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Ana Vieira
Federal University of Rio de Janeiro
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Uso e cultivo racionais de plantas medicinais e plantas alimentícias não convencionais (PANC) pelos agricultores de Magé e Guapimirim, RJ View project
All content following this page was uploaded by Ana Vieira on 08 December 2018.
ISBN 978-856721186-2
1º Edição
1ª edição
Rio de Janeiro
2018
ii
iii
Copyright 2018 - Distribuição Gratuita
Este trabalho encontra-se registrado nas entidades competentes, tendo atribuído número de ISBN (International
Standard Book Number) e registro internacional pelo Crossref DOI (Crossref Digital Object Identifiers), possuindo
reserva dos direitos autorais, sendo a primeira publicação efetuada com circulação nacional e internacional, com
distribuição gratuita e em língua portuguesa, no tipo de suporte e-book (formato PDF), efetuada com a autorização
formal do autor cedida para entidades parceiras.
Nenhuma parte desta obra pode ser impressa e redistribuição em papel, suporte digital ou quaisquer outros meios sem
a permissão expressa do autor. O seu conteúdo não pode ser alterado ou transmitido em qualquer forma ou meio,
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reprodução parcial ou total desta obra deve ser citada a fonte e a autoria.
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Outros Livros
Novas obras podem ser acessadas nas páginas eletrônicas das instituições parceiras, como a CERCEAU,
www.cerceau.com.br
CDD: 581.634
CDU: 633.8(81)
iv
Editor
RENATO CERCEAU
Fotografia / Ilustração
ANA CLÁUDIA DE MACÊDO VIEIRA
Conselho Editorial
ELAINE RIBEIRO SIGETTE - JORGE JUAN ZAVALETA GAVIDIA - LACI MARY BARBOSA MANHÃES -
LUIS ALFREDO VIDAL DE CARVALHO - RAIMUNDO JOSÉ MACÁRIO COSTA - RICARDO CERCEAU –
RICARDO PIRES MESQUITA - SERGIO MANUEL SERRA DA CRUZ
Apoio
PIBEX-UFRJ
v
Sobre os Autores:
Ana Cláudia de Macêdo Vieira Bióloga, formada pelo IB da Universidade Federal do Rio
de Janeiro - UFRJ, mestre em Ciências Biológicas
(Botânica) - MN - UFRJ e doutora em Ciências
Biológicas (Botânica) pelo IB da Universidade de São
Paulo - USP. Atualmente é Professor Associado da
Faculdade de Farmácia Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Tem experiência nas áreas de Anatomia
Vegetal e Farmacobotânica, com ênfase em Morfologia
de Drogas de Origem Vegetal, atuando principalmente
nos seguintes temas: Drogas vegetais, Controle de
qualidade, Farmacognosia, Anatomia Vegetal e Botânica
Forense.
vi
LabFBot
Laboratório de Farmacobotânica – UFRJ
http://www.farmacia.ufrj.br/labfbot/
vii
LabFBot
Laboratório de Farmacobotânica – UFRJ
http://www.farmacia.ufrj.br/labfbot/
viii
LabFBot
Laboratório de Farmacobotânica – UFRJ
http://www.farmacia.ufrj.br/labfbot/
ix
Dedicatória
x
Apresentação
O uso de plantas medicinais no Brasil é uma prática comum, passada
através de gerações e fruto da miscigenação do povo brasileiro. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 80% da população nos
países em desenvolvimento dependam da medicina tradicional para suas
necessidades básicas de saúde. No entanto, muitas plantas são usadas de
forma inadequada, não levando em conta possíveis efeitos tóxicos, além da
coleta ser feita de modo extensivo, podendo levar à extinção da espécie
vegetal. Isso levou à criação, pelo Ministério da Saúde, do Programa Nacional
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, o qual conta com uma série de objetivos
visando: “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de
plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável e da
biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”.
Muitas plantas são cultivadas com diferentes propósitos, além do
medicinal. Plantas alimentícias ou ornamentais também são objeto de cultivo
não só por agricultores mas, também pela população urbana. Muitas vezes
estas mesmas plantas podem trazer algum efeito tóxico dependendo da parte
que seja utilizada ou mesmo a forma como esta planta possa ser preparada.
