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AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS/MG, POR SEU

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE.

Resumo da lide: (Nomeação e posse de candidata aprovada em certame público – direito líquido, certo e exigível – Leis
12.016/09, art. 106, inciso I da Constituição Estadual de Minas Gerais)

URGENTE
Tutela De Evidência-Pedido Liminar em Mandado de Segurança

ANA PAULA MATIAS GUIMARÃES, brasileira, casada, médica, portadora da cédula de


identidade RG: MG-12.574.743 e inscrita no CPF nº 057.982.696-12, residente e domiciliada na
Rua Eduardo Carlos Pereira, 256, Esplanada, na cidade de Governador Valadares-MG, por
intermédio de sua procuradora in fine (instrumento de mandato anexo) a qual, à luz do art. 77,
inc. V c/c art. 287, caput, um e outro do Estatuto de Ritos, informa que está estabelecida
profissionalmente na Rua Américo de Menezes, 170A, Bairro São Pedro, nesta cidade e
comarca, indicando-o para as intimações/publicações que se fizerem necessárias, sob pena de
nulidade, informando ainda o seu endereço eletrônico (halda.lilian@hotmail.com), vem
perante esse D.Juízo, com fundamento nos artigos , impetrar:

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR INCIDENTAL

em face do MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES, pessoa jurídica de direito público


interno, inscrita no CNPJ sob o nº 20.622.890.0001-80, com sede na Rua Marechal Floriano, nº
905, Bairro Centro, Governador Valadares – MG, CEP: 35.020-390, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

1. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Por ser pobre na concepção jurídica do termo, a Impetrante requer desde já que lhe seja
concedido os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060, de 05.02.50 e suas

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posteriores alterações e do art. 98 e seguintes do NCPC, uma vez que não possui condições de
prover eventuais custas processuais sem prejuízo do seu sustento. (declaração anexa)

2. DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE:

O Mandado de Segurança é uma ação utilizada adequadamente para corrigir as ilegalidades ou


abusos cometidos pelos órgãos estatais ou aqueles em função do Poder Público e tem por
objeto uma lesão atual, ou ameaça de lesão de autoridade pública (positiva ou negativa), com
eficácia imediata, ou seja, definitiva.

O objeto do Mandado de Segurança será sempre a correção de ato ou omissão de autoridade,


desde que, ilegal e ofensivo de direito individual ou coletivo, líquido e certo, do impetrante.

Está previsto no artigo 5º, LXIX da Constituição Federal de 1988 e na Lei 12.016/091, visando
proteger a liquidez e a certeza de um direito, individual ou coletivo, lesado ou ameaçado de
lesão, por ato de autoridade através de ação de natureza cível e sumária.

Pode-se dizer, portanto, que o Mandado de Segurança tem o mesmo fundamento


constitucional do "habeas corpus", do qual difere, no essencial, apenas quanto ao direito
protegido. O "habeas corpus" protege o direito de liberdade enquanto que o Mandado de
Segurança PROTEGE QUALQUER OUTRO DIREITO, desde que se apresente líquido e certo.

Sendo os atos administrativos, em regra, os que mais ensejam lesões a direitos individuais e
coletivos, estão estes sujeitos à impetração de Mandado de Segurança.

No Mandado de Segurança o objeto será sempre a correção de atos OMISSIVOS de


autoridade, ilegal ou ofensivo a direito individual ou coletivo, líquido e certo, do impetrante.

Assim, importa dizer que, por "direito líquido e certo" pressupõe-se a incidência da regra
jurídica sobre fatos incontroversos e, no caso em comento, os documentos acostados à inicial
provam a certeza dos fatos; certeza essa que denota a perfeição formal com ausência de
reservas à sua plena eficácia, enquanto que a liquidez torna preciso o valor pleiteado.

Tecidas tais considerações acerca da medida judicial ora IMPETRADA, tem-se que esta, visa
proteger direito INCONTESTE da Impetrante de ser NOMEADA E, EMPOSSADA NO CARGO
VAGO de PEB1A, Artes, no Colégio Tiradentes da PMMG de Governador Valadares EM
VIRTUDE DE APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO EDITAL SEPLAG/PMMG Nº. 06/2014, de
28 de novembro de 2014, promovido pela Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais,
1
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem
as funções que exerça. 

