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Se não contasse com reservas exter- do candidato do PMDB, Ulysses Guima- que preparava o bloqueio, em
nas, como em 1986 e 1990, o Plano Real rães, durante o primeiro turno das elei- fevereiro e março de 1990,
demandaria novo bloqueio da liquidez. ções presidenciais de 1989. Quando fi- economistas de variadas
correntes aprovaram as
Como se chegou ao Plano Collor? cou claro o esvaziamento da campanha medidas e se prontificaram a
Houve dezenas de episódios de bloqueio de Ulysses, a proposta foi levada para a colaborar (Sabino, 1991,
da liquidez no século XX. A forma co- candidatura de Luís Inácio Lula da Silva, p. 133). Logo após o segundo
mum de bloqueio da liquidez, contudo, do PT, obteve grande apoio por parte turno, o bloqueio teria sido
oculta diferenças substanciais em cada de sua assessoria econômica e chegou sugerido a Collor por
Daniel Dantas, economista
episódio, no contexto em que ocorre- à equipe de Zélia depois do segundo tur- ligado a Mário Henrique
ram, no alcance e nas peculiaridades das no, realizado em 17 de dezembro. Simonsen, depois um duro
medidas adotadas e dos resultados pre- O programa anunciado em 16 de crítico do programa (Sabino,
tendidos. Não existia um modelo preciso março de 1990, dia seguinte à posse do no- 1991, p. 109).
Quadro 1_ O bloqueio da liquidez no Plano Collor – Medida Provisória 168, 15/03/1990, depois Lei n. 8.024, 12/4/1990
Bloqueio da liquidez de parte considerável dos haveres financeiros, exceto o papel-moeda em poder do público. Os valores em cruzados
novos bloqueados ficariam recolhidos ao Banco Central do Brasil por dezoito meses, recebendo juros de 6% ao ano mais correção
monetária, creditados diariamente, e seriam liberados em doze parcelas mensais a partir do 19° mês.
Os haveres financeiros seriam convertidos ao par, de cruzados novos (NCz$) para cruzeiros (Cr$), após a cobrança extraordinária de 8%
de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos haveres não monetários e na venda ou transmissão de ações e ouro, isentos os
depósitos à vista e os títulos e depósitos do ativo das instituições financeiras.
A conversão em cruzeiros deveria ser feita no momento da liberação dos valores retidos, com regras diferenciadas:
Todos os limites deveriam ser calculados por aplicador e por instituição financeira. Títulos e depósitos do ativo das instituições
financeiras submetiam-se ao mesmo regime.
Nos depósitos a prazo, debêntures e cotas de fundos, a conversão para cruzeiros da parcela liberada deveria ser feita apenas no
vencimento do título. Nos fundos, a conversão ficava condicionada à disponibilidade de liquidez em cruzeiros. As parcelas não
convertidas deveriam permanecer denominadas em cruzados novos até seu vencimento. Títulos com prazo superior a dezoito meses
permaneceriam denominados integralmente em cruzados novos até o vencimento.
Os cruzados novos bloqueados poderiam ser usados por sessenta dias (até 18/5/1990) para pagamento de impostos, taxas, contribuições
e obrigações previdenciárias e por 180 dias podiam ser transferidos entre pessoas físicas e jurídicas, “para fins de liquidação de dívidas e
operações financeiras comprovadamente contratadas antes de 15/3/1990”, processo denominado de “transferência de titularidade”.
Recursos dos tesouros dos três níveis de governo ficaram livres do bloqueio e foram convertidos integralmente, com liberação imediata
dos cruzeiros no caso de depósitos à vista e recursos em trânsito no sistema bancário, e liberação no vencimento, no caso de títulos. Para
os três níveis de governo, recursos recebidos em cruzados novos até 18/5/1990, pelo pagamento de impostos, taxas e contribuições,
seriam convertidos integralmente e liberados na data de vencimento da obrigação que lhes deu origem, ou de imediato, no caso de
obrigações já vencidas.
Fontes: BCB; Gazeta Mercantil (edição extra, 17/3/1990, n. 19.299, p. 32); Revista de Economia Política, 1990. p. 117-120.
