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Ministério Público do Estado de São Paulo

MP-SP
Oficial de Promotoria 81
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NV-003MA-22
Cód.: 7908428802073
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Obra

MP - SP - Ministério Público do Estado de São Paulo


Oficial de Promotoria

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Isabella Ramiro, Gabriela Coelho, Monalisa Costa, Ana Cátia Collares e
Giselli Neves

DIREITO PENAL • Rodrigo Gonçalves, Jonatas Albino e Renato Philippini

DIREITO PROCESSUAL PENAL • Renato Philippini, Eduardo Gigante e Alexia Broto

DIREITO ADMINISTRATIVO • Aline Costa, Maríllia Cunha, Fernando Paternostro Zantedeschi e Alexia
Broto

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO • Ana Philippini e Leonardo Dantas

DIREITO PROCESSUAL CIVIL• Nairo Lopes

MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká)

ATUALIDADES (EM VÍDEO) • Carla Kurz


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ISBN: 978-65-87525-94-5
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Edição:

Maio/2022

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
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APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso,
pensando no máximo aproveitamento de seus estudos, este
livro foi organizado de acordo com o último edital e principais
atualizações para o cargo de Oficial de Promotoria do Ministério
Público do Estado de São Paulo.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do último edital e reorganizando-os
quando necessário, de uma maneira didática para que você
realmente consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca VUNESP, organizadora do último certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
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aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será


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um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-


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do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-


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ra é com você!
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Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con-


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teúdos complementares disponíveis on-line para este livro


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em nossa plataforma: Conteúdo de Atualidades disponível em


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videoaulas, conteúdo de Informática disponível em PDF para


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download além do Curso Bônus com 05hs de videoaulas.

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CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

à Informática - disponível em pdf para download

• Curso On-line.
à Língua Portuguesa - Regência Verbal e Nominal
à Noções de Direito Penal - Dos crimes Contra a Administração da Justiça: Coação no
Curso do Processo
à Direito Processual Penal - Ação Penal Pública
à Direito Administrativo - Lei de Acesso à Informação (Lei Federal nº 12.527/11)
à Direito Constitucional e Ministério Público - Dos Direitos e Garantias Fundamentais:
Vedação ao Racismo e Tráfico, Terrorismo, Tortura, Crimes Hediondos e Ação de Gru-
pos Armados Contra a Ordem Constitucional
à Administração Pública - Disposições Gerais
à Direito Processual Civil - Do Ministério Público
à Matemática e Raciocínio Lógico - Equação Do 1° Grau; Negação Lógica

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Atualidades: Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, na-


cionais e internacionais, ocorridos e divulgados na mídia local e/ou nacional
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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS,
NÃO VERBAIS, LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS............................................................................... 9

INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS....................................................................................9

PONTO DE VISTA DO AUTOR............................................................................................................................11

ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO.............................................................................................................. 12

RELAÇÕES ENTRE IDEIAS.................................................................................................................................12

RECURSOS DE COESÃO....................................................................................................................................12

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES...................................................... 13

SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS..............................................................................................................................14

SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS..........................................................................................14

CLASSES DE PALAVRAS.................................................................................................................... 14

EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM...............................................14

Substantivo........................................................................................................................................................ 14
Adjetivo.............................................................................................................................................................. 17
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Artigo................................................................................................................................................................. 19
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Numeral............................................................................................................................................................. 20
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Pronome............................................................................................................................................................ 20
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Verbo.................................................................................................................................................................. 22
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Advérbio............................................................................................................................................................. 31
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Preposição ....................................................................................................................................................... 32
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Conjunção......................................................................................................................................................... 33
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CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................ 35


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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL........................................................................................................ 35

COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 36

CRASE.................................................................................................................................................. 36

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 37

DIREITO PENAL...................................................................................................................43
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA............................................................................................... 43
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DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS ..........................................................................43

DA FALSIDADE DOCUMENTAL..........................................................................................................................44

DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO...............................................................................48

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................... 49

DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL ......49

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL .........................60

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA .............................................................................64

DIREITO PROCESSUAL PENAL.....................................................................................73


CÓDIGO DE PROCESSO PENAL......................................................................................................... 73

DA AÇÃO PENAL................................................................................................................................................73

DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E


AUXILIARES DA JUSTIÇA.................................................................................................................................78

Do Ministério Público....................................................................................................................................... 78

LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.................................................................................... 78

DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS...........................................................................................................78

Disposições Gerais........................................................................................................................................... 78
Da Fase Preliminar............................................................................................................................................ 79
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Disposições Finais............................................................................................................................................ 82
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RESOLUÇÃO 1.324, DE 14 DE SETEMBRO DE 2021........................................................................ 83


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DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................93
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ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO (LEI ESTADUAL


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N° 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 COM AS ALTERAÇÕES VIGENTES) .............................. 93


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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI N° 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992)................................ 97

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO


(LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011) ..........................................................110

ATO NORMATIVO N° 664-PGJ-CGMP-CSMP, DE 08 DE OUTUBRO DE 2010..............................120

RESOLUÇÃO Nº 1.342, DE 2021 — CPJ, DE 01 DE JULHO DE 2021 .............................................125

RESOLUÇÃO N° 23, DE SETEMBRO DE 2007 DO CONSELHO NACIONAL DO


MINISTÉRIO PÚBLICO......................................................................................................................135

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO.................................... 145


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CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................................145

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS............................................................................................145

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos............................................................................................. 145


Dos Direitos Sociais........................................................................................................................................ 160
Da Nacionalidade............................................................................................................................................ 167
Dos Direitos Políticos..................................................................................................................................... 169

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO.....................................................................................................................171

Da Administração Pública: Disposições Gerais............................................................................................ 171


Servidores Públicos........................................................................................................................................ 180

DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES.................................................................................................................184

DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇA.....................................................................................................188

Do Ministério Público..................................................................................................................................... 188

LEI ORGÂNICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO (LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº


734, DE 26 DE NOVEMBRO DE 1993)..............................................................................................190

DIREITO PROCESSUAL CIVIL..................................................................................... 205


DO MINISTÉRIO PÚBLICO................................................................................................................205

DA ADVOCACIA PÚBLICA E DA DEFENSORIA PÚBLICA...............................................................205


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DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS.................................................206


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DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS...........................................................................................................206


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Dos Atos em Geral.......................................................................................................................................... 206


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Da Prática Eletrônica de Atos Processuais................................................................................................... 207


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DOS PRAZOS ....................................................................................................................................208


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MATEMÁTICA.................................................................................................................... 217
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OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS..............................................................................................217

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO DIVISOR COMUM.........................................................218

RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................220

PORCENTAGEM.................................................................................................................................221

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.......................................................................................223

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E PONDERADA..............................................................................227

JURO SIMPLES..................................................................................................................................228
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EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS...........................................................................................................229

SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1.º GRAU..........................................................................................................230

RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS.......................................................................................................231

TABELAS..........................................................................................................................................................231

GRÁFICOS........................................................................................................................................................232

SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS ...................................................................................................233

NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................233

PERÍMETRO......................................................................................................................................................233

FORMA E ÁREA................................................................................................................................................233

VOLUME...........................................................................................................................................................236

ÂNGULO............................................................................................................................................................237

TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................239

RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 245


ESTRUTURA LÓGICA DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, COISAS,
EVENTOS FICTÍCIOS E DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES FORNECIDAS
E AVALIAR AS CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS
RELAÇÕES.........................................................................................................................................245
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ESTRUTURAS LÓGICAS...................................................................................................................246
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LÓGICAS DE ARGUMENTAÇÃO......................................................................................................................247
.
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DIAGRAMAS LÓGICOS....................................................................................................................................250
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SEQUÊNCIAS....................................................................................................................................................251
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Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sem-
pre de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos
você a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer
de praticar seus conhecimentos realizando a seleção
LÍNGUA PORTUGUESA de exercícios finais, selecionados especialmente para
que este material cumpra o propósito de alcançar sua
aprovação.

INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS


ANÁLISE, COMPREENSÃO E POSSÍVEIS
INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS
DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS, A inferência é uma relação de sentido conhecida
desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS interpretação de texto.
INTRODUÇÃO
Dica
A interpretação e a compreensão textual são aspec- Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- to, nas linhas apresentadas.
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse A primeira e mais importante delas é identificar a
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e orientação do pensamento do autor do texto, que fica
a aprovação. perceptível quando identificamos como o raciocínio
Além disso, seja a compreensão textual, seja a dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
interpretação textual, ambas guardam uma relação de
da análise de dados, informações com fontes confiáveis
proximidade com um assunto pouco explorado pelos
ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
cursos de português: a semântica, que incide suas rela-
das consequências, a fim de se identificar as causas.
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma
linguística pode assumir. Por isso, é preciso compreender como podemos
Portanto, neste material você encontrará recursos interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
ção e compreensão textual, associando a essas temá- que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
precisa ser reconhecido por quem o lê. que focam nas formas de inferência sobre um texto.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
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breve diferença entre os termos compreensão e o processo de inferência, que se dá por dedução ou
8-

interpretação textual. por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
70

Para muitos, essas palavras expressam o mesmo


.
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sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste O marido da minha chefe parou de beber.
material, ainda que existam relações de sinonímia
.0
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entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor Observe que é possível inferir várias informações a
por um termo ao invés de outro reflete um sentido partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enuncia-
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que deve ser interpretado no texto, uma vez que a dor é casada (informação comprovada pela expressão
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interpretação realiza ligações com o texto a partir “marido”), a segunda é que o enunciador está trabalhan-
p

das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. do (informação comprovada pela expressão “minha che-
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Já a compreensão busca a análise de algo exposto no fe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador
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texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma bebia (expressão comprovada pela expressão “parou de
ul

expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto
Pa

cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos que induzem o leitor a interpretar essas informações.
essencialmente relacionados à significação das palavras Tratando-se de interpretação textual, os processos
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
Sabendo disso, é importante separarmos os con-
LÍNGUA PORTUGUESA

tem de uma certeza prévia para a concepção de uma


teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
compreensivo. Neste material, você encontrará um
texto junto da articulação com as informações acessa-
forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta-
das pelo leitor do texto.
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência;
A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex-
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na senta como ocorre a relação desses processos:
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- INFERÊNCIA
guísticas e suas consequências para o sentido. INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A partir desse esquema, conseguimos visualizar A DEDUÇÃO
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra- A leitura de um texto envolve a análise de diversos
tégias que compõem cada maneira de inferir informa- aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos maneira implícita no enunciado.
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu- Em questões de concurso, as bancas costumam
tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
de mundo na interpretação de textos. para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
A INDUÇÃO conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
As estratégias de interpretação que observam ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto forme Kleiman (2016, p. 47):
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
texto e que variam conforme o tipo textual. tema; ele estará também postulando uma possí-
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
identificar uma organização cronológica e espacial no vando seu conhecimento prévio, e na testagem
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- conhecimento.
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- Fique atento a essa informação, pois é uma das
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma pretação textual: formular hipóteses, a partir da
ideia/ponto de vista. macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
No processo interpretativo indutivo, as ideias são
cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
organizadas a partir de uma especificação para uma
ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
generalização. Vejamos um exemplo:
entre outras informações que podem vir como “aces-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa
sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
espécie de animal. O que observei neles, no tempo leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
te para não os amar, nem os imitar. São em geral pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de um objetivo mais definido.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos O processo de interpretação por estratégias de dedu-
detalhados e impotentes para generalizar, cur- ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
z Conhecimento Linguístico;
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
z Conhecimento Textual;
81

critério de beleza.
z Conhecimento de Mundo.
8-

(BARRETO, 2010, p. 21)


.70

O conhecimento de mundo, por tratar-se de um


93

O trecho em destaque na citação do escritor Lima


assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
.0

Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías


98

Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
-2

indutivo compõe a interpretação e decodificação de


um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- Conhecimento Linguístico
py

gias usadas para identificar essa forma de interpretar,


p

Esse é o conhecimento basilar para compreensão


Tu

deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-


ção cronológica de um texto. e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
o

das formas linguísticas estabelecidas socialmente por


ul
Pa

uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-


A propriedade vocabular leva nhecimento das regras de uma língua.
o cérebro a aproximar as pa- É importante salientar que as regras de reconhe-
PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso- cimento sobre o funcionamento da língua não são,
ciação com o tema do texto necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
Os conectivos (conjunções, tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
preposições, pronomes) que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
ATENÇÃO AOS
são marcadores claros de bo-objeto (SVO) etc.
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
localizadores textuais linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: cício para atestarmos a importância da ativação do
conhecimento de mundo em um processo de interpre-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:

Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-


fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar vio que é essencial para a interpretação de questões.
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas PONTO DE VISTA DO AUTOR
são algumas estratégias de interpretação em que
podemos usar métodos dedutivos. Ponto de Vista do Autor na Literatura

Conhecimento Textual O elemento básico da narrativa (que geralmente é o


elemento menos considerado na análise ou construção)
81

Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- é o ponto de vista do autor. Quando o autor cria uma
8-

mento linguístico e se desenvolve pela experiência obra, ele insere em suas palavras muito de si. Sua visão
70

leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de de mundo, seus valores, sua construção psicológica e
.

seu ideal de personagens e cenas, seu desejo de expor,


93

textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe-


revelar ou ocultar a verdade, dentre outras coisas.
.0

cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque


O ponto de vista do autor pode mudar muito o enre-
98

prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que


do a ser elaborado: pode dar dicas ou camuflar even-
-2

está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê tos, pode atribuir ritmo, ajustar pensamentos, nortear
py

uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma interpretações, explicar detalhes e até mesmo produzir
p

reportagem como se lê um poema. narrativas fora do texto. Por isso, é necessário investir
Tu

Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- algum tempo à análise desse elemento narrativo para
o

-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de tornar a produção o mais adequada possível, expondo
ul

discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. não apenas o enredo que está sendo narrado, mas tam-
Pa

bém o autor que está por trás da narrativa.


Conhecimento de Mundo O ponto de vista na literatura é a ótica da narrativa
do autor. Esse elemento aparece sorrateiramente na
LÍNGUA PORTUGUESA

O uso dos conhecimentos prévios é fundamental trama por meio dos seis sentidos do protagonista que
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre são, normalmente, os cinco sentidos, potencializando
sua intuição. O autor tem total liberdade para criar
importante que o candidato a cargos públicos reserve
novos significados para a sua narrativa e também
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes
pode definir se ela será apresentada ao leitor por meio
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- de um ou mais personagens.
tar seu conhecimento de mundo. Quando a história é contada por mais de um perso-
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso nagem fictício, a transição do ponto de vista do autor
conhecimento de mundo que é relevante para a com- deve ser bem definida e os detalhes devem estar bem
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso claros, para que isso não confunda o leitor. A menos
cérebro associar informações, a fim de compreender que o enredo exija, a trama não precisa ser narrada
o novo texto que está em processo de interpretação. por todos os personagens, então, o autor deve deter-
minar qual deles deterá o “ponto de vista”. Isso não 11
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significa que, quando for essencial para o desenvolvi- lógica e sequencial ao longo do texto. Quanto mais
mento da história, um ou mais capítulos não possam ideias secundárias são apresentadas, mais fácil
conter o ponto de vista de outros personagens. Após torna-se compreender a ideia principal e a inten-
definir esse ponto, o autor passa a dar um contexto cionalidade do discurso, pois as ideias secundárias
ao seu protagonista, traçando uma linha geográfica e levam o leitor à ideia principal.
temporal.
O autor também deve se atentar em estabelecer As ideias secundárias podem ser apresentadas por
intimidade com o leitor, para que ele se conecte à tra- alguns meios. Entre eles, temos:
ma e ao protagonista e seja capaz de imaginar todos os
detalhes, as sensações e os sentidos que o personagem „ Apresentação de sinônimos ou ideias sinôni-
está vivenciando naquele momento. Por exemplo, mas: Por meio de ideias ou palavras correlacio-
quando o autor descreve o trecho na perspectiva do nadas, é possível reforçar a ideia principal;
personagem principal, ele não deve citar seu choro, a „ Antônimos: A apresentação de antônimos ou
menos que o protagonista esteja olhando seu reflexo ideias contrárias reforça no entendimento do
em um espelho. Mas o autor pode descrever a sensa- leitor o que não é a ideia principal e no que ela
ção dos olhos enchendo-se de lágrimas, uma ou outra consiste;
escapando pelo canto dos olhos, e o toque da lágrima „ Exemplificação: Por meio de exemplos, ca-
fria escorrendo pelo rosto. sos reais ou dados estatísticos, o leitor pode
Assim, o ponto de vista é muito importante para compreender melhor do que se trata a ideia
a construção das ideias da narrativa e identificá-lo é principal.
essencial para interpretar o texto e responder corre-
tamente às questões. RECURSOS DE COESÃO

Aqui trataremos de dois aspectos essenciais dentro


da construção de um texto. Além disso, mostraremos
como utilizá-los para a escrita. Elas serão essenciais
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO tanto para identificar dentro da prova quanto para
escrever melhor na redação.
RELAÇÕES ENTRE IDEIAS
Coesão e Coerência
Ideia Principal e Ideias Secundárias
Esses dois recursos caminham juntos, mas não sig-
Em se tratando da organização das ideias em um nificam a mesma coisa. Eles são essenciais para cons-
texto, podemos seguir por duas linhas de pensamento truir um texto organizado, claro e que alcance seu
e estudo: a primeira refere-se ao produtor de um tex- objetivo comunicativo.
to, a como o emissor deve organizar suas ideias, esta- Escrever bem não diz respeito apenas a saber
belecer uma hierarquia e uma conexão entre o que estruturas gramaticais e dominar a norma padrão,
deseja emitir. A segunda diz respeito ao intérprete mas também são necessários conhecimentos que
do texto, como interpretar, compreender e responder
deem sequência e sentido para a construção do texto.
corretamente às questões de interpretação textual.
A coerência diz respeito à lógica entre as proposi-
81

Para compreender bem um texto, é necessário


ções que compõem um texto. Não há sentido, por exem-
8-

conseguir interpretar a articulação entre as ideias


70

plo, começar um texto afirmando determinado assunto


dele. Uma leitura eficiente compreende a ideia geral
e ao longo do texto contrariar a própria palavra.
.
93

que o texto deseja transmitir, e não somente decodifi-


Já a coesão estabelece a harmonia do texto. Den-
.0

ca os signos (letras) a fim de formar palavras e frases.


tro dos aspectos coesivos está a revisão gramatical e a
98

Cada texto apresenta uma intenção e, por trás


importância de uma ortografia correta para que haja
-2

dela, uma ideia principal – que pode estar implícita


uma melhor compreensão do texto.
ou explícita – e algumas ideias secundárias, que dão
py

suporte à ideia principal. Além disso, é necessário


p

identificar a progressão das ideias ao longo do texto e Como Produzir um Texto com Coerência Textual?
Tu

como elas se conectam.


o

Alguns aspectos devem ser levados em conta para


ul

produzir um texto coerente e que alcance seu objetivo


Pa

z Ideias Principais: Apresentam o núcleo do texto,


a mensagem primordial que o remetente/emissor discursivo. O principal deles é escolher as principais
deseja transmitir. Não há nenhum texto sem uma ideias trabalhadas e seguir uma linha de raciocínio
ideia principal, ou seja, um núcleo que norteia que contemple essas ideias.
todo o restante da mensagem. Sem uma ideia prin-
cipal, o texto não terá sentido e será incoerente. A z Aspectos essenciais para uma boa coerência
ideia principal não precisa estar explícita no texto, textual:
e necessariamente não é a primeira a ser exposta,
mas ela é compreendida ao longo da leitura atra- „ Escrita clara e simples;
vés de recursos linguísticos e dos sinais que o emis- „ Linguagem objetiva e concisão;
sor coloca no texto. Ela dá lógica ao texto e permite „ Clara identificação da ideia principal e das
a construção deste; ideias secundárias;
z Ideias Secundárias: Ao longo do discurso, o emis- „ Estabelecimento de uma linha de raciocínio;
sor utiliza recursos e argumentos para apresen- „ Conexão de ideias e harmonia entre fatos;
tar a ideia principal; esses recursos são as ideias „ Explorar a temática abordada suficientemente;
secundárias. Elas são ligadas por conectores, co- „ Apresentar informações relevantes;
12 mo advérbios e conjunções, e seguem uma ideia „ Demonstrar domínio total do tema;
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z O que evitar para não comprometer a coerência z Os alunos fizeram uma reunião para tratar do pro-
textual: blema. Esses estudantes também organizaram um
documento para pedir providências;
„ Inadequações ortográficas (principalmente z Estou fazendo lasanha para o jantar, esse prato é
dependendo do contexto); sempre pedido em minha casa.
„ Repetição de palavras dentro do mesmo pará-
grafo ou muitas vezes a mesma palavra ao lon- Recursos Coesivos Lexicais
go do texto;
„ Utilização desnecessária de palavras; z Uso de sinônimos;
„ Repetição das mesmas ideias com palavras z Hiponímia e hiperonímia: uso de substantivos
diferentes; específicos e genéricos;
„ Períodos muito longos (tornam-se confusos); z Repetição: uso intencional de palavras repetidas, por-
„ Frases muito curtas; que há um objetivo com isso ao longo do texto, que
„ Contradição entre as ideias apresentadas; pode ser dar ênfase ou destacar uma informação;
„ Existência de fatos isolados; z Nominalização: uso de substantivos, verbos e adje-
„ Frases feitas, clichês, jargões, gírias, estrangeirismos; tivos relacionados, como felicidade, feliz e felicitar;
„ Uso de expressões ou marcas de oralidade que z Substitutos universais: uso termos que substituem
empobreçam o discurso. outros, como pronomes, numerais e alguns verbos.

Como produzir um texto coeso? Coesão por Elipse

Um texto coeso é também um texto harmônico. Nas figuras de linguagem, vimos que a elipse con-
Quando ainda não temos experiência em escrita, pre- siste em omitir um termo que foi escrito anteriormen-
cisamos estar atentos às estratégias que vamos utilizar te e que pode ser compreendido no contexto geral, ex.:
para que haja essa coesão. Vamos explorá-las a seguir.
Por outro lado, enquanto leitores e alunos, preci- z O presidente afirmou que vai verificar o problema,
samos conhecer também essas estratégias para iden- também disse que irá se reunir com os ministros.
tifica-las ao longo da leitura e realizar uma boa prova.
Coesão por Substituição
Coesão Referencial
A substituição é essencial também para não haver
Para haver coesão referencial é necessário utilizar repetição de palavras. Podemos usar outras palavras
termos para evitar a repetição de palavras já mencio- para nos referirmos à anterior, mesmo que não seja
nadas, principalmente dentro do mesmo parágrafo. um sinônimo.
Para referenciar essas palavras utilizamos principal-
mente pronomes, advérbios e locuções adverbiais. z Lucas viajou para a Europa nas últimas férias.
Também preciso de uma (viagem) assim.
z Meu carro está no mecânico. Você veio com o seu?;
81

z Todos os dias, João chega cedo, mas hoje ele ainda Além dos recursos que mencionamos acima, pode-
8-

não chegou; mos citar outros importantes para uma boa escrita,
70

são eles:
z É importante falar sobre o uso da máscara, essa
.
93

medida pode salvar vidas.


.0

z Correta ordenação das palavras no período;


98

z Correto uso de desinências nominais (marcas de


Coesão Sequencial
-2

gênero e número);
py

z Correto uso de desinências verbais (flexão em


Para haver coesão sequencial, há a necessidade
número, pessoa, modo e tempo);
p

de usar conectivos como conjunções ou expressões


Tu

z Utilização de preposições e conjunções adequadas


que conectem os assuntos, como advérbios e locuções
para o contexto, que completem o sentido expresso.
o

adverbiais, por exemplo.


ul
Pa

A sequência deve existir tanto dentro do parágra-


Aqui, trouxemos exemplos curtos e simples, para
fo quanto entre parágrafos diferentes. O uso dessas
melhor compreensão. Mas é importante destacar que
expressões também colabora para mostrar ao leitor
o uso desses recursos em textos mais longos é essen-
qual será o viés da ideia que será exposta, pois ela
cial e causa efeitos para o entendimento geral.
LÍNGUA PORTUGUESA

pode ser contrária à anterior ou reforçar parte do que


já foi dito, por exemplo:

z Hoje, não teremos atendimento, por isso, os cola-


boradores serão dispensados; SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE
z As lutas existem, mas o grupo continua resistindo. PALAVRAS E EXPRESSÕES
Coesão Lexical Quando escolhemos determinadas palavras ou
expressões dentro de um conjunto de possibilidades
A coesão lexical diz respeito à escolha vocabular, de uso, estamos levando em conta o contexto que
que, além de enriquecer a escrita também evita a influencia e permite o estabelecimento de diferentes
repetição desnecessária de palavras. relações de sentido. Essas relações podem se dar por 13
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meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní- SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
Denotação

Importante! O sentido denotativo da linguagem compreende


o significado literal da palavra independente do seu
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres- contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
sões de um idioma. objetivo e literal associado ao significado que aparece
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
que cada falante seleciona do léxico para se ênfase à informação que se quer passar para o recep-
comunicar. tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
isso, é muito utilizada em textos informativos, como
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
ticos, entre outros.
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
z Sinonímia
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
São palavras ou expressões que, empregadas em
o corpo. (coração: parte do corpo)
um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos
Conotação
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
O sentido conotativo compreende o significado
o que pode não acontecer em outras situações. O
figurado e depende do contexto em que está inserido.
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
de suas significações é diferente. poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
O emprego dos sinônimos é um importante recur- à expressividade da mensagem de maneira que ela
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura publicitários e outros.
do texto. Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Você mora no meu coração.
z Antonímia

São palavras ou expressões que, empregadas em


um determinado contexto, têm significados opostos.
CLASSES DE PALAVRAS
81

As relações de antonímia podem ser estabelecidas em


8-

gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-


70

EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS


dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
RELAÇÕES QUE ESTABELECEM
.
93

casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:


.0

Substantivo
98
-2

São palavras que dão nome aos seres em geral,


py

vivos ou não vivos e a conceitos.


p
Tu

Tipos de Substantivos
o
ul
Pa

Existem diferentes tipos de substantivos. São eles:

z Concreto: dá nome a seres existentes, indepen-


dentes ou que são pensados dessa forma. Veja os
exemplos dados pelo autor do livro Gramática pela
Prática:

„ Pessoas: José, Júlia;


„ Ocupantes de cargos: tesoureiro, professor;
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. „ Animais: tigre, lesma;
„ Vegetais: árvore, bambu;
A relação de sentido estabelecida na tirinha é „ Minerais: água, ouro;
construída a partir dos sentidos opostos das palavras „ Fenômenos: chuva, relâmpago;
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- „ Lugares: continente, Piauí;
se contexto. „ Objetos: caneta livro;
14 „ Imaginados: saci, fada, Deus.
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z Abstrato: nomeia seres/conceitos que não existem Plural de Substantivos Compostos
por si só. Observe os exemplos:
Se o substantivo composto é escrito sem hífen,
„ Ações: o chute, a entrega; para utilizá-lo no plural, basta acrescentar a letra
„ Sentimentos: amor, compreensão; “s”. Agora, se ele for escrito com hífen, deve-se
„ Qualidades: dureza, feiura; seguir algumas regrinhas. São elas:
„ Estado: desonra, glória.
„ Substantivo + substantivo que especifica o
Os substantivos abstratos existem apenas em função primeiro.
de outros seres. A feiura, por exemplo, depende de uma Ex.: notícia-bomba, notícias-bomba.
pessoa, um substantivo concreto a quem esteja associada.
„ Palavras unidas por preposição.
z Próprio: dá nome a um ser específico (pessoa, país Ex.: água-de-colônia, águas-de-colônia.
etc.)
Ex.: José, Brasil, Carolina, Nova Concursos, São „ Verbo ou advérbio + substantivo ou adjetivo.
Paulo, Varsóvia; Ex.: bate-boca, bate-bocas, alto-falante, alto-fa-
lantes.
z Comum: é o que nomeia um ser como pertencente
a uma classe. „ Palavras repetidas ou onomatopaicas.
Ex.: homem, país, editora;
Ex.: tico-tico, tico-ticos;
z Coletivo: dá nome comum para um conjunto de seres.
„ Palavra variável + palavra variável.
„ Abelhas: enxame, colmeia, abelhal;
Ex.: quinta-feira, quintas-feiras.
„ Alho: réstia, alhada, alhal;
„ Alunos: turma, classe, alunato;
„ Animais: fauna, bando, bicharada, animalada, REFERÊNCIA
pandilha, piara;
„ Anjos: legião, falange, coro; Exemplos retirados da internet. Disponível em:
„ Artistas: companhia, elenco, trupe, plêiade, <https://www.todamateria.com.br/substantivo-com-
academia; posto/>. Acesso em 25 ago. 2020.
„ Árvores: arvoredo, renque, mata, floresta,
bosque; Flexão de Gênero
„ Atores: elenco, companhia, trupe;
„ Automóveis: frota; Os substantivos podem sofrer flexão de gênero:
„ Aves: bando, revoada, bandada; feminino e masculino.
„ Aviões: esquadrilha, frota, aviação; É comum fazermos a associação de que substan-
„ Bananas: cacho, bananada; tivos masculinos são marcados pela desinência “o”
„ Bois: manada, boiada, junta, armento, rebanho; e que os femininos são marcados pela desinência
„ Borboletas: panapaná, panapanã; “a”;porém, o mais assertivo é pensar que os substanti-
81

„ Burros: récua, burricada, burrada; vos masculinos são aqueles cujo artigo “o” vem ante-
8-

„ Cabras: fato, rebanho, cabrada, cabralhada, posto. Veja:


70

cabroeira;
z O carro / o motor / o cigarro.
.

„ Cães: matilha, cachorrada, canzoada;


93

„ Camelo: cáfila, catar;


.0

O mesmo com os substantivos femininos, que vêm


„ Cavalos: cavalaria, cavalhada, tropa, manada;
98

com o artigo “a” anteposto:


„ Cebola: réstia, cebolal;
-2

„ Chaves: molho, penca, chavaria;


py

z A cadeira / a maçã / a verdade.


„ Discos: discoteca, fonoteca;
p

„ Elefantes: manada;
Tu

„ Estrelas: constelação; Existem alguns substantivos masculinos que pos-


suem terminações diferentes de “o”; por isso, essa é a
o

„ Filhotes: ninhada, redada;


ul

„ Flores: ramalhete, ramo, buquê, braçada; “regra” mais confiável. Ex: O amor / o celular.
Pa

„ Formigas: colônia, formigueiro, formigame, Além disso, os substantivos podem ser classifica-
carreiro, correição; dos em uniformes e biformes.
„ Gafanhoto: nuvem, gafanhotada, onda, praga; Os substantivos biformes apresentam diferentes for-
mas para o masculino e feminino. Ex.: Menino / menina
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Galinhas: galinhada, galinhame;


„ Gatos: gataria, bichanada;
„ Ilhas: arquipélago; z Garoto / Garota;
„ Índios: tribo, aldeia, indiada;
„ Insetos: nuvem, colônia, praga, onda. Já os substantivos uniformes são aqueles que
apresentam uma única forma, independente do gêne-
z Compostos ro. Veja:

Os substantivos compostos são substantivos for- z Criança / testemunha / artista;


mados por mais de uma palavra ou radical, sendo
constituídos pelo processo de composição (formados Dessa forma, só é possível identificar o gênero des-
pela junção de duas palavras). se tipo de substantivo por meio do artigo, que vem
Ex.: notícia-bomba; bate boca; quinta-feira. anteposto a ele. 15
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z O estudante / A estudante. � Quartel: quarteis;
� Lençol: lençóis;
Gênero e Significação � Azul: azuis.

É possível realizar a determinação do gênero pela Variação de Grau nos Substantivos


significação. Veja algumas regrinhas básicas para
ajudar a identificar quando o substantivo é femini- O grau do substantivo é a possibilidade de indicar
no e quando é masculino. o tamanho/proporção do ser nomeado, e os substanti-
vos podem ser de três graus: aumentativo, diminuti-
Gênero Feminino vo e normal.
O grau normal é o natural do ser.
z São femininos:
z Aumentativo: exprime o aumento do tamanho do
„ Nomes de mulheres e as funções exercidas por ser nomeado.
elas:
Ex.: Ana, Helena, Maria, professora, rainha, vende- � Livro: livrão;
dora; � Porta: portão;
� Cachorro: cachorrão.
„ Nomes de animais do sexo feminino:
Ex.: Vaca, anta, galinha, pata; z Diminutivo: exprime, ao contrário do aumentati-
„ Nomes de cidades e ilhas em que se subentende vo, a diminuição do tamanho/proporção do ser.
o gênero feminino:
Ex.: A Veneza, A marcante Florianópolis. � Livro: livrinho;
� Porta: portinha;
z São masculinos:
� Cachorro: cachorrinho.
„ Nomes de homens e suas funções.
Vale ressaltar que a flexão de grau dos substantivos
Ex.: Cláudio, José, Henrique, médico, professor,
pode ser feita de duas formas diferentes:
vendedor;
„ Nomes de animais do sexo masculino:
� Analítica: acrescenta-se um adjetivo:
Ex.: Elefante, leão, boi;
„ Cachorro grande/pequeno; livro grande/pequeno.
„ Nomes dos meses e dos pontos cardeais:
Ex.: O mês de janeiro, o mês de maio, o Leste, o � Sintética: acrescenta-se um sufixo à palavra:
Norte. „ Cachorrinho/cachorrão; livrinho/livrão.

„ Nomes de lagos, montes, oceanos e rios, em que O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
se subentende o gênero masculino:
Ex.: O Amazonas (o rio Amazonas), o Atlântico (o De acordo com o novo acordo ortográfico, vigente
oceano Atlântico).Flexão de Número. no país desde o início de 2009, utiliza-se maiúsculas
81

em:
8-

Em relação ao número gramatical, existem dois em


70

que os substantivos sofrem flexão: singular e plural. � Nome de pessoas reais ou imaginárias (nome,
.
93

O singular indica apenas um ser ou um grupo de sobrenome, apelido, seres mitológicos etc).
.0

seres, e o plural indica dois ou mais seres ou grupos � Gabriela;


98

de seres. � Tiago;
-2

A flexão dos substantivos para o plural possui � Ferreira;


py

algumas regrinhas que podem ajudar. Veja: � Magalhães;


p

� Silva;
Tu

z Substantivos que terminam em vogal, ditongo oral � Xuxa;


ou com a letra “N” flexionam para o plural com o � Cinderela;
o
ul

acréscimo da letra “s”. � Poseidon.


Pa

� Pai: pais; � Nomes de cidades, países, continentes (reais ou


� Mãe: mães; imaginários).
� Hífen:hifens; � Cuba;
Exceção: Cânon – cânones. � Londres;
� Minas Gerais;
z Substantivos terminados em “R” e “Z” fazem o plu- � França;
ral pelo acréscimo de “-es”. � América;
� Nárnia.
� Cobertor: cobertores;
� Rapaz: rapazes. z Nomes de festas e festividades.
� Carnaval;
z Substantivos que terminam em “al”, “el”, “ol”, “ul” � Dia das Crianças;
sofrem flexão no plural, trocando o “L” por “-is”. � Natal;
� Ano Novo;
16 � Casal: casais; � Páscoa.
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� Nomes de instituições e entidades.
� Organização das Nações Unidas;
� Cruz Vermelha;
� Sistema Único de Saúde.

z Nome dos pontos cardeais e equivalentes.


� Norte / Sul / Leste / Oeste;
� Nordeste / Sudoeste;
� Oriente / Ocidente.

Importante!
Os pontos cardeais são grafados com maiúsculas apenas quando utilizados indicando uma região.
� Este ano vou conhecer o Sul. (O Sul do Brasil);
Quando utilizados indicando uma direção, devem ser escritos com minúsculas.
� Correu a América de norte a sul.

� Títulos de periódicos.
� Veja;
� O Globo;
� Correio do Brasil.
� Em siglas, símbolos ou abreviaturas.
� ONU / INPS;
� Unesco / Bradesco / Sr.(a);
� S [Sul] / K [Potássio];

Além disso, vale ressaltar que substantivos próprios também são escritos com maiúscula.

Adjetivo

São palavras que qualificam os substantivos, dão características (feliz, gordo, alto, interessante).

Exs: Ana é uma menina muito alegre;


O noticiário de hoje está interessante.
81

Locuções Adjetivas
8-
70

Trata-se de uma expressão formada por mais de uma palavra com o valor/significado de um adjetivo. Em
.
93

geral, costuma ser formada por uma preposição + substantivo. Veja:


.0

Lucas tem atitude de criança: “atitude de criança” = locução adjetiva com valor de “atitude infantil”.
98

Veja algumas locuções adjetivas e seus correspondentes na tabela a seguir:


-2
py

LOCUÇÃO ADJETIVA CORRESPONDENTE LOCUÇÃO ADJETIVA CORRESPONDENTE


p
Tu
o

de abdômen abdominal de campo rural


ul
Pa

de abelha apícola de criança infantil

de abutre vulturino de lua lunar


LÍNGUA PORTUGUESA

de aluno discente de mestre magistral

níveo
de baço esplênico de neve
ou nival

de boca bucal, oral de ovelha ovino

de bode hircino de pai paternal

de cabra caprino de rio fluvial


17
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Adjetivos de Relação

Os adjetivos de relação possuem algumas características, e são assim classificados por:

z Ter valor semântico objetivo (não expressa nenhuma subjetividade).


Ex.: Problema mundial = problema relativo ao mundo.

z Não possui variação de grau (veja no próximo assunto).


Ex.: Vinho chileno = não pode ser: chileníssimo, pouco chileno.

z Vem após substantivo.

Ex.: Mapa mundial.

Veja alguns exemplos:

Energia do núcleo: energia nuclear;


Roteiro de Carnaval: roteiro carnavalesco;
Vinho do Chile: vinho chileno.

Variação de Grau nos Adjetivos

Os adjetivos variam em dois graus: comparativo e superlativo.

� Comparativo: atua fazendo comparação entre elementos da frase. O comparativo possui três graus:
� 1° Comparativo de igualdade: compara elementos colocando-os num mesmo patamar.
Ex.: A sua receita é tão saborosa quanto a dela;
� 2° Comparativo de superioridade: compara, evidenciando um elemento como superior ao outro.
Ex.: A sua receita é melhor do que a dela;
� 3° Comparativo de inferioridade: compara, evidenciando um elemento como inferior ao outro.
Ex.: A sua receita é pior do que a dela.

� Superlativo: eleva, intensifica as características dadas aos substantivos. Possui dois tipos:
� 1° Superlativo relativo: quando essa elevação se refere a um conjunto.
Ex.: Dentre os discos gravados por você, este é o mais elaborado;
� 2° Superlativo absoluto: faz referência apenas a um substantivo;
Ex.: Este disco gravado por você é o mais elaborado.
81

Estes dois tipos podem ser ainda:


8-
70

„ s uperlativo relativo de superioridade: “Ele é o filho mais obediente”;


.

„ superlativo relativo de inferioridade: “Ele é o filho menos desobediente”;


93

„ superlativo absoluto analítico: “Ele é muito obediente”;


.0

„ superlativo absoluto sintético: “Ele é obedientíssimo”.


98
-2

Formação dos Adjetivos


p py

Tipos de adjetivos:
Tu
o

� Adjetivo simples: apresenta somente um radical.


ul

Ex.: pobre, magro, triste, alto, feliz;


Pa

� Adjetivo composto: apresenta mais de um radical.


Ex.: afro-brasileiro, superinteressante, super-herói;
� Adjetivo primitivo: palavra que dá origem a outros adjetivos.
Ex.: alegre, bom, puro;
� Adjetivo derivado: palavras que derivam de verbos ou substantivos.
Ex.: escultor (de “esculpir), formoso (de “formosura”).
z Adjetivos pátrios: São responsáveis por representar a origem das pessoas, objetos e seres em relação ao país,
estado ou cidade. Veja a seguir alguns deles:

18
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81
8-
.70
93

Artigo
.0
98

São palavras que antecedem o substantivo, definindo ou não o seu sentido. Podem ser classificados em defi-
-2

nidos e indefinidos.
py

Há apenas um artigo definido – o – e um artigo indefinido – um, que depois variam em gênero e número (os,
a, as) para artigos definidos e (uma, uns, umas) para os indefinidos.
p
Tu

O artigo definido serve para indicar um ser definido entre outros e indicar todo conjunto de seres.
o

Ex.: A menina saiu contente. / Os garotos adoram jogar futebol.


ul

Já o artigo indefinido pode ser:


Pa

� Indefinido entres os outros;


� Subconjunto de seres indefinidos;
LÍNGUA PORTUGUESA

Reforço de ideia.
Ex.: Uns gostam de cão, outros de gato.
� Contaram-me uma história antiga e duvidosa.

Importante!
Os artigos indefinidos (um, uma, uns, umas) podem ser confundidos com o numeral. Como dito, os artigos
acompanham substantivos, enquanto os numerais indicam número, ou seja, quantidade. Veja os exemplos:
Nas férias, pretendo ler um livro. = Artigo indefinido. Pode ser um livro qualquer; aqui, trata-se do termo “livro”
de forma mais geral.
Nas férias, vou ler apenas um livro. = Numeral. A quantidade de livros a serem lidos nas férias é apenas um. 19
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Numeral Dica
São as palavras utilizadas para designar posição
“Os pronomes eu e tu são retos.
Nós, vós, ele(s) serão retos ou oblíquos, depen-
ou número.
dendo de seu emprego na frase.” (PIMENTEL,
Exs.: Eu quero um pastel de carne;
2015, p. 137)
Pedro ganhou a corrida em primeiro lugar;
Milhares de pessoas compareceram ao evento.
Pronomes de Tratamento
Os numerais podem ser classificados em cardinais,
ordinais, multiplicativos e fracionários.
Os pronomes de tratamento são utilizados para se
dirigir à pessoa com quem se fala. Existem pronomes
� Cardinais: expressam quantidade exata de seres
de tratamento bastante específicos. Veja na tabela a
através da palavra. seguir, da esquerda para a direita, pronome de trata-
Ex.: Ganhei sete bombons ontem; mento, sua abreviação e seu uso, respectivamente.
� Ordinais: indicam ordem ou posição dentro de
uma sequência;
Exs.: João ganhou a corrida em segundo lugar. PRONOMES DE TRATAMENTO
Esta foi a primeira vez que consegui compreendê-lo; príncipes,
� Multiplicativos: expressam o número de vezes Vossa Alteza V. A.
duques
pelo qual determinada quantidade é multiplicada. Vossa Eminência V. Ema.(s) Cardeais
Dobro = duas vezes; triplo = três vezes; quádruplo
Vossa sacerdotes e
= quatro vezes... V. Revma.(s)
Reverendíssima bispos
Ex.: Eu trabalho o dobro de horas que você;
altas autoridades
� Fracionários: expressam frações, divisões ou Vossa Excelência V. Ex.ª (s)
e oficiais-generais
diminuições proporcionais em quantidade.
Vossa reitores de
Ex.: Esse mês já gastei um terço do meu salário. V. Mag.ª (s)
Magnificência universidades
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma Vossa Majestade
V. M. I. Imperadores
quantidade exata de seres/conceitos. Veja: Imperial
Dúzia: conjunto de doze unidades; Vossa Santidade V. S. Papa
Novena: período de nove dias; tratamento
Vossa Senhoria V. S.ª (s)
Década: período de dez anos; cerimonioso
Século: período de cem anos; Vossa
V. O. Deus
Bimestre: período de dois meses. Onipotência

Pronome Existem ainda os mais frequentes:

Palavras que substituem ou acompanham os subs- z Senhor (Sr.) e Senhora (Sr.ª): tratamento cerimo-
81

tantivos. Os pronomes são denominados de distintas nioso, formal ou mais distante;


8-

maneiras, de acordo com o papel que desempenham z Você: tratamento mais familiar, corriqueiro ou
70

na oração. íntimo.
.
93
.0

Pronomes Pessoais Pronomes Indefinidos


98
-2

Referem-se às pessoas que participam do discurso. Referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo vago,
O falante corresponde à 1ª pessoa; o ouvinte, à 2ª; e o
py

impreciso. Veja:
assunto, à 3ª. Eles podem se classificar como retos ou Todos foram à festa ontem.
p

oblíquos, de acordo com sua utilidade na frase.


Tu

Muitos pais não se interessam verdadeiramente


Confira a tabela a seguir: pela educação dos seus filhos.
o
ul

Os pronomes indefinidos podem ser variáveis,


Pa

PRONOMES PESSOAIS isto é, sofrem flexão em gênero e número, e também


invariáveis, que não sofrem essa flexão. Observe na
Pronome Reto Pronome Oblíquo tabela a seguir os:
Tônico Átono Tônico
1ª pessoa sing.
Eu PRONOMES INDEFINIDOS
Me Mim, comigo
2ª pessoa sing. Variáveis Invariáveis
Te Te, contigo
Tu Algum, alguma, alguns,
Se, lhe,o, a Si, consigo, ele, ela Alguém
3ª pessoa sing. algumas
Ele, ela
Nenhum, nenhuma,
1ª pessoa pl. Nós Nós, conosco Ninguém
Nos nenhuns, nenhumas
2ª pessoa pl. Vós Vós, convosco
Vos Todo, toda, todos, todas Quem
3ª pessoa pl. Si, consigo,
lhes, os, as Outro, outra, outros, outras Outrem
Eles, elas eles, elas
Para Sujeito Para Outras Funções Muito, muita, muitos,
Algo
20 muitas
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PRONOMES INDEFINIDOS VARIÁVEIS
Masculino Feminino INVARIÁVEIS
Pouco, pouca, poucos,
Tudo Singular Plural Singular Plural
poucas
cujo cujos cuja cujas que
Certo, certa, certos, certas Nada
o qual os quais a qual as quais quem
Vários, várias Cada
quanto quantos - quantas onde
Quanto, quanta, quantos,
Que
quantas
Pronomes Interrogativos
Tanto, tanta, tantos, tantas
Qualquer, quaisquer São os pronomes utilizados para formular perguntas
Qual, quais diretas ou indiretas. São eles: quem, quanto, que, qual.
Um, uma, uns, umas Ex.: Quem entregará o trabalho hoje?;
Quantos alunos chegaram atrasados hoje?;
Pronomes Demonstrativos Que é isso?;
Qual é o resultado desse problema?
Os pronomes demonstrativos são palavras que
situam algo no tempo, espaço e no discurso em rela- Pronomes Possessivos
ção à pessoa que fala (1ª pessoa), com quem se fala (2ª
pessoa) e de quem se fala (3ª pessoa). De acordo com o escritor de um blog de língua por-
Os principais pronomes demonstrativos são: este, tuguesa, os pronomes possessivos são “palavras que,
esse e aquele. ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acres-
Exs.: centam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
Este é o meu livro; Ex.: Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pes-
Esse é o seu livro; soa do singular).
Aquele é o livro deles.
Observe na tabela a seguir a distribuição dos pro-
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis nomes possessivos:
e invariáveis em gênero e número.
PRONOMES POSSESSIVOS
z Variáveis
Número Pessoa Pronome
1ª pessoa: este, esta, estes, estas; Singular Primeira meu(s), minha(s)
2ª pessoa: esse, essa, esses, essas;
Singular Segunda teu(s), tua(s)
3ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas.
Ex.: Esta bolsa é minha. (Indica proximidade com Singular Terceira seu(s), sua(s)
relação à 1ª pessoa / quem fala). nosso(s),
Essa bolsa é minha. (Indica proximidade com rela- Plural Primeira
nossa(s)
ção à 2ª pessoa / com quem se fala).
Aquele cachorro fugiu do abrigo. (Indica distância vosso(s),
81

Plural Segunda
com relação às pessoas do discurso). vossa(s)
8-
70

Plural Terceira seu(s), sua(s)


.

z Invariáveis
93

Outras Funções do “Se”


.0

1ª pessoa: isto;
98

2ª pessoa: isso; Veja a seguir algumas outras funções que podem


-2

3ª pessoa: aquilo. ser exercidas pelo “se” nos textos.


py

Ex.: Isto não é meu. (Indica proximidade com rela-


p

ção à 1ª pessoa / quem fala). z Pronome:


Tu

Isso é meu (Indica proximidade com relação à 2ª


o

pessoa / com quem se fala). � Pessoal reflexivo: neste caso, pode ser subs-
ul

tituído por “a si mesmo”; a ação recai sobre o


Pa

Pronomes Relativos sujeito da oração.


Ex.: Carlos drogou-se a noite inteira;
Os pronomes relativos são aqueles utilizados em � Pessoal recíproco: a ação de um elemento/sujei-
LÍNGUA PORTUGUESA

uma frase para retomar algum termo já citado ante- to recai sobre o outro, e vice-versa.
riormente, evitando uma repetição desnecessária. Ex.: Carla e Joaquina abraçaram-se
amorosamente;
Estes pronomes podem ser variáveis ou invariá- � Apassivador: utilizado na voz passiva do verbo,
veis, ou seja, podem ou não sofrer alterações de gêne- podendo ocorrer apenas em verbos transitivos
ro e número. diretos.
Ex.: Alugam-se barcos.
z Pronomes relativos variáveis: cujo, o qual, quanto; Compra-se roupas;
z Pronomes relativos invariáveis: que, quem, onde. � Indefinido: tem função de indeterminação de
sujeito, e pode ocorrer em verbos intransitivos,
Veja, na tabela a seguir os pronomes relativos e transitivos indiretos e verbos de ligação.
suas variações. Ex.: Ama-se a Deus.
Aqui se é feliz. 21
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� Partícula expletiva: quando acompanha verbo Tudo se transformará com o tempo.
intransitivo, com sujeito determinado ou oculto, Outro secretário se ajustará ao cargo com
podendo ser usado apenas para realce. dificuldade.
Ex.: Acabou-se o mundo. Qualquer pessoa se persigna quando a situa-
Foram-se embora todos os amigos que restavam; ção está complicada;
� Nas locuções verbais, se houver negação ou
� Conjunção: pronome relativo, interrogativo. Ex.:
� Causal: usada quando a oração subordinada Não se pode deixar de realizar...
expressa uma causa para a oração principal. Coisas que se podem deixar de realizar...
Ex.: Se João demorar, jantaremos apenas nós. Por que se deve realizar esta tarefa?;
� Condicional: indica uma condição da oração. � Se o verbo estiver no futuro do presente ou
Ex.: Se fizer sol, iremos ao parque; futuro do pretérito, pode-se utilizar a antecipa-
� Integrante: quando integra orações subordi- ção pronominal. Exs.:
nadas substantivas, completando o sentido da Eu me dedicarei aos estudos gramaticais
oração principal. quando...
Ex.: Não se sabe ao certo qual a verdadeira cau- Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se...;
sa de seu falecimento. „ Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é
Sabe-se que não são muitos os que realmente
aconselhável, por revelar-se pedante. Embora
se preocupam.
o pronome pessoal do caso reto não tenha força
atrativa, é recomendável a próclise para evitar
Colocação Pronominal
o preciosismo da mesóclise;
� Se houver vírgula depois do advérbio, deve-se
� Próclise: quando o pronome é colocado antes do
usar ênclise e não próclise.”
verbo, sendo comum nos seguintes casos:

� Quando o verbo segue uma partícula negativa: � Ênclise: quando o pronome é colocado depois do
não, nunca, jamais, nada, ninguém. verbo. Esse tipo de colocação pronominal se rela-
Ex.: Não nos responsabilizaremos por sua ati- ciona aos seguintes casos:
tude rebelde. � Verbo no imperativo afirmativo.
Nunca se acusou um cliente por esses motivos. Ex.: Depois de terminar, chamem-nos.
Um vendedor de nossa empresa jamais se con- Para começar, joguem-lhes a bola!;
tentará com níveis de faturamento tão baixos. � Verbo no infinitivo impessoal.
O relatório fora bem escrito, mas nada o Ex.: Gostaria de pentear-te à minha maneira.
recomendava como modelo que devesse ser O seu maior sonho é casar-se;
imitado. � Verbo inicia a oração.
Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra Ex.: Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
no escritório; Acordei e surpreendi-me com o café da manhã;
� As orações que se iniciam por pronomes e � Verbo no gerúndio (sem a preposição em pois
advérbios interrogativos também exigem ante- quando regido pela preposição em deve ser
cipação do pronome ao verbo. usada a próclise).
Ex.: Por que o diretor se ausentou tão cedo? Ex.: Vive a vida encantando-me com as suas
81

Como se justificam essas afirmações? surpresas.


8-

Quem lhe disse que o gerente de vendas não se Faço sempre bolos diferentes experimentan-
70

interessaria por tal fato?; do-lhes ingredientes novos.


.
93

� As orações subordinadas também exigem ante-


cipação do pronome ao verbo.
.0

� Mesóclise: o pronome é colocado no meio do ver-


98

Ex.: Ainda que lhe enviassem relatórios subs-


bo. Essa colocação só é possível nos tempos verbais
tanciais, não poderia tomar nenhuma decisão.
-2

Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito. Veja:


Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a
Orgulhar-me-ei dos meus alunos;
py

cabeça.
Orgulhar-me-ia dos meus alunos.
p

Aquela correspondência que te chegou às


Tu

mãos...;
Dica
o

� Alguns advérbios exercem força atrativa sobre


ul

o pronome: mal, ainda, já, sempre, só, talvez, Existem casos em que o adjetivo pode vir antes
Pa

não. Ex.: dos substantivos, nesses caso, deve-se concor-


Mal se despedira... dar com um ou com o outro?
Ainda se ouvirá a voz dos que clamam no A regra é a seguinte: concorde o adjetivo com o
deserto. substantivo mais próximo, como no exemplo:
Já se falou aqui da inconsequente... Linda filha e bebê.
Só se acredita naquilo por que se interessa. Perceba que o adjetivo “linda” está concordando
Os relatórios talvez se abstenham de informar...
em gênero com o substantivo “filha”, nesse caso,
Não se manifestará apoio ao desonesto, cor-
o mais próximo.
rupto e politiqueiro idealizador de semelhante
comemoração;
� A palavra ambos, bem como alguns indefinidos Verbo
(alguém, todos, tudo, outro, qualquer) também
tem força atrativa. Ex.: z Os verbos indicam ações, fenômenos da natureza
Ambos os empregados me inquiriram sobre ou estado.
suas férias. Exs.: Chove muito aqui na cidade;
Alguém te dirá aos ouvidos... Caminharemos até a cidade vizinha;
22 Todos te olharão de esguelha... Corro muitos quilômetros por dia.
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z O verbo pode variar em número (singular e plural) e em pessoa (primeira [eu], segunda [tu] e terceira [ele/
ela]). Veja o mesmo verbo, gostar, conjugado em diferentes pessoas e número:
Eu gosto de cantar. = 1ª pessoa do singular;
Pedro e Ana gostam de cantar. = 3ª pessoa do plural;
Eu, Pedro e Ana gostamos de cantar. = 1ª pessoa do plural.

Flexões Modo-temporais – Tempos Simples

São os tempos básicos em que o verbo pode ser conjugado. São eles: presente, pretérito imperfeito, pretérito
perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
Na tabela a seguir você verá alguns verbos conjugados nos diferentes tempos, modos e pessoas verbais até
então vistos aqui.

MODO TEMPO 1ªCONJUGAÇÃO (-AR) 2ª CONJUGAÇÃO (-ER) 3ª CONJUGAÇÃO (-IR)


Indicativo Presente ando como divido
Indicativo Pretérito imperfeito andava comia dividia
Indicativo Pretérito perfeito andei comi dividi
Pretérito
Indicativo andara comera dividira
mais-que-perfeito
Indicativo Futuro do presente andarei comerei dividirei
Indicativo Futuro do pretérito andaria comeria dividiria
Subjuntivo Presente ande coma divida
Subjuntivo Pretérito imperfeito andasse comesse dividisse
Subjuntivo Futuro andar comer dividir
Imperativo Afirmativo anda come divide
Imperativo Negativo não andes não comas dividas

Flexões Modo-temporais – Tempos Compostos

São eles: pretérito perfeito composto, pretérito mais-que-perfeito composto, futuro do presente composto,
futuro do pretérito composto.
Observe os exemplos da tabela a seguir:
81

1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ªCONJUGAÇÃO


MODO TEMPO
8-

(-AR) (-ER) (-IR)


70

Indicativo Pretérito perfeito composto tenho estudado tenho escrito tenho dividido
.
93

Pretérito mais-que-perfeito
Indicativo tinha estudado tinha escrito tinha dividido
.0

composto
98

Indicativo Futuro do presente composto terei estudado terei escrito terei dividido
-2

Indicativo Futuro do pretérito composto teria estudado teria escrito teria dividido
p py

Subjuntivo Pretérito perfeito composto tenha estudado tenha escrito tenha dividido
Tu

Pretérito mais-que-perfeito
Subjuntivo tivesse estudado tivesse escrito tivesse dividido
o

composto
ul
Pa

Subjuntivo Futuro composto tiver estudado tiver escrito tiver dividido

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais


LÍNGUA PORTUGUESA

As formas nominais do verbo são: Infinitivo, gerúndio e particípio. Elas possuem tanto função de verbo
como de nome.

� Infinitivo: representa o nome do verbo, livre de conjugação (flexões de tempo, pessoa, número etc.). Corres-
ponde aos verbos terminados em ar, er e ir.
Ex.: Amar, brincar, correr, beber, sorrir, divertir etc.
O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal:
„ Pessoal: Aqui há um sujeito envolvido na ação.
Ex.: Trouxe um trabalho para vocês fazerem;
„ Impessoal: Não há envolvimento de sujeito na ação.
Ex.: Trouxe um trabalho para fazer. 23
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� Gerúndio: dá uma ideia de ação contínua, e possui a terminação -ndo.
Exs.: Te vi correndo na praça ontem;
Estou andando de bicicleta.
Ele estava sorrindo tão lindamente!

� Particípio: dá ideia de ação terminada, concluída, e para a maioria dos casos, possui a terminação -do(a).
Exs.: Ele já havia finalizado o trabalho;
Quando cheguei, ela já havia partido;
Encerrada a discussão, finalizou a reunião.

Locuções Verbais

Locução verbal é o nome dado à junção de dois verbos, um auxiliar e um principal, que quando aparecem
juntos numa oração, desempenham o papel de apenas um verbo. Veja alguns exemplos de locuções verbais:

z Estive pensando;
z Quero sair;
z Pode ocorrer;
z Tem investigado;
z Tinha decidido;
z Estou esperando;
z Vou correndo;
z Estou lendo.

Tipos de Verbos

z Intransitivos

Os verbos intransitivos são aqueles que não dependem/necessitam de um complemento, pois possuem sentido
completo por si mesmos, então, podem compor um predicado sozinhos.
Exs.:
Célia morreu;
Ana chegou.
Muitas vezes, os verbos intransitivos podem vir acompanhados de um predicativo e de um adjunto adverbial.
É importante relembrar a diferença entre eles, uma vez que estes termos costumam trazer bastante confusão
para as pessoas:
O predicativo, em geral, caracteriza o substantivo, em grande maioria, por meio do uso de adjetivos, exprimin-
do uma qualidade ao sujeito.
Ex.: Laura é bonita.
81

O adjunto adverbial, por usa vez, remete à ideia de circunstância, e modifica um verbo (Mudou imediatamen-
8-

te), um adjetivo (Fiquei muito emocionado) ou o advérbio (Estava muito bem).


70

Agora, vamos voltar a tratar dos verbos intransitivos e seu acompanhamento. Veja:
.
93
.0

z Célia morreu serenamente:


98
-2

„ Célia: sujeito;
py

„ Morreu: verbo intransitivo (possui sentido por si mesmo, sem necessidade de complemento);
p

„ Serenamente: adjunto adverbial (qualifica o verbo, indicando o modo como Célia morreu).
Tu
o

z Ana chegou satisfeita.


ul
Pa

„ Ana: sujeito;
„ Chegou: verbo intransitivo;
„ Satisfeita: predicativo (pois caracteriza o substantivo próprio “Ana”, indicando o modo como ela chegou).

Veja na tabela a seguir alguns exemplos desse tipo de verbo:

VERBOS INTRANSITIVOS
Andar João lê e anda ao mesmo tempo
Brincar Elena brincou com Lucas durante a tarde
Casar Josi casa amanhã.
Chegar Ainda não cheguei
Dormir Vou dormir às 22 horas

24 Errar Nós erramos


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VERBOS INTRANSITIVOS
Nascer A filha de Júlia nasceu!
Morrer Sua avó morreu?
Sofrer Chega de sofrer
Viver Minha avó ainda vive

z Verbos Transitivos

Os verbos transitivos, ao contrário dos intransitivos, são verbos que necessitam de complemento para adqui-
rirem sentido completo.
Podem ser classificados em verbos transitivos diretos, verbos transitivos indiretos e verbos transitivos diretos
ou indiretos.
„ T
ransitivo Direto: pede, como complemento, um objeto direto, indicando quem ou o quê. Veja:
Verbo: ler [o quê?]:
Eu leio notícias;
Eu leio livros de romance;
Eu leio revistas.
“Notícias”, “romance” e ‘‘revistas’’ são objetos diretos.
Verbo: visitar [quem?]:
Visitar a avó.
Visitar uns amigos.
Visitar o doente.
“Avó”, “uns amigos” e “o doente” são objetos diretos.

„ T
ransitivo indireto: pede, como complemento, um objeto indireto (que necessita de preposição). Veja:
Verbo: precisar [de quê?]
Precisar de ajuda;
Precisar de dinheiro;
Precisar de um casaco.
“Ajuda”, “dinheiro” e “um casaco” são objetos indiretos.

Verbo: concordar [com quem?]


Concordar com a mãe;
Concordar com o diretor;
Concordar com a amiga.
“A mãe”, “o diretor” e “a amiga” são objetos indiretos.
81
8-

� Transitivo direto e indireto: pede, como complemento, tanto um objeto direto quanto um objeto indireto.
70

Veja:
.

Verbo: agradecer [o quê? A quem?]


93

Agradecer o presente ao namorado.


.0

Agradecer o convite à diretora.


98

Agradecer a atenção à professora.


-2

“O presente”, “o convite” e “a atenção” são objetos diretos;


py

“Ao namorado”, “à diretora” e “à professora” são objetos indiretos.


p
Tu

Além disso, os verbos podem ser classificados em:


o
ul

z Verbos regulares e verbos irregulares


Pa

Os verbos regulares são aqueles que, ao serem conjugados, não sofrem alterações em seu radical ou em suas
terminações:
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Verbo Beber

INDICATIVO
Pretérito Pretérito Pretérito mais Futuro do
Presente Futuro do Pretérito
Imperfeito Perfeito que perfeito Presente
Eu bebo Eu bebia Eu bebi Eu bebera Eu beberei Eu beberia
Tu bebes Tu bebias Tu bebeste Tu beberas Tu beberás Tu beberias
Ele bebe Ele bebia Ele bebeu Ele bebera Ele beberá Ele beberia
Nós bebemos Nós bebíamos Nós bebemos Nós bebêramos Nós beberemos Nós beberíamos
Vós bebeis Vós bebíeis Vós bebestes Vós bebêreis Vós bebereis Vós beberíeis
Eles bebem Eles bebiam Eles beberam Eles beberam Eles beberão Eles beberiam
25
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SUBJUNTIVO
Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu beba se eu bebesse quando eu beber
que tu bebas se tu bebesses quando tu beberes
que ele beba se ele bebesse quando ele beber
que nós bebamos se nós bebêssemos quando nós bebermos
que vós bebais se vós bebêsseis quando vós beberdes
que eles bebam se eles bebessem quando eles beberem

IMPERATIVO
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
- -
Bebe tu Não bebas tu
Beba você Não beba você
Bebamos nós Não bebamos nós
Bebei vós Não bebais vós
Bebam vocês Não bebam vocês

INFINITIVO
Infinitivo Pessoal
Por gostar eu
Por gostares tu
Por gostar ele
Por gostarmos nós
Por gostardes vós
Por gostarem eles

„ Verbo Gostar

INDICATIVO
Pretérito Pretérito Pretérito mais Futuro do Futuro do
Presente
Imperfeito Perfeito que perfeito Presente Pretérito
Eu gosto Eu gostei Eu gostara Eu gostarei Eu gostaria
Eu gostava
Tu gostas Tu gostaste Tu gostaras Tu gostarás Tu gostarias
81

Tu gostavas
Ele gosta Ele gostou Ele gostara Ele gostará Ele gostaria
8-

Ele gostava
Nós gostamos Nós gostamos Nós gostáramos Nós gostaremos Nós gostaríamos
70

Nós gostávamos
Vós gostais Vós gostastes Vós gostáreis Vós gostareis Vós gostaríeis
.

Eles gostavam
93

Eles gostam Eles gostaram Eles gostaram Eles gostarão Eles gostariam
.0
98
-2

SUBJUNTIVO
py

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


p

que eu goste se eu gostasse quando eu gostar


Tu

que tu gostes se tu gostasses quando tu gostares


o

que ele goste se ele gostasse quando ele gostar


ul
Pa

que nós gostemos se nós gostássemos quando nós gostarmos


que vós gosteis se vós gostásseis quando vós gostardes
que eles gostem se eles gostassem quando eles gostarem

IMPERATIVO
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
- -
Gosta tu Não gostes tu
Goste você Não goste você
Gostemos nós Não gostemos nós
Gostai vós Não gosteis vós
Gostem vocês Não gostem vocês

26
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INFINITIVO
Infinitivo Pessoal
Por gostar eu
Por gostares tu
Por gostar ele
Por gostarmos nós
Por gostardes vós
Por gostarem eles

Os verbos irregulares, ao contrário, ao serem conjugados sofrem algumas alterações.


Um exemplo é o verbo dizer. Veja: Eu digo, eu direi...Observe a lista a seguir com os principais verbos
irregulares:

VERBOS IRREGULARES
Ser Trazer
Estar Dizer
Haver Vir
Saber Querer
Poder Pedir
Medir Ouvir
Fazer Caber
Dar

Não existe uma regra para conjugar estes verbos. Em alguns, as alterações acontecem apenas em seu radical,
já em outros, em suas terminações, e há aqueles nos quais as alterações ocorrem em ambos os casos.
Dentro dos verbos irregulares, podemos classificá-los em padrões de irregularidade:
Verbos irregulares fortes: são os verbos que, conjugados no tempo pretérito perfeito do indicativo, apresen-
tam um radical diferente de quando conjugados no presente do indicativo. Veja a tabela a seguir, que indica quais
são esses verbos e como se diferem nestas conjugações.

VERBO CABER DIZER ESTAR FAZER HAVER PODER QUERER SABER TRAZER
Presente do In-
eles eles eles eles eles eles eles eles
dicativo (3ª pes- eles hão
cabem dizem estão fazem podem querem sabem trazem
soa do plural)
Pretérito Perfei-
81

to do Indicativo eles eles eles eles eles eles eles eles eles
8-

(3ª pessoa do couberam disseram estiveram fizeram houveram puderam quiseram souberam trouxeram
70

plural)
.
93

Verbos irregulares fracos: estes podem apresentar mais subgrupos de irregularidades. Veja a seguir alguns
.0
98

exemplos nas tabelas apresentadas:


-2

„ F
ormas irregulares na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do
py

subjuntivo.
p
Tu

VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIR MEDIAR ODIAR PEDIR REMEDIAR REQUERER VALER
o
ul

Presente do in-
Pa

eu eu eu eu eu eu eu eu
dicativo (1ª pes- eu requeiro
anseio incendeio meço  medeio odeio peço remedeio valho
soa do singular)
Presente do
que
LÍNGUA PORTUGUESA

subjuntivo que ele que ele que eu ele eu que ele que ele que ele
eu
(3ª pessoa do anseie incendeie meça medeie odeie remedeie requeira valha
peça
singular)

„ Verbos terminados em -iar são conjugadas segundo as regras dos verbos terminados em –ear.

VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIAR ODIAR REMEDIAR


Presente do Indicativo (1ª pessoa do
eu anseio eu incendeio eu medeio eu odeio eu remedeio
singular)
Presente do Indicativo (3ª pessoa do
ele anseia ele incendeia ele medeia ele odeia ele remedeia
singular) 27
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„ Q
uando não apresentam alteração de “ele” para “tu” em algumas formas conjugadas do presente do indi-
cativo e do imperativo afirmativo.

VERBO CONSTRUIR DESTRUIR SACUDIR SUMIR


Presente do Indicativo (3ª ele ele
ele constrói ele destrói
pessoa do singular) sacode some
Imperativo Afirmativo (2ª sacode some
constrói tu constrói tu
pessoa do singular) tu tu

z Verbos anômalos

Os verbos anômalos correspondem aos “verbos irregulares que apresentam radicais primários diferentes
quando conjugados.”
Os verbos “ser” e “ir” são os principais verbos anômalos. Observe a tabela a seguir:

PRINCIPAIS VERBOS ANÔMALOS


Ser Ir
Eu sou feliz contigo Eu vou embora agora
Eu fui feliz contigo Eu fui embora ontem
Eu era feliz contigo Eu irei embora amanhã

Existem, apesar disso, alguns outros verbos anômalos. São eles:

OUTROS VERBOS ANÔMALOS


Caber Por
Dar Saber
Estar Ter
Haver Ver
Dizer Vir
Poder

z Verbos abundantes
81

Os verbos abundantes são aqueles que, no particípio, apresentam mais de uma forma aceita pela norma culta,
8-

sendo uma regular e outra irregular. Observe:


.70
93

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


.0
98

Absolver Absolvido Absolto


-2

Abstrair Abstraído Abstrato


py

Aceitar Aceitado Aceito


p
Tu

Benzer Benzido Bento


o

Cobrir Cobrido Coberto


ul
Pa

Completar Completado Completo


Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto

28 Findar Findado Findo


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INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR

Aceitar Eu já tinha aceitado o convite O convite foi aceito

Aviso quando tiver entregado a


Entregar Está entregue!
encomenda

Quando chegou encontrou o animal


Morrer Havia morrido há dias
morto
Expelir A bala foi expelida por aquela arma Esta é a bala expulsa
Tinha enxugado a louça quando o pro-
81

Enxugar A roupa está enxuta


grama começou
8-
70

Depois de ter findado o trabalho,


Findar Trabalho findo!
descansou
.
93
.0

Se tivesse imprimido tínhamos como


Imprimir Onde está o documento impresso?
98

provar
-2

Limpar Eu tinha limpado a casa Que casa tão limpa!


py

Dados importantes tinham sido omiti-


Omitir Informações estavam omissas
p

dos por ela


Tu

Após ter submergido os legumes, repa- Deixe os legumes submersos por al-
o

Submergir
ul

rou no amigo guns minutos


Pa

Suspender Nunca tinha suspendido ninguém Você está suspenso!

Vamos agora a alguns exemplos de verbos regulares, ou seja, aqueles que não apresentam “exceções” /irregu-
laridades:
LÍNGUA PORTUGUESA

VERBOS REGULARES

Amar Entender

Abrir Falar

Acabar Fingir

Agradecer Gostar

Almoçar Julgar

Aprender Lavar
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VERBOS REGULARES

Assistir Lembrar

Beber Levar

Chorar Mandar

Chover Mexer

Colorir Mudar

Comer Participar

Comprar Partir

Compreender Permitir

Convidar Pular

Cumprir Receber

Decidir Viajar

Dever Viver

Dividir Voar

Encontrar Voltar

z Verbos auxiliares

Os verbos auxiliares são aqueles que auxiliam na conjugação de outros verbos. Os principais verbos auxiliares
são: ser, estar, ter e haver.
Existem ainda os chamados verbos auxiliares de tempo: ir e andar, ao lado dos verbos auxiliares.
Sendo assim, neste caso, apenas o verbo auxiliar sofre flexão, e o verbo principal pode aparecer no particípio,
no gerúndio ou no infinitivo.
Ex.: Iremos andando enquanto você não vem.
Há ainda os verbos auxiliares modais. Esses podem indicar desejo, intenção e possibilidade (querer, poder,
tentar, dever, chegar etc.)
Ex.: Os alunos querem tirar notas altas.
Note que, nesse caso, o verbo principal aparece no gerúndio (ou pode aparecer também no particípio).

Vozes Verbais
81
8-

As vozes verbais correspondem à forma com que os verbos se apresentam na oração, para assim determinar
70

se o sujeito pratica ou sofre a ação.


.
93
.0

z Voz ativa: o sujeito é o agente, ele pratica a ação. Veja os exemplos:


98

„ Eu fiz o trabalho;
-2

„ Bia tomou o café da manhã;


py

„ João comprou um carro.


p
Tu

z Voz passiva: na voz passiva, o sujeito sofre, recebe a ação. Veja:


„ O assassino foi preso ontem;
o
ul

„ Aumentou-se a vigilância.
Pa

Lembrando que a voz passiva pode ser classificada em analítica e sintética.

„ A voz passiva analítica é formada por:

Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar etc.) + verbo principal no particípio + agente da passiva.
Para facilitar, veja como funciona na prática:
O café da manhã foi tomado por Bia logo cedo.
A casa toda foi aspirada por nós.
O trabalho foi feito por mim.

„ A voz passiva sintética (ou voz passiva pronominal) é formada por:

Verbo na 3ª pessoa (singular ou plural) + pronome “se” + sujeito paciente.


Veja nos exemplos:
30 Tomou-se o café da manhã logo cedo.
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Aspirou-se a casa toda. � Intensidade: advérbios que ajudam na percepção
Já se fez o trabalho. da intensidade do verbo, comumente utilizados com
adjetivos e até mesmo com outros advérbios.
z Voz reflexiva: é formada por: Alguns deles: meio, menos, mais, muito, pouco,
Verbo na voz ativa + pronome oblíquo (me, te, se, demais.
nos, vos), que serve de objeto direto ou, por vezes,
de objeto indireto, e representa a mesma pessoa Locuções Adverbiais
que o sujeito.
Veja alguns exemplos: A locução adverbial é o conjunto de duas ou mais
palavras que pode desempenhar a função de advérbio,
„ A tropelou-se em suas próprias palavras; alterando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
„ Machucou-se todo naquele jogo de futebol; A maioria das locuções adverbiais são formadas
„ Olhei-me ao espelho. por uma preposição e um substantivo. Há ainda os
que são formados por adjetivos ou por advérbios. Veja
Para compreender melhor, observe a tabela: alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo;


Sujeito é o agente Ex.: Vi a z Preposição + adjetivo: em breve;
VOZ ATIVA
da ação professora z Preposição + advérbio: por ali.
VOZ Ex.: A professora
Sujeito sofre a ação
PASSIVA foi vista Agora, veja a aplicação nas frases:
VOZ Sujeito pratica e Ex.: Vi-me ao Professora, você pode me explicar a matéria de
REFLEXIVA sofre a ação espelho novo? (de novo = novamente);
Em breve o filme estará em cartaz nos cinemas.
(em breve = brevemente);
Conjugação de Verbos Derivados
Acho que eles foram por ali.
Verbo derivado é aquele que deriva de um ver- As locuções adverbiais podem se classificar em:
bo primitivo; para trabalhar a conjugação destes
verbos, é importante ter clara a conjugação de seus � Locuções adverbiais de tempo: em breve, à tar-
“originários”. de, à noite, logo mais, pela manhã, de tempos em
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu- tempos, por vezes...
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos Ex.: À tarde passearemos com as crianças no
relevantes em concursos e vestibulares: parque;
� Locuções adverbiais de lugar: em cima, por perto,
z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor; ao lado, à direita, à esquerda, para dentro, para fora...
� Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se; Ex.: Os pais querem sempre os filhos por perto;
� Ver: antever, rever, prever; � Locuções adverbiais de modo: às pressas, ao con-
� Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir. trário, em silêncio, de cor, às claras, à toa, em geral...
Ex.: O suspeito permaneceu em silêncio durante
Outro problema é quando se precisa conjugá-los todo o interrogatório;
81

em determinados tempos, como no futuro do subjun- � Locuções adverbiais de negação: de forma algu-
8-

tivo. Veja como ficam: ma, de modo algum, de maneira nenhuma...


70

Ex.: Não usaria isto de forma alguma;


.
93

� Pôr: quando eu puser; � Locuções adverbiais de afirmação: sem dúvida,


.0

� Ter: quando eu tiver; de fato, com certeza, por certo...


98

� Ver: quando eu vir; Ex.: Ele, de fato, amava muito sua namorada;
-2

� Vir: quando eu vier. � Locuções adverbiais de dúvida: com certeza,


quem sabe, por certo...
py

Advérbio Ex.: Quem sabe ele ainda apareça por aqui;


p

� Locuções adverbiais de intensidade: de muito,


Tu

São palavras que se referem a um adjetivo ou a um de pouco, em excesso, de todo.


o

Ex.: Eles compram roupas em excesso.


ul

verbo, modificando-o ou intensificando-o em diferen-


Pa

tes circunstâncias (tempo, modo e intensidade).


Advérbios Interrogativos
� Tempo: advérbios que fornecem informações
temporais, isto é, indicam o momento em que a Os advérbios interrogativos introduzem uma per-
LÍNGUA PORTUGUESA

ação ocorreu, ocorre ou ocorrerá gunta, podendo exprimir uma ideia de modo, tempo,
São eles: Hoje, logo, já, afinal, amanhã, ontem, lugar ou causa (como, quando, onde e por que). Veja a
tarde, breve, depois, cedo, antes, enfim, jamais, seguir alguns exemplos:
nunca, sempre, doravante, outrora, imediatamen-
te, antigamente, primeiramente, constantemente, � Modo: Como se locomoveu até lá?;
sucessivamente, posteriormente; � Tempo: Quando ele foi embora?;
� Modo: advérbios que fornecem informações a res- � Lugar: Onde é que se escondeu?;
peito da maneira com que a ação se dá, deu-se ou � Causa: Por que não veio ontem?
se dará. Em sua maioria, possuem a terminação
–mente. Grau do Advérbio
São eles: rapidamente, bem, mal, devagar, silencio-
samente, vagarosamente, apressadamente, insis- Os advérbios podem se flexionar em dois graus:
tentemente, tristemente, alegremente etc; comparativo e superlativo. 31
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� Comparativo: no grau comparativo, pode ser Exs.: Dei um presente a ele;
dividido em: de igualdade, de superioridade e de O evento começará após o jantar.
inferioridade: Veja essa relação de preposições e o seu valor den-
tro das orações:
„ D
e igualdade: formado pela palavra “tão”
antes do advérbio e “quanto” ou “como” depois “A”
dele, colocando dois elementos em mesmo
nível. z C
ausa ou motivo: acordar aos gritos das crianças;
Ex.: Ele chegou tão tarde quanto o pai. z Conformidade: escrever ao modo clássico;
Cantava tão bem como a irmã. z Destino (em correlação com a preposição de):
De Santos à Bahia;
� De superioridade: formado pelo “mais” anteposto z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
ao advérbio, acrescentado de “que” ou “de que”.
z Preço: Vendemos o filhote de nosso cachorro a R$
Ex.: Ele chegou mais tarde que [de que] o pai.
300,00;
Cantava melhor que [de que] a irmã.
z Direção: Levantar as mãos aos céus;
z Distância: Cair a poucos metros da namorada;
Importante! z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;
z Lugar: Ir a Santa Catarina;
Os advérbios “bem” e “mal” recebem o grau z Modo: Falar aos gritos;
comparativo de superioridade irregular, sendo z Sucessão: Dia a dia.
“melhor” e “pior”, respectivamente.
z Tempo: Nasci a três de maio;
� No exame, você se saiu melhor que eu.
� No exame, você se saiu pior que eu. z Proximidade: Estar à janela.

“Após”
„ D
e inferioridade: formado pelo “antes” ante-
posto ao advérbio, seguido de “que” ou “de z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
que”. z Tempo: Logo após o almoço descansamos.

Ex.: Ela andava menos firmemente que [de que] “Com”


André.
z Causa: Ficar pobre com a inflação;
Advérbios e Adjetivos z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
Existem ainda os adjetivos adverbializados. Tra- nos para o futuro;
ta-se de um fato linguístico em que os adjetivos pas- z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
sam a pertencer à classe dos advérbios, conforme sua z Matéria: Vinho se faz com uva;
utilização dentro da oração. Veja os exemplos: z Modo: Andar com elegância;
Os alunos chegaram apressados. = Os alunos che-
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
garam apressadamente.
comigo sempre é assim.
81

As alunas chegaram apressadas. = As alunas che-


8-

garam apressadamente.
“Contra”
70

Ou seja, para determinar a função de advérbio no


adjetivo, basta transformar seus enunciados, levando
.
93

em consideração as mudanças em gênero e número. z Oposição: Jogar contra à seleção brasileira;


.0

O que vai definir se determinada palavra é um z Direção: Olhar contra o sol;


98

advérbio ou um adjetivo é o elemento ao qual ela se z Proximidade ou Contiguidade: Apertou o filho


-2

refere. Veja o exemplo: contra o peito.


O menino alto cantava alto.
py

A primeira palavra “alto” é um adjetivo, pois quali-


p

“De”
Tu

fica o substantivo “menino”; a segunda palavra “alto”


já funciona como advérbio, pois define a forma que o
o

z Causa: Chorar de saudade;


menino canta e complementa o verbo “cantava”.
ul

z Assunto: Falar de religião;


Pa

O mesmo pode ocorrer em relação ao pronome


z Matéria: Material feito de plástico;
indefinido. Vamos ao exemplo dado pelo autor do livro
Gramática pela Prática: z Conteúdo: Maço de cigarro;
Era muito problema... x Era problema muito fácil. z Origem: Você descende de família humilde;
O “muito” do primeiro exemplo se refere a um z Posse: Este é o carro de João;
substantivo; em casos como esse, trata-se de um pro- z Autoria: Esta música é de Chopin;
nome indefinido; z Tempo: Ela dorme de dia;
O “muito” do segundo exemplo já faz referência ao z Lugar: Veio de São Paulo;
adjetivo “fácil”, definindo o substantivo “problema”. z Definição: Pessoa de coragem;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
Preposição z Fim ou finalidade: Carro de passeio;
z Instrumento: Apanhar de chicote;
São as palavras que têm a função de ligar dois ter- z Meio: Viver de ilusões;
mos, tornando o segundo subordinado ao primeiro. z Medida ou finalidade: Régua de 30 cm;
Algumas preposições essenciais: a, ante, até, z Modo: Olhar alguém de frente;
após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, z Preço: Caderno de 10 reais;
32 perante, sem, sob, sobre, trás. z Qualidade: Vender artigo de primeira;
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z Semelhança ou comparação: Atitudes de imbecil. “Sem”

“Desde” z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem


dinheiro;
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
z Tempo: Desde ontem ele não aparece. “Sob”

“Em” z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.


Pedro II;
z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de z Lugar: Ficar sob o viaduto;
dólares; z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.
z Meio: Pagou a dívida em cheque;
z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi “Sobre”
bom.;
z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as z A ssunto: Não gosto de falar sobre política;
mãos em concha; z Direção: Ir sobre o adversário;
z Transformação ou alteração: Transformou dóla- z Lugar: Cair sobre o inimigo.
res em reais;
z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; Locuções Prepositivas
z Fim: Pedir em casamento;
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; São locuções (conjunto de duas ou mais palavras)
z Modo: Escrever em francês; que possuem a função de preposição. Veja alguns
z Sucessão: De grão em grão; exemplos:
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
z Especialidade: João formou-se em Engenharia. � Apesar de:

“Entre” „ Apesar de terem sumido, voltaram logo;

� A respeito de:
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
„ Nossa reunião foi a respeito de finanças;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
discórdia.
� Graças a:
“Para”
„ G
raças ao bom Deus, não aconteceu nada
grave;
z Consequência: Você deve ser muito esperto para
não cair em armadilhas;
� De acordo:
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
81

z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;


8-

„ De acordo com W. Hamboldt, a língua é indis-


z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
70

pensável para que possamos pensar, mesmo


como nós estamos para as galinhas;
.
93

que estivéssemos sempre sozinhos;


z Referência: Para mim, ela está mentindo;
.0

z Tempo: Para o ano irei à praia;


98

� Por causa de:


z Destino ou direção : Olhe para frente!
-2

„ P
or causa de poucos pontos, não passei no
py

“Perante” exame;
p
Tu

z Lugar: Ele negou o crime perante o júri. � Para com:


o
ul
Pa

“Por” „ M
inha mãe me ensinou ter respeito para com
os mais velhos;
z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
sorteio; � Por baixo de:
LÍNGUA PORTUGUESA

z Causa: Encontrar alguém por coincidência;


z Conformidade: Copiar por original; „ Por baixo do vestido, ela usa um short.
z Favor: lutar por seus ideais;
z Medida: Vendia banana por quilo; Outras locuções prepositivas que você pode encon-
z Meio: Ir por terra; trar: abaixo de, diante de, além de, antes de, em cima
z Modo: Saber por alto o que ocorreu; de, por cima de, em frente a, ao lado de, junto a, em
z Preço: Comprar um livro por vinte reais; vez de, por trás de.
z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Substituição: Comprar gato por lebre; Conjunção
z Tempo: Viver por muitos anos.
São as palavras que ligam duas orações ou dois ele-
mentos da frase que tem o mesmo sentido gramatical. 33
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Conjunções Coordenativas Ex.: Mentiu para que todos lhe dessem crédito.
Comprou um computador a fim de que pudesse
As conjunções coordenativas ligam elementos inde- trabalhar tranquilamente;
pendentes, isto é, orações ou termos que possuem a
mesma função gramatical e que, por si só, possuem
„ Consecutivas: iniciam a oração expressando
sentido completo. Elas podem ser classificadas em:
ideia de consequência (que associado a tal, tan-
to, tão, tamanho (expressos ou subentendidos
z Aditivas: somam informações da mesma natureza
na oração anterior); de forma que, de maneira
(e, nem, não só.... mas também etc.).
Ex.: Ela estudou e aprendeu: positiva + positiva; que, de modo que etc.).
Ela não estudou e não aprendeu. / Ela não estudou
nem aprendeu: negativa + negativa. Ex.: Era tanta beleza que chegava a ofuscar os
z Adversativas: colocam informações em oposição, olhos.
contradição (e, mas, porém, todavia, no entanto, Fala tanto que o marido decidiu fugir.
contudo, entretanto). Desde que chegou, todos as cercam;
Ex.: Estudou, mas não aprendeu: positiva + negativa;
Não estudou, no entanto, aprendeu: negativa + „ Concessivas: iniciam uma oração com uma
positiva; ideia contrária à da oração principal (embora,
z Alternativas: ligam orações com ideias que não conquanto, ainda que, mesmo que, posto que,
acontecem simultaneamente, que se excluem (ou, se bem que, por mais que, por menos que, ape-
ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja). sar de que, nem que, que, de todo modo...).
Ex.: Estudava ou se divertia; Ex.: Trabalhava, por mais que a perna doesse;
Ora estudava ora se divertia;
z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que „ Comparativas: iniciam orações comparando
a segunda conclua o que foi dito na primeira
ações, e em geral, o verbo fica subentendido
(logo, por isso, portanto, por conseguinte, então,
(tal...qual, tanto... quanto..., como, assim como,
consequentemente).
bem como, [do] que – relacionado a mais,
Ex.: Seu combustível está no fim; portanto, não
conseguirá chegar; menos, melhor, pior, maior, menor).
Está na hora da decolagem; deve, então, Ex.: Ela dança tanto quanto Carlos. = Igualdade;
apressar-se; Ela dança menos [do] que Júlia. = Inferioridade;
z Explicativas: ligam orações, de forma que em Ela dança mais [do] que Renata. = Superioridade.
uma delas explica o que se afirma na outra (pois –
em começo de oração –, porque, que, porquanto). „ Conformativas: expressam, a conformidade
Ex.: Preciso ir, porque já é tarde; de uma ideia com a da oração principal (como,
Viva bem, pois isso é o mais importante. segundo, conforme etc.).
Ex.: Conforme eu esperava, tudo acabou mal.
Conjunções Subordinativas Amanhã chove, segundo informa a previsão do
tempo.
As conjunções subordinativas ligam duas orações,
81

sendo que uma delas é necessária para o sentido Conjunções Integrantes


8-

completo da outra. Podem ser classificadas em:


70

As conjunções integrantes apresentam uma ora-


.
93

z Conjunções Subordinativas Adverbiais: ção que atua como sujeito, objeto direto ou indireto,
.0

predicativo, aposto ou complemento nominal de uma


98

„ Temporais: iniciam a oração expressando outra oração (que, se).


-2

ideia de tempo (quando, depois que, antes que, Ex.: Tive medo, percebi que cometi um erro.
py

logo que, assim que, desde que...). Veja se compreende.


p

Ex.: Logo que chegou, fez a alegria das crianças;


Tu

Observe os diferentes tipos de orações com con-


o

„ Causais: iniciam a oração dando ideia de causa. junções integrantes:


ul

(como, por isso que, porque, pois, visto que…).


Pa

Ex.: Como não choveu, a represa secou; � Oração subordinada substantiva subjetiva: aquela
que exerce função de sujeito da oração principal.
„ Condicionais: iniciam uma oração com ideia
� É obrigatório que você esteja presente:
de hipótese, condição (se, salvo se, caso, con-
É obrigatório: oração principal;
tanto que, a não ser que, a menos que...).
Ex.: Se quiser, eu vou. Que você esteja presente: sujeito;
Posso lhe ajudar, caso necessite; Perceba: a conjunção “que” atua como inte-
grante sujeito.
„ Proporcionais: ideia de proporcionalidade (à
proporção que, à medida que, ao passo que, � Oração subordinada substantiva objetiva direta:
quanto mais, quanto menos). aquela que exerce função de objeto direto da ora-
Ex.: Quanto mais gritava, menos era entendido. ção principal.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela; � Não sei se as inscrições já terminaram:
Não sei: oração principal;
„ Finais: expressam ideia de finalidade (a fim de Se as inscrições já terminaram: objeto direto;
34 que, para que etc.). A conjunção “se” atua como objeto direto.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
� Oração subordinada substantiva objetiva indire- Aqui, os adjetivos “bonitas” e “baratas” concordam
ta: aquela que exerce função de objeto indireto da em gênero e número com o substantivo “roupas”.
oração principal.
� O diretor insistiu em que aquela funcionária
fosse despedida:
O diretor insistiu: oração principal;
Em que aquela funcionária fosse despedida:
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
objeto indireto;
A Conjunção “em que” está integrando orações, REGÊNCIA VERBAL
atuando como parte do objeto indireto.
Ocupa-se da relação entre os verbos e os termos
� Oração subordinada substantiva completiva nomi- que o complementam e se seguem dentro da oração.
nal: é aquela que exerce a função de complemento Os verbos são os termos regentes, e os objetos
nominal de um termo da oração principal. (direto e indireto) e adjuntos adverbiais, os termos
regidos.
� Tenho esperança de que você venha comigo:
Ex.: Ele mora em outra cidade.
Tenho esperança: oração principal;
Mora – termo regente / verbo transitivo indireto;
De que você venha comigo: complemento
Em outra cidade – termo regido.
nominal do substantivo “esperança”;
Conjunção “de que” integra as orações, atuan-
Ex.: Eles irão ao passeio.
do como complemento nominal.
Irão – termo regente / verbo transitivo indireto;
Ao passeio – termo regido.
� Oração subordinada substantiva predicativa: é
aquela que exerce função de predicativo do sujeito
Ex.: Chegamos ao local indicado no mapa.
da oração principal.
Chegamos – Termo regente;
� A dúvida é se ela vem acompanhada: Ao local indicado no mapa – termo regido.
A dúvida é: oração principal;
Se ela vem acompanhada: predicativo do sujei- REGÊNCIA NOMINAL
to “dúvida”;
A conjunção “se” está integrando orações,
É o nome que se dá a toda relação estabelecida
atuando como predicativo.
entre um nome (substantivo, advérbio ou adjetivo) e
os termos regidos por esse nome, sendo sempre inter-
� Oração subordinada substantiva apositiva: aquela
mediada por uma preposição.
que exerce a função de aposto da oração principal.
Veja o exemplo do verbo obedecer:
� Apenas quero uma coisa: que sejamos amigos Obedecer a algo/ a alguém.
para sempre: É obediente a algo/ a alguém.
Apenas quero uma coisa: oração principal; Tanto esse verbo quanto os seus correspondentes
Que sejamos amigos para sempre: aposto. regem complementos que são introduzidos pela pre-
“Que” integra as orações, atuando como aposto. posição a.
Veja mais exemplos a seguir:
81
8-

SUBSTANTIVOS
70

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Medo de Devoção a, para, Bacharel em


.
93

com, por
.0

CONCORDÂNCIA VERBAL Obediência a Dúvida acerca Admiração a, por


98

de, em, sobre


-2

Diz respeito à concordância entre sujeito e verbo


Ojeriza a, por Doutor em Atentado a, contra
py

em gênero, pessoa e número. Por exemplo, se o sujeito


Proeminência sobre Impaciência com Capacidade de,
p

é a 3ª pessoa do plural masculino (eles), o verbo preci-


Tu

para
sa estar conjugado dessa mesma maneira. Veja:
Respeito a, com, Horror a Aversão a, para,
o

Eles viajarão juntos na próxima semana.


ul

Sujeito “eles”, verbo “viajarão”. para com, por por


Pa

ADJETIVO
Eu irei embora pela manhã.
Descontente com Idêntico a Insensível a
“Eu” – 1ª pessoa do singular;
“irei” – verbo conjugado na 1ª pessoa do singular. Desejoso de Impróprio para Liberal com
LÍNGUA PORTUGUESA

Nós buscamos compreender a todos. Diferente de Indeciso em Natural de


“Nós” – 1ª pessoa do plural; Semelhante a Contemporâneo Relacionado com
“buscamos” – verbo conjugado na 3ª pessoa do a, de
plural. Sensível a Contíguo a Relativo a
Sito em Contrário a Satisfeito com,
CONCORDÂNCIA NOMINAL
de, em, por
Suspeito de Essencial a, para Hábil em
Diz respeito à concordância do sujeito com adjeti-
vos, por exemplo, ou com outras classes de palavras. Vazio de Fácil de Habituado a
Veja o exemplo: Capaz de, para Fanático por Favorável a
Amanhã compraremos roupas bonitas e baratas Compatível com Acessível a Generoso com
naquela loja. 35
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ADJETIVO „ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
Entendido em Acostumado a, Grato a, por brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
com -se de nada (correto);
Equivalente a Agradável a Necessário a „ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
Escasso de Alheio a, de Nocivo a
Paralelo a Ansioso de, Prestes a
para, por
Passível de Apto a, para Propício a
Preferível a Ávido de Próximo a
CRASE
Análogo a Benéfico a Prejudicial a A crase ( ` ), marcada pelo acento grave, costuma
trazer bastante confusão em seu uso (ou não) duran-
ADVÉRBIOS te a escrita de um texto, pois muitos não sabem exa-
tamente quando seu uso é obrigatório e quando não
Perto de é. Por isso, veja algumas dicas e entenda melhor sua
Longe de aplicação:
Ela é utilizada para fazer a junção de duas vogais
“a” quando em uma frase a preposição é contraída
com o artigo. Ex.:

COLOCAÇÃO PRONOMINAL Refiro-me às que amam.

Estudo da posição dos pronomes na oração. a + a


preposição artigo

z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo.


Casos que atraem o pronome para próclise: Para esclarecer se é necessário ou não utilizar a
crase, siga esta dica:
„ Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.: “Troque a palavra feminina por outra que seja
Não me submeto a essas condições; masculina.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- Se no masculino aparecer obrigatoriamente ao ou
aos, no feminino haverá crase.
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel;
Se no masculino for facultativo a ou ao(s), a cra-
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
se poderá ser usada ou não” (Gramática Pela Prática,
apresente como um rico investidor, ele nada
2015).
tem;
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex:
Casos Convencionados
Em se tratando de futebol, Maradona foi um
ídolo;
z Em locuções:
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na
81

esperança de sermos ouvidos, muito lhe


„ Prepositivas com palavras femininas: sem-
8-

agradecemos;
pre terminam em preposições – à cata de, à
70

„ Orações interrogativas, exclamativas, opta-


moda de, à custa de, à força de, à procura de, à
.
93

tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!


guisa de, à beira de;
.0

„ Conjuntivas com palavras femininas: quase


98

z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver-


todas terminadas em que – à medida que, à
-2

bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise: proporção que;


py

„ Adverbiais com palavras femininas: às vezes,


„ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos
p

às claras, às ocultas, às pressas, à toa, às fartas,


Tu

que estejam conjugados no futuro, caso não às escondidas, à noite, à tarde, à vista, à esquer-
haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: da, à direita, às terças-feiras.
o
ul

Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei


Pa

dos nossos estudantes. z Em lugares:

z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos Se venho de Paris, vou a Paris. – preposição, sem
que atraem o pronome para ênclise: crase;
Se venho da Bahia, vou à Bahia. – preposição + arti-
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui- go = crase.
to honrada com esse título; Faça uso deste macete:
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por “Se vou a e venho da”, crase há;
favor; “Se venho a e venho de”, crase para quê?
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
quanto sou importante. z Com distância:

Casos proibidos: „ Determinada (utiliza-se crase): Foi lançado à


distância de 60 metros;
„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / „ Não definida (não se utiliza crase): O disco foi
36 Dá-me esse caderno! (certo); lançado a distância.
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z Com horas: z Antes de lugares que não admitem o artigo “a”:
Fui a Brasília, a Belém, a Recife, a Paris e a Roma.
„ Hora exata/relógio utiliza-se crase:
A aula começa às oito horas. Casos Facultativos
Cheguei à uma hora da tarde.
„ Hora aproximada (não se utiliza crase): Existem três casos em que o uso da crase é faculta-
Vou lanchar daqui a uma hora. tivo, isto é, opcional. São eles:

z Com pronome relativos: z Depois da preposição “até”:


Ex.: Eu irei até a faculdade esta noite. / Eu irei até à
„ Se utiliza à qual, às quais quando se opõem a faculdade esta noite.
ao qual, aos quais. Ficarei contigo até as 20h. / Ficarei contigo até às
Eis o rapaz ao qual me referi. 20h.
Eis a moça à qual me referi.
Eis as moças às quais me referi. z Antes de nomes próprios femininos:
Ex.: Respeite a Maria! / Respeite à Maria!
Casos Proibitivos Ele disse a Ana que não viria. / Ele disse à Ana que
não viria.
Existem ainda alguns casos em que a crase não z Antes dos pronomes possessivos:
deve ser utilizada. São eles: Ex.: Não iremos a sua festa. / Não iremos à sua
festa.
z Antes de substantivos masculinos: Voltaremos a essa cidade sempre! / Voltaremos à
Andar a pé; Dinheiro a rodo. essa cidade sempre!
Exceções – quando se subentende: à moda de, à
maneira de, faculdade, universidade, empresa, Casos Especiais
companhia.
Ex.: O motor do carro estragou, e voltamos a pé. Expressões formadas por palavras femininas
z Antes de verbo: locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas inicia-
Condições a combinar; aprender a ler; das por “a” e formadas por palavras femininas levam
Ex.: Ainda temos muitos negócios a tratar. crase.
À beira de, à tarde, à meia-noite, às vezes, à moda
z Antes do artigo indefinido “uma” e dos pronomes de etc.
que não admitem o artigo “a” (pronomes pessoais, Quando se utilizam as palavras “casa” e “terra”,
indefinidos, demonstrativos, relativos): com sentido de “lar” e “chão firme”, respectivamente,
a mim, a ela, a si; a nenhuma parte; a cada uma; a não se utiliza a crase
qualquer hora; a ninguém; a nada; Ex.: O pai voltou a casa.
Ex.: Não me submeto a uma exigência dessas. Os marinheiros chegaram a terra.
z Antes de numerais: Separamos aqui 5 macetes/regrinhas que resu-
de 12 a 20; mem o uso da crase e que podem servir de grande aju-
81

de 1990 a 2008. da. Dê uma olhada!


8-

Você é do tipo que vai de 8 a 80 num instante.


70

Exceção: horários. z A crase deve ser empregada somente com pala-


.
93

Ex.: O avião sairá às 18h. vras femininas;


.0

z Utilize-a sempre em expressões que indiquem


z Entre substantivos idênticos:
98

horas (exceto se vier precedido da preposição


cara a cara; gota a gota; de parte a parte.
-2

“até);
Ao sair, fiquei cara a cara com a modelo.
z A crase não é utilizada antes de palavras masculi-
py

z Quando se refere a palavras no plural: nas (exceto com o uso da expressão “à moda de”);
p

a obras; a pessoas ilustres; a conclusões favoráveis. z Deve ser usada sempre antes de locuções adver-
Tu

Após duas horas de reunião, chegamos a conclu- biais femininas, com ideia de tempo, modo e lugar;
o

sões favoráveis. z Atente-se aos casos em que o uso da crase é


ul
Pa

z Depois de preposições opcional!


após as aulas; ante a evidência; conforme a oca-
sião; contra a maré; desde a véspera; durante a
palestra; entre as palmeiras; mediante a força;
LÍNGUA PORTUGUESA

para a paz; perante a sociedade; sob a jurisprudên- PONTUAÇÃO


cia; sobre a questão do acordo; segundo a lei.
Não nos falamos desde o último encontro. USO DA VÍRGULA
z Antes da palavra “casa”, quando se refere ao pró-
prio lar: A vírgula (,) é utilizada para:
Voltara a casa, pois esquecera o convite.
z Isolar o vocativo na oração.
z Antes da palavra “terra”, quando se opõe a bordo: Ex.: Catarina, busque seu irmão!
Assim que desembarcaram, desceram a terra.
z Quando antes do feminino, subentende-se o artigo z Separar palavras com a mesma função na oração.
indefinido “uma”: Ex.: Ele gritou, chorou, esperneou, berrou e depois
Encontrava-se presa a terrível melancolia. dormiu. 37
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z Isolar o aposto na oração. USO DO PONTO (.)
Ex.: A Joana, filha do senhor José, ficou doente.
É usado no final da frase, e indica pausa total.
z Separar nomes dos locais e datas. Ex.: Não tenho nada a declarar.
Ex.: Alfenas, 04 de maio de 2020.
USO DO PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)
USO DO PONTO E VÍRGULA (;)
Em geral, utilizado ao final de perguntas.
É utilizado para: Ex.: Quer sair comigo esta noite?
Em alguns casos, pode expressar espanto, por
� Separar itens em enumeração
exemplo: “Como assim? Não acredito que mentiu
Ex.: Art. 1º A locação de imóvel urbano regula-se
pelo disposto nesta Lei. para mim!”
Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código
Civil e pelas leis especiais: USO DAS RETICÊNCIAS (…)
a) as locações:
1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados Usadas quando um texto ou trecho dele é suspenso,
dos Municípios, de suas autarquias e fundações interrompido ou para deixar a ideia de continuidade.
públicas; Ex.: Essa vista me traz uma paz, um bem-estar,
2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para uma tranquilidade... / Eu até achei a comida boa, mas
estacionamento de veículos; o ambiente...
3. de espaços destinados à publicidade.
USO DO PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)
z Separar orações muito extensas ou que já possuam
vírgula.
Utilizado para:
Ex.: “Às vezes, também a gente tem o consolo de
saber que alguma coisa que se disse por acaso
z Frases que expressam sentimentos, emoção e
ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou
com a sua vida; sonhar um pouco, a sentir uma intensidade.
vontade de fazer coisa boa.” (Rubem Braga) Ex.: Que alegria você aqui! / Não pense nisso! / Que
z Substituindo a vírgula. absurdo!
Ex.: Amanhã terei duas provas; porém, ainda não
consegui estudar nada. z Depois de vocativos ao final da frase e de interjeições.
Ex.: Ai! Que susto levei. (interjeição) / Longe daqui,
USO DOS DOIS-PONTOS (:) menina! (vocativo).

Quando:
USO DAS ASPAS (“)
81

z Inicia-se uma fala ou citação.


São utilizadas ao fazer uma citação e ao se apro-
8-

Ex.: Ela disse: hoje não posso, tenho compromisso.


priar de gírias ou expressões estrangeiras.
70

Ex.: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo


.

z Inicia-se uma enumeração.


93

Ex.: Tenho apenas duas coisas para lhe dizer: não mostra um início firme. Ainda na edição, os 25 anos
.0

do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Opor-


98

estou de acordo e não mudo de ideia neste caso.


tunity no exterior” (Carta Capital on-line, 30/01/09). /
-2

USO DO TRAVESSÃO (–) Ele está muito “zen” hoje.


p py

Utilizado para indicar fala e mudança de interlo- USO DOS COLCHETES ( [ ] )


Tu

cutor dentro de um diálogo, ou para desempenhar o


o

papel de vírgula ao separar orações intercaladas.


ul

Possui a mesma função que os parênteses, porém é


Ex.:
Pa

utilizado em textos didáticos, científicos e filológicos.


Veja alguns de seus empregos:
–Quais ideias você tem para revelar?
–Não sei se serão bem-vindas.
z Para intercalar palavras ou símbolos não perten-
–Não importa, o fato é que assim você estará contri-
buindo para a elaboração deste projeto. centes ao texto.
–Não seja tão estúpido, – disse a professora – vou cha- Ex.: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holan-
mar sua mãe! dês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras
de papiamento que você, com certeza, vai usar:
USO DOS PARÊNTESES ( ) 1- Bo ta bon? [Você está bem?]
2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.]
Utiliza-se os parênteses quando se quer explicar
melhor o que foi falado ou para indicar algo relacio- � Para inserir comentários e observações em textos
nado ao texto. já publicados.
Ex.: Hoje cresce em grande nível os problemas de Ex.: Machado de Assis escreveu muitas cartas a Síl-
saúde da população (o que pode ser explicado pelo rit- vio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay,
38 mo de vida da atualidade). autor de “Inocência”]
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� Para indicar omissões de partes na transcrição de
um texto. HORA DE PRATICAR!
Ex.: “É homem de sessenta anos feitos [...] corpo
antes cheio que magro, ameno e risonho” (Macha- 1. (FGV — 2022) Abaixo está o início de um conto de
do de Assis) Lygia Fagundes Telles, denominado A Ceia.
� Em definições do dicionário, para fazer referência
“O restaurante era modesto e pouco frequentado, com
à etimologia da palavra.
Ex.: amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que mesinhas ao ar livre, espalhadas debaixo das árvores.
predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou Em cada mesinha, um abajur de garrafa projetava
de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patri- sobre a toalha de xadrez vermelho e branco um pálido
mônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário círculo de luz.”
Aurélio)
Todos sabemos que os termos de um texto podem
USO DO ASTERISCO (*) indicar valores bem variados. Nesse segmento foram
sublinhados alguns que funcionam como adjetivos; a
Pode ser utilizado: afirmação correta sobre um deles é:

z Em substituições de nomes próprios não a) o adjetivo “modesto” indica uma qualificação do res-
mencionados. taurante por parte do narrador e não é acompanhado
Ex.: O jornal *** não quis se pronunciar. de nenhum termo que o justifique;
O Dr. * não se comportou de forma ética. b) o adjetivo “pouco frequentado” mostra uma qualifica-
ção do substantivo restaurante, indicando uma clien-
z Em remissões a notas ou explicações contidas em tela de elite;
pé de páginas ou ao final de capítulos. c) a locução adjetiva “de garrafa” indica o material de que
é feito o abajur, destacando simultaneamente a quali-
Ex.: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapata-
dade sofisticada do restaurante descrito;
ria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o
morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos d) os adjetivos “vermelho e branco”, que indicam caracte-
à conclusão de que este afixo está ligado a estabeleci- rísticas, podem trazer informações implícitas sobre a
mento comercial. Em alguns contextos pode indicar nacionalidade da comida no local;
atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria etc. e) o adjetivo “pálido”, que indica uma relação, mostra
* É o morfema que não possui significação autôno- uma intensidade da luz, com o valor implícito de deca-
ma e sempre aparece ligado a outras palavras. dência e pouca qualidade do restaurante.

USO DO PARÁGRAFO (§) 2. (FGV — 2022) As frases a seguir mostram pareceres


médicos; assinale a opção que apresenta aquele que
Este símbolo equivale a dois “S” entrelaçados, sig- é elaborado de forma impessoal.
nificando Signum sectionis (sinal de seção/corte). Seu
uso é comum nos códigos de leis. a) O paciente do leito 11 da enfermaria deve ser transfe-
Ex.: § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais rido imediatamente para a UTI.
a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. b) Considero que este remédio deva ser tomado duas
81

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) vezes ao dia.


8-
70

c) O cliente está agora em muito bom estado de saúde.


USO DA BARRA (/) d) Parece estabelecido que o uso da vacina é universal-
.
93

mente benéfico.
.0

Embora não existam muitas regras definidas a e) Devemos pedir a ajuda a Deus para que o transporte
98

respeito de seu uso, a barra inclinada aparece, quase desses pacientes ocorra sem problemas.
-2

sempre, com função de separar elementos que apre-


py

sentam alternativas. 3. (FGV — 2022) Assinale a opção em que o pronome


Ex.: A prova deve ser respondida à caneta azul/
p

você aparece identificado.


Tu

preta. (azul ou preta).


Pode ser utilizada ainda da seguinte forma: e/ou
o

a) Quando você rouba de um autor é plágio, se rouba de


ul

Nesse caso, ela está sendo usada para separar as vários é pesquisa.
Pa

duas conjunções (e e ou). Veja; b) Se você tem alguma crença, siga-a.


Ex.: Os alunos serão avaliados por trabalhos e/ou c) Se você não for melhor que hoje no dia de amanhã,
provas. então para que você precisa do amanhã?
Sendo assim, entende-se que a avaliação pode ser
d) Não basta você chegar ao cume. É preciso também
LÍNGUA PORTUGUESA

feita pelo conjunto (trabalhos e provas) ou de forma


voltar vivo.
separada, individual (trabalhos ou provas).
e) Você, que não paga impostos, como vai cobrar do
governo?

4. (FGV — 2022) A frase em que o pronome relativo des-


tacado se refere ao termo entre parênteses, presente
na mesma frase, é:

a) A família é um conjunto de pessoas que se defendem


em bloco e se atacam em particular – (conjunto);
b) Algumas das mais belas árvores genealógicas que
vicejam por aí têm raízes no esterco – (algumas); 39
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) Todo homem tem horas de criança, e infeliz daquele e) Por sua idade avançada, preferia não gastar dinheiro /
que não as tem – (todo homem); economizar.
d) Não é a qualidade do dinheiro que você ganha, é a
quantidade de dinheiro que você guarda – (dinheiro); 9. (FGV — 2022)
e) Avó é a mãe que teve uma segunda chance – (avó).
Texto 4 - Inquérito Policial
5. (FGV — 2022) Assinale a opção em que a substituição
de uma locução adverbial por um advérbio, é feita de “O primeiro passo para delimitar os aspectos gerais do
forma adequada. que seria o inquérito policial pode partir do próprio ver-
náculo, inquérito, que pode ser entendido como ‘ato ou
a) Os presentes para o Dia das Mães devem ser compra- efeito de inquirir; conjunto de atos ou diligências com
dos com antecedência / anteriormente. o que se visa a apurar alguma coisa’, ao passo que o
b) De acordo com os jornais, choverá com certeza duran- verbo inquirir, do qual o substantivo deriva, pode ser
te o carnaval / certificadamente. definido como ‘procurar informações acerca de; inda-
c) Tanto se adoece por trabalhar em excesso, como por gar; investigar; pesquisar’, ou ainda, ‘fazer indagações,
não fazer nada / excessivamente. investigações, pesquisas, perquirições, de natureza
d) Disse que moraria na Europa para sempre / filosófica ou científica; investigar, indagar, pesquisar,
duradouramente. esquadrinhar’.
e) Devemos fazer as coisas sem pressa / apressuradamente. Assim, sob um ponto de vista geral, podemos enten-
der o inquérito como o conjunto de atos e diligências
6. (FGV — 2022) “Discutir segurança pública e seus desa- que, por meio de investigação, pesquisa e perquirição,
fios em tempos de pandemia remete a alguns aspec- busca apurar as causas de algo”
tos centrais. Por um lado, a redução sem precedentes
(Jusbrasil.com.br).
da circulação de pessoas nas ruas, decorrente das
medidas de isolamento social, levanta dúvidas sobre
“...fazer indagações, investigações, pesquisas, perqui-
como serão afetados os índices de criminalidade —
rições, de natureza filosófica ou científica; investigar,
dentro e fora do ambiente doméstico. Por outro, cabe
indagar, pesquisar, esquadrinhar.” Nesse segmento do
avaliar como a atuação policial tem se adaptado aos
texto, há uma série de vírgulas empregadas pela mes-
novos riscos representados pela exposição ao vírus.
ma razão da que ocorre na seguinte frase:
Afinal, trata-se de um serviço essencial que não pode
parar.”
a) Cansa-se de ser herói, mas não se cansa de ser rico;
b) Se uma mulher quer fazer uma coisa, não há homem
No texto, há uma série de ocorrências da preposição
que consiga impedi-la;
“de”; a frase em que essa preposição é solicitada por
c) Querendo abolir a pena de morte, que comecem os
um termo anterior é
senhores assassinos;
d) Eu sou um homem honrado: nunca assassinei, nunca
a) “em tempos de pandemia”. roubei, nunca violei, salvo em minha imaginação;
b) “a redução sem precedentes da circulação de pessoas”. e) Para alcançar o bem, mais vale habilidade que sabedoria.
c) “medidas de isolamento social”.
81

d) “os índices de criminalidade”. 10. (FGV — 2022) A questão desta prova é elaborada a
8-

e) “trata-se de um serviço essencial”. partir de pequenos textos e pretendem avaliar sua


70

capacidade em interpretar e compreender textos,


.
93

7. (FGV — 2022) Nessa frase, a conjunção MAS indica assim como em redigir de forma correta e adequada.
.0

oposição; a frase abaixo em que essa mesma conjun- Uma frase de Mario Quintana nos fala sobre um dos
98

ção indica adição é: papéis das reticências nas frases:


-2

“As reticências são os três primeiros passos do pensa-


py

a) Os covardes duram mais, mas vivem menos; mento que continua por conta própria o seu caminho.”
b) As coisas não mudam, mas nós mudamos;
p
Tu

c) Os tabus são feitos para serem quebrados, mas nem Assinale a frase a seguir em que as reticências exer-
todos fazem isso;
o

cem exatamente essa função de deixar a imaginação


ul

d) Mudam de corpo, mas não de alma; do leitor completar a frase.


Pa

e) O universo é a mudança, mas a vida é o que o pensa-


mento faz dessa mudança. a) “Quanto ao seu pai... Às vezes penso... Asseguro-lhe
que é verdade. Penso que ela esqueceu de tudo.”
8. (FGV — 2022) Todas as frases abaixo mostram uma b) “Você... tão sozinha... Não lhe ocorre, muitas vezes,
forma sublinhada, composta de não + verbo; substi- que se um homem... Não tem vontade de casar-se?”.
tuindo essa forma por um só verbo, de sentido equiva- c) “Mágoa de o ter perdido, amor ainda. Ódio por ele?
lente, a opção INADEQUADA, é: Não... não vale a pena...”.
d) “Duas horas te esperei. Duas horas mais te esperaria.
a) As nações europeias pediram que o exército russo não Se gostas de mim não sei...”.
avançasse em seus propósitos / recuasse; e) “Isso também conta. As raízes... – Que raízes? – cor-
b) O autor declarou que não dispunha de tempo para tou José Paulino, bruscamente.”
escrever os demais capítulos da novela / carecia;
c) Não aceitou a oferta pelo carro, por considerá-la baixa 11. (FGV — 2022) Texto 1
/ recusou;
d) Não abriu a sua casa para evitar a curiosidade do Vejamos, agora, o que nos diz Machado de Assis sobre
40 público / fechou; a autópsia: “Li um termo de autópsia. Nunca deixo de
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ler esses documentos, não para aprender anatomia, a) apresentação de uma opinião própria, mas revestindo-
mas para verificar ainda uma vez como a língua cien- -a de uma aparência geral;
tífica é diferente da literária. Nesta, a imaginação vai b) declaração de uma opinião alheia, confrontando-a
levando as palavras belas e brilhantes, faz imagens com outro ponto de vista;
sobre imagens, adjetiva tudo, usa e abusa de reticên- c) confrontação de diversas opiniões, mesmo que algu-
cias, se o autor gosta delas. Naquela, tudo é seco, exa- mas estejam implícitas;
to e preciso. O hábito externo é externo, o interno é d) indicação de uma opinião própria, reivindicando clara-
interno; cada fenômeno, cada osso, é designado por mente a paternidade da ideia;
um vocábulo único. A cavidade torácica, a cavidade e) comentário de uma opinião apresentada como própria.
abdominal, a hipóstase cadavérica, a tetania, cada um
desses lugares e fenômenos não pode receber duas 15. (FGV — 2022) “Estranha uma gentil leitora que em
apelações, sob pena de não ser ciência.” (Adaptado. A
tempos de agitação política escreva eu sobre coisas
Semana, 1830)
antigas e vagas ou subjetivas, e em vez de falar de
cassações e eleições divague sobre mariposas, mala-
No texto 1, observemos os seguintes exemplos: “ter-
cachetas, brisa do mar.”
mo de autópsia” e “abusa de reticências”. Nos dois
segmentos há o emprego da preposição DE, sendo
(Da importância dos cristãos-novos, 12/11/1966)
que só no segundo caso ela é obrigatória, já que é exi-
gida pelo verbo anterior.
O que essa leitora critica no cronista Rubem Braga é
A frase abaixo em que a preposição DE tem uso obri-
a) a permanência de traços poéticos nas suas crônicas.
gatório é:
b) a ausência de crônicas mais polêmicas.
a) Os cemitérios estão cheios de gente insubstituível; c) o distanciamento em relação à história do país.
b) A paciência é a mais heroica de todas as virtudes; d) a sua alienação dos problemas de seu tempo.
c) A paciência é de gosto amargo, mas seu fruto é doce; e) a inadequação de seus textos em relação à modernidade.
d) A inteligência é uma espécie de paladar;
e) Os livros são de grande utilidade. 16. (FGV — 2022) Entre as frases a seguir, assinale aquela
que possui a visão mais positiva da Medicina ou do
12. (FGV — 2022) A questão desta prova é elaborada a médico.
partir de pequenos textos e pretendem avaliar sua
capacidade em interpretar e compreender textos, a) Médicos curam as doenças que eles mesmos inventam.
assim como em redigir de forma correta e adequada. b) A natureza, o tempo e a ciência são os três grandes
médicos.
Assinale a frase a seguir em que a dupla possibilidade c) Deus cura e o médico manda a conta.
de construção proposta é errada. d) Medicina é 1% de terapêutica e 99% de nomenclatura.
e) A prova de que ele nunca foi meu médico é que ainda
a) Chegou / chegaram 1 milhão de doses de vacinas. estou com vida.
b) Um milhão de pessoas foi / foram à passeata.
c) A peça apresentava personagens novos / novas.
81

17. (FGV — 2022) “A prevenção e a cura de praticamen-


d) Os egípcios utilizavam hieróglifos / hieroglifos.
8-

te todos os males está no seu alimento, na natureza.


e) Ficou bêbedo / bêbado após a festa.
70

Mantenha-se lúcido, alimente-se de uma forma cons-


.

ciente e veja por si próprio as mudanças que isso pro-


93

13. (FGV — 2022) “A liberdade, como a vida, só a merece porciona em sua vida.” Hipócrates, 370 a.C.
.0

quem deve conquistá-la a cada dia!”


98
-2

A recomendação básica de Hipócrates, denominado


Essa frase exemplifica um caso de linguagem figurada “o pai da Medicina” é que todos nós devemos
py

que é um(a):
p

a) manter-nos lúcidos.
Tu

a) pleonasmo, com a repetição da palavra “liberdade” por b) alimentar-nos conscientemente.


o

meio do pronome pessoal em “a merece”;


c) procurar prevenir-nos contra as doenças.
ul

b) hipérbole, com a expressão “deve conquistá-la a cada


Pa

d) curar praticamente todos os males.


dia”, já que indica um exagero;
e) acompanhar as mudanças causadas pelo tratamento.
c) elipse do termo “liberdade” no segmento “só a merece
quem deve conquistá-la”;
18. (FGV — 2022) “Há duas formas para viver a sua vida.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) ironia na comparação “como a vida”, igualando duas


realidades muito diferentes: a liberdade e a vida; Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é
e) anacoluto com o termo inicial “liberdade”, já que ele acreditar que todas as coisas são um milagre.” Albert
não mostra continuidade sintática na frase. Einstein.

14. (FGV — 2022) “A questão é saber se essa adaptação Essas duas formas de viver correspondem, respectiva-
cinematográfica mostra qualidades estéticas; meu mente, a
parecer sobre esse tema é que esse filme marcará a
história do cinema”. a) ateísmo / descrença.
b) descrença / ignorância.
No texto acima, há a manifestação de uma opinião por c) ignorância / materialismo.
parte do enunciador; indique a estratégia empregada d) materialismo / misticismo.
na manifestação dessa opinião: e) misticismo / religiosidade. 41
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19. (FGV — 2022) Em uma de suas crônicas, Rubem Bra-
12 A
ga tece os seguintes comentários sobre o padre Feijó,
figura importante de nossa história: “...quanta medio- 13 A
cridade, quanta incoerência! Não era homem excep-
cional nem pela inteligência nem pela cultura. Não 14 D
teve, diante dos problemas do Brasil, nenhuma visão
15 D
mais larga nem penetrante; não nos legou, nem mes-
mo aos homens do Segundo Império, nenhuma ideia 16 B
mais alta ou mais justa para levar adiante. Teimoso e
limitado, tinha dois ou três projetos que defendeu até 17 B
a velhice, e nenhum deles de maior mérito”. 18 D
Temos aqui o exemplo de um argumento ad hominem,
ou seja, uma argumentação crítica contra uma pes- 19 C
soa. O tipo de argumento ad hominem que é adequa-
do ao texto de Rubem Braga é aquele que: 20 A

a) repousa sobre uma incoerência ou inconsistência de


ordem formal: a incompatibilidade ou a contradição
lógica entre diferentes elementos argumentativos; ANOTAÇÕES
b) consiste em colocar em discussão a posição mantida
por uma pessoa em virtude de traços de sua persona-
lidade nas suas relações sociais;
c) não procura desacreditar uma ideia em função de um
aspecto negativo da pessoa que a formula, mas se pren-
de diretamente a marcas negativas da própria pessoa;
d) marca a reprovação de alguém por ter mudado de
ideia, mudando de política geral ou de partido político;
e) pretende destacar a contradição entre o dizer e o fazer,
tendo um comportamento incompatível com o discur-
so que apresenta.

20. (FGV — 2022) Em todas as frases abaixo há uma


expressão formada pelo verbo fazer + infinitivo; a
opção em que essa expressão foi adequadamente
substituída por um só verbo de valor equivalente, é:

a) O governo vai fazer saber a todos que a vacinação


continuará / participar;
b) Excesso de expediente pode fazer fracassar um negó-
81

cio / desmanchar;
8-

c) Os vencedores sempre procuram fazer valer mais as


70

suas vitórias / validar;


.
93

d) Alguns querem fazer renascer a monarquia / estabelecer;


.0

e) A Prefeitura pretendia fazer deixar o local o morador /


98

relegar.
-2
py

9 GABARITO
p
Tu

1 D
o
ul
Pa

2 D

3 E

4 D

5 C

6 E

7 E

8 D

9 D

10 D

11 A
42
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§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
parágrafo anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados
DIREITO PENAL ou alterados, a que se referem este artigo e o seu
§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração,
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
anos, ou multa.
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins
do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
vias, praças ou outros logradouros públicos e em
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS residências.
PÚBLICOS
O tipo penal do crime de falsificação de papéis
Falsificação de Papéis Públicos públicos apresenta três modalidades em que a pena
será mais branda se comparada ao tipo penal prin-
Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: cipal e às formas equiparadas, que têm como pena a
I - selo destinado a controle tributário, papel reclusão de dois a oito anos e multa:
selado ou qualquer papel de emissão legal destina-
do à arrecadação de tributo; z Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis vis-
II - papel de crédito público que não seja moeda tos anteriormente, quando legítimos, com o fim de
de curso legal; torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
III - vale postal; indicativo de sua inutilização, incorrerá na pena
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de reclusão de um a quatro anos e multa;
de caixa econômica ou de outro estabelecimento z Aquele que usar os papéis, depois de alterados
mantido por entidade de direito público; (após a supressão de carimbo ou sinal indicativo
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro de inutilização, quando legítimos, com o fim de
documento relativo a arrecadação de rendas torná-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclu-
públicas ou a depósito ou caução por que o são de um a quatro anos e multa;
poder público seja responsável; z Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
transporte administrada pela União, por Estado ou dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade
por Município: ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. seis meses a dois anos, ou multa.

O tipo penal do caput poderá ser praticado com a Qualquer forma de


falsificação de quaisquer um dos documentos vistos comércio irregular ou
acima, de duas formas: fabricando-os (neste caso, o Equipara-se clandestino, inclusive
81

agente cria um documento) ou alterando-os (o agente à atividade o exercido em vias,


8-

altera documento já existente). comercial praças ou outros


70

Existem formas equiparadas ao crime de falsifica- logradouros públicos e


.
93

ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes- em residências


.0

mas penas deste.


98

Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, é


-2

Art. 293 [...] importante levar em consideração o seguinte:


py

§ 1º Incorre na mesma pena quem:


I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
p

z É crime comum, que pode ser praticado por qual-


Tu

falsificados a que se refere este artigo;


quer pessoa;
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
o

z Só admite a modalidade dolosa — não pode ser


ul

empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação


praticado culposamente;
Pa

selo falsificado destinado a controle tributário;


III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à z Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, dade deste crime;
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, z Admite a tentativa;
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício z Se o papel for de emissão da União, será processa-
de atividade comercial ou industrial, produto ou do e julgado pela Justiça Federal;
mercadoria: z Será de competência do Juizado Especial Criminal
DIREITO PENAL

a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a Federal nas hipóteses de crime privilegiado, defi-
controle tributário, falsificado; nido no § 4º, art. 293, do CP.
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
tributária determina a obrigatoriedade de sua Petrechos de Falsificação
aplicação.
§ 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quan- Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
do legítimos, com o fim de torná-los novamente guardar objeto especialmente destinado à falsifi-
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua cação de qualquer dos papéis referidos no artigo
inutilização: anterior:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 43
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Sobre o crime de petrechos de falsificação, é impor- FALSIFICAÇÃO DE SELO OU SINAL PÚBLICO
tante que você saiba, para a sua prova, as seguintes
informações: Falsificar (fabricando ou alterando)

Selo público destinado Selo ou sinal atribuído por


z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado a autenticar atos ofi- lei a entidade de direito
mediante a execução de qualquer um dos verbos ciais da União, de Esta- público, ou a autoridade, ou
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- do ou de Município sinal público de tabelião
cer, possuir ou guardar;
z É crime comum, que poderá ser praticado por Sobre este crime, é importante que você leve em
qualquer agente; consideração as seguintes disposições:
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun-
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
pena será aumentada da sexta parte (1/6). quer pessoa;
z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
Art. 295 Se o agente é funcionário público, e come-
co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
tada da sexta parte (aumento de 1/6);
pena de sexta parte.
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
A pena do crime de petrechos de falsificação será
crime plurissubsistente, quando o delito, para ser
aumentada de 1/6 (um sexto) se o agente é funcionário
praticado, necessita de vários atos para atingir o
público e comete o crime prevalecendo-se do cargo.
resultado;
z A falsificação pode dar-se de 2 (duas formas): com
z Assim como o crime de petrecho para falsificação
a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com
de moeda, o objeto deve ser destinado especialmen-
a alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
te para falsificar os papéis previstos no art. 293;
caso o objeto tenha outras finalidades (tem outras
Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
utilidades e também serve para falsificar papéis),
ticado de qualquer modo pelo agente.
não há que se falar na prática deste tipo penal;
z Só poderá ser praticado dolosamente;
Falsificação de Documento Público
z Admite a modalidade tentada;
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente,
Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, docu-
protraindo-se a conduta no tempo.
mento público, ou alterar documento público
verdadeiro:
DA FALSIDADE DOCUMENTAL Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos de sexta parte.
81

ou particulares. § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-


8-

O CPP estabelece requisitos para que um papel mento público o emanado de entidade paraestatal,
70

seja considerado documento: forma escrita, autor o título ao portador ou transmissível por endosso,
.
93

certo, possuir conteúdo de relevância jurídica e valor as ações de sociedade comercial, os livros mercan-
.0

probatório. tis e o testamento particular.


