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POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

ACESSO, TRABALHO DOCENTE E NOVOS MODOS DE


REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
© PrP/UEG – 2021.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


BR-153 – Quadra Área Km 99, 75.132-903 – Anápolis – GO

Valter Gomes Campos (Reitor)

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação


Everton Tizo Pedroso (Pró-Reitor)

Coordenação de Projetos e Publicações


Coordenação Editorial: Elisabete Tomomi Kowata
Revisão Técnica: Thalita Gabriele Lacerda Ribeiro

Marcos da Silva Loureiro

João Marcos Guimarães Oliveira

Revisão Geral
João Ferreira de Oliveira

A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio,


seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98.

Catalogação na Fonte
Comissão Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais (SIBRE),
Universidade Estadual de Goiás

P769 Política de educação superior : acesso, trabalho docente, e novos modos de regulação na produção do
conhecimento / vários autores ; organizado por Deise Mancebo, Karine Nunes de Moraes e Sylvana
de Oliveira Bernardi Noleto. – Anápolis, GO : Editora UEG, 2021. (Série : Anais do XXVIII Seminário
Nacional Universitas/BR : políticas de educação superior : tendências e perspectivas ; 1).
237 p. ; 16 x 23 cm ; e-Book.

Inclui bibliografia.
Realização: Universitas/BR; Universidade Estadual de Goiás; Fundação Carlos Chagas Filho de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
ISBN 978-65-88502-07-5

1. Políticas educacionais. 1.1. Educação superior - acesso. 1.2. Educação superior - docência. 1.3.
Educação superior - produção do conhecimento. I. Título.
CDU 378.014

Esta obra é em formato de e-Book e foi produzida com recursos da FAPERJ. A exatidão das referências, a
revisão gramatical e as ideias expressas e/ou defendidas nos textos são de inteira responsabilidade dos autores e

Universidade Estadual de Goiás.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2021

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


BR-153 – Quadra Área – CEP 75.132-903 – Fone: (62) 3328-1181 – Anápolis – GO
www.editora.ueg.br / e-mail: revista.prp@ueg.br/editora@ueg.br
Deise Mancebo
Karine Nunes de Moraes
Sylvana de Oliveira Bernardi Noleto
(Organizadoras)

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR


ACESSO, TRABALHO DOCENTE E NOVOS MODOS DE
REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Anápolis | GO
2021
SÉRIE

ANAIS DO XXVIII SEMINÁRIO NACIONAL UNIVERSITAS/BR:


POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR: TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS

COMISSÃO ORGANIZADORA COMITÊ CIENTÍFICO

A – COMISSÃO ORGANIZADORA NACIONAL Afrânio Mendes Catani - USP


Deise Mancebo – UERJ (Coordenação) Andréa Araujo do Vale - UFF
Karine Nunes de Moraes – UFG Antônia Costa Andrade - UNIFAP
João Ferreira de Oliveira – UFG Célia Regina Otranto - UFRRJ – Coordenador do
João dos Reis Silva Júnior – UFSCar GT-11 da ANPEd
Renata Ramos da Silva Carvalho – UEG Deise Mancebo - UERJ – Coordenadora da Rede
Nelson Cardoso Amaral – UFG Universitas/Br
Edineide Jezine Mesquita Araujo - UFPB
B – COMISSÃO ORGANIZADORA LOCAL João dos Reis Silva Júnior - UFSCar
Karine Nunes de Moraes – UFG (Coordenadora) João Ferreira de Oliveira - UFG
João Ferreira de Oliveira – UFG (Vice-Coordenador) José dos Santos Souza - UFRRJ
Romilson Martins Siqueira – PUC Goiás José Vieira de Sousa - UnB
Renata Ramos da Silva Carvalho – UEG Jussara Marques de Macedo - UFRJ
Nelson Cardoso Amaral – UFG Karine Nunes de Moraes - UFG
Suely Ferreira – UFG Luciene das Graças Miranda Medeiros - UFPA
Daniela da Costa Britto Pereira Lima – UFG Luiz Fernando Reis - UNIOESTE
Daniela Fernandes Gomes – IFNMG / Doutoranda UFG Maria do Carmo Lacerda Peixoto - UFMG
Marina Campos Nori Rodrigues – IF Goiano / Mestranda UFG Monica Molina - UnB
Gisele Gomes Avelar Bernardes – UEG Nelson Cardoso Amaral - UFG
Diana Regina dos Santos Alves Ferreira – Doutoranda UFG Salomão Hage - UFPA
Aline Fagner de Carvalho Costa - UFT Savana Diniz Gomes Melo - UFMG
Sylvana de Oliveira Bernardi Noleto - UEG Tereza Christina Mertens Aguiar Veloso - UFMT
Jhonny David Echalar - SECRETARIA ESTADUAL DE Vera Lúcia Jacob Chaves - UFPA
EDUCAÇÃO DE GOIÁS – SEE/GO
Suelaynne Lima da Paz - UEG
SUMÁRIO

PARTE 1 - TRABALHO DOCENTE NO MAGISTÉRIO SUPERIOR:


TÊNDENCIAS E DESAFIOS

1. O TRABALHO ACADÊMICO E O PRODUTIVISMO


MATERIALIZADOS NAS POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO 18
ANDRÉ BARCELLOS CARLOS DE SOUZA
LENIN TOMAZETT GARCIA
MARIA DAS GRAÇAS MONTEIRO CASTRO

2. A INFLUÊNCIA DO PRODUTIVISMO ACADÊMICO NO TRABALHO DO PROFESSOR


UNIVERSITÁRIO NA CONTEMPORANEIDADE: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA 21
BRENO ALVES DOS SANTOS BLUNDI
MARIA DENISE GUEDES

3. ALIENAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NA SOCIEDADE DE CONTROLE 24


CARLA GUIMARÃES FERREIRA

4. O RETORNO AO TRABALHO DE SERVIDORES INATIVOS DE UMA IFES: ESTRATÉGIA DE


MEDIAÇÃO FRENTE AOS DESAFIOS DO PROCESSO DE APOSENTADORIA? 27
CARLA VAZ DOS SANTOS RIBEIRO
CAROLINE SERRA SOARES
ANA GABRIELLE SOUSA COSTA
LÍCIA CALVET ARAÚJO

5. AS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS COMO FATOR DE INTENSIFICAÇÃO E


EXTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NA UFOB 30
DAYTON FERNANDO PADIM
EDUARDO PINTO E SILVA

6. AS NOVAS LEGISLAÇÕES TRABALHISTAS E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE DO


TRABALHADOR: UMA ANÁLISE DO CAMPO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 32
DENISE BESSA LEDA
LUCELMA SILVA BRAGA

7. ALGUMAS PISTAS DA PERSPECTIVA MERCADOLÓGICA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA 35


DILENO DUSTAN LUCAS DE SOUZA
MAÍSA APARECIDA DE OLIVEIRA
ANDIARA FLORESTA HONOTÓRIO
8. DO ADOECIMENTO DOCENTE AO SUICÍDIO DISCENTE: UM ITINERÁRIO DE
PESQUISA SOB O EIXO DO TRABALHO E SUBJETIVIDADE NA UNIVERSIDADE 38
EDUARDO PINTO E SILVA/ UFSCAR

9. PNE E PÓS-GRADUAÇÃO: CONTRADIÇÕES NO CUMPRIMENTO DA META 14 41


ESDRAS TAVARES DE OLIVEIRA

10. DESMONTE DAS CARREIRAS DO MAGISTÉRIO SUPERIOR E


44
FRANCILENE MACEDO ROCHA
PAULA FRANCISCA DA SILVA
RAFAELA CAMPOS DUARTE SILVA -
SAVANA DINIZ GOMES MELO

REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A FORMAÇÃO E DAS PRÁTICAS DOCENTES 47


GEORGE MARTINS CUSTÓDIO
RAIMUNDO MÁRCIO MOTA DE CASTRO

12. TRABALHO DOCENTE E EDUCAÇÃO SUPERIOR NA AMAZÔNIA:


O QUE OS ESTUDOS DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO DA REGIÃO NORTE REVELAM (2009 A 2019)? 58
ILMA DE ANDRADE BARLETA
LEVI SILVA LEMOS

13. DOCENTES UNIVERSITÁRIOS NO TRABALHO APÓS DIREITO À APOSENTAÇÃO 60


MARIA DA CONCEIÇÃO ROSA CABRAL

14. O TRABALHO DOCENTE NA MODALIDADE DA EDUCAÇÃO A


DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR: A INVISIBILIDADE DO VISÍVEL 63
MARIA DO SOCORRO CARNEIRO DE LIMA

15. OS INDICADORES DO TRABALHO NA PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO NO BRASIL 66


PAULIANE ROMANO
SAVANA DINIZ GOMES MELO
JOSÉ ÂNGELO GARIGLIO

16. INFLUÊNCIAS NEOCONSERVADORAS PARA A


POLÍTICA/GESTÃO DA EDUCAÇÃO E O TRABALHO DOCENTE 71
ROBERTO FRANCISCO DE CARVALHO
DORACY DIAS AGUIAR DE CARVALHO

17. EDUCAÇÃO E NEOLIBERALISMO: A CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS 74


ROSIMÊ DA CONCEIÇÃO MEGUINS
EDUCAÇÃO SUPERIOR

1. A PERMANÊNCIA ESTUDANTIL DE ESTUDANTES QUILOMBOLAS NA


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA-UESB 83
ADRIANA DA SILVA SOUZA
IRACEMA OLIVEIRA LIMA

2. A EQUIDADE NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA: UM ESTUDO SOBRE O PERFIL


SOCIOECONÔMICO DOS ESTUDANTES DE CURSOS PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA 86
ANA MARIA DE ALBUQUERQUE MOREIRA
CATARINA DE ALMEIDA SANTOS
DANIELLE XABREGAS PAMPLONA NOGUEIRA
SILENE LOZZI

3. OS SETORES DE ATENDIMENTO AOS ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NAS


INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICO EM FOZ DO IGUAÇU 89
ANA PAULA OLIVEIRA SILVA DE FERNÁNDEZ
IVANIR GOMES DA SILVA
ANDREIA NAKAMURA BONDEZAN
ELIANE PINTO DE GÓES

4. ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO CONTEXTO DE


EXPANSÃO E INTERIORIZAÇÃO DA UFMA 92
ANA PAULA RIBEIRO DE SOUSA
LEONARDO JOSÉ PINHO COIMBRA

5. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO ESTRATÉGIA DE


PERMANÊNCIA PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA 95
ANIELISE MASCARENHAS GUEDES
CARINA ELISABETH MACIEL
ELISIANE MASCARENHAS GUEDES

6. POLÍTICAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR E O ACESSO DE


ESTUDANTES TRANSEXUAIS E TRAVESTIS 98
CARINA ELISABETH MACIEL
TATIANE LIMA

7. ACESSO E PERMANÊNCIA: QUESTÕES PRELIMINARES 101


CARLA AGDA GONÇALVES
VIVIANE CARDOSO MARTINS

8. AS FUNDAÇÕES EDUCACIONAIS MUNICIPAIS E A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 104


CLEIA SIMONE FERREIRA
KELLY CRISTINA DA SILVA RUAS
9. O IMPACTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO ACESSO E NA PERMANÊNCIA NO
ENSINO SUPERIOR DOS ALUNOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UFRN 107
DANIELE DA ROCHA CARVALHO
ALDA MARIA DUARTE ARAÚJO CASTRO
RIDALVO MEDEIROS ALVES DE OLIVEIRA

10. O PERFIL DOS ESTUDANTES EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO


DISTRITO FEDERAL E SUAS EXPECTATIVAS QUANTO À EDUCAÇÃO SUPERIOR 110
DANIELLE XABREGAS PAMPLONA NOGUEIRA
BÁRBARA BEATRIZ DA SILVA
NATALIA RODRIGUES FARIA

11. A EVASÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONCEITOS E SENTIDOS 113


DÉBORA ROGÉRIA NERES DE SOUZA GARCIA
CARINA ELISABETH MACIEL

12. A EVASÃO EM CURSOS DE BACHARELADO E LICENCIATURA 116


EDINEIDE JEZINE
MARIA DA SALETE BARBOZA DE FARIAS
SÂNYA TELES BARBOSA

13. O IMPACTO DO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA


PERMANÊNCIA DE DISCENTES COTISTAS DO INSTITUTO FEDERAL DA
BAHIA - CAMPUS VITÓRIA DA CONQUISTA 120
EDNALDO SILVA GOMES
IRACEMA OLIVEIRA LIMA

14. PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DOS ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:


RELAÇÕES COM A PERMANÊNCIA 123
ELIZETH GONZAGA DOS SANTOS LIMA
DIONÊ PEREIRA DE SOUZA
FERNANDO CEZAR VIEIRA MALANGE

126
FRANCIELE APARECIDA HENRIQUE TAVEIRA
CARINA ELISABETH MACIEL
KELLY CRISTINA DA SILVA RUAS

16. ESTUDO SOBRE AS CAUSAS DA EVASÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA


MODALIDADE EAD NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 129
GILLEVELENEWE SOUSA REZENDE
ANDRÉIA QUINTANILHA DA SILVA SOUSA
17. PROGRAMA VESTIBULAR SOCIAL DA PUC GOIÁS E O PERFIL DOS
JOVENS INGRESSANTES DO PROGRAMA 137
GILZA CARLA TEMOTEO MELO
CLÁUDIA VALENTE CAVALCANTE

18. PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES) E A REALIDADE DA


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO CAMPUS ANGICOS 140
GIRLIANY SANTIAGO SOARES
ANDRÉIA DA SILVA QUINTANILHA SOUSA

19. A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR:


RECORTE DE GÊNERO NO CURSO DE AGRONOMIA DO IF GOIANO 143
HELLYANY SILVA GODOY DE SOUZA
CLÁUDIA VALENTE CAVALCANTE

20. A OPERACIONALIZAÇÃO DOS RECURSOS ADVINDOS DO PNAES NA UFRN:


O QUE DIZEM OS NÚMEROS? 148
JONATHAN ALVES MARTINS
ANDREIA DA SILVA QUINTANILHA SOUSA

21. INCLUSÃO DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NAS


INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS DE FOZ DO IGUAÇU-PR:
PERSPECTIVAS E DESAFIOS DOS DOCENTES 151
KÁTIA BIFF ROSSI
ELIANE PINTO DE GOES

22. A VIVÊNCIA NA MORADIA ESTUDANTIL E SUAS


REPERCUSSÕES SOBRE O PROCESSO DE AFILIAÇÃO À VIDA ACADÊMICA 160
LETÍCIA PEREIRA DE SOUSA
MARIA DO CARMO DE LACERDA PEIXOTO

23. A PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR:


UM OLHAR PARA O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET) 162
LUCIANA LOPES FERREIRA CORREA
CARINA ELISABETH MACIEL
JOELMA INÊS EVANGELISTA

24. ACESSO E PERMANÊNCIA ESTUDANTIL NA UNIFESP: UMA


ABORDAGEM A PARTIR DA PERSPECTIVA DA TEMPORALIDADE 165
MAÍRA TAVARES MENDES

25. PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: PROPOSIÇÕES INSTITUCIONAIS


PARA O CURSO DE FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 168
MARCELLO FERREIRA
ANDRÉIA MELLO LACÉ
DANIELLE XABREGAS PAMPLONA NOGUEIRA
26. MINERAÇÃO DE DADOS EDUCACIONAIS E A
PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR 171
MARCELO ROCHA MEIRA
FERNANDO CEZAR VIEIRA MALANGE

27. A EVASÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (2008-2012):


APONTAMENTOS PRELIMINARES 174
MAURO CUNHA JÚNIOR
SILVIA HELENA ANDRADE DE BRITO

28. GESTÃO DA AÇÃO AFIRMATIVA EM UNIVERSIDADES BRASILEIRAS:


REFLEXÕES SOBRE A AUTODECLARAÇÃO E A EXCLUSIVIDADE DA
HETEROIDENTIFICAÇÃO FENOTÍPICA 176
PAULO ALBERTO DOS SANTOS VIEIRA

29. OS MÚLTIPLOS ASPECTOS DA PERMANÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR A


PARTIR DO RELATO DE UM ESTUDANTE DO CURSO DE PEDAGOGIA 178
RENATA DO NASCIMENTO DE SOUZA

30. O ENSINO SUPERIOR E A PERMANÊNCIA ESTUDANTIL:


AS MARCAS DO SISTEMA CAPITALISTA 181
SIMÉIA OLIVEIRA NUNES BEZERRA
IRACEMA OLIVEIRA LIMA

31. PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA ANÁLISE DO PERFIL DOS


ESTUDANTES DOS CURSOS DE LICENCIATURA DA UNEMAT –
CÂMPUS JANE VANINI EM RELAÇÃO À PERMANÊNCIA 184
SUZELY PAESANO NEVES
HELOISA SALLES GENTIL
FERNANDO CEZAR VIEIRA MALANGE

32. POPULARIZAÇÃO DO ACESSO ÀS UNIVERSIDADES PÚBLICAS ESTADUAIS E


PERMANÊNCIA ESTUDANTIL: EXPERIÊNCIA DE UMA PRÓ-REITORIA DE
GRADUAÇÃO NO INTERIOR DO ESTADO DA BAHIA 188
TALAMIRA TAITA RODRIGUES BRITO

33. DA ESCOLA PÚBLICA DE CÁCERES-MT À


EDUCAÇÃO SUPERIOR: INGRESSANTES 2020/1 191
VALDICEIA MOREIRA RIBEIRO
HELOISA SALLES GENTIL
ALINE SILVA DE ASSIS
PARTE 3 - A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO

1. O PAPEL DO CURRÍCULO NA PRODUÇÃO DE NOVOS SUJEITOS:


REFLEXÕES ACERCA DA FINALIDADE DA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE ATUAL 195
ALINE RODRIGUES ALVES ROCHA
GISLAINE BURAKI DE ANDRADE
MARIO LUIZ NEVES DE AZEVEDO

2. REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE MERCANTILIZAÇÃO DA


EDUCAÇÃO SUPERIOR: O CASO BRASIL PÓS DÉCADA DE 1990 197
ALINE RODRIGUES ALVES ROCHA
GISLAINE BURAKI DE ANDRADE
MICHELE DE OLIVEIRA JIMENEZ
MÁRIO LUIZ NEVES DE AZEVEDO

3. CURSOS SUPERIORES A DISTÂNCIA E PNE: A CONTRIBUIÇÃO DA


200
DANIELA DA COSTA BRITTO PEREIRA LIMA
MARINA CAMPOS NORI RODRIGUES

4. EXPANSÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO RIO GRANDE DO NORTE 203


GILNEIDE MARIA DE OLIVEIRA LOBO
ALDA MARIA DUARTE ARAÚJO CASTRO

5. AS MUDANÇAS NA CARGA HORÁRIA A DISTÂNCIA NOS


CURSOS DE GRADUAÇÃO PRESENCIAL 206
GISELE GOMES AVELAR BERNARDES
JOÃO FERREIRA DE OLIVEIRA

6. ACOLHIMENTO E PERMANÊNCIA: A AÇÃO INSTITUCIONAL PARA


A ADAPTAÇÃO DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO 209
HELLEN CRISTINA XAVIER DA SILVA MATTOS
MARIA CRISTINA DA SILVEIRA GALAN FERNANDES

7. CAPITALISMO COGNITIVO E PRODUÇÃO DA SUBJETIVIDADE:


DESLOCAMENTOS NA PESQUISA EM POLÍTICA EDUCACIONAL 212
JEINNI KELLY PEREIRA PUZIOL

8. MUDANÇAS NA AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR DE 2016 A 2019:


215
JOÃO FERREIRA DE OLIVEIRA
ALINE FAGNER DE CARVALHO E COSTA
DANIELA FERNANDES GOMES
218
JOSÉ AUGUSTO EWERTON DE SOUSA
FABÍOLA BOUTH GRELLO KATO

10. EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICA FEDERAL: EXPANSÃO E DEMOCRATIZAÇÃO 221


KARINE NUNES DE MORAES
LUIZ FERNANDES DOURADO

11. AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PELA CAPES EM

INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 224


MÁRIO LUIZ NEVES DE AZEVEDO

12. BACHARELADOS INTERDISCIPLINARES:


NOVA FORMA DE FLEXIBILIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR 226
RAPHAEL LACERDA DE ALENCAR PEREIRA
ALDA MARIA DUARTE ARAÚJO CASTRO

13. TRAJETÓRIA ACADÊMICO-CIENTÍFICA DA ESTUDANTE UNIVERSITÁRIA:


229
TAMARA CRISTINA VIANA MIRANDA
MAÍSA APARECIDA DE OLIVEIRA

14. PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO CAMPO DAS POLÍTICAS DE


DEMOCRATIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR - LEITURAS SOBRE A EVASÃO 232
TAMIRIS APARECIDA FACHINETTI
MARIA CRISTINA DA SILVEIRA GALAN FERNANDES
INTRODUÇÃO

O presente e-book “Política de educação superior: acesso, trabalho


docente e novos modos de regulação na produção do conhecimento” nasceu
do esforço coletivo de produção intelectual de pesquisadores e estudantes que
integram a Rede Universitas/Br (www.redeuniversitas.com.br). Os trabalhos
aqui reunidos foram inscritos no Seminário online realizado no período de 26 a
28/05/2021, online, sob a coordenação da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Goiás (FE/UFG), contando com a participação direta do Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Goiás, e da Pontifícia
Universidade Católica de Goiás.
O evento foi promovido pela Rede Universitas/Br (www.redeuniversitas.
com.br), que se caracteriza como uma rede acadêmica de pesquisadores de
instituições de educação superior de todas as regiões do país, visando à pesquisa
e interlocução sobre políticas de educação superior desde o início dos anos 1990.
Trata-se de evento com forte tradição na área de políticas de educação superior.
O XXVIII Seminário conta com a participação dos pesquisadores, estudantes

diversas regiões e universidades do país, bem como de investigadores da Rede


Universitas/Br, que apresentarão resultados de suas pesquisas.
O XXVIII Seminário objetiva: a) analisar a educação superior brasileira,
buscando compreender os novos modos de regulação, tendências e perspectivas;
b) problematizar como as mudanças econômicas, políticas, sociais e reformas
institucionais que tem impactado a educação superior; c) discutir as mudanças

superior e suas repercussões para a ampliação do direito à educação superior.

diferentes universidades brasileiras, de todas as regiões do país e teve apresentação


de mesas temáticas integradoras, mesas redondas, sessão para comunicação oral,
contemplando os 8 (oito) eixos temáticos que compõem a Rede Universitas/

dinâmica de tomadas de decisões pelas instituições; 4) O trabalho nas instituições


de educação superior brasileiras; 5) Acesso, permanência e evasão de estudantes

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 15


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
da educação superior pública e sua interface com demandas do ensino médio
público, na perspectiva da inclusão; 6) Novos modos de regulação e as tendências
em construção no campo da produção do conhecimento; 7) Educação superior
do campo, formação de professores e suas contribuições para as políticas de
educação superior e para o desenvolvimento do campo e da sociedade brasileira;
8) Novos modos de regulação, tendências em construção e trabalho docente na

Este E-book, em particular, reúne estudos que discutem: o trabalho nas


instituições de educação superior brasileiras (Eixo 4); o acesso, permanência e
evasão de estudantes da educação superior pública e sua interface com demandas
do ensino médio público, na perspectiva da inclusão (Eixo 5); e, os novos
modos de regulação e as tendências em construção no campo da produção do
conhecimento (Eixo 6). O exame crítico das políticas de acesso, trabalho docente
e produção
estudos e análises neste livro. Esperamos que este e-book possa contribuir
efetivamente com os estudos críticos na área, de modo a ampliar os estudos que
integram a Rede Universitas/Br e outros grupos de estudo que atuam no campo
da educação superior no Brasil.

16 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PARTE 1

TRABALHO DOCENTE NO MAGISTÉRIO SUPERIOR:


TENDÊNCIAS E DESAFIOS
O TRABALHO ACADÊMICO E O PRODUTIVISMO
MATERIALIZADOS NAS POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO

André Barcellos Carlos de Souza


Faculdade de Educação - UFG
andrebcsouza@gmail.com

Faculdade de Educação Física e Dança - UFG


lenintomazettgarcia@gmail.com

Maria das Graças Monteiro Castro


Faculdade de Informação e Comunicação - UFG
gracamcastro@gmail.com

RESUMO

Este trabalho se propõe a investigar como os processos de organização


do trabalho docente nas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas atualizam

neoliberais empenhadas, em especial a partir da década de 1990, as Universidades


sintonizam-se à lógica das Organizações Sociais, e nesta esteira transformadora, se
sintonizam à lógica do mercado. Este processo abre um novo espectro histórico
nas IES públicas, que pode ser compreendido na investigação da forma como o

avaliação e progressão docente.


A compreensão da concepção neoliberalista no contexto da globalização,
que impulsionou mudanças econômicas a partir da década de 1990, ajuda a
esclarecer as transformações que impõem uma lógica produtivista como forma de
regular a reorganização mundial da economia e do trabalho (HARVEY, 2011). Na

operadas no trabalho docente, tendo por fundamento a análise do trabalho, sob a


perspectiva marxista. Essa discussão abrange tópicos como a natureza do trabalho
acadêmico e o produtivismo nele materializado.
Para compreender o neoliberalismo, é importante situá-lo na história do
desenvolvimento do capitalismo, da sua (re)produção, que em última análise se
remete ao enigma da alienação e do fetiche (MARX, 1985). Dessa forma é possível
desvelar na estrutura da relações mercantis as determinações objetivas e suas

é que o próprio trabalho, individual e coletivo, é tomado como independente


18 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
das suas próprias condições, pois, de fato, assim o é. Tanto objetivamente
como subjetivamente o trabalho se opõem aos trabalhadores, uma abstração
do trabalho humano que se objetiva nas mercadorias, sejam elas materiais ou
espirituais. A racionalização torna o trabalho abstrato, comparável, mensurável,
igual, implicando condicionalmente na divisão e especialização do trabalho, na

mercadorias acadêmicas, como quaisquer outras, são contabilizadas segundo o seu


maior ou menor valor no mercado acadêmico, movimentando-se segundo as leis

Essa racionalização, entretanto, não passa de aparência, mas esta aparência é


necessária enquanto aparência para a (re)produção do capitalismo, e que se
desenvolve ocultando as contradições inerentes ao processo, e o neoliberalismo é
a sua forma contemporânea.
Empiricamente se percebe que essa reestruturação atinge as universidades

estratos hierárquicos alcançando as unidades acadêmicas dentro das universidades

competição aos docentes dentro das suas unidades.


O tema do produtivismo acadêmico tem sido estudado por diferentes
autores (SGUISSARD e SILVA JR, 2009; ALCADIPANI, 2011; SILVA, JR., 2017)
que delineiam uma apreensão quantitativa da ciência, induzida pelos sistemas de
avaliação da produção acadêmica impondo um modelo instrumentalizado de
apreciação e produção do conhecimento reduzindo-a aos seus produtos.
A reestruturação produtiva das IES expressa uma concepção meritocrática,

meio do rendimento do trabalho docente. Tal premissa reforça a fragmentação do


processo produtivo induzindo ao individualismo, incentiva a competitividade e, ao
criar uma métrica única de avaliação, institui um instrumento de responsabilização
e controle das atividades docentes. Ademais, insiste em priorizar a iniciativa
individual como instrumento do progresso coletivo, desvinculando a ideia de
justiça social à ideia de igualdade social.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 19


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALCADIPANI, Rafael. Resistir ao produtivismo: uma ode à perturbação


acadêmica. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, dez. 2011.

HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. 2.ed. São Paulo:


Loyola, 2011.
MARX, Karl. O capital. v. 1. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural,1985.

SGUISSARDI, Valdemar; SILVA JÚNIOR, João dos Reis. Trabalho


: pós-graduação e produtivismo acadêmico. São
Paulo: Xamã, 2009.

SILVA JÚNIOR, João dos Reis. The new brazilian university: a busca por
resultados comercializáveis: para quem? Bauru: Canal 6,2017.

20 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A INFLUÊNCIA DO PRODUTIVISMO ACADÊMICO NO
TRABALHO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA
CONTEMPORANEIDADE: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA

Breno Alves dos Santos Blundi


Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
brenoblundi@outlook.com

Maria Denise Guedes


Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP
mdgyuri@hotmail.com

INTRODUÇÃO DO PROBLEMA

O trabalho que se segue é desenvolvido a partir de uma análise maior


e mais completa efetuada por nós a partir de outra pesquisa. Nesse resumo

produtivismo acadêmico nas universidades públicas, bem como responder as

universitário?

DESENVOLVIMENTO

Para responder a primeira questão proposta nesse resumo, nos apoiamos


nos escritos de Bianchetti e Valle (2014) que, segundo eles, no âmbito acadêmico,
a lógica produtivista se iniciou logo após o “Processo ou Pacto de Bolonha”
de 1999, documento assinado por ministros da educação dos países da União
Europeia (UE) que visava a realização de ações de reestruturação do ensino
superior dos países da UE, com o objetivo principal de promover e elevar a
competitividade nacional e internacional do sistema europeu de ensino superior.
Para o ano de 2010, o Processo de Bolonha previa um aligeiramento da
graduação, mestrado e doutorado, encaminhando-se em ciclos que se concretizavam

que seria o alcance desta meta que garantiria


, isto é, a que, juntamente com
a e o reforço à “competitividade
, formaria assim o tripé que assenta as principais asserções do
Processo de Bolonha, culminando em uma política pública transnacional.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 21


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A partir da década de 1990, no Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento

de Bolonha juntamente com a tendência americana do “publish or perish”


(publique ou pereça), sendo a última uma das mais determinantes na CAPES

passou a ser conduzida. Deste modo a PG, segundo Bianchetti e Vale (2014),

e, principalmente, a lidar com situações que envolvem um grande grau de


competição entre os Programas.
Nessa perspectiva, Bianchetti e Machado (2007), ressaltam que já é tempo

publicações, isto é, se estão publicando para que estes trabalhos sejam expostos
para a sociedade ou, somente para aumentar os pontos nas avaliações e conseguir
captar mais recursos. Os autores, ainda evidenciam os problemas de saúde mental
que os pesquisadores desenvolvem em função da pressão produtivista a que estão
submetidos, como por exemplo: suicídios, crises de ansiedade, ataques de pânico,
quadros de depressão, problemas de socialização, culpabilização por se divertir no
tempo vago, entre outros.

CONCLUSÕES

Consideramos que a ciência brasileira está marcada pelo imediatismo,


pelo quantitativo e pela loucura desenfreada denominada por produtivismo
acadêmico, fenômeno esse que é desenvolvido por órgãos de avaliações e agências
de fomento à pesquisa. O qual, isola o pesquisador, o aliena e o distancia da

capital e do enfrentamento que deveria ser realizado para a efetivação do direito


de produção de ciência com resultados na sociedade civil organizada, seja de
qual área do conhecimento for, isto é, sendo área “estratégica” ou não. A luta é
necessária e extremamente árdua, porém, o recanto e o repouso na tranquilidade

aos olhos.

22 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

BIANCHETTI, L.; VALLE, I. R. Produtivismo acadêmico e decorrências


às condições de vida/trabalho de pesquisadores brasileiros e europeus.
Ensaio: aval. Pol. Públ. Educ., Rio de Janeiro, v.22, n. 82, p. 89-110, jan./mar.
2014.

BIANCHETTI, L.; MACHADO NETO, A. M.

trabalho na pós-graduação
Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), anais de evento, grupo de trabalho 09,

Int.pdf>, acessado em 12 de fev de 2020.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 23


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ALIENAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NA
SOCIEDADE DE CONTROLE

Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ


xcarlaguimaraesx@gmail.com

RESUMO

Sequência dos estudos do Universitas 2019 – quando a autora apresentou


que o capitalismo tece modos de captura da subjetividade, em especial no caso

tutela do Estado para controlar as subjetividades. A educação é regida de forma


normalizadora e tutelar. Sem discussões coletivas, a autonomia do docente se
fragiliza, eles e seu trabalho são desvalorizados” (FERREIRA, 2019), de modo a
limitar novas subjetividades.
Na época, outras sete formas de captura de subjetividade foram citadas: 1)
despolitização do sujeito através de tentativas de redução de debates e as retirada

recompensa e autoestima. A recompensa simbólica de Bourdieu, desempenha


papel primordial na construção de subjetividades; 4) abalo do coletivo induzindo
ao individualismo e à concorrência; 5) política de tornar o sujeito autocontido,
sem disposição para lutas sociais; 6) educação para produzir subjetividades
que reforcem o poder do capital; 7) uso da tecnologia na manutenção de um
pensamento hegemônico, normatizando condutas como a mentira e a falta de
ética.

os métodos avaliativos e de concessão de recursos de órgãos como a CAPES e o


CNPq, aliados a novos dispositivos como a tentativa de se implantar o programa
Future-se, têm implicado em impedimentos à livre subjetivação do docente, à
submissão das pesquisas aos interesses do mercado e à naturalização da lógica
privada, dando continuidade ao projeto neoliberal de tornar a educação uma

controle do Estado.
Conforme Sguissardi e Silva Jr (2009), o cotidiano docente está inserido
numa heterogestão, onde a universidade é gerida pelo Estado e pelo mercado,
mediados por CAPES e CNPq. Estado este controlado por organismos

24 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
multilaterais. De acordo com Wood (2001), enquanto houver Estado, haverá
necessidade de controlá-lo e de proteger os poderes externos e as organizações
independentes que existem fora dele.
A heterogestão divide o sistema em quem controla e quem executa.
Segundo Prestes Motta (1981), com ela o sistema capitalista assegura sua
própria reprodução. O trabalho não depende mais da capacidade intelectual do
trabalhador, mas de políticas gerenciais; e o trabalho cerebral pertence a quem
controla; sendo este ente responsável pelo monopólio do conhecimento como
forma de controle (MONTEIRO, 2008).
O oposto de heterogestão é a autogestão. Tragtenberg (2012) explica
a autogestão pedagógica com base na união indissolúvel entre trabalho e
pesquisa, teoria e prática, contrariamente às segmentações clássicas, tayloristas e
produtivas. Segundo o autor, ela faz da educação “condição da autoemancipação
dos trabalhadores e, portanto, de toda a sociedade”. Na autogestão pedagógica
o processo de ensino é organizado pelos próprios envolvidos. Diferente da

mercado.
Depois da crise política que se instaurou no país, o cenário atual tende a
piorar. É necessário analisar o retrocesso, não só geral, mas particularmente das
universidades públicas. Mais do que nunca, após o golpe parlamentar-judicial-
midiático e tendo em curso ataques à educação e ao conhecimento, é necessário
romper o silêncio cúmplice que nos estão impondo (MANCEBO, 2017) e pautar
o debate sobre as políticas educacionais que desalienem o sujeito.
Ao percebermos a universidade como instituição responsável pela
emancipação do homem e que, portanto, deve formar cidadãos conscientes, o
debate proposto se vê como integrante de uma discussão maior: a busca pelo

pelo qual atravessa o país enseja que a sujeição ao modus operandi capitalista seja
questionado na perspectiva desse mesmo sentido educador.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, Carla G. Construção de Subjetividades do Indivíduo Docente.


2019. In: Universitas, 2019, Foz do Iguaçu, 2019.

MANCEBO, Deise. Crise Político-Econômica no Brasil: Breve Análise da


Educação Superior

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 25


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
MONTEIRO, Helen S. M.
. Especialização em Gestão Pública. Univ. Candido Mendes/RJ.
2008.

PRESTES MOTTA, Fernando C. Burocracia e Autogestão: A proposta de


Proudhon. SP: Brasiliense, 1981.

SGUISSARDI, Valdemar; SILVA JR, João dos Reis.


. SP: Xamã, 2009.

TRAGTENBERG, Maurício. Educação e Burocracia. SP: Unesp, 2012.

WOOD, Ellen M. A origem do capitalismo. RJ: Jorge Zabar, 2001.

26 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
O RETORNO AO TRABALHO DE SERVIDORES INATIVOS
DE UMA IFES: ESTRATÉGIA DE MEDIAÇÃO FRENTE AOS
DESAFIOS DO PROCESSO DE APOSENTADORIA?
Carla Vaz dos Santos Ribeiro
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
carlavazufma@gmail.com
Caroline Serra Soares
Faculdade do Estado do Maranhão - FACEM
linnyoliver@hotmail.com
Ana Gabrielle Sousa Costa
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
costa.anagabrielle@hotmail.com

Universidade Federal do Maranhão - UFMA


liciacalvet@hotmail.com
RESUMO

O presente ensaio está articulado a um projeto maior realizado por


um grupo de estudos e pesquisas que discute sobre o retorno ao trabalho de
servidores aposentados, técnicos ou docentes, de uma IFES.
Compreende que em uma sociedade marcada pela centralidade do
trabalho, o labor é entendido enquanto aspecto primordial para a construção
da identidade e saúde mental. A relevância do trabalho como um dos principais
alicerces da constituição do sujeito se evidencia na sua ausência, seja por
desemprego, adoecimento ou aposentadoria. (RIBEIRO; LÉDA, 2018).
Nessa direção, discute que a vivência de afastamento do cotidiano

um dos mais importantes processos de mudança e ruptura na vida das pessoas


adultas – propicia, na experiência do “não trabalho”, acentuada repercussão
na subjetividade. Defende que a opção de permanecer trabalhando depois de

Partindo destas premissas, este estudo visa investigar o quanto o retorno

mundo do trabalho. Para o alcance de tal objetivo análises teóricas – fundamentadas


em conceitos da abordagem da Psicodinâmica do Trabalho e da Psicossociologia
do Trabalho – foram articuladas a falas extraídas de entrevistas semiestruturadas
realizadas com aposentados que retornaram ao trabalho remunerado ou voluntário,
seja na instituição de origem ou em outra instituição. Na análise dos discursos dos

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 27


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
mudança do vínculo de servidor ativo para inativo. Falas que revelam a enorme

Eu não me sinto aposentada, né? Nunca me senti aposentada. Desde que até
ontem tava comentando que nunca tive férias depois que me aposentei [...] Olha,
na realidade não foi um retorno...foi uma permanência, porque não cheguei a
sair, não cheguei a parar, né? Eu acho que o amor muito grande a esse trabalho.
(Técnica 01)

Eu não sai nenhum dia daqui, apenas tomei conhecimento e assinei que eu estava
aposentada. A carga horária continua a mesma, 8 horas, rigorosamente. Nem
férias eu tirei. (Técnica 02)

Entretanto, também há servidores aposentados que lançam mão da


possibilidade de retorno ao trabalho, seja na universidade ou em outra instituição,
que vivenciam a transição de modo distinto. Não é incomum, nessa fase de
transição, desempenharem a atividade laboral, em ritmos e contornos diferentes,
para desacelerarem. Essa estratégia de enfrentamento visa diminuir de modo
gradual a rotina frenética que muitos estão envolvidos, buscando uma preparação

Eu tenho dito que eu vou fazer uma transição, uma outra transição, para me
afastar completamente. Aí um afastamento que eu vou me preparar é como se eu
tivesse, do ponto de vista mais pessoal,

tentando encontrar um prazo, que no momento aparece pra mim como até a
próxima jornada de políticas públicas daqui a dois anos.

parte de você [grifo nosso]. (Docente 1).

