Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2. DOS FATOS
O impetrante inscreveu-se no Concurso Pú blico Edital nº 01/2016 – SJC/SC,
convocado pela Secretá ria de Estado da Justiça e Cidadania do Estado de Santa
Catarina destinado a prover vagas para o cargo de Agente de Segurança
Socioeducativo.
O total de vagas previstas no edital foi de 255 as quais foram distribuídas de forma
regionalizada, sendo destinadas 60 vagas para Chapecó e o restante para as demais
regiõ es do estado. No ato da inscriçã o o impetrante optou por concorrer à s vagas
destinadas para a cidade de Chapecó .
O item 4.1 do Edital nº 01/2016 – SJC/SC previu a divisã o do concurso em 6 (seis)
fases, onde a ú ltima tratou do Curso de Formaçã o Profissional – CFP, sendo ela
cará ter eliminató rio e classificató rio.
Apó s efetuadas todas as fases pela banca, a homologaçã o do concurso ocorreu em
14 de novembro de 2017 [3], sendo que o item 1.4 Edital nº 01/2016 – SJC/SC
previu sua validade de 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado por igual período.
Em 14 de junho de 2019 a banca publicou a relaçã o remanescente dos candidatos
classificados na 5ª fase [4], garantido ao impetrante a 45ª colocaçã o (excluindo-se
nessa colocaçã o os candidatos já convocados).
Esse mesmo edital publicado em 14 de junho de 2019 tornou sem efeito o item nº
15.2 do Edital 001/2016-SJS/SC, qual previa que aos candidatos nã o convocados
para participar da sexta fase do Concurso Pú blico seriam desclassificados [5]. Com
a anulaçã o desse item foi garantido ao impetrante o direito de permanecer no
cadastro reserva.
Assim, em caso de vacâ ncia de cargos, o impetrante e os demais remanescentes
possuem o direito em prosseguir na sexta fase do concurso que seria o Curso de
Formaçã o Profissional - CFP, restando resguardado o seu direito líquido e certo.
É imperioso citar que a açã o civil pú blica nº XXXXX-52.2014.8.24.0018 proposta
pelo ministério Pú blico de Santa Catarina já possui Sentença condenató ria
determinando ao Estado de Santa Catarina a nomeação dos candidatos aprovados
no concurso público lançado pelo edital 01/2016-SJC/SC para o cargo de Agente de
Segurança Socioeducativo, no mínimo em número igual aos ocupantes de cargos
temporários de agente socioeducativo, segundo a classificação final do certame (SIC)
[6].
Apesar da decisã o acima citada nã o possuir trâ nsito em julgado, apó s interposiçã o
de recurso de apelaçã o em Segunda Instâ ncia foi concedido pelo eminente Relator
do recurso, o Desembargador Moacyr de Moraes Lima Filho tã o somente o efeito
suspensivo da tutela antecipada, permanecendo ativo o efeito quanto a
determinaçã o para nomeaçã o de candidatos ao cargo de agente socioeducativo
dentro dos prazos fixados [7].
Ocorre que o Estado de Santa Catarina tem utilizado de subterfú gios para evitar
em cumprir a decisã o judicial, e consequentemente impedindo que os candidatos
remanescentes iniciem a sexta fase do concurso.
A esse respeito, posso citar a publicaçã o do edital de processo seletivo simplificado
nº 020/2016/SJC [8] ocorrida em 07 de novembro de 2016, qual abriu as
inscriçõ es para o Processo Seletivo Simplificado de contrataçã o de pessoal por
prazo determinado (Agentes temporá rios) para o Centro de Atendimento
Socioeducativo de Chapecó – CASE de Chapecó , do Departamento de
Administraçã o Socioeducativa (DEASE).
Como se nã o bastasse, com o vencimento dos contratos previstos no edital nº
020/2016/SJC já foram publicadas duas portarias de prorrogaçã o desses
contratos, sendo elas [9]:
- PORTARIA nº 127/gABSA/SJC publicada em 15/02/2019: prorrogou de
18/01/2017 a 17/01/2021 o contrato de 27 Agentes temporá rios.
- PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP publicada em 05/01/2021: prorrogou de
18/01/2021 a 17/01/2023 o contrato de 25 Agentes temporá rios.
Ora, se a PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP renovou o contrato de 25 Agentes
temporá rios, é ó bvio que existem cargos em vacâ ncia. Existindo entã o a lista de
remanescentes do concurso edital nº 01/2016 – SJC/SC, nã o poderia o Estado
realizar reiteradas renovaçõ es dos contratos temporá rios [10].
As contrataçõ es temporá rias ferem lei e a Constituiçã o da Republica, trazendo
prejuízo aos adolescentes e ao sistema socioeducativo.
Apesar do impetrante estar aguardando a convocaçã o para a sexta fase do
concurso, o Estado vem reiteradamente prorrogando os contratos temporá rios,
ofendendo os princípios da impessoalidade, eficiência e moralidade.
Conclui-se que a PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP insurgiu de um ato ilegal
praticado pelo impetrado, que haverá de ser combatido através deste remédio
constitucional a fim de ser anulada.
3. DOS FUNDAMENTOS
A fundamentaçã o do impetrante está consubstanciada em garantir a proteçã o do
seu direito individual, possuindo certeza e liquidez, nã o possível de ser amparado
por habeas corpus ou habeas data, e tratando-se o responsá vel pela ilegalidade ser
autoridade pú blica, a medida constitucional cabível será a impetraçã o deste
mandado de segurança [11].
O direito líquido e certo resta demonstrado que com a anulaçã o do item nº 15.2 do
edital 001/2016-SJS/SC, bem como a homologaçã o do concurso com o impetrante
classificado até a 5ª fase, a ele e os demais remanescentes lhes foi garantido o
direito de figurar no cadastro reserva.
Já o ato ilegal encontra-se caracterizado pela portaria Nº 1585/GABSA/SAP qual
prorrogou o contrato de 25 agentes temporá rios de 18/01/2021 a 17/01/2023.
A PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP vai de encontro com o §Ú do artigo 1º da Lei
Complementar 260/2004 [12], qual permite tã o somente que a contrataçã o em
cará ter temporá rio será possível se ficar comprovada a impossibilidade de suprir a
necessidade temporá ria com o pessoal do pró prio quadro e desde que nã o reste
candidato aprovado em concurso pú blico aguardando nomeaçã o.
Objetivando garantir a sua tutela jurisdicional, o impetrante discorda da
prorrogaçã o dos contratos dos agentes temporá rios. Entende que o ato praticado
pelo impetrado é ilegal e que viola o seu direito líquido e certo.
A prorrogaçã o dos contratos temporá rios com a existência de cadastro reserva,
fere os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade [13].
O inciso IX do art. 37 da Constituiçã o de Repú blica define que a contrataçã o
temporá ria somente deverá ocorrer para suprimir a necessidade temporá ria de
excepcional interesse pú blico [14]. Ora, se os cargos temporá rios já estã o sendo
mantidos há anos, é evidente que essas contrataçõ es nã o sã o nem temporá ria e
nem excepcional.
Além de tudo, a Sentença do processo nº XXXXX-52.2014.8.24.0018 já determinou
a nomeaçã o dos candidatos aprovados no concurso pú blico regido pelo Edital nº
01/2016- SJC/SC para o cargo de Agente de Segurança Socioeducativo, no mínimo
em igual nú mero aos ocupantes de cargos temporá rios, e o Estado por sua vez, vem
reiteradamente descumprindo com a determinaçã o judicial.
Veja que essas prorrogaçõ es dos contratos temporá rios têm prejudicado os
candidatos que estã o no cadastro reserva, e ainda está em desacordo com a Lei
Complementar 260/2004 que nã o permite que as vagas sejam completadas por
Agentes temporá rios por todo esse período contido nas renovaçõ es dos seus
contratos. Necessá rio entã o seja resguardado o direito a posse e nomeaçã o dos
cargos mesmo apó s o decurso do prazo de validade do concurso, uma vez que a
postergaçã o dos cargos temporá rios ocorreu unicamente por culpa exclusiva do
Estado.
