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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências (CTG)


Departamento de Engenharia Civil

Mecânica dos Solos 1

AULA 8
Tensões no solo

PROFESSORA: ANALICE FRANÇA LIMA AMORIM
TENSÕES NO SOLO

Introdução:
• O solo ao sofrer solicitações se deforma, modificando o seu volume
e forma iniciais.
F F
F F

• A magnitude das deformações apresentadas pelo solo irá depender


de suas propriedades intrínsecas de deformabilidade (elásticas e
plásticas) e do carregamento a ele imposto.

• O conhecimento das tensões atuantes em um maciço de terra,


sejam elas devido ao peso próprio ou provenientes de um
carregamento em superfície (alívio de cargas provocado por
escavações) é de vital importância no entendimento do
comportamento de praticamente todas as obras de Engenharia
geotécnica.
TENSÕES NO SOLO

Introdução:
TENSÕES NO SOLO

Natureza das tensões:


• Tensões devido às forças inerentes ao próprio peso
Ex: peso específico
forças de percolação

• Tensões induzidas ao solo por forças externas


Ex: cargas de uma fundação
alívio de tensões devido a uma escavação
TENSÕES NO SOLO

Conceito de tensões:
O solo é constituído de um sistema em que as forças aplicadas a ele
são transmitidas de partícula a partícula, como também são
suportadas pela água dos vazios.
Depende do tipo de mineral: partículas granulares
partículas de argila

  N
Tensão normal:
área

Tensão cisalhante:

 T
área
TENSÕES NO SOLO

Conceito de tensão em um ponto – Mecânica do contínuo:


O estado de tensão em qualquer plano passando por um ponto em um
meio contínuo é totalmente especificado pelas tensões atuantes em
três planos mutuamente ortogonais, passando no mesmo ponto. O
estado de tensões é completamente representado pelo tensor de
tensões naquele ponto. O tensor de tensões é composto de nove
componentes, formando uma matriz simétrica.
Tensor de tensões – em termos de tensão total v
h h
 x  xy  xz  v
  v
σ   yx  y  yz 
 zx  zy  z  
  h

Num ponto do solo as tensões normais (σ) e de cisalhamento (), variam
conforme o plano considerado. Existem sempre três planos em que não ocorrem
tensões de cisalhamento (), estes planos são chamados de principais e são
ortogonais. As tensões normais recebem o nome de tensões principais, maior,
menor e intermediária.

Tensor de tensões no eixo principal

1   2   3
 1 0 0 
σ   0  2 0 
 Tensões principais
1 = tensão principal maior
2 = tensão principal intermediária  0 0  3 
3 = tensão principal menor
O tensor de tensões pode ser decomposto em duas componentes uma
componente esférica e outra desviadora:

 m 0 0 Tensão média A componente esférica define


um estado hidrostático (3
σ spherical   0  m 0  tensões iguais) e a
componente desviadora é um
 0 0  m 
indicador de quanto o estado
tensional se afasta do
Logo, a desviadora fica sendo:
hidrostático.

 x   m  xy  xz  Uma variação na componente


  esférica será responsável por
deviatoric  s    yx  y m  yz  deformações volumétricas
  zx  zy  z   m  enquanto que as deformações
 cisalhantes estão associadas
a componente desviadora.
Estado de tensões em laboratório:

hidrostático uniaxial triaxial

1 1 1

1 2=3
2=0
3=0
1

1 = 2 = 3 1 ≠ 0; 2 = 3 = 0 1 > 2 = 3

https://www.youtube.co https://www.youtube.com
m/watch?v=6UQB_cCYlfY /watch?v=Q6rOuysQuZU
TENSÕES NO SOLO

Tensões devido ao peso próprio (tensões geostáticas):


Tensão vertical em determinada profundidade é devida ao peso de tudo
que se encontra acima (grão de solo, água, fundações).
A tensão aumenta com a profundidade.
TENSÕES NO SOLO

Tensões devido ao peso próprio (tensões geostáticas):


y Quando a superfície do terreno é
horizontal, aceita‐se que a tensão atuante
x num plano horizontal, a uma certa
profundidade, seja normal ao plano.
A hA

zA
 vA   nA .z A
B hB
zB
 vB   nA .z A   nB .z B  z A 

z
 vB   nA .hA   nB .hB
n
Generalizando:  vz    i .hi
i 1

i = Peso específico do solo da camada i


hi = Espessura da camada i
TENSÕES NO SOLO

Plano horizontal acima do nível d’água:

 3  16.3  48kN / m2

 5  16.3  21.2  48  42  90kN / m2


TENSÕES NO SOLO

Pressão neutra:
A água no interior dos vazios, abaixo do nível d’água estará sob uma pressão que
independe de sua porosidade, apenas da profundidade em relação ao nível
freático.

Pressão da água:
A hA (pressão neutra; poro pressão)
zw
zA
u   w .hw
NA
B
hw
hB u   w . z B  z w 
zB

Condição hidrostática:
z
Ao nível da água: Pressão igual a pressão atmosférica
Acima do nível d’água: Solo seco, parcialmente saturado. A pressão é negativa.
Abaixo do nível da água: u   w .hw
TENSÕES NO SOLO

Tensões efetivas:
Para o caso dos solos saturados, a tensão em um plano qualquer deve
ser considerada como a soma de duas parcelas:

Tensão total no ponto A:

σ 𝐻 𝐻 𝛾 𝐻𝛾 𝐻 𝛾

Parcela partículas sólidas Parcela água

= +
meio saturado esqueleto sólido água
TENSÕES NO SOLO

Princípio das tensões efetivas de Terzaghi:

Terzaghi (1925, 1936) identificou que a tensão normal total é a soma de


duas parcelas:

