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Revista Air Science: Volume X, Ano

Ciências Aeronáuticas
FEA/Universidade FUMEC
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IMPACTOS OPERACIONAIS NA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE DE PESSOAS CAUSADOS PELA


UTILIZAÇÃO DE AERONAVES ELECTRIC VERTICAL TAKE OFF AND LANDING NA CIDADE DO
RIO DE JANEIRO/RJ

Lucas Nogueira de Lima, Thiago Azevedo Silva e Victor Vinicius Rocha Santos

Artigo Científico

Resumo: A busca por novas soluções de mobilidade urbana deu início as propostas de aeronaves
eletric vertical takeoff and landing para o transporte de passageiros. Trazendo para realidade, o Rio
de Janeiro está sendo uma cidade piloto para o estudo e pesquisa, onde são apontados os primeiros
passos para a inserção desse modal no contexto atual, com a necessidade de um marco regulatório e
a elaboração de uma concepção operacional específica, personalizada às necessidades locais. A
metodologia usada foi de natureza básica, buscando novos conhecimentos por meio de uma
abordagem qualitativa. Por buscar modificar, desenvolver e esclarecer conceitos e ideias, a pesquisa
é exploratória, objetivando proporcionar uma visão geral do tema. Para tanto, foram utilizadas
fontes de pesquisas bibliográficas e documentais, com fonte em artigos e trabalhos acadêmicos. O
objetivo geral desse estudo visa analisar os impactos operacionais da implementação de aeronaves
eletric takeoff and landing na logística de transporte de pessoas na cidade do Rio de Janeiro, dentro
desse objetivo observa-se a necessidade do estudo de alguns objetivos específicos sendo eles:
analisar novas tecnologias aeronáuticas para a mobilidade urbana, apreender o conceito de eletric
takeoff and landing e sua operação, identificar as dificuldades na infraestrutura para a
implementação do, compreender as fases de operação, e analisar os impactos operacionais e
econômicos na logística de transporte de pessoas com a sua implementação na cidade do Rio de
Janeiro.

Palavras-Chave: Mobilidade Urbana. Eletric Vertical Takeoff and Landing. Operações. Rio de Janeiro.

Abstract: The search for new urban mobility solutions has begun proposals of eletrical vertical
takeoff and landing aircraft for passenger transport. Bringing to reality, Rio de Janeiro is being a test
town for study and research, where the first steps are pointed to the insertion of this modal in the
current context, with the need of a regulatory landmark and the elaboration of a specific operational
conception, customized to local needs. The methodology used was of a basic nature, seeking new
knowledge through a qualitative approach. By seeking to modify, develop and clarify concepts and
ideas, the research is exploratory, aiming to provide an overview of the topic. For that, sources of
bibliographical and documentary research were used, with source in articles and academic works. The
general objective of this study aims to analyze the operational impacts of the implementation of an
electric vertical takeoff and landing aircraft in the logistics of transport of people in the city of Rio de
Janeiro, within this objective, it is important to study some specific objectives: analyze new
aeronautical technologies for urban mobility, apprehend the concept of electric vertical takeoff and
landing and its operation, identify the difficulties in infrastructure for the implementation, understand
the phases of operation, and analyze the operational and economic impacts on the logistics of
transport of people with its implementation in the city of Rio de Janeiro.

Keywords: Urban mobility. Eletric Vertical Takeoff and Landing. Operations. Rio de Janeiro.