Os diferentes usos que uma mesma planta pode ter precisam ser conhecidos e
divulgados para a população.
Em 2012 teve início um projeto de longa duração desenvolvido em
parceria do Laboratório de Farmacobotânica (LabFBot) da Faculdade de
Farmácia da UFRJ e diversas entidades dos municípios de Magé e
Guapimirim, no estado do Rio de Janeiro, por iniciativa do Comitê Gestor da
Microbacia do Rio Cachoeira Grande (COGEM). O LabFBot desenvolve na
região o projeto de extensão intitulado ¨Uso e cultivo racionais de plantas
medicinais e plantas alimentícias não convencionais (PANC) pelos agricultores
de Magé e Guapimirim, RJ¨ em parceria com o Programa de Educação Tutorial
(PET-Farmácia) realizado por docentes e discentes da Faculdade de Farmácia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob coordenação da Profa Ana
Cláudia de Macêdo Vieira. O projeto conta com a parceira da EMATER-RIO,
atuante nas regiões de Magé e Guapimirim, da Associação dos Pequenos
xi
Produtores Rurais da Cachoeira Grande (APPCG) e do COGEM, que envolvem
os agricultores da microbacia do Rio Cachoeira Grande e a Prefeitura Municipal
de Magé, através de sua Secretaria Municipal de Agricultura e
Desenvolvimento.
Este projeto está em desenvolvimento desde 2012 e visa a aproximação
da academia à população, com trocas de informações entre extensionistas,
agricultores e pesquisadores para aprimoramento dos conhecimentos técnicos
e científicos dos mesmos em temas relacionados a uso e cultivo de plantas
medicinais e plantas alimentícias não convencionais. Pelos agricultores foram
solicitadas a elaboração de manuais que os orientassem em diversos temas,
assim como a realização de minicursos e oficinas que permitissem maior
aprofundamento em questões diversas.
O LabFBot vem atuando, através do trabalho da equipe de docentes e
estudantes de graduação, bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET-
Farmácia), do Ministério da Educação, e do PIBEX-UFRJ e PROFAEX-UFRJ
da Pró-reitoria de Extensão (PR-5) no atendimento dessas demandas.
Este manual é uma resposta aos anseios da comunidade rural da região
da Microbacia do Rio Cachoeira Grande e é dedicado à Profa Maria Cristina
Lemos Ramos (in memorian), que intermediou os contatos entre os grupos e
deu início à essa parceria de aprendizado e trocas de saberes que tanto tem
auxiliado na formação dos alunos da Faculdade de Farmácia da UFRJ.
Todas as imagens utilizadas no manual são originais, tendo sido
fotografadas pela Profa Ana Cláudia Vieira que as cedeu para uso ao longo do
texto.
xii
Agradecimentos
Este manual foi elaborado com o auxílio de várias entidades e gostaríamos de
deixar aqui nosso agradecimento à EMATER-RIO, atuante nas regiões de Magé e
Guapimirim, aos agricultores da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da
Cachoeira Grande (APPCG) e do Comitê Gestor da Microbacia do Rio Cachoeira
Grande (COGEM), à Prefeitura Municipal de Magé, através de sua Secretaria
Municipal de Agricultura e Desenvolvimento. Sem esse apoio fundamental, não
poderíamos ter desenvolvido nosso trabalho.
