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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

RENANN ORIVALDE MERLIN

Monografia
A IMPORTÂNCIA DO ETANOL
BRASILEIRO NO CENÁRIO MUNDIAL

ITAJAÍ
2009
RENANN ORIVALDE MERLIN

Monografia
A IMPORTÂNCIA DO ETANOL
BRASILEIRO NO CENÁRIO MUNDIAL

Monografia desenvolvida para o


Estágio Supervisionado do Curso de
Comércio Exterior do Centro de
Ciências Sociais Aplicadas - Gestão
da Universidade do Vale do Itajaí..

Orientador: MSc. Luiz Carlos Coelho

ITAJAÍ
2009
2

Agradeço a Deus por tudo que ele


fez em minha vida, à minha família
que sempre me incentivou em todos
os momentos, em especial a minha
mãe, aos meus amigos que sempre
estiveram ao meu lado, e ao meu
orientador Mestre Prof. Luiz Carlos
Coelho pela paciência, dedicação e
humildade que me foi ofertada.
3

“A educação é a arma mais


poderosa que você pode usar para
mudar o mundo.“
(Nelson Mandela)
EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário
Renann Orivalde Merlin

b) Área de estágio
Monografia

c) Orientador de conteúdo
Prof. MSc. Luiz Carlos Coelho

e) Responsável pelo Estágio


Prof. MSc. Natalí Nascimento
RESUMO

A preservação do meio-ambiente e a busca por produtos ecologicamente corretos não era prioridade
de nenhum governo, empresa ou consumidor até há alguns anos atrás. Porém, o agravamento dos
problemas com o aquecimento global fez com que a política, à mídia e a consciência da população
passasse a estar voltada de forma direta à estes problemas, buscando e apoiando a produção de
produtos não poluentes ou pelo menos que sejam menos poluentes. Neste contexto, o Brasil que é o
maior produtor mundial de etanol de cana-de-açúcar, um combustível que causa menores problemas
à camada de ozônio, poderá conquistar com a produção deste biocombustível, não só benefícios
econômicos, como também tecnológicos e sociais. Este trabalho monográfico tem como objetivos
apresentar as características, vantagens e desvantagens do etanol brasileiro, destacando as
principais barreiras comerciais e ambientais, seus concorrentes e novos mercados, além de identificar
os principais obstáculos mundiais ao etanol brasileiro. A metodologia utilizada foi de caráter
qualitativo, bibliográfico, exploratório e descritivo. Constatou-se que ainda há a necessidade de
maiores investimentos na área, e que apesar das inúmeras vantagens que o Brasil possui na
produção do etanol em relação aos outros países produtores, há muito ainda a ser realizado para que
o etanol se concretize como sendo um combustível mundial. O Brasil desempenha importante papel,
tanto na produção, quanto na exportação deste produto, porém, os subsídios do governo americano
aos seus produtores afetam de forma direta a concorrência do produto brasileiro no mercado exterior.
É necessário ainda, muito trabalho e investimentos do governo brasileiro no sentido do país poder
efetivamente conquistar o espaço de player na produção de etanol. Além disso, é importante que seja
comprovada a eficiência e a garantia de abastecimento deste combustível. Dessa forma o Brasil
poderá não só exportar maior quantidade do produto, como também toda a tecnologia de produção
para países em desenvolvimento.

PALAVRAS-CHAVE: Etanol, Cana-de-açúcar, Meio-ambiente, Brasil.


LISTA DE TABELA

Tabela 1 – Exportação brasileira de café e açúcar no período de 1821 a 21


1890. (em %)
Tabela 2 – Evolução da área cultivada e da produção de grãos no Brasil. 24
1995 até 2005.
Tabela 3 – Comparação entre a produção de etanol de milho no EUA e de 35
cana-de-açúcar no Brasil
Tabela 4 – Maiores produtores de álcool do mundo 41
Tabela 5 – produção nacional de álcool e açúcar 44
Tabela 6 – Exortação de álcool 44
Tabela 7 – Maiores produtores de álcool no Brasil. (em litros) 45
Tabela 8 – Principais compradores do álcool brasileiro 46
Tabela 9 – O setor no mundo. Matrizes de transporte de carga. (em 50
porcentagem)
Tabela 10 – Países com maior malha ferroviária. (em quilômetros) 51
Tabela 11 – Dinheiro para dar a largada 54
7

LISTA DE SIGLAS

ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres


EMBRAER – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A
EUA – Estados Unidos da América
UE – União Européia
CIMA – Conselho Interministral do Açúcar e do Álcool
CONSEA – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ONU – Organização das Nações Unidas
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
PROÁLCOOL – Programa Nacional do Álcool
USP – Universidade de São Paulo
LISTA DE TERMOS

AGROBUSINESS: Conjunto de atividades vinculada com a agricultura


AGRONEGÓCIO: Tradução do termo agrobusiness
BIOCOMBUSTÍVEL: Combustível de origem vegetal
COMMODITY: Termo de origem inglesa, utilizado nas transações comerciais de
produtos de origem primária nas bolsas de mercadorias
ECOSSISTEMA: Conjunto dos relacionamentos mútuos entre determinado meio-
ambiente
ETANOL: Também chamado de álcool etílico, é uma substância obtida da
fermentação de açúcares
HECTARES: Unidade de medida agrária, equivalente a cem ares
SUPERÁVIT: Diferença, a mais, entre receitas e despesas
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................10
1.1 Objetivo geral .................................................................................................11
1.2 Objetivos específicos......................................................................................11
1.3 Justificativa .....................................................................................................11
1.4 Abordagem geral do problema .......................................................................12
1.5 Questões específicas .....................................................................................13
1.6 Pressupostos..................................................................................................13
2 METODOLOGIA ................................................................................................15
2.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................15
2.2 Área de abrangência ......................................................................................16
2.3 Coleta e tratamento dos dados.......................................................................16
2.4 Apresentação e análise dos dados.................................................................16
3 HISTÓRICO DA AGRICULTURA BRASILEIRA.................................................17
3.1 Histórico..........................................................................................................17
3.2 O início da produção agrícola.........................................................................18
3.2.1 A Decadência do açúcar..............................................................................19
3.3 O início do ciclo do café..................................................................................20
3.3.1 A decadência do café ..................................................................................21
3.4 A agricultura atual do Brasil............................................................................22
3.5 A criação do PROÁLCOOL na década de 70.................................................25
4 ETANOL E AS NOVAS FRONTEIRAS .............................................................29
4.1 Benefícios do etanol para o meio-ambiente ...................................................29
4.2 Barreiras ambientais e sociais para o etanol brasileiro ..................................32
4.3 Vantagens naturais brasileiras para a produção de etanol.............................34
4.3.1 Matéria-prima: a cana-de-açúcar .................................................................35
4.4 Produção de etanol e a produção de alimentos no mundo.............................36
5 DESAFIOS PARA O ETANOL BRASILEIRO ....................................................38
5.1 Desafios...........................................................................................................38
5.2 Novas fronteiras de expansão do etanol ........................................................41
5.3 O etanol produzido nos EUA. .........................................................................42
5.4 Produção de cana-de-açúcar e etanol no Brasil.............................................44
5.5 Barreiras tarifárias para o etanol brasileiro .....................................................47
6 INFRA-ESTRUTURA E TECNOLOGIA..............................................................49
6.1 Infra-estrutura para o transporte do etanol......................................................49
6.2 Investimento em infra-estrutura de transporte no Brasil..................................52
6.3 Ipanema: o primeiro avião a álcool do mundo.................................................55
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................57
REFERÊNCIAS.........................................................................................................59
ANEXOS.....................................................................................................................65
ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS....................................................................656
10

1 INTRODUÇÃO

A humanidade vive um período em que tanto na terra, quanto na água ou no


ar, é grande a dependência do petróleo. Devido a essa dependência e ao consumo
abusivo desse produto, principalmente por parte dos países desenvolvidos, estima-
se que as reservas de petróleo que atualmente estão em torno de 1,04 trilhões de
barris não durem por mais de 50 anos.
Portanto, há a necessidade de se desenvolver novas fontes de energia que
futuramente sejam capazes de eliminar a dependência do petróleo a um preço
economicamente viável. Uma variedade de combustíveis alternativos deverá surgir
como opção para substituir o petróleo, porém os que ganham maior destaque e
incentivos são os combustíveis verdes. E é nesta área que o Brasil vem se
destacando como uma grande potência.
Sendo um dos maiores produtor agrícola mundial e pioneiro na produção de
álcool, o país tem grandes chances de assumir a liderança como um grande
fornecedor de energia renovável para o mundo. Além de contar com a vantagem de
ter enormes quantidades de terras férteis ainda não cultivadas e poder produzir com
um dos menores custos do planeta, pode ainda dispor de um amplo conhecimento
na produção de etanol que é um produto renovável, limpo e que contribui para a
redução do efeito estufa, diminuindo significativamente a poluição do ar.
Como o assunto é atual, de grande interesse e envolve algumas polêmicas,
esse trabalho monográfico demonstra as vantagens e desvantagens do etanol, as
barreiras comerciais e ambientais que são impostas e as perspectivas de mercado
para o etanol brasileiro. O trabalho é composto de uma breve apresentação do
histórico da agricultura brasileira, a agricultura atual do país, especialmente a cana-
de-açúcar e abordará também a criação do PROÁLCOOL em 14/11/1975, programa
que foi fundamental para destacar o Brasil atualmente como grande potência na
produção de etanol.
Além dos temas citados, o trabalho abordará questões como as barreiras
comericias, ambientais e sociais que o etanol enfrenta, a vantagem brasileira para a
produção da cana-de-açúcar e os problemas da produção de biocombustíveis com a
produção de alimentos no mundo. Será apresentado o etanol produzido nos Estados
11

Unidos da América (EUA), os novos mercados que poderão introduzir o etanol como
fonte de combustível e alguns dados da produção de etanol no Brasil.
A infra-estrutura brasileira e os investimentos que devem ser feitos para uma
melhora na logística de transporte será o último capítulo desse trabalho além de falar
sobre o Ipanema, o primeiro avião a álcool no mundo que é produzido e feito com
tecnologia brasileira.

1.1 Objetivo geral

Apresentar o potencial do etanol brasileiro no cenário mundial.

1.2 Objetivos específicos

- Apresentar as principais características, vantagens e desvantagens do etanol


brasileiro;
- Destacar as principais barreiras comerciais e ambientais ao etanol brasileiro
no mercado mundial;
- Apontar os principais concorrentes do etanol brasileiro, e informar os novos
mercados potenciais como clientes e concorrentes;
- Relatar a importância que o etanol tem para tornar-se uma commodity para se
infiltrar em novos mercados.

1.3 Justificativa

O debate sobre o uso do etanol está cada vez mais em pauta, pois sabe-se,
que os combustíveis fósseis, os mais utilizados, são finitos e as reservas terrestres
12

só tendem a diminuir e terminar, sem renovação. Além disso, os combustíveis


fósseis são extremamente poluidores e causam sérios desequilíbrios no ambiente.
Desta forma, este trabalho de pesquisa tem como finalidade apresentar um
assunto atual para levantar uma discussão sobre o tema para que se tenha uma
melhor conscientização sobre a utilização de fontes de energia não renováveis que
estão cada vez mais escassas. Como o etanol é um combustível que o Brasil possui
em grande quantidade e com relativa facilidade em obtê-lo, é de extrema
importância aprofundar-se nesse assunto e fazer com que a utilização do mesmo
não seja apenas uma alternativa ao uso da gasolina pela questão do preço, mas sim
como uma forma de aproveitar melhor os recursos naturais brasileiros.
Entende-se que para a Universidade, a realização deste trabalho é de grande
importância, pois serve aos acadêmicos como mais uma fonte de pesquisa sobre um
tema que é atual e que se manterá como um dos principais assuntos que serão
discutidos pela humanidade no futuro.
Para o acadêmico, é uma pesquisa de grande aprendizado, pois se trata de
um tema relativamente novo, com grande destaque na imprensa global. A
oportunidade de explorar o tema, não se limitou apenas ao etanol brasileiro, mas
também aos benefícios que poderão ser obtidos para o meio-ambiente e a economia
como um todo.

1.4 Abordagem geral do problema

Com a globalização em alta, os países estão em um período crescente de


negociações internacionais. Com o aumento do consumo mundial devido a
facilidade de conseguir produtos a preços mais acessíveis, as indústrias recebem
significativos aumentos de produção e conseqüentemente o consumo de energia
aumenta. Devido a esse aumento crescente de energia sem planejamento, não só
por parte das indústrias, mas também dos meios de transporte, o mundo corre o
risco de sofrer uma grande escassez de energia, pois as fontes naturais de petróleo
estão em um processo de esgotamento.
13

Qual seria a importância e necessidade de substituir os combustíveis fósseis


por outras fontes de energia renováveis e limpas? Esse trabalho tem o objetivo de
mostrar que o etanol brasileiro tem papel importante no cenário mundial, pois é uma
energia limpa e renovável que contribuirá para a redução dos gases do efeito estufa,
além de ser viável economicamente e socialmente. Além disso, mostra que o etanol
deve servir de inspiração para muitos países que começarão a produzir energias
limpas e renováveis.

1.5 Questões específicas

As questões específicas relacionadas a esta monografia são:

1 – Quais as vantagens e desvantagens que o etanol brasileiro poderá


proporcionar ao Brasil?

2 – Existem muitas barreiras comerciais e ambientais ao etanol brasileiro no


mercado mundial?