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1. INTRODUÇÃO
O processo de urbanização, na última metade do século XX, resultou em volumosas
concentrações populacionais. Grandes centros urbanos possuem problemas com a
mobilidade de sua população, e por esse motivo houve a necessidade de implementar novos
tipos de meio de transporte para suprir essa demanda, e desenvolver um novo meio de
transporte urbano.
A Embraer (2018) aponta que, com o avanço da tecnologia aeronáutica e o foco na
sustentabilidade para o futuro da aviação, o conceito de Electric Vertical Take-Off and
Landing (eVTOL), que representa uma aeronave com a missão de servir passageiros em um
ambiente urbano com base em segurança, experiência do passageiro, acessibilidade
econômica e com baixo impacto para as comunidades, vem sendo implementado no intuito
de proporcionar melhorias na logística do transporte de pessoas no meio urbano,
descongestionar o transporte terrestre e diminuir a poluição em termo de emissões e ruído.
A ideia de possuir um novo tipo de transporte no modal aéreo mais eficiente,
econômico versátil, tornou-se possível a partir do desenvolvimento e avanço da tecnologia
do eVTOL que possui como características de ser uma aeronave com pouso e decolagem
verticais, utilizando pequenos espaços para decolagem; uma operação bem parecida com a
dos helicópteros. Além de ser um conceito cada vez mais sustentável com emissão de
poluentes mínimas, por se tratar de uma aeronave elétrica, e, com baixas taxas de ruído
sonoro para o ambiente de operação. Com o desenvolvimento dos projetos cada vez mais
avançados, algumas empresas já buscam a operação do eVTOL de forma autônoma, sem a
necessidade de pilotos a bordo (EVE, 2021).
Em virtude de todo o exposto até aqui, faz-se necessário explorar e compreender o
tema. Nesse contexto, a pesquisa tem como objetivo de estudo, a analisar os impactos
operacionais da implementação de aeronaves Eletric Vertical Takeoff and Landing (eVTOL)
na logística de transporte de pessoas na cidade do Rio de Janeiro.
Neste contexto, a pesquisa buscar responder a seguinte pergunta: Quais os impactos
operacionais na logística de transporte de pessoas com a utilização das aeronaves eVTOL na
cidade do Rio de Janeiro. No intuito de responder ao problema de pesquisa, foram
estabelecidos como objetivos específicos: 1- analisar as novas tecnologias aeronáuticas para
a mobilidade urbana; 2- apreender o conceito de eVTOL e sua operação; 3- identificar as
dificuldades na infraestrutura para implementação do eVTOL; 4- compreender as fases de

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operação do eVTOL e 5- analisar os impactos operacionais e econômicos da implementação


do eVTOL na cidade do Rio de Janeiro.
A metodologia usada foi de natureza básica, buscando novos conhecimentos por
meio de uma abordagem qualitativa. Por buscar modificar, desenvolver e esclarecer
conceitos e ideias, a pesquisa é exploratória, objetivando proporcionar uma visão geral do
tema. Para tanto, foram utilizadas fontes de pesquisas bibliográficas e documentais, com
fonte em artigos e trabalhos acadêmicos.

2. LOGÍSTICA DE TRANSPORTE DE PESSOAS


Com o crescimento populacional, as expansões das cidades e a globalização nas
últimas décadas, houve um aumento na necessidade dos cidadãos se locomoverem em suas
rotinas cotidianas, desde o deslocamento entre pequenas distâncias na cidade, a longas
distancias nas áreas mais afastadas, chamadas de regiões metropolitanas, nascidas das
expansões das metrópoles. Com isso, surge o conceito de mobilidade urbana para a
melhoria na logística de transporte de pessoas nas grandes cidades.
O conceito de logística segundo Ballou (2006 p. 25) é o processo de planejamento,
implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das
informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de
atender às exigências dos clientes.
De acordo com o Ministério das Cidades (2005, p. 3), a mobilidade urbana conceitua-
se como um atributo das cidades que se refere à propriedade de deslocamentos de pessoas
e bens no espaço urbano. O deslocamento urbano é realizado através de veículos, vias,
calçadas e envolve toda a infraestrutura que possibilite o ir e vir das pessoas.
A definição de modal de transporte é a maneira pela qual é feita o transporte de
produtos, (sendo a granel ou não) ou de pessoas. Esse transporte pode ocorrer por mais dos
diversos meios, dentro dos modais, existem dois segmentos, podendo ser de transporte de
pessoas: por meio individual ou coletivo; e o transporte de cargas. Para a locomoção de
pessoas, são utilizadas quatro possibilidades de modais: rodoviário; ferroviário; aeroviário e
aquaviário sendo divido em marítimo, lacustre e fluvial.
Na década de 1950, o Rio de Janeiro, ainda a capital do Brasil, com a população de
2.375.000 habitantes, possuía três formas de transportes mais utilizados pela população, nas
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quais eram os trens, bondes e ônibus; modais utilizados desde o século XIX trazidos da
Europa pelo Império brasileiro.