Constatou-se que, diante da complexidade do processo de ruptura com


o mundo do trabalho, a realização de uma atividade laboral após a conquista

analisada por diversos ângulos, por vezes, comparecendo como estratégia de


defesa, de negação e até de temor frente à aposentadoria. Mas também, em
outras situações, o retorno ao trabalho pode comparecer como uma estratégia de
enfrentamento saudável diante da transição do tempo de produção para o tempo
não-trabalho.
Fica explícito que o trabalho ao mesmo tempo descrito como sufocante,
com demandas excessivas, é também conclamado a não ser perdido. As
contradições são muitas e neste cenário, a preparação para a aposentadoria se torna

28 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
desacelerar e permanecer ativo. Propicia-se, deste modo, condições favoráveis à
criação de oportunidades para reconstituir a sua subjetividade e conquistar novas
possibilidades de referência social.

REFERÊNCIA

RIBEIRO, C. V. S.; LEDA, D. B. Sentidos atribuídos ao trabalho na sociedade


contemporânea e as repercussões na subjetividade do trabalhador. Revista
Espaço Acadêmico

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 29


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
AS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS COMO FATOR DE
INTENSIFICAÇÃO E EXTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO
DOCENTE NA UFOB

Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB


padimdf@gmail.com
Eduardo Pinto e Silva
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
dups02@gmail.com

RESUMO

Silva houve expansão de vagas no ensino superior federal depois de décadas


de estagnação. No âmbito do Ministério da Educação (MEC) e da Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil

2017 e 2018).

aprovada a criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), tendo


como sede a cidade de Barreiras e criação de quatro novos campi.
Ao levantarmos alguns dados sobre a expansão consideramos a hipótese
de que o tempo disponível para ministrar aulas, fazer pesquisa e extensão tenda a
diminuir. Um dos fatores seria a maior carga de atividades administrativas. O que
nos leva à seguinte indagação: de que maneira a demanda e assunção de atividades
administrativas pelos docentes impactaria nas suas demais atividades de trabalho
no contexto da UFOB?
Dados da Sinopse Estatística da Educação Superior 2017 do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) apontam
que o quantitativo de docentes em Universidades Federais em 2017 era de 95.772,
enquanto o de técnicos administrativos era de 106.598. Uma relação técnico/
professor de 1,11.

técnicos administrativos. Uma relação técnico/professor de 0,64 técnicos. Uma


diferença de aproximadamente 42% de técnicos a menos em comparação à média

30 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
geral das universidades. Com o número mais reduzido de técnicos administrativos

contratação de professor por tempo determinado. Por meio do E-SIC pudemos


constatar o tempo despendido semanalmente, em média, por cada docente que

cargos e tempo despendido. Na administração central (Reitoria) e campus Reitor

40 horas semanais, enquanto nos outros centros os cargos de CD-4 despendiam


no máximo 20 horas. Essa discrepância foi também observada nos cargos de
FG-1: em Barreiras havia docentes despendendo até 20 horas semanais, enquanto
que nos outros centros não mais do que 12 horas. O que nos dá indicativos de

docente na UFOB e comparativamente entre universidades.


Conclui-se que o trabalho do professor na universidade em expansão se

laboral e pode redundar em redução do tempo para uma dedicação mais efetiva
às atividades de ensino, pesquisa e extensão.

REFERÊNCIAS

Dispõe sobre a criação da


Universidade Federal do Oeste da Bahia - UFOB, por desmembramento
da Universidade Federal da Bahia - UFBA

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS


ANISIO TEIXEIRA. Sinopse Estatística da Educação Superior 2017.
Brasília: INEP, 2018.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 31


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
AS NOVAS LEGISLAÇÕES TRABALHISTAS E SEUS
IMPACTOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR: UMA ANÁLISE DO
CAMPO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Denise Bessa Leda


Universidade Federal do Maranhão - UFMA
denise.bessa.leda@gmail.com

Universidade Federal do Maranhão - UFMA


lucelma@hotmail.com

RESUMO

A compreensão das recentes reformulações nas legislações trabalhistas


do Brasil exige que situemos as transformações do mundo do trabalho no bojo
do processo de desenvolvimento e crise do modo de produção capitalista. A
investigação dos antecedentes históricos, políticos e econômicos que pavimentaram
as condições materiais e ideológicas para as transformações que impactaram na
educação superior brasileira é fundamental para entendermos os nexos entre o
passado e o presente. Desde início da década de 90, do século XX, sob a égide do
ideário neoliberal globalizado, a acumulação capitalista vem impondo uma política
de Estado que exige a redução dos gastos públicos e dos direitos sociais, além de
favorecer a desregulamentação do mercado de trabalho, atendendo ao capital e
seus interesses.
Nos últimos três anos, o governo brasileiro fortaleceu ações que
levou esse processo a um patamar ainda mais aprofundado, com tendência de
recrudescimento na conjuntura contemporânea fortemente reacionária, similar
ao que ocorre em outros países da América Latina, Europa e nos EUA. Entre
as iniciativas mais recentes levadas a cabo no país, que buscam aprofundar os
interesses do capital no mundo do trabalho, tivemos a aprovação de vários
dispositivos legais como a Emenda Constitucional
despesas primárias por vinte anos, a Lei
médio, a Lei Lei

MP 905/2019, que aprofunda o desmonte dos direitos trabalhistas, entre outros.


Nesse cenário, as instituições de educação superior (IES), públicas e
privadas, apresentam muitos elementos de precarização e proletarização, uma
vez que tais instituições e os trabalhos nelas desenvolvidos não passaram ilesos a
todo esse processo. No artigo intitulado “O trabalho nas instituições de educação

32 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
superior”, Mancebo, Silva Jr e Leda (2016) resgatam importantes estatísticas para
sustentar a análise sobre o processo de terceirização nesse campo. Tendo como
marco temporal, 1995, ano de início do Plano Diretor da Reforma do Aparelho

atividade nas IES, número que engloba técnicos (218.085) e docentes (161.645).

crescimento, portanto, de 114% em 19 anos (MANCEBO; SILVA JR; LEDA,

dessas contrarreformas na saúde dos trabalhadores, visto que tais leis devem

os setores. Além disso, e voltando o foco para as instituições públicas, a Emenda


Constitucional 95/2016, congela as despesas primárias, reduzindo-as em relação
ao PIB ou em termos per capita por vinte anos.
Com a incessante redução do gasto público com pessoal e encargos,
diversas medidas são tomadas e uma delas tem sido:

[...] o da redução do custo da própria força de trabalho através da implementação

as relações de trabalho e reduzem a folha de pagamento. E é neste campo que


ocorre, por exemplo, a terceirização da força de trabalho auxiliar [vigilância,
limpeza, auxiliar de escritório, etc] (MANCEBO; SILVA JR; LEDA, 2016, p. 746).

Também com a Reforma Trabalhista a precarização e proletarização

possibilidade do teletrabalho, pejotização1, trabalho intermitente, etc. Tudo isso

está em jogo.
Frente a esse panorama, a pesquisa em curso, ora em fase de levantamento

Reforma Trabalhista na saúde dos trabalhadores da educação superior, atuantes


em três diferentes categorias: docentes, administrativos e auxiliares de serviços

privadas.

¹O trabalhador constitui uma pessoa jurídica para prestar serviços a uma organização.atividades nos quais é
difícil perceber qualquer característica de dignidade e humanidade” (PINHEIRO; MONTEIRO, 2007, p.38).

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 33


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

MANCEBO, D; SILVA JR, J. dos R.; LEDA, D.B. O trabalho nas instituições de
Educação Superior. RBPAE

sobre à saúde mental. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, vol. 10, n.

34 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ALGUMAS PISTAS DA PERSPECTIVA MERCADOLÓGICA DA
UNIVERSIDADE PÚBLICA

Dileno Dustan Lucas de Souza - FACED/UFJF


Universidade Federal de Juíz de Fora - FACED/UFJF
dilenodustand@gmail.com

Universidade Federal de Viçosa - DPE/UFV


maisa.oliveira@ufv.br
Andiara Floresta Honotório

RESUMO

Este resumo ampliado tem como preocupação fazer uma breve discussão
da universidade pública e sua relação mercadológica por entender que precisamos
de uma universidade democrática que não precarize o trabalho no seu interior, seja:
docente, discente, técnicos ou mesmo os terceirizados. Ou seja, a universidade
deve se referenciar na classe que vive do trabalho capaz de servir à sua libertação
e auto- emancipação eliminando o fosso que existe entre o pensar e o fazer. A
saber:
Os socialistas estão aqui para lembrar ao mundo que em primeiro lugar devem vir

especiais de pessoas […], especialmente aquelas que são apenas pessoas comuns
[…] é delas que trata o socialismo, são elas que o socialismo defende. O futuro
do socialismo assenta-se no fato de que continua tão necessário quanto antes,
embora os argumentos a seu favor já não sejam os mesmos em muitos aspectos.
A sua defesa assenta-se no fato de que o capitalismo ainda cria condições e
problemas que não consegue resolver e que gera tanto a desigualdade (que pode
ser atenuada através de reformas moderadas) como a desumanidade (que não
pode ser atenuada). (HOBSBAWM, 1993, p. 268/269).

A Universidade, desde sua criação, procura desempenhar algumas funções


na sociedade, como, o de formar pessoas com competência de desenvolver

em alguns momentos práticos, sendo, portanto, considerada por muitos como


indispensável para a obtenção de prestígio social e econômico quando pensada a
partir da ideologia do capital humano. Na universidade acontecem experiências,
práticas e saberes, sendo um espaço intercâmbio sem precedentes entre cientistas,
técnicos, docentes, discentes, movimentos sociais populares, partidos e o chamada
empresariado.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 35


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A estrutura organizacional da universidade e as relações de poder por
esta instituída tendem a reproduzir as relações da sociedade global. Dessa forma,

socioeducativas no cotidiano universitário possibilita aos indivíduos uma visão

das condições materiais e sociais de existência de seus sujeitos. A universidade é


um espaço privilegiado para conhecer e vivenciar a cultura universal e as várias
ciências e tem avançado para as trocas de saberes com os movimentos populares

que há décadas existem duas tendências que se divergem no interior da universidade:


em termos sociológicos, a luta se daria entre uma corrente tecnocrática e outra

e utopia; em termos acadêmicos, o confronto se manifestaria como oposição


entre prática concreta e especulação abstrata.
Segundo Pimenta (2005), A universidade deve ser entendida no contexto

da crítica, que se sustenta na relação dialética entre ensino, pesquisa e extensão”


(PIMENTA, 2005, p. 162). A universidade tem por função produzir conhecimento
e tecnologia a partir da problematização de questões produzidas historicamente
e no cotidiano social e, por conseguinte, aplicadas às demandas apresentadas
pela sociedade e movimentos sociais populares. A universidade, mediante o que

moderna, representativa e historicamente mais adequado a tornar mais fácil a


relação entre universidade e sociedade visando transformá-la e socializá-la
gerando saberes sociais que tenha referência na herança cultural popular.

“mudança”, sabe-se que as relações que se constituem têm por base a implicação
nas próprias relações sociais e na sua hierarquização, ao considerar o capital
cultural legitimado, onde esse rege as regras que instituem os conteúdos e trazem
consigo suas histórias dentro do processo histórico do capital.

36 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

BOURDIEU. P. Questões de sociologia

CHAUÍ, Marilena de Souza. Escritos sobre a Universidade. São Paulo: UNESP,


2001. PIMENTA, Selma Garrido. Docência no ensino superior. São Paulo:
Cortez, 2005.

HOBSBAWM, E. Adeus a tudo aquilo. in: BLACKBURN, R. (org). Depois da

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 37


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
DO ADOECIMENTO DOCENTE AO SUICÍDIO DISCENTE: UM
ITINERÁRIO DE PESQUISA SOB O EIXO DO TRABALHO E
SUBJETIVIDADE NA UNIVERSIDADE

Eduardo Pinto e Silva


Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
dups02@gmail.com

INTRODUÇÃO

Neste trabalho explicitamos um itinerário de pesquisa sobre o trabalho


e subjetividade na universidade no qual estabelecemos interlocuções com o
Universitas-br e o Núcleo de Estudos Trabalho, Saúde e Subjetividade (NETSS) da
UNICAMP.

DESENVOLVIMENTO

trabalho do professor-pesquisador na pós-graduação. Subjetividades sequestradas


ou forjadas pela sociabilidade produtivista, individualista e competitiva se
mostravam vulneráveis ao adoecer (SILVA JÚNIOR; SILVA, 2010).
Num segundo momento apontamos para entrelaçamentos destes
processos do trabalho na pós-graduação com as múltiplas demandas advindas

insidiosas e sorrateiras de sofrimento e adoecimento do professor. E as


relacionamos à subjetividade refratada de ideais ético- políticos. Por outro lado,

Para além das subjetividades forjadas, inter-jogo contraditório e dialético entre


subjetividades refratadas e refratárias (SILVA; MANCEBO, 2014).
Ao retomarmos em pesquisa subsequente o trabalho do professor da pós-
graduação, aprofundamos a compreensão das relações entre sofrimento e prazer,

da lógica institucional da sociabilidade produtivista na subjetividade, indução


do pacto narcísico indivíduo-instituição e constituição de sistema de poder
sócio-mental. Apontamos para a malversação do reconhecimento mediada pela

não fossem eliminados (RUZA, 2017).

38 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Pesquisas e interlocuções nos conduziram à compreensão da necessidade
de se ampliar o olhar sobre o trabalho na universidade e considerar seus
múltiplos agentes e dimensão global. Pesquisas com técnico-administrativos
(TAs) e professores-tutores da EAd evidenciaram novos elementos. A primeira

patrimonialismo e abuso de poder (LOUREIRO, 2015). E na segunda se evidenciou

mal remunerado, como exemplo prototípico de segmento doprecariado (SAMPAIO,


2017). Em ambos casos: falta de sentido, des-efetivação identitária e desgaste

Professores, TAs e estudantes vivenciam formas de sofrimento que se


desdobram em estresse, distúrbios de ansiedade ou depressão. Mas a problemática
dos estudantes se torna mais evidente. Tais desdobramentos provocam,
especialmente nestes, situações- limite de psychache, desalento e desesperança, de
forma a implicar tentativas ou atos suicidas que adentram o cotidiano universitário
e mobilizam debates e estratégias de prevenção e posvenção. O suicídio e as
tentativas de suicídio são de natureza multicausal. A questão social se mescla
às individuais: o desalento, mesclado à humilhação, vergonha, assédio moral e
assédio como forma de gestão podem minar a subjetividade refratária. O suicídio

de si. Ou ainda, enigmática situação na qual a sociabilidade expropriadora produz,


pelas mãos do próprio sujeito, a ação que o expropria da sua maior riqueza: sua
vida. O suicídio estudantil se revela como faceta mais avançada do sofrimento
negado, sorrateiro, presente no coletivo universitário esgarçado e na refração das
subjetividades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Faz-se necessário produzirmos um olhar mais amplo e multifacetado


do Trabalho Geral na Universidade para analisarmos o sofrimento, adoecimento e
problemática do suicídio. Concluímos ser necessário novas formas de sociabilidade
que possibilitem práticas sociais alternativas e subjetividades refratárias à
sociabilidade instrumental.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 39


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

LOUREIRO, T. (2015).
. Dissertação,
UFSCar, São Carlos.

RUZA, F. M. (2017).
.
Tese, UFSCar, São Carlos.

SAMPAIO, I. M. (2017).
Programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tese, UFSCar, São
Carlos.

SILVA, E., & ANCEBO, D. (2014).


. Fractal: Revista de Psicologia, 26(2), 479-492.

SILVA JÚNIOR, J. DOS R; SILVA, E. P. e (2010). Estranhamento e desumanização


nas relações de trabalho na instituição universitária pública. Campinas, Revista
Histedbr On-Line

40 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PNE E PÓS-GRADUAÇÃO: CONTRADIÇÕES NO
CUMPRIMENTO DA META 14

Esdras Tavares de Oliveira


Universidade Estadual de Londrina - UEL
esdrasolliveira@hotmail.com

RESUMO

Em tempos de crise estrutural do capital, o acompanhamento das metas


do atual Plano Nacional de Educação (PNE) assume importância estratégica

governamentais para o cumprimento da meta 14 prevista no referido plano.


Trata-se de parte da pesquisa de doutorado intitulada “Pós-Graduação em Serviço
Social: debates emergentes sobre formação docente”, vinculada ao programa de
Serviço Social e Política Social da UEL. Para a construção da análise utilizou-se
como referencial teórico-metodológico o materialismo histórico-dialético, sendo
adotada como técnica a pesquisa documental.
De antemão, deve-se sublinhar que a ideia de um plano capaz de articular

Nos termos de Saviani (2014; 2010), assim como Vieira, Ramalho e Vieira (2017),
os Pioneiros da Educação Nova já destacavam a importância de um instrumento
jurídico capaz de lograr organicidade às fragmentadas intervenções de ensino
no Brasil. Com efeito, ao longo do evolver histórico houveram tentativas
malogradas e implementações efetivas do plano nacional. Todavia, somente com
a redemocratização e a luta organizada dos docentes da educação básica e superior
este instrumento legal ganha destaque no cenário nacional.
O PNE (2014-2024), legatário deste movimento político de coerções e
consensos, foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff, em 2014, possuindo 9
diretrizes e 20 metas que se subdivididem em diversas estratégias. Tendo em vista a
meta 14, pode-se esboçar uma análise preliminar das contradições que atravessam
o seu cumprimento. Descrita da seguinte forma: “elevar gradualmente o número
de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual
de 60.000 mestres e 25.000 doutores”, a ela estão relacionadas 15 estratégias, das
stricto
sensu
cursos de pós-graduação stricto sensu, utilizando inclusive metodologias, recursos
e tecnologias de educação à distância” (BRASIL, 2018).

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 41


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Acerca do enunciado geral da meta 14, nota-se que a expansão do
número de concluintes de mestrado e doutorado tem ocorrido – inclusive no
sentido de capacitar os futuros docentes do magistério superior –, sendo que em
2016 as universidades públicas foram responsáveis por conferir 80% dos títulos
de mestrado e 88% dos títulos de doutorado no país. Entretanto, sob a égide

Emenda Constitucional 95/2016. Não obstante, em 2019, por ação do governo


Jair Bolsonaro houve o contigenciamento das bolsas de pós-graduação e os
rumores de fusão da CAPES com o CNPq.
Embora seja histórica a predominância da oferta dos mestrados e
doutorados nas universidades presenciais (BRASIL, 2018), há um incentivo do
atual presidente em fomentar o Ensino a Distância (EaD). Ainda que antevista
pela estratégia 14.4, o PNE apresentava no campo das possibilidades a utilização

cursos stricto sensu à distância tornam-se regulamentados havendo coorporações

e a Cruzeiro do Sul.
Em síntese, acerca da meta 14 do PNE (2014-2024), nota-se, por um
lado, o forte contigenciamento do orçamento para os programas presenciais
existentes e, por outro, a abertura profícua para os cursos privados EaD. O tempo

mas também a possibilidade de mobilizações docentes e discentes em torno do


caráter público, laico, democrático e socialmente referenciado das universidades.

42 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
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POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 43


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
DESMONTE DAS CARREIRAS DO MAGISTÉRIO SUPERIOR E

Francilene Macedo Rocha


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
francilenemrocha@gmail.com
Paula Francisca da Silva
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - IFNMG
paulafransilva@yahoo.com.br

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG


rafaela.camposs@yahoo.com.br

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG


sdgmufmg2@gmail.com
RESUMO

O presente texto é fruto de pesquisas em andamento1 no âmbito do Grupo


de Pesquisa-Ação sobre a Universidade (Universitátis/FAE/UFMG), voltadas ao
estudo da Educação Superior no Brasil. Busca-se, nesse texto, apresentar algumas
considerações sobre as carreiras do Magistério Superior (MS) e do Ensino Básico,
Técnico e Tecnológico (EBTT) das Instituições Federais de Ensino Superior
(IFES). A metodologia do estudo se pautou em pesquisa documental e pesquisa

A análise das carreiras docentes federais em estudo é fundamentada nas


contribuições de Karl Marx que desvendou o mecanismo de exploração dos que
trabalham e vendem sua força de trabalho, em troca de salário, como forma de
produzir a riqueza para os capitalistas que detêm os meios de produção. Marx
(2002) explicita que a tendência geral da produção capitalista não é para elevar o
padrão médio do salário, mas sim, para reduzi-lo.
A partir da década de 1990, inicia-se um processo de desestruturação
das carreiras docentes federais. A carreira do MS sofreu algumas alterações, tais

Superior (GED) que promoveu a diferenciação da remuneração entre docentes


em efetivo exercício e aposentados, a depender da produtividade individual de
cada docente; a instituição da Classe de Professor Associado, no ano de 2005, que

1
Este estudo integra a pesquisa em desenvolvimento intitulada “Remuneração Docente na Educação
Básica e na Educação Superior pública em quatro Estados Brasileiros: Acre, Maranhão, Minas Gerais e Rio de
Janeiro (2000- 2018)” apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG):

44 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
no período de 2016-2019, que não garantem a recomposição de sucessivas perdas

A carreira do EBTT sofreu, também, sucessivas mudanças com as

alguns steps nos vencimentos e houve a ampliação das atribuições dos docentes
com a oferta crescente de educação superior. Com a criação do Plano de Carreiras
e Cargos de Magistério Federal em 2012, a carreira EBTT foi novamente
reestruturada e, apesar de ter sido equiparada em alguma medida à carreira do MS,
a separação entre os docentes, que atuam em instituições de natureza semelhante

a organização e a luta dos trabalhadores docentes.


Além disso, ao longo dos anos, ambas as carreiras foram incorporando
características típicas da iniciativa privada: 1) valorização da produtividade,
competitividade e meritocracia; 2) relação direta das atividades desenvolvidas com

com a presença de professores substitutos e temporários; 4) ampliação da jornada

As carreiras docentes federais têm sido progressivamente desmontadas.

governo que pretende: a) reduzir gastos públicos através de uma Proposta de


Emenda à Constituição de caráter emergencial que visa redução dos salários de
servidores; suspensão de concursos; proibição das progressões, das promoções
funcionais, dos reajustes e da criação de cargos; e b) aprofundar a retirada de
direitos com uma reforma administrativa que almeja a reestruturação das
carreiras no serviço público. Somando-se as essas medidas, o lançamento do
Programa Future-se representa a consolidação da exigência de transformação das

substituível, terceirizado, empreendedor, competitivo e distante da formação


humana emancipadora.
Diante disso, são consequências tangíveis o enfraquecimento e a

para enfrentamento às perdas que lhe são atribuídas. Mas a realidade é dinâmica,
a história é movida por contradições e o trabalho humano confere ao homem um
poder transformador, até mesmo ante as mazelas do capitalismo.

PALAVRAS-CHAVE: Trabalho Docente. Educação Superior Federal. Carreira.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 45


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIA

MARX, Karl. Salário, preço e lucro. São Paulo: Centauro, 2002.

46 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
UEG: REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A FORMAÇÃO E DAS
PRÁTICAS DOCENTES

George Martins Custódio


Universidade Estadual de Goiás - UEG/ IELT
martinspmc3@gmail.com

Universidade Estadual de Goiás - UEG/ IELT


prof.marcas.posgrad@gmail.com
INTRODUÇÃO

A pesquisa em andamento busca compreender, a partir da percepção


dos professores, o modus operandi e os requisitos necessários na formação que
perpassam o desenvolvimento prático da docência da disciplina “Diversidade,
Cidadania e Direitos” nos cursos de licenciatura da Universidade Estadual de
Goiás, nas Unidades Universitárias Anápolis, Cora Coralina na Cidade de Goiás e
no Campus Formosa, no período compreendido entre 2015 e 2020.
Considerando que as licenciaturas contam com docentes de várias
formações diferentes, questiona-se de que maneira a formação e as práticas
são efetivadas na constituição do exercício docente na disciplina, nos cursos de
licenciatura da Universidade Estadual Goiás?
O objetivo geral do projeto de pesquisa, então, é analisar como a
formação e as práticas são efetivadas na constituição do exercício docente na
disciplina Diversidade, Cidadania e Direitos, nos cursos de licenciatura da UEG,

de Formação Docente; 2o compreender a constituição teórica dos conceitos

perpassa os conceitos Diversidade, Cidadania e Direitos no desenvolvimento

dos professores na disciplina de Diversidade, Cidadania e Direitos na UEG nos


cursos de licenciatura.

DESENVOLVIMENTO

Atualmente a pesquisa se encontra na fase inicial de coleta de dados, após


o levantamento teórico, que construiu subsídios para responder ao problema de

da formação e das práticas docentes apontadas para a disciplina em função dos

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 47


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
seus termos designatórios “diversidade, cidadania e direitos”, atuais, amplos e
férteis de questões não formuladas ou não resolvidas, além das tensões próprias
principalmente ao primeiro termo, diversidade. Da perspectiva social, estes eixos

perceptíveis na sociedade contemporânea, através de suas relações e enunciados.

da disciplina, a partir dos quais, investigá-la ganha um sentido de auto-realização.

empreendido por Husserl na estruturação da Fenomenologia, nos graus que se


seguem, a saber: 1o grau, o questionamento sobre a possibilidade do conhecimento
e sua apreensibilidade; 2o
das cogitátio cartesianas, donde emerge a necessidade da redução fenomenológica,
o
grau, o questionamento sobre a extensão do que está dado em
si, momento em que o autor percebe a transcendência destas vivências e dos
conhecimentos que daí podem advir. O método se estrutura primeiramente
pela própria époque, chamada também de redução fenomenológica e redução
transcendental em função do terceiro grau acima, para em seguida passar pela
descrição dos vetores internos do fenômeno e chegar ao seu escopo através da
explicitação das experiências. Para a apreensão do fenômeno, então, a redução
fenomenológica exige, por parte do pesquisador, da abstenção de elementos
transcendentais de si, suas opiniões, valores e quaisquer apriorismos de sua
consciência (MOREIRA, 2002, p. 88), no intuito de captar a realidade tal qual ela

na correlação entre o que aparece e o próprio aparecer, portanto, a estrutura


e o aspecto. Por se tratar de uma pesquisa debruçada sobre vivências, saberes,
experiências e sentidos, optou-se pela abordagem qualitativa, com pesquisa

nesta captação serão as entrevistas semiestruturadas junto aos participantes, a


partir das quais se procederá à análise do seu conteúdo para a coleta de unidades
de sentido ou “temáticas comuns aos participantes” (Idem, p. 114), com alocação
das declarações, sentenças e palavras em um sistema de categorias que, sendo então
formuladas passarão a ser analisadas para a geração dos resultados transitórios.
Iniciando pelo eixo conceitual “formação”, que parte da recuperação do
que vem a ser na civilização ocidental, como este conceito se modelou de acordo
com a condição histórica de cada fase de desenvolvimento civilizatório e como,

prática. O desenvolvimento deste raciocínio exige a inversão da tradicional


perspectiva pela qual se contempla o trabalho, como prática, pelas lentes da

48 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
educação e da formação, para a perspectiva através da qual se observa a educação
e, por consequência a formação, pela perspectiva do trabalho. Desta perspectiva,
a prática, consubstanciada no trabalho, para ser compreendida deve também ser
entendida como uma atividade humana que se delimita entre a prescrição do
trabalho e o trabalho real, que comumente é produzido com a participação direta

histórias de vida que se manifestam através do conceito de atividade. Em termos


simplistas para o momento, a atividade, que produz o trabalho real, se afasta do
trabalho prescrito e gerenciável, e inclui o humano em todas as suas características
de manifestação, incluindo aquilo que ele incorporou em sua formação inicial
e continuada. Tal inversão, que conecta formação e trabalho/prática, também
parece decorrer do rompimento progressivo do paradigma técnico-instrumental
em direção a movimentos de pensamento que buscam novas epistemologias, na
construção de sentidos, na utilização de novos espaços e estratégias de formação,
e que compreendam como o conceito de formação se renova na articulação citada
acima. Feito isto, ou seja, compreendida a formação e a sua implicação na prática
docente, sob estes aspectos conceituais contemporâneos, o levantamento teórico
se debruçou sobre a disciplina estudada “Diversidade, Cidadania e Direitos”, sua

nela trabalhados, e que se tornam objetos da atividade docente, “diversidade”,


“cidadania” e “direitos”. Neste momento, contempla-se, já na constituição
da disciplina, a intencionalidade de seus idealizadores, ao nomeá-la, em trazer
destaque para as conceituações que envolvem a “diversidade”, para, da perspectiva
dela abarcarem os temas “cidadania” e “direitos”.

CONCLUSÃO

acima, após a revisão de literatura, o conceito de formação em sua constituição


contemporânea e sua implicação na prática, representada no trabalho docente,

constituição teórica dos conceitos da disciplina em questão, Diversidade, Cidadania


e Direitos. Vislumbra-se adiante a possibilidade de acesso aos dados coletados
para a descrição dos vetores internos do fenômeno observado e descrição das
experiências em pauta. Somente então e processará a discussão destes achados, o
mais isentos de pressuposições possível, frente a teoria levantada.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 49


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
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NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
TRABALHO DOCENTE E EDUCAÇÃO SUPERIOR NA
AMAZÔNIA: O QUE OS ESTUDOS DOS PROGRAMAS DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO NORTE REVELAM
(2009 A 2019)?

Universidade Federal do Amapá – UNIFAP


ilmabarleta@bol.com.br

Universidade Federal do Amapá – UNIFAP


leviguitar@bol.com.br

RESUMO

Discutir sobre o trabalho docente é tema de suma importância na


atualidade, tanto pela histórica desvalorização que a categoria do magistério tem
sofrido a nível de Brasil nos últimos anos, assim como pelas diferentes ameaças e
ataques que a própria educação pública enfrenta no contexto do neoliberalismo
econômico. Neste sentido, este resumo ampliado trata de estudo desenvolvido
sobre o trabalho docente na educação superior, no âmbito do Programa de Pós-
graduação em Educação (PPGED) da Universidade Federal do Amapá e, ainda,
integra as pesquisas desenvolvidas no Programa de Cooperação Acadêmica na
Amazônia (PROCAD). Considerando o espaço amazônico e o trabalho docente
neste contexto tão diferenciado, percebe-se que a discussão evoca diferentes
elementos de ordem econômica, política e sociocultural, que apontam para

disparidades que revelam históricas desigualdades sociais e educacionais em


relação a outras unidades da federação e, até mesmo, entre os estados que a
compõe. Diante disto, o estudo em tela expõe uma imperativa pergunta: o que as

norte têm discutido sobre trabalho docente na educação superior? O objetivo

graduação em Educação da região norte, a partir de coleta de dados no Catálogo


de Teses e Dissertações da CAPES para, assim, na forma de um mapeamento da

acerca do trabalho docente na educação superior na Amazônia. A pesquisa é


qualitativa e a busca se deu a partir dos descritores: trabalho; trabalho docente e;

58 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
40 produções inicialmente, após a leitura do resumo chegamos ao total de 17
produções, entre teses e dissertações. A exposição dos resultados ocorreu em
três momentos. Inicialmente tratamos sobre o “trabalho docente e expansão da
educação superior”, especialmente a luz de Mancebo e Silva Júnior (2012), Dal
Rosso (2008), Maués (2006; 2010) e; em seguida discutimos sobre “a realidade
dos Programas de Pós-graduação em Educação da Amazônia” e, posteriormente,
abordamos o “ mapeamento das teses e dissertações dos Programas de Pós-
graduação em Educação da região norte (2009- 2019)”. A pesquisa apontou que
a temática trabalho docente e educação superior vem sendo discutida no âmbito
dos programas de pós-graduação em educação da região norte. Dos 14 estudos

na Universidade Federal do Pará. Em geral as pesquisas mostram que há relação

professor universitário, além de desestruturação da carreira na educação superior


num contexto de desinvestimento na universidade pública.

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POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 59


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
DOCENTES UNIVERSITÁRIOS NO TRABALHO APÓS DIREITO
À APOSENTAÇÃO

Maria da Conceição Rosa Cabral


Universidade Federal do Pará - UFPA
mcrosa@uol.com.br

INTRODUÇÃO

Por que docentes de universidades públicas postergam a aposentadoria,

com uma pesquisa qualitativa, cujos dados foram produzidos em 2017, por meio
de entrevista a 17 docentes da UFPA. Todos os docentes atendiam aos requisitos
para se aposentar, embora permanecessem em atividade, recebendo abono de
permanência da Previdência Social, principal critério de seleção dos entrevistados.
(CABRAL, 2019).

DESENVOLVIMENTO

Seguindo a categorização semântica de Bardin (2015), os motivos que


levam os docentes à permanência no trabalho institucional, sem requerer a
aposentadoria, foram agrupados nos temas descritos a seguir, cujos títulos foram
inspirados nas narrativas dos docentes.
a) “Permaneço porque minha carreira ganha cada vez mais
. A menção ao reconhecimento
que recebem pelos trabalhos, à luz de perspectivas teóricas de Dejours (2011),
como “retribuição simbólica” e “gratidão pela contribuição”, fez-se presente nas
narrativas da grande maioria dos docentes, como motivo de permanência.
. O

física e mental, numa espécie de antevisão do que lhes aguarda na aposentadoria,


foi frequente dentre os motivos para permanência, como nos estudos de Moreira
(2011) e outros.
. O gosto pelo trabalho
é um dos motivos para permanência e, a julgar pela verbalização ou expressão
facial, parece tratar- se, no dizer de Day (2004), de paixão pelo trabalho.

pertencimento.
60 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
e) Esse tema traduz a importância da vinculação das pessoas com
o trabalho e com a instituição. As narrativas expressam sentir-se motivado

reagir a críticas à instituição. (KRAMER; FARIA, 2007).


.
Sentir-se ainda útil para a universidade e para a sociedade resume narrativas como:
contribuições com a UFPA, por meio da formação acadêmica, gestão e captação
de recurso; com os colegas; com as comunidades em vulnerabilidade social e com
estudantes com problemas emocionais.

de previdência social, como a perda do abono de permanência, e a expectativa de


ganhos se associa com a Carreira Docente.

aposentadoria os afastaria da área em que atuam.

pessoais. O tema reúne as referências ao receio de redução da rede de relações


sociais e interpessoais na UFPA, como: admitir ver-se sem rumo na ausência de
colegas de trabalho que se tornaram amigos ou atribuir grande importância à fase

CONCLUSÕES

Os resultados mostram que o reconhecimento do trabalho; vitalidade e

permanência. O estudo evidencia, ainda, que o trabalho é tão central na vida

a compulsória e poucos avaliam a possibilidade de construir sentidos para a vida


fora do mundo do trabalho.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 61


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2015.

CABRAL, Maria da C. R. A permanência de docentes de universidade


pública no trabalho após o direito à aposentadoria: um estudo no Brasil e
em Portugal. 2019. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do
Pará, Belém, 2019.

DAY, C. . Porto: Porto, 2004. 272p.

DEJOURS, C. Da Psicologia à Psicodinâmica do trabalho. LANCMAN, S.;


SZNELWAR, L. (org). Brasília: Paralelo 15. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2011.

KRAMER, G. G.; FARIA, J. H. de. Vínculos organizacionais. In: Revista de


Administração de Empresas

MOREIRA, J. de O. Imaginários sobre aposentadoria, trabalho, velhice: estudo


de caso com professores universitários. Psicologia em Estudos, Maringá, v.16,
n.4, out./dez.
2011.

62 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
O TRABALHO DOCENTE NA MODALIDADE DA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR:
A INVISIBILIDADE DO VISÍVEL

Universidade Federal do Pará - UFPA


socorro.lima@globo.com

RESUMO

O presente texto trata sobre o trabalho docente na modalidade da


educação a distância no ensino superior. A intenção é trazer elementos que possam
subsidiar a discussão sobre o trabalho docente na modalidade educação a distância
no ensino superior. O texto integra um projeto de pesquisa em andamento cujo
objetivo é “Analisar o trabalho docente na modalidade educação a distância no

políticas e ações projetadas para esse campo”. Conclui-se preliminarmente que


a educação a distância tem colaborado com a criação de um novo paradigma
educacional no ensino superior. Tal processo afetou o trabalho docente, no que

Palavras-Chave: Educação a Distância; Trabalho Docente; Ensino


Superior.

INTRODUÇÃO

O presente texto trata sobre o trabalho docente na modalidade da


educação a distância no ensino superior. Integra o projeto de pesquisa em
andamento cujo objetivo é “Analisar o trabalho docente na modalidade educação

considerando as políticas e ações projetadas para esse campo.” Está vinculado ao


Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação Superior – GEPES/UFPA e ao
eixo 4 - o trabalho na educação superior – da Rede Universitas/Br.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 63


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
TRABALHO DOCENTE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Ao ingressar na Educação a distância - EaD, o professor encontra uma

ele e seu aluno, mas também, com relação ao ato de ensinar que é fragmentado

do professor de uma entidade individual para uma entidade coletiva”. A essa


docência, constituída por uma equipe multidisciplinar, é que Mill, Ribeiro e

mobilizam e são responsáveis pelas atividades de ensino e aprendizagem na EaD,


o que pode comprometer as atividades do docente, além de promover a perda de
identidade do mesmo.
Em alguns modelos adotados na educação a distância por diversas
instituições encontramos: o docente-autor que é quem elabora os conteúdos e
os adequa às propostas metodológicas; o docente-formador que é aquele que
acompanha os alunos durante a disciplina, atuando a distância e aplicando os
conteúdos, bem como coordena os tutores; os docentes-tutores são divididos
entre presenciais e a distância, sendo que o primeiro acompanha os alunos junto
ao polo de apoio presencial, geralmente com um conhecimento mais generalista,
e o segundo acompanha os discentes à distância, por meio do ambiente virtual de

da disciplina em que atua. Esse cenário caracteriza-se como polidocência, no


qual o docente-autor, o docente-formador e os docentes-tutores são tipicamente

do ensino-aprendizagem, mas não são docentes.


Implica, portanto, que essa maneira de organização da atividade docente
na EaD promove implicações no trabalho docente que estão relacionadas com
as políticas e ações projetadas e que reforçam a manutenção dos princípios da

rotatividade no mercado de trabalho em EaD.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados preliminares da pesquisa ora desenvolvida aponta que essa


nova organização, fruto das políticas educacionais que preconizam a EaD como
um acesso democrático ao ensino superior com o suporte das tecnologias, tem
alterado o trabalho do professor, sobretudo no desenvolvimento pedagógico,

64 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
nas condições de trabalho, em sua remuneração e no que diz respeito à falta de

e descaracterização do trabalho do professor.


De modo abrangente, podemos inferir que o panorama não é um
dos mais otimistas para a educação e para o educador que atua na educação a
distância, uma vez que quem está tomando as decisões no que diz respeito aos
rumos da educação no país e nas instituições de ensino superior, geralmente não
são conhecedores do campo da educação superior. São, geralmente, pessoas que
não entendem de educação, mas que entendem de números e gerenciamento, cujo
único objetivo é a redução de custos para otimização de recursos.