3 – Quais os países com potencial para concorrer com o etanol brasileiro e


quais poderão tornar-se grandes consumidores desse produto?

1.6 Pressupostos

1 – São consideradas inúmeras as vantagens. Entre as principais devem ser


mencionadas a redução da dependência do combustível importado, a diminuição
das emissões de gás carbono, que contribui para reduzir o efeito estufa e que está
diretamente relacionado a uma melhoria na saúde. A geração de empregos, que tem
como conseqüência um fortalecimento na economia do país e a grande vantagem
de ser uma energia renovável. Como desvantagem, pode-se mencionar o fato de
14

que o plantio do etanol estaria ocupando espaço que deveria ser usado para o
plantio de alimentos o que elevaria o preço dos alimentos.

2 – Sim, existem grandes barreiras comerciais, principalmente por parte dos


EUA que aplicam taxas de 2,5% mais impostos de R$ 0,30 por litro. Os Europeus
estabelecem cotas para a importação de etanol e exigem que o Brasil adote padrões
e certificações que atestam a qualidade do produto e também as boas práticas em
relação a sua produção, exigindo que não seja utilizada mão-de-obra precária, e que
a área cultivada não seja proveniente de desmatamento.

3 – Atualmente pode-se considerar os EUA como o maior concorrente do


etanol brasileiro, juntos os dois países são responsáveis pela produção de
aproximadamente 74% do mercado mundial de etanol. Porém, o Brasil tem a
vantagem de produzir a um melhor preço, com uma matéria-prima mais rentável e
principalmente sem afetar as áreas de produção alimentícia. Futuramente o
continente africano será considerado como uma nova fronteira, devido a região
possuir características positivas para a implementação de um programa de produção
de etanol. Como futuros clientes, o Japão se encaixa, pois possui metas de adicionar
10% de etanol na mistura com a gasolina.
15

2 METODOLOGIA

Neste capítulo apresenta-se a metodologia que foi utilizada na elaboração


deste trabalho monográfico, como:

2.1 Tipo de pesquisa

De forma simples, pesquisa significa procurar respostas para os objetivos e


investigações propostas. Esta pesquisa é de caráter qualitativo.

As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a


facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese
ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e
classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais,
apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de
opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau a profundidade, a
interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos
indivíduos. (OLIVEIRA, 2002, p. 117).

Esta pesquisa quanto ao meio utilizado na investigação, visando atender os


objetivos firmados neste trabalho é bibliográfica, o qual segundo Carvalho (1997,
P.154).

A pesquisa bibliográfica é realizada através da identificação, localização e


compilação dos dados escritos em livros, artigos de revistas especializadas,
publicações de órgãos oficiais, etc. sendo necessária a qualquer trabalho de
pesquisa.

Quanto aos fins designados por esta pesquisa, a mesma apresenta caráter
exploratório e descritivo.

Os estudos exploratórios não elaboram hipóteses a serem testadas no


trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar mais informações sobre
determinado assunto de estudo. Tais estudos têm por objetivo familiarizar-
se com o fenômeno ou obter nova percepção do mesmo e descobrir novas
idéias. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 69).
16

Já a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das


características de determinada população ou fenômeno, ou então, o
estabelecimento de relações entre as variáveis. (GIL, 2007).
Foram utilizados diversos modos de pesquisa com o intuito de deixar clara a
importância do etanol.

2.2 Área de abrangência

Esta pesquisa foi realizada na área de Economia Internacional,


especificamente sobre o tema etanol proveniente da cana-de-açúcar destacando-o
como energia renovável e seu potencial para a economia do Brasil.

2.3 Coleta e tratamento dos dados

Os dados foram coletados através de publicações, artigos, revistas, internet e


em fontes bibliográficas.

2.4 Apresentação e análise dos dados

Os dados foram apresentados através de textos descritivos e conclusivos,


acompanhados por tabelas, gráficos, ilustrações e quadros, para que se possa ter
uma melhor compreensão do assunto abordado.
17

3 HISTÓRICO DA AGRICULTURA BRASILEIRA

Esse capítulo aborda uma breve introdução do histórico da agricultura


brasileira, abordando o início da produção agrícola, a introdução da cultura da cana-
de-açúcar e do café. Relata a situação atual da agricultura brasileira e a criação do
PROÁLCOOL na década de 70, programa que foi fundamental para colocar o Brasil
em posição respeitável em produção de biocombustíveis.

3.1 Histórico

Desde a descoberta do Brasil até os dias atuais, a agricultura está


essencialmente ligada à economia brasileira. Atualmente o Brasil ocupa uma
posição de líder mundial na produção e exportação de diversos produtos agrícolas,
tendo na agricultura uma das principais fontes do PIB. Para cada região do Brasil, o
agronegócio possui diferentes dimensões para o desenvolvimento do país. Algumas
regiões têm a agricultura como principal fonte de renda e investem de forma
significativa na modernização do setor. Historicamente, o Brasil sempre foi usado
pelos portugueses como grande produtor agrícola com destino voltado somente a
exportação, para que fosse suprida a necessidade dos países europeus.
De acordo com Bacha (2004), agricultura é definida como setor produtivo
baseado na atividade rural, que tem na terra um fator de produção essencial. E terra
é algo em que o Brasil tem em abundância.
No início do século XVI, pouco se sabia sobre os recursos naturais
disponíveis no Brasil, o único interesse que os portugueses tinham era a extração do
Pau-brasil, pois dele se extraia uma tinta muito usada para tingimento.

A exploração dava-se de forma rudimentar, trazendo grande destruição das


matas. Os traficantes geralmente contavam com a ajuda dos índios. Eles
cortavam a madeira e a levavam até os navios, em troca de peças de
tecido, roupas, contas coloridas, canivetes, facas; raramente, serras e
machados. (ARRUDA; PILETTI, 1998, p. 149).
18

Devido ao pouco interesse de Portugal no Brasil, e por estarem interessados


em apenas um produto, a exploração do Pau-brasil foi de um período curto e não
deu origem a estabelecimentos ou povoados. Sua exploração era realizada apenas
nas margens litorâneas. Arruda, Piletti (1998) reconhecem que, a forma predatória
de exploração, com interesse imediatista e sem preocupação com o futuro, tornariam
grandes áreas improdutivas, como o Nordeste e outras regiões do país.
Como se pode perceber, no início do descobrimento o interesse era de
apenas um produto, que devido à forma descontrolada de exploração deixou de ser
rentável em 1530, quando as matas litorâneas já estavam se esgotando.

3.2 O início da produção agrícola

Logo após 1530, Portugal mudou o modo de ver o Brasil, percebendo que era
necessária a colonização para continuar com a posse das terras. Devido à extensão
das terras a produtividade e as condições climáticas, Portugal percebeu que o Brasil
contava com uma grande vantagem para a produção da cana-de-açúcar, produto o
qual tinha um grande valor de mercado na Europa.

A experiência de Portugal como produtor de açúcar em suas ilhas do


Atlântico (Madeira e Cabo Verde) contribui para a escolha do produto e a
forma de produção: eram semelhantes às condições ecológicas do Brasil e
das ilhas; o açúcar era das especiarias mais bem pagas e apreciadas no
mercado europeu; por seu valor, o açúcar poderia atrair investimentos,
navios holandeses poderiam colaborar no transporte; os índios poderiam ser
obrigados a trabalhar na lavoura e, se não se adaptassem havia os
africanos, muito deles já escravizados pelos portugueses. (ARRUDA;
PILETTI, 1998, p. 150).

Portugal incentivou a vinda dos portugueses para o Brasil oferecendo grandes


posses de terras e muitos desses portugueses viram a oportunidade de se tornarem
grandes senhores e latifundiários. Com isso vinham para o Brasil colocando em risco
sua vida, em troca de algo incerto, pois era necessário desbravar o terreno e lidar
com desconhecidos.
Percebe-se que a única atividade apoiada foi à monocultura da cana-de-
açúcar, e a mão de obra utilizada foi a de escravos que segundo Arruda, Piletti
(1998), os mesmos vinham como objetos de trabalho, pois eram negociados como
19

mercadorias, e vinham contra vontade, acorrentados, amontoados e mal


alimentados. A utilização da produção de apenas uma matéria-prima, e a retirada do
pau-brasil sem controle, foi considerada um sistema agrário nocivo para as terras
brasileiras.
Monocultura no dicionário de agronomia é definida como: “sistema de
exploração agrícola, em que se cultiva uma só cultura, sucessivamente durante
vários anos, no mesmo terreno.” (SAMOUCO, 1998, p. 225)
Portugal, pouco se importava se a atividade agrária praticada no Brasil traria
danos irreparáveis no futuro. O interesse era cultivar um produto de grande valor
comercial e altamente lucrativo na época.
Martins (2000) destaca que como o Brasil produzia apenas uma cultura em
terras férteis e em grandes quantidades, durante o século XVI e início do século
XVII, por isso tornou-se o maior produtor e exportador de açúcar do mundo. Assim, o
açúcar passou a ser o gerador de riquezas para os senhores do engenho, para a
Coroa e também para os comerciantes portugueses. Porém, quem mais se
beneficiou com o lucro do açúcar foram os holandeses, pois os mesmos
participavam de todas as etapas da produção açucareira.

Os holandeses participavam da exploração do açúcar desde o início da


colonização, financiando a instalação de engenhos e funcionando como
intermediários entre Portugal e os mercados europeus. Assim, ficavam com
a maior parte dos lucros. (ARRUDA; PILETTI, 1998, p. 155).

Como os holandeses eram os maiores beneficiados da cana-de-açúcar,


passaram a dominar o comércio e a produção do açúcar por volta de 1630.

3.2.1 A decadência do açúcar

Por volta de 1654, o açúcar brasileiro começou a entrar em decadência, pois


os holandeses que estavam dominando o mercado resolveram utilizar da
experiência da produção do açúcar no Brasil e começaram a produzi-lo em suas
colônias. Devido a isso, houve duas conseqüências prejudiciais para o Brasil:
20

Os holandeses não precisavam mais do açúcar brasileiro para vender na


Europa; produzindo seu próprio açúcar, eles podiam vendê-lo a preço mais
baixo que o de Portugal. Os lucros do comércio açucareiro português
caíram; e também a produção. Outro concorrente também contribui para
isso: o açúcar de beterraba, já produzido em grande escala na Europa.
(ARRUDA; PILETTI, 1998, p. 158).

Como a economia brasileira era movimentada em torno de um só produto, e


esse produto estava sofrendo forte decadência, Portugal se viu obrigado a encontrar
novas fontes de lucro, reforçando a busca por metais preciosos. Com isso incentivou
os bandeirantes a organizarem grandes expedições pelo Brasil.

3.3 O início do ciclo do café

Após longos anos de produção do açúcar, o café entra fortemente em cena


no Brasil por volta de 1830, prometendo reforçar a estrutura da economia agrícola
brasileira. Porém, a economia continuaria baseada na grande propriedade, na
monocultura, com a produção voltada para a exportação e a exploração da mão-de-
obra escrava.

Introduzido no Brasil em 1727, o café só ganhou importância um século


depois, com a decadência do ouro, centro das atenções durante quase todo
o século XVIII. A Independência dos EUA, em 1776, contribuiu para a
expansão do café. Grandes consumidores, os norte-americanos se voltaram
para o produto brasileiro por duas grandes razões: livrar-se da importação
da Inglaterra e suas colônias; o Brasil ficava mais perto. Os EUA chegaram
a absorver mais de 50% de nossas exportações de café. No século XIX, a
exportação cresceu sem parar. (ARRUDA; PILETTI, 1998, p. 228).

Os norte-americanos, junto com os europeus, foram os grandes responsáveis


pelo crescimento da agricultura cafeeira no Brasil. Nessa época a elite brasileira
passou a ser os fazendeiros do café, os quais detinham imensas propriedades de
terras nas regiões Sul e Sudeste. O café foi o responsável por umas das fases mais
prósperas da economia brasileira.

Mesmo com baixos recursos tecnológicos, o Brasil produziu e exportou


toneladas e toneladas de grãos de café, gerando entre 1850 e 1870
aproximadamente a fase mais próspera da economia imperial brasileira.
Derramados em milhões de xícaras, na Europa e nos EUA, o “cafezinho” fez
surgir fábricas, ferrovias, bancos, telégrafos, iluminação a gás, bondes e
mansões nas principais cidades brasileiras. (VILLA; FURTADO, 1997, p.46).
21

Como a cultura do café só aumentava, a economia do Brasil acompanhava o


mesmo ritmo. Durante o século XIX, o café foi o principal produto da economia
brasileira, chegando a ser responsável por até 60% das exportações do Brasil
conforme mostra tabela 1.
Tabela 1 - Exp. brasileiras de café e açúcar no período de 1821 a 1890. (em %)
Produto 1821-30 1831-40 1841-50 1851-60 1861-70 1871-80 1881-90
Café 18,4 43,8 41,4 48,8 45,5 56,6 61,5
Açúcar 30,1 24 26,7 21,2 12,3 11,8 9,9
Fonte: História do Brasil. Da Independência aos dias Atuais. Villa; Furtado, 1997.

3.3.1 A decadência do café

Como o mercado do café estava em forte crescimento, com as vendas


aumentando continuamente, os cafeicultores passaram a plantar mais café,
chegando a um ponto em que a produção estava descontrolada.