O artigo se organiza em três se- sas iniciativas, por enfatizar o traço es-
ções. A primeira discute o conceito de pecífico que as distingue de outras: a sus-
bloqueio da liquidez e destaca a heteroge- pensão (parcial ou total, temporária ou
neidade de motivações e circunstâncias definitiva) do direito ao exercício da li-
nos episódios ocorridos no século XX. A quidez de ativos financeiros.
segunda seção analisa o debate brasileiro Medidas desse tipo têm sido de-
sobre inflação elevada e estabilização. A signadas como reformas monetárias, por
5 A História registra muitos
terceira expõe o processo de opção da incluírem em geral a troca de moeda e
casos de bloqueio,
desvalorização, confisco e equipe econômica do novo governo pelo por apresentarem motivações de ordem
repúdio de dinheiro e títulos bloqueio da liquidez. Seguem-se algumas monetária – controle da emissão, redução
(Zini Jr., 1989, p. 48-49; sobre considerações finais. da liquidez ou reorganização do meio cir-
o período medieval, Veitch,
culante. Trata-se de denominação impre-
1986), mas os episódios do
século XX podem ser cisa, por ter sido empregada desde o sé-
analisados sem recorrer a
1_ Bloqueio da liquidez: culo passado para designar iniciativas de
casos anteriores. Para conceituações e precedentes política monetária e cambial as mais di-
Klopstock (1946, p. 578-579), O Plano Collor integra o grupo de versas (Ramalho, 1993, p. 536).6 A ex-
a História não oferecia
precedentes para a políticas de estabilização que incluíram pressão “confisco monetário” é adotada
compreensão dos programas limitação ou cancelamento da liquidez de por Ramalho (1993, p. 536), sob o argu-
em curso na Europa. haveres monetários (moeda manual e de- mento de que esses programas represen-
6 Posição semelhante aparece
pósitos à vista) ou da conversibilidade de tam de fato um confisco de valores da
em conhecido estudo sobre os
haveres financeiros em moeda. Tais res- população pelo Estado, mesmo quando
episódios de bloqueio da
liquidez na Europa do trições assumiram formas variadas, des- incluem compromisso explícito de de-
segundo pós-guerra: “The de desvalorização nominal, alongamento volução ou liberação, “pois economica-
expression ‘monetary reform’ has compulsório de prazos e bloqueio tem- mente os legítimos donos são privados
been used in the literature to
describe a variety of monetary and
porário até repúdio e anulação. Houve (inteiramente ou ao menos em grande
banking programs. In this paper, dezenas de programas com medidas des- extensão) do domínio e do usufruto de
however, it refers to those particular se tipo no século XX, a maioria na se- seus fundos”. Para a análise e a caracteri-
measures that reduced, or partially qüência de guerras e hiperinflações, mas zação de um programa específico, po-
blocked for periods ranging from a
few days to several years, the large
eles pouco esclarecem sobre os casos lati- rém, não é irrelevante que inclua o pro-
liquidity asset holdings of no-americanos das últimas décadas, como pósito de confiscar valores e repudiar
households and businesses” o Plano Collor.5 A expressão bloqueio da obrigações ou de devolvê-los ao final de
(Gurley, 1953, p. 77). liquidez é a mais precisa para designar es- certo tempo.
pre postergação ou cancelamento do di- tal. Esse tipo de tributação procura obter
reito à liquidez estabelecido em contrato, receita expressiva, em geral do tipo once
e muitas vezes há desvalorização nomi- and for all, com vistas a reduzir o peso de
nal, o que permite caracterizá-los como uma dívida pública considerada muito
casos de bloqueio da liquidez. Pode-se grande e muito onerosa ou a financiar
fazer alguma distinção em termos dos gastos públicos extraordinários, em caso
impactos sobre a liquidez geral da eco- de guerra, calamidades ou projetos socia-
nomia em função do prazo dos títulos is de relevo (Eichengreen, 1990). O capi-
afetados, sendo os casos mais drásticos tal levy em geral quer alcançar o conjunto
aqueles que alcançam também o papel- da riqueza existente, inclusive ativos físi-
moeda e os depósitos bancários à vista. cos e financeiros, e tende a ser iniciativa
Contudo, se é que essa distinção foi rele- mais ampla que o bloqueio da liquidez,
vante em algum momento para diferen- embora este quase sempre inclua um im-
ciar programas de consolidação de dívida posto de capital entre seus objetivos. Ou
pública, pelo menos no século XX medi- seja, os bloqueios da liquidez contêm ge-
das desse tipo afetaram prioritariamente ralmente elementos de imposto de capi-
os títulos de curto prazo. Assim, a con- tal, ou são também imposto de capital, e
versão compulsória de dívida pública mo- neles em geral estão presentes elementos
biliária tende a ser sempre uma forma de de conversão forçada da dívida pública,
bloqueio, por implicar limitações do di- da mesma forma que as medidas de con-
reito à liquidez dos títulos públicos que solidação ou conversão forçada da dívida
são objeto das medidas e também dos pública envolvem sempre bloqueio da
ativos financeiros com que esses papéis liquidez dos títulos públicos e de outros
7 Os casos mais recentes são
estejam sendo financiados. Decorre daí a haveres financeiros.