Quadro 1 – Transportes mais utilizados na década de 50 no Rio de Janeiro

Fonte: Elaborado pelos autores, adaptado de ANTP, 2022.

A partir do ano de 1956, iniciou-se com o governo de Juscelino Kubitscheck (1956 –


1961) a política de atração das indústrias automobilísticas, com a criação do projeto Grupo
Executivo da Industria Automobilística (GEIA), fazendo com o que o setor rodoviário
expandisse com fabricantes de automóveis instaladas no Brasil e com investimentos nas
ampliações das estradas das que ligassem todo o país. Durante esses anos, a utilização dos
bondes foram se tornando decadentes ao ponto de pararem sua operação.
Entre os períodos dos anos de 1970 a 2000, a frota de automóveis particulares
cresceu seis vezes, passando de 350.000 veículos para mais de 2.000.000, com índice de
motorização na cidade do Rio de Janeiro de 3,56 habitantes/veículo, sendo que no ano de
1960 o número era de 23,4 hab./veículo (GEIPOT 2018, p,.29). Nesse sentido, já se fazia
notório o início da saturação nas vias públicas do Rio de Janeiro, exigindo que a cidade
iniciasse projetos para o melhor desenvolvimento dos transportes automotivos.

2.1 DESAFIOS NA LOGÍSTICA NO TRANSPORTE DE PESSOAS


O transporte tem como objetivo facilitar movimentos entre locais distintos para
atender a necessidades de interação, ou seja, proporcionar a acessibilidade. Usualmente,
utiliza-se o termo transporte para designar o deslocamento para o trabalho, escola, para
atividades de lazer, compras, o deslocamento de encomendas e cargas diversas e outra
gama de fenômenos semelhantes e de evidente importância na vida cotidiana. Segundo
Mumford (1998), a preocupação de desenvolver meios para possibilitar esses deslocamentos
existe desde a antiguidade, quando os homens já tinham preocupação com as rotas
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comerciais, com a marcha dos exércitos, com o provimento de água e outros recursos
naturais, etc.
Identifica-se que os principais problemas que a população pontua são: as condições
dos transportes públicos, as instalações físicas dos transportes, a confiabilidade do sistema,
a segurança do sistema (Ribeiro, 2019, p. 41). Quanto às condições dos transportes públicos
em geral, identifica-se os assentos quebrados, janelas emperradas ou quebradas, falta de
iluminação dentro dos transportes e entre outros, já que em sua maioria estão em condições
precárias de utilização.
Outro ponto são as instalações físicas dos transportes, que não atendem à demanda
e por vezes se encontram em situações precárias, a demora na chegada dos transportes,
falta de manutenção e de condições higiênicas básicas, além de que os usuários ficam
expostos a poluição, condições climáticas adversas, condições ergonômicas e de segurança
inadequadas, ou seja, um serviço público que não oferece comodidade e qualidade para
seus passageiros dentro e fora dos transportes (Ribeiro, 2019).
Sobre a confiabilidade do sistema, tem-se que o mesmo não transmite credibilidade a
população, visto que não há transporte suficientes, uma vez que os mesmos demoram a
passar e quando passam, estão superlotados, tornando a viagem muito desconfortável e
desagradável durante todo o trajeto. Porém, a quantidade veículo é satisfatória apensas em
horários menos movimentados, mas que ainda assim às vezes estão cheios. Dessa forma,
observa-se que às vezes, o transporte público não obedece ao limite máximo de pessoas,
haja vista que muitas pessoas viajam em pé (Ribeiro, 2019).