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que vem tendo seu direito lesado, uma vez que a primeira colocada no certame foi nomeada,
mas desistiu da vaga, e a Impetrante que foi a segunda colocada, vem ocupando o aludido
cargo a título precário há mais de 05 anos, quando já poderia ter sido efetivada no cargo
desde o ano de 2018.

No que tange a tempestividade da medida cumpre registar que a despeito do art. 23 da lei
12.016/09 estipular um prazo de 120 dias contados da ciência do ato impugnado para
promover o mandado de segurança, tem-se que, tratando-se de ato omissivo continuado da
administração pública, consubstanciado na inércia na nomeação da impetrante, devidamente
aprovada em concurso público, o prazo para impetração se protrai no tempo, renovando-se
todo mês, enquanto perdurar a ilegalidade.

Nesse sentido, entendimento do STJ:

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


MANDADO DE SEGURANÇA. MILITAR. PROMOÇÃO. OMISSÃO DO
ARESTO ESTADUAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF.
DECADÊNCIA.ATO OMISSIVO CONTINUADO. PRECEDENTES DO STJ.
PRESCRIÇÃO. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INTERRUPÇÃO.
FUNDAMENTO INATACADO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. SÚMULA 7/STJ.
2. A jurisprudência deste Superior Tribunal consagra entendimento
segundo o qual em se tratando de ato omissivo continuado, que se
renova mês a mês, impossível fixar-se o dies a quo do lapso temporal
de exercício do direito de impetração, inexistindo, assim, a decadência
do direito à impetração (MS 8.255/DF, Rel. Ministra Laurita Vaz, DJ
4/8/2003).(G.N)

Assim restam demonstrados o cabimento e a tempestividade do presente writ.

3. SÍNTESE DOS FATOS E OS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

“A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça


à justiça em todo lugar”
(Martin Luther King)

A Impetrante, Rita de Cássia Braga Calhau de Oliveira, inscreveu-se na Seleção Pública para
provimento de cargos das carreiras de professor de educação básica da Polícia Militar do
Estado de Minas Gerais, do quadro de pessoal civil - concurso público regulado pelo EDITAL
SEPLAG/PMMG Nº. 06/2014, de 28 de novembro de 2014, homologado em 16/09/2015
conforme anexo da publicação no Diário do Executivo de Minas Gerais, tendo sido APROVADA

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e CLASSIFICADA NA SEGUNDA POSIÇÃO PARA O CARGO DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO
BÁSICA PEB - Nível I – Grau A/Artes para o município de Governador Valadares/MG, concurso
esse com validade até setembro de 2019, como se pode constatar da publicação de
prorrogação do seu prazo de validade no Diário do Executivo de Minas Gerais de 16 de
Setembro de 2017, pág. 236, que segue anexo. (Doc.junto)

No referido Edital, mormente o ANEXO II, pág. 28, verifica-se que foi ofertado de 1 (uma)
vaga de ampla concorrência para o cargo pretendido.

Após a realização de todas as etapas, a Impetrante logrou êxito em ser aprovada com
classificação no 2º lugar (publicação do Diário do Executivo do dia 16 de setembro de 2015),
detendo assim a condição de primeiro excedente ao número de vagas constante do certame.

A candidata aprovada com classificação no 1° lugar, Adriana Cristina Monteiro, foi nomeada e
convocada pelo Estado a tomar posse por meio de ato publicado no Diário do Executivo de
Minas Gerais do dia 01 de agosto de 2018, caderno 1, pág. 58, 59 que segue anexo. Todavia,
SIMPLESMENTE NÃO COMPARECEU PARA TOMAR POSSE, NEM SOLICITOU SUA
PRORROGAÇÃO (mensagem enviada por e-mail por Emilyn Mendes, servidora pública lotada
na Associação dos Servidores da Policia Militar do Estado de Minas Gerais - ASPM do Colégio
Tiradentes de Governador Valadares). Conclui-se, portanto, que NÃO HOUVE INVESTIDURA
NO CARGO PELA mesma, estando vago até o presente momento, e, em que pese ter
desistido da vaga, a Administração Pública não procedeu com a publicação do ato que
tornaria sem efeito sua nomeação. (Docs.juntos)