o bloqueio dos depósitos dificuldade para diferenciar as motiva- A história dos bloqueios da liqui-
bancários no Equador, em
março de 1999 (Acosta e ções de ordem monetária (controle da in- dez no século XX concentra-se em duas
Juncosa, 2000; Naranjo flação e da oferta de moeda) ou de or- ondas nos anos seguintes às duas guerras
Chiriboga, 2003; Jacome, dem fiscal (consolidação e alongamento mundiais e uma terceira onda na América
2004), e na Argentina, em de prazos da dívida pública) na origem Latina na década de 1980, além de alguns
dezembro de 2001, o corralito
(Schvarzer e Finkelstein, 2004). dessas medidas. casos isolados.7 As três ondas de bloquei-
Um caso pouco conhecido é o O bloqueio da liquidez distingue- os da liquidez no século XX apresentam
de Angola, em 1990. se mais claramente do imposto de capi- diferenças substanciais entre si, em ter-
mos do contexto em que ocorreram, das tavam entre os países mais afetados pela
metas perseguidas e das medidas ado- crise da dívida externa, com inflação mu-
tadas, e os programas incluídos em cada ito elevada e crônica e diversas tentativas
uma delas apresentam também peculia- malsucedidas de estabilização nos anos
ridades relevantes. anteriores. Os dois programas envolve-
A primeira onda decorreu dos im- ram o bloqueio de depósitos bancários e
pactos da Primeira Guerra Mundial. Mu- títulos da dívida pública, sem afetar o pa-
itos países saíram do conflito enfraqueci- pel-moeda. Os três primeiros casos da
dos, com as finanças públicas desorga- década no Continente, contudo, eram par-
nizadas e problemas para financiar as te de programas de desdolarização e afe-
dívidas acumuladas (Eichengreen, 1990). taram apenas depósitos em dólares no
Os novos Estados independentes tinham sistema bancário doméstico, convertidos
necessidade urgente de organizar a ofer- compulsoriamente em moeda nacional
ta de moeda e definir a responsabilidade e bloqueados por curto espaço de tempo,
sobre os títulos de dívida pública em cir- sem afetar outros haveres financeiros.
culação ou entesourados em seu territó- Houve episódios desse tipo em 1982,
rio. A segunda onda procurou enfrentar no México (Damill et al., 1994, p. 235) e
o quadro de inflação reprimida, típico do na Bolívia (Guidotti e Rodríguez, 1992,
final da Segunda Guerra Mundial, em p. 523), e outro em 1985, no Peru (Chum-
que a presença de grandes quantidades be, 1995, p. 243-245).
de distintas moedas, fruto da prolongada
ocupação estrangeira em diversos países,
combinava-se com forte controle de pre- 2_ O bloqueio da liquidez
ços e redução acentuada da oferta de no debate econômico brasileiro8
bens (Gurley, 1953). A proposta de bloqueio da liquidez dos
A terceira onda de bloqueios da li- haveres financeiros no Brasil procurava
quidez no século XX ocorreu na Améri- responder a três grandes problemas que
ca Latina, na década de 1980, ligada aos desafiavam o debate econômico dos anos
efeitos da grave crise de financiamento 1980 a respeito das dificuldades para con-
externo que afetou o Continente. Os ca- ter a inflação elevada, quais sejam: a ten-
sos mais conhecidos são o Bonex argen- dência de monetização acelerada e de ex- 8 Uma apresentação
tino (Carvalho, 1999) e o Plano Collor, plosão da demanda agregada em momen- mais detalhada está em
no início de 1990. Brasil e Argentina es- tos de desinflação abrupta; a elevada li- Carvalho (2000).
quidez dos haveres financeiros, a chamada ceiro externo. O objetivo maior era im-
“moeda indexada”; e a tendência de rápido pedir que os detentores de haveres finan-
crescimento da dívida mobiliária interna e ceiros pudessem deles dispor livremente,
a fragilidade do esquema de refinancia- para controlar a monetização e impedir
mento diário no mercado monetário. movimentos especulativos depois da pre-
Os três problemas eram agrava- tendida desinflação abrupta. Outro obje-
dos pela forte e persistente restrição ex- tivo era viabilizar o ajuste fiscal, tido co-
terna, com o corte dos fluxos voluntários mo impossível sem a drástica redução
de capitais desde a crise da dívida exter- do custo que os juros reais elevados
na, em 1981-1982, e pelos seus danosos acarretavam. Como se entendia, porém,
efeitos fiscais e financeiros sobre o setor que os juros não podiam ser reduzidos
público.9 A proposta de bloqueio da li- sem provocar a “fuga”10 em massa dos
quidez queria enfrentar as três questões aplicadores, a meta fiscal dependia do
em conjunto, na ausência de apoio finan- bloqueio da liquidez.11
O interesse pelos problemas da
política monetária nos planos de estabili-
9 Sobre o caso brasileiro, ver 12 “Com a queda súbita da zação foi muito estimulado pela crise do
Batista Jr. e Paulo (1987, 1989) inflação, a demanda por moeda
e Baer (1993); para uma visão tende a elevar-se de forma
Plano Cruzado, em 1986-1987. Difun-
geral da América Latina, considerável. Caso as diu-se a avaliação de que as dificuldades