2.2 NOVAS TECNOLOGIAS


Novas melhorias na tecnologia de informação têm facilitado grandes avanços no
gerenciamento dos sistemas de transportes; no mundo, já existem várias tecnologias
testadas e usadas que estão ajudando no trabalho de controle da operação do transporte
público, tais como: bilhete móvel, insights de dados, acessibilidade multimodal. Esses
sistemas criam informações úteis para o planejamento e operação dos sistemas de
transportes (Silva, 2020).
A importância da tecnologia para o meio de transporte de pessoas no Rio de Janeiro
e da necessidade desse tipo de tecnologia para a melhora dos transportes, vem sendo
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exposta ao citar os tipos de tecnologia que estão sendo utilizadas no Rio de Janeiro como a
bilhetagem digital, o VLT, patinete elétrico e os barcos autônomos (Oliveira, 2021).
Segundo Vuchic (2017), o VLT é um sistema de veículos sobre trilhos que opera por
força da eletricidade, comumente articulado em até quatro vagões que circula
principalmente em vias segregadas, mas também em semi-segregadas e naquelas
compartilhadas. Este modal de transporte apresenta soluções menos poluentes,
contribuindo para a implantação de uma mobilidade urbana limpa e sustentável. O veículo
desempenha um serviço de alta qualidade operacional, visando o conforto, segurança,
disponibilidade, confiabilidade e maior capacidade do que os ônibus. Apresenta baixos
índices de ruídos e vibração, interferindo pouco com as edificações das cidades, conforme
figura 1.

Figura 1 - Veículo leve sobre trilhos na cidade do Rio de Janeiro

Fonte: Associação Nacional dos Transportadores de Pessoas sobre Trilhos (ANTPT), 2021.

A embarcação, chamada de Arya, usa tecnologias de laser, radares e sistemas de


câmeras com capacidade de navegar de maneira segura, sendo usadas as mesmas hidrovias
das embarcações convencionais. Segundo Sinaval (2020), o sistema usa satélites com
cobertura de até 18 km, permitindo o operador monitorar o barco com segurança e precisão
em tempo real. A ideia é transportar funcionários do Hurb em rotas de passageiros entre a
sede da empresa, a península da Barra da Tijuca e a estação de metrô Jardim Oceânico. Com
trajetos de ida e volta de aproximadamente 20 minutos cada trecho, podendo acomodar até
15 pessoas e bicicletas. Espera-se que as embarcações estejam abertas para o transporte
público entre março de 2023 e junho de 2023.
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Figura 2 - Embarcação autônoma

Fonte: Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (SINVAL), 2022.

3.0 O ELECTRICAL VERTICAL TAKEOFF AND LANDING (eVTOL)


Com a nova abordagem quanto à mobilidade urbana, se faz necessário que o
mercado de novas tecnologias cresça cada vez mais, sempre em busca de solucionar
problemas do cotidiano das pessoas. Nesse sentido, sendo empregado no mercado como
uma nova possibilidade para o futuro da mobilidade urbana, o eVTOL vem com a finalidade
de aprimorar e completar a mobilidade urbana, tornando-a mais eficiente de forma que
diminua o tempo de transporte, sendo considerada amiga do meio ambiente e acessível a
toda população.
O eVTOL é um modelo inovador de aeronave que promete decolar e pousar na
vertical, sendo uma grande vantagem que dispensa a necessidade de pistas longas, como as
dos aviões. Entretanto, a ideia é revolucionar a mobilidade urbana das grandes cidades,
visando em um projeto em que garante segurança, melhora na acessibilidade dos voos
urbanos e com baixos níveis de ruído em comparação com os helicópteros. Segundo a EVE
(2021) o eVTOL é uma aeronave que usa energia elétrica para pairar, decolar e pousar
verticalmente.