Desde o início da república que a produção anual de café vinha sendo


maior do que o consumo interno e externo. Como o país tinha muito café e a
procura do mercado era pouca, o preço do café caiu no mercado externo. A
cada ano o fazendeiro vinha-se obrigando a vender mais café a preço
sempre menor. (DANTAS; 1984, p. 95).

Devido à falta de planejamento, em 1906, o Brasil tinha uma grande


produção, o qual era muito maior do que o necessário. Os estoques já estavam
cheios e não havia consumidor para comprar, por esse motivo o governo brasileiro
obrigou-se a tomar uma decisão que favorecia totalmente os barões do café.

Em fevereiro de 1906, os presidentes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas


Gerais, os três estados produtores de café, reuniram-se na cidade paulista
de Taubaté para tentar solucionar o problema. Acabaram assinando um
acordo que ficou conhecido como Convênio de Taubaté. Por esse acordo os
governos estaduais, com a cobertura do governo federal, deveriam comprar
todo o café que não fosse vendido ao exterior. Essa parte ficaria estocada,
o que traria vantagens para os produtores, pois a oferta do produto seria
reduzida, levando a elevação dos preços. (MOZER; TELLES, 2002, p. 182).
22

Com a compra do café garantido, os cafeicultores continuavam plantando e


produzindo café desordenadamente, sem pensarem que futuramente poderia
ocorrer outra grande crise.

Em 1930, novamente tivemos uma crise de superprodução, agora


provocada pela crise mundial de 1929. Devido a essa crise, os países
consumidores paralisaram suas importações. Destaca-se nesse contexto a
posição dos EUA, principal comprador, que, ao paralisarem suas
importações, provocaram um sobra de produtos no mercado inteiro e a
conseqüente queda de preço no mercado internacional. (SILVA, p. 122).

Mais uma grande crise ocorreu e dessa vez não foi só no Brasil e sim no
mundo todo, com a crise mundial de 1929, o consumo dos produtos caíram
bruscamente no mundo e com o café não foi diferente. O Brasil se obrigou a queimar
o café estocado e a destruir mudas nas plantações, na tentativa de parar a queda
dos preços provocados pelo excesso de produção.

3.4 A agricultura atual do Brasil

A agricultura brasileira há muito tempo deixou de ser apenas uma atividade


primária de subsistência em que a mão-de-obra utilizada era apenas manual. Com a
modernização do setor e a utilização de máquinas modernas hoje é mais usado o
termo agronegócio, que segunda Bacha (2004) é a tradução do termo agrobusiness
e se refere ao conjunto de atividades vinculadas com a agricultura.
Para Araújo (2005), o termo agronegócio surgiu com a necessidade de uma
concepção diferente de agricultura. Já não se trata de propriedades auto-suficientes,
mas de todo um complexo de bens, serviços e infra-estrutura.
O termo agronegócio não envolve apenas o cultivo da terra, mas todo o
processo, que vai desde a compra da semente, do agrotóxico, o maquinário utilizado
tanto para o manejo da terra como para a colheita, a industrialização dos produtos e
a negociação do produto no mercado mundial.
Quando o assunto é agronegócio, o Brasil se destaca no cenário mundial,
graças às imensas quantidades de terras férteis, o clima favorável, tecnologia de
ponta no campo e mão-de-obra especializada. Segundo Neves; Neves; Zylberstajn,
23

(2006, p.04), “em tecnologia destacam-se os sistemas de irrigação localizada,


defensivos de última geração, as máquinas eficientes, sementes melhoradas, os
sistemas de monitoramento por satélite, entre outros.” Por esses e outros motivos é
que o Brasil é reconhecido mundialmente como um dos maiores produtores
agrícolas e está sempre colocando uma grande quantidade de seus produtos
primários entre os primeiros da lista em produção.

Na última década, a agricultura e o agronegócio nacionais atingiram um


elevado patamar de diversificação e produtividade, inserindo o Brasil entre
os maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, onde se
destacam commodities como a soja, o algodão, o milho, a laranja, a cana-
de-açúcar e o café. (TORRICO, 2008, p.12).

Sendo considerado um dos maiores produtores e exportadores mundiais de


alimentos, o Brasil desempenha importante papel na economia mundial. O país tem
na agricultura grande fonte de riqueza, levando progresso para cidades
desconhecidas que antes não contribuíam para a economia do país.

O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e


responde por um em cada três reais gerados no país, e na última década,
tem sido o setor responsável pelos superávits de nossa balança comercial.
Em dez anos o país dobrou o faturamento com as vendas externas de
produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo
comercial. Esses resultados levaram a Conferência das Nações Unidas para
o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) a prever que o país será o maior
produtor mundial de alimentos na próxima década. (TORRICO, 2008, p.06).

Desenvolvido, com grande competitividade, o agronegócio brasileiro é uma


atividade que gera lucros e segurança. O governo brasileiro faz o seguinte
comentário sobre a agricultura atual do Brasil:

O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários


produtos agropecuários. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar,
álcool e sucos de frutas. Além disso, lidera o ranking das vendas externas
de soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro.
As projeções indicam que o país também será, em pouco tempo, o principal
pólo mundial de produção de algodão e biocombustíveis, feitos a partir de
cana-de-açúcar e óleos vegetais. Milho, arroz, frutas frescas, cacau,
castanhas, nozes, além de suínos e pescados, são destaques no
agronegócio brasileiro, que emprega atualmente 17,7 milhões de
trabalhadores somente no campo. (AGRONEGÓCIO BRASILEIRO: Uma
Oportunidade de Investimentos, 2004, p. 01).

Além de o Brasil ser um líder na produção e exportação dos produtos


agrícolas, as estimativas indicam que em um futuro breve será o líder na produção
de bicombustíveis.
24

A tabela 2 mostra a evolução da área plantada no Brasil até 2005.

Tabela 2: Evolução da área cultivada e da produção de grãos no Brasil. 1995 até 2005.
SAFRAS ÁREA PLANTADA (milhões de há) PRODUÇÃO (milhões de t)
1995/96 36,8 73,8
1996/97 36,4 78,9
1997/98 35,0 76,5
1998/99 36,7 82,4
1999/00 37,7 82,8
2000/01 37,3 98,2
2001/02 40,2 96,7
2002/03 43,9 123,2
2003/04 47,3 119,1
2004/05 48,3 131,9
Fonte: Araújo, 2005, p. 30.

Observa-se que no período 1995-2005 a área plantada no país cresceu 31%,


enquanto a produção de grãos teve um acréscimo de praticamente 80% no mesmo
período. Isso demonstra que a produtividade da agricultura brasileira vem
aumentando de forma significativa a cada ano.

O potencial do Brasil que nos leva sempre ao exagero. Mas, desta vez, o
exagero é dos norte-americanos. Segundo seu Departamento de
Agricultura, dos 845 milhões de hectares existentes no Brasil, apenas cerca
de 50 milhões são atualmente usados. Outros 42 milhões não podem ser
usados porque são cidades, estradas, lagos etc. outros 444 milhões são
florestas e devem ser usadas sustentavelmente, aproveitando os bilhões de
dólares da biodiversidade. Sobra, então, algo em torno de 130 milhões a
140 milhões de hectares ainda não usados no cerrado, bem como 170
milhões de hectares de pastagens – e parte disso pode ser convertida para
grãos e outras culturas. A soja pode ser produzida em uma área entre 50
milhões a 100 milhões de hectares, gerando algo entre 150 milhões a 300
milhões de toneladas, se o mercado mundial assim desejar (Estados
Unidos). (NEVES; NEVES; ZYLBERSTAJN, 2006, p. 04 e 05).

Apesar de os números citados pertencerem ao Departamento de Agricultura


do EUA pode-se ter uma idéia do potencial brasileiro com o agronegócio. Callado,
(2005, p. 11), reconhece que o agronegócio no Brasil vem crescendo
quantitativamente e qualitativamente, buscando não apenas o mercado nacional,
mas também as exportações. Espaços estão surgindo tanto para a ampliação dos
mercados existentes, como para a conquista de novos (Oriente Médio, Ásia, Europa
Oriental, Oceania e África). O agronegócio tem todo o potencial para elevar o Brasil
a tornar-se um país desenvolvido com referência em novas tecnologias.
25

3.5 A criação do PROÁLCOOL na década de 70

Em 1973, devido a um conflito entre Árabes e Judeus, houve um embargo ao


fornecimento de petróleo aos EUA e a Europa, o que provocou um aumento nos
preços a níveis nunca vistos antes. O Brasil, também sentiu os reflexos desse
aumento, com isso, o governo, buscou novas alternativas de energia, entre elas a
mais bem sucedida foi o etanol proveniente da cana-de-açúcar.
A partir de 1975, com a criação do Programa Nacional do Álcool
(PROÁLCOOL), passou-se a cultivar no Brasil uma grande quantidade de cana-de-
açúcar, visando transformá-lo no combustível que substituiria parte do petróleo
importado. (TOLEDO; GANCHO, 2000).
O PROÁLCOOL teve como objetivo aumentar a produção de álcool,
procurando atender a demanda do mercado interno e externo, substituindo em larga
escala o combustível dos automóveis de gasolina para álcool. Nesse período houve
uma modernização e aumento na produção agrícola, ampliação e criação de
destilarias.

A decisão de produção de etanol a partir de cana-de-açúcar, além de preço


do açúcar, é política e econômica, envolvendo investimentos adicionais. Tal
decisão foi tomada em 1975, quando o governo federal decidiu encorajar a
produção do álcool em substituição à gasolina pura, com objetivo de reduzir
as importações, então com um grande peso na balança comercial externa.
Nessa época, o preço do açúcar no mercado inernacional vinha decaindo
rapidamente, o que tornou conveniente a mudança de produção de açúcar
para álcool. (EVOLUÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DO ÁLCOOL –
Proálcool, 2008, p. 02).

No período da criação do PROÁLCOOL, tudo se encaixou para que o


programa tivesse sucesso. Houve a crise do petróleo mundial gerando um aumento
no preço da gasolina para o consumidor brasileiro, o açúcar estava cotado com um
preço baixo no mercado internacional, motivo pelo qual os usineiros decidiam pela
produção de álcool ao invés de açúcar.
Entre as vantagens que o PROÁLCOOL trouxe para o Brasil, uma delas foi a
criação de empregos na área rural, que nos últimos anos estava sofrendo grandes
perdas de mão-de-obra.

Além de ser programa voltado para produção de combustíveis substitutivos


dos extraídos do petróleo (este em grande parte importada e sujeito a oferta
centrada numa região conflituosa do planeta), o PROÁLCOOL tem sido
26

justificado em sua dimensão social pela geração de empregos na área rural,


fortalecendo uma economia que, nos últimos decênios, foi submetida a um
intenso processo de perda de substância. (MAGALHÃES; KUPERMAN;
MACHADO, 1991, p. 63).

No período de 1975 a 1986 o PROÁLCOOL trouxe grandes benefícios para o


Brasil, como, aumento de empregos tanto na área agrícola como industrial, reduziu a
dependência do Brasil sobre o combustível importado e incentivou o uso de um
combustível menos poluente e renovável. Esse novo combustível não traria
vantagens somente nesse período. Magalhães (1991), já dizia que, mais importantes
seriam os ganhos esperados para o futuro próximo, levando-se em conta que
tecnologias testadas seriam aperfeiçoadas para que futuramente fossem usadas
com total eficácia.
Desde a criação do PROÁLCOOL, até os dias atuais, cinco períodos claros
são destacados. A fase inicial que foi de 1975 a 1979, o qual os motivos da criação
do programa já foram apresentados. A fase de afirmação que foi de 1980 até 1986
que devido a mais um choque do petróleo, triplicou o preço do barril, passando a
representar uma maior porcentagem das importações brasileiras.

O segundo choque do petróleo (1979-80) triplicou o preço do barril de


petróleo e as compras desse produto passaram a representar 46% da pauta
de importações brasileiras em 1980. O governo, então, resolve adotar
medidas para plena implementação do Proálcool. São criados organismos
como o Conselho Nacional do Álcool - CNAL e a Comissão Executiva
Nacional do Álcool - CENAL para agilizar o programa. A produção alcooleira
atingiu um pico de 12,3 bilhões de litros em 1986-87, superando em 15% a
meta inicial do governo de 10,7 bilhões de l/ano para o fim do período.
(EVOLUÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DO ÁLCOOL – Proálcool, 2002,
p. 02).

A segunda fase do programa conhecido como fase de afirmação foi


importante, pois segundo MORAES; SHIKIDA, (2002) correspondeu a um período de
significativo crescimento da produção do setor, que incorporou quantidades
crescentes dos três fatores de produção: capital, terra e trabalho.
Passados mais de dez anos de crescimento e incentivos, o PROÁLCOOL,
passa por uma longa fase de estagnação que vai de 1986 até 1995, pois nesse
período muda o mercado de petróleo, o preço do barril caiu bruscamente, chegando
a custar 12 dólares, sendo que nos tempos de crise o preço chegou a estar em 40
dólares. O governo brasileiro interpretou que essa queda nos preços seria mantida
27

por longos anos, por isso, ocorre um desinteresse do governo brasileiro pelo
programa.

Essa nova orientação de política econômica oficial se explica por


interpretação errônea do declínio no preço do petróleo. Este que estivera
acima de 30 dólares o barril entre 1979 e 1982 caiu para menos de 20
dólares, de 1986 a 1989, ficando pouco acima desse limite em 1990. O
governo brasileiro, segundo tudo indica, interpretou essa evolução como
refletindo tendência de longo prazo. (MAGALHÃES; KUPERMAN;
MACHADO, 1991, p. 170).