xiii
Sumário
Introdução...................... ...................................................................................................2
Um breve histórico do município de Magé.........................................................................4
Como se pode preparar as plantas medicinais desta cartilha?.........................................7
Cuidados gerais com a identificação e coleta das plantas...............................................8
Nome popular: Açafrão-falso, vick, zedoária................................................................................10
Nome popular: Alpinia-vermelha .....................................................................................13
Nome popular: Araruta ...................................................................................................16
Nome popular: Cana-do-brejo.........................................................................................19
Nome popular: Colônia...................................................................................................................22
Nome popular: Cúrcuma................................................................................................................25
Nome popular: Gengibre ................................................................................................28
Nome popular: Gengibre-colméia.................................................................................................31
Nome popular: Lírio-do-brejo ..........................................................................................33
Nome popular: Kananga-do-japão................................................................................................36
Glossário .......................................................................................................................37
Referências......................................................................................................................43
Referências Complementares..........................................................................................49
1
Introdução
A diversidade florística possibilita inúmeras utilizações pela população, e por isso
as plantas merecem destaque em termos econômicos e de qualidade de vida. Muitas
espécies vegetais conhecidas são potencialmente úteis, porém patentemente
subutilizadas1. Assim, o projeto de criação da "Cartilha de plantas úteis da ordem
Zingiberales utilizadas pelos agricultores de Magé – Rio de Janeiro" surgiu pela
necessidade da população local em aprimorar a utilização das plantas que cultivam
não só para fins medicinais mas para diversos aproveitamentos. As espécies da
ordem Zingiberales tem ocorrência pantropical e além da reconhecida importância
medicinal, as mesmas são muito apreciadas como ornamentais, e tem considerável
uso fornecendo alimentos, perfumes, condimentos, corantes, fibras e até papel.
3
Breve Histórico Do Município De Magé
Em 1696, foi criada a Freguesia de Magepe que devido à fertilidade do solo, seu
grande número de escravos e ao esforço dos colonizadores teve uma excelente
condição de vida durante o período colonial. Então, em 1789 foi transformada em vila
pelo vice-rei D. Luiz de Vasconcellos e Souza e obteve sua emancipação. Existem
vestígios mostrando que naquela época existiram pelo menos três grandes engenhos
de açúcar e exploração ativa de madeira. E que nas áreas alagadas eram cultivados
mandioca, arroz, frutas, legumes e café8.
Esta região contava com uma vasta rede hidrográfica que possibilitava
comunicação marítima através da Baía de Guanabara8. Um dos rios que temos
presente até hoje na região é o Rio Estrela/ Inhomirim que corta parte dos municípios
de Duque de Caxias, Petrópolis e Magé. Seu principal afluente é o Caioaba-Mirim que
tem nascentes nas escarpas da Serra do Mar. O rio Inhomirim recebe as águas de
outros rios pequenos e de canais construídos para evitar enchentes. Após essas
junções, o rio liga-se também ao rio Saracuruna e desemboca na Baía de Guanabara9.
Nos séculos 17 e 18 foram criados três caminhos oficiais que ligavam as províncias
do Rio de Janeiro e Minas Gerais para a passagem de ouro e pedras preciosas. Então,
em 1723, a Freguesia de Magepe foi transformada em Magé, mais precisamente, no
Porto da Estrela, a construção principal e mais movimentada da Estrada Real do Brasil
que unia a capital do Império à província de Minas Gerais8.
No século 18, com a baixa demanda de ouro, a economia passou a girar em torno
da produção de café do Vale do Paraíba e do sul de Minas. Magé permanecia uma
região de passagem com pequenos vilarejos que serviam de parada para os viajantes.
Todas as construções que antes haviam sido projetadas para o comércio de ouro e
pedras preciosas foram modernizadas e adaptadas para o café. Com isso estradas
foram recuperadas e modernizadas além dos portos de Iguaçu e Estrela (Inhomirim)
4
passarem a servir para o embarque da produção cafeeira do Sul de Minas. Nesta
época o porto Estrela era o mais movimentado do território nacional, somente
superado pelo do Rio de Janeiro8.
O município de Magé, com uma área territorial de 393,974 km2 11, faz parte da
Baixada Fluminense, que é o setor industrial do Estado do Rio. Atualmente, é
considerado o maior produtor agrícola da região12. Sendo a porta de entrada da
5
Região Serrana com seu clima Europeu, situa-se ao norte da Baia de Guanabara, a 50
km da capital. A natureza, generosa com Magé, um dos mais antigos municípios
brasileiros compôs um cenário que mescla cachoeiras, montanhas, vales, rios,
manguezais e extensas áreas de Mata Atlântica. Magé atua como sede administrativa
dos distritos de Santo Aleixo, Rio do Ouro, Suruí, Guia de Pacobaíba (Praia de Maná)
e Vila Inhomirirn (Piabetá, Pau Grande, Fragoso e Raiz da Serra)10 comportando uma
uma população estimada em 237.420 pessoas em 201711,12.
