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Universidade Federal do Espírito Santo

Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública


Metodologia e Métodos Qualitativos de Pesquisa

Como se faz uma tese


(Umberto Eco)
Aline Tavares
Jaime Sales
Leonardo Goltara
Lucas Pereira
Renata Pazzini
UMBERTO ECO

• Escritor, filósofo, semiólogo e linguista


italiano
– O nome da rosa (romance)
– O pêndulo de Foucault (romance)
– Como se faz uma tese
– Obra aberta
– História da beleza
• Diretor da Escola Superior de Ciências
Humanas na Universidade de Bolonha
O QUE É UMA TESE?

• Trabalho original
• Pré-requisito para doutoramento
• Avaliada por uma banca
TESES

• Teses de investigação
• Teses de compilação

• Licenciatura x Doutoramento
ORIGINALIDADE
• A descoberta do átomo
• A evolução das espécies

• Um novo modo de ler e compreender um


texto clássico
• A caracterização de um manuscrito que lança
uma nova luz sobre a biografia de um autor
• Uma reorganização e uma releitura de
estudos anteriores conducentes ao
amadurecimento e sistematização das idéias
que se encontravam em outros textos
PARA QUE SERVE UMA TESE?

Para obter o grau...


PARA QUE SERVE UMA TESE DEPOIS
DE OBTIDO O GRAU???

• Contribuição para o progresso da ciência

• Início de uma investigação mais ampla

• Oportunidade de aprender a por ordem


nas próprias ideias e a ordenar dados
FAZER UMA TESE SIGNIFICA

• Escolher um tema preciso;


• Recolher documentos sobre esse tema;
• Por em ordem esses documentos;
• Reexaminar o tema em primeira mão, à luz
dos documentos recolhidos;
• Dar uma forma orgânica a todas as reflexões
precedentes;
• Proceder de modo que quem lê perceba o que
se quer dizer e fique em condições, se for
necessário, de voltar aos mesmos
documentos para retomar o tema por sua
conta.
QUATRO REGRAS ÓBVIAS
• Que o tema corresponda aos interesses do
candidato (quer esteja relacionado com o tipo
de exames feitos, com as suas leituras, com
seu mundo político, cultural ou religioso);
• Que as fontes a que recorre sejam acessíveis,
o que quer dizer que estejam ao alcance
material do candidato;
• Que as fontes a que recorre sejam
manuseáveis, o que quer dizer que estejam
ao alcance cultural do candidato;
• Que o quadro metodológico da investigação
esteja ao alcance da experiência do
candidato.
A ESCOLHA DO TEMA
TESE MONOGRÁFICA OU TESE
PANORÂMICA?
Tese panorâmica – fala de muitas coisas; os
temas não são “modestos”.
Ex:“A Literatura do Pós-Guerra aos Anos 60”
Tese monográfica – os temas são precisos.
Ex: “As diversas redações de Il Partigiano
Johnny”
Estado intermediário – Ex: “A Neovanguarda
Literária dos Anos 60”
• Uma monografia é a abordagem de um
tema, como tal, se opondo a uma
enciclopédia.

• Uma tese rigorosamente monográfica não


equivale a perder de vista o panorama.
• Usar um panorama como plano de fundo é
diferente de elaborar um quadro
panorâmico.

• Quanto mais se restringe o campo, melhor


e com mais segurança se trabalha.
TESE HISTÓRICA OU TESE TEÓRICA?

• Tese teórica: propõe-se a atacar um


problema abstrato, que pode já ter sido ou
não objeto de outras reflexões.

• Uma outra classificação, mais


historiográfica, compreende um problema
com a elaboração de pensamentos sob a
influência de outros autores.
TEMAS ANTIGOS OU
CONTEMPORÂNEOS?

• Autores contemporâneos: bibliografia mais


reduzida.

• Autores antigos: quadros bibliográficos já


completos.
QUANTO TEMPO É REQUERIDO PARA
SE FAZER UMA TESE?
Não mais de três anos e não menos de
seis meses entre o surgimento da primeira
ideia da tese e sua apresentação final.

Para uma tese de seis meses:


• O tema deve ser circunscrito;
• O tema deve ser, se possível, atual ou
marginal (sobre o qual pouca coisa foi
escrita);
•A consulta deve ser fácil.
É NECESSÁRIO SABER LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS?

