundamentado;
z por motivo de interesse público;
z nas hipóteses de inobservância dos procedimen-
tos previstos em regulamento da corporação que
prejudiquem a eficácia da investigação.
Conduzida pelo Investigação
delegado de polícia criminal
Importante!

É importante que você guarde que a referida Lei


Art. 2º, § 5º A remoção do delegado de polícia
dar-se-á somente por ato fundamentado.
tem, como ponto base, a investigação criminal, deven-
do ser conduzida pelo Delegado de Polícia. No decorrer
de nosso estudo, esse conceito inicial, ficará concreti- O indiciamento, que consiste em atribuir uma
zado na sua mente e facilitará a resolução de questões. autoria ao fato praticado, é ato privativo do delega-
do de polícia e dar-se-á por ato fundamentado,
DAS FUNÇÕES mediante análise técnico-jurídica do fato, devendo
5
ser apontadas a autoria, a materialidade e suas
-3

circunstâncias.
68

Com base no artigo 2º, vemos que as funções da


.3

polícia judiciária e a apuração de infrações penais


87

§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polí-


exercidas pelo delegado de polícia são de natureza
.2

cia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante aná-


jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
63

lise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a


-4

autoria, materialidade e suas circunstâncias.


Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apura-
es

ção de infrações penais exercidas pelo delegado de


ed

polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclu- INDICIAMENTO


gu

sivas de Estado.
a
lv
si

Portanto, podemos apresentar que, com relação


an

ao delegado de polícia, no atributo de autoridade


Ato privativo do delegado de polícia
Lu

policial, caberá a realização e a condução da investi-


gação criminal, a qual deverá ser realizada por meio
Ato fundamentado, mediante análise técnico-
de inquérito policial ou outro procedimento, poden-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

jurídica do fato
do ser definido em Lei, quando se tratar de atividade
específica, que tenha, como objetivo, a apuração Indicação da autoria, materialidade e
das circunstâncias, da materialidade e da autoria circunstâncias
das infrações penais.
DO CARGO DE DELEGADO
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de auto-
ridade policial, cabe a condução da investigação O cargo de delegado de polícia é privativo de
criminal por meio de inquérito policial ou outro bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado
procedimento previsto em lei, que tem como objeti- o mesmo tratamento protocolar que recebem os
vo a apuração das circunstâncias, da materialida- magistrados, os membros da Defensoria Pública e
de e da autoria das infrações penais. do Ministério Público e advogados (art. 3º). 85
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Atente-se a esse conceito: servidor público é o
LEI ESTADUAL Nº 10.261/1968 agente contratado pela Administração Pública, direta
(ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio-
nado mediante concurso público para ocupar cargos
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu-
PAULO) reza estatutária e não-contratual. O regime dos cargos
públicos é disciplinado pela Lei Federal nº 8.112/1990,
AGENTES PÚBLICOS: NOÇÕES GERAIS E também conhecida como Estatuto do Servidor Público.
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado
desse regime é o alcance da estabilidade mediante o
Para compreender corretamente o regime jurídico fim do período de estágio probatório. Tal alcance per-
dos policiais civis do Estado de São Paulo, é importan- mite que o servidor não seja desligado de suas funções,
te, antes, estabelecer alguns conceitos iniciais, para salvo pelas hipóteses previstas em lei, como a sentença
que não haja confusão entre alguns pontos. Os servi- judicial transitada em julgado, processo administrativo
dores policiais civis de São Paulo estão inseridos em disciplinar, ou a não aprovação em avaliação periódica
um grupo muito grande de pessoas que atuam dentro de desempenho (artigo 41, § 1º, da CF/1988).
do Estado, denominados agentes públicos, ou funcio- Dentre os cargos públicos, há aqueles que são vitalí-
nários públicos. cios, que se apresentam de forma mais vantajosa, uma
vez que o estágio probatório possui um tempo menor
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello,
(2 anos, sendo de 3 anos para os cargos não-vitalícios);
são agentes públicos as pessoas que exercem uma
o desligamento ocorre apenas mediante sentença con-
função pública, ainda que em caráter temporário ou
denatória transitada em julgado. São vitalícios os car-
sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla
gos de: Magistratura, do Tribunal de Contas, e os cargos
e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que, dos membros do Ministério Público.
dentro da organização da Administração Pública, Além da estabilidade, é também assegurado aos
exercem determinada função pública. servidores estatutários alguns direitos trabalhistas,
Assim, podemos dizer que agente público é o como se depreende da leitura do § 3º do artigo 39
gênero que comporta diversas espécies, como agen- da CF/1988. Como exemplo, temos: salário mínimo,
tes políticos, agentes militares, servidores públicos remuneração de trabalho noturno superior ao diurno,
estatutários, empregados públicos, agentes honorí- repouso semanal remunerado, férias remuneradas,
ficos, entre outros. licença à gestante etc.
Os agentes políticos possuem como característica Diferentemente do que ocorre na contratação dos
principal o fato de exercerem uma função pública de servidores, os empregados públicos são contratados
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante mediante regime celetista, isto é, com aplicação das
eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o regras previstas na Consolidação das Leis do Trabalho
condão de extinguir a relação destes com o Estado de (CLT). Trata-se de uma vinculação contratual. A con-
modo automático pelo simples decurso do tempo. Per- tratação desse grupo de funcionários se dá, em regra,
5
cebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o Esta- pelas pessoas jurídicas de direito privado integrantes
-3

do não é profissional, mas institucional. São agentes da Administração Indireta (empresas públicas, socie-
68

políticos os parlamentares, o Presidente da República, dades de economia mista, consórcios etc.). Além dis-
.3

os prefeitos, os governadores, bem como seus respec- so, o ingresso de tais pessoas também depende da sua
87

tivos vices, ministros de Estado e secretários. aprovação em concurso público.


.2

O regime dos empregados públicos é menos prote-


63

Os agentes militares constituem uma categoria


à parte dos demais agentes políticos, uma vez que tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de
-4

as instituições militares possuem fortes bases funda- que os empregados públicos não gozam da estabilida-
es

mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de de que os servidores possuem. Ao serem empossados,


ed

também apresentarem vinculação estatutária, igual os empregados passam por um período de experiên-
cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os
gu

aos agentes políticos, seu regime jurídico é disciplina-


empregados públicos podem ser dispensados.
do por legislação especial, e não àquela aplicável aos
a

A diferença dos empregados públicos para com


lv

servidores civis. São agentes militares os membros


si

os demais é que sua demissão será sempre motivada,


das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros mili-
após regular processo administrativo, mediante con-
an

tares dos Estados, Distrito Federal e Territórios, bem traditório e a ampla defesa.
Lu

como os demais militares ligados ao Exército, Mari- É importante lembrar que, para a Administração
nha e Aeronáutica. Algumas características que mere- Pública, a motivação de seus atos, bem como o trata-
cem destaque são: a proibição de sindicalização dos mento impessoal, e a finalidade pública, são princípios
militares, a proibição do direito de greve, e a proibi- norteadores de sua atuação. A demissão imotivada de
ção à filiação partidária. um empregado público seria absolutamente inadmis-
O grupo de agentes públicos mais importante para sível nessas condições.
os seus estudos é definitivamente o dos servidores E por fim, temos os denominados trabalhado-
públicos civis. De modo geral, podemos dizer que a res temporários. Estão previstos no artigo 37, IX, da
Constituição Federal de 1988 apresenta dois tipos de Constituição Federal. Pela nomenclatura, pode-se já
regimes para os agentes estatais: o regime estatutário concluir que eles são uma forma de empregados, e
(ou de cargos públicos), e o regime celetista (ou de não servidores. Porém, apresentam um aspecto espe-
empregos) públicos. cial: seu vínculo é contratual, porém temporário, o
Os servidores públicos são contratados pelo regi- que significa que essas pessoas somente são contra-
me estatutário, enquanto os empregados públicos são tadas para satisfazer uma necessidade temporária do
contratados pelo regime celetista, que muito se asse- Estado. Uma vez satisfeita essa necessidade, o seu vín-
86 melha com as regras contidas na CLT. culo é desfeito automaticamente.
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Por causa dessa necessidade temporária, os traba- Os artigos 3º a 10 apresentam algumas definições
lhadores temporários são os únicos agentes públicos básicas que ajudam a melhor compreender a matéria:
que são contratados sem a necessidade de prévia apro-
vação em concurso público. Essa é a única exceção. z Funcionário público: Pessoa legalmente investi-
A regra geral é que os agentes públicos, de modo da em cargo público;
geral, para ingressar em cargo ou emprego de provi- z Cargo público: Conjunto de atribuições e respon-
mento efetivo precisam ser antes aprovados em con- sabilidades cometidas a um funcionário, podendo
curso público. se apresentar de forma isolada, ou em carreira;
z Classe: Conjunto de cargos da mesma denominação;
Dica z Carreira: Conjunto de classes da mesma natureza
de trabalho, escalonadas segundo o nível de com-
Os policiais civis são considerados, para todos
plexidade e o grau de responsabilidade;
efeitos, servidores públicos, e não agentes
z Quadro: Conjunto de carreiras e de cargos isolados.
militares. Possuem um regime jurídico pró-
prio estatutário, disposto em uma lei especial,
CARGOS PÚBLICOS: FORMAS DE PROVIMENTO E
que mencionaremos mais adiante. Somente os
VACÂNCIA
membros da Polícia Militar são considerados
agentes militares.
Prover significa “criar”. Logo, quando o Estatuto
dispõe sobre normas de provimento e vacância de
LEI Nº 10.261/1968 - (ESTATUTO DOS
cargos públicos, significa que a Administração Pública
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE
SÃO PAULO) é competente tanto para criar como para extinguir
seus cargos públicos.
Uma vez analisados os aspectos gerais referentes As formas de provimento de cargos públicos estão
aos agentes públicos, podemos finalmente adentrar dispostas nos incisos do artigo 11. São:
na legislação estadual pertinente para os cargos da
Polícia Civil de São Paulo. I - nomeação;
A Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, é a Lei II - transferência;
Estadual que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Ser- III - reintegração;
vidores Públicos Civis do referido Estado. Os dispositi- IV - acesso;
vos trazidos neste material dizem respeito aos cargos V - reversão;
públicos, forma de provimento e vacância, os direitos VI - aproveitamento; e
e garantias gerais, os deveres, responsabilidades e o VII - readmissão.
direito de petição conferido a todos esses servidores
estaduais. A nomeação é a forma mais comum de provimen-
É verdade que os policiais civis são uma espécie to de cargo público. Poderá ocorrer de três formas:
de funcionário público, mas eles também apresentam nomeação para cargo de provimento efetivo, nomea-
uma Lei Orgânica especial, que disciplina em maiores ção para cargos em comissão, e nomeação para cargos
5
-3

detalhes sobre o seu regime jurídico. Veremos essa vitalícios previstos na “Constituição do Brasil”.
68

Legislação Especial em momento posterior. Por ora, é Os cargos em comissão serão providos por livre
.3

importante saber as regras que se aplicam a todos os nomeação da autoridade competente, dentre pessoas
87

servidores estaduais, de modo amplo e geral. que possuam aptidão profissional e reúnam as condi-
.2

Dada a multiplicidade de leis, em âmbitos diferen- ções necessárias à sua investidura, conforme se dispu-
63

tes da Federação, é comum ao candidato questionar ser em regulamento.


-4

qual lei deve utilizar para responder questões de pro- A investidura em cargo público de provimento
vas. Primeiramente, é importante ressaltar que lei efetivo depende de aprovação prévia em concurso
es

federal não se sobrepõe a lei estadual e vice-versa. público de provas ou de provas e títulos, de acordo
ed

Durante a prova, o candidato deve se ater ao que com a natureza e a complexidade do cargo. As pro-
gu

a pergunta diz. A grande maioria das questões de pro- vas serão avaliadas na escala de 0 a 100 pontos e aos
vas delineia a legislação que deve ser utilizada para
a

títulos serão atribuídos, no máximo, 50 pontos (artigo


lv

responder à questão. Procure por expressões como 14, parágrafo único). O concurso público terá validade
si

“nos termos da Constituição Federal”, “segundo a Lei de até 2 anos, sendo prorrogável, uma vez, por igual
an

nº 8.112/1990”, e “com base no Estatuto dos Servidores


período.
Lu

estaduais [...]”, entre outras.


Uma vez aprovado, deve o servidor tomar posse.
Preliminarmente, o artigo 1º do referido Estatuto
Posse é o ato pelo qual a pessoa é investida em car-
dispõe que a referida lei institui o regime jurídico dos
go público, aceitando expressamente as atribuições,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

funcionários públicos civis do Estado (de São Paulo).


Regime Jurídico é o conjunto de normas, regras e deveres e responsabilidades, com o compromisso de
princípios estabelecidos por Estatuto e por legislação bem servir, formalizado com a assinatura do termo
complementar, que regulam a relação jurídica exis- pela autoridade competente e pelo empossado. É a
tente entre o Estado e os ocupantes de cargos públicos. posse o ato que completa a investidura do cargo públi-
Sobre a quem se aplica os dispositivos desse Esta- co (artigo 46).
tuto, o parágrafo único do mesmo artigo 1º prescreve A posse pode ser dada mediante assinatura pes-
que as suas disposições, exceto no que colidirem com soal ou mediante procuração, quando se tratar de
a legislação especial, aplicam-se aos funcionários dos funcionário ausente do País ou do Estado, ou, ainda,
3 Poderes do Estado e aos do Tribunal de Contas do em casos especiais, a juízo da autoridade competente
Estado. De modo geral, esse Estatuto somente se apli- (artigo 50).
ca a aqueles que são regidos por um regime estatutá- Até a data da posse, o candidato aprovado em con-
rio, e não por regime celetista (típico dos empregados curso público deve preencher os seguintes requisitos
públicos). para tomar posse, todos eles dispostos no artigo 47: 87
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I - ser brasileiro; exercer a substituição, ele tem direito a perceber o
II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade; valor do padrão e as vantagens pecuniárias inerentes
III - estar em dia com as obrigações militares; ao cargo do substituído e mais as vantagens pessoais
IV - estar no gozo dos direitos políticos; a que fizer jus.
V - ter boa conduta; A transferência é tratada no artigo 26 e seguintes.
VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção
Segundo o referido dispositivo, o funcionário pode
realizada por órgão médico oficial do Estado, para
ser transferido de um cargo efetivo para outro. Já o
provimento de cargo efetivo, ou mediante apresen-
tação de Atestado de Saúde Ocupacional, expedido acesso é a elevação do funcionário, dentro do respec-
por médico registrado no Conselho Regional corres- tivo quadro a cargo da mesma natureza de trabalho,
pondente, para provimento de cargo em comissão; de maior grau de responsabilidade e maior complexi-
VII - possuir aptidão para o exercício do cargo; e dade de atribuições, obedecido o interstício na classe
VIII - ter atendido às condições especiais prescritas e as exigências a serem instituídas em regulamento
para o cargo. (artigo 33).
Ocorre que a legislação federal acabou alterando
A posse deverá se verificar no prazo de 30 dias, o regime jurídico dos servidores públicos no âmbito
contados da data da publicação do ato de provimento federal, e o referido Estatuto dos Servidores Públicos
do cargo, no órgão oficial. Tal prazo pode ser prorro- da União (Lei nº 8.112/1990) não prevê mais as hipó-
gado por mais 30 dias, a requerimento do interessado teses de acesso e transferência, por serem considera-
(artigo 51, caput e § 1º). das inconstitucionais. Entendemos que as hipóteses
Uma vez empossado, deve o servidor entrar em de acesso e transferência também não são aplicadas
efetivo exercício, que é o período pelo qual o fun- ao regime dos servidores estaduais.
cionário assume as atribuições e responsabilidades Reintegração é o reingresso no serviço público,
do cargo (artigo 57). Também possui prazo para fazê- decorrente da decisão judicial passada em julgado,
-lo: 30 dias, contados da data da posse, ou da data da com ressarcimento de prejuízos resultantes do afas-
publicação oficial do ato, no caso de remoção (artigo tamento (artigo 30).
60, I e II). O referido prazo também pode ser prorroga- A reintegração será feita no cargo anteriormente
do por mais 30 dias, a requerimento do interessado e ocupado e, se este houver sido transformado, no car-
a juízo da autoridade competente. go resultante dessa transformação. Se o cargo estiver
Apesar do referido Estatuto não fazer menção preenchido, o seu ocupante será exonerado, ou, se
expressa, é conveniente mencionar que o servidor ocupava outro cargo, a este será reconduzido, sem
estadual ainda tem um longo caminho a percorrer direito a indenização. Se o cargo houver sido extinto,
para alcançar a tão sonhada estabilidade. a reintegração se fará em cargo equivalente, respeita-
O servidor nomeado para cargo de provimento efe- da a habilitação profissional, ou, não sendo possível,
tivo ficará sujeito a estágio probatório, pelo período ficará o reintegrado em disponibilidade no cargo que
de 3 anos, durante o qual é observado o atendimento exercia (§§ 1º e 2º do artigo 31).
dos requisitos necessários à confirmação do servidor
Reversão é o ato pelo qual o aposentado reingres-
nomeado em virtude de concurso público.
sa no serviço público a pedido ou ex-officio (artigo 35).
5
Como condição para aquisição da estabilidade, é
-3

A reversão se fará de preferência no mesmo cargo ou


obrigatória, também, a aprovação em avaliação espe-
68

naquele em que se tenha transformado, ou em cargo


cial de desempenho por comissão instituída para essa
.3

com vencimentos e atribuições equivalentes aos do


finalidade. Ela se difere do período do estágio proba-
87

cargo anteriormente ocupado, atendido o requisito


tório ante o fato de que ela é realizada mais de uma
.2

da habilitação profissional. Porém, o § 2º do artigo 58


vez, isso é, mesmo que o servidor seja considerado
63

alerta que não poderá reverter à atividade o aposen-


estável, ele ainda assim está submetido à avaliação
-4

periódica de desempenho. tado que contar mais de 58 (cinquenta e oito) anos de


es

O servidor que não satisfazer os requisitos do está- idade.


A reversão se dá no mesmo cargo ou no cargo
ed

gio probatório, ou ainda que não for aprovado em


resultante de sua transformação. Em casos especiais,
gu

avaliação de desempenho, será exonerado ou demi-


tido de seu cargo. a juízo do Governo, poderá o aposentado reverter em
a

outro cargo, de igual padrão de vencimentos, respeita-


lv

Como vimos, a nomeação é a forma mais comum


da a habilitação profissional (§ 1º do artigo 36).
si

de provimento de cargos públicos. Mas é importante


Aproveitamento e disponibilidade são duas for-
an

também conhecer as outras formas de provimento.


A substituição ocorrerá nos casos de impedimen- mas de provimento que possuam uma relação bas-
Lu

to legal ou afastamento de titular de cargo em comis- tante intrínseca. Ocorrendo a extinção ou declaração
são (artigo 23). Ocorrendo a vacância, o substituto da desnecessidade do cargo, o servidor efetivo estável
passará a responder pelo expediente da unidade ou ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
órgão correspondente até o provimento do cargo. cional ao tempo de serviço, até o seu adequado e obri-
A substituição poderá ser automática, ou depen- gatório aproveitamento em outro cargo (artigo 219, I
dente de auto expedido pela autoridade competente, e II). Não será aberto concurso para o preenchimento
ou ainda para atender a necessidade do serviço, nos de cargo público enquanto estiver em disponibilidade
termos do artigo 25. É o caso dos tesoureiros, caixas e servidor originário do cargo a ser provido. O provento
outros funcionários que tenham valores sob sua guar- da disponibilidade não poderá ser superior ao venci-
da, que serão substituídos por funcionários indicados mento ou remuneração e vantagens percebidos pelo
por eles mesmos, de sua confiança, respondendo a sua funcionário (artigo 220).
fiança pela gestão do substituto. Aproveitamento, segundo o artigo 37, é o rein-
Os parágrafos 1º e 2º do artigo 24 tratam da pessoa gresso no serviço público do funcionário em dispo-
do servidor substituto. É direito do servidor substitu- nibilidade. O aproveitamento se dará, tanto quanto
to exercer o cargo enquanto durar o impedimento do possível, em cargo de natureza e padrão de vencimen-
88 respectivo ocupante. Durante todo o tempo em que tos correspondentes ao que ocupava, não podendo ser
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feito em cargo de padrão superior (§ 1º do artigo 38). c) o tempo de serviço público;
Porém, caso não seja possível e o aproveitamento se d) os encargos de família; e
der em cargo de padrão inferior ao provento da dispo- e) a idade.
nibilidade, terá o funcionário direito à diferença dos
vencimentos. Os artigos 102 e seguintes dispõem sobre o proce-
A possibilidade de aproveitamento em cargo com- dimento da apuração da promoção de cada servidor
patível deve sempre preceder de inspeção médica, fei- público.
ta para comprovar a sua capacidade para o exercício Incumbe a cada Secretaria de Estado criar uma
do referido cargo. Se for julgado incapaz para o servi- Comissão de Promoção, que possui um rol de atri-
ço, o servidor será aposentado (§§ 3º e 5º do artigo 38). buições previstos nos incisos do artigo 105. Entre
A readmissão, por sua vez, encontra-se expressa essas atribuições, destacamos: decidir as reclamações
no artigo 39. É o ato pelo qual o ex-funcionário demiti- contra a avaliação do mérito, podendo alterar, fun-
do ou exonerado também reingressa no serviço públi-
damentalmente, os pontos atribuídos ao reclamante
co sem, porém, direito a ressarcimento de prejuízos,
ou a outros funcionários; avaliar o mérito do funcio-
assegurada apenas a contagem de tempo de serviço
nário quando houver divergência igual ou superior a
em cargos anteriores, para efeito de aposentadoria
20 (vinte) pontos entre os totais atribuídos pelas auto-
e disponibilidade. Observe que esse reingresso não
advém de uma “reparação de uma injustiça”, motivo ridades avaliadoras; avaliar os títulos e os certifica-
pelo qual ele não tem direito ao ressarcimento. dos de cursos apresentados pelos funcionários; e dar
A readmissão do ex-funcionário demitido será conhecimento aos interessados mediante afixação na
obrigatoriamente precedida de reexame do respecti- repartição das alterações de pontos feitos nos Boletins
vo processo administrativo, em que fique demonstra- de Promoção, e dos pontos atribuídos pelos títulos e
do não haver inconveniente para o serviço público, na certificados de cursos.
decretação da medida (§ 1º do artigo 39). A readmis- No processamento das promoções cabem as
são será feita no cargo anteriormente exercido pelo seguintes reclamações sobre a avaliação do mérito, e
ex-funcionário ou, se transformado, no cargo resul- sobre a classificação final. Reclamações sobre a ava-
tante da transformação (artigo 40). liação do mérito são o pedido de reconsideração e os
recursos. Já a reclamação sobre a classificação final é
Art. 41 Readaptação é a investidura em cargo apenas o recurso (artigo 106).
mais compatível com a capacidade do funcionário Para facilitar a memorização, segue uma tabe-
e dependerá sempre de inspeção médica.
la demonstrando todas as formas de provimento de
Art. 42 A readaptação não acarretará diminuição,
cargos públicos, tanto daqueles dispostos no artigo 11
nem aumento de vencimento ou remuneração.
como as outras formas que não estão dentro do rol
A remoção pode ser feita de ofício ou a pedido do desse dispositivo.
servidor. Será feita de uma para outra repartição, da
mesma Secretaria; ou ainda de um para outro órgão FORMAS DE PROVIMENTO DE CARGOS NA
5
da mesma repartição (artigo 43). A remoção também ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL DE SÃO
-3

PAULO
68

pode ser por permuta, segundo o artigo 44, hipótese


.3

em que será processada a requerimento de ambos os


Nomeação;
87

interessados, com anuência dos respectivos chefes


.2

dos servidores. Reintegração


63

Por fim, convém tratar sobre a promoção. Segun-


-4

do o artigo 87, é a passagem do funcionário de um Reversão


grau a outro da mesma classe e se processará obede-
es

Aproveitamento
cidos, alternadamente, os critérios de merecimento e
ed

de antiguidade na forma que dispuser o regulamento. Readmissão


gu

De acordo com o artigo 88, o merecimento do ser-


Readaptação
a

vidor é apurado em pontos positivos e negativos. Os


lv

pontos positivos se referem a condições de eficiência


si

Remoção
no cargo e ao aperfeiçoamento funcional resultante do
an

aprimoramento dos seus conhecimentos. Já os negati- Promoção


Lu

vos resultam da falta de assiduidade e da indisciplina.

Art. 95 Dentro de cada quadro, haverá para cada Dica


LEGISLAÇÃO ESPECIAL

classe, nos respectivos graus, uma lista de classi-


A nomeação é a única forma de provimento ori-
ficação, para os critérios de merecimento e anti-
guidade. Ocorrendo empate terão preferência, ginário de cargos públicos, pois é a forma de
sucessivamente: provimento em que não se pressupõe uma rela-
1 - na classificação por merecimento: ção pré-existente entre o servidor e a Administra-
a) os títulos e os comprovantes de conclusão de cur- ção. Todas as outras formas de provimento são
sos, relacionados com a função exercida; derivadas.
b) a assiduidade;
c) a antiguidade no cargo;
Se a Administração Pública tem competência para
d) os encargos de família; e
e) a idade; criar cargos públicos, deve também ter competência
2 - na classificação por antiguidade: para extingui-los, deixá-los vagos. Sobre o tema, o arti-
a) o tempo no cargo; go 86 aponta as hipóteses de vacância (extinção) dos
b) o tempo de serviço prestado ao Estado; cargos públicos. São elas: 89
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
I - exoneração; a estabilidade diz respeito ao serviço público e não
II - demissão; ao cargo, ressalvando-se à Administração o direito
III - transferência; de aproveitar o funcionário em outro cargo de igual
IV - acesso; padrão, de acordo com as suas aptidões.
V - aposentadoria; e
VI - falecimento. Interessante observar que a Constituição Federal,
de 1988, também prevê a prerrogativa de estabilida-
O parágrafo único do mesmo artigo 86 trata da de em seu artigo 41. Todavia, os requisitos são distin-
exoneração. Ela pode ocorrer de três maneiras: tos: para o Texto Constitucional, o servidor público só
adquire estabilidade após completar 3 anos de efeti-
Art. 86 [...]
vo exercício.
Isso não significa que, uma vez o servidor sendo
1 - a pedido do funcionário;
estável no seu cargo, ele pode “fazer o que quiser”
2 - a critério do Governo, quando se tratar de ocu-
sem sofrer nenhuma punição. A estabilidade não lhe
pante de cargo em comissão; e
dá “carta branca” para agir como bem entender. Por
3 - quando o funcionário não entrar em exercício
isso, o conteúdo do artigo 218: o funcionário estável só
dentro do prazo legal.
poderá ser demitido em virtude de sentença judicial
ou mediante processo administrativo, assegurado o
A hipótese número 2 trata do que se costuma deno- direito à ampla defesa.
minar de exoneração de ofício, isso é, que ocorre sem O Texto Constitucional vai um pouco mais além:
a anuência do servidor público. Existem outras hipó- ele prevê, ao todo, quatro modalidades de demissão
teses de exoneração ex officio não tratadas pela referi- de servidor estável. São elas:
da lei estadual, tais como: Por sentença judicial transitada em julgado: forma
mais demorada para se demitir um servidor, consideran-
z Quando se tratar de cargo em comissão; do todo o aspecto burocrático existente no processo judi-
z Quando se tratar de posse em outro cargo ou cial. O trânsito em julgado da sentença somente ocorre
emprego da União, do Estado, do Município, do quando esgotados todos os recursos cabíveis.
Distrito Federal, dos Territórios, de Autarquia, de Mediante processo administrativo em que lhe
Empresas Públicas ou de Sociedade de Economia seja assegurada ampla defesa. As regras referentes ao
Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) serão
Mista, ressalvados os casos de substituição, cargo
vistas mais adiante.
de Governo ou de direção, cargo em comissão e
Mediante procedimento de avaliação periódi-
acumulação legal desde que, no ato de provimen-
ca de desempenho, na forma de lei complementar,
to, seja mencionada esta circunstância; assegurada ampla defesa: quem não for aprovado na
z Na hipótese do não atendimento do prazo para iní- avaliação periódica de desempenho pode ser exone-
cio de exercício do servidor; ou ainda; rado de seu cargo público, independentemente de ter
z Na hipótese de não ser aprovado no estágio completado o período de efetivo exercício.
5
probatório. Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses 1
-3

a 3 estão previstas nos incisos do artigo 41. Todavia,


68

As hipóteses referentes à demissão serão melhor essa última hipótese encontra-se disposta no inciso II,
.3

analisados quando tratarmos do regime disciplinar. § 3º do artigo 169 da CF/1988. Sob o aspecto orçamen-
87

Por ora, é importante saber que a demissão se difere tário e financeiro, não pode a Administração Pública
.2

realizar gastos superiores àqueles previstos em seu


63

da exoneração pelo fato de que ela é considerada uma


orçamento anual. Com isso, havendo a necessidade,
-4

sanção, uma punição. A exoneração, ao contrário, é


é possível, sim, que um servidor estável seja exonera-
apenas uma forma de desligamento do servidor de
es

do de seu cargo, apenas por motivo de “balancear” as


seu cargo, e pode ser requerida por ele próprio (não
ed

contas públicas.
existe hipótese de o servidor pedir demissão para si
gu

Outra prerrogativa que merece maior destaque é


mesmo). a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com
a

As hipóteses referentes à aposentadoria serão vis-


lv

a estabilidade, mas não pode ser confundido com ele.


tas em maiores detalhes em momento posterior.
si

A vitaliciedade não é adquirida por qualquer servi-


an

dor, é somente concedida para alguns cargos públicos


DOS DIREITOS, VANTAGENS, PRERROGATIVAS E especiais.
Lu

AUTORIZAÇÕES São considerados cargos vitalícios, segundo a


própria Constituição Federal: os cargos de Magistra-
Pelo regime estatutário, os servidores públicos tura (artigo 95, inciso I), os membros do Ministério
possuem uma grande gama de direitos, prerrogativas, Público (artigo 128, § 5º, a), e os cargos ocupados pelos
benefícios, vantagens e autorizações, que tornam seu membros do Tribunal de Contas da União ou TCU (art.
regime bastante único. 73, § 3º).
Primeiramente, tratemos das prerrogativas dos A vitaliciedade é ainda mais forte do que a estabi-
lidade. Uma vez que a pessoa ocupe um desses cargos
servidores públicos. A principal prerrogativa do ser-
vitalícios, ela somente pode ser exonerada mediante
vidor público diz respeito ao direito à estabilidade.
sentença judicial transitada em julgado. Essa é a única
Esse direito está disposto no 217, sendo assegurado hipótese de exoneração, motivo pelo qual ela garante
somente ao funcionário que, nomeado por concurso, uma prerrogativa maior do que apenas a estabilidade.
contar mais de 2 anos de efetivo exercício (artigo Sobre os direitos e vantagens, geralmente a legis-
217). lação costuma dividi-los quanto a sua economicidade.
Importante o conteúdo do parágrafo único desse Existem vantagens de natureza pecuniária (que afe-
90 mesmo artigo 218: tam a remuneração), e os de natureza não-pecuniária.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Vamos tratar das vantagens de natureza pecu- V - outras que forem previstas em lei.
niária. Devemos estabelecer algumas noções gerais
primeiro. O vencimento é definido pelo artigo 108 O artigo 136 trata da gratificação pela prestação
como a retribuição pecuniária mensal devida ao ser- de serviço extraordinário, que será paga por hora de
vidor, correspondente ao padrão fixado em lei. trabalho prorrogado ou antecipado, na mesma razão
A remuneração, por sua vez, é a retribuição paga percebida pelo funcionário em cada hora de período
ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, cor- normal de trabalho a que estiver sujeito. Existe um
respondente a 2/3 (dois terços) do respectivo padrão, limite de horas extras que o servidor pode fazer por
mais as quotas ou porcentagens que, por lei, tenham- dia, que é de duas horas extras diárias de trabalho
-lhe sido atribuídas e as vantagens pecuniárias a ela (artigo 136, parágrafo único).
incorporadas (artigo 109). O vencimento do cargo efe- A gratificação pela elaboração ou execução de
tivo, acrescido das vantagens de caráter permanente,
trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para
é irredutível. A irredutibilidade dos vencimentos é
o serviço, será arbitrada pelo Governador, após sua
uma garantia constitucional.
conclusão (artigo 140).
Além do valor do padrão do cargo, o funcionário
só poderá receber as seguintes vantagens pecuniárias,
Art. 141 A gratificação a título de representação,
todos eles previstos no artigo 124:
quando o funcionário for designado para servi-
ço ou estudo fora do Estado, será arbitrada pelo
I - adicionais por tempo de serviço;
Governador, ou por autoridade que a lei determi-
II - gratificações;
nar, podendo ser percebida cumulativamente com
III - diárias;
IV - ajudas de custo; a diária.
V - salário-família e salário-esposa;
VI – (REVOGADO) A gratificação relativa ao exercício em órgão legal
VII - quota-parte de multas e porcentagens fixadas de deliberação coletiva será fixada pelo Governador.
em lei; A gratificação de representação de gabinete, fixada
VIII - honorários, quando fora do período normal em regulamento, não poderá ser percebida cumulati-
ou extraordinário de trabalho a que estiver sujeito, vamente com a gratificação pela prestação de serviço
for designado para realizar investigações ou pes- extraordinário. (artigo 143).
quisas científicas, bem como para exercer as fun- Ao funcionário que se deslocar temporariamente
ções de auxiliar ou membro de bancas e comissões
da respectiva sede, no desempenho de suas atribui-
de concurso ou prova, ou de professor de cursos
de seleção e aperfeiçoamento ou especialização de
ções, ou em missão ou estudo, desde que relacionados
servidores, legalmente instituídos, observadas as com o cargo que exerce, poderá ser concedida, além
proibições atinentes a regimes especiais de traba- do transporte, uma diária a título de indenização das
lho fixados em lei; despesas de alimentação e pousada (artigo 144). O
IX - honorários pela prestação de serviço peculiar valor das diárias será fixado em decreto.
à profissão que exercer e, em função dela, à Justiça, Importante o conteúdo do artigo 147: o funcionário
5
-3

desde que não a execute dentro do período normal que indevidamente receber diária, será obrigado a res-
68

ou extraordinário de trabalho a que estiver sujeito tituí-la de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição
e sejam respeitadas as restrições estabelecidas em
.3

disciplinar.
87

lei pela subordinação a regimes especiais de traba-


A juízo da Administração, poderá ser concedida
lho; e
.2

ajuda de custo ao funcionário que no interesse do


63

X - outras vantagens ou concessões pecuniárias


previstas em leis especiais ou neste Estatuto. serviço passar a ter exercício em nova sede (artigo
-4

149). A ajuda de custo se destina a compensar o ser-


es

O adicional por tempo de serviço é devido para vidor pelas despesas realizadas com seu transporte e
ed

o servidor que completar 5 anos de efetivo exercício, de sua família, compreendendo passagem, bagagem e
gu

calculado à razão de 5% sobre o vencimento ou remu- bens pessoais


neração, a que se incorpora para todos os efeitos (arti- A ajuda de custo, desde que em território do País,
a
lv

go 127). A apuração do quinquênio será feita em dias e será arbitrada pelos Secretários de Estado, não poden-
si

o total convertido em anos, considerados estes sempre do exceder importância correspondente a três vezes
an

como de 365 dias. o valor do padrão do cargo. O regulamento fixará o


Lu

critério para o arbitramento, tendo em vista o número


Art. 130 O funcionário que completar 25 (vinte e de pessoas que acompanham o funcionário, as condi-
cinco) anos de efetivo exercício perceberá mais a ções de vida na nova sede, a distância a ser percorri-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

sexta-parte do vencimento ou remuneração, a estes da, o tempo de viagem e os recursos orçamentários


incorporada para todos os efeitos. disponíveis (artigo 150, parágrafo único).
O artigo 151 aponta algumas situações em que ser-
As gratificações estão dispostas no artigo 135. São vidor não tem direito à ajuda de custo. São duas: quan-
quatro: do o funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar,
em virtude de mandato eletivo; ou quando o funcio-
I - pela prestação de serviço extraordinário;
nário for afastado junto a outras Administrações.
II - pela elaboração ou execução de trabalho técnico
O salário-família é um benefício pecuniário con-
ou científico ou de utilidade para o serviço público;
III - a título de representação, quando em função de cedido ao funcionário ou ao inativo por ter: filho
gabinete, missão ou estudo fora do Estado ou desig- menor de 18 anos; ou filho inválido de qualquer idade.
nação para função de confiança do Governador; Trata-se de um benefício de natureza previdenciária,
IV - quando designado para fazer parte de órgão e a sua concessão depende do número de dependentes
legal de deliberação coletiva; e que o servidor segurado possui. 91
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O parágrafo único do artigo 155 estipula que: III - a de um cargo de professor e outro técnico ou
científico; e
Consideram dependentes, desde que vivam total ou IV - a de dois cargos privativos de médico.
parcialmente às expensas do funcionário, os filhos
de qualquer condição, os enteados e os adotivos, Em qualquer um desses casos, a acumulação
equiparando-se a estes os tutelados sem meios pró- somente deve ser permitida quando houver compati-
prios de subsistência. bilidade de horários. Isso significa, de modo geral, que
Art. 156 A invalidez que caracteriza a dependên- o servidor deve exercer um cargo no período diurno e
cia é a incapacidade total e permanente para o
outro cargo no período noturno.
trabalho.
Art. 171 § 2º A proibição de acumular se esten-
Quando o pai e a mãe tiverem ambos a condição
de a cargos, funções ou empregos em autarquias,
de funcionário público ou de inativo e viverem em
empresas públicas e sociedades de economia mista.
comum, o salário-família será concedido a um deles
(artigo 157). Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e
Significa, por exemplo, que um empregado públi-
a madrasta e, na falta destes, os representantes legais
co, mesmo que atue dentro de uma sociedade de eco-
dos incapazes (artigo 158).
nomia mista (uma pessoa jurídica de direito privado),
O artigo 161 trata da hipótese em que é vedada
não pode acumular mais de dois empregos, a não ser
a percepção de salário-família por dependente. É a
hipótese de que já esteja sendo pago esse benefício que sejam as hipóteses legalmente aceitas.
por outra entidade pública federal, estadual ou muni- Essa é uma hipótese muito comum na esfera pri-
cipal, ficando o infrator sujeito às penalidades da lei. vada e, frequentemente, algumas empresas acabam
Para facilitar a memorização de todas essas vanta- acrescentando mais de uma função para um mesmo
gens, segue uma tabela com as que integram a remu- empregado. Ocorre que, na Administração Pública,
neração do agente policial: essa não é uma hipótese aceita, uma vez que o objeti-
vo primordial dela é seguir o interesse público, e não
a atividade lucrativa.
Vencimentos
Mas as vantagens dos servidores públicos podem
Prestação de serviçis não constar de ganhos na sua remuneração. Existem
Adicional por tempo extraordinários; os benefícios de natureza não pecuniária que tam-
extra de serviço
bém precisam ser analisados.
Por realizar trabalho técni- O referido Estatuto trata das férias em seu artigo
Gratificações co, científico ou de utilidade
176. O funcionário terá direito ao gozo de 30 dias de
Remuneração dos
agentes públicos

para o serviço público;


férias anuais, observada a escala que for aprovada.
A título de Mas para tanto, deve ter direito somente depois do pri-
Ajusda de Custo
Remuner

representação meiro ano de exercício no serviço público (artigo 178).


5
É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao
-3

Diárias trabalho. É também proibida a acumulação de férias,


68

salvo por absoluta necessidade de serviço e pelo máxi-


.3

mo de dois anos consecutivos (artigo 176, §§ 1º e 2º).