98

Vejamos os crimes deste capítulo: § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
-2

inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de
py

Falsificação do Selo ou Sinal Público


informações que seja destinado a fazer prova
p
Tu

Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: perante a previdência social, pessoa que não pos-
sua a qualidade de segurado obrigatório;
o

I - selo público destinado a autenticar atos oficiais


ul

da União, de Estado ou de Município; II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do


Pa

II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de empregado ou em documento que deva produzir
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de efeito perante a previdência social, declaração falsa
tabelião: ou diversa da que deveria ter sido escrita;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. III - em documento contábil ou em qualquer outro
§ 1º Incorre nas mesmas penas: documento relacionado com as obrigações da
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; empresa perante a previdência social, declaração
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal falsa ou diversa da que deveria ter constado.
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em pro- § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
veito próprio ou alheio. documentos mencionados no § 3º, nome do segu-
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de rado e seus dados pessoais, a remuneração, a
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím- vigência do contrato de trabalho ou de prestação
bolos utilizados ou identificadores de órgãos de serviços.
ou entidades da Administração Pública.
§ 2º Se o agente é funcionário público, e comete A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a parte, documento público, ou alterar documento
44 pena de sexta parte. público verdadeiro.
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O crime pode ser praticado das seguintes formas:

Falsificar, total
Alterar documento
ou parcialmente,
público verdadeiro
documento público

Aqui, o agente cria Aqui, o agente


um documento modifica o
público que não documento público
existia que já existia

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
São condutas equiparadas ao crime de falsificação de documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, as que estão descritas nos incisos do § 3º, do art. 297, do CP.

Importante!
Cleber Masson (2018) destaca que se a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previdência Social rela-
cionar-se com os direitos trabalhistas do empregado, incidirá o crime definido no art. 49, do Decreto-lei 5.452,
de 1943. Por seu turno, se a falsidade atingir a Previdência Social, estará caracterizado o crime tipificado no
inciso II, § 3º, art. 297, do CP.

É de suma importância você saber que não se pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.

FALSIDADE MATERIAL FALSIDADE IDEOLÓGICA


O agente cria um documento falso ou modifica um docu- O agente falsifica a declaração que deveria constar no do-
mento verdadeiro cumento público ou privado, que é verdadeiro
O documento é materialmente falso O documento é materialmente verdadeiro, com o conteúdo
Altera-se o aspecto formal do documento, podendo o con- falso
teúdo ser verdadeiro ou não Altera-se o conteúdo do documento, mas o aspecto formal
Crimes: falsificação de documento público ou particular continua intacto
Por exemplo, criar uma certidão de nascimento Crime: falsidade ideológica
Por exemplo, alterar data de nascimento em certidão de
81

nascimento
8-
.70
93

Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as seguintes
.0

informações:
98
-2

z O crime é comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


z Na hipótese de o agente ser funcionário público e, ainda, se prevaleça do cargo para praticar o delito, a pena
py

será aumentada em um sexto;


p
Tu

z O delito é doloso, não exige fim especial;


z Não admite a modalidade culposa;
o
ul

z Admite a tentativa;
Pa

z O objeto material do crime é o documento público.

É muito importante que você saiba o que é documento público, para fins de configuração deste crime, já que
existe, também, o crime de falsificação de documento particular, já que eles são apenados de formas diferentes,
sendo aquele mais grave do que este.
Para fins de concurso público, pode-se conceituar documento público como aquele emitido por funcionário
DIREITO PENAL

público, no exercício de suas funções, a serviço da União, estados-membros, Distrito Federal ou municípios (emi-
tido por órgãos ou entidades públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros documentos, embora emitidos por particulares, a documento
público.

z Falsificação total: criação de todo o material escrito que representa o documento.


z Falsificação parcial: há uma criação de uma parte falsa do documento público verdadeiro, a qual pode dele
ser individualizada.
z Alteração de documento público: inserir ou suprimir falsamente informações escritas no próprio corpo do
documento verdadeiro, após a sua criação. 45
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ALTERAÇÃO FALSIFICAÇÃO PARCIAL Neste delito, a falsidade também pode ser mate-
rial, alterando-se a forma estrutural do documento,
A falsidade diz respeito Parte do documento, que podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
às informações falsa- dele pode ser individuali- É importante destacar sobre o crime de falsifica-
mente inseridas ou re- zada, é criada falsamente ção de documento particular o seguinte:
tiradas do papel, o que
ocorre posteriormente z É crime comum;
à criação do documento z Admite a tentativa;
z É delito doloso, sem a necessidade de exigir espe-
cial fim;
O título ao portador é documento de crédito que z Aplica-se a Súmula 17, do STJ: Quando o falso se
não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesi-
no valor de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma va, é por este absorvido;
forma de transferir a propriedade de um título (do z Na hipótese de a falsificação ser grosseira, não irá
endossante para o endossatário), como os cheques em se configurar este crime, mas poderá se configurar
geral e as notas promissórias, que constituem exem- outro tipo penal.
plos de títulos transmissíveis por endosso.
Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a
Falsificação de Documento Público X Estelionato: documento particular o cartão de crédito ou de débito.

Súmula 17 (STJ) Quando o falso se exaure no este- Falsificação de Cartão


lionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido. Art. 298 [...]
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
Esta súmula se refere à aplicação do princípio da equipara-se a documento particular o cartão de
consunção ou absorção. Quando o crime de falsifica- crédito ou débito.
ção de documento público for meio para praticar o
crime de estelionato, será por este absorvido. Falsidade Ideológica
Por exemplo, agente que, para obter ilícita van-
Art. 299 Omitir, em documento público ou par-
tagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de
ticular, declaração que dele devia constar, ou
identidade verdadeira, responderá apenas pelo crime nele inserir ou fazer inserir declaração falsa
de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsifica- ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
ção fique exaurida com a prática do estelionato. prejudicar direito, criar obrigação ou alterar
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, a verdade sobre fato juridicamente relevante:
haverá atipicidade deste crime, podendo configurar Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
outra infração penal. documento é público, e reclusão de um a três anos,
e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
Falsificação de Documento Particular réis, se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário públi-
co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, docu-
81

se a falsificação ou alteração é de assentamento de


mento particular ou alterar documento particular registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
8-

verdadeiro:
70

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.


A FALSIDADE IDEOLÓGICA CONFIGURA-SE DAS
.
93

SEGUINTES FORMAS:
O crime de falsificação de documento particular
.0
98

é praticado quando o agente age de acordo com o Omitir, em documento Inserir ou fazer inserir, em do-
público ou particular, cumento público ou particular,
-2

núcleo do tipo, ou seja, falsifica, no todo ou em parte,


documento particular ou altera (segundo núcleo do declaração que dele declaração falsa ou diversa
py

tipo) documento particular verdadeiro. devia constar da que devia constar


p

A conduta é muito semelhante ao crime de falsifi-


Tu

cação de documento público, sendo diferente no que A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em
o

se refere ao objeto material do crime. Estes crimes


ul

documento público quanto em documento particular,


também se diferenciam em relação à pena cominada.
Pa

tendo, como distinção, tão somente a pena, vejamos:

Falsificação de documento Falsificação de documento z Documento público: reclusão, de um a cinco anos,


público particular
e multa;
Objeto Material: documento Objeto material: documento z Documento particular: reclusão, de um a três
público particular anos, e multa.
Pena: Reclusão, de dois a seis Pena: Reclusão, de um a cinco
anos, e multa anos, e multa Em relação ao crime de falsidade ideológica, é
importante que você leve em consideração as seguin-
tes informações:
Já estudamos o documento público e agora esta-
mos compreendendo o particular. Mas, o que é docu-
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
mento particular?
Documento particular é aquele que não é docu- praticado dolosamente;
mento público, nem equiparado a documento públi- z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim
co, por exemplo, cartão de identificação de veículo de de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a
46 moradores de condomínio residencial. verdade sobre fato juridicamente relevante;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z É crime comum; para reconhecer firma ou letra, já no segundo, o
z Caso a conduta seja praticada sem uma das finali- agente é o perito que falseia a perícia e pode envol-
dades específicas (dolo específico) vistas acima, o ver a análise de letra (exame grafotécnico).
crime não irá se configurar;
z Admite a modalidade tentada nas condutas comis- Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso
sivas, mas não admite, segundo posicionamen-
to doutrinário majoritário, na conduta omissiva Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em razão
(omitir); de função pública, fato ou circunstância que habi-
z Neste crime, a forma do documento segue intacta; lite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
o que se falsifica é o conteúdo das informações con- ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
tidas no documento público ou particular (com a vantagem:
omissão de declaração ou com a declaração falsa). Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Causas de aumento de pena (aumento da sexta Conduta típica: atestar ou certificar falsamente,
parte — 1/6): em razão de função pública, fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
z Se o agente é funcionário público, e comete o cri- ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
me prevalecendo-se do cargo. Não basta que seja vantagem.
praticado por funcionário público, para se aplicar Sobre este crime, é importante levar em conside-
a causa de aumento da pena, mas, também, que ele ração o seguinte:
se prevaleça do cargo para praticar o crime;
z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
registro civil. cado por funcionário público, em razão da função
pública;
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra z Admite o concurso de pessoas com particulares,
desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exer- cionário público;
cício de função pública, firma ou letra que o não z Não admite a modalidade culposa;
seja: z Admite a forma tentada;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
documento é público; e de um a três anos, e multa, com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
se o documento é particular.
tos no tipo penal: atestar ou certificar;
z Para a configuração deste crime, exige-se que a
Este crime se configura com a prática da seguinte certificação ou o atestado se deem para as finali-
conduta típica: reconhecer, como verdadeira, no exer- dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
cício de função pública, firma ou letra que o não seja. obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
Entenda da seguinte forma:
de caráter público, ou qualquer outra vantagem;
z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
z Firma: assinatura; lucro (finalidade específica), será aplicada, além
z Letra: manuscrito daquele que assina.
81

da pena privativa de liberdade, a pena de multa.


8-

A pena do crime será distinta conforme a natureza


70

Falsidade Material de Atestado ou Certidão


do documento:
.
93

Art. 301 [...]


.0

z Se documento público: Reclusão de um a cinco


98

§ 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou


anos, e multa; certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atesta-
-2

z Se documento privado: Reclusão de um a três do verdadeiro, para prova de fato ou circunstância


py

anos, e multa. que habilite alguém a obter cargo público, isenção


p

de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-


Tu

Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou quer outra vantagem:


o

letra, você deve ficar atento ao seguinte: Pena - detenção, de três meses a dois anos.
ul

§ 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli-


Pa

z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de
funcionário público que possui como atribuição multa.
reconhecer firma ou letra (ex.: tabeliães);
z Admite a participação de particular, desde que Ainda no § 1º, art. 301, do CP, temos um outro tipo
conheça a condição de funcionário público do penal: Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso.
agente; Sobre este crime, é importante levar em conside-
DIREITO PENAL

z Só poderá ser praticado dolosamente; ração o seguinte:


z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se z É crime comum, que poderá ser praticado por
de crime plurissubsistente, que admite, portanto, qualquer pessoa;
a tentativa;
z A ação penal será pública incondicionada; „ O crime previsto no caput deste artigo é crime
z Para diferenciar o crime de falso conhecimento de próprio (só pode ser praticado por funcionário
firma ou letra, do crime de falsa perícia, devemos público autorizado a emitir atestados ou certi-
nos atentar ao contexto em que o agente está inse- dões), ao passo em que o crime do § 1º é crime
rido. No primeiro crime, o agente possui atribuição comum. 47
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z Só pode ser praticado dolosamente — não admite DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
a forma culposa; PÚBLICO

„ É crime não transeunte (deixa vestígios mate- Fraudes em Certames de Interesse Público
riais), ou seja, é necessária a comprovação da
materialidade do delito por meio de perícia; Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente,
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de com-
z Admite a modalidade tentada; prometer a credibilidade do certame, conteúdo sigi-
z É crime de ação múltipla, que pode ser pratica- loso de:
I - concurso público;
do mediante a execução de quaisquer uma das
II - avaliação ou exame públicos;
seguintes condutas:
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe-
rior; ou
„ Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
certidão; Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
„ Alterar o teor de certidão ou atestado § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou
verdadeiro. facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
autorizadas às informações mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
Importante! tração pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Caso o crime tenha como finalidade a obtenção
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
de lucro (finalidade específica), será aplicada,
cometido por funcionário público.
também, a pena de multa.
Este tipo penal foi editado para proteger a lisura
Supressão de Documento dos certames de interesse público.
Este crime tem como figura típica a prática da
Art. 305 Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício seguinte conduta: utilizar ou divulgar, indevidamen-
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu- te, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
mento público ou particular verdadeiro, de que não comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
podia dispor: sigiloso de:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão, de um a cinco z Concurso público (segundo Sanches, instrumento
anos, e multa, se o documento é particular. de acesso a cargos e empregos públicos);
z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches,
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos);
praticado com a execução das seguintes condutas: z Processo seletivo para ingresso no ensino superior
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras
z Destruir, Suprimir e Ocultar: Documento públi- formas de avaliação para ingresso no ensino supe-
co ou particular verdadeiro, de que não podia dis- rior, a exemplo do ENEM);
81

por, em benefício próprio ou de outrem, ou em z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con-
8-

prejuízo alheio.
70

forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa-


.

me da OAB).
93

A pena do crime será diferente, a depender da natu-


.0

reza do documento destruído, suprimido ou ocultado.


98

Fraudes em Certames de Interesse Público


-2

z Documento público: Reclusão, de dois a seis


Conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
py

anos, e multa;
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou comprometer a
p

z Documento particular: Reclusão, de um a cinco


Tu

anos, e multa. credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:


o
ul

Em relação aos tipos penais que apresentam penas Processo Exame ou


Pa

Concurso Avaliação ou seletivo para processo


como visto acima, você deve ter um cuidado redobra- público exame públicos ingresso no seletivo previsto
do ao analisar o tipo penal e possíveis questões de pro- ensino superior em lei
va sobre o tema.
Sobre este crime, faz-se necessário ficar atento às
seguintes informações: O crime de fraude em certames de interesse públi-
ca apresenta uma forma equiparada, uma forma
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- qualificada e uma forma majorada (com aumento de
quer agente; pena):
z Não admite a modalidade culposa;
z É necessário que o agente pratique as condutas des- z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o
critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio agente que permite ou facilita, por qualquer meio,
ou em prejuízo alheio (finalidade específica); o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o ções sigilosas relacionadas a concurso público;
agente não possa dispor do documento público ou avaliação ou exame públicos; processo seletivo
particular; para ingresso no ensino superior; ou exame ou
48 z Admite a tentativa. processo seletivo previstos em lei;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Forma qualificada: se da ação ou omissão resultar Os crimes praticados por funcionário público con-
dano à administração pública; tra a administração em geral são chamados de crimes
z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3 funcionais. Os crimes funcionais são aqueles prati-
(um terço) se o fato é cometido por funcionário cados contra a Administração Pública por indivíduo
público. que se encontra investido em uma função pública. São
divididos em funcionais próprios, ou puros, e funcio-
Sobre este crime, é importante ficar atento às nais impróprios, ou impuros.
seguintes informações: Os crimes funcionais próprios são aqueles que
serão atípicos caso não sejam praticados por funcio-
z Este crime se aplica a certames de interesse públi- nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor-
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta.
co de maneira geral, e não apenas a concursos
Os crimes funcionais impróprios são aqueles que
públicos em sentido estrito;
serão desclassificados para outras infrações penais
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
caso não sejam praticados por funcionários públicos.
quer pessoa.
Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma hipóte-
se de atipicidade relativa.
É comum acharem que se trata de crime próprio, Já a conduta que define o crime de peculato-furto,
que só pode ser praticado por funcionário público. praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi-
Contudo, não é crime próprio. Na verdade, para este ficada para o crime de furto, caso não seja praticada
crime, a condição de funcionário público não é ele- por um funcionário público.
mentar, constituindo, contudo, causa de aumento de O Código Penal, em seu art. 327, define o que é fun-
pena de 1/3 (um terço). cionário público. Vejamos:
Vejamos os pontos importantes deste crime:
Art. 327 Considera-se funcionário público, para os
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
praticado dolosamente; remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
e quem trabalha para empresa prestadora de ser-
credibilidade do certame;
viço contratada ou conveniada para a execução de
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a atividade típica da Administração Pública.
mera divulgação ou utilização das informações § 2º A pena será aumentada da terça parte quando
sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi- os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer ocupantes de cargos em comissão ou de função de
a credibilidade do certame público; direção ou assessoramento de órgão da administra-
z Admite a forma tentada; ção direta, sociedade de economia mista, empresa
z Caso o agente promova a utilização ou divulgação pública ou fundação instituída pelo poder público.
das informações sigilosas devidamente (com justa
causa), não há que se falar na prática deste crime.
Importante!
REFERÊNCIAS
81

Para o direito penal, funcionário público é aquele


8-

que, embora transitoriamente ou sem remuneração,


70

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol. 1, exerce cargo, emprego ou função pública. Como é
19. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
.
93

possível de se observar, o conceito de funcionário


CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrimes — público é bastante amplo. No § 1º, art. 327, o Código
.0

Lei 13.964, de 2019: Comentários às Alterações no


98

Penal equipara a funcionário público quem exerce


CP, CPP e LEP. Salvador: Juspodium, 2020.
-2

cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,


GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal e quem trabalha para empresa prestadora de servi-
py

esquematizado: parte especial. 6. ed. São Paulo:


ço contratada ou conveniada para a execução de
p

Saraiva, 2016.
Tu

atividade típica da Administração Pública.


JESUS, Damásio de. Código Penal Anotado. 22. ed.
o

São Paulo: Saraiva, 2017.


ul

MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2. ed. O art. 327, do CP, faz menção a cargo público,
Pa

São Paulo: Método, 2019. emprego público e função pública. Vamos distinguir:

z Cargo público é o criado por lei, com nomencla-


tura e número certo, junto à administração direta;
DOS CRIMES CONTRA A z Emprego público, por sua vez, é a função pública
exercida em caráter temporário ou extraordinário
DIREITO PENAL

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (por exemplo, diarista que presta serviço de faxi-


na em uma repartição pública). Assim, obtém-se
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO por exclusão o conceito de emprego público como
PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL sendo todo aquele que não se classifica como cargo
público;
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem z Função pública é toda e qualquer atividade que
jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou realiza os fins próprios do Estado (por exemplo,
probidade administrativa. perito judicial, estagiário do Ministério Público ou
Tratam-se de crimes próprios, que exigem uma con- da Defensoria Pública ou de qualquer outro órgão
dição especial do sujeito ativo: ser funcionário público. público, juiz de direito, Presidente da República, 49
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Governador de Estado, escreventes, Prefeitos, funcionário público) comunica-se aos demais agentes (é
vereadores, faxineiros do fórum etc.). necessário que eles conheçam a condição).
Vejamos agora cada um dos crimes funcionais:
Além dos dispositivos legais, é importante termos
ciência de alguns julgados que estabelecem que são Peculato
considerados funcionários públicos para fins penais:
Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de dinhei-
z Diretor de organização social1; ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
z Administrador de Loteria2; particular, de que tem a posse em razão do cargo,
z Advogados dativos3; ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
z Médico de hospital particular credenciado/conve- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
niado ao SUS4; § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
z Estagiário de órgão ou entidade públicos5. co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
Nestes termos, não são considerados funcionários subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen-
públicos para fins penais os depositários judiciais.6 do-se de facilidade que lhe proporciona a qua-
No § 2º, do art. 327, o Código Penal apresenta uma lidade de funcionário.
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes
praticados por funcionário público contra a adminis- O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
tração em geral. Observe: dividido doutrinariamente da seguinte forma:
A pena será aumentada de 1/3 (terça parte) quan-
do os autores dos crimes praticados por funcionário z Peculato próprio:
público contra a administração em geral forem ocu-
pantes de cargos em comissão ou de função de direção „ Peculato-apropriação;
ou assessoramento de órgão da administração direta, „ Peculato-desvio.
sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-
dação instituída pelo poder público. z Peculato impróprio:
É importante saber que a pena não será aumen-
tada caso o funcionário público ocupe cargo em
„ Peculato-furto.
comissão ou função de direção ou assessoramento em
autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se de
que o nosso ordenamento jurídico não admite a ana- z Peculato culposo;
logia para prejudicar o agente. z Peculato mediante erro de outrem (peculato
Não podemos deixar de tratar do concurso de pes- estelionato).
soas nos crimes funcionais.
Os crimes funcionais são crimes próprios, à medi- O peculato-apropriação se configura quando o fun-
da em que o autor deve ser funcionário público, e, em cionário público se apropriar de dinheiro, valor ou qual-
regra, não podem serem praticados por qualquer pes- quer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
soa. Todavia, admitem a participação e a coautoria, a posse em razão do cargo; por exemplo, vereador que
bem como a autoria mediata. se apropria de bens (aparelho de celular, notebook) dos
Os crimes funcionais são próprios, porém admi- quais tem posse em razão do cargo (eletivo) que ocupa.
81

tem a coautoria de particular, sendo possível que este É muito importante que você fique atento, em rela-
8-

venha a ser responsabilizado por delito funcional ção ao peculato-apropriação, ao seguinte:


70

contra a Administração Pública, desde que pratique a


.
93

infração penal em concurso com funcionário público z Para que se configure, é necessário que o agente
.0

e que tenha conhecimento desta qualidade. tenha a posse do bem em razão do seu cargo;
98

Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da z O bem pode ser público ou particular (imagine um
-2

ação, prevista nos arts. 29 e 30, do CP, segundo a qual objeto particular — notebook — apreendido em
todo aquele que concorre para o crime responde para
py

uma delegacia de polícia);


o mesmo crime. z O sujeito passivo é a Administração Pública; con-
p
Tu

Vamos exemplificar: José, funcionário público, tudo, no caso de bem particular, o dono do bem
convida seu amigo de infância, Jonas, para juntos também será sujeito passivo do delito.
o

subtraírem um computador na repartição pública em


ul
Pa

que aquele trabalha. O funcionário público obteria O peculato-desvio ocorrerá quando o funcionário
facilidades para praticar o crime, já que havia ficado público desviar, em proveito próprio ou alheio, dinhei-
com a chave da repartição naquele período. No dia ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou par-
determinado, os agentes vão ao local e subtraem o ticular. O funcionário público dá destinação diversa
computador. ao bem que está sob sua responsabilidade; esse desvio
No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas será necessáriamente em proveito próprio ou alheio.
responderão pelo crime de peculato (vamos estudar suas Segundo posicionamento majoritário (apesar de
características a seguir), já que praticaram a conduta em algumas posições jurisprudenciais em sentido con-
concurso de pessoas e a condição de caráter pessoal (ser trário), para que se configure o peculato-desvio, é

1  STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
2  STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/09/2018.
3  STJ. 5ª Turma. HC 264.459- SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).
4  STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1101423/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/11/2012.
5  STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 25/06/2012.
50 6  STJ. 6ª Turma. HC 402949-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
necessário que o bem seja desviado para integrar o É importante mencionar que:
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter-
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra z Para que se configure este crime, é necessário que
mero desvio de finalidade. o funcionário público não tenha a posse da coisa;
Uma parte minoritária da doutrina defende que, z O primeiro é o verbo “subtrair”, que é o fato de
para que se configure o peculato-desvio, não é neces- o bem ser arrebatado pelo próprio funcionário
sária a intenção de assenhoramento (apoderar-se) por público;
parte do funcionário público, podendo se configurar z O segundo é o verbo “concorrer”, que significa
com o mero uso irregular da coisa pública, em provei- induzir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a
to próprio ou alheio. realizar a subtração (por exemplo, o funcionário
Com base no que foi exposto acima, é importante público distrai os demais para que o seu amigo,
mencionar que o peculato de uso, em regra, é conside- que é ladrão, ingresse na repartição para surru-
rado figura atípica. piar os bens);
Segundo Cleber Masson, o uso momentâneo de coi- z Para que se configure o peculato-furto, é necessá-
sa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao patri- rio que o ato seja doloso;
mônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral z A qualidade de funcionário público deve acarretar
restituição a quem de direito, é atípico. alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso
É necessário sabermos o que significa infungível. não haja facilidade, o agente responderá por furto
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis normalmente.
que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade. Vamos trazer dois exemplos:
O Código Civil não define os bens infungíveis, Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Certo
mas podemos compreender que são os bens que não dia, na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozi-
podem ser substituídos por outros da mesma espécie, nho na repartição, Carlos subtrai um notebook do
quantidade e qualidade. órgão público. Está certamente configurado o crime
É importante mencionar que é necessário, para de peculato-furto, já que a condição de funcionário
que não seja típica a conduta do peculato de uso, que público de Carlos foi uma facilidade para que ele sub-
traísse o bem.
o bem seja infungível e não consumível, a exemplo de
Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri-
um carro oficial ou de um computador.
bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo
escola que se encontra próxima a sua casa, Michele
do dinheiro, a conduta será típica.
percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
Se a conduta relacionada ao peculato de uso for
aberta, estando próximo um aparelho celular da esco-
praticada por Prefeito, o fato será típico, independen-
la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não
temente da natureza do bem, por expressa previsão
há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade
legal no inciso II, art. 1º, do Decreto-Lei nº 201, de 1967.
de funcionária pública de Michele em nada contri-
buiu para a prática da subtração, podendo qualquer
pessoa, na mesma situação, praticar a conduta deli-
Importante! tuosa apresentada pelo exemplo. Michele responderá
81

O administrador que desconta valores da folha de pelo crime de furto.


8-

pagamento dos servidores públicos para quitação Observe que:


70

de empréstimo consignado e não os repassa à


.
93

instituição financeira pratica peculato-desvio, sen- z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
.0

crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o


do desnecessária a demonstração de obtenção
98

autor entra no local, o autor subtrai a coisa);


de proveito próprio ou alheio, bastando a mera
-2

z O bem subtraído pode ser público ou particular;


vontade de realizar o núcleo do tipo7. Deste modo,
py

z O sujeito passivo é a Administração Pública. Caso


podemos constatar que basta a destinação diver- o bem seja particular, também será sujeito passivo
p

sa daquela que deveria ter o bem para que se con-


Tu

da infração penal o dono do bem;


sume o crime de peculato-desvio. A obtenção de z É crime material.
o
ul

vantagem indevida é mero exaurimento do crime.


Pa

Trata-se de crime formal. Peculato Culposo

Art. 312 […]


O peculato-furto se configura quando o funcionário § 2º Se o funcionário concorre culposamente
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou para o crime de outrem:
bem, subtrai-o, ou concorre para que ele seja subtraído, Pena - detenção, de três meses a um ano.
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade
DIREITO PENAL

proporcionada pela qualidade de funcionário. O peculato culposo, previsto no § 2º, art. 312, con-
O peculato-furto pode ser praticado de duas figura-se quando o funcionário público concorre cul-
formas: posamente para o crime de outrem.
Dos crimes praticados por funcionário público
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem; contra a administração em geral, o peculato é o úni-
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro, co que prevê expressamente a possibilidade de ser
valor ou bem. cometido na modalidade culposa.
7  APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, por maioria, julgado em 06/11/2019,
DJe 04/02/2020 51
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No peculato culposo, o funcionário público não É importante levar em consideração as seguintes
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa, características do crime de peculato mediante erro de
acaba concorrendo para a subtração da coisa. outrem:
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato
culposo podem ocorrer as seguintes situações: z É crime material, que se consuma quando o agen-
te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
outro funcionário cometa peculato (caput ou § 1º); por erro de outra pessoa, passando a agir como se
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outro dono fosse;
funcionário ou um particular cometam o fato; z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que um dade tentada;
particular cometa o fato (furto etc.). z O funcionário público deve receber a coisa em
razão do cargo que exerce;
Vejamos: José, agente de polícia legislativa, esque- z O sujeito passivo é a Administração Pública. Caso
ce, por omissão, já que queria assistir a um jogo de o bem seja particular, também será sujeito passivo
futebol, de trancar uma porta da Câmara Legislativa o dono do bem;
do Distrito Federal, ao qual somente ele tem acesso. z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
No ambiente em que a porta se encontra, há vários induzida a erro, se configura o crime de estelio-
objetos de valor considerável para o Poder Legislativo nato, previsto no art. 171, do CP, sendo necessário,
distrital. Simba, também policial legislativo, aprovei- para caracterização do crime de peculato median-
tando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa no te erro de outrem, que a vítima entregue a coisa
local e subtrai uma câmera fotográfica. por erro próprio.
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza-
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já
Inserção de Dados Falsos em Sistemas de
que concorreu culposamente para o crime de outrem
Informação
(peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao dei-
xar de trancar a porta, fator que contribuiu para a
O crime de inserção de dados falsos em sistemas
prática da subtração.
de informação está previsto no art. 313-A, do CP:
Art. 312 […]
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
pena imposta. matizados ou bancos de dados da Administração
Pública com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano:
Sobre o peculato culposo, é importante saber que o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
§ 3º, do art. 312, do CP, dispõe que:
multa.
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
poso ocorrer antes de a sentença transitar em jul- Dica
81

gado, extingue a punibilidade; A “inserção de dados falsos em sistemas de


8-

z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-


informação” é também chamada de peculato
70

poso ocorrer após a sentença transitar em julgado,


eletrônico.
.
93

a pena será reduzida da metade.


.0

Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-


98

Art. 313 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-


rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
-2

lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro


de outrem: funcionários que não dispõem desta competência res-
py

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. pondem pelo crime do art. 313-B, do CP. Trata-se de
p

crime próprio.
Tu

O peculato mediante erro de outrem está previs- A fraude no sistema informatizado ou em bancos
o

to no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcio- de dados pelo funcionário competente, para obter
ul

nário público se apropriar de dinheiro ou qualquer vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
Pa

utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime
de outrem. menos grave, é absorvido.
Parte da doutrina chama esta modalidade de Para que este crime se configure, é necessário que
peculato-estelionato. as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro por funcionário público autorizado a operar os siste-
de outrem, toma posse de um bem móvel, em razão mas informatizados ou bancos de dados da Adminis-
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro que tração Pública.
induz o funcionário a apropriar-se do bem que rece- Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
beu por erro será partícipe deste delito de peculato descreve vários verbos que podem ser praticados
mediante erro. para a sua configuração.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente, Condutas:
isto é, posterior ao recebimento da coisa.
Em um primeiro momento, o funcionário público z Inserir dados falsos;
toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro z Facilitar a inserção de dados falsos;
alheio, mas, posteriormente, após detectar o erro, z Alterar dados corretos;
52 apropria-se da coisa. z Excluir indevidamente dados corretos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É necessário, para a tipificação do delito, que as condutas acima sejam realizadas em sistema informatizado
(computador) ou bancos de dados (fichários, livros ou outro meio físico) da Administração Pública.
Objeto material:

z Sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública.

Finalidade (dolo específico):

z Obter vantagem indevida para si ou para outrem;


z Causar dano.

O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico, que consiste no fim de obter vantagem indevida para si ou
para outrem ou causar dano à Administração Pública ou a uma terceira pessoa.
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar dano, haverá o crime do art. 313-B, do CP.
O crime consuma-se com a conduta, independentemente do resultado. Trata-se de crime formal, que se carac-
teriza ainda que a vantagem ou o dano almejado não se verifique.
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser surpreendido antes de ultimar a conduta — por exemplo,
agente é flagrado quando iniciava a supressão dos dados corretos.

Modificação ou Alteração Não Autorizada de Sistemas de Informação

O crime de modificação ou alteração não autorizada de sistemas de informação está previsto no art. 313-B, do
Código Penal.

Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta
dano para a Administração Pública ou para o administrado.

Trata-se de crime próprio, sendo praticado somente por funcionário público, qualquer que seja a sua função,
estando autorizado ou não a manipular sistemas de informações ou programas de informática.
A consumação deste crime se dá com a modificação ou alteração não autorizada do sistema. Não é necessário
um especial fim de agir.
Caso o funcionário público seja autorizado ou pratique a conduta por solicitação da autoridade competente,
o fato será atípico.
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um terço) até metade caso da modificação ou alteração resulte
dano para a Administração Pública ou para o administrado.
81

Fique atento às diferenças entre os tipos penais do crime de inserção de dados falsos em sistemas de informa-
8-

ção e do crime de modificação ou alteração não autorizada de sistemas de informação:


.70
93

INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMAS DE MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA


.0

INFORMAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO


98

Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar, excluir indevidamente Verbos: modificar ou alterar
-2

Deve ser praticado por funcionário autorizado Se praticado por funcionário autorizado, será fato
py

Exige dolo específico de obter vantagem indevida ou de cau- atípico


p

sar dano Não exige dolo específico


Tu
o
ul

Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Documento


Pa

Está previsto no art. 314, do Código Penal.

Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inuti-
lizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
DIREITO PENAL

Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar (tornar
imprestável).
Sobre este crime, é importante que você saiba:

z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvido quando o fato constitui crime mais grave), respondendo
por ele, o funcionário público, apenas se não se configurar crime mais grave;
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite tentativa;
z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser parciais ou totais. 53
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Sujeito ativo é apenas o funcionário público res- No crime de concussão, o funcionário público,
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen- valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais
to. Se a conduta for praticada por outro funcionário forte do que apenas pedir) o pagamento de vanta-
público, o crime será o previsto no art. 337, do CP. Caso gem não devida pela pessoa. O particular, por temer
seja praticado por advogado ou procurador, que inu- qualquer represália por parte do funcionário público,
tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra- pode ou não pagar a vantagem indevida.
mento será no art. 356, do CP. Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli- te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
cado se não houver outro crime mais grave. 2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
para destruir livro ou documento responderá apenas A vantagem indevida, segundo posicionamento
pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave. majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
Por fim, quando se tratar de livros ou documentos ser qualquer outra vantagem.
relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda e É importante mencionar que a concussão ocorrerá
praticou uma das condutas acima responderá pelo crime em razão da função do agente público, não se exigindo
do inciso I, art. 3º, da Lei nº 8.137, de 1990, quando o fato que o fato seja praticado no efetivo desempenho das
acarretar pagamento indevido ou inexato de tributo. atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser
cometido por funcionário público de férias e, segundo
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado
(antes de assumir).
Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica- A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
ção diversa da estabelecida em lei: são elementos integrantes do crime de concussão.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Se o funcionário público exigir o pagamento de
vantagem indevida, mediante violência ou grave
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res-
ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
visto no art. 158, do Código Penal.
Decreto nº 201, de 1967.
Sobre a concussão, é importante que você conheça
Exige que o emprego irregular aconteça em bene-
as seguintes informações, frequentemente cobradas
fício da própria Administração Pública, contrariando
em prova:
a legislação, não podendo o agente desviar as verbas
ou rendas em benefício próprio, sob pena de respon- � Não pode ser praticada na modalidade culposa;
der por outro crime. z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do prática da exigência, sendo o recebimento da van-
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de tagem mero exaurimento do crime;
reais para construção de uma passarela. A autoridade z O particular, de quem se exigiu a vantagem inde-
pública competente utiliza a verba mencionada para vida, é sujeito passivo secundário deste crime. A
a construção de uma escola. Administração Pública é o sujeito passivo primário;
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando for
de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas possível fracionar o iter criminis, a exemplo da con-
públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei. cussão praticada mediante carta endereçada à vítima;
81

Observe que a destinação da verba ocorreu no inte- z É possível praticar a concussão indiretamente,
8-

resse da administração, já que, caso se dê em benefí- quando, por exemplo, o funcionário público exige a
70

cio próprio, o agente responderá por outro crime. vantagem indevida por intermédio de outra pessoa.
.
93

É importante mencionar a aplicação da excludente


.0

de ilicitude do estado de necessidade: caso o empre- É importante diferenciar concussão e corrupção


98

go se dê devido a uma situação de perigo iminente passiva:


-2

(utilizou-se verba pública destinada ao esporte para


se construir um abrigo durante perigo de chuvas que Tem no núcleo do tipo o verbo “exi-
py

desabrigaram grande parte da população), o fato será gir” — há um caráter intimidativo na


CONCUSSÃO
p

conduta
Tu

típico, mas não será antijurídico.


Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas O ato de exigir é algo impositivo
o
ul

públicas, é importante mencionar: Tem os verbos “solicitar ou receber,


Pa

ou aceitar”
z Este crime será praticado pelo funcionário público Solicitar é pedir, o que, portanto, não
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren- CORRUPÇÃO pressupõe intimidação
das públicas, podendo delas dispor; PASSIVA Receber e aceitar pressupõem uma
z Não exige nenhum fim específico; conduta ativa do particular, ou seja,
z Não admite a modalidade culposa; além de não ocorrer intimidação, há
z Admite a tentativa; uma conduta inicial do terceiro
z Não exige a ocorrência de dano pela Administra-
ção Pública para a sua configuração.
Excesso de Exação
Concussão
O excesso de exação, previsto no § 1º, art. 316, do
Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta CP, é uma forma de concussão. Configura-se quando
ou indiretamente, ainda que fora da função ou o funcionário público exige tributo ou contribuição
antes de assumi-la, mas em razão dela, vanta- social, que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan-
gem indevida: do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
54 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. gravoso, que a lei não autoriza.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 316 [...] Art. 316 […]
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribui- § 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
ção social que sabe ou deveria saber indevido, de outrem, o que recebeu indevidamente para reco-
lher aos cofres públicos:
ou, quando devido, emprega na cobrança meio
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
de outrem, o que recebeu indevidamente para reco-
Exação significa correção, exatidão. lher aos cofres públicos, responderá por excesso de
exação na modalidade qualificada.
Quando observamos a forma qualificada do exces-
Importante! so de exação, é possível compreender que o tipo penal
não exige que o funcionário público tenha a intenção
São duas as formas de cometer este delito: de ficar para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso
� Exigência indevida de tributo ou contribuição o faça, responderá pelo crime na forma qualificada.
social; Na concussão propriamente dita, exige-se que o fun-
� Cobrança devida de tributo ou contribuição cionário público pratique a conduta visando obter a
social, mas de forma vexatória ou gravosa. vantagem indevida para si ou para outrem, constituin-
do-se, assim, elemento de distinção entre os tipos penais.

O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferente- Corrupção Passiva


mente do que ocorre no crime de concussão, não
Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para
significa uma ameaça, mas sim a simples cobrança outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
indevida. da função ou antes de assumi-la, mas em razão
A cobrança é indevida quando o tributo ou a con- dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
tribuição social não existe ou então já foi pago, bem de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em
multa.
valor maior que o devido.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste A corrupção passiva, prevista no art. 317, do Códi-
no fato de o agente ter consciência, ou dúvida, de que go Penal, se configura quando o funcionário público
se trata de uma cobrança indevida. solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
Na segunda modalidade criminosa, cobrança indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
é devido. O problema reside no “modus operandi” da aceitar promessa de tal vantagem.
A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-
cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante,
pria ou imprópria, antecedente ou subsequente:
ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas
totalmente desnecessárias. z Própria: Quando o funcionário público pratica os
81

Neste caso, o crime consuma-se com a simples verbos do tipo penal para praticar ato ilícito (por
8-

cobrança vexatória ou gravosa, independentemente exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
70

retardar o cumprimento do mandado de citação);


.

do recebimento.
93

Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató- z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
.0

os verbos do tipo penal para praticar ato lícito (por


98

ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir-


exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a
-2

cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta


certidão seja expedida dentro do prazo);
antes que a vítima tomasse conhecimento.
py

z Antecedente: Quando a vantagem indevida é


Vejamos: José, funcionário público da prefeitu-
p

entregue ao funcionário público antes de sua ação


Tu

ra do Município de Simplicidade, sabendo que seu ou omissão (por exemplo, juiz recebe vantagem
o

vizinho, Márcio, deve dez mil reais em tributo, para indevida para prolatar sentença absolutória);
ul

cobrá-lo, coloca uma faixa enorme na entrada da rua, z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
Pa

com a seguinte frase escrita: “Márcio, deixe de ser entregue ao funcionário público depois de sua
ação ou omissão (por exemplo, após retardar o
irresponsável e pague os dez mil reais que você deve
processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
de tributo à prefeitura”. vantagem indevida ao réu).
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- Observe que a corrupção passiva pode ser direita
DIREITO PENAL

gurando-se, assim, o excesso de exação. ou indireta:


Sobre o excesso de exação, é importante mencionar:
z Direta: quando é o próprio funcionário público
z Não admite a modalidade culposa, pois a expres- que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
gem indevida;
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia
z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con-
saber” é dolo eventual; luio com o funcionário público, solicita, recebe
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse
iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati- caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
cado mediante carta endereçada à vítima. público responderão por corrupção passiva. 55
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Entende a doutrina majoritária que o mero presen- Art. 317 […]
te recebido pelo funcionário público, por gratidão ou § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em con-
amizade (por exemplo, uma lembrancinha de natal) sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
não configura o crime de corrupção passiva. retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício
A vantagem indevida, segundo posicionamento ou o pratica infringindo dever funcional.
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
ser qualquer outra vantagem.
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração
Importante!
que: Não seja surpreendido por pegadinhas em pro-
va: a corrupção passiva e a concussão diferen-
z Não pode ser praticada na modalidade culposa; ciam-se nos verbos que configuram o tipo penal
z Trata-se de crime formal, quando praticada por incriminador.
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que � Corrupção passiva: solicitar, receber ou acei-
se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi- tar promessa;
mento da vantagem mero exaurimento do crime. � Concussão: exigir.
Quando praticada por meio do verbo receber, é
crime material, que exige o efetivo recebimento
para se consumar (§ 2º, art. 317, do CP); Prevaricação
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida-
corrupção passiva praticada mediante emprego de mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
carta; expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
z É possível praticar a corrupção passiva indireta- mento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
mente, quando, por exemplo, o funcionário públi-
co exige a vantagem indevida por meio de outra
O crime de prevaricação é dividido em:
pessoa.
z Própria: prevista no art. 319, do Código Penal;
z Imprópria: prevista no art. 319-A, do Código Penal.
Importante!
É importante realizar um breve paralelo com o A prevaricação própria se configura quando o funcio-
crime de corrupção ativa, que será estudado no nário público retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
tópico dos crimes cometidos por particulares te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
contra a administração em geral, que é aquela lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
em que o particular oferece ou promete vanta- O crime em estudo não se confunde com a corrup-
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa
gem indevida a funcionário público.
de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
Atenção! Na corrupção passiva, o particular que
Na prevaricação, não existe esse pedido ou influên-
paga a vantagem indevida solicitada pelo fun- cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
81

cionário público não pratica crime algum, por satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
8-

falta de tipicidade penal. um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregula-


70

O crime de corrupção, seja ativa ou passiva, é ridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes pedi-
.
93

unilateral e formal — são independentes em si. A dos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, se o
.0

comprovação de um dos crimes não pressupõe fiscal deixa de autuar porque percebe que a pessoa é
98

a do outro. um antigo amigo, configura-se a prevaricação.


-2

A prevaricação poderá ser praticada de três for-


py

mas diferentes:
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada.
p
Tu

� Retardar indevidamente a prática de ato de ofício;


Art. 317 […] z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício;
o
ul

§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou z Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei.
Pa

retarda ato de ofício, com infração de dever funcio-


nal, cedendo a pedido ou influência de outrem: O crime de prevaricação exige um fim específico
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Não confundir com o crime de corrupção passiva pri-
Observe que na corrupção passiva privilegiada vilegiada (estudado anteriormente). Vejamos a tabela
o agente pratica a conduta não com a finalidade de a seguir para facilitar seu entendimento:
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro. CORRUPÇÃO PASSIVA
Trata-se de crime material e consuma-se quando PREVARICAÇÃO
PRIVILEGIADA
o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda o
Praticar, deixar de praticar Retardar ou deixar de pra-
ato de ofício.
ou retardar ato de ofício ticar ato de ofício
Por outro lado, a pena da corrupção passiva será
aumentada de 1/3 (um terço) se, em consequência Para satisfazer interes-
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou Cedendo a pedido ou in- se ou sentimento pes-
deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica fluência de outrem soal (não há atuação de
56 infringindo dever funcional. terceiro)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Você pode entender interesse ou sentimento pessoal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio, amizade,
preguiça, entre outros.

Dica
Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
� Não admite a forma culposa;
� Pode ser praticada de forma omissiva (retardar ou deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
� Admite tentativa apenas quando praticado de forma comissiva.

Tentativa na prevaricação:
� Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício: não admite tentativa;
� Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei: admite tentativa.

Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

A prevaricação imprópria se configura quando o diretor de penitenciária e/ou agente público deixar de cumprir
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.
Trata-se de crime próprio, só podendo ser praticado pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário público
que tem o dever funcional de impedir que o preso tenha acesso a aparelho de comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo.

Sobre a prevaricação imprópria, é importante ressaltar:

z Não admite a forma culposa;


z Não admite tentativa.

Condescendência Criminosa

A condescendência criminosa está prevista no art. 320, do Código Penal:

Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exer-
cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Este crime pode ser praticado de duas formas:


81
8-

z Quando o funcionário público, por indulgência, deixar de responsabilizar o subordinado que cometeu infra-
70

ção no exercício do cargo;


.

z Quando o funcionário público, que não é competente para responsabilizar aquele que cometeu infração no exercí-
93

cio do cargo, por indulgência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.
.0
98

A doutrina majoritária entende que o crime de condescendência criminosa só pode ser praticado por superior
-2

hierárquico, que, dolosamente, se omite. O funcionário que foi beneficiado não responde pelo delito em tela.
py

Você pode entender indulgência como compaixão, pena, piedade, clemência.


p

Há um requisito que deve ser cumprido para a prática da condescendência criminosa: uma infração funcional
Tu

(que pode ser uma violação administrativa ou penal) praticada por subordinado no exercício das atribuições do
o

seu cargo.
ul

A consumação dá-se quando o superior toma conhecimento da infração e não providencia imediatamente a
Pa

responsabilização do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente.


Sobre a condescendência criminosa, fique atento:

z Não admite a forma culposa;


z É crime omissivo;
z Não admite tentativa.
DIREITO PENAL

Como é possível observar, os crimes de corrupção passiva privilegiada, prevaricação e condescendência crimi-
nosa possuem características similares. Vejamos as diferenças:

CORRUPÇÃO PASSIVA
PREVARICAÇÃO CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
PRIVILEGIADA
O agente deixa de praticar ato de ofí- O agente deixa de praticar ato de ofício O agente deixa de praticar ato de ofí-
cio cedendo a pedido ou influência de para satisfazer sentimento ou interes- cio (responsabilizar o subalterno) por
outrem se pessoal indulgência 57
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Advocacia Administrativa Sobre esse crime, leve em consideração os seguin-
tes pontos:
O crime de advocacia administrativa, previsto no
art. 321, do Código Penal, pode ser praticado na moda- z A violência arbitrária não admite a forma culposa,
lidade simples ou qualificada. devendo ser praticada dolosamente;
z Admite tentativa;
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, inte- z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o
resse privado perante a administração pública, administrado contra o qual é praticada a violência
valendo-se da qualidade de funcionário arbitrária;
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa z A violência tem que ser praticada arbitrariamente,
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo: não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da de uso necessário e progressivo da força, admiti-
multa. das em lei;
z O crime aperfeiçoa-se ainda que as vítimas da
Modalidade simples: configura-se quando o fun- agressão não sofram lesões;
cionário público patrocinar, direta ou indiretamente, z Caso alguma das vítimas sofra lesão ou morra, o
interesse privado perante a Administração Pública, agente responderá por este crime e pelo crime cor-
valendo-se da qualidade de funcionário. respondente à violência praticada (lesões corpo-
É necessário que a condição de funcionário públi- rais ou homicídio).
co proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que
patrocina interesse de terceiro, pessoa privada; caso Abandono de Função
não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo,
O crime de abandono de função está tipificado no
o fato será atípico.
art. 323, do CP.
O agente pode praticar este crime de diversas
maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição,
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos
solicitando um benefício. permitidos em lei:
Modalidade qualificada: o crime de advocacia Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
administrativa será qualificado caso o interesse pri- § 1º Se do fato resulta prejuízo público:
vado seja ilegítimo. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na fai-
� Forma simples: interesse privado legítimo; xa de fronteira:
z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Sobre a advocacia administrativa, fique atento em A conduta típica é: abandonar cargo público, fora
dos casos permitidos em lei.
sua prova:
O nome do crime é abandono de função, porém,
o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
z Não admite a modalidade culposa;
importante que você saiba que o conceito de função
z É crime formal, que se consuma com a conduta, pública é mais amplo que o de cargo público (não há
81

não se exigindo que se atinja o interesse privado cargo sem função, mas há função sem cargo).
8-

pleiteado;
70

Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero


z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa abandono de função pública (apesar do nome) ou de
.
93

quando for possível se fracionar o iter criminis; emprego público, mas tão somente no caso de aban-
.0

z É desnecessário que o fato ocorra na própria repar- dono de cargo público (não se admite a analogia in
98

tição em que trabalha o agente. Este pode usar da malam partem).


-2

sua qualidade de funcionário para pleitear favores Trata-se de um crime de mão própria, ou seja, só
py

em qualquer esfera da Administração. pode ser praticado pelo funcionário público ocupante
p

do cargo que foi abandonado. Este abandono deve ser


Tu

Violência Arbitrária por tempo juridicamente relevante.


o

De acordo com posicionamento doutrinário majoritá-


ul

Art. 322 Praticar violência, no exercício de função rio, as hipóteses de greve não configuram este tipo penal.
Pa

ou a pretexto de exercê-la. As hipóteses em que o agente abandona o cargo


Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da público, admitidas em lei, não configuram o crime de
pena correspondente à violência. abandono de função.
O crime de abandono de função tem circunstân-
Este delito encontrava divergência quanto a sua cias que o qualificam:
aplicação, tendo em vista as edições realizadas pela
z Se o fato resulta prejuízo público;
Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869, de 2019).
z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
Esta discussão não mais possui fundamento, sendo
de fronteira.
que esta lei não tipificou o crime de violência arbitrá-
ria. Sendo assim, o delito ainda se encontra em vigor. Cabe destacar a qualificadora do § 2º, que diz res-
A prática da violência deve dar-se em razão da peito à faixa de fronteira. Essa qualificadora é uma
função pública, não havendo a exigência de que seja norma penal em branco, visto que a definição da fai-
praticada no efetivo desempenho das funções do car- xa de fronteira é fornecida pela Lei nº 6.634, de 1979,
go, podendo, portanto, ser praticada, por exemplo, compreendendo um raio de 150 (cento e cinquenta)
58 por um funcionário público que se encontre de folga. quilômetros ao longo das fronteiras nacionais.
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O fundamento desta qualificadora é a proteção à Se um particular entrar no exercício da função
soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa-
vulnerável. ção de função pública (art. 328, do CP).
Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele- Sobre o tipo penal em comento, é importante
vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo deter- saber:
minado. Entende a doutrina que o prazo será fixado
pelo estatuto a que estiver submetido o funcionário z Não admite a forma culposa;
público. z Admite tentativa.
Em regra, o prazo será de 30 (trinta) dias — pra-
zo previsto na maioria dos estatutos de servidores Violação de Sigilo Funcional
públicos.
O crime de violação de sigilo funcional encontra-se
Dica previsto no art. 325, do Código Penal:

Sobre o crime de abandono de função, leve para Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão
a sua prova: do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
� É crime omissivo; facilitar-lhe a revelação:
� Não admite tentativa; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
� Só pode ser praticado dolosamente — não ta, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
admite a culpa.
I - permite ou facilita, mediante atribuição, forne-
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
Prolongado mas de informações ou banco de dados da Adminis-
tração Pública;
Este crime está previsto no art. 324, do CP. II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis-
Art. 324 Entrar no exercício de função pública tração Pública ou a outrem:
antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
oficialmente que foi exonerado, removido, substi- Este delito irá se configurar quando o agente público
tuído ou suspenso: revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
Este crime pode ser praticado de duas formas:
Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao
seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
função pública afeta a prestação de serviços públicos. e que deva permanecer em segredo;
Conduta típica: entrar no exercício de função z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou razão do cargo e que deva permanecer em segredo.
81

continuar a exercê-la, sem autorização, depois de


8-

saber oficialmente que foi exonerado, removido, É importante mencionar que o agente toma conhe-
70

substituído ou suspenso: cimento do fato em relação ao qual deve permanecer


.

Este crime pode ser praticado de duas formas:


93

em segredo em razão do cargo que ocupa, não se exi-


.0

gindo que tenha sido no efetivo desempenho das atri-


98

z Entrar no exercício de função pública antes de buições do cargo.


-2

satisfeitas as exigências legais; Logo, o crime pode ser praticado no caso de o


z Continuar a exercer a função pública, sem autori- agente tomar conhecimento do fato durante período
py

zação, depois de saber oficialmente que foi exone- de licença, mas em razão do cargo.
p
Tu

rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido O Código Penal apresenta duas formas equipara-
que o funcionário público tenha sido oficialmente das do crime de violação de sigilo funcional. Observe:
o
ul

comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs-


Pa

tituição ou suspensão. Neste aspecto, ressalta-se Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
que o crime é instantâneo e prescinde de habitua- que:
lidade da conduta para sua consumação.
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
Observe que o exercício funcional ilegalmente mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
antecipado ou prolongado somente pode ser prati- forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
DIREITO PENAL

cado por funcionário público já nomeado, mas ainda mas de informações ou banco de dados da Admi-
sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte), nistração Pública;
ou então pelo indivíduo que era funcionário público, z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.
porém deixou de sê-lo em razão de ter sido oficial-
mente exonerado, removido, substituído ou suspenso Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
(parte final). dano à Administração Pública ou a outrem.
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, Sobre este crime, fique atento:
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen- z Só será praticado dolosamente — não admite for-
te indicada no tipo penal. ma culposa; 59
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z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excepcionais, a exemplo de ser praticado na forma escrita.

Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência

Este tipo penal era previsto no art. 326, e foi revogado pelo art. 337-J, também do Código Penal.

Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Os crimes praticados por particular contra a Administração Pública estão previstos entre os arts. 328 e 337-A,
do Código Penal.
Tratam-se de crimes comuns, que não exigem nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito ativo,
podendo ser praticados por qualquer pessoa.

Usurpação de Função Pública

O crime de usurpação de função pública se configura quando o agente usurpar o exercício de função pública.

Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:


Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

Usurpar significa apoderar-se, tomar algo pela força ou sem direito.


Inicialmente, é importante que você não confunda o usurpador de função com o funcionário ou agente público
de fato (assunto bastante cobrado, tanto na disciplina direito penal, quanto na disciplina direito administrativo):

z Usurpação de função pública: o agente exerce a função sem nenhum tipo de investidura, apoderando-se
dela. É crime;
z Funcionário ou agente de fato: o agente exerce a função pública, por ter ocorrido alguma irregularidade.
Não é crime.

Importante!
Segundo posicionamento doutrinário majoritário, é necessário, para fins de consumação, que o agente exe-
cute algum ato inerente ao exercício da função, não configurando o crime a mera apresentação a terceiros
como funcionário público.
81
8-
70

Vamos exemplificar:
.
93

Exemplo 1: Antônio apresenta-se como policial militar para seus conhecidos como forma de se autovalori-
.0

zar. Não há que se falar em configuração do crime de usurpação de função pública, já que o agente não praticou
98

nenhum ato inerente ao exercício da função policial militar, podendo, conforme o caso, configurar outra infração
-2

penal.
Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente, uma farda da polícia militar. Em determinado dia, ele pro-
py

move uma falsa barreira e passa a abordar as pessoas que nela passam. Há a prática do crime de usurpação de
p
Tu

função pública, já que o agente praticou ato inerente ao exercício da função policial militar.
Não confunda o crime de usurpação de função pública com o crime exercício funcional ilegalmente antecipa-
o
ul

do ou prolongado:
Pa

EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO


USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA:
OU PROLONGADO:
O agente não possui vínculo algum com a Administração O agente possui algum tipo de vínculo com a Administra-
Pública (em relação à função usurpada) ção Pública
É crime praticado por particular contra a Administração É crime praticado por funcionário público contra a Admi-
Pública nistração Pública

Há uma forma qualificada do crime de usurpação de função pública:

Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem:


Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Ocorre se, do fato, o agente auferir vantagem (qualquer tipo de vantagem e não necessariamente financeira).
60 Sobre o crime de usurpação de função pública, é importante que você leve em consideração:
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z Não admite a modalidade culposa; z Resistência qualificada: se, em razão da resistên-
z Admite tentativa; cia, o ato não se executa.
z Pode ser praticado por funcionário público, segun-
do posicionamento que prevalece, mas a função Por fim, leve para a sua prova: o agente responde-
usurpada deve ser totalmente alheia à função dele rá pela resistência e pela violência empregada.
(sendo ele considerado particular); Vejamos: se, para se opor à execução de ato legal
z É crime formal, não se exigindo para a sua configu- praticado por funcionário competente, o particular
ração prejuízo ou dano à Administração Pública; usa de violência, causando lesão corporal de nature-
z Ação penal pública incondicionada. za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e
lesão grave.
Resistência
Desobediência
O crime de resistência está previsto no art. 329, do
Código Penal: Este crime está previsto no art. 330, do Código
Penal. Se configura quando o agente desobedecer à
Art. 329 Opor-se à execução de ato legal, mediante ordem legal de funcionário público.
violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. público:
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e
executa: multa.
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí- Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que:
zo das correspondentes à violência.
z Deve haver uma ordem: significa determinação,
A conduta típica deste crime é opor-se à execução mandamento. O não atendimento de mero pedido
de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcio- ou solicitação não caracteriza o crime;
nário competente para executá-lo ou a quem lhe este- z A ordem deve ser legal: material e formalmente.
ja prestando auxílio. Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal;
Sobre a conduta típica, as seguintes informações z Deve ser emanada de funcionário público com-
são muito importantes: petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia
requisita informação bancária e o gerente do ban-
z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário co não atende. Não há crime, pois o gerente só está
público seja legal; obrigado a fornecer a informação se houver deter-
z Se o ato praticado por funcionário público for ile- minação judicial;
gal, não há que se falar em resistência; z É necessário que o destinatário tenha o dever jurí-
z Exige-se que o funcionário público seja competen- dico de cumprir a ordem. Além disso, não haverá
te para executar o ato; crime se a recusa se der por motivo de força maior
z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre- ou por ser impossível por algum motivo o seu
gada diretamente contra o funcionário competen- cumprimento.
81

te, podendo ser empregada contra o terceiro que


8-

esteja auxiliando o funcionário.


70

A ordem deve ser legal. Caso de trate de ordem


ilegal, não há que se falar na configuração deste tipo
.
93

Sobre a resistência, é importante que você leve em penal.


.0

consideração: Sobre a desobediência, é importante que você leve


98

em consideração:
-2

z Deve ser praticada dolosamente;


py

z A oposição constitui um ato positivo, devendo o z Não admite a culpa;


agente empregar violência ou grave ameaça;
p

z Pode ser praticada tanto na forma omissiva quan-


Tu

z O emprego de violência ou ameaça contra dois ou to na forma comissiva;


mais funcionários públicos, em uma situação fáti-
o

z Na forma omissiva, não admite tentativa; na for-


ul

ca, configura crime único8. ma comissiva, admite;


Pa

z Deve haver ordem emanada por funcionário


O direito brasileiro não pune a resistência passiva, público, não caracterizando este crime a mera
que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso solicitação.
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
ser preso, deita-se no chão para impedir o ato. Desacato
A violência ou ameaça deve ser empregada contra
pessoa, não constituindo o crime se empregada contra
DIREITO PENAL

O crime de desacato, previsto no art. 331, do Código


coisa (posição dominante). Penal, tem como conduta típica desacatar funcionário
É crime formal, que se consuma com a prática público no exercício da função ou em razão dela.
da violência ou ameaça.
Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí-
do iter criminis. cio da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

8  (TJSP — Rel. Onei Raphael — RT 577/342). 61


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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Desacatar = ofender, faltar com respeito. a pretexto de influir em ato praticado por funcioná-
Não se exige que o funcionário público esteja no rio público no exercício da função:
efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
caracterização do crime de desacato, mas sim que a Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,
ofensa se dê em razão da função pública. se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-
Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, bém destinada ao funcionário.
que estava no exercício de sua função, de “policialzinho
de merda”, quando este estava prestes a prender aquele. Conduta típica: solicitar, exigir, cobrar ou obter,
Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
em um restaurante em Porto Seguro, durante as férias vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
deles, de “policialzinho de merda”, pelo fato de Cássio funcionário público no exercício da função.
tê-lo prendido no passado. Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser prati-
Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, cado com o exercício de qualquer um dos verbos pre-
de “babaca sem noção”, em uma partida de futebol, vistos no tipo penal:
pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele.
Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa- z Solicitar;
cato, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em z Exigir;
razão da função exercida pelo funcionário público. z Cobrar;
No exemplo 3, não há que se falar em desacato. z Obter.
Embora Cássio seja funcionário público, a ofensa pro-
ferida pelo agente em nada tem a ver com a função O agente não tem influência sobre o funcionário
pública. público, mas passa a impressão de que a tem, com a fina-
Sobre o desacato, é importante que você fique lidade de obter vantagem ou promessa de vantagem.
atento às seguintes considerações: Caso o agente realmente tenha poder de influência
sobre o funcionário público que praticará o ato, não
z O desacato pode dar-se por qualquer meio: insul- há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
tos, vias de fato, gestos, entre outros; entanto, configurar-se outro crime.
z O desacato deve ser praticado contra funcionário Sobre o tráfico de influência, é importante que
público, não caracterizando este tipo penal a críti- você tome cuidado com as seguintes informações:
ca ou ofensa à repartição pública;
z É crime formal, que se consuma com a prática da z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
conduta descrita no tipo penal, independentemen- penal, por falta de previsão legal desta conduta;
te de o funcionário público se considerar ofendido z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
ou não; solicitação, exigência ou cobrança.
z Só pode ser praticado dolosamente; z No caso do verbo obter, o crime é material;
z Deve ser praticado na presença do funcionário z Só pode ser praticado dolosamente;
público — doutrina dominante. z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
promessa de vantagem para si ou para outrem.

Importante! A pena do crime de tráfico de influência será


81

aumentada de metade se o agente alega ou insinua


8-

Não se confunde o crime de desacato com os que a vantagem é também destinada ao funcionário.
70

crimes contra a honra. No desacato, a ofensa é


.
93

digirida à figura do funcionário público e não à Corrupção Ativa


.0

pessoa em si. Deste modo, a doutrina majoritária


98

entende que o crime de desacato deve ser prati- O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333, do
-2

cado na presença do funcionário público, ao pas- Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em
py

so que, caso a ofensa seja irrogada na ausência relação aos crimes contra a Administração Pública.
p

física do funcionário, será caracterizado crime


Tu

contra a honra. Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida


a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
o
ul

omitir ou retardar ato de ofício.


Pa

Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
pela descriminalização do crime de desacato, por multa.
entender que este crime viola a liberdade de expres- Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
são do indivíduo, em julgamento de habeas corpus. se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou posicionamento nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
do tribunal no sentido de que o desacato continua sendo infringindo dever funcional.
crime, pois isso não viola a liberdade de expressão.
Conduta típica: oferecer ou prometer vantagem
Tráfico de Influência indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
O crime de tráfico de influência está previsto no
art. 332, do Código Penal: CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA
Solicitar
Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Oferecer
Receber
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
Aceitar Prometer
62
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Fique atento às informações a seguir, muito importantes em relação à corrupção ativa:

z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal prevê mais de um verbo para sua prática: oferecer e prome-
ter. Por exemplo, João oferece uma quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal para não ser multado
pela prática de infração de trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em dinheiro ao guarda municipal
quando retornar ao seu veículo que está estacionado em local proibido;
z É crime formal, que se consuma com a prática da conduta delituosa, não se exigindo que o funcionário
público aceite a vantagem ou promessa de vantagem;
z Não admite a forma culposa;
z Exige-se dolo específico: a intenção de determinar o funcionário público a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício;
z Caso o particular ceda à solicitação (corrupção passiva) ou à exigência (concussão), e entregue vantagem inde-
vida, seja em pagamento ou dando algo, a sua conduta será atípica, conforme posicionamento jurisprudencial
majoritário;
z A pena da corrupção ativa será aumentada de 1/3 (um terço) se em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
nário público retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Não confunda os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e concussão:

CORRUPÇÃO ATIVA CORRUPÇÃO PASSIVA CONCUSSÃO


Verbos: oferecer e prometer Verbos: solicitar, receber e aceitar Verbo: exigir
Praticado por particular contra a Admi- promessa
nistração Pública Crime praticado por funcionário públi-
É crime quando o agente, com oferta Quando se tratar de corrupção passi- co contra a Administração Pública
ou promessa de vantagem, quer que va privilegiada, quando o funcionário
o funcionário público retarde ato de público “dá o jeitinho” e não pratica O agente exige, para si ou para outrem,
ofício, omita ato de ofício ou pratique o ato que deveria, o particular figu- vantagem indevida, direta ou indireta,
ato de ofício ra como partícipe por ter praticado o ainda que fora da sua função pública,
Quando a corrupção ativa é para obter induzimento ou antes de assumi-la, mas em razão
voto, o crime será o tipificado no art. dela
229, do Código Eleitoral
Se o agente se limitar a pedidos como
“dar um jeitinho” ou “quebrar o galho”,
não se configura crime de corrupção
ativa por falta de elementares

Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento


81

O crime de subtração ou inutilização de livro ou documento está previsto no art. 337, do CP.
8-
70

Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de
.
93

funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:


.0

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.
98
-2

Tutela-se a Administração Pública, em relação ao normal funcionamento da atividade administrativa.


py

Cabe destacar que o livro oficial, processo ou documento (público ou particular) é confiado à custódia de fun-
cionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público.
p
Tu

Por isso, é dever que seja confiada a custódia a funcionário, em razão de ofício, não se verificando este crime
quando alguém subtrai ou inutiliza, total ou parcialmente, um livro oficial, processo ou documento de quem não
o
ul

o guarda por conta da sua função.


Pa

É importante analisar que, na parte final do preceito primário do dispositivo em estudo, há a expressão “ou de
particular em serviço público”, pois existem, em certas hipóteses excepcionais, particulares que desempenham
funções públicas (por exemplo, mesário nas eleições). Observe que se alguém subtrair ou inutilizar, total ou par-
cialmente, algum documento confiado a essas pessoas, a ele será imputado o crime de subtração ou inutilização
de livro ou documento.
Sobre o núcleo do tipo:
DIREITO PENAL

Subtrair: retirar o livro oficial, processo ou documento do local em que se encontra, dele se apoderando o
agente.
Inutilizar: tornar imprestável o livro oficial, processo ou documento, total ou parcialmente. Não se reclama
sua efetiva destruição.
Consuma-se o crime em estudo no instante em que o livro oficial, processo ou documento é subtraído, median-
te seu apoderamento pelo agente, seguido da inversão da sua posse e sua consequente retirada da esfera de vigi-
lância da vítima, ou então inutilizado, total ou parcialmente.
Observe que se o documento se destina a fazer prova de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a si próprio ou
a terceiro, o fato constituirá crime mais grave.
Sobre o este tipo penal, é importante ficar atento ao seguinte: 63
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z É crime comum;
z Admite tentativa;
z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele apenas caso não se configure um crime mais grave;
z Na hipótese de o documento destinar-se a fazer prova de relação jurídica, e o agente visar beneficiar a si pró-
prio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave;
z Somente será praticado na modalidade dolosa.

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Denunciação Caluniosa

A denunciação caluniosa está prevista no art. 339, do Código Penal:

Art. 339 Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação admi-
nistrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe
inocente:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

Tem como figura típica a seguinte conduta: dar causa direta ou indireta à instauração de investigação policial,
de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade adminis-
trativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente.
Como é possível se extrair pela leitura da figura típica, o crime pode ser praticado mesmo que o agente dê
causa a outro procedimento, ainda que não seja processo judicial, a exemplo de investigação policial ou adminis-
trativa. É importante compreender isso, pois muitas questões abordam esta situação.
Sobre o crime de denunciação caluniosa, é importante ficar atento ao seguinte:

z Só pode ser praticado dolosamente. Parte da doutrina não admite o dolo eventual neste crime, já que o tipo
penal exige que o agente saiba que o fato é imputado contra pessoa inocente.

A denunciação caluniosa poderá se configurar quando o agente imputa crime que realmente aconteceu contra
pessoa que sabe ser inocente ou quando imputa a alguém a prática de crime que não existiu (neste caso, não há
dúvidas sobre a inocência da pessoa, já que o fato sequer aconteceu);

z É necessário que o fato imputado seja crime ou contravenção penal (no caso de contravenção penal, a pena será
reduzida de metade), não se configurando este tipo penal caso o agente impute infração administrativa ou civil;
z É crime comum;
z Admite a forma tentada. Por exemplo, o agente narra ao delegado de polícia que o autor de determinado crime
81

foi a pessoa A, mas o delegado não inicia qualquer investigação porque o verdadeiro autor do crime é B, que
8-

se apresenta e confessa ter cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter iniciado qualquer investigação;
70

z A pessoa contra quem se imputa o crime deve ser determinada, sendo ela, assim como o Estado, o sujeito pas-
.

sivo da prática delituosa;


93

z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o crime de calúnia.


.0
98

A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto.
-2

No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a pena será diminuída de metade, caso a imputação seja de
py

prática de contravenção penal.


p

Observe as principais diferenças entre a denunciação caluniosa e o crime de calúnia:


Tu
o

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA CALÚNIA


ul
Pa

É crime contra a administração da justiça É crime contra a honra


A ação penal é pública incondicionada; discute-se na A ação penal é privada
doutrina e jurisprudência se o processo por denunciação Punida pelo fato de o agente ofender a honra objetiva da
caluniosa pode ser iniciado antes do desfecho do procedi- vítima
mento ou ação originários É admitida a imputação falsa apenas de crime
Punida pelo fato de o agente movimentar falsamente o
aparato estatal, tentando prejudicar a vítima perante o
Estado
É admitida a imputação falsa de crime ou contravenção
penal

Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção

Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não
se ter verificado:
64 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
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Importante!
Ao contrário do que ocorre no crime de denunciação caluniosa, no crime de falsa comunicação de crime ou
contravenção, o agente não individualiza o autor do fato que não existiu, mas apenas comunica à autoridade
crime ou contravenção penal que sabe não ter ocorrido.

Sobre este crime, é importante mencionar que:

z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente comunica à autoridade, sem intenção, crime ou contravenção
penal, provocando a ação desta, este tipo penal não estará configurado;
z É crime comum;
z Admite tentativa;
z Se o fato imputado for infração administrativa ou civil, não irá se configurar o crime;
z A maioria da doutrina, não se configura o crime quando o agente se limita a comunicar ilícito penal diverso
do que realmente ocorreu, desde que o fato comunicado e o que realmente ocorreu sejam crimes da mesma
natureza;
z Se o agente faz a comunicação falsa para tentar ocultar outro crime por ele praticado, responde também pela
comunicação falsa de crime.

COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU


DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
CONTRAVENÇÃO
O agente não aponta pessoa certa e determinada como O agente aponta pessoa certa e determinada como autora
autora da infração penal, mas apenas comunica fato da infração penal
inexistente
Adota alguma ação com finalidade de apurar os fatos Instaura inquérito policial, procedimento investigatório cri-
minal, processo judicial, processo administrativo discipli-
nar, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa

Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Facebook relacionada a um aborto. De imediato, ligou para uma
delegacia de polícia e comunicou o crime ao delegado de polícia, que iniciou as investigações sobre o fato. Entre-
tanto, não sabia José Carlos que o aborto não existiu, já que a publicação se tratava de uma brincadeira por parte
daquele que a realizou.
Não há que se falar em figura típica da comunicação falsa de crime, já que o agente não teve dolo de comunicar
falsamente o fato que não existiu.

Autoacusação Falsa
81
8-
70

Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem:
.

Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.


93
.0

É possível a configuração deste tipo penal quando o agente se acusar de:


98
-2

z Crime não existente (a conduta criminosa sequer foi praticada, sequer existiu);
py

z Crime existente, mas praticado por outra pessoa (a conduta criminosa foi realmente realizada, mas foi outro
p

indivíduo que a praticou).


Tu
o

Sobre a autoacusação falsa, é importante levar em consideração:


ul
Pa

� Só pode ser praticado dolosamente;


z Admite a modalidade tentada na forma escrita, quando a confissão falsa remetida se extravia;
z Não se exige que seja praticado apenas perante a autoridade policial, mas pode ser na presença de qualquer
autoridade competente (delegado de polícia, membro do Ministério Público, autoridade judicial etc.);
z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da autoridade para a consumação do crime, bastando a autoa-
DIREITO PENAL

cusação falsa;
z O direito da autodefesa não permite que se impute falsamente crime a si mesmo.

Falso Testemunho ou Falsa Perícia

O crime de falso testemunho ou falsa perícia está previsto no art. 342, do Código Penal.

Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 65
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Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser z Seja realizado no processo em que ocorreu o ilícito
praticado mediante a execução de quaisquer um dos (no processo em que se deu o falso e não no proces-
verbos previstos no tipo penal. so referente ao falso).
Sua consumação ocorre com o encerramento do
depoimento. Não responderá pelo crime de falso testemunho a
Sobre o crime de falso testemunha ou falsa perícia, pessoa que praticar as condutas descritas no tipo penal
é importante levar para a sua prova: incriminador com a finalidade de não se autoincriminar.
Lembre-se de que ninguém será prejudicado por
z Não admite a forma culposa; não produzir provas contra si mesmo.
Quando a testemunha mente por estar sendo
z Sujeito ativo: É crime de mão própria, que só
ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
poderá ser praticado por uma das pessoas pre-
responde pelo crime de falso testemunho.
vistas no tipo penal (testemunha, perito, conta-
dor, tradutor ou intérprete).
Corrupção Ativa de Testemunha ou Perito

Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou


Importante! qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
� O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
verbos previstos no tipo penal não pratica o crime perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
de falso testemunho, já que ele não é testemunha; Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
� Os investigados ou acusados não cometem o
crime de falso testemunho, pois não são consi- O art. 343, do Código Penal, apresenta um outro
derados testemunhas; tipo penal, chamado por parte da doutrina de corrup-
� As pessoas descompromissadas ou dispensa- ção ativa de testemunha contador, perito, intérprete
das de depor, bem como as pessoas proibidas ou tradutor.
de depor, poderão ser responsabilizadas pelo
delito em tela. z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra-
dutor ou intérprete;
Segundo posicionamento doutrinário dominante: z Finalidade: fazer com que as pessoas façam afir-
mação falsa, neguem ou calem a verdade em depoi-
z O falso testemunho não admite coautoria, mas é mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
possível a participação;
z A falsa perícia admite coautoria e participação. Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex-
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de
Causas de Aumento de Pena obter prova destinada a produzir efeito em proces-
so penal ou em processo civil em que for parte enti-
Art. 342 [...] dade da administração pública direta ou indireta.
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a
81

se cometido com o fim de obter prova destinada a um terço), se o crime é:


8-

produzir efeito em processo penal, ou em processo


70

civil em que for parte entidade da administra-


z Cometido com o fim de obter prova destinada a
.

ção pública direta ou indireta.


93

produzir efeito em processo penal;


.0

O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão z Cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
98

a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um duzir efeito em processo civil em que for parte enti-
-2

sexto) a um terço se o crime é: dade da Administração Pública direta ou indireta.


py

Sobre o crime de corrupção ativa de testemunha


p

z Praticado mediante suborno;


Tu

z Cometido com o fim de obter prova destinada a contador, perito, intérprete ou tradutor, é importante
produzir efeito em processo penal; ficar atento ao seguinte:
o
ul

z Cometido com o fim de obter prova destinada a


Pa

produzir efeito em processo civil em que for par- z Não pode ser praticado culposamente;
te entidade da Administração Pública direta ou z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal;
indireta. z No verbo dar, é crime material;
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o
Retratação — Causa Especial de Extinção da iter criminis;
Punibilidade z O crime de corrupção ativa de testemunha ou
perito deixa de ser punível se, antes da sentença
Art. 342 [...] no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sen- retrata ou declara a verdade, mas não se estende
tença no processo em que ocorreu o ilícito, o ao crime apurado no procedimento em que a tes-
agente se retrata ou declara a verdade. temunha faltou com a verdade.

Se o agente se retratar ou falar a verdade, poderá Coação no Curso do Processo


ter extinta a punibilidade do crime, desde que isso:
Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com o
z Seja realizado antes da sentença (ainda prevalece o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
66 entendimento de que se trata da sentença recorrível); tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que
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funciona ou é chamada a intervir em processo judi- Aplica-se a pena em dobro se a inovação se destina
cial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: a produzir efeito em processo penal, ainda que não
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
indiciado o agente.
da pena correspondente à violência.
Exemplo: Carlos praticou o crime de homicídio, ao
O crime de coação no curso do processo é aquele matar Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinhei-
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente ro. Com a finalidade de simular uma hipótese de legíti-
emprega violência ou grave ameaça contra pessoas ma defesa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca,
que participam do processo ou juízo arbitral. fraudulentamente, nas mãos da vítima, uma arma de
Observe as duas hipóteses: fogo, modificando o estado de pessoa.
Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
z Suponha que André tenha praticado um crime de pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
roubo a um supermercado, estando ele sendo proces- vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
sado por isso. Thais, funcionária do supermercado,
é testemunha, tendo sido marcado um dia para que
ela comparecesse em juízo para dar seu depoimento. Sobre o crime de fraude processual, fique atento
André, com a finalidade de favorecer seus próprios ao seguinte:
interesses, vai à casa de Thais e, utilizando-se de uma
arma de fogo para ameaçá-la, exige que ela diga que z É crime comum;
não foi ele quem praticou o fato, mas outra pessoa. z Não admite a modalidade culposa;
André praticou o crime de coação no curso do pro- z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
cesso, já que empregou grave ameaça contra pessoa perito;
chamada a intervir em processo judicial;
z É crime formal, que se consuma com a prática da
z Aproveitando a mesma hipótese anterior, porém,
agora André, sabendo sobre o que Thais disse na conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
inquirição, vai à casa dela e, utilizando-se de uma efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
arma de fogo para ameaçá-la, diz que irá matá-la z Admite a modalidade tentada.
por não dizer que foi outra pessoa que praticou o
crime, por tê-lo incriminado. André, nesta hipótese,
praticou o crime de ameaça, uma vez que empregou Importante!
grave ameaça contra a pessoa após o depoimento,
exaurindo-se a participação daquela na ação. A respeito do direito à não autoincriminação,
vejamos o entendimento do STJ: “O direito à não
Caso o agente se utilize de violência para praticar o autoincriminação não abrange a possibilidade
crime de coação no curso do processo, responderá por de os acusados alterarem a cena do crime, ino-
este, além da pena correspondente à violência.
vando o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
Sobre a coação no curso do processo, fique atento
às seguintes informações: para, criando artificiosamente outra realidade,
levar peritos ou o próprio Juiz a erro de avaliação
z Pode ser praticado contra as autoridades respon- relevante”9.
81

sáveis pela condução do processo, como juízes,


8-

promotores, delegados de polícia, entre outros;


70

z Só pode ser praticado dolosamente; Exploração de Prestígio


.
93

z Exige-se o dolo específico por parte do agente de


.0

favorecer interesse próprio ou alheio; Está previsto no art. 357, do CP:


98

z É crime formal, que se consuma com o uso de vio-


-2

lência ou grave ameaça, independentemente de o Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
coagido ceder;
py

outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jura-


z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser
p

do, órgão do Ministério Público, funcionário de jus-


Tu

praticado por escrito e haver extravio. tiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
o

Fraude Processual Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.


ul

Parágrafo único. As penas aumentam-se de um


Pa

Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, ou utilidade também se destina a qualquer das pes-
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o soas referidas neste artigo.
juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Não se deve confundir este tipo penal com o cri-
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produ-
me de tráfico de influência, previsto no art. 332, do CP.
DIREITO PENAL

zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-


do, as penas aplicam-se em dobro. Vejamos a diferença na tabela a seguir:

Com previsão legal no art. 347, do Código Penal, EXPLORAÇÃO DE


o crime de fraude processual se configura quando o TRÁFICO DE
PRESTÍGIO
agente inovar artificiosamente, na pendência de pro- INFLUÊNCIA (ART. 332)
(ART. 357)
cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coi-
sa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou Crime contra a administra- Crime contra a adminis-
ção da justiça tração em geral
o perito.
9  (STJ: HC 137.206/SP, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª Turma, j. 01.12.2009). 67
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EXPLORAÇÃO DE Este crime está previsto no art. 359, do CP, e se
TRÁFICO DE configura quando o agente exercer função, atividade,
PRESTÍGIO
INFLUÊNCIA (ART. 332)
(ART. 357) direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou
Solicitar, exigir, cobrar privado por decisão judicial.
Solicitar ou receber dinheiro ou obter, para si ou para O crime de desobediência a decisão judicial sobre
ou qualquer outra utilidade, a outrem, vantagem ou perda ou suspensão de direito, inserido no Código
pretexto de influir em promessa de vantagem, Penal entre os crimes contra a administração da justi-
a pretexto de influir em ça, representa uma modalidade especial do delito de
desobediência, capitulado no art. 329, do CP, entre os
Juiz, jurado, órgão do Minis-
Em ato praticado por fun- crimes praticados por particular contra a administra-
tério Público, funcionário de
cionário público no exer- ção em geral.
justiça, perito, tradutor, in-
cício da função Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
térprete ou testemunha
legal emanada de funcionário público. No entanto, o
crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
A pena do crime de exploração de prestígio será especializantes, pois o agente não desobedece a uma
aumentada de 1/3 (um terço) se o agente alega ou insi- simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
nua que o dinheiro ou utilidade também se destina rio público.
ao juiz, ao jurado, ao órgão do ministério público, ao Neste crime, o agente vai além, exercendo função,
funcionário de justiça, ao perito, ao tradutor, ao intér- atividade, direito, autoridade ou múnus de que estava
prete ou à testemunha. suspenso ou privado por decisão judicial.
Sobre o crime de exploração de prestígio, leve para Tutela-se a administração da justiça.
a sua prova: Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata de
crime próprio ou especial, pois somente pode ser prati-
z É crime comum, que poderá ser praticado por cado pela pessoa que, por decisão judicial, foi suspensa
qualquer pessoa; ou privada relativamente ao exercício de determinada
z Só poderá ser praticado dolosamente; função, atividade, direito, autoridade ou múnus.
z No verbo solicitar, é crime formal; O sujeito passivo é o Estado.
z No verbo receber, é crime material; Consuma-se com o simples exercício da função,
z Admite tentativa. atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o
agente foi suspenso ou privado por decisão judicial,
Violência ou Fraude em Arrematação Judicial ainda que desta conduta não seja produzido nenhum
resultado naturalístico.
Art. 358 Impedir, perturbar ou fraudar arrema- Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a
tação judicial; afastar ou procurar afastar con- determinação emanada do Poder Judiciário.
corrente ou licitante, por meio de violência, grave
Sobre este crime, é importante que você leve em
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
consideração as seguintes informações:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
além da pena correspondente à violência.
z Só poderá ser praticado dolosamente;
81

Arrematação judicial, também conhecida como z Admite a modalidade tentada;


8-

leilão ou praça, é o ato de transferência dos bens z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
70

penhorados do devedor, em que um funcionário da decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
.
93

justiça apregoa e um interessado os adquire, em hasta trativa, não se configurará este tipo penal.
.0

pública, pelo maior lance.


98

Trata-se de atividade inerente ao Poder Judiciário,


-2

consistente em verdadeira expropriação destinada à


HORA DE PRATICAR!
py

satisfação de crédito não cumprido voluntariamente.


p

Sobre este crime, é importante ficar atento ao


Tu

seguinte: 1. (FGV — 2021) Carlos, 18 anos de idade, pretendendo parti-


cipar de uma festa em que era proibida a entrada de meno-
o
ul

z É crime comum, que pode ser praticado por qual- res de 21 anos, cola um papel com ano de nascimento
Pa

quer pessoa; diverso do real em uma xerox do seu documento de iden-


z Não admite a forma culpada; tidade que mantinha em sua residência. Após a colagem
z Admite tentativa quando o agente não consegue, da data de nascimento, que indicaria falsamente que teria
por circunstâncias alheias a sua vontade, impedir, 22 anos, Carlos faz nova fotocópia, dessa vez já nela cons-
perturbar ou fraudar a arrematação judicial; tando a alteração em relação à data de nascimento.
z No caso de emprego de violência, responderá o Uma semana após, Carlos comparece ao evento preten-
agente, também, por ela. dido e apresenta ao segurança particular a fotocópia da
carteira de identidade, que não estava autenticada, com a
Desobediência a Decisão Judicial Sobre Perda ou data de nascimento diversa da real. O segurança, todavia,
Suspensão de Direito acionou policiais militares, desconfiando da autenticidade
do documento apresentado.
Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori- Carlos foi denunciado pelos crimes de falsificação de
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por documento público e uso de documento público falso em
decisão judicial: concurso material. Com base apenas na situação apre-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou sentada, a defesa de Carlos, sob ponto de vista técnico,
68 multa. poderá buscar
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) o reconhecimento do crime único de uso de documen- Considerando que as empresas públicas gozam de
to público falso. autonomia administrativa e financeira, é correto afir-
b) o reconhecimento do crime único de uso de documen- mar que o prefeito
to particular falso.
c) a absolvição, diante da atipicidade decorrente do a) praticou corrupção ativa.
material utilizado. b) praticou corrupção passiva.
d) a desclassificação para os crimes de falsificação de c) praticou peculato-desvio.
documento particular e uso de documento particular, d) praticou apropriação indébita.
em concurso material. e) não praticou crime.
e) a desclassificação para os crimes de falsificação de
documento particular e uso de documento particular, 6. (FGV — 2021) Jonas, agente policial de determinado
em continuidade delitiva. estado, e seu primo Hélio, desempregado, subtraíram
da delegacia na qual o primeiro exercia suas funções,
2. (FGV — 2022) Tiago foi denunciado pelo Ministério
computadores que haviam sido substituídos por equi-
Público pelos crimes de falsificação de documento
pamentos novos e que se encontravam guardados,
particular (Art. 298 do Código Penal) e estelionato (Art.
tendo a dupla se aproveitado das facilidades decor-
171 do Código Penal), em concurso material (Art. 69 do
rentes do cargo exercido por Jonas.
Código Penal), por ter protocolizado pedido de restitui-
ção e declaração de compensação de tributos junto à
Administração Fazendária, buscando auferir saldo de Ao tomar conhecimento dos fatos, a autoridade poli-
compensação de créditos inexistentes, cujo valor seria cial deverá reconhecer que Jonas praticou:
superior àquele dos débitos de sua empresa.
a) crime de peculato, devendo Hélio responder pelo mes-
‘ Nesse caso, com relação ao crime de falsificação de mo delito;
documento particular imputado, é correto afirmar que b) crime de furto qualificado, assim como Hélio;
c) crime de peculato, enquanto Hélio responderá por
a) trata-se de um crime autônomo que é sempre punível. peculato culposo;
b) trata-se de um crime-fim que é sempre punível. d) crime de peculato, enquanto Hélio responderá por fur-
c) trata-se de um crime-meio que é sempre punível. to qualificado;
d) trata-se de um crime-meio, que é punível se o crime- e) crime de peculato, enquanto Hélio responderá por fur-
-fim também o for. to simples.
e) trata-se de um crime-meio, que é punível se ele não se
exaurir no crime-fim, não sendo por este absorvido. 7. (FGV — 2021) Desejando apropriar-se de dinheiro
público, Caio, funcionário concursado da Prefeitura de
3. (FGV — 2022) Quanto ao crime de falsidade ideológi- Manaus, elabora o seguinte plano criminoso: (1) valen-
ca, assinale a afirmativa correta. do-se de seu cargo e função na secretaria de fazenda
daquele município, Caio cadastra a conta-corrente da
a) O elemento “devia constar” é elemento normativo do empresa de seu cunhado Tício como sendo uma das
tipo, que pode converter-se em lei penal em branco se contas de uma das empresas que vencera uma lici-
o dever for legal.
81

tação para execução de serviços à prefeitura; (2) ao


b) Não é possível a configuração do delito na modalidade
8-

realizar a autorização para pagamento dessa empre-


70

crime omissivo. sa, Caio destina apenas 95% dos valores à conta-cor-
c) Na inserção indireta, a terceira pessoa deve ter conhe-
.

rente da empresa regularmente contratada e 5% para a


93

cimento de que confecciona o documento de maneira conta-corrente da empresa de seu cunhado; (3) Tício,
.0

falsa.
98

por sua vez, saca os valores, dividindo-os com Caio na


d) No caso de concurso de pessoas, é possível que um
-2

proporção de 50% para cada um; (4) Mévio, também


agente responda por inserir e, outro, por fazer inserir. funcionário concursado da prefeitura e trabalhando na
py

e) O delito é despido de especial de agir, bastando a


mesma secretaria, cuja responsabilidade é conferir os
p

declaração de conteúdo falso.


Tu

pagamentos autorizados por Caio antes da liberação,


deixa, por negligência, de fazer a conferência, de modo
o

4. (FGV — 2022) Em relação ao crime de peculato-desvio,


ul

que o desvio ocorre.


é correto afirmar que
Pa

A responsabilidade penal de Caio, Tício e Mévio, res-


a) o agente atua no sentido de inverter a posse da coisa,
pectivamente, se configura como:
agindo como se fosse dono.
b) o mero proveito econômico não é suficiente para tipifi-
car o crime. a) peculato doloso, estelionato qualificado, peculato culposo;
c) se consuma no momento em que o agente manifesta b) peculato doloso, peculato doloso, peculato culposo;
DIREITO PENAL

a intenção de desviar a coisa. c) peculato culposo, peculato doloso, nenhum crime;


d) a obtenção de proveito próprio é requisito para a con- d) peculato doloso, peculato doloso, nenhum crime;
sumação do crime. e) estelionato qualificado, estelionato qualificado, nenhum
e) a obtenção de proveito alheio é requisito para a consu- crime.
mação do crime.
8. (FGV — 2020) Ao receber a intimação para efetuar
5. (FGV — 2022) Sem ter acesso direto ao valor em espé- pagamento decorrente de condenação judicial, o réu,
cie, determinado prefeito desvia grande soma de recur- pessoa de baixa instrução, entrega o valor pertinente
sos público de empresas públicas municipais, utilizando ao oficial de justiça Roberto, que o utiliza para o paga-
o valor para custear sua campanha de reeleição. mento de uma dívida própria. 69
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Sobre a conduta praticada por Roberto, é correto afir- Assim agindo, José está incurso no crime:
mar que:
a) material de corrupção passiva, punível com pena de
a) o fato é atípico porque o Código Penal não pune o cha- reclusão de quatro a dez anos, e multa;
mado peculato de uso; b) formal de concussão, punível com pena de reclusão
b) foi cometido o crime de peculato mediante erro de de dois a doze anos, e multa;
outrem, já que o oficial de justiça não colaborou para o c) material de prevaricação, punível com pena de reclu-
erro do sujeito passivo; são de dois a oito anos, e multa;
c) Roberto deve responder pelo crime de peculato na moda- d) formal de corrupção ativa, punível com pena de reclu-
lidade apropriação, definido no art. 312 do Código Penal; são de quatro a doze anos, e multa;
d) Roberto cometeu o crime de corrupção passiva por- e) material de advocacia administrativa, punível com
que recebeu vantagem indevida em razão do cargo; pena de reclusão de quatro a dez anos, e multa.
e) não há crime devido ao exercício regular de um direito.
12. (FGV — 2020) Oficial de justiça que deixa de dar cum-
9. (FGV — 2022) O registrador titular do Ofício de Regis- primento integral a mandado de penhora em razão de
tro de Imóveis de determinada cidade, durante os sentir pena do proprietário do bem penhorado comete,
meses de maio a junho do ano de 2021, cobrou, em em tese, o crime de:
cinco registros de imóveis, emolumentos que sabia
indevidos, num total de R$ 30.000,00, ao aplicar proce- a) corrupção passiva privilegiada;
dimento diverso do estabelecido na Lei Complementar b) abandono de função;
estadual que regula o tema, quando em um dos lados c) violação de sigilo profissional;
negociais existiam duas ou mais pessoas. d) corrupção passiva simples;
e) prevaricação.
Sobre o delito de excesso de exação, é correto afirmar
que: 13. (FGV — 2022) Com base no Código Penal e na juris-
prudência atualizada dos Tribunais Superiores acerca
a) o tipo penal pune a conduta de cobrança de tributo não devi- do crime de desacato, analise as afirmativas a seguir
do, não acobertando hipótese de valor acima do correto; e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
b) o tipo penal pune a conduta de cobrança de tributo acima
do valor correto, não acobertando uso de meio vexatório; ( ) O tabelião pode ser sujeito passivo primário do crime
c) o elemento subjetivo do crime é o dolo específico, consis- de desacato.
tente na vontade de empregar meio gravoso na cobrança; ( ) O crime de desacato foi recepcionado pela Constitui-
d) o tipo exige, além dos normais requisitos do dolo com rela- ção da República de 1988.
ção aos elementos de fato, o saber que a exação é indevida; ( ) Se o réu, que comete o crime de desacato, for reinci-
e) a dúvida escusável diante da complexidade de determina- dente em crime doloso e portador de maus antece-
da lei tributária não afeta a configuração do delito. dentes, o juiz, na sentença condenatória, pode fixar o
regime fechado para cumprimento da pena.
10. (FGV — 2022) Determinado ocupante de cargo público ( ) Considerando as circunstâncias do caso, o juiz pode
indicou duas servidoras para o exercício de cargos em deixar de aplicar a pena privativa de liberdade e con-
comissão. Valendo-se da posição hierárquica, desde denar o réu, que cometeu o crime de desacato, apenas
81

a data da investidura de cada uma delas, o agente ao pagamento de multa pela prática do delito.
8-
70

passou a exigir, para si, vantagem mensal indevida,


à ordem de R$ 2.000,00. Referido comportamento As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente,
.
93

foi reiterado 49 vezes, alcançando o valor total de


.0

R$ 146.000,00. Os pagamentos ocorriam mediante a) V – F – F – V.


98

envelopes depositados sobre a mesa de trabalho do b) F – V – V – F.


-2

acusado ou mediante transferências bancárias, com c) F – V – F – V.


py

manutenção de rigoroso controle por parte do agente, d) V – F – V – V.


p

que mantinha contracheque das servidoras e caderno


Tu

de registro de créditos. 14. (FGV — 2021) Sandro, ao sair de um bar onde confra-
o

ternizara com amigos, assume o volante de seu veí-


ul

Para o enquadramento jurídico-penal, é correto afirmar culo para voltar para casa e é surpreendido com uma
Pa

que tal comportamento constitui o delito de Blitz da Operação Lei Seca na avenida por onde passa-
va. Os policiais determinam que Sandro pare seu carro
a) apropriação indébita. e indagam se ele poderia realizar o teste do etilômetro.
b) concussão. Apesar de ter ingerido bebida alcoólica, Sandro acre-
c) extorsão. dita que a quantidade será inferior à configuração de
d) constrangimento ilegal. crime pelo aparelho.
e) peculato. Ao constatar a quantidade de álcool expelida por San-
dro ao soprar o aparelho, o policial Robson informa a
11. (FGV — 2021) José, servidor público ocupante de car- Sandro que ele estaria preso em flagrante pela práti-
go efetivo da Câmara Municipal de Beta, com vontade ca do crime do artigo 306 da Lei nº 9.503/97. Muito
livre e consciente, exigiu, para si, diretamente, no exer- assustado, Sandro pergunta a Robson se não pode-
cício da função, vantagem indevida consistente em riam resolver aquele problema de uma outra forma e
30 mil reais do sócio- administrador da empresa Alfa, oferece a Robson R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para
contratada por aquela Casa Legislativa, para não rela- que fosse liberado. O policial recusa o pagamento e
tar fato desabonador da conduta da citada sociedade leva Sandro preso para a Delegacia da área, onde narra
70 empresária. os dois fatos.
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Com base nas informações apresentadas, em relação c) Para a configuração do crime é necessário que a pes-
à oferta de vantagem formulada por Sandro é correto soa intimidada atue no processo.
afirmar que d) É irrelevante para a configuração do crime se a amea-
ça deriva de um motivo justo.
a) deverá ser acusado pela prática do crime de corrupção e) O delito, por ser formal, não admite a forma tentada na
passiva consumada, por ser crime formal. sua execução.
b) deverá responder pela prática do crime de corrupção
passiva tentada, por ser crime formal. 19. (FGV — 2022) Caio, pessoa maior de 18 anos e não
c) deverá responder pela prática do crime de corrupção vulnerável, escolheu a prostituição como atividade
ativa tentada, por ser crime material. laborativa. Determinado dia, ante a falta do pagamen-
d) deverá responder pela prática do crime de corrupção to ajustado com cliente pelo serviço sexual prestado,
passiva consumada por ser crime material. se apodera de bens a ele pertencentes, visando seu
e) deverá ser acusado pela prática do crime de corrupção ressarcimento.
ativa consumada, por ser crime formal.
Caio deverá responder por:
15. (FGV — 2022) João dos Santos é empresário e supri-
miu contribuição previdenciária, ao omitir receitas
a) furto;
auferidas e demais fatos geradores de contribuições
b) roubo;
sociais previdenciárias nos documentos comerciais e
c) apropriação indébita;
tributários da sua empresa.
d) estelionato;
e) exercício arbitrário das próprias razões.
É correto afirmar que essa conduta caracteriza crime de
20. (FGV — 2022) Em relação ao delito de coação no curso
a) apropriação indébita previdenciária.
b) sonegação de contribuição previdenciária. do processo, é correto afirmar que:
c) crime contra a ordem tributária.
d) descaminho. a) o processo judicial afetado pela coação deve ser de
e) falsificação de documento público. natureza criminal;
b) ameaças proferidas antes da formalização do inquéri-
16. (FGV — 2021) Aquele que oferece ou promete vantagem to permitem a caracterização do crime;
indevida a um funcionário público, para que ele pratique, c) não pode ser praticado no decorrer de procedimento
omita ou retarde ato de ofício comete o crime de investigatório criminal do Ministério Público;
d) a existência de procedimento alfandegário de verifica-
a) descaminho. ção de bagagens pode ser considerada para o delito;
b) corrupção ativa. e) não pode ser praticado no decorrer de inquérito civil
c) tráfico de influência. presidido pelo Ministério Público.
d) usurpação de função pública.
e) exercício funcional ilegal. 9 GABARITO
81

17. (FGV — 2022) Em determinado dia, durante a saída


dos alunos da escola municipal Beta, Hermes, pai 1 C
8-
70

da aluna Harmonia, invadiu a sala de aula e agrediu


2 E
o professor Ares com socos e chutes. As agressões
.
93

foram geradas em razão de Harmonia, de 14 anos, 3 A


.0

ter informado que vinha sofrendo assédio por parte


98

do professor, consistente em insistentes toques não 4 B


-2

consentidos em seu cabelo e sua cintura. Após as


5 C
py

agressões, Hermes deixou a escola acompanhado por


p

sua filha. Ares foi atendido, medicado e retomou suas 6 A


Tu

atividades rotineiras três dias depois.


7 B
o
ul

Nessa hipótese, Hermes:


Pa

8 B
a) está isento de pena; 9 D
b) responderá por lesões corporais leves;
c) responderá por exercício arbitrário das próprias razões; 10 B
d) responderá por exercício arbitrário das próprias razões
11 B
em concurso formal com lesões corporais leves;
DIREITO PENAL

e) responderá por exercício arbitrário das próprias razões 12 E


em concurso material com lesões corporais leves.
13 C
18. (FGV — 2022) Quanto ao delito de coação no curso do
14 E
processo, assinale a afirmativa correta.
15 B
a) Trata-se de crime comum, desprovido de especial fim
de agir. 16 B
b) Trata-se de crime material, de perigo concreto à ade-
17 E
quada prestação de resolução de conflitos. 71
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18 D

19 E

20 B

ANOTAÇÕES

81
8-
.70
93
.0
98
-2
p py
Tu
o
ul
Pa

72
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A ação penal pública pode ser incondicionada,
quando a propositura da ação não depende de qualquer
condição especial (o MP age de ofício) ou condicionada,
quando seu exercício depende da existência prévia da

DIREITO PROCESSUAL
representação da vítima ou da requisição do Ministro
da Justiça (as chamadas condições de procedibilidade).
Por outro lado, a ação é privada quando o autor é
PENAL a vítima ou seu representante legal.
A ação penal privada pode ser exclusiva, quando a
iniciativa é da vítima ou de seu representante, caso seja
incapaz ou menor. No caso de falecimento da vítima,
a ação pode ser proposta por seus sucessores, ou seja
, pelo cônjuge/companheiro, ascendente, descendente
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ou irmão (caso a ação já esteja em curso, essas pessoas
prosseguem na ação no lugar da pessoa falecida).
DA AÇÃO PENAL A ação penal privada pode ser, ainda, personalís-
sima, quando somente pode ser proposta pela vítima
O Título III, do Código de Processo Penal, dispõe (se ela for menor, espera-se a maioridade; se for inca-
sobre a ação penal, entre os seus arts. 24 a 62. paz, aguarda-se o eventual restabelecimento, e, em
Vale lembrar que a ação penal também é tratada caso de morte, não há possibilidade de sucessão).
nos arts. 100 ao 106, do Código Penal, motivo pelo qual Por fim, a ação privada pode ser subsidiária da
é essencial, para o completo entendimento da presen- pública, quando, na ação pública, ocorre a inércia do
te matéria, o estudo dos mencionados artigos do CP. MP, hipótese em que a iniciativa passa a ser da vítima.
Resumidamente, entende-se por ação penal o pro-
cedimento judicial iniciado pelo titular da ação, isto é, Condições Gerais da Ação
pelo órgão público (Ministério Público) ou pela vítima,
quando há indícios de autoria e de materialidade, soli- Independentemente da modalidade de ação, exis-
citando a prestação jurisdicional que declare proceden- tem condições que devem estar presentes em todas as
te a pretensão punitiva e condene o autor da infração. ações penais. São elas:

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS z Legitimidade de parte;


z Interesse de agir;
Conceito de Ação Penal z Possibilidade jurídica do pedido.

Conforme aponta a maioria da doutrina processual, A legitimidade de parte pode ser entendida como
o direito de ação penal consiste no direito público sub- a possibilidade de ingressar em juízo para postular ou
jetivo de solicitar ao Estado, que é o detentor do direito defender algum direito. Nesse sentido, se a ação for
e do poder de punir (jus puniendi), que, diante da práti- pública, a parte legítima para propô-la (legitimidade
ca de uma infração penal, aplique o direito penal em ativa) é o Ministério Público; se for privada, é o ofen-
um caso concreto. Em outras palavras, é o direito que
81

dido ou o seu representante legal.


ou o Ministério Público (MP) ou o ofendido (querelante)
8-

Por outro lado, podem figurar como acusados


70

possui de provocar o Estado para que aplique as normas (legitimidade passiva) as pessoas físicas maiores de 18
de direito penal em uma situação concreta.
.

anos. Como regra, pessoa jurídica não pode figurar no


93

polo passivo, uma vez que não comete crime, exceto


.0

Espécies de Ação Penal no caso de crimes ambientais.


98

Importante: inimputáveis por razão de doença


-2

Para cada infração prevista em lei existe a defini- mental ou causada por dependência química podem
py

ção de quem é o responsável por desencadear a ação figurar como acusados na ação penal; caso a acusa-
p

penal. O critério diferenciador da ação pública ou pri- ção seja julgada procedente, tais inimputáveis serão
Tu

vada encontra-se no art. 100, do Código Penal. absolvidos, mas a eles será imposta medida de segu-
o

A regra é que a ação penal é pública (caput do art. rança ou tratamento médico para dependência.
ul

100, do CP), sendo o MP seu titular. Nos tipos penais, quan- O interesse de agir, por sua vez, consiste na exis-
Pa

do a lei silencia (nada fala), quer dizer que ação é pública.


DIREITO PROCESSUAL PENAL

tência de indícios suficientes de autoria e de mate-


O instrumento apresentado pelo Ministério Público ao rialidade que possam fundamentar a propositura da
juiz para instaurar a ação penal é a denúncia. Excepcio- ação penal. Além disso, não deve ter ocorrido a extin-
nalmente, quando a lei expressamente indicar, a ação ção da punibilidade.
é de iniciativa privada (caput do art. 100, do CP), sendo Por fim, a possibilidade jurídica do pedido con-
o ofendido ou seu representante o titular. O instrumento siste na possibilidade de que o pedido de prestação
utilizado para dar início à ação penal de iniciativa priva- jurisdicional seja admitido no ordenamento jurídico,
da é a queixa-crime (§ 2º, art. 100, do CP). como, por exemplo, o pedido de condenação a uma
Nesse sentido, a ação penal é pública quando a pena prevista em lei ou a aplicação de uma medida
iniciativa (direito ou poder de obter a manifestação de segurança (não é possível, por exemplo, requerer o
jurisdicional) é exercida exclusivamente por meio do banimento do acusado, por ser uma medida não acei-
Ministério Público. Dessa forma, havendo indícios ta pelo ordenamento pátrio).
de autoria e materialidade obtidos durante as inves- Além das condições gerais aplicáveis a todas as ações
tigações, o MP está obrigado a oferecer a denúncia, penais, existem condições de procedibilidade específi-
que é a peça inicial da ação penal. cas em certas situações, como é o caso da autorização
da Câmara dos Deputados para instauração de processo 73
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contra o Presidente da República, por exemplo (confor- Representação do Ofendido
me determina o inciso I, art. 51, da CF, de 1988).
Apresentado este panorama inicial das modalida- A representação do ofendido consiste na manifesta-
des de ação, vamos à análise das regras referentes à ção de vontade da vítima ou de seu representante legal
ação penal constantes nos arts. 24 e seguintes, do CPP. informando da ocorrência de um crime e, também, de
pedido de providências para que o Ministério Público
INÍCIO DA AÇÃO PENAL ingresse com a ação penal. Da mesma forma que na
requisição do Ministro da Justiça, a representação do
Art. 24 Nos crimes de ação pública, esta será ofendido é uma condição de procedibilidade, isto é, uma
promovida por denúncia do Ministério Público, condição para que o MP possa oferecer a denúncia.
mas dependerá, quando a lei o exigir, de requi- Importante: a representação é também conhecida
sição do Ministro da Justiça, ou de representa- como delatio criminis postulatória.
ção do ofendido ou de quem tiver qualidade para Assim como no caso da requisição, a represen-
representá-lo. tação não obriga o Ministério Público a oferecer a
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando denúncia; somente caso entenda que existam provas
declarado ausente por decisão judicial, o direito é que o promotor oferece a denúncia.
de representação passará ao cônjuge, ascenden- A representação não exige formalidade especial,
te, descendente ou irmão. devendo somente deixar claro, de maneira inequívoca, a
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em vontade da vítima de ver o ofensor processado (basta que
detrimento do patrimônio ou interesse da União, conste nos autos que a vítima quer oferecer a represen-
Estado e Município, a ação penal será pública.
tação). O art. 39, do CPP, que será estudado mais adiante,
apresenta algumas regras sobre a representação.
Conforme já mencionado anteriormente, no silên-
cio da lei, a ação penal é pública incondicionada, isto é,
Retratação da Representação
será promovida pelo Ministério Público sem que haja
necessidade de manifestação de vontade de terceira Art. 25 A representação será irretratável,
pessoa para seu ajuizamento, mediante a denúncia. depois de oferecida a denúncia.
Excepcionalmente, a lei pode exigir prévia mani-
festação ou da vítima (como no caso do crime de Pode ocorrer de a vítima ou seu representante,
ameaça, previsto no art. 147, do CP) ou do Ministro da depois de oferecida a representação, não mais que-
Justiça (por exemplo, nos crimes contra a honra que rer ver o agente processado (por exemplo, por ser um
tenham como vítima o Presidente da República ou parente e a pessoa não quer causar mais discórdia na
chefe de governo estrangeiro, conforme prevê o art. família). Nos termos do art. 25, do CPP, é permitida a
145, do CP). retratação (manifestação no sentido de não querer
ver a pessoa processada), desde que ocorra antes de o
Dica Ministério Público oferecer a denúncia. Apresentada
a retratação, o MP não pode mais ofertar a denúncia,
Quanto ao direito de representação do § 1º, do
desencadeando a ação penal.
art. 24, lembre-se o mnemônico C-A-D-I:
Uma hipótese que costuma ser cogitada pela doutri-
Cônjuge
81

na e, vez em quando, aparece em concursos públicos,


Ascendente
8-

é a possibilidade da retratação da retratação (tam-


Descendente
70

bém chamada de revogação da retratação). Trata-se da


Irmão
.

hipótese em que o ofendido, ou seu representante, após


93

retratar-se da representação, muda de ideia e resolve


.0

Além do silêncio da lei, existe outro critério, pre- oferecer nova representação (novamente quer ver o
98

visto no § 2º, art. 24, do CPP, que determina que a ação ofensor processado). Tal situação, ainda que não pre-
-2

será pública se o delito for cometido em detrimento vista na lei, é aceita pela doutrina, desde que seja feita
py

do patrimônio de um dos entes da Federação (União, antes que ocorra a extinção da punibilidade do agente.
p

estados/DF ou municípios). A lei nada menciona sobre a possibilidade da


Tu

retratação da requisição do Ministro da Justiça; nesse


o

Requisição do Ministro da Justiça sentido, há divergência na doutrina, mas parece pre-


ul

valecer a ideia de que uma vez oferecida, a requisição


Pa

Conforme se nota do teor do art. 2º, do CPP, a requi- não pode ser revogada.
sição do Ministro da Justiça é uma exigência legal
(chamada de condição de procedibilidade) para que o DELATIO CRIMINIS DIRETA AO MINISTÉRIO
Ministério Público possa exercer seu direito de ação. PÚBLICO
A mais conhecida hipótese de necessidade de requi-
sição, conforme mencionado, é quando ocorre crime Art. 27 Qualquer pessoa do povo poderá provo-
contra a honra do Presidente da República ou chefe de car a iniciativa do Ministério Público, nos casos
governo estrangeiro. em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por
A requisição do Ministro da Justiça não significa escrito, informações sobre o fato e a autoria e indi-
uma ordem ao Ministério Público. Recebida a requisi- cando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
ção, o MP somente vai oferecer a denúncia se houver
justa causa (provas suficientes) para o início da ação. Assim como qualquer pessoa do povo pode procu-
A lei não estabelece um prazo para que o Minis- rar a autoridade policial e dar ciência da ocorrência
tro da Justiça apresente a requisição. Assim sendo, de um delito, qualquer pessoa pode também encami-
enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade do nhar ao MP uma petição na qual requer providências
74 agente, o Ministro da Justiça pode realizar a requisição. e apresenta elementos para formar o convencimento
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do promotor para que este requisite a instauração de Presente qualquer das hipóteses mencionadas,
inquérito policial, ofereça diretamente a denúncia ou, o procedimento a ser seguido é o que consta no art.
caso entenda que não existe uma infração ou que não 28, do CPP, e que foi recentemente alterado de forma
hajam indícios de autoria, requeira o arquivamento, substancial pela Lei nº 13.964, de 2019, conhecida por
nos termos do art. 28, do CPP. Lei Anticrime.
Vale conferir as diferenças entre a antiga e a nova
ARQUIVAMENTO redação do art. 28, do CPP, conforme consta no quadro
a seguir.
Tratando-se de crime de ação penal pública, uma
vez recebidos os autos do inquérito policial, o Minis-
REDAÇÃO APÓS AS
tério Público pode agir de várias formas. Dentre elas, REDAÇÃO ANTERIOR À
ALTERAÇÕES TRAZIDAS
o MP pode oferecer a denúncia, caso entenda que se MODIFICAÇÃO
PELA LEI ANTICRIME
encontram presentes os elementos para dar origem
à ação penal. Pode, por outro lado, requerer a devo- Art. 28 Se o órgão do Mi- Art. 28 Ordenado o arquiva-
lução do inquérito policial (IP) à autoridade policial nistério Público, ao invés mento do inquérito policial
para a realização de novas diligências necessárias ao de apresentar a denúncia, ou de quaisquer elementos
oferecimento da denúncia. Também pode, conforme requerer o arquivamento informativos da mesma na-
do inquérito policial ou de tureza, o órgão do Ministério
será estudado mais adiante, formalizar acordo de não
quaisquer peças de infor- Público comunicará à vítima,
persecução penal. E, caso entenda que o juízo perante mação, o juiz, no caso de ao investigado e à autorida-
o qual atua não é o competente para o julgamento do considerar improcedentes de policial e encaminhará
feito, o MP pode declinar de sua competência, reque- as razões invocadas, fará re- os autos para a instância de
rendo ao juiz que remeta os autos ao juiz competente. messa do inquérito ou peças revisão ministerial para fins
Além das medidas citadas, o MP pode determinar de informação ao procura- de homologação, na forma
o arquivamento do IP quando se encontrar diante de dor-geral, e este oferecerá da lei.
uma das seguintes hipóteses: a denúncia, designará outro § 1º Se a vítima, ou seu re-
órgão do Ministério Público presentante legal, não con-
para oferece-la, ou insistirá cordar com o arquivamento
z Ausência de pressuposto processual ou condição no pedido de arquivamento, do inquérito policial, poderá,
para o exercício da ação penal (por exemplo, quan- ao qual só então estará o juiz no prazo de 30 (trinta) dias
do a vítima retira a representação que havia feito); obrigado a atender. do recebimento da comuni-
z Falta de justa causa para o exercício da ação cação, submeter a matéria
penal (por exemplo, quando não há informações à revisão da instância com-
sobre a autoria do fato); petente do órgão ministerial,
conforme dispuser a respec-
z Atipicidade do fato (quando o fato, de forma evi-
tiva lei orgânica.
dente, não constitui crime); § 2º Nas ações penais rela-
z Certeza da existência de excludende de ilicitude tivas a crimes praticados em
(como um caso claro de legítima defesa); detrimento da União, Esta-
z Existência clara de excludente de culpabilidade, dos e Municípios, a revisão
exceto se tratar-se de hipótese de inimputabilida- do arquivamento do inqué-
de (o inimputável previsto no art. 26, do CP, deve rito policial poderá ser pro-
vocada pela chefia do órgão
81

ser denunciado a fim de que, ao final do processo,


a quem couber a sua repre-
por meio de sentença absolutória imprópria, seja
8-

sentação judicial.
70

imposta a ele medida de segurança);


z Causa extintiva da punibilidade (como a morte
.
93

do agente); A grande mudança trazida pela Lei nº 13.964, de


.0

z Cumprimento do acordo de não persecução penal


98

2019, nas regras relativas ao arquivamento do inqué-


(conforme art. 28-A, do CPP).
-2

rito policial, é que deixa de haver qualquer tipo de


controle judicial sobre o arquivamento apresen-
py

Deste modo, podemos resumir as hipóteses de


tado pelo MP. O controle total sobre o arquivamento
p

arquivamento do IP da seguinte forma:


Tu

passa a ser do Ministério Público.


o
ul

Ausência de justa causa


Pa

Importante!
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ausência de pressuposto
processual ou condição para o Tendo em vista concessão de liminar STF na ADI
exercício da ação penal 6305/DF, a alteração feita no art. 28 referente ao
arquivamento do inquérito policial encontra-se
Atipicidade do fato suspensa. Dessa forma, a redação revogada do
ARQUIVAMENTO art. 28 permanece em vigor enquanto vigorar a
DO INQUÉRITO
POLICIAL decisão do Ministro Luiz Fux.
Excludente de ilicitude

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL


Exceto
Excludente de culpabilidade
inimputáveis
Uma grande novidade introduzida no CPP pela Lei
nº 13.964, de 2019 (Lei Anticrime), foi a previsão do
Extinção da punibilidade acordo de não persecução penal, introduzido no art.
28-A, do CPP: 75
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Art. 28-A Não sendo caso de arquivamento e § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá
tendo o investigado confessado formal e cir- os autos ao Ministério Público para a análise da
cunstancialmente a prática de infração penal necessidade de complementação das investigações
sem violência ou grave ameaça e com pena ou o oferecimento da denúncia.
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério § 9º A vítima será intimada da homologação
Público poderá propor acordo de não persecução do acordo de não persecução penal e de seu
penal, desde que necessário e suficiente para descumprimento.
reprovação e prevenção do crime, mediante § 10 Descumpridas quaisquer das condições estipu-
as seguintes condições ajustadas cumulativa e ladas no acordo de não persecução penal, o Ministé-
alternativamente: rio Público deverá comunicar ao juízo, para fins de
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exce- sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
to na impossibilidade de fazê-lo; § 11 O descumprimento do acordo de não perse-
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos cução penal pelo investigado também poderá ser
indicados pelo Ministério Público como instrumen- utilizado pelo Ministério Público como justificati-
tos, produto ou proveito do crime; va para o eventual não oferecimento de suspensão
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades condicional do processo.
públicas por período correspondente à pena míni- § 12 A celebração e o cumprimento do acordo
ma cominada ao delito diminuída de um a dois ter- de não persecução penal não constarão de cer-
ços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, tidão de antecedentes criminais, exceto para os
na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
dezembro de 1940 (Código Penal);
§ 13 Cumprido integralmente o acordo de não
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos
persecução penal, o juízo competente decretará a
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
extinção de punibilidade.
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública
§ 14 No caso de recusa, por parte do Ministério Públi-
ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da
co, em propor o acordo de não persecução penal, o
execução, que tenha, preferencialmente, como fun-
investigado poderá requerer a remessa dos autos a
ção proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes
órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição
indicada pelo Ministério Público, desde que propor- O acordo de não persecução penal consiste em um
cional e compatível com a infração penal imputada. negócio jurídico (acordo) realizado extrajudicialmen-
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao te entre o Ministério Público e o infrator (acompanha-
delito a que se refere o caput deste artigo, serão do por seu defensor) que confessa de modo formal e
consideradas as causas de aumento e diminuição apresentando as circunstâncias da prática do delito
aplicáveis ao caso concreto. e, para não ser processado, sujeita-se a uma série de
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica condições previstas nos incisos do art. 28-A (o indiví-
nas seguintes hipóteses: duo compromete-se a cumprir as condições que não
I - se for cabível transação penal de competência
implicam no cerceamento da liberdade e, em troca, o
dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
MP não oferece a denúncia).
II - se o investigado for reincidente ou se houver ele-
mentos probatórios que indiquem conduta criminal Embora realizado extrajudicialmente, deve ser
habitual, reiterada ou profissional, exceto se insig- homologado pelo juiz (§ 4º, art. 28-A). Caso o sujeito
81

nificantes as infrações penais pretéritas; cumpra integralmente as condições impostas, sua


8-

III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos punibilidade está extinta; caso negativo, o MP comu-
70

anteriores ao cometimento da infração, em acordo nica o juízo para que seja rescindido o acordo e, em
.
93

de não persecução penal, transação penal ou sus- seguida, oferece a denúncia. Trata-se, portanto, de
.0

pensão condicional do processo; e uma exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação


98

IV - nos crimes praticados no âmbito de violên- penal pública (segundo o qual o MP, estando diante
-2

cia doméstica ou familiar, ou praticados contra a de indícios de autoria e materialidade, deve oferecer
mulher por razões da condição de sexo feminino, a denúncia).
py

em favor do agressor Um aspecto interessante acerca do acordo de não


p

§ 3º O acordo de não persecução penal será formaliza-


Tu

persecução penal é que, uma vez aceito e cumprido,


do por escrito e será firmado pelo membro do Minis-
não gera reflexos na culpabilidade do sujeito, não
o

tério Público, pelo investigado e por seu defensor.


ul

§ 4º Para a homologação do acordo de não perse- podendo sequer constar na certidão de antecedentes
Pa

cução penal, será realizada audiência na qual o juiz criminais da pessoa, exceto para impedir que novo
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da acordo seja realizado dentro do prazo de 5 anos (con-
oitiva do investigado na presença do seu defensor, forme determina o § 12, art. 28-A, do CPP).
e sua legalidade. O esquema a seguir reúne os requisitos para que
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou seja possível celebrar o acordo de não persecução penal:
abusivas as condições dispostas no acordo de não per-
secução penal, devolverá os autos ao Ministério Públi-
co para que seja reformulada a proposta de acordo, REQUISITOS
com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não
persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Cometida sem
Não ser o caso
violência ou
Ministério Público para que inicie sua execução de arquivamento
grave ameaça
perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à propos-
ta que não atender aos requisitos legais ou quando Infração com pena Confissão formal e
não for realizada a adequação a que se refere o § 5º mínima inferior a 4 circunstancialmente e a
anos prática da infração
76 deste artigo.
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Vale mencionar as condições a que fica obrigado o Tanto a denúncia quanto a queixa (ambas também
sujeito, que podem ser aplicadas de forma cumulati- são chamadas, dentre outros nomes, de peça acusa-
va ou alternativa: tória ou de exordial acusatória) são, portanto, os atos
que formalizam a acusação.
z Reparar o dano ou restituir a coisa à vitima (sal- De acordo com o art. 41, a peça acusatória deve
vo impossibilidade de fazê-lo tendo em vista não conter exposição do fato criminoso, com todas as
ter, por exemplo, condições financeiras); suas circunstâncias; não pode, portanto, ser genérica,
z Renunciar bens e direitos, como instrumentos, vaga ou imprecisa. Nesse sentido, veja dois julgados
produto ou proveito do crime; que ilustram a necessidade de expor todas as circuns-
z Prestar serviços comunitários ou a entidades tâncias do fato criminoso:
públicas;
z Pagar prestação pecuniária a entidade pública ou Desacato. É inepta a peça acusatória que apenas
de interesse social; afirma que o acusado proferiu vários impropérios
z Cumprir, por prazo determinado, outras condições contra policial rodoviário federal, sem, contudo,
impostas pelo MP, tais como comprovar mensal- especificá-los. Há necessidade da descrição das
mente o exercício de atividade lícita e o dever de não ofensas irrogadas à vítima de forma expressa e cla-
mudar de endereço sem prévia comunicação. ra (TJRO: RT 786/737).

Por sua vez, o § 2º, art. 28-A, do CPP, elenca 4 hipoté- Estelionato. É inepta a denúncia em que se aventa
ses em que não é permitida a realização do acordo: hipótese de estelionato mas a vantagem patrimo-
nial não é indicada. Há ausência de requisito do
z Se for cabível a transação penal prevista na Lei
tipo (JTJ 170/336).
nº 9.099, de 1995, de competência dos Juizados
Especiais Criminais;
A denúncia ou a queixa devem, também, identifi-
z Se o investigado for reincidente ou se houver ele-
car a pessoa a quem se imputa o fato criminoso.
mentos probatórios que indiquem conduta crimi-
A peça acusatória, ao final, declara os artigos nos
nal habitual, reiterada ou profissional, exceto
quais se inserem os fatos narrados; é o que se denomi-
se insignificantes as infrações anteriores;
na classificação ou capitulação. No entanto, o réu, ao
z Se o sujeito foi beneficiado nos 5 anos anteriores
se defender, faz isso com base nos fatos alegados e não
ao cometimento do crime com outro acordo de
com base na tipificação feita.
não persecução ou por transção penal ou sus-
pensão condicional do processo; Por fim, a lista de testemunhas é facultativa e não
z Nos crimes praticados no âmbito de violência é motivo para a rejeição da denúncia ou da queixa.
doméstica ou familiar, ou praticados contra a
mulher por razões da condição de sexo femini- Princípio da Indisponibilidade
no, em favor do agressor.
Art. 42 O Ministério Público não poderá desis-
DEVER DE COMUNICAÇÃO tir da ação penal.

Art. 40 Quando, em autos ou papéis de que conhe-


81

Uma vez ajuizada a ação penal pública, não cabe


cerem, os juízes ou tribunais verificarem a exis- mais a desistência por parte do Ministério Público.
8-

tência de crime de ação pública, remeterão ao


70

Ministério Público as cópias e os documentos


.

PRAZOS PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA


93

necessários ao oferecimento da denúncia.


.0

Art. 46 O prazo para oferecimento da denún-


98

O art. 40, do CPP, cuida do dever que os juízes têm de


cia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
-2

comunicar o MP caso tomem ciência de infrações que


da data em que o órgão do Ministério Público rece-
se procedem mediante ação penal pública. Neste caso,
py

ber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se


se existirem documentos relacionados que sirvam de
p

o réu estiver solto ou afiançado. No último caso,


Tu

prova, devem ser enviados ao Ministério Público.


se houver devolução do inquérito à autoridade poli-
o

cial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o


DENÚNCIA OU QUEIXA
ul

órgão do Ministério Público receber novamente os


Pa

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 41 A denúncia ou queixa conterá a expo- autos.


sição do fato criminoso, com todas as suas § 1º Quando o Ministério Público dispensar o inqué-
circunstâncias, a qualificação do acusado ou rito policial, o prazo para o oferecimento da denún-
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, cia contar-se-á da data em que tiver recebido as
a classificação do crime e, quando necessário, o peças de informações ou a representação
rol das testemunhas. § 2º O prazo para o aditamento da queixa será
de 3 dias, contado da data em que o órgão do
A denúncia é a petição inicial, formulada pelo Ministério Público receber os autos, e, se este não
Ministério Público, que contém a acusação contra o se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que
agente que praticou fato criminoso, no caso dos cri- não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais
mes que se procedem mediante ação penal pública. termos do processo.
A queixa, por sua vez, é a petição inicial, formu-
lada pelo advogado do ofendido ou de seu represen- A redação do art. 46, do CPP, peca ao mencionar
tante, contra o agente que praticou o fato delituoso, a expressão “réu” onde, na verdade, deveria constar
no caso dos crimes que se procedem mediante ação “indiciado”, uma vez que a figura do réu ou acusado só
penal privada. aparece depois que a peça inicial é recebida pelo juiz. 77
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Vale memorizar os prazos que constam no art. 46:
Importante!
PRAZO PARA Súmula 234-STJ: A participação de membro do
OFERECIMENTO DA
DENÚNCIA
Ministério Público na fase investigatória criminal
não acarreta o seu impedimento ou suspeição
para o oferecimento da denúncia.
Preso: 5 dias a contar do Solto ou afiançado:
recebimento do IP 15 dias

Segundo o § 2º, art. 46, a queixa pode ser aditada LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE
no prazo de 3 dias, a contar da data de recebimento 1995
dos autos.
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
DILIGÊNCIAS COMPLEMENTARES DO MINISTÉRIO
PÚBLICO Disposições Gerais

Art. 47 Se o Ministério Público julgar necessá- A partir do art. 60, a Lei nº 9.099, de 1995 passa a
rios maiores esclarecimentos e documentos com- disciplinar os Juizados Especiais Criminais.
plementares ou novos elementos de convicção,
Art. 60 O Juizado Especial Criminal, provido por
deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer
juízes togados ou togados e leigos, tem competên-
autoridades ou funcionários que devam ou possam cia para a conciliação, o julgamento e a execução
fornecê-los. das infrações penais de menor potencial ofensivo,
respeitadas as regras de conexão e continência.
O MP pode, diretamente, sem a intermediação Parágrafo único. Na reunião de processos, peran-
do juiz, requisitar esclarecimentos, documentos ou te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes
outros elementos de prova, desde que, claro, dentro da aplicação das regras de conexão e continên-
do que permite a lei e fundamentado na necessidade. cia, observar-se-ão os institutos da transação
penal e da composição dos danos civis.
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E Composição dos Juizados Especiais Criminais
DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA
JUSTIÇA O art. 60 da Lei nº 9.099, de 1995 dispõe que os jui-
zados especiais criminais são compostos por juízes
Do Ministério Público togados, somente, ou por juízes togados e leigos.
Juiz togado é o Juiz de Direito de carreira, que
Ao Ministério Público caberá ser o titular da ação goza de todas as prerrogativas inerentes ao cargo de
penal pública, ou seja, processar criminalmente aque- magistrado (art. 95, da CF).
81

Por sua vez, juiz leigo é um auxiliar da Justiça,


les que transgredirem a lei, entretanto essa função
8-

escolhido pelo Tribunal de Justiça entre advogados


será exercida de forma imparcial, pois deverá apenas
70

com mais de 5 anos de experiência. Os juízes leigos são


garantir que a lei seja aplicada ao caso, e não que o
.

restritos à conciliação entre autor e vítima, e as deci-


93

réu seja condenado.


sões deverão ser homologadas pelos juízes togados.
.0

Além dessa função, caberá ao membro do MP


98

atuar como verdadeiro defensor da sociedade, fiscal Competência Material dos Juizados Especiais
-2

da lei, o que chamamos de “custos legis”. Criminais


py
p

Art. 257 Ao Ministério Público cabe: A Lei nº 9.099, de 1995, em seu art. 60, estabelece que
Tu

I - promover, privativamente, a ação penal pública, compete aos juizados especiais criminais conciliar, jul-
gar e executar as infrações de menor potencial ofensivo.
o

na forma estabelecida neste Código; e


ul

II - fiscalizar a execução da lei.