6
Como Se Pode Preparar as Plantas
Medicinais Deste Manual?
Extrato ácido: é recomendado para uso externo. Seu preparo ocorre deixando-
se por 3 dias duas colheres de sopa dos rizomas em uma xícara de chá contendo
vinagre branco2.
7
Cuidados gerais com a identificação
e coleta das plantas
Os óleos essenciais são substâncias voláteis muito conhecidas pelo cheiro que
caracteriza certas plantas, como o mentol nas hortelãs, o cheiro de eucalipto dado
pelo eucaliptol etc. O aroma das plantas que contêm óleos essenciais é fruto da
combinação de seus diversos compostos químicos.
São necessários alguns cuidados para se fazer um bom uso das plantas medicinais
devendo-se então obter informações sobre a tradição popular e comprovações
científicas. Isto se deve também ao fato da utilização de medicina alternativa ser
também uma forma de automedicação e assim poder trazer riscos à saúde, visto que
estas podem conter componentes tóxicos levando a efeitos adversos dependendo do
organismo da pessoa que as ingeriu13,15.
8
MONOGRAFIAS DAS PLANTAS
9
Açafrão-Falso, Vick, Zedoária
Família: Zingiberaceae
Afecções pulmonares: o chá forte feito com maior quantidade de fatias de rizomas, folhas
e adicionado de mel - de - abelhas para ser tomado na dose de uma colher de sopa 2 a 3
vezes ao dia (reduzindo essa dose pela metade quando em criança)2.
10
Antisséptico bucal (mau-hálito): tintura - picar algumas folhas e flores em uma vasilha
rasa com um pouco de água, coar a mistura e em seguida adicionar álcool e completar até 1
litro16.
Estomáquico: o chá normal é do tipo abafado (infusão), feito por adição de água fervente
numa xícara média contendo uma colher de chá de fatias de rizoma e ingerido em jejum
antes das principais refeições2.
Sarnas, piolhos e picadas de inseto: o extrato ácido é recomendado para uso externo.
Seu preparo ocorre deixando-se por 3 dias duas colheres de sopa dos rizomas em uma
xícara de chá contendo vinagre branco2.
Cuidados:
O extrato ácido é contraindicado para mulheres nos três primeiros meses de gestação e
durante a lactação2.
Cultivo:
O plantio é feito com pedaços dos rizomas novos, mas cada pedaço contendo uma ou
duas gemas19 (devem ser extraídos no inverno quando a planta entra em repouso, ou seja,
perde as folhas)20. Tais pedaços são assentados em covas e depois cobertos com terra
fértil19 (plantar durante a primavera) . Elas são cultivadas em regiões de maior altitude
20
onde o clima é preferivelmente frio. É possível cultivar a vick em solos argilosos, férteis,
leves e soltos 19,20.
Colheita e Armazenamento:
A vick estará pronta para colheita na época de repouso anual da planta que acontece
após a floração19.
11
Uso culinário:
A parte da planta utilizada na culinária são os rizomas que possuem odor fortemente
aromático (um pouco desagradável) e sabor amargo que é largamente apreciado
especialmente em países do Oriente14.
Uso ornamental:
Esta espécie é adequada para cultivo diretamente no sol ou meia-sombra como touceira
isolada em jardins residenciais e principalmente em maciços e renques, ou canteiros
fertilizados e irrigados com frequência. Também pode ser utilizada para flor de corte e não é
recomendada para regiões frias20.
12
Alpinia-Vermelha
Família: Zingiberaceae
13
Indicações terapêuticas
Cuidados:
A substância tóxica (glicosídeo) encontra-se nas folhas, ramos e rizomas. A ingestão tem
provocado problemas cardíacos. A seiva pode causar irritação nos olhos e pele25.
Cultivo:
As alpínias podem ser propagadas por semente, divisão de touceiras de plantas adultas,
rizomas e ainda por micropropagação. A condução das mudas, obtidas por divisão de
touceiras ou rizomas, pode ser feita a partir do plantio em sacos plásticos ou diretamente no
solo, em leiras ou em covas. O processo de divisão de touceiras tem sido o mais utilizado
por promover um desenvolvimento mais rápido da planta26.