87

Salário-Família
Salário-esposa Já o artigo 181 trata das licenças. O funcionário
.2
63

efetivo poderá ser licenciado:


Outras vantagens na
-4

legislação estadual
I - para tratamento de saúde;
es

II - quando acidentado no exercício de suas atribui-


ed

O artigo 163 e seguintes trata de outras concessões ções ou acometido por doença profissional;
gu

pecuniárias. É imprescindível saber: III - no caso previsto no artigo 198;


IV - por motivo de doença em pessoa de sua família;
a
lv

z O direito de pleno ressarcimento de danos ou V - para cumprir obrigações concernentes ao ser-


si

prejuízos, decorrentes de acidentes no trabalho, viço militar;


an

do exercício em determinadas zonas ou locais e da VI - para tratar de interesses particulares;


Lu

execução de trabalho especial, com risco de vida VII - no caso previsto no artigo 205;
ou saúde; VIII - compulsoriamente, como medida profilática;
z Transporte para o servidor licenciado para trata- IX - como prêmio de assiduidade.
mento de saúde, incluindo pessoas de sua família;
z Transporte devido à família do funcionário fale- Art. 191 Ao funcionário que, por motivo de saúde,
cido quando este falecer fora da sede de exercício, estiver impossibilitado para o exercício do cargo,
no desempenho de serviço. será concedida licença até o máximo de 4 (quatro)
anos, com vencimento ou remuneração.
O artigo 171, por sua vez, trata da acumulação de
cargo, emprego e função pública. Em regra, a acumu- Finalizado o prazo, o funcionário será submetido
lação é vedada. Contudo, de forma excepcional, o referi- à inspeção médica e aposentado, desde que verificada
do dispositivo trata de algumas hipóteses que o servidor a sua invalidez, permitindo-se o licenciamento além
pode, sim, acumular cargo. São os seguintes casos: desse prazo, quando não se justificar a aposentadoria.
A licença para tratamento de saúde dependerá de ins-
I - a de um juiz e um cargo de professor; peção médica oficial, que pode ser concedida de ofí-
92 II - a de dois cargos de professor; cio, ou a pedido do próprio servidor (artigo 193).
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O funcionário acidentado no exercício de suas vencimento ou remuneração, durante os estágios
atribuições ou que tenha adquirido doença profissio- prescritos pelos regulamentos militares.
nal terá direito à licença com vencimento ou remune-
ração. O parágrafo único do artigo 194 define o que é De acordo com o artigo 202, depois de 5 anos de
considerado acidente em serviço: exercício, o funcionário poderá obter licença para
tratar de interesses particulares, sem vencimento
1 - a agressão sofrida e não provocada pelo funcio- ou remuneração, pelo prazo máximo de 2 anos. Por
nário, no exercício de suas funções; ser uma licença que não depende de inspeção médica
2 - a lesão sofrida pelo funcionário, quando em (já que não há uma enfermidade), ela pode não ser
trânsito, no percurso usual para o trabalho. concedida se a Administração decidir que ela seria
inconveniente para o serviço público.
O artigo 195 prevê um prazo máximo para a licen-
ça por acidente em serviço, que não pode ser superior Art. 204 Só poderá ser concedida nova licença
a 4 anos. depois de decorridos 5 (cinco) anos do término da
anterior.
Art. 196 A comprovação do acidente, indispensável Art. 205 A funcionária casada com funcioná-
para a concessão da licença, será feita em procedi- rio estadual ou com militar terá direito à licen-
mento próprio, que deverá iniciar-se no prazo de 10 ça, sem vencimento ou remuneração, quando o
(dez) dias, contados da data do acidente. marido for mandado servir, independentemente de
solicitação, em outro ponto do Estado ou do territó-
Para tanto, o funcionário deve requerer a licença rio nacional ou no estrangeiro.
junto ao órgão de origem. Uma vez encerrado os tra-
balhos do procedimento próprio, o órgão médico ofi- O artigo 206, por sua vez, trata da licença
cial deve emitir uma decisão. compulsória.
Sobre a licença à gestante, dispõe o artigo 198 que
à funcionária gestante será concedida licença de 180 Art. 206 O funcionário, ao qual se possa atribuir a
dias com vencimento ou remuneração, observado o condição de fonte de infecção de doença transmis-
sível, poderá ser licenciado, enquanto durar essa
seguinte:
condição, a juízo de autoridade sanitária compe-
tente, e na forma prevista no regulamento.
a) a licença poderá ser concedida a partir da 32ª
(trigésima segunda) semana de gestação, mediante
documentação médica que comprove a gravidez e a De acordo com o artigo 209, o funcionário terá
respectiva idade gestacional; direito, como prêmio de assiduidade, à licença de 90
b) no caso da ocorrência do parto, sem a solicitação dias em cada período de 5 anos de exercício ininter-
de licença, será esta concedida mediante a apresen- rupto, em que não haja sofrido qualquer penalidade
tação da certidão de nascimento e vigorará a partir administrativa. O período da licença será considera-
da data do evento, podendo retroagir até 15 (quin- do de efetivo exercício para todos os efeitos legais,
5
-3

ze) dias; e não acarretará desconto algum no vencimento ou


68

c) durante a licença, cometerá falta grave a servi- remuneração.


.3

dora que exercer qualquer atividade remunerada O artigo 210 salienta que, para fins da licença-prê-
87

ou mantiver a criança em creche ou organização mio, não se consideram interrupção de exercício:


.2

similar.
63

I - os afastamentos enumerados no art. 78, excetua-


-4

O artigo 199 trata da licença por motivo de doen- do o previsto no item X (são as faltas abonadas); e
es

ça em pessoa da família. O funcionário poderá obter II - as faltas abonadas, as justificadas e os dias de


licença, por motivo de doença do cônjuge e de paren- licença a que se referem os itens I e IV do art. 181
ed

tes até segundo grau (são os avôs/avós e netos/as, desde que o total de todas essas ausências não
gu

na linha vertical, e os irmãos/ãs, na linha colateral). exceda o limite máximo de 30 (trinta) dias, no
a

Essa é outra licença que necessita de comprovação, período de 5 (cinco) anos.


lv
si

mediante inspeção médica.


A licença-prêmio pode ser disfrutada por inteiro
an

Art. 200 Ao funcionário que for convocado para ou em parcelas não inferiores a 15 dias, ou até o imple-
Lu

o serviço militar e outros encargos da segurança mento das condições para a aposentadoria voluntária
nacional, será concedida licença sem vencimento (artigo 213).
ou remuneração.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§1º A licença será concedida mediante comunica- Art. 214 O funcionário deverá aguardar em exer-
ção do funcionário ao chefe da repartição ou do cício a apreciação do requerimento de gozo da
serviço, acompanhada de documentação oficial que licença-prêmio.
prove a incorporação. Parágrafo Único: O gozo da licença-prêmio depen-
derá de novo requerimento, caso não se inicie em
Uma vez desincorporado ao serviço militar, o fun- até 30 (trinta) dias contados da publicação do ato
cionário deverá reassumir imediatamente o exercí- que o houver autorizado.
cio, sob pena de demissão por abandono do cargo, se
a ausência exceder a 30 dias (artigo 200, parágrafos). É importante memorizar que as licenças são con-
cedidas a interesse exclusivo do próprio servidor, ao
Art. 201 Ao funcionário que houver feito curso contrário dos afastamentos em geral, concedidos em
para ser admitido como oficial da reserva das For- interesse comum tanto do servidor como da própria
ças Armadas, será também concedida licença sem Administração Pública. 93
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Além disso, os prazos das licenças são geralmente mais curtos, de dias, semanas ou meses. Já as autorizações
costumam ter prazos mais longos, em anos.
O Estatuto apresenta poucas hipóteses de afastamentos, como a hipótese do artigo 69, que trata dos afasta-
mentos de funcionários para participação em congressos e outros certames culturais, técnicos ou científicos. Mas,
de modo geral, os afastamentos previstos em legislação federal também podem ser concedidos aos servidores
estaduais.
Para compreender melhor a diferença entre licenças e afastamentos, segue uma tabela explicativa.

LICENÇA AFASTAMENTO

Finalidade de interesse exclusivo do agente público. Finalidade de interesse do agente e da Administração


Pública.

Exemplo: doença do cônjuge/membro da família; exercer Exemplo: realização de especialização; missão no exte-
atividade política; tratar de interesses particulares. rior; servir a outro órgão/entidade.

Prazos mais curtos (dias, semanas). Prazos mais longos (meses, anos).

Uma questão que costuma cair com bastante frequência nas provas de concurso público é sobre a remunera-
ção de servidor afastado para exercício de mandato eletivo (artigo 94, Lei nº 8.112/1990). A regra geral é que, para
exercer um mandato eletivo, o servidor deve se afastar do cargo, e deixa de receber a remuneração do mesmo.
Porém, tratando-se de exercício de mandato de Prefeito, o servidor afastado poderá optar, dentre as duas remu-
nerações, àquela que lhe for mais vantajosa, (valores maiores, mais benefícios etc.).
Outro aspecto importante: no caso de exercício de mandato de Vereador, o servidor poderá exercer os dois
cargos e receber ambas as remunerações, desde que comprovada a compatibilidade de horários (atua como
Vereador de dia, e como agente público de noite, e vice-versa). Sendo incompatível o horário dos dois cargos, o
Vereador pode optar pela remuneração mais vantajosa, igual ao Prefeito.
Isso é assim porque, muitas vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereadores de pequenos municípios costuma
ser menor do que a remuneração do cargo público anterior, e ele pode facilmente se locomover de um ambiente
de trabalho para outro nesses municípios de porte menor.
Como forma de facilitar os seus estudos, trazemos uma tabela destacando as principais diferenças entre os
diferentes tipos de licenças:

PRAZO /
NOME DA LICENÇA REQUISITOS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
COM OU SEM VENCIMENTOS
Licença para tratamento de Servidor deve adoecer, por Depende de inspeção médica.
5
Até 4 anos, com vencimentos
-3

saúde qualquer moléstia Pode ser de ofício


68

Servidor sofreu acidente em


Licença por acidente em serviço Depende de inspeção médica Até 4 anos, com vencimentos
.3

serviço
87

Licença à gestante Servidora deve ser gestante Depende de inspeção médica Até 180 dias, com vencimentos
.2
63

a) Vencimento integral até 1º


-4

mês
b) 2/3 do vencimento, de 1 a 3
es

Licença por motivo de doença na Servidor possui pessoa da meses


Depende de inspeção médica
ed

família família doente c) 1/3 do vencimento, de 3 a 6


meses
gu

d) sem vencimentos, de 7 a 20
a

meses.
lv
si

Servidor foi convocado para Deve comunicar ao chefe da re-


Licença para obrigações militares Sem prazo, sem vencimentos
serviço militar partição ou do serviço
an
Lu

Licença para tratar de interesses Servidor possui problema Deve ter completado 5 anos de Até 2 anos ou até 3 anos, quan-
particulares particular para tratar efetivo exercício do parcelada. Sem vencimentos
Ser casada com um funcio- Pelo tempo que durar a nova
Licença para funcionária casada
nário ou militar que deve Apenas um pedido simples missão do servidor ou militar.
com funcionário ou militar
servir em outro Estado Sem vencimentos
Servidor contrair doen-
Conversão para licença para tra-
Licença compulsória ça ou infecção altamente Depende de inspeção médica
tamento de saúde
contagiosa
Até 90 dias, ou em parcelas não
Depende de certidão de tempo inferiores a 15 (quinze) dias, ou
Licença-prêmio
de serviço (5 anos ininterruptos) até implemento de condição
para aposentadoria

A aposentadoria possui previsão tanto na Constituição Federal quanto na Lei nº 8.112/1990. O Regime Próprio
de Previdência dos Servidores (RPPS) também sofreu alterações na chamada “reforma da previdência”, promul-
gada pela Emenda Constitucional nº 103/2019. Com isso, temos dois textos normativos que, até o presente momen-
94 to, dispõem sobre a aposentadoria.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
À luz da Constituição Federal (artigo 40), o servi- O direito de petição é uma garantia constitucio-
dor será aposentado: nal, sendo aplicável tanto no processo administrativo
como no processo judicial. É absolutamente vedado
I - por incapacidade permanente para o tra- exigir uma contraprestação quando um cidadão resol-
balho, no cargo em que estiver investido, quando ve peticionar contra o Estado, exigindo que ele apre-
insuscetível de readaptação. O Texto Constitucio- sente uma resposta ao seu requerimento. As regras
nal explicita que será obrigatória a realização de específicas a respeito do processo disciplinar serão
avaliações periódicas para verificação da continui- vistas posteriormente.
dade das condições que ensejaram a concessão da
aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente
DO REGIME DISCIPLINAR: DEVERES, VEDAÇÕES,
federativo.
II - compulsoriamente, com proventos propor- RESPONSABILIDADES E SANÇÕES APLICÁVEIS
cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de A matéria referente ao regime disciplinar aparece
idade, na forma de lei complementar nº 152/2015. em destaque no edital. É muito provável que apareça
Essa Lei complementar dispõe sobre a aposenta- alguma questão sobre esse tópico em sua prova. Por
doria compulsória com proventos proporcionais, isso, vamos analisar mais atentamente os dispositi-
sendo aplicável aos servidores ocupantes de cargos vos sobre o regime disciplinar, bem como o processo
públicos da União, Estados, Municípios, Distrito administrativo disciplinar.
Federal e suas autarquias e fundações, aos mem- Os servidores públicos, dada a sua grande impor-
bros do Poder Judiciário, aos membros do Ministé- tância para as funções estatais, possuem uma grande
rio Público e aos membros da Defensoria Pública.
gama de deveres e de vedações, isso é, de condutas
III - voluntariamente, no âmbito da União, aos
que deve fazer, e de condutas que está proibido de
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, fazer.
no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos O artigo 241 trata do rol de deveres dos funcioná-
Municípios, na idade mínima estabelecida median- rios públicos. A melhor forma de ver e memorizar os
te emenda às respectivas Constituições e Leis Orgâ- referidos deveres é pela leitura da Lei seca, in verbis:
nicas, observados o tempo de contribuição e os
demais requisitos estabelecidos em lei complemen- Art. 241 São deveres do funcionário:
tar do respectivo ente federativo. I - ser assíduo e pontual;
II - cumprir as ordens superiores, representando
Com base no Estatuto da Polícia Civil do Esta- quando forem manifestamente ilegais;
do de São Paulo (artigo 222), o funcionário será III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos
aposentado: de que for incumbido;
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da reparti-
I - por invalidez; ção e, especialmente, sobre despachos, decisões ou
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos; e providências;
V - representar aos superiores sobre todas as irre-
5
III - voluntariamente, após 35 (trinta e cinco) anos
-3

de serviço, sendo de 30 (trinta) anos de serviço para gularidades de que tiver conhecimento no exercício
68

as servidoras mulheres. de suas funções;


.3

VI - tratar com urbanidade as pessoas;


87

O provento da aposentadoria será (artigo 226): VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde
.2

autorizado;
63

VIII - providenciar para que esteja sempre em


I - igual ao vencimento ou remuneração e demais
-4

ordem, no assentamento individual, a sua declara-


vantagens pecuniárias incorporadas para esse
ção de família;
es

efeito:
IX - zelar pela economia do material do Estado e
ed

1 - quando o funcionário, do sexo masculino, con-


tar 35 (trinta e cinco) anos de serviço e do sexo pela conservação do que for confiado à sua guarda
gu

feminino, 30 (trinta) anos; e 2 - quando ocorrer a ou utilização;


X - apresentar -se convenientemente trajado em
a

invalidez;
lv

II - proporcional ao tempo de serviço, nos demais serviço ou com uniforme determinado, quando for
si

casos. o caso;
an

[...] XI - atender prontamente, com preferência sobre


Lu

Art. 229 O pagamento dos proventos a que tiver qualquer outro serviço, às requisições de papéis,
direito o aposentado deverá iniciar-se no mês documentos, informações ou providências que lhe
seguinte ao em que cessar a percepção do venci- forem feitas pelas autoridades judiciárias ou admi-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

mento ou remuneração. nistrativas, para defesa do Estado, em Juízo;


Art. 232 Qualquer alteração do vencimento ou XII - cooperar e manter espírito de solidariedade
remuneração e vantagens percebidas pelo funcio- com os companheiros de trabalho;
nário em virtude de medida geral, será extensiva XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regi-
ao provento do aposentado, na mesma proporção. mentos, instruções e ordens de serviço que digam
respeito às suas funções; e
Por fim, dispõe o artigo 240 sobre o direito de XIV - proceder na vida pública e privada na forma
petição: que dignifique a função pública.

Ao servidor é assegurado o direito de requerer ou As proibições ou vedações, por sua vez, estão dis-
representar, bem como, nos termos desta lei com- postas nos artigos 242 e 243, in verbis:
plementar, pedir reconsideração e recorrer de deci-
sões, no prazo de 30 (trinta) dias, salvo previsão Art. 242 Ao funcionário é proibido:
legal específica. I – (Revogado). 95
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade O funcionário é responsável por todos os prejuízos
competente, qualquer documento ou objeto existen- que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, por
te na repartição; dolo ou culpa, devidamente apurados.
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em A responsabilidade civil é caracterizada especial-
palestras, leituras ou outras atividades estranhas mente no parágrafo único do artigo 245:
ao serviço;
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa I - pela sonegação de valores e objetos confiados à
justificada; sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar
V - tratar de interesses particulares na repartição; contas, ou por não as tomar, na forma e no prazo
VI - promover manifestações de apreço ou desapre- estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos,
ço dentro da repartição, ou tornar-se solidário com instruções e ordens de serviço;
elas; II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
VII - exercer comércio entre os companheiros de prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob
serviço, promover ou subscrever listas de donati- sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
vos dentro da repartição; e III - pela falta ou inexatidão das necessárias aver-
VIII - empregar material do serviço público em ser- bações nas notas de despacho, guias e outros docu-
viço particular. mentos da receita, ou que tenham com eles relação; e
Art. 243 - É proibido ainda, ao funcionário: IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra
I - fazer contratos de natureza comercial e indus- a Fazenda Estadual
trial com o Governo, por si, ou como representante
de outrem; A responsabilidade administrativa não exime o
II - participar da gerência ou administração de funcionário da responsabilidade civil ou criminal que
empresas bancárias ou industriais, ou de socieda- no caso couber, nem do pagamento da indenização a
des comerciais, que mantenham relações comer- que ficar obrigado, na forma dos artigos 247 e 248, nem
ciais ou administrativas com o Governo do Estado, do exame da pena disciplinar em que incorrer (artigo
sejam por este subvencionadas ou estejam direta- 250). A responsabilidade administrativa é indepen-
mente relacionadas com a finalidade da repartição dente da civil e da criminal, e não se comunicam.
ou serviço em que esteja lotado; Há, contudo, uma importante exceção a essa
III - requerer ou promover a concessão de privilé- regra: o servidor não pode se responsabilizar na esfe-
gios, garantias de juros ou outros favores seme- ra administrativa ou civil quando restar comprovado
lhantes, federais, estaduais ou municipais, exceto que não praticou um crime, ou que tenha sido negada
privilégio de invenção própria; a sua autoria em matéria penal.
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, Assim, podemos dividir as três esferas de respon-
emprego ou função em empresas, estabelecimentos sabilidade, destacando-se sua natureza, os tipos de
ou instituições que tenham relações com o Gover- sanções que são impostas e a possibilidade delas se
no, em matéria que se relacione com a finalidade da comunicarem entre si:
repartição ou serviço em que esteja lotado;
V - aceitar representação de Estado estrangeiro,
5
z Responsabilidade Civil
-3

sem autorização do Presidente da República;


„ Natureza indenizatória (reparação de danos)
68

VI - comerciar ou ter parte em sociedades comer-


„ Sanção: restituição de valores ao erário
.3

ciais nas condições mencionadas no item II deste


87

„ Não se comunica
artigo, podendo, em qualquer caso, ser acionista,
.2

quotista ou comanditário;
63

VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos z Responsabilidade Administrativa


-4

de sabotagem contra o serviço público; „ Natureza disciplinar (apurar transgressões


disciplinares)
es

VIII - praticar a usura;


IX - constituir-se procurador de partes ou servir de „ Sanção: advertência, repreensão, suspensão,
ed

intermediário perante qualquer repartição pública, demissão, cassação de aposentadoria


gu

exceto quando se tratar de interesse de cônjuge ou „ Não se comunica


a

parente até segundo grau;


lv

X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou z Responsabilidade Criminal


si

de entidades fiscalizadas, no País, ou no estran-


an

„ Natureza penal (apurar crimes e contravenções)


geiro, mesmo quando estiver em missão referente
Lu

„ Sanção: decretação de prisão, restrição de


à compra de material ou fiscalização de qualquer
direitos
natureza; „ Não se comunica exceto quando não se configura cri-
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para
me ou seja negada autoria do agente.
desempenhar atividade estranha às funções ou
para lograr, direta ou indiretamente, qualquer pro-
Por fim, o artigo 251 apresenta o rol de sanções
veito; e
aplicáveis aos funcionários que ou deixam de cum-
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer
prir um de seus deveres, ou cometem uma das proi-
parte.
bições também dispostas no Estatuto. São penas
disciplinares:
Sobre a sessão “das Responsabilidades”, o Estatu-
to apresenta o que a doutrina gosta de denominar de
I - repreensão;
tríplice responsabilidade dos servidores públicos. II - suspensão;
Ela é tríplice porque o servidor responde civil, penal e III - multa;
administrativamente pelo exercício irregular de suas IV - demissão;
atribuições. V - demissão a bem do serviço público; e
96 O artigo 245 trata da responsabilidade civil. VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dentre as sanções aplicáveis, a pena de repreen- X - apresentar com dolo declaração falsa em maté-
são será aplicada por escrito, desde que o agente ria de salário-família, sem prejuízo da responsabili-
tenha se portado com indisciplina ou falta de cumpri- dade civil e de procedimento criminal, que no caso
mento dos deveres (artigo 253). couber.
A pena de suspensão, que não pode exceder a 90 XI - praticar ato definido como crime hediondo, tor-
dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reinci- tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
dência A autoridade que aplicar a pena de suspensão e terrorismo;
poderá converter essa penalidade em multa, na base XII - praticar ato definido como crime contra o Sis-
tema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de
de 50% por dia de vencimento ou remuneração, sendo
bens, direitos ou valores;
o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer em
XIII - praticar ato definido em lei como de
serviço (§ 2º do artigo 254).
improbidade.
A pena de multa será aplicada na forma e nos
casos expressamente previstos em lei ou regulamento.
Como pode se depreender da leitura do disposi-
A pena de demissão, prevista no artigo 256, é
tivo, a demissão a bem do serviço público apresenta
uma das sanções mais graves, porque enseja o desli-
hipóteses que, muitas vezes, não se relacionam com
gamento forçado do servidor. Não se confunde com
o exercício do cargo público. Mesmo assim, é do inte-
a exoneração, pois esta não tem caráter de sanção,
resse público que esse agente seja desligado de seu
podendo até mesmo ser requerida a pedido do pró-
cargo, pois claramente se mostra incompatível com o
prio servidor.
mesmo.
A demissão será aplicada nos casos de:
De acordo com o artigo 259, será aplicada a pena
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
I - abandono de cargo;
II - procedimento irregular, de natureza grave;
se ficar provado que o inativo:
III - ineficiência no serviço;
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e I - praticou, quando em atividade, falta grave para
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou
mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamen- de demissão a bem do serviço público;
te, durante 1 (um) ano. II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
III - aceitou representação de Estado estrangeiro
sem prévia autorização do Presidente da Repúbli-
Dica ca; e
Um pequeno macete para decorar as hipóteses IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
de demissão simples: ao pegar a primeira letra
de cada inciso, forma-se a expressão “A PIA A” O artigo 260 trata das pessoas competentes para a
aplicação das penalidades previstas anteriormente.
Abandono de cargo
São eles:
Procedimento irregular
5
Ineficiência intencional e reiterada no serviço
-3

I - o Governador;
Aplicação indevida de dinheiros públicos
68

II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do


Ausência ao serviço
.3

Estado e os Superintendentes de Autarquia;


87

III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;


A demissão a bem do serviço público possui
.2

IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada


63

nome parecido, mas é distinta da demissão simples. a 60 (sessenta) dias; e


-4

Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
público ao funcionário que: suspensão limitada a 30 (trinta) dias.
es
ed

I - for convencido de incontinência pública e escan- O artigo 261 trata de algo também bastante
gu

dalosa e de vício de jogos proibidos; importante, que é a prescrição da punibilidade, ou


a

II - praticar ato definido como crime contra a admi- prescrição do direito de exercer o poder disciplinar.
lv

nistração pública, a fé pública e a Fazenda Esta- Extingue-se a punibilidade pela prescrição:


si

dual, ou previsto nas leis relativas à segurança e à


an

defesa nacional; I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão


Lu

III - revelar segredos de que tenha conhecimento ou multa, em 2 (dois) anos;


em razão do cargo, desde que o faça dolosamente e II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão
com prejuízo para o Estado ou particulares; a bem do serviço público e de cassação da aposen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - praticar insubordinação grave; tadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos;


V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra fun- III - da falta prevista em lei como infração penal, no
cionários ou particulares, salvo se em legítima prazo de prescrição em abstrato da pena criminal,
defesa; se for superior a 5 (cinco) anos.
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre-
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR:
sentes ou vantagens de qualquer espécie, direta-
mente ou por intermédio de outrem, ainda que fora SINDICÂNCIA E PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
de suas funções mas em razão delas;
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quais- Já vimos que o servidor está sujeito a aplicação
quer valores a pessoas que tratem de interesses ou de diversas penas, devido ao seu rigoroso regime
o tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua disciplinar. Resta-nos ver agora como essa sanção é
fiscalização; imposta. Para isso, temos o Processo Administrativo
IX - exercer advocacia administrativa; e Disciplinar (ou PAD). 97
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O PAD é o meio perante o qual a autoridade com- configura-se automaticamente, não havendo necessi-
petente apura as transgressões cometidas pelos agen- dade de sua investigação.
tes públicos, aplicando a eles as respectivas sanções. O Da sindicância poderá resultar um de três cami-
PAD é também garantido para os servidores policiais nhos: o arquivamento do processo; a aplicação de
civis do Estado de São Paulo. penalidade de repreensão ou suspensão; ou ainda a
A autoridade que tiver ciência de irregularidade instauração de processo disciplinar.
no serviço público é obrigada a promover sua apura-
ção imediata, mediante sindicância ou processo admi- Do processo administrativo disciplinar ordinário
nistrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla
defesa. É sob esse fundamento que corre o processo O processo disciplinar ordinário (pode aparecer
administrativo disciplinar. também como procedimento administrativo discipli-
O processo administrativo é o instrumento desti- nar) é o instrumento destinado a apurar responsa-
nado a apurar as responsabilidades do servidor por bilidade do servidor público pela infração praticada
infração praticada no exercício de suas atribuições ou no exercício de suas atribuições ou que tenha relação
relacionada com o cargo que ocupa. O processo pode com as atribuições do cargo em que se encontre inves-
ocorrer em procedimento ordinário ou em sindicância. tido. Todo o conteúdo apurado na sindicância (quan-
do houver) será posto em apenso ao processo.
Art. 268 A apuração das infrações será feita São competentes para determinar a instauração de
mediante sindicância ou processo administrativo, processo administrativo as autoridades enumeradas
assegurados o contraditório e a ampla defesa. no artigo 260, até o inciso IV; são as mesmas pessoas
que aplicam as sanções disciplinares.
A seguir, apresentamos um fluxograma mostrando
como corre o Processo Administrativo Disciplinar: Dica
O processo disciplinar é dividido em três fases:
Procedimento I - instauração, com a publicação do ato que
Sindicância Administrativo Recursos
Ordinário constituir a comissão;
II - instrução, em que se tem o inquérito adminis-
trativo, a defesa do acusado, e relatório; e
Da sindicância III - julgamento, que envolve a peça decisória e os
eventuais recursos.
A sindicância é o procedimento sumário através
do qual o Estado ou suas autarquias reúnem elemen-
O artigo 275 dispõe algumas regras sobre impedi-
tos informativos para determinar a verdade em torno
mento durante o procedimento administrativo:
de possíveis irregularidades que possam configurar,
ou não, ilícitos administrativos.
Art. 275 Não poderá ser encarregado da apuração,
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou ini-
5
Art. 269 Será instaurada sindicância quando a fal-
-3

migo, parente consanguíneo ou afim, em linha reta


ta disciplinar, por sua natureza, possa determinar
68

ou colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge,


as penas de repreensão, suspensão ou multa.
.3

companheiro ou qualquer integrante do núcleo


87

familiar do denunciante ou do acusado, bem assim


Comparando com o processo penal, pode-se afir-
.2

o subordinado deste.
63

mar que a sindicância seria a “fase investigativa”, pois [...]


seu fim não resulta em uma sentença ou decisão: ela
-4

Art. 277 O processo administrativo deverá ser


serve primordialmente para apurar o que ocorreu, e instaurado por portaria, no prazo improrrogável
es

se é necessário instaurar o processo posteriormente. de 8 (oito) dias do recebimento da determinação,


ed

Apesar disso, é possível que a sindicância resulte na e concluído no de 90 (noventa) dias da citação do
gu

aplicação de pena de repreensão ou de suspensão acusado.


(mas nunca de demissão). §1° Da portaria deverão constar algumas informa-
a
lv

O artigo 273 apresenta algumas regras especiais ções imprescindíveis, tais como o nome e a identi-
si

sobre a sindicância. No mais, aplicam-se as mesmas ficação do acusado, a infração que lhe é atribuída,
an

regras do procedimento administrativo ordinário. com descrição sucinta dos fatos, a indicação das
normas infringidas e a penalidade mais elevada em
Lu

Essas regras especiais são as seguintes:


tese cabível.
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão
arrolar até 3 (três) testemunhas; De acordo com o artigo 278, uma vez autuada a
II - a sindicância possui prazo para concluir, que é portaria e demais peças preexistentes, designará o
de 60 (sessenta) dias; presidente dia e hora para audiência de interrogató-
III - será emitido um relatório na sindicância, que rio, determinando a citação do acusado e a notificação
em momento posterior, será enviada à autoridade do denunciante, se houver.
competente para proferir a decisão. A citação do acusado deverá ser realizada pessoal-
mente, no mínimo 2 dias antes do interrogatório, por
Atenção: a sindicância é uma etapa que pode ocor- intermédio do respectivo superior hierárquico, ou
rer antes do curso do procedimento ordinário, mas diretamente, onde o mesmo possa ser encontrado (§
não é, necessariamente, uma etapa obrigatória do 2º do artigo 278).
processo ordinário. A sindicância não é essencial para
o curso do procedimento ordinário se a transgressão Art. 280 Não comparecendo o acusado, será, por
for considerada gravíssima, sujeita a uma pena que é despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se
98 incompatível com a sindicância, ou se a transgressão nos demais atos e termos do processo.
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A fase instrutória tem por início com a produção O artigo 312 trata dos recursos dentro do proce-
de um inquérito. Comparecendo ou não o acusado ao dimento administrativo, os quais caberão, por uma
interrogatório, inicia-se o prazo de 3 dias para reque- única vez, contra a decisão que aplicar penalidade. O
rer a produção de provas, ou apresentá-las (artigo prazo para recorrer é de 30 dias, contados da publica-
283). ção da decisão impugnada no Diário Oficial do Esta-
O presidente e cada acusado poderão arrolar até do ou da intimação pessoal do servidor, quando for
5 testemunhas. É um número superior do que na sin- o caso.
dicância, uma vez que estamos diante de uma condu- O recurso será apresentado à autoridade que apli-
ta que pode ser punida com uma sanção mais grave,
cou a pena, que terá o prazo de 10 dias para, motiva-
como a demissão.
damente, manter sua decisão ou reformá-la (§ 3º do
O artigo 285 trata sobre a pessoa da testemunha.
artigo 312).
Ela
O artigo 313, por sua vez, trata do pedido de recon-
não poderá eximir-se de depor, salvo se for ascen- sideração, contra decisão tomada pelo Governador do
dente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente Estado em única instância, no prazo de 30 dias.
separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, O artigo 314 apresenta que os recursos de que tra-
pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quan- ta esta lei complementar não têm efeito suspensivo; os
do não for possível, por outro modo, obter-se ou que forem providos darão lugar às retificações neces-
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. sárias, retroagindo seus efeitos à data do ato puniti-
vo. Todavia, isso não é totalmente verdadeiro: pode o
Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos recorrente, desde que esteja expresso e o recurso seja
autos à defesa, que poderá apresentar alegações
interposto dentro do prazo corretamente (tempesti-
finais, no prazo de 7 dias. Não apresentadas no prazo
vo), requerer a suspensão da decisão que corre contra
as alegações finais, o presidente designará advogado
ele.
dativo, assinando-lhe novo prazo. É importante que
O que o texto do dispositivo expõe é que os recur-
haja o respeito ao contraditório e a ampla defesa, pois
para todos os fatos alegados deve o acusado apresen- sos não têm efeito suspensivo de ofício. O efeito sus-
tar uma defesa, mesmo que seja uma defesa ampla pensivo deve ser concedido toda vez que houver justo
e geral (apenas dizer que “não cometeu nenhuma receio de prejuízo, de reparação difícil ou incerta.
transgressão”). Apenas o pedido de reconsideração é que não pode,
O artigo 295 trata do início da fase de julgamento: em hipótese nenhuma, suspender a decisão.
Por fim, a Lei Complementar faz menção à revisão.
Recebendo o processo relatado, a autoridade que Poderá ser requerida, a qualquer tempo, a revisão de
houver determinado sua instauração deverá, no punição disciplinar de que não caiba mais recurso, se
prazo de 20 (vinte) dias, proferir o julgamento ou surgirem fatos ou circunstâncias ainda não aprecia-
determinar a realização de diligência, sempre que dos, ou vícios insanáveis de procedimento, que pos-
5
necessária ao esclarecimento de fatos.
sam justificar redução ou anulação da pena aplicada
-3
68

(artigo 315).
A diligência referida no artigo deverá ser cumpri-
.3

A simples alegação da injustiça da decisão não


da em até 15 dias (artigo 296). As decisões serão sem-
87

constitui fundamento do pedido. Na revisão, o ônus


pre publicadas no Diário Oficial do Estado, dentro do
.2

prazo de 8 dias, bem como averbadas no registro fun- da prova cabe sempre ao requerente da revisão. Não
63

cional do servidor (artigo 299). será admitida reiteração de pedido pelo mesmo fun-
-4

Por fim, o artigo 307 trata do prazo prescricional damento (§§§1°, 2° e 4° do artigo 315).
es

após a decretação da sanção disciplinar, para fins de O artigo 316 apresenta um conteúdo importante: a
ed

computação de reincidência. Não pode ser decreta- pena imposta não poderá ser agravada pela revisão. É
gu

da reincidência quando, dentre uma transgressão o que se costuma chamar de proibição da reformatio
e outra, decorreram 5 anos de efetivo exercício con- in pejus, pois, se a revisão foi solicitada pelo próprio
a
lv

tados da data da publicação da sanção disciplinar. servidor transgressor, seria injusto que da revisão
si

A reincidência somente será computada quando a resultasse em um agravamento de sua pena.


an

primeira infração for punível ou com repreensão ou A revisão não precisa ser requerida pessoalmente
Lu

suspensão. pelo funcionário. Segundo o artigo 317, a instauração


De acordo com o parágrafo único do artigo 307, a de processo revisional poderá ser requerida, se faleci-
demissão e a demissão a bem do serviço público cau- do o funcionário ou incapaz, por seu curador, cônju-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

sam a incompatibilidade para nova investidura em ge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão,
cargo, função ou emprego público, pelo prazo de 5 e
sempre por intermédio de advogado.
10 anos, respectivamente.
A autoridade que aplicou a penalidade, ou que a
Se, por exemplo, um funcionário do Estado de São
tiver confirmado em grau de recurso, será competen-
Paulo for condenado a pena de demissão (por qual-
quer motivo), no ano de 2021, ele somente poderá a te para o exame da admissibilidade do pedido de revi-
voltar a ter alguma chance de ingressar em outro car- são, bem como, caso deferido o processamento, para a
go público ou em 2026, se a pena for de demissão sim- sua decisão final (artigo 318).
ples, ou em 2031, se a pena for de demissão a bem do O artigo 321 dispõe sobre os poderes da decisão
serviço público. Não poderá, também, tentar ingres- que julgar procedente a revisão. Ela poderá alterar
sar em um cargo público fora do Estado de São Pau- a classificação da infração, absolver o punido, modi-
lo, pois a incompatibilidade abrange a Administração ficar a pena ou anular o processo, restabelecendo os
Pública como um todo. direitos atingidos pela decisão reformada. 99
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Disposições Preliminares
LEI FEDERAL Nº 8.069/1990
(ESTATUTO DA CRIANÇA E DO As disposições preliminares do ECA estão contidas do
artigo 1º ao 6º e, já no artigo 1º, há a descrição do maior
ADOLESCENTE) objetivo da Lei: a proteção integral à criança e ao adolescente.
Essa proteção é uma doutrina, inclusive, constitucio-
O Estatuto da Criança e do Adolescente é o texto nalmente estabelecida, tal a importância do instituto.
legal que busca garantir os direitos das crianças e dos
adolescentes. Art. 227 É dever da família, da sociedade e do
Um dos princípios mais importantes do ECA con- Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
siste na absoluta e integral proteção à criança e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
adolescente. Na prática, como na maior parte das saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à pro-
legislações existentes, há uma distância considerável fissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
entre o que a lei determina como proteção e o que efe- à liberdade e à convivência familiar e comunitá-
tivamente ocorre. Contudo, o que nos interessa, nesse ria, além de colocá-los a salvo de toda forma de
momento, é dominar os principais aspectos proces- negligência, discriminação, exploração, violência,
suais da Lei nº 8.069/1990. crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010).
Na maioria das vezes, a cobrança em provas de
legislação limita-se ao texto de lei, suas interpretações
Portanto, a proteção integral é dever da família,
e alterações, não excluindo a possibilidade de desta-
da sociedade e do Estado e indica que nada deve fal-
ques jurisprudenciais pertinentes.
tar à criança e ao adolescente em todas suas necessi-
No presente material, nos atentaremos aos aspec-
dades essenciais.
tos objetivos e mais recorrentes da lei, bem como
Na interpretação dos dispositivos do ECA, é necessário
ao conhecimento adicional necessário comumente
levar em conta os fins sociais a que ela se dirige, as
cobrado nas provas.
exigências do bem comum, os direitos e deveres indivi-
Abrangeremos, de modo aprofundado, os aspec-
duais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do
tos mais relevantes de cada tópico do conteúdo exi-
adolescente como pessoas em desenvolvimento.
gido, evitando-se, porém, discussões doutrinárias Importante esclarecer a quem o texto legal ora
desnecessárias. estudado protege. Como você já sabe até aqui, são as
O conhecimento sobre as Normas Básicas do ECA crianças e os adolescentes. O critério que define quem
está diretamente relacionado com a práxis do Agente são esses sujeitos é, como você pode imaginar, a idade.
de Segurança Pública e, por isso, está presente no seu O ECA, portanto, estabelece, em seu artigo 2º, que
edital. são crianças aqueles que possuírem até 12 anos
incompletos (11 anos e alguns meses) e adolescentes
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DO ESTATUTO aqueles com idade de 12 a 18 anos.
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O parágrafo único, no entanto, afirma que o ECA,
5
excepcionalmente, poderá ser aplicado a pessoas
-3

Em primeiro lugar, algumas considerações impor- entre 18 a 21 anos de idade.


68

tantíssimas, bem como termos comuns da Lei, devem Vejamos, portanto, que a regra é que o ECA seja
.3

ser dominadas por você. aplicado àqueles que possuírem até 18 anos comple-
87

Crianças e adolescentes não comentem crimes: tos. Contudo, a exceção ocorre em virtude da previsão
.2

cometem atos infracionais. O ato infracional consiste do §5º do artigo121 do ECA, que prevê a possibilidade,
63

na conduta descrita como crime ou contravenção no caso de medida socioeducativa de internação, da


-4

penal, conforme estabelece o art. 103 do ECA. manutenção do jovem sob a custódia do Estado até os
es

O menor sob a proteção do Estatuto da Criança e 21 anos de idade.


ed

do Adolescente jamais será preso, mas nas hipóteses


gu

estritamente previstas no ECA, poderá ser apreendido. Art. 121 [...] §5º A liberação será compulsória aos
E, finalmente, o menor sob a proteção do referido vinte e um anos de idade.
a
lv

texto legal não será submetido à pena, mas a medidas


si

socioeducativas (aplicáveis somente a adolescentes) Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STF)
an

e medidas de proteção (crianças e adolescentes). adota a corrente que entende que há uma distin-
Lu

ção entre as esferas cíveis e penais. Portanto, com o


advento do Código Civil de 2002, o ECA não se apli-
MENORES DE 18 ca aos maiores de 18 anos. Contudo, em relação aos
MAIORES DE 18 ANOS (CRIANÇAS E aspectos infracionais, aplica-se o artigo 2º, parágrafo
ANOS (IMPUTÁVEIS) ADOLESCENTES SOB único, do ECA, uma vez que o próprio Estatuto prevê
PROTEÇÃO DO ECA) liberação compulsória aos 21 anos de idade.
Veja a decisão do STJ:
z Crimes; z Atos Infracionais;
z Podem ser presos; z Podem ser apreendidos;
HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
z Estão sujeitos ao z Estão sujeitos a medi- ADOLESCENTE. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA. SEMI-
cumprimento de das socioeducativas LIBERDADE. MENOR QUE COMPLETARA DEZOITO
pena. (adolescentes) e medi- ANOS. PRETENSÃO DE EXTINÇÃO DA MEDIDA.
das de proteção (crian- CONTRARIEDADE LEGAL. ART. 120, § 2º. IMPOSSI-
ças e adolescentes). BILIDADE. ORDEM DENEGADA.
1. A teor do que dispõe o art. 104, parágrafo único,
da Lei 8.069/90, considera-se a idade do menor à
100 época da prática do ato infracional.
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2. Somente quando o reeducando completar 21 DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
anos de idade será obrigatoriamente
liberado, nos termos do art. 121, § 5º, do Estatuto Do Direito à Vida e à Saúde
da Criança e do Adolescente, que não foi alterado
com a entrada em vigor da Lei 10.406/02. O Estado, em todas as suas esferas (federal, esta-
3. Ausência de ilegal constrangimento decorrente dual e municipal), tem o dever de fomentar políticas
da manutenção da medida socioeducativa imposta públicas voltadas à proteção integral da saúde de
a infrator que atingira os 18 anos de idade. crianças e adolescentes, em regime da mais absoluta
4. Ordem denegada. prioridade.
Para tanto, devem ser destinados percentuais
mínimos em política social básica de saúde com foco
Princípios Fundamentais
na criança e adolescente. Não é possível respeitar
direitos fundamentais sem destinação mínima. Tais
O ECA estabelece três princípios fundamentais: recursos devem ser aplicados à luz do princípio da
máxima eficiência. É nesse sentido o ECA:
z Princípio da prioridade absoluta: é dever da
família, da comunidade, da sociedade em geral Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a pro-
e do Poder Público assegurar, com absoluta prio- teção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
ridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, políticas sociais públicas que permitam o nasci-
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao mento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, condições dignas de existência.
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
Com relação à proteção à vida, todas as legislações
comunitária. A garantia de prioridade, de acordo
consagram tal direito como aquele necessário à conse-
com o parágrafo único do artigo 4°, compreende:
cução dos demais.
a) primazia de receber proteção e socorro em Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso
quaisquer circunstâncias; aos programas e às políticas de saúde da mulher
b) precedência do atendimento nos serviços e de planejamento reprodutivo e, às gestantes,
públicos ou de relevância pública; nutrição adequada, atenção humanizada à
c) preferência na formulação e na execução gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimen-
das políticas sociais públicas; to pré-natal, perinatal e pós-natal integral no
d) destinação privilegiada de recursos públi- âmbito do Sistema Único de Saúde.
cos nas áreas relacionadas com a proteção à infân- § 1° O atendimento pré-natal será realizado por
cia e à juventude. profissionais da atenção primária.
§ 2° Os profissionais de saúde de referência da
gestante garantirão sua vinculação, no último
z Princípio da dignidade: a criança e o adolescente
5
trimestre da gestação, ao estabelecimento em que
-3

gozam de todos os direitos fundamentais ineren- será realizado o parto, garantido o direito de
68

tes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção opção da mulher.