Pa

Conciliar
Ao Ministério Público aplica-se as mesmas regras INFRAÇÕES
de suspeição e impedimento dos juízes que estudamos DE MENOR Julgar
nos artigos anteriores, portanto, não poderá então ser POTENCIAL
titular da ação penal contra seus parentes, esposa ou OFENSIVO
marido, inclusive parentes adquiridos pelo casamen- Executar
to, até o terceiro grau.

Art. 258 Os órgãos do Ministério Público não fun- O que são, então, “infrações de menor potencial
cionarão nos processos em que o juiz ou qualquer ofensivo”? O art. 61 informa que:
das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüí- Art. 61 Consideram-se infrações penais de
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o tercei- menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
ro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes Lei, as contravenções penais e os crimes a que
for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e a lei comine pena máxima não superior a 2
78 aos impedimentos dos juízes. (dois) anos, cumulada ou não com multa.
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Assim, de acordo com a redação do art. 61, da Lei das declarações dos envolvidos e testemunhas, acom-
nº 9.099, de 1995 (após as alterações feitas pela Lei nº panhados, eventualmente, de exames de corpo de
11.313, de 2006), infrações de menor potencial ofen- delito, nas infrações que deixam vestígios.
sivo são: O objetivo do termo é colher, de forma resumida,
elementos de autoria e materialidade. No termo cir-
cunstanciado, a autoridade policial toma o compro-
INFRAÇÕES DE MENOR
misso do envolvido em comparecer ao Juizado. Isso é
POTENCIAL OFENSIVO
o que consta do art. 69, da Lei nº 9.099, de 1995:

Art. 69 A autoridade policial que tomar conhe-


cimento da ocorrência lavrará termo cir-
Crimes a que a lei comine cunstanciado e o encaminhará imediatamente
pena máxima não superior ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, provi-
Contravenções Penais
a 2 anos, cumulada ou não
denciando-se as requisições dos exames periciais
com multa
necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
Quando a lei estabelece “cumulada ou não com mul- tura do termo, for imediatamente encaminhado ao
ta”, quer dizer que basta olhar para a pena máxima, juizado ou assumir o compromisso de a ele com-
que não pode ser superior a 2 anos, independentemen- parecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
te de haver previsão da aplicação da pena de multa. se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica,
São exemplos de infrações de menor potencial o juiz poderá determinar, como medida de cautela,
ofensivo: lesão corporal leve (caput do art. 129, do CP); seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
lesão corporal culposa (§ 6º, do art. 129, do CP); omis- vência com a vítima.
são de socorro (art. 135, do CP); injúria (art. 140, do
CP); ameaça (art. 147, do CP); desobediência (art. 330, Atenção: no que tange a possibilidade de fiança e
do CP), entre outros (a lista é grande). prisão em flagrante, o parágrafo único do art. 69 dita
De acordo com o art. 41 da Lei nº 11.340, de 2006, que, caso o autor do fato for encaminhado imediata-
Lei Maria da Penha, aos crimes cometidos com vio- mente ao juizado ou se comprometer a este comparecer
lência doméstica ou familiar contra a mulher, quando intimado, não poderá ser preso em flagrante,
independentemente da pena prevista, não se apli- bem como não será exigido o pagamento de fiança.
ca a Lei nº 9.099, de 1995. Tendo em vista o disposto no final do parágrafo
Não se aplica também a Lei nº 9.099, de 1995 aos único do art. 69, cabe ressaltar, que não é possível
crimes militares (art. 90-A, da Lei nº 9.099, de 1995). aplicar a Lei nº 9.099 nos crimes e contravenções pra-
Veja que, nessas situações, não se trata de mudança de ticados em situação de violência doméstica, uma vez
competência, mas sim da não aplicação dos dispositivos que estes somente se procedem por inquérito policial.
da Lei nº 9.099, de 1995, que é mais benéfica ao agente. Esse é o entendimento jurisprudencial do STF e STJ.
Atenção: O conceito de infração de menor poten-
cial ofensivo é um dos temas mais cobrados sobre a Art. 70 Comparecendo o autor do fato e a vítima,
matéria. Atenção especial para o conceito do art. 61. e não sendo possível a realização imediata da
audiência preliminar, será designada data
81

próxima, da qual ambos sairão cientes.


8-

Importante! Art. 71 Na falta do comparecimento de qualquer


70

dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua inti-


.
93

Nas hipóteses de crimes continuados ou de con- mação e, se for o caso, a do responsável civil, na
.0

curso formal de crimes, a pena máxima deve ser forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
98

analisada com o aumento máximo previsto na


-2

lei, para então enquadrar ou não como infração Uma vez concluído o termo circunstanciado, os
de menor potencial ofensivo. autos são remetidos ao Juizado Especial Criminal
py

(JECRIM), sendo designada audiência preliminar: é


p
Tu

o início da fase preliminar judicial.


Da Fase Preliminar
o
ul
Pa

As disposições encontram-se nos arts. 69 ao 76, da Importante!


DIREITO PROCESSUAL PENAL

Lei. A fase preliminar desdobra-se em duas: fase pre-


liminar policial e fase preliminar judicial. As infrações de menor potencial ofensivo não
implicam na instauração de inquérito policial
FASE comum, mas sim na lavratura de um termo cir-
PRELIMINAR cunstanciado de ocorrência (TCO).

Audiência Preliminar
Policial Judicial
Art. 72 Na audiência preliminar, presente o
representante do Ministério Público, o autor do
A fase preliminar policial é a realizada pela auto- fato e a vítima e, se possível, o responsável civil,
ridade policial: o Delegado de Polícia lavra o Ter- acompanhados por seus advogados, o Juiz escla-
mo Circunstanciado (ou Termo Circunstanciado de recerá sobre a possibilidade da composição dos
Ocorrência), que é um procedimento mais simples e danos e da aceitação da proposta de aplicação
célere do que o inquérito policial. Trata-se do resumo imediata de pena não privativa de liberdade. 79
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 73 A conciliação será conduzida pelo Juiz ou A homologação do acordo de composição gera
por conciliador sob sua orientação. os seguintes efeitos, dependendo do tipo de ação pre-
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da vista (art. 74, da Lei nº 9.099, de 1995):
Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferen-
temente entre bacharéis em Direito, excluídos os z Ação penal de inciativa privada: Provoca a
que exerçam funções na administração da Justiça renúncia ao direito de queixa (extingue a punibili-
Criminal. dade do agente);
z Ação penal pública condicionada à represen-
tação: Gera a renúncia ao direito de representar
Auxiliares da justiça (também extingue a punibilidade);
z Ação penal pública incondicionada: Não impede
a continuidade; passa-se para a segunda fase (pode
servir diminuir a pena, se configurar arrependi-
mento posterior, previsto no art. 16, do CP).
Recrutados na forma da lei
local
Dica
CONCILIADORES A composição civil é o primeiro instituto despe-
nalizador da Lei nº 9.099, de 1995. Note que o
Preferencialmente
bacharéis em direito espírito da Lei nº 9.099, de 1995 é despenalizar e
desencarcerar: afastar a pena e evitar a restrição
da liberdade do agente.
Excluídos os que exerçam
Não havendo composição civil ou sendo o caso de
funções na administração
da Justiça Criminal ação penal pública incondicionada, passa-se para a
segunda fase da audiência.

Art. 74 A composição dos danos civis será reduzida Transação Penal


a escrito e, homologada pelo Juiz mediante senten-
ça irrecorrível, terá eficácia de título a ser executa- Art. 75 Não obtida a composição dos danos civis,
do no juízo civil competente. será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de ini- de exercer o direito de representação verbal, que
ciativa privada ou de ação penal pública condiciona- será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação
da à representação, o acordo homologado acarreta
na audiência preliminar não implica decadência do
a renúncia ao direito de queixa ou representação.
direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
Art. 76 Havendo representação ou tratando-
-se de crime de ação penal pública incondi-
Reduzida a escrito
cionada, não sendo caso de arquivamento, o
Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou mul-
81

COMPOSIÇÃO DOS Homologada pelo juiz em tas, a ser especificada na proposta.


8-

DANOS CIVIS sentença irrecorrível § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única
70

aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.


.
93

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:


Eficácia de título executivo
.0

I - ter sido o autor da infração condenado, pela


judicial
98

prática de crime, à pena privativa de liberdade, por


-2

sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no
py

Trata-se de audiência que exige o comparecimen- prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restri-
to do(a):
p

tiva ou multa, nos termos deste artigo;


Tu

III - não indicarem os antecedentes, a conduta


z Autor do fato;
o

social e a personalidade do agente, bem como os


ul

z Vítima (caso haja, pois pode ser crime cuja vítima motivos e as circunstâncias, ser necessária e sufi-
Pa

é o Estado) e seus advogados; ciente a adoção da medida.


z Membro do Ministério Público; § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu
z Juiz. defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Públi-
A audiência divide-se em dois momentos: a com- co aceita pelo autor da infração, o Juiz aplica-
posição civil dos danos e a transação penal. rá a pena restritiva de direitos ou multa, que
não importará em reincidência, sendo registra-
da apenas para impedir novamente o mesmo bene-
Composição Civil dos Danos
fício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior
Nessa primeira fase, o membro do MP não participa caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
(exceto se a vítima for incapaz). A fase nada mais é do § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º
que uma tentativa de conciliação, realizada pelo Juiz deste artigo não constará de certidão de antece-
ou por colaborador, que visa obter um acordo entre dentes criminais, salvo para os fins previstos
autor e vítima para a composição dos danos civis. Caso no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
haja acordo, nesse caso, sim, acompanhado pelo MP, é cabendo aos interessados propor ação cabível no
80 lavrado termo, que será homologado pelo juiz. juízo cível.
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A transação penal é um acordo feito entre o Ministério Público (titular da ação penal) e o autor do fato. Por
meio desse acordo, o autor do fato (que está acompanhado de advogado), compromete-se a cumprir imediata-
mente uma pena de multa ou restritiva de direitos; por outro lado, o MP não dá prosseguimento, deixando
de deflagar a ação penal.

Autor da infração for condenado


Exige-se que a condenação seja
à pena privativa de liberdade pela
por sentença definitiva
prática de crime

NÃO CABERÁ
Ter sido beneficiado, nos últimos 5
TRANSAÇÃO PELO
anos, pela transação penal
QUANDO

O autor da infração deve ter


Não ficar demonstrado que a
antecedentes, conduta social e
transação penal seja necessária
personalidade favoráveis à adoção
e suficiente para o caso concreto
do benefício

Para que seja possível a transação, o agente não pode ter sido condenado anteriormente, pela prática de
crime, à pena privativa de liberdade e nem pode ter sido beneficiado, nos últimos 5 anos, pela transação penal.
Além disso, seus antecedentes, sua conduta social e personalidade, assim como os motivos e a circunstância da
infração, devem ser favoráveis ao agente (inciso III, do § 2º, do art. 76). Por fim, o autor da infração deve aceitar
a transação, que deve ser assinada, também, por seu advogado.
Atente-se para o fato de que a condenação anterior deve ser pela prática de crime, à pena privativa de liber-
dade, por sentença definitiva. Desse modo, caso o agente for condenado anteriormente por contravenção penal,
mesmo que por pena restritiva de direitos ou multa, não poderá esta impedir a concessão da transação penal.
No caso de transação referente a crime ambiental (de menor potencial ofensivo), deve, ainda, haver a prévia
composição do dano ambiental (exceto caso haja impossibilidade comprovada de realizá-la). É o que prevê o art.
27, da Lei nº 9.605, de 1998, Lei de Crimes Ambientais:

Art. 27 Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva
de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada
desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso
81

de comprovada impossibilidade.
8-
70

A transação deve ser homologada por sentença do juiz (sentença condenatória imprópria).
.
93

Da sentença, cabe o recurso de apelação.


.0

A sentença:
98
-2

z Impõe o cumprimento da pena imposta (multa ou restritiva de direitos);


z Impede nova transação no prazo de 5 anos;
py

z Não gera efeito civil: Se a vítima pretender indenização, deve ingressar com ação de conhecimento.
p
Tu

Em casos de descumprimento da transação penal pelo agente, o Ministério Público poderá dar continuidade à
o
ul

persecução penal, oferecendo a denúncia ou realizando a requisição de inquérito policial. É o que rege a Súmula
Pa

Vinculante nº 35:
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Súmula Vinculante nº 35 STF A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099, de 1995 não
faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Minis-
tério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial.

Importante!
� A transação penal não gera a reincidência, podendo ser apenas registrada;
� A transação penal só será concedida novamente após o prazo de 5 anos;
� A transação penal não ficará constada nas certidões de antecedentes criminais;
� A transação penal não tem efeitos civis.
� O descumprimento da transação penal pelo agente, permite o MP dar continuidade na persecução penal.
81
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Disposições Finais O art. 89 da Lei n° 9.099, de 1995 é de grande
importância, uma vez que se aplica não só aos crimes
Por último, cabe tratar do art. 89 da Lei, um dos sujeitos ao rito dos juizados especiais criminais, mas a
mais importantes tópicos para sua prova e que, con- qualquer crime que se encaixe nos requisitos previs-
forme visto, trata da suspensão condicional do pro-
tos no artigo.
cesso, também chamada de sursis processual.
Para que se aplique o benefício, devem estar pre-
sentes os seguintes requisitos:
Art. 89 Nos crimes em que a pena mínima comi-
nada for igual ou inferior a um ano, abrangi-
das ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao z Pena mínima igual ou inferior a um ano (levan-
oferecer a denúncia, poderá propor a suspen- do-se em conta as causas de aumento e diminuição
são do processo, por dois a quatro anos, desde de pena);
que o acusado não esteja sendo processado z O acusado não ter sido condenado anteriormente;
ou não tenha sido condenado por outro crime, z O acusado não estar respondendo a outro pro-
presentes os demais requisitos que autoriza- cesso criminal;
riam a suspensão condicional da pena (art. 77
z As circunstâncias judiciais serem favoráveis.
do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu
defensor, na presença do Juiz, este, recebendo Dica
a denúncia, poderá suspender o processo, sub-
metendo o acusado a período de prova, sob as As circunstâncias judiciais (ou inominadas) estão
seguintes condições: previstas no art. 59 do Código Penal. São elas:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de culpabilidade, antecedentes; conduta social; per-
fazê-lo; sonalidade; motivos do crime; circunstâncias do
II - proibição de freqüentar determinados lugares; crime; consequências do crime e comportamento
III - proibição de ausentar-se da comarca onde resi-
de, sem autorização do Juiz; da vítima.
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juí-
zo, mensalmente, para informar e justificar suas Aceitando a proposta de suspensão, o acusado fica
atividades. sujeito a um período de prova, ficando o processo
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições suspenso por um prazo de 2 a 4 anos, durante o qual
a que fica subordinada a suspensão, desde o beneficiário deve cumprir as condições previstas
que adequadas ao fato e à situação pessoal do no § 1º, do art. 89 (reparar o dano, salvo impossibili-
acusado.
dade de fazê-lo; proibição de frequentar determina-
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do pra-
dos lugares; proibição de ausentar-se da comarca sem
zo, o beneficiário vier a ser processado por outro
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a autorização e comparecimento mensal em juízo para
reparação do dano. justificar as atividades), sem prejuízo de outras condi-
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acu- ções fixadas pelo juiz.
sado vier a ser processado, no curso do prazo, Importante destacar as condições para que ocorra
por contravenção, ou descumprir qualquer a suspensão condicional do processo, previstas no §1º
outra condição imposta. do art. 89. Vejamos no esquema a seguir:
81

§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz


8-

declarará extinta a punibilidade.


70

§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO


.

suspensão do processo. (CONDIÇÕES)


93

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista


.0

neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulte-


98

riores termos.
-2

Reparação do dano, salvo impossibilidade de


py

A suspensão condicional do processo consiste em fazê-lo


p

mais uma medida despenalizadora prevista na Lei nº


Tu

9.099, de 1995.
o

Atenção: O primeiro aspecto quanto à Suspensão


ul

Condicional do Processo é que esta será aplicada nos


Pa

Proibição de frequentar determinados lugares


crimes em que a pena mínima cominada for igual
ou inferior a um ano. É importante que o leitor não
confunda os prazos das penas das Infrações de Menor
Potencial Ofensivo (IMPO) e as da Suspensão Condicio-
nal do Processo. Vejamos a tabela comparativa a seguir: Proibição de ausentar-se da comarca onde
reside, sem autorização do Juiz
SUSPENSÃO
INFRAÇÕES DE MENOR
CONDICIONAL DO
POTENCIAL OFENSIVO
PROCESSO Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
Pena MÁXIMA Pena MÍNIMA mensalmente, para informar e justificar suas
atividades
Até 2 anos Até 1 ano

Outro ponto curioso é que, na suspensão condicional Qual a vantagem de se aceitar o sursis processual? Se
do processo, o Ministério Público propõe a suspensão ao cumpridas as condições, ao final do período de prova,
82 oferecer a denúncia, o que difere da transação penal. é declarada extinta a punibilidade do beneficiário.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Se o beneficiário descumpre alguma condição, a
suspensão: RESOLUÇÃO 1.324, DE 14 DE
SETEMBRO DE 2021
Art. 89 [...]
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do
NOÇÕES GERAIS
prazo, o beneficiário vier a ser processado por
outro crime ou não efetuar, sem motivo justifi-
cado, a reparação do dano. O Ato Normativo nº 314, de 2003, que regulamen-
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acu- tava o procedimento criminal administrativo previsto
sado vier a ser processado, no curso do prazo, na Lei Orgânica do Ministério Público (Lei nº 8.625, de
por contravenção, ou descumprir qualquer 1993), foi revogado pela Resolução nº 1.364, de 2021.
outra condição imposta. Vejamos a exposição de motivos da Resolução:

Caro leitor, usualmente as bancas se atrelam à Esta Resolução regulamenta, na área criminal, o Pro-
cobrança da literalidade dos dispositivos da Lei, mas cedimento Investigatório Criminal, nos termos da
para complementar seu estudo veja as teses sobre jui- Resolução nº 181, de 2017 do CNMP e dos arts. 26, I,
zados especiais criminais a seguir: da Lei Federal nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, e
art. 104, I, da Lei Complementar Estadual nº 734, de
Teses sobre Juizados Especiais Criminais 26 de novembro de 1993, e dá providências correlatas.

z A suspensão condicional do processo não é direito O Supremo Tribunal Federal fixou em Repercus-
subjetivo do acusado, mas sim um poder-dever do são Geral (RE nº 593.727) a tese de que o MP detém
Ministério Público, titular da ação penal, a quem atribuição para promover investigação de natureza
cabe, com exclusividade, analisar a possibilidade criminal, nos seguintes termos:
de aplicação do referido instituto, desde que o faça
de forma fundamentada.1 O Ministério Público dispõe de competência para pro-
z A existência de inquérito policial em curso não é mover, por autoridade própria, e por prazo razoável,
circunstância idônea a obstar o oferecimento de investigações de natureza penal, desde que respeita-
proposta de suspensão condicional do processo.2 dos os direitos e garantias que assistem a qualquer
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do
Súmula 243 - STJ: O benefício da suspensão do pro- Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as
cesso não é aplicável em relação às infrações penais hipóteses de reserva constitucional de jurisdição
cometidas em concurso material, concurso formal e, também, as prerrogativas profissionais de que se
ou continuidade delitiva, quando a pena mínima acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei
cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência 8.906, de 1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II,
da majorante, ultrapassar o limite de 1 (um) ano. III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade
Súmula 337 – STJ: É cabível a suspensão condicio- — sempre presente no Estado democrático de Direi-
nal do processo na desclassificação de crime e na to — do permanente controle jurisdicional dos atos,
procedência parcial da pretensão punitiva. necessariamente documentados (Súmula Vinculante
Súmula 723 – STF: Não se admite a suspensão 14), praticados pelos membros dessa instituição.
condicional do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o
81

Assim, as disposições a seguir, terão por base a


aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
8-

Resolução nº 1.364, de 2021, a qual, visando uma


70

z Se descumpridas as condições impostas durante o maior modernização das investigações e celeridade


.

na solução de casos menos graves, reformulou o anti-


93

período de prova da suspensão condicional do pro-


cesso, o benefício poderá ser revogado, mesmo se go Ato normativo n° 314, de 2003.
.0
98

já ultrapassado o prazo legal, desde que referente


PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL
-2

a fato ocorrido durante sua vigência;3


z A extinção da punibilidade do agente pelo cumpri-
py

mento das condições do sursis processual, operada Conceito


p

em processo anterior, não pode ser valorada em


Tu

seu desfavor como maus antecedentes, personali- De acordo com o art. 1º da Resolução:
o

dade do agente e conduta social. 4


ul

Art. 1° O procedimento investigatório criminal é


Pa

DIREITO PROCESSUAL PENAL

instrumento sumário e desburocratizado de natu-


reza administrativa e investigatória, instaurado e
presidido pelo membro do Ministério Público com
atribuição criminal […]

1 (AgRg no AREsp n. 607.902/SP, Ministro Gurgel de Faria, Quinta Turma, DJe 17/2/2016).
2 (RHC 79.751/SP, REL. MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, JULGADO EM 18/04/2017, DJE 26/04/2017)
3 (Resp 1498034, 25.11.2015);
4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A extinção da punibilidade do agente pelo cumprimento das condições do sursis processual, operada em
processo anterior, não pode ser sopesada em seu desfavor como maus antecedentes, personalidade do agente e conduta social. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d2a452edff079ca6980edcf54cc49945>.
Acesso em: 08/09/2021 83
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Finalidade III – não sendo da sua atribuição, determinar a
extração de peças e remessa para outro órgão de
A finalidade do procedimento investigatório, nos execução, sem prejuízo do art. 6º desta Resolução.
termos do art. 1º da Resolução é:
O procedimento também poderá ser instaurado de
Art. 1° […] apurar a ocorrência de infrações penais forma conjunta. Vejamos o que diz o art. 6º da Resolução:
de iniciativa pública, servindo como preparação e
embasamento para o juízo de propositura, ou não, Art. 6° O procedimento investigatório criminal pode-
da respectiva ação penal. rá ser instaurado de forma conjunta, por meio de for-
ça tarefa ou por grupo de atuação especial composto
Pois, qualquer peça de informação pode ensejar ins- por membros do Ministério Público, cabendo sua pre-
tauração de procedimento investigatório, promoção da sidência àquele que o ato de instauração designar.
ação penal, encaminhamento ao Juizado Especial ou ins-
tauração de inquérito policial. Cada unidade do MP manterá, preferencialmente
por meio eletrônico, controle atualizado do andamen-
to dos seus procedimentos investigatórios, que pode-
Importante rá ter nível de acesso restrito ao Procurador-Geral ou
Corregedor-Geral, mediante justificativa.
O procedimento investigatório criminal não é
pressuposto para a propositura da ação penal. Instrução

Para instrução do procedimento investigatório cri-


Legitimidade
minal, o MP pode determinar, nos termos do art. 7º da
Resolução:
Nos termos do art. 3º da Resolução:
Art. 7° […]
Art. 3° O procedimento investigatório criminal I - fazer ou determinar vistorias, inspeções e quais-
poderá ser instaurado de ofício, por membro do quer outras diligências, inclusive em organizações
Ministério Público, no âmbito de suas atribuições militares;
criminais, ao tomar conhecimento de infração II - requisitar informações, exames, perícias e
penal de iniciativa pública, por qualquer meio, ain- documentos de autoridades, órgãos e entidades da
da que informal, ou mediante provocação. Administração Pública direta e indireta, da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Assim, o procedimento pode ser instaurado de III - requisitar informações e documentos de entida-
ofício — distribuído livremente entre os membros des privadas, inclusive de natureza cadastral;
da Instituição e observadas as regras de atribuição IV - notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua
temporária — ou mediante provocação, por meio de condução coercitiva, nos casos de ausência injusti-
portaria fundamentada com qualificação do autor e ficada, ressalvadas as prerrogativas legais;
determinação das diligências iniciais. V - acompanhar buscas e apreensões deferidas pela
O procedimento investigatório também poderá ser autoridade judiciária;
VI - acompanhar cumprimento de mandados de
81

instaurado por meio de atuação conjunta entre Minis-


prisão preventiva ou temporária deferidas pela
8-

térios Públicos de outros Estados ou força tarefa com-


autoridade judiciária; VII – expedir notificações e
70

posta por membros do MP. intimações necessárias;


.
93

VIII - realizar oitivas para colheita de informações


Procedimento de Instauração
.0

e esclarecimentos;
98

IX - ter acesso incondicional a qualquer banco de


-2

Nos termos do art. 4º da Resolução: dados de caráter público ou relativo a serviço de


relevância pública;
py

Art. 4° O procedimento investigatório criminal X - requisitar auxílio de força policial.


p

será instaurado por portaria fundamentada, devi-


Tu

damente registrada e autuada, com a indicação dos As requisições do MP serão feitas fixando-se o pra-
o

fatos a serem investigados e sua capitulação legal, zo de até 10 dias úteis para atendimento, prorrogável
ul

devendo conter, sempre que possível, o nome e a mediante solicitação justificada.


Pa

qualificação do autor da representação e a determi-


nação das diligências iniciais. Das Notificações

Instaurado o procedimento investigatório crimi- Nos termos do parágrafo 4º do art. 7º da Resolução:


nal, será feito imediato registro em sistema eletrônico.
O MP terá 30 dias para dar andamento às representa- Art. 7° […]
ções e aos requerimentos, podendo ter prazo prorro- § 4° Ressalvadas as hipóteses de urgência as notifi-
gado por até 90 dias, caso necessário. cações para comparecimento devem ser efetivadas
Havendo necessidade de investigação de outros com a antecedência mínima de 48 (quarenta e oito)
fatos, determina o parágrafo único do art. 4º da Reso- horas, respeitadas, em qualquer caso, as prerroga-
lução nº 1.364, de 2021, que o MP poderá: tivas legais pertinentes.

Art. 4° […] As notificações devem fazer menção ao número


I - aditar a portaria inicial, se necessário; do procedimento e à faculdade do investigado a ser
II - determinar a extração de peças para instauração acompanhado por defensor, nos termos do § 5°, art.
84 de outro procedimento, no âmbito da sua atribuição; 7°, da referida Resolução.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As notificações para autoridades superiores do MP, § 1º O defensor poderá examinar, mesmo sem pro-
do Executivo e Judiciário — que podem fixar, previa- curação, autos de procedimento de investigação
mente, data e hora para que sejam ouvidas —, serão criminal, findos ou em andamento, ainda que con-
encaminhadas pelo Procurador-Geral de Justiça ou a clusos ao presidente, podendo copiar peças e tomar
outro órgão do MP, mediante delegação. apontamentos, em meio físico ou digital.
§ 2º Para os fins do parágrafo anterior, o defensor
deverá apresentar procuração, quando decretado o
Das Oitivas
sigilo das investigações, no todo ou em parte.
§ 3º O órgão de execução que presidir a investigação
A colheita de informações e depoimentos, reali- facultará ao defensor constituído nos autos assistir
zada por membro do MP será, preferencialmente, na o investigado durante a apuração de infrações.
modalidade oral, mediante gravação audiovisual, res- § 4º O presidente do procedimento investigatório crimi-
pondendo o membro do MP pelo uso devido dessas nal poderá delimitar o acesso do defensor aos elemen-
informações. Vejamos o teor do art. 8º da Resolução: tos de prova relacionados a diligências em andamento
e ainda não documentados nos autos, quando houver
Art. 8° A colheita de informações e depoimentos risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou
deverá ser feita preferencialmente de forma oral, da finalidade das diligências, nos termos da Súmula
mediante a gravação audiovisual, com o fim de Vinculante 14 do Supremo Tribunal Federal.
obter maior fidelidade das informações prestadas.
§ 1º Somente em casos excepcionais e imprescindíveis, a Ao defensor, no entanto, poderá ser limitado o
critério do presidente do procedimento investigatório, acesso aos elementos de prova, quando risco de com-
deverá ser feita a transcrição dos depoimentos colhidos prometimento das diligências, observando-se a Súmu-
na fase investigatória. la Vinculante nº 14 do STF:
§ 2º O membro do Ministério Público poderá solicitar
cooperação no cumprimento das diligências de oitiva É direito do defensor, no interesse do representado,
de testemunhas ou informantes a servidores da ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
instituição, policiais civis, militares ou federais, guardas documentados em procedimento investigatório rea-
municipais ou a qualquer outro servidor público que lizado por órgão com competência de polícia judiciá-
tenha como atribuições fiscalizar atividades cujos ria, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
ilícitos possam também caracterizar delito.
§ 3º A solicitação referida no parágrafo anterior Conforme art. 10 da Resolução, as diligências
deverá ser comunicada ao seu destinatário pelo devem ser todas documentadas e as inquirições a
meio mais expedito possível, e a oitiva deverá ser serem realizadas fora dos limites territoriais da uni-
realizada, sempre que possível, no local em que se dade, serão feitas, preferencialmente, por videoconfe-
encontrar a pessoa a ser ouvida. rência, podendo ser deprecadas; ou diretamente com
§ 4º O interrogatório de suspeitos e a oitiva das pessoas a prévia ciência do órgão ministerial local, nos termos
referidas nos § 6º do art. 7º deverão necessariamente do art. 11 da Resolução. Neste sentido, dispõem os
ser realizados pelo membro do Ministério Público. parágrafos 1º e 2º do art. 11 da Resolução:
§ 5º As testemunhas, informantes e suspeitos ouvidos
na fase de investigação serão informados do dever de
Art. 11 […]
comunicar ao Ministério Público qualquer mudança de § 1º Nos casos referidos no caput deste artigo, o membro
81

endereço, telefone ou e-mail, observando-se, em caso de do Ministério Público poderá optar por realizar
8-

descumprimento, o disposto no art. 224 do Código de diretamente a inquirição com a prévia ciência ao órgão
70

Processo Penal. ministerial local, que deverá tomar as providências


.
93

necessárias para viabilizar a diligência e colaborar com


A transcrição dos depoimentos somente se dará
.0

o cumprimento dos atos para a sua realização.


98

em casos excepcionas e imprescindíveis. § 2º A deprecação e a ciência referidas neste artigo


-2

poderão ser feitas por qualquer meio hábil de


comunicação.
py

Importante!
p

A pedido da pessoa interessada, será fornecida


Tu

Surgindo suspeita de participação da pessoa a comprovação escrita de comparecimento, nos termos


o

ser ouvida, a autoridade deverá comunicá-la, por do art. 12.


ul

escrito, da sua condição, informando seus direi-


Pa

DIREITO PROCESSUAL PENAL

tos, em especial a garantia do silêncio e consti- Conclusão


tuição de advogado.
O procedimento investigatório criminal deverá
ser concluído em 90 dias, permitindo-se prorrogações
Nos termos do § 1°, art. 9º, da Resolução nº 1.364, sucessivas, por igual período, nos termos do art. 13 da
de 2021, o investigado poderá ser acompanhado por Resolução, vejamos:
defensor que, mesmo sem procuração, poderá exami-
nar os autos do procedimento investigatório criminal, Art. 13 O procedimento investigatório criminal
findos ou em andamento, ainda que conclusos, poden- deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias,
do tomar apontamentos e cópias, salvo autos sob sigi- permitidas, por igual período, prorrogações suces-
lo, que exigem apresentação de procuração. Vejamos sivas, por decisão fundamentada do membro do
o que determina o art. 9º: Ministério Público responsável pela sua condução.
§ 1º Cada unidade do Ministério Público manterá,
Art. 9º O autor do fato investigado poderá apresen- para conhecimento dos órgãos superiores,
tar, querendo, as informações que considerar ade- controle atualizado, preferencialmente por meio
quadas, facultado o acompanhamento por defensor. eletrônico, do andamento de seus procedimentos 85
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
investigatórios criminais, observado o nível de IV - na prestação de informações ao público em geral,
sigilo e confidencialidade que a investigação exigir, a critério do presidente do procedimento investiga-
nos termos do art. 15 desta Resolução. tório criminal, observados o princípio da presunção
§ 2º O controle referido no parágrafo anterior de não culpa e as hipóteses legais de sigilo.
poderá ter nível de acesso restrito ao Procurador-
Geral de Justiça e ao respectivo Corregedor-Geral, Em caso de pedido da parte interessada para a
mediante justificativa lançada nos autos. expedição de certidão a respeito da existência de pro-
cedimentos investigatórios criminais, é vedado fazer
PERSECUSSÃO PATRIMONIAL constar qualquer referência ou anotação sobre inves-
tigação sigilosa, nos termos do parágrafo único, art. 16
A persecução patrimonial com vistas às medidas da Resolução.
cautelares, confisco e identificação do beneficiário
econômico serão realizadas, preferencialmente, ane-
xas autonomamente ao procedimento criminal. Veja- Importante!
mos o art. 14 da Resolução:
É possível a decretação de sigilo das investiga-
Art. 14 A persecução patrimonial voltada à loca- ções, total ou parcial, por decisão fundamentada,
lização de qualquer benefício derivado ou obtido, garantindo o acesso ao investigado e seu defen-
direta ou indiretamente, da infração penal, ou de sor, com procuração ou meios que demonstrem
bens ou valores lícitos equivalentes, com vistas à atuar em defesa do investigado, nos termos do
propositura de medidas cautelares reais, confisco caput do art. 16, da Resolução.
definitivo e identificação do beneficiário econômico
final da conduta, será, preferencialmente, realizada
em anexo autônomo do procedimento investigató- DIREITO DAS VÍTIMAS
rio criminal.
O MP esclarecerá à vítima sobre seus direitos
É possível instaurar procedimento investigatório materiais e processuais, devendo tomar as medidas
específico para a persecução patrimonial, caso a
necessárias à preservação e reparação de eventuais
materialidade e autoria da investigação já tenha sido
danos sofridos. Vejamos o art. 17 da Resolução:
concluída, nos termos do parágrafo 2º, art. 14, da
Resolução:
Art. 17 O membro do Ministério Público que preside
o procedimento investigatório criminal esclarecerá
Art. 14 [...] a vítima sobre seus direitos materiais e proces-
§ 2° Caso a investigação sobre a materialidade e suais, devendo tomar todas as medidas necessárias
autoria da infração penal já esteja concluída, sem para a preservação dos seus direitos, a reparação
que tenha sido iniciada a investigação tratada neste dos eventuais danos por ela sofridos e a preserva-
Capítulo, procedimento investigatório específico ção da intimidade, vida privada, honra e imagem.
poderá ser instaurado com o objetivo principal de
§ 1º O membro do Ministério Público velará pela
realizar a persecução patrimonial.
segurança de vítimas, testemunhas e colaboradores que
sofrerem a ameaça ou que, de modo concreto, estejam
81

PUBLICIDADE suscetíveis a sofrer intimidação por parte de acusados,


8-

de parentes destes ou pessoas a seu mando, podendo,


70

Os atos e peças do procedimento investigatório cri- inclusive, requisitar proteção policial em seu favor.
.

minal são públicos, salvo razões de interesse público


93

§ 2º O membro do Ministério Público que preside


ou social e defesa da intimidade ou conveniência da o procedimento investigatório criminal, no curso
.0

investigação, mediante despacho fundamentado. Nos


98

da investigação ou mesmo após o ajuizamento da


termos do parágrafo único, art. 15, da Resolução, a publi- ação penal, deverá providenciar o encaminhamento
-2

cidade consistirá: da vítima ou de testemunhas, caso presentes os


py

pressupostos legais, para inclusão em Programa de


p

Art. 15 [...] Proteção de Assistência a Vítimas e a Testemunhas


Tu

Parágrafo único. A publicidade consistirá: ameaçadas ou em Programa de Proteção a Crianças


o

I - na expedição de certidão, mediante requerimen- e Adolescentes Ameaçados, conforme o caso.


ul

to do investigado, da vítima ou seu representante § 3º Em caso de medidas de proteção ao investigado, as


Pa

legal, do Poder Judiciário, do Ministério Público ou vítimas e testemunhas, o membro do Ministério Público
de terceiro diretamente interessado; observará a tramitação prioritária do feito, bem como
II - no deferimento de pedidos de extração de cópias, providenciará, se o caso, a oitiva antecipada dessas
com atenção ao disposto no § 1º. do art. 3º desta pessoas ou pedirá a antecipação dessa oitiva em juízo.
Resolução e ao uso preferencial de meio eletrônico, § 4º O membro do Ministério Público que
desde que realizados de forma fundamentada pelas preside o procedimento investigatório criminal
pessoas referidas no inciso I, pelos seus procura- providenciará o encaminhamento da vítima e
dores com poderes específicos ou por advogado, outras pessoas atingidas pela prática do fato
independentemente de fundamentação, ressalvada criminoso apurado à rede de assistência, para aten-
a limitação de acesso aos autos sigilosos a defensor dimento multidisciplinar, especialmente nas áreas
que não possua procuração ou não comprove atuar psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a
na defesa do investigado; expensas do ofensor ou do Estado.
III - no deferimento de pedidos de vista, realizados de § 5º Nos procedimentos de acolhimento, oitiva e
forma fundamentada pelas pessoas referidas no inciso atenção à vítima, o membro do Ministério Público
I ou pelo defensor do investigado, com atenção à restri- diligenciará para que a ela seja assegurada a
ção de acesso às diligências cujo sigilo tenha sido deter- possibilidade de prestar declarações e informações em
86 minado na forma do § 4º. do art. 9º desta Resolução; geral, eventualmente sugerir diligências, indicar meios
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de prova e deduzir alegações, que deverão ser avaliadas I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, sal-
fundamentadamente pelo Ministério Público. vo impossibilidade de fazê-lo;
§ 6º Os procedimentos previstos nesse artigo II - renunciar voluntariamente a bens e direitos,
poderão ser estendidos aos familiares da vítima. indicados pelo Ministério Público como instrumen-
§ 7º O membro do Ministério Público deverá tos, produto ou proveito do crime;
diligenciar para a comunicação da vítima ou, na III - prestar serviço à comunidade ou a entidades
ausência desta, dos seus respectivos familiares públicas por período correspondente à pena míni-
sobre o oferecimento de ação penal. ma cominada ao delito, diminuída de um a dois ter-
§ 8º Nas investigações que apurem notícia de violência ços, em local a ser indicado pelo Ministério Público;
manifestada por agentes públicos em desfavor de IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada
vítimas negras, em atenção ao disposto no art. 53 nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade
da Lei nº 12.288, de 2010, o membro do Ministério pública ou de interesse social a ser indicada pelo
Público deve levar em consideração, para além da Ministério Público, devendo a prestação ser destina-
configuração típico-penal, eventual hipótese de vio- da preferencialmente àquelas entidades que tenham
lência sistêmica, estrutural, psicológica, moral, entre como função proteger bens jurídicos iguais ou seme-
outras, para fins dos encaminhamentos previstos no lhantes aos aparentemente lesados pelo delito;
presente artigo. V - cumprir outra condição estipulada pelo Minis-
§ 9º A criança ou o adolescente, vítima ou testemunha tério Público, desde que proporcional e compatível
de crime, será resguardado de qualquer contato, com a infração penal aparentemente praticada.
ainda que visual, com o suposto autor, investigado
ou acusado, ou com outra pessoa que represente Assim, o acordo poderá ser celebrado quando a
ameaça, coação ou constrangimento, devendo sua pena mínima — considerando-se as causas de aumen-
oitiva observar o disposto na Lei n°13.431, de 2017. to e diminuição de pena — for inferior a 4 anos, o cri-
me não tiver sido cometido com violência ou grave
Assim, o MP velará pela segurança e proteção da ameaça à pessoa e o investigado tiver confessado.
vítima e testemunhas que sofrem ameaças, devendo De acordo com o parágrafo 1º, do art. 18, não será
encaminhá-las ao Programa de Proteção de Assistên- possível realizar o acordo se:
cia a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas ou ao Progra-
ma de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados, z cabível transação penal;
podendo, inclusive, requisitar proteção policial. z dano superior a 20 salários mínimos ou a parâme-
tro econômico diverso;
z autor da infração condenado à pena privativa de
Dica liberdade (Lei 9.099/95);
Em casos de proteção à vítima, haverá prioridade z autor da infração beneficiado por pena restritiva de
de tramitação do feito e oitiva antecipada da víti- direito ou multa, no prazo de 5 anos (Lei 9.099/95);
ma ou testemunhas em juízo. z não indicarem os antecedentes, a conduta e a
personalidade do agente (Lei 9.099/95);
A vítima, e demais pessoas atingidas pelo fato, z o aguardo para cumprimento do acordo possa
serão encaminhadas à rede de assistência para aten- caracterizar prescrição da pretensão punitiva;
z o delito for hediondo ou equiparado (Lei 11.340/06);
dimento multidisciplinar. Se a investigação apurar
81

z o acordo não atender ao suficiente e necessário


notícia de violência manifestada por agente público
8-

para reprovação e prevenção do crime.


em desfavor de vítimas negras, o MP deverá levar em
70

consideração a violência sistêmica, estrutural, psico-


.
93

Observação: As disposições deste capítulo não se


lógica, moral, dentre outras.
.0

aplicam aos delitos cometidos por militares que afe-


Se criança ou adolescente, a vítima será resguar-
98

tam a hierarquia e a disciplina.


dada de qualquer contato contra o suposto agressor.
-2
py

ACORDO DE NÃO PERSECUSSÃO PENAL


Importante
p
Tu

A Lei nº 13.964, de 2019 (Pacote Anticrime) imple- O acordo de não persecução penal pode ser cele-
o

mentou no sistema processual criminal o acordo de brado na mesma oportunidade da audiência de


ul

não persecução penal, instituto de natureza pré-pro- custódia (parágrafo 7º, art. 18)
Pa

DIREITO PROCESSUAL PENAL

cessual, negociável entre acusado e o Ministério Públi-


co, mediante homologação judicial.
Condições do Acordo de Não Persecução Penal
Hipótese
O acordo será lavrado mediante as seguintes con-
Conforme art. 18 da Resolução: dições fixadas cumulativa ou alternativamente:

Art. 18 Não sendo o caso de arquivamento, o z Reparar o dano ou restituir a coisa, salvo impossi-
Ministério Público poderá propor ao investigado bilidade de fazê-lo;
acordo de não persecução penal quando, cominada z Renunciar voluntariamente a bens e direitos apon-
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime tados como produto/proveito do crime;
não for cometido com violência ou grave ameaça z Prestar serviço comunitário por período corres-
a pessoa, o investigado tiver confessado formal pondente à pena mínima comida ao delito, dimi-
e circunstanciadamente a sua prática, mediante nuída de 1/3 a 2/3;
as seguintes condições, ajustadas cumulativa ou z Pagar prestação pecuniária à entidade pública ou
alternativamente: de interesse social a ser indicada pelo MP, devendo 87
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a prestação ser destinada preferencialmente àque- Cumprimento do Acordo
las entidades que tenham como função bens jurí-
dicos iguais ou semelhantes aos aparentemente Após integral cumprimento do acordo, o MP
lesados pelo delito; requererá a extinção da punibilidade do investigado
(parágrafo 12, art. 18, da Resolução).
z Cumprir outra condição estabelecida pelo MP, des-
de que proporcional e compatível com a infração
CONCLUSÃO E ARQUIVAMENTO
penal aparentemente praticada.
Diante da inexistência de fundamento para propo-
Além dessas condições, é dever do investigado comu-
situra de ação penal, o MP promoverá o arquivamen-
nicar ao MP qualquer mudança de endereço, telefone ou
to dos autos, que poderão ser desarquivados quando
e-mail, e comprovar, mensalmente, o cumprimento das houver notícia de novos elementos de informação.
condições, independente de notificação ou aviso prévio, Vejamos os arts. 19 e 20 da Resolução:
sob pena de oferecimento de denúncia (§ 8°, art. 18).
Observação: O descumprimento do acordo, além Art. 19 Se o membro do Ministério Público respon-
de ensejar o oferecimento de denúncia, poderá ser sável pelo procedimento investigatório criminal
utilizado pelo MP como justificativa para eventual se convencer da inexistência de fundamento para
não oferecimento da suspensão condicional do pro- a propositura de ação penal pública, promoverá o
cesso (§§ 9° e 10, art. 18). arquivamento dos autos ou das peças de informa-
ção, fazendo-o fundamentadamente.
§ 1º A promoção de arquivamento será apresentada
Procedimento do Acordo
ao juízo competente, nos moldes do art. 28 do Código
de Processo Penal, nos termos da legislação vigente.
O acordo será formalizado nos autos com a qualifica- § 2º Cumprido integralmente o acordo de não
ção completa do investigado e estipulará, de modo claro, persecução penal, o membro do Ministério Público
as suas condições, eventuais valores a serem restituídos deverá requerer ao juízo competente a extinção
e as datas para cumprimento, e será firmado (assinado) de punibilidade, nos termos do § 13 do art. 28 do
pelo MP, o investigado e seu defensor, nos termos do Código de Processo Penal, arquivando-se os autos.
parágrafo 3°, do art. 18, da referida Resolução. § 3º Na hipótese de arquivamento do procedimento
A confissão e as tratativas dos fatos serão registradas investigatório criminal, o membro do Ministério
Público deverá diligenciar para a comunicação da
por recurso de gravação audiovisual, devendo o investi-
vítima a respeito do seu pronunciamento.
gado estar sempre acompanhado de seu defensor, nos § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, admite-se,
moldes da literalidade do parágrafo 2°, do art. 18. por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico
Após a lavratura, a vítima será comunicada por para comunicação.
meio idôneo, e os autos submetidos à apreciação judi- § 5º No caso de oferecimento de denúncia, deverá
cial, retornando ao MP para implementação do acor- ser requerido na cota introdutória, dentre outras
do, caso o juízo entenda cabível, conforme disposto no diligências, seja oficiado à autoridade policial para que
parágrafo 5°, do art. 18. proceda ao preenchimento do Boletim de Identificação
Caso o juízo não entenda cabível, fará remessa ao Pro- Criminal (BIC) do suspeito denunciado, para o correto
abastecimento do banco de dados criminais.
curador-Geral de Justiça, que poderá adotar as seguintes
81

Art. 20 Se houver notícia da existência de novos ele-


providências, nos termos do parágrafo 6º do art. 18:
8-

mentos de informação, na forma do art. 18 do Código


70

de Processo Penal, poderá o membro do Ministério


Art. 18 […]
.

Público requerer o desarquivamento dos autos, pro-


93

§ 6° […] videnciando-se a comunicação a que se refere o art.


.0

I – oferecer denúncia ou designar outro membro 5º desta Resolução.


98

para oferecê-la; II – complementar as investigações


-2

ou designar outro membro para complementá-la; Na hipótese de oferecimento de denúncia, será ofi-
py

III – reformular a proposta de acordo de não perse- ciado à autoridade policial a fim de preencher o res-
p

cução, para apreciação do investigado; pectivo Boletim de Identificação Criminal.


Tu

IV – manter o acordo de não persecução, que vincu-


lará toda a Instituição.
o
ul
Pa

Homologação HORA DE PRATICAR!


Homologado o acordo, o MP providenciará comu- 1. (FGV — 2022) Em relação ao controle sobre a legalida-
nicação ao Instituto de Identificação e Estatística para de do conteúdo do acordo de não persecução penal,
evitar que o beneficiário possa obter idêntico benefí- cabe ao juiz:
cio em prazo inferior ao previsto em lei, nos termos do
parágrafo 11, do art. 18 da Resolução: a) devolver os autos ao Ministério Público para reformu-
lação da proposta ilegal de acordo;
Art. 18 [...] b) interferir na redação das cláusulas estabelecidas, para
§ 11 Homologado o acordo de não persecução penal, o a tutela dos interesses do investigado;
membro do Ministério Público deverá providenciar a c) abster-se de examinar se existem cláusulas obrigacio-
comunicação da avença ao Instituto de Identificação nais ilegais;
e Estatística (I.I.R.G.D.), com os dados do processo e d) decidir sobre a conveniência na formatação das cláu-
do indiciado ou réu, a fim de evitar que o beneficiário sulas obrigacionais do acordo.
possa obter idêntica benesse em prazo inferior ao
88 previsto em lei.
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2. (FGV — 2022) No que se refere ao tema da ação penal, ambos estavam em uma festa. O crime foi testemu-
é correto afirmar que: nhado por Carla e José, amigos de Laura que, no dia
seguinte, compareceram à Delegacia, ocasião em que
a) o exercício da ação penal pelo crime de estelionato, em foram ouvidos na qualidade de testemunhas. Laura,
qualquer caso, depende de representação do ofendido; apesar de ter ciência da autoria do crime, preferiu
b) a queixa contra qualquer dos autores do crime obriga- não ir à Delegacia, deixando de ser ouvida em sede
rá ao processo de todos, cabendo ao Ministério Públi- extrajudicial. Passados sete meses da data do crime,
co velar pela sua divisibilidade; o Ministério Público denunciou Mário pelo crime de
c) não será cabível ação penal privada subsidiária da pública estelionato perpetrado contra Laura.
pelo ofendido quando o órgão de execução do Ministério
Público promover o arquivamento do inquérito policial; De acordo com a situação exposta e considerando as
d) nos casos em que a lei exigir a representação do ofen- inovações trazidas pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote
dido nos crimes processados por ação penal públi- Anticrime) sobre a natureza da ação penal nos crimes
ca, a vítima não poderá retratar-se da representação de estelionato, é correto afirmar que:
depois do recebimento da denúncia;
e) todos os crimes contra a honra estão submetidos ao a) a ação penal deverá ser suspensa e a vítima notifica-
regime da ação penal privada, salvo quando pratica- da para, em trinta dias, contados da notificação, dizer
dos em desfavor do presidente da República ou contra se deseja representar contra o acusado, sob pena de
chefe de governo estrangeiro, ocasião na qual se pro- decadência;
cessam mediante ação penal pública, após requisição b) a denúncia deverá ser rejeitada, ante a decadência, eis
do ministro da Justiça. que, com a nova lei, a ação penal do crime de estelio-
nato passou a ser pública condicionada à representa-
3. (FGV — 2022) João foi investigado, processado e jul- ção do ofendido em todos os casos;
gado pelo fato de, em comunhão de ações e desígnios c) a denúncia deverá ser rejeitada, eis que, embora idosa,
com outra pessoa não identificada, ter receptado veículo não sendo a vítima pessoa maior de 70 anos, a ação
automotor VW/Saveiro, placa SAV-1234/AM, contendo penal no crime de estelionato, com a mudança legisla-
diversos pares de calçados na caçamba, tudo pertencen- tiva, passou a ser pública condicionada à representa-
te à sociedade empresária AM Pé Descalço Ltda. Após ção do ofendido;
a instrução criminal, o magistrado julgou procedente a d) a denúncia deverá ser rejeitada, ante a ilegitimidade do
denúncia, condenando João pelo delito de receptação. Ministério Público para propor a ação penal, eis que,
Posteriormente, surgiu a informação de que, em verdade, com a nova lei, a ação penal no crime de estelionato
João teria tomado lugar de roubo, mediante grave amea- passou a ser de natureza privada;
ça exercida com o emprego de arma de fogo contra o e) é cabível a suspensão condicional do processo, já que,
motorista e o ajudante da VW/Saveiro, o que foi devida- embora a nova lei não tenha alterado a natureza da
mente registrado em sede policial. ação penal quando a vítima for pessoa idosa, que con-
tinua sendo pública incondicionada, o crime possui
Diante desse cenário, é correto afirmar que pena mínima igual a um ano.

a) a condenação anterior pelo crime de receptação, ainda 6. (FGV — 2021) Relativamente à ação penal, assinale a
que indevida, impede o novo processo e o julgamento alternativa correta.
81

pelo crime de roubo.


8-
70

b) a condenação anterior pelo crime de receptação, por a) Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa
ser indevida, não impede o novo processo e o julga- do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação
.
93

mento pelo crime de roubo. penal privada, fornecendo-lhe, por escrito, informa-
.0

c) o crime de roubo é delito autônomo, que atingiu víti- ções sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o
98

mas distintas, caracterizando novo delito e permitindo lugar e os elementos de convicção


-2

o processo e o julgamento de João. b) Nos crimes que se processa por ação penal pública
py

d) o surgimento de prova nova superveniente afasta os condicionada, a representação será retratável, depois
p

efeitos da coisa julgada material no presente caso, de oferecida a denúncia, exclusivamente por declara-
Tu

permitindo o processo e o julgamento de João pelo ção escrita da vítima ou por procurador com poderes
o

crime de roubo. especiais.


ul

e) operada a rescisão da coisa julgada, por ação específi- c) Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os
Pa

ca, fica autorizado o processo e o julgamento de João juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de
DIREITO PROCESSUAL PENAL

pelo crime de roubo. ação privada, determinarão a extração de cópias e a


intimação da vítima para que exerça o direito de queixa.
4. (FGV — 2022) Nos casos de ações penais em curso, d) O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
alcançadas por sucessão de lei nova que acarrete e) No caso de morte do ofendido ou quando declara-
observância do princípio da continuidade normativo- do ausente por decisão judicial, o direito de oferecer
-típica, a denúncia ou queixa deverá: queixa ou prosseguir na ação passará às pessoas
mencionadas no art. 31, do Código de Processo Penal
a) ser ratificada; (ascendente, descendente, cônjuge ou irmão), tendo
b) ser retificada; preferência dentre eles o ascendente (art. 36, Código
c) ser rerratificada; de Processo Penal).
d) ser extinta;
e) prosseguir sem alterações. 7. (FGV — 2021) Concluídas investigações de inquérito
policial, a autoridade policial indiciou Francisco, sem
5. (FGV — 2021) Laura, idosa de 69 anos, em 02/02/2020, envolvimento anterior com o aparato policial ou judi-
foi vítima de estelionato praticado por Mário, quando cial pela prática de crimes, como incurso nas sanções 89
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penais do delito de lesão corporal de natureza gravís- b) veicular a proposta, quando o Ministério Público dei-
sima (Art. 129, §2º, CP – pena: reclusão de 2 a 8 anos). xar de fazê-la de forma imotivada;
c) homologar o acordo e declarar a extinção da punibili-
Tendo Francisco confessado formal e circunstancial- dade do fato, após seu integral cumprimento;
mente a prática da infração penal na delegacia, o acor- d) especificar outras condições, desde que adequadas
do de não persecução penal, no caso em tela: ao fato e à situação pessoal do investigado;
e) reduzir a pena pecuniária até a metade, nas hipóteses
a) poderá ser proposto pelo delegado, considerando a de ser a única condição aplicável.
confissão e a pena mínima cominada ao delito;
b) não poderá ser proposto, diante da natureza do delito 10. (FGV — 2021) Jairo foi preso em flagrante de posse
imputado; de um rádio transmissor durante operação policial que
c) não poderá ser proposto, pois a pena máxima comina- combatia o tráfico de drogas. Autuado em flagrante
da é superior a quatro anos; por infração ao Art. 35 da Lei nº 11.343/2006, Jairo
d) poderá ser proposto pelo órgão ministerial, mas não foi apresentado para audiência de custódia, tendo o
pelo delegado, considerando a pena cominada e a Ministério Público oferecido acordo de não perse-
confissão em sede policial; cução penal, mediante condições que especificou.
e) poderá ser proposto pelo órgão ministerial, mas não Devolvidos os autos ao Ministério Público para reaná-
pelo delegado, e, havendo concordância do indiciado lise da proposta, nela insistiu o Parquet.
e de sua defesa técnica, independerá de homologação
judicial. Não concordando o juiz com a manifestação do acu-
sador, pode o magistrado:
8. (FGV — 2021) Ao sair de sua casa, em 17/05/2020,
Miriam foi surpreendida por faixa anônima estendi- a) decretar a prisão preventiva e determinar que o Promotor
da na via pública com diversas ofensas à sua honra. de Justiça da Vara competente por distribuição ofereça
Diante da humilhação sofrida, Miriam deixou o país e denúncia;
foi morar no exterior sem se interessar em descobrir b) decretar a prisão preventiva e devolver os autos ao Ministé-
o responsável pelos fatos. Em 03/01/2021, Miriam rio Público para que seja reformulada a proposta de acordo,
recebeu mensagem de Sandra, sua antiga vizinha, com concordância do investigado e seu defensor;
confessando ser ela a autora das ofensas, bem como c) decretar a prisão preventiva e devolver os autos ao Ministé-
esclarecendo que informou os fatos ao delegado de rio Público para a análise da necessidade de complementa-
polícia, em razão de seu arrependimento. ção das investigações ou o oferecimento da denúncia;
d) recusar a homologação e devolver os autos ao Ministério
Miriam entrou em contato com seu advogado, em Público para a análise da necessidade de complementação
25/01/2021, para esclarecimentos jurídicos, infor- das investigações ou o oferecimento da denúncia;
mando que permanece no exterior. O advogado deverá e) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça.
esclarecer naquela data que o crime praticado seria de
injúria, de ação penal privada, logo: 11. (FGV — 2019) Através do oferecimento de denúncia,
o Ministério Público inicia um processo em que se
a) a abertura do inquérito policial poderá ser determina- imputa a determinada pessoa um crime de ação penal
da pela autoridade policial, diretamente, mas a ação pública. Com base nas previsões do Código de Pro-
81

penal depende da iniciativa da vítima; cesso Penal, existem formalidades legais que devem
8-
70

b) a abertura do inquérito policial não poderá ser determi- ser observadas pelo Promotor de Justiça no momento
nada pela autoridade policial nem requerida por Miriam, de apresentar a inicial acusatória.
.
93

pois operou-se o prazo prescricional para representação;


.0

c) a queixa-crime poderá ser oferecida por Miriam, mas, se A denúncia deverá conter:
98

através de procurador, exigem-se poderes especiais;


-2

d) a inicial acusatória não poderá ser oferecida por a) a classificação do crime, a qual não vincula o magis-
py

Miriam, pois operou-se o prazo decadencial; trado, que poderá dar nova classificação jurídica no
p

e) a queixa-crime poderá ser oferecida por Miriam, pes- momento da sentença com base em novos fatos des-
Tu

soalmente ou por procurador sem poderes especiais. cobertos durante a instrução, ainda que sem qualquer
o

alteração da inicial acusatória;


ul

9. (FGV — 2021) Os acordos penais ou processuais já eram b) a qualificação do acusado, mas, caso sua identifica-
Pa

conhecidos do sistema de justiça criminal brasileiro, ção através do nome seja desconhecida, poderão
mas assumiram um destaque notável a partir da ampli- constar esclarecimentos pelos quais possa ser iden-
tude que se deu ao instituto da colaboração premiada. tificado, tornando certa a identidade física;
O formato consensual traz para o processo penal a pos- c) a exposição do fato criminoso com todas as suas cir-
sibilidade de uma atuação resolutiva que afasta uma cunstâncias, não podendo a agravante da reincidência
perspectiva demandista. O resultado disso é um nítido ser reconhecida se não imputada na inicial acusatória;
empoderamento do Ministério Público. No entanto, o d) a classificação do crime, que vinculará o magistrado
Magistrado, até então protagonista no modelo de pro- no momento da sentença, ainda que não haja necessi-
cesso penal conflitivo, continua com papel relevante na dade de alteração dos fatos narrados;
sistemática do acordo de não persecução penal. e) o rol de testemunhas, computando-se no limite máxi-
mo as testemunhas referidas.
Nesse particular, compete ao juiz de direito do proces-
so de conhecimento: 12. (FGV — 2019) João ofereceu queixa-crime em face de
José, imputando-lhe a prática do crime de calúnia majo-
a) formalizar e fiscalizar o acordo, zelando pelo seu inte- rada. No curso da instrução, após recebimento da queixa-
90 gral cumprimento; -crime, João não compareceu para dar prosseguimento
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ao feito, sendo certificado pelo oficial de justiça que não de idade, já que não tinha irmãos e seus pais eram pre-
foi possível intimar João pelo fato de a área de sua resi- viamente falecidos. Após a juntada da certidão de óbito,
dência ser de risco. O Ministério Público, na qualidade de o serventuário certificou tal fato na ação penal.
custos legis, através de seus próprios servidores, auxi-
liou o Oficial de Justiça e foi realizada a intimação do Diante da certidão e da natureza da ação, é correto
querelante para dar prosseguimento ao feito e informan- afirmar que:
do sobre a data da audiência designada. Passados 30
(trinta) dias, João manteve-se inerte e não compareceu à a) deverá a ação penal, diante da apresentação de queixa
audiência de instrução e julgamento. pela vítima antes de falecer, ter regular prosseguimen-
to, intimando-se Maria dos atos, em razão do princípio
Considerando apenas os fatos narrados, é correto afir- da indisponibilidade das ações privadas;
mar que: b) deverá o juiz, diante da natureza da ação penal de nature-
za privada, extinguir o processo sem julgamento do mérito,
a) o reconhecimento da extinção da punibilidade em não podendo terceiro prosseguir na posição de querelante;
razão do perdão do ofendido ocorrido depende de
c) deverá ser reconhecida a decadência caso Maria não
requerimento do Ministério Público, não podendo ser
compareça em juízo no prazo legal para dar prossegui-
declarada de ofício pelo magistrado;
mento à ação penal;
b) a perempção restou configurada, gerando a extinção
d) deverá ser reconhecida a perempção caso Maria não
da punibilidade do agente, aplicando-se o princípio da
compareça em juízo no prazo legal para dar prossegui-
disponibilidade das ações penais privadas;
c) a renúncia restou configurada, gerando a extinção da mento à ação penal;
punibilidade do querelado, em respeito ao princípio da e) poderá Maria, diante do falecimento de Juliana, pros-
oportunidade das ações penais privadas; seguir na ação penal, que passará a ser classificada
d) o perdão do ofendido restou configurado, gerando a como privada subsidiária da pública.
extinção da punibilidade do querelado, independente-
mente de sua concordância; 16. (FGV — 2021) Em relação à Lei nº 9.099/1995, é corre-
e) o procedimento deve prosseguir, cabendo ao Ministé- to afirmar que:
rio Público assumir o polo ativo diante da omissão do
querelante. a) os institutos despenalizadores aplicam-se aos crimes
previstos no Estatuto do Idoso, por expressa determi-
13. (FGV — 2018) Guilherme Nucci define ação penal como nação legal;
“o direito do Estado- acusação ou da vítima de ingres- b) o âmbito de incidência legal dos institutos despenali-
sar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, repre- zadores não ultrapassa os limites formais e orgânicos
sentada pela aplicação das normas de direito penal ao dos Juizados Especiais Criminais;
caso concreto”. Tradicionalmente, a doutrina classifica c) crimes eleitorais que contam com um sistema puni-
as ações penais como públicas e privadas, que pos- tivo especial não admitem a aplicação dos institutos
suem diferentes tratamentos a partir de sua natureza. despenalizadores;
d) aos crimes praticados com violência doméstica ou
Assim, de acordo com as previsões do Código de Pro- familiar contra a mulher, é possível a aplicação da sus-
cesso Penal e da doutrina, são aplicáveis às ações
81

pensão condicional do processo;


penais de natureza privada os princípios da:
8-

e) a Lei Anticrime estendeu a aplicação do juiz das garan-


70

tias aos procedimentos especiais, incluindo a Lei dos


a) conveniência, indisponibilidade e indivisibilidade;
.

Juizados Especiais Criminais.


93

b) conveniência, indisponibilidade e divisibilidade;


.0

c) oportunidade, disponibilidade e indivisibilidade;


98

17. (FGV — 2021) As infrações penais de menor potencial


d) oportunidade, disponibilidade e divisibilidade;
-2

ofensivo devem, preferencialmente, ser processadas e


e) obrigatoriedade, disponibilidade e divisibilidade.
julgadas no âmbito dos Juizados Especiais Criminais.
p py

14. (FGV — 2018) A ação penal pode ser iniciada através


Tu

A Lei nº 9.099/1995, no entanto, fixa duas hipóteses


do oferecimento de denúncia, nas ações penais públi-
expressas em que o fato poderá ser apurado no Juízo
o

cas, ou queixa, nas ações penais privadas, cada uma


ul

Criminal Comum, quais sejam:


das espécies de ação possuindo tratando próprio pre-
Pa

visto no Código de Processo Penal.


DIREITO PROCESSUAL PENAL

São aplicáveis às ações penais de iniciativa privada os a) não ser o acusado encontrado para ser intimado ou a
princípios da: infração penal ter sanção que exige instrução criminal
para a sua imposição;
a) oportunidade, disponibilidade e indivisibilidade; b) complexidade ou circunstâncias do caso não permiti-
b) obrigatoriedade, disponibilidade e indivisibilidade; rem a formulação da denúncia ou não ser o acusado
c) conveniência, disponibilidade e divisibilidade; encontrado para ser citado;
d) oportunidade, indisponibilidade e intranscendência; c) multiplicidade de autores do fato, por condutas prati-
e) conveniência, divisibilidade e intranscendência. cadas em concurso de pessoas, ou quando o fato apu-
rado demandar a realização de perícia complexa;
15. (FGV — 2018) Cinco meses após ser vítima de crime de d) elevada ofensividade e repercussão em concreto da
calúnia majorada, Juliana, 65 anos, apresentou queixa conduta ou impossibilidade de localização do autor
em desfavor de Tereza, suposta autora do fato, perante do fato para intimação dos atos processuais;
Vara Criminal, que era o juízo competente. Recebida a e) duração excessiva da instrução processual, sem jus-
queixa, no curso da ação, Juliana, solteira, veio a falecer, ta causa, ou quando houver conexão entre a infração
deixando como único familiar sua filha Maria, de 30 anos penal comum e a de menor potencial ofensivo. 91
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
18. (FGV — 2018) O processo perante o Juizado Especial c) não poderá ser oferecido o benefício da transação
Criminal é marcado pelo princípio da oralidade, infor- penal, que não é admitido aos crimes próprios pratica-
malidade, celeridade e economia processual, de modo dos por funcionário público;
que a Lei nº 9.099/95, que trata do tema no âmbito d) poderá ser oferecido o benefício da transação penal,
estadual, trouxe um procedimento próprio, conhecido já que o agente é tecnicamente primário, e, descum-
como sumaríssimo. pridas as condições, poderão as mesmas ser executa-
dos, mas não é possível oferecimento de denúncia.
De acordo com as previsões da Lei nº 9.099/95, em e) poderá ser oferecido o benefício da transação penal, já
respeito ao princípio da: que o agente é tecnicamente primário, mas, descumpri-
das as condições, é possível oferecimento de denúncia.
a) economia processual, a competência do Juizado
Especial Criminal é definida pelo local da consumação
do crime, ainda que outro seja o local de sua prática;
9 GABARITO
b) celeridade, a citação a ser realizada no Juizado Espe-
cial Criminal poderá ser pessoal ou fictícia através de 1 A
edital, esta no caso de o acusado não ser localizado;
c) economia processual, dos atos praticados em audiência 2 C
considerar-se-ão desde logo cientes as partes e interes-
3 A
sados, mas não os advogados constituídos e defenso-
res, que têm a prerrogativa de intimação pessoal; 4 E
d) oralidade, serão objeto de registro escrito exclusiva-
mente os atos havidos como essenciais, como denún- 5 C
cia, alegações finais e sentença, que devem, em regra,
6 D
ser integralmente transcritos;
e) celeridade, a prática de atos processuais em outras 7 B
comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio
hábil de comunicação. 8 C

9 C
19. (FGV — 2021) A Lei nº 9.099/1995 dispõe sobre os
Juizados Especiais Criminais, próprios para o julga- 10 D
mento dos delitos de menor potencial ofensivo, pre-
vendo regramento e institutos próprios. 11 B

12 B
De acordo com a referida legislação e outras subsequentes:
13 C
a) os crimes de menor potencial ofensivo sempre serão
julgados no Juizado Especial Criminal; 14 A
b) caberá recurso de apelação contra a decisão que rejei- 15 D
tar a denúncia;
c) não será possível a suspensão condicional do proces- 16
81

C
so quando não oferecida ou aceita a transação penal;
8-

17 B
70

d) a sentença deverá, obrigatoriamente, conter relatório,


fundamentação e parte dispositiva;
.
93

18 E
e) consideram-se infrações de menor potencial ofensivo
.0

aquelas em que a pena máxima não é superior a dois 19 B


98

anos e não possuem a elementar violência ou grave


-2

ameaça à pessoa. 20 B
p py

20. (FGV — 2018) Antônio, funcionário público, está sen-


Tu

do investigado pela suposta prática do crime de pre-


ANOTAÇÕES
o

varicação ocorrido em abril de 2018 (Art. 319 do CP.


ul

Pena: 3 meses a 1 ano de detenção e multa). Recebido


Pa

o procedimento em agosto de 2018, o Ministério Públi-


co verifica que na Folha de Antecedentes Criminais de
Antônio consta uma anotação, por fatos datados de
2014, referente ao crime de ameaça, tendo o funcioná-
rio se beneficiado de transação penal naquela ocasião,
sendo devidamente cumpridas as medidas restritivas
de direitos aplicadas, e extinta a punibilidade.

Considerando as informações narradas, o advogado de


Antônio deverá esclarecer que, sob o ponto de vista técnico,

a) não poderá ser oferecido o benefício da transação


penal, pois, em razão do benefício, Antônio não mais é
considerado tecnicamente primário;
b) não poderá ser oferecido o benefício da transação penal
92 em razão do benefício anteriormente oferecido e aceito;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As proibições ou vedações, por sua vez, estão dis-
postas nos arts. 242 a 244, in verbis:

Art. 242 Ao funcionário é proibido:

DIREITO
I - (Revogado).
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade
competente, qualquer documento ou objeto existen-
ADMINISTRATIVO te na repartição;
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em
palestras, leituras ou outras atividades estranhas
ao serviço;
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa
justificada;
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS V - tratar de interesses particulares na repartição;
VI - promover manifestações de apreço ou desapre-
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO ço dentro da repartição, ou tornar-se solidário com
(LEI ESTADUAL N° 10.261, DE 28 elas;
DE OUTUBRO DE 1968 COM AS VII - exercer comércio entre os companheiros de
serviço, promover ou subscrever listas de donati-
ALTERAÇÕES VIGENTES) vos dentro da repartição;
VIII - empregar material do serviço público em ser-
DO REGIME DISCIPLINAR: DEVERES, VEDAÇÕES, viço particular.
RESPONSABILIDADES E SANÇÕES APLICÁVEIS Art. 243 É proibido ainda, ao funcionário:
I - fazer contratos de natureza comercial e indus-
Dos Deveres e das Proibições trial com o Governo, por si, ou como representante
de outrem;
Os servidores públicos, dada a sua grande impor- II - participar da gerência ou administração de
tância para as funções estatais, possuem uma grande empresas bancárias ou industriais, ou de socieda-
gama de deveres e de vedações, isto é, de condutas des comerciais, que mantenham relações comer-
que devem fazer e de condutas que estão proibidos ciais ou administrativas com o Governo do Estado,
de fazer. sejam por este subvencionadas ou estejam direta-
O art. 241 trata do rol de deveres dos funcionários mente relacionadas com a finalidade da repartição
públicos. A melhor forma de ver e memorizar os refe- ou serviço em que esteja lotado;
ridos deveres é pela leitura da Lei seca, in verbis: III - requerer ou promover a concessão de privilé-
gios, garantias de juros ou outros favores seme-
Art. 241 São deveres do funcionário: lhantes, federais, estaduais ou municipais, exceto
I - ser assíduo e pontual; privilégio de invenção própria;
II - cumprir as ordens superiores, representando IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho,
quando forem manifestamente ilegais; emprego ou função em empresas, estabelecimentos
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos ou instituições que tenham relações com o Gover-
de que for incumbido; no, em matéria que se relacione com a finalidade da
81

IV - guardar sigilo sobre os assuntos da reparti- repartição ou serviço em que esteja lotado;
8-

ção e, especialmente, sobre despachos, decisões ou V - aceitar representação de Estado estrangeiro,


70

providências; sem autorização do Presidente da República;


.
93

V - representar aos superiores sobre todas as irre- VI - comerciar ou ter parte em sociedades comer-
.0

gularidades de que tiver conhecimento no exercício ciais nas condições mencionadas no item II deste
98

de suas funções; artigo, podendo, em qualquer caso, ser acionista,


-2

VI - tratar com urbanidade as pessoas; quotista ou comanditário;


VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos
py

autorizado; de sabotagem contra o serviço público;


p

VIII - providenciar para que esteja sempre em


Tu

VIII - praticar a usura;


ordem, no assentamento individual, a sua declara- IX - constituir-se procurador de partes ou servir de
o

ção de família;
ul

intermediário perante qualquer repartição pública,


IX - zelar pela economia do material do Estado e
Pa

exceto quando se tratar de interesse de cônjuge ou


pela conservação do que for confiado à sua guarda
parente até segundo grau;
ou utilização;
DIREITO ADMINISTRATIVO

X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou


X - apresentar -se convenientemente trajado em
de entidades fiscalizadas, no País, ou no estran-
serviço ou com uniforme determinado, quando for
geiro, mesmo quando estiver em missão referente
o caso;
XI - atender prontamente, com preferência sobre à compra de material ou fiscalização de qualquer
qualquer outro serviço, às requisições de papéis, natureza;
documentos, informações ou providências que lhe XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para
forem feitas pelas autoridades judiciárias ou admi- desempenhar atividade estranha às funções ou
nistrativas, para defesa do Estado, em Juízo; para lograr, direta ou indiretamente, qualquer
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade proveito;
com os companheiros de trabalho; XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer
XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regi- parte.
mentos, instruções e ordens de serviço que digam Artigo 243-A - O disposto no artigo 243, inciso IV,
respeito às suas funções; desta lei, não se aplica ao funcionário de órgão ou
XIV - proceder na vida pública e privada na forma entidade concedente de estágio que atuar como
que dignifique a função pública. professor orientador. 93
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Parágrafo único - O funcionário de que trata o É importante, também, o texto disposto nos arts.
‘caput’ deste artigo deverá evitar qualquer conflito 247 e 248:
de interesses e estará sujeito, inclusive, aos deveres
de: Art. 247 Nos casos de indenização à Fazenda Esta-
1 - comunicar, ao superior hierárquico, qualquer dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma
circunstância, suspeição ou fato impeditivo de sua
só vez, a importância do prejuízo causado em vir-
participação em decisão a ser tomada no âmbito da
tude de alcance, desfalque, remissão ou omissão em
unidade administrativa;
2 - abster-se de atuar nos processos ou procedimen- efetuar recolhimento ou entrada nos prazos legais.
tos em que houver interesse da instituição de ensi- Art. 248 Fora dos casos incluídos no artigo ante-
no (NR). rior, a importância da indenização poderá ser
Art. 244 É vedado ao funcionário trabalhar sob as descontada do vencimento ou remuneração não
ordens imediatas de parentes, até segundo grau, excedendo o desconto à 10ª (décima) parte do valor
salvo quando se tratar de função de confiança destes.
e livre escolha, não podendo exceder a 2 (dois) o Parágrafo único. No caso do item IV do parágra-
número de auxiliares nessas condições. fo único do art. 245, não tendo havido má-fé, será
aplicada a pena de repreensão e, na reincidência, a
Das Responsabilidades de suspensão.

Sobre o capítulo “Das Responsabilidades”, o Esta- Disciplina o referido texto legal que, uma vez com-
tuto apresenta o que a doutrina gosta de denominar provado que o funcionário público, efetivamente,
tríplice responsabilidade dos servidores públicos. realizou gastos extraordinários para a aquisição de
Ela é tríplice porque o servidor responde civil, penal e materiais em desacordo com a legislação, ele deverá
administrativamente pelo exercício irregular de suas ressarcir os cofres públicos com o próprio patrimônio.
atribuições.
Trata-se, pois, de responsabilidade na esfera civil, pois
O art. 245 trata da responsabilidade civil:
a natureza da condenação é puramente indenizatória.
Art. 245 O funcionário é responsável por todos os
Vale ressaltar que a apuração de condutas transgres-
prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda soras é feita por meio de Processo Administrativo
Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados. Disciplinar.
Outra hipótese tratada pelo referido Estatuto diz
A responsabilidade civil é caracterizada especial- respeito ao servidor que delega suas funções e compe-
mente no parágrafo único, do art. 245: tências a terceiros, isto é, pessoas estranhas, que não
integram os Quadros da Administração Pública. Essa
Art. 245 […] hipótese está prevista no art. 249:
Parágrafo único. Caracteriza-se especialmente a
responsabilidade: Art. 249 Será igualmente responsabilizado o fun-
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à cionário que, fora dos casos expressamente previs-
sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar
tos nas leis, regulamentos ou regimentos, cometer
contas, ou por não as tomar, na forma e no prazo
a pessoas estranhas às repartições, o desempe-
estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos,
81

nho de encargos que lhe competirem ou aos seus


instruções e ordens de serviço;
8-

II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros subordinados.


70

prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob


.
93

sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização; Cabe destacar que a responsabilidade adminis-
.0

III - pela falta ou inexatidão das necessárias aver- trativa não exime o funcionário da responsabilida-
98

bações nas notas de despacho, guias e outros docu- de civil ou criminal que couber, nem do pagamento
-2

mentos da receita, ou que tenham com eles relação; da indenização a que ficar obrigado, na forma dos
e
py

arts. 247 e 248, nem do exame da pena disciplinar em


IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra
que incorrer. Vejamos a íntegra do art. 250:
p

a Fazenda Estadual.
Tu

Art. 250 A responsabilidade administrativa não


o

Complementando a noção de responsabilida-


ul

exime o funcionário da responsabilidade civil ou


de civil do servidor público, o art. 246 trata de uma
Pa

criminal que no caso couber, nem o pagamento


situação que ocorre com bastante frequência, sobre-
da indenização a que ficar obrigado, na forma dos
tudo envolvendo servidores encarregados pela aqui-
arts. 247 e 248, o exame da pena disciplinar em que
sição de bens e materiais para a prestação de serviços
incorrer.
públicos.
§ 1º A responsabilidade administrativa é indepen-
O servidor, agindo de má-fé, acaba realizando gas-
dente da civil e da criminal.
tos maiores do que o essencial, quer pela compra de
materiais por um valor muito acima do preço de mer- § 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo
cado, quer pela aquisição de materiais da empresa de que ocupava e com todos os direitos e vantagens
um parente próximo. Vejamos o disposto no art. 246: devidas, o servidor absolvido pela Justiça, median-
te simples comprovação do trânsito em julgado de
Art. 246 O funcionário que adquirir materiais em decisão que negue a existência de sua autoria ou do
desacordo com disposições legais e regulamenta- fato que deu origem à sua demissão.
res, será responsabilizado pelo respectivo cus- § 3º O processo administrativo só poderá ser
to, sem prejuízo das penalidades disciplinares sobrestado para aguardar decisão judicial por des-
cabíveis, podendo-se proceder ao desconto no seu pacho motivado da autoridade competente para
94 vencimento ou remuneração. aplicar a pena.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Um ponto importante que é cobrado com muita frequência em provas diz respeito ao fato de a responsabilida-
de administrativa ser independente da civil e da criminal. As três esferas de responsabilidade são independentes
e não se comunicam entre si.
Há, contudo, uma importante exceção a essa regra: o servidor não pode se responsabilizar na esfera adminis-
trativa ou civil quando restar comprovado que não praticou um crime, ou quando tenha sido negada a sua autoria
em matéria penal.
Esquematicamente, podemos dividir na tabela a seguir as três esferas de responsabilidade, destacando-se sua
natureza, os tipos de sanções que são impostas e a possibilidade de elas se comunicarem entre si:

RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CRIMINAL
ADMINISTRATIVA
Natureza indenizatória Natureza disciplinar Natureza penal
(reparação de danos) (apurar transgressões disciplinares) (apurar crimes e contravenções)
Sanção: advertência, repreensão,
Sanção: restituição de valores Sanção: decretação de prisão, restrição
suspensão, demissão, cassação de
ao erário de direitos
aposentadoria
Não se comunica, exceto quando não se
Não se comunica Não se comunica configura crime, ou seja, quando for ne-
gada a autoria do agente

Das Penalidades e de sua Aplicação

Por fim, é importante conhecer todas as sanções disciplinares, dispostas no art. 251, sendo aplicáveis aos
funcionários que ou deixam de cumprir um de seus deveres, ou cometem uma das proibições também dispostas
no Estatuto.

Art. 251 São penas disciplinares:


I - repreensão;
II - suspensão;
III - multa;
IV - demissão;
V - demissão a bem do serviço público;
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

Antes de estudarmos cada uma dessas penalidades, é importante ressaltar que a sua aplicação deve seguir
alguns critérios bastante subjetivos. É isso o que dispõe o texto do art. 252:

Art. 252 Na aplicação das penas disciplinares serão consideradas a natureza e a gravidade da infração e os
81

danos que dela provierem para o serviço público.


8-
70

A ideia é que as infrações mais graves, que ensejarem maiores prejuízos para a Administração, devem ser
.
93

punidas com sanções mais rigorosas. Dentre as sanções aplicáveis, vale lembrar que a pena de repreensão será
.0

aplicada por escrito. Vejamos a literalidade da lei:


98
-2

Art. 253 A pena de repreensão será aplicada por escrito, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento
py

dos deveres.
p
Tu

A pena de suspensão, a qual não pode exceder a 90 dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidên-
o

cia. Vejamos:
ul
Pa

Art. 254 A pena de suspensão, que não excederá de 90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou
de reincidência.
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do cargo.


§ 2º A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cin-
qüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer
em serviço.

A pena de multa está prevista no art. 255, porém, tal dispositivo apenas menciona que a multa será aplicada
na forma e nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento. Um desses casos é a hipótese de conversão
da pena de suspensão.

Art. 255 A pena de multa será aplicada na forma e nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento.

A pena de demissão, prevista no art. 256, é uma das sanções mais graves, porque enseja o desligamento força-
do do servidor. Não se confunde com a exoneração, pois esta não tem caráter de sanção, podendo até mesmo ser
requerida a pedido do próprio servidor. 95
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Art. 256 Será aplicada a pena de demissão nos X - apresentar com dolo declaração falsa em maté-
casos de: ria de salário-família, sem prejuízo da responsabili-
I - Revogado; dade civil e de procedimento criminal, que no caso
II - procedimento irregular, de natureza grave; couber.
III - ineficiência no serviço; XI - praticar ato definido como crime hediondo, tor-
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
V - inassiduidade. e terrorismo;
§ 1º - Considerar-se-á inassiduidade a ausência XII - praticar ato definido como crime contra o Sis-
ao serviço, sem causa justificável, por mais de 15 tema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de
(quinze) dias consecutivos, ou por mais de 20 (vin- bens, direitos ou valores;
te) dias úteis intercalados, durante 1 (um) ano. XIII - praticar ato definido em lei como de
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no servi- improbidade.
ço, só será aplicada quando verificada a impossibi-
lidade de readaptação.
Como se pode depreender da leitura do dispositivo,
§ 3º - Para configuração do ilícito administrativo de
a demissão a bem do serviço público apresenta hipó-
inassiduidade em razão da ausência ao serviço por
mais de 15 (quinze) dias consecutivos, observar-se- teses mais graves e que não se relacionam com o exer-
-á o seguinte: cício da função pública. Mesmo assim, é do interesse
1 - serão computados os sábados, os domingos, os público que esse agente seja desligado de seu cargo,
feriados e os pontos facultativos subsequentes à pois claramente se mostra incompatível com o mesmo.
primeira falta;
2 - se o funcionário cumprir a jornada de traba- Art. 258 O ato que demitir o funcionário menciona-
lho sob regime de plantão, além dos sábados, dos rá sempre a disposição legal em que se fundamenta.
domingos, dos feriados e dos pontos facultativos,
serão computados os dias de folga subsequentes O ato que demitir o funcionário mencionará sem-
aos plantões a que tenha faltado. pre a disposição legal em que se fundamenta, con-
forme o texto do art. 258. Essa obrigatoriedade de
Dica fundamentar o ato de demissão deriva de um impor-
tante princípio da Administração Pública: o Princípio
Um pequeno mnemônico para decorar as hipó-
da Motivação dos Atos Administrativos.
teses de demissão simples: ao pegar a primeira
Caberá a pena de cassação de aposentadoria
letra de cada inciso, forma-se a expressão “A
ou disponibilidade nos casos previstos no art. 259.
PIA A”: Vejamos:
Abandono de cargo
Procedimento irregular Art. 259 Será aplicada a pena de cassação de
Ineficiência intencional e reiterada no serviço aposentadoria ou disponibilidade, se ficar pro-
Aplicação indevida de dinheiros públicos vado que o inativo:
Ausência ao serviço I - praticou, quando em atividade, falta grave para
a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou
Já a demissão a bem do serviço público apresen- de demissão a bem do serviço público;
ta alguns aspectos distintos da demissão simples. Ela II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
acontece em decorrência de casos gravíssimos em que III - aceitou representação de Estado estrangeiro
81

o servidor público pratica um ato considerado não sem prévia autorização do Presidente da Repúbli-
8-

apenas uma transgressão disciplinar, mas um crime ca; e


70

contra a Administração. Conforme dispõe o texto do IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
.
93

art. 257:
.0

O art. 260 trata das pessoas competentes para a


98

Art. 257 Será aplicada a pena de demissão a bem aplicação das penalidades previstas anteriormente.
-2

do serviço público ao funcionário que: São elas:


py

I - for convencido de incontinência pública e escan-


dalosa e de vício de jogos proibidos; Art. 260 [...]
p
Tu

II - praticar ato definido como crime contra a admi- I - o Governador;


nistração pública, a fé pública e a Fazenda Esta- II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do
o

dual, ou previsto nas leis relativas à segurança e à


ul

Estado e os Superintendentes de Autarquia;


Pa

defesa nacional; III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;


III - revelar segredos de que tenha conhecimento IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada
em razão do cargo, desde que o faça dolosamente e a 60 (sessenta) dias; e
com prejuízo para o Estado ou particulares; V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
IV - praticar insubordinação grave; suspensão limitada a 30 (trinta) dias.
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra fun-
cionários ou particulares, salvo se em legítima
O art. 261 trata de algo também bastante importan-
defesa;
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos; te, que é a prescrição da punibilidade, ou prescrição
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre- do direito de exercer o poder disciplinar. Extingue-se
sentes ou vantagens de qualquer espécie, direta- a punibilidade pela prescrição:
mente ou por intermédio de outrem, ainda que fora
de suas funções mas em razão delas; Art. 261 [...]
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quais- I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão
quer valores a pessoas que tratem de interesses ou ou multa, em 2 (dois) anos;
o tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão
fiscalização; a bem do serviço público e de cassação da aposen-
96 IX - exercer advocacia administrativa; tadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - da falta prevista em lei como infração penal, no Comparando moralidade e probidade, pode-se afir-
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, mar que como princípios, significam praticamente
se for superior a 5 (cinco) anos. a mesma coisa, embora algumas leis façam referên-
cia às duas separadamente, do mesmo modo que
Por fim, o texto do art. 262 faz referência à hipó- há referência aos princípios da razoabilidade e da
tese na qual o funcionário público, quando obrigado proporcionalidade como princípios diversos, quan-
a cumprir uma exigência, se recusa ou deixa de cum- do este último é apenas um aspecto do primeiro.
pri-la no prazo determinado. A sanção, nesses casos, No entanto, quando se fala em improbidade como
será de suspensão do pagamento do vencimento do ato ilícito, como infração sancionada pelo orde-
funcionário até que ele cumpra com a referida exi- namento jurídico, deixa de haver sinonímia entre
gência. Essa é uma sanção aplicável também ao servi- as expressões improbidade e imoralidade, porque
dor aposentado, sendo suspensa a percepção de seus aquela tem um sentido muito mais amplo e muito
proventos. mais preciso que abrange não só atos desonestos
ou imorais, mas também e principalmente atos
Art. 262 O funcionário que, sem justa causa, ilegais. Na lei de improbidade administrativa (lei
deixar de atender a qualquer exigência para nº 8.429/92), a lesão à moralidade administrativa
cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá é apenas uma das inúmeras hipóteses de atos de
suspenso o pagamento de seu vencimento ou improbidade previstas na lei.
remuneração até que satisfaça essa exigência.
Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou em Em provas, é comum que o examinador traga pro-
disponibilidade o disposto neste artigo. bidade e moralidade como sinônimos e essa vem sen-
Art. 263 Deverão constar do assentamento indivi- do a regra nas provas; entretanto, é importante que
dual do funcionário todas as penas que lhe forem você saiba essa sutil diferença caso a banca queira se
impostas. aprofundar nesse assunto.
Observe um exemplo de questão que abordou esse
tema em concurso:

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI (CEBRASPE-CESPE — 2018) De acordo com os con-


N° 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992) ceitos, valores e princípios éticos e morais, bem como
com as disposições da Lei nº 8.429/1992, julgue o
No dia 26 de outubro de 2021, foi publicada a Lei item a seguir.
nº 14.230, de 2021, que traz alterações significativas A ideia de probidade administrativa equivale à de
para a Lei de Improbidade Administrativa — Lei nº moralidade, na medida em que ambas se relacionam
8.429, de 1992. Faremos a análise da Lei de Improbi- à honestidade na administração pública, sendo, por
dade apontando tais alterações. isso, exigidas do agente público a observância dos
A improbidade administrativa tem fundamento no princípios éticos e a consciência dos valores morais.
princípio da moralidade. Veja o que consta no § 4º, art.
37, da CF: ( ) CERTO   ( ) ERRADO
81

Art. 37 [...]
8-

Nessa questão, a banca trouxe os conceitos de


§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
70

moralidade e probidade como equivalentes e conside-


tarão a suspensão dos direitos políticos, a per-
.

rou como correta a afirmativa. Portanto, se a questão


93

da da função pública, a indisponibilidade dos


não citar a diferença explicada anteriormente, consi-
.0

bens e o ressarcimento ao erário, na forma e


98

gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação dere os conceitos como equivalentes.
-2

penal cabível.
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de
py

Nesse sentido, percebe-se que a Administração improbidade administrativa tutelará a probidade


p

na organização do Estado e no exercício de suas


Tu

Pública, além da legalidade formal, precisa observar,


também, os princípios éticos de lealdade, da boa-fé e funções, como forma de assegurar a integrida-
o

de do patrimônio público e social, nos termos


ul

de regras que assegurem a boa administração.


Pa

desta Lei.
O art. 1º dispõe que o sistema de responsabiliza-
ção por atos de improbidade administrativa tutelará
DIREITO ADMINISTRATIVO

a probidade na organização do Estado. E qual seria a O texto da nova lei cita um ponto que antes não
diferença entre probidade e moralidade? Existe dife- era trazido de forma expressa na Lei nº 8.429, de 1992,
rença ou são sinônimos? que é a integridade. A integridade está ligada à polí-
Ambos têm fundamento na ideia de honestidade, tica de governança da administração pública federal
mas a moralidade é um conceito jurídico indetermi- e também se relaciona à moralidade e à honestidade.
nado trazido como princípio constitucional no caput Outra mudança importante da lei é que os atos
do art. 37, da CF. Segundo Di Pietro, “a moralidade exi- de improbidade passam a depender de uma condu-
ge basicamente honestidade, observância das regras ta dolosa, ou seja, não é mais admitida a modalidade
de boa administração, atendimento ao interesse culposa nos atos de improbidade.
público, boa-fé, lealdade.” O § 2º traz o conceito de dolo; além disso, é impor-
Já a probidade é prevista em lei. A improbidade tante que você saiba que o dolo aqui descrito é o dolo
é gênero que alcança atos de ilegalidade, imoralida- específico, ou seja, com a intenção de alcançar o resul-
de e qualquer violação a princípios da Administração tado. Exemplo: um servidor frauda a licitação para
Pública. Ainda nos ensinamentos de Di Pietro, beneficiar um amigo. 97
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§ 1º Consideram-se atos de improbidade adminis- z Entidade privada para cuja criação ou custeio
trativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, o erário haja concorrido ou concorra no seu
10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em patrimônio ou receita atual, limitado o ressarci-
leis especiais. mento de prejuízos, nesse caso, à repercussão do
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts.
9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade Com relação às entidades privadas que, mesmo
do agente.
não integrando a administração indireta, recebem
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de
dinheiro público (“criação ou custeio o erário haja
competências públicas, sem comprovação de ato
concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita”
doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade
por ato de improbidade administrativa. — § 7º), o ressarcimento dos prejuízos será limitado à
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disci- repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
plinado nesta Lei os princípios constitucionais do públicos.
direito administrativo sancionador. Assim, uma entidade privada que recebe R$
55.000,00 provenientes dos cofres públicos poderá
Quando o legislador diz, no § 4º, que se aplicam ao (somente por meio do Ministério Público) pleitear em
sistema de improbidade os princípios constitucionais ação de improbidade administrativa o ressarcimento
do direito administrativo sancionador, quer dizer que dos prejuízos até o limite de 55 mil reais.
serão aplicadas as normas constitucionais relativas ao
direito penal que protejam e beneficiem o réu, como, § 8º Não configura improbidade a ação ou omis-
por exemplo, a retroatividade da lei mais benéfica. são decorrente de divergência interpretativa da lei,
baseada em jurisprudência, ainda que não pacifi-
cada, mesmo que não venha a ser posteriormente
Observe este julgado do STJ sobre o tema “direito
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle
administrativo sancionador”: ou dos tribunais do Poder Judiciário

[...] o tema insere-se no âmbito do Direito Adminis-


No § 8º, a lei deixa claro que as divergências inter-
trativo sancionador e, segundo doutrina e jurispru-
pretativas das leis, baseadas em jurisprudências, não
dência, em razão de sua proximidade com o Direito
Penal, a ele se estende a norma do inciso XVIII,
configuram ato de improbidade. Se um agente públi-
art. 5º, da Constituição da República, qual seja, a co, por exemplo, efetua a dispensa de licitação em
retroatividade da lei mais benéfica (REsp 1.353.267; uma hipótese na qual há divergência jurisprudencial
e, em idêntico sentido, o RMS 37.031). a respeito da possibilidade ou impossibilidade de dis-
pensa em tal situação, não há que se falar em impro-
SUJEITOS PASSIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE bidade, mesmo que, posteriormente, a interpretação
prevalente seja contrária ao ato praticado pelo agente.
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na Esse dispositivo garante mais segurança jurídica.
organização do Estado e no exercício de suas fun-
ções e a integridade do patrimônio público e social SUJEITOS ATIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
bem como da administração direta e indireta, O sujeito ativo é aquele que pratica o ato descrito
81

no âmbito da União, dos Estados, dos Municí- na Lei de Improbidade. Segundo dispõe a norma:
8-

pios e do Distrito Federal.


70

§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-
.
93

de improbidade praticados contra o patrimô- -se agente público o agente político, o servidor
.0

nio de entidade privada que receba subvenção, público e todo aquele que exerce, ainda que tran-
98

benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
-2

públicos ou governamentais, previstos no § 5º deste nomeação, designação, contratação ou qualquer


artigo. outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
py

§ 7º Independentemente de integrar a administra- cargo, emprego ou função nas entidades referidas


p

ção indireta, estão sujeitos às sanções desta Lei no art. 1º desta Lei.
Tu

os atos de improbidade praticados contra o Parágrafo único. No que se refere a recursos de


o

patrimônio de entidade privada para cuja criação origem pública, sujeita-se às sanções previstas nes-
ul

ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no ta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que
Pa

seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressar- celebra com a administração pública convênio,
cimento de prejuízos, nesse caso, à repercussão do contrato de repasse, contrato de gestão, termo de
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. parceria, termo de cooperação ou ajuste adminis-
trativo equivalente.
Os parágrafos 5º, 6º e 7º descrevem os sujeitos
passivos do ato de improbidade, que são aqueles que O art. 2º descreve o conceito de agente público.
sofrem o ato: Podemos dizer que o conceito trazido na lei trata de
agentes públicos em sentido amplo e seriam os:
z Patrimônio público e social dos Poderes Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário, bem como da z Agentes políticos;
administração direta e indireta, no âmbito da z Servidores públicos;
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito z Todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
Federal; mente ou sem remuneração, por eleição, nomea-
z Entidade privada que receba subvenção, bene- ção, designação, contratação ou qualquer outra
fício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
98 públicos ou governamentais citados acima; emprego ou função;
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z O particular, pessoa física ou jurídica, que celebra Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar
com a administração pública convênio, contrato dano ao erário ou que se enriquecer ilicitamente estão
de repasse, contrato de gestão, termo de parce- sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite
ria, termo de cooperação ou ajuste administrati- do valor da herança ou do patrimônio transferido.
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que
vo equivalente (Particular equiparado a Agente
trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na hipó-
Público).
tese de alteração contratual, de transformação,
de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
Além deles, temos como sujeitos ativos também Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de
aqueles que, mesmo não sendo agentes públicos, incorporação, a responsabilidade da suces-
induzam ou concorram dolosamente para a prática sora será restrita à obrigação de reparação
do ato de improbidade. integral do dano causado, até o limite do
patrimônio transferido, não lhe sendo apli-
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no cáveis as demais sanções previstas nesta Lei
que couber, àquele que, mesmo não sendo agente decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes
público, induza ou concorra dolosamente para a da data da fusão ou da incorporação, exceto
prática do ato de improbidade. no caso de simulação ou de evidente intuito de
§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colabo- fraude, devidamente comprovados.
radores de pessoa jurídica de direito privado não
respondem pelo ato de improbidade que venha a A responsabilidade sucessória teve alguns acrés-
ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, compro- cimos. Nas hipóteses de dano ao erário e enriqueci-
vadamente, houver participação e benefícios dire- mento ilícito, se houver o falecimento do causador
tos, caso em que responderão nos limites da sua do dano, o sucessor ou o herdeiro ficam obrigados
participação. à reparação até o limite do valor da herança ou do
§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pes- patrimônio transferido. Essa regra já estava prevista
soa jurídica, caso o ato de improbidade adminis- no texto anterior da Lei de Improbidade.
trativa seja também sancionado como ato lesivo à A novidade agora é com relação às fusões e incor-
administração pública de que trata a Lei nº 12.846, porações de empresas às quais também se aplica a
de 1º de agosto de 2013. responsabilidade sucessória do art. 8º.

DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


O art. 3º traz algumas novidades importantes, pois
dispõe que: As hipóteses de improbidade administrativa estão
divididas em três espécies: art. 9º — atos que impor-
Salvo se,
Sócios, Cotistas
Não respondem comprovadamente, tam enriquecimento ilícito; art. 10 — atos que causam
pelo ato de houver participação e prejuízo ao erário e art. 11 — atos que atentam contra
Diretores e
improbidade
Colaboradores de
que venha a
benefícios diretos, caso os princípios da administração pública.
pessoa jurídica de em que responderão
ser imputado à nos limites da sua
O art. 10-A, incluído em 2016, que tratava dos atos
direito privado
pessoa jurídica participação de improbidade administrativa decorrentes de con-
cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro
ou tributário, deixou de existir como espécie de ato
81

Além disso, as sanções trazidas nessa lei não se


e foi incorporado em uma das hipóteses de atos que
8-

aplicarão à pessoa jurídica caso o ato praticado seja


causam lesão ao erário.
70

também sancionado como ato lesivo à administração Além disso, o rol de hipótese, que antes era exem-
.

pública de que trata a Lei Anticorrupção.


93

plificativo, agora se tornou rol taxativo. O rol exem-


A Lei nº 14.230, de 2021 (diferentemente do texto
.0

plificativo é aquele que pode ser acrescido por outras


98

original da Lei nº 8.429, de 1992) incluiu expressa- hipóteses, já o rol taxativo traz uma relação de situa-
-2

mente “agente político” como agente público, conso- ções restritas às quais não haverá acréscimo. A seguir,
lidando o que a jurisprudência já decidia a respeito da destacaremos as mudanças trazidas pela Lei nº 14.230,
py

aplicação da Lei de Improbidade aos agentes políticos. de 2021.


p
Tu

Com relação aos Chefes do Executivo, é importante


ficar atento para a exceção quanto ao Presidente da Dica
o
ul

República.
Antes de adentrarmos propriamente nas espé-
Pa

Ou seja, para os Prefeitos e Governadores, temos


a possibilidade de aplicação da Lei de Improbida-
cies de atos de improbidade, vale ressaltar uma
DIREITO ADMINISTRATIVO

de, inclusive com a possibilidade de duplo regime técnica utilizada pelos concurseiros que serve
sancionatório (pela LIA e mediante impeachment), e para distinguir cada conduta ou exemplo prático
não há foro por prerrogativa de função. que o examinador possa trazer.
Já com relação ao Presidente da República, não Em caso de o agente público se beneficiar do ato
há a possibilidade de aplicação da Lei de Improbi- de improbidade, o ato será classificado como ato
dade, uma vez que o Presidente da República já tem de improbidade que causa enriquecimento ilícito.
um sistema próprio de punição dentro da Constitui- Caso um ato de improbidade administrativa
ção Federal com uma previsão específica para crimes ocorra, mas o agente público envolvido não se
de responsabilidade. beneficiou, resta observar se algum terceiro foi
beneficiado; se a resposta for positiva, o ato de
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbida- improbidade importou em lesão ao erário. Caso
de, a autoridade que conhecer dos fatos repre- ninguém tenha se beneficiado, o ato (desde que
sentará ao Ministério Público competente, ímprobo) importou em violação dos princípios
para as providências necessárias. administrativos. 99
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Dos Atos de Improbidade Administrativa que XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
Importam Enriquecimento Ilícito ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Art. 9º Constitui ato de improbidade administra-
tiva importando em enriquecimento ilícito aufe- Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
rir, mediante a prática de ato doloso, qualquer Prejuízo ao Erário
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão
do exercício de cargo, de mandato, de função, de Art. 10 Constitui ato de improbidade administra-
emprego ou de atividade nas entidades referidas no tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou
art. 1º desta Lei, e notadamente: omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprova-
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem damente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco- malbaratamento ou dilapidação dos bens ou have-
nômica, direta ou indireta, a título de comissão, res das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
percentagem, gratificação ou presente de quem notadamente:
tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para
atingido ou amparado por ação ou omissão decor- a indevida incorporação ao patrimônio particular,
rente das atribuições do agente público; de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, de
II - perceber vantagem econômica, direta ou indire- verbas ou de valores integrantes do acervo patri-
ta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação monial das entidades referidas no art. 1º desta Lei;
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de ser- II - permitir ou concorrer para que pessoa física
viços pelas entidades referidas no art. 1° por preço ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
superior ao valor de mercado; valores integrantes do acervo patrimonial das enti-
III - perceber vantagem econômica, direta ou indi- dades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a obser-
reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação vância das formalidades legais ou regulamentares
de bem público ou o fornecimento de serviço por aplicáveis à espécie;
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado; III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer ente despersonalizado, ainda que de fins educativos
bem móvel, de propriedade ou à disposição de qual- ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
quer das entidades referidas no art. 1º desta Lei, patrimônio de qualquer das entidades mencionadas
bem como o trabalho de servidores, de empregados no art. 1º desta lei, sem observância das formalida-
ou de terceiros contratados por essas entidades; des legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
V - receber vantagem econômica de qualquer natu- IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
reza, direta ou indireta, para tolerar a exploração locação de bem integrante do patrimônio de qual-
ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar- quer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou
cotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer ainda a prestação de serviço por parte delas, por
outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal preço inferior ao de mercado;
vantagem; V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
VI - receber vantagem econômica de qualquer locação de bem ou serviço por preço superior ao
natureza, direta ou indireta, para fazer declaração de mercado;
falsa sobre qualquer dado técnico que envolva VI - realizar operação financeira sem observância
obras públicas ou qualquer outro serviço ou das normas legais e regulamentares ou aceitar
81

sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou garantia insuficiente ou inidônea;


8-

característica de mercadorias ou bens forne- VII - conceder benefício administrativo ou fiscal


70

cidos a qualquer das entidades referidas no art. 1º sem a observância das formalidades legais ou regu-
.

desta Lei; lamentares aplicáveis à espécie;


93

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercí- VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou
.0

cio de mandato, de cargo, de emprego ou de fun- de processo seletivo para celebração de parcerias
98

ção pública, e em razão deles, bens de qualquer com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
-2

natureza, decorrentes dos atos descritos no indevidamente, acarretando perda patrimonial


py

caput deste artigo, cujo valor seja despropor- efetiva;


p

cional à evolução do patrimônio ou à renda IX - ordenar ou permitir a realização de despesas


Tu

do agente público, assegurada a demonstra- não autorizadas em lei ou regulamento;


ção pelo agente da licitude da origem dessa X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou
o
ul

evolução; de renda, bem como no que diz respeito à conserva-


Pa

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer ativi- ção do patrimônio público;


dade de consultoria ou assessoramento para pes- XI - liberar verba pública sem a estrita observância
soa física ou jurídica que tenha interesse suscetível das normas pertinentes ou influir de qualquer for-
de ser atingido ou amparado por ação ou omis- ma para a sua aplicação irregular;
são decorrente das atribuições do agente público, XII - permitir, facilitar ou concorrer para que tercei-
durante a atividade; ro se enriqueça ilicitamente;
IX - perceber vantagem econômica para interme- XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
diar a liberação ou aplicação de verba pública de particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
qualquer natureza; material de qualquer natureza, de propriedade ou à
X - receber vantagem econômica de qualquer natu- disposição de qualquer das entidades mencionadas
reza, direta ou indiretamente, para omitir ato no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
de ofício, providência ou declaração a que esteja dor público, empregados ou terceiros contratados
obrigado; por essas entidades.
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri- XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que
mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes tenha por objeto a prestação de serviços públicos
do acervo patrimonial das entidades mencionadas por meio da gestão associada sem observar as for-
100 no art. 1° desta lei; malidades previstas na lei;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
XV - celebrar contrato de rateio de consórcio públi- VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga-
co sem suficiente e prévia dotação orçamentária, do a fazê-lo, desde que disponha das condições para
ou sem observar as formalidades previstas na lei. isso, com vistas a ocultar irregularidades;
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci-
para a incorporação, ao patrimônio particular de mento de terceiro, antes da respectiva divulgação
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou oficial, teor de medida política ou econômica capaz
valores públicos transferidos pela administração de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
pública a entidades privadas mediante celebração VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
de parcerias, sem a observância das formalidades fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir-
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; madas pela administração pública com entidades
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física privadas.
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou IX - (Revogado)
valores públicos transferidos pela administração X - (Revogado)
pública a entidade privada mediante celebração XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em
de parcerias, sem a observância das formalidades linha reta, colateral ou por afinidade, até o tercei-
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; ro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
XVIII - celebrar parcerias da administração públi- servidor da mesma pessoa jurídica investido em
ca com entidades privadas sem a observância das cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à o exercício de cargo em comissão ou de confiança
espécie; ou, ainda, de função gratificada na administração
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebra- pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
ção, na fiscalização e na análise das prestações de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
contas de parcerias firmadas pela administração
Municípios, compreendido o ajuste mediante desig-
pública com entidades privadas;
nações recíprocas;
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
XII - praticar, no âmbito da administração pública e
administração pública com entidades privadas
com recursos do erário, ato de publicidade que con-
sem a estrita observância das normas pertinentes
trarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição
ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
Federal, de forma a promover inequívoco enalteci-
irregular.
mento do agente público e personalização de atos,
XXI - (Revogado)
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício finan- de programas, de obras, de serviços ou de campa-
ceiro ou tributário contrário ao que dispõem o nhas dos órgãos públicos.
caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas
116, de 31 de julho de 2003. contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº
§ 1º Nos casos em que a inobservância de forma- 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente have-
lidades legais ou regulamentares não implicar rá improbidade administrativa, na aplica-
perda patrimonial efetiva, não ocorrerá impo- ção deste artigo, quando for comprovado na
sição de ressarcimento, vedado o enriqueci- conduta funcional do agente público o fim de
mento sem causa das entidades referidas no art. obter proveito ou benefício indevido para si ou
1º desta Lei. para outra pessoa ou entidade.
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da § 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a
quaisquer atos de improbidade administrativa tipi-
81

atividade econômica não acarretará improbi-


dade administrativa, salvo se comprovado ato ficados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer
8-

outros tipos especiais de improbidade administrati-


70

doloso praticado com essa finalidade.


va instituídos por lei.
.
93

Dos Atos de Improbidade Administrativa que § 3º O enquadramento de conduta funcional na


.0

Atentam Contra os Princípios da Administração categoria de que trata este artigo pressupõe
98

Pública a demonstração objetiva da prática de ilega-


-2

lidade no exercício da função pública, com a


indicação das normas constitucionais, legais
py

Art. 11 Constitui ato de improbidade administra-


ou infralegais violadas.
p

tiva que atenta contra os princípios da adminis-


Tu

tração pública a ação ou omissão dolosa que viole § 4º Os atos de improbidade de que trata este
artigo exigem lesividade relevante ao bem
o

os deveres de honestidade, de imparcialidade e de


ul

legalidade, caracterizada por uma das seguintes jurídico tutelado para serem passíveis de sancio-
Pa

condutas: namento e independem do reconhecimento da


I - (Revogado) produção de danos ao erário e de enriqueci-
DIREITO ADMINISTRATIVO

II - (Revogado) mento ilícito dos agentes públicos.


III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência § 5º Não se configurará improbidade a mera
em razão das atribuições e que deva permanecer nomeação ou indicação política por parte dos
em segredo, propiciando beneficiamento por infor- detentores de mandatos eletivos, sendo neces-
mação privilegiada ou colocando em risco a segu- sária a aferição de dolo com finalidade ilícita
rança da sociedade e do Estado; por parte do agente.
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em
razão de sua imprescindibilidade para a seguran-
ça da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses Importante!
instituídas em lei;
Frustrar a licitude de licitação:
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter
concorrencial de concurso público, de chamamento � Se houver perda patrimonial efetiva → Prejuízo
ou de procedimento licitatório, com vistas à obten- ao erário;
ção de benefício próprio, direto ou indireto, ou de � Se não houver perda patrimonial efetiva →
terceiros; Atenta contra os princípios. 101
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
DAS PENAS § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro,
se o juiz considerar que, em virtude da situação
Com relação às sanções, a suspensão dos direitos econômica do réu, o valor calculado na forma dos
políticos terá prazo máximo de 14 anos e o valor das incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
multas diminuiu. Veja: reprovação e prevenção do ato de improbidade.
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica,
Art. 12 Independentemente do ressarcimento deverão ser considerados os efeitos econômicos e
integral do dano patrimonial, se efetivo, e das san- sociais das sanções, de modo a viabilizar a manu-
ções penais comuns e de responsabilidade, civis e tenção de suas atividades.
administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito O § 3º respeita o princípio da razoabilidade. Na
às seguintes cominações, que podem ser aplicadas aplicação das sanções às pessoas jurídicas, deve-se
isolada ou cumulativamente, de acordo com a
levar em consideração os efeitos econômicos e sociais
gravidade do fato:
para não tornar inviável a continuidade das ativida-
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda des prestadas pela pessoa jurídica.
da função pública, suspensão dos direitos políticos
até 14 (catorze) anos, pagamento de multa civil equi- § 4º Em caráter excepcional e por motivos rele-
valente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- vantes devidamente justificados, a sanção de
ção de contratar com o poder público ou de receber proibição de contratação com o poder público
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta pode extrapolar o ente público lesado pelo ato
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes- de improbidade, observados os impactos econô-
soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo pra- micos e sociais das sanções, de forma a preservar a
zo não superior a 14 (catorze) anos; função social da pessoa jurídica, conforme disposto
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens no § 3º deste artigo.
ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
se concorrer esta circunstância, perda da função A proibição de contratar, em regra, será aplicada só
pública, suspensão dos direitos políticos até 12 no âmbito do ente lesado; por exemplo, um servidor
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente municipal cometeu um ato de improbidade que gerou
ao valor do dano e proibição de contratar com o lesão ao erário no respectivo Município. Sendo assim, a
poder público ou de receber benefícios ou incenti- proibição de contratar com o poder público será aplica-
vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, da somente ao Município onde ocorreu a lesão.
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da No entanto, excepcionalmente e por motivos rele-
qual seja sócio majoritário, pelo prazo não supe- vantes devidamente justificados, a sanção de proibição
rior a 12 (doze) anos;
de contratar poderá extrapolar o ente público lesado.
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de
Além disso, outro ponto importante acrescido pela
multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor
da remuneração percebida pelo agente e proibição Lei nº 14.230, de 2021, é a necessidade da sanção de
de contratar com o poder público ou de receber proibição de contratação com o poder público constar
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, dire- do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus-
ta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pensas (CEIS), observadas as limitações territoriais
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo contidas na decisão judicial.
prazo não superior a 4 (quatro) anos;
81

IV - (revogado) § 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens


8-

§ 1º A sanção de perda da função pública, nas jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção limi-
70

hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, tar-se-á à aplicação de multa, sem prejuízo do
.
93

atinge apenas o vínculo de mesma qualida- ressarcimento do dano e da perda dos valores
.0

de e natureza que o agente público ou políti- obtidos, quando for o caso, nos termos do caput
98

co detinha com o poder público na época do deste artigo.


-2

cometimento da infração, podendo o magistra- § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a


do, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e reparação do dano a que se refere esta Lei deve-
py

em caráter excepcional, estendê-la aos demais rá deduzir o ressarcimento ocorrido nas ins-
p

vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e tâncias criminal, civil e administrativa que


Tu

a gravidade da infração. tiver por objeto os mesmos fatos.


o

§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com


ul

O § 1º dispõe que a perda da função pública só vai base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de
Pa

alcançar o vínculo que o agente público detinha ao 2013, deverão observar o princípio constitucional
tempo do cometimento da infração. do non bis in idem.
Vamos dar um exemplo. Um servidor público efeti- § 8º A sanção de proibição de contratação com
vo que ocupa o cargo de Analista no Tribunal Regional o poder público deverá constar do Cadastro
do Trabalho da 3ª Região na Comarca de Belo Hori- Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
(CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto
zonte foi licenciado para exercer o mandato eletivo de
de 2013, observadas as limitações territoriais
Prefeito no Município. No curso do mandato eletivo, ele
contidas em decisão judicial, conforme disposto
comete ato de improbidade; nessa circunstância, a per- no § 4º deste artigo.
da da função pública será aplicada apenas ao mandato § 9º As sanções previstas neste artigo somente
eletivo, não atingindo seu cargo efetivo de Analista. poderão ser executadas após o trânsito em jul-
Nas hipóteses previstas no inciso I, do caput des- gado da sentença condenatória.
se artigo (os casos que importam enriquecimento ilí- § 10 Para efeitos de contagem do prazo da san-
cito), o Magistrado poderá, em caráter excepcional, ção de suspensão dos direitos políticos, compu-
estender a perda da função aos demais vínculos, con- tar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre
sideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sen-
102 infração. tença condenatória.
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A decisão colegiada prevista no § 10 significa decisão em 2ª instância; sendo assim, a contagem do prazo da
sanção de suspensão dos direitos políticos será a partir da condenação em 2ª instância.
Observe o quadro a seguir, que sistematiza as sanções para cada tipo de ato de improbidade administrativa
visto:

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PREJUÍZO AO ERÁRIO ATENTAM CONTRA OS


SANÇÃO
(ART. 9º) (ART.10) PRINCÍPIOS (ART. 11)

Perda da Função Pública Sim Sim ---

Suspensão dos Direitos Po-


Até 14 anos Até 12 anos ---
líticos

Perda dos bens acrescidos


Sim Sim se houver ---
ilicitamente

Valor do acréscimo Até 24X o valor da


Multa civil Valor do dano
patrimonial remuneração

Proibição de contratar ou
Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
receber benefícios fiscais

z Ressarcimento integral do dano: Aplicável sempre que houver dano efetivo;


z Suspensão de direitos políticos, proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais: limite máximo de 20
(vinte) anos.

DA DECLARAÇÃO DE BENS

Na redação anterior, era facultado ao agente público entregar a cópia da declaração anual de bens apresen-
tada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de
qualquer natureza.
Na atual redação, a declaração de bens será a própria declaração de imposto de renda. Tal declaração deve ser
atualizada anualmente e na data em que o agente público deixar o cargo. Se o agente deixar de prestar a declara-
ção ou prestá-la falsa, sofrerá a pena de demissão.

Art. 13 A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração de impos-
to de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal
do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1º (Revogado).
81

§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data em que o
8-

agente público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.


70

§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recu-
.
93

sar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do prazo determinado ou que
.0

prestar declaração falsa.


98

§ 4º (Revogado).
-2
py

DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDICIAL


p
Tu

Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa para que instaure uma investigação para
o

a apuração da prática de atos de improbidade. Essa representação deve observar os requisitos previstos no §
ul

1º, art. 14. Observados os requisitos, a autoridade determinará a apuração dos fatos por meio de um processo
Pa

administrativo.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 14 Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instau-
rada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do repre-
sentante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver
as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério
Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos, observada
a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente.
Art. 15 A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar repre-
sentante para acompanhar o procedimento administrativo. 103
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INDISPONIBILIDADE DE BENS

Art. 16 Na ação por improbidade administrativa poderá ser formulado, em caráter antecedente ou incidente,
pedido de indisponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo
patrimonial resultante de enriquecimento ilícito.
§ 1º (Revogado).
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo poderá ser formulado indepen-
dentemente da representação de que trata o art. 7º desta Lei.
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo incluirá a inves-
tigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado
no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo apenas será deferido mediante a
demonstração no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo,
desde que o juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com fundamento
nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório
prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que
recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indisponíveis não poderá superar o
montante indicado na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilícito.
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de dano indicada na petição inicial, permitida
a sua substituição por caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, a requerimento
do réu, bem como a sua readequação durante a instrução do processo.
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da demonstração da sua efetiva concorrência para
os atos ilícitos apurados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de incidente de descon-
sideração da personalidade jurídica, a ser processado na forma da lei processual.
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei, no que for cabível, o regime da tutela provisória de
urgência da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à indisponibilidade de bens caberá agravo de instru-
mento, nos termos da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 10 A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem exclusivamente o integral ressarcimento do
dano ao erário, sem incidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou
sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade lícita.
§ 11 A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis
em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e empresárias, pedras e metais
preciosos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a subsistência do
acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo do processo.
§ 12 O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os
efeitos práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarretar prejuízo à prestação de serviços públicos.
§ 13 É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados
em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
§ 14 É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel
81

seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
8-
.70
93

Em caráter antecedente
.0

ou incidente – antes ou no
98

curso da ação principal


-2
py

Pedido formulado pelo


p

Ministério Público Garantir a integral recom-


Tu

posição do erário ou do
o

acréscimo patrimonial
ul

resultante de enriqueci-
Pa

mento ilícito

INDISPONIBILIDADE DE BENS
Desde que o juiz se con-
vença da probabilidade
após a oitiva do réu em 5
dias
Demonstrar: perigo de
dano irreparável ou de
risco ao resultado útil do
processo Não incide sobre:
� Multa civil
� Acréscimo patrimonial
decorrente de atividade
lícita
104
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Poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, § 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos
sempre que o contraditório prévio puder comprova- do art. 330 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
damente frustrar a efetividade da medida ou houver (Código de Processo Civil), bem como quando não
outras circunstâncias que recomendem a proteção preenchidos os requisitos a que se referem os incisos
liminar, não podendo a urgência ser presumida. I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifes-
tamente inexistente o ato de improbidade imputado.
Ordem da Indisponibilidade § 7º Se a petição inicial estiver em devida for-
ma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a
1. Veículos de via terrestre; citação dos requeridos para que a contestem
2. Bens imóveis; no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o
3. Bens móveis em geral; prazo na forma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16
4. Semoventes; de março de 2015 (Código de Processo Civil).
5. Navios e aeronaves; § 8º (Revogado).
6. Ações e quotas de sociedades simples e empresárias; § 9º (Revogado).
7. Pedras e metais preciosos; § 9º-A Da decisão que rejeitar questões preli-
8. Apenas na inexistência desses, o bloqueio de con- minares suscitadas pelo réu em sua contestação
tas bancárias, de forma a garantir a subsistência caberá agravo de instrumento.
do acusado e a manutenção da atividade empresá- § 10 (Revogado).
ria ao longo do processo. § 10-A Havendo a possibilidade de solução con-
sensual, poderão as partes requerer ao juiz a
Vedações à Indisponibilidade interrupção do prazo para a contestação, por
prazo não superior a 90 (noventa) dias.
§ 10-B Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvi-
z Quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos
do o autor, o juiz:
depositados em caderneta de poupança, em outras
I - procederá ao julgamento conforme o estado do
aplicações financeiras ou em conta corrente;
processo, observada a eventual inexistência mani-
z Bem de família do réu, salvo se comprovado que o
festa do ato de improbidade;
imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas
a otimizar a instrução processual.
PROCESSO JUDICIAL § 10-C Após a réplica do Ministério Público, o juiz
proferirá decisão na qual indicará com precisão
No texto anterior da Lei nº 8.429, de 1992, tanto a tipificação do ato de improbidade administrati-
o Ministério Público quanto a pessoa jurídica lesada va imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar
tinham legitimidade para dar início à ação judicial de o fato principal e a capitulação legal apresentada
improbidade. Com as alterações trazidas pela Lei nº pelo autor.
14.230, de 2021, o Ministério Público passa a ser o úni- § 10-D Para cada ato de improbidade administra-
co legitimado para propor a ação. tiva, deverá necessariamente ser indicado apenas
um tipo dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e
Art. 17 A ação para a aplicação das sanções 11 desta Lei.
de que trata esta Lei será proposta pelo Minis- § 10-E Proferida a decisão referida no § 10-C deste
tério Público e seguirá o procedimento comum artigo, as partes serão intimadas a especificar as
previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 provas que pretendem produzir.
81

(Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta § 10-F Será nula a decisão de mérito total ou
8-

Lei.
parcial da ação de improbidade administrati-
70

§ 1º (Revogado).
va que:
§ 2º (Revogado).
.
93

§ 3º (Revogado). I - condenar o requerido por tipo diverso daquele


.0

§ 4º (Revogado). definido na petição inicial;


98

§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo II - condenar o requerido sem a produção das pro-
-2

deverá ser proposta perante o foro do local vas por ele tempestivamente especificadas.
onde ocorrer o dano ou da pessoa jurídica § 11 Em qualquer momento do processo, verificada
py

prejudicada. a inexistência do ato de improbidade, o juiz julgará


p

§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput a demanda improcedente.


Tu

deste artigo prevenirá a competência do juízo para § 12 (Revogado).


o

todas as ações posteriormente intentadas que pos- § 13 (Revogado).


ul

suam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. § 14 Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurí-
Pa

§ 6º A petição inicial observará o seguinte: dica interessada será intimada para, caso queira,
I - deverá individualizar a conduta do réu e apon- intervir no processo.
DIREITO ADMINISTRATIVO

tar os elementos probatórios mínimos que demons- § 15 Se a imputação envolver a desconsideração


trem a ocorrência das hipóteses dos arts. 9º, 10 e de pessoa jurídica, serão observadas as regras pre-
11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossibilidade vistas nos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº
devidamente fundamentada;
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
II - será instruída com documentos ou justificação
Civil).
que contenham indícios suficientes da veracidade
§ 16 A qualquer momento, se o magistrado
dos fatos e do dolo imputado ou com razões fun-
damentadas da impossibilidade de apresentação identificar a existência de ilegalidades ou
de qualquer dessas provas, observada a legislação de irregularidades administrativas a serem
vigente, inclusive as disposições constantes dos sanadas sem que estejam presentes todos os
arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de 16 de março de requisitos para a imposição das sanções aos
2015 (Código de Processo Civil). agentes incluídos no polo passivo da deman-
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as da, poderá, em decisão motivada, converter a
tutelas provisórias adequadas e necessárias, ação de improbidade administrativa em ação
nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105, de civil pública, regulada pela Lei nº 7.347, de 24 de
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). julho de 1985. 105
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A possibilidade de conversão de ação de improbi- § 3º Para fins de apuração do valor do dano a
dade administrativa em ação civil pública é uma for- ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do
ma de viabilizar a economia processual. Da decisão de Tribunal de Contas competente, que se manifes-
conversão caberá recurso de agravo de instrumento. tará, com indicação dos parâmetros utiliza-
dos, no prazo de 90 (noventa) dias.
§ 17 Da decisão que converter a ação de impro-
bidade em ação civil pública caberá agravo de O acordo poderá ser realizado em 3 momentos:
instrumento.
§ 18 Ao réu será assegurado o direito de ser interro- z No curso da investigação de apuração do ilícito;
gado sobre os fatos de que trata a ação, e a sua recu-
z No curso da ação de improbidade;
sa ou o seu silêncio não implicarão confissão.
§ 19 Não se aplicam na ação de improbidade
z No momento da execução da sentença condenatória.
administrativa:
I - a presunção de veracidade dos fatos alega- § 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo
dos pelo autor em caso de revelia; poderá ser celebrado no curso da investigação
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na for- de apuração do ilícito, no curso da ação de
ma dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 improbidade ou no momento da execução da
de março de 2015 (Código de Processo Civil); sentença condenatória.
III - o ajuizamento de mais de uma ação de § 5º As negociações para a celebração do acordo a
improbidade administrativa pelo mesmo fato, que se refere o caput deste artigo ocorrerão entre
competindo ao Conselho Nacional do Ministério o Ministério Público, de um lado, e, de outro,
Público dirimir conflitos de atribuições entre mem- o investigado ou demandado e o seu defensor.
bros de Ministérios Públicos distintos; § 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo
IV - o reexame obrigatório da sentença de poderá contemplar a adoção de mecanismos
improcedência ou de extinção sem resolução e procedimentos internos de integridade, de
de mérito. auditoria e de incentivo à denúncia de irregu-
§ 20 A assessoria jurídica que emitiu o parecer laridades e a aplicação efetiva de códigos de
atestando a legalidade prévia dos atos admi- ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídi-
nistrativos praticados pelo administrador públi- ca, se for o caso, bem como de outras medidas
co ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, em favor do interesse público e de boas práti-
caso este venha a responder ação por improbi- cas administrativas.
dade administrativa, até que a decisão transite § 7º Em caso de descumprimento do acordo a
em julgado. que se refere o caput deste artigo, o investigado
§ 21 Das decisões interlocutórias caberá agra- ou o demandado ficará impedido de celebrar
vo de instrumento, inclusive da decisão que rejei- novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, con-
tar questões preliminares suscitadas pelo réu em tado do conhecimento pelo Ministério Público
sua contestação. do efetivo descumprimento.
Art. 17-C A sentença proferida nos processos a que
A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe de forma mais se refere esta Lei deverá, além de observar o dispos-
detalhada os requisitos para que se possa realizar um to no art. 489 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
acordo de não persecução civil no âmbito da improbi- 2015 (Código de Processo Civil):
dade administrativa. Trata-se de um acordo celebrado I - indicar de modo preciso os fundamentos que
entre o Ministério Público e pessoas físicas ou jurídi- demonstram os elementos a que se referem os arts.
9º, 10 e 11 desta Lei, que não podem ser presumidos;
81

cas investigadas pela prática de improbidade admi-


nistrativa com o intuito de não prosseguir com a ação. II - considerar as consequências práticas da deci-
8-

Entretanto, para a aplicação desse acordo, devem ser são, sempre que decidir com base em valores jurí-
70

observados alguns requisitos, veja: dicos abstratos;


.
93

III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais


do gestor e as exigências das políticas públicas a
.0

Art. 17-B O Ministério Público poderá, confor-


98

me as circunstâncias do caso concreto, celebrar seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos adminis-
trados e das circunstâncias práticas que houve-
-2

acordo de não persecução civil, desde que dele


advenham, ao menos, os seguintes resultados: rem imposto, limitado ou condicionado a ação do
py

I - o integral ressarcimento do dano; agente;


p

II - a reversão à pessoa jurídica lesada da van- IV - considerar, para a aplicação das sanções, de
Tu

tagem indevida obtida, ainda que oriunda de forma isolada ou cumulativa:


a) os princípios da proporcionalidade e da
o

agentes privados.
ul

§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput razoabilidade;


Pa

deste artigo dependerá, cumulativamente: b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração


I - da oitiva do ente federativo lesado, em momen- cometida;
to anterior ou posterior à propositura da ação; c) a extensão do dano causado;
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) d) o proveito patrimonial obtido pelo agente;
dias, pelo órgão do Ministério Público compe- e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
tente para apreciar as promoções de arqui- f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as
vamento de inquéritos civis, se anterior ao consequências advindas de sua conduta omissiva
ajuizamento da ação; ou comissiva;
III - de homologação judicial, independentemen- g) os antecedentes do agente;
te de o acordo ocorrer antes ou depois do ajuiza- V - considerar na aplicação das sanções a dosime-
mento da ação de improbidade administrativa. tria das sanções relativas ao mesmo fato já aplica-
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo das ao agente;
a que se refere o caput deste artigo considerará VI - considerar, na fixação das penas relativamente
a personalidade do agente, a natureza, as ao terceiro, quando for o caso, a sua atuação espe-
circunstâncias, a gravidade e a repercussão cífica, não admitida a sua responsabilização por
social do ato de improbidade, bem como as ações ou omissões para as quais não tiver concor-
vantagens, para o interesse público, da rápida rido ou das quais não tiver obtido vantagens patri-
106 solução do caso. moniais indevidas;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objetivos que justifiquem a imposição da sanção.
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não configura ato de improbidade.
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e dos benefícios diretos,
vedada qualquer solidariedade.
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata esta Lei.
Art. 17-D A ação por improbidade administrativa é repressiva, de caráter sancionatório, destinada à
aplicação de sanções de caráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado seu ajuiza-
mento para o controle de legalidade de políticas públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade
de agentes públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por danos ao meio ambiente, ao consumi-
dor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso
ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 18 A sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressar-
cimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, conforme o caso, em
favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá a essa determi-
nação e ao ulterior procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressarcimento do patrimônio
público ou à perda ou à reversão dos bens.
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências a que se refere o § 1º deste artigo no prazo
de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da ação, caberá ao Ministé-
rio Público proceder à respectiva liquidação do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressar-
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem prejuízo de eventual responsabilização
pela omissão verificada.
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser descontados os serviços efetivamente prestados.

