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CONCEITOS E PROPOSIÇÕES
Metodologia
a) Um estudo crítico das fontes literárias, históricas e doutrinárias;
b) Uma confrontação com os diferentes saberes e apelos socioculturais;
c) Uma construção de um saber voltado ao serviço ministerial das comunidades
de fé e da sociedade” (SUSIN, 2006, p.558 apud VASCONCELOS e
HURTADO, 2016 p. 465).
Estrutura
A dinâmica da razão prática no trabalho teológico o conduza “aprender a desaprender”
para ser e construir através de novos processos históricos e novos sujeitos.
Valor teológico
“O supremo valor do cristianismo é a vida humana digna, a libertação das diferentes
opressões, a boa notícia aos pobres, oriundas da práxis jesuânica do reino. Uma fé
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primaria ente nocional jamais pode manifestar a fecundidade do amor do Deus
encarnado e os imperativos morais daí advindos. (VASCONCELOS e HURTADO,
2016, p. 481)
Desafios
Enfrenta questões espinhosas que dizem respeito ao dogmatismo institucionalizado,
na tentativa de repensar a identidade do cristianismo e de Jesus Cristo com nova
linguagem.
No continente americano
América Latina conheceu uma “guinada descolonizadora epistemológica” comum
grupo de; Filósofos, sociólogos, historiadores, cientistas sociais latino-americanos e
latinos (estes últimos nos Estados Unidos).
Caráter teológico
o processo da descolonização abarca questões históricas, políticas, econômicas,
culturais, religiosas, abrindo caminho para a interculturalidade.
O esquema colonial da religião é marcado pela imposição do seu discurso sobre as
religiões originárias sob o pretexto da “missão e seus efeitos benéficos de civilização
para os povos conquistados, sempre considera dos como menos civilizados”
Embora a teologia decolonial tenha sua importância no que diz respeito ao alcance de
pessoas que não estão dentro dos “parâmetros cristãos”, ela não surge com muito
entusiasmo, ela se restringe a ambientes acadêmicos, ou seja ela surge de maneira
tímida.
A teologia decolonial surge num contexto de desconstrução de colonialidade com a
chegada da modernidade. Diante de todo esse movimento questiona-se sobre a real
natureza da modernidade e seu processo de globalização, onde: “a narrativas sobre
a modernidade são resultados de enfoques autorreferenciais e euro-centrados que
afirmam, substancialmente, que a modernidade pode ser explicada por referência a
fatores históricos (Revolução Francesa e revolução industrial), sociológicos
(surgimento dos Estados-nação), culturais (racionalização) e filosóficos (emancipação
do indivíduo), intrínsecos à Europa”. (Raschietti, s.d p. 13)
“Nessa associação ele foi moldado com formas coloniais, imperialistas e ocidentais
de pensamento e de saber que, no passado legitimaram e reforçaram a dominação
dos países centrais do império romano e bizantino e, do sacro império romano
germânico, e, mais posteriormente, dos impérios britânico, espanhol, português e
norte-americano.” (DIETRICH, 2016, p. 63)
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Neste contexto de um mundo colonizado a Teologia Decolonial é vista como uma
forma de denúncia de uma cultura eurocêntrica. Essa cultura vem sendo denunciada
desde 1990 por um grupo composto por intelectuais latino-americanos e
americanistas denominado Grupo Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade
(Grupo M/C/D).
Sendo assim, a teologia decolonial se posiciona em defesa do oprimido, ela é
importante para a elaboração de um outro mundo possível em que poder que mantêm
a desigualdade, a opressão e racionalização de seres e saberes são superados por
um projeto de libertação político, social e epistêmico, reconhecendo e legitimando
outras culturas.
ELEMENTOS TEÓRICOS
Diante do exposto, podemos inferir, como disse CUNHA (2021) que “A teologia
não é um saber autônomo. Na busca por contextualização e pertinência, a teologia
cristã se lança ao diálogo fecundo com outras áreas do conhecimento” (CUNHA,
2021).