.3

integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, § 3° Os serviços de saúde onde o parto for reali-
87

por lei ou por outros meios, todas as oportunida- zado assegurarão às mulheres e aos seus filhos
.2

des e facilidades, a fim de lhes facultar o desen- recém-nascidos alta hospitalar responsável e con-
63

trarreferência na atenção primária, bem como


volvimento físico, mental, moral, espiritual e
-4

o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à


social, em condições de liberdade e de dignidade.
es

amamentação.
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assis-
ed

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será obje- tência psicológica à gestante e à mãe, no período
gu

to de qualquer forma de negligência, discrimina- pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir
a

ção, exploração, violência, crueldade e opressão, ou minorar as consequências do estado puerperal.


lv

punido na forma da lei qualquer atentado, por ação § 5° A assistência referida no § 4º deste artigo deve-
si

ou omissão, aos seus direitos fundamentais. rá ser prestada também a gestantes e mães que
an

manifestem interesse em entregar seus filhos para


Lu

z Princípio da não discriminação: os direitos enun- adoção, bem como a gestantes e mães que se encon-
trem em situação de privação de liberdade.
ciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e
§ 6° A gestante e a parturiente têm direito a 1
adolescentes, sem discriminação de nascimento,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

(um) acompanhante de sua preferência durante


situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, o período do pré-natal, do trabalho de parto e do
religião ou crença, deficiência, condição pessoal de pós-parto imediato.
desenvolvimento e aprendizagem, condição eco- § 7° A gestante deverá receber orientação sobre
nômica, ambiente social, região e local de mora- aleitamento materno, alimentação complementar
dia ou outra condição que diferencie as pessoas, as saudável e crescimento e desenvolvimento infantil,
bem como sobre formas de favorecer a criação de
famílias ou a comunidade em que vivem.
vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento
integral da criança.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em § 8° A gestante tem direito a acompanhamento
conta os fins sociais e a que ela se dirige, as exi- saudável durante toda a gestação e a parto natural
gências do bem comum, os direitos e deveres indivi- cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesa-
duais e coletivos, e a condição peculiar da criança e riana e outras intervenções cirúrgicas por motivos
do adolescente como pessoas em desenvolvimento. médicos. 101
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 9° A atenção primária à saúde fará a busca ativa metabolismo do recém-nascido, bem como pres-
da gestante que não iniciar ou que abandonar as tar orientação aos pais;
consultas de pré-natal, bem como da puérpera que IV – fornecer declaração de nascimento onde
não comparecer às consultas pós-parto. constem necessariamente as intercorrências do
§ 10 Incumbe ao poder público garantir, à gestante parto e do desenvolvimento do neonato;
e à mulher com filho na primeira infância que se V – manter alojamento conjunto, possibilitando
encontrem sob custódia em unidade de privação ao neonato a permanência junto à mãe.
de liberdade, ambiência que atenda às normas VI – acompanhar a prática do processo de
sanitárias e assistenciais do Sistema Único de amamentação, prestando orientações quanto à
Saúde para o acolhimento do filho, em articulação técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na
com o sistema de ensino competente, visando ao unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já
desenvolvimento integral da criança. existente.
Art. 8º-A Fica instituída a Semana Nacional de Art. 11 É assegurado acesso integral às linhas
Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser rea- de cuidado voltadas à saúde da criança e do
lizada anualmente na semana que incluir o dia 1º adolescente, por intermédio do Sistema Único
de fevereiro, com o objetivo de disseminar informa- de Saúde, observado o princípio da equidade no
ções sobre medidas preventivas e educativas que acesso a ações e serviços para promoção, proteção
contribuam para a redução da incidência da gravi- e recuperação da saúde.
dez na adolescência.
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o O acesso universal não derroga a necessidade de
disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do metodologia própria para o enfrentamento das diver-
poder público, em conjunto com organizações da sas demandas e situações peculiares às quais estão
sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente sujeitos os recém-nascidos, de acordo com o artigo 11:
ao público adolescente.
§1° A criança e o adolescente com deficiência serão
A primeira infância compreende o período entre atendidos, sem discriminação ou segregação, em
os primeiros 6 anos completos ou 72 meses de vida suas necessidades gerais de saúde e específicas de
da criança. habilitação e reabilitação. (Redação dada pela Lei
O aleitamento materno, cujos benefícios para as nº 13.257, de 2016)
crianças, ao menos até o sexto mês de vida deve ser §2° Incumbe ao poder público fornecer gratuita-
mente, àqueles que necessitarem, medicamentos,
estimulado por meio de campanhas de orientação:
órteses, próteses e outras tecnologias assisti-
vas relativas ao tratamento, habilitação ou
Art. 9º O poder público, as instituições e os empre-
reabilitação para crianças e adolescentes, de
gadores propiciarão condições adequadas ao
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas
aleitamento materno, inclusive aos filhos de
necessidades específicas. (Redação dada pela Lei nº
mães submetidas à medida privativa de liberdade.
13.257, de 2016)
§ 1° Os profissionais das unidades primárias de saú-
§3° Os profissionais que atuam no cuidado diário
de desenvolverão ações sistemáticas, individuais
5
ou frequente de crianças na primeira infância rece-
-3

ou coletivas, visando ao planejamento, à implemen- berão formação específica e permanente para a


68

tação e à avaliação de ações de promoção, proteção detecção de sinais de risco para o desenvolvimento
.3

e apoio ao aleitamento materno e à alimentação psíquico, bem como para o acompanhamento que
87

complementar saudável, de forma contínua. se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
.2

§ 2° Os serviços de unidades de terapia intensiva 2016)


63

neonatal deverão dispor de banco de leite humano Art. 12 Os estabelecimentos de atendimento à


-4

ou unidade de coleta de leite humano. saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia


es

intensiva e de cuidados intermediários, deverão


Visando o crescimento sadio como direito de todos
ed

proporcionar condições para a permanência em


os menores, as presidiárias tem direito a amamentar. tempo integral de um dos pais ou responsável, nos
gu

O caráter tutelar do ECA garante os direitos da criança casos de internação de criança ou adolescente
a

que não podem ser suprimidos pela situação em que


lv
si

se encontra sua genitora, como consequência da pro- Os estabelecimentos que atendam as gestantes
an

teção integral aos mesmos. deverão proporcionar condições para a permanência


Além disso, o ECA, visando tutelar o recém-nasci- em tempo integral de um dos pais ou responsável,
Lu

do, trouxe uma série de regras aos estabelecimentos nos casos de internação de criança ou adolescente. Os
de saúde que atendem gestantes. pais ou responsável poderão fiscalizar o atendimento
De acordo com o que estabelece o artigo 10, os hos- que está sendo dispensado ao seu filho e esse, por sua
pitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde vez, se sentirá seguro, facilitando sua recuperação.
de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: O artigo 13 estabelece que qualquer suspeita ou
confirmação de crianças ou adolescentes submetidos
I – manter registro das atividades desenvolvi- a castigo físico, tratamento cruel, degradante ou
das, através de prontuários individuais, pelo prazo maus tratos deverão ser, obrigatoriamente, comuni-
de dezoito anos; cadas ao Conselho Tutelar da respectiva localidade.
II – identificar o recém-nascido mediante o regis-
tro de sua impressão plantar e digital e da impres- Art. 13 Os casos de suspeita ou confirmação de cas-
são digital da mãe, sem prejuízo de outras formas tigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de
normatizadas pela autoridade administrativa maus-tratos contra criança ou adolescente serão
competente; obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tute-
III – proceder a exames visando ao diag- lar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
102 nóstico e terapêutica de anormalidades no providências legais.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 1° As gestantes ou mães que manifestem interesse O §1º do artigo 13 visa, dentre outras finalidades,
em entregar seus filhos para adoção serão obri- ao encaminhar à mãe que deseja encaminhar o filho
gatoriamente encaminhadas, sem constrangi- pra adoção à Justiça, coibir práticas ilegais, abusivas
mento, à Justiça da Infância e da Juventude. e mesmo criminosas como a “adoção à brasileira” e a
§ 2° Os serviços de saúde em suas diferentes portas entrega de filho com vista à adoção mediante paga ou
de entrada, os serviços de assistência social em seu promessa de recompensa.
componente especializado, o Centro de Referência O artigo 14, por sua vez, estabelece que o Sistema
Especializado de Assistência Social (Creas) e os Único de Saúde promoverá programas de assistên-
demais órgãos do Sistema de Garantia de Direi-
cia odontológica para a prevenção das enfermidades
tos da Criança e do Adolescente deverão conferir
que ordinariamente afetam a população infantil, e
máxima prioridade ao atendimento das crianças
campanhas de educação sanitária para pais, educado-
na faixa etária da primeira infância com suspeita
ou confirmação de violência de qualquer natureza, res e alunos.
formulando projeto terapêutico singular que inclua Dispõe ainda, em seus respectivos parágrafos:
intervenção em rede e, se necessário, acompanha-
mento domiciliar. Art. 14 [...]
§1° É obrigatória a vacinação das crianças nos
casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
Não incumbe ao Conselho Tutelar a investigação
§2° O Sistema Único de Saúde promoverá a aten-
criminal acerca da efetiva ocorrência de maus-tratos.
ção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de
A notícia deve ser encaminhada ao Ministério Público forma transversal, integral e intersetorial com as
que decidirá ou não pela propositura de ação judicial. demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e
O ECA, no art. 18-A, cuidou em estabelecer a dife- à criança.
rença entre castigo físico e tratamento cruel ou degra- §3° A atenção odontológica à criança terá função edu-
dante e, no art. 18-B, estabeleceu medidas aplicáveis cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
nas referidas situações. o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal,
e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos
Art. 18-A A criança e o adolescente têm o direito de vida, com orientações sobre saúde bucal.
de ser educados e cuidados sem o uso de cas- §4° A criança com necessidade de cuidados odonto-
tigo físico ou de tratamento cruel ou degra- lógicos especiais será atendida pelo Sistema Único
dante, como formas de correção, disciplina, de Saúde.
educação ou qualquer outro pretexto, pelos §5° É obrigatória a aplicação a todas as crianças,
pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos nos seus primeiros dezoito meses de vida, de
responsáveis, pelos agentes públicos executores de protocolo ou outro instrumento construído com
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa a finalidade de facilitar a detecção, em consulta
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou pediátrica de acompanhamento da criança, de
protegê-los. risco para o seu desenvolvimento psíquico.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
5
ou punitiva aplicada com o uso da força física
-3

sobre a criança ou o adolescente que resulte em:


68

A partir do artigo 15, o Estatuto da Criança e do


a) sofrimento físico; ou Adolescente prevê regras para garantia do direi-
.3

b) lesão;
87

to à liberdade, respeito e dignidade à criança e ao


II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou
.2

adolescente.
forma cruel de tratamento em relação à criança ou
63

ao adolescente que:
-4

Art. 15 A criança e o adolescente têm direito à


a) humilhe; ou
liberdade, ao respeito e à dignidade como pes-
es

b) ameace gravemente; ou
soas humanas em processo de desenvolvimento e
ed

c) ridicularize. como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais


Art. 18-B Os pais, os integrantes da família amplia-
gu

garantidos na Constituição e nas leis.


da, os responsáveis, os agentes públicos executores
a

de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa


lv

No artigo 16, podemos encontrar expresso o direi-


encarregada de cuidar de crianças e de adoles-
si

centes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que uti- to à liberdade, que compreende os seguintes aspectos:
an

lizarem castigo físico ou tratamento cruel ou


Lu

degradante como formas de correção, disci- Art. 16 O direito à liberdade compreende os seguin-
plina, educação ou qualquer outro pretexto tes aspectos:
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas comunitários, ressalvadas as restrições legais;
de acordo com a gravidade do caso: II - opinião e expressão;
I - encaminhamento a programa oficial ou comuni- III - crença e culto religioso;
tário de proteção à família; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou V - participar da vida familiar e comunitária, sem
psiquiátrico; discriminação;
III - encaminhamento a cursos ou programas de VI - participar da vida política, na forma da lei;
orientação; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamen-
to especializado; O art. 17 trata do direito ao respeito que consiste
V - advertência. em três pilares:
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuí- z Inviolabilidade da Integridade Física;
zo de outras providências legais. z Inviolabilidade Psíquica; 103
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Integridade Moral. O menor colocado em programa de acolhimento
familiar ou institucional terá os seguintes direitos:
Esses valores abrangem a preservação da ima-
gem, da identidade, da autonomia, dos valores, § 1° Toda criança ou adolescente que estiver inseri-
ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. do em programa de acolhimento familiar ou institu-
Já o princípio da dignidade da pessoa humana cional terá sua situação reavaliada, no máximo,
é universalmente consagrado, sendo inerente a todo a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade judi-
ciária competente, com base em relatório elabora-
ser humano, independentemente da idade, sexo, cor,
do por equipe interprofissional ou multidisciplinar,
raça, etnia.
decidir de forma fundamentada pela possibilidade
de reintegração familiar ou pela colocação em
Art. 18 É dever de todos velar pela dignidade da família substituta, em quaisquer das modalida-
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qual- des previstas no art. 28 desta Lei.
quer tratamento desumano, violento, aterrorizan- § 2° A permanência da criança e do adolescente
te, vexatório ou constrangedor. em programa de acolhimento institucional não
se prolongará por mais de 18 (dezoito meses),
Todo cidadão tem o dever de agir em sua defesa, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
diante de qualquer ameaça ou violação. A inércia, superior interesse, devidamente fundamentada
em tais casos, pode mesmo levar à responsabilização pela autoridade judiciária.
daquele que se omitiu. § 3° A manutenção ou a reintegração de criança ou
Quanto ao direito à preservação da imagem, deve adolescente à sua família terá preferência em rela-
ser esclarecido que este se reveste de duplo conteúdo: ção a qualquer outra providência, caso em que será
está incluída em serviços e programas de proteção,
moral, porque direito de personalidade, e patrimo-
apoio e promoção, nos termos do § 1° do art. 23,
nial, uma vez que a ninguém é lícito locupletar-se à
dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos
custa alheia. I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
Em se tratando de direito à imagem, a obrigação § 4°  Será garantida a convivência da criança e
da reparação decorre do próprio uso indevido do do adolescente com a mãe ou o pai privado de
direito personalíssimo, não havendo de cogitar-se liberdade, por meio de visitas periódicas promo-
da prova da existência de prejuízo ou dano, nem a vidas pelo responsável ou, nas hipóteses de aco-
consequência do uso, se ofensivo ou não. Independe de lhimento institucional, pela entidade responsável,
prova do prejuízo a indenização pela publicação não independentemente de autorização judicial.
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos § 5° Será garantida a convivência integral da crian-
ou comerciais. ça com a mãe adolescente que estiver em acolhi-
É considerada infração administrativa o ato de mento institucional.
§ 6°  A mãe adolescente será assistida por equipe
divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi-
especializada multidisciplinar.
da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
documento de procedimento policial, administrativo
Cuidado para não confundir os prazos de reavalia-
5
ou judicial relativo à criança ou adolescente a que se
-3

ção e período de acolhimento:


atribua ato infracional.
68

E, não administrativa, mas também crime, a con-


.3
87

duta de subtrair criança ou adolescente ao poder


de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou Reavaliação A cada 3 meses
.2
63

ordem judicial, com o fim de colocação em lar subs-


-4

tituto. Tal conduta pode resultar em pena de multa


de três a vinte salários de referência, aplicando-se o
es

dobro em caso de reincidência (artigo 237). Até 18 meses, salvo com-


ed

provada necessidade que


gu

Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária Acolhimento atenda ao seu superior


a

interesse, devidamente
lv

Trata-se de um dos direitos fundamentais a serem fundamentada pela auto-


si

assegurados a todas as crianças e adolescentes com a ridade judiciária


an

mais absoluta prioridade, tendo a lei criado meca-


Lu

nismos para, de um lado (e de forma preferencial),


A gestante ou mãe que vier a manifestar interes-
permitir a manutenção e o fortalecimento dos vín- se em entregar seu filho para adoção, antes ou logo
culos com a família natural (ou de origem) e, de após o nascimento, será encaminhada à Justiça da
outro, quando por qualquer razão isso não for possí- Infância e da Juventude, conforme disposto no arti-
vel, proporcionar a inserção em família substituta go 19-A.
de forma criteriosa e responsável, procurando evitar Uma possibilidade para as crianças e os adoles-
os efeitos deletérios tanto da chamada “institucionali- centes em programa de acolhimento institucional ou
zação” quanto de uma colocação familiar precipitada, familiar são os programas de apadrinhamento:
desnecessária e/ou inadequada.
Nesse sentido, estabelece o artigo 19 do ECA: Art. 19-B A criança e o adolescente em programa
de acolhimento institucional ou familiar poderão
Art. 19 É direito da criança e do adolescente ser criado participar de programa de apadrinhamento.
e educado no seio de sua família e,excepcionalmente, § 1º    O apadrinhamento consiste em estabelecer e
em família substituta, assegurada a convivência proporcionar à criança e ao adolescente vínculos
familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu externos à instituição para fins de convivência
104 desenvolvimento integral. familiar e comunitária e colaboração com o seu
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, Dica
cognitivo, educacional e financeiro.
§ 2º  Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas
O parágrafo §2º foi acrescentado pela Lei 13.715,
maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas de 2018 e vem sendo cobrado pelas bancas.
nos cadastros de adoção, desde que cumpram
os requisitos exigidos pelo programa de apadrinha- Da Família Natural
mento de que fazem parte.
§ 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar crian- De acordo com o que estabelece o artigo 25 do ECA,
ça ou adolescente a fim de colaborar para o seu família natural é aquela formada pelos pais ou por
desenvolvimento. qualquer deles e seus descendentes.
§ 4  o  O perfil da criança ou do adolescente a ser Já a família extensa ou ampliada tem um conceito
apadrinhado será definido no âmbito de cada pro- mais amplo, estendendo-se para além da unidade pais
grama de apadrinhamento, com prioridade para e filhos ou da unidade do casal, formada por paren-
crianças ou adolescentes com remota possibi- tes próximos com os quais a criança ou adolescente
lidade de reinserção familiar ou colocação em convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade
família adotiva.
(parágrafo único).
§ 5  o  Os programas ou serviços de apadrinhamen-
to apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude
Família
poderão ser executados por órgãos públicos
ou por organizações da sociedade civil. Natural → Pai/Mãe + Filhos
§ 6  o  Se ocorrer violação das regras de apadri-
nhamento, os responsáveis pelo programa e pelos
Família
serviços de acolhimento deverão imediatamente
notificar a autoridade judiciária competente. Extensa ou
Ampliada
→ Pai/Mãe + Filhos + Parentes
O artigo 20 estabelece uma regra quanto à proibi-
ção da discriminação sobre a origem da filiação. Art. 26 Os filhos havidos fora do casamento pode-
rão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou sepa-
Art. 20 Os filhos, havidos ou não da relação do radamente, no próprio termo de nascimento,
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direi- por testamento, mediante escritura ou outro
tos e qualificações, proibidas quaisquer designa- documento público, qualquer que seja a origem
ções discriminatórias relativas à filiação. da filiação.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder
Todos os filhos havidos fora do casamento, bem o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimen-
como os filhos adotados, terão os mesmos direitos e to, se deixar descendentes.
qualificações dos demais. Art. 27 O reconhecimento do estado de filia-
O ECA repete a disposição constitucional e tem ção é direito personalíssimo, indisponível e
como objetivo eliminar o azedume de filhos tidos no imprescritível, podendo ser exercitado contra
5
os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição,
-3

passado como ilegítimos ou bastardos.


observado o segredo de Justiça.
68
.3

Art. 21 O poder familiar será exercido, em igualda-


O reconhecimento dos filhos tidos fora do casa-
87

de de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do


mento é irrevogável e pode ser feito a qualquer tempo,
.2

que dispuser a legislação civil, assegurado a qual-


ou seja, antes ou depois de sua morte e nas formas do
63

quer deles o direito de, em caso de discordância,


artigo 1.609 do Código Civil. Pode ser feito no registro
-4

recorrer à autoridade judiciária competente para a


solução da divergência. do nascimento, por escritura pública ou escrito par-
es

ticular, a ser arquivado em cartório, por testamento,


ed

A partir do art. 23 do ECA, são estabelecidas algu- ainda que incidentalmente manifestado e por mani-
gu

mas regras acerca da perda e da suspensão do poder festação direta e expressa perante o juiz, mesmo que
familiar. Esses institutos poderão ser decretados o reconhecimento não haja sido o objeto único e prin-
a
lv

judicialmente, em procedimento contraditório, nos cipal do ato que o contém.


si

casos previstos na legislação civil, bem como na hipó-


an

tese de descumprimento injustificado dos deveres Da Família Substituta


Lu

e das obrigações:
A colocação em família substituta far-se-á median-
Art. 23 A falta ou a carência de recursos mate- te guarda, tutela ou adoção, independentemente da
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

riais não constitui motivo suficiente para a situação jurídica da criança ou adolescente (artigo 28).
perda ou a suspensão do poder familiar.
§1º Não existindo outro motivo que por si só Art. 28 [...]
autorize a decretação da medida, a criança ou o §1° Sempre que possível, a criança ou o adolescente
adolescente será mantido em sua família de origem, será previamente ouvido por equipe interpro-
a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em fissional, respeitado seu estágio de desenvolvi-
serviços e programas oficiais de proteção, apoio e mento e grau de compreensão sobre as implicações
promoção. da medida, e terá sua opinião devidamente consi-
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não derada (§1º).
implicará a destituição do poder familiar, exceto §2° Tratando-se de maior de 12 anos de idade,
na hipótese de condenação por crime dolo- será necessário seu consentimento, colhido em
so sujeito à pena de reclusão contra outrem audiência.
igualmente titular do mesmo poder familiar §3° Na apreciação do pedido levar-se-á em conta
ou contra filho, filha ou outro descendente. o grau de parentesco e a relação de afinidade 105
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
consequências decorrentes da medida. podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente,
§4° Os grupos de irmãos serão colocados sob ado- nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de
ção, tutela ou guarda da mesma família substitu- adoção por estrangeiros.
ta, ressalvada a comprovada existência de risco de § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda,
abuso ou outra situação que justifique plenamente fora dos casos de tutela e adoção, para atender
a excepcionalidade de solução diversa, procuran- a situações peculiares ou suprir a falta eventual
do-se, em qualquer caso, evitar o rompimento dos pais ou responsável, podendo ser deferido o
definitivo dos vínculos fraternais.
direito de representação para a prática de atos
§5° A colocação da criança ou adolescente em famí-
determinados.
lia substituta será precedida de sua preparação
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a
gradativa e acompanhamento posterior, realizados
condição de dependente, para todos os fins e efeitos
pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da
Infância e da Juventude, preferencialmente com o de direito, inclusive previdenciários.
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da § 4º Salvo expressa e fundamentada determinação
política municipal de garantia do direito à convi- em contrário, da autoridade judiciária competente,
vência familiar. ou quando a medida for aplicada em preparação
para adoção, o deferimento da guarda de criança
O ambiente familiar é de suma importância para ou adolescente a terceiros não impede o exercício
boa formação do menor. É nesse ambiente que a do direito de visitas pelos pais, assim como o dever
criança e o adolescente vão moldar sua personali- de prestar alimentos, que serão objeto de regula-
dade e tornar-se aptos para o convívio social. Para mentação específica, a pedido do interessado ou do
que isso ocorra, não se deferirá colocação em família Ministério Público.
substituta a pessoa que revele, por qualquer modo,
incompatibilidade com a natureza da medida ou não
ofereça ambiente familiar adequado.
Uma decisão judicial colocará o menor em deter- Guarda
minada família substituta e somente outra decisão
judicial poderá tirá-lo dessa família. Assim, a coloca-
ção em família substituta não admitirá transferência
da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades
Assistência
governamentais ou não-governamentais, sem autori-
zação judicial.
Além disso, importa saber que a colocação em famí-
lia substituta estrangeira constitui medida excepcio-
nal, somente admissível na modalidade de adoção. 5 Material
-3
68

EXERCÍCIO COMENTADO Moral


.3
87
.2

1. (CONSUPLAN – 2017) A criança ou o adolescente


63

podem ser retirados da convivência familiar e coloca-


-4

dos em família substituta. A família substituta é aque- Educacional


la que advém por meio da:
es
ed

a) curatela e guarda. Para estimular que a criança e o adolescente sejam


gu

b) guarda e adoção, exclusivamente. inseridos em uma família substituta e não tenham que
a

c) guarda, adoção, tutela e, excepcionalmente, curatela.


lv

ser levados para uma instituição de menores, o Poder


d) guarda, tutela e adoção.
si

Público está obrigado por lei a conceder incentivos fis-


an

cais e subsídios à família candidata ao acolhimento.


A colocação em família substituta far-se-á median-
Lu

É importante salientar que a guarda poderá ser


te guarda, tutela ou adoção, independentemente da
revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fun-
situação jurídica da criança ou adolescente (artigo
28). Resposta: Letra D. damentado, ouvido o Ministério Público (artigo 35).

Da Guarda Da Tutela

A partir do artigo 33, o ECA estabelece disposições A tutela possui o objetivo precípuo de conferir
acerca da guarda da criança e do adolescente. Confere poderes necessários a um representante legal à crian-
à criança ou adolescente a condição de dependente, ça ou adolescente para que possa protegê-lo.
para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previ-
denciários (§3º). Art. 36 A tutela será deferida, nos termos da lei
civil, a pessoa de até 18 anos incompletos.
Art. 33 A guarda obriga a prestação de assistência Parágrafo único: O deferimento da tutela pressu-
material, moral e educacional à criança ou adoles- põe a prévia decretação da perda ou suspensão do
cente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se poder familiar e implica necessariamente o dever
106 a terceiros, inclusive aos pais. de guarda.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A destituição da tutela será decretada quando de doze anos de idade, será também necessário o seu
o tutor for negligente, prevaricador ou incurso em consentimento.
incapacidade, ou quando deixar de cumprir injustifi- No caso de tutor ou curador, se houver interesse
cadamente os deveres de prestar total assistência ao em adotar seu pupilo ou curatelado, é necessário pri-
menor (artigo 38). meiro prestar contas do seu exercício como tutor ou
curador, saldar eventuais débitos do patrimônio do
Da Adoção mesmo, a fim de que possa adotá-los. Intenciona a lei
que os objetivos da adoção não sejam desvirtuados
De acordo com o artigo 39 do ECA, a adoção é pela ganância do homem.
medida excepcional e irrevogável, à qual se deve
A adoção será precedida de estágio de convivên-
recorrer apenas quando esgotados os recursos de
cia com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo
manutenção da criança ou adolescente na família
de 90 dias, observadas a idade da criança ou adoles-
natural ou extensa. A adoção não poderá ser feita por
procuração (§2º). cente e as peculiaridades do caso.
O vínculo da adoção constitui-se por sentença
judicial, que será inscrita no registro civil mediante
Importante! mandado do qual não se fornecerá certidão, conforme
é disposto no artigo 47:
Em caso de conflito entre direitos e interesses
do adotando e de outras pessoas, inclusive seus § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
pais biológicos, devem prevalecer os direitos e como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
os interesses do adotando. § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cance-
lará o registro original do adotado.
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá
ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Muni-
Art. 40 O adotando deve contar com, no máximo, cípio de sua residência.
dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato
sob a guarda ou tutela dos adotantes.
poderá constar nas certidões do registro.
Art. 41 A adoção atribuiu a condição de filho ao
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do
adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclu-
sive sucessórios, desligando-o de qualquer vín- adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá
culo com pais e parentes, salvo os impedimentos determinar a modificação do prenome.
matrimoniais. §6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
Podem adotar os maiores de 18 anos, independen- adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observa-
temente do estado civil. do o disposto nos §§ 1° e 2° do art. 28 desta Lei.
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trân-
irmãos do adotando. sito em julgado da sentença constitutiva, exceto na
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que hipótese prevista no § 6° do art. 42 desta Lei, caso
5
-3

os adotantes sejam casados civilmente ou mante- em que terá força retroativa à data do óbito.
68

nham união estável, comprovada a estabilidade da § 8º O processo relativo à adoção assim como outros
.3

família. a ele relacionados serão mantidos em arquivo,


87

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis admitindo-se seu armazenamento em microfilme


.2

anos mais velho do que o adotando. ou por outros meios, garantida a sua conservação
63

§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e


para consulta a qualquer tempo.
-4

os ex-companheiros podem adotar conjuntamente,


§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de
es

adoção em que o adotando for criança ou adoles-


visitas e desde que o estágio de convivência tenha
ed

sido iniciado na constância do período de convivên- cente com deficiência ou com doença crônica
gu

cia e que seja comprovada a existência de vínculos § 10º O prazo máximo para conclusão da ação de
de afinidade e afetividade com aquele não detentor adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável
a
lv

da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da uma única vez por igual período, mediante decisão
si

concessão. fundamentada da autoridade judiciária.


an

§ 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que


Lu

demonstrado efetivo benefício ao adotando, será Ademais, podemos verificar o disposto no artigo 48:
assegurada a guarda compartilhada, conforme pre-
visto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro Art. 48 O adotado tem direito de conhecer sua ori-
de 2002 - Código Civil.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

gem biológica, bem como de obter acesso irrestrito


§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, ao processo no qual a medida foi aplicada e seus
após inequívoca manifestação de vontade, vier a
eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito)
falecer no curso do procedimento, antes de prola-
anos.
tada a sentença.

Em regra, a adoção será deferida quando apre- Os interessados em adotar deverão preencher
sentar reais vantagens para o adotando e fundar-se alguns requisitos intrínsecos e extrínsecos, entabula-
em motivos legítimos, e dependerá do consentimento dos na lei, como os que constam nos artigos 165 e 174-
dos pais ou do representante legal do adotando, salvo A do ECA. Preenchidos os requisitos, serão submetidos
nos casos cujos pais sejam desconhecidos ou tenham a entrevistas pela equipe interprofissional dos órgãos
sido destituídos do poder familiar. O consentimento técnicos do juizado, com a apreciação pelo Ministério
será expresso, colhido em audiência e perante a auto- Público, que são geralmente realizadas por equipe de
ridade judiciária. Em se tratando de adotando maior psicólogos. 107
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Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Os pais ou responsável têm a obrigação de matri-
Lazer cular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino
(artigo 55).
Os arts. 205 e 206 da Constituição Federal de 1988 Conforme estabelece o art. 56, os dirigentes de
(CF/88) estabelecem que a educação, direito de todos e estabelecimentos de ensino fundamental comuni-
dever do Estado e da família, será promovida e incen- carão ao Conselho Tutelar ao tomarem ciência de
tivada com a colaboração da sociedade, visando ao maus-tratos envolvendo seus alunos; reiteração de
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados
o exercício da cidadania e sua qualificação para o os recursos escolares; elevados níveis de repetência.
trabalho.
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
Art. 53 A criança e o adolescente têm direito à edu- Trabalho
cação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e A partir do artigo 60, o ECA estabelece regras ati-
qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: nentes ao Direito à Profissionalização e à Proteção no
I - igualdade de condições para o acesso e perma- Trabalho aos menores sob a proteção do referido ins-
nência na escola; trumento de proteção.
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Em primeiro lugar, e de suma importância, é a
III - direito de contestar critérios avaliativos, poden-
regra que proíbe qualquer trabalho a menores de
do recorrer às instâncias escolares superiores;
14 (quatorze) anos de idade, salvo na condição de
IV - direito de organização e participação em enti-
aprendizes.
dades estudantis;
O artigo 62 do ECA define como aprendizagem a
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de
formação técnico-profissional ministrada segundo as
sua residência, garantindo-se vagas no mesmo
estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.
etapa ou ciclo de ensino da educação básica. Os adolescentes empregados, aprendizes, em regi-
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis me familiar de trabalho, alunos de escola técnica ou
ter ciência do processo pedagógico, bem como par- aqueles assistidos em entidade governamental ou não
ticipar da definição das propostas educacionais. governamental, estão sujeitos às seguintes vedações
Art. 53-A É dever da instituição de ensino, clubes relacionadas ao trabalho, que não pode ser:
e agremiações recreativas e de estabelecimentos
congêneres assegurar medidas de conscientização, Art. 67 [...]
prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas
de drogas ilícitas. de um dia e as cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
Com relação a esses direitos, cabe ao Estado asse- III - realizado em locais prejudiciais à sua for-
mação e ao seu desenvolvimento físico, psíqui-
gurar à criança e ao adolescente, de acordo com o arti-
5
co, moral e social;
-3

go 54 do ECA:
IV - realizado em horários e locais que não per-
68

mitam a frequência à escola.


.3

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito,


87

inclusive para os que a ele não tiveram acesso na


Além disso, o adolescente tem direito à profissio-
.2

idade própria;
nalização e à proteção no trabalho por meio do respei-
63

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gra-


to à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento
-4

tuidade ao ensino médio;


III - atendimento educacional especializado e capacitação profissional adequada ao mercado de
es

aos portadores de deficiência, preferencialmente na trabalho.


ed

rede regular de ensino; O programa social que tenha por base o trabalho
gu

IV – atendimento em creche e pré-escola às crian- educativo, sob responsabilidade de entidade gover-


namental ou não-governamental sem fins lucrativos,
a

ças de zero a cinco anos de idade;


lv

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da deverá assegurar ao adolescente que dele participe
si

pesquisa e da criação artística, segundo a capa- condições de capacitação para o exercício de ativida-
an

cidade de cada um; de regular remunerada.


Lu

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado


às condições do adolescente trabalhador; DA PREVENÇÃO
VII - atendimento no ensino fundamental, através
de programas suplementares de material didáti- A prevenção da ocorrência de ameaça ou vio-
co-escolar, transporte, alimentação e assistên- lação dos direitos da criança e do adolescente é um
cia à saúde. dever de todos (artigo 70). Ademais, o ECA estabele-
ce, ainda, que a criança e o adolescente têm direito
O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões,
público subjetivo (§1º) e a falta do oferecimento do espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua
ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
irregular importa responsabilidade da autoridade
competente (§2º). Dos Produtos e Serviços
Compete ao poder público recensear os educandos
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, Ao lado dos outros direitos garantidos pela Cons-
junto aos pais ou responsável, pela frequência à esco- tituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Ado-
108 la (§3º). lescente, é necessário que alguns produtos e serviços
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sejam restringidos quanto ao acesso a essas pessoas II - viajar na companhia de um dos pais, autori-
em condição peculiar de desenvolvimento. zado expressamente pelo outro através de docu-
Nesse sentido, o artigo 81 estabelece produ- mento com firma reconhecida.
tos que não poderão ser vendidos para crianças e Art. 85 Sem prévia e expressa autorização judicial,
adolescentes. nenhuma criança ou adolescente nascido em terri-
tório nacional poderá sair do País em companhia
I - armas, munições e explosivos; de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar Portanto, a depender se a viagem é dentro do ter-
dependência física ou psíquica, ainda que por ritório nacional ou para o exterior, as regras serão
utilização indevida; diferentes. O ECA estabelece que comete infração
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto administrativa aquele que infringir as regras acer-
aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam ca de viagem de criança ou adolescente importa em
incapazes de provocar qualquer dano físico em infração administrativa:
caso de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o artigo 78; Art. 251 Transportar criança ou adolescente, por
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. qualquer meio, com inobservância do disposto nos
arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
O artigo 82, por sua vez, trata de importante regra Pena - multa de três a vinte salários de referência,
acerca da hospedagem de criança ou adolescente em aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere,
salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
responsável.
O proprietário do estabelecimento que infringir As medidas de proteção à criança e ao adolescente
essa regra cometerá infração administrativa sujeita à estão previstas a partir do artigo 98 e são aplicáveis
penalidade de multa, conforme previsão do artigo 250. sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto da
Criança e do Adolescente forem ameaçados ou viola-
Art. 250 Hospedar criança ou adolescente desa-
dos por ação ou omissão da sociedade ou do Estado
companhado dos pais ou responsável, ou sem auto-
(I); por falta, omissão ou abuso dos pais ou respon-
rização escrita desses ou da autoridade judiciária,
em hotel, pensão, motel ou congênere: sável (II); em razão da conduta do próprio adoles-
Pena – multa. cente ou criança (III).
§1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da
pena de multa, a autoridade judiciária poderá Das Medidas Específicas de Proteção
determinar o fechamento do estabelecimento por
até 15 (quinze) dias. Poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamen-
§2º Se comprovada a reincidência em período te, bem como substituídas a qualquer tempo (artigo
inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será 99).
5
-3

definitivamente fechado e terá sua licença cassada.


