Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Gabriel – RS
Julho, 2018
Renara Bittencourt Vieira
São Gabriel – RS
Julho, 2018
Mas eis a hora de partir: eu para morte,
vós para a vida. Quem de nós segue o
melhor rumo ninguém o sabe, exceto os
deuses.
Sócrates
À professora Drª Nara Rejane Zamberlan dos
Santos (in memoriam), a quem esteve comigo
ao longo da jornada acadêmica, orientando,
transmitindo o seu conhecimento com muito
carinho.
Dedico
AGRADECIMENTOS
The Brazilian cemeteries were established after 1850 due to sanitary surveillance
needs. Before that date, cemeteries were placed inside and around the church
settings where the belief was that loved ones could rest close to God. The aim of this
study was to analyze the typologies, the constructive materials, the usual funerary
ornamentation, the pathologies contained in the graves and the state of preservation
of the grave goods in the Cemetery of the “Irmandade da Santa Casa de Caridade” -
São Gabriel. The methodology consisted in searching for bibliographies about the
history of cemeteries, from the earliest peoples, funerary art as well as references
correlating cemetery and environment. An exploratory research instrument was
constructed, where 48 graves were sampled, from two distinct wings of the cemetery.
In relation to the typologies, the deposits and tombs were more predominant in the
West Wing than in the East Wing, the greater amount of grandiosities was found in
the East Wing and the pits presented the same quantities in both wings. The most
apparent building materials were masonry painted in graves and tombs. Concerning
the funerary ornaments, there is symmetry in the adornments and the use in the two
wings. The most recurrent nature damage is caused by moisture, vegetation and
mosses and lichens, also in the two wings, those caused by the most recurrent
human actions were missing parts in the ornaments and in the grave itself. The most
constant temporal damage in both wings were cracks. There are currently bad,
abandoned, and even ruined tumulatory goods, especially in the West Wing.
However, the damage can bring innumerable impacts to the conservation of the
cemetery, in the environmental as well as historical scope.
Keyword: grave goods, cemetery management, cemetery conservation
LISTA DE FIGURAS
1.INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10
2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 11
2.1 Cemitérios: evolução histórica.................................................................... 11
2.2 A arte cemiterial.......................................................................................... 12
2.3 Cemitério e Meio Ambiente ....................................................................... 14
3. METODOLOGIA................................................................................................... 16
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 18
5. CONCLUSÃO....................................................................................................... 34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 35
7. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 36
APÊNDICE................................................................................................................ 38
10
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Denominou-se arte tumular ou arte funerária as obras e alegorias que tem por
fim decorar as sepulturas nos cemitérios. Atualmente em todas as grandes cidades,
os cemitérios ostentam túmulos que são verdadeiras obras de arte, assinadas por
escultores de renome (ARAÚJO, 2006).
Segundo Carneiro (2012), os egípcios tinham muitas habilidades relacionadas
as esculturas dedicadas ao culto da morte, porém foram os gregos que
relacionaram à essas esculturas um ideal de beleza, que combinaria com
idealismo, emoções humanas e racionalidade. Sendo assim, originou-se a
romantização da morte. Conforme Santos e Freitas (2012), trás que
A representação da dor é o tema favorito da escultura funerária,
apresentando uma espécie de tributo pago indiretamente à morte,
assim como efígies recostadas, relevos induzindo à ideia de
separação, onde, na maioria das vezes, o sobrevivente divide
sentimentos e pensamentos com o morto que repousa no túmulo. Na
maioria dos monumentos funerários, entretanto, a ideia da morte era
13
que formam o organismo humano, sem falar dos diferentes utensílios que
acompanham o corpo e o caixão em que ele é sepultado (KEMERICH et al., 2012).
Além desse entendimento, o mesmo autor, explana que durante o processo de
decomposição orgânica, além dos líquidos liberados há emissão também de alguns
tipos de gases, entre eles principalmente os característicos da decomposição
anaeróbica, como o gás sulfídrico, incluindo dióxido de carbono, gás carbônico,
metano, amônia e hidrato de fósforo. A falta de medidas de proteção ao ambiente
no sepultamento de corpos humanos em covas no solo, ao longo dos últimos
séculos, fez com que a área de muitos cemitérios fosse contaminada por diversas
substâncias orgânicas e inorgânicas, e por microrganismos patogênicos
(KEMERICH et al., 2014).