Não houve também, consectário disso, a nomeação da candidata excedente, a Impetrante, já


que há 01 (uma) vaga a ser preenchida e que está sendo ocupada pela mesma através de
contrato precário, conforme se infere dos Boletins Gerais da Polícia Militar de Minas Gerais
de nºs 40, de 02 de junho de 2016 e, 79, de 24 de outubro de 2017, dos contratos que
seguem anexo e da Certidão de Contagem de Tempo emitida pelo Colégio Tiradentes no
qual se verifica a designação da Impetrante para os períodos de 03/02/2014 a 31/12/2014;
02/02/2015 a 31/12/2015; 02/02/2016 a 31/12/2016; 01/02/2017 a 16/11/2017;
01/02/2018 a 31/12/2018, 01/02/2019 a 28/05/2019. (Docs. Juntos)

Digno de nota é que, o caso em comento não é o que se entende como mera expectativa de
direito à nomeação por parte da Impetrante, uma vez que seu direito subjetivo passou a
existir a partir do momento em que há comprovação da existência de cargo efetivo vago
durante o prazo de validade do concurso público, bem como de existência de preterição
arbitrária e imotivada por parte da Administração, que prefere contratar a candidata a
título precário, usurpando-lhe de seus direitos de servidora efetiva, para proceder com
contratações temporárias, no mesmo cargo, exercendo a mesma função.

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Não é o outro o entendimento consubstanciando no Pretório mineiro:

MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO PÚBLICO - CONCURSO DENTRO DO


PRAZO DE VALIDADE - INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. -
Enquanto não se esvair o prazo final de validade do concurso, o momento de
provimento dos cargos é de livre escolha do Poder Público, mesmo em se
tratando de candidato aprovado dentro do número de vagas previsto para o
certame. V.V. MANDADO DE SEGURANÇA -- CONCURSO PÚBLICO -
CANDIDATO QUE PASSA A FIGURAR DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL, DIANTE DA DESISTÊNCIA DE CANDIDATO
CLASSIFICADO EM MELHOR COLOCAÇÃO - CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA
INJUSTIFICADA - DIREITO À NOMEAÇÃO EFETIVA - POSSIBILIDADE -
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - Na Repercussão Geral
reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº
598.099/MS, restou sedimentada a orientação segundo a qual: "Dentro do
prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento
no qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria
nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do
concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público.
Uma vez publicado o edital do concurso com número específico de vagas, o
ato da Administração que declara os candidatos aprovados no certame cria
um dever de nomeação para a própria Administração e, portanto, um
direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse
número de vagas" - Assim, não há que se falar em juízo de conveniência e
oportunidade, se durante o prazo de validade do concurso, a Administração
procede à contratação temporária de terceiros ou dos próprios candidatos
ou, ainda, à ocupação dos cargos de forma inconstitucional. Nesses casos, a
expectativa de direito à nomeação convola-se em direito líquido e certo,
posto que caracterizado a necessidade do serviço e o comportamento
incompatível com os princípios da moralidade e da boa-fé administrativa -
Além do mais, o próprio Supre mo Tribunal Federal, com base no
julgamento do referido RE nº 598.099/MS, também já decidiu que "o
direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do
número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas
em decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação
superior. Precedentes" (RE 643674 AgR/AL, rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, DJe 28/08/2013).(TJ-MG - MS: 10000180911786000 MG,
Relator: Alexandre Santiago, Data de Julgamento: 30/11/2018, Data de
Publicação: 11/12/2018).(Grifo Nosso)

Assim, temos que ao candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas
previstas no edital do certame, assiste, a princípio, mera expectativa de direito à nomeação, a
qual se convola em direito subjetivo caso seja demonstrado o surgimento de vaga para o
cargo e a preterição arbitrária da Administração Pública, caracterizada pelo comportamento
tácito ou expresso, capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado
dentro do prazo de validade do certame, como in casu.