REFERÊNCIAS

BELLONI, Maria Luiza. Ensaio sobre a educação a distância no Brasil. Educ.


Soc.
br. Acesso em Julho 2019.

MILL, Daniel Ribeiro Silva; RIBEIRO, Luis Roberto de Camargo; OLIVEIRA,


Marcia Rozenfekd Gomes de (ORG). Polidocência na educação a distância:
. São Paulo: EdUFSCar, 2010.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 65


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
OS INDICADORES DO TRABALHO NA PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO NO BRASIL

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG


paulianeromano@gmail.com

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG


sdgmufmg2@gmail.com
José Ângelo Gariglio
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
angelogariglio@hotmail.com

RESUMO

O texto aqui apresentado é um excerto da discussão realizada no trabalho


de tese doutorado (ainda não concluído) intitulado “Política e Trabalho docente

trabalho docente no programa de pós-graduação em educação da Universidade


Federal de Minas Gerais. Nessa pesquisa busca-se compreender e desvelar a(s)
concepção(es) da denominada excelência acadêmica em seus diferentes níveis

docentes do Programa Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de


Minas Gerais.
Este texto, trata-se de um recorte das análises iniciais relativas ao

o trabalho de tese e nele busca-se discutir os indicadores da avaliação da Pós-


graduação (PG) na área da Educação, seus critérios e pesos, bem como, suas
implicações sobre o Trabalho Docente. Para tanto, optou-se pela revisão

66 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
dos Programas de Pós-graduação (PPG) e como eles impactam o trabalho dos

PROEX: 2004.

A AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO

A avaliação da PG desde a sua criação, na década de 70, esteve empenhada


em manter a consolidação da pós-graduação no Brasil. A sistemática inicial criada
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
foi de vincular a comunidade acadêmica atuando como consultores, pareceristas
e avaliadores dentro da própria agência para apreciar projetos, trabalhos e a partir

avaliação dos próprios Programas de Pós-graduação (PPG). (CAPES, 2002).


As avaliações foram realizadas sistematicamente a partir de 1976. No
primeiro ano em caráter de teste e desde 1978 com padrão e metodologia

cada ciclo avaliativo é composto um novo Comitê Técnico com representantes


da referida área de conhecimento. Atualmente são 49 áreas avaliadas. Cada área
estabelece seus critérios e pesos a partir da regulamentação geral da avaliação.
Na história da avaliação, uma das mudanças implementadas pela CAPES
foi a criação do PROEX4, no ano de 2004, cujo objetivo, segundo a agência, foi
manter o padrão de qualidade dos PPG strictu sensu, atribuindo aos programas que
se destacam as notas 6 ou 7 e, assim, conferindo a estes a excelência.
A nota conferida ao PPG por meio da avaliação impacta diretamente

que os PPG recebem para sua manutenção e, também, o número de bolsas de


estudo concedidas aos estudantes. Para os PPG PROEX é previsto um repasse
diferenciado de recursos, além deles contarem com certa autonomia para realizar
a gestão de recursos e bolsas.

avaliação é que a PG cresceu muito no país e, por isso, tornou-se “necessário”

que além de criar uma diferenciação de recursos, a CAPES por meio do PROEX
criou ainda uma distinção subjetiva entre os PPG, concedendo maior legitimidade
aqueles com padrão de excelência, ou seja, uma distribuição de prestígio.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 67


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
INDICADORES DA AVALIAÇÃO CAPES NA
ÁREA DA EDUCAÇÃO

A partir da implementação do PROEX a avaliação da CAPES ganha


corpus
Na área da educação, os critérios até então avaliados, tinham abordagem
mais qualitativa e os aspectos eram analisados na sua totalidade e de forma
subjetiva. Nos anos subsequentes os critérios avaliados na área da educação

quantitativa centrando-se em 5 dimensões: a) proposta do programa; b) corpo


docente; c) corpo discente; d) produção intelectual e e) inserção social. Cada uma
dessas dimensões subdividas, totalizando 21 critérios mensurados.
Além das subdimensões estabelecidas, ainda se criou várias métricas

(Bolsa Produtividade), entre outros.

avaliação da área da Educação apresentou os seguintes pesos para cada dimensão


mensurada

educação na avaliação CAPES 2017

1 Proposta do programa 0% (dimensão qualitativa)


2 Corpo docente 15%
3 Corpo discente 35%
4 Produção Intelectual 35%
5 Inserção Social 15%
Fonte: Elaboração própria a partir de Capes, 2017

A análise desses dados, juntamente com a íntegra do relatório de área e


outras leituras, indica a centralidade do Trabalho Docente na avaliação. Ou seja,
diretamente 50% da nota de um Programa diz respeito ao trabalho do professor,
aferidas, sobretudo, nas dimensões 2 e 4. Porém, se desagregarmos os dados e
considerarmos as subdimensões essa porcentagem é ainda maior, pois em alguns
subcritérios como o tempo de defesa, publicações de discentes em coautoria,
dentre outros, impactam o trabalho do professor também.

68 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Dessa forma, destacam-se dois elementos prevalentes no processo
de avaliação da Pós-graduação na área da Educação: 1) a preponderância da
abordagem quantitativa e 2) O protagonismo dos docentes no resultado da
avaliação.
Esses elementos apontam para importantes implicações como o
produtivismo acadêmico já amplamente estudado (SGUISSARDI, 2009;
SGUISSARDI e SILVA Jr, 2009; BIANCHETTI e MACHADO 2009,
BIANCHETTI e VALLE, 2014), uma vez que publicar mais é uma forma de
alçar patamares mais altos no ranking da avaliação e buscar adentrar o seleto

Trabalho Docente como sequela desse processo de avaliação.


As análises iniciais aqui apresentadas apontam para um processo em
que o Trabalho Docente agrega as noções de qualidade, excelência, prestação de
contas, resultados, dentre outros, que juntamente com inserção de avaliações nos
âmbitos individual e institucional, resultam em efeitos perversos para o Trabalho
Docentes na Pós- graduação.

REFERÊNCIAS

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL


SUPERIOR. / Organizadoras:
Marieta de Moraes Ferreira & Regina da Luz Moreira. — Brasília, DF.: CAPES,

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL


SUPERIOR. Relatório da avaliação quadrienal da área de Educação, 2017.

FRANÇA, Indira Alves. Avaliação da Capes e Gestão de programa de


/ Indira Alves França ; orientadora: Alicia
Maria Catalano de Bonamino.Tese (doutorado)–Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, Departamento de Educação, 2014.

BIANCHETTI, Lucídio e MACHADO, A.M.N. Publicar e morrer!? Análise do


impacto das políticas de pesquisa e pós-graduação na constituição do tempo de
trabalho dos investigadores. In: Educação, Sociedade e Cultura, n. 28, 2009,

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 69


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
BIANCHETTI, Lucídio e VALLE, I.R. Produtivismo acadêmico e decorrências
às condições de vida/trabalho de pesquisadores brasileiros e europeus In: Ensaio:
aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.22, n. 82, p. 89-110, jan./mar. 2014

SGUISSARDI, V; SILVA Jr., J.R.


graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009

SGUISSARDI, V. A avaliação defensiva no ‘modelo CAPES de avaliação’. É


possível conciliar avaliação educativa com processos de regulação e controle do
Estado?. In: BIANCHETTI, L e SGUISSARDI, V. (Orgs). Dilemas da pós-
graduação: gestão e avaliação

SILVA JUNIOR, João dos Reis. The new Brazilian University: a busca por

70 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
INFLUÊNCIAS NEOCONSERVADORAS PARA A POLÍTICA/
GESTÃO DA EDUCAÇÃO E O TRABALHO DOCENTE

Roberto Francisco de Carvalho


Universidade Federal do Tocantins - UFT
rcarvalho@uft.edu.br
Doracy Dias Aguiar de Carvalho
Universidade Federal do Tocantins - UFT
doracy@uft.edu.br

INTRODUÇÃO

movimento neoconservador Escola Sem Partido (MESP) para a política/gestão da

documental que objetiva apontar alguns elementos que sustentam a modernização


conservadora na sociedade atual e suas implicações para a educação a partir da
relação entre o MESP e a política/gestão da educação.
Os resultados parciais do estudo demonstram que, no Brasil, os elementos
do processo de modernização conservadora têm semelhanças com o que ocorre
em outras partes do mundo, como é o caso dos Estados Unidos.

política/gestão da educação como, por exemplo, na reforma do Ensino Médio,


Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e a Base Nacional Curricular para
Formação de Professores (BNCFP).

RESULTADO E DISCUSSÃO

A discussão sobre o neoconservadorismo do MESP deve ser realizada


compreendendo o processo de modernização conservadora que vem ocorrendo

século XXI (APPLE, 2002a; 2002b). Relacionado à modernização conservadora


e sua relação com a educação, Apple (2011) destaca que nos Estados Unidos
tal processo ocorreu articulando quatro elementos centrais: o neoliberalismo, o

A modernização conservadora, como discutido anteriormente, articula quatro

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 71


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
MESP que surge a partir de 2004 com características que, em grande medida, se
assemelham à realidade estadunidense.

educação brasileira, em geral. Esse movimento concentra seu esforço no combate


àquilo que uma parte da sociedade denomina de contaminação político-ideológico
da educação e das escolas brasileiras (MACEDO, 2017).
Nesse sentido, o MESP compõe, com efetividade, o projeto
neoconservador e reacionário de sociedade e de educação que vem sendo
implantado no Brasil desde 2016 (com a deposição da Presidenta Dilma Rousseff)
e que encontra-se em plena consolidação no governo de Jair Bolsonaro. São
expressões desse momento neoconservador para a sociedade e a educação brasileira
e
(BRASIL, 2016); a reforma da previdência; a reforma da estrutura organizacional
da educação e do Ensino Médio (BRASIL, 2017); a construção e implementação
da BNCC (BRASIL, 2018a) e o processo de elaboração da BNCFP (BRASIL,
2018b).

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IMPLICAÇÕES DO


NEOCONSERVADORISMO PARA O TRABALHO DOCENTE

Articulada à supracitada visão de currículo, a BNCFP – com base nos


princípios da resolução CNE 01/2002 – vem sendo urdida. A partir da leitura da
proposta de BNCFP deduz-se o seu caráter impositivo e autoritário que contempla
uma concepção de formação de cunho empresarial, fragmentada, baseada na ideia
de competências, habilidades e atitudes. Trata-se de uma noção de formação que

assumir uma visão “praticista” da docência, que tende à padronização curricular


e fere a autonomia das universidades, desconsiderando os projetos curriculares
dos cursos, pois alinha-os, de forma mecânica, à BNCC. Nesse sentido, a BNCFP
explicita uma visão tarefeira, reduzida e alienada do trabalho docente.

tendo por referência a BNCC, elaborada em uma perspectiva gerencialista


mercantil e aligeirada, que evidencia e valoriza a formação do homo economicus,
precisamos continuar disputando uma base curricular comum e, a partir dela,
uma educação que priorize, também, a formação do homo politicus, que abranja a
preocupação com os problemas sociais do nosso tempo.

72 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APPLE, Michel W. A educação e os novos blocos hegemônicos. In: RODRIGUES,


A. T. Sociologia da educação. 6. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011.

APPLE, Michael W. Endireitar a educação: as escolas e a nova aliança conservadora.


Currículo sem Fronteiras, v. 2, n. 1, jan./jun. 2002a.

APPLE, Michael W. Interromper a direita: realizar trabalho educativo crítico


numa época conservadora. Currículo sem Fronteiras, v.2, n. 1, jan./jun. 2002b.

BRASIL. .
Brasília/DF: Presidência da República, 2016.

BRASIL. , de 16 de fevereiro de 2017. Brasília /DF: Presidência da


República, 2017.

BRASIL/Ministério da Educação. Base Nacional Curricular Comum:


(Terceira versão). Brasília: MEC, 2018a.

BRASIL/Ministério da Educação. Base Nacional Curricular para Formação


. Brasília: MEC, 2018b.

MACEDO, Elizabeth. As demandas conservadoras do movimento escola sem


partido e a base nacional curricular comum. Educ. Soc.
p.507-524, abr.-jun., 2017.

MOTTA, Vânia Cardoso da; FRIGOTTO, Gaudêncio. Por que a urgência da

Educ. Soc.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 73


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
EDUCAÇÃO E NEOLIBERALISMO:
A CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS

Universidade Federal do Pará – UFPA


rosimeguins@uol.co.br

INTRODUÇÃO

O Brasil, a exemplo do que se observa de maneira global, experimenta


um retrocesso assustador. Nosso país que há apenas 40 anos conseguiu romper

1964, vive desde a campanha para eleições presidenciais em 2018, sob a espreita
do que se denomina atualmente como o protofascismo.
Ainda que essa tendência esteja diretamente associada ao candidato eleito

impeachment
chegada ao poder decorre de “escolha democrática” via sufrágio universal.
A propaganda política assumida pelo atual presidente centrada no ataque
à corrupção e na promessa de resolver problemas conjunturais que pudessem
alavancar o desenvolvimento do país, mas sem apresentar um programa claro,
1
e pelo cultivo do ódio ao que se denominou
antipetismo e antilulismo. Ambos vistos como os únicos responsáveis por todos
os desmandos estruturais do país, visão reforçada pela Operação Lava-Jato que
investigava desvio e lavagem de dinheiro, bem como esquemas de propina.
Toda essa contextualização visa situar o momento que o país atravessava.
Um momento de grande instabilidade agudizada pela crise econômica do capital
de 2008, que trouxe para uma grande parcela da população, vulnerabilidade e
incerteza. As taxas recordes de desemprego associadas ao estado de refração da
economia levou a população, afetada por essas condições severas de pauperização,
a se tornar o alvo da propaganda antidemocrática.

Como seria impossível para o fascismo ganhar as massas por meio de argumentos

discursivo; deve ser orientada psicologicamente, e tem de mobilizar processos


irracionais, inconscientes e regressivos. (ADORNO, 2018)

1
Fake News-expressão em inglês usada para representar as notícias falsas. São informações noticiosas
que fogem parcialmente ou integralmente da realidade, feita com o propósito de promover o partidarismo, por
exemplo.

74 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Tal irracionalidade, segundo Adorno (apud ALVES, 2016, p. 1), “usa
controles tecnológicos que dissolvem o indivíduo autônomo”, impedindo-os “de
realizarem sua plena autonomia e liberdade”. Por isso a educação passa a ser vista
como inimiga a ser combatida neste contexto conservador.

DESENVOLVIMENTO

Instaura-se um clima ameaçador ou, até mesmo, adotam-se medidas


restritivas que produzem impotência e impedem a emancipação do sujeito. No

o funcionamento das instituições educacionais públicas e, até mesmo, cercear a


ação de docentes de tais instituições.
Diante da gravidade dessa situação, impõe-se a necessidade de lançar
luz neste processo, tornando-o objeto de pesquisa. Desse modo torna-se
imperativo, desvelar as diferentes políticas desencadeadas na atual conjuntura
brasileira voltadas para a educação superior pública que atacam a autonomia

sendo internalizada por docentes e quais alternativas podem ser adotadas com o
objetivo de contribuir com o princípio formativo humano para a constituição de
sujeitos livres e autônomos, se o que pretendemos é uma formação voltada para
a verdadeira emancipação humana.
A sociedade neoliberal que adota tal (ir)racionalidade é responsável pela
visão empresarial que irá alcançar o sujeito, tornando-o competitivo (DARDOT

fabricado, segundo o modelo de sociedade empresarial que o administra. Uma


racionalidade que normatiza não apenas os modos de se comportar, mas inclusive
o próprio desejo do sujeito.

Desta forma, a empresa torna-se não apenas um modelo geral que deve ser
imitado, como também uma atitude que deve ser valorizada na criança e no
aluno, uma energia potencial que deve ser solicitada no assalariado, uma maneira
de ser que é produzida pelas mudanças institucionais e ao mesmo tempo produz
melhorias em todos domínios. Estabelecendo uma correspondência íntima entre

Fundamental ressaltar que a escola nesta concepção é vista como


empresa e docentes e discentes, como empreendedores. Concepção que colide
frontalmente com os objetivos de uma formação voltada para a emancipação, por

normatização e à ordem superior. Noção contrária ao de exercício de “autonomia


POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 75
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
faculdades, empregarmos nossas energias criativas e provarmos nosso valor”

O que está em jogo é nossa própria existência, uma vez que nada mais
está assegurado. Tudo depende de como essa “empresa” é gerida, incluindo
o próprio sujeito. O Estado retira-se desta responsabilidade de dar segurança,
transferindo-a para o indivíduo, como resultado de escolha e decisão pessoal.
Sucesso ou fracasso dependem de como o indivíduo administra sua vida.

O sujeito não vale mais pelas qualidades estatutárias que lhe foram reconhecidas

mensurável de sua força de trabalho. Vemos, então, que o modelo humano da


empresa de si mesmo é requerido nesse modo de poder que deseja impor um
regime de sanção homólogo ao do mercado (DARDOT & LAVAL, 2016, p.

METODOLOGIA

A abordagem metodológica de cunho qualitativo do objeto de estudo em


questão, a normatização da subjetividade docente a partir da lógica neoliberal, se
realiza por intermédio do Estudo de Caso, a ser desenvolvido com docentes da
Universidade Federal do Pará.
A investigação pode ser considerada um desdobramento de estudos

2015 e 2018) e, neste momento, representa um aprofundamento no modo pelo

nosso país.
Os sujeitos são docentes da Universidade Federal do Pará, que atuam em
níveis de graduação e pós-graduação, com titulação em doutorado. A técnica para
coleta dos dados junto aos sujeitos, entrevista semiestruturada, delimita a amostra
de 1% de docentes. Os dados obtidos são submetidos à Análise de Conteúdo,
para este estudo selecionamos o procedimento por Acervo, no qual “o sistema de

estudos anteriores previamente desenvolvidos dessa natureza e não podemos


a priori a realidade.

76 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
O aporte teórico adotado para subsidiar a leitura e interpretação desse
recorte da realidade é referenciado em linhas de pensamento e autores que
investigam a relação totalidade subjetividade a partir da perspectiva marxiana,
psicanalítica e da teoria crítica. Marx, Freud, Adorno, Dardot & Laval, Harvey,
dentre outros, orientarão o olhar e a compreensão de fenômeno a ser estudado.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL: Investigar no interior do trabalho cotidiano


de docentes da Universidade Federal do Pará, que mecanismos institucionais

contraposição à subjetividade autônoma.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Levantar as formas pelas quais docentes organizam suas atividades de
ensino, pesquisa e extensão guiados pelas normatizações que orientam o trabalho
docente na UFPA;

níveis do ensino superior, graduação e pós-graduação e nível de motivação


presente;
- Elencar os indicadores adotados para avaliação de seu desempenho
acadêmico a partir do confronto entre resultados obtidos e grau de satisfação
alcançado.
- Levantar as formas selecionadas para o alcance das metas colocadas
para sua produção e avaliação;

no interior da instituição e graus de satisfação obtidos;


- Levantar registros ou episódios de adoecimento e afastamento do
trabalho.
Um sujeito exemplar.
Por se encontrar em pleno desenvolvimento, o relato aqui apresentado não
indicará resultados conclusivos. Entretanto, consideramos de enorme relevância
os dados obtidos junto a um dos sujeitos, por reunir uma gama de elementos que
auxiliarão no trabalho a ser desenvolvidos pela Análise de Conteúdo e assim vir
contribuir no levantamento de Acervo para constituição de categorias.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 77


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A entrevista selecionada é de docente que ingressou no quadro da
Universidade Federal do Pará como professora substituta, sendo no ano seguinte

que aqui será nominada Sujeito Exemplar (SE).

impossível conciliar o estudo e a função administrativa, optei pela minha formação, uma vez

Observa-se o interesse pelas funções administrativas presentes


precocemente na carreira da docente, porém ao ocupar o cargo de maior prestígio
em sua carreira, não hesita em optar pela formação acadêmica, uma vez que a
maioria dos docentes naquele momento tinha apenas graduação ou, no máximo,
especialização. Raramente mestrado. O título de doutorado serviria para atingir
patamares mais elevados.
Ao concluir o doutorado ingressa imediatamente no quadro docente da
pós- graduação. Onde permanece por três anos seguidos:

(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), orientação de

Que necessidades e desejos precisam ser reconhecidos e eleitos para


promover, de modo mediato e imediato, a satisfação humana?

altíssima (ênfase)

(o hormônio) aumentar

78 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Não havia alternativa era urgente tomar uma atitude. O que pesou na decisão?
Nas palavras da docente:

Não lhe restou muita alternativa de escolha.

Para Dardot & Laval (2016), autores que ancoram teoricamente nossa
abordagem do problema em pauta, os diagnósticos clínicos do neosujeito apontam
um quadro ainda inconcluso de 8 (oito) tipos:

1. Sofrimento no trabalho e autonomia contrariada- ‘Hoje, o “estresse” e o


“assédio” no trabalho são reconhecidos, em relação ao aumento de casos de
suicídio no local de trabalho, como “riscos psicossociais” dolorosos, perigosos e

como uma oportunidade para o indivíduo moldar livremente sua vida, na


realidade abala o “caráter” e corrói tudo o que há de estável na personalidade: os

engajamentos dos sujeitos uns com os outros . Relações de sentimentos e afetos

4. Depressão Generalizada – ‘O remédio... para essa “doença da responsabilidade”,


essa usura provocada pela escolha permanente, é a dopagem generalizada.
O medicamento faz as vezes da instituição que não apoia mais os indivíduos
isolados. Vícios diversos e dependências às mídias visuais são alguns desses

5. Dessimbolização - ‘O enfraquecimento de qualquer ideal encarnado pelas


instituições’... ‘Essa intimação à escolha permanente, essa solicitação de desejos

convidado a trocar de carro; no outro, de parceiro; no outro, de identidade; e no

6. Perversão comum- ‘... uma vez instaurado um “mundo sem limite”, a pequena
perversão cotidiana – ou, mais exatamente, o que existe de incentivo à perversão
na situação de concorrência geral, encontra um campo inédito de expansão.’
... ‘consumo de parceiros como objetos que são jogados fora assim que são

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 79


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
7. O gozo de si do neosujeito- ‘O essencial aqui é compreender que a ilimitação do
. O sentimento de
si é dado no excesso, na rapidez, na sensação bruta proporcionada pela agitação,
o que certamente expõe o neosujeito à depressão e à dependência, mas também
possibilita aquele estado “conexionista” do qual ele tira, na falta de vínculo

8. O governo do sujeito neoliberal- ‘face sombria da normatividade neoliberal:


a vigilância cada vez mais densa do espaço público e privado, a rastreabilidade
cada vez mais precisa dos movimentos dos indivíduos na internet, a avaliação
cada vez mais minuciosa e mesquinha da atividade dos indivíduos, a ação cada
vez mais pregnante dos sistemas conjuntos de informação e publicidade e, talvez,
sobretudo, as formas cada vez mais insidiosas de auto controle do próprio

Este quadro, que se apresenta drástico, guarda os elementos que podem


servir para sua reversão. Ao descrever os mecanismos de que se utiliza para
fabricar o neosujeito, a razão neoliberal traz à tona aquilo que nega ao sujeito: o
conhecimento de si.

DISCUSSÃO PROVISÓRIA

Este sujeito aqui trazido para iniciar apontamentos sobre a constituição


do neosujeito, traz um aspecto extremamente curioso. Em suas falas na entrevista,
em momento algum há indicação de que as atividades nas quais se engajou,
decorrem de qualquer tipo de pressão externa. Considero relevante esse aspecto,
pois comumente associamos o adoecimento a um grau de insatisfação na execução
do trabalho. Como se ao sujeito não restasse alternativa, que não assujeitar-se.

pelo qual sempre lutou. Desejo que só foi abandonado por que implicava uma
questão de ‘vida ou morte’.
O enfraquecimento do sujeito que o neoliberalismo promove é o que,
segundo Adorno, permite o surgimento das tendências fascistas.
Os resultados a serem obtidos no estudo em desenvolvimento podem
contribuir para desvelar não apenas o percurso até aqui tomado para a conformação
do sujeito à realidade, mas para apontar possíveis saídas e uma nova razão.

80 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor W. A teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista. IN;


(Artur Renzo). Disponível em
https://blogdaboitempo.com.br/2018/10/25/adorno-a- psicanalise-da-adesao-

ANDES SINDICATO NACIONAL. Projeto do Capital para a Educação.


Vol.2. outubro de 2019. Brasília-DF.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa- Portugal: Edições 70, Lda,

DARDOT, Pierre & LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre
a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

SOUZA, Michel Alves.


Adorno e Freud

Filosofonet Acesso em 12 de março de 2020.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 81


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PARTE 2

EDUCAÇÃO SUPERIOR
A PERMANÊNCIA ESTUDANTIL DE ESTUDANTES
QUILOMBOLAS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO
SUDOESTE DA BAHIA-UESB

Adriana da Silva Souza


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
adrianasilvasouza@hotmail.com

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB


iracema.lima@uesb.br

RESUMO

O debate sobre o acesso às universidades brasileiras através do sistema


de cotas começou no início da década de 1990 e vem se ampliando de acordo
(GOMES, 2001; BERNADINO, 2002; MOEHLECKE, 2002; FRY &MAGGIE,

preveem a adoção de medidas diferenciadas que promovam a igualdade de


oportunidades no acesso à Educação Superior por grupos historicamente

de alternativas que possibilitem a redução das desigualdades socioeconômicas.


De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA/2008),
às ações que visam o ingresso na educação superior das camadas historicamente
excluídas deste nível de formação vem sendo adotadas por algumas Universidades
desde 2001, e objetivam a promoção do acesso de estudantes oriundos das
camadas sociais menos privilegiadas e estudantes negros.
Na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a política de

aprovada pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), que


determina o sistema de reserva de vagas e quotas adicionais no processo seletivo
para os cursos de graduação da UESB.
Aliada a esta abordagem que amplia as condições de acesso faz-se
necessário também a existência de políticas públicas educacionais que atendam
as comunidades subalternizadas, que desde a gênese do Estado brasileiro foram
excluídos dos processos formais de educação e oportunizem sua diplomação.
Segundo Oliveira (2011), a integração de uma sociedade depende do papel que
exerce o Estado em relação aos seus cidadãos, ou seja, as políticas públicas e
sociais que desenvolve e põe em ação. Espera-se que as Políticas Públicas de Ações

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 83


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
problemas advindos do racismo presente na sociedade brasileira e possibilite a
construção de uma universidade plural, pública e efetivamente democrática.
Processos desta natureza não se pode concretiza somente no acesso à
educação superior gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, torna-se ainda
urgente procurar estruturas que viabilizem a permanência e a conclusão de cursos
dos que nela ingressam, diminuindo os efeitos das desigualdades apresentadas
por um conjunto de estudantes oriundos de segmentos sociais cada vez mais
pauperizados e que apresentam problemas concretos de prosseguirem sua vida
acadêmica com sucesso.
Nesta pesquisa investigamos como as políticas públicas de Ações

e diplomação dos estudantes quilombolas inscritos no Programa de Assistência


Estudantil e quais alcancem têm resultado estas ações.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política


Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Brasília, 2007.

BRASIL, Constituição Brasileira de 1988. Constituição da República Federativa


do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

FONSECA, Carlos Brandão. As cotas na universidade pública brasileira:


. São Paulo (2005).

GONÇALVES, Maria Alice Rezende.


inclusão de negros no sistema de ensino superior brasileiro. In: RIBEIRO,

Lei de Diretrizes e Bases da


Educação
l4024.htm. Acessado em 10 de jul. de 2019.

84 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
OLIVEIRA, Dalila Andrade. Das políticas de governo a política de estado:
. Educ. Soc., Campinas,

-%20Reserva%20de%20vagas.%20Cot as.pdf Acesso em: 22/07/2019.

CONSU-Conselho Universitário, Resolução nº 37/2008. Disponível em: http://

Cot as.pdf Acesso em: 22/07/2019.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 85


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A EQUIDADE NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA: UM ESTUDO
SOBRE O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ESTUDANTES DE
CURSOS PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA

Ana Maria de Albuquerque Moreira


Universidade de Brasília - UnB
ana_moreira@hotmail.com

Universidade de Brasília - UnB


cdealmeidasantos@gmail.com

Universidade de Brasília - UnB


danielle.pamplona@gmail.com
Silene Lozzi
Universidade de Brasília - UnB
silozzi@gmail.com

INTRODUÇÃO

Neste trabalho, apresentamos resultados parciais do diagnóstico realizado


na Universidade de Brasília (UnB), como parte das atividades do Observatório
Institucional de Equidade (OIE/UnB).
O diagnóstico foi desenvolvido por uma abordagem quantitativa,
utilizando, como instrumento de pesquisa, um survey aplicado a uma amostra
aleatória de estudantes em duas fases: aos estudantes de cursos presenciais, em
2019, e aos estudantes de cursos a distância em 2020. A elaboração do instrumento
de diagnóstico partiu do questionário do Observatório da Vida Estudantil,
também desenvolvido na UnB. Os resultados aqui apresentados tratam de

variáveis raça/cor, sexo, idade e trajetória escolar.

EQUIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: A RELEVÂNCIA DE


CONHECER QUEM SÃO OS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO

De acordo com Suárez e Gairin (2018), o entendimento da educação


superior como um bem, um recurso e um direito contribui não apenas ao
desenvolvimento individual dos sujeitos, mas à promoção da justiça social. Nesse

de uma educação superior de qualidade.Para uma cultura universitária equitativa,

86 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Suárez e Gairín (2018) alertam, ainda, para a necessidade do diagnóstico da situação
dos estudantes, que, de maneira sistemática, permita a coleta de informações
atualizadas. Segundo Dovigo et al (2018) uma instituição de ensino superior,
impregnada pela cultura da equidade, desenvolve uma sensibilidade especial para

promoção de mecanismos proativos de proteção, conservação ou restauração das


condições de equidade.

ANÁLISE DAS RESPOSTAS: PERFIL SOCIOECONÔMICO


DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DA UNB

questionário nos distintos campi da UnB, com maior concentração no Campus

Planaltina (6%). Para os cursos a distância, no total, 744 estudantes responderam


ao questionário.

estudantes de graduação das universidades federais, também constatadas em


outros estudos (ANDIFES, FONAPRACE, 2016). Os resultados mostram o
percentual mais elevado de estudantes negros (pardos e pretos) em relação aos
brancos e amarelos.

Quadro

raça/cor presencial (%) a distância (%)


Amarela 1,84 2,42
Branca 46,04 48,25
Parda 39,59 36,29
Preta 12,52 12,63
Fonte: dados da pesquisa.

Com relação ao sexo, 52% dos respondentes dos cursos presenciais e

A maior parte dos estudantes dos cursos presenciais se encontra na faixa


de 20 a 24 anos de idade (55%) destacando-se um grupo menor (6,5%) acima de

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 87


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Na trajetória pré-universitária, os dados também mostram a mudança do

entre os estudantes de cursos presenciais, 40% concluiu o ensino fundamental


e 50% o ensino médio somente em escolas públicas. Na educação a distância, a
participação de oriundos de escolas públicas é ainda mais elevada: 72% tanto no
ensino fundamental quanto no ensino médio.

CONCLUSÕES PRELIMINARES

distância pela Universidade Aberta do Brasil contribui para a democratização


do acesso a educação superior. Comprovando a discussão teórica, o diagnóstico
mostrou a prioridade de políticas institucionais diferenciadas considerando o

REFERÊNCIAS

FONAPRACE/ANDIFES.
Cultural dos Graduandos da IFES. Brasília: FONAPRACE/ANDIFES, 2019.

DOVIGO, F. Mejorar la inclusión y la equidade em las IES: la perspectiva de


las funciones.. In SALLÁN, J. G. ÁVILA, G.P. Politicas y prácticas para la
equidade em la educación superior. Wolters Kluwer España, Madrid. 2018.

SUAREZ, C. I. GAIRIN, J. (2018) Equidad y educación superior. SALLÁN,


J. G. ÁVILA, G.P. Politicas y prácticas para la equidade em la educación
superior. Wolters Kluwer España, Madrid. 2018.

88 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
OS SETORES DE ATENDIMENTO AOS ESTUDANTES COM
DEFICIÊNCIA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
PÚBLICO EM FOZ DO IGUAÇU

Ana Paula Oliveira Silva de Fernández


Universidade Estadual do oeste do Paraná - UNIOESTE
anap.oliveirasilva@gmail.com

Universidade Estadual do oeste do Paraná - UNIOESTE


ivanirgs@gmail.com

Universidade Estadual do oeste do Paraná - UNIOESTE


andreiabondezan76@gmail.com
Eliane Pinto de Góes
Universidade Estadual do oeste do Paraná - UNIOESTE
elianegoes1@hotmail.com

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo compreender as características

Iguaçu: IFPR, Unila e Unioeste. Para tanto situamos historicamente a pessoa com

de educação destinado a esses sujeitos, e os marcos legais e históricos na política

Além disso contextualizamos o desenvolvimento do ensino superior no

exclusão e preconceito que se perpetua na sociedade brasileira, no intuito de


assegurar a diversidade e a pluralidade social.

DESENVOLVIMENTO

Nas últimas décadas, as políticas educacionais aderiram à perspectiva


inclusiva em todos os níveis de ensino e a educação especial foi imbuída de novos
preceitos. Nes- te sentido, as oportunidades educacionais e de integração social

na legislação brasileira para garantir o acesso e as condições de atendimento

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 89


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
SILVA, 1987; AMARAL, 1994;
CARVALHO, 2009; JANNUZZI, 2004; MAZ- ZOTTA, 1996). Destacam-se as intervenções

PNAES, a criação e a consolidação de núcleos de acessibilidade (PIOVESAN, 2006;


SANTOS, 2005).
Destarte, nossa pesquisa buscou compreender as características desses

do Iguaçu: IFPR, Unila e Unioeste. Foi realizada uma coleta de dados com as
gestoras dos núcleos de acessibili- dade dessas instituições. Para análise das
respostas utilizamos a análise de conteúdo (BARDIN, 1979; MINAYO, 2001).

CONCLUSÃO

Embora haja todo um histórico de exclusão que marcam a trajetória

que minoritária no ensino superior. As políticas de acessibilidade e inclusão tem


contribuído neste sentido, mesmo que não seja por políticas de cotas. Por outro
lado, percebemos que as condições de acessibilidade na universidade pública ainda
carecem de investimentos na infraestrutura, no currículo, no sistema de informação

Os Núcleos de assessoramento/acompanhamento têm buscado


desenvolver e suprir o acompanhamento da vida acadêmica desses alunos,
auxiliando nas demandas in loco. As universidades federais, em relação a estadual,
apresentam um suporte mais estruturado neste sentido, pois são subsidiadas por

Por conseguinte, compreendemos que apesar não ser estes setores os


únicos responsáveis pela permanência do estudante, pode ser um aporte para

práticas.

90 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, L. A. . Brasília: CORDE, 1994.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, 1979.

CARVALHO, A. R. de. : uma


análise na perspectiva crítica. 2009. 178 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -
Universidade Estadual Oeste do Paraná, Cascavel.

JANNUZZI, G. M.
. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.

MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e políticas


públicas. São Paulo: Cortez, 1996.

MINAYO, M. C. S. (Org.). . Rio


de Janeiro: Vozes, 2001.

PIOVESAN, F. . Revista USP, São

SANTOS, J. P. de F.
direito na construção de um Brasil diverso. Edições Loyola: São Paulo, 2005.

SILVA, O. M. A epopeia ignorada


ontem e de hoje. São Paulo: CEDAS, 1987.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 91


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO CONTEXTO DE EXPANSÃO E
INTERIORIZAÇÃO DA UFMA

Ana Paula Ribeiro de Sousa


Universidade Federal do Maranhão - UFMA
anapaularis@hotmail.com

Universidade Federal do Maranhão - UFMA


solidsnk@bol.com.br

INTRODUÇÃO

A Universidade Federal do Maranhão experimentou um momento


de forte expansão e interiorização (SOUSA, 2019), fortemente induzido pelas
políticas de expansão da rede federal de ensino, com destaque para o Programa
de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI (Decreto
no. 6.096/2007), que ampliou o universo de estudantes em condições de

estudantes das universidades federais, observado em todo o país (ANDIFES,


2014). Este texto tem por objetivo problematizar as políticas de assistência
estudantil da Universidade Federal do Maranhão, no bojo desse processo de
expansão e interiorização. Foram utilizados dados disponibilizados pela própria

documental.

DESENVOLVIMENTO

fomento ao acesso e à permanência no ensino superior, no sentido de garantir,


além do ingresso, a manutenção com êxito do estudante na Universidade,

inclusive, a instituição de uma Política Nacional de Assistência Estudantil1. Na

programas, entretanto, encontra-se atrelada às características da política nacional


de assistência estudantil, direcionada prioritariamente para alunos em situação de
vulnerabilidade social (egressos de escola pública e com renda familiar per capta
de até ½ salário mínimo), de corte eminentemente assistencialista, focalizada nas

em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior.

92 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
necessidades imediatas do estudante. A manutenção dos auxílios está condicionada
ao “desempenho satisfatório do discente” (aprovação em pelo menos 75% das
disciplinas cursadas, não reprovação por falta, conclusão do curso no período
adequado, matrícula em todas as disciplinas ofertadas no semestre letivo e a

disciplinares da instituição, nos termos do Regimento Disciplinar Discente.


Por conta dessas exigências e da grande rotatividade entre os discentes, há um

podem ser acumulados, fragmentando o escopo da política. O valor emprenhado


em assistência estudantil, tomando o orçamento de custeio da UFMA consignado
na LOA, oscilou de 9,44%, em 2009, atingindo o maior patamar em 14,5% em
2014, com os menores percentuais entre 2010, 6,67%, e 2011, 7,5%, quando

demanda gerada com a expansão e interiorização. Os estudantes dos campi do


interior, mediante a ausência de equipamentos sociais de assistência estudantil
(restaurante universitário e residência estudantil), tem que “concorrer” com
os estudantes da sede pelos auxílios pecuniários (bolsas) direcionados a essas
necessidades. Além disso, nem todos os estudantes que se submetem ao processo
de seleção são contemplados, pois a concessão está condicionada à capacidade
orçamentária, o que gera uma “expectativa” de direito nestes estudantes que,
mesmo atendendo todos os critérios para serem contemplados, não o são de
imediato. CONCLUSÃO: As políticas de assistência estudantil implementadas na
UFMA no período de grande expansão de vagas e matrículas não foram efetivas no
que se refere ao atendimento do público alvo prioritário da política, apesar do viés
focalizado, assistencialista e pautado num padrão de monetarização dos auxílios
(bolsas). Mesmo com a ampliação dos recursos e dos programas destinados à
assistência estudantil, percebe-se que esta não acompanhou o crescimento da
demanda da instituição.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 93


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

ANDIFES. Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e


Estudantis. FONAPRACE.
dos graduandos das instituições de ensino superior brasileiras 2014.
Uberlândia/MG: FONAPRACE, 2016. p. 291.