3.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO ELETRIC VERTICAL TAKEOFF AND LANDING


A busca por novas tecnologias no transporte de pessoas torna-se efetiva a partir da
deterioração da mobilidade da população em conjunto com a crescente urbanização
desordenada, no qual os meios de locomoção já existentes são vistos como não funcionais
dentro deste cenário. Em função disso, a mobilidade aérea vertical é instalada para que seja
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uma maneira habitual de transporte, se integrando com outras já implantadas, no que


resulta em um menor tempo de deslocamento e de forma acessível a comunidade.
O tipo de voo pode variar de acordo com cada modelo de eVTOL, atualmente já
foram introduzidos quatro tipos de configurações de voo: o Lift and Cruise, Tilt Rotor,
Wingless (multicopter) e Vectored Thrust.
O primeiro tipo de configuração, Lift and Cruise, figura 3, possui dois sistemas de
propulsão diferentes: um para o voo vertical e um para o voo de cruzeiro. Um sistema é do
voo vertical, fazendo com que a aeronave possua tração para cima ou para baixo, onde que
é utilizada nos pousos e nas decolagens. O outro sistema faz o voo horizontal, onde traz a
velocidade para o deslocamento do eVTOL para o voo de cruzeiro.

Figura 3 - Propulsão Lift and Cruise

Fonte: CONOPS EVE Miami, 2021.

O segundo tipo de configuração é o Tilt Rotor, Figura 4, um projeto em que tem


apenas um sistema de propulsão com várias hélices que serve tanto para os pousos e
decolagens quanto para o voo de cruzeiro. Esse sistema foi trazido dos consolidados VTOLs
militares, como mencionado. Durante as fases de pouso e decolagens, os rotores estão em
um ângulo e uma posição voltada para sustentação da aeronave para o voo vertical. A partir
de determinada altitude, a posição e o anglo dos rotores se movem em seus próprios eixos
fazendo com que a aeronave comece a se deslocar para o voo de cruzeiro na horizontal.
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Figura 4 - Propulsão Tilt Rotor

Fonte: Vertical Aerospace, 2022.

O sistema vectored thrust Figura 5, representa um sistema parecido com o Tilt Rotor,
porém, ao invés de ser uma tração movida por hélices, será através de empuxo vetorial de
motores a jato, que usam o mesmo sistema de propulsão para pairar e voar. Normalmente
utilizam um sistema de duto capaz de aumentar o coeficiente de sustentação da asa durante
a transição de decolagem e cruzeiro, sugando o ar da superfície superior da asa e
empurrando para baixo com jatos elétricos.

Figura 5 - Propulsão Vectored Thrust

Fonte: Lilium, 2022.


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O terceiro tipo, os Wingless (multicopter), é um modelo que possui multimotores e


quase não apresenta uma estrutura de asa. Esse modelo tem uma grande superfície de
atuador de hélice, semelhante a um drone, o que o torna eficiente em pairar, mas não
possui uma asa tão eficiente em cruzeiro. Esse veículo é adequado para operações de curto
alcance e baixas velocidades em cidades conforme a figura 6.

Figura 6 - Propulsão Wingless (multicopter)

Fonte: XPENG AeroHT, 2022.

3.2 Aspectos operacionais do Eletric Vertical Takeoff and Landing


A operação do eVTOL está baseada nas atividades e procedimentos relacionados a de
aeronave a partir da solicitação do passageiro para utilização do meio. Para isso, a EVE
(2022) dividiu por etapas todo o processo de sua operação e de sua jornada.
Na primeira etapa, a jornada do eVTOL começa ainda no solo, a partir da solicitação
feita pelo passageiro via aplicativo onde ele se desloca para zona de embarque do eVTOL,
como exemplo a EVE (2022), que implementa primeiramente, zonas de embarques,
chamadas de “Vertiportos” em aeroportos estratégicos.
A segunda etapa, se inicia após a solicitação via aplicativo e o deslocamento do
passageiro até o Vertiporto, onde o cliente passa por uma inspeção de segurança
semelhante as inspeções já feitas nos aeroportos seguindo os protocolos dos órgãos de
segurança e regulamentadores mundiais. Além disso, essa fase compreende cada passo
necessário para o cliente estar pronto para embarcar e seguir o seu destino, sendo eles, o
check-in, pesagem de bagagem despachada e demais instruções para a segurança do voo.
A terceira etapa, o passageiro já está com todos os procedimentos para embarque
efetuados, e é conduzido por uma equipe de solo até a aeronave, onde se acomoda nos
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assentos, então inicia a operação de deslocamento, realizando o voo pela cidade até o seu
destino final pedido via aplicativo.
Por fim, na quarta etapa, da jornada do passageiro, é a fase de chegada no seu
destino final, onde é finalizada em outro Vertiporto situado em outro ponto da cidade. Dali o
cliente tem outras opções de conectividade de modais de transportes, como um trem, carros
de aplicativo, ônibus, etc. Conforme evidenciado todo o processo na figura 7.