ver Damill et al. (1994). autoridades monetárias não resultavam dos juros baixos, atribuídos a
10 Usualmente entende-se por permitam a rápida monetização motivações populistas e eleitoreiras do
“fuga” dos aplicadores a da economia, haverá forte
governo Sarney. Análises mais cuidado-
retirada de recursos até então pressão recessiva, já que as taxas
aplicados no sistema financeiro de juros reais sofrerão grande sas evidenciaram que os problemas eram
(algo como desintermediação aumento. [...] A decisão a bem mais difíceis. Foram superadas duas
financeira). É uma conceituação respeito da velocidade de avaliações simplistas: uma, de que a rápi-
imprecisa, já que os recursos monetização da economia [...] da monetização indicaria leniência na uti-
acabam voltando aos bancos, não é trivial [...]. No caso de
economias como a brasileira, lização dos instrumentos de política mo-
mesmo tendo realizado maior
volume de transações, a menos com severas restrições à netária,12 em especial a taxa de juros e o
que haja desconfiança aquisição de ativos financeiros controle do crédito; outra, de que o nível
generalizada na solvência do estrangeiros, o excesso de dos juros e o crescimento da base mo-
sistema bancário. liquidez tende a manifestar-se
pressionando a demanda
netária não teriam relevância para a esta-
11 Sobre os objetivos do
agregada” (Bodin de Moraes, bilização, tese que predominou no início
bloqueio da liquidez, ver
Carvalho (1996, 1999). 1990, p. 33-34). do Plano Cruzado.
13 No seu conhecido artigo the face of a sixfold increase in (Emmer, 1955; Dall’Acqua, abrupta da inflação (Kiguel
sobre as estabilizações the stock of ‘high-powered’ money 1990, p. 150). Llach (1990, e Liviatan, 1991 p. 12-13).
européias dos anos 1920, was widely regarded by the p. 28) aponta que “la 16 De março de 1991,
Sargent (1982, p. 54) destaca contemporaries as violating the remonetización de la economía fué quando se anunciou a
a intensidade com que subiu quantity theory of money, and so
muy importante” nas hiperesta- conversibilidade plena do
a emissão de moeda no it seems to do. However, these
bilizações por ele austral, até dezembro
período seguinte ao fim da observations are not at all
classificadas como de tipo I seguinte, a base
hiperinflação e a dificuldade paradoxical when interpreted in
para se explicar a (na seqüência de guerras e monetária cresceu 80,6%,
the light of a view which
manutenção da estabilidade distinguishes sharply between regime de economia mista), e o M1, 118,6% (Fanelli,
dos preços apesar desse unbacked, or ‘outside’, money, entre as quais inclui três Frenkel e Rozenwurcel,
vigoroso crescimento da on the one hand, and backed, casos da segunda metade dos 1992, p. 37).
base monetária. Referindo-se 17 Sobre o tratamento
or ‘inside’, money, in the anos 1940, na Grécia, na
à Áustria, comenta: “From other hand ”. Hungria e em Formosa. desta questão no Plano
August 1922, when the exchange 14 A monetização foi 15 A estabilização boliviana
Real, ver Bacha
rate suddenly stabilized, to bastante rápida após a (1995, p. 23) e Carvalho
em meados dos anos
December 1924, the circulating (1996, p. 63-65).
reforma monetária alemã de oitenta representa uma
notes of the Austrian central
1948, seguindo-se uma exceção notável, com
bank increased by a factor of over
6. The phenomenon of the retomada da inflação e monetização pouco
achievement of price stability in diversas medidas restritivas expressiva apesar da queda
18 Na estabilização alemã de
programa alemão de 1948, a com outros países, ou com preparado com bastante
1923 persistiam dúvidas demanda por moeda cresceu outras épocas para o mesmo antecedência e prolongadas
sobre o sucesso do programa rapidamente, e a velocidade país, é pobre demais para a discussões, havia grande
e a solidez de seus de circulação também, graças avaliação das necessidades de insegurança quanto aos
fundamentos, e a à baixa propensão a reter monetização”. A experiência limites de conversão afinal
estabilização da taxa de saldos monetários, fruto de outros programas com aplicados, com opiniões
câmbio teria sido o fator das experiências bloqueio da liquidez aponta divididas entre a
decisivo de fato (ver o hiperinflacionárias dos nesse sentido. O Plano possibilidade de serem muito
debate da época em alemães e da desconfiança Bonex argentino, de janeiro estreitos, gerando tendência
Bresciani-Turroni, 1989, quanto ao sucesso de 1990, não evitou um surto depressivas, ou
p. 71-94). Para a crítica da tese do programa (Lutz, hiperinflacionário pouco excessivamente frouxos,
de que o fator decisivo teria 1949, p. 137). mais de trinta dias depois dando lugar a pressões
sido a “mudança de regime”, 19 Carneiro e Goldfajn (Carvalho, 1999). Na inflacionárias (Emmer, 1955,
ver Bodin de Moraes (1988) (1991, p. 209) vão mais Alemanha de 1948, apesar de p. 56; Lutz, 1949, p. 129).
