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Oração Eficaz (pr.

Fabio, dia 26 de outubro)

A Epístola de Tiago contém muitos conselhos práticos sobre o modo como


devemos orar. As instruções sobre a oração para sermos curados são
especialmente significativas para nós pentecostais. Acreditamos que Deus
continua curando. Para aqueles que não acreditam, esta passagem é
meramente histórica, cuja aplicação somente se refere aos crentes do
primeiro século. Mas nós consideramos as promessas de Deus quanto à
cura de enfermidades, doenças e aflições, como o compromisso de Deus
fazer hoje o que Ele já fazia no passado — contanto que satisfaçamos aos
seus requisitos.

Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem
sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé
salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados,
ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns
pelos outros, para que sareis: a oração feita por um justo pode muito em
seus efeitos. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e,
orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu
sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu
fruto (Tg 5.13-18).

Ninguém pode negar que orações para curas de vários tipos de


enfermidades são ensinadas na Bíblia. Entretanto, pouca atenção é dada
ao ensino específico sobre como sermos curados. É possível que um
número maior de curas poderia ser obtido, se mais atenção fosse dada à
ordem bíblica que diz: “Está alguém entre vós aflito? Ore” (Tg 5.13).

“Aflito” (no grego, kakopatheo') significa “sofrer infortúnio”, “suportar as


dificuldades com paciência”. À vista do versículo que vem em seguida
“Está alguém entre vós doente?”, o uso de kakopatheo parece não incluir
a idéia de doenças e enfermidades físicas, antes trata-se de uma alusão
aos sofrimentos fora do corpo. O crente nessa situação é instruído a orar
pelo seu próprio infortúnio. Deus pode remover a dificuldade ou
providenciar sua graça para que o crente a possa suportar. Naturalmente,
os outros crentes são encorajados a apoiar o crente que esteja sofrendo:
“Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2).
Mas o crente sofredor deveria pôr-se em contato com Deus em favor de
suas próprias necessidades. O crente não deve permitir que suas
provações o irritem. Em lugar de maldizê-las, ele deveria orar por causa
delas. É o coração que perdeu a graça de Deus, que, quando sob punição,
ou desafia a soberania de Deus, ou contesta a sua justiça, ou desconfia da
sua bondade, ou põe em dúvida a sua sabedoria. O filho de Deus sempre
ora, porque ama a oração — especialmente quando sob tribulação,
porquanto é nessa ocasião que ele tem um motivo especial para orar... Até
mesmo o próprio ato de falarmos com Deus a respeito de nossas
tribulações, já nos ajuda a aliviá-las. A oração faz a alma aproximar-se de
Deus, o qual leva em seu coração de amor o peso das tristezas do seu
povo.

A boa saúde e o contentamento diante das circunstâncias da vida são


razões suficientes para uma disposição feliz. “Está alguém contente?
Cante louvores” (Tg 5.13). Na vida de todo o crente haverá tempos para
orar nas aflições e também tempos para cantar louvores nas alegrias. Não
devemos negligenciar nem uma coisa nem outra. Contudo, visto que a
natureza humana parece ter uma maior tendência em manifestar a queixa
do que a gratidão, devemos dar especial atenção aos louvores. O livro de
Salmos está repleto de exortações para que entoemos louvores (SI 32.11;
33.1-3; 81.1,2; 89-1; 92.1-4; 98.4- 6; 100.1; 101.1; 144.9; 149.1,5; 150.6, só
para exemplificar). Precisamos louvar a Deus por suas maravilhosas obras,
pelos céus que declaram a glória de Deus, pelos lindos pores-do-sol, pelas
belezas da natureza e, acima de tudo, pelas bênçãos da salvação. Também
não podemos nos esquecer das bênçãos de todos os dias, como a bênção
de amigos fiéis, de uma boa refeição, do término de uma tarefa realizada
e de tantas outras coisas que, no mais das vezes, tomamos como assuntos
corriqueiros.

“Está alguém entre vós doente?” (Tg 5.14) “Doente” (no grego, astheneó)
significa, literalmente, “sem força”, “sem resistência”, “sem ação”. Pode
incluir a idéia de estar enfermo, debilitado, incapacitado, fraco ou, em
alguns contextos, de ser tímido, espiritualmente fraco ou moralmente
fraco. Enquanto que o crente que está em aflição deve orar por si mesmo,
o doente é instruído a chamar (convidar, apelar para) os presbíteros da
igreja para orarem “sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor”.
Obviamente, a pessoa enferma precisa do apoio da oração dos outros
crentes, pois em tal período de fraqueza, frequentemente tanto física
quanto espiritual, pode ser que ela esteja incapacitada de exercer a fé
necessária para obter a cura.