• Não se pode fazer uma tese sobre um


autor estrangeiro se este não for lido no
original;
• Não se pode fazer uma tese sobre
determinado assunto se as obras mais
importantes foram escritas numa língua
que ignoramos;
• Não se pode fazer uma tese sobre um
autor ou tema lendo apenas as obras
escritas nas línguas que conhecemos.
TESE CIENTÍFICA OU TESE
POLÍTICA?
Que é a cientificidade?
Requisitos para um estudo científico:
• Objeto reconhecível e definido de tal
maneira que seja reconhecível igualmente
pelos outros;
• Algo que ainda não foi dito ou sob uma
ótica diferente do que já se disse;
• Estudo útil;
• Elementos para verificação e contestação
das hipóteses apresentadas.
TESE CIENTÍFICA OU TESE
POLÍTICA?

• Não existe oposição entre tese política e


tese científica.
TEMAS HISTÓRICO-TEÓRICOS OU
EXPERIÊNCIAS “QUENTES”?

• Histórico-teóricos: autores célebres ou de


textos antigos.

• “Quentes”: intervenção direta na


atualidade , seja sob o aspecto teórico ou
de ordem prática.
COMO EVITAR SER EXPLORADO PELO
ORIENTADOR?

Possibilidades:
O estudante escolhe um tema de seu
interesse ou aceita a sugestão do
orientador.

Se for aceita a sugestão do orientador, o


professor terá indicado um assunto que
conhece bem ou um assunto que quer
conhecer melhor.
COMO EVITAR SER EXPLORADO PELO
ORIENTADOR?

• Ao aceitar o tema de uma tese, o


estudante deve verificar se está se
inserindo ou não em um trabalho coletivo
e se vale a pena fazê-lo.
A PESQUISA DO MATERIAL
A ACESSIBILIDADE DAS FONTES

Quais são as fontes de um trabalho


científico?
• Fontes primárias;
• Fontes secundárias ou leitura crítica.
FONTES DE PRIMEIRA E SEGUNDA
MÃO

• Tradução não é fonte;


• Antologia não é fonte;
• Resenhas efetuadas por outros autores
não são fontes.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Como usar a biblioteca


Em geral não se vai com a bibliografia,
mas organizar uma.
Um bom pesquisador é aquele capaz de
entrar numa biblioteca sem a mínima ideia
sobre um tema e sair dali sabendo um
pouco mais sobre ele.
O CATÁLOGO

– Pesquisar por assunto (ficar atento com


catálogos antigos. Ex: seção e secção;
ter uma boa intuição);
– Pesquisar por autor.

Se não encontrarmos as informações


procuradas na pesquisa por autor e
assunto, devemos pesquisar nas bases
mais elementares como enciclopédias e
catálogos bibliográficos.
CATÁLOGOS BIBLIOGRÁFICOS

• Fontes seguras para quem já tenha ideia


clara do tema que pretende trabalhar.
• Exemplos: Manuais célebres de
determinado assunto, revistas dedicadas
exclusivamente a estudar a matéria em
questão.
• A biblioteca pode ser bem servida de
obras antigas e carente de obras mais
novas.
• Podemos encontrar uma bibliografia
utilíssima de 1960, mas sem que se possa
saber que algo interessante saiu em 1970.
O BIBLIOTECÁRIO
• É preciso perder a timidez, pois, com
frequência, o bibliotecário nos orientará
com segurança, fazendo-nos ganhar muito
tempo. Ele se delicia com a excelência de
sua memória e a riqueza da biblioteca que
dirige. Mas não confie cegamente nele.
• Consultas interbibliotecas, catálogos
computadorizados e empréstimos de
outras bibliotecas – em geral, existe um
serviço de empréstimo interbibliotecas.
COMO ABORDAR A BIBLIOGRAFIA:
O FICHÁRIO
• Não é aconselhável ler, de imediato, todos
os livros encontrados, mas sim elaborar
uma bibliografia básica.
• Use a sala de consultas para fazer uma
averiguação preliminar e fazer “leitura
rápida” dos livros e, quando encontrar
algum capítulo que lhe interesse, adicione
o livro inteiro em questão à sua
bibliografia.
COMO ABORDAR A BIBLIOGRAFIA:
O FICHÁRIO