SOUSA, A.P.R de.


neoliberais: uma análise do processo de expansão e interiorização da UFMA a
partir do REUNI. Niterói, 2019. Tese (Doutorado em Educação). Universidade
Federal Fluminense, 2019.

94 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO ESTRATÉGIA DE
PERMANÊNCIA PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA
Anielise Mascarenhas Guedes
Cei José Eduardo Martins Jallad - ZEDU/MS
Carina Elisabeth Maciel
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul -UFMS
Elisiane Mascarenhas Guedes
Instituto Arara Azul -ITA
RESUMO

educação que utiliza as tecnologias como principais recursos para o ensino. A

consiste em alguns dos elementos que favorecem estudantes trabalhadores ou que

educação.

Ou seja, comparando com os momentos descritos acima por Alves, a EaD teria
começado no momento Intermediário. Assim, Nunes não leva em consideração
as ações feitas antes desse período.
Segundo Costa (2017) a EaD (Educação a distância) pode ser dividida

Geração: marcada pela interação à distância em tempo real, em cursos de áudio

classes e universidades virtuais, baseadas em tecnologias da internet.

dividida em gerações, mostrando que ela está presente há muito tempo no âmbito
educacional. Porém, somente a partir de 2005 começou a ser regularizada como
uma modalidade de educação.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 95


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos
de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005, p. 1).Com

as tecnologias como meios pedagógicos para desenvolver a aprendizagem.


Apesar de utilizar a tecnologia e auxiliar as pessoas que por algum motivo não
podem estar de corpo presente em uma instituição de ensino, algumas atividades
do curso devem ser realizadas presencialmente, como por exemplo: avaliação
dos estudantes, estágios obrigatórios, apresentações de trabalhos de conclusão
de curso, entre outras atividades.

O ingresso do estudante na educação superior de modo presencial

de algumas adaptações, como por exemplo: material adaptado, acessibilidade


estrutural, professores capacitados entre outras para que as mesmas possam
seguir com o curso escolhido.

na educação superior está diretamente ligada a educação especial e consiste em


uma relação em construção. Alguns marcos da história como a Declaração de

sobre as necessidades básicas de aprendizagem para esse grupo de estudantes. A


Declaração de Salamanca objetivou promover diretrizes básicas para a formulação
e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de
inclusão social.

Cada pessoa - criança, jovem ou adulto - deve estar em condições de aproveitar


as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de
aprendizagem. Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais
para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a
solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como
conhecimentos, habilidades, valores e atitudes), necessários para que os seres
humanos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas potencialidades, viver
e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar
a qualidade de vida, tomar decisões fundamentadas e continuar aprendendo. A
amplitude das necessidades básicas de aprendizagem e a maneira de satisfazê-
las variam segundo cada país e cada cultura, e, inevitavelmente, mudam com o

96 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
investigação sobre as contribuições da educação a distância para favorecer o

dessa modalidade de educação.

REFERÊNCIAS

Brasil, M. E. D. Brasília, Brasil


(2005).

COSTA, Adriano Ribeiro. A educação a distância no brasil: Concepções,


histórico e bases legais

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, Declaração Universal


Dos Direitos. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia
Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Disponível na Biblioteca
Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo: www.direitoshumanos.

NUNES, Ivônio Barros. Noções de educação à distância. Revista educação


à distância

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 97


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
POLÍTICAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR E O ACESSO DE
ESTUDANTES TRANSEXUAIS E TRAVESTIS

Carina Elisabeth Maciel


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
carina22em@gmail.com

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS


tatianelimaufms@gmail.com
INTRODUÇÃO

Nos últimos vinte anos, políticas para o acesso e permanência de


determinados grupos historicamente excluídos da educação superior têm sido
promulgadas, como as políticas de cotas para negras/os, para pessoas com

renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita,
conquanto, quando nos referimos às pessoas transexuais e travestis, o número de

Embora as demandas do movimento LGBTQIA+ tenham obtido


notoriedade desde a década de 1990, devido a articulação entre movimento e
governo no enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS, as demandas das pessoas

2000, de forma que, sobrepondo o âmbito educacional, portarias e resoluções


concernentes ao uso do nome social e ao uso do banheiro foram implementadas
em escolas públicas e universidades (SILVA, 2017).

POLÍTICAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR PARA ESTUDANTES

O acesso de transexuais e travestis à educação superior tem sido


delimitado em virtude da construção social e histórica do que é o homem e mulher,
determinada a partir da matriz biológica feminino/masculino e de concepções
morais e religiosas, que estigmatiza e exclui as identidades de gênero que não
correspondem à norma imposta. Nessa perspectiva, transexuais e travestis são
excluídas de ambientes sociais e de terem os direitos fundamentais garantidos por
serem associadas ao pecado, à marginalidade e à patologia.

concluir o período de escolaridade obrigatória e ingressar na educação superior.


No entanto, em razão das ações do movimento LGBTQIA+ por garantia de
direitos, concomitantemente com a implementação das políticas de expansão da
98 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
educação superior, uma parcela dessa população tem alcançado visibilidade social
e política, além de estarem acessando essa modalidade de ensino a partir das cotas
por renda, escolaridade e/ou raça/etnia (SCOTE, 2017).
Como as universidades públicas têm autonomia para elaborar resoluções
internas, a primeira instituição a implantar uma resolução dispondo sobre a
inclusão do nome social de estudantes e servidoras/es transexuais e travestis

universidades federais, em média, 50 tem resoluções a respeito do uso do nome


social (LEWER, 2016).
Concernente às reservas de vagas, em 2018, a Universidade Federal do
Sul da Bahia (UFSB) foi a primeira instituição a dispor um processo seletivo
com reserva de vagas para indígenas, quilombolas e transexuais e travestis. No
ano seguinte, a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) adotou o sistema de
cotas na graduação e pós- graduação, de todos os processos seletivos abertos pela

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reconhecemos que a luta política de transexuais e travestis pela conquista


de direitos engendra avanços e retrocessos nas políticas e nas relações sociais,
compondo novas demandas e transformando o contexto histórico, político

como e quantas/os transexuais e travestis ingressam na educação superior

acesso e permanência.

REFERÊNCIAS

GOMES, B.; FAHEINA, C.; KER, J.. No ensino superior, o espelho da


. 2019. Disponível em: https://arte.estadao.com.br/
focas/capitu/materia/no-ensino-superior-o-espelho-da- exclusao-de-pessoas-
trans. Acesso em: 02 jan. 2020.

LEWER, Laura.
nome social. G1. [S.I.] 2016. Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/
noticia/14-universidades-federais-nao-tem-resolucao-para-uso-do-nome-social.
ghtml. Acesso em: 02 jan. 2020.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 99


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
SCOTE, Fausto Delphino.

Dissertação (Mestrado em educação). – Universidade Federal de São Carlos.


Sorocaba/SP, 2017.

SILVA, Aline Oliveira Gomes da. Nome social como política pública nas
universidades estaduais do Paraná: Coalizões, permanências e persistências.
Dissertação (Mestrado em ciências sociais). – Universidade Estadual de Londrina.
Londrina/PR, 2017.

100 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ACESSO E PERMANÊNCIA: QUESTÕES PRELIMINARES

Carla Agda Gonçalves


Universidade Estadual Paulista em Franca - UNESP
carlaagdaufg@gmail.com
Viviane Cardoso Martins
Universidade Federal de Goiás - UFG
vivcmc.1@gmail.com

INTRODUÇÃO

O resumo apresentado advém de estudos empreendidos sobre acesso

documental e de campo na Universidade Federal de Goiás (UFG), junto à


discentes ingressantes em 2016 em um curso da Ciências Agrárias, com foco nas
cotas por renda1.
Nesse sentido, constitui objetivo central apresentar os elementos
percebidos e analisados por estes discentes frente à Política de Assistência
Estudantil desta universidade na interface do acesso e permanência.

O ACESSO E PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

A educação, enquanto um instrumento de manutenção ou transformação


social, tornou-se na sociedade capitalista mecanismo fundamentalmente
ideológico, cultural e político na manutenção e expansão do projeto hegemônico
burguês; mas também constituem espaços de resistência na defesa da emancipação
humana – constitutiva e constituinte de processo de lutas e tensionamentos diante
da correlação de forças estabelecidas nesta sociedade.
As antinomias na realidade brasileira explicitaram às universidades

no Estado, intelectuais responsáveis pela reprodução da ideologia dominante.


Essa trajetória histórica pela procura pela educação superior desencadeou um
descompasso entre oferta e demanda, decorrendo por um lado na criação e
expansão pública para um grupo minoritário e o por outro, no acesso a educação
privada à maioria da população. Essa morfologia privatista despontada na

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 101


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Ditadura Militar2 foi apropriada principalmente durante no governo FHC, tendo
novas roupagens nos governos Lula e Dilma, aprofundando em Temer e, com
robustez em Jair Bolsonaro.
Na particularidade das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES),
um novo fôlego repleto de contradições se viu presente com o Programa
de Apoio à Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(REUNI), e subsequente Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES),
cujos objetivos centrais eram democratizar as condições de acesso e permanência,
reduzindo taxas de retenção e evasão.

incentivo à participação em eventos, obras dentre outras ações que possibilitaram

Assistência Estudantil como democratizadora; porém explicitam que os projetos


prestados não são publicizados em sua plenitude, gerando debilidades, confusões,
não transparência etc, contrapondo o direito à socialização das informações.
Estes destacam que se tivessem maiores informações poderiam recorrer
e, caso contemplados com alguma bolsa assistencial, evitariam debilidades no

que, em um curso integral, obriga-os recorrer à trabalhos informais em horários


diferenciados, reiterando os problemas educacionais.
Algumas contradições se evidenciaram ao perceber que alguns discentes,
embora tenham entrado no curso pela política de cotas, não recorrem à assistência
estudantil por entenderam desnecessário pela sua condição socioeconômica.
A totalidade dos discentes relatam como complicador a distância do
refeitório à unidade acadêmica, que devido ao horário das aulas, inviabiliza o

Mesmo diante do alto número de discentes da UFG faz-se necessário


acompanhamento e estudos mais adensados em realidades tão díspares,
possibilitando romper com ações pautadas em modelos fechados e instituídos,
expressando uma burocratização e distanciamento das necessidades apresentadas,
contrapondo os direitos sociais de cidadania.

2
Várias medidas foram impressas nesse período. Nos limites do resumo salienta-se a privatização

102 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CONCLUSÕES

As antinomias da educação superior brasileira no acesso e permanência


sempre foi um ponto nefrálgico, mesmo diante de programas que primaram por
estas perspectivas, como o REUNI, e subsequente, PNAES.
N o que tange a particularidade da UFG avanços foram obtidos com
PNAES, entretanto a democratização da educação pressupõe estratégias que

do acesso e permanência à educação superior pública federal.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes gerais do programa de apoio


,
2007

Dispõe sobre o
Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES).

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 103


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
AS FUNDAÇÕES EDUCACIONAIS MUNICIPAIS E A EXPANSÃO
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Kelly Cristina da Silva Ruas


Universidade Federal de Goiás - UFG
kelly.ruas84@gmail.com

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivo apresentar o estado da arte de


pesquisas relacionadas a expansão da educação superior no Brasil e as fundações
educacionais municipais como alternativa de IES. Optou-se pela pesquisa

mapear e revisar literaturas sobre o tema proposto, bem como organizar o campo

dissertações e teses, são necessários estudos sobre as produções em congressos


na área, estudos sobre as publicações em periódicos da área”. Recorremos aos

Trabalho Políticas de Educação Superior – GT 11 da Associação Nacional de Pós-


Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), Portal brasileiro de publicações

Domínio Público, para buscarmos as produções que abordam o assunto sobre a


expansão da educação superior e as fundações educacionais, tendo como recorte
temporal os últimos cinco anos (2014-2019).

EDUCACIONAIS: O QUE TRAZEM AS PRODUÇÕES

Os aportes teóricos, dissertações e artigos discutem a temática, contudo,


a maioria delas trazem como foco o programa Reuni, Prouni e as EAD. Entres
as utilizadas para nosso embasamento temos Martins (2009) e Macebo (2015),
que discutem o ensino superior sob a perspectiva de sua expansão, tendências
e contradições. O ensino superior no Brasil é marcado por iniciativas políticas
que privilegiam o setor privado, seja no sentido de administração direta ou

104 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
com as parcerias. Complementando esse pressuposto, encontra-se no site do
Inep dados quantitativos acerca das IES no Brasil. Em 2017 o Brasil tinha 296
Instituições de Educação Superior (IES) públicas e 2.152 privadas, representando
87,9% da rede. No que tange as públicas e a unidade federativa temos 41,9%

no Brasil equivalem a 8,1% do total de IES. Há uma discussão em torno da


expansão do ensino superior, no levantamento realizado nos últimos 12 anos
selecionamos 71 produções feitas no período de 2008-2019, sendo 6 no GT 11
da Anped, grupo que discute sobre Política da Educação Superior, na BDTD

produções abordam a temática, das quais selecionamos 20 para análise. Cabe


salientar que nesse encontramos maior diversidade de produção, sendo 2 TCC,

as 220 visualizadas. Usou-se o descritor o termo “fundações educacionais” e


encontramos 121 produções das quais selecionamos 11 para análise. Nos últimos
12 anos, no tocante as Fundações educacionais municipais aliada a expansão

fundações municipais de ensino superior voltadas para explicar a natureza jurídica


e diferenciar seus tipos.

CONCLUSÃO

Com o intuito de ajudar no processo de ampliação e até mesmo burocrático,


alguns governos municipais, estaduais e a própria união buscam articular formas
de gestão na administração das instituições de ensino superior. Ademais, diante
do panorama apresentado, torna-se relevante também discutir como as fundações

de políticas públicas para atender a demanda educacional. É viável o estudo acerca

conhecimento sobre essa modalidade de IES, conforme o levantamento sobre a


temática há produções abordaram essa temática. Cabe pontuar este estudo está

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 105


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

ANDRÉ, M. E. D. A de. A produção acadêmica sobre formação de professores:


um estudo comparativo das dissertações e teses defendidas nos anos 1990 e 2000.
. Autêntica,
2009. Disponível em: https://revformacaodocente.com.br/index.php/rbpfp/
issue/view/v1n1. Acesso em: 05/02/2020.

BRASIL. Ministério da educação e cultura. Cadastro Nacional de Cursos e


Instituições de Educação Superior. Cadastro e-MEC, 2020. Disponível em:
http://emec.mec.gov.br/. Acesso: 05/02/2020.

BRASIL. Ministério da educação e cultura. Fundações de Apoio. Disponível


em: http://portal.mec.gov.br/sesu-secretaria-de-educacao-superior/fundacoes-
de-apoio-ses. Acesso: 02/02/2020.

CONFIES - Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de

entendida pela sociedade


as-fundacoes-de-apoio-e- as-instituicoes-de-ensino-superior-uma-relacao-que-
precisa-ser-entendida-pela- sociedade/. Acesso em: 02/02/2020.

INEP. Apresentações e treinamento. Disponível em: http://portal.


inep.gov.br/apresentacoes-e-treinamentos. Acesso: 05/02/2020.

MANCEBO, D. Educação superior no brasil: expansão e tendências (1995-2014).


IN.: 37ª Reunião Nacional da ANPEd. Florianópolis, SC, 2015. Disponível em:
Acesso em: 01/02/2020.

MARTINS, R. M. de A . Entre avanços e retrocessos, a contradição – o reuni e a


expansão da educação superior pública. In.: 38ª Reunião Nacional da ANPED
– GT11 - Política da Educação Superior, São Luís/MA, 2017.

106 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
O IMPACTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO ACESSO E NA
PERMANÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR DOS ALUNOS DE
CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UFRN

Daniele da Rocha Carvalho


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
drc_rn@yahoo.com.br

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN


aldacastro01@hotmail.com
Ridalvo Medeiros Alves de Oliveira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
ridalvo16@gmail.com

INTRODUÇÃO

O ensino superior no Brasil teve seu início tardio, em 1808, com a vinda
da família real portuguesa para o país, e foi caracterizado, por muitos anos, como
um ensino para formação da elite.

passa por três estágios (elite, massa e universal) que são carregados de um
conjunto de dimensões, desde o tamanho do sistema até a forma de administrar
academicamente e sua governança interna.
Gomes e Moraes (2012) concluíram que o Brasil, por volta de 1995, passou
pela transição do sistema de elite para o sistema de massa, conforme a teoria de
Trow, e a população universitária deixou de ser composta apenas por estudantes

traz diversos problemas, tais como: formas de acesso e seleção, qualidade no


ensino, distribuição do currículo, organização e realização de pesquisas e gestão
universitária. (BEZERRA; ARAÚJO, 2016; GILIOLI, 2016)

de Trow e, segundo Coulon (2017), esses novos alunos chegaram à universidade


com origens sociais extremamente diferentes do que se tinha habitualmente e
sem o nível requisitado, além de certos hábitos culturais e sociais que não lhes
facilitavam a entrada no meio universitário. Isso levou muitos estudantes a

não era mais o acesso, mas a permanência para a conclusão do curso.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 107


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Face o exposto, o objetivo desse trabalho é analisar o índice de evasão
(IEv) e a taxa de conclusão do curso de Ciências Contábeis (CCC) da UFRN,
antes e depois da adesão ao SiSU.

RESULTADOS

cursos da UFRN era o vestibular, ocorreu um aumento gradual, saindo de 27,5%

2015.1, o IEv aumentou para 45% em apenas 2 anos. Como o CCC tem duração
de 5 anos, a redução dos índices de evasão nos períodos de 2016 a 2018, se deve
ao fato de que o levantamento dos dados ocorreu em maio de 2019, quando
ingressantes ainda não haviam chegado à metade do curso.

Como consequência do aumento do IEv, corroborando outro problema


levantado pelos pesquisadores no processo de democratização do acesso, acontece
a redução da taxa de conclusão do curso.

a adesão ao SiSU, percebe-se que houve uma redução da taxa de conclusão de


curso. Nos semestres anteriores ao SiSU as taxas de conclusão foram 76,19%,

5,17%. Cabe ressaltar que no semestre 2014.2 a taxa é muito baixa porque ainda
não havia percorrido todos os anos normais para conclusão do curso.

CONCLUSÕES

atingir a meta 12, estabelecida nos Planos Nacionais de Educação, quanto ao


acesso ao ensino superior sem qualquer preocupação com a qualidade, aumentou
o acesso, através do número de cursos, de matrículas e de IES; mas, por outro

108 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
lado, trouxe problemas como: redução na qualidade do ensino na visão dos
professores, aumento da taxa de evasão, redução da taxa de conclusão dos cursos
e prolongamento no tempo de permanência nos cursos.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, A. E. M.; LEMOS, E. L. S. A Contrarreforma no Ensino Superior


Brasileiro. Temporalis

BEZERRA, V. O.; ARAÚJO, C. B. Z. M. Os Impactos das Mudanças nos


Processos Seletivos para o Acesso aos Cursos de Graduação na UFMS. In:
SEMINÁRIO NACIONAL UNIVERSITAS, 24., 2016. Anais... Maringá:

COULON, A. O ofício de estudante. Revista Educ

GILIOLI, R. S. P.
Brasil
dos Deputados. Consultoria Legislativa.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 109


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
O PERFIL DOS ESTUDANTES EM UMA ESCOLA PÚBLICA
NO DISTRITO FEDERAL E SUAS EXPECTATIVAS QUANTO À
EDUCAÇÃO SUPERIOR

Universidade de Brasília - UnB


danielle.pamplona@gmail.com
Bárbara Beatriz da Silva
Universidade de Brasília - UnB
barbarabeatrizdasilva6@gmail.com
Natalia Rodrigues Faria
Universidade de Brasília - UnB
nataliarf84@gmail.com

INTRODUÇÃO

Superior (IFES) – 2018 (FONAPRACE, 2019) revelou que as IFES têm

sobretudo em razão de políticas de democratização do acesso Nesse contexto,


registra-se o aumento do percentual de estudantes oriundos de escolas públicas
de Ensino Médio e de estudantes inseridos na faixa de renda mensal familiar per
capita até um e meio salários mínimos.

estudante do ensino médio em uma escola pública do Distrito Federal e as


expectativas quanto à educação superior.

EDUCAÇÃO SUPERIOR

na estratégia 12.5 a ampliação das políticas de inclusão, de modo a reduzir as


desigualdades étnico-raciais e ampliar as taxas de acesso e permanência na
educação superior de estudantes egressos da escola pública, dentre outros.

de estudantes de ensino médio e suas expectativas acerca do ensino superior.


O estudo revelou a maioria de mulheres (57%) e a faixa etária adequada à etapa

110 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
é uma porta de entrada para o ensino superior.

O PERFIL DOS ESTUDANTES EM UMA ESCOLA PÚBLICA

EDUCAÇÃO SUPERIOR

A escola selecionada para a pesquisa é localizada no Plano Piloto. Segundo


os dados do Censo Escolar 2019, tinha 614 matrículas no ensino médio, sendo
188 do terceiro ano. Para esses estudantes, foi aplicado um questionário, com o
total de 128 respondentes.

No que se refere à trajetória escolar, a maioria (69,5%) cursou o Ensino


Fundamental somente em escola pública e 9,4% cursou somente em escola
particular.
Quanto à renda familiar, a maioria dos estudantes (55%) tem até 2
salários mínimos. A maioria de amarelos (50%), pardos (40,8%) e pretos (40%)
possui até 2 salários mínimos, enquanto a maioria de brancos (40,6%) possui mais

enquanto a maioria que cursou somente em escola particular tem renda familiar
maior que 10 salários mínimos.

enfrentado é a formação básica para o ingresso à Universidade. Sobre o interesse


em cursar educação superior, a maioria respondeu positivamente (92,1%). O
gênero masculino possui maior interesse (46,9%), seguido do feminino (42,2%).

90,5|% de pardos e 80% de amarelos. O interesse também é expressivo quanto à

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 111


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CONSIDERAÇÕES FINAIS

a tendência nacional de baixa renda, maioria parda e com trajetória predominante


na escola pública, divergindo quanto ao gênero por ter maioria masculina. Sobre
as expectativas quanto à educação superior, os estudantes apresentam interesse
em ingressar em cursos superiores, relevando a importância de políticas de
democratização da educação superior para esses estudantes oriundos de escola
pública e de baixa renda.

REFERÊNCIAS

Dispõe sobre o ingresso nas

. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/

FRANCO, M. L. P. B.; NOVAES, G. T. F.


representações sociais

FONAPRACE/ANDIFES.
Cultural dos Graduandos da IFES. Brasília: FONAPRACE/ANDIFES, 2019.
Disponível em: http://www.andifes.org.br/wp-content/uploads/2019/05/

112 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A EVASÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR:
CONCEITOS E SENTIDOS

Débora Rogéria Neres de Souza Garcia


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
debynery1@yahoo.com.br
Carina Elisabeth Maciel
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
carina22em@gmail.com

INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem por objetivo apresentar os conceitos de evasão que


embasam a investigação da evasão na educação superior do Instituto Federal de

do acesso, na materialização das condições para a permanência estudantil e na

superior tem sido um tema cada vez mais investigado, tendo em vista as

permanência de seus estudantes, principalmente quando os fatores que interferem

combater a evasão.

A EVASÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

De acordo com Santos e Silva (2011) um dos indicadores que embasam


a avaliação de instituição de educação superior é a taxa de evasão. As autoras
colocam que quanto menor o índice de evasão tem-se mais concluintes de curso.
Porém, se os índices são maiores é porque existem problemas e fatores que
interferem na permanência do estudante e contribui para sua evasão. Mas, alertam

formação esteja satisfatório.


O documento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior – Andifes caracterizou e distinguiu a evasão como

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 113


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Evasão de curso: quando o estudante desliga-se do curso superior em situações

transferência ou reopção (mudança de curso), exclusão por norma institucional;


evasão da instituição: quando o estudante desliga-se da instituição na qual está

ou temporária o ensino superior. (ANDIFES, 1996, p. 16)

Tinto (1975) é um dos teóricos mais referenciados nas pesquisas


sobre evasão, seus estudos abordam a evasão na educação superior em âmbito
internacional e suas conclusões contribuem para as análises das pesquisas
brasileiras. Para o autor, existem dois fatores fundamentais que interferem na
permanência/evasão que são: a integração acadêmica, que compreende a relação
do estudante com o ambiente universitário, o curso, a metodologia e demais
atividades acadêmicas e a integração social que está relacionada ao acolhimento,
sensação de pertencimento a universidade, de interação social com a comunidade
acadêmica. Outra questão apontada pelo autor que interfere na evasão é o nível
de comprometimento dos estudantes com as atividades acadêmicas e o desejo de
concluir o curso.

evasão na educação superior é a formação na educação básica ter sido de baixa


qualidade ou com baixo rendimento escolar. No entanto, as autoras ressaltam que
diante da complexidade do tema, este é apenas um fator que pode determinar a
evasão.
Corroborando com essa análise, Morosini et.al. (2011, p. 2) conceituam

complexo, que ocorre em todos os tipos de instituição de ensino e afeta o


sistema educacional como um todo”. De acordo com os autores a evasão
causa consequências sociais, acadêmicas e econômicas que interferem no
desenvolvimento e na trajetória de vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reconhecendo a complexidade de analisar a evasão na educação superior


e as consequências desta para os estudantes, assim como para as instituições

dos motivos de evasão na educação superior do IFMS.

114 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

BRASIL. Diplomação, retenção e evasão nos cursos de graduação em


instituições de ensino superior públicas. Relatório da Comissão Especial
de Estudos sobre Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras. Brasília, DF:
ANDIFES/ABRUEM/SESu/MEC, 1996.

MOROSINI, Marília Costa et al. A evasão na Educação Superior no Brasil:


uma análise da produção de conhecimento nos periódicos Qualis entre
2000-2011.

Congreso CLABES I, Nicaragua Universidad Nacional Autónoma de Nicaragua,


2011, Managua.

SANTOS, Georgina Gonçalves dos; SILVA, Lélia Custódio. A evasão na


educação superior: entre debate social e objeto de pesquisa. In: SAMPAIO,
Sônia Maria Rocha., org. Observatório da vida estudantil: primeiros estudos

Available from SciELO Books.

TINTO, Vincent. Dropout from higher education: A theoretical synthesis of


recent research. , 45, 89-125, 1975.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 115


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A EVASÃO EM CURSOS DE BACHARELADO E LICENCIATURA

Edineide Jezine
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
edjezine@gmail.com
Maria da Salete Barboza de Farias
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
runasvida@gmail.com
Sânya Teles Barbosa
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
sanyateles@gmail.com

INTRODUÇÃO

A temática evasão na educação superior ganha corporeidade no conjunto


das análises da expansão do sistema e as problemáticas que envolve a permanência
de sujeitos em situação de vulnerabilidade social ingressos por políticas de inclusão
social. De modo que evasão e permanência constituem face da mesma moeda,
em que a evasão é entendida como o abandono dos estudos (RISTOFF, 1995).
Nessa perspectiva, busca-se apresentar dados que demonstram o crescimento da
evasão de estudantes de cursos presenciais de Bacharelado e Licenciatura, tendo
como estudo de caso a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). De modo que

Licenciatura e Bacharelado? Estes diferenciam-se em seus objetivos, enquanto


o Bacharelado volta-se aos conhecimentos teóricos e técnicos para o exercício

de baixo prestígio social. Os dados são coletados a partir do Censo da Educação


Superior e do Sistema de Tecnologia da Informação (STI/UFPB) e demonstram
o crescimento da evasão, evidenciando que a problemática da evasão se constitui
uma condição social do sujeito e política para a gestão pública.

LICENCIATURA

A analise das condições para a permanênciaago Zago (2006) é preciso


considerar as demandas materiais, tais como alimentação, moradia e transporte

ao pertencimento do grupo, tais indicadores em sua interface são fatores que


contribuem para evasão.

116 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A expansão do sistema federal tem seu marco com o Programa de Apoio
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI,
2007), conjugado às políticas de inclusão social registra o dobro das matrículas
nos ultimos 10 anos pós a implantação do Reuni.

Quadro 1 - Número de matrículas em Instituições Federais (capital e

Ano Brasil Nordeste


2006 589.821 173.129 25.925
2007 615.542 187.119 28.239
2008 643.101 199.252 29.588
2009 752.847 239.561 35.328
2010 833.934 260.147 41.198
2011 927.086 288.261 45.121
2012 985.202 304.089 47.298
2013 1.045.507 317.338 47.754
2014 1.083.586 328.701 48.987
2015 1.133.172 344.206 50.154
2016 1.175.650 357.474 51.424
2017 1.204.956 362.518 49.670
2018 1.231.909 376.830 49.010
Fonte: INEP. Sinopse Estatística do Censo da Educação Superior 2014 a 2018.

Observar-se a gradativa expansão do número de matrículas em instituições


federais de ensino superior na relação Brasil, Nordeste e Paraíba, principalemnte
no período de vigência do Programa REUNI, qual seja 2007 a 2012. No caso
da Paraíba, há um decréscimo em 2018 de 4,69% em relação ao ano de 2016, o

Brasil e da região Nordeste.


Para Ristoff (1995) a evasão no ensino superior compreender diferentes
níveis ou locus no interior do sistema, evasão de curso, instituição ou do sistema.
Aqui apresenta-se a evasão do sistema por tipo de curso, ao se considerar um ciclo
de matrículas 2004 a dezembro de 2011, conforme Quadro 1.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 117


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Quadro 1 - Alunos evadidos, por tipo de curso, de ciclo de matrículas a
partir de 2004 e encerrados em dezembro de 2011 - BRASIL

TIPO DE CURSOS OFERTADOS PELA REDE FEDERAL

Licenciatura 8,70% 64,53% 25,40%


Educação Superior Bacharelado 4,00% 68,09% 27,50%
Tecnólogo 5,80% 50,82% 42,70%
Fonte: Brasil, 2014. Documento orientador para superação da evasão e retenção.

Os percentuais de evasão no período de conclusão antes do Reuni não


chegam a 10%, tendo a Licenciatura 8,70%, Bacharelado 4,00% e Tecnólogo
5,80%. Todavia, há um alto nível de retenção, principalmente em cursos de
Bacharelado, que possuem baixa evasão e maior conclusão, havendo maior nível
de evasão em cursos de Licenciatura, considerados de baixo prestígio social.

Desistência Acumulada em cursos de Bacharelado e Licenciatura na

Bacharelado e Conclusão
Universidades Licenciatura
Brasil 54,6% 15,4% 30,0%
Nordeste 54,3% 13,9% 31,8%
Paraíba 53,2% 14,2% 32,6%
Fonte: INEP, 2016. Adaptado pela autora, 2020.

No quadro 2, indica baixos percentuais de conclusão em 6 anos. O


cenário da evasão se amplia ao comparar a taxa de conclusão no período de 2004
a 2011 com o período de 2010 a 2016, em que temos o crescimento da taxa de
evasão e o decréscimo da taxa de conclusão neste último período.
Na UFPB a quantidade de ingressantes no ano de 2010 em curso
Bacharelado foi 40.265 e do tipo Licenciatura 15.676, que a taxa de evasão no
período de 2010 a 2016 corresponde a 50%.

118 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Bacharelado e Licenciatura na modalidade presencial na Universidades

Indicadores de Trajetória

Bacharelado 50% 15,3% 30,7%


UFPB
Licenciatura 51,7% 11,8% 36,6%
Fonte: INEP, 2016. Adaptado pela autora, 2020.

Os dados indicam que para além da oferta de vaga e a ampliação do


acesso é indispensável ações que promovam a permanência com conclusão no
ciclo de ensino do curso, pois ao se analisar a taxa de conclusão acumulada na
relação Brasil, Nordeste e paraíba, no período de 2010 a 2016, observa-se que
estes são menores em relação a taxa de permanência, indicando que o aluno

de ação emergencial e de longo prazo para a garantia do ingresso e conclusão.

REFERÊNCIAS

INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.


Sinopse Estatística do Censo da Educação Superior 2014 a 2018. Disponível
em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-
superior. Acesso em 09 jan. 2020.

RISTOFF, . Santa Catarina, UFSC,


1995 (MIMEO).

ZAGO, Nadir. Do acesso à permanência no ensino superior: percurso


de estudantes universitários de camadas populares. Revista Brasileira de

e Tecnológica. Documento orientador para a superação da evasão

tecnológica. Brasília:2014. Disponível em: http://r1.ufrrj.br/ctur/wp-content/


2019.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 119


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
O IMPACTO DO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
NA PERMANÊNCIA DE DISCENTES COTISTAS DO INSTITUTO
FEDERAL DA BAHIA - CAMPUS VITÓRIA DA CONQUISTA

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB


ednaldoifba@gmail.com

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB


iracema.lima@uesb.edu.br

INTRODUÇÃO

Neste trabalho discutiremos os impactos das políticas públicas de ações

estudantes cotistas do Programa de Assistência e Apoio ao Estudante (PAAE) do


Instituto Federal da Bahia (IFBA) - Campus Vitória da Conquista. Esta pesquisa
está sendo iniciada no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (PPGED/UESB).
Desde 2005 o Brasil adota uma série de políticas públicas de inclusão

Programa Universidade Para Todos (PROUNI) e a Lei 12.711/12, conhecida como

argumentam que as cotas transformarão o Brasil em um “apocalipse racial” a


exemplo de Fry (2007), Maggie (2005), outros ressaltam o valor estratégico da
diversidade étnico racial como instrumento redistributivo a exemplo de Munanga
(2001) e Guimarães (2006).
Com o acesso dos estudantes cotistas ao ensino superior, a questão se
torna: como garantir a permanência e conclusão de curso de estudantes com um
acúmulo histórico de desvantagens quanto ao capital econômico e cultural em um
ambiente competitivo e cada vez mais sem recursos de apoio?

POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

Quanto às políticas públicas educacionais, é possível localizar-se um


aprofundamento das mudanças na última década, a exemplo da instituição do
Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) em

120 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
também em 2010, foi instituído o Plano Nacional de Assistência Estudantil
(PNAES) com o objetivo de garantir a permanência de estudantes em situação de
vulnerabilidade socioeconômica nas universidades e institutos federais.
Embora o PNAES tenha estabelecido como meta viabilizar a igualdade
de oportunidades e combater situações de repetência e evasão em resposta às
reivindicações da comunidade acadêmica expressas pelo movimento dos estudantes,
de docentes e técnicos, bem como pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de
Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), contraditoriamente atende

das ações previstas no PROUNI e REUNI que, juntamente com a implantação


dos Institutos Federais de Educação em 2008, representou a reestruturação e
expansão do ensino médio e superior.

EVASÃO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DO IFBA

Não obstante a criação do PNAES, a evasão escolar continua sendo um


fenômeno presente nas Instituições Federais de Ensino Superior de todo o país,
preocupando gestores e estudiosos do tema, que buscam compreender as suas
causas e consequências.
No caso do IFBA - Campus Vitória da Conquista, a evasão é uma

cursos de graduação entre 2014 e 2018:

Fonte: Relatório de Gestão Institucional do IFBA (2019).

Os dados preliminares evidenciam que a evasão entre os graduandos,


cotistas ou não, do IFBA, tem sido alta, fazendo surgir o questionamento: Quais
as causas estruturais da evasão? Uma perspectiva reducionista argumentaria que
as condições econômicas teriam peso decisivo nessa dinâmica, já uma visão mais
reprodutivista concluiria que jovens da classe trabalhadora são socializados por
meio de um
.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 121


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de o PAAE ser imprescindível para a permanência e conclusão


de curso dos estudantes, a evasão nos cursos de graduação é alta e, portanto,
essa pesquisa poderá lançar luz sobre os limites e possibilidades do Programa no
contexto atual de drástica redução de recursos disponíveis para as políticas de
permanência, expresso especialmente pelo programa FUTURE-SE do governo
federal para as universidades e institutos federais.

REFERÊNCIAS

FRY, Peter. Divisões perigosas: políticas raciais no Brasil contemporâneo.


Editora Record, 2007.

GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo; STEIL, Carlos Alberto. Cotas raciais


na universidade: um debate. UFRGS Editora, 2006.

MAGGIE, Yvonne. Políticas de cotas e o vestibular da UnB ou a marca que cria


sociedades divididas. Horizontes antropológicos

negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas. Sociedade e cultura, v.

SPOSATI, Aldaíza. Modelo brasileiro de proteção social não contributiva.


Concepção e gestão da proteção social não contributiva no Brasil, 2009.

122 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DOS ESTUDANTES DA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: RELAÇÕES COM A PERMANÊNCIA

Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT


elizeth@unemat.br

Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT


elizeth@unemat.br
Fernando Cezar Vieira Malange
Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT
fmalange@unemat.br

INTRODUÇÃO

A educação a distância (EaD) é uma modalidade que está implantada no


mundo ocidental desde a década de 80 do século passado. No Brasil, o primeiro
curso de graduação a distância foi ofertado em 1995, pela Universidade Federal de

superior no Brasil a distância. Esta ampliação de vagas e disponibilidade de polos


em lugares de difícil acesso, criou oportunidade para muitas pessoas, mas, ao
mesmo tempo, contribuiu com o aumento da evasão que já atingia a educação em
todos os níveis. Os estudos apontam a educação a distância como necessária no
processo de expansão e de democratização da educação superior, no entanto, os
dados indicam um alto índice de evasão, como podemos observar no Censo da

Nesse contexto, esse estudo buscou delinear os fatores interferentes


para a permanência e não permanência dos estudantes do Curso de Pedagogia
da Educação a Distância, tomando como referência a Universidade do Estado de
Mato Grosso – Unemat, que iniciou a oferta de cursos a distância em 1999 e no
ano de 2010, passou a ofertar a educação a distância vinculada ao sistema UAB.

e concluintes do curso de licenciatura em pedagogia da turma 2014/1 da UAB/


Unemat, buscando compreender os fatores que interferem na permanência e não

e concluintes, utilizando como instrumento o questionário socioeconômico

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 123


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
concluintes, que foi traçado por meio de questionário sócio-econômico aplicado
aos estudantes concluintes.

RESULTADOS

matriculados, 168 concluíram o curso no tempo mínimo de integralização

se analisados os dados apenas com o número de estudantes que desistiram do


curso, temos um percentual de 25,21%, índice que consideramos alto, mas ainda

analisamos o percentual de não conclusão no tempo mínimo de integralização,


podemos considerar que 51,86% não concluíram o curso, ainda que os reprovados
tenham a chance de concluir, o fato de terem reprovado já é um fator para a não
conclusão e pode encerrar em não permanência.

econômico e cultural dos estudantes ingressantes e concluintes, evidenciamos


que os estudantes que permaneceram foram mulheres (92,9%); pardos(as) e

presencial,
Evidenciamos que os estudantes que não permaneceram são homens

pessoas (9,44%); a faixa de renda familiar é de até três salários mínimos (79,2%);
trabalham eventualmente ou não trabalham (22,65). Nos chamou atenção no

maior desistência que os brancos, o que indica a necessidade de aprofundamento


desse estudo, mas indica também a necessidade de elaboração de Políticas e ações
de permanência focalizadas para esse público.