Após a fase de estagnação, o álcool volta a ter o uso incentivado surgindo o


período de redefinição que vai de 1995 a 2000. Etapa considerada importante, pois
foi um momento em que começou a voltar o uso do carro a álcool. Dadas as
externalidades positivas do álcool e com intuito de direcionar políticas para o setor
sucroalcooleiro, foi criado por meio de decreto de 21 de agosto de 1997, o Conselho
Interministral do Açúcar e do Álcool (CIMA). (Evolução do Programa Nacional do
Álcool - Proálcool, 2008). Esse conselho foi criado para que regulasse a produção
de açúcar e álcool no país, pois evitaria diferenças enormes de preço entre esses
dois produtos, fazendo com o que a produção fosse rentável para ambos, evitando a
preferência do usineiro para apenas um produto.
A quinta fase que vem desde 2000, completando 30 anos da criação do
programa em 2005, vive uma nova dimensão, pois o incentivo do uso do combustível
limpo cresce a cada dia que passa, a iniciativa privada está ampliando as unidades e
construindo novas usinas. O maior responsável por esse crescimento são os carros
com a tecnologia flex. O mercado de carros com flexibilidade no uso de combustível
(gasolina ou álcool) vem apresentando grande crescimento da demanda a partir de
2003. (Sebrae, O Novo Ciclo da Cana, 2005).

A tecnologia dos motores flex fuel veio dar novo fôlego ao consumo interno
de álcool. O carro que pode ser movido a gasolina, álcool ou uma mistura
dos dois combustíveis foi introduzido no País em março de 2003 e
conquistou rapidamente o consumidor. Hoje a opção já é oferecida para
quase todos os modelos das indústrias e, os automóveis bicombustíveis
ultrapassaram pela primeira vez os movidos a gasolina na corrida do
mercado interno. Diante do nível elevado das cotações de petróleo no
mercado internacional, a expectativa da indústria é que essa participação se
amplie ainda mais. A relação atual de preços faz com que o usuário dos
modelos bicombustíveis dê preferência ao álcool. (EVOLUÇÃO DO
PROGRAMA NACIONAL DO ÁLCOOL – Proálcool, 2008, p. 05).
28

Os carros conhecidos como flex, são os maiores responsáveis pelo aumento


do consumo do álcool combustível, e colocam o Brasil em uma posição mundial de
referência nessa tecnologia.

O momento não poderia ser melhor para o Brasil. O País é referência


mundial não apenas em produção e eficiência de etanol de cana-de-açúcar,
mas também em tecnologia de motores flex, capazes de rodar com dois
combustíveis (gasolina e etanol). Atualmente, segundo dados da
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA),
cerca de 71% dos novos carros produzidos no Brasil saem das fábricas
equipados com motores desse tipo. (IINFORME BB, Nº 73, p. 28).

Desde o surgimento dos carros flex, a venda desse tipo de carro não parou de
crescer, a maior parte dos carros vendidos com destaque para os populares saem
de fábrica com o motor bicombustível. Devido ao aumento das vendas dos carros
flex, a conseqüência é o aumento do consumo de álcool, fazendo com que a
produção do Brasil não pare de crescer.
Após 33 anos da criação do PROÁLCOOL, passado por diversas fases, entre
elas uma longa fase de dez anos de estagnação, o PROÁLCOOL, está em alta e é
uma grande promessa de sucesso, o número de construção de usinas está
aumentando assim como a plantação da cana-de-açúcar.
29

4 ETANOL E AS NOVAS FRONTEIRAS

Este capítulo apresenta algumas das dificuldades do etanol brasileiro no


mercado mundial, identificando barreiras que são impostas pelos países
desenvolvidos tentando barrar a entrada do etanol brasileiro no mercado mundial.
Além disso, é mostrado o lado positivo do etanol ambientalmente e
economicamente, bem como as vantagens naturais do Brasil na produção deste
combustível.

4.1 Benefícios do etanol para o meio-ambiente

Quando o tema é meio-ambiente, o mundo apresenta uma crescente


preocupação, principalmente com o que se vem fazendo para buscar novas
soluções que reduzam os danos ao ecossistema. Essas buscas por novas soluções
são extremamente necessárias, pois a má utilização dos recursos naturais e o uso
excessivo dos combustíveis fósseis vêm danificando o meio-ambiente e contribuindo
para o aumento do efeito estufa. Segundo Pearce (2002), o efeito estufa é o
responsável pelo aquecimento global recente.
A necessidade do planeta aliada ao consumo exagerado tem como
conseqüências o aumento do uso dos combustíveis fósseis, pois a dependência é
ainda muito grande, o desmatamento de áreas nativas para a criação de animais ou
plantação de alimentos ou combustíveis, tudo isso traz resultados que preocupam o
futuro da humanidade. O fato de os combustíveis fósseis não serem renováveis e
extremamente poluidores, faz com que os governos e empresas invistam na
tentativa de diferentes formas de produção de energia. Neste contexto, ganham
destaque as energias renováveis e não poluentes conhecidas como energia limpa
ou verde.

Os solos, o ar, ás águas, as florestas, a fauna e a flora são consideradas


recursos naturais renováveis, pois seu ciclo de recomposição são
compatíveis com o horizonte da vida do homem. Os minérios em geral e os
combustíveis fósseis (petróleo e gás natural) são tidos como não
30

renováveis, uma vez que são necessárias eras geológicas para sua
formação. (MAY; LUSTOSA; VINHA 2003, p. 34).

Como os combustíveis não renováveis não estarão disponíveis para sempre,


as fontes de energia renováveis ganham uma maior atenção no cenário mundial.
Dentre as diversas fontes renováveis, se destaca o etanol, pois vem apresentando
um aumento na eficiência energética, sua produção é limpa e não gera grandes
impactos ao meio-ambiente, além de ser menos poluente do que os combustíveis
fósseis.
A utilização de fontes renováveis é uma das maneiras de diminuir o efeito
estufa, reduzindo os impactos ambientais. Dentre essas fontes, a cana-de-açúcar,
principal matéria-prima do etanol brasileiro apresenta de longe a melhor relação
custo/benefício atual do mercado, muito mais do que o etanol do milho. Além disso,
o cultivo da cana-de-açúcar possui inúmeras vantagens conforme informa Moraes;
Shikida, (2002, p. 204):

Apresenta uma performance especialmente harmoniosa de convivência com


o meio-ambiente: é a atividade agrícola que apresenta um dos mais baixos
índices mundiais de erosão de solos (tendo o mais baixo índice de erosão
do hemisfério americano) e apresenta, também, um dos mais baixos índices
mundiais de uso de defensivos e insumos químicos (realizando controle
biológico de pragas e fertirrigação dos solos com aos resíduos do
processamento industrial da cana – vinaça).

Além de o cultivo da cana-de-açúcar trazer diversos benefícios, desde a


plantação até o uso do bagaço para geração de energia, o etanol traz resultados
significativos com relação à poluição. Se for comparado com o petróleo o benefício
para a atmosfera é grande, pois a redução da emissão de CO2 pode chegar até
90%.
Atualmente as usinas estão buscando investimentos para a utilização do
bagaço da cana-de-açúcar como gerador de energia elétrica. De acordo com May;
Lustosa; Vinha (2003, p.233) “Há um enorme potencial para a co-geração no país,
com destaque para a utilização do bagaço de cana-de-açúcar nas usinas.“ Para que
seja possível essa reutilização do bagaço, há a necessidade de grandes
investimentos tanto do governo como das usinas, pois para a geração de energia
através do bagaço, uma grande parte das usinas brasileiras teriam que trocar suas
caldeiras de baixa eficiência por caldeiras mais eficientes com pressão de até 90
bar.
31

Segundo o próprio governo, em 2011 as usinas poderão fornecer até 6% da


energia elétrica consumida no país. Para que isso se materialize, mais e
mais usinas terão que seguir os passos da Equipav. Ela é a única do país a
ter uma caldeira com pressão de 90 bar, a mais alta em operação no setor
hoje. A pressão está diretamente relacionada à eficiência na geração de
energia elétrica: quanto mais elevada, mais megawatts serão obtidos. A
imensa maioria das usinas trabalha com equipamentos antigos, de apenas
22 bar e um terço do rendimento do modelo adotado pela Equipav.
(STEFANO, 2008, p. 46).

O bagaço que antes tinha a imagem de problema para as usinas e para o


meio-ambiente, pois como não tinha utilização, acabava sendo queimado,
atualmente é visto como mais uma fonte de energia viável para diminuir os impactos
da crise energética. Porém para que isso se concretize, há a necessidade de uma
modernização nas usinas, processo que necessita investimentos e tempo.
Uma série de fatores mostram os benefícios do etanol para o meio-ambiente,
colocando-o em uma posição respeitável no mundo, principalmente quando
comparado ao combustível proveniente do petróleo.

Como números gerais, temos um resultado mais do que expressivo: por


praticar um consumo anual na faixa de 13 bilhões de litros de álcool
(substituindo proporções equivalentes de consumo de petróleo não
renovável), o Brasil mitiga e neutraliza mais de 30% das emissões
causadoras do efeito estufa, provocadas pelo conjunto da frota nacional de
veículos. Isso, além de ser muita coisa (numericamente falando), tem
também um significado extra pelo fato de se passar em uma área (como é o
caso dos transportes) que, em todo o mundo, caracteriza-se por ser umas
das principais fontes de poluição urbana, altamente dependente do petróleo
e muito pouco dinâmica quanto a mudanças e melhorias. (MORAES;
SHIKIDA, 2002, p.204).

Outro exemplo de utilidade descoberta com os resíduos da colheita da cana-


de-açúcar é a utilização da vinhaça que se tornou grande aliado no processo
produtivo. A vinhaça que durante décadas foi descartada de modo inadequado na
natureza apresentava problemas, pois o despejo indevido ocasionava drástica
redução da vida das plantas e animais ali presentes. Para Ludovice; Vieira;
Guimarães (2008, p.01) ”A vinhaça, líquido poluente e corrosivo, sempre foi um
problema nas destilarias de álcool, contudo dado a sua riqueza em potássio, matéria
orgânica e teor de água, passou a ser aplicada na lavoura, com grande sucesso
econômico.” Atualmente a vinhaça é considerada um fertilizante orgânico rico em
potássio, elemento importante para o crescimento vegetal.
Pode-se afirmar que a produção de cana-de-açúcar e etanol apresenta
importantes reduções ao impacto ambiental, colocando-os em uma situação que
32

propicia diversos benefícios ao meio-ambiente, à economia e à sociedade como um


todo.

4.2 Barreiras ambientais e sociais para o etanol brasileiro

Apesar de o etanol apresentar inúmeros benefícios ao meio-ambiente, existe


barreiras ambientais que muitas vezes atrapalham o desenvolvimento ou até
impedem a comercialização do etanol brasileiro no mercado mundial. Essas
barreiras em geral são impostas pelos países para proteger os produtores locais
contra o etanol brasileiro que possui um conjunto favorável a produção, conforme o
seguinte destaque:

Somos o único Pais que combina o melhor de quatro fatores diferentes:


terra, tecnologia, clima e mão-de-obra. Outros países podem ter um ou
outro, mas não nessa combinação. (INFORME BB, Nº 73, p.28).

Com todos esses quatro fatores aliados, o etanol brasileiro apresenta um


baixo custo de produção, conseguindo ter um preço competitivo no mercado global.
Devido a essa boa competitividade, alguns países e principalmente a União
Européia (UE) com a intenção de proteger os produtores locais de biocombustíveis
criaram barreiras ambientais e sociais sobre o etanol brasileiro.

Em termos ambientais, a ONU também alerta que esse protecionismo tem


efeitos negativos, já que impede que projetos relacionados ao etanol sejam
desenvolvidos em maior escala. (BOUCHAM, 2007, p.41).

O plano energético da UE segundo Garcia Júnior (2008) prevê a redução até


2020 de 21% das emissões industriais e de 10% das emissões procedentes dos
denominados “setores difusos” (veículos, aquecimento, etc.). Essa meta de 10% da
UE traria grandes benefícios ao Brasil, pois abririam-se as portas de um mercado
consumidor potencial para o etanol brasileiro, porém a UE criou barreiras o qual
Garcia (2008) afirma que foram criadas sistemas de certificação sem a qual nenhum
país poderá exportar biocombustíveis para o mercado europeu.
A UE criou o que chamam de sustentabilidade social e meio ambiental que
tem o seguinte significado:
33

Sustentabilidade social inclui a não utilização de mão-de-obra escrava,


salários dignos, não afetar os preços mundiais, regionais, nem mesmo
locais dos alimentos. Sustentabilidade meio ambiental inclui não afetar
negativamente a biodiversidade e não desmatar a Amazônia. (GARCIA,
2008, p. 8).

Através dessas barreiras criadas pela UE, aumenta a dificuldade de o etanol


brasileiro entrar no mercado europeu. Como são exigidos certificados, que atestam a
qualidade e a procedência do etanol, o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) desenvolveu paralelamente o
Programa Brasileiro de Certificação de Biocombustíveis, com o seguinte objetivo:

Com foco não só na qualidade do produto, mas também no meio-ambiente.


Desde meados da década de 90, quando as questões ambientais e sociais
passaram a fazer parte das preocupações da sociedade, a comunidade
internacional de avaliação da conformidade passou a incorporar, em muitos
processos de certificação, requisitos ambientais, sociais e de bem estar do
trabalhador. O programa também visa assegurar que o processo de
obtenção do biocombustível segue as boas práticas sociais, ambientais e
trabalhistas, tais como: não fazer uso de trabalho escravo ou infantil, não
causar desmatamento, respeitar os direitos do trabalhador e dar a ele
condições adequadas de trabalho. (BOUCHAM, 2007, p.42).