O § 4º estabelece a possibilidade de parcelamento em até 48 parcelas.

§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais corrigidas moneta-
riamente, do débito resultante de condenação pela prática de improbidade administrativa se o réu demonstrar
incapacidade financeira de saldá-lo de imediato.
Art. 18-A A requerimento do réu, na fase de cumprimento da sentença, o juiz unificará eventuais sanções
aplicadas com outras já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual continuidade de ilícito ou a
prática de diversas ilicitudes, observado o seguinte:
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um ter-
ço), ou a soma das penas, o que for mais benéfico ao réu;
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar ou de receber
incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos.
81
8-

Esquematizando alguns pontos importantes:


.70
93
.0

Proposta Pelo MP, único


98

legitimado
-2
p py
Tu

Natureza repressiva, Cará-


o

ter sancionatório
ul
Pa

DIREITO ADMINISTRATIVO

Se não se identificam
AÇÃO JUDICIAL o Juiz pode converter a
todos os requisitos para a
ação de improbidade em
caracterização do ato de
ação civil pública
improbidade

A assessoria jurídica que emitiu o parecer


atestando a legalidade prévia dos atos
administrativos praticados pelo administrador público
ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
venha a responder ação por improbidade
administrativa até o trânsito em julgado
107
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Não existe mais a
Mantido o acordo de O acordo será ofereci-
defesa preliminar. O
não persecução cível, do pelo MP e depende
requerido já será cita-
que agora está de for- de homologação do
do para apresentar a
ma mais detalhada judiciário
contestação

DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

Art. 19 Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quan-
do o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
cargo, do emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instru-
ção processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por
igual prazo, mediante decisão motivada.
Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento e às condutas
previstas no art. 10 desta Lei;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de
Contas.
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão considerados pelo juiz quando tiverem servido de funda-
mento para a conduta do agente público.
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as correspondentes decisões deverão ser consideradas na
formação da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na conduta do agente.
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem
pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria.
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão colegiada, impede
o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previs-
tos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser compensadas com as sanções apli-
cadas nos termos desta Lei.
Art. 22 Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14
desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a
81

instauração de inquérito policial.


8-

Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido ao investigado a oportunidade
70

de manifestação por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações e auxiliem na
.
93

elucidação dos fatos.


.0
98

Sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem:
-2
py

z Pela inexistência da conduta;


p

z Pela negativa da autoria.


Tu
o

A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos → confirmada por decisão colegiada → impede
ul

o trâmite da ação de improbidade, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos
Pa

no CPP.

DA PRESCRIÇÃO

O prazo prescricional passou a ser de 8 anos em todas as hipóteses e a contagem se dá a partir da ocorrência
do fato.

Art. 23 A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da
ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência.
I - (revogado);
II - (revogado);
III - (revogado).
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para apuração dos ilícitos referi-
dos nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias corri-
dos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de
108 suspensão.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 (trezentos e ses-
senta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias,
se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - pela publicação da sentença condenatória;
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma
sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão condenatório
ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão condenatório ou
que reforma acórdão de improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela metade do prazo
previsto no caput deste artigo.
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que concorreram para a
prática do ato de improbidade.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a
qualquer deles estendem-se aos demais.
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a requerimento da parte inte-
ressada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre os
marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo.
Art. 23-A É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e políticos que atuem com
prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa.
Art. 23-B Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolu-
mentos, de honorários periciais e de quaisquer outras despesas.
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais despesas processuais serão pagas ao final.
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação de improbidade se com-
provada má-fé.
Art. 23-C Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão responsabilizados nos termos
da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.
Das Disposições Finais
Art. 24 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 25 Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
disposições em contrário.

A lei traz hipóteses de suspensão e de interrupção. Na suspensão, após a instauração de inquérito civil ou de
processo administrativo, o prazo prescricional suspende-se por até 180 dias corridos e volta a contar de onde
parou.
81

Já na interrupção, após a ocorrência das hipóteses previstas, volta-se a contar o prazo do zero.
8-

O § 5º traz uma inovação, que é a prescrição intercorrente. Essa modalidade de prescrição só ocorre depois
70

da apresentação da ação de improbidade, ou seja, ocorre dentro do processo e será contada pela metade.
.
93

Exemplo: um agente praticou um ato de improbidade há 6 anos; o MP apresenta a ação e, no dia da apresen-
.0

tação, o prazo será interrompido. Na interrupção, o prazo volta a contar do zero, ou seja, com a apresentação da
98

ação de improbidade administrativa pelo MP, voltaríamos a contar os 8 anos. Entretanto, na prescrição inter-
-2

corrente do § 5º, o prazo volta a ser contado pela metade, ou seja, 4 anos. Podemos dizer, então, que o prazo da
prescrição intercorrente será de 4 anos.
p py

Prorrogável uma única


Tu

vez por igual período, median-


o

te ato
ul

fundamentado
Pa

DIREITO ADMINISTRATIVO

Será concluído no prazo de


365 dias corridos Encerrado o prazo, a
ação deverá ser
proposta no prazo de
30 dias, se não for caso
de arquivamento do
INQUÉRITO CIVIL inquérito civil

Em 8 anos, contados a
partir da ocorrência do
A ação para a aplicação das
fato ou, no caso de
sanções previstas nesta Lei
infrações permanentes,
prescreve
do dia em que cessou a
permanência
109
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
REFERÊNCIAS z Autarquias (Ex.: ANTAQ, ANCINE);
z Fundações Públicas (Ex.: FUB);
CÂMARA DOS DEPUTADOS. 2021. Página inicial. z Empresas Públicas (Ex.: Correios);
Disponível em: <https://www.camara.leg.br/>. z Sociedades de Economia Mista (Ex.: Banco do Bra-
Acesso em: 5 nov. 2021. sil, Petrobras);
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de z Entidades controladas direta ou indiretamente
Direito Administrativo – 33ª Ed. São Paulo: Atlas, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
2019. z Entidades privadas sem fins lucrativos que rece-
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Admi- bem recursos públicos.
nistrativo – 9ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. As entidades privadas sem fins lucrativos que rece-
Guia da política de governança pública. Brasília: bem recursos públicos estão submetidas à publicida-
Casa Civil da Presidência da República, 2018. de somente referente à parcela dos recursos públicos
CASTRO JÚNIOR, Renério de. Manual de Direito recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das pres-
Administrativo – 1ª Ed. São Paulo: Juspodivm, tações de contas a que estejam legalmente obrigadas.
2021.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito adminis- Art. 3º - Os procedimentos previstos nesta Lei desti-
trativo – 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2020. nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo à informação e devem ser executados em conformi-
Brasileiro – 44ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2020. dade com os princípios básicos da administração
MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito pública e com as seguintes diretrizes:
Administrativo – 34ª Ed. São Paulo: Juspodivm, I - observância da publicidade como preceito geral
2019. e do sigilo como exceção;
Guia da Política de Governança Pública 2018. II - divulgação de informações de interesse público,
PLANALTO. Legislação. 2021. Página inicial. Dis- independentemente de solicitações;
ponível em: <http://www4.planalto.gov.br/legisla- III - utilização de meios de comunicação viabiliza-
cao/>. Acesso em: 5 nov. 2021. dos pela tecnologia da informação;
SENADO FEDERAL. 2021. Página inicial. Disponí- IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
vel em: <https://www12.senado.leg.br/hpsenado>. transparência na administração pública;
Acesso em: 5 nov. 2021. V - desenvolvimento do controle social da adminis-
tração pública.

As diretrizes que asseguram o acesso à informa-


ção podem ser lembradas pelo macete: DEU FOME DI
LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO OBSERVÂNCIA!
(LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 18 DE DEsenvolvimento do controle social da adminis-
NOVEMBRO DE 2011) tração pública.
Utilização de meios de comunicação viabilizados
CAPÍTULO I pela tecnologia da informação.
FOMEnto ao desenvolvimento da cultura de trans-
81

Subordinam-se ao regime desta Lei: parência na administração pública.


8-

DIvulgação de informações de interesse público,


70

I - os órgãos públicos integrantes da administração independentemente de solicitações.


.
93

direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluin- OBSERVÂNCIA da publicidade como preceito ge-
.0

do as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério ral e do sigilo como exceção.


98

Público;
-2

II - as autarquias, as fundações públicas, as empre- Art. 4º - Para os efeitos desta Lei, considera-se:
sas públicas, as sociedades de economia mista e
py

I - informação: dados, processados ou não, que


demais entidades controladas direta ou indire- podem ser utilizados para produção e transmis-
p
Tu

tamente pela União, Estados, Distrito Federal e são de conhecimento, contidos em qualquer meio,
Municípios. suporte ou formato;
o

Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que


ul

II - documento: unidade de registro de informações,


Pa

couber, às entidades privadas sem fins lucrativos qualquer que seja o suporte ou formato;
que recebam, para realização de ações de interes- III - informação sigilosa: aquela submetida tempo-
se público, recursos públicos diretamente do orça- rariamente à restrição de acesso público em razão
mento ou mediante subvenções sociais, contrato de de sua imprescindibilidade para a segurança da
gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajus- sociedade e do Estado;
tes ou outros instrumentos congêneres.”
Ou seja, a informação sigilosa é aquela que nem
A Lei de Acesso à Informação abrange: todos podem ter acesso!

z Órgãos públicos do Poder Executivo (Ex.: Ministé- IV - informação pessoal: aquela relacionada à pes-
rio da Economia); soa natural identificada ou identificável;
z Órgãos públicos do Poder Legislativo (Ex.: Senado V - tratamento da informação: conjunto de ações
Federal, Câmara dos Deputados); referentes à produção, recepção, classificação, uti-
z Órgãos públicos do Poder Judiciário (Ex.: ST, STF, lização, acesso, reprodução, transporte, transmis-
DPU); são, distribuição, arquivamento, armazenamento,
z Cortes de Contas (Ex.: TCU, TC/DF); eliminação, avaliação, destinação ou controle da
110 z Órgãos públicos do Ministério Público (Ex.: MPU); informação;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
VI - disponibilidade: qualidade da informação que Observe que é um direito o acesso à informação
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equi- de documentos públicos que NÃO foram recolhidos
pamentos ou sistemas autorizados; aos arquivos públicos. As bancas adoram afirmar que
somente é possível o acesso se os documentos foram
Observe que a disponibilidade se refere à infor- recolhidos a arquivos públicos, agora você já sabe que
mação + instrumentos. está errado!

VII - autenticidade: qualidade da informação que III - informação produzida ou custodiada por pes-
tenha sido produzida, expedida, recebida ou modi- soa física ou entidade privada decorrente de qual-
ficada por determinado indivíduo, equipamento ou
quer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo
sistema;
que esse vínculo já tenha cessado;
VIII - integridade: qualidade da informação não
modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e
destino; Por exemplo, uma empresa terceirizada pres-
IX - primariedade: qualidade da informação coleta- tou serviços ao STJ de 2000 a 2012. As informações
da na fonte, com o máximo de detalhamento possí- referentes a esse vínculo ainda são direito, mesmo a
vel, sem modificações. empresa não prestando mais serviços ao STJ.

As bancas adoram trocar o conceito de primarie- IV - informação primária, íntegra, autêntica e


dade e autenticidade, preste atenção! atualizada;
V - informação sobre atividades exercidas pelos
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de aces- órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua polí-
so à informação, que será franqueada, mediante tica, organização e serviços;
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transpa- VI - informação pertinente à administração do
rente, clara e em linguagem de fácil compreensão. patrimônio público, utilização de recursos públi-
cos, licitação, contratos administrativos;
O Estado deve disponibilizar as informações de VII - informação relativa:
forma que a maioria das pessoas possam entender e a) à implementação, acompanhamento e resulta-
o mais rápido possível, logo, de forma transparente, dos dos programas, projetos e ações dos órgãos e
clara e em linguagem de fácil compreensão. entidades públicas, bem como metas e indicadores
propostos;
CAPÍTULO II b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações
Do Acesso a Informações e da Sua Divulgação e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de
controle interno e externo, incluindo prestações de
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder públi- contas relativas a exercícios anteriores.
co, observadas as normas e procedimentos específi-
cos aplicáveis, assegurar a: As informações sobre gestão e a implementação
I - gestão transparente da informação, propiciando de programas. Pense no Programa Fome Zero, os
amplo acesso a ela e sua divulgação; dados sobre quem recebe de programas de transfe-
II - proteção da informação, garantindo-se sua dis- rência de renda, se as metas foram alcançadas e quais
ponibilidade, autenticidade e integridade;
81

foram os indicadores usados são dados públicos.


III - proteção da informação sigilosa e da infor-
8-

mação pessoal, observada a sua disponibilidade,


70

autenticidade, integridade e eventual restrição de § 1º O acesso à informação previsto no caput não


.

compreende as informações referentes a projetos


93

acesso.
de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecno-
.0

lógicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança


98

Ou seja, os órgãos e entidades do poder público


da sociedade e do Estado.
-2

devem fazer uma gestão documental eficaz para que


§ 2º Quando não for autorizado acesso inte-
os documentos consigam ser acessados. Devem dispo-
py

gral à informação por ser ela parcialmente


nibilizar o acesso quando possível e restringir o aces-
p

sigilosa, é assegurado o acesso à parte não


Tu

so quando necessário.
sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia
Devem proteger a informação garantindo o seu
o

com ocultação da parte sob sigilo.


DIA!
ul
Pa

Disponibilidade
Integridade Por exemplo, uma pessoa solicitou um documento
que tem 20 páginas. As folhas número 11, 17 e 20 são
DIREITO ADMINISTRATIVO

Autenticidade
sigilosas. Logo, a pessoa receberá o documento, mas
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei faltando as páginas sigilosas ou com essas partes em
compreende, entre outros, os direitos de obter: forma ilegíveis.
I - orientação sobre os procedimentos para a con-
secução de acesso, bem como sobre o local onde § 3º O direito de acesso aos documentos ou às
poderá ser encontrada ou obtida a informação informações neles contidas utilizados como funda-
almejada; mento da tomada de decisão e do ato administrati-
vo será assegurado com a edição do ato decisório
Em qual órgão a informação está, se pode ser respectivo.
enviada por e-mail, se é necessário um cadastro... § 4º A negativa de acesso às informações objeto de
pedido formulado aos órgãos e entidades referidas
II - informação contida em registros ou documen- no art. 1º, quando não fundamentada, sujeitará
tos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou o responsável a medidas disciplinares, nos termos
entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; do art. 32 desta Lei. 111
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Se você chegar em uma repartição pública e pedir V - garantir a autenticidade e a integridade das
um documento, e o servidor responde: “Não vou te dar informações disponíveis para acesso;
porque não quero!”, ele deverá ser punido. O agente VI - manter atualizadas as informações disponíveis
público não pode negar o acesso sem uma justificativa para acesso;
fundamentada. VII - indicar local e instruções que permitam ao
interessado comunicar-se, por via eletrônica ou
telefônica, com o órgão ou entidade detentora do
§ 5º Informado do extravio da informação solici-
sítio;
tada, poderá o interessado requerer à autoridade
VIII - adotar as medidas necessárias para garan-
competente a imediata abertura de sindicân-
tir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com
cia para apurar o desaparecimento da respectiva
deficiência, nos termos do art. 17 da Lei nº 10.098,
documentação.
de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da Conven-
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste arti-
ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
go, o responsável pela guarda da informação extra-
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de
viada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar julho de 2008
o fato e indicar testemunhas que comprovem sua § 4º Os Municípios com população de até 10.000
alegação. (dez mil) habitantes ficam dispensados da divul-
gação obrigatória na internet a que se refere o §
O extravio nesse caso seria quando um documento 2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, em
some. Se isso acontecer, deverá ser aberta sindicân- tempo real, de informações relativas à execução
cia para investigação e possível culpabilização dos orçamentária e financeira, nos critérios e prazos
responsáveis. A pessoa que é responsável pela guarda previstos no art. 73-B da Lei Complementar nº
do documento que sumiu terá 10 dias para se explicar. 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade
Fiscal).
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas
promover, independentemente de requerimentos, Não precisa ter site a cidade com até 10 mil
a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito habitantes!
de suas competências, de informações de inte-
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou Art. 9º O acesso a informações públicas será
custodiadas. assegurado mediante:
I - criação de serviço de informações ao cidadão,
Isso sempre cai em concurso! Os documen- nos órgãos e entidades do poder público, em local
tos devem ser divulgados independentemente de com condições apropriadas para:
requerimento! a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
informações;
b) informar sobre a tramitação de documentos
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere
nas suas respectivas unidades;
o caput, deverão constar, no mínimo:
c) protocolizar documentos e requerimentos de
I - registro das competências e estrutura organiza-
acesso a informações;
cional, endereços e telefones das respectivas unida-
II - realização de audiências ou consultas públicas,
des e horários de atendimento ao público;
incentivo à participação popular ou a outras for-
II - registros de quaisquer repasses ou transferên-
mas de divulgação.
cias de recursos financeiros;
81

III - registros das despesas;


8-

IV - informações concernentes a procedimentos


Os SIC’s (Serviço de Informações ao Cidadão)
70

licitatórios, inclusive os respectivos editais e resul- devem guiar o cidadão na busca da informação
.

desejada!
93

tados, bem como a todos os contratos celebrados;


.0

V - dados gerais para o acompanhamento de pro-


98

gramas, ações, projetos e obras de órgãos e enti- CAPÍTULO III


Do Procedimento de Acesso à Informação
-2

dades; e
VI - respostas a perguntas mais frequentes da SEÇÃO I
py

sociedade. Do Pedido de Acesso


p

§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os


Tu

órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos Art. 10 Qualquer interessado poderá apresentar
o

os meios e instrumentos legítimos de que dispuse- pedido de acesso a informações aos órgãos e enti-
ul

rem, sendo obrigatória a divulgação em sítios ofi- dades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer
Pa

ciais da rede mundial de computadores (internet). meio legítimo, devendo o pedido conter a identifi-
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma cação do requerente e a especificação da informa-
de regulamento, atender, entre outros, aos seguin- ção requerida.
tes requisitos:
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo Aqui as bancas costumam dizer que é necessária
que permita o acesso à informação de forma obje- uma justificativa para requerer um documento! Isso
tiva, transparente, clara e em linguagem de fácil está ERRADO!
compreensão; O requerente pode pedir por qualquer meio legíti-
II - possibilitar a gravação de relatórios em diver- mo, ou seja, por site, fisicamente.
sos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não
proprietários, tais como planilhas e texto, de modo § 1º Para o acesso a informações de interesse públi-
a facilitar a análise das informações; co, a identificação do requerente não pode conter
III - possibilitar o acesso automatizado por siste- exigências que inviabilizem a solicitação.
mas externos em formatos abertos, estruturados e § 2º Os órgãos e entidades do poder público devem
legíveis por máquina; viabilizar alternativa de encaminhamento de
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados pedidos de acesso por meio de seus sítios oficiais
112 para estruturação da informação; na internet.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A solicitação de informação PODE ser virtual! § 6º Caso a informação solicitada esteja disponí-
vel ao público em formato impresso, eletrônico ou
§ 3º São vedadas quaisquer exigências relativas em qualquer outro meio de acesso universal, serão
aos motivos determinantes da solicitação de infor- informados ao requerente, por escrito, o lugar e
mações de interesse público. a forma pela qual se poderá consultar, obter ou
reproduzir a referida informação, procedimento
esse que desonerará o órgão ou entidade pública
É proibido pedir o motivo da solicitação da infor- da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o
mação! As bancas amam falar que é necessário rela- requerente declarar não dispor de meios para reali-
tar os motivos. Você já sabe que NÃO pode! zar por si mesmo tais procedimentos.

Art. 11 O órgão ou entidade pública deverá auto- Alguém reivindica, por exemplo, ao Ministério da
rizar ou conceder o acesso imediato à informação Economia os dados do vencimento de um servidor.
disponível. Nesse caso, é uma informação encontrada em forma-
to eletrônico (está no site da transparência). Logo, o
Se a informação estiver em mãos do órgão ou enti- órgão pode somente informar o caminho de como
dade, ela deve ser disponibilizada IMEDIATAMENTE! achar esses dados no site, não tem a obrigação de dar
a informação diretamente. Mas se a pessoa falar que
§ 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, não tem acesso à internet, aí o órgão NÃO fica desone-
na forma disposta no caput, o órgão ou entidade rado de fornecimento direto.
que receber o pedido deverá, em prazo não superior
a 20 (vinte) dias: Art. 12 O serviço de busca e fornecimento da infor-
I - comunicar a data, local e modo para se rea- mação é gratuito.
lizar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a O serviço de informações é gratuito!
certidão;
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, O que pode ser cobrado é o custo da impressão, por
total ou parcial, do acesso pretendido; exemplo.
III - comunicar que não possui a informação,
indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou § 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusiva-
a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o mente o valor necessário ao ressarcimento dos cus-
requerimento a esse órgão ou entidade, cientifi- tos dos serviços e dos materiais utilizados, quando
cando o interessado da remessa de seu pedido de o serviço de busca e de fornecimento da informação
informação. exigir reprodução de documentos pelo órgão ou
§ 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorroga- pela entidade pública consultada. (Incluído pela
do por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa Lei nº 14.129, de 2021)
expressa, da qual será cientificado o requerente. § 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos
no § 1º deste artigo aquele cuja situação econômi-
Vamos recapitular essa parte porque ela será ca não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei
necessária na realização da prova.
nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela
Se o órgão não achar imediatamente a informação Lei nº 14.129, de 2021)
solicitada, ele terá o prazo máximo de 30 dias = 20 dias Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação
81

(prazo) + 10 dias (prorrogação). contida em documento cuja manipulação possa


8-

O órgão deverá informar as seguintes informações prejudicar sua integridade, deverá ser oferecida a
70

sobre o documento solicitado: consulta de cópia, com certificação de que esta


.

confere com o original.


93

Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção


.0

z Local, data e como será feita a consulta;


de cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas
98

z As razões pelas quais não deixaram o acesso aos


expensas e sob supervisão de servidor público, a
-2

documentos;
reprodução seja feita por outro meio que não ponha
� Se não tiver a informação, indicar quem tem (se
py

em risco a conservação do documento original.


souber).
p
Tu

Se o documento for muito frágil, pode ser ofereci-


§ 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das do uma cópia que deve estar certificada que é igual
o

informações e do cumprimento da legislação apli-


ul

ao original!
Pa

cável, o órgão ou entidade poderá oferecer meios


para que o próprio requerente possa pesqui- Art. 14 É direito do requerente obter o inteiro teor
DIREITO ADMINISTRATIVO

sar a informação de que necessitar. de decisão de negativa de acesso, por certidão


§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tra- ou cópia.
tar de informação total ou parcialmente sigilosa, o
requerente deverá ser informado sobre a possibili- As bancas adoram cobrar isso!
dade de recurso, prazos e condições para sua Se negarem o acesso a uma informação, é obriga-
interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a
tório dizerem o porquê.
autoridade competente para sua apreciação.
Seção II
Ao recusar o acesso à informação, o órgão tem Dos Recursos
que ensinar o caminho para que o requerente possa
recorrer! Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a
informações ou às razões da negativa do acesso,
§ 5º A informação armazenada em formato digital poderá o interessado interpor recurso contra a
será fornecida nesse formato, caso haja anuência decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
do requerente. ciência. 113
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As bancas sempre cobram o prazo! Art. 17 No caso de indeferimento de pedido de
Quando negado o acesso, o requerente tem 10 desclassificação de informação protocolado em
DIAS para pedir um recurso! Os dias são contados órgão da administração pública federal, poderá
desde o momento em que ele notificado do indeferi- o requerente recorrer ao Ministro de Estado da
mento (ciência). área, sem prejuízo das competências da Comissão
Mista de Reavaliação de Informações, previstas no
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autori- art. 35, e do disposto no art. 16.
dade hierarquicamente superior à que exarou
a decisão impugnada, que deverá se manifestar no O pedido de desclassificação é quando um docu-
prazo de 5 (cinco) dias. mento é sigiloso e alguém solicita que ele deixe de ser.
O recurso do pedido de desclassificação, depois do
Por exemplo, se quem negou o acesso ao requeren- indeferimento de uma autoridade hierarquicamente
te foi um técnico administrativo, o recurso será diri- superior, pode ser feito ao ministro da área.
gido ao chefe da seção onde ele trabalha, que terá 5 Por exemplo, você solicitou um documento ao
DIAS para responder! Ministério do Meio Ambiente, o técnico administrati-
vo negou, o chefe dele também. Logo, você pode inter-
Art. 16 Negado o acesso a informação pelos órgãos por recurso ao Ministro do Meio Ambiente!
ou entidades do Poder Executivo Federal, o reque-
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá
rente poderá recorrer à Controladoria-Geral da
ser dirigido às autoridades mencionadas depois de
União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
submetido à apreciação de pelo menos uma autori-
I - o acesso à informação não classificada como
dade hierarquicamente superior à autoridade que
sigilosa for negado;
exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças
II - a decisão de negativa de acesso à informação
Armadas, ao respectivo Comando.
total ou parcialmente classificada como sigilosa
§ 2º Indeferido o recurso previsto no caput que
não indicar a autoridade classificadora ou a
tenha como objeto a desclassificação de infor-
hierarquicamente superior a quem possa ser
mação secreta ou ultrassecreta, caberá recurso à
dirigido pedido de acesso ou desclassificação;
Comissão Mista de Reavaliação de Informações
III - os procedimentos de classificação de informa-
prevista no art. 35.
ção sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem
sido observados; Interposição de Recurso:
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou
outros procedimentos previstos nesta Lei. Contra decisão impugnada pela autoridade compe-
tente.
Se você pedir um documento da Polícia Federal Até 10 dias de prazo para interpor o recurso a con-
(Executivo Federal), o recurso poderá ser dirigido a tar de sua ciência.
CGU nesses casos citados. Se o órgão NÃO for do Exe- Encaminhado à autoridade hierarquicamente
cutivo Federal (STF, STJ, MPU, Senado), o recurso NÃO superior à que exarou a decisão impugnada.
poderá ser interposto a CGU! Prazo de até 5 dias para manifestação (de pelo
menos uma) autoridade hierarquicamente superior.
81

§ 1º O recurso previsto neste artigo somente Caso seja negado o acesso pela autoridade hierar-
8-

poderá ser dirigido à Controladoria-Geral da quicamente superior, junto a órgão do Poder Execu-
70

União depois de submetido à apreciação de pelo tivo Federal correspondente, poderá recorrer a CGU.
.
93

menos uma autoridade hierarquicamente superior A CGU terá o prazo de até 5 dias para se manifestar.
.0

àquela que exarou a decisão impugnada, que deli- Negado o acesso à informação pela Controlado-
98

berará no prazo de 5 (cinco) dias.


ria-Geral da União, poderá ser interposto recurso à
-2

Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que


Só pode ser interposto o recurso a CGU, se antes
py

se refere o art. 35. (que decidirá, no âmbito da admi-


tiver sido pedido a uma autoridade hierarquicamente
p

nistração pública federal, sobre o tratamento e a clas-


Tu

superior à que negou. No nosso exemplo seria, o técni- sificação de informações sigilosa).
co administrativo negou o acesso, o recurso será diri-
o

No caso de indeferimento de pedido de desclas-


ul

gido ao chefe da seção onde ele trabalha. Logo depois, sificação de informação protocolado em órgão da
Pa

pode ser feito a CGU, que terá 5 dias também. administração pública federal (Comissão Mista de
Reavaliação), poderá o requerente recorrer ao Minis-
§ 2º Verificada a procedência das razões do recur-
tro de Estado da área.
so, a Controladoria-Geral da União determinará ao
Caso seja indeferido pelo Ministro de Estado da
órgão ou entidade que adote as providências neces-
área, poderá o requerente recorrer à Comissão Mista
sárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
de Reavaliação (pois não ocorre prejuízo de compe-
§ 3º Negado o acesso à informação pela Contro-
ladoria-Geral da União, poderá ser interposto tência entre estas autoridades).
recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Art. 18 Os procedimentos de revisão de decisões
Informações, a que se refere o art. 35. denegatórias proferidas no recurso previsto no art.
15 e de revisão de classificação de documentos sigi-
Nossa informação foi negada inicialmente pelo téc- losos serão objeto de regulamentação própria
nico administrativo. Submetemos ao chefe da seção, dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Minis-
que também negou, submetemos a CGU, que também tério Público, em seus respectivos âmbitos, asse-
negou, agora podemos submeter à Comissão Mista gurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito
114 de Reavaliação de Informações! de ser informado sobre o andamento de seu pedido.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A regulação de onde recorrer nos casos do Judiciá- VII - pôr em risco a segurança de instituições ou
rio e Legislativo devem ser feitas por eles. Portanto a de altas autoridades nacionais ou estrangei-
CGU é referente somente ao Executivo Federal! ras e seus familiares;
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem
(VETADO). como de investigação ou fiscalização em andamen-
§ 1º (VETADO). to, relacionadas com a prevenção ou repressão de
§ 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério infrações.
Público informarão ao Conselho Nacional de Art. 24 A informação em poder dos órgãos e enti-
Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério dades públicas, observado o seu teor e em razão de
Público, respectivamente, as decisões que, em grau sua imprescindibilidade à segurança da sociedade
de recurso, negarem acesso a informações de inte- ou do Estado, poderá ser classificada como ultras-
resse público. secreta, secreta ou reservada.

Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério


As bancas sempre cobram isso!
Público devem informar ao CNJ e ao CNMP quando
Os documentos sigilosos são classificados em:
negarem o recurso de acesso a uma informação.

CAPÍTULO IV
z R eservado;
Das Restrições de Acesso à Informação z Secreto;
SEÇÃO I z Ultrassecreto.
Disposições Gerais
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à
Art. 21 Não poderá ser negado acesso à informa- informação, conforme a classificação prevista no
ção necessária à tutela judicial ou administrativa caput, vigoram a partir da data de sua produção e
de direitos fundamentais. são os seguintes:
Parágrafo único. As informações ou documentos I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
que versem sobre condutas que impliquem viola- II - secreta: 15 (quinze) anos; e
ção dos direitos humanos praticada por agentes III - reservada: 5 (cinco) anos.
públicos ou a mando de autoridades públicas não
poderão ser objeto de restrição de acesso. Lembre-se que vai de 10 em 10 anos e todos termi-
Art. 22 O disposto nesta Lei não exclui as demais nam com 5!
hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça Reservada: 5 anos
nem as hipóteses de segredo industrial decorren- Secreta: 15 anos (5 anos +10 anos)
tes da exploração direta de atividade econômica Ultrassecreta: 25 anos (15 anos + 10 anos)
pelo Estado ou por pessoa física ou entidade priva-
da que tenha qualquer vínculo com o poder público.
§ 2º As informações que puderem colocar em risco
a segurança do Presidente e Vice-Presidente da
Recapitulando... República e respectivos cônjuges e filhos(as)
NÃO se pode negar acesso a: serão classificadas como reservadas e ficarão sob
sigilo até o término do mandato em exercício ou do
z Informação necessária à tutela judicial ou admi- último mandato, em caso de reeleição.
nistrativa de direitos fundamentais;
81

� Informações ou documentos que versem sobre Serão classificados em reservados (5 anos) docu-
8-

condutas que impliquem violação dos direitos mentos que podem colocar em perigo a vida:
70

humanos praticada por agentes públicos ou a


.
93

mando de autoridades públicas. z Do Presidente da República, cônjuge e filhos (as);


.0

z Do Vice-Presidente da República, cônjuge e filhos(as).


98

Seção II
-2

Serão reservados até o fim do mandato!


Da Classificação da Informação quanto ao Grau e
py

Prazos de Sigilo.
p

§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º,


Tu

poderá ser estabelecida como termo final de res-


Art. 23 São consideradas imprescindíveis à segu- trição de acesso a ocorrência de determinado
o

rança da sociedade ou do Estado e, portanto,


ul

evento, desde que isto ocorra antes do transcurso


passíveis de classificação as informações cuja
Pa

do prazo máximo de classificação.


divulgação ou acesso irrestrito possam:
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou
DIREITO ADMINISTRATIVO

consumado o evento que defina o seu termo


a integridade do território nacional;
final, a informação tornar-se-á, automatica-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de
mente, de acesso público.
negociações ou as relações internacionais do País,
§ 5º Para a classificação da informação em deter-
ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigilo-
minado grau de sigilo, deverá ser observado o inte-
so por outros Estados e organismos internacionais;
resse público da informação e utilizado o critério
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde
menos restritivo possível, considerados:
da população;
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, I - a gravidade do risco ou dano à segurança da
econômica ou monetária do País; sociedade e do Estado;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou opera- II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o
ções estratégicos das Forças Armadas; evento que defina seu termo final.
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pes-
quisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, Seção III
assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas
de interesse estratégico nacional; Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas 115
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 25 É dever do Estado controlar o acesso e Lembre-se que quem pode mais, pode menos, logo,
a divulgação de informações sigilosas produzidas as autoridades que podem classificar um documento
por seus órgãos e entidades, assegurando a sua em secreto são:
proteção (Regulamento).
a) Presidente da República;
O Poder Público deve controlar o acesso, divul- b) Vice-Presidente da República;
gação e proteção de informações sigilosas. Caso isso c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
não aconteça, deve ocorrer a responsabilização civil, mas prerrogativas;
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da
administrativa e penal!
Aeronáutica;
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de
permanentes no exterior;
informação classificada como sigilosa ficarão
f) titulares de autarquias, fundações ou empresas
restritos a pessoas que tenham necessidade de
públicas e sociedades de economia mista.
conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas
III - no grau de reservado, das autoridades refe-
na forma do regulamento, sem prejuízo das atribui-
ridas nos incisos I e II e das que exerçam funções
ções dos agentes públicos autorizados por lei.
de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5,
§ 2º O acesso à informação classificada como sigi- ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
losa cria a obrigação para aquele que a obteve de Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo
resguardar o sigilo. com regulamentação específica de cada órgão ou
entidade, observado o disposto nesta Lei.
A pessoa que ler um documento sigiloso é obriga-
da a guardar o sigilo! As autoridades que podem classificar um docu-
mento em reservado:
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e
medidas a serem adotados para o tratamento de a) Presidente da República;
informação sigilosa, de modo a protegê-la contra b) Vice-Presidente da República;
perda, alteração indevida, acesso, transmissão e c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
divulgação não autorizados. mas prerrogativas;
Art. 26 As autoridades públicas adotarão as pro- d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
vidências necessárias para que o pessoal a elas náutica; e
subordinado hierarquicamente conheça as normas e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
e observe as medidas e procedimentos de seguran- permanentes no exterior;
ça para tratamento de informações sigilosas. f) titulares de autarquias, fundações ou empresas
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade pri- públicas e sociedades de economia mista;
vada que, em razão de qualquer vínculo com o g) autoridades que exerçam funções de direção,
poder público, executar atividades de tratamento comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do
de informações sigilosas adotará as providências Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
necessárias para que seus empregados, prepostos hierarquia equivalente
ou representantes observem as medidas e proce- § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no
dimentos de segurança das informações resul- que se refere à classificação como ultrassecreta e
81

tantes da aplicação desta Lei. secreta, poderá ser delegada pela autoridade res-
8-

ponsável a agente público, inclusive em missão no


70

Seção IV exterior, vedada a subdelegação.


.
93

Dos Procedimentos de Classificação, Reclassifica-


.0

A classificação de documentos em ultrassecretos


98

ção e Desclassificação e secretos poderá ser delegada! A subdelegação é


-2

proibida!
Art. 27 A classificação do sigilo de informações no
py

âmbito da administração pública federal é de com- § 2º A classificação de informação no grau de sigilo


p

petência: (Regulamento)
Tu

ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alí-


I - no grau de ultrassecreto, das seguintes auto- neas “d” e “e” do inciso I deverá ser ratificada pelos
o

ridades: respectivos Ministros de Estado, no prazo previsto


ul

a) Presidente da República; em regulamento.


Pa

b) Vice-Presidente da República;
c) Ministros de Estado e autoridades com as mes- A classificação de documentos em ultrassecreta
mas prerrogativas; feita por Comandantes da Marinha, do Exército e
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da da Aeronáutica e Chefes de Missões Diplomáticas
Aeronáutica; e Consulares permanentes no exterior deverão ser
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares confirmadas pelos respectivos Ministros.
permanentes no exterior;
§ 3º A autoridade ou outro agente público que clas-
O Presidente do Banco Central é uma autoridade sificar informação como ultrassecreta deverá enca-
com prerrogativa de Ministro de Estado, logo, ele pode minhar a decisão de que trata o art. 28 à Comissão
classificar um documento em ultrassecreto! Mista de Reavaliação de Informações, a que se refe-
re o art. 35, no prazo previsto em regulamento.
II - no grau de secreto, das autoridades referidas Art. 28 A classificação de informação em qualquer
no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão
ou empresas públicas e sociedades de economia que conterá, no mínimo, os seguintes elementos:
116 mista; e I - assunto sobre o qual versa a informação;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - fundamento da classificação, observados os cri- § 1º As informações pessoais, a que se refere este
térios estabelecidos no art. 24; artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, e imagem:
meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo I - terão seu acesso restrito, independentemente de
final, conforme limites previstos no art. 24; e classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100
IV - identificação da autoridade que a classificou. (cem) anos a contar da sua data de produção, a
Parágrafo único. A decisão referida no caput será agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa
mantida no mesmo grau de sigilo da informação a que elas se referirem;
classificada.
As informações pessoais relativas à intimidade,
Se um documento for classificado como ultras- vida privada, honra e imagem só poderão ser acessa-
secreto, o documento explicando o porquê da deci- das pelas pessoas às quais os documentos se referem
são de classificá-lo nesse grau de sigilo, também será e pelos agentes públicos autorizados.
ultrassecreto! O prazo máximo de sigilo de um documento pes-
soal é 100 anos, a partir da data da produção.
Art. 29 A classificação das informações será rea-
valiada pela autoridade classificadora ou por II - poderão ter autorizada sua divulgação ou
autoridade hierarquicamente superior, mediante acesso por terceiros diante de previsão legal ou
provocação ou de ofício, nos termos e prazos pre- consentimento expresso da pessoa a que elas se
vistos em regulamento, com vistas à sua desclassifi- referirem.
cação ou à redução do prazo de sigilo, observado o § 2º Aquele que obtiver acesso às informações de
disposto no art. 24 (Regulamento). que trata este artigo será responsabilizado por seu
uso indevido.
§ 3º O consentimento referido no inciso II do §
A reavaliação pode ser feita por provocação ou de
1º não será exigido quando as informações forem
ofício!
necessárias:
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pes-
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deve- soa estiver física ou legalmente incapaz, e para uti-
rá considerar as peculiaridades das informações lização única e exclusivamente para o tratamento
produzidas no exterior por autoridades ou agentes médico;
públicos. II - à realização de estatísticas e pesquisas científi-
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deve- cas de evidente interesse público ou geral, previstos
rão ser examinadas a permanência dos motivos em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a
do sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do que as informações se referirem;
acesso ou da divulgação da informação. III - ao cumprimento de ordem judicial;
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da IV - à defesa de direitos humanos;
informação, o novo prazo de restrição manterá V - à proteção do interesse público e geral prepon-
como termo inicial a data da sua produção. derante.
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou
entidade publicará, anualmente, em sítio à dis- A divulgação de informações pessoais a pessoas
posição na internet e destinado à veiculação de não autorizadas só poderá ser feita com o consenti-
dados e informações administrativas, nos termos
81

mento da pessoa ao qual o documento se refere, exce-


de regulamento:
8-

to nos casos em que essa informação será usada para:


I - rol das informações que tenham sido desclassifi-
70

cadas nos últimos 12 (doze) meses;


.

I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a


93

II - rol de documentos classificados em cada grau pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para
.0

de sigilo, com identificação para referência futura; utilização única e exclusivamente para o tratamen-
98

III - relatório estatístico contendo a quantidade de to médico;


-2

pedidos de informação recebidos, atendidos e inde- II - à realização de estatísticas e pesquisas


feridos, bem como informações genéricas sobre os
py

científicas de evidente interesse público ou geral,


solicitantes. previstos em lei, sendo vedada a identificação da
p
Tu

pessoa a que as informações se referirem;


A veiculação desses dados deve ser feita anual- III - ao cumprimento de ordem judicial;
o
ul

mente! As bancas perguntam muito isso. IV - à defesa de direitos humanos;


Pa

V - à proteção do interesse público e geral pre-


§ 1º Os órgãos e entidades deverão manter exem- ponderante.
DIREITO ADMINISTRATIVO

plar da publicação prevista no caput para consulta § 4º A restrição de acesso à informação relativa à
pública em suas sedes. vida privada, honra e imagem de pessoa não pode-
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a rá ser invocada com o intuito de prejudicar proces-
lista de informações classificadas, acompanhadas so de apuração de irregularidades em que o titular
da data, do grau de sigilo e dos fundamentos da das informações estiver envolvido, bem como em
classificação. ações voltadas para a recuperação de fatos históri-
cos de maior relevância.
Seção V
Das Informações Pessoais NÃO pode haver restrição de acesso à informação
pessoal (Vida privada, Honra e imagem da pessoa)
Art. 31 O tratamento das informações pessoais em duas situações:
deve ser feito de forma transparente e com res-
peito à intimidade, vida privada, honra e imagem z Prejudicar processo de apuração de irregulari-
das pessoas, bem como às liberdades e garantias dades em que o titular das informações estiver
individuais. envolvido; 117
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Recuperação de fatos históricos de maior relevân- IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar
cia; ou permitir acesso indevido à informação sigilosa
ou informação pessoal;
V - impor sigilo à informação para obter proveito
§ 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de
para tratamento de informação pessoal.
ato ilegal cometido por si ou por outrem;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
CAPÍTULO V petente informação sigilosa para beneficiar a si ou
Das Responsabilidades a outrem, ou em prejuízo de terceiros;
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
Art. 32 Constituem condutas ilícitas que ensejam mentos concernentes a possíveis violações de direi-
responsabilidade do agente público ou militar: tos humanos por parte de agentes do Estado.
I - recusar-se a fornecer informação requerida
nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o Deverá ser punido como:
seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente
de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; z Transgressões militares médias ou graves, se
II - utilizar indevidamente, bem como sub- das Forças Armadas;
trair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar z Com suspensão, no mínimo, pela infração admi-
ou ocultar, total ou parcialmente, informa- nistrativa, se agente público.
ção que se encontre sob sua guarda ou a que tenha
acesso ou conhecimento em razão do exercício das § 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o
atribuições de cargo, emprego ou função pública; militar ou agente público responder, também, por
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solici- improbidade administrativa, conforme o disposto
nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429,
tações de acesso à informação;
de 2 de junho de 1992.
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou aces- Art. 33 A pessoa física ou entidade privada que
sar ou permitir acesso indevido à informação detiver informações em virtude de vínculo de
sigilosa ou informação pessoal; qualquer natureza com o poder público e deixar
V - impor sigilo à informação para obter pro- de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às
veito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocul- seguintes sanções:
tação de ato ilegal cometido por si ou por outrem; I - advertência;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior II - multa;
competente informação sigilosa para beneficiar a III - rescisão do vínculo com o poder público;
si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; IV - suspensão temporária de participar em licita-
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, ção e impedimento de contratar com a administra-
ção pública por prazo não superior a 2 (dois) anos;
documentos concernentes a possíveis violações de
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
direitos humanos por parte de agentes do Estado. tratar com a administração pública, até que seja
promovida a reabilitação perante a própria autori-
Ou seja, atitudes que impeçam a divulgação de dade que aplicou a penalidade.
informações que devem ser divulgadas, tanto a dis- § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV pode-
ponibilização de documentos sigilosos, são condutas rão ser aplicadas juntamente com a do inciso II,
ilícitas! assegurado o direito de defesa do interessado, no
81

respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.


8-

§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da


70

ampla defesa e do devido processo legal, as condu-


A advertência, rescisão do contrato com o poder
.

público e suspensão temporária de participar em


93

tas descritas no caput serão consideradas:


licitação e impedimento de contratar com a adminis-
.0

I - para fins dos regulamentos disciplinares das For-


tração pública por prazo não superior a 2 (dois) anos
98

ças Armadas, transgressões militares médias


podem ser aplicadas junto com a multa.
-2

ou graves, segundo os critérios neles estabeleci-


dos, desde que não tipificadas em lei como crime ou
py

§ 2º A reabilitação referida no inciso V será auto-


contravenção penal; rizada somente quando o interessado efetivar o
p

II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de


Tu

ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos


dezembro de 1990, e suas alterações, infrações resultantes e após decorrido o prazo da sanção
o

administrativas, que deverão ser apenadas, no aplicada com base no inciso IV.
ul

mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela


Pa

estabelecidos. Só poderá se relacionar novamente com a admi-


nistração pública, a pessoa física ou entidade priva-
O agente público ou militar que: da que ressarcir o poder público dos danos causados
pela infração.
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu § 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é
fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de de competência exclusiva da autoridade máxima
forma incorreta, incompleta ou imprecisa; do órgão ou entidade pública, facultada a defesa do
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des- interessado, no respectivo processo, no prazo de 10
(dez) dias da abertura de vista.
truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total
Art. 34 Os órgãos e entidades públicas respondem
ou parcialmente, informação que se encontre sob
diretamente pelos danos causados em decorrên-
sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimen- cia da divulgação não autorizada ou utilização
to em razão do exercício das atribuições de cargo, indevida de informações sigilosas ou informações
emprego ou função pública; pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita- funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o
118 ções de acesso à informação; respectivo direito de regresso.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Isso significa que se um policial federal divulgar Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resul-
informações sigilosas, a Polícia Federal será responsa- tante de tratados, acordos ou atos internacionais
bilizada inicialmente. Depois será apurado o que de atenderá às normas e recomendações constantes
fato aconteceu e o servidor será punido. desses instrumentos.
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se Segurança Institucional da Presidência da Repúbli-
à pessoa física ou entidade privada que, em virtu- ca, o Núcleo de Segurança e Credenciamento (NSC),
de de vínculo de qualquer natureza com órgãos ou que tem por objetivos: (Regulamento)
entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou I - promover e propor a regulamentação do cre-
pessoal e a submeta a tratamento indevido. denciamento de segurança de pessoas físicas,
empresas, órgãos e entidades para tratamento de
CAPÍTULO VI informações sigilosas;
II - garantir a segurança de informações sigilosas,
Disposições Finais e Transitórias inclusive aquelas provenientes de países ou orga-
nizações internacionais com os quais a República
Art. 35 (VETADO). Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo,
§ 1º É instituída a Comissão Mista de Reavalia- contrato ou qualquer outro ato internacional, sem
ção de Informações, que decidirá, no âmbito da prejuízo das atribuições do Ministério das Relações
administração pública federal, sobre o tratamento Exteriores e dos demais órgãos competentes.
e a classificação de informações sigilosas e terá
competência para: Lembra que para ter acesso a um documento sigi-
I - requisitar da autoridade que classificar infor- loso a pessoa deve estar autorizada e credenciada?
mação como ultrassecreta e secreta esclarecimen-
Quem faz esse credenciamento é o Gabinete de
to ou conteúdo, parcial ou integral da informação;
Segurança Institucional da Presidência da Repú-
II - rever a classificação de informações ultras-
secretas ou secretas, de ofício ou mediante provo- blica, o Núcleo de Segurança e Credenciamento
cação de pessoa interessada, observado o disposto (NSC)!
no art. 7º e demais dispositivos desta Lei;
III - prorrogar o prazo de sigilo de informa- Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a
ção classificada como ultrassecreta, sempre composição, organização e funcionamento do NSC.
por prazo determinado, enquanto o seu acesso Art. 38 Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de
ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à 12 de novembro de 1997, em relação à informação
soberania nacional ou à integridade do território de pessoa, física ou jurídica, constante de registro
nacional ou grave risco às relações internacionais ou banco de dados de entidades governamentais ou
do País, observado o prazo previsto no § 1º do art. de caráter público.
24. Art. 39 Os órgãos e entidades públicas deverão pro-
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma ceder à reavaliação das informações classificadas
única renovação. como ultrassecretas e secretas no prazo máximo de
2 (dois) anos, contado do termo inicial de vigência
A Comissão Mista de Reavaliação de Informações desta Lei.
pode prorrogar o documento ultrassecreto (25 anos)
81

somente UMA vez! Antes da revisão da classificação de informações


8-

ultrassecretas ou secretas feita pela Comissão Mista


70

§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II de Reavaliação de Informações no máximo, a cada 4


.

anos. O próprio órgão que produziu a informação


93

do § 1º deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (qua-


tro) anos, após a reavaliação prevista no art. 39, deve fazer a revisão da classificação, no máximo, a
.0
98

quando se tratar de documentos ultrassecretos ou cada 2 ANOS!


secretos.
-2

§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão


py

A Comissão Mista de Reavaliação de Informações é da reavaliação prevista no caput, deverá observar


p

obrigada (de ofício) a rever a classificação de infor- os prazos e condições previstos nesta Lei.
Tu

mações ultrassecretas ou secretas, no máximo, a § 2º No âmbito da administração pública federal,


o

cada 4 ANOS! a reavaliação prevista no caput poderá ser revis-


ul

ta, a qualquer tempo, pela Comissão Mista de


Pa

§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comis- Reavaliação de Informações, observados os ter-
mos desta Lei.
DIREITO ADMINISTRATIVO

são Mista de Reavaliação de Informações nos pra-


zos previstos no § 3º implicará a desclassificação
automática das informações. A revisão da classificação de informações ultras-
secretas ou secretas feita pela Comissão Mista de
Se a Comissão Mista de Reavaliação de Informa- Reavaliação de Informações pode ser feita a qual-
ções não rever a classificação, no máximo a cada 4 quer momento antes dos 4 anos (prazo máximo)!
anos, de informações ultrassecretas ou secretas,
ela automaticamente se tornará ostensiva (sem § 3º Enquanto não transcorrido o prazo de rea-
restrição de acesso)! valiação previsto no caput, será mantida a clas-
sificação da informação nos termos da legislação
§ 5º Regulamento disporá sobre a composição, precedente.
organização e funcionamento da Comissão Mista § 4º As informações classificadas como secre-
de Reavaliação de Informações, observado o man- tas e ultrassecretas não reavaliadas no prazo
dato de 2 (dois) anos para seus integrantes e demais previsto no caput serão consideradas, auto-
disposições desta Lei. (Regulamento) maticamente, de acesso público. 119
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 40 No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar quando necessário, as devidas ressalvas, antes da
da vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada subscrição do ato, de forma legível e autenticada.
órgão ou entidade da administração pública fede- § 2º As anotações de «sem efeito» deverão ser
ral direta e indireta designará autoridade que lhe autenticadas com a assinatura de quem as fez.
seja diretamente subordinada para, no âmbito do § 3º Deverá ser evitado o uso de espaço número um
respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes nos atos digitados ou datilografados.
atribuições: § 4º Nos autos e nos livros deverão ser evitados e
I - assegurar o cumprimento das normas relativas inutilizados os espaços em branco.
ao acesso à informação, de forma eficiente e ade- § 5º Os livros e papéis em andamento ou findos
quada aos objetivos desta Lei; deverão ser bem conservados pelo Oficial de Pro-
II - monitorar a implementação do disposto nesta motoria e, se o caso, encadernados, classificados ou
Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu catalogados.
cumprimento;
III - recomendar as medidas indispensáveis à O encaminhamento das notificações e comunica-
implementação e ao aperfeiçoamento das normas e ções deve ser feito via postal, por correio eletrônico,
procedimentos necessários ao correto cumprimen-
“fac símile” — reprodução por meios fotomecânicos
to do disposto nesta Lei;
IV - orientar as respectivas unidades no que se
de um texto ou imagens ou, ainda, o aparelho que rea-
refere ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus liza essa reprodução — ou qualquer outro mecanismo
regulamentos. que atinja a finalidade, juntando-se o respectivo com-
Art. 41 O Poder Executivo Federal designará órgão provante. Neste sentido, os arts. 3º e 4º da Resolução e
da administração pública federal responsável: seus respectivos parágrafos determinam que:
I - pela promoção de campanha de abrangên-
cia nacional de fomento à cultura da transparên- Art. 3º Nos registros dos autos e na expedição dos
cia na administração pública e conscientização do ofícios, requisições e notificações, o Oficial de Pro-
direito fundamental de acesso à informação; motoria deve utilizar os impressos e papéis con-
II - pelo treinamento de agentes públicos no que feccionados segundo modelo oficial do Ministério
se refere ao desenvolvimento de práticas relaciona- Público e juntar cópia nos autos.
das à transparência na administração pública; § 1º Nos ofícios, requisições, notificações e comuni-
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no cações devem constar o número do procedimento
âmbito da administração pública federal, con- e a indicação da Promotoria de Justiça remeten-
centrando e consolidando a publicação de informa- te com endereço completo, inclusive o número do
ções estatísticas relacionadas no art. 30; Código de Endereçamento Postal e o telefone.
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacio- § 2º Os ofícios, requisições, notificações e comunica-
nal de relatório anual com informações atinen- ções devem ser encaminhados aos seus destinatá-
tes à implementação desta Lei. rios pela via postal, correio eletrônico, “fac-símile”
ou qualquer outro meio que atinja essa finalidade,
Atualmente o órgão da administração pública devendo o respectivo comprovante de recebimento
federal responsável pelas atribuições do Art. 41 é a ser juntado aos autos do procedimento ou anexado
Controladoria Geral da União (CGU). à cópia a ser arquivada em pasta própria.
§ 3º Na hipótese de envio de documento por “fac-
Art. 42 O Poder Executivo regulamentará o dispos- -símile” ou correio eletrônico, deve o Oficial de
81

to nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a Promotoria informar esta providência nos autos e
8-

contar da data de sua publicação. juntar o comprovante.


70

§ 4º Na hipótese de recebimento de documento por


.
93

“fac-símile” ou correio eletrônico, deve ser provi-


denciada a extração ou impressão de cópia para a
.0
98

juntada aos autos.


ATO NORMATIVO N° 664-PGJ-CGMP- Art. 4º Os livros obrigatórios serão aqueles con-
-2

CSMP, DE 08 DE OUTUBRO DE 2010 feccionados segundo modelo oficial do Ministério


py

Público e serão abertos, numerados, autenticados


p

e encerrados pelo Promotor de Justiça Secretário,


A Resolução nº 664, de 2010, regulamenta as fun-
Tu

mediante a lavratura dos respectivos termos e


ções dos oficiais de promotoria nos inquéritos civis e
o

seguirão os modelos estabelecidos nesta Resolução.


procedimentos preparatórios de inquéritos civis.
ul
Pa

O Oficial deverá proceder à numeração das folhas


ESCRITURAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS dos autos, não podendo exceder 200 folhas por volu-
me, vedando-se a inserção de cotas marginais ou inter-
Os procedimentos administrativos serão secreta- lineares, sendo as certidões e termos elaborados por
riados por um Oficial de Promotoria, a quem compete processamento de dados. Para o enceramento e aber-
a escrituração nos livros, autos e papéis em vernáculo, tura devem ser atendidas as seguintes prescrições:
com tinta preta ou azul, indelével, evitando-se rasuras
e vedando-se qualquer meio corretivo. Vejamos o art. Art. 5º O Oficial de Promotoria procederá à nume-
2º da Resolução: ração das folhas dos autos, que não poderão exce-
der 200 (duzentas) em cada volume, exceto em
Art. 2º A escrituração nos livros, autos e papéis casos especiais, decididos pelo Promotor de Justiça.
deve ser sempre feita em vernáculo, com tinta preta § 1º Para o encerramento e abertura de novos
ou azul, indelével, seguindo-se as orientações pre- volumes, o Oficial de Promotoria lançará termos
vistas na Resolução nº 429/06- PGJ, sendo vedado o de abertura e encerramento, seguindo os modelos
uso de borracha ou qualquer meio corretivo. constantes do Anexo desta Resolução, em folhas
§ 1º Deverão ser evitados erros, omissões, emen- regularmente numeradas, prosseguindo sem solu-
120 das, rasuras, borrões ou entrelinhas, efetuando-se, ção de continuidade no volume subsequente.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2º Em nenhuma hipótese será seccionada peça § 2º Exceto nos casos urgentes, é de 5 (cinco) dias o
processual com os documentos que a acompa- prazo para executar as determinações do Promotor
nham, podendo, neste caso, o volume ser encerrado de Justiça.
com mais ou menos de 200 (duzentas) folhas. § 3º Nenhuma diligência ou ato deverá ser reali-
Art. 6º É vedado o lançamento nos autos de cotas zado sem determinação expressa do presidente da
marginais ou interlineares ou o uso de sublinhar investigação, ressalvando-se atos de mero expe-
palavras ou expressões, devendo o Oficial de Pro- diente, desde que estabelecidos em Portaria expedi-
motoria, ao constatar tais irregularidades, comu- da pelo Promotor de Justiça.
nicá-las ao Promotor de Justiça. § 4º O procedimento não deve ficar sem andamen-
to por mais de 30 (trinta) dias no aguardo do cum-
primento de diligências, cumprindo ao Oficial de
Ademais, não se juntará nenhum documento ou
Promotoria promover a conclusão ao Promotor de
petição nos autos sem o respectivo termo de juntada.
Justiça para as providências cabíveis.
Igualmente, conforme determina o art. 7º da § 5º Nenhum procedimento deve permanecer para-
Resolução: lisado além dos prazos fixados nesta Resolução,
salvo determinação expressa em sentido contrário,
Art. 7º As certidões, as requisições, as cartas pre- devidamente registrada nos autos.
catórias, os ofícios, os termos de conclusão, de
juntada e de data e os demais atos e termos serão
elaborados por processamento de dados e seguirão Importante!
os modelos estabelecidos no Anexo desta Reso-
lução, devendo conter, de forma legível e a fim de O procedimento não deve ficar sem andamento
permitir rápida identificação, o nome, o número de por mais de 30 dias.
matrícula, o cargo ou função e a rubrica do Oficial
de Promotoria que os lavrou.
Entrada e Saída de Autos da Secretaria da
Com relação às notificações e às requisições, ine- Promotoria de Justiça
xistindo prazo expressamente determinado, serão
A remessa dos procedimentos ao Promotor será
encaminhadas em até 5 dias, e, no caso de comunica-
registrada no Livro Carga, assinando-se respectivo
ções para comparecimento em audiência, o aviso de
termo de conclusão, devendo conter o número dos
recebimento deve ser devolvido e juntado aos autos
autos, informações sobre a origem e o destinatário,
em até 10 dias antes da audiência, conforme art. 8º da
nos termos do art. 10 da Resolução:
Resolução, vejamos:
Art. 10 A remessa dos procedimentos ao Promotor
Art. 8º Inexistindo prazo expressamente determi- de Justiça será registrada no livro carga, devendo
nado, as requisições e notificações serão encami- todos os campos ser preenchidos de maneira legível
nhadas em até 5 (cinco) dias. Quando se cuidar de com a indicação das datas de recebimento e devo-
notificação para comparecimento em audiência, lução dos autos.
o aviso de recebimento de correspondência deve § 1º O Oficial de Promotoria enviará os autos ao
ser devolvido e juntado aos autos até 10 (dez) dias Promotor de Justiça no dia em que assinar o termo
antes da data designada, caso não haja determina- de conclusão, não sendo permitida, sob qualquer
81

ção do Promotor de Justiça em sentido diverso. pretexto, a permanência de autos na secretaria


8-

Parágrafo único. A notificação deve conter a indica- com tais termos.


70

ção do dia, da hora e do local para comparecimen- § 2º O Oficial de Promotoria certificará por ter-
.

mo de data o recebimento dos autos remetidos à


93

to, bem como a natureza do procedimento e do fato


investigado, com a advertência de que o não aten- conclusão.
.0
98

dimento poderá ensejar condução coercitiva pela


Polícia Civil ou Militar (art. 26, inc. I, alínea “a”, da Igualmente, é dever do Oficial registrar no livro
-2

Lei Federal nº 8.625 de 1993 e art. 104, inc. I, alínea carga:


py

“a”, da Lei Complementar Estadual nº 734 de 1993),


Art. 11 [...]
p

nos termos do disposto no artigo 38 da Resolução


Tu

I – a remessa de representações, peças de infor-


nº. 484 de 2006-CPJ. mação e autos de inquéritos civis, procedimentos
o

preparatórios de inquéritos civis ou procedimentos


ul

DOS PROCEDIMENTOS DE INQUÉRITO administrativos para Promotores de Justiça inte-


Pa

grantes de Grupos de Atuação Especial que oficiam


Autuação na mesma sede da Promotoria de Justiça;
DIREITO ADMINISTRATIVO

II – a retirada de autos por advogados.


Incumbe ao Oficial a manutenção, guarda, conser-
vação e regularidade dos registros dos autos. Deve, o Observando-se, igualmente, as seguintes
Oficial, abrir conclusão de quaisquer autos protocola- prescrições:
dos na promotoria, em 72 horas, vejamos: Art. 11 [...]
§ 1º O registro do encaminhamento e da devolução
Art. 9º Incumbe ao Oficial de Promotoria a manu- de representação, peças de informação e autos de
tenção, a guarda, a escrituração, os registros e a inquéritos civis, procedimentos preparatórios de
regularidade formal dos autos. inquéritos civis ou procedimentos administrativos
§ 1º Ressalvados os casos urgentes, o Oficial de para os Promotores de Justiça que oficiam fora da
Promotoria deve, no prazo de 72 (setenta e duas) sede da Promotoria de Justiça, designados em Gru-
horas, abrir conclusão de quaisquer autos proto- pos de Atuação Especial ou designados para auxilio
colizados na Promotoria para análise do órgão do será feito no livro carga da Promotoria de Justiça
Ministério Público. de origem ou em relação de remessa. 121
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2º A relação de remessa deve conter o número Obrigações do Oficial de Promotoria Após a
dos autos, a indicação da Promotoria de Justiça de Instauração do Procedimento Administrativo
origem e a identificação do destinatário. Após seu
recebimento, o Oficial de Promotoria da Promoto- Havendo determinação para complementação da
ria de Justiça destinatária deverá datá-la, assiná-la representação, o Oficial deverá:
e devolvê-la à origem.
§ 3º A remessa de autos de inquéritos civis, pro- Art. 14 [...]
cedimentos preparatórios de inquéritos civis ou I – [...]
procedimentos administrativos para assistente a) notificar o representante para prestar informa-
técnico do Ministério Público observará, no que ções complementares no prazo de 10 (dez) dias;
couber, o disposto no § 2º deste artigo. b) certificar o decurso do prazo se a representação
não for complementada pelo seu autor, abrindo-se
Da Recepção, do Registro e Providências em seguida conclusão ao Promotor de Justiça;
Preliminares
Havendo indeferimento da representação, o Ofi-
Todos os documentos recebidos noticiando lesão
cial deverá notificar o representante e cientificá-lo
ou ameaça de lesão a interesses que competem ao MP
em 10 dias para interposição de recurso ao Conselho
devem ser, imediatamente, anotados no livro de regis-
Superior do Ministério Público que, caso seja inter-
tro de protocolo geral, no prazo de 48 horas. Vejamos
posto, determina-se ao Oficial que deverá:
o art. 12 da Resolução:
Art. 14 [...]
Art. 12 Todos os documentos recebidos no Minis-
tério Público noticiando lesão ou ameaça de lesão III – [...]
a interesses difusos, coletivos, individuais homo- a) fazer as anotações no livro de registro de
gêneos e individuais indisponíveis, sob a forma de recursos
representação ou peça de informação, independen- b) juntar aos autos a petição e as razões recursais e
temente de despacho, serão imediatamente anota- promover a conclusão ao Promotor de Justiça para
dos no livro de registro de protocolo geral. reexame do decidido;
§ 1º O registro no livro de protocolo geral obede- c) mantida a decisão recorrida, o Oficial de Promo-
cerá a ordem cronológica de chegada à Promoto- toria providenciará, por meio de ofício, a remes-
ria de Justiça devendo o Oficial de Promotoria, sob sa dos autos ao Conselho Superior do Ministério
pena de responsabilidade, efetuá-lo em 48 horas. Público, no prazo de três dias, sob pena de respon-
§ 2º Havendo apenas um Promotor de Justiça com atri- sabilidade funcional.
buição para análise e conhecimento do caso, os docu-
mentos devem ser a ele encaminhados imediatamente. Uma vez mantida a decisão, o Oficial providencia-
rá remessa ao Conselho Superior do MP, em 3 dias.
Recebido o expediente na secretaria, o Oficial Caso não seja interposto respectivo recurso, deve-
deverá registrá-lo nos sistemas eletrônicos em 72 rá ser lançada a certidão e os autos remetidos ao
horas, nos termos do art. 13 da Resolução, autuá-lo — arquivo, em 3 dias.
conforme ficha de atendimento, a critério do MP — e Instaurado o inquérito civil, o Oficial deverá, con-
cumprir as determinações e diligências do Promotor, forme art. 15, da Resolução:
observando-se o seguinte quanto à distribuição:
81

Art. 15 [...]
8-

Art. 12 [...]
I - cientificar o representante;
70

§ 3º Havendo mais de um Promotor de Justiça com


atribuição para análise e conhecimento do caso, os II - juntar aos autos cópia da publicação da instau-
.
93

documentos serão encaminhados ao Promotor de ração do inquérito civil;


.0

Justiça Secretário da Promotoria de Justiça para III - notificar o interessado da instauração do inqué-
98

distribuição em 72 (setenta e duas) horas e, poste- rito civil, por ordem do presidente da investigação;
-2

riormente, encaminhados ao Promotor de Justiça a IV - adotar providências para que os documentos


quem foram distribuídos. sigilosos sejam envelopados, lacrados e rubricados
py

§ 4º A distribuição deve atender ao que dispuser o pelo Promotor de Justiça que presidir o procedi-
p
Tu

ato de implantação da Promotoria de Justiça ou de mento investigatório, se possível na presença do


criação do Grupo de Atuação Especial. interessado ou responsável, com vista à preserva-
o

§ 5º Recebido o expediente na secretaria da Promo- ção do sigilo, na forma do art. 69, da Resolução nº
ul

toria de Justiça, devidamente despachado, o Oficial 484 de 2006-CPJ.


Pa

de Promotoria deverá registrá-lo nos sistemas ele-


trônicos de gestão de procedimentos, seguindo a
ordem cronológica, autuá-lo e cumprir as determi- Importante!
nações do Promotor de Justiça na forma do artigo
14 desta Resolução. É dever do oficial manter relatório circunstan-
§ 6º Na autuação das representações, das peças de ciado atualizado dos feitos em andamento,
informação e dos procedimentos devem constar os componentes do acervo do MP previsto no Avi-
nomes do representante e representado, o objeto da
so 4/99-CGMP.
investigação, o número do registro no sistema ele-
trônico respectivo e o número de registro no Centro
de Apoio Operacional Cível e da Tutela Coletiva.
Inexistindo retratação do MP, os autos serão enca-
§ 7º Havendo determinação do Promotor de Jus-
tiça, o Oficial de Promotoria deverá autuar o pro- minhados ao Conselho Superior do MP, em 3 dias, sob
cedimento administrativo iniciado a partir da pena de responsabilidade funcional e, decorrido o
ficha de atendimento, seguindo as regras desta prazo para interposição de recurso, o Oficial deverá
Resolução e as previstas na Resolução nº 619 de certificá-los nos autos, encaminhar cópia às autorida-
122 2009-PGJ-CGMP. des competentes e abrir conclusão.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Os prazos para interposição dos recursos, confor- § 6º Na hipótese de carta precatória recebida por
me o art. 19, fluirão: telefone, o Oficial de Promotoria deverá lavrar cer-
tidão do recebimento da comunicação, que deverá
z da data da ciência decisão, se notificação pessoal; detalhar os requisitos do parágrafo anterior, trans-
z da juntada aos autos do aviso de recebimento, ou, crevendo-se, por extrato, a portaria de instauração.
da juntada aos autos da publicação no Diário, o § 7º A carta precatória deverá ser cumprida no pra-
que ocorrer por primeiro, no caso de notificação zo de 30 dias a contar de seu recebimento, salvo se,
postal. justificadamente, for fixado prazo menor.

Impedimento e Suspeição Ao final de 180 dias, ou prazo menor, o Oficial


deverá promover a conclusão ao Promotor, com os
Oposta exceção de suspeição ou impedimento do respectivos registros em sistema eletrônico, nos ter-
Promotor, o Oficial autuará e apensará aos autos prin- mos dos arts. 22 e 23 da Resolução:
cipais, abrindo-se conclusão em 48 horas. Vejamos o
art. 20 da Resolução: Art. 22 O Oficial de Promotoria deverá, ao final
do prazo de 180 (cento e oitenta) dias ou de prazo
Art. 20 Oposta exceção de suspeição ou de impe- menor assinado pelo presidente da investigação,
dimento do Promotor de Justiça presidente do pro- promover os autos do inquérito civil à conclusão
cedimento investigatório, o Oficial de Promotoria, para os fins do artigo 24 da Resolução nº 484 DE
depois de autuá-la em apartado, efetuará o registro 2006-CPJ.
no sistema eletrônico e a apensará aos autos prin- Art. 23 O Oficial de Promotoria deverá efetuar os
cipais, abrindo-se conclusão ao Promotor de Justi- registros de movimentação dos autos nos sistemas
ça no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. eletrônicos e digitalizar as peças obrigatórias, enu-
Parágrafo único. Aplica-se a esta Seção, no que cou- meradas no Aviso nº 11 DE 2009- CGMP, e a ata
ber, as regras previstas nos arts. 25 e seguintes da de audiência pública e os votos e deliberação do
Resolução nº 484 de 2006–CPJ. Conselho Superior do Ministério Público relativos
à promoção de arquivamento ou homologação de
Instrução e da Prorrogação dos Procedimentos compromisso de ajustamento de conduta.

Os autos dos procedimentos ficarão sob os cuida- Das Audiências e Reuniões


dos do Oficial que certificará qualquer descumpri-
mento de diligência, fazendo conclusão ao Promotor, Incumbe ao Oficial secretariar a audiência,
ou providenciará a expedição de carta precatória (em devendo:
2 vias) em 5 dias — salvo urgência —, caso a diligência
tenha que ser cumprida em outra comarca, devendo a
z Verificar as providencias para intimações até 10
carta ser cumprida em 30 dias, ou prazo menor, obser-
dias antes da audiência;
vando-se as determinações do art. 21 da Resolução:
z Proceder à qualificação dos ouvidos;
Art. 21 Os autos dos procedimentos permanecerão
z Lavrar ata ou ficha resumo das reuniões.
sob os cuidados do Oficial de Promotoria que vela-
81

rá pelo cumprimento das diligências nos prazos Vejamos o que dispõe o art. 24:
8-

previstos nesta Resolução.


70

§ 1º No caso de descumprimento de qualquer Art. 24 Incumbe ao Oficial de Promotoria secreta-


.
93

diligência, o Oficial de Promotoria certificará a riar as audiências e reuniões designadas pelo Pro-
.0

ocorrência nos autos e abrirá conclusão para deli- motor de Justiça para instrução dos procedimentos
98

beração do Promotor de Justiça. administrativos.


-2

§ 2º Na hipótese em que houver reiteração da dili- § 1º No prazo de até dez dias anteriores às audiên-
gência não atendida, o fato deverá constar do novo cias, o Oficial de Promotoria deverá verificar se
py

ofício, da notificação ou da requisição, anotando-se todas as providências para intimação de depoentes


p

as advertências legais. e interessados foram tomadas, comunicando even-


Tu

§ 3º Atendidas as diligências, o Oficial de Promo- tual irregularidade ou omissão imediatamente ao


o

toria deverá promover a conclusão dos autos ao Promotor de Justiça.


ul

Promotor de Justiça. § 2º Aqueles que forem ouvidos deverão ser qua-


Pa

§ 4º Havendo necessidade de realização de diligên- lificados, mediante indicação de nome, filiação,


cia em outra comarca e determinada a expedição
DIREITO ADMINISTRATIVO

nacionalidade, data e local de nascimento, estado


de carta precatória, com caráter itinerante (art.
civil, profissão, endereço residencial e do local
106, § 3º da Lei Complementar Estadual nº 734 DE
onde exerce a profissão, número do respectivo
1993 e arts. 76 a 78 da Resolução nº 484 DE 2006-
registro geral ou de outro documento hábil de
CPJ), o Oficial de Promotoria providenciará a sua
identificação, observando-se, no que couber, as
expedição e encaminhamento no prazo de 5 (cinco)
dias, salvo nos casos de urgência, quando poderá normas previstas no art. 6º, da Resolução nº 595
ser transmitida por telegrama, “fac-símile”, correio de 2009-PGJ, de 26 de junho de 2009.
eletrônico, telefone ou outro meio, certificando-se § 3º O termo de audiência deve ser subscrito pelo
nos autos. representante do Ministério Público que presidiu o
§ 5º A carta precatória será confeccionada em 2 ato; pelo investigado, se presente; pelo declarante
(duas) vias, indicando-se o Promotor de Justiça ou depoente; pelo advogado, se presente, e pelo Ofi-
deprecado e a diligência pretendida. Será encerra- cial de Promotoria.
da com a assinatura da autoridade deprecante e § 4º Das reuniões realizadas deverá ser lavrada ata
instruída com cópia da portaria e demais documen- ou elaborada ficha resumo contendo os dados pre-
tos necessários à compreensão do seu conteúdo. vistos no artigo 2º do Ato (N) nº 1 de 2006-CGMP. 123
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Da Autuação Quando do Arquivamento dos Parágrafo único. Publicado o edital, o Oficial de
Procedimentos Promotoria certificará a sua tempestividade e afi-
xará cópia na sede da Promotoria de Justiça com
O Oficial deverá certificar a data do recebimento antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis.
com promoção de arquivamento ou com compromis-
so de ajustamento, para encaminhar os autos ao Con- Realizada a audiência, será lavrada a respectiva
selho Superior do MP, em 3 dias, conforme determina ata em 5 dias, afixando-se na sede da Promotoria e
o art. 25 da Resolução: cientificando nos autos, observando-se as determina-
ções do art. 29:
Art. 25 O Oficial de Promotoria certificará em ter-
mo a data do recebimento dos autos com promoção Art. 29 [...]
de arquivamento. Após consertados, os autos serão § 1º A ata e seu extrato serão encaminhados ao
encaminhados ao Conselho Superior do Ministério Procurador-Geral de Justiça para conhecimento,
Público, no prazo de três dias, nos termos do art. no prazo de 5 (cinco) dias contados da data da sua
110, § 1º da Lei nº 734 DE 1993 e do art. 100, da lavratura, certificando-se nos autos.
Resolução nº 484 DE 2006-CPJ. § 2º A ata, por seu extrato, será publicada no Diário
Parágrafo único. O mesmo procedimento deve ser Oficial do Estado e afixada na sede da Promotoria
adotado nos casos de celebração de compromisso de Justiça, em prazo assinalado pelo Promotor de
definitivo ou preliminar de ajustamento (art. 87 da
Justiça, certificando-se nos autos. § 3º Na hipótese
Resolução nº. 484 DE 2006-CPJ).
de realização de audiência pública antes da ins-
tauração do inquérito civil, os atos necessários à
Homologado o arquivamento ou o compromisso organização e realização devem ser arquivados em
de ajustamento, o Oficial promoverá a conclusão, ano- pasta ou autos próprios.
tando-se nos sistemas eletrônicos. Vejamos:
Se a audiência pública ocorrer antes do inquéri-
Art. 26 Homologada a promoção de arquivamento
to civil, os atos necessários devem ser arquivados em
ou o compromisso de ajustamento, o Oficial de Pro-
motoria deve certificar o recebimento dos autos na pasta ou autos próprios.
Secretaria da Promotoria de Justiça e abrir conclu-
são ao Promotor de Justiça, anotando-se a ocorrên-
SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES
cia nos sistemas eletrônicos.
O Oficial deverá certificar o sigilo e sua extensão
antes de extrair cópias ou prestar informações a ter-
Importante! ceiros, sob pena de responsabilidade funcional. Veja-
mos a redação do art. 30 da Resolução:
É vedado ao Oficial promover a remessa dos
autos ao arquivo sem determinação expressa Art. 30 Na hipótese de sigilo, o Oficial de Promoto-
do Promotor (parágrafo único, art. 26). ria, sob pena de responsabilidade funcional, deverá
se certificar desta ocorrência e de seu alcance antes
de prestar informações, expedir certidões ou entre-
Observe-se que, à luz do art. 27 da Resolução, na gar os autos para consulta de terceiros. § 1º Nos
hipótese de rejeição da promoção de arquivamento, autos em que foi decretado o sigilo, a consulta é res-
81

os autos devem ser conclusos ao Promotor. Logo: trita ao investigado pessoalmente ou a procurador
com poderes específicos.
8-

§ 2º O Oficial de Promotoria, sob pena de res-


70

Art. 27 Se o Conselho Superior do Ministério Públi-


co devolver os autos do procedimento de investiga- ponsabilidade funcional, zelará pela guarda e
.
93

ção para realização de diligências, os autos serão conservação dos documentos sigilosos, lacrados
.0

conclusos para deliberação do Promotor de Justiça, na forma do artigo 69 da Resolução nº 484 de


98

anotando-se nos sistemas eletrônicos. 2006–CPJ, que somente poderão ser examinados
-2

Parágrafo único. Na hipótese da rejeição da promo- pelo investigado ou seu procurador mediante
ção do arquivamento e designação de outro órgão requerimento escrito e autorização do presidente
py

do Ministério Público pelo Procurador-Geral de da investigação.


p

Justiça (art. 110, § 3º, da Lei Complementar Esta-


Tu

§ 3º Na autuação deve ser anotada a decretação do


dual nº 734 DE 1993), os autos serão conclusos ao sigilo, assim como nos sistemas eletrônicos.
o

Promotor de Justiça designado, registrando-se a


ul

ocorrência nos sistemas eletrônicos e anotando-se Os autos sob sigilo somente poderão ser examina-
Pa

na autuação a designação do Promotor de Justiça. dos pelo investigado pessoalmente ou por procurador
com poderes específicos.
DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS
DAS PROVIDÊNCIAS RELATIVAS AO
Nos termos do art. 28 da Resolução, designada a AJUIZAMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA
audiência pública, o Oficial deverá, no prazo de 5 dias:
Recebidos os autos com petição inicial de ação
Art. 28 […] civil pública, o Oficial deverá, nos termos do art. 31
I - expedir o edital de convocação do qual constará da Resolução:
a data, o horário e o local da reunião, o objetivo, a
forma de cadastramento dos expositores e de par- Art. 31 Recebidos os autos com petição inicial de
ticipação dos interessados presentes, dentre outras ação civil pública, o Oficial de Promotoria deverá:
informações a critério do Promotor de Justiça; I – anexar cópia da petição inicial na capa do pri-
II – providenciar as comunicações devidas, cui- meiro volume dos autos do procedimento e, no pra-
dando para que os comprovantes de recebimentos zo de 48 horas, salvo se outro prazo for fixado pelo
sejam juntados aos autos com antecedência míni- presidente da investigação, encaminhar todos os
124 ma de 10 (dez) dias úteis. volumes para distribuição no juízo indicado;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II – providenciar, a critério do presidente da inves- O inquérito civil é investigação administrativa, de
tigação, a extração de cópia da petição inicial da caráter inquisitorial, unilateral e facultativo, instaura-
ação civil pública, bem como das principais peças do e presidido pelo Ministério Público. É destinado a
dos autos para fins de controle e acompanhamento apurar a ocorrência de danos efetivos ou potenciais
ou formação de autos suplementares; a direitos ou interesses públicos, coletivos ou indivi-
III – efetuar o registro nos sistemas eletrônicos e duais homogêneos ou outros que lhe incumba defen-
digitalizar a petição inicial para fins de publicação; der, à luz do art. 3º:
IV – comunicar o ajuizamento da ação civil pública,
com indicação da vara e do número do processo, ao Art. 3º O inquérito civil é investigação administrativa,
Centro de Apoio Operacional, encaminhando cópia de caráter inquisitorial, unilateral e facultativo, instau-
da petição inicial. rado e presidido pelo Ministério Público e destinado a
V – atualizar os registros no livro de registro dos apurar a ocorrência de danos efetivos ou potenciais a
direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais
procedimentos que não estejam registrados nos sis-
homogêneos ou outros que lhe incumba defender, ser-
temas eletrônicos. vindo como preparação para o exercício das atribui-
ções inerentes às suas funções institucionais.
A extração de cópias e expedição de certidão
dependem de prévio requerimento escrito e autori-
zado do presidente da investigação, competindo ao Importante!
Oficial executá-los, certificando a extração nos autos,
em prazo máximo de 15 dias. O exame dos autos por O inquérito civil não é condição de procedibili-
terceiros será permitido apenas na secretaria da Pro- dade para o ajuizamento das ações a cargo do
motoria de Justiça (art. 32 e 33 da Resolução). MP, nem para a concretização das demais medi-
das de sua atribuição própria.

As audiências públicas são instrumentos para


RESOLUÇÃO Nº 1.342, DE 2021 — coleta de provas, dados, informações ou esclareci-
mentos em inquérito civil, organizadas e presididas
CPJ, DE 01 DE JULHO DE 2021 pelo MP, segundo o art. 4º e seu parágrafo único:
A Resolução nº 1.342, de 2021 — CPJ, de 01 de julho Art. 4º As audiências públicas são instrumentos
de 2021, revogou a Resolução nº 484 — CPJ, de 05 de para coleta de provas, dados, informações ou escla-
outubro de 2006. Essa Resolução disciplina a notícia recimentos em inquérito civil, ou com a finalidade
de fato, o inquérito civil, o procedimento preparató- de zelar para que os Poderes Públicos e os serviços
rio, a expedição de recomendações, a realização de de relevância pública e social obedeçam aos direi-
audiência pública, a celebração de compromissos de tos assegurados nas Constituições Federal e Esta-
dual e no ordenamento jurídico.
ajustamento de conduta e dá outras providências.
Parágrafo único. A audiência pública será orga-
Vejamos o que diz o art. 1º: nizada e presidida pelo Ministério Público, precedi-
da da publicidade devida.
Art. 1º Esta resolução disciplina a notícia de fato, o
inquérito civil e os demais meios de investigação da
81

O compromisso de ajustamento de conduta


atribuição do Ministério Público, na área dos inte- é instrumento de garantia dos direitos e interesses
8-

resses difusos, coletivos e individuais homogêneos,


70

difusos e coletivos, individuais homogêneos e outros


as audiências públicas, os compromissos de ajusta- direitos cuja defesa está incumbida ao MP, pelo que
.
93

mento de conduta e as recomendações. determina o art. 5º:


.0

Parágrafo único. Todos os meios de investigação


98

devem, obrigatória e independentemente da deno- Art. 5º O compromisso de ajustamento de condu-


-2

minação que se lhes atribua, ser regidos por esta ta é instrumento de garantia dos direitos e inte-
py

resolução. resses difusos e coletivos, individuais homogêneos


e outros direitos de cuja defesa está incumbido o
p
Tu

DA ATIVIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO Ministério Público, com natureza de negócio jurídi-


co que tem por finalidade a adequação da conduta
o

às exigências legais e constitucionais, com eficácia


ul

Conceitos de título executivo extrajudicial.


Pa

A Notícia de Fato é qualquer demanda dirigi- A recomendação é instrumento de atuação extra-


DIREITO ADMINISTRATIVO

da aos órgãos da atividade-fim do MP, submetida à judicial do MP, por intermédio do qual este expõe, em
apreciação das Procuradorias e Promotorias de Jus- ato formal, razões fáticas e jurídicas sobre determina-
tiça, segundo dispõe o art. 2º, da referida Resolução, das questões, nos moldes do que alude o art. 6º:
vejamos:
Art. 6º A recomendação é instrumento de atuação
Art. 2º A Notícia de Fato é qualquer demanda diri- extrajudicial do Ministério Público por intermédio
gida aos órgãos da atividade-fim do Ministério do qual este expõe, em ato formal, razões fáticas e
jurídicas sobre determinada questão, com o obje-
Público, submetida à apreciação das Procurado-
tivo de persuadir o destinatário a praticar ou dei-
rias e Promotorias de Justiça, conforme as atribui-
xar de praticar determinados atos em benefício
ções das respectivas áreas de atuação, podendo ser da melhoria dos serviços públicos e de relevância
formulada presencialmente ou não, entendendo-se pública ou do respeito aos interesses, direitos e
como tal a realização de atendimentos e o recebi- bens defendidos pela instituição, atuando, assim,
mento de notícias, documentos, requerimentos ou como instrumento de prevenção de responsabilida-
representações. des ou correção de condutas. 125
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dos Princípios Fundamentais da Atividade Da Publicidade
Investigatória do Ministério Público
A publicidade, que poderá ser restrita, constará
A atividade do MP é regida pelos princípios da na divulgação oficial com a finalidade exclusiva de
atividade administrativa, quais sejam: “legalidade, conhecimento público, salvo previsão legal em con-
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” trário, conveniência ou proteção à intimidade, nos
(BRASIL, 1988, art. 37). Observe, notadamente, as
termos do art. 8º:
prescrições do art. 7º:

Art. 7º A atividade investigatória do Ministério Art. 8º A publicidade consistirá na divulgação ofi-


Público rege-se pelos princípios gerais da ativida- cial com o exclusivo fim de conhecimento público
de administrativa, pelos direitos e garantias indi- mediante publicação de extratos na imprensa ofi-
viduais e pelos princípios especiais que regulam o cial e, facultativamente, em meios cibernéticos ou
Ministério Público, obedecendo notadamente: eletrônicos, dela devendo constar:
I - ao respeito aos direitos fundamentais da pessoa I - as portarias de instauração e os atos de
humana; conclusão;
II - à atuação segundo os parâmetros da vocação II - a indicação do objeto da investigação e sua
e da ética institucional, observando-se o decoro, a necessidade e, se possível, dos interessados.
boa-fé e a imparcialidade;
§ 1º Sem prejuízo desses meios de publicidade,
III - à independência funcional;
IV - à facultatividade, unilateralidade e ao caráter outros poderão ser utilizados, inclusive para possi-
inquisitorial; bilitar a colaboração de pessoas físicas ou jurídicas
V - à formação de convicção para o exercício res- interessadas no objeto da investigação ou em sua
ponsável do direito de ação ou para a tomada das instrução, conforme disposto nesta resolução e na
demais medidas de sua atribuição no seu complexo legislação específica.
de funções institucionais, relacionadas com: § 2º A publicidade também consistirá:
a) a defesa da ordem jurídica, do Estado Democrá- I - na expedição de certidões ou na prestação de
tico de Direito e dos interesses sociais e individuais informações ao interessado, no prazo de 15 (quin-
indisponíveis;
ze) dias;
b) a proteção dos interesses difusos, coletivos e
individuais homogêneos; II - na concessão de exame dos autos, na secretaria,
c) o zelo pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e bem como extração de cópias, mediante o prévio
dos serviços de relevância pública aos direitos asse- pagamento dos emolumentos fixados;
gurados no ordenamento jurídico e a promoção das III - no fornecimento ao investigado, às suas expen-
medidas necessárias à sua garantia; sas, de cópia do termo de declarações por ele
d) outras funções previstas em lei; prestadas, ou de ato do qual tenha participado pes-
VI - à exclusividade e indelegabilidade da instaura- soalmente, ainda que a investigação seja sigilosa.
ção, direção, instrução e conclusão, nos termos do § 3º Os atos e peças da investigação são públicos,
disposto nesta resolução e na legislação específica;
nos termos e limites desta resolução e da legislação
VII - à motivação das decisões e, quando cabível,
das diligências; específica, salvo:
VIII - à revisão das decisões e deliberações emiti- I - disposição legal em contrário;
das, nos termos do disposto nesta resolução e na II - como medida de conveniência para eficiên-
legislação específica; cia das investigações ou como garantia da ordem
81

IX - à publicidade oficial para fins de conhecimen- pública, decretadas em decisão motivada;


8-

to público, ressalvadas as exceções disciplinadas III - em razão da proteção jurídica da privacidade


70

no ordenamento jurídico para tutela do interesse e da intimidade, em especial do sigilo fiscal, bancá-
.

público, da segurança da sociedade e do Estado e


93

rio, financeiro, comercial ou industrial e, conforme


da intimidade e da privacidade;
.0

o caso, dos dados pessoais ou sensíveis.


X - à distribuição ao membro do Ministério Público
98

§ 4º A restrição à publicidade deverá ser decreta-


dotado de atribuição legal fixada por critérios obje-
-2

tivos prévios; da em decisão motivada, para fins do interesse


público, e poderá ser, conforme o caso, limitada a
py

XI - à celeridade, eficiência, razoabilidade e propor-


cionalidade na tramitação e na solução; determinadas pessoas, provas, informações, dados,
p
Tu

XII - ao impulso oficial, sem prejuízo do direito de períodos ou fases, cessando quando extinta a causa
petição e da colaboração de qualquer pessoa física jurídica que a motivou.
o

ou jurídica; § 5º O membro do Ministério Público é pessoalmen-


ul

XIII - à adoção de formas ou formalidades simples,


Pa

te responsável, nos termos da lei, pela determina-


no que couber, suficientes para propiciar adequa- ção da preservação e decretação do sigilo e pelo
do grau de certeza, segurança e respeito aos direi-
uso adequado das informações sigilosas obtidas
tos das pessoas, e à observância de formalidades
essenciais à garantia dos direitos individuais. para fins de interesse público.
XIV - à resolutividade na atuação funcional, enten- § 6º A expedição de certidões ou a prestação de
dida como aquela por meio da qual o membro do informações deverão observar o disposto nos §§ 3º
Ministério Público, no âmbito de suas atribuições, e 4º deste artigo, sendo:
contribui decisivamente para prevenir ou solucio- I - vedado o acesso a dados sensíveis ligados à esfe-
nar, de modo efetivo, o conflito, o problema ou a ra da intimidade e privacidade das pessoas;
controvérsia envolvendo a concretização de direi- II - condicionado o acesso às demais informações
tos ou interesses para cuja defesa e proteção é sigilosas a legítimo interesse e demais requisitos da
legitimado o Ministério Público, bem como para
legislação específica.
prevenir, inibir ou reparar adequadamente a lesão
ou ameaça a esses direitos ou interesses e efetivar § 7º Na consecução das finalidades da Instituição e
as sanções aplicadas judicialmente em face dos cor- considerando o princípio da unidade do Ministério
respondentes ilícitos, assegurando-lhes a máxima Público, os dados de natureza sigilosa poderão ser
efetividade possível por meio do uso regular dos enviados a outro membro do Ministério Público,
126 instrumentos que lhe são disponibilizados. observado o § 5º deste artigo.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ainda, o membro do MP poderá prestar informa- Da mesma forma, quando o fato noticiado for obje-
ções, inclusive aos meios de comunicação social, a res- to de procedimento em curso ou processo judicial, ou
peito das providências adotadas para apuração de fatos, que com eles guarde conexão, a notícia de fato será
em tese, ilícitos, abstendo-se, contudo, de externar ou distribuída por prevenção, em despacho devidamente
antecipar juízos de valor a respeito de apurações ainda motivado, nos termos do § 2º, do art. 11.
não concluídas, à luz do § 8º, do art. 8º, da Resolução.
Art. 11 [...]
Da Atribuição do Ministério Público § 2º Quando o fato noticiado for objeto de procedi-
mento em curso ou processo judicial, ou que com eles
guarde conexão, a notícia de fato será distribuída
A atribuição do MP observará as regras ordinárias
por prevenção, em despacho devidamente motivado.
de distribuição, salvo nas seguintes situações:
Se aquele a quem for encaminhada a notícia de
Art. 9º A atribuição do membro do Ministério
fato entender que a atribuição para sua apreciação é
Público deverá obedecer às regras ordinárias de
de outro membro do MP, a este promoverá a remessa.
distribuição de serviços, recaindo naquele que for
dotado de atribuição legal fixada por critérios obje-
Em caso de conflito positivo ou negativo de atribui-
tivos prévios, salvo: ções, isso deverá ser suscitado nos próprios autos ao
I - nos casos de substituição por falta, impedimento, Procurador Geral de Justiça, que o decidirá no prazo
suspeição, afastamento temporário ou vacância; de 30 dias, segundo o que é estabelecido pelos pará-
II - por designação de outro membro à vista da grafos 3º e 4º, do art. 11, da referida Resolução.
recusa de homologação de promoção de arquiva-
mento ou de provimento de recurso contra o indefe- Art. 11 [...]
rimento de representação; § 3º Se aquele a quem for encaminhada a notícia
III - por ato excepcional e fundamentado do Pro- de fato entender que a atribuição para a apreciar é
curador-Geral de Justiça, condicionado à prévia de outro membro do Ministério Público promoverá
autorização do Conselho Superior do Ministério a sua remessa a este, comunicando o noticiante e
Público; procedendo a regularização do envio junto ao SIS-
IV - nos casos de concordância do titular da -MP Integrado.
atribuição; § 4º Havendo conflito de atribuições, negativo ou
V - nos demais casos previstos em lei. positivo, este deverá ser suscitado nos próprios
§ 1º Havendo conflito de atribuições, negativo ou autos ao Procurador-Geral de Justiça, que o decidi-
positivo, este deverá ser suscitado nos próprios rá em 30 (trinta) dias.
§ 5º Havendo declínio de atribuição em prol de
autos ao Procurador-Geral de Justiça, que o decidi-
Ministério Público diverso, os autos deverão ser
rá em 30 (trinta) dias.
remetidos ao Conselho Superior do Ministério
§ 2º Em caso de necessidade de prática de atos
Público, no prazo de 3 (três) dias, para apreciação.
urgentes, o Procurador-Geral de Justiça designará
um dos membros do Ministério Público até solução
definitiva do conflito. Nos termos do art. 12, a notícia de fato será aprecia-
da no prazo de 30 dias, a contar do seu recebimento,
podendo ser prorrogado uma vez, fundamentada-
mente, por até 90 dias.
Importante! O art. 13, por sua vez, narra hipóteses em que a
notícia de fato será arquivada, vejamos:
81

A colaboração de pessoas legitimamente inte-


ressadas para a instauração ou instrução da
8-
70

investigação será concedida, nos termos do Art. 13 A Notícia de Fato será arquivada quando:
I - o fato narrado não configurar lesão ou ameaça
.

art. 10, a pessoas físicas ou jurídicas, direta ou


93

de lesão aos interesses ou direitos tutelados pelo


indiretamente interessadas, ou no exercício do
.0

Ministério Público ou for incompreensível;


direito de petição, e a órgãos e entidades públi-
98

II - o fato narrado já tiver sido objeto de inves-


cas da Administração Pública.
-2

tigação ou de ação judicial ou já se encontrar


solucionado;
py

III - a lesão ao bem jurídico tutelado for manifesta-


p

DA INSTAURAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS mente insignificante, nos termos de jurisprudência


Tu

consolidada ou orientação do Conselho Superior;


o

Da Notícia de Fato IV - for desprovida de elementos de prova ou de


ul

informação mínimos para o início de uma apura-


Pa

Nos termos do que dispõe o art. 11, a notícia de fato ção, e o noticiante não atender à intimação para
complementá-la;
deverá ser registrada do SIS-MP, e distribuída, livre e
DIREITO ADMINISTRATIVO

aleatoriamente, entre os integrantes da Promotoria de


Justiça com a devida atribuição para apreciá-la, ainda É importante dizer que a notícia anônima não será
que seja iniciada ou recepcionada diretamente pelo arquivada se o noticiante fornecer os elementos de
prova ou de informação mínimos para o início de uma
membro do MP.
apuração, de acordo com os incisos do art. 13.
Art. 11 A notícia de fato deverá ser registrada no
SIS-MP Integrado, nos termos da Resolução nº Do Procedimento Preparatório do Inquérito Civil
665/2010-PGJ-CGMP, e distribuída livre e aleatoria-
mente entre os integrantes da Promotoria de Justi- O membro do MP, que tiver atribuição, poderá
ça com atribuição para apreciá-la. determinar providências preparatórias à instaura-
§ 1º Ainda que iniciada de ofício ou recepcionada ção do inquérito civil, de ofício ou mediante notícia
diretamente pelo membro do Ministério Público, de fato, sempre que for necessário para formar seu
por meio de documento ou atendimento pessoal, conhecimento, observados os critérios de distribuição
neste caso reduzida a termo, a notícia de fato deve- elencados no art. 11. Assim sendo, vejamos o que dis-
rá ser objeto de livre distribuição. põe o art. 17 e seus respectivos parágrafos: 127
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 17 De ofício ou mediante notícia de fato, e sem- VI - a determinação para cientificação do(s) inves-
pre que necessário para formar seu convencimento, tigado(s) da decisão de instauração do inquérito
o membro do Ministério Público dotado de atribui- civil, observadas as disposições do artigo 8º.
ção poderá determinar providências preparatórias
à instauração do inquérito civil, observados os cri-
térios de distribuição a que alude o art. 11. Importante!
§ 1º O expediente será instaurado e registrado, no
SIS MP Integrado, como procedimento preparató- Da instauração do inquérito civil, caberá recurso
rio, observando-se, no que couber, o disposto no ao Conselho Superior do Ministério Público, nos
artigo 18 desta Resolução. termos da Resolução, devendo constar a noti-
§ 2º O procedimento preparatório deverá ser con-
ficação do investigado no respectivo prazo, à
cluído no prazo de 90 (noventa) dias, prorrogável
por igual prazo, uma única vez, em caso de motivo luz do que alude o art. 20. Se houver conflito de
justificável. atribuições, negativo ou positivo, isso deverá ser
§ 3º Encerrado o prazo, com ou sem atendimen- suscitado nos próprios autos ao Procurador-
to das providências preparatórias, o membro do -Geral de Justiça, que o decidirá no prazo de 30
Ministério Público poderá: dias, nos moldes do que determina o parágrafo
I - promover o arquivamento, encaminhando os único, do art. 21.
autos ao Conselho Superior do Ministério Público,
na forma do Capítulo IV do Título V desta resolução;
II - promover a ação civil pública;
III - instaurar inquérito civil. Do Prazo de Conclusão do Inquérito Policial
§ 4º. Em nenhuma hipótese o procedimento prepa-
ratório tramitará por prazo superior a 180 (cento
O prazo para conclusão do inquérito civil deverá
e oitenta) dias.
ser de um ano, prorrogável quando necessário. Ao
órgão de execução caberá motivar, de forma funda-
Do Inquérito Civil e Sua Instauração
mentada e justificada, a pertinência das diligências
que ainda forem necessárias, segundo o art. 22, da
O art. 18 da Resolução em estudo nos apresenta as referida Resolução.
hipóteses em que haverá a possibilidade de instaura-
É interessante observar o que a Resolução discorre
ção do inquérito policial, vejamos:
quanto ao prazo para a conclusão de inquérito civil
que tramita a mais de dois anos. Dessa forma, veja o
Art. 18 O inquérito civil poderá ser instaurado:
que está disposto no § 2º, do art. 22:
I - de ofício, pelo membro do Ministério Públi-
co dotado de atribuição ao tomar ciência de fato
determinado, respeitadas as regras de distribuição Art. 22 [...]
previstas no art. 11, bem como a atribuição origi- § 2º O despacho de prorrogação de prazo para a
nária do Procurador-Geral de Justiça. conclusão do inquérito civil que tramita há mais de
II - em razão de notícia de fato, regularmente dis- 2 (dois) anos será submetido por ofício ao Conselho
tribuída, desde que o noticiante forneça, por meio Superior do Ministério Público contendo informa-
legalmente permitido, informações sobre o fato e ção do número dos autos e da data de sua instau-
seu provável autor, bem como a qualificação míni- ração, devendo ser acompanhado de cópia dos
despachos motivados das prorrogações anteriores.
81

ma que permita sua identificação e localização;


III - por determinação do Procurador-Geral de Justiça,
8-

nos termos da lei, ou do Conselho Superior do Minis- Das Incompatibilidades


70

tério Público ao prover recurso contra a não-instau-


.
93

ração de inquérito civil ou desacolher a promoção de Nos termos do art. 23, o presidente do inquérito
.0

arquivamento de procedimento preparatório. civil, havendo causa suficiente, declarará, em qual-


98

Parágrafo único. A notícia anônima não implicará


quer momento, seu impedimento ou sua suspeição.
-2

ausência de providências, desde que obedecidos aos


Da mesma forma, em qualquer momento da trami-
requisitos constantes no inciso II deste artigo.
py

tação da investigação, o interessado poderá arguir o


p

impedimento ou a suspeição do presidente do inqué-


Nos termos do art. 19, o inquérito civil será instau-
Tu

rito civil. O interessado é aquele em face de quem


rado por portaria, numerada em ordem sequencial
pode ser proposta a ação civil pública (parágrafo úni-
o

pelo respectivo registro no SIS-MP Integrado e autua-


ul

da, observando o disposto no art. 11 quanto ao regis- co, art. 24).


Pa

tro e a regra de distribuição e o seguinte: É importante fazer uma leitura atenta dos art. 25,
26 e 27:
Art. 19 [...]
I - a ementa; Art. 25 A arguição de suspeição ou impedimento,
II - a descrição do fato objeto do inquérito civil e a para ser conhecida, deve ser formulada em peça
correspondente fundamentação legal que legitima própria, acompanhada das razões e instruída com
a ação do Ministério Público; prova do fato constitutivo do alegado.
III - o nome e a qualificação possível da pessoa jurí- Art. 26 Recebidas as razões e eventuais provas,
dica e/ou física a quem o fato é atribuído; serão elas autuadas em apartado.
IV - a data, o local da instauração e a determinação Art. 27 O presidente do inquérito civil lançará nos
das diligências iniciais, se isso não for prejudicial à autos da exceção, no prazo de 5 (cinco) dias, mani-
investigação; festação fundamentada na qual:
V - a determinação para cientificação do noticiante, I - recusará a suspeição ou impedimento, remeten-
se conhecido, a afixação de cópia da portaria em do os autos, em 3 (três) dias, ao Procurador-Geral
local de costume, sua disponibilização no SIS MP de Justiça para deliberação; ou
Integrado e no portal da Instituição, se não houver II - concordará com a alegação, remetendo os autos,
128 prejuízo para a investigação. imediatamente, ao seu substituto automático.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o II - a natureza do procedimento e do fato investigado;
Procurador-Geral de Justiça poderá, sendo relevan- III - a data, o local e a hora em que será realizado
te a fundamentação da arguição de suspeição ou o ato;
impedimento, suspender o andamento do inquérito IV - eventuais consequências advindas do não
civil até pronunciamento definitivo, comunicando- atendimento.
-se ao presidente.
Não é admitido que a notificação seja feita em
DA INSTRUÇÃO período inferior a 24 horas da realização do ato. Do
mesmo modo, o art. 40, determina que não se fará
A instrução, sempre mediante determinação do notificação, salvo em casos urgências, veja:
MP, será realizada por todos os meios admitidos de
prova em direito, vedadas as provas obtidas por meios Art. 40 [...]
ilícitos, podendo fazer uso de gravações, filmagens I - a quem estiver assistindo qualquer culto
e registros eletrônicos, oportunamente desgravados religioso;
e registrados em livro próprio. Vejamos os seguintes II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, con-
sanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha cola-
dispositivos:
teral em segundo grau, no dia do falecimento até o
encerramento dos funerais.
Art. 29 A investigação dos fatos constantes da Art. 41 Não se fará a notificação aos doentes,
portaria será feita por todos os meios admitidos enquanto grave o seu estado, e quando se verificar
em direito e as provas colhidas serão juntadas aos que o notificando é portador de deficiência mental
autos em ordem cronológica e devidamente nume- que o impossibilite de entender a natureza do ato.
radas em ordem crescente. Parágrafo único. A gravidade da doença e a defi-
§ 1º Admite-se o uso de gravações, filmagens e ciência mental que impossibilite entender a nature-
registros eletrônicos dos atos do inquérito civil. za do ato serão comprovadas por atestado médico
§ 2º Não se admitirá a juntada aos autos de prova na oportunidade da notificação ou em até 5 (cinco)
obtida por meio ilícito. dias úteis.
Art. 30 Todas as diligências realizadas serão docu-
mentadas mediante termo ou auto circunstanciado, Se a notificação tiver por destinatário um servidor
assinado pelos participantes do ato e pelo presiden-
público civil ou militar, o presidente o requisitará ao
te do inquérito civil, se presente.
chefe da repartição ou ao comando do corpo a que
§ 1º As declarações e depoimentos serão tomados
servir (art. 46).
por termo pelo membro do Ministério Público, jun-
tando-os aos autos do procedimento, devidamente
assinados pelo Promotor de Justiça, pelo investiga- Das Requisições
do e seu advogado, se presentes, pelo depoente ou
declarante, salvo se estes não puderem ou se recu- Na instrução do inquérito civil, o presidente poderá
sarem a assinar, hipótese em que deverão ser colhi- requisitar informações, exames, perícias e documen-
das assinaturas de duas testemunhas. tos de autoridades federais, estaduais e municipais,
§ 2º As gravações, filmagens e registros eletrônicos bem como dos órgãos e entidades da administração
poderão ser oportunamente transcritos. direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Pode-
§ 3º Será mantida em arquivo próprio, devidamen- res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
te registrada, cópia das gravações digitais dos atos Municípios (art. 46).
81

procedimentais. A requisição será sempre escrita, fundamentada e


8-

Art. 31 O presidente poderá designar servidor do conterá, nos moldes do art. 49:
70

Ministério Público para secretariar o procedimento


.
93

ou, na sua falta, pessoa idônea, mediante compro- Art. 49 [...]


.0

misso firmado nos autos. I - a providência requisitada e a forma e o local da


98

Art. 32 Se no curso da instrução surgirem novos prestação;


-2

fatos que comportem investigação, poderá o presi- II - prazo razoável de atendimento;


dente aditar a portaria ou, ainda, investigá-los em III - as consequências do não atendimento.
py

separado, nos termos desta Resolução. IV - o objeto da investigação.


p

§ 1º O aditamento da portaria será anotado na § 1º Se o destinatário for agente público, conside-


Tu

capa dos autos, observando-se as regras de registro rar-se-á recebida a requisição se protocolada na
o

e publicidade previstas nesta Resolução. repartição em que tenha exercício.


ul

§ 2º A instauração de novo inquérito civil será certi- § 2º A requisição será acompanhada de cópia da
Pa

ficada nos autos e registrada no SIS MP Integrado. portaria que instaurou o procedimento ou indicará
o endereço eletrônico oficial em que tal peça estará
DIREITO ADMINISTRATIVO

disponível para visualização.


Importante! § 3º A requisição será encaminhada pelo Procura-
dor-Geral de Justiça, no prazo de 10 dias, se tiver
A instrução dará preferência aos fatos cuja por destinatário qualquer das autoridades indica-
prescrição esteja mais próxima. das no art. 43, aplicando-se o disposto nos arts. 44
e 45, todos desta Resolução.
Art. 50 A requisição não atendida poderá ser, em
Notificações caráter excepcional, reiterada por uma única vez.

O presidente poderá expedir notificações, nas Das Inspeções e Vistorias


quais deverão, obrigatoriamente, segundo determina
o art. 37, da Resolução, constar: O presidente poderá realizar inspeções necessárias
à investigação do fato, lavrando-se auto circunstan-
Art. 37 [...] ciado, indicando os pontos que devam ser verificados
I - o objeto da notificação; (arts. 56 e 57). 129
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Das Audiências Públicas Parágrafo único. Na capa do apenso deverá haver
menção expressa ao seu conteúdo.
Audiências públicas são reuniões organizadas e Art. 68 Os documentos sigilosos serão envelopa-
presididas pelo Ministério Público, abertas ao povo, dos, lacrados e rubricados pelo presidente, se possí-
para discussão de situações das quais decorra ou vel na presença do interessado ou responsável, com
possa decorrer lesão a interesses difusos, coletivos e vista à preservação do sigilo.
individuais homogêneos (art. 59), e têm por finalida- Parágrafo único. Os documentos resguardados por
de coletar, junto à sociedade e ao Poder Público, ele- sigilo legal deverão ser autuados em apenso.
mentos que embasem decisão do órgão do Ministério
Público quanto à matéria objeto da convocação. Os Da Prova Testemunhal
órgãos do Ministério Público podem realizar audiên-
cias públicas no curso de inquérito civil ou antes de Com relação à prova testemunhal, as testemunhas
sua instauração (§§ 1º e 2º, do art. 59). serão ouvidas na sede da Promotoria, conforme agen-
As audiências públicas serão precedidas da expe- dado ou independentemente de agendamento, res-
dição de edital de convocação do qual constará, no guardando a prerrogativa daqueles que podem ser
mínimo, a data, o horário e o local da reunião, o obje- ouvidos em outra data previamente ajustada.
tivo e a forma de cadastramento dos expositores e da
participação dos presentes (art. 60). Art. 69 As testemunhas serão ouvidas pelo presi-
A ata da audiência deve ser lavrada em até 5 dias, dente do procedimento investigatório, em dia e
igualmente fixada na sede da Promotoria. hora previamente agendados.
§ 1º A critério do presidente, a testemunha poderá ser
Art. 62 Da audiência será lavrada ata circunstan- ouvida independentemente de prévio agendamento.
ciada, no prazo de 5 (cinco) dias, a contar de sua § 2º Estando a testemunha na comarca e não sen-
realização. do possível sua presença na sede da Promotoria de
§ 1º A ata e seu extrato serão encaminhados ao Pro- Justiça, por doença, deficiência física ou outra cau-
curador-Geral de Justiça ou a quem este indicar, no sa, poderá ser ouvida onde se encontre, a critério
prazo de 5 (cinco) dias após sua lavratura, para fins do presidente.
de conhecimento, providências e publicação. Art. 70 As testemunhas que tenham a prerrogativa
§ 2º A ata, por extrato, será afixada na sede da Pro- de ser ouvidas em data, hora e local previamente
motoria de Justiça e será publicada no Diário Ofi- ajustados serão contatadas pelo presidente para a
cial do Estado. realização do ato, certificando-se nos autos.
Art. 63 Se o objeto da audiência pública consistir § 1º Não sendo possível o contato pessoal ou o ajus-
em fato da atribuição de mais de um Promotor de te, o presidente oficiará à testemunha com sugestão
Justiça, o órgão do Ministério Público que teve a de local, data e hora para oitiva.
iniciativa do ato comunicará sua realização aos § 2º Não obtendo resposta ou se esta for considera-
demais membros do Ministério Público, com ante- da desarrazoada, o presidente comunicará o fato
cedência mínima de 10 (dez) dias úteis. ao Procurador-Geral de Justiça para as providên-
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público, cias cabíveis.
sempre que possível, comunicará a realização da § 3º O Procurador-Geral de Justiça comunicará ao
audiência pública aos demais legitimados para o presidente a data, hora e local em que o ato deva
ajuizamento de ação civil pública, às instituições ser realizado. Se o local ajustado se situar fora do
81

públicas ou privadas que possam contribuir com a prédio que servir de sede da Promotoria de Justiça,
8-

matéria objeto da convocação e aos representantes a pedido do presidente poderá ser designado outro
70

do grupo, categoria ou classe de lesados. membro do Ministério Público para a oitiva.


Art. 64 O resultado da audiência pública não vin-
.
93

culará a atuação do órgão do Ministério Público. Da Prova Pericial


.0
98

Da Prova Documental Com relação às provas periciais, estas devem con-


-2

ter, obrigatoriamente, o ponto que deve ser esclareci-


py

Serão juntados aos autos os documentos obtidos do, podendo o Presidente elaborar quesitos.
p

pelo Ministério Público e aqueles apresentados pelo


Tu

investigado, por testinhas e por qualquer do povo, nos Art. 71 As perícias serão realizadas por servido-
o

termos no art. 65. res do Ministério Público ou por servidores públi-


ul

Vejamos o que diz o art. 66 sobre as cópias de cos da União, Estado ou Município e respectivas
Pa

documentos: administrações indiretas, por universidades públi-


cas, por entidades de pesquisa técnica e científica,
Art. 66 As cópias de documentos serão juntadas oficiais ou subvencionadas pelo Poder Público, ou
aos autos independentemente de autenticação, sal- por aquelas que tenham convênio com a Instituição
vo se: para esta finalidade.
I - relativas à capacidade para firmar compromisso Parágrafo único. Poderá ser convencionada a pro-
de ajustamento de conduta; dução antecipada de provas, na forma do artigo
II - o presidente entender necessária a autenticação. 381, inciso II, c.c o artigo 190, ambos do Código de
Parágrafo único. Quando o documento original ou Processo Civil, desde que custeada pelo investiga-
cópia já estiver nos autos, eventuais novas cópias do, não estando o Promotor de Justiça adstrito ao
serão autuadas em apenso denominado “Cópias resultado da perícia, podendo formar sua convic-
repetidas”, ou arquivadas em pasta própria, certi- ção com outros elementos ou fatos provados no
ficando a ocorrência nos autos. curso da investigação.
Art. 67 Para facilidade de manuseio ou exame, Art. 72 Da requisição de perícia constará, obri-
poderá ser formado apenso destinado a capear gatoriamente, o ponto sobre o qual deva incidir.
documentos ou cópias, certificando-se tal ocorrên- Parágrafo único. Sendo conveniente, o presidente
130 cia nos autos principais. elaborará quesitos.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Da Oitiva do Investigado DO COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA
Vejamos o que dizem os arts. 73 e 74, da referida
Resolução, sobre a oitiva do investigado: O compromisso de ajustamento de conduta é título
executivo extrajudicial, certo, líquido e exigível, para
Art. 73 A pessoa que, em tese, possa figurar no polo adequar a conduta do interessado às exigências legais
passivo de eventual ação civil pública a ser propos- e ao cumprimento das obrigações necessárias, inclu-
ta poderá ser convidada a prestar declarações ou sive multa cominatória no caso de descumprimento,
oferecer subsídios para esclarecimento dos fatos, cuja eficácia condiciona-se à homologação da pro-
sem prejuízo da natureza inquisitiva do inquérito. moção de arquivamento do inquérito pelo Conselho
Art. 74 Independentemente de convite, poderá o Superior do MP.
investigado apresentar razões e documentos, que
serão juntados aos autos, bem como indicar pro- Art. 83 Desde que o fato esteja devidamente escla-
vas, cuja realização ficará a critério do presidente. recido em qualquer fase do inquérito civil ou no
curso de ação civil pública, o presidente do inquéri-
to civil poderá tomar dos interessados compromis-
Das Cartas Precatórias
so de ajustamento para adequação de sua conduta
às exigências legais, impondo-lhe o cumprimento
A carta precatória será expedida com a finalidade das obrigações necessárias à prevenção, cessação
de colheita de prova em outra comarca. Observe o dis- ou reparação do dano.
posto no art. 75: § 1º O compromisso de ajustamento de conduta é
título executivo extrajudicial e, para sua plena efi-
Art. 75 Será expedida carta precatória para a cácia, deverá revestir-se da característica de liqui-
colheita de prova em outra comarca. dez, estipulando obrigação certa, quanto à sua
§ 1º Nas comarcas contíguas e de fácil comunica- existência, e determinada, quanto ao seu objeto.
§ 2º Como garantia do cumprimento da obrigação
ção, a expedição de carta precatória só será feita se
principal, deverão ser estipuladas multas comina-
assim entender o presidente.
tórias, especificando a sua forma de incidência.
§ 2º Se a testemunha não tiver domicílio na comar- § 3º O disposto no § 2º deste artigo não impede o
ca, sua oitiva será deprecada, salvo se comparecer cumprimento imediato da obrigação.
espontaneamente na sede da Promotoria de Justiça. § 4º A eficácia do compromisso ficará condicionada
Art. 76 Da carta precatória constarão: à homologação da promoção de arquivamento do
I - a indicação do Promotor de Justiça deprecado; inquérito civil pelo Conselho Superior do Ministério
II - a menção da diligência que lhe constitui o objeto; Público.
III - o encerramento, com a assinatura do Promotor § 5º A celebração de compromisso de ajustamen-
de Justiça. to de conduta não impede que outro, desde que
Art. 77 A carta precatória será instruída com cópia mais abrangente, seja celebrado por quaisquer
da portaria de instauração e demais documentos legitimados.
necessários à compreensão de seu conteúdo. § 6º Poderão ser inseridas convenções processuais
como cláusulas do compromisso de ajustamento de
conduta, desde que não coloquem em risco a satis-
Nos casos de urgência, a carta precatória poderá
fação do direito material e não se mostrem prejudi-
ser transmitida por via eletrônica ou qualquer outro
81

ciais à tutela processual da coletividade.


meio. Se for transmitida por telefone, o Promotor de § 7º A multa cominatória é exigível a partir do des-
8-

Justiça deprecado mandará levar certidão de comu- cumprimento do compromisso de ajustamento de


70

nicação e determinará a realização do ato (parágrafo conduta, independentemente do cumprimento da


.
93

único, art. 78). obrigação principal.


.0

§ 8º A qualidade de título executivo extrajudicial do


98

Art. 79 Independem de carta precatória as dili- compromisso de ajustamento de conduta permitirá


-2

gências que devam ser realizadas pelos Centros de a promoção direta de execução por titular de direi-
to nele amparado, nos limites de seu interesse.
py

Apoio Operacional.
Art. 80 O cumprimento de carta precatória só pode
p

Da Formalização
Tu

ser recusado se não estiver revestida dos requisitos


mencionados nesta resolução.
o

O compromisso será formalizado pelo Presidente,


ul

§ 1º A carta precatória deverá ser cumprida no pra-


em duas vias, assinado pelo MP e interessado (com-
Pa

zo de 30 (trinta) dias, a contar de seu recebimento.


§ 2º Em caso de urgência, devidamente justifica- promitente), sendo vedado dispensar as obrigações
reclamadas para a efetiva satisfação do direito ou
DIREITO ADMINISTRATIVO

do, o presidente poderá fixar prazo menor para


cumprimento. interesse lesionado, observando o seguinte:
Art. 81 A dúvida quanto à autenticidade da carta
precatória será dirimida pelo Promotor de Justiça Art. 84 O compromisso será formalizado pelo pre-
deprecado, que só a devolverá se constatada não sidente, por termo nos autos, com observância das
ser autêntica. exigências legais para a celebração de acordos.
§ 1º O compromisso será assinado pelo membro do
Parágrafo único. A carta precatória terá caráter
Ministério Público e pelo compromitente, cuidan-
itinerante.
do-se para que este esteja devidamente qualificado
Art. 82 A carta precatória, prevista nos artigos 75 e, quando for o caso, legalmente representado nos
e seguintes desta Resolução, pode ser substituída autos.
pelo sistema de videoconferência. § 2º É vedada a dispensa, total ou parcial, das obri-
Parágrafo único. Nos casos referidos no caput deste gações reclamadas para a efetiva satisfação do
artigo, o membro do Ministério Público solicitará interesse ou direito lesado, devendo a convenção
ao órgão ministerial local as providências necessá- com o responsável restringir-se às condições e esti-
rias para viabilizar o ato instrutório. pulações de cumprimento das obrigações. 131
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 3º Do termo de compromisso constará, obrigato- ENCERRAMENTO
riamente, a seguinte cláusula: “Este compromisso
produzirá efeitos legais depois de homologado o O art. 90 dispõe sobre o encerramento do inquérito
arquivamento do respectivo inquérito civil pelo civil, veja:
Conselho Superior do Ministério Público”.
Art. 85 O termo de compromisso deverá ser elabo- Art. 90 O inquérito civil será encerrado, depois de
rado em pelo menos duas vias, devidamente assi- esgotadas todas as diligências a que se destinava,
nadas e rubricadas pelo presidente do inquérito
mediante:
civil e pelo compromitente, devendo a segunda via
I - propositura de ação civil pública;
ficar arquivada em pasta própria, juntamente com
II - arquivamento.
cópias, autenticadas por Oficial de Promotoria, dos
Parágrafo único. A celebração de compromisso de
documentos comprobatórios da qualidade e repre-
ajustamento, desde que não se caracterize como
sentatividade legal do compromitente.
ajuste preliminar previsto no art. 87 desta Reso-
Art. 86 Após a celebração do compromisso de ajus-
lução, implicará no arquivamento definitivo do
tamento, o presidente do inquérito civil, no prazo
inquérito civil, observando-se o disposto no art. 86,
de 10 (dez) dias, lançará nos autos promoção de
§ 2º, desta resolução.
arquivamento, nos termos do artigo 91 desta reso-
Art. 91 O encerramento do inquérito civil, em
lução, para cumprimento do disposto no artigo 112,
quaisquer das hipóteses referidas no artigo ante-
parágrafo único, da Lei Complementar Estadual nº
734, de 26 de novembro de 1993. rior, não constitui ato de mero expediente, e deverá
§ 1º Homologado o arquivamento, os autos do ser determinado sempre de forma fundamentada.
inquérito civil serão restituídos ao órgão do
Ministério Público de origem, que providenciará É importante mencionar que, quando a ação civil
a imediata notificação do compromitente para o pública não abranger todos os fatos e pessoas mencio-
cumprimento das obrigações na forma e nos pra- nadas na portaria inicial do inquérito civil, será pro-
zos avençados. movido, em decisão fundamentada, o arquivamento
§ 2º O acompanhamento periódico da execução em relação a eles, ao enviar uma cópia dos autos ao
deverá ser feito em procedimento próprio, previs- Conselho Superior do Ministério Público para o reexa-
to na Resolução nº 934/15-PGJ-CPJ-CGMP, de 15 de me necessário, no prazo de 3 dias (art. 92).
outubro de 2015, registrando-se no SIS MP Integra-
do o arquivamento do respectivo inquérito civil. Da Propositura da Ação Civil Pública
Art. 87 Quando houver necessidade da celebração
de compromisso de ajustamento com característi-
Art. 93 Os autos principais do inquérito civil ins-
ca de ajuste preliminar ou de convenção processual
truirão a ação civil pública.
autônoma, que não dispensem o prosseguimen-
§ 1º No órgão do Ministério Público será mantida
to de diligências para uma solução definitiva ou
cópia da petição inicial da ação civil pública e, a cri-
mais completa da questão, o membro do Ministé-
tério do presidente, das principais peças dos autos
rio Público poderá celebrá-los, justificadamente,
encaminhando os autos, no prazo de 3 (três) dias, do inquérito civil.
ao Conselho Superior do Ministério Público para § 2º Os apensos relativos às cópias repetidas de
homologação somente do compromisso ou da con- documentos, referidos no parágrafo único do artigo
venção processual, autorizando o prosseguimento 67 desta Resolução, deverão permanecer no arqui-
81

das investigações. vo do órgão do Ministério Público.