e Franco (1988). No longe: “A simples analogia o programa ter sido
uma meta de expansão monetária nessas são sem custos e a qualquer momento es-
circunstâncias seria apenas um enuncia- tava assegurada pelas condições contra-
do para ganhar credibilidade, e a ênfase tuais das aplicações.21 A menos que se
numa política monetária “apertada” após suspendesse ou alterasse de forma unila-
o choque não seria mais que uma reco- teral esse direito, seria preciso encontrar
mendação de cautela: manter juros altos, formas de estimular os depositantes a
frear a expansão do crédito, tentar con- manter seus recursos aplicados.
trolar a monetização pelas sinalizações A taxa de juros era o instrumento
dos mercados e fazer ajustes de acordo óbvio, mas logo se impôs o problema de
com o estado das expectativas – ou seja, definir o juro nominal que seria perce-
avançar por tenta tiva e erro.20 bido como o juro real suficiente para via-
Manter sob controle o fluxo de bilizar o efeito desejado. Dados o nível
monetização, porém, enfrentava obstá- prévio de inflação, a persistência da inde-
culos consideráveis. A principal via para xação informal e a desconfiança quanto à
a monetização era a iniciativa do público inflação futura, era muito difícil definir o
de converter em moeda seus haveres fi- juro nominal adequado. O risco de errar
nanceiros com liquidez imediata: apli- por excesso era temido pelos prováveis
cações overnight em títulos públicos, ca- efeitos recessivos. A reflexão sobre os
dernetas de poupança e a maior parte planos fracassados mostrou que as difi-
dos fundos de investimento. A conver- culdades eram mais complexas.
20 A tentativa de Giambiagi totalmente diferente entre si. seja ‘crível’ desde o primeiro papel negativo da zeragem
(1989, p. 13-16) de quantificar [...] uma certa taxa de variação momento do plano, a política automática e os esperados
o espaço não inflacionário da quantidade de moeda não monetária terá de ser apertada benefícios de sua extinção não
para a monetização no Brasil, pode ser considerada um até que os agentes passem a se aplicaria nessas
utilizando dados de 1980 a indicador suficiente de qual confiar na consistência do circunstâncias: dada a pressão
1988, levou à conclusão de será a taxa de inflação, posto mesmo e, com a redução da do público para monetizar
que “a recomendação de que esse impacto dependerá perspectiva de inflação, a suas aplicações, os bancos
política monetária derivada de como se comporte a velocidade de circulação da reduziriam sua demanda por
daqueles números não é velocidade da moeda e, moeda diminua, abrindo títulos do governo mesmo
totalmente clara, pelo fato de portanto, da inflação espaço para o financiamento com o BCB oferecendo juros
uma mesma taxa de expansão esperada”. Como essa não-inflacionário da emissão”. muito elevados, como
da moeda ser compatível com depende das expectativas de 21 A argumentação de Pastore demonstrado no Plano Real.
dois cenários de inflação ajuste fiscal, caso este “não (1991, p. 159-165) sobre o
Juros muito altos criavam forte voluntários de capitais externos nos anos
efeito-riqueza22 e aumentavam o poten- 1980, a insensibilidade do movimento de
cial de gasto dos detentores de haveres fi- capitais internacionais ao nível dos juros
nanceiros, o que ampliaria o risco de pas- domésticos impedia que a elevação do
sagem brusca para consumo e compra de seu patamar tivesse como contrapartida
ativos reais, quando se concluísse que um aumento das reservas do Banco Cen-
chegara o momento de queda dos juros tral do Brasil (BCB) que pudesse reforçar
reais. A especulação sobre qual seria esse positivamente as expectativas quanto ao
momento era inevitável, pela percepção sucesso da estabilização.
de que o custo fiscal era um obstáculo O outro instrumento óbvio seria o
suficiente para a manutenção prolongada controle da expansão do crédito, pela im-
dos juros muito elevados, como na crise posição de recolhimentos compulsórios
do Plano Verão, no início de 1989 (Car- sobre o crescimento dos depósitos nos
valho, 2003). Além disso, os juros nomi- bancos ou de limites para empréstimos.
nais muito altos, ou iniciativas de aumen- Restrições muito rígidas nessa área, con-
tá-los em algum momento, podiam ser tudo, poderiam acarretar sérios proble-
interpretados como sinal de desconfian- mas para os bancos,24 já às voltas com a
ça do governo quanto à tendência da in- perda dos ganhos inflacionários (como
flação.23 Deve-se ainda considerar que, ocorreria no Plano Real, em 1994-1995).