• A tensão transmitida pelo contato entre as partículas, denominada


TENSÃO EFETIVA (’)
• pela pressão da água, chamada PRESSÃO NEUTRA OU PORO
PRESSÃO (u)
A tensão efetiva, para solos saturados, pode ser expressa por:

 '   u
sendo  a tensão total e u a pressão neutra

Todos os efeitos mensuráveis resultantes de variações de tensões nos


solos, como compressão, distorção e resistência ao cisalhamento são
devidos a VARIAÇÕES DE TENSÕES EFETIVAS.
TENSÕES NO SOLO

Conceito das tensões efetivas:


Se um carregamento é feito na Se o nível d’água numa lagoa se
superfície do terreno: eleva:
As tensões efetivas aumentam, o O aumento da tensão total
solo se comprime e alguma água provocado pela elevação é igual
é expulsa de seus vazios, ainda ao aumento da tensão neutra
que lentamente. nos vazios e o solo não se
comprime.

 '   u   u
 '    u
 '  0
TENSÕES NO SOLO

Exemplo 1: aumento do nível d’água

H1
H0

 h 
A H A

Sendo ’ = sub

 A   A1   A0  0 sem deformação


TENSÕES NO SOLO

Exemplo 1: Pressões devidas ao peso próprio do solo sem a influencia


do nível d’água.
TENSÕES NO SOLO

Exemplo 2: Pressões devidas ao peso próprio do solo com a influência


do nível d’água.
TENSÕES NO SOLO
Plano horizontal abaixo do nível d’água:

Cota 15m
 = 117 + (17 x 8) = 253 kPa
u = 70 + (10 x 8) = 150 kPa
’ = 253 – 150 = 103 kPa 
Tensão Horizontal:

N.A
’V = z - u Ko é o coeficiente de
empuxo no repouso:
’H ’H = Ko.’V 𝜎
𝐾
𝜎

O valor de k0 é menor que 1, variando entre 0,4 e 0,5 para areias e


0,5 e 0,7 para as argilas. Resultados de laboratório indicam que ele
é tanto maior quanto maior o índice de plasticidade do solo.

Para areias e argilas normalmente adensadas, Jack (1944)


propôs a seguinte fórmula para previsão de Ko:

Ko= 1 - sen ’

onde ’ é o ângulo de atrito interno do solo


Outras relações para argilas normalmente adensadas são:

Ko= 0,95 - sen ’ (Brooker e Ireland, 1965)

Ko= 0,19 + 0,233 log (IP) (Alpan, 1967)

Para argilas sobre-adensadas, resultados de ensaios de compressão


edométrica, realizados por diversos pesquisadores, sugerem que a
fórmula de Jack, para esta situação, seja modificada por:

Ko= (1 - sen ’) (OCR)sen ’


EXERCÍCIOS

Calcule as tensões total, neutra e efetiva ao longo da profundidade (tensões


verticais). Faça um gráfico da variação da tensão com a profundidade.
0,0 m NT
n

areia h=2,8  vz    i .hi


 =16,8 kN/m3 i 1
-2,8 m NA

u   w .hw

argila  =21,0 kN/m3 h=7,0-2,8=4,2


 '   u

-7,0 m

silte  =17,0 kN/m3 h=9,5-7,0=2,5


-9,5 m
EXERCÍCIOS
Calcule as tensões total, neutra e efetiva ao longo da profundidade (tensões
verticais). Faça um gráfico da variação da tensão com a profundidade.
0,0 m NT 0 20 40 60 80 100 120 140
0
n =16,0 kN/m3 total
-3,0 m -2 neutra
efetiva
n =18,0 kN/m3
-4
-5,0 m sat =21,0 kN/m3 NA
hw=7,0-5,0=2,0 -6
-7,0 m sub =21,0-10,0=11 kN/m3
-8
AÇÃO DA ÁGUA CAPILAR NO SOLO

Ação da água capilar no solo:


A água apresenta comportamento diferenciado em função da superfície
na qual ela está em contato. Em relação água-ar existe a tensão
superficial.

Tensão superficial – análoga a tensão de membrana


AR T T Quando uma membrana flexível se
i
apresenta com uma superfície curva,
ÁGUA existe uma diferença de pressão
atuando nos dois lados. Isto ocorre
na superfície da água-ar, em virtude
e da tensão superficial.

Ascensão capilar
AÇÃO DA ÁGUA CAPILAR NO SOLO

Altura capilar:

Peso de água: P   .r 2 .hc . w

Tensão superficial T
(em toda a superfície de contato água-tubo): F  2. .r.T
2.T
Igualando as expressões: hc 
r. w
AÇÃO DA ÁGUA CAPILAR NO SOLO

Capilaridade nos solos:


NT Pressão neutra
(-) (+)
água de contato
N capilar
Saturação capilar parcial
altura de S<100% N de saturação -u
ascensão
capilar Saturação capilar Franja
S=100% capilar
NA
S=100%

zw u   w .hw
A altura de ascensão capilar depende do tamanho dos vazios do solo

Valores típicos: Pedregulho: poucos centímetros


Areia: de 1,0 a 2,0 metros
Silte: 3,0 a 4,0 metros
Argila: dezenas de metros
EXERCÍCIOS

Dado o perfil geotécnico abaixo, admitindo que na zona da franja capilar o solo
esteja completamente saturado, qual o valor da pressão neutra e efetiva nos
pontos A e B. -10 10 30 50 70 90
0,0 m NT 0

neutra
n =18,0 kN/m3 -1
efetiva
-2,0 m A -2
Franja capilar
-2,5 m NA
-3

sat =22,0 kN/m3 -4

B -5
-4,5 m
 '   u

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