8-

Art. 88 Havendo ação civil pública em andamento,


70

o compromisso será formalizado no processo res- Das Recomendações


.
93

pectivo, para eventual homologação por sentença,


.0

não intervindo o Conselho Superior do Ministério Poderá o Presidente expedir recomendações para
98

Público, salvo nos casos previstos no art. 10, §§ 1º e adoção de medidas e notificações, com ou sem audiên-
-2

2º da Resolução nº 1.193/2020-CPJ. cias públicas, exigindo divulgação e resposta escrita.


py

Da Novação Art. 94 No exercício da tutela dos interesses difu-


p
Tu

sos, coletivos e individuais homogêneos, poderá


A novação — hipótese de modificação poste- o presidente do inquérito civil expedir recomen-
o
ul

rior do acordo — poderá ser celebrada em caráter dação, sem caráter coercitivo, com o objetivo de
Pa

excepcional, devendo o presidente do inquérito, persuadir o destinatário a praticar ou deixar de


justificadamente: praticar determinados atos em benefício da melho-
ria dos serviços públicos e de relevância pública ou
Art. 89 Em caráter excepcional, poderá ser cele- do respeito aos interesses, direitos e bens defendi-
brada a novação, nos termos da lei civil, caso dos pela Instituição.
em que o presidente do inquérito civil deverá, Parágrafo único. É vedada a expedição de recomen-
justificadamente: dação como medida substitutiva ao compromisso
I - submetê-lo à homologação pelo Conselho Supe- de ajustamento de conduta ou à ação civil pública.
rior do Ministério Público, na hipótese de compro- Art. 95 O presidente do inquérito civil poderá reco-
misso de ajustamento preliminar ou de convenção mendar aos órgãos ou entidades competentes a
processual autônoma, nos termos do artigo 87 des- adoção de medidas destinadas à efetividade dos
ta Resolução; direitos assegurados nas Constituições Federal e
II - promover novo arquivamento do inquérito civil, Estadual, bem como para que sejam tomadas, em
na hipótese de compromisso de ajustamento defini- prazo razoável, as providências legais, no âmbito
tivo, nos termos do artigo 86 desta Resolução; de seu poder de polícia, a fim de assegurar o respei-
III - observar, no que couber, o disposto no Capítulo to a interesses sociais e individuais indisponíveis,
132 II deste Título. tratados coletivamente.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 96 O membro do Ministério Público, com ou A promoção de arquivamento será remetida, no
sem a realização de audiências públicas, também prazo de 3 dias, ao Conselho Superior — a quem com-
poderá expedir recomendações aos órgãos ou enti- pete o respectivo controle —, observando o seguinte:
dades competentes, sugerindo a edição de normas,
a alteração da legislação em vigor ou a adoção de Art. 102 Sob pena de falta grave, os autos princi-
medidas destinadas à efetividade dos direitos asse-
pais, com a promoção de arquivamento, deverão
gurados nas Constituições Federal e Estadual, ou
ser remetidos no prazo de 3 (três) dias contados da
prevenção ou controle de irregularidades.
data da promoção, mediante comprovante, ao Con-
selho Superior do Ministério Público.
A recomendação conterá a indicação de prazo
razoável para a adoção das providências cabíveis, § 1º A promoção de arquivamento será submetida,
indicando-as de forma clara e objetiva (art. 97). na forma do regimento interno, a exame e delibera-
ção do Conselho Superior do Ministério Público em
Art. 98 O membro do Ministério Público poderá sessão pública, salvo se houver sigilo, que poderá:
requisitar ao destinatário a adequada e imediata I - homologá-la;
divulgação da recomendação expedida, incluindo II - determinar o ajuizamento da ação civil pública;
sua afixação em local de fácil acesso ao público, se III - determinar a conversão do julgamento em dili-
necessária à efetividade da recomendação. gência, com o prosseguimento no inquérito civil já
Art. 99 O membro do Ministério Público poderá instaurado, indicando de forma expressa as diligên-
requisitar, em prazo razoável, resposta por escrito cias necessárias.
sobre o atendimento ou não da recomendação, bem
§ 2º Até a sessão do Conselho Superior do Ministério
como instar os destinatários a respondê-la de modo
fundamentado. Público que apreciará a promoção de arquivamen-
Parágrafo único. Havendo resposta fundamen- to, as pessoas colegitimadas poderão apresentar
tada de não atendimento, ainda que não requi- razões escritas ou documentos, que serão juntados
sitada, impõe-se ao membro do Ministério aos autos do procedimento investigatório.
Público que expediu a recomendação apreciá-la § 3º Se o Conselho Superior do Ministério Público
fundamentadamente. deixar de homologar a promoção de arquivamento,
Art. 100 Na hipótese de desatendimento à recomen- comunicará o fato, desde logo, ao Procurador-Ge-
dação, de falta de resposta ou de resposta conside- ral de Justiça, para a designação de outro órgão do
rada inconsistente, o membro do Ministério Público
Ministério Público para o ajuizamento da ação ou
adotará as medidas cabíveis à obtenção do resulta-
do pretendido com a expedição da recomendação. o prosseguimento das investigações.
§ 1º No intuito de evitar a judicialização e fornecer § 4º A designação, salvo motivo justificado, deverá
ao destinatário todas as informações úteis à forma- recair no substituto automático do membro impe-
ção de seu convencimento quanto ao atendimento dido ou, na impossibilidade de fazê-lo, sobre mem-
da recomendação, poderá o membro do Ministé- bro do Ministério Público com atribuição para, em
rio Público, ao expedir a recomendação, indicar tese, oficiar no caso, segundo as regras ordinárias
as medidas que entende cabíveis, em tese, no caso de distribuição de serviço.
de desatendimento da recomendação, desde que § 5º Na hipótese de não homologação do arquiva-
incluídas em sua esfera de atribuições.
mento proposto pelo Procurador-Geral de Justiça,
§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, o membro
do Ministério Público não adotará as medidas indi- os autos serão remetidos ao seu substituto legal.
81

cadas antes de transcorrido o prazo fixado para § 6º Não ocorrendo a remessa no prazo previsto no
8-

resposta, exceto se fato novo determinar a urgência “caput” deste artigo, o Conselho Superior do Minis-
70

dessa adoção. tério Público, de ofício ou a pedido de qualquer inte-


.
93

§ 3º A efetiva adoção das medidas indicadas na ressado, requisitará os autos do inquérito civil ou
.0

recomendação como cabíveis em tese pressupõe a das peças de informação, para exame e deliberação.
98

apreciação fundamentada da resposta de que trata


-2

o parágrafo único do artigo anterior. Convertido o julgamento em diligência, reabre-se


ao Promotor de Justiça, que tinha promovido o arqui-
py

Do Arquivamento
vamento do inquérito civil ou das peças de informação,
p
Tu

O inquérito civil será arquivado quando: a oportunidade de reapreciar o caso, podendo manter
sua posição favorável ao arquivamento ou propor a
o
ul

Art. 101 O inquérito civil e o procedimento prepa- ação civil pública, como lhe pareça mais adequado.
Pa

ratório do inquérito civil serão arquivados de for-


Neste último caso, será desnecessária a remessa dos
ma fundamentada:
autos ao Conselho Superior, bastando comunicar, por
DIREITO ADMINISTRATIVO

I - diante da inexistência de fundamento para a pro-


positura da ação civil pública ou para as medidas ofício, o ajuizamento da ação (art. 103).
previstas no capítulo anterior, depois de esgotadas
todas as diligências; Art. 104 Na hipótese prevista na primeira parte do
II - na hipótese de a ação civil pública ou as reco- inciso II do artigo 101, o controle do arquivamento
mendações expedidas não abrangerem todos os será exercido pelo Conselho Superior do Ministério
fatos referidos na portaria de instauração do inqué- Público, na forma de seu regimento interno, atendi-
rito civil; das pelo membro do Ministério Público as prescri-
III - quando celebrado compromisso de ajustamen- ções do artigo 90, ambos desta Resolução.
to definitivo.
Art. 105 Na hipótese referida no inciso III do artigo
Parágrafo único. Se a investigação versar sobre
101, o controle do arquivamento será exercido pelo
mais de um fato e a ação civil pública proposta refe-
rir-se apenas a um ou alguns deles, os demais fatos Conselho Superior do Ministério Público, na forma
deverão ser objeto de promoção de arquivamento, de seu regimento interno, atendidas pelo membro
se for o caso, observando-se, no que couber, o dis- do Ministério Público as prescrições dos artigos 86
posto neste Capítulo. e 90, ambos desta Resolução. 133
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Do Desarquivamento Parágrafo único. As certidões serão expedidas no
prazo máximo de 15 (quinze) dias, contados do pro-
Depois de homologada, pelo Conselho Superior tocolo do respectivo requerimento, nos termos do
do Ministério Público, a promoção de arquivamento artigo 8º, § 2º, I, desta Resolução, que deverá man-
do inquérito civil ou do procedimento preparatório, dar expedi-los no prazo de até 15 (quinze) dias.
o membro do Ministério Público poderá proceder a Art. 113 O pedido de certidão deverá ser formulado
novas investigações, se de outras provas ou fatos cone- por escrito, admitindo-se que seja reduzido por ter-
xos tiver notícia, bem como se surgirem novos dados mo pela secretaria do órgão do Ministério Público.
técnicos ou jurídicos, à luz do que alude o art. 106. Art. 114 Serão juntados aos autos o pedido e a
cópia da certidão expedida, ressalvada a hipótese
Art. 107 O desarquivamento de inquérito civil de sigilo da matéria, quando deverão ser arquiva-
deverá ser feito por decisão na qual seja indicado dos em pasta própria.
o fundamento de fato ou de direito que determinar Art. 115 Se a certidão tiver por objeto registro do
o início de novas investigações, comunicando-se o órgão do Ministério Público, o pedido será arqui-
fato ao Centro de Apoio Operacional respectivo, pro- vado em pasta própria, acompanhado de cópia da
cedendo-se à anotação junto ao SIS MP Integrado. certidão.
§ 1º O desarquivamento do inquérito civil, diante Art. 116 As informações serão prestadas:
de novas provas ou para investigar fato novo rele- I - verbalmente, aos interessados que compareçam
vante, poderá ocorrer no prazo máximo de 6 (seis) na sede do órgão de execução;
meses após o arquivamento. Decorrido o prazo, II - pela entrega de cópias requeridas, após o paga-
será instaurado novo inquérito civil, sem prejuízo mento dos emolumentos, nos termos do inciso II do
das provas já colhidas. § 2º do artigo 8º.
§ 2º Em qualquer das situações previstas no pará-
grafo anterior, a atribuição será do órgão do Minis- Do Exame e da Vista dos Autos
tério Público que promoveu o arquivamento do
Art. 117 O pedido de exame dos autos na secreta-
inquérito civil. ria do órgão do Ministério Público poderá ser for-
mulado por qualquer pessoa, verbalmente ou por
DA PUBLICIDADE NA TRAMITAÇÃO
escrito.
A publicidade na tramitação do inquérito será fei- Parágrafo único. Se escrito, o seu deferimento será
comunicado ao requerente, lavrando-se certidão
ta mediante a publicação de relatórios pelos Centros
nos autos.
Operacionais de Apoio, emitidos em prazo de 5 dias do
Art. 118 O pedido de vista dos autos, mediante
recebimento das comunicações (art. 108), observando
requerimento fundamentado, poderá ser feito pelo
o seguinte: interessado ou procurador legalmente constituído,
dependendo de deferimento total ou parcial do pre-
Art. 108 A publicidade na tramitação do inquéri-
sidente do inquérito civil, ficando vedada a retirada
to civil será feita, nos termos do § 2º do artigo 104
dos autos da secretaria.
da Lei Complementar Estadual nº. 734, de 26 de
Art. 119 Ressalvadas as hipóteses de sigilo, poderá
novembro de 1993, mediante a publicação de rela-
ser deferida a extração de cópias, sempre às expen-
tórios pelos Centros de Apoio Operacional.
sas do interessado, observando-se as devidas cau-
Parágrafo único. Os relatórios conterão:
telas quanto ao deslocamento e à posse dos autos.
81

I - as portarias de inquéritos civis ou procedimen-


8-

tos preparatórios instaurados; DOS RECURSOS


70

II - os arquivamentos;
.

III - as ações civis públicas ajuizadas, com men-


93

Do Recurso Contra o Indeferimento da Notícia de


ção dos números dos registros e das varas para as
.0

Fato
quais foram distribuídas; IV - os requisitos previs-
98

tos no inciso II do artigo 8º desta resolução.


-2

Art. 109 Os relatórios serão publicados em, no Da decisão do membro do Ministério Público que
py

máximo, 5 (cinco) dias contados do recebimento da arquivar, fundamentadamente, a notícia de fato,


caberá recurso ao Conselho Superior do Ministério
p

comunicação.
Tu

Art. 110 A publicidade na tramitação dos inquéri- Público, no prazo de 10 dias.


o

tos civis, procedimentos preparatórios e represen-


ul

tações no Conselho Superior do Ministério Público Art. 120 Da decisão do membro do Ministério
Pa

serão feitos na forma prevista em seu regimento Público que arquivar, fundamentadamente, a notí-
interno. cia de fato, caberá recurso ao Conselho Superior do
Art. 111 A publicidade por qualquer dos meios pre- Ministério Público, no prazo de 10 (dez) dias, conta-
vistos neste título observará o disposto no § 6º do dos da data da juntada aos autos do comprovante
artigo 8º desta Resolução. da ciência dada ao noticiante.
§ 1º Se não houver comprovante da entrega da noti-
Das Certidões e Informações ficação, o prazo será contado da data da ciência
inequívoca do noticiante.
Os requerimentos de expedição de certidão e de § 2º O recurso deverá vir acompanhado das respec-
extração de cópias sobre os fatos investigados serão tivas razões, sob pena de não recebimento, e será
encaminhados ao presidente do procedimento. As cer- interposto perante o membro do Ministério Público
tidões serão expedidas no prazo máximo de 15 dias. oficiante.
§ 3º O dia e a hora da entrega do recurso e das res-
Art. 112 Os requerimentos de expedição de certi- pectivas razões deverão ser certificados nos autos,
dão e de extração de cópias sobre os fatos inves- entregando-se recibo ao recorrente.
tigados serão encaminhados ao Presidente do § 4º O recurso será juntado aos autos, dele se fazen-
134 procedimento. do anotação no SIS MP integrado.
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Art. 121 Do arquivamento da notícia de fato deve- Art. 130 Serão encaminhadas, por meio eletrônico,
rá ser dada ciência ao noticiante, juntando-se aos ao Centro de Apoio Operacional respectivo, dentre
autos o respectivo comprovante. outras especificadas em Ato próprio, as seguintes
§ 1º A cientificação é facultativa no caso de a notí- peças:
cia de fato ter sido encaminhada ao Ministério I - das portarias de instauração de inquérito civil ou
Público em face de dever de ofício. de procedimento preparatório deste último;
§ 2º Da decisão de arquivamento deverá constar II - das notícias de fato e eventuais decisões de
que o noticiante poderá recorrer ao Conselho Supe- arquivamento;
rior do Ministério Público no prazo de 10 (dez) dias. III - de promoções de arquivamento de inquéritos
§ 3º Se a ciência for dada mediante notificação, nela civis ou procedimentos preparatórios;
deverão constar os mesmos requisitos previstos no IV - de petições iniciais de ação civil pública, com a
artigo anterior. indicação do número que tomou o feito e a vara a
que foi distribuído;
O Promotor de Justiça ou o Procurador-Geral de V - das medidas tomadas na forma do artigo 113
Justiça, na condição de presidente do inquérito civil, da Lei Complementar Estadual nº. 734, de 26 de
no prazo de 5 dias, poderá reconsiderar a decisão novembro de 1993; VI - de recomendações;
recorrida. Caso a decisão seja mantida, de forma fun- VII- de reabertura de inquérito civil;
damentada, os autos serão encaminhados, no prazo VIII - de sentenças;
de 3 dias, ao Conselho Superior do Ministério Público, IX - de recursos, ainda que não se refiram à decisão
com despacho fundamentado. final da causa;
X - de termos de compromisso de ajustamento de
Do Recurso Contra a Instauração do Inquérito Civil conduta, mesmo que lavrados no curso de ação
judicial;
Da instauração do inquérito civil caberá recurso XI - de trânsito em julgado de sentença final, quan-
do interessado, com efeito suspensivo, ao Conselho do ocorrer em primeiro grau de jurisdição;
Superior do Ministério Público (art. 123). XII - de certidão de cumprimento integral de com-
promisso de ajustamento de conduta ou de decisão
Art. 123 [...] judicial..
§ 1º Considera-se interessado aquele em face de
quem poderá ser ajuizada a ação civil pública.
§ 2º Deverá ser juntada aos autos cópia da publica-
ção da instauração do inquérito civil, prevista no
inciso I do artigo 8º desta Resolução. RESOLUÇÃO N° 23, DE SETEMBRO DE
§ 3º O prazo para a interposição do recurso será 2007 DO CONSELHO NACIONAL DO
de 5 (cinco) dias, contados da juntada da cópia da
publicação mencionada no parágrafo anterior ou
MINISTÉRIO PÚBLICO
da data da ciência, pelo interessado, da instaura-
ção do inquérito civil, valendo o evento que aconte- NOÇÕES GERAIS
cer primeiramente.
A Resolução nº 23, de 2007, regulamenta dispositi-
O recurso deverá ser acompanhado das respecti- vos da Lei Complementar nº 75, de 1993, e Lei nº 8.625,
81

vas razões, sob pena de indeferimento, e será interpos- de 1993, disciplinando a instauração e tramitação do
8-

to perante o membro do Ministério Público oficiante, inquérito civil no âmbito do Ministério Público. A par-
70

nos moldes do que determina o art. 124. O presiden- tir da vigência da Resolução, cada Ministério Público
.
93

te do inquérito civil, no prazo de 5 dias, lançará nos teve 90 dias para adequar seus atos normativos refe-
.0

autos do procedimento manifestação de sustentação rentes ao inquérito e ao procedimento preparatório.


98

do ato impugnado (art. 125). Veja os arts. 126 e 127: Recentemente, a Resolução nº 23, de 2007, foi
-2

modificada pela Resolução nº 229, de 2021, que, em


py

Art. 126 O presidente do inquérito civil não homenagem aos princípios da publicidade, eficiência
poderá negar seguimento ao recurso, ainda que
p

e economicidade e visando a diminuição de custos e


Tu

intempestivo. burocracia, alterou a Resolução nº 23, de 2007, para:


Art. 127 O recurso subirá nos próprios autos do
o
ul

inquérito civil, que deverão ser remetidos ao Con-


z Determinar o registro de inquéritos civis em siste-
Pa

selho Superior do Ministério Público no prazo de


ma informatizado de controle, com determinação
3 (três) dias.
de remessa de cópia para publicação;
DIREITO ADMINISTRATIVO

DISPOSIÇÕES FINAIS z Retirar a determinação de afixar portarias e avisos;


z Garantir o acesso às unidades do Ministério Públi-
Dos Registros, das Anotações e das Comunicações co para informações a respeito de publicações na
imprensa oficial.
Art. 128 Os membros do Ministério Público que
tenham por atribuição a instauração de inquérito
civil manterão os registros atualizados junto ao SIS Importante
MP Integrado, conforme previsto nesta Resolução,
na forma estabelecida pela Corregedoria-Geral do
A Resolução nº 229, de 2021, não revogou a
Ministério Público. Resolução nº 23, de 2007, apenas conferiu nova
Art. 129 As comunicações e correspondências refe- redação, de natureza complementar, aos arts.
rentes a requisições, notificações, intimações e car- 4º e 7º, com vigência imediata, a partir de sua
tas precatórias serão preferencialmente realizadas publicação.
por meio eletrônico. 135
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DOS REQUISITOS PARA A INSTAURAÇÃO DO desde que obedecidos os mesmos requisitos para as
INQUÉRITO CIVIL representações em geral, constantes no artigo 2º,
inciso II, desta Resolução.
Conceito e Finalidade
Do Procedimento Preparatório
O inquérito civil é ato preparatório para o exercí-
cio das atribuições do Ministério Público na apuração Antes de instaurar o inquérito civil, o Ministério
de fatos que possam autorizar a tutela dos interesses Público poderá complementar as informações recebi-
ou direitos que lhe competem. “Destina-se a colher das para apuração da identificação dos investigados
elementos de convicção para que, à sua vista, o Minis- e do objeto, instaurando procedimento preparatório.
tério Público possa identificar ou não a hipótese em Vejamos o parágrafo 4º do art. 2º:
que a lei exija sua atuação” (MAZZILLI, 2021, p. 3)1.
Vejamos o art. 1º da Resolução: Art. 2º [...]
§ 4º O Ministério Público, de posse de informações pre-
vistas nos artigos 6º e 7º da Lei n° 7.347/85 que possam
Art. 1º O inquérito civil, de natureza unilateral e
autorizar a tutela dos interesses ou direitos mencio-
facultativa, será instaurado para apurar fato que pos-
nados no artigo 1º desta Resolução, poderá comple-
sa autorizar a tutela dos interesses ou direitos a cargo
mentá-las antes de instaurar o inquérito civil, visando
do Ministério Público nos termos da legislação apli-
apurar elementos para identificação dos investigados
cável, servindo como preparação para o exercício das
ou do objeto, instaurando procedimento preparatório.
atribuições inerentes às suas funções institucionais.
Esse procedimento, autuado com numeração
Atenção! O inquérito civil possui natureza unilate-
sequencial à do inquérito — mantendo-se a numera-
ral e facultativa, ou seja, não é requisito de procedibi- ção quando de eventual conversão — e registrado em
lidade para o ajuizamento das ações e demais medidas sistema próprio (parágrafo 5º, art. 2º), deve ser con-
a cargo do Ministério Público (parágrafo único, art. 1º). cluído em 90 dias, podendo ser prorrogado por igual
período uma única vez, mediante motivo justificável
Legitimidade (parágrafo 6º, art. 2º).
Expirado o prazo, o MP ou promoverá seu arqui-
O inquérito civil pode ser instaurado: vamento, ajuizará a ação civil pública ou converterá
o procedimento preparatório em inquérito civil (pará-
Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado: grafo 7º, art. 2º).
I - de ofício; Cabe ao MP a responsabilidade pela instauração do
II - em face de requerimento ou representação for- inquérito civil, e eventual conflito de atribuição será
mulada por qualquer pessoa ou comunicação de suscitado nos próprios autos ou em petição dirigida ao
outro órgão do Ministério Público, ou qualquer
órgão com atribuição no respectivo ramo, que decidirá
autoridade, desde que forneça, por qualquer meio
em 30 dias nos termos do parágrafo único do art. 3º.
legalmente permitido, informações sobre o fato e
seu provável autor, bem como a qualificação míni-
ma que permita sua identificação e localização; DA INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO CIVIL
III - por designação do Procurador-Geral de Justiça,
do Conselho Superior do Ministério Público, Câma- O inquérito civil não é processo administrativo, e, sim,
81

ras de Coordenação e Revisão e demais órgãos procedimento. Nesses casos, não há uma acusação especí-
8-

superiores da Instituição, nos casos cabíveis. fica, tampouco se aplicam sanções, e, assim, apenas serve
70

como mecanismo de coleta de elementos ou informações.


.
93

O inciso III, art. 129, da Constituição Federal, de Esse procedimento, portanto, deve ser instaurado
.0

1988, insere o inquérito civil dentre as funções ins- por Portaria numerada em ordem crescente, renova-
98

titucionais do MP. Entretanto, a Lei Orgânica do da anualmente, devidamente registrada em sistema


-2

Ministério Público da União insere o inquérito como informatizado de controle e autuada, contendo:
um instrumento de atuação ministerial, entendendo
py

como funções institucionais a defesa da ordem jurí- Art. 4º [...]


p
Tu

dica, do regime democrático, dos interesses sociais e I - o fundamento legal que autoriza a ação do Ministério
individuais indisponíveis, e o zelo pelo efetivo respei- Público e a descrição do fato objeto do inquérito civil;
o

to aos direitos assegurados na Constituição. II - o nome e a qualificação possível da pessoa jurí-


ul

Assim, o MP atuará independentemente em caso dica e/ou física a quem o fato é atribuído;
Pa

de conhecimento de fatos que, em tese, constituem III - o nome e a qualificação possível do autor da
lesão aos interesses de atribuição do MP (parágrafo representação, se for o caso;
1º, art. 2º), devendo observar que: IV - a data e o local da instauração e a determina-
ção de diligências iniciais;
Art. 2º [...] V - a designação do secretário, mediante termo de
§ 2º No caso do inciso II, em sendo as informações compromisso, quando couber;
VI - a determinação de remessa de cópia para
verbais, o Ministério Público reduzirá a termo as
publicação.
declarações. Da mesma forma, a falta de formali-
dade não implica indeferimento do pedido de ins-
tauração de inquérito civil, salvo se, desde logo, Observação: A portaria inicial poderá ser aditada
mostrar-se improcedente a notícia, atendendo-se, pelo MP ou ter suas peças extraídas para outro inqué-
na hipótese, o disposto no artigo 5º desta Resolução. rito, se novos fatos indicarem necessidade de inves-
§ 3º O conhecimento por manifestação anônima, tigação de objeto diverso. Vejamos o parágrafo único
justificada, não implicará ausência de providências, do art. 4º:
1 MAZZILLI, Hugo Nigro. Pontos controvertidos do inquérito civil. [s. l.], 2000. Disponível em: http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/
136 pontoscontic.pdf. Acesso em 03 de maio de 2022.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 4º [...] origem, registrando-se no sistema respectivo, mes-
Parágrafo único. Se, no curso do inquérito civil, mo sem manifestação do representante.
novos fatos indicarem necessidade de investigação § 5º Na hipótese de atribuição originária do Pro-
de objeto diverso do que estiver sendo investigado, o curador-Geral, caberá pedido de reconsideração no
membro do Ministério Público poderá aditar a por- prazo e na forma do parágrafo primeiro.
taria inicial ou determinar a extração de peças para
instauração de outro inquérito civil, respeitadas as Observação: Embora a Resolução tenha previs-
normas incidentes quanto à divisão de atribuições. to recurso contra o indeferimento da instauração de
inquérito, a Lei Complementar nº 734, de 1993, do
Importante: Por força da Resolução nº 229, de 2021, Estado de São Paulo (Lei Orgânica Estadual do Minis-
não é mais requisito da Portaria de abertura de inquérito: tério Público — LOEMP) instituiu dois recursos:

z O registro em livro próprio (pois o registro passou z Um contra o indeferimento de representação visando
a ser em sistema informatizado de controle), e; a sua instauração no prazo de 10 dias (§ 1º, art. 107);
z Determinação de fixação da portaria no local de z Outro contra a instauração do inquérito civil no
costume. prazo de 5 dias (§ 1º, art. 108).

DO INDEFERIMENTO DA INSTAURAÇÃO DO DA INSTRUÇÃO


INQUÉRITO CIVIL
Presidência
Hipóteses de Indeferimento
A instrução será presidida por membro competente
Caso os fatos narrados não constituam lesão aos do MP que poderá designar servidor para secretariar o
interesses e direitos que competem ao MP, se os fatos inquérito, nos termos do parágrafo 1º, caput do art. 6º.
já tiverem sido objeto de investigação ou ação civil Instaurado o inquérito, se o membro do MP con-
pública, ou se já se encontrarem solucionados, o MP cluir ser cabível outro órgão do MP, deverá submeter
indeferirá o pedido em decisão fundamentada. sua decisão ao órgão de revisão competente, em 3
dias, nos termos do art. 9º-A, vejamos:
Prazo e Ciência do Indeferimento
Art. 9º-A Após a instauração do inquérito civil ou
do procedimento preparatório, quando o mem-
O prazo máximo é de 30 dias. Deve ser dada ciência
bro que o preside concluir ser atribuição de outro
pessoal ao representante e representado. Vejamos o art. 5º: Ministério Público, este deverá submeter sua deci-
são ao referendo do órgão de revisão competente,
Art. 5º Em caso de evidência de que os fatos nar- no prazo de 3 (três) dias.
rados na representação não configurem lesão aos
interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Provas
Resolução ou se o fato já tiver sido objeto de investi-
gação ou de ação civil pública ou se os fatos apresen- Deverão ser colhidas todas as provas permitidas,
tados já se encontrarem solucionados, o membro do com juntada em ordem cronológica de apresentação,
Ministério Público, no prazo máximo de trinta dias, observando-se o seguinte:
81

indeferirá o pedido de instauração de inquérito civil,


em decisão fundamentada, da qual se dará ciência
8-

Art. 6º [...]
70

pessoal ao representante e ao representado. § 2º Para o esclarecimento do fato objeto de inves-


tigação, deverão ser colhidas todas as provas per-
.
93

Recurso do Indeferimento mitidas pelo ordenamento jurídico, com a juntada


.0

das peças em ordem cronológica de apresentação,


98

Ao indeferimento cabe recurso administrativo no devidamente numeradas em ordem crescente.


-2

prazo de 10 dias para o órgão que indeferiu o pedido, § 3º Todas as diligências serão documentadas
mediante termo ou auto circunstanciado.
py

sob pena de arquivamento na origem. Não havendo


§ 4º As declarações e os depoimentos sob compromisso
p

reconsideração, o órgão remeterá a representação, a


Tu

serão tomados por termo pelo membro do Ministério


decisão impugnada e as razões recursais para o Con-
Público, assinado pelos presentes ou, em caso de recu-
selho Superior do Ministério Público ou à Câmara de
o

sa, na aposição da assinatura por duas testemunhas.


ul

Coordenação e Revisão para apreciação. Os interes- § 5º Qualquer pessoa poderá, durante a tramitação do
Pa

sados serão notificados para oferecer contrarrazões. inquérito civil, apresentar ao Ministério Público docu-
Vejamos as disposições dos parágrafos do art. 5º: mentos ou subsídios para melhor apuração dos fatos.
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 6º Os órgãos da Procuradoria-Geral, em suas respec-


Art. 5º [...] tivas atribuições, prestarão apoio administrativo e ope-
§ 1º Do indeferimento caberá recurso administrati- racional para a realização dos atos do inquérito civil.
vo, com as respectivas razões, no prazo de dez dias. § 7º O Ministério Público poderá deprecar direta-
§ 2º As razões de recurso serão protocoladas jun- mente a qualquer órgão de execução a realização
to ao órgão que indeferiu o pedido, devendo ser de diligências necessárias para a investigação.
remetidas, caso não haja reconsideração, no pra-
zo de três dias, juntamente com a representação e As notificações e intimações expedidas pelos
com a decisão impugnada, ao Conselho Superior do órgãos do MP devem ser encaminhadas em 10 dias
Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e pelo Procurador-Geral, sem juízo de valor (Resolução
Revisão respectiva para apreciação. nº 59, de 2010). Vejamos o parágrafo 8º, do art. 6º:
§ 3º Do recurso serão notificados os interessados
para, querendo, oferecer contrarazões. Art. 6º [...]
§ 4º Expirado o prazo do artigo 5º, § 1º, desta § 8° As notificações, requisições, intimações ou outras
Resolução, os autos serão arquivados na própria correspondências expedidas por órgãos do Ministério 137
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Público da União ou pelos órgãos do Ministério Públi- sem procuração, examinar autos das investigações,
co dos Estados, destinadas a instruir inquérito civil ou copiar peças, tomar apontamentos etc.; salvo autos sob
procedimento preparatório observarão o disposto no sigilo, os quais exigem apresentação de procuração, con-
artigo 8°, § 4°, da Lei Complementar n° 75, de 1993, no soante às mesmas prerrogativas delineadas no art. 7º do
artigo 26, § 1°, da Lei n° 8.625, de 1993 e, no que couber, Estatuto da OAB (parágrafos 6º e 7º, art. 7º).
no disposto na legislação estadual, devendo ser enca- A publicidade poderá ser restrita para não preju-
minhadas no prazo de dez (10) dias pelo respectivo dicar as investigações ou comprometer as diligências,
Procurador-Geral, não cabendo a este a valoração do
mediante decisão fundamentada. Vejamos o parágra-
contido no expediente, podendo deixar de encaminhar
fo 8º, do art. 7º:
aqueles que não contenham os requisitos legais ou que
não empreguem o tratamento protocolar devido ao
destinatário. Art. 7º [...]
§ 8º O presidente do inquérito civil poderá delimi-
Semelhante ao que se aplica aos atos dirigidos aos tar, de modo fundamentado, o acesso do defensor à
conselheiros do CNJ e do CNMP (Resolução nº 35, de identificação do(s) representante(s) e aos elementos
2009), nos termos do parágrafo 9º do art. 6º, observe- de prova relacionados a diligências em andamento
mos o parágrafo 10, do art. 6º: e ainda não documentados nos autos, quando hou-
ver risco de comprometimento da eficiência, da efi-
Art. 6º [...] cácia ou da finalidade das diligências.
§ 10 Todos os ofícios requisitórios de informações
ao inquérito civil e ao procedimento preparatório Lembre-se que o acesso às unidades do MP para
deverão ser fundamentados e acompanhados de informações a respeito de publicações na imprensa
cópia da portaria que instaurou o procedimento ou é garantido a todos os cidadãos, nos termos da Polí-
da indicação precisa do endereço eletrônico oficial tica Nacional de Atendimento ao Público no âmbito
em que tal peça esteja disponibilizada. do Ministério Público Brasileiro (art. 7º, parágrafo 9º,
acrescido ao art. 7º da Resolução n° 23, de 2017, pela
Admite-se ao defensor, constituído nos atos de Resolução n° 229, de 2021).
assistir ao investigado durante a apuração das infra-
ções, pena de nulidade absoluta de seu depoimento e,
Conclusão do Inquérito (Resolução n° 193, de 2018)
subsequentemente, de todos os elementos investiga-
tórios e probatórios dele decorrentes ou derivados,
No prazo de 1 ano, prorrogável pelo mesmo prazo,
direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso
quantas vezes forem necessárias, por decisão funda-
da respectiva apuração, apresentar razões e quesitos,
mentada. Vejamos o art. 9º:
nos termos do parágrafo 11, do art. 6º.

Publicidade Art. 9º O inquérito civil deverá ser concluído no


prazo de um ano, prorrogável pelo mesmo prazo
e quantas vezes forem necessárias, por decisão
O inquérito é público, salvo nas hipóteses de sigilo
fundamentada de seu presidente, à vista da impres-
legal — cujos documentos deverão ser autuados em apen-
cindibilidade da realização ou conclusão de dili-
so (parágrafos 4º e 5º, art. 7º) — ou quando a publicidade gências, dando-se ciência ao Conselho Superior do
possa prejudicar as investigações. Vejamos o art. 7º: Ministério Público, à Câmara de Coordenação e
81

Revisão ou à Procuradoria Federal dos Direitos do


Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da
8-

Cidadão.
70

publicidade dos atos, com exceção dos casos em


que haja sigilo legal ou em que a publicidade possa
.

Uma dica: Cada MP poderá estabelecer prazo infe-


93

acarretar prejuízo às investigações, casos em que rior ou limitar a prorrogação por ato administrativo
.0

a decretação do sigilo legal deverá ser motivada. do Órgão da Administração Superior Competente
98

(parágrafo 1º, do art. 9º).


-2

A publicidade consistirá:
py

Suspensão dos Prazos


Art. 7º [...]
p
Tu

§ 2º A publicidade consistirá: Ressalvadas as férias individuais dos servidores,


I - na divulgação oficial, com o exclusivo fim de
o

feriados, situações urgentes e prazos de remessa à


ul

conhecimento público mediante publicação de órgão competente, suspendem-se os prazos do dia 20


Pa

extratos na imprensa oficial; de dezembro até 20 de janeiro (art. 9º, parágrafos 2º,
II - na divulgação em meios cibernéticos ou eletrô- 3º e 4º).
nicos, dela devendo constar as portarias de instau-
ração e extratos dos atos de conclusão;
DO ARQUIVAMENTO
III - na expedição de certidão e na extração de
cópias sobre os fatos investigados, mediante reque-
rimento fundamentado e por deferimento do presi-
Hipóteses de Arquivamento
dente do inquérito civil;
IV - na prestação de informações ao público em O arquivamento ocorrerá diante da inexistência
geral, a critério do presidente do inquérito civil. de fundamento para propositura de ação civil pública.
Vejamos o art. 10:
O membro do MP pode prestar informações, inclusi-
Art. 10 Esgotadas todas as possibilidades de dili-
ve aos meios de comunicação social, a respeito das pro-
gências, o membro do Ministério Público, caso se
vidências adotadas, sem, contudo, emitir juízo de valor. convença da inexistência de fundamento para a
A Resolução nº 107, de 2014, retirou a publicidade propositura de ação civil pública, promoverá, fun-
das vistas aos autos de inquérito. Mas a Resolução nº damentadamente, o arquivamento do inquérito
138 161, de 2017, acresceu à faculdade do defensor, mesmo civil ou do procedimento preparatório.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Procedimento o órgão responsável pela promoção de arquiva-
mento não homologada pelo Conselho Superior do
Os autos, juntamente com a promoção de arqui- Ministério Público ou pela Câmara de Coordenação
vamento deverão ser remetidos ao órgão de revisão e Revisão, ressalvada a hipótese do art. 10, § 4º, I,
competente, em 3 dias, contados da comprovação da desta Resolução.
efetiva ciência pessoal dos interessados, por meio de
publicação na imprensa oficial, quando não localiza- Desarquivamento
dos os cientificados. Vejamos o parágrafo 1º, do art. 10:
Sob novas provas ou para investigação de fato
Art. 10 [...] novo ou quando há mais de um fato lesivo e a ação
§ 1º Os autos do inquérito civil ou do procedimento civil pública é proposta apenas para um ou alguns
preparatório, juntamente com a promoção de arqui- deles (art. 13), o inquérito poderá ser desarquivado no
vamento, deverão ser remetidos ao órgão de revisão prazo máximo de 6 meses após o arquivamento, supe-
competente, no prazo de três dias, contado da compro- rado esse prazo, deverá ser instaurado novo inquéri-
vação da efetiva cientificação pessoal dos interessados, to. Vejamos o art. 12:
através de publicação na imprensa oficial, quando não
localizados os que devem ser cientificados.
Art. 12 O desarquivamento do inquérito civil, dian-
te de novas provas ou para investigar fato novo
Atenção! Para maior economicidade e eficiência, relevante, poderá ocorrer no prazo máximo de seis
a Resolução n° 229, de 2021, revogou a afixação do avi- meses após o arquivamento. Transcorrido esse lap-
so de arquivamento no órgão do MP. so, será instaurado novo inquérito civil, sem prejuí-
A promoção de arquivamento passará ao exame e zo das provas já colhidas.
deliberação do órgão de revisão competente, nos ter- Parágrafo único. O desarquivamento de inquérito
mos do seu Regimento Interno (parágrafo 2º, art. 10). civil para a investigação de fato novo, não sendo
Os co-legitimados poderão apresentar razões escri- caso de ajuizamento de ação civil pública, implica-
tas ou juntar documentos até a sessão de julgamento rá novo arquivamento e remessa ao órgão compe-
(parágrafo 3º, art. 10). tente, na forma do art. 10, desta Resolução.

Deliberação DO COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE


CONDUTA
Caberá ao órgão competente, em sessão pública (salvo
sigilo nos termos do parágrafo 5º do art. 10) homologar ou O MP poderá firmar compromisso de ajustamento
não a promoção de arquivamento. Caso não homologue, de conduta a fim de obter a reparação do dano, a ade-
deverá, nos termos do parágrafo 4º, do art. 10: quação da conduta às exigências legais ou normativas
e, ainda, a compensação e/ou indenização pelos danos
I - converterá o julgamento em diligência para a que não possam ser recuperados, nos termos do art. 14:
realização de atos imprescindíveis à sua decisão,
especificando-os e remetendo os autos ao membro
Art. 14 O Ministério Público poderá firmar compro-
do Ministério Público que determinou seu arqui-
misso de ajustamento de conduta, nos casos previs-
vamento, e, no caso de recusa fundamentada, ao
tos em lei, com o responsável pela ameaça ou lesão
órgão competente para designar o membro que irá
aos interesses ou direitos mencionados no artigo 1º
atuar; (Redação dada pela Resolução n° 143, de 14
desta Resolução, visando à reparação do dano, à
81

de junho de 2016)
adequação da conduta às exigências legais ou nor-
8-

II - deliberará pelo prosseguimento do inquérito


mativas e, ainda, à compensação e/ou à indeniza-
70

civil ou do procedimento preparatório, indicando


ção pelos danos que não possam ser recuperados.
.

os fundamentos de fato e de direito de sua decisão,


93

adotando as providências relativas à designação,


.0

em qualquer hipótese, de outro membro do Minis- Para Mazzilli (2021, p. 14), o valor do compromisso
98

tério Público para atuação. de ajustamento é de garantia mínima em prol da cole-


-2

tividade, e não limite máximo de responsabilidade do


py

autor da lesão2.
Importante! Importante: a expedição de recomendações
p
Tu

enquanto medida substitutiva ao compromisso de


A Resolução n° 143, de 2016, acrescentou que, ajustamento de conduta ou à ação civil pública foi
o
ul

caso o membro do MP que determinou o arqui- revogada pela Resolução n° 164, de 2017 (art. 15).
Pa

vamento se recuse a realizar as diligências, os


autos devem ser remetidos ao órgão competen-
DIREITO ADMINISTRATIVO

te para designar o membro que irá atuar.


HORA DE PRATICAR!
Registro do Arquivamento
1. (FGV — 2022) Em janeiro de 2022, José, servidor público
Não será oficiado nos autos o órgão responsável federal, no exercício de sua competência e de forma com-
pela promoção de arquivamento não homologada, provadamente culposa, praticou ato que causou prejuízo
ressalvado o caso da recusa do membro do MP, deman- ao erário, na medida em que realizou operação financeira
dando remessa ao órgão competente para designar sem observância das normas legais e regulamentares.
outro membro para atuar, nos termos do art. 11:
Consoante dispõe a Lei de Improbidade Administrati-
Art. 11 Não oficiará nos autos do inquérito civil, do va (Lei nº 8.429/1992, com as alterações introduzidas
procedimento preparatório ou da ação civil pública pela Lei nº 14.230/2021), José:
2 MAZZILLI, Hugo Nigro. Pontos controvertidos do inquérito civil. [s. l.], 2000. Disponível em: <http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/
pontoscontic.pdf>, acesso em 03-05-2022. 139
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a) praticou ato de improbidade administrativa, por 3. (FGV — 2022) Pedro, Investigador de Polícia Civil do
expressa previsão legal, visto que ocorreu efetivo dano Estado Alfa, de forma dolosa, permitiu e concorreu
ao erário, que deve ser objeto de ressarcimento, assim para que a pessoa jurídica privada, sociedade empre-
como devem ser aplicadas as demais sanções previs- sária Beta, que atua no ramo de vigilância patrimonial,
tas no Art. 12 daquela lei; utilizasse bens consistentes em armas e munições da
b) não praticou ato de improbidade administrativa, pois, delegacia de polícia onde está lotado, ao arrepio da
apesar de ter causado prejuízo ao erário, não restou lei. Em troca do ato ilícito, Pedro recebia uma mesada
provado, de forma cumulativa, enriquecimento ilícito mensal, isto é, propina de dez mil reais todo dia primei-
ou violação dos princípios da administração pública ro de cada mês.
por parte de José, ainda que de forma culposa;
c) não praticou ato de improbidade administrativa, por No caso em tela, além de gerar a responsabilização
falta de tipicidade prevista nos Arts. 9º, 10 e 11 da cita- de Pedro por ato de improbidade administrativa, a Lei
da lei, sendo irrelevante o fato de sua conduta ter sido nº 8.429/92 (com as alterações da Lei nº 14.230/21)
culposa ou dolosa, visto que ocorreu dano ao erário; dispõe que os sócios e os diretores da pessoa jurídica
d) não praticou ato de improbidade administrativa, pois de direito privado
para tal é imprescindível que a conduta seja dolosa,
assim entendida como aquela praticada com vontade a) não respondem pelo ato de improbidade que venha a ser
imputado ao agente público, pois não se aplica a quais-
livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipifi-
quer particulares, seja pessoa física, seja pessoa jurídica,
cado nos Arts. 9º, 10 e 11 da citada lei, não bastando
o regime jurídico previsto na lei de improbidade;
a voluntariedade do agente;
b) não respondem pelo ato de improbidade que venha a
e) praticou ato de improbidade administrativa, pois o
ser imputado ao agente público, pois não se aplica aos
mero exercício da função ou desempenho de compe-
particulares pessoas físicas o regime jurídico previsto
tências públicas que causar dano ao erário, indepen- na lei de improbidade.
dentemente de comprovação de ato doloso com fim c) respondem pelo ato de improbidade que venha a ser
ilícito, constitui ato de improbidade, pelo princípio da imputado ao agente público, independentemente de
indisponibilidade do erário. terem participação e benefícios diretos, bem como de
ter ocorrido prejuízo ao erário.
2. (FGV — 2022) Em janeiro de 2022, João, agente públi- d) respondem pelo ato de improbidade que venha a ser
co federal, no exercício da função pública, concedeu imputado à pessoa jurídica, independentemente de
benefício administrativo à sociedade empresária Alfa, terem participação e benefícios diretos, desde que
sem a observância das formalidades legais e regula- seja comprovado prejuízo ao erário.
mentares aplicáveis à espécie. O Ministério Público e) não respondem pelo ato de improbidade que venha a
Federal instaurou inquérito civil para apurar eventual ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovada-
prática de ato de improbidade administrativa e João mente, houver participação e benefícios diretos, caso
se manifestou no bojo desse procedimento inves- em que responderão nos limites da sua participação.
tigatório alegando e provando que a concessão do
benefício administrativo decorreu de divergência inter- 4. (FGV — 2022) Mário, inspetor de polícia Civil do Estado
pretativa da lei, baseada em jurisprudência. Alfa, está lotado na Xª Delegacia de Polícia há mais
de dez anos. Com o objetivo de aumentar ilicitamente
De acordo com o texto atual da Lei de Improbidade sua renda mensal, Mário recebia, mensalmente, van-
81

Administrativa (Lei nº 8.429/1992, com as alterações tagem econômica direta consistente em R$ 5.000,00,
8-

para tolerar a exploração e a prática de jogos de azar.


70

introduzidas pela Lei nº 14.230/2021), é correto afir-


mar que:
.
93

De acordo com a tipologia da Lei nº 8.429/1992, Mário


.0

a) foi praticado ato de improbidade administrativa ao cometeu ato de improbidade administrativa que:
98

menos culposo, mesmo diante da alegação e prova-


-2

ção de que a concessão do benefício administrativo a) importou enriquecimento ilícito e está sujeito, após o
py

decorreu de divergência interpretativa da lei, baseada devido processo administrativo, a sanções como, por
exemplo, perda da função pública, multa civil e sus-
p

em jurisprudência;
Tu

b) foi praticado ato de improbidade administrativa pela pensão dos direitos políticos;
b) importou enriquecimento ilícito e está sujeito, após o
o

sociedade empresária Alfa, que se beneficiou do ato ilí-


ul

devido processo judicial, a sanções como, por exem-


cito e, na sua responsabilização, deverão ser desconsi-
Pa

plo, perda dos valores acrescidos ilicitamente ao


derados os efeitos econômicos e sociais das sanções;
patrimônio, perda da função pública e suspensão dos
c) os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores da
direitos políticos;
sociedade empresária Alfa respondem por ato de impro-
c) causou prejuízo ao erário e está sujeito, após o devido
bidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, mes- processo administrativo, a sanções como, por exem-
mo se não tiver havido participação e benefícios diretos; plo, perda da função pública, multa civil e suspensão
d) as sanções da Lei de Improbidade se aplicariam à dos direitos políticos pelo prazo de até oito anos;
sociedade empresária Alfa, mesmo se o ato de impro- d) atentou contra os princípios da Administração Pública
bidade administrativa também fosse sancionado e está sujeito, após o devido processo administrativo,
como ato lesivo à administração pública de que trata a a sanções como, por exemplo, ressarcimento ao erá-
Lei nº 12.846/2013; rio, multa civil e cassação dos direitos políticos;
e) não configura improbidade o ato praticado por João, e) atentou contra os princípios da Administração Públi-
porque decorrente de divergência interpretativa da lei, ca e está sujeito, após o devido processo judicial, a
baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, sanções como, por exemplo, perda da função pública
mesmo que não venha a ser posteriormente prevale- e proibição de contratar com o poder público ou de
cente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tri- receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios
140 bunais do Poder Judiciário. pelo prazo de oito anos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
5. (FGV — 2022) Em matéria de enriquecimento ilícito, a 7. (FGV — 2022) No mês de novembro de 2021, Joaquim,
Convenção Interamericana contra a Corrupção (pro- servidor público federal, de forma dolosa, em razão de
mulgada por meio do Decreto nº 4.410/2002) esta- suas funções, utilizou, em obra particular, consistente
belece que, sem prejuízo de sua Constituição e dos na reforma de sua cobertura, o trabalho de empregados
princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico, de sociedade empresária contratada pela União para
os Estados Partes que ainda não o tenham feito ado- prestar serviços gerais de faxina no setor em que Joa-
tarão as medidas necessárias para tipificar como deli- quim está lotado e exerce a função de supervisor. O fato
to em sua legislação o aumento do patrimônio de um foi noticiado ao Ministério Público Federal (MPF), que
funcionário público que exceda de modo significativo ajuizou ação civil pública por ato de improbidade admi-
sua renda legítima durante o exercício de suas fun- nistrativa em face de Joaquim. Em paralelo e sem prejuí-
ções e que não possa justificar razoavelmente. zo à atuação do MPF, a Administração Pública Federal
instaurou processo administrativo disciplinar (PAD) e,
Nesse contexto, não obstante não tenha natureza cri- após sua regular tramitação, aplicou a Joaquim a pena
minal, a Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº disciplinar de demissão, quando a ação de improbidade
ainda estava em fase de réplica, sendo certo que o feito
8.429/1992, com as alterações introduzidas pela Lei nº
judicial até hoje ainda não foi sentenciado.
14.230/2021) dispõe que adquirir, para si ou para outrem,
Inconformado com a pena de demissão recebida, Joa-
no exercício de mandato, de cargo, de emprego ou de
quim ajuizou ação judicial pleiteando a anulação de
função pública, e em razão deles, bens de qualquer natu-
todo o PAD, alegando três motivos: (i) o fato que lhe
reza, decorrentes dos atos descritos no caput do Art. 9º,
foi atribuído não é punível com sanção de demissão,
da Lei de Improbidade, cujo valor seja desproporcional pois não houve dano ao erário; (ii) os funcionários ter-
à evolução do patrimônio ou à renda do agente público, ceirizados não são servidores públicos, razão por que
constitui ato de improbidade administrativa que: não há que se falar em improbidade administrativa;
(iii) o PAD deve ser suspenso, por questão prejudicial,
a) importa enriquecimento ilícito, desde que previamente no aguardo do trânsito em julgado da ação civil públi-
comprovada a origem espúria dos valores utilizados; ca ajuizada em seu desfavor.
b) causa prejuízo ao erário, e é assegurada a demonstra- Consoante jurisprudência do Superior Tribunal de Jus-
ção pelo agente da licitude da origem dessa evolução; tiça, o Poder Judiciário deve julgar o pedido:
c) importa enriquecimento ilícito, e é assegurada a demons-
tração pelo agente da licitude da origem dessa evolução; a) improcedente, pois Joaquim praticou ato de improbi-
d) causa prejuízo ao erário, e é desnecessário assegu- dade administrativa que enseja a aplicação da sanção
rar a demonstração pelo agente da licitude da origem disciplinar de demissão pela autoridade administra-
dessa evolução; tiva, independentemente de prévia condenação, por
e) atenta contra os princípios da administração pública, autoridade judicial, à perda da função pública;
desde que previamente comprovada a origem espúria b) improcedente, pois, em matéria de sanções funcionais,
dos valores utilizados. não cabe ao Poder Judiciário analisar a legalidade do
PAD, sob pena de se imiscuir no mérito administrativo
6. (FGV — 2022) Antônia, estudiosa da improbidade e violar o princípio da separação dos poderes;
administrativa, recebeu a incumbência, em um grupo c) parcialmente procedente, pois, não obstante os fatos
de estudos, de realizar a análise da estrutura tipológi- apurados não constituírem ato de improbidade admi-
ca adotada pela Lei nº 8.429/1992 e do elemento sub- nistrativa, é necessário se aguardar o trânsito em jul-
81

jetivo exigido para o enquadramento de uma conduta gado da ação de improbidade em curso, e o prazo para
8-

instauração do novo PAD está interrompido;


70

em seus termos.
d) parcialmente procedente, a fim de anular somente o último
.
93

Ao final, Antônia concluiu, corretamente, que a referida ato administrativo praticado no PAD, qual seja, a aplicação
.0

estrutura é: da sanção de demissão, que deve ser substituída pela san-


98

ção disciplinar de suspensão por sessenta dias;


-2

e) parcialmente procedente, a fim de anular somente o


a) aberta, sendo as condutas ilícitas mencionadas de
último ato administrativo praticado no PAD, qual seja,
py

maneira exemplificativa, enquanto o elemento subje-


a aplicação da sanção de demissão, devendo o PAD
p

tivo está lastreado apenas no dolo;


Tu

ser suspenso até o trânsito em julgado da ação de


b) fechada, sendo as condutas ilícitas mencionadas de improbidade em curso, para se evitar decisões contra-
o

maneira taxativa, isto apesar do emprego de conceitos ditórias do poder público.


ul

jurídicos indeterminados, enquanto o elemento subje-


Pa

tivo está lastreado apenas no dolo; 8. (FGV — 2022) O Ministério Público Federal ajuizou ação
c) aberta, sendo as condutas ilícitas mencionadas de
DIREITO ADMINISTRATIVO

civil pública por ato de improbidade administrativa


maneira exemplificativa, enquanto o elemento subje- imputando ao ex-prefeito do Município Alfa a prática de
tivo está lastreado no dolo ou na culpa, sendo esta atos dolosos de improbidade, consubstanciados em ile-
última aplicável exclusivamente aos atos que causam galidades na execução de determinado convênio firma-
prejuízo ao erário; do com repasse voluntário de verba da União e fraude
d) aberta, em relação aos atos que gerem enriquecimen- em procedimento licitatório para aquisição de unidade
to ilícito ou prejuízo ao erário, mas taxativa quanto aos móvel de saúde. Após processado o feito e realizada
atos que atentem contra os princípios administrativos, sua instrução, em setembro de 2021, sobreveio sen-
sendo o elemento subjetivo o dolo, exigindo-se ainda tença que reconheceu a prescrição e julgou extinto o
um especial fim de agir; processo, com resolução do mérito, concluindo que o
e) aberta, quanto aos atos que atentem contra os prin- ressarcimento ao erário, um dos pedidos feitos na ini-
cípios administrativos, mas taxativa em relação aos cial, deveria ser postulado em ação autônoma.
atos que gerem enriquecimento ilícito ou prejuízo ao
erário, sendo o elemento subjetivo o dolo, exigindo-se Levando em conta que, de fato, a pretensão da apli-
ainda um especial fim de agir. cação das sanções pessoais previstas no Art. 12 da 141
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Lei de Improbidade Administrativa estava prescrita, de generosas doações daquele empresário. Os documen-
acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de tos indicam que as contratações diretas não foram
Justiça, a sentença está: precedidas de justificativa de preço, de orçamento
com custos unitários ou de projeto básico, bem como
a) errada, porque o ressarcimento ao erário também que a emergência teria sido dolosamente fabricada.
prescreveu junto com as demais sanções previstas na
lei de improbidade, pelo princípio da segurança jurídi- Nessa situação, à luz da Lei nº 8.429/1992, com as alte-
ca, não sendo viável a renovação da demanda; rações promovidas pela Lei nº 14.230/2021, o Parquet
b) correta, porque o ressarcimento do dano ao erário pode ajuizar ação de improbidade em face das pessoas
não é uma sanção típica prevista no Art. 12, da Lei nº naturais mencionadas e da sociedade limitada para:
8.429/1992, e não pode haver cumulação de pedidos
próprios de direito sancionador com reparação de a) demonstrados de plano a probabilidade de ocorrência
danos materiais ao ente; dos atos ímprobos e o perigo de dano irreparável ou de
c) correta, porque o procedimento especial previsto na risco ao resultado útil do processo, requerer liminarmen-
Lei nº 8.429/1992 é incompatível com demanda, cujo te a indisponibilidade dos bens de todos os demanda-
único objeto remanescente seja o pedido de ressarci- dos, no limite da participação de cada um e dos seus
mento ao erário, que é imprescritível; benefícios diretos, vedada qualquer solidariedade,
d) errada, porque é possível o prosseguimento da deman- recaindo a constrição preferencialmente em dinheiro ou
da para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ativos financeiros, em montante suficiente para assegu-
ainda que sejam declaradas prescritas as demais san- rar o ressarcimento ao Erário e o pagamento de eventual
ções previstas no Art. 12 da Lei nº 8.429/1992; multa civil a ser aplicada em sentença;
e) correta, porque, apesar de o ressarcimento por dano b) demonstrada de plano a probabilidade de ocorrência dos
patrimonial oriundo de ato de improbidade, culposa
atos ímprobos, requerer liminarmente a indisponibilida-
ou dolosa, nos termos do Art. 37, §5º, da Constituição
de dos bens de todos os demandados, solidariamente,
da República de 1988, ser imprescritível, tal pretensão
não podendo a constrição recair sobre contas bancárias
deve ser buscada por meio de ação autônoma.
caso existam outros bens móveis ou imóveis capazes de
garantir o juízo, em montante suficiente para assegurar o
9. (FGV — 2022) Em janeiro de 2022, o policial civil João,
ressarcimento ao Erário e o pagamento de eventual mul-
do Estado Alfa, de forma dolosa, a fim de obter pro-
ta civil a ser aplicada em sentença;
veito ou benefício indevido para outra pessoa, revelou
c) demonstrados de plano a probabilidade de ocorrência
fato de que tinha ciência em razão das suas atribui-
dos atos ímprobos e o perigo de dano irreparável ou
ções e que devia permanecer em segredo, propiciando
de risco ao resultado útil do processo, requerer liminar-
beneficiamento a terceiro por informação privilegiada.
mente a indisponibilidade dos bens de todos os deman-
dados, no limite da participação de cada um e dos seus
Consoante dispõe a Lei de Improbidade Adminis-
benefícios diretos, vedada qualquer solidariedade, não
trativa (com as alterações introduzidas pela Lei nº
podendo a constrição recair sobre contas bancárias
14.230/21), João praticou ato de improbidade admi-
caso existam outros bens móveis ou imóveis capazes
nistrativa que atentou contra os princípios da Adminis-
de garantir o juízo, em montante suficiente para asse-
tração Pública (Art. 11 da Lei nº 8.429/92) e, no bojo
gurar o ressarcimento ao Erário e o pagamento de even-
de ação civil pública por ato de improbidade adminis-
trativa, o policial tual multa civil a ser aplicada em sentença;
81

d) demonstrados de plano a probabilidade de ocorrência


8-

dos atos ímprobos e o perigo de dano irreparável ou


a) não está sujeito a perda da função pública, por ausên-
70

de risco ao resultado útil do processo, requerer limi-


cia de previsão legal.
.
93

b) está sujeito a perda da função pública, que atinge qual- narmente a indisponibilidade dos bens de todos os
demandados, solidariamente, não podendo a cons-
.0

quer vínculo existente entre o agente público e o poder


98

público no momento do trânsito em julgado da sentença. trição recair sobre contas bancárias caso existam
-2

c) está sujeito a perda da função pública, que atinge qual- outros bens móveis ou imóveis capazes de garantir
quer vínculo existente entre o agente público e o poder o juízo, em montante suficiente para assegurar o res-
py

público no momento em que for prolatada a sentença. sarcimento ao Erário, sem incidir sobre os valores a
p

serem eventualmente aplicados a título de multa civil;


Tu

d) está sujeito a perda da função pública, que atinge ape-


nas o vínculo de mesma qualidade e natureza que o e) demonstrada de plano a probabilidade de ocorrência
o

dos atos ímprobos, requerer liminarmente a indispo-


ul

agente público detinha com o poder público na época


nibilidade dos bens de todos os demandados, no limi-
Pa

do cometimento da infração.
e) está sujeito à perda da função pública, que atinge ape- te da participação de cada um e dos seus benefícios
nas o vínculo de mesma qualidade e natureza que o diretos, vedada qualquer solidariedade, recaindo a
agente público detinha com o poder público na época constrição preferencialmente em dinheiro ou ativos
do cometimento da infração, podendo o magistrado, financeiros, em montante suficiente para assegurar o
em caráter excepcional, estendê-la aos demais víncu- ressarcimento ao Erário, sem incidir sobre os valores a
los, consideradas as circunstâncias do caso e a gravi- serem eventualmente aplicados a título de multa civil.
dade da infração.
11. (FGV — 2022) Promotoria de Justiça de Tutela Cole-
10. (FGV — 2022) Após investigações em sede extraju- tiva com atribuição ajuizou ação civil pública por ato
dicial, o Ministério Público amealhou provas de que de improbidade administrativa imputando ao ex-Pre-
a pessoa jurídica Med Hospital Ltda., administrada feito do Município Alfa o ato ímprobo consistente em
pelo sócio majoritário Tales, teria sido selecionada em ter permitido a aquisição de veículos para a frota da
contratações emergenciais milionárias para prestar Prefeitura por preço superior ao de mercado. Termina-
serviços a uma autarquia estadual cujo presidente, da a fase de instrução processual, o réu manifestou
Jamal, seria amigo e aliado político do deputado esta- interesse em tentar a resolução do conflito de forma
142 dual Tomás, cuja campanha eleitoral teria recebido consensual com o Ministério Público.
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No caso em tela, de acordo com a Lei nº 8.429/92 – a) que pode ser conhecida e utilizada por indivíduos,
Lei de Improbidade Administrativa (com as alterações equipamentos ou sistemas autorizados.
introduzidas pela Lei nº 14.230/21), a solução nego- b) submetida à restrição de acesso público em razão de
cial proposta é sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade.
c) relacionada à pessoa natural identificada ou identificá-
a) impossível, porque o ordenamento jurídico veda expres- vel durante o processamento dos dados.
samente a transação, o acordo ou a conciliação nas ações d) que tenha sido produzida, expedida, recebida ou modifica-
de improbidade, pelo princípio da indisponibilidade. da por determinado indivíduo, equipamento ou sistema.
b) impossível, porque na atual fase do processo já houve e) coletada na fonte, com o máximo de detalhamento
preclusão para tentativa de transação, acordo ou con- possível, sem modificações.
ciliação na ação de improbidade.
c) possível, mediante a celebração de termo de ajusta- 14. (FGV — 2022) Um cidadão precisa de uma determi-
mento de conduta, que deverá ser submetido à homo- nada informação de um órgão público. De acordo
logação pelo Conselho Superior do Ministério Público. com o Decreto que regulamenta a Lei nº 12.527, de
d) possível, mediante a celebração de transação penal, 18/11/2011, conhecida como Lei de Acesso à Informa-
que deverá ser submetido à homologação judicial. ção, ele dispõe de dois procedimentos para garantia
e) possível, mediante a celebração de acordo de não per- do acesso à informação de que precisa, a transparên-
secução civil, que deverá ser submetido à homologa- cia ativa e a transparência passiva.
ção judicial.
São exemplos de cada uma delas, respectivamente:
12. (FGV — 2021) João foi condenado à perda da função
pública e ao ressarcimento de quinhentos mil reais ao a) cartazes na instituição; redes sociais;
erário estadual pela prática de ato doloso de improbida- b) programas de rádio; redes sociais;
de administrativa. Atualmente, o processo encontra-se c) programas de televisão; serviço de protocolo;
em fase de cumprimento de sentença e, apesar de João d) serviço de protocolo; sites na internet;
ostentar altíssimo padrão de vida e de haver indícios de e) sites na internet; serviço de informação ao cidadão .
que o devedor possui patrimônio expropriável, até agora
não houve o ressarcimento ao erário. As medidas ordi- 15. (FGV — 2022) Um órgão da administração pública
nárias de praxe para satisfação da obrigação já foram recebeu uma solicitação de acesso à informação por
tentadas, sem êxito. O Ministério Público, autor da ação, parte de uma entidade da sociedade civil. O pedido de
requereu ao Juízo a aplicação de medidas executivas informação referia-se ao detalhamento da execução
atípicas consistentes na apreensão de passaporte e na de contratos de prestação de serviços de consultoria
suspensão da CNH de João. para o órgão. O pedido especificou que a informação
deveria ser não modificada, inclusive quanto à origem,
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal trânsito e destino.
de Justiça, em tese, a pretensão ministerial é:
Tal especificação refere-se a uma característica pre-
a) possível, eis que João foi condenado por ato de impro- vista na Lei de Acesso à Informação, que é a:
bidade administrativa na modalidade dolosa, razão pela
qual o não cumprimento voluntário da obrigação no prazo a) adequação;
81

de quinze dias já dá ensejo, automaticamente, à adoção b) autenticidade;


8-

das medidas atípicas requeridas pelo Ministério Público; c) fidedignidade;


70

b) possível, desde que tais medidas sejam adotadas de d) integridade;


.
93

modo subsidiário, por meio de decisão que contenha e) primariedade.


fundamentação adequada às especificidades da hipó-
.0
98

tese concreta, com observância do contraditório subs- 16. (FGV — 2022) Pedro, cidadão com elevada consciên-
-2

tancial e do postulado da proporcionalidade; cia política, encaminhou representação ao Prefeito


c) possível, desde a data em que o cartório certificar o trân- do Município Alfa, que tem cerca de um milhão de
py

sito em julgado da sentença, pois a partir dessa data habitantes, na qual insurgia-se contra a não disponi-
p

está implícito o periculum in mora consistente no risco bilização, na internet, das informações afetas aos pro-
Tu

em concreto de dilapidação do patrimônio do executado, cedimentos licitatórios realizados no decorrer do ano,


o

cabendo ao juízo o decreto de ofício de tais medidas; incluindo os contratos celebrados.


ul

d) inviável, pois, em sede de cumprimento de sentença


Pa

que determinou o pagamento de quantia certa a título A ausência de disponibilização das referidas informa-
de ressarcimento ao erário, não são cabíveis quaisquer
DIREITO ADMINISTRATIVO

ções está
medidas atípicas executivas, eis que incompatíveis com
o interesse público implícito nas ações desta natureza; a) incorreta, pois a lei de regência determina expressa-
e) inviável, pois, em sede de cumprimento de sentença mente que tal seja feito.
que determinou o pagamento de quantia certa a título b) correta, já que os Municípios não são alcançados pela
de ressarcimento ao erário, não são cabíveis quais- obrigação de adotar essa medida.
quer medidas atípicas executivas, eis que não previs- c) correta, pois a necessidade de preservação do interes-
tas na Lei de Improbidade Administrativa. se público e da intimidade dos envolvidos impede que
tal seja feito.
13. (FGV — 2022) A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o d) incorreta, mas apenas em relação às licitações e aos
direito constitucional de acesso dos cidadãos às infor- contratos administrativos afetos à prestação de servi-
mações públicas. ços públicos.
e) correta, pois as informações devem ser fornecidas
Para os efeitos desta Lei, considera-se primariedade a apenas àqueles que as requererem, não devendo ser
qualidade da informação disponibilizadas na internet. 143
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17. (FGV — 2022) A partir da edição da Lei nº 12.527/2011, c) deve o órgão ou entidade pública autorizar ou conceder
a difusão de uma cultura de maior transparência e o acesso à informação de sua competência no prazo
acesso à informação pública ganhou ênfase no âmbi- máximo de 5 (cinco) dias, sob pena de responsabilidade.
to da administração pública. Nesse cenário, além de d) não pode o órgão ou entidade oferecer meios para que o
conceder acesso à informação, também cabe aos próprio requerente possa pesquisar a informação de que
órgãos e entidades do poder público a proteção da necessitar, pois tal conduta equivale à negativa de acesso
informação em termos de autenticidade e integridade. à informação e enseja responsabilização administrativa.
e) devem os órgãos e entidades do poder público aten-
Assim, o direito de acesso à informação não é absolu- der aos pedidos de informação apresentados pessoal-
to, de forma que entre os direitos previstos na Lei de mente, sendo-lhes facultado viabilizar alternativa de
Acesso à Informação NÃO se inclui o de obter: encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
seus sítios oficiais na internet.
a) documentos referentes a processos de prestações e
tomadas de contas relativas a exercícios anteriores; 20. (FGV — 2021) Recentemente o Brasil tem visto avan-
b) informação contida em documentos não recolhidos a ços quanto às garantias de acesso à informação
arquivos públicos; pública, decorrentes da aprovação de normativos
c) informação custodiada por entidade privada decorrente que tratam do assunto. Segundo esses normativos, o
de vínculos com entidades da administração pública; acesso à informação solicitada deve ser imediato.
d) informações referentes a projetos tecnológicos cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade; Caso não seja possível o acesso imediato, uma res-
e) orientação sobre os procedimentos para a consecu- posta deverá ser dada no prazo:
ção de acesso à informação desejada.
a) de 10 dias, sem possibilidade de prorrogação;
18. (FGV — 2021) A Lei de Acesso à Informação esta- b) de 20 dias, prorrogável por igual período;
belece que é dever dos órgãos e entidades públicas c) de 20 dias, prorrogável por mais 10 dias;
promover, independentemente de requerimentos, d) de 30 dias, prorrogável por igual período;
a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de e) necessário ao processamento da informação, desde
suas competências, de informações de interesse cole- que comunicado ao solicitante.
tivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, sen-
do obrigatória a divulgação por meio da internet.
9 GABARITO
Nesse contexto, a citada Lei nº 12.527/2011 dispõe
que os sítios oficiais da rede mundial de computado- 1 D
res deverão, na forma de regulamento, atender, entre
outros, ao seguinte requisito: 2 E

3 E
a) atualizar, com periodicidade semanal, as informações
disponíveis para acesso, inclusive remetendo o inte- 4 B
ressado a outros sítios eletrônicos para informações
complementares; 5 C
b) disponibilizar, apenas mediante senha alfanumérica de
81

seis dígitos, informações classificadas como sigilosas 6 D


8-

que possam pôr em risco a segurança das instituições;


7 A
70

c) conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per-


.
93

mita o acesso à informação de forma objetiva, trans- 8 D


parente, clara e em linguagem de fácil compreensão;
.0
98

d) manter canal eletrônico como protocolo para recebi- 9 A


mento de documentos e requerimentos de acesso a
-2

informações exclusivamente em formato pdf; 10 D


py

e) possibilitar o acesso a relatórios em diversos forma- 11 E


p

tos eletrônicos, tais como planilhas e texto, de modo a


Tu

facilitar a análise das informações, vedada a disponi- 12 B


o

bilização técnica de tais relatórios para gravação.


ul

13 E
Pa

19. (FGV — 2022) De acordo com a Lei de acesso à infor-


14 E
mação (Lei nº 12.527/2011), qualquer interessado
poderá apresentar pedido de acesso a informações 15 D
aos órgãos e entidades sujeitos a tal lei, por qualquer
meio legítimo, devendo o pedido conter a identifica- 16 A
ção do requerente e a especificação da informação
requerida. 17 D

18 C
Nesse contexto, o citado diploma legal estabelece que
19 B
a) pode a identificação do requerente conter exigências
que eventualmente inviabilizem a solicitação para o 20 C
acesso a informações de interesse público.
b) são vedadas quaisquer exigências relativas aos moti-
vos determinantes da solicitação de informações de
interesse público.
144
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Importante: Direitos e garantias não podem ser
confundidos. Direitos são bens e vantagens prescritos
na norma constitucional, como, por exemplo, o direito
de ir e vir (liberdade de locomoção). Garantias são os
instrumentos através dos quais se assegura o exercí-
DIREITO cio do referido direito, tanto preventivamente, como,
por exemplo, o habeas corpus, quanto repressivamen-
CONSTITUCIONAL E te, quando, por exemplo, busca assegurar a sua repa-
ração no caso de violação.

MINISTÉRIO PÚBLICO Antes de adentrar no estudo dos direitos e garan-


tias fundamentais propriamente ditos, é importante
conhecermos suas características. A primeira delas é
a universalidade, ou seja, os direitos e garantias fun-
damentais aplicam-se a todos os indivíduos.
A historicidade é outra característica a ser men-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL cionada, uma vez que os direitos e garantias são frutos
de um desenvolvimento histórico, ou seja, são traça-
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS dos e estruturados de acordo com o desenvolvimento
da própria sociedade. Considerar o contexto histórico
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos é extremamente importante para se entender o por-
quê da proteção dada pelos direitos fundamentais.
Antes de adentrarmos especificamente no tema, Como exemplo, pode-se citar as políticas afirmativas,
é válido fazermos uma breve introdução quanto às como a política de quotas em concursos públicos.
gerações dos direitos fundamentais. Além dessas, os direitos e garantias fundamen-
Os direitos fundamentais são segregados em gera- tais têm, como característica, a inalienabilidade. Por
ções devido ao fato de não terem surgido todos ao terem a liberdade, a justiça e a paz como fundamento,
mesmo tempo; portanto, são classificados conforme a não podem ser transferidos ou negociados. Assim, são
doutrina majoritária em: conferidos a todos os indivíduos, que deles não podem
se desfazer, porque são indisponíveis, tendo em vista
z Direitos de Primeira Geração: os quais se tradu- a proteção da pessoa humana.
zem na liberdade quanto à atuação do Estado nas A imprescritibilidade também é uma de suas
ações de indivíduo. Aqui estão compreendidos os características, visto que não deixam de ser exigíveis
direitos civis e políticos; em razão da falta de uso, ou seja, não prescrevem. Por
z Direitos de Segunda Geração: aqui compreen- exemplo, o fato de determinada pessoa passar grande
didos os direitos decorrente das obrigações do parte de sua vida sem ter uma religião específica não
a impede de optar por uma ou outra ou, até mesmo,
Estado em prol dos indivíduos (direito à saúde,
por nenhuma, pois seu direito à liberdade de crença
educação e o direito ao trabalho), tendo como pri-
e exercício de culto não se perde em razão do tempo.
mazia o valor “igualdade”;
Verifica-se, ainda, a irrenunciabilidade como uma
z Direitos de Terceira Geração: são os direitos rela-
característica importante, na medida que nenhum ser
cionado ao valor “fraternidade”. São direitos que humano pode abrir mão de possuir direitos fundamen-
vão além do individual; busca-se o bem coletivo
81

tais. O indivíduo pode não usufruir deles adequadamen-


(ex.: direito a um meio ambiente ecologicamen-
8-

te, mas não pode renunciar à possibilidade de exercê-los.


te equilibrado, direito do consumidor e direito ao
70

Outra característica dos direitos fundamentais é


desenvolvimento).
.

a indivisibilidade. Não existe hierarquia entre tais


93

direitos, pois todos possuem o mesmo valor. Conse-


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


Dica quentemente, eles são indivisíveis na medida em que,
98

para a garantia de um, pressupõe-se a observância


-2

Leve em conta os valores compreendidos em dos demais. Sendo assim, quando um deles é violado,
py

cada geração (lema da Revolução Francesa), os outros também o são.


pois isso também já foi cobrado em muitas
p

Por fim, outra característica importante é a limi-


Tu

questões de prova. tabilidade, isto é, os direitos fundamentais não são


� 1ª geração — liberdade absolutos, de modo que podem ser limitados sempre
o
ul

� 2ª geração — igualdade que houver uma hipótese de colisão de direitos fun-


Pa

� 3ª geração — fraternidade/solidariedade damentais. É da limitabilidade que advém a regra de


que nenhum direito é absoluto. Por exemplo, mes-
Os direitos e garantias fundamentais estão disciplina- mo possuindo o direito de locomoção, não é possível
dos no Título II, da CF, de 1988. Em síntese, a norma cons- ingressar em uma propriedade alheia fora das hipó-
teses previstas na CF, de 1988 (quais sejam: convite,
titucional divide tais elementos em cinco grupos, a saber:
desastre, flagrante delito, prestar socorro ou ordem
judicial durante o dia), podendo, inclusive, caracteri-
z Direitos individuais e coletivos;
zar o crime de invasão de domicílio.
z Direitos sociais;
z Direitos de nacionalidade; Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
z Direitos políticos;
z Partidos políticos. Os direitos individuais e coletivos estão disciplina-
dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas
Neste sentido, conclui-se que os direitos funda- de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten-
mentais constituem o gênero, do qual os direitos so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo),
individuais, coletivos, sociais, nacionais e políticos por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos.
são espécies. Vejamos cada uma de suas partes: 145
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin- Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra- mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País tar a todos de maneira igual, independentemente de
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
qualquer condição. Já a igualdade material busca a
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
termos seguintes:
direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os
rem todos os demais direitos estruturados nos seus desiguais, na medida de sua desigualdade.
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor-
rem o direito à integridade física e moral, a proibição Art. 5º [...]
da pena de morte e a proibição de venda de órgãos. II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei- fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
ros residentes no país”, não significa que o estrangei-
ro não residente não possua direitos, pois os direitos O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
fundamentais são destinados a qualquer pessoa que portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
se encontre em território nacional. da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as
A CF, de 1988, adota o critério quantitativo para pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo
definir os titulares dos direitos fundamentais, ou seja, que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou
a população brasileira — todos aqueles que residem deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode
em território brasileiro. limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
ou da igualdade (“todos são iguais perante a lei, sem
de máscaras faciais de proteção.
distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem,
Ressalta-se que o princípio da legalidade possui
como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem
com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado duas facetas, sendo uma delas destinada aos parti-
brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade culares e a outra destinada à Administração. A lega-
tanto o legislador como os aplicadores da lei. lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade
aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela-
modo a vedar a elaboração de dispositivos que ção à Administração, seus atos são engessados, sendo
estabeleçam desigualdades ou privilégio entre as assim, somente pode praticar atos dispostos em lei.
pessoas;
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica- Art. 5º [...]
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
critérios discriminatórios na aplicação da norma, tamento desumano ou degradante;
salvo nos casos em que a própria norma consti-
tucional estabelece a aplicação desigual. Como O inciso III decorre do direito à vida, por decor-
81

exemplo, podem-se citar o caso da exclusão de rer da violação à integridade humana, tanto física
8-

mulheres e eclesiásticos do serviço militar obriga- como psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo
70

tório em tempo de paz, ou os casos de existência sofrimento físico ou mental como forma de intimida-
.
93

de um pressuposto lógico e racional que justifique ção ou castigo. É, também, utilizar-se de métodos como
.0

a desequiparação efetuada, como a existência de forma de anular a personalidade ou diminuir a capa-


98

assentos reservados para gestantes, idosos e pes-


cidade física ou metal, mesmo que sem dor. Assim, a
-2

soas com deficiência nos transportes coletivos.


CF, de 1988, veda tanto a tortura como qualquer tipo
py

de tratamento desumano ou degradante. Temos como


Art. 5º [...]
p

exemplo prático de tal inciso a Súmula Vinculante nº


Tu

I - homens e mulheres são iguais em direitos e


obrigações, nos termos desta Constituição; 11, a qual dispõe sobre o uso de algemas, que, se for de
o

forma arbitrária, pode acarretar em tratamento desu-


ul
Pa

O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se mano ou degradante.


da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de alge-
relativamente recentes, de modo que grande parte da mas em casos de resistência e de fundado receio de
legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações fuga ou de perigo à integridade física própria ou
diferenciadas entre homens e mulheres, como, por alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi-
exemplo, a necessidade de autorização marital para cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre processual a que se refere, sem prejuízo da respon-
outros deveres, a administração dos bens do casal. sabilidade civil do Estado.
Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades Art. 5º [...]
legais, como aos operadores do direito, para que não IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios. vedado o anonimato;

146 1 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.
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Todas as pessoas possuem direito atinentes à Art. 5º [...]
liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin- de assistência religiosa nas entidades civis e
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem militares de internação coletiva;
direito de expressar livremente esses pensamentos.
Assim, o direito à expressão do pensamento, que O inciso VII é decorrência do direito à liberdade de
decorre do direito à liberdade de expressão (sendo crença e culto, de modo a garantir aos internados em
este fundamento do Estado Democrático de Direito), estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à assis-
está disciplinado no inciso IV. tência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se de que
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser essa admissão não influi no fato de o Estado ser laico.
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir. Art. 5º [...]
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado, VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado . vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres- ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
são que decorrem a proibição de censura e a vedação de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
po que a Constituição assegura a liberdade de mani-
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas O inciso VIII traz a chamada escusa de consciência
assumam a responsabilidade pelo que exteriorizam. ou objeção de consciência. Trata-se do direito de não
Além disso, a vedação ao anonimato é aplicada, cumprir um serviço obrigatório por razões relaciona-
também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o das a sua consciência ou crença, de modo a assegurar
recebimento de denúncias anônimas, contudo, isso que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou políticos
não impede que o Estado apure de forma sumária a
em decorrência de tal recusa. Por exemplo: a pessoa
verossimilhança das alegações.
que, por questão religiosa, seja contrária ao serviço
Art. 5º [...] militar poderá alegar tal imperativo de consciência em
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- seu alistamento militar. No entanto, a CF, de 1988, esta-
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- belece que, mesmo que dispensada da prática dessa ati-
rial, moral ou à imagem; vidade, ela terá que cumprir serviço alternativo.

A expressão do pensamento é livre, porém, não é Art. 5º [...]


absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua opinião, IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
porém, atingindo-se a honra de alguém, por exemplo, ela artística, científica e de comunicação, indepen-
poderá ser responsabilizada civil e penalmente. Além dentemente de censura ou licença;
disso, a CF, de 1988, estabelece o direito de resposta, ou
seja, o exercício do direito de defesa da pessoa que foi O inciso IX trata da liberdade de expressão das
ofendida em razão da manifestação do pensamento de atividades intelectual, artística, científica e de comu-
outra, como, por exemplo, no caso de notícia inverídica nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente,
ou errônea. Salienta-se por fim que o direito de resposta qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a
é aplicado tanto à pessoa física quanto à jurídica. proveniente de atuação jurisdicional.
81
8-

Cumpre esclarecer os conceitos de censura e


70

Importante! licença:
.
93

O inciso V prevê a indenização por dano material,


.0

z Censura é a verificação da compatibilidade ou não

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº
98

37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos entre um pensamento que se pretende expressar
-2

com as normas legais vigentes;


são acumuláveis.
z Licença é a exigência de autorização para que o
py

pensamento possa ser exteriorizado.


p
Tu

Art. 5º [...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de Art. 5º [...]
o

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,


ul

crença, sendo assegurado o livre exercício dos


a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
Pa

cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a


proteção aos locais de culto e a suas liturgias; direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
A liberdade de consciência abrange a liberdade
de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber- O inciso X decorre do direito à vida e traz a pro-
dade de pensamento de foro íntimo em questões não teção dos direitos de personalidade, ou seja, o direi-
religiosas, tais como convicções de ordem ideológica to à privacidade. Trata-se dos atributos morais que
ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença, devem ser preservados e respeitados por todos, uma
isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus
questões de natureza religiosa. Com relação à religião, aspectos materiais.
o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos:
íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser
de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece perturbado em sua vida particular; vida privada refe-
a liberdade religiosa, ou seja, de mudar de crença ou re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus
religião e de manifestação. familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais

2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. 147
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fechados; honra é o atributo pessoal que compreende A inviolabilidade das comunicações pessoais
tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa- está disciplinada no inciso XII e também decorre do
ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti- direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja, cações pessoais:
seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a
exteriorização de sua personalidade no meio social z As correspondências: comunicações recebidas
(imagem-atributo). em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
os comunicados e avisos comerciais;
Art. 5º [...] z A comunicação telegráfica: comunicados mais
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
nela podendo penetrar sem consentimento do escrita como pela internet, tais como o telegrama;
morador, salvo em caso de flagrante delito ou z A comunicação de dados: comunicação feita por
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante meio de rede de computadores, como, por exem-
o dia, por determinação judicial; plo, a compra de produtos online ou homebank;
z As comunicações telefônicas: ligações feitas e
A inviolabilidade do domicílio está prevista no recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.
inciso XI, do art. 5º, e decorre do direito à segurança.
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendi-
e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento do aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296,
do morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao de 1996. Assim, estão protegidas as mensagens troca-
público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata- das por meio de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger,
-se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere entre outros.
ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do É importante mencionar que as violações de cor-
indivíduo. respondência e de comunicação telegráfica são cri-
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos: 6.538, de 1978, a qual dispõe sobre os serviços postais.
Cabe consignar, ainda, que a quebra das comuni-
Art. 150 (Código Penal) [...] cações telefônicas é admitida mediante autorização
§ 4º A expressão «casa» compreende:
judicial (“salvo no último caso”) para fins de investiga-
I - qualquer compartimento habitado;
ção criminal ou instrução processual penal. Portanto,
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde
somente para fins penais.
alguém exerce profissão ou atividade. Atenção! Como não existe direito absoluto, é pos-
§ 5º Não se compreendem na expressão «casa»: sível a quebra do sigilo das demais comunicações
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- mediante autorização judicial.
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
n.º II do parágrafo anterior; Art. 5º [...]
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí-
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis-
O dispositivo traz três exceções à regra. A primei- sionais que a lei estabelecer;
81

ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla-


8-

grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar O direito de exercício de qualquer atividade
70

no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca- profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se
.

da faculdade de escolher o trabalho que se pretende


93

bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per-


mite a entrada no local para prestar socorro, como, exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica-
.0

ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem-


98

por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e


plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito
-2

ter alguém em seu interior. Por fim, é possível ingres-


sar na casa mediante autorização judicial, como, por faculdade de Medicina em território nacional ou ter
py

exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial sido aprovado em exame de revalidação no caso de
p

para busca de algum(a) objeto/pessoa no local. faculdade estrangeira.


Tu

É importante consignar que, mesmo com autoriza- Essa é uma norma constitucional de eficácia con-
o

ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos.
ul

No entanto, cabe destacar que uma norma infracons-


Pa

o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá


do consentimento do morador. Assim sendo, durante titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar
o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode condições ou requisitos para o pleno exercício da pro-
ser realizada mesmo sem a concordância do morador, fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo-
sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos
houver necessidade. Advogados do Brasil.
Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
de 2019, estabelece como dia o período compreendido Art. 5º [...]
entre as 5h e 21h. XIV - é assegurado a todos o acesso à informação
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá-
Art. 5º [...] rio ao exercício profissional;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das O inciso XIV disciplina o direito de informação,
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, que é um dos desdobramentos do direito à liberdade.
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que O direito à informação possui tríplice alcance, por
a lei estabelecer para fins de investigação criminal englobar o direito de informar, de se informar e de
148 ou instrução processual penal; ser informado.
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A liberdade de informação jornalística está previs- No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
ta no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é mais abran- como, por exemplo, a associação para fins contrários
gente que a liberdade de imprensa, que assegura o à lei penal. Também é vedada a associação de caráter
direito de veiculação de impressos sem qualquer tipo paramilitar, ou seja, a associação civil e desvinculada
de restrição por parte do Estado. do Estado, que se encontra armada e com estrutura
Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o similar às instituições militares, de modo a se utilizar
sigilo da fonte quando necessário ao exercício profis- de táticas e técnicas policiais ou militares para alcan-
sional. Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista çar os seus objetivos.
poderá ser obrigado a revelar o nome de seu infor-
mante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu Art. 5º [...]
silêncio não poderá sofrer qualquer sanção. XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
a de cooperativas independem de autorização,
Art. 5º [...] sendo vedada a interferência estatal em seu
XV - é livre a locomoção no território nacional funcionamento;
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair O inciso XVIII disciplina o direito de associação.
com seus bens;
Trata-se da possibilidade de criação de sindicatos sem
a interferência do Estado.
A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no
inciso XV, do art. 5º, da CF, de 1988. Trata-se, portan-
Art. 5º [...]
to, do direito de locomoção, que é um dos desdobra-
XIX - as associações só poderão ser compulso-
mentos do direito à liberdade. Observa-se, no entanto,
riamente dissolvidas ou ter suas atividades
que a liberdade de locomoção é restrita a tempo de
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
paz, ou seja, no caso de decretação de guerra, passa a primeiro caso, o trânsito em julgado;
viger a lei marcial, de modo que o ir e vir dos indiví-
duos pode sofrer limitações.
O inciso XIX, que também disciplina o direito de
A garantia constitucional que objetiva assegurar o
associação, estabelece que as associações somente
direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra-
poderão ter suas atividades suspensas ou encerra-
tado adiante.
das compulsoriamente (a força) por decisão do Poder
Art. 5º [...]
Judiciário. Salienta-se, por necessário, que, no caso de
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem dissolução da associação, esta somente poderá ocor-
armas, em locais abertos ao público, indepen- rer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não
dentemente de autorização, desde que não couber mais recursos.
frustrem outra reunião anteriormente convoca-
da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
vio aviso à autoridade competente; Importante!

O inciso XVI traz outro desdobramento do direito � Dissolução das associações: decisão judicial
81

à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten- + trânsito em julgado;


8-

de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará- � Suspensão das associações: decisão judicial.
70

ter transitório e voltado para determinada finalidade.


.
93

Portanto, é preciso que o evento seja organizado e


Art. 5º [...]
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-
98

sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-


-se ou a permanecer associado;
-2

petente e local aberto ao público.


py

O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu


O inciso XX, que também disciplina o direito de
que a passeata é constitucional, assim, compatível
p

associação, estabelece que não é possível obrigar


Tu

com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a


qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem
incitação ao uso de entorpecentes.
o

liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte do


ul

Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-


Pa

rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar grupo ou não. Além disso, uma vez associado, ele será
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que, livre para decidir se permanece ou não associado. Por-
no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos tanto, compreende o direito de associar-se a outras pes-
de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo: soas para formação de uma entidade, como também de
manifestações pró-aborto e contrária ao aborto). deixar de participar quando for de seu interesse.

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XVII - é plena a liberdade de associação para fins XXI - as entidades associativas, quando expressa-
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; mente autorizadas, têm legitimidade para repre-
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
A liberdade de associação encontra-se disciplina-
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso- O inciso XXI é o último dispositivo que trata do
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o direito de associação. Ele se refere à representação do
caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma filiado pela associação, quer em âmbito judicial quer
associação. É importante mencionar que tanto a reu- em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à legitima-
nião como a associação devem possuir fins pacíficos. ção da associação para atuar em nome dos associados. 149
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Cabe esclarecer que representante é aquele que Atenção! Não confundir com desapropriação
age em nome alheio, defendendo direito alheio. No sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a
caso das associações, para que estas atuem na condi- função social da propriedade. Nela, a indenização não
ção de representantes, é preciso autorização expressa é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida
dos filiados, não bastando que exista autorização em Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20
estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida- (vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda
mente autorizadas pelos associados. desapropriação com expropriação, que consiste na
Além disso, ao contrário da representação, a subs- perda da propriedade no caso de cultivo de substân-
tituição judicial ou extrajudicial da associação inde- cias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não
pende de autorização, uma vez que, na substituição, a há pagamento de indenização.
associação atua em nome próprio, defendendo direito
alheio (dos associados). Art. 5º [...]
XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
ridade competente poderá usar de propriedade
Art. 5º [...]
particular, assegurada ao proprietário indeniza-
XXII - é garantido o direito de propriedade;
ção ulterior, se houver dano;

O direito de propriedade encontra-se disciplina-


A requisição temporária da propriedade está
do no inciso XXII, do art. 5º. Tratam-se dos direitos disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade
pessoais de natureza econômica. de o Poder Público, em momentos de calamidade (já
De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direito ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de
de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar e dis- bem particular, para assegurar a preservação de direi-
por da coisa, assim como o direito de reavê-la do poder tos mais importantes que a propriedade, tais como a
de quem quer que, injustamente, a possua ou a detenha. vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso
Observa-se, no entanto, que, em termos constitu- de uma enchente em um determinado local, o Poder
cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local,
direito civil, por abranger qualquer direito de conteú- um hospital de atendimento às vítimas.
do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que A requisição temporária é uma exceção ao princí-
possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi- pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
tos e direitos pessoais. está condicionado à existência de danos.

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XXIII - a propriedade atenderá a sua função XXVI - a pequena propriedade rural, assim defini-
social; da em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos
O inciso XXIII traz um limite ao direito de pro- decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
priedade. Assim, a utilização de um bem deve ser fei- sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
ta de acordo com a conveniência social da utilização
da coisa, ou seja, atendendo a sua função social. Por- O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade
81

tanto, o direito do dono deve ajustar-se aos interesses da pequena propriedade rural, por ser esta consi-
derada bem de família e, portanto, insuscetível de
8-

da sociedade.
70

penhora, de modo a ficar a salvo de execuções por


.

dívidas decorrentes da atividade produtiva. Além


93

Art. 5º [...]
disso, a CF, de 1988, estabelece que esta deverá rece-
.0

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para


ber os recursos previstos em lei que financiem o seu
98

desapropriação por necessidade ou utilidade


desenvolvimento.
-2

pública, ou por interesse social, mediante justa


e prévia indenização em dinheiro, ressalvados Embora o dispositivo não conceitue pequena pro-
py

os casos previstos nesta Constituição; priedade rural, o entendimento mais amplo é de que
p

esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis-


Tu

O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na
o

poder de intervenção do Estado na economia: a desa- sua única fonte de sobrevivência.


ul
Pa

propriação. A desapropriação é o ato pelo qual o


Art. 5º [...]
Estado toma para si ou para outrem (terceira pessoa)
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
bens de particulares, por meio do pagamento de jus-
de utilização, publicação ou reprodução de suas
ta e prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
hipóteses de aquisição originária da propriedade. É que a lei fixar;
cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:
O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda-
z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci-
a ser desapropriado é imprescindível para a reali- mento de autoria em produções. Existem três tipos de
zação de uma atividade essencial do Estado; propriedade intelectual, quais sejam:
z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não
é imprescindível, mas é conveniente para a reali- z Propriedade industrial: criações que movimen-
zação de uma atividade estatal; tam o mercado e são empregadas para manter a
z Por interesse social: hipótese na qual a desapro- competitividade. Seu foco é voltado para a área
priação é conveniente para o desenvolvimento da empresarial. São exemplos: as patentes, marcas,
150 sociedade. desenhos, indicações geográficas, entre outros;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e
científicas, como, por exemplo, as obras intelec-
Importante!
tuais, literárias e artísticas; O direito de sucessão está regulado no Código
z Proteção sui generis: são as criações híbridas, Civil.
isto é, aquelas que se encontram em um estado
intermediário entre a propriedade industrial e
Art. 5º [...]
os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa-
circuitos integrados (mask works), a proteção de dos no País será regulada pela lei brasileira em
Cultivares (obtenções vegetais ou variedades vege- benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
tais) e conhecimentos tradicionais associados aos pre que não lhes seja mais favorável a lei pes-
soal do de cujus;
recursos genéticos.
Ainda com relação ao direito de herança, o inci-
Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o so XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso
direito exclusivo de utilização, publicação ou repro- a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no
dução de suas obras, sendo esse direito transmitido Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira
aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem- sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei-
po que a lei fixar. ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
Art. 5º [...] será aplicada.
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em Art. 5º [...]
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
defesa do consumidor;
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor
econômico das obras que criarem ou de que parti- como um dos direitos e deveres individuais e coleti-
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
vas representações sindicais e associativas; promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é
a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci-
O inciso XXVIII também protege a propriedade da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a estabelece as regras de proteção ao consumidor.
proteção de tais direitos ao indivíduo que participou
Art. 5º [...]
de obra coletiva, além de proteger a reprodução da
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de públicos informações de seu interesse particu-
fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
obras individuais como nas coletivas. prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa-
bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
81

Art. 5º [...] imprescindível à segurança da sociedade e do


8-

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos Estado;


70

industriais privilégio temporário para sua utili-


.
93

O inciso XXXIII decorre do direito de informação.


zação, bem como proteção às criações industriais,
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
98

de informações relativas à sua pessoa, quando cons-


e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte-
-2

tantes de banco de dados de entidades governamen-


resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco- tais ou abertas ao público, bem como de informação
py

nômico do País; de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar


p
Tu

que não óbice à divulgação da remuneração de ser-


O último dispositivo que trata da propriedade inte- vidor público.
o

lectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de inven-


ul
Pa

tos industriais os privilégios para sua utilização, ainda Art. 5º [...]


que de forma temporária. Além disso, assegura a pro- XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas:
teção às criações industriais, à propriedade das marcas,
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos. defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;
Art. 5º [...] b) a obtenção de certidões em repartições públi-
XXX - é garantido o direito de herança; cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
O direito de herança, que decorre do direito à pro-
priedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-se da O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e
o direito de certidão. O dispositivo assegura aos
modificação da titularidade do bem em decorrência do
indivíduos o direito de formular pedidos para a
falecimento (sucessão hereditária). Assim, o patrimônio Administração Pública em defesa de seus direitos e,
do de cujus transmite-se aos seus herdeiros, os quais se quando cabível, de terceiros, bem como de formular
sub-rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no reclamações contra atos ilegais e abusivos cometidos
ativo como no passivo, até os limites da herança. pelos agentes do Estado. Assegura, ainda, o direito de 151
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
pleitear, do Estado, documento expedido por este, que, poderá se aposentar, pois tinha apenas expectativa
por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a de direito, uma vez que todos os requisitos não foram
existência de um fato. Deste modo, assegura ao indi- preenchidos para a sua concessão;
víduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal. z Ato jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado
O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja, inde- validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que
pendem de qualquer pagamento. Importante men- esta tenha sido posteriormente revogada ou modi-
cionar que, embora o dispositivo empregue o termo ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
“taxas”, esta foi utilizada em sentido amplo, visto que de ter completado a idade núbil nas hipóteses per-
proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa, mitidas pelo Código Civil terá seu casamento como
tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não válido mesmo após a alteração da lei civil, pela Lei
obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez nº 13.811, de 2019, que proibiu, expressamente, o
que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul-
casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, pois
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona-
seus efeitos são protegidos pela lei anterior;
do ao pagamento.
z Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões
Fique atento ao remédio constitucional aplicado
do Poder Judiciário quando destas não caiba mais
para sanar ilegalidade quanto ao direito de certidão
recurso, de modo a impedir a modificação ou dis-
— Mandado de Segurança —, pois as bancas costu-
cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma ação de
mam tentar confundir o candidato, dizendo que o
remédio constitucional cabível é o habeas data. paternidade foi julgada procedente após o supos-
to pai ter se recusado a realizar o exame de DNA.
Art. 5º [...] Assim, não é possível que, tempos depois, o suposto
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder pai resolva fazer o exame para se eximir da paterni-
Judiciário lesão ou ameaça a direito; dade, pois a decisão não pode ser mais modificada.

O princípio da inafastabilidade de jurisdição


ou do controle do Poder Judiciário está disciplina- Importante!
do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate-
do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
princípio garante que todas as pessoas tenham acesso rial — quando impede a discussão em qualquer
ao Poder Judiciário. processo — e coisa julgada formal — quando
impede a discussão no mesmo processo.
Art. 5º [...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Art. 5º [...]
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
direito à segurança. Trata-se da garantia constitucio- A proibição dos tribunais de exceção, que decor-
nal de que as novas leis não retirem das pessoas os re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci-
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos
81

direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de


modo que as situações disciplinadas por uma norma sejam criados especialmente para julgar determina-
8-

dos crimes ou pessoas (nos casos concretos).


70

devem continuar protegidas por esta mesmo depois de


Atenção! Tribunal de exceção não se confunde
.

sua revogação ou substituição por outra em três casos3:


93

com Justiças especializadas e foro privilegiado.


.0

z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pessoa


98

quando esta cumpriu todos os requisitos para a sua Art. 5º [...]


-2

concessão pela norma anterior antes de ocorrer a XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
py

alteração legal. Exemplo: uma pessoa completou o organização que lhe der a lei, assegurados:
p

tempo de contribuição previsto pela lei para apo- a) a plenitude de defesa;


Tu

sentar, mas optou por permanecer trabalhando. Se b) o sigilo das votações;


c) a soberania dos veredictos;
o

nova lei alterar os requisitos para aposentadoria,


ul

de modo a aumentar o tempo de contribuição, essa d) a competência para o julgamento dos crimes
Pa

pessoa não será prejudicada, pois adquiriu o direi- dolosos contra a vida;
to pela lei anterior;
Outro desdobramento do direito à segurança é a
Atenção! Direito adquirido não se confunde com garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em
expectativa de direito. Se a pessoa não completou crimes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (art.
todos os requisitos para a concessão do direito, ela 121, CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi- ou à automutilação (art. 122, CP), infanticídio (art. 123,
to. Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que CP) e aborto (arts. 124 a 128, CP); contudo, salienta-se
se complete o tempo de contribuição previsto pela lei que lei ordinária poderá ampliar a competência do
para se aposentar. Antes de preencher tal requisito, Tribunal do Júri, não havendo qualquer ofensa quan-
a lei é alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não to ao disposto na CF.
3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto Lei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale, possa exer-
cer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coi-
152 sa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
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Trata-se de direito do indivíduo de ser julgado por XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
seus pares e, não, por um juízo de critério eminente- insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor-
mente técnico. tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
Súmula Vinculante nº 45 A competência consti-
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusiva- O inciso XLIII estabelece os crimes em que não
mente pela Constituição Estadual. cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e
anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto,
Art. 5º [...] ele também não é cabível nos crimes elencados.
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi-
na, nem pena sem prévia cominação legal; Dica: Para lembrar dos crimes, memorize: T T T
H ou 3TH:
Os princípios da anterioridade e da reserva
Tortura;
da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege)
Tráfico;
encontram-se disciplinados no inciso XXXIX. Em sín-
Terrorismo;
tese, pelo princípio da reserva legal, não há crime sem Hediondos.
lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Já
pelo princípio da anterioridade, a lei que estabelece o A graça e o indulto são modalidades de perdão
crime e a pena deve ser anterior a sua prática. concedidas pelo Presidente da República, de modo a
extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na gra-
Art. 5º [...] ça, o perdão é concedido de forma individual por meio
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene- de decreto e mediante provocação do interessado, no
ficiar o réu; indulto, o perdão é coletivo e concedido por decreto, o
qual não possui destinatário certo e independe de pro-
O princípio da irretroatividade da lei penal mais vocação. O indulto pode ser total ou parcial (comutação).
gravosa está disciplinado no inciso XL. Em termos de Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso
direito penal, a regra é a lei do tempo do crime, ou seja, Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a
será aplicada a lei do tempo da ação ou omissão. É pos-
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade.
sível, no entanto, aplicar lei posterior caso esta seja
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas
mais benéfica ao réu. Exemplo: nova lei deixa de consi- Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos
derar o fato como crime ou diminui a sua pena. administrativos, como, por exemplo, às transgres-
A retroatividade da lei penal mais benéfica é abso- sões disciplinares de servidores estaduais.
luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive, condenações É importante mencionar que esses crimes são
já transitadas em julgado. Exemplo: sujeito que cum- prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi-
pre pena por um crime que lei posterior deixou de sória. Ainda, a Lei nº 9.455, de 1997, trata dos crimes
considerar respectivo ato como crime (caso de abolitio de tortura; a Lei nº 11.343, de 2006, dos crimes de dro-
criminis) será colocado em liberdade. gas; a Lei nº 13.260, de 2016, do terrorismo; a Lei nº
8.072, de 1990, cuida dos crimes hediondos.
81
8-

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


70

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta- XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível
.

tória dos direitos e liberdades fundamentais;


93

a ação de grupos armados, civis ou militares, contra


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


a ordem constitucional e o Estado Democrático;
98

O inciso XLI decorre do direito à igualdade.


O inciso XLIV também traz hipóteses de não con-
-2

Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os


indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga-
py

proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli- da a qualquer tempo, independentemente da data em
p

que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos


Tu

cada de modo discriminatório, como também deverá


pelas organizações criminosas contra a ordem consti-
punir tais discriminações com base em qualquer con-
o

tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe


ul

dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras. de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850, de 2013,
Pa

é que trata das organizações criminosas.


Art. 5º [...]
XLII - a prática do racismo constitui crime Dica
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei; Para auxiliá-lo na memorização do conteúdo
dos últimos 3 incisos, leve em consideração o
O inciso XLII trata da prática de racismo. Embora seguinte mnemônico: RAAÇÃO 3TH.
a Constituição não tipifique o crime, ela manda crimi- RA — racismo
nalizar a conduta de racismo. Além disso, estabelece AÇÃO — ação de grupos armados
a não concessão de fiança ao racismo (inafiançável) 3TH — tortura, tráfico, terrorismo, hediondos
e, ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo,
independentemente da data em que foi cometido, pois Esquematizando todo o conteúdo relacionado
não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível). ao mnemônico, temos:
Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716, de 1989, é a Lei Inafiançáveis  RAAÇÃO 3TH
do Racismo, e a Lei nº 12.288, de 2010, estabelece o Imprescritíveis  RAAÇÃO
Estatuto da Igualdade Racial. Insuscetíveis de graça ou anistia  3TH 153
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Art. 5º [...] O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do como do direito à segurança, estabelece a proibição
condenado, podendo a obrigação de reparar de determinadas penas. Assim, é vedada a pena de
o dano e a decretação do perdimento de bens morte em tempos de paz. Isso porque, quando decla-
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores rada a guerra pelo Presidente da República após a
e contra eles executadas, até o limite do valor do
autorização do Congresso Nacional, vigora a parte ati-
patrimônio transferido;
nente aos tempos de guerra4 do Código Penal Militar
(CPM) e do Código de Processo Penal Militar (CPPM),
O princípio da intranscendência ou personali-
que estabelece, em determinados casos, a pena de
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra-
morte. Exemplo: traição (art. 355, CPM)5.
ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra
pessoa que não o delinquente, uma vez que somente
Art. 5º [...]
o autor da infração penal pode ser responsabiliza-
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen-
do. Com a morte do condenado, declara-se extinta a tos distintos, de acordo com a natureza do deli-
punibilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser to, a idade e o sexo do apenado;
cumprida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros
do autor do crime se este houver falecido. No entanto, O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
refere-se apenas à esfera penal, ou seja, a obrigação à execução da pena privativa de liberdade. Trata-
civil de reparar os danos pode ser estendida aos seus -se da exigência de que o cumprimento da pena seja
sucessores até o limite do valor do patrimônio trans- feito de acordo com a natureza do crime, a idade e
ferido (herança). o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles-
Atenção! Multa é uma espécie de pena (art. 32, CP)
centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul-
e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros.
tos, assim como as mulheres permanecem em local
diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do
Art. 5º [...]
direito à segurança como do direito à vida.
XLVI - a lei regulará a individualização da pena
e adotará, entre outras, as seguintes:
Art. 5º [...]
a) privação ou restrição da liberdade;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte-
b) perda de bens;
c) multa; gridade física e moral;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos; O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo
à execução da pena privativa de liberdade: a pro-
Dica: A fim de auxiliá-lo na memorização, guarde teção à integridade física e moral do preso. Busca-se,
o mnemônico 3PMS (RI): portanto, proteger os indivíduos da força do Estado.
Trata-se, também, de um dos desdobramentos do
3P — Privação ou restrição da liberdade (não esque- direito à segurança, por envolver garantias proces-
ça que no primeiro “p” há, implícito, um “r” da suais; e do direito à vida, por envolver a integridade
81

pena de restrição); perda de bens; prestação social do indivíduo.


8-

alternativa;
70

M — Multa; Art. 5º [...]


.

L - às presidiárias serão asseguradas condições


93

S — Suspensão ou interdição de direitos (lembre-se de


para que possam permanecer com seus filhos
.0

que aqui também há, implícito, um “i” de interdição).


durante o período de amamentação;
98
-2

O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-


lização da pena, uma vez que as penas devem ser O inciso L traz um princípio relativo à execução
py

previstas, impostas e executadas, em conformidade da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito


p

dos filhos de permanecerem com suas mães e serem


Tu

com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a


individualização deve operar-se em três fases distin- amamentados por elas durante a execução da pena.
o
ul

tas: legislativa, no momento em que elabora a norma; Vale destacar que o art. 89, da Lei nº 7.210, de 1984
Pa

judicial, no momento da dosimetria da pena; executi- (Lei de Execução Penal), estabelece que a penitenciá-
va, na execução penal. ria de mulheres terá uma seção para gestantes e par-
turientes e uma creche para abrigar crianças entre 6
Art. 5º [...] (seis) meses e 7 (sete) anos.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, Art. 5º [...]
nos termos do art. 84, XIX; LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal-
b) de caráter perpétuo; vo o naturalizado, em caso de crime comum,
c) de trabalhos forçados; praticado antes da naturalização, ou de com-
d) de banimento; provado envolvimento em tráfico ilícito de
e) cruéis; entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado
de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das
hostilidades.
5 Art. 355 Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil: Pena
154 - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
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A proibição de extradição de brasileiro encon- Art. 5º [...]
tra-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
medida de cooperação internacional em que um Esta- nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo rados o contraditório e ampla defesa, com os
que deva responder a processo penal ou cumprir meios e recursos a ela inerentes;
pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil
não entrega brasileiro para responder processo penal O inciso LV traz o princípio do contraditório e da
ou cumprir pena em outro país. ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual-
É possível, no entanto, a entrega de brasileiro natu- dade das partes de uma relação processual, bem como
ralizado, ou seja, que tenha adquirido a nacionalida- a segurança processual. Assim sendo, a parte contrá-
de brasileira por outro motivo que não vinculado ao ria necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois
nascimento (filiação ou local do nascimento), desde não podem ser atribuídas a uma parte vantagens de
que seja por crime comum e que este tenha sido prati- que a outra não disponha.
cado antes de sua naturalização e, portanto, quando o Como consequência, as partes têm acesso a tudo
agente tinha outra nacionalidade. Também é possível a que consta dos autos, como, por exemplo, todas as
extradição de brasileiro naturalizado por comprovado provas produzidas pela outra parte, podendo mani-
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- festar-se ou não. Além disso, a defesa pode ser exerci-
gas afins, praticado antes ou depois da naturalização. da de forma ampla, como, por exemplo, é possível ao
indivíduo optar pela autodefesa (quando permitido)
Art. 5º [...] ou pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa garan-
LII - não será concedida extradição de estrangei- te ao agente a possibilidade de se defender sem qual-
ro por crime político ou de opinião; quer impedimento aos seus direitos constitucionais.
Ademais, destaca-se o conteúdo da Súmula Vincu-
No que se refere à extradição de estrangeiro, o lante nº 14, a qual dispõe sobre o acesso a procedi-
inciso LII veda a entrega por crime político ou de mento investigatório por defensor do investigado.
opinião. Considera-se um crime como político se ele
envolver ações ou omissões que prejudicam os inte- Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor,
resses do país, do governo ou do sistema político. no interesse do representado, ter acesso amplo aos
O crime político pode ser de dois tipos: próprio e elementos de prova que, já documentados em pro-
impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de cedimento investigatório realizado por órgão com
ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente. competência de polícia judiciária, digam respeito
Já o crime político impróprio é aquele crime comum ao exercício do direito de defesa.
quando conexo ao crime político, de modo a ter
natureza comum, mas conotação político-ideológica, Observe que os documentos referentes às diligên-
como, por exemplo, a extorsão mediante sequestro cias em curso não são de apresentação obrigatória,
para obter fundos para determinado grupo político. tendo em vista a possibilidade de frustrá-las.
Ainda há o crime de opinião, que é aquele que se con- Imagine, por exemplo, que em determinada inves-
figura com o abuso da liberdade de expressão ou de tigação tenha sido deferida, pelo Poder Judiciário, a
pensamento, como, por exemplo, nos casos dos crimes interceptação telefônica de determinado investigado.
81

contra a honra. Ora, é óbvio que o acesso, pelo advogado do investi-


8-

gado, comprometeria a diligência, já que este poderia


70

Art. 5º [...] avisar seu cliente da medida.


.
93

LIII - ninguém será processado nem sentencia-


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


do senão pela autoridade competente; Art. 5º [...]
98

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas


-2

O princípio do juiz natural ou do juiz competen- obtidas por meios ilícitos;


py

te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da


garantia de que nenhuma pessoa será processada ou A proibição de prova ilícita encontra-se estabele-
p
Tu

julgada por uma autoridade especialmente designada cida no inciso LVI. As provas obtidas de forma ilícita
para o caso. Deste modo, as regras de competência são absolutamente nulas, não podendo gerar qual-
o
ul

devem estar reestabelecidas no ordenamento jurídi- quer efeito no convencimento do juiz.


Pa

co, de forma a assegurar que o julgamento seja reali-


zado por um juiz independente e imparcial. z Prova ilícita é aquela que viola direito material.
Exemplos: confissão mediante tortura e intercep-
Art. 5º [...] tação telefônica sem autorização judicial;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de z Prova ilegítima é aquela que viola direito proces-
seus bens sem o devido processo legal; sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem
a presença do advogado.
O princípio do devido processo legal está disci-
plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do O Supremo Tribunal Federal, adequadamente,
direito à segurança, de modo a garantir que os indi- adotou, por maioria de votos, a denominada teoria
víduos não sejam presos nem percam seus bens por fruits of poisonous tree (frutos da árvore envenenada).
atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo, São nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita
deverá existir um processo com todas as etapas pre- como também as derivadas (surgidas em decorrência
vistas em lei e com todas as garantias constitucionais. da prova ilícita), ainda que obtidas de forma regular.
Se tais regras não forem observadas, o processo é pas- Há contaminação do vício original, com exclusão
sível de nulidade. da prova ilícita, bem como de suas derivações. 155
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] Art. 5º [...]
LVII - ninguém será considerado culpado até LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
o trânsito em julgado de sentença penal atos processuais quando a defesa da intimida-
condenatória; de ou o interesse social o exigirem;

O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino- Como regra, todo processo é público, ou seja, é
permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns
cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes
casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
da condenação definitiva em um processo criminal,
outros, essa publicidade é restrita às partes e seus pro-
as pessoas ainda não são consideradas culpadas. Isso curadores, com o objetivo de resguardar a intimidade
ocorre porque quem possui o ônus de provar a culpa é dos envolvidos.
o Ministério Público, como órgão titular da ação penal Também é possível restringir a publicidade quan-
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des- do o interesse da sociedade exigir, como, por exem-
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência, plo, em determinados crimes ou atos, envolvendo
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res- crianças e adolescentes. É importante mencionar, no
ponsabilidade do réu até a última instância. entanto, que a restrição da publicidade dos atos pro-
cessuais não poderá prejudicar o interesse público à
Art. 5º [...] informação.
LVIII - o civilmente identificado não será subme-
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei; Importante!
A restrição da publicidade é popularmente
A proibição da identificação criminal da pes- conhecida como segredo de Justiça.
soa já civilmente identificada encontra-se no inciso
LVIII. Entende-se, por identificação, o processo utili-
Art. 5º [...]
zado para se estabelecer a identidade de pessoas ou
LXI - ninguém será preso senão em flagrante
coisas. Assim, se o indivíduo apresenta documento de delito ou por ordem escrita e fundamentada de
identidade civil válido e sem qualquer suspeita funda- autoridade judiciária competente, salvo nos casos
da de falsidade, ele não poderá ser identificado crimi- de transgressão militar ou crime propriamen-
nalmente, ou seja, por meio do processo datiloscópico. te militar, definidos em lei;
O objetivo do dispositivo é evitar o constrangimento
pessoal de pessoas já identificadas civilmente. Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a
Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037, de 2009, regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo-
disciplina o inciso e estabelece quais documentos ser- sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso.
Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do
vem para a identificação civil. Ainda, a regra da não
Estado, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abu-
identificação criminal não é absoluta e abarca exce-
siva e estabelece que a restrição da liberdade só será
ções. No entanto, tais exceções devem estar discipli- legítima quando respeitados os parâmetros legais.
nadas em lei.6
81

Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segu-


rança, por envolver garantias processuais.
8-

Art. 5º [...]
70

Em termos de processo penal, existem dois tipos


LIX - será admitida ação privada nos crimes de de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de
.
93

ação pública, se esta não for intentada no prazo sentença penal condenatória transitada em julgado,
.0

legal; ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena-


98

da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de


-2

O inciso LIX traz a possibilidade de ação penal pri- execução penal. Além disso, há a prisão processual,
py

vada subsidiária à ação penal pública. Assim, nos que tem função acautelatória e é aquela que ocorre
p

casos em que o representante do Ministério Público durante a fase de investigação, instrução e antes do
Tu

não ofereceu a denúncia, não requereu diligências ou julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a
o

prisão temporária e a prisão preventiva.


não ordenou o arquivamento do Inquérito Policial, no
ul

Portanto, durante o curso do processo, o indiví-


Pa

prazo legal, admite-se o oferecimento da queixa crime.


duo somente será preso se estiver em flagrante delito
A CF, de 1988, não estabeleceu hipótese de restri- (estiver cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi
ção quanto à aplicação da ação penal privada subsi- perseguido logo após ou foi encontrado logo depois,
diária da pública nos processos relativos aos delitos com algo que faça presumir ser o autor da infração)7
previstos na legislação especial, como, por exemplo, ou se for determinado pelo juiz nos demais casos das
nas ações em que se apuram crimes eleitorais. prisões acautelatórias.
6 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I - o documento
apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III - o indicia-
do portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às investigações poli-
ciais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério
Público ou da defesa; V - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o estado de conservação ou a distân-
cia temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. Parágrafo
único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que considera-
das insuficientes para identificar o indiciado.
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instru-
156 mentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais Art. 5º [...]
sejam: transgressão militar ou crime propriamen- LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-
te militar, definido em lei. Quanto às transgressões, da pela autoridade judiciária;
estas estão previstas nos regulamentos disciplinares,
tanto das Forças Armadas como das Forças Auxiliares. O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
A elas é aplicado procedimento de apuração especí- do direito à segurança ao prever o relaxamento da
fico, também garantindo o contraditório e a ampla prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a
prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
defesa. Já os crimes militares encontram-se previstos
dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
no Código Penal Militar, porém esse diploma não defi-
indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
ne quais são os crimes propriamente militares.
drava nas hipóteses de flagrância do art. 302, do CPP.
Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
Art. 5º [...]
sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
requisitos para serem decretadas e não estão estes
encontre serão comunicados imediatamente ao
presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
juiz competente e à família do preso ou à pessoa
substituí-la por medidas cautelares diversas.
por ele indicada;
Art. 5º [...]
Como a prisão em flagrante é a única modalida- LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
de de prisão acautelatória que não conta com ordem mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
judicial prévia, visto que é imposta no momento em sória, com ou sem fiança;
que a infração penal é praticada ou em momentos
após, faz-se necessária sua comunicação imediata ao O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali- sua supressão é apenas medida excepcional e somente
dade da prisão. deve ser decretada nos casos em que a norma autorizar.
A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação,
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe- Art. 5º [...]
lece que a comunicação será imediata e os autos reme- LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão. a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a
depositário infiel;
comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
cada, com o escopo não só de dar notícia de seu para-
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida.
deiro, como também de prestar-lhe a assistência devida. Considera-se prisão civil a medida privativa da liber-
dade que não possui caráter de pena e que tem como
Art. 5º [...] finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri-
LXIII - o preso será informado de seus direitos, gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por
entre os quais o de permanecer calado, sendo- dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo
-lhe assegurada a assistência da família e de deixou de pagar a pensão alimentícia devida.
advogado; Por se tratar de uma norma constitucional de efi-
81

cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista


8-

Considerando que a liberdade é a regra e a sua res- na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci-
70

trição só é legítima quando efetuada nos estritos limites ta em razão das seguintes Súmulas:
.

legais, o inciso LXIII estabelece que o preso em flagran-


93

te deve ser comunicado dos seus direitos. Entre esses


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão
98

direitos, encontra-se o de permanecer em silêncio. civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda-
-2

O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá lidade do depósito.


ser utilizado de forma contrária. O acusado não é obri-
py

gado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar, Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo-
p

sitário judicial infiel.


Tu

esse silêncio não pode ser considerado como prova.


Além disso, o dispositivo também estabelece a
o

Art. 5º [...]
ul

assistência da família e do advogado, garantindo tan-


Pa

to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe


LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que
é devida.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de loco-
Art. 5º [...] moção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos
responsáveis por sua prisão ou por seu interro- O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio-
gatório policial; nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio-
nais são as ações constitucionais previstas na própria
O inciso LXIV também decorre do direito à segu- Constituição com a finalidade de reclamar o restabele-
rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária. cimento de direitos fundamentais violados.
Assim, é assegurada ao indivíduo a identificação dos O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo
responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma utilizado para a tutela da liberdade de locomoção
vez que lhe é garantido questionar a competência ou sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminên-
atribuição dessas autoridades em conformidade com cia de sofrer constrangimento ilegal do seu direito
a norma vigente e os princípios constitucionais e de de ir e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em ques-
direitos humanos. tões penais como em questões civis, desde que haja 157
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constrangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
de ir e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
Existem três modalidades de HC, quais sejam: trangimento ilegal a direito líquido e certo.

z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em Não cabe MS contra:


que a ordem é concedida para fazer cessar o cons-
trangimento à liberdade de locomoção quando já z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
existente; independentemente de caução;
z Habeas Corpus preventivo, em que a ordem é z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
concedida quando houver ameaça ao direito de ir suspensivo;
e vir, de modo a impedir que uma pessoa venha a z Decisão judicial transitada em julgado.
ter restringido seu direito;
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é Por fim, seu prazo (decadencial) de impetração
concedida pela autoridade judicial sem pedido, é de 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência do
quando esta verificar, no curso de um proces- interessado do ato impugnado.
so, que alguém está sofrendo ou na iminência de
sofrer constrangimento ilegal em sua liberdade de Art. 5º [...]
locomoção. LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por:
Não cabe HC nos seguintes casos: a) partido político com representação no Con-
gresso Nacional;
z Perda de patente; b) organização sindical, entidade de classe ou
z Perda de cargo; associação legalmente constituída e em funciona-
z Pena de multa; mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte-
z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o resses de seus membros ou associados;
STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe);
z Pena extinta. Do mesmo modo que o MS individual, é possível
ingressar com mandado de segurança coletivo nos
De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas casos de direitos coletivos, assim entendidos como
corpus em relação a punições disciplinares militares. os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou
Além dos militares das Forças Armadas, essa dispo- seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de
sição é estendida aos membros das Polícias Militares pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
e dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42, CF, de uma relação jurídica básica, e direitos individuais
1988). homogêneos, assim entendidos como aqueles decor-
No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver rentes de origem comum e de atividade ou situação
sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe- específica da totalidade ou de parte dos associados ou
tente ou em desacordo com as formalidades legais ou membros do impetrante.
além dos limites fixados em lei. Trata-se de inovação da CF, de 1988, para a tute-
la de direitos coletivos líquidos e certos, também não
81

Art. 5º [...] amparados por HC ou habeas data, quando o respon-


8-

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para


sável pela ilegalidade for autoridade pública ou agen-
70

proteger direito líquido e certo, não amparado


te de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
.

por habeas-corpus ou habeas-data, quando o


93

responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for Poder Público.


.0

autoridade pública ou agente de pessoa jurídi- O MS coletivo segue as mesmas regras do individual.
98

ca no exercício de atribuições do Poder Público; Para partidos políticos, exige-se representação no


-2

Congresso Nacional (pelo menos, um deputado ou


py

O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o senador do partido). Para associação, exige-se que ela
p

mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liber- tenha sido constituída há, pelo menos, um ano.
Tu

dade de locomoção e o habeas data, o acesso e a retifi-


o

cação de dados, o MS é cabível para os demais direitos, Art. 5º [...]


ul

sendo que seu objetivo e alcance é feito por exclusão. LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem-
Pa

Cabe destacar que a lei que disciplina o MS é a Lei nº pre que a falta de norma regulamentadora tor-
12.016, de 2009. ne inviável o exercício dos direitos e liberdades
O MS é cabível quando houver direito líquido e constitucionais e das prerrogativas inerentes à
certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de nacionalidade, à soberania e à cidadania;
plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI),
que os documentos comprobatórios do direito devem ação constitucional para a tutela dos direitos previs-
acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes tos na CF, de 1988, inerentes à nacionalidade, à sobe-
estiverem em repartição ou em poder de autoridade rania e à cidadania, os quais não podem ser exercidos
que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen- em razão da falta de norma regulamentadora. Portan-
temente, no MS, não há fase instrutória to, são pressupostos para o MI:
O MS pode ser de duas espécies:
z Existência de um direito constitucionalmente pre-
z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem visto com relação à nacionalidade, soberania e
de segurança objetiva cessar constrangimento ile- cidadania;
158 gal já existente; z A não autoaplicabilidade desse direito;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Falta de norma infraconstitucional regulamenta- pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
dora que inviabilize o exercício do direito previsto maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores.
na CF, de 1988. Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
(dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um
Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a Lei direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é
nº 13.300, de 2016. possível o ajuizamento da ação popular pelo portu-
A omissão normativa decorrente da não elabora- guês em situação de equiparação com brasileiro.
ção de ato legislativo ou administrativo permite ao Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da
indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria públi- gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
ca ingressarem com o MI. todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do
Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabelece
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença uma exceção: haverá custas e sucumbência caso o autor
normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo
ingresse com a ação com má-fé e esta seja comprovada.
para suprir a omissão.

Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
Importante!
a) para assegurar o conhecimento de informa- A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a
ções relativas à pessoa do impetrante, constan-
boa-fé é sempre presumida.
tes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se Art. 5º [...]
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
administrativo;
integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
ciência de recursos;
O habeas data (HD) é o remédio constitucional
para a tutela do direito de informação e de intimida-
O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante
as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve-
o conhecimento de informações pessoais constantes
rá prestar a assistência jurídica de forma integral e
de banco de dados de entidades governamentais ou
gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
abertas ao público, bem como o direito de retificação
dessas informações quando errôneas. recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se
Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê-
a Lei nº 9.507, de 1997. Por essa lei, o HD também é nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados
cabível no que há registrado no inciso III, art. 7º. Veja: do Brasil através da nomeação de advogado dativo.

Art. 7° (Lei nº 9.507, de 1997) [...] Art. 5º [...]


III - para a anotação nos assentamentos do interes- LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
sado, de contestação ou explicação sobre dado ver- judiciário, assim como o que ficar preso além do
dadeiro mas justificável e que esteja sob pendência tempo fixado na sentença;
81

judicial ou amigável.
8-

O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do


70

Ademais, a informação, a retificação ou a anotação Poder Público ao prever a responsabilidade civil do


.
93

foram negadas pela Administração Pública (entidades Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


governamentais da Administração direta ou indireta) por tempo além do fixado em sentença.
98

ou particular (pessoas jurídicas de direito privado) A responsabilidade civil do Estado será estudada
-2

que mantenham banco de dados aberto ao público. posteriormente.


O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa,
py

física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que Art. 5º [...]


p
Tu

as informações solicitadas digam respeito ao próprio LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi- pobres, na forma da lei:
o
ul

co adequado para se ter acesso aos autos do processo a) o registro civil de nascimento;
Pa

administrativo disciplinar (PAD). b) a certidão de óbito;

Art. 5º [...] Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci-


LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para mento e óbito, a CF, de 1988, assegura que as pessoas
propor ação popular que vise a anular ato lesi-
possam ser registradas e possam usufruir dos direitos
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico direitos de possuir um nome, de poder ser matricula-
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada do em uma escola, entre outros. Assim, a CF, de 1988,
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da garante que a falta de recursos financeiros não seja
sucumbência; considerada um obstáculo para o exercício de tais
direitos.
O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo- Art. 5º [...]
cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor-
o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque- pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos
le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que necessários ao exercício da cidadania. 159
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios No caso de tratado sobre direitos humanos, a CF, de
constitucionais de habeas corpus e habeas data. A 1988, disciplinou a possibilidade de sua incorporação,
finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas seguindo os mesmos procedimentos cabíveis para as
as pessoas a esses remédios constitucionais. Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos em cada
Casa do Congresso Nacional e aprovação por 3/5 dos votos.
Art. 5º [...]
Deste modo, o tratado passa a ser incorporado, no orde-
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e namento jurídico, com força de norma constitucional.
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. O § 3º, do art. 5º, da CF, de 1988, foi incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Portanto, ape-
Este inciso trata o princípio da celeridade pro- nas os tratados incorporados após essa Emenda e
cessual. Desta forma, a CF, de 1988, assegura a todos, seguindo os parâmetros do dispositivo possuem força
quer no âmbito judicial, quer no âmbito administra- de norma constitucional. Para os incorporados ante-
tivo, a duração razoável do processo, bem como dos riormente, caso se refiram aos direitos humanos, são
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. considerados supralegais. Para todos os demais trata-
dos, força legal.
Art. 5º [...]
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata. Art. 5º [...]
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à pro- § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
teção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais. Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
festado adesão.
Por fim, em recentíssima alteração constitucional,
a Emenda Constitucional nº 115, de 10 de Fevereiro de Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda
2022, adicionou o inciso LXXIX ao art. 5º da CF, o qual Constitucional nº 45, de 2004. O Tribunal Penal Inter-
busca incluir a proteção de dados pessoais entre os nacional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto
direitos e garantias fundamentais. Ademais, embora de Roma e tem como finalidade julgar os crimes de
não seja objeto de estudo deste tópico, cabe ressaltar genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humani-
que a competência para legislar sobre a proteção e dade e crimes de agressão.
tratamento de dados pessoais é de privativa da União. Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
De acordo com o § 1º, os direitos e garantias indi- nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
viduais e coletivos previstos no art. 5º estão prontos nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
para serem aplicados e exigidos, uma vez que não Nações Unidas.
dependem da existência de qualquer outra norma
para produzir efeitos.
Dos Direitos Sociais
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a
aplicabilidade da norma constitucional (norma cons-
Os direitos sociais estão disciplinados nos art. 6º a
titucional de eficácia plena, contida e limitada).
11, da CF, de 1988. Esses direitos se dividem em direi-
Art. 5º [...] tos sociais propriamente ditos (art. 6º), direitos tra-
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti- balhistas (art. 7º) e direitos sindicais (arts. 8º a 11).
81

tuição não excluem outros decorrentes do regime Vejamos cada um deles:


8-

e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados


70

internacionais em que a República Federativa do Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú-
.

Brasil seja parte.


93

de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


.0

transporte, o lazer, a segurança, a previdência


O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres
98

social, a proteção à maternidade e à infância, a


disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo.
-2

assistência aos desamparados, na forma desta


Portanto, podem existir outros direitos em outros dis- Constituição.
py

positivos da CF, de 1988, em outros diplomas legais,


p

em tratados internacionais, entre outros.


Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no
Tu

Art. 5º [...] art. 6º, da CF, de 1988. Trata-se dos direitos ligados à
o

concepção de que é dever do Estado garantir igual-


ul

§ 3º Os tratados e convenções internacionais


Pa

sobre direitos humanos que forem aprovados, dade de oportunidades a todos através de políticas
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois públicas. O dispositivo assegura alguns dos direitos
turnos, por três quintos dos votos dos respec- denominados de segunda geração/dimensão, tais
tivos membros, serão equivalentes às emendas como o direito à educação, trazendo a ideia de que
constitucionais. a instrução é o meio adequado para que o indivíduo
O § 3º estabelece as regras para a incorporação possa exercer outros direitos, tais como a liberdade de
do tratado internacional que verse sobre direi- expressão, a liberdade de associação, os direitos polí-
tos humanos. Via de regra, o tratado internacional, ticos, entre outros.
após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da Garante, também, o acesso dos indivíduos a um
República, passa por referendo parlamentar para sua sistema de saúde, além da assistência e proteção eco-
incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova, nômica em determinados momentos, tais como incapa-
por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre- cidade temporária ou definitiva, velhice, entre outros.
sidente da República para sua ratificação, por meio de Trata-se, pois, de um programa de proteção social para
Decreto. O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro- amparar as pessoas em determinados eventos, assim,
mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas- classifica-se tal norma como de eficácia limitada, mais
160 sa a ter força de lei. especificamente de princípio programático.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do pos- Art. 7º [...]
sível, pois o Estado deve garantir os direitos em con- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
formidade com seus recursos. Esse dispositivo traz a involuntário;
ideia de mínimo existencial, ou seja, de um padrão
mínimo de condições materiais aceitáveis para uma O inciso II trata do seguro-desemprego, que tem
vida com dignidade, consoante se depreende do pará- como finalidade assegurar assistência financeira, de
grafo único. modo temporário, ao trabalhador que foi dispensado
involuntariamente, ou seja, sem justa causa.
Art. 6º [...]
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de Art. 7º [...]
vulnerabilidade social terá direito a uma renda III - fundo de garantia do tempo de serviço;
básica familiar, garantida pelo poder público em
programa permanente de transferência de renda, O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III.
cujas normas e requisitos de acesso serão deter- Seu objetivo é resguardar o trabalhador nos casos
minados em lei, observada a legislação fiscal e de desemprego involuntário, aposentadoria, entre
orçamentária outras situações, de modo que o trabalhador possa
sacar esses valores.
Neste sentido, o Estado deve assegurar que a quan- De acordo com a atual orientação do STF, o prazo
tidade de alimento seja suficiente para o indivíduo e prescricional para o trabalhador reclamar valores do
sua família, que ele possa se vestir, ter moradia, acesso FGTS é de cinco anos (prescrição quinquenal), tendo,
aos serviços médicos e sociais e segurança em casos de como base, o princípio da segurança jurídica (ARE nº
imprevistos, tais como desemprego, incapacidade, velhi- 709.212, STF).
ce, entre outros. Além disso, devem-se assegurar os cui-
dados e assistência devidos à maternidade e à infância. Art. 7º [...]
O referido artigo assegura, ainda, o direito ao tra- IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen-
balho. Para tanto, o art. 7º estipula as condições neces- te unificado, capaz de atender a suas necessidades
sárias para a realização do trabalho e adota medidas vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
de proteção ao trabalhador nos seguintes termos: mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
ne, transporte e previdência social, com reajustes
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
e rurais, além de outros que visem à melhoria de sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
sua condição social
O inciso IV estabelece a existência de uma remu-
Observa-se que esse dispositivo trata tanto dos neração mínima, justa e suficiente para assegurar ao
trabalhadores urbanos como dos rurais e funda-se no trabalhador e a sua família uma vida digna. Assim, o
princípio da igualdade. Por essa razão, a CF, de 1988 salário mínimo deve ter a capacidade de atender às
veda, por exemplo, a diferenciação de salários, o exer- necessidades tanto do trabalhador como de sua famí-
cício de funções e critério de admissão que tenham lia. Cumpre mencionar que o valor deve ser fixado
como base a idade, o sexo ou o estado civil, entre em lei, ou seja, faz-se necessária a edição de lei para a
81

outros. Vejamos as proteções trazidas nele: fixação do valor do salário mínimo.