Mesmo que o Brasil crie certificações de qualidade, que comprovem a boa


procedência do etanol, que a área utilizada para a plantação da cana-de-açúcar não
foi proveniente de desmatamento ou plantada na região Amazônica e que não foi
utilizada a mão-de-obra escrava, a UE, que é a principal criadora de barreiras
ambientais e sociais do etanol brasileiro, estará sempre buscando novas formas de
barrar o etanol do Brasil, impondo novas exigências para que a eficiência do etanol
caia, tornando-se inviável a exportação para a UE.
Apesar das grandes exigências e imposições, os produtores de etanol no
Brasil não devem se intimidar com as barreiras protecionistas criadas pela UE para
proteger o mercado interno. Com as vantagens em que o Brasil tem para a produção
do combustível e a necessidade mundial de diminuir a poluição da atmosfera, novos
mercados irão surgir em busca do combustível verde.
34

4.3 Vantagens naturais brasileiras para a produção de etanol

O Brasil é considerado como o país que tem a melhor relação de benefícios


naturais para a produção em larga escala de biocombustíveis. Dotado de uma ótima
combinação de clima, com uma extensão territorial, e com grandes reservas de
água, possui uma grande vantagem sobre os outros países, para a produção de
biocombustível. Segundo Boucham (2007, p.30) “o Brasil ainda tem 90 milhões de
hectares de área disponíveis para cultivo, sem ter que invadir reservas ou a
Amazônia.” Já Stefano; Lima; Teixeira (2008, p. 142) reconhece que o Brasil tem
vantagens incontestáveis na oferta de matéria-prima orgânica que dará origem ao
etanol.
Com relação à água Moss; Moss (2004) afirmam que o Brasil é um país
privilegiado no que diz respeito à quantidade de água. Tem a maior reserva de água
doce da terra, ou seja, 12% do total mundial.
Dotado de vantagens naturais, o Brasil vem expandindo a sua área no que diz
respeito à plantação de cana-de-açúcar. No início a maior parte da plantação da
matéria-prima, era plantada no estado de São Paulo. Atualmente devido ao aumento
do plantio e da necessidade de novas áreas para plantação, novos estados vêm
introduzindo a cultura da cana-de-açúcar.

Quem costuma percorrer as estradas do Triângulo Mineiro pode notar a


rápida transformação na paisagem local. No lugar de pastos e lavouras de
grãos, surgem agora canaviais. Nas rodovias, caminhões transportam
gigantescos equipamentos que seguem para as obras das usinas de açúcar
e álcool. Tradicional centro de pecuária de leite e de corte, a região tornou-
se umas das principais fronteiras do setor sucroalcooleiro do país. Há vários
fatores que impulsionam os investimentos de usineiros no estado. Além de
possuir clima e regime de chuvas apropriadas à cultura da cana, o estado
tem custos muito inferiores aos da produção de São Paulo. (STEFANO,
2008, p. 36, 37).

Esse conjunto de vantagens impulsiona diversas regiões do país ao


crescimento, pois junto com as usinas e a agricultura, são criados novos empregos,
conseqüentemente uma maior arrecadação de impostos e a economia local e
regional se fortalecem.
35

4.3.1 Matéria-prima: a cana-de-açúcar

A produtividade de etanol no Brasil é considerada a maior do mundo, um dos


grandes responsáveis por essa produtividade é a matéria-prima utilizada. Signorini
(2007) afirma que a cana-de-açúcar produz quase três vezes mais álcool por área
plantada do que a produção de etanol do milho. Com essa vantagem que o Brasil
possui, os EUA só conseguem ficar na frente do Brasil na produção de etanol,
graças aos subsídios que o governo americano fornece aos agricultores, prática que
não existe no Brasil.
Outro aspecto importante que favorece a cana-de-açúcar é o gasto total de
energia que se utiliza para converter a matéria-prima em etanol. Andreoli e Souza,
(2006, p. 03), fazem a seguinte comparação:

A cana gasta quatro vezes menos energia do que o milho, 1,6 bilhões de
kcal para a cana contra 6,6 bilhões para o milho. Além de ressalvar para o
fato que os custos de produção do álcool de cana são muito mais baratos
do que os de milho, sem levar em consideração o subsídio pago aos
produtores de milho e aos usineiros americanos. O custo de produção de
etanol de cana é muito inferior ao de milho, U$0,28/L contra U$0,45/L.
Relativo aos combustíveis fósseis, a emissão de gases efeito estufa foi
reduzido em 66% com a produção e combustão de etanol de cana-de-
açúcar e 12% com o etanol de milho.

Além do custo de produção ser menor, outra vantagem para o etanol


proveniente da cana-de-açúcar é a diminuição dos gases do efeito estufa. Para
Sigonini (2007, não páginado), “a cana-de-açúcar é, dos pontos de vista econômico,
energético e ambiental, a melhor alternativa para a produção de biocombustíveis no
Brasil”.
A tabela 3 mostra a comparação entre a produção de etanol de milho no EUA
e de cana-de-açúcar no Brasil:

Tabela 3: Comparação entre a produção de etanol de milho no EUA e de cana-de-açúcar no Brasil.


Parâmetro Unidades Cana-de-açúcar Milho
§
Produção Milhões t 386,5 282
Rendimento t/ha 90 8,1
Energia Exigida Kcal x1000 10.509 8.115
Energia entrada: saída Kcal 01:04,6 01:03,8
Produção de álcool Litros/ha 8.100 3.000
Produção de álcool Litros/ t 90 371
Taxa de Conversão Kg/ 1000L 11.110 2.690
36

Tabela 3: Comparação entre a produção de etanol de milho no EUA e de cana-de-açúcar no Brasil.


(Continuação)
Parâmetro Unidades Cana-de-açúcar Milho
Gasto de Energia Total Kcal/ 1000L 1.518.000 6.597.000
Produção Total Atual Bilhões (L) 15,8 17,2
#
Balanço de Energia Kcal input: output 01:03,2 01:01,3
Custo de Produção U$/L 0,28 0,45
Preço de Venda U$/ L 0,42 0,92
a
Número de Usinas Unidade 140 101
Subsídio US bilhões/ano _ $4,1
Fonte: Andreoli; Souza (2006) Cana-de-acúcar: a Melhor alternativa para Conversão da energia solar
e Fóssil em Etanol.

Através dos dados da tabela 3, comprova-se que a eficiência da matéria-


prima utilizada pelo Brasil é de longe a melhor alternativa para a produção de etanol.
O milho utilizado nos EUA para a produção de etanol, além de ter um ganho de
energia menor do que o da cana tem um custo maior para a produção e os
produtores precisam de subsídios do governo americano para que o cultivo seja
viável economicamente.
No anexo A está o mapa da produção referente ao setor sucroenergético do
Brasil.

4.4 Produção de etanol e a produção de alimentos no mundo

Com os biocombustíveis e alta, surgem às controvérsias, principalmente


quando se defronta com a fome mundial. Muitos organismos internacionais, entre
eles a Organização das Nações Unidas (ONU), criticam os países como EUA e
Brasil por utilizarem áreas agriculturáveis para a produção de biocombustíveis.
Como a proporção do consumo mundial de alimentos vem aumentando em uma
proporção maior do que a capacidade de produção, os biocombustíveis sofrem
pressões internacionais pois nas áreas plantadas poderia-se estar plantando
alimentos ao invés de fontes de energia. Brown (2008, p. 01), primeiro ministro
britânico, reconhece que:

É preciso uma revolução na agricultura para alavancar a produção nos


países mais pobres. E novas pesquisas e apoio para culturas de grande
rendimento e resistência às condições climáticas, assim como uma revisão
37

sobre os bio-combustíveis para nos auxiliar a entender seus impactos nos


preços dos alimentos e no meio ambiente.

Já o ministro brasileiro de Ciência e Tecnologia, Rezende (2008), comenta


que a produção de biocombustíveis em países em desenvolvimento não se
contrapõe às demais atividades agrícolas. A produção de biocombustíveis planejada
de forma correta como ocorre no Brasil, não interfere na produção de alimentos.
Para o ministro brasileiro da agricultura, Stephanes (2008, p. 01), os biocombustíveis
representam ameaças nos seguintes casos:

Os biocombustíveis representam ameaça à oferta de alimentos apenas nos


países desenvolvidos, sem matéria-prima e que têm de subsidiar a energia
limpa (não-poluente). Nos Estados Unidos, os subsídios ao etanol de milho
equivalem a pelo menos o valor da produção. Lá, enfatizou, os custos
representam o dobro em relação ao álcool combustível extraído de cana-de-
açúcar no Brasil. Na Europa, acrescentou, o custo chega a ser três vezes
superior: Os subsídios elevados é que provocam distorções na oferta de
alimentos.

O Brasil tem potencial para aumentar a produção de etanol sem comprometer


a produção de alimentos, segundo o economista Dias (2008, não páginado)
professor da economia agrícola da Universidade de São Paulo (USP), “o Brasil hoje
produz 30% mais do que precisa para alimentar sua população, ou seja, o país tem
um excedente para exportar, sem problemas de desabastecimento, o problema
ocorre nos países desenvolvidos.”
O presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(Consea), Maluf (2008, p. 02) faz a seguinte afirmação:

Os subsídios agrícolas mantidos pelos Estados Unidos e União Européia


são apontados por Maluf como fatores desencadeadores da crise alimentar,
já que impedem os produtores de países pobres de competirem em pé de
igualdade com os europeus e norte-americanos. Os Estados Unidos e a
Europa, durante décadas, exportaram alimentos a preços subsidiados,
desestimulando e comprometendo a produção em um grande número de
países. Hoje, esses países viraram importadores, quando poderiam muito
bem ter produção suficiente para exportar.

Os problemas com a produção de alimentos no mundo, não estão


diretamente ligadas com a produção de biocombustíveis, o problema é que os
países desenvolvidos fornecem grandes subsídios aos produtores de
biocombustíveis, fazendo com que haja um desinteresse na produção de alimentos.
38

5 DESAFIOS PARA O ETANOL BRASILEIRO

Neste capítulo comenta os desafios do etanol brasileiro para entrar em novos


mercados, mostra o etanol produzido nos EUA, e a produção de cana-de-açúcar e
etanol no Brasil. Aborda também as barreiras tarifárias que o mercado inernacional
impõe para o etanol brasileiro.

5.1 Desafios

O etanol tornou-se a principal estrela do mercado energético global, porém


um grande desafio do Brasil é de convencer grandes mercados consumidores como
Europa e Ásia de que o etanol será a energia do futuro. Como ainda não existe um
mercado mundial para o etanol e apenas grandes expectativas para que o
combustível seja introduzido mundialmente, poucos se arriscam a comprar o produto
de um único país.
Se os países mais desenvolvidos que detém uma melhor logística e um poder
de barganha maior, começassem a introduzir leis obrigando a adição de etanol na
gasolina, isso já ajudaria o Brasil e incentivaria países em desenvolvimento a
começarem a produzir biocombustíveis, pois com países mais ricos adotando na
prática o uso de fontes renováveis, haveria maior garantia na compra dos
biocombustíveis e o mercado consumidor poderia se expandir ainda mais.

Seriam necessárias mudanças nas regulamentações de cada país para que


o álcool possa se misturar a gasolina, como ocorre no Brasil (até 25%) e
está sendo negociado no Japão (3%). Isso já será suficiente para os paises
terem de garantir abastecimento e começarem a buscar contratos de longo
prazo. Esse é um fato chave para um produto cuja produção ainda depende
da decisão do usineiro, que ainda costuma substituí-la pela produção de
açúcar dependendo do preço de mercado de cada um. Com efeito, hoje o
produto fica na rabeira entre um mercado agrícola e o preço dos
combustíveis. Isso não gera estabilidade. Uma das iniciativas do Brasil e
dos EUA é de estudar as formas de transformar o etanol numa commodity.
(BOUCHAM, 2007, p. 37, 38).

Por mais que a tendência do etanol seja de aumentar a produção e aumentar


o número de países adeptos à sua utilização, ainda há muitos desafios para a
39

aceitação desse combustível. A UE tem como meta o uso de 5,75% de etanol na


frota de carros até 2010 e sempre se mostra interessada em importar o etanol
brasileiro. Porém, a maior parte disso fica na teoria, pois estão sempre criticando,
impondo taxas e cotas sobre o etanol brasileiro. Se essas taxas e cotas fossem
derrubadas pela UE e EUA, a produção de etanol no Brasil poderia ser incentivada e
as pesquisas para melhorar a produção também iriam aumentar. Isso
consequentemente resultaria num grande salto para o consumo mundial de etanol o
que baixaria significativamente a emissão de CO2.
Pontual (2008, p. 40), faz o seguinte comentário sobre o mercado mundial do
etanol:

Só os EUA têm o verdadeiro mercado de etanol. Em outros países ainda


não existe mercado. São mercados em desenvolvimento, que dependem de
políticas públicas, como a obrigatoriedade da mistura do álcool à gasolina.
Muitos países sequer têm a logística para receber o produto. O mercado de
etanol é altamente promissor, mas seu timming é outro. Ele vai acontecer
por volta de 2010 ou 2011.

