Você está na página 1de 6

TJPA - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

10/10/2022

Número: 0812631-10.2022.8.14.0000
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Seção de Direito Público
Órgão julgador: Desembargadora EZILDA PASTANA MUTRAN
Última distribuição : 30/09/2022
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Classificação e/ou Preterição
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
EDINELSON DOS SANTOS MOREIRA (PARTE AUTORA)
ESTADO DO PARÁ (IMPETRADO)
SEAP- Secretaria de Administração Penitenciária
(IMPETRADO)
ESTADO DO PARÁ (TERCEIRO INTERESSADO)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
11262631 30/09/2022 Decisão Decisão
09:26
PROCESSO Nº 0812631-10.2022.814.0000

Órgão Julgador: SEÇÃO DE DIREITO PÚBLICO

MANDADO DE SEGURANÇA

Impetrante: EDINELSON DOS SANTOS MOREIRA

Impetrado: SECRETÁRIO DE ESTADO E ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA DO PARÁ

Litisconsorte: Estado do Pará

Relatora: Desembargadora EZILDA PASTANA MUTRAN

DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR interposto por


EDINELSON DOS SANTOS MOREIRA, impetrado contra ato praticado pelo SECRETÁRIO DE
ESTADO E ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA DO PARÁ, órgão vinculado ao Estado do Pará.

Em síntese da inicial mandamental, o impetrante relata que se submeteu ao


Concurso Público C-208/2021, Edital n° 001/2021 - SEAP-SEPLAD, para o provimento de vagas
no cargo de Policial Penal, da Região Guajará, afirmando, ainda, ter sido aprovado em todas as
cinco etapas da 1ª fase (provas de habilidades e conhecimentos; avaliação psicológica, exame
médico, prova de aptidão física e na investigação social).

Destaca que, após a conclusão da 1ª fase foram divulgados os Editais n° 54 e 55


estabelecendo cronograma de convocação dos candidatos para o Curso de Formação. Em
seguida, foi publicado o Edital n° 113 de 11/07/2022, publicado no dia 12/07/2022, excluindo a
segunda chamada referente à convocação para matrícula no Curso de Formação, causando-lhe
prejuízo, pois seria o candidato subsequente a ser convocado para a região escolhida Guajará.

Argumenta que para a região Guajará o Edital do certame ofertou o total de 488
(quatrocentos e oitenta e oito), sendo 433 (quatrocentos e trinta e três) vagas imediatas e mais 50
(cinquenta) para cadastro de reserva para o sexo masculino.

Defende a existência de vagas disponíveis para matrículas no Curso de Formação


para a região escolhida, em razão da desistência de 07 (sete) candidatos convocados.

Aduz possuir direito líquido e certo de ser convocado para o Curso de Formação,
afirmando ser o candidato subsequente no cadastro de reserva por figurar na posição 488ª
(quadringentésima octogésima oitava) dos candidatos aprovados para a região Guajará,
conforme a lista de classificação do certame, divulgada pela CETAP por força de decisão judicial
liminar proferida nos autos do processo n° 0849467-49.2022.814.0301.

Num. 11262631 - Pág. 1


Alega a existência de preterição, em razão da inclusão de 15 (quinze) candidatos
sub judice no Curso de Formação em detrimento daqueles que figuravam dentro do número de
vagas sem decisão judicial.

Aduz ilegalidade no ato coator e ofensa aos princípios constitucionais da isonomia,


razoabilidade, moralidade e proporcionalidade, assim como, alega a ocorrência de preterição
arbitrária, em razão da abertura de Processo Seletivo Simplificado – PSS e a contratação de
temporários na vigência do Concurso Público C-208, no qual foi aprovado em cadastro de
reserva.

Cita legislação e jurisprudência.

Defende a concessão da medida liminar para que seja determinada a sua imediata
convocação para participar do Curso de Formação Profissional e, caso seja aprovado no curso,
tomar posse no cargo de Policial Penal na região Guajará.

No mérito, requer a concessão da segurança. Juntou documentos.

Coube-me a relatoria do feito por distribuição.

É o relatório.

DECIDO.

Defiro o benefício da justiça gratuita.

Conheço da ação mandamental.