8-
70

Vale destacar que o STF entende não ser necessá-


Art. 7º [...]
.

rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei (em


93

I - relação de emprego protegida contra despedida sentido estrito), podendo a definição de tais valores
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei ser feita por meio de decreto presidencial. Sobre o
98

complementar, que preverá indenização compen- tema, existem quatro Súmulas Vinculantes importan-
-2

satória, dentre outros direitos;


tes, as quais é relevante conhecer:
p py

A CF, de 1988, do mesmo modo que estipula as Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs-
Tu

condições necessárias para a realização do trabalho, tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
o

adota medidas de proteção ao trabalhador contra a usado como indexador de base de cálculo de vanta-
ul

despedida arbitrária ou sem justa causa, com o obje- gem de servidor público ou de empregado, nem ser
Pa

tivo de resguardar o trabalhador contra as incerte- substituído por decisão judicial.


zas do mercado de trabalho. Assim, o inciso I prevê
que uma lei complementar estabelecerá indenização Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF no
compensatória, dentre outros direitos. estabelecimento de remuneração inferior ao míni-
mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores
do serviço militar inicial.
Importante!
Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratifica-
Ainda não foi elaborada lei complementar disci- ções e outras vantagens do servidor público não
plinando o assunto. Por essa razão, aplica-se o incide sobre o abono utilizado para se atingir o
disposto no art. 10, do Ato das Disposições Consti- salário mínimo.
tucionais Transitórias, que fixa como indenização
o valor de 40% do depositado no Fundo de Garan- Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e 39,
tia do Tempo de Serviço (FGTS) como a quantia § 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição
devida a título de indenização compensatória. referem-se ao total da remuneração percebida pelo
servidor público. 161
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Prosseguindo nossa análise dos incisos do art. 7º, O inciso IX trata do trabalho noturno. De acordo
da CF, temos: com o dispositivo, a remuneração deve ser superior
ao trabalho no período diurno.
Art. 7º [...] A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ao
V - piso salarial proporcional à extensão e à com- regular a matéria, estabelece, no art. 73, como período
plexidade do trabalho; noturno, o trabalho desenvolvido entre as 22h de um
dia e as 5h do dia seguinte. Assim, durante esse perío-
O inciso V assegura contraprestação mínima aos do, o adicional é de, pelo menos, 20% sobre a hora diur-
trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro- na. Além disso, o cômputo da hora também é realizado
fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi- de forma diferente, uma vez que cada hora noturna
cos, farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em possui cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
consideração a extensão e a complexidade do trabalho Com relação ao trabalho rural, na lavoura, consi-
e não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo. dera-se noturno o trabalho executado entre 21h de
Diferentemente do salário mínimo, que é nacio- um dia e 5h do dia seguinte. Já na pecuária, inicia-se
nalmente unificado, é possível que os Estados e o Dis- às 20h de um dia e encerra-se às 4h do dia posterior.
trito Federal instituam piso salarial estadual diferente Acresce que o adicional é de 25% e que não há previ-
do nacional, em conformidade com o parágrafo único, são de cômputo diferenciado para a hora noturna.
do art. 22, da CF, de 1988, e Lei Complementar nº 103,
de 2000. Art. 7º [...]
X - proteção do salário na forma da lei, consti-
Art. 7º [...] tuindo crime sua retenção dolosa;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
convenção ou acordo coletivo; O inciso X estabelece a criminalização da con-
duta de retenção do salário como uma das formas
O inciso VI traz a regra de que o salário do traba- de proteção ao trabalhador. Salienta-se que a con-
lhador não pode ser reduzido. A redução somente é duta somente será considerada como crime se hou-
admitida por meio de negociação coletiva com a par- ver dolo, ou seja, quando o empregador não paga
ticipação obrigatória do sindicato. porque não quer. Cumpre esclarecer que esse inciso
A Medida Provisória (MP) nº 936, de 2020, que foi possui eficácia constitucional limitada e carece de lei
editada em razão da pandemia da COVID-19, passou a regulamentadora.
permitir a redução salarial por meio de acordo indivi-
dual firmado entre o empregador e o empregado, ou Art. 7º [...]
seja, sem a participação do sindicato. XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
culada da remuneração, e, excepcionalmente,
Considerando que o texto constitucional estabelece
participação na gestão da empresa, conforme defi-
que o acordo seja coletivo, a MP foi submetida ao STF,
nido em lei;
que manteve a eficácia da regra (acordo individual)
de redução temporária do salário por, no máximo, 90
A participação nos lucros ou resultados, em
(noventa) dias, sob o fundamento de que se trata de
caráter excepcional, na gestão da empresa encon-
momento excepcional e que o acordo individual seria
tra-se prevista no inciso XI. Trata-se de um valor des-
81

razoável por preservar o vínculo de emprego duran-


vinculado da remuneração e definido em lei. Esse
8-

te o período, bem como que a atuação do sindicato


inciso também possui eficácia limitada, porém é regu-
70

demandaria demora, gerando insegurança jurídica e


lamentado pela Lei nº 10.101, de 2000.
.

aumentando o risco de desemprego.


93
.0

Art. 7º [...]
98

Art. 7º [...] XII - salário-família pago em razão do depen-


VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
-2

dente do trabalhador de baixa renda nos termos


para os que percebem remuneração variável; da lei;
p py

O inciso VII é um desdobramento do inciso IV ao


Tu

O inciso XII estabelece o salário-família. Trata-se


estabelecer que todo trabalhador tem o direito a rece- de um benefício regulamentado pelos arts. 65 a 70, da
o

ber uma remuneração justa e satisfatória que lhe asse- Lei nº 8.213, de 1991, concedido aos trabalhadores que
ul

gure existência compatível com a dignidade humana.


Pa

possuem filhos ou equiparados de até 14 anos, ou com


algum tipo de deficiência. Para ter direito ao valor, o
Art. 7º [...] trabalhador deve enquadrar-se no limite máximo de
VIII - décimo terceiro salário com base na remu- renda estipulado pela Administração Pública.
neração integral ou no valor da aposentadoria; Até a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o bene-
fício era pago a todos os trabalhadores. Após sua edição,
O inciso VIII estabelece o décimo terceiro salá- o salário-família ficou restrito ao trabalhador de baixa
rio ou gratificação de Natal aos trabalhadores. Para renda. Para o ano de 2021, a tabela do Governo Federal
os servidores públicos, a gratificação recebe o nome fixou o valor do salário-família em R$ 51,27 e limitou o
de adicional natalino. Tal gratificação foi introduzida benefício aos trabalhadores que recebem até R$ 1.503,25.
pela Lei nº 4.090, de 1962, garantindo ao trabalhador
formal e com carteira assinada o correspondente a Art. 7º [...]
1/12 de sua remuneração ou aposentadoria. XIII - duração do trabalho normal não superior
a oito horas diárias e quarenta e quatro sema-
Art. 7º [...] nais, facultada a compensação de horários e a
IX - remuneração do trabalho noturno superior redução da jornada, mediante acordo ou conven-
162 à do diurno; ção coletiva de trabalho;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O inciso XIII fixa a jornada de trabalho diária Art. 7º [...]
em até 8 horas e a semanal em 44 horas, permitida, XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do empre-
porém, a compensação de horários e a redução da jor- go e do salário, com a duração de cento e vinte
nada, por meio de acordos ou convenção coletiva de dias;
trabalho. Trata-se dos denominados bancos de horas
e as escalas de revezamento. A licença à gestante encontra-se prevista no inci-
No Brasil, são admitidas as jornadas inglesa e espa- so XVIII. Trata-se do direito dos filhos recém-nascidos
nhola. Na jornada inglesa, existe uma diluição de 4 ou adotados de permanecerem com suas genitoras no
horas no intervalo entre segunda e sexta-feira, de momento inicial de sua vida ou na casa da adotante,
modo a possibilitar que o trabalhador cumpra jornada da nova vida, com o objetivo de desenvolver víncu-
de 9 ou 8 horas durante esses dias, de modo a totalizar los de afeto e cuidados necessários para o desenvolvi-
44 horas. Na jornada espanhola, há uma alternância na mento saudável da criança.
prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em Constitucionalmente, o prazo de duração é de 120
outra, como, por exemplo, trabalhando sábados alter- dias, porém a Lei nº 11.770, de 2008 estendeu, para deter-
nados. Assim, haveria uma média de 44 horas sema- minados casos, esse período de licença para 180 dias.
nais, o que evitaria o pagamento de hora extra. A Lei nº 12.010, de 2009 (Lei da Adoção), estendeu
às adotantes o mesmo prazo de licença das gestantes,
Art. 7º [...] passando a ser de, no mínimo, 120 dias. Antes, a dura-
XIV - jornada de seis horas para o trabalho reali- ção da licença variava conforme a idade do filho.
zado em turnos ininterruptos de revezamento,
salvo negociação coletiva; Art. 7º [...]
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em
Assim como o inciso anterior, o inciso XIV tam- lei;
bém prevê limite para a jornada de trabalho. Esse
dispositivo se aplica aos casos de jornada de trabalho O inciso XIX trata da licença-paternidade, que, ao
com turnos ininterruptos e de revezamento, ou seja, contrário do que ocorre com a licença à gestante, não
aqueles locais que funcionam 24 horas por dia. Nesses possui prazo fixado pela CF, de 1988. Refere-se, tam-
casos, o empregado não poderá trabalhar mais de 6 bém, ao direito do filho de ter o genitor ao seu lado no
horas. Ressalta-se, por fim, a possibilidade de nego- momento inicial de sua vida.
ciação coletiva para aumentar a jornada.
Art. 7º [...]
Art. 7º [...] XX - proteção do mercado de trabalho da
XV - repouso semanal remunerado, preferencial- mulher, mediante incentivos específicos, nos ter-
mente aos domingos; mos da lei;

O inciso XV garante o descanso do trabalhador. O inciso XX estabelece a criação, por meio de lei,
Trata-se do repouso semanal remunerado, também de normas de proteção do mercado de trabalho da
denominado descanso semanal remunerado (DSR), mulher. O dispositivo tem por objetivo proporcionar
que é a possibilidade de o trabalhador ausentar-se de a efetiva igualdade entre homens e mulheres. Tais
81

seu trabalho por 24 (vinte e quatro) horas, manten- regras foram introduzidas pela CLT e tratam de temas
8-

do-se a remuneração respectiva. Para o descanso e como a duração e condições de trabalho, a discrimi-
70

recomposição do empregado, a CF, de 1988 estabelece, nação, o trabalho noturno, a proteção à maternidade,
.
93

como preferência, os domingos. entre outros.


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


98

Art. 7º [...] Art. 7º [...]


-2

XVI - remuneração do serviço extraordinário XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de


serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter-
py

superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do


normal; mos da lei;
p
Tu

O pagamento de horas extras encontra-se previs- O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.
o
ul

to no inciso XVI. A CF, de 1988, além de fixar a duração Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser
Pa

da jornada de trabalho, com o objetivo de evitar abu- surpreendido com o seu desligamento e poder pro-
sos por parte do empregador, garante ao trabalhador gramar-se para voltar a enfrentar a concorrência do
que os serviços prestados que excedam a jornada nor- mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso prévio
mal de trabalho sejam considerados extraordinários é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de ser-
e pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais que o viço prestado à empresa, maior a sua permanência
valor normal. antes do desligamento. O prazo mínimo previsto na
CF, de 1988, é de 30 (trinta) dias.
Art. 7º [...] De acordo com o STF, o inciso XXI é uma norma
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, constitucional híbrida, uma vez que possui uma parte
pelo menos, um terço a mais do que o salário de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e outra limita-
normal; da (nos termos da lei). Segundo os termos da Lei nº
12.506, de 2011, a esses 30 dias serão acrescidos três
O inciso XVII estabelece o direito às férias. Tra- dias por ano de serviço prestado na mesma empresa
ta-se do descanso anual do trabalhador, que deve ser até o total de 60 dias. Portanto, a duração máxima do
remunerado e acrescido de, pelo menos, 1/3 a mais do aviso prévio é de 90 dias (30 dias assegurados pela CF,
que o salário normal. de 1988 e outros 60 previstos na lei). 163
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Art. 7º [...] O inciso XXVI ressalta a importância das entidades sin-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, dicais nas negociações coletivas, de modo a permitir que
por meio de normas de saúde, higiene e segurança; se incrementem as condições sociais dos trabalhadores.

O inciso XXII traz a obrigação do empregador de pre- Art. 7º [...]


servar a saúde do trabalhador por meio da adoção de XXVII - proteção em face da automação, na forma
medidas, quer individuais quer coletivas, que o previ- da lei;
nam e o protejam dos riscos ambientais do trabalho.
A proteção em face da automação é assegurada
Art. 7º [...] no inciso XXVII. Trata-se de um mecanismo de proteção
XXIII - adicional de remuneração para as ativida-
do trabalhador que perdeu seu posto de trabalho para
des penosas, insalubres ou perigosas, na forma
a automação, ou seja, pela máquina, de modo que a lei
da lei;
possa criar meios, tais como cursos e treinamentos, que
O inciso XXIII estabelece os adicionais de ativida- possibilitem sua recolocação no mercado de trabalho.
des penosas, insalubres e perigosas. Atividade peno-
sa é aquela exercida em zonas de fronteira ou aquela Art. 7º [...]
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
que exige, para a sua realização, esforços físicos repe-
cargo do empregador, sem excluir a indenização
titivos e intensos, de modo a causar esgotamento ou
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo
desgaste excessivo. Nessa atividade, não há um dano
ou culpa;
efetivo à saúde do trabalhador, mas exige um maior
grau de atenção ou sacrifício físico ou mental, como,
por exemplo, serviços industriais em que o trabalha- O seguro contra acidentes de trabalho encontra-
dor é submetido a uma altura superior a três metros. -se previsto no inciso XXVIII. O seguro é de competência
Por outro lado, na atividade insalubre, há um com- do empregador e não exclui a indenização a que este
prometimento à saúde do trabalhador devido a seu está obrigado no caso de incorrer em dolo ou culpa.
ambiente de trabalho, como, por exemplo, o traba-
lhador que é submetido a calor ou a frio intenso ou Súmula Vinculante nº 22 A Justiça do Trabalho
a ruído contínuo e intermitente. Por fim, atividade é competente para processar e julgar as ações
perigosa é aquela que pode ameaçar a vida do traba- de indenização por danos morais e patrimoniais
lhador, como, por exemplo, a exercida em instalações decorrentes de acidente de trabalho propostas por
elétricas de grandes voltagens. empregado contra empregador, inclusive aquelas
que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Importante! Constitucional 45/2004.

De acordo com o TST, não é possível a percep- Prosseguimos com o inciso XXIX, do art. 7º, da CF:
ção cumulativa dos adicionais de insalubridade
e periculosidade. Art. 7º [...]
81

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das


8-

relações de trabalho, com prazo prescricional


70

Art. 7º [...] de cinco anos para os trabalhadores urbanos e


XXIV - aposentadoria;
.

rurais, até o limite de dois anos após a extinção


93

do contrato de trabalho;
.0

A aposentadoria está estabelecida no inciso XXIV,


98

de modo a assegurar ao trabalhador o afastamento de


-2

O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra-


suas atividades após o cumprimento dos requisitos balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse
py

previstos em lei, tais como idade e tempo de contri-


com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da
p

buição, bem como por motivo de incapacidade.


Tu

extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos


créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo:
o

Art. 7º [...]
ul

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependen- trabalhador que exerceu atividade na empresa entre
Pa

tes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois anos
de em creches e pré-escolas; da extinção do contrato de trabalho) para promover a
ação e poderá cobrar os créditos dos últimos 5 anos,
O inciso XXV trata da assistência em creche e pré- ou seja, se ingressou em 2020, poderá pleitear os cré-
-escola devida aos filhos e dependentes dos trabalha- ditos de 2015 em diante.
dores desde o nascimento até os 5 anos. Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e
Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006, o pri- “prescrição total”, é importante distinguir que pres-
meiro ano do ensino fundamental passou a ser cursa- crição relativa é a interna, ou seja, aquela que ocorre
do a partir dos 6 anos de idade. É por essa razão que dentro do contrato de trabalho, tendo como prazo 5
o auxílio creche ou auxílio pré-escola é devido até os anos. Já a prescrição total é aquela que ocorre após o
5 anos (cessa ao completar 6 anos quando pode fre- fim do contrato de trabalho, ou seja, de 2 anos.
quentar a escola).
Art. 7º [...]
Art. 7º [...] XXX - proibição de diferença de salários, de
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos exercício de funções e de critério de admissão por
164 coletivos de trabalho; motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e avulso aquele que, de forma sindicalizada ou não, presta
foi tratado anteriormente quando explanado acerca serviços tanto de natureza urbana como rural, sem pos-
do salário. suir vínculo empregatício, e a diversas empresas, com
intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou,
Art. 7º [...] quando se tratar de atividade portuária, com interme-
XXXI - proibição de qualquer discriminação no diação do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO).
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
lhador portador de deficiência; Art. 7º [...]
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
Também decorrente do princípio da igualdade, trabalhadores domésticos os direitos previstos
a CF, de 1988, veda qualquer tipo de discriminação nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
do trabalhador com deficiência. A proibição de dis- XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
criminação estende-se desde a sua admissão. Assim e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
sendo, o fato de o trabalhador possuir uma limitação, observada a simplificação do cumprimento das obri-
quer física, psíquica ou intelectual, não tem o condão gações tributárias, principais e acessórias, decor-
de permitir que o empregador pague uma contrapres- rentes da relação de trabalho e suas peculiaridades,
tação diversa dos demais funcionários por exemplo. os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
bem como a sua integração à previdência social.
Art. 7º [...]
XXXII - proibição de distinção entre trabalho Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos
manual, técnico e intelectual ou entre os profis- trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico
sionais respectivos; o trabalhador que presta serviços de natureza contí-
nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí-
Mais um dispositivo que decorre do princípio lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo,
da igualdade e veda a distinção entre as atividades cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros.
desempenhadas, ou seja, a atividade manual não O dispositivo remete a determinados incisos, ressal-
poderá ser tida como mais ou menos importante que tando que parte desse direito depende de regulamen-
a intelectual por exemplo. tação legal, como no caso do FGTS.
Os direitos sindicais encontram-se disciplinados
Art. 7º [...] nos arts. 8º a 11. Vejamos cada um deles:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso
ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer Art. 8º É livre a associação profissional ou sin-
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na dical, observado o seguinte:
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; I - a lei não poderá exigir autorização do Esta-
do para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder
O inciso XXXIII estabelece os limites etários para
Público a interferência e a intervenção na organi-
o desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos zação sindical;
não é possível o desempenho da atividade laboral,
exceto no caso de aprendiz, que poderá desenvolver O inciso I, do art. 8º, traz o princípio da liberda-
a atividade entre 14 e 24 anos.
81

de sindical. Pelo dispositivo, é possível observar duas


Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá- situações distintas. A primeira refere-se à relação
8-

rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo-


70

entre o Estado e o sindicato. Já a segunda, entre o sin-


peração governamental, como, por exemplo, o SENAC dicato e o sindicalizado. Portanto, essa liberdade de
.
93

e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a associação sindical possui dupla dimensão, de modo
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


formação profissional é desenvolvida no ofício. Por a assegurar o direito dos trabalhadores em geral de
98

outro lado, estagiário é o estudante que complemen- criarem entidades sindicais, como também a liberda-
-2

ta, por meio do trabalho, o ensino do curso que está de de aderirem ou não ao sindicato, assim como se
py

desenvolvendo. Estagiário não é empregado nem está desfiliarem conforme sua vontade.
submetido a limite de idade. De acordo com o STF, para que um sindicato possa
p
Tu

Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno, defender a categoria, não é preciso estar registrado no
perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores órgão competente (Ministério do Trabalho), bastando o
o
ul

de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação. registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas.
Pa

Art. 8º [...]
Importante! II - é vedada a criação de mais de uma organi-
zação sindical, em qualquer grau, representativa
Não há previsão expressa do trabalho penoso de categoria profissional ou econômica, na mesma
aos menores de 18 anos. base territorial, que será definida pelos trabalha-
dores ou empregadores interessados, não podendo
ser inferior à área de um Município;
Art. 7º [...]
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha- O inciso II traz o princípio da unicidade sindical,
dor com vínculo empregatício permanente e o ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais
trabalhador avulso de uma organização sindical na mesma base territo-
rial. Por essa razão, a CF, de 1988, definiu a base ter-
O inciso XXXIV também decorre do princípio da ritorial mínima, ou seja, o Município. No entanto, não
igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direi- especificou a base máxima, de modo que pode haver
tos entre os trabalhadores com vínculo empregatício e um sindicato para a defesa da categoria no âmbito
os trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalhador estadual ou nacional. 165
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 8º [...] A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte- prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que
resses coletivos ou individuais da categoria, seus dirigentes atuem sem medo de represálias, ou
inclusive em questões judiciais ou administrativas; seja, de serem desligados do emprego devido à atua-
ção. Trata-se, portanto, da regra que proíbe a dispen-
A representação e substituição do sindicato na sa do empregado sindicalizado a partir do registro da
defesa dos direitos e interesses de seus membros está candidatura a cargo de direção ou representação sin-
disciplinada no inciso III. Atente-se ao fato de o sindi- dical. No caso dos eleitos, mesmo que na condição de
cato poder atuar não somente em questões judiciais, suplentes, a estabilidade perdura até um ano após o
mas também em questões administrativas. final do mandato.
Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é
Art. 8º [...]
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que,
de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar
em se tratando de categoria profissional, será des-
que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art.
contada em folha, para custeio do sistema con-
federativo da representação sindical respectiva,
10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para
independentemente da contribuição prevista em lei; Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha-
dores também possuem estabilidade; já os indicados
O inciso IV trata da contribuição confederativa pelo empregador não a possuem.
sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu- A estabilidade conferida pelo inciso VIII já foi obje-
ma das contribuições relativas à atividade sindical to de prova no que tange a sua destinação. Cumpre
é obrigatória, de modo a depender de autorização ressaltar que esse benefício não é destinado à pessoa
expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente do empregado (intuitu personae), mas sim à represen-
quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a tação sindical.
contribuição confederativa prevista nesse dispositivo.
Art. 8º [...]
Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
está condicionado à autorização prévia e expressa cam-se à organização de sindicatos rurais e de
dos que participem de uma determinada categoria colônias de pescadores, atendidas as condições
econômica ou profissional, ou de uma profissão que a lei estabelecer.
liberal, em favor do sindicato representativo da
mesma categoria. Por fim, o parágrafo único estabelece que essas
regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e
Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con- de pescadores.
federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui-
ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin-
respectivo. do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
Continuamos com o inciso V, do art. 8º, da CF: meio dele defender.

Art. 8º [...]
O direito de greve dos trabalhadores encontra-se
81

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-


assegurado no art. 9º, da CF, de 1988. Inicialmente, há
8-

ter-se filiado a sindicato;


de se esclarecer que a expressão “trabalhadores” se
70

refere aos empregados da iniciativa privada, geral-


.

O inciso V é um desdobramento do direito à liber-


93

mente regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspen-


dade de associação prevista no art. 5º, da CF, de 1988.
.0

são temporária das atividades laborais desenvolvidas


98

Art. 8º [...] e tem como causa o interesse dos trabalhadores.


-2

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos Ademais, salienta-se, conforme já cobrado em


prova, que a greve, apesar de ser um direito social
py

nas negociações coletivas de trabalho;


conferido ao trabalhador, não depende de específica
p
Tu

As entidades sindicais possuem a denominada prestação estatal para que seja exercida.
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar
o
ul

melhores condições e direitos aos trabalhadores, o Art. 9º [...]


Pa

inciso IV estabelece como obrigatória a participação § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
dos sindicatos nas negociações coletivas. ciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
des inadiáveis da comunidade.
Art. 8º [...] § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e às penas da lei.
ser votado nas organizações sindicais;
No que se refere aos serviços essenciais, tais como
O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado transporte público, serviços de fornecimento de luz,
do aposentado filiado à entidade sindical. água, entre outros, o direito de greve é assegurado, mas
sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos traba-
Art. 8º [...] lhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783, de 1989.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
dicalizado a partir do registro da candidatura Art. 10 É assegurada a participação dos traba-
a cargo de direção ou representação sindical lhadores e empregadores nos colegiados dos
e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o órgãos públicos em que seus interesses profissio-
final do mandato, salvo se cometer falta grave nais ou previdenciários sejam objeto de discussão
166 nos termos da lei. e deliberação.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 10 decorre do direito a uma gestão c) os nascidos no estrangeiro de pai brasilei-
democrática, ou seja, de participação junto aos ro ou de mãe brasileira, desde que sejam regis-
colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte- trados em repartição brasileira competente
resses profissionais ou os valores aplicados nos fun- ou venham a residir na República Federativa do
dos previdenciários. Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atin-
gida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos
empregados, é assegurada a eleição de um No que se refere à nacionalidade originária, a CF,
representante destes com a finalidade exclusiva de 1988 adota, no inciso I, do art. 12, um sistema misto
de promover-lhes o entendimento direto com os de definição da nacionalidade, uma vez que os dois
empregadores. critérios estão inseridos em seu dispositivo para defi-
nir brasileiro nato.
Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de A alínea “a” adota o critério territorial ao con-
promover o entendimento e facilitar o diálogo entre siderar brasileiro o nascido em solo brasileiro, tanto
empregados e empregador em empresas maiores de pais brasileiros como estrangeiros, desde que estes
(com mais de 200 funcionários), a formação de uma não estejam a serviço de seus países.
comissão de representação. Atente-se ao fato de para que a criança não seja
Atenção! Os representantes não se confundem considerada brasileira, algum dos pais estrangeiros
com os dirigentes sindicais. deve estar a serviço de seu país de origem; ressalta-
-se este ponto pois os examinadores implementaram
Da Nacionalidade as cobranças acerca dessa temática.
Por exemplo, o casal Bob e Mary é residente da
O direito à nacionalidade é a garantia de ter um cidade de Bruxelas, na Bélgica. Bob é natural da Bél-
vínculo político-jurídico com um país, uma vez que gica, já Mary possui nacionalidade alemã. Mary, após
todas as pessoas têm direito de se vincular a um Esta- alguns anos morando na Bélgica, conquista um cargo
do soberano para que este possa assegurar a proteção público neste país. Em razão do cargo que ocupa, Mary
dos seus direitos fundamentais. foi convocada para tratar de assuntos internacionais
A ausência de vínculo enseja a condição de apátri- no Brasil, a serviço da Bélgica e, durante a sua estadia
da e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídica no Brasil, entrou em trabalho de parto, dando à luz a
básica por não estar vinculado a nenhum Estado. Des- Peter, fruto do seu relacionamento com Bob. No caso
te modo, ter uma nacionalidade significa ter direito à em tela, Peter terá nacionalidade brasileira nata, tendo
proteção jurídica e política por parte de um Estado. em vista que sua mãe, embora a serviço da Bélgica, não
estava à serviço do seu país de origem (Alemanha).
A nacionalidade pode ser originária ou derivada. Outro exemplo que pode ser cobrança de alguma
Vejamos: questão mais elaborada é o caso de criança nasci-
da em território nacional, sendo que um dos pais é
z Nacionalidade originária é aquela que decor- estrangeiro a serviço de seu país e o outro é brasileiro;
re do nascimento e, a depender do Estado, pode neste caso, devido ao fato de ser filho de brasileiro,
seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui- será, a criança, considerada brasileira nata.
81

nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis), Já a alínea “b” adota o critério sanguíneo aliado
8-

ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível ao trabalho, ao considerar brasileiro aquele que nas-
70

a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.:


ceu fora do solo brasileiro, porém possuindo pai ou
.
93

filho de italiano nascido no Brasil é italiano por


mãe brasileiros e um destes esteja a serviço do Bra-
sangue e brasileiro por solo);
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


sil, como, por exemplo, filho de diplomata brasileiro a
98

z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de


serviço no Japão.
-2

qualquer outro fator que não seja o nascimento,


Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguíneo
como, por exemplo, passar a residir em um país
py

aliado à opção ou registro do nascimento em repar-


ou casar-se com um estrangeiro e adquirir a nacio-
p

tição competente, considerando como brasileiro aque-


nalidade deste (essa hipótese não existe no direito
Tu

le que nasceu fora do território brasileiro, sendo filho


brasileiro, pois o casamento com brasileiro, por
o

de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer um deles


si só, não dá o direito à nacionalidade brasileira).
ul

estivesse a serviço do Brasil, e foi registrado na reparti-


Pa

Para adquirir a nacionalidade derivada, é necessá-


ção brasileira competente no exterior (Consulado).
rio um procedimento chamado de naturalização e,
em regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade, Também é considerado brasileiro nato por essa
por ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade alínea aquele que nasceu fora do território brasileiro,
anterior (direito de opção). sendo filho de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer
um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio a residir no
Os direitos de nacionalidade estão disciplinados nos Brasil, tendo optado pela nacionalidade brasileira após
arts. 12 e 13, da CF, de 1988. Vejamos cada um deles: atingida a maioridade. Exemplo: filha de alemã com
brasileiro nascida na Alemanha, mas que se mudou
Art. 12 São brasileiros: para o Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) anos,
I - natos: tenha optado pela nacionalidade brasileira; a esta últi-
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ma forma se dá o nome de nacionalidade potestativa.
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país; Art. 12 [...]
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro II - naturalizados:
ou mãe brasileira, desde que qualquer deles este- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali-
ja a serviço da República Federativa do Brasil; dade brasileira, exigidas aos originários de países 167
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de língua portuguesa apenas residência por um Como nenhum direito é absoluto, a CF, de 1988,
ano ininterrupto e idoneidade moral; pode estabelecer tratamento diferente aos natos e
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, naturalizados, mas tão somente a CF. Como exemplo
residentes na República Federativa do Brasil há tem-se o parágrafo a seguir:
mais de quinze anos ininterruptos e sem con-
denação penal, desde que requeiram a nacionali- Art. 12 [...]
dade brasileira. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
qual se adquire a nacionalidade por outro motivo que III - de Presidente do Senado Federal;
não o nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
concede a um estrangeiro a qualidade de nacional V - da carreira diplomática;
desse Estado. A naturalização pressupõe pedido da VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
parte interessada.
O inciso II estabelece, como critério para que se
Os cargos elencados no § 3º não podem ser preen-
adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso
chidos por brasileiros naturalizados, nem por estran-
dos estrangeiros originários de países de língua portu-
geiros. Observa-se que os quatro primeiros incisos se
guesa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique,
referem ao Chefe de Estado e àqueles que estão em
entre outros, a Norma Constitucional prevê residência
sua ordem sucessória. O inciso V refere-se àqueles
de apenas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já
que irão representar o Estado brasileiro no exterior,
para os demais estrangeiros, faz-se necessário residir
enquanto os incisos VI e VII têm relação com a segu-
por mais de 15 (quinze) anos e não possuir condena-
rança nacional.
ção penal. Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá
Note que, além do prazo de residência, enquan- ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden-
to, para um, basta a idoneidade, para os demais, não te das casas.
deve existir condenação penal.
Dica
REQUISITOS
Nacionalidade Para memorizar o rol elencado no § 3º, utiliza-se
Nacionalidade Ordinária o mnemônico MP3.COM
Extraordinária
M — Ministro do STF
� Ser estrangeiro origi- � Ser estrangeiro de qual- P — Presidente e Vice
nário de país de língua quer nacionalidade P — Presidente da Câmara
portuguesa � Residência, ininterrupta,
� Residência no Brasil por P — Presidente do Senado
no Brasil por mais de 15 C — Carreira diplomática
1 ano ininterrupto anos
� Idoneidade moral O — Oficial das Forças Armadas
� Ausência de condena-
M — Ministro da Defesa
Obs.: Aqui a nacionalidade ção penal
se dará por ato discricio- � Requerimento por parte Art. 12 [...]
81

nário do Presidente do interessado


§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
8-

brasileiro que:
70

Art. 12 [...] I - tiver cancelada sua naturalização, por senten-


.
93

ça judicial, em virtude de atividade nociva ao


§ 1º Aos portugueses com residência permanente
.0

interesse nacional;
no País, se houver reciprocidade em favor de brasi-
98

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos


leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
-2

casos:
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
a) de reconhecimento de nacionalidade originária
py

pela lei estrangeira;


p

O § 1º estabelece a possibilidade de reciprocida- b) de imposição de naturalização, pela norma


Tu

de para os portugueses residentes de forma perma- estrangeira, ao brasileiro residente em estado


o

nente no Brasil. Trata-se de benefícios decorrentes do estrangeiro, como condição para permanência em
ul

Estatuto da Igualdade no que se refere aos direitos e seu território ou para o exercício de direitos civis;
Pa

obrigações civis e políticos sem a perda da naciona-


lidade originária. Esse Estatuto encontra respaldo no Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da nacio-
Decreto nº 3.927, de 2001, que promulgou o Tratado nalidade. A primeira possibilidade é a perda da nacio-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e nalidade derivada, ou seja, aquela adquirida pela
Portugal. naturalização quando houver sentença judicial deter-
minando seu cancelamento, em decorrência de ativi-
Art. 12 [...] dade nociva praticada pelo naturalizado. A segunda
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre possibilidade decorre do denominado princípio da
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos vassalagem, isto é, a aquisição de nacionalidade deri-
casos previstos nesta Constituição. vada implica a perda da nacionalidade de origem.
A perda da nacionalidade comporta duas exceções
De acordo com o § 2º, independentemente de a que não decorrem da vontade do indivíduo, são elas:
nacionalidade ter sido adquirida de modo originário
ou derivado, todos os brasileiros são iguais em direi- z Reconhecimento da nacionalidade por lei
tos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobra- estrangeira. É o caso, por exemplo, de uma crian-
168 mento do direito à igualdade. ça que nasceu no Brasil e possui pais italianos.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Nessa situação, o indivíduo terá dupla naciona- Os direitos políticos conferidos à população brasi-
lidade, tendo em vista ter nascido no Brasil (país leira são exercidos através do sufrágio universal, que
que adota, nesse caso, o critério territorial) e ser é compreendido pela:
filho de pais italianos (país este que adota o crité-
rio sanguíneo). Desta forma, será atribuída dupla z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar;
nacionalidade à criança; z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser
z Imposição de nacionalidade como condição votado.
para permanência em território estrangeiro
ou para exercício de direitos civis. É o caso, por De acordo com o art. 14, da CF, a soberania popular
exemplo, de jogador de futebol brasileiro que é será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto dire-
contratado por determinado clube de país estran- to e secreto, mediante:
geiro, onde é obrigatório a aquisição da nacionali-
dade para permanecer em seu território. z Plebiscito;
z Referendo;
O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter z Iniciativa popular.
se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade
brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua Antes de prosseguir no estudo dos direitos políticos,
perda, retornando à condição de brasileiro nato por faz-se importante conceituar e diferenciar os meca-
expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de nismos de democracia direta elencados acima, quais
Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale- sejam: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu Tanto o plebiscito quanto o referendo são instru-
marido e volta ao Brasil. mentos que se destinam à consulta popular sobre
determinado assunto (ato administrativo ou lei).
Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial A principal diferença entre eles está atrelada ao
da República Federativa do Brasil. momento da consulta.
§ 1º São símbolos da República Federativa do No plebiscito, a consulta é prévia, ou seja, antes da
Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo criação do ato administrativo ou da lei, convocam-se
nacionais. os cidadãos para responderem à consulta. Ao passo
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, no referendo, primeiro cria-se o ato administra-
poderão ter símbolos próprios. tivo ou a lei, e depois se autoriza a consulta ao povo.

O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas


Dica
estabelece regras com relação ao Estado brasileiro.
A primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que Para ajudar na memorização da diferença entre
é a língua portuguesa. Trata-se, portanto, da língua o plebiscito e o referendo, associe:
que toda a população brasileira deve utilizar em suas Plebiscito com PREbiscito: o termo pre remete
ações oficiais, ou seja, nas suas relações com as insti- para algo que ocorre previamente/antes/ante-
tuições do Estado. A outra regra diz respeito aos sím- rior, tal como o plebiscito que a consulta popular
81

bolos do Brasil. é prévia.


8-

Referendo com REFERIR: o termo referir remete


70

Dica para algo que “diz respeito” ou “que tem relação”,


.
93

Para memorizar os símbolos, utilize o mnemôni- ou seja, que já aconteceu/falou/fez/existe, tal


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


co BAHIAS: como no referendo que a consulta é posterior à
98

Bandeira criação do ato administrativo ou da lei.


-2

Hino
py

A Iniciativa Popular é um instrumento de demo-


Armas
cracia direta que permite aos cidadãos a apresentação
p

Selo nacional
Tu

de proposta de lei, desde que preenchidos os seguintes


requisitos previstos no § 2º, do art. 61, da CF:
o
ul

A última regra diz respeito ao fato de os Estados


Pa

membros, Distrito Federal e Municípios possuírem Art. 61 [...]


símbolos próprios. Alguns Estados membros possuem § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de apresentação à Câmara dos Deputados de projeto
São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Consti- de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
tuição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o bra- eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
são de armas e o hino. Não constam o selo e as armas, cinco Estados, com não menos de três décimos por
estando, portanto, de forma diversa da CF, de 1988. cento dos eleitores de cada um deles.

Dos Direitos Políticos Da leitura do dispositivo acima, extrai-se os seguin-


tes pontos:
Os direitos políticos encontram-se disciplinados
nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal. São direi- z Deve ser proposto na Câmara de Deputados;
tos relacionados com a participação popular, funda- z É necessário a assinatura de, no mínimo, 1% (um
dos na ideia de que os cidadãos possuem o direito de por cento) do eleitores brasileiros;
influenciar as decisões do Estado, bem como de influir z Este 1% (um por cento) deve ser composto de elei-
na formação da vontade deste. tores de, pelos menos, 05 (cinco) Estados-membros. 169
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z Cada um dos Estados-membros referidos acima Dica
deve possuir no mínimo 0,3% (três décimos) do seu
Nacional é diferente de cidadão, logo cidadania é
próprio eleitorado estadual.
diferente de nacionalidade!
Direitos Políticos Ativos
Inelegibilidades
É o que confere ao cidadão a capacidade de votar, A Constituição não menciona exaustivamente
participar de plebiscitos ou referendos, subscrever todas as hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa
projeto de iniciativa popular, bem como de propor algumas, deixando reservado que lei complementar
ação popular para anular ato lesivo ao patrimônio poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade.
público ou de entidade de que o Estado participe ou,
ainda, acautelar a moralidade administrativa, o meio Art. 14 [...]
ambiente e patrimônio histórico e cultural brasileiro. § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
Essa capacidade é conferida ao cidadão por meio inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
do alistamento eleitoral. São inalistáveis os estran- de proteger a probidade administrativa, a morali-
geiros e os conscritos (durante serviço militar obriga- dade para exercício de mandato considerada vida
tório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e pregressa do candidato, e a normalidade e legitimi-
foram convocados a prestar serviço militar). dade das eleições contra a influência do poder eco-
nômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
Alistamento Eleitoral e o Voto emprego na administração direta ou indireta.

Nos termos do § 1º, do art. 14, da Constituição Em regra:


Federal, o alistamento eleitoral e do voto são:
Art. 14 [...]
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
z Obrigatórios
Há também a inelegibilidade derivada do casa-
„ Para os maiores de dezoito anos; mento ou do parentesco com o Presidente da Repú-
blica, com os Governadores de Estado e do Distrito
z Facultativos Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja subs-
tituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
„ Os analfabetos;
„ Os maiores de setenta anos; Art. 14 [...]
„ Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
Condições de Elegibilidade afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre-
sidente da República, de Governador de Estado ou
Conforme § 3°, do art. 14, da CF, são condições de Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
elegibilidade, isto é, condições para se eleger a deter- quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
81

minado cargo político:


eletivo e candidato à reeleição.
8-
70

z Nacionalidade brasileira; Acerca do assunto, é importante conhecer o texto


.

z O pleno exercício de direitos


93

da Súmula nº 6 do TSE:
políticos;
.0
98

Elegibilidade z Alistamento eleitoral; Súmula 6, TSE: São inelegíveis para o cargo de


z Domicilio eleitoral na circuns-
-2

chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indica-


crição correspondente; dos no § 7º do art. 14 da Constituição Federal, do
py

z Filiação partidária. titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha


p

falecido, renunciado ou se afastado definitivamente


Tu

do cargo até seis meses antes do pleito.:


A constituição também define a idade mínima que
o
ul

cada candidato deve ter, a depender do cargo que


Na mesma temática, veja a redação da Súmula Vin-
Pa

deseja se eleger:
culante nº 18 do STF (de observância obrigatória):
z Presidente e Vice-Presidente da República e Sena-
Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da socie-
dor: 35 anos;
dade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato,
z Governador e Vice-Governador dos Estados-mem- não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do arti-
bros e do Distrito Federal : 30 anos; go 14 da ConstituiçãoFederal
z Deputado Federal, Deputador Estadual ou Distri-
tal, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz: 21 anos; Todo inalistável é inelegível, mas nem todo inele-
z Vereador: 18 anos. gível é inalistável. Assim, quem não pode votar, como
os estrangeiros e os conscritos durante serviço mili-
A condição de nacional é um pressuposto para a de tar obrigatório, não pode ser votado, assim como os
cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de analfabetos. No entanto, isso não significa que os que
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder não podem ser votados, necessariamente, não possam
participar do processo governamental, sobretudo pelo votar. Ex.: o analfabeto é inelegível, mas não é inalistá-
voto. Assim, a nacionalidade é condição necessária, vel, logo, pode votar, embora seu voto não seja obriga-
170 mas não suficiente para o exercício da cidadania. tório, mas não pode ser votado.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quanto à reeleição e desincompatibilização, a III - condenação criminal transitada em julgado,
Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade enquanto durarem seus efeitos;
de reeleição para o chefe dos Poderes Executivos fede- IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta
ral, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sis- ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
tema americano de reeleição, que permite apenas a V - improbidade administrativa, nos termos do art.
recondução por um período somente, no Brasil, após 37, § 4º.
o período de um mandato, o governante pode voltar a Acerca da suspensão de direitos políticos importa
se candidatar para o posto. destacar o seguinte:
Art. 14 [...] Súmula 9, do TSE: A suspensão de direitos políti-
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de cos decorrente de condenação criminal transitada
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção
houver sucedido, ou substituído no curso dos man- da pena, independendo de reabilitação ou de prova
datos poderão ser reeleitos para um único período de reparação dos danos.
subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente Ainda, acerca da suspensão de direitos políticos, o
da República, os Governadores de Estado e do Distri- Supremo Tribunal Federal manifesta:
to Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respec-
tivos mandatos até seis meses antes do pleito. A suspensão de direitos políticos prevista no art.
15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso
de substituição da pena privativa de liberdade pela
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos
restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 601182/MG,
alguns requisitos: Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexan-
dre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão
Art. 14 [...] geral) (Info 939).
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
seguintes condições: Por fim, concluindo o assunto de direitos políticos,
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá veja o que dispõe o art. 16 da CF:
afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre- Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entra-
gado pela autoridade superior e, se eleito, passará rá em vigor na data de sua publicação, não se apli-
automaticamente, no ato da diplomação, para a cando à eleição que ocorra até um ano da data de
inatividade. sua vigência.

O Mandato eletivo pode ser impugnado: DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Art. 14 [...] Da Administração Pública: Disposições Gerais


§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante
a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias conta- A Administração Pública tem suas regras discipli-
dos da diplomação, instruída a ação com provas de nadas nos arts. 37 a 41, da CF, de 1988.
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude;
Art. 37 A administração pública direta e indi-
81

§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará


reta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
8-

em segredo de justiça, respondendo o autor, na for-


dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
70

ma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.


aos princípios de legalidade, impessoalidade,
.
93

moralidade, publicidade e eficiência e, também,


Perda e Suspensão dos Direitos Políticos
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


ao seguinte:
98

A perda e a suspensão dos direitos políticos


-2

Conforme se observa do caput, do art. 37, a Admi-


podem se dar, respectivamente, de forma definitiva nistração Pública divide-se em Administração
py

ou temporária. Pública Direta, que é composta pelos quatro entes


p

Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento


Tu

federativos (União, Estados, Municípios e Distrito


da naturalização por sentença transitada em julga- Federal), e Administração Pública Indireta, compos-
o

do e no caso de recusa de cumprir obrigação a todos


ul

ta pelas autarquias, fundações públicas, sociedades de


imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço
Pa

economia mista e empresas públicas.


militar obrigatório).
Via de regra, a Administração Pública submete-se
Já a suspensão ocorre enquanto persistirem os
a um regime jurídico de direito público, ou seja, a sua
motivos desta, ou seja, enquanto o indivíduo não o
atuação independe da concordância dos administra-
retomar a capacidade civil ele terá seus direitos políti-
dos, pois se funda na própria soberania estatal.
cos suspensos. Readquirindo-a, alcançará, novamente
O regime jurídico de direito público faz com que a
o status de cidadão. Também são passíveis de suspen-
Administração se sujeite a limites, que, por vezes, são
são os condenados criminalmente (com sentença tran-
mais estritos do que aqueles a que estão submetidos
sitado em julgado). Cumprida a pena, readquirem os
direitos políticos; no caso de improbidade administra- os particulares. Como exemplo, pode-se citar o dever
tiva, a suspensão será, da mesma forma, temporária. de observância da finalidade pública.
Esse regime de prerrogativas e sujeições para a
Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos, Administração Pública encontra-se expresso em for-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: ma de princípios. De acordo com o dispositivo, são
I - cancelamento da naturalização por sentença princípios que regem a Administração Pública direta
transitada em julgado; e indireta: legalidade, impessoalidade, moralidade,
II - incapacidade civil absoluta; publicidade e eficiência. 171
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O Princípio da Legalidade estabelece a sujeição regulando a hipótese. Deste modo, os estrangeiros têm
da Administração Pública aos mandamentos da lei. acesso somente aos cargos, empregos e funções públi-
A legalidade traduz o sentido de que a Administra- cos que a lei autorizar.
ção Pública somente pode fazer o que a lei manda ou
permite, bem como somente pode proibir o que a lei Art. 37 [...]
expressamente proíbe. II - a investidura em cargo ou emprego públi-
O Princípio da Impessoalidade traz a neutrali- co depende de aprovação prévia em concurso
dade necessária para o exercício da atividade admi- público de provas ou de provas e títulos, de
nistrativa. Destinado tanto ao administrador como ao acordo com a natureza e a complexidade do cargo
administrado, esse princípio impõe a objetividade e a ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
isonomia da conduta administrativa. as nomeações para cargo em comissão declarado
O Princípio da Moralidade diz respeito à moral em lei de livre nomeação e exoneração;
administrativa. Segundo ele, os atos da administra-
ção pública devem ser balizados nas matrizes éticas O inciso II estabelece a necessidade de procedi-
dominantes. A finalidade do princípio é fixar limites mento administrativo destinado à seleção das pessoas
à atuação da Administração, evitando, por exemplo, o que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos
excesso de poder ou desvio de finalidade. de provimento efetivo ou vitalício. Trata-se, portanto,
O Princípio da Publicidade exige a divulgação dos de uma forma de escolha para atender aos princípios
atos da Administração Pública com o objetivo de per- da igualdade e da moralidade administrativa, evitan-
mitir o conhecimento e o controle por toda a sociedade, do-se, com isso, que o ingresso no serviço público se dê
pois ao administrador compete agir com transparência. por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à Admi- Os concursos públicos devem ser abertos a todos
nistração a obrigação de realizar suas atribuições com
os interessados. Portanto, não se admite que a seleção
rapidez, perfeição e rendimento, pois quem adminis-
ocorra de forma interna (concursos internos).
tra gere algo que pertence à sociedade. Assim, cabe
Cabe consignar que os concursos públicos podem
ao administrador zelar pelos interesses públicos com
ser de provas ou de provas e títulos. Deste modo,
plena satisfação do administrado e com o menor custo
para a sociedade. não se admite concurso apenas de títulos nem admis-
são sem concurso público. Observa-se, no entanto,
que existem exceções à regra relativa aos concur-
Dica sos públicos para os seguintes casos:
Para memorizar os princípios, utilize o mnemô-
nico LIMPE: z Cargos de mandato eletivo;
Legalidade z Cargo comissionado;
Impessoalidade z Contratação temporária por excepcional interesse
Moralidade público;
Publicidade z Ex-combatente que tenha efetivamente participa-
Eficiência do de operações bélicas durante a Segunda Guerra
Mundial (inciso I, art. 53, ADCT);
z Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros dos
81

Art. 37 [...]
I - os cargos, empregos e funções públicas são Tribunais de Contas; Ministros do STF, do STJ, TSE,
8-

TST e STM; integrantes do quinto Constitucional


70

acessíveis aos brasileiros que preencham os


requisitos estabelecidos em lei, assim como aos dos Tribunais Judiciários.
.
93

estrangeiros, na forma da lei;


.0

Art. 37 [...]
98

No que se refere à forma de acesso por brasileiro III - o prazo de validade do concurso público será
-2

naturalizado, há de se esclarecer, inicialmente, que se de até dois anos, prorrogável uma vez, por
py

trata dos cargos não privativos de brasileiros natos, igual período;


p

uma vez que os cargos privativos de brasileiro nato


Tu

constam expressamente no § 3º, art. 12, da CF, de 1988. O inciso III traz o prazo de validade do concurso
Observa-se que os cargos não privativos de brasilei- público, que é de até 2 (dois) anos. Assim sendo, cabe
o
ul

ros natos podem ser preenchidos por brasileiros (natos ao edital definir qual o prazo do concurso, não poden-
Pa

ou naturalizados) de forma ampla. Vale frisar que pode do, no entanto, ser superior a 2 (dois) anos.
a lei estabelecer requisitos limitadores, tais como for- Além disso, é possível a prorrogação do prazo de
mação escolar, idade, entre outros. Em contrapartida, validade por uma única vez e por igual período, ou
para que o estrangeiro possa ter acesso a tais cargos, seja, se o prazo de validade do edital é de 1 (um) ano,
a lei deve especificar as hipóteses de admissibilidade. ele somente poderá ser prorrogado por 1 (um) ano.
Há que se fazer, aqui, duas observações quanto à Aqui, cabe uma observação importante: a prorroga-
aplicabilidade da norma. Com relação aos brasileiros, a ção só é possível ser feita enquanto não expirado o
norma constitucional é de eficácia contida, ou seja, todos prazo inicial.
os brasileiros têm acesso aos cargos, empregos e funções O candidato que for aprovado em concurso público
públicas. A norma infraconstitucional pode conter tais dentro do número de vagas previstas no edital, estando
efeitos, estabelecendo critérios diferenciados. Portanto, tal concurso dentro do prazo de validade, possui o direi-
todos os brasileiros têm acesso a todos os cargos, empre- to subjetivo de ser nomeado, assim como a prioridade
gos e funções desde que a norma não restrinja. na nomeação. Em contrapartida, o candidato aprovado
Já para os estrangeiros, a norma constitucional é de fora do número de vagas possui mera expectativa de
eficácia limitada, ou seja, para que o estrangeiro tenha direito à nomeação, devendo submeter-se ao juízo de
172 acesso, faz-se necessária norma infraconstitucional conveniência e oportunidade da Administração.
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Art. 37 [...] de 1988). A vitaliciedade é adquirida após 2 (dois)
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edi- anos de efetivo exercício no cargo e tais servido-
tal de convocação, aquele aprovado em concurso res só poderão ser demitidos por sentença judicial
público de provas ou de provas e títulos será con- transitada em julgado;
vocado com prioridade sobre novos concursa- z Cargo efetivo é aquele provido por concurso públi-
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
co, cujos integrantes possuem a estabilidade, ou
seja, após 3 (três) anos de efetivo exercício, só pode-
O inciso IV regula a hipótese de novo concurso rão ser demitidos por decisão judicial transitada em
para o mesmo cargo enquanto os candidatos aprova- julgado, processo administrativo disciplinar ou pro-
dos em certame anterior e com prazo de validade não cesso de avaliação periódica de desempenho;
expirado ainda não foram convocados. Assim, estabe-
z Cargo em comissão é aquele preenchido de acordo
lece a prioridade de convocação destes em face dos
com a confiança. Como regra, ele deve ser preenchi-
novos aprovados.
do preferencialmente por servidores de carreira.
Portanto, para os demais casos (pessoal de fora da
Administração), a nomeação deve ser exceção.
Importante!
Segundo entendimento do STF, para gozar da prio- Além disso, é importante frisar que a nomeação aos
ridade na nomeação, não basta ao candidato a cargos em comissão somente é possível para os cargos
de chefia, direção ou assessoramento. Portanto, para
mera aprovação, sendo necessário que ele tenha
as atribuições de execução e, não, para as atribuições
sido classificado dentro do número de vagas dis-
técnicas e operacionais. Exemplo: cabe a nomeação
ponibilizadas no concurso, ou seja, se o edital pre-
para cargo em comissão de Secretário de Transportes,
viu uma vaga e foram aprovados dois candidatos,
por demandar conhecimento específico e confiança.
somente o primeiro tem prioridade de nomeação. Já para o motorista, isso não é cabível, pois, diferente-
mente do Secretário, sua atribuição é meramente ope-
Art. 37 [...] racional e não demanda a relação de confiança.
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamen- Como regra, os cargos em comissão são de livre
te por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os nomeação e exoneração (ad nutum). A exceção a essa
cargos em comissão, a serem preenchidos por servi- regra é o que se intitula nepotismo (favorecimento
dores de carreira nos casos, condições e percentuais de parentes em detrimento de pessoas mais qualifi-
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- cadas). Importante salientar que essa prática também
buições de direção, chefia e assessoramento; pode ocorrer de forma cruzada. Por exemplo: quando
autoridades, a fim de omitir o nepotismo, nomeiam
O inciso V trata de duas situações distintas: a fun- para determinado cargo parentes um do outro de
ção de confiança e o cargo de confiança (em comissão). maneira recíproca.
Cargo público é a unidade estrutural e funcional em Vejamos, a seguir, o texto da Súmula Vinculante nº
que o servidor exerce suas atribuições e responsabili- 13, do STF, relativa ao tema:
dades, ou seja, é o local dentro da estrutura organiza-
cional que deve ser atribuído a um servidor. Já função Súmula Vinculante nº 13 A nomeação de cônju-
pública é a própria atribuição e responsabilidade. ge, companheiro, ou parente, em linha reta, cola-
81

Em regra, os cargos públicos somente podem ser teral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da
8-

criados, transformados ou extintos por lei. Assim, autoridade nomeante ou de servidor da mesma pes-
70

cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do soa jurídica, investido em cargo de direção, chefia
.

ou assessoramento, para o exercício de cargo em


93

Poder Executivo, dispor sobre a criação, transforma-


ção e extinção de cargos, empregos e funções públicas. comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gra-
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


tificada na administração pública direta e indireta,
98

A iniciativa da lei que cria, extingue ou transforma


em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
-2

cargos, varia conforme o caso. Por exemplo, no caso


Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o
dos cargos do Poder Judiciário, dos Tribunais de Con-
py

ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF.


tas e do Ministério Público, a lei será de iniciativa dos
p

respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais.


Tu

A Súmula Vinculante nº 13 aplica-se apenas aos


Excepciona a regra quando os cargos ou funções cargos de natureza administrativa, estando de
o

se encontrarem vagos, uma vez que a Emenda Cons-


ul

fora do seu âmbito as nomeações para cargos políti-


titucional nº 32, de 2001, possibilitou a extinção por
Pa

cos. Exemplo: o STF considerou válida a nomeação


meio de decreto do Presidente da República. Com rela- para o cargo de Secretário Estadual de Transportes
ção aos Governadores e Prefeitos, a extinção do cargo de irmão de Governador de Estado sob a alegação de
vago é possível se houver semelhante previsão nas que o cargo em questão possuía natureza política (Rcl
respectivas Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas 6.650-MC-AgR).
(princípio da simetria). Por fim, para o exercício da função de confiança,
No que se refere às garantias e características o pressuposto é que o nomeado já exerça cargo na
especiais, os cargos podem ser classificados em vitalí- Administração. Exemplo: um escrevente técnico é
cios, efetivos e comissionados: nomeado para a função de assessor do juiz.
z Cargo vitalício é aquele com a maior garantia em
relação à permanência. Trata-se daquele destina- Importante!
do a receber o ocupante em caráter permanente,
como no caso dos magistrados (inciso I, art. 95, CF, � Função de confiança: deve ser agente público;
de 1988), os de membros do Ministério Público (alí- � Cargo em confiança: pode ou não ser agente
nea “a”, inciso I, § 5º, art. 128, da CF, de 1988) e os público.
de ministros do Tribunal de Contas (§ 3º, art. 73, CF, 173
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Art. 37 [...] Art. 37 [...]
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
livre associação sindical; tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;
O inciso VI decorre do direito à liberdade do art. 5º,
da CF, de 1988. Lembrem-se: ninguém é obrigado a se O servidor temporário encontra-se disciplinado
associar ou a se manter associado. no inciso IX. Trata-se de uma categoria à parte, uma
vez que não titulariza cargo público nem possui
Art. 37 [...] qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, sendo
VII - o direito de greve será exercido nos termos e regida por regime especial veiculado por meio de lei
nos limites definidos em lei específica; específica de cada ente da federação.
O servidor público exerce funções públicas sem
O direito de greve dos servidores públicos é dife- ocupar cargos ou empregos públicos e sua contratação
rente do direito dos demais trabalhadores da inicia- é por tempo determinado e para atender necessida-
tiva privada. Enquanto estes podem interromper de temporária de excepcional interesse público. Por
completamente suas atividades, o servidor público exemplo: agente sanitário em caso de surto de dengue.
precisa garantir que os serviços sejam mantidos e em
percentual que possa atender à população. Trata-se Art. 37 [...]
da aplicação do princípio da continuidade, uma vez X - a remuneração dos servidores públicos e
que não é possível a interrupção total das atividades o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
prestadas pela Administração à população por serem poderão ser fixados ou alterados por lei especí-
estas essenciais e necessárias à coletividade. Para tan- fica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
to, a Norma Constitucional prevê que os termos e limi- assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
tes devem ser estabelecidos em lei. data e sem distinção de índices;
Ainda não foi elaborada lei para dar aplicabilidade
ao inciso VII. Por essa razão, o STF proferiu a seguinte O inciso X trata da remuneração dos servidores
decisão nos autos do Mandado de Injunção 670-ES: públicos. Cumpre esclarecer, no entanto, que remu-
neração é o gênero, do qual salário, vencimentos e
STF, MI 670-ES: Mandado de injunção. Garantia subsídios são espécies. Salário é a contraprestação
fundamental (CF, Art. 5º, inciso LXXI). Direito de pecuniária paga aos empregados públicos, regidos
greve dos servidores públicos civis (CF, Art. 37, pela CLT. Vencimento é a modalidade remunerató-
inciso VII). Evolução do tema na jurisprudência ria da maioria dos servidores submetidos a regime
do Supremo Tribunal Federal (STF). Definição dos jurídico estatutário, englobando o vencimento-base e
parâmetros de competência constitucional para as vantagens pecuniárias. Já subsídio é uma parcela
apreciação no âmbito da justiça federal e da jus- única, sem qualquer acréscimo, obrigatória para as
tiça estadual até a edição da legislação específica seguintes categorias:
pertinente, nos termos do art. 37, VII, da CF. Em
observância aos ditames da segurança jurídica e à
z Membros de Poder (chefes dos Poderes Executivos,
evolução jurisprudencial na interpretação da omis-
senadores, deputados, vereadores, magistrados),
81

são legislativa sobre o direito de greve dos servido-


res públicos civis, fixação do prazo de 60 (sessenta) detentores de mandato eletivo, Ministros de Esta-
8-

dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a do e Secretários Estaduais e Municipais;
70

matéria. Mandado de injunção deferido para deter- z Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas;
.
93

minar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989. z Membros do Ministério Público;


.0

z Integrantes das carreiras pertencentes à Advocacia


98

Seguimos com os incisos do art. 37, da CF, de 1988: Geral da União, à Procuradoria-Geral da Fazenda
-2

Nacional, às Procuradorias dos Estados e do Dis-


py

Art. 37 [...] trito Federal e às Defensorias Públicas da União,


DF e Territórios e Defensorias Públicas Estaduais
p

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empre-


Tu

gos públicos para as pessoas portadoras de defi- (art. 135, CF);


ciência e definirá os critérios de sua admissão; z Servidores policiais integrantes da Polícia Fede-
o
ul

ral, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária


Pa

O inciso VIII estabelece a reserva de vagas para Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos
pessoas com deficiência. Trata-se de uma norma de Bombeiros Militares.
constitucional de eficácia limitada, ou seja, que depen-
de da edição de lei infraconstitucional para poder Vejamos, a seguir, o texto da Súmula nº 679, do STF:
gerar os efeitos.
Com relação à reserva, cumpre salientar que as Súmula 679 (STF) A fixação de vencimentos dos
atribuições do cargo devem ser compatíveis com a servidores públicos não pode ser objeto de conven-
deficiência. Ainda, a reserva é de até 20% (vinte por ção coletiva.
cento) das vagas oferecidas no concurso, isto é, a CF,
de 1988, fixou apenas o limite máximo (teto) do núme- No que se refere à revisão, o dispositivo trata apenas
ro a ser reservado. da revisão geral, ou seja, do reajuste anual genérico, que
O § 1º, art. 37, do Decreto nº 3.298, de 1999, esta- tem por objetivo repor as perdas inflacionárias do perío-
belece o percentual mínimo de 5% das vagas e, no do, sendo aplicável a todos os servidores. Portanto, não a
caso de o número obtido ser fracionado, o número de confunda com reajuste específico, que é aquele aplicado
vagas será elevado até o primeiro número inteiro sub- apenas a alguns cargos ou carreiras funcionais, com a
174 sequente, ou seja, arredondado para cima. finalidade de evitar a defasagem remuneratória.
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Art. 37 [...] Art. 37 [...]
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
cargos, funções e empregos públicos da administra- quaisquer espécies remuneratórias para o efeito
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros de remuneração de pessoal do serviço público;
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores A vedação à vinculação e à equiparação de
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos remunerações encontra-se prevista no inciso XIII.
e os proventos, pensões ou outra espécie remu- Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681:
neratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vincula-
outra natureza, não poderão exceder o subsídio ção do reajuste de vencimentos de servidores esta-
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo duais ou municipais a índices federais de correção
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos monetária.
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Esta-
dos e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Atenção! Há duas exceções à regra de não vincu-
Governador no âmbito do Poder Executivo, o
lação, quais sejam:
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
z A equiparação de vencimentos e vantagens entre os
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési- Ministros do TCU e do STJ (§ 3º, art. 73, CF, de 1988);
mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos z A vinculação entre o subsídio dos Ministros dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito Tribunais Superiores e o subsídio mensal fixado
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos mem- para os Ministros do STF (inciso V, art. 93, da CF).
bros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
Defensores Públicos; Art. 37 [...]
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
Com relação ao teto do funcionalismo público, a servidor público não serão computados nem
CF, de 1988, estabeleceu duas regras. A primeira é a acumulados para fins de concessão de acréscimos
do teto geral, ou seja, o limite máximo de remune- ulteriores;
ração, que é o valor dos subsídios dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal. Já a segunda regra trata O inciso XIV trata da vedação ao efeito repicão ou
do denominado subteto, ou seja, o teto para os Esta- efeito cascata, ou seja, veda-se que a mesma vanta-
dos, Municípios e Distrito Federal. gem seja repetidamente computada para o cálculo das
Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóte- demais vantagens. A finalidade do dispositivo é evitar
ses de subtetos: o teto único e o teto por Poder. O teto que, na base de cálculo de uma vantagem remunera-
único tem, como base, a fixação de um valor máximo tória, seja acrescida outra vantagem. Por exemplo: se
estabelecido para fins remuneratórios. Já o teto por o servidor faz jus e recebe um adicional por tempo
Poderes faz com que cada ente político adote um sub- de serviço, não é possível inseri-lo na base de cálcu-
lo para a concessão de outra gratificação, como, por
81

teto próprio para a fixação dos subsídios.


O Executivo tem, como subteto, os subsídios do exemplo, uma gratificação de produtividade.
8-
70

Governador. O Legislativo tem, como subteto, os sub-


Art. 37 [...]
.

sídios dos deputados estaduais, que, por sua vez, não


93

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de


poderão exceder 75% dos subsídios dos deputados
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressal-
98

federais. Por fim, o Judiciário adota, como subteto, o vado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos
-2

valor de 90,25% dos subsídios do Supremo Tribunal arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Federal, ressaltando que esse subteto se aplica tão
py

somente aos seus servidores e, não, aos membros da A irredutibilidade dos subsídios e dos venci-
p
Tu

Magistratura, pois a estes é aplicado o teto do Supre- mentos dos ocupantes de cargos, funções e empregos
mo Tribunal Federal. públicos encontra-se estabelecida no inciso XV. Trata-
o
ul

-se da impossibilidade de redução do valor nominal,


Pa

Art. 37 [...] ou seja, se a remuneração é de R$ 5.000,00, não pode-


XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis- rá reduzi-lo para valor inferior. No entanto, é possível
lativo e do Poder Judiciário não poderão ser
que ocorra a redução real, ou seja, que o poder aquisi-
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
tivo desse valor seja atingido pela inflação.
A isonomia dos vencimentos dos servidores dos Art. 37 [...]
três Poderes está disciplinada no inciso XII. Sua finali- XVI - é vedada a acumulação remunerada de
dade é manter a paridade. cargos públicos, exceto, quando houver compa-
tibilidade de horários, observado em qualquer
É importante o texto da Súmula Vinculante nº 37, caso o disposto no inciso XI:
do STF: a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técni-
Súmula Vinculante nº 37 Não cabe ao Poder Judi- co ou científico;
ciário, que não tem função legislativa, aumentar c) a de dois cargos ou empregos privativos
vencimentos de servidores públicos sob fundamen- de profissionais de saúde, com profissões
to de isonomia. regulamentadas; 175
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O inciso XVI trata da vedação de acumulação de O inciso XVIII trata da precedência da Administra-
cargos. Como regra, é vedada a acumulação remu- ção Fazendária e seus servidores fiscais aos demais
nerada de cargos públicos. No entanto, é possível a setores administrativos. Isso significa dizer que, den-
acumulação se houver compatibilidade de horários tro da estrutura da Administração Pública, esta deverá
entre os cargos e somente em três hipóteses. dar prioridade para os serviços atinentes à arrecada-
A primeira refere-se ao magistério e traz a pos- ção dos tributos, por se tratar dos recursos essenciais
sibilidade de acumular dois cargos de professor ao seu funcionamento.
(ex.: cargo de professor da rede municipal no perío-
do matutino e cargo de professor da rede estadual no Art. 37 [...]
período noturno). XIX - somente por lei específica poderá ser criada
A segunda hipótese é a acumulação de um cargo autarquia e autorizada a instituição de empre-
de professor com outro técnico ou científico (ex.: sa pública, de sociedade de economia mista e
cargo técnico em enfermagem em hospital estadual de fundação, cabendo à lei complementar, neste
com carga horária compatível com cargo de professor último caso, definir as áreas de sua atuação;
de ensino médio estadual).
Por fim, é possível a acumulação de dois cargos Para que uma autarquia seja criada, faz-se neces-
privativos de profissionais da saúde, com profissões sária a autorização legislativa (lei específica), de modo
regulamentadas (ex.: cargo de dentista, em um muni- a adquirir a personalidade jurídica com a própria lei.
cípio, durante o período matutino, com outro cargo de Em contrapartida, é preciso lei que autorize a criação
dentista, em outro município, no período vespertino). das empresas públicas, sociedades de economia mista
e fundações, devendo, posteriormente, ser registra-
das, a fim de adquirirem a personalidade jurídica.
Importante! Ressalta-se, por fim, que, para as fundações, uma lei
complementar deve definir as áreas de sua atuação.
Cargos burocráticos não são considerados como
técnicos. Para ser enquadrado como cargo téc-
LEI ESPECÍFICA LEI COMPLEMENTAR
nico passível de acumulação, é necessária for-
mação específica na área de atuação. Portanto, � Cria as autarquias e as funda- � Especifica a área de
ções públicas de direito públi- atuação das fundações
cargo técnico é aquele que requer conhecimento co (já que estas últimas são
específico na área de atuação do profissional, equiparadas a autarquias)
com habilitação específica de grau universitário � Autoriza a criação das demais
ou profissionalizante (ensino médio). entidades (empresa pública,
sociedade de economia mista
e fundações públicas de direi-
Em síntese: to privado)

z Regra: Não acumulação de cargos públicos Art. 37 [...]


remunerados; XX - depende de autorização legislativa, em
cada caso, a criação de subsidiárias das enti-
z Exceção: Acumulação de cargos públicos remune-
81

dades mencionadas no inciso anterior, assim


rados, quando há compatibilidade de horários e
8-

como a participação de qualquer delas em empresa


nas seguintes hipóteses:
70

privada;
.
93

„ Dois cargos de professor;


.0

Veja que em relação às subsidiárias e à participa-


„ Um cargo de professor com outro técnico ou
98

ção em empresa privada há a necessidade de autori-


científico;
-2

zação legislativa, independente da vinculação, ou seja,


„ Dois cargos privativos de profissionais de saú-
não importa se é vinculada à entidade que é criada
py

de, com profissões regulamentadas.


por lei. Para exemplificar, imaginemos uma subsidiá-
p
Tu

Art. 37 [...] ria XY da autarquia X. A autarquia foi criada por lei, e


sua subsidiária foi criada por autorização legislativa.
o

XVII - a proibição de acumular estende-se a empre-


ul

gos e funções e abrange autarquias, fundações,


Pa

empresas públicas, sociedades de economia mis- Art. 37 [...]


ta, suas subsidiárias, e sociedades controladas, XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-
direta ou indiretamente, pelo poder público; ção, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação
O inciso XVII estende a regra da não acumulação pública que assegure igualdade de condições a
para a Administração Indireta. Portanto, a proibição todos os concorrentes, com cláusulas que esta-
aplica-se às autarquias, fundações e empresas públi- beleçam obrigações de pagamento, mantidas as
cas, sociedades de economia mista, bem como às suas condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
subsidiárias, além das sociedades controladas direta qual somente permitirá as exigências de qualifica-
ou indiretamente pelo poder público. ção técnica e econômica indispensáveis à garantia
do cumprimento das obrigações.
Art. 37 [...]
XVIII - a administração fazendária e seus servi- Outra regra contida na Constituição é a exigência
dores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- de licitação pública para contratação de obras, ser-
petência e jurisdição, precedência sobre os demais viços, compras e alienações, ressalvados os casos
176 setores administrativos, na forma da lei; de dispensa e inexigibilidade previstos em lei.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Vale frisar, aqui, que é assegurada a todos a igual- II - o acesso dos usuários a registros administrati-
dade de condições, com cláusulas que estabeleçam vos e a informações sobre atos de governo, obser-
obrigações de pagamento, mantidas as condições efe- vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
tivas da proposta, nos termos da lei, a qual somente III - a disciplina da representação contra o exercí-
permitirá as exigências de qualificação técnica e eco- cio negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun-
nômica indispensáveis à garantia do cumprimento ção na administração pública.
das obrigações.
O § 3º remete à preocupação do legislador para que
Art. 37 [...] haja um controle social, de modo a estabelecer meios
XXII - as administrações tributárias da União, para que qualquer pessoa comunique as irregularida-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, des ou ilegalidades praticadas pelos agentes públicos.
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, Trata-se, portanto, da possibilidade de controle para
exercidas por servidores de carreiras específicas, evitar os atos de improbidade administrativa, ou seja,
terão recursos prioritários para a realização de condutas ilegais, desonestas, abusivas e incorretas.
de suas atividades e atuarão de forma integrada,
inclusive com o compartilhamento de cadastros e Art. 37 [...]
de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. § 4º Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos,
O inciso XXII traz mais uma regra de prioridade da a perda da função pública, a indisponibilidade
parte fiscal e de arrecadação. Assim, a Administração dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
tributária de qualquer dos entes da federação possui e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
recurso prioritário para a realização de suas atividades. penal cabível.

Art. 37 [...] De acordo com o § 4º, as penalidades para os atos


§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, de improbidade são as seguintes: suspensão dos
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá direitos políticos; perda de função pública; indispo-
ter caráter educativo, informativo ou de orien- nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem
tação social, dela não podendo constar nomes, prejuízo da ação penal cabível, ou seja, aplica-se a
símbolos ou imagens que caracterizem promoção penalidade administrativa cumulativamente com a
pessoal de autoridades ou servidores públicos. sanção penal (se o fato constituir crime).

O § 1º trata das regras de publicidade dos atos, Dica


programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos. Esse dispositivo é consequência direta do Para decorar os atos de improbidade administra-
princípio da impessoalidade, pois tal publicidade deve tiva, memorize o mnemônico PARIS:
ser de caráter informativo, educativo ou de orienta- Perda de função pública
ção social, ou seja, a propaganda pública não pode ser Ação penal cabível (se for o caso)
um meio para promoção pessoal. Ressarcimento ao erário
É por esse motivo que não é permitido ao Governa- Indisponibilidade de bens
81

dor ou ao Prefeito, por exemplo, continuar a utilizar Suspensão dos direitos políticos
8-

o slogan de campanha após ser eleito, uma vez que


70

vincularia aquela atividade pública a sua pessoa. Art. 37 [...]


.
93

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


Art. 37 [...] para ilícitos praticados por qualquer agente,
98

§ 2º A não observância do disposto nos incisos II servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
-2

e III implicará a nulidade do ato e a punição da ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.


py

autoridade responsável, nos termos da lei.


Nos termos do § 5º, os prazos prescricionais e as
p
Tu

O § 2º traz a responsabilidade do agente público ações de ressarcimento serão disciplinadas em lei.


Vale lembrar que a lei que disciplina as regras apli-
o

pela não observância da regra de que, para contratação


ul

de pessoal, o concurso público é indispensável. Conse- cáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade
Pa

quentemente, se houver ingresso de pessoal sem o devi- administrativa é a Lei nº 8.429, de 1992.
do processo de seleção, haverá nulidade da nomeação,
devendo a autoridade sofrer as punições em conformi- Art. 37 [...]
dade com a norma infraconstitucional. Além disso, o § 6º As pessoas jurídicas de direito público e
prazo de validade do concurso também implica em nuli- as de direito privado prestadoras de serviços
dade da nomeação e responsabilidade do agente. públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
Art. 37 [...] assegurado o direito de regresso contra o respon-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação sável nos casos de dolo ou culpa.
do usuário na administração pública direta e
indireta, regulando especialmente: O § 6º trata da responsabilidade civil objetiva
I - as reclamações relativas à prestação dos servi- do Estado, o que significa que o Estado é responsável
ços públicos em geral, asseguradas a manutenção civilmente pelos atos praticados por seus agentes ou
de serviços de atendimento ao usuário e a avalia- pelos prestadores de serviço público de forma obje-
ção periódica, externa e interna, da qualidade dos tiva, isto é, independentemente de culpa. Trata-se da
serviços; chamada Teoria do Risco Administrativo. 177
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Portanto, o Estado é responsável quando um de seus O § 8º busca alcançar melhores resultados na
agentes, no desempenho da função, gera dano a um ter- Administração Pública por meio da criação de novos
ceiro, independentemente da comprovação de dolo instrumentos no âmbito do Direito Público, de modo
ou culpa, sendo necessário, apenas, demonstrar o nexo a conferir maior autonomia ou estabelecer parcerias
causal da atividade do agente e o dano de terceiro. com entidades privadas sem fins lucrativos. Dessas
Cumpre mencionar, por necessário, que é pos- medidas, atente-se para o contrato de gestão.
sível ao Estado ingressar com ação regressiva para Entende-se por contrato de gestão o contrato admi-
cobrar do agente o valor que pagou a esse terceiro. nistrativo firmado pelo Poder Público na condição de
No entanto, ao contrário do que ocorre com o Esta- contratante e entidade privada ou da Administração
Indireta, no qual é instrumentalizada parceria.
do, a responsabilidade do agente é subjetiva, ou seja,
para que ele seja responsabilizado civilmente, é pre-
Art. 37 [...]
ciso demonstrar que houve dolo ou culpa. Em relação § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empre-
a isso, vejamos, de forma simples o exposto no fluxo- sas públicas e às sociedades de economia mis-
grama a seguir: ta, e suas subsidiárias, que receberem recursos
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios para pagamento de despesas de pes-
Agente causa dano a soal ou de custeio em geral.
um terceiro por dolo ou
culpa As regras com relação ao teto e subteto da remu-
neração são estendidas aos empregados das empresas
públicas e sociedades de economia mista, bem como
Estado pleiteia o às suas subsidiárias. No entanto, conforme o dispos-
ressarcimento em Terceiro entra com ação to no § 9º, incidirá sobre as remunerações de direto-
decorrência do fato contra o Estado res de empresas estatais que receberem recursos dos
praticado pelo terceiro entes da federação para pagamento de despesas de
pessoal ou de custeio em geral, como, por exemplo,
nos casos da EMBRAPA e da Radiobras.
O modo pelo qual a Lei Complementar nº 101, de
Estado indeniza o 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) denomina as
terceiro lesado empresas públicas e sociedades de economia mis-
ta encaixa-se como “empresa estatal dependente”,
expressão disposta no § 9º.
Entende-se por pessoa jurídica de direito privado
Art. 37 [...]
prestadora de serviços públicos as empresas públicas,
§ 10 É vedada a percepção simultânea de pro-
sociedades de economia mista e as concessionárias e ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40
permissionárias, isto é, aquelas empresas seleciona- ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de car-
das por procedimento licitatório para desempenhar go, emprego ou função pública, ressalvados os
serviço público. Por exemplo: serviço de transporte cargos acumuláveis na forma desta Constitui-
81

público urbano. ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão


8-

declarados em lei de livre nomeação e exoneração.


70

Art. 37 [...]
.
93

§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri- O § 10 veda a percepção simultânea de proventos


.0

ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- de aposentadoria com remuneração de cargo, empre-
98

tração direta e indireta que possibilite o acesso a go ou função pública, ressalvada a hipótese de cargos
-2

informações privilegiadas. acumuláveis, na forma da Constituição, cargos eleti-


vos e cargos em comissão. Esse dispositivo foi acres-
py

O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de centado pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998,
p
Tu

conduta das autoridades da Administração Pública, que também resguardou o direito daqueles servidores
aposentados que, até a data da promulgação da Emen-
o

de modo a tentar minimizar a possibilidade de con-


ul

flito entre o interesse privado e o dever funcional. da, retornaram à atividade antes da proibição.
Pa

Ainda, objetiva-se a criação de mecanismos, a fim de


regulamentar o acesso às informações.
Importante!
Art. 37 [...] A proibição aplica-se aos servidores públicos
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e efetivos e aos militares, tanto das Forças Arma-
financeira dos órgãos e entidades da admi- das como das Polícias Militares e Corpos de
nistração direta e indireta poderá ser amplia- Bombeiros Militares.
da mediante contrato, a ser firmado entre seus
administradores e o poder público, que tenha por
objeto a fixação de metas de desempenho para o Vejamos a repercussão geral reconhecida com
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: mérito julgado pelo STF:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desem- Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse
penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos sentido, afirmando a impossibilidade da acumula-
dirigentes; ção tríplice de cargos públicos, ainda que os provi-
178 III - a remuneração do pessoal. mentos nestes tenham ocorrido antes da vigência
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da EC 20/1998. [...] o art. 11 da EC 20/1998 possi- No caso de inexistir cargo vago, o servidor exercerá
bilita a acumulação, apenas, de um provento de suas atribuições como excedente, permanecendo nessa
aposentadoria com a remuneração de um cargo situação até a ocorrência de vaga no cargo compatível.
na ativa, no qual se tenha ingressado por concurso
público antes da edição da referida emenda, ainda Art. 37 [...]
que inacumuláveis os cargos. Em qualquer hipóte- § 14 A aposentadoria concedida com a utiliza-
se, é vedada a acumulação tríplice de remunera- ção de tempo de contribuição decorrente de
ções, sejam proventos, sejam vencimentos. (ARE cargo, emprego ou função pública, inclusive do
848.993 RG) Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
rompimento do vínculo que gerou o referido
Art. 37 [...] tempo de contribuição.
§ 11 Não serão computadas, para efeito dos limi-
tes remuneratórios de que trata o inciso XI do O § 14 disciplina o rompimento do vínculo quan-
caput deste artigo, as parcelas de caráter inde- do o agente público solicita aposentadoria e utiliza-se
nizatório previstas em lei.
do tempo de contribuição decorrente daquele cargo,
emprego ou função pública. Assim, o servidor será
O § 11 traz uma regra com relação ao teto e subte- desligado da Administração Pública.
to do funcionalismo público. Trata-se do não cômputo Neste sentido, o agente público que pretende se apo-
das verbas indenizatórias, tais como diárias, ajuda de sentar não poderá mais continuar a trabalhar no local em
custo, entre outras, no limite remuneratório. que utilizou o tempo para comprovação de contribuição.
Art. 37 [...]
Art. 37 [...]
§ 12 Para os fins do disposto no inciso XI do caput
§ 15 É vedada a complementação de aposenta-
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distri-
dorias de servidores públicos e de pensões por
to Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda
morte a seus dependentes que não seja decorrente
às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não
limite único, o subsídio mensal dos Desembarga-
seja prevista em lei que extinga regime próprio de
dores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado
previdência social.
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento do subsídio mensal dos Ministros do Supre-
mo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto O § 15 proíbe toda espécie de complementação que
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados não seja aquela decorrente de Regime de Previdência
Estaduais e Distritais e dos Vereadores. Complementar, como, por exemplo, as complementa-
ções com base na Lei Estadual (São Paulo) nº 200, de
O dispositivo regulamenta a possibilidade de fixa- 1974, pagas a ex-empregados e a seus dependentes da
ção do subteto de forma única. Nesse caso, o valor Nossa Caixa, BANESPA, SABESP, VASP e FEPASA.
máximo da remuneração para todo e qualquer servi-
dor corresponderá ao subsídio dos desembargadores Art. 37 [...]
do Tribunal de Justiça, ficando de fora desse subteto § 16 Os órgãos e entidades da administração públi-
ca, individual ou conjuntamente, devem realizar
apenas o subsídio dos deputados e dos vereadores.
avaliação das políticas públicas, inclusive com
Vejamos a decisão do STF no julgamento da ADI
81

divulgação do objeto a ser avaliado e dos resulta-


6.221 MC:
8-

dos alcançados, na forma da lei.


70

A faculdade conferida aos Estados para a regulação


.

O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº


93

do teto aplicável a seus servidores (art. 37, § 12, da


109, de 2021, e tem como objetivo aprimorar o meca-
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


CF) não permite que a regulamentação editada com
98

fundamento nesse permissivo inove no tratamento nismo de participação da sociedade na Administração


Pública.
-2

do teto dos servidores municipais, para quem o art.


37, XI, da CF, já estabelece um teto único.
py

Art. 38 Ao servidor público da administração dire-


p

ta, autárquica e fundacional, no exercício de manda-


Tu

Art. 37 [...]
§ 13 O servidor público titular de cargo efetivo to eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
o

poderá ser readaptado para exercício de cargo I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
ul

ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego


Pa

cujas atribuições e responsabilidades sejam com-


patíveis com a limitação que tenha sofrido em sua ou função;
capacidade física ou mental, enquanto permanecer II - investido no mandato de Prefeito, será afastado
nesta condição, desde que possua a habilitação e do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
o nível de escolaridade exigidos para o cargo de optar pela sua remuneração;
destino, mantida a remuneração do cargo de origem. III - investido no mandato de Vereador, havendo
compatibilidade de horários, perceberá as vanta-
gens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo
O § 13 trata da possibilidade de readaptação do
da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
servidor público. A readaptação é o provimento deri-
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso
vado que consiste na investidura do servidor em cargo anterior;
de atribuições e responsabilidades compatíveis com IV - em qualquer caso que exija o afastamento para
a limitação que tenha sofrido em sua capacida- o exercício de mandato eletivo, seu tempo de servi-
de física ou mental verificada em inspeção médica. ço será contado para todos os efeitos legais, exceto
Deste modo, o servidor será efetivado em cargo com para promoção por merecimento;
atribuições semelhantes, respeitando-se a habilitação V - na hipótese de ser segurado de regime próprio
exigida, assim como o nível de escolaridade e a equi- de previdência social, permanecerá filiado a esse
valência de vencimentos. regime, no ente federativo de origem. 179
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O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor diretos (Ministros e Secretários) e os membros do
público da Administração direta, autárquica e funda- Poder Legislativo (Senadores, Deputados federais,
cional que passar a desempenhar cargo eletivo, ou Deputados estaduais e Vereadores).
seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo. Os particulares em colaboração com o Poder
Ao servidor público estadual, quando eleito para Público são aqueles que prestam serviços ao Estado,
cargo eletivo federal, estadual e distrital, aplica-se porém sem vínculo estatutário ou celetista de trabalho,
a seguinte regra: afastamento do cargo público esta- podendo ou não ter remuneração. Exemplo: jurados,
dual para se dedicar exclusivamente ao mandato, mesários, notários e registradores (serviços notariais).
recebendo obrigatoriamente a remuneração do Os servidores públicos civis dividem-se em:
cargo para o qual foi eleito. Em contrapartida, quan-
do o servidor público estadual é eleito para cargo eleti- z Servidores públicos estatutários: exercem cargo
vo municipal, podem ocorrer duas situações distintas. público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão
Se o cargo é de prefeito, ele será afastado para dedi- vinculados a um estatuto;
cação exclusiva do cargo e pode escolher entre a z Empregados públicos: possuem emprego público
remuneração do cargo público ou do cargo eletivo. e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis
Já se o cargo é de vereador, é necessário saber do Trabalho (CLT);
se há ou não compatibilidade de horário. Se houver z Servidores temporários: categoria à parte, por-
compatibilidade de horários, ele não precisa se que não titularizam cargo público nem possuem
afastar, podendo exercer as duas atividades ao mes- qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, como
mo tempo, recebendo pelos dois. Se não houver com- os empregados públicos. São contratados por tem-
patibilidade, aplica-se a mesma regra do prefeito, po determinado para atender à necessidade tem-
ou seja, será afastado para dedicação exclusiva do porária de excepcional interesse público por meio
cargo, podendo escolher entre a remuneração do de um processo de seleção simplificado. Exercem
cargo público ou do cargo eletivo. funções públicas sem ocupar cargos ou empregos
públicos e são regidos por regime especial, veicu-
SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL
lado por meio de lei específica.

Eleito para cargo federal,


Eleito para cargo municipal Os servidores da Administração Pública direta,
estadual ou distrital
das autarquias e das fundações públicas estão sujei-
Prefeito Vereador tos ao regime jurídico de direito público adminis-
trativo, instituído em lei, a qual também instituirá
Afastamento
� Com compatibilidade planos de carreira. O regime adotado é o estatutário.
Afastamento do cargo de horário: não se
do cargo e
afasta do cargo
Não obstante, lei assegurará aos servidores isonomia
público e remuneração do
cargo eletivo
opção entre a
� Sem compatibilidade de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
remuneração
eletiva ou do de horário: aplica-se assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores
cargo a mesma regra do dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, exce-
prefeito tuadas as vantagens de caráter individual e as relati-
vas à natureza ou ao local de trabalho.
Para que a Administração Pública possa desem-
81

penhar suas atividades, ela necessita de pessoas que Servidores Públicos


8-

exerçam as atribuições dos órgãos públicos, ou seja,


70

de agentes públicos. A expressão agente público é A partir do art. 39, da CF, de 1988, inicia-se o tema
.
93

utilizada como gênero, designando toda e qualquer quanto às regras aplicadas aos servidores públicos.
Vejamos o que dispõem esses artigos:
.0

pessoa que exerça uma função pública, quer de for-


98

ma remunerada ou gratuita, quer de natureza política


-2

ou administrativa, quer com investidura definitiva ou Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão conselho de política de admi-
py

transitória.
nistração e remuneração de pessoal, integrado por
Os agentes públicos dividem-se em quatro catego-
p

servidores designados pelos respectivos Poderes.


Tu

rias, quais sejam: § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos


o

demais componentes do sistema remuneratório


ul

observará:
Pa

Agentes políticos I - a natureza, o grau de responsabilidade e a


complexidade dos cargos componentes de cada
carreira;
Servidores públicos
II - os requisitos para a investidura;
AGENTES
III - as peculiaridades dos cargos.
PÚBLICOS
Particulares em § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal man-
público terão escolas de governo para a formação e
o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um
Militares
dos requisitos para a promoção na carreira,
facultada, para isso, a celebração de convênios ou
contratos entre os entes federados.
Os agentes políticos são aqueles que exercem as § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de car-
típicas atividades de governo, ou seja, são responsá- go público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
veis por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
tais como os chefes do Poder Executivo (Presidente, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
180 Governador e Prefeito e seus vices) e seus auxiliares de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
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§ 4º O membro de Poder, o detentor de manda- Outra regra de extrema importância é a que
to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá- assegura ao servidor público civil da Administração
rios Estaduais e Municipais serão remunerados Pública direta, autárquica e fundacional os direi-
exclusivamente por subsídio fixado em parcela tos previstos nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
única, vedado o acréscimo de qualquer gratifica- XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º,
ção, adicional, abono, prêmio, verba de representa- da CF, de 1988, e aos direitos que, nos termos da lei,
ção ou outra espécie remuneratória, obedecido, em visem à melhoria de sua condição social e da pro-
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. dutividade e da eficiência no serviço público, em
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e especial o prêmio por produtividade e o adicional de
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre desempenho.
a maior e a menor remuneração dos servido-
res públicos, obedecido, em qualquer caso, o dis-
Atente-se aos limites de remuneração de
posto no art. 37, XI.
servidores:
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
publicarão anualmente os valores do subsídio
e da remuneração dos cargos e empregos públicos. z Mínimo: salário mínimo;
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Fede- z Máximo: vide inciso XI, art. 37, da CF (EC 41, de
ral e dos Municípios disciplinará a aplicação 2003).
de recursos orçamentários provenientes da
economia com despesas correntes em cada órgão, É importante conhecer o texto da Súmula Vincu-
autarquia e fundação, para aplicação no desenvol- lante nº 6 do STF:
vimento de programas de qualidade e produtivida-
de, treinamento e desenvolvimento, modernização, Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição
reaparelhamento e racionalização do serviço públi- o estabelecimento de remuneração inferior ao salá-
co, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de rio mínimo para as praças prestadoras de serviço
produtividade. militar inicial.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos orga-
nizados em carreira poderá ser fixada nos termos Art. 40 O regime próprio de previdência social
do § 4º. dos servidores titulares de cargos efetivos terá
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter contributivo e solidário, mediante contri-
caráter temporário ou vinculadas ao exercício buição do respectivo ente federativo, de servidores
de função de confiança ou de cargo em comis- ativos, de aposentados e de pensionistas, observa-
são à remuneração do cargo efetivo. dos critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial.
No que tange ao art. 39, a primeira observação a § 1º O servidor abrangido por regime próprio de
previdência social será aposentado:
ser feita é que o caput foi alterado pela Emenda Cons-
I - por incapacidade permanente para o tra-
titucional nº 19, de 1998. No entanto, como sua eficá- balho, no cargo em que estiver investido, quando
cia se encontra suspensa devido à decisão do STF na insuscetível de readaptação, hipótese em que será
ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra obrigatória a realização de avaliações periódicas
em vigor. Vejamos: para verificação da continuidade das condições que
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma
81

Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os de lei do respectivo ente federativo;


8-

Municípios instituirão, no âmbito de sua competên- II - compulsoriamente, com proventos propor-


70

cia, regime jurídico único e planos de carreira para cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
.
93

os servidores da administração pública direta, das anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de
autarquias e das fundações públicas.
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


idade, na forma de lei complementar;
98

III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois)


-2

A CF, de 1988, estabelece regras para a fixação dos anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e
padrões de vencimento e dos demais componentes cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito
py

do sistema remuneratório, que deverá observar: a dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
p

natureza, o grau de responsabilidade e a comple- na idade mínima estabelecida mediante emenda às


Tu

xidade dos cargos que compõem cada carreira; respectivas Constituições e Leis Orgânicas, obser-
o

os requisitos para a investidura nos cargos e as vados o tempo de contribuição e os demais


ul

demais peculiaridades dos cargos. Tais requisitos requisitos estabelecidos em lei complementar do
Pa

poderão influenciar na fixação dos vencimentos e respectivo ente federativo.


dependem de aprovação de lei específica, assim como § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o §
para o seu aumento, alteração ou criação de nova van-
2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo esta-
tagem pecuniária.
belecido para o Regime Geral de Previdência Social,
Por lei, também serão estabelecidos os reajustes
observado o disposto nos §§ 14 a 16.
diferenciados para corrigir equívocos, como no caso
§ 3º As regras para cálculo de proventos de
de servidores que desempenham atividades seme- aposentadoria serão disciplinadas em lei do res-
lhantes, mas percebem valores muito diferentes. pectivo ente federativo.
Salienta-se que a revisão geral da remuneração dos § 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité-
servidores públicos, sem distinção de índices entre rios diferenciados para concessão de benefícios
civis e militares, será feita. em regime próprio de previdência social, ressalva-
Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
profissional, o dispositivo estabelece a realização de § 4º-A Poderão ser estabelecidos por lei com-
cursos oficiais como requisito obrigatório para promo- plementar do respectivo ente federativo idade e
ção na carreira, sendo facultada, para tanto, a celebra- tempo de contribuição diferenciados para aposen-
ção de convênios com os demais entes da federação. tadoria de servidores com deficiência, previamente 181
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada § 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
por equipe multiprofissional e interdisciplinar. cípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo
§ 4º-B Poderão ser estabelecidos por lei comple- Poder Executivo, regime de previdência complemen-
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo tar para servidores públicos ocupantes de cargo efe-
de contribuição diferenciados para aposentadoria tivo, observado o limite máximo dos benefícios do
de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de Regime Geral de Previdência Social para o valor das
agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de aposentadorias e das pensões em regime próprio de
que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput § 15 O regime de previdência complementar de que
do art. 144. trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente
na modalidade contribuição definida, observará o
§ 4º-C Poderão ser estabelecidos por lei comple-
disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
de entidade fechada de previdência complementar
de contribuição diferenciados para aposentadoria
ou de entidade aberta de previdência complementar.
de servidores cujas atividades sejam exercidas com § 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção,
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio- o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses servidor que tiver ingressado no serviço público até
agentes, vedada a caracterização por categoria a data da publicação do ato de instituição do cor-
profissional ou ocupação. respondente regime de previdência complementar.
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão ida- § 17 Todos os valores de remuneração considera-
de mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação dos para o cálculo do benefício previsto no § 3º
às idades decorrentes da aplicação do disposto serão devidamente atualizados, na forma da lei.
no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo § 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de
de efetivo exercício das funções de magistério na aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
educação infantil e no ensino fundamental e médio de que trata este artigo que superem o limite máxi-
fixado em lei complementar do respectivo ente mo estabelecido para os benefícios do regime geral
federativo. de previdência social de que trata o art. 201, com
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos percentual igual ao estabelecido para os servidores
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é titulares de cargos efetivos.
vedada a percepção de mais de uma aposentado- § 19 Observados critérios a serem estabelecidos em
ria à conta de regime próprio de previdência social, lei do respectivo ente federativo, o servidor titular
aplicando-se outras vedações, regras e condições de cargo efetivo que tenha completado as exigên-
para a acumulação de benefícios previdenciários cias para a aposentadoria voluntária e que opte
por permanecer em atividade poderá fazer jus a um
estabelecidas no Regime Geral de Previdência
abono de permanência equivalente, no máximo, ao
Social.
valor da sua contribuição previdenciária, até com-
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan-
pletar a idade para aposentadoria compulsória.
do se tratar da única fonte de renda formal auferida
§ 20 É vedada a existência de mais de um regime
pelo dependente, o benefício de pensão por morte próprio de previdência social e de mais de um órgão
será concedido nos termos de lei do respectivo ente ou entidade gestora desse regime em cada ente
federativo, a qual tratará de forma diferenciada a federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e
hipótese de morte dos servidores de que trata o § entidades autárquicas e fundacionais, que serão
4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou responsáveis pelo seu financiamento, observados
81

em razão da função. os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica


8-

§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefí- definidos na lei complementar de que trata o § 22.
70

cios para preservar-lhes, em caráter permanente, o § 21 (Revogado).


.
93

valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. § 22 Vedada a instituição de novos regimes pró-
.0

§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, prios de previdência social, lei complementar


98

distrital ou municipal será contado para fins federal estabelecerá, para os que já existam, nor-
-2

de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º mas gerais de organização, de funcionamento e de


e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspon- responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre
py

dente será contado para fins de disponibilidade. outros aspectos, sobre:


p

§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma I - requisitos para sua extinção e consequente
Tu

de contagem de tempo de contribuição fictício. migração para o Regime Geral de Previdência


o

§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma Social;


ul

total dos proventos de inatividade, inclusive quando II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili-
Pa

decorrentes da acumulação de cargos ou empregos zação dos recursos;


públicos, bem como de outras atividades sujeitas III - fiscalização pela União e controle externo e
a contribuição para o regime geral de previdência social;
social, e ao montante resultante da adição de pro- IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
ventos de inatividade com remuneração de cargo V - condições para instituição do fundo com finali-
acumulável na forma desta Constituição, cargo em dade previdenciária de que trata o art. 249 e para
comissão declarado em lei de livre nomeação e exo- vinculação a ele dos recursos provenientes de con-
neração, e de cargo eletivo. tribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
§ 12 Além do disposto neste artigo, serão observa- natureza;
dos, em regime próprio de previdência social, no VI - mecanismos de equacionamento do deficit
que couber, os requisitos e critérios fixados para o atuarial;
Regime Geral de Previdência Social. VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
§ 13 Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi- regime, observados os princípios relacionados com
vamente, de cargo em comissão declarado em lei de governança, controle interno e transparência;
livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem- VIII - condições e hipóteses para responsabilização
porário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego daqueles que desempenhem atribuições relacionadas,
182 público, o Regime Geral de Previdência Social. direta ou indiretamente, com a gestão do regime;
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IX - condições para adesão a consórcio público; z Regra: Veda-se a aposentadoria especial;
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e z Exceção: vide §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40. Em
definição de alíquota de contribuições ordinárias e síntese:
extraordinárias.
„ Servidores com deficiência;
O art. 40, da CF, de 1988, regulamenta o Regime Pre-
videnciário Próprio de Previdência Social. Em sín- „ Agente penitenciário;
tese, o sistema previdenciário do servidor público foi „ Agente socioeducativo;
alterado com a EC nº 103, de 2019, da seguinte forma: „ Policial das carreiras do art. 144 (Segurança
Pública) e policiais da Câmara e do Senado
z Desconstitucionalização das regras de previdência, Federal;
de modo que vários regramentos sobre aposenta-
„ Atividades que prejudiquem à saúde (aquelas
doria e pensão passaram a ser de competência de
lei infraconstitucional; exercidas com efetiva exposição a agentes quí-
z Nova mudança no cálculo da pensão; micos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
z Maior aproximação do RGPS e RPPS; ou associação desses agentes).
z Modificações no abono de permanência;
z Previsão de readaptação antes de aposentadoria Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo
por incapacidade permanente; exercício os servidores nomeados para cargo de
z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de man- provimento efetivo em virtude de concurso público.
dato eletivo nas regras do RGPS; § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de I - em virtude de sentença judicial transitada
contribuição; em julgado;
z Regras especiais para carreiras policiais previstas II - mediante processo administrativo em que lhe
na CF. seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação perió-
No que tange à aposentadoria, suas modalidades
dica de desempenho, na forma de lei complemen-
são:
tar, assegurada ampla defesa.
z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea § 2º Invalidada por sentença judicial a demis-
vontade, desde que cumpridos os requisitos dis- são do servidor estável, será ele reintegrado, e o
postos a seguir: eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi-
do ao cargo de origem, sem direito a indenização,
HOMEM MULHER aproveitado em outro cargo ou posto em disponi-
IDADE 65 anos 62 anos
bilidade com remuneração proporcional ao tempo
de serviço.
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne-
TEMPO NO SERVIÇO PÚBLICO 10 anos 10 anos
cessidade, o servidor estável ficará em disponi-
bilidade, com remuneração proporcional ao
TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
81

mento em outro cargo.


8-

§ 4º Como condição para a aquisição da esta-


70

No caso dos professores dos ensinos infantil, fun-


damental e médio, conta-se com a redução de 5 anos bilidade, é obrigatória a avaliação especial de
.
93

do requisito etário, ou seja, 60 anos para os homens e desempenho por comissão instituída para essa
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


57 anos para as mulheres. Atenção! Essa regra não se finalidade.
98

aplica aos professores do ensino superior.


-2

Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF: Por fim, o art. 41, da CF, de 1988, trata da estabi-
py

lidade, que prevê a regra de que a estabilidade é


Súmula nº 726 Para efeito de aposentadoria espe-
p

adquirida após três anos de efetivo exercício. Tra-


Tu

cial de professores, não se computa o tempo de ser-


ta-se de uma garantia constitucional de permanência
viço prestado fora da sala de aula.
o

no serviço público outorgada ao servidor aprovado


ul
Pa

z Involuntária: quando se dá independentemente em concurso público e nomeado a cargo de provimen-


da vontade do servidor, em virtude de: to efetivo que tenha transposto o período de estágio
probatório e sido aprovado na avaliação especial de
„ Incapacidade permanente, sendo necessário
desempenho. Uma vez efetivo, o servidor só perderá
que se proceda à readaptação do servidor antes
do procedimento para a aposentadoria; o cargo em três hipóteses: sentença judicial transi-
„ Adimplemento de idade limite (aposentadoria tada em julgado; processo administrativo e procedi-
compulsória aos 70 ou aos 75 anos de idade, na mento de avaliação periódica de desempenho.
forma da Lei Complementar nº 152, de 2015). Explicando melhor, para a contratação de pessoal
na Administração Pública, é realizado concurso públi-
A CF, de 1988, estabelece, ainda, o direito de uti-
co para preenchimento de cargos públicos. Com isso,
lizar, para fins de aposentadoria, o tempo de servi-
a pessoa que foi aprovada dentro do número de vagas
ço desempenhado em outro ente da Federação ou
na iniciativa privada. Por exemplo: uma pessoa que previstas no certame tem o direito de ser nomeada
trabalhou 8 (oito) anos em uma empresa antes de ser para o cargo público. Com a nomeação, essa pessoa
aprovada em concurso público estadual pode consi- assina o termo de posse e pode, a partir de então, exer-
derar esse tempo no cálculo final do tempo de serviço. cer efetivamente o cargo público. 183
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Nos primeiros três anos de exercício, esse servi- PODER JUDICIÁRIO
dor passa por um período de avaliação. Trata-se do
estágio probatório, ou seja, um período durante o qual
será analisado seu desempenho funcional. Completa-
dos três anos de serviço público e tendo sido aprovado JUSTIÇA FEDERAL JUSTIÇA ESTADUAL
no estágio probatório, o servidor adquire a denomina-
da estabilidade.
O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de COMUM
ESPECIALIZADA
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão Art. 109 da CF
judicial, do servidor público ilegalmente desligado
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua
transformação. Salienta-se que ele fará jus ao rece- TRABALHO ELEITORAL MILITAR JUIZADOS ESPECIAIS
bimento de todas as vantagens que teria auferido no Art. 111 Art. 118 Art. 124 Art. 98, inciso I e II
Autorização cons-
período em que ficou desligado, inclusive das promo- titucional para a
ções por antiguidade que teria conquistado. criação dos Juizados
Especiais e a Justiça
de paz.

Importante!
Órgãos do Poder Judiciário
É possível, também, que decisão administrativa
invalide a demissão. Como previsão no art. 92 da CF, de 1988, vejamos
os órgãos que compõem o Poder Judiciário:
No caso de o cargo anteriormente ocupado pelo
STF. Supremo Tribunal Federal
servidor ter sido extinto, ele será reintegrado ao ser-
CNJ. Conselho Nacional de Justiça
viço público, porém ficará em disponibilidade remu-
STJ. Superior Tribunal de Justiça
nerada até seu adequado aproveitamento em outro
cargo. Já no caso de o cargo provido ter sido ocupado TJ. Tribunal de Justiça (Estados)
por outro servidor, o ocupante será reconduzido ao TRF. Tribunal Regional Federal (Justiça Federal)
cargo de origem, sem direito à indenização, ou apro- TST. Tribunal Superior do Trabalho
veitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponi- TRT. Tribunal Regional do Trabalho
bilidade enquanto o servidor reintegrado voltará a TSE. Tribunal Superior Eleitoral
exercer o seu cargo. TRE. Tribunal Regional Eleitoral
STM. Superior Tribunal Militar
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO:
O poder judiciário está consagrado no texto consti-
81

tucional do art. 92 ao 126 da CF, tem o objetivo de exer- STF CNJ


8-

cer a jurisdição (administrar justiça, aplicar o direito


70

com o objetivo de solucionar conflito de interesses),


.
93

bem como, no âmbito de sua função atípica adminis- JUSTIÇA COMUM


.0

trativa, como exemplo, podemos citar o art. 92, inciso


98

I - A da CF, incluído pela emenda Constitucional nº 45, STF


-2

JUSTIÇA ESPECIALIZADA

de 2004, criando como órgão do poder judiciário tam-


py

bém o “Conselho Nacional de Justiça”. ESTADUAL FEDERAL TST TSE STM


p
Tu

Art. 92 São órgãos do Poder Judiciário:


o

TJ TRF TRT TRE JUÍZES


I-A o Conselho Nacional de Justiça
ul

MILITARES
Pa

De acordo com a Constituição Federal, compete ao Juízes Juízes Juízes do Juiz


Estaduais Federais Trabalho Eleitoral
CNJ zelar pela autonomia do  Poder Judiciário  e pelo
cumprimento do Estatuto da Magistratura, definir os
planos, metas e programas de avaliação institucional Conforme dispõe o art. 93 da CF, o ingresso na
do Poder Judiciário, receber reclamações, petições carreira da magistratura é feito através de concurso
eletrônicas e representações contra membros ou público de provas e títulos, inicialmente no cargo de
órgãos do Judiciário, julgar processos disciplinares
juiz substituto, a qual exige do Bacharel em Direito no
e melhorar práticas e celeridade, publicando semes-
mínimo três anos de atividade jurídica.
tralmente relatórios estatísticos referentes à atividade
jurisdicional em todo o país8, composto por membros
do Ministério Público, Advogados e representantes da
Importante!
sociedade civil. O Poder judiciário é dividido em duas
esferas: Justiça Federal e a Justiça Estadual. CNJ não tem competência jurisdicional.
184 8 Disponível em <http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj>. Acesso em 20 de set. de 2020.
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Quinto Constitucional
ÓRGÃO
AUTORIDADE INFRAÇÃO
JULGADOR
Conforme art. 94 da CF, um quinto dos lugares dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Esta- Juízes Estaduais Comum/ TJ
dos, e do Distrito Federal e Territórios são compostos e do DF responsabilidade Art. 96, III
de membros do Ministério Público e Advogados. Com- Juízes Fede-
posto por membros: rais, bem como TRF
Comum/
Juízes da Jus- Art. 108, inciso
responsabilidade
TJ tiça Militar e do I, “a”
Ministério Público:
com + 10 anos de carreira Trabalho
1/5
TRF
Membros: STJ
Comum/
JUSTIÇA ESPECIALIZADA ADVOGADOS: TJ, TRF, TER e Art. 105, inciso
notório saber jurídico e reputação responsabilidade
TRT I, “a”
ilibada + 10 anos de efetiva atividade
jurídica
Membros
dos Tribunais STF
Como é feita a indicação destes profissionais: Comum/
Superiores: Art. 102, inciso
Através de indicações dos nomes feitas através de responsabilidade
STJ, TST, TSE e I, “c”
uma lista (lista sêxtupla) pelos órgãos de representa- STM
ção das respectivas classes. Enviada esta lista para o
Tribunal, este escolherá três nomes (lista tríplice) de ÓRGÃO
AUTORIDADE INFRAÇÃO
sua preferência, e enviará ao Poder Executivo. Entenda: JULGADOR
STF
Chefe do Poder
Ministros STF Comum Art. 102, Inciso
Lista Tríplice I, “b”
Lista Sêxtupla Executivo decide
qual dos três
Tribunal Escolhe três Senado Federal
OAB indica
nomes e exclui os
nomes será Ministros STF Responsabilidade
seis nomes escolhido no prazo Art. 52, II
demais
de 20 dias.
O foro especial por prerrogativa de função não se
estende a magistrados aposentados9. Conforme Súmu-
A Emenda Constitucional 45, de 2004 inseriu o
la nº 451 do STF, a competência especial por prerroga-
quinto constitucional na Justiça do Trabalho, nos Tri-
tiva de função não se estende ao crime cometido após
bunais Regionais do trabalho (art. 115, I da CF) e no
a cessação definitiva do exercício funcional.
Tribunal Superior de Justiça (art. 111-A da CF).
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas
aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
Garantias Constitucionais dos Magistrados
relacionados às funções desempenhadas.
Note que, após o final da instrução processual, com
A Constituição Federal em seu art. 95 assegura aos
a publicação do despacho de intimação para apresen-
81

magistrados as garantias da vitaliciedade, inamovibi-


tação de alegações finais, a competência para proces-
8-

lidade e irredutibilidade de subsídios.


sar e julgar ações penais não será mais afetada em
70

Vitaliciedade: só pode ser demitido depois do


razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou
.

trânsito em julgado da decisão judicial.


93

deixar o cargo que ocupava por qualquer que seja o


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


motivo.10
98

z No primeiro grau de jurisdição somente é adquiri-


da depois de dois anos de estágio probatório, que
-2

Supremo Tribunal Federal


se inicia com o efetivo exercício da posse.
py

z No segundo grau de jurisdição, este benefício se dá


Órgão máximo do Poder Judiciário, também deno-
p

com o efetivo exercício (quando nome deste Magis-


Tu

minado como guardião da Constituição. Composto por


trado já está no quinto constitucional).
onze membros, nomeados pelo Presidente da Repúbli-
o
ul

ca, conforme o art. 101, parágrafo único, da CF, após


Inamovibilidade: proibição de remoção do ma-
Pa

aprovação por maioria absoluta do Senado Federal.


gistrado de um cargo para outro, salvo por motivo de
Composto por onze Ministros do Supremo Tribunal
interesse público, mediante voto da maioria absoluta
Federal, os quais devem ser brasileiros natos, com ida-
do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa.
de entre 35 e 65 anos, cidadão em pleno gozo dos direi-
Irredutibilidade de subsídios: Assegura que o
tos e possuir notável saber jurídico e reputação ilibada.
magistrado não tenha diminuído o valor de seus sub-
sídios, salvo imposição constitucional. Art. 101 O Supremo Tribunal Federal compõe-se de
Sendo que, tais garantias são asseguradas também onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais
aos membros do Ministério Público e Conselheiros e de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
Ministros dos Tribunais de Contas. idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Cabe ressaltar que os magistrados também tem Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribu-
foro especial por prerrogativa de função, sendo julga- nal Federal serão nomeados pelo Presidente da
dos originalmente por tribunais indicados na Consti- República, depois de aprovada a escolha pela maio-
tuição Federal. Vejamos: ria absoluta do Senado Federal.

9 RE 549.560, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 22.3.2012, DJe 30.5.2014.


10 AP 937 QO, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03.05.2018, DJe 11.12.2018. 185
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica para memorizar: lembre-se que 11 ministros o) os conflitos de competência entre o Superior
é o mesmo nº de jogadores de um time de futebol. Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer
Competência do Supremo Tribunal Federal outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações dire-
A competência está prevista nos arts. 102 e 103 tas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elabora-
da Constituição, sendo dividida em competência ori-
ção da norma regulamentadora for atribuição
ginária e competência recursal, sendo que, na com-
do Presidente da República, do Congresso Nacional,
petência originária, o STF processa e julga em única
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das
instância, e na competência recursal, o STF aprecia Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribu-
a matéria a ele chegada por meio de recurso ordinário nal de Contas da União, de um dos Tribunais Supe-
ou extraordinário. riores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
A seguir será exposto o art. 102 da CF. r) as ações contra o Conselho Nacional de Jus-
Observe que os incisos destacados são os mais tiça e contra o Conselho Nacional do Ministé-
cobrados em provas, bem como, observe os demais rio Público;
grifos com aspectos importantes para memoriza- II - julgar, em recurso ordinário:
ção. É de suma importância a leitura deste artigo para a) o habeas corpus , o mandado de segurança,
auxiliar na memorização. o habeas data e o mandado de injunção decidi-
dos em única instância pelos Tribunais Superiores,
Art. 102 Compete ao Supremo Tribunal Fede- se denegatória a decisão;
ral, precipuamente, a guarda da Constituição, b) o crime político;
cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário,
I - processar e julgar, originariamente: as causas decididas em única ou última ins-
a) a ação direta de inconstitucionalidade de tância, quando a decisão recorrida:
lei ou ato normativo federal ou estadual e a a) contrariar dispositivo desta Constituição;
ação declaratória de constitucionalidade de b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou
lei ou ato normativo federal; lei federal;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da c) julgar válida lei ou ato de governo local contesta-
República, o Vice-Presidente, os membros do Con- do em face desta Constituição.
gresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procu- d) julgar válida lei local contestada em face de
rador-Geral da República; lei federal.
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de § 1º A arguição de descumprimento de preceito
responsabilidade, os Ministros de Estado e os fundamental, decorrente desta Constituição, será
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na for-
náutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os mem- ma da lei
bros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas
Contas da União e os chefes de missão diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas
de caráter permanente; de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias
d) o  habeas corpus  , sendo paciente qualquer das de constitucionalidade produzirão eficácia contra
pessoas referidas nas alíneas anteriores; o man- todos e efeito vinculante, relativamente aos demais
dado de segurança e o  habeas data  contra atos órgãos do Poder Judiciário e à administração públi-
81

do Presidente da República, das Mesas da Câmara ca direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
8-

dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de municipal.


70

Contas da União, do Procurador-Geral da Repúbli- § 3º No recurso extraordinário o recorrente


.
93

ca e do próprio Supremo Tribunal Federal; deverá demonstrar a repercussão geral das ques-
.0

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou orga- tões constitucionais discutidas no caso, nos termos
98

nismo internacional e a União, o Estado, o Dis- da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão
-2

trito Federal ou o Território; do recurso, somente podendo recusá-lo pela mani-


f) as causas e os conflitos entre a União e os festação de dois terços de seus membros. (grifos
py

Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre nosso)


p

uns e outros, inclusive as respectivas entidades da


Tu

administração indireta; Súmula Vinculante


o

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;


ul

i) o habeas corpus , quando o coator for Tribu-


Pa

A súmula vinculante é um instrumento que rela-


nal Superior ou quando o coator ou o paciente for
ciona as principais e reiteradas decisões do Supremo
autoridade ou funcionário cujos atos estejam
sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tri- Tribunal Federal em matéria constitucional, tem pre-
bunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma visão no art. 103-A da CF (incluído pela EC 45, de 2004)
jurisdição em uma única instância; e na Lei 11.417, de 2006. Vejamos o que dispõe a Cons-
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus tituição sobre o tema:
julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua compe- Art. 103-A O Supremo Tribunal Federal poderá, de
tência e garantia da autoridade de suas decisões; ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
m) a execução de sentença nas causas de sua terços dos seus membros, após reiteradas deci-
competência originária, facultada a delegação de sões sobre matéria constitucional, aprovar súmu-
atribuições para a prática de atos processuais; la que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
n) a ação em que todos os membros da magistra- terá efeito vinculante em relação aos demais
tura sejam direta ou indiretamente interessados, órgãos do Poder Judiciário e à administração
e aquela em que mais da metade dos membros do pública direta e indireta, nas esferas federal, esta-
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam dual e municipal, bem como proceder à sua revisão
186 direta ou indiretamente interessados; ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a inter- Existem órgãos que podem descumprir a Súmula
pretação e a eficácia de normas determinadas, acer- Vinculante sem sofrer penalidades. São os seguintes:
ca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública z STF de oficio para rever ou cancelar;
que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
z Processo legislativo – na sua função típica, ou seja,
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em
ao legislar.
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmu-
la poderá ser provocada por aqueles que podem Cuidado: Na sua função atípica, que seria admi-
propor a ação direta de inconstitucionalidade nistrar e julgar, deve respeitar a súmula vinculante:
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamen- z Presidente da República pode editar Medida Pro-
te a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribu- visória contrária à súmula vinculante (pois, neste
nal Federal que, julgando-a procedente, anulará o caso, ele estaria legislando).
ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferi-
Superior Tribunal de Justiça
da com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso. (grifos nosso)
O STJ é composto por no mínimo 33 Ministros,
Note que a revisão, edição e cancelamento depen- nomeados pelo Presidente da República, sendo estes
de da decisão de (dois terços) dos membros do Supre- brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de
mo Tribunal Federal, em sessão plenária. Art. 2º, § 3º notável saber jurídico e reputação ilibada, depois da
da Lei 11.417, de 2006. aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.
O art. 103-A é uma norma constitucional de eficá-
cia limitada (normas cuja aplicabilidade é mediata, Art. 104 O Superior Tribunal de Justiça compõe-
indireta e reduzida). -se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
A Súmula terá efeito vinculante em relação aos Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração de Justiça serão nomeados pelo Presidente da
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual República, dentre brasileiros com mais de trinta
e municipal, bem como proceder à sua revisão ou can- e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de
celamento, na forma estabelecida em lei.  notável saber jurídico e reputação ilibada, depois
Caso haja descumprimento de Súmula Vinculante, de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
o recurso cabível é Reclamação ao STF, conforme art. Senado Federal, sendo:
7º da Lei 11.417, de 2006. I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regio-
nais Federais e um terço dentre desembarga-
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo dores dos Tribunais de Justiça, indicados em
que contrariar enunciado de súmula vinculan-
lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
te, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente
II - um terço, em partes iguais, dentre advoga-
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fede-
dos e membros do Ministério Público Federal,
ral, sem prejuízo dos recursos ou outros meios
admissíveis de impugnação. (grifo nosso) Estadual, do Distrito Federal e Territórios,
81

alternadamente, indicados na forma do art. 94.


8-

Ainda, podem propor (fazer a proposta e não o Art. 94 Um quinto dos lugares dos Tribunais
70

julgamento) aprovação, revisão ou cancelamento dos Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e
.
93

legitimados previstos no art. 3º da lei 11.417, de 2006. do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


98

Art. 3º São legitimados a propor a edição, a revisão ou anos de carreira, e de advogados de notório saber
o cancelamento de enunciado de súmula vinculante:
-2

jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez


I - o Presidente da República; anos de efetiva atividade profissional, indicados em
py

II - a Mesa do Senado Federal; lista sêxtupla pelos órgãos de representação das


p

III – a Mesa da Câmara dos Deputados; respectivas classes.


Tu

IV – o Procurador-Geral da República; Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribu-


o

V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do nal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe-
ul

Brasil;
Pa

cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá


VI - o Defensor Público-Geral da União;
um de seus integrantes para nomeação.
VII – partido político com representação no Con-
gresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe Requisitos para escolha dos Ministros:
de âmbito nacional;
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câma- z Idade entre 35 e 65 anos;
ra Legislativa do Distrito Federal; z Possuir notável saber jurídico e reputação ilibada.
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça „ 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais
de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os – TRF;
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regio-
„ 1/3 de desembargadores dos tribunais de Justi-
nais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais
ça estaduais – TJ;
e os Tribunais Militares.
§ 1º O Município poderá propor, incidentalmente ao „ 1/3 divididos desta forma: 1/6 de advogados;
curso de processo em que seja parte, a edição, a revi- „ 1/6 de membros MP, estaduais e do DF;
são ou o cancelamento de enunciado de súmula vin- „ Indicados na forma do art. 94 da CF, de 1988 –
culante, o que não autoriza a suspensão do processo. quinto constitucional. 187
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Competência STF X STJ STJ
ART. 105 DA CF
A seguir, organizamos dois quadros das competên- Mandado de Segurança decidido em única instância
cias do STF e STJ, com fundamento nos arts. 102 e 105 pelo TRF ou TJ dos Estados e DF, também quando denegatória
a decisão. Causas em que forem partes Estado estrangeiro ou
da CF. Pedimos atenção especial nesses artigos, pois organismo Internacional de um lado, e, de outro, Município ou
são de extrema importância. Cuidado para não con- pessoa residente ou domiciliada no país;
fundir as competências de cada órgão. Competência em Recurso Especial: Causas decididas
em única ou ultima instância pelo TRF ou TJ dos Estados ou DF,
quando decisão recorrida contrariar Lei Federal.
STF
ART. 102 DA CF *Muito cobrado em provas
ADI, ADC e ADPF*
Crime comum:
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇA
Presidente República + Vice
Membros Congresso Nacional, Ministros e o PGR
Do Ministério Público
Crime de comum e responsabilidade:
Ministros estado, Comandante Marinha, Exército e Aeronáu-
O art. 3º da Constituição relaciona os objetivos
tica, membros Tribunais Superiores, TCU e Chefes de missão
diplomática.
fundamentais do Estado brasileiro, o qual, assegurar
HC quando coator for Tribunal Superior e o paciente for auto- a igualdade entre os brasileiros é basicamente o obje-
ridade/funcionários quando atos estejam sujeitos jurisdição tivo que o Estado deve alcançar.
STF; O inciso I do mencionado dispositivo prevê como
MS e HD contra atos do Presidente República, Mesa da Câmara objetivo do Estado “construir uma sociedade livre, jus-
dos Deputados e Senadores ta e solidária”, preceito estabelecido visando o bem
Extradição; estar e qualidade de vida.
Litigio entre Estado estrangeiro e a União, o Estado, o Distrito Entretanto, é necessário que o cidadão tenha aces-
Federal ou o Território*; so a uma maneira de exigir a garantia dos direitos
Ações contra CNJ e CNMP (Conselho Nacional do Ministério fundamentais perante o poder judiciário, dessa for-
Público);
Extradição solicitada por estado estrangeiro;
ma, foram criados mecanismos que permitem acionar
Revisão criminal e ação rescisória de seus julgados; o poder judiciário em caso de violação de direitos e
Reclamação – preservação de sua competência; garantias. Nesse ponto, a Constituição enumera algu-
Ações contra CNJ e o CNMP. mas funções importantes para desenvolvimento das
Competência em recurso Ordinário: habeas corpus, mandado atividades do poder judiciário, ou seja, as funções
de segurança, habeas data e mandado de injunção, decididos essenciais à justiça que tem como objetivo de garantir
em única instância pelos Tribunais Superiores; o direito de acesso à justiça.
Competência em Recurso Extraordinário:
Causas decididas em única ou última instância, caso decisão
Assim, de acordo com o Capítulo IV da CF, de 1988
recorrida contrariar dispositivo da Constituição Federal são funções essenciais à justiça, ao Ministério Público,
à Advocacia Pública e à Defensoria Pública.
81
8-

STJ MINISTÉRIO PÚBLICO (ART. 127 A 130 CF)


70

ART. 105 DA CF
.