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No contexto do presente caso, verifica-se que a Impetrante logrou aprovação como primeira
excedente, o que se extrai do resultado final homologado em 16/09/2015, conforme Diário
do Executivo em anexo.

Noutro passo, a Impetrante demonstra de forma eficaz a EXISTÊNCIA DA VAGA que lhe cabe,
posto que, houve a nomeação da candidata Adriana Cristina Monteiro aprovada dentro da
vaga (MG Diário do Executivo de 31/07/2018, págs. 02 e 03, anexo), e esta não tomou posse,
conforme mensagem respondida pela Sra Emilyn Mendes, ASPM CTPM/Governador
Valadares, que segue anexo.

De igual modo, corroborando com o fato de que a Administração Pública demonstra de forma
explícita que NECESSITA DO PREENCHIMENTO DA VAGA objeto do presente writ, uma vez
que procedeu com a nomeação da candidata aprovada dentro da vaga, há de se considerar
ainda que mesmo antes da nomeação e, da desistência dela, houve contínuas designações
para o cargo vago, que vem sendo ocupado pela Impetrante, conforme Certidão de
Contagem de Tempo emitida pelo Colégio Tiradentes da PMMG/GV, concluindo que a
mesma está no exercício da função há 1939 dias trabalhados, o que equivale a 5(cinco)
anos, 3(três) meses e 24(vinte e quatro) dias. (Doc. Junto)

Destarte, não descurando que a Administração Pública pode decidir o momento em que
nomeará o candidato aprovado que poderá ocorrer até o último dia do prazo de validade
do concurso, NÃO pode ela realizar um concurso público para preencher vagas, homologar
o resultado e, em seguida, contratar um servidor a título precário, ainda que seja o próprio
candidato, demonstrando, com esse ato, a necessidade do preenchimento da vaga, ao invés
de nomear o candidato de modo efetivo, o qual fica assim, inquestionavelmente
prejudicado, mesmo porque, ainda que venha a ser nomeado antes da expiração do prazo
do concurso, deixará de ir contando tempo de serviço como efetivo, o que acarreta
indesejáveis consequências resultantes do desrespeito da Administração à própria
moralidade pública, que reclama, no caso, o respeito ao concurso público realizado e ao
candidato aprovado.

Lado outro, a Lei Estadual nº 10.254/90 que institui o regime jurídico único do servidor
público civil do Estado de Minas Gerais e dá outras providências, elenca os casos em que se
dará designação para o exercício de função pública. Em específico, se infere da inteligência do
Art. 10, inciso II, que há expressa vedação para designação em cargo vago quando há
candidato aprovado em concurso público para a classe correspondente, in verbis:

Art. 10: “Para suprir a comprovada necessidade de pessoal, poderá haver


designação para o exercício de função pública, nos casos de:
I – substituição, durante impedimento do titular do cargo;

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II – cargo vago, e exclusivamente até o seu definitivo provimento, desde
que não haja candidato aprovado em concurso público para a classe
correspondente. (grifo nosso)

Em análise às instruções nº 118 de 07 de dezembro de 2016 e nº 810 de 14 de dezembro de


2017, que estabeleceu critérios para inscrição e classificação para o exercício de função
pública no Colégio Tiradentes (anexo), verifica-se a utilização do concurso público para
simples classificação em processo de designação, o que se depreende do art. 62 da primeira e
art. 63 da segunda, no qual se elencou um rol de prioridades no processo de contratação:

Para a designação, inclusive do professor de apoio, deverá ser observado a


seguinte prioridade:
I – servidor efetivo, lotado na respectiva unidade, que possuir somente um
cargo;
II – candidato aprovado em concurso vigente, para a unidade do CTPM ou
respectiva Metropolitana para a qual se inscreveu, ainda não nomeado,
obedecida à ordem de classificação do concurso;
III – candidato aprovado em concurso vigente, para qualquer unidade do
CTPM, obedecida à ordem da pontuação obtida pelo candidato.