68

Art. 100 Na aplicação das medidas levar-se-ão em


.3

Da Autorização para Viajar conta as necessidades pedagógicas, preferindo-


87

-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vín-


.2

A partir do artigo 83, o ECA estabelece regras para culos familiares e comunitários.
63

o caso em que crianças ou adolescentes precisarem A aplicação das medidas deve observar uma série
-4

viajar desacompanhados dos pais ou responsáveis. de princípios previstos no artigo 100 e dispostos
Em regra, nenhuma criança poderá viajar para abaixo:
es

fora da comarca onde reside, desacompanhada dos I - condição da criança e do adolescente como
ed

pais ou responsáveis, sem a devida autorização judi- sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são
gu

cial. Entretanto, o Estatuto da Criança e do Adolescen- os titulares dos direitos previstos nesta e em outras
a

te estabelece algumas exceções: Leis, bem como na Constituição Federal;


lv

II - proteção integral e prioritária: a interpre-


si

Art. 83 [...] tação e aplicação de toda e qualquer norma conti-


an

§ 1º A autorização não será exigida quando: da nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e
Lu

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da prioritária dos direitos de que crianças e adolescen-
criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) tes são titulares;
anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluí- III - responsabilidade primária e solidária do
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

da na mesma região metropolitana poder público: a plena efetivação dos direitos


b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezes- assegurados a crianças e a adolescentes por esta
seis) anos estiver acompanhado: Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro esta expressamente ressalvados, é de responsabi-
grau, comprovado documentalmente o parentesco; lidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo governo, sem prejuízo da municipalização do aten-
pai, mãe ou responsável. dimento e da possibilidade da execução de progra-
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos mas por entidades não governamentais;
pais ou responsável, conceder autorização válida IV - interesse superior da criança e do adoles-
por dois anos. cente: a intervenção deve atender prioritariamente
Art. 84 Quando se tratar de viagem ao exterior, a auto- aos interesses e direitos da criança e do adolescen-
rização é dispensável, se a criança ou adolescente: te, sem prejuízo da consideração que for devida a
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou outros interesses legítimos no âmbito da pluralida-
responsável; de dos interesses presentes no caso concreto; 109
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V - privacidade: a promoção dos direitos e pro- IX - colocação em família substituta.
teção da criança e do adolescente deve ser efetua-
da no respeito pela intimidade, direito à imagem e Antes de encaminhar a criança ou adolescente
reserva da sua vida privada; para colocação em família substituta, prioriza-se a
VI - intervenção precoce: a intervenção das auto- tentativa de manutenção ou reinserção no seio da
ridades competentes deve ser efetuada logo que a
família a qual a criança ou adolescente já pertencem.
situação de perigo seja conhecida;
Ademais, ainda no artigo 101, o acolhimento insti-
VII - intervenção mínima: a intervenção deve
ser exercida exclusivamente pelas autoridades e tucional e o acolhimento familiar não devem ser eter-
instituições cuja ação seja indispensável à efetiva nos, possuindo caráter provisório e excepcional.
promoção dos direitos e à proteção da criança e do
adolescente; § 1o  O acolhimento institucional e o acolhimento
VIII - proporcionalidade e atualidade: a inter- familiar são medidas provisórias e excepcionais,
venção deve ser a necessária e adequada à situa- utilizáveis como forma de transição para reinte-
ção de perigo em que a criança ou o adolescente se gração familiar ou, não sendo esta possível, para
encontram no momento em que a decisão é tomada; colocação em família substituta, não implicando
IX - responsabilidade parental: a intervenção privação de liberdade.
deve ser efetuada de modo que os pais assumam os
seus deveres para com a criança e o adolescente; O afastamento da criança ou adolescente do con-
X - prevalência da família: na promoção de vívio familiar é de competência exclusiva da autori-
direitos e na proteção da criança e do adolescente dade judiciária e importará na deflagração, a pedido
deve ser dada prevalência às medidas que os man- do Ministério Público ou de quem tenha legítimo inte-
tenham ou reintegrem na sua família natural ou
resse, de procedimento judicial contencioso, no
extensa ou, se isto não for possível, que promovam
qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o
a sua integração em família substituta;
X - prevalência da família: na promoção de exercício do contraditório e da ampla defesa (§2º).
direitos e na proteção da criança e do adolescente
deve ser dada prevalência às medidas que os man- DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
tenham ou reintegrem na sua família natural ou
extensa ou, se isso não for possível, que promovam O ECA regula a prática do ato infracional a partir
a sua integração em família adotiva; do artigo 103. Ato infracional é, portanto, a conduta
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e definida como crime ou contravenção penal.
o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvi- Por serem penalmente inimputáveis, os menores
mento e capacidade de compreensão, seus pais ou de dezoito anos estão sujeitos apenas às medidas pre-
responsável devem ser informados dos seus direi-
vistas nesta Lei. Para todos os efeitos, deve ser consi-
tos, dos motivos que determinaram a intervenção e
derada a idade do adolescente à data do fato (artigo
da forma como esta se processa;
- oitiva obrigatória e participação: a criança e 104, parágrafo único).
o adolescente, em separado ou na companhia dos
5
Vejamos agora o artigo 104 e 105 in verbis:
-3

pais, de responsável ou de pessoa por si indicada,


68

bem como os seus pais ou responsável, têm direito


.3

a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição Art. 104 São penalmente inimputáveis os menores de
87

da medida de promoção dos direitos e de proteção, dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
.2

sendo sua opinião devidamente considerada pela


63

autoridade judiciária competente, observado o dis- Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
-4

posto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. considerada a idade do adolescente à data do fato.
es

Verificada qualquer das hipóteses previstas no Art. 105 Ao ato infracional praticado por criança cor-
ed

artigo 98 (ação ou omissão da sociedade ou do Esta- responderão as medidas previstas no art. 101.
gu

do; falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;


Dos Direitos Individuais
a

conduta do próprio adolescente ou criança) a autori-


lv

dade competente poderá determinar, dentre outras,


si

as medidas descritas abaixo e previstas no artigo 101. De acordo com a previsão do art. 106, nenhum
an

Medida cabíveis no caso das hipóteses previstas no adolescente será privado de sua liberdade senão em
Lu

artigo 101: flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e


fundamentada da autoridade judiciária competente.
I - encaminhamento aos pais ou responsável, Assim como os maiores, o adolescente também
mediante termo de responsabilidade; possui direito à identificação dos responsáveis pela
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabe- direitos (parágrafo único).
lecimento oficial de ensino fundamental;
Outro importante direito garantido ao adolescente
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
apreendido, conforme previsão do artigo 107, consiste
comunitários de proteção, apoio e promoção da
família, da criança e do adolescente; na imediata comunicação da apreensão à autorida-
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou de judiciária competente e à família do apreendido
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; ou à pessoa por ele indicada.
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário
de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e Art. 107 [...]
toxicômanos; Parágrafo único: Examinar-se-á, desde logo e sob
VII - acolhimento institucional; pena de responsabilidade, a possibilidade de libe-
110 VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; ração imediata.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O artigo 108 determina que a internação, antes
da sentença, pode ser determinada pelo prazo máxi-
EXERCÍCIO COMENTADO
mo de 45 dias. A decisão deverá ser fundamentada e 1. (VUNESP – 2013) O adolescente, nos termos da Lei
basear-se em indícios suficientes de autoria e mate- n.º 8.069/90:
rialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
medida (ipsis litteris parágrafo único do artigo 108). a) tem o direito de solicitar a presença de seus pais ou
Por fim, conforme previsão do artigo 109, o ado- responsável em qualquer fase do procedimento.
lescente civilmente identificado não será submetido b) por estar em desigualdade na relação processual em
razão de sua idade, não poderá ser confrontado com a
à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
vítima, ou com as testemunhas dos fatos.
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, c) não poderá ser apreendido em flagrante, entretanto
havendo dúvida fundada. será ouvido pelo delegado de polícia competente e
indiciado pela prática do ato infracional.
d) poderá ser privado de sua liberdade, inclusive em
identificação dos responsá-
situações de flagrante delito, desde que seja reinciden-
veis pela sua apreensão, deve-
mos ser informado acerca de te na prática de ato infracional grave.
seus direitos. e) não será necessariamente representado por advoga-
do nos processos por ato infracional, bastando que
compareça em juízo acompanhado pelos pais ou por
Direitos do imediata comunicação da apreen- responsável legal.
Adolescente são à autoridade judiciária com-
Apreendido petente e à família do apreendido A alternativa A está correta: de acordo com o inci-
ou à pessoa por ele indicada. so VI do artigo 111 do ECA, o adolescente possui
o direito de solicitar a presença de seus pais ou
a internação, antes da sentença, responsável em qualquer fase do procedimento. A
pode ser determinada pelo prazo alternativa B está incorreta: segundo o inciso II do
máximo de 45 (quarenta e cinco artigo 111 do ECA, o adolescente possui o direito de
dias). confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir
todas as provas necessárias à sua defesa. A alterna-
tiva C está incorreta, pois o adolescente poderá ser
Das garantias processuais apreendido na hipótese de flagrante de ato infracio-
nal, sendo encaminhado para a autoridade policial
Em um primeiro momento, vimos os direitos indi- que lavrará auto de apreensão, ouvidos as testemu-
viduais do adolescente quando suspeito de cometer nhas e o adolescente (artigo 172). O delegado não
prática de ato infracional. Ainda sob a tutela dos direi- irá indiciar o adolescente (inciso I do artigo 173,).
tos e garantias já estudados por você neste capítulo, A alternativa D está incorreta, porque nenhum ado-
5
lescente será privado de sua liberdade senão em
-3

os adolescentes gozam de proteção especial quanto às


68

flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e


garantias processuais.
.3

fundamentada da autoridade judiciária competente


Nesse sentido, o artigo 110 estabelece que nenhum
87

(artigo 106). A alternativa E está incorreta: o ado-


adolescente será privado de sua liberdade sem o devido
.2

lescente será assistido por advogado e, caso neces-


63

processo legal. Não há privação de liberdade para crian- sário, terá direito à assistência judiciária gratuita
-4

ças. Estas, quando acusadas da prática de ato infracio- na forma da lei (incisos III e IV do artigo 111). Res-
posta: Letra A.
es

nal, deverão ser encaminhadas ao Conselho Tutelar.


ed

O artigo 111, por sua vez, descreve quais são essas


Das Medidas Socioeducativas
gu

garantias. Veja no quadro a seguir.


a

São medidas aplicáveis a adolescentes autores de


lv

atos infracionais e estão previstas no artigo 112 do


si

GARANTIAS PROCESSUAIS (ECA)


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar de
an

Pleno e formal conhecimento da atribuição configurarem resposta à prática de um delito, apre-


Lu

I de ato infracional, mediante citação ou meio sentam caráter predominantemente educativo, e não
equivalente; punitivo.
As medidas são aplicadas por um Juiz da Infân-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Igualdade na relação processual, podendo con-


cia e Juventude às pessoas na faixa etária entre 12 e
II frontar-se com vítimas e testemunhas e produzir
18 anos, podendo, excepcionalmente, ser aplicadas a
todas as provas necessárias à sua defesa;
jovens com até 21 anos incompletos.
III Defesa técnica por advogado; Portanto, de acordo com o art. 112, uma vez veri-
ficada a prática de ato infracional, a autoridade com-
Assistência judiciária gratuita e integral aos ne- petente poderá aplicar ao adolescente as seguintes
IV
cessitados, na forma da lei; medidas:

Direito de ser ouvido pessoalmente pela autori- z Medidas Socioeducativas:


V
dade competente;

Direito de solicitar a presença de seus pais ou „ Advertência


VI responsável em qualquer fase do procedimento. „ Obrigação de reparar dano
„ Prestação de serviços à comunidade 111
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
„ Liberdade assistida outros estabelecimentos congêneres, bem como em
„ Internação em estabelecimento educacional programas comunitários ou governamentais.
„ Qualquer uma das previstas nos incisos I e VI Parágrafo único: As tarefas serão atribuídas con-
do artigo 101 forme as aptidões do adolescente, devendo ser cum-
pridas durante jornada máxima de oito horas
§1° A medida aplicada ao adolescente levará em semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em
conta a sua capacidade de cumpri-la, as cir- dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à
cunstâncias e a gravidade da infração. escola ou à jornada normal de trabalho.

Não se admitirá em hipótese alguma e sob qual- Liberdade Assistida


quer pretexto a prestação de trabalho forçado (§2º).
Consiste no acompanhamento, auxílio e orienta-
§3° Os adolescentes portadores de doença ou defi- ção do adolescente em conflito com a lei por equipes
ciência mental receberão tratamento individual e multidisciplinares, por período mínimo de 6 meses,
especializado, em local adequado às suas condições. objetivando oferecer atendimento nas diversas áreas
Art. 114 A imposição das medidas previstas nos de políticas públicas, como saúde, educação, cultura,
incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de esporte, lazer e profissionalização, com vistas à sua
provas suficientes da autoria e da materiali- promoção social e de sua família, bem como inserção
dade da infração, ressalvada a hipótese de remis-
no mercado de trabalho.
são, nos termos do art. 127.

Advertência Dica
Prestação de Serviços à Comunidade: período
A primeira medida socioeducativa e uma das mais máximo de 6 meses;
brandas é a advertência. Ela poderá ser aplicada sem-
Liberdade Assistida: período mínimo de 6 meses.
pre que houver prova da materialidade e indícios
suficientes da autoria; consiste em uma admoesta-
Art. 118 A liberdade assistida será adotada sem-
ção verbal, que será reduzida a termo e assinada pre que se afigurar a medida mais adequada para
(artigo 115). o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o
adolescente.
Obrigação de Reparar o Dano §1º A autoridade designará pessoa capacitada para
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomenda-
O artigo 116, por sua vez, prevê a obrigação de da por entidade ou programa de atendimento.
reparar o dano: §2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo
mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo
Art. 116 Em se tratando de ato infracional com ser prorrogada, revogada ou substituída por
reflexos patrimoniais, a autoridade poderá deter- outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
5
-3

minar, se for o caso, que o adolescente restitua a Público e o defensor.


68

coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por Art. 119 Incumbe ao orientador, com o apoio e a
.3

outra forma, compense o prejuízo da vítima. supervisão da autoridade competente, a realização


87

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibili- dos seguintes encargos, entre outros:
.2

dade, a medida poderá ser substituída por outra I - promover socialmente o adolescente e sua
63

adequada. família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os,


-4

se necessário, em programa oficial ou comunitário


A obrigação de reparar danos é cabível nas hipóte-
es

de auxílio e assistência social;


ses em que houver ato infracional com reflexos patri- II - supervisionar a frequência e o aproveita-
ed

moniais. Ao adolescente poderá ser determinada a mento escolar do adolescente, promovendo, inclu-
gu

obrigação de ressarcimento do dano ou outra forma sive, sua matrícula;


a

de compensação ao prejuízo da vítima. Entretanto, III - diligenciar no sentido da profissionalização


lv

caso haja impossibilidade de impor as obrigações aci- do adolescente e de sua inserção no mercado de
si

ma, a reparação do dano poderá ser substituída por trabalho;


an

outra adequada. IV - apresentar relatório do caso.


Lu

Da Prestação de Serviços à Comunidade Regime de Semiliberdade

Essa medida socioeducativa é prevista pelo arti- É a vinculação do adolescente a unidades especia-
go 117, e consiste na realização de tarefas gratuitas lizadas, com restrição da sua liberdade, possibilitada
de interesse geral, junto a entidades assistenciais, a realização de atividades externas, sendo obrigató-
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congê- rias a escolarização e a profissionalização.
neres, bem como em programas comunitários ou
governamentais. Art. 120 O regime de semiliberdade pode ser deter-
A prestação de serviços à comunidade não poderá minado desde o início, ou como forma de transição
exceder 6 (seis) meses. para o meio aberto, possibilitada a realização de
atividades externas, independentemente de autori-
Art. 117 A prestação de serviços comunitários con- zação judicial.
siste na realização de tarefas gratuitas de interesse I - São obrigatórias a escolarização e a profissiona-
geral, por período não excedente a seis meses, lização, devendo, sempre que possível, ser utiliza-
112 junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e dos os recursos existentes na comunidade.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - A medida não comporta prazo determinado IV - ser informado de sua situação processual,
aplicando-se, no que couber, as disposições relati- sempre que solicitada;
vas à internação. V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou
Internação: naquela mais próxima ao domicílio de seus pais
ou responsável;
É a mais grave dentre as medidas socioeducativas, VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
pois é uma medida privativa da liberdade. Trata-se, VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
portanto, de medida excepcionalmente aplicada que IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e
será adotada pela autoridade judiciária quando o ato asseio pessoal;
infracional praticado pelo adolescente se enquadrar X - habitar alojamento em condições adequadas
nas situações previstas nos incisos I, II e III do artigo de higiene e salubridade;
122 do ECA. XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
Art. 121 A internação constitui medida privativa XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua
excepcionalidade e respeito à condição peculiar crença, e desde que assim o deseje;
de pessoa em desenvolvimento. A internação
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e
pode ocorrer em caráter provisório ou estrito.
dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
§ 1º Será permitida a realização de atividades
comprovante daqueles porventura depositados em
externas, a critério da equipe técnica da entidade,
salvo expressa determinação judicial em contrário. poder da entidade;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, XVI - receber, quando de sua desinternação, os
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante documentos pessoais indispensáveis à vida em
decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses. sociedade.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
internação excederá a três anos. Os parágrafos §1º e §2º do artigo 124 estabelecem
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo ante- regras quanto à incomunicabilidade do menor apreen-
rior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em dido. A regra geral é, portanto, a vedação da incomu-
regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
nicabilidade. Entretanto, excepcionalmente, o juiz
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um
anos de idade.
poderá suspender as visitas ao adolescente, inclusive
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será de seus pais, caso considere que as visitas o prejudicam.
precedida de autorização judicial, ouvido o Minis-
tério Público, § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tem-
Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, porariamente a visita, inclusive de pais ou respon-
5
havendo outra medida adequada. A medida de inter- sável, se existirem motivos sérios e fundados de sua
-3

nação só poderá ser aplica nos casos abaixo: prejudicialidade aos interesses do adolescente.
68

Art. 125 É dever do Estado zelar pela integridade


.3

z Medida de Internação: física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as


87

medidas adequadas de contenção e segurança.


.2
63

„ I - tratar-se de ato infracional cometido median-


-4

te grave ameça ou violência a pessoa; Por fim, o artigo 125 contempla a responsabili-
„ II - por reiteração no cometimento de outras dade do Estado em zelar pela integridade física e
es

infrações graves; mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas


ed

„ III - por descumprimiento reiterado e injusticá- adequadas de contenção e segurança.


gu

vel da medida anteriormente imposta.


a

Remissão
lv

O prazo de internação por descumprimento reite-


si

rado e injustificável da medida anteriormente impos-


an

A remissão é um instituto peculiar do Estatuto da


ta não poderá ser superior a 3 meses, devendo ser Criança e do Adolescente, uma vez que não encontra
Lu

decretada judicialmente após o devido processo legal.


paralelismo com o Direito Penal.
A internação deverá ser cumprida em entida-
De acordo com o artigo 126:
de exclusiva para adolescentes, em local distinto
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa


antes de iniciado o procedimento judicial para
separação por critérios de idade, compleição física e
apuração de ato infracional, o representante
gravidade da infração (artigo 123). Durante o período
do Ministério Público poderá conceder a remissão,
de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias
como forma de exclusão do processo, atendendo
atividades pedagógicas.
às circunstâncias e consequências do fato, ao
O artigo 124 prevê o rol dos direitos assegurados
contexto social, bem como à personalidade do
pelo ECA ao adolescente em cumprimento de medida
adolescente e sua maior ou menor participa-
privativa de liberdade.
ção no ato infracional.
I - entrevistar-se pessoalmente com o represen-
tante do Ministério Público; Iniciado o procedimento, a concessão da remissão
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; pela autoridade judiciária importará na suspensão
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; ou extinção do processo. 113
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Antes do início Forma de necessitem a criança ou o adolescente dependentes
do procedimento exclusão do do agressor.
judicial processo
Remissão
Suspensão ou DO CONSELHO TUTELAR
Após o início do
procedimento extinção do
judicial processo. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autô-
nomo, não jurisdicional, encarregado pela socieda-
De acordo com o artigo 127, a remissão não impli- de de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança
ca necessariamente o reconhecimento ou comprova- e do adolescente (artigo 131).
ção da responsabilidade, nem prevalece para efeito de
antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplica- Art. 132 Em cada Município e em cada Região
Administrativa do Distrito Federal haverá, no míni-
ção de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a
mo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante
colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
da administração pública local, composto de 5 (cin-
co) membros, escolhidos pela população local para
Art. 128 A medida aplicada por força da remissão mandato de 4 (quatro) anos, permitida recondução
poderá ser revista judicialmente, a qualquer por novos processos de escolha (redação pela Lei
tempo, mediante pedido expresso do adolescen- 13.824, de 2019).
te ou de seu representante legal, ou do Ministé-
rio Público.
Das atribuições do conselho

Das medidas pertinentes aos pais ou responsáveis O artigo 136 do ECA apresenta o rol taxativo de
atribuições do Conselho Tutelar no desempenho de
Os pais ou responsáveis podem ser responsabilizados suas funções administrativas e assistenciais. As deci-
sempre que os direitos reconhecidos da criança e do ado- sões do Conselho Tutelar somente poderão ser revis-
lescente forem ameaçados ou violados. A aplicação des- tas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha
tas medidas é de competência do Conselho Tutelar. legítimo interesse.
O artigo 129 prevê o rol de medidas que poderão
ser aplicadas aos pais ou responsáveis em situação de Art. 140 São impedidos de servir no mesmo Conse-
violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. lho marido e mulher, ascendentes e descendentes,
sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante
o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta
MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU e enteado.
RESPONSÁVEIS Parágrafo único. Estende-se o impedimento do
I Encaminhamento a serviços e programas ofi- conselheiro, na forma deste artigo, em relação à
ciais ou comunitários de proteção, apoio e autoridade judiciária e ao representante do Minis-
tério Público com atuação na Justiça da Infância e
5
promoção da família;
-3

da Juventude, em exercício na comarca, foro regio-


68

II Inclusão em programa oficial ou comunitário nal ou distrital.


.3

de auxílio, orientação e tratamento a alcoóla-


87

tras e toxicômanos; ACESSO À JUSTIÇA


.2
63

III Encaminhamento a tratamento psicológico ou O acesso à justiça no âmbito do Estatuto da Criança


-4

psiquiátrico; e do Adolescente é o instrumento de proteção de qual-


es

IV Encaminhamento a cursos ou programas de quer criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao


Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer
ed

orientação;
de seus órgãos.
gu

V Obrigação de matricular o filho ou pupilo e


a

acompanhar sua frequência e aproveitamento Art. 141 É garantido o acesso de toda criança ou
lv

escolar;
si

adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério


Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus
an

VI Obrigação de encaminhar a criança ou adoles- órgãos.


Lu

cente a tratamento especializado; § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada


VII aos que dela necessitarem, através de defensor
Advertência;
público ou advogado nomeado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça
VIII Perda da guarda;
da Infância e da Juventude são isentas de custas e
XI Destituição da tutela; emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância
de má-fé.
X Suspensão ou destituição do poder familiar.
Conforme o § 1º do artigo 141, A assistência judi-
Art. 130 Verificada a hipótese de maus-tratos, ciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem,
opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou através de defensor público ou advogado nomeado.
responsável, a autoridade judiciária poderá deter- Com relação as ações judiciais da competência da
minar, como medida cautelar, o afastamento Justiça da Infância e da Juventude serão desobrigas
do agressor da moradia comum. do pagamento de custas e emolumentos, ressalvada a
Parágrafo único: Da medida cautelar constará, ain- hipótese de litigância de má-fé.
114 da, a fixação provisória dos alimentos de que
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As regras acima, no entanto, são aplicáveis aos
Importante! casos que não envolvam ato infracional, uma vez que
O STJ já decidiu que a isenção de custas e emo- o §1º estabelece que, nos casos de ato infracional,
lumentos é deferida às crianças e adolescentes será competente a autoridade do lugar da ação ou
enquanto autoras ou rés, não sendo extensível aos omissão, observadas as regras de conexão, continên-
demais sujeitos processuais que figurem no feito. cia e prevenção.
Nos casos que envolvam ato infracional, a auto-
ridade competente é a do lugar da ação ou omissão
Em regra, os menores de dezesseis anos serão (§1°).
representados e os maiores de dezesseis e menores de
vinte e um anos, assistidos por seus pais, tutores ou Dos Procedimentos
curadores, na forma da legislação civil ou processual.
É o que estabelece o artigo 142. Com base no que determina o artigo 152, as regras
Há casos, no entanto, em que os interesses dos estabelecidas no Código de Processo Civil são aplica-
menores podem vir a colidir com os de seus pais ou das subsidiariamente ao ECA quando este não regula-
responsáveis, ou, ainda, vir o menor a carecer de mentar especificamente situação condizente.
representação ou assistência legal ainda que eventual. Contudo, no que for relacionado ao regramento de
Nesses casos, o parágrafo único do artigo 142 determi- apuração de infrações e medidas de privação de liber-
na que a autoridade judiciária dê curador especial à dade, aplicar-se-ão, de forma subsidiária, as regras
criança ou adolescente. estabelecidas no Código de Processo Penal.
Os artigos 143 e 144 do ECA estabelecem regras
quanto à publicidade dos procedimentos que envol- Art. 152 Aos procedimentos regulados nesta Lei
vam menores. Estas regras possuem o objetivo de aplicam-se subsidiariamente as normas gerais pre-
proteger à condição do menor em desenvolvimento, a vistas na legislação processual pertinente.
fim de evitar que sejam atingidas a sua moral, honra
e imagem. Aos menores será assegurada a prioridade abso-
luta na tramitação dos processos e procedimentos
Art. 143 É vedada a divulgação de atos judiciais, previstos no ECA, assim como na execução dos atos e
policiais e administrativos que digam respeito a diligências judiciais a eles referentes (§1º).
crianças e adolescentes a que se atribua autoria Com relação aos prazos, serão aplicáveis aos seus
de ato infracional. procedimentos, ocasião em que serão contados em
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do
dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o
fato não poderá identificar a criança ou adoles-
dia do vencimento, sendo proibido o prazo em dobro
cente, vedando-se fotografia, referência a nome,
apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive,
para a Fazenda Pública e o Ministério Público (§2°).
iniciais do nome e sobrenome.
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
5
Art. 144 A expedição de cópia ou certidão de atos a
-3

que se refere o artigo anterior somente será deferida Adolescente


68

pela autoridade judiciária competente, se demons-


.3

trado o interesse e justificada a finalidade. O adolescente apreendido por força de ordem


87

judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade


.2

A divulgação de informações acerca de crian- judiciária, conforme previsão do artigo 171.


63

ças e adolescentes aos quais se atribua a autoria de Por sua vez, o artigo 172 descreve que o adoles-
-4

ato infracional alcança atos judiciais, policiais e cente apreendido em flagrante de ato infracional
es

administrativos. será, desde logo, encaminhado à autoridade policial


ed

Estabelece ainda a lei que as notícias não identi- competente.


gu

ficarão o menor, vedando-se fotografia, referência O policial que descumprir a regra incide na condu-
a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, ta criminosa prevista no artigo 231 do ECA:
a
lv

inclusive, iniciais do nome e sobrenome.


si

Art. 231 Deixar a autoridade policial responsável


an

Da Justiça da Infância e da Juventude pela apreensão de criança ou adolescente de fazer


Lu

imediata comunicação à autoridade judiciária


De acordo com a previsão do artigo 145, os esta- competente e à família do apreendido ou à pessoa
dos e o Distrito Federal poderão criar varas especia- por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

lizadas e exclusivas da infância e da juventude, dois anos.


cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua propor-
cionalidade por número de habitantes, dotá-las de De acordo com o artigo 173, no caso em que ocor-
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive rer fragrante de ato infracional cometido mediante
em plantões. violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
policial deverá lavrar auto de apreensão, sendo ouvi-
Competência dos as testemunhas e o adolescente (I), apreender o
produto e os instrumentos da infração (II) e requisi-
De acordo com o que dispõe o artigo 147, a compe- tar os exames ou perícias necessários à comprovação
tência para os processos da Infância e da Juventude da materialidade e autoria da infração (III).
será determinada pelo domicílio dos pais ou respon- Nas demais hipóteses de flagrante (sem violência
sáveis (I) e pelo lugar onde se encontre a criança ou ou grave ameaça) a lavratura do auto poderá ser subs-
adolescente, à falta dos pais ou responsável (II). tituída por boletim de ocorrência circunstanciada. 115
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 174 Comparecendo qualquer dos pais ou Art. 181 Promovido o arquivamento dos autos ou
responsável, o adolescente será prontamente concedida a remissão pelo representante do Minis-
liberado pela autoridade policial, sob termo de tério Público, mediante termo fundamentado, que
compromisso e responsabilidade de sua apre- conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclu-
sentação ao representante do Ministério Público, sos à autoridade judiciária para homologação.
no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão,
dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade a autoridade judiciária determinará, conforme o
do ato infracional e sua repercussão social, deva caso, o cumprimento da medida.
o adolescente permanecer sob internação para § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça,
da ordem pública. mediante despacho fundamentado, e este oferecerá
Art. 175 Em caso de não liberação, a autoridade representação, designará outro membro do Minis-
policial encaminhará, desde logo, o adolescente tério Público para apresentá-la, ou ratificará o
ao representante do Ministério Público, junta- arquivamento ou a remissão, que só então estará a
mente com cópia do auto de apreensão ou bole- autoridade judiciária obrigada a homologar.
tim de ocorrência. Art. 182 Se, por qualquer razão, o representante do
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a Ministério Público não promover o arquivamento
autoridade policial encaminhará o adolescente à ou conceder a remissão, oferecerá representação à
entidade de atendimento, que fará a apresentação autoridade judiciária, propondo a instauração de
ao representante do Ministério Público no prazo procedimento para aplicação da medida socioedu-
de vinte e quatro horas. cativa que se afigurar a mais adequada.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de § 1º A representação será oferecida por petição, que
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade conterá o breve resumo dos fatos e a classificação
policial. À falta de repartição policial especializada, do ato infracional e, quando necessário, o rol de
o adolescente aguardará a apresentação em depen- testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em
dência separada da destinada a maiores, não sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo § 2º A representação independe de prova pré-cons-
referido no parágrafo anterior. tituída da autoria e materialidade.

Caso a autoridade policial entender ser necessária O artigo 183 determina que o prazo máximo e
a não liberação do menor, este deverá ser imediata- improrrogável para a conclusão do procedimento,
mente encaminhado ao Ministério Público. Não sendo estando o adolescente internado provisoriamente,
possível o encaminhamento imediato, o prazo é de 24 será de 45 dias.
horas.
Art. 184 Oferecida a representação, a autoridade
Art. 176 Sendo o adolescente liberado, a autorida- judiciária designará audiência de apresentação do
de policial encaminhará imediatamente ao repre- adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decre-
sentante do Ministério Público cópia do auto de tação ou manutenção da internação, observado o
5
-3

apreensão ou boletim de ocorrência. disposto no artigo 108 e parágrafo.


68

Art. 177 Se, afastada a hipótese de flagrante, houver


.3

indícios de participação de adolescente na prática Caso seja oferecida a representação do adolescen-


87

de ato infracional, a autoridade policial encami- te, deverá ser designada audiência de apresentação,
.2

nhará ao representante do Ministério Público rela- na qual se decidirá pela decretação ou manutenção
63

tório das investigações e demais documentos. da internação (artigo 184).


-4

Art. 178 O adolescente a quem se atribua autoria De acordo com o §1° do artigo 184, o adolescen-
de ato infracional não poderá ser conduzido ou
es

te e seus pais ou responsável serão cientificados do


transportado em compartimento fechado de
teor da representação, e notificados a comparecer à
ed

veículo policial, em condições atentatórias à sua


audiência, acompanhados de advogado.
gu

dignidade, ou que impliquem risco à sua integrida-


de física ou mental, sob pena de responsabilidade. Caso não sejam localizados pais ou responsáveis,
a

será nomeado curador especial pela autoridade judi-


lv

Art. 179 Apresentado o adolescente, o representan-


si

te do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do ciária ao adolescente. E, caso, não seja localizado
o adolescente, será expedido mandado de busca e
an

auto de apreensão, boletim de ocorrência ou rela-


apreensão, determinando-se o sobrestamento do fei-
Lu

tório policial, devidamente autuados pelo cartório


judicial e com informação sobre os antecedentes do to, até a efetiva apresentação (§3°).
adolescente, procederá imediata e informalmente à
sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou res- Dica
ponsável, vítima e testemunhas.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o O instrumento para efetuar a prisão de maior de
representante do Ministério Público notificará os idade é o mandado de prisão.
pais ou responsável para apresentação do adoles- O instrumento para efetuar a apreensão do
cente, podendo requisitar o concurso das polícias menor é o mandado de busca e apreensão.
civil e militar.
Art. 184 [...]
Adotadas as providências descritas acima, de acor- §4° Estando o adolescente internado, será requisi-
do com o artigo 180, o representante do Ministério tada a sua apresentação, sem prejuízo da notifica-
Público poderá promover o arquivamento dos autos ção dos pais ou responsável.
(I), conceder a remissão (II) ou representar à autori- Art. 185 A internação, decretada ou mantida pela
dade judiciária para aplicação de medida socioedu- autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
116 cativa (III). estabelecimento prisional.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as ( ) CERTO  ( ) ERRADO
características definidas no art. 123, o adolescente
deverá ser imediatamente transferido para a locali- A assertiva está correta, pois corresponde à previ-
dade mais próxima. são do artigo 231 do ECA:
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável
adolescente aguardará sua remoção em repartição pela apreensão de criança ou adolescente de fazer
policial, desde que em seção isolada dos adultos e
imediata comunicação à autoridade judiciária com-
com instalações apropriadas, não podendo ultra-
passar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de petente e à família do apreendido ou à pessoa por
responsabilidade. ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois
anos. Resposta: Certo.
A internação de adolescente jamais poderá ser
realizada em estabelecimento prisional (artigo 185). Da infiltração de agentes de polícia para a
Caso não haja unidade de internação na localidade de investigação de crimes contra a dignidade sexual de
residência do menor, ele será transferido para aquela criança e de adolescente
que seja mais próxima (§1°).
Em caso de ser impossível a pronta transferência, A Lei 13.441/17 instituiu no Estatuto da Criança e
o adolescente poderá permanecer em repartição poli- do Adolescente (artigos 190-A a 190-E da Lei 8.069/90)
cial, separado dos presos maiores, pelo período máxi- a infiltração policial virtual. Esse tipo de empreita-
mo de 5 dias, sob pena de responsabilidade (§2º). da é uma nova modalidade de infiltração de agentes
policiais a ser realizada de forma virtual, por meio da
Art. 187 Se o adolescente, devidamente notificado,
internet.
não comparecer, injustificadamente à audiência de
apresentação, a autoridade judiciária designará
A infiltração consiste em técnica de investigação,
nova data, determinando sua condução coercitiva. mediante a utilização de disfarces pelos policiais a
Art. 188 A remissão, como forma de extinção ou fim de obter elementos de prova aptos a ensejarem
suspensão do processo, poderá ser aplicada em a repercussão penal dos crimes alcançados pela Lei.
qualquer fase do procedimento, antes da sentença. A infiltração, na forma do artigo 190-A, dar-se-á
para a elucidação dos seguintes crimes:
O artigo 189 estabelece que a autoridade judiciá-
ria não aplicará qualquer medida, reconhecendo na z Pedofilia (artigos 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e
sentença estar provada a inexistência do fato (I); não 241-D do ECA);
haver prova da existência do fato (II); não constituir
z Crimes contra a dignidade sexual de vulnerá-
o fato ato infracional (III); não existir prova de ter o
adolescente concorrido para o ato infracional (IV). veis: estupro de vulnerável (artigo 217-A do CP),
Nos casos acima, estando o adolescente internado, corrupção de menores (artigo 218 do CP), satisfa-
será imediatamente colocado em liberdade (parágra- ção de lascívia (artigo 218-A do CP) e favorecimen-
to da prostituição de criança ou adolescente ou de
5
fo único).
-3

Quando houver sentença aplicando medida de vulnerável (artigo 218-B do CP);


68

internação ou regime de semiliberdade, a intimação z Invasão de dispositivo informático (artigo 154-A


.3

será feita ao adolescente e ao seu defensor (I) ou


87

do CP).
quando não for encontrado o adolescente, a seus pais
.2

ou responsáveis, sem prejuízo do defensor (II).


63

Art. 190-A A infiltração de agentes de polícia na


-4

internet com o fim de investigar os crimes previs-


Art. 190 A intimação da sentença que aplicar medi- tos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B,241-C e 241-
es

da de internação ou regime de semiliberdade será


D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e
ed

feita:
218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
gu

I - ao adolescente e ao seu defensor;


1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras:
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
a

pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
lv

I - será precedida de autorização judicial devida-


si

§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação


far-se-á unicamente na pessoa do defensor. mente circunstanciada e fundamentada, que esta-
an

§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescen- belecerá os limites da infiltração para obtenção de


Lu

te, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela
da sentença. Lei nº 13.441, de 2017)
II - dar-se-á mediante requerimento do Ministério
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Público ou representação de delegado de polícia


e conterá a demonstração de sua necessidade, o
EXERCÍCIO COMENTADO alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou ape-
lidos das pessoas investigadas e, quando possível,
1. (CESPE-CEBRASPE — 2012) Se, após a regular apreen- os dados de conexão ou cadastrais que permitam
são de adolescente, a autoridade policial responsável a identificação dessas pessoas (Incluído pela Lei nº
deixar de comunicar, imediatamente, o fato à autorida- 13.441, de 2017)
de judiciária competente e à família do apreendido ou à III - não poderá exceder o prazo de 90 (noventa)
pessoa por ele indicada, o delegado de polícia, por ter dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde
a incumbência legal de ordenar a lavratura do auto de que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte)
apreensão e demais medidas dele decorrentes, será dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a
responsabilizado criminalmente por delito previsto no critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº
ECA. 13.441, de 2017) 117
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para os fins acima, consideram-se (artigo 190-A, §2°): Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
z Dados de conexão: liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar
em flagrante de ato infracional ou inexistindo
„ Informações referentes a hora, data, início, ordem escrita da autoridade judiciária competente:
término, duração, endereço de Protocolo de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
conexãos. procede à apreensão sem observância das formali-
dades legais.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
z Dados cadastrais:
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:
„ Informações referentes a nome e endereço de
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
assinante ou de usuário registrado ou auten- Art. 233. revogado
ticado para a conexão a quem endereço de IP, Art. 234.Deixar a autoridade competente, sem jus-
identificação de usuário ou código de acesso ta causa, de ordenar a imediata liberação de crian-
tenha sido atribuído no momento da conexão. ça ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da
ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Importante! Art. 235.. Descumprir, injustificadamente, prazo
fixado nesta Lei em benefício de adolescente priva-
A infiltração de agentes de polícia na internet
do de liberdade:
não será admitida se a prova puder ser obtida
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
por outros meios (§3°). Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autori-
dade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou
representante do Ministério Público no exercício de
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Os crimes e as infrações administrativas abrangem Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder
as condutas criminosas e ilegais praticadas contra a de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei
criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem pre- ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar
juízo do disposto na legislação penal. substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Art. 226 Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei
as normas da Parte Geral do Código Penal e, quan- Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
to ao processo, as pertinentes ao Código de Proces- pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
so Penal. Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem
5
Os crimes são de ação pública incondicionada,
-3

oferece ou efetiva a paga ou recompensa.


ou seja, prescindem (dispensam) de representação da
68

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato


vítima ou de seu responsável legal.
.3

destinado ao envio de criança ou adolescente para


87

Atenção para o artigo 227-A que foi incluído pela o exterior com inobservância das formalidades
Lei 18.869/2019:
.2

legais ou com o fito de obter lucro:


63

Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.


-4

Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave
inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº ameaça ou fraude:
es

2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da
ed

para os crimes previstos nesta Lei, praticados por pena correspondente à violência.
gu

servidores públicos com abuso de autoridade, são


condicionados à ocorrência de reincidência.
a

A conduta do artigo 241 visa impedir a venda de


lv

Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou


fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena
si

da função, nesse caso, independerá da pena aplica-


de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança
an

da na reincidência.
ou adolescente.
Lu

Nos tópicos que veremos a seguir, não nos resta


Art. 241 Vender ou expor à venda fotografia,
alternativa senão gravar os principais crimes e infra-
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
ções cobradas em provas. Sugerimos que faça uma
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
leitura atenta dos dispositivos e invista na resolução
adolescente:
de questões sobre o assunto. Dessa forma, você certa-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
mente estará preparado para sua prova.
Infelizmente, atualmente, por ocasião da tecnolo-
Dos Crimes em Espécie
gia e de cada vez mais o uso ser acessado por crian-
ças e adolescentes, há uma proliferação de crimes
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
cibernéticos envolvendo a pornografia com crianças
de identificar corretamente o neonato e a partu- e adolescentes.
riente, por ocasião do parto, bem como deixar de Portanto, se alguém envia pra você algum vídeo ou
proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: foto pornográfica de menor de idade e você, por sua
Pena - detenção de seis meses a dois anos. vez, compartilha, envia ou até armazena o conteúdo,
118 Parágrafo único. Se o crime é culposo: está cometendo o crime previsto no artigo 241-A.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 241-A Oferecer, trocar, disponibilizar, trans-
mitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer EXERCÍCIO COMENTADO
meio, inclusive por meio de sistema de informática
1. (CESPE-CEBRASPE — 2012) O ECA preconiza expres-
ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro
samente a responsabilidade penal do agente que
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfi-
adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
ca envolvendo criança ou adolescente: fotografia, vídeo ou outra forma de registro que conte-
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. nha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem: criança ou adolescente; há possibilidade de diminui-
I – assegura os meios ou serviços para o armaze- ção da pena, se for pequena a quantidade do material
namento das fotografias, cenas ou imagens de que apreendido, e faculta ao juiz deixar de aplicar a sanção
trata o caput deste artigo; ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colabo-
de computadores às fotografias, cenas ou imagens rar espontaneamente com as autoridades, prestando
de que trata o caput deste artigo. esclarecimentos que conduzam à apuração das infra-
§ 2° As condutas tipificadas nos incisos I e II do § ções penais, à identificação dos autores, coautores e
1º   deste artigo são puníveis quando o responsável partícipes, ou à sua localização.
legal pela prestação do serviço, oficialmente noti-
( ) CERTO  ( ) ERRADO
ficado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo
ilícito de que trata o caput deste artigo.
Não há previsão da faculdade de substituição por
pena restritiva de direitos, nem, tampouco previsão
Acerca dos delitos relacionados à pornografia de delação premiada no artigo 241-B do ECA. Res-
infantil, importa citar o informativo nº 335 do STJ posta: Errado.
que determinou: compete à Justiça Federal proces-
sar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar Art. 241-C Simular a participação de criança ou
ou adquirir material pornográfico envolvendo crian- adolescente em cena de sexo explícito ou pornográ-
fica por meio de adulteração, montagem ou modifi-
ça ou adolescente [artigos 241, 241-A e 241-B da Lei
cação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma
8.069/1990] quando praticados por meio da rede de representação visual:
mundial de computadores. Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
Art. 241-B Adquirir, possuir ou armazenar, por vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publi-
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de ca ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou
registro que contenha cena de sexo explícito ou por- armazena o material produzido na forma do caput
deste artigo.
nográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 241-D Aliciar, assediar, instigar ou constran-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e ger, por qualquer meio de comunicação, criança,
5
multa.
-3

com o fim de com ela praticar ato libidinoso:


68

§ 1° A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
.3

terços) se de pequena quantidade o material a Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
87

que se refere o caput deste artigo I – facilita ou induz o acesso à criança de material
.2

§ 2° Não há crime se a posse ou o armazenamento contendo cena de sexo explícito ou pornográfica


63

com o fim de com ela praticar ato libidinoso;


tem a finalidade de comunicar às autoridades
-4

II – pratica as condutas descritas no caput deste


competentes a ocorrência das condutas descritas artigo com o fim de induzir criança a se exibir de
es

nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando forma pornográfica ou sexualmente explícita.
ed

a comunicação for feita por: Art. 241-E Para efeito dos crimes previstos nesta
gu

I – agente público no exercício de suas funções; Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou porno-
II – membro de entidade, legalmente constituída, gráfica” compreende qualquer situação que envol-
a
lv

que inclua, entre suas finalidades institucionais, o va criança ou adolescente em atividades sexuais
si

explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos


recebimento, o processamento e o encaminhamen-
órgãos genitais de uma criança ou adolescente
an

to de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;  para fins primordialmente sexuais.
Lu

III – representante legal e funcionários res- Art. 242 Vender, fornecer ainda que gratuitamente
ponsáveis de provedor de acesso ou serviço ou entregar, de qualquer forma, a criança ou ado-
prestado por meio de rede de computadores, até lescente arma, munição ou explosivo:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

o recebimento do material relativo à notícia feita Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Art. 243 Vender, fornecer, servir, ministrar ou
entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer for-
Poder Judiciário.
ma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou,
§ 3° As pessoas referidas no § 2° deste artigo deve-
sem justa causa, outros produtos cujos componen-
rão manter sob sigilo o material ilícito referido. tes possam causar dependência física ou psíquica:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
Quanto ao crime previsto no artigo 241-A (divulga- ta, se o fato não constitui crime mais grave.
ção de imagem pornográfica de adolescente via What- Art. 244 Vender, fornecer, ainda que gratuitamente,
sApp e Facebook), a competência para julgamento, em ou entregar, de qualquer forma, a criança ou ado-
lescente fogos de estampido ou de artifício, exceto
regra, é da justiça estadual. Todavia, será da Justiça aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
Federal nas hipóteses em que estiver evidenciada a incapazes de provocar qualquer dano físico em
internacionalidade da conduta. caso de utilização indevida: 119
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Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. é primordial entender sua estrutura e identificar as
Art. 244-A Submeter criança ou adolescente, como ideias mais importantes da legislação, uma vez que
tais definidos no caput do art. 2 desta Lei, à prosti- as bancas tendem a cobrar o que se denomina “lite-
tuição ou à exploração sexual: ralidade das ideias”, ou seja, os pontos principais de
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além cada artigo com base em sua estrutura, não havendo,
da perda de bens e valores utilizados na prática cri- para tanto, a necessidade de decorá-los. Consideran-
minosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança do as peculiaridades envolvendo o concurso e o cargo
e do Adolescente da unidade da Federação (Estado almejado, o estudo deve ter especial atenção à parte
ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, relativa aos crimes (artigos 93 a 108).
ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
§ 1  o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o
NOÇÕES GERAIS DO DIREITO DO IDOSO
gerente ou o responsável pelo local em que se veri-
fique a submissão de criança ou adolescente às prá-
ticas referidas no caput deste artigo. O Estatuto do Idoso é dividido em 7 (sete) partes:
§ 2  o  Constitui efeito obrigatório da condenação a
cassação da licença de localização e de funciona- 1. Disposições Preliminares: estabelece os concei-
mento do estabelecimento. tos iniciais e as regras de interpretação.
Art. 244-B Corromper ou facilitar a corrupção de 2. Direitos Fundamentais: elenca e disciplina os
menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando direitos à vida; à liberdade; ao respeito e à digni-
infração penal ou induzindo-o a praticá-la: dade; aos alimentos; à saúde; à educação, a cul-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. tura, ao esporte e lazer; à profissionalização e ao
§ 1° Incorre nas penas previstas no caput deste trabalho; à previdência social; à assistência social;
artigo quem pratica as condutas ali tipificadas uti- à habitação e ao transporte.
lizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive 3. Medidas de Proteção: cuida dos meios de prote-
salas de bate-papo da internet. ção sempre que os direitos fundamentais dos ido-
§ 2° As penas previstas no caput deste artigo são sos forem ameaçados ou violados.
aumentadas de um terço no caso de a infração 4. Política de Atendimento ao Idoso: disciplina
cometida ou induzida estar incluída no rol do art. as linhas de ação da política de atendimento; as
1º da Lei n 8.072, de 25 de julho de 1990 .  entidades de atendimento ao idoso; os meios de
fiscalização dessas entidades; as infrações admi-
Segundo a Súmula nº 500 do STJ, a configuração do nistrativas; a apuração administrativa de infração
crime previsto no artigo 244-B (corrupção de meno- às normas de proteção ao idoso e a apuração judi-
res) do Estatuto da Criança e do Adolescente indepen- cial de irregularidades das entidades.
de da prova da efetiva corrupção do menor, por se
5. Acesso à Justiça: estabelecem desde a tramitação
tratar de delito formal.
prioritária às regras de proteção e órgão compe-
tente por sua promoção.
6. Crimes: tipifica os crimes praticados contra as pes-
soas idosas.
LEI FEDERAL Nº 10.741/2003
5
-3

7. Disposições Finais e Transitórias: cuida das


(ESTATUTO DO IDOSO)
68

regras de transição e demais modificações legisla-


.3

tivas feitas pelo Estatuto em outras leis.