Colheita e Armazenamento:
As alpínias são muito sensíveis ao corte sob o sol forte, podendo acarretar a murcha de
suas inflorescências. Por isso, é recomendada a colheita nos horários de temperaturas mais
amenas do dia e com a participação de duas pessoas, uma para efetuar o corte e outra para
transportar as hastes até o local de armazenamento26. Dessa forma, o processo torna-se
mais rápido e o tempo de permanência das hastes fora da água é reduzido. O corte deve
ser feito próximo ao solo sendo recomendável manter as folhas para proteção da
inflorescência durante o transporte até o galpão. Além disso, alternativa é o uso de baldes
com água, adaptados a carrinhos, bicicletas ou motos, onde as hastes são mantidas após o
corte26.
Uso culinário:
14
Uso ornamental:
A alpínia-vermelha passou a ser utilizada como planta ornamental devido à beleza de suas
inflorescências21 e por florescer durante o ano todo27. A produção de flores com padrão
comercial só ocorre a partir do segundo ano26.
Esta planta exige podas regulares em todas as fases de desenvolvimento da touceira. Logo
após o plantio, as hastes fracas, finas, tombadas em direção às entrelinhas ou que
produzirem inflorescências, devem ser eliminadas. Como o perfilhamento nessa fase é
abundante, há necessidade de podas a cada 15 dias. Todo o material resultante da poda é
retirado e transformado em composto orgânico utilizado como adubo26.
15
Araruta
Maranta arundinacea L.
Origem: Brasil2.
Família: Marantaceae
Indicações terapêuticas:
16
Como utilizar a planta:
Cuidados:
Não foi encontrada na literatura consultada nenhuma recomendação de cuidados com esta
planta.
Cultivo:
A araruta adapta-se melhor a solos arenosos e profundos, ricos em matéria orgânica que
favorecem o desenvolvimento dos rizomas. No entanto, devem ser evitados os solos pesados
(muito argilosos), pois não tolera muita umidade ou solos arenosos muito secos e pobres. Os
solos de baixada, desde que bem drenados são adequados. Além disso, a araruta pode ser
reproduzida através dos rizomas inteiros ou das extremidades finas de rizomas grandes31.
Colheita e Armazenamento:
Uso culinário:
O uso tradicional da araruta é na forma do polvilho que é extraído dos rizomas depois de
triturados. A massa fibrosa contendo o amido é peneirada e lavada para separação da fibra
e decantação do amido ou fécula. A fécula é seca e peneirada para confecção de bolos e
biscoitos ou do mingau de araruta31.
17
O amido de araruta pode ser usado também para espessar molhos, fazer manjar ou
engrossar recheios. Para isso é importante saber qual dos tipos de amido utilizar (araruta,
doce e azedo), pois os mesmos têm densidades diferentes, sendo o da araruta o mais
viscoso e o doce o menos33.
Uso ornamental:
18
Cana-do-brejo
Origem: Brasil2.
Partes utilizadas: Folhas, hastes e rizomas2 (devem ser utilizados frescos para que
sejam eficientes).
19
como adstringente2. Usada também para diarreia, doenças oculares, febre 34,36, estimulante
de apetite e secreção gástrica35.
Indicações terapêuticas:
Picadas de inseto: infusão é recomendada, tanto para uso interno como externo, e deve ser
preparada com 5 à 10g da planta picada por xícara de chá de água2.
Cuidados:
Cultivo:
Colheita e Armazenamento:
Uso culinário:
Seu suco misturado com água e açúcar é uma bebida refrigerante muito apreciada. As
raízes secas transformadas em pó são utilizadas para aromatizar e dar sabor a doces
substituindo a canela35.
20
Uso ornamental:
21
Colônia
o florífero de colônia.
Origem: Ásia2.
Partes utilizadas: Flores, raízes2 e folhas2,39 (devem ser utilizados frescos para que
sejam eficientes).
22
Indicações terapêuticas:
antioxidante. Também pode ser usada para tratar úlcera, como vasodilatadora e
antimicrobiana22,39 além de ter potencial ansiolítico32.