Denota-se, assim, burla ao princípio constitucional da indispensabilidade de concurso público,


bem como de redação da Lei Estadual nº 10.254/90 que veda esse tipo de prática.

Nesse sentido:

EMENTA: AGRAVO. LIMINAR. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO


PÚBLICO. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTO
NO EDITAL. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PROVA DA EXISTÊNCIA DO
CARGO E DO INTERESSE PÚBLICO EM SEU PREENCHIMENTO IMEDIATO.
DESIGNAÇÃO EM DESACORDO COM A LEI ESTADUAL. PLAUSIBILIDADE DO
DIREITO RECONHECIDA. LIINAR DEFERIDA. - Provada a designação do
impetrante para cargo vago, sem observância da vedação contida no inciso II,
do artigo 10 da Lei Estadual nº 10.254/1990 ("desde que não haja candidato
aprovado em concurso público para a classe correspondente"), exsurge o
direito de nomeação para o candidato aprovado em concurso público, que
figura como o próximo a ser convocado na lista de classificação. - Plausível o
direito alegado na impetração e presente o periculum in mora, que decorre
do retardamento da nomeação almejada pelo impetrante, a liminar que
busca viabilizá-la deve ser deferida. (TJMG - Agravo Interno Cv
1.0000.17.000003-8/001, Relator(a): Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata ,
ÓRGÃO ESPECIAL, julgamento em 26/05/2017, publicação da súmula em
01/06/2017) – “Grifo nosso”

Portanto, estando comprovada a existência de cargo vago, aliado ao fato de que a candidata
foi aprovada e, sua classificação está dentro do número da vaga oferecida no concurso
público, bem como estando comprovada a necessidade da Administração Pública em ter o

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cargo preenchido (em decorrência das nomeações e designações ocorridas), TEM-SE, POIS,
CONFIGURADO O DIREITO LÍQUIDO E CERTO NO QUE SE CONCERNE à NOMEAÇÃO DA
IMPETRANTE na vaga pretendida.
Finalmente, da Jurisprudência, na esteira do presente caso, colhe-se os seguintes julgados, in
verbis:

“MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. LEGITIMIDADE PASSIVA.


CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS. NOMEAÇÃO DO
CANDIDATO MELHOR COLOCADO. ATO TORNADO SEM EFEITO. PRIMEIRO
CANDIDATO APROVADO ALÉM DO NÚMERO DE VAGAS. DIREITO SUBJETIVO À
NOMEAÇÃO. Conforme orientação do Superior Tribunal de Justiça, a
autoridade coatora, para fins de impetração de Mandado de Segurança, é
aquela que pratica ou ordena, de forma concreta e específica, o ato ilegal, ou,
ainda, aquela que detém competência para corrigir a suposta ilegalidade. Ao
candidato aprovado como primeiro excedente no número de vagas, assiste
direito subjetivo à nomeação, no caso em que comprovado o surgimento de
novas vagas e o candidato, aprovado em posição superior, teve seu ato de
nomeação tornado sem efeito, e a administração pública deixa inequívoca a
necessidade de preenchimento da vaga. V. v. A simples existência de cargos
vagos além daqueles previstos no Edital não gera para os classificados no
concurso público o direito líquido e certo à nomeação, uma vez que cabe à
Administração Pública, na esfera de sua discricionariedade, a análise do
cabimento ou não do preenchimento dessas vagas, levando em consideração,
dentre outros aspectos, as questões orçamentárias.(TJMG - Mandado de
Segurança 1.0000.16.081782-1/000, Relator(a): Des.(a) Estevão Lucchesi,
ÓRGÃO ESPECIAL, julgamento em 10/05/0017, publicação da súmula em
18/05/2017)”.

“DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


CONCURSO PÚBLICO DA SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL. CARGO DE
PROFESSOR DE FÍSICA. CANDIDATA APROVADA FORA DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTO NO EDITAL DO CERTAME. COMPROVAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE DO
CONCURSO. PRETERIÇÃO. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. VIOLAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DA MORALIDADE E BOA-FÉ ADMINISTRATIVA. APELAÇÃO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. (TJ-PE - APL: 3668673 PE, Relator: Antenor Cardoso
Soares Junior. Data de Julgamento: 06/10/2015, 3ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 14/10/2015).”

