Você está na página 1de 4

ESTRUTURAS DE AÇO – PEÇAS COMPRIMIDAS

Questão apresentada pelo Professor Leonardo no SIGAA

Solução:

i) Em linhas gerais, nosso objetivo é verificar se cada peça de aço possui a capacidade de resistir aos esforços
normais de compressão a que será solicitada pela combinação de suas cargas permanentes e acidentais atuantes
na estrutura, ou seja, verificar se o seu esforço normal de compressão resistente de cálculo (Nc,Rd) é superior
ao esforço normal de compressão solicitante de cálculo (Nc, Sd).

, ≥ ,

Como o enunciado da questão já nos fornece o valor calculado para o esforço normal de compressão solicitante
de cálculo (Nc,Sd) no patamar de 3600 kN, precisamos verificar se:

, ≥ 3600

ii) A princípio, para se chegar ao valor do esforço normal resistente de cálculo (Nc,Rd) bastaria dividir a tensão de
escoamento do aço na compressão (Fyd) pelo seu coeficiente de segurança (γy = 1,1) e multiplicar o resultado pela
área bruta (Ag) da seção transversal da barra de aço.

, = . → , = ,
.

Entretanto, pelo fato de a barra de aço comprimida poder sofrer flambagem local e flambagem global, a sua
capacidade de resistir aos esforços normais de compressão precisa reduzida pelos coeficientes Q e X,
respectivamente:

= . . .
,
1,1
iii) FLAMBAGEM LOCAL

A análise da flambagem local deve ser promovida individualmente em cada parte do perfil metálico, comparando
a esbeltez da parte com a sua esbeltez limite.

- FLAMBAGEM LOCAL EM CADA ABA DAS MESAS

A esbeltez desta peça é dada pela relação entre o seu comprimento (bf/2)
e a sua espessura (tf).

bf/2 = 150 mm

tf = 22,4 mm

esbeltez da aba = (bf/2)/(tf) = bf/(2.tf) = 150/22,4 = 6,6964

Como a aba é uma parte do perfil do tipo APOIADA-LIVRE, para encontrar


a sua esbeltez-limite, precisamos definir o grupo a que pertence.

Considerando inicialmente o perfil laminado com mesa de seção em I, ou


seja, o perfil pertencente ao grupo 4, temos:

'
! " #$#! = 0,56. &

Para todos os aços, temos: E = 20.000 kN/cm². E, como se trata do aço NBR ASTM A-36, o valor de Fy é 25 kN/cm².
Substituindo estes valores, temos:

20000
! " #$#! = 0,56. & = 15,84
25

Tratando-se de peça com um valor de esbeltez (6,69) inferior ao valor da esbeltez limite (15,84), não precisa ser
considerada a sua flambagem local.

O interessante é que, se considerarmos o perfil soldado com mesa de seção em I, o perfil passa a pertencer ao
grupo 5 e a esbeltez limite passa a ser dada pela seguinte expressão:

, 3
! " #$#! = 0,64. + com 2 =
( //0 ) 4
+
56

onde:
h = altura da alma entre as faces das mesas = 300 mm – 2.(22,4 mm) = 255,2 mm
tw = espessura da alma = 16 mm
Disso, temos:
4
2 = = 1,001566 → 7 8! 2 = 0,76
+255,2
16
Substituindo estes valores, temos:

20000
! " #$#! = 0,64. & = 15,78
25/(0,76)

A esbeltez da peça no valor de 6,69 continua sendo inferior à esbeltez limite (15,78) e, bem assim, continuamos
sem precisar considerar a sua flambagem local.

Ou seja, tanto no caso da peça laminada, como no caso da peça soldada, temos abas como elementos do tipo AL
(Apoiados-Livres) que não precisam ter suas flambagens locais consideradas.