Embora os direitos fundamentais sejam univer-
87

sais, por serem inerentes à condição de pessoa, houve


.2

O conceito da pessoa idosa é encontrado no artigo


a necessidade de criação de mecanismos de proteção
63

de alcance especial, levando em conta as peculiarida- 1º do Estatuto. Considera-se idoso a pessoa com ida-
-4

des de determinados grupos, como o das mulheres, o de igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Trata-se,
portanto, de um critério cronológico por levar em
es

das crianças, o dos idosos, o das pessoas com deficiên-


consideração apenas a idade biológica da pessoa, des-
ed

cia, o dos grupos étnicos minoritários, como os indíge-


nas, ou em razão da raça, cor descendência ou origem cartando qualquer outro critério para apuração como
gu

nacional ou étnica, entre outros. o físico e o psicológico por exemplo.


a

Cumpre esclarecer, no entanto, que o sistema de


lv

proteção especial não tem como objetivo relativizar as


si

peculiaridades sociais e culturais de determinado gru- Importante!


an

po, mas aumentar o alcance de proteção dos direitos


Lu

humanos em razão das particularidades existentes. Embora o Estatuto fixe a idade de 60 anos ou
Nesta ótica, a Constituição Federal de 1988 deu mais, isso não impede que outras leis fixem ida-
amparo aos direitos da pessoa idosa, ao estabelecer des distintas, desde que estas não se refiram,
que compete aos filhos o dever de prestar auxílio e exatamente, à pessoa idosa, ou seja, tenham
amparo aos pais na velhice, carência e enfermidade relação apenas com a idade e não com o fato de
(artigo 229), bem como é dever da família, da socieda-
de e do Estado prestar assistência ao idoso, de modo a a pessoa ser idosa. São exemplos importantes:
garantir sua participação na comunidade, garantindo- � 65 (sessenta e cinco) anos para ter direito ao
-lhe o direito à vida, a dignidade e o bem estar. benefício do transporte coletivo público gratuito,
Em razão desta proteção constitucional, foi elabo- conforme a Constituição;
rada a Política Nacional do Idoso por meio da Lei nº � 65 (sessenta e cinco) anos para ter direito ao
8.842/1994. No entanto, o sistema de proteção da pes- Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei
soa idosa, no Brasil, somente foi aperfeiçoado com a
Orgânica da Assistência Social;
Lei nº 10.741/2003, também denominada de “Estatuto
do Idoso”. � 70 (setenta) anos, na data da sentença, para
Antes de iniciarmos o estudo desse Estatuto, é pre- reduzir pela metade o prazo prescricional, con-
120 ciso ter em mente que, para melhor compreendê-lo, forme o Código Penal.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O artigo 2° é uma regra de interpretação extre-
mamente importante, pois, mesmo tendo o Esta-
tuto o objetivo de trazer um sistema de proteção
Maior Prioridade
específica para o idoso, ele não exclui a aplicação de
prioridade
outras regras inerentes a todas as pessoas. Explican-
do melhor: os sistemas de proteção geral (aplicável 80 anos ou 60 anos ou
a todas as pessoas) e o especial (aplicável a pessoas mais mais
determinadas em razão de peculiaridades) não são
dicotômicos. Na realidade, eles se complementam.
Com relação aos artigos 4º e 5º do Estatuto, eles
Como consequência, não é porque existe um sistema
prosseguem, trazendo direitos protetivos ao idoso,
de proteção próprio ao idoso que este será excluído da
afirmando que estas pessoas não poderão sofrer qual-
proteção trazida pela Constituição Federal, por exem-
quer tipo de negligência, discriminação ou violência
plo, no que tange aos direitos e garantias individuais e que a inobservância das normas de prevenção terá,
e coletivos. Portanto, as pessoas idosas possuem todos como consequência, a responsabilização da pessoa
os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, física ou jurídica em conformidade com o estabeleci-
sem prejuízo, porém, da proteção integral do Estatuto, do em lei.
que é mais específica e leva em consideração as pró- O artigo 6º do Estatuto, por sua vez, apresenta o
prias peculiaridades. instituto da delatio criminis (comunicação do crime).
Neste mesmo sentido, está o artigo 3º do Estatuto, Trata-se da possibilidade de qualquer pessoa levar ao
deixando claro o caráter complementar do sistema de conhecimento das autoridades públicas qualquer for-
proteção ao reafirmar que o idoso possui, além dos ma de violação ao Estatuto.
direitos intrínsecos a todas as pessoas, um sistema Já o artigo 7° remete à Lei nº 8.842/1994, que trata
próprio de proteção. O parágrafo primeiro apresenta sobre a Política Nacional do Idoso, cuja responsabili-
as diversas garantias deste sistema especial de prote- dade por zelar pelo cumprimento dos direitos dos ido-
ção. São elas: sos cabe aos Conselhos Nacionais, Estaduais, Distritais
e Municipais do Idoso.
z Atendimento preferencial, imediato e indivi- Com relação aos Direitos Fundamentais, estes
dualizado, junto aos órgãos públicos e privados estão elencados nos artigos 8º ao 42 do Estatuto, de
modo a estabelecer as diretrizes a respeito dos direi-
prestadores de serviços à população;
tos à vida; à liberdade; ao respeito e à dignidade;
z Preferência na formulação e na execução de polí-
aos alimentos; à saúde; à educação, cultura, espor-
ticas sociais públicas específicas;
te e lazer; à profissionalização e ao trabalho; à pre-
z Destinação privilegiada de recursos públicos
vidência social; à assistência social; à habitação e
nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso; ao transporte.
z Viabilização de formas alternativas de par- O direito à vida encontra-se previsto nos artigos
5
-3

ticipação, ocupação e convívio do idoso com as 8º e 9º. Trata-se do direito de maior importância, pois
68

demais gerações; é dele que decorrem os demais direitos. Como a vida


.3

z Priorização do atendimento do idoso por sua pró- é inviolável, envelhecer de forma digna é uma conse-
87

pria família, em detrimento do atendimento asilar, quência e um direito personalíssimo, cuja proteção é
.2

exceto dos que não a possuam ou careçam de con- um direito social. Além disso, é dever do Estado garan-
63

dições de manutenção da própria sobrevivência; tir aos idosos a proteção não só à vida, como também
-4

z Capacitação e reciclagem dos recursos humanos à saúde, por meio de efetivações de políticas sociais
es

nas áreas de geriatria e gerontologia e na presta- públicas que possam permitir o envelhecimento sau-
ed

ção de serviços aos idosos; dável e em condições dignas.


gu

z Estabelecimento de mecanismos que favore- Os direitos à liberdade, ao respeito e à dignida-


de estão disciplinados no artigo 10 do Estatuto, o qual
a

çam a divulgação de informações de caráter


lv

educativo sobre os aspectos biopsicossociais de estabelece, como obrigação do Estado e da sociedade,


si

a garantia desses direitos. A pessoa idosa é sujeita de


envelhecimento;
an

direitos civis, políticos, individuais e sociais, sendo


z Garantia de acesso à rede de serviços de saúde e
Lu

dever de todas as pessoas zelarem por sua dignida-


de assistência social locais;
de, colocando-a a salvo de qualquer tratamento tido
z Prioridade no recebimento da restituição do
como desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
Imposto de Renda.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

constrangedor.
No que se refere ao direito de liberdade, este
Dica compreende os seguintes aspectos:
O sistema especial de proteção dos direitos não
z faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi-
exclui o sistema geral de proteção, uma vez que cos e espaços comunitários, ressalvadas as restri-
ambos se complementam. ções legais;
z opinião e expressão;
Outra regra importante é a trazida pelo parágrafo z crença e culto religioso;
segundo do artigo 3º, prevendo que o idoso com mais z prática de esportes e de diversões;
de 80 (oitenta) anos deve gozar de prioridade espe- z participação na vida familiar e comunitária;
cial, de modo a atender suas necessidades de forma z participação na vida política, na forma da lei;
preferencial em relação ao demais. z faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. 121
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Com relação ao direito ao respeito, ele versa Vale frisar que o idoso tem o direito de optar pelo
sobre a inviolabilidade da integridade física, psíquica tratamento de saúde que considere mais favorável.
e moral do idoso, de modo a englobar a preservação
de sua imagem, identidade, autonomia, valores, ideias z Quando o idoso não puder optar pelo tratamento
e crenças, espaços e objetos pessoais. que lhe seja mais favorável, isso será feito:
Nos artigos 11 ao 14, estão disciplinados o direito
aos alimentos. Por estes dispositivos, são assegura- „ pelo curador: quando o idoso for interditado;
dos aos idosos à prestação de alimentos quando deles „ pelos familiares: quando o idoso não tiver
necessitar, na forma estabelecida pelo Código Civil. curador ou este não puder ser contactado em
Trata-se de uma obrigação solidária, podendo a pes- tempo hábil;
soa idosa optar entre os prestadores e, no caso destes „ pelo médico: quando ocorrer iminente risco de
familiares não possuírem condições econômicas de vida e não houver tempo hábil para consulta a
proverem o sustento dela, compete ao Poder Público curador ou familiar;
esse provimento (âmbito da Assistência Social). „ pelo próprio médico: quando não houver
O direito à saúde está previsto nos artigos 15 curador ou familiar conhecido, fato que deve
ao 19 do Estatuto. Trata-se de um direito universal, ser comunicado ao Ministério Público.
pois são garantidas às pessoas de modo geral, estan-
do, também, arrolado na Constituição Federal como Ademais, o Estatuto determina que, em casos de
um direito social. Aos idosos é garantida por meio do violência praticada contra o idoso (suspeita ou con-
Sistema Único de Saúde (SUS) a atenção integral da firmação), os serviços de saúde públicos e privados
saúde, sendo-lhes assegurados o acesso universal e deverão notificar compulsoriamente à autoridade
igualitário, as ações e serviços para prevenção, pro- sanitária e comunicar qualquer um dos seguintes
moção, proteção e recuperação à saúde, com atenção órgãos: autoridade policial, Ministério Público, Conse-
especial às doenças que afetam preferencialmente os lho Municipal do Idoso, Conselho Estadual do Idoso ou
idosos. Conselho Nacional do Idoso.
Para a prevenção e manutenção da saúde, o Esta-
tuto estabelece as seguintes medidas: z Violência contra o idoso:

z Cadastramento da população idosa em base


Suspeita ou confirmação
territorial;
z Atendimento geriátrico e gerontológico em Serviços de saúde Notificar
ambulatórios; públicos e privados Autoridade sanitária Comunicar
z Unidades geriátricas de referência, com pessoal Autoridade policial;
especializado nas áreas de geriatria e gerontologia Ministério Público;
Conselho Municipal
social; do Idoso;
z atendimento domiciliar, incluindo a internação, Conselho Estadual
5
para a população que dele necessitar e esteja do Idoso;
-3

Conselho Nacional
impossibilitada de se locomover, inclusive para
68

do Idoso.
idosos abrigados e acolhidos por instituições
.3

públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e,


87

Os artigos 20 a 25 disciplinam o direito à educa-


eventualmente, conveniadas com o Poder Público
.2

ção, cultura, esporte e lazer, de modo a respeitar sua


63

nos meios urbano e rural;


peculiar condição de idade. Para tanto, cabe ao Poder
-4

z reabilitação orientada pela geriatria e geronto- Público criar as oportunidades de acesso, adequando
logia, para redução das sequelas decorrentes do
es

currículos, metodologias e material didático aos pro-


agravo da saúde. gramas educacionais destinados aos idosos. Para que
ed

a participação dos idosos nas atividades culturais e de


gu

O Estatuto estabelece a responsabilidade do lazer ocorra adequadamente, o Estatuto estabelece


a

Poder Público em fornecer gratuitamente aos idosos descontos de, pelo menos, 50% (cinquenta por cento)
lv

medicamentos (como os de uso continuado), próte- nos ingressos para eventos artísticos, culturais, espor-
si

ses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, tivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos
an

habilitação ou reabilitação, bem como de assegurar respectivos locais.


Lu

aos idosos enfermos o atendimento domiciliar pela O direito à profissionalização e ao trabalho


perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social encontra-se previsto nos artigos 26 a 28 do Estatuto.
(INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo serviço Trata-se do direito ao exercício de atividade profis-
privado de saúde, contratado ou conveniado, para sional, em respeito as suas condições físicas, intelec-
expedição do laudo de saúde necessário ao exercício tuais e psíquicas, de modo a vedar a discriminação e
de seus direitos sociais e de isenção tributária. a fixação de limite máximo de idade, inclusive para
Além disso, aos maiores de oitenta anos, o atendi- concursos públicos, salvo nos casos em que a nature-
mento é preferencial aos demais idosos, salvo nos za do cargo o exigir. Ressalta-se, inclusive, que o pri-
casos de emergência. O Estatuto assegura, também, ao meiro critério de desempate em concurso público é o
idoso internado o direito a acompanhante, devendo o critério etário, dando-se preferência ao de idade mais
órgão de saúde disponibilizar as condições adequadas elevada.
a sua permanência em tempo integral. Ele estabelece, Os artigos 29 a 32 disciplinam o direito à Previ-
ainda, algumas vedações, como: a discriminação dos dência Social, de maneira que, para a concessão dos
idosos nos planos de saúde (cobrança de valores dife- benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral
renciados em razão da idade), a exigência de o idoso da Previdência Social, deve-se observar os critérios de
122 enfermo comparecer perante os órgãos públicos etc. cálculo que preservem o valor real dos salários sobre
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
os quais incidiram contribuição, garantindo-lhes o „ Reserva de 10% dos assentos nos transportes
devido reajuste. coletivos.
O direito à Assistência Social, assim como o
direito à Previdência Social, integra o subsistema z Entre 60 e 65 anos:
da Seguridade Social e faz parte do rol dos direitos
sociais previstos no artigo 6º da Constituição Federal. „ legislação local disporá sobre as condições
No Estatuto, ele se encontra previsto nos artigos 33 a para exercício da gratuidade nos meios de
36, garantindo o direito dos idosos que não possuam transporte.
meios para prover sua subsistência (diretamente ou
por familiar), a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, ao z Estacionamentos públicos e privados:
benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo (benefício
de prestação continuada, estabelecido na Lei Orgâni- „ reserva de 5% (cinco por cento) das vagas, as
ca da Assistência Social – BPC/LOAS). quais deverão ser posicionadas de forma a
Os artigos 37 e 38 tratam do direito à habitação,
garantir a melhor comodidade ao idoso.
ou seja, a moradia digna em família, natural ou subs-
tituta, ou desacompanhado (quando o idoso assim o
z Transporte Coletivo Interestadual:
desejar) ou, ainda, em instituição pública ou privada.
Além disso, a pessoa idosa goza de prioridade na
„ legislação local disporá sobre as condições
aquisição de moradia própria nos programas habita-
para exercício da gratuidade nos meios de
cionais (públicos ou subsidiados com recursos públi-
cos), observando, para tanto, o seguinte: transporte;
„ desconto de 50%, no mínimo, no valor das pas-
z reserva de pelo menos 3% (três por cento) das uni- sagens, para os idosos que excederem as vagas
dades habitacionais residenciais para atendimen- gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois)
to aos idosos; salários-mínimos.
z implantação de equipamentos urbanos comunitá-
rios voltados ao idoso; Com relação às Medidas de Proteção, estas estão
z eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanís- disciplinadas nos artigos 43 ao 68 do Estatuto. Tratam-
ticas, para garantia de acessibilidade ao idoso; -se dos meios aplicáveis sempre que os direitos dos ido-
z critérios de financiamento compatíveis com os sos sofrerem ameaça ou violação por ação ou omissão
rendimentos de aposentadoria e pensão. da sociedade ou do Estado, ou por falta, omissão ou
abuso da família, curador ou entidade de atendimen-
Por fim, os artigos 39 e 42 tratam do direito ao to ou em razão de sua condição pessoal. Caso ocorra
transporte. O Estatuto assegura a gratuidade dos ameaça ou violação, cabe ao Ministério Público ou ao
transportes coletivos públicos urbanos e semiurba- Poder Judiciário, a requerimento daquele, determi-
nos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando nar, algumas medidas, entre as quais se destacam:
5
prestados paralelamente aos serviços regulares aos
-3

maiores de 65 (sessenta e cinco) anos, bastando apre- z encaminhamento à família ou curador, mediante
68

sentar qualquer documento pessoal que faça prova termo de responsabilidade;


.3

de sua idade. Para tanto, deve ser reservado 10% (dez


87

z orientação, apoio e acompanhamento temporários;


por cento) dos assentos para os idosos (identificados
.2

z requisição para tratamento de sua saúde, em regi-


63

com a placa de reservado, preferencialmente, para me ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;


-4

idosos). Aos idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e z inclusão em programa oficial ou comunitário
cinco) incompletos, ficará a critério da legislação local de auxílio, orientação e tratamento de usuários
es

a concessão ou não da gratuidade. dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao pró-


ed

No caso de transporte coletivo interestadual, este prio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe
gu

deve estabelecer (nos termos da legislação específica)


cause perturbação;
a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para
a

z abrigo em entidade;
lv

idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-


si

z abrigo temporário.
-mínimos. Ademais, desconto de 50% (cinquenta por
an

cento), no mínimo, no valor das passagens para os ido-


Lu

O Estatuto dispõe acerca das Medidas Específi-


sos que excederem as vagas gratuitas com renda igual
ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. cas de Proteção, que podem ser aplicadas, isolada ou
O Estatuto também assegura ao idoso a reserva de cumulativamente, levando em conta os fins sociais a
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos que se destinam e o fortalecimento dos vínculos fami-
públicos e privados, posicionadas de forma a garantir liares e comunitários.
a melhor comodidade ao idoso, nos termos de legisla- No que se refere à política de atendimento ao
ção local, além de prioridade à segurança nos procedi- idoso, esta será feita por meio do conjunto articula-
mentos de embarque e desembarque nos veículos do do de ações governamentais e não governamentais
sistema de transporte coletivo. dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal
Para te ajudar a assimilar, organizamos essa parte e Municípios), tendo em vista as seguintes linhas de
do conteúdo em tópicos: atendimento:

z Maior que 65 anos: z políticas sociais básicas, previstas na Lei nº


8.842/94 (Política Nacional do Idoso);
„ gratuidade dos transportes coletivos públicos z políticas e programas de assistência social, em
urbanos e semi-urbanos; caráter supletivo, para aqueles que necessitarem; 123
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z serviços especiais de prevenção e atendimento às z manter arquivo de anotações, constando data e
vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, circunstâncias do atendimento, nome do idoso,
abuso, crueldade e opressão; responsável, parentes, endereços, cidade, relação
z serviço de identificação e localização de parentes
de seus pertences, bem como o valor de contribui-
ou responsáveis por idosos abandonados em hos-
ções e suas alterações, se houver, e demais dados
pitais e instituições de longa permanência;
z proteção jurídico-social por entidades de defesa que possibilitem sua identificação e a individuali-
dos direitos dos idosos; zação do atendimento;
z mobilização da opinião pública no sentido da par- z comunicar ao Ministério Público, para as provi-
ticipação dos diversos segmentos da sociedade no dências cabíveis, a situação de abandono moral ou
atendimento do idoso. material por parte dos familiares;
z manter, no quadro de pessoal, profissionais com
Assim como as políticas de atendimento, as entida-
formação específica.
des de atendimento responsáveis pela manutenção
das próprias unidades deverão observar as normas de
planejamento e execução da Lei nº 8.842/94 (Política
Nacional do Idoso). Importante
Cumpre mencionar que as entidades governamen-
Se a entidade descumprir as determinações que
tais e não governamentais de atendimento ao idoso
serão fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministério constam no art. 50, ficará sujeita à pena de multa.
Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei. Se o fato constituir em crime, pode haver, ain-
Para efetivação da proteção, o Estatuto do Idoso da, a interdição do estabelecimento até que
estabelece 3 (três) infrações administrativas.
sejam cumpridas as exigências legais e os ido-
Infrações sos serão transferidos para outra instituição
Administrativas (os custos serão arcados pelo estabelecimento
interditado).

Art. 56 Art. 57 Art. 58 A segunda infração está no artigo 57 e refere-se


ao fato de o profissional de saúde ou o responsável
A primeira infração está prevista no artigo 56 e por estabelecimento de saúde ou instituição de lon-
guarda relação com o descumprimento das seguintes ga permanência ter deixado de comunicar à autori-
obrigações pelas entidades de atendimento: dade competente os casos de crimes contra idoso de
que tiver conhecimento. Trata-se de uma infração
Obrigações Das Entidades De Atendimento (Art. 50):
5
com pena de multa, aplicada em dobro no caso de
-3
68

z Celebrar contrato escrito de prestação de serviço reincidência.


.3

com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as O artigo 58 do Estatuto traz a terceira e última
87

obrigações da entidade e prestações decorrentes do infração, que ocorre quando se deixa de cumprir
.2

contrato com os respectivos preços se for o caso;


63

as determinações do Estatuto sobre a prioridade no


z observar os direitos e as garantias de que são titu-
-4

lares os idosos; atendimento ao idoso, punida com pena de multa e


es

z fornecer vestuário adequado (se for pública) e ali- multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano
mentação suficiente;
ed

sofrido pelo idoso.


z oferecer instalações físicas em condições adequa-
gu

As regras atinentes à apuração administrativa de


das de habitabilidade;
infração às normas de proteção ao idoso estão dis-
a

z oferecer atendimento personalizado;


lv

z diligenciar no sentido da preservação dos vínculos ciplinadas nos artigos 59 a 63 do Estatuto. Nesta parte,
si

familiares; são estabelecidas atualizações monetárias anuais dos


an

z oferecer acomodações apropriadas para recebi-


Lu

mento de visitas; valores das multas e o procedimento para a imposição


z proporcionar cuidados à saúde, conforme a neces- de penalidade administrativa por infração às normas
sidade do idoso; de proteção ao idoso, tendo início com requisição do
z promover atividades educacionais, esportivas, cul- Ministério Público ou auto de infração, elaborado por
turais e de lazer;
z propiciar assistência religiosa àqueles que deseja- servidor efetivo e assinado por duas testemunhas (se
rem, de acordo com suas crenças; possível).
z proceder a estudo social e pessoal de cada caso; O procedimento de apuração tem início com o
z comunicar à autoridade competente de saúde auto de infração, que deverá ser lavrado dentro de
toda ocorrência de idoso portador de doenças
infectocontagiosas; 24 (vinte e quatro) horas da verificação da infração,
z providenciar ou solicitar que o Ministério Público salvo motivo justificado. Após a lavratura do auto, o
requisite os documentos necessários ao exercício autuado terá prazo de 10 (dez) dias, contado da data
da cidadania àqueles que não os tiverem na forma
da intimação para a apresentação da defesa. Para a
da lei;
z fornecer comprovante de depósito dos bens sua apuração, aplicam-se, subsidiariamente, as dispo-
124 móveis que receberem dos idosos; sições das Leis nº 6.437/77 e nº 9.784/99.
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CRIMES
� Auto de Infração
O Estatuto disciplina os crimes contra os idosos nos
artigo 96 a 108. Antes, porém, estabelece três regras
Lavratura
24 horas da infranção importantes de interpretação:

Art. 93 Aplicação subsidiária da Lei n°


7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública) no que
10 dias da intimação
couber.

� Apresentação de
defesa

Art. 94 Aplicação do procedimento previsto na


Lei n°9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais)
aos crimes cuja pena máxima privativa de
liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos.
� Decisão
Aplicação subsidiária
das Leis n°6.437/77 e
9.784/99

Art. 95 Os crimes trazidos pelo Estatuto são de


Por fim, o procedimento de apuração judicial da
Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja,
irregularidade, quer em entidade governamental,
compete ao Ministério Público promover a ação
quer em entidade não governamental de atendimento independentemente da vontade da vítima,
ao idoso, iniciará mediante petição fundamentada de excluindo a aplicação dos artigos 181 e 182 do
pessoa interessada ou iniciativa do Ministério Públi- Código Penal.
co. É cabível a liminar para afastamento provisório
do dirigente da entidade ou outras medidas que jul-
gar adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso, Embora o Estatuto do Idoso estabeleça o rito
mediante decisão fundamentada depois de ouvido o sumaríssimo do juizado aos crimes cuja pena máxi-
Ministério Público. ma privativa de liberdade não exceda 4 (quatro) anos,
O dirigente da entidade deverá ser citado para a transação penal, que é medida despenalizadora, só
oferecer resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias, é cabível aos crimes de menor potencial ofensivo, ou
podendo, inclusive, juntar documentos e indicar as seja, cuja pena máxima não utrapasse 2 (dois) anos.
5
provas a produzir. Após a apresentação da defesa, Entende-se por transação penal o acordo entre o acu-
-3

sado (autor do fato) e Ministério Público, por meio do


68

o juiz designará audiência de instrução e julgamen-


qual este último submete o acusado ao cumprimento
.3

to e deliberará sobre a necessidade de produção de


87

outras provas. As alegações finais deverão ser presta- de determinada medida alternativa, com o objetivo
.2

das pelas partes e pelo Ministério Público em 5 (cinco) de evitar a instauração de um processo, sem, contudo,
63

dias, salvo manifestação em audiência. Caso ocorra o ocorrer à admissão de culpa.


-4

afastamento provisório ou definitivo de dirigente de Os artigos 181 e 182 tratam de hipóteses de imuni-
dade absoluta (art. 181) e relativa (art. 182). Vejamos:
es

entidade governamental, o juiz oficiará a autoridade


ed

administrativa imediatamente superior ao afastado,


Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer
gu

dando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para pro-


dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I -
ceder à substituição.
a

do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;


lv

No que se refere à parte atinente ao Acesso à Jus-


si

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco


tiça, o Estatuto estabelece que se aplique, subsidiaria-
an

legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.


mente, o procedimento sumário, previsto no Código Art. 182 Somente se procede mediante representa-
Lu

de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos ção, se o crime previsto neste título é cometido em
previstos no Estatuto. Assegura, ainda, prioridade na prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente
tramitação dos processos e procedimentos e na exe- separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III -
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cução dos atos e diligências judiciais em que figure de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
como parte ou interveniente pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instân- Portanto, qualquer crime praticado contra o idoso
cia. Caso o idoso possua mais de oitenta anos, a ele (de caráter patrimonial ou não, com ou sem violência
será dado prioridade especial. ou grave ameaça), é de ação pública incondicionada.
Salienta-se, por necessário, que o próprio artigo
Dica 183 do Código Penal já trazia essa previsão do artigo
95 do Estatuto de forma expressa, ou seja, vedava a
A prioridade de tramitação não encerra com a aplicação da imunidade trazida pelos artigos 181 e
morte do idoso, estendendo-se em favor do côn- 182 do Código Penal quando o crime é praticado con-
juge ou companheiro (a) maior de 60 (sessenta) tra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos. anos. 125
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Vamos, agora, ao estudo dos crimes em espécie: Os artigos 97, 98 e 99 do Estatuto tratam, em sín-
tese, da proteção à saúde física e psíquica do idoso.
Art. 96 Discriminar pessoa idosa, impedindo ou Compete a eles disciplinar as formas de violência que
dificultando seu acesso a operações bancárias, atente contra a saúde do idoso, ou seja, aquelas que,
aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por ação ou omissão, lhes cause morte, dano ou sofri-
por qualquer outro meio ou instrumento necessá- mento físico ou psicológico.
rio ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Art. 97 Deixar de prestar assistência ao idoso,
multa. quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situa-
ção de iminente perigo, ou recusar, retardar ou difi-
Um ponto importante, nesse dispositivo, é relativo cultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou
ao conceito de discriminar. Entende-se como discri- não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade
minação toda distinção, exclusão ou restrição basea- pública:
da na idade da vítima do delito. Aqui, o agente (autor Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
do fato) cria empecílios (dificulta ou impede) seu aces- multa.
so a operações bancárias, aos meios de transporte, ao
direito de contratar ou ao exercício de sua cidadania. O crime do artigo 97 do Estatuto é um crime prati-
Cumpre esclarecer que a expressão “meios de cado por omissão (deixar de prestar assistência) quan-
transporte”, trazida pelo Estatuto, é bem ampla, por do se tem a possiblidade de fazê-lo sem qualquer risco
envolver todos os meios de transporte aéreos, terres- pessoal, podendo ser cometido de três formas distin-
tres, marítimos, sejam eles individuais ou coletivos, tas. A primeira refere-se à conduta omissa quando o
públicos ou privados. idoso está em iminente perigo, isto é, o perigo que
Quanto à definição do “direito de contratar”, trata- está prestes a ocorrer. A segunda forma ocorre quan-
-se da faculdade legal de celebração dos negócios jurí- do o agente recusa, retarda ou dificulta, sem justa
dicos. Já a expressão “exercício da cidadania”, guarda causa, a assistência à saúde do idoso, sem que exista
relação a tudo aquilo ligado ao status de indivíduo, ou qualquer tipo de impedimento. A terceira forma de
seja, ao pleno gozo dos direitos políticos e civis. incriminação é a conduta de não pedir socorro à auto-
O crime tipificado no artigo 96 do Estatuto é um ridade pública.
crime comum, isto é, que pode ser praticado por O fato de o agente não prestar assistência ao ido-
qualquer pessoa, não exigindo qualidade especial do so devido ao risco a sua integridade não o exime de
autor do delito. Porém, exige-se que a prática do cri- pedir socorro a uma autoridade competente.
me tenha um especial fim: que intenção seja motivada Cabe mencionar que, considerando a pena máxima
pela idade (dolo em razão da idade). cabível, trata-se de uma infração de menor potencial
ofensivo e, portanto, sujeita às medidas despenaliza-
§ 1° Na mesma pena incorre quem desdenhar, humi- doras da Lei nº 9.099/95.
lhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por
5
qualquer motivo. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade,
-3

se da omissão resulta lesão corporal de natureza


68

O parágrafo primeiro trouxe uma conduta equi- grave, e triplicada, se resulta a morte.
.3

parada à discriminação. Trata-se do tratamento de


87

desdém, menosprezo ou humilhação contra a pes- O parágrafo único traz uma hipótese de causa de
.2

soa idosa por quaisquer outros motivos que não os aumento de pena devido ao resultado. No caso de a
63

disciplinados no caput (quais sejam: acesso a opera- omissão resultar lesão corporal grave, a pena será
-4

ções bancárias, aos meios de transporte aos meios, ao aumentada de metade. Caso resulte em morte, ela
es

direito de contratar ou ao exercício de sua cidadania). será triplicada.


ed

De acordo com os parágrafos 1º e 2º do artigo 129


gu

§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a do Código Penal, a lesão corporal de natureza grave
vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabi- (sentido amplo):
a
lv

lidade do agente.
si

§ 1º Se resulta: (lesão corporal grave em sentido


an

O parágrafo segundo traz uma hipótese de causa estrito)


Lu

de aumento de pena. Trata-se do fato de o agente que I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
pratica uma das condutas elencadas ser o responsável mais de trinta dias;
(legal ou não) por aquele que sofreu a discriminação II - perigo de vida;
(idoso). O aumento de 1/3 da pena decorre da proxi- III - debilidade permanente de membro, sentido ou
midade e do dever de cuidado para com a pessoa ido- função;
sa. São exemplos: filhos, netos, curadores, cuidadores, IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
entre outros.
§ 2° Se resulta: (lesão corporal gravíssima)
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
Dica II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou
Embora a conduta do parágrafo segundo seja
função;
mais reprovável que as anteriores, a ele também
IV - deformidade permanente;
são aplicadas as medidas despenalizadoras da V - aborto:
Lei nº 9.099/95, por se tratar de uma infração de Pena - reclusão, de dois a oito anos.
menor potencial ofensivo (pena máxima inferior Art. 98 Abandonar o idoso em hospitais, casas
126 a dois anos). de saúde, entidades de longa permanência, ou
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
congêneres, ou não prover suas necessidades bási- O crime do artigo 100 traz várias formas de come-
cas, quando obrigado por lei ou mandado: timento. Com exceção do inciso III, que pode ser pra-
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e ticado por qualquer pessoa (crime comum), os demais
multa. incisos são hipóteses de crime próprio (I e II pela pes-
soa responsável pela admissão; IV e V pelas pessoas
O artigo 98 traz uma modalidade de crime próprio, que obstarem ordem judicial ou requisição do Minis-
ou seja, aquele que somente será cometido por aque- tério Público). Para todos os delitos previstos nesse
le que possui dever de cuidado (obrigação legal ou artigo, cabem as medidas despenalizadoras, por se
convencional), como no caso de filho que abandona tratar de infrações de menor potencial ofensivo.
a mãe, privando-a do convívio familiar, de carinho ou
de afeto. Como a pena máxima excede dois anos, não Art. 101 Deixar de cumprir, retardar ou frus-
caberá transação penal, mas é cabível a suspensão trar, sem justo motivo, a execução de ordem
condicional do processo6, já que a pena mínima não judicial expedida nas ações em que for parte ou
ultrapassa 1 (um) ano. interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
Art. 99 Expor a perigo a integridade e a saúde, multa.
física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condi-
ções desumanas ou degradantes ou privando-o de
O crime do artigo 101 refere-se ao descumprimen-
alimentos e cuidados indispensáveis, quando obri-
to na execução de ordem judicial expedida nas ações
gado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo
ou inadequado: em que for parte ou interveniente o idoso, ou seja,
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e qualquer tipo de ação que tenha como parte ou inter-
multa. veniente a pessoa idosa. Também é crime próprio e
sujeito às medidas despenalizadoras, por ser uma
O crime do artigo 99 também é próprio, de modo infração de menor potencial ofensivo.
que o acusado necessita ter um vínculo de cuidado
com o idoso. A exposição a perigo deve ser concre- Art. 102 Apropriar-se de ou desviar bens, proven-
ta, ou seja, é preciso provar que o idoso ficou, efeti- tos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso,
vamente, exposto a uma situação de perigo. Trata-se, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:
também, de infração de menor potencial ofensivo, Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
sendo cabível aplicação das medidas despenalizado-
ras previstas na Lei nº 9.099/1995. O crime tipificado no artigo 102 pode ser pratica-
do de dois modos: apropriação ou desvio. Entende-se
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza por apropriação quando o agente faz da coisa alheia
grave: como se fosse sua, ou seja, apodera-se de bem, pro-
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. ventos, pensões, benefícios ou qualquer outro rendi-
mento do idoso. Já no desvio, o agente dá um destino
5
O parágrafo primeiro traz uma hipótese de crime diferente ao bem, proventos, pensões, benefícios ou
-3

qualificado pelo resultado, de modo a alterar o pata- qualquer outro rendimento da pessoa idosa. As duas
68

mar da pena. No caso de o fato resultar lesão corpo- condutas são punidas com pena de reclusão de 1 (um)
.3

ral grave, a pena será reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)


87

a 4 (quatro) anos. Trata-se de crime comum e, devido


anos. à pena mínima ser inferior a um ano, cabe suspensão
.2
63

do processo.
§ 2o Se resulta a morte:
-4

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Art. 103 Negar o acolhimento ou a permanên-
es

cia do idoso, como abrigado, por recusa deste em


ed

O parágrafo segundo disciplina outra qualificado- outorgar procuração à entidade de atendimento:


gu

ra pelo resultado. No caso de o fato resultar morte, a Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
pena será reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. multa.
a
lv
si

Art. 100 Constitui crime punível com reclusão de 6 O artigo 103 traz o crime de negar a estadia de pes-
an

(seis) meses a 1 (um) ano e multa: soa idosa com base no fato de ter o idoso se recusado a
Lu

I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo outorgar procuração para que a entidade administre
público por motivo de idade;
seus bens ou valores, com a finalidade de custear a
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego
estadia do idoso no local. Trata-se de crime comum e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimen- infração de menor potencial ofensivo, sujeito, portan-
to ou deixar de prestar assistência à saúde, sem to, as medidas despenalizadoras.
justa causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, Art. 104 Reter o cartão magnético de conta ban-
sem justo motivo, a execução de ordem judicial cária relativa a benefícios, proventos ou pensão do
expedida na ação civil a que alude esta Lei; idoso, bem como qualquer outro documento com
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimen-
indispensáveis à propositura da ação civil obje- to de dívida:
to desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
Público. multa.

6 Devido a pena da infração penal, ao oferecer a denúncia poderá o Ministério Público propor a suspensão do processo por até 4 (quatro)
anos, no caso do acusado não possuir outro processo criminal ou não tenha sido condenado por outros crimes, propondo o cumprimento de
determinadas condições em troca do benefício. 127
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O artigo 104 traz hipótese de o credor, com o obje- a) 50 anos.
tivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de b) 55 anos.
dívida, reter o cartão magnético do idoso. Trata-se de c) 60 anos.
um crime próprio (credor do idoso) e sujeito à aplica- d) 70 anos.
e) 75 anos.
ção das medidas despenalizadoras da Lei nº 9.099/95,
por se tratar de infração de menor potencial ofensivo.
No Artigo 1º, é instituído o Estatuto do Idoso, desti-
nado a regular os direitos assegurados às pessoas
Art. 105 Exibir ou veicular, por qualquer meio de
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
comunicação, informações ou imagens depre-
Resposta: Letra C.
ciativas ou injuriosas à pessoa do idoso:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
2. (VUNESP — 2019) Com relação aos crimes previstos
na Lei no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), é correto
O crime do artigo 105 atinge a honra do idoso, inde-
afirmar que:
pendentemente de este se sentir ofendido ou violado.
Trata-se de crime comum que, devido à pena mínima,
a) são todos apenados com detenção.
caberá suspensão condicional do processo. b) não existem crimes, apenas contravenções penais.
c) alguns são apenados com prisão simples e multa.
Art. 106 Induzir pessoa idosa sem discernimen- d) são de ação penal pública incondicionada.
to de seus atos a outorgar procuração para fins de e) são todos apenados com reclusão.
administração de bens ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Artigo 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
penal pública incondicionada, não se lhes aplicando
O crime do artigo 106 do Estatuto exige um espe- os arts. 181 e182 do Código Penal. Resposta: Letra D.
cial fim de agir, ou seja, o agente tem a finalidade
administrar ou dispor livremente os bens do idoso. 3. (VUNESP — 2019) Nos termos da Lei no 10.741/2003
(Estatuto do Idoso), a conduta de obstar o acesso de
Art. 107 Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, alguém a qualquer cargo público por motivo de idade:
contratar, testar ou outorgar procuração:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. a) é considerado um crime punido com reclusão e multa.
b) não está prevista em qualquer legislação, afrontando
O artigo 107 tipifica a conduta de coação em que a apenas os Códigos de Ética.
vítima é pessoa idosa e o agente a coage a doar, con- c) é considerada crime, mas não está prevista na referida
tratar, testar ou outorgar procuração. Trata-se de cri- lei.
me comum. d) é considerada uma contravenção penal.
e) não é considerado um crime.
Art. 108 Lavrar ato notarial que envolva pessoa
5
-3

idosa sem discernimento de seus atos, sem a Artigo 100. Constitui crime punível com reclusão de
68

devida representação legal: 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa: I – obstar o aces-
.3

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. so de alguém a qualquer cargo público por motivo
87

de idade. Resposta: Letra A.


.2

O crime do artigo 108 trata de pessoa idosa sem


63

discernimento para a prática de seus atos, cuja condu- 4. (VUNESP — 2019) Nos termos do Estatuto do Idoso,
-4

ta (lavratura de ato notarial) é realizada sem o repre- deixar de prestar assistência ao idoso, quando possí-
vel fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente
es

sentante legal. Trata-se de crime próprio (praticado


perigo, é um crime sujeito à pena de detenção e multa.
ed

somente pela pessoa responsável pela lavratura do


ato no cartório). Nesse sentido, é correto afirmar, nesse caso, que:
gu

Cumpre mencionar, por fim, que o artigo 109 do


a

a) o agente fica isento da pena, se da omissão não resul-


lv

Estatuto, embora não esteja disciplinado na parte


tar lesão corporal grave ou morte.
si

relativa aos crimes, trata do crime de atentado ou


b) a pena é aumentada da metade, se da omissão resul-
an

empreendimento. Ocorre quando o agente impede ou


tar lesão corporal de natureza grave.
Lu

embaraça ato do representante do Ministério Público


c) a pena é aumentada da metade, se da omissão resul-
ou de qualquer outro agente fiscalizador.
tar a morte.
d) não há aumento de pena em qualquer hipótese.
e) a pena é aumentada em dois terços, se da omissão
EXERCÍCIOS COMENTADOS resultar morte.