“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO ORDINÁRIA C/C


INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. CONCURSO PÚBLICO. CLASSIFICAÇÃO
INICIAL FORA DO NÚMERO DE VAGAS DISPONIBILIZADAS. RENÚNCIA DO
DIREITO À VAGA POR CANDIDATO APROVADO. DIREITO À CONVOCAÇÃO DO
CANDIDATO SUBSEQUENTE. PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME ESGOTADO.
NOMEAÇÃO E POSSE IMEDIATA. INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Conforme a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, a expectativa de direito à nomeação do candidato
aprovado fora do número de vagas inicialmente previsto no edital, convola-se
em direito subjetivo caso haja, dentre outras causas, a desistência de

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candidatos mais bem posicionados, antes da expiração do prazo do concurso,
em número suficiente para alcançar a classificação do candidato que
ingressou em Juízo. Esgotado o prazo de validade do certame, mesmo após a
prorrogação, impõe-se a imediata convocação dos candidatos que possuem o
direito subjetivo à nomeação. Indeferido o pedido de condenação da
Administração Pública ao pagamento de indenização por perdas e danos,
configura-se a sucumbência recíproca, a isentar a Fazenda Pública do ônus da
condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, que deverão ser
suportados por ambas as partes. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Classe:
Apelação, Número do Processo: 0000024-67.2014.8.05.0181, Relator (a):
Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 12/08/2015).
(TJ-BA - APL: 00000246720148050181, Relator: Moacyr Montenegro Souto,
Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 12/08/2015).”

4. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – LIMINAR (§2º, ART. 300, CPC)

Como cediço, o deferimento da tutela provisória de urgência pressupõe a demonstração da


probabilidade do direito, bem como a comprovação do perigo de dano ou de ilícito, ou ainda, o
comprometimento da utilidade do resultado final que a demora do processo pode causar.

A propósito estabelece o art. 300 do Código de Processo Civil:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

A probabilidade do direito se funda na plausibilidade da existência do direito invocado,


cabendo ao juiz avaliar a existência de elementos que sustentem a conjuntura fática invocada
pela parte.
Nesse sentido leciona Fredie Didier:

"...é necessária a verossimilhança fática, com a constatação de que há um


considerável grau de plausibilidade em torno da narrativa dos fatos trazida
pelo autor. É preciso que visualize, nessa narrativa, uma verdade provável
sobre os fatos, independentemente da produção da prova. Junto a isso, deve
haver uma plausibilidade jurídica, com a verificação de que é provável a
subsunção dos fatos à norma invocada, conduzindo aos efeitos pretendidos.
(...) O que importa é que, de uma forma geral, o juiz se convença
suficientemente de que são prováveis as chances de vitória da parte e
apresente claramente as razões da formação do seu convencimento". (DIDIER
JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: teoria da prova, direito probatório,
ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos
efeitos da tutela. 11 ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016, v. 2., p. 608/609).

Para o deferimento da tutela provisória também se mostra indispensável a existência de


elementos que evidenciem o perigo de dano que pode advir da demora da prestação

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jurisdicional, comprometendo a efetividade da jurisdição e a realização do direito, causando à
parte um dano irreversível ou de difícil reversibilidade.

Fredie Didier Júnior, na mesma obra supramencionada, consigna que o perigo de dano, como
pressuposto para a concessão da tutela antecipada, deve ser concreto, atual e grave, ob cit. p.
610.

Importante é registrar que o que justifica a tutela provisória de urgência é aquele perigo de
dano: i) concreto (certo), e, não hipotético ou eventual, decorrente de mero temor subjetivo da
parte; ii) atual, que está na iminência de ocorrer, ou esteja acontecendo; e, enfim, iii) grave,
que seja de grande ou média intensidade e tenha aptidão para prejudicar ou impedir a fruição
do direito.