• Cruzar bibliografias e ver as referências


que mais se repetem possibilita
estabelecer uma hierarquia na bibliografia.
• Usar uma copiadora xerográfica das
referências de cada livro que lhe
interessar.
• Fichar cada livro com a biblioteca de
origem e a localização e criar um arquivo
bibliográfico.
Bs. Con. 107-
5171

AVERBACH, Erich
Mimesis - Il Relismo nella letteratura occidentale,
Torino, Einaudi, 1956, 2 vols., pp xxxix - 284 e 350

Título Original:
Mimesis. Dargestelle Wirklichkeit i der
abendlanclischen Literatur, Bern, Francke... 1946

(ver no segundo volume o ensaio "Il mondo


nella boca di Pantagrue-le")
COMO ABORDAR A BIBLIOGRAFIA:
O FICHÁRIO

• Arquivo bibliográfico x Arquivo de leitura


CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

• Livros, revistas, documentos oficiais,


jornais, obras inéditas, documentos
privados etc.
E SE FOR PRECISO LER LIVROS?
EM QUE ORDEM?
• Além das teses que se fazem lendo livros
(Literatura, Filosofia, História da Ciência,
Direito Canônico e Lógica Formal), existem
teses experimentais, teses com pesquisa de
campo, teses que se fazem lendo jornais ou
atas parlamentares, mas todas estas exigem
uma boa revisão de literatura e uma boa
literatura de apoio.

• Uma pergunta oportuna: enfrentar


imediatamente os textos ou passar
primeiro pela literatura crítica?
E SE FOR PRECISO LER LIVROS?
EM QUE ORDEM?
1. Ler dois ou três de críticas;
2. Ler o texto original;
3. Ler o restante da crítica;
4. Ler a obra original novamente.

Mas é só uma receita teórica, tudo depende


da estrutura psicológica do pesquisador.
Existem pessoas monocromáticas e pessoas
policromáticas.
PLANO DE TRABALHO
• Título

• Introdução

• Índice

À medida que o trabalho avança o índice e


a introdução são reestruturados várias
vezes – ponto de partida, roteiro.
TÍTULO

• É um projeto

• Após a delimitação da área temática –


ponto específico – pergunta – parte
essencial do plano de trabalho
ESCOLHA DO PLANO DE
TRABALHO
• Tese Histórica
 Plano Cronológico – A Perseguição dos Valdenses
na Itália
 Causa efeito – As Causas do Conflito Árabe-
Israelense
 Plano Espacial – A Distribuição das Bibliotecas
Circulares em Gênova
 Comparativo-Contrastante – Nacionalismo e
Populismo na Literatura Italiana no Período da
Grande Guerra
• Tese de Caráter Experimental
 Plano Indutivo
• Tese de Caráter Lógico-Matemático
 Plano Dedutivo
ÍNDICE

• Elaboração da pergunta – etapas de


trabalho – capítulos do índice

• Mais analítico possível

• Sumário: cada capítulo se esboce um


breve resumo
IMPORTÂNCIA DO ÍNDICE
PROVISÓRIO

• Esclarecerá para nós mesmos o que temos


em mente
• Poderá propor um projeto compreensível
ao orientador
• Veremos se nossas ideias estão
suficientemente claras
• Estabelece a subdivisão lógica da tese
Uma vez disposto o índice como hipótese
de trabalho, as fichas e outros tipos de
documentação deverão sempre se referir
aos vários pontos do índice. Tais
referências precisam ser claras desde o
começo pois, com efeito, servirão para
organizar as referências internas.
REFERÊNCIAS INTERNAS