Cuidados:
Cultivo:
Colheita e Armazenamento:
Uso culinário:
A colônia faz parte da dieta humana em várias partes da Ásia. Especificamente em Okinawa
(Japão) que tem a dieta local feita a partir de arroz e folhas de colônia. Os rizomas também
são usados para fazer condimentos e bebidas22.
Uso ornamental:
23
em matéria orgânica e irrigados periodicamente. Não toleram geadas, sendo indicada
apenas para regiões tropicais e subtropicais20.
24
Cúrcuma
Curcuma longa L.
Partes utilizadas: Rizomas2,13 (devem ser utilizados frescos para que sejam eficientes).
25
Indicações terapêuticas:
Cuidados:
Uso abusivo desta planta pode causar irritação na mucosa do estômago e formação de
úlceras13.
Cultivo:
Em regiões com alto índice de chuva, recomenda-se o plantio em canteiros ou leiras a fim
de facilitar a drenagem e consequentemente a aeração da planta. Já a profundidade do
plantio é de aproximadamente 4 cm e com apenas um rizoma por cova40.
Colheita e Armazenamento:
A colheita deve ser feita no período de repouso da planta que acontece após a floração20.
26
Uso culinário:
A cúrcuma é utilizada como especiaria e de seus rizomas tuberosos amarelos é obtido
corante para culinária e/ou outros fins20.
Uso ornamental:
27
Gengibre
O gengibre pode ser utilizado como cicatrizante, no combate a asma, bronquite, menorragia,
má digestão e cólicas flatulentas, além de rouquidão e inflamação na garganta2,14. Usado
também como antivomitativo, anti-inflamatório, antirreumático, antiviral, antitussígena,
antitrombose, cardiotônico, antialérgico e colagogo. Ajuda também no combate a dores nas
articulações e coluna vertebral, obesidade, mau-hálito14, frieiras e é protetor do estômago e
28
fígado2. Também é usado para melhorar a microcirculação, no combate a febre1³, na
prevenção de hipertensão arterial13 devido à ação vasodilatadora 42.
Indicações terapêuticas:
Cuidados:
Não é recomendado o uso em gravidez e lactação de crianças até 6 anos, nem em casos
de úlceras, colite, doenças hepáticas e neurológicas como epilepsia e Parkinson e litíase
biliar17. O uso externo deve ser acompanhado para evitar queimaduras4.
Cultivo:
A reprodução da planta é feita a partir das gemas dos rizomas plantados inicialmente em
canteiros que devem estar em local ensolarado4.
Colheita e Armazenamento:
29
Uso culinário:
Uso ornamental:
30
Gengibre-Colmeia
Origem: Ásia44
Família: Zingiberaceae
Esta planta é usada para tratar inflamação nos olhos36, no entanto, os autores não fazem
indicação de como este uso deveria ser feito.
Indicações terapêuticas:
O gengibre-colmeia pode ser utilizado como antioxidante, antibactericida44, anti-inflamatório
e no tratamento de queimaduras45.
31
Como utilizar a planta:
Cuidados:
Cultivo:
O gengibre-colmeia pode ser multiplicado com facilidade por divisão das touceiras em
qualquer época do ano20.
Colheita e Armazenamento:
Uso culinário:
Não foi encontrada na literatura nenhuma recomendação de uso culinário desta planta.
Uso ornamental:
32
Lírio-Do-Brejo
33
Origem: Ásia4, 28.
Família: Zingiberaceae
Indicações terapêuticas
Coceiras e micoses: o chá das folhas é usado externamente sendo despejado sobre o local
de interesse23.
Dor nas articulações, hipertensão e indigestão: o chá das folhas pode ser ingerido23.
Cuidados:
Cultivo:
Cultivada como planta isolada em renques ou grupos. Apropriada para margens de lagos e
espelhos d’água20,49.
34
Colheita e Armazenamento:
Uso culinário:
Seus rizomas são comestíveis após o preparo culinário20. Suas flores são consumidas em
saladas23.
Uso ornamental:
Planta subespontânea de lugares brejosos que vive em pleno sol. Pode ser cultivada como
planta isolada, transformada com o tempo em densas colônias e também em conjuntos ou
renques. Apresenta crescimento agressivo, sendo considerada por agricultores como planta
invasora quando cresce onde não é desejada20. Usada como guirlanda no Havaí e Japão23.