124 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CONSIDERAÇÕES FINAIS

um acompanhamento dos estudantes com risco de não permanecerem. Esse

que contribuam para a permanência dos estudantes, priorizando os estudantes

REFERÊNCIAS

MEC. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais (INEP). Censo da Educação Superior: 2016 e 2017.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 125


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ACESSO E PERMANÊNCIA

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS


francitaveira@gmail.com
Carina Elisabeth Maciel
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
carina22em@gmail.com
Kelly Cristina da Silva Ruas
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
kellyruas@ufg.br

INTRODUÇÃO

subsidiar um projeto de pesquisa intitulado “Políticas de EaD na Educação


Superior: Inovação, Acesso e Permanência” cujo objetivo consiste em analisar as
políticas de EaD na educação superior, destacando elementos de inovação e dados
de acesso e permanência nos cursos de licenciatura desenvolvidos a distância na
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Metodologicamente possui abordagem de pesquisa qualitativa e a coleta

questionários aplicados aos estudantes e professores dos cursos de graduação a


distância da referida universidade.

POLÍTICAS PÚBLICAS E ASPECTOS LEGAIS DA EAD NA


TRÍADE DE ACESSO, PERMANÊNCIA E INOVAÇÃO

No Brasil, a educação a distância, conhecida pela sigla EaD, apresenta


um crescimento vertiginoso, principalmente, após a regulamentação da Lei de

de 1996, consequentemente o Ministério da Educação (MEC) publicou diversos


dispositivos legais para nortear a execução do artigo 80 nas instituições de ensino,
principalmente com a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) expandiu
a educação no nível superior.

126 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A expansão da EaD proporciona e facilita aos estudantes o acesso ao
ensino superior, no entanto, não garante sua permanência nele:

de formação; a expansão tem relação (e impacto) com o acesso, na proporção do

e das suas características (ensino público/gratuito, organização acadêmica, curso,


avaliação/qualidade). De igual forma, poder-se-ia mencionar outros fenômenos

isolada ou descontextualizada (SILVA; VELOSO, 2010, p. 222).

Entendemos que o acesso está intimamente ligado à permanência e


consequentemente à evasão. Nas políticas públicas da educação, o acesso e a
permanência são instrumentos de democratização da sociedade moderna e
portanto devem superar a lógica mercantilista dessa sociedade e contribuir para
uma educação de qualidade.
A inovação se faz presente em vários aspectos da sociedade atual e na
educação não pode ser irrelevante nesse processo, principalmente na modalidade

três termos –inovação, mudança e reforma – que, embora surjam interligados,

necessidade de estratégias diferentes dos habituais meios para atingir determinado


objetivo referente às políticas públicas.
Considerando que o referido projeto se encontra em andamento e que a

trabalho se delimita as dimensões teóricas de outros pesquisadores, temáticas e

CONSIDERAÇÕES

Em síntese, as dimensões teóricas dos autores pesquisados no

educação superior normatizaram essa modalidade educacional, o que se conclui


é que na prática estas políticas não se materializaram, preocupação há na garantia
de permanência dos estudantes na modalidade da educação a distância.
Espera-se que este estudo contribua para novas pesquisas no contexto
da EaD e que venha de fato efetivar mudanças favoráveis a essa modalidade
educacional.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 127


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, I.; COURELA, C. Mudança e inovação em educação: o

2019.

SILVA, Maria das Graças Martins da; VELOSO, Tereza Christina Mertens
Aguiar. .

em: http://www.serie-estudos.ucdb.br/index.php/serie-estudos/article/
download/156/197. Acesso em: 21 de jul. 2019.

128 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ESTUDO SOBRE AS CAUSAS DA EVASÃO NO CURSO
DE PEDAGOGIA MODALIDADE EAD NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Gillevelenewe Sousa Rezende


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
gille_rezende@hotmail.com
Andréia Quintanilha da Silva Sousa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
andreia_quintanilha_sousa@hotmail.com

INTRODUÇÃO

A evasão é um problema que passa a ser fortemente notado em cursos de


graduação no ensino superior nas universidades públicas brasileira e vem chamando
atenção na modalidade da educação a distância. Não sendo um problema novo,
visto que a educação básica pelas mais diversas razões vêm enfrentando esse
problema há décadas, ele hoje mostra-se em crescimento também no ambiente
acadêmico universitário. Embora não só ocorra esse fenômeno no Brasil, o
fato se avoluma no país, sendo evidenciado em número crescentes de pesquisas
realizadas nos mais diferentes cursos de graduação na tentativa de elucidar as
causas que levam os discentes ingressos nos cursos evadirem.
Como destaca Silva Filho et al. (2007) são bastante raras as instituições de
ensino superior (IES) que possuem programas institucionais de combate à evasão,
mesmo sabendo dos danos sociais, acadêmicos e econômicos que ocorrem tanto
no setor público como privado e acompanhamos uma elevação das taxas sem
precedentes. No entanto, como atenta Tinto (1997 apud LIMA JÚNIOR, 2012)
as instituições precisam ter os seguintes compromissos:

(1) As instituições devem estar comprometidas com o bem-estar dos estudantes


acima de quaisquer outras necessidades institucionais.
(2) As instituições devem estar comprometidas em primeiro lugar com a
educação de todos e não somente de alguns.

comunidades sociais e educacionais capazes de dar suporte aos alunos e nas quais
todos possam ser integrados como membros integrais.

Tendo em vista, os compromissos levantados e o crescimento da evasão


relatada, o tema tem levantado interesse, em razão de provocar impacto individual,
pois o discente não consegue seu propósito inicial de graduar-se no curso escolhido,

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 129


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
o que muitas vezes acarreta problemas de inserção no mercado de trabalho na
área pretendida. Além disso, repercute como problema socioeconômico, porque
demanda uma mobilização de recursos públicos que serão perdidos, tendo em
vista a não permanência dos discentes nos cursos escolhidos, ainda temos que
contabilizar os diversos outros problemas que são gerados em decorrência disso,
como a própria perda de produtividade das instituições de ensino superior, bem
como o não atingimento de metas governamentais tais como as estabelecidas lei

Sendo assim, cursos de licenciatura pesam bastante nas estatísticas,

educação básica, seja pelo fato de representarem boa parte das vagas dos cursos
de graduação contabilizando cerca de 1, 6 milhão de vagas de um total de quase

Segundo o censo de educação superior de 2018, o curso das licenciaturas


de maior número de matrículas do Brasil é o de pedagogia ofertando mais de 700

mais altas taxas de desistências que se aproximam do 50%, superando inclusive a


taxa de conclusão que somou 47, 5% no ano de 2016.
Como forma de orientação investigativa, delimitamos algumas questões
as quais pretendemos resolver durante a pesquisa: quais as causas que têm levado
os discentes do curso de pedagogia a distância da UFRN à evasão? Quais as
consequências desse processo para a instituição de ensino superior?

DESENVOLVIMENTO

Proveniente do latim, o termo “evasão” deriva etimologicamente da


palavra evasio
essa perspectiva no ambiente escolar, a evasão é entendida como a desistência ou

estágio, ou fase. Conforme Queiroz (2002, p. 1)

A evasão escolar está dentre os temas que historicamente faz parte dos debates

ocupa até os dias atuais, espaço de relevância no cenário das políticas públicas e
da educação em particular.

Investigando o problema apresentado, temos que a evasão escolar é


reconhecidamente um problema crônico da educação pública brasileira. Embora

fracasso escolar, é um dos pontos mais negligenciados pelas políticas públicas

130 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
e Instituições de Educação Superior (IES), posto que poucas são as ações que
procuram minimamente estudar suas reais causas e mitigar seus impactos diretos.
Consoante Ambiel (2015), desde o início da década de 1990, o Brasil passa a
apresentar um substancial aumento no número de matriculados em Instituições

O acontecimento vem acompanhado da elevação dos casos de evasão nos IES,


como tratado pelo autor.
Ressalta-se que uma parte das pessoas que ingressam em um curso superior não
o conclui. Tal fenômeno é denominado evasão do Ensino Superior, e afeta tanto
IES públicas quanto particulares. Segundo o INEP (2009), em 2008, a taxa de

públicas e foi de 44,7% nas IES privadas. Do ponto de vista das instituições,

um desperdício de investimento público (SILVA FILHO, MOTEJUNAS,


HIPÓLITO & lOBO, 2007, apud AMBIEL, 2015, p. 42).

O caso da evasão não é novidade no cenário da educação pública


brasileira, igualmente relevante em etapas da educação básica, como nos anos

graves entraves da modalidade de ensino da educação de jovens e adultos. Possui


historicamente causas diversas, mas profundamente sintomáticas, que, no entanto,
tem despertado pouco interesse das ações governamentais, persistindo assim no
abandono e não despretensiosamente atendendo aos interesses, muito pouco
explícitos, do capital.
Atingindo, principalmente, parcelas populacionais desfavorecidas
economicamente e sendo percebida prioritariamente nos primeiros quatro
semestres dos cursos de graduação, o fenômeno vem apresentando-se na
modalidade da Educação a distância. Sendo assim, o fenômeno que já causava
bastante preocupação para as instituições de ensino superior.
Sendo colocado como problema crônico a evasão é tratada nos Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCNEF), de 1997, evidencia-
se neles a importância de se voltar os olhares para a problemática tendo em vista
que em décadas anteriores projetou-se a universalização e democratização da
educação, avolumando-se o ingresso de discentes nas escolas, objetivando-se o
cumprimento das premissas apontadas pela LDB. Contudo, no documento era
notório a não garantia do direito básico e a necessidade de revisão do projeto
educacional, como aponta o documento (BRASIL, 1997, p. 17)

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 131


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Durante as décadas de 70 e 80 a tônica da política educacional brasileira recaiu
sobre a expansão das oportunidades de escolarização, havendo um aumento
expressivo no acesso à escola básica. Todavia, os altos índices de repetência e
evasão apontam problemas que evidenciam a grande insatisfação com o trabalho
realizado pela escola.

Ainda nos PCNEF manifesta-se que as taxas de repetência estariam


atreladas a baixa qualidade de ensino e a incapacidade dos sistema educacionais
em garantir a permanência do estudante, em especial para aqueles pertencentes
a níveis de renda mais baixos, situação que repercutiria, então, na acentuação da
distorção série/idade, além de onerarem os gastos públicos de maneira expressiva.
No ano 2000, com a publicação dos Parâmetros Curriculares para o

primeiramente o documento apresenta que a crescente urbanização das cidades,


acompanhada de uma modernização e crescimento econômico, fez com que
houvesse uma valorização da educação, em especial, no tocante à última etapa
da escolarização obrigatória. Posteriormente, os PCNs atentam que o tempo
médio de permanência do egresso do ensino fundamental é de onze anos em
vez dos oito pretendidos, porém paulatinamente essa distorção vem caindo
em especial devido a passagem do efeito “onda de adolescentes”, no qual os

nas décadas anteriores à publicação do documento é muito superior do que


o esperado para a segunda metade da década, o que sugeriria uma redução da

as vagas oferecidas nesse segmento da educação, favorecendo a permanência e


possibilitando uma diminuição da evasão escolar. Explicitando uma conjuntura

etapa seja realmente ofertada a toda população.

A falta de vagas no Ensino Médio público; a segmentação por qualidade, aguda


no setor privado, mas presente também no público; o aumento da repetência e da
evasão que estão acompanhando o crescimento da matrícula gratuita do Ensino
Médio alertam para o fato de que a extensão desse ensino a um número maior

Pelo caráter que assumiu na história educacional de quase todos os países, a


educação média é particularmente vulnerável à desigualdade social. Enquanto a

expressa-se em privilégios e exclusões quando, como ocorre no caso brasileiro,


a origem social é o fator mais forte na determinação de quais têm acesso à

132 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
esperado que o efeito fosse percebido também na educação superior, tendo em
vista que da mesma forma que ocorreu nas décadas citadas pelos documentos
depois da ampliação de vagas para as etapas da educação básica se percebeu o
aumento da evasão e com mais jovens e adultos concluindo essa etapa da educação
seria natural que avançassem os estudos e concorressem a vagas em IES, como os
próprios parâmetros já sugeriam.
E o cenário relatado realmente se manifesta, principalmente em
detrimento das políticas públicas estabelecidas nos governos Lula e Dilma
associando com a expansão ao acesso às universidades e institutos federais,
bem como às universidades privadas, por políticas como o Programa de Apoio
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI),
Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Financiamento estudantil (Fies)
na tentativa de garantia da democratizaram do acesso ao ensino superior visando
atender a demanda gerada pelas políticas de ampliação da educação básica que
geraram mais concluintes de ensino médio.
Efetivamente, o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014 já estipulara
em suas metas medidas que coadunavam com o exposto, por exemplo na meta
12 temos como objetivo a elevação da taxa bruta de matrícula na educação

por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada


a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento)
das novas matrículas, no segmento público. E como estratégia para isso teríamos
a expansão e interiorização da rede federal, além da ampliação do FIES e do
REUNI. Todavia, não se preocupou, sobretudo, as IES com a necessidade de
garantia da permanência desses novos ingressos, favorecendo o aumento da
evasão principalmente nos primeiros anos de graduação como relaciona Tinto
(2007) caracterizando esse período como crucial para a integração e envolvimento
acadêmico com o curso.

tais declarações quando aponta que nessa etapa da educação, as duas situações
– tanto de ampliação do número de vagas, quanto de evasão - são apresentadas
nitidamente no documento, e ainda mostram que em muitos casos como nos
cursos de licenciaturas o número de concluintes se mostra menor que o de
desistentes das referidas graduações.
A conjuntura exposta, na verdade, não é só brasileira, mas internacional.
Como destaca Silva e Filho et al. (2007)

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 133


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A evasão estudantil no ensino superior é um problema internacional que afeta
o resultado dos sistemas educacionais. As perdas de estudantes que iniciam mas
não terminam seus cursos são desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos.
No setor público, são recursos públicos investidos sem o devido retorno. No
setor privado, é uma importante perda de receitas. Em ambos os casos, a evasão
é uma fonte de ociosidade de professores, funcionários, equipamentos e espaço
físico.

E assim diversos são os trabalhos que tentam elucidar as causas da evasão

O fenômeno da evasão tem mobilizado pesquisadores por todo o mundo


(TINTO, 1975; MERCURI, MORAN, AZZI, 1995; KIRA, 1998;
POLYDORO, 2000; GAIOSO, 2005; BARDAGI, HUTZ, 2005;
LOBO, 2012; AMBIEL, 2015; SOUSA; MACIEL, 2016) tendo em
vista que a evasão estudantil no ensino superior é um problema que afeta os
resultados educacionais cujas perdas social, acadêmica e econômica impõe a

[...] não foram encontrados na literatura brasileira instrumentos padronizados

deixar seu curso, ainda que haja uma quantidade razoável de estudos nacionais e
estrangeiros avaliando variáveis relacionadas à evasão.

Mas, enquanto se espera a mobilização de esforços para investigar


efetivamente essas possíveis causas geradoras e a partir delas elaborar maneiras

oneram em somas cada vez mais altas os cofres públicos, sem considerarmos a não

áreas essas muitas vezes carentes desse tipo de mão de obra.


No cenário explicitado pode ser enquadrada, a educação, em que cursos
como as licenciaturas que apresentam predominância de ofertas no sistema
público do ensino superior, como na Universidade Aberta do Brasil (UAB), tendo
em destaque a pedagogia, como sendo o curso com maior número de vagas
dentre as licenciaturas, segundo o censo da educação superior 2018. Sabe-se da
necessidade de professores em diversos estados e municípios brasileiros e que a
docência em educação básica apresenta carência sobretudo de professores dos
componentes curriculares de Física e Química, entretanto tais cursos, bem como
o de pedagogia aparecem como de mais acentuada taxa de evasão, em especial na
modalidade a distância.

134 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
evasão no curso de pedagogia na modalidade EaD da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, temos que da turma ingressa em 2012.2 para a turma de
2014.1 notou-se um aumento da evasão de 17% com a elevação do índice de 25%
para 42% entre essas duas turmas que já concluíram, enquanto a turma de 2017.2
que ainda não concluiu o período de graduação já soma 25% de evasão.

CONCLUSÃO

A evasão se tornou um problema crônico no sistema educacional que só


tem se agravado ao longo dos anos, marcando inclusive esferas educacionais que
antes não eram afetadas ou ainda aparecendo em modalidades as quais o seu cerne
de origem era justamente vencer a condição desfavorável estabelecida, como a
modalidade de educação a distância. As razões apontadas pelos graduandos para

fato é que o fenômeno cresce e se aprofunda nessas IES e repercute em diversos

sociedade e educação brasileira.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil. Brasília, DF: Senado


Federal, 1988.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira. Censo da


educação superior 2018: divulgação dos resultados. MEC, Brasília, 2019.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.


Brasília, MEC/SEF, 1997.

Lei de Diretrizes e Bases


da Educação Nacional. Brasília, DF: 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino


Médio. Brasília: MEC/SEMTC, 1999.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 135


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
LIMA JÚNIOR, Paulo; SILVEIRA, Fernando Lang da; OSTERMANN,

de graduação em física: um exemplo de uma universidade brasileira. Revista

Observatório do plano nacional da educação < https://


www.observatoriodopne.org.br/indicadores/metas/12-ensino- superior/
indicadores/#estrategia > Acesso em 26 de set. 2019.

QUEIROZ, Lucilene Domingos. Um estudo sobre evasão escolar: para se


pensar na inclusão escolar. 2004.

SILVA FILHO, Roberto Leal Lobo et al. A evasão no ensino superior brasileiro.
Cad. Pesqui.

SOUSA, Andreia da S. Quintanilha; MACIEL, Carina Elisabeth. Expansão da


educação superior: permanência e evasão em cursos da universidade aberta do
Brasil. Educação em Revista
2016.

SOUSA, Andreia da S. Quintanilha; MÁRTIRES, Hugo; SOUSA, Carolina.


Motivos para evadir da Escola Superior de Educação e Comunicação da
Universidade do Algarve/Portugal, segundo os estudantes. Revista educação
em questão, Natal, v. 56, n. 47, p. 42-68, 2018.

TINTO, Vincent. Research and practice of student retention: what next? Journal
, v. 8(1), p. 1-19, 2007.

136 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PROGRAMA VESTIBULAR SOCIAL DA PUC GOIÁS E O
PERFIL DOS JOVENS INGRESSANTES DO PROGRAMA

Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás


gcm0510@gmail.com
Cláudia Valente Cavalcante
Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás
cavalcante.70@hotmail.com

RESUMO

Resultado de uma dissertação de mestrado em educação que trata sobre


o acesso, permanência e perspectivas de futuro de jovens do Programa Vestibular
Social da PUC Goiás (PUC Goiás), este trabalho tem como objetivo principal

2010 com o intuito de diminuir a evasão dos cursos de licenciatura e a inclusão


de jovens de camadas populares. Atualmente 26 dos 46 cursos de graduação

Como método de pesquisa, o objeto de estudo foi construído a partir

consagrada pelo discurso, a construção e reconstrução metodológica do objeto,


como condição importante e essencial no processo de análise sociológica. Para
a compreensão teórica sobre jovens, utilizou-se Pais (1990), Dayrell (2007)
e Cavalcante (2010); Cunha(1997) e Dourado (2010) para debater sobre a
educação superior no Brasil; e Peixoto (2011) , Piotto (2011) e Zago (2006) para
problematizar o acesso e a permanência de estudantes de camada popular nas
IES. Como procedimentos, utilizou-se um questionário online e enviado a 481
estudantes do Programa, dos quais 120 enquadram-se nos critérios da pesquisa:

estudantes com bolsa do Vestibular Social nas 7 Escolas e em 1 Instituto da PUC


Goiás. Foi realizado, também, entrevistas com 1 respondente do questionário de
cada curso.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 137


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
escolha do curso e da IES, o acesso à IES e a conciliação entre estudo e trabalho.
Quanto à permanência, de forma geral, os jovens dessa pesquisa não apontaram

e rotina de estudos. Também, a grande maioria não participa ativamente das


atividades acadêmicas como grupos de pesquisa e estudo, extensão e monitoria.
Em relação ao futuro após a diplomação, há inseguranças e medo das cobranças
tanto da família quanto da sociedade. Em relação ao mercado de trabalho, os
jovens vislumbram: carreira na docência a partir das experiências acadêmicas; a

que se sentem indecisos quanto ao trabalho.


Em suma, os processos de acesso, permanência e perspectiva de futuro
precisam ter maior visibilidade dentro das IES para que os jovens sejam orientados
e acompanhados no processo desde o acesso à diplomação. Desse modo, pensar
a permanência dos jovens no ensino superior é pensar na identidade desse jovem,

curso e, sobretudo, ao fato de diplomarem e terem êxito no mundo do trabalho e


pessoal.
É necessário evidenciar a importância dos programas e políticas de

o Vestibular Social realizado na PUC Goiás. Essas se tornaram efetivamente


um espaço de inserção e de oportunidade para muitos jovens pertencentes às
camadas populares uma vez que a condição econômica é desfavorável, sobretudo,
em tempos de desmontes de políticas públicas do ensino superior. Apesar de

importante de mobilidade social.


Palavras-chave: Educação Superior. Jovens. Vestibular Social. PUC
Goiás.

REFERÊNCIAS

Pierre. O Poder Simbólico. 10. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

CAVALCANTE, Cláudia Valente. Educação Superior, politicas de cotas


. 2014. Tese
(Doutorado em Educação). Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia.

138 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CUNHA, Luiz Antônio. São Paulo: Cortez: Autores
Associados, 1989.

DAYRELL, J. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação.

DOURADO, Luís Fernandes. Mundialização, políticas e gestão da educação


superior no Brasil: múltiplas regulações e controle? Anais do I Congresso
Ibero-Brasileiro de Política e Administração da Educação, VI Congresso
Luso-Brasileiro de Política e Administração da Educação. Portugal, 2010.

PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude: alguns contributos.


Análise Social

PEIXOTO, Maria do Carmo de Lacerda. Políticas para a democratização do


acesso e a inclusão social na educação superior do Brasil. In: PAULA, Maria de
Fátima Costa de. (org.).
. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2011. p. 217-244.

PIOTTO, Débora Cristina.


camadas populares em uma universidade pública. 2007. Tese (Doutorado
em Psicologia escolar e do Desenvolvimento Humano). Instituto de Psicologia
da Universidade de São Paulo.

ZAGO, Nadir. Do acesso à permanência no ensino superior: percursos de


estudantes uni- versitários de camadas populares. Revista Brasileira de
Educação

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 139


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
(PNAES) E A REALIDADE DA UNIVERSIDADE FEDERAL
RURAL DO SEMIÁRIDO CAMPUS ANGICOS

Girliany Santiago Soares


Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA
girliany.santiago@ufersa.edu.br
Andréia da Silva Quintanilha Sousa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
andreia_quintanilha_sousa@hotmail.com

RESUMO

A evasão e a permanência dos estudantes na educação superior brasileira


constituem um problema de grande preocupação dos estudiosos, o qual extrapola
a realidade brasileira e tem mobilizado pesquisadores como Ambiel (2015) e Sousa,

anos, houve um crescimento na oferta desse nível de ensino e uma mudança


não
tradicionais , propomo-nos a analisar a política de assistência estudantil, por meio

essa tem contribuído para que os estudantes da Universidade Federal


Rural do Semiárido, Campus Angicos/RN, no período de 2016-2020, permaneçam
na educação superior. Ao discutirmos sobre a assistência estudantil, percebemos
que esse é um campo de disputas a ser consolidado como política pública.
Desse modo, é preciso conhecer o Programa Nacional de Assistência Estudantil

relação às suas condições de permanência/sucesso acadêmico.


Em um primeiro momento, foram aplicados questionários em forma de
enquete para um total de quarenta alunos, dos quais obtivemos a resposta de 20
alunos (50%). Desses respondentes, 100% são alunos oriundos de escolas públicas;
15% são naturais da cidade do Campus; 15% são assistidos pelo PNAES; e 80%
são desassistidos pelo programa, no entanto, já tentaram e continuam tentando

questionário-enquete é validar o instrumento que será utilizado na pesquisa.

140 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
de seleção pública para o programa institucional de permanência da Ufersa,

assim distribuídas: Auxílio Transporte (12); Auxílio Creche (2); Auxílio Didático-

Estudantil (7 vagas masculinas e 10 vagas femininas); Auxílio Alimentação (10);


Bolsa permanência acadêmica (22); e Bolsa apoio ao Esporte (2) (UFERSA,
2020). Nos anos anteriores, o total de vagas ofertadas na Ufersa: 750 para 2016;

Campus Angicos, esses totais


foram: 206 para 2016; 124 para 2017; 146 para 2018; e 77 para 2019, de modo que,
como podemos perceber, os números também vêm decrescendo.
A partir dos dados e relatos coletados, reconhecemos que a quantidade

que a dimensão socioeconômica tem forte impacto na continuidade dos estudos


dos discentes do Campus de Angicos, mas outros fatores parecem também
concorrer (de dimensão vocacional, institucional e pessoal).
De fato, a evasão/permanência é um problema que precisa ser analisado,
tomando as matrizes cognitivas e normativas dominantes e as características
institucionais dos atores envolvidos na política de assistência estudantil, dentro de
uma abordagem cognitivista (MULLER, 2018), pois reconhecemos que se trata
de um fenômeno multidimensional.

REFERÊNCIAS

AMBIEL, Rodolfo A. M. Construção da Escala de Motivos para Evasão do Ensino


Superior. Aval. Psicol., Porto Alegre, v. 14, n. 1, p. 41-52, abr. 2015. Disponível

04712015000100006>. Acesso em: 27 abr. 2015.

BRASIL. Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES. Decreto n.


7.234/2010. Brasília, 2010.

MULLER, Pierre. As políticas públicas. Rio de Janeiro: Editora da Universidade


Federal Fluminense, 2018.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 141


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
SOUSA, Andreia da Silva Quintanilha; MÁRTIRES, Hugo; SOUSA, Carolina.
Motivos para evadir da Escola Superior de Educação e Comunicação da
Universidade do Algarve/Portugal, segundo os estudantes. Revista Educação
Em Questão, v. 56, n. 47, p. 42-68, 2018. Disponível em: <https://doi.

UFERSA. Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE. Edital de Seleção


.
Mossoró, 2020. Disponível em: <https://proae.ufersa.edu.br/wp-content/

em: 27 mar. 2020.

142 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR:
RECORTE DE GÊNERO NO CURSO DE
AGRONOMIA DO IF GOIANO

Hellyany Silva Godoy de Souza


Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás
hellayny.godoy@ifgoiano.edu.br
Cláudia Valente Cavalcante
Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás
cavalcante.70@hotmail.com

RESUMO

Como parte de uma pesquisa de doutorado em andamento, que versa


sobre os discursos das jovens estudantes ingressantes pelo sistema de cotas a
partir das experiências vividas no curso de agronomia do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IFs), esta comunicação tem como

Educação Superior. Busca ainda, analisar se e como as estudantes ingressantes


pelo sistema de reserva de vagas (cotas) para Educação Superior se reconhecem
e são reconhecidas dentro de um curso constituído e ocupado historicamente
pelo gênero masculino, e ainda, se e como esta hegemonia ressoa no processo de

Desta maneira, esta pesquisa se debruça nos aspectos que delineiam as


relações de gênero existentes no curso de Agronomia do IF Goiano historicamente

no processo de reconhecimento das estudantes cotistas e no seu processo de


construção de identidade dentro do campo. Cabe salientar que neste estudo
tomaremos como campo um espaço de forças contraditórias e de lutas pela
ocupação desse espaço, uma estrutura que segundo Bourdieu, 1996, impele e
impõe normas de conduta e regras a serem seguidas pelos agentes envolvidos,

sua estrutura. Este campo é constituídos por subcampos, onde seus limites

investimentos econômicos e psicológicos para atuação dos agentes.


As discussões que abordam as temáticas relacionadas a mulher e sua
participação nos cursos superiores tem encontrado espaço como pauta de
diversos trabalhos de pesquisa que se dedicam a pensar as políticas de ações

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 143


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
observar um aumento da participação feminina no Ensino Superior, porém

Os estudos têm apontado que nas universidades, tanto pública quanto privadas, e

na ocupação das vagas da educação superior entre homens e mulheres: área de


Humanas é mais feminina; área de Exatas, mais masculina, demonstrando que o
gênero continua sendo um demarcador importante das trajetórias escolares e das

Com o objetivo de trazer então para o campo de discussão as questões


de ser mulher e cotista dentro do espaço do campo da Agronomia, é preciso

enfrentaram para obter o direito a educação, antes destinada aos homens.


O direito à Educação Superior tem denotado relevante espaço no cenário
social como uma das formas de combate e superação das desigualdades sociais,
educacionais, culturais, regionais e também de gênero, trazendo a conhecimento
da sociedade a importância das pesquisas que levem em consideração toda essa
gama de conceitos, que conforme Silva, 2015 reconheçam a importância de
um espaço de discussão sobre a diversidade e a heterogeneidade dos sistemas
nacionais de Educação Superior. A universidade e os institutos federais, nesse
contexto, são um locus de extrema relevância, que abriu caminhos ao acesso, a
permanência de diferentes grupos sociais, à medida que alterou seus sistemas
de ingresso em atenção à Lei 12.711/12, desestruturando assim, os padrões
hegemônicos atuais (COSTA, 2017). Em outra vertente surgem discursos que
valorizam o dom e a meritocracia, historicamente constituídos que permanecem
vigentes na universidade pública ou privada e repassados aos Institutos Federais,
que dessa maneira replicam modelos sociais já instituídos e que determinam às
minorias um futuro “já assinalado” e responsabilizam somente os indivíduos pelo
seu fracasso, amparados no discurso de que sucesso ou ascensão social dependem
de dons e aptidões natas (BOURDIEU, 2007). O rompimento com as normas
e regras estabelecidas, se dão primeiramente com políticas sociais que buscam
incluir a sociedade com toda a sua diversidade nas instituições escolares públicas.
O Censo da Educação Superior (2018), demostrou que até este ano
o Brasil contava com 299 Instituições de Educação Superior (IES) públicas e

universidades, o que representam 88,2% da rede. Os dados também demostraram


um crescimento de 44,6% no úmero total de matrículas na Educação Superior,
nos cursos de graduação e sequencial, no decênio 2008/ 2018. Observa-se aqui,
que o percentual de jovens estudantes na educação superior com idade entre

144 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
18 e 24 anos chega ao patamar de 17% do total, sendo que destes estudantes,
dentre todas as modalidades, a maioria são mulheres e que 82% das matrículas,
concentram em Instituições de Ensino Superior Privada (BRASIL, 2019).
O ingressantes nas instituições públicas que ensino, apesar de sua

considerando que a Educação Superior historicamente privilegia certos grupos


sociais em que o habitus1 de classe lhe favorecem o ingresso, a permanência e o
êxito daqueles que conhecem as regras de permanência no campo. Estes bons
jogadores se utilizam de estratégias adquiridas ao longo de sua vida, agentes
dos campos são bons jogadores e utilizam de seus capitais, oriundos de suas
classes sociais, adquiridos ao logo da vida, o que lhes garantem a permanência
e o equilíbrio das forças para se manterem no campo. Os indivíduos que não
possuem tais capitais, ou seja aqueles não dotados de de ethos e 3
que lhe
garantes a ingresso e permanência são gradativamente excluídos do campo da
Educação Superior.
Objetivando discutir os processos de democratização da Educação
Superior através de um recorte de gênero no curso de Agronomia do IF Goiano
- Campus Urutaí, importa-nos também situar o IF Goiano dentro do contexto

Tecnológicas (CEFETS) e na mais recente transformação nasceu os Institutos


Federais em 29 de dezembro de 2008 por mio da Lei 11.892. Neste contexto, o
IF Goiano se constituiu como uma instituição que oferece Educação Superior,

da formação voltada para desenvolvimento regional a instituição se deparou com


a demanda de oportunizar o ensino superior aos estudantes oriundos das escolas
públicas, aos negros e aos cidadão de baixa renda a partir da publicação da Lei
12.711 de 2012 como também criar que proporcionem não só a permanência e o
êxito dos jovens ingressantes.

¹O é “sistema de disposições socialmente constituídas que, enquanto estruturas estruturadas e

2007, p. 191.
² Ethos que são conjunto de costumes dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do

Perspectiva, 2007, p. XXIV.


³ que são os movimentos corpóreos que os sujeitos realizam dentro de uma determinada prática,
ou seja, os princípios interiorizados pelo corpo.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 145


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ingressantes pelo sistema de reserva de vagas (cotas) dentro do curso de Agronomia

Feminina na Educação Superior, com distintas aproximações e questionamentos.


Tendo em vista, que o objeto a ser pesquisado estabelece a escolha da temática e
das categorias essenciais ao desenvolvimento, este levantamento se ancorou nas

O primeiro mapeamento, se situa dentro do recorte da Lei 12.711/12 que


dispõe sobre a inclusão de jovens pretos, pardos e indígenas oriundos de escolas
públicas e jovens de baixa renda a Educação Superior. Na análise da temática
destaca-se as políticas públicas de inclusão na educação superior e as estratégias de
acesso dos estudantes que ingressaram pelo sistema de cotas, a partir da produção
em Educação em nível de
Doutorado, no país, entre os anos de 2014 e 2018.
A partir do levantamento dos dados acima se percebeu que a
complexidade da educação superior não se restringe apenas à temática dos
diferentes estabelecimentos,mas aos diferentes cursos ofertados, aos diferentes
públicos que a adentram, a diferenças culturais, sociais e raciais.

tornaram obrigatórias a partir da Lei 12.711 de 2012, nos sistemas federais de


ensino, marcando o início de um processo de equilíbrio e de valorização do ensino
superior público. Porém, estas pesquisas denotam a necessidade de planejamento
adequado a esse processo de expansão e da inclusão de jovens oriundos de escolas

institutos federais, principalmente, pensar novas formas de oportunização nos


cursos de maior seletividade e consequentemente, nas carreiras de maior prestígio.

sociedade brasileira. Nos mostra ainda, que a exclusão não termina somente na
inclusão dos estudantes nas instituições de ensino, permanecem no mercado de
trabalho, na vida, no discurso da sociedade e arraigado da cultura de uma nação. As
mulheres que muitas vezes conseguem romper com o ciclo vicioso de dominação
masculinas dos cursos mais seletos e maior prestigio se deparam com um menor
salário e com a falta de reconhecimento no mercado de trabalho. Segundo Alves,

as diferenças sistemáticas nos níveis de escolaridade entre homens e mulheres

146 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
campo educacional, restringe ao acesso às universidades, e não se estendem em
outras esferas da sociedade.

REFERÊNCIAS

ALVES, J. E. D. Mulheres em movimento: voto, educação e trabalho. Ouro

BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus,
1996.

PIERRE. A economia das trocas simbólicas :


2007, p. 191.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira


(Inep). Censo da Educação Superior 2018: notas estatísticas. Brasília, 2019.

COSTA, Nayara Tatianna Santos da. A democratização dos cursos de elevado


prestígio social da UFPB: acesso e permanência dos estudantes cotistas. Tese
de Doutorado (Doutorado em Educação). João Pessoa - Paraíba, 2017.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 147


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A OPERACIONALIZAÇÃO DOS RECURSOS ADVINDOS DO
PNAES NA UFRN: O QUE DIZEM OS NÚMEROS?

Jonathan Alves Martins


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/PPGEd
jonathan@ifesp.edu.br
Andreia da Silva Quintanilha Sousa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/PPGEd
andreia_quintanilha_sousa@hotmail.com

RESUMO

Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa intitulada “Análise


do referencial global/setorial da política de assistência estudantil da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)” realizada no âmbito do Programa
de Pós Graduação em Educação da UFRN, cujo um dos objetivos foi analisar

apoio técnico entre os anos de 2015 a 2019. Analisaremos, pois, o conjunto de


valores e normas que constituem o Programa Nacional de Assistência Estudantil
(PNAES) e o Programa de Bolsas de Assistência Estudantil da UFRN, quais

e como os atores se mobilizam para acessá-la (MULLER; SUREL, 2002).


De acordo com dados provenientes de uma pesquisa realizada no ano de
2018 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino
Superior (Andifes), dos quase seis mil respondentes dos cursos de graduação na

concluíram em escola privada). No tocante à conclusão e ao abandono do curso de


graduação: mais da metade dos respondentes (50,69%) apontaram motivos como
não identidade e o nível de exigência do curso, problemas familiares e de saúde,

contavam com renda mensal per capita de até 1,5 salários, 15,61% renda per

capita familiar de mais de três salários (ANDIFES, 2019).


O levantamento dos documentos (resoluções, leis, decretos, relatórios,
atas e pesquisas na área) e a análise com foco nas normas e valores das políticas
de assistência estudantil apontam o fato de que as bolsas de permanência, as
acadêmicas - de pesquisa, extensão, monitoria - e as bolsas de apoio técnico na
UFRN são operacionalizadas com recursos oriundos do PNAES, distribuídas por
meio de editais de apoio a projetos e concedidas a partir de processos avaliativos

148 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
assistência social: àqueles oriundos da rede pública de educação básica ou com
renda familiar per capita de até 1,5 salários. Para acessar a bolsa permanência, o
aluno necessita, como contrapartida, desenvolver atividades de trabalho semanal,

foram 890 graduandos com bolsas de apoio técnico e 680 com acadêmicas; em
2017 registou-se o aumento das bolsas de apoio técnico, que passou para 926,
enquanto a quantidade de bolsas acadêmicas permanecerem ofertadas a 680
estudantes, situação que se repetiu em 2018, quando a UFRN concedeu bolsas
de apoio técnico a 940 discentes, sem aumento na oferta de bolsas acadêmicas
(UFRN, 2016; 2017; 2018).
Os dados contestam, portanto, a percepção proveniente de setores do
governo e da sociedade de que quem estuda nas instituições do ensino superior

da metade dos estudantes matriculados na UFRN são elegíveis para a concessão


das bolsas de assistência estudantil, condição que tende gerar um ambiente de
concorrência entre os estudantes para a obtenção do benefício, isso porque a
quantidade de bolsas oferecidas pela instituição é menor do que a procura pelo
benefício. Os números analisados apontam, ainda, para a realidade de que as
bolsas de apoio técnico têm sido preferidas em detrimento das bolsas acadêmicas,
privilegiando o cumprimento de uma carga horária semanal de trabalho na
Instituição em setores onde há maior defasagem do quadro técnico administrativo,
o que nos leva a levantar a hipótese de que a iniciação à pesquisa, as atividades
de extensão e a monitoria dos estudantes atendidos pela política de assistência
estudantil na UFRN parecem estar sendo colocadas em segundo plano em face
da necessidade de apoio técnico nos diversos setores da UFRN. Essa hipótese

encontra em andamento.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 149


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

ANDIFES.
. Relatório disponível em:http://
www.andifes.org.br/wp-content/uploads/2019/05/V-Pesquisa-do-Perfil-

Universidades-Federais-1.pdf. Acesso: 07 de jan. de 2020.