Dito isso, requer o impetrante seja anulada a PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP por
insurgir de um ato ilegal.
4. DO PEDIDO LIMINAR
Nos termos do artigo 300 do CPC a tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o
perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo (periculum in mora) [15].
O fumus boni iuris resta presente com a publicaçã o da PORTARIA Nº
1585/GABSA/SAP que prorrogou os contratos de Agentes temporá rios mesmo
existindo candidatos remanescentes.
Já a periculum in mora consubstancia em que, caso a portaria mantenha-se ativa, o
impetrante corre o sério risco do concurso vencer sem a garantia de posse e
nomeaçã o.
A lei 12.016/09 legisla especificamente sobre o mandado de segurança,
reproduzindo na íntegra alguns textos contidos Constituiçã o da Republica [16],
além de prever a medida para que seja concedido liminar em casos específicos [17]
como a suspensã o do ato que deu motivo ao pedido.
Restando presentes os requisitos para a concessã o da tutela de urgência, requer o
impetrante seja lhe garantido de modo liminar, que o impetrado realize a ú ltima
etapa do Concurso Pú blico Edital nº 01/2016 – SJC/SC para os candidatos
remanescentes, e tã o logo seja concluída essa fase, que a PORTARIA Nº
1585/GABSA/SAP seja anulada e ocorra a substituiçã o dos Agentes temporá rios
para os agentes permanentes.
5. DOS PEDIDOS
Diante o exposto requer:
a) O recebimento do presente mandado de segurança e documentos que instruem;
b) Que seja concedido o pedido liminar que o impetrado realize a ú ltima etapa do
Concurso Pú blico Edital nº 01/2016 – SJC/SC para os candidatos remanescentes, e
tã o logo seja concluída essa fase que a PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP seja
anulada;
c) Ainda em sede de liminar, que seja garantida a nomeaçã o e posse do impetrante
mesmo apó s o término da validade do concurso, caso esteja apto na sexta fase;
d) Quando do término da sexta fase do Concurso Pú blico Edital nº 01/2016 –
SJC/SC que ocorra a substituiçã o dos agentes temporá rios para os Agentes
definitivos;
e) Que o impetrado acoste aos autos a relaçã o completa das vagas existentes para
Chapecó , contendo o nú mero de cargos em vacâ ncia, e o nú mero de cargos
preenchidos pelos Agentes temporá rios;
f) A notificaçã o da autoridade coatora nos ternos do art. 7º, I da Lei 12.060/09
[18];
g) A intimaçã o do Ilustre representante do Ministério Pú blico [19];
h) Que ao final seja concedida definitivamente a segurança para anular a
PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP, e determinado que o impetrado substitua de
forma definitiva os Agentes temporá rios pelos Agentes permanentes;
i) Que seja garantido de forma definitiva ao impetrante sua nomeaçã o e posse do
cargo mesmo apó s o término da validade do concurso caso reste classificado na
sexta fase.
Dá -se a causa o valor de R$ 1.157,43 (um mil, cento e cinquenta e sete reais e
quarenta e três centavos) ref. ao vencimento da classe inicial do cargo de Agente de
Segurança Socioeducativo [20].
Sã o os termos em que pede deferimento.
Passo Fundo/RS, 18 de janeiro de 2021.
JANQUIEL DOS SANTOS
OAB/RS 104.298-B
Rol de documentos
- Procuraçã o (assinado digitalmente por Clicksign);
- Identidade;
- Edital 01/2016 SJC/SC;
- Relaçã o dos candidatos remanescentes classificados na 5ª fase;
- Edital de homologaçã o do concurso;
- Sentença da Açã o Civil Pú blica nº XXXXX-52.2014.8.24.0018;
- Decisã o monocrá tica XXXXX-52.2014.8.24.0018;
- Edital de processo seletivo simplificado Nº 020/2016/SJC;
- PORTARIA Nº 127/gABSA/SJC;
- PORTARIA Nº 1585/GABSA/SAP (ATO ILEGAL).