O pensamento decolonial nos oferece algumas coordenadas para tecer um
discurso, como o processo de desprendimento e abertura. No “Pensamento
Decolonial e a Missão Cristã”, Estêvão Raschietti aponta que esse processo, consiste,
primeiramente em despir-se das arrogâncias ocidentais que colonizaram o
conhecimento, ou seja, deixar a linguagem retórica de superioridade do ocidente,
“desapegar das ficções de verdade e de estética naturalizadas pela matriz colonial do
poder”. O segundo passo é dispor-se a uma nova maneira de pensar a partir de uma
pluralidade de pontos de enunciação geo-historicamente situados, é a abertura a um
pensamento-outro, ‘sentar-se em círculo para aprender’, a partir de outras
racionalidades, de outras cosmovisões e de outras maneiras de ser, de saber e de
fazer. Desta forma, teremos uma descolonização epistemológica como reação ao
pensamento ocidental e sua reivindicação universal, através de uma valorização de
conhecimentos rechaçados pela hegemonia eurocêntrica.
Os teóricos decoloniais, segundo Estêvão Raschietti, acusam o cristianismo de
mudar o conteúdo, mas não os termos do discurso: assim a “cristianização” no século
XVI se tornava “civilização” no século XIX, “desenvolvimento”, “libertação”,
“evangelização” no século XX. Sempre despontava de alguma maneira uma direção
hegemônica: dos missionários para os pagãos, bárbaros, atrasados, pobres,
afastados.
Enveredar por este caminho decolonial implica para a prática e a teologia da
missão uma radical mudança de orientação e motivação: de uma concepção de
missão como “expansão”, para uma compreensão de missão como um genuíno e
profundo “encontro” com os outros (BEVANS; SCHROEDER, 2016, p. 41 apud
RASCHIETTI, [s. d.]). Ao contrário de visualizar as pessoas a serem catequizadas
como “objetos” ou “alvos” de conversão, agora o desafio é de reconhecê-las
simetricamente e dignamente como interlocutoras, portadoras também de uma
mensagem de salvação.
Os projetos decoloniais interessam enormemente à missão como iniciativas anti-
sistêmicas que refletem a sabedoria e a vocação divina de cada povo, contra toda
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forma de violência e toda pretensão de domínio. Não se trata de querer negociar, ou
confundir, verdades de fé com circunstâncias históricas, e sim se dispor a testemunhar
o próprio âmago do Evangelho na proximidade a todas as realidades humanas, no
diálogo político, intercultural e inter-religioso, na reciprocidade e na reconciliação, na
promoção de sociedades mais justas e fraternas, na tensão esperançosa para uma
comunhão pluriversal plena.
REFERENCIAS
CUNHA, C. A. M. TEOLOGIA E PENSAMENTO DECOLONIAL. INTERAÇÕES, v. 16,
n. 1, p. 132-148, 30 mar. 2021. disponível em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/18518/14230>.
Acesso em 17/06/2022.
DIETRICH, Luiz José. A descolonização da “Palavra de Deus”: o desafio primeiro
e urgente para uma teologia decolonial.
Disponível em:
https://www.metodista.br/revistas/revistasmetodista/index.php/Ribla/article/viewFile/1
0764/7384. Acesso: 18 de jun. 2022.
GONÇALVES, Alonso. Revelação e Decolonialidade: subversão teológica e
epistemologia decolonial. São Paulo: Recriar, 2021.
RASCOHIETTI, Estêvão. O Pensamento Decolonial e a Missão Cristã.
Disponível em: http://www.missiologia.org.br/wp-
content/uploads/2021/05/Estevao7.pdf. Acesso em: 19: de
jun. 2022.
VASCONCELOS, A. M.; HURTADO, M. Descolonizar a Cristologia.
Disponível em:
https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/perspectiva/article/view/3633/3713.
Acesso em: 19 de jun. 2022.
PANOTTO, Nícolas. Descolonizar o saber teológico na América Latina: Religião,
educação e teologia em chaves pós-coloniais . Editora Recriar. Edição do Kindle.