Cumulativamente com o preenchimento dos citados pressupostos, necessário que os efeitos da


tutela de urgência deferida sejam reversíveis, considerando que sua concessão se dá com base
em juízo de cognição sumária, consoante preceitua o art. 300, § 3º do Código de Processo Civil.

Dito isso, compulsando os autos é de fácil constatação que o concurso público se encontra
próximo de expirar (setembro de 2019), além do fato de que enquanto não é nomeada, a
impetrante está deixando de auferir as garantias e benefícios do serviço público, mesmo
exercendo a função no cargo/vaga para o qual busca sua nomeação há mais de 5(cinco) anos,
conforme comprovado.

Resta, por outro lado, demonstrado a existência de ato ilegal por parte da Administração
Pública que designou a própria impetrante, a título precário, para ocupar o cargo vago desde o
ano de 2014, até a presente data, valendo dizer que, durante todo o tempo de validade do
certame a Impetrante ocupa a aludida vaga para a qual busca legítima nomeação.

Insta salientar ainda que a Instrução nº 118 de 07/12/2016, no qual estabeleceu critérios para a
inscrição e classificação de candidatos à designação para o exercício de função pública no
Colégio Tiradentes da PMMG para o ano de 2017, em seu art. 50, prescreveu:

Art. 50 - A carga horária semanal do Professor de Educação Básica do CTPM


efetivo poderá ser acrescida, como extensão de carga horária, até o limite
permitido pela legislação vigente (16 aulas semanais), para que seja ministrado
conteúdo curricular para o qual o professor seja habilitado, excluídas desse
total as aulas assumidas por exigência curricular.
Parágrafo único - O servidor efetivo, mesmo que tenha dois cargos de
Professor de Educação Básica na rede pública de ensino, terá direito à
extensão de carga horária.

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Assim, deixando de fazer uso das prerrogativas que lhe conferiu a dita Instrução, a impetrante,
poderia ter sua carga horária estendida em todo o período trabalhado, conforme BGPM nº 79
de 24 de outubro de 2017, pág. 100, o que lhe reverteria em melhores condições financeiras e
de trabalho, mas tal direito também lhe foi obstado em razão de não estar na condição de
servidora efetiva.

Destarte, caso tivesse o poder público cumprido seu múunus e nomeado a candidata aprovada
no concurso, quando reconhecida sua necessidade de pessoal, a Impetrante não teria sido
preterida com as contratações à título precário e não estaria sendo prejudicada com a
substancial diminuição da carga horária e consequentemente salarial no corrente ano.

No tocante à medida requerida, verifica-se a evidência do direito quando se analisa as provas


juntadas e os fundamentos elencados, comprovando assim o direito líquido e certo da
Impetrante em ser nomeada, sendo que essa determinação não causará nenhum prejuízo aos
Impetrados e/ou a Administração pública, que aliás, já vem se utilizando da Impetrante como
única professora de artes.

Urge mencionar que, por outro lado, a concessão da Tutela de pretendida não traz nenhum
perigo de irreversibilidade para o Requerido e, nem prejuízo, já que a medida pleiteada é
reversível, ou seja, caso ao final do processo seja o entendimento de Vossa Excelência de não
ser caso de nomeação, poderá a Autora retornar ao status quo.

Isto posto, averiguado que a Impetrante foi a segunda candidata aprovada e, que a primeira
não tomou posse do cargo, bem como a existência do cargo vago, da inequívoca demonstração
da necessidade de preenchimento deste em caráter efetivo e o perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo, requer a concessão da MEDIDA LIMINAR para que seja a Impetrante
nomeada para o cargo PEB1-A, Artes, no Colégio Tiradentes da Policia Militar de Governador
Valadares, por ser da mais lidima Justiça!

Dentro do quadro apresentado a medida ora pleiteada há que ser deferida em caráter liminar
e, inaudita altera pars, vez que preenchidos os requisitos constantes do caput do art. 300, do
CPC.