Inicialmente, reconheço a incompetência do Tribunal Pleno para processar e julgar o


presente feito, considerando que o writ foi impetrado contra ato praticado por Secretário de
Estado, desta forma, determino a redistribuição dos autos para a competência da Seção de
Direito Público.

O impetrante afirma possuir direito líquido e certo violado, alegando arbitrariedade


no ato coator, consistente na ausência de convocação do candidato para realizar o Curso de
Formação profissional para o cargo de Policial Penal na região Guajará, do Concurso Público C-
208, argumentando que a classificação obtida na 488ª (quadringentésima octogésima oitava)
colocação, em cadastro de reserva, teria sido alcançada com a desistência de 07 (sete)
candidatos em participar do Curso De Formação, observando a quantidade de vagas ofertadas e
a ordem de classificação dos candidatos.

O autor argumenta a ocorrência de preterição ilegal, decorrente da desistência de


candidatos faltosos ao Curso de Formação, bem como, em razão da convocação de candidatos
na condição sub judice e da abertura de Processo Seletivo Simplificado – PSS para a contratação
de servidores temporários para o mesmo cargo de Policial Penal da SEAP.

Num. 11262631 - Pág. 2


Destaca-se que o artigo 7º, inciso III da Lei nº 12.016/2009 estabelece que cabe ao
magistrado, ao despachar a inicial do mandado de segurança, vislumbrando fundamento
relevante e a possibilidade de resultar ineficaz a medida, caso seja deferida ao final, suspender o
ato que deu motivo ao pedido.

Passo a analisar a presença dos requisitos legais para a concessão da medida


liminar.

Analisando o edital do certame público (id 10933312), observa-se que os itens 16.2
e 19.1, estabelecem que será classificado para a 2ª fase, no caso, para o Curso de Formação
Profissional, “somente os candidatos aprovados na 1ª fase e que estejam dentro do número
de vagas somado ao número de cadastro de reserva distribuídos para a região de lotação
escolhida pelo candidato”, senão vejamos:

“16.2 Será considerado CLASSIFICADO para a 2ª Fase –


Curso de Formação Profissional do certame somente os
candidatos APROVADOS na 1ª Fase, nos termos do
subitem 16.1 do presente edital, e que estejam
classificados dentro do número de vagas somado ao
número de cadastro de reserva distribuídos para a
região de lotação escolhida pelo candidato no ato da
inscrição.

19 DA 2ª FASE - CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

19.1 Serão convocados para a 2ª Fase – Curso de


Formação Profissional somente os candidatos
aprovados e classificados na 1ª Fase do concurso
público nos termos fixados no item 16 do presente
edital, dentro do limite das vagas ofertadas por região.”
(grifei)

Pela análise dos autos, registro que o impetrante consta como “apto” na 5ª etapa da
1ª fase, referente à Investigação Social, conforme publicação no Edital n° 50 SEPLAD/SEAP do
Concurso C-208, contudo o edital não especifica qual a classificação obtida pelos candidatos no
concurso público (id 10933314).

Destarte, em razão de sua aprovação na 1ª fase, o candidato foi considerado


aprovado para participar da 2ª Fase referente ao Curso de Formação Profissional, como restou
demonstrado, porém para ser convocado, o candidato deve figurar dentro das vagas imediatas
ofertadas no edital para a Região Guajará (533 vagas) somado ao número de cadastro de reserva
distribuídos (50 vagas), conforme o quadro constante no item 4.2 do Edital.

Neste tópico, ressalto que, após consulta aos autos do processo n° 0849467-
49.2022.814.0301 e no acervo probatório produzido, por força de decisão judicial, o Centro de
Extensão, Treinamento e Aperfeiçoamento Profissional Ltda – CETAP, organizadora do certame,

Num. 11262631 - Pág. 3


apresentou uma Relação de todos os candidatos considerados aptos nas 5 etapas da primeira
fase, sendo que o impetrante Edinelson dos Santos Moreira, de fato, consta na lista na 488ª (
quadringentésima octogésima oitava) classificação para o cargo de Policial Penal (masculino)
para a região Guajará (vide id 10933522).