MULLER, Pierre; SUREL, Yves. Análise das políticas públicas. Pelotas,


EDUCAT, 2002.
UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Relatórios de Gestão
. Disponíveis em: https://ufrn.br/institucional/

150 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
INCLUSÃO DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NAS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS DE FOZ DO
IGUAÇU-PR: PERSPECTIVAS E DESAFIOS DOS DOCENTES

Kátia Biff Rossi


Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
katia_93_@hotmail.com
Eliane Pinto de Goes
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
elianegoes1@hotmail.com

RESUMO

No âmbito da educação superior no Brasil, as políticas inclusivas vêm


destacando que as universidades precisam se preparar para atender a diversidade
e as necessidades de todos os seus ingressos. Considerando as leis e regulamentos
vigentes pelo estado, observa-se que poucos alunos estão incluídos nesse processo
e, na prática existem evidências de que as Instituições de Ensino Superior ainda

objetivo investigar as políticas, programas e práticas institucionais, relacionados

nas Instituições Públicas de Ensino Superior do Município de Foz do Iguaçu/


PR. Trata-se de um estudo qualitativo. A coleta de dados ocorreu no primeiro
semestre de 2019, por meio de entrevista semiestruturada que foi aplicada aos

dos dados qualitativos o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Este método


consiste em organizar os dados de natureza verbal, através de opiniões ou
expressões individuais obtidas por escrito, que apresentam semelhanças entre si.

do sexo masculino e 05 do sexo feminino. A partir dos DSC’s for mados notou-se

aprendizado desses alunos, além de necessitar maior tempo para dedicação aos

em relação a sua formação e a necessidade de receberem esse tipo de capacitação.


Com esta pesquisa, pode-se perceber que ainda há muito que evoluir acerca

amparo legal que garanta a eliminação de barreiras para o ingresso de pessoas

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 151


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Palavras-chave:

INTRODUÇÃO

O tema inclusão na educação está cada vez mais presente no nosso


dia-a-dia. As instituições de ensino estão sendo convocadas a debater sobre as
diferenças existentes e o acolhimento de todos os alunos, independente das suas
necessidades. A inclusão escolar ultrapassa o pensamento de que as transformações

somente em mudanças em cima do sistema para atender os mesmos. Devido


a isso, faz-se necessário a percepção de novos olhares e concepções acerca de
serviços que visam contribuir para um progresso educacional do aluno com

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de

a 650 milhões de pessoas. Tais dados aumentaram, levando em consideração


a baixa qualidade de vida e o precoce adoecimento populacional por parte de

idade ocasionada por doenças crônicas e degenerativas. Esses mesmos dados nos

escolaridade, menor participação social e ainda vivem em certa vulnerabilidade


socioeconômica e, como consequencia, situações de privação (OMS, 2017).
Segundo Góes (2015), acredita-se que o acesso ao Ensino Superior
seja um indicador importante a ser considerado no que diz respeito à redução
das desigualdades existentes no nosso país. Convém destacar que o número de

curiosidade para saber quais são as principais barreiras enfrentadas pelos docentes
e discentes para o acesso e permanência desses alunos no ensino superior.
Desta forma, este estudo contribuirá para apontar as melhorias nas
condições de trabalho dos docentes em relação ao ensino para alunos com

contexto histórico e evolução da inclusão ao decorrer dos anos.

152 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
OBJETIVOS

Públicas de Foz do Iguaçu – PR, na visão dos docentes que atuam com esses
alunos.

METODOLOGIA

Públicas de Ensino Superior do Município de Foz do Iguaçu- PR. Participaram


desta pesquisa, docentes das Instituições de Ensino Superior do município de

Somente participaram aqueles que assinaram o Termo de Consentimento Livre


e Esclarecido (TCLE), conforme os requisitos de pesquisa que envolve os seres

O instrumento de coleta de dados trata-se de um questionário semi-


estruturado, já validado no Brasil, através de estudos (tese e dissertação) anteriores
realizados no grupo de pesquisa em Políticas Públicas e Formação Humana-
PPFH da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2015, com questões
abertas, versando dentre as variáveis: idade, sexo, tempo de docência, formação

encontradas, melhorias para o atendimento destas pessoas, melhorias para atuação


do docente, avaliação de desempenho, entre outras.

participantes. Utilizou-se para análise dos dados qualitativos o Discurso do Sujeito


Coletivo (DSC). Este método consiste em organizar os dados de natureza verbal,
através de opiniões ou expressões individuais obtidas por escrito, que apresentam
semelhanças entre si. Desta forma, são agrupadas em categorias, como faz
quando se tem questões abertas. O diferencial deste método é que cada categoria
se associa às opiniões de sentido semelhante em diferentes depoimentos, de modo

obtém-se o depoimento síntese, redigido na primeira pessoa do singular.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

faixa etária entre 40 a 49 anos, ressaltando que as idades dos mesmos variaram

e 61,54% (n=08) eram do sexo masculino. Desse total, a maior parte dos

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 153


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ressaltar que em geral o tempo de docência no ensino superior dos entrevistados

Notou-se um dado importante onde todos os docentes alegaram não ter

de formação por fora devido a questões pessoas, onde a mesma ministrou aula

No que diz respeito à parte qualitativa da pesquisa para construção do

geral das questões norteadoras e das ICs que emergiram dos discursos.

Quadro 3 - Panorama geral dos temas que nortearam a entrevista e as


Ideias Centrais que emergiram dos discursos dos docentes das IES

TEMA NORTEADOR DA ENTREVISTA IDEIAS CENTRAIS

e se é o primeiro contato com os mesmos IC2 - Primeira experiência sendo um ótimo


aprendizado.
IC3 - Falta de criatividade e materiais adequados.

especializados.

3- Melhorias para atuação docente para atender alunos


de aprendizado mais lento.

IC10 - Difícil, porém positiva.


5- Avaliação docente acerca da inserção de alunos com
IC11 - Falta de suporte institucional. IC12 - Importante
para socialização.
IC13 - Faltam ferramentas.

IC14 - Grupos e Núcleos de assistência.

Fonte: autoria própria, 2019.

154 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Diante da análise dos dados Accorsi (2016) traz que a formação inicial

para atender a individualidade e necessidades de cada aluno, para assim darem


seguimento as políticas de inclusão.
Porém, ao analisar os resultados obtidos e pelo estudo realizado por

muito insatisfatório no que diz respeito ao avanço da educação inclusiva.

estendendo por muitos anos e que já poderia ter sido superada em nosso país.

de ensino-aprendizagem recai somente a eles, o que consequentemente gera


uma resistência por parte dos mesmos devido a essa mudança em sua rotina de
trabalho.
Pode-se notar que é de caráter urgente novas discussões acerca de avanços
na formação inicial e continuada dos professores para atuarem em sala junto aos

é preocupante o espaço curricular docente ao longo desses anos. É necessário


que haja a elaboração de uma nova matriz curricular que traga experiências
pedagógicas nas quais o docente consiga ultrapassar as barreiras existentes na

Assim como Carvalho (2006), os docentes desta pesquisa relataram que


o desconhecimento sobre os avanços tecnológicos, a inadequação dos meios e

garantir que esses alunos atinjam seus limites e suas potencialidades. Desta
forma os alunos tem o direito de serem assistidos de forma que sua socialização
e seus valores sejam destacados e para isso é necessário à utilização de práticas
pedagógicas especializadas, materiais instrucionais e espaços adequados.

modo de ensinar, além de rever seus conceitos, culturas, políticas e até mesmo suas
crenças, de modo que adote uma postura receptiva mediante a individualidade de

potencialidades e suas habilidades de acordo com as necessidades de cada aluno.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 155


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
maiores e mais complexas tanto dentro quanto fora da sala de aula, gerando,
assim, um estilo de vida inadequado.
Desta forma se evidencia a precarização do trabalho e a falta de incentivo
à docência nas instituições. Uma pesquisa feita por Mancebo (2007) mostrou que
durante a análise de alguns estudos realizados nos anos 90 e início do século
XXI acerca do trabalho docente no ensino superior destacou-se a precarização

plano de cargos e carreira nas instituições privadas e o aumento dos contratos


temporários nas instituições públicas.
A precarização do trabalho docente relatado pelos participantes

a participação e o comprometimento com a inclusão, pelas condições existentes,


demonstrando uma dinâmica de trabalho instituída que limita as iniciativas e
compromete a prática inclusiva nas IES.
Segundo Delmasso e Araújo (2008), para uma participação ativa do aluno

do aluno acaba por resultar desfavoravelmente ao seu desempenho. Para que


essa participação se torne ativa e o desempenho do aluno seja mais positivo é

de apoio como recursos metodológicos.


Ao analisar os DSC notou-se que em sua totalidade os alunos das três
instituições se mostravam solidários e participativos na inclusão dos alunos

estimulando a participação do aluno durante as aulas e ainda auxiliando nos


estudos fora do horário de aula, o que demonstra ter grande peso e importância

positivamente na sua socialização e inserção no mercado de trabalho.


Melo e Araújo (2018) que a criação dos núcleos de assistência ao aluno

superior, lhes proporcionando recursos satisfatórios para seu aprendizado e ainda


abrindo caminho para participarem das atividades de ensino, pesquisa e extensão
com mais autonomia.

156 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Das instituições que participaram da pesquisa todas possuíam um
espaço reservado para os núcleos de apoio realizarem assistência e atendimento

mesmos são o auxílio de ideias para construção na elaboração de materiais


assistivos, orientações adequadas e assistência ao aluno.

CONCLUSÃO

Com esta pesquisa, pode-se perceber que ainda há muito para evoluir

abordadas. Apesar de haver amparo legal que garanta a eliminação de barreiras

para garantir a permanência dos alunos e qualidade no ensino oferecido durante

Diante do quadro em que se encontra a educação inclusiva no Brasil,


se faz necessário uma reformulação nas grades acadêmicas para docentes,

o que atualmente não existe. Porém isso é um fator que levará muito tempo para
ocorrer e através disso é necessário soluções em curto prazo para melhoria dessa
realidade.
Com isso aumentar o investimento em capacitações e formação
continuada é um ponto fundamental para melhoria no quadro da inclusão, sendo
que a falta dos mesmos foi um problema muito citado por parte dos entrevistados
ao decorrer da pesquisa. A princípio pode-se até mesmo realizar tais capacitações

Ampliar essa discussão é uma condição fundamental para atender esses


alunos, assim, as propostas não podem estar isoladas, longe das reais necessidades,
por isso precisam ser elaboradas em coletividade, inclusive entre a área
interdisciplinar e transdisciplinar, e toda a comunidade acadêmica deve participar
desse processo, através de um plano de ações articuladas, um planejamento
educacional instituído também no orçamento das IES.
A partir da análise dos dados coletados podemos inferir que ocorre uma
sobrecarga muito grande aos docentes que atuam nas IES pesquisadas, sendo
evidenciado nos relatos que a responsabilidade para que a inclusão no ensino
superior ocorra acaba sendo repassada para quem está em sala de aula, cabendo
ao professor correr atrás de meios para facilitar esse processo, buscando qualidade

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 157


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
no ensino. Cabe aqui destacar que o professor é apenas uma das chaves para que
esse processo ocorra, pois a inclusão só vai acontecer se todos os segmentos da
instituição compreenderem essa abordagem abraçando a causa.
Com isso, surge à necessidade de realizar novos trabalhos em cima
dessa temática, destacando as diversas barreiras, sejam arquitetônicas, atitudinais,

de graduação. Além desse aspecto, a precarização do trabalho docente também


é um fator que necessita de um olhar cuidadoso, pois a consolidação de uma
sociedade eticamente comprometida com a dignidade e a inclusão precisa levar

social.

REFERÊNCIAS

ACCORSI, M. I.
educação superior do IFRS Bento Gonçalves: um olhar sobre a mediação
docente.

Dissertação (Mestrado) - Universidade de Caxias do Sul, Programa de Pós-


Graduação em Educação, 2016.

CARVALHO, J.J.
ensino superior. São Paulo: Attar. 2006.

DELMASSO, M. C. S.; ARAUJO, R. C. T.


. In
OMOTE, S.; GIROTO, C. R. M.; OLIVEIRA, A. A. S. (Org.) Inclusão escolar:
as contribuições da educação especial. Marília, Cultura Acadêmica Editora e
Fundepe Editora, 2008.

GOES, E.P.
. 255 f. Tese (Doutorado em
Políticas Públicas e Formação Humana) - Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E
PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA – INEP. Censo da
Educação Superior 2017. Brasília, 2018.

158 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
MANCEBO, D. LÉDA, D. B. REUNI: Heteronomia e precarização da
universidade e do trabalho docente. Educação e Realidade. Porto Alegre, v.

MANCEBO, D.; MAUÉS, O.; CHAVES, V. L. J.


da universidade brasileira: implicações para o trabalho docente. Educar,

01 julho 2019.

MELO, F.R.L.V.; ARAÚJO, E.R. Núcleos de Acessibilidade nas Universidades:


. Psicologia Escolar e
Educacional, SP. Número Especial, 2018.

MOREJÓN, K.; GARCIA, L.R.


no ensino superior público do Estado do Rio Grande do Sul/RS/Brasil.
Comunicação apresentada no Congresso Ibero-americano de educação: metas
2011. Buenos Aires: Universidade de Buenos Aires. 2010.

NASCIMENTO, R.P.
de alunos com necessidades educacionais especiais. Programa de
Desenvolvimento Educacional. Universidade Estadual de Londrina. Londrina,
2009.

OLIVEIRA, A.R.V.; PAIVA, A.E.A.; OLIVEIRA, W.P.G. As Políticas de


. Rev. Online Includere,

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Alguns Factos e Números sobre


. United Nations Regional Information Centre for
Western Europe - Brussels: 2017. Disponível em: <https://www.unric.org/pt/

ROCHA, A.B.O. . Ensaios


Pedagógicos, v.7, n.2, Jul/Dez 2017.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 159


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A VIVÊNCIA NA MORADIA ESTUDANTIL E SUAS
REPERCUSSÕES SOBRE O PROCESSO DE AFILIAÇÃO
À VIDA ACADÊMICA

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG


pedagogaleticia@gmail.com

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG


mcarmolp@gmail.com

RESUMO

Diante da expansão do ensino superior, resultante, em parte, da


implantação de políticas públicas de ampliação do acesso, as discussões sobre a
democratização e permanência dos estudantes ganharam destaque. Tais políticas

enfatizaram a importância do papel do Estado no desenvolvimento de políticas


de assistência. No campo da Sociologia da Educação, a produção sobre as
trajetórias de longevidade escolar em meios populares tem destacado o papel de
agentes e contextos de socialização primária, como a família e a escola, a atuação
de terceiros e, também, os programas de assistência estudantil, como fatores
importantes para a constituição desses percursos. Considerando as diferentes
esferas de socialização nas quais os jovens se inserem, o presente estudo teve por
objetivo analisar se e como o tipo de moradia estudantil ofertada nas Universidades

vida acadêmica. O foco analítico contempla aspectos organizacionais e sociais da


relação dos estudantes com a moradia estudantil. A primeira parte se volta para
a análise da política de moradia universitária como componente do Programa
Nacional de Assistência Estudantil, abarcando aspectos da organização e gestão
que as universidades efetivam para o oferecimento das moradias. Na segunda
parte, foram priorizadas as práticas de socialização decorrentes da vivência
coletiva nas moradias estudantis da Universidade Federal de Ouro Preto devido
à singularidade de seu programa frente às demais universidades federais do País.
Evidenciam-se, desse modo, as percepções dos estudantes sobre os efeitos da
moradia sobre sua permanência na instituição. A pesquisa se caracteriza como
um estudo de caso, tendo sido adotadas como principais recursos metodológicos
a aplicação de questionário e a realização de entrevista semiestruturada, baseada
160 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
no modelo teórico metodológico da “sociologia à escala individual” desenvolvido
por Lahire (2004). Os dados mostram que as diferentes modalidades de residência,
tomadas como espaços de convivência e trocas, podem exercer distintas

estudantes entrevistados (cinco), algumas semelhanças vieram à tona em relação à


moradia coletiva: todos compartilhavam o quarto com outros estudantes, faziam
o uso frequente do restaurante universitário e permaneciam longos períodos na

elementos desenvolvidos nos níveis social e cognitivo como: aprender a


aprender, aprendizagem social por morar coletivamente, compartilhamento
de rotinas de forma mais acentuada com os colegas e menos com a família,
trocas de informações acadêmicas e, por vezes, o estudo de forma coletiva.

Delabrida (2014), entre outros, sobre as potencialidades do ambiente da moradia

construídas no presente estudo tem o condão de revelar a existência de fatores


de outra ordem além daqueles relacionados apenas às origens sociais. Destaca-
se o efeito socializador do contexto em que os estudantes estão inseridos e das
relações estabelecidas no interior das moradias estudantis como mobilizadoras,

assim repercutir na ligação com a Instituição e no desempenho ao longo do curso.

REFERÊNCIAS

COULON, Alain. A condição de estudante: A entrada na vida universitária.


Salvador: EDUFBA, 2008.

DELABRIDA, Z. N. C. Variáveis individuais, sociais e do ambiente físico em


residências universitárias. Psico.(3) (p. )

GARRIDO, Edleusa Nery.


Universitário. Tese (Doutorado)-Faculdade de Educação, Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, 2012.

LAHIRE, Bernard. Retratos Sociológicos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

TINTO, Vincent. Dropout from higher education: a theoretical synthesis of


recent research. , Washington, v. 45, n. 1, p.
89-125, Winter 1975.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 161


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM OLHAR
PARA O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET)

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS


luciana.correa@ufms.br
Carina Elisabeth Maciel
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
carina22em@gmail.com

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS


joelma_ines@hotmail.com

RESUMO

Este trabalho objetiva apresentar o Programa de Educação Tutorial


(PET) e como este programa pode contribuir para a permanência de estudantes
na educação superior. Para tanto, nos limites deste texto, apresentaremos as
características principais do programa e sua inter-relação com a permanência dos
estudantes.

O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET)

O Programa de Educação Tutorial (PET) é um programa do governo


federal, que tem como característica principal a formação de grupos de estudantes
de graduação, que sob a tutoria de um docente desenvolve suas atividades
orientadas pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
O programa além de um incentivo à melhoria da graduação, pretende estimular
um modelo pedagógico para a universidade, de acordo com os princípios
estabelecidos na Constituição Brasileira e na LDB (BRASIL, 2006, p. 7)
O PET é um programa de natureza acadêmica, que atende alunos
regularmente matriculados nos cursos de graduação das IES públicas e privadas
de todo o país, ancorado na tríade ensino, pesquisa e extensão, em consonância
com o princípio do artigo 207, da Constituição Federal de 1988.
Cada grupo PET deve conter um professor tutor, que será responsável
pelas atividades desenvolvidas pelo grupo e 12 estudantes bolsistas. Cabe ressaltar
que os grupos PET podem contar também com estudantes não bolsistas, desde
que esse número não exceda a metade do total de estudantes bolsistas por
grupo. Além da melhoria da qualidade dos cursos de graduação, as atividades

162 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
desenvolvidas pelos grupos PET, por meio de ações coletivas e interdisciplinares,
objetivam garantir aos alunos oportunidades de vivenciar experiências não
presentes em estruturas curriculares convencionais, contribuindo para a formação
de cidadãos com ampla visão de mundo e responsabilidade social.

O PET COMO UMA ESTRATÉGIA PARA A PERMANÊNCIA

A permanência na universidade envolve múltiplos fatores, tais como os de

pedagógica, entre outros.


Assim, concordamos que “a permanência envolve a noção de
pertencimento, a vivência acadêmica, a conclusão, o desenvolvimento sequencial e
bem sucedido dos semestres/disciplinas, a conclusão do curso no tempo mínimo

Destarte, acreditamos que o PET contribui para a permanência, pois para


permanecer no programa os estudantes bolsistas e não-bolsistas devem atender a
uma série de requisitos, tais como: participar de todas as atividades programadas
pelo tutor; ter bom rendimento no curso de graduação; dedicar-se em tempo
integral às atividades do curso de graduação e das atividades do PET, entre outros.
Maciel, Lima e Gimenez (2016) pontuam que permanecer na educação

institucionais, além dos pessoais, nos leva a considerar que o PET, para além
dos objetivos a que se propõe, pode ser considerado como uma estratégia para a
permanência nos cursos de graduação uma vez que

não se encerra nas ações de assistência estudantil, mas abarcam os aspectos


de infraestrutura, física e tecnológica, e das condições didático-pedagógicas
proporcionadas aos estudantes nas IES. (MACIEL; LIMA; GIMENEZ, 2016,
p. 761)

Importa destacar que os estudantes petianos bolsistas podem receber


bolsas vinculadas à assistência estudantil, como por exemplo a Bolsa Permanência.
Tal possibilidade pode contribuir para a permanência do estudante no próprio
grupo PET e na instituição.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 163


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CONSIDERAÇÕES EM PROCESSO

Consideramos que toda a ação desenvolvida nas instituições de ensino


superior objetiva a permanência de seus estudantes e, consequentemente, a
conclusão de seus cursos.
O PET enquanto um programa que visa melhorar a qualidade dos cursos
de graduação, contribui para isso e para formação global dos seus estudantes.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Programa de Educação Tutorial. Manual de


Orientações Básicas - versão 2006

NODARI, Douglas Ehle; LIMA Elizeth Gonzaga dos Santos, MACIEL, Carina
Elisabeth. O desempenho dos estudantes no vestibular e a permanência
nos cursos de graduação da UNEMAT. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v.

MACIEL, Carina Elisabeth; LIMA, Elizeth Gonzaga dos Santos; GIMENEZ,


Felipe Vieira. Políticas e permanência para estudantes na educação superior.

759-781, set./dez. 2016

164 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ACESSO E PERMANÊNCIA ESTUDANTIL NA UNIFESP:
UMA ABORDAGEM A PARTIR DA PERSPECTIVA DA
TEMPORALIDADE

Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC


mtmendes@uesc.br

RESUMO

O acesso à universidade ao longo das últimas duas décadas tem sido


um rico campo de experiências e debates pautando o efetivo direito à educação

com a reserva de vagas - ampliou as possibilidades de ingresso de estudantes


negros, pobres, de escolas públicas, cabe avaliar em que medida outros processos
limitam a efetivação do direito à educação superior. Nesse sentido, a proposição
de Veloso e Maciel (2015), que considera o acesso em três dimensões - ingresso,
permanência e qualidade da formação, incluindo a conclusão curso - é fulcral para

Neste trabalho, fundamentado em pesquisa qualitativa realizada na


UNIFESP sobre estratégias de permanência mobilizadas por estudantes,
procuramos compreender que ações, movimentos, discursos e políticas
institucionais são mobilizados por estudantes negras/os e estudantes mães. A
hipótese trabalhada foi a de que a situação de isolamento contribui negativamente
para a evasão, e portanto o engajamento em estratégias de permanência coletivas
- pensadas aqui como a participação em grupos organizados de caráter diverso,
como movimentos sociais, coletivos, agremiações esportivas, religiosas, culturais -
contribuiria para a promoção de vínculos, e assim para a permanência e conclusão
do curso.
O recorte que aqui apresentamos diz respeito à perspectiva da
temporalidade - ou seja, da relação com o tempo a partir da subjetivação da
realidade - no que tange à permanência estudantil. Para tal, foram aplicados 92
questionários ao público-alvo - inicialmente estudantes mães, negras/os, indígenas,

tempo ideal de conclusão do curso. Entretanto, devido a limitações de ordem


institucional, o questionário disponibilizado online foi divulgado por meio de
cartazes e emails e a adesão foi voluntária entre interessadas/os na pesquisa.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 165


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
inicialmente almejado para realização de entrevistas presenciais semiestruturadas,
que foram posteriormente transcritas e enviadas aos participantes para ajustes que
julgassem necessários.
Apesar de a noção de tempo estar intimamente ligada ao próprio termo
“permanência” - o ato de permanecer implica a ideia de duração - é surpreendente
que a ideia de tempo ou de temporalidade (a relação com o tempo) seja pouco
explorada na produção sobre permanência estudantil. Uma louvável exceção
pode ser encontrada no trabalho de Dyane Brito Santos. Partindo da leitura de

como “o ato de durar no tempo”. Entretanto ela destaca que esta duração implica
tanto uma ideia cronológica (o tempo “contado no relógio” em horas, dias, anos)
de duração como uma ideia de espaço simbólico, permitindo diálogo, trocas
simbólicas e a transformação de todos e de cada um.
Em nossas entrevistas a abordagem sobre o tempo na perspectiva dos
estudantes passou ao primeiro plano da análise, manifestando-se de três maneiras:
1) a caracterização da escola pública como o local do “atraso”/defasagem; 2) a

em participar de estratégias coletivas de permanência estudantil, manifestamente


pela “falta de tempo”.
Concluímos que a temporalidade é uma dimensão reveladora de
uma idealização de estudante por parte da universidade que leva em conta sua
disponibilidade integral para o estudo, que é pressuposta como pré-requisito
para o ingresso, calcada na expectativa de tempo disponível para a pesquisa
“desinteressada” (GRAMSCI, 2014). A expectativa dessa imagem ideal de
estudante - e as práticas em que ela subjaz - gera em estudantes trabalhadoras/es,
mães, negros ou pessoas “fora da idade ideal” uma sensação de não-pertencimento
à instituição.

e estudo, o gasto de tempo no deslocamento em transporte público, a pressão


por um rendimento elevado que leva a cobranças com fortes impactos na saúde
mental, a sensação de inadequação a um espaço que só recentemente passou
a abrigar pessoas “como eles” (especialmente entre pessoas negras), a falta de
sensibilidade e de enquadramentos institucionais para lidar com gravidez, parto,

lidos como inatingíveis.

166 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Cabe à universidade pensar nestas questões como um dos aspectos a

instituição.

REFERÊNCIAS

COULON, Alain. A condição de estudante: A entrada na vida universitária.


Salvador: EDUFBA, 2008.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 2014.

SANTOS, Dyane Brito Reis.

. 2009. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado em Educação)–Faculdade


de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal
da Bahia, Salvador.

VELOSO, Tereza C. M. A.; MACIEL, Carina E. Acesso e permanência na


educação superior: análise da legislação e indicadores educacionais. Revista
Educação em Questão

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 167


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: PROPOSIÇÕES
INSTITUCIONAIS PARA O CURSO DE FÍSICA DA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Marcello Ferreira
Universidade de Brasília - UnB
marcellof@unb.br
Andréia Mello Lacé
Universidade de Brasília - UnB
andreia.mello.lace@gmail.com

Universidade de Brasília - UnB


danielle.pamplona@gmail.com

INTRODUÇÃO

O Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014) estabelece, como uma


de suas metas, a elevação das taxas bruta e líquida (população entre 18 e 24

estabelecer que ao menos 40% das novas matrículas ocorram nas redes públicas. A
estratégia inclui a expansão e interiorização da rede federal, incluindo a educação

(UAB).
Nesse contexto, destaca-se a expansão da modalidade de educação a
distância, por meio da UAB, desde a sua criação em 2008. Estudos como o de
Silva Filho (2007), entretanto, denunciam que a ampliação do acesso é marcada

alunos (em 180 vagas ofertadas) e a evasão é de aproximadamente 71,22%1. Este


é um dado circunstancial que pode ser agravado a partir de formalizações de
desistências/desligamentos em processamento.

¹ É importante observar que o ingresso ao curso de Física se deu por um processo seletivo Enem – e
não por vestibular próprio da UnB – em três polos de apoio presencial (Buritis – MG; Itapetininga – SP; e Santos
– SP) em que a demanda estimada se concretizou muito menor do que a efetivada, a despeito de interesse,
estrutura e forte atuação dos respectivos municípios.

168 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Nova oferta – com 210 vagas e 180 ingressantes em sete polos de apoio
presencial no DF, GO e SP – teve início em março de 2020. Diante disso, esse
survey com
aplicação de questionário on-line
de estudo dos ingressantes, além de levantar possíveis estratégias institucionais de
apoio à permanência.

PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:


DESAFIOS E ESTRATÉGIAS INSTITUCIONAIS

Sousa e Maciel (2016), em estudo sobre permanência e evasão no

o levantamento de informações dos estudantes, por meio de um observatório,

de estratégias institucionais adequadas. Indicam, também, a necessidade de

políticas institucionais de acompanhamento dos estudantes de acordo com seu

Na UnB, o Observatório Institucional de Equidade (OIE) realizou

2020/1. Tal como referenciado por Sousa e Maciel (2016), essa ação institucional

lato
sensu, 10 em mestrado, 5 em doutorado e 1 em pós- doutorado. As principais áreas
de formação são Matemática e Engenharias.
A trajetória escolar desse grupo demonstra, portanto, a exigência de
estratégias acadêmicas que possam atender às demandas da maioria deles que,
diferentemente de ingressos anteriores, buscam de maneira predominante a
formação continuada.
Outra estratégia desenvolvida diz respeito a ações de acolhimento.
Foi ofertado um módulo de ambientação com informações de como estudar a
distância, além de cursos de Noções de Informática, Português Instrumental e
Lógica Elementar. Além disso, foi ofertada a disciplina Física Zero, que tem como
objetivo instrumentalizar os estudantes em matemática elementar necessária ao

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 169


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
bom desenvolvimento no curso (pesquisas e dados empíricos evidenciam que
a defasagem em matemática do ensino básico é um dos fatores determinantes à
evasão de partida no curso de física).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de levantamento no curso de Física EaD da UnB, a instituição


planejou ações que visam aumentar a permanência dos estudantes. Elas transpassam

com a proposição do módulo de ambientação. Complementarmente, foram ofertas


formações de docentes e tutores voltadas à elaboração de materiais didáticos

Assim, por meio de instrumentos de monitoramento e acompanhamento do

estudantes.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Plano Nacional de Educação. , de 25 de junho de 2014.


Brasília, DF: Presidência da República, 2014.

SILVA FILHO, R. L. L et al. A evasão no ensino superior brasileiro. Cad.

SOUSA, A. S. Q.; MACIEL, C. E.


permanência e evasão em cursos da Universidade Aberta do Brasil. Educ.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 170


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
MINERAÇÃO DE DADOS EDUCACIONAIS E A PERMANÊNCIA
NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Marcelo Rocha Meira


Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT/PPGEdu
marcelo.meira@cas.ifmt.edu.br
Fernando Cezar Vieira Malange
Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT/PPGEdu
fmalange@unemat.br

INTRODUÇÃO

A partir do questionamento sobre a viabilidade de utilização da mineração


de dados para análise da permanência em cursos presenciais da Universidade do
Estado de Mato Grosso – UNEMAT, desenvolvemos esse trabalho com objetivo
de averiguar o que tem sido produzido sobre a utilização de mineração de dados
na permanência em cursos da Educação Superior. Para tanto, foi realizado uma

o Banco de Teses e Dissertações da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do


Nível Superior – CAPES1 e obtivemos como resultado sete dissertações.

RESULTADOS

de duas dissertações, que relatamos a seguir:

Quadro 1 - Dissertações selecionadas

AUTOR - ANO TÍTULO IES


UTFPR
JUNIOR
(Universidade Tecnológica
(2015) de graduação usando Mineração de Dados Educacionais
Federal Do Paraná)
Mineração em dados do ENEM para a predição do UFPE
JUNIOR
desempenho acadêmico no âmbito da rede federal de (Universidade Federal De
(2018)
educação tecnológica Pernambuco)
Fonte: Catálogo de teses e dissertações da CAPES (2020).

¹Catálogo de teses e dissertações da CAPES - http://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogoteses/#!/

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 171


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Junior (2018) realizou sua pesquisa tendo como objetivo investigar
métodos de aprendizagem de máquina capazes de avaliar o desempenho de alunos
submetidos ao ENEM (2014) e categoriza-los entre as seguintes possibilidades:

submetidos ao exame. Utilizou a métrica de desempenho matriz de confusão, que

Como resultado o algoritmo que obteve o melhor desempenho foi

por ser um algoritmo “caixa-branca”, que tem a capacidade de explicar de

gerou 26 regras, estas que possuem uma estrutura de árvore (if-them) que vão se
desenvolvendo da raiz até as folhas, permitindo correlacionar variáveis de forma

Por sua vez, Junior (2015) desenvolveu sua pesquisa tendo como objetivo

presenciais de graduação, utilizando as técnicas de mineração de dados.


É uma pesquisa quantitativa, que analisou os dados acadêmicos dos
alunos dos cursos presenciais da graduação da UTFPR (Universidade Tecnológica
Federal do Paraná). A análise dos dados foi feita através de experimentos utilizando
a base de dados completa, somente um curso e restrita a um campus. Entre os

testes, o JRip apresentou a melhor acurácia. Como resultados, a pesquisa também


traz um conjunto regras seguindo as mesmas características de representação
demostrada por JUNIOR (2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos observar que a mineração de dados pode ser associada


a pesquisas correlacionadas a permanência na educação superior, onde os
algoritmos “caixa-branca” (árvore de decisão) têm se mostrado o método mais
utilizado nessas pesquisas. Outro fator relevante, que observamos refere-se a não
existência, no banco de dados da CAPES, de trabalhos vinculados a programas

(quantitativas e descritivas). Assim, consideramos que a aproximação das áreas


de educação e computação é essencial para o desenvolvimento de ferramentas

172 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

FERREIRA, N. S. de A. .
Educação & Sociedade, ano XXIII, n. 79, agosto/2002. p. 257-272.

SANTANA JÚNIOR, Wilton Moreira de, 2015. Mineração em Dados do


ENEM para a predição do desempenho acadêmico no âmbito da rede federal de
Educação Tecnológica.
Federal de Pernambuco, Recife.

OLIVEIRA JÚNIOR, José Gonçalves de, 2018. Identificação de padrões


para a análise da evasão em cursos de graduação usando mineração de
dados educacionais. Dissertação (Mestrado em Computação Aplicada) –
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 173


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
A EVASÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
DO SUL (2008-2012): APONTAMENTOS PRELIMINARES

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS


E-mail: mauro.junior6@hotmail.com
Silvia Helena Andrade de Brito
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS
E-mail: silvia.brito@ufms.br

RESUMO

Este trabalho tem como objeto de investigação a evasão1 na Universidade


Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O objetivo geral é analisar o processo
de evasão na UFMS no período em que foi implementado o Programa de Apoio
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni),
coordenado pelo Ministério da Educação (MEC), considerando estudantes
ingressantes em cursos de graduação via vestibular e por meio do Sistema de

até 2018, no campus de Campo Grande. Para atingir o objetivo proposto, recorreu-

do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”


(Inep) – os microdados do Censo da Educação Superior (2009-2018), por um
lado. Por outro, foi levantada e analisada a literatura referente a temática. Cabe
destacar que o método de investigação pode ser caracterizado, segundo a Comissão
Especial de Estudos sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras
(1996)2
como um estudo longitudinal. Assim, buscou-se analisar o processo de evasão

¹ Neste artigo, compreendemos evasão a partir do conceito apresentado pela Comissão Especial de Estudos
sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras (1996). Dessa forma, entendemos como evasão a saída
do estudante de seu curso de origem, sem concluí-lo.
² A Comissão Especial de Estudos sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras (1996) se propôs a
determinar os índices de retenção, diplomação e evasão de cursos de graduação, para turmas de geração completa
que ingressaram na segunda metade da década de 1980 e formaram-se na primeira metade da década de 1990,
nas IES públicas brasileiras. A Comissão Especial constitui-se em trabalho pioneiro e inovador para o sistema
de educação superior por sua abrangência nacional e pela adoção de um modelo metodológico capaz de dar
uniformidade aos processos de coleta e tratamento de dados (ADACHI, 2017).

174 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
em cursos de graduação para estudantes de geração completa3. Como resultado,
os dados demonstraram que a evasão foi elevada, no período considerado,
ultrapassando 50%. E, mais precisamente, o ano de 2011 apresentou o percentual

“Ciências Exatas e da Terra” apresentaram médias mais expressivas de evasão

bem como as carreiras ofertadas no período noturno (60,5%).


Palavras-chave: Evasão. Educação superior. Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul.

REFERÊNCIAS

ADACHI, A. A. C. T. Evasão de estudantes de cursos de graduação da USP

Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. São Paulo: 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Comissão


Especial de Estudos sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras.
Diplomação, retenção e evasão nos cursos de graduação em instituições de
ensino superior públicas. Brasília: ANDIFES/ABRUEM/ SESu/MEC, 1996.

BRASIL. Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio


a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI.

2010/2007/Decreto/D6096.htm. Acesso em: 21 out. 2019.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS


ANÍSIO TEIXEIRA. Microdados do Censo da Educação Superior (2009-
2018). Brasília: Inep, 2019. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/microdados.
Acesso em: 28 set. 2019.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS).


Resolução nº 106, de 04 de março de 2016. Orientações Gerais para a Elaboração
de Projeto Pedagógico de Curso de Graduação da Fundação Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul. Campo Grande: 2016.