Se o etanol fosse transformado em uma commodity os desafios para tornalo


obrigatório a mistura da gasolina em outros países iria diminuir, com isso o Brasil
poderia buscar novos mercados e firmar grandes contratos. Com relação à
transformação do etanol em uma commodity, Pires (2008, p. 01) reforça que o
grande desafio está em:

O grande desafio é transformar o etanol em commodity, cotada nas bolsas


de NY e Londres. A commodity tem um padrão de qualidade, respeita
normas internacionais. O próprio cultivo da cana respeitaria normas
ambientais, contratos de trabalho. Hoje, praticamente só produzem Brasil e
EUA Além disso, é preciso batalhar nos fóruns mundiais para que o etanol
tenha uma especificação, como ocorre com a gasolina.

Para os usineiros seria uma grande oportunidade estratégica o etanol tornar-


se uma commodity, pois abriria novas perspectivas para a expansão do etanol no
mercado mundial. Para que isso se concretize, há a necessidade de definir os
padrões de qualidade do produto, padronizando a composição.
Segundo o Diretor do centro brasileiro de Infra-Estrutura Pires (2008, p 01):

Os produtores do etanol brasileiro vêm fazendo propaganda positiva do


produto na Europa e nos EUA, inclusive com a abertura de escritórios, para
contra-atacar o receio quanto ao uso de trabalho escravo e degradação
ambiental. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, Adriano
Pires – um dos maiores especialistas em combustíveis do país – esse
trabalho funciona, mas as barreiras cairão apenas quando o etanol se tornar
40

uma commodity sujeita a legislação própria e especificações claras.


Precisamos de uma legislação, como Bush fez nos EUA. Uma lei mais clara
de biocombustíveis que garanta realmente um mercado e participação na
matriz energética para o etanol, independentemente do preço do petróleo.

Além da necessidade de propagandas positivas no exterior, da criação de


uma legislação específica, outro problema, porém de menor escala que o Brasil
enfrenta é o fato da indústria do etanol ser 100% nacional. Países desenvolvidos
não aceitam muito a idéia de países como o Brasil serem detentores de tecnologia
de ponta sem depender de algum outro país.
Com grandes dificuldades mundiais, o etanol brasileiro enfrenta um outro
grande problema interno que pode atrapalhar muito o preço do produto para a
exportação. O Brasil detém uma logística de transporte precária, estradas em
péssimas condições de uso, portos com tarifas caras e com demoras nas operações,
além de uma malha ferroviária insuficiente. Tudo isso influencia no preço do produto
e se esses entraves permanecerem a competitividade do produto brasileiro poderá
diminuir em valores significativos. Quanto aos desafios que o etanol tem de
enfrentar, a Mercantil (2007, p. 01) fez a seguinte publicação:

No setor sucroalcooleiro, só terá chance quem tiver escala e dominar a


logística. Em artigo anterior, citei os lobbies dos agricultores americanos e
das petrolíferas e a nossa infra-estrutura como barreiras às exportações do
etanol. Não obstante os discursos das autoridades, o PAC não deslancha e
a situação se agrava: estradas desintegrando-se, portos caros e obsoletos e
malha ferroviária ridícula, ou seja, estamos à beira de um apagão logístico.
Tal situação, acrescida da carga tributária escorchante, prejudica todo o
setor produtivo e aumenta, ainda mais, o "custo Brasil".

Além de desafios comerciais, ambientais e de infra-estrutura logística, há


também o desafio tecnológico para o Brasil se manter como líder mundial na
produção de etanol. Reinach (2007, p. 01) reconhece que: “O principal desafio é
aumentar a produtividade agrícola e a produção. É necessário ampliar as
variedades, de modo que não tenhamos só a cana-de-açúcar como matéria-prima.
Investimentos tecnológicos e pesquisas devem ser feitos.” Cientistas e usinas do
Brasil estão investindo em novas formas de se obter o etanol através de outras
fontes, buscando aumentar a produtividade por área plantada.

A diferença é que, dessa vez, a disputa não se dará nas plantações de


cana-de-açúcar e milho ou nas usinas – mas, sim, em laboratórios
altamente sofisticados. O que cientistas estudam hoje é uma forma de
transformar capim, palha de milho, lascas de madeira e dezenas de outras
fontes de celulose em álcool. Conhecido como etanol celulósico, esse tipo
41

de biocombustível aproveita os restos do processo industrial para gerar


energia – no caso da cana-de-açúcar, a produtividade pode dobrar na
mesma área plantada. (Lopes, 2007; 2008, p. 30).

Essas buscas por novas tecnologias trarão vantagens para o Brasil, pois
reduzirá o desperdício de matérias-prima e aumentará consequentemente a
quantidade de combustível para vender a outros mercados.

5.2 Novas fronteiras de expansão do etanol

O Brasil e os EUA produzem juntos mais de 70% do etanol mundial, e o


restante fica dividido entre vários países. Já a China se posiciona em terceiro lugar
bem atrás de EUA e Brasil com 6,27% do etanol mundial.

Tabela 4: Maiores produtores de álcool do mundo.


Ranking País Quantidade (em litros) % da produção
1º EUA 19.850 000 000 38,67
2º Brasil 17.850 000 000 34,78
3º China 3.220 000 000 6,27
4º Índia 1.830 000 000 3,56
5º Fança 950 000 000 1,84
6º Outros 7.620 000 000 14,84
Fonte: Exame, 2007, p. 130.

Nota-se na tabela 4 que nenhum outro país está ameaçando a liderança dos
dois maiores produtores mundiais de etanol, porém como o etanol é um produto de
origem vegetal e precisa de grandes áreas para a matéria-prima ser cultivada,
países como a Índia e o continente africano despontam como futuros grandes
produtores de biocombustíveis, pois possuem grandes áreas cultiváveis e despertam
o interesse de empresas de países desenvolvidos, principalmente da UE.

Um futuro concorrente para o álcool combustível feito de cana-de-açúcar


está surgindo na Índia. Uma destilaria indiana do estado de Andhra Pradesh
produziu, em junho, o primeiro carregamento de etanol fabricado a partir do
talo de uma nova variedade de sorgo açucareiro híbrido, uma planta da
mesma família da cana, as gramíneas. Confiante na inovação, uma
associação de agricultores indianos planeja plantar grandes áreas do novo
híbrido. (FAPESP, 2007, p.01).
42

Assim como surge na Índia novas formas de produção de etanol, com plantas
que não exigem muita água e poucos cuidados, a África que está sendo considerada
como uma nova fronteira de expansão do etanol possui inúmeras vantagens para o
cultivo da cana-de-açúcar e outras plantas. Grandes empresas já estão investindo
nesse continente com a esperança de produzir combustível a competitivos preços,
além de gerarem maior progresso para o continente africano.

De fato, a África será importante para a criação e um parque mundial de


produção de combustíveis renováveis suficientemente grande para atender
à demanda dos países ricos. Isso deve ajudar o Brasil que pretende
transformar o etanol em commodity mundial. A região possui características
positivas para a implementação de um programa de produção de etanol. A
produção de cana-de-açúcar e etanol é citada como um vetor para a
melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento, através da geração de
emprego e renda na zona rural, melhoria da produtividade do setor agrícola,
além das implicações diretas na melhoria da qualidade do meio ambiente na
África. (BOUCHAM, 2007, p. 49,50).

Portanto, a Índia e a África têm grandes chances de serem futuros


concorrentes do etanol brasileiro, pois possuem a vantagem de mão-de-obra barata,
terra em abundância, além da ajuda de países desenvolvidos na busca por novas
formas de se cultivar espécies que não necessitam de muita água e que tenham um
custo mais barato. Porém apresentam desvantagens sobre o Brasil, como uma
logística de transporte mais precária, conflitos étnicos e religiosos e não possuem a
experiência de mais de 30 anos do Brasil. Devido a esses motivos, o tempo que a
África e a Índia levariam para terem uma produção significativa poderia ser grande.

5.3 O etanol produzido nos EUA

Há mais ou menos dez anos atrás os EUA nem pensavam na utilização do


etanol como combustível, porém como é um país que vive em conflitos,
principalmente com países da Arábia Saudita que são grandes fornecedores de
petróleo, os norte-americanos começaram a produzir o etanol para reduzirem a
dependência do petróleo, já que o petróleo produzido por eles não supre suas
próprias necessidades. Nesse curto período de tempo que os EUA começaram a
produzir etanol, eles conseguiram ultrapassar o Brasil na produção anual. Isso foi
43

graças a fortes investimentos em tecnologias, em usinas e subsídios aos produtores


de milho.

A produção americana deverá chegar a 43,5 bilhões de litros, com a


construção de 80 novas usinas. Os Estados Unidos irão mais do que dobrar
a produção de etanol de milho em 18 meses, informa Ken McCauley,
presidente da National Corn Growers Association (NCGA), entidade que
reúne os produtores de milho americanos. "Hoje, temos nos Estados Unidos
119 usinas, com capacidade de produção de 5,5 bilhões de galões (20,8
bilhões de litros) de etanol por ano. Em 18 meses, outras 80 unidades
entrarão em operação e passarão a produzir mais 6 bilhões de galões (22,7
bilhões de litros) de etanol", disse McCauley. Significa que produção
americana de biocombustível saltará no período 109,1%, para 43,5 bilhões
de litros. (Gazeta Mercantil, 2007, não páginado).

Os EUA, apesar de terem uma safra de etanol maior do que a brasileira,


possuem um rendimento menor, pois segundo Boucham (2007, p.28) “no Brasil cada
hectare de cana plantada produz uma média de 6000 litros de álcool, enquanto para
os americanos, cada hectare de milho gera 3100 litros de álcool.” Como o governo
norte-americano está investindo no etanol, o agricultor está deixando de plantar
outras espécies de alimentos para plantarem milho destinado a produção de etanol,
devido a isso o preço dos alimentos nos EUA está subindo. Segundo a BBC Brasil
(2007, não páginado) “Os preços do milho já aumentaram 50% em relação ao ano
passado, e estima-se que os preços da soja subam até 30% no próximo ano, à
medida que os produtores substituírem suas colheitas de soja por milho.”
Os EUA se continuarem a investir em biocombustíveis, futuramente poderão
viver um dilema, terão que escolher entre a produção de alimentos ou a de energia.
Se continuarem optando por energia, o preço dos alimentos irá subir ainda mais e os
problemas sociais se gravarão.
Sant’Anna (2008, p. 03) afirma que o problema na alta dos alimentos está em:

Os EUA tiveram de reduzir sua produção de soja e de trigo na mesma


proporção em que aumentaram a de milho. A partir de março do ano
passado, há um gargalo de suprimento de soja. A produção de trigo dos
EUA e de outros países também caiu. Resultado: os preços dos dois grãos
subiram. E o milho, apesar da produção recorde nos EUA, começou a subir
também. Na safra 2007-2008, os biocombustíveis foram um dos principais
fatores, não o único. Houve seca também. Na próxima safra, os
biocombustíveis pode ser o fator determinante, se os preços continuarem
altos.

Entende-se que por mais que os norte-americanos possam estar


ultrapassando o Brasil na produção de etanol, será muito difícil eles terem um
44

mercado auto-suficiente, pois além de terem uma demanda grande de petróleo,


futuramente nem a produção de milho e nem a de etanol será economicamente
sustentável.

5.4 Produção de cana-de-açúcar e etanol no Brasil

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, grande parte dessa


cana produzida é transformada em combustível e a outra parte em açúcar. A
produção anual dessa matéria-prima no Brasil cresce a cada ano que passa, devido
a forte utilização de álcool combustível na frota de carros do país e ao fato da
exportação desse produto estar crescendo. Na tabela 5 pode-se observar a
quantidade de açúcar e álcool produzido no Brasil em 2006 e na tabela 6 a
quantidade de álcool exportada e a receita que foi gerada por este produto.

Tabela 5: Produção nacional de álcool e açúcar.


Tipo Quantidade
Álcool 17.850 bilhões de litros
Açúcar 30.047 milhões de toneladas
Fonte: Exame, 2007, p. 130.

Tabela 6: Exportação de álcool.


Quantidade (em litros) Receita (em US$ FOB)
3.845 000 000 1.770 000 000
Fonte: Exame, 2007, p. 130.

Os dados mostrados foram de 2006, do total do álcool produzido no país,


21,54% foi exportado gerando uma receita de quase dois bilhões de dólares. O
restante do etanol produzido ficou no mercado nacional para suprir as necessidades.

A produção de etanol em 2007 foi de 20,1 bilhões de litros; em 2008, foi de


27,1 bilhões de litros, e se estima que em 2030 alcance 66,6 bilhões de
litros. Em 2007 foram plantados 7,08 milhões de hectares de cana, e em
2008, um total 9 milhões de hectares. Um aumento de 1,9 milhões de
hectares plantados com cana em apenas um ano. O Brasil conta hoje com
370 unidades sucroalcooleiras (usinas) e deverá chegar a 409 até o final da
safra 2012/ 2013. Em 2007 a previsão era de 140 novas usinas até 2015.
Essa previsão caiu para 93. A tendência recente é a da concentração e
45

centralização da produção de etanol e da cana de açúcar. (Carvalho, 2009,


p. 02).