Os presbíteros (no grego, presbyteroi) que o enfermo devia chamar e que


deviam ir à casa da pessoa enferma (ou no hospital), eram indivíduos
levantados e qualificados pelo Espírito Santo para ministrarem e
ensinarem numa igreja local. O original grego pode incluir a idéia de ir aos
presbíteros, embora esse não seja o sentido primário do trecho. Algumas
vezes, esse título representava um ofício nomeado. Em outros casos, os
presbíteros (pastores ou anciãos) eram os líderes estimados por sua
maturidade, experiência espiritual e evidentes demonstrações dos dons
do Espírito. Geralmente, havia mais de um presbítero ou pastor numa
igreja local (note o plural, Tg 5.14), pelo que o termo não precisa ser
limitado ao pastor- de oficio, embora em tempos de necessidade seja
normal que pensemos primeiro no principal líder espiritual da
congregação.

As instruções dadas a esses presbíteros são breves e nenhum pouco


complicadas: Que eles “orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome
do Senhor”. É interessante notar que há um manuscrito antigo que diz:
“Ungindo-o com azeite no Nome. Não há dúvida de que o Nome do
Senhor Jesus é o que está em foco aqui). O uso do Nome demonstra que
essa unção com azeite certamente não era feito com a expectativa de que
o azeite produziria a cura, mas antes, que o azeite, sendo símbolo do
Espírito, indicaria que é por meio do Espírito Santo que a cura é
administrada.

“E, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.15).


Levanta-se aqui a pergunta: Qual o método pelo qual os pecados desse
crente são perdoados? Há uma opção que sugere que a enfermidade aqui
pode estar relacionada, de alguma maneira, com algum pecado cometido
pelo doente. Tiago 5.16 tem estreita ligação com o presente versículo. A
conjunção “pois” (no grego, oun, Tg 5.16, ARA), encontrada em muitos
manuscritos importantes, dá a entender que os pecados seriam
perdoados se as orientações anteriores fossem cumpridas. Aceitando-se
isso, compreendemos que os pecados cometidos são perdoados através
do método do enfermo confessar seus pecados (desvios do caminho da
retidão, quer intencionais ou não) àqueles que oram por ele (não
necessariamente alguém que tenha o ofício de presbítero). Os que
estiverem com saúde, por sua vez, devem confessar ao doente quaisquer
pecados que tenham cometido, para que não haja qualquer empecilho às
suas orações. Em seguida, devem todos orar uns pelos outros, a fim de
que o enfermo seja curado e restaurado à saúde. Embora as doenças
mentais e espirituais também possam estar incluídas na palavra “sareis”,
obviamente o seu sentido básico é ser curado de enfermidades físicas.

O uso do imperativo presente indica que a confissão de pecados uns aos


outros e a oração uns pelos outros deve ser uma prática contínua entre os
crentes, mantendo assim uma atmosfera em que as pessoas serão mais
prontamente curadas.

O perdão dos pecados não resulta automaticamente da confissão, embora


a confissão seja o passo inicial necessário ao perdão. “O que encobre as
suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa,
alcançará misericórdia” (Pv 28.13). Se o pecado continuar mesmo depois
de ter sido confessado, a pessoa enferma poderá necessitar mais do que
de perdão. Precisará de libertação. Por conseguinte, é necessária a oração
que “pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). A confissão descrita aqui
envolve aquela que é feita entre crentes, e não a algum sacerdote. Se uma
pessoa tiver magoado alguém, deve confessar e pedir perdão àquele
contra quem pecou. Os pecados de natureza pública devem ser
publicamente confessados, a fim de que todos os que foram magoados
possam ser envolvidos no perdão. Em certas ocasiões, é aconselhável
confessarmos os nossos pecados a um ministro ou a algum amigo crente
—pessoas prudentes e de oração que nos ajudem a pleitear pela
misericórdia e perdão de Deus. Tiago, naturalmente, não estava
advogando que sempre que tivéssemos consciência de nosso erro em atos
ou palavras, fôssemos contar em detalhes a alguém. O que queria dizer é
que quando a confissão for necessária para a nossa reconciliação com as
outras pessoas, ou para obtermos uma consciência livre e tranquila, então
devemos estar prontos a obedecer essa ordem.

Ilustrando os resultados de uma oração poderosa e eficaz, bem como


para encorajar os presbíteros que foram chamados a orar pela pessoa
doente, Tiago nos lembra de Elias, um dos homens de oração mais
eficazes em toda a Bíblia Devido à tendência natural de colocarmos tais
pessoas num pedestal, considerando-as pertencentes a uma raça superior,
impossível de imitar, Tiago deixou claro que Elias era um ser humano
“sujeito às mesmas paixões que nós” (Tg 5.17). Elias não estava livre da
carga de sua humanidade: Ele também lutou com as fraquezas da carne;
também experimentou a fragilidade humana e suas consequências. Mas
orou e Deus o ouviu. Por conseguinte, devemos, como Elias, orar pela
necessidade que se nos apresenta, tendo absoluta confiança de que o
Deus de Elias ouvirá o nosso intenso clamor de pedido de ajuda.

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