Assim, verifica-se que, ao obter classificação na 488ª (quadringentésima


octogésima oitava) posição, o impetrante se classificou fora do número vagas ofertadas no
edital, considerando o total de 533 (quinhentas e trinta e três) vagas imediatas e de 50
(cinquenta) vagas para o cadastro de reserva para a região Guajará, conforme as regras do
edital.

Ademais, registro que o autor comprovou que a Administração realizou a


convocação total de 488 (quatrocentos e oitenta e oito) candidatos para participarem do Curso de
Formação Profissional do cargo de Policial Penal (masculino) para a região Guajará, conforme o
Edital n° 122 SEAP/SEPLAD de 19/07/2022, entretanto, constam na referida lista, a convocação
de 15 (quinze) candidatos na condição sub judice, ou seja, figuram na lista de convocados,
aqueles candidatos mantidos no certame por força de decisão judicial (id 10933523).

Neste ponto, importa destacar a jurisprudência pacífica do C. Superior Tribunal de


Justiça no sentido de que a inclusão de candidato na condição sub judice por força de
decisão judicial não configura preterição (STJ – RMS 45.920/SP; STJ – RMS: 56740 TO
2018/0043298-0; STJ - AgRg no RNS 23.167/DF).

Feitas essas considerações, considerando que a organizadora do certame público


realizou a convocação de 488 (quatrocentos e oitenta e oito) candidatos no total para o Curso de
Formação, de acordo com a previsão de vagas ofertadas no edital, e observando que desse total,
15 (quinze) candidatos foram convocados na condição sub judice e ocorreram apenas 07 (sete)
desistências, a princípio, verifico que não restou configurada a preterição ilegal na ordem
classificatória quando a convocação de candidatos decorre do cumprimento de ordem judicial e
não de ato espontâneo da Administração Pública, como ocorreu na hipótese dos autos.

O Supremo Tribunal Federal já consolidou o entendimento de que é válida a lista


geral de classificação dos candidatos incluindo-se aqueles amparado por decisão judicial, ficando,
todavia, a nomeação condicionada à decisão judicial favorável definitiva (MS 32.176, Rel. Min.
Dias Toffoli).

Ressalta-se, ainda, que a realização de Processo Seletivo Simplificado para a


contratação de servidor temporário por si só não enseja preterição ilegal, sendo necessária a
demonstração de alguma arbitrariedade ou ilegalidade, e por isso não gera direito de nomeação
de candidatos aprovados em concurso público para cadastro de reserva, conforme a
jurisprudência pacífica do C. STJ.

Nesse contexto, em cognição sumária, não observo presente o requisito da


relevância da fundamentação nas alegações do impetrante quanto a existência de

Num. 11262631 - Pág. 4


preterição ilegal, tendo em vista que o candidato foi aprovado em cadastro de reserva,
possuindo mera expectativa de direito, assim como, o autor não comprovou que em razão da
desistência de 07 (sete) candidatos, a sua classificação obtida na 488ª classificação seria
alcançada, considerando que a Administração Pública realizou a convocação de 15 (quinze)
candidatos sub judice, o que fragiliza a tese sustentada de possuir direito líquido e certo de
participar do Curso de Formação Profissional para o cargo de Policial Penal.

No mais, destaco que a medida pretendida pelo impetrante, no sentido de participar


do Curso de Formação Profissional não será ineficaz, caso seja deferida ao final, com o
julgamento de mérito do presente Mandado de Segurança.

Ante o exposto, INDEFIRO o pedido liminar, ante a ausência dos requisitos legais,
tudo nos termos da fundamentação lançada.

Notifique-se a autoridade coatora para, querendo, apresentar as informações


necessárias, no prazo legal (Lei nº 12.016/09, art. 7º, I).

Intime-se o Estado do Pará, na condição de litisconsorte passivo necessário para,


querendo, integrar a lide (idem, art. 7º, II).

Cumpridas as diligências supra, ou decorrido o prazo para tal, vista ao Ministério


Público.

P. R. I.

Após, retornem os autos conclusos.

Servirá a presente decisão como mandado/ofício, nos termos da Portaria n°


3.731/2015-GP.

Belém-Pa, 29 de setembro de 2022.

Desembargadora EZILDA PASTANA MUTRAN,

Relatora

Num. 11262631 - Pág. 5

Você também pode gostar