Segundo Kemerich (2012), criou-se uma polêmica em torno dos potenciais
contaminante de cemitérios, levando os órgãos de vigilância e proteção ambiental a
fiscalizar e multar cemitérios (públicos e privados), que estivesse de acordo com a
nova legislação. O mesmo autor ainda afirma que as áreas ocupadas pelos
cemitérios necessitam de monitoramento contínuo do solo, águas (superficiais e sub
superficiais), considerando a contaminação em potencial das aguas nas regiões em
que estão situados os cemitérios. Sendo assim, preocupações com a implantação,
localização e operação de cemitérios se fazem necessárias para que não ocorram
problemas sérios de contaminação de mananciais de abastecimento, evitando
assim efeitos nocivos à população (ANJOS, 2013).
16
3. MATERIAL E MÉTODOS
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Ala Leste reuniu 24 amostras, sendo destas 43% de jazigos, 29% túmulos,
13% grandiosidades e 12% covas, já na Ala Oeste, também com vinte e quatro (24)
amostras, dispôs da mesma porcentagem para jazigos e túmulos, sendo eles 42%,
12% covas e apenas 4% de grandiosidades (Figura 3). Considera-se que perante a
amostragem a Ala Leste, apresenta maior numero grandiosidades visto que a
mesma está localizado ao centro do cemitério. Neste local as arquiteturas
apresentam mais requinte em seus materiais, estabelecendo uma representação de
alteridade. 1
1
Representação da alteridade é um termo antropológico. Para Arruda (1999), a representação de
alteridade é a posição do homem em seu âmbito social e as relações em que ele estabelece nesse
meio.
20
(01) grama sintética; que existem sete (07) túmulos, sendo que três (03) são de
alvenaria pintada, dois (02) de alvenaria revestida com mármore, e dois (02) com
granito, ainda há onze (11) jazigos, sendo eles cinco (05) de alvenaria revestida
com azulejos, quatro (04) de alvenaria pintada, um (01) de alvenaria revestida com
mármore, e um (01) com granito, e, das três (03) grandiosidades presentes na
amostra, uma (01) é feita de alvenaria revestida com granito, uma (01) de alvenaria
pintada e uma (01) de outro material, sendo ele alvenaria revestida com pedras
(Figura 4).
A Ala Oeste apresentou três (3) covas com (3) três distintos materiais
construtivos, uma (1) alvenaria com mármore, uma (1) de alveneria com azulejo, e
uma (1) de outro material, sendo ele grama natural, existem dez (10) tumulos, seis
(6) de alvenaria pintada, dois (2) de alvenaria revestida com azulejo e dois (2) com
outros materiais, neste caso alvenaria pura, há dez (10) jazigos, quatro (4) de
alvenaria pintada, um (1) de alvenaria revestida com mármore, um (1) com azulejo e
quatro (4) de outros materiais, sendo eles, tijolos à vista, uma (1) única
grandiosidade com outros materiais, que por sua vez é alvenaria revestida com
21
A Ala Oeste, das três (3) covas existentes, duas (2) estão em uso, e uma (1)
está abandonada, dos dez (10) túmulos estudados, oito (8) estão em uso e dois (2)
estão em ruinas, dos dez (10) jazigos, oito estão sendo utilizados e dois (2) estão
abandonados, a uma (1) única grandiosidade dessa amostra encontra-se em uso
(Figura 7).
23
sepultura tinha partes faltantes nos seus ornamentos, uma (1) mostrou desfiguração
por falta de manutenção, e uma (1) faltava partes da sepultura. Duas (2) sepulturas
de alvenaria revestida com azulejo tinham patologias, uma (1) apontou falta de
manutenção e uma (1) falta de partes na ornamentação. Os outros materiais
construtivos e a alvenaria revestida de mármore não apresentaram nenhuma
patologia, na Ala Leste (Figura 10).