em meio à persistente retração dos fluxos Esse teria sido um motivo para não se te-
22 Segundo Bacha (1995, porque o setor privado como preocupação de não explicitar expectativa do governo para a
p. 21-22), a política monetária um todo é um credor líquido, uma taxa de inflação esperada taxa de inflação havia se
no Plano Real procurou fixar enquanto o setor público é um positiva, o desejo de fazer um elevado e o impacto sobre a
a taxa de juros em níveis devedor líquido, e porque a programa de estabilização demanda agregada foi
“adequados” para manter a maior parte da riqueza neutro do ponto de vista desprezível”.
demanda privada sob financeira é remunerada por distributivo também 24 Na sua proposta de
controle. Todavia, “mudanças taxas de juros flutuantes de contribuiu para que as taxas estabilização por meio de uma
nas taxas de juros parecem ter curto prazo e, portanto, não de juros nominais caíssem moeda indexada, Arida
um impacto limitado: por um declina em valor quando a mais rapidamente que na e Lara-Resende (1986, p. 26)
lado, o efeito-substituição taxa de juros aumenta”. Argentina e em Israel”. Meses advertem para a necessidade
exerce um fator contracionista 23 Comparando o Plano depois, quando cresciam os de dosar as medidas de
sobre a demanda privada; por Cruzado com outros sinais de excesso de demanda, controle monetário até que os
outro, o efeito-riqueza exerce programas heterodoxos da “o aumento da taxa de juros bancos consigam adaptar-se à
um fator expansionista sobre época, Bodin de Moraes foi interpretado como um nova situação.
a mesma. O último ocorre (1990, p. 44) afirma: “Além da simples reflexo de que a
rem adotado restrições ao crédito no Cru- nomia, por meio das transações feitas
zado (Mendonça de Barros, 1993, p. 15).25 através dos bancos, mas não há dados su-
Por fim, não havia possibilidade ficientes. Outro caminho é analisar o com-
de se absorver a monetização e a pressão portamento de mercados de bens reais e
de demanda por meio de um superávit de ativos de risco, para onde se deveria
fiscal (por privatização, corte de despesas estar dirigindo boa parte do aumento da
correntes ou elevação de receita tributá- demanda.26 Um exercício dessa natureza
ria), ainda mais com a pressão decorrente sobre os choques do governo Sarney (Car-
da alta dos juros. valho, 1992, p. 149-165)27 mostrou a ocor-
A comprovação empírica e a men- rência desses efeitos no Cruzado e no
suração dos efeitos da monetização ace- Plano Verão. A exceção do Plano Bresser
lerada enfrentam sérios obstáculos. Mu- deve ser relativizada pelas peculiaridades
danças em agregados monetários regis- que favoreciam uma transição mais suave
tram o ritmo e a intensidade da moneti- para a inflação baixa: as regras de indexa-
zação, mas nada informam diretamente ção foram mantidas, não houve promes-
quanto a seus efeitos sobre mercados e sas de inflação zero, a economia estava
preços. Um caminho para fazê-lo seria a em tendência recessiva e havia grave cri-
análise do volume de transações na eco- se de crédito em curso.28
25 No programa alemão de mercados ilegais (Emmer, 27 O exercício procurou medir de que “após o congelamento
1948, a rápida expansão do 1955, p. 57). os efeitos do aumento da de 1987 não houve uma fuga
crédito foi decisiva para o 26 Enfatizando a necessidade demanda por meio de do mercado de dinheiro em
aquecimento excessivo da de se monitorar atentamente a indicadores de mercados de direção aos ativos reais” não
demanda e o retorno das evolução do grau de confiança risco e de preços de ativos faz referências às
pressões inflacionárias (Lutz, dos agentes econômicos reais. Nas suas recomendações peculiaridades do Plano
1949, p. 129). Apesar das para a condução da política Bresser. Para Giambiagi
durante as fases iniciais de um
evidências de que estariam monetária em planos de (1989, p. 7), a monetização
plano de estabilização,
ocorrendo tais problemas, estabilização, Giambiagi menos intensa nos planos
Giambiagi (1989, p. 15) sugere
contudo, medidas restritivas Bresser e Verão pode ser
que isso seja feito “através de (1989, p. 15) propõe esse
só seriam adotadas meses creditada aos efeitos de
um acompanhamento mesmo caminho para
depois, possivelmente pela inovações financeiras, sem
sistemático da evolução dos se aferir o grau de confiança
preocupação das autoridades fazer referências aos efeitos
mercados especulativos, do público na sustentação
de facilitar a recuperação da dos juros muito elevados dos
grande indústria, o setor que tipicamente o dólar black, o do plano e na meta de primeiros meses do Plano
mais havia sido penalizado na mercado de ações e os inflação baixa. Verão nem às peculiaridades
fase anterior, pelas suas mercados de ativos reais, 28 A afirmação de Bresser
do Plano Bresser.