Artigo 97. Deixar de prestar assistência ao idoso,


1. (VUNESP — 2020) É correto afirmar a ausência de una- quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situa-
nimidade sobre o que é ser velho; as posições de dife- ção de iminente perigo, ou recusar, retardar ou difi-
rentes estudiosos do tema são muitas, variando desde o cultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou
ponto de vista segundo o qual o envelhecimento inicia-se não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade
imediatamente após a fecundação, até aquele que apon- pública. Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um)
ta o marco empírico da senectude em torno dos 65 anos. ano e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada
No Brasil, a Lei no 10.741/2003, no seu art. 1o, institui o de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos asse- natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Res-
128 gurados às pessoas com idade igual ou superior a: posta: Letra B.
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5. (VUNESP — 2019) Apolo abandonou sua mãe, que é infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim
idosa, em um hospital, porque ela se encontrava gra- de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informa-
vemente enferma, não mais retornando para buscá-la. ções ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou
No entanto, a idosa veio a se recuperar, e outro parente uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita
veio a abrigá-la quando esta saiu do hospital. Nessa de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa
situação hipotética, considerando apenas essas infor- ou outras pessoas; ou por qualquer motivo basea-
mações, é correto afirmar que, segundo o Estatuto do do em discriminação de qualquer natureza; quando
Idoso, Apolo: tais dores ou sofrimentos são infligidos por um fun-
cionário público ou outra pessoa no exercício de fun-
a) não cometeu nenhum crime, uma vez que cumpriu ções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu
com o seu dever de filho ao levar sua mãe ao hospital consentimento ou aquiescência. Não se considerará
quando esta se encontrava enferma. como tortura as dores ou sofrimentos que sejam con-
b) cometeu um crime previsto no Estatuto, sujeito à pena sequência unicamente de sanções legítimas, ou que
de detenção. sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
c) cometeu um crime previsto no Estatuto, mas não será
punido uma vez que a sua mãe veio a se recuperar. Poderá utiliza-se o termo “tortura limpa”, nos
d) cometeu um crime previsto no Estatuto, mas este pre- casos de torturas mentais, porque sua prática, não
vê que a pena poderá deixar de ser aplicada, tendo em
deixa vestígios.
vista que a sua mãe se recuperou e outro parente a
A Constituição, com a finalidade da proteção dos
abrigou.
direitos fundamentais, elencou nos incisos III e XLIII
e) cometeu o crime de abandono material previsto no
Estatuto, sujeito à pena de reclusão, mas com ate- do artigo 5º, o repúdio a tortura:
nuante em razão de que sua mãe não sofreu lesão.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Artigo 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
de saúde, entidades de longa permanência, ou con- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
gêneres, ou não prover suas necessidades básicas, bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
quando obrigado por lei ou mandado: Pena – deten- à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
ção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa. Respos- [...]
ta: Letra B. III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento desumano ou degradante; [...]
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortu-
ra, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
LEI FEDERAL Nº 9.455/1997 (LEI DE o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
CRIME DE TORTURA) por eles respondendo os mandantes, os executores
e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (...)
5
A Lei 9.455/1997 define os crimes de tortura, mas
-3
68

antes de adentrarmos ao disposto na Lei, é necessário Portanto, crimes de tortura são inafiançáveis,
entender seu surgimento. insuscetíveis de Graça e insuscetíveis de anistia.
.3
87

Vamos discorrer sobre a Lei, mas para você ter Vejamos essas terminologias:
.2

uma base introdutória, apresento o artigo 1º:


63

z Inafiançáveis: não poderá ser arbitrado fiança.


-4

Art. 1º Constitui crime de tortura: z Graça: para Cleber Masson, na página 897 da obra
I - constranger alguém com emprego de violência
es

Direito Penal. (2013), essa competência é do Presi-


ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ed

dente da República por meio de Decreto, pode ser


ou mental:
delegada, atinge somente os efeitos principais da
gu

a) com o fim de obter informação, declaração ou


confissão da vítima ou de terceira pessoa; condenação, subsistindo os demais. Ocorrendo
a
lv

b) para provocar ação ou omissão de natureza após o trânsito em julgado da sentença condena-
si

criminosa; tória, possuindo benefício individual, podendo ser


an

c) em razão de discriminação racial ou religiosa; requerido ao juiz e gerará reincidência.


Lu

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou z Anistia: para Cleber Masson, na página 897 da
autoridade, com emprego de violência ou grave obra Direito Penal [itálico] (2013), competência é
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
do Presidente da República por meio de Decreto,
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

podendo ser delegado, atinge somente os efeitos


de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. principais da condenação, subsistindo os demais.
Ocorrendo após o trânsito em julgado da sentença
Vamos abordar todos, mas para começar devemos condenatória, possui benefício coletivo, pode ser
entender sobre o termo de tortura, que veio apresen- realizado de ofício pelo juiz e gerará reincidência.
tado pela Convenção Contra a Tortura e Outros Trata-
mentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
que foi promulgada pelo decreto de nº 40/1991, apre- Importante!
sentando que:
Crime de tortura não é imprescritível, poden-
1. Para os fins da presente Convenção, o termo do ser processado e julgado a qualquer tempo,
“tortura” designa qualquer ato pelo qual dores não extinguindo a punibilidade pelos efeitos da
ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são prescrição. 129
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para a Lei 9.455/1997, constitui crime de tortura o z Tortura-Racismo ou Tortura-Discriminatória
seguinte: ou Tortura-Preconceiturosa:
Em razão de discriminação racial ou religiosa.
Art. 1º Constitui crime de tortura: Ex.: indivíduo que constrange alguém com emprego
I - constranger alguém com emprego de violência de sofrimento físico a vítima por ser católica.
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou Importante!
confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza Na modalidade de Tortura-Pena ou Tortura-Cas-
criminosa; tigo, trata-se de um crime próprio (somente será
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; realizado por pessoa específica), porque nota-
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
mos que somente será realizado por pessoa
autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, que tenha guarda, poder ou autoridade sobre a
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida vítima.
de caráter preventivo.

CARACTERÍSTICAS DOS CRIMES DE TORTURA


MODALIDADES DO CRIME DE TORTURA
A tortura prevista no artigo primeiro, inciso I,
A doutrina e os Tribunais, visando aplicar a sanção
cabível, diferenciaram os crimes de tortura em moda- é crime formal, uma vez que para se consumar não
lidades. Temos como exemplo a REsp nº 1.580.470/PA, requer a obtenção do resultado almejado pelo agente.
j. 24/08/2018, em que o Superior Tribunal de Justiça
apresentou o seguinte: Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
Diversamente do previsto no tipo do inciso II do
artigo 1º da Lei 9.455/97, definido pela doutri- ou mental:
na como tortura-pena ou tortura-castigo, a qual a) com o fim de obter informação, declaração ou
requer intenso sofrimento físico ou mental, a tortu- confissão da vítima ou de terceira pessoa;
ra-prova, do inciso I, alínea ‘a’, não traz o tormen- b) para provocar ação ou omissão de natureza
to como requisito do sofrimento causado à vítima. criminosa;
Basta que a conduta haja sido praticada com o fim c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa e que haja causado Já a tortura castigo (art.1º, II, da lei 9455/1997)
sofrimento físico ou mental, independentemente de é a tortura propriamente dita (Art.1º, §1º, da lei
sua gravidade ou sua intensidade. 9455/1997), sendo crimes materiais quanto ao resulta-
5
do, a primeira se consuma com o intenso sofrimento
-3

Existe também a tortura racismo, que é constituí- físico e a segunda com o sofrimento físico e mental.
68

da em razão de discriminação racial ou religiosa.


.3

E, por fim, a tortura crime, prevista no inciso II, Art. 1º Constitui crime de tortura: [...]
87

alínea b, com o intuito de provocar ação ou omissão II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
.2

de natureza criminosa.
63

autoridade, com emprego de violência ou grave


ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
-4

z Tortura-Pena ou Tortura-Castigo: intenso como forma de aplicar castigo pessoal ou medida


es

sofrimento físico ou mental, no ato de submeter de caráter preventivo.


ed

alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, [...]


gu

com emprego de violência ou grave ameaça, como § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimen-
a
lv

caráter preventivo. to físico ou mental, por intermédio da prática de


si

Ex.: pais, curadores, tutores professores etc. ato não previsto em lei ou não resultante de medida
an

legal. [...]
Lu

z Tortura-Prova ou Tortura Probatória ou


Tortura-Persecutória: Não se admite arrependimento eficaz (desiste de
Conduta tenha sido praticada com o fim de obter prosseguir na execução ou impede que o resultado se
informação, declaração ou confissão da vítima ou produza) e nem arrependimento posterior (reparado o
de terceira pessoa e que haja causado sofrimento físi- dano ou restituída a coisa, por ato voluntário do agente).
co ou mental, independentemente de sua gravidade E, por fim a ação penal pública incondiciona-
ou sua intensidade. da, isso ocorre quando é promovida pelo Ministério
Ex.: Vemos muito em filmes de ação, que o indiví- Público sem que haja necessidade de manifestação de
duos realizando tortura para obter uma confissão ou vontade da vítima ou de outra pessoa.
o paradeiro de uma determinada pessoa.
PENA DO CRIME DE TORTURA
z Tortura-crime:
Provocar ação ou omissão de natureza criminosa. Conforme artigo 1º. A pena do crime de tortura
Ex.: líder de um grupo criminoso, constrange um é reclusão, de dois a oito anos. Importa dizer ainda
membro do grupo, que se recusasse a praticar deter- que com base no art.1º, § 1º, na mesma pena incorre
130 minado crime. quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermé- Aumento de pena
dio da prática de ato não previsto em lei ou não resul-
A lei 9.455/1997 trouxe as hipóteses aumentativas
tante de medida legal.
de um sexto a um terço da pena. São elas:
Ademais, aquele que se omite em face dessas con-
dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, Aumento da Pena (1/6 a 1/3):
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
z Se o crime for cometido por agente público;
Art. 1º (...) z Se o crime for cometido contra criança, gestante,
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, portador de deficiência, adolescente ou maior de
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, 60 anos;
incorre na pena de detenção de um a quatro anos. z Se o crime for cometido mediante sequestro.

A omissão dita preenche o disposto no artigo 13, Agentes públicos


§ 2º do Código Penal, em que elenca que a omissão
Funcionário público, segundo o artigo 37 do Códi-
é penalmente relevante quando o omitente devia e
go Penal, para os efeitos penais, é aquele que, embora
podia agir para evitar o resultado. transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.
Art. 13 (...) No que tange ao sequestro, relaciona-se quando a
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o tortura é realizada durante o sequestro.
omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem: Condenação de agente público
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância;  A condenação de agente público poderá ser locali-
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de zada no artigo 1º, § 5º da Lei 9.455/1997, apresentando
impedir o resultado;  a seguinte redação:
c) com seu comportamento anterior, criou o risco
Art. 1º [...]
da ocorrência do resultado. 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu
Se o crime de tortura resultar lesão corporal de exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
natureza grave ou gravíssima, qual será a pena? A
pena será de reclusão de quatro a dez anos, valendo O efeito da condenação é automático, significa
ressaltar que o crime de tortura que não precisa do dizer que o juiz não precisa motivar a decisão para
emprego de violência, pode conter apenas o elemento que ocorra esse efeito.
5
da grave ameaça.
-3

Condenado pelo crime de tortura


Se do crime de tortura resultar morte, a pena será
68

de reclusão de oito a dezesseis anos.


.3

A Lei 9.455/1997, elenca que o condenado por cri-


87

Veja na tabela o resumo dos prazos de acordo com me de tortura, (salvo a hipótese de que se omite em
.2

o tipo de tortura: face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-


63

-las ou apurá-la), iniciará o cumprimento da pena em


-4

CONDUTA PENA regime fechado.


es

Mas, o Supremo Tribunal Federal estipulou que


não é obrigatório que o condenado por crime de tortu-
ed

Crime de Tortura 02 a 08 anos. ra inicie o cumprimento da pena em regime fechado:


gu
a

DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRI-


lv

Quem submete pessoa


si

MENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA.


presa ou sujeita a
Não é obrigatório que o condenado por crime de
an

medida de segurança
tortura inicie o cumprimento da pena no regime
Lu

a sofrimento físico ou prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei


mental, por intermédio 02 a 08 anos. 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e
da prática de ato não dá outras providências – que “O condenado por
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

previsto em lei ou não crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,
resultante de medida iniciará o cumprimento da pena em regime fecha-
legal do”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário
do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013),
Aquele que se omite em afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado
face dessas condutas, para os condenados por crimes hediondos e equi-
01 a 04 anos.
quando tinha o dever de parados, devendo-se observar, para a fixação do
evitá-las ou apurá-las regime inicial de cumprimento de pena, o disposto
no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser
Se resulta lesão corporal
equiparado a crime hediondo, nos termos do art.
de natureza grave ou 04 a 10 anos. 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que
gravíssima essa interpretação também deve ser aplicada ao
Se resulta morte 08 a 16 anos. crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar
a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, 131
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que possui a mesma disposição da norma declara- inicial fechado, bem como em quinze (15) dias-mul-
da inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar ta. Ante o exposto, com fundamento no art. 21, §
essa posição, não se está a violar a Súmula Vincu- 1º, do RISTF, nego seguimento ao pedido, por ser
lante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a cláu- flagrantemente inadmissível. Publique-se. Arquive-
sula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão -se. Brasília, 21 de fevereiro de 2013. Ministro Dias
de órgão fracionário de tribunal que, embora não Toffoli Relator Documento assinado digitalmente
declare expressamente a inconstitucionalidade de (STF - HC: 111840 ES, Relator: Min. DIAS TOFFOLI,
lei ou ato normativo do poder público, afasta sua Data de Julgamento: 21/02/2013, Data de Publicação:
incidência, no todo ou em parte”. De fato, o enten- DJe-037 DIVULG 25/02/2013 PUBLIC 26/02/2013)
dimento adotado vai ao encontro daquele proferido
pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário Territorialidade
submeter tal questão ao Órgão Especial desta Cor-
te, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: O disposto na Lei 9.455/1997, aplica-se ainda quando
“Os órgãos fracionários dos tribunais não submete- o crime não tenha sido cometido em território nacional,
rão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
inconstitucionalidade, quando já houver pronun-
em local sob jurisdição brasileira. Apresentado na dou-
ciamento destes ou do plenário do Supremo Tribu-
nal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a
trina como extraterritorialidade incondicionada.
orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se
utilizar, para a fixação do regime inicial de cumpri-
mento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, EXERCÍCIOS COMENTADOS
ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF.
Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes 1. (CESPE-CEBRASPE - 2020) No que se refere ao uso
sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal, diferenciado da força, julgue o item a seguir.
é vedado o estabelecimento de regime prisional Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada
imposta, com base apenas na gravidade abstrata cometendo infração, praticar intencionalmente algum
do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa
regime de cumprimento mais severo do que a pena conduta poderá ser caracterizada como tortura.
aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmu-
la 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014.  HC 286.925-RR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014. Com base no artigo 1º, inciso I, alínea a da Lei
(STJ - HC: 286925 RR 2014/0010114-2, Relator:
9.455/1997, constitui crime de tortura a conduta de
Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento:
constranger alguém com emprego de violência ou gra-
13/05/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publica-
ve ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental
ção: DJe 21/05/2014)
com o fim de obter informação, declaração ou confis-
são da vítima ou de terceira pessoa. Resposta: Certo.
Temos outro julgado:
5
-3

2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito da Lei de Cri-


68

Decisão: Vistos. Trata-se de pedido de extensão


mes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo
.3

apresentado por Ramon Roberto de Oliveira nos


item.
87

autos do habeas corpus impetrado pela Defensoria


A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência
.2

Pública do Estado do Espírito Santo em favor de


mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora
63

Edmar Lopes Feliciano, buscando igual fixação do


do território nacional, estabelece hipótese de extrater-
-4

regime inicial semiaberto para o cumprimento da


pena imposta ao paciente. Sustenta o requerente, ritorialidade incondicionada.
es

em síntese, haver sido processado e condenado à


ed

pena de um (1) ano e oito (8) meses de reclusão, em ( ) CERTO  ( ) ERRADO
gu

regime inicialmente fechado, por infração ao dis-


posto no art. 33 da Lei nº 11.343/06, fazendo jus ao O disposto na Lei 9.455/1997, aplica-se ainda quan-
a
lv

cumprimento inicial em regime semiaberto. Exami- do o crime não tenha sido cometido em território
si

nado os autos, decido. O pedido de extensão é mani- nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-
festamente incabível. Observo, de início, que não se
an

-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Apre-


cuida o requerente de corréu no mesmo processo a sentado na doutrina como extraterritorialidade
Lu

que alude o HC nº 111.840/ES, mas de pessoa que, incondicionada. Resposta: Certo.


dizendo haver sido condenado por crime de tráfico
de entorpecentes, e apenado a pena corporal infe- 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Tendo como referência a
rior a quatro anos, faria jus ao cumprimento de legislação penal extravagante e a jurisprudência das
sua pena em regime inicial aberto, razão pela qual
súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se
inaplicável, à espécie, o disposto no art. 580 do CPP,
segue.
ensejando a situação, quando muito, a impetração
A condenação pela prática de crime de tortura acarre-
perante Tribunal competente, de habeas autônomo,
tará a perda do cargo, função ou emprego público e a
para o que não se presta a excêntrica petição (ane-
xo de instrução 23). Ademais, além de totalmente interdição para o seu exercício por prazo igual ao da
desprovida de elementos mínimos a demonstrar a pena aplicada.
aventada condenação por tráfico, segundo informa-
ções prestadas pelo Juízo das Execuções Criminais ( ) CERTO  ( ) ERRADO
da Comarca de Franco da Rocha/SP, o requerente
encontra-se preso em razão da prática de crimes A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
de roubo qualificado, à pena de sete (7) anos, um emprego público e a interdição para seu exercício pelo
132 (1) mês e dezesseis (16) dias de reclusão, em regime dobro do prazo da pena aplicada. Resposta: Errado.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Se, com o objetivo de Neste contexto, iniciou-se um sistema de proteção
obter confissão, determinado agente de polícia, por internacional, exigindo dos Estados um tratamento
meio de grave ameaça, constranger pessoa presa, especializado para proteção aos direitos das pessoas
causando-lhe sofrimento psicológico: com deficiência. Entre os instrumentos de proteção
realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi-
a) e a vítima for adolescente, o crime será qualificado. tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta
b) estará configurada uma causa de aumento de pena. convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado
c) a critério do juiz, a condenação poderá acarretar a per- ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009
da do cargo. pelo Decreto nº 6.949.
d) provado o fato, a pena será de detenção. A importância do Decreto nº 6.949/2009 é imensa,
e) quem presenciar o crime e se omitir, incorrerá na mes- uma vez que ele foi o primeiro tratado internacional
ma pena do agente. de direitos humanos a adotar a norma do artigo 5º, §
3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o mesmo
Considera-se aumento de pena, pois foi praticada por rito de aprovação cabível para as emendas constitu-
agente público, tomem cuidado! Resposta: Letra B. cionais (aprovação em cada Casa do Congresso Nacio-
nal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
5. (CESPE-CEBRASPE – 2015) Com base na Lei Antitor- respectivos membros).
tura e na Lei contra Abuso de Autoridade, julgue o item Como resultado, tal decreto passou a ter status de
subsequente. norma constitucional (mesmo valor normativo das nor-
Situação Hipotética: Um servidor público federal, no mas colocadas na Constituição Federal mesmo sem fazer
exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a parte dela). Por esta razão, o Brasil necessitou promo-
saúde física de preso em virtude de excesso na impo- ver alterações legislativas para “assegurar e promover o
sição da disciplina, com a mera intenção de aplicar pleno exercício de todos os direitos humanos e liberdades
medida educativa, sem lhe causar sofrimento. fundamentais por todas as pessoas com deficiência”, em
Assertiva: Nessa situação, o referido agente responde- conformidade com o item 1 da Convenção.
rá pelo crime de tortura. Assim, foi editada, em 6 de julho de 2015, a Lei nº
13.146, com o objetivo de dar cumprimento à Convenção.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Antes de iniciar nosso estudo, é preciso ter em men-
te que, para melhor compreender a Lei nº 13.146/2015,
Não há o elemento básico do crime de tortura, que é é primordial entender sua estrutura e identificar as
o sofrimento. Resposta: Errado. ideias mais importantes da legislação, uma vez que as
bancas tendem a cobrar o que se denomina “literali-
dade das ideias”, ou seja, os pontos principais de cada
LEI FEDERAL Nº 13.146/2015 artigo com base em sua estrutura, não havendo, para
(ESTATUTO DA PESSOA COM tanto, a necessidade de decorá-los. Considerando os
DEFICIÊNCIA) concursos anteriores, o estudo deve ter especial aten-
ção à parte relativa aos crimes e infrações administra-
tivas por ser esse o ponto mais cobrado pelas bancas
5
A proteção dos direitos das pessoas com deficiên-
-3

examinadoras.
cia, tanto no Brasil como no mundo, é algo bem recen-
68

Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!


te. Na realidade, a preocupação da sociedade com essa
.3

parcela da população faz parte de um discurso atual,


87

resultado da forma como essas pessoas passaram a NOÇÕES SOBRE O DIREITO DA PESSOA COM
.2

ser percebidas. DEFICIÊNCIA


63

É possível visualizar, ao longo da história, que as pes-


-4

soas com deficiência foram encaradas de quatro modos A Lei nº 13.146/2015 é dividida em duas partes:
es

diferentes, conforme cada período temporal. A primeira geral e especial. A parte geral tem, como base, os
princípios da Convenção sobre os Direitos das Pes-
ed

fase foi a de intolerância em relação às pessoas com defi-


soas com Deficiência, disciplinando, além desses, os
gu

ciência, pois simbolizavam a impureza, o pecado, ou, até


mesmo, o castigo divino. A segunda foi a fase marcada direitos fundamentais das pessoas com deficiência.
a

Já a parte especial é composta dos meios de proteção,


lv

pela invisibilidade das pessoas com deficiência. Dela,


quais sejam: o acesso à Justiça e reconhecimento igual
si

decorreu a terceira fase, marcada pelo assistencialismo


perante à lei e aos crimes e infrações administrativas.
an

e pautada na perspectiva médica e biológica de que a


Lu

deficiência era uma patologia e, como tal, deveria ser


curada. Por fim, a quarta fase voltou-se para os direitos
humanos, despontando os direitos à inclusão social, com Lei nº 13.146/2015
ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

em que ela está inserida.


Até mesmo a forma de se referir a estas pessoas é
fruto de uma construção histórica. A partir de 1993,
a nomenclatura mudou para portadores de necessi- Parte geral Parte especial
dades especiais, pessoas com necessidades especiais,
pessoas especiais, portadores de direitos especiais ou princípios e direitos meio de proteção
pessoas com deficiência. fundamentais
Como consequência dessas mudanças no modo de
ver/encarar a pessoa com deficiência, surgiu o dever Iniciando pela parte geral, os artigos de 1º a 3º
de eliminar os obstáculos que pudessem impedir o da mencionada Lei introduzem o tema, estabelecen-
pleno exercício de seus direitos, de modo a possibili- do suas disposições gerais. De acordo com o artigo
tar o desenvolvimento de suas potencialidades, com 1º, o objetivo da legislação é assegurar e promover o
autonomia e participação. 133
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exercício dos direitos e das liberdades fundamentais outros serviços e instalações abertos ao público, de
da pessoa com deficiência em iguais condições com os uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
demais, de modo a garantir sua inclusão social e cida- zona urbana como na rural, por pessoa com defi-
dania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei nº ciência ou com mobilidade reduzida.
13.146/2015 decorre da Convenção (juntamente com
seus protocolos), sendo incorporada no ordenamento Observe que a palavra-chave para entender o con-
jurídico brasileiro com status de Emenda Constitucio- ceito de acessibilidade é autonomia (direito de circu-
nal, conforme explanado. lar com autonomia em espaços públicos e privados
O artigo 2º preocupou-se em dar o conceito de pes- de uso coletivo, bem como o direito de ter autonomia
soa com deficiência. Em termos gerais, considera-se para utilizar a tecnologia).
pessoa com deficiência aquela que possui impedi-
mento de longo prazo, sendo este de natureza física, z Desenho universal: concepção de produtos,
mental, intelectual ou sensorial, que pode, de algu- ambientes, programas e serviços a serem usados
ma forma, causar barreiras ou obstruir sua partici- por todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
pação plena e efetiva na sociedade em igualdades ção ou de projeto específico, incluindo os recursos
de condições com as demais pessoas. de tecnologia assistiva.

Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve


Impedimento de longo prazo ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
te de ter ou não alguma deficiência.
Pessoa com Natureza física, mental,
z Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
Deficiência intelectual ou sensorial
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem pro-
Causar barreiras ou obstruir mover a funcionalidade, relacionada à atividade e
sua participação plena e à participação da pessoa com deficiência ou com
efetiva na sociedade em
mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,
igualdades de condições com
independência, qualidade de vida e inclusão social.
as demais pessoas

Trata-se, aqui, da possibilidade de adaptar deter-


Além de conceituar pessoas com deficiência, o artigo minado produto ou serviço às necessidades da pessoa
2º trouxe, em seus parágrafos, a maneira como deve com deficiência, para que possa exercê-lo de forma
ser procedida a avaliação para caracterizar essas autônoma.
pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que a avalia-
ção será realizada por uma equipe multiprofissional z Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
e interdisciplinar, de modo a considerar os aspectos comportamento que limite ou impeça a participa-
que permeiam o indivíduo (todo o contexto social). Para ção social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o
5
determinar ou não a deficiência, a equipe analisará
-3

exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberda-


68

três enfoques: biológico, psicológico e social, conside- de de movimento e de expressão, à comunicação,


rando, para tanto, os impedimentos nas funções e nas
.3

ao acesso à informação, à compreensão, à circula-


87

estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psi- ção com segurança, entre outros, classificadas em:
.2

cológicos e pessoais; a limitação no desempenho de


63

atividades e a restrição de participação. O parágrafo a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
-4

segundo, por sua vez, estabelece que compete ao Poder espaços públicos e privados abertos ao público ou
Executivo a criação dos instrumentos normativos para a de uso coletivo;
es

verificação da deficiência. b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifí-


ed

cios públicos e privados;


gu

c) barreiras nos transportes: as existentes nos siste-


Importante
a

mas e meios de transportes;


lv

d) barreiras nas comunicações e na informação:


si

A competência é do Poder Executivo e não do


qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor-
an

Poder Legislativo.
tamento que dificulte ou impossibilite a expressão
Lu

ou o recebimento de mensagens e de informações


O artigo 3º apresenta outros conceitos para aplica- por intermédio de sistemas de comunicação e de
ção e entendimento da legislação. São eles: acessibili- tecnologia da informação;
dade; desenho universal; tecnologia assistiva ou ajuda e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamen-
técnica; barreiras; comunicação; adaptações razoá- tos que impeçam ou prejudiquem a participação
veis; elemento de urbanização; mobiliário urbano; social da pessoa com deficiência em igualdade de
pessoa com mobilidade reduzida; residências inclusi- condições e oportunidades com as demais pessoas;
vas; moradia para a vida independente da pessoa com f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou
deficiência; atendente pessoal; profissional de apoio impedem o acesso da pessoa com deficiência às
escolar; acompanhante. tecnologias.

z Acessibilidade: possibilidade e condição de alcan- Por barreiras entende-se qualquer obstáculo que
ce para utilização, com segurança e autonomia, de impeça ou limite a participação social da pessoa com
espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edi- deficiência. As barreiras podem estar nos espaços
ficações, transportes, informação e comunicação, públicos e privados de uso coletivo (urbanísticas),
134 inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de nas edificações (arquitetônicas), nos transportes, nas
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comunicações, nas atitudes (atitudinais) e na dificul- Diferentemente da residência inclusiva, a mora-
dade de acesso às tecnologias (tecnológicas). dia proporciona serviços de apoio ao deficiente que
ampliarão o seu grau de autonomia.
z Comunicação: forma de interação dos cidadãos
que abrange, entre outras opções, as línguas, inclu- z Atendente pessoal: pessoa, membro ou não da
sive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visua- família, que, com ou sem remuneração, assiste ou
lização de textos, o Braille, o sistema de sinalização presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com
ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, deficiência no exercício de suas atividades diárias,
os dispositivos multimídia, assim como a lingua- excluídas as técnicas ou os procedimentos identifi-
gem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e cados com profissões legalmente estabelecidas.
os meios de voz digitalizados e os modos, meios e z Profissional de apoio escolar: pessoa que exerce
formatos aumentativos e alternativos de comunica- atividades de alimentação, higiene e locomoção do
ção, incluindo as tecnologias da informação e das estudante com deficiência e atua em todas as ativi-
comunicações. dades escolares nas quais se fizer necessária, em
z Adaptações razoáveis: adaptações, modificações e todos os níveis e modalidades de ensino, em insti-
ajustes necessários e adequados que não acarretem tuições públicas e privadas, excluídas as técnicas
ônus desproporcional e indevido, quando requeri- ou os procedimentos identificados com profissões
dos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa legalmente estabelecidas.
com deficiência possa gozar ou exercer, em igualda- z Acompanhante: aquele que acompanha a pessoa
de de condições e oportunidades com as demais pes- com deficiência, podendo ou não desempenhar as
soas, todos os direitos e liberdades fundamentais. funções de atendente pessoal.
z Elemento de urbanização: quaisquer componen-
tes de obras de urbanização, tais como os referen- Os artigos 4º a 9º tratam do tema igualdade e não
tes a pavimentação, saneamento, encanamento discriminação, consubstanciados no princípio da
para esgotos, distribuição de energia elétrica e de promoção da igualdade presente na Convenção sobre
gás, iluminação pública, serviços de comunicação, Direitos das Pessoas com Deficiência. Para tanto, o §
abastecimento e distribuição de água, paisagismo e 1º do artigo 4º preocupou-se em definir discrimina-
os que materializam as indicações do planejamento ção em razão da deficiência como toda forma de
urbanístico. distinção, restrição ou exclusão, quer por ação quer
z Mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes por omissão, com o objetivo de impedir, prejudicar ou
nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adi- anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e
cionados aos elementos de urbanização ou de edifi- das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência.
cação, de forma que sua modificação ou seu traslado Inclui-se, ainda, como forma de discriminação, a recu-
não provoque alterações substanciais nesses ele- sa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tec-
mentos, tais como semáforos, postes de sinalização nologias assistivas, tanto pelo próprio Estado, como
e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às pelo particular.
telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, Para facilitar na fixação desse conceito, vamos
5
-3

marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de esquematizá-lo para você:


68

natureza análoga.
.3

z Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que


Distinção em razão da
87

tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movi-


deficiência
.2

mentação, permanente ou temporária, gerando


63

redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da


-4

coordenação motora ou da percepção, incluindo


idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
es

Distinção
colo e obeso.
ed

Restrição
z Residências inclusivas: unidades de oferta do
gu

Exclusão
Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assis-
a

tência Social (SUAS) localizadas em áreas residen-


lv

ciais da comunidade, com estruturas adequadas,


si

que possam contar com apoio psicossocial para o


an

atendimento das necessidades da pessoa acolhida, Ação Omissão


Lu

destinadas a jovens e adultos com deficiência, em


situação de dependência, que não dispõem de condi-
ções de autossustentabilidade e com vínculos fami-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

liares fragilizados ou rompidos.


impedir, prejudicar ou anular o
reconhecimento ou o exercício dos
As residências inclusivas têm caráter de assis- direitos e das liberdades fundamentais
tência para aquelas pessoas com deficiência que são de pessoa com deficiência.
dependentes, porém não possuem vínculos familiares
capazes de lhes dar suporte.
Importante esclarecer que a igualdade trazida
z Moradia para a vida independente da pessoa pela Lei nº 13.146/2015 não é impositiva, ou seja, as
com deficiência: moradia com estruturas adequa- ações afirmativas constante da Lei não são obrigató-
das capazes de proporcionar serviços de apoio cole- rias às pessoas com deficiência, pois, se elas não qui-
tivos e individualizados que respeitem e ampliem serem se beneficiar dos direitos elencados, não serão
o grau de autonomia de jovens e adultos com obrigadas. Por exemplo: a pessoa com deficiência não
deficiência. é obrigada a se inscrever para as vagas reservadas, 135
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podendo concorrer às vagas de ampla concorrência passageiros e garantia de segurança no embarque
se assim desejar. e no desembarque;
O artigo 5º, por vez, trata da proteção da pessoa z acesso a informações e disponibilização de recur-
com deficiência, de modo a afastar toda forma de sos de comunicação acessíveis;
tortura ou outro mecanismo de redução da dignida- z recebimento de restituição de imposto de renda;
de da pessoa humana ao assegurar a proteção contra z tramitação processual e procedimentos judiciais e
negligência, discriminação, exploração, violência, tor- administrativos em que for parte ou interessada,
tura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou em todos os atos e diligências.
degradante. Seu parágrafo único traz um importante
conceito: especialmente vulneráveis. Considerando
que a pessoa com deficiência já é vulnerável e, por Importante
esta razão, merece a proteção especial, maior deve ser
Com exceção da restituição de imposto de renda
a proteção das crianças, adolescentes, mulheres e
idosos quando estes possuem deficiência.
e da tramitação processual prioritária, todos os
Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que con- demais itens relativos ao atendimento prioritá-
cedeu às pessoas com deficiência plena capacidade rio são extensivos ao acompanhante da pessoa
para o exercício de seus direitos, inclusive para: com deficiência ou ao seu atendente pessoal.
Como consequência, o acompanhante tem direi-
z casar ou constituir união estável; to à preferência de atendimento, ao socorro,
z exercer direitos sexuais e reprodutivos; entre outros.
z exercer o direito de decidir sobre o número de
filhos e de ter acesso a informações adequadas
sobre reprodução e planejamento familiar; Os artigos 10 ao 78 traçam os direitos das pessoas
z conservar sua fertilidade, sendo proibida a esteri- com deficiência e são eles que vamos estudar neste
lização compulsória; momento:
z exercer o direito à família e à convivência familiar
e comunitária; Vida
z exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
Habitação e
adoção, como adotante ou adotando, em igualdade
Reabilitação
de oportunidades com as demais pessoas.
Saúde
Dica
Educação
Até a entrada em vigor da Lei nº 13.146/2015, as
pessoas com deficiência eram tidas, em regra, Moradia
como absoluta ou relativamente incapazes pelo
5
-3

Código Civil. Atualmente, a regra é que elas são Direitos Trabalho


68

plenamente capazes, só sendo consideradas Fundamentais


.3

relativamente incapazes se, por causa transitó- Assistência Social


87

ria ou permanente, não puderem exprimir sua


.2

vontade.
63

Previdência Social
-4

O artigo 7º trouxe o dever de vigilância geral apli- Cultura, esporte,


es

cável a todas as pessoas. Em decorrência dele, podem turismo e lazer


ed

comunicar às autoridades qualquer tipo de ameaça


Transporte
gu

ou violação aos direitos da pessoa com deficiência.


Ressalta-se que seu parágrafo único dispõe que, uma
a

Mobilidade
lv

vez verificado pelos juízes e tribunais ofensa à Lei, o


si

Ministério Público deve ser informado para que adote


an

as providências para o devido cumprimento da Lei, O direito à vida encontra-se previsto nos arti-
Lu

inclusive na forma penal. gos 10 ao 13 da Lei nº 13.146/2015 e dele decorrem


O artigo 8º estabelece que é dever Estado, da os demais direitos, pois, sem a vida, não existiria
sociedade e da família assegurar a efetivação dos nenhum outro. O direito à vida é inviolável, sendo,
direitos das pessoas com deficiência. inclusive, garantido constitucionalmente a todas as
Encerrando a parte relativa à igualdade, o 9º dis- pessoas. Por conseguinte, a pessoa com deficiência
põe sobre o atendimento prioritário, com as finali- tem o direito de lutar pela sua vida, competindo ao
dades de: Estado o dever de adotar toda e qualquer medida para
assegurar seu pleno exercício.
z proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; Importante assinalar que a pessoa com deficiência
z atendimento em todas as instituições e serviços de não é obrigada a ser submetida a qualquer espécie
atendimento ao público; de tratamento ou intervenção forçada, haja vista que
z disponibilização de recursos, tanto humanos é indispensável seu livre consentimento para a rea-
quanto tecnológicos, que garantam atendimento lização de qualquer procedimento, exceto nos casos
em igualdade de condições com as demais pessoas; de atendimento de emergência em saúde e risco de
z disponibilização de pontos de parada, estações morte e nos casos em que se encontra impossibilitada
136 e terminais acessíveis de transporte coletivo de de manifestar a sua vontade. Por possui curador, este
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supre o seu consentimento (aplica-se apenas às pes- parte do subsistema da Seguridade Social, juntamen-
soas submetidas ao instituto da Curatela). te com a saúde e a previdência social. Por assistência
Verifica-se, ainda, que compete ao Poder Público social entende-se o conjunto de medidas instituciona-
a proteção das pessoas com deficiência em situações lizadas de assistência gratuita a ser prestada a quem
de vulnerabilidade, em especial, aquelas em situações dela necessitar. São seus objetivos: habilitar e reabi-
de risco, como nos casos de estado de emergência ou litar as pessoas com deficiência; reintegrá-las à vida
calamidade pública. comunitária; garantir um benefício mensal àque-
O direito à habilitação e reabilitação está dis- les que não têm meios de prover a sua manutenção
ciplinado nos artigos 14 ao 17, dizendo respeito à (hipossuficiente).
garantia de se adotar medidas que promovam a recu- O direito à previdência social, também integran-
peração física, cognitiva e psicológica, bem como a te do subsistema da Seguridade Social, encontra-se
proteção, à reabilitação e a reinserção social das pes- previsto no artigo 41. Trata de garantir à pessoa com
soas com deficiência. deficiência segurada do Regime Geral de Previdência
Esse direito relaciona-se, diretamente, com a ques- Social (RGPS) o direito à aposentadoria nos termos
tão da saúde, de modo a envolver a atuação do Siste- da Lei Complementar nº 142 de 8 de maio de 2013 —
ma Único de Saúde (SUS) e do Serviço de Acolhimento redução de até́ 10 (dez) anos de contribuição, confor-
do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), ambos me o grau da deficiência aferido em avaliação médica
responsáveis por prestar informações e orientações e social.
adequadas com relação às políticas públicas dispo- O direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao
níveis, de modo a favorecer a plena participação das lazer está estabelecido nos artigos 42 ao 45, tendo,
pessoas com deficiência. como um de seus principais objetivos, a promoção
O direito à saúde encontra-se estabelecido nos isonômica à inclusão e participação da pessoa com
artigos 18 a 26. Trata-se de um direito universal, pois deficiência na vida em sociedade em todos os seus
estabelece garantias às pessoas de modo geral, estan- aspectos.
do, também, arrolado na Constituição Federal como Ressalta-se que é proibida a cobrança de valor
um direito social. maior pelo ingresso de pessoas com deficiência.
Salienta-se que o direito à saúde da pessoa com O direito ao transporte e à mobilidade está disci-
deficiência contempla o acesso a um atendimento plinado nos artigos 46 ao 52. Tal direito objetiva com-
integral, ou seja, em todos os níveis de complexidade,
bater, de modo concreto, a manifestação de barreiras
seja de caráter preventivo ou para fins de tratamen-
na vida da pessoa com deficiência.
to, sem qualquer discriminação ou custos adicionais,
O direito à acessibilidade encontra-se previsto
com direito ao acompanhante, em ambientes acessí-
nos artigos 53 ao 62. Seu objetivo é conceder igualda-
veis, sem se submeter a qualquer tipo de discrimina-
de de condições e acesso, liberdade, autonomia e inde-
ção ou violência, estabelecendo, portanto, o acesso
pendência às pessoas com deficiência, competindo ao
igualitário.
Poder Público amoldar e adaptar todas as suas esfe-
O direito à educação está previsto nos arti-
ras com o objetivo de garantir tratamento igualitário
gos 27 ao 30, além de fazer parte do rol dos direitos
5
a todas as pessoas, de modo a eliminar as possíveis
-3

sociais, previstos no artigo 6º da Constituição Federal


barreiras impostas a elas.
68

de 1988. Na Lei nº 13.146/2015, o direito à educação


O direito ao acesso à informação e à comunica-
.3

deve ser garantido por meio de um sistema educa-


ção está disposto nos artigos 63 ao 73 da Lei. Trata-se
87

cional inclusivo, que deve atender, com qualidade


de dispositivos cujo escopo é ampliar a ideia de acessi-
.2

e de modo satisfatório, as pessoas com deficiência. O


63

objetivo desse sistema inclusivo é evitar a segregação bilidade à informação, de maneira a contemplar qual-
-4

dessas pessoas, a fim de superar as dificuldades que quer serviço ou produto.


Os artigos 74 e 75 referem-se à tecnologia assis-
es

advenham dessa condição e favorecer a sua integra-


ção na comunidade. tiva, conceituando-a como qualquer forma de apoio
ed

necessário à promoção da autonomia e independên-


gu

cia da pessoa com deficiência. Cabe ao Poder Público


Dica
a

a responsabilidade de desenvolver um plano específi-


lv

É a escola que deve se adaptar ao aluno, buscan- co de medidas, a ser renovado no período de quatro
si

do compreender suas necessidades e caracterí- anos, para facilitar a criação e promoção dessas tec-
an

sitcas e não o contrário. nologias. Além disso, tais procedimentos deverão ser
Lu

avaliados, pelo menos, a cada dois anos.