• Evitar repetições infindáveis de um mesmo assunto


• Coesão de toda a tese
• Algo que foi dito no capítulo anterior e faz-se remissão
aos números daquele capítulo ou parágrafo ou
subparágrafo
• Devem existir em abundância
• Coleta de documentos – dispensáveis – mas
necessárias pelo menos no momento das conclusões
• Índice-hipótese bem elaborado: rede numerada que
permite aplicar referências internas sem a necessidade
contínua de recorrer às folhas onde se falou
determinado assunto
INTRODUÇÃO
• Terceira fase do plano de trabalho
• Comentário Analítico do Índice. Exemplo:
“ Com o presente trabalho propomo-nos
demonstrar uma determinada tese. Os estudos
procedentes deixaram em aberto inúmeros
problemas e os dados recolhidos não bastam. No
primeiro capítulo tentaremos estabelecer o ponto
“x”; no segundo, abordaremos o capítulo “y”.
Concluindo, tentaremos provar isto e aquilo.
Deve-se ter presente que nos fixamos a limites
precisos, isto é, tais e tais. Dentro desses limites
o método que seguiremos é o seguinte... etc.,
etc.”
OBJETIVOS DA INTRODUÇÃO
FICTÍCIA
• Permite a fixação de uma diretriz

• Mostrar ao orientador o que se pretende


fazer

• Demonstrar que se tem as ideias em


ordem

• Estabelecer o núcleo e a periferia


PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A
PRIMEIRA E A ÚLTIMA REDAÇÃO DA
INTRODUÇÃO

• Promete-se menos
• Mais cautela

OBJETIVO DA INTRODUÇÃO DEFINITIVA

• Ajudar o leitor a penetrar na tese


FICHAS E
APONTAMENTOS
PRIMEIRA HIPÓTESE

• Encontramos e adquirimos os livros


necessários

• Podemos rabiscá-los

• Já elaboramos um bom plano de trabalho


com capítulos bem numerados
• Adotaremos em princípio apenas as fichas
bibliográficas
• Anotaremos nas margens dos livros as
siglas ou números dos capítulos do plano
de trabalho
• Registraremos, junto ao capítulo do plano
de trabalho, a sigla correspondente ao
dado livro e o número da página, de modo
que saibamos onde procurar no momento
da redação determinada ideia ou citação
SEGUNDA HIPÓTESE

• Não temos os livros, porque são raros, ou


caros, ou só são encontrados na biblioteca
• São emprestados
• Não se pode rabiscá-los ou você não quer
danificá-los por ser de valor inestimável
• Necessidade de reestruturação do plano:
você está em dificuldades ( é o caso mais
normal)
FICHAS
• Fichas temáticas: tem-se uma série de fichas,
cada uma com um título, que se refere a uma ideia
ou tema, assinalando em cada uma a referência
precisa;

• Fichas por autores: ideal para teses organizadas


por retratos: um capítulo introdutório sobre o tema
e a seguir um para cada autor principal, ou então
uma série de capítulos dedicados cada qual a um
romance-modelo;

• Fichas de citações: ideais para se inserir citações


textuais essencialmente ilustrativas;
• Fichas de leituras de livros ou artigos: no
caso de não se possuir um livro, e que se leu na
casa de um amigo ou em outra cidade, faz-se
necessário um fichário de leitura com os dados
bibliográficos de cada livro, o resumo geral, uma
série de avaliações sobre sua importância e
várias citações textuais que de imediato pareçam
significativas;

• Fichas de trabalho: podem ser de vários tipos,


fichas de ligação entre ideias e seções do plano,
fichas problemáticas (como abordar tal
problema?), fichas de sugestões (que recolhem
ideias de outros, sugestões de desenvolvimentos
possíveis) etc.
• Não precisamos fazer todas as fichas
• Fichário de leitura + outras ideias em caderno
• O número e a natureza do fichário dependerão do
tipo de tese
• Apenas fichas de citações – se a tese partir de um
plano muito preciso, com pouca literatura crítica e
necessitar apenas da coleta de um abundante
material narrativo para ser citado
• Fichário completo e unificado
• Material homogêneo, facilmente transportável e
manejável
CIT
Vida como arte Nº
Oscar Wilde

“Podemos perdoar a um homem que faça uma coisa útil fingindo


que a admira? A única desculpa para fazer uma coisa útil é que
ela seja admirada infinitamente. Toda arte é completamente
inútil.” (Prefácio a O Retrato de Dorian
Gray, edição tal, página tal)
IMPORTÂNCIA DO FICHAMENTO

