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G ∴ A ∴ D ∴ U∴
Por:
PREÂMBULO
Temos origens remotas, e que podemos sondar, analisando as penumbras do tempo. Tendo
como motivação, o polimento da pedra bruta que é o próprio self/ser, esta peça de arquitetura
encontra-se germinada em uma centelha de curiosidade acerca da origem do sobrenome
Faria, a que me honro possuir. Nesta busca, foram encontradas informações interessantes
sobre as imemoriais ligações deste sobrenome, dentro da cultura e da história de Portugal.
Passo a relatar histórias de um herói e de personagens que, por terem defendido os territórios
que dominaram contra os invasores, inspiraram-me na adoção do nome simbólico de: Gonçalo
Nunes de Faria.
***
INTRODUÇÃO
Algumas informações fazem-se importantes para descrever o cenário e a época. Estamos em
Portugal medieval, no séc. XIV. Já reinava a dinastia dos Borgonha, iniciada pelo rei Afonso
Henriques, há cerca de 250 anos. Os mouros já haviam sido expulsos e os que restaram, foram
dominados pelo catolicismo. A ordem geopolítica girava em torno dos interesses ora
conflitantes, ora concordantes, entre as coroas portuguesa e castelhana.
Na França, o último grão-mestre templário, Jacques Demolay, havia a apenas poucas décadas,
sido condenado e executado pela santa inquisição, na data de 18 de março de 1314. Os
reflexos deste acontecimento fizeram com que, em território português, cinco anos após, em
1319, houvesse o consentimento da Igreja, para que os templários se reorganizassem, criando
uma outra agremiação, que ficou conhecida como a Ordem de Cristo.
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***
A estória da lenda dos Alcaides-de-Faria se passa na cidade de Barcelos, região norte daquele
país, na freguesia de Milhazes. Ali, existe a autarquia administrativa denominada de “Faria”, e
uma milenar edificação, hoje em ruínas, conhecida como o “Castelo de Faria”. Esta fortificação
foi em tempos remotos, uma fortaleza construída por povos da antiguidade, ainda anteriores
aos romanos, no alto de um cume, que chegou a ser ocupado posteriormente pelos mouros e,
depois, dominado por cristãos, durante as batalhas da Reconquista.
A palavra FÁRIA, vale lembrar, tem origem árabe, derivado da palavra fárih ou fárah ( ;فرحlê-se
"fárahon"), que significa, “alegria”, sugerindo que aquela fortificação teria sido palco de muitas
festividades (Figura 1). Justifica-se, pois, o porquê em que muitos Faria e Farias brasileiros,
possuam os olhares amendoados e os traços mourescos.
Para entendermos a lenda, é preciso conceituar o que são os alcáides. Este termo, “alcáide”, se
refere à um tipo de administrador com poderes militares. Na Espanha, ainda hoje, alcaíde é o
termo utilizado para a denominação do que no Brasil, conhecemos como “prefeitos”. Naqueles
anos era rei Dom Fernando I de Portugal, e Nuno Gonçalves, era alcaide-mor do Castelo de
Faria, responsável por aquela jurisdição. Poderíamos fazer uma comparação com o termo
xerife, delegado, ou por que não, coronel.
Nuno Gonçalves, portanto, foi o patriarca da lenda dos Alcaides-de-Faria. Era pai de Gonçalo
Nunes, o nosso personagem principal, que nascera em 1338.
O ano era o de 1372, e, naquele momento, Gonçalo completava 34 anos, e, vinha sendo
preparado para substituir a Nuno Gonçalves. A crônica desta estória foi relatada pelo
renomado escritor português, ainda no século XIX, Alexandre Herculano, em seu livro Lendas e
narrativas, publicado em 1851, pelo qual passo a transcrever em excerto, um trecho da lenda
dos Alcaides-de-Faria.
***
[...]
Reinava entre nós D. Fernando. Este príncipe, que tanto degenerava de seus antepassados em
valor e prudência, fora obrigado a fazer paz com os castelhanos, depois de uma guerra infeliz,
intentada sem justificados motivos, e em que se esgotaram inteiramente os tesouros do
Estado. A condição principal, com que se pôs termo a esta luta desastrosa, foi que D. Fernando
se casasse com a filha del-rei de Castela: mas, brevemente, a guerra se acendeu de novo;
porque D. Fernando, namorado de D. Leonor Teles, sem lhe importar o contrato de que
dependia o repouso dos seus vassalos, a recebeu por mulher, com afronta da princesa
castelhana. Resolveu-se o pai a tomar vingança da injúria, ao que o aconselhavam ainda
outros motivos. Entrou em Portugal com um exército e, recusando D. Fernando aceitar-lhe
batalha, veio sobre Lisboa e cercou-a. Não sendo o nosso propósito narrar os sucessos deste
sítio, volveremos o fio do discurso para o que sucedeu no Minho.