Além de ser o maior produtor de cana do mundo e o segundo maior produtor


mundial de etanol, o Brasil apresenta o menor custo de produção para esse
combustível, conforme informa a Exame (2007, p. 129): “Obtido da cana-de-açúcar,
o etanol brasileiro tem custo de produção de 22 centavos de dólares por litro, ante
30 centavos de dólares do etanol americano, extraído do milho, e 53 centavos de
dólar do etanol europeu, obtido da beterraba.” Nenhum outro país consegue ter um
custo tão baixo quanto o Brasil, isso se deve ao aumento da produtividade com a
utilização de novas variedades de cana-de-açúcar e a utilização de subprodutos
como o bagaço para a geração de energia elétrica.
No Brasil a liderança na produção de álcool é detida pelo estado de São
Paulo com uma produção de quase 10 vezes maior do que a segunda posição que é
detido pelo estado do Paraná conforme mostra a tabela 7.

Tabela 7: Maiores produtores de álcool no Brasil (em litros).


Ranking Estado Quantidade (em litros) % da produção
1º São Paulo 10.953 937 000 61,66
2º Paraná 1.318 904000 7,42
3º Minas Gerais 1.291 445 000 7,27
4º Goiás 821 556 000 4,62
5º Mato Grosso 757 251 000 4,26
6º Mato Grosso do Sul 640 843 000 3,61
7º Alagoas 604 177 000 3,40
8º Pernambuco 318 938 000 1,79
9º Paraíba 315 114 000 1,77
10º Espírito Santo 173 192 000 0,97
11º Maranhão 128 469 000 0,72
12º Bahia 93 962 000 0,53
13º Rio de Janeiro 87 455 000 0,50
14º Rio Grande do Norte 77 833 000 0,44
15º Sergipe 53 833 000 0,30
16º Pará 51 818 000 0,29
17º Piauí 50 501 000 0,28
18º Tocantins 11 567 000 0,09
19º Rio Grande do Sul 5 686 000 0,04
20º Amazonas 5 650 000 0,04
21º Ceará 1 002 000 0,005
Total 17.763 133 000 100%
Fonte: Exame, 2007, p. 130.
46

São Paulo é o maior produtor de álcool do Brasil, sendo responsável por mais
de 61% da produção nacional, em segundo lugar está o estado do Paraná com
7,42% e em terceiro está Minas com 7,27%. Um dos motivos de São Paulo estar
disparado na produção de álcool do Brasil é que o estado é considerado o centro
das negociações do país, com o maior número de investimentos e o maior número
de usinas já existentes e em construção. Desde os tempos do PROÁLCOOL, o
estado já despontava como o maior produtor de cana do Brasil e liderava nas
pesquisas da utilização do álcool como combustível. Porém, estados como Minas
Gerais e Goiás estão investindo fortemente na produção do etanol, com a criação de
novas usinas, incentivos aos agricultores e investimentos em logística. Conforme a
Exame (2008, p. 143), Goiás pretende assumir a vice-liderança.

Até 2010, está prevista a inauguração de 76 empreendimentos, que


totalizam investimentos de mais de 10 bilhões de reais. Goiás é atualmente
o quarto maior produtor de álcool do país. Com a implantação de novas
usinas, a expectativa é que o estado suba para a segunda posição no
ranking, atrás apenas de São Paulo.

Já Minas Gerais, apresenta a seguinte estrutura com relação a usinas e


investimentos.

Hoje, 31 unidades estão em implantação em todo o estado. Outros 15


projetos se encontram em discussão com o governo estadual. Minas Gerais
deverá receber 10,1 bilhões de reais em investimentos no setor
sucroalcooleiro até 2016, recursos que deverão gerar cerca de 65.000
empregos diretos e um número três vezes maior de indiretos. (STEFANO,
2008; 2009, p.36).

Com grandes investimentos, e um significativo aumento na produção, o etanol


a cada ano que passa aumenta a produção e o consumo interno devido ao aumento
das vendas dos veículos flex no país. De todo o etanol produzido no Brasil 85% é
consumido no mercado interno conforme Carvalho (2009). O restante desse etanol é
exportado conforme mostra tabela 8.

Tabela 8: Principais compradores do álcool brasileiro.


Ranking País Quantidade (em litros) Porcentagem
1º EUA 426 700 000 17
2º Japão 303 710 000 12,1
3º Índia 283 630 000 11,3
4º Holanda 276 100 000 11
47

Tabela 8: Principais compradores do álcool brasileiro. (Continuação)


Ranking País Quantidade (em litros) Porcentagem
5º Coréia do Sul 220 880 000 8,8
6º Suécia 200 800 000 8
7º El Salvador 170 680 000 6,8
8º Jamaica 117 970 000 4,7
9º Costa Rica 110 440 000 4,4
10º México 100 400 000 4
11º Outros 298 680 000 11,9
Total 2.510 000 000 100
Fonte: Exame, 2007, p. 130.

Apesar de os EUA serem os maiores produtores de etanol do mundo, o


consumo de combustível nesse país é muito grande e o etanol produzido por eles
não consegue suprir toda a demanda, por isso há a necessidade de importarem
etanol do Brasil. No ano de 2007 o mercado norte-americano foi o principal
comprador do etanol brasileiro, importando 17% do etanol exportado pelo Brasil. Já
o Japão que o segundo país que mais importou etanol do Brasil, sendo responsável
por 12,1% da exportação brasileira.
Como o Japão é um país desprovido de terras, o que dificulta muito o cultivo
de fontes de energia renováveis, fica inviável para os japoneses produzirem o
etanol. Mesmo com essa inviabilidade de produzirem etanol, os japoneses
pretendem aumentar a adição de álcool a sua gasolina, caso essa adição se
confirme, futuramente a quantidade de litros que será importada por eles aumentará
significativamente e isso poderá beneficiar o Brasil.

5.5 Barreiras tarifárias para o etanol brasileiro

Os EUA mesmo impondo barreiras tarifárias para o etanol brasileiro, é o maior


destino das exportações de álcool do Brasil, pois a meta do país é de substituir 20%
da gasolina por álcool até 2017. Segundo dados da revista Brasil Energia (2007), o
álcool brasileiro é taxado nos EUA em US$ 0,54/galão o que equivale a US$
0,14/litro, mais impostos de 2,5%. Mesmo com essas altas taxas sobre o etanol, o
Brasil vai tentar ganhar espaço no mercado norte-americano.
48

Uma das formas de o Brasil tentar ganhar uma fatia ainda maior desse
mercado é através do Caribe e da América Central, pois os EUA isentam as taxas de
importações a esses países.

Está sendo estudado pelo governo brasileiro a produção e o beneficiamento


de etanol em países do Caribe, a fim de aproveitar a isenção de taxas de
importação que os EUA oferecem a esses países. Assim, em maio de 2006,
Brasil e Haiti firmaram um protocolo de intenções sobre cooperação na área
de técnicas de produção e uso de etanol combustível. El Salvador está
funcionando como ponte entre os fabricantes brasileiros de etanol e o
mercado norte-americano, onde se estima que a demanda por
biocombustíveis superou os 20 bilhões de litros em 2006. (BOUCHAM,
2007, p. 40).

Além dos EUA, a UE também aplica elevadas taxas ao etanol brasileiro.


Essas taxas são impostas principalmente para proteger o mercado interno, que
produz o etanol com fortes subsídios aos agricultores e é um etanol caro sem muitas
vantagens comerciais e sociais. Segundo Rosa (2007), a UE impõe ao etanol
brasileiro altas tarifas que chegam a passar dos 50%, enquanto para o petróleo, a
tarifa não passa de 5%.” Boucham (2007, p.41), faz o seguinte comentário. “O
grande obstáculo brasileiro é vencer a barreira tarifária imposta por Bruxelas:
atualmente, a tarifa de importação é de 19,2 euros por hectalitro.”
O Brasil através de seus líderes e de comitivas internacionais está sempre
lutando para que essas taxas sejam retiradas e o uso do etanol brasileiro seja
incentivado.
49

6 INFRA-ESTRUTURA E TECNOLOGIA

Dentro desse capítulo é falado sobre a infra-estrutura de transporte no Brasil


e alguns dos desafios do etanol brasileiro para chegar ao destino final. Mostra
alguns dos investimentos em infra-estrutura de transporte que estão sendo feitos no
Brasil e comenta-se de alguns investimentos que são necessários fazer, porém
ainda não existem projetos. Apresenta o Ipanema, avião produzido no Brasil e que
foi a primeira aeronave produzida em série no mundo utilizando o etanol como
combustível.

6.1 Infra-estrutura para o transporte do etanol

O transporte é uma das etapas mais importantes para definir o preço do


produto final, sendo responsável por transportar a mercadoria, garantindo a
integridade da carga no prazo combinado. Se o país apresenta uma boa infra-
estrutura de transportes às chances desse país em uma disputa de mercado são
maiores do que um país que tenha uma estrutura de transporte precária. Agilidade
no tempo e preço baixo são fatores fundamentais atualmente, e aquele que detiver
uma logística de transporte mais eficiente e moderna, provavelmente apresentará
um menor custo no produto final.
Um dos maiores desafios do Brasil na atualidade é colocar a sua logística em
condições de competitividade internacional, se não houver avanços de investimentos
na infra-estrutura de transporte, sérios problemas poderão ainda ocorrer. Segundo
Boucham (2007, p.36) “Sem avanços logísticos dificilmente o Brasil poderá garantir
maiores volumes de etanol aos clientes internacionais, colocando em risco todo o
projeto desenhado por agricultores e produtores ligados ao mercado de etanol”.
O Brasil mesmo apresentando o menor custo do mundo para a produção de
etanol, diminui as perspectivas quando o assunto é a logística de transporte,
conforme destaca Szwarc (2008, p.103) “As boas perspectivas para o futuro do
mercado de etanol são estremecidas pelas dificuldades logísticas nacionais”. Essas
50

dificuldades atrapalham o escoamento do etanol e dificultam o desenvolvimento das


regiões menos centralizadas do Brasil.
Existem problemas no Brasil que necessitam ser amenizados com rapidez
para que aumente as perspectivas na exportação do etanol. Segundo Orlandi (2008,
p.104) “A capacidade de estocagem é limitada, a infra-estrutura logística é muito
ruim, não existem dutos, a malha ferroviária é pequena, os portos são lamentáveis.
O Brasil tem gargalos logísticos realmente complicados.”
A necessidade de uma melhoria da infra-estrutura de transportes do Brasil,
não é apenas para deixar o etanol com um preço mais competitivo, é para melhorar
toda a economia do país. O Brasil tem apresentado sucessivas taxas de
crescimentos na sua economia e é necessário que esse crescimento seja
acompanhado de investimentos em uma boa infra-estrutura de transporte e incentivo
à todas as modalidades de matriz de transporte. O aumento de investimentos em
modais de transporte ainda pouco utilizados no Brasil é de extrema importância, pois
o país é dependente do modal rodoviário que é considerado um dos modais mais
caros. A tabela 9 mostra como é dividido os modais de transporte em alguns países.

Tabela 9: O setor no mundo. Matrizes de transporte de carga (em porcentagem).


País Rodoviário Ferroviário Hidroviário
França 81 17 2
Brasil 58 25 17
México 55 11 34
Austrália 53 43 8
Áustria 49 45 6
Canadá 43 46 11
Alemanha 72 15 14
EUA 32 43 25
Rússia 8 81 11
Fonte: Exame, 2007, p. 151.

Países desenvolvidos como Austrália, Áustria, Canadá e EUA, transportam


quase a metade das cargas através do modal ferroviário, que é um modal mais
barato, com baixos custos operacionais e possue a capacidade de carregar uma
quantidade de cargas superior ao rodoviário. Já a tabela 10 mostra os 10 países
com a maior malha ferroviária do mundo.
51

Tabela 10: Países com maior malha ferroviária (em quilômetros)


Ranking País Malha ferroviária
1º EUA 226.612
2º Rússia 87.157
3º China 75.438
4º Índia 63.221
5º Alemanha 48.215
6º Canadá 48.068
7º Austrália 38.550
8º Argentina 31.902
9º Brasil 29.487
10º França 29.370
Fonte: Exame, 2007, p. 160.

Tomando como o exemplo os EUA que possui a maior malha ferroviária do


mundo e tem uma extensão territorial semelhante a do Brasil, a malha ferroviária
brasileira corresponde a apenas 13% da malha norte-americana. Isso mostra a
necessidade do Brasil investir no modal ferroviário para adquirir uma maior
competitividade no mercado internacional.
Fleury, Wanke e Figueiredo (2000, p.21), fazem o seguinte comentário a
respeito do transporte brasileiro:

Com gastos equivalentes a 10% do PIB, o transporte brasileiro possui uma


dependência exagerada do modal rodoviário, segundo mais caro, atrás
apenas do aéreo. Considerando os padrões norte-americanos, pelos quais
os custos de transporte rodoviário é três vezes e meia maior que o
ferroviário, seis vezes maior que o dutoviário e nove vezes maior que o
hidroviário, percebe-se o potencial para redução de custos, caso a
participação do rodoviário venha a seguir os padrões internacionais, abrindo
espaço para o crescimento de modais mais baratos. Considerando apenas
as oportunidades de migração do rodoviário para o ferroviário, podemos
estimar uma economia de mais de US$ 1 bilhão por ano.