³
curricular. Para a UFMS (2016), o tempo máximo, em semestres, para a integralização curricular, é calculado
adicionando-se cinquenta por cento do tempo proposto como necessário para a integralização curricular do
curso de graduação.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 175


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
GESTÃO DA AÇÃO AFIRMATIVA EM UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS: REFLEXÕES SOBRE A AUTODECLARAÇÃO E
A EXCLUSIVIDADE DA HETEROIDENTIFICAÇÃO FENOTÍPICA

Paulo Alberto dos Santos Vieira


Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
vieirapas@yahoo.com.br

RESUMO

Quando em 1950 fora aprovada a tese de que o Estado deveria manter


pensionistas sob sua responsabilidade, pairava certa esperança de que as cotas para
negros, nos estabelecimentos de ensino superior, seriam adotadas. Ao subscrever e
, o Estado brasileiro se comprometeu a

públicos e no mercado de trabalho. A partir de 2002 com as experiências das

sociedade brasileira, um dos mais ousados projetos de mudança político- cultural


da história do Brasil. A implementação de cotas para negros, indígenas e outros
grupos sociais subalternizados extrapolava, e muito, seja a dimensão da legislação

a sociedade brasileira para uma momento em que o tema das relações raciais
ressurgia com inaudita força, tendo como consequência acaloradas e profundas

racial. Entre 2002 e 2012 uma enorme batalha foi travada em termos normativos,

polêmica não se vinculava às cotas de maneira stricto sensu, algo de muito mais

estender o tema consagrado à população negra e aos povos indígenas. Ao fazer

se tornou polêmica. A Lei 12.711/12 contribuiu para a ampliação do uso de


cotas em um ambiente marcado pela manifestação do Supremo Tribunal Federal
em prol da constitucionalidade destas medidas. Se por um lado, a mencionada
Lei trouxe benefícios; por outro, reintroduziu a hipótese da subordinação da
desigualdade racial à dinâmica socioeconômica. Algo inédito, pois o sociólogo

176 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
autor desta tese já havia reformulado seu ponto de vista na década de 1980. Com
a sanção da Lei 12.990/14 que instituiu cotas para negros em concursos públicos,
o disciplinou os certames federais
determinando que houvesse procedimentos complementares à autodeclaração.

como mecanismo a ser adotado pelos Órgãos da Administração Pública Direta,


Autárquica e Fundacional. Não tardou muito e as Instituições de Ensino Superior
passaram a adotar o modelo preconizado pela Portaria Normativa n. 08 de 06 de
abril de 2018. Os resultados iniciais têm sido celebrados de norte a sul do país,

de procedimentos que combatam, inibam ou erradiquem as fraudes têm sido o


grande argumento mobilizador em prol do uso desta exclusividade complementar
à autodeclaração. Não restam dúvidas que a ética deve se consolidar como base
da prática e do convívio social, mas daí a acatar a propositura de reducionismo
contido na mencionada Portaria Normativa, parece ser um contra senso diante
da experiência acumulada e da agência do Movimento Negro pelo menos desde
1950. A sobre as relações raciais no Brasil afasta categoricamente qualquer
possibilidade de a dinâmica das desigualdades raciais estarem subordinadas seja
à dimensão socioeconômica, seja à dimensão biogenética. Neste momento
em que direitos têm sido subtraídos da maior parcela da população brasileira,
admitir que a dinâmica das relações raciais seja mascarada por uma espécie
de essencialismo poderá resultar, no médio prazo, em efetiva derrota política.
Um dos resultados possíveis será a menor presença de negros e indígenas nas
universidades brasileiras, desconstruindo “por dentro” o que foi erguido após seis
décadas se tomarmos como referência o Congresso de 1950. Isto poderá acarretar
retrocessos profundos, especialmente nos mecanismos, ainda frágeis, de acesso e
permanência no ensino superior voltados aos estudantes negros e indígenas. A

ferramenta de promoção da igualdade racial e superação do racismo. Em termos


culturais, políticos e sociais é preciso indagar por quais razões esta metodologia
tem avançado neste Brasil contemporâneo.
Palavras-chave:
fenótipo

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 177


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
OS MÚLTIPLOS ASPECTOS DA PERMANÊNCIA NO ENSINO
SUPERIOR A PARTIR DO RELATO DE UM ESTUDANTE DO
CURSO DE PEDAGOGIA

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ


Universidade Federal Fluminense - UFF
rnsouza@id.uff.br

RESUMO

As diversas políticas públicas para o ensino superior público brasileiro

instituições de ensino superior, aumento do número de vagas disponíveis,

no ensino superior não deve ser encerrada com a ampliação do acesso. Segundo

ingresso, permanência e formação de qualidade. A questão da permanência tem

a conclusão do curso de graduação.


O ingresso ao ensino superior exige do estudante uma adaptação ao
universo acadêmico que exige o aprendizado de um verdadeiro “ofício de
estudante” (COULON, 2008). Neste trabalho, busco compreender, a partir da
reconstrução da história de vida de um aluno do curso de graduação em Pedagogia,
como foi o seu processo de adaptação e desenvolvimento no ensino superior.
Inspirado na História Oral, o estudo buscou uma “combinação entre a prevalência

experiência individual e as transformações da sociedade, de outro.” (PORTELLI,

para a permanência do entrevistado, entrelaçando sua experiência individual e a

Em seu relato, o entrevistado conta sobre a importância do acolhimento


estudantil no ingresso à universidade, já que este contribuiu para a compreensão
do funcionamento da universidade e para a construção do novo papel de estudante
universitário. O acompanhamento pedagógico e a participação em grupo de
pesquisa foram importantes para o seu processo de “descobrir e se apropriar das
evidências e rotinas dissimuladas nas práticas do ensino superior” (COULON,

universo.
178 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Por outro lado, a assistência econômica estudantil não representou
um fator fundamental para a sua permanência, tendo em vista que o estudante
entrevistado era capaz de garantir a sua subsistência econômica através do seu
trabalho como docente da rede pública municipal de educação. O seu relato chama
a atenção para a necessidade de compreender as políticas públicas de permanência

de permanência com políticas de assistência. As políticas de assistência estão


contidas nas de permanência. Estas últimas devem ser pensadas para todos os
estudantes do ensino superior, e como um “direito”.” (HONORATO, p. 45).
O estudante entrevistado não concluiu o curso no tempo regular previsto
no currículo em virtude dos obstáculos que atravessaram o seu processo de
formação, como a necessidade de conciliar trabalho e estudo. Portanto, é importante
que a universidade esteja atenta a todo o processo de formação acadêmica, uma
vez que os obstáculos ao sucesso e conclusão do curso não se restringem ao
ingresso. Sendo fruto de ações individuais de técnico-administrativos e docentes,
o acolhimento do estudante e a participação em grupo de pesquisas não tiveram
continuidade ao longo de todo o seu processo de formação, fator que poderia
contribuir para a sua conclusão em tempo regular.
Conversar com o estudante entrevistado, a partir da perspectiva da
história oral, foi importante para repensar e salientar o papel da universidade no
processo de construção do “ofício de estudante” universitário, compreendendo
que esta não é uma tarefa apenas individual do aluno, mas deve ser assumida
também pela instituição tendo como horizonte uma política de permanência que
ultrapasse o caráter assistencialista. O processo de democratização do ensino
superior, atualmente, passa por um período de grande adversidade com os cortes
de verbas para os programas de expansão e manutenção, somados aos ataques
à autonomia da universidade, contudo, ainda assim, é necessário permanecer
comprometidos com a utopia de uma educação superior pública democrática.
Para tanto, é necessário que a universidade assuma a sua responsabilidade de
repensar estratégias para a permanência do estudante universitário, propondo

estudantes, garantindo, assim, experiências individuais mais satisfatórias.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 179


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COULON, Alain. A condição de estudante: a entrada na vida universitária.


Salvador: EDUFBA, 2008.

HONORATO, Gabriela de Souza Honorato. A permanência de cotistas do


curso de Pedagogia na UFRJ
ANOS: história, desenvolvimento e democracia, Rio de Janeiro, Editora UFRJ,

Acesso em 18 out. 2019.

SILVA,Maria das Graças Martins da; VELOSO,Tereza Christina Mertens Aguiar.


Acesso nas Políticas da Educação Superior: Dimensões e Indicadores em
Questão

180 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
O ENSINO SUPERIOR E A PERMANÊNCIA ESTUDANTIL:
AS MARCAS DO SISTEMA CAPITALISTA

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB


simeianunes@uesb.edu.br

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB


iracema.lima@uesb.edu.br

INTRODUÇÃO

Este trabalho discute algumas ações de caráter elitista e excludente


implementadas por meio de leis, decretos e programas, especialmente a partir
dos anos 1990 com a Reforma do Estado brasileiro, que buscavam incrementar

da necessidade de superação da crise do capital. Nesse período as políticas


neoliberais dirigidas ao campo educacional foram fundamentais para aprofundar a
acomodação das camadas da população que historicamente foram excluídas deste
nível de formação, ao tempo que possibilitava a formação aligeirada de mão-de-
obra para o mercado. Tal relação expressa, ao nosso entender, um movimento de
caráter dualista e contraditório.

DESENVOLVIMENTO

Nesta pesquisa busca-se analisar, a partir das políticas que ensejam


condições de permanência do estudante na educação superior, como se
constituiu o atual cenário político, econômico e social do país e a relação do
campo educacional com o Estado, visto que não é possível a compreensão desse
fenômeno sem considerar as contradições e antagonismos existentes no modo

Estado exerce função essencial na elaboração das políticas educacionais, apesar

capital nas suas várias expressões e a subalternização da classe trabalhadora.


A partir da década de 1990, o alinhamento político e econômico do país
com os pressupostos neoliberais previu a reestruturação do modelo de gestão do
Estado que seguiu a tendência mundial ao defender a superação da crise do capital
com a orientação de redução do papel do Estado por meio de uma economia
forte a partir de uma perspectiva gerencialista (ARAÚJO, 2016).

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 181


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Neste contexto, a partir do governo de FHC parte substantiva das ações
implementadas no campo educacional acentuaram o caráter mercantil dessas
políticas e impuseram a lógica em que a educação perde sua natureza de direito social
para se caracterizar como um serviço ou uma mercadoria necessária ao sistema
de acumulação capitalista (SGUISSARDI, 2015). As proposições implementadas

pois ainda que advogasse uma aproximação com as demandas formuladas pelos
diversos segmentos da sociedade civil não rompiam na essência com a lógica
mercantil (ARAÚJO, 2016).

Superior representou mais um exercício do Estado em executar a politica


de conciliação de classes, pois ao expandir as vagas neste nível de formação
apaziguava e silenciava setores organizados que defendiam a ampliação da
educação superior pública, gratuita e estatal ao tempo em que favorecia aos
conglomerados educacionais privatistas.
Neste cenário no ano de 2007 são implementadas ações dirigidas à
permanência estudantil com o Programa Nacional de Assistência Estudantil
(PNAES) e em 2011 o Programa Nacional de Assistência Estudantil para as
instituições públicas estaduais de educação superior (PNAEST). Ambos se
apresentaram como estratégias de combate às desigualdades sociais e de garantia

tais programas foram estabelecidos em uma perspectiva mercantil ao coadunar


com a efetivação de projetos que visam à formação do trabalhador em condições
competitivas para atender ao mercado.
Nesse sentido, depreende-se que as políticas públicas visando à expansão
do ensino superior se caracterizam como estratégia de conciliação de interesses
através de uma engenhosa aliança entre o capital e trabalho favorecendo aos
interesses corporativos e empresariais (ARAÚJO, 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No contexto em que o Ensino Superior tem sido ofertado é possível


inferir que o caminho percorrido compromete aspectos que são necessários para
a manutenção de uma educação que preza pela qualidade do ensino, pesquisa
e extensão. Enquanto a política de expansão e ampliação do ensino superior
estiver estruturada a partir dos ideais neoliberais e de acumulação do capital a

aos ditames do mercado.

182 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Rhoberta Santana. Expansão do ensino superior e desenvolvimentismo:


limites e contradições sob a hegemonia do capital. Educação e Fronteiras On-
Line, Dourados/MS, v. 6, n. 16, jan./abr., 2016.

DEITOS, J.M. SOBZINSKI, J.S.


contribuições para a análise de políticas educacionais. Impulso, Piracicaba –
p.

SGUISSARD, Valdemar. Educação superior no Brasil: democratização ou


Educação e Sociedade
dez., 2015.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 183


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA ANÁLISE DO
PERFIL DOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE LICENCIATURA
DA UNEMAT – CÂMPUS JANE VANINI EM RELAÇÃO À
PERMANÊNCIA

Suzely Paesano Neves


Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
suzely@unemat.br
Heloisa Salles Gentil
Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
logentil2@gmail.com
Fernando Cezar Vieira Malange
Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
fmalange@unemat.br

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objeto de estudo a Permanência na Educação


Superior, questionando: quais fatores podem ser determinantes para a permanência
dos estudantes na UNEMAT? Temos o objetivo de analisar a permanência dos
estudantes dos cursos de licenciatura da UNEMAT/Cáceres-MT, ingressantes em

para a permanência. Compreendemos permanência como uma das dimensões do

permanência e qualidade da formação, ou seja, o acesso é usado de maneira


abrangente.

RESULTADOS

informações pessoais, familiares, econômicas e educacionais e o segundo

respondentes.

184 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
licenciatura do Câmpus Jane Vanini - Turma 2014/1 (1ª parte)

Fonte: Produzido pela autora (2017).

Segundo o Censo da Educação Superior (2016) 71% dos concluintes das


IES brasileiras são do sexo feminino, índice superior ao da UNEMAT (69%).
Em pesquisa com os jovens da Universidade Comunitária da Região
de Chapecó, Brocco (2015) percebeu que priorizam a formação escolar do que
a conjugal. O fato se repete na UNEMAT/Cáceres, que apresenta 64% dos
estudantes respondentes solteiros.

trabalhar. Brocco e Zago (2014) destacam que esse fato é predominante nos
cursos de licenciatura (70%), dentre eles Pedagogia com 79% e História com

Outros aspectos importantes estão relacionados às vivências durante o

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 185


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
licenciatura do Câmpus Jane Vanini - Turma 2014/1 (2ª parte)

Fonte: Produzido pela autora (2017).


*Nesta questão os respondentes escolheram mais de uma resposta.

esperança de um futuro melhor, depositada na formação universitária, neste


sentido, a bolsa, ainda que com valor considerado baixo, pode ser outro fator
motivador permanência.
E Primão (2015) salienta que a Assistência Estudantil (AE) é vista como

acabam sendo indutoras de uma permanência com qualidade.

CONSIDERAÇÕES

Em síntese, a partir dos dados analisados, consideramos que contribuem


com a permanência: a) aspectos sócio econômicos e condições familiares e b)
vivência no espaço universitário.
Os aspectos sócio econômicos e condições familiares nos permitem
inferir a perspectiva social e econômica que um curso de educação superior pode

encontram-se entre fatores citados pelos participantes.


Quanto à vivência no espaço universitário, estão satisfeitos e motivados
pelos professores. Ao participar das AQEs buscam nelas mais que o valor recebido,
a criação de vínculos. Entendem que a AE atende, ainda que parcialmente, a

empregatício.

186 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
e conclusão do curso dentro do prazo mínimo de integralização, podendo ser de
caráter: pessoal, socioeconômico, de vínculo ou relacionados à perspectiva de
futuro.

REFERÊNCIAS

BROCCO, Ana Karina. A Condição de Estudante Bolsista no Ensino


. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Universidade Comunitária da Região de Chapecó,
2015. Disponível em: < https://www.unochapeco.edu.br/educacao/publicacoes-

PRIMÃO, Juliana Cristina Magnani. Permanência na Educação Superior

Campus Universitário de Sinop. 2015. 191f. Dissertação (Mestrado em


Educação). Programa de Pós Graduação em Educação da UFMT –– Universidade
Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2015.

SILVA, Maria das Graças Martins da; VELOSO, Tereza Christina Mertens Aguiar.
Acesso nas políticas da educação superior: dimensões e indicadores em
questão

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 187


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
POPULARIZAÇÃO DO ACESSO ÀS UNIVERSIDADES
PÚBLICAS ESTADUAIS E PERMANÊNCIA ESTUDANTIL:
EXPERIÊNCIA DE UMA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO NO
INTERIOR DO ESTADO DA BAHIA

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB


taitadoc@gmail.com

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), com sua primeira edição


em 2009 funcionou como uma mola propulsora para mudanças substanciais na
política de acesso ao ensino superior tanto público quanto privado. Em 2010 o

do resultado do Enem para acesso em várias instituições de ensino do país, Públicas,


em especial. A experiência de adesão a esse sistema por parte das IES públicas
trouxe como “contrapartida” a consolidação do Plano Nacional de Assistência
Estudantil (PNAES/2007), para as instituições federais e o Programa Nacional de
Assistência Estudantil para as Instituições de Educação Superior Públicas Estaduais
(PNAEST). Tais recursos repassados de acordo com percentuais de adesão por
número de vagas ao sistema, deveriam, compor um plano de política interna de
assistência estudantil, tendo na permanência seu compromisso. Apresentamos a
experiência de uma universidade estadual do interior da Bahia que assumiu para
si a provocação feita pela reorientação de ocupação das vagas e em 2008 aprovou
pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) duas resoluções de

e provocar-se em suas ações para entender e acompanhar as mudanças de suas


necessidades. Entre os anos de 2015 a 2017 realizamos, como Pró- Reitoria de
Graduação, um estudo de ocupação das vagas em seus seguimentos. O relatório
estabeleceu como referências um ano anterior à implantação do SISU, e os anos
posteriores até 2016 fazendo um comparativo de acesso e matrícula. Ofertamos

privadas ou Ampla Concorrência; 75% estão distribuídas entre estudantes que


vieram da escola pública e estudantes autodeclarados negros ou pardos. Temos

188 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
e Indígenas a mais distribuídas entre 47 cursos, numa média de 40 vagas novas/
ano. Dos resultados: percebemos um processo de decréscimo de evasão de nossas
matrículas. Considerando o primeiro ano de adesão ao sistema em 2012 com
o ano de 2016, houve aumento de qualidade na adesão. Se considerarmos que
entre os anos de 2014 e 2016 nós recebemos o recurso PNAEST e conseguimos
organizar melhor a política de assistência estudantil. Considerando os trabalhos
de pesquisa de Pinho (2014); Gomes e Freitas (2015), que nos aponta para um

a princípios de reparação de acesso a populações faz muita diferença na qualidade


de matrícula. Percebe-se: que os estudantes legitimaram o acesso pelo SISU ao
ponto de igualar a matrícula ao percentual de 96% com o exame Vestibular. O
atraso no repasse, bem como a supressão do recurso PNAEST comprometeu a
política de permanência estudantil de nossa instituição, em 50% de suas ações e
reordenando o destino daqueles estudantes que dependem de tal recurso para
permanecer e concluir seus cursos. Dessa parcial de resultados, a universidade
conseguiu ao longo desses anos consolidar-se como universidade pública quanto
ao acesso e a legitimidade de populações distintas adensarem cursos distintos,
inclusive aqueles que só se destinavam ao corpo social passível de investimentos.
É imperativo a popularização de vagas nas universidades públicas, entendendo-a
como uma política de reparação e como uma política de reordenamento de
ascensão social.
Palavra-chave: Universidade Pública; Popularização de Acesso; SISU;
PNAEST; Permanência Estudantil.

REFERÊNCIAS

GOMES, C. L.; FREITAS, L. O.

do Instituto de Ciências Humanas e Sociais

de junho de 2015. ISSN: 2175-098X Disponível em: http://periodicos.ufes.br/


EINPS/article/view/9924/7016. Acesso em 10 ago. 2019.

PINHO. M. J. de. Universidade e Crise Institucional: perspectivas de uma

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 189


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
BAHIA. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Resolução CONSEPE de
Dispõe sobre o sistema de reserva de vagas e quotas adicionais
no processo seletivo para os cursos de graduação da UESB e dá outras
providencias. DOE, Bahia, Salvador, 08 de maio de 1998.

BAHIA. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Resolução CONSEPE


Dispõe sobre o estabelecimento do Programa de Ações

providencias. DOE, Bahia, Salvador, 08 de maio de 1998.

190 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
DA ESCOLA PÚBLICA DE CÁCERES-MT À EDUCAÇÃO
SUPERIOR: INGRESSANTES 2020/1

Valdiceia Moreira Ribeiro


Universidade do Estado do Mato Grosso - PPGEdu–Unemat
valdiceiamax@gmail.com
Heloisa Salles Gentil
Universidade do Estado do Mato Grosso - PPGEdu–Unemat
logentil2@gmail.com
Aline Silva de Assis
Universidade do Estado do Mato Grosso - PPGEdu–Unemat
allyne_s_@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Políticas públicas de democratização do acesso à Educação Superior (ES)


foram implementadas no Brasil nos últimos 20 anos, com o intuito de possibilitar
que pessoas menos favorecidas pudessem ingressar e concluir cursos superiores,
entre as quais citamos a criação da Lei 12.711/2012 conhecida como lei de cotas,
destinando vagas para estudantes de escolas públicas, baixa renda e negros nas
Instituições de Educação Superior (IES).
O objetivo deste trabalho é fazer um levantamento quantitativo dos
estudantes que concluíram o ensino médio no ano letivo de 2019 em uma escola

ANÁLISE E DISCUSSÃO

Para Ristoff (2008, p. 45), a democratização é “criar oportunidades para

estudantes de escolas públicas tenham acesso à Educação Superior”.


A escola pesquisada atendeu 852 alunos do ensino médio matriculados
em 2019, e trabalha exclusivamente com esta etapa do ensino.
Em 2019, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa

no ensino médio.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 191


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
foram os aprovados pelo SiSU. Realizamos a consulta ao edital citado, para

houve greve das escolas estaduais em Mato Grosso.

do ano letivo de 2019, 45 estudantes conseguiram ser aprovados em uma IES.

estudaram no diurno.

25,88% de aprovação. Percentual que poderá ser maior, visto que a Unemat, bem

quatro estudantes ingressaram em IES privada nos cursos de Direito, Fisioterapia,


Enfermagem e Farmácia e conseguiram bolsas de estudo de 50% e 100% através
do Programa Universidade para Todos (ProUni). Os demais foram aprovados em
IES públicas, conforme quadro abaixo:

Cáceres-MT, ingressantes na Educação Superior em 2020/1

INSTITUIÇÃO CURSO QUANTIDADE COTAS


IFMT Engenharia Florestal 1 1
UFPA Engenharia de Pesca 1 _
UFMT Engenharia Civil 1 _
UFMT Geologia 1 1
UNEMAT Letras 5 3
UNEMAT Matemática 1 1
UNEMAT Biologia 5 3
UNEMAT Educação Física 4 1
UNEMAT Enfermagem 4 1
UNEMAT Ciências Contábeis 6 6
UNEMAT Direito 1 1
UNEMAT Agronomia 2 2
UNEMAT Pedagogia 1 1
UNEMAT História 5 4
UNEMAT 1 _
UNEMAT Ciências da Computação 2 2
Fonte: Elaborado pelas autoras, através de dados coletados.

192 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
sendo estudantes negros ou de escolas públicas, conforme dados do edital
02/2019 Unemat, totalizando um percentual de 67,57% de educandos cotistas.
Dentre os cotistas, 40% ingressaram através das cotas destinadas a negros e 60%
se inscreveram como alunos oriundos de escolas públicas. Para (MAGNONI,
2016) as cotas são um mecanismo que possibilita diminuir o privilégio e a
concretização do acesso à IES de jovens oriundos das camadas populares, dos
negros e indígenas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos dados obtidos notamos que cotas funciona como mecanismo
possibilitador de acesso à educação superior para grupos marginalizados
historicamente tais como estudantes de escolas públicas e negros, uma das ações
em função da democratização do acesso, na busca por diminuir as desigualdades
sociais e proporcionar uma realidade de justiça social. Os dados indicam outros
pontos a serem aprofundados.

REFERÊNCIAS

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS


ANÍSIO TEIXEIRA. Sinopse Estatística da Educação Básica 2019. Brasília.

MAGNONI, Maria Salete. Lei de cotas e a mídia brasileira: o que diria Lima

RISTOFF, Dilvo. Educação superior no Brasil – 10 anos pós-LDBEN – da


expansão à democratização. In: BITTAR, M.; OLIVEIRA, J. F.; MOROSINI, M.
Educação superior no Brasil: 10 anos pós LDBEN. Brasília: INEP, 2008. p.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 193


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PARTE 3

A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO CAMPO DA


O PAPEL DO CURRÍCULO NA PRODUÇÃO DE NOVOS
SUJEITOS: REFLEXÕES ACERCA DA FINALIDADE DA
EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE ATUAL

Aline Rodrigues Alves Rocha


Universidade Estadual de Maringá - UEM
alinepsicologa@yahoo.com.br
Gislaine Buraki de Andrade
Universidade Estadual de Maringá - UEM
gislaineburaki21@gmail.com
Mario Luiz Neves de Azevedo
Universidade Estadual de Maringá - UEM

RESUMO

Compreender a gestão de currículos em tempos de crise implica numa

que ele expressa em termos de produção de indivíduos na sociedade e sua relação

quem é o indivíduo proposto e como a educação enquanto prática se materializa


para a formação de tal indivíduo. Nesse sentido, conforme está disposto na

o indivíduo para a convivência dentro de uma determinada sociedade, de forma

O espaço escolar é um território de consolidação ou de enfraquecer


a tensões sociais decorrentes da vida em sociedade (como modo de produção
de vida material, relações de dominação e a disputa na sociedade de classes).
Dessa forma, é necessário pensar o conceito de atividade produtiva, isto é, qual
é a concepção de trabalho vigente na sociedade em questão, para que, além de
discutir o trabalho enquanto atividade consciente humana e que pode conduzir
o indivíduo a autonomia, na medida em que compreende que há no trabalho um
princípio educativo, seja possível debater o papel do currículo nesse processo –
considerando o papel da escola enquanto uma expressão da sociedade na qual
esta inserida.
Entender este contexto decorre também do debate e compreensão
do que é currículo para instituição escolar, considerando como é formulado,
quais conteúdos e o que ele expressa; como se materializa (texto, contexto

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 195


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
e materialização) e de que maneira a gestão desse currículo corrobora para
consolidação de uma prática que reforça o status estabelecido ou pode alterá-lo,

A escola é um espaço de formação, um espaço de discussão e


compartilhamento de saberes formais e informais. O currículo determina o que
deverá ser compartilhado e ensinado na escola e entender questões que permeiam
estas ações é compreender como é possível resgatar a função humanizada e
humanizante da educação a partir daquilo que é ensinado, debatido e aprendido
no espaço escolar (seja por meio de conhecimentos formais ou não).

lembrar que educar é desenvolver: resta saber se o desenvolvimento ocorrerá para


o mercado de trabalho ou para uma formação ampla e generalista. Um currículo
cujo caráter é de promover desenvolvimento precisa conter aquilo que não está
acessível a todos, pois, nessa medida promoverá a democratização: da cultura, do

no acesso aos mais diversos bens e conhecimentos produzidos pela humanidade.

REFERÊNCIAS

APPLE, Michel. Ideologia e Currículo

ARROYO, Miguel. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes, 2011.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


20 de dezembro de 1996. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/

de 2019

SACRISTAN, Jimeno G. . Porto


Alegre: Artes Médicas, 2000.

196 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE MERCANTILIZAÇÃO
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: O CASO BRASIL PÓS
DÉCADA DE 1990

Aline Rodrigues Alves Rocha


Universidade Estadual de Maringá - UEM
alinepsicologa@yahoo.com.br
Gislaine Buraki de Andrade
Universidade Estadual de Maringá - UEM
gislaineburaki21@gmail.com

Universidade Estadual de Maringá - UEM


mizinhajimenez@gmail.com
Mário Luiz Neves de Azevedo
Universidade Estadual de Maringá - UEM
mlnazevedo@uem.br

RESUMO

O presente trabalho busca apresentar um breve contexto histórico da


Educação Superior no Brasil a partir dos anos 1990 e, também, uma análise sobre
a expansão de vagas, decorrentes das políticas compensatórias que concorreram
para a consolidação do processo de mercantilização no País. O presente trabalho,
neste sentido, tem o objetivo de compreender o processo de mercantilização
da Educação Superior e sua relação com a o setor privado, especialmente, os
conglomerados transnacionais de educação. O desenvolvimento do Educação
Superior no Brasil é marcado pelo elitismo e pelo lento desenvolvimento. Até

simultânea à expansão da educação secundária e contribuiu, basicamente, para

promulgação da Constituição Federal de 1988, denominada de “Constituição

a educação superior tem sido considerada, em grande medida, um espaço de


formação para o mercado de trabalho e não de cultivo humanístico e de criação

2000 e 2018, foi expressiva a expansão das instituições privadas, atingindo a taxa de

orçamentárias para todas as etapas da educação pública, como uma condição para

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 197


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
o desenvolvimento econômico e social do País e como uma forma de garantir o
direito de todos os cidadãos e cidadãs à educação. O processo de mercantilização

educacionais surgiram no contexto da Reforma do Estado de 1990. Entras as


quais, o Programa Universidade para todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies), ambos permitiram a transferência de bilhões para instituições
privadas de educação superior, contribuindo como mecanismos de favorecimento
AZEVEDO
2015). Segundo Joana Cunha, a receita somente da provedora de educação superior

.
expansão não pode ser entendido enquanto sinônimo de democratização, pois,
os programas que surgiram nesse contexto resultaram, em maior amplitude, no

pesquisa e extensão).

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, M. L. N. DE. (2015). Transnacionalização e Mercadorização


da Educação Superior: examinando alguns efeitos colaterais do capitalismo
acadêmico (sem riscos) no brasil – a expansão privado-mercantil. RIESup, 1(1),

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado


Federal, 1988.

BRASIL. Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001. FIES. Brasília, 2001.

BRASIL. Lei nº 11.096 ProUni. Brasília, 2005.

BRASIL. Revista ProUni. Brasília, 2008. Disponível em: http://prouniportal.


mec.gov.br/. Acesso em 08 jan. 2020.

CUNHA, Joana. Conglomerados do ensino superior avançam sobre a


educação básica. Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.
com.br/mercado/2018/06/conglomerados-do-ensino-superior-avancam-sobre-
a-educacao-basica.shtml, 17 jun 2018. Acesso 10. Jan. 2020.

198 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
INEP. Censo da educação superior 2000, 2008, 2018. Brasília: Inep; MEC,
2000, 2008, 2018. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-
estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em 20 dez. 2019.

RISTOFF, Dilvo. Educação superior no Brasil: 10 anos pós-LDB: da expansão


à democratização. In: BITTAR, Mariluce; OLIVEIRA, João F. de; MOROSINI,
Marília (Orgs.). Educação superior no Brasil: 10 anos pós-LDB. Brasília:

SAVIANI, Dermeval. Aberturas para a história da educação: do debate


teórico- metodológico no campo da história ao debate sobre a construção do

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 199


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CURSOS SUPERIORES A DISTÂNCIA E PNE:

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Universidade Federal de Goiás - UFG


daniela_lima@ufg.br

Instituto Federal Goiano - IF Goiano


marina.rodrigues@ifgoiano.edu.br

RESUMO

O propósito deste artigo é analisar a expansão da oferta de cursos

Tecnológica (RFEPCT) entre 2014 e 2018 e suas contribuições para o atendimento


da Meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE-2014-2024)1. Assim, foi

relatórios de acompanhamento das Metas do PNE e sites de dados educacionais.

A PESQUISA

Um dos pontos indicados na Meta 12 faz referência ao aumento da taxa


bruta, para 50% do grupo populacional de 18 a 24 anos, e a elevação da taxa

encontrar na verticalização de ensino proposta para as instituições da RFEPCT


uma estratégia de atendimento da Meta.
O estudo apresenta diversos dados relativos à EaD na educação superior
e a esse conjunto pela RFEPCT. Ao analisar percentualmente os dados, podemos

referentes a RFEPCT é superior até aos dados gerais da EaD, que apontam um
aumento percentual de 50,8% de matrículas nessa faixa etária.

¹ O estudo faz parte de pesquisa em andamento - Projeto Integrado de Pesquisa “Expansão e qualidade
da educação superior no contexto do Plano Nacional de Educação (2014-2024): Tensões, limites e perspectivas”,

200 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Outro ponto da Meta 12 que traz proximidade às instituições da RFEPCT
é a interiorização das vagas de educação superior. Atualmente, segundo dados
extraídos do SisUAB, dos 822 cursos de graduação vinculados a instituições desta
rede federal somente 8% são ofertados em capitais do estado.

CONSIDERAÇÕES

Ao analisar os dados obtidos no Censo da Educação Superior e no


Laboratório de Dados Educacionais, é notório que a educação a distância tem
sido uma estratégia de expansão da educação superior, em especial da educação
privatista, ainda que a Meta 12 preconize a expansão de vagas pelo setor público.
Considerando a Rede Federal, é importante ressaltar que os índices de

(inferior a 1%) se comparados ao universo de todas as instituições que ofertam


EaD. A expansão vem ocorrendo, mas com os prejuízos da falta de orçamentos
dos programas de fomento e com a paralisação das discussões a respeito da
institucionalização da modalidade na rede (BATTESTIN et al, 2018), a perspectiva
é que esse aumento continue impactando muito timidamente os índices registrados
nos últimos censos.
Recordamos ainda que a expansão de vagas prevista no PNE será
realizada no período de vigência da EC 95, que limita gastos em áreas como

necessário que estejamos atentos à utilização da modalidade a distância para


expansão que garanta qualidade social da educação pública.
Nesse sentido, lutar pela expansão do ensino superior público através da
modalidade a distância, é lutar também pela institucionalização da modalidade
para aprofundar práticas institucionais que balizem o tripé universitário (ensino,
pesquisa e extensão) e arquiteturas pedagógicas e de gestão que considerem a
democratização do acesso como uma prática social emancipadora.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 201


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

BATTESTIN, Vanessa et al. Retrato da institucionalização da EAD na rede


federal. In: Congresso Internacional de Ensino a Distância, 4. 2018, Natal.
Anais... sem paginação. Disponível em: https://esud2018.ufrn.br/wp-content/

de Educação e dá outras providências. , Brasília, DF, 26


jun. 2014. Seção 1, p. 1.

BRASIL. . Dispõe sobre o Sistema


Universidade Aberta do Brasil-UAB. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/

BRASIL. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal

Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Disponível em: http://

em: 28 jan. 2020.

BRASIL. MEC. Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal


de Goiás (UFG). Laboratório de Dados Educacionais. Disponível em: https://

BRASIL. CAPES. SisUAB. Disponível em: https://sisuab2.capes.gov.br/


sisuab2/login.xhtml. Acesso em: 12 dez. 2019.

BRASIL. INEP. Censo da Educação Superior 2018. Brasília/DF, 2019.

20 jan. 2020.

202 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
EXPANSÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO
RIO GRANDE DO NORTE

Gilneide Maria de Oliveira Lobo


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
gm.lobo@hotmail.com

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


aldacastro01@hotmail.com

RESUMO

A análise da expansão da pós-graduação stricto sensu, se insere no contexto


da globalização econômica e mudanças impostas pela reestruturação produtiva
capitalista neoliberal, que impôs novas demandas aos países.

e tecnologia e inovação (CT&I), se tornam elementos cruciais para a renovação


e ampliação das riquezas do capitalismo e a pós-graduação stricto sensu, como
produtora de pesquisa e alto conhecimento, torna-se como diz Cabral Neto e

mais competitiva no cenário globalizado.


Diante disso, o objetivo deste estudo foi analisar a expansão da pós-
graduação stricto sensu no Estado do Rio Grande Norte (RN), no período de 2008
a 2017. A metodologia usada foi a análise descritiva dos dados quantitativos da
pós-graduação disponibilizados no Geocapes, utilizando-se cálculos de percentual
para demonstrar sua evolução.
A pós-graduação stricto sensu no RN, no período de 2008 a 2017, conforme
os dados do quadro 1, teve um crescimento expressivo, 125%, quanto ao número
de programas existentes, em 2008, eram 48 programas e em 2017, passou para
108.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 203


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Quadro 1 - Evolução do número de programas de pós-graduação stricto
sensu , por modalidades no RN, 2008 - 2017

Modalidades
Ano Total
M/D M MP D
2008 18 28 2 0 48
2011 25 32 5 2 64
2014 37 34 13 2 86
2017 40 45 22 1 108
-
Fonte: GEOCAPES, 2008 a 2017. Legenda: M/D - Mestrado Acadêmico /Doutorado; M -

Os dados do quadro 1 mostram que o MP se destaca pelo relevante

políticas de indução do Ministério de Ciência e Tecnologia, buscaram atender:


a adequação da pesquisa às necessidades de CT&I; ao mercado de trabalho; às
necessidades socioeconômicas e as condições físicas e ambientais do país; e à
geração de conhecimento e técnicas, para utilização e difusão no sistema produtivo
e na sociedade.
Quanto a distribuição desses programas no RN, no ano de 2017, eles
estavam distribuídos em seis instituições de ensino superior, 4 públicas: Instituto
Federal do Rio grande do Norte (IFRN), Universidade do Estado do Rio Grande
do Norte (UERN), Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA),
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); e 2 privadas: Instituto
de Ensino e Pesquisa Alberto Santos Dumont (IESPASD), Universidade Potiguar
(UNP). A concentração de programas está na capital Natal com 74,1% (80)
da oferta. Em 2008, além da capital, a pós-graduação era ofertada em apenas

aumento de 100%, com isso, o interior que tinha participação de 14,6% na oferta
desse nível de ensino, aumentou para 25,9%.
A pós-graduação stricto sensu no RN, seguindo a tendência do país, é

privado de apenas 6,5%, mas cujo crescimento entre 2008 e 2017 foi de 250%.
Este nível era pouco procurado pelo setor privado em virtude das exigências,

NETO E CASTRO, 2018).

204 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
No RN ampliou-se a oferta de programas e modalidades da pós-graduação
stricto sensu, com um movimento de interiorização que alcançou as cidades
interioranas. Apesar dessa evolução e das políticas que veem sendo desenvolvidas
no país, voltadas para a redução das desigualdades no nível de pós-graduação
stricto sensu, entre regiões, Estados e instituições, as assimetrias persistem. Isso
demanda a continuidade de políticas que visem combater tal problema.

REFERÊNCIAS

CABRAL NETO, Antônio; CASTRO, Alda Maria Duarte Araújo. A expansão


da pós-graduação em cenários de globalização: recortes da situação brasileira.
Revista Inter Ação
Federal de Goiás.

titulação de professores da educação superior. In: OLIVEIRA, João Ferreira de;


GOUVEIA, Andrea Barbosa; ARAÚJO Heleno. Caderno de avaliação das
metas do Plano Nacional de Educação: PNE 2014-2024. ANPAE, Brasília,
2018.

CAPES. Distribuição de Programas de Pós-graduação no Brasil. Capes,


2008 a 2017. Disponível em: https://geocapes.capes.gov.br/geocapes/. Acesso
em: 10 out. 2019.

RAES: Revista Argentina de Educación Superior. Ano 1, n. 1, p. 125-152,


nov. 2009.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 205


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
AS MUDANÇAS NA CARGA HORÁRIA A DISTÂNCIA NOS
CURSOS DE GRADUAÇÃO PRESENCIAL

Universidade Estadual de Goiás - UEG


giseleavelar@yahoo.com.br
João Ferreira de Oliveira
Universidade Federal de Goiás - UFG
joao.jferreira@gmail.com

RESUMO

A presente comunicação analisa as mudanças na base legal ocorridas


para oferta da carga horária a distância nos cursos de graduação presencial,
considerando as seguintes portarias do Ministério da Educação (MEC): n.