• Não esquecermos as ideias ou citações

• Ter todo o material diante dos olhos

• Economia de tempo no final

• É um investimento que caso prossigamos


com os estudos, nos serve por anos a fora
FICHAMENTO DAS
FONTES PRIMÁRIAS
VANTAGENS DE SE SUBLINHAR
AS FONTES PRIMÁRIAS
• Personaliza o livro, marca o nosso interesse
• Permite-nos voltar ao livro depois de anos e
encontrar o que outrora nos despertou interesse
• Se o livro for nosso e não tiver valor de
antiguidade – maior respeito é usá-los, não pô-
los de lado
• Não se deve sublinhar se o livro não for seu ou
quando se tratar de uma edição rara de grande
valor comercial, que perderá muito desse valor se
rabiscada – nesses casos o ideal é tirar fotocópias
e sublinhar ou transcrever no caderno trechos
importantes com comentários, ou elaborar um
fichário também para as fontes primárias
(fatigante)
IMPORTANTE

• Sublinhar com critério


• Mesma página com informações úteis em
níveis diferenciados: lápis de cor ou siglas
para assinalar a relevância
• Exemplos de siglas: IMP, CIT, R
• Completar os trechos sublinhados com
marcadores de página, anotando na
extremidade saliente as siglas e/ou cores
CUIDADO COM AS FOTOCÓPIAS

• Indispensáveis
• Ação manual: posse
• A posse exime da leitura
• Ler e anotar logo em seguida
• Não tirar fotocópias antes de ler e anotar
a fotocópia anterior
FICHAS DE LEITURA
MÉTODO DE ELABORAÇÃO DAS
FICHAS DE LEITURA
• indicações bibliográficas precisas, mais completas do
que as da ficha bibliográfica, utilizadas para falar do livro e
citá-lo como deve ser na bibliografia final; ao elaborá-la
tem-se o livro nas mãos, podendo extrair dele todas as
indicações possíveis, tais como número de páginas,
edições, dados sobre a editora, etc.;
• informações sobre o autor, quando não se tratar de
autoridade notória;
• breve (ou longo) resumo do livro ou artigo;
• citações extensas, entre aspas, dos trechos que se
presume citar, com indicação precisa da(s) página
(s);
• comentários pessoais no começo, meio e fim do resumo;
para não confundi-los com obra do autor, coloque-os entre
colchetes;
• coloque no canto superior da ficha uma sigla ou cor
que a aproxime da parte do plano de trabalho exata.
HUMILDADE CIENTÍFICA

• Não se trata de discussão ética

• Métodos de fichamento e leitura

• Consiste em registrar todas as opiniões


expressas sobre o nosso tema: nem
sempre as melhores ideias vêm dos
autores maiores
HUMILDADE CIENTÍFICA

• Ouvir com respeito a todos


• Até o nosso mais feroz adversário pode
sugerir-nos ideias
• As ideias dependem do tempo, da
estação, da hora
• Por princípio: ao fazer uma pesquisa, não
podemos desprezar nenhuma fonte
A REDAÇÃO

A QUEM NOS DIRIGIMOS


•Ao examinador? Aos estudiosos
do tema? Ao público em geral?
•Comunicação: linguagem para
que todos entendam ou
linguagem direcionada a um leitor
específico?
• Um texto de divulgação, onde as coisas são
explicadas de forma que todos entendam,
requer a mesma habilidade que um texto
científico especializado.
– Nunca menosprezar o seu público.
• Uma tese é direcionada a um examinador,
mas pode ser lida e consultada por muitos
outros.
– Fornecer informações para o examinador,
mas também para os outros leitores.
• Definir os termos usados
– Termos já consagrados não são
necessários.
• Tornar os autores familiares
– Ao falar a respeito da tese de algum
autor, principalmente os mais
desconhecidos, é necessário torná-lo
familiar através de um breve histórico.
COMO SE FALA
• Evitar períodos longos
– Não receie repetir duas vezes o sujeito,
pois o mesmo pode se perder em um
período longo.
• Não usar linguagens que não domina
– Ao falar sobre um poeta, não tente
fazê-lo em forma de poesias. Marx
falava dos operários, mas não escrevia
como um operário.
• Utilize parágrafos com frequência
– Evite textos longos e cansativos.
• Faça pré-testes
– Mostre o que for escrevendo a pessoas
próximas, ou até mesmo ao orientador,
para ter uma segunda opinião.
• Não é necessário começar do começo
– Se sabes o que escreverá no meio do
texto, faça isso logo. Ao final, terás
ideias para o início.
• Não use reticências ou pontos de exclamação

