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Neste capítulo do livro "Ler e escrever na escola: O real, o possível e o necessário.

", a
autora descreve a necessidade de uma alfabetização consciente nas escolas, as competências
necessárias para tal, discorre também sobre a formação de docentes em relação ao tema, e os
desafios institucionais e pedagógicos de garantir as mudanças necessárias no atual sistema de
ensino.
A alfabetização, de acordo com a autora, é uma competência que passa por diversas
habilidades em conjunto, que não se dissociam socialmente umas das outras, como
compreender diferentes formas e estruturas de texto, escolher suas próprias leituras e fontes,
produzir textos coesivos em diferentes situações e funções, e formar opiniões críticas a partir
do próprio julgamento a respeito de um texto, formando um leitor capaz não apenas de
decifrar o código alfabético mas capaz de compreender a função da linguagem escrita e se
apropriar de seu uso para entretenimento e crescimento pessoal em todas as áreas da vida,
profissional, pessoal, emocional, etc. Também é ressaltado como a forma que é organizada a
estrutura didática nas escolas colabora diretamente para o fracasso da aquisição dessas
habilidades, por fatores como o distanciamento do objeto real e seus usos sociais do objeto de
estudo, que no ensino escolar é dividido em tópicos e níveis de aprofundamento,
desmembrando o conhecimento global das funções da leitura e escrita e dissolvendo seu
sentido e prática. Outro fator é a cobrança do decorrer do tempo didático, a construção do
conhecimento em níveis por séries e feita em tempo limitado e demarcado, não dando espaço
as revisões, as discussões, a reflexão, e outros processos vitais na aquisição do sentido da
leitura e escrita como ferramenta cognitiva e social.
É comentado além dessas competências, sobre a realidade da atual prática pedagógica
acerca a alfabetização, e os desafios da mudança de um sistema de ensino. A autora observa
que a formação do profissional docente, mesmo que de grande importância, não é o suficiente
para gerar uma mudança estrutural no ensino. Ela comenta que dentre os fatores que atrasam
o progresso cientifico das práticas pedagógicas incluem as cobranças estruturais do sistema
de ensino, que cobra resultados e padrões determinados, muitas vezes reproduzidos apenas
por exigências institucionais e o papel que inclui também o governo vigente e suas ações a
respeito das bases curriculares e diretrizes da educação. Também as dificuldades geradas pela
falta de continuidade histórica e cientifica das práticas pedagógicas, que são muitas vezes
sumarizadas por modismos passageiros que simplificam conceitos os implementa de forma
superficial, pelo ‘inovacionismo’ que empurra novidades nos currículos e práticas didáticas
de acordo com aquilo que é novidade sem observações mais profundas de seus benefícios ou
malefícios, levando a um ciclo que trata a inovação passada como um fracasso e a atual como
a remediação da anterior, sem uma real continuidade. Outro fator é a opinião popular, que
afeta também as exigências existentes dento do sistema de ensino, levando pais e também
gestores e docentes a aderirem a práticas tradicionais por um desconhecimento e até
desconfiança de estudos da didática que apontam os malefícios das práticas que são
atualmente consolidadas, e das melhorias que uma prática pautada em conhecimentos
atualizados e estudados da ciência da didática podem trazer a sociedade como um todo.

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