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O Adiantado1 (Governador) de Galiza (Galícia), Pedro Rodriguez Sarmento, entrou pela
província de Entre-Douro-e-Minho com um grosso corpo de gente de pé e de cavalo, enquanto
a maior parte do pequeno exército português trabalhava inutilmente ou por defender ou por
descercar Lisboa. Prendendo, matando e saqueando, veio o Adiantado até as imediações de
Barcelos, sem achar quem lhe atalhasse o passo; aqui, porém, saiu-lhe ao encontro D.
Henrique Manuel, Conde de Ceia e tio del-rei D. Fernando, com a gente que pôde ajuntar. Foi
terrível o conflito; mas, por fim, foram desbaratados os portugueses, caindo alguns nas mãos
dos adversários.
Entre os prisioneiros contava-se o alcaide-mor do castelo de Faria, Nuno Gonçalves. Saíra este
com alguns soldados para socorrer o conde de Ceia, vindo, assim, a ser companheiro na
comum desgraça. Cativo, o valoroso alcaide pensava em como salvaria o castelo del-rei, das
mãos dos inimigos. Governava-o em sua ausência, um seu filho, e era de crer que, vendo o pai
em ferros, de bom grado desse a fortaleza para o libertar, muito mais quando os meios de
defesa escasseavam. Estas considerações sugeriram um ardil a Nuno Gonçalves. Pediu ao
Adiantado que o mandasse conduzir ao pé dos muros do castelo, porque ele, com as suas
exortações, faria com que o filho o entregasse, sem derramamento de sangue. Um troço de
besteiros e de homens d'armas subiu a encosta do monte da Franqueira, levando no meio de si
o bom alcaide Nuno Gonçalves. O Adiantado de Galiza seguia atrás com o grosso do exército, e
a costaneira ou ala direita, capitaneada por João Rodrigues de Viedma, estendia-se, rodeando
os muros pelo outro lado. O exército vitorioso ia tomar posse do Castelo de Faria, que lhe
prometera dar nas mãos o seu cativo alcaide.
[...]
Um arauto2 (porta voz) saiu do meio da gente da vanguarda inimiga e caminhou para
a barbacã3 (porta do castelo); todas as bestas se inclinaram para o chão, e o ranger das
máquinas converteu-se num silêncio profundo.
— "Moço alcaide, moço alcaide! — bradou o arauto — teu pai, cativo do mui nobre Pedro
Rodriguez Sarmento, Adiantado de Galiza pelo mui excelente e temido D. Henrique de Castela,
deseja falar contigo, de fora do teu castelo."
1
Adiantado. substantivo masculino. [Antigo] Governador de província com poderes civis e militares.
"adiantado", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020,
https://dicionario.priberam.org/adiantado [consultado em 29-03-2020].
2
a·rau·to. (francês héraut). substantivo masculino. Oficial (inferior ao rei-de-armas e superior ao
passavante) que na Idade Média levava as declarações de guerra e servia de parlamentário
(mensageiro). "arauto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020,
https://dicionario.priberam.org/arauto [consultado em 29-03-2020].
3
bar·ba·cã (talvez do árabe persa barbahhane). substantivo feminino. [Militar] Obra de fortificação
avançada, geralmente erigida sobre uma porta ou ponte de acesso, que protegia a entrada de uma
cidade ou castelo medieval. "barbacã", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2020, https://dicionario.priberam.org/barbac%C3%A3 [consultado em 29-03-2020].
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Gonçalo Nunes, o filho do velho alcaide, atravessou então o terreiro e, chegando à barbacã,
disse ao arauto:
(GONÇALO) — "A Virgem Maria proteja meu pai: dizei-lhe que eu o espero."