– As reticências são recomendadas apenas no corpo


de uma citação, para assinalar os trechos omitidos
ou, no máximo, ao final de um período, para
indicar que ainda haveria algo a dizer. Ex: “De
acordo com Eco, há sem dúvida maneiras de
fornecer referências essenciais no texto...como no
sistema autor/data.”
– Pontos de exclamação apenas quando deseja
chamar a atenção do leitor. Ex: “Atenção, nunca
cometam esse erro!”.

• Evitar a ironia
– Risco de o leitor não perceber. Ao explicar a ironia,
corre-se o risco do leitor sentir-se menosprezado.
• Definir termos inéditos
– Ao utilizar um termo pela primeira vez, defina-o.
• Coerência nas explicações
– Ao dar detalhes de um autor, dê detalhes de todos
os outros que forem citados no texto. Ex: “O
filósofo judeu-holandês Spinoza foi definido por
Guzzo como um...”
• “Eu” ou “nós”?
– Recomenda-se o “nós”, pois pressupõe-se que suas
ideias serão compartilhadas por outros leitores.
– Evitar pronomes pessoais.
• “o artigo que citei anteriormente...” ERRADO
• “o artigo anteriormente citado...” CERTO
• Não usar artigo antes de nome
próprio
– “O Weber cita que...”
• Não aportuguesar nomes
– Giuseppe Garibaldi – José Garibaldi
AS CITAÇÕES – 10 REGRAS

• Existem dois tipos de citação


– Cita-se um texto e depois o interpreta
– Cita-se um texto em apoio a nossa
interpretação
• Existem 10 regras para citações
• Os textos objeto de análise interpretativa
são citados com razoável amplitude.
– Se o trecho citado ultrapassar meia
página, é sinal de que foi tomada uma
unidade muito grande para análise. Nesse
caso, recomenda-se transcrevê-lo por
extenso em apêndice, e citar ao longo do
texto apenas breves períodos

• Os textos de literatura crítica são citados


apenas para confirmar um pensamento, e
devem trazer algo de novo para a tese.
• A citação pressupõe que a idéia do autor citado
seja compartilhada, a menos que o trecho seja
precedido e seguido de expressões críticas.
• O autor das citações deve ser identificado
– Através de referência em nota,
principalmente para autores mencionados
pela primeira vez
– Através do nome e data do autor em
parênteses, após a citação
– Mencionando o número da página, em
parênteses, quando o capítulo ou toda a tese
tratam da mesma obra do mesmo autor
• As citações de fontes primárias devem ser
preferencialmente colhidas da edição crítica
ou da edição mais conceituada.
• Para autores estrangeiros, as citações devem
ser mantidas no idioma original. É útil a
tradução entre parênteses ou em nota.
• Ao citar dois autores em um mesmo período,
tomar cuidado para não criar confusão.
– Ex: “Velasques afirma que..., enquanto
Braun sugere... . Concordamos com o
autor, pois...”
• Quando uma citação não ultrapassa três linhas,
pode-se inseri-la no corpo do parágrafo entre
aspas duplas. Para citações mais longas, é
melhor colocá-la em espaço 1 com entrada.
Neste caso, não são necessárias aspas.