dificuldades de operar nos como carros, gado e imóveis”. Pereira e Nakano (1991, p. 97)
dos anos 1970, à medida que se ampliava empregava havia anos, em especial a ga-
a percepção de risco cambial e de infla- rantia de financiamento diário das cartei-
ção em alta. Os efeitos negativos das ten- ras de títulos em poder do mercado, a
tativas de manipular indexadores ou de custos razoáveis, conhecida como “ze-
prefixá-los (como em 1980) contribuí- ragem automática”.33
ram para enrijecer a indexação. O BCB Dessas duas discussões resultou o
passou a vincular informalmente a taxa conceito de moeda indexada: ativos fi-
do overnight à correção monetária, de mo- nanceiros de curtíssimo prazo, com inde-
do a reduzir o risco de prejuízos de insti- xação garantida e liquidez assegurada pe-
tuições financeiras que mantinham car- lo BCB, reunindo os atributos de liquidez
teiras de títulos públicos a ser financiadas plena e de proteção confiável contra a
diariamente com recursos captados no desvalorização pela inflação.34 A necessi-
overnight.32 Ampliou-se assim a discussão dade de manter sob controle a massa de
sobre as práticas operacionais que o BCB moeda indexada, “dinheiro financeiro”,
e evitar seu brusco redirecionamento pa-
32 Entre 1982 e 1984, o BCB 33 A “zeragem automática”
ra outros mercados passou a ser vista co-
passou a balizar os juros consiste na prática do BCB de mo enorme constrangimento à ação do
nominais do overnight pela vender ao mercado um volume BCB. O temor de “fuga” dos aplicadores
expectativa da correção de títulos superior à média em ativos financeiros (ou seja, sua trans-
monetária no próprio mês (a diária de financiamento
formação em moeda e em gasto) imobili-
correção do valor das disponível, comprometendo-se
Obrigações Reajustáveis do a recomprar diariamente os zava a política monetária e cambial e re-
Tesouro Nacional – ORTN) títulos que excedam os recursos forçava o receio de romper a indexação
mais um juro mensal de captados pelos bancos, de dos haveres financeiros e dos contratos.
aproximadamente 1,5%. Como forma a evitar prejuízos. Para a
Para impedir a “fuga”, restaria ao BCB
a variação das ORTN havia discussão dos efeitos e
sido informalmente indexada ao implicações, ver Pastore (1991) oferecer juros reais significativos aos apli-
IGP-DI, da FGV, e este só era e Carvalho (1993). cadores e evitar oscilações dos juros no-
conhecido por volta do dia 10 34 Sobre a indexação, o minais e reais para não estimular movi-
do mês seguinte, eventuais conceito de moeda indexada e mentos especulativos. O resultado era a
“erros” na taxa do overnight eram suas implicações, ver
imobilização da política monetária, vol-
compensados no mês seguinte, Mendonça de Barros (1993),
de forma a igualar over e Silva (1979), Tavares (1983), tada para estabilizar os juros reais de
correção das ORTN acumulada Zini Jr. (1993), Pastore (1991), acordo com as expectativas dos merca-
nos três meses anteriores. Minella (1995). dos sobre a inflação.
Para garantir a estabilidade dos ju- preços divulgados no final de cada mês.
ros, o BCB tinha de atuar por meio das O overnight passou a confirmar a expecta-
taxas dos títulos públicos federais, e não tiva de elevação contínua dos níveis infla-
35 Sobre a redução da
apenas graças à sua grande participação cionários, o que foi entendido como sinal
demanda por crédito na
no total de haveres financeiros. A eleva- de colapso do sistema de indexação.37 primeira metade da década de
da liquidez dos agentes econômicos era Esse virtual colapso não tornava 1980, ver Almeida (1987).
acompanhada por reduzida demanda de mais fácil eliminar a indexação. A lição 36 Argumenta-se aqui que,
crédito,35 o que reduzia a eficácia de ou- dos choques não era animadora. A cada diante da menor dependência
tros instrumentos de política monetária, tentativa de suprimir as regras de inde- das empresas em relação ao
crédito bancário, medidas
como os empréstimos de liquidez e os xação de um golpe, seguia-se nova restau- tendentes a limitar a
depósitos compulsórios.36 A política de ração, com instrumentos cada vez mais capacidade de empréstimo dos
juros altos era paga no essencial pelo Te- amplos. No caso de novo plano de esta- bancos teriam efeitos bastante
souro, e esse ônus era percebido como bilização, os problemas iriam repetir-se. reduzidos em termos de
elevação das taxas de juros, o
indicador seguro de que o BCB recuaria Havendo um choque, seria muito difícil que restringia de forma
em algum momento, para não agravar defender juros prefixados, por mais altos significativa o alcance das
as dificuldades fiscais de forma insupor- que fossem. Um programa de natureza medidas de política monetária.