O arauto voltou ao grosso de soldados que rodeavam Nuno Gonçalves, e depois de breve
demora, o tropel aproximou-se da barbacã. Chegados ao pé dela, o velho guerreiro saiu dentre
os seus guardadores, e falou com o filho, (em um tom grave):
"Sabes tu, Gonçalo Nunes, de quem é esse castelo, que, segundo o regimento de guerra,
entreguei à tua guarda quando vim em socorro e ajuda do esforçado Conde de Ceia?"
— "Sabes tu, Gonçalo Nunes, que o dever de um alcaide é de nunca entregar, por nenhum
caso, o seu castelo a inimigos, embora fique enterrado debaixo das ruínas dele?"
(GONÇALO) — "Sei, oh meu pai! — (prosseguiu Gonçalo Nunes em voz baixa, para não ser
ouvido dos castelhanos, que começavam a murmurar) — Mas não vês que a tua morte é certa,
se os inimigos percebem que me aconselhaste a resistência?"
Nuno Gonçalves, como se não tivera ouvido as reflexões do filho, clamou então:
— "Pois se o sabes, CUMPRE O TEU DEVER, alcaide do castelo de Faria! Maldito por mim,
sepultado sejas tu no inferno, como Judas o traidor, na hora em que os que me cercam
entrarem nesse castelo, sem tropeçarem no teu cadáver."
4
al·mo·ca·dém. substantivo masculino. Antigo chefe militar. "almocadem", in Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/almocadem [consultado em
29-03-2020].
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— "DEFENDE-TE, ALCAIDE!" — (foram as últimas palavras que ele murmurou).
Gonçalo Nunes corria como louco ao redor da barbacã, clamando vingança. Uma nuvem de
flechas partiu do alto dos muros; grande porção dos assassinos de Nuno Gonçalves misturaram
o próprio sangue com o sangue do homem leal ao seu juramento.
Mas Gonçalo Nunes lembrava-se da maldição de seu pai: lembrava-se de que o vira moribundo
no meio dos seus matadores, e ouvia a todos os momentos o último grito do bom Nuno
Gonçalves — "Defende-te, alcaide!"
O orgulhoso Sarmento viu a sua soberba abatida diante dos torvos muros do castelo de Faria.
O moço alcaide defendia-se como um leão, e o exército castelhano foi constrangido a levantar
o cerco. Gonçalo Nunes, acabada a guerra, era altamente louvado pelo seu brioso
procedimento e pelas façanhas que obrara na defensão da fortaleza cuja guarda lhe fora
encomendada por seu pai no último trance da vida. Mas a lembrança do horrível sucesso
estava sempre presente no espírito do moço alcaide. [...]
***
***
DISCUSSÃO
Gonçalo Nunes foi um celebrado herói que defendeu o Castelo de Faria, por incitamento de
seu pai, Nuno Gonçalves, que lhe foi executado, na sua frente. O fizera em honra à pátria, mas
sobretudo, em honra à memória de seu pai. Atualmente, apresenta-se uma estátua erguida
em monumento aos heróis, localizada em Barcelos (Figura 2).
5
su·ão. adjetivo e substantivo masculino. Diz-se de ou vento quente do sul. "suão", in Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/su%C3%A3o
[consultado em 29-03-2020].
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Ainda, há o registro de que Gonçalo também fora um dos defensores do Mestre da Ordem
militar de Avis – cujo grão-mestre foi o futuro Dom João I de Portugal - que, quando ainda
Regedor do Reino, havia lhe prometido as terras de Dão 6, sendo-lhe confirmada no ano de
1388. O domínio sobre estas terras, teria sido concedido em honra e mérito aos préstimos pela
vitória portuguesa contra os castelhanos e franceses em outra e mais conhecida batalha, a de
Aljubarrota, em agosto de 1385, que originou a Dinastia de Avís, quando Portugal passou a
consolidar suas fronteiras e seu domínio geopolítico, tornando-se uma das mais influentes
nações do mundo, e iniciando o período das grandes navegações, a partir das conquistas da
Ordem de Cristo.