O direito à moradia, cuja previsão encontra-se O direito à participação na vida pública e políti-
nos artigos 31 ao 33, tem, como objetivo, garantir o ca, previsto no artigo 76, guarda relação com o exer-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

máximo de autonomia e dignidade à pessoa com defi- cício da cidadania das pessoas com deficiência. A elas
ciência. Trata-se de um direito contemplado na Decla- são garantidos os direitos inerentes a sua capacida-
ração Universal de Direitos Humanos, competindo ao de eleitoral ativa e passiva. Para a promoção de tais
Poder Público sua promoção e efetiva concretização. medidas de acessibilidade, a competência cabe aos
O direito ao trabalho, disciplinado nos artigos 34 Tribunais Regionais Eleitorais.
e 35, tem, como característica, o fato de ser incluso. Por último, também é estabelecido, na Lei nº
Como consequência, permite-se que a pessoa com 13.146/2015, o direito à ciência e tecnologia. Ele está
deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto previsto nos artigos 77 e 78 e tem, como escopo, esti-
à profissão ou ao trabalho que deseje desempenhar. mular a criação de cursos de pós-graduação na área
O direito à assistência social encontra-se con- de tecnologia assistiva, bem como o desenvolvimen-
templado nos artigos 39 ao 40, além de fazer parte to de outras ações com o objetivo de formar recursos
do rol dos direitos sociais previstos no artigo 6º da humanos qualificados e estruturar as diretrizes dessa
Constituição Federal de 1988. A assistência social faz área de conhecimento. 137
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A partir do artigo 78, inicia-se a parte especial. Direta - praticar
Nela, constam disposições acerca do direito de acesso

Art. 88 - Condutas
à Justiça, o reconhecimento igualitário perante a lei e
a tipificação de determinadas condutas, como crimes
Indireta - induzir
ou infrações. No que tange ao acesso à Justiça, compe-
te ao Poder Público realizar as adaptações e propor-
cionar os recursos de tecnologia assistiva necessários
para a plena participação da pessoa com deficiência Indireta - instigar
no âmbito do Poder Judiciário.
Quanto ao reconhecimento igualitário peran- Outro ponto importante neste dispositivo é rela-
te a lei, é reflexo do que já encontra disciplinado tivo ao conceito de discriminar. Entende-se como
na Constituição Federal. Por conseguinte, a Lei nº discriminação toda distinção, exclusão ou restrição
13.146/2015 visa garantir à pessoa com deficiência o baseada na deficiência, objetivando impedir ou obs-
tar o exercício pleno de direitos.
pleno exercício de suas capacidades.
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a víti-
CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS ma encontrar-se sob cuidado e responsabilidade
do agente.
Os crimes e as infrações administrativas estão dis-
postos nos artigo 88 a 91. Dos crimes elencados, ape- O parágrafo primeiro traz uma hipótese de cau-
nas o do artigo 91 tem, como pena, a detenção. Todos sa de aumento de pena. Trata-se do fato de o agen-
te, que praticou uma das condutas elencadas, ser o
os demais apresentam pena de reclusão.
responsável (legal ou não) por aquele que sofreu a
Detenção e reclusão são modalidades de penas pri-
discriminação. O aumento de 1/3 da pena decorre da
vativas de liberdade. proximidade e do dever de cuidado para com a pes-
A pena de reclusão é aplicada a condenações mais soa com deficiência. São exemplos: pais, tutores, cura-
severas, por ser a única a admitir o regime inicial de dores, guardiões, professores, médicos, cuidadores,
cumprimento fechado. Essa modalidade admite os entre outros.
três regimes de cumprimento: fechado, semiaberto e
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput des-
aberto. te artigo é cometido por intermédio de meios de
Já a pena de detenção é aplicada a condenações comunicação social ou de publicação de qual-
mais leves, uma vez que o regime inicial de cum- quer natureza:
primento será o semiaberto. A detenção admite os Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
regimes de cumprimento semiaberto e aberto, não
5
O parágrafo segundo é uma qualificadora do cri-
-3

admitindo o fechado.
me. Ela diz respeito ao meio utilizado para a prática
68

Vamos ao estudo dos crimes: da conduta, pois, ao ser cometido por intermédio de
.3

meios de comunicação social ou de publicação de


87

Art. 88 Praticar, induzir ou incitar discrimina- qualquer natureza, a conduta atinge mais visibilida-
.2
63

ção de pessoa em razão de sua deficiência: de, chegando ao conhecimento de um número maior
de pessoas.
-4

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.


es

O crime do artigo 88 pode ser praticado de três


ed

modos: Importante
gu

A qualificadora altera o patamar da pena (penas


a

I. Participação direta do agente na conduta deli- mínima e máxima constantes do tipo penal —
lv
si

tuosa: Aqui, o agende age de modo a discriminar a preceito secundário) em razão de novas elemen-
an

pessoa em razão de sua deficiência. A conduta está tares acrescentadas, o que faz com que ele seja
Lu

no verbo praticar; um tipo derivado autônomo ou independente.


II. Participação indireta do agente na conduta deli- Por outro lado, a causa de aumento (majorante)
tuosa ao criar “na cabeça de outra pessoa” a ideia é apenas uma hipótese para que a pena possa
de que ela pratique a discriminação: Aqui, temos ser aumentada.
dois agentes, um que desperta a atenção de outro
para a prática do crime e outro que, efetivamente, § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá
pratica o crime. A conduta está no verbo induzir; determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedi-
III. Participação indireta do agente na conduta do deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena
delituosa ao reforçar ou encorajar uma pes- de desobediência:
soa a praticar a discriminação: Diferentemente I – recolhimento ou busca e apreensão dos exempla-
res do material discriminatório;
da conduta de induzir, aqui, a pessoa instigada já
II – interdição das respectivas mensagens ou pági-
tinha a intenção de discriminar, havendo apenas nas de informação na internet.
um reforço/encorajamento. Temos, também, dois
agentes, um que reforça e outro que pratica. A con- O parágrafo terceiro dispõe a consequência do cri-
138 duta está no verbo instigar. me cometido por intermédio de meios de comunicação
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social ou de publicação de qualquer natureza. Tra- proventos, pensões ou remuneração ou à realiza-
ta-se de medida para evitar a propagação da discri- ção de operações financeiras, com o fim de obter
minação, uma vez que, verificada a ocorrência de vantagem indevida para si ou para outrem:
discriminação da pessoa com deficiência por estes Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
meios, é possível, ao juiz, após ouvido o Ministério e multa.
Público ou a pedido deste, determinar o recolhimento Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um
de todo o material em que está descrita a discrimina- terço) se o crime é cometido por tutor ou curador.
ção. No caso de divulgação em site de internet, pode-se
determinar a retirada do ar da página ou do conteúdo. O crime do artigo 91 pode ser praticado por duas
condutas: retenção ou utilização. Ocorre quando o
§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito agente fica na posse ou utiliza-se de cartão magnéti-
da condenação, após o trânsito em julgado da deci- co ou meio eletrônico ou documento pessoal, com a
são, a destruição do material apreendido. finalidade de obter vantagem indevida para si ou para
outrem. Exemplo: utilização de carteira de passe livre
Por fim, o parágrafo quarto refere-se ao que irá em transporte coletivo com a intenção de não pagar
acontecer com o material apreendido ou bloqueado. a passagem. Trata-se de crime mais brando do que o
Após o trânsito em julgado da decisão (quando esgo- do artigo 89, pois, aqui, o objetivo não é prejudicar a
tou todos os meios de defesa e não há mais recurso pessoa com deficiência, mas aferir vantagem com a
cabível), todo o material apreendido será destruído. sua situação.
Cumpre mencionar, por necessário, que a Lei nº
Art. 89 Apropriar-se de ou desviar bens, proven- 13.146/2015 alterou o crime previsto no artigo 8º da
tos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas
outro rendimento de pessoa com deficiência: com deficiência. Vejamos:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2
(dois) a 5 (cinco) anos e multa:
O crime tipificado no artigo 89 pode ser praticado I – recusar, cobrar valores adicionais, suspender,
de dois modos: por apropriação ou por desvio. Enten- procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de
de-se por apropriação quando o agente faz da coisa aluno em estabelecimento de ensino de qualquer
alheia como se fosse sua, ou seja, apodera-se de bem, curso ou grau, público ou privado, em razão de sua
proventos, pensões, benefícios ou qualquer outro ren- deficiência;
dimento da pessoa com deficiência. Já no desvio, o II – obstar inscrição em concurso público ou acesso
agente dá um destino diferente ao bem, proventos, de alguém a qualquer cargo ou emprego público,
em razão de sua deficiência;
pensões, benefícios ou qualquer outro rendimento da
III – negar ou obstar emprego, trabalho ou promo-
pessoa com deficiência. As duas condutas são punidas
ção à pessoa em razão de sua deficiência;
com pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. IV – recusar, retardar ou dificultar internação ou
deixar de prestar assistência médico-hospitalar e
5
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um
-3

ambulatorial à pessoa com deficiência;


68

terço) se o crime é cometido: V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar execu-


I – por tutor, curador, síndico, liquidatário, inven-
.3

ção de ordem judicial expedida na ação civil a que


87

tariante, testamenteiro ou depositário judicial; ou alude esta Lei;


II – por aquele que se apropriou em razão de ofício
.2

VI – recusar, retardar ou omitir dados técnicos


ou de profissão.
63

indispensáveis à propositura da ação civil pública


-4

objeto desta Lei, quando requisitados.


O parágrafo único apresenta uma hipótese de cau- § 1º Se o crime for praticado contra pessoa com
es

sa de aumento de pena de 1/3 no caso de o agente que deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é
ed

praticou a conduta ser o responsável (legal) da pessoa agravada em 1/3 (um terço).
gu

com deficiência ou ter se aproveitado de ofício ou pro- § 2º A pena pela adoção deliberada de critérios
fissão para o cometimento do crime. subjetivos para indeferimento de inscrição, de
a
lv

aprovação e de cumprimento de estágio probatório


si

Art. 90 Abandonar pessoa com deficiência em em concursos públicos não exclui a responsabilida-
an

hospitais, casas de saúde, entidades de abrigamen- de patrimonial pessoal do administrador público


Lu

to ou congêneres: pelos danos causados.


Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e § 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou
multa. dificulta o ingresso de pessoa com deficiência em
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não planos privados de assistência à saúde, inclusive
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

prover as necessidades básicas de pessoa com defi- com cobrança de valores diferenciados.
ciência quando obrigado por lei ou mandado. § 4º Se o crime for praticado em atendimento de
urgência e emergência, a pena é agravada em 1/3
O artigo 90 tipifica o crime de abandono de pes- (um terço).
soa com deficiência, de modo a dar amparo e pro-
teção a essas pessoas, por vezes incapazes de zelar A nova redação dada ao artigo acrescentou ao inci-
por sua vida. Refere-se ao fato de o agente deixar de so I a conduta de cobrar valores adicionais por parte
prestar assistência, mesmo quando possui o dever de da instituição de ensino. Exemplos clássicos são as
cuidado e proteção. mensalidades diferenciadas para alunos autistas
(com valores a mais). O inciso II refere-se à discrimi-
Art. 91 Reter ou utilizar cartão magnético, qual- nação com relação a emprego, trabalho ou promoção.
quer meio eletrônico ou documento de pessoa com O inciso III ao atendimento médico e ambulatorial.
deficiência destinados ao recebimento de benefícios, O inciso IV à omissão de dados quando estes são 139
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
essenciais à propositura de ação civil pública ou quan- financeiras, com o fim de obter vantagem indevida
do houver requisição. para si ou para outrem”. Todas as alternativas refe-
A Lei nº 13.146/2015 acrescentou parágrafos ao rem-se a crimes punidos com reclusão. Resposta:
artigo 8º da Lei nº 7.853/89, estabelecendo causas de Letra C.
aumento de pena ao crime.
Por fim, importante mencionar que todos os cri- 3. (VUNESP — 2020) Em 2015, foi instituída a LBI – Lei
mes disciplinados pela mencionada Lei são crimes de Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência,
Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja, compete também denominada “Estatuto da Pessoa com Defi-
ao Ministério Público promover a ação independente- ciência”, destinada a assegurar e a promover em con-
mente da vontade da vítima. dições de igualdade o que segue:

a) participação parcial na sociedade, nas escolas e em


todos os ambientes de interação social.
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) matrícula e permanência com qualidade na escola
comum inclusiva, por meio de impedimentos estruturais.
1. (VUNESP — 2019) Conforme disciplinado na Lei no c) participação nos diversos tempos e espaços escola-
13.146/2015, é correto afirmar que: res em igualdade de oportunidades com as demais
crianças com deficiência
a) todos os direitos previstos para a pessoa com defi- d) inclusão na sociedade para que sejam respei-
ciência não são extensivos aos seus acompanhantes tadas todas as formas de ser e estar no mundo
ou ao seu atendente pessoal, sem qualquer ressalva contemporâneo.
prevista na Lei. e) exercício dos direitos e das liberdades fundamentais
b) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão
benefícios decorrentes de ação afirmativa. social e cidadania.
c) a deficiência não afeta o direito de conservar a ferti-
lidade, sendo obrigatória a esterilização compulsória A Lei n.º 13.146/2015 foi criada com o objetivo de
nos casos previstos em lei. proporcionar a inclusão social e a cidadania da pes-
d) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- soa com deficiência no exercício dos direitos e das
soa, inclusive para casar-se e constituir união estável.
liberdades fundamentais em igualdade de condições
e) a pessoa com deficiência não tem atendimento priori-
(art. 1º). Resposta: Letra E.
tário no que diz respeito ao acesso à informação e ao
recebimento de restituição de imposto de renda.
4. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Comprovado que o tutor
havia desviado proventos de pessoa deficiente cuja
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade
tutela exercia, o juiz proferiu sentença condenando-o a
civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e cons-
um ano de reclusão. Foi certificado que houve erro na
tituir união estável; II - exercer direitos sexuais e
sentença proferida. Nessa situação, o erro da senten-
reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre
5
ça decorre:
-3

o número de filhos e de ter acesso a informações


68

adequadas sobre reprodução e planejamento fami-


a) da não aplicação da multa de pelo menos o dobro do
.3

liar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada


proveito obtido.
87

a esterilização compulsória; V - exercer o direito à


b) unicamente da não inclusão da pena de multa.
.2

família e à convivência familiar e comunitária; e VI


63

- exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à c) da não aplicação da causa de aumento de pena e da
-4

adoção, como adotante ou adotando, em igualdade multa.


de oportunidades com as demais pessoas. Resposta: d) do fato de a condenação ter sido superior ao mínimo
es

Letra D. legal.
ed

e) do fato de a pena prevista para o delito ser detenção e


gu

2. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Tipifica-se como cri- multa.


a

me contra a pessoa deficiente, com a penalidade de


lv

detenção: Trata-se de relação de responsabilidade, razão pela


si

qual a pena será aumentada em 1/3 (um terço). Além


an

a) o desvio de seus bens com o propósito de alcançar disso, o juiz também deixou de aplicar a pena de mul-
Lu

vantagem indevida para si. ta, que é cabível nesse crime. Resposta: Letra C.
b) o seu abandono em hospitais ou entidades de
abrigamento. 5. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Com relação aos crimes,
c) a utilização, para obtenção de vantagem indevida, de às infrações administrativas e às disposições finais e
seu cartão magnético destinado ao recebimento de transitórias previstos no Estatuto da Pessoa com Defi-
pensão. ciência (EPD), assinale a opção correta.
d) a apropriação de seus bens patrimoniais para a conse-
cução de vantagem indevida para terceiros. e. a incita- a) Constitui crime a conduta de obstar o acesso da
ção de discriminação em razão de sua deficiência. pessoa com deficiência a cargo ou emprego público,
ainda que com base em critério restritivo e objetivo
No âmbito da Lei nº 13.146/2015, apenas um crime é previamente definido em lei.
punível com detenção. Trata-se do art. 91: “reter ou b) Na tipificação da conduta de praticar, induzir ou incitar
utilizar cartão magnético, qualquer meio eletrônico discriminação de pessoa em razão da deficiência, é
ou documento de pessoa com deficiência destina- admitida a tentativa.
dos ao recebimento de benefícios, proventos, pen- c) O sujeito passivo dos crimes previstos no EPD é sem-
140 sões ou remuneração ou à realização de operações pre a pessoa com deficiência.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
d) Para a consumação do crime de desviar bens da Tendo como base os 11 “considerandos” integrantes
pessoa com deficiência, exige-se o efetivo lucro do da parte inicial do texto normativo, destaca-se que o
agente. imperativo da apresentação do custodiado à autorida-
e) Admitem-se tanto a modalidade dolosa quanto a cul- de judicial competente dentro do prazo de até 24 horas,
posa no caso do delito de abandono da pessoa com encontrando previsão expressa em documentos inter-
deficiência, que é crime permanente. nacionais, tanto no âmbito da Organização das Nações
Unidas (ONU) quanto no sistema interamericano de
A alternativa A está incorreta, pois fala de crité- proteção de direitos humanos, assim como no âmbito
rio objetivo. Como o crime guarda relação com o nacional de proteção, ratificados pela República Federa-
sujeito, o critério é subjetivo. A alternativa B está
tiva do Brasil, além de outros atos normativos oriundos
incorreta, porque não admite a modalidade tenta-
de demais órgãos e entidades brasileiras, por exemplo,
da, ou seja, não cabe tentativa. A alternativa C está
do próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
correta, porque o sujeito passivo dos crimes da Lei
nº 13.146/2015 é sempre a pessoa com deficiência.
A letra D está incorreta, pois o desvio também pode
ocorrer para terceiros. Por fim, a letra E está incor-
Importante!
reta porque o abandono não é crime cuja conduta Observe a seguir o quadro resumo com os fun-
se prolonga no tempo, ou seja, crime permanente. damentos legais citados. Não há necessidade
Resposta: Letra C. de decorar todos, mas é importante ter em men-
te que a criação do procedimento da audiên-
cia de custódia detém contexto internacional e
constitucional.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (RESOLUÇÃO
Nº 213, DE 15/12/2015 – CNJ
FUNDAMENTOS LEGAIS
Começamos agora o estudo da Resolução nº 213,
de 15 de dezembro de 2015 (com entrada em vigor em Pacto Internacional dos Direitos
fevereiro de 2016) e suas respectivas alterações. Civis e Políticos de 1966 (âmbito
Já fique atento à importância de ter um material da Organização das Nações Uni-
atualizado, uma vez que tal dispositivo legal passou das – ONU).
por atualizações no ano de 2018 pelas resoluções nº Documentos Convenção Americana de Direi-
254 e 268. Assim, tomaremos o cuidado de sempre Internacionais tos Humanos de 1969 (também
destacar tais alterações. conhecida por Pacto de São José
Analisando a estrutura da Resolução 213, temos da Costa Rica) feita no âmbito da
sua divisão em três partes, a saber: Organização dos Estado Ameri-
canos – OEA.
5
z Texto Básico (composto por 17 artigos), que traz
-3

Constituição Federal de 1988,


68

as regras gerais referentes à apresentação do cus-


todiado à autoridade judicial competente; em especial, quando dispõe em
.3
87

z Protocolo referente à aplicação de medidas caute- seu artigo 5º que a prisão detém
caráter de medida extrema, só
.2

lares diversas da prisão para custodiados apresen-


63

tados nas audiências de custódia; podendo ser feita em situações


-4

z Protocolo relativo a procedimentos para oitiva, regis- constantes em lei (relação com o
tro e encaminhamento de denúncias de tortura e princípio da legalidade penal).
es

outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.


ed

Ações Constitucionais: Arguição


gu

de Descumprimento de Preceito
Na realização de provas objetivas, vê-se a concen- Documentos e Fundamental – ADPF e Ações
a

tração das questões dentro do texto básico (17 arti- Atos no Cenário
lv

Diretas de Inconstitucionalidade
gos), por isso, ele será nosso foco.
si

Nacional – ADI. Impetradas com o objeti-


Feitas tais observações, vamos seguir com a aná-
an

vo de trazer eficácia às previsões


lise do texto, o qual, por uma questão didática e de do texto republicano e aos docu-
Lu

organização, será separado por tópicos. Não há tal mentos internacionais.


divisão no documento; ela será feita para facilitar seu
entendimento. Código de Processo Penal e suas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

alterações introduzidas pela lei


INTRODUÇÃO (CONSIDERANDOS) nº 12.403 de 4 de maio de 2011.

De início, com a leitura do presente documento, Recomendações do próprio CNJ


editado dentro das atribuições constitucionais do Con- no sentido de regular o assunto.
selho Nacional de Justiça – CNJ (órgão integrante do
Poder Judiciário Federal), contempla-se a necessidade Por fim, ainda na análise sobre os “consideran-
da apresentação obrigatória de toda pessoa presa em dos”, demonstra-se que a condução da pessoa presa à
flagrante delito, independentemente da motivação ou autoridade judicial dentro do prazo de até 24 horas é o
natureza do ato, em até 24 horas da comunicação do meio mais eficaz para a prevenção e repressão à prati-
flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida ca de tortura no momento da prisão e, por conseguin-
sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão te, assegura o direito à integridade física e psicológica
ou apreensão. das pessoas submetidas à custódia estatal. 141
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
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QUANTO À APRESENTAÇÃO – ARTIGOS 1º AO 6º Art. 7° [...]
§2º A apresentação da pessoa presa em flagrante
A apresentação do custodiado à autoridade judicial delito em juízo acontecerá após o protocolo e distri-
se dará dentro do prazo de 24 horas e será obrigatoria- buição do auto de prisão em flagrante e respectiva
mente precedida de cadastro no Sistema de Audiência nota de culpa perante a unidade judiciária corres-
de Custódia (SISTAC). Tal audiência deverá ser realiza- pondente, dela constando o motivo da prisão, o
da na presença do Ministério Público e da Defenso- nome do condutor e das testemunhas do flagrante,
ria Pública caso a pessoa detida não possua defensor perante a unidade responsável para operacionali-
constituído no momento da lavratura do flagrante. zar o ato, de acordo com regramentos locais.
Acrescenta-se a vedação da presença dos agentes
policiais responsáveis pela prisão ou pela investiga- A apresentação à autoridade judicial, em até 24
ção durante a realização da audiência, além de garan-
horas, também será realizada para outras formas
tir o direito de reunião reservada, ou seja, sem a
de prisão, não somente quando em flagrante delito.
presença de policiais, a ser realizada pelo custodiado
Observe a redação do art. 13.
com o seu defensor antes da apresentação ao juiz.
Frisa-se que, estando a pessoa presa acometida de
Art. 13 A apresentação à autoridade judicial no
grave enfermidade, ou havendo circunstância com-
provadamente excepcional que a impossibilite de ser prazo de 24 horas também será assegurada às
apresentada ao juiz, deverá ser assegurada a realiza- pessoas presas em decorrência de cumprimento de
ção da audiência no local em que ela se encontre. mandados de prisão cautelar ou definitiva, aplican-
A simples comunicação da prisão ao poder judi- do-se, no que couber, os procedimentos previstos
ciário, feita por meio do encaminhamento do auto de nesta Resolução.
prisão em flagrante e regulada de acordo com a roti- Parágrafo único. Todos os mandados de prisão
na prevista em cada Estado da Federação, não supre a deverão conter, expressamente, a determinação
obrigação da apresentação formal do custodiado. para que, no momento de seu cumprimento, a
A responsabilidade pelo deslocamento do custodia- pessoa presa seja imediatamente apresentada à
do até a presença da autoridade judicial será da Secre- autoridade judicial que determinou a expedição
taria de Administração Penitenciária ou da Secretaria da ordem de custódia ou, nos casos em que forem
de Segurança Pública, conforme regramentos locais. cumpridos fora da jurisdição do juiz processante,
A resolução também traz a definição de autoridade à autoridade judicial competente, conforme lei de
judicial competente, conceito de grande destaque e pos- organização judiciária local.
sibilidade de cobrança em prova por ter sido objeto de
atualização em 2018. Nesse sentido, dispõe a resolução. Com a finalidade de dar efetividade às presentes
previsões, há imperativo nos arts. 14 e 15 para que
Art. 1° [...] os tribunais façam a expedição de atos necessários
§2º Entende-se por autoridade judicial competente e realizem ações no sentido de auxiliar os juízes no
5
-3

aquela assim disposta pelas leis de organização cumprimento desta Resolução, levando-se em consi-
68

judiciária locais, ou, salvo omissão, definida por


deração a realidade local e podendo realizar convê-
.3

ato normativo do Tribunal de Justiça, Tribunal de


nios e gestões necessárias ao seu pleno cumprimento.
87

Justiça Militar, Tribunal Regional Federal, Tribunal


Ainda com tal destinação, é necessário que os Tribu-
.2

Regional Eleitoral ou do Superior Tribunal Militar


63

que instituir as audiências de apresentação, nais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais, no pra-
-4

incluído o juiz plantonista. (Redação dada pela zo de até 90 dias contados a partir da entrada em vigor
Resolução nº 268, de 21.11.18) desta Resolução, implementem a audiência de custódia
es

no âmbito de suas respectivas jurisdições (art. 15).


ed

APRESENTAÇÃO – ARTIGOS 1º AO 6º Por fim, no mesmo prazo (até 90 dias), será assegura-
gu

do às pessoas presas em flagrante antes da implantação


a

Em até 24 horas após a comu-


Prazo para a
lv

nicação do flagrante, precedi- da audiência de custódia, que não tenham sido apre-
si

Apresentação sentadas em outra audiência no curso do processo de


da de cadastro no SISTAC.
an

conhecimento, a apresentação à autoridade judicial, nos


Lu

Custodiado; Autoridade Judi- termos desta Resolução (Parágrafo único, art. 15).
Pessoas Presentes cial; Ministério Público e De-
na Audiência fensoria Pública (quando não
SISTEMA DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA – SISTAC
tiver advogado).
(ARTIGO 7º)
Direito ao atendimento prévio
Advogado
e reservado com o custodiado. Trazendo conceitos básicos e necessários, temos
um Sistema de amplitude nacional, disponibilizado
Policial responsá- gratuitamente pelo CNJ, com a finalidade de facili-
Vedada a sua presença na
vel pela Prisão ou tar a coleta dos dados produzidos na audiência e que
audiência.
Investigação decorram da apresentação de pessoas presa em fla-
grante delito a um juiz.
Responsabilidade da Secre- Nesse sentido, o auto de prisão em flagrante subsi-
Deslocamento do taria de Administração Peni- diará as informações a serem registradas no SISTAC,
Custodiado tenciária ou da Secretaria de
conjuntamente com aquelas obtidas a partir do relato
Segurança Pública.
142 do próprio autuado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ENTREVISTA À PESSOA PRESA EM FLAGRANTE –
Importante! ARTIGO 8º
Os objetivos de tal sistema são frequentemente Condutas da Autoridade Judicial e Direitos do
cobrados em provas. Sendo assim, deixaremos Custodiado
a redação original da resolução em seu artigo 7º,
z Esclarecimento do que venha a ser a Audiência
que traz a relação de objetivos do SISTAC:
de Custódia.
z O Custodiado não deve estar algemado, salvo
Art. 7º [...]
em casos excepcionais (resistência, receio de
fuga ou perigo à integridade física própria ou
§ 1º O SISTAC, sistema eletrônico de amplitude
alheia) devidamente fundamentados por escri-
nacional, disponibilizado pelo CNJ, gratuitamente, to (vide Súmula Vinculante 11).
para todas as unidades judiciais responsáveis pela z Direito constitucional de permanecer em silêncio.
realização da audiência de custódia, é destinado a z Consultar-se com Advogado ou Defensor Públi-
facilitar a coleta dos dados produzidos na audiên- co; ser atendido por médico e o de comunicar-se
cia e que decorram da apresentação de pessoa pre- com a família
sa em flagrante delito a um juiz e tem por objetivos: z Ser indagado sobre as circunstâncias de sua pri-
I – registrar formalmente o fluxo das audiências de
são, do tratamento recebido em todos os locais
onde passou antes da audiência, assim como a
custódia nos tribunais;
ocorrência de tortura ou maus tratos durante os
II – sistematizar os dados coletados durante a procedimentos de prisão e condução.
audiência de custódia, de forma a viabilizar o z Verificar se houve a realização de exame de cor-
controle das informações produzidas, relativas po de delito e determinar a sua realização em
às prisões em flagrante, às decisões judiciais e ao casos específicos.
ingresso no sistema prisional; z Abster de formular perguntas com finalidade de
III – produzir estatísticas sobre o número de pes- produzir provas para a investigação ou ação penal
soas presas em flagrante delito, de pessoas a quem
z Averiguar, por perguntas e visualmente, hipóteses
de gravidez, existência de filhos ou dependentes
foi concedida liberdade provisória, de medidas
sob cuidados da pessoa presa, além de histórico
cautelares aplicadas com a indicação da respecti- de doenças graves, incluídos os transtornos men-
va modalidade, de denúncias relativas a tortura e tais e a dependência química, para analisar o
maus tratos, entre outras; cabimento de encaminhamento assistencial e da
IV – elaborar ata padronizada da audiência de custódia; concessão da liberdade provisória, sem ou com a
V – facilitar a consulta a assentamentos anteriores, imposição de medida cautelar.
com o objetivo de permitir a atualização do perfil
das pessoas presas em flagrante delito a qualquer
5
Houve atualização em setembro de 2018 no tocan-
-3

momento e a vinculação do cadastro de seus dados te aos direitos das mulheres vítimas de violência
68

pessoais a novos atos processuais; doméstica e familiar, que deverão ser informadas da
.3

VI – permitir o registro de denúncias de torturas e soltura de seu agressor. Vejamos a redação:


87

maus tratos, para posterior encaminhamento para


.2
63

investigação; Art. 8° [...]


-4

VII – manter o registro dos encaminhamentos § 5º Proferida a decisão que resultar no


relaxamento da prisão em flagrante, na concessão
es

sociais, de caráter voluntário, recomendados pelo


da liberdade provisória sem ou com a imposição
ed

juiz ou indicados pela equipe técnica, bem como os


de medida cautelar alternativa à prisão, ou
gu

de exame de corpo de delito, solicitados pelo juiz; quando determinado o imediato arquivamento do
VIII – analisar os efeitos, impactos e resultados da inquérito, a pessoa presa em flagrante delito será
a
lv

implementação da audiência de custódia. prontamente colocada em liberdade, mediante a


si

expedição de alvará de soltura, e será informada


an

ENTREVISTA DO CUSTODIADO DURANTE A sobre seus direitos e obrigações, salvo se por outro
Lu

AUDIÊNCIA motivo tenha que continuar presa.


§ 6º Na hipótese do § 5º, a autoridade policial será
cientificada e se a vítima de violência doméstica e
O art. 8º traz em seu texto os procedimentos a
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

familiar contra a mulher não estiver presente na


serem adotados pela autoridade judicial competente, audiência, deverá, antes da expedição do alvará
assim como os direitos do custodiado (pessoa presa) de soltura, ser notificada da decisão, sem prejuízo
durante a condução da Audiência de Custódia. É fre- da intimação do seu advogado ou do seu defensor
quentemente objeto de provas, por isso, atente-se às público. (Incluído pela Resolução nº 254, de 4.9.18).
suas características.
APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS
Durante a leitura, fica claro o desdobramento do
DA PRISÃO
devido processo legal e dos demais direitos constitu-
cionais relacionados ao processo e ao direito punitivo O primeiro ponto importante é saber quais são as
do Estado. Com essa visão geral, torna-se mais fácil medidas cautelares diversas da prisão. Para tanto, a
compreender as relações. Observe o quadro a seguir, resolução remete o leitor ao art. 319 do Código de Pro-
que sistematiza alguns pontos do art. 8º: cesso Penal (CPP), que traz as seguintes medidas: 143
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 319 São medidas cautelares diversas da prisão: Deve-se lembrar que o monitoramento será dado
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e por serviços de acompanhamento de alternativa
nas condições fixadas pelo juiz, para informar e jus- penais, denominados Centrais Integradas de Alterna-
tificar atividades; tivas Penais, que serão, preferencialmente, estrutura-
II - proibição de acesso ou frequência a determi- das no âmbito do Poder Executivo estadual.
nados lugares quando, por circunstâncias rela- Sua composição deverá contar com equipes multi-
cionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
disciplinares responsáveis pela realização de encami-
permanecer distante desses locais para evitar o
nhamentos necessários à Rede de Atenção à Saúde do
risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa deter- Sistema Único de Saúde (SUS) e à rede de assistência
minada quando, por circunstâncias relacionadas social do Sistema único de Assistência Social (SUAS).
ao fato, deva o indiciado ou acusado dela perma- Destaca-se que, identificadas demandas abran-
necer distante; gidas por políticas de proteção ou de inclusão social
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a implementadas pelo Poder Público, caberá ao juiz
permanência seja conveniente ou necessária para a encaminhar a pessoa presa em flagrante delito ao
investigação ou instrução; serviço de acompanhamento de alternativas penais,
V - recolhimento domiciliar no período noturno e conforme dispõe o §2° do art. 9°.
nos dias de folga quando o investigado ou acusado
tenha residência e trabalho fixos; Art. 9º [...]
VI - suspensão do exercício de função pública ou § 3° O juiz deve buscar garantir às pessoas
de atividade de natureza econômica ou financeira presas em flagrante delito o direito à atenção
quando houver justo receio de sua utilização para médica e psicossocial eventualmente necessária,
a prática de infrações penais; resguardada a natureza voluntária desses
VII - internação provisória do acusado nas hipó- serviços, a partir do encaminhamento ao serviço
teses de crimes praticados com violência ou grave de acompanhamento de alternativas penais, não
ameaça, quando os peritos concluírem ser inimpu- sendo cabível a aplicação de medidas cautelares
tável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e para tratamento ou internação compulsória de
houver risco de reiteração; pessoas autuadas em flagrante que apresentem
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para quadro de transtorno mental ou de dependência
assegurar o comparecimento a atos do processo, química, em desconformidade com o previsto no
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso art. 4º da Lei 10.216, de 6 de abril de 2001, e no art.
de resistência injustificada à ordem judicial; 319, inciso VII, do CPP.
IX - monitoração eletrônica.
TORTURA E MAUS TRATOS
Atente-se para o art. 10 da resolução, que dispõe
que a aplicação da monitoração eletrônica, uma das Art. 11 Havendo declaração da pessoa presa em
medidas cautelares diversas da prisão, será excep- flagrante delito de que foi vítima de tortura e maus
cional e determinada apenas quando demostrada a tratos ou entendimento da autoridade judicial que
5
impossibilidade de concessão da liberdade provisória há indícios da prática de tortura, será determina-
-3

sem cautela ou de aplicação de outra medida cautelar do o registro das informações, adotadas as provi-
68

menos gravosa. dências cabíveis para a investigação da denúncia


.3

Ela estará sujeita à reavaliação periódica para ana- e preservação da segurança física e psicológica da
87

lisar a necessidade e adequação de sua manutenção; vítima, a qual será encaminhada para atendimento
.2

é destinada exclusivamente a pessoas presas em fla- médico e psicossocial especializado.


63

grante delito por crimes dolosos puníveis com pena


-4

privativa de liberdade máxima superior a 4 anos ou Acrescenta-se que, para a apuração de indícios de
es

condenadas por outro crime doloso, em sentença práticas de tortura, declarados pela pessoa presa ou
ed

transitada em julgado. a entendimento da autoridade judicial, os registros


gu

É necessário ressalvar o disposto no inciso I do das lesões poderão ser feitos em modo fotográfico ou
caput do art. 64 do Código Penal, bem como: pessoas audiovisual, respeitando a intimidade e consignando
a
lv

em cumprimento de medidas protetivas de urgência o consentimento da vítima.


si

acusadas por crimes que envolvam violência domés- Há previsão de procedimento a ser adotado pelo
an

tica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, funcionário responsável pela coleta de dados da
Lu

idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, quando pessoa presa em flagrante quando da prática de
não couber outra medida menos gravosa. tortura ou maus tratos:

§ 2º O funcionário responsável pela coleta de dados


Importante! da pessoa presa em flagrante delito deve cuidar
para que sejam coletadas as seguintes informações,
Em razão do sigilo dos dados, a utilização de respeitando a vontade da vítima:
informações coletadas durante a monitoração I – identificação dos agressores, indicando sua ins-
eletrônica de pessoas dependerá de autorização tituição e sua unidade de atuação;
judicial. II – locais, datas e horários aproximados dos fatos;
III – descrição dos fatos, inclusive dos métodos
adotados pelo agressor e a indicação das lesões
Conforme dispõe o §1° do art. 9, tem-se que a apli- sofridas;
cação das medidas cautelares em geral deverá com- IV – identificação de testemunhas que possam cola-
preender a avaliação da real adequação e necessidade borar para a averiguação dos fatos;
destas, com estipulação de prazos para seu cumpri- V – verificação de registros das lesões sofridas pela
144 mento e para a reavaliação de sua manutenção. vítima;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
VI – existência de registro que indique prática de manifestação da pessoa presa ou do conteúdo das
tortura ou maus tratos no laudo elaborado pelos postulações das partes, e ficará arquivada na unida-
peritos do Instituto Médico Legal; de responsável pela audiência de custódia.”
VII – registro dos encaminhamentos dados pela Letra D: Errada: “Art. 8º, § 3º A ata da audiência
autoridade judicial para requisitar investigação
conterá, apenas e resumidamente, a deliberação
dos relatos;
VIII – registro da aplicação de medida protetiva ao fundamentada do magistrado quanto à legalidade e
autuado pela autoridade judicial, caso a natureza manutenção da prisão, cabimento de liberdade pro-
ou gravidade dos fatos relatados coloque em risco visória sem ou com a imposição de medidas caute-
a vida ou a segurança da pessoa presa em flagrante lares diversas da prisão, considerando-se o pedido
delito, de seus familiares ou de testemunhas. de cada parte, como também as providências toma-
das, em caso da constatação de indícios de tortura e
Assim, terminamos a análise da resolução. Reco- maus tratos.” Resposta: Letra B.
menda-se, para aproveitamento maior do conteúdo, a
leitura integral do dispositivo. 2. (FCC – 2017) A respeito da audiência de custódia, pre-
vista na Resolução n° 213/2015, do Conselho Nacio-
nal de Justiça, é incorreto afirmar:
EXERCÍCIOS COMENTADOS a) Além dos presos em flagrante, têm direito à audiên-
cia de custódia pessoas presas em decorrência de
1. (MPE-GO – 2019) De acordo com a Resolução n.
cumprimento de mandados de prisão cautelar ou
213/2015 do Conselho Nacional de Justiça, que regu-
lamentou o procedimento acerca da audiência de definitiva.
apresentação da pessoa presa em flagrante delito ao b) O Defensor Público poderá conversar com o custo-
Juiz (audiência de custódia), é correto afirmar: diado antes da apresentação da pessoa presa ao juiz,
sendo assegurado seu atendimento prévio e reserva-
a) Inexiste qualquer vedação expressa quanto à presen- do sem a presença de agentes policiais.
ça dos agentes policiais responsáveis pela prisão ou c) A audiência de custódia será realizada até 24 horas
pela investigação durante a audiência de custódia. da comunicação em flagrante. Porém, quando a pes-
b) Compete ao juiz averiguar, por perguntas e visual- soa presa estiver acometida de grave enfermidade,
mente, hipóteses de gravidez, existência de filhos ou ou havendo circunstância comprovadamente excep-
dependentes sob cuidados da pessoa presa em fla- cional que a impossibilite de ser apresentada ao juiz
grante delito, histórico de doença grave, incluídos os no prazo legal, deverá ser assegurada a realização da
transtornos mentais e a dependência química. audiência no local em que ela se encontre e, nos casos
c) A oitiva da pessoa presa será registrada, preferencial- em que o deslocamento se mostre inviável, deverá ser
mente, em termo de manifestação da pessoa presa e providenciada a condução para a audiência de custó-
do conteúdo das postulações feitas pelo Ministério dia imediatamente após restabelecida sua condição
5
Público e pela defesa, e ficará arquivada na unidade
-3

de saúde ou de apresentação.
68

responsável pela audiência de custódia.


d) É permitida, excepcionalmente, a presença dos
d) A ata da audiência conterá, apenas e resumidamente,
.3

agentes policiais responsáveis pela prisão ou pela


87

a deliberação fundamentada do juiz quanto à legalida-


investigação durante a audiência de custódia.
.2

de e manutenção da prisão, cabimento de liberdade


e) A ata da audiência conterá, apenas e resumidamente,
63

provisória sem ou com a imposição de medidas caute-


a deliberação fundamentada do magistrado quanto
-4

lares diversas da prisão, síntese da versão apresenta-


da pelo autuado sobre o fato a ele atribuído, inclusive à legalidade e manutenção da prisão, cabimento de
es

as providências tomadas em caso da constatação de liberdade provisória sem ou com a imposição de medi-
ed

indícios de tortura e maus tratos. das cautelares diversas da prisão, considerando-se o


gu

pedido de cada parte, como também as providências


a

Letra A: Errada: “Art. 4º A audiência de custódia tomadas, em caso da constatação de indícios de tor-
lv

será realizada na presença do Ministério Público e tura e maus tratos.