Figura 10 – Danos pela ação humana na Ala Leste. São Gabriel, 2018.
com lixo acumulado, uma (1) desfigurada por falta de manutenção e a uma (1)
faltando partes de seus ornamentos (Figura 12). Sabe-se que danos causados por
sepulturas abertas, ou sepulturas com partes faltantes é de extrema preocupação,
pois os materiais fúnebres, restos mortais e seus poluentes podem ser lixiviados
pelas chuvas e contaminar os lenções freáticos e mananciais. Furtato et al. (2009),
julga os cemitérios como uma atividades urbanas potencialmente contaminantes,
pois através do necrochorume transportado pela água das chuvas infiltradas nas
covas ou pelo contato dos corpos com a água subterrânea, podem provocar
problemas hidrogeoambientais, ou seja, a contaminação do solo e das águas sub
superficiais.
Figura 12 – Danos pela ação humana na Ala Oeste. São Gabriel, 2018.
Os danos podem ter causas variadas, sendo assim uma das patologias
estudas foi as causadas pela natureza, ou danos naturais. Costa e Castro (2015)
referem-se aos danos naturais como colonizações biológicas, por ser um conjunto
de deposito de organismos de origem orgânica, e ainda destacam na categoria
colonização biológica, a algas, os musgos, plantas e liquens, como possíveis
patologias dessa ordem. Logo, o estudo explorou estes danos e pode-se visualizar
que as sepulturas de alvenaria pintada que apontaram danos da Ala Leste, cinco (5)
apresentam danos causados pela umidade, e quatro (4) pelas vegetações e uma (1)
por musgos e liquens, já as feitas com alvenaria revestida com mármore que
exibiram danos, três (3) obtiveram danos por umidade, duas (2) por danos pela
vegetação, e uma (1) por musgos e liquens, as sepulturas de alvenaria revestida
com granito com danos, seis (6) eram por vegetação, três (3) por umidade e duas
(2) por musgos e liquens, nas de alvenaria revestida com azulejo, duas (2) tiveram
danos por umidade e duas (2) por vegetações, nos outros materiais construtivos o
dano aparente foi umidade, em uma (1) (Figura 13).
29
(Figura 13). Porém na Ala Oeste as maiore proporções de danos por vegetação e
danos por umidade foram nas construções de alvenaria pintada, seguida pelos
outros tipos construtivos, os musgos e os liquens tiveram os mesmos indices tanto
em alvenaria pintada quando em outros tipos construtivos (Figura 14).
Há alguns danos que são causados pelo passar dos anos, com essa
relevância observamos que o tempo pode trazer algumas patologias a arquitetura
cemiterial, os danos estudados foram rachaduras, trincas e ferrugens, sempre tendo
como referencia os materiais construtivos. Costa e Castro (2015), caracterizam
rachaduras como aberturas que variam de grande a pequena na superfície,
deformações como mudanças na forma dos objetos pétreos sem perder a sua
integridade.
Nas sepulturas da Ala Leste, quatro (4) apresentaram trincas, três (3)
rachaduras e uma (1) ferrugem nas confeccionadas em alvenaria pintada, em
31
alvenaria com granito quatro (4) exibiram rachaduras, quatro (4) com trincas e uma
(1) com ferrugem, nas construções de alvenaria com azulejo, duas (2) tinham
rachaduras e outras duas (2) tinham trincas, já as estruturas revestidas em mármore
e de outros materiais, não apresentaram danos temporais (Figura 15).
Figura 15 – Danos causados pelo tempo na Ala Leste. São Gabriel, 2018.
Figura 16 – Danos causados pelo tempo na Ala Oeste. São Gabriel, 2018.
Outro fator não menos importante que a conservação cemiterial, é a sua arte,
o enriquecimento de adornos e da ornamentação funerária que embelezam as
necrópoles assim como trazem símbolos que fazem referencia a como teria sido
aquele individuo em vida. As simbologias cristãs empregadas cruzes, cristos, anjos
bíblias e Marias referenciam a vidas de pessoas católicas, que acreditam que na
morte encontram se com Deus. Sendo assim, observou-se que as ornamentações
funerárias existentes no CISCC-SG 2, e a frequência que ornamentos como epitáfios,
vasos, puxadores, oratórios, cruzes, imagens sacras, fotografias em porcelanas
aparecem nas sepulturas amostradas.