***
CONCLUSÃO
Este trabalho permite concluir, que HONRA e AMOR devem sempre andar juntos. Temos
assim, que:
A primeira forma de amar, é manifestando a gratidão para com a família, esta que nos
permitiu a VIDA, e a oportunidade de aprendizado;
Um amor à pátria deve sempre existir, pois somos seres que vivem e que devem querer viver
em coletividade, para que o aprendizado sobre as questões da vida, sejam passados do
presente para o futuro;
Ainda sobre o patriotismo, que devemos sempre permanecer vigilantes, rigorosos e críticos,
não somente em relação aos diferentes (des) governantes e (des) governos, tirânicos, mas.
também, para com as nossas próprias condutas;
Polirmo-nos significa, dentre tantas questões, também, trabalhar pela busca pelo próprio
passado. Como fruto deste discernimento, colhemos o autoconhecimento, e, a liberdade para
a tomada de decisão, visando a evolução;
Amor e Rigor também devem andar juntos. Não podemos nos omitir em manifestar uma
crítica e uma dialética em nossos meios, para que a sociedade sempre evolua para melhores
patamares morais, desde que sejam respeitadas, as liberdades individuais.
***
CURIOSIDADE
Também se registra, o fato de que, o patriarca Nuno Gonçalves, tivera um de seus irmãos
consanguíneos – chamado de Alvaro Gonçalves –, envolvido como sendo um dos três
assassinos da princesa galega7 Inês de Castro, famosa por ter sido coroada como rainha,
depois de morta. A trama teria sido ordenada a pedido do rei Dom Afonso IV, pai de Dom
Pedro I de Portugal, e, Alvaro, teria articulado junto com os castelhanos Diogo Lopes Pacheco e
6
Fão é uma vila no litoral norte de Portugal
7
A título de curiosidade, a Galíza ou Galícia até os dias atuais é uma região espanhola, ao norte de
Portugal, famosa pela cidade de Santiago de Compostela.
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Pedro Coelho, da terrível trama, movidos por ganância pelo poder e por riquezas, e teriam
planejado e executado um assassinato que entrou para a história, por ter abalado as
estruturas do poder na época, com uma crise dinástica sem precedentes. Dom Afonso não
queria comprometer as relações diplomáticas com a Espanha, e caso Dom Pedro concretizasse
a união com Inês, passaria a ter direitos de sucessão por aquela coroa.
Esta é uma outra estória que ficou eternizada na crônica de Os Lusíadas, de Camões. Os
assassinos de Inês de Castro foram perseguidos, condenados e executados, com crueldade, por
ordem de Dom Pedro I8. Vale registrar, também, que os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de
Castro encontram-se até o presente, no Mosteiro de Alcobaça, - um dos pontos turísticos mais
visitados daquele país.
Em alusão ao assassínio de D. Inês de Castro, o artista russo Karl Briullov, pintou no ano de
1834, um quadro, apresentado na Figura 3.
De fato, o patriarca do Castelo de Faria, Nuno Gonçalves, ao ter dado a vida em defesa de
Portugal contra os castelhanos, demonstrou uma fidelidade incondicionada à Portugal, e por
conseguinte, ao rei Dom Fernando, filho de Dom Pedro I e neto de Dom Afonso IV, mesmo que
em momento de declínio moral da dinastia de Borgonha.
***
8
Neste ínterim, se sugere uma hipótese, aos kardecistas. Teria sido Dom Pedro I do Brasil, a
reencarnação de P.I de Portugal? E, Domitila de Castro, de D. Inês?
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Figura 1 – Brasão do castelo de Faria/Farias.
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Figura 2 – Monumento aos Alcaides de Faria, em Barcelos.
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OUTRAS OBRAS DO AUTOR
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LITERATURA RECOMENDADA
REFERÊNCIAS
Disponível em:
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/leit_online/o_castelo.pdf Acesso:
27.mar.2020
Disponível em : https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Assass%C3%ADnio_de_In
%C3%AAs_de_Castro_(Briullov) Acesso: 27.mar.2020
BIOGRAFIA
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Maçom pelo Grande Oriente do Brasil (GOB-PR), Álvaro Boson de Castro Faria é natural de
Montes Claros, MG, e teve sua formação em Curitiba. Graduou-se pela UFPR, tendo concluído
o mestrado e doutorado na área de Engenharia Florestal. Professor e perito judicial, atua
academicamente nas áreas de política, ética, legislação, proteção florestal e perícias
ambientais, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Autor de livros e de artigos
científicos. É um dos tradutores do naturalista Aldo Leopold para a língua portuguesa. É
cofundador da A.´.R.´.L.´.S.´. Hippolýte Lèon, pelo rito Adonhiramita, tendo adotado o nome
simbólico do alcaide Gonçalo Nunes de Faria.
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