Incumbido da ordem jurídica, dos direitos sociais e direitos in-


93

ADI, ADC e ADPF* dividuais indisponíveis


.0
98

Crime comum: DEFENSORIA PÚBLICA (ART. 134 A 135 CF)


-2

Governador de Estado e DF; Promoção dos direitos humanos, e da defesa dos direitos cole-
tivos e individuais de forma não onerosa
py

Crimes comuns e de responsabilidade:


Desembargadores do TJ (Estados e DF), membros do TCE e
p

ADVOCACIA (ART. 131 A 133 CF)


Tu

TCDF, dos TRF, TER e TRT, dos conselhos do TCU e do MPU;*


Advocacia Pública: representa e assessora os interesses do Estado
HC quando coator ou paciente for pessoas acima menciona-
o

União: AGU
das, ou quando for Tribunal sujeito a sua jurisdição, Ministro
ul

Estados: Procuradorias Estaduais


de Estado ou Comandante do Exército, Marinha e Aeronáutica,
Pa

salvo competência da Justiça Eleitoral


MINISTÉRIO PÚBLICO
Mandado de Segurança e Habeas Data contra ato de Ministro
de Estado, Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica,
ou Ministros do STJ; O Ministério Público é uma instituição permanen-
Conflito de competência entre os Tribunais (salvo art. 102, I “o” te, incumbido da ordem jurídica, dos direitos sociais
– conflito entre STJ x Tribunais); e direitos individuais indisponíveis. Tem previsão no
Revisão Criminal e Ação Rescisória de seus julgados; art. 127 a 130 da CF, de 1988, tem autonomia funcional
Reclamação – preservação de sua competência; e administrativa.
Conflito entre autoridades administrativas e judiciárias da
Ainda, o § 1º, art. 127, da CF determina que são
União, entre autoridades judiciárias de um Estado e administra-
tivas de outro ou do DF, ou entre esses e a União; princípios institucionais do MP a unidade (membros
Mandado de Injunção quando a elaboração da norma for atri- integram um só órgão sob direção do procurador
buição de autoridade Federal, salvo casos de competência do geral), indivisibilidade (não tem vinculação aos pro-
STF, Justiça Militar, Eleitoral e do Trabalho; cessos em que atuam) e a independência funcional
Competência em recurso Ordinário: (não é subordinado aos poderes legislativo, executivo
Habeas Corpus decidido em única ou última instância pelos ou judiciário). Partindo desta base que os membros do
TRF ou TJ dos Estados e DF quando denegatória
188 Ministério Público elaboram suas funções.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O Ministério Público é chefiado pelo Procurador Geral a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob
da República para o mandato de dois anos (permitida investigação do Estado, observadas, sempre, por
recondução ao cargo anteriormente ocupado), nomeado seus agentes, as hipóteses de reserva constitucio-
pelo Presidente da República, dentre os integrantes da nal de jurisdição e, também, as prerrogativas pro-
carreira, com mais de 35 anos (art. 128, § 1º da CF). fissionais de que se acham investidos, em nosso
A nomeação precisa ser aprovada por maioria absolu- País, os Advogados (Lei 8.906, de 1994, artigo 7º,
ta dos membros do Senado Federal, assim como a destitui- notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX),
ção também deverá ser presidida mediante autorização sem prejuízo da possibilidade – sempre presente
da maioria absoluta do Senado (art. 128 § 2º da CF). no Estado democrático de Direito – do permanen-
Tem garantidos a vitaliciedade, a inamovibilidade te controle jurisdicional dos atos, necessariamente
documentados (Súmula Vinculante 14), praticados
e a irredutibilidade de subsídios, ou seja, após dois
pelos membros dessa instituição.
anos de exercício, não pode perder o cargo (exceção:
sentença judicial transitada em julgado) e não pode (STF. RE 593727 Tema de Repercussão Geral. STF. Min. Cezar
ser removido sem ampla defesa. Peluso, julgado em 14.05.2015, DJe 08.09.2015)
O ingresso na carreira ocorre através de concurso
público de provas e títulos, tem como requisitos ser Conforme também já considerou o STF o Ministé-
bacharel em direito e no mínimo três anos de ativida- rio Público não tem legitimidade processual para
de jurídica, ainda na nomeação deve ser observada a requerer através de ação civil pública, pretensão
ordem de classificação. de natureza tributária em defesa dos contribuintes.
As funções atribuídas ao Ministério Público estão
DIREITO CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. APE-
relacionadas no art. 129 da CF, de 1988, vejamos:
LAÇÃO INTERPOSTA EM FACE DE SENTENÇA
Art. 129 São funções institucionais do Ministério PROFERIDA EM SEDE DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Público: QUE DISCUTE MATÉRIA TRIBUTÁRIA (DIREITO
I - promover, privativamente, a ação penal DOS CONTRIBUINTES À RESTITUIÇÃO DOS VALO-
pública, na forma da lei; RES PAGOS A TÍTULO DE TAXA DE ILUMINAÇÃO
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos PÚBLICA SUPOSTAMENTE INCONSTITUCIONAL).
e dos serviços de relevância pública aos direitos ILEGITIMIDADE ATIVA “AD CAUSAM” DO MINIS-
assegurados nesta Constituição, promovendo as TÉRIO PÚBLICO PARA, EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA,
medidas necessárias a sua garantia; DEDUZIR PRETENSÃO RELATIVA À MATÉRIA TRI-
III - promover o inquérito civil e a ação civil BUTÁRIA. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
pública, para a proteção do patrimônio públi- DA CORTE. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.
co e social, do meio ambiente e de outros inte- (ARE 694294.Tema de Repercussão Geral. STF. Min.
resses difusos e coletivos; Luiz Fux, julgado em 06.05.2013, DJe em 17.10.2014)
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou
representação para fins de intervenção da União e Tema de Repercussão Geral: quando o STF analisa
dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; questões relevantes sob o aspecto econômico, político,
V - defender judicialmente os direitos e interesses social ou jurídico.  Assim, a decisão tomada pelo STF
das populações indígenas; será aplicada nos processos sobrestados (processo que
VI - expedir notificações nos procedimentos admi- está suspenso aguardando a análise da Corte sobre o
nistrativos de sua competência, requisitando infor-
81

tema de repercussão geral) sobre o mesmo tema.


mações e documentos para instruí-los, na forma da
8-

lei complementar respectiva; ADVOCACIA PÚBLICA


70

VII - exercer o controle externo da atividade poli-


.
93

cial, na forma da lei complementar mencionada no Conforme prevê a Constituição Federal em seu art.
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


artigo anterior; 133 o advogado é essencial à administração da justiça
98

VIII - requisitar diligências investigatórias e a ins- sendo inviolável por seus atos manifestos no exercício
-2

tauração de inquérito policial, indicados os funda- da profissão. A advocacia, no âmbito privado, atende
mentos jurídicos de suas manifestações processuais; aos particulares e empresas; e a advocacia pública
py

IX - exercer outras funções que lhe forem conferi- representa e assessora os interesses do Estado.
p

das, desde que compatíveis com sua finalidade,


Tu

É chefiada pelo Advogado Geral da União, que


sendo-lhe vedada a representação judicial e a con- deve ser cidadão maior de 35 anos de notável saber
o

sultoria jurídica de entidades públicas. jurídico e reputação ilibada, sendo nomeado pelo Pre-
ul
Pa

sidente da República, conforme o § 1º, art. 131, da CF,


Observe que o Ministério Público tem capacidade
de 1988.
postulatória para promover o inquérito civil, ação
penal pública e ação civil pública para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de Importante!
outros interesses difusos e coletivos.
Conforme os arts. 52, inciso II e 102, inciso I,
Ministério Público tem Poder de Investigação alínea “c”, da CF, de 1988 o Advogado Geral da
União é Julgado no Senado Federal nos crimes
O STF em tema de repercussão geral entendeu que de responsabilidade e pelo STF nos crimes
o Ministério Público tem poder para promover, por comuns.
autoridade própria investigações de natureza penal,
conforme a tese assim sumulada:
Nas funções da advocacia pública inclui consulto-
O Ministério Público dispõe de competência para ria, onde o advogado assessora as Autoridades Públi-
promover, por autoridade própria, e por prazo cas, auxiliando o cumprimento da lei nos atos públicos
razoável, investigações de natureza penal, desde e funções de contencioso, a qual representa em juízo
que respeitados os direitos e garantias que assistem os interesses do poder público. 189
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 131 A Advocacia-Geral da União é a instituição Ainda, o subsídio deverá ser fixado ou alterado por
que, diretamente ou através de órgão vinculado, lei específica, observada a iniciativa privada de cada
representa a União, judicial e extrajudicialmente, caso.
cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento,
as atividades de consultoria e assessoramento jurí-
dico do Poder Executivo.
LEI ORGÂNICA DO MINISTÉRIO
Cada um dos entes da União possui sua respectiva PÚBLICO DE SÃO PAULO (LEI
advocacia pública. No que tange aos estados e Distri- COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 734,
to Federal, os procuradores terão ingresso na carreira
DE 26 DE NOVEMBRO DE 1993)
por meio de concurso público de provas e títulos com
a participação da OAB em todas as fases. É assegura-
Lei Orgânica é uma lei que organiza e estrutura
da a estabilidade após três anos de efetivo exercício,
os órgãos, bem como suas atribuições e competên-
mediante avaliação de desempenho.
cias, no âmbito de uma instituição. Assim, temos, por
exemplo, a Lei Orgânica dos Tribunais de Justiça dos
FEDERAL ESTADUAL DISTRITAL MUNICIPAL estados, das Polícias Civis e Militares dos estados, dos
Advocacia Procuradoria Procuradoria Procuradoria Tribunais de Contas, do Ministério Público etc.
Geral da União Geral do Geral do DF Geral No caso do Ministério Público de São Paulo, foi a
– AGU Estado Municipal Lei Complementar nº 734, de 1993, que criou os órgãos
e definiu suas competências e atribuições. De acordo
O Advogado Geral da União não representa a União com essa legislação, os órgãos são definidos nos arts.
nas dívidas de natureza tributária, a representação da 4º a 8º, e as respectivas competências estão previstas
União neste caso cabe à PGN – Procuradoria-Geral da a partir do art. 9º, os quais estudaremos mais adiante.
Fazenda Nacional, conforme consagra o § 3º, art. 131, De antemão, informamos que o Ministério Público
da CF, de 1988. é também conhecido por outros nomes, como Órgão
Ministerial, Parquet ou Fiscal da Lei. Essas expressões
DEFENSORIA PÚBLICA podem aparecer na sua prova.
Estudaremos, através desse material, os arts. 1º ao 9º,
Instituição permanente com autonomia funcional e 43 a 48, e 59 a 75, atualizados com as alterações vigentes.
administrativa que tem a atribuição da promoção dos
Art. 1º O Ministério Público é instituição perma-
direitos humanos, e da defesa dos direitos coletivos e indi-
nente, essencial à função jurisdicional do Estado,
viduais de forma não onerosa (gratuita aos necessitados) incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regi-
conforme consagra o inciso LXXIV, art. 5º, da Constituição. me democrático e dos interesses sociais e indivi-
duais indisponíveis.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros Esse art. 1º fala de três características muito
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilida- importantes, relacionadas à instituição Ministério
81

de do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu- Público.


8-

rança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] Assim, o Ministério Público é uma instituição:
70

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte-


.
93

gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência


z Permanente: Devido a sua importância e essen-
.0

de recursos;
cialidade, o Ministério Público atua de forma inin-
98

terrupta, ou seja, não temporária, porque defende


-2

Ainda, conforme o § 1º, art. 134, da CF as defen- a aplicação das leis e visa garantir direitos funda-
sorias públicas se organizam em cargos de carreiras,
py

mentais para toda a sociedade. Por essa razão, pos-


providos, na classe inicial, mediante concurso públi-
p

sui esse caráter permanente;


Tu

co de provas e títulos. Aos integrantes é assegurada a z Essencial à função jurisdicional do Estado: A fun-
garantia da inamovibilidade e proibido o exercício da
o

ção “jurisdicional” do Estado é aquela exercida prin-


ul

advocacia fora das atribuições institucionais. cipalmente (ou tipicamente) pelo Poder Judiciário,
Pa

Os integrantes da Advocacia Geral da União e ser- de “julgar”, decidir os conflitos existentes na socie-
vidores das defensorias públicas serão remunerados dade, com base na lei. Pois bem, apesar de o Minis-
na forma de subsídio. tério Público não fazer parte do Poder Judiciário,
ele atua de forma essencial nessa função jurisdicio-
Art. 135 Os servidores integrantes das carreiras nal, promovendo ações penais públicas, inquéritos
disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo civis e ações civis públicas, ações de improbidade
serão remunerados na forma do art. 39, § 4º administrativa, ações de inconstitucionalidade,
[...] entre outras, para que o Poder Judiciário possa jul-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato gar, exercendo sua função jurisdicional;
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários z Incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu- do regime democrático e dos interesses sociais
sivamente por subsídio fixado em parcela única, e individuais indisponíveis: O Ministério Públi-
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi- co atua na defesa da ordem jurídica, ou seja, visa
cional, abono, prêmio, verba de representação ou garantir o fiel cumprimento das leis, tanto pelo poder
outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- público, quanto pelos cidadãos, por isso é chamado
190 quer caso, o disposto no art. 37, X e XI. de “Fiscal da Lei”. Ao defender também o regime
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democrático, o órgão ministerial atua no fortaleci-
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS
mento das instituições de Estado e na garantia dos
direitos dos cidadãos, preservando nossa democra-
cia. Por fim, o Ministério Público atua na defesa dos Independência
Unidade Indivisibilidade
interesses sociais (de toda a sociedade) e individuais funcional
indisponíveis, como a vida, a saúde, a educação, a
segurança, o meio ambiente e tantos outros.
§ 3º A Chefia do Ministério Público cabe ao Procu-
rador-Geral de Justiça.
Permanente
MINISTÉRIO PÚBLICO

Informação importante, não esqueça: o chefe


Essencial à função
jurisdicional do Estado (autoridade máxima) do Ministério Público dos Esta-
dos chama-se Procurador-Geral de Justiça!
Defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e Art. 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia
dos interesses sociais e funcional e administrativa, cabendo-lhe, especialmente:
individuais indisponíveis I - praticar atos próprios de gestão;
II - praticar atos e decidir sobre a situação funcio-
nal e administrativa do pessoal, ativo e inativo, da
§ 1º A organização, as atribuições e o estatuto do
carreira e dos serviços auxiliares, organizados em
Ministério Público são estabelecidos por esta lei
quadros próprios;
complementar.
III - elaborar suas folhas de pagamentos e expedir
os competentes demonstrativos;
Como dissemos inicialmente, essa lei complemen- IV - adquirir bens e contratar serviços, efetuando a
tar estabelece os órgãos e suas respectivas atribuições, respectiva contabilização;
definindo o Estatuto do Ministério Público de São Pau- V - propor ao Poder Legislativo a criação e a extin-
lo. Seus órgãos serão definidos a partir do art. 4º, que ção de seus cargos, bem como a fixação e o reajuste
veremos adiante. dos vencimentos de seus membros;
VI - propor ao Poder Legislativo a criação e a extinção
§ 2º São princípios institucionais do Ministério dos cargos de seus serviços auxiliares, bem como a fixa-
Público a unidade, a indivisibilidade e a indepen- ção e o reajuste dos vencimentos de seus servidores;
dência funcional. VII - prover os cargos iniciais da carreira e dos ser-
viços auxiliares, bem como nos casos de remoção,
Esse § 2º é muito importante, porque define os promoção e demais formas de provimento derivado;
princípios institucionais do Ministério Público, previs- VIII - editar atos de aposentadoria, exoneração e
tos no § 1º, art. 127, da Constituição Federal. São eles: outros que importem em vacância de cargos de
carreira e dos serviços auxiliares, bem como os de
z Unidade: O art. 128, da Constituição Federal, esta- disponibilidade de membros do Ministério Público e
de seus servidores;
belece que o Ministério Público abrange o da União
81

IX - instituir e organizar seus órgãos de apoio admi-


e o dos Estados. Por sua vez, o Ministério Público
8-

nistrativo, suas secretarias e os serviços auxiliares


da União compreende o Ministério Público Federal;
70

das Procuradorias e Promotorias de Justiça;


do Trabalho; Militar; e do Distrito Federal e Territó-
.

X - compor os seus órgãos de Administração;


93

rios. Apesar dessa divisão funcional, o princípio da XI - elaborar seus regimentos internos;
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


unidade do Ministério Público significa dizer que XII - exercer outras competências decorrentes de
98

os seus membros integram um único órgão, sob a sua autonomia.


-2

direção de um único chefe. Essa unidade, no entan-


py

to, só existe no Ministério Público; Esses dispositivos apresentam algumas das princi-
p

z Indivisibilidade: Pelo princípio da indivisibilidade, pais atribuições ou competências do Ministério Público.


Tu

os membros do Ministério Público podem ser subs- De acordo com os incisos V e VI, se o Ministério
o

tituídos em um processo (de acordo com a lei), sem Público de São Paulo desejar criar ou extinguir cargos,
ul

que isso cause qualquer prejuízo, porque quem está


Pa

seja os de carreira (Promotor de Justiça Substituto) ou


atuando, no caso, é o órgão Ministério Público em os de serviços auxiliares (Analista, Oficial e Auxiliar de
si, e não a pessoa do Promotor de Justiça ou Pro- Promotoria, Analista Jurídico e Analista Técnico-Cientí-
curador da República. Mais uma vez, esse princípio fico do MP, além das funções de confiança e cargos em
da indivisibilidade (possibilidade de substituição) comissão), não poderá fazê-lo por conta própria: deve-
só é aplicado dentro de um mesmo ramo do Minis- rá elaborar um projeto de lei, propondo isso ao Poder
tério Público. Um Procurador do Trabalho (que Legislativo (no caso, à Assembleia Legislativa do Estado
atua perante o Ministério Público do Trabalho), por de São Paulo), para ser apreciado e votado. No caso de
exemplo, não pode substituir um Promotor de Jus- definição (“fixação”) e alteração (“reajuste”) dos venci-
tiça (que atua no Ministério Público dos Estados); mentos desses cargos, o procedimento é o mesmo.
z Independência funcional: Os membros do Ministério Para entender os incisos VII e VIII, precisaremos
Público atuam de forma independente no exercício saber que “prover” um cargo público é ocupá-lo por
de suas funções. Não estão subordinados a qualquer um servidor e, por outro lado, a “vacância” de um car-
autoridade pública, como os juízes, desembargado- go público significa torná-lo vago, pela saída ou deso-
res, Presidente da República, Governadores, Prefeitos, cupação do servidor. Várias são as formas de prover
Secretários e Ministros de Estado, Delegados etc. um cargo público. 191
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Desta forma, tem-se que uma dessas formas é a § 1º Os recursos correspondentes às suas dotações
“nomeação” (de candidato aprovado em concurso orçamentárias próprias e globais, compreendidos os
público, por exemplo), considerada uma forma de créditos suplementares e especiais, ser-lhe-ão postos à
provimento “originário”, porque inaugura ou inicia disposição em duodécimos, até o dia 20 (vinte) de cada
um vínculo com a Administração Pública. mês, sem vinculação a qualquer tipo de despesa, em
No entanto, há outras formas de provimento, cha- cotas estabelecidas na programação financeira, com
madas “derivadas”, para os servidores que já pos- participação percentual nunca inferior à estabelecida
suíam um vínculo com a Administração pública. O art. pelo Poder Executivo para seus próprios órgãos.
132, da Lei Orgânica, informa que são formas de pro- § 2º Os recursos próprios, não originários do Tesou-
vimento derivado dos cargos do Ministério Público a ro Estadual, serão utilizados em programas vincula-
dos aos fins da instituição, vedada outra destinação.
promoção, a remoção, a reintegração, a reversão e
§ 3º A fiscalização contábil, financeira, orçamentá-
o aproveitamento.
ria, operacional e patrimonial do Ministério Público,
Ainda no que se refere à vacância, é importante
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
salientar os motivos pelos quais esta pode ocorrer,
aplicação de dotações e recursos próprios e renún-
como por meio da exoneração ou demissão, pro-
cia de receitas, será exercida, mediante controle
moção, readaptação, aposentadoria ou até mesmo externo, pelo Poder Legislativo e, mediante contro-
pelo falecimento do servidor. le interno, pela Diretoria Técnica de Fiscalização e
Como vimos, a “remoção” trata-se de uma ocorrên- Controle da Execução Orçamentária, organizada e
cia de forma derivada, isso porque há apenas o desloca- estruturada por ato do Procurador-Geral de Justiça.
mento do servidor para outra unidade do mesmo órgão.
Pois bem, ao contrário do que vimos nos incisos O art. 3º trata da autonomia financeira do Minis-
V e VI, em que, para criação e extinção de cargos ou tério Público, que possui orçamento próprio para uti-
fixação e reajuste de seus vencimentos, o Ministério lizar seus recursos da forma que melhor lhe convier,
Público dependia do Poder Legislativo, de acordo
respeitadas as previsões legais.
com os incisos VII e VIII, para prover e dar vacância
Dessa forma, o Órgão Ministerial elabora sua pro-
aos cargos dos seus membros e serviços auxiliares, o
posta de orçamento, que será enviada para o Governa-
Ministério Público não dependerá de ninguém e pode-
dor, através do seu chefe máximo, o Procurador-Geral
rá fazer por ato próprio.
de Justiça (§ 1º).
Essa proposta de orçamento fará parte da Lei
§ 1º O Ministério Público instalará seus órgãos de
administração, de execução e de serviços auxiliares Orçamentária do Estado, que será apreciada e votada
em prédios sob sua administração, além de poder pela Assembleia Legislativa do estado (§ 1º).
contar com as dependências a ele destinadas nos Os recursos serão liberados para o Ministério
prédios do Poder Judiciário. Público em parcelas mensais (duodécimos), até o dia
§ 2º Na construção dos edifícios dos fóruns, serão 20 de cada mês (§ 2º).
reservadas instalações adequadas para o Ministé- Caso o Órgão Ministerial receba outros recursos,
rio Público em prédio ou ala própria, independentes que não do estado, esses valores terão que ser, obriga-
e sob sua administração. toriamente, utilizados em ações relacionadas às fina-
§ 3º As decisões do Ministério Público fundadas em lidades da instituição (§ 2º).
sua autonomia funcional e administrativa, obedeci-
81

Quanto à fiscalização do orçamento do Ministério


das as formalidades legais, têm auto-executoriedade Público (utilização dos recursos), ela ocorrerá, inter-
8-

e eficácia plena, ressalvada a competência constitu-


70

namente (dentro do próprio órgão), pela Diretoria


cional do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas.
.

Técnica de Fiscalização e Controle da Execução Orça-


93

§ 4º Os atos de gestão administrativa do Ministério


mentária, e, externamente (por outro órgão), pela
.0

Público, inclusive no tocante a convênios, contratações


Assembleia Legislativa (§ 3º).
98

e aquisições de bens e serviços, não podem ser condi-


-2

cionados à apreciação prévia de quaisquer órgãos do


Poder Executivo Art. 4º O Ministério Público compreende:
py

I - órgãos de Administração Superior;


p

Os parágrafos de 1º a 4º, do art. 2º, tratam da auto- II - órgãos de Administração;


Tu

nomia funcional e administrativa do Ministério Público. III - órgãos de Execução;


o

Esta autonomia está refletida de forma concreta nos IV - órgãos Auxiliares.


ul
Pa

parágrafos §§ 1º e 2º, quanto às instalações do Ministé-


rio Público, determinando que a ele cumpre a ocupa- Orgãos de
Administração
ção de prédios próprios e ainda contará com espaços
Superior
dentro dos órgãos da Justiça, sob sua administração.
Outra apresentação clara referente à autonomia Orgãos de
está apresente nas decisões e gestão administrativas ORGÃOS DO Administração
do Ministério Público, pois são autoexecutáveis, ou MINISTÉRIO
PÚBLICO
seja, não dependem de qualquer autorização ou apre- Orgãos de
ciação de outros órgãos (§§ 3º e 4º). execução

Art. 3º O Ministério Público elaborará sua propos- Orgãos


ta orçamentária dentro dos limites estabelecidos Auxiliares
na Lei de Diretrizes Orçamentárias, encaminhan-
do-a, por intermédio do Procurador-Geral de Jus-
tiça, diretamente ao Governador do Estado para Como se vê, todos os órgãos do Ministério Público
inclusão no projeto de lei orçamentária a ser sub- serão enquadrados em uma dessas quatro espécies,
192 metido ao Poder Legislativo. apresentados da maior para a menor hierarquia.
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Art. 5º São órgãos da Administração Superior Art. 9º A Procuradoria-Geral de Justiça, órgão execu-
do Ministério Público: tivo da Administração Superior do Ministério Públi-
I - a Procuradoria-Geral de Justiça; co, tem por Chefe o Procurador-Geral de Justiça.
II - o Colégio de Procuradores de Justiça; Parágrafo único. Revogado.
III - o Conselho Superior do Ministério Público; § 1º Poderão ser instituídas na Procuradoria-Geral
IV - a Corregedoria-Geral do Ministério Público. de Justiça até 4 (quatro) Subprocuradorias-Gerais
de Justiça, a serem chefiadas por Subprocuradores-
Os órgãos de maior hierarquia, que são os da -Gerais designados na forma do artigo 20.
Administração Superior, são esses quatro acima apre- § 2º O Procurador-Geral de Justiça será substituído:
sentados: Procuradoria-Geral, Colégio de Procurado- 1 - em suas faltas, férias, licenças e afastamentos, a
qualquer título, por período não superior a 15 (quinze)
res, Conselho Superior e Corregedoria-Geral.
dias, pelo Subprocurador-Geral de Justiça que indicar;
2 - nos casos de impedimentos, vacância ou afasta-
Art. 6º São órgãos de Administração do Ministé-
mento por período superior a 15 (quinze) dias, pelo
rio Público:
membro do Conselho Superior do Ministério Públi-
I - as Procuradorias de Justiça;
co mais antigo na segunda instância.
II - as Promotorias de Justiça.
§ 3º Das decisões dos Subprocuradores-Gerais de
Justiça caberão recursos, no prazo de 3 (três) dias,
Os Órgãos de Administração são dois: as Procura- ao Procurador-Geral de Justiça.
dorias e as Promotorias.
Muita atenção agora para os Órgãos de Execução: A Procuradoria-Geral de Justiça é o órgão máximo
da instituição. É definido pela lei como “órgão execu-
Art. 7º São órgãos de execução do Ministério Público: tivo da Administração Superior”. É lá que atua o chefe
I - o Procurador-Geral de Justiça; maior, o Procurador-Geral de Justiça.
II - o Colégio de Procuradores de Justiça; A legislação informa (§ 1º) que a Procuradoria-Ge-
III - o Conselho Superior do Ministério Público; ral poderá se subdividir em, no máximo, 04 (quatro)
IV - os Procuradores de Justiça; Subprocuradorias-Gerais, com até 04 (quatro) Subpro-
V - os Promotores de Justiça. curadores-Gerais chefiando-as.
De acordo com o § 2º, quando o Procurador-Geral
Procurador-Geral tiver que se ausentar por menos de 15 (quinze) dias,
de Justiça quem o substituirá será um dos Subprocuradores-Ge-
ORGÃOS DE EXECUÇÃO

rais que ele indicar.


Colégio de Procuradores
de Justiça Mas se a ausência for maior do que 15 (quinze) dias,
o Procurador-Geral não terá o poder de indicar seu
Conselho Superior do substituto. Quem o substituirá será, necessariamente,
Ministério Público
o membro mais antigo no cargo do Conselho Superior
Procuradores de Justiça do Ministério Público na segunda instância. Cuidado,
porque o mais antigo não significa o mais velho, de
maior idade. O que conta nesse caso é o que tiver maior
Promotores de Justiça
tempo no cargo, independentemente de sua idade.
E, por fim, conforme § 3º, as decisões dos Subpro-
81

curadores podem ser revisadas pelo Procurador-Ge-


É necessário ter muito cuidado para não confundir
8-

ral. O recurso deverá ser feito em até 3 (três) dias.


“Procuradoria-Geral de Justiça”, que é um órgão da
70

Agora, estudaremos mais sobre os dois Órgãos de


Administração Superior (art. 5º), com o “Procurador-
.
93

Administração do Ministério Público de São Paulo: as


-Geral de Justiça”, que é um Órgão de Execução (art. 7º). Procuradorias e Promotorias de Justiça, nos arts. 43 a 48.
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


Da mesma forma, não confundir as “Procuradorias
98

e Promotorias de Justiça”, que são Órgãos de Adminis- Art. 43 As Procuradorias de Justiça são Órgãos
-2

tração (art. 6º), com os “Procuradores e Promotores de de Administração do Ministério Público, com car-
py

Justiça”, que são Órgãos de Execução (art. 7º). gos de Procurador de Justiça e serviços auxiliares
p

As bancas são legalistas e esses detalhes podem ser necessários ao desempenho das funções que lhe
Tu

objeto de “pegadinha” em sua prova. forem cometidas por esta lei complementar.
o

Perceba, também, que o “Colégio de Procuradores


ul

As Procuradorias de Justiça são órgãos de Admi-


de Justiça” e o “Conselho Superior do Ministério Públi-
Pa

nistração do Ministério Público que atuam perante os


co” são, ao mesmo tempo, Órgãos da Administração
Tribunais de Justiça (2ª instância do Poder Judiciário).
Superior (art. 5º) e Órgãos de Execução (art. 7º).
Nas Procuradorias de Justiça, atuam os Procuradores
Vejamos agora os seis Órgãos Auxiliares do Minis-
de Justiça (Promotores de Justiça que foram promo-
tério Público de São Paulo:
vidos para atuar na 2ª instância), bem como o pessoal
dos cargos de serviços auxiliares.
Art. 8º São órgãos auxiliares do Ministério Público:
I - os Centros de Apoio Operacional; Art. 44 As Procuradorias de Justiça serão instituí-
II - a Comissão de Concurso; das por Ato do Colégio de Procuradores de Justiça,
III - o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional; mediante proposta do Procurador-Geral de Justiça,
IV - os órgãos de apoio técnico e administrativo; que deverá conter:
V - os Estagiários. I - a denominação das Procuradorias de Justiça, de
VI - a Comissão Processante Permanente. acordo com a respectiva área de atuação;
II - o número de cargos de Procurador de Justiça
Detalharemos um pouco mais agora alguns desses que a integrarão;
órgãos apresentados nos arts. 5º a 8º, começando pela III - as normas de organização interna e de
Procuradoria-Geral de Justiça. funcionamento. 193
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As Procuradorias de Justiça (que são Órgãos de I - fixação de tese jurídica, sem caráter vinculativo,
Administração) são criadas pelo Colégio de Procura- inclusive para interposição de recursos aos Tribu-
dores de Justiça (que é um Órgão de Administração nais Superiores, encaminhando-as ao Procurador-
Superior), mas quem propõe essa criação é o Procura- -Geral de Justiça para conhecimento e publicidade;
dor-Geral de Justiça. II - propor ao Procurador-Geral de Justiça a escala
Ao propor a criação, o Procurador-Geral de Justi- de férias individuais de seus integrantes;
ça dará nome a essa Procuradoria de Justiça que será III - Revogado.
criada, dependendo da área de atuação (cível, crimi- IV - encaminhar à Procuradoria-Geral de Justiça
sugestões para a elaboração do Plano Geral de Atua-
nal etc.), a quantidade de cargos de Procuradores de
ção do Ministério Público;
Justiça que deverão atuar nela e as normas de orga-
V - definir critérios para a presença obrigatória de
nização e funcionamento dessa Procuradoria.
Procurador de Justiça nas sessões de julgamento
Se, posteriormente, houver necessidade de se pro- dos processos;
mover alguma alteração na organização das Procura- VI - estabelecer o sistema de inspeção permanente
dorias, qualquer membro do Colégio de Procuradores dos serviços dos Promotores de Justiça nos autos
poderá fazer essa proposta, conforme previsto no § 6º, em que oficiem, cujos relatórios serão remetidos à
apresentado mais adiante. Corregedoria-Geral do Ministério Público.
VII - solicitar ao Procurador-Geral de Justiça a
§ 1º O remanejamento de cargos de Procurador de designação de estagiários;
Justiça de uma para outra Procuradoria dependerá de VIII - sugerir as atribuições a serem desempenha-
aprovação do Órgão Especial do Colégio de Procurado- das por funcionários e estagiários.
res de Justiça, por iniciativa de Procurador de Justiça, § 5º A participação nas reuniões das Procuradorias de
sempre com fundamento na necessidade do serviço. Justiça é obrigatória e delas serão lavradas atas cujas
cópias serão remetidas ao Procurador-Geral de Jus-
É o Órgão Especial do Colégio de Procuradores tiça, ao Corregedor-Geral do Ministério Público e ao
de Justiça que aprova o remanejamento de um Pro- Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça.
curador de Justiça, de uma Procuradoria para outra.
Essa solicitação de remanejamento deve ser feita por As reuniões das Procuradorias de Justiça serão
algum Procurador de Justiça, e só será aprovada se mensais, para tratar desses e de quaisquer outros
houver necessidade do serviço. assuntos de seu interesse, e as cópias das atas dessas
reuniões deverão ser encaminhadas para três órgãos/
§ 2º Os integrantes de cada Procuradoria de Justiça autoridades: o Procurador-Geral de Justiça, o Correge-
escolherão dois Procuradores de Justiça para exer- dor-Geral de Justiça e o Órgão Especial do Colégio de
cerem, durante o período de 1 (um) ano, permitida Procuradores de Justiça.
uma recondução consecutiva, as funções de Secre-
tário Executivo e de Suplente de Secretário Execu- § 6º Qualquer membro do Colégio de Procuradores
tivo, com incumbência de responder pelos serviços de Justiça poderá propor alteração na organização
administrativos da Procuradoria. das Procuradorias de Justiça.
§ 7º O prazo para devolução dos autos com mani-
Em cada Procuradoria de Justiça atuam muitos festação de Procurador de Justiça não poderá exce-
Procuradores de Justiça. Eles escolherão 01 (um) para der, salvo situações especiais, 30 (trinta) dias.
81

ser o Secretário Executivo e mais 01 (um) para ser o


8-

seu Suplente; responderão pelos serviços administra- Quando um processo for movimentado para que
70

tivos da Procuradoria; exercerão essa função por 01 um Procurador de Justiça possa se manifestar nele,
.
93

(um) ano, mas poderão permanecer por mais 01 (um) serão concedidos, no máximo, 30 (trinta) dias para a
.0

ano consecutivo (“uma recondução consecutiva”), se devolução. Em situações especiais, esse prazo poderá
98

forem escolhidos novamente. ser maior.


-2

§ 3º Cada Procuradoria de Justiça definirá consensual- Art. 45 Os serviços auxiliares das Procuradorias de
py

mente, conforme critérios próprios, a divisão interna Justiça destinar-se-ão a dar suporte administrativo
p

dos serviços processuais dentre seus integrantes; não


Tu

necessário ao seu funcionamento e ao desempenho


havendo consenso aplicar-se-á o disposto no inciso das funções dos Procuradores de Justiça e serão
o

XVII, do artigo 22, desta lei complementar. instituídos e organizados por Ato do Procurador-
ul

-Geral de Justiça.
Pa

Em relação à divisão dos processos entre os Pro-


curadores que atuam em uma mesma Procuradoria, Nas Procuradorias de Justiça atua, além dos Pro-
essa distribuição de demandas deverá ser por consen- curadores, o pessoal dos serviços auxiliares. Como o
so entre eles mesmos. próprio nome diz, eles darão suporte administrativo
No entanto, se não houver consenso, é o Colégio (prestarão auxílio) aos Procuradores.
de Procuradores de Justiça que irá “fixar critérios É o Procurador-Geral de Justiça quem institui e
objetivos para a distribuição equitativa dos processos, organiza as atividades dos serviços auxiliares nessas
sempre por sorteio, entre os Procuradores de Justiça Procuradorias de Justiça.
que integram as Procuradorias de Justiça, observadas Agora, vamos estudar sobre as Promotorias de
as regras de proporcionalidade, especialmente a alter- Justiça.
nância em função da natureza, volume e espécie dos fei-
tos”, conforme o referido inciso XVII, do art. 22. Art. 46 As Promotorias de Justiça são Órgãos de
Administração do Ministério Público com um ou
§ 4º As Procuradorias de Justiça realizarão, obrigato- mais cargos de Promotor de Justiça e serviços auxi-
riamente, reuniões mensais para tratar de assunto de liares necessários ao desempenho das funções que lhe
194 seu peculiar interesse, e especialmente para: forem cometidas na forma desta lei complementar.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Parágrafo único. As Promotorias de Justiça serão IV - cada Promotoria de Justiça deverá manter os
integradas por Promotores de Justiça encarregados livros, pastas e arquivos obrigatórios, bem como regis-
de exercer as funções institucionais de Ministério tro e controle permanente dos seus procedimentos e
Público e tomar as medidas judiciais e extrajudiciais expedientes, findos ou em andamento;
V - as Promotorias de Justiça realizarão reuniões men-
necessárias à consecução dos objetivos e diretrizes
sais para tratar de assunto de seu peculiar interesse, e
definidos nos Planos Gerais de Atuação do Ministé- especialmente para:
rio Público e nos respectivos Programas de Atuação. a) encaminhar à Procuradoria-Geral de Justiça sugestões
para a elaboração do Plano Geral de Atuação do Minis-
As Promotorias de Justiça são órgãos de Administra- tério Público;
ção que atuam perante a 1ª instância do Poder Judiciário. b) definir, de acordo com o Plano Geral de Atuação, os
Nelas, atuam os Promotores de Justiça, com o pessoal dos respectivos Programas de Atuação da Promotoria e os
Programas de Atuação Integrada;
serviços auxiliares, que lhes dão suporte administrativo. c) propor ao Procurador-Geral de Justiça a escala de
As Promotorias de Justiça são espalhadas por todo o férias individuais de seus integrantes, a de substitui-
estado, e são quem estabelecem esse contato direto do ção automática para atuação em procedimentos ou
Ministério Público com a sociedade, para onde geralmen- processos judiciais, observados os critérios de proxi-
te a população se dirige, para apresentar suas demandas. midade e facilidade de acesso, e a de plantão, sempre
que o exigirem as necessidades da Promotoria ou os
Conforme o parágrafo único, a atuação dos Promotores
serviços judiciários;
de Justiça não se dá apenas perante o Poder Judiciário, mas d) propor a constituição de Grupos de Atuação Especial,
pode se dar de forma “extrajudicial”, perante órgãos da de caráter transitório, para consecução dos objetivos e
administração pública, como as Secretarias de Educação, diretrizes definidos nos Planos Gerais de Atuação e nos
Saúde, Segurança Pública, meio ambiente etc., do Estado respectivos Programas de Atuação;
ou do Município respectivo, dependendo da demanda. e) solicitar ao Procurador-Geral de Justiça a designação
de Estagiários do Ministério Público para a Promotoria
de Justiça, definindo as respectivas funções;
Art. 47 As Promotorias de Justiça serão organiza-
f) sugerir a organização administrativa de seus servi-
das por Ato do Procurador-Geral de Justiça, obser- ços auxiliares internos;
vadas as seguintes disposições: g) sugerir as atribuições a serem desempenhadas por
funcionários e estagiários.
A organização das Promotorias de Justiça é defini- § 1º Todas as deliberações tomadas sobre as matérias refe-
da pelo Procurador-Geral de Justiça. ridas no inciso V, deste artigo, sempre por maioria simples
de voto presente a maioria absoluta dos integrantes da
Promotoria de Justiça, serão comunicadas ao Procurador-
I - as Promotorias de Justiça poderão ser Especia-
-Geral de Justiça para as providências cabíveis e, se for o
lizadas, Criminais, Cíveis, Cumulativas ou Gerais; caso, para registro ou expedição do ato competente para
conferir-lhes eficácia.
Falaremos sobre essas definições no § 3º, mais adiante. § 2º A participação nas reuniões da Promotoria de Jus-
tiça é obrigatória, dela lavrando-se ata, da qual reme-
II - nas Promotorias de Justiça com mais de 1 (um) inte- ter-se-á cópia à Procuradoria-Geral de Justiça.
grante serão escolhidos Promotores de Justiça para
exercer, durante o período de 1 (um) ano, permitida uma As Promotorias reunir-se-ão todos os meses para
81

recondução consecutiva, as funções de Secretário Exe- tratar desses e outros assuntos de seu interesse.
8-

cutivo e respectivo Suplente, com incumbência de res- De acordo como § 1º, para se decidir sobre qualquer
70

ponder pelos serviços administrativos da Promotoria; questão relacionada a esses assuntos elencados acima,
.
93

nas alíneas do inciso V, deverá estar presente na reu-


.0

nião a maioria absoluta dos Promotores de Justiça que

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


Semelhantemente ao que ocorre no âmbito das Pro-
98

fazem parte da respectiva Promotoria. Cumprido esse


curadorias de Justiça (conforme vimos no § 2º, art. 44),
-2

primeiro requisito, as decisões serão aprovadas pela


também nas Promotorias de Justiça haverá um Pro- maioria dos Promotores presentes na reunião.
py

motor exercendo a função de Secretário Executivo e seu Vamos dar um exemplo, para ficar mais fácil. Ima-
p

suplente, que responderão pelos serviços administrati- gine uma Promotoria de Justiça composta por 20 (vin-
Tu

vos da respectiva Promotoria por 01 (um) ano, podendo te) Promotores.


o

permanecer por mais 01 (um) ano consecutivo. Pois bem, para que essa Promotoria possa decidir
ul

sobre algum desses assuntos do inciso V, deverá par-


Pa

Claro que, nas Promotorias de pequenas cidades,


onde atua apenas um único Promotor, não há que se ticipar da reunião a maioria (absoluta) da quantidade
falar em escolha para Secretário Executivo ou suplente: é de Promotores dessa Promotoria, ou seja, pelo menos
esse único Promotor quem responderá pela Promotoria. 11 (onze) Promotores devem estar presentes, parti-
cipando da reunião. Imagine que no nosso exemplo
III - cada Promotoria de Justiça encaminhará ao Pro- estavam presentes 16 (dezesseis) Promotores.
Pronto, as decisões poderão ser tomadas pela
curador-Geral de Justiça a sugestão de divisão inter-
maioria desses 16 (dezesseis) Promotores presentes,
na dos serviços, processuais e extraprocessuais, bem
ou seja, pelo voto favorável de 9 (nove) deles.
como suas alterações, para deliberação pelo Órgão
Se fossem 11 (onze) Promotores que estivessem
Especial do Colégio de Procuradores de Justiça;
participando da reunião (o mínimo exigido para o nos-
so caso), bastaria o voto de apenas 6 (seis) Promotores.
Caso uma Promotoria queira sugerir ou alterar a Perceba que os 09 (nove) votos do primeiro exem-
divisão interna dos seus serviços, deverá encaminhar plo, ou até mesmo os 06 (seis) votos do segundo exem-
essa proposta ao Procurador-Geral, que por sua vez plo, foram suficientes, mesmo sem representar a
apresentará essa demanda ao Órgão Especial do Colé- maioria absoluta dos membros da Promotoria, que é
gio de Procuradores, para aprovação.. composta por 20 (vinte) membros. 195
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Mas isso não importa: basta que esteja presente a § 7º Sem prejuízo do disposto no § 3º deste artigo,
maioria (absoluta) do total dos membros, para que a as Promotorias de Justiça poderão ter atuação
maioria do “presentes” aprove. local ou regional, conforme Ato do Procurador-Ge-
ral de Justiça, considerando-se:
§ 3º Consideram-se: 1 - Promotoria de Justiça Local, aquela cujos cargos que
I - Promotorias Especializadas, aquelas cujos car- a integram têm atribuições em base territorial com-
gos que as integram têm suas funções definidas preensiva de uma comarca ou foro distrital ou regional;
pela espécie de infração penal, pela natureza da 2 - Promotoria de Justiça Regional, aquela cujos
relação jurídica de direito civil ou pela competência cargos que a integram têm atribuições em base
territorial compreensiva de um conjunto de Muni-
de determinado órgão jurisdicional, fixada exclusi-
cípios de uma mesma região.
vamente em razão da matéria;
Além das Promotorias serem organizadas pela
As Promotorias Especializadas atuam em matérias “matéria” (Especializadas, Criminais, Cíveis), elas
específicas, como é o caso das Promotorias da Violência também são organizadas em relação ao “território”
Doméstica (pela espécie de infração penal), do Consumi- de atuação, que pode ser local ou regional.
dor (pela natureza da relação jurídica de direito civil), do Assim, a Promotorias de Justiça Locais atuam em
Patrimônio Público (pela competência do órgão jurisdi- uma única comarca (foro distrital ou regional) da Jus-
cional), da Educação, do Meio Ambiente etc. tiça, em uma única localidade.
Já a Promotorias de Justiça Regionais abran-
II - Promotorias Criminais, aquelas cujos cargos que gem o território de vários municípios de uma região,
as integram têm suas funções definidas para a esfera perante várias comarcas da Justiça.
penal, exclusivamente, sem distinção entre espécies
Art. 48 Os serviços auxiliares das Promotorias de
de infração penal ou de órgão jurisdicional com com-
Justiça destinar-se-ão a dar suporte administrativo
petência fixada exclusivamente em razão da matéria;
necessário ao seu funcionamento e ao desempenho das
funções dos Promotores de Justiça e serão instituídos e
As Promotorias Criminais atuam genericamente organizados por Ato do Procurador-Geral de Justiça.
na área penal, em relação aos mais diversos crimes.
Como já explicamos, os serviços auxiliares das
III - Promotorias Cíveis, aquelas cujos cargos que as Promotorias de Justiça prestam esse suporte admi-
integram têm suas funções definidas para a esfera civil, nistrativo aos Promotores de Justiça. São atividades
sem distinção quanto a natureza da relação jurídica de indispensáveis, importantes e necessárias ao bom
direito civil ou de órgão jurisdicional com competência funcionamento das Promotoria de Justiça.
fixada exclusivamente em razão da matéria; Semelhantemente ao que vimos ocorrer nas Pro-
curadorias de Justiça (caput do art. 45), é o Procu-
As Promotorias Cíveis atuam genericamente no rador-Geral de Justiça quem institui e organiza as
âmbito cível, em tudo o que não for de natureza penal. atividades desses serviços auxiliares.
Tendo estudado sobre as Procuradorias e Promotorias
IV - Promotorias Cumulativas ou Gerais, aquelas de Justiça, estudaremos sobre os órgãos e serviços auxilia-
cujos cargos que as integram têm, simultaneamen- res de apoio técnico e administrativo do Ministério Público.
81

te, as funções daqueles que compõem as Promoto-


8-

Art. 59 Os órgãos e serviços auxiliares de apoio técni-


rias Criminais e Cíveis.
70

co e administrativo do Ministério Público serão orga-


.

nizados e instituídos por Ato do Procurador-Geral de


93

E, por fim, as Promotorias Cumulativas ou Justiça e contarão com quadro próprio de cargos de
.0

Gerais, geralmente presentes nas pequenas cidades, carreira que atendam suas peculiaridades, as neces-
98

acumulam as funções cíveis e criminais. sidades da administração e as atividades funcionais.


-2

Devemos lembrar, conforme art. 8º, já estudado,


py

§ 4º Os Grupos de Atuação Especial deverão ser


que os órgãos e serviços auxiliares de apoio técni-
p

aprovados pelo Órgão Especial do Colégio de Pro-


Tu

curadores de Justiça. co e administrativo são um dos órgãos auxiliares do


§ 5º O Ato do Procurador-Geral de Justiça que orga- Ministério Público.
o
ul

nizar as Promotorias definirá se ela é Especializada,


Pa

Criminal, Cível ou Cumulativa ou Geral.


§ 6º A Promotoria de Justiça será obrigatoriamente Centros de
Apoio
especializada se os cargos que a integram contive- Operacional
rem na sua denominação indicativo de espécie de
infração penal, de relação jurídica de direito civil Comissão Comissão
Processante de
ou de órgão jurisdicional com competência definida Permanente Concurso
exclusivamente em razão da matéria. ÓRGÃOS
AUXILIARES
DO
Já que é o Procurador-Geral de Justiça quem orga- MINISTÉRIO
PÚBLICO
niza as Promotorias (caput do art. 47), é ele mesmo Centro de
quem define de qual tipo elas serão: se Especializada, Estagiários
Estudos e
Aperfeiçoamento
Criminal, Cível ou Cumulativa (Geral). Funcional
No entanto, a designação de Promotores para a Órgãos de
apoio
compor Grupos de Atuação Especial (para demandas técnico e
administrativo
específicas) deverá ser aprovada pelo Órgão Especial
196 do Colégio de Procuradores de Justiça.
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Esses órgãos e serviços auxiliares de apoio técnico § 1º A Área de Saúde tem atribuição especializada
e administrativo do Ministério Público compõem um para realização de exames, perícias e inspeções
quadro próprio de cargos e carreiras da instituição, médicas de que trata a presente lei complementar,
que são criados e organizados por ato do Procurador- além de outras atividades que lhe sejam próprias.
-Geral de Justiça. § 2º A execução das atividades da Área de Saúde
A esse respeito, o Plano de Cargos e Carreiras dos Ser- poderão ser realizadas por outros órgãos oficiais
vidores do Quadro de Pessoal do Ministério Público de ou credenciados, conforme Ato regulamentar do
São Paulo, que estabelece, entre outras coisas, o padrão Procurador-Geral de Justiça.
de vencimento dos cargos, foi instituído pela Lei Com-
plementar nº 1.118, de 2010, cuja última atualização (até Como se vê, a Chefia de Gabinete compreenderá
a edição deste material) se deu pela Lei Complementar um Centro de Informática, além das diversas outras
nº 1.364, de 2021, com efeitos a partir de 01/01/2022. áreas apresentadas e organizadas na figura a seguir:

Art. 60 Os serviços auxiliares de apoio técnico e


administrativo atuarão junto ao:
I - Gabinete do Procurador-Geral de Justiça; Centro
de
II - Corregedoria-Geral do Ministério Público;
Informática
III - Colégio de Procuradores de Justiça;
IV - Conselho Superior do Ministério Público; Área Área de
V - Procuradorias de Justiça; de Serviços
VI - Promotorias de Justiça; Saúde Estatísticos
VII - Centro de Estudo e Aperfeiçoamento Funcional. CHEFIA
Parágrafo único. Para a descentralização dos servi- DE
ços auxiliares e de apoio técnico o Procurador-Ge- GABINETE
Área de
ral de Justiça poderá instituir Áreas Regionais, que Área de
Expediente
contarão com estrutura necessária para o desem- Documentação
e
penho de suas funções. e Divulgação
Secretarias
Área de
Como se verifica, os servidores dos serviços auxilia- Apoio à
Segunda
res de apoio técnico e administrativo serão designados Instância
para atuação em vários órgãos do Ministério Público.
Conheceremos melhor, agora, a estrutura do Gabi-
nete do Procurador-Geral de Justiça, onde poderão
atuar o pessoal dos serviços auxiliares de apoio técni- Lembrando que, conforme § 2º, o Procurador-Ge-
co e administrativo. ral de Justiça poderá regulamentar a delegação das
atividades da Área da Saúde para outros órgãos ofi-
Art. 61 O Gabinete do Procurador-Geral de Justiça ciais ou credenciados. Desta forma, as matérias não
compreende as seguintes funções de confiança: mais serão de ordem da chefia de gabinete, mas sim
I - Chefia de Gabinete; de capacidade de execução e elaboração do órgão
II - Assessoria Técnica; para o qual foi delegada.
81

III - Centros de Apoio Operacional;


8-

IV - Diretoria-Geral e Diretorias Regionais.


70

Art. 63 A Assessoria Técnica compreende:


I - Corpo Técnico;
.
93

Como se vê, são 04 (quatro) as funções de confiança que II - Corpo de Apoio Técnico.
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


atuam junto ao Gabinete do Procurador-Geral de Justiça. § 1º O Corpo Técnico é constituído de Assessores
98

designados dentre os membros do Ministério


-2

Parágrafo único. Competirá às Subprocuradorias-Ge- Público com, no mínimo, 10 (dez) anos de carreira.
rais de Justiça, quando implantadas, as atribuições
py

§ 2º O Corpo de Apoio Técnico é constituído de Asses-


conferidas à Chefia de Gabinete e à Diretoria-Geral,
p

sores, designados dentre funcionários ou servidores


Tu

além de outras que lhes forem delegadas por ato espe-


administrativos, com diploma de nível universitário
cífico do Procurador-Geral de Justiça.
o

ou habilitação legal correspondente e experiência


ul

Vimos no § 1º, art. 9º, que a Procuradoria-Geral de profissional comprovada em assuntos relacionados
Pa

Justiça poderá se subdividir em até 04 (quatro) Subpro- com as funções a serem desempenhadas.
curadorias-Gerais de Justiça. Pois bem, essas Subprocu-
radorias assumirão, pelo menos, as atribuições de Chefia A Assessoria Técnica do Gabinete do Procurador-
de Gabinete e Diretoria-Geral. Mas o Procurador-Geral -Geral de Justiça é composta por um Corpo Técnico,
de Justiça poderá acrescentar outras, por ato próprio. formado por Procuradores ou Promotores de Justiça
(membros do Ministério Público), e por um Corpo de
Detalharemos mais agora essas funções de con- Apoio Técnico, formado pelos demais servidores.
fiança apresentadas: Os Procuradores ou Promotores de Justiça do Cor-
po Técnico deverão contar com mais de 10 (dez) anos
Art. 62 A Chefia de Gabinete compreende:
de carreira.
I - Centro de Informática;
II - Área de Serviços Estatísticos;
E os Assessores do Apoio Técnico deverão ter diplo-
III - Área de Documentação e Divulgação; ma universitário ou habilitação legal, além de experiên-
IV - Área de Apoio à Segunda Instância; cia profissional comprovada para o exercício da função.
V - Área de Expediente e Secretarias. Agora, vejamos os órgãos que compreendem a
VI - Área de Saúde. Diretoria Geral. 197
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Art. 64 A Diretoria Geral compreende: Se o Centro de Recursos Humanos cuida das pes-
I - Corpo de Apoio Técnico; soas, o Departamento de Administração cuida do
II - Sub-Área de Apoio Técnico; patrimônio da instituição, administrando o material,
III - Sub-Área de Apoio Administrativo; as compras, gerenciando os veículos, a parte de zela-
IV - Centro de Recursos Humanos, doria, material de expediente e de consumo, etc.
V - Departamento de Administração;
VI - Departamento de Finanças e Contabilidade; Art. 70 O Centro de Finanças e Contabilidade con-
VII - Grupo de Planejamento Setorial; tará com Corpo de Apoio Técnico, com uma Área de
VIII - Comissão Processante Permanente; Pagamentos, uma Área de Orçamento e Despesas,
IX - Áreas Regionais. uma Área de Contabilidade e uma Área de Fiscali-
zação e Controle de Execução Orçamentária, com-
A Diretoria Geral é a função mais complexa da petindo-lhe, dentre outras, as atribuições de:
estrutura do Gabinete do Procurador-Geral de Justi- I - supervisionar os serviços de Contabilidade, Exe-
cução Orçamentária, Extra-Orçamentária, Inspe-
ça, compreendendo 09 (nove) órgãos com atribuições
ção e Tomada de Contas;
específicas. Veremos cada uma delas.
II - exercer o controle interno de que cuida o artigo
3º, § 3º, desta lei complementar;
Art. 65 O Corpo de Apoio Técnico da Diretoria III - fazer cumprir as normas estaduais referentes à
Geral tem a atribuição de prestar assistência técni- execução orçamentária e de encerramento do exer-
ca ao Diretor-Geral em assuntos relacionados à sua cício financeiro;
área de atuação. IV - propor normas para aprimorar a execução orça-
mentária e financeira;
O Corpo de Apoio Técnico da Diretoria Geral é o V - emitir pareceres sobre assuntos
órgão que presta assistência técnica ao Diretor-Geral, técnico-administrativos;
o qual é subdividido em duas Subáreas, como vere- VI - elaborar tabelas e quadros orçamentários,
mos nos artigos seguintes. financeiros, contábeis e estatísticos.
Art. 71 A Área de Contabilidade tem as atribuições
de executar os serviços contábeis, de acordo com os
Art. 66 A Sub-área de Apoio Técnico da Diretoria
planos de contas vigentes e opinar sobre questões
Geral tem, dentre outras, a atribuição de elaborar
de contabilidade pública.
quadros, tabelas e mapas, pesquisas, ofícios, con-
tratos, pareceres, planilhas e gráficos.
O Centro de Finanças e Contabilidade cuidará do
Art. 67 A Subárea de Apoio Administrativo tem, den-
orçamento da instituição e terá a sua disposição um
tre outras, a atribuição de receber, registrar, distri-
Corpo de Apoio Técnico nas 04 (quatro) áreas apresen-
buir e expedir processos, correspondências e papéis,
tadas a seguir:
manter arquivo de correspondência expedida e das
cópias dos documentos preparados, executar servi-
z Pagamentos;
ços de datilografia e providenciar cópias de textos.
z Orçamentos e Despesas;
z Contabilidade;
Perceba que a Subárea de Apoio Técnico possui z Fiscalização e Controle de Execução Orçamentária.
atribuições mais complexas (elaborar pareceres, con-
81

tratos, pesquisas, ofícios) do que a Subárea de Apoio Art. 72 Ao Grupo de Planejamento Setorial incum-
8-

Administrativo, que fica mais com atividades rela- be as atribuições definidas na legislação pertinente.
70

cionadas às movimentações dos processos, guarda e Art. 73 A Comissão Processante Permanente tem
.
93

cópia de documentos etc. por atribuição conduzir os processos administrati-


.0

vos ou sindicâncias de funcionários e servidores do


98

Art. 68 Ao Centro de Recursos Humanos em relação à Ministério Público.


-2

Administração de Pessoal do Ministério Público, den-


Conforme nos informam os arts. 96-A e 96-B, a
py

tre outras atividades próprias de suas funções, cabe


Comissão Processante Permanente é o Órgão Auxiliar
p

assistir as autoridades nos assuntos relacionados


Tu

com a Administração de Pessoal, planejar a execução, do Ministério Público encarregado da instrução dos
processos administrativos disciplinares e é composta
o

das políticas e diretrizes relativas à Administração de


ul

Pessoal, coordenar, prestar orientação técnica, con- por 5 (cinco) Procuradores de Justiça.
Pa

trolar e, quando for o caso, executar as atividades de


administração do pessoal, inclusive dos estagiários e Art. 74 As Áreas Regionais da Capital e do Interior
do pessoal contratado para prestação de serviços. têm, dentre outras, as atribuições de receber, regis-
trar e encaminhar autos de processos judiciais em
que devam oficiar órgãos de execução do Ministério
O Centro de Recursos Humanos cuida do pessoal,
Público de Primeira Instância, assim como papéis e
prestando, inclusive, orientação às autoridades nessa outros documentos relacionados com a atividade
área, planejando, coordenando, controlando e execu- dos órgãos de execução.
tando atividades relacionadas à gestão de pessoas.
As Áreas Regionais da Capital e do Interior fazem
Art. 69 Cabe ao Departamento de Administração essa “ponte” do Gabinete do Procurador-Geral de Justi-
prestar às unidades do Ministério Público serviços ça com as Promotorias de Justiça (“órgãos de execução
na área de administração de material e patrimônio, do Ministério Público de Primeira Instância”), movi-
de compras, de transportes internos motorizados e mentando os processos judiciais e outros documentos.
de zeladoria, propiciando-lhes condições de desem- Apresentados os órgãos que compõem a Diretoria-
penho adequado, além de outros necessários ao -Geral do Gabinete do Procurador-Geral de Justiça, apre-
198 exercício de suas atribuições. sentaremos as competências do Diretor-Geral. Vejamos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 75 Ao Diretor-Geral, na sua área de atuação, 2. adicionais por tempo de serviço e sexta-parte,
compete, além das delegações que lhe forem feitas bem como, conceder ou suprimir salário-família
pelo Procurador-Geral de Justiça: aos membros do Ministério Público;
I - quanto à administração de pessoal: 3. licença-prêmio, ou autorizar a correspondente
a) dar posse e exercício aos funcionários e servidores indenização quando indeferida por necessidade do
do Ministério Público, inclusive àqueles nomeados para serviço, aos membros do Ministério Público;
cargos em comissão, bem como de direção e chefia; 4. licença a funcionária casada com funcionário ou
b) aprovar a indicação ou designar funcionários militar que for mandado servir, independente de
ou servidores para responder pelo expediente das solicitação, em outro ponto do Estado ou território
unidades subordinadas, bem como de substitutos nacional ou estrangeiro;
de cargos, funções-atividades ou funções de serviço o) publicar periodicamente a distribuição quantitati-
público de direção, chefia ou encarregatura; va e qualitativa de cargos e funções nas respectivas
c) designar funcionário ou servidor para o exercí- unidades administrativas subordinadas, em função
cio de substituição remunerada; da necessidade de serviço;
p) deferir a averbação de tempo de serviço anterior
d) autorizar ou prorrogar a convocação de funcio-
público ou particular, nos termos da lei, aos membros,
nários e servidores para a prestação de serviços
funcionários ou servidores do Ministério Público;
extraordinários;
q) atestar o exercício dos membros do Ministério
e) encaminhar:
Público da Capital e, supletivamente, do Interior;
1. ao Procurador-Geral de Justiça, propostas de
r) expedir títulos de nomeação, apostilas de nomen-
designação de funcionários e servidores, nos ter-
clatura de cargos e de aposentadoria, relativas aos
mos da legislação em vigor; membros do Ministério Público;
2. ao Centro de Recursos Humanos, as declarações II - quanto à matéria disciplinar:
de freqüência firmadas pelos Membros do Ministé- a) determinar:
rio Público, para efeito de pagamento de diárias; 1. a instauração de processo administrativo ou sin-
f) autorizar, cessar ou prorrogar afastamento de fun- dicância, inclusive para apuração de responsabili-
cionários e servidores para dentro do País e por prazo dade em acidentes com veículos oficiais;
não superior a 30 (trinta) dias, nas seguintes hipóteses: 2. as providências para instauração de inquérito
1. missão ou estudo de interesse do serviço público; policial;
2. participação em congressos ou outros certames b) ordenar ou prorrogar a suspensão preventiva de
culturais, técnicos ou científicos; funcionário ou servidor, até 30 (trinta) dias;
3. participação em provas ou competições despor- c) aplicar pena de repreensão e suspensão, limitada
tivas, desde que haja solicitação de autoridade a 30 (trinta) dias, bem como converter em multa a
competente; suspensão aplicada;
g) autorizar: III - quanto à administração financeira e orçamentária:
1. o pagamento de diárias a funcionários e servido- a) elaborar a proposta orçamentária do Ministério
res, até 30 (trinta) dias; Público, com dotação própria, devidamente instruí-
2. o pagamento de transportes a funcionários e da e quanto à sua aplicação e execução submeten-
servidores, bem como ajuda de custo, na forma da do-a à apreciação do Procurador-Geral de Justiça;
legislação pertinente; b) autorizar:
3. por ato específico, as autoridades que lhe são subor- 1. despesa dentro dos limites impostos pelas dota-
dinadas, a requisitarem transporte de pessoal por con- ções liberadas para as respectivas unidades de des-
81

ta do Estado, observadas as restrições legais vigentes; pesa, bem como firmar contratos, quando for o caso;
8-

h) requisitar passagens aéreas para funcionário ou 2. alteração de tabelas explicativas e de distribui-


70

servidor a serviço dentro do País, até o limite máxi- ção de recursos orçamentários;
.
93

mo fixado na legislação pertinente; 3. adiantamento;


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


i) autorizar: 4. liberação, restituição ou substituição de caução
98

1. a concessão e fixar o valor da gratificação “pro labo- em geral e de fiança, quando dadas em garantia de
-2

re” a funcionário ou servidor que pagar ou receber em execução de contrato;


c) submeter a proposta orçamentária à aprovação
py

moeda corrente, observada a legislação pertinente;


do dirigente da unidade orçamentária;
2. o gozo de licença especial para funcionário que
p

IV - quanto à administração de material e patrimônio:


Tu

freqüentar curso de graduação em Administração


a) assinar editais de concorrência;
Pública da Fundação Getúlio Vargas ou da Univer-
o

b) decidir sobre assuntos relativos a licitação, nas


ul

sidade de São Paulo;


modalidades de Tomada de Preços e Convite, poden-
Pa

3. horários especiais de trabalho;


do exercer as atribuições referidas no artigo 19,
4. o gozo de férias não-usufruídas no exercício
inciso IX, letra “c”, nº 1 a 9, desta lei complementar,
correspondente; bem como aplicar penalidade, exceto a de decreta-
j) aprovar o conteúdo, a duração e a metodologia ção de inidoneidade para licitar ou contratar;
a ser adotada nos programas de treinamento e c) autorizar, mediante ato específico, autoridades
desenvolvimento de recursos a serem executados subordinadas, a requisitarem transporte de mate-
sob a responsabilidade direta ou indireta do Centro rial por conta do Estado;
de Recursos Humanos; V - quanto à organização dos serviços adminis-
l) convocar, quando cabível, funcionário ou servi- trativos da Instituição, visando à modernização
dor para prestação de serviço em Jornada Comple- administrativa, aprovar e encaminhar ao Procura-
ta de Trabalho, observada a legislação pertinente; dor-Geral de Justiça as propostas de alterações da
m) decidir, nos casos de absoluta necessidade dos estrutura administrativa do Ministério Público;
serviços, sobre a impossibilidade de gozo de férias VI - quanto às atividades gerais:
regulamentares; a) assistir o Procurador-Geral de Justiça no desem-
n) conceder: penho de suas funções;
1. licença a funcionários para tratar de interesses b) propor o programa de trabalho das unidades subor-
particulares; dinadas e as alterações que se fizerem necessárias; 199
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) coordenar, orientar e acompanhar as atividades Quanto às Atividades Gerais:
das unidades subordinadas;
d) zelar pelo cumprimento dos prazos fixados para z Assistir o Procurador-Geral de Justiça;
o desenvolvimento dos trabalhos; z Coordenar, orientar e acompanhar as atividades,
e) baixar normas de funcionamento das unidades bem como baixar normas de funcionamento das
subordinadas; unidades subordinadas;
f) responder, conclusivamente, às consultas formu-
z Despachar o expediente da Diretoria-Geral com o
ladas pelos órgãos de Administração Pública sobre
Procurador-Geral de Justiça;
assuntos de sua competência;
g) solicitar informações a outros órgãos ou entidades;
z Propor ao Procurador-Geral de Justiça normas de
h) encaminhar papéis, processos e expedientes dire- funcionamento das unidades subordinadas, fixan-
tamente aos órgãos competentes para manifesta- do-lhes as áreas de atuação, quando for o caso.
ção sobre os assuntos neles tratados;
i) decidir os pedidos de certidões e vista de proces- Parágrafo único. Ato do Procurador-Geral de Jus-
sos administrativos; tiça poderá constituir Diretorias Regionais para
j) despachar o expediente da Diretoria-Geral com o o exercício de funções que lhes sejam delegadas,
Procurador-Geral de Justiça; ficando-lhes vinculadas as respectivas Áreas Regio-
l) propor ao Procurador-Geral de Justiça normas de nais e os corpos de apoio técnico nelas lotados.
funcionamento das unidades subordinadas, fixan-
do-lhes as áreas de atuação, quando for o caso; Por fim, além da Diretoria-Geral, o Procurador-Ge-
m) visar extratos para publicação na imprensa ral de Justiça poderá criar Diretorias Regionais, com
oficial. funções delegadas.

Como se vê, são muitas as competências do Dire-


tor-Geral. Procuraremos, no entanto, apenas sintetizá-
-las, distribuindo-as nas seguintes categorias: HORA DE PRATICAR!
Quanto à Administração de Pessoal, relacionada
à gestão de pessoas: 1. (FGV — 2022) Maria foi convocada, pelo poder público,
para desempenhar determinada atividade de interesse
z Dar posse e exercício aos servidores; aprovar indi- coletivo prevista em lei, uma única vez, em determina-
cações ou designar servidores para exercer cargos do dia da semana. De posse do instrumento de convo-
de direção e chefia; cação, compareceu à repartição e comunicou que não
z Autorizar, cessar ou prorrogar afastamentos por até iria participar da referida atividade, que considerava
30 (trinta) dias para estudos e competições esportivas; injustificável à luz da razão humana, afrontando, com
z Autorizar pagamento de diárias e transportes; isso, a filosofia racionalista da qual era prosélita.
requisitar passagens aéreas; conceder licenças.
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar
Quanto à Matéria Disciplinar: que Maria agiu de maneira:

z Determinar a instauração de processo adminis- a) lícita, mas deve cumprir prestação alternativa prevista
trativo ou sindicância, inclusive relacionado a aci- em lei, sob pena de ter os direitos políticos suspensos
81

dentes com veículos oficiais; em caso de recusa;


8-

z Ordenar ou prorrogar suspensão de servidor por


70

b) lícita, mas somente se a lei prever uma prestação


até 30 (trinta) dias (durante a instauração de pro- alternativa passível de ser cumprida, caso contrário,
.
93

cesso disciplinar); deve sofrer as sanções previstas em lei;


.0

z Aplicar pena de repreensão e suspensão, até 30 c) ilícita, pois a objeção de consciência deve estar las-
98

(trinta) dias, ou converter a suspensão em multa. treada em crença religiosa, não em convicção filosófi-
-2

ca, estando sujeita às sanções cominadas em lei;


py

Quanto à Administração Financeira e d) lícita, desde que a lei que instituiu a obrigação preveja
p

Orçamentária: expressamente a faculdade de não ser cumprida, daí


Tu

decorrendo a incidência das sanções cominadas;


o

z Elaborar a proposta orçamentária da instituição; e) ilícita, pois a recusa em cumprir obrigação legal a
ul

submeter a proposta à aprovação. todos imposta, em qualquer caso, afronta a isonomia,


Pa

z Autorizar despesas dentro dos limites impostos pelas devendo ser privada de sua cidadania nas acepções
dotações liberadas, firmando contratos, quando dor ativa e passiva.
o caso.
2. (FGV — 2022) Pedro possuía uma dívida e tinha receio
Quanto à Administração de Material e Patrimônio: de ser preso caso não realizasse o respectivo paga-
mento. Por essa razão, procurou um advogado e o
z Assinar editais de concorrência; decidir sobre consultou sobre a possibilidade de o seu temor se
licitações, nas modalidades e Tomada de Preços e concretizar e, consequentemente, vir a ser preso.
Convite.
O advogado respondeu corretamente que, de acordo
Quanto à Organização dos Serviços Administra- com a ordem constitucional brasileira, Pedro
tivos da Instituição:
a) não poderia ser preso por dívida, qualquer que seja a
z Aprovar e encaminhar para o Procurador-Geral de origem da obrigação jurídica.
Justiça propostas de alterações da estrutura admi- b) poderia ser preso apenas se deixasse de pagar, de modo
200 nistrativa, visando a modernização da instituição. voluntário e inescusável, dívida de obrigação alimentícia.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) poderia ser preso apenas se não pagasse dívida de d) é inconstitucional apenas na parte que restringe a frui-
obrigação alimentícia, de modo voluntário e inescusá- ção da licença aos servidores ocupantes de cargos de
vel, ou fosse depositário infiel. provimento efetivo;
d) poderia ser preso por dívida caso a condenação fosse e) é inconstitucional apenas na parte em que estabelece
imposta por autoridade jurisdicional e não fosse pago períodos de fruição inferiores ao da licença gestante.
o respectivo valor no prazo estipulado.
e) poderia ser preso apenas se deixasse de pagar, de 5. (FGV — 2022) Maria, servidora pública municipal ocu-
modo voluntário e inescusável, dívida tributária ou pante de cargo de provimento efetivo e com ampla
qualquer outra que tenha como credor criança, adoles- atuação nas questões afetas à sua categoria, concla-
cente ou idoso. mou os seus colegas a criar um sindicato visando à
defesa dos seus interesses.
3. (FGV — 2022) João, cientista político brasileiro, é ferre-
nho defensor da forma de governo monárquica e das À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar
ideias do Partido Político Alfa, que defende essa forma que Maria e seus colegas
de governo. Por tal razão, é infenso à organização das
estruturas estatais de poder com base em ideais repu- a) não podem criar um sindicato, pois somente os servi-
blicanos, especialmente em relação à forma de provi- dores públicos federais possuem o direito de associa-
mento dos cargos afetos à Chefia do Poder Executivo ção sindical.
nas distintas esferas de governo. Ao ser editada a Lei b) não podem criar um sindicato, pois é vedado aos ser-
federal nº XX, que impôs à generalidade dos adultos, vidores públicos a associação sindical.
excetuados aqueles que apresentassem algum óbice c) somente podem criar um sindicato a partir de autori-
de ordem física ou psíquica, a obrigação de desempe- zação do regime jurídico da categoria.
nhar determinada atividade de interesse público em d) podem criar um sindicato, pois é assegurado aos ser-
um curto período de tempo, João redigiu um alentado vidores o direito à associação sindical.
manifesto e negou-se a cumprir a obrigação legal. e) somente podem criar um sindicato a partir de autori-
zação do seu superior hierárquico.
Nessa situação, João agiu de modo
6. (FGV — 2022) John, filho de pais brasileiros, nasceu
nos Estados Unidos da América, enquanto seus pais
a) lícito, mas deve cumprir a prestação alternativa que
ali se encontravam a serviço de empresa privada que
estiver fixada em lei.
desenvolvia programas destinados à automação de
b) ilícito, pois ninguém pode deixar de cumprir obrigação
indústrias automobilísticas.
legal de caráter geral.
c) lícito, pois ninguém pode ser compelido a exercer uma
Considerando a sistemática constitucional, é correto
função pública contra a sua vontade.
afirmar que John
d) ilícito, pois apenas por motivo de crença religiosa poderia
deixar de cumprir obrigação legal de caráter geral.
a) é brasileiro nato, independentemente de qualquer ato
e) lícito, pois a todos é assegurado o direito de não cumprir
suplementar, considerando a nacionalidade brasileira
obrigação legal de caráter geral, desde que seja cumpri-
dos seus pais.
81

da prestação alternativa fixada em regulamento.


b) é brasileiro nato, apenas se tiver sido registrado em
8-

repartição brasileira nos doze meses subsequentes ao


70

4. (FGV — 2022) Maria, servidora ocupante de cargo em


nascimento.
.

comissão no Município Delta, adotou João Pedro, de


93

c) pode vir a se naturalizar brasileiro, após atingir a maio-


11 anos de idade. Ato contínuo, consultou o regime jurí-
.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


ridade, desde que cumpra os requisitos que alcançam
98

dico único dos servidores públicos municipais e cons- qualquer estrangeiro.


-2

tatou que a licença parental básica, reconhecida aos d) tem o direito subjetivo de se naturalizar brasileiro,
servidores adotantes, era de noventa dias, período redu-
py

caso venha a residir no território brasileiro e o requeira


zido para trinta dias quando o adotado tivesse mais de a qualquer tempo após atingir a maioridade.
p
Tu

10 anos de idade, isso sem qualquer consideração em e) é brasileiro nato, desde que tenha sido registrado em
relação a possíveis períodos de prorrogação. No entan- repartição brasileira competente ou venha a residir no
o
ul

to, somente faziam jus a essa licença os servidores território brasileiro e opte, a qualquer tempo, por essa
Pa

ocupantes de cargos de provimento efetivo, não aque- nacionalidade.


les livremente demissíveis pela autoridade competente.
7. (FGV — 2022) Marie, cidadã francesa, empregada
À luz da sistemática constitucional, o regime jurídico de um conceituado laboratório farmacêutico priva-
único dos servidores públicos do Município Delta: do, estava trabalhando no território nacional quando
conheceu John, cidadão inglês, que trabalhava na
a) é inconstitucional na parte que restringe a fruição da mesma empresa. Os dois se casaram e, desse rela-
licença aos ocupantes de cargos de provimento efe- cionamento, nasceu Mathew, tendo a família deixado
tivo e estabelece períodos de fruição inferiores ao da o território nacional logo após o nascimento, fixando
licença gestante; residência na Alemanha. Apesar de nunca mais ter
b) é inconstitucional apenas na parte em que estabelece retornado ao território brasileiro, Mathew era familia-
o período de fruição de trinta dias quando o adotado rizado com a cultura e acompanhava diariamente as
tiver mais de 10 anos de idade; notícias do Brasil. Ao completar 21 anos, consultou
c) não apresenta qualquer vício de inconstitucionalidade um advogado a respeito da possibilidade de concorrer
em relação aos servidores que podem fruir a licença e ao cargo eletivo de deputado federal na eleição que
aos respectivos períodos de fruição; seria realizada no respectivo ano. 201
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Foi respondido corretamente que 10. (FGV — 2022) Maria e Joana travaram intenso debate
a respeito do conceito de cidadania, mais especifica-
a) somente os brasileiros natos poderiam preencher as mente sobre os requisitos a serem preenchidos para a
condições de elegibilidade e Mathew era estrangeiro. aquisição dessa situação jurídica e daqueles que não
b) Mathew era brasileiro nato, logo, preenchia uma das con- podem possuí-la. Ao final, concluíram que
dições de elegibilidade exigidas para concorrer ao cargo
eletivo de Deputado Federal, tendo a idade mínima exigida. a) brasileiros natos a adquirem com o nascimento, e
c) Mathew era brasileiro nato, logo, preenchia uma das os naturalizados com o deferimento do pedido de
condições de elegibilidade exigidas para concorrer a naturalização.
um cargo eletivo, mas não o de Deputado Federal, por b) brasileiros, natos e naturalizados, e estrangeiros que
não preencher a idade mínima exigida. se encontrem no território nacional, a possuem.
d) Mathew somente poderia concorrer ao cargo eletivo c) os conscritos, durante o período de serviço militar
de Deputado Federal caso se naturalizasse brasileiro, obrigatório, não a possuem.
pois esse cargo não exige a nacionalidade nata, acres- d) os analfabetos e os estrangeiros não a possuem.
cendo-se que ele preenchia a idade mínima exigida. e) somente os brasileiros natos a possuem.
e) Mathew somente poderia concorrer a um cargo eletivo
caso se naturalizasse brasileiro, mas não ao cargo de 11. (FGV — 2022) Joana pretendia concorrer ao cargo ele-
Deputado Federal, pois esse cargo exige a nacionali- tivo de deputada estadual. Ao reunir os documentos
dade brasileira nata, além dele não preencher a idade necessários, constatou que fora condenada, em sen-
mínima exigida. tença transitada em julgado, à sanção de suspensão
dos direitos políticos por oito anos, pela prática de ato
8. (FGV — 2022) John, de nacionalidade estrangeira e de improbidade administrativa.
que veio a se naturalizar brasileiro, tinha sido conde-
nado, anteriormente, em seu país de origem, em sen- Na medida em que o referido período de 8 (oito) anos
tença judicial transitada em julgado, pela prática de ainda estava em curso, é correto afirmar que Joana
crime comum. Após anos de negociação, o seu país
de origem celebrou tratado de extradição com o Esta- a) pode concorrer ao cargo eletivo pretendido, desde que
do brasileiro e requereu a extradição de John. o faça em Estado diverso daquele em que foi proferida
a sua condenação.
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar b) pode concorrer ao cargo eletivo pretendido, já que a
suspensão dos direitos políticos não acarretou a sua
que John:
inelegibilidade.
c) não pode concorrer ao cargo eletivo pretendido, já que
a) não pode ser extraditado, pois o Brasil não extradita os
os seus direitos políticos passivos foram suspensos,
seus nacionais;
mas não há óbice a que vote nas eleições.
b) não pode ser extraditado, salvo se, previamente, for
d) não pode concorrer ao cargo eletivo pretendido ou
declarada a perda da nacionalidade brasileira;
mesmo votar na eleição, já que sua condição de cida-
c) pode ser extraditado em razão da natureza do crime e
dã foi suspensa em razão da referida condenação.
do momento em que o praticou, sendo-lhe aplicável o
e) pode concorrer ao cargo eletivo pretendido, salvo se a
tratado de extradição celebrado posteriormente;
condenação expressamente a impediu de participar da
81

d) poderia ser extraditado em razão da natureza do crime representação popular, que é um direito fundamental.
8-

e do momento em que o praticou, mas não lhe é aplicá-


70

vel o tratado de extradição celebrado posteriormente; 12. (FGV — 2022) Após ampla discussão, a Assembleia
.
93

e) poderia ser extraditado, como qualquer nacional, nato Legislativa do Estado Alfa reformou a Constituição
.0

ou naturalizado, em razão da natureza do crime, mas Estadual para dispor que seria observado, em todas as
98

não lhe é aplicável o tratado de extradição celebrado esferas de poder, como limite remuneratório único, o
-2

posteriormente. subsídio mensal dos desembargadores do respectivo


py

Tribunal de Justiça. Do alcance desse comando foram


9. (FGV — 2022) Ivan, brasileiro nato, durante o período de
p

excepcionados apenas os deputados estaduais.


Tu

serviço militar obrigatório para o qual fora convocado,


decidiu concorrer ao cargo eletivo de vereador nas elei-
o

Considerando os balizamentos estabelecidos pela


ul

ções que se realizariam em pouco menos de um ano. Constituição da República de 1988, a reforma da
Pa

Constituição Estadual descrita na narrativa é:


À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar
que Ivan a) inconstitucional, já que cada esfera de poder deve ter
o seu limite remuneratório;
a) pode se alistar como eleitor, mas, por ser conscrito, b) constitucional, pois simplesmente veicula norma de
não pode concorrer a qualquer cargo eletivo. reprodução obrigatória já contemplada na Constitui-
b) não pode se alistar como eleitor, por ser conscrito, o ção da República de 1988;
que o impede de concorrer a um cargo eletivo. c) inconstitucional, apenas em relação à exclusão dos
c) não pode se alistar como eleitor, vedação que alcança deputados estaduais, que não podem receber trata-
todos os militares, o que o impede de concorrer a um mento diferenciado;
cargo eletivo. d) inconstitucional, pois o teto único importa em vincu-
d) pode se alistar como eleitor, mas, a exemplo de todos lação indireta de espécies remuneratórias distintas, o
os militares, não pode concorrer a um cargo eletivo. que é expressamente vedado;
e) pode se alistar como eleitor, por ser brasileiro nato e e) constitucional, sendo expressamente autorizado que o
maior de dezoito anos, e pode se candidatar a um car- subsídio dos desembargadores seja utilizado como limi-
202 go eletivo. te único, desde que não alcance os deputados estaduais.
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13. (FGV — 2022) Roberta e Pedro, que ocupam cargos de 16. (FGV — 2022) O Governador do Estado Alfa consultou
provimento efetivo na Administração Pública direta do sua assessoria a respeito da possibilidade de encami-
Município Alfa, foram eleitos, respectivamente, para os nhar uma proposição à Assembleia Legislativa visan-
cargos de vereadora e de prefeito do referido Município. do à alteração da Lei Orgânica do Ministério Público
do respectivo Estado.
Preocupados com a sua situação funcional, consultaram
um advogado, o qual lhes informou, corretamente, que: A assessoria respondeu corretamente que o Governa-
dor do Estado
a) Pedro, se houver compatibilidade de horários, pode
continuar no cargo de origem, recebendo a respectiva a) está legitimado, juntamente com o Procurador-Geral
remuneração, e Roberta deve ser afastada do cargo de de Justiça, para apresentar o projeto de lei comple-
provimento efetivo, recebendo apenas a remuneração mentar, que deve se harmonizar às normas gerais vei-
do cargo de vereadora; culadas na lei complementar nacional.
b) Roberta, se houver compatibilidade de horários, pode b) está legitimado, juntamente com o Procurador-Geral
continuar no cargo de origem, recebendo a respecti- de Justiça, para apresentar o projeto de lei comple-
va remuneração, e Pedro deve ser afastado do car- mentar, que deve se harmonizar às normas gerais vei-
go de provimento efetivo, embora possa optar pela culadas na lei ordinária nacional.
remuneração; c) não está legitimado, de modo que apenas o Procura-
c) Roberta e Pedro podem continuar a desempenhar as dor-Geral de Justiça pode apresentar o projeto de lei
funções afetas aos cargos que ocupam, desde que complementar, que deve se harmonizar às normas
a soma dos estipêndios recebidos não supere o teto gerais veiculadas na lei ordinária nacional.
remuneratório constitucional; d) está legitimado, juntamente com o Procurador-Geral
d) Roberta e Pedro devem ser afastados dos cargos de pro- de Justiça, para apresentar o projeto de lei ordinária,
vimento efetivo, somente recebendo a contraprestação que deve se harmonizar às normas gerais veiculadas
pecuniária devida pelo exercício do mandato eletivo; na lei complementar nacional.
e) Roberta e Pedro devem ser afastados dos cargos de e) não está legitimado, de modo que apenas o Procura-
provimento efetivo, embora possam optar pela respec- dor-Geral de Justiça pode apresentar o projeto de lei
tiva remuneração. ordinária, que deve se harmonizar às normas gerais
veiculadas na lei ordinária nacional.
14. (FGV — 2022) Joaquim, servidor público estadual com
deficiência, consultou um advogado a respeito de sua 17. (FGV — 2022) A Promotoria de Justiça com atribui-
sujeição, ou não, a um regime diferenciado de idade ção instaurou inquérito civil com o objetivo de apurar
e tempo de contribuição, para fins de aposentadoria, notícia de que um navio de grande porte costumava
isto em razão de sua condição pessoal. fundear no Rio Alfa, ocasião em que descartava con-
siderável quantidade de óleo queimado, o que vinha
O advogado respondeu corretamente que causando graves danos ao ecossistema local.

a) o princípio da igualdade, de estatura constitucional, Nesse caso, o objeto do inquérito civil será a apuração
veda o tratamento diferenciado. de possíveis danos causados a uma espécie de:
b) a ordem constitucional expressamente prevê e disci-
81

plina o tratamento diferenciado. a) direito social;


8-

c) a ordem constitucional autoriza que lei ordinária da União b) interesse difuso;


70

institua tratamento diferenciado para todos os entes. c) interesse coletivo;


.
93

d) a ordem constitucional autoriza que lei complemen- d) direito disponível;


.0

DIREITO CONSTITUCIONAL E MINISTÉRIO PÚBLICO


tar do respectivo ente federativo institua tratamento e) interesse individual homogêneo.
98

diferenciado.
-2

e) a ordem constitucional autoriza que lei complementar 18. (FGV — 2022) A Constituição da República estabelece
py

da União institua tratamento diferenciado para todos que o exercício do controle externo da atividade poli-
os entes.
p

cial, na forma da lei, é função institucional do


Tu

15. (FGV — 2022) João é servidor público do Ministério a) Tribunal de Contas, a quem também cabe requisitar
o
ul

Público do Estado Beta e exerce a função de confiança diligências investigatórias e a instauração de inquérito
Pa

de diretor do Departamento de Segurança e Inteligên- policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas


cia daquele Ministério Público. decisões colegiadas.
b) Poder Judiciário, a quem também cabe requisitar dili-
Com as informações fornecidas, de acordo com o tex- gências investigatórias e a instauração de inquérito
to constitucional, é correto afirmar que João: policial, além de oferecer denúncia, nos crimes de
ação penal pública incondicionada.
a) é necessariamente servidor ocupante de cargo em c) Ministério Público, a quem também cabe requisitar
comissão; diligências investigatórias e a instauração de inquérito
b) é necessariamente servidor ocupante de cargo efetivo; policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
c) é necessariamente servidor não concursado e exone- manifestações processuais.
rável ad nutum; d) Defensoria Pública, a quem também cabe requisitar
d) pode deixar de exercer a função de confiança apenas a diligências investigatórias e a instauração de inquérito
pedido ou mediante processo administrativo disciplinar; policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
e) pode ser servidor concursado ou não concursado, e manifestações processuais.
não tem direito subjetivo de permanecer exercendo a e) Poder Legislativo, a quem também cabe requisitar dili-
função de confiança. gências investigatórias e a instauração de inquérito 203
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
policial, além de oferecer denúncia, nos crimes de b) 1 e 2 estão incorretas, não tendo o MPC, de qualquer
ação penal pública incondicionada. modo, legitimidade para impetrar MS em face de acór-
dão do Tribunal de Contas perante o qual atua;
19. (FGV — 2022) Um grupo de moradores do Bairro XX c) 1 está incorreta, e a descrita em 2 correta, não tendo o
compareceu perante o Ministério Público do Estado MPC legitimidade para impetrar MS em face de acór-
Alfa e narrou uma série de problemas que têm sido dão do Tribunal de Contas perante o qual atua;
detectados na localidade, solicitando a adoção das d) 1 e 2 estão corretas, não tendo o MPC, de qualquer
medidas necessárias à sua solução. modo, legitimidade para impetrar MS em face de acór-
dão do Tribunal de Contas perante o qual atua;
Entre os problemas narrados estavam os seguintes:
e) 1 está correta, e a descrita em 2 incorreta, tendo o
MPC, de qualquer modo, legitimidade para impetrar
I. construção de torres de observação, por um morador
MS em face de acórdão do Tribunal de Contas perante
excêntrico, o que vinha afetando a privacidade dos
vizinhos, residentes nos imóveis confrontantes; o qual atua.
II. diminuição da qualidade do ar, em razão das atividades
desenvolvidas por uma indústria existente no bairro; 9 GABARITO
III. veiculação de propaganda sabidamente enganosa,
relacionada a produtos direcionados a diversas cama-
das da população, por meio de outdoors distribuídos 1 A
pelo bairro; e
2 B
IV. aumento expressivo da criminalidade, com sério
comprometimento da segurança pública, o que era 3 A
potencializado pelo fato de o Bairro XX também ser
um importante centro comercial, atraindo pessoas de 4 A
diversas localidades.
5 D
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar
que 6 E

a) os itens II, III e IV descrevem a afronta a interesses 7 B


difusos, passíveis de serem investigados com a ins- 8 C
tauração, pelo Ministério Público, de inquérito civil.
b) os itens II e IV descrevem a afronta a interesses difusos, 9 B
sendo que a proteção do último deles, com o ajuizamen-
to de ação civil pública, é privativa do Ministério Público. 10 C
c) os itens I e III descrevem a afronta a interesses cole- 11 D
tivos, passivos de serem protegidos, pelo Ministério
Público e por outros legitimados, com o ajuizamento 12 E
de ação civil pública.
d) os itens I, II, III e IV descrevem a afronta a interesses 13 B
coletivos lato sensu, podendo ser protegidos, pelo
81

14 D
Ministério Público e por outros legitimados, com o
8-
70

ajuizamento de ação civil pública. 15 B


e) os itens I e IV descrevem interesses coletivos, passi-
.
93

vos de serem tutelados pelo Ministério Público e por 16 C


.0

outros legitimados, com a instauração de inquérito


98

17 B
civil e o ajuizamento de ação civil pública.
-2

18 C
py

20. (FGV — 2022) O Tribunal de Contas do Estado-mem-


19 A
p

bro Alfa recebeu, para fins de registro, o ato de apo-


Tu

sentadoria de Pedro. Pouco menos de um ano depois, 20 C


o

decidiu que (1) havia irregularidade no cálculo dos pro-


ul

ventos, sendo promovido o seu recálculo e determina-


Pa

da a imediata implementação do respectivo valor pelo


órgão de origem, o que importaria em redução do valor
até então pago; (2) no processo de registro de apo- ANOTAÇÕES
sentadoria, não foi oferecida a possibilidade de con-
traditório ou ampla defesa a Pedro. Ao ser intimado do
teor do acórdão, o Ministério Público de Contas (MPC)
entendeu que ele destoava da ordem jurídica e decidiu
impetrar mandado de segurança (MS), de modo que
fosse reconhecida a sua invalidade.

À luz da sistemática vigente, a(s) medida(s) descri-


ta(s) em:

a) 1 e 2 estão incorretas, tendo o MPC legitimidade para


impetrar MS em face de acórdão do Tribunal de Con-
204 tas perante o qual atua;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Cabe destacar que a manifestação do Ministério
Público não é condição de imprescindibilidade ao
andamento do processo, desta feita, caso o MP se man-
tenha inerte a determinada intimação, o magistrado

DIREITO PROCESSUAL requisitará os autos e dará prosseguimento ao feito.

CIVIL Art. 180 [...]


§ 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério
Público sem o oferecimento de parecer, o juiz requi-
sitará os autos e dará andamento ao processo.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em
DO MINISTÉRIO PÚBLICO dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o Ministério Público.
Prevista na Constituição Federal como essencial à Art. 181 O membro do Ministério Público será civil
função jurisdicional do Estado, é regida pelos princí- e regressivamente responsável quando agir com
pios da unidade, da indivisibilidade e da independên- dolo ou fraude no exercício de suas funções.
cia institucional, à instituição do Ministério Público
é atribuído o dever de defesa da ordem jurídica, do A responsabilidade dos membros do Ministério
regime democrático e dos interesses sociais e indivi- Público se iguala aos dos magistrados e se difere dos
duais indisponíveis (art. 127 da CF e art. 176 do CPC). auxiliares da justiça, já que o art. 181 do CPC, somente
O Código de Processo Civil disciplina, em seu art. prevê as hipóteses de dolo e fraude, não sendo possí-
178, que o MP intervirá, no prazo de 30 dias após inti- vel a responsabilização em caso de culpa.
mado (prazo próprio – mais adiante será entendido o
porquê de especificar o tipo de prazo), como fiscal da
ordem jurídica quando a CF ou lei prever tal hipótese,
ou ainda, quando os processos tiverem relação com:
DA ADVOCACIA PÚBLICA E DA
Art. 177 O Ministério Público exercerá o direito DEFENSORIA PÚBLICA
de ação em conformidade com suas atribuições
constitucionais.
As prerrogativas conferidas aos advogados públi-
Art. 178 O Ministério Público será intimado para,
no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da cos e aos defensores são idênticas, por isso abordare-
ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na mos esses dois temas constantes do art. 182 ao art. 187
Constituição Federal e nos processos que envolvam: do CPC conjuntamente.
I - interesse público ou social; Em se tratando das distinções, à Advocacia Pública
II - interesse de incapaz; compete defender e promover os interesses públi-
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou cos da Administração; já à Defensoria Pública cabe a
urbana.
promoção dos direitos humanos, a orientação jurí-
Parágrafo único. A participação da Fazenda Públi-
ca não configura, por si só, hipótese de intervenção dica e a defesa dos direitos individuais e coletivos
81

do Ministério Público. dos necessitados, de forma gratuita.


8-

Art. 179 Nos casos de intervenção como fiscal da


70

ordem jurídica, o Ministério Público: Da Advocacia Pública


I - terá vista dos autos depois das partes, sendo inti-
.
93

mado de todos os atos do processo; Art. 182 Incumbe à Advocacia Pública, na forma
.0

II - poderá produzir provas, requerer as medidas


98

da lei, defender e promover os interesses públicos


processuais pertinentes e recorrer.
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
-2

Municípios, por meio da representação judicial, em


py

Como fiscal da ordem jurídica, o MP poderá pro-


todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas
duzir provas, requerer as medidas processuais per-
p

de direito público que i


Tu

tinentes, bem como recorrer; além disso, deverá ser


Art. 183 A União, os Estados, o Distrito Federal, os
intimado de todos os atos do processo, obtendo vista
o

Municípios e suas respectivas autarquias e funda-


ul

dos autos após as partes.


ções de direito público gozarão de prazo em dobro
Pa

Devido à alta demanda, o Ministério Pública goza


para todas as suas manifestações processuais, cuja
das prerrogativas de prazo em dobro e intimação pes-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

contagem terá início a partir da intimação pessoal.


soal para prática de atos processuais, consoante art.
180 do CPC: § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remes-
sa ou meio eletrônico.
Art. 180 O Ministério Público gozará de prazo em § 2º Não se aplica o benefício da contagem em
dobro para manifestar-se nos autos, que terá início dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
a partir de sua intimação pessoal, nos termos do prazo próprio para o ente público.
art. 183, § 1º. Art. 184 O membro da Advocacia Pública será civil
e regressivamente responsável quando agir com
Somente haverá a duplicação na contagem caso dolo ou fraude no exercício de suas funções nte-
o prazo não esteja previsto especificamente para o gram a administração direta e indireta.
MP “§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em Art. 185 A Defensoria Pública exercerá a orien-
dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, tação jurídica, a promoção dos direitos humanos
prazo próprio para o Ministério Público.”. Portanto, o e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
prazo do art. 178 é exemplo de prazo que não sofrerá necessitados, em todos os graus, de forma integral
duplicação. e gratuita. 205
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quanto às prerrogativas, os Advogados Públicos e Art. 189 Os atos processuais são públicos, todavia
Defensores, devem ser intimados pessoalmente, para tramitam em segredo de justiça os processos:
que somente assim, o prazo, que é contabilizado em I - em que o exija o interesse público ou social;
dobro (exceto para os prazos próprios), comece a cor- II - que versem sobre casamento, separação de cor-
rer. Além disso, ambos só poderão ser responsabiliza- pos, divórcio, separação, união estável, filiação, ali-
dos se agirem com dolo ou fraude. mentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito
Da Defensoria Pública constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre
Art. 185 A Defensoria Pública exercerá a orien- cumprimento de carta arbitral, desde que a confi-
tação jurídica, a promoção dos direitos humanos dencialidade estipulada na arbitragem seja com-
e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos provada perante o juízo.
necessitados, em todos os graus, de forma integral
e gratuita. Nesses casos, o acesso aos autos se dará somente
Art. 186 A Defensoria Pública gozará de pra- às partes e seus procuradores, além dos membros do
zo em dobro para todas as suas manifestações
Poder Judiciário (juiz e auxiliares).
processuais.
§ 1º O prazo tem início com a intimação pessoal do Uma questão interessante diz respeito aos negó-
defensor público, nos termos do art. 183, § 1º . cios jurídicos processuais, espécie de ato processual
§ 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz pela qual as partes dispõem sobre mudanças no pro-
determinará a intimação pessoal da parte patroci- cedimento para ajustá-lo às particularidades de seu
nada quando o ato processual depender de provi- caso.
dência ou informação que somente por ela possa Imagine que as partes queiram estipular a mudan-
ser realizada ou prestada. ça dos prazos, que todos que se derem no curso da
§ 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de
fase de conhecimento – etapa destinada a certificar
prática jurídica das faculdades de Direito reconhe-
cidas na forma da lei e às entidades que prestam o direito controvertido – sejam de cinco dias, ou que
assistência jurídica gratuita em razão de convênios não haverá recurso contra decisões interlocutórias
firmados com a Defensoria Pública. (como o agravo de instrumento), reservando o duplo
§ 4º Não se aplica o benefício da contagem em grau de jurisdição apenas para o recurso contra a sen-
dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, tença (apelação).
prazo próprio para a Defensoria Pública. Veja a expressa disposição do art. 190 do CPC, que
Art. 187 O membro da Defensoria Pública será civil trata dos negócios jurídicos processuais:
e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 190 Versando o processo sobre direitos que
admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedi-
mento para ajustá-lo às especificidades da causa
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR e convencionar sobre os seus ônus, poderes, facul-
DOS ATOS PROCESSUAIS dades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz
81

DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS


controlará a validade das convenções previstas
8-

neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos


70

Dos Atos em Geral


casos de nulidade ou de inserção abusiva em con-
.
93

trato de adesão ou em que alguma parte se encon-


Como se sabe, o processo obedece a alguns requisi-
.0

tre em manifesta situação de vulnerabilidade.


tos, que são as formalidades. Para que o ato seja váli-
98

do, às vezes a lei estabelece quais requisitos devem


-2

ser seguidos, por exemplo, quando fala dos requisitos Veja que o Código dá ao juiz o poder de controlar a
py

da petição inicial (art. 319) ou da sentença (art. 489). validade do negócio jurídico processual, que declara-
rá eventuais nulidades ou abusividades, além da desi-
p

Assim, se tais requisitos são descumpridos, deve-se


Tu

verificar se o ato deve ser anulado. gualdade caso uma das partes esteja em situação de
Por ora, deve-se salientar que, como regra, preva- manifesta vulnerabilidade.
o
ul

lece a liberdade das formas, isto é: os atos não têm O CPC, de 2015 ainda trata da calendarização pro-
Pa

forma específica, a não ser quando exigida por lei, cessual como mais uma oportunidade de as partes
segundo o art. 188 do CPC: definirem o tempo para a prática de atos processuais.
As partes podem definir data para a prática de atos
Art. 188 Os atos e os termos processuais indepen- processuais, como uma audiência, a produção de uma
dem de forma determinada, salvo quando a lei prova etc. Claramente, pode haver um ganho na efi-
expressamente a exigir, considerando-se válidos
ciência do processo, contribuindo decisivamente para
os que, realizados de outro modo, lhe preencham a
finalidade essencial. a garantia da razoável duração do processo, que é
princípio constitucional garantido no inciso LXXVIII
Caso a lei estabeleça a formalidade, o critério será do art. 5º da Constituição Federal de 1988.
o da legalidade das formas. Essa possibilidade de instituir calendário para a
Eles podem ser praticados em autos físicos ou na prática de atos processuais está definida no art. 191
forma eletrônica, como regulamentado a partir do do CPC:
art. 193 Como regra, os atos serão públicos, permitin-
do que qualquer pessoa a eles tenha acesso. Mas há Art. 191 De comum acordo, o juiz e as partes
processos que tramitam em segredo de justiça, como podem fixar calendário para a prática dos atos pro-
206 aqueles estabelecidos pelo art. 189 do CPC: cessuais, quando for o caso.
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§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os „ Independência da plataforma computacional:
prazos nele previstos somente serão modificados não dependência do uso de um único equipa-
em casos excepcionais, devidamente justificados. mento tecnológico;
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prá- „ Acessibilidade: possibilitar o acesso das infor-
tica de ato processual ou a realização de audiência mações aos demais usuários;
cujas datas tiverem sido designadas no calendário. „ Interoperabilidade dos sistemas, serviços, da-
dos e informações: possibilitar a comunicação
Veja que o calendário vincula as partes e o juiz, tra- adequada entre os sistemas.
tando-se de ato que produz efeitos em relação a todos
os sujeitos do processo. Art. 194 Os sistemas de automação processual
respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a
Art. 192 Em todos os atos e termos do processo é participação das partes e de seus procuradores,
obrigatório o uso da língua portuguesa. inclusive nas audiências e sessões de julgamento,
Parágrafo único. O documento redigido em lín- observadas as garantias da disponibilidade, inde-
gua estrangeira somente poderá ser juntado aos pendência da plataforma computacional, acessibi-
autos quando acompanhado de versão para a lín- lidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços,
gua portuguesa tramitada por via diplomática ou dados e informações que o Poder Judiciário admi-
pela autoridade central, ou firmada por tradutor nistre no exercício de suas funções.
juramentado.
Ao passo que o art. 195 versa sobre os requisitos
O art. 192 determina que nos atos e termos do pro- de registro do ato processual eletrônico, devendo ser
cesso se observe a língua portuguesa ou, caso assim feito em padrão aberto e com observância dos seguin-
não seja, deverão vir acompanhados da respectiva tes requisitos:
tradução.
z Autenticidade: autenticar quem está enviando a
Da Prática Eletrônica de Atos Processuais informação para o sistema;
z Integralidade: não alteração do conteúdo lançado;
Os atos processuais podem ser praticados em z Temporalidade: é fiel ao tempo/momento do lan-
autos físicos ou eletrônicos. Autos dizem respeito à çamento;
documentação dos atos processuais, cabendo aqui z Não repúdio: vincula quem assinou o documento
diferenciar alguns termos já citados: lançado;
z Conservação: preservar a duração contínua do
z Processo: Instrumento pelo qual o Estado atua documento lançado;
para aplicar o ordenamento jurídico; z Confidencialidade: conseguir restringir o acesso a
z Procedimento: Algo mais formal, sendo visto pessoas não autorizadas.
como a sequência de atos processuais que permi-
tirão ao Estado aplicar o Direito. É a forma como o Art. 195 O registro de ato processual eletrônico
processo se exterioriza; deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão
z Autos: Documentação dos atos processuais. Os aos requisitos de autenticidade, integridade, tempo-
81

ralidade, não repúdio, conservação e, nos casos que


autos é que são consultados pelos sujeitos do
8-

tramitem em segredo de justiça, confidencialidade,


processo.
70

observada a infraestrutura de chaves públicas uni-


ficada nacionalmente, nos termos da lei.
.
93

A prática dos atos processuais, como a intimação


.0

do advogado, assinatura dos juízes em seus pronun-


Dica
98

ciamentos, publicação das decisões, entre outros,


-2

pode ocorrer total ou parcialmente em meio digital, Mesmo sendo eletrônico, o sistema dos pro-
py

desde que haja a garantia de que sejam produzidos, cessos judiciais deve observar as hipóteses de
comunicados, armazenados e validados por meio ele-
p

segredo de justiça, na forma do art. 189 do CPC,


Tu

trônico, na forma da lei própria (Lei 11.419, de 2006). de 2015.


Essa prática se aplica também no que for possível, à
o
ul

prática de atos notariais e atos de registro, conforme Avançando no estudo, tem-se uma mudança feita
Pa

versa o art. 193 do CPC, de 2015. pelo Novo CPC: a atribuição da competência primária
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente,


Art. 193 Os atos processuais podem ser total ou aos Tribunais, para regulamentar a prática e a comu-
parcialmente digitais, de forma a permitir que nicação dos atos processuais por meio eletrônico (art.
sejam produzidos, comunicados, armazenados e 196). O art. 18 da lei n° 11.419, de 2006 previa que essa
validados por meio eletrônico, na forma da lei.
competência pertencia a todos os órgãos do Poder
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se,
Judiciário.
no que for cabível, à prática de atos notariais e de
registro.
Art. 196 Compete ao Conselho Nacional de Justiça
e, supletivamente, aos tribunais, regulamentar a
Já o art. 194 trata do princípio da publicidade dos prática e a comunicação oficial de atos processuais
atos e das garantias do PJe por meio eletrônico e velar pela compatibilidade
dos sistemas, disciplinando a incorporação pro-
z Processo Judicial Eletrônico, que são: gressiva de novos avanços tecnológicos e editando,
para esse fim, os atos que forem necessários, respei-
„ Disponibilidade: uso da informação; tadas as normas fundamentais deste Código. 207
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O caput do art. 197 trata da divulgação de informa-
ções constantes nos sistemas eletrônicos pelos Tribu- DOS PRAZOS
nais. Merece destaque o parágrafo único. Veja o teor
da sua redação: O processo se movimenta por impulso oficial, isto
é, o órgão judiciário tem o dever de dar andamento ao
Art. 197 Os tribunais divulgarão as informações processo, uma vez iniciado. Para possibilitar isso, a lei
constantes de seu sistema de automação em pági- estabelece prazos para a prática dos atos processuais.
na própria na rede mundial de computadores, Prazo é o lapso temporal (compreendido entre o
gozando a divulgação de presunção de veracidade termo inicial e o termo final) para a prática dos atos
e confiabilidade. processuais. Os prazos legais são estabelecidos pela
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do lei. Caso nem a lei nem o juiz estipulem o prazo, ele
sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça será de 5 dias para a prática do ato processual.
responsável pelo registro dos andamentos, poderá
ser configurada a justa causa prevista no art. 223, Art. 218 Os atos processuais serão realizados nos
caput e § 1º. prazos prescritos em lei.
§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os
Essa “justa causa” considera o evento alheio à von- prazos em consideração à complexidade do ato.
tade da parte que a impediu de praticar o ato, por si § 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as
ou por mandatário. Portanto, decorrido o prazo, a intimações somente obrigarão a comparecimento
parte pode provar que não realizou o ato por “justa após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
causa”, o que ensejará a fixação de novo prazo, se aco- § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determina-
do pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a
lhida a pretensão.
prática de ato processual a cargo da parte.
Exemplificando, a “justa causa” pode se revelar na
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado
indisponibilidade de acesso ao sistema informatizado antes do termo inicial do prazo.
do respectivo Tribunal, ou por erro/omissão do auxi-
liar da justiça responsável pela prática de determina- Em relação ao último parágrafo, temos o seguin-
do ato processual eletrônico, como publicação de uma te exemplo: Se a parte apresenta o recurso depois de
decisão ou sentença, por exemplo. pro­latada a sentença, mas antes de sua publicação ofi-
O STJ entende que o equívoco nas informações cial, o recurso será considerado tempestivo.
processuais prestadas na página eletrônica dos tribu- Uma inovação trazida pelo CPC, de 2015 diz res-
nais configura justa causa, nos termos do art. 183, §2º peito à contagem de prazo somente em dias úteis (art.
do CPC, de 2015, a autorizar a prática posterior do ato, 219), o que se aplica somente a prazos de natureza
sem prejuízo da parte. (STJ REsp 960.280 – RS; REsp processual, não aos de natureza material.
1.438.529; REsp 1.491.029).
Deve o Poder Judiciário manter gratuitamente Art. 219 Na contagem de prazo em dias, estabeleci-
equipamentos necessários à prática de atos proces- do por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os
suais eletrônicos e suas respectivas consultas, sob dias úteis.
pena de se admitir a prática desses atos processuais Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se
81

por meio não eletrônico, se no local não dispuser de somente aos prazos processuais.
8-

equipamentos, na forma do caput do art. 198.


70

Como já mencionado, o Novo Código de Processo


.
93

Art. 198 As unidades do Poder Judiciário deverão Civil estabeleceu o instituto recesso forense, no perío-
.0

manter gratuitamente, à disposição dos interessa- do compreendido entre 20 de dezembro e 20 de janei-


98

dos, equipamentos necessários à prática de atos ro, incluindo-se essas datas citadas como marco inicial
-2

processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e e marco final de contagem do período de recesso.


py

aos documentos dele constantes.


Parágrafo único. Será admitida a prática de atos Dica
p
Tu

por meio não eletrônico no local onde não estive-


rem disponibilizados os equipamentos previstos no Enunciado 269 do Fórum Permanente de Pro-
o
ul

caput. cessualistas: “A suspensão de prazos de 20 de


Pa

dezembro a 20 de janeiro é aplicável aos Juiza-


Além disso, compete ao Poder Judiciário assegurar dos Especiais”.
a acessibilidade das pessoas com deficiência aos:
Apesar do significativo período de recesso forense,
Art. 198 [...] o § 1º do art. 220 deixa claro que mesmo neste perío-
I - sítios na rede mundial de computadores; do todos os sujeitos do processo poderão exercer suas
II - ao meio eletrônico de prática de atos judiciais; funções normalmente, ressalvadas as hipóteses de
III - à comunicação eletrônica dos atos processuais; férias individuais. Portanto, membros do Ministério
IV - e, à assinatura eletrônica – art. 199 do CPC, de Público, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública,
2015. Juízes e Auxiliares da Justiça não deixarão de exercer
Art. 199 As unidades do Poder Judiciário assegu- suas funções.
rarão às pessoas com deficiência acessibilidade Veja a redação do art. 220 do CPC, de 2015.
aos seus sítios na rede mundial de computadores,
ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à Art. 220 Suspende-se o curso do prazo processual
comunicação eletrônica dos atos processuais e à nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20
208 assinatura eletrônica. de janeiro, inclusive.
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§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados O Novo Código de Processo Civil, também inovou
instituídos por lei, os juízes, os membros do Minis- ao incluir as “sessões ou subseções judiciárias” ao
tério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia lado das “comarcas”, denominações utilizadas respec-
Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas tivamente na Justiça Federal e na Justiça Estadual.
atribuições durante o período previsto no caput. Tem-se, portanto, a exclusão de qualquer dúvida
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realiza- em relação à aplicabilidade da norma do art. 222 do
rão audiências nem sessões de julgamento. CPC, de 2015 no âmbito da Justiça Federal, pois há pre-
visão expressa.
O ato processual praticado durante o recesso Dessa forma, a literalidade do caput do art. 222 é
forense considera-se realizado no primeiro dia útil, bem clara ao versar que nos locais de difícil transpor-
que não será incluso na contagem do prazo. STJ, AgRg te, o juiz poderá prorrogar por até 2 (dois) meses os
no AREsp 23.139/MA. prazos, podendo exceder este limite, em caso de cala-
midade pública (§ 2º do art. 222).
Art. 221 Suspende-se o curso do prazo por obstá- Todavia, não poderá o magistrado reduzir os pra-
culo criado em detrimento da parte ou ocorrendo zos peremptórios sem anuência das partes (§1º do art.
qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo 222). Este dispositivo prestigia o negócio jurídico pro-
ser restituído por tempo igual ao que faltava para cessual (art. 190 do CPC, de 2015) com possibilidade de
sua complementação. fixação de calendário processual (art. 191 do CPC, de
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante 2015), que conferem maior independência às partes
a execução de programa instituído pelo Poder Judi- na definição das regras procedimentais de ações que
ciário para promover a autocomposição, incum- versem sobre direitos disponíveis.
bindo aos tribunais especificar, com antecedência, O caput do art. 223 do CPC, de 2015 revela a hipóte-
a duração dos trabalhos. se de preclusão temporal, ou seja, aquela que ocorreu
devido ao transcurso do prazo anteriormente previs-
Avançando, o art. 221 do CPC, de 2015 também tra- to, sem que houvesse manifestação da parte ou com
sua manifestação posterior (intempestiva).
ta da suspensão de prazos, autorizando a suspensão
da contagem nas seguintes hipóteses:
Art. 223 Decorrido o prazo, extingue-se o direito de
praticar ou de emendar o ato processual, indepen-
Art. 221 [...] dentemente de declaração judicial, ficando assegu-
I - em caso de obstáculo criado em detrimento da rado, porém, à parte provar que não o realizou por
parte; justa causa.
II - caso ocorra alguma das hipóteses do art. 313 do § 1º Considera-se justa causa o evento alheio à von-
CPC, de 2015; tade da parte e que a impediu de praticar o ato por
III - durante a execução de programa instituído pelo si ou por mandatário.
Poder Judiciário para promover a autocomposição § 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à par-
(mutirões de conciliação, por exemplo), desde que o te a prática do ato no prazo que lhe assinar.
respectivo tribunal especifique, com antecedência,
a duração dos trabalhos. Conceituando brevemente, preclusão que é a per-
da do direito de manifestação no processo, ou seja, é
Por não se tratar de objeto do estudo, no presen- a perda da capacidade para praticar atos processuais,
81

te momento, não haverá profundidade nas diversas que pode ser gerada: pela realização do ato; pela não
8-

hipóteses legais de suspensão do processo, previsto no realização do ato no prazo; ou pela realização de for-
70

art. 313 do CPC, de 2015. ma indevida.


.
93

Porém, pode-se citar como exemplo, a suspensão O instituto processual da preclusão guarda dire-
.0

do processo pela morte de uma das partes, do seu ta relação com princípios norteadores do processo
98

representante ou do seu procurador, suspensão por civil, como a razoável duração do processo e a boa-fé
-2

objetiva.
convenção entre as partes, entre outras.
A preclusão pode ser temporal, lógica, consumati-
py

No tocante aos “obstáculos” previstos no caput do


va e sanção. Veja:
p

art. 221 do CPC, de 2015, podem ocorrer de diversas


Tu

formas, desde um ato administrativo do respectivo


z Temporal: em razão do transcurso do prazo, sem
o

tribunal prevendo suspensão de prazo em um deter- manifestação ou com manifestação posterior


ul

minado dia, até mesmo nos casos de encerramento do - intempestiva;


Pa

expediente forense antes do horário legal (em razão z Lógica: em razão de prática processual, anterior e
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

de chuva, ausência energia elétrica, algum evento na incompatível com o ato atual;
comarca, entre outros fatos geradores). z Consumativa: em razão do já exercício do direito
Nesses casos, o prazo deve ser restituído não na previsto naquele ato atual a ser praticado;
sua integralidade, mas na proporção do que faltava z Sanção: em razão da prática de ato ilícito.
para seu encerramento. É o que dispõe o caput do art.
221 do CPC, de 2015. Os parágrafos 1º e 2º do art. 223 do CPC, de 2015
tratam de hipótese já estudada, a “justa causa” para
Art. 222 Na comarca, seção ou subseção judiciária não cumprimento tempestivo do ato processual. Essa
onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorro- “justa causa” considera o evento alheio à vontade da
gar os prazos por até 2 (dois) meses. parte e que lhe impediu de praticar o ato, por si ou por
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios seu mandatário.
sem anuência das partes. Portanto, decorrido o prazo, a parte pode provar
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto que não realizou o ato por “justa causa”, o que ense-
no caput para prorrogação de prazos poderá ser jará a fixação de novo prazo para cumprimento do
excedido. encargo, se acolhida a pretensão pelo Magistrado. 209
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A contagem dos prazos deve ser orientada pelo art. Os prazos para os litisconsortes (diz litisconsórcio
224 do CPC, segundo o qual, em regra, os prazos serão quando temos a reunião de duas ou mais pessoas em
contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia algum ou ambos os polos da demanda) que tiverem
do vencimento. O §3º do mencionado dispositivo esta- diferentes procuradores, de escritórios de advocacia
belece que a contagem do prazo terá início no primei- distintos, serão contados em dobro para todas as suas
ro dia útil que seguir ao da publicação. Vejamos: manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, inde-
pendentemente de requerimento. Porém, essa regra
Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos
não se aplica se o processo for eletrônico, uma vez
serão contados excluindo o dia do começo e incluin-
do o dia do vencimento. que ambos conseguem acessar o processo de forma
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo simultânea.
serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se
coincidirem com dia em que o expediente forense for Art. 229 Os litisconsortes que tiverem diferentes
encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou procuradores, de escritórios de advocacia distin-
houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. tos, terão prazos contados em dobro para todas as
§ 2º Considera-se como data de publicação o pri- suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da independentemente de requerimento.
informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, haven-
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro
do apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por ape-
dia útil que seguir ao da publicação.
nas um deles.
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos proces-
A parte poderá ainda renunciar ao prazo estabe-
sos em autos eletrônicos.
lecido em seu favor, desde que faça de forma expres-
sa. Por exemplo, manifestar nos autos do processo
renunciando o prazo recursal. O início do prazo será contado a partir da citação,
Neste sentido, veja o que dispõe o art. 125 do CPC: da intimação, ou ainda, da notificação.

Art. 225 A parte poderá renunciar ao prazo esta- Art. 230 O prazo para a parte, o procurador, a
belecido exclusivamente em seu favor, desde que o Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Minis-
faça de maneira expressa. tério Público será contado da citação, da intimação
ou da notificação.
Os prazos podem ser classificados da seguinte
forma: A contagem do prazo respeita o art. 231 do CPC,
que assim estabelece:
z Peremptórios: São imperativos e não admitem
prorrogação. Exemplos: contestar, recorrer; Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
z Dilatórios: Admitem prorrogação; sidera-se dia do começo do prazo:
z Próprios: Das partes, sujeitos à preclusão; I - a data de juntada aos autos do aviso de recebi-
z Impróprios: Do juiz e seus auxiliares. mento, quando a citação ou a intimação for pelo
correio;
Nessa última hipótese, veja-se o disposto no art. II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
226 do CPC: prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
81

cial de justiça;
Art. 226 O juiz proferirá:
8-

III - a data de ocorrência da citação ou da intima-


I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
70

ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do


II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) chefe de secretaria;
.
93

dias; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada


.0

III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.


pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por
98

Art. 227 Em qualquer grau de jurisdição, havendo


motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual edital;
-2

tempo, os prazos a que está submetido. V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação
py

ou da intimação ou ao término do prazo para que


a consulta se dê, quando a citação ou a intimação
p

Os prazos não se aplicam somente aos juízes, mas


Tu

também aos serventuários da justiça e advogados. for eletrônica;


VI - a data de juntada do comunicado de que trata
o

Assim, vejamos:
ul

o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada


Pa

Art. 228 Incumbirá ao serventuário remeter os da carta aos autos de origem devidamente cumpri-
autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e executar da, quando a citação ou a intimação se realizar em
os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, con- cumprimento de carta;
tado da data em que: VII - a data de publicação, quando a intimação se
I - houver concluído o ato processual anterior, se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
lhe foi imposto pela lei; VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por
II - tiver ciência da ordem, quando determinada meio da retirada dos autos, em carga, do cartório
pelo juiz. ou da secretaria.
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará § 1º Quando houver mais de um réu, o dia do come-
o dia e a hora em que teve ciência da ordem referida ço do prazo para contestar corresponderá à última
no inciso II. das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada
de petições ou de manifestações em geral ocorrerá
de forma automática, independentemente de ato de A forma de computar o prazo está estabelecida
serventuário da justiça. no art. 224 do CPC, dispondo que, em regra, os prazos
serão contados excluindo o dia do começo e incluindo
Vamos conhecer um pouco acerca dos prazos apli- o dia do vencimento, não se iniciando ou encerrando
210 cáveis às partes, mais precisamente aos advogados. em dia não útil.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos § 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instau-
serão contados excluindo o dia do começo e incluin- ração de processo administrativo, na forma da lei.
do o dia do vencimento. § 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo Defensoria Pública poderá representar ao juiz con-
serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, tra o serventuário que injustificadamente exceder
se coincidirem com dia em que o expediente forense os prazos previstos em lei.
for encerrado antes ou iniciado depois da hora nor-
mal ou houver indisponibilidade da comunicação O art. 233 do CPC, de 2015 atribui a incumbência
eletrônica.
originária de verificar os prazos ao Juiz (caput do
§ 2º Considera-se como data de publicação o pri-
art. 233), o que revela ser um dos seus deveres como
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da
informação no Diário da Justiça eletrônico. Magistrado, na forma do art. 139, II do CPC, de 2015 e
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro na Lei Orgânica da Magistratura Nacional, em seu art.
dia útil que seguir ao da publicação. 35, II da Lei Complementar 35, de 1979. No entanto,
essa atribuição também pode ser exercida pelas par-
Suponha o seguinte exemplo: o dia do começo do tes, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Públi-
prazo, contemplando alguma das hipóteses do art. 231, ca (§ 2º do art. 233).
como a juntada do mandado, se deu em 08/03/2021. Em caso de constatação de falta do servidor, o Juiz
Considerando um prazo de 15 dias, o termo inicial do determinará a instauração de processo administrati-
prazo se dará no próximo dia útil seguinte, 09/03/2021, vo, em face do servidor responsável, conforme precei-
e seu termo final, em 29/03/2021. tua o § 1º do art. 233 do CPC, de 2015.
A título de exemplificação, pode-se destacar alguns
◄ FEVEREIRO MARÇO ABRIL ► prazos do escrivão ou do chefe da serventia: 1 dia para
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
remeter o processo à conclusão e 05 dias, como regra
geral, para executar atos processuais (art. 228 do CPC,
1 2 3 4 5 6
de 2015); 10 dias para responder ao juízo requerente
7 8 9 10 11 12 13 as cartas de ordem, precatória e rogatória (art. 268 do
14 15 16 17 18 19 20 CPC, de 2015); no Tribunal, 05 dias para certificar o
trânsito em julgado e baixar os autos ao juízo de ori-
21 22 23 24 25 26 27 gem (art. 1.006 do CPC, de 2015).
28 29 30 31
Avançando no estudo, tem-se a literalidade do
caput do art. 234 do CPC, de 2015 que revela adver-
tência a todos aqueles que possuem capacidade pos-
Art. 232 Nos atos de comunicação por carta pre- tulatória, ou seja, advogados públicos ou privados,
catória, rogatória ou de ordem, a realização da
defensor público e o membro do Ministério Público,
citação ou da intimação será imediatamente infor-
que, possuem direto à vista pessoal (ou carga) dos
mada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao
juiz deprecante. autos do processo.
Devem devolver o processo no prazo do ato a ser
Trata o art. 232 do CPC, de 2015 de ato de coope- praticado. Portanto, pensem em concessão de prazo
de 5 (cinco) dias, para que a parte autora se manifeste
81

ração na jurisdição que permeia o CPC, de 2015, onde


sobre o conteúdo de um ofício.
8-

juízos de diferentes localidades (Juiz do Rio de Janei-


Aquele que retirou os autos em carga deve, além
70

ro x Juiz de São Paulo, por exemplo) e de diferentes


de cumprir o prazo processual, efetuar a devolução do
.

esferas do Poder Judiciário (Justiça Federal x Justiça


93

Estadual, por exemplo) cooperam entre si, através de processo, até a data final do prazo processual (aquele
.0

atos de comunicação, como carta precatória ou carta de 5 dias), independente se a retirada do processo do
98

de ordem, no âmbito da cooperação jurídica nacional. cartório se deu com cinco, quatro, três, dois dias antes
-2

ou no mesmo dia do prazo final.


py

Da Verificação dos Prazos e das Penalidades


p

Art. 234 Os advogados públicos ou privados, o


Tu

Os seguintes artigos tratam da verificação dos defensor público e o membro do Ministério Públi-
o

excessos de prazos e das suas penalidades, dos ser- co devem restituir os autos no prazo do ato a ser
ul

ventuários e daqueles que possuem capacidade pos- praticado.


Pa

tulatória. Essas verificações são necessárias fara o fiel


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

cumprimento de normas fundamentais do processo Ocorrida a infração de não devolução, pode qual-
civil, como a garantia da razoável duração do proces- quer interessado (Juiz, servidores, a parte adversa,
so (art. 4º do CPC, de 2015) e a observância do modelo terceiros interessados) exigir a restituição dos autos
de processo civil cooperativo (art. 6º do CPC, de 2015). do processo - §1º do art. 234 do CPC, de 2015. Após, o
O art. 6º do CPC, de 2015 versa claramente que Juiz determinará a intimação do infrator para resti-
“todos os sujeitos do processo devem cooperar entre tuir os autos em até 3 (três) dias, sob pena de perder o
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de direito de vista fora do cartório e incorrer em multa.
mérito justa e efetiva”. Portanto, não somente advo-
gados, defensores públicos e membros do Ministério Art. 234 [...]
Público, devem cumprir seus respectivos prazos, mas § 1º É lícito a qualquer interessado exigir os autos
o Juiz e os auxiliares da justiça também. do advogado que exceder prazo legal.
§ 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos
Art. 233 Incumbe ao juiz verificar se o serventuário no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista
excedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabeleci- fora de cartório e incorrerá em multa correspon-
dos em lei. dente à metade do salário-mínimo. 211
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica Nesses casos, se o magistrado ultrapassar esses
prazos, não haverá a incidência da preclusão (já
Se o advogado que, devidamente intimado, não explicada acima), pois trata-se de prazos de natureza
devolver o processo no prazo de 3 (três) dias, imprópria. Porém, poderá sofrer as consequências do
não perderá o direito de vista do processo, mas art. 235 do CPC, de 2015, abaixo analisado.
sim o direito de vista fora do cartório, ou seja, A representação prevista no citado artigo se dará
o direito de fazer carga dos autos do processo. na pessoa do corregedor do respectivo tribunal ou ao
Caso contrário, haveria clara e manifesta viola- Conselho Nacional de Justiça. No procedimento, deve-
ção ao exercício do contraditório, da ampla defe- -se garantir contraditório prévio ao Magistrado e se
sa e do devido processo legal. não for o caso de arquivamento liminar, garantia do
contraditório pleno por 15 (quinze) dias - §1º do art.
Art. 234 [...] 235 do CPC, de 2015.
§ 3º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à Processualmente, caso ultrapassado a possibilida-
seção local da Ordem dos Advogados do Brasil para de de arquivamento liminar, cabe ao corregedor do
procedimento disciplinar e imposição de multa. respectivo tribunal ou o relator no Conselho Nacional
§ 4º Se a situação envolver membro do Ministério de Justiça determinar a intimação do representado,
Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia por meio eletrônico, para que, em 10 (dez) dias, prati-
Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao que o ato - § 2º do art. 235 do CPC, de 2015.
agente público responsável pelo ato. Se mantida a inércia do representado, os autos
§ 5º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do rela-
órgão competente responsável pela instauração tor, de acordo com as normas internas do respectivo
de procedimento disciplinar contra o membro que tribunal e, no prazo de 10 (dez) dias, praticará o ato - §
atuou no feito.
3º do art. 235 do CPC, de 2015.
Especificamente no caso dos advogados privados, Art. 235 [...]
também será possível a aplicação de pena de suspen- § 1º Distribuída a representação ao órgão compe-
são do exercício da advocacia, a ser aplicada pela OAB, tente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso
na forma do art. 34, XII e art. 37, ambos dos Estatuto de arquivamento liminar, será instaurado proce-
da Advocacia e da OAB (Lei 8.906, de 1994). dimento para apuração da responsabilidade, com
A não devolução do processo no tempo devido intimação do representado por meio eletrônico
implica intempestividade da petição? para, querendo, apresentar justificativa no prazo
Não! A entrega/devolução dos autos do processo, de 15 (quinze) dias.
após o prazo previsto no caput do art. 234 do CPC, de § 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabí-
2015, não implica em intempestividade do ato proces- veis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a apre-
sual que deveria ter sido praticado, pois as sanções sentação ou não da justificativa de que trata o § 1º,
aqui previstas possuem caráter personalíssimo e, se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator
portanto, não podem exceder a pessoa do infrator, ou no Conselho Nacional de Justiça determinará a inti-
seja, gerar prejuízo à parte ou ao Estado – Precedentes mação do representado por meio eletrônico para
que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.
do STJ.
§ 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao
Exemplo hipotético: Prazo fatal para protocolar
81

substituto legal do juiz ou do relator contra o qual


recurso de apelação em 14/10/2020  Recurso protoco- se representou para decisão em 10 (dez) dias.
8-

lado em 14/10/2020  Autos do processo devolvido ao


70

cartório em 20/10/2020  O recurso será tempestivo.


A Constituição Federal, em seu art. 93, II prevê que o
.
93

juiz que, injustificadamente, retiver os autos do proces-


.0

Art. 235 Qualquer parte, o Ministério Público ou a


so (físico ou eletrônico) não será promovido, e somente
98

Defensoria Pública poderá representar ao correge-


poderá devolvê-lo com o devido pronunciamento.
-2

dor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça


contra juiz ou relator que injustificadamente exce-
py

der os prazos previstos em lei, regulamento ou regi-


p

mento interno.
HORA DE PRATICAR!
Tu
o

A literalidade do caput do art. 235 do CPC, de 2015


ul

possibilita que qualquer parte, Ministério Público ou 1. (FGV — 2022) Caio, 58 anos, auxiliar de serviços gerais,
Pa

Defensoria Pública possa representar Juiz ou Relator que aufere renda mensal de um salário mínimo, procu-
que, injustificadamente, exceder os prazos previstos rou a Defensoria Pública para ajuizar ação em face do
em lei (art. 226 do CPC, de 2015, por exemplo) ou os Banco Conta Fácil, que concedeu empréstimos frau-
prazos previstos em regulamento ou regimento inter- dulentos em seu nome, sem o seu conhecimento. Foi
no do respectivo tribunal. ajuizada ação de obrigação de fazer, para compelir o
banco réu a se abster de promover as cobranças dos
empréstimos fraudulentos em face de Caio, bem como
Importante! ao pagamento de indenização por danos morais, além
da concessão do benefício da justiça gratuita. Distribuí-
No caso do Magistrado, há prazos que devem da a ação, foi imediatamente concedida a gratuidade
ser observados na sua atuação, conforme esta- de justiça em favor do autor. Posteriormente, foi profe-
belecido pelo art. 226 do CPC, de 2015, como por rida sentença julgando procedentes os pedidos formu-
exemplo: despachos no prazo de 5 (cinco) dias; lados por Caio. Na fase de cumprimento de sentença,
decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) sobrevém a notícia da morte de Caio, vítima de infarto
dias; sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. fulminante. De acordo com a certidão de óbito, Caio era
212 solteiro, não tinha bens e deixou um único filho, João.
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Assim que João tomou conhecimento da existência sucumbência integral da pessoa cujos interesses
dessa ação judicial, decidiu ingressar no feito. foram defendidos pela curadoria especial.