As sepulturas da Ala Leste, dezenove apontaram com epitáfios, já na ala
Oeste dezessete possuíam epitáfios. Sabendo da cultura dos familiares de levar
flores a seus mortos, considerou-se o uso de vasos e floreiras como ornamentação,
na Ala Leste as vinte e quatro (24) amostras exploradas apresentaram vasos e
floreiras, já na Ala Oeste dezoito (18) sepulturas exibiram vasos e floreiras. Em
relação às alças ou puxadores contidos nas gavetas das sepulturas, a Ala Oeste se
2
CISCC-SG: Cemitério da Irmandade da Santa Casa de Caridade de São Gabriel
33
sobressaiu a Ala Leste, com quatorze (14), já a Ala Leste apresentou apenas cinco
(5) vasos. Os oratórios estão em maior quantidade na Ala Leste, aparecendo seis
(6) vezes, estando ligados à maior quantidade de grandiosidades presentes na
amostragem a Leste, na Oeste apareceu somente em três (3). As cruzes estão
presentes de maneira proporcional nas duas Alas, assim como as imagens sacras,
diferenciando as apenas por uma (1) sepultura a mais em cada ala, sendo assim, a
Leste há mais cruzes que a Oeste, e a Oeste há mais imagens sacras que a Leste.
As fotografias também a presentam esta características, com uma a mais à Leste
que a Oeste. Outros ornamentos não descritos apareceram um (1) em cada ala
(Figura 17).
Figura 17 – Ornamentos funerários das Alas Leste e Oeste. São Gabriel, 2018.
5. CONCLUSÃO
Em relação aos tipos construtivos mais recorrentes nas alas estudadas, pode-
se concluir que em ambas as alas os túmulos e os jazigos são a maior parcela da
amostra. No entanto, a Ala Oeste se sobressaiu a Ala Leste em relação a
quantidade dos mesmos. Já as grandiosidades, estão em maior proporção nas
amostras da Ala Leste e as covas apresentam o mesmo numero em ambas as alas.
Em relação às analises da natureza construtiva pode-se concluir que as
sepulturas de alvenaria pintada apresentaram-se em maior numero em toda a
amostragem, prevalecendo em túmulos e jazigos. Este também é o mesmo material
construtivo que ocorrem as maiores porcentagens de danos, seguido pelas
sepulturas de alvenaria revestidas com granito. Em relação aos ornamentos e
adornos, há uma proporcionalidade na quantidade encontrada em ambas as alas.
A pesquisa exploratória conseguiu identificar alguns danos mais
frequentemente nas sepulturas, que ocorrem pela ação da natureza, do homem ou
do tempo. O dano de ordem natural mais frequente na Ala Leste foram os causados
pela umidade e os causados pela vegetação. Na Ala Oeste, além dos danos por
vegetação e umidade, o outro dano mais frequente é causado por musgos e liquens.
O dano causado pelas ações humanas, mais recorrentes na Ala Leste, foi o de
partes faltantes nos ornamentos e adornos das sepulturas. Já na Ala Oeste, o dano
mais aparente foi partes faltantes na própria sepultura. O dano temporal mais
constante em ambas as alas foram rachaduras e trincas.
Os danos podem comprometer o estado da conservação dos bens tumulares,
podendo, por falta de manutenção, as sepulturas ficarem abandonadas ou até
mesmo em ruinas. A pesquisa apontou que na Ala Oeste há sepulturas em estado
ruim, abandonas e em ruinas. Na Ala Leste há apenas uma em estado ruim e uma
em ruinas, não sendo registradas ainda, sepulturas abandonadas na amostra da Ala
Leste.
35
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apêndice A
INSTRUMENTO
4. Tipo construtivo:
5. Ornamentos:
( ) epitáfio ( ) vasos ( ) puxadores ( ) oratório ( ) cruz
( ) imagem sacra ( ) fotografia em porcelana
( ) outros: ________________________________
6. Estado de conservação:
( ) bom ( ) regular ( ) ruim
7. Estado de uso:
( ) em uso ( ) abandonado ( ) ruinas
8. Fatores de comprometimento:
9. Outros danos:
10. Observações:
( ) há alinhamento ( ) presença de velários ( ) área destinada a crianças