Figura 7 - Etapas da Jornada do Passageiro

Fonte: EVE Air Mobility, 2022.

A implementação do UAM e do eVTOL busca trazer a conectividade rápida dos


passageiros entre um ponto ao outro nos grandes centros urbanos de tal forma que a
mobilidade urbana consiga atingir outros patamares no fluxo de pessoas.

3.3 Suporte ao Eletric Vertical Takeoff and Landing


Para a operação do eVTOL, desde sua partida até seu destino, ele precisa de um
campo de pousos e decolagens, para isso ele pode utilizar de uma área do próprio aeroporto
ou heliporto da cidade, porém, além desses locais de pouso e decolagem, o projeto do
eVTOL idealizou lugares chamados vertiportos, que sãos campos de pousos específicos para
receber o eVTOL dentro das grandes massas urbanas, nela terá toda sua infraestrutura para
embarque, desembarque, espera e reabastecimento de sua carga.
Os vertihubs são como os aeroportos para o eVTOL, localizados nas periferias das
cidades afim de garantir um maior suporte de solo. Com isso, observa-se que o vertihub é o
campo central para a infraestrutura, nele por exemplo, tem a disponibilidade de
carregamentos rápidos, revisões, reparos e um grande número de vagas para a hangaragem
dos eVTOLs. conforme figura 8 a seguir.
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Figura 1 - Estrutura dos Vetihubs

Fonte: Concept of Operations RJ (CONOPS RJ), 2022.

Já os vertiports são pontos de pouso e decolagem construídos no coração da cidade,


utilizados para a movimentação de pessoas e cargas, sendo para embarques, desembarques,
pousos e decolagens. Nele também existe a estação de carregamento rápido,
monitoramento de meteorologia e um sistema capaz de prestar uma possível manutenção
com o mínimo de equipamento. Assim que idealizado e com boa movimentação de
passageiros, a estrutura visa implementar sala de espera e serviço de solo para acompanhar
e ajudar os embarques de acordo com a figura 9 abaixo.

Figura 2 - Estrutura dos Vertiports

Fonte: Concept of Operations RJ (CONOPS RJ), 2022.

Os vertistations são as infraestruturas mais simplificadas para o suporte do eVTOL,


nele terá apenas uma ou duas vagas para o pouso e decolagem do eVTOL, essa modalidade
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de infraestrutura pode ser integrada aos helipontos já existentes no país, mas com uma
pequena adequação na infraestrutura para receber o eVTOL, vide figura 10.

Figura 3 - Estrutura dos Vertistations

Fonte: Concept of Operations RJ, 2022.

De acordo com o documento recentemente revisado do DECEA DCA 351-2, (2021, p.


38) o sistema ATM brasileiro será integrado a dois novos elementos: o espaço Urbain Air
Traffic Management (UATM), (onde as operações UAM podem ser conduzidas) e o
Unmanned Aircraft System Traffic Management (UTM) (onde as operações de drones são
conduzidas). Posteriormente, serão apresentadas as características do cenário atual e do
cenário futuro, considerando a perspectiva do ambiente UAM.

Figura 11 - Divisão do espaço aéreo entre drones, eVTOLs, helicópteros e aviões

Fonte: Embraer X, 2020.


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3.4 Aspectos positivos e negativos


Após a análise do que é o eVTOL e todas as suas características, consegue-se traçar
alguns pontos positivos e negativos quanto a sua operação e implementação, é necessário
observar o sistema como um todo, alguns pontos positivos da implementação são: a
facilitação da mobilidade urbana, diminuição do ruído na operação aérea, diminuição nas
emissões de carbono, geração de empregos novos e carregamento facilitado de cargas.