37 “A aceleração da inflação
tável. Ao mesmo tempo, na administra- gradualista deveria prefixar os juros se-
de um mês para o outro foi de
ção dos juros, o BCB era levado a indexar gundo um índice qualquer, já que a inde-
tal ordem que o conceito de
as taxas diárias do overnight às expecta- xação a posteriori pela inflação corrente juro real nas operações de open
tivas de inflação, buscando definir pata- poderia desmoralizar as metas fixadas. Se virou uma abstração. A
mares previsíveis e relativamente cons- a prefixação desagradasse os aplicadores, necessidade de colocar as
taxas diárias do open em linha
tantes para os juros reais. Também os poderia ser inviabilizada pela “fuga” em
não mais com a inflação do
movimentos no mercado de câmbio se massa, com pressões sobre os preços. A mês anterior, mas, sim, com a
orientavam por uma comparação perma- alternativa de suprimir as regras de inde- inflação ou expectativa de
nente entre a desvalorização diária da xação e fixar uma meta de expansão mo- inflação corrente,
praticamente destruiu a
moeda no câmbio oficial e os juros pagos netária rígida era vista como muito arris-
operacionalidade do sistema.
no overnight pelo BCB. cada. Temia-se a instabilidade das taxas O cupom dos títulos
A resposta do BCB ao longo do de juros, o risco de crise bancária e, mais indexados ao over passou de
segundo semestre de 1989 foi admitir a uma vez, a possibilidade de saque em 200% ao ano, na tentativa de
acomodar uma inflação que se
indexação dos juros do overnight às expec- massa de recursos do sistema financei- acelerava a uma taxa de 15%
tativas de inflação corrente, e não mais à ro. Reforçava-se assim a idéia de que, pa- ao mês” (Mendonça de
inflação passada, expressa nos índices de ra estabilizar os preços e desindexar a Barros, 1993, p. 18).
cal do setor público, mas, sim, a impossi- formações são responsáveis pelo apareci-
bilidade de recuperar o controle da moe- mento de obstáculos quase intransponíveis
da. A origem dos problemas estaria nos à aplicação de políticas convencionais de
efeitos da crise do início da década e das estabilização (Belluzzo e Almeida, 1990, p. 67).
políticas de ajustamento do setor exter- E prosseguem:
no, às quais “subordinou-se a gestão mo- Se a gestão monetária tentar resistir ao
netária nesse período”. Reconhecem que ajuste da taxa de juros, um deslocamento
havia desequilíbrios estritamente fiscais, ainda que marginal das quase-moedas
mas reiteram que, para os mercados de risco [...] somente po-
derá ser absorvido por um aumento das co-
nesta etapa, o desafio privado ao gestor da
tações. [...] A percepção de que a reação
moeda se sobrepõe às crises fiscal e de fi-
dos preços spot venha a ser muito forte, de
nanciamento, acentuando-as [...] Os al-
sorte a contaminar outros preços e valores
tos custos financeiros e o estreitamento
(caso dos bens estocáveis, como matéri-
progressivo dos prazos da dívida pública
as-primas e bens duráveis, imóveis e até
agravaram [...] o desequilíbrio das contas
terras), pode detonar uma corrida para a
fiscais [...], mas devemos frisar que esta
formação de posições em ativos reais e
foi uma decorrência da crise monetária,
bens, levando à destruição das quase-moe-
[...], da imobilização crescente imposta ao
das. Isto equivaleria a uma ruptura defi-
gestor da moeda. [...] Isto explica em
nitiva do padrão monetário, já que nem
grande medida os sucessivos fracassos das
mesmo as quase-moedas seriam capazes
tentativas isoladas de ajuste e de reformas
de preservar a confiança dos agentes. [...]
nos campos tributário, do gasto público e
(Belluzzo e Almeida, 1990, p. 71-72).
das condições de financiamento do setor
público (Belluzzo e Almeida, 1990, p. 65-66). Fundamentada a necessidade de
Analisando as opções disponíveis, “medidas radicais”, os dois autores iden-
apontam que a crise impõe tificam a formação naquele momento de
dois conjuntos de opiniões extremas: de
limites progressivos à gestão monetária,
um lado, os que advogam uma profunda
em um quadro de crescente instabilidade.
reforma do Estado; de outro, o dos que
A ameaça de hiperinflação torna-se cada
não vêem outra saída senão o ‘calote’ da
vez mais presente diante do precário siste-
dívida interna (Belluzzo e Almeida, 1990, p. 72).
ma de avaliações que as quase-moedas e a
falsa unidade monetária buscam preser- Ao descartar a primeira proposta, reco-
var. No plano macroeconômico estas trans- nhecem que a rápida recuperação fiscal
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