5. DO PREQUESTIONAMENTO

Data venia, o Autor entende que, caso a respeitável decisão de Vossa Excelência
seja de improcedência, estará por sua vez violando literalmente os Arts. 5º, XXXV, 37 e 226,
todos da Constituição Federal/88; Art. 9º, I, 300, 301, da Lei 13.105/2015- NCPC e nas Leis
869/52, Lei 7.109/77 (mormente nos artigos 66 a 81), Lei 9.381/86 e Lei 9.938/89 .

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Assim, por medida de salutar cautela dessas causídicas, prequestionam
expressamente a transgressão na r. decisão que porventura possa ser de improcedência, dos
dispositivos legais supra citados, além da flagrante dissidência com esmagadora jurisprudência
reinante nos pretórios estadual e junto aos Colendos STJ e STF. (CF, arts. 102, III, “a” e 105,
III, letras “a”, e “c”).

6. DO PEDIDO

Isso posto, considerando tudo o que dos Autos consta;

Considerando a morosidade da Administração Pública por utilizar de forma excessiva seu Poder
Discricionário, e visando assegurar o direito líquido e certo da impetrante em ser nomeada para
o cargo para o qual concorreu uma vez que a candidata aprovada em primeiro lugar não
compareceu para a posse;

Considerando ainda que a Administração Pública designou a título precário a própria


Impetrante para o exercício da função pública de professora de artes quando já deveria ter
efetivado a candidata aprovada, REQUER se digne Vossa Excelência de:

I – Liminarmente, CONCEDER o pedido da TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA com o fim de


determinar à Autoridade coatora que proceda com a NOMEAÇÃO DA IMPETRANTE para o
cargo vago PEB1-A, ARTES.

II – Determinar a notificação do Impetrado no endereço informado no preâmbulo para,


querendo, prestar as informações que julgar necessárias, na forma do art. 7º, I, da Lei nº
12.016/09, bem como que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica nos termos do art. 7º, II, da mesma Lei e o DEEAS – Diretoria de Educação Escolar e
Assistência Social da PMMG de Governador Valadares para que, após concessão da Liminar
pugnada proceda com a publicação do ato que torna sem efeito a nomeação da candidata
Adriana Cristina Monteiro e, como sucedâneo, proceda com a publicação da nomeação da
Impetrante.

III – A ciência do ilustríssimo representante do Ministério Público para que opine nos termos do
art. 12 da Lei 12.016/09;

IV – Ao final, requer a confirmação, por sentença, da liminar concedida, declarando-se


definitivamente a ilegalidade do ato praticado pela autoridade coatora CONCEDENDO A
SEGURANÇA em caráter definitivo, reconhecendo o direito líquido e certo da impetrante em ser
NOMEADA E EMPOSSADA no cargo vago de PEB1A-Artes, Colégio Tiradentes da PMMG de
Governador Valadares.

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V - Tratando-se de pedido de obrigação de fazer, requer, em caso de desobediência, seja
aplicada multa diária (astreintes) em valor a ser fixado por Vossa Excelência, com fins à
promover a efetividade das decisões nesses autos proferidas.

VI - Pugna pelo deferimento da gratuidade judiciária nos termos do art. 98 e seguintes do


NCPC, por não ter a Impetrante, condições de arcar com as custas e demais despesas
processuais em detrimento do sustento próprio e familiar.

VII - Pretende-se provar o alegado pelas provas documentais que seguem anexas e dá-se à
causa o valor de R$ 1..000,00 (hum mil reais).

A partir da vigência do novo Código de Processo Civil, em seu artigo 85, parágrafo 1º, cabem
honorários de sucumbência nas fases recursal e de cumprimento, ainda que em mandado de
segurança.

Art. 85.  A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor.
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de
sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos
interpostos, cumulativamente.

O Código de Processo Civil é adotado no rito especial do mandado de segurança, logo a súmula
do STF tornou-se relativizada, motivo pelo qual, Requer, a condenação do ente público em
custas e honorários sucumbenciais.

Nesses Termos,
Pedem e esperam deferimento.

Governador Valadares, 5 de junho de 2018.

Aline Moreira Brasileira Pereira


OAB/MG

Halda Lilian Sathler Vidal Otoni


OAB/MG 99711

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