Quadro 2 - Aspectos positivos e negativos do Eletric Vertical Takeoff and Landing

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Após uma análise dos pontos positivos e negativos para operação e o entendimento
do eVTOL, consegue-se iniciar o estudo da viabilidade econômica e operacional para
implementação desse novo modal no Rio de Janeiro, buscando compreender como se dá os
seus pontos operacionais e econômicos para que esse novo modal venha a fazer parte do
meio urbano como um todo.

4. IPACTOS OPERACIONAIS NA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE DE PESSOAS NO RIO DE


JANEIRO COM A IMPLEMENTAÇÃO DO EVTOL
O modal de transporte aéreo é um dos meios mais tecnológicos e com mais
investimentos na atualidade. Por essa razão, o estudo de viabilidade operacional e
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econômica se torna muito importante para o futuro do projeto de uma nova modalidade de
aeronave, que pretende revolucionar o transporte de pessoas no Rio de Janeiro e no mundo.

4.1 Viabilidade operacional


Os aeroportos são locais em que a infraestrutura para aviões e helicópteros já
existem, com isso possui a capacidade de apoio às aeronaves em solo e ao processamento
dos passageiros, podendo facilmente iniciar o processo de suporte à operação UAM.
Principalmente para evitar investimentos dispendiosos e cobrir a demanda em curto prazo.
De acordo com Hasan (2019), o uso da UAM aplicado ao serviço de transporte entre a
cidade e o aeroporto deverá ser o setor mais rápido a ser comercializado, devido às
distâncias entre um aeroporto e o principal centro urbano devido a acessibilidade
inadequada por meio de transporte público, congestionamento nas vias de acesso terrestre,
ou mesmo as combinações de todos esses fatores.
Posteriormente aos estudos e apresentações sobre o tema, foi implementado um
modelo de matriz de Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (SWOT) que traduzido
para o português, significa força, fraqueza, oportunidades e ameaças.

Quadro 3 - Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats

Fonte: EMBRAER X, 2019.


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Se faz necessário observar o estudo do relevo montanhoso da região do Rio de


Janeiro, por conta da operação do eVTOL ser mais restrita e por operar em altitudes mais
baixas comparadas a helicópteros e aviões. De tal modo que o UAM utiliza baterias
limitadas onde não conseguem ter uma performance maior para desvios e ganhos de
altitudes como outras aeronaves a combustão. Vale ressaltar a meteorologia do local, onde
devido aos picos montanhosos, a visibilidade, temperatura e vento em certas estações e
horários, podem afetar o voo no requisito da segurança operacional, vide figura 12.

Figura 12 - Relevo do Rio de Janeiro

Fonte: Eve, 2022.

O Rio de Janeiro por possuir grandes centros periféricos localizados em toda


extensão da cidade, conta com grande taxa de criminalidade que são consideradas áreas
perigosas para operação do UAM. Considerando alguns fatos ocorridos, em operações
policiais de pacificação, onde aeronaves de segurança pública foram atingidas por projeteis
de grosso calibre disparados por criminosos com a intenção de derrubar as aeronaves. Com
isso a EVE 2022, em seu escopo de segurança operacional, mapeou as regiões periféricas
como áreas perigosas e de voo proibido, como mostrado na figura 13 abaixo.
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Figura 4 - Áreas perigosas e restritas para a operação

Fonte: Eve, 2022.

