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Na obra “Utopia”, do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade no qual

o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. No entanto, o que se


observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que o
processo de virtualização judicial frente ao código de processo civil e a efetivação de garantias
processuais apresentam barreiras, as quais dificultam a concretização dos planos de More.
Esse cenário antagônico surge em virtude da morosidade em adaptar-se às novas tecnologias
que comportam uma complexidade demasiada, influenciando, veementemente, ao óbice de
trazer os cidadãos à realidade informacional. Diante disso, torna-se fundamental a discussão
desses aspectos, a fim do pleno funcionamento do acesso à justiça e o processo civil na era
digital.

Precipuamente, é importante salientar que a tecnologia é vultosa às demandas


volumosas na contemporaneidade. Isso, por sua vez, com a promulgação da Lei nº 11.419/06
é evidente, à medida que comparamos a tomada de ciência eletrônica de uma suposta
demanda pela parte executada no processo – sendo, inclusive, positivada no CPC com uma
função ex officio do juiz – e a ciência de uma intimação em eras precedentes, efetivadas,
exclusivamente, por cartas. Contudo, é iniludível asseverar que há um problema colossal
envolta da inclusão social de maneira integral às novas tecnologias, principalmente à vista do
informacionalismo, como preceitua Castells. De acordo com o autor supracitado, o
informacionalismo surge de uma evolução social, que deriva do uso e da capitalização feita
das tecnologias de informação e comunicação. Diante disso, fulcral se faz salientar que na
era digital a inclusão é impreterível, justamente por configurar-se como requisito necessário
para o pleno exercício da cidadania.

Ademais, é imperativo ressaltar que o direito processual - e aqui dando a devida


importância ao processo civil - deve salvaguardar o devido processo legal, que possui a
função de criar elementos necessários à promoção do “ideal de protetividade”, assim como
induzir impetuosamente além de aspectos de publicidade, paridade e tempestividade, deve,
iniludivelmente, propor um processo adequado, leal e efetivo. Por consequência desse
mandatório, percebe-se que há uma dissonância tanto em viabilizar o acesso à justiça quanto
em promover uma devida ação do processo civil, pois a era digital, o ápice do
informacionalismo, carrega consigo características notáveis do capitalismo, quais são: a
desigualdade, a pobreza e a exclusão social.

Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da problemática.


Dessarte, com o intuito de mitigar o estorvo, necessita-se, urgentemente, que o governo
direcione a sua atenção com a finalidade de fomentar políticas públicas que visem diminuir o
impacto da exclusão digital, preservando, desse modo, o acesso à justiça (garantias
fundamentais) e um devido processo civil.

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