• As citações devem ser fiéis, transcrevendo da


forma que estão.
– Se há erro claro na citação, assinalar ao leitor
o fato através de [sic].
– Nunca eliminar partes do textos, ou fazê-lo
substituindo por reticências. Ao fazer
comentários dentro das citações, fazê-los entre
colchetes.
• As citações precisam estar em condições de
serem encontradas posteriormente. Quando a
fonte da citação foi uma conversa, ou uma
carta pessoal, basta citar a frase e adicionar
uma nota explicativa:
– Ex: 1. Declaração registrada em 9 de
outubro de 2001.
Mesmo nestes casos, é interessante entrar
em contato com o declarante, quando
possível, solicitando-o autorização formal
para publicar a citação. Esta autorização
também será um comprovante de veracidade.
CITAÇÕES, PARÁFRASES E
PLÁGIO
• CITAÇÃO: Transcrever no seu texto o que
foi escrito ou dito por outra pessoa.
Obrigatório o uso das aspas.
• PLÁGIO: Fazer citações de longos trechos
e não colocar aspas.
• PARÁFRASE: Transcrever uma citação com
suas palavras.
– Cuidado para não transformar uma
paráfrase em plágio.
NOTAS DE RODAPÉ – PARA QUE
SERVEM?
• Indicar as fontes das citações
• Indicar bibliografias de reforço
– Ex. “Ver também, a esse respeito, a obra
de...”
• Remissões internas/externas
– Tratado um assunto, pode-se pôr em nota
um “cf”, que quer dizer “confrontar”,
indicando que o leitor pode confrontar o
que acabou de ser dito com algo que já foi
dito em um capítulo anterior, ou em uma
outra obra.
• Introduzir uma afirmação de reforço
– Ao fazer uma afirmação no texto, talvez ela
precise ser explicada melhor. Para não perder o
raciocínio, você continua escrevendo, e reforça
o assunto no rodapé.
– Se a nota for muito grande, não faça no
rodapé, mas sim em apêndice, ao final da
obra.
• Ampliar as afirmações feitas no texto
– Não sobrecarregar o texto.
• Corrigir afirmações do texto
– Fazer uma objeção ao que foi dito, pois pode
haver pessoas que têm opinião diferente.
• Traduzir uma citação em língua
estrangeira
• Dar crédito a alguém
– Ao falar de um assunto do qual foi
inspirado por alguma obra, ou alguma
pessoa, convêm afirmar isso em rodapé.
Ex: “Essas ideias que foram expostas
jamais viriam à luz sem o estímulo
recebido por...”
– Se a nota for muito grande, não faça no
rodapé, mas sim em apêndice, ao final da
obra.
O SISTEMA CITAÇÃO-NOTA

• Citar um autor ou trecho de obra no texto,


fornecer em nota a referência bibliográfica.
– Comodidade ao leitor.
• As obras citadas em nota também devem
aparecer na referência bibliográfica
– Exceto se o que for dito em nota não tiver
nada a ver com a bibliografia específica da
tese.
– No rodapé, as informações do autor são mais
resumidas. Na referência bibliográfica, as
informações serão mais detalhadas.
SISTEMA AUTOR-DATA

• Ao evidenciar na bibliografia o nome do


autor, título da obra e data de publicação,
usa-se este sistema para simplificar as
citações ao longo do texto. Ex: (Motta,
2000)
• Indispensável quando se faz um grande
número de citações em um curto período,
evitando sobrecarregar o texto com notas.
CUIDADOS COM O SISTEMA
AUTOR-DATA

• Não utilizar quando o autor citado seja


desconhecido pelo leitor.
• Não utilizar para publicações muito
antigas (mais de 200 anos)
ADVERTÊNCIAS, ARMADILHAS,
USOS
• Não forneça referências desnecessárias
– Ex: “A 2ª Guerra Mundial que, conforme
Braunn, se iniciou em 1939,...”.
• Não atribuir a um autor uma idéia que
ele apresenta como de outro
– Cuidado com obras em que um autor faz
crítica a outro.
• Não acrescentar ou cortar notas apenas
para acertar a numeração das páginas
• Dar informações a respeito de edições
revistas.
– O que foi escrito em uma edição de 1940
pode ter sido desmentido em uma edição
de 1970.
• Cuidado ao citar um autor antigo em
fontes estrangeiras
– Nomes escritos de forma diferente. Ex:
Michelangelo – Michel-Ange; São Tomás de
Aquino – Aquinas
• Agradecimentos
– É interessante inserir agradecimento a uma
pessoa que te ajudou de alguma forma,
emprestando um livro raro, por exemplo.
O ORGULHO CIENTÍFICO

• “Não estamos à altura de afrontar tal


assunto, mas arriscaremos a hipótese...”
– Se não está qualificado para apresentar
a tese, não o faça.
– Se você estudou determinado assunto,
tem autoridade para falar dele, inclusive
discordando de autores.

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