35
Kananga-Do-Japão
Kaempferia galanga L.
Flores da kananga-do-Japão.
Origem: Ásia50.
Família: Zingiberaceae
Esta planta é utilizada como diurética, carminativa, expectorante, para tratar doenças
pulmonares, como estimulante estomacal e tônico além de ser cicatrizante51. Usada
também para tratar calafrios, dor abdominal, dor de cabeça e dor de dente52.
36
Indicações terapêuticas:
Reumatismo: macerar 150g da planta para cada 500 ml, deixar em repouso por 2 dias52.
Cuidados:
O extrato alcoólico em altas doses pode provocar danos ao sistema nervoso central,
sistema locomotor e respiratório 50.
Colheita e Armazenamento
Uso culinário
Uso ornamental:
37
Glossário
38
Antisséptico: que destrói os microorganismos, prevenindo ou combatendo a infecção
39
Endotoxina: é uma toxina que é parte integrante da parede celular de algumas
bactérias e só é libertada após a destruição da parede celular da bactéria.
Estaquia: método de jardinagem usado para propagar diversas espécies vegetais, que
consiste em propiciar ou estimular o enraizamento de porções (estacas) de caules e
ramos ou de folhas.
Gemas: broto.
40
Leucorreia: corrimento vaginal que pode ser crônico ou agudo podendo também
provocar coceira e irritação genital.
Touceira: tufo espesso formado por plantas de mesma espécie que nascem muito
juntas.
41
Vasodilatador: que aumenta o calibre dos vasos sanguíneos.
42
Referências
3. NOBERTO, V. I.; Silva, I. V.; PESSOA, M. J. G.; ROSSI, A. A. B. Anatomia foliar como
ferramenta na identificação de Curcuma zedoaria (Zingiberaceae) utilizada medicinalmente
e cultivada em quintais no município de alta floresta. Enciclopedia bioesfera, Centro
Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p.669, set. 2013.
43
10. Câmara Municipal de Magé – Disponível em
http://camaramage.rj.gov.br/cidade/historia/. Acesso em: 20 jul 2016
13. CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R.. Plantas e produtos vegetais em
fitoterapia. 2ª edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006. 702 p.
15. ALICE, C. B.; SIQUEIRA, N. C. S. de; MENTZ, L. A.; SILVA, G. A. B. de; JOSE, K. F.
D. Plantas medicinais de uso popular: atlas farmacognóstico. 1ª ed. Canoas: ULBRA,
1995. 208p
44
21. VICTORIO, C. P. Cultura de Tecidos e Metabólitos Especiais em “Colônia”
(Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith) e A. purpurata (Vieill) K. Schum e Estudos
Preliminares da Atividade Biológica. Rio de Janeiro, 2008. 187 f. Tese (Doutorado em
Ciências) – Ciências Biológicas, biofísicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
27. SANT’ANNA, H.L.S.; SANTOS, O.S.N.; SANTOS, C.R.S.; MARTINS, C.Y.; SANTOS,
M.B.; ALMEIDA, M.A.; SILVA, F.; MARTINS, G.N.3; LEDO, C.A.S.. Longevidade pós-
colheita de alpínia [Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum.] tratada com soluções de sacarose e
extratos aquosos naturais. Revista Brasileira de Plantas Medicinais: Botucatu: v. 12, n. 3,
p. 269 – 277, 2010
29. MADINENI, M. N.; FAIZA, S.; SUREKHA, R. S.; RAVI, R.; GUHA, M. Morphological,
structural, and functional properties of maranta (Maranta arundinacea L.) starch. Food
Science and Biotechnology, v. 21, n. 3, p. 747–752, jun.
45
30. KUMALASARI, I. D.; HARMAYANI, E.; LESTARI, L. A.; RAHAJO, S.; ASMARA, W.;
NISHI, K.; SUGAHARA, T. Evaluation of immunostimulatory effect of the arrowroot (Maranta
arundinacea L ) in vitro and in vivo. Cytotechnology, v. 64, n. 2, p. 131–137, mar. 2012.
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