- FLAMBAGEM LOCAL NA ALMA DO PERFIL EM I

A esbeltez da alma é dada pela relação entre o seu comprimento (bw = h)


e a sua espessura (tw).

bw = h = 255,2 mm

tw = 16 mm

esbeltez da alma = (bw)/(tw) = 255,2 mm/16 mm = 15,95

Tratando-se de uma peça do tipo AA (APOIADA-APOIADA), a alma da seção


de perfil I pertence ao grupo 2 e a sua esbeltez limite será dada por:

' 20000
! " #$#! = 1,49. & = 1,49. & = 42,14
25

Como a esbeltez da alma tem um valor de 15,95 que é inferior à esbeltez limite (42,14), não precisamos
considerar a sua flambagem local e Qa = 1.
- COEFICIENTE DE FLAMBAGEM LOCAL

Não havendo necessidade de se considerar os efeitos da flambagem local em nenhuma das peças, temos:

Q = Qs. Qa = 1.1 = 1

iv) FLAMBAGEM GLOBAL DA BARRA

A análise da flambagem global deve ser promovida ao longo do comprimento longitudinal da barra, inicialmente
com a identificação do seu índice de esbeltez (λ) que compara o seu comprimento de flambagem (k.L) com o raio
de giração da sua seção transversal (r) em cada direção (x e y).

2. < $8$ >!8 #>é=@#7 E


;= 8> == & =&
= á= 7 7 çã8 !=7> D = 7

No caso da situação apresentada, podemos simplesmente substituir os valores dados no enunciado:


2F. <F 1. (350 @$)
;F = = = 27,56
=F 12,7 @$
2 .< 1. (350 @$)
; = = = 46,11
= 7,59 @$
Tais valores de esbeltez são inferiores a 200, atendendo à recomendação da NBR 8800. Comparando estes valores
com os índices de esbeltez de plastificação (;G ), temos os seguintes índices de esbeltez reduzidos (;8F e ;8 ):

HI. ' H I . 20000


;G = & =& = 88,86
25

;F 27,56
;8F = = = 0,31
;G 88,86
; 46,11
;8 = = = 0,52
;G 88,86
Pelo ábaco dos índices de esbeltez reduzidos (;8F e ;8 ), temos os seguintes valores de X:

;8F = 0,31 → J = 0,961


;8 = 0,52 → J = 0,893
Tomando o menor destes valores para o coeficiente X, temos:

J = 0,893
v) CÁLCULO DO ESFORÇO NORMAL DE COMPRESSÃO RESISTENTE DE CÁLCULO

= . . .
,
1,1
(25 /@$²)
= K. (L, MNO). . (175,2 @$²)
,
1,1

, = 3555,77 < 3600

Como este valor do esforço normal de compressão resistente de cálculo é inferior ao esforço normal solicitante
de cálculo (3600 kN), os perfis não se mostram adequados para resistir à carga atuante na estrutura.
vi) FLAMBAGEM GLOBAL DA BARRA (2ª solução)

Uma outra forma de promover a análise da flambagem global é feita pelo cálculo dos esforços críticos de
flambagem de flexão, torção e flexo-torção.

H I . '. EF
=
R
(2F. <F)I
H I . '. E
=
(2 . < )I

1 H I . '. VW
= U + Y. E!Z
S
(=T )I (2". <")I

Substituindo os valores dados no enunciado, temos:

H I . (20000). (28257)
R = I = 45532,31
[1. (350)\

H I . (20000). (10089)
= I = 16257,05
[1. (350)\

1 H I . 20000.1941956
= U + (7700). (263)Z = 23546,56
S
218,8981 (1.350)I

O esforço crítico mínimo será:

= 16257,05

E, com ele, obtemos o seguinte índice de esbeltez reduzido máximo:

]. ^. 1. (175,2 @$I ). (25 /@$²)


;8 = & =& = 0,519
( )$í>#$8 16257,05

Como ;8 < 1,5, o coeficiente X de flambagem global será dado por:

J = (0,658)[(`a) = (0,658)[(T,c d)b \


= (0,658)(T,Ied) = 0,893
b\

Que é exatamente o mesmo valor encontrado anteriormente.

Com isso, novamente podemos calcular o ESFORÇO NORMAL DE COMPRESSÃO RESISTENTE DE CÁLCULO

= . . .
,
1,1
(25 /@$²)
= K. (L, MNO). . (175,2 @$²)
,
1,1

, = 3555,77 < 3600

E comprovar que o valor do esforço normal de compressão resistente de cálculo é inferior ao esforço normal
solicitante de cálculo (3600 kN), de forma que os perfis não se mostram adequados para resistir à carga atuante
na estrutura.

Você também pode gostar