Diante dessa situação, é correto afirmar que: 4. (FGV — 2021) Arlindo recebe salário elevado, mas
está superendividado. Pela Defensoria Pública, intenta
a) o benefício da gratuidade de justiça deferido em favor ação buscando a revisão de parte dos seus débitos,
de Caio se estende a João, uma vez que a hipossufi- requerendo gratuidade de justiça.
ciência de eventual sucessor é presumida;
b) João terá direito à gratuidade de justiça desde que a Nessa demanda:
requeira expressamente e o pedido seja deferido, à luz
das provas produzidas pelo requerente; a) à vista do salário de Arlindo e do perfil das suas des-
c) João gozará do direito à gratuidade de justiça, des- pesas, o juízo poderá indeferir de plano a gratuidade
de que opte por continuar sendo representado pela requerida, ou concedê-la apenas parcialmente, caben-
Defensoria Pública; do agravo de instrumento em ambos os casos;
d) João deverá oferecer caução idônea para pleitear o
b) caso a gratuidade seja concedida e Arlindo não obte-
direito à gratuidade de justiça.
nha a procedência do seu pleito revisional, a sentença
não poderá condená-lo ao pagamento de despesas
2. (FGV — 2022) A. aforou ação cominatória contra B.
processuais e honorários da parte contrária;
para que o réu seja obrigado a construir um muro de
c) caso haja indeferimento liminar da gratuidade, caberá
arrimo na divisa dos imóveis deles. Há risco iminente
agravo de instrumento, ficando Arlindo dispensado do
de desabamento do barranco lá existente e provocado
por desaterro irregular promovido pela parte passiva. recolhimento de custas pelo menos até decisão, sobre
Requereu e obteve tutela provisória de urgência diante a questão, do relator do recurso;
de perícia feita pela Defesa Civil que comprova o men- d) ainda que tenha obtido a gratuidade, Arlindo poderá
cionado risco e o aterro irregular. Citado para a ação e eventualmente ser condenado a pagar multa à parte con-
intimado quanto à tutela provisória de urgência, o réu trária por litigância de má-fé, mas a obrigação ficará sob
propalou, na região, que não estava obrigado a cum- condição suspensiva de exigibilidade por cinco anos;
prir a ordem judicial porque o juiz não tinha conheci- e) caso haja indeferimento liminar da gratuidade, o agra-
mento técnico para determinar a realização da obra. vo de instrumento a ser interposto visará à concessão
da gratuidade e, subsidiariamente, ao reconhecimento
A conduta do réu de que a Defensoria pode seguir na defesa de Arlindo,
mesmo que sem gratuidade.
a) deve ser rejeitada.
b) revela resistência civil justificada. 5. (FGV — 2019) O Novo Código de Processo Civil de
c) constitui violação de dever processual. 2015 estabelece que a pessoa natural ou jurídica, bra-
d) não constitui violação de dever processual. sileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os
3. (FGV — 2021) Em pleito indenizatório, Joana, bem-sucedida honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
empresária, foi citada com hora certa, tendo sido nomeada, justiça, na forma da lei.
81

para a sua defesa, a curadoria especial, que apresentou


8-

contestação por negação geral. A sentença deu procedên- Nesse contexto, de acordo com o citado diploma legal:
70

cia integral ao pedido, em desfavor de Joana.


.
93

a) a gratuidade da justiça compreende, dentre outras, as


.0

Quanto ao capítulo dos honorários, é correto afirmar despesas com a realização de exame de código gené-
98

que: tico DNA e de outros exames considerados essenciais;


-2

b) a insuficiência financeira deve ser provada pela parte


py

a) devem ser fixados honorários para a Defensoria Públi- que requerer a gratuidade de justiça, não cabendo a
ca em decorrência da atuação da curadoria especial, a
p

presunção de veracidade da alegação de insuficiência


Tu

serem adiantados pelo autor da demanda, seguindo- deduzida por pessoa natural;
se o regime dos honorários do perito;
o

c) o direito à gratuidade da justiça é inerente ao polo ocupa-


ul

b) embora os honorários decorrentes da atuação da


do pela parte (autor ou réu), se estendendo ao litiscon-
Pa

curadoria especial sigam o regime dos honorários do


sorte e ao sucessor do beneficiário, independentemente
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

perito, no caso concreto não deve haver fixação em


de novo requerimento e deferimento expressos;
favor da Defensoria, tendo-se em vista que a contesta-
d) a concessão de gratuidade afasta automaticamente a
ção foi por mera negação geral;
c) embora os honorários decorrentes da atuação da responsabilidade do beneficiário pelas despesas pro-
curadoria especial sigam o regime dos honorários do cessuais e pelos honorários advocatícios decorrentes
perito, no caso concreto não deve haver fixação em de sua sucumbência;
favor da Defensoria, tendo-se em vista a condição eco- e) a gratuidade, quando deferida, o será integralmente,
nômica de Joana, pessoa não necessitada; sendo vedada a concessão parcial em relação a algum
d) não deve haver fixação de honorários em favor da ato processual ou a redução percentual de despesas
Defensoria quando a curadoria especial oficia, tendo- processuais que o beneficiário tiver de adiantar no cur-
-se em vista que a atuação se insere no âmbito das so do procedimento.
funções institucionais da Defensoria e os Defensores
são remunerados mediante subsídio; 6. (FGV — 2019) João foi assistido pela Defensoria Públi-
e) não deve haver fixação de honorários em favor da ca em ação indenizatória, na qual obteve gratuidade
Defensoria no caso concreto, tendo-se em vista a de justiça. 213
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Ocorre que João restou vencido na demanda e, de ambientais, autor e réu já apresentaram suas respec-
acordo com o Novo Código de Processo Civil de 2015, tivas manifestações tempestivamente no processo.
as obrigações decorrentes de sua sucumbência: Pouco antes da suspensão temporária dos prazos, em
virtude do recesso forense, o Ministério Público é inti-
a) serão automaticamente extintas em razão da inexigi- mado para intervir na demanda.
bilidade de adimplemento da obrigação pelo princípio Com o retorno das atividades judiciárias, passados 18
do acesso à justiça, desde que a gratuidade de justiça (dezoito) dias úteis da ciência da referida intimação, o
tenha sido deferida e mantida durante todo o curso do membro do parquet se manifesta devidamente peran-
processo, até o seu trânsito em julgado; te os autos, por meio de parecer favorável à preten-
b) serão automaticamente extintas em razão da invalidade são autoral, em virtude do reconhecimento dos danos
da obrigação de pagar quantia certa pela sucumbência, deflagrados.
sob pena de violação ao princípio da isonomia, desde
que a gratuidade de justiça tenha estado em vigor na Nesse cenário,
data em que ocorreu o trânsito em julgado do processo;
c) ficarão sob condição suspensiva de validade e somen- a) a intervenção é tempestiva, considerando o disposto
te poderão ser executadas se, nos 3 (três) anos sub- no Art. 178, I do Código de Processo Civil.
sequentes ao trânsito em julgado da decisão que as b) a intervenção é intempestiva, tendo em vista que o
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a atual Código de Processo Civil padronizou a contagem
situação de insuficiência de recursos que justificou a de prazos processuais em 15 dias úteis.
concessão de gratuidade; c) a intervenção é intempestiva, pois se trata de hipótese
d) ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e a qual o Ministério Público não goza de qualquer con-
somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) tagem de prazo dobrado, nos termos do Art. 180, §2º
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão do Código de Processo Civil.
que as certificou, o credor demonstrar que deixou de d) a intervenção é tempestiva, considerando que os
existir a situação de insuficiência de recursos que jus-
30 dias corridos se opera após o retorno de recesso
tificou a concessão de gratuidade;
forense do Poder Judiciário, nos termos da Lei Orgâni-
e) poderão ser imediatamente executadas pelo cre-
ca da Magistratura Nacional.
dor, independentemente da demonstração de que a
e) a intervenção é tempestiva, pois em razão de envolver
situação de insuficiência de recursos que justificou a
matéria de Direito Ambiental, há expressiva complexi-
concessão de gratuidade deixou de existir, eis que a
dade, apta a permitir a contagem de prazo dobrado,
gratuidade de justiça consiste em benefício concedido
consoante o microssistema de tutela coletiva, na for-
pelo poder público a seus próprios atos, não alcançan-
ma do Art. 81 do Código de Defesa do Consumidor.
do direitos de particulares.
10. (FGV — 2022) Com fundamento na legislação de
7. (FGV — 2019) Quanto ao benefício da gratuidade de
regência, o Ministério Público ajuizou demanda com
justiça, é correto afirmar que:
vistas à prolação de sentença que declare que o réu é
o pai de determinada criança.
a) só pode ser requerido na petição inicial ou na contes-
Ao intentar a referida ação, o órgão ministerial, em
tação, sob pena de preclusão;
b) a alegação de hipossuficiência econômica, formulada relação ao menor, atua a título de:
81

por pessoa física, é dotada de presunção absoluta de


8-

a) sucessor processual;
70

veracidade;
c) a decisão que o indeferir é irrecorrível, podendo ense- b) substituto processual;
.
93

jar o ajuizamento de mandado de segurança; c) representante;


.0

d) a circunstância de a parte requerente ser patrocinada por d) amicus curiae;


98

advogado particular configura óbice à sua concessão; e) assistente litisconsorcial.


-2

e) pode consistir na redução percentual das despesas


py

que ao beneficiário caiba adiantar no curso do feito. 11. (FGV — 2020) A serventia da 1ª Vara Criminal da
Comarca Alfa entrou em contato telefônico com a
p
Tu

8. (FGV — 2022) Percebendo o juiz de uma vara cível, ao secretaria da Promotoria de Justiça com atribuição
para atuar junto ao referido juízo. Na ocasião, infor-
o

analisar a petição inicial e a resposta do réu em uma


ul

ação de reparação de dano moral, que o autor é um mou que, conforme determinação do juiz de direito, o
Pa

menor com 12 anos de idade, devidamente represen- promotor de justiça estava intimado para apresentar
tado por seu genitor, agirá corretamente se: alegações finais no Processo XX, cujos autos estavam
à sua disposição em cartório. A intimação assim reali-
a) prolatar sentença terminativa desde logo, por impossi- zada mostra-se:
bilidade jurídica do pedido;
b) intimar o Ministério Público para, no prazo de trinta a) incorreta, pois a intimação deveria ter sido pessoal e
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica; com entrega dos autos;
c) intimar o autor para corrigir a polaridade ativa, uma b) correta, desde que fosse assegurado o acesso amplo
vez que o menor não pode ser autor da ação; e irrestrito aos autos em cartório;
d) intimar o autor para incluir também a genitora como c) correta, pois compete ao juiz de direito definir a forma
sua representante processual; de intimação dos sujeitos da relação processual;
e) prolatar sentença definitiva desde logo, pelo princípio d) incorreta, pois a intimação telefônica deveria ter sido
da celeridade processual. realizada diretamente ao promotor de justiça;
e) incorreta, pois um servidor do Ministério Público deve-
9. (FGV — 2022) Em meio ao transcurso de determi- ria ter comparecido à serventia para ser intimado e
214 nada ação coletiva visando à reparação de danos retirar os autos.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
12. (FGV — 2021) Sobre a prerrogativa do prazo em dobro 16. (FGV — 2022) Marcos ajuíza ação de indenização em
deferida aos(às) Defensores(as) Públicos(as), é corre- face de renomada clínica, especializada em realizar
to afirmar que: técnicas de reprodução assistida, em virtude de ter des-
coberto que seu filho, atualmente com quatro anos de
a) a prerrogativa não se estende nem a advogados dati- idade, não possui o mesmo material genético que o seu,
vos nem a escritórios de prática jurídica das faculda- ao contrário do que foi acordado quando da realização
des de Direito; da referida técnica. Diante do ocorrido, solicita perante o
b) não deve ser contado em dobro o prazo de dez dias refe- juízo competente a decretação de segredo de justiça.
rente à intimação tácita dos atos processuais eletrônicos;
c) não devem ser contados em dobro os prazos relativos Nesse caso, assinale a afirmativa correta.
à oposição de embargos à execução e à impetração
de mandado de segurança; a) Subsiste razão ao pleito de Marcos, considerando que
d) não devem ser contados em dobro os prazos quando é direito da parte interessada requerer segredo de jus-
a Defensoria Pública, em atribuição atípica, estiver tiça, independente de motivação, devendo o mesmo
atuando na defesa de pessoas economicamente ricas; ser decretado sempre que a controvérsia não envolver
e) dado o fortalecimento constitucional da Defensoria, interesse público e social.
não deve mais ser aplicada, no tocante ao prazo em b) Não haveria fundamentação ao pleito de Marcos, ten-
dobro, a tese da inconstitucionalidade progressiva. do em vista o melhor interesse da criança em conhe-
cer suas origens genéticas.
13. (FGV — 2022) No que se refere à atuação da Defenso- c) Subsiste razão ao pleito de Marcos, tendo em vista as
ria Pública no processo civil, é correto afirmar que: hipóteses de decretação de segredo de justiça conti-
das no art. 189 do Código de Processo Civil.
a) dispõe do prazo em quádruplo para ofertar contesta- d) Não haveria fundamentação ao pleito de Marcos, con-
ção e interpor recursos; siderando a relevância e notoriedade da divulgação do
b) a sua intimação dos atos do processo se efetiva por caso, afeto ao interesse público e social.
meio da publicação destes no órgão oficial; e) Não haveria fundamentação ao pleito de Marcos, con-
c) tem a atribuição para atuar como curador especial do réu siderando os pressupostos gerais contidos no Código
citado por hora certa, caso lhe seja decretada a revelia; de Processo Civil, cuja eventual decretação de segre-
d) patrocina a causa daqueles que litiguem sob o pálio do de justiça precede de solicitação anterior ao ajuiza-
da gratuidade de justiça, aos quais é vedado contratar mento da demanda, nos termos do art. 189 do referido
advogados particulares;
diploma.
e) não pode pedir a intimação pessoal de seu patrocina-
do, ainda que o ato processual dependa de providên-
17. (FGV — 2021) O Código de Processo Civil dispõe sobre
cia ou informe deste.
os atos processuais e sua publicidade.
14. (FGV — 2019) No âmbito do processo civil, a Defenso-
Sobre a publicidade e o segredo de justiça, assinale a
ria Pública:
afirmativa correta.
a) dispõe do prazo em quádruplo para contestar, em dobro
a) Tramitam em segredo de justiça os processos em que
81

para interpor recursos e simples para contra-arrazoá-los;


o exija interesse privado.
b) tem a prerrogativa da intimação pessoal, mediante
8-

b) Aplica-se o segredo de justiça aos processos que ver-


70

carga, remessa ou meio eletrônico;


c) não pode propor ação civil pública, embora possa ajui- sem sobre alimentos e guarda de crianças e adoles-
.
93

zar a ação cautelar que lhe seja preparatória; centes, mas não aos sobre casamento e união estável.
.0

d) não pode requerer a intimação pessoal da parte patro- c) Tramitam em segredo de justiça os processos em que
98

cinada, ainda que o ato processual pendente dependa constem dados protegidos pelo direito constitucional
-2

de providência somente por ela realizável; à liberdade.


d) O direito de consultar os autos de processo que trami-
py

e) caso perca, por negligência, o prazo para recorrer


te em segredo de justiça e de pedir certidões de seus
p

de sentença desfavorável à parte patrocinada, o


Tu

Defensor Público poderá ser civil e regressivamente atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
e) O terceiro, com ou sem interesse jurídico, pode reque-
o

responsabilizado.
ul

rer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem


Pa

15. (FGV — 2019) Determinado Defensor Público foi infor- como de inventário e de partilha resultantes de divór-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

mado de que um processo judicial de interesse de cio ou separação


seu assistido tinha sido despachado pelo juízo. Nes-
se caso, de acordo com o Código de Processo Civil, a 18. (FGV — 2019) No que concerne aos pronunciamentos
Defensoria Pública tem prazo: dos órgãos jurisdicionais, é correto afirmar que:

a) em dobro para se manifestar, que começa a fluir com a) todas as decisões interlocutórias são impugnáveis por
a intimação pessoal; meio de agravo de instrumento;
b) em quádruplo para se manifestar, que começa a fluir b) sentença é o ato por meio do qual se põe fim ao procedi-
com a intimação pessoal; mento comum, desde que resolvido o mérito do feito;
c) idêntico ao de qualquer parte, que começa a fluir com c) os acórdãos não precisam ser assinados pelos magistra-
a sua intimação pessoal; dos, por se proferirem na própria sessão de julgamento;
d) em dobro para se manifestar, que começa a fluir com d) atos meramente ordinatórios, como a vista ao órgão
a publicação da intimação no diário oficial; da Defensoria Pública, independem de despacho;
e) em quádruplo para se manifestar, que começa a fluir e) decisão interlocutória não é apta a versar sobre o
com a publicação da intimação no diário oficial. mérito do processo. 215
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19. (FGV — 2019) Tendo percebido que um dos litiscon-
16 C
sortes ativos era parte ilegítima, o juiz reconheceu ser
ele carecedor do direito de ação, tendo determinado o 17 D
prosseguimento do feito em relação às demais partes.
18 D
A natureza desse pronunciamento judicial é de: 19 B

a) sentença; 20 D
b) decisão interlocutória;
c) despacho;
d) decisão monocrática;
e) ato meramente ordinatório. ANOTAÇÕES
20. (FGV — 2019) Em ação popular proposta pelo Minis-
tério Público, foi estabelecido calendário processual
entre o juiz e as partes. No decorrer da ação, o car-
tório deixou de intimar pessoalmente o representan-
te do Ministério Público para cumprir um dos prazos
processuais estabelecidos no calendário, tendo sido
certificada a ausência de sua manifestação. Diante
disso, o representante do Ministério Público requereu
genericamente a devolução do prazo.

Nessa hipótese, deverá o juiz:

a) anular o calendário processual, em razão do prejuízo a


uma das partes;
b) deferir a devolução do prazo, diante da ausência de
intimação específica;
c) alterar as regras do calendário para permitir que o
representante do Ministério Público se manifeste nos
autos de forma tempestiva;
d) indeferir a devolução do prazo, pois é dispensada a
intimação das partes para a prática de atos proces-
suais e audiências previstos no calendário processual;
e) deferir a devolução do prazo, pois, em se tratando de
calendário processual, as partes devem ser intimadas
eletronicamente para os atos processuais e audiências.
81
8-

9 GABARITO
.70
93

1 B
.0
98

2 C
-2

3 E
p py

4 C
Tu

5 A
o
ul
Pa

6 D

7 E

8 B

9 A

10 B

11 A

12 B

13 C

14 B

15 A
216
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Potenciação e Radiciação com Expoentes Reais

Por fim, ao tratarmos de potências cujos expoentes


pertencem ao conjunto dos números reais, estamos
nos referindo aos casos em que o expoente m ∈ Q v
MATEMÁTICA (ou) m ∈ I. Sendo Q o símbolo dos números racionais
e dos irracionais.
Os casos em que m ∈ I. dificilmente são pedidos no
ensino médio, apesar de existirem, e são calculados a
partir de aproximações utilizando expoentes racionais.
Por exemplo, o número π com casas decimais infinitas
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS e não repetitivas é usado para calcular rotas de nave-
gações interplanetárias, a NASA usa o número π com 15
INTRODUÇÃO casas decimais.
No caso de um expoente irracional α e uma base
É o conjunto que envolve todos os outros conjuntos, real a, temos então que, para quaisquer dois expoen-
ou seja, aqui encontramos os números naturais, inteiros tes racionais r e s tais que r < a < s , é verdadeiro
e racionais envolvidos de uma única maneira. Dentro r a
a <a <a .
s

dos números reais podemos envolver todos os outros Como consequências das noções de potências de
números dentro das operações matemáticas, sejam elas a
expoentes naturais e expoentes negativos: 0 é um
de adição, subtração, multiplicação ou divisão. a
símbolo sem significado para a < 0 , assim como a
O símbolo desse conjunto é a letra R e podemos
para a < 0 , uma vez que números irracionais não
representar por meio de diagramas a relação entre os
conjuntos naturais, inteiros, racionais e reais. Veja podem ser classificados como par ou ímpar.
Baseados nos conceitos e definições anteriores,
podemos agora listar as propriedades das operações
envolvendo potências e raízes de números naturais.
Essas afirmações são válidas para quaisquer números
Q a ∧(e),b ∈ R, p ∧ q ∈ R e n ∧ m ∈ N:
p· q p+q
z a a = a

Z N 23 · 22=(2 · 2 · 2) · (2 · 2) = 2 · 2 · 2 · 2 · 2 = 25
p
a p –q
q = a
z a
3
2
R 2 =2 · 2 = 2
3 –2 3+(–2)
= 21
2
z (a·b)p=ap·bp

(2·3)2 = (2 · 3) · (2 · 3)=2 · 2 · 3 · 3 = 22 · 32= 4 · 9 = 36


81

Operações e Propriedades dos Números Reais


8-

bal
p p
70

a
z = p
z Adição de números reais: segue a mesma lógica da b b
.
93

adição comum.
b3l
3
3 3 3 = 3 3 3 = 3 3 27
.0

= · · · · · 3 =
2 2 2 2 2 2
98

2 2 8
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4
z (ap)q=ap·q
-2

5 + 37,8 + 120 = 162,8


55 + 83 + 205 = 343
py

(22)2 = (22) · (22) = 22 + 2 =22 · 2 = 24 = 16


p
Tu

z Subtração de números reais: segue a mesma lógica Dica


da subtração comum.
o

Atente-se à interpretação de notações! Apesar de


ul
Pa

Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18 pq


a e (ap)q possuírem notações similares, o primei-
25 – 63 = -38 ro caso representa que o expoente p está elevado
41 – 0,75 – 4,8 = 35,45
ao expoente q, enquanto o segundo indica que a
potência de ap está elevada ao expoente q.
z Multiplicação de números reais: aplicamos o mes-
mo procedimento da multiplicação comum.
n n·m p ·m
z ap = a
Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05
MATEMÁTICA

3 × 55 = 165 2 2.2 3.2


3·2
= 2 2·2 = 2 2 =
3 3
2 = 2· 2
26 = 2
7 × 2,85 = 19,95

z
n n n
z Divisão de números reais: aplicamos o mesmo pro- a·b = a· b
cedimento da divisão comum.
1 1 1
6 = 2·3 = (2·3) 2 = 2 2 ·3 2 = 2· 3
Ex.: 5,7 ÷ 1,3 = 4,38
30 ÷ 4 = 7,5 n
a
n
a
10,5 ÷ 2 = 5,25 z =
n 217
b b
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=b2l = 1 =
1 1
22 2
MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO
2 2

3 3
n p n p
32 3
DIVISOR COMUM
z ( a) = ( a )
O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo
^ 4h =
4
2· 2 · 2· 2 = 2·2·2·2 =
4
2 =4 comum são ferramentas extremamente importantes na
matemática. Através deles, podemos resolver alguns pro-
m n m· n blemas simples, além de utilizar seus conceitos em outros
z a = a
temas, como frações, simplificação de fatoriais etc.
Porém, antes de começarmos a apresentar esta teo-
2 2 = ^2 2 h2 = 2 4 =
1 1 1
2 =
1 4
2 ria, é importante conhecermos uma classe de números
muito importante: os números primos.
A aplicação dos princípios anteriores facilita na
NÚMEROS PRIMOS
hora de resolução de cálculos envolvendo números
grandes ou expressões extensas. O primeiro caso per- Um número natural é definido como primo se tiver
mite que operações envolvendo multiplicação ou divi- exatamente dois divisores: o número 1 e ele mesmo.
são sejam feitas utilizando valores menores, enquanto Já nos inteiros, p ∈ Z é um primo se ele tem exatamen-
o segundo reduz expressões para formas mais inteligí- te quatro divisores: ±1 e ±p.
veis e fáceis de analisar. Por definição, 0, 1 e – 1 não são números primos.
Agora, em termos de cálculo da raiz quadrada e Existem infinitos números primos, como demons-
trado por Euclides por volta de 300 a.C. A propriedade
outras raízes, você receberá algoritmos que poderão
de ser um primo é chamada “primalidade”, e a pala-
diminuir em muito o tempo dos seus cálculos em provas.
vra “primo” é utilizada como substantivo ou adjetivo.
Uma dica para cálculo muito aproximado de raiz Como 2 é o único número primo par, o termo “primo
quadrada a partir do uso de cálculo diferencial adap- ímpar” refere-se a todo primo maior do que dois.
tada para o ensino médio: O conceito de número primo é muito importante
na teoria dos números. Um dos resultados da teoria
x b w! dos números é o Teorema Fundamental da Aritmética,
que afirma que qualquer número natural diferente
1
de 1 pode ser escrito de forma única (desconsideran-
do a ordem) como um produto de números primos

√ (w) raiz exata de um número natural
N mais próximo de x
(chamados fatores primos). Esse processo chama-se
decomposição em fatores primos (fatoração). É exata-
Por exemplo:
mente esse conceito que utilizaremos no MDC e MMC.
1 1 Para caráter de memorização, seguem os 100 pri-
10 b 9 ! b 3+ = 3 + 16 = 3 meiros números primos positivos. Recomenda-se que se
2· 9 2·3
memorize ao menos os 10 primeiros para MDC e MMC:
81

+ 1.66667 = = 3.166667 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53,
8-

59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113,
Foi usada a soma, pois 10 está mais próximo da
70

127, 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181,
.

raiz exata de 9 do que da raiz exata de 16. Lembre-se


93

191, 193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251,
que essa fórmula é aproximada para você fazer uma
.0

257, 263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317,
98

prova objetiva, não uma prova discursiva, mas, se 331, 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397,
-2

você quiser usá-la, justifique. 401, 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463,
467, 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541.
py

Veja que a 10 , usando uma calculadora, é 3.162277;


p

portanto, a fórmula gerou uma boa aproximação e mais


Tu

MÚLTIPLOS E DIVISORES
fácil de executar do que o algoritmo de cálculo de raiz
o

quadrada.
ul

Diz-se que um número natural “a” é múltiplo de outro


Pa

Para calcular qualquer raiz (isso quase não é usado natural “b” se existir um número natural “k” tal que:
no ensino médio), a não ser para raízes exatas, podemos
usar uma aproximação também derivada do cálculo: a=k∙b

n x + (n–1) ·y
n
Exemplo: 15 é múltiplo de 5, pois 15 = 3 ∙ 5
x = n–1 Quando a = k ∙ b, segue que a é múltiplo de b, mas
n·y
3
também a é múltiplo de k, como é o caso do número
Por exemplo, para a raiz 11 , fazemos: 35, múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 ∙ 5.
Quando a = k ∙ b, então, a é múltiplo de b; se conhe-
3 11 + (3–1) ·2
3
11 + (2) (2 ) 11 + 2·8
3
cemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, bas-
11 = 3–1 = = = ta fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
3·2 3·4 12
11 + 16 27 Como conclusão às assertivas propostas acima,
= = 2.25 tem-se que:
12 12
O valor exato é 2.2239, portanto, uma boa aproxi- z Um número b é sempre múltiplo dele mesmo  a
218 mação novamente. = 1 ∙ b ↔ a = b;
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z Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números MMC
da forma a = k ∙ 2, k seria substituído por todos os
números naturais possíveis. O mínimo múltiplo comum de dois ou mais núme-
ros é o menor número positivo que é múltiplo comum
A definição de divisor está relacionada com a de de todos os números dados. Consideremos:
múltiplo. Exemplo: Encontrar o MMC entre 8 e 6.
Um número natural b é divisor do número natural Múltiplos positivos de 6: M(6) = {6, 12, 18, 24, 30, 36,
a, se a é múltiplo de b. 42, 48, 54, ...}
Exemplo: 3 é divisor de 15, pois 15 = 3 ∙ 5. Logo, 15 Múltiplos positivos de 8: M(8) = {8, 16, 24, 32, 40,
é múltiplo de 3 e também de 5. 48, 56, 64, ...}
Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos co-
Dica muns: M(6) ∩ M(8) = {24, 48, 72, ...}
Observando os múltiplos comuns, pode-se identifi-
Um número natural tem uma quantidade finita de car o mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou
divisores. Por exemplo, o número 6 poderá ter no seja: mmc(6, 8) = 24.
máximo 6 divisores, pois trabalhando no conjun- Outra técnica para o cálculo do MMC:
to dos números naturais, não podemos dividir 6
por um número maior do que ele. Os divisores z Decomposição isolada em fatores primos: Para
naturais de 6 são os números 1, 2, 3, 6, o que obter o MMC de dois ou mais números por esse
significa que o número 6 tem 4 divisores. processo, procedemos da seguinte maneira:

MDC Decompomos cada número dado em fatores


primos.
Agora que sabemos o que são números primos, O MMC é o produto dos fatores comuns e não-co-
múltiplos e divisores, vamos ao MDC. O Máximo Divi- muns, cada um deles elevado ao seu maior expoente.
sor Comum de dois ou mais números é o maior núme- Exemplo: Achar o MMC entre 18 e 120.
ro que é divisor comum de todos os números dados.
Exemplo: Encontrar o MDC entre 18 e 24.
18 2
Divisores naturais de 18: D(18) = {1, 2, 3, 6, 9, 18}.
Divisores naturais de 24: D(24) = {1, 2, 3, 4, 6, 8, 12, 24}. 9 3 18 = 2 ∙ 32
Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e 3 3
24: D(18) ∩ D (24) = {1, 2, 3, 6}.
1
Observando os divisores comuns, podemos identi-
ficar o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou
seja: MDC (18,24) = 6. 120 2
Outra técnica para o cálculo do MDC: 60 2
30 2 120 = 23 ∙ 3 ∙ 5
z Decomposição em Fatores Primos: Para obter o
MDC de dois ou mais números por esse processo, 15 3
81

procede-se da seguinte maneira:


8-

5 5
70

1
Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
.
93

O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos,


.0

cada um deles elevado ao seu menor expoente. MMC (18,120) = 23 ∙32 ∙ 5 = 8∙ 9 ∙ 5 = 360
98

Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.


-2

A seguir, revise seus conhecimentos com esta questão


py

300 2 comentada.
p
Tu

150 2
1. (FEPESE – 2016) João trabalha 5 dias e folga 1,
75 3
o

300 = 22 ∙ 3 ∙ 52 enquanto Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se João e


ul

25 5 Maria folgam no mesmo dia, então quantos dias, no


Pa

5 5 mínimo, passarão para que eles folguem no mesmo


dia novamente?
1
a) 8.
504 2 b) 10.
252 2 c) 12.
MATEMÁTICA

d) 15.
126 2
504 = 23∙ 32 ∙ 7 e) 24.
63 3
21 3 O período em que João trabalha e folga correspon-
7 7 de a 6 dias, enquanto o mesmo período, para Maria
corresponde a 4 dias. Assim, o problema consiste
1 em encontrar o MMC entre 6 e 4. Logo, eles folgarão
no mesmo dia novamente após 12 dias, pois MMC(6,
MDC (300, 504) = 22 ∙ 3 = 4 ∙ 3 = 12 4) = 12. Resposta: Letra C. 219
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15x 12x 10x
RAZÃO E PROPORÇÃO + + = 740.000
60 60 60
37x
REGRA DA SOCIEDADE = 740.000
60
Diretamente Proporcional X = 1.200.000
Agora basta substituir o valor de X nas razões para
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro- achar cada parte da divisão inversa.
va é dividir uma determinada quantia em partes
proporcionais a determinados números. Vejamos um x 1.200.000
exemplo para entendermos melhor como esse assun- = = 300.000
4 4
to é cobrado.
Exemplo: x 1.200.000
= =240.000
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em 5 5
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor x 1.200.000
dessas partes corresponde a: = = 200.000
6 6
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro-
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X Logo, as partes dividas inversamente propor-
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor- cionais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de 300.000, 240.000 e 200.000.
razão. Veja:
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
X
=
Y
=
Z
= constante de proporcionalidade. questões comentadas.
4 5 6
Usando uma das propriedades da proporção, 1. (FAEPESUL – 2016) Em uma turma de graduação em
somas externas, temos: Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos que
a razão entre o número de mulheres e o número total
X+Y+Z 900.000 de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de homens
= 60.000
4+5+6 15 desta sala, sabendo que esta turma tem 120 alunos.
A menor dessas partes é aquela que é proporcional
a) 43 homens.
a 4, logo:
b) 45 homens.
X c) 44 homens.
= 60.000 d) 46 homens.
4
X = 60.000 x 4 e) 47 homens.
X = 240.000
A razão entre o número de mulheres e o número
Inversamente Proporcional total de alunos é de 5/8:
81
8-

É um tipo de questão menos recorrente, mas, não M 5


=
70

menos importante. Consiste em distribuir uma quan- T 8


.
93

tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um A turma tem 120 alunos, então: T = 120
.0

quinhão inversamente proporcional a três números. Fazendo os cálculos:


98

Vejamos um exemplo: M 5
-2

Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes T


=
8
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
py

Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis- M 5


p

=
Tu

tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res- 120 8


pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
o

8 x M = 5 x 120
ul

total que dever ser distribuído para facilitar o nosso


Pa

cálculo, veja: 8M = 600


600
X
+
X
+
X
= 740.000 M=
8
4 5 6
Agora vamos precisar tirar o M.M.C. (mínimo múl- M = 75
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- A quantidade de homens da sala:
mos a fração. 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.

4–5–6|2
2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas
2–5–3|2
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
1–5–3|3
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
1–5–1|5
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
Assim, dividindo o M.M.C. pelo denominador e pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
220 multiplicando o resultado pelo numerador temos: ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é
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a) 30. 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito de razões, pro-
b) 29. porções e inequações, julgue o item seguinte.
c) 28. Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam
d) 27. R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham,
e) 26. para ser divido entre elas, de forma inversamente propor-
cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes-
A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500.
número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
120 4x ( ) CERTO  ( ) ERRADO
= Total de 9x
121 5x
6x 9x 8x
No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
+ + = 7.900
1 2 3
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
a razão em questão passará a ser de 5/8. Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos:

120 4x - 2 5 36x 27x 16x


121
=
+
5x 2 1 -
=
8 6
+
6
+ 6
= 7.900

4x - 2 5 79x
= = 7.900
5x + 1 8 6
x = 600
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
32x – 16 = 25x + 5 Sendo assim, Sandra está inversamente propor-
9x
7x = 21 cional a . Basta substituirmos o valor de X na
2
x=3 proporção.

Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o 9x 9 x 600


valor de X na primeira equação: = = 2.700
2 2
9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
grupo. Resposta: Letra D. (Valor que Sandra irá receber é maior que 2.500).
Resposta: Errado.
3. (IBADE – 2018) Três agentes penitenciários de um
país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem 5. (IESES – 2019) Uma escola possui 396 alunos matri-
juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais culados. Se a razão entre meninos e meninas foi de
que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que 5/7, determine o número de meninos matriculados.
o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
de cada um, em ordem crescente de valores. a) 183
b) 225
a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00. c) 165
81

b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00. d) 154


8-

c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00.


70

d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Total de alunos = 396


.

e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00. Meninos = H


93

Meninas = M
.0
98

D + A + W = 721 Razão:
H
+
5x
-2

A = D + 36 M 7x
W = A - 44 Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
py

Substituímos Arley em Wanderson: 12x é igual ao total que é 396


p
Tu

W= A - 44 12x = 396
W= 36+D-44 x = 33
o
ul

W= D-8 Portanto o número de meninos será:


Pa

Substituímos na fórmula principal: Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. Resposta: Letra C.


D + A + W = 721
D + 36 + D + D – 8 = 721
3D + 28 = 721
3D = 721 - 28 PORCENTAGEM
D = 693/3
D = 231
A porcentagem é uma medida de razão com base
MATEMÁTICA

Substituímos o valor de D nas outras:


100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
A = D + 36
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
A= 231+36= 267
como podemos representar um número porcentual.
W = A - 44
W= 267-44
W= 223 30% = 30 (forma de fração)
100
Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente, 30
30% = = 0,3 (forma decimal)
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D. 100 221
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30 3 Dica
30% = = (forma de fração simplificada)
100 10 A avaliação do crescimento ou da redução per-
centual deve ser feita sempre em relação ao
valor inicial da grandeza.
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de -
várias maneiras: Variação percentual = Final Inicial
Inicial
30 3
30% = = 0,3 = Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor.
100 10
Exemplo 2: Juliano percebeu que ainda não assis-
Também é possível fazer a conversão inversa, isto tiu a 200 aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o
é, transformar um número qualquer em porcentual. número de aulas não assistidas a 180. É correto afir-
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja: mar que, se Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o
número terá caído 20%?
25 x 100 = 2500% A variação percentual de uma grandeza corres-
0,35 x 100 = 35% ponde ao índice:
0,586 x 100 = 58,6%
Variação percentual =
Número Relativo
Final - Inicial 180 - 200 20
= =– = - 0,10
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e Inicial 200 200
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
que estamos especificando. Para descobrir a quanto que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000. ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
10
10% de 1000 = x 1000 = 100
100
Dessa maneira, 1000 é o todo, enquanto 100 é a
parte que corresponde a 10% de 1000.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Quando o todo varia, a porcentagem também
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em determinada loja,
varia, veja um exemplo: uma bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira. duas vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma par-
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total cela de R$ 920 com vencimento para o mês seguinte.
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas Caso queira antecipar o crédito correspondente ao
por Roberto? valor da parcela, a lojista paga para a financeira uma
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, taxa de antecipação correspondente a 5% do valor da
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. parcela.
Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
81

2 1 Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan-


8-

=
8 4 ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês.
.70

Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,


93

( ) CERTO  ( ) ERRADO


vamos multiplicar a fração por 100:
.0
98

Valor da bicicleta =1720,00


-2

1
x 100 = 25% Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela)
4
py

Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00


Soma e Subtração de Porcentagem (entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00)
p
Tu

No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja


As operações de soma e subtração de porcentagem 800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00
o
ul

são as mais comuns. É o que acontece quando se diz (juros) e dividir por 800,00 resultado:
Pa

que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe- 120,00/800,00 = 0,15% ao mês.


rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou está errada.
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli- Resposta: Errado.
car pelo valor da grandeza.
Exemplo 1: Paulinho comprou um curso de 200 2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Na assembleia legislati-
horas-aula. Porém, com a publicação do edital, a esco- va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
la precisou aumentar a carga horária em 15%. Qual o entre homens e mulheres. Em determinada sessão
total de horas-aula do curso ao final? plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o parlamentares presentes à sessão.
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
+ 15% das aulas inicialmente previstas, portanto,, o bleia legislativa, havia
total de horas-aula do curso será:

222 (1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula.


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a) 10 deputadas. Graviola Açaí
b) 14 deputadas.
c) 15 deputadas.
d) 20 deputadas. 60% - 15% = 15% 50% - 15% =
e) 25 deputadas.
45% 35%
50 parlamentares
Nenhum = x
Deputadas = X
Deputados = 50-X Vamos somar todos os valores e igualar ao total que
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7 é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100%
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de 95% + X = 100%
X = 5%.
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
Resposta: Letra E.
valor de X.
20% x + 10% (50-x) = 7 5. (FUNCAB – 2015) Adriana e Leonardo investiram R$
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7 20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7 que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC) meses. O restante foi investido em uma aplicação,
2x + 50 - x = 70 que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
2x - x = 70 - 50 o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
no sistema de juros simples.
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles
Legislativa. tiveram:
Resposta: Letra D.
a) prejuízo de R$2.800,00.
3. (VUNESP – 2016) Um concurso recebeu 1500 ins- b) lucro de R$3.200,00.
crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da c) lucro de R$2.800,00.
prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram d) prejuízo de R$6.000,00.
mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o e) lucro de R$5.000,00.
número de homens que fizeram a prova corresponde a
3/5 de 20.000,00 = 12.000,00
uma porcentagem de
12.000,00 · 4% = 480,00
480 · 10 (meses) = 4.800 (juros)
a) 45,2%. O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli-
b) 46,5%. cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
c) 47,8%. mês, durante 10 meses:
d) 48,4%. 8.000,00 · 5% = 400,00
e) 49,3%. 400 · 10 meses= 4.000
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
81

4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.


8-

Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a


70

prova. Resposta: Letra C.


.
93

Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-


.0

res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar


98

o percentual dos homens pelo total:


REGRA DE TRÊS SIMPLES E
-2

55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou


COMPOSTA
py

0,55 x 0,88 = 0,484.


p

Transformando em porcentagem
Tu

REGRA DE TRÊS SIMPLES


0,484 x 100 = 48,4%.
o

Resposta: Letra D.
ul

A Regra de Três Simples envolve apenas duas


Pa

grandezas. São elas:


4. (FCC – 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista-
dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí. z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se
Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores, deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
então, a porcentagem de entrevistados que não gos- z Grandeza Explicativa ou Independente: é aque-
tam de nenhum dos dois é de la utilizada para calcular a variação da grandeza
dependente.
MATEMÁTICA

a) 80%.
b) 61%. Existem dois tipos principais de proporcionalida-
des que aparecem frequentemente em provas de con-
c) 20%.
cursos públicos. Veja a seguir:
d) 10%.
e) 5%. z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumen-
to de uma grandeza implica o aumento da outra;
Vamos dispor as informações em forma de conjun- z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen-
tos para facilitar nossa resolução: to de uma grandeza implica a redução da outra. 223
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Vamos esquematizar para sabermos quando será Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Dessa
direta ou inversamente proporcionais: forma, as grandezas são inversamente proporcionais e
vamos resolver multiplicando na horizontal. Observe:
DIRETAMENTE
PROPORCIONAL + / + OU - / - 5 (prof.) 12 (dias)
30 (prof.) X (dias)
30 . X = 5 . 12
Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas 30X = 60
(sinais iguais) X=2

PROPORCIONAL + / - OU - / + A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias


para corrigir as provas.

A seguir, revise seus conhecimentos com algumas


Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui
questões comentadas.
(sinais diferentes)
Agora vamos esquematizar a maneira que iremos 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No item seguinte apre-
resolver os diversos problemas: senta uma situação hipotética, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade,
DIRETAMENTE porcentagens e descontos.
Multiplica cruzado
PROPORCIONAL No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com-
prou alimentos em quantidades suficientes para que
INVERSAMENTE eles e seus dois filhos consumissem durante os 30
Multiplica na horizontal
PROPORCIONAL dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos
chegou de surpresa para passar o restante do mês
com a família. Nessa situação, se cada uma dessas
Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco
seis pessoas consumir diariamente a mesma quan-
mais como isso tudo funciona.
tidade de alimentos, os alimentos comprados pelo
Exemplo 1: Um muro de 12 metros foi construído uti-
casal acabarão antes do dia 20 do mesmo mês.
lizando 2 160 tijolos. Caso queira construir um muro de
30 metros nas mesmas condições do anterior, quantos ( ) CERTO  ( ) ERRADO
tijolos serão necessários?
Primeiro vamos montar a relação entre as gran- 4 Pessoas ------- 24 Dias
dezas e depois identificar se é direta ou inversamente 6 Pessoas ------- x Dias
proporcional. Temos grandezas inversas, então é só multiplicar
na horizontal:
12 m -------- 2 160 (tijolos) 6x = 4 . 24
30 m -------- X (tijolos) 6x = 96
x = 96/6
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumento (+) x = 16
e que para fazermos um muro maior vamos precisar
81

Como já haviam comido por 6 dias é só somar:


de mais tijolos, ou seja, também deverá ser aumentado
8-

6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por


70

(+). Logo, as grandezas são diretamente proporcionais 6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril).
e vamos resolver multiplicando cruzado. Observe:
.

Resposta: Errado.
93
.0

12 m -------- 2 160 (tijolos)


98

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O motorista de uma


empresa transportadora de produtos hospitalares
-2

deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega


py

30 m -------- X (tijolos) de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproxima-


p

damente 1.100 km, ele estimou, para controlar as des-


Tu

12 · X = 30 . 2160 pesas com a viagem, o consumo de gasolina do seu


12X = 64800
o

veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, conside-


ul

X = 5400 tijolos rou que esse consumo é constante.


Pa

Considerando essas informações, julgue o item que


Assim, comprovamos que realmente são necessá- segue.
rios mais tijolos. Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de
Exemplo 2: Uma equipe de 5 professores gastou 12 gasolina.
dias para corrigir as provas de um vestibular. Consi-
derando a mesma proporção, quantos dias levarão 30 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
professores para corrigir as provas?
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos Com 1 litro ele faz 10 km.
montar a relação e analisar: Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
dizer que com 1dm³ ele faz 10km
5 (prof.) --------- 12 (dias) Portanto,
30 (prof.) -------- X (dias) 10 km -------- 1dc³
1.100 km --------- x
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um 10x = 1.100
aumento (+), mas como agora estamos com uma equi- x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
224 pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente. Resposta: Errado.
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3. (VUNESP – 2020) Uma pessoa comprou determinada 7X = 140
quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2 X = 140/7
guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar X = 20 dias.
15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guarda- Resposta: Letra C.
napos por dia. O número de guardanapos comprados foi
REGRA DE TRÊS COMPOSTA
a) 60.
b) 70. A Regra de Três Composta envolve mais de duas
c) 80. variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta-
d) 90. mente e inversamente proporcionais devem ser feitas
e) 100. cautelosamente, levando em conta alguns princípios:

x = dias z As análises devem sempre partir da variável


3 guardanapos por dia -------- x dependente em relação às outras variáveis;
2 guardanapos por dia -------- x+15 z As análises devem ser feitas individualmente. Ou
São valores inversamente proporcionais, quanto seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
mais guardanapos por dia, menos dias durarão. mantendo as demais constantes;
Assim, multiplicamos na horizontal: z A variável dependente fica isolada em um dos
3x = 2 . (x+15) lados da proporção.
3x = 30+2x
3x-2x = 30 Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
x = 30 como isso tudo funciona.
Podemos substituir em qualquer uma das duas Exemplo 1: Se 6 impressoras iguais produzem
situações: 1000 panfletos em 40 minutos, em quanto tempo 3 des-
3 guardanapos x 30 dias= 90 sas impressoras produziriam 2000 desses panfletos?
2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90. Da mesma forma que na regra de três simples,
Resposta: Letra D. vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
cada uma delas isoladamente duas a duas.
4. (FUNDATEC – 2017) Cinco mecânicos levaram 27 6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
minutos para consertar um caminhão. Supondo que 3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e
ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan- Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
tos minutos levariam para concluir o conserto desse parte dependente de um lado e igualando às razões da
mesmo caminhão? seguinte forma – se for direta vamos manter a razão,
agora se for inversa vamos inverter a razão. Observe:
a) 20 minutos.
b) 35 minutos. 40 ? ?
= #
c) 45 minutos. X ? ?
d) 50 minutos. Analisando isoladamente duas a duas:
e) 55 minutos.
81

6 (imp.) -------- 40 (min)


8-

3 (imp.) ---- ---- X (min)


70

Mecânicos ------ Minutos


5 ---------------- 27
.
93

Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras


3 ---------------- x
.0

o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),


Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gasta-
98

pois agora teremos menos impressoras para realizar


rão para finalizar o trabalho, logo a grandeza é inver-
-2

a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos


samente proporcional. Multiplica na horizontal:
inverter a razão.
py

3x = 27.5
p

3x = 135
Tu

40 3 ?
x = 135/3 = #
X 6 ?
o

x = 45 minutos.
ul

Resposta: Letra C. Analisando isoladamente duas a duas:


Pa

5. (IESES – 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa 1000 (panf.) -------- 40 (min)
em 28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumenta- 2000 (panf.) ------ -- X (min)
do para sete, em quantos dias essa mesma casa fica- Perceba que de 1000 panfletos para 2000 panfle-
ria pronta? tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá
aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve-
a) 18 dias. mos manter a razão.
MATEMÁTICA

b) 16 dias.
c) 20 dias. 40 3 1000
d) 22 dias. = #
X 6 2000

5 (pedreiros) ---------- 28 (dias) Agora basta resolver a proporção para acharmos


7 (pedreiros) ------------- X (dias) o valor de X.
Perceba que as grandezas são inversamente propor-
cionais, então basta multiplicar na horizontal. 40 3000
=
5 . 28=7 . X X 12000 225
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3X = 40 x 12 Primeiro vamos passar para minutos:
3X = 480 5h = 300min.
X = 160 4h30min= 270min.
min.-----Dias-----Pag.
As três impressoras produziriam 2000 panfletos em
300 -------4-------1800
160 minutos, que correspondem a 2 horas e 40 minutos.
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento, 270 -------3-------X
vamos analisar mais um exemplo. Resolvendo temos:
Exemplo 2: Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas 300 (Simplifica por 30)
1800 4
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha. = # 270 (Simplifica por 30)
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o X 3
1800 4 10
número de linhas por página e para 40 o número de = #
letras (ou espaços) por linha. Considerando as novas X 3 9
condições, determine o número de páginas ocupadas. 4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante- X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida. capaz de digitalizar.
Resposta: Letra C.
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras) 2. (VUNESP – 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas
6 ? ? operando com a mesma capacidade de produção,
= # fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6
X ? ?
horas por dia. O número de dias necessários para que
Analisando isoladamente duas a duas: 4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri-
quem dois lotes dessas peças é
6 (pág.) -------- 45 (linhas)
X (pág.) -- ----- 30 (linhas) a) 11.
b) 12.
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor diminui c) 13.
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, as d) 14.
grandezas são inversas e devemos inverter a razão. e) 15.
6 30 ?
= # 5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas
X 45 ?
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas
Analisando isoladamente duas a duas: Quanto mais dias para entrega do lote, menos
horas trabalhadas por dia (inversa), menos máqui-
6 (pág.) -------- 80 (letras) nas para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para
X (pág.) ------- 40 (letras) serem entregues (direta).
Resolvendo:
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui 8/x = 1/2 * 8/6 * 4/5 (simplifique 8/6 por 2)
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, 8/x = 1/2 * 4/3 * 4/5
8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2)
81

as grandezas são inversas e devemos inverter a razão.


8/x = 8/15
8-

6 30 40
70

= # 8x = 120
X 45 80
x = 120/8
.
93

6 2 1 x = 15 dias.
.0

= #
Resposta: Letra E.
98

X 3 2
-2

6 2
X
=
6 3. (CEBRASPE-CESPE – 2018) No item a seguir é apre-
py

sentada uma situação hipotética, seguida de uma


2X = 36 assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida-
p
Tu

X = 18 de, divisão proporcional, média e porcentagem.


Todos os caixas de uma agência bancária trabalham
o
ul

O número de páginas a serem ocupadas pelo texto com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12
Pa

respeitando as novas condições é igual a 18. clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai-
xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
1. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Determinado equipa- 3 caixas - 12 clientes - 10 minutos
mento é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, 5 caixas - 20 clientes - x minutos
funcionando 5 horas diárias para esse fim. Nessa 10 5 12
= #
situação, a quantidade de páginas que esse mesmo X 3 20
equipamento é capaz de digitalizar em 3 dias, operan-
do 4 horas e 30 minutos diários para esse fim, é igual a 5 · 12 · X = 10 · 3 · 20

a) 2.666. 60x = 600


b) 2.160. X = 10.
c) 1.215. Os 5 caixas atenderão em exatamente 10 minutos.
d) 1.500. Não em menos de 10 como a questão afirma.
226 e) 1.161. Resposta: Errado.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
4. (VUNESP – 2020) Das 9 horas às 15 horas, de trabalho
ininterrupto, 5 máquinas, todas idênticas e trabalhan- MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E
do com a mesma produtividade, fabricam 600 unida- PONDERADA
des de determinado produto. Para a fabricação de 400
unidades do mesmo produto por 3 dessas máquinas, MÉDIA ARITMÉTICA
trabalhando nas mesmas condições, o tempo estima-
do para a realização do serviço é de A média aritmética é um valor que pode substituir
todos os elementos de uma lista sem alterar a soma
a) 5 horas e 54 minutos. dos elementos da lista. Considere que há uma lista de
b) 6 horas e 06 minutos. n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos desta
c) 6 horas e 20 minutos. lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn).
d) 6 horas e 40 minutos. Para calcular a média aritmética de uma lista de
e) 7 horas e 06 minutos. números, basta somar todos os elementos e dividir
pela quantidade de elementos. Ou seja,
Das 9h às 15h = 6 horas = 360 min
360 min ------ 5 máquinas ----- 600 unidades (corta os zeros iguais) x1 + x2 + ... + xn
x ------------- 3 máquinas ---- 400 unidades (corta os zeros iguais) x=
n
360 3 6
= #
X 5 4
Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos
x·3·6 = 360·5·4 números 5, 10, 15, 20, 50.
x·18 = 7.200
x = 7200/18
5+10+15+20+50
x = 400 X= =
100
= 20.
Logo, transformando minutos para horas novamen- 5
5
te temos:
X = 400min
X = 6h40min A média aritmética é igual a 20.
Resposta: Letra D.
MÉDIA PONDERADA
5. (VUNESP – 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3
máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima, No cálculo da média aritmética ponderada (em
ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de que levamos em consideração os pesos de cada parte),
refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo
trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen- peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja:
81

to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado


8-

para a realização desse trabalho será de x1P1 + x2P2 + ... + xnPn


70

x=
.
93

a) 6 horas e 40 minutos. P1 + P2 + ... + Pn


.0

b) 6 horas e 58 minutos.
98

c) 7 horas e 12 minutos.
-2

Interpretando a fórmula, temos uma lista de


d) 7 horas e 20 minutos.
py

números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2,
e) 7 horas e 35 minutos.
p

p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada


Tu

pela fórmula apresentada acima.


3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas
o

Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular


ul

2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x para Engenharia e realizou provas de Matemática,
Pa

Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer Física, Química, História e Biologia. Suponha que o
que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e peso de Matemática seja 4, de Física seja 4, de Química
se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são seja 2, de História seja 1 e de Biologia seja 1. Suponha
menos máquinas trabalhando (inversa). ainda que o estudante obteve as seguintes notas:
4 5000 2
= #
X 6000 3
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)
MATEMÁTICA

2·X·5 = 4·6·3
10X = 72 Matemática 9,7 4
x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 × Física 8,8 4
60 min = 7 horas e 12 minutos)
Obs: Para transformar horas em minutos, basta mul- Química 7,3 2
tiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas = História 6,0 1
0,2 x 60 = 120/10 = 12 min.
Biologia 5,7 1
Resposta: Letra C. 227
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Vamos calcular a média ponderada das notas des- Onde,
se aluno:
z J = juros;
z C = capital;
9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1 z i = taxa em percentual (%);
z t = tempo;
X= 4+4+2+1+1 z M = montante.

TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES


38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7
X= Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im-
12 portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas
que a taxa de juros é de “5%”, é preciso saber se essa
100,3 taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
X= =8,358 taxas de juros são proporcionais quando guardam a
12 mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo,
12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam-
bém é proporcional a 1% ao mês.

Basta efetuar uma regra de três simples. Para obter-


JURO SIMPLES mos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que é pro-
porcional à taxa de 12% ao ano:
A premissa, base da matemática financeira é a 12% ao ano ----------------------- 1 ano
seguinte: as pessoas e as instituições do mercado prefe- Taxa bimestral ------------------ 2 meses
rem adiantar os seus recebimentos e retardar os seus
pagamentos. Do ponto de vista estritamente racional, é Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
melhor pagar o mais tarde possível caso não haja inci- xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
temporal, temos:
dência de juros (ou caso esses juros sejam inferiores ao
que você pode ganhar aplicando o dinheiro). 12% ao ano ---------------------- 12 meses
“Juros” é o termo utilizado para designar o “preço Taxa bimestral ------------------ 2 meses
do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan-
tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
remuneração em cima do valor que ele te emprestou, 12% x 2 = Taxa bimestral x 12
pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei- Taxa bimestral = 2% ao bimestre.
ro por um certo tempo. Essa remuneração é expressa
pela taxa de juros. Duas taxas de juros são equivalentes quando são
Nos juros simples, a incidência recorre sempre sobre capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan-
o valor original. Veja um exemplo para melhor entender. te final M após o mesmo intervalo de tempo.
Uma outra informação importante e que você deve
81

Exemplo 1:
memorizar é que o cálculo de taxas equivalentes
8-

Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um quando estamos no regime de juros simples pode ser
70

regime de juros simples de 5% ao mês para um ami- entendido assim: 1% ao mês equivale a 6% ao semestre
.
93

go,, o qual ficou de quitar o empréstimo após 5 meses. ou 12% ao ano e levarão o mesmo capital inicial C ao
.0

Dessa forma, teremos o seguinte: mesmo montante M após o mesmo período de tempo.
98

É relevante também você saber que no regime de


-2

juros simples, taxas de juros proporcionais são, tam-


CAPITAL
bém, taxas de juros equivalentes.
py

EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO


p

(1000,00) A seguir, revise seus conhecimentos com algumas


Tu

1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00 questões comentadas.


o
ul

2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00


1. (FEPESE – 2018) Uma TV é anunciada pelo preço
Pa

3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00 de R$ 1.908,00 para pagamento em 12 parcelas de
4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00 159,00. A mesma TV custa R$ 1.410,00 para paga-
mento à vista. Portanto o juro simples mensal incluído
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
na opção parcelada é:

Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais a) Menor que 2%.
de juros. b) Maior que 2% e menor que 2,5%.
Fórmulas utilizadas em juros simples: c) Maior que 2,5% e menor que 2,75%.
d) Maior que 2,75% e menor que 3%.
e) Maior que 3%.
J=C·i·t
1.908 - 1.410 = 498 (juros durante 12 meses)
J=C·I·t
M=C+J 498 = 1410 · 12 · i / 100
49800 = 16920i
i = 49800/16920
M = C · (1 + i ·J)
228 i = 2,94%. Resposta: Letra D.
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2. (CESPE – 2018) Uma pessoa atrasou em 15 dias o paga- a) R$ 1.200,00.
mento de uma dívida de R$ 20.000, cuja taxa de juros de b) R$ 1440,00.
mora é de 21% ao mês no regime de juros simples. c) R$ 620,00.
Acerca dessa situação hipotética, e considerando o d) R$ 1820,00.
mês comercial de 30 dias, julgue o item subsequente. e) R$ 240,00.
No regime de juros simples, a taxa de 21% ao mês é
equivalente à taxa de 252% ao ano. J=C·i·t
J= 5000 · 0,03 · 8
( ) CERTO  ( ) ERRADO
J= 150 · 8
J = 1200 de lucro
No regime simples, sabemos que taxas propor-
cionais são também equivalentes. Como temos 12 Montante do aplicado com lucro M= C + J
meses no ano, a taxa anual proporcional a 21%am M=5000 + 1200
é, simplesmente: M = 6200 montante inicial e lucro
21% x 12 = 252% ao ano Nova aplicação de metade que lucrou 6200 / 2 =3100
Esta taxa de 252% ao ano é proporcional e também J=C·i·t
é equivalente a 21% ao mês. Portanto, o item está J = 3100 · 0,05 · 4
certo. J = 155 · 4
Resposta: Certo. J = 620 lucro da nova aplicação
Somatório dos lucros:
3. (FUNDATEC – 2020) Qual foi a taxa mensal de uma M = 1200 + 620 = 1820 dos lucros
aplicação, sob regime de juros simples, de um capital Resposta: Letra D.
de R$ 3.000,00, durante 4 bimestres, para gerar juros
de R$ 240,00?

a) 8%.
b) 5%. EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS
c) 3%.
d) 2%. EQUAÇÃO DE PRIMEIRO GRAU
e) 1%.
A forma geral de uma equação do primeiro grau
J = 240 é: ax + b = 0.
C = 3.000 O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
i=? chamado de termo independente.
t = 4 bimestres, ou seja, 4 · 2 = 8 meses. Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
Substituindo: todas as partes que possuem incógnitas de um lado igual
J=C·i·t e do outro os termos independentes. Veja um exemplo:
240 = 3000 · i · 8
240 = 24000 · i
10x = 5x + 20
i = 240 / 24000
81

i = 0,01 ou 1%
8-

Vamos achar o valor de “x”:


70

Resposta: Letra E.
.
93

4. (VUNESP – 2020) Um capital de R$ 1.200,00, aplicado 10x – 5x = 20


.0

no regime de juros simples, rendeu R$ 65,00 de juros.


98

Sabendo-se que a taxa de juros contratada foi de 2,5% ao Passamos o “5x” para o outro lado da igual com o
-2

ano, é correto afirmar que o período da aplicação foi de sinal trocado:


p py

a) 20 meses. 5x = 20
Tu

b) 22 meses. x = 20 / 5
o

c) 24 meses.
ul

d) 26 meses. Isolamos o “x” transferindo o seu coeficiente “5”


Pa

e) 30 meses. dividindo:

J = c. i. t/100 x = 4.
65 = 1.200 x 2,5 x t/100
65 = 30t O valor de x que torna a igualdade correta é cha-
t = 65/30 x 12
mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
t = 26 meses
MATEMÁTICA

grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-


Resposta: Letra D.
mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
5. (IBADE – 2019) Juliana investiu R$ 5.000,00, a juros igual a zero em ambos os lados. Observe:
simples, em uma aplicação que rende 3% ao mês, Para x = 4
durante 8 meses. Passados 8 meses, Juliana retirou
todo o dinheiro e investiu somente metade em uma 10x = 5x + 20
outra aplicação, a juros simples, a uma taxa de 5% ao 10 . 4 = 5 . 4 + 20
mês por mais 4 meses. O total de juros arrecadado por 40 = 40
Juliana após os 12 meses foi: 40 – 40 = 0 229
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EQUAÇÃO DO SEGUNDO GRAU Assim, podemos escrever a fórmula de bhaskara:

Equações do segundo grau são equações nas quais -b ! D


o maior expoente de x é igual a 2. x=
2a
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
O discriminante fornece importantes informações
Onde a, b e c são os coeficientes da equação.
de uma equação do 2ª grau:

„ a é sempre o coeficiente do termo em x²; z Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e
„ b é sempre o coeficiente do termo em x; distintas;
„ c é sempre o coeficiente ou termo independente. z Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e
idênticas;
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto é, exis- z Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais.
tem 2 valores de x que tornam a igualdade verdadeira.
SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1.º GRAU
Cálculo das Raízes da Equação
Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de uma
incógnita. Imagine que um exercício diga que: x + y = 10.
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5,
colocá-los na seguinte expressão: 15 e -10, etc. Por esse motivo, faz-se necessário obter
mais uma equação envolvendo as duas incógnitas
-b ! 2 para poder chegar nos seus valores exatos. Veja o
b - 4ac
x= exemplo a seguir:
2a

*
x + y = 10
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, 4x - y = 5
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor A principal forma de resolver esse sistema é usan-
utilizando o sinal negativo (-). do o método da substituição. Este método é muito sim-
Vamos aplicar isso em um exemplo: ples e consiste basicamente em duas etapas:
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Identificando os valores de a, b e c. „ Isolar uma das variáveis em uma das equações;
„ Substituir esta variável na outra equação pela
expressão achada no item anterior.
a=1
b = -3 Vamos aplicar no nosso exemplo:
c=2 Isolando “x” na primeira equação
81
8-
70

Substituindo na fórmula: x = 10 – y
.
93

Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”


.0

-b ! 2
b - 4ac
x=
98

2a 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)


-2

40 – 4y – y = 5
py

-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2 -5y = 5 – 40


p

x= -5y = -35 (multiplica por -1)


Tu

2×1 5y = 35
o

y=7
ul
Pa

3! 9-8 Logo, voltando na primeira equação, acharemos o


x=
2 valor de “x”

x= 3!1 x = 10 – y
2 x = 10 – 7
3+1 x=3
x1 = =2
2
Assim, x = 3 e y = 7.
3-1
x2 = =1
2 Dica
Na fórmula de bhaskara, podemos usar um discri- Método da substituição
minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual a: 1: Isolar uma das variáveis em uma das equações;
2: Substituir essa variável na outra equação pela
230 Δ = b2 - 4ac expressão achada no item anterior.
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Há um outro método para resolver um sistema
de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS
soma) de equações. Veja:
TABELAS
„ Multiplicar uma das equações por um número
que seja mais conveniente para eliminar uma Para descrever um conjunto de dados, um recurso
variável; muito utilizado são tabelas, como essa abaixo, refe-
„ Somar as duas equações, de forma a ficar ape- rente à observação da variável “Sexo dos moradores
nas com uma variável. de São Paulo”:

Veja o exemplo a seguir: VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)


Masculino 34
Feminino 26
*
x + y = 10

4x - y = 5 Observe que na coluna da esquerda colocamos as


categorias de valores que a variável pode assumir, ou seja,
Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma masculino e feminino, e na coluna da direita colocamos
multiplicação, pois já temos a condição necessária o número de Frequências, isto é, o número de observa-
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos ções (ou repetições) relativas a cada um dos valores. Veja,
fazer apenas a soma das equações. Veja: ainda, que foi analisada uma amostra de 60 pessoas, das
quais 34 eram homens e 26 mulheres. Estes são os valores

*
x + y = 10 de frequências absolutas. Podemos ainda representar as
frequências relativas (percentuais): sabemos que 34 em
4x - y = 5
60 são 56,67%, e 26 em 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:
5x = 15
x=3
FREQUÊNCIAS
VALOR DA VARIÁVEL
RELATIVAS (Fri)
Substituindo o valor de “x” na primeira equação
achamos o valor de “y”: Masculino 56,67%
Feminino 43,33%
x + y = 10
3 + y = 10 Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,
y = 10 – 3 onde Fi é o número de frequências de determinado
y=7 valor da variável, e n é o número total de observações.
Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
Veja um outro exemplo que vamos precisar pode assumir um grande número de valores distintos.
81

multiplicar: Vamos representar na tabela a variável “Altura dos


8-

moradores de Campinas”:
70

*
x + y = 10
.
93

VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)


x - 2y = 4
.0

1,51m 12
98

Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: 1,54m 17


-2

1,57m 4
py

(
- x - y = - 10 1,60m 2
p
Tu

x - 2y = 4 1,63m 10
1,67m 5
o
ul

Fazendo a soma: 1,75m 13


Pa

1,81m 15

(
- x - y = - 10 1,89m 2
x - 2y = 4
Quando isto acontece, é importante resumir os
-3y = -6
dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
y = -6 / -3
ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
y= 2
MATEMÁTICA

intervalos que chamaremos de “CLASSES”.


Substituindo o valor de “y” na primeira equação
achamos o valor de “x”: CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
1,50 | - 1,60 33
x + y = 10
1,60 | - 1,70 17
x + 2 = 10
x = 10 – 2 1,70 | - 1,80 13
1,80 | - 1,90 17 231
x=8
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O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50 | -
1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a 1,50 são
contadas entre as que fazem parte dessa classe, porém
as pessoas com exatamente 1,60 não são contabilizadas.
Veja abaixo novamente a última tabela, agora com a
coluna de frequências absolutas acumuladas à direita:

CLASSE FREQUÊNCIAS FREQUÊNCIAS AB-


(FI) SOLUTAS ACUMU-
LADAS (FCA)
1,50 | - 1,60 33 33
Gráfico de Setores (ou de pizza)
1,60 | - 1,70 17 50
1,70 | - 1,80 13 63 Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapidamen-
1,80 | - 1,90 17 80 te a relação com o total de observações. Vamos supor
que analisamos as notas trimestrais de alguns alunos.
A coluna da direita exprime o número de indiví- Veja como fica a disposição usando o gráfico de pizza.
duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
Média de notas escolares trimestrais
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
altura inferior a 1,80m.

GRÁFICOS

Gráficos estatísticos

Uma outra maneira muito utilizada para a Estatística


Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns tipos. Gráfico de Linha
81
8-

Colunas ou barras justapostas São mais utilizados nas representações de séries


70

temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para


.
93

Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos- o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo


.0

no número de alunos dentre as séries que estão em


tas para dados agrupados por valor ou por atributo.
98

evidência para estudo dentro da escola. Observe:


Vamos supor que estamos interessados nas idades de
-2

alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as


py

respectivas frequências.
p
Tu
o
ul
Pa

Histograma

É muito utilizado na representação gráfica de


Agora suponha, por exemplo, que queremos saber dados agrupados em classes (distribuição de frequên-
a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida- cias). Imagine que realizamos uma pesquisa sobre os
des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar salários dos funcionários de uma empresa de cosméti-
232 em usar um gráfico de barras justapostas. Veja: cos e obtivemos a seguinte distribuição de frequências.
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SALÁRIOS EM FREQUÊNCIA O perímetro é definido como a medida da distân-
MILHARES DE REAIS cia da forma em torno de uma área de uma forma
qualquer, sendo as figuras geométricas os exemplos
10 – 15 15
mais simples de uso do perímetro.
15 – 20 17 Engenheiros, arquitetos, desenhistas gráficos e
20 – 25 13 geógrafos usam comumente o conceito de perímetro.
25 - 30 7 Os engenheiros civis, inicialmente, calculam o perí-
metro de um terreno para começar as obras e muitas
vezes os lotes e terrenos apresentam formato simples,
Esses dados podem ser resumidos com um histo-
inclusive com uma ou outra curva associada com
grama, como mostra o gráfico a seguir.
retas em sua área; o perímetro para os engenheiros é
Salários dos Funcionários da Empresa de usado, também, para calcular a quantidade de reboco
18 Cosméticos x em milhares de reais e de tinta a ser aplicados em paredes.
16 Para figuras planas, o perímetro é distância em torno
14 da forma da figura. Basta pensar em uma corda sendo
12 passada em volta de uma pilastra na garagem de edi-
10 fícios, local onde elas não estão associadas às paredes.
8 Após juntar as pontas, ou seja, trazer a corda até o ponto
6 inicial, meça a distância da corda e você terá o períme-
4 tro da área transversal da pilastra. Haverá erro na sua
2 medida, pois ela não foi feita em condições ideais, algo
0 comum em atividades práticas de engenharia.
(10 - 15) (15 - 20) (20 - 25) (25 - 30)
Para a figura plana, dados os valores, adicionam-se
as medidas de todos os lados, como na figura abaixo
É importante destacar que a área de cada retângu- com perímetro igual a 31 unidades de medida.
lo é proporcional à frequência.
5
6
4
3
SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS
8
SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES 5

O Sistema Internacional de Unidades (SI) é um


O nome “semiperímetro” indica a própria expres-
conjunto padronizado de definições para unidades de
são matemática, i.e., o valor de um perímetro P divi-
medida correspondentes às grandezas físicas funda-
dido por 2 [P/2].
mentais. É o sistema de medição mais usado atualmente,
Esse é um conceito importante para calcular a
81

tanto no comércio como na ciência, visando uniformi-


área de qualquer triângulo. Foi obtido por Heron de
8-

zar e facilitar as medições e relações internacionais. Alexandria, grego que viveu por volta do século III a.
70

Segue uma tabela das principais medidas em suas C., por isso, é chamada de fórmula de Heron. A maio-
.
93

respectivas grandezas de acordo com o SI. ria dos estudos de geometria plana foram feitos pelos
.0

gregos e são encontrados no livro “Os Elementos”, de


98

Tempo Segundos (s) Euclides de Alexandria. Esse livro também contém,


-2

além da geometria plana, estudos sobre perspectivas,


py

Massa Quilograma (kg) seções cônicas, teoria dos números.


p

A fórmula de Heron ou Herão para o cálculo da


Tu

Comprimento Metro (m)


área de triângulos é: A = √(p(p – a) (p – b) (p – c)) , onde a, b
o

Temperatura kelvin (k) e c são os lados do triângulo e o semiperímetro:


ul
Pa

Quantidade de substâncias mol

Corrente elétrica Ampére (A)

Intensidade luminosa Candela (cd)


Dica
Essa fórmula para cálculo da área de triângulos é pou-
co ensinada, mas é uma ferramenta a mais que pode
MATEMÁTICA

NOÇÕES DE GEOMETRIA auxiliar na resolução de problemas de geometria.

PERÍMETRO FORMA E ÁREA

O perímetro é um dos tópicos mais importantes Área de um Quadrado


em matemática, pois é uma ferramenta para quan-
tificar espaços físicos e base para uma álgebra mais A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao
avançada, como trigonometria e cálculo. quadrado. 233
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
B L C Área de um Triângulo

Temos duas situações no caso do cálculo da área

do Triângulo.

L A área de um Triângulo qualquer é dada pelo pro-

duto da base pela altura, dividido por dois.

L D

Figura 62. Área de um Quadrado


h
Observação: A área é dada por A = L2

Área de um Retângulo
B
A área de um Retângulo é dada pelo produto das H
suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja, b
base vezes a altura.
Figura 65. Área de um Triângulo
B C

Observação: A área é dada por:

b·h
A= 2
h

A área de um Triângulo Retângulo também é dada

pelo produto da base pela altura, dividido por dois.

b D B
81
8-

Figura 63. Área de um Retângulo


. 70
93

Observação: A área é dada por A = b · h


.0
98

Área de um Paralelogramo h
-2
py

Á área de um Paralelogramo é dada pelo produto


p
Tu

de uma base, ou seja, um lado, pela altura relativa.


o
ul

D
Pa

Figura 66. Área de um Triângulo Retângulo

h
Observação: A área é dada por:

b·h
B A= 2

b Área de um Losango

Figura 64. Área de um Paralelogramo


Á área de um Losango é dada pelo semiproduto

234 Observação: A área é dada por A = b · h das diagonais.


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B A área de um Trapézio Retângulo também é dada
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
pela altura, dividido por dois:

B
b

Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo

Observação: A área é dada por:

(b + B) · h
A= 2
D Área do Círculo
d
Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo
raio ao quadrado.
Figura 67. Área de um Losango

Observação 1: D é a diagonal maior e d é a diago-


P
nal menor.
Observação 2: a área é dada por:
r
D·d
A= 2

Área de um Trapézio
81

Temos duas situações no caso do cálculo da área


8-

do Trapézio.
.70

A área de um Trapézio Isósceles é dada pela soma


93

Figura 70. Área de um Círculo


das bases (maior e menor) multiplicada pela altura,
.0
98

dividido por dois:


Observação: A área é dada por A = π · r2
-2

b
py

Área do Setor Circular


p
Tu

D Á área do Círculo é dada pelo produto do raio r


pelo arco L.
o
ul
Pa

h A

B
L
MATEMÁTICA

B r

Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles


B

Observação: A área é dada por:

(b + B) · h
A= 2 Figura 71. Área de um Setor Circular 235
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VOLUME A área total de um prisma será a soma da área late-
ral com duas bases.
Poliedros

São figuras espaciais formadas por diversas faces, cada AT = Al + 2Ab


uma delas sendo um polígono regular que estudamos ante-
riormente. Vamos conhecer os principais poliedros, desta- Cilindro
cando alguns pontos importantes, como área e volumes:
Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são
Paralelepípedo Reto-retângulo e Cubo perpendiculares às bases. Observe a figura a seguir:

c a

b
a a base (círculo)

O cubo é um caso particular do paralelepípedo re-


to-retângulo, ou seja, basta que igualemos os valores Geratriz
de a = b = c.
Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
-retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
Veja: A distância entre as duas bases é chamada de altu-
V=a×b×c ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro
da base, o cilindro é chamado de equilátero.
No caso do cubo, o volume fica:
Cilindro equilátero: ℎ = 2r
V=a×a×=a 3
A base do cilindro é um círculo, portanto,, a área
da base do cilindro é igual a πr2.
Dica Perceba que se “desenrolarmos” a área lateral e
As faces do paralelepípedo são retangulares, en- ““abrirmos” todo o cilindro, temos o seguinte:
quanto as faces do cubo são todas quadradas. A
área total do cubo é a soma das 6 faces quadra-
das. Ou seja,
AT = 6a2

Agora, no paralelepípedo reto-retângulo temos 2 H H


retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
81

c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área


8-

total de um paralelepípedo é: R C
.70

R
93

AT = 2ab + 2ac + 2bc


.0
98

Prismas A área da superfície lateral do cilindro é igual a


-2

2πh e o volume do cilindro é o produto da área da base


Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
py

pela altura: V = πr2 × ℎ.


que têm as arestas laterais perpendiculares às bases.
p
Tu

Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com Esfera


os cilindros. O que os difere é que a base de um pris-
o
ul

ma não é uma circunferência. Quando estamos estudando a esfera, precisamos


Pa

O prisma será classificado de acordo com a sua


lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio,
base, por exemplo, se a ela for um pentágono, o pris-
ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar.
ma será pentagonal.

Prisma Prisma Prisma Prisma


triangular pentagonal hexagonal quadrangular

O volume para qualquer tipo de prisma será sem-


pre o produto da área da base pela altura. Veja:
O raio é simplesmente a distância do centro da es-
236 V = Ab × h fera até qualquer ponto da sua superfície.
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O volume da esfera é calculado usando a seguinte
fórmula:
4 3
V = 3 # rr

E a área da superfície é calculada pela fórmula a


seguir: Pirâmide Pirâmide Pirâmide
Triangular Quadrangular Pentagonal
A = 4 × πr2

Cone

Observe a figura a seguir:

Altura
pirâmide pirâmide
hexagonal heptagonal
Geratriz
O segmento de reta que liga o centro da base a um
ponto médio da aresta da base é denominado “apótema
da base”. Indicaremos por “m” o apótema da base. E o
segmento que liga o vértice da pirâmide ao ponto médio
de uma aresta da base é denominado “apótema da pirâ-
Base mide”. Indicaremos por m′ o apótema da pirâmide. Veja:

Vamos extrair algumas informações da imagem.


A base de um cone é um círculo, então a área da
base é πr2.
Quando “abrimos” um cone, temos a figura a seguir:
m1

G
81

m
8-
.70
93

A área lateral da pirâmide é dada por:


.0
98

retirar itálico
R
-2
py

A área total da pirâmide é dada por:


p

A área lateral é dada pela fórmula πrg , onde “G” é


Tu

o comprimento da geratriz do cone. AT = Ab + Aℓ


o
ul

Para calcularmos o volume de um cone, basta


O volume da pirâmide é calculado da mesma for-
Pa

sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área


ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da
da base pela altura. Veja: base pela altura. Veja:

2
rr h Ab # h
V= V= 3
3

ÂNGULO
MATEMÁTICA

Em um cone equilátero a sua geratriz será igual ao


diâmetro, ou seja, 2r.
Definições, Elementos e Propriedades

Pirâmides
z Definição de Ângulo

A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí- Definimos ângulo como a união de duas semirre-
gono regular; no caso, estamos falando apenas de tas de mesma origem e não colineares (que não per-
pirâmides regulares. tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante: 237
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z Classificação dos Ângulos
A
Vejamos de que maneira os ângulos podem ser
classificados.

„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão


chamados de Consecutivos quando tiverem o
O mesmo vértice e um lado em comum.

B A

Figura 1. Definição de Ângulo

Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo


B
e OA e OB são chamados de lados.
Observação 2: Na figura acima o ângulo é indica-
do por AOB ou BOA.

z Ponto Interior de um Ângulo C

Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos


que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC
do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos.
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.
„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha-
mados de Adjacentes quando forem consecu-
tivos e não tiverem pontos internos em comum.

A
A

P
O

B
B O
81
8-
.70
93

Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo


.0

C
98

Observação: Na figura acima, o ponto P é um pon-


-2

to interior ao AOB Figura 5. Ângulos Adjacentes


py

z Setor Angular Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes.


p
Tu

Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos „ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-
o
ul

pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores. los serão chamados de Opostos pelo Vértice
Pa

quando os lados de um deles forem semirretas


opostas aos lados do outro.

Figura 3. Setor Angular

Observação: A figura acima mostra o Setor Angu-


238 lar do AOB
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F A

O
O B
I G
Figura 9. Ângulo Obtuso

Observação: AÔB é um ângulo obtuso.

Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice „ Ângulos Complementares: dois ângulos serão
complementares quando a soma de suas
Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos- medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
tos pelo vértice. lo é o complemento do outro.

„ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto


quando sua medida for igual a 90º.

I M

O H

O B
Figura 10. Ângulos Complementares
Figura 7. Ângulo Reto
Observação: os ângulos IÔM e MÔH são
81

Observação: AÔB é um ângulo reto. complementares.


8-
70

„ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de „ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão
.

Agudo quando sua medida for menor que 90º. suplementares quando a soma de suas medi-
93

das for igual a 180°. Dizemos que um ângulo é o


.0
98

suplemento do outro.
-2

A
A
ppy
Tu
o
ul
Pa

O
B

Figura 8. Ângulo Agudo C O B

Observação: AÔB é um ângulo agudo. Figura 11. Ângulos Suplementares


MATEMÁTICA

„ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de Observação: os ângulos AÔC e AÔB são
Obtuso quando sua medida for maior que 90º suplementares.
e, ao mesmo tempo, menor que 180°.
TEOREMA DE PITÁGORAS

O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu-


lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. 239
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B

a
c

A C
b

Figura 41. Triângulo Retângulo ABC

Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são dados respectivamente por a, b e c.


Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa e os lados b e c de catetos.
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos a seguinte relação entre os lados do triângulo retângulo: a2
= b2 + c2

HORA DE PRATICAR!
1. (FGV — 2022) Considere um conjunto de dados com n = 10 observações, cujas nove primeiras observações são

7,6 4,1 8,8 4,2 5,1 7,4 8,8 5,9 3,1

Sabendo-se que a média amostral do conjunto completo é X = 4,2, a amplitude dos dados é:

a) 4,2;
b) 5,7;
c) 16,1;
d) 17,2;
e) 21,8.

2. (FGV — 2022) Uma amostra de 200 salários foi obtida e forneceu os seguintes dados agrupados:
81
8-
70

FAIXA SALARIAL FREQUÊNCIA


.
93

R$1.000 – R$2.000 80
.0
98

R$2.000 – R$3.000 25
-2

R$3.000 – R$4.000 45
p py

R$4.000 – R$5.000 30
Tu

R$5.000 – R$6.000 20
o
ul
Pa

A média desses dados é estimada em

a) R$2.350,00.
b) R$2.425,00.
c) R$2.590,00.
d) R$2.925,00.
e) R$3.125,00.

3. (FGV — 2021) ATENÇÃO: tomando por base a tabela, responda a questão a seguir.

Consumo de um produto ao longo de 4 meses.

MÊS CONSUMO PESOS ME TE P

1 100 0,1 ... 20 100


240
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MÊS CONSUMO PESOS ME TE P

2 120 0,2 ... ... ...

3 132 0,3 ... ... ...

4 156 0,4 ... ... ...

5 170 ... ... ... ?

Dados:

� Me é a média exponencial;
� Te é a tendência exponencial;
� P é a previsão de consumo no mês.

Considerando os métodos da média simples e da média ponderada, as previsões de consumo no mês 5 seriam, res-
pectivamente, de

a) 127 e 127
b) 127 e 136
c) 127 e 142
d) 136 e 127
e) 136 e 142

4. (FGV — 2021) O número de 4 algarismos 31aa é divisível por 12. O valor do algarismo a é

a) 0.
b) 2.
c) 4.
d) 6.
e) 8.

5. (FGV — 2022) Em um grupo de pessoas, 40% delas são homens.

Em relação ao número de homens, o número de mulheres representa


81

a) 60%.
8-

b) 70%.
70

c) 75%.
.
93

d) 120%.
.0

e) 150%.
98
-2

6. (FGV — 2022) A tabela a seguir mostra alguns valores percentuais (hipotéticos) sobre a distribuição das faixas sala-
py

riais (faixa 1 ou faixa 2) de uma empresa, por sexo dos funcionários (feminino ou masculino).
p
Tu

FAIXA 1 FAIXA 2 TOTAL


o
ul
Pa

Feminino 57

Masculino 32

Total 30 100

Assinale a opção que indica o número de funcionários do sexo masculino na faixa 2.


MATEMÁTICA

a) 11.
b) 19.
c) 38.
d) 43.
e) 70.

7. (FGV — 2021) A densidade populacional de uma região (ou país) é a relação entre o seu número de habitantes e sua
área em quilômetros quadrados. Uma escala de densidade populacional é dada a seguir. 241
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11. (FGV — 2022) 3 caminhões removem 600 toneladas
DENSIDADE
de terra em 8 dias.
CLASSES POPULACIONAL (HAB/
KM2)
A quantidade de terra que 5 caminhões removerão em
muito alta Acima de 1000 7 dias é

alta De 501 a 1000 a) 750 toneladas.


média De 201 a 500 b) 785 toneladas.
c) 825 toneladas.
baixa De 50 a 200 d) 850 toneladas.
e) 875 toneladas.
muito baixa Abaixo de 50
12. (FGV — 2021) Débora fez uma maquete de um condo-
O município de Paulínia tem 140 km2 e uma popula- mínio na escala 1:150. No condomínio há uma praça
ção de 112.000 habitantes. Na escala dada, a classe quadrada com 900 m2 de área.
do município em relação à densidade populacional é
Na maquete, essa praça é um quadrado de lado
a) muito alta.
b) alta. a) 30 cm.
c) média. b) 27 cm.
d) baixa. c) 25 cm.
e) muito baixa. d) 20 cm.
e) 15 cm.
8. (FGV — 2022) Três grandezas L, M e N são tais que L é
diretamente proporcional a M, e M é inversamente pro-
13. (FGV — 2022) Uma delegacia recebeu 55 camisetas
porcional a N. Quando M = 4 e N = 18, tem-se L = 60.
para dividir igualmente entre seus policiais. O delega-
do Saraiva percebeu que, dando 3 camisetas a cada
Quando L = 45, o valor de M + N é
policial, sobravam ainda 13 camisetas, e que, dando
5 camisetas a cada policial, no final da distribuição, 3
a) 25.
policiais nada receberiam.
b) 26.
c) 27.
O número de policiais dessa delegacia é:
d) 28.
e) 29.
a) 14;
b) 15;
9. (FGV — 2022) Em um grupo de pessoas, há somen-
c) 16;
te amazonenses, paraenses e cariocas. Para cada
d) 17;
paraense há dois amazonenses e para cada três ama-
zonenses há dois cariocas. e) 18.
81
8-

Em relação ao total de pessoas no grupo, os amazo- 14. (FGV — 2021) Júlia tem, respectivamente, 70 reais e
70

nenses representam 50 reais a mais que suas irmãs Paula e Maria. Júlia,
.

então, dá a Paula e a Maria determinadas quantias em


93

reais, de modo que as três irmãs ficam com exatamen-


.0

3
a)
98

5 te a mesma quantia.
-2

4
b) É correto concluir que, em relação à situação inicial:
py

7
6
p

c)
Tu

13 a) Maria ganhou 10 reais;


d)
4 b) Paula ganhou 20 reais;
o
ul

15 c) Júlia perdeu 60 reais;


Pa

7 d) Maria ganhou 25 reais;


e)
12 e) Paula ganhou 70 reais.
10. (FGV — 2022) Uma delegacia possui 12 carros para as
patrulhas diárias e a garagem tem combustível sufi- 15. (FGV — 2022) Sejam A e B as raízes da equação x2 − 7x
ciente para todos por 42 dias. Entretanto, soube-se + 4 = 0.
que 2 carros estão com problemas mecânicos e não
serão utilizados durante dois meses. O valor de A2 + B2 é:

O combustível que a garagem possui poderá abaste- a) 49;


cer todos os carros restantes por, no máximo: b) 41;
c) 36;
a) 35 dias; d) 28;
b) 42 dias; e) 11.
c) 45 dias;
d) 50 dias; 16. (FGV — 2022) Suponha que um pesquisador estime
242 e) 55 dias. uma regressão linear e encontre a equação
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y = 200 + 100*x – 1*x2, aplicação. Depois de 10 meses, a aplicação tinha ren-
dido R$ 6.000 em juros.
em que y é o salário (em reais) e x é a idade do indi-
víduo descontados 14 anos (consideram-se apenas Assinale a opção que indica o montante total do inves-
pessoas com 14 anos ou mais de idade). timento, em 31/10/X0.

Assinale a opção que apresenta a idade a partir da a) R$ 10.054.


qual o acréscimo de salário para cada ano a mais de b) R$ 12.000.
vida passa ser negativo. c) R$ 12.500.
d) R$ 18.500.
a) 15 anos.
e) R$ 21.000.
b) 51 anos.
c) 65 anos.
d) 115 anos. 9 GABARITO
e) 125 anos.
1 E
17. (FGV — 2021) Um terreno tem a forma de um quadrilá-
tero ABCD. A figura a seguir mostra sua representação 2 D
no plano cartesiano, onde cada unidade representa 10
metros. 3 B

4 C

5 E

6 A

7 B

8 C

9 C

10 D
Sejam x e y os comprimentos das diagonais AC e BD,
respectivamente. É correto afirmar que 11 E

12 D
a) x – y é aproximadamente igual a 2 metros.
b) x – y é aproximadamente igual a 5 metros. 13 A
c) y – x é aproximadamente igual a 2 metros.
d) y – x é aproximadamente igual a 5 metros. 14 A
e) x = y. 15 B
81
8-

18. (FGV — 2022) Marlene comprou uma mercadoria que 16 C


70

custava R$ 400,00 e pagou em duas parcelas: R$ 200,00


.

17 E
93

no ato da compra e R$ 280,00 um mês após a compra.


.0

18 A
98

A taxa de juro mensal paga por Marlene foi de


-2

19 D
py

a) 40%.
20 E
b) 30%.
p
Tu

c) 25%.
d) 20%.
o
ul

e) 15%.
ANOTAÇÕES
Pa

19. (FGV — 2022) Rubinho pagou com juros uma conta já


vencida. O valor total pago por Rubinho foi de R$ 483,00.

Sabendo que Rubinho pagou 15% de juros sobre o


valor inicial da conta, o valor dos juros foi de
MATEMÁTICA

a) R$ 75,15.
b) R$ 72,45.
c) R$ 68,00.
d) R$ 63,00.
e) R$ 61,25.

20. (FGV — 2021) Em 01/01/X0, uma pessoa realizou uma


aplicação com taxa de R$4% ao mês, a juros simples.
Os juros são recebidos no final do prazo, junto com a 243
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ANOTAÇÕES

81
8-
.70
93
.0
98
-2
p py
Tu
o
ul
Pa

244
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Verdadeira

Sentença
Ou Sentido
Declarativa
completo
RACIOCÍNIO LÓGICO Falsa

Obrigatório
ESTRUTURA LÓGICA DAS RELAÇÕES
ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, Verbo

LUGARES, COISAS, EVENTOS Toda proposição pode ser representada simbolica-


FICTÍCIOS E DEDUZIR NOVAS mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo:

INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES z p: Sabino é um pintor esperto;


FORNECIDAS E AVALIAR AS z r: Kate é uma mulher alta.

CONDIÇÕES USADAS PARA Na situação temos duas proposições sendo repre-


ESTABELECER A ESTRUTURA sentadas pelas letras p e r.
Bom! Agora que já sabemos o que são proposições
DAQUELAS RELAÇÕES lógicas, fica tranquilo distinguir o que não são pro-
posições. Isto é fundamental, pois várias questões de
PROPOSIÇÕES E VALORES LÓGICOS prova perguntam exatamente isso – são apresentadas
algumas frases e você precisa identificar qual delas
não é uma proposição. Vejamos os casos em que mais
Na lógica temos apenas dois valores – verdadeiro
aparecem:
ou falso. Quando temos uma declaração verdadeira, o
seu valor lógico é Verdade (V) e quando é falsa, dize- � Perguntas: são as orações interrogativas.
mos que seu valor lógico é Falso (F). Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
Essa pergunta não pode ser classificada como ver-
dadeira ou falsa;
Proposições Lógicas Simples � Exclamações: são frases exclamativas.
Exemplo: Que lindo cabelo!
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
é uma proposição lógica. Observe a frase a seguir: sentam percepções subjetivas;
� Ordens: são orações com verbo no imperativo.
Ex.: Paula vai à praia.
Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci-
81
8-

samos de três requisitos fundamentais: Uma ordem não pode ser classificada como verda-
70

deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,


.
93

z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos; pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
sição lógica.
.0

z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen-


98

Não são proposições – perguntas, exclamações e


tando uma situação, um fato;
-2

ordens.
z Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa: Temos um outro caso menos cobrado em provas,
py

ou seja, podemos atribuir o valor lógico verdadeiro mas que também não é proposição lógica: o paradoxo.
p
Tu

Para ficar mais claro, veja o exemplo a seguir:


ou o valor lógico falso para a declaração.
o
ul

Ex.: Esta frase é uma mentira.


Pa

Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen-


te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição Quando atribuímos um valor de verdade para a
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor falso,
informação completa (temos o sujeito claro na oração)
RACIOCÍNIO LÓGICO

então a frase é verdade, pois ela diz ser uma mentira


e podemos afirmar se é verdade ou falsa. e já sabemos que isso é falso.
Proposição Lógica é uma oração declarativa que Perceba que sempre que valoramos a frase ela nos
resulta um valor contrário, ou seja, estamos diante de
admite apenas um valor lógico: V ou F.
uma frase que é contraditória em si mesma. Isso é a
Ou então podemos também esquematizar o que é definição de um paradoxo.
uma proposição lógica assim:
Chama-se proposição toda sentença declarativa Sentença Aberta
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só
Dizemos que uma sentença é aberta quando não
como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta- conseguimos ter a informação completa que a oração
mente com o sentido completo (caráter informativo). nos mostra. Veja o exemplo a seguir: 245
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Ex.: Ele é o melhor cantor de rock. Cada conectivo tem sua representação simbólica e
sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:
Perceba que há presença do verbo e que consegui-
mos parcialmente entender o que a frase quer dizer. CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA
Todavia, logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa e Conjunção ^
informação não consegue ser completa e por isso temos
ou Disjunção v
mais um caso que não é proposição lógica. Observe ou-
tros exemplos: Disjunção v
ou...ou
X + 5 = 10 Exclusiva
Aquele carro é amarelo. se...então Condicional →
5+5 se e somente se Bicondicional ⟷
X – Y = 20
Todos os exemplos acima são sentenças abertas, Exemplos:
então podemos resumir da seguinte forma:
z Na linguagem natural:
As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti-
cas (X ou Y) tornam a sentença aberta. „ O macaco bebe leite e o gato come banana;
Sempre será uma proposição lógica na escrita „ Maria é bailarina ou Juliano é atleta;
matemática e podemos notar que há verbos nos casos „ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta;
a seguir: „ Se estudar, então vai passar;
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro.
z = (é igual);
z ≠ (é diferente); z Na linguagem simbólica:
z > (é maior); „ p ^ q;
z < (é menor); „ p v q;
z ≥ (é maior ou igual); „ p v q;
z ≤ (é menor ou igual). „ p → q;
„ p ⟷ q.
Esquematizando o que não são proposições lógicas:
Agora que conhecemos os conectivos lógicos,
vamos ver algumas camuflagens dos operadores lógi-
Sentenças Interrogativas(?) cos que podem aparecer na prova. Veja:
� Conectivos “e” usando “mas”:
Sentenças sem Verbo
Não São Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
Proposições
� Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
Sentenças com Verbo no Imperativo ambos”:
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
Sentenças Abertas
não ambos;
� Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
Paradoxo
81

Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”:


8-

Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à


70

Princípios da Lógica Proposicional praia;


.

Caso você estude, irá passar no concurso;


93

É fundamental que você conheça três princípios Basta Ana comer massas, e engordará;
.0

para deixarmos tudo alinhado com as proposições Quem joga bola é rápido;
98

lógicas. Veja: Todos os médicos sabem operar;


-2

Qualquer criança anda de bicicleta;


py

z Princípio do terceiro excluído: Uma proposição Toda vez que chove, não vou à praia.
p

deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra É importante saber que na condicional a primeira
Tu

possibilidade. Não é possível que uma proposição proposição é o termo antecedente e a segunda é o
o

seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”; termo consequente.


ul
Pa

z Princípio da não-contradição: Dizemos que uma


P→Q
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo,
P = antecedente
verdadeira e falsa; Q = consequente
z Princípio da Identidade: Cada ser é único, ou
seja, uma proposição não assume o significado de
outra proposição lógica.
ESTRUTURAS LÓGICAS
Proposições Compostas
ESTRUTURA LÓGICA
Temos proposições compostas quando há duas ou
mais proposições simples ligadas por meio dos conec- A Negação com o Conectivo “não”
tivos lógicos. Veja os exemplos:
Representação simbólica: (~p) ou (¬p).
z Sabino corre e Marcos compra leite; Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos,
z O gato é azul ou o pato é preto; isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa,
246 z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar. e vice-versa. Exemplo:
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p: Matemática é difícil. Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil. ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Vamos lá!
Outras maneiras que podemos usar para negar
uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro- 1. ( CEBRASPE-CESPE – 2018) As proposições P, Q e R a
vas de concursos são: seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
Carlos, Paulo e Maria:
z Não é verdade que matemática é difícil; P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
z É falso que matemática é difícil. mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
Considerando que ~X representa a negação da propo-
Conjunção (Conectivo E) sição X, julgue o item a seguir.
A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
Representação simbólica: ^ culpada.” pode ser representada simbolicamente por
Exemplos: (~Q)↔(~R).

( ) CERTO  ( ) ERRADO


z Na linguagem natural:
„ O macaco bebe leite e o gato come banana. Veja que temos uma proposição condicional (se então)
e a representação simbólica apresentada é de uma
z Na linguagem simbólica: bicondicional. Representação da condicional (). Res-
„ p ^ q. posta: Errado.

Disjunção Inclusiva (Conectivo ou) 2. ( CEBRASPE-CESPE– 2018) Julgue o seguinte item, rela-
tivo à lógica proposicional e à lógica de argumentação.
Representação simbólica: v A proposição “A construção de portos deveria ser
Exemplos: uma prioridade de governo, dado que o transporte
de cargas por vias marítimas é uma forma bastante
z Na linguagem natural: econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
são proposições simples adequadamente escolhidas.
z Na linguagem simbólica:
„ p v q. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

A representação simbólica apresentada para julgar-


Disjunção Exclusiva (Conectivo Ou...ou)
mos é de uma conjunção e na questão foi apresen-
tada uma proposição composta pela condicional na
Representação simbólica: ⊻
forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
Exemplos:
e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado.
z Na linguagem natural:
81

3. ( CEBRASPE-CESPE – 2018) Considere as seguintes


„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
8-

proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente


70

receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.


z Na linguagem simbólica:
.

Tendo como referência essas proposições, julgue o


93

„ p ⊻ q. item a seguir, considerando que a notação ~S significa


.0
98

a negação da proposição S.
Condicional (Conectivo Se e então)
-2

A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se


o paciente receber alta, então ele não receberá medi-
py

Representação simbólica: → cação ou não receberá visitas.


p

Exemplo:
Tu

( ) CERTO  ( ) ERRADO


o

z Na linguagem natural:
ul

P: O paciente receberá alta;


Pa

„ Se estudar, então vai passar.


~P: O paciente não receberá alta;
z Na linguagem simbólica: Q: O paciente receberá medicação;
„ p → q. R: O paciente receberá visitas.
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida:
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional (Conectivo “Se e somente se”) Se o paciente não receber alta, então ele receberá
medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado.
Representação simbólica:
LÓGICAS DE ARGUMENTAÇÃO
Exemplo:
Argumentos: Validade de um Argumento/Critério de
z Na linguagem natural: Validade de um Argumento
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro. Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
remos interessados em verificar se eles são válidos ou
z Na linguagem simbólica: inválidos. Então, passemos a seguir a entender o que sig-
„ p ⟷ q. nifica um argumento válido e um argumento inválido. 247
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Argumentos Válidos Como podemos notar, quando temos a combina-
ção lógica verdade no antecedente e falso no conse-
Também podem ser chamados de argumentos quente (V  F) para o conectivo “se...,então”, o nosso
bem construídos ou legítimos. resultado só poderá ser falso.
Para que o argumento seja válido, não basta que
a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis- (V) (F)
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente, Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F)
ou seja, quando a conclusão é uma consequência Fez sol. (V)
necessária das premissas, dizemos que o argumento Logo, vou à praia. (F)
é válido.
Vamos analisar o exemplo: Percebe-se, então, que não está de acordo com a
nossa valoração inicial, ou seja, deu erro. Logo, nosso
z p1: Todo padre é homem; argumento é válido.
z p2: José é padre;
z c: José é homem. ARGUMENTOS INVÁLIDOS

Quando temos argumentos utilizando os quantifica- Também podem ser chamados de argumentos mal
dores lógicos, representamos por meio dos diagramas construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos.
lógicos para saber a validade de um argumento. Veja Dizemos que um argumento é inválido quando a
que temos uma proposição do tipo Todo A é B, logo: verdade das premissas não é suficiente para garantir
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo:
Homem
p1: Todas as crianças gostam de chocolate;
p2: Patrícia não é criança;
Padre c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura


de argumentos utilizando os quantificadores lógicos,
José vamos representar por meio dos diagramas lógicos
para saber a validade de um argumento. Veja que
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo:

Perceba que a premissa 2 afirma que José é padre, Gostam de chocolate


ou seja, José tem que estar dentro do conjunto dos
padres. Sendo assim, como não há possibilidade de
um padre não ser homem, podemos afirmar que José
também é homem, como afirma nossa conclusão. Crianças
Logo, o argumento é válido.
Vamos analisar agora um argumento usando
81

conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura, Patrícia


8-

devemos usa o seguinte lembrete:


.70
93

1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as


.0

premissas são verdadeiras;


98

2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do


-2

conectivo envolvido no argumento; Gostam de chocolate


3°. Se der erro (não ficar de acordo com o padrão de
py

valoração que afirmamos) dizemos que o argu-


p
Tu

mento é válido.
Crianças
o
ul

Veja na prática:
Pa

Se fizer sol, então vou à praia. (V) Patrícia


Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F)
Não gostam de chocolate
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia é Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é crian-
falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos ça, temos duas interpretações:
valores lógicos para proposição composta pelo conec-
tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim, 1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de chocolate
ou;
(V) (F) 2°. Ela pode não ser criança e não gostar de chocolate. Sen-
Se fizer sol, então vou à praia. (V) do assim, não há possibilidade de afirmar com 100%
Fez sol. (V) de certeza que Patrícia não gosta de chocolate, como
248 Logo, vou à praia. (F) consta na conclusão. Logo, o argumento é inválido.
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Para um argumento usando conectivos lógicos, Ana Maria nunca escreve petições.
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.
válidos, só muda um detalhe. Veja: II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela
nunca escreve petições.
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as Ana Maria nunca escreve petições.
premissas são verdadeiras; Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
conectivo envolvido no argumento; Comparando a validade formal dos dois argumentos e
3°. Se não der erro (ficar de acordo com o padrão de a plausibilidade das primeiras premissas de cada um,
valoração que afirmamos) dizemos que o argu- é correto concluir que
mento é inválido.
a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, mes-
Veja na prática: mo que a primeira premissa de I seja mais plausível
que a de II.
Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine- b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri-
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis.
ma. (V)
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito das pri-
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis.
O tempo ficou nublado. (V)
d) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, pois
Logo, vou ao cinema. (F)
a primeira premissa de II é mais plausível que a de I.
e) o argumento I é válido e o argumento II é inválido, mesmo
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
que a primeira premissa de II seja mais plausível que a de I.
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
Começarei pelo Argumento II, para que você possa
ma é falso e o tempo ficar nublado é verdadeiro.
entender o “macete”.
Distribuímos os valores lógicos para proposição com-
Argumento II.
posta pelo conectivo “se...então” na primeira pre-
Se Ana Maria não sabe escrever petições (F), então
missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
ela nunca escreve petições (V). = verdadeiro
a proposição não vou ao cinema está negando o que
Ana Maria nunca escreve petições. = verdadeiro
está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
Conclusão: Portanto, Ana Maria não sabe escrever
valor lógico dela. Assim,
petições. = falso
Não deu erro. Portanto,argumento inválido.
(V) (V) Argumento I.
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V) Se Ana Maria nunca escreve petições (verdadeiro),
O tempo ficou nublado. (V) então ela não sabe escrever petições. (falso) = ver-
dadeiro. (falso)
Logo, vou ao cinema. (F) Ana Maria nunca escreve petições. = verdadeiro
Conclusão: Portanto, Ana Maria não sabe escrever
Como já estudamos lá no módulo de tabela-verdade, petições. = falso.
tudo que não estiver no padrão de combinação lógica Ocorreu um erro. Pois no V  F = falso. Portanto, a
81

- verdade no antecedente e falso no consequente (V premissa não teve como resultado verdadeiro.
8-

 F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro. Se deu erro, então argumento válido Logo,
70

Argumento I - válido
.
93

(V) (V) Argumento II - Inválido


.0

Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V) Sabendo disso, já daria para excluir as alternativas
98

O tempo ficou nublado. (V) A, B, C e D. Resposta: Letra E.


-2

Logo, vou ao cinema. (F)


py

2. (FCC – 2019) Em uma festa, se Carlos está acom-


p

Percebe-se, então, que o argumento está de acordo panhado ou está feliz, canta e dança. Se, na últi-
Tu

com a nossa valoração inicial, ou seja, não deu erro. ma festa em que esteve, não dançou, então Carlos,
Logo, nosso argumento é inválido.
o

necessariamente,
ul

Sabendo disso, guarde o esquema abaixo.


Pa

a) não estava acompanhado, mas estava feliz.


Deu Erro Argumento Válido b) estava acompanhado, mas não estava feliz.
c) não estava acompanhado, nem feliz.
d) não cantou.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Não Deu Argumento e) cantou.


Erro Inválido
Veja que precisamos achar uma conclusão para
o argumento e podemos escrever a sentença da
Para podermos praticar um pouco mais sobre esse seguinte maneira:
assunto, analisaremos algumas questões comentadas Temos a condicional:
de concursos. (está acompanhado ou está feliz)  (canta e dança)
(P v Q)  (R ^ T)
1. (FCC – 2018) Considere os dois argumentos a seguir:
Como a questão afirma que “dança” é Falso, pode-
I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não mos dizer que o consequente “canta e dança” é fal-
sabe escrever petições. so, pois temos o conetivo “e” e basta um valor falso 249
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para que tudo seja falso. Assim, o antecedente preci- Esses quantificadores podem ser classificados em
sa ser falso também (senão caímos no caso da vera dois tipos:
Fischer é falsa). Perceba, então, que temos o coneti-
z Quantificador Universal;
vo “ou” e que tudo precisa ser falso para que tenha-
z Quantificador Existencial (particulares).
mos o resultado do antecedente falso.
Nos quantificadores universais temos todo e
Assim, “não está acompanhado e não está feliz”.
nenhum, já nos particulares temos pelo menos um,
Resposta: Letra C.
existe um e o algum.
Agora, vamos estudar a representação de cada um
3. (FGV – 2019) Considere as afirmativas a seguir. dos quantificadores por meio dos diagramas lógicos.

z “Alguns homens jogam xadrez”. Quantificador Universal “Todo” (afirmativo)


z “Quem joga xadrez tem bom raciocínio”.
Exemplos:
A partir dessas afirmações, é correto concluir que
z Todo A é B;
a) “Todos os homens têm bom raciocínio”. z Todo homem joga bola.
b) “Mulheres não jogam xadrez”.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez”
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar que
d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga xadrez”.
Todo A é B significa que todo elemento de A também é ele-
e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
mento de B. Logo, podemos representar com o diagrama:

Vamos desenhar os diagramas para facilitar a nos-


B
sa chegada à conclusão:
Bom raciocínio A

Joga xadrez

O conjunto A dentro do conjunto B

Quando Todo A é B é verdadeira, os valores lógi-


cos das outras proposições categóricas, interpretando
Homens os diagramas, serão os seguintes:

z Nenhum A é B : É falsa;
Agora, vamos analisar cada alternativa e interpre- z Algum A é B : É verdadeira;
tar os diagramas para achar nosso gabarito.
81

z Algum A não é B : é falsa.


a) “Todos os homens têm bom raciocínio”. Errado,
8-
70

pois alguns homens têm bom raciocínio. Quantificador Universal “Nenhum” (negativo)
.

b) “Mulheres não jogam xadrez”. Errado, pois a afir-


93

mação acima só fala de homens. Exemplos:


.0
98

c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez” Erra- z Nenhum A é B;


-2

do, pois eu posso ter bom raciocínio e jogar dama, z Nenhum homem joga bola.
cartas, etc. alguns que tem bom raciocínio jogam
py

xadrez. Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no


p
Tu

d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
xadrez”. Certo, pois se o homem não tem bom racio- que Nenhum A é B significa que A e B não tem ele-
o
ul

cínio nem adianta jogar xadrez. Quem joga xadrez mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
Pa

tem bom raciocínio. tação com diagrama:


e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
Errado, pois eu posso jogar dama, cartas e ter bom
raciocínio. Resposta: Letra D. A B

DIAGRAMAS LÓGICOS
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos
Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas, Quando Nenhum A é B é verdadeira, os valores
que são elementos que especificam a extensão da vali- lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
dade de um predicado sobre um conjunto de constan- tando o diagrama, serão os seguintes:
tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
que indicam que houve quantificação. São exemplos z Todo A é B – É falsa;
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo, z Algum A é B – É falsa;
250 pelo menos um, nenhum. z Algum A não é B – é verdadeira.
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Quantificador Particular (Afirmativo): Algum / Pelo SEQUÊNCIAS
Menos um / Existe
Esse tema é cobrado de uma maneira que pode
Exemplos: parecer como também pode ser complicado. Desco-
brir a lei de formação ou padrão da sequência é o seu
z Algum A é B; principal objetivo, pois nas questões sobre sequên-
z Algum homem joga bola. cias/raciocínio sequencial, você será apresentado a
um conjunto de dados dispostos de acordo com algu-
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no ma “regra” implícita, alguma lógica de formação. O
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar desafio é exatamente descobrir essa “regra” para,
que Algum A é B significa que o conjunto A tem pelo com isso, encontrar outros termos daquela mesma
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou sequência.
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode- Veja o exemplo abaixo:
mos fazer representações com diagramas:
2, 4, 6, 8,...

A B
A primeira pergunta que podemos fazer para
achar a lei de formação é: os números estão aumen-
tando ou diminuindo?

Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as


operações de soma ou multiplicação entre os termos.
Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei-
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
ro termo para o segundo, somamos o número dois e
depois repetimos isso.
Veja que as representações de A e B possuem inter-
secção. Então, quando Algum A é B é verdadeira, os 2+2=4
valores lógicos das outras proposições categóricas, 4+2=6
interpretando o diagrama, serão os seguintes: 6+2=8

z Todo A é B : É indeterminado; Logo, o nosso próximo termo será o número 10,


z Nenhum A é B : É falsa; pois 8+2 = 10.
z Algum A não é B : É indeterminado. Caso os números estejam diminuindo, você pode
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
Quantificador Particular (negativo): Algum / Pelo entre os termos.
Menos um / Existe + a partícula Não Agora, observe essa outra sequência:

Exemplos: 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...


81

z Algum A não é B; Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem


a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
8-

z Algum homem não joga bola.


70

cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-


cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
.
93

Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no


15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra-
.0

exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar


do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Nesse
98

que Algum A não é B significa que o conjunto A tem


caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque-
-2

pelo menos um elemento que não pertence ao conjun-


les números que só podem ser divididos por eles mes-
to B. Logo, podemos fazer representações com diagra-
py

mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria


mas:
p

o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números


Tu

primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...


o
ul

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS


Pa

É bem comum aparecerem questões que envolvem


uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
RACIOCÍNIO LÓGICO

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há


te exemplo:
contato de alguns elementos de A com B

2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...


Veja que as representações o conjunto A tem pelo
menos um elemento que não pertence ao conjunto B. Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
Então, quando Algum A não é B é verdadeira, os valo- dizer que temos uma sequência que, de um número
res lógicos das outras proposições categóricas, inter- para outro, devemos somar 2 unidades e também
pretando o diagrama, serão os seguintes: podemos notar que temos a sequência que, de um
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
z Todo A é B : É falsa; estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
z Nenhum A é B : É indeterminada; 1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
z Algum A não é B : É indeterminado. 2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ... 251
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PROGRESSÃO ARITMÉTICA Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
Uma progressão aritmética é aquela em que os
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons- Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, neste
tante, normalmente representada pela letra r. caso, o termo a7, que observando na sequência é o núme-
ro 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, temos:
z Termo inicial: valor do primeiro número que
compõe a sequência; n $ (a1 + an)
Sn =
z Razão: regra que permite, a partir de um termo, 2
obter o seguinte. 7 $ (1 + 13)
S7 =
2
Observe o exemplo abaixo:
7 $ 14
S7 =
{1,3,5,7,9,11,13, ...} 2
98
Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9 e assim sucessi- S7 = = 49
2
vamente. Temos um exemplo nítido de uma Progressão Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e termo
inicial igual a 1. Em questões envolvendo progressões z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
aritméticas, é importante você saber obter o termo crescente.
geral e a soma dos termos, conforme veremos a seguir.
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;
Termo Geral da PA
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- decrescente.
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1;
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
an = a1 + (n-1)r
iguais.
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
a posição do termo na PA. Dica
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
o termo de posição 10. Já temos as informações que PA crescente: se r > 0;
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...} PA decrescente: se r < 0;
PA constante: se r = 0.
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto
é, a10; Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
z a razão da PA é 2, portanto r = 2; segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
81

z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:


8-

z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número


70

10: n = 10. PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2


.

PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4
93

Logo,
.0
98

A seguir, revise seus conhecimentos com algumas


an = a1 + (n-1)r questões comentadas.
-2

a10 = 1 + (10-1)2
py

a10 = 1 + 2 · 9 1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes


p

a10 = 1 + 18 entre os números 23 e 125 é:


Tu

a10 = 19
o

a) 25.
ul

Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na b) 26.


Pa

sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, c) 27.


podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da d) 28.
posição 200 é: e) 24.

an = a1 + (n-1)r O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o último


a200 = 1 + (200-1)2 é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma PA de
a200 = 1 + 2 · 199 razão igual a 4. Então, temos as seguintes informações:
a200 = 1 + 198 a1 = 24
a200 = 199 an = 124
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PA obter os múltiplos).
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: an = a1 + (n-1)r
n $ (a1 + an) 124 = 24 + (n – 1)4
252 Sn = 124 = 24 + 4n – 4
2
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124 – 24 + 4 = 4n Veja que no primeiro minuto ele percorre 125
104 = 4n metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter-
n = 26. Resposta: Letra B. ceiro 125 + 2×11 = 147 metros, e assim por diante.
Estamos diante de uma progressão aritmética (PA)
2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo
4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é:
em cada dia será diferente e formará uma progressão an= a1 + (n-1).r
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme- a11 = 125 + (11 – 1).11
tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km. a11 = 125 + 110 = 235 metros
Desse modo, é correto concluir que o número de quilô- A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros
metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último minutos é dada pela fórmula da soma dos termos
dia de viagem será igual a da PA:

a) 334. n # (a1 + an)


b) 280. Sn =
2
c) 322.
d) 274. 11 # (125 + 235)
S11 =
e) 310. 2
11 # 360
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos S11 =
2
o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para
podermos substituir na média. Usando a fórmula S11 = 180 · 11
do termo geral: S11 = 1.980
r = -24 A distância total percorrida é menor do que 2.000
an= a1 + (n-1).r metros. Logo, Manoel não completará o percurso no
Achando a1: tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta: Errado.
a1 = a1 + (1-1).r
a1 = a1 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Colocando a2 em função de a1:
a2= a1+ (2-1)r Observe a sequência a seguir:
a2 = a1 + r
Colocando a3 em função de a1: {2, 4, 8, 16, 32...}
a3= a1+ (3-1)r
a3 = a1 + 2r Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
Colocando a4 em função de a1: Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
a4 = a1 + (4-1)r ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
a4 = a1 + 3r do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
Substituindo na fórmula da média aritmética: mo número, o que chamamos de razão da progressão
(a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310
No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
81

4 a1 + 6r = 310 . 4
a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
8-

4 a1 + 6. (-24) = 1240
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
70

4 a1 - 144 = 1240
e a soma dos termos.
.
93

a1 = 346
Encontrando a4:
.0

Termo Geral da PG
98

a4= 346 + (4-1).r


a4= 346 + 3r
-2

a4= 346 + 3. (-24) A fórmula a seguir nos permite obter qualquer


py

a4 = 274. Resposta: Letra D. termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do


p

primeiro termo (a1) e da razão (q):


Tu

3. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Em cada item a seguir é


o

apresentada uma situação hipotética, seguida de uma an = a1 · qn-1


ul

assertiva a ser julgada, a respeito de modelos lineares,


Pa

modelos periódicos e geometria dos sólidos. No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente, ser encontrado assim:
considerado apto na avaliação médica das condições
de saúde física e mental, foi convocado para o teste {2, 4, 8, 16, 32...}
RACIOCÍNIO LÓGICO

de aptidão física, em que uma das provas consiste em a5 = 2 · 25-1


uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como a5 = 2 · 24
Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar a5 = 2 · 16
o percurso no tempo máximo exato, aumentando de a5 = 32
uma quantidade constante, a cada minuto, a distância
percorrida no minuto anterior. Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG
Nesse caso, se Manoel, seguindo seu plano, correr 125
metros no primeiro minuto e aumentar de 11 metros a A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
distância percorrida em cada minuto anterior, ele com- primeiros termos da progressão geométrica:
pletará o percurso no tempo regulamentar.
n
a1 $ (q - 1)
( ) CERTO  ( ) ERRADO Sn = 253
q-1
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Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a a) 324.
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8, b) 36.
16, 32...} c) 108.
4 d) 216.
2 $ (2 - 1)
S4 =
2-1 Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
2 $ (16 - 1) termos, devemos usar a fórmula do termo geral da
S4 = 1 PG. Veja:
2 $ 15 a4 = a2 · q4-2
S4 = 1
a4 = 12 · 32
S4 = 30 a4 = 12 · 9
a4 = 108
Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão Resposta: letra C.
Geométrica
3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica
Suponha que você corra 1000 metros, depois, (P.G.) e assinale o valor de y.
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você P.G. = (y + 30; y; y – 60)
correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
Observe que o que temos é exatamente uma progres- a) +30.
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. b) +60.
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < c) –30.
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto d) –60.
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por- e) –90.
tanto, substituindo, teremos:
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
a1 $ (0 - 1) mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
S∞ = y² = (y + 30) · (y - 60)
q-1
y² = y² -60y +30y -1800
S∞ =
a1 y² - y² +60y -30y = -1800
1-q 30y = -1800
y = -1800/30
Dica y = -60
Em uma progressão geométrica, o quadrado do Resposta: Letra D.
termo do meio é igual ao produto dos extremos.
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
82 = 4 × 16
HORA DE PRATICAR!
64 = 64. 1. (FGV — 2022) Valter fala sobre seus hábitos no almoço:
81
8-

A seguir, revise seus conhecimentos com algumas � Como carne ou frango.


70

questões comentadas. � Como legumes ou não como carne.


.
93

� Como macarrão ou não como frango.


.0

1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre-


98

sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão Certo dia, no almoço, Valter não comeu macarrão.
-2

Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR-


RETO afirmar que o valor de q é igual a:
py

É correto afirmar que, nesse dia, Valter


p
Tu

a) 2. a) comeu frango e carne.


b) 3.
o

b) não comeu frango nem carne.


ul

c) 4. c) comeu carne e não comeu legumes.


Pa

d) 8. d) comeu legumes e carne.


e) não comeu frango nem legumes.
Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
la geral da PG para acharmos a razão: 2. (FGV — 2022) Sabe-se que as 3 sentenças a seguir
an = a1 · qn-1 são verdadeiras.
a6 = a1 · q6-1
192 = 6 · q5 � Se Pedro é capixaba ou Raquel não é carioca, então
192/6 = q5 Renata não é pernambucana.
32 = q5 � Se Pedro não é capixaba ou Renata é pernambucana,
5
q= 32 então Raquel é carioca.
q=2 � Se Raquel não é carioca, então Pedro é capixaba e
Resposta: Letra A. Renata é pernambucana.

2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G. É correto concluir que
(progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
254 12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a: a) Pedro é capixaba.
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b) Raquel é carioca. “Se o sapato é preto, então a camisa não é branca” é
c) Renata é pernambucana. VERDADEIRA.
d) Pedro não é capixaba.
e) Raquel não é carioca. É correto concluir que:

3. (FGV — 2022) Considere as seguintes afirmativas a a) a camisa é branca, a calça não é branca e o sapato não
respeito de um objeto chamado biba: é preto;
b) a camisa é branca, a calça não é branca e o sapato é
Se biba é bala então não é bola. preto;
Se biba não é bala então é babalu. c) a camisa não é branca, a calça é branca e o sapato não
é preto;
É correto concluir que d) a camisa não é branca, a calça é branca e o sapato é
preto;
a) se biba é bola então é babalu. e) a camisa não é branca, a calça não é branca e o sapato
b) se biba é babalu então é bola. é preto.
c) se biba não é bola então é babalu.
d) se biba não é babalu então é bola. 8. (FGV — 2021) Observemos o raciocínio a seguir.
e) se biba é bola então não é babalu.
- Todo tribunal de júri contém jurados
4. (FGV — 2022) Considere as seguintes premissas: - Este tribunal contém jurados
- Este tribunal é um tribunal de júri
� Quem tem azar não sorri.
� Quem é maratonista não está doente. Este silogismo mostra um problema, que é:
� Quem não está doente, sorri.
a) possuir mais de três termos;
A partir dessas premissas é correto concluir que b) mostrar uma premissa falsa;
c) conter uma ambiguidade;
a) Quem não está doente é maratonista. d) ter uma errada distribuição de termos;
b) Quem está doente não sorri. e) concluir sem ligação lógica com as premissas.
c) Quem não tem azar sorri.
d) Quem é maratonista não tem azar. 9. (FGV — 2021) Roberto fez as seguintes afirmações
e) Quem sorri, não está doente. sobre suas atividades diárias:

5. (FGV — 2022) Considere as sentenças a seguir. � faço ginástica ou natação.


Paulo é carioca ou Bernardo é paulista. � vou ao clube ou não faço natação.
Se Sérgio é amazonense, então Paulo é carioca. � vou à academia ou não faço ginástica.
Sabe-se que a primeira sentença é verdadeira e a
segunda é falsa. É correto concluir que Certo dia Roberto não foi à academia.
81

a) Paulo é carioca, Bernardo é paulista, Sérgio é É correto concluir que, nesse dia, Roberto
8-

amazonense.
70

b) Paulo é carioca, Bernardo não é paulista, Sérgio é a) fez ginástica e natação.


.
93

amazonense. b) não fez ginástica nem natação.


.0

c) Paulo não é carioca, Bernardo é paulista, Sérgio é c) fez natação e não foi ao clube.
98

amazonense. d) foi ao clube e fez natação.


-2

d) Paulo não é carioca, Bernardo é paulista, Sérgio não é e) não fez ginástica e não foi ao clube.
amazonense.
py

e) Paulo não é carioca, Bernardo não é paulista, Sérgio é 10. (FGV — 2021) Considere como verdadeiras as senten-
p
Tu

amazonense. ças a seguir.


o
ul

6. (FGV — 2022) Sabe-se que a sentença � Se Priscila é paulista, então Joel é capixaba.
Pa

� Se Gabriela não é carioca, então Joel não é capixaba.


“Se João não é vascaíno, então Júlia é tricolor ou Mar- � Se Gabriela é carioca, então Priscila não é paulista.
cela não é botafoguense.”
é falsa. É correto deduzir que:
RACIOCÍNIO LÓGICO

É correto concluir que a) Gabriela é carioca;


b) Gabriela não é carioca;
a) João é vascaíno e Júlia não é tricolor. c) Priscila não é paulista;
b) Se Marcela é botafoguense, então Júlia é tricolor. d) Priscila é paulista;
c) João é vascaíno ou Marcela não é botafoguense. e) Joel não é capixaba.
d) Se Júlia não é tricolor, então Marcela é botafoguense.
e) João não é vascaíno, Júlia não é tricolor e Marcela não 11. (FGV — 2022) A negação de “Nenhuma cobra voa” é
é botafoguense.
a) Pelo menos uma cobra voa.
7. (FGV — 2021) Sabe-se que a sentença “Se a camisa é b) Alguns animais que voam são cobras.
branca, então a calça é branca” é FALSA e a sentença c) Todas as cobras voam. 255
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d) Todos os animais que voam são cobras. 17. (FGV — 2021) Considere verdadeira a afirmação:
e) Todas as cobras são répteis.
“Todo vegetal verde é saudável.”
12. (FGV — 2022) Considere a afirmação:
É correto concluir que:
“À noite, todos os gatos são pretos.”
a) Todo vegetal saudável é verde.
Se essa frase é falsa, é correto concluir que b) Todo vegetal que não é saudável não é verde.
c) Todo vegetal que não é verde não é saudável.
a) De dia, todos os gatos são pretos. d) Alguns vegetais verdes não são saudáveis.
b) À noite, todos os gatos são brancos. e) Alguns vegetais que não são saudáveis são verdes.
c) De dia há gatos que não são pretos.
d) À noite há, pelo menos, um gato que não é preto. 18. (FGV — 2021) Considere as afirmativas a seguir.
e) À noite nenhum gato é preto.
I. Todo auditor que fiscaliza a contabilidade de empresas
13. (FGV — 2022) A negação lógica da sentença “Toda também presta orientações sobre legislação tributária,
cobra é verde ou venenosa” é: mas nenhum auditor que presta orientações sobre legisla-
ção tributária instaura processos administrativos-fiscais.
II. Todo auditor que apreende mercadorias irregulares faz o
a) Nenhuma cobra é verde ou venenosa.
controle aduaneiro, e alguns auditores que fazem o contro-
b) Toda cobra não é verde ou não é venenosa.
le aduaneiro, instauram processos administrativos-fiscais.
c) Existe cobra que não é verde nem é venenosa.
III. Nenhum auditor que faz o controle aduaneiro presta
d) Toda cobra verde não é venenosa. orientação tributária.
e) Nenhuma cobra venenosa é verde.
Sendo certo que não há auditor que execute conjun-
14. (FGV — 2022) Considere as seguintes afirmações: tamente as funções de controle aduaneiro, apreensão
de mercadorias irregulares e de instauração de pro-
� Todos os políticos são honestos. cessos administrativos-fiscais, é correto concluir que
� Algumas pessoas honestas são ricas.
a) nenhum auditor que apreende mercadorias irregulares
A partir dessas afirmações é correto concluir que também fiscaliza a contabilidade de empresas.
b) todo auditor que faz o controle aduaneiro também
a) alguns políticos são ricos. apreende mercadorias irregulares.
b) todos os políticos são ricos. c) todo auditor que presta orientações sobre a legislação tri-
c) algumas pessoas ricas são honestas. butária também fiscaliza a contabilidade de empresas.
d) todas as pessoas honestas são políticos. d) pelo menos um auditor que apreende mercadorias irregu-
e) todas as pessoas ricas não são políticos. lares também instaura processos administrativos-fiscais.
e) pelo menos um auditor que fiscaliza a contabili-
15. (FGV — 2022) Em um grupo de 100 profissionais da dade de empresas também instaura processos
administrativos-fiscais.
81

saúde, 70 gostam de Química e 55 gostam de Física.


8-
70

O número máximo de profissionais desse grupo que 19. (FGV — 2021) O advogado de uma empresa afirmou
ao diretor que:
.

não gostam nem de Química nem de Física é igual a


93

“Todos os processos relativos à empresa X foram


.0

finalizados”
98

a) 45.
Dias depois, o diretor foi informado que essa afirma-
-2

b) 40.
ção não era verdadeira.
c) 35.
py

d) 30.
p

O diretor concluiu logicamente que


Tu

e) 25.
o

a) nenhum processo da empresa X foi finalizado.


ul

16. (FGV — 2022) Considere que a sentença


b) somente um processo da empresa X não foi finalizado.
Pa

c) pelo menos um processo da empresa X não foi finalizado.


“Todo elemento do conjunto X é também elemento do d) foi finalizado pelo menos um processo que não se
conjunto Y ” é falsa. refere à empresa X.
e) todos os processos finalizados não se referiam à
É correto concluir que empresa X.

a) nenhum elemento do conjunto X é também elemento 20. (FGV — 2021) Verifique, em cada um dos casos abai-
do conjunto Y. xo, se a conclusão decorre logicamente das duas
b) todo elemento do conjunto Y é também elemento do premissas apresentadas e assinale V quando a con-
conjunto X. clusão decorre logicamente das duas premissas e F
c) nenhum elemento do conjunto Y é também elemento em caso contrário.
do conjunto X.
d) algum elemento do conjunto Y não é elemento do con- Caso I
junto X.
e) algum elemento do conjunto X não é elemento do con- � Todo adolescente gosta de namorar.
256 junto Y. � Maria é adolescente.
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Conclusão: Maria gosta de namorar. ANOTAÇÕES
Caso II

� Todo felino gosta de dormir.


� Gato gosta de dormir. Conclusão: Gato é um felino.

Caso III

� Todos os professores gostam de cinema.


� Existem advogados que são professores. Conclusão:
Todos os advogados gostam de cinema.

As conclusões são, segundo a ordem dos casos apre-


sentados, respectivamente,

a) V – F – F.
b) F – V – F.
c) F – F – V.
d) V – V – F.
e) V – V – V.

9 GABARITO

1 D

2 B

3 A

4 D

5 C

6 D

7 A

8 D
81

9 D
8-
70

10 C
.
93

11 A
.0
98

12 D
-2

13 C
p py

14 C
Tu

15 D
o
ul
Pa

16 E

17 B

18 A
RACIOCÍNIO LÓGICO

19 C

20 A

257
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Paulo Tuppy - 298.093.708-81, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ANOTAÇÕES

81
8-
.70
93
.0
98
-2
p py
Tu
o
ul
Pa

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