si

da Defensoria Pública, caso a pessoa detida não pos-


an

sua defensor constituído no momento da lavratura Como só pediu a incorreta, vamos justificar somen-
Lu

do flagrante. Parágrafo único. É vedada a presença te a errada, uma vez que as demais serão cópias da
dos agentes policiais responsáveis pela prisão ou disposição na resolução.
pela investigação durante a audiência de custódia.” Letra D: “Art. 4º A audiência de custódia será reali-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Letra B: Correta: “Art. 8º Na audiência de custódia, zada na presença do Ministério Público e da Defen-
a autoridade judicial entrevistará a pessoa presa
soria Pública, caso a pessoa detida não possua
em flagrante, devendo: X – averiguar, por perguntas
defensor constituído no momento da lavratura do
e visualmente, hipóteses de gravidez, existência de
flagrante. Parágrafo único. É vedada a presença dos
filhos ou dependentes sob cuidados da pessoa presa
em flagrante delito, histórico de doença grave, incluí- agentes policiais responsáveis pela prisão ou pela
dos os transtornos mentais e a dependência quími- investigação durante a audiência de custódia.” Res-
ca, para analisar o cabimento de encaminhamento posta: Letra D.
assistencial e da concessão da liberdade provisória,
sem ou com a imposição de medida cautelar.” Julgue os itens das questões 3, 4, 5 e 6 tendo como refe-
Letra C: Errada: “Art. 8º, § 2º A oitiva da pes- rência a Resolução 213 do Conselho Nacional de Justiça
soa presa será registrada, preferencialmente, em – CNJ, que dispõe sobre a apresentação de toda pessoa
mídia, dispensando-se a formalização de termo de presa à autoridade judicial no prazo de 24 horas. 145
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
3. (NOVA CONCURSOS – 2021) Para efeitos da presente “Art. 15 Os Tribunais de Justiça e os Tribunais
resolução, somente será obrigatória a apresentação Regionais Federais terão o prazo de 90 dias, conta-
em até 24 horas do custodiado preso em flagrante dos a partir da entrada em vigor desta Resolução,
delito. para implantar a audiência de custódia no âmbito
de suas respectivas jurisdições. Parágrafo único.
( ) CERTO  ( ) ERRADO No mesmo prazo será assegurado, às pessoas pre-
sas em flagrante antes da implantação da audiência
“Art. 13. A apresentação à autoridade judicial no pra- de custódia que não tenham sido apresentadas em
zo de 24 horas também será assegurada às pessoas outra audiência no curso do processo de conheci-
presas em decorrência de cumprimento de manda- mento, a apresentação à autoridade judicial, nos
dos de prisão cautelar ou definitiva, aplicando-se, no
termos desta Resolução.” Resposta: Errado.
que couber, os procedimentos previstos nesta Reso-
lução. Parágrafo único. Todos os mandados de pri-
são deverão conter, expressamente, a determinação
para que, no momento de seu cumprimento, a pessoa
presa seja imediatamente apresentada à autoridade RESOLUÇÃO Nº 740, 28/2016 – TJSP
judicial que determinou a expedição da ordem de cus-
tódia ou, nos casos em que forem cumpridos fora da Iniciaremos o estudo da Resolução nº 740, de 27 de
jurisdição do juiz processante, à autoridade judicial abril de 2016, que dispõe sobre a implantação grada-
competente, conforme lei de organização judiciária tiva, mais especificamente, a partir do dia 02 de maio
local.” Resposta: Errado. de 2016, da audiência de custódia no Estado de São
Paulo, realizada nos autos de prisão em flagrante, dis-
4. (NOVA CONCURSOS – 2021) As mulheres vítimas de tribuídos com presos.
violência doméstica e familiar deverão ser informadas De início, é importante entender que a necessida-
da soltura do seu agressor. de da audiência de custodia, isto é, da apresentação da
pessoa presa à autoridade judicial dentro do prazo de
( ) CERTO  ( ) ERRADO até 24 horas foi implementada por meio da Resolução
nº 213, de 15 de dezembro de 2015, editada pelo Con-
“Art. 8º [...] § 5º Proferida a decisão que resultar no selho Nacional de Justiça – CNJ, para ter vigor em todo
relaxamento da prisão em flagrante, na concessão território nacional.
da liberdade provisória sem ou com a imposição de Tendo como referência a Resolução nº 213 do CNJ,
medida cautelar alternativa à prisão, ou quando há previsão expressa em seu texto para que os Estados
determinado o imediato arquivamento do inquérito, regulamentem a audiência de custódia dentro do seu
a pessoa presa em flagrante delito será prontamente território no prazo de até 90 dias, contados da publi-
colocada em liberdade, mediante a expedição de cação da Resolução na área federal. Neste sentido,
alvará de soltura, e será informada sobre seus a Resolução nº 740/2016 tem o objetivo de regular o
5
direitos e obrigações, salvo se por outro motivo tema no âmbito do Estado de São Paulo.
-3

tenha que continuar presa. § 6º Na hipótese do § 5º,


68

Estamos, então, diante de um texto direcionado,


a autoridade policial será cientificada e se a vítima em grande parte, à vigência interna dos órgãos do judi-
.3

de violência doméstica e familiar contra a mulher


87

ciário estadual e, com isso, veremos informações com


não estiver presente na audiência, deverá, antes da
.2

uma “pegada” mais técnica em algumas passagens.


expedição do alvará de soltura, ser notificada da
63

decisão, sem prejuízo da intimação do seu advogado


-4

ou do seu defensor público. (Incluído pela Resolução Importante


es

nº 254, de 4.9.18)” Resposta: Certo.


ed

Recomendo que faça uma leitura focada nos


gu

5. (NOVA CONCURSOS – 2021) Durante a audiência de tópicos com maior possibilidade de cobrança
custodia, para efeito de segurança das pessoas pre- em provas objetivas e, depois, uma leitura geral
a
lv

sentes, o custodiado deverá permanecer algemado. de toda a Resolução.


si
an

( ) CERTO  ( ) ERRADO


Lu

Nessa missão, partimos do seguinte questiona-


“Art. 8º Na audiência de custódia, a autoridade mento: qual será o objetivo da Resolução?
judicial entrevistará a pessoa presa em flagrante, A resolução objetiva, como vimos, implantar,
devendo: [...] II – assegurar que a pessoa presa não gradativamente, a partir do dia 02 de maio de 2016,
esteja algemada, salvo em casos de resistência e de a audiência de custódia no Estado de São Paulo, que
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade será realizada nos autos de prisão em flagrante, distri-
física própria ou alheia, devendo a excepcionalidade buídos com presos.
ser justificada por escrito.” Resposta: Errado. Compreendendo tal objetivo, torna-se necessário
conhecermos sua organização e cronograma, aspectos
6. (NOVA CONCURSOS – 2021) A necessidade de apre- sobre os quais o texto dispõe. Vejamos.
sentação do custodiado à autoridade judicial só será
exigida para as prisões realizadas após a edição da z Locais de realização das audiências de custódia:
resolução, não se aplicando a custodiados anteriores
a publicação desta. Art. 2º Nos dias úteis as audiências de custódia
serão realizadas:
146 ( ) CERTO  ( ) ERRADO I. Nas sedes de Circunscrição Judiciária;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II. Nos foros ou comarcas que distem mais de 50 CONSIDERANDO a experiência do Tribunal de Jus-
km (cinquenta quilômetros) da sede de Circunscri- tiça e dos entes do Poder Executivo diretamente
ção Judiciária; ligados às atividades da audiência de custódia, que
III. Nos foros ou comarcas das Circunscrições Judi- possibilita sua expansão gradativa;
ciárias especificadas no artigo 5º. CONSIDERANDO o determinado pela Resolução
CNJ nº 213; e
Em seu art. 3º, há uma enumeração dos Foros que CONSIDERANDO, finalmente, o determinado nos
irão receber tais atribuições no Estado de São Paulo. autos CNJ nº 0000134-95.2016, bem como o decidi-
Entretanto, não há necessidade de que você os memo- do nos autos do processo nº 2016/10385;
RESOLVE:
rize para provas objetivas.
Art. 1º Implantar gradativamente, a partir do dia
02 de maio de 2016, a audiência de custódia no
z Horários e Dias Estado de São Paulo, que será realizada nos autos
de prisão em flagrante distribuídos, com presos.
Dado o seu caráter de regular, de forma mais espe- Parágrafo único. Ficam acrescidas na Comarca da
cífica, a audiência de custódia no Estado de São Paulo, Capital as audiências relativas aos presos em fla-
a Resolução prevê horários para a realização da mes- grante delito das competências do Júri e da Violên-
ma. O cronograma de horários é estipulado, conforme cia Doméstica, as quais serão realizadas no Foro
o local que será realizada a audiência. Vejamos: Criminal Central.
Art. 2º Nos dias úteis as audiências de custódia
„ Nas sedes de Circunscrição Judiciária. serão realizadas:
I. Nas sedes de Circunscrição Judiciária;
Art. 3º [...] II. Nos foros ou comarcas que distem mais de 50
§ 1º. As audiências deverão ser realizadas entre as km (cinquenta quilômetros) da sede de Circunscri-
9h e 13h. ção Judiciária;
§ 2º. A pessoa detida deverá ser apresentada em juí- III. Nos foros ou comarcas das Circunscrições Judi-
zo até às 10h, distribuindo-se o respectivo flagrante ciárias especificadas no artigo 5º.
Art. 3º Serão realizadas nas seguintes sedes de Cir-
cunscrição Judiciária as apresentações e audiências
„ Nos foros ou comarcas que distem mais de 50
de custódia dos Foros que as compõem, conforme
km (cinquenta quilômetros) da sede de Cir- artigo 2º, inciso
cunscrição Judiciária e nos foros ou comarcas I: a) 00ª - CJ – Capital;
das Circunscrições Judiciárias especificadas no b) 01ª - CJ – Santos;
art 5º c) 02ª - CJ - São Bernardo do Campo
d) 03ª - CJ - Santo André
Art. 6º Nos casos dos artigos 4º e 5º, as distribuições e) 04ª - CJ - Osasco
no sistema informatizado oficial – SAJ-PG deverão f) 05ª - CJ - Jundiaí
ser realizadas de forma livre, no próprio Foro. g) 06ª - CJ - Bragança Paulista
5
§ 1º. A pessoa detida deverá ser apresentada em juí- h) 08ª - CJ - Campinas
-3

zo até às 12h. i) 16ª - CJ - São José do Rio Preto


68

§ 2º. As audiências deverão ser realizadas até às j) 19ª - CJ - Sorocaba


.3

14h. k) 22ª - CJ - Itapetininga


87

l) 27ª - CJ - Presidente Prudente


.2

z Cadastro no Sistema de Audiência de Custódia m) 32ª - CJ - Bauru


63

– SISTAC n) 34ª - CJ - Piracicaba


-4

o) 36ª - CJ - Araçatuba
es

Art. 7º Os flagrantes que impuserem audiência de p) 41ª - CJ - Ribeirão Preto


q) 44ª - CJ - Guarulhos
ed

custódia serão precedidos de cadastro no Sistema


r) 45ª - CJ - Mogi das Cruzes
gu

de Audiências de Custódia (SISTAC), do CNJ, pelo


Cartório Distribuidor. s) 46ª - CJ - São José dos Campos
a

Parágrafo único. O acesso ao sistema SISTAC deve- t) 47ª - CJ - Taubaté


lv

u) 48ª - CJ - Guaratinguetá
si

rá ser solicitado diretamente pelas unidades junto


v) 52ª - CJ - Itapecerica da Serra
an

ao CNJ.
§ 1º. As audiências deverão ser realizadas entre as
Lu

9h e 13h.
Feitas tais considerações, deixo o texto integral da
§ 2º. A pessoa detida deverá ser apresentada em juí-
Resolução para leitura. zo até às 10h, distribuindo-se o respectivo flagrante.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 3º. Será competente para a organização e a rea-


RESOLUÇÃO Nº 740/2016 lização das audiências de custódia a Vara ou Juízo
que possua o Anexo da Polícia Judiciária, mediante
O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO escala de juízes da Circunscrição Judiciária.
PAULO, por seu ÓRGÃO ESPECIAL, no uso de suas § 4º. As distribuições no sistema informatizado
atribuições legais, oficial – SAJ-PG – deverão ser realizadas nas lota-
CONSIDERANDO a necessidade de avanço na ções dos Foros Plantão das respectivas sedes de
implantação da audiência de custódia em todos os circunscrição.
Foros do Estado de São Paulo; § 5º. Realizada a audiência e regularizadas as pen-
CONSIDERANDO o decurso de mais de um ano de dências, o responsável pela serventia remeterá o
realização das audiências de custódia no “piloto” expediente para o Cartório Distribuidor do Plan-
do Foro Central Criminal da Capital, possibilitando tão, encaminhando-o fisicamente ao Cartório Dis-
estudo e aprimoramento das atividades relaciona- tribuidor de seu Foro, a quem compete acessar o
das a essa modalidade de audiência; Cartório Distribuidor do Plantão, receber os autos 147
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
e encaminhá-los ao Foro competente, em caráter de Art. 6º Nos casos dos artigos 4º e 5º, as distribuições
urgência, se o caso. no sistema informatizado oficial – SAJ-PG deverão
Art. 4º Serão realizadas as apresentações e audiên- ser realizadas de forma livre, no próprio Foro.
cias de custódia, nos dias úteis, nos seguintes foros, § 1º. A pessoa detida deverá ser apresentada em juí-
na forma do artigo 2º, inciso II: zo até às 12h.
a) Foro de Angatuba - 22ª - CJ – Itapetininga § 2º. As audiências deverão ser realizadas até às
b) Foro de Bananal - 48ª - CJ - Guaratinguetá 14h.
c) Foro de Cajuru - 41ª - CJ - Ribeirão Preto
Art. 7º Os flagrantes que impuserem audiência de
d) Foro de Capão Bonito - 22ª - CJ – Itapetininga
custódia serão precedidos de cadastro no Sistema
e) Foro de Cerquilho - 34ª - CJ - Piracicaba
de Audiências de Custódia (SISTAC), do CNJ, pelo
f) Foro de Ibiúna - 19ª - CJ - Sorocaba
g) Foro de José Bonifácio - 16ª - CJ - São José do Rio Cartório Distribuidor.
Preto Parágrafo único. O acesso ao sistema SISTAC deve-
h) Foro de Laranjal Paulista - 34ª - CJ – Piracicaba rá ser solicitado diretamente pelas unidades junto
i) Foro de Palestina - 16ª - CJ - São José do Rio Preto ao CNJ.
j) Foro de Paulo de Faria - 16ª - CJ - São José do Rio Art. 8º A implantação da audiência de custódia nos
Preto dias úteis será gradativa e obedecerá ao seguinte
k) Foro de Penápolis - 36ª - CJ – Araçatuba cronograma de afetação:
l) Foro de Pilar do Sul - 19ª - CJ – Sorocaba Art. 9º A audiência de custódia nos plantões judi-
m) Foro de Pirajuí - 32ª - CJ – Bauru ciários (finais de semana, feriados e recesso de final
n) Foro de Porangaba - 22ª - CJ – Itapetininga de ano) será realizada no horário regular do plan-
o) Foro de Queluz - 48ª - CJ - Guaratinguetá tão e em todas as sedes de Circunscrição Judiciária.
p) Foro de Rancharia - 27ª - CJ - Presidente Prudente Parágrafo único. A pessoa detida deverá ser apre-
q) Foro de Santa Rosa de Viterbo - 41ª - CJ - Ribeirão sentada ao plantão até às 10h.
Preto Art. 10 A implantação da audiência de custódia nos
r) Foro de São Bento do Sapucaí - 47ª - CJ - Taubaté
Plantões Judiciários será gradativa e obedecerá ao
s) Foro de São Simão - 41ª - CJ - Ribeirão Preto
seguinte cronograma de afetação:
t) Foro Distrital de Iepê - 27ª - CJ - Presidente
Art. 11 A Presidência e a Corregedoria Geral da
Prudente
u) Foro Distrital de Macaubal - 16ª - CJ - São José Justiça poderão conjuntamente promover even-
do Rio Preto tuais alterações necessárias nos cronogramas.
v) Foro Distrital de Salesópolis - 46ª - CJ - São José Parágrafo único. Também ficam autorizadas a
dos Campos concentração e a aglutinação de Circunscrições
Art. 5º Serão realizadas as apresentações e audiên- Judiciárias para fins de realização de audiência de
cias de custódia, nos dias úteis, nos próprios foros e custódia, enquanto não implementada a Lei Com-
comarcas das seguintes Circunscrições Judiciárias, plementar estadual nº 1.274/2015 e a criação de
conforme artigo 2º, inciso III: cargos de juízes auxiliares nas sedes das Circuns-
a) 07ª - CJ - Moji Mirim crições Judiciárias.
b) 09ª - CJ - Rio Claro Art. 12 A critério da Presidência, ouvida a Corre-
5
-3

c) 10ª - CJ - Limeira gedoria Geral da Justiça, poderão ser designados


68

d) 11ª - CJ - Pirassununga juízes auxiliares ou substitutos para a realização


e) 12ª - CJ - São Carlos
.3

das audiências de custódia.


87

f) 13ª - CJ - Araraquara Art. 13 A audiência de custódia com pessoas presas


g) 14ª - CJ - Barretos
.2

em decorrência de cumprimento de mandados de


63

h) 15ª - CJ - Catanduva
prisão cautelar ou definitiva, conforme preceitua o
i) 17ª - CJ - Votuporanga
-4

j) 18ª - CJ - Fernandópolis artigo 13, da Resolução CNJ nº 213, será implanta-


es

k) 20ª - CJ - Itu da por cronograma próprio, a definir.


Art. 14 Em casos excepcionais e justificados pode-
ed

l) 21ª - CJ - Registro
rão ser excedidos os horários estipulados nos arts.
gu

m) 23ª - CJ - Botucatu
n) 24ª - CJ - Avaré 3º, § 1º e 6º, § 2º desta Resolução.
a

o) 25ª - CJ - Ourinhos Art. 15 Esta Resolução entra em vigor na data de


lv
si

p) 26ª - CJ - Assis sua publicação.


q) 28ª - CJ - Presidente Venceslau
an

r) 29ª - CJ - Dracena Registre-se. Publique-se por três dias alternados.


Lu

s) 30ª - CJ - Tupã Cumpra-se. São Paulo, 27 de abril de 2016.


t) 31ª - CJ - Marília
u) 33ª - CJ - Jaú
v) 35ª - CJ - Lins
w) 37ª - CJ – Andradina
x) 38ª - CJ - Franca TRATAMENTO NOMINAL DAS
y) 39ª - CJ - Batatais
z) 40ª - CJ - Ituverava a
PESSOAS TRANSEXUAIS E TRAVESTIS
a) 42ª - CJ - Jaboticabal NOS ÓRGÃOS PÚBLICOS (DECRETO
bb) 43ª - CJ - Casa Branca
cc) 49ª - CJ - Itapeva
ESTADUAL Nº 55.588/2010
dd) 50ª - CJ - São João da Boa Vista
ee) 51ª - CJ - Caraguatatuba Façamos o estudo de um decreto bem curtinho e
ff) 53ª - CJ - Americana rápido para a sua prova, o qual dispõe sobre o trata-
gg) 54ª - CJ - Amparo mento nominal das pessoas travestis e transexuais, no
hh) 55ª - CJ - Jales âmbito da Administração pública Direta e Indireta do
148 ii) 56ª - CJ – Itanhaém estado de São Paulo.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
forma pela qual se reconheça, é identificada, reco-
Importante! nhecida e denominada por sua comunidade e em
Uma vez que, ao contrário do Decreto Federal sua inserção social.
§ 1º Os servidores públicos deverão tratar a pes-
(8.727 de 28 de abril de 2016), que traz aplica-
soa pelo prenome indicado, que constará dos atos
ção somente para a Administração Pública Dire- escritos.
ta, Autárquica e Fundacional, o decreto estadual § 2º O prenome anotado no registro civil deve ser
terá aplicação a toda a Administração Pública, utilizado para os atos que ensejarão a emissão de
tanto a direta quanto a Indireta, do estado de São documentos oficiais, acompanhado do prenome
Paulo. escolhido.
§ 3º Os documentos obrigatórios de identificação e
de registro civil serão emitidos nos termos da legis-
Vejamos um resumo com a ideia central do decreto, lação própria.
uma vez que tais informações serão, provavelmente, Art. 3° Os órgãos da Administração direta e as
o ponto cobrado pela prova. Na sequência, trazemos o entidades da Administração indireta capacitarão
texto integral do decreto, uma vez que isso também é seus servidores para o cumprimento deste decreto.
de grande valia para o estudo desse assunto. Art. 4° O descumprimento do disposto nos artigos 1º
e 2º deste decreto ensejará processo administrativo
z Objetivo: dispor sobre o tratamento nominal das para apurar violação à Lei nº 10.948, de 5 de
pessoas transexuais e travestis nos órgãos públicos novembro de 2001, sem prejuízo de infração funcional
do Estado de São Paulo. a ser apurada nos termos da Lei nº 10.261, de 28 de
outubro de 1968 - Estatuto dos Funcionários Públicos
z Fundamentos (considerados): Civis do Estado.
Art. 5° Caberá à Secretaria da Justiça e da Defesa
„ Princípio da Dignidade da Pessoa Humana; da Cidadania, por meio da Coordenação de Políticas
„ Promoção do bem de todos sem preconceito para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo,
de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer promover ampla divulgação deste decreto para
outras formas de discriminação como objetivo esclarecimento sobre os direitos e deveres nele
da República Federativa do Brasil; assegurados.
„ Igualdade, Liberdade e Autonomia individual
são princípios constitucionais;
„ Direito da diversidade sexual constituem direi-
tos humanos EXERCÍCIO COMENTADO
z Âmbito de aplicação do decreto: Administração 1. (NOSSO RUMO – 2017) Ao matricular-se no ensino
Pública direta e indireta do estado de São Paulo. médio de uma escola pública estadual, um aluno soli-
citou ao diretor da escola, através de requerimento, a
z Ações: utilização de seu nome social não só pelos colegas,
5
-3

funcionários e professores, como também nos atos e


68

„ Os servidores públicos deverão tratar a pessoa procedimentos escolares (lista de chamada, histórico
.3

pelo prenome indicado, que constará dos atos escolar, entre outros). O diretor da escola, ao tomar
87

escritos.
conhecimento da solicitação e no uso de suas atribui-
.2

„ O prenome anotado no registro civil deve ser


ções, deve se posicionar da seguinte forma:
63

utilizado para os atos que ensejarão a emissão


-4

de documentos oficiais, acompanhado do pre-


nome escolhido. a) levar a solicitação requerida pelo aluno à aprecia-
es

„ Os documentos obrigatórios de identificação e ção e decisão do conselho de escola que, após aná-
ed

de registro civil serão emitidos nos termos da lise criteriosa, deliberará pelo deferimento ou não da
gu

legislação própria. solicitação.


„ Os órgãos da Administração direta e as entida- b) encaminhar a solicitação ao supervisor escolar, que
a
lv

des da Administração indireta deverão capaci- em sua apreciação deixará lavrado ser competência do
si

tar seus servidores para o cumprimento deste diretor o deferimento ou indeferimento da solicitação.
an

decreto. c) indeferir a solicitação e, entre as alegações, orientar


Lu

o aluno para que este encaminhe à justiça comum a


z Direito da pessoa travesti ou transexual: o mudança do seu nome civil.
direito à escolha de tratamento nominal nos atos d) deferir o pedido, com base no Decreto n° 55.588/10,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e procedimentos promovidos no âmbito da Admi- na Deliberação n° 125/14, na Resolução n° 45/14; con-


nistração direta e indireta do Estado de São Paulo. tudo, deve solicitar ao aluno que entre com solicitação
na justiça comum para mudança do nome civil.
Vejamos, então, dada a importância da letra seca e) deferir o pedido, com base no Decreto n° 55.588/10,
da lei, o texto do Decreto: na Deliberação n° 125/14 e na Resolução n° 45/14 e
promover, entre a equipe escolar, alunos, pais e res-
Art. 1° Fica assegurado às pessoas transexuais e
ponsáveis, orientações e esclarecimentos sobre a
travestis, nos termos deste decreto, o direito à escolha
de tratamento nominal nos atos e procedimentos
questão.
promovidos no âmbito da Administração direta e
indireta do Estado de São Paulo. Art. 2º A pessoa interessada indicará, no momento
Art. 2° A pessoa interessada indicará, no momento do preenchimento do cadastro ou ao se apresentar
do preenchimento do cadastro ou ao se apresentar para o atendimento, o prenome que correspon-
para o atendimento, o prenome que corresponda à da à forma pela qual se reconheça, é identificada, 149
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reconhecida e denominada por sua comunidade e de maneira geral, não tem a necessidade de fazer a
em sua inserção social. cirurgia de redesignação sexual.8
§ 1º Os servidores públicos deverão tratar a pes-
soa pelo prenome indicado, que constará dos atos Por se tratar de um decreto curto, vejamos um
escritos. resumo com a ideia central do decreto. De fato, isso
§ 2º O prenome anotado no registro civil deve ser será a maior probabilidade de aparecer em provas,
utilizado para os atos que ensejarão a emissão de se o assunto for cobrado. Sugerimos, também, a lei-
documentos oficiais, acompanhado do prenome tura integral do decreto para aprofundamento do
escolhido. conteúdo.
§ 3º Os documentos obrigatórios de identificação e
de registro civil serão emitidos nos termos da legis- z Objetivo: dispor sobre o uso do nome social e o
lação própria. Resposta: Letra E. reconhecimento da identidade de gênero de pes-
soas travestis e transexuais.

z Conceitos:
DECRETO FEDERAL Nº 8.727/2016)
„ Nome Social: designação pela qual a pessoa
Temos, no decreto n° 8.727, uma disposição bem travesti ou transexual se identifica e é social-
curta e rápida que trata sobre o uso do nome social e mente reconhecida.
o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas „ Identidade de Gênero: dimensão da identidade
travestis e transexuais, no âmbito da Administração de uma pessoa que diz respeito à forma como
pública Direta Federal, Autárquica e Fundacional. se relaciona com as representações de masculi-
De tal informação já é possível extrair um ques- nidade e feminilidade e como isso se traduz em
sua prática social, sem guardar relação necessá-
tionamento de prova: o decreto não será aplicado em
ria com o sexo atribuído no nascimento.
toda a Administração Pública, mas apenas no âmbi-
to federal, excluindo-se os demais entes federados
(estados, Distrito Federal e municípios) e, mesmo den- z Âmbito de aplicação do decreto: administração
tro da Administração Pública Federal, não haverá a pública federal direta, autárquica e fundacional.
incidência em relação às Empresas Estatais (empresa
pública e sociedade de economia mista). z Ações:
Para acrescentar aos seus estudos, trago a defini-
ção de Transexual e Travesti, conceitos extraídos da „ É vedado o uso de expressões pejorativas e
publicação do Correio Braziliense, com a ajuda da psi- discriminatórias para referir-se a pessoas
travestis ou transexuais.
cóloga Isabel Amora, que atende pessoas transgênero
„ Os registros dos sistemas de informação, de
no Hospital Universitário de Brasília (HUB).
cadastros, de programas, de serviços, de fichas,
de formulários, de prontuários e congêneres dos
5
z Transexual: esse termo deriva da classificação
-3

órgãos e das entidades da administração pública


antiga “transexualismo, transtorno de identidade
68

federal direta, autárquica e fundacional deve-


sexual”, descrita na Classificação Estatística Inter- rão conter o campo “nome social” em destaque,
.3

nacional de Doenças e Problemas Relacionados à


87

acompanhado do nome civil, que será utilizado


Saúde (CID-10), publicada pela Organização Mun-
.2

apenas para fins administrativos internos.


dial de Saúde (OMS) em 1989, entrando em vigor
63

„ Constará nos documentos oficiais o nome social


em 1993. Pela nova edição da  CID-11, em 2019, a
-4

da pessoa travesti ou transexual, se requerido


transexualidade sai, após 28 anos, da categoria de expressamente pelo interessado, acompanha-
es

transtornos mentais para integrar a categoria de do do nome civil.


ed

“condições relacionadas à saúde sexual” e é classi-


gu

ficada como “incongruência de gênero”.7 z Direito da pessoa travesti ou transexual: Pode-


rá requerer, a qualquer tempo, a inclusão de seu
a
lv

Segundo a OMS, a transexualidade é “um desejo nome social em documentos oficiais e nos registros
si

de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto. dos sistemas de informação, de cadastros, de pro-
an

Esse desejo se acompanha em geral de um sentimento gramas, de serviços, de fichas, de formulários, de


Lu

de mal-estar ou de inadaptação por referência a seu prontuários e congêneres dos órgãos e das entida-
próprio sexo anatômico e do desejo de submeter- des da administração pública federal direta, autár-
se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento quica e fundacional.
hormonal a fim de tornar seu corpo tão conforme
quanto possível ao sexo desejado.”

z Travesti: termo tipicamente dos países da Améri- EXERCÍCIOS COMENTADOS


ca Latina, Espanha e Portugal. É uma identidade
de gênero feminina e o seu conceito ainda causa 1. (CIEE – 2019) Na semana das Conferências Nacionais
divergências. Mas, para grande parte da comuni- Conjuntas de Direitos Humanos, foi publicado o Decre-
dade LGBT, a travesti, ainda que invista em roupas to Presidencial nº 8.727/2016, que dispõe sobre o uso
e hormônios femininos, tal qual as mulheres tran- do nome social e o reconhecimento da identidade de
sexuais, não sente desconforto com sua genitália e, gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito
7 Disponível em: https://site.cfp.org.br/transexualidade-nao-e-transtorno-mental-oficializa-oms/#:~:text=Pela%20nova%20edição%20da%20CID,-
como%20“incongruência%20de%20gênero”. Acesso em: 23 fev. 2021
150 8 Disponível: http://especiais.correiobraziliense.com.br/transexual-travesti-drag-queen-qual-e-a-diferenca. Acesso em: 17 fev. 2021
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da administração pública federal. Diante do exposto, a) Ministério Público.
assinale a afirmativa INCORRETA. b) corretoras de valores.
c) autarquias.
a) Nome social se refere à designação pela qual a pes- d) sociedades de economia mista.
soa travesti ou transexual se identifica e é socialmente e) Poder Judiciário.
reconhecida.
b) O nome social poderá ser adotado apenas pelos indi- 2. (VUNESP – 2013) “É dever __________garantir o direito
víduos que tenham feito a cirurgia de troca de gênero de acesso à informação, que será , __________
e suas características físicas sejam visíveis. mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma
c) Os órgãos e as entidades da administração pública fede- ___________, clara e em linguagem de fácil ________. ”
ral direta, autárquica e fundacional deverão adotar, em Assinale a alternativa cujo conteúdo preenche, correta
seus atos e procedimentos, o nome social da pessoa tra- e respectivamente, o texto do dispositivo supra da Lei
vesti ou transexual, de acordo com o seu requerimento. n.º 12.527/2011 (lei de Acesso à Informação).
d) Identidade de gênero é a dimensão da identidade de
uma pessoa que diz respeito à forma como se relacio- a) da sociedade … franqueada … objetiva … entendimento
na com as representações de masculinidade e femi- b) da Administração … disponibilizada … franca … leitura
nilidade e como isso se traduz em sua prática social, c) do Estado … disponibilizada … transparente …
sem guardar relação necessária com o sexo atribuído compreensão
no nascimento. d) do Estado … franqueada … inteligente … leitura
e) do Estado … franqueada … transparente … compreensão
Consoante decisão do STF na ADI 4275 não é neces-
sário que travestis e transexuais passem por cirurgia
3. (VUNESP – 2013) Com relação à Lei n.º 12.527/2011,
de transgenitalização ou qualquer tipo de tratamen-
que regula o acesso a informações previsto no inciso
to patologizante para que o seu nome social seja
XXXIII do art. 5.º, no inciso II do § 3.º do art. 37 e no §
reconhecido.
2.º do art. 216 da Constituição Federal, é correto afir-
“Diante de todo o exposto, julgo procedente a pre-
mar que
sente ação direta para dar interpretação conforme
a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica
a) poderá ser negado acesso à informação necessária à
ao art. 58 da Lei 6.015/73, de modo a reconhecer aos
transgêneros, que assim o desejarem, independen- tutela judicial de direitos fundamentais.
temente da cirurgia de transgenitalização, ou da b) não é direito do requerente obter o inteiro teor de deci-
realização de tratamentos hormonais ou patologi- são de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
zantes, o direito à substituição de prenome e sexo c) poderá ser negado acesso à informação necessária à
diretamente no registro civil”. Resposta: Letra B. tutela administrativa de direitos fundamentais.
d) o órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conce-
2. (CESPE - CEBRASPE – 2018) A Carta dos direitos dos der o acesso imediato à informação disponível.
usuários da saúde contém informações para o usuário e) a classificação do sigilo de informações no grau de
5
do sistema conhecer seus direitos ao procurar atendi- ultrassecreto é de competência de todas as autori-
-3

mento de saúde. Ela reúne os seis princípios básicos dades que exerçam funções de direção, comando ou
68

de cidadania que asseguram ao brasileiro o ingres- chefia.


.3
87

so digno nos sistemas de saúde, público ou privado.


Acerca desse assunto, julgue o item subsequente. É 4. (VUNESP – 2013) Nos termos do que dispõe a Lei
.2
63

direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter Federal n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação),
quando se tratar de acesso à informação contida em
-4

atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer


discriminação, o que lhe garante identificação pelo documento cuja manipulação possa prejudicar sua
es

nome civil e nome social, desde que isso esteja dis- integridade,
ed

criminado em seu documento de identificação, como


gu

determina o Decreto n.º 8.727/2016. a) o interessado deverá obter decisão judicial que lhe
autorize o acesso.
a
lv

( ) CERTO  ( ) ERRADO b) o próprio interessado poderá extrair cópia do docu-


si

mento, as suas próprias expensas e sob sua responsa-


an

Art. 6º A pessoa travesti ou transexual poderá reque- bilidade, devendo assinar declaração de que restituirá
Lu

rer, a qualquer tempo, a inclusão de seu nome social o documento em perfeitas condições.
em documentos oficiais e nos registros dos sistemas de c) deverá ser negado o acesso ao interessado.
informação, de cadastros, de programas, de serviços, de d) deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certifi-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos cação de que esta confere com o original.
órgãos e das entidades da administração pública fede- e) o interessado poderá ter acesso direto ao documen-
ral direta, autárquica e fundacional. Resposta: Errado. to que contém a informação, sem qualquer restrição,
mas não poderá obter cópia.

5. (VUNESP – 2013) De acordo com o disposto, expres-


HORA DE PRATICAR! samente, na Lei Federal n.º 12.527/2011 (Lei de Aces-
so à Informação), se depois de solicitar a informação,
1. (VUNESP – 2013) A Lei n.º 12.527/2011 regulamenta o interessado souber que houve o extravio da informa-
o direito constitucional de acesso à informação. Nesse ção solicitada,
sentido, submetem-se ao regime dessa Lei diferentes
órgãos e pessoas jurídicas. No entanto, não se sujei- a) poderá pedir indenização à autoridade administrativa
ta(m) aos ditames dessa Lei: competente. 151
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Luan silva guedes - 463.287.368-35, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
b) poderá requerer à autoridade competente a imediata a) oitenta quilômetros por hora.
abertura de sindicância para apurar o desaparecimen- b) noventa quilômetros por hora.
to da respectiva documentação. c) setenta quilômetros por hora.
c) deverá providenciar dados e documentos que tiver e d) cem quilômetros por hora.
fornecê-los à autoridade competente para restituição e) sessenta quilômetros por hora.
da respectiva informação.
d) deverá requerer judicialmente a restituição da 9. (VUNESP – 2013) Conforme prevê o Código de Trân-
informação. sito Brasileiro, todo veículo automotor, elétrico, articu-
e) poderá requerer a abertura de processo administrativo lado, reboque ou semirreboque, para transitar na via,
para punição do responsável e obtenção de respectiva deverá ser licenciado anualmente pelo órgão executi-
indenização por danos morais. vo de trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde
estiver registrado o veículo. Esta regra, entretanto, não
6. (VUNESP – 2013) De acordo com o que dispõe a Lei se aplica ao veículo de
n.º 12.527/11, os procedimentos nela previstos desti-
nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à a) polícia civil.
informação e devem ser executados em conformida- b) autoridade dos três poderes.
de com os princípios básicos da administração públi- c) coleção.
ca e, entre outras, com a seguinte diretriz: d) polícia militar.
e) uso bélico.
a) trabalho incansável do administrador público para evi-
tar o controle social da administração pública. 10. (VUNESP – 2013) O Código de Trânsito Brasileiro dis-
b) divulgação de todo o tipo de informação, pública ou põe que “o veículo será identificado externamente por
privada, desde que solicitada. meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacra-
c) vedação da utilização dos meios de comunicação ele- da em sua estrutura, obedecidas as especificações e
trônicos para transmissão das informações de interes- modelos estabelecidos pelo CONTRAN.” No entanto,
se público. são dispensados da placa dianteira:
d) proibição da transparência na administração pública.
e) observância da publicidade como preceito geral e do a) os veículos especiais de coleção.
sigilo como exceção. b) os veículos de propriedade da União, dos Estados e do
Distrito Federal, devidamente registrados e licencia-
7. (VUNESP – 2013) Conforme dispõe o Código de Trânsi- dos, quando usados em serviço reservado de caráter
to Brasileiro, os veículos de polícia, além de prioridade policial.
de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamen- c) os veículos de duas ou três rodas.
to e parada, quando em serviço de urgência e devida- d) os veículos utilizados por membros do Poder Judiciá-
mente identificados por dispositivos regulamentares rio e do Ministério Público que exerçam competência
de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente, ou atribuição criminal.
5
observada, entre outras, a seguinte disposição: e) os veículos de representação de autoridades dos três
-3

poderes da República Federativa brasileira.


68

a) quando em situação de emergência, desde que acio-


.3

nados os dispositivos sonoro e de iluminação, os veí- 11. (VUNESP – 2013) O condutor de veículo motorizado
87

culos de polícia têm prioridade absoluta sobre todos de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral, e o
.2
63

os outros veículos e em relação aos pedestres, não condutor de veículo motorizado utilizado no transpor-
sendo necessário obedecer às regras do Código de te de passageiros, cuja lotação exceda a oito lugares,
-4

Trânsito Brasileiro. excluído o do motorista, deverão possuir habilitação


es

b) quando os dispositivos estiverem acionados, indican- para conduzir veículo automotor, respectivamente, nas
ed

do a proximidade dos veículos, todos os condutores seguintes categorias:


gu

deverão deixar livre a passagem pela faixa da direita.


c) a prioridade de passagem na via e no cruzamento a) A e C.
a
lv

deverá se dar com velocidade reduzida e com os devi- b) B e D.


si

dos cuidados de segurança, obedecidas as demais c) B e C.


an

normas do Código de Trânsito Brasileiro. d) A e D.


Lu

d) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação e) A e B.


vermelha intermitente deverá ocorrer a todo momento,
mesmo que não esteja em situação de emergência, a 12. (VUNESP – 2013) Dispõe o Código de Trânsito Brasi-
fim de alertar os pedestres e motoristas da presença leiro que, em caso de acidente com vítima, envolvendo
desses veículos no local. veículo equipado com registrador instantâneo de velo-
e) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro do veícu- cidade e tempo, quem poderá retirar o disco ou unida-
lo em situação de emergência, deverão atravessar de armazenadora do registro é o
a via rapidamente antes que o veículo da Polícia se
aproxime. a) perito oficial encarregado do levantamento pericial.
b) delegado de plantão que registrar a ocorrência.
8. (VUNESP – 2013) A velocidade máxima permitida c) o proprietário do veículo ou, se este estiver impossi-
para a via será indicada por meio de sinalização, obe- bilitado, o seu representante legal ou alguém por ele
decidas suas características técnicas e as condições autorizado.
de trânsito. Onde não existir sinalização regulamenta- d) papiloscopista policial de plantão na Delegacia onde
dora, nas vias urbanas de trânsito rápido, a velocidade for registrado o acidente de trânsito.
152 máxima será de e) policial militar que atender a ocorrência.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
13. (VUNESP – 2013) Quanto ao crime de tortura, é corre- 16. (VUNESP – 2013) Nos termos do que estabelece a
to afirmar que Lei sobre Drogas (Lei n.º 11.343/2006), quem adquirir,
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer con-
a) a lei brasileira que comina pena para o crime de tortu- sigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização
ra não se aplica quando o crime foi cometido fora do ou em desacordo com determinação legal ou regula-
território nacional, mesmo sendo a vítima brasileira. mentar poderá sofrer a seguinte pena:
b) o condenado pelo crime de tortura cumprirá todo o
tempo da pena em regime fechado. a) medida educativa de comparecimento a programa ou
c) é afiançável, mas insuscetível de graça ou anistia. curso educativo, pelo prazo máximo de cinco meses,
d) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão se não reincidente.
admitidas agravantes ou atenuantes. b) detenção.
e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou c) reclusão.
emprego público e a interdição para seu exercício pelo d) pagamento de multa a ser revertida ao patrimônio da
dobro do prazo da pena aplicada. Defensoria Pública.
e) prestação de serviços à comunidade, pelo prazo máximo
14. (VUNESP – 2013) Fulano, casado com Ciclana, num de um ano, a ser cumprida em programas comunitários
momento de discussão no lar, destruiu parte dos ins- ou entidades que se ocupem da prevenção do consumo
trumentos de trabalho de sua esposa. Considerando a ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
conduta de Fulano em face do disposto na Lei Maria
da Penha, pode-se afirmar que 17. (VUNESP – 2013) Rufus, maior de idade e plenamente
capaz, em conduta eventual e sem objetivo de lucro,
a) Fulano, pela sua conduta, poderá ser submetido à oferece maconha a Pomona, amiga sua, também
pena de pagamento de cestas básicas em favor de maior e capaz, e juntos a consomem. Uma vez depen-
entidades assistenciais. dente, Pomona começa a cultivar a droga em seu quin-
b) Fulano não se sujeitará às penas da Lei Maria da tal, em pequena quantidade, para o seu uso pessoal.
Penha, pois a sua conduta ocorreu apenas dentro do Considerando as condutas acima descritas e tendo em
ambiente familiar. vista o que dispõe a Lei de Drogas (Lei n.º 11.343/06),
c) Fulano estará sujeito à prisão preventiva, a ser decretada assinale a alternativa que indica corretamente as
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público penas legais a que Rufus e Pomona, respectivamente,
ou mediante representação da autoridade policial. estão sujeitos, entre outras.
d) Fulano não poderá ser processado pela Lei Maria da
Penha, tendo em vista que esta se destina a proteger a) Detenção para ambos.
a mulher contra agressões físicas, psicológicas ou b) Detenção e prestação de serviços à comunidade.
morais, mas não patrimoniais. c) Multa e detenção.
e) Ciclana terá direito a obter medida judicial protetiva d) Reclusão e detenção.
de urgência contra Fulano, podendo entregar pes- e) Prestação de serviços à comunidade e reclusão.
soalmente a intimação da respectiva medida ao seu
5
-3

marido. 9 GABARITO
68
.3

15. (VUNESP – 2013) Assinale a alternativa que está de


87

acordo com o disposto na Lei Maria da Penha (Lei n.º 1 B


.2

11.340/2006).
2 E
63
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a) Em qualquer fase do inquérito policial ou da instru- 3 D


ção criminal, caberá a prisão preventiva do agressor,
es

a ser decretada pela autoridade policial competente, 4 D


ed

desde que esta entenda urgente e indispensável a sua


gu

5 B
aplicação.
a

b) Nos casos de violência doméstica e familiar contra 6 E


lv

a mulher, poderão ser aplicadas ao réu as penas de


si

detenção, reclusão, de pagamento de cesta básica ou 7 C


an

outras de prestação pecuniária, bem como a imposi-


Lu

8 A
ção de multa.
c) Constatada a prática de violência doméstica e familiar 9 E
contra a mulher, poderá ser aplicada ao agressor, entre
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

outras, a medida protetiva de urgência de afastamento 10 C


do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendi-
11 D
da, podendo a intimação ser entregue pela ofendida
diretamente ao agressor. 12 A
d) No atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, 13 E
entre outras providências, conceder-lhe as medidas
14 C
protetivas de urgência cabíveis no caso.
e) O juiz assegurará à mulher em situação de violência 15 E
doméstica e familiar, para preservar sua integridade
física e psicológica, a manutenção do vínculo trabalhis- 16 A
ta, quando necessário o afastamento do local de traba-
17 B
lho, por até seis meses. 153
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