Conforme foi informado, o transporte hidroviário chega a ser 9 vezes mais


barato do que o rodoviário, uma diferença extremamente significativa, ainda mais
para um país como o Brasil, o qual uma grande parte dos produtos exportados são
produzidos em regiões afastados dos portos marítimos. Como o Brasil é um país
com o privilégio de ter rios navegáveis por quase toda a extensão territorial, esse
modal de transporte pode ser uma das soluções para diminuir os custos do
transporte brasileiro. Porém, há uma má utilização dos rios conforme informado pela
Exame (2007, p.163). “Atualmente o Brasil aproveita apenas 24% dos rios para a
navegação comercial, ou cerca de 10.000 km.” Se esses rios fossem melhores
aproveitados, reduziria o peso sobre o transporte rodoviário no Brasil.
52

Já os portos que é por onde é exportado o etanol brasileiro está correndo


riscos de sofrer um apagão, pois estão sobrecarregados e muitos deles tem a
estrutura deficiente. Segundo Viegas (2007; 2008, p. 44). “Depois do caos dos
aeroportos, corremos o risco de sofrermos um apagão portuário. A principal razão do
problema é o descompasso que existe entre o crescimento econômico do país e as
verbas destinadas a melhoria, ampliação e construção de terminais.”
A falta de infra-estrutura portuária ocasiona grandes atrasos nas atracações e
nas operações de transbordo, ocasionando um desempenho menos favorável para
os portos brasileiros. Segundo Cunha (2008, p. 02):

A falta de infra-estrutura corrói a competitividade do Brasil. Poucos


investimentos na ampliação da estrutura portuária foram feitos, enquanto se
agravam dificuldades no acesso rodoviário e ferroviário. Assim, se não é
desejável, pelo menos explicável, que os portos brasileiros, diante de tais
exigências novas, enfrentem hoje problemas, exijam reequipamento e
transformações administrativas.

A maioria dos portos brasileiros opera atualmente beirando a capacidade


máxima, o que reduz a eficiência e aumenta os riscos de acidente.
Todo esse problema na infra-estrutura de transporte brasileiro atrapalha o
desenvolvimento do país e encarece os custos dos produtos. Para o etanol, uma
solução seria o aumento na rede de dutos, pois segundo a Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT), “esta modalidade de transporte vem se revelando
como uma das formas mais econômicas de transporte para grandes volumes,
principalmente de combustíveis, especialmente quando comparados com os modais
rodoviários e ferroviários”. Com a implantação de dutos em canais próximos as
usinas e com escoamento para uma rede de distribuição centralizada, os custos
para o transporte do etanol se reduziria e consequentemente o combustível ficaria
mais barato e competitivo.

6.2 Investimento em Infra-estrutura de Transporte no Brasil

Com problemas graves em infra-estrutura de transporte como pode-se


observar, o governo brasileiro em janeiro de 2007 lançou o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), para melhorar toda a infra-estrutura de transporte do Brasil.
53

A meta do programa é garantir condições que acompanhem a expansão da


economia brasileira.

O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) teve o mérito de reservar boa


parte dos investimentos para o setor de transportes, um dos mais carentes
de melhorias e obras de ampliação. Nessa área, o pacote governamental
prevê recursos de 58,3 bilhões de reais entre 2007 e 2010. Tão importante
quanto isso é que o cronograma de investimentos seja cumprido à risca, em
razão das necessidades urgentes do setor. (Gutierres, 2007; 2008, p. 150).

Na área de transportes uma das metas do PAC é de construir sete novas


ferrovias, modernização de dezoito portos e melhorias em rodovias por todo o país.
Todas essas obras exigem tempo, dinheiro e licenças ambientais que muitas vezes
atrapalham a agilidade do processo. Yoshida (2007; 2008 p.16), aponta um sério
problema do PAC,

Outro problema apontado pelos especialistas é que, diante da enorme


carência de infra-estrutura no país, o PAC é insuficiente para recuperar
décadas de atraso e resolver todos os gargalos mais urgentes. No setor de
transportes, por exemplo, o programa do governo prevê investimentos de 58
bilhões de reais em quatro anos. Em setembro, a Confederação Nacional de
Transporte (CNT) divulgou seu Plano de Logística para o Brasil, um
conjunto de projetos no valor de 224 bilhões de reais – quase quatro vezes
mais que o previsto pelo PAC.

O governo está tentando resolver um problema que vem se arrastando há


décadas em apenas quatro anos. As metas do PAC apesar de não serem suficientes
para resolver os problemas, são metas interessantes que representam um passo
importante para modernizar a infra-estrutura de transporte brasileiro. Se o Brasil quer
continuar competindo com economias emergentes como a Rússia, Índia e a China,
os investimentos em infra-estrutura precisam ser bem direcionados, pois o tempo é
curto e o Brasil não tem mais condições de esperar.
A tabela 11 compara os investimentos previstos pelo plano do governo e o
montante que precisaria ser aplicado para resolver os principais problemas de infra-
estrutura no país.

Tabela 11: Dinheiro para dar a largada.


Investimento do PAC (2007-2010) Quanto seria necessário
em reais investir (em reais)
Hidrovias 700 milhões 25,6 bilhões
Portos 2,7 bilhões 4,4 bilhões
54

Aeroportos 3 bilhões 7,9 bilhões


Ferrovias 7,9 bilhões 86,7 bilhões
Rodovias 33,4 bilhões 93,5 bilhões
Fonte: Exame, 2007, p. 15.

Em alguns modais de transporte o dinheiro aplicado pelo PAC chega a ser de


menos de 10% do valor que seria necessário, como é o caso das ferrovias. Já no
caso das rodovias que atualmente se apresentam em péssimas condições, seria
necessário um investimento em torno de 300% maior. Como o governo não tem a
capacidade de efetuar a manutenção de 1,6 milhões de quilômetros de estradas, é
necessário ampliar a malha concedida à administração privada.
Apesar da urgência das reformas, o PAC aponta demoras na sua execução,
segundo Escosteguy (2009, p.44):

O Programa de Aceleração do Crescimento batizado de PAC, prevê


investimentos de 636,2 bilhões de reais entre 2007 e 2010, o último ano de
mandato do presidente Lula. Mas transcorrida a metade do período do
programa, apenas 15% da meta foi atingida. Se continuar assim, o PAC só
será concluído quase uma década depois do fim desse governo.

Se a iniciativa privada, entre elas as usinas de açúcar e álcool ficarem


esperando somente pelo governo para resolverem os problemas de infra-estrutura
de transporte, correm o risco de o mercado nacional e internacional ficarem com
atrasos dos produtos nas prateleiras e nas bombas de combustíveis. Por esse
motivo, empresas como a Cosan e a América Latina Logística (ALL) fecharam o
seguinte contrato.

A ALL e a Cosan, de Rubens Ometto, fecharam na semana passada os


contratos a que deve ser a maior obra privada de logística do Brasil nos
próximos anos: a duplicação da ferrovia paulista Campinas-Santos. O
projeto está orçado em um bilhão de reais. Metade dos recursos será
aplicada na abertura da estrada de ferro. A outra metade, na compra de
locomotiva e vagões. Uma vez pronta, a ferrovia suportará o triplo do tráfego
atual. Boa parte de sua capacidade será reservada ao transporte de álcool e
açúcar da Cosan para seus terminais em Santos. (PORTELA; COUTINHO;
SALGADO, 2009, p.50).

Essas parecerias tomadas entre empresas privadas aceleram o


desenvolvimento do país, pois além de gerarem empregos, as empresas não ficam
dependentes do governo e o transporte dos produtos é realizado com maior
eficiência.
55

6.3 Ipanema: o primeiro avião a álcool do mundo.

Devido às inúmeras vantagens que o etanol apresenta a Empresa Brasileira


de Aeronáutica S.A. (Embraer), terceira maior fabricante de jatos comerciais do
mundo, em 2005 apresentou a primeira e única aeronave no mundo certificada e
fabricada em série para voar com álcool, o avião é o Ipanema que é fabricado no
Brasil há mais de trinta anos, já tendo vendido mais de mil unidades e é o líder no
mercado de aviação agrícola no Brasil com mais de 75% da frota.
A escolha de se fabricar esse avião movido a álcool é que além de o
combustível ser menos poluente que a gasolina de aviação que utiliza chumbo em
sua composição, o preço do álcool é inferior ao da gasolina. Segundo Guimarães
(2007, não páginado),

Ao contrário da gasolina, que é mais cara para a aviação - cerca de R$ 3,50


o litro - o álcool que abastece aviões custa o mesmo que o usado em
automóveis. Em termos de consumo, a relação de álcool para aviões é a
mesma para carros: o motor consome um pouquinho mais, mas compensa
porque custa bem menos que a gasolina.

Com um preço mais barato do que a gasolina de aviação, o uso do Ipanema a


álcool diminui os gastos operacionais e diminui a emissão dos gases causadores do
efeito estufa.

O desenvolvimento do motor a álcool para o Ipanema é uma das práticas


implementadas pela Embraer nos últimos anos para mitigar a emissão de
gases que causam o efeito estufa e outros problemas ambientais. Nesse
sentido, a Empresa foi a primeira do setor aeronáutico no mundo a
conquistar a certificação internacional ISO 14001, que é um atestado das
corretas práticas ambientais. (O avião verde, 2009, não páginado).

Iniciativas como o da Embraer que é uma empresa conhecida mundialmente


pela qualidade, é de grande importância para mostrar que o Brasil luta em favor do
etanol e que está buscando utilizar o álcool como combustível em outros modais de
transporte. Um exemplo disso é que recentemente começou a ser comercializado no
mercado brasileiro a primeira motocicleta bicombustível.
Muitos projetos estão em andamento para firmar o etanol como fonte de
energia viável, as usinas buscam expandir os seus mercados promovendo
56

propagandas no exterior mostrando que o etanol é um combustível limpo e que o


Brasil tem a capacidade de aumentar a sua produção sem atingir a Amazônia ou
diminuir a produção de alimentos.
57

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A competitividade no mercado mundial está cada vez mais acirrada, onde as


empresas estão buscando formas de terem um crescimento sustentável para
poderem se adaptar as exigências do mercado internacional. Com a globalização
presente no dia-a-dia, à facilidade de obter-se diferentes produtos de qualquer
região do mundo aumenta, e o preço do produto que é um fator muitas vezes
decisivo na hora da compra, é levado em consideração sem o consumidor final
saber se está adquirindo um produto que foi produzido da forma ecologicamente
correta. A competitividade leva as empresas a buscarem fornecedores com matéria-
prima e mão-de-obra mais rentável, os quais muitas vezes estão em outro país.
Devido aos problemas ambientais existentes, houve um aumento na
preocupação com o meio-ambiente, tornando-se tendência mundial a busca por
soluções que reduzam os danos ao ecossistema. Com a conscientização de grande
parte da população e de alguns governantes, houve uma onda crescente na busca
por produtos menos poluentes, obrigando muitas empresas a se adaptarem a estas
exigências do mercado.
Dentre os produtos ecologicamente corretos, há um destaque mundial para os
biocombustíveis, que além de serem renováveis, emitem menos gases nocivos se
comparado aos gases liberados pelos combustíveis fósseis.
Esta monografia destacou o etanol brasileiro, biocombustível criado a partir da
cana-de-açúcar e que se destaca como um combustível bem menos poluente. Essa
produção de etanol no Brasil, cria empregos e contribui para o crescimento
econômico do país.
Apesar das vantagens do etanol brasileiro, percebeu-se que existe um grande
protecionismo dos outros mercados. Países com alto poder de consumo de
combustíveis como os EUA aplicam altas taxas sobre o álcool do Brasil, e países da
UE, que demonstra grande interesse em diminuir a emissão de CO2, criam regras e
taxas que tornam o etanol brasileiro inviável a exportação para aqueles países.
Constatou-se também que, países da UE e os EUA, só produzem o etanol a
um preço competitivo graças aos subsídios fornecidos aos agricultores, prática não
utilizada no Brasil. Se não existisse essa ajuda do governo, a produção de
biocombustível nesses países seria inviável.
58

Todos os subsídios oferecidos pelo governo americano aos agricultores para


destinar a sua matéria-prima à produção de etanol, tornaram aquele país o maior
produtor de etanol do mundo e o maior mercado consumidor de combustível. Dessa
forma, os EUA são o maior concorrente do Brasil e ao mesmo tempo um mercado
consumidor de grande interesse para os produtores de etanol do Brasil. Já o Japão,
demonstra grande interesse em aumentar a porcentagem de etanol a sua gasolina e
como os japoneses não são produtores de biocombustíveis, uma grande parte desse
etanol poderia ser importado do Brasil. Já China e a Índia seguem o mesmo exemplo
do Japão, porém como são países com grandes extensões territoriais e mão-de-obra
barata, apostam na produção dos biocombustíveis.
A partir do momento em que isso ocorrer, um número maior de países
mostrará interesse nessa fonte de combustível e os usineiros brasileiros terão uma
garantia maior de que o produto poderá ser um dos combustíveis do futuro, criando
assim um mercado consumidor em potencial.
O fato da produção de etanol ainda não ser suficiente para abastecer o
mercado mundial, não garante a possibilidade deste combustível tornar-se
commodity a curto ou médio prazo.
Enfim, pode-se afirmar que ainda há muito a ser abordado sobre o assunto.
As incertezas do setor existem e são necessários altos investimentos, tanto para
pesquisa na produção, quanto para a prospecção de novos mercados. É necessário,
portanto que a iniciativa pública e privada continue investindo na produção de etanol
que poderá ser um produto de grande representatividade na balança comercial,
além de gerar mais emprego e renda para o país.
59

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ANEXOS

ANEXO A: SETOR SUCROENERGÉTICO – MAPA DA PRODUÇÃO


66

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário
Renann Orivalde Merlin

Orientador de conteúdo
Prof. MSc. Luiz Carlos Coelho

Responsável pelo Estágio


Prof. MSc. Natalí Nascimento

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