4.2 Viabilidade econômica


Pelo fato do eVTOL ser elétrico, isso demanda uma logística de carregamento que
deve ser apurada e contabilizada. Os custos associados ao carregamento da bateria são
significativos e podem impactar os planos de negócios para futuros operadores. De acordo
com um artigo da McKinsey (2020), a partir de Agosto de 2020, o custo da infraestrutura de
recarga poderá ser entre 65 e 75 por cento da despesa do total do investimento inicial.
Segundo a Uber (2016), os custos de manutenção por hora de voo do eVTOLs são
mais baixos do que os custos de manutenção, se comparado aos helicópteros leves
existentes, com cerca de 50% de redução nos custos gerais de manutenção.
Os valores de mão de obra são considerados semelhantes às dos helicópteros
existentes, com inspeções visuais e pequenas verificações de manutenção em intervalos de
100 horas.Os custos de manutenção e mão-de-obra representam aproximadamente 22% do
custo total da operação do eVTOL.
Estima-se que custo anual de piloto seja de U$50.000, com cerca de 1,5 pilotos
necessários para cada eVTOL. Nos anos posteriores estima-se também uma provável
transição de 10 a 20 anos para voo autônomo, onde a automação seja capaz de substituir o
piloto. Por esse motivo, os custos de piloto se baseiam em 36% dos custos operacionais
totais.
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Figura 14 - Comparação de gastos entre o Eletric Vertical Takeoff and Landing e helicóptero

Fonte: Uber Elevate, 2016.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dificuldade de locomoção das grandes cidades e de sua região metropolitana são
desafios para gerir, de forma sustentável e eficiente, esse ambiente urbano, com suas
particularidades, além dos aspectos sócios culturais. Dentro dessa complexidade, o
transporte urbano talvez, é responsável pela despesa e atenção para os gestores públicos e
privados, nos diversos modais existentes e dos que potencialmente, ainda possam ser
implementados nesses centros.
Sendo assim, a convivência e compartilhamento de infraestrutura com os demais
modais de transportes existentes, de modo a prospectar e promover sinergias entre esses
modais é crucial, Tais interações devem, por princípio, buscar a convivência e
complementariedade harmoniosa entre eles, para evitar potenciais conflitos. Espera-se que,
deve ser proposto, que tais premissas façam parte da política de transporte ou do plano
diretor dos municípios, onde esse e outros modais venham ser implantados, de modo a
evitar e/ou minimizar, de forma proativa, demandas futuras, incluindo também, não menos
que os demais, os aspectos operacionais, regulatórios e ambientais. Tais práticas promovem
segurança jurídica aos potencias investidores nesse e demais modais.
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Com isso em mente, estima-se que, durante os estágios iniciais de operação, as


aeronaves eVTOL devem utilizar as instalações dos helicópteros, visto que, de acordo com o
nível de maturidade, as operações serão demonstrativas e deverão ocorrer em ambientes
limitados. Essa ideia torna-se interessante pelo fato das principais cidades do Brasil
possuírem uma grande frota de helicópteros e um controle de tráfego aéreo habituado com
operações de helicópteros, logo, dispõe de uma instalação mais robusta, comparada a países
de primeiro mundo.
Levando em conta a relevância desse tema, foi desenvolvida essa pesquisa, de
natureza básica, abordagem qualitativa e com objetivo exploratório no intuito de apresentar
um novo modal de transporte aéreo, para melhorar a eficiência nos transportes de pessoas
em grandes centros urbanos, bem como compreender os as fases e a infraestrutura que
envolve a operação do eVTOL. Com relação aos métodos e procedimentos, a pesquisa foi
bibliográfica e documental, já que se embasou em fontes como artigos científicos, trabalhos
acadêmicos, órgãos reguladores da aviação, bem como empresas que atuam no ramo de
desenvolvimento dessa nova tecnologia.
Durante a realização do presente estudo, buscou-se analisar novas tecnologias
aeronáuticas para a mobilidade urbana, apreender o conceito do eVTOL e sua operação,
identificar as dificuldades na infraestrutura para sua implementação, compreender as fases
de sua operação e analisar os impactos operacionais e econômicos da sua implementação na
cidade do Rio de Janeiro.
Com o objetivo de analisar os impactos operacionais da implementação de aeronaves
Eletric Vertical Takeoff and Landing na logística de transporte de pessoas na cidade do Rio de
Janeiro. Nota-se que a consolidação desse projeto ainda não se encontra em um estágio
maduro, tanto de projeto, quanto de implementação. Recomenda-se que os estudos de
novas tecnologias continuem, afim de trazer uma solução eficiente e sustentável para a
implementação no meio urbano.
Revista Air Science: Volume X, Ano
Ciências Aeronáuticas FEA/Universidade FUMEC
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REFERÊNCIAS
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