A educação a distância - EaD vem se tornando estratégia privilegiada


para a expansão da educação superior, como evidenciam as mudanças legais e a

utilização de carga horária a distância nos cursos de graduação presenciais e suas


terminologias.

horária a distância nos cursos de graduação presenciais e


suas respectivas terminologias

Portarias/ MEC
Portaria n.º 2.253/ 2001 Método não presencial
Portaria n.º 4.059/2004 Modalidade semipresencial
Portaria n.º 1.134/2016 Modalidade a distância
Portaria n.º 1.428/ 2018 Metodologia a distância /modalidade a distância
Portaria n.º 2.117/2019 Modalidade de ensino a distância
Fonte: Elaborado pelos autores, com base nas portarias que regulam a oferta da carga horária a
distância nos cursos de graduação presencial.

poderiam ofertar o percentual de 20% da carga horária total dos cursos de forma
não presencial, demonstrando forte interesse em acelerar a inserção da EaD

revogada pela Portaria n. 4.059/2004, que introduziu a terminologia “disciplina


206 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
semipresencial” em substituição ao método não presencial, dando maior impulso
e visibilidade à oferta das disciplinas a distância. Ambas portarias dispõem sobre
a oferta de 20% a distância em cursos de graduação presenciais e deliberam que
os institutos de educação superior, em sua organização pedagógica e curricular,
podem oferecer disciplinas totalmente via EaD ou apenas parte delas, conforme

graduação ser reconhecido pelo MEC para que todos os demais cursos da IES
possam aplicar a oferta de 20% da carga horária total dos cursos em EaD, o que
facilitou essa oferta.
Essa portaria foi revogada pela Portaria n. 1.428/2018, que manteve a
oferta das disciplinas na modalidade a distância nos cursos de graduação presencial,
mas abriu novas possiblidades para a expansão da carga horária a distância.
Introduziu a expressão metodologia a distância como sinônimo de modalidade a
distância. Exigiu que a oferta das disciplinas na EaD deve estar prevista no projeto
e matriz curricular do curso. O maior diferencial foi permitir que a expansão da
carga horária a distância chegue a até 40% do total das disciplinas.
A Portaria n. 2.117/2019 revoga a anterior, dispondo sobre a oferta de
carga horaria na EaD em cursos de graduação presenciais. Permite a introdução
opcional da oferta da carga horária na EaD até o limite de 40% da carga total do

oferta da carga a distância de até 40% não está mais condicionada ao credenciamento
prévio das IES. Busca também dar maior celeridade aos processos das IES para

da oferta da carga horária via EaD nos cursos de graduação presencial. A Portaria
n. 2.117/2019 permite que quase metade de um curso presencial seja ofertado via
EaD, o que pode resultar em certa precarização do processo ensino-aprendizagem,
caso não se institua parâmetros, dimensões e condições de qualidade a serem
avaliadas e supervisionadas pelo poder público.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 207


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

BRASIL. . DOU n. 201, 19/10/2001.

BRASIL.

BRASIL. Portaria n. 1.134, de 10 de outubro de 2016. DOU n. 196, 11/10/2016.

BRASIL. Portaria n. 1.428, de 28 de dezembro de 2018. DOU n. 250,

BRASIL. Portaria n. 2.117, de 6 de dezembro de 2019


11/12/2019.

208 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
ACOLHIMENTO E PERMANÊNCIA: A AÇÃO INSTITUCIONAL
PARA A ADAPTAÇÃO DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO

Hellen Cristina Xavier da Silva Mattos


Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
hellencrismattos@gmail.com
Maria Cristina da Silveira Galan Fernandes
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
mcsgfernandes@gmail.com

RESUMO

A permanência universitária se refere ao conjunto de condições e fatores

cursos de graduação. É mais ampla que as políticas de assistência estudantil que

para estudantes em situação de vulnerabilidade. As políticas de permanência são


pensadas para todos os estudantes, incluindo aspectos relacionados à inserção
na vida acadêmica (HERINGER; HONORATO, 2014). Nesse sentido, este

aos estudantes ingressantes como parte de uma proposta de permanência. O


texto é um recorte de pesquisa de mestrado que investigou as contribuições
do respaldo pedagógico para a permanência universitária, utilizando como
referencial teórico Pierre Bourdieu. Apresentamos os dados obtidos por meio
de entrevistas semiestruturadas realizadas com treze estudantes participantes do
Grupo de Tutora do Programa de Acompanhamento Acadêmico ao Estudante
de Graduação (PAAEG), apoio pedagógico mais abrangente da UFSCar. Os
estudantes estão matriculados em diferentes períodos dos cursos de Ciências
Biológicas, Química, Engenharia Química, Engenharia Elétrica, Engenharia
de Materiais, Pedagogia, Física, Estatística e Fisioterapia. Os resultados dos

intensidade dos estudos. Para os estudantes, o primeiro ano é marcado pela


alta quantidade de estudos, trabalhos e disciplinas diferenciadas, sendo preciso
estudar mais para conseguir fazer as provas. Os estudantes destacam que esse
processo de adaptação na universidade afeta suas percepções sobre o novo
campo educacional e que alguns colegas desistiram da universidade porque não se

podem estar relacionadas com o tempo de estranhamento (COULON, 2008).

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 209


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Essa fase de adaptação se refere à percepção de um espaço diferente do que os
estudantes estavam acostumados e que ainda não foi familiarizado. Portanto, os
estudantes se encontram desorientados e com a sensação de estranhamento por
não terem naturalizado as práticas e funcionamentos universitários. No primeiro
ano os estudantes se encontram diante de novos métodos de ensino e situações
pedagógicas inéditas. A universidade exige uma nova postura do estudante, mais
independente, e responsável por sua vida estudantil, sendo necessário adaptar-
se a novos valores, próprios do ensino superior. A UFSCar tem procurado
oferecer ações que favoreçam o acolhimento dos estudantes. Em 2018 foi criado
o Programa Institucional de Acolhimento e Incentivo à Permanência Estudantil
(PIAPE), que subsidia projetos propostos pela comunidade universitária para
a “[...] inserção ao ambiente universitário, de redução de fatores determinantes
da reprovação, da evasão e do sofrimento mental dos estudantes” (UFSCAR,

com os estudantes sobre o funcionamento e dinâmicas do ambiente universitário.


Também o Grupo de Tutoria PAAEG tem trazido contribuições para efetivar

acadêmico, trocas de experiências e preparo para as dinâmicas de aulas e de estudo


da graduação. As ações institucionais são necessárias para que os estudantes
recém- chegados na universidade se sintam pertencentes a esse campo e não sejam
excluídos no interior da instituição (BOURDIEU; CHAMPAGNE, 1998). Assim,
as ações de acolhimento podem contribuir para que os estudantes superem a

elementos são essenciais para favorecer a permanência universitária, pois superar

210 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

BOURDIEU, P.; CHAMPAGNE, P. Os excluídos do interior. In: NOGUEIRA,


M. A.; CATANI, A. (Orgs.). Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998. p.
217-227.

COULON, A. A condição de estudante: a entrada na vida universitária.


Salvador: EDUFBA, 2008.

HERINGER, R.; HONORATO, G. S. Políticas de permanência e assistência no


ensino superior público e o caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
In: BARBOSA, M. L. O. (Org). Ensino superior: expansão e democratização.

UFSCAR. Conselho de Assuntos Comunitários e Estudantis. Resolução nº 116,


de 12 de julho de 2018. Dispõe sobre o Programa Institucional de Acolhimento e
Incentivo à Permanência Estudantil da UFSCar. 2018.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 211


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
CAPITALISMO COGNITIVO E PRODUÇÃO DA
SUBJETIVIDADE: DESLOCAMENTOS NA PESQUISA EM
POLÍTICA EDUCACIONAL

Jeinni Kelly Pereira Puziol


Universidade Estadual de Maringá - UEM
jeinnikelly@hotmail.com

RESUMO

O capitalismo cognitivo (pós-fordismo), fase atual de acumulação do


capital, é pautado na exploração da inteligência viva, subjetividade e criatividade
através da Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC), que favorecem
a passagem da produção material à produção simbólica (BOUTANG, 2015).
As economias de aprendizagem – processo de geração e criação de novos
conhecimentos, e as economia de rede – difusão e controle do conhecimento e da
inovação, são a base de sua produtividade (FUMAGALLI, 2010). Nos interessa
pensar que a relação capital-trabalho no capitalismo cognitivo é móvel, pois pode

que convém ao processo de produção, reprodução e consumo: corpo, cérebro


e afetos. E a mobilidade objetiva implica na inexistência de limite espacial ou
temporal na exploração da individualidade (FUMAGALLI, 2008). O que temos
de particular no capitalismo cognitivo, que o difere de outras fases, é que a força
intelectual é uma forma de acumulação, sem, necessariamente, ser mediada por
uma mercadoria. Essa força de trabalho intelectual nem sempre é remunerada,
como no uso das redes sociais, em que se produz conhecimento e/ou informação
e se produz a si próprio, de modo que somos nós mesmos as mercadorias
(BOUTANG, 2015). Consumo e produção coincidem, pois, consumo é criador
de acumulação. Trabalha-se e acumula-se usando , ou pagando você

pela mobilidade subjetiva e objetiva, o general intellect extrai sua força vital, pois a
individualidade contratual sem fronteiras é o néctar do capitalismo cognitivo, de
modo que as atividades cognitivas, relacionais e afetivas são postas a trabalhar,
nos levando a uma precariedade não apenas laboral, mas existencial. A força
cognitiva, portanto, é propulsora desse processo de acumulação, não apenas
como recurso para a produção de mercadoria, mas enquanto a própria mercadoria,
logo, a produção da subjetividade é essencial. O capitalismo cognitivo mobiliza

212 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
a produção de subjetividades que tem como fonte de capital não apenas nossa
autonomia, mas nossa insatisfação, ocupação, preocupação e esgotamento. A
subjetividade capitalista é marcada pelo controle não apenas dos corpos, mas das

subjetividade forjada no âmbito do capitalismo cognitivo, “Não nos impõe


nenhum silêncio. Ao contrário, ele nos convida a compartilhar incessantemente,
participando, dando opiniões, comunicando necessidades, desejos e preferências,
contando sobre nossa própria vida. Esse poder afável é, por assim dizer, mais
poderoso do que o repressor. Ele escapa a toda visibilidade” (HAN, 2018, p.
27). Entretanto, é importante considerar que “[...] os processos de subjetivação
são construções coletivas, institucionais e individuais, sendo estas dimensões
inseparáveis, evitando assim incorrer em binarismos reducionistas, tais como
infraestrutura material/superestrutura ideológica, indivíduo/sociedade, natureza/
cultura” (MÉNDEZ, 2011). Assim, pensar os deslocamentos de análise que o
entendimento do capitalismo cognitivo pode provocar na pesquisa em Política
Educacional, é também considerar outros mundos possíveis. Então perguntamos:
se mobilizarmos nosso entendimento sobre as relações de trabalho características
do capitalismo cognitivo, quais efeitos podemos gerar no campo de pesquisa
da Política Educacional em termos de teoria geral e substancial? Quais políticas
podemos desdobrar? Qual democracia? Considerar o capitalismo cognitivo,
implica movimentar categorias de análise. Implica pensar como a exploração
da individuação contratual na mobilidade objetiva e subjetiva e, a consequente
constituição da multidão, impactam na constituição da política. Implica discutir
produção da subjetividade, que não é sinônimo de ideologia, mas uma categoria
plural e polifônica que não é determinada somente pela economia, mas na
interrelação entre aspectos políticos, culturais, psicológicos, afetivos e cognitivos
(GUATTARI, 2012).

REFERÊNCIAS

BOUTANG, Y. M. Palestra “Del Capitalismo Industrial Fordista al


Capitalismo Posfordista: Los retos del Capitalismo Cognitivo”. Sem Inter.
Capitalismo Cognitivo e Economía Social del Conocimiento. Quito, Equador, 28-

DELEUZE, G. Conversações

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 213


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
FUMAGALLI, A. As contradições do sistema capitalístico e as novas contradições
sociais. Lugar Comum

FUMAGALLI, A. Bioeconomía y capitalismo cognitivo

HAN, B. C. Psicopolítica. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2018.

MÉNDEZ, M. L. Procesos de subjetivación. Entre Ríos: Editorial Fund. la


Hendija, 2011.

214 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
MUDANÇAS NA AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR DE

AUTORREGULAÇÃO

João Ferreira de Oliveira


Universidade Federal de Goiás - UFG
joao.jferreira@gmail.com1
Aline Fagner de Carvalho e Costa
Universidade Federal de Goiás - UFG
alinefagner@hotmail.com2

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais - IFMG


daniela.fernandes@ifnmg.edu.br3

INTRODUÇÃO DO PROBLEMA

A diversidade de processos e de agentes envolvidos no Sistema Nacional


de Avaliação da Educação Superior (Sinaes, Lei n° 10.861/2004)4 o caracteriza
como complexo e multifacetado ao articular a avaliação à regulação e supervisão.
O Sinaes foi sofrendo sucessivas mudanças ao longo de momentos marcantes
(DIAS SOBRINHO, 2010; DOURADO, OLIVEIRA, 2018; VERHINE, 2015):

entre controle da qualidade pelo Estado e facilitação da expansão privada e da


Educação a Distância (EAD); e dos governos de Temer e Bolsonaro, ampliação

¹ Professor Titular da UFG. Doutor e pós-doutor em Educação pela USP. ORCID: https://orcid.org/0000-

² Cientista social, doutora em Educação pela UFG. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6576-7486.


³

os processos de avaliação, regulação e supervisão da educação superior (graduação) no Brasil, quando, em 2017,

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 215


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
(DES)REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

As alterações legais que afetam o Sinais apontam tendência de

evidências pela IES. São introduzidos novos instrumentos, indicadores, atributos,


critérios aditivos e evidências.
Os instrumentos de avaliação das modalidades presencial e a distância

clara a pós-graduação lato sensu e a EAD ao Sinaes (PN n. 11/2017).


A desregulamentação aparece ao permitir: menor rigidez na transformação
de organização acadêmica; registro de diplomas e aditamento de vagas dos cursos
de graduação, com base em conceitos satisfatórios; credenciamento de IES para

oferta de cursos presenciais ou com avaliações in loco concentradas na sede e


possibilidade da oferta de cursos totalmente a distância; remanejamento de vagas
de EaD entre polos; parcerias entre IES com EAD e outras pessoas jurídicas;
atividades presenciais em pós-graduação lato sensu a distância fora da sede ou
dos polos e utilização de outros ambientes para atividades presencias e estágio
supervisionado; aumento da oferta de disciplinas a distância em cursos presenciais
(Portaria n. 1.428/2018) de 20% para 40%. Tais prescrições alteram organização
curricular, bem como a situação do corpo docente, permitindo menor titulação.
Atos regulatórios passam a ser dispensáveis, como a criação e extinção

de credenciamento prévio e autorização de curso provisório, EAD e presencial.

órgãos envolvidos no Sinaes, como a Seres/MEC, Inep, CNE, Conaes, CTAA


etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se a diminuição do papel do Estado na regulação, avaliação e

e (des)regulamentação, facilitadores da expansão de cursos e vagas de IES,


especialmente as privadas e a modalidade à distância. Já se fala na criação de
um sistema de autorregulação das IES que atuam no mercado da educação
superior, entregando a regulação ao próprio mercado. No contexto da crença no

216 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
assim como a perspectiva da educação superior como bem público e a produção
do conhecimento como um bem social.

REFERÊNCIAS

DIAS SOBRINHO, J. Avaliação e transformações da educação superior brasileira


(1995-2009): do provão ao Sinaes. Avaliação. Campinas, Sorocaba, SP, v. 15, n. 1,
p. 195-224, mar. 2010.

DOURADO, L. F.; OLIVEIRA, J. F. Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


e os impactos nas políticas de regulação e avaliação da educação superior. In:
AGUIAR, Márcia Angela; DOURADO, Luiz Fernandes (Orgs.). A BNCC na
contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas [Livro Eletrônico].
Recife: Anpae, 2018.

VERHINE, R. E. Avaliação e regulação da educação superior: uma análise


a partir dos primeiros 10 anos do SINAES. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP,

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 217


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
INOVAÇÃO NA UFPA

José Augusto Ewerton de Sousa


Universidade Federal do Pará - UFPA
jaesousa@yahoo.com.br

Universidade Federal do Pará - UFPA


fabiola_kato@hotmail.com

RESUMO

Trata-se de pesquisa doutoral em desenvolvimento vinculada à linha de


Políticas Públicas Educacionais do Programa de Pós-graduação em Educação da
Universidade Federal do Pará, a qual tem por objetivo analisar os efeitos, para a

conhecida como o Novo Marco de Ciência, Tecnologia e Inovação, tendo como


caso as políticas de incentivo à pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O Novo Marco de Ciência, Tecnologia e Inovação cumpre uma importante agenda
na função de potencializador da atual política de Estado brasileiro, garantindo
a transformação da universidade estatal em instrumento direto da economia de
capital mundializado (CHESNAIS, 1996).
O Novo Marco de Ciência, Tecnologia e Inovação é uma política estatal
voltada à desburocratização das atividades de pesquisa e inovação nas universidades
brasileiras, portanto, cumprir um papel crucial para o estado brasileiro nos
próximos anos ao normatizar a atualização do ordenamento jurídico que regula

Tal legislação faz parte de uma política estatal que vem sendo construída no Brasil

buscou garantir uma reorganização do papel e da gestão da Ciência, Tecnologia

deixar o setor produtivo/industrial em uma posição nova, fazendo-o cumprir um


papel de indutor da produção de conhecimento, tecnologia e inovação, alterando,
assim, um quadro em que eram apenas receptores do que as universidades
produziam.
Neste sentido, considerando que a possibilidade de grandes alterações na
política de incentivo à pesquisa em todas as instituições públicas que se ocupam
desta atividade precípua, espera-se neste estudo entender o caso da UFPA, a

218 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
partir da seguinte indagação: Quais os defeitos da aprovação do Novo Marco de
Ciência, Tecnologia e Inovação, para a política de C, T&I na Universidade Federal
do Pará? Os desígnios do Novo Marco de Ciência, Tecnologia e Inovação estão
sendo aplicados na UFPA? Como a política de incentivo a pesquisa da UFPA se
adequa ao do Novo Marco de Ciência, Tecnologia e Inovação?
Os objetivos da pesquisa são analisar os efeitos do Novo Marco de Ciência,
Tecnologia e Inovação para as política de incentivo à pesquisa e produção de

são aplicados no âmbito da UFPA; Analisar a relação da política educacional de


incentivo a pesquisa da UFPA com a orientação da política nacional do Estado
Brasileiro e com Novo Marco de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Durante o desenvolvimento da pesquisa já foi realizada uma revisão

consequências materiais e não apenas legais do novo marco para a produção de


Ciência, Tecnologia e Inovação nas Instituições de Educação Superior Públicas.
A continuidade da pesquisa deve ter mais três etapas, uma primeira de
uma pesquisa documental, voltada ao aparato jurídico-normativo da UFPA. A
segunda etapa também deve ser documental, porém, desta vez mais direcionada
aos instrumentos legais da política nacional de C,T&I brasileira, em busca de
fazer uma comparação com aparato da UFPA. Vale adiantar que as resoluções

comparativa que se pretende realizar, bem como o serão os documentos legais da


UNIVERSITEC. A terceira deve ser realizada tanto por meio documental quanto
por entrevistas semiestruturadas, em busca de informações detalhadas sobre
aqueles que trabalham diretamente com a política, os docentes pesquisadores da
área de C,T&I na UFPA.
Ainda não são possíveis conclusões satisfatórias considerando o caráter
inicial da pesquisa, contudo, é possível adiantar que a Política de Ciência, tecnologia
e inovação da UFPa durante todo o período recente, desde o início do Governo

hipótese de que a atual política também é plenamente adequada aos desígnios da

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 219


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
REFERÊNCIAS

CHESNAIS, F. A Mundialização do Capital. São Paulo: Xamã Editora, 1996.

KATO, F.B.G. : reforma do

220 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICA FEDERAL:
EXPANSÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

Karine Nunes de Moraes


Universidade Federal de Goiás - UFG
karine.fe.ufg@gmail.com
Luiz Fernandes Dourado
Universidade Federal de Goiás - UFG
luizdourado1@gmail.com

RESUMO

Este estudo analisa o processo de expansão e democratização da educação

Dilma, até o impeachment


da rede federal, envolvendo: aumento dos indicadores quantitativos do sistema,

utilização da educação a distância, processos de interiorização e ampliação do


ensino noturno. Soma-se a isso o aumento da pesquisa acadêmica institucionalizada
articulada, sobretudo, aos programas de pós-graduação stricto sensu e o número de
bolsas estímulo à pesquisa concedidas CNPq e Capes. É fundamental ressaltar a
complexidade deste processo: aliado à manutenção da crescente expansão privada,
inaugura-se, paradoxalmente, um novo e efetivo ciclo de expansão da rede pública

e consolidação do setor público. O estudo indica que as atuais políticas e ações

em retrocessos no processo de expansão e democratização da educação superior


da rede federal, bem como nas dinâmicas político-pedagógicas e de gestão das
instituições.
A política de expansão da rede pública federal se materializou por meio de
um conjunto de programas e ações que impactaram diretamente no crescimento
de todos os indicadores quantitativos, da graduação à pós-graduação, dentre eles:
o Programa de Expansão das instituições federais de educação superior (Ifes); o
Processo de Integração de Instituições Federais de Educação Tecnológica, para
constituição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF), no
âmbito da Rede Federal de Educação Tecnológica; o Programa de Apoio a Planos
de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e Sistema
Universidade Aberta do Brasil (UAB). Cabe destacar, ainda, no bojo das politicas
de democratização e ampliação do acesso à educação superior, dispositivos legais

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 221


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
e normativos relativos ao direito à educação e à acessibilidade, tais como: Lei

População Negra nas Instituições Públicas de Ensino Superior (Uniafro); e o

atender as demandas e necessidades da educação do campo; da educação escolar


indígena; e da educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura
afro-brasileira e africana.
A adoção de políticas desenvolvimentistas e de inclusão social adotadas

expansão e democratização do acesso à educação superior, bem como, na aprovação


do PNE (2014- 2024). Contudo, as políticas e gestão da educação superior públicas
vivenciam limites estruturais em que o Estado Brasileiro presencia uma nova fase,
marcada pela retomada do conservadorismo e neoliberalismo de mercado, cuja
conjuntura tem contribuído para o desmonte da agenda das políticas públicas e
a não materialização do PNE como política pública de Estado, tendo em vista a
opção por uma política regressiva de ajustes.

e, posteriormente, pela eleição de um presidente de vertente conservadora


e neoliberal. O cenário político atual se efetiva pela retomada de movimentos

da legislação trabalhista, de novos processos de regulação e avaliação e, mais

das políticas educacionais.


A redução de recursos para a educação, em particular para a educação

Bolsonaro, por meio de cortes e contingenciamento de recursos, cortes de bolsas

pesquisa, ciência, tecnologia e inovação e, mais recentemente, por uma nova


proposição de políticas que, se efetivadas, poderão alterar as formas de acesso,

educação superior.
Dentre as proposições apontadas pelo MEC destacam-se: alteração do
regime estatutário dos servidores das IFES, possível alteração do regime jurídico

222 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
fundos públicos, alienação de patrimônio e outros desdobramentos ainda não

federal e novos formatos de participação por meio de parcerias público-privadas.

REFERÊNCIAS

DOURADO, L.F. Avaliação do Plano Nacional de Educação 2001-2009:


questões estruturais e conjunturais de uma política.

DOURADO, L.F. Plano Nacional de Educação: o epicentro das políticas de


Estado para a educação brasileira. política de Estado para a educação brasileira.
Goiânia: Imprensa Universitária/ANPAE, 2017.

OLIVEIRA, J.F.; LIMA, D.C.B.P. Políticas de educação superior e PNE


. [Livro Eletrônico]. Brasília:
ANPAE, 2019.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 223


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PELA
CAPES EM TEMPOS DE CAPITALISMO ACADÊMICO DE

EDUCAÇÃO SUPERIOR

Mário Luiz Neves de Azevedo


Universidade Estadual de Maringá - UEM
mlnazevedo@uem.br

RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de demonstrar o “peso” da


internacionalização acadêmica na avaliação da qualidade de programas de Pós-
Graduação na área de Educação no Brasil em tempos de plataforma universitária
e de Nova Gestão Pública (NGP), especialmente por intermédio de benchmarking
(indicadores e boas práticas). No Brasil, a avaliação da pós-graduação é conduzida
por pares e segue as diretrizes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), agência pública fundada em 1951 que tem, basicamente,

ator social no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), composto por


49 diferentes áreas ou subáreas do conhecimento. De acordo com o primeiro
Plano Nacional de Pós-graduação (PNPG), válido para o período de 1975 a
1979, a CAPES iniciou o processo de avaliação da pós- graduação no Brasil em
1976. Entre os critérios de avaliação da Pós-Graduação, a internacionalização
acadêmica vem ganhando maior relevância a partir da segunda metade dos anos
1990. Assim, entre outras atividades, a publicação de artigos em periódicos
internacionais e ações acadêmicas com parceiros estrangeiros, têm ganho maior
“peso” no processo de avaliação da pós-Graduação produção. No Brasil, 75%
dos estudantes de graduação estão matriculados em Instituições privadas,
entretanto 84% dos pós-graduandos estão matriculados em Instituições públicas
que, por sua vez, produzem 95% ciência brasileira. Isto é, a ciência brasileira
é originada em programas de pós- graduação de IES públicas. Desta forma,

da internacionalização da educação superior, isto é, da circulação internacional


de ideias, no processo de avaliação da Pós-Graduação em Educação no Brasil.
Para isto, a teoria dos campos de Pierre de Bourdieu (2002) e os conceitos de
capitalismo de plataforma (SRNICEK, 2017; PASQUALE, 2017; RROBERTSON, 2018), de

224 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
Capitalismo Acadêmico (SLAUGTHER & LESLIE, 2001) e de capitalismo acadêmico
de plataforma (AZEVEDO & BARLETE, 2019) são usados. Metodologicamente, foi

CAPES e por Organizações Internacionais (OIs), a exemplo da OCDE, que


estimulam a avaliação baseada em indicadores e boas práticas (benchmarking).

REFERÊNCIAS

Azevedo. M & Barlete, A. L. (2019).


and the market of symbolic goods – a case for platform academic capitalism in Brazil.
Discoversociety. https://discoversociety.org/2019/05/01/on-the-frontline-
higher- education-platforms-and-the-market-of-symbolic-goods-a-case-for-
platform-academic- capitalism-in-brazil/

Azevedo, M.L.N. (2016). Educação e benchmarking: meta-regulação e


coordenação de políticas baseadas em indicadores e nas chamadas “boas-
práticas”. In: , 14., 2016,
Maringá. Anais... Maringá: UEM, 2016. p. 1407-1442. Disponível
em: Disponível em: http://www.ppe.uem.br/xxivuniversitas/anais/
Acesso em: 15 mai. 2018.

Bourdieu, Pierre. (1984, translated by Richard Nice). Distinction: A Social


Critique of the Judgement of Taste. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Robertson, S. L. (2018). Platform capitalism and the new value economy in the
academy. CPGJ Working Paper Series, Cambridge. Retrieved from https://

Slaughter, S. & Leslie, L. L. (2001). Expanding and elaborating the


concept of academic capitalism. Organization 8(2): 154-161. https://doi.

Srnicek, N. (2017). . Malden, MA: Policy Press.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 225


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
BACHARELADOS INTERDISCIPLINARES: NOVA FORMA DE
FLEXIBILIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


raphaeldelucia@hotmail.com

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


aldacastro01@hotmail.com

RESUMO

Discute a implantação dos Bacharelados Interdisciplinares na


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como estratégia para atingir as
metas pactuadas no Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais (REUNI). As instituições de educação superior a partir

à sua autonomia, como às arquiteturas institucionais. O Programa é uma ação


indutora do Ministério da Educação (MEC) tendo como principal mecanismo de

metas pactuadas pelas instituições, nos seus planos de reestruturação.

incorporadas à agenda da reforma universitária e abrangendo desde o projeto

e diferenciação da educação superior e enfatizam desde a criação de instituições


não universitárias voltadas ao ensino até a criação de novas modalidades de cursos,
de menor duração e direcionados para formação instrumental, segundo a lógica
do mercado. Nesse sentido, também se propaga a oferta de cursos de formação

estudantil (PINHEIRO, 2011).

de gerenciar os processos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

de modelos gerenciais, que ressaltam as práticas estabelecidas pelos contratos de


gestão (Acordo de Metas) para atingir os objetivos (PEREIRA, 2018).
Para alcançar suas metas de expansão a UFRN utilizou entre suas

dos Bacharelados Interdisciplinares, no âmbito dos cursos de graduação. O


desenho da proposta baseia-se no conceito de graus cumulativos, introduzido

226 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
pelo “processo de Bolonha”. O modelo prevê um diploma de primeiro ciclo com
relevância para o ingresso do bacharel no mercado de trabalho. Ao concluir o
curso, o Bacharel em Ciências e Tecnologia estará apto a atuar no mercado em
área na qual se exija o nível de graduação, especialmente em funções que solicitem
conhecimentos em C&T. Caso haja opção pela continuidade de estudos o aluno
poderá ingressar em um dos cursos de Engenharia vinculados ao Bacharelado
em Ciências e Tecnologia, são eles: (Ambiental, Biomédica, Telecomunicações,
Petróleo, Mecatrônica, Materiais, Mecânica e da Computação) ou em cursos de
Ciências Exatas (Estatística, Física, Matemática e Ciências Atuariais), (UFRN,
2012, p. 51 e 52).
O primeiro curso criado com essas característica na UFRN foi o
Bacharelado de Ciências e Tecnologia (BCT) que tinha como objetivo implementar
a formação em ciclos sucessivos na área de ciências exatas e engenharia. Em 2009
foram ofertadas para o BCT 500 vagas, em 2010, foram 1000 vagas sendo 500
em cada semestre, mais 1000 vagas em 2011 e mais 1000 vagas em 2012, em um

mais do que pactuou com o MEC. É importante ressaltar que essa estratégia
foi fundamental para a materialização de aspectos basilares da Proposta REUNI
(UFRN, 2007), que eram a expansão e reestruturação acadêmico- curricular,

no PPI da instituição para os Projetos Pedagógicos de Curso, possibilitando,


ao mesmo tempo, uma grande expansão da oferta de vagas. Os Bacharelados
Interdisciplinares na UFRN buscaram de acordo com a lógica da racionalização,

REFERÊNCIAS

a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI.


.

PEREIRA, Raphael Lacerda de Alencar Pereira. Tese de Doutorado. A (re)

em tecnologia da informação na UFRN. 2018. Doutorado em Educação.


Natal: PPGED/UFRN, 2018.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 227


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PINHEIRO, Helano Diógenes.

legislação pós-LDB 1996. Doutorado em Administração – Natal: PPGED/


UFRN, 2011.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. A UFRN


. Anexo da Resolução

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Novas


. Natal: EDUFRN, 2012.

228 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
TRAJETÓRIA ACADÊMICO-CIENTÍFICA DA ESTUDANTE

EXPERIÊNCIAS E PROCESSOS DE SOCIALIZAÇÃO

Universidade Federal de Viçosa - UFV


tamara.miranda@ufv. br

Universidade Federal de Viçosa - UFV


maisa.oliveira@ufv.br

RESUMO

Com base em estudos do campo acadêmico (BELTRÃO, ALVES, 2009;


GUEDES, ARAÚJO, 2011), consideramos que por um longo período da história
as mulheres se mantiveram afastadas do processo educacional, do ensino formal
e consequentemente, das instituições de ensino superior. Segundo Beltrão e

maiores oportunidades de adentrar nas universidades, iniciando a transformação


do hiato de gênero no nível superior em 1970. Nos últimos anos, as mulheres
estão se inserindo neste grau de ensino em uma porcentagem maior do que os
homens (BARRETO, 2014). Neste sentido, a presente pesquisa tem como objeto
de análise a atuação da estudante (mulher) em cursos de graduação, tendo como
foco a formação da mesma, a produção do conhecimento acadêmico, a trajetória
e as estratégias utilizadas pela acadêmica para se manter no campo universitário.
Para cumprir tal propósito, nos fundamentamos na teoria de Pierre Bourdieu

entre a origem social da discente e seu percurso no campus universitário, assim,

para explicarem o êxito ou o fracasso de cada estudante, por conseguinte,

trajetória estudantil. Bourdieu nos auxilia na compreensão de que a dominação


masculina está enraizada nas sociedades androcêntricas e, por vezes, em seus mais
variados espaços, como no interior do campo acadêmico, em que tal dominação
ocorre, constantemente, por meio da violência simbólica que se evidencia em
circunstâncias como o de silenciamento feminino.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 229


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
METODOLOGIA

O presente estudo, em andamento na Universidade Federal de Viçosa


(UFV), se delimita no campus de Viçosa (MG). A primeira etapa consiste na
aplicação de questionário a 120 estudantes matriculadas na graduação distribuídas
igualmente nos quatro Centros de Ciências da UFV. Em segundo momento,
realizaremos dois grupos focais, com doze integrantes cada, com estudantes que
tenham respondido ao questionário na etapa anterior, totalizando 20% da amostra
inicial.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Diante do exposto, enfatizamos que pretende-se apreender nesta pesquisa


o papel que a estudante universitária ocupa na lógica social em que está inserida,
visto que as transformações ocorridas no interior da universidade e nos padrões
societários em geral resultaram na produção de uma complexa gama de análises
explicativas, até mesmo opostas. Assim, no que tange as disputas de interesses
antagônicos com os interesses do capital, problematiza- se a trajetória acadêmica,
o desenvolvimento da discente imersa na lógica universitária orientada para os
espaços interpessoais de socialização, de formação e de atuação da estudante no

construção, ela tem desvelado importantes questões sobre a problemática que


abrange o acesso e a permanência da mulher no ensino superior, dessa forma,

temática, no que se refere aos desdobramentos de tais políticas sobre as estudantes


universitárias e suas vivências.

REFERÊNCIAS

BARRETO, ANDREIA. A mulher no ensino superior distribuição e


representatividade. Cadernos do Gea

jan. 2020.

BELTRÃO, Kaizô Iwakami; ALVES, José Eustáquio Diniz. A reversão do hiato


de gênero na educação brasileira no século XX. Cadernos de Pesquisa

230 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. 11. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2012.

BOURDIEU, Pierre. Escritos De Educação. In: NOGUEIRA, Maria Alice;


CATANI, Afrânio. 11. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

GUEDES, Moema de Castro; ARAÚJO, Clara. Desigualdades de gênero, família


e trabalho: mudanças e permanências no cenário brasileiro. Revista Gênero, v. 12,
p. 61-79, 2011.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 231


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO CAMPO DAS POLÍTICAS
DE DEMOCRATIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR -
LEITURAS SOBRE A EVASÃO

Universidade Federal de São Carlos - UFSCar


tamirisfachinetti@gmail.com
Maria Cristina da Silveira Galan Fernandes
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
mcsgfernandes@gmail.com

RESUMO

Este texto busca compreender o cenário da educação superior brasileira, a partir


de propostas que surgiram na primeira década do século XXI, com ênfase no
Decreto N° 6096 de 24/04/2007 (BRASIL, 2007) que instituiu o programa de
apoio a planos de reestruturação e expansão das universidades federais - REUNI.

democrática, não excludente e universalizada. Indagamos até que ponto as ações

destinadas, de ampliar o acesso e a permanência na Educação Superior. Entre as


metas estabelecidas pelo programa estava a de diminuir o número de evasão. A

desde 2011. Com o aumento do número de matrículas nos cursos de graduação


as pesquisas relacionadas à evasão se expandem. Consideramos que as reformas

do estado, deixando evidente que a força do sistema se concentra nas estruturas do


capitalismo. Assim, a expansão passa a ser analisada em suas articulações com as
exigências do capital. O Reuni, por meio de aspectos gerenciais buscou aproveitar
ao máximo os recursos econômicos e sociais, nesse sentido tornou-se objeto de
controle para mensurar desempenho e rendimentos. Para o desenvolvimento deste

artigos referentes ao tema da expansão da educação superior em universidades


federais, com foco na perspectiva da evasão. O recorte temporal utilizado, foi
de 2009 a 2019. O levantamento resultou em seis artigos selecionados para
análise, de um total de 112 artigos encontrados. Todos os artigos selecionados
abordavam o tema da expansão e da evasão. Dois artigos tinham como lócus
de pesquisa a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sendo que um
232 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E
NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
desses incluía também a Universidade Federal do ABC (UFABC); três artigos

um artigo tinha como lócus a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). O

permanência foi objeto de análise em outros dois artigos; um dos artigos realizou
um levantamento de teses e dissertações que discutem o REUNI; e um analisou a
percepção dos estudantes sobre os padrões de ingresso na instituição. Concluímos
que todos os artigos atribuem a expansão das universidades federais ao REUNI
e demonstram a importância dessa política. No entanto, a discussão da literatura

o acesso e a formação de qualidade (TREVISOL e NIEROTKA, 2016; PEROSA


e COSTA, 2015; MINHOTO e GIGLIO, 2019; MACIEL, LIMA e GIMENEZ,
2019). As transformações no cenário nacional, no que tange às universidades
federais e as exigências e interferências dos organismos de controle advindos

ensino, resultante da adoção de políticas direcionadas à democratização, como


o REUNI, que são indispensáveis no âmbito educacional. No entanto, além da

dos estudantes e, principalmente, quem são os estudantes advindos da expansão,


uma vez que a literatura referente ao tema associa o aumento da evasão à expansão
das vagas.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto n° 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de


Apoio a Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni. Brasília,
2007.

MACIEL, C. E.; LIMA, E. G. dos S.; GIMENEZ, F. V. Políticas e permanência


para estudantes na educação superior. Revista Brasileira de Política e
Administração da Educação

MINHOTO, M. A. P.; GIGLIO, C. M. B. Avaliação das políticas de expansão e


de reserva de vagas na rede federal de ensino superior: Unifesp em análise. Jornal
de Políticas Educacionais

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E 233


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
PEROSA, G. S; COSTA, T. de L. Uma democratização relativa? Um estudo sobre
o caso da expansão da Unifesp. Educação e Sociedade

TREVISOL, J. V; NIEROTKA, R. L. Os jovens das camadas populares na


universidade pública: acesso e permanência. Revista Katálysis, Florianópolis, v.

234 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - ACESSO, TRABALHO DOCENTE E


NOVOS MODOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO - e-Book - 2021
SOBRE AS ORGANIZADORAS

DEISE MANCEBO

Professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em


Educação (PUC São Paulo), Brasil.

KARINE NUNES DE MORAES

Professora adjunta da Universidade Federal de Goiás. Doutora em Educação


(UFPE), Brasil.

SYLVANA DE OLIVEIRA BERNARDI NOLETO

Professora de ensino superior da Universidade Estadual de Goiás. Doutora em


Educação (UFG), Brasil.
SOBRE O LIVRO

Formato: 16x23 cm
Tipologia: Garamond / Arial
Número de Páginas: 237
Suporte do livro: E-book

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
BR-153 – Quadra Área, Km 99 – 75.132-903 – Anápolis (GO)
www.ueg.br / Fone: (62) 3328-1181
2021
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
O presente e-book “Política de educação superior: acesso, trabalho docente e novos modos
de regulação na produção do conhecimento” nasceu do esforço coletivo de produção intelectual de
pesquisadores e estudantes que integram a Rede Universitas/Br (www.redeuniversitas.com.br). Os
trabalhos aqui reunidos foram inscritos no Seminário online realizado no período de 26 a 28/05/2021,
online, sob a coordenação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (FE/UFG),
contando com a participação direta do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Estadual de Goiás, e da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
O evento foi promovido pela Rede Universitas/Br (www.redeuniversitas.com.br), que se
caracteriza como uma rede acadêmica de pesquisadores de instituições de educação superior de todas as
regiões do país, visando à pesquisa e interlocução sobre políticas de educação superior desde o início dos
anos 1990. Trata-se de evento com forte tradição na área de políticas de educação superior.
O XXVIII Seminário conta com a participação dos pesquisadores, estudantes de graduação
e pós-graduação, profissionais da educação básica e superior de diversas regiões e universidades do país,
bem como de investigadores da Rede Universitas/Br, que apresentaram resultados de suas pesquisas.